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ISSN 1679-2599 Dezembro, 2006

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A Geopedologia e sua influncia sobre Espcies Arbreas de Florestas Fluviais

ISSN 1679-2599 Dezembro, 2006Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria Embrapa Florestas Ministrio da Agricultura e do Abastecimento

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A Geopedologia e sua influncia sobre Espcies Arbreas de Florestas FluviaisGustavo Ribas Curcio Alexandre Uhlmann Lcia Sevegnani

Colombo, PR 2006

Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na: Embrapa Florestas Estrada da Ribeira, km 111 Caixa Postal 319 Fone/Fax: (41) 3675-5600 Home page: http://www.cnpf.embrapa.br E-mail (sac): [email protected]

Comit de Publicaes da Unidade Presidente: Luiz Roberto Graa Secretria-Executiva: Elisabete Oaida Membros: lvaro Figueredo dos Santos, Edilson Batista de Oliveira, Honorino Roque Rodigheri, Ivar Wendling, Maria Augusta Doetzer Rosot, Patrcia Pvoa de Mattos, Sandra Bos Mikich, Srgio Ahrens Supervisor editorial: Luiz Roberto Graa Revisor de texto: Mauro Marcelo Bert Normalizao bibliogrfica: Elizabeth Denise Cmara Trevisan, Lidia Woronkoff Editorao eletrnica: Luciane Cristine Jaques 1 edio 1 impresso (2006): sob demandaTodos os direitos reservados. A reproduo no-autorizada desta publicao, no todo ou em parte, constitui violao dos direitos autorais (Lei no 9.610).

Dados Internacionais de Catalogao na Publicao - CIP Embrapa Florestas Curcio, Gustavo Ribas. A Geopedologia e sua influncia sobre espcies arbreas de florestas fluviais [recurso eletrnico] / Gustavo Ribas Curcio, Alexandre Uhlmann. Lcia Sevegnani. - Dados eletrnicos. Colombo : Embrapa Florestas, 2006. 1 CD-ROM. - (Documentos / Embrapa Florestas, ISSN 16792599 ; 135) ISSN 1517-526X (impresso) 1. Geologia. 2. Geomorfologia. 3. Solo - Floresta fluvial. 4. Semente. I. Uhlmann, Alexandre. II. Sevegnani, Lcia. III. Ttulo. IV. Srie. CDD 551.41 (21. ed.) Embrapa 2006

Autores

Gustavo Ribas Curcio Engenheiro Agrnomo Pesquisador III- Embrapa Florestas e-mail: [email protected] Alexandre Uhlmann Bilogo Professor - FURB e-mail: [email protected] Lcia Sevegnani Biloga Professora - FURB e-mail: [email protected]

ApresentaoO modelo de desenvolvimento adotado pela sociedade exerceu e ainda exercer uma presso expressiva sobre os recursos naturais. Sem sombra de dvidas, uns dos segmentos de paisagem que mais se alteram com as atividades humanas so os ambientes fluviais, pois sua posio, dominantemente em plancies, favorece o recebimento de todos os tipos de resduos e sedimentos, alm de, na maioria dos casos, terem suas florestas totalmente descaracterizadas. Em outras palavras, verifica-se uma forte alterao das funcionalidades ecolgicas dos rios, trazendo prejuzos expressivos, no s para o prprio homem, mas, sobretudo, para todo o ambiente. Dentro desse enfoque, o rio Itaja, no estado de Santa Catarina, tambm se encontra profundamente alterado, com o comprometimento quase que total de sua cobertura florestal. No sentido de reverter esse processo, a Embrapa Florestas e a Universidade Regional de Blumenau - FURB (representada pelo Departamento de Cincias Naturais - DCN e o Instituto de Pesquisas Ambientais - IPA), efetuaram um levantamento de solos e geomorfologia fluvial, concomitantemente ao levantamento florstico nos rios Itaja do Oeste e Itaja-Au, com o objetivo de obter uma relao de espcies arbreas nativas que possam ser recomendadas para a recuperao das margens do citado rio. Para tanto foi empregada uma metodologia de pesquisa desenvolvida pela Embrapa Florestas, a qual se mostrou muito contundente medida que releva especificidades interativas da geologia, geomorfologia, hidrologia, pedologia e cobertura vegetacional. Este documento apresenta os resultados obtidos no referido estudo, agrupando as espcies em trs grupos funcionais, potenciais para a recuperao de ambientes fluviais do rio Itaja do Oeste e Itaja-au, em concordncia com os padres de solos identificados ao longo da Bacia.

Sumrio

Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09 A Plancie do Rio Itaja . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 Compartimentos Geopedolgicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Compartimento 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Compartimento 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Compartimento 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Compartimento 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Compartimento 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Compartimento 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Concluses . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Referncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Anexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

A Geopedologia e sua influncia sobre Espcies Arbreas de Florestas FluviaisGustavo Ribas Curcio Alexandre Uhlmann Lcia Sevegnani

IntroduoAs florestas de encostas que se encontram sobre as paisagens da regio Sul do Brasil, em quase sua totalidade, encontram-se sobre solos bem drenados, no sendo verificada uma distribuio florstica atrelada fortemente s caractersticas dos solos, salvo algumas excees. Contudo, nas florestas localizadas sobre as plancies fluviais, muitas vezes, tem-se uma diversidade florstica, assim como um padro de distribuio das espcies, regidas diretamente pelos regimes hdricos dos solos (MANTOVANI, 1989; REICHARDT, 1989; GONZLEZ DEL TNAGO & GARCA DE JALN, 1998 entre outros). Deve ser salientado que, quanto mais o ambiente fluvial se aproxima dos ambientes marinhos, mais as caractersticas qumicas do solo assumem importncia nesse contexto (LIMA et al., 2001), especialmente atravs dos carteres sdico e soldico. O perfeito entendimento da distribuio das espcies na plancie somente possvel aps a compreenso da distribuio dos solos nessas paisagens e, principalmente, a identificao e a dinmica dos regimes hdricos. Reichardt (1989) comenta em seu trabalho a importncia das condies de umidade dos solos em ambiente fluvial para a adaptao das espcies florestais. A forma mais precisa de se conseguir esse tipo de informao compartimentar a paisagem fluvial tendo em conta a geopedologia, ou seja, assumir que o modelamento das paisagens de plancies resultado da atuao da hidrodinmica fluvial sobre os depsitos aluviais e que, de certa forma, pacotes aluvionares menos espessos podem ter forte relao com os corpos rochosos e respectivos lineamentos que constituem o embasamento desses ambientes. Assim, possvel visualizar e, notadamente, ter uma melhor

