prática de contestação no processo civil - gediel claudino de araujo júnior - 2015

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24 EdifáO Revista, Ampliada e Atualizada CONTESTA<;ÁO; RECONVEN<;ÁO EXCE<;óES; IMPUGNA<;óES P --TICA DE CONTESTA ÁO NO PROCESSO CIVIL Gediel Claudino de Araujo júnior

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Page 1: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

24 EdifáO Revista, Ampliada e Atualizada

CONTESTA<;ÁO; RECONVEN<;ÁO EXCE<;óES; IMPUGNA<;óES

P --TICA DE CONTESTA ÁO NO PROCESSO

CIVIL

Gediel Claudino de Araujo júnior

Page 2: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

PRÁTICADE CONTESTA~ÁO NO PROCESSO

CIVIL

Page 3: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

SÁO PAULO EDITORA ATLAS S.A. - 2015

CONTESTA<;AO; RECONVEN<;ÁO EXCE<:;óES; IMPUGNA<:;óES

P --TICA DE CONTESTA ÁO NO PROCESSO

CIVIL

Gediel Claudino de Araujo júnior

Page 4: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Editora Atlas S.A. Rua Conselheiro Nébias, 1384

Campos Elísios 01203 904 Sáo Paulo SP

011 3357 9144 atlas.com.br

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direitos de autor (Lei n° 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.

1. Brasil : Contestacéo : Processo civil 347 .924(81)

Índice para catálogo sistemático:

13-12850 CDU-347.924(81)

1. Contestacáo (Direito) - Brasil. l. Título.

Bibliografia. ISBN 978-85-224-9402-6

ISBN 978-85-224-9404-0 (PDF)

Arauja Júnior, Gediel Claudino de Prática de contestacáo no processo civil: contestacáo: reconvencáo:

excecóes: impuqnacóes / Gediel Claudino de Arauja Júnior. - 2. ed. - Sáo Paulo: Atlas, 2015.

Dados lnternacionais de Cataloga~áo na Publicacéo (CIP) (Cámara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Capa: Ítalo Frediani Cornposicáo: Formato Servicos de Editora~áo Ltda.

© 2013 by Editora Atlas S.A.

1.ed. 2014;2.ed. 2015

Page 5: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

1 A Resposta do Réu, 1 1.1 Nocóes gerais, 1 1.2 Excecóes, 1

1.2.1 Excecáo de impedimento, 2 1.2.2 Excecáo de suspeicáo, 2 1.2.3 Excecáo de incompetencia, 3

1.3 Impugnacáo do valor da causa, 4 1.4 Impugnacáo dos beneficios dajustica gratuita, 4 1.5 Intervencáo de terceiros, 5

1.5.1 Definícáo e modalidades, 5 1.5.2 Nomeacáo a autoria, 6 1.5.3 Denuncíacáo da líde, 6 1.5.4 Chamamento ao processo, 7 1.5.5 Assísténcía, 7

1.5.5.1 Conceito e espécies, 7 1.5.5.2 Procedimento, 8

1.5.6 Oposicáo, 9 1.6 Reconvencáo, 9 l. 7 Revelía, 1 O 1.8 Reconhecimento do pedido, 11

Surnário

Page 6: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

4 Aspectos Teóricos e Práticos da Redacáo Forense, 31 4.1 Introducáo, 31 4.2 Entrevista com o cliente, 32 4.3 Requisitos legais da petícáo inicial, 33

3 Contestacáo por Curador Especial, 22 3.1 Cabimento, 22 3.2 Base legal, 23 3.3 Prática forense, 23 3.4 Dicas, 23 3.5 Primeiro modelo: Contestacáo por negacáo geral em ar;ao de despejo onde

o réu foi citado por hora certa, 24 3.6 Segundo modelo: Contestacáo por negacáo geral em acáo de usucapiáo

onde os réus foram citados por edital, com pedido de providencias, 26 3.7 Terceiro modelo: Justificativa em execucáo de alimento onde o executado

foi citado por edítal, 28 3.8 Quarto modelo: Cota nos autos contestando ar;ao de busca e apreensáo de

veículo, 29 3. 9 Quinto modelo: Cota nos autos impugnando valor oferecido a título de

índenízacáo em acáo de desapropríacáo, 30

2.4.2 Incompetencia absoluta, 14 2.4.3 Inépcia da peticáo inicial, 15 2.4.4 Perernpcáo, 16 2.4.5 Litispendencia, 16 2.4.6 Coisa julgada, 16 2.4.7 Conexáo, 17 2.4.8 Incapacidade da parte, 17 2.4.9 Convencáo de arbitragem, 17 2.4.10 Carencia de acáo, 18 2.4.11 Falta de caucáo, 19

2.5 Incidente de falsidade, 19 2.6 Defesa de mérito, 20 2.7 Pedido contraposto, 21

2 Contestaeáo, 12 2.1 Conceito e classifícacáo, 12 2.2 Forma, 12 2.3 Prazo, 13 2.4 Defesa contra o processo, 13

2.4.1 Inexistencia ou nulidade da citacáo, 14

viü Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 7: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

6 Prática Forense, 48 6.1 Introducáo, 48 6.2 Ar;ao de Adjudicacáo Compulsória, 48 6.3 Acño de Alimentos, 49 6.4 Ar;ao de Alimentos Gravídicos, 49 6.5 Acño de Busca e Apreensáo ern Alíenacáo Fiduciária, 50 6.6 Acáo de Consignacáo de Aluguel, 51 6. 7 Ar;ao de Despejo por Denúncia Vazia, 51 6.8 Ar;ao de Despejo por Falta de Pagamento, 51 6. 9 Acáo de Divórcio Litigioso, 52 6.10 Ar;ao de Execucáo de Alimentos, 52 6.11 Acáo de Exoneracáo de Pensáo Alimenticia, 53 6.12 Ar;ao de Indenízacáo por Perdas e Danos, 53 6.13 Acño de Interdicáo, 54 6.14 Ar;ao de Investígacáo de Paternidade ce Alimentos, 54 6.15 Acáo de Manutencáo de Posse, 54 6.16 Ar;ao Negatóría de Paternidade, 55

5 Procuracáo Ad Judicia, 38 5.1 Contrato de mandato, 38 5.2 Mandato judicial, 39 5.3 Substabelecimento, 40 5.4 Responsabilidade civil dos advogados, 40 5.5 Base legal, 41 5.6 Primeiro modelo: Procuracáo adjudicia - pessoajurídica, 42 5. 7 Segundo modelo: Procuracáo adjudicia - pessoa física, 43 5.8 Terceiro modelo: Substabelecimento de procuracáo ad judicia, 44 5.9 Quarto modelo: Contrato de honorários advocatícios, 45 5.10 Quinto modelo: Carta revogando o mandato concedido ao advogado, 47

4.4 Aspectos práticos da redacáo da petícáo inicial, 34 4.4.1 Do papel e dos caracteres gráficos, 34 4.4.2 Das margens, do tipo e do tarnanho das letras, 34 4.4.3 Das abreviaturas, 35 4.4.4 Das técnicas de redacáo, 35 4.4.5 Do nome da acáo, 35 4.4.6 Contando os fatos, 35 4.4.7 Da ordem dos pedidos, 36

4.5 Da defesa do réu, 37

Sumário íx

Page 8: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

7 Pecas Processuais, 59 7.1 Contestacáo de acáo de adiudícacáo compulsória com preliminar de "carencia

de acáo", 59 7.2 Contestacáo de a~ao de alimentos movida pelos filhos em face do pai, com

preliminar e concordancia parcial com o pedido, 62 7.3 Contestacáo de a~ao de alimentos movida pela neta em face dos avós

paternos, com chamamento ªº processo e preliminares de carencia de acáo e inépcía da petícáo inicial, 64

7.4 Contestacáo de a~ao de busca e apreensáo em alienacáo fiduciária, com pedido de purgacáo da mora, 69

7.5 Contestacáo de a~ao de busca e apreensáo de menores movida pela máe em face do pai, 73

7.6 Contestacáo de a~ao de cobranca arrimada em contrato de locacáo, 75 7.7 Contestacáo de acáo de depósito em alíenacáo fiduciária, com índicacáo da

localízacáo do veículo, 78 7.8 Contestacáo de acáo de despejo por denúncia vazia com preliminar de

carencia de acáo, 81 7.9 Contestacáo de acáo de despejo por falta de pagamento com preliminar de

carencia de acáo e inépcía da exordial (réu assistido por Curador Especial), 84

7.10 Contestacáo de acáo de despejo por falta de pagamento com preliminar de ínépcía da exordial, 88

7.11 Contestacáo de acáo de despejo por falta de pagamento com preliminar de nulidade de cláusula contratual, notíficacáo prévia e ínépcía da exordial, 91

7.12 Contestacáo de acáo de destítuícáo de poder familiar cumulada com adocáo movida em face da máe, 94

7.13 Contestacáo de acáo de divórcio movida pelo marido em face da mulher com preliminar de conexáo, 96

7 .14 Contestacáo de acáo de divórcio movida pela mulher em face do marido, com concordancia parcial como pedido, 98

7.15 Contestacáo de acáo de exoneracáo de alimento movida pelo marido em face da ex-mulher, 100

6.17 A~o de Obrigacáo de Fazer, 55 6.18 Acáo de Reconhecimento e Díssolucáo de Uniáo Estável, 55 6.19 A~o de Reintegracáo de Posse, 56 6.20 A~o Reivindicatória, 56 6.21 A~o Renovatória de Locacáo, 56 6.22 A~o Revisional de Alimentos, 57 6.23 A~o Revisional de Aluguel, 5 7 6.24 A~o de Usucapiáo, 57 6.25 Medida Cautelar de Busca e Apreensáo de Menor, 58

X Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 9: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

7 .16 Contestacáo de acáo de exoneracáo de alimento movida pelo pai em face da filha maior com preliminar de emenda da exordial, 103

7 .17 Contestacáo de acáo de índenízacáo por sinistro em veículo feíta por terceiro (ex-proprietário), 106

7.18 Contestacáo de acáo de ínvestigacáo de paternidade cumulada com alimentos, 109

7.19 Contestacáo de acáo de ínvestigacáo de paternidade cumulada com alimentos já com exarne de DNA, 111

7 .20 Contestacáo de acáo de ínvestigacáo de paternidade cumulada com alimentos, onde o réu confessa a paternídade e faz proposta de alimentos, 113

7.21 Contestacáo de acáo negatória de patemidade cumulada com exoneracáo de alimentos movida pelo pai contra os filhos, com preliminar de carencia de acáo, 115

7.22 Contestacáo de ac;iio de obrigacáo de fazer envolvendo transferencia de veículo, 117

7.23 Contestacáo de acáo de obrigacáo de fazer movida pelo filho em face do pai buscando compeli-lo a contratar plano de saúde, 120

7.24 Contestacáo de acáo de regularnentacáo de guarda movida pela avó em face da máe, 122

7.25 Contestacáo de ac;iio de regulamentacáo de guarda movida pela rnáe em face do pai com preliminar de conexáo, 124

7.26 Contestacáo de acáo de regulamentacáo de guarda movida por tia em face da máe, 126

7.27 Contestacáo de acáo de regulamentacáo de visitas movida pela máe em face do pai, que concorda como pedido, 128

7.28 Contestacáo de ac;iio de regulamentacáo de visitas movida pelo pai em face da máe com preliminar de inépcia da peticáo inicial, 130

7.29 Contestacáo de acáo de reíntegracáo de posse com preliminares e excecáo de usucapíáo, 132

7.30 Contestacáo de acáo de reíntegracáo de posse de apartamento da CDHU, com preliminares de carencia de ac;iio e inépcia da peticáo inicial, 136

7 .31 Contestacáo de ac;iio de reintegracáo de pos se com preliminares de incompetencia absoluta, carencia de acño e inépcia da petícáo inicial, 139

7.32 Contestacáo de acáo de reíntegracáo de posse de área de servídáo movida pela CTEEP em face de urna comunidade, com várias preliminares, 142

7.33 Contestacáo de acáo reivindicatória movida em face de urna comunidade de dezenas de pessoas, com várias preliminares, 150

7.34 Contestacáo de ac;iio de rescisáo de contrato de parceria agrícola cumulada com índenizacáo por perdas e danos, com preliminar de carencia de acáo, 158

Sumário xi

Page 10: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

7.35 Contestacáo de acáo de rescisáo de contrato cumulada com reintegracáo de posse envolvendo bem írnóvel, com preliminar de nulidade da notíficacáo prévia de constítuícáo em mora, 160

7.36 Contestacáo de acño de rescisáo de contrato cumulada com reintegracáo de posse envolvendo bem imóvel da CDHU, com preliminar de carencia de acáo, 165

7.37 Contestacáo de acño rescísória buscando anulacáo de sentenca proferida em mandado de seguranca impetrado para se obter medicamentos, 170

7.38 Contestacáo de acño revisional de alimentos movida pelo pai em face da filha, 177

7.39 Contestacáo de ac;ao revisional de alimentos movida pelos filhos em face do pai buscando o aumento do valor da pensáo alimentícia, 179

7.40 Contestacáo de acño revisional de alimentos movida pelo pai do filho com preliminar de carencia de acáo, 182

7.41 Excecáo de incompetencia em acáo de divórcio movida pelo marido em face da mulher, 185

7.42 Excecáo de incompetencia em acáo de exoneracáo de alimentos, 187 7.43 Excecáo de incompetencia em acáo de regulamentacáo do direito de visitas

movida pelo paí em face da guardia legal, 189 7.44 lmpugnacáo a execucáo de devedor onde foi penhorado irnóvel do

executado, 191 7.45 Impugnacáo aos embargos do devedor interpostos contra execucáo de

sucumbéncía, 194 7.46 Impugnacáo aos embargos do devedor interpostos em acáo de execucáo de

alimentos pelo rito do art. 732 do CPC, 197 7.47 Impugnacáo dajustíca gratuita em processo de cobranca, 199 7.48 Impugnacáo dajustica gratuita em processo de despejo por falta de

pagamento, 201 7.49 lmpugnacáo dajustíca gratuita em processo de retíficacáo de registro

írnobiliário, 203 7.50 Impugnacáo dajustica gratuita ern processo revisional de alimentos, 205 7.51 Impugnacáo do valor da causa em acáo de adjudícacáo compulsória, 207 7.52 Impugnacáo do valor da causa em acáo de despejo por falta de pagamento,

209 7.53 Impugnacáo do valor da causa em acáo revisional de alimentos, 211 7.54 Justificativas em acáo de execucáo de alimentos onde o executado nega a

existencia de qualquer débito, requerendo a extincáo da execucáo, 213 7.55 Justificativas em acáo de execucáo de alimentos onde o executado

reconhece o débito e informa o pagamento, requerendo a extincáo da execucáo, 215

xii Prática de Contestacáo no Processo Civil • Arauja Júnior

Page 11: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

7.56 Justificativas em acáo de execucáo de alimentos onde o executado reconhece o débito e requer seu parcelamento (sem qualquer pagamento), 217

7.57 Justificativas em acáo de execucáo de alimentos onde o executado reconhece o débito, requer a cisáo da acáo em razáo da cobranca de mais do que tres meses, assim como requer que o juiz declare justificada sua inadímpléncia, 219

7.58 Justificativas em acáo de execucáo de alimentos onde o executado reconhece estar em débito, porém discorda dos cálculos e requer seu parcelamento, 221

7.59 Modelo de declaracáo de pobreza, 224 7.60 Reconvencáo em ac;ao de consignacáo de aluguel requerendo o despejo por

falta de pagamento, 225 7.61 Reconvencáo em ac;ao revisional de alimentos onde filha requer a fixacáo de

alimentos para o caso do alimentante estar desempregado, 227 7.62 Petícáo cobrando o andamento do feito que se encontra indevidamente

parado, sem manífestacáo do Juízo, 229 7.63 Petícáo denunciando acordo feíto em acáo de execucáo de alimentos, 230 7.64 Peticáo informando que o réu concorda como pedido de exoneracáo de

alimentos, 231 7.65 Peticáo justificando pedido dejustica gratuita feito na petícáo inicial, 232 7.66 Peticáo oferecendo memoriais em acáo declaratória movida em face da

empresa Bandeirantes Energía, 234 7.67 Peticáo oferecendo memoriais em acáo de regulamentacáo de guarda e

visitas, 236 7.68 Peticáo requerendo a conversáo de divórcio litigioso em "divórcio

consensual", 238 7.69 Peticáo requerendo a desistencia de acño de execucáo de alimentos, 240 7. 70 Peticáo requerendo a desistencia de acáo de regularnentacáo de guarda e

visitas, 241 7. 71 Peticáo requerendo a execucáo de acordo de visitas feito em divórcio, visto

que a guardia nao vem permitindo as visitas do genitor, 242 7. 72 Peticáo requerendo a expedícáo de "carta de sentenca" em acáo de

alimentos, 244 7.73 Peticáo requerendo a expedícáo de "certídáo de objeto e pé" do processo em

andamento, 245 7.74 Peticáo requerendo a expedícáo de ofício ao novo empregador do

alimentante, 246 7.75 Peticáo requerendo a extíncáo de ac;ao de execucáo de alimentos em razáo

do cumprimento de acordo, 24 7 7. 76 Peticáo requerendo a extíncáo de ac;ao de execucáo de alimentos em razáo

de pagamento parcial e remissáo do saldo, 248

Sumário xili

Page 12: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Bibliografía, 257

7. 77 Petícáo requerendo o julgamento do feito no Estado, 249 7. 78 Petícáo requerendo juntada de certidáo de óbito e extincáo do feito de

interdícáo, 250 7. 79 Petícáo requerendo juntada de procuracáo e vista dos autos para o preparo

de defesa, 251 7.80 Petícáo requerendo reconsíderacáo de alimentos provisórios fixados em

acño de alimentos movida pelos filhos em face do pai, 252 7.81 Petícáo requerendo reconsíderacáo de alimentos provisórios fixados em

acáo revisional de alimentos movida pelos filhos em face do pai, 254

xiv Prátíca de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 13: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Ao opor excecóes, o réu nao está se defendendo do pedido do autor, mas inves- tindo contra aspectos formais do processo, em especial quanto a imparcialidade e competencia do juízo (art. 304, CPC).

1.2 EXCE<;ÓES

Da mesma forma como garante a todos o direito de acáo, isto é, o direito de demandar perante o Poder Judiciário (art. 52, XXXIV e XXXV, CF), a Constituicáo Federal também garante aos demandados o direito a ampla defesa (art. 52, inciso LV, CF); em outras palavras, o direito de resistir a pretensáo do autor, podendo esta resistencia tomar várias formas no processo civil, tais como: contestacáo, re- convencáo, excecóes, írnpugnacóes e embargos.

Assim como o autor nao está obrigado a litigar (princípio dispositivo), o réu, urna vez citado, nao está obrigado a se defender. Considerando, no entanto, que a citacáo o vincula ao processo, formando a relacáo jurídica processual, deve fa- zé-lo, caso nao queira sofrer as consequéncias por sua omissáo (revelía). Destarte, regularmente citado o réu pode: I - permanecer inerte, sofrendo os efeitos da re- velía (art. 319, CPC); II - reconhecer o pedido do autor, provocando o julgamento antecipado da lide (art. 269, II, CPC); III - defender-se, apresentando eventual- mente excecáo, impugnacáo, contestacáo, reconvencáo e embargos.

1.1 NO<;ÓES GERAIS

A Resposta do Réu

1

Page 14: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Segundo o art. 135 do CPC, reputa-se suspeito o juiz quando: "I - amigo ínti- mo ou inimigo capital de qualquer das partes; II- alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cónjuge ou de parentes <lestes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau; III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes; IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo,

1.2.2 Excecáo de suspeicáo

O art. 134 do CPC informa que o juiz é impedido de exercer as suas funcóes no processo: "I- de que for parte; II- em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgáo do Ministério Público, ou prestou de- poimento como testemunha; III - que conheceu em primeiro grau de jurisdicáo, tendo-lhe proferido sentenca ou decisáo; IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cónjuge ou qualquer parente seu, consanguíneo ou afim, em linha reta, ou na linha colateral até o segundo grau; V-quando con- juge, parente, consanguíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau; VI-quando for órgáo de dírecáo ou de administra- cáo de pessoajurídica, parte na causa".

O impedimento do juiz fere de nulidade a relacáo processual e pode ser ale- gado em qualquer grau de jurisdicáo, inclusive em acáo rescisória, visto que in- suscetível de preclusáo. De regra, a parte deve oferecer a excecáo no prazo de 15 (quinze) dias, contados da ciencia do fato (art. 305, CPC), sob pena de responder integralmente pelas custas (art. 113, § 12, CPC). Ao despachar a peticáo, o juiz, reconhecendo o impedimento, ordenará a remessa dos autos ao seu substituto le- gal ou, caso contrário, dará, dentro de 10 (dez) dias, suas razóes, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa dos au- tos ao tribunal, que, por sua vez, verificando que a excecáo nao tem fundamento legal, determinará o seu arquivamento. Todavía, se, ao contrário, verificar que as razóes procedem, determinará a remessa dos autos ao substituto do juiz impedi- do, condenando-o nas custas (arts. 313 e 314, CPC).

1.2.1 Excecáo de impedimento

Quando arguidas pelo réu, as excecóes de impedimento, suspeicáo e incom- petencia devem ser aduzidas por peticáo escrita, devidamente fundamentada, inclusive com ajuntada de documentos e, quando necessário e oportuno, rol de testemunhas.

Recebida a excecáo, o Juiz determinará que seja autuada em apenso aos au- tos principais (art. 299, CPC), suspendendo o andamento do processo (art. 306, CPC), que retomará seu curso normal com a intimacáo da decisáo que acolher ou rejeitar a excecáo interposta.

2 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 15: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

O CPC reparte a competencia interna em raza o do valor, da rnatéria, da hierar- quía (funcional) e do território e, conforme a natureza dos interesses envolvidos (público ou privado), a classifica ern absoluta ou relativa.

A competencia absoluta é aquela que nao pode ser alterada pela vontade das partes ern razáo do interesse público envolvido (rnatéria e funcional), senda que sua inobservancia causa a nulidade do processo. Destarte, no caso de ocorréncia de eventual incompetencia absoluta, esta pode ser reconhecida pelo próprio juí- zo, ex officio, ou, na falta de atuacáo do próprio juízo, ser levantada pela parte na contestacáo, em preliminar (art. 301, II, CPC).

Já a competencia relativa, fixada ern razáo do território e do valor, nao pode ser reconhecida de oficio (Súrnula 33 do STJ), devendo ser arguida pela parte in- teressada por meio, segundo o art. 112 do CPC, de "excecáo de incompetencia" (exceptio declinatoriafori), sob pena de preclusáo, prorrogando-se a competencia do juízo (art. 114, CPC). O excipiente deve opor a excecáo no prazo da resposta, por petícáo escrita dirigida ao juiz da causa, devidarnente fundamentada e ins- truída, indicando expressarnente o juízo para o qual declina a competencia (art. 307, CPC), sob pena de preclusáo.

Recebida a petícáo de excecáo, o juiz mandará autuá-la ern apenso ao proces- so principal (art. 299, CPC), que ficará suspenso até que a excecáo seja defini- tivamente julgada (art. 306, CPC). Nao senda caso de indeferimento irnediato, quando rnanifestamente improcedente (art. 310, CPC), ojuiz determinará a ínti- macáo do excepto para que se rnanifeste no prazo de 10 (dez) días, designando,

1.2.3 Exceeáo de incompetencia

aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender as despesas do litígio; V - interessado no julgamento da causa em favor de urna das partes".

Ao contrário da excecáo de impedimento, que provoca a nulidade do processo, a suspeicáo é vício sanável; isto é, se a parte nao arguí-lo no prazo de 15 (quinze) días, contados da ciencia do fato, haverá a preclusáo, considerando-se que houve aceitacáo do juiz suspeito.

Interposta a excecáo, a peticáo <leve ser autuada e levada a conclusáo, quan- do, ao despachá-la, o juiz, reconhecendo a suspeicáo, ordenará a rernessa dos autos ao seu substituto legal ou, caso contrário, dará, dentro de 10 (dez) días, suas razñes, acornpanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa dos autos ao tribunal, que, por sua vez, verificando que a excecáo nao tern fundamento legal, determinará o seu arquivamento. Todavía, se verificar que as razóes procedem, determinará a rernessa dos autos ao substituto do juiz suspeito, condenando-o nas custas (arts. 313 e 314, CPC).

A Resposta do Réu 3

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O acesso ájustica nao é, de regra, gratuito, cabendo ao autor, ao ajuizar o fei- to, fazer o recolhimento das custas e despesas processuais (art. 19, CPC). Entre- tanto, caso nao possa arcar como pagamento, o autor, na peticáo inicial, poderá requerer os beneficios dajustica gratuita, que envolve a isencáo do pagamento de

1.4 IMPUGNA<;ÁO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTI<;A GRATUITA

O art. 258 do CPC informa que a toda causa deve ser atribuído um valor, ain- da que esta nao tenha conteúdo económico imediato. De forma geral, o valor da causa deve expressar o valor do pedido, porém existem algumas regras, no pró- prio Código, art. 259, e em leis extravagantes (v.g., Leí nº 8.245/91, LI), a que o autor deve obedecer.

Na prática, no entanto, é muito comum deparar-se com abusos, consistentes na atribuicáo de valores muito baixos ou muito altos, em claro desacordo com as normas legais e as orientacóes da doutrina e da jurisprudencia. Destarte, nao concordando o réu com o valor que o autor atribuiu a causa, deverá, no prazo da contestacáo, apresentar ímpugnacáo, por meio de peticáo escrita autónoma, di- rigida ao juiz da causa.

Diferentemente do que ocorre quando da interposicáo das excecóes, a impug- nacáo do valor da causa nao suspende o processo principal, nem o prazo para apresentacáo da contestacáo, Deve-se observar, ademais, que a lei nao exige ex- pressamente que a impugnacáo e a contestacáo sejam ofertadas simultaneamente, como ocorre coma reconvencáo (art. 299, CPC).

Recebida, a ímpugnacáo será autuada em apenso ao processo principal, ou- vindo-se o impugnado no prazo de 5 (cinco) días. Em seguida, sem suspender o processo, o juiz, com ajuda de perito, se necessário, decidirá em 10 (dez) dias sobre qual deve ser o valor da causa (art. 261, CPC). Dessa decisáo caberá, even- tualmente, recurso de agravo (art. 522, CPC). Nao se deve olvidar, outrossim, que, no procedimento sumário, o réu deverá oferecer a impugnacáo do valor da causa na própria audiencia de conciliacáo, antes de oferecer a contestacáo. Neste caso, o incidente deverá ser decidido de pronto pelo juízo (art. 277, § 4P-, CPC), sendo que da sua decísáo caberá agravo, podendo, neste caso, optar a parte por agravo retido de forma oral, no próprio termo da audiencia (art. 523, § 3º, CPC).

1.3 IMPUGNA<;ÁO DO VALOR DA CAUSA

em seguida, caso haja necessidade de producáo de prova testemunhal, audiencia de instrucáo, decidindo dentro de outros 10 (dez) días (art. 309, CPC). Desta decisáo, procedente ou improcedente, caberá recurso de agravo (art. 522, CPC).

4 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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A princípio, a sentenca proferida num processo só deve atingir, favorecer ou prejudicar as partes (autor e réu). Todavia, há situacóes em que a decisáo tomada num processo tem reflexo em outra relacáo jurídica de direito material, estendendo indiretamente os efeitos da sentenca a terceira pessoa estranha a relacáo jurídica processual originária. Assim, este "terceiro jurídicamente interessado" pode, com escopo de defender interesse próprio, intervir voluntariamente no processo, ou mediante provocadio de urna das partes. A íntervencáo por provocacáo de urna das partes, na chamada "íntervencáo provocada", envolve 3 (tres) institutos diversos, quais sejam: nomeadio a autoria, denunciadio da lide e chamamento ao processo. Já a intervencáo por iniciativa própria do terceiro, na chamada "íntervencáo vo- luntária", envolve 2 (dois) institutos, quais sejam: assisténcia e oposidio,

Registre-se, outrossim, que o art. 280 do CPC, coma redacáo que lhe deu a Lei nº 10.444, de 7 de maio de 2002, declara que no procedimento sumário nao sao

1.5.1 Defíníeáo e modalidades

1.5 INTERVEN(;AO DE TERCEIROS

custas e despesas, bastando, para tanto, que se declare pobre no sentido jurídico do termo (art. 42, Lei n2 1.060/50, LAJ).

Esta forma extremamente simples de obter os beneficios da justica gratuita, criada com escopo de garantir a todos o acesso ao Poder Judiciário, dá margem a um grande número de abusos; ou seja, um beneficio que deveria ser usado ape- nas por aqueles que realmente se encontram impossibilitados de pagar as custas processuais acaba sendo usado de forma generalizada por pessoas que absoluta- mente nao sao pobres, que requerem o beneficio, que de regra é concedido, ape- nas porque é fácil obté-lo.

Tal prática deveria ser combatida pelo próprio Poder Judiciário (art. 8º, Lei nº 1.060/50, LAJ), porém isso nao acontece, seja porque é mais simples conceder o beneficio, seja porque o juiz, de regra, está sobrecarregado de trabalho e nao tem tempo para cuidar do assunto. Na prática, tal tarefa acaba reservada as próprias partes, autor ou réu, que tema faculdade de requerer a revogacáo dos beneficios da justica gratuita concedida a parte contrária.

A irnpugnacáo, ou pedido de revogacáo, deve ser feita por meio de peticáo escrita, devidamente fundamentada e acompanhada das provas destinadas a de- monstrar que o impugnado nao possui os requisitos necessários para manter os beneficios dajustica gratuita (art. 7°, LAJ). Recebida, a ímpugnacáo será autuada em apenso ao processo principal (art. 42, § 22, LAJ), ouvindo-se, sem se suspen- der o feito, o impugnado. Em seguida, o juiz decidirá em 10 (dez) dias, sendo que dessa decisáo caberá, eventualmente, recurso de apelacáo (art. 17, LAJ).

A Resposta do Réu 5

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A denuncíacáo da lide é o ato pelo qual a parte, a fim de garantir seu direito de regresso, no caso de que acabe vencida na acáo, chama a lide terceiro garantidor, a fim de que este integre o processo. Desta forma, se por acaso o juiz viera conde- nar oujulgar improcedente o pedido do denunciante, deverá, na mesma sentenca, declarar se o denunciado, por sua vez, deve ou nao indenizá-lo. Na verdade, com a denunciacáo se estabelecem duas lides nurn só processo (v.g., Ax Be B x C).

Segundo o art. 70 do CPC, a denuncíacáo da lide é obrigatória: 1- ao alienante, a fim de que possa exercer o direito que da evíccáo lhe resulta (art. 456, CC/2002); 11 - ao proprietário ou ao possuidor indireto, ern casos corno o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário; 111 - ao abrigado, pela lei ou contrato, a in- denizar, em acáo regressiva, o prejuízo do denunciante.

Quando a denunciacáo for feíta pelo autor, deverá fazé-la na petícáo inicial (v.g., acáo reivindicatória com denúncia para o alienante). Ao deferir o pedido, o juiz suspenderá o processo, determinando ao denunciante que proceda corn a cítacáo do denunciado no prazo de 10 (dez) dias, quando este residir na mesma

1.5.3 Denunciacáo da lide

A nomeacáo a autoria é ato obrigatório atribuído ao réu, que visa corrigir o polo passivo da acáo. Com efeito, citado em acáo em que é demandado por urna coisa, móvel ou imóvel, da qual seja mero "detentar", o réu deverá, no prazo para responder, indicar, nomear quem seja o proprietário ou possuidor indireto. Nes- te sentido, a norma do art. 62 do CPC declara que "aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio, deverá nomear a autoría o proprietário ou o possuidor", sob pena de responder por perdas e danos (art. 69, CPC).

Recebida a nomeacáo, o juiz suspenderá o processo e mandará ouvir o autor no prazo de 5 (cinco) dias (art. 64, CPC).

Intimado da nomeacáo, o autor poderá aceitá-la ou recusá-la; afinal, ninguém pode ser abrigado a litigar em face de quem nao queira. No caso de recusá-la, o processo retomará o seu curso normal, concedendo-se novo prazo integral para apresentacáo da contestacáo, caso estajá nao tenha sido ofertada (art. 67, CPC). Aceitando a nomeacáo, o autor deverá providenciar a citacáo do nomeado, que, por sua vez, poderá ou nao, ao ser citado, reconhecer a qualidade que lhe é atri- buída. Negando-a, o processo continuará contra o nomeante (arts. 65 e 66, CPC).

1.5.2 Nomeaeáo a autoria

admissíveis a intervencáo de terceiros, salvo assisténcia, e a intervencáo fundada em contrato de seguro.

6 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Forma típica de íntervencáo de terceiro, a assisténcía é o meio pelo qual ter- ceiro juridicamente interessado pode voluntariamente intervir em processo do qual nao é parte, a fim de defender interesses próprios que podem ser atingidos pela sentenca a ser proferida entre as partes (autor e réu).

1.5.5.1 Conceito e espécies

1.5.5 Assísténcía

, E possível ocorrerem "chamados sucessivos", ou seja, o chamado poderá, por

sua vez, chamar terceiro, e assim sucessivamente.

Chamamento ao processo é o ato pelo qual o réu chama outros coobrigados para integrar a lide. Assim como acontece na denunciacáo da lide, o chamado fica vinculado ao feito, subordinando-o aos efeitos da sentenca. Segundo o art. 77 do CPC, o chamamento ao processo é admissível em face: "I - do devedor, na acáo em que o fiador for réu; II - dos outros fiadores, quando para a acáo for citado apenas um deles; 111 - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a <lívida comum".

Ao deferir o pedido, o juiz suspenderá o processo, determinando ao réu que proceda coma citacáo do chamado no prazo de 10 (dez) dias, quando este residir na mesma comarca, e 30 (trinta) dias, quando residir em outra comarca (art. 79, CPC). Citado, o chamado pode negar a qualidade que lhe é imputada ou perma- necer revel. Em qualquer caso, ficará, como já se disse, vinculado ao processo, de modo que a sentenca que julgar procedente a acáo valerá como título executivo em favor do devedor que satisfizer a <lívida (art. 80, CPC).

1.5.4 Chamamento ao processo

, E possível ocorrerem "denuncíacóes sucessivas", ou seja, o denunciado pode-

rá, por sua vez, denunciar terceiro e assirn sucessivamente. Neste sentido, o art. 73 do CPC declara que, "para os fins do disposto no art. 70, o denunciado, por sua vez, intimará do litígio o alienante, o proprietário, o possuidor indireto ou o responsável pela indenizacáo e, assim, sucessivamente".

comarca, e 30 (trinta) dias, quando residir em outra comarca (art. 72, CPC). Ci- tado, o litisdenunciado pode aceitar a denunciacáo, recusá-la, ou permanecer revel. Em qualquer caso, ficará vinculado ao processo, de modo que a sentenca que julgar procedente a acáo declarará, conforme o caso, a sua responsabilidade em face do denunciante, valendo como título executivo judicial (art. 76, CPC).

A Resposta do Réu 7

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A assisténcia tem cabimento em qualquer tipo de procedimento e ern qualquer grau de jurisdícáo, sendo que o assistente recebe o processo no estado ern que se encontra (art. 50, parágrafo único, CPC).

O interessado ern intervir corno assistente num feito pendente deverá fazer pedido escrito neste sentido, oferecendo as razóes e as provas que justificara seu , interesse no feito, bern a quem deseja assistir. E lícito a qualquer das partes im- pugnar o pedido no prazo de 5 (cinco) dias. Havendo ímpugnacáo, o juiz deter- minará, sem suspensáo do processo, o desentranhamento da peticáo e da impug- nacáo, a fim de serem autuadas em apenso, autorizando a producáo de provas e decidindo, dentro de 5 (cinco) dias, o incidente (art. 51, CPC).

1.5.5.2 Procedimento

A assisténcía pode ser simples ou litisconsorcial. Ocorre a assisténcia simples quando, pendendo urn processo entre duas ou

rnais pessoas, terceiro, que tenha interesse jurídico ern que a sentenca seja favo- rável a urna das partes, intervém no processo para assisti-la (art. 50, caput, CPC). Na qualidade de auxiliar, o assistente exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ónus processuais que o assistido (art. 52, CPC), embora nao possa praticar atos contrários a vontade do assistido, que pode reconhecer a proceden- cia do pedido, desistir da acáo ou transigir coma parte contrária (art. 53, CPC).

O "interesse jurídico do assistente" se fundamenta na perspectiva de sofrer efeitos reflexos da decísáo desfavorável ao assistido, por exemplo: sublocatário, em acáo de despejo movida em face do sublocador; sublocatário, ern acáo reno- vatória de locacáo movida em face do sublocador; funcionário público, em acáo de índenízacáo proposta em face da Admínistracáo Pública por dano causado por ele; de seguradora, ern acáo de indenízacáo promovida contra o segurado etc.

Já a assisténcia litisconsorcial ocorre sempre que a sentenca houver de influir na relacáo jurídica entre o assistente e o adversário do assistido. Em outras palavras, ernbora o assistente nao seja parte daquele processo, a sentenca ali proferida irá afetar diretamente a relacáo jurídica de direito material entre ele e o adversário , do assistido. E urna espécie de "litisconsórcio facultativo ulterior unitário" (v.g., acáo reivindicatória movida por consorte, art. 1.314, CC; adquirente de direito material litigioso quando nao lhe for possível a sucessáo processual, art, 42, § 1 º, CPC; lide envolvendo obrigacóes solidárias, arts. 267 e 274, CC), razáo pela qual neste tipo de intervencáo o assistente atua como parte distinta, tendo o direito de promover individualmente o andamento do feito, devendo, para tanto, ser in- timado dos respectivos atos (arts. 48 e 49, CPC).

8 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Tradicionalmente, a reconvencáo, que tem naturezajurídica de acáo, é concei- tuada pela doutrina como um "contra-ataque" do réu, que deixa a posícáo passiva, daquele que sofre o processo, para também demandar em face do autor reconvindo.

Ela nao representa um ónus, como a contestacáo, mas tao somente urna fa- culdade, sendo que a sua nao interposicáo nao traz nenhum prejuízo aos direitos do réu, visto que ele pode optar pelo eventual ajuizamento de acáo autónoma, em época que entenda mais oportuna. Segundo o art. 315, caput, do CPC, o réu poderá reconvir no mesmo processo toda vez que a reconvencáo for conexa com a acáo principal ou como fundamento da defesa. Lembramos que duas acóes sao conexas quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir, causa petendi (art. 103, CPC).

A doutrina tradicional assevera, com razáo, serem quatro os pressupostos espe- cíficos de admissibilidade da reconvencáo, quais sejam: I - competencia do juízo para conhecer da matéria tratada na reconvencáo; II - compatibilidade de ritos entre a acáo principal e a reconvencáo; III - haver processo pendente, embora se deva ressaltar que, após a interposicáo da reconvencáo, a desistencia da acáo principal ou a ocorréncia de qualquer fato que a extinga nao obsta ao prossegui- mento da reconvencáo (art. 317, CPC); IV - haver conexáo entre a reconvencáo e a acáo principal.

A reconvencáo deve ser ofertada simultaneamente coma contestacáo, em pe- ticáo autónoma que atenda aos requisitos dos arts. 282 e 283 do CPC, podendo ser

1.6 RECONVEN<;AO

Oposicáo é forma de intervencáo de terceiro que consiste no ajuizamento de acáo em face das partes do processo (autor e réu).

Tem legitimidade para este tipo de intervencáo, segundo o art. 56 do CPC, o terceiro, denominado "opoente", que pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre o que controvertem as partes no processo principal, denominadas "opostos" (v.g., acáo reivindicatória movida por A contra B, sendo que C se apre- senta como opoente, afirmando que o imóvel nao é nem de A nem de B, mas seu).

A oposicáo pode ser intentada até que seja proferida a sentenca no feito prin- cipal. Distribuída por dependencia, a peticáo de oposicáo deve observar os mes- mos requisitos da peticáo inicial (arts. 282 e 283, CPC), sendo que os opostos se- ráo citados na pessoa dos seus advogados (art. 57, CPC). Autuada em apenso aos autos principais, a oposicáo correrá simultaneamente com acáo principal, sendo ambas julgadas pela mesma sentenca (art. 59, CPC), embora deva o juiz primeiro conhecer da oposicáo ( art. 61, CPC).

1.5.6 Oposíeáo

A Resposta do Réu 9

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A lei garante ao réu o direito de se defender, porém nao impñe a ele que o faca. Na verdade, a defesa expressa o comportamento que se espera do réu, razáo pela qual constituí apenas um ónus para ele, no sentido de que deve fazé-la caso nao queira sofrer as consequéncias processuais previstas em lei. Revelia, <liante desse quadro, é a nao apresentacáo de contestacáo pelo réu, que deixa transcorrer in albis o prazo legal.

Considera-se revel, ainda, o réu que apresentar a contestacáo fora do prazo, intempestivamente, ou aquele que deixar de impugnar específicamente os fatos narrados pelo autor (art. 302, CPC). Os principais efeitos da revelía sao: 1-a pre- suncáo relativa de veracidade dos fatos afirmados pelo autor na petícáo inicial, criando-se a chamada verdade formal; II - o transcurso dos prazos processuais independentemente de intímacáo (arts. 319 e 322, CPC).

Quanto aos "efeitos da revelia", ressalva o art. 320 do CPC que ela nao induz a presuncáo de veracidade dos fatos afirmados na peticáo inicial, quando: 1-ha- vendo pluralidad e de réus (litisconsorte passivo), algurn deles contestar a acáo; II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis (v.g., estado da pessoa, filiacáo, direitos da personalidade etc.); Ill - se a peticáo inicial nao estiver acompanha- da do instrumento público, que a lei considere indispensável a prova do ato (v. g., escritura pública). Tarnbém nao se aplicam os efeitos da revelia ao réu citado por hora certa ou edital, a quem, necessariamente, deverá ser nomeado curador especial, que terá obrigacáo legal de contestar (art. 9º, II, CPC).

