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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOCENTES: evocações dos alunos sobre planejamento, métodos pedagógicos e melhoria na qualidade do ensino e aprendizagem Marttem Costa de SANTANA 1 Mestrando em Educação pela Universidade Federal do Piauí. e-mail: [email protected] Nelson Soares da SILVA JÚNIOR 2 Mestrando em Educação pela Universidade Federal do Piauí. e-mail: [email protected] Soraya OKA LÔBO 3 Mestrando em Educação pela Universidade Federal do Piauí. e-mail: [email protected] RESUMO Nesta pesquisa, percebemos que a educação é processo de formação contínua e consciente do cidadão que envolve aspectos sociais, existenciais, econômicos, culturais e teleológicos. Neste sentido, nossas vivências como professores no Colégio Agrícola de Floriano vinculado à Universidade Federal do Piauí, verificamos, através da inquietação e os questionamentos de nossos educandos, o interesse em realizar este estudo que tem como objetivo geral investigar a prática pedagógica dos professores do Ensino Médio na ótica dos educandos da 1ª, 2ª e 3ª série, e como objetivos específicos: reconhecer a importância do planejamento da disciplina na ótica do educando; identificar métodos pedagógicos preferidos pelos educandos; socializar propostas dos educandos para melhorias da qualidade de ensino e aprendizagem no Ensino Médio. Trata-se, portanto, de um estudo exploratório, utilizando a pesquisa narrativa como abordagem qualitativa, tendo como instrumento de coleta de dados um questionário semi-estruturado com perguntas abertas e fechadas. As categorias, 1 Importância do planejamento da disciplina, 2 Métodos pedagógicos preferido pelo aluno e 3 Propostas de melhorias da qualidade de ensino e aprendizagem, se basearam com os estudos de Benjamim (1994), Becker (1993), Brito (2007), Charlot (2000), Connelly e Clandinin (1995), Fazenda (1994), García (1992), Giroux (1997), Grillo (2004), Libâneo (1994), Luckesi (1996), Nóvoa (1992), Santana, Silva Júnior e Oka Lôbo (2011) e Veiga (1992). Cabem-nos através de uma inovação ou de reinventar nossa prática pedagógica reiterativa para uma prática crítica e reflexiva, a fim de quebrar ou suprimir a rotina de nossas ações, buscando sempre no cotidiano o (re)significar do planejamento e dos métodos pedagógicos, a fim de possibilitar e facilitar o processo ensino-aprendizagem. Palavras-Chave: Planejamento. Métodos Pedagógicos. Prática Pedagógica. 1 Graduado em Enfermagem pela Universidade Estadual Feira de Santana. Professor do Colégio Agrícola de Floriano vinculado à Universidade Federal do Piauí CAF/UFPI. 2 Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Pernambuco. Professor do Colégio Agrícola de Floriano vinculado à Universidade Federal do Piauí CAF/UFPI. 3 Graduada em Ciências da Computação pela Universidade Estadual do Piauí. Professor do Colégio Agrícola de Floriano vinculado à Universidade Federal do Piauí CAF/UFPI. XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.003011

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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOCENTES: evocações dos alunos sobre

planejamento, métodos pedagógicos e melhoria na qualidade do ensino e

aprendizagem

Marttem Costa de SANTANA1

Mestrando em Educação pela Universidade Federal do Piauí.

e-mail: [email protected]

Nelson Soares da SILVA JÚNIOR2

Mestrando em Educação pela Universidade Federal do Piauí.

e-mail: [email protected]

Soraya OKA LÔBO3

Mestrando em Educação pela Universidade Federal do Piauí.

e-mail: [email protected]

RESUMO

Nesta pesquisa, percebemos que a educação é processo de formação contínua e

consciente do cidadão que envolve aspectos sociais, existenciais, econômicos, culturais

e teleológicos. Neste sentido, nossas vivências como professores no Colégio Agrícola

de Floriano vinculado à Universidade Federal do Piauí, verificamos, através da

inquietação e os questionamentos de nossos educandos, o interesse em realizar este

estudo que tem como objetivo geral investigar a prática pedagógica dos professores do

Ensino Médio na ótica dos educandos da 1ª, 2ª e 3ª série, e como objetivos específicos:

reconhecer a importância do planejamento da disciplina na ótica do educando;

identificar métodos pedagógicos preferidos pelos educandos; socializar propostas dos

educandos para melhorias da qualidade de ensino e aprendizagem no Ensino Médio.