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compreenso das diferentes feies geomrficas de plancie que, por sua vez, sero formadas por solos com caractersticas qumicas e fsicas distintas. Sem dvida, nas encostas, verifica-se uma relao muito boa entre as caractersticas dos solos e os tipos de rochas que lhes deram origem (BRADY & WEIL, 1999), contudo, nas plancies, a despeito do remanejamento dos sedimentos ao longo do curso fluvial, ainda assim se verifica uma relao importante que deve ser buscada e que servir como uma importante ferramenta para entender a dinmica de ocupao das espcies florestais. Deve se ter em mente que grande parte da rede fluvial regida por estruturas geolgicas (SUGUIO & BIGARELLA, 1979), seja por lineamentos de ordem estrutural falhas e/ou fraturas, ou pela presena de rochas que apresentam maior ou menor resistncia inciso pela linha de talvegue. Em nveis abstracionais mais elevados, pode-se pensar que a amplitude lateral das plancies, assim como o maior ou menor declive longitudinal dos rios, est estabelecido em estreita consonncia do clima com agentes estruturais geolgicos lineamentos/litotipos. Como resultado, so observados padres de leitos fluviais com caractersticas muito diversas, refletindo o grau de energia para cada segmento de seu curso (CHRISTOFOLETTI, 1981). Assim, podem ser encontrados padres de leito do tipo meandrante, sinuoso, anastomosado, entrelaado e retilneo (SUMMERFIELD, 1991), entre outros, dependendo da escala de trabalho. Esses tipos de leitos do evidncias muito fortes da energia presente naquele ambiente (BIGARELLA, 2003; SUGUIO, 2003) e, portanto, servem como indicadores da fragilidade ambiental frente s distintas aes do homem. Infelizmente, ainda no se faz uma aplicao direta das informaes presentes nos ambientes, em funo do grande desconhecimento que o homem tem a respeito da natureza, notadamente, de sua dinmica de modelamento. Evidente que existem muitas variaes dentro desses padres, mas cabe a cada um detectar o que importante e, principalmente, qual a aplicao prtica da informao no contexto de seu trabalho. Quando se tem um rio entalhando diferentes litotipos ao longo de seu curso, h que se ter em conta que, gradualmente, os sedimentos que esto sendo trazidos das encostas para as plancies, atravs da eroso natural ou acelerada, neste ltimo caso provocada pelo homem, vo mudando medida que altera a textura dos solos das encostas em conformidade com o substrato rochoso. Como decorrncia, podero se verificar mudanas granulomtricas e qumicas dos solos fluviais. Por exemplo, a textura dos solos de plancie pode se ajustar, passando de arenosa, quando o rio est incidindo sobre arenitos, para mdia ou mesmo argilosa quando h inciso sobre argilitos. Vale ressaltar que nem sempre esse processo se verifica com tanta eminncia, pois deve ser considerada a expresso geogrfica da rocha que est sendo entalhada, alm da razo fluvial transporte/deposio que, por sua vez, determinada pela capacidade e competncia fluvial, as quais so regidas pela energia do fluxo hdrico.

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Segundo Christofoletti (1981), o entendimento sobre os processos de transporte/deposio, assim como o conhecimento sobre a carga detrtica transportada, fundamental para compreender a formao de diferentes paisagens fluviais. Cada ambiente formado guarda uma srie de caractersticas, que independente do seu grau de evoluo, poder determinar mudanas fitossociolgicas importantes que devem ser detectadas. Acontece que em grande parte das vezes, as parcelas para obteno dos descritores fitomorfolgicos so dimensionadas incoerentemente em geral muito grandes, ou alocadas de forma incorreta, desrespeitando as feies geomrficas e os tipos de solos existentes das plancies, os quais correlacionam-se com o padro de leito, impedindo a obteno de informaes precisas que relacionem com fidelidade as caractersticas da vegetao com os tipos de solos e suas caractersticas. Os atributos dos solos esto diretamente relacionados aos processos fluviais de transporte e deposio (lateral e vertical), bem como s oscilaes do lenol fretico. As mudanas dessas caractersticas e suas relaes decorrentes existem e podem ser detectadas desde que se aloquem os transectos, respeitando-se as feies geomrficas para cada padro de leito. Todas as caractersticas so importantes e, de alguma forma, de maneira interativa, so responsveis pela presena de determinada ocupao vegetacional. No entanto, de extrema importncia caracterizar o regime hdrico de cada tipo de solo, pois esse, em sua grande maioria, um dos fatores que estabelece a seleo para as espcies vegetais dentro das paisagens fluviais. Em Medri et al. (2002), possvel verificar os efeitos do alagamento sobre espcies arbreas nativas da bacia do Rio Tibagi, PR. Da mesma forma, Lobo & Joly (2000) discutem a freqncia e durao da saturao hdrica do solo como um dos fatores de definio da composio vegetacional. Em razo dessa discusso, parece bastante lgico que se estabelea uma distribuio da vegetao dentro dos ambientes fluviais em grupos funcionais que possam refletir as adaptaes das espcies em funo da saturao hdrica dos solos. Assim, a identificao da distribuio das espcies na plancie de acordo com o regime hdrico dos solos hidromrficos, semi-hidromrficos e no-hidromrficos - permite que se estabeleam para as espcies arbreas, respectivamente, grupos hidrofuncionais, a saber: hidrfilas, higrfilas e mesfilas. De maneira simplificada, as primeiras so encontradas em solos com elevado grau de hidromorfia, nos regimes de drenagem muito mal e mal drenado. Solos sob esse regime encontram-se com a presena do lenol fretico prximo e/ou na superfcie do solo grande parte do ano determinando a presena de gleizao dentro dos primeiros 50 cm de profundidade dos solos. As higrfilas esto sobre solos com nveis de hidromorfia, expressos atravs da gleizao, porm em profundidades entre 50 e 100 cm, caracterizando regime imperfeita a moderadamente drenados. Por sua vez, as espcies mesfilas apresentam-se sobre solos com regimes bem, acentuadamente, fortemente e excessivamente drenados. Os solos sob essa condio podem apresentar mosqueados /

