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FACULDADES INTEGRADAS IPITANGA SALVADOR (BA) • JUNHO DE 2010 PRÉTEXTO 1 PRE TEX TO REVISTA ONLINE DOS ALUNOS DE JORNALISMO DAS FACULDADES INTEGRADAS IPITANGA JUNHO 2010 lado a lado com o crime Página 4 Licenças flexibilizam uso de obras autorais Página 3 YouTube e o fenômeno na internet Página 10 Música a um clique do mouse Página 6 Nada se cria, tudo se transforma? Página 7 Entrevista com a fotógrafa Roberta Cardoso Página 8 UNIBAHIA FACULDADES INTEGRADAS IPITANGA

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Revista dos alunos de jornalismo da Unibahia

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FACULDADES INTEGRADAS IPITANGASALVADOR (BA) • JUNHO DE 2010 PRÉTEXTO 1

PRETEXTO

REVISTA ONLINE DOS ALUNOS DE JORNALISMODAS FACULDADES INTEGRADAS IPITANGA

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lado a lado com o crimePágina 4

Licenças flexibilizam uso de obras autoraisPágina 3

YouTube e o fenômeno na internetPágina 10

Música a um clique do mousePágina 6

Nada se cria, tudo se transforma?Página 7

Entrevista com a fotógrafa Roberta CardosoPágina 8

UNIBAHIAFACULDADESINTEGRADAS

IPITANGA

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2 PRÉTEXTO FACULDADES INTEGRADAS IPITANGASALVADOR (BA) • JUNHO DE 2010

A digitalização da informação tem revolucionado as formas de produção, distribuição e comercializa-ção das produções intelectuais. Com o surgimento

da web, este processo ganha nova dimensão, aumentando a capacidade e a amplitude de divulgação e acesso aos pro-dutos culturais. Porém, este impacto produzido pela tecno-logia gerou uma dicotomia: de um lado, a criação livre de produtos para serem apropriados pelos usuários da rede, do outro, as apropriações de conteúdo autoral de forma indis-criminada.

A primeira edição da Prétexto, revista dos alunos do 7º período de jornalismo da Faculdades Integradas Ipitanga, aborda alguns pontos sobre o impacto da digitalização da informação versus os direitos autorais, sobretudo nos conte-údos difundidos na web. Nesta edição, você encontrará ma-térias sobre o plágio, que anda lado a lado com o crime; um relato de casos de estelionato em um dos maiores jornais do mundo, o New York Times; a facilidade de copiar músicas da internet sem pagar pelos direitos autorais; e o fenômeno de compartilhamento de vídeos.

Nossos repórteres prepararam, ainda, matérias sobre o uso de imagem e foram até o evento da ONU (Organi-zação das Nações Unidas) e conversaram com Alexander Seger, diretor-geral dos direitos humanos e assuntos legais do CoE. Já Carla Portela explica em seu texto o verdadeiro significado do antigo ditado popular: nada se cria, tudo se copia e se transforma.

EDITORIALCREATIVE COMMONSLicenças flexibilizam uso de obras autorais

PLÁGIOPlágio entre jornalistas também é comum

CAPAPlágio: lado a lado com o crime

MP3Música a um clique do mouse

DIREITOS AUTORAISNada se cria tudo se transforma?

FOTOGRAFIADireito autoral prevê uso da imagem em defesa do autor

YOUTUBESites de compartilhamento de vídeo viram fenômeno

CRIMES VIRTUAISONU e governo brasileiro unidos para combater cibercrimesN

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EXPEDIENTEO Prétexto é uma revista-laboratório do curso de Jornalismo das Faculdades Integradas Ipitanga, dos alunos da disciplina de Jornalismo Digital I.

PROFESSOR ORIENTADOR: Alberto Marques – DRT/SE 1045ALUNOS: Barbara Martinez, Carla Portela, David Castor, Elias Rezende, Gil Santana, Janaina Fonseca, Janne Oliver, Jilvan Batista, Juari França, Lygia Martins e Victor LimaEDIÇÃO: Victor LimaPROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Rodrigo Cunha

FACULDADES INTEGRADAS IPITANGA – UNIBAHIAAv. Luís Tarquínio, 4/7 - Pitangueiras - CEP 42.700-000 - Lauro de Freitas (BA)Tel.: (71) 2202.3687 - www.unibahia.br

DIRETORA PRESIDENTE E GERAL: Profa. Ana Maria de Barros Santos SoaresDIRETORA ACADÊMICA: Profa. Candida Maiffre Ribeiro CostaCOORDENADORA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO: Profa. Candida Maiffre Ribeiro CostaDIRETOR DA COMISSÃO PERMANENTE DE AVALIAÇÃO:Prof. José Carlos Chagas SampaioCOORDENADORA CURSOS COMUNICAÇÃO SOCIAL:Profª Cristiane Paula Tavares Costa

Atribuição-Uso não-comercial-Compartilhamento pela mesma licença 2.5 Brasil

Você tem a liberdade de compartilhar (copiar, distribuir e transmitir a obra) e de remixar (criar

obras derivadas).

