pré - monografi a · arquitetura terá o objetivo de facilitar o trabalho dos cuidadores, diminuir...

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Imagem capa Espaço para Assistência e Liberdade Pré - Monografia Alexandre Fraga Orientadora: Natália Oliveira, Karine Gonçalves AR09NA

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Espao para Assistncia e Liberdade

Pr - Monografi a

Alexandre Fraga

Orientadora: Natlia Oliveira, Karine Gonalves

AR09NA

Sumrio:

1. Introduo;

2. Metodologia;

3. Diagnstico;

3. Estudo de Casos;

3. Problemtica;

4. Proposta:

4.1 Soluo;

4.2 Terreno;

4.3 Legislao;

Introduo

O objetivo principal desta pesquisa encontrar fatos que levem a uma arquitetura que auxilie o idoso em sua relao com o mundo,

facilitando suas atividades dirias criando ambientes que promovam segurana ao locomoverem-se, estimulado as relaes interpessoais,

promovendo sua independncia e possibilitando o controle de sua vida - suas responsabilidades, seus afazeres. O idoso, como qualquer pes-

soa em qualquer faixa etria, possui diversas realidades sociais, de sade, intelectual, etc. Porm entre os idosos, h uma realidade dura que

a reduo progressiva das capacidades fsicas, de sade, e talvez, das capacidades intelectuais. Para o idoso dependente de auxlio fsico, esta

arquitetura ter o objetivo de facilitar o trabalho dos cuidadores, diminuir o isolamento, propiciar conforto trmico e assptico. Ambientes

integrados ou independentes, espaos de lazer, de fazer, quartos isolados ou coletivos, capelas, ofi cinas, bibliotecas, salo de dana, bazar

e a janela para rua que vemos no interior so pedaos da vida que formaria esta nova arquitetura. Individualiz-lo ou criar interao, dar

liberdade e fornecer controle, so questes que devem estar bem resolvidas para propiciar este local coletivo de assistncia e liberdade.

A diversidade de condies entre os modos de vida dos idosos tm a capacidade de tornar clara a relao destes com pessoas de

outras faixas etrias, com o ambiente e com a arquitetura. A pesquisa destas diferenas e o nvel de satisfao de cada pessoa da terceira

idade com estes ambientes e o que eles facilitam ou difi cultam nas atividades dirias, so questes importantes para a base da pesquisa, uma

vez que ser a partir destas premissas que poderemos fundamentar ou elaborar solues para os problemas inerentes a arquitetura e que

so capazes de infl uenciar na vida dos idosos. Por outro lado, estender estas comparaes a outras faixas etrias para analisar as diferenas

comportamentais e as necessidades geradas para a arquitetura por estas diferenas, permite encontrar as barreiras que porventura existam

entre os idosos e as pessoas mais jovens.

Metodologia

1.Objetivo

O asilo pblico, privado ou as chamadas casas de repouso para terceira idade, tm o objetivo de oferecer o abrigo para os

idosos em suas diversas necessidades. Estas instituies, de acordo com a pesquisa empreendida, tm em sua maioria, poucas variaes

na maneira de servir - construindo deste modo o esteretipo do asilo - uma casa de sade e abrigo para idosos, onde eles so internos,

com estigma de abandonados pela famlia e de incapazes.

O objetivo da pesquisa levantar dados da vida de pessoas idosas e de outras faixas etrias para criar a partir da

anlise desdes dados um lugar coletivo onde as pessoas idosas possam ter maior independncia e maior integrao com pes-

soas externas a este lugar. Em um estudo inicial no Asilo Ozanam - um dos lugares visitados - mostrou ser um lugar propcio

para estudar estas possibilidades, pois a maioria dos edifcios ao entorno do asilo de propriedade da fundao que cuida do

asilo - contando com: Prdio administrativo, Creche e conjunto de casas cedidas para moradores de baixa renda. Alm disto, o

terreno do asilo possui uma grande rea no edifi cada.

2. Etapas

2.1 Para Pesquisa sobre o idoso

2.1.1 Estudo de casos com pessoas de vrias faixas etrias (realizado 40% - anexo);

2.1.2 Levantamento de obras anlogas - (no encontrado 0%);

2.1.3 Estudo de legislao (pesquisado Anvisa 30%);

2.1.4 Participao em reunies multidiplinares no asilo Ozanam (todas as quintas - autorizado);

2.1.5 Estudos gerais sobre psicologia do idoso (20%);

2.1.6 Estudo a cerca da histria de tratamento do idoso;

2.1.7 Estudo da histria do asilo Ozanam desde sua fundao em 1930;

2.2 Para a pesquisa sobre o Projeto Fsico

2.2.1. Levantamento Topogrfi co (j realizado);

2.2.2 Levantamento de legislao do local (ok);

2.2.3 Levantamento da situao jurdica frente a Anvisa e a Prefeitura de Belo Horizonte do asilo (Entrevista com Zilda Presi-

dente - autorizada);