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gleizao, contudo em profundidades superiores a 100 cm. Convm ressaltar que nem sempre identificar as espcies e seus grupos funcionais tarefa simples. No caso de bacias hidrogrficas destitudas da vegetao original, como o caso da bacia do Rio Itaja-Au, para que se possa proceder a identificao da flora associada s caractersticas geopedolgicas, recomenda-se que sejam feitos, concomitantemente, levantamentos florsticos e de solos em bacias adjacentes que guardem similaridade ambiental. comum observar drenagens fortes em solos de textura arenosa e mdia leve sobre feies geomrficas aladas, como diques marginais, barras-de-meandro e paleoterraos. Apesar desse enquadramento, no se pode deixar de ter em mente que os ambientes fluviais passam, eventual ou ciclicamente, por eventos de enchentes e que esses conferem mudanas significativas no desenvolvimento de espcies, muitas vezes determinando a morte de algumas espcies, principalmente quando esses so prolongados. Portanto, a despeito de se ter essa noo de desenvolvimento das espcies relacionadas ao regime hdrico dos solos, devem ainda ser considerados alguns aspectos sobre as enchentes, mais especificamente: a freqncia dessas, o tempo de durao e a cota altimtrica mnima que a mesma atinge com freqncia. digno de registro que para se obter o citado enquadramento funcional - mesfila, higrfila e hidrfila, no basta identificar apenas a presena da espcie sobre determinado tipo de solo, mas, sobretudo, a presena de indivduos adultos com bom desenvolvimento. Por esse motivo, deve-se considerar que a distribuio das espcies nas paisagens aluviais tem forte relao com as caractersticas dessas, principalmente com a capacidade de adaptao s diferentes saturaes hdricas dos solos, alm de outros aspectos ligados a sua auto-ecologia. Nesse foco, o procedimento de coleta de sementes deve priorizar as espcies que componham modelos de recuperao que sustentem a concepo de sucesso ecolgica (KAGEYAMA et al. 1989; KAGEYAMA et al. 1990; KAGEYAMA & GANDARA, 1999), considerando tambm as relaes interespecficas e sua complementariedade funcional nos diferentes tipos de solos.

A Plancie do Rio ItajaOs comentrios a partir daqui, estabelecidos de forma parcial, fazem parte de uma ao conjunta em que estiveram presentes as instituies de ensino/pesquisa Embrapa Florestas e a Universidade Regional de Blumenau FURB (na forma do Departamento de Cincias Naturais - DCN e do Instituto de Pesquisas Ambientais - IPA), no ano de 2001. Na ocasio, foi efetuado um levantamento expedito de solos, especificamente para situaes de margens, concomitante ao levantamento florstico ao longo dos rios Itaja do Oeste e Itaja- Au, a partir da cidade de Tai at a cidade de Navegantes, no estado de

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Santa Catarina. Atravs dessa ao, foi obtida uma relao de espcies classificadas segundo o regime hdrico dos solos. No entanto, o pequeno nmero de espcies hidrfilas dispostas na TABELA 1(anexo) justificado pela total ausncia atual de florestas sobre solos hidromrficos que pudessem ser estudadas. Deve-se frisar que os solos foram classificados at o nvel de subordem, segundo os critrios estabelecidos em EMBRAPA (1999).

Compartimentos GeopedolgicosOs compartimentos foram estabelecidos relacionando as caractersticas dos litotipos incididos, associados com as mudanas no padro de leito. Assim foram obtidos seis compartimentos, a saber:

! compartimento 1 entre as cidades de Tai Lontras; ! compartimento 2 entre as cidades de Lontras Apina; ! compartimento 3 entre as cidades de Apina Ascurra/Indaial; ! compartimento 4 entre as cidades de Ascurra/Indaial Gaspar; ! compartimento 5 entre as cidades de Gaspar Ilhota; ! compartimento 6 entre as cidades de Ilhota Navegantes.Compartimento 1; Tai-Lontras O primeiro compartimento fluvial edificado sobre rochas sedimentares do Paleozico/Permiano, pertencentes a duas Formaes: Rio Bonito, composta por arenitos, siltitos, argilitos e folhelhos, e Rio do Sul, a qual compreende folhelhos, argilitos, arenitos e diamectitos. Embora a grande plancie esteja sendo elaborada sobre uma grande falha, caracterizando um controle estrutural, observa-se a presena de leito com sinuosidades bem expressas (FIGURA 1), passando por vezes a um padro divagante, resultado de regime morfoescultural em sedimentos do Holoceno. As margens, em sua grande maioria, desprovidas de vegetao, apresentam elevados nveis de eroso, principalmente pelo processo de solapamento. Os solos constituintes so argilosos, em grande parte gleizados nos primeiros 50 cm, o que denota os elevados nveis de saturao hdrica a que esto submetidos, sendo, portanto, caracterizados como GLEISSOLOS HPLICOS e NEOSSOLOS FLVICOS gleizados. Em algumas situaes, podem ser detectados solos mais evoludos, cromados, portanto, bem drenados, situados em margens mais elevadas, contudo so menos expressivos em termos de rea de ocupao. Para as situaes especficas em que se encontrem ambientes bem drenados CAMBISSOLOS (FIGURA 2), circunscritos por solos mal a imperfeitamente drenados GLEISSOLOS e NEOSSOLOS FLVICOS gleizados, possvel reconstituir o ambiente florestal de forma mais heterognea, em que se pode