PRETEXTO

REVISTA ONLINE DOS ALUNOS DE JORNALISMODAS FACULDADES INTEGRADAS IPITANGA

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SUMÁRIO

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FACULDADES INTEGRADAS IPITANGASALVADOR (BA) • JUNHO DE 2010 PRÉTEXTO 3

[ ELIAS REZENDE ]

Transformar a cultura tradicional já estabelecida de “todos direitos reservados” para “alguns direitos re-servados”. A ideia dos criadores do Creative Com-

mons (CC) foi disponibilizar licenças flexíveis para obras intelectuais. O projeto busca permitir a padronização de declarações de licenciamento e distribuição de conteúdos (textos, músicas, imagens, filmes e outros), de modo a faci-litar seu compartilhamento e recombinação

As licenças criadas pela organização permitem que de-tentores de copyright (isto é, autores de conteúdos ou de-tentores de direitos sobre estes) possam abdicar em favor do público de alguns dos direitos inerentes às suas criações, ainda que retenham outros desses direitos.

Os módulos oferecidos podem resultar em licenças que vão desde uma abdicação quase total, pelo licenciante, dos seus direitos patrimoniais, até opções mais restritivas, que vedam a possibilidade de criação de obras derivadas ou o uso comercial dos materiais licenciados.

Originalmente, elas foram redigidas levando em consi-deração o modelo legal norte americano. A partir da versão 3.0, as licenças passaram a ser redigidas de acordo com a legislação internacional sobre direitos autorais.

Ainda que se considere que as licenças são meros modelos de contratos entre o autor e o público, usar tais modelos sem levar em consideração as leis locais poderia tornar as licenças inutilizáveis. Por essa razão, a entidade desenvolveu o projecto iCommons (International Com-

Licenças flexibilizam uso de obras autorias

mons), visando uniformizar a redação das licenças por ela disponibilizadas, de acordo com as especificidades normativas de cada país.

No Brasil, essas licenças já se encontram traduzidas e totalmente adaptadas à legislação brasileira. O projeto Creative Commons é representado no Brasil pelo Cen-tro de Tecnologia e Sociedade da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.

Atualmente, as CCs já foram adaptadas às legislações nacionais de mais de 30 países, tais como França, Alema-nha, Itália, Espanha e outros.

No Brasil

Alguns órgãos públicos e instituições brasileiras já aderiram à licença, como a Agência Brasil de Notícias, da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), todo o conteúdo oficial do Governo de Minas Gerais e algu-mas fotografias publicadas no portal de compartilha-mento de fotos, Flickr.

O projeto Creative Commons é representado no Brasil pelo Centro de Tecnologia e Sociedade da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.

VÍDEOVersão em português com explicação sobre a diferença de copyright para creative commons.

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4 PRÉTEXTO FACULDADES INTEGRADAS IPITANGASALVADOR (BA) • JUNHO DE 2010

[ LYGIA MARTINS ]

Os avanços tecnológicos trouxeram agilidade na busca de informações. Com essas facilidades, um dos impactos causados à população é a ba-

nalização do plágio. Durante a vida acadêmica, a pesquisa é obrigató-

ria devido à necessidade de produção de trabalhos, de textos em blogs, de artigos, etc. Colocar em prática dons da escrita, fundamentar-se, aprender e principalmente praticar a consciência da ética são fatores cruciais no de-senvolvimento destes primeiros passos e assim por toda a vida. Com isso, surge algo inquestionável e básico: pro-duzir conhecimento sério e original.

O mestre em Direito Rodrigo Moraes, que foi coor-denador científico do I Seminário de Direito Autoral e de Direito à Imagem da Bahia, na Faculdade de Direito da UFBA (Universidade Federal da Bahia), indaga o por-quê da necessidade de os alunos produzirem trabalhos acadêmicos, se existem sites que vendem artigos prontos, além de monografias, dissertações e teses sobre qualquer tema encomendado. Ele completa dizendo que profes-sores, muitas vezes negligentes, sequer têm tempo para corrigir de forma criteriosa os trabalhos que lhes são apresentados.