Trata-se, portanto, de um estudo exploratório, utilizando a pesquisa narrativa como

abordagem qualitativa, tendo como instrumento de coleta de dados um questionário

semi-estruturado com perguntas abertas e fechadas. As categorias, 1 Importância do

planejamento da disciplina, 2 Métodos pedagógicos preferido pelo aluno e 3 Propostas

de melhorias da qualidade de ensino e aprendizagem, se basearam com os estudos de

Benjamim (1994), Becker (1993), Brito (2007), Charlot (2000), Connelly e Clandinin

(1995), Fazenda (1994), García (1992), Giroux (1997), Grillo (2004), Libâneo (1994),

Luckesi (1996), Nóvoa (1992), Santana, Silva Júnior e Oka Lôbo (2011) e Veiga

(1992). Cabem-nos através de uma inovação ou de reinventar nossa prática pedagógica

reiterativa para uma prática crítica e reflexiva, a fim de quebrar ou suprimir a rotina de

nossas ações, buscando sempre no cotidiano o (re)significar do planejamento e dos

métodos pedagógicos, a fim de possibilitar e facilitar o processo ensino-aprendizagem.

Palavras-Chave: Planejamento. Métodos Pedagógicos. Prática Pedagógica.

1 Graduado em Enfermagem pela Universidade Estadual Feira de Santana. Professor do Colégio Agrícola

de Floriano vinculado à Universidade Federal do Piauí – CAF/UFPI. 2 Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Pernambuco. Professor do Colégio

Agrícola de Floriano vinculado à Universidade Federal do Piauí – CAF/UFPI. 3 Graduada em Ciências da Computação pela Universidade Estadual do Piauí. Professor do Colégio

Agrícola de Floriano vinculado à Universidade Federal do Piauí – CAF/UFPI.

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INTRODUÇÃO

No campo da educação vivenciamos um contexto de profundas transformações

culturais, epistemológicas, ideológicas, sociais e profissionais; todas estas estruturantes

de significativas mudanças nos diversos campos de conhecimento, de informação e de

tecnologia, conseqüentemente, provoca mobilização de uma prática pedagógica docente

responsável que promova a mediação e a aquisição de competências e habilidades que

favorecem o seu acesso ao mercado de trabalho.

A prática pedagógica docente deve ser muito mais que uma ação técnico-

instrumental, pois a escola, como uma sociedade organizada deve possuir uma prática

pedagógica gestora dinâmica, devido às atuais exigências do mercado de trabalho e da

família estar cada vez maiores. Sob a perspectiva da relação com as práticas

pedagógicas, com o planejamento e com os métodos pedagógicos, o ensino revela um

processo em movimento, diretamente influenciado pelas relações sociais (intrapessoais

e interpessoais) que permeiam o cotidiano da sala de aula. Assim, para se chegar à

concretização de uma prática pedagógica ligada à humanização do aluno, é necessário

compreender as relações sociais e, ainda desmistificar a idéia do professor como único

detentor do conhecimento e do aluno como mero expectador.

Daí a importância do tema retratado no presente artigo, uma vez que visa

contribuir para a busca de novos mecanismos que resultem em práticas pedagógicas

voltadas para a aprendizagem e a formação humanizadora do homem. Do ponto de vista

acadêmico, a relevância do tema abordado reside na possibilidade de discutir a relação

planejamento, métodos pedagógicos e prática docente, a fim de pensar na sua

ressignificação e na inserção do aluno como sujeito ativo do processo ensino-

aprendizagem para nova concepção de práticas pedagógicas como meio de se alcançar

os objetivos da atividade educativa.