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utilizar desde espcies mesfilas at hidrfilas. Nas demais reas, nas quais predominam exclusivamente os regimes hidromrficos, deve se buscar a pluralidade florstica dentro do grupo funcional hidrfilo, introduzindo algumas espcies higrfilas (Tabela 1). Cabe salientar que a exigidade de espcies na citada tabela deve-se pequena expresso de remanescentes florestais fluviais nos rios Itaja-Au e Itaja do Oeste, principalmente nas superfcies mais hidromrficas, onde, atualmente, esto estabelecidas as arrozeiras. Deve ser enfatizado que muitos dos processos de solapamento observados, principalmente nesse compartimento, parecem ser ampliados pela presena das arrozeiras, as quais submetem os solos a grandes volumes de gua, promovendo fluxos subsuperficiais que afloram nos taludes, provocando o escorregamento desses, rio adentro. O mencionado fato caracteriza, com urgncia, a necessidade de reconstituir a floresta fluvial utilizando, principalmente, espcies hidrfilas, compatveis aos GLEISSOLOS e NEOSSOLOS FLVICOS gleizados, usando em menor escala, as mesfilas em reas que se encontram os CAMBISSOLOS e at mesmo algum NEOSSOLO FLVICO no-gleizado. As higrfilas podem ser usadas como uma situao intermediria, trazendo maior pluralidade florstica, o que, conseqentemente, implica em maior funcionalidade ecolgica para a floresta (Tabela 1).

Fig. 1. Padro estruturo-escultural, rio Itaja do Oeste; Compartimento Tai/Lontras

Fig. 2. CAMBISSOLO HPLICO Tb Distrfico tpico; Compartimento Tai/Lontras

Compartimento 2; Lontras-Apina O segundo compartimento fluvial elaborado, em parte, sobre rochas granticas do Fanerozico/Eo-Paleozico, Sute Intrusiva Subida e, em outra parte, sobre rochas arenticas feldspticas do Proterozico, pertencentes ao Grupo Itaja, Formao Gaspar. Nesse segmento, o rio muda do regime

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corrente para corrente/encachoeirado, em padro de leito retilneo segmentado com grandes desnveis longitudinais, em padres dominantemente estruturais. 1 Segundo comunicao pessoal feita por Juares Aumond , nesse trecho de aproximadamente 1 km, o rio desce 200 metros. Como decorrncia, o nvel de energia fluvial superior, caracterizado por vales em V (FIGURA 3). Praticamente no se verifica a presena de plancie construda em sedimentos holocnicos, exceo das vizinhanas da Ilha da Cotia, onde possvel identificar a presena de CAMBISSOLOS e GLEISSOLOS, ambos, HPLICOS de natureza flvica, alm de NEOSSOLOS FLVICOS, ambos predominantemente com textura mdia. Deve ser registrado que esse um dos ltimos refgios de floresta fluvial ao longo dos rios Itaja-Au e do Oeste. No restante do compartimento, praticamente, no se detecta a presena de solos fluviais nas suas margens, os quais cedem lugar aos afloramentos rochosos e aos depsitos rudceos com clastos dos mais diversos tamanhos, tpicos de ambientes com elevada energia. As florestas originais tambm foram retiradas em tempos passados e, em alguns poucos locais, pode ser observada a presena de floresta em plena reconstituio natural. Contudo, em razo de aes inconseqentes do homem encosta acima, essas florestas esto sofrendo presso devido ao processo erosivo que se instalou, sendo observado, no raramente, fluxos de massa de grandes dimenses. Infelizmente, ainda so observados cortes seletivos de algumas espcies que causam o empobrecimento gentico das florestas. Grande parte desses ambientes merece a ao de enriquecimento, utilizando espcies de madeiras nobres, atualmente ausentes daquelas florestas. Em funo da boa drenagem dos solos situados nas supracitadas encostas, recomenda-se o uso de espcies essencialmente mesfilas (Tabela 1).

Fig.a 3. Rio Itaja-Au em vale em V; Compartimento Lontras/Apina

Compartimento 3; Apina-Ascurra/Indaial No compartimento 3, o rio perde grande parte de sua capacidade e competncia. Por esse motivo, possvel verificar a presena de grandes depsitos laterais muito arenosos, ou mesmo gerando a presena de ilhas fluviais detrticas psamo-pelticas. Nesse compartimento, o rio apresenta um1

Gelogo, Professor do Departamento de Cincias Naturais, Universidade Regional de Blumenau.

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padro de leito sinuoso encaixado/anastomosado, cortando rochas do Proterozico Superior, Grupo Itaja, Formao Campo Alegre, onde se destacam vulcanitos mficos e intermedirios, traquitos, riolitos e siltitos. A partir desse ponto para jusante, o vale comea a ampliar a sua largura, ocorrendo o espessamento dos sedimentos holocnicos, impondo um regime de elaborao de plancie. Nesse ambiente, possvel detectar margens severamente erodidas (FIGURA 4), como funo interativa do elevado grau de cisalhamento causado pelo fluxo nas cheias e as texturas arenosa e mdia dos solos e depsitos que compem as margens. possvel identificar em todo o compartimento, margens constitudas por taludes em feies compostas, decorrentes dos processos erosivos instalados. O processo encontra-se magnificado em funo da ausncia da floresta ciliar, a qual foi praticamente dizimada, restando pequenos fragmentos, ralos, com diversidade florstica muito baixa, no se registrando a mnima legitimidade da flora preexistente. Dominantemente, os solos das margens so os NEOSSOLOS FLVICOS de textura arenosa (FIGURA 5) e mdia, acentuada a fortemente drenados. Portanto, essas caractersticas pedolgicas determinam uma ao de reconstituio utilizando predominantemente espcies pertencentes ao grupo funcional mesfilo (Tabela 1). As espcies hidrfilas e higrfilas poderiam ser usadas, no entanto, em locais especficos, em solos com drenagem mais comprometida, com o objetivo de propiciar maior pluralidade florstica, garantindo floresta mais funcionalidades ecolgicas.