Cabe, outrossim, observar que a ocorréncia da revelia nao autoriza o autor a alterar o pedido, ou a causa de pedir, salvo se promover nova citacáo do réu

1.7 REVELIA

liminarmente indeferida, assim como a peticáo inicial, nas hipóteses apontadas no art. 295 do CPC. O protocolo de qualquer das pecas, contestacáo ou reconvencáo, causará a preclusáo consumativa em relacáo a outra, ou seja, caso queira contestar e reconvir, o réu, repita-se, deverá fazé-lo simultaneamente no prazo para a res- posta (art. 297, CPC). Recebida a reconvencáo, o juiz da causa determinará que se facam as devidas anotacoes (art. 253, CPC), intimando-se o autor reconvindo, na pessoa do seu advogado, para contestá-la no prazo de 15 (quinze) días (art. 316, CPC). Ambas as acóes (principal e reconvencáo) passaráo a correr simulta- neamente, sendo julgadas pela mesma sentenca (art. 318, CPC).

Atente-se, por fim, que nao cabe reconvencáo no rito sumário e nas acóes pos- sessórias, visto sua natureza dúplice que permite ao réu demandar em face do autor na própria contestacáo, embora de maneira mais restrita. Também na acáo de conversáo de separacáo em divórcio é expressamente vedada a reconvencáo (art. 36, Lei nº 6.515/77, LDi).

1 O Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Como já se disse, citado, o réu pode responder, permanecer revele, finalmen- te, reconhecer o pedido do autor, causando o julgamento antecipado do processo, em decisáo de mérito (art. 269, II, CPC). Advertem os tratadistas que nao se deve confundir reconhecimento do pedido com confíssáo, visto que, enquanto esta é meio de prova e pode ser parcial, isto é, quanto a algum aspecto em especial dos fatos informados pelo autor, o reconhecimento do pedido envolve completa ade- sao do réu ao pedido do autor, tanto que sua ocorréncía provoca o julgamento antecipado do feíto (art. 329, CPC).

1.8 RECONHECIMENTO DO PEDIDO

(art. 321, CPC) e desde que o feito ainda nao tenha sido saneado, quando ocorre a estabílízacáo da demanda. Por fim, observe-se que, tratando a acáo de direitos disponíveis, a revelia pode abreviar o procedimento, possibilitando o julgamento antecipado da lide (art. 330, II, CPC).

A Resposta do Réu 11

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De regra, a contestacáo deve ser ofertada em peticáo escrita, subscrita por advogado e enderecada ao juiz da causa (art. 297, CPC). Entretanto, no proce-

2.2 FORMA

A contestacáo é para o réu o que a peticáo inicial é para o autor; ou seja, é o ato processual, escrito ou oral, por meio do qual o réu demanda a tutela jurisdi- cional do Estado-juiz a fim de defender-se da pretensáo do autor.

É na contestacáo, salvo as excecóes e incidentes, que o réu deve concentrar sua defesa a pretensáo do autor (art. 300, CPC), ocorrendo a preclusáo das ale- gacóes nao oferecidas.

Podem-se dividir as matérias a serem tratadas na contestacáo em dois grupos. No primeiro se concentra a defesa contra o processo, na chamada defesa processual ou de rito, que engloba as preliminares (art. 301, CPC). Afinal, como se sabe, é

por meio do processo que o Estado-juíz diz o direito; logo, atacando-se o proces- so, pode-se impedir, ou ao menos retardar, que o juiz conheca o pedido do autor e, eventualmente, decida contra o réu. Já no segundo grupo se concentra a cha- mada defesa contra o mérito, em que o réu deve impugnar os fatos apresentados pelo autor para justificar seu pedido (causa petendi), podendo, eventualmente, apresentar pedido-contraposto (rito sumário), ou requerer protecáo judiciária (acóes de natureza dúplice).

2.1 CONCEITO E CLASSIFICA<;AO

Contestacáo

2

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Como já se disse, a chamada defesa contra o processo tem como objetivo atacar aspectos formais do processo, impedindo que o juiz venha a apreciar o pedido do autor. Sao as chamadas questóes "preliminares", que devem ser apresentadas na própria peca contestatória e, se eventualmente acolhidas, podem levar a extincáo do processo semjulgamento do mérito (art. 267, I, CPC). Entretanto, nao se deve

2.4 DEFESA CONTRA O PROCESSO

O prazo para oferecimento da contestacáo varia de acorde com o rito do pro- cesso.

No procedimento comum ordinário, a contestacáo deve ser oferecida no pra- zo de 15 (quinze) días (art. 297, CPC). No procedimento cautelar, o prazo para contestaré de 5 (cinco) dias (art. 802, CPC). Já no procedimento comum sumá- rio, a contestacáo deve ser ofertada na própria audiencia de conciliacáo (art. 278, CPC), observando-se que esta nao pode acontecer em prazo inferior a 10 (dez) dias da cítacáo do réu, ou 20 (vinte) días quando forré a Fazenda Pública (art. 277, caput, CPC).

Estes prazos deveráo ser contados em dobro quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores (art. 191, CPC), ou a parte estiver assistida por Defensor Público (art. 52, § 52, Lei nº 1.060/50, LAJ, e art. 128, I, LC 80/94), e em quádru- plo quando for parte a Fazenda Pública ou o Ministério Público (art. 188, CPC).

Em qualquer dos casos, o prazo deve ser contado da data de juntada aos au- tos do mandado de cítacáo regularmente cumprido; na hipótese de haver vários réus, da data de juntada aos autos do último mandado cumprido. Sendo a citacáo realizada pelo correio, conta-se o prazo da data de juntada aos autos do aviso de recebimento (art. 241, CPC).

2.3 PRAZO

dimento sumário, assim como no procedimento especial da acáo de alimentos, o réu pode optar por oferecé-la de forma oral, por termo, na própria audiencia de conciliacáo (art. 278, CPC), ou, no caso da acáo de alimentos, na audiencia de concílíacáo, instrucáo e julgamento (art. 90., Lei nl2 5 .4 78/68, LA).

Nos casos em que a legislacáo permite a apresentacáo da contestacáo na própria audiencia e oral ou por escrito)' é preciso estar atento as novas regras do processo eletrónico, sendo comum que o juízo determine o protocolo da contestacáo, via eletrónica, pelo menos duas horas antes da audiencia. Com escopo de evitar pro- blemas, o advogado deve estar atento as regras emitidas pelo Tribunal de Justica competente e a eventual advertencia expressa no próprio mandado.

Contestacáo 13

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A incompetencia é absoluta quando fixada em razáo da matéria, ou da hie- rarquia (funcional).

2.4.2 Incompetencia absoluta

O art. 24 7 do CPC declara que a citacáo é nula quando feita sem observancias das prescricóes legais. Por exemplo, sao nulas as citacóes efetuadas: I- a pessoa sem poderes para representar a empresa (art. 215, CPC); 11- a quem estiver assistindo a qualquer ato de culto religioso; III - ao cónjuge ou a qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta, ou na linha colateral em segundo grau, no diado falecimento e nos sete dias seguintes; IV - aos noivos, nos tres primeiros días de bodas; V - aos doentes, enquanto grave o seu estado (art. 217, CPC); VI - a pessoa que é demente ou está impossibilitada de recebe-las (art. 218, CPC).

No caso de o réu perceber que a citacáo efetuada é nula, nos termos do art. 24 7 do CPC, pode peticionar ao juiz da causa, requerendo o reconhecimento da nulidade da cítacáo. Neste caso, o prazo para contestar comecará a correr da in- tirnacáo da decísáo, Ressalte-se, no entanto, a natureza arriscada desta postura, visto que, se o juiz da causa considerar regular a citacáo anteriormente efetuada, o réu poderá ter perdido o prazo para oferecer a contestacáo. O mais prudente é informar sobre a nulidade ou inexistencia da cítacáo em preliminar, apresentan- do, em seguida, as outras defesas, inclusive, de mérito.

2.4.1 Inexistencia ou nulidade da cítacáo

olvidar que o processo nao é um fim em si mesmo, razáo pela qual, sempre que o réu levantar alguma questáo preliminar, cabe ao juiz, antes de decidir sobre ela, abrir oportunidade para que o autor se manifeste sobre ela, ou, se foro caso, abrir oportunidade para que se emende ou complete a peticáo inicial (art. 284, CPC).

Por sua natureza, este tipo de defesa demanda que a parte dispense especial atencáo a todos os detalhes formais que envolvem o processo, entre outros: os requisitos da petícáo inicial, os pressupostos processuais, os documentos obriga- tórios, os comprovantes de recolhimento de custas e despesas etc. Contudo, o que demanda maior atencáo da parte sao as quest6es enumeradas no art. 301 do CPC, as chamadas preliminares. Com efeito, declara a norma processual que compete ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I- inexistencia ou nulidade da citacáo; 11 - incompetencia absoluta; III - inépcia da peticáo inicial; IV - perempcáo; V - litispendencia; VI - coisa julgada; VII - conexáo; VIII - incapacidade da parte, defeito de representacáo ou falta de autorizacáo; IX- convencáo de arbitragem; X - carencia de acáo; XI - falta de caucáo ou de outra prestacáo, que a lei exige como preliminar.

14 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Segundo o art. 295 do CPC, parágrafo único, a peticáo inicial será considerada inepta quando: "I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; 11- da narracáo dos fatos nao decorrer logicamente a conclusáo; 111 - o pedido for jurídicamente impossí- vel; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si".

A primeira hipótese de inépcia da petícáo inicial diz respeito a falta do pedido ou da causa de pedir. O pedido, como é cedico, deve ser certo e determinado (art. 286, CPC), representando a pretensáo do autor em face do réu. A causa petendi, por sua vez, nada mais é do que a narracáo dos fatos que fundamentam o pedido do autor, as razóes pelas quais o autor fez o pedido. Desta forma, a falta de um ou de outro torna inócuo o processo, impossibilitando a atuacáo do Poder Judi- ciário, raza o pela qual a peticáo inicial deve ser in deferida (art. 295, caput, CPC).

Em seguida, a norma informa que é inepta a peticáo inicial quando da nar- racáo dos fatos nao decorrer logicamente a conclusáo, ou pedido. Com efeito, o pedido deve ser sempre concludente, isto é, consequéncía natural da narracáo dos fatos, sob pena de a exordial ser considerada inepta. Por exemplo, na acáo de obrigacáo de fazer, o autor informa que o contrato firmado entre as partes é nulo, visto que viciado por erro; no entanto, concluí pedindo o cumprimento da obrigacáo assumida pelo réu (pedido, como se ve, nao concludente, o que torna inepta a peticáo inicial).

Inepta, também, a peticáo inicial quando o pedido for jurídicamente impos- sível, ou seja, a pretensáo do autor nao encontrar respaldo no ordenamento ju- rídico. Em outros termos, o pedido serájuridicamente impossível quando o juiz, ao receber a exordial, constatar de plano a sua inviabilidade (v.g., autor requer a prisáo civil do devedor por <lívida nao alimentícia; autor requer a penhora de bens públicos; cobranca de <lívida de jogo etc.).

Por fim, inepta a petícáo inicial que contiver pedidos incompatíveis entre si. Nao obstante a lei processual permita que o autor cumule, num único processo, contra o mesmo réu vários pedidos, ainda que entre eles nao haja conexáo, estes pedidos devem ser compatíveis entre si. Sao exemplos, segundo a jurisprudencia, de pedidos incompatíveis entre si: 1 - pedido de reconhecimento de uniáo estável com pedido de indenízacáo por servicos domésticos; II - pedido de conversáo de separacáo em divórcio com pedido de anulacáo de pacto antenupcial.

2.4.3 Inépcia da petieáo inicial

Ao contrário da incompetencia relativa (território e do valor), que deve ser aduzida por meio de excecáo, exceptio declinatoriafori, a incompetencia absoluta deve ser deduzida em preliminar na contestacáo, dado que, mesmo tratando-se de matéria de ordem pública, sobre a qual nao opera a preclusáo, a parte que nao a deduzir no prazo da contestacáo, ou na primeira oportunidade em que lhe cou- ber falar nos autos, responderá integralmente pelas custas (art. 113, § 1 Q' CPC).

Contestacáo 15

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Nesta hipótese, a leí processual está se referindo a coisajulgada material, que pode ser conceituada como a eficácia que torna imutável e indiscutível a senten- ca de mérito, ou sentenca definitiva, nao mais sujeita a recurso ordinário ou ex- traordinário (art. 468, CPC).

A vedacáo a coisa julgada, assim como a litispendencia, decorre do princípio da unicidade da reladio processual, que, com escopo de evitar sentencas contra- ditórias, proíbe a repetícáo de lides fundadas nos mesmos fatos e entre as mes- mas partes. Dessa forma, percebendo o réu que o autor está reproduzindo acáo idéntica a outra anteriormente ajuizada, acáo esta que já transitou em julgado, formando a coisa julgada material, deve em preliminar apontar tal fato ao juiz, que, verificando a veracidade da alegacáo, extinguirá o feíto semjulgamento do mérito (art. 267, V, CPC).

2.4.6 Coisajulgada

Há litispendencia quando se reproduz acáo anteriormente ajuizada que ainda está em curso (art. 301, §§ 1º e 3º, CPC). Para que fique caracterizada é neces- sário que as acóes sejam idénticas, mesmo que ajuizadas em comarcas distintas. Segundo o § 2º do art. 301, duas acóes sao idénticas quando temas mesmas par- tes, a mesma causa de pedir (causa petendi) e o mesmo pedido.

Somente a cítacáo válida, que vincula as partes ao processo, induz litispenden- cia (art. 219, caput, CPC). Destarte, apurando o réu que foi citado em acáo que é reproducáo de outra que ainda está em curso, mesmo que aguardando julgamento de recurso, deverá em preliminar apontar tal fato, requerendo a extincáo do feíto semjulgamento do mérito (art. 267, V, CPC).

2.4.5 Litispendencia

Perempcáo é a perda do direito de acáo, ou seja, da faculdade que a pessoa tem de fazer valer seu direito por meio da tutelajurisdicional, em razáo de o autor ter dado causa, por tres vezes, a extincáo do processo em razáo da sua inércia, que, segundo o art. 268, parágrafo único, do CPC, é o abandono da causa por mais de 30 (trinta) días.

Como se ve, o instituto da perempcáo envolve urna sancáo imposta pela lei ao autor em razáo da sua desídia.

2.4.4 Perempcáo

16 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 29: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

, E cedíco que somente o Estado tem o monopólio da justica; contudo, este fa-

cultou, por meio da Lei nº 9.307 /96, Leida Arbitragem, que as partes que estejam

2.4. 9 Conveneáo de arbitragem

Toda pessoa, natural ou jurídica, assim como o nascituro, é capaz de ser par- te numa relacáo jurídica processual; contudo, para "estar em juízo" é necessário ter capacidad e processual (legitimatio ad processum); ou seja, a pessoa deve estar no exercício de seus direitos (art, 7º, CPC), ou estar devidamente representada, no caso de incapacidade absoluta, ou assistida, no caso de incapacidade relativa (art. 8º, CPC).

Também as pessoas jurídicas devem juntar o respectivo contrato ou estatuto social, com escopo de legitimar seu representante (art. 12, VI, CPC).

Destarte, verificando o réu que o autor nao apresenta capacidade processual, deve apontar tal fato em preliminar na sua contestacáo, a fim de que o juiz abra prazo para que o processualmente incapaz regularize sua representacáo, sob pena de extincáo do feito semjulgamento do mérito (art. 267, IV, CPC).

Considerando que as partes sao representadas em juízo por advogado, que é quem tem capacidade postulatória, deve-se, ainda, apontar eventual defeito ou mesmo a falta do mandato judicial. Por exemplo: falta de poderes especiais para propor aquela acáo em especial; falta de juntada do instrumento original etc.

2.4.8 Incapacidade da parte

Segundo o CPC, art. 103, reputam-se conexas duas ou mais acóes quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir. Em outros termos, quando lhes for comum o pedido (objeto), ou os fundamentos de fato, causa petendi, isto é, a razáo pela qual o autor fez o pedido. Por exemplo, existe conexáo entre a acáo revisional de alimentos intentada pelo alimentante em face do alimentando que busca a dimí- nuicáo da pensáo, e a acáo revisional de alimentos intentada pelo alimentando em face do alimentante que busca o aumento da mesma pensáo. Neste exemplo, nao se reunindo os feitos, as decísóes poderiam ser contraditórias, ou seja, urna sentenca determinando o aumento do valor da pensáo e outra, ao contrário, con- cedendo urna revisáo para menos. Destarte, com escopo de evitar decísóes con- flitantes, as acóes devem ser reunidas, modificando-se a competencia relativa.

O juiz que conhecer da preliminar deverá enviar os autos ao juiz prevento, ou, se ele foro prevento, requisitar os autos do outro juízo (art. 105, CPC). Embora o Código seja omisso, o réu deverá alegar, pelas mesmas razñes, a existencia da continencia (art. 104, CPC).

2.4. 7 Conexáo

Contestacáo 17

Page 30: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Tem-se a carencia de acáo quando falta, na demanda, urna ou mais das condi- cóes da acáo, que, como é cedico, sao tres: legitimidade para ser parte, interesse processual, possibilidade jurídica do pedido.

Tern legitirnidade para a causa, legitimatio ad causam, aquele que é titular do direito material expresso no pedido; é o que na doutrina se chama "legítimacáo ordinária"; sao exemplos: o credor, na acáo de cobranca; o locador, na acáo de despejo; o cónjuge, na acáo de divórcio; quern sofreu o dano, na acáo de indeni- zacáo por perdas e danos; o possuidor, nas acóes possessórias; o proprietário, na acáo reivindicatória etc. De regra, nosso ordenamento jurídico veda a chamada "legitimacáo extraordinária", ou seja, ninguérn poderá pleitear, ern nome próprio, direito alheio (art. 6Q, CPC).

O interesse processual nasce da necessidade da prestacáo jurisdicional, ou seja, da imprescindibilidade da atuacáo do Estado-juiz, seja para evitar urn pre- juízo que advérn da resistencia do réu a pretensáo do autor, seja por ímposicáo legal, nos casos ern que a lei exige que a parte procure a tutelajurisdicional (v.g., acáo de adocáo). Segundo o art. 4º do CPC, o interesse do autor pode se limitar a declaracáo da existencia ou inexistencia da relacáo jurídica ou, ainda, da auten- ticidade ou falsidade de documento. Falta interesse processual, por exemplo, ao credor de dívida nao vencida; ao locador na acáo de despejo por falta de paga- mento, estando o pagamento dos aluguéis ern dia; ao autor da a«;ao de indeniza- «;ao quando nao houve prejuízo, seja material, seja moral etc.

Carente de acáo, adernais, o autor que formular pedido juridicamente irnpos- sível, isto é, que nao encontre respaldo no ordenamento jurídico (v.g., cobranca de dívida dejogo).

Verificando o réu que carece o autor de qualquer das condicóes da acáo, su- pranurneradas, deverá apontar tal fato em preliminar, requerendo que o juízo de- clare o autor carecedor de acáo, extinguindo-se o feito sem julgamento do mérito (art. 267, VI, CPC).

2.4.1 o Carencia de acáo

litigando sobre direitos patrirnoniais disponíveis elejarn, na forma da referida lei, árbitro para resolver o litígio. Destarte, citado, o réu deve informar, sob pena de preclusáo, sobre a existencia de comprornisso arbitral, tarnbérn conhecido como "cláusula compromissória"; quando regularmente constituído, afasta a jurisdi- cáo do juízo singular, levando a extincáo do feito sernjulgamento do mérito (art. 267, VII, CPC).

18 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 31: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

O autor está obrigado a instruir a peticáo inicial comos documentos indis- pensáveis a propositura da acáo e destinados a provar suas alegacóes (arts. 283 e 396, CPC), podendo, posteriormente, tao somente juntar documentos novos, ou seja, aqueles que ainda nao possuía, ou que tenham como objetivo contrapor prova produzida na contestacáo.

Ao réu, por sua vez, cabe o dever de se manifestar, em preliminar, sobre a au- tenticidade dos documentos juntados na peticáo inicial ou, ainda, sobre a falta de documentos que sejarn essenciais áquela acáo, Quanto aos documentos juntados posteriormente, o réu deverá se manifestar por petícáo no prazo de 10 (dez) dias, contados da intimacáo de suajuntada aos autos (art. 390, CPC). Em qualquer dos casos, o prazo é preclusivo, ou seja, nao arguida a falsidade em tempo próprio, nem impugnada de qualquer forma a autenticidade do documento, presume-se que a parte aceitou o documento como verdadeiro.

Entretanto, se a parte discordar da autenticidade do documento juntado pela outra parte, seja na peticáo inicial, na contestacáo ou posteriormente, poderá sus- citar "incidente de falsidade" na própria contestacáo, em preliminar, ou, quando o caso, no prazo de 10 (dez) dias por peticáo devidamente fundamentada, que deverá indicar ainda os meios pelos quais o requerente pretende provar a referida falsidade (arts. 390 e 391, CPC).

Suscitado o incidente antes de encerrada a instrucáo, deverá ser processado nos próprios autos do processo, correndo simultaneamente a este. Contudo, se o incidente for suscitado após ter-se encerrado a instrucáo, o juiz, ao receber a pe- tícáo, determinará que seja autuada em apenso, suspendendo o andamento do feito (art. 394, CPC). Em qualquer dos casos, o juiz mandará intimar a parte que produziu o documento para responder no prazo de 10 (dez) dias, sendo-lhe facul- tado requerer a retirada do documento contestado, o que será determinado pelo juiz caso nao se oponha aquele que suscitou o incidente. Se o caso, determinará o juiz a realizacáo de exame pericial no documento, devendo observar que o ónus da prova neste aspecto é dividido pelo Código, art. 389, da seguinte forma: 1- se tratar de falsidade de documento, a parte que a arguir; 11 - se tratar de contesta- ~ªº de assinatura, a parte que produziu o documento. Instruído o incidente, o juiz

2.5 INCIDENTE DE FALSIDADE

Quando for legalmente exigível, corno no caso do art. 835 do CPC, o autor deverá na peticáo inicial prestar caucáo, Nao o tendo feito, a parte interessada deverá requerer que assim proceda, sob pena de extíncáo do processo semjulga- mento do mérito (art. 267, IV, CPC).

2.4.11 Falta de caucáo

Contestacáo 19

Page 32: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Passada a fase das preliminares, o réu <leve "manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petícáo inicial", sob pena de presumirem-se ''verdadeiros os fatos nao impugnados" (art. 302, CPC). É o que a doutrina chama de principio do ónus da impugnaciio específica, segundo o qual cabe ao réu o dever de impugnar um a urn os fatos articulados pelo autor, nao sendo aceita a mera negacáo geral, tornando-se revel quanto áqueles fatos nao expressamente impugnados (art. 319, CPC).

Todavia, a regra que preve a confissiio ficta comporta algurnas excecóes, A prirneira delas quando nao far admissível, quanto áquela rnatéria, a confissáo. É o caso dos direitos indisponíveis, como as questóes de estado e capacidade das pessoas. Sao exemplos desta hipótese: acáo de anulacáo de casamento, acáo de ínvestigacáo de paternidade, acáo negatória de paternidade, acao de destituicáo do poder familiar. Nao há consenso na jurisprudencia sobre se as acóes de divór- cio tratam ou nao de direito indisponível, havendo, no entanto, urna ínclinacáo no sentido afirmativo.

A segunda excecáo a regra geral diz respeito a falta de juntada, pelo autor, de instrumento público que a lei considerar da substancia do ato. Ern outras palavras, "quando a lei exigir, corno da substancia do ato, o instrumento público, nenhuma outra prava, por rnais especial que seja, pode suprír-lhe a falta" (art. 366, CPC). No caso, nao cabe a confissáo ficta que advém da nao ímpugnacáo específica do fato. O art. 109 do Código Civil e a Lei n2 6.015/73 (LRP) indicarnos fatos que devern ser provados pela juntada de instrumento público ou certídáo de registro, entre eles: nascirnento, casamento, óbito, adocáo, emancipacáo, pacto antenup- cial, alienacáo de direitos reais, constituicáo de pessoajurídica etc.

A terceira excecáo ocorre quando os fatos nao impugnados estiverem em contradicáo coma defesa ern seu conjunto, ou seja, nao cabe a pena de confíssáo quanto a fatos nao expressamente impugnados, se estes fatos estiverem ern con- tradícáo corn a tese da defesa. Por exernplo, se o réu nega que estivesse no local dos fatos, nao precisa, adernais, impugnar a alegacáo de que estava trafegando ern alta velocidade.

Por último, o parágrafo único do art. 302 do CPC informa que estáo isentos do ónus de impugnar especificamente os fatos alegados pelo autor o advogado dati- vo, o curador especial e o órgáo do Ministério Público, senda lícita, nestes casos, a contestacáo por negacáo geral.

2.6 DEFESA DE MÉRITO

deverájulgá-lo simultaneamente coma acáo principal, declarando a falsidade ou autenticidade do documento (art. 395, CPC).

20 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Embora o CPC vede ao réu o direito de reconvir quando o processo estiver su- jeito ao rito comum sumário, permite que este faca "pedido contraposto". Com efeito, o § 1 º do art, 278 do CPC informa que "é lícito ao réu, na contestacáo, formular pedido em seu favor, desde que fundado nos mesmos fatos referidos na inicial". Esta possibilidade empresta caráter dúplice aos processos sujeitos ao rito sumário. Veja-se o seguinte exemplo: o réu é citado em acáo de reparacáo de danos em virtude de sinistro envolvendo o seu veículo e o do autor; nao só nega, ao contestar, a sua responsabilidad e pelo ocorrido, como também afirma que os fatos foram causados pelo autor, pedindo, por sua vez, indenízacáo pelos danos que sofreu em seu carro.

2. 7 PEDIDO CONTRAPOSTO

Contestacáo 21

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A curadoria especial, ou curador de ausentes, é múnus público imposto pelo juiz a um advogado para que, dentro do processo, represente urna das partes. Com efeito, dispóe o art. 9º do CPC que o juiz dará curador especial: "1- ao incapaz, se nao tiver representante legal, ou se os interesses <leste colidirem comos daquele; 11- ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa".

A nomeacáo do curador especial tem como propósito proteger os interesses da parte curatelada, razáo pela qual ele deverá necessariamente responder ao pedido do autor, apresentando, conforme as circunstancias do caso, conrestacáo, excecáo, reconvencáo, impugnacóes e embargos, sendo-lhe vedada a prática de qualquer ato que implique em disposicáo do direito material do curatelado, tais como confíssáo, transacáo ou reconhecimento do pedido. Na falta de elementos que possam fundamentar a contestacáo, o curador especial deve fazé-la por negacáo geral (art. 302, parágrafo único, CPC), que temo efeito de tornar controvertidos os fatos narrados na petícáo inicial, afastando os efeitos da revelia e impondo ao autor o ónus de provar os fatos constitutivos de seu direito.

O prazo para o curador especial apresentar sua manifestacáo é "impróprio"; ou seja, caso o profissional nomeado deixe de fazé-lo no prazo concedido judi- cialmente, responderá administrativa e até civilmente por sua omissáo, porém nenhum prejuízo poderá ser imputado ao curatelado, devendo o juiz nomear ou- tro profissional para defendé-lo, concedendo novo prazo.

3.1 CABIMENTO

Contestacáo por Curador Especial

3

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• o curador especial pode requerer que os autos lhe sejam entregues com vista, o que possibilita que ofereca a sua manífestacáo por meio de cota;

• se, depois de analisar cuidadosamente os autos, o curador especial nao encontrar nada de relevante para arrimar a sua manifestacáo, deve se limitar a contestar o feito por negacáo geral, conforme permissáo do parágrafo único do art. 302 do CPC;

• de forma alguma o curador pode confessar, concordar, com o pedido inicial.

3.4 DICAS

O curador especial pode, ainda, requerer novas diligencias, pugnar pela nuli- dade de atos praticados, pedindo a sua repetícáo, buscando sempre preservar os interesses do Curatelado. Embora nao esteja obrigado a tanto, o curador especial pode ainda interpor os recursos que entender necessários ao bom desempenho de suas funcóes.

• a peticáo inicial atende aos requisitos legais; • o autor juntou todos os documentos necessários a propositura da acáo; • os procedimentos para citacáo por edital, no caso de réu em lugar in-

certo ou nao sabido, foram seguidos, inclusive como esgotamento das tentativas para localizar-se o curatelado (expedicáo de ofícios);

• os procedimentos para citacáo por hora certa foram realmente obser- vados (arts. 227 a 229, CPC).

Nomeado pelo Juízo para atuar em processo na qualidade de curador especial, o advogado deve inicialmente requerer vista do processo.

De posse dos autos, o curador deve proceder com rigorosa análise, a fim de certificar-se de que todas as formalidades atinentes ao caso foram cumpridas. En- tre outras questóes, o curador deve verificar se:

3.3 PRÁTICA FORENSE

Como já mencionado, a necessidade de intervencáo de curador especial en- contra arrimo no art. 9Q. do CPC.

3.2 BASE LEGAL

Contestacáo por Curador Especial 23

Page 36: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Na falta de maiores elementos que possam arrimar a defesa, contes- ta-se o feito por negacáo geral (art. 302, parágrafo único, CPC), requerendo-se a impro- cedencia dos pedidos.

Do Mérito

A autora ajuizou a presente acáo de despejo por falta de pagamento cumulada com cobranca em face do réu asseverando, em apertada síntese, que ele esta- ría em atraso com suas obrigacóes locatícias desde outubro de 0000. Na inicial informou os cálculos de débito, fls. OO. Requereu, por fim, a rescisáo do contrato de locacáo, de- terminando-se o despejo do inquilino e sua condenacáo ao pagamento do débito total de R$ 2.065,04 (dois mil, sessenta e cinco reais, quatro centavos), mais os encargos que se vencerem durante o processo.

Recebida a inicial, este douto Juízo determinou a cítacáo do réu para responder, contudo o Sr. Oficial de Justica constatou que o réu estaría se ocultando para evitar ser citado pessoalmente, procedendo-se assim a sua citacáo por hora cerra na pes- soa de sua companheira, Sra. S. A. de M.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

C. M., já qualificado apud acta, pelo curador especial, regularmente nomeado por este douto Juízo, fls. 00, nos autos do processo que lhe move M. l. DA C., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer contestaciio, nos termos a seguir articulados:

Processo nci 00000-00. 0000. O. OO. 0000

Afao de Despejo por Falta de Pagamento cc Cobranca

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

3.5 Primeiro modelo: Contestacáo por negacáo geral em acáo de despejo onde o réu foi citado por hora certa

24 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 37: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Contestacáo por Curador Especial 25

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 dejunho de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Page 38: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Ab initio, ressalte-se que os autores nao pediram a cítacáo dos con- finantes; MAIS, deixaram ainda de juntar certidáo atualizada quanto a distribuicóes de acóes possessórias em seu nome e dos antecessores da posse; MAIS, nao juntaram IPTU do ano da dístribuicáo (0000), necessário nao só para provar-se o animus domini (quita- r;ao dos tributos), mas também para saber-se da correcáo do valor da causa; MAIS, nao juntaram a certidáo de casamento e os documentos pessoais (RG e CPF), tais documentos legiti.mam os autores e possibilitam ao Juízo conferir a correcáo dos dados informados que eventualmente comporáo registro público.

Preliminarmente

Os autores ajuizaram o presente feito asseverando, em apertada síntese, que possuem há mais de 15 (quinze) anos a posse mansa e pacífica do imóvel situado na Rua Vereador Delcyr Maciel de Azevedo, nº' 00, Jardim Armenia, nesta Cidade, e desejam que seja reconhecida a ocorréncia da prescrícáo aquisitiva, declarando-se a propriedade deles sobre o referido bem.

Recebida a exordial, determinou-se a citacáo por edita! dos propríe- tários; decorrido o prazo legal, este douto Juízo nomeou o subscritor destapara atuar na qualidade de curador especial aos citados fieramente.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

M. L. C. de R. E OUTROS, já qualificados apud acta, pelo curador especial, regularmente nomeado por este douto Juízo, fls. 00, nos autos do processo que lhes move V. R. P. E OUTRA, vém a presenca de Vossa Excelencia oferecer contestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nQ. 00000-00. 0000. O. OO. 0000

A~a:o de Usucapiiio Extraordinário

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

3.6 Segundo modelo: Contestacáo por negacáo geral em aeño de usucapiáo onde os réus foram citados por edital, com pedido de providencias

26 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 39: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 dejunho de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Na falta de maiores elementos que possam arrimar a defesa, contes- ta-se o feíto por negacáo geral (art. 302, parágrafo único, CPC), requerendo-se a impro- cedencia do pedido.

Considerando, ademais, que a planta e o memorial descritivo apresen- tados pelos autores nao foram firmados por profissional habilitado, entende a Curadoria ser imprescindível a producáo de prova pericial, com escopo de corretamente localizar-se e identificar-se o imóvel usucapiendo.

Do Mérito

Destarte, REQUER-SE sejam os autores intimados para regularizar o feito, sob pena de extincáo do feíto semjulgamento de mérito.

No mais, a validade da cítacáo por edital reclama se esgotem todos os meios de cítacáo pessoal das partes, fato que nao foi feíto neste processo. Destarte, com escopo de legitimar-se a cítacáo por edital, necessário providenciemos autores a expedicáo dos oficios de praxe para tentativa de localízacáo dos citados por edital, mesmo nao haven- do outros dados além do nome, sob pena de ser declarada a nulidade da cítacáo editalícia.

Contestacáo por Curador Especial 2 7

Page 40: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de junho de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Nao havendo nos autos elementos que possam arrimar eventual jus- tificativa para o nao pagamento da pensáo alimenticia, "impugnara-se" as assertivas dos exequentes por negativa geral, em especial o pedido de prisáo, medida excepcional que só deve ser imposta após ser o alimentante "pessoalmente intimado" para o pagamento.

Do Mérito

O autor ajuizou o presente feito asseverando, em apertada síntese, que o curatelado encentra-se em atraso com as suas obrigacóes alimentícias; requereu a cítacáo para pagamento sob pena de prisáo civil, conforme permissivo do art. 733 do CPC.

O executado nao foi encontrado, nao obstante as muitas diligencias intentadas pelo juízo; determinou-se, entáo, a sua cítacáo por edital, fls. 00/00.

Decorrido o prazo do edital, nomeou este douto Juízo o subscritor da presente Curadoria Especial do citado fictamente.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

M. L. C.,já qualificado, pelo curador especial, regularmente nomeado por este douto Juízo, fls. 00, nos autos do processo que lhe move V. R. P., vem a presenca de Vossa Excelencia apresentar as suasjustificativas, nos termos a seguir articulados:

Processo nci 00000-00. 0000. O. OO. 0000

Afao de Bxecudio de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2.a. Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

3.7 Terceiro modelo: Justificativa em execueáo de alimento onde o executado foi citado por edital

28 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 41: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 dejunho de 0000.

Termos em que p. deferimento.

No mérito, na falta de maiores elementos que possam amparar a de- fesa, contesta-se por negacáo geral, ex vi do parágrafo único, artigo 302 do CPC, reque- rendo-se a improcedencia do pedido.

Ciente do processado. Em atencáo ao determinado por este douto Juízo, fls. 00, o subscritor da presente assume o múnus da Curadoria Especial do citado fictamente, fls. 00/00.

Ab initio, requer-se seja o banco autor intimado a regularizar a sua re- presentacáo processual, juntando aos autos seu contrato social e ata da assembleia onde conste a nomeacáo dos diretores que outorgam a procuracáo original, fls. OO.

Necessário, ainda, providencie a tentativa de cítacáo do Curatelado no enderece fornecido as fls. 00, bem como expedicáo de oficio as empresas mencionadas no oficio de fls. 00, determinando que informem o enderece do Curatelado que consta em seu cadastro.

MM.Juiz p/ Curadoria Especial - Proc. no. 00/0000

3.8 Quarto modelo: Cota nos autos contestando acáo de busca e apreensáo de veículo

Contestacáo por Curador Especial 29

Page 42: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de agosto de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Ciente do processado. Em atencáo ao determinado por este douto Juízo, fls. 00, o subscritor da presente assume o múnus da Curadoria Especial do citado fictamente, fls. 00/00.

A valida de da cítacáo por edital RECLAMA se esgotem todos os meios de cítacáo pessoal das partes, fato que nao foi feíto neste processo. Destarte, com escapo de legitimar-se a cítacáo por edital, necessário providencie a autora tentativa de "cítacáo pessoal", vía carta precatóría, nos endereces constantes nos autos, fls. 00/00. Necessário, ainda, a expedícáo dos ofícios de praxe, inclusive reíteracáo do oficio a Receita Federal, devido ao longo tempo decorrido.

Ao receber a exordial, o Juízo determinou que se desse ciencia des- se feíto a eventuais ocupantes dos imóveis desapropriados; nao obstante a evidente im- portancia de tal medida, verifica-se nos autos que ela nao foi, até o momento, efetivada. Destarte, requer-se seja expedido mandado de notificacáo, orientando-se ao Sr. Oficial de Justica que percorra os imóveis desapropriados, nao só dando ciencia a eventuais mora- dores, mas também identificando seus nomes e a que título residem no local.

No mais, esta Curadoria "díscorda" do valor oferecido pela exproprían- te a título de índenizacáo, requerendo determine este douto Juízo a realizacáo de perícia técnica nos imóveís desapropriados com escopo de apurar-se o seu valor atual de mercado.

MM. Juiz p/ Curadoria Especial - Proc. nQ 00/0000

3.9 Quinto modelo: Cota nos autos impugnando valor oferecido a título de indenízacáo em acáo de desapropriacáo

30 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 43: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

1 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. 24. ed. Sao Paulo: Saraiva, 1985. p. 137.

, . necessano, para recorrer. Diante de tal realidade, fica muito fácil perceber-se a importancia que a "petí-

<;ao escrita" tem para o sucesso da demanda submetida ajuízo. Urna peticáo mal apresentada, atécnica, cheia de erros de grafía e exageras dificulta, ou mesmo inviabiliza, a pretensáo defendida pelo advogado; de outro lado, urna peticáo es- correita, técnica, bem apresentada, facilita, ou pelo menos nao atrapalha, a ob- tencáo do direito pretendido.

Conhecer e dominar as técnicas que envolvem a redacáo da petícáo jurídica é

obrigacáo de todo profissional do direito, afinal "o maior erro que o jurista pode cometeré nao conhecer a técnica, a terminología da sua profissáo". 1

Nao obstante esteja o processo civil sujeito ao princípio da oralidade, na prá- tica forense a aruacáo do advogado dá-se quase que exclusivamente por meio da "peticáo escrita". Com efeito, é por meio dela que o profissional do direito se dirige ao Poder Judiciário para informar, pedir, explicar, argumentar e, quando

4.1 INTRODU<;AO

Aspectos Teóricos e Práticos da Redacáo Forense

4

Page 44: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

• escute com atencáo os fatos informados pelo cliente, fazendo anotacóes por escrito (estas anotacóes devem ser juntadas na pasta do cliente);

• no caso de o cliente ter sido citado, indague inicialmente da data de ci- tacáo, depois leia "com atencáo" o mandado e a contrafé (cuidado com o prazo para apresentacáo da defesa);

• após ouvir o cliente, diga de forma "clara" a sua opiniáo como jurista sobre o problema, apontando, segundo a lei, as alternativas que se apre- sentam (neste particular, nunca tome decísóes pelo cliente, se limite a orientá-lo; mais, nao tenha qualquer pudor em pedir algum tempo para estudar melhor o assunto);

• após o cliente decidir o que quer fazer sobre o assunto (o que pode acon- tecer no primeiro ou num segundo encontro), fale abertamente sobre os seus honorários, redigindo, no caso de haver um acerto, o respectivo contrato (veja-se modelo no Capítulo 5, Procuracáo adjudida);

• reduza a termo os fatos informados pelo cliente, assim como os seus pe- didos e oríentacóes (o documento final deve ser assinado pelo cliente); em seguida vocé deve entregar, mediante recibo, lista dos documentos que irá necessitar (o advogado deve evitar pegar documentos originais do cliente, salvo naqueles casos absolutamente necessários);

• entregues as cópias dos documentos e firmada a procuracáo e o contrato de honorários, vocé deve preparar a petícáo que o caso estiver a exigir, observando as regras técnicas e legais;

• preste periodicamente contas ao cliente do seu trabalho e do andamen- to do processo (pessoalmente, por telefone, por carta e/ ou por e-mail);

• antes de qualquer audiencia, reúna-se com o cliente e lhe explique de- talhadamente o que irá acontecer e "como" irá acontecer, discutindo com ele qual a melhor postura a ser adotada, bem como as vantagens e limites de um possível acordo;

• qualquer que seja o resultado da demanda, entregue cópia da sentenca para o cliente; se o caso, discuta os ónus de eventual recurso, mencio- nando a postura do competente Tribunal sobre o tema.

Cada profissional temo seu próprio modo de conduzir a entrevista como clien- te, contudo a experiencia mostra que alguns cuidados nos primeiros contatos po- dem evitar problemas no futuro, seja para o cliente, seja para o advogado. Entre outras atitudes que o caso estiver a exigir, recomendo que o advogado:

4.2 ENTREVISTA COM O CLIENTE

32 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 45: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Segundo o princípio dispositivo ou da inércia, cabe a pessoa interessada pro- vocar, por meio do ajuizamento de urna acáo, o Poder Judiciário (nemo judex sine actore). Em outras palavras, aquele que pensa ter sido violado em seus direitos deve procurar o Estado-juiz, que até entáo permanece inerte (art. 2º, CPC). A provocacáo do Poder Judiciário, ou, em outras palavras, o exercício do direito de exigir a tutela jurisdicional do Estado, se dá por meio de um ato processual , escrito, denominado "peticáo inicial." E ela que dá início ao processo, embora a relacáo jurídica processual só se complete coma citacáo válida do réu (art. 219, CPC). Destarte, pode-se afirmar que a petifii.o inicial é o ato processual escrito por meio do qual a pessoa exerce seu direito de acáo, provocando a atividade ju- risdicional do Estado.

A fim de tracar os exatos parámetros da lide, possibilitando ao juiz saber sobre o que terá quejulgar (art. 128, CPC), o Código de Processo Civil, art. 282, exige que a peticáo inicial indique: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; II - os nomes, prenomes, estado civil, profíssáo e residencia do autor e do réu; III- o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido, comas suas específicacóes; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento para a cítacáo do réu.

Além <lestes requisitos, o autor, segundo os arts. 39, I, 283 e 295, V, do CPC e art. 15 da Lei n2 11.419/06, deve ainda: I - declarar onde o advogado receberá intirnacáo; II - instruir a petícáo inicial comos documentos indispensáveis a pro- positura da acáo; III - escolher o tipo de procedimento adequado a seu pedido ou ao valor da causa; IV - informar o número do CPF do autor, ou, quando foro caso, o número do CNPJ.

