prática jurídica ii - modelo de manutenção de posse
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PRÁTICA JURÍDICA II - MODELO DE MANUTENÇÃO DE POSSETRANSCRIPT
EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA
COMARCA DE XXX – MG
XXX, brasileiro, casado,
despachante, portador da Cédula de Identidade n°,
inscrito no CPF sob o n°, e sua esposa XXXX,
brasileira, casada, professora, portadora da Cédula
de Identidade n° M-XXX, inscrita no CPF sob o n°
XXX, residentes e domiciliados nesta cidade na Rua
Eurico de Oliveira, nº. XXXX, bairro Jardim Central,
vem, respeitosamente perante V. Exa., por seu
procurador infra-assinado, propor
AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE
com pedido de liminar
em face de XXX, brasileiro, estado civil
desconhecido, bancário aposentado, Cédula de
Identidade desconhecida, CPF desconhecido, residente
e domiciliado nesta cidade na Rua Henrique
Benfenati, XXX, bairro Caieiras, pelos motivos e
fundamentos jurídicos que passa a expor:
DOS FATOS:
Os autores são proprietários do lote nº 08, da
quadra 47, na Rua Eurico de Oliveira, loteamento
Bairro Jardim Central, nesta cidade, desde que no
ano de XXXXX, adquiriam o mesmo através do contrato
de compra e venda e posterior escritura e
transcrição no Cartório de Registro de Imóveis.
Sendo assim, tornaram-se vizinhos dos lotes nº 06 e
07, da mesma quadra e loteamento, passando, desde
então, a exercer a posse sobre os mesmos,
promovendo-lhes a limpeza, utilizando-os como
deposito de matérias para a construção de sua
residência (que construíram no lote de sua
propriedade) etc.
Desde a referida época os autores diligenciaram no
sentido de localizar o proprietário dos referidos
lotes, mas sem sucesso, já que pretendiam formalizar
a aquisição dos mesmos, obtendo o direito de
propriedade sobre eles. Nessas diligências, ao
consultarem o CRI, descobriram que os lotes
encontravam-se registrados no nome do Sr. XXX, que
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se encontra em local incerto e não sabido não
existindo notícias, igualmente, de seus familiares.
Ante a tais circunstâncias dirigiram-se a Prefeitura
Municipal e desde o ano de 2005 assumiram,
inclusive, o pagamento do IPTU dos lotes em questão,
conforme comprovantes anexos.
Sendo assim, passado algum tempo e não obtendo
qualquer notícia sobre o proprietário, decidiram por
bem cercar os referidos lotes, momento em que, para
evitar problemas resolveram informar os vizinhos
próximos de sua intenção.
Não obstante isso, quando estavam iniciando a
confecção da cerca, o réu (não se sabe por que)
apareceu gritando e ameaçando o autor, dizendo
inclusive que chamaria a Polícia Militar e não
permitiu que os autores cercassem os mesmos. Frente
à atitude truculenta e ameaçadora do réu, o autor,
que na época não possuíam bons conhecimentos
jurídicos, intimidou-se e desistiu do seu propósito
por acreditar ser o réu o atual proprietário dos
referidos lotes e para evitar bate boca em frente
sua residência.
Seguiu-se a isso a construção de uma cerca nos
lotes, a qual os autores acreditam ser obra do réu,
embora este não tenha mais aparecido, momento em que
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o autor chamou a polícia e fez inclusive o anexo
Boletim de Ocorrência, embora a PM tenha informado
que nada poderia fazer em relação a cerca já que o
autor não era o proprietário dos lotes.
Porém, não obstante isso, como o réu nunca mais
passou no local e não realiza a conservação e
limpeza dos lotes e nem mesmo os utiliza para
qualquer finalidade (fotos anexas), e tomando
conhecimento de seus direitos ante ao fato do autor
ser agora estudante de Direito, há alguns meses os
autores decidiram verificar a legitimidade das
alegações do réu e qual não foi o espanto ao
descobrirem que o réu não é o proprietário do imóvel
e nunca o adquiriu do Sr. XXX que continua
desaparecido.
Frente a tais fatos, há cerca de XXX meses decidiram
retomar a posse dos lotes em questão, promovendo-
lhes nova limpeza e exercendo sobre os mesmos todos
os cuidados pertinentes a externalidade da
propriedade, embora estejam receosos de que o réu,
com ameaças, gritos e atitudes truculentas venha
molestar-lhes novamente a posse exercida.
Vale frisar que o loteamento em questão,
originalmente, era de propriedade da família do réu
e o mesmo vale-se da condição de parente dos antigos
proprietários para impor aos moradores atos como os
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narrados acima, possuindo inclusive, diversos
conflitos judiciais envolvendo questões referentes a
imóveis conforme comprovam os andamentos anexos dos
processos.
DO DIREITO:
Na Ação de Manutenção de Posse o possuidor, cuja
posse tem sido turbada, busca a concessão de uma
ordem judicial para restabelecer a posse mansa e
pacífica que exercia antes dos atos ameaçadores,
lesivos ou abusivos de terceiros.
Assim, o artigo 926 do Código de Processo Civil
prescreve que:
“Art. 926. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado no de esbulho.”
Para tanto, conforme o art. 927 do mesmo diploma,
faz-se necessária a prova da posse, da turbação, da
data da turbação e da continuação da posse.
Caio Mário afirma que ....
A jurisprudência, por sua vez, ....
DA LIMINAR:
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A fim de que seja concedida a Liminar, num sentido
genérico, dois pressupostos hão de se fazer
presentes, em conjunto, quais sejam: o fumus boni
iuris e o periculum in mora.