Fig. 4. Margens erodidas; Compartimento Apina/Ascurra-Indaial

Fig. 5. NEOSSOLO FLVICO Tb Distrfico tpico; Compartimento Apina/Ascurra-Indaial

Compartimento 4; Ascurra/Indaial-Gaspar O quarto compartimento est predominantemente inserido em litotipos do Arqueano, pertencentes ao Complexo Granultico de Santa Catarina, onde os gnaisses tm proeminncia. Mais prximo cidade de Blumenau, a plancie aluvionar est construda sobre rochas do Proterozico Superior, Grupo Itaja, Formao Campo Alegre, onde se destacam siltitos. Essas duas rochas (gnaisses e siltitos) so responsveis pelo incremento da frao argila dos solos que ocupam as margens do rio. Evidente que em locais onde a energia fluvial

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mais elevada observado uma maior expresso da frao areia na textura dos solos. Prximo cidade de Gaspar, novo afloramento de arenitos impe extrema fragilidade ambiental, porquanto condicionam texturas arenosas e mdias leves aos NEOSSOLOS FLVICOS (FIGURA 6). Esses, praticamente, oferecem menor resistncia aos atuais reajustamentos do leito fluvial, determinando processos erosivos bastante acentuados. O compartimento caracterizado por padro de leito sinuoso encaixado, portanto, morfoestruturalizado, com forte ampliao na largura do leito fluvial. A maior largura do canal se justifica pela presena de fundo rochoso de grande resistncia, o que dificulta o aprofundamento da linha de talvegue, fato principalmente representado na cidade de Indaial. Nas grandes enchentes, devido elevada rugosidade do fundo rochoso e presena de pequenas ilhas rochosas (FIGURA 7), so verificados fluxos de grande turbulncia, os quais ao incidirem nas margens, provocam o solapamento dessas causando o seu recuo. Esse processo em alguns pontos est fortemente acelerado, devido ausncia da floresta fluvial, a qual deveria ser composta predominantemente por espcies mesfilas, tendo em vista a boa drenagem dos solos das margens. Portanto, aes de reconstituio da floresta fluvial devem considerar o emprego preferencial de espcies mesfilas (Tabela 1).

Fig. 6. Eroso de talude por solapamento de base no rio Itaja-Au; Compartimento 4; Ascurra-Indaial/Gaspar-Apina/AscurraIndaial

Fig. 7. Ilhas rochosas no rio Itaja-Au; compartimento Ascurra-Indaial/Gaspar

O grande alamento das margens e a textura predominantemente mdia dos CAMBISSOLOS HPLICOS (FIGURA 8) impem regimes de drenagem favorveis utilizao de espcies mesfilas na reconstituio da floresta. recomendvel que nas cidades as florestas fluviais sejam reconstitudas de forma a cumprir as suas funcionalidades ecolgicas, no entanto, possvel atribuir maior valor paisagstico atravs do plantio de espcies de florada exuberante e de forma consecutiva. Para tanto, podem ser utilizadas Schizolobium parahyba, Inga sessilis, Gomidesia spectabilis, Citharexylum myrianthum, Jacaranda micrantha, dentre outras. Tambm interessante que

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se considere espcies com atributos morfolgicos que dem leveza paisagem, destacando-se as palmeiras, tais como Syagrus romanzoffiana, Euterpe edulis, Geonoma schottiana, entre outras. Deve ser registrado que o processo de retfica do leito efetuado em meados do sculo passado e a presena contnua de dragas extratoras de areia determinam grande instabilidade s margens, sendo verificado recuos acelerados dessas atravs do solapamento. Como agravante, muito comum ser identificado prximo ao nvel da gua do rio solos com texturas arenosas e mdias leves, as quais facilitam em demasia o mencionado processo.

Fig. 8. CAMBISSOLO HPLICO Tb Distrfico tpico; compartimento AscurraIndaial/Gaspar

Fig. 9. CAMBISSOLO HPLICO Tb Distrfico tpico; compartimento Gaspar/Ilhota

Compartimento 5; Gaspar-Ilhota O quinto compartimento fluvial possui menor declividade longitudinal que o anterior, apresentando uma plancie que est sendo edificada em sedimentos depositados sobre um grande nmero de litotipos: gnaisses do Complexo Granultico de Santa Catarina, granitides da Faixa Granito-Gnissica ItajaFaxinal, micaxistos e metarenitos do Complexo Metamrfico Brusque, arenitos da Formao Gaspar, alm de siltitos da Formao Campo Alegre, Grupo Itaja. A despeito dos trabalhos de retfica, pode ser visualizado um padro de leito sinuoso encaixado, com segmentos esculturalizados, elaborando margens muito aladas. Em curvas de agradao, possvel identificar depsitos psamo-pelticos gleizados, traduzindo os elevados nveis de hidromorfia. Nas curvas de degradao so identificadas os CAMBISSOLOS HPLICOS (FIGURA 9) e os NEOSSOLOS FLVICOS, ambos de textura mdia e argilosa, o que possibilita drenagens que variam de rpida a moderada. Para essas condies, importante reconstituir a floresta fluvial usando principalmente espcies mesfilas, alternando com higrfilas em menor expresso (Tabela 1). importante salientar que a floresta nesse segmento praticamente inexiste, assim como nos demais compartimentos. Para as curvas de agradao (parte

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convexa da curva) em superfcies menos aladas, deve ser dada nfase principalmente ao uso de espcies hidrfilas, tendo em vista que pequenas elevaes do nvel fluviomtrico promovem perodos relativamente longos em que os solos e depsitos ficam sob saturao hdrica plena. Para nessa situao ocorrer maior diversidade aos plantios, podem ser utilizadas espcies higrfilas (Tabela 1), no entanto, com riscos de ocorrer uma maior mortalidade devido s cheias. importante salientar que no segmento interno da barra-demeandro, muitas vezes com depsitos fluviais de consistncia semifluidal, no deve ser efetuado o plantio com espcies arbreas, em razo de naturalmente esse fronte ser ocupado por espcies herbceas.

Compartimento 6; Ilhota-Navegantes No sexto compartimento, a plancie est assente sobre rochas granitides da Faixa Granito-Gnissica Itaja-Faxinal, micaxistos e metarenitos do Complexo Metamrfico Brusque e arenitos da Formao Gaspar. J bem prximo ao mar, a elaborao se d sobre sedimentos heterogneos de natureza flvio-marinha, contudo, esses foram totalmente remanejados por construes com fins navais.