O professor Rodrigo lamenta que, ao lado do corpo docente e discente, venha surgindo, nas universidades brasileiras, um novo e perigoso grupo denominado de “corpo indecente”, formado por professores e alunos pla-giários.

Plágio

Segundo o dicionário Aurélio, plágio é assinar ou apresentar como seu (obra artística ou científica de ou-trem), imitar (trabalho alheio). Os plagiários são aquelas pessoas que cometem a prática ilícita. O advogado Iran Furtado explica que é permitida a reprodução parcial para fins acadêmicos, mas não para prática comercial. E garante: “o plagiador procura não deixar rastros, assim, age com má fé, procurando se apropriar de trabalhos ou qualquer outro tipo de cópia longe do ambiente de seu convívio.”

Em seu blog, o advogado Rodrigo Moraes afirma que, com a chegada da internet, sem dúvida houve uma potenci-laização na incidência do plágio. Contudo, ele adverte que a proliferação da desonestidade intelectual nas universidades brasileiras não é culpa da internet, ela é uma poderosa má-quina facilitadora da cópia. Para ele, culpá-la é interpretar estreitamente o problema. E define que essa grave crise ética é, obviamente, fruto do próprio ser humano.

Segundo Rodrigo existe um comércio de monografias de graduação, dissertações de mestrado e teses de doutora-do . Para ele, isso é um problema de ordem ética.

“Não somente comprar, como também vender tra-balhos acadêmicos, configura conduta antiética. O plágio representa o mais grave ilícito contra a propriedade intelec-tual. É mais grave do que a contrafação (pirataria).” explica o advogado Moraes.

Direitos autorais

Direito Autoral é a denominação utilizada em refe-rência aos direitos dos escritores de usufruir dos benefícios patrimoniais e morais que produzem obras intelectuais que podem ser literárias, artísticas ou científicas. É o direito ir-reversível e inadiável que o autor possui.

“O que mais me intriga é o desrespeito. A sociedade não respeita os autores. Mas existe uma contra mão; os aca-dêmicos, professores, autores de músicas e vários outros profissionais se utilizam da internet para divulgarem suas obras, produzem o seu nome, assim, fazendo sua própria publicidade”, ressalta Iran Furtado, mestre em Direito Eco-nômico e Doutor em direito civil.

Como registrar

Em se tratando do registro de monografias, dissertações e teses, o órgão competente, segundo a LDA, é o Escritório de Direitos Autorais da Fundação Biblioteca Nacional (EDA/BN). A cidade do Salvador possui uma representação desse escritório, que está presente em 14a capitais do País.

“O registro de uma obra protegida pelo Direito Autoral é facultativo. Não atribui a autoria, não garante a paternidade. É apenas uma presunção júris tantum, que pode ser derruba-da em juízo. Mesmo assim, vale a pena efetuá-lo, para se pre-venir de eventuais plagiadores”, ressalta o advogado Rodrigo.

PLÁGIOlado a lado com o crime

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FACULDADES INTEGRADAS IPITANGASALVADOR (BA) • JUNHO DE 2010 PRÉTEXTO 5

Alunos

Hoje, graças à internet, o professor tem possibilidade de detectar o plágio. Caso ele suspeite de fraude, basta aces-sar o site Google e colocar uma palavra-chave e pronto; isso pode ser uma forma de descobrir a tal prática do delito.

Vários alunos já formam pegos praticando a fraude. Em entrevista, um estudante que não quis se identificar, re-velou que já utilizou a técnica para não ficar sem nota.

“Eu tinha uma carga de trabalho muito grande e, por falta de tempo, acabei entrando na internet e copiando vá-rias partes de textos e construindo um resumo. A professora descobriu, me deu zero. Por minhas outras boas notas, pude fazer prova final. Me arrependo, foi humilhante e me serviu de lição”.

Cada instituição possui suas normas e procedimentos. Porém, é importante instruir o aluno sobre a gravidade da desonestidade intelectual e alertar sobre as punições, caso seja detectado algum tipo de ilícito.

“O regimento interno da faculdade segue alguns pro-cedimentos. Comprovado o delito, acontece uma reunião onde representantes e toda a diretoria estão presentes; de-pois a palavra é passada para banca examinadora do traba-lho acadêmico. Em seguida o aluno fala em própria defesa.