Nao sao apenas esses os requisitos da peticáo inicial, há várias acóes que tém requisitos próprios (v.g., possessórias, adocáo, demarcacáo, dívisáo, pauliana etc.), para os quais também se deve estar atento. A correta compreensáo e domínio dos requisitos legais da petícáo inicial, além do cuidado com sua forma e apresenta- cáo, sao ímprescindíveis para a obtencáo do direito pretendido.

4.3 REQUISITOS LEGAIS DA PETI<;AO INICIAL

Como alerta geral, peco venia para reproduzir o art. 31 da Lei nº 8.906/94- EA, que declara que: "o advogado deve proceder deforma que o torne merecedor de respeito e que contribua para o prestígio da classe e da advocacia". Recomendo, ainda, a leitura atenta do Código de Ética da OAB, mormente o Capítulo II (arts. 82 a 24), que trata das relacóes como cliente.

Aspectos Teóricos e Práticos da Redacáo Forense 33

Page 46: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Nestes novos tempos dominados pela tecnologia é raro encontrar-se um ad- vogado que ainda faca uso da velha máquina de escrever, contudo, observando- -se os trabalhos jurídicos que circulam pelos fóruns percebe-se claramente que muitos advogados ainda nao dorninam aspectos básicos da redacáo por meio dos computadores pessoais. Na verdade, parece que o uso desta nova ferramenta de trabalho provocou urna baixa na qualidade dos trabalhos jurídicos, talvez em ra- záo de os computadores oferecerem, ao contrário das máquinas de escrever, urna gama tao grande de opcóes. Com efeito, os programas de redacáo oferecern, en- tre outras coisas, dezenas de estilos, de formatacóes, de tipos de letras, fato que parece ainda desnortear o usuário cornum.

Nao obstante essas evidentes dificuldades, o profissional do direito deve zelar para que suas petícóes sejam elaboradas com estrita observancia das técnicas de redacáo profissional, mormente no que tange ao uso de margens, espacamento entre linhas e ao tipo e tamanho das letras. Neste particular, recomendo que o advogado mantenha margem de 3 (tres) centímetros do lado esquerdo e 2 (dois) centímetros em cima, em baixo e no lado direito da peticáo; já quanto ao tipo e tamanho de letra, recomendo que se evitem aventuras, preferíndo-se os tipos mais tradicionais ("times new roman", "arial" ou "book anti qua"), no tarnanho 12 ( doze) ou 14 (quatorze), com espacamento entre linhas de 1,5 (um e meio) ou 2 (dois).

O advogado deve ainda evitar o uso excessivo de "marcadores". Alguns cole- gas ficam tao envolvidos com a questáo tratada na acáo que acabam exagerando no uso de negrito, letra maiúscula, aspas, grifo etc. A peticáo fica "suja" e o obje- tivo das rnarcacóes nao é atingido (chamar a atencáo do julgador). Sendo assim, recomenda-se que o uso de marcadores nos textos seja feito apenas excepcional- mente, nao mais do que urna ou duas vezes.

4.4.2 Das margens, do tipo e do tamanho das letras

Os cuidados com a peticáo inicial devem comecar da escolha do papel que será usado. Inexperientes, é comurn que advogados iniciantes se deixem seduzir por pa- péis coloridos e com alta gramatura (grossos). Comurn, ainda, a insercáo de dese- nhos, brasees e declaracóes religiosas ou políticas. Tais fatos afrontam a boa técnica, desqualificando o trabalho do advogado e colocando em risco o direito do cliente.

A aparencia da peticáo inicial deve transmitir ao Juiz, ao Ministério Público e a parte adversa a ideia de "seriedade" e de "competencia", só assim o advogado proponente terá a chance de obter a total atencáo dos envolvidos.

Nenhum aspecto da petícáo deve chamar mais a atencáo do que o seu conteúdo.

4.4.1 Do papel e dos caracteres gráficos

4.4 ASPECTOS PRÁTICOS DA REDA<;AO DA PETI<;AO INICIAL

34 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 47: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Contar os fatos na exordial nada mais é do que informar ao juiz as raz6es pelas quais o autor precisa da tutela jurisdicional. Entretanto, o profissional do direito nao pode se limitar a passar para a petícáo inicial as declaracóes de seu cliente. Com efeito, quando urna pessoa conversa com um advogado costuma lhe passar de forma emocional um monte de informacóes, algumas úteis e necessárias para a acáo, outras sem qualquer relevancia. Nao raras vezes, o cliente também tem a falsa ideia de que o ajuizamento da acáo é urna maneira de obter vínganca con-

4.4.6 Contando os fatos

O nome da acáo nao se encontra entre os requisitos legais da petícáo inicial, contudo alguns advogados tém dado cada vez mais atencáo a esse aspecto da exordial. De fato, alguns profissionais nao só p6em o nome da acáo em destaque (letras maiúsculas e em negrito), como também dividem em dois o parágrafo destinado a qualífícacáo, interrompendo-o de forma absolutamente inadequada apenas para anunciar de forma especular o norne da acáo, que, corno já se disse, nao é nem mesmo requisito legal da peticáo inicial (art. 282, CPC). Tal atitude afronta a boa técnica de redacáo e deve ser evitada.

4.4.5 Do nome da acáo

Os advogados tradicionalmente usam duas técnicas na redacáo da peticáo ini- cial. A primeira simplesmente divide a inicial por tópicos (dos fatos, do direito, dos pedidos); já a segunda exp6e os fatos de forma articulada, numerando-se os parágrafos.

Qualquer das duas formas é perfeitamente adequada, embora pessoalmente prefira, como se ve nesta obra, a técnica que divide a inicial de forma articulada. Tendo escolhido qualquer das técnicas, o profissional deve tomar o cuidado de rnanter-se fiel ao estilo escolhido.

4.4.4 Das técnicas de redacáo

O uso indevido de abreviaturas tem se alastrado, sendo comum encontrar-se em quase todas as peticóes iniciais ao menos o já famoso "V. Exa.". Em tempos de computadores pessoais, como se justificar os enderecamentos feitos da seguinte forma: "Exmo. Sr. Dr. J. Direito da V. Cível d. Comarca"?

Na redacáo forense deve-se evitar o uso de abreviaturas, principalmente na peticáo inicial e na contestacáo.

4.4.3 Das abreviaturas

Aspectos Teóricos e Práticos da Redacáo Forense 3 5

Page 48: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

É notória a situacáo caótica ern que vive o Poder Judiciário, que já há longa data nao se rnostra capaz de cumprir a sua missáo constitucional. Diante desta realidade, sabernos que o juiz tern rnuito pouco tempo, e paciencia, para ler a pe- tícáo inicial, rnorrnente quando esta se apresenta confusa e cheia de erres. Nao obstante tal fato, alguns colegas insistern ern apresentar o "pedido", que é o pon- to alto da inicial, escondido no rneio dos fatos, normalmente dentro de um longo parágrafo. Cornum, ainda, que os pedidos sejarn apresentados fora de urna ordern lógica, como se o advogado os redigisse conforme fosse lernbrando deles, ou corno se simplesrnente tivesse preguica de organizá-los,

Tal fato afronta a boa técnica de redacáo e deve ser evitado a todo custo. De- pois de contar os fatos, o advogado deve organizadamente fazer os pedidos, obe- decendo a urna ordern lógica jurídica, conforme a natureza da acáo.

Outra questáo ligada aos pedidos que atormenta os profissionais do direito é a forma de fazé-los na prática. Corno é consabido, há urna tradicáo no sentido de iniciar-se o pedido de urna das seguintes formas: I - "Ante o exposto, requer-se a procedencia da acáo para [ ... ]"; II - "Ante o exposto, requer-se a procedencia do pedido para [ ... ]".Data venia dos que assim agern, nenhuma das formas está cerreta. No prirneiro caso, já se pacificou na doutrina o reconhecirnento da au- tonornia do direito de acáo (direito de demandar), que é, por assim dizer, sern- pre procedente, mesmo que a peticáo inicial seja indeferida ou o pedido julgado improcedente, vez que a parte teve garantido o acesso a justíca; ou seja, pediu e obteve, nurn sentido ou neutro, a tutela jurisdicional. Já no segundo caso, por urna questáo de lógica; corn efeito, fazendo o pedido dessa forma o autor estará pedindo a procedencia daquilo que de fato ainda nao pediu, vez que é na peticáo inicial que efetivamente se faz o pedido.

4.4. 7 Da ordem dos pedidos

. , aJUlZO.

Considerando que para a grande rnaioria das pessoas escrever é urna ativida- de difícil, recomendo que o advogado separe um born tempo para redigir a sua peca, lende e relendo quantas vezes forern necessárias até que ela se rnostre apta a cumprir o seu desiderato. Lembre-se: nao só os interesses do cliente estaráo ern jogo, mas tarnbérn o seu born norne.

tra a pessoa que lhe ofenden. Nestes casos cabe ao profissional do direito ser o fiel conselheiro e orientador, mostrando ao cliente qual exatarnente é o papel da Justica e quais os fatos que sao realmente relevantes para a causa.

Ao redigir a peticáo inicial, o advogado deve ser sucinto, claro e "sernpre" res- peitoso corn a outra parte, nao importa quáo emocional seja a questáo subrnetida

36 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Da mesma forma como garante a todos o direito de acáo (demandar perante o Poder Judiciário), a Constituicáo Federal também garante aos demandados o direito a ampla defesa (art. 5º, LV, CF); isto é, o direito de resistir a pretensáo do autor, podendo, essa resistencia, tomarvárias formas no processo civil, tais como: contestacáo, reconvencáo, excecóes, impugnacóes e embargos.

Assim como o autor nao está obrigado a litigar, o réu, urna vez citado, nao está obrigado a se defender; considerando, contudo, que a citacáo o vincula ao preces- so, deve fazé-lo, caso nao queira sofrer as consequéncías por sua omissáo (reve- lía). Destarte, regularmente citado o réu pode: !-permanecer inerte, sofrendo os efeitos da revelía (art. 319, CPC); 11 - reconhecer o pedido do autor, provocando o julgamento antecipado da lide (art. 269, 11, CPC); 111 - defender-se, apresen- tando eventualmente: excedio (art. 304, CPC), seja de incompetencia, suspeicáo e impedimento; impugnadio, seja do valor atribuído a causa (art. 261, CPC), ou dos beneficios da justica gratuita concedidos ao autor (art. 7º-, Lei nº- 1.060/50); conrestacdo (art. 297, CPC); reconvencáo (art. 315, CPC); embargos (art. 1.102c, CPC). O réu pode ainda peticionar provocando a intervenciio de terceiros, seja no- meando a autoría (art. 62, CPC), denunciando a lide (art. 70, CPC), ou, por fim, chamando ao processo (art. 77, CPC).

Como se ve pelas muitas possibilidades envolvidas, a preparacáo da defesa é inegavelmente urna tarefa complexa. As dificuldades já comecam no próprio tra- to com o cliente; enquanto o autor normalmente se apresenta de forma positiva, desejando a demanda, a fim de buscar a satisfacáo do seu direito, o réu, mesmo que nada deva, se ve, a princípio, acuado e assustado, portanto, muito mais de- pendente das orientacóes do seu advogado. Nao fosse isso bastante, há que se con- siderar que enquanto o advogado encarregado de preparar a peticáo inicial é, de regra, senhor de seu tempo, podendo estudar o problema posto pelo cliente com calma e escolher o melhor momento para ajuizar a acáo, o advogado responsável pela defesa tem prazo fixo e, invariavelmente, mais curto do que o desejável. Por essas e outras razóes, a defesa exige muita atencáo do advogado, o que demanda que este aja com muito cuidado, rapidez e deterrninacáo.

A redacáo da resposta, qualquer que seja, deve igualmente observar as regras anteriormente apontadas.

4.5 DA DEFESA DO RÉU

Entre muitas maneiras, o pedido pode ser feito da seguinte forma: "Ante o ex- posto, requer-se seja aré condenada a pagar indenizacáo pelos danos causados ao autor no valor de [ ... ]";"Ante todo o exposto, requer-se seja decretado o divórcio do casal, declarando-se ainda que[ ... ]". Como se observa nestes exemplos, dessa forma se poupa a "acáo" e se "faz" realmente o pedido.

Aspectos Teóricos e Práticos da Redacáo Forense 3 7

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Segundo o art. 653 do Código Civil, mandato é o contrato pelo qual urna pes- soa, denominado mandante, outorga poderes a outrem, denominado mandatário ou procurador, para que este, em nome do mandante, pratique atos ou administre interesses.

Trata-se de um contrato de natureza consensual e nao solene, que se efetiva por meio de urna "procuracáo" ( autorizacáo representativa), que pode ser feita por instrumento particular ou público (art. 654, CC). A procuracáo por instrumento particular poderá ser feita pelas próprias partes, desde que capazes, podendo ser manuscrita por elas e por terceiro, datilografada, impressa, mas deverá ser obri- gatoriamente assinada pelo outorgante.

O mandato pode envolver todos os negócios do mandante (mandato geral), ou ser relativo a um ou mais negócios determinados (mandato especial); de qual- quer forma, exige o Código Civil poderes especiais e expressos para aqueles atos que excedem a administracáo ordinária, em especial atos que envolvam o poder de alienar, hipotecar e transigir (arts. 660 e 661, CC). Os atos do mandatário só vincularáo o representado se praticados em seu nome e dentro dos limites do mandato; pode, no entanto, o mandante ratificar expressa ou tacitamente (me- diante ato inequívoco) os a tos praticados em seu nome sem poderes suficientes (art. 662, CC), sendo que os efeitos da eventual ratifícacáo retroagiráo a data do ato (ex tune).

5.1 CONTRATO DE MANDATO

Procuracáo Ad Judicia

5

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A outorga ao advogado de procuracáo geral para o foro, ou simplesmente "pro- curacáo adjudicia", tern duas naturezas distintas. Prirneiro, indica a existencia de contrato de prestacáo de servicosjurfdicos; segundo, torna o advogado represen- tante legal do outorgante para o foro em geral.

A procuracáo adjudicia, ou procuracáo para o foro ou para o juízo, é o instru- mento que habilita, segundo o art. 37 do CPC, o advogado a praticar, ern norne da parte, todo e qualquer ato processual (v.g., ajuizar acáo, contestar, reconvir, opor embargos do devedor, recorrer, opor excecáo etc.), salvo receber a citacáo, confessar, reconhecer a procedencia do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a acáo, receber, dar quitacáo e firmar cornpromisso, vez que a práti- ca desses atas exige que o advogado tenha poderes especiais, expressos no instru- mento de mandato (art. 38, CPC). Excepcionalmente permite a lei processual que o advogado ajuíze acáo ou pratique outros atas, reputados urgentes, a fim de evitar a decadencia ou prescricáo, sern apresentar o instrumento do mandato (procurucdo), desde que assuma o comprornisso de exibi-lo no prazo de 15 (quinze) días; prazo que pode, por despacho do juiz, ser prorrogado por rnais 15 (quinze) dias. Caso o instrumento nao seja apresentado no prazo, os atos praticados seráo havidos por inexistentes, respondendo o advogado pelas despesas e eventuais perdas e danos.

Há, adernais, que se registrar que sernpre que o mandato advier diretarnen- te da lei, como no caso, por exemplo, dos Procuradores da Uniáo, dos Estados e Municípios, assim corno dos Defensores Públicos, estes estaráo dispensados de apresentar o instrumento de procuracáo,

Senda o mandato urn contrato firmado corn base na confíanca, pode a parte revogá-lo a qualquer momento, nao importa ern que fase esteja o processo, de- vendo a parte no mesmo ato constituir outro rnandatário para que assurna o pa- trocínio da causa (art. 44, CPC; arts. 686 e 687, CC; art. 11, Código de Ética e Disciplina). De outro lado, o advogado poderá, a qualquer tempo, renunciar ao mandato, provando que cientificou o cliente a fim de que este norneie substitu- to, continuando a representá-lo por rnais 10 (dez) días, contados da notifícacáo, desde que necessário para lhe evitar prejuízo (art. 45, CPC).

5.2 MANDATO JUDICIAL

O mandatário deve agir com o necessário zelo e diligencia, transferindo as vantagens que auferir ao mandante, prestando-lhe, ao final, contas de sua gestáo (arts. 667 a 674, CC). O mandante, por sua vez, é obrigado a satisfazer todas as obrigacóes contraídas pelo rnandatário, na conforrnidade do mandato conferi- do, e adiantar a importancia das despesas necessárias a execucáo dele, quando o rnandatário lhe pedir (arts. 675 a 681, CC).

Procura~oAdJudicia 39

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Como é cedico, a obrigacáo do advogado é de meio e nao de resultado. Em ou- tras palavras, ao aceitar o mandato, o advogado nao se obriga a ganhar a causa, mas tao somente defender os interesses de seu cliente da melhor forma possível, aconselhando e assessorando quando necessário. Entretanto, doutrina e jurispru- dencia tém decidido que o advogado é civilmente responsável: I - pelos erros de direito (desconhecimento de norma jurídica); U-pelas omíssóes de providencias necessárias para ressalvar os direitos do seu constituinte; III-pela perda de pra- zo; IV -pela desobediencia as ínstrucóes do constituinte; V -pelos pareceres que der, contrários a leí, a jurisprudencia e a doutrina; VI-pela omíssáo de conselho; VII - pela violacáo de segredo profissional; VIII - pelo dano causado a terceiro; IX-pelo fato de nao representar o constituinte, para evitar-lhe prejuízo, durante os dez dias seguintes a notificacáo de sua renúncia ao mandato judicial; X - pela circunstancia de ter feíto publícacóes desnecessárias sobre alegacóes forenses ou relativas a causas pendentes; XI - por ter servido de testemunha nos casos arro- lados no artigo 7º-, XIX, da Lei 8.906/94; XII -por reter ou extraviar autos que se encontravam em seu poder; XIII - por reter ou extraviar documentos do cliente.

5.4 RESPONSABILIDADE CIVIL DOS ADVOGADOS

De regra, o substabelecimento exige, para sua validade, poderes especiais. Questáo relevante quanto ao substabelecimento é a da responsabilidad e civil pe- los atos praticados pelo substabelecido. Tres as principais hipóteses: primeira, se o procurador tem poderes para substabelecer, nao responde por eventuais danos que venham a ser causados pelo substabelecido, que deverá responder diretamente ao mandante; segunda, se o procurador substabelece sem ter poderes para tanto, continua responsável perante o mandante por eventuais danos advindos da negli- gencia do substabelecido; terceira, se, a despeito da procuracáo, expressamente vedar o substabelecimento, o mandatário substabelece a procuracáo, responde- rá ao mandante pelos prejuízos causados pelo substabelecido até no caso <lestes danos terem advindo de caso fortuito ou forca maior.

5.3 SUBSTABELECIMENTO

No caso de morte ou incapacidade do advogado, o juiz deverá suspender o feí- to, concedendo o prazo de 20 (vinte) días para que a parte constitua outro para representa-la no processo. Findo o prazo sem que a parte tenha nomeado novo procurador, o juiz extinguirá o processo sem julgamento do mérito, se o obriga- do foro autor, ou mandará prosseguir o processo a revelia do réu, se o advogado falecido era deste (art. 265, I, § 2º, CPC).

40 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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O contrato de mandato encentra-se disciplinado nos arts. 653 a 692 do Códi- go Civil; já a procuracáo adjudicia encentra-se disciplinada nos arts. 36 a 45 do Código de Processo Civil.

5.5 BASE LEGAL

Procuracáo Ad Judicia 41

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Mogi das Cruzes, 00 de maio de 0000.

contra S. D. B ..

Sociedade Civil de Educacáo T. O., inscrita no CNPJ sobo nº 00.000.000/0000-00, situada na Rua Capitáo Manoel Caetano, nQ 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, neste ato representada por seu Presidente, Prof. S. A. S., portador do RG 0.000.000-SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, pelo presente instru- mento de procuracáo, nomeia e constitui seu bastante procurador o Dr. Gediel Claudino de Araujo Júnior, brasileiro, casado, Advogado inscrito na OAB/SP sobo nll. 000.000, com escritório na rua Adelino Torquato, nll. 00, Parque Monte Líbano, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, a quem confere amplos poderes para o foro em geral, com a cláusula "ad judicia", em qualquer Juízo, Instancia ou Tribunal, podendo propor con- tra quem de direito (vide cláusula restritiva abaixo) as acóes competentes e defender nas contrárias, seguindo urnas e outras, até decisáo final, usando os recursos legais que se fizerem necessários e ou oportunos. Conferindo-Ihe, ainda, poderes especiais para con- fessar, desistir, transigir, firmar compromissos ou acordos, receber e dar quitacáo, agindo em conjunto ou separadamente, podendo ainda substabelecer esta em outrem, com ou sem reservas de iguais poderes, dando tudo por bom, firme e valioso.

Especialmente para: propor Acño de Despejo por Denúncia Vazia

PROCURA<;AO "AD JUDICIA"

5.6 Primeiro modelo: Procuracáo adjudicia -pessoajurídica

42 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 55: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Mogi das Cruzes, 00 de maio de 0000.

J. M. R. de B.

S. A. de A., brasileíra, casada, professora, portadora do RG 000.000- 0-SSP /SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliada naRuaJosé Urbano Sanches, nº 00, Vila Oliveira, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, pelo presente instru- mento de procuracáo, nomeia e constitui seu bastante procurador o Dr. Gediel Claudino de Araujo Júnior, brasileiro, casado, Advogado inscrito na OAB/SP sobo n12 000.000, com escritório na Rua Adelino Torquato, n2 00, Parque Monte Líbano, cidade de Mogi das Cru- zes-SP, CEP 00000-000, a quem confere amplos poderes para o foro em geral, coma cláu- sula "ad judicia", em qualquer Juízo, Instancia ou Tribunal, podendo propor contra quem de direito (vide cláusula restritiva abaixo) as acóes competentes e defender nas contrárias, seguindo urnas e outras, até decísáo final, usando os recursos legais que se fizerem neces- sários e ou oportunos. Conferindo-lhe, ainda, poderes especiais para confessar, desistir, transigir, firmar comprornissos ou acordos, receber e dar quitacáo, agindo em conjunto ou separadamente, podendo ainda substabelecer esta em outrem, com ou sem reservas de iguais poderes, dando tudo por bom, firme e valioso.

Especialmente para: propor Acáo Revisional de Aluguel em face de

PROCURA!;ÁO "AD JUDICIA''

5. 7 Segundo modelo: Procuracáo adjudicia - pessoa física

Procuracáo Ad Judicia 43

Page 56: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Mogi das Cruzes, 00 de fevereiro de 0000.

Eu, Gediel Claudino de Araujo Júnior, brasileiro, casado, advoga- do, inscrito na OAB/SP 000.000, com escritório na Rua Adelino Torquato, nº 00, Parque Monte Líbano, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, pelo presente instrumento "substabeleco", sem reservas, ao "Dr. M. C. de R.", brasileiro, casado, advogado inscri- to na OAB/SP 000.000, com escritório na Avenida Brasil, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, os poderes que me foram outorgados pela "Sra. S. A. de A.", a fim de que o substabelecido possa tambérn representar os interesses da outorgante junto ao processo n2 0000000-00.0000.0.00.0000, que tramita junto a 2ª Vara Cfvel da Comarca de Mogi das Cruzes.

SUBSTABELECIMENTO

5.8 Terceiro modelo: Substabelecimento de procuracáo ad judicia

44 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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42 Os honorários seráo devidos, qualquer que seja o resultado da acáo. 52 Distribuída a medida judicial, o total dos honorários será devido mes-

mo que haja composícáo amigável quanto ao pedido de divórcio, venha a CONTRATANTE a desistir do pedido ou, ainda, se for cassada a procuracáo sem culpa do CONTRATADO.

Parágrafo único: Na hipótese de desistencia antes do ajuizamento da acáo, seráo devidos SOo/o (cinquenta por cento) do valor contratado.

62 A CONTRATANTE responderá, ainda, por todas as despesas do processo, sendo que o pagamento deverá ser feito de imediato tao logo a conta lhe seja apresentada, nao respondendo o CONTRATADO por qualquer prejuízo que advenha da demora ou do nao pagamento de qualquer despesa.

72 Na eventualidade de ser necessário a interposicáo de qualquer re- curso (razñes ou contrarrazóes), seráo ainda devidos ao CONTRATADO honorários extras de R$ 3.000,00 (tres mil reais), valor este que deverá ser quitado antes do protocolo do recurso, sob pena do Advogado ficar dispensado do servíco.

22 A medida judicial referida no item anterior deverá ser ajuizada no prazo de 30 (trinta) días, contados da entrega efetiva de todos os documentos solicitados pelo CONTRATADO, conforme recibo anexo.

32 Pelos servícos, a CONTRATANTE pagará ao CONTRATADO o va- lor total de R$ 10.000,00 (dez mil reais), sendo R$ 4.000,00 (quatro mil reais) a vista, neste ato, servindo o presente de recibo de quitacáo, e R$ 6.000,00 (seis mil reais) em 3 (tres) parcelas mensais e consecutivas de R$ 2.000,00 (dois reais), vencendo a primeira em 00.00.0000.

CONTRATANTE: B. L. A., brasileira, casada, farmacéutica, portadora do RG 00.000.000-SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliada na Rua José Urbano, nº 00, Jardim Brasil, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-00.

CONTRATADO: Dr. Gediel Claudino de Araujo Júnior, brasileiro, casado, Advogado, inscrito na OAB-SP sobo nº 000.000, portador do RG 00.000.000- SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, com escritório na RuaAdelino Torquato, n'200, Parque Monte Líbano, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000.

Pelo presente instrumento particular, as partes supraqualificadas con- vencionam entre si o seguinte:

1 ºO CONfRATADO obriga-se a ajuizar "acáo de divórcio litigioso" em face do cónjuge da CONTRATANTE, conforme termos do mandato que Ihe é outorgado em apartado.

CONTRATO DE PRESTA(:ÁO DE SERVI(:OS ADVOCATÍCIOS

5. 9 Quarto modelo: Contrato de honorários advocatícios

Procura~oAdJudicia 45

Page 58: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

B. L. A.

Gediel Claudino de Araujo Júnior

Mogi das Cruzes, 00 de setembro de 0000.

so. Qualquer medida judicial ou extrajudicial que tenha como objeto o conteúdo deste contrato deverá ser ajuizada no Foro da Comarca de Mogi das Cruzes-SP.

Por estarem, assim, justos e contratados, firmam o presente instru- mento, que é elaborado em duas vias, de igual teor, sendo urna para cada parte.

46 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 59: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

1 A carta pode ser entregue pessoalmente, requerendo-se ciencia em urna cópia; pode ainda ser enviada pelo correio com aviso de recebimento.

N. da C. O. Rua Prof. Norma Nunes Moraes Munhoz, 00, Vila Oliveira Mogi das Cruzes - SP.

Atenciosamente,

Venho por rneio desta "comunicar expressamente" a Vossa Senhoria a "revogacáo" do mandato que lhe conferi para ajuizamento de acáo de investígacáo de pa- ternidade (p. 00000.00-0000.0.00.0000, 4ºVara Cível), ficando, ainda, vedada, a partir desta data, qualquer outra manifestacáo, nos autos ou fora dele, com arrimo no referido mandato.

Prezado Doutor:

Ilmo. Sr. Dr. R.M. da S. Rua Vicente Prestes de Almeida, nº 00, Centro Mogi das Cruzes - SP CEP 00000-000.

5.10 Quinto modelo: Carta revogando o mandato concedido ao advogado1

Procuracáo Ad Judicia 4 7

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Na chamada defesa contra o processo, o réu deve atentar para as exigencias legais para que o autor possa de fato requerer a adjudicacáo compulsória, como, por exemplo, ter quitado completamente suas obrigacóes em face do vendedor e/ ou a falta de recusa quanto a outorga da escritura definitiva. Neste caso, as ques- toes preliminares podern se confundir corno mérito (carencia de acáo por falta de legitirnidade ou interesse), contudo, no mérito, o réu pode, alérn de outras questóes particulares do caso, informar sobre eventual irnpossibilidade de cum- prir corn a sua obrigacáo, expondo detalhadamente suas razóes.

Obedecendo a acáo o rito cornurn surnário, o réu, cuja defesa tenha corno arri- mo a inadimpléncia do autor (nao quitou todo o preco, por exernplo), pode ainda

6.2 A<;AO DE ADJUDICA<;AO COMPULSÓRIA

Sornente o estudo detalhado do caso, após se ouvir o cliente e fazer-se per- cuciente análise dos autos do processo, habilita o advogado a apresentar as opcóes de defesa ao seu cliente, por esta razáo nao é possível apresentar ern um manual corno este todas as possibilidades de resposta num caso concreto; contudo, corn escopo de ajudar os colegas advogados apresento, corn arrimo na rninha experien- cia pessoal, a seguir observacóes particulares sobre a defesa, ern especial sobre a contestacáo, das acóes rnais cornuns do processo civil.

6.1 INTRODU<;ÁO

Prática Forense

6

Page 61: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

A lei que instituiu os alimentos gravídicos colocou o homem em urna situa- cáo de desvantagern, visto que possibilitou a sua condenacáo ao pagamento de pensáo alirnentícia mediante simples indícios; ou seja, sern que haja preva real de paternidade.

Citado, o hornern que tenha reais dúvidas sobre sua paternidade, ern razáo, por exemplo, de comprovada infidelidade da ex-namorada ou por já ter feíto va- sectornia, deve contestar a acáo juntando documentos e pedindo a producáo de provas (v. g., oitiva de testemunhas, perícia técnica etc.). Corn escopo de evitar que fique condenado a pagar pensáo para fi1ho que nao seja seu (os alimentos gravidi- cos se convertem em alimentos para a crian~a), pode ainda o hornern requerer que o juiz suspenda o feito, após decidir sobre a liminar, até o nascirnento da enanca, a firn de possibilitar a realizacáo de exarne de DNA nos próprios autos (princípio da economia processual).

6.4 A!;AO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS

Além de eventuais preliminares (defesa contra o processo), o réu, no mérito, pode argumentar sobre sua falta de capacidade, possibilidade, para prestar os alimentos, explicitando, é claro, seus motivos, ou, ainda, a falta de necessidade dos alimentos por parte do alimentando.

Desejando impugnar apenas o valor pedido pelo alimentando, o réu deve de- monstrar detalhadamente suas condicóes financeiras (balance entre entradas e saídas), fazendo constar ainda proposta de alimentos dentro de suas possíbíli- dades. Importante juntar documentos comprovando suas alegacóes, rnorrnente certidáo de nascirnento de outros filhos, comprovantes das alegadas despesas (v. g., aluguel, transporte, rernédios, prestacóes, etc.) e atestado médico quanto a eventuais problemas de saúde.

A contestacáo deve ser oferecida em audiencia, por peticáo ou verbalmente. Neste caso, é preciso estar atento as novas regras do processo eletrónico, sendo cornurn que o juízo determine o protocolo da contestacáo, via eletrónica, pelo menos duas horas antes da audiencia. Corn escopo de evitar problemas, o advo- gado deve estar atento as regras emitidas pelo Tribunal de Justica competente e a eventual advertencia expressa no próprio mandado.

6.3 A!;AO DE ALIMENTOS

fazer pedido contraposto no sentido de que o contrato seja rescindido e o vende- dor reintegrado na posse do bem; se por qualquer razáo o processo seguir o rito ordinário, a rescisáo do contrato e a reintegracáo de posse podern ser requeridas por rneio de reconvencáo.

Prática Forense 49

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"Nova redadio do art. 3º, do Dec. Leí 911/69, modificaf6es introduzidas pelo art. 56, da Lei 1O.931/04, concess6es arbitrárias ao credor jiduciário, mo- delo flagrantemente potestativo, inviabilidade do devedor fiduciante buscar a consolidaféi.O do contrato, purgando a mora, seniio como depósito do preco conrrnruci, por inteiro e nos limites do apontamento ministrado pelo credor, tais circunstancias, absoluto descompasso como sistema jurídico (Constuuidio Federal, Código Civil e Código de Defesa do Consumidor), descabe recepcionar, mecanismo flagrantemente ilegal e inconstitucional -Agravo de Instrumen- to, n. 878. 051-0/ 4 - Piracicaba - 3º- Cámara de Direito Privado - Relator: Carlos Russo - 04. 05. 05, v. u."

O devedor que deixa de pagar financiarnento garantido por alienacáo fiduciá- ria acaba numa situacáo rnuito difícil; além de perder o veículo, ele normalmente fica ainda corn urn grande débito junto a instituicáo financeira que lhe ernprestou o dinheiro. No entanto, nao se deve olvidar que a situacáo já foi pior, visto que nao faz muito tempo ele podía ainda acabar preso corno depositário infiel. Esta hipótese foi definitivamente afastada corn a emissáo da Súmula Vinculante nº 25 do STF, corn a seguinte redacáo: "É ilícita a prisiio civil de depositário infiel, qual- quer que seja a modalidade do depósito."

Embora a defesa nestes casos seja difícil, há algurnas alternativas. Primei- ro, o§ 2° do art. 3° do Decreto-leí nº 911/69, coma redacáo que lhe deu a Lei nº 10.931/04, assegura ao devedor o direito de recuperar a posse do bern se, no prazo de 5 (cinco) dias após executada a liminar de busca e apreensáo, estepa- gar integralmente a <lívida pendente, conforme cálculos apresentados pelo credor na sua petícáo inicial. A redacáo da norma legal foi infeliz e tern dado rnargern a abusos por parte dos credores, que vía de regra apresentarn na exordial cálculos claramente exagerados (v.g., nao fazern desconto proporcional pelo vencimento antecipado das parcelas; cobram comissáo de permanencia etc.).

Reconhecendo o engano do legislador, recente jurisprudencia vern garantin- do ao devedor o direito de recuperar o seu carro mediante simples purgacáo da mora, qualquer que tenha sido o número de parcelas pagas. Veja-se este exernplo:

6.5 A<;AO DE BUSCA E APREENSAO EM ALIENA<;AO FIDUCIÁRIA

Na sua resposta, o hornero deve ainda informar sobre as suas condícóes finan- ceiras, discutindo o valor da pensáo, a fim de que esta, no caso de procedencia do pedido, seja fixada num valor justo. Nao se deve deixar de juntar documentos comprovatórios dos fatos alegados, em especial a existencia de rnais prole (ou- tros filhos).

50 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Na acáo de despejo por falta de pagamento a apresentacáo, pelo autor, de cálculo correto e discriminado do valor do débito é requisito essencial da peticáo inicial. Com efeito, a falta dos cálculos ou a incorrecáo deles pode levar ao inde- ferimento da peticáo inicial por inépcia, extínguindo-se o feíto sern julgarnento de mérito (art. 267, I, CPC).

Sabendo disso, o inquilino pode, em preliminar, atacar os cálculos, dernons- trando a presenca de valores nao devidos ou excessivos, requerendo a declara-

6.8 A<;ÁO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO

Além de eventuais preliminares, o locatário pode requerer seja declarada a carencia de acáo, por falta de urna das condicóes da acáo, tal como: (I) falta de notificacáo prévia; (II) o contrato de locacáo nao ser por escrito; (III) o contrato de locacáo nao ter sido celebrado pelo prazo de 30 (trinta) meses ou mais; (IV) o contrato de locacáo nao se encontrar vencido.

No mérito nao há o que se discutir, visto que o locador nao precisa justificar seu pedido. Cabe tao semente ao locatário requerer o prazo de seis meses para a desocupacáo, consoante permissivo do art. 61 da Lei nº 8.245/91.

6.7 A<;ÁO DE DESPEJO POR DENÚNCIA VAZIA

Além de eventuais preliminares, o locador tern, no mérito, sua defesa restrita, consoante inciso V do já referido art. 67, ou seja, semente pode alegar que: (I) nao houve recusa ou mora ern receber a quantia devida; (II) ter sido justa a recusa; (III) nao ter sido efetuado o depósito no prazo ou no lugar do pagamento; (IV) nao ter sido o depósito integral.

Nao se deve olvidar que o ónus da preva é do autor. Além de apresentar defesa, nos limites apontados, o réu pode ainda apresen-

tar reconvencáo pedindo o despejo por falta de pagamento.

6.6 Ac;.Ao DE CONSIGNAc;.Ao DE ALUGUEL

Pedindo ou nao a purgacáo da mora (ou quítacáo do contrato, como diz de forma infeliz a lei), o devedor pode oferecer contestacáo no prazo de 15 (quin- ze) dias da execucáo da liminar. Além de eventuais questóes preliminares, corno, por exernplo, a falta ou vício da constituicáo em mora do devedor, no mérito o réu pode impugnar os cálculos apresentados pelo credor fiduciário, requerendo, corn fundamento no abuso de direito, sejamjulgados os pedidos improcedentes.

Prática Forense 51

Page 64: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

A • ou urna carencia. Um pagamento parcial costurna evitar que a prísáo seja decretada de imedia-

to, bem como facilita urna futura composícáo.

Quando o executado nao tem condicáo financeira de pagar a pensáo atrasada, deve, no prazo de tres dias após a citacáo, apresentar ao Juízo suas "justificativas".

É importante que informe em detalhes suas condícóes financeiras, juntando documentos, rnormente a carteira de trabalho, fazendo, quando possível, urna proposta para pagamento do débito, normalmente um pedido de parcelarnento

6.10 AGÁ.O DE EXECUGAO DE ALIMENTOS

Alérn de eventuais preliminares, a parte demandada, no mérito, nao tem como impedir que o autor obtenha a regularizacáo do seu estado civil (decreta~éio do divórcio), mesmo que ela seja responsável pelo firn do casamento; na verdade, atualmente nao é rnais necessário se declarar as razóes do pedido de divórcio. Assirn a sua atencáo deve ser dirigida aos outros aspectos do divórcio, rnorrnente os patrirnoniais.

Conforme o caso, a parte deve mencionar bens sonegados (nao citados na exordial), <lívidas nao declaradas ou obrigacóes pendentes do casal.

A do u trina discute se eventual pedido de alimentos e de guarda de filhos me- nores pode ser feíto diretarnente na contestacáo ou se há necessidade do ofere- cirnento de reconvencáo; pessoalrnente, considerando o princípio da economía processual e pelo fato que estas questóes necessariarnente devern ser disciplina- das pelo juízo, nurn sentido ou outro (natureza dúplice da avenca), entendo que a parte pode fazé-lo na própria contestacáo, contudo, na prática, é born averiguar qual é o entendirnento do juiz e/ou do tribunal.

6.9 AGÁ.O DE DIVÓRCIO LITIGIOSO

cño de inépcia da exordial (veja-se modelo ern capítulo próprio). Observe-se, no entanto, que quando há discordancia quanto ao valor do débito, a jurisprudencia tern se inclinado no sentido de que o locatário deve depositar ern juízo a parte incontroversa se quiser evitar a rescisáo do contrato.

No mérito, o inquilino que esteja realmente ern mora pode evitar a rescísáo do contrato de locacáo e, obviamente, o despejo, purgando a mora no prazo de 15 (quinze) días, conforme lhe faculta a lei (art. 62, II, LI). Ressalte-se, no entanto, que essa faculdade só pode ser utilizada urna vez a cada 24 (vinte e quatro) meses.

52 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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De regra, cabe ao autor provar seu prejuízo (dano material e dano moral), o nexo de causalidade entre o dano e a acáo ou omissáo do réu e a culpa <leste. Tais fatos podem ser provados pela oitiva de testemunhas, juntada de documentos (fotos, cartas, declaracóes, vídeo, boletim de ocorréncía etc.) e perícia técnica.

No campo da responsabilidade civil, nao se pode olvidar, outrossim, que exis- tem certos casos em que se dispensa a prova da culpabilidade do agente (respon- sabilidade objetiva), como no caso de danos causados em razáo de contrato de transporte (Decreto nº 2.681/1912, art. 734, CC/2002) e por agentes do servico público (art. 37, § 6º, CF).

Tratando-se de relacóes de consumo, o advogado pode requerer a inversáo do ónus da prova, isto é: nao é o consumidor que precisa provar a culpa do fornece- dor, mas este é que passa a ter a obrigacáo de provar que nao agiu com culpa (art. 6º, VIII, Leí nº 8.078/90-CDC).

6.12 A(tAO DE INDENIZA(tAO POR PERDAS E DANOS

O pedido de exoneracáo normalmente é arrimado em alguma das seguintes premissas: (I) maioridade civil do credor (art. Sº, CC); (II) novo casamento ou uniáo estável do alimentando (art. 1.708, CC); (III) cessacáo da condicáo de ne- cessitado do alimentando ou a impossibilidade de o alimentante de continuar com o encargo (art. 1.699, CC).

Além de eventuais preliminares, o alimentando, na primeira hipótese, deve de- monstrar que nao obstante tenha alcancado a maioridade continua necessitando da ajuda financeira do alimentante, seja porque está estudando (a jurisprudencia é firme no sentido de que a obrígacáo alimentícia deve se manter até o fim dos estudos, observando-se a idade limite de 24 anos), seja porque nao possui con- dicóes para o trabalho (neste caso é importante juntar atestado médico). Já na segunda e terceira hipóteses, basta urna simples negativa firme e peremptória, lembrando-se que o ónus da prova é do autor.

6.11 A(tAO DE EXONERA(tAO DE PENSAO ALIMENTÍCIA

É contraproducente o executado levantar em suas justificativas questóes es- tranhas ao feito, como, por exemplo, a ocorréncia de alteracáo em suas possibi- lidades financeiras ou ainda o nascimento de outro filho. Estas questóes devem ser levadas ao juízo por meio de acáo revisional de alimentos; na execucáo, a co- locacáo destas questóes nao só é impropria, nao evitando eventual decretacáo da prisáo, como acaba irritando a parte credora, fato que constantemente dificulta urna composícáo quanto ao débito.

Prática Forense 53

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Diante da natureza dúplice das acóes possessórias, a contestacáo ganha es- pecial relevo, visto que o réu pode, por meio dela, demandar, também, protecáo possessória em face do autor. Sendo assim, além de impugnar os fatos apresen- tados pelo autor, é importante também requerer medida judicial que proteja os interesses do réu.