Fig. 10. Padro sinuoso / meandrante do rio Itaja-Au; compartimento Ilhota/Navegantes

Fig. 11. GLEISSOLO HPLICO Tb Distrfico plntico; compartimento Ilhota/Navegantes

Embora no compartimento anterior j se fizessem sentir os efeitos dos refluxos hdricos devido oscilao dos nveis marinhos, nesse compartimento essa influncia maior. Nesse sentido, a velocidade de fluxo muito lenta, determinando padres de leitos sinuoso e meandrante, a despeito das operaes de retfica (FIGURA 10). Em virtude da grande espessura do pacote holocnico, possvel observar segmentos em dinmica escultural, desgastando de forma acelerada margens totalmente destitudas de florestas fluviais. O processo de eroso se intensifica ainda mais devido retirada de

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areia, muitas vezes, feita prxima das margens, mesmo com todos os impedimentos legais. Os solos das margens so constitudos predominantemente pelas subordens NEOSSOLOS FLVICOS e GLEISSOLOS HPLICOS (FIGURA 11), ambos de 2 textura argilosa e gleizados. Em curvas de agradao, devido dinmica deposicional de fraes mais grosseiras, comum identificar tambm a textura mdia. As texturas argilosas dos solos que compem esse compartimento so fruto da menor energia presente no fluxo, que por sua vez, est determinada pela proximidade marinha e pelas menores declividades. Pelo exposto, nas aes de reconstituio das florestas fluviais, devem ser usadas, em sua grande maioria, espcies dos grupos hidrfilos e higrfilos (Tabela 1), dando maior realce s primeiras. As higrfilas no ficaro to prejudicadas em funo de as margens serem aladas o suficiente para eliminar o excesso de gua, no entanto, a permeabilidade dos solos ali presentes lenta a muito lenta, permitindo nveis de hidromorfia elevados. Espcies mesfilas podem ser adicionadas aos plantios, todavia em locais mais especficos, onde se verifica uma melhor drenagem. Entre todas as espcies presentes ao longo dos compartimentos, destaque especial deve ser dado ao Salix humboldtiana. A espcie reveste-se de importncia no s por estar presente em todos os compartimentos, demonstrando ampla plasticidade de ocupao nas paisagens fluviais, mas, sobretudo, pelas inferncias que podem ser estabelecidas sobre o processo hidrodinmico presente em cada local, atravs da anlise da forma de fuste e presena de brotamentos laterais. Assim, em locais em que o processo de desbarrancamento muito rpido, pode ser observado um menor nmero de brotamentos laterais, alm da presena de fustes mais retos, independendo se a rvore encontra-se inclinada ou no. Em contrapartida, onde se verificam processos graduais e lentos de solopamento das margens, bem maior o esgalhamento, bem como, em muitos casos, h uma maior tortuosidade de fuste. Por apresentar esse comportamento reativo, a espcie pode, sem dvida, ser considerada como uma excelente bioindicadora dos processos fluviais atuantes, especialmente referente intensidade desses.

O processo de gleizao identificado nos citados solos evidencia o comprometimento da drenagem desses, tornando-os imprprios para espcies mesfilas.

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ConclusesA compartimentao geopedolgica do ambiente uma ferramenta til para se obter informaes que relacionem mais especificamente as caractersticas da vegetao com os demais fatores que regem a formao das paisagens fluviais. Para o sucesso do processo de reconstituio de ambientes fluviais afastados do mar, deve-se considerar principalmente o regime hdrico dos solos, os quais esto condicionados s feies geomrficas de plancie e hidrodinmica fluvial. Em trabalhos de recuperao de florestas fluviais, o processo de coleta de sementes deve estar sempre alicerado por informaes provenientes de levantamentos concomitantes de solos e flora.

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RefernciasBIGARELLA, J. J. Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtropicais. Florianpolis: Ed. da UFSC, 2003. 1436 p. BRADY, N. C.; WEIL, R. C. The nature and properties of soils. 12th ed. Upper Saddle River: Prentice Hall, 1999. 881 p. CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia fluvial: o canal fluvial. So Paulo: Edgard Blcher, 1981. v. 1, 313 p. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificao de solos. Braslia, DF: Embrapa Produo de Informao; Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999. 412 p. GONZLEZ DEL TNAGO, M.; GARCA DE JALN, D. Restauracin de ros y riberas. Madrid: Fundacin Conde del Valle de Salazar, 1995. 319 p. LOBO, P. C.; JOLY, C. A. Aspectos ecofisiolgicos da vegetao de mata ciliar do Sudeste do Brasil. In: RODRIGUES, R. R.; LEITO FILHO, H. F. Matas ciliares: conservao e recuperao. So Paulo: Edusp, 2000. p. 143-157. KAGEYAMA. P. Y.; CASTRO, C. F. A.; CARPANEZZI, A. A. Implantao de matas ciliares: estratgia para auxiliar sucesso secundria. In: SIMPSIO SOBRE MATA CILIAR, 1989, So Paulo. Anais. Campinas: Fundao Cargill, 1989. p. 130-143. (Srie tcnico cientfica, 169). KAGEYAMA, P. Y.; BIELLA, L. C.; PALERMO JUNIOR, A. Plantaes mistas com espcies nativas com fins de proteo a reservatrios. Silvicultura, So Paulo, v. 1, n. 42, p. 109-113, 1990. Edio dos Anais do Congresso Florestal Brasileiro, 6., 1990, Campos do Jordo. KAGEYAMA, P. Y.; GANDARA, F. B. Restaurao, conservao gentica e produo de sementes. In: SIMPSIO MATA CILIAR: CINCIA E TECNOLOGIA, 1999, Belo Horizonte. Anais. Lavras: CEMIG: UFLA, 1999. p. 59-68. LIMA, R. R.; TOURINHO, M. M.; COSTA, J. P. C. Vrzeas flvio-marinhas da Amaznia Brasileira: caractersticas e possibilidades agropecurias. 2. ed. Belm: Faculdade de Cincias Agrrias do Par, Servio de Documentao e Informao, 2001. 342 p. MANTOVANI, W. Conceituao e fatores condicionantes. In: SIMPSIO SOBRE MATA CILIAR, 1989. Anais. Campinas: Fundao Cargill. p. 11-19. (Srie tcnico-cientfica, 169).