2.2.4 Levantamento dos interesses e perspectivas da administrao do asilo (Zilda, Antnio);

2.2.5 Levantamento de possibilidades de integrao de atividades com a creche (Legislao e administrao);

2.2.6 Levantamento de possiblilidades de integraao de atividades com os moradores das residncias cedidas para moradia

(administrao e legislao);

2.2.7 Levantar possibilidades de integrao de atividades com a igreja em frente (administrao da igreja - Procurar)

Diagnstico

1. O idoso

Dados da demogrfi cos divulgados pela Organizao Mundial de Sade, em 1992, indicava que havia mais de 416 milhes de idosos, sendo

que a estimativa para 2025 era de 12% da populao mundial teria mais de 60 anos. Nos Estados Unidos, a expectativa mdia de vida passar de 72,1

anos, em 1990, para 76,4 anos em 2050, para os homens, e de 79 anos para 83,3 anos, para as mulheres. A expectativa de vida aos 65 anos passar de 15

para 17,7 anos, no mesmo perodo, para os homens, e de 19,4 anos para 22,7 anos para as mulheres (Jarvik e Small, 1995). Quanto a Amrica Latina, a

previso era lde que a expectativa de vida passaria de 64,1 anos, encontrada em 1980 e 1985, para 71,8 anos em 2025. No Brasil, esses dados projetavam

que o nmero de idosos passaria de 6 milhes (em 1975) para 31 milhes em 2025(OMS 1992). A expectativa levantada para o Brasil est se compro-

vando - no censo de 2000 a populao de idosos no Brasil era de 14,6 milhes, 8,6% da populao brasileira, faltando 25 anos para 2025.

Dados estatsticos do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatstica.

Desta populao de idosos, uma parte signifi cante ser institucionalizada, outra parte ter condies de manter-se junto a famlia (mesmo que dependendo desta), e outra ainda, conseguiria manter-se independente. Problemas de sade

so os principais fatores que levam os familiares a institucionalizar os idosos, porm quando o idoso encaminhado para

este tipo de instituio em um bom estado de sade e a escolha impulsionada por fatores econmicos e sociais, o idoso sofre

grandes prejuzos funcionais e psiquo-sociais devido a excluso social4.

A preparao para a velhice que deve acontecer na meia-idade, segundo EIZIRIK (2001), deve seguir alguns precei-

tos para reduzir os impactos causados pela perda de sade. Nesta cartilha possvel relacionar alguns itens que podem ser

tratados pela arquitetura, e, o mais importante deles, seria resolver parte dos problemas causados pela internao em asilos.

Abaixo est cartilha de EIZIRIK, onde relacionaremos estes itens e algumas solues possveis.

Medidas Preventivas

Uma das tarefas importantes da meia-idade a preparao para a chamada terceira idade ou velhice (fala-se j na quarta idade). Algumas providncias so essenciais para compensar as perdas ocorridas no perodo, que podemos denominar de declogo da meia-idade:

1. Manter a sade fsica com a preveno de doenas degenerativas... 2. Independncia econmica: chegar ao fi nal desta fase de vida com reservas ou com uma aposentadoria ou aposentadorias complemen-tares que permitam manter um nvel mnimo de qualidade de vi e no depender dos fi lhos. 3.Ter seu prpri espao fsico ou moradia, para no ter que morar com os fi lhos ou necessitar do apoio da assistncia social pblica e eventualmente no ter outra alternativa que a institucionalizao. 4.Ter laos de amizade e vnculos fortes com a famlia... 5.Manter um relacionamento ntimo com um(a) companheiro(a)... 6.Ter um vnculo com a comunidade, seja em atividades voluntrias, organizaes no-governamentais ou hobbies ou grupos de lazer. 7. Manter-se sempre ocupado e com planos para o futuro... 8.Se possvel, manter um vnculo com seu antigo trabalho ou profi sso... 9. Buscar ajuda na comunidade para os problemas fsicos (grupos de auto-ajuda) e emocionais (depresso, quadros demenciais, etc.) 10. Praticar exerccios, manter uma atividade fsica regular (caminhadas, hidroginstica, etc).

...Outra alternativa que a institucionalizao. Fica claro neste em outros autores a preocupao com a in-stitucionalizao. O asilo, ou nome mais ameno que se queira dar, pblico ou privado, oferece o viver coletivo, e muitas vezes num mesmo edifcio, com pouca ou nenhuma separao entre o idoso ativo e independente com o idoso em quadros demen-ciais ou outro. Este estado coletivo de doena citado como uma das principais causas de depresso e desencadeamento de doenas degenerativas nos idosos institucionalizados.