6.15 A(¡AO DE MANUTEN(¡AO DE POSSE

Além das questóes preliminares eventualmente cabíveis ao caso concreto, o réu que tenha dúvidas reais quanto a sua paternidade em face do autor deverá, em contestacáo, negá-la. Registre-se que a simples negacáo é bastante para res- guardar os direitos do réu, vez que o ónus da prova é do autor. Desnecessário, portanto, que o réu, a fim de defender os seus interesses, dirija agressóes pessoais a genitora do autor. Tal fato, infelizmente tao comum, é totalmente desnecessário e profundamente deselegante.

Sendo a acáo de investigacáo de paternidade cumulada com alimentos, cabe ainda ao réu se manifestar sobre o pedido de pensáo, impugnando eventualmente o valor requerido, informando sobre sua capacidad e financeira real e os encargos que já possui, a fim de possibilitar ao Juízo, no caso de procedencia da acáo, a correta fixacáo do valor da pensáo. Existindo outros filhos, é importante ajunta- da de certidáo de nascimento.

6.14 A(¡AO DE INVESTIGA(¡AO DE PATERNIDADE ce ALIMENTOS

Além de eventuais preliminares, a defesa de mérito nessa acáo é a negacáo da imputada incapacidade civil, podendo o interditando contrapor as provas pro- duzidas, apresentando outras, tais como laudos e pareceres médicos que atestem sua capacidade mental.

6.13 A(¡AO DE INTERDI(¡AO

A contestacáo, nesse feito, depende muito da condicáo do réu; se este se en- caixa em algurna das situacóes especiais, apontadas no parágrafo supra, deverá tentar demonstrar que nao agiu com culpa.

No geral, além de eventuais preliminares, o réu, lembrando que o ónus da pro- va cabe a quem alega, actori incumbit probatio, pode limitar-se a negar os fatos e, por cautela, questionar os valores que sao cobrados.

54 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Além de eventuais preliminares, o réu, no mérito, pode negar a existencia da convivencia, more uxorio, entre o casal, pela falta do transcurso do prazo ou porque o relacionamento tinha outra natureza que nao a constituicáo de entidade familiar.

Quanto aos bens, provada a uniáo estável, caberá a discussáo sobre quando e como foram adquiridos. Neste particular, o réu deve juntar com a contestacáo documentos tendentes a provar que a aquisicáo de certo bem ocorreu antes da uniáo ou em sub-rogacáo de outro bem previamente existente; deve, ainda, trazer a colacáo eventuais bens sonegados, assim como mencionar <lívidas e obrígacóes em aberto.

Existindo prole, cabe ainda díscussáo sobre a guarda dos filhos menores, assim como alimentos a eles devidos; por esta raza o, o interessado deve se manifestar no sentido de requerer lhe seja concedido a guarda (unilateral ou compartilhada), e/ ou a presentar proposta para o valor da pensáo, conforme sua situacáo financeira e as necessidades das críancas.

6.18 AGÁ.O DE RECONHECIMENTO E DISSOLUGAO DE UNIÁ.O ESTÁVEL

No mérito, o devedor, entre outras razñes, pode negar a recusa em cumprir a obrigacáo; pode informar sobre a impossibilidade de se cumprir a obrigacáo, apresentando seus motivos; pode, também, alegar que o autor nao fez, ainda, sua parte (excecáo do contrato nao cumprido).

6.17 AGÁ.O DE OBRIGAGAO DE FAZER

Além de eventuais questñes de direito que sejam pertinentes ao caso (art. 301, CPC), o réu pode argumentar, quando for o caso, ainda em preliminar, "carencia de acáo", pelo fato de que o autor sabia ao registrar o menor que ele nao era biolo- gicamente dele, tendo ocorrido o que a doutrina chama de "adocáo a brasíleira".

No mérito, além de negar os fatos apresentados na exordial, o réu pode de- fender a tese da "paternidade social"; ou seja, que o autor assumiu publicamente por tanto tempo a paternidad e do menor, que efetivamente nao faz mais qualquer diferenca se ele é ou nao biologicamente o pai dele, devendo-se mantero registro, mesmo com exame de DNA negativo, em razáo dos imensos prejuízos que sofreria o menor, material e, principalmente, psicologicamente. Efetivamente, nao se deve olvidar que o interesse do menor está acima dos interesses egoísticos do autor.

6.16 AGÁ.O NEGATÓRIA DE PATERNIDADE

Prática Forense 55

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O art. 72 da Lei n2 8.245/91 lirnita a abrangéncia da contestacáo neste tipo de acáo, informando que, além da defesa de direito que possa caber (preliminares), esta ficará adstrita ao seguinte: 1- nao preencher o autor os requisitos estabele- cidos nesta Lei; 11 - nao atender a proposta do locatário o valor locativo real do imóvel na época da renovacáo, excluída a valorizacáo trazida por aquele ao ponto ou lugar (neste caso, o locador deverá apresentar contraproposta); 111- ter propos- ta de terceiro para a locacáo, em condícóes melhores (neste caso, o locador <leve juntar preva por escrito); IV - nao estar obrigado a renovar a locacáo (incisos 1 e 11 do art. 52 da Lei n2 8.245/91).

Contestando a acáo, o locador pode pedir que o juiz fixe aluguel provisório para viger após o término do contrato e pedir seja fixado prazo para que o loca- tário desocupe o imóvel após o término do feito.

6.21 A<;AO RENOVATÓRIA DE LOCA<;AO

O réu <leve estar atento aos requisitos próprios desta acáo, cuja legitirnidade é unicamente do proprietário, devidarnente legitimado pelo seu título. No mérito, estando o réu, de fato, na posse do bem, a defesa clássica costurna ser a alegacáo da prescricáo aquisitiva, ou seja, a excecáo de usucapíáo.

Quando o tempo da posse inviabilizar a alegacáo de usucapíáo, o réu pode re- querer lhe seja reconhecido o direito de ficar no bem, ou como bem, até ser cabal e completamente indenizado pelas benfeitorias e acessóes feitas nele.

6.20 A<;AO REIVINDICATÓRIA

Diante da natureza dúplice das acóes possessórias, a contestacáo ganha es- pecial relevo, visto que o réu pode, por meio dela, demandar, também, protecáo possessória face ao autor.

Quando a posse do réu for de forca velha, isto é, tiver mais de ano e dia, sua situacáo fica mais tranquila, porquanto poderá mantera posse do bem até decisáo final, o que, invariavelmente, demora muitos anos.

Nestes casos, a defesa clássica costuma ser a alegacáo da prescricáo aquisiti- va, ou seja, a excecáo de usucapiáo, consoante art. 183 da Constituicáo Federal.

6.19 A<;AO DE REINTEGRA<;AO DE POSSE

56 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 69: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Considerando que a acáo de usucapiáo possui urna grande série de requisitos próprios, devendo, ademais, ser a inicial acompanhada de urna longa lista de do- cumentos, o réu deve dispensar especial atencáo a defesa contra o processo (pre- liminares), procedendo a percuciente análise dos autos. No caso de cítacáo edi- talícia de terceiros certos, leia com atencáo o edital (na prática forense, os erros neste ato processual sao comuns, fato que pode provocar a nulidade do processo ou ao menos exigir a repeticáo do ato).

No mérito, o réu pode argumentar que ainda nao ocorreu a prescricáo aquisi- tiva, ou, ainda, que a posse do autor tinha outra natureza, verbi gratia: locacáo, comodato etc.

Os confrontantes também podem impugnar a pretensáo do autor, como esco- po de defender os exatos limites de suas propriedades.

6.24 A(tAO DE USUCAPIÁ.O

Além da defesa de direito que possa eventualmente caber (art. 301, CPC), o réu, no mérito, pode negar os fatos informados pelo autor para justificar o aumen- to ou a diminuicáo do valor do aluguel, apresentando, segundo a sua avalíacáo, contraproposta para o valor do aluguel.

6.23 A(tAO REVISIONAL DE ALUGUEL

Quando a acáo for ajuizada pelo alimentando, querendo, é claro, o aumento do valor da pensáo alimentícia, o réu deverá demonstrar sua impossibilidade, in- dicando seus rendimentos e suas obrigacóes,

Já quando a acáo for ajuizada pelo alimentante, buscando a diminuicáo de sua obrígacáo alimenticia, o réu deverá impugnar as razóes do pedido, procurando demonstrar que, de fato, o alimentante continua tendo condicóes de arcar com os custos da pensáo como se encontra fixado. Com efeito, mesmo o nascimento de nova prole pode nao ser motivo para a revísáo judicial da pensáo, visto que o alimentante tinha pleno conhecimento de suas obrígacóes e das necessidades do alimentando.

6.22 A(tAO REVISIONAL DE ALIMENTOS

Prática Forense 5 7

Page 70: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Concedida in limine litis a liminar, o requerido pode agravar por instrumento e simultaneamente requerer a reconsíderacáo da decísáo, apresentando os seus argumentos. No mérito, deve impugnar os fatos informados pela requerente, apresentando as razóes por que está com o menor, ou as razóes pelas quais nao o devolveu no tempo próprio.

6.25 MEDIDA CAUTELAR DE BUSCA E APREENSAO DE MENOR

58 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Os autores ajuizaram o presente feíto asseverando que firmaram com a ré compromisso de compra e venda do imóvel situado na Rua Ricardo Amaral, n2 00,

Dos Fatos

IMOBILIÁRIA C. A. S/C LTDA., representada por seu diretor presi- dente, por seu advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, n2 00, Jardim Armenia, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe in- timacáes, nos autos do processo que lhe movem V. R. W. E/O, vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer contestadio, pelos motivos de fato e de direito que a seguir expóe:

Processo nª 00000-00.0000.0.00.0000

Afao de Adjudicafao Compulsória

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.1 CONTESTA~AO DE A~O DE ADJUDICA~O COMPULSÓRIA COM PRELIMINAR DE "C.ARENCIA DE A~AO"

Pecas Processuais

7

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Pelas razñes expostas na preliminar, este douto Juízo difícilmente chegará a apreciar o mérito do pedido dos autos, contudo, em respeito ao princípio da eventualidade e considerando que a preliminar pode se confundir com o próprio mérito da causa, a ré reitera que nunca se negou a outorgar a escritura de compra e venda, es- tando a dísposicáo dos autores, na sua sede, para providenciar os tramites necessários.

Ante o exposto, considerando que falta aos autores interesse de agir, requer-se a extincáo da presente acáo sem julgamento do mérito (art. 267, VI, CPC); no

Do Mérito

"Art. 1.418. O prornitente comprador, titular de direito real, pode exigir do prornitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudícacáo do imóvel." Como se ve, pressuposto fundamental do presente feito é que haja

recusa do promitente vendedor. Todavia, a ré nunca se recusou a outorgar a escritura definitiva, muito ao contrário, tao logo os autores quitaram o preco, foi lhes enviado cor- respondencia requerendo seu comparecimento na sede da ré a fim de tratar dos tramites necessários para a transferencia definitiva da propriedade (documentos anexos), porém estes nunca compareceram. Razáo pela qual, grande foi a surpresa dos representantes da ré quando receberam cítacáo para o presente feito, vez que desconheciam a vontade dos autores, que nunca os procuraram para regularizar a situacáo do imóvel.

Nao tendo havido recusa por parte da ré em outorgar aos autores a competente escritura pública, estes devem ser declarados carecedores de acáo (interesse de agir), extinguindo-se o feito semjulgamento de mérito.

Da Carencia de Ac;ao. O art. 1.418, do Código Civil, concede ao promitente comprador, com

direito real (título registrado no CRI), o direito de requerer judicialmente a adjudicacáo do imóvel desde que o promitente vendedor tenha se recusado a outorgar a escritura de- finitiva. Para melhor caracterízacáo da questáo, pede-se venia para transcrever o referido artigo, in verbis:

Prelitninarmente

Jardim Imperador, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, pelo preco total de R$ 85.000,00 (oitenta e cinco mil reais). Alegaram, ainda, que efetuaram o pagamento to- tal do preco e que a compromitente vendedora estaria se recusando a passar a escritura definitiva. Pediram, por fim, fosse o referido imóvel adjudicado ao seu patrimonio, expe- dindo-se o competente mandado para o Cartório de Registro de Imóveis.

Recebida a peticáo inicial, designou este douto Juízo audiencia de concíliacáo, determinando a intímacáo dos autores e a citacáo daré.

Em apertada síntese, os fatos.

60 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 73: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de maio de 0000.

Termos em que p. deferimento.

mérito, se a tanto se chegar, a pretensáo do autores deve ser indeferida, visto que nunca houve por parte daré recusa na concessáo da escritura pública, bastando que eles se apre- sentem na sede da empresa para providenciar os documentos necessários.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, perícia contábil, oitiva de testemunhas e depoimento pessoal dos autores.

Pecas Processuaís 61

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Os autores ajuizaram a presente acño em face do réu asseverando, em apertada síntese, que sao filhos naturais dele e que tem este descuidado da sua obrigacáo de contribuir para o seu sustento. Requereram, por fim, fosse o réu condenado a pagamen- to de pensáo alimentícia no valor de 30o/o (trínta por cento) de seus rendimentos líquidos, quando empregado, 01 (um) salárío-mínimo, quando desempregado.

Recebida a inicial, fixou este douto Juízo o valor dos alimentos provi- sórios em 1/2 (meio) salário-mínimo, designando audiencia de conciliacáo para odia 00 de abril de 0000 as 13h45.

Dos Fatos

"Da necessidade de redesignadio da audiencia." O réu recebeu, por meio de terceiros, a citacáo para responder aos ter-

mos do presente feito em 00 de abril de 0000; considerando que se aplicam, por analogia, ao procedimento da acáo de alimentos as regras do rito comum sumário (art. 277, CPC), necessário a redesignacáo da audiencia de conciliacáo, instrucáo e julgamento marcada para o dia 00.00.0000.

A redesignacáo da audiencia visa garantir ao réu o exercício pleno do seu direito de defesa.

Primeiramente

E. D. dos S., brasileiro, solteiro, desempregado, portador do RG 00.000.000-SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliada na Rua Jóia, nº 00, Jardim Modelo, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que lhe movem G. R. dos S. e outros, vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer contesta- s:áo, nos termos a seguir articulados:

Processo nº 0000000-00. 0000. O. OO. 0000

Afao de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 ªVara de Farm1ia e Sucessñes do Foro de Sao José dos Campos-SP.

7.2 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE ALIMENTOS MOVIDA PELOS FILHOS EM FACE DO PAi, COM PRELIMINAR E CONCORDÁNCIA PARCIAL COM O PEDIDO

62 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 75: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi Cruzes-SP/S. J. Campos-SP, 00 de abril de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Na verdade, a situacáo financeira atual do réu nao é boa, razáo pela qual se propóe a pagar pensáo alimenticia mensal aos autores no valor de 30% (trínta por cento) de seus rendimentos líquidos, incluindo-se 13º salário, férias e verbas resci- sórias, quando empregado (excluindo-se o FGTS), e 25% (vinte e cinco por cento) do sa- lário-mínimo nacional, com vencimento para todo dia 10 (dez), quando desempregado ou trabalhando sem vínculo. Neste último caso, requer-se seja intimado pessoalmente quanto ao número da conta corrente da Sra. K., guardia dos menores, onde deve passar a fazer os depósitos.

Ex positis, "requer-se a procedencia parcial do pedido da autora", a fim de fixar a pensáo devida pelo pai aos requerentes em 30% (trinta por cento) de seus ren- dimentos líquidos, incluindo-se 13º salário, férias e verbas rescisórias, quando empregado (excluindo-se o FGTS), e 25% (vinte e cinco por cento) do salário-mínimo nacional, com vencimento para todo dia 10 (dez), quando desempregado ou trabalhando sem vínculo.

Requer-se, por fim, os beneficios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, perícia social, oitiva de testemunhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal da representante dos autores.

Embora ciente de suas obrigacóes em face dos filhos, o alimentante nao tem condicóes de arcar com pensáo alimentícia no valor pleiteado na peticáo inicial, mormente quanto a situacáo de desemprego (atual condicáo do réu - "desempregado").

No momento, o alimentante vem sobrevivendo de pequenos e esporá- dicos "bicos"; estes trabalhos, quando aparecem, lhe rendem algo em torno de R$ 700,00 (setecentos reais).

sao dos autores. Douto Magistrado, o réu CONCORDA PARCIALMENTE com a preten-

Do Mérito

Em síntese, os fatos.

Pecas Processuaís 63

Page 76: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

O andamento do presente feito <leve ser suspenso (art. 79, CPC), deter- minando-se que venham ao processo todos os avos da menor, fls. 00, quais sejam, Sr. A. A. D. e a Sra. I. R. D., de qualificacáo ignorada, com residencia e domicilio na rua Aristides Germano Montagnini, nº 00, Jardimlvete, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000.

Tal medida é obrigatória e encontra fundamento expresso no artigo 1.698 do Código Civil, in verbis:

Do Chamamento ao Processo

Recebida a exordial, deixou este douto Juízo de fixar os alimentos pro- vísórios, fls. 00, determinando a citacáo do réu para responder no prazo legal.

Em síntese, os fatos.

A autora ajuizou o presente feito asseverando, em apertada síntese, que é filha de "M.S. de S.", que por sua vez é filho do réu, e que este estaria descurando do seu dever de contribuir para seu sustento, conforme obrigacáo que advém do poder familiar. Declarou, ainda, de forma genérica as suas necessidades. Informou que "nao pediu" alimentos ao pai da crianca, vez que teria notícias de que este está desempregado. Por fim, requereu a fixacáo dos alimentos provisórios e definitivos no valor de 2 (dois) saláríos-mínimos.

Dos Fatos

J. C. G. de S., já qualificado apud acta, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritorio na Rua Francisco Martins, n° 00, Centro, ci- dade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacoes, nos autos do processo que lhe move M. L. D. S. de S., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer coniestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo ne 0000000-00. 0000. 0.00. 0000

A~ao de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.3 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE ALIMENTOS MOVIDA PELA NETA EM FACE DOS AVÓS PATERNOS, COM CHAMAMENTO AO PROCESSO E PRELIMINARES DE C.ARENCIA DE Af;AO E INÉPCIA DA PETif;AO INICIAL

64 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 77: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

"A responsabilidade de os avós pagarem pensáo alimenticia aos netos decorre da incapacidade de o pai cumprir com sua obriga- r;ao. Assim, é inviável a acáo de alimentos ajuizada diretamente contra os avós paternos, sem comprovaeáo de que o devedor ori- ginário esteja impossibilitado de cumprir com o seu dever. Por

in verbis:

"Da caréncia de as;éío." Douto Magistrado, nao se vislumbra nos fatos informados na exordial

qualquer raza o que justifique o feíto. A autora nao é órfá, possui máe e pai a quem, segun- do a lei (art. 1.634, CC), cabem a obrigacáo e o direito de cuidar dela.

Se a genitora da autora nao possui condícñes de lhe prover o sustento sozinha, como alega sem provas, deveria primeiramente buscar ajuda do genitor. O que nao pode fazer é simplesmente transferir tal responsabilidade para os av6s, buscando o caminho que lhe pareceu mais fácil.

Primeiro, a representante da menor deve buscar um emprego e meios pr6prios para atender as necessidades de sua filha, ''que ela pos no mundo sem consulta ou interferencia do réu"; agora, se ela precisa de ajuda para prover o subsistencia da sua filha, deve, como se disse, primeiro tomar as providencias judiciais necessárias para obrigar o pai da críanca a cumprir com o dever que advém do poder familiar.

Veja-se: nao pode a menor autora simplesmente qualificar os seus país de inúteis e processar os avós. A fim de justificar acáo de alimentos contra os avós, a autora deveria demonstrar, provar, na exordial que sua máe encontra-se totalmente impossibi- litada para tanto e que já esgotou todos os meios judiciais para cobrar pensáo de seu pai.

Neste caso, niio se admitem atalhos. Neste sentido a jurisprudencia,

Preliminarmente

"A responsabilidade dos avós quanto aos alimentos é complemen- tar e deve ser diluída entre todos eles (paternos e maternos)." (REsp 401484-PB, Ministro Fernando Goncalves, Quarta Turma, DJ 20.10.2003, p. 278) Destarte, requer-se sejam as pessoas supraindicadas chamadas ao pro-

cesso, devendo-se, para tanto, determinar sua citacáo, fazendo-se juntar cópia da peticáo inicial e desta contestacáo, oficiando-se ao Cartório Distribuidor para que sejam feítas as devidas anotacñes e retíficacóes.

ca, in ver bis:

"Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, nao estíver em condícóes de suportar totalmente o encargo, seráo chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas o brigadas a prestar alimentos, todas devem con correr na propor- r;ao dos respectivos recursos, e, intentada a~ao contra uma delas. poderao as demais ser chamadas a integrar a lide." (grifo nosso) Neste sentido, recente jurisprudencia do Superior Tribunal de Justi-

Pecas Processuaís 65

Page 78: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Pelas razñes expostas nas preliminares, irnprovável venha este douto Juízo a conhecer do pedido formulado na exordial; contudo, ad cautelam, passa a se ma- nifestar sobre o mesmo, onde melhor sorte nao aguarda a autora.

Do Mérito

No caso presente, onde se busca alimentos em face dos avós, e nao dos pais, deveria ter a autora indicado de forma clara e precisa as suas necessidades, mencio- nando expressamente o valor destas necessidades (art. 2º, L. 5.478/68-LA); "e maís", de- veria ter indicado quais os rendimentos de sua máe e de seu pai, a fim de que se pudesse mensurar realmente com quanto eventualmente os avós deveriam contribuir.

Lamentavelmente, a autora se limitou a "chutar" um número, pediu pensáo de DOIS SALÁRIOS-MÍNIMOS (número mágico), sem qualquer base, sem qual- quer fundamento, seja quanto a suas "desconhecidas" necessidades, sejam quanto as pos- sibilidades dos avós.

Destarte, "requer-se" seja reconhecida e declarada a inépcia da petícáo inicial (art. 295, I, CPC), extinguindo-se o feito semjulgamento de mérito (art. 267, 1, CPC).

"Da inépcia da petifáo inicial." Douto Magistrado, percuciente análise da peticáo inicial dernonstra

que a autora nao tomou o cuidado, como seria de rigor, de especificar detalhadamente as suas necessidades, se limitando a genericamente mencionar que possui necessidades nao atendidas.

isso, a constrícáo imposta aos pacientes, no caso, se mostra ilegal. Ordem de habeas corpus concedida." (STJ, HC 38314-MS, Ministro Antonio de Pádua Ribeiro, Terceira Turma, DJ 04.04.2005, p. 297) "ALIMENTOS- Obrigacáo alimentar- Pedido de complementacáo de verba oferecida pelo pai formulado por netos em face do avo pa- terno - Nao comprovacáo do inadimplemento do genitor- Estudo social, ademais, a revelar que os autores vém sendo adequadamente assistidos, no plano material- Obrigacáo a vincular, preferencial- mente, os ascendentes mais próximos, e apenas supletivamente os mais remotos -Artigos 1696 e 1698, primeira parte, do novo Código Civil - Recurso improvido (TJSP, Apel. Cível n. 401.259- 4/0-00, Rio Claro, 1 a Cámara, Relator Erbetta Filho, j. 28.03.06)

"ALIMENTOS - Ai;ao intentada contra avo paterno - Inadmissi- bilidade, quando ainda nao esgotados os procedimentos neces- sários ao acionamento de quem é o primeiro colocado na ordem de cumprimento da obrígacáo alimentar." (TJMG, RT 773/333) Corno se ve, a autora nao apresentou na sua exordial qualquer razáo

a justificar a legitirnidade passiva do réu, como seria de rigor, razáo pela qual deve ser julgada carecedora de acáo, extinguindo-se o processo semjulgamento do mérito (art. 267, VI, CPC).

66 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Em dezembro próximo passado, o réu se viu obrigado a fazer um transplante de fígado. Como facilmente se pode imaginar, este fato mudou muito a sua vida, visto que agora ele precisa tomar urna serie de remédios, assim como responde por <lívidas que foram contraídas quando do tratamento que o levou a cirurgia. Nao bastasse tal fato para justificar a sua impossibilidade em pagar alimentos para a sua neta, o réu ainda é portador do vírus da Hepatite Ce no momento encontra-se vítima de fortes dores na coluna (laudo médico anexo).

Além de tentar responder pelas suas próprias despesas (alimentacáo, moradia, alimentos, assisténcia médica, remédíos etc.), o réu ainda se ve obrigado a divi- dir o pouco que tem com urna filha e dois netos, que moram com ele.

Infelizmente, por mais que seja desagradável admitir, o réu se ve forcado a declarar que "niio possui condifoes financeiras para ajudar sua neta", sem que para isso tenha que deixar de pagar pelas próprias despesas básicas (remédios e alimentacáo).

Ante o exposto, considerando que a autora nao justificou a legitimidade passiva do réu, "requer-se" seja declarada carecedora de acáo, extinguindo-se o feito sem o julgamento do mérito (art. 267, VI, CPC), ou, seja reconhecida a inépcía da petícáo inicial, extinguindo-se o feito semjulgamento do mérito (art. 267, 1, CPC), ou, se eventualmente superadas as preliminares, o que se aceita somente para contra-argumentar, "requer-se" seja o pedido julgado improcedente, vez que o réu nao possui condícóes financeiras para contribuir para o sustento da autora, sem prejuízo de seu próprio sustento.

Requer-se, outrossim, os beneficios dajustíca gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo de pobrezajájuntada aos autos.

Como se sabe, a obrigacáo alimentícia entre os parentes se assenta no binomio "necessídade x possibilidade", ou seja, é necessário que aquele que pede ali- mentos prove que realmente precisa deles e que o demandado possua condícóes de pro- ve-los. No presente caso, cabe ainda áquele que pede alimentos provar que os parentes de primeiro grau (pai e máe), nao possuem condicóes de suprir todas as suas necessidades.

Na verdade, com escopo de legitimar o seu pedido, deveria ter a autora descrito minuciosamente na própria petícáo inicial os motivos por que seus pais naturais nao podem suprir suas necessidades. Nao o fez, o que levou o réu, como se viu, a pedir fosse declarada carecedora de acáo, Todavia, se eventualmente for ultrapassada a preli- minar, há que se questionar sobre as necessidades da menor e as possibilidades dos avós (José Cláudio, Antonio e Ivone).

Nada sabe o réu sobre as necessidades da autora, nem das possibilida- des dos outros avós, mas pode afirmar que sua situacáo financeira nao poderia ser mais precária. Com quase 67 (sessenta e sete) anos, aposentado, o réu viu nos últimos anos todas as suas economías serem consumidas numa série de tristes eventos. Primeiro, foi a morte de sua adorada mulher, depois foi a sua saúde que acabou com todas as suas eco- nomías e o levou a situacáo de absoluta miséria.

A renda do réu está muito longe daquilo declarado na exordial, como se ve de documentos anexos, sua pequena renda se encontra toda comprometida com <lívidas e despesas ligadas ao caro e complicado tratamento de saúde a que é obrigado a se submeter.

Pecas Processuaís 6 7

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Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de outubro de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, perícia social e médica, oitiva de teste- munhas (art. 407, CPC), e depoimento pessoal da representante da autora.

68 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 81: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

"Da impropriedade dos cálculos." Embora o réu admita que tenha estado em mora com suas obrigacóes

(hoje se en contra em día - tendo depositado judicialmente todo o valor do débito), forcoso admitir que tal fato nao autoriza o autor a fazer cobranca abusiva, apresentando cálculos sabidamente indevidos, seja porque incluiu em seus cálculos a cobranca das parcelas vin-

Do Mérito

Em fevereiro de 0000, o autor ajuizou o presente feito asseverando, em apertada síntese, que teria firmado contrato de financiamento corn alienacáo fiduciária corno réu, tendo corno arrimo um empréstimo no valor de R$ 3.286,98 e um autornóvel FIAT, modelo Uno CS, ano 0000. Declarou, ainda, que o réu ficou em mora com suas obri- gacñes a partir de agosto de 0000.

Recebida a exordial, este douto Juízo determinou a busca e apreensáo do veículo dado em garantia fiduciária.

Cumprida a liminar, o devedor fiduciante requereu a purgacáo da mora e a devolucáo, livre de ónus, do veículo, sendo tal pedido indeferido por este dou- to Juízo. Contra esta decisáo, o réu interpós agravo de instrumento junto ao Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo.

Ern síntese, os fatos.

Dos Fatos

F. V., já qualificado, por seu Advogado, que esta subscreve (manda- to incluso), corn escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que lhe move Banco F. S.A., vem á presenca de Vossa Excelencia oferecer "contestadio" nos termos a seguir articulados:

Processo n¡i 0000000-00. 0000.0. OO. 0000 Afao de Busca e Apreensiio em Alienadio Fiduciária

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.4 CONTESTAf;ÁO DE Af;ÁO DE BUSCA E APREENSÁO EM ALIENAf;ÁO FIDUCIÁRIA, COM PEDIDO DE PURGAf;ÁO DA MORA

Pecas Processuaís 69

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cendas, sem descontar proporcionalmente os juros embutidos nelas, seja porque "cumu- lou" a cobranca de multa moratória, juros e comíssáo de permanencia.

Neste sentido a conhecida e "majoritária" jurisprudencia do Superior Tribunal de Justica, in verbis:

"Com relacáo a cobranca da comissáo de permanencia, a Eg. Se- gunda Ser;ao desta Corte já firmou posicionamento no sentido de ser lícita a sua cobranca após o vencimento da dí vida, devendo ser observado a taxa média de juros de mercado, apurada pelo Ban- co Centro do Brasil, NÁO SENDO ADMISSÍVEL, entretanto, seja cumulada com a correcáo monetária, com os juros remunerató- rios, nem com multa oujuros moratórios. Incidencia das Súmulas 30, 294 e 296 do STJ. Procedentes. Face a prevísáo de multa con- tratual em caso de atraso no pagamento, correto o afastamento, portanto, da cobranca da comissáo de permanencia." (STJ, Agrg. REsp 859323-RS, Ministro Jorge Scartezzini, T4, julgamento em 14.11.2006, DJ 11.12.2006, pg. 390) Quanto a ilegalidade da ínclusáo das parcelas vincendas, cuja facul-

dade caberia unicamente ao devedor, no caso de que este desejasse quitar antecípada- mente suas obrigacóes, neste sentido a norma do § 2Q do art. 52 do CDC que declara que "é assegurada ao consumidor a líquídacáo antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante reducáo proporcional dos juros e demais acréscimos".

No presente caso, o banco autor nao só se apossou de faculdade que cabe unicamente ao consumidor, incluindo em seu contrato cláusula obviamente abusiva, mas fez o que é ainda pior, deixou, como seria de rigor, de descontar proporcionalmente os juros e demais encargos embutidos no valor das parcelas vincendas.

Fica, portanto, evidente nao só a ilegalidade da cobranca, mas tam- bérn a deslealdade com que agiu o credor fiduciário. Tal atitude demanda determine este douto Juízo, também com arrimo do CDC, art. 42, parágrafo único, a DEVOLU<;ÁO EM DOBRO do indevidamente cobrado, valor este a ser apurado em liquídacáo de sentenca, a fim de se verificar qual seria de fato o valor real do contrato.

Da purgacáo da mora. Nao obstante a nova redacáo do§ 2Q do art. 3Q do Decreto-leí 911/69,

doutrina e jurisprudencia sao unánimes em afirmar nao só a possibilidade de o devedor fiduciário purgar a mora, mas como a absoluta legalidade de tal atitude. Pede-se venia para cítarem-se algumas ementas do Tribunal de Justíca do Estado de Sao Paulo:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO-Alienar;ao ñducíéría-Acáo de bus- ca e apreensáo - Limites de purgacáo da mora - Inteligencia do art. 32, do Dec. Lei 911/69, sob nova redacáo, introduzida pela Lei n. 10.931/04 (art. 56) - Tese do credor fiduciário, de que, agora, ao devedor fiduciante, pretendendo convalidar o contra- to, imperioso depositar o saldo contratual, por inteiro (parcelas vencidas e vincendas) - Descabimento-Ilegalidade e inconstitu- cionalidades - Descompasso com o ordenamento jurídico - Di- reitos do consumidor - fundamento constitucional - Exegese do

70 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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art. 512 XXXII, LIV e LV, da Constituieáo Federal; arts. 187, 401 e 421 do Código Civil; art. 51, IV e § 1, 1, 11 e m, do CDC - Recurso do credor fiduciário - Desprovimento - Nova redacáo do art. 3Q, do Dec. Lei 911/69, modíñcacóes introduzidas pelo art. 56, da Lei 10.931/04, concessóes arbitrárias ao credor fiduciário, modelo flagrantemente potestativo, inviabilidade do devedor fiduciante buscar a consolídacáo do contrato, purgando a mora, senáo com o depósito do preco contratual, por inteiro e nos limites do apon- tamento ministrado pelo credor, tais circunstancias, absoluto des- compasso com o sistema jurídico (Constituicáo Federal, Código Civil e Código de Defesa do Consumidor), descabe recepcionar, mecanismo flagrantemente ilegal e inconstitucional" (Agravo de Instrumento, n. 878.051-0/4 - Piracicaba- 3ª Cámara de Direito Privado - Relator: Carlos Russo - 04.05.05, v. u.). "BUSCA E APREENSÁO -Alíenacáo fiduciária - Purgacáo da mora - Admissibilidade - Depósito das parcelas vencidas - Pagamen- to das prestacñes vincendas - Impossibilidade - Enriquecimento ilícito do credor - Recurso provido" (Agravo de instrumento n. 883. 776-0/5, Sáo José do Rio Preto, 26ª Cámara de Direito Priva- do - Relator Andreatta Rizzo - 04.04.05, v. u.). "ALIENA<;ÁO FIDUCIÁRIA- Busca e apreensáo - Depósito pelo de- vedor das prestacñes vencidas - Purgaeáo da mora - Faculdade náo excluída pela nova redacáo dada pela Leí Federal nQ 1O.931/04 ao art. 3!! do Decreto-leí 911/69- Interpretacáo que deve harmonizar- -se ao disposto no art. 54, § 2'2, do Código de Defesa do Consumi- dor - Purgacáo que náo mais se condiciona ao percentual quitado até aquele momento - Depósito, todavia, incompleto, náo abran- gente de todas as prestacñes vencidas - Inaptidáo para gerar os efeitos liberatórios pretendidos pela agravada - Recurso provido" (Agravo de instrumento n. 883.833-0/1 - Sáo Roque - 28ª Cama- ra de Direito Privado - Relator: César Lacerda - 22.03.05 - v. u.). "BUSCA E APREENSÁO -Aliena~áo fiduciária- Purgacáo da mora - Admissibilidade, ainda que o devedor náo baja quitado 40ºAi do preeo da transacáo - Revogacáo implícita do art. 30., § 10., do Dec. Lei 911/69 pelos arts. 6ll, vi, e 53 da L. 8.078/90" c20. TACivSP - RT 756/287). "ALIENA<;ÁO FIDUCIÁRIA- Busca e apreensáo - Purgacáo da mora - Faculdade náo excluída pela nova redacáo dada pela Lei Federal n. 10.931/04 ao art. 3'2 do Decreto-leí n. 911/69- Interpretacáo que deve harmonizar-se ao disposto no art. 54, § 20., do Código de Defesa do Consumidor- Purgacáo que náo mais se condiciona ao percentual quitado até aquele momento - Recurso náo próvido" (Agravo de Instrumento n. 891.382-0-8 - Guarulhos - 28il Cama- ra de Direito Privado - Relator: César Lacerda- 22.03.05 -v. u.).

Pecas Processuaís 71

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Gecliel Clauclino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de abril de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Destarte, informa-se que o réu usou deste direito, tendo depositado judicialmente todo o débito vencido, inclusive a ilegal comíssáo de permanencia mais a parcela que venceu no último dia 14.04.07.

Diante do exposto, considerando que o réu efetuou o depósito de todo o débito vencido, inclusive os valores indevidos da comissáo de permanencia, multa e juros, "requer-se", mais uma vez, "determine" este douto Juízo a imediata devolucáo do veículo, livre de ónus; no mérito, restituído ou nao o veículo, deve-se reconhecer a ilegalidade dos valores cobrados pelo autor, determinando-se a devolucáo de todos os valores cobrados indevidamente, e, no caso de entender este douto Juízo que ao devedor cabe UNICAMENTE a faculdade "quitar o contrato", o que se aceita apenas para contra- -argumentar, seja determinada a elaboracáo de novos cálculos, afastando-se a cornissáo de permanencia e procedendo-se com o desconto "proporcional" nas parcelas vincendas dos juros e despesas ali incluídas, e a brindo-se, entáo, oportunidade para que o devedor fiduciante complete o pagamento.

72 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Nao sao verdades os fatos informados na exordial. O que motivou a atitude do genitor, que se recusou a devolver suas filhas a genitora, nao foi, como afirma a requerente, desejo de fugir de suas responsabilidades alimenticias, muito ao contrário. Ao mantera guarda das menores, o genitor apenas atendeu pedido expresso delas, após terem narrado graves fatos que estariam acontecendo na casa da requerente.

De fato, a filha T. informou ao pai que sua máe a teria levado para participar de pequenos furtos em supermercados, o que muito a teria constrangido e as- sustado, razáo pela qual nao queria voltar para a casa da requerente.

Ciente da gravidade dos fatos apontados pela menor, o requerido procurou o conselho tutelar, onde registrou ocorréncia e foi orientado a mantera guarda provisória das menores até que fossem tomadas providencias.

Do Mérito

A requerente ajuizou a presente medida asseverando, em apertada sín- tese, que o genitor de suas filhas após retirá-las para visita regular, recusou-se a devolvé-las com objetivo de escusar de cumprir obrigacáo alimenticia regularmente estabelecida. Por fim, requereu fosse concedida, inaudita altera parte, a busca e apreensáo das menores.

Recebida a exordial, este douto Juízo designou audiencia de justificacáo, onde o requerido concordou em devolver provisoriamente os menores para sua genitora.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

E. C. dos S., já qualificado apud acta, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, ci- dade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que lhe move D. P. de D., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer contestadio, nos termos a se- guir articulados:

Processo no. 0000000-00.0000.0.00.0000 Medida Cautelar de Busca e Apreenséío

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 ªVara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.5 CONTESTA<.;AO DE A<.;AO DE BUSCA E APREENSÁO DE MENORES MOVIDA PELA MÁE EM FACE DO PAi

Pecas Processuaís 73

Page 86: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de setembro de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Requer-se, outrossim, os beneficios da justica gratuita, vez que se de- clara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

Ante o exposto, requer-se que o pedido de busca e apreensáo sejajul- gado improcedente, mantendo-se a guarda das menores com o genitor.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, estudo social e psicológico e oitiva de testemunhas.

7 4 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 87: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Douto Magistrado, aré NADA DEVE Á AUTORA. "Dos supostos alugueres em atraso." Em marco de 0000 nao mais tendo interesse em manter o contrato

de locacáo, que a época vigia por prazo indeterminado, a ré informou formalmente a administradora do imóvel, C. IMÓVEIS, que iria deixar o imóvel. Conversou, ainda, com o preposto da empresa que, conforme acordo feíto quando da assinatura do contrato de locacáo, nao pagaría os últimos dois meses de alugueres, visto que tinha pagado, a título de caucáo, dois meses de alugueres; o combinado era justamente no sentido de que ela

Do Mérito

Em sfntese, o necessário. correio.

A autora ajuizou o presente feito asseverando, em apertada síntese, que manteve contrato de locacáo coma ré por urn período aproximado de nove anos; in- forrnou, ainda, que aré devolveu as chaves do imóvel em 00.00.0000, deixando, no entan- to, débito de dois alugueres, assim como danos no imóvel que estimou em R$ 15.000,00 (quinze mil reais). Requereu, por fim, a condenacáo daré ao pagamento da importancia total de R$ 18.845,22 (dezoito mil, oitocentos e quarenta e cinco reais, vinte e dois cen- tavos), mais o pagamento de multa no valor de tres alugueres por descumprirnento do contrato, além da condenacáo nos ónus da sucumbéncía.

Recebida a exordial, este douto Juízo deterrninou a citacáo da ré vía

Dos Fatos

T. C. A. da S., já qualificada apud acta, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua José Urbano, nº 00, Centro, Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que lhe move E. R. D., vem á presenca de Vossa Excelencia apresentar coniestadio, conforme as seguintes razñes:

Processo no. 0000000-00.0000.0.00.0000

Afao de Cobranca

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 00ª Vara Cível do Foro Regional de Itaquera, Comarca de Sao Paulo

7.6 CONTESTAf;ÁO DE Af;ÁO DE COBRANf;A ARRIMADA EM CONTRATO DE LOCAf;ÁO

Pecas Processuaís 75

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Veja-se o absurdo: a própria autora constata os supostos danos e, sem dar qualquer chance de defesa para aré, manda que os consertos sejam feítos por pessoa de sua confíanca, depois simplesmente apresenta a conta para a ex-inquilina.

Como se disse, aré devolveu o imóvel em bom estado de conservacáo, considerando que nele ficou, pagando aluguel, por quase dez anos, nao tendo qualquer responsabilidade quanto ao custo de nova pintura ou mesmo de obras de recuperacáo; neste particular, registre-se que a locatária sempre fez uso regular do bem, nunca tendo recebido qualquer advertencia da locadora ou de seus prepostos.

"Da impropriedade da cobranca de multa compensatória."

Como se disse, aré "nada deve a título de aluguel atrasado". Regis- tre-se, por cautela, que ao contrário do declarado na exordial, o valor mensal do aluguel era de apenas R$ 723,50.

Nada deve tambérn a título de obrigacóes em aberto referente a conta de luz e água, conforme documentos que junta.

"Da suposta reparaeáo de danos." Quando da devolucáo das chaves, os representantes da írnobiliáría vi-

sitaram o imóvel e nao apontaram no "recibo de chaves" nenhum fato relevante. De fato, aré sempre cuidou do imóvel locado como se fosse seu; ou seja, com atencáo e carinho, como demonstram algumas fotos que tirou ao deixar o imóvel (anexas).

É compreensível que a autora quisesse pintar o imóvel e fazer peque- nos reparos após a saída da inquilina, afinal foram quase dez anos de locacáo; o que nao é compreensível, ou mesmo razoável, é que queira cobrar os custos desta reforma daré; afinal a proprietáría do imóvel é a autora, responsável, portanto, pela conservacáo do bem.

Em outras palavras: é totalmente desarrazoado que queira imputar a responsabilidade pela conservacáo do bem para a ex-inquilina.