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MEDRI, M. E.; BIANCHINI, E.; PIMENTA. J. A.; COLLI. S.; MLLER, C. Estudos sobre tolerncia ao alagamento em espcies arbreas nativas da bacia do rio Tibagi. In: MEDRI, M. E.; BIANCHINI, E.; SHIBATTA, O. A.; PIMENTA, J. A. (Ed.). A bacia do Rio Tibagi. Londrina: Ed. dos Autores, 2002. p. 133-172. REICHARDT, K. Relaes gua solo planta em mata ciliar. In: SIMPSIO SOBRE MATA CILIAR. Anais. Campinas: Fundao Cargill, 1989. p. 20-24. (Srie tcnico cientfica, 169). SUGUIO, K.; BIGARELLA, J. J. Ambiente fluvial. Curitiba: Ed. da UFPR, 1979. 193 p. SUGUIO, K. Geologia sedimentar. So Paulo: Edgard Blcher, 2003. 400 p. SUMMERFIELD, M. A. Global geomorphology. London: Longman Group, 1991. 537 p.

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Anexo

Tabela 1. Espcies mesfilas, higrfilas e hidrfilas indicadas para reconstituio da floresta fluvial para os rios Itaja do Oeste e Itaja Au, por compartimento geopedolgico.

Compartimento Mesfilas* Alchornea glandulosa Alchornea triplinervia Allophylus edulis Bauhinia forficata Cabralea canjerana Casearia decandra Caseria sylvestris Coussapoa microcarpa Cedrela fissilis Citharexylum myrianthum Cupania vernalis Euterpe edulis Ilex theezans Inga marginata Inga sessilis Luehea divaricata Machaerium stipitatum Matayba elaeagnoides Myrsine coriacea Myrsine umbellata Ocotea pulchela Posoqueria latifolia Psychotria longipes Schinus terebinthifolius Sorocea bonplandii Hidrfilas* Mimosa bimucronata Myrciaria tenella Salix humboldtiana Sapium glandulatum Syagrus romanzoffiana Coussapoa microcarpa

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1 Tai Lontras

GRUPOS FUNCIONAIS 2 Higrfilas* Alchornea glandulosa Alchornea triplinervia Allophylus edulis Bauhinia forficata Casearia decandra Casearia sylvestris Citharexylum myrianthum Coussapoa microcarpa Cupania vernalis Euterpe edulis Ilex theezans Ing marginata Inga sessilis Luehea divaricata Machaerium stipitatum Matayba elaeagnoides Mimosa bimucronata Myrciaria tenella Myrsine coriacea Myrsine umbellata Ocotea pulchella Posoqueria latifolia Schinus terebinthifolius Sorocea bonplandii

2

As espcies que constam da Tabela 1 foram identificadas a partir do levantamento florstico e pedolgico feito ao longo dos rios Itaja do Oeste e Itaja-Au,

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Tabela 1. (cont.)

Compartimento Mesfilas* Alchornea glandulosa Alchornea triplinervia Allophylus edulis Andira fraxinifolia Bauhinia forficata Cabralea canjerana Casearia decandra Casearia sylvestris Coussapoa microcarpa Cedrela fissilis Cecropia glaziovii Cecropia pachystachia Citharexylum myrianthum Cupania vernalis Euterpe edulis Guarea macrophylla Guapira opposita Ilex theezans Ing marginata Inga sessilis Luehea divaricata Machaerium nictitans Machaerium stipitatum Matayba elaeagnoides Miconia cinnamomifolia Myrcia rostrata Myrsine umbellata Myrsine coriacea Ocotea indecora Hidrfilas* (3)

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2 Lontras Apina

GRUPOS FUNCIONAIS Higrfilas* (3)

3

As espcies hidrfilas e higrfilas no so indicadas pois neste compartimento praticamente inexistem solos semi-hidromrficos e hidromficos.

Tabela 1. (cont.)

Compartimento Mesfilas* Ocotea urbaniana Ocotea odorfera Ocotea pulchella Piptadenia gonoacantha Piptocarpha angustifolia Posoqueria latiflia Psychotria longipes Schinus terebinthifolius Sorocea bonplandii Vernonia discolor Alchornea glandulosa Alchornea triplinervia Allophylus edulis Bauhinia forficata Cabralea canjerana Casearia decandra Casearia sylvestris Coussapoa microcarpa Cedrela fissilis Citharexylum myrianthum Clusia parvifolia Cupania vernalis Euterpe edulis Ficus glabra Ilex theezans Inga marginata Inga sessilis Luehea divaricata Alchornea glandulosa Alchornea triplinervia Allophylus edulis Bauhinia forficata Casearia decandra Casearia sylvestris Citharexylum myrianthum Clusia parvifolia Coussapoa microcarpa Cupania vernalis Euterpe edulis Fcus organensis Ficus glabra Ing marginata Inga sessilis Ilex theezans Luehea divaricata Machaerium stipitatum Clusia parvifolia Ficus organensis Ficus glabra Mimosa bimucronata Myrciaria tenella Salix humboldtiana Sapium glandulatum Syagrus romanzoffiana Coussapoa microcarpa Hidrfilas* (3)

2 Lontras Apina

GRUPOS FUNCIONAIS Higrfilas* (3)

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3 - Apina Ascurra/Indaial

3

As espcies hidrfilas e higrfilas no so indicadas pois neste compartimento praticamente inexistem solos semi-hidromrficos e hidromficos.

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Tabela 1. (cont.)Hidrfilas*

Compartimento Mesfilas* Machaerium stipitatum Matayba elaeagnoides Myrsine coriacea Myrsine umbellata Ocotea pulchela Posoqueria latifolia Psychotria longipes Schinus terebinthifolius Sorocea bonplandii Talauma ovata Tapirira guianensis Alchornea glandulosa Alchornea triplinervia Allophylus edulis Andira fraxinifolia Bauhinia forficata Cabralea canjerana Casearia decandra Casearia sylvestris Coussapoa microcarpa Cedrela fissilis Cecropia glaziovii Citharexylum myrianthum Cryptocharia moschata Cupania vernalis Euterpe edulis Alchornea glandulosa Alchornea triplinervia Allophylus edulis Bauhinia forficata Casearia decandra Casearia sylvestris Citharexylum myrianthum Clusia parvifolia Coussapoa microcarpa Cryptocharia moschata Cupania vernalis Euterpe edulis Ficus organensis Ficus glabra Inga marginata Ficus glabra Marlierea tomentosa Mimosa bimucronata Myrciaria tenella Salix humboldtiana Sapium glandulatum Syagrus romanzoffiana Coussapoa microcarpa