1. Eizirik, pg 169 - Grifo nosso.

...Ter um vnculo com a comunidade... A barreira provocada pela separao com a comunidade, o isolamento, a perda da autonomia. A liberdade para sair e entrar no asilo coletivo, mesmo que liberada para idosos mais independentes, segue algumas regulamentaes que diminuem a autonomia do idoso. Esta situao pode-se tornar ainda mais comprometida medida que o entorno do asilo no oferece lugares de convvio....Praticar exerccios, manter uma atividade fsica regular... O entorno destas instituies pode infl uenciar na ativi-dade fsica, na qualidade dela. Mesmo quando possvel o exerccio dentro da instituio, o mudar de ares, ajuda na ma-nuteno da sade psquica.

Estas trs premissas grifadas da cartilha mostram o peso do ambiente (espao) na vida do idoso. Para

complementar este prognstico a realizao de um levantamento comparativo da vida do idoso que tem o objetivo de apurar

dados que ajudem na criao de espaos que propiciem melhores condies para interao entre as pessoas, independncia

para agir e cuidar de si, locomoo, e outras, que so especfi cas dos idosos e sero elucidadas em outro captulo. A partir de

entrevistas sem roteiro e com ar de informalidade foram levantados diversos fatos do cotidiano das pessoas entrevistadas que

permitiram criar alguns grfi cos da rotina destas pessoas e dos espaos que elas desfrutam. H no levantamento o grfi co de

uma pessoa que no da mesma faixa etria, este grfi co serve para comparar algumas diverenas que parecem ser exclu-

sivas da idade. Os grfi cos no so rigorosos e contemplam o perodo semanal, considerando os dias teis. No h rigor em

escala de tempo e nem nas determinaes das atividades. Os grfi cos so apenas um complemento para as entrevistas, que

para serem mais fi is, trazem o seu contexto.

1. Primeiro Caso: senhor X - 80 anos.

imagem 01

O senhor X, preferiu no ser identifi cado na entrevista. Este senhor possui um escritrio onde realiza transaes imobilirias em Belo Horizonte. Possui com isto uma determinada fortuna e talvez seja por isto que se sentiu inseguro para

ser identifi cado. Seu escritrio fi ca na regio central de Belo Horizonte, no quinto andar de um edifcio comercial de 10 pavi-

mentos - possui porta blindada com fechadura especial e s me recebeu para entrevista por sermos conhecidos. Ele recebeu-

me por volta de 10:00 horas da manh num sbado. Seu escritrio pequeno tem apenas uma sala e um banheiro, possui

trs mesas, a sua, ao fundo, central e frente da janela; as outras duas (vazias) fi cam dispostas lateral a dele. Na lateral ao

fundo das mesas vazias temos um balco com computadores e impressoras, j na lateral oposta temos um armrio metlico

e arquivos. Na lateral ao fundo das mesas vazias temos tambm uma mquina de caf expresso antiga e o banheiro. Minha

visita durou 6 horas. Na maioria do tempo conversamos sobre a vida dele, a nostalgia do passado, suas difi culdades, a reali-

dade poltica atual, as mudanas comportamentais que o incomodam, etc. O senhor X possui seis irmos, ele o segundo em

idade.; apenas um no est vivo. casado e sua esposa sofre de depresso desde o comeo do casamento, por isto no tiveram

fi lhos. Um de seus irmos encontra-se com problemas de sade e est no interior. Sua famlia sempre teve boas condies

fi nanceiras, seu pai e seu av foram comerciantes no interior e chegaram a produzir ferramentas naquela poca (1940). Ai-

nda possui a fazenda, que acabou comprando dos outros irmos. Segundo ele, gostaria de fazer nesta fazenda uma casa de

repouso para idosos com boa situao fi nanceira. A sede da fazenda seria para as atividades comuns, onde estariam o corpo

de funcionrios e os recursos mdicos. Os idosos escolheriam uma rea na fazenda onde seria construda sua casa. Contaria o

complexo com heliporto e helicptero para encaminhamento mdico.

O senhor X tem atualmente a responsabilidade com sua casa e sua esposa que sofre de depresso, e tem responsabi-

lidade com mais um irmo solteiro que tem problemas mentais (Cuidado por uma antiga empregada domstica de 80 anos).