Ora, se de fato entendesse a autora que a ré provocou danos graves no seu imóvel, deveria nao só fazer constar tal fato num laudo de vistoria, para a qual a inquilina deveria ser chamada a participar, como deveria man ter o imóvel no estado para possível perícia, com escopo de adequadamente apurar-se o dano e a responsabilidade por ele. Claro que assim nao agiu a autora; na verdade. o imóvel já está alugado para ter- ceira pessoa.

ficaria no final do contrato sem pagar dois meses de alugueres ou receberia o dinheiro de volta. devidamente acrescido de juros e correi;ao monetária.

Embora o pagamento da caucáo nao esteja expressamente previsto no contrato de locacáo, por razóes que aré desconhece, visto que fez efetivamente o pa- gamento (como a maioria das pessoas, elafirmou o contrato sem le-lo), fato que pode ser provado por testemunhas (rol anexo), há expressa mencáo a ela no recibo de entrega de chaves ("depósito caucáo", fls. 00).

Por que outra razáo aré, inquilina fiel por quase 10 (dez) anos, deí- xaria de quitar com suas "duas últimas" obrigacóes? Nenhuma razáo, ela nao deixaria e "nao deixou".

76 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes /Sao Paulo, 00 de abril de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Dos Pedidos: Ante o exposto, requer-se sejam os pedidos julgados improcedentes,

condenando-se a autora nos ónus da sucumbéncia, Provará o que for necessário, usando de todos os meios admitidos em

direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), oitiva de testemunhas (rol anexo), pericia no irnóvel e depoimento pessoal da autora.

Requer, outrossirn, os benefícios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

ta compensatória.

Além da condenacáo da ré em valores a título de alugueres em atraso e reparacáo de danos, a autora também pediu a sua condenacáo ao pagamento de multa compensatória no valor de 03 (tres) alugueres.

Sem qualquer sentido a cobranca de "multa compensatoria" visto que o contrato de locacáo estava vigendo por prazo indeterminado há longa data; nestes ca- sos, é perfeitamente lícito ao inquilino devolver o irnóvel mediante prévia notifícacáo de 30 (trinta) días (art. 46, § 22, Lei 8.245/91), exatamente o que foi feito no presente caso.

Nao tendo havido quebra de contrato porprazo certo, indevida a mul-

Pecas Processuaís 77

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Pessoa sem nenhuma cultura jurídica e "nao tendo sido expressamente alertada", como requer o CDC, sobre a possibilidade de eventual ínadimpléncía poder levar a decretacáo de sua prísáo, como depositária infiel, urna vez nao fosse devolvido o veículo (transferido em alienacáo fiduciária), a devedora, quando se viu impossibilitada de pagar as prestacóes do financiamento, transferiu a posse do bem para o Sr. P. A., proprietário da "M. Veículos", situada na rua Ipiranga, nesta Cidade, que se comprometeu a honrar

Da Localízacáo do Veículo

Em 00 de maio de 0000, o autor ajuizou o presente feíto asseverando, em apertada síntese, que em 00 de agosto de 0000 firmou com a ré "contrato de finan- ciamento com garantía de títulos e alíenacáo fiduciária" para aquisicáo de um automóvel Ford Escort GL, ano modelo 0000, de cor dourada, movido a álcool, placa BOE 0000, no valor de 24.164,86 (vinte e quatro mil, cento e sessenta e quatro reais, oitenta e seis cen- tavos). Requereu, por fim, fosse concedida a reíntegracáo da posse do bem financiado. Recebida a exordial, concedeu este douto Juízo a liminar, determinando a reintegracáo da posse do veículo e determinando a citacáo,

Nao localizado o veículo, o pedido de busca e apreensáo foi convertido em acáo de depósito, citando-se a devedora para no prazo de cinco días entregar o bem ou contestar a acáo, nos termos do artigo 902 do CPC.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

K. D. B. N.,já qualificada apud acta, por seuAdvogado, que esta subs- creve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, n12 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que lhe move Ban- co P. S.A., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer contestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nª 0000000-00. 0000. 0.00. 0000 Afélo de Depósito

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo

7. 7 CONTESTA(:AO DE A(:AO DE DEPÓSITO EM ALIENA(:AO FIDUCIÁRIA, COM INDICA(:AO DA LOCALIZA(:AO DO VEÍCULO

78 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 91: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Considerando que a devedor informou a exata localízacáo do bem alienado fiduciariamente e, ainda, se propós a quitar o que é realmente devido, imprová- vel venha este douto Juízo a prolatar sentenca onde imponha a pena de prisáo civil aré; contudo, ad cautelam, nao pode ela deíxar de registrar que recentes julgados do Superior Tribunal de Justica tém decidido a unanirnidade nao ser cabível no contrato de depósito irregular, que é o caso sub judice, a prisáo do devedor como depositário infiel, in verbis:

Da Prisáo Civil

Confessa aré a sua inadímpléncía, fruto, como já se disse, principal- mente de sua ingenuidade em momento de extremo aperto financeiro. Todavia, se é verda- de que deve, nao é verdade que deve os valores indicados pelo autor, fls. 00, que chegam as raias do absurdo, numa evidente tentativa de enriquecimento ilícito, fato totalmente vedado pelo direito objetivo. De fato, o Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/90,

é claro e expresso sobre o tema, in verbis: "Art. 51. Sao nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e servícos que: IV - estabelecam obrígacóes consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;" Das 12 (doze) parcelas do financiamento, aré nao pagou apenas as

últimas 3 (tres), no valor de R$ 485,94 cada urna e com vencimento para 00.00.0000, 00.00.0000 e 00.00.0000, conforme provam documentos anexos. O débito, devidamente atualizado pela tabela do Tribunal de Justíca e acrescido de multa de 2% (dois por cen- to), é de R$ 2.285,86 (dois mil, duzentos e oitenta e cinco reais, oitenta e seis centavos).

Embora seja pessoa "muíto pobre", a ré, que pretende contar com a ajuda de familiares, prop6e quitar o referido débito em 12 (doze) parcelas de R$ 190,48 (cento e noventa reais, quarenta e oito centavos).

Do Mérito

as poucas parcelas em aberto. Crédula, aré viajou para o Japáo em busca de trabalho, nao tomando o cuidado de verificar se o adquirente realmente cumprira o acordo verbal.

A citacáo neste feíto a surpreendeu, nao só porque descobriu que ain- da era devedora do autor, mas principalmente ao ser informada da possibilidade de sua prisáo se nao devolvesse o bem dado em alienacáo fiduciária. Rapidamente mobilizou-se e com muito sacrifício descobriu que o veículo buscado pelo autor encontra-se recolhido no pátio da Prefeitura Municipal de Suzano, situado na Rua Cachoeira, nQ 00 (fone: 11- 0000-0000), Jardim Monte Cristo, conforme comprovam documentos anexos.

Desta forma, fica o autor formalmente informado sobre o paradeiro do carro, onde, legitimado por mandado deste douto Juízo, poderá retirá-lo.

Pecas Processuaís 79

Page 92: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de dezernbro de 0000.

Termos ern que p. deferirnento.

"HABEAS CORPUS. Alíenacáo fiduciária. Prisáo Civil. Inexisten- cia de contrato de depósito. Procedentes. Ordem deferida" (HC 21889-SP, DJ 2.9.02, Relator Min. Ruy Rosado de Aguiar, T4). "ALIENA<;ÁO FIDUCIÁRIA. PRISÁO CML. Nao se caracteriza o depósito no contrato de alíenacáo fiduciária, razáo pela qual nao cabe a prísáo civil do devedor" (HC 196783-GO, DJ 5.08.02, pág. 343, Relator Min. Ruy Rosado de Aguiar, T4). Ante o exposto, considerando a índicacáo da exata localízacáo do bem,

que se encontra a disposicáo do autor, requer-se seja declarada cumprida a obrígacáo da ré, afastando, por esta razáo ou por ser legalmente incabível, o pedido de prísáo civil. No mais, caso o autor ao invés de reintegrar-se na posse do bem opte por aceitar a proposta de quitacáo do débito feita pela devedora, que, neste caso, tem direito a purgacáo da mora, requer-se sua homologacáo e suspensáo do feíto até final quítacáo,

Provará o que for necessário, usando de todos os rneios permitidos em direito, ern especial pela juntada de documentos (anexos), pericia técnica e oitiva de testernunhas (art. 407, CPC).

80 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 93: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

"Da carencia de aféi.O." O presente feito deve ser extinto sem julgamento do mérito, vez que

a autora deixou de atender ao requisito do§ 20. do art, 46 da Lei 8.245/91 (LI), in verbis: "Art. 46. § 22 Ocorrendo a prorrogaeáo, o locador poderá denunciar o con- trato a qualquer tempo, concedido o prazo de trinta dias para desocupacáo." Douto Magistrado, a autora por duas vezes denunciou o contrato de

locacáo firmado com o réu, porém nenhuma destas denúncias podem efetivamente dar arrimo ao presente pedido. Com efeito, segundo se ve dos documentos juntados aos au- tos, fls. 18, a locatária fez a primeira denúncia em 00.00.0000; ou seja, antes mesmo do vencimento do contrato. Nao obstante tenha feíto a denúncia, como se disse, a autora,

Preliminarmente

A autora ajuizou a presente acáo de despejo por denúncia vazia em face do réu, asseverando, em apertada síntese, que vencido o prazo do contrato de locacáo solicitou a desocupacáo do imóvel, no que nao teria sido atendida pelo locatário. Reque- reu, por fim, a rescísáo do contrato de locacáo, determinando-se o despejo do inquilino.

Recebida a inicial, fls. 00, este douto Juízo determinou a cítacáo do réu para responder.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

J. B. B., já qualificado apud acta, por seu Advogado, que esta subscre- ve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacoes, nos autos do processo que lhe move L. F. L., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer contestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nQ 0000000-00. 0000.0. OO. 0000 A~ao de Despejo por Denúncia Vazia

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.8 CONTESTA<.;AO DE A<.;AO DE DESPEJO POR DENÚNCIA VAZIA COM PRELIMINAR DE CARENCIA DE A<.;AO

Pecas Processuaís 81

Page 94: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Pelas razñes expostas na preliminar, que, com certeza, levaráo a ex- tincáo do processo, este douto Juízo dificilmente chegará a apreciar o pedido da autora (rescísáo do contrato de locacáo e despejo); contudo, ad cautelam, observa que se a tan- to chegar-se, o que, repita-se, se aceita tao somente para contra-argumentar, "requer-se" seja concedido, por analogia, ao locatário o beneficio do art. 61 da Leido Inquilinato.

Com efeito, considerando que neste caso a lei tira do inquilino qualquer forma de defesa, mesmo que tenha este sempre cumprido regularmente com suas obriga- c;oes contratuais, informa-se a este douto Juízo que, no mérito, o réu CONCORDA COM O PEDIDO, requerendo tao somente o prazo de 6 (seis) meses para desocupar o imóvel, conforme permissivo do art. 61 da Lei nº 8.245/91-LI.

Ex positis, considerando que o autor deixou de atender aos requisitos legais (falta de tiotificadio denunciando a locadio), "requer-se a extincáo do presente feito semjulgamento de mérito", vez que lhe faltamos pressupostos de constituicáo e de desen- volvimento válido e regular, condenando-se, ademais, a autora nos honorários advocatí- cios e demais comínacñes legais; ou, no mérito, se a tanto chegar-se, seja lhe concedido o prazo de 6 (seis) meses para desocupar o imóvel.

Do Mérito

<liante da inércia do inquilino, nao ajuizou a competente acáo de despejo no prazo de 30 dias posteriores como seria de rigor.

Passados vários meses, a autora resolveu novamente "denunciar" o contrato de locacáo, fls. 00, que agora, segundo ajá citada norma da Leido Inquilinato, vigorava por prazo indeterminado. Contudo, também neste caso a locatária, <liante de nova inércia do inquilino, "deixou" de ajuizar a acáo de despejo no prazo legal, provocando, mais urna vez, a prorrogacáo do contrato de locacáo por prazo indeterminado.

Desta feita, passados quase um ano após a última notífícacáo, a autora resolveu ajuizar o presente feito, pedindo a desocupacáo do bem, contudo deve ser julgada carecedora de acáo, vez que deixou de atentar para a norma legal já citada.

Ora, nao tendo, como da primeira vez, ajuizado a competente acáo de despejo no prazo legal, MAIS UMA VEZ o contrato de locacáo prorrogou-se por prazo indeterminado. Impossível qualquer interpretacáo em contrário; fosse assim, todos os locatários fariam, logo após o término do prazo do contrato de locacáo, a sua denúncia, "deixando" para ajuizar a acáo de despejo quando bem quisessem, mantendo os inquili- nos em constante estado de inquíetacáo.

As reiteradas "inércias" da locatária provocaram repetidamente a prorrogacáo do contrato. Neste diapasáo, nenhuma culpa ou conduta inconveniente pode ser atribuida ao locatário, que deseja e sempre desejou permanecer no imóvel. Desejasse a autora realmente a desocupacáo do imóvel locado, deveria MAIS UMA VEZ atender a norma legal "e" ajuizar a competente acáo de despejo no tempo próprio.

Destarte, considerando que a autora deixou de atender norma legal que constitui "pressuposto" da presente acáo, deve, como já disse, ser ela declarada care- cedora de acáo, extinguindo-se o feito semjulgamento de mérito.

82 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 95: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de dezembro de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, perícia contábil, oitiva de testemunhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal da autora.

Pecas Processuaís 83

Page 96: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

"Da carencia de afao (ilegitimidade de parte)." Informa o art. 12 da Lei nl2 8.245/91 que "em casos de separaciio de fato,

separadio judicial, divórcio ou dissoiudio da sociedade concubinária, a locaoio prosseguirá automaticamente como conjuge ou companheiro que permanecer no imóvel". Ora, nos autos

Prelitninarlllente

A autora ajuizou a presente acáo de despejo por falta de pagamento cumulada com cobranca em face do réu asseverando, em apertada síntese, que ele esta- ria em atraso com suas obrigacóes locatícias desde outubro de 0000. Na inicial informou os cálculos de débito, fls. OO. Requereu, por fim, a rescisáo do contrato de locacáo, de- terminando-se o despejo do inquilino e sua condenacáo ao pagamento do débito total de R$ 2.065,04 (dois mil, sessenta e cinco reais, quatro centavos), mais os encargos que se vencerem durante o processo.

Recebida a inicial, este douto Juízo determinou a cítacáo do réu para responder, contudo o Sr. Oficial de Justica constatou que o réu nao mais morava no imó- vel, fls. OO. A autora, entáo, pediu a citacáo por hora certa, que ocorreu na pessoa da companheira do réu, fls. OO.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

C. de M., já qualificado apud acta, por seu Advogado, que esta subs- creve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, "atuando na qualidade de curador espe- cial", nos autos do processo que lhe move M. l. da C., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer cotuestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nª 0000000-00. 0000. O. OO. 0000 Aféí.o de Despejo por Falta de Pagamento ce Cobranca

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.9 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO COM PRELIMINAR DE CARENCIA DE Af;AO E INÉPCIA DA EXORDIAL (RÉU ASSISTIDO POR CURADOR ESPECIAL)

84 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 97: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

"I - o pedido de rescisáo da Iocacáo poderá ser cumulado com o pedido de cobranca dos aluguéis e acessórios da locaeáo; nesta hi- pótese, citar-se-á o locatário para responder ao pedido de rescísáo e o locatário e os fiadores para responderem ao pedido de cobran- ca, devendo ser apresentado, com a inicial, cálculo discriminado do valor do débito;" (Redacáo dada pela Lei nll 12.112, de 2009) Em outros termos, junto coma inicial a locadora deve apresentar cál-

culo discriminando o "correto" valor do débito, id est, os cálculos devem espelhar "exata- mente" o que é devido, possibilitando, desta forma, que o locatário exercite o seu direito de purgar a mora. In casu, a autora nao agiu como determina a lei, ao contrário, de ma- neira desarrazoada apresentou na peticáo inicial cálculos claramente indevidos, coliman- do, com certeza, inviabilizar o direito do réu de purgar a mora, quitando suas obrigacñes,

Os cálculos, fls. 00, se apresentam indevidos vez que: 1 - nao díscrí- minam corretamente os valores devidos (aluguel, multa etc.); II - incluem a cobranca indevida do IPTU; 111- incluem a cobranca indevida de conta de água; N - incluem a co- branca indevida de conta de energia elétrica; V - incluem a cobranca indevida de custas processuais e honorários advocatícios.

De início, veja-se que a locadora incluiu nos cálculos, de forma abso- lutamente acodada, valor a título de honorários advocatícios. Sua atitude é condenável porque caberia tao sornen te ao Juízo a fíxacáo <lestes honorários, após analisar se seriam cabíveis (réu beneficiário da justíca gratuita).

A mesma lógica se aplica aos valores cobrados a título de "custas pro- cessuais", que neste caso também nao sao devidos.

Já a multa moratória no importe de 10°/o (dez por cento), embora ex- pressamente prevista no contrato de locacáo, é abusiva e, portanto, ilegal, vez que imposta de forma unilateral, nao tendo o inquilino expressamente concordado com ela, opondo seu visto ao lado da cláusula, como seria de absoluto rigor. Além de ilegal, vez que esta- belecida de forma unilateral, a multa moratória no montante de lOo/o é imoral, atentató- ria contra a dignidade do cidadáo, que, mais urna vez, se ve explorado pela pessoa que se encontra em posicáo mais forte.

Como advento do novo Código Civil, o Juiz, que já tinha o dever mo- ral de atuar, passou a ter autorízacáo legal para reduzir equitativamente a cláusula pe- nal, in verbis:

encontra-se estabelecido por meio de certídáo do Sr. Oficial de Justica, fls. 00, que o réu C. nao mais reside no imóvel, que, segundo consta, estaria agora sendo ocupado por sua companheira, Sra. A. R. G.

Provada a separacáo do casal (certificado nos autos pelo próprio Sr. Oficial de Justíca), fica evidente, <liante do texto legal, a ilegitimidade do cura tela do para constar no polo passivo da presente demanda, que, portanto, deve ser extinta sem julga- mento de mérito (art. 267, VI, CPC).

"Da inépcia da petifdo inicial." O presente feito deve ser extinto sem julgamento do mérito, vez que

a autora deixou de cumprir o que determina o artigo 62, inciso 1, da Lei 8.245/91 (LI), in verbis:

Pecas Processuaís 85

Page 98: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Pelas razóes expostas nas preliminares, que, com certeza, levaráo a extincáo do processo, este douto Juízo dificilmente chegará a apreciar os pedidos da autora (resciséio do contrato, despejo e cobranca); contudo, ad cautelam, observa que se a tanto chegar-se, o que, repita-se, se aceita tao somente para contra-argumentar, deve este douto Juízo designar audiencia preliminar (art. 331, CPC), onde as partes poderáo discutir e debater a existencia de eventual débito, bem como seu montante correto e a forma de sua quitacáo,

Ex positis, considerando que o réu nao é parte legítima e que a autora deixou de atender aos requisitos legais (petii;éio inicial inepta), "requer-se a extíncáo do presente feíto sem julgamento de mérito", vez que lhe falta os pressupostos de constítuicáo

Do Mérito

"Art. 413. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigacáo principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manjfestamente excessiyo. tendo- -se em vista a natureza e a finalidade do negócio." (grifo nosso) Neste caso, o excesso se mostra evidente, mormente se considerar-

mos que os índices oficiais de inflacáo apontam para urna "inflacáo anual" próxima de So/o (cinco por cento).

Nao satisfeita em cobrar acodadamente honorários advocatícios, custas processuais e incluir no contrato multa moratória frontalmente injusta e ilegal, a locadora ainda acrescentou nos cálculos cobranca de valores a título de IPTU, água e luz, deixando, no entanto, de apresentar qualquer documento que legitime sua cobranca. Com feito, ao que se sabe, o IPTU é devido a Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes, a conta de água a SEMAE, e a conta de luz a Bandeirantes Energia. A locadora só teria legitimidade para fazer as referidas cobrancas se tivesse ela quitado as referidas contas, visto que neste caso ocorreria a "sub-rogacáo legal".

Entretanto, nao só nao a presento u qualquer comprovante de que quitou os referidos valores, como, o que é ainda mais grave, nao apresen to u qualquer documento que demonstre que os referidos valores sao de fato devidos, o que demonstra a ilegalidade da cobranca, e ínclusáo nos cálculos do suposto débito do réu.

Como demonstrado, a autora deixou de cumprir as determinacóes legais, seja porque nao apresentou cálculos claros e corretos, seja porque incluiu nos cál- culos valores claramente indevidos. Nao resta dúvida que seu desiderato era inviabilizar o direito do locatário de purgar a mora, razáo pela qual procurou acrescentar valores in- devidos, que, como se ve, mais do que dobram o valor do débito cobrado.

Como é cedico, eventual mora do locatário nao pode servir de fon te de riqueza para a locadora, nao pode amparar pretensóes ilegais. A jurisprudencia, a unani- midade, determina, nestes casos, seja a acño declarada improcedente, in verbis:

"A mencáo, na inicial, de quantia superior a devida acarreta im- procedencia da acño de despejo. (RT 712/191, 714/169, JTAERGS 91/331)."

86 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 99: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 dejunho de 0000.

Termos em que p. deferirnento.

e de desenvolvírnento válido e regular, condenando-se, adernais, a autora nos honorários advocatícios e demais cominacóes legais.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, perícia contábil, oitiva de testemunhas (art, 407, CPC) e depoimento pessoal da autora.

Pecas Processuaís 8 7

Page 100: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

O presente feito <leve ser extinto semjulgamento do mérito, vez que o autor deixou de cumprir o que determina o artigo 62, inciso 1, da Lei 8.245/91 (LI), in verbis:

"I - o pedido de rescisáo da locacáo poderá ser cumulado com o pedido de cobranca dos aluguéis e acessórios da locacáo: nesta hi- pótese, cítar-se-á o locatário para responder ao pedido de rescísáo e o locatário e os fiadores para responderem ao pedido de cobran- ca, devendo ser apresentado, coma inicial, cálculo discriminado do valor do débito;" (Redacáo dada pela Lei nº 12.112, de 2009)

Preliminarmente

O autor ajuizou a presente acáo de despejo por falta de pagamento cumulada com cobranca em face do réu, asseverando, em apertada síntese, que ele esta- ria em atraso com suas obrigacóes locatícias, nao pagando os alugueres vencidos após o mes de junho de 0000. Na inicial, informou os cálculos de débito, fls. OO. Requereu, por fim, a rescísáo do contrato de locacáo, determinando-se o despejo do inquilino e a sua condenacáo ao pagamento do débito.

Recebida a inicial, fls. 00, este douto Juízo determinou a cítacáo do réu para responder.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

J. M. da S.,já qualificado apud acta, por seu Advogado, que esta subs- creve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nQ 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que lhe move M. Z., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer contestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nu 0000000-00. 0000. O. OO. 0000

Afélo de Despejo por Falta de Pagamento

CCCobranfa

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.10 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO COM PRELIMINAR DE INÉPCIA DA EXORDIAL

88 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 101: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Como demonstrado, o autor deixou de cumprir as determínacóes le- gais, incluindo nos cálculos valores claramente indevidos. Nao resta dúvida que seu desi- derato era inviabilizar o direito do locatário de purgar a mora, razáo pela qual procurou acrescentar valores indevidos.

Como é cedico, eventual mora do locatário nao pode servir de fonte de riqueza para o locador; nao pode amparar pretensñes ilegais. A jurisprudencia, a una- nimidade, determina, nestes casos, seja a acáo declarada improcedente, in verbis:

"A meneáo, na inicial, de quantia superior a devida acarreta im- procedencia da acáo de despejo. (RT 712/191, 714/169, JTAERGS 91/331)." Pelas razóes expostas na preliminar, que, com certeza, levaráo a ex-

tincáo do processo, este douto Juízo difícilmente chegará a apreciar os pedidos do au- tor (rescísáo do contrato, despejo e condenacáo ao pagamento do débito); contudo, ad cautelam, observa que se a tanto chegar-se, o que, repita-se, se aceita tao somente para contra-argumentar, deve este douto Juízo designar audiencia preliminar (art. 331. CPC), onde as partes poderáo discutir e debater a existencia de eventual débito, bem como seu montante correto e a forma de sua quitacáo,

Em outros termos, junto coma inicial o locador deve apresentar cálculo discriminando o "correto" valor do débito, id est, os cálculos devem espelhar "exatamente" o que é devido, possibilitando, desta forma, ao locatário a purgacáo da mora. In casu, o autor nao agiu como determina a leí, ao contrário, de maneira desarrazoada apresentou na inicial cálculo claramente indevido, colimando, com certeza, inviabilizar o direito do réu de purgar a mora, quitando suas obrígacóes,

Os cálculos, fls. 00 e 00, se apresentam indevidos, vez que incluem a cobranca de multa compensatória no valor de 3 (tres) meses de aluguel, honorários ad- vocatícios e custas processuais.

De início, veja-se a inadequada inclusáo nos cálculos da multa com- pensatória. Como se sabe, a referida multa só é devida no caso de rescisáo injustificada do contrato de locacáo, Ora, facultando a leido inquilinato ao locatário o direito de pur- gar a mora, o que implica na manutencáo do contrato de Iocacáo, nao pode o autor in- cluir nos cálculos a multa por quebra de contrato. Tal fato, como se disse, é absurdo, e só se justifica na inconfessável íntencáo do autor de inviabilizar o exercício do direito que o réu tinha de purgar a mora.

Nao satisfeito em incluir nos cálculos "multa compensatória", o loca- dor cobrou, também de forma acodada, honorários advocatícios e custas processuais. Sua atitude é condenável porque caberia tao somente ao Juízo a fixacáo <lestes honorários, após analisar se seriam cabíveis. Veja-se, por exemplo, que no presente caso estes valores NAO SAO DEVIDOS pelo réu, urna vez que ele é beneficiário da justica gratuita.

A simples inclusáo <lestes itens nos cálculos (multa compensatoria, honorários advocatícios e custas processuais) teve efeito devastador no valor do débito cobrado, provocando um aumento de MAIS de 100% (cem por cento) na <lívida; fato que confirma a íntencáo do locador de impedir o exercício do direito que o réu tinha de pur- gar a mora.

Pecas Processuaís 89

Page 102: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de maio de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, perícia contábil, oitiva de testemunhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal da autora.

Ex positis, considerando que o autor deixou de atender aos requisitos legais (petiyiío inicial inepta), "requer-se a extincáo do presente feíto semjulgamento de mérito", vez que lhe faltam os pressupostos de constituícáo e de desenvolvimento válido e regular, condenando-se, ademais, o autor nos honorários advocatícios e demais comí- nacñes legais.

90 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 103: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

"Da nulidade de cláusula coniratual:" A cláusula "XV - prazo para os pagamentos" do contrato de locacáo

que arrima a cobranca de correcáo monetária e juros quanto a obrigacáo firmada entre as partes é nula e sem nenhum valor. Com efeito, veja-se que ela nao foi corretamente preen- chida, ficando espacos em branco. Tal fato indica claramente que as partes nao chegaram a discutir a questáo; ou seja, nao houve acordo, nao houve contrato.

A referida cláusula nao só deveria ter sido corretamente formulada, mas como também deveria ter, a seu lado, o visto da locatária, vez que envolve encargo extra a obrigacáo principal.

Preliminarmente

Em síntese, os fatos. ré para responder.

A autora ajuizou a presente acáo de despejo por falta de pagamento em face daré, asseverando, em apertada síntese, que a inquilina estaria em mora com o pagamento do aluguel desde janeiro de 0000. Requereu, por fim, a rescísáo do contrato de locacáo e o despejo da inquilina.

Recebida a inicial, fls. 00, este douto Juízo determinou a cítacáo da

Dos Fatos

J. F. M., já qualificada apud acta, por seu Advogado, que esta subscre- ve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nª 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que lhe move N. M. M., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer coniestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo n2 0000000-00. 0000.0. OO. 0000

A~ao de Despejo por Falta de Pagamento

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 4" Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.11 CONTESTA<.;AO DE A<.;AO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO COM PRELIMINAR DE NULIDADE DE CLÁUSULA CONTRATUAL, NOTIFICA<.;AO PRÉVIA E INÉPCIA DA EXORDIAL

Pecas Processuaís 91

Page 104: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

"I - o pedido de rescísáo da locacáo poderá ser cumulado com o pedido de cobranca dos aluguéis e acessórios da locacáo: nesta hi- pótese, citar-se-á o locatário para responder ao pedido de rescísáo e o locatário e os fiadores para responderem ao pedido de cobran- ca, devendo ser apresentado, coma inicial, cálculo discriminado do valor do débito;" (Redacáo dada pela Lei n212.112, de 2009) Em outros termos, junto coma inicial o locador deve apresentar cálculo

discriminando o "correto" valor do débito; id est, os cálculos devem espelhar "exatamen- te" o que é devido, possibilitando, desta forma, que a locatária exercite o seu direito de purgar a mora. In casu, a autora nao agiu como determina a lei, ao contrário, de maneira desarrazoada apresentou na petícáo inicial cálculos claramente indevidos, colimando, com certeza, inviabilizar o direito daré de purgar a mora, quitando suas obrígacñes,

Os cálculos, fls. 00, se apresentam indevidos, vez que incluem a co- branca de correcáo monetária e juros nao pactuados; ou melhor dizendo, estabelecidos em cláusula nao válida, vez que, como já se demonstrou, constituem obrigacáo acessória nao expressamente acordada pelas partes.

A jurisprudencia, a unanimidade, determina, nestes casos, seja a acño declarada improcedente, in verbis:

"A mencáo, na inicial, de quantia superior a devida acarreta im- procedencia da acáo de despejo. (RT 712/191, 714/169, JTAERGS 91/331)."

"Da nulidade da notifica~éio moratória." Em janeiro de 0000, a autora, por meio de seu procurador, tentou

constituir em mora a inquilina por meio de notifícacáo extrajudicial, fls. 00/00.

Necessário que este douto Juízo reconheca a nulidade da referida no- tifícacáo por duas razóes: primeiro, esta nao se fez acompanhar dos cálculos do débito. A fim de alcancar o seu objetivo, qual seja, constituir em mora o devedor, o credor deveria necessariamente fornecer cálculo completo e correto do valor do débito, com escopo de realmente permitir ao devedor purgar a sua mora ou fazer proposta efetiva de parcelamento,

A segunda razáo é pelo simples fato de que a notífícacáo nao se com- pletou; ou seja, nao foi aré que a recebeu.

Tendo falhado em constituir validamente em mora a ré, falta a auto- ra pressuposto processual para o ajuizamento da presente demanda, que assim deve ser extinta semjulgamento de mérito.

"Da inépcia da peti~éio inicial." O presente feíto deve ser extinto sem julgamento do mérito, vez que

a autora deixou de cumprir o que determina o artigo 62, inciso I, da Lei 8.245/91 (LI), in verbis:

i;oes acessórias.

Tais cuidados nao podem ser ignorados, mormente em contratos de adesáo, como ocorreu no presente caso.

Destarte, de rigor que se reconheca a nulidade das referidas obriga-

92 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 105: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de julho de 0000.

Termos em que p. deferirnento.

Pelas razóes expostas nas preliminares, que, corn certeza, levaráo a extíncáo do processo sernjulgarnento do mérito, este douto Juízo dificilrnente chegará a apreciar os pedidos da autora (rescisáo do contrato de locacáo e despejo); contudo, ad cautelam, observa-se que se a tanto chegar-se, o que, repita-se, se aceita tao sornente para contra-argumentar, no mérito, os pedidos devern ser julgados improcedentes, vez que en- tre as partes foi firmado acordo verbal quanto ao pagamento das obrígacñes contratuais.

Com efeito, sabedora das dificuldades da inquilina, a autora concor- dou em suspender temporariamente a cobranca dos alugueres; esta, inclusive, a razáo da frustrada tentativa de notífícacáo extrajudicial para constítuícáo ern mora.

Nao entendendo este douto Juízo que o feito comporta imediato julga- rnento, com a improcedencia dos pedidos, deve, ao menos, designar audiencia preliminar (art, 331, CPC), onde as partes poderáo discutir e debater a existencia de eventual débito, bem como seu montante correto e a forma de sua quitacáo (retornada dos pagamentos).

"Prazo para desocupaféí.o." Na remota hipótese <leste douto Juízo decidir-se por afastar todas as

preliminares e, no mérito, vira decretar a rescisáo do contrato de locacáo firmado entre as partes, fato que se aceita apenas para contra-argumentar, ''requer-se", considerando as peculiaridades da situacáo pessoal da inquilina (idosa - 65 anos, doente e sem renda), seja-lhe garantido, ao menos, o prazo de 06 (seis) meses para desocupacáo, aplicando-se, por analogia, o art. 61 da Leí nº 8.245/91-LI.

Provará o que for necessário, usando de todos os rneios permitidos ern direito, ern especial pela juntada de documentos, pericia contábil, oitiva de testernunhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal da autora.

Reitera-se o pedido de justíca gratuita, conforme declaracáo anexa.

Do Mérito

Pecas Processuaís 93

Page 106: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Os pedidos devem ser julgamentos improcedentes. Douto Magistrado, os fatos nao ocorreram como narrados na exordial.

Aré. mae da menor. nunca a abandonou. Quando a menor tinha aproximadamente 2 (dais) anos de idade, aré

e o Sr. W. resolveram morar juntos, alugando urna casa. Num primeiro momento, a me- nor foi deixada aos cuidados da avó Z., vez que o casal dispunha de poucos recursos. En-

Do Mérito

Os autores ajuizaram o presente feito asseverando, em apertada sín- tese, que conheceram a menor "E. S. de A." numa casa abrigo e após alguns encontros no local e, posteriormente, na casa da avó paterna da menor, obtiveram a sua guarda legal. Alegaram ainda que a convivencia com a menor despertou neles amor pela enanca. Con- cluíram, entáo, pedindo que os pais naturais fossem destituídos do seu poder familiar, concedendo-se a eles a adocáo da menor E.

Recebida a exordial, este douto Juízo determinou a citacáo dos réus, pais naturais da menor.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

D. V. de A., brasileira, solteira, ajudante geral, portadora do RG 00.000.000-SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliada na Rua Primeiro de Maio, nº 00, Calman Viana, cidade de Poá-SP, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que lhe movem W. S. de O. e outros, vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer coniestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nu 0000000-00. 0000. O. OO. 0000 As:G:o de Destituidio de Poder Familiar ce Ados:éio

Excelentíssimo Doutor Juiz de Direito da Vara da Infancia e Juventude da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.12 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE DESTITUlf;AO DE PODER FAMILIAR CUMULADA COM ADOf;AO MOVIDA EM FACE DAMAE

94 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 107: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de julho de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Ante o exposto, requer sejam os pedidos dos autores julgados impro- cedentes, devolvendo-se a guarda da menor E. para a sua genitora.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, estudo social e psicológico, oitiva de testemunhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal dos autores.

Requer, outrossim, os benefícios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

Aré ficou muito abalada como ocorrido. Afirma que as denúncias nao tinham qualquer fundamento, sendo certo que visitou constantemente a filha no abrigo.

Passados alguns meses, a menor E. voltou para a casa da avó Z., sendo que nesta época tambérn voltou a viver na casa de sua máe (onde está até hoje).

Após a volta da menor E. para o lar, os autores comecaram a frequentar a sua casa, onde sempre foram recebidos com carinho. Neste período, a menor chegou a passar alguns días comos autores.

Aré, máe da menor, nunca se opós a aproxímacáo dos autores, visto que estes sempre foram muito educados e passaram a ajudar a menor E., CONTUDO isso nao quer dizer que aré, ou a sua avó, estava disposta a entregar a guarda da menor para os autores, muito menos ainda lhes entregar a menor em adocáo.

Embora pessoa pobre e de pouco ínstrucáo, a ré AMA A SUA FILHA e nao concorda em hipótese algum em "abrir máo dela", desejando o seu retorno para o lar conjuga!. Aré no momento está trabalhando como ajudante geral num restaurante e, juntamente com a avó da enanca, possui condicóes de cuidar da menor E., que é a sua filha mais velha.

tretanto é bom registar-se que a casa onde o casal foi viver era bem perto da casa da avó paterna, sendo que a ré e ela passaram a alternar-se na guarda fátíca da menor, a fim de possibilitar que a ré trabalhasse.

Por esta época houve urna denúnciajunto ao Conselho Tutelar de Maus Tratos, sendo entáo deferida a guarda da menor para a avó Z. que, por sua vez também acabou sendo denunciada por maus tratos, sendo que a menor E. foi entáo recolhida num abrigo.

Pecas Processuaís 9 5

Page 108: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Após ter deixado o lar conjugal em razáo de "grave" agressáo física imposta pelo marido, a mulher contratou advogado e ajuizou "aeáo de divórcio litigio- so", conforme fazem prova documentos anexos. O feito foi dístríbuído para a 1 ªVara Cível desta Comarca, tendo o processo recebido o nº 0000000-00.0000.0.00.0000, para onde devem os presentes autos ser encaminhados em razáo da ocorréncía de "conexáo".

Com efeito, norma tiza o art. 106 do Código de Processo Civil que "cor- rendo em separado as:oes conexas perante juizes que téni a mesma competencia territorial, considera-se prevento aquele que despacho u em primeiro lugar"; ora, o douto Juízo da 1 ªVara Cível fez o primeiro despacho no mencionado processo em 00.00.0000 (veja-se cópia ane-

"Da conexiio:"

PrelintinarIIlente

O autor ajuizou a presente acáo em face da ré asseverando, em aper- tada síntese, que as partes estavam separadas há aproximadamente 05 (cinco) meses, nao havendo interesse em reconciliacáo. Requereu, por fim, fosse decretado o divorcio do casal, regulamentando-se a guarda dos filhos para ele, fixando-se a pensáo alimenticia a favor dos filhos menores.

Recebida a inicial em 00 de marco de 0000, fls. 00, este douto Juízo determinou a citacáo da ré para responder.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

N. R. de L., já qualificada apud acta, por seu Advogado, que esta subs- creve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nQ 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimaxoes, nos autos do processo que lhe move F. J. de L., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer contestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nu 0000000-00. 0000. O. OO. 0000 As:G:o de Divórcio Litigioso

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.13 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE DIVÓRCIO MOVIDA PELO MARIDO EM FACE DA MULHER COM PRELIMINAR DE CONExAO

96 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 109: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de abril de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Douto Magistrado, o autor nao contou todos os fatos na sua exordial. Na verdade, o autor agrediu física e moralmente a sua mulher por mais

de 10 (dez) anos. Em agosto de 0000, o varáo, em mais urna crise de ciúmes,jogou água quente na mulher; nao satisfeito, ainda lhe deu um soco direto no rosto. Este último soco deixou sequelas permanentes (perda de vísáo e um derrame no olho).

Subjugada, dominada, humilhada, ela nao tinha mais forcas nem mes- mo para reagir, procurar ajuda; contudo, nesta última ocorréncia, foi conduzida por urna de suas patroas a delegada para lavratura do boletim de ocorréncia, Os policiais acon- selharam a autora a nao voltar para sua casa, sendo entáo esta acolhida por um írmáo.

Algum tempo depois, a polícia acompanhou a ré até a sua casa para buscar os seus filhos, porém o autor se recusou a entregá-los.

Desesperada para ver seus filhos, a mulher ajuizou acáo de div6rcio litigioso com pedido liminar de busca e apreensáo; o feito foi distribuído para o douto Juízo da 1 ªVara Cível, que, <liante da gravidade dos fatos, concedeu a limitar. Desde en- tao os filhos estáo sob os cuidados da máe,

Ex positis, requer-se a procedencia do pedido de div6rcio, fíxando-se, no entanto, a guarda dos filhos menores do casal para a mulher, disciplinando-se o direito de visita do genitor em finais de semanas alternados e condenando-o a pagar pensáo alimen- ticia para os filhos no valor de 1/3 ( um terco) de seus rendimentos líquidos, incluindo-se férias, 132 salário, horas extras e FGTS, quando empregado, e V2 (meio) salárío-mínímo, com vencimento para todo dia 10 (dez), no caso de desemprego ou emprego sem vínculo.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, perícia psicossocial, oitiva de testemu- nhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal do autor.

Do Mérito

xa), ocasíáo em que deferiu liminar de busca e apreensáo dos filhos do casal e determinou a citacáo do Sr. F., sendo que este Juízo fez o primeiro despacho "apenas" em 00.00.0000; note-se que, nesta ocasíáo, os filhos menores já estavam efetivamente com a máe.

Sendo assim, requer-se a redistríbuicáo des te feito para a 1 ªVara Cível desta Comarca, com ínstrucáo de que seja autuado em apenso ao processo nª 0000000- 00 .0000 .0.00.0000, com escopo de evítarem-se decísñes conflitantes sobre o mesmo pe- dido (divórcio e guarda dosfilhos comuns).

Pecas Processuaís 97

Page 110: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Douto Magistrado, o réu nao se op6e ao pedido de divórcio. De fato, o casal encentra-se separado de fato desde início do ano de 0000.

Entretanto nao pode concordar com os demais pedidos da autora. O bem imóvel do casal deverá ser partilhado na proporcáo de 50%

(cinquenta por cento) para cada cónjuge, conforme legislacáo, Já o pedido de alimentos deve ser INDEFERIDO. Com efeito, nao obs-

tante os seus alegados problemas de saúde, a autora sempre se mostrou capaz de cuidar da sua própria subsistencia, tendo tido vários empregos enquanto morou com o réu na cidade de Mogi das Cruzes-SP, conforme se ve dos documentos anexos.

Do Mérito

A autora ajuizou o presente feito asseverando, em apertada síntese, que encentra-se separada do réu desde 0000, pedindo seja decretado o divórcio do casal, partílhando-se os bens e fixando-se pensáo alimentícia devida pelo réu a ela.

Recebida a exordial, este ilustre Juízo determinou a citacáo do réu. Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

F. P. do N., brasileiro, casado, pedreiro, portador do RG 00.000.000- SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliado na Rua Onze, nº 00, Conjunto Residencial Jefferson, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que lhe move E. dos A. J. N., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer contestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo no. 0000000-00. 0000. O. OO. 0000 Aféio de Divorcio Litigioso

Vara Cível da Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Comarca de Mucuri, Bahía.

7.14 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE DIVÓRCIO MOVIDA PELA MULHER EM FACE DO MARIDO, COM CONCORDANCIA PARCIAL COM O PEDIDO

98 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 111: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Termos em que p. deferimento.