Na minha opinião, o plágio é mais que parte técnica, é caráter. A internet é fonte de pesquisa, com base nisso é possível produzir, se isso não acontece eu considero in-competência profissional”, afirma Cristiane Paula, coor-denadora do curso de comunicação da Unibahia. ■

[ JANNE OLIVER ]

O jornalista de economia Zachery Kouwe, do jornal New York Times, foi acusado de plagiar textos de um outro jornalista. As informações

copiadas são de propriedade dos jornais Wall Street Journal e da Reuters e foram publicadas por Zachery no NYT e no blog DealBook.

O profissional acusado disse que não tinha a inten-ção de plagiar nenhuma informação e que apenas esque-ceu de colocar a fonte da notícia. Depois de ser afastado das suas atividades pelo jornal New York Times, Zachery pediu demissão do cargo.

Esse não é um caso isolado, em 2003 o mesmo jor-nal teve problemas com um outro profissional, o repórter Jayson Blair foi acusado de inventar e copiar notícias de outras fontes.

No Brasil, o plágio também existe e está presente em

Plágio entre jornalistas também é comumvárias empresas de comunicação. Um dos casos que teve destaque ocorreu com uma crítica ao filme Astro boy, feita pelo jornalista Pablo Villaça, editor do portal Cine-ma em casa. O jornal da Imprensa, em Goiás, copiou o trabalho do jornalista e colocou no site sem autorização do dono, apenas citando o nome do autor.

Em entrevista ao site Comunique-se, Frederico Ghedini, diretor da Associação Brasileira da Proprieda-de Intelectual dos Jornalistas Profissionais, afirmou que qualquer profissional que tiver o trabalho divulgado sem autorização, mesmo sendo comunicada a fonte, é consi-derado plágio.

Segundo a Wikipédia, plágio é o ato de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer natureza, contendo partes de uma obra que pertença a outra pes-soa, sem colocar os créditos para o autor original.

O “plagiador”, além de encontrar punição com base no Código Penal, com penas que podem chegar a 4 anos

CRISTIANE PAULACoordenadora do curso de comunicação da Unibahia

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6 PRÉTEXTO FACULDADES INTEGRADAS IPITANGASALVADOR (BA) • JUNHO DE 2010

[ GIL SANTANA ]

Música, internet e direitos autorais. Palavras que se uniram com o advento do mundo digital. Com a chegada dos anos 90, o mundo conhe-

ceu uma nova maneira de ouvir clássicos da música. Antes daquela época, fãs precisavam comprar discos com faixas, que muitas vezes não eram interessantes. Em outros casos, era preciso ficar com uma fita no som e aguardar que a música predileta tocasse em uma das rádios locais.

O impacto que a internet trouxe para o mundo mu-sical abriu oportunidades para algumas pessoas e acabou prejudicando outras. O advogado Amaro Moraes e Silva Neto ressaltou que o número de processos sobre o tema em trâmite é insignificante.

“Parece que as pessoas não estão se importando em serem furtadas em suas ideias”, completa.

Para alguns artistas, todos tratam a internet com muito respeito, pois é uma forma muito rápida de divul-gação e é um meio muito mais próximo do fã.

Segundo o assessor de imprensa da dupla Zezé di Camargo e Luciano, André Camargo, o faturamento dos artistas não foi afetado com a chegada da internet. Na rea-lidade, essa foi mais uma forma de divulgação, o que acaba inevitavelmente se transformando em shows.

“As gravadoras sofrem com a internet. Para elas, o mundo digital foi ruim sim. Muito Ruim”, afirma.

Música a um clique do mouse

De acordo com André Camargo, o rádio ainda é, e sem-pre será, a grande fábrica de sucessos. A diminuição da com-pra de CDs é evidente, várias gravadoras faliram no mundo. Os consumidores deixaram de comprar discos originais não pelo preço e sim pela seleção musical. Com programas, como o Emule, os usuários podem baixar e montar a própria cole-tânea.

Apesar do lado negativo, a internet ajudou muitos artis-tas a alcançarem o auge da carreira. Ela possibilitou a produ-ção e divulgação de discos independentes, com isso, cresceu o número de artistas. Porém, muitas vezes os músicos indepen-dentes gravam clássicos sem a autorização dos verdadeiros donos, gerando processos que se estendem por muitos anos na justiça, como o caso do cantor baiano Pablo do Arrocha.