Desta forma, a relação planejamento, métodos pedagógicos e a prática

pedagógica docente são influenciados pelos constantes desafios que os professores se

deparam durante o processo de ensino e aprendizagem, onde muitas vezes não foram ou

não estão preparados para lidar com estas questões, que fogem do mero conhecimento

específico de suas disciplinas, para adentrar na seara social, político, psicológica e, por

vezes, até moral.

Em virtude dessas reflexões, inquietações e desejos em discutir, em aprender e

em superar as adversidades encontradas na nossa vida profissional, temos como questão

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de partida: Quais as evocações dos educandos do Ensino Médio do Colégio Agrícola de

Floriano (CAF) sobre a importância do planejamento e o método pedagógico dos seus

professores em sala de aula? Tendo como objetivo geral investigar a prática pedagógica

dos professores do Ensino Médio na ótica dos educandos da 1ª, 2ª e 3ª série, e como

objetivos específicos: reconhecer a importância do planejamento da disciplina na ótica

do educando; identificar métodos pedagógicos preferidos pelos educandos; socializar

propostas dos educandos para melhorias da qualidade de ensino e aprendizagem no

Ensino Médio.

Fundamentamos o trabalho nas obras de Benjamim (1994), Connelly e Clandinin

(1995), Fazenda (1994), Giroux (1997), Veiga (1992), dentre outros, sobre práticas

pedagógicas docentes e suas implicações no seu planejamento, métodos pedagógicos a

fim de possibilitar contribuição no processo ensino-aprendizagem.

Este estudo foi pensado através das discussões geradas nas disciplinas práticas

pedagógicas e Pesquisa Narrativa do mestrado em Educação da Universidade Federal

do Piauí – UFPI, sob orientação das professoras doutoras Bárbara Maria Macêdo

Mendes, Maria da Glória Soares Barbosa Lima, Antônia Edna Brito e Carmen Lúcia de

Oliveira Cabral que fazem parte do Programa de Pós-Graduação em Educação, do

Centro de Ciências da Educação – Prof. Mariano da Silva Neto. 

PRÁTICA PEDAGÓGICA DOCENTE: o que dizem os teóricos

No que diz respeito especificamente à prática pedagógica podemos observar

algumas concepções da prática docente como uma prática social. Dessa forma, o papel

do professor, sai de transmissor para mediador do conhecimento sensível à

especificidade e complexidade da prática pedagógica no processo ensino-aprendizagem.

Por esta ótica, Veiga (1992, p. 16), entende:

[..] a prática pedagógica como uma prática social orientada por objetivos, finalidades e conhecimentos, e inserida no contexto da prática social. A prática pedagógica é uma dimensão da prática social que pressupõe a relação teoria–prática, e é essencialmente nosso dever, como educadores, a busca de condições necessárias à sua realização.

Parte dos educadores consegue transformar práticas imitativas e reiterativas de

ações com baixa efetividade aprendidas durante sua formação, autoformação ou usando

métodos e técnicas que vivenciou com seus professores enquanto ainda era apenas

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estudante para uma prática reflexiva e criativa. A ação docente deve ser muito mais que

uma ação técnico-instrumental porque o fazer docente deve conter a ação teórica

intelectual, ação ético-político e ação formativa. Neste sentido, Giroux (1997, p. 163)

menciona que é

Essencial para a categoria de intelectual transformador é a necessidade de tornar o pedagógico mais político e o político mais pedagógico. Tornar o pedagógico mais político significa inserir a escolarização diretamente na esfera da política, argumentando-se que as escolas representam tanto um esforço para definir-se o significado quanto uma luta em torno das relações de poder [...] Tornar o político mais pedagógico significa utilizar formas de pedagogia que incorporem interesses políticos que tenham natureza emancipadora [...].

Schön (1983) apud García (1992, p. 60) acrescenta nesta discussão a

característica fundamental do ensino: “é uma profissão em que a própria prática conduz

necessariamente à criação de um conhecimento específico e ligado à ação, que só pode

ser adquirido através do contato com a prática, pois, trata-se de um conhecimento tácito,

pessoal e não sistemático”.