Alm disto o principal suporte aos irmos, justamente por causa de sua condio fi nanceira. Preocupa atualmente o outro

irmo que mora no interior e que est com problemas de sade e tambm com seu escritrio - algumas pendncias jurdicas

e fi nanceiras. Trabalha de segunda a sexta em seu escritrio de 9:00 da manh at as 17:30 hs, aos sbados eventualmente

de 8:00 s 12:00 hs. Tem tentado encontrar algum de confi ana para ajud-lo em seu escritrio, geralmente pessoas da

famlia. O ltimo a trabalhar com ele foi um sobrinho, mas j no trabalha l a 4 meses. Anteriormente trabalharam um irmo

(por mais tempo) e em outro perodo, um outro sobrinho. Segundo ele as pessoas no gostam de trabalhar e querem ganhar

dinheiro fcil. Tambm no confi aria o escritrio a qualquer empresa especializada. Parece uma pessoa difcil de conviver,

suposio que levantei pela difi culdade em manter um funcionrio e pela maneira desconfi ada com que trata as pessoas -

demonstra pouca confi ana nas pessoas tanto nas questes ticas, como profi ssionais.

A sade do senhor X parece boa, apesar de suas reclamaes com respeito a ansiedade - que ele trata com calman-

tes receitados pelo seu psiquiatra. Mencionou tambm ter um problema de sade que necessita de sirurgia, mas que protela

a 10 anos. Reclama que est falando alm da medida e que isto outro problema da idade. Demonstra muita preocupao

com a morte, principalmente por causa das pendncias do seu escritrio, pois diz que no h coisa pior para um homem do

que morrer com alguma pendncia jurdica que o desabone. catlico, mas no praticante e segundo ele no fantico.

A nica atividade de lazer do senhor X atualmente um jogo pela internet - o Soduku que ele joga no endereo:

http://www.conceptipuzzles.com. For a isto no viaja e at mesmo sua fazenda, n=o visita a quase vinte anos... Apenas

guarda um levantamento de tudo que possui na fazenda, com fotos, catalogados item a item. Sua maior emoo era quando

falava desta fazenda, as lembraas dos pais e dos avs - da sua juventude, das coisas que realizou por l, como uma represa.

Em seu computador est confi gurado o caminho para fazenda no Google Earth. A maior tristeza - no ter fi lhos.

Grfi co 01

2. Segundo Caso: Ondina Santana e Terezinha Cndida. 84 e 82 anos

Imagem 02

As senhoras Ondina Santana esquerda e Terezinha Cndida direita, so moradoras do Azilo Ozanam e dividem o quarto 04. A sra Terezinha foi receptiva entrevista, tem uma natureza expansiva e alegre. A sra Ondina mais tmida, apesar

disto respondeu as perguntas e se mostrou uma pessoa trnquila. A entrevista foi no sbado e durou apenas 40 minutos,

iniciando s 16:50 hs e terminou as 17:30 hs. O quarto dividido pelas duas tem as camas lado a lado, um banheiro com barras

de apoio, uma pequena varanda com janela com grade (malha) e com um pequeno lavatrio.

Imagem 02

Cada uma imprime sua caracterstica sua poro do quarto - as duas esto sentadas na cama da sra Terezinha - onde vemos o relicrio sobre a cama, pois ela catlica praticante. Sobre a cama da sra Ondina no h qualquer enfeite, ela

tem apenas algumas imagens sobre o armrio ao centro (entre as duas camas). Segundo a sra. Terezinha, a companheira

Ondina seu pedacinho de ouro, pois gosta muito da companheira, porque ela uma pessoa reservada e logo que Terezinha

chegou ao azilo, dividiu o quarto com uma senhora que era mau humorada e brigava muito. Ento pediu para que trocassem

sua companheira e ento escolheu Ondina para ser sua nova companheira. Desde ento as duas deram-se muito bem e isto

tem mais de seis meses.

Terezinha optou por morar no asilo. Morava com o fi lho e a nora, mas sentia solitria e pediu ao fi lho para procurar

um asilo para que ela pudesse morar. Visitaram vrios asilos juntos e disse ao fi lho, logo que chegou ao asilo Ozanam, que

gostou muito do lugar. Pediu ao fi lho para que arrumasse as coisas para que ela pudesse ir para l e este arrumou tudo, in-

clusive pintou o quarto e arrumou uma bancada para que ela pudesse fazer suas refeies no quarto. No comeo ela utilizou

a bancada, mas logo achou que era melhor fazer suas refeies com as companheiras do asilo. Confessou que mesmo tendo

sido opo sua ir para o asilo, no primeiro dia que estava l, chorou muito, mas se sentiu amparada pela coordenadora do asilo

Dorinha (Doralice de Almeida Arajo). J esta no asilo h aproximadamente um ano e diz adorar o lugar. Gosta de conversar

com as companheiras, gosta das atividades em grupo e adora danar. Todos os domingos das 15:30 s 17:00 hs tem um baile

com uma pequena banda onde ela pode danar, o nico problema que tem poucos idosos que podem danar com elas - a

soluo para o problema seria se juntamente com a msica - trouxessem os parceiros para dana.