Mogi das Cruzes-SP, 00 de outubro de 0000.

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Ressalte-se ademais, que a autora é "técnica em contabilidade"; ou seja, profissional plenamente habilitada a prover o seu próprio sustento. Eventuais difi- culdades que encontra para trabalhar na Comarca de Mucuri nao podem servir de arri- mo para pedido de alimentos, vez que a escolha do local de moradia da autora é de sua exclusiva responsabilidade.

Nao se pode olvidar, outrossim, que sabe o réu que os medicamentos que toma a autora sao fornecidos gratuitamente pelo governo.

De qualquer forma, o réu registra, POR CAUTELA, que o valor pedido de alimentos pela mulher é absurdo, totalmente fora de sua capacidade financeira. O réu trabalha como pedreiro e tem renda mensa! aproximada de R$ 800,00 (oitocentos reais), conforme demonstram documentos anexos.

Além disso, o réu tem um filho, "F. S. do N.", nascido em 00.00.0000 (documento anexo).

Ante o exposto, requer a procedencia da acáo, decretando-se o divór- cio do casal e declarando que o ímóvel será partilhado na proporcáo de 50% (cinquenta por cento) para cada parte (REGIME DA COMUNHÁO PARCIAL DE BENS) e que os eón- juges possuem condícóes de cuidar do seu próprio sustento, INDEFERINDO o pedido de alimentos da mulher.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), oitiva de testemunhas e depoimento pessoal da autora.

Requer, outrossim, os beneficios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

Pecas Processuaís 99

Page 112: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Douto Magistrado, nao merece acolhida o pedido do autor. Ab initio, há que se ressalvar que o fato do alimentante ter contraído

novo casamento nao o exonera das suas obrigacñes em face daré, sua ex-mulher, Neste sentido a norma do art. 1. 709 do CC: "o novo casamento do conjuge devedor nao extin- gue a obriga~o constante da sentenca de divórcio".

Comentando este artigo, o mestre Milton Paulo de Carvalho Filho, no livro "Código Civil Comentado", coordenado pelo Ministro Cezar Peluso, da Editora Manole, observa que "nao estivessem impedidos pela leida desobrigaciu: que lhes foi

Do Mérito

O autor ajuizou o presente feito asseverando, em apertada síntese, que deseja exonerar-se de sua obrigacáo de pagar alimento a ex-mulher em razáo, principal- mente, desta estar, segundo ele, vivendo em uníáo estável com outro homem. Destarte, requereu a exoneracáo da pensáo alimentícia que está obrigado a lhe pagar, conforme acordo firmado nos autos do processo nQ 0000000-00.0000.0.00.0000, da 1 ªVara Distri- tal de Brás Cubas, Comarca de Mogi das Cruzes.

Recebida a exordial, este douto Juízo indeferiu o pedido de antecipa- cáo de tutela e determinou a cítacáo da ré para responder.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

E.M. de O., já qualificada apud acta, por seu Advogado, que esta subs- creve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que lhe move A. R. da S., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer coniestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nu 0000000-00. 0000. O. OO. 0000 A~a:o de Exoneradio de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Distrital de Brás Cubas, Comarca de Mogi das Cruzes, SP.

7.15 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE EXONERAf;AO DE AUMENTO MOVIDA PELO MARIDO EM FACE DA EX- MULHER

100 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 113: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Aré, diferente do autor, que declara ter constituído nova familia, con- tinua sozinha, embora confesse que já teve um namorado, fato bem diferente daquele afirmado na exordial (relacáo passageira e sem vínculo).

A jurisprudencia é firme no sentido que simples namoro nao é bastante para arrimar pedido de exoneracáo de alimentos, in verbis:

"Exoneracáo de alimentos. Ex-cónjuge. Alegacáo de que a ex-mu- lher seria convivente de outrem nao está demonstrada. Relacio- namento por pequeno período nao configura uniáo estável, que tem requisitos próprios. Fator de exclusáo da pensáo alimentícia nao se faz presente. Obrigacáo alimentar apta a permanecer. Ape- lo desprovido. TJSP, Apelacáo cível n2 553.571-4/8-00: SANTOS Voto nº 7.983." "Alimentos - Ar;ao de exoneracáo de pensáo alimentar - Suposta uníáo estável estabelecida entre a alimentanda e terceiro - Com- provacáo, todavia, apenas de existencia de um namoro entre eles - Circunstancia insuficiente para a extíncáo da obrígacáo alimen- tar" (Apelacáo Cível n. 124.087-4- Piracicaba- 6ª Cámara de Di- reito Privado- Relator: Antonio Carlos Marcato-10.02.00-v.u.). "Alimentos - Pensáo alimentícia - Exoneracáo - Pretensáo fun- dada no fato de a ex-mulher manter relacionamento afetivo com outro homem - Inadmissibilidade - Inexistencia do estabelecí- mento de uníáo estável" (STJ, Apelacáo Cível nº 553.571- 4/8-00 3 - RT 797 /200). Há que se registrar que durante os muitos anos em que esteve casada

com o autor, aré foi mantida por ele na qualidade exclusiva de "dona de casa", fato que a impossibilitou de se preparar para o mercado de trabalho. Hoje, encontra-se impedida

outro homem.

imposta, buscariam os divorciados, pelo menos em sua maioria; contraír novo casa- mento para livrar-se do encargo assumido".

Embora seja direito do autor refazer a sua vida, este nao pode olvidar dos encargos que já possui. Neste sentido a jurisprudencia do Egrégio Tribunal de Justíca do Estado de Sao Paulo:

"ALIMENTOS - Pretensáo exoneratória- Ex-mulher- Constituícáo de nova familia - Circunstancia que, por si só, nao enseja a exo- neracáo pretendida - Situacáo das partes inalterada - sentenca mantida - Recurso improvido" (Ap. Cível 532.393.4/1-00 - MOGI DAS CRUZES, Rel. Des. Munhoz Soares). Na verdade, o raciocínio é justamente no sentido contrário, como bem

observa o ilustre Des. Paulo Eduardo Razukí no julgamento da apelacáo cível com revisáo nº 521.830-4/0-00, da Comarca de Matáo: "a constituiciio de novafamília niio autoriza, por sisó, a exoneradio de alimentos. Ao contrário, se o fez o apelante é porque tinha condifoes econémico-financeiras para tanto".

No mais, nao é verdade que aré esteja vivendo em uníáo estável com

Pecas Processuais 1O1

Page 114: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 dejulho de 0000.

Termos em que p. deferimento.

de assim proceder em razáo dos muitos problemas de saúde que possui (coluna, hérnía, vesícula, pressáo alta), conforme demonstram documentos anexos.

Em o u tras palavras, nao só a obrigacáo do autor permanece, mas tam- bém as necessidades da mulher.

Ante o exposto, considerando que nao houve mudanca nas condicóes que deram arrimo a pensáo fixada em favor da ré, requer-se a improcedéncia do pedido, mantendo-se a obrígacáo alimentícia do autor absolutamente inalterada.

Requer, outrossim, os beneficios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), perícia social, oitiva de teste- munhas (rol anexo) e depoimento pessoal do autor.

102 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 115: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Quando de sua separacáo judicial, processo n!l. 0000000-00.0000. 0.00.0000, da 2ª Vara Cível desta Comarca, o autor concordou em pagar para suas filhas 1/3 (um terco) de seus rendimentos líquidos, fls. 00, nao tendo sido especificado o quanto seria para cada urna, o que autoriza a presuncáo de que o referido valor será devido, ao menos, até que ambas as filhas completem a maioridade civil.

Desejando o alimentante a exoneracáo em face de urna das filhas e a diminuícáo do valor da pensáo, imprescindível que ajuíze acáo de exoneracáo cumulada com revisional de alimentos, incluindo no polo passivo ambas as filhas. Destarte, requer- -se seja o autor intimado a emendar a exordial, com escopo de adequar o seu pedido e in-

Preliminarmente

Em síntese, os fatos.

O autor ajuizou o presente feito asseverando, em apertada síntese, que a sua filha A. completou a maioridade civil, nao estando, portanto, mais sujeita ao poder familiar. Destarte, requereu a exoneracáo da pensáo alimentícia que está obrigado a lhe pagar, conforme acordo firmado nos autos do processo nº 0000000-00.0000.0.00.0000, da 2ª Vara Cível desta Comarca.

Recebida a exordial, fls. 00, determinou este douto Juízo a cítacáo da ré para responder.

Dos Fatos

A. H. da S.,já qualificada apud acta, por seuAdvogado, que esta subs- creve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que lhe move N. A. da S., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer contestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nº 0000000-00. 0000.0.00. 0000

Afao de Bxoneraciio de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 ªVara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.16 CONTESTAf;ÁO DE Af;ÁO DE EXONERAf;ÁO DE ALIMENTO MOVIDA PELO PAI EM FACE DA FILHA MAIOR COM PRELIMINAR DE EMENDA DA EXORDIAL

Pecas Processuais 103

Page 116: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Douto Magistrado, nao merece acolhida o pedido do autor. De fato, doutrina e jurisprudencia tém se firmado no sentido de que o simples fato do alimentando ter atingido a maioridade civil nao é bastante para afastar a obrigacáo alimentícia, sendo necessária a dernonstracáo de que já nao estáo presentes os pressupostos que deram arri- mo a concessáo da pensáo, frutos do binomio "necessidade x possibilidade".

No caso sub judice, há ainda que se considerar que a alimentanda está frequentando a faculdade (veja-se documento anexo), o que demanda muitas e conhe- cidas despesas. Fato que com muito mais razáo demanda continue o genitor a contribuir para sua educacáo, mesmo que aré esteja trabalhando; mesmo porque o valor da pensáo nao é bastante para cobrir todos os gastos.

Neste sentido a jurisprudencia, in verbis: "O fato de a alimentanda ter atingido a maioridade náo temo con- dáo, por sisó, de exonerar o alimentante da obrígacáo de prestar alimentos para sua filha, devendo ser comprovada alteracáo no binomio necessidade/possibilidade. Apesar de a apelante contar com 26 anos de idade, náo trabalha e frequenta curso superior" (TJRS, Apelacáo n° 70007887409, Rel. Ataídes Siqueira Trindade, Oitava Cámara Cível, DJ 23.03.04). "Maioridade nao é, por si só, corolário para liberar o alimentante da obrígacáo alimentar. Indemonstrada modíñcacáo da sítuacáo económica, improcedente a pretensáo. Alimentado que náo tra- balha e está cursando faculdade - imprescindível a manutencáo da obrígacáo alimentar, pois inalterado o binomio possibilida- de/necessidade. Inexistencia de previsáo legal para que a máe supra integralmente as necessidades do filho" (TJRD, Apelacáo nº 70008019572, Rel. Walda Maria Melo Píerró, Sétima Cámara Cível, DJ 31.03.04). EMENTA: EXONERA<;ÁO DE PENSÁO ALIMENTÍCIA - SUPERVE-

A - - NIENCIA DA MAIORIDADE CML NAO EXTINGUE A OBRIGA<;AO ALIMENTAR NA HIPÓTESE DE QUE A ALIMENTANDA AINDA SEJA ESTUDANTE. PROVIMENTO DO RECURSO (TJMG, Apelacáo nº 1.0000.00.342803-4/000, Rel. Roney Oliveira, DP 20.02.04). Nao fossem bastantes os argumentos retroapresentados, nao se pode

deixar de observar que a pensáo alimentícia é também destinada a outra filha do autor, que, impossibilitada de se defender neste feito, vez que nao incluída no polo passivo da acáo, tem com certeza muitas e crescentes despesas, que demandara nao a diminuicáo do valor da pensáo, mas o seu aumento.

Ante o exposto, considerando que nao houve mudanca nas possibili- dades do alimentante e que as necessidades da alimentanda nao se alteraram, muito ao

Do Mérito

cluir no polo passivo sua filha D. H. da S., sob pena de extíncáo do feito semjulgamento do mérito (art. 267, VI, CPC).

104 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 117: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de abril de 0000.

Termos em que p. deferimento.

contrário, até aumentaram com sua entrada na faculdade, requer-se a improcedencia do pedido, mantendo-se a obrigacáo alimenticia do autor absolutamente inalterada.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, perícia social, oitiva de testemunhas e depoimento pessoal do autor.

Pecas Processuais 105

Page 118: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Da carencia de a~éí.o. Segundo a melhor doutrina, os pressupostos da responsabllidade ci-

vil sao: (1) acáo ou omissáo do agente; (II) culpa do agente; (III) relacáo de causalidade; (IV) dano experimentado pela vítima.

A simples leitura da peticáo inicial é suficiente para afastar qualquer responsabilidade do réu B. pelo "suposto" evento que causou danos ao veículo do autor. A ele nao se pode imputar qualquer acáo ou omíssáo que tenha causado direta, ou mesmo indiretamente, o evento que, segundo o autor, veio a lhe causar danos materiais.

Preliminarmente

Em síntese, o necessário.

O autor ajuizou o presente feíto asseverando que o veículo de proprie- dade do réu B., conduzido pelaré R., seria o responsável por sinistro que causou danos em seu veículo. Por fim, requereu a condenacáo da primeira requerida a pagar indenizacáo no valor de R$ 2.401,00 (dois mil, quatrocentos e um reais), e a citacáo dos "requeridos" para responder.

Dos Fatos

B. J. A., brasileiro, solteiro, ajudante geral, portador do RG 00.000.000- 0-SSP /SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliado na Rodovia Engenheiro Can- dido do Rego Chaves, no. 00, Pindorama, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua José Ur- bano, n2 00, Centro, Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimasiies, nos autos do processo que lhe move F. S. O., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer contestadio, confor- me as seguintes razñes:

Processo nº 0000000-00. 0000. O. OO. 0000

Aféi'O de Indenizacáo (rito ordinario)

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 00ª Vara Cível da Comarca de Alfenas, Minas Gerais.

7.17 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE INDENIZAf;AO POR SINISTRO EM VEÍCULO FEITA POR TE.RCEIRO (EX- PROPRIETÁRIO)

106 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 119: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Pelas razñes expostas em preliminar, difícilmente este douto Juízo chegará a apreciar, em relacáo ao réu B., o pedido de indenízacáo. Na verdade, nao ten- do havido emenda da peticáo (lembre-se que o réú B. niio conseguiu acesso aos autos, visto que niio possui meios financeiros de se loco mover até a Comarca de Alfenas), nem mesmo foi feíto pedido em face dele. Em sua petícáo inicial o autor se limita a pedir a condenacáo da "requerida" a lhe pagar indenízacáo no valor de R$ 2.401,00.

Do Mérito

- , .... - EMENTA: APELA<;AO CIVEL. ACIDENTE DE TRANSITO. A<;AO DE RESPONSABILIDADE CIVIL. PROPRIETÁRIO VEÍCULO. ALIENA- <;AO. TRADI<;AO. ILEGITIMIDAD E PASSIVA. 1 - A legitimidade ad causam deve ser analisada com base nos elementos da lide, a luz da sítuacáo afirmada da demanda, relacionando-se com o próprio direito de acáo, autónomo e abstrato. 11 - A transferencia da pro- priedade sobre bens móveis, como os veículos automotores, se dá pela tradícáo e nao pelo registro no DETRAN. m - Comprovado por prova documental que o veículo, a época do acidente, já havia sido alienado para outrem, deve ser acolhida a preliminar de ilegitimi- dade do antigo proprietário para figurar no polo passivo da acáo de reparacáo civil (TJMG, Apelacáo Cível n. 1.0180.10.003918- 9/001, Relator Des. Leite Praca, DJ 26.09.2013). Como se observa dos fatos e da jurisprudencia, falta ao autor os pres-

supostos necessários para processar o réu B. pelos seus danos; na verdade, o requerido B. é claramente "parte ilegítima" neste feíto, devendo o requerente ser declarado, em relacáo a ele, carecedor de acáo, extinguindo-se o feíto semjulgamento de mérito (art. 267, VI, CPC).

O réu B. nao estava dirigindo o veículo "supostamente" responsável pelo sinistro; ele também nao emprestou o referido veículo para aré R.; na verdade, o réu B. nao tema menor ideia de quem seja a referida senhora, nem mesmo sabe informar como ela veio a ter a posse do veículo que indevidamente ainda se en contra em seu nome.

Emjunho de 0000, o réu B. vendeu o referido bempara o Sr. A. F. L., brasileiro, portador do CPF 000.000.000-00 (demais qualíficacóes e enderece desconhe- cidos); tendo, inclusive, reconhecido firma na autorizacáo de transferencia, conforme prova certidáo expedida pelo Oficial do Tabeliáo de Notas do Cartório de Registro Civil de Jundiapeba (cópia anexa).

Desde entáo nunca mais soube do veículo ou do referido senhor, que levou, como se disse, o documento de transferencia devidamente preenchido e com firma reconhecida (pronto, portanto, para transferencia). Mesmo que o Sr. A. nao tenha efetí- vado a transferencia formal junto ao registro do DETRAN, a transferencia da proprieda- de se concretizou coma tradicáo do bem, visto se tratar de coisa móvel (art. 1.267, CC).

Neste sentido a jurisprudencia do Egrégio Tribunal de Justica do Es- tado de Minas Gerais, in verbis:

Pecas Processuais 1O7

Page 120: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes-SP/Alfenas-MG, 00 de outubro de 0000.

Termos ern que p. deferimento.

De qualquer forma, o réu B. nega, por cautela, que tenha qualquer responsabilidade, direta ou indireta, nos eventos que "supostamente" causaram danos materiais no veículo do autor.

Como já informado, o requerido B. desconhece aré R., nunca lhe ven- deu ou emprestou o veículo registrado em seu nome.

No mais, nada sabe sobre os eventos narrados na exordial, visto que reside na cidade de Mogi das Cruzes-SP.

Ante o exposto, requer-se reconheca este douto Juízo que o réu B. nao é parte legítima para constar no polo passivo da presente demanda, declarando entáo o autor carecedor de acáo em face dele; superada a preliminar, fato que se aceita apenas em respeito ao princípio da eventualidade, requer-se que, ern relacáo ao réu B., o pedido de indenizacáo seja julgado improcedente, condenando-se o autor nos ónus da sucumbéncia,

Provará o que for necessário, usando de todos os meios admitidos em direito, ern especial pela juntada de documentos (anexos), oitiva de testernunhas e de- poimento pessoal do autor.

Requer, outrossim, os beneficios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

108 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 121: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Parcialmente verdadeiros os fatos informados na exordial. De fato, o réu manteve relacionarnento amoroso com a genitora do autor, que incluía relacñes se- xuais, contudo nao no período declinado na exordial. Com efeito, quando a representante da mesma apareceu grávida, a relacáo amorosa deles já tinha terminado há algum tempo, razáo pela qual entende nao ser o pai natural do autor.

De qualquer forma, nao pode o réu deixar de, ad cautelam, se mani- festar sobre o pedido de alimentos, com escapo de evitar que sobre o assunto ocorram os

Do Mérito

O autor ajuizou o presente feíto asseverando, em apertada síntese, que sua genitora manteve relacionamento amoroso, que incluía relacóes sexuais, como réu, e que seria fruto deste relacionamento. Declarou, ainda, que sua genitora nao possui con- dicñes de cuidar sozinha do seu sustento. Diante destes fatos, requereu fosse reconhecida a paternidade do réu em face dele, bem como sua condenacáo ao pagamento de pensáo alimentícia mensa! no valor de 1 (um) salário-mínimo por mes.

Recebida a exordial, determinou-se a citacáo do réu. Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

S. A. E., brasileiro, solteiro, meio oficial armador, portador do RG 00.000.000-SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliado na Avenida Nilo Marcatto, n12 00, Jardim Sao Pedro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, no. 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacoes, nos autos do processo que lhe move L. H. S. de O., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer coniestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo no. 0000000-00.0000.0.00.0000 A!fao de Investigadio de Paternidade ce Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.18 CONTESTAf;ÁO DE Af;ÁO DE INVESTIGAf;ÁO DE PATERNIDADE CUMULADA COM ALIMENTOS

Pecas Processuais 109

Page 122: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de agosto de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Ante o exposto, requer-se sejam os pedidos do autor julgados impro- cedentes, devendo ele arcar com os ónus da sucumbéncía, ou, no caso de eventual pro- cedencia, o que se aceita apenas para contra-argumentar, sejam os alimentos fixados em lOOf<i (dez por cento) dos rendimentos líquidos do réu, incluindo-se 13º salário e férias, quando este estiverempregado, ou lOo/o (dez porcento) de 1 (um) salárío-mínimo, quan- do desempregado ou trabalhando sem vínculo.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), oitiva de testemunhas (art. 407, CPC), depoimento pessoal da representante do autor e pericia técnica (DNA), requerendo-se, quanto a esta, determine imediatamente este douto Juízo expedicáo de oficio ao IMESC, requerendo data para a realizacáo do exame, com escopo de se evitarem . . , maiores prejuizos para as partes.

Reitera, outrossim, o pedido dos beneficios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo.

Ademais, há que se observar que o autor deixou de indicar expres- samente qual seria o montante mensa! de seus gastos, o que impossibilita urna correta avaliacáo do binomio "necessidade e possibílidade", conforme previsto no artigo 1.694 do Código Civil.

efeitos da revelia. De início, informa-se que o réu tem mais 2 (dois) filhos, quais sejam: L. W. A. E., nascido em 00.00.0000; A. W. E., nascida em 00.00.0000.

No momento, o réu desenvolve atividade autónoma, sem registro, na qualidade de "meio oficial armador", tendo renda mensa! aproximada de R$ 1.200,00 (um mil, duzentos reais).

Como facilmente se percebe, estes fatos tornam absolutamente im- possível para o réu o pagamento de pensáo alimenticia para o autor no valor pleiteado na exordial.

11 O Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 123: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

O pedido se justifica na medida em que o alimentante possui outra filha e encontra-se trabalhando com registro em carteira (com vínculo), conforme docu- mentos anexos.

Antes de apreciar o mérito, requer-se a "reconsíderacáo" da decisáo que fixou os alimentos provisórios em 33% do salário-mínimo nacional, a fim de fixá-lo em 16,5% (dezesseis e meio por cento) dos rendimentos líquidos do alimentante, ofician- do-se ao empregador informado no item abaixo para desconto diretamente em folha de pagamento.

Revisáo do Valor dos Alimentos Provisórios

Em síntese, os fatos.

O autor ajuizou a presente acño em face do réu asseverando, em aper- tada síntese, que ele e sua máe mantiveram relacíonamento amoroso do qual seria fruto. Requereu, por fim, fosse reconhecida a paternidad e do réu em face dele, assim como fosse ele condenado ao pagamento de pensáo alimentída.

Recebida a inicial, este douto Juízo fixou alimentos provisórios no valor de 33o/o (trinta e tres por cento) do salário-mínimo e determinou a citacáo do réu para responder.

Dos Fatos

M. S. de O. C., brasileiro, solteiro, churrasqueiro, portador do RG 00.000.000-SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliado na Rua Jorge As- sis, n2 00, Jardim Helena, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, por seu Advo- gado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua José Urbano, n12 00, Centro, Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que lhe move Pietro Vinicius Gomes, vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer cotuestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nº 0000-00.0000.0.00.0000 Acáo de Investigacáo de Paternidade

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 00ª Vara Judicial, Familia e Infancia e Juventude, Comarca de Capanema - Paraná.

7.19 CONTESTAf;ÁO DE Af;ÁO DE INVESTIGAf;ÁO DE PATERNIDADE CUMULADA COM ALIMENTOS JÁ COM EXAMEDEDNA

Pecas Processuais 111

Page 124: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gecliel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes-SP/Capanema-PR, 00 de maio de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Ab initio, o réu "reconhece" a sua paternidade em face do autor, nao se opondo a expedicño do necessário para regularizacáo do seu assento de nascimento. Nao se opóe, igualmente, seja a guarda legal da críanca fixada a favor da máe, discipli- nando-se o direito de visitas do genitor de forma livre, mediante prévia consulta, visto que o réu reside no Estado de Sao Paulo.

Nao pode, contudo, concordar como pedido de alimentos no valor de 1/3 (um terco) de seus rendimentos líquidos, quando empregado, e 33o/o (trinta e tres por cento) do salário-mínímo quando desempregado ou trabalhando sem vínculo, visto que estes valores estáo além de sua capacidade de pagamento.

Justifica. Além do autor, o réu é pai de mais urna enanca, a menor A. L. C., nascida em 00.00.0000 (veja-se certidáo de nascimento anexa); embora a menor A., fruto do atual relacionamento do réu, resida com ele, a sua existencia <leve ser considera- da quando da fixacáo da pensáo alimenticia, visto as muitas obrigacóes que o réu possui em face dela (alimentacáo, moradia, educacáo, assisténcia médica etc.),

No momento, o réu encentra-se empregado junto a empresa S. DA C. CHURRASCARIA LTDA., situada na Avenida Prefeito Carlos Ferreira Lopes, nº 00, Vila Mogilar, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, onde recebe salário aproximado de R$ 1.200,00 (um mil, duzentos reais).

Ex positis, "requer-se a improcedencia parcial dos pedidos do autor", com escopo de reconhecer-se a paternidad e do réu em face do autor, fíxando-se os alimen- tos devidos pelo pai ao seu filho no valor de 16,5º.IÓ (dezesseis e meio por cento) de seus rendimentos líquidos, íncluíndo-se férias, décimo terceiro salárío, horas extras, verbas rescisórias, excluindo-se apenas o FGTS e sua multa, quando empregado; no caso de de- semprego ou trabalho sem vínculo empregatício a pensáo <leve ser fixada em 20% (vinte por cento) do salárío-mínímo nacional, com vencimento para todo dia 10 (dez) de cada mes. Nao se opóe, ainda, que a guarda do menor seja estabelecida em favor da máe com direito de visitas livres, mediante prévia consulta.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, perícia social, oitiva de testemunhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal da representante do autor.

DEN CIA. Douto Magistrado, os pedidos do autor merecem PARCIAL PROCE-

Do Mérito

112 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 125: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Já quanto aos alimentos, o réu gostaria, considerando que ele e a Sra. R. (máe do autor), possuem mais 3 (tres) filhos (C. E. da S. G., E. E. da S. G., M. E. da S.

claracáo anexa. O réu "reconhece" a sua paternidade em face do autor, conforme de-

Do Mérito

O autor ajuizou o presente feíto asseverando, em apertada síntese, que sua genitora manteve relacionamento amoroso, que incluía relacóes sexuais, como réu, e que seria fruto <leste relacionamento. Declarou, ainda, que sua genitora nao possui con- dicóes de cuidar sozinha do seu sustento. Diante <lestes fatos, requereu fosse reconhecida a patemidade do réu em face dele, bem como sua condenacáo ao pagamento de pensáo alimentícia mensal no valor de 30o/o (trínta por cento) de seus rendimentos brutos.

Recebida a exordial, determinou-se a cítacáo do réu. Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

E. do A. G., brasileiro, solteiro, ajudante geral, portador do RG 00.000.000-SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliado na Rua Venezue- la, n¡¡ 00, Distrito de Jundiapeba, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escrit6rio na Rua Francisco Mar- tins, n° 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, nos autos do processo que lhe move l. A. da S., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer contestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo no. 0000000-00. 0000.0. OO. 0000

A~iio de lnvestigadio de Paternidade

ce Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 ªVara Distrital de Brás Cubas, Comarca de Mogi das Cruzes-SP.

7.20 CONTESTAf;ÁO DE Af;ÁO DE INVESTIGAf;ÁO DE PATERNIDADE CUMULADA COM ALIMENTOS, ONDE O RÉU CONFESSA A PATERNIDAD E E FAZ PRO POSTA DE ALIMENTOS

Pecas Processuais 113

Page 126: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 dejulho de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Ante o exposto, requer-se seja o pedido de investigacáo de paternidad e julgado procedente, passando o menor a chamar-se "l. A. da S. G.", fixando-se a pensáo devida pelo réu aos seus QUATRO FILHOS em 30% (trinta por cento) dos rendimentos lí- quidos do réu, incluindo-se 13º salário e férias, quando este estiver empregado, e em 1/3 (um terco) do salário-mínimo nacional, com vencimento para todo día 10 (dez) de cada mes, quando desempregado ou trabalhando sem vínculo.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), oitiva de testemunhas (art. 407, CPC), depoimento pessoal da representante do autor.

Requer, outrossim, lhe sejarn concedidos os benefícios dajustíca gra- tuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

G.), que a pensáo fosse fixada para todos os quatro (4) filhos do casal, sabendo-se que a representante dos menores ainda nao ajuizou acáo neste sentido.

A proposta de alimentos para TODOS OS FILHOS é 30% (trinta por cento) de seus rendimentos líquidos, incluindo-se férias, 13Q salário e verbas rescisórias, excluindo-se o FGTS, quando empregado, mediante desconto em folha de pagamento. No caso de desemprego, ou trabalho sem vínculo, a proposta é de que a pensáo seja fixada em 1/3 (um terco) do salário-rnínimo nacional, com vencimento para todo día 10 (dez) de cada mes.

114 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 127: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

"Da carencia de afÜO." De fato, quando o autor casou-se coma representante dos réus estajá

estava grávida de W. e o cónjuge varáo tínha pleno conhecimento de que este nao seria seu filho biológico. Aliás, muito apaixonado, foi ele quem muito insistíu no casamento.

Nascido o infante, o autor fez questáo de registrá-lo em seu nome, gesto que deveria representar urna prova de seu amor e do carinho que tinha pelo menor.

Como se ve, quanto ao menor W., o autor nunca foi enganado ou in- duzido em erro, sendo que o reconhecimento foi feito de forma voluntária e cónscia de

Preliminarmente

O autor ajuizou o presente feíto asseverando, em apertada síntese, que descobriu que sua mulher havia mantido relacionamentos extraconjugais, razáo pela qual passou a ter sérias dúvidas quanto a sua paternidade em face dos filhos do casal. Requereu, por fim, fosse declarada a nulidade, quanto a sua paternidade, dos registros de nascimen- tos dos réus W. e R., exonerando-o, ainda, da obrigacáo alimenticia em face dos menores.

Recebida a exordial, determinou este douto Juízo fosse emendada, fls. OO. Feita a emenda, determínou-se a citacáo, fls. OO.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

W. A. da S. e R. P. da S. S., representados por sua genitora K. A. da S., já qualificada apud acta, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritórío na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, nos autos do processo que lhes move G. da S., vém a presenca de Vossa Excelencia oferecer contestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo no. 0000000-00. 0000.0. OO. 0000

Afiio Negatória de Paternidade ce Bxoneradio de Pensiio

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.21 CONTESTA<.;AO DE A<.;AO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE CUMULADA COM EXONERA<.;AO DE ALIMENTOS MOVIDA PELO PAi CONTRA OS FILHOS, COM PRELIMINAR DE CARENCIA DE A<.;AO

Pecas Processuais 115

Page 128: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de setembro de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Nao sao verdades os fatos informados pelo autor na sua exordial. A representante do menor nunca foi infiel ao autor, sendo absolutamente despropositada sua afírmacáo de que o menor R. P. nao seria seu filho.

Quando o casal se separou, devido, principalmente, ao incontrolável ciúme do cónjuge varáo, a mulher já estava grávida há aproximadamente 3 (tres) meses.

Após a separacáo fátíca do casal, o varáo tentou por diversas vezes retomar a sociedade conjugal, porém quando percebeu que nao conseguiría seu inten- to, passou a ameacar a genitora dos menores com processo negatório de paternidade, mormente quanto ao menor W. que sabidamente nao era seu filho natural. As arneacas se transformaram em acño quando a mulher ajuizou acáo de alimentos, com escopo de cobrar pensáo alimenticia do autor.

Ante o exposto, requer-se seja o autor declarado carecedor de acáo quanto ao menor W., visto que neste caso ocorreu a chamada "adocáo a brasileira" (adocáo informal da enanca), extinguíndo-se o feíto semjulgamento de mérito (art. 267, VI, CPC), decretando-se, ademais, a improcedencia dos pedidos em face do menor R., condenando-se, em qualquer dos casos, o autor nos honorários advocatícios e demais comínacñes legais.

Provaráo o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), oitiva de testemunhas (art. 407, CPC), depoimento pessoal da representante dos autores e perícia técnica (DNA), requerendo-se, quanto a esta, determine imediatamente este douto Juízo expedicáo de ofício ao IMESC, requerendo data para a realizacáo do exame, com escopo de se evitar maiores prejuízos para as partes.

Reiteram, outrossim, o pedido de concessáo dos beneficios da justica gratuita, vez que se declarara pobres no sentido jurídico do termo.

Do Mérito

quem seria o pai natural. Destarte, considerando que o que justifica o pedido de anulacáo de registro é suposto erro (vício da vontade) e que "ninguém pode se beneficiar da própria torpeza", falta ao autor interesse de agir, vez que este sempre soube que nao era o pai na- tural do menor W., devendo, portanto, ser declarado carecedor da acáo, extínguindo-se o processo semjulgamento do mérito (art. 267, VI, CPC).

116 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 129: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Inicialmente, em atencáo a decisáo deste douto Juízo, fls. 00/00, re- quer-se ajuntada do original do "recibo de compra e venda" do veículo VW Fusca 1200, placa CWX.0000, devidamente firmado e preenchído.já, inclusive, comfirma reconhecida do proprietário, possibilitando a imediata transferencia do registro do veículo para o autor.

Do Recibo de Compra e Venda

Emjaneiro de 0000, o autor ajuizou o presente feito asseverando, em apertada síntese, que, em 00.00.0000, havia adquirido um veículo marca "fusca", placa CWX 0000, do réu e que este lhe entregou, no momento da compra, apenas o CRLV, pro- metendo para os próximos dias o "recibo de compra e venda." Narrou, ainda, que nao obstante suas muitas tentativas amigáveis para haver o referido documento, nao obteve éxito. Requereu, por fim, fosse imposta pena pecuniária ao réu até que efetivasse a entre- ga do referido documento.

Recebida a exordial, concedeu este douto Juízo a liminar, determinan- do ao réu que entregasse ao autor, no prazo de 48 horas, todos os documentos relativos ao autom6vel mencionado na inicial, inclusive o CRLV, sob pena de multa diaria no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais).

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

F. V. R., brasileiro, solteiro, seguranca, portador do RG 00.000.000- SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliado na Rua Lara, n2 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escrit6rio na Rua Francisco Martins, n2 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, nos autos do processo que lhe move E. l. dos S., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer cotüestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nR 0000000-00. 0000.0. OO. 0000

Afilo de Obrigasiio de Fazer

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.22 CONTESTAf;ÁO DE Af;ÁO DE OBRIGAf;ÁO DE FAZER ENVOLVENDO TRANSFERENCIA DE VEÍCULO

Pecas Processuais 117

Page 130: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

O réu e o Sr. A. continuaram procurando o autor para proceder coma transferencia, mas este continuou fugindo, negando-se a fornecer cópia dos documentos e insistindo que o documento de transferencia lhe fosse entregue em branco.

Finalmente com a cítacáo neste feito, o réu e o Sr. A. conseguiram o número do RG e do CPF do autor, que constam dos autos, possibilitando o preenchimento do recibo de compra e venda, cuja cópia vai ajudar o Sr. A. a se livrar da responsabilidade pelas muitas ínfracóes perpetradas pelo autor.

Data venia, nao agiu bem este douto Juízo ao conceder a liminar arri- mado unicamente nas mendazes afírmacóes do autor, que declaro u em sua inicial apenas os fatos que lhe interessavam, procurando, com certeza, levar este douto Juízo a erro.

De fato, quando o réu vendeu o "fusca" para o autor lhe entregou o documento de círculacáo (CRLV), onde consta o nome do Sr. A. de S., de quemo réu, por sua vez havia comprado o carro. No entanto, o negócio envolvia a quitacáo de urna <lívida junto a Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes (documentos anexos), assumida pelo Sr. A., quando este, por sua vez, havia adquirido o veículo.

O autor nao só foi informado da referida <lívida, como foi levado até o Sr. A., detentor do recibo de compra e venda; acertando as partes que o referido recibo seria entregue ao autor quando da quitacáo final da referida dívidajunto a PMMC.

Tudo certo, negócio fechado. Nessa altura dos fatos, o réu havia feito a sua parte. Apresentou ao autor

o detentor do documento de transferencia, tendo ele assumido o compromisso de quitar a dívidajunto a PMMC. Todavia, algum tempo depois, o réu foi procurado por um desespe- rado Sr. A., que recebeu em sua casa notíficacáo de multa por ínfracáo de transito prati- cada pelo autor, que, como se viu, estava na posse do veículo (veja-se documento anexo).

Juntos procuraram o autor, querendo apressar a transferencia do re- gistro do veículo. Para tanto requereram ao mesmo que fornecesse cópia de carteira de habilitacáo, RG e CPF, a fim de preencher o recibo e também para possibilitar ao Sr. A. livrar-se da multa e da pontuacáo.

O autor foi evasivo e disse que nao poderia fornecer os referidos docu- mentos naquele momento, pedindo que lhe fosse entregue o recibo em branco. Com isso nao concordou o Sr. A., acertando-se entáo que o Sr. E. iria depois a casa do Sr. A. levar os documentos e acertar a transferencia.

Claro que assim nao procedeu, muito ao contrário, continuou usando de forma inadequada o carro, tomando outras multas, inclusive urna de natureza gravís- sima, que tem como consequéncía a apreensáo da carteira de habilitacáo (veja-se docu- mento anexo).

Do Mérito

Observa, ademais, que este era o único documento que estava na pos- se do Sr. A.; sendo que o próprio autor reconhece na sua exordial que no ato da compra recebeu o CRLV (certificado de registro e licenciamento do veículo) e o Renavan.

118 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 131: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de fevereiro de 0000.

Termos ern que p. deferirnento.

Corno pode facilrnente perceber este douto Juízo, o autor nao é pes- soa de confíanca, e considerando o valor das multas que tornou, pode facilrnente retirar o original do "recibo de compra e venda", anexado a esta peticáo, e deixar de providenciar a transferencia do registro, rnantendo ern suspense o born norne do Sr. A. e a corresponsa- bilidade do réu, Destarte, requer-se a este ilustre Juízo que, ao liberar o documento, fixe prazo para que o autor cornprove nos autos a regularizacáo da transferencia do registro.

Ante o exposto, considerando que o autor nao curnpriu integralmente o negócio corno réu (deíxou de quitar a dívida junto a PMMC), e, portanto, nao tinha o direito de exigir a entrega do recibo de compra e venda, rnorrnente ern branco, requer-se seja seu pedido julgado improcedente, condenando-o nos ónus da sucumbéncia.

Requer, outrossirn, os beneficios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

Provará o que for necessario, usando de todos os rneios permitidos ern direito, ern especial pela juntada de documentos (anexos), perícia técnica, oitiva de testernunhas (art. 407, CPC) e depoirnento pessoal do autor.

Da Entrega do Recibo de Compra e Venda

Registre-se, por firn, que o autor nao honrou o seu cornprornisso de pagar o a <lívida junto a PMMC, sendo que tal encargo foi assurnido pelo réu, que era cor- responsáveljunto ao Sr. A.

Pecas Processuais 119

Page 132: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Douto Magistrado, nao merece acolhida o pedido da autora. Na verdade, a autora, ao ajuizar o presente feito, age com absoluta

má-fé. Sabe ela que o réu nao tinha e nao tem condicñes de manter convenio médico para ela e para os filhos do casal.

Quando da separacáo do casal, o réu, nao obstante já se encontras- se aposentado, estava trabalhando na empresa de Transporte Eroles que oferecia a seus funcionários, e dependentes, convenio médico com a empresa Biodor. O comprornisso do réu. naquela oportunidade, era mantera autora e os filhos do casal naquele convenio

Do Mérito

Em síntese, os fatos.

A autora ajuizou o presente feito asseverando, em apertada síntese, que quando da sua separacáo judicial o réu havia assumido obrigacáo de manter convenio médico para ela e para os filhos do casal; informou, ainda, que o réu deixou de assim pro- ceder, pedindo, entáo, fosse ele compelido a tanto, mediante ímposicáo de multa diária.

Recebida a exordial, este douto Juízo deferiu o pedido liminar deter- minando que o réu tomasse as providencias para mantero referido convenio médico, sob pena de multa diária de 112 (meio) salário-mínimo. No mais, determinou a sua cítacáo e intímacáo,

Dos Fatos

G.P. P., já qualificado apud acta, por seu Advogado, que esta subscre- ve (mandato incluso), com escrit6rio na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, nos autos do processo que lhe move R. L. de M., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer contestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo ní.! 0000000-00. 0000. O. OO. 0000

A~ao de Obriga~ao de Fazer

Excelentíssimo Doutor Juiz de Direito da 1 ªVara do Foro Distrital de Brás Cubas, Comarca de Mogi das Cruzes, SP.

7.23 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE OBRIGAf;AO DE FAZER MOVIDA PELO FILHO EM FACE DO PAi BUSCANDO COMPELI-LO A CONTRATAR PLANO DE SAÚDE

120 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Gediel Claudino de Arauja Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de julho de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Quando foi demitido da referida empresa, que, como é notório na Co- marca, foi a falencia, o convenio obviamente acabou-se, seja para o próprio réu, seja para os seus dependentes.

Pai zeloso, o réu paga para seus filhos 1/3 (um terco) da sua aposen- tadoria, mesmo sendo pessoa idosa, sem convenio e com sérios problemas de saúde; isso sern mencionar que continua muito próximo da mulher e dos filhos, pagando, nao rara vezes, contas da mulher e dos filhos com sacrifício de suas próprias.

Este, douto Magistrado, é o seu limite. Como se disse, nunca prometeu pagar convenio médico para a mulher e os filhos, nao que estes nao merecam, registre-se, mas porque simplesmente nao tem condícóes financeiras para tanto. Prometeu e cumpriu manter o convenio médico que a empresa oferecia a seus funcionário e dependentes (no- te-se que o convenio nao era gratuito, mas subsidiado pela empresa).

Ante o exposto, considerando que o réu nunca assumiu, como quer fa- zer crer a autora, obrigacáo de manter convenio médico para ela e os filhos além daquele oferecido pelo antigo empregador, requer-se a improcedencia do pedido.

Requer, outrossim, os beneficios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), perícia social, oitiva de teste- munhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal da autora.

que era subsidiado pelo ernpregador (note-se que no acordo de separacáo menciona-se o nome do convenio).

Nem agora nem antes o réu, INFELIZMENTE, tem ou tinha condicóes financeiras para manter qualquer tipo de convenio médico, seja para si, seja para sua ex- -mulher e filhos.