Direito autoral

O Direito Autoral, na definição do Ecad (Escritório Cen-tral de Arrecadação e distribuição), é um conjunto de prerro-gativas conferidas por lei à pessoa física ou jurídica criadora da obra intelectual. Está regulamentado por um conjunto de normas jurídicas que visa a proteger as relações entre o cria-dor e a utilização de obras artísticas, literárias ou científicas, tais como textos, livros, pinturas, esculturas, músicas, ilustra-ções, projetos de arquitetura, gravuras, fotografias e etc. Os direitos autorais são divididos, para efeitos legais, em direitos morais e patrimoniais. ■

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FACULDADES INTEGRADAS IPITANGASALVADOR (BA) • JUNHO DE 2010 PRÉTEXTO 7

[ CARLA PORTELA ]

Muitos jovens ainda não conhecem as nor-mas existentes contra cópias ilegais. A Lei n° 9.610/98 permite a execução de novos mate-

riais, por qualquer pessoa que exerça a criatividade e ex-clusividade de certas obras, além do direito de copiar e distribuir mesmo que por um tempo determinado. Fica para estas pessoas a possibilidade de colher frutos rentá-veis do seu trabalho e, ao mesmo tempo, motivar a auten-ticidade e criatividade.

De acordo com um antigo ditado, nada se cria, tudo se transforma. Assim vem acontecendo com o desenvol-vimento de novas tecnologias, porém, vale ressaltar que os direitos autorais, conhecido também como propriedade intelectual, é válido no meio online.

“O plágio nasce nos primórdios, desde pequenos so-mos incentivados por professores do ensino fundamental a resumir, criticar textos. Mas vem a questão, será que sen-do tão pequenos somos capazes de formular uma critica? Nos ensinam a pesquisar? E com um plágio recebemos nota 10. E assim exercemos o ciclo, virou vício.” afirma o professor, doutor da Universidade Estadual Santa Cruz, Marcelo Pires de Oliveira (UESC).

Segundo a Associação Brasileira de Direitos Autorais, entende-se por Propriedade Intelectual, todo e qualquer novo material que possua alguma forma de expressão po-dendo aparecer em diversas formas de arte, musica, escrita, programas de software, fotografias dentre outros. Parte-se do pressuposto de que, quando o trabalho esta terminado já está válida a lei dos direitos autorais, não sendo mais neces-sária a presença de símbolos que reverenciem a Lei.

Nada se cria tudo se transforma?

Alguns usuários da internet não sabem dos riscos e nem como não os cometer, assim como também não imaginam as sanções. A primeira atitude legal ao utilizar um trecho de outra pessoa, é utilizar a citação, seja ela de qualquer espécie. Pode-se citar a fonte evitando assim o plágio. Se possível informar ao au-tor da utilização de determinada pesquisa, como base de estudo para outros trabalhos.

Ainda de acordo com Associação Brasileira de Direitos Autorais, quem violar a Lei, pode ser processado criminal-mente. As sanções podem acontecer de diversas formas po-dendo variar entre multas que podem chegar a R$ 9.000,00 por cada trabalho violado, ou prisão, ou até mesmo as duas penas juntas. ■

Será que sendo tão pequenos somos capazes de formular uma crítica? Nos ensinam a pesquisar? E com um plágio recebemos nota 10. E assim exercemos o ciclo, virou um vício.Marcelo Pires de Oliveira Professor / UESC

VÍDEOO Sociólogo Sérgio Amadeu, da UFABC, expõe sua opinião sobre a cultura do remix e os investimentos do governo em TI.

Art. 24. São direitos morais do autor:I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra;III - o de conservar a obra inédita;IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra;V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada;VI - o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utilização já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à sua reputação e imagem.

Lei nº 9.610/98

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8 PRÉTEXTO FACULDADES INTEGRADAS IPITANGASALVADOR (BA) • JUNHO DE 2010

[ DAVID CASTOR ]

Mesmo sem qualquer conhecimento sobre o direi-to autoral e o uso de imagem, milhões de pessoas em todo o mundo produzem, organizam e dis-

ponibilizam imagens para que outros internautas tenham acesso a seus conteúdos. Ainda que não haja retorno finan-ceiro, divulgar imagens e conteúdos de terceiros podem ser caracterizados como atos ilícitos?

Existem alguns pontos na legislação que definem a titularidade de uma obra ao seu autor, a fotografia é um exemplo, sendo considerada obra intelectual de acordo com os art. 6 da Lei 5988/73 e art. 7º, inc. VII da Lei nº 9.610/98, que defende o direito autoral e legitimidade do autor. Segundo a fotógrafa Roberta Cardoso, antes de vei-cular qualquer imagem retratada, deve-se se prestar atenção a algumas questões básicas.