Durante a prática docente, o professor deve envolver a participação do discente

buscando desvelar mecanismos que possam contribuir para a (re)significação da sua

ação na sala de aula e possibilitar um melhor aprendizado. Nesta ótica, Fazenda (1994,

p. 63), ressalta que:

Há necessidade de o professor apropriar-se do conhecimento científico, de saber organizá-lo e articulá-lo, de ter competência. Mas essa competência, para o verdadeiro educador, deve estar impregnada de humildade, de simplicidade de atitudes. É necessário enxergar o outro, construir com ele o alicerce do conhecimento, não só para servir a sociedade, mas para enaltecer a vida.

Todo professor deve se lembrar de que práticas docentes bem sucedidas

requerem a adequação de competências individuais (talentos, técnicas, lideranças)

somadas às competências de outros professores (grupais). Ao nos perguntar que tipo de

professores nós somos e que tipo de professores idealizamos, devemos verificar que

tipos de práticas fazem (educativas, qualificadas, mobilizadoras, refletidas, sociais,

terapêuticas e criativas), bem como que tipo de professor queremos ser (disponível,

afetivo, equilibrado e responsivo).

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Para Santana, Silva Júnior e Oka Lôbo (2011, p. 8) complementam que:

A prática pedagógica não se constrói através da acumulação de títulos, de técnicas, de honras e de prestígios, todavia, por uma reflexão crítica construtiva sobre nossas práticas e nossa identidade profissional. Neste sentido, devemos tomar cuidado com os problemas de competitividade, medição de forças com os colegas e alunos, e, sobretudo nas situações de sala de aula e nos encontros pedagógicos. É preciso nos distanciarmos (como se tivéssemos olhando do alto) para ampliarmos a nossa percepção sobre as nossas próprias práticas e nos aproximarmos do que não foi visto, sentido ou narrado antes.

Assim, investigar a prática pedagógica de professores pode contribuir para uma

reflexão sobre as práticas ideais e reais configuradas a partir das perspectivas dos

alunos, movimento que pode colaborar para o desenvolvimento profissional docente e

conseqüentemente para o processo de ensinar e aprender com sentido e significado.

Portanto, quando o professor solicita aos discentes sugestões sobre conteúdos,

metodologias, métodos avaliativos (co)produz uma prática pedagógica mais

colaborativa, interativa, propiciando aulas interessantes, dinâmicas facilitando o

processo ensino-aprendizagem.

TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

A metodologia utilizada baseou-se em uma pesquisa narrativa de abordagem

qualitativa. A pesquisa narrativa, no campo educacional, incluindo (auto)biografias,

histórias de vida, cartas pedagógicas, diários, relatos orais, depoimentos, vem sendo

bastante difundida e utilizada nos últimos anos. Nesta perspectiva,

[...] Los seres humanos somos organismos contadores de historias, organismos que, individual y socialmente, vivimos vidas relatadas. El estudio de la narrativa, por lo tanto, es el estudio de la forma en que los seres humanos experimentamos o mundo. De esta Idea general se deriva la tesis de que la educación es la construcción y la reconstrucción de historias personales y sociales; tanto los profesores como los alumnos son contadores de historias y también personajes en las historias de los demás y en las suyas propias [...] (CONNELLY; CLANDININ, 1995, p. 11/2).

Como a narração origina-se dentro de uma comunidade a experiência do

narrador e do ouvinte inserem-se no mesmo fluxo narrativo, comum e vivo e sendo

assim, permite formas diferentes de continuidade para a história narrada. Benjamim

(1994) afirma que atividade de narração possui semelhanças com o trabalho do artesão,

pois o narrador dar forma à matéria narrável, que é a própria vida humana, é a

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experiência vivida. Os narradores buscam sempre a continuidade e a plenitude das

histórias, entretanto as explicações não são definitivas, pois a história permanece aberta,

disponível para outras interpretações que se renovam a cada leitura que fazemos.

Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um questionário semi-

estruturado com perguntas abertas e fechadas com discentes do ensino

profissionalizante concomitante com o ensino médio do Colégio Agrícola de Floriano

vinculado à Universidade Federal do Piauí. Os interlocutores desta pesquisa

constituíram-se em 10 alunos do 1º Ano, 10 do 2º Ano e 10 do 3º Ano do Ensino Médio,

perfazendo um total 30 alunos.

A partir da análise dos dados coletados foram descortinadas três categorias: 1

importância do planejamento da disciplina, 2 métodos pedagógicos preferido pelo

aluno e 3 propostas de melhorias da qualidade de ensino e aprendizagem, apresentadas

neste texto e apoiada pelos estudiosos da área de prática pedagógica e dos registros de

trinta educandos, que foram identificados como “S” (Sujeito) numerados de 1 a 10 e

seguido do ano específico do Ensino Médio.

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

A partir dos depoimentos escritos resultantes dos questionários aplicados nas

turmas do Ensino Médio – 1º, 2º e 3º ano do Colégio Agrícola de Floriano, após

processar os dados, foram reveladas 03(três) categorias. Na TABELA 1, a seguir,

demonstramos as respostas dos interlocutores categorizadas, conforme a frequência em

que aparecem:

TABELA 1- Importância do Planejamento da Disciplina

FONTE: Pesquisa direta – 2011.

% CATEGORIA 1 - IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA

DISCIPLINA 1º ANO 2º ANO 3º ANO TOTAL

1. Melhoria do Aprendizado 30 30 10 70 2. Professor preparado para a aula 20 20 10 50 3. Evita perda de tempo/ ver todo conteúdo 10 - 30 40 4. Organização da disciplina 10 20 - 30 5. Dinâmica da aula 10 - 10 20 6. Para o aluno ter em mãos o que vai ser

explicado 10 - 10 20

7. Atualização da disciplina - 10 10 20 8. Exposição adequada do assunto - - 20 20 9. Saber o que fazer e como ensinar 10 - - 10 10. Atingir Objetivos da disciplina - 10 - 10 11. Esclarecimento de dúvidas - - 10 10

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Na categoria 1 – IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA DISCIPLINA,

obtivemos 11 subcategorias. Dentre elas, as mais citadas foram: Melhoria do

Aprendizado com 70%; Professor preparado para a aula, 50%; Evita perda de

tempo/ ver todo conteúdo, 40%. É fundamental que os professores reconheçam a

importância de sua participação nas reuniões pedagógicas para uma ação refletida, a fim

de tomar decisões se baseando tanto nas necessidades dos alunos e nos imprevistos do

cotidiano escolar.

Para isso, devem se organizar em atividades delineadas, sistematizadas e

programadas, com intuito de ressignificar a sua forma de ensinar, a fim de incentivar o

aluno a aprender de forma significativa. A meta principal do estudante do ensino médio

é adquirir conhecimentos de forma rápida, simplificada (“macetes”), efetiva e eficaz

para que possam ter um bom desempenho em provas que dão acesso ao nível superior.

As falas a seguir expressam e corroboram essa afirmação:

Com certeza para que haja um melhor esclarecimento dos conteúdos (S –1ANO);

Por que com isso a aula fica melhor para se aprender (S7–1ANO);

É melhor para o aprendizado, pois expõe melhor o assunto (S5–3ANO);

Por que a cada dia as matérias vão se atualizando e preparar cada aula traz novidades para os alunos (S4–3ANO);

Os dados obtidos permitem que se articule com o pensamento de Luckesi

(1996, p. 49) quando este afirma que:

[...] o planejamento define os resultados e os meios a serem atingidos; a execução constrói os resultados e a avaliação serve de instrumento de verificação dos resultados planejados que estão sendo obtidos, assim como para fundamentar decisões que devem ser tomadas para que os resultados sejam construídos.

Neste mesmo pensamento, Libâneo (1994, p. 222) afirma que “é a previsão dos

objetivos e tarefas do trabalho docente para um ano ou um semestre; é um documento

mais elaborado, no qual aparecem objetivos específicos, conteúdos e desenvolvimento

metodológico.” Cabe aos educadores pensarem sobre o seu fazer, como fazer, quando

fazer, com que fazer, com quem fazer para mediar conteúdos curriculares, prioritários,

preparatórios para o vestibular e para a vida.