Suas principais atividades so as oferecidas pela equipe do asilo - exerccios fsicos, atividades de interao em

grupo. Alm disto adora ter uma capela dentro do asilo e uma igreja do santo que devota em frente ao asilo. Seu fi lho a visita

quase todos os fi nais de semana e reclamou que ele no tm ido muito ultimamente. Sai apenas com os fi lhos. Terezinha

viva e est aposentada aproximadamente 20 anos. Trabalhou com servios gerais em dois escritrios durante toda sua vida.

Ondina sempre foi solteira e no teve fi lhos. Morava com a sobrinha, mas se sentia muito sozinha durante o dia e

optou por morar no asilo. Era secretria e estava tambm a muito tempo aposentada. No mencionou nada sobre a visita de

familiares. Mais reservada, disse apenas que gosta do asilo e que tambm adora ter a capela e a igreja em frente. No gosta

de danar como Terezinha, mas disse que sempre vai no baile por causa da msica.

Nenhuma das duas entrevistadas mostrou qualquer carter de tristeza e as atividades que realizam so em sua

maioria as oferecidas pelo asilo. O grfi co foi feito para as duas porque as atividades delas so muito similares durante a se-

mana e o carter mais geral do grfi co permite isto. As manchas noite so afazeres realizados por Terezinha que dorme com

a porta aberta e geralmente ajuda alguns idosos que levantam para ir ao banheiro e no encontram seus quartos.

Grfi co 02

3. Terceiro Caso: Orgarina Fraga. 70 anos

Imagem 03 A sra. Orgarina tem 70 anos e mora com a fi lha num pequeno apartamento de 3 quartos no bairro Corao Eu-carstico. Est aposentada e viva. Possui sua aposentadoria e mais a penso do marido. A entrevista durou poucas horas,

pois sendo me do entrevistador, este levantou apenas questes pertinentes rotina durante a semana. Ela independente,

no depende da fi lha, mas esta sua companhia. Durante a semana ela tem algumas rotinas, pois sendo diabtica do Tipo

II, que uma doena adquirida com a idade, tem que ter algum controle com a alimentao e com as atividades (exerccios

fsicos). Tem mais dois fi lhos casados que a visitam eventualmente.

Sua rotina uma caminhada diria pela manh, geralmente de 8:00 s 9:00 hs, onde em cada dia feito uma rota

diferente. Geralmente durante a caminhada aproveita para fazer algumas compras - geralmente do caf da manh. Duas

vezes na semana, faz hidroginstica, de 9:00 s 10:00 hs, nestes dias no faz caminhada, ou faz uma caminhada reduzida.

Ela cuida da casa, faz geralmente a maior parte da limpeza; a fi lha d aula noite e faz mestrado em matemtica, portanto

fi ca estudando enquanto est em casa. O almoo e o jantar tambm so feitos em sua maioria por me. Suas rotinas so

geralmente as mesmas, fi ca mais em casa e tem como atividade de lazer principais, a televiso, palavras cruzadas e leitura

de romances (autores preferidos que so relidos: Sidney Sheldon e Harold Hobins.). Todos os dias v as novelas, porm no

v sempre todas, pois algumas no so do seu agrado. Gosta tambm de assistir Video Show e os jornais - principalmente os

regionais. Adora assistir as sinfonias realizadas pela prefeitura no parque municipal aos domingos.

Sua sade no geral boa, apesar dos problemas da diabetes. Teve problemas de presso a um tempo atrs, mas

foram causados por tenso com alguns problemas com esplio do Marido, uma empresa que faliu e provocava alguns prob-

lemas jurdicos. Fica muito s durante o dia e nos fi nais de semana. Considera-se uma pessoa feliz. Gosta dos netos, tem 5

netos, que a visitam eventualmente.

Grfi co 03

4. Quarto Caso: Alexandre Fraga. 38 anos

Imagem 04

O sr. Alexandre Fraga, o entrevistado e entrevistador, tem 38 anos e mora com a famlia, casado e mora com a

esposa e trs fi lhos - um de dois anos de idade, outro de quatro e um de 21 anos. Mora em um apartamento pequeno de trs

quartos. Sua esposa tambm trabalha e o fi lho de 21 anos tambm. As crianas fi cam com a esposa, pois esta pode lev-los

para o trabalho, pois possui um salo de beleza que prprio. Com isto Alexandre pode ir direto para o trabalho durante a

manh e retornar para casa apenas aps a faculdade.