No presente caso, por se tratar de ação manutenção
de posse, conforme o art. 927 do Código de Processo
Civil, cabem aos autores provarem a posse, a
turbação praticada pelo réu, a data da turbação e a
continuação da posse, embora não de forma cabal
nessa fase do processo.
De outro lado o art. 928 do Código de Processo civil
enuncia que “estando a petição inicial devidamente
instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a
expedição do mando liminar de manutenção [...]”.
Sendo assim tem-se que:
A. DO FUMUS BONI IURIS
O fumus boni iuris é a probabilidade da existência
do direito invocado pelo autor da ação; devendo ser
aferida através de uma cognição sumária.
Quanto ao ponto assinala Humberto Theodoro Júnior:
“Se, à primeira vista, conta a parte com a possibilidade de exercer o direito de ação e se o fato narrado, em tese, lhe assegura provimento de
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mérito favorável, presente se acha o ‘fumus boni iuris’, em grau suficiente para autorizar a proteção das medidas preventivas”. (Curso de Direito Processual Civil. v. II. 33ª ed.. Forense. 2002. p. 344)
Portanto, como se pretende provar através dos
documentos anexos e, caso V. Exa. entenda necessário
com a oitiva de testemunhas, os autores são
possuidores, dos lotes de nº 6 e 7 da quadra 47, na
Rua Eurico de Oliveira, loteamento Bairro Jardim
Central, desde que tornaram-se proprietários de um
lote vizinho; tiveram sua posse turbada pelo réu no
início de 2007 e retomaram a posse recentemente,
inclusive promovendo a limpeza do lote em questão,
tendo pago até mesmo todos os IPTUS dos anos de 2005
até a presente data.
Portanto, provado estando a posse dos referidos
lotes, a turbação, sua data e a retomada da posse,
provada encontra-se a probabilidade do direito
alegado pelos autores.
B. DO PERICULUM IN MORA
O periculum in mora afigura-se como o risco grave de
perder-se o bem, frustrando a efetividade de uma
futura atuação jurisdicional satisfativa.
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Convém colacionar o ensinamento de Humberto Theodoro
Júnior:
“Para obtenção da tutela cautelar, a parte deverá demonstrar fundado temor de que, enquanto aguarda a tutela definitiva, venham a faltar as circunstâncias de fato favoráveis à própria tutela”. (Curso de Direito Processual Civil. v. II. 33ª ed.. Forense. 2002. p. 345)
Certo é que sem a concessão da presente medida a
questão discutida em juízo poderá tornar-se motivo
de freqüentes embates entre as partes que poderiam
até mesmo terminar em vias de fato. Ademais, a
demora do provimento poderia acarretar um definitivo
esbulho da posse o que seria um prejuízo
incontestável para os autores, os quais, além de
utilizar do espaço físico do lote possuem interesse
em sua limpeza e manutenção, considerando residirem
em uma casa construída no lote vizinho.
Assim, fazendo-se presente os requisitos
necessários, quais sejam, a inequívoca veracidade no
tocante a titularidade da posse e, o perigo de
perder a posse e de dano iminente aos direitos dos
mesmos, legítimo é o pedido da liminar supra, no
sentido de manter a posse turbada com quem de
direito até o provimento final da ação, no qual se
espera a definitiva manutenção da posse pacífica e
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mansa dos autores, como exercida antes das atitudes
arbitrárias do réu.
DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer:
a.Seja deferida a medida liminar, inaudita altera
pars, pelos fundamentos acima expostos, para a
manutenção da posse dos autores até o
julgamento final da presente lide, nos termos
da primeira parte do art. 928 do Código de
Processo Civil ou;
b.Caso V. Exa. entenda necessária para o
deferimento da liminar, que seja designada
audiência de justificação prévia, nos termos da
segunda parte do art. 928, do Código de
Processo Civil, expedindo-se mandado de
manutenção conforme prescreve o art. 929 do
mesmo diploma legal;
c.Seja citada a parte ré no endereço
supramencionado para responder os fatos,
fundamentos e pedidos apresentados nesta ação
sob pena de revelia, conforme prescrevem os
arts. 285 e 319 do Código de Processo Civil;
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d.A concessão dos benefícios da Assistência
Judiciária, com base na Lei nº. 1.060/50, para
os autores ficarem isentos das despesas
judiciais por serem pobres no sentido legal,
não podendo arcar com as mesmas sem prejuízo do
sustento próprio e de sua família, consoante
declarações anexas;
e.Seja julgada procedente a ação, condenando o
réu, ao final, a não praticar nenhum ato contra
o exercício manso e pacífico da posse exercida
pelos autores sobre os lotes nº 06 e 07 da
quadra 47, na Rua Eurico de Oliveira,
loteamento Bairro Jardim Central;
f.Seja estipulado uma multa no valor de R$
1000,00 (mil reais) por cada ato que importe
descumprimento da medida liminar ou da
sentença, com base nos preceitos dos §§ 4º e 5º
do art. 461, do Código de Processo Civil;
g.A condenação do réu nas despesas processuais e
honorários advocatícios, devendo estes últimos
serem fixados em quantia não inferior a 20%
(vinte por cento) do valor da causa, conforme
art. 20 do Código de Processo Civil;
h.A produção de todas as provas admitidas em
direito, em especial provas documental,
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testemunhal, depoimento pessoal do réu e
inspeção judicial;
i.Dá-se a causa o valor de R$ 15.000,00 (quinze
mil reais).
Nestes termos,Pede deferimento.
Cidade, data.
AdvogadoOAB
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