Pecas Processuais 121

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Nao obstante toda a boa vontade da autora, na verdade estajá nao se encontra em condícóes de cuidar das enancas que se aproximam da adolescencia. Com efeito, teme aré que seus filhos venham a ter sérios prejuízos na sua educacáo no caso de

Parcialmente verdadeiros os fatos informados pela autora. Embora reconheca que a autora lhe vem prestando urna inestimável

ajuda, ajudando a cuidar de seus filhos, a ré nao pode concordar lhe seja concedida a guarda legal deles.

Do Mérito

A autora ajuizou o presente feito asseverando, em apertada síntese, que tema guarda dos filhos menores daré (P., F. e T.), desde seu nascimento; afirmou, ainda, que cuida adequadamente dos menores, que se encontram matriculados na rede es- tadual de ensino. Diante de tal fato, pediu lhe fosse concedida a guarda legal dos menores.

Recebida a exordial, determinou este douto Juízo a expedícáo de man- dado de constatacáo, deferindo, em seguida, a guarda provisória dos menores a autora e determinando a citacáo dos pais naturais.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

C. C. N. dos S., brasileira, solteira, trabalhadora rural, portadora do RG 00.000.000-SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliada na Estrada Mogi-Salesópolis, km 00 (próximo ao sítio Meu Recanto), Yrohy, cidade de Biritiba Mi- rim-SP, CEP 00000-000, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº- 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que lhe move M.F. da S., vem a presenca de Vos- sa Excelencia oferecer contestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nci 0000000-00. 0000. O. OO. 0000 Aféío de Regulamentaciio de Guarda

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.24 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE REGULAMENTAf;AO DE GUARDA MOVIDA PELA AVÓ EM FACE DA MAE

122 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 135: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de agosto de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Neste particular, a ré já se acha em condícóes de receber seus filhos, vez que se encontra regularmente empregada e conta ainda com a ajuda dos filhos maio- res. Se necessário, aré procurará urna casa maior a fim de abrigar a família toda.

Ante o exposto, requer-se que seja o pedido da autorajulgado impro- cedente, "deferíndo-se a guarda dos menores a genitora", determinando-se a autora que

' entregue os menores para a re. Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em

direito, em especial pela juntada de documentos, estudo social e psicológico, oitiva de testemunhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal da autora.

continuarem a residir com a avó, razáo pela qual entende que já é hora deles voltarem a residir com ela.

Pecas Processuais 123

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Após a autora ter deixado o lar conjugal, abandonando nao só o réu mas também os "rnuitos" filhos do casal, este procurou um advogado e ajuizou "acáo de regulamentacáo de guarda, visitas e alimentos cumulada com reconhecimento de paternidade", conforme fazern prova documentos anexos. O feito foi distribuído para a 2ª Vara Cível desta Comarca, tendo recebido o n.12 0000000-00.0000.0.00.0000, para onde devem os presentes autos ser encarninhados em razáo da ocorréncía de "conexáo",

Com efeito, normatiza o art. 106 do Código de Processo Civil que "correndo em separado afoes conexas perante juízes que tétn a mesma competencia territo-

"Da conexiio:"

Prelitninarmente

Em síntese, os fatos. tacáo do réu.

A autora ajuizou a presente acáo em face do réu, asseverando, em apertada síntese, que viveu em uníáo estável com ele por aproximadamente 16 (dezesseis) anos, que após ameacas "fugiu de casa", deixando os filhos do casal como companheiro. Requereu, por fim, a regulamentacáo da guarda dos filhos menores do casal a seu favor.

Recebida a inicial, fls. 00/00, o douto Juízo da 1 ªVara do Foro Distri- tal de Brás Cubas deu-se por incompetente, determinando a remessa dos autos ao Foro Central para nova dístribuicáo.

Recebidos os autos por este douto Juízo, fls. 00, determinou-se a ci-

Dos Fatos

G. A. G ., já qualificado apud acta, por seu Advogado, que esta subscre- ve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, n.12 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que lhe rnove S. G. S., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer contestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo no. 0000000-00. 0000. O. OO. 0000 Aféío de Regulamentaciio de Guarda

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.25 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE REGULAMENTAf;AO DE GUARDA MOVIDA PELA MAE EM FACE DO PAi COM PRELIMINAR DE CONExAO

124 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 137: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Mogi das Cruzes, 00 de junho de 0000.

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Termos em que p. deferimento.

Douto Magistrado, nao sao verdade os fatos informados na exordial. É certo que o casal tinha problemas no seu relacionamento, mas o réu

nunca agrediu a autora, nem faltou com os seus deveres em face dos filhos. Após a autora ter abandonado o lar conjugal, o réu obviamente teve

dificuldades para cuidar sozinho dos filhos do casal, mas nunca os abandonou; tanto isso é verdade, que imediatamente procurou ajuda jurídica para o ajuizamento de acáo ten- dente nao só a regulamentar a guarda das enancas, mas tambérn regularizar a situacáo da paternidade em relacáo a alguns deles.

O Juízo da 2ª Vara Cível desta Comarca determinou, inclusive, a ex- pedícáo de mandado de constatacáo (cópia anexa), que acabou por confirmar que os menores estavam soba guarda fática do genitor (hoje há mais de um ano). Na verdade, hojea autorajá está, inclusive, coma guarda de um dos filhos do casal, o menor P., que voluntariamente quis ir morar coma máe.

Passadas as primeiras dificuldades, o genitor hoje encentra-se em perfeito controle da situacáo, sendo que os menores estáo bem cuidados e felizes sob a guarda legal do pai, onde devem e querem ficar.

Cabe registrar ainda que a autora foi regularmente citada no processo que o réu move em face dela e "nao ofereceu contestacáo", concordando implícitamente com todos os pedidos dele feitos naqueles autos (guarda, visitas, alimentos e reconheci- mento de paternidade).

Ex positis, "requer-se a improcedencia do pedido da autora", conce- dendo-se a guarda dos filhos menores do casal ao genitor.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, perícia psicossocial, oitiva de testernu- nhas (art, 407, CPC) e depoimento pessoal da autora.

Do Mérito

riel, considera-se prevento aquele que despachou em prirneiro lugar"; ora, o douto Juízo da 2ª Vara Cível fez o primeiro despacho no mencionado processo em 00.00.0000 (veja-se cópia anexa), sendo que este Juízo fez o primeiro despacho em 00.00.0000; mesmo que se considere o despacho inicial do Juízo da 1 ªVara do Foro de Brás Cubas, ocorrido em 00.00.0000, a competencia ainda é do Juízo da 2ª Vara Cível desta Comarca.

Sendo assim, requer-se a redistríbuicáo <leste feíto para a 2-ª Vara Cível desta Comarca, com ínstrucáo de que seja autuado em apenso ao processo n2 0000000- 00 .0000 .0.00.0000, com escopo de evítarem-se decísñes conflitantes sobre o mesmo pe- dido (guarda dosfilhos comuns).

Pecas Processuais 125

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Neste período, infelizmente o genitor veio a falecer, tendo a autora assumido a guarda fática do menor. Por esta atitude, a ré tern corn a autora urna <lívida de gratidáo; reconhece o amor e carinho que esta tem dispensado ao seu filho, contudo néi.o pode concordar como pedido exordial.

Passando por graves dificuldades financeiras, aré relutantemente en- tregou "provisoriamente" a guarda fática do menor L. F. para o genitor, a fim de que este dele cuidasse durante alguns meses, até que a máe pudesse oferecer os cuidados adequa- dos ao seu filho.

feíto pela autora. Douto Magistrado, aré NAO CONCORDA com o pedido de guarda

Do Mérito

A autora ajuizou a presente acáo em face daré, asseverando, em aper- tada síntese, que se encontra coma guarda fática do menor "L. F. F. l." desde a morte do pai. Requereu, por fim, fosse lhe concedida a guarda do menor, mediante compromisso.

Recebida a inicial, determinou este douto Juízo a cítacáo daré e a rea- lizacáo de estudo social e psicológico.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

M. P. F., brasileira, solteira, diarista, portadora do RG 00.000.000-SSP/ SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliada na Rua Augusto Regueiro, 00, Jun- diapeba, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, por seu Advogado, que esta subs- creve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, n12 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que lhe move A. P., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer coniestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nª 0000000-00. 0000. O. OO. 0000 As:ao de Regulamentaciio de Guarda

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Caraguatatuba, Sao Paulo.

7.26 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE REGULAMENTAf;AO DE GUARDA MOVIDA POR TIA EM FACE DA MAE

126 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 139: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Termos em que p. deferimento.

M. Cruzes/Caraguatatuba-SP, 00 de novembro de 0000.

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

"Art. 19. Toda críanca ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua familia e, excepcionalmente, em familia substituta, assegurada a convivencia familiar e comunítária, em ambiente livre da presenca de pessoas dependentes de substan- cias entorpecentes. Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos país ou qualquer deles e seus descendentes." A norma legal deixa claro que o afastamento do menor da sua "familia

natural" só é possível em sítuacóes EXCEPCIONAIS, mormente quando o Juiz verificar que os genitores, neste caso a máe, nao possui condícñes morais para cuidar da sua prole. Como já se disse, este claramente nao é o caso daré; pessoa simples, mas amorosa, cari- nhosa e dedicada ao filho.

Ex positis, "requer-se a improcedencia do pedido da autora", conce- dendo-se a guarda legal do menor L. F. para a sua genitora, marcando-se data e horário para que esta cornpareca em Juízo para retirá-lo,

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, perícia psicossocial, oitiva de testemu- nhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal da autora.

Hodiernamente, aré felizmente possui condicóes de assumir as "suas responsabilidades" diante do seu filho, visto que ela e seu companheiro estáo empregados e possuem condícóes de cuidar adequadamente dele.

Registre-se que em nenhum momento a ré pretendeu abrir máo da guarda legal de seu filho; o acordo feito como genitor era claro no sentido de que a crianca voltaria a ficar sob os cuidados da máe tao logo esta conseguisse atividade remunerada. Durante o período de afastamento, a máe vem mantendo contato com o menor via fone.

Nao se deve ainda olvidar ser um dos direitos básicos da enanca a convivencia coma sua "familia natural". Neste sentido, o Estatuto da Crianca e do Ado- lescente, in verbis:

Pecas Processuais 12 7

Page 140: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Registre-se, ainda, que a autora também ajuizou acáo de alimentos, onde se aguarda, no momento, a realízacáo da audiencia de concíliacáo, ínstrucáo e jul- gamento, designada para odia 00.00.0000.

Com efeito, as partes mantiveram uniáo estável da qual resultou o nascimento da fílha V., contudo nao é verdade que o genitor, após a separacáo do casal, nao esteja visitando a sua filha ou contribuindo para o seu sustento.

Na verdade, o casal se separou de fato apenas alguns días antes do ajuizamento do presente feito, sendo que nem mesmo a guarda legal do menor ainda foi estabelecida.

exordial. Douto Magistrado, parcialmente verdadeiros os fatos informados na

Do Mérito

A autora ajuizou o presente feito asseverando, em apertada síntese, que manteve uníáo estável como réu por aproximadamente 6 (seis) anos, advindo ao ca- sal urna filha de nome V., a quem, segundo a inicial, o executado nao estaría visitando. Por fim, requereu a autora a regulamentacáo do direito de visitas.

Recebida a exordial, este douto Juízo determinou a cítacáo do réu. Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

A. F. R. J., já qualificada apud acta, por seu Advogado, que esta subs- creve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, no. 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intirnadies, nos autos do processo que lhe move J. F. de A., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer coniestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo no. 0000000-00. 0000. O. OO. 0000 Aféio de Reguiamentadio de Visitas

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 ªVara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes - Sao Paulo.

7.27 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE REGULAMENTAf;AO DE VISITAS MOVIDA PELA MÁ.E EM FACE DO PAi, QUE CONCORDA COM O PEDIDO

128 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 141: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de setembro de 0000.

Termos em que p. deferimento.

De qualquer forma, nao obstante o acodamento da presente medida, que provavelmente fícará prejudica após a audiencia na acáo de alimentos, o réu REGIS- TRA que concorda com que a guarda legal da menor fique com a máe, "discordando", no entanto, da proposta de regulamentacáo do direito de visitas feíta na exordial.

Com efeito, embora a autora observe sobre a importancia da conviven- cia entre pai e filha, apresenta na inicial proposta bastante restritiva quanto ao direito de visitas do pai, que deseja sejam as visitas regulamentadas, ao menos, da seguinte forma: finais de semanas alternados, podendo o pai retírá-la no sábado as 9h00 e devendo de- volvé-la no domingo as 18h00; nas festas de final de ano, a menor deverá ficar de forma alternada comos país, sendo este ano Natal como pai e Ano Novo coma máe; diados pais com o genitor e diadas máes coma genitora; nas férías escolares de janeiro e julho, a menor deverá ficar os primeiros 15 (quinze) dias como pai.

Ante o exposto, requer-se a procedencia parcial do pedido, a fim de, concedendo-se a "guarda legal" da filha para a máe, fíxar-se o direito de visitas do pai a ela da seguinte forma: ''finais de semanas alternados, podendo o pai retirá-la no sábado as 9h00 e devendo devolvé-la no domingo as 1 BhOO; nas Festas de final de ano, a menor deverá ficar de forma alternada com os pais, senda este ano Natal como pai e Ano Novo coma miie; día dos pais como genitor e día das miies coma genitora; nas férias escolares de janeiro e ju- lho, a menor deverá ficar os primeiros 15 ( quinze) días com o poi".

Provará o que for necessario, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, estudo social e psicológico, oitiva de testemunhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal da autora.

Pecas Processuais 12 9

Page 142: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

"Da inépcia da petidio inicial." A peticáo inicial é inepta porque lhe falta o pedido. Com efeito, o autor

se limita a requerer que o Juízo modifique o seu direito de visitas; porém o faz de forma apenas genérica. A firn de possibilitar urna carreta cognícáo da causa, o autor deveria in- dicar de forma precisa "como" e "quando" deseja visitar seus filhos.

Nao delimitando o seu pedido, o autor prejudica a defesa e nao fornece parámetros para a carreta discussáo da causa. Destarte, considerando-se a evidente inép- cia da exordial, requer-se a extíncáo do feito semjulgamento de mérito (art. 267, I, CPC).

Prelitninarrnente

O autor ajuizou o presente feito asseverando, em apertada síntese, que a guardia de seus filhos estaria tolhendo o seu direito de visitas a eles, pedindo entáo fosse fixado judicialmente dia, lugar e hora para tanto.

Citada, a ré ofertou excecáo de incompetencia, que foi acolhida, mo- dificando-se a competencia para conhecimento do feito para o presente Juízo.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

G. M. de S.,já qualificada apud acta, por seu Advogado, que esta subs- creve (mandato incluso), com escritorio na Rua Francisco Martins, nQ 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que lhe move J. M. G., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer coniestadio, nos termos a seguir articulados:

A~ao de Begulamentadio de Visitas

Processo nQ. 0000000-00. 0000. O. OO. 0000

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Distrital de Brás Cubas, Comarca de Mogi das Cruzes-SP.

7.28 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE REGULAMENTAf;AO DE VISITAS MOVIDA PELO PAi EM FACE DA MAE COM PRELIMINAR DE INÉPCIA DA PETif;AO INICIAL

130 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 143: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de setembro de 0000.

Termos em que p. deferirnento.

O réu reclama mais pelo fato daré ter se mudado para Mogi das Cru- zes após a separacáo, contudo tal fato nao é de responsabilidade da ré, mas fruto, ónus da própria separacáo do casal.

Inegável que a distancia cria dificuldades, porém se o autor deseja ver seus filhos basta que entre ern contado coma ré a fim de acertar os detalhes. Respeitan- do-se os interesses dos menores, corno, por exemplo, a frequéncía escolar e a vontade dos infantes, aré nao pretende, como se disse, colocar empecilhos.

Ante o exposto, requer-se a extíncáo do feíto sernjulgarnento domé- rito em razáo da inépcia da petícáo inicial, ou, se ao mérito chegar-se, a improcedencia do pedido, vez que a ré nunca proibiu as visitas do pai.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, estudo social e psicológico, oitiva de testemunhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal da autora.

Nao sao verdades os fatos informados na exordial. A máe dos meno- res nunca impediu que o autor visitasse as enancas, rnuito ao contrário, sempre procurou facilitar tal fato.

Do Mérito

Pecas Processuais 131

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Da Regulari.zaféi.o do Polo Passivo, Registre-se que o im6vel objeto des ta também é ocupado pela Sra. V. S.

G. de S.; a referida senhora é companheira de longa data do réu V. Na qualidade de copos- suidora deve necessariamente integrar o polo passivo da presente demanda, devendo os autores providenciar a sua cítacáo, sob pena de extinc;ao do feito sem julgamento do mérito.

Preliininarinente

Os autores ajuizaram o presente feito asseverando, em apertada sínte- se, que sao proprietários do imóvel onde reside o réu; que nesta qualidade firmaram com ele e com sua falecida máe "de críacáo" contrato verbal de comodato. Declararam, ain- da, que após o falecimento da Sra. Olivia Costa, o réu permaneceu no imóvel, dei.xando, no entanto, de cumprir com certas obrígacñes. Descontentes, resolveram entáo pór fim ao contrato de comodato; para tanto, o notificaram no sentido de que dei.xasse o im6vel no prazo de trinta dias. Decorrido o prazo, ajuizaram entáo o presente feito, requerendo liminar de desocupacáo e, no mérito, a confírmacáo da liminar, no sentido de reintegrar os autores na posse no imóvel.

Recebida a exordial, designou este douto Juízo audiencia de concilia- cáo, determinando a citacáo e íntímacáo do réu. Na referida audiencia nao houve acordo, tendo o pedido liminar sido indeferido.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

V. A. dos S., brasileiro, casado, pensionista (bombeiro afastado), por- tador do RG 00.000.000-SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliado na Rua Bandeirantes, n!l. 00, Jardim Rodeio, cidade de Suzano-SP, por seu Advogado firmado in fine, regularmente nomeado pelo convenio DPE/OAB/SP, firmado in fine (nomeacáo anexa), nos autos do processo que lhe move L. da S. S. e/ o, vem a presenca de Vossa Ex- celencia oferecer coniestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nª 0000000-00. 0000. O. OO. 0000

Afao de Reintegradio de Posse

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 00ª Vara Cível da Comarca de Suzano/SP.

7.29 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE REINTEGRAf;AO DE POSSE COM PRELIMINARES E EXCEf;AO DE USUCAPIAO

132 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 145: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

O pedido dos autores <leve ser julgado improcedente, como se de- monstrará a seguir:

Da nulidade do "suposto" contrato de compra e venda. A casa onde o réu reside era o único bem que possuía sua falecida "máe

de criacáo"; ela NUNCA o venderla por valor nenhum, muito menos pela írrisória quantia apontada no referido contrato de compra e venda, fls. 00/00.

Em abril de 0000, a Sra. O. C. já contava com MAIS DE OITENTA ANOS DE IDADE; naquela época, já fazia vários anos que a autora L. cuidava dos negó- cios dela (tinha, inclusive, procuracáo para tanto); ou seja, a Sra. O. nao mais ostentava condícóes de entender os seus atos. Em face dessa realidade, os autores se aproveitaram das circunstancias para fazé-la firmar o documento de fls. 00/00, isso, é claro, supondo que a assinatura ali lancada seja efetivamente da Sra. O.

Do Mérito

Da inépcia da petiféío inicial. Pressuposto natural da acáo de reintegracáo de posse é a posse prévia

do autor, que, a fim de caracterizá-la, deve descrever em detalhes na exordial quando e como efetivamente a exerceu. No presente caso, os autores NUNCA TIVERAM a posse do imóvel onde reside o réu; ora, mesmo que fossem verdades os fatos apontados na exor- dial, fato que se aceita apenas para contra-argumentar, deveriam entáo ajuizar acáo de imissáo de posse e nao de reintegracáo, visto que nao podem ser reintegrados naquilo que NUNCA TIVERAM.

Como se sabe, nao basta que o interessado se declare possuidor do bem, é necessário que prove, que indique a qualidade de sua posse e por quanto tempo a teria exercido até finalmente perdé-la, ou cede-la, como no caso.

Destarte, considerando que a peticáo inicial se apresenta claramente inepta, requer-se seja tal fato reconhecido por sentenca, extinguindo-se o feíto sem jul- gamento de mérito.

Da carencia de aféío. Os autores sao carecedores de acáo visto que NUNCA houve qualquer

tipo de contrato entre as partes, muito menos de comodato. Ora, se nao houve contrato de comodato entre as partes, ou mesmo entre as partes e a "máe de criacáo" do réu, Sra. O. C., nao tem os autores legitimidade para o presente feito, devendo ser tal fato reconhe- cido pelo Juízo. Neste particular, note-se que nao só nao há qualquer prova neste sentido, como os indícios sao justamente no sentido contrário.

Sendo assim, reconhecida a carencia de acáo, o feíto <leve ser extinto sem julgamento de mérito.

Observe-se, no mais, que o réu V. é pessoa "muito doente" (documen- tos anexos), tanto que se encontra afastado pelo INSS, estando totalmente dependente dos cuidados prestados pela Sra. V., que é quem, de fato, exerce a posse do imóvel a mui- tos e muitos anos.

Pecas Processuais 13 3

Page 146: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Ante o exposto, requer: a) os benefícios da Justica gratuita, vez que se declara pobre no sen-

tido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa, e ofício da Assisténcia Judiciária;

Dos Pedidos

É importante registrar que o referido negócio NUNCA CHEGOU ao conhecimento do réu ou da sua companheira, que, registre-se, moravam coma falecida. Náo só nunca ouviram do referido negócio, como nunca viram ou ouviram falar do valor supostamente pago pelo imóvel.

Fica mais do que evidente que a autora L. se aproveitou da idade da Sra. O., da sua proximidade e da confíanca de que desfrutava no seio da familia, para tirar proveito próprio, simulando um contrato de compra e venda que nunca de fato aconteceu.

Da mesma forma corno nunca souberam deste suposto negócio (con- trato de compra e venda), o réu, e sua companheira, NUNCA firmaram contrato de co- modato cornos autores; repita-se: o réu NUNCA firrnou contrato de qualquer tipo, muito menos de comodato, corn os autores.

"Da prescriféío aquisitiva."

Como já se disse, nunca houve contrato de comodato entre as partes, ou de qualquer outro tipo. Na verdade, o réu sempre manteve a posse do írnóvel na quali- dade de possuidor com animus domini; em vida sua máe, Sra. O. C., entregou a posse do imóvel para ele e sua cornpanheira há longa data, bem rnais de quinze anos; ou seja, bem antes de que ela ficasse doente. Em outras palavras, muito antes do seu falecirnento em 0000, a posse efetivajá era do réu e de sua companheira.

Diante destefato, posse comanimus domini hámais de 15 (quinze) anos, este douto Juízo deve reconhecer a ocorréncia da prescrícáo aquisitiva em favor do réu.

O art. 183 da CF declara que "aquele que possuir como sua área urba- na de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposidio, utilizando-a para sua moradia ou de sua familia, adquirir-lhe-á o domínio, desde que niio seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural". Já o art. 1.239 do CC decla- ra que: "aquele que, por quinze anos, sem interrupciio, nem oposidio, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentencc, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis." Completa o parágrafo único: "O prazo estabelecido neste artigo re- duzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou servicos de caráter produtivo."

Considerando, adernais, a possibilidade aberta pelo art. 13 da Lei nti 10 .25 7, de 10 de julho de 2001, requer-se que este douto Juízo além de reconhecer a ocor- réncia da prescrícáo aquisitiva, declare, por sentenca, a propriedade individual do réu, e de sua companheira, sobre o irnóvel objeto <leste feíto, expedindo-se o competente mandado para o Cartório de Registro de Irnóveis a fim de se efetivar a averbacáo da propriedade.

134 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Suzano, 00 de marco de 0000.

Termos em que p. deferimento.

b) reconhecida a inépcia da exordial e/ ou a carencia de acáo dos auto- res, seja extinto o presente feito semjulgamento de mérito; ou, se este douto Juízo chegar a apreciar o mérito, sejam os pedidos dos autores julgados improcedentes.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios admitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, oitiva de testemunhas, pericia social e psicossocial e depoimento pessoal dos autores.

Pecas Processuais 13 5

Page 148: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

"Da inépcia da petidio inicial." Pressuposto natural da a<;ao de reíntegracáo de posse é a posse pré-

via do autor, que a fim de caracterizá-la deve descrever em detalhes na exordial quando e como efetivamente a exerceu.

A fim de induzir este douto Juízo em erro, a autora propositadamente foi extremamente vaga quanto a sua posse, deixando de mencionar, como seria de rigor, o "como" e o "quando", ou o "até quando", exerceu a posse do imóvel descrito na exordial.

Prelintinarniente

Em síntese, os fatos. a citacáo da ré.

A autora ajuizou o presente feíto asseverando, em apertada síntese, que em outubro de 0000 a ré teria invadido imóvel de sua propriedade situado no Conjunto Habitacional Mogi das Cruzes, e que vinha se recusando a desocupá-lo amigavelmente, o que justificava a presente demanda. Por fim, requereu fosse concedida a reintegracáo liminar na posse do imóvel e, no mérito, a reíntegracáo definitiva da posse.

Recebida a inicial, este douto Juízo indeferiu a liminar, determinando

Dos Fatos

E. A. L. da S., brasileira, solteira, diarista, portadora do RG 00.000.000- SSP /SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliada na Rua Thomaz Domingues, bloco 00-B, apartamento 00, Conjunto Habitacional Mogi das Cruzes, Vila Cléo, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, por seu Advogado, que esta subscreve (manda- to incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, n2 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que lhe move N. C. da S., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer coniestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nª 0000000-00. 0000. 0.00. 0000 Afélo de Reintegraciio de Posse

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.30 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE REINTEGRAf;AO DE POSSE DE APARTAMENTO DA CDHU, COM PRELIMINARES DE C.ARENCIA DE Af;AO E INÉPCIA DA PETif;AO INICIAL

136 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Nao sao verdadeiros os fatos declarados pela autora na petícáo inicial. Na verdade, a ré e sua familia encontram-se estabelecidos no imóvel objeto desta desde meados de 0000, sendo esta posse, com animus domini, ininterrupta, mansa e pacífica até a citacáo no presente feito.

Diante da atual crise económica e social existente em nosso país, que é responsável em grande parte pela sítuacáo de penúria imposta a classe pobre da popu- lacáo brasileira, que se ve obrigada a conviver com falta de moradia, saúde, seguranca e educacáo, a ré nao restou outra saída, nos idos de 0000, a nao ser a de invadir o irnóvel buscado pela autora, fazendo dele seu lar, vez que teve noticias de que o mesmo estaria abandonado.

Do Mérito

"-se o(s) promitente(s) comprador(es), sem prévio e expresso consentimento da promitente vendedora, ceder(em) ou transfe- rir(em) a terceiros seus direitos e obrígacóes relativos ao imóvel prometido a venda, bem como alugar(em) ou emprestar(em) a qualquer título, oneroso ou gratuito, o referido imóvel, no todo ou em parte." Na verdade, a autora firmou o compromisso de compra e venda com

a CDHU, porém nunca teve efetivamente a posse do imóvel, razáo pela qual nao tem legi- timidade para constar no polo ativo de acño de reíntegracáo de posse, vez que nao pode ser reintegrada naquilo que nunca teve.

Mesmo que se aceitasse, hipoteticamente, que a autora teve, há muito tempo atrás, por pequeno espaco de tempo a posse do irnóvel, nem assirn teria legitimi- dade para constar no polo ativo do presente feíto, vez que confessa que infringiu norma expressa do contrato de compra e venda, repassando a posse a terceiro, a quem eventual- mente caberia a legitimidade para ajuizar o presente feito.

Qualquer que seja a situacáo, os fatos indicarn ser a autora careced ora de acáo, vez que lhe falta legitimidade para o presente, requerendo-se, portanto, a extin- c;ao deste processo semjulgamento de mérito.

Corno se sabe, nao basta que o interessado se declare possuidor do bern, é necessário que prove, dernonstre, que indique a qualidade de sua posse e por quanto tempo a teria exercido até finalmente perdé-la.

Destarte, considerando que a peticáo inicial nao atende aos requisi- tos legais específicos para este tipo de acáo, requer-se seja declarada a ínépcia da peticáo inicial (art. 295, I, CPC), extinguindo-se o feito sernjulgarnento de mérito.

"Da carencia de as;éí.o." A autora é carecedora de acáo, vez que ela nunca teve efetivamente a

posse direta do bem. É comum, como se sabe, que pessoas que nao tém qualquer interesse

efetivo nos conjuntos habítacionais construídos pelo Governo se inscrevam no programa apenas para tentar a sorte e, eventualmente, sorteados, repassarn o imóvel para tercei- ros, contrariando norma expressa do contrato de compromisso de compra e venda, fls. 15/16, in verbis:

Pecas Processuais 13 7

Page 150: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de setembro de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Passados mais de 5 (cinco) anos, já ocorreu a favor daré a chamada "prescricáo aquisitiva", conforme norma do artigo 183 da Constituícáo Federal, in verbis:

"Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzen- tos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterrupta- mente e sem oposícáo, utilizando-a para sua moradia ou de sua familia, adquírír-lhe-á o domínio, desde que nao seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural." Disposicáo repetida no artigo 1.240 do Código Civil de 2002 e no ar-

tigo 9º da Lei nº 10.257, de 10.07.2001 (Estatuto da Cidade). De fato, no presente caso encontrara-se preenchidas todas as exigen-

cias da norma legal, ou seja: animus domini; posse mansa e pacífica por 5 (cinco) anos; residencia no imóvel urbano; área menor do que 250 m2; nao sendo a possuidora proprie- tária de outro imóvel urbano ou rural.

A presenca evidente dos requisitos legais, bem como a ocorréncía da prescrícáo aquisitiva é o bastante para garantir a ré o direito de permanecer no imóvel. Neste sentido a licáo do mestre Nelson Nery Junior, in verbis:

"Para invocar-se a excecáo de usucapiáo, nao é de rigor empre- gar-se palavras sacramentais, mas táo-só articular-se na defesa os requisitos necessários ao reconhecimento da posse ad usucapio- nem:" (Código de Processo Civil Comentado e legislas:éío processual civil extravagante em vigor, 6ª ed., RT, pág. 1136) Ante o exposto, considerando que a petícáo inicial é inepta e que a

autora é, como se demonstrou, careced ora de acáo, requer-se a extíncáo do feito sem jul- gamento do mérito; na eventualidade de serem superadas as preliminares, fato que se aceita apenas para contra-argumentar, no mérito, considerando a o correncia da prescrícáo aquisitiva em favor daré, seja o pedido da autorajulgado improcedente, condenando-a nos ónus da sucumbéncia.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), perícia técnica, oitiva de testemunhas (art, 407, CPC) e depoimento pessoal da autora.

Considerando que a ré é beneficiária da justica gratuita, requer-se a expedicáo de oficio ao Cartório Distribuidor <leste Fórum determinando que remeta a este douto Juízo certidáo quanto a distribuícáo de acóes possessórias em nome da ré, bem como expedicáo de oficio aos Cartórios de Registros de Imóveis desta Comarca de- terminando que certifiquem a existencia, ou nao, de imóveis em nome da ré, com base no indicador pessoal.

138 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 151: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

"Da incompetencia absoluta dájustica estadual." Na exordial o autor "informa" que o réu é seu empregado e que o refe-

rido imóvel lhe teria sido entregue justamente em razáo do contrato de trabalho, fazen- do parte, como informa majoritária e conhecida jurisprudéncia, da sua rernuneracáo. É consabido que qualquer controvérsia envolvendo, direta ou indiretamente, o contrato de trabalho é de competencia da Justica do Trabalho, conforme norma expressa na própria Constituícáo Federal, in verbis:

"Art. 114. Compete a Justica do Trabalho processar e julgar:

Preliminarmente

Em síntese, os fatos.

a citacáo do réu.

A empresa autora ajuizou o presente feíto asseverando, em apertada síntese, que em outubro de 0000 teria cedido de "forma verbal" a posse do imóvel situa- do na Avenida Ricieri José Marcatto, nº 00, fundos, ao réu, SEU EMPREGADO. Declara, ademais, que pretendendo retomar a posse do imóvel encontrou a resistencia do réu, ra- záo pelo qual ajuizou a presente acáo. Por fim, requereu fosse concedida a reíntegracáo liminar na posse do imóvel e, no mérito, a reintegracáo definitiva da posse.

Recebida a inicial, este douto Juízo indeferiu a liminar, determinando

Dos Fatos

N.A. C., já qualificado, por seu Advogado, que esta subscreve (man- dato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que lhe move M. & C. Ltda., vem á presenca de Vossa Excelencia oferecer contestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo n¡i 0000000-00. 0000.0. OO. 0000

Afao de Reintegradio de Posse

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.31 CONTESTA(:AO DE A(:AO DE REINTEGRA(:AO DE POSSE COM PRELIMINARES DE INCOMPETENCIA ABSOLUTA, CARENCIA DE A(:AO E INÉPCIA DA PETI(:AO INICIAL

Pecas Processuais 13 9

Page 152: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

I - as acñes oriundas da relacáo de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da admínistracáo pública direta e in- direta da Uniáo, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios; IX - outras controvérsias decorrentes da relacáo do trabalho, na forma da leí." Destarte, requer-se que, regularizada a representacáo processual da

autora, reconheca este douto Juízo a incompetencia da Justíca Estadual de Sao Paulo para conhecer o feito, encaminhando-se os autos para a Justíca do Trabalho.

"Dafalta de constituictio em mora" (carencia de acáo), Entre outras coisas, a autora parece querer fazer crer ao Juízo que fez

um contrato de "comodato" verbal como réu, seu empregado, por prazo indeterminado. Fosse realmente assim, deveria antes de ajuizar esta ou qualquer outra acáo "constituí-lo" em mora, conforme norma do parágrafo único do art. 397 do Código Civil. Veja-se bem, o réu nao invadiu o imóvel, muito ao contrário, foram os próprios representantes da au- tora que lhe entregaram a chave, a fim de tornarem mais atraente o contrato de trabalho.

Nao tendo a autora "regularmente" constituído em mora o réu, nao possui interesse jurídico que de arrimo ao presente feito, mormente ao saber-se que o contrato de trabalho continua em vigor, devendo, portanto, ser declarada carecedora de acáo, extinguindo-se o feito semjulgamento de mérito.

"Da inépcia da petiféío inicial." Pressuposto natural da acáo de reintegracáo de posse é a posse prévia

do autor, neste caso autora; a fim de caracterizá-la deve descrever em detalhes na exordial quando e como efetivamente a exerceu.

A fim de induzir este douto Juízo em erro, a autora propositadamente foi extremamente vaga quanto a sua posse, deixando de mencionar, como seria de rigor, o "como" e o "quando", ou o "até quando" exerceu a posse do imóvel descrito na exordial.

Como se sabe, nao basta que o interessado se declare ''proprietário" do bem, como fez por diversas vezes a autora (mesmo porque a afáo que protege a proprie- dade é a reivindicatória); é necessário que prove, que indique a qualidade de sua posse e por quanto tempo a teria exercido até finalmente perdé-la.

Destarte, considerando que a petícáo inicial nao aten de aos requisitos legais específicos para este tipo de acáo, requer-se seja reconhecidajudicialmente a sua inépcia (art. 295, I, CPC), extinguindo-se o feito semjulgamento de mérito.

"Da carencia de aféío" (ilegitimidade de parte). No início deste ano, o réu foi procurado por duas pessoas, Sr. N. L. L.

e Sr. A. B., que se declararam proprietários da área ocupada pelo réu, mostrando inclu- sive documentos de propriedade. Nesta qualidade, firmaram com o réu um contrato de arrendamento rural (cópia anexa).

Ora, se a área onde está o réu nao pertence efetivamente a autora, falta a esta legitimidade para o presente feito, o que demanda seja declarada carecedora de acáo, extínguíndo-se o feito semjulgamento de mérito.

140 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 153: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Mogi das Cruzes, 00 de abril de 0000.

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Termos em que p. deferimento.

"Nao podendo conservar a coisa acessória, quando absorvida pela principal, o possuidor farájus ao equivalente em dinheíro" (pág. 68) Quanto ao not6rio direito a retencáo, ternos do mesmo autor e obra: "[ ... ]mas o possuidor de boa-fé desfruta de garantia especial para cobrar a índenízacáo, pois se lhe assegura o direito de reten~ao da coisa principal. até que a verifique o ressarcímento" (pág. 69, grifo nosso) O valor da indenízacáo deverá ser apurado, ap6s perícia no im6vel,

em liquidacáo de sentenca, se necessário. Ante todo o exposto, requer-se, em preliminar, seja reconhecida a in-

competencia do Juízo para conhecer do feito, e/ou acolhendo-se a alegacáo de carencia de acáo, seja em razáo da nao constítuícáo em mora do réu ou mesmo da inépcia da exordial, seja extinto semjulgamento de mérito; no mérito, se a tanto chegar-se, o pedido deve ser julgado improcedente, sendo que na eventualidade de sua procedencia, o que se aceita apenas para contra-argumentar, deve ser a autora condenada a indenizar as benfeitorias feítas no im6vel pelo réu, a quem deverá ser garantido o direito de reter a posse do bem até ser final e cabalmente indenizado.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, perícia técnica, oitiva de testemunhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal do representante legal da autora.

rense, observa:

Parcialmente verdadeiros os fatos informados pela autora. Primeiro, o réu nunca se recusou a deixar o im6vel, o que acontece na verdade é que nunca foi ele formalmente notificado da pretensáo da autora; mesmo porque se isso ocorresse, e nao ocorreu, teria entáo que discutir o "necessário" ressarcimento quanto a dímínuicáo de seus ganhos. Segundo, ao contrário daquilo que é afirmado pela autora na exordial, o réu é quem "cuida" do im6vel, tendo feito diversas benfeitorias necessárias nele, por exemplo: reformou o telhado, pintou, limpou o terreno etc. Tal fato, considerando-se que a posse do réu é de boa-fé, demanda seja ele cabalmente indenizado.

"Do direito de retendio;" Na remota possibilidade de serem superadas as preliminares, fato que

se aceita apenas para contra-argumentar, e este Juízo, no mérito, vier a decretar a proce- dencia do pedido exordíal, contrariando os fatos e o direito, determinando seja a autora reintegrada na posse do im6vel, nao pode furtar ao réu o direito de reter o im6vel até ser justa e devidamente indenizado pelas benfeitorias e acessñes efetuadas no im6vel.

O mestre Orlando Gomes, na sua obra Direitos Reais, da Editora Fo-

Do Mérito

Pecas Processuais 141

Page 154: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

"Da regularisaciio do polo passivo."

Requer-se determine este douto Juízo a regularízacáo do polo passivo da demanda, com escapo de fazer-se constar o nome de todos os identificados nesta peti- cáo, oficiando-se ao cartório distribuidor e alterando-se a capa do feíto.

Preliminarmente

Em 00 de agosto de 0000, a autora ajuizou acáo de reíntegracáo de posse com pedido liminar asseverando, em apertada síntese, que os réus teriam invadido área de servidáo da Linha de Transrnissáo denominada LT 000 Kv Sao José dos Campos/ Mogi das Cruzes. Argumentando, de forma mentirosa, que o esbulho aconteceu a menos de um ano e um día, a recorrida pediu, em liminar, fosse expedido imediato mandado de reíntegracáo de posse; no mérito, requereu que sentenca confirmasse a reintegracáo de posse da área supostamente esbulhada.

Recebida a exordial, fls. 00/00, o douto Magistrado de primeiro grau deferiu, inaudita altera parte, a medida liminar, que aguarda cumprimento. Contra esta decisáo, os réus interpuseram agravo de instrumento, que aguardajulgamento.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

C. J. C. e Outros, já qualificados, todos por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, ci- dade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe iruimadies, nos autos do processo que lhes move CTEEP - Companhia de Transmissáo de Energia Elétrica Paulista, vém a presenca de Vossa Excelencia oferecer contestiuiio, nos termos a seguir articulados:

Processo nª 0000000-00. 0000. O. OO. 0000 Aféio de Reintegracáo de Posse

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.32 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE REINTEGRAf;AO DE POSSE DE ÁREA DE SERVIDAO MOVIDA PELA CTEEP EM FACE DE UMA COMUNIDADE, COM VÁRIAS PRELIMINARES

142 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 155: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Destarte, requer-se, caracterizada a "incompetencia absoluta" deste Juízo para conhecer ejulgar o presente feíto, sejarn os autos imediatamente redistribuí- dos para a Vara da Fazenda Pública desta Comarca.

"Carencia de Aféí.o/Da inexisténcia de posse da autora." Mesmo que eventualmente se venha provar que os réus ocupam total

ou parcialmente a área da servidáo da Linha de Transmissáo denominada LT 000 Kv Sao José dos Campos/Mogi das Cruzes,fato que se aceita apenas para contra-argumentar, há que se registrar que a autora nunca teve efetivamente a posse do imóvel objeto desta acáo, visto que jamais praticou quaisquer atos de exteriorizacáo do domínio.

Com efeito, nao basta, para a caracterízacáo da posse, como exercício de fato de um dos poderes do domínio, e, por conseguinte, exteriorizacáo da propriedade, a tao só presenca das torres de transmissáo de energía elétrica no imóvel.

Quando muito, se poderia reconhecer, em favor da autora, a posse das próprias torres de transmissáo, mas nao do solo onde elas estáo instaladas. Com efeito, as torres de transmissáo, como construcóes incorporadas artificialmente ao solo, sao, em re- lacáo a este, bens acessórios (art, 92, CC). Presumir-se a posse do solo pela posse das cons- trucñes incorporadas a ele seria inverter-se o princípio geral do direíto, de que o acessório segue o principal, e, portanto, desafiar urna regra de experiencia comum (art. 335, CPC).

Registre-se, ademais, que outras pessoas residem no local, devendo este douto Juízo determinar que o Senhor Oficial de Justica percorra a área a fim de iden- tifícá-las e citá-las para os termos desta acáo, sob pena de nulidade.

"Da incompetencia absoluta do Juizo:" Empresa estatal responsável pelo sistema de transmissáo de energía

elétrica em Sao Paulo, a autora foi parcialmente privatizada em 0000 (vendeu-se o seu controle), contudo manteve a qualidade de "concessionária de servico público", fato que demanda o deslocarnento da competencia para conhecer e julgar o presente feíto para a vara especializada da Fazenda Pública desta Comarca, conforme norma prevista no ar- tigo 35 do Decreto-Leí Complementar n. 03, de 27 de agosto de 1969 (Código Judiciário do Estado de Sao Paulo).