I

Durante a semana acorda por volta de 5:50 hs e sai para o trabalho por volta de 6:30 hs. Neste intervalo geralmente

toma banho, caf e fi ca com a famlia, a esposa e os fi lhos pequenos geralmente esto acordados. Caminha at o ponto de

nibus, embarca no primeiro nibus que faz uma viagem de aproximadamente 15 minutos at a avenida Afonso Pena onde

embarca em um segundo nibus, aps esperar alguns minutos. Este segundo nibus far uma viagem de 35 minutos at o

trabalho no bairro Bandeirantes, na orla da Lagoa da Pampulha. Chega ao trabalho por volta de 7:50 hs. Inicia as atividades

s 8:00 hs e encerra s 18:00 hs - com uma hora de almoo neste perodo. Sai do trabalho s 18:00 horas e embarca em um

nibus direto at praa da Liberdade - prximo faculdade.

Este deslocamento dura em torno de 01 hora. Assiste s aulas de 19:00 hs at s 22:40 hs geralmente, e retorna para casa. Embarca em outro nibus e vai at a regio dos hospitais onde embarca em outro, por volta de 23:20 - chega em

casa por volta de 23:40 hs . Este horrio sua famlia est dormindo na maioria das vezes.

Suas atividades de lazer so aos fi nais de semana com as crianas aos sbados durante parte da tarde e com a

esposa e as crianas aos domingos.

Grfi co 04

Anlise

Os casos levantados tendem a mostrar aproximaes. Lugares e atividades se mostram mais prximos entre primeiro

e ltimo caso e entre o segundo e o terceiro caso. Estas aproximaes podem ser vistas claramente nos grfi cos. No pode se

dizer que esta ou aquela pessoa analisada mais feliz ou mais saudvel. O que est subentendido no grfi co diminuio de

atividades e de variaes de lugares. Maior ou menor responsabilidade consigo ou com outrem. Estas anlises vo servir para

encontrar meios de aproximao entre estas pessoas e para criao de um ambiente mais livre para os internos do asilo. Pensar o

que poderia atrair os entrevistados do primeiro, terceiro e quarto casos, no asilo. Pensar em como as pessoas do asilo poderiam ter

mais liberdade para relacionar com o mundo exterior.

Histria do Asilo Ozanam5

Desde o ano de 1900, que os confrades das Conferncias Vicentinas que se reuniam na Igreja da Boa Viagem, hoje

Catedral de Nossa Senhora da Boa Viagem, idealizaram a fundao de uma Vila Vicentina para abrigar os pobres. Obra essa que

solucionasse um dos mais graves problemas sociais da vida da cidade, que o amparo e assistncia pobreza abandonada,

sem po e sem teto. Somente em 29 de junho de 1937, s 2 horas da tarde, que ocorreu o lanamento da pedra fundamen-

tal das construes da Cidade Ozanam. A este ato compareceram altas autoridades estaduais e municipais, representantes

do Clero e da imprensa, alm de grande nmero de pessoas da Sociedade Belo-Horizontina. As solenidades constaram da

redao da ata, de um ofcio religioso ofi ciado pelo ento Arcebispo de Belo Horizonte, Dom Antnio dos Santos Cabral, do

lanamento da pedra base, e de dois discursos, um do Presidente da Sociedade de So Vicente de Paulo e outro de Dom An-

tnio. O futuro Asilo dos pobres, compreenderia de uma praa e 13 (treze) ruas com 10 (dez) metros de largura; um pavilho

com 2 (dois) andares e um poro; o Santurio de So Vicente de Paulo com capacidade para 1.500 pessoas; o grupo escolar,

o prdio da Ao Social; o armazm; um ambulatrio mdico e a farmcia; 34 pavilhes para solteiros, comportando cada

um 20 pessoas e tendo ofi cinas e 106 casas para famlias, abrangendo 209 (duzentos e nove) lotes numa rea de 98.032.000

metros quadrados de Vila Manac.Foi em 1936 que surgiu a possibilidade de realizao da Cidade Ozanam. O Prefeito de Belo

Horizonte, Dr. Otaclio Negro de Lima, tendo ido Bahia, voltou de l impressionado com uma visita que fi zera ao Abrigo

Redentor para mendigos. Chegando a Belo Horizonte, publicou em O Dirio, uns artigos censurando a inatividade dos vi-

centinos mineiros e elogiando o abrigo que visitara. Furtado de Menezes estava, ento, no Rio de Janeiro, atuando na cmara

dos Deputados. Avisado do que se passava, voltou a Belo Horizonte e, na condio de Presidente do Conselho Metropolitano

da Sociedade de So Vicente de Paulo, respondeu com artigos, no mesmo peridico, ao desafi o do Sr. Prefeito, propondo-lhe,

em troca, a construo da Cidade Ozanam. Dr. Otaclio aceitou a proposta e a 17 de julho de 1936, em presena de ilustres

testemunhas, assinou na Prefeitura de Belo Horizonte, a escritura de doao de um terreno ao Conselho Metropolitano, sito

na Vila Renascena, para edifi cao da Cidade Ozanam. Imediatamente, contando com a benevolncia do Prefeito que, alm

de ceder empregados da Prefeitura ainda fez a doao de duzentos contos de ris de seu prprio bolso, Furtado de Menezes

ps mo obra e iniciou a construo.