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Na TABELA 02 a seguir, estão apresentadas, em ordem determinada pela

frequência de respostas, com base nas falas dos alunos:

TABELA 02: Métodos Pedagógicos Preferidos Pelos Discentes

% CATEGORIA 2- MÉTODOS PEDAGÓGICOS PREFERIDO PELO

ALUNO 1º ANO 2º ANO 3º ANO TOTAL

1. Expositiva através da projeção de slides 70 30 50 150 2. Dinâmicas (teatro, mímica, música, etc.) 50 40 10 100 3. Interrogativa (debates) 40 10 40 90 4. Seminário 20 50 10 80 5. Exposição do pincel 20 30 20 70 6. Demonstrativa (cartazes, laboratórios,

etc.) 40 20 - 60

Fonte: Pesquisa Direta – 2011.

Na categoria 2 – MÉTODOS PEDAGÓGICOS PREFERIDOS PELOS

DISCENTES, obtivemos 06 subcategorias. Dentre elas, as mais citadas foram:

Expositiva através da projeção de slides com 150%; Dinâmicas (teatro, mímica,

música, etc.), com 100%; Interrogativa (debates), com 90%. Vale ressaltar, que esses

percentuais obtidos foram em decorrência dos alunos ter escolhido mais de uma opção

de método pedagógico. As falas a seguir expressam e corroboram essa afirmação:

1 ano:

Por que assim, o aprendizado fica melhor fixado e, se esquecer, é só olhar no caderno. (S9–1ANO)

Por que uma boa aula é aquela aula criativa em que o aluno sinta prazer em assisti-la. (S8–1ANO)

Ajuda visual faz com que fixemos melhor as informações na mente e os debates estimulam a criatividade dos alunos (S1–2ANO)

Para os debates é preciso estudar antes e depois o professor tira nossas dúvidas melhorando assim no aprendizado. (S1–3ANO)

Um revezamento dos métodos propicia uma boa aprendizagem e um bom aprimoramento (S2–3ANO)

As falas dos alunos supracitadas associadas ao pensamento de Grillo (2004, p.

75) afirmam que: “[...] não existe manual de Didática que apresente um modelo de

docência a ser seguido com soluções para o ensino, porque não existe, igualmente, um

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problema originado de uma causa única, relativa a uma só questão”. Participa dessa

mesma discussão, Brito (2007, p. 57) ao afirmar que:

[...] a prática desafia o(a) professor(a) na articulação e na construção de saberes para responder às situações concretas da sala de aula, instando-o a transformar o conhecimento científico em saber articulado às reais necessidades da prática pedagógica vivenciada na escola. Nesta concepção, o(a) professor(a) produz no exercício da profissão, os saberes necessários a sua ação, reelaborando e reconstruindo sua intervenção pedagógica, numa atitude crítico-reflexiva, produzindo modos de ser e de agir essenciais no desenvolvimento de suas ações docentes. (BRITO, 2007, p. 57).

Por esta razão, a maneira como a aula é planejada pelo professor, utilizando

novas abordagens tecnológicas, torna-se mais prazerosa, atrativa e interessante. Sendo

assim, o aluno tem possibilidade de aprender mais, pois a aula deixa de ser “cansativa,

sonolenta e enfadonha”.

A última categoria encontrada - PROPOSTAS DE MELHORIAS DA

QUALIDADE DE ENSINO E APRENDIZAGEM. As falas a seguir expressam e

corroboram essa afirmação:

Muitos professores deveriam dar mais atenção aos alunos mais quietos na sala de aula,

fazem atividades diferentes. (S5–1ANO) Que os professores deixassem mais o quadro de lado e pasarem (passarem) a fazer suas

aulas mais demonstrativas e dinâmica. Alguns fazem isso e suas aulas são ótimas, mas tem alguns que se prendem muito ao quadro e não acho isso muito legal. (S8–1ANO)

Professores mais comprometidos com a escola. Professores que não se ausentam muito; regras mais rigorosas. (S1–1ANO)