Uma delas diz respeito à integridade física da pessoa,

ou seja, antes de escolher uma foto para publicação, o fo-tógrafo deve perceber o impacto que esta imagem pode causar na mídia. Roberta Cardoso também afirma que a in-ternet promove diversos lugares de postagem de fotos, com isso o mercado da fotografia cresce a cada dia.

A fotógrafa sugere o surgimento das redes sociais como um fator de aumento na procura de profissionais do ramo, onde muitas pessoas solicitam uma série de fotografias ar-tísticas, conhecida como ‘Books’, no intuito de apresentá-las em seus respectivos perfis.

Roberta Cardoso acredita ainda, que o compartilha-mento de fotos simultaneamente, caracteriza uma prática perigosa, mesmo que a pessoa saiba da existência da lei muitas vezes não há respeito ao direito da imagem alheia.

Direito Autoral prevê uso da imagem em defesa do autor

PRÉTEXTO [ O que você pensa do conflito imagem digital x imagem analógica?ROBERTA CARDOSO [ Essa questão é um confronto entre qualidade, gerações e técnicas que vão além da preferência. Um dos assuntos mais discutidos no meio fotográfico, eu diria. Porém, acredito que um conflito dessa natureza não seja necessário, posto que, cada pro-fissional, sabendo qual o seu foco, acabará optando pela técnica que se mostrar mais conveniente para atender as suas necessidades.

P [ Muitos fotógrafos são contra os softwares que permitem montagens e alterações nas imagens. O que você pensa sobre o assunto?RC [ O mundo evoluiu, a tecnologia evoluiu, a fotogra-fia também. Havendo respeito com a imagem que será divulgada, não vejo porque ser contra o surgimento de algo, que tem o intuito de tornar o resultado da fotogra-fia ainda mais satisfatório. Uma boa captura de imagem é algo maravilhoso, mas estou muito longe de consi-derar negativo um utensílio, que possibilita melhorar ainda mais a imagem, tornando-a mais próxima do que queremos e do que espera o cliente.

P [ Você como profissional da área de Fotografia, acha que o mercado está se fechando? Ou o fato de hoje existirem diversos lugares para postagem de fotos como, Orkut, Facebook e etc., provoca um au-mento na procura do profissional? RC [ Sem dúvida o mercado cada vez mais aberto a ou-tros tipos de comunicação. O surgimento das redes so-ciais, que basicamente vende a imagem do usuário por meio de fotos e auto-descrição, tornou a fotografia algo

Ao contrário do que se pensa, fotografas não se trata de saber por onde se olha e que botão apertar, há muito mais arte, muito mais técnica e muito mais sensibilidade do que se imagina involvida por trás da fotografia.

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FACULDADES INTEGRADAS IPITANGASALVADOR (BA) • JUNHO DE 2010 PRÉTEXTO 9

indispensável. Atualmente, as pessoas procuram ensaios fotográficos digitalizados, que são entregues em CDs, exa-tamente no intuito de postá-los em seus respectivos perfis virtuais.

O avanço tecnológico permitiu às pessoas uma comu-nicação mais ágil e mais dinâmica e toda ela baseada no que se vê. Hoje é possível compartilhar fotos, simultanea-mente, com centenas de pessoas, independente de onde es-tejam. Tanto faz que estejam em outra cidade, ou em outro estado, ou outro continente.

Apesar de que, no passado os equipamentos fotográfi-cos, mesmo que amadores fossem menos acessíveis e a ne-cessidade de se recorrer a um profissional fosse maior, a de-manda do mercado fotográfico cresceu a partir do momento em que as pessoas começaram a perceber que, as qualidades das fotografias que são expostas, influenciam diretamente na

qualidade da imagem que desejam passar. Inclusive, nas redes sociais que promovem maior

facilidade de divulgação, as pessoas que eventualmente transformarão em clientes e também de buscarão novas referências para aperfeiçoar o trabalho do fotográfo.

P [ Que conselho você daria para o jovem que preten-de seguir a profissão?RC [ Dedicação, foco e humildade. A fotografia é uma arte maravilhosa que permite o desenho com a luz e além de fazer com que as pessoas enxerguem os momentos eter-nizados pela lente, no mesmo ângulo do fotógrafo.