Inaugurao:

Deu-se no dia 03 de abril de 1938 pelo Cfr. Dr. Joaquim Furtado de Menezes, ento Presidente do Conselho Metropolitano de

Belo Horizonte, da Sociedade de So Vicente de Paulo. Ressaltamos, tambm, que os Vicentinos tiveram a grande colaborao

do Dr. Otaclio Negro de Lima, ento Prefeito de Belo Horizonte que doou o terreno e de sua esposa Dona Geny Negro de

Lima, que liderou uma campanha em prol da construo, sempre orientados pelo saudoso Confrade Dr. Custdio Pinto Coelho,

ento Presidente do Conselho Central Diocesano de Belo Horizonte. Grandes, por certo, foram as solenidades que assinaram a

inaugurao do grandioso empreendimento. E em 24 de julho de 1938, foi realizada a inaugurao solene, com missa campal

celebrada pelo Sr. Arcebispo Dom Antonio dos Santos Cabral, na presena de mais de duas mil pessoas, transportadas para ali

por nibus e trens especiais. Aps a missa, foi benta a pedra fundamental do Santurio de So Vicente de Paulo.

O ttulo de Cidade Ozanam, foi uma homenagem dos confrades fundadores da obra, ao fundador da Sociedade de

So Vicente de Paulo, o italiano Antnio Frederico Ozanam.

Localizao:

A Cidade Ozanam, est localizada no Bairro Ipiranga, entre os Bairros Cidade Nova, Renascena e Nova Floresta, em Belo

Horizonte.

Planta de situao

A Legislao

Baseado em uma diretriz para o projeto desta monografi a, foi levantado os dados da nova legislao do uso e

ocupao do solo de Belo Horizonte. A diretriz a primeira base para soluo dos problemas encontrados no asilo Ozanam.

Diretrizes

Desenvolver um conjunto arquitetnico que oferea recursos para a assistncia a vida do idoso, seja ele uma pessoa independente

ou dependente e que tenham o ambiente adaptado para as fases que separam o idoso nestas duas categorias; e que ainda propi-

cie a convivncia entre elas e com a comunidade. O asilo Ozanam possui um nico edifcio que abriga os idosos, independente da

fase em que ele se encontra. H em mdia cem idosos assistidos por um corpo de 52 profi ssionais de sade. Destes 100 idosos,

apenas 8% so homens. Destes 100, uma mdia de 20% tem algum distrbio psiquitrico aliado a um estado de sade tambm

complicado. 40% so dependentes de cuidados especiais e possuem muita difi culdade de locomoo. Os 40% restantes que tem

autonomia funcional e que vivem neste mesmo ambiente entram rapidamente em processo depressivo e caminham em poucos

anos de um estado bom de sade para um quadro clnico complexo (Segundo estudos) diferentemente de idosos no institu-

cionalizados.

Apesar de possuir apenas um prdio, o asilo Ozanam possui um grande terreno e ainda um complexo de casas no seu entorno que

so cedidas para abrigar famlias de baixa renda. J h uma proposta de revitalizao destas casas e o remanejamento destas

famlias. H tambm por parte de algumas instituies o desejo de criar um asilo que oferea a melhor qualidade de atendimento.

Com estas premissas, a proposta criar ambientes separados para os idosos de acordo com sua independncia, aproveitando par-

te da estrutura existente e complementando-a com edifcios necessrios para esta nova realidade. Como as casas do entorno esto

localizadas em quarteires distintos, a proposta engloba a requalifi cao destas vias para coibir o fl uxo de veculos e priorizar os

pedestres e sua acessibilidade. Instalar guaritas para controle da segurana dos idosos e para assisti-los. Criar comrcio de bairro

neste complexo, tais como: Padarias, mercearias, cabeleireiros, pequenas lojas de roupas, locadora, etc. De modo que o idoso no

tenha que se deslocar muito para fazer compras e que ainda possa conviver com a comunidade. Criar uma praa que permita

eventos, ampliar a arborizao e criar jardins nas caladas mais amplas. Buscar diversas possibilidades para recriar uma vila e

um ambiente de bairro, onde os idosos e o restante da comunidade possam utilizar a rua e as praas como um local de convvio.