3 - Apina Ascurra/Indaial

GRUPOS FUNCIONAIS Higrfilas* Matayba elaeagnoides Mimosa bimucronata Myrciaria tenella Myrsine coriacea Myrsine umbellata Ocotea pulchella Posoqueria latifolia Schinus terebinthifolius Sorocea bonplandii Talauma ovata

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4 Ascurra/Indaial Gaspar

Tabela 1. (cont.)Hidrfilas*

Compartimento Mesfilas* Guarea macrophylla Guapira opposita Guatteria australis Hyeronima alchorneoides Ilex theezans Inga marginata Inga sessilis Luehea divaricata Machaerium stipitatum Matayba elaeagnoides Myrcia rostrata Myrsine umbellata Myrsine coriacea Ocotea pulchella Parapiptadenia rigida Posoqueria latifolia Psychotria longipes Schinus terebinthifolius Sloanea guianensis Sorocea bonplandii Virola bicuhyba Alchornea glandulosa Alchornea triplinervia Allophylus edulis Andira fraxinifolia Bauhinia forficata Alchornea glandulosa Alchornea triplinervia Allophylus edulis Bauhinia forficata Casearia decandra Cecropia pachystachia Ficus glabra Marlierea tomentosa Mimosa bimucronata Myrciaria tenella

4 Ascurra/Indaial Gaspar

GRUPOS FUNCIONAIS Higrfilas* Inga sessilis Ilex theezans Luehea divaricata Machaerium stipitatum Marlierea tomentosa Matayba elaeagnoides Mimosa bimucronata Myrciaria tenella Myrsine coriacea Myrsine umbellata Ocotea pulchella Posoqueria latifolia Schinus terebinthifolius Sorocea bonplandii Talauma ovata Virola bicuhyba

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5 Gaspar Ilhota

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Tabela 1. (cont.)

Compartimento Mesfilas* Cabralea canjerana Casearia decandra Casearia sylvestris Cecropia pachystachia Coussapoa microcarpa Cedrela fissilis Cecropia glaziovii Citharexylum myrianthum Cryptocharia moschata Cupania vernalis Euterpe edulis Guarea macrophylla Guapira opposita Guatteria australis Hyeronima alchorneoides Ilex theezans Inga marginata Inga sessilis Luehea divaricata Machaerium stipitatum Matayba elaeagnoides Myrcia rostrata Myrsine umbellata Myrsine coriacea Ocotea pulchella Parapiptadenia rgida Posoqueria latifolia Hidrfilas* Salix humboldtiana Sapium glandulatum Syagrus romanzoffiana Coussapoa microcarpa

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5 Gaspar Ilhota

GRUPOS FUNCIONAIS Higrfilas* Casearia sylvestris Cecropia pachystachia Citharexylum myrianthum Clusia parvifolia Coussapoa microcarpa Cryptocharia moschata Cupania vernalis Euterpe edulis Fcus organensis Ficus glabra Ing marginata Inga sessilis Ilex theezans Luehea divaricata Machaerium stipitatum Marlierea tomentosa Matayba elaeagnoides Mimosa bimucronata Myrciaria tenella Myrsine coriacea Myrsine umbellata Ocotea pulchella Posoqueria latifolia Schinus terebinthifolius Sorocea bonplandii Talauma ovata Virola bicuhyba

Tabela 1. (cont.)GRUPOS FUNCIONAIS Higrfilas* Hidrfilas*

Compartimento Mesfilas* Psychotria longipes Schinus terebinthifolius Sloanea guianensis Sorocea bonplandii Virola bicuhyba Alchornea glandulosa Alchornea triplinervia Allophylus edulis Andira fraxinifolia Bauhinia forficata Cabralea canjerana Casearia decandra Caseria sylvestris Cecropia pachystachia Coussapoa microcarpa Cedrela fissilis Cecropia glaziovii Citharexylum myrianthum Cryptocharia moschata Cupania vernalis Euterpe edulis Guarea macrophylla Guapira opposita Guatteria australis Hyeronima alchorneoides Ilex theezans Inga marginata Alchornea glandulosa Alchornea triplinervia Allophylus edulis Bauhinia forficata Casearia decandra Caseria sylvestris Cecropia pachystachia Citharexylum myrianthum Clusia parvifolia Coussapoa microcarpa Cryptocharia moschata Cupania vernalis Euterpe edulis Ficus organensis Ficus glabra Inga marginata Inga sessilis Ilex theezans Luehea divaricata Machaerium stipitatum Marlierea tomentosa Matayba elaeagnoides Cecropia pachystachia Ficus glabra Marlierea tomentosa Mimosa bimucronata Myrciaria tenella Salix humboldtiana Sapium glandulatum Syagrus romanzoffiana Coussapoa microcarpa

5 Gaspar Ilhota

A Geopedologia e sua influncia sobre Espcies Arbreas de Florestas Fluviais

6 Ilhota Navegantes

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Tabela 1. (cont.)

Compartimento Hidrfilas* Mesfilas* Inga sessilis Luehea divaricata Machaerium stipitatum Matayba elaeagnoides Myrcia rostrata Myrsine umbellata Myrsine coriacea Ocotea pulchella Parapiptadenia rigida Posoqueria latifolia Psychotria longipes Schinus terebinthifolius Sloanea guianensis Sorocea bonplandii Virola bicuhyba

6 Ilhota Navegantes

GRUPOS FUNCIONAIS Higrfilas* Mimosa bimucronata Myrciaria tenella Myrsine coriacea Myrsine umbellata Ocotea pulchella Posoqueria latifolia Schinus terebinthifolius Sorocea bonplandii Talauma ovata Virola bicuhyba

A Geopedologia e sua influncia sobre Espcies Arbreas de Florestas Fluviais

* - Mesfilas espcies que se desenvolvem bem em Cambissolos Hplicos e Neossolos Flvicos. * - Higrfilas espcies que se desenvolvem bem em Cambissolos Hplicos gleicos e Neossolos Flvicos gleicos. * - Hidrfilas espcies que se desenvolvem bem em Gleissolos Hplicos, Neossolos Flvicos gleizados e Plintossolos Hplicos.

CGPE 5975