É preciso saber medir e ponderar cada elemento que compõe a fotografia. Ao contrário do que se pensa, foto-grafar não se trata apenas de saber por onde se olha e que botão apertar, há muito mais arte, muito mais técnica e muito mais sensibilidade do que se imagina envolvida por trás da fotografia. Não é tão fácil quanto parece e nem tão difícil, quando você foca no que quer aprender e dedica-se de corpo e alma. ■

Roberta CardosoFotógrafa e estudante de Gestão Empresarial

1) Cuidado ao fotografar pessoas, há restrições quanto ao uso da imagem alheia. Para fins jornalísticos e editoriais não há impedimento desde que a imagem não seja modificada. 2) Cuidado ao fotografar obra de arte, esta também é protegida. Do mesmo jeito que acontece com a imagem de uma pessoa. 3) Fotos para fins pedagógicos e científicos têm uma redução da proteção do titular de direito em favor do avanço no conhecimento humano. 4) Obras arquitetônicas são consideradas artísticas, portanto, também estão protegidas pelo direito do autor. 5) A interpretação dos contratos de cessão é restrita.

10 questões básicas que o fotógrafo deve saber antes de fotografar6) Na publicidade, tenha sempre a regra: nada pode sem a autorização do titular. 7) Jamais faça remontagem da imagem de uma pessoa. A prática é comum no design e não é permitida perante a Lei. 8) Obra fotográfica bastante conhecida ou notoriamente artística não pode ser plagiada. 9) Ninguém pode alegar que o fotógrafo cedeu os direitos autorais sem que isso conste expressamente em contrato de cessão de direitos. 10) O fotógrafo não é obrigado a autorizar alterações em sua obra, a não ser que conste no contrato de cessão de direitos.

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10 PRÉTEXTOFACULDADES INTEGRADAS IPITANGASALVADOR (BA) • JUNHO DE 2010

[ JANAINA FONSECA ]

Há algum tempo, um novo fenômeno surgiu na internet. Trata-se de sites de compartilhamento de vídeos, que armazenam os arquivos e permi-

tem a visualização on-line por qualquer usuário da in-ternet que acesse a página eletrônica. O mais conhecido desses sites é o YouTube.

Criado em 2005, por ex-funcionários do eBay, Steve Chen, 27, e Chad Hurley, 29, o portal ganhou projeção em um curto intervalo de tempo e registra mais de 100 milhões de consultas diárias. Atualmente, o YouTube é um dos mais visitados do mundo e a cada dia o número de vídeos disponíveis no portal aumenta em milhares.

A proposta do YouTube é armazenar uma grande variedade de conteúdo audiovisual como clipes musicais,

Sites de compartilhamento de vídeo viram fenômeno da internet

programas de TV, trechos de filmes, novelas, seriados, co-merciais, além de conteúdo amador gravado pelos próprios usuários. Esses sem se importar diretamente com os direi-tos autorais dos criadores.

Uma forma de burlar o uso indevido do conteúdo das TVs foi a criação de logomarca para identificação da emis-sora, o que não ocorre em filmes, que se tornam alvos fáceis para esses usuários.

“A regulamentação brasileira sobre direito informático ainda é parca e existem poucas leis específicas para a in-ternet. Contudo, caso determinada conduta ilícita, tutelada pela lei, venha ocorrer no ambiente virtual, estará sujeita às mesmas sanções do ‘mundo real’. Esta é a posição unânime da comunidade jurídica,” afirma o advogado e agente da propriedade industrial atuante na área de propriedade in-telectual, Danilo Pataro.

O YouTube tem sido alvo de batalhas judiciais trava-das entre grandes empresas. Estima-se que a Google (atual dona do site) inclusive destinou parcela de seu capital ao pagamento de indenizações.

Em sua maioria o objeto dessas ações é a infração de direitos autorais, cuja titularidade pertence a terceiros, os quais não teriam autorizado a postagem e a utilização nos portais de vídeo.

A Lei nº 9.610/98, que disciplina e tutela os direitos au-torais, é clara ao mencionar que toda e qualquer utilização depende de autorização do titular. A referida norma elenca um rol exemplificativo de obras protegidas pela lei. ■

YOUTUBESite criado em 2005 por ex-funcionários do eBay, o portal ganhou projeção em pouco tempo registrou mais de 100 milhões de visitas diárias.

O YouTube tem sido alvo de batalhas judiciais travadas entre grandes empresas. Estima-se que a Google (atual dona do portal) inclusive destinou parcela de seu capital ao pagamento de indenizações.