Zona em que o terreno se insere:ZAP - Esta localizada em uma Zona de Adensamento Preferencial. Se caracterizam por possuir uma infra-estrutura completa,

onde o coefi ciente de aproveitamento chega a 1,5 a rea do terreno. Sem nenhum sobrezoneamento.

Atividade Econmica da Proposta:Atividades de fornecimento de infra-estrutura de apoio e assistncia a paciente no domiclio 871230000-Grupo I

Instituies de longa permanncia para idosos 871150200-Grupo I

A atividade de Grupo I est relacionada como tipo A e adimitida em vias classifi cadas quanto a permissividade de uso: VR,

VM e VNR; Estando localizada em uma via local de baixa permissividade de uso no residencial.

Instrumentos da poltica urbana do municpio favorveis proposta:

Nas diretrizes para legislao tributria Art. 46, inciso VII, o incentivo dado para a desobstruo das barreiras ar-

quitetnicas existentes, para o setor privado, com reduo do IPTU, pode ser aproveitado, quando a reforma das moradias dos

idosos for realizada caso j no haja esta iseno. No mesmo artigo, inciso III, com o aumento das caladas, tambm est

previsto um incentivo, que poder ser utilizado na requalifi cao das vias com prioridade para o pedestre. A palavra promover

no muito contundente, portanto h uma ampla interpretao e o valor efetivo do que a lei prope no fi ca claro, mas h

menes de promoo para equipamentos urbanos e obras de interesse social.

No captulo V Art. 74. A Pargrafo 1 inciso V e VI, h o incentivo para a criao de reas de interesse comum

(reas pblicas e equipamentos), bem como a melhora da qualidade ambiental (uma vez que a reduo do fl uxo de veculos

melhora a qualidade ambiental), temos neste artigo mais algumas vantagens concedidas pelo poder pblico ao projeto.

Diretrizes de desenvolvimento do Plano Diretor favorveis proposta:

Apesar de no estar mencionada nas diretrizes gerais do plano diretor a ao social e deste se condensado em uma

nica idia ter um aspecto desenvolvimentista, o plano diretor, quando disseca as diretrizes, temos a preocupao com a

mobilidade do idoso no Art 19 inciso C, e no Art 37 inciso VII - a preocupao em criar centros de convivncia para o idoso.

Estes dois artigos so os nicos que referem ao idoso e podem contribuir para o objeto da minha proposta, no primeiro caso,

conseguindo revitalizar a rua e priorizar o pedestre. No segundo, conseguindo verbas de incentivo para a reforma e construo

do novo asilo. A descentralizao das polticas de ao social, citada no inciso V, do Art. 37, de certo modo pode facilitar a ao

das comunidades e de entidades.

Bibliografi a

1. Eizirik, Cludio Laks, O ciclo da vida humana: uma perspectiva psicodinmica / Cludio Laks Eizirik, Flvio Kapczinski, Ana Margareth

Siqueira Bassols - Porto Alegre: Artmed Editora, 2001;

2. Na lngua portuguesa, institucionalizao o ato ou efeito de institucionalizar. Institucionalizar, por sua vez, dar o carter de

instituio, adquirir o carter de instituio;[10] dar forma institucional.[18] Assim, o idoso institucionalizado aquele a quem se d

ou que adquire o carter de instituio, que se transforma em instituio, o que, obviamente, no faz sentido.

Na lngua inglesa, o verbo correspondente a institucionalizar, to institutionalize, tem uma acepo a mais, a de colocar ou confi ar

algum aos cuidados de uma instituio especializada (alcolatras, epilpticos, delinquentes, idosos).[25] -

acessado em: http://usuarios.cultura.com.br/jmrezende/idoso.htm s 12:51 de 01/06/11;

3. Yuaso, D. R. & Almeida, M. A. R. (1997), A dinmica da dependncia-autonomia na velhice: suas implicaes para as interaes idoso profi ssional. Rio de Janeiro. XI Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia.

4. Silvestre, J., Costa Neto, M. M. Abordagem do idoso em programas de sade da famlia. Cad. Sade Pblica, v.19, n.3, p.839-847.

5. Boletim Brasileiro da SSVP - Abril / Junho - 1972 - Nmeros 4 a 6 - TOMO XCI - pginas 112 a 113;Revista Adoremos - ms maio / 1978 - nta Adoremos - ms maio / 1978 - nmero 615 - pginas 14 a 17; Revista Adoremos - ms junho / 1978 - nmero 616 - Capa e pgina 17; Furtado de Menezes - Servidor do pobre - autor: Frei Alano Porto de Menezes, O.P. , Editora Vitoria, pginas 53 56.

Foto e imagens do autor.