Os professores devem acabar com a questão de serem muito tradicionais. Devem ser

mais dinâmicos em sala de aula, deixar de fazer os alunos terem de decorar vários assuntos como a hidrografia do rio Amazonas. (S1–2ANO)

[...] sempre que o professor terminar de explicar o assunto fazemos em debate sobre para saber o que cada aluno entendeu; e que os professores e alunos andassem sempre juntos, para um ajudar o outro com suas necessidades e parcerias. (S6–2ANO)

Novos modos de dar aula, ouvir a opinião dos alunos e entender suas dificuldades tanto no assunto, como no cotidiano fora da sala, pois às vezes temos problemas que nos atrapalha e quase nenhum entende isso. (S8–2ANO)

Aulas mais criativas; professores mais dispostos a ensinar e aprender uns com os outros; materiais de melhor qualidade na busca pelo melhor ensino; (S4–3ANO)

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Baseado nas falas dos alunos, Nóvoa (1992, p.9), afirma que “não há ensino de

qualidade, nem reforma educativa, nem inovação pedagógica, sem uma adequada

formação de professores”. Cada professor deve estar atento às solicitações verbais e não

verbais de cada educando. Escutar sensivelmente cada gesto, dúvida e mudanças no

comportamento individual e do grupo são requisitos necessários para contribuir num

processo ensino e aprendizado mais humano, ético e significativo.

Nesta discussão, Charlot (2000, p. 53) participa acrescentando que nascer

significa ver-se submetido à obrigação de aprender. “Aprender para construir-se, em um

triplo processo de “hominização” (tornar-se homem), de singularização (tonar-se um

exemplar único de homem) de socialização (tornar-se membro de uma comunidade,

partilhando seus valores e ocupando um lugar nela)”.

A não existência de práticas pedagógicas discentes compromete a qualidade da

educação em direção à concretização de uma escola verdadeiramente democrática.

Neste sentido, “assumir a lógica do aluno/educando constitui [...] o grande desafio do

professor/educador atual e futuro” (BECKER, 1993, p. 298). Desta forma, é necessário

que a escola saiba o que quer buscando sempre envolver a comunidade acadêmica

(docente, discente e gestor) e pais/responsáveis, para que possa atingir às metas

propostas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo procurou associar o planejamento, os métodos pedagógicos e

as práticas pedagógicas através da fundamentação de estudiosos das ciências humanas,

sociais e educacional. Como educadores compromissados devemos acompanhar o

movimento, as transformações e as mudanças inerentes ao fazer docente e as

necessidades geradas pelo contexto do momento atual.

Podemos delinear com os dados obtidos no inquérito investigativo, através dos

depoimentos dos alunos do ensino médio, compete ao educador incrementar seus

conhecimentos e saberes com atualizações dos programas e conteúdos programáticos

adequados a realidade que outrora vivenciamos. Cabem-nos através de uma inovação ou

de reinventar nossa prática pedagógica reiterativa para uma prática crítica e reflexiva, a

fim de quebrar ou suprimir a rotina de nossas ações, buscando sempre no cotidiano o

(re)significar do planejamento e dos métodos pedagógicos, a fim de possibilitar e

facilitar o processo ensino-aprendizagem.

A relação professor-aluno deve ser construída sob diferentes perspectivas,

notadamente no que tange a conteúdos que possibilitem ao aluno a motivação necessária

ao seu bom desempenho e ao professor um norte para uma prática com valor, sentido e

significado, levando-o a uma intercomunicação dialógica na sala de aula. Essa relação

dialética envolve os interlocutores e suas ações e, perpassa a relação de sentidos e

significados, pois a sala de aula é um espaço para estar-se e colocar-se ativamente, e é

onde ocorre essa interação cotidiana oportunizando a história, a escrita, o social e,

principalmente, o falar e o ouvir.

É na sala de aula que buscamos contribuir na formação cidadão, atuantes e

participativos, bem como, docentes cientes e conscientes da sua colaboração formativa e

informativa do cotidiano escolar, embasados nos preceitos da ética e da

responsabilidade social.

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