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FACULDADES INTEGRADAS IPITANGASALVADOR (BA) • JUNHO DE 2010 PRÉTEXTO 11

[ ELIAS REZENDE ]

O lema dos crackers é rou-bar, roubar e roubar. Mas, essas ações ilícitas, muitas vezes, tomam uma

dimensão maior do que o esperado. Estar conectado ao mundo virtual instiga qualquer pessoa a experimentar no-vas práticas, copiar trabalhos para faculdade, redes sociais ou uma simples pesquisa. Todos esses endereços podem fazer parte da vida de internautas que dedicam boa parte do seu dia para navegar pelas ondas online. Para combater essas atividades a ONU (Organização das Nações Unidas) promove a proteção dos direitos humanos, o fortaleci-mento da democracia, a proteção das crianças e jovens contra abusos, prevenção de crimes organizados, lavagem de dinheiro, trafico de pessoas, crimes cibernéticos, com-pra e venda de trabalhos acadêmicos entre outros. O CoE (Conselho da Europa) é especializado em combater o ci-bercrime em todo o mundo. Brasil, Argentina, Sri Lanka e Filipinas são alguns países que já estão sendo pesquisados.

Segundo Alexander Seger, diretor geral dos direitos humanos e assuntos legais do CoE, eles estão trabalhan-do com o governo brasileiro sobre legislação para ciber-crime, com promotores públicos em São Paulo e Belo Horizonte, oferecendo treinamento e colaboração com a Polícia Federal.

“Gostaríamos de fazer muito mais no Brasil e agora estamos buscando mais recursos para oferecer treinamen-tos e suporte para o país”, completa.

Um dos movimentos da CoE é a Convenção de Bu-dapest de Cibercrime, que tem como objetivo convidar países para participar deste projeto. A iniciativa visa cri-minalizar certos tipos de contatos pela internet e agregar mais países nesta luta. Outra missão da Convenção de Bu-dapeste é promover uma eficiente cooperação internacio-nal, com guias de orientação e treinamento para as forças policiais e para promotores, ajudando da melhor maneira possível combater o cibercrime.

Crimes virtuais foi um dos temas discutido por líde-res mundiais durante o 12º Congresso das Nações Unidas sobre Prevenção ao Crime e Justiça Criminal, realizado em Salvador entre os dias 11 e 19 de abril. Segundo Ale-

ONU trabalha em parceria com governo brasileiro para combater cibercrimes

xander, os acordos de colaboração e participação que os pro-motores públicos do Brasil estão fazendo para combater os crimes virtuais servirão de inspiração para outros países do

mundo.“A lei criminal e a força policial têm diversas

missões, entre elas educar para proteger as crianças de abusos, o que é critico atualmente. E o Brasil está ajudando neste quesito”, salienta Alexander Seger.

Mas, até que ponto a pessoa pode ser inves-tigada sem que haja uma invasão de privacidade?

De acordo com o diretor, a polícia só pode investigar o computador de uma pessoa se tiver fortes indícios de que esta pessoa está ligada ao crime, seja na falsificação de docu-mentos, roubos ou burlando os direitos autorais.

“Existe uma regra na Europa de que para investigar o computador de uma pessoa, é preciso ter muito boas razões. A privacidade das pessoas é muito mais invadida pelos cri-minosos do que pela força policial na investigação destes cri-mes”, conclui Alexander.

Os direitos autorais são os principais alvos de ataque dos especialistas no mundo digital. Artistas e pesquisadores vêem suas obras reproduzidas por outras pessoas sem receber, nem mesmo, uma citação ou valor simbólico.

Alguns estudantes de ensino superior terminam o cur-so e ao invés de produzir um trabalho acadêmico próprio, optam por comprar ou copiar de uma página pesquisada no Google ou outros sites de busca.

Uma professora, que não quis se identificar, afirmou que ao se formar no curso de pedagogia comprou pela internet sua monografia. “Estava sem tempo para produzir. Estava na-vegando pela internet, fazendo uma pesquisa, e descobri um site que vendia, resolvi comprar e entregar”, afirma a pedago-ga, hoje com 27 anos..

Para Seger, essas práticas são comuns principalmente em países que estão em desenvolvimento. Mas, as policias especializadas estão investigando as quadrilhas que traficam este tipo de material. A intenção é diminuir os crimes virtuais nos próximos cinco anos. ■

A privacidade das pessoas é muito mais invadida pelos criminosos do que pela força policial na investigação destes crimesAlexandre SegerDiretor geral dos diretos humanos / CoE

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12 PRÉTEXTO FACULDADES INTEGRADAS IPITANGASALVADOR (BA) • JUNHO DE 2010