No mais, há que se considerar que o confuto existente entre as partes é

anterior a venda do controle acionário (há moradores que residem no local há mais de vinte anos), ou seja, quando a autora ainda era exclusivamente "empresa estatal"; no mais, é a própria autora quem assevera na peticáo inicial que "servidiio administrativa é ónus real que recaí sobre a propriedade, ónus este estabelecido emfavor da Administradio Pública dire- ta, indireta ou de seus delegados e, ainda, que se trata de interesse da Administradio Pública que nao devejamais ser subtraído pelo interesse do particular" (fls. 07).

Em outras palavras, é a autora quern se coloca no mesmo patamar que a Administracao Pública.

Também este douto Juízo tratou a área objeto deste feíto, ao funda- mentar a r. decisño de fls. 00/00, corno ''bem de domínio público" (segundo parágrafo de fls. 00). Ora. se o bem é público. se a autora é concessionária do servico público. se colocando. na verdade. como Administracao Pública. fls. OO. inarredável a aplicacao a este processo da norma prevista no artigo 35 do Decreto-Leí Complementar n. 03, de 27 de agosto de 1969.

Pecas Processuais 143

Page 156: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

De forma muito clara, o artigo 927 do CPC enumera os requisitos para a obtencáo da protecáo possessória, quais sejam: (I) a posse prévía; (II) a turbacáo ou

Ora, na medida em que o imóveljamais teve qualquer sinalizacáo de domínio, pelo contrário, tendo sido descuidado a ponto de ter sido alvo de intensa ocupa- r;ao (aceitando-se, por hipótese, que a área ocupada é de fato a área da servidéi.o), sem que a autora opusesse qualquer resistencia, o imóvel passou, a toda e maior evidencia, a ser considerado como coisa sem dono.

Informa o art. 927 do CPC que incumbe ao autor, entre outras coisas, "provar a sua posse"; ora, percuciente análise dos autos demonstra, a evidencia, que a autora nunca teve efetivamente a posse do imóvel "supostamente" ocupado pelos réus, razáo pela qual deve ser julgada carecedora de acáo.

Comentando o referido artigo, o eminente Desembargador Federal do Tribunal Regional Federal da 3ª Regiáo, Dr. Nelton Agnaldo Moraes dos Santos, no livro Código de Processo Civil Interpretado, assevera que "as demandas de reintegraciio e de manutendio niio prescindem da alegaféio de que o autor a exerceu ou ainda a exer- ce; aquele que nunca exerceu a posse niio dispoe de interditos possessórios; poderá, sim, ajuizar demanda reivindicatéria; v.g., desde que seja titular do dominio" (página 2.415, Editora Atlas: 2004).

Como demonstrado, A AUTORA, E SEUS ANTECESSORES, NUN- CA EXERCERAM A POSSE DA ÁREA DE SERVIDÁO OBJETO DESTA DEMANDA, que instituída formalmente nunca foi realmente efetivada; sendo assim, falta, como se disse, a autora legitimidade para o presente feíto.

"Da inépcia da petiféío inicial." Superada a preliminar de carencia de acáo, fato que se aceita penas

para contra-argumentar, forcoso reconheca este douto Juízo que a peticáo inicial da autora é inepta.

De fato, nunca houve nenhuma sinalizacáo por parte da autora de que seria proprietária do imóvel, ou melhor, do solo onde se encontravam instaladas as torres de transmissáo. E, como já se disse, o tao só fato da instalacáo das torres nao é indicativo do exercício de fato do domínio do solo, pois este nao é usado, ou quando menos, sinali- zado o seu uso potencial: ele apenas servia como base de sustentacáo das torres.

Ou seja, a ínteracáo entre a torre de transrnissáo, como construcáo, e o solo ao qual resta incorporada, é insuficiente para se tomar como possuído o solo a partir do uso das torres de transmissáo. Com efeito, apenas urna pequena fracáo do solo, justamente aquele que serve de base as torres, é usada: em todo o resto nao há nenhuma aparencia de domínio. nenhum exercício dos poderes inerentes a propriedade.

De modo que, como já se disse, se a autora teve a posse do imóvel, nao procurou conservá-la, praticando atos de exteríorízacáo do domínio, e assim dela se demitiu, perdendo-a, O abandono, diga-se, se caracteriza pela tao só ausencia de poder sobre o bem (art. 1.223, CC). Decerto, a voluntariedade da renúncia nao deve ser pesqui- sada na consciencia do agente, tal como funciona em relacáo a aquisícáo da posse: neste, como naquele, o que importa nao é exatamente a vontade, mas a sua manifestacáo, ainda que inconsciente.

144 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 157: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

"Da posse dos réus." Como se disse anteriormente, mesmo que eventualmente se venha

provar que os réus ocupam total ou parcialmente a área da servidáo da Linha de Trans- missáo denominada LT 000 Kv Sao José dos Campos/Mogi das Cruzes,fato que se acei- ta apenas para contra-argumentar, há que se registrar que os réus exercem verdadeira "posse", como reconhecido pela autora em sua peticáo inicial (veja-se que ela sempre se refere a "posse" dos réus).

Na qualidade de posseiros antigos, os réus já adquiriram o direito de requerer que a área que ocupam lhes seja cedida por meio da "concessáo de uso especial", conforme norma prevista no art. 4º, inciso V, alinea "h" da Leí nº 10.257 /2001 (Estatuto da Cidade), regulado pela Medida Provisória 2.220/2001.

Douto Magistrado, o pedido de reintegracao de posse deve serjulga- do improcedente. expedindo-se em favor dos réus. considerando-se a natureza dúplice das acoes possessórias Cart. 922. CPC), mandado de manuteni;ao de posse, conforme se demonstrará a seguir:

"Da localizas:éío da área ocupada." A área ocupada pelos réus nao está localizada dentro da servídáo da

Linha de Transmíssáo denominada LT 000 Kv Sao José dos Campos/Mogi das Cruzes; na verdade, as áreas sao contiguas, limítrofes, mas totalmente distintas.

Tratando-se de áreas distintas, como se provará por meio de perícia técnica, o pedido de reíntegracáo de posse deve ser julgado improcedente, expedindo-se, em atencáo a natureza dúplice das acóes possessórías, mandado de manutencáo de posse em favor dos réus.

Do Mérito

esbulho praticado pelo réu; (III) a data da turbacáo ou do esbulho; (IV) a perda da posse na acáo de reintegracáo,

A autora alega posse prévia, embora nao indique como vem exercendo a sua posse, fala ainda que os réus teriam esbulhado a sua posse, porém deixa claramente de especificar a data do suposto esbulho. Nesse aspecto em particular, há que se registrar que a longeva posse dos réus nao foi fruto de esbulho, mas de pacífica e pública ocupacáo.

A autora nao informou a "data do esbulho", tendo se limitado a afirmar que a posse dos réus seria nova, isto é, menor que ano e dia. Na verdade, o que é recente nesta questao é o interesse da autora em tirar os réus do local que ocupam; para tanto, mandou alguns de seus prepostos ao local a fim de notificá-los de que as suas construcñes estariam irregulares em razáo da já citada servida o.

De qualquer forma, lendo-se a peticáo inicial, de forma estritamente objetiva, fica evidente o nao atendimento dos requisitos indicados no artigo 927 do CPC, mormente aquele que fala sobre a data do suposto esbulho, razáo pela qual deve este dou- to Juízo indeferi-la por inépcia (art. 295, parágrafo único, inciso 1, CPC), extinguindo-se o feíto semjulgamento de mérito.

Pecas Processuais 145

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"O primeiro ponto a salientar no tratamento da matéria, respeita ao fato de que, embora isso passe despercebido da generalidade dos que cogitam da funcño social da propriedade, é ser pressu- posto necessário a propriedade privada. Já a propriedade dotada de funcáo social é justificada pelos seus fins, seus servícos, sua funcáo.

"O regime jurídico da propriedade tem seu fundamento na Consti- tuícáo. Esta garante o direito de propriedade, desde que esta aten- da sua funcáo social. Se diz: é garantido o direito de propriedade (art. 52, XXII), a propriedade atenderá a sua funcáo social (art. 512, XXIII), nao há como escapar do sentido de que só se garante o direito de propriedade que atenda sua funcáo social." No mesmo sentido a licáo abalizada dos doutos Gustavo Tepedino

e Anderson Schreiber, expressa no artigo "Funcáo Social da Propriedade e Legalidade Constitucional", publicado na Revista de Direiio, Estado e Sociedade da PUC-RJ, volume 17, agosto de 2000, página 49, in verbis:

"Disso decorre que se urna determinada propriedade nao cumpre com sua funcáo social perde seu titulo justificativo. De fato, se a funcáo social é nocáo que exsurge exatamente da busca de urna legitimidad e da propriedade privada, nao seria excessivo afirmar que, em sua ausencia, seja retirada a tutela jurídica dominical, em sítuacñes concretas de conflito, para privilegiar a sítuacáo do bem, que justamente do titulo de propriedade, condiciona-se e atende ao interesse social." Merece ainda rnencáo expressa a licáo do eminente Ministro do Co-

lendo Supremo Tribunal Federal Eros Roberto Grau, na sua obra A ordem econémica na Constituidio de 1988 - lnterpretadio e Crítica, 2ª Edicáo, RT, 1991, páginas 244, 249, 251 e 361, in verbis:

A constítuicáo <leste direito envolve a "posse de imóvel público" e a vontade de ter a coisa como sua (art. 1 ºda MP 2.220/01); ambos os requisitos estáo pre- sentes neste caso (considerando a hipótese, nao provada, de que a área ocupada é pública).

Inegável que o legislador buscou por meio do Estatuto da Cidade esta- belecer instrumentos jurídicos fundamentais de política urbana, voltados a regularizacáo fundiária e urbanística; esses instrumentos devem ser tomados como ferramentas de urna reengenharia social arrimada em valores jurídicos fundamentais, voltados para a realí- zacáo dos princípios fundamentais da cidadania e da dignidade da pessoa humana (art. 1 º, inc. II e III, CF), na perspectiva da construcáo de urna sociedad e mais justa e solidária.

Com efeito, a Constituicáo Federal declara, ao tratar da ordem econó- mica (art. 170), que ao Estado cabe "assegurar a todos existencia digna", observando o principio da funcáo social da propriedade.

Comentando sobre o tema, o mestre José Afonso da Silva, na sua obra Curso de Direito Constitucional Positivo, Editora Malheiros, 1991, página 239, declara, in verbis:

146 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Em razáo disso - pontualizo - é que justamente se justifica e legi- tima essa propriedade. Assim, se a partir deste ponto deixarmos fluir coerentemente o raciocinio, foreosamente concluiremos que a propriedade náo dotada de funcáo social, que nao esteja a cumprí-la, já náo será mais objeto de protecáo jurídica. Ou seja, náo haverá mais fun- damento jurídico a atribuir direito de propriedade ao titular do bem (propriedade) que náo está a cumprir sua funcáo social. Em outros termos, já náo há mais, no caso, bem que possa juridica- mente ser objeto de propriedade." Constatado conflito de interesses nas dimensóes que o presente caso

apresenta, o Magistrado deve considerar, quando da sua decisáo, os princípios constítu- cionais que regem o nascedouro da sociedad e. Neste sentido, a licáo dos mestres Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald que afirmam, no livro Curso de Direito Civil- Direitos Reais, da Editora Juspodivm, 9ª edicáo, página 109, que "o magistrado deverá incorpo- rar os direitos fundamentais como fundamento hábil a legitimar qualquer decísáo, mesmo que o princípio náo se encontre positivado em qualquer norma processual", Dizem, ainda, que "em qualquer litigio envolvendo sítuacóes proprietárias e posses- sórias em antagonismo, perscrutará o magistrado se há ou nño o exercícío da funeáo social, em urna dimensáo de proporcionalidade".

No presente caso, e seguindo a licáo dos renornados doutrinadores citados, concluí-se que a posse dos réus é a mais pura expressáo de direitos garantidos na própria Constituícáo; ou seja. mesmo que autora consiga provar que os réus estao ocu- pando área de servidao. a posse deles nao é ilegal e deve ser protegida.

"ltuienisaaio pelas acessbes feítas no imóveL" Na remota hipótese de ficar estabelecído que de fato os réus ocupam

a área de servidáo e, ainda, decida este douto Juízo pela impossibilidade de aplicar ao caso a norma que possibilita a "concessáo de uso especial" previsto do Estatuto da Cidade, fato que se aceita apenas para contra-argumentar, deve, ao menos, condenar a autora ao pagamento de índenizacáo das muitas acessóes feítas no imóvel, após realizacáo de perícia técnica para apuracáo do seu valor de mercado.

A perícia se faz necessária, vez que as acessóes foram feitas por etapas, muitas vezes pelos próprios moradores coma ajuda de vizinhos e amigos; os materiais foram comprados em parcelas, ao longo do tempo, sendo impossível a apresentacáo dos recibos e das notas fiscais.

A construcáo das casas representou o ápice da realízacáo pessoal dos réus, que nelas investiram nao só todo o seu dinheiro, mas dezenas e dezenas de horas de trabalho, com escopo de buscar a realízacáo de um sonho básico de todo ser humano, qual seja, a aquísicáo da casa própria.

Nao envolvem, portanto, as referidas acessñes apenas um monte de pedras e madeiras, mas a realizacáo de urna vida; na verdade, de muitas vidas.

Feítas as acessñes como consentimento da autora (que acintosamente ignoro u a ocupadio da área, deixando que esta se perpetuasse no tempo), é de rigor que seja obrigada, no caso eventual de obter mandado de reíntegracáo de posse, a índenízá-las

Pecas Processuais 14 7

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Ante todo o exposto, e mais pelas razóes que este douto Juízo saberá lancar sobre o tema, requerem seja a autora declarada carecedora de acáo e/ou indeferi- da a petícáo inicial por ínépcia, extinguindo-se o feito semjulgamento de mérito, ou su- peradas as preliminares,fato que se aceita apenas para contra-argumentar, seja o pedido julgado improcedente, seja porque os réus nao ocupam a área de servidáo, ou, no caso de se provar estarem os réus ocupando a área de servidáo, por ser regular a posse, con- cedendo-se a eles a chamada "concessáo de uso especial"; na hipótese de eventual pro- cedencia do pedido, o que se aceita apenas para contra-argumentar, garanta-se aos réus o direito de retencáo até que sejam indenizadas todas as acessóes feitas no imóvel, assim como se "condicione" a reíntegracáo de posse a apresentacáo de "plano de desocupacáo"

Dos Pedidos

em valor a ser apurado em liquidacáo de sentenca, mediante realízacáo de perícia técnica que considere nao só o custo da construcáo, mas também o necessário para se conseguir outro imóvel semelhante.

"Do direito de retendio/Do plano de desocupafüo." Pessoas pobres e de poucos recursos, os réus investiram tudo o que pos-

suíam no imóvel em que ocupam há tantos anos. Fizeram isso a luz do dia durante anos, alguns por décadas, sem que a autora, ou seus antecessores, tomassem qualquer atitude para deté-los; a área nao estava murada, nao estava cuidada, nao demonstrava qualquer sinal de posse, muito ao contrário.

Destarte, requer-se a este douto Juízo que no caso eventual de vir a determinar a desocupacáo da área,fato que se aceita apenas para contra-argumentar, garanta aos réus, na qualidade de possuidores de boa-fé, o direito de RETER, permane- cer, no imóvel até serem final e cabalmente indenízados pelas acessñes feitas no bem (conforme ítem retro).

Considerando, ademais, que no local formou-se urna pequena comu- nidade, que envolve muitas enancas e id osos, pessoas "especialmente protegidas" pela lei (art. 18, ECNart. 10, Estatuto do Idoso), considerando ainda que a autora é "concessioná- ria de servico público", requer-se que eventual reintegra!;aO de posse seja condicionada a apresenta~ao de "plano de desocupa~ao"; tal plano deve envolver a rernocáo responsável dos moradores e seus bens, bem como a sua instalacáo em outro local, mesmo que provi- sório, ou o pagamento de "aluguel social".

Oportuno, neste momento, a cítacáo das palavras do Ilustre Desem- ba.rgador Luiz Sergio Fernandes de sousa, proferidas no julgamento de caso semelhante (acáo de reintegracáo de posse de área de servídáo movida também pela CTEEP -Agra- vo de Instrumento nº 0287059-62.2011.8.26.0000), in verbis: "necessário lembrar que existem dezenas de familias instaladas no local, o que demanda cautela na estraté- gia de desocupacáo, sob pena de se investir contra direitos e garantias individuais".

Disse mais: "necessárío, pois, que a concessionária apresente um plano para a desocupacáo, o que envolve o transporte, esclarecendo acerca da pos- sibilidade de garantir aos ocupantes, que nao podem ficar ao desabrigo, urna espé- cie de aluguel social".

148 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de abril de 0000.

Termos em que p. deferimento.

que garanta aos moradores, entre eles criancas e ídosos, os meios para deixarem o local com seus bens, bem como a sua ínsralacáo em outro local, mesmo que provisório, ou o pagamento de "aluguel social".

Requerem, ainda, os beneficios dajustica gratuita, vez que se declaram pobres no sentido jurídico do termo, conforme declaracñes anexas.

Provaráo o que for necessário, usando todos os meios de provas admi- tidos em direito, em especial pela juntada de documentos, oitiva de testemunhas, perícia social, perícia técnica e depoimento pessoal do representante da autora.

Pecas Processuais 149

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"Da regularizaciio do polo passivo."

Preliminarmente

Em agosto de 0000, a autora ajuizou a presente acño reivindicatória asseverando, em apertada síntese, que adquirira certa área neste Município, que especifi- cou, e que teria sido impedida de tomar posse pelas citadas pessoas, que, segundo narro u, estariam ocupando irregularmente a área. Diante do referido fato, pediu, em antecipacáo de tutela, que fosse expedido imediato mandado de imíssáo de posse, e, no mérito, reque- reu a posse definitiva do bem, determinando-se a desocupacáo do imóvel.

Recebida a inicial, fls. 00, este douto Juízo determinou a sua emenda, no sentido de que a autora esclarecesse a data em que teria ocorrido o esbulho, assim como se toda a área descrita na exordial teria sido invadida. A autora atendeu a determinacáo judicial, informando que o esbulho iniciara-se em princípios do ano de 0000, assim como declarou que toda área descrita na exordial estaría ocupada pelos requeridos.

Recebida a emenda, fls. 00, negou este douto Juízo o pedido de ante- cípacáo da tutela, determinando a cítacáo e a constatacáo de todos os "invasores", a fim de que viessern a integrar o polo passivo da demanda.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

S. S. dos S. e/o, já qualificados, por seu Advogado, que esta subscre- ve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacoes, nos autos do processo que lhes move L. D. Engenharia Terraplenagem e Construcáo Ltda., vém a presenca de Vossa Excelencia oferecer contestaciio, nos termos a seguir articulados:

Processo nº 0000000-00. 0000. O. OO. 0000

A~éio Reivindicatoria

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 ªVara Cível da Comarca de Poá, Sao Paulo.

7.33 CONTESTAf;AO DE Af;AO REMNDICATÓRIA MOVIDA EM FACE DE UMA COMUNIDADE DE DEZENAS DE PESSOAS, COM VÁRIAS PRELIMINARES

150 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Registre-se, outrossim, que residem na área outras pessoas ainda nao identificadas nem citadas nestes autos.

Requer-se determine este douto Juízo a regularizacáo do polo passivo da demanda, oficiando-se ao cartório distribuidor e alterando-se a capa do feito.

"Da incompetencia absoluta do Juizo:" Informa o art. 95 do CPC que "nas afoes fundadas em direito real so-

bre imóveis é competente o foro da situadio da coisa"; a hípótese, ao contrário do que pode aparecer aos incautos, versa sobre "competencia funcional", ou seja, absoluta, que nao admite prorrogacáo nem por vontade das partes, nem por vontade do juiz.

Embora o autor tenhajuntado aos autos certidáo de propriedade expe- dida pelo Cartórío de Registro de Imóveis de Poá, fls. 00/00, o ímóvel efetivamente reivin- dicado, onde residem os réus, está localizado na cidade e comarca de Itaquaquecetuba - SP.

Na verdade, o tema nem mesmo reclama grande indagacáo <leste douto Juízo, vez que é o próprío Oficial de Justica quem declara ern sua certidáo, fls. 00, que citou os réus no rnunicípio de Itaquaquecetuba - SP. Nao fosse bastante este fato, há ainda outros documentos corno, por exemplo, o comprovante da existencia de débito de imposto predial emitido pela Prefeitura do município de Itaquaquecetuba - SP, além de muitas contas de água e de luz que indicarn que as residencias se localizam na cidade de Itaquaquecetuba. Deve-se considerar, ademais, que a maior parte da área onde residem os réus já é objeto de ac;ao de usucapíáo que corre no Foro da referida cidade (veja-secó- pia da certidáo de objeto e pé anexa).

Destarte, requer-se, caracterizada a "incompetencia absoluta" <leste Juízo para conhecer e julgar o presente feito, seja os autos imediatamente encaminhados para o Foro da cidade de Itaquaquecetuba - SP, onde deveráo ser distribuídos por pen- dencia para o Juízo onde já tramita a referida acño de usucapiáo,

"Do complemento do polo passivo." Segundo o§ 12, inciso 1, do art. 10 do Código de Processo Civil, nas

acñes que versem sobre direitos reais imobiliários, como esta, devem ser necessariarnen- te citados ambos os cónjuges e/ou companheiros (litisconsórcio necessário), sob pena de extincáo do processo semjulgamento de mérito. Neste sentido o parágrafo único do art. 4 7 do CPC: "o juiz ordenará ao autor que promova a citaaio de todos os litisconsortes neces- sários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar extinto o processo".

Conforme se pode ver das certidñes de casamento anexas (e outros documentos), ainda nao foram citados: o Sr. D.M. dos S., marido daré S. S. dos S.; Sr. G.P. E., marido daré M. do S. M. E.; Sra. T. F. M., mulher do réu C. A. M.; Sra. F. H. L. do N.A., mulher do réu F. M. de A.; Sra. M. do S. da S. C., mulher do réu P. do C.; Sra. A. do N. P., mulher do réu M. V. P.; Sra. C. C. R. de M., companheira do réu J. da C. R.; Sr. F. B. G., marido daré M. R. dos S. B.; Sr. M. A. dos S. V., marido daré C. A. C. V.; Sra. S. C. da C., companheira do réu F. M. de A.; Sr. R. P. B., marido daré R.M. B. B.; Sr. G. H. M. da S., companheiro daré M. D.M. A.

Destarte, <leve este douto Juízo determinar que a autora providencie, sob pena de extincáo do feito sem julgamento de mérito, a citacáo pessoal das referidas pessoas.

Pecas Processuais 151

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Superada a preliminar, fato que se aceita apenas em respeito ao prin- cípio da eventualidade, o pedido da autora deve ser julgado improcedente, conforme se demonstrará a seguir:

"Da perda da propriedade por abandono." Embora a autora "ainda" se declare proprietária da área onde residem

os réus (ressalve-se, obviamente, as já [eitas alegafoes de que se trata na verdade de áreas distintas), esta nao o é, vez que nos termos da lei civíl já perdeu a propriedade do bem.

Declara o art. 1.276 do CC: "Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intencáo de nao mais o conservar em seu patrimonio, e que se nao encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, tres anos depois, a propriedade do Municipio ou a do Distrito Federal, se se achar nas respectivas círcunscrícñes. § 112 O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas cir- cunstancias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, tres anos depois, a propriedade da Uniáo, onde quer que ele se localize. § 212 Presumír-se-á de modo absoluto a íntencáo a que se refere este artigo, quando, cessados os atos de posse, deixar o proprie- tário de satisfazer os ónus fiscais." Como se sabe, o "abandono" se caracteriza pela falta de cuidado do

proprietário quanto ao seu bem; contudo o que nos interessa no presente caso é a hipó-

Do Mérito

"Da Carencia deAfiio." A autora deve ser declarada carecedora de acáo, vez que lhe falta le-

gitimidade para reivindicar a área onde residem os réus, Como já observado no item que trata sobre a incompetencia absoluta

do Juízo da Primeira Vara Cível da Comarca de Poá, Sao Paulo, para conhecer e julgar o presente feito, a área que supostamente pertence a autora fica no município de Poá, en- quanto os réus ocupam área localizada no municipio de Itaquaquecetuba - SP.

Ao que parece, a suposta área da empresa autora é vizinha da área onde residem há longa data os réus (tal fato foi declarado pelo próprio oficial de justica),

Ora, nao sendo a autora proprietária da área onde residem os réus, área esta localizada em municipio diverso, nao pode ela reivindicá-la,justamente, como se disse, por lhe faltar legitimidade para tanto. Com efeito, o uso da acáo reivindicatória

é exclusivo do proprietário, conforme norma do art. 1.228 do CC: "o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispar da coisa, e o direito de reavé-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha".

Nao sendo proprietária, como demonstrado, da área ocupada pelos réus, a autora deve ser declarada carecedora de acáo, extinguindo-se o presente feito sem julgamento de mérito (art. 267, VI, CPC).

152 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Conforme demonstra documento anexo, expedido pela Prefeitura Mu- nicipal de Itaquaquecetuba, o proprietário legal, formal, da área onde residem os réus deve imposto predial desde o ano de 0000; ou seja, o IPTU nao é pago há mais de 20 (vinte) anos.

Nos termos da lei civil tal fato caracteriza, como se afirmou retro, "abandono"; nao qualquer tipo de abandono, mas um tipo que simplesmente nao se aceita prova em contrário (salvo, é claro, se a autora juntar comprovante de que quitou oportuna- mente os referidos impostas).

Destarte, se eventualmente ultrapassada a preliminar, este douto Juí- zo deve declarar, formalizar, que a autora perdeu a propriedade do imóvel em razáo da hípótese indicada no § 212 do art. 1.276 do Código Civil.

"Da excedio quanto afunféí.o social dapropriedade- inexistencia do direito de reivindicar."

Na remota possibilidade <leste douto Juízo afastar as questóes já le- vantadas (carencia de a~éio e abandono), caracterizando-se assim que a empresa autora é

de fato proprietária da área ocupada pelos réus e suas familias (ressalte-se, mais uma vez, que efetivamente a autora néio o é), tém-se entáo FRENTE a FRENTE o direto da proprie- tária e o direito dos réus, moradores do local.

Num Brasil ainda nao muito distante, o direito colocava a propriedade individual acima dos interesses coletivos, criando sítuacóes verdadeiramente absurdas, mormente se considerarmos que o número de miseráveis ultrapassava 40o/o (quarenta por cento) da populacáo.

A Constituicáo Federal de 1988 mudou este cenário ao declarar no art. 52, inciso XXIII, que "a propriedade atenderá a suafundio social".

A Constituicáo volta ao tema no capítulo 1, do título VII: "Art. 170. A ordem económica, fundada na valorízacáo do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos exis- tencia digna, conforme os ditames da justica social, observados os seguintes princípios: 1 - soberania nacional; 11 - propriedade privada; 111 -funr;ao social da propriedade;" Comentando o primeiro dispositivo constitucional, o mestre Afonso

da Silva, na sua obra Curso de Direito Constitucional Positivo, Editora Malheiros, 1991, página 239, declara, in verbis:

"O regime jurídico da propriedade tem seu fundamento na Consti- tuícáo. Esta garante o direito de propriedade, desde que esta aten- da sua funcáo social. Se diz: é garantido o direito de propriedade (art. 52, XXII), a propriedade atenderá a sua funcáo social (art.

tese apontada no § 22 do referido artigo. Com efeito, a mencionada norma declara que o abandono se presume, de forma absoluta, ou seja, que nao aceita prova em contrário, quando o proprietário deixa de satisfazer os ónus físcaís, isto é, deixa de quitar, pagar, o imposto predial.

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"Disso decorre que se uma determinada propriedade nao cumpre com sua fun~ao social perde seu título justificativo. De fato, se a funcáo social é nocáo que exsurge exatamente da busca de uma legitimidade da propriedad e privada, nao seria excessivo afirmar que, em sua ausencia, seja retirada a tutela jurídica dominical, em sítuacñes concretas de conflito, para privilegiar a sítuacáo do bem, que justamente do título de propriedade, condiciona-se e atende ao interesse social." Merece ainda mencáo expressa a lícáo do eminente Ministro do Co-

lendo Supremo Tribunal Federal Eros Roberto Grau, na sua obra A ordem econbmica na Constituidio de 1988 - Interpretadio e Crítica, 2ª Edicáo, Revista dos Tribunais, 1991, pá- ginas 244, 249, 251 e 361, in verbis:

"O primeiro ponto a salientar no tratamento da matéria, respeita ao fato de que, embora isso passe despercebido da generalidade dos que cogitam da funcáo social da propriedade, é ser pressu- posto necessário a propriedade privada. Já a propriedad e dotada de funcáo social é justificada pelos seus fins, seus servicos, sua funcáo. Em razáo disso - pontualizo - é que justamente se justifica e legi- tima essa propriedade. Assim, se a partir deste ponto deixarmos fluir coerentemente o raciocínio, forcosamente concluiremos que a propriedade nao dotada de funcáo social, que nao esteja a cumpri-la, já nao será

so., XXIII), nao bá como escapar do sentido de que só se garante o direito de propriedade que atenda sua funcáo social." Como apontou José Afonso, hojea propriedad e individual privada nao

reina mais suprema, mas está condicionada a primordialmente atender a sua funcáo social. Nestes autos este douto Juízo tem frente a frente dois direitos: pri-

meiro, a autora que, falando por si e pelos seus antecessores, há longa data nao tinha qualquer contato coma área (ndo há nem houve posse), nem mesmo se deu ao trabalho de quitar o imposto predial devido, com certeza porque a compra recente da propriedade consistiu na verdade um contrato de risco; a seu favor, para arrimar pedido de "despejo" de mais de 20 (vinte) farm1ias, que envolvem bem mais de 100 (cem) pessoas, tem ape- nas o argumento de que é "proprietária formal do bem"; segundo, de outro lado tern-se dezenas e dezenas de pessoas (mullieres, homens e muitas enancas), que naquele local construírarn muito mais do que casas, construíram urna "comunidade", onde dormem, comem, estudam, brincam, enfim, "vivem como cidadáos",

Douto Magistrado, afinal quem efetivamente está fazendo uso social daquela propriedade?

Com certeza nao é autora, que por esta razáo deve perder o seu título. Neste sentido, a li~ao abalizada dos doutos Gustavo Tepedino e Anderson Schreiber, ex- pressa no artigo "Funcáo Social da Propriedade e Legalidade Constitucional", publicado na Revista de Direito, Estado e Sociedade da PUC-RJ, volume 17, agosto de 2000, página 49, in verbis:

154 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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mais objeto de protecáo jurídica. Ou seja, nao haverá mais fun- damento jurídico a atribuir direito de propriedade ao titular do bem (propriedade) que nao está a cumprir sua funcáo social. Em outros termos, já nao há mais, no caso, bem que possa jurídica- mente ser objeto de propriedade." No presente caso, e seguindo a licáo dos renomados doutrinadores

citados, conclui-se que a tutela reivindicatória pleiteada pela autora é afastada pelo en- cobrimento e pela desconsíderacáo da eficácia do direito de propriedade causada pela posse funcionalizada exercida pelos réus sobre a área ora discutida.

"Da prescriciio aquisitiva;" Mesmo que este douto Juízo venha eventualmente afastar os argumen-

tos apresentados no ítem retro, suficientes por si sós para indeferir o pedido de imíssáo de posse da autora, deve reconhecer a ocorréncia da prescricáo aquisitiva em favor dos réus,

O art. 183 da CF declara que "aquele que possuir como sua área urba- na de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposidio, utilizando-a para sua moradia ou de suafamília, adquirir-lhe-á o domínio, desde que niio seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural". Já o art. 1.238 do CC decla- ra que: "aquele que, por quinze anos, sem interrupciio, nem oposidio, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por senrenco, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis". Completa o parágrafo único: "O prazo estabelecido neste artigo re- duzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou servícos de caráter produtivo."

Embora estejam reunidos no polo passivo desta demanda, os réus possuern "irnóveis individuais", onde, corno já se explicou, residern com suas familias (a grande tnaioria dos imóveis é menor que 250 m2).

Até a propositura da presente acáo, TODOS os réus mantinham a posse mansa e pacífica de seus irnóveis há rnais de 20 (vinte) anos, sornando a sua posse direta coma de seus antecessores. Ressalte-se que há quase 40 (quarenta) anos aquela área vem sendo ocupada, parcelada e vendida pelos antecessores dos réus,

Considerando, ademais, a possibilidade aberta pelo art. 13 da Lei n12

10.25 7, de 10 de julho de 2001, requer-se que este douto Juízo alérn de reconhecer a ocor- réncía da prescrícáo aquisitiva, declare, por sentenca, a propriedade individual dos réus sobre os seus irnóveis, expedindo-se o competente mandado para o Cartório de Registro de Imóveis a firn de se efetivar a averbacáo da propriedade.

"Da desapropriadio judicial." O § 4º do art. 1.228 do Código Civil declara expressarnente que "o

proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa1é, por mais de 5 (cinco) anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e servicos considerados pelo juiz de interesse social e econémico relevante".

A hipótese aventada pelo legislador foi chamada pela doutrina de "desapropríacáo judicial" e veio ao encontro da iniciativa constitucional de valorizar a funcáo social da propriedade; ou seja, eventualmente ultrapassadas outras defesas (ca-

Pecas Processuais 155

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No presente caso fica fácil ver a presenca dos requisitos legais, ou seja: trata-se de área grande, onde vivem mais de vinte familias (mais de cem pessoas no total), que no local estabeleceram as suas moradias com ánimo definitivo e lá criam os seus filhos e participara da sociedade (cidadania). Ao contrário, tírá-los do local causará problema social grave, mormente quanto as enancas, que seriara afastadas dos amigos, da escola, do bairro, perdendo todas as referencias de urna infancia feliz.

Neste particular, pede-se venia para citar-se expressamente a norma do art. 4Q do Estatuto da Críanca e do Adolescente, Lei nQ 8.069/90, que declara ser "de- ver da familia, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar; com ab- soluta prioridade, a efetivaoio dos direitos referentes a vida, a alimentadio, a educadio, ªº esparte, ªº lazer, a profissionalizacáo, a cultura, a dignidade, ªº respeito, a liberdade e a convivencia familiar e comunitária".

Como se ve, afastadas eventualmente as outras defesas e caracterizada a presenca dos requisitos da "desapropriacáo judicial", este douto Juízo <leve decidir de forma a garantir o direito das críancas e dos adolescentes que vivem naquela comunidade.

Destarte, na eventualidade de serem superadas todas as demais defe- sas, o que se aceita apenas em respeito ao princípio da eventualidade, requer-se desapro- prie este douto Juízo a referida área, fixando, após perícia técnica, o valor individual que cada família teria que pagar a empresa autora.

"IndenizQ_féio pelas acessóes feítas no imóvel." Na eventualidade de ficar estabelecido que a área reivindicada é de

fato aquela ocupada pelos réus, e este douto Juízo vira afastar fundamentadamente urna a urna todas as questóes levantadas anteriormente, determinando a írníssáo da autora na posse do imóvel reivindicado, <leve, ao menos, condenar a autora ao pagamento de in- denízacáo das muitas acessóes feitas no imóvel, após realízacáo de perícia técnica para apuracáo do seu valor de mercado.

A pericia se faz necessária, vez que as acessñes foram feitas por etapas, muitas vezes pelos próprios moradores com a ajuda de vizinhos e amigos; os materiais foram comprados em parcelas, ao longo do tempo, sendo impossível a apresentacáo dos recibos e das notas fiscais.

A construcáo das casas representou o ápice da realízacáo pessoal dos réus, que nelas ínvestíram nao só todo o seu dinheiro, mas dezenas e dezenas de horas de trabalho, com escopo de buscar a realízacáo de um sonho básico de todo ser humano, qual seja, a aquisicáo da casa própria.

Nao envolvem, portanto, as referidas acessóes apenas um monte de pedras e cimento juntos, mas a realizacáo de urna vida; na verdade, de muitas vidas.

Feitas as acessñes como consentimento da autora (que acintosamente ignorou a ocupadio da área, deixando que esta se perpetuasse no tempo), é de rigor que seja obrigada, no caso eventual de obter mandado de írnissáo de posse, a indenizá-las em va- lor a ser apurado em liquidacáo de sentenca, mediante realizacáo de perícia técnica que

réncia de aciio, abandono, jundio social, prescridio aquisitiva etc.), o juiz pode, se entender presentes os requisitos apontados na norma, privar o proprietário do seu bem, fixando justa indenizacáo.

156 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Mogi da Cruzes/Poá, 00 de novembro de 0000.

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Termos em que Pede deferimento.

Ante todo o exposto, e mais pelas razóes que este douto Juízo saberá lancar sobre o tema, requerem seja a autora declarada carece dora de acáo, extinguindo-se o feíto semjulgamento de mérito, ou superada a preliminar, seja o pedido julgado impro- cedente, seja porque restou caracterizada a perda da propriedade pelo abandono, ou pela perda do direito de reivindicar em razáo da ocupacáo social da área, ou ainda em razáo da ocorréncia da prescrícáo aquisitiva (neste caso a senrenca deverá servir de título para registro no CRI), ou ainda em razáo da decretacáo da desapropriacáo judicial; garantindo- -se, na hipótese de eventual procedencia, o que se aceita apenas para contra-argumentar, o direito de retencáo até que sejam indenizadas todas as benfeitorias feitas no ímóvel.

Requer-se, outrossim, a producáo das seguintes provas: juntada de documentos; oitiva de testemunhas; perícia social; pericia técnica; depoimento pessoal do representante da autora.

Dos Pedidos

"Do direito de retetuiio," Pessoas pobres e de poucos recursos, os réus investiram a poupanca

feíta durante toda a sua vida no pagamento da aquisícáo da posse da área onde residem e na construcáo de suas moradias. Fizeram isso a luz do día durante anos, décadas, sem que a autora, ou seus antecessores, tomassem qualquer atitude para deté-los; a área nao estava murada, nao estava cuidada, nao demonstrava qualquer sinal de posse, muito ao contrário.

Destarte, requer-se a este douto Juízo que no caso eventual de vir a determinar a írnissáo de posse da autora, fato que se aceita apenas para contra-argumen- tar, seja garantido aos réus, na qualidade de possuidores de boa-fé, o direito de RETER, permanecer, no imóvel até serem final e cabalmente indenizados pelas acessñes feitas no bem (conforme item retro).

considere nao só o custo da construcáo, mas também a valorízacáo do bem no mercado imobiliário.

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"Da carencia de as:éio." Falta ao autor interesse de agir, vez que o contrato apontado na petícáo

inicialjá foi rescindido amigavelmente, conforme se ve do "termo de rescísáo de contrato de parceria e quitacáo" e "confíssáo de <lívida" anexos. De fato, tres meses após terem fir- mado contrato de parceria as partes se desentenderam por questñes financeiras (divísáo dos lucros), aceitando o réu a proposta do autor de rescísáo amigável, que previa a saída do réu do negócio mediante o pagamento de urna índenízacáo, que deu origem ao termo

Prelinlinarrnente

O autor ajuizou o presente feito asseverando, em apertada síntese, que em maio de 0000 firmou com o réu contrato particular de parceria para producáo agrí- cola de cogumelos. Declarou, ainda, que alguns meses depois o réu teria abandonado o negócio, causando-lhe prejuízos estimados em R$ 60.500,00 (sessenta mil, quinhentos reais). Por fim, pediu a rescísáo do contrato firmado entre as partes e a condenacáo do réu ao pagamento de indenizacáo no valor de seus prejuízos.

Recebida a exordial, fls. 00, este douto Juízo determinou a citacáo do réu para responder.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

B. F. dos S.,já qualificado apud acta, por seu Advogado, que esta subs- creve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nu 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que lhe move P. C. T., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer coniestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nº 0000000-00. 0000. O. OO. 0000 As:G:o de Rescisiio de Contrato ce Indenizadio por Perdas e Danos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.34 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE RESCISAO DE CONTRATO DE PARCERIA AGRÍCOLA CUMULADA COM INDENIZAf;AO POR PERDAS E DANOS, COM PRELIMINAR DE CARENCIA DE Af;AO

158 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de marco de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Pelas razñes expressas na preliminar, improvável venha este douto Juízo emitir Juízo de mérito no presente feito. Todavia, se tal vier a acontecer, o que se aceita apenas para contra-argumentar, deve julgar improcedente os pedidos do autor, vez que foi ele o principal responsável pelo fim da parceria.

De fato, nos primeiros 40 (quarenta) dias do negócio, as partes apenas investiram dinheiro e trabalho, quando comecaram a colher os cogumelos e vende-los vie- ram os problemas e desentendimentos, causados unicamente pelo autor, que queria ficar com a maior parte dos lucros, praticamente forcando a saída do parceiro do negócio, que constantemente importunado, acabou concordando em sair praticamente sem nada; fir- mando, como já se disse, o autor apenas urna confissáo de dívida, cujo valor mal cobriu os investimentos feitos pelo réu no negócio e, a bem da verdade, nem este valor recebeu, vez que apesar das muitas cobrancas, até o momento o autor se recusou a quitar sua obrigacáo.

Nao se pode, ainda, deixar de impugnar o absurdo valor pretendido a título de indenizacáo, calculado combase unicamente em suposicóes e esperancas, que, como se sabe, nao sao indenizáveis.

Ante o exposto, considerando que o contrato de parceriajá foi rescindi- do, reitera-se o pedido de extincáo do presente feito, julgando-se o autor carecedor de acáo (art. 267, VI, CPC). Nao sendo este o entendimento deste douto Juízo, e no caso imprová- vel de que venha a apreciar o mérito, os pedidos do autor devem ser julgados improceden- tes, vez que a culpa pelo fim do negócio foi exclusiva do autor. Qualquer que seja o caso, o autor deverá ainda ser condenado nos ónus da sucumbéncia e por litigáncia de má-fé.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), perícia contábil, oitiva de testemunhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal do autor.

Do Mérito

Registre-se que o original de tais documentos encontra-se juntado em processo de execucáo que o réu move em face do autor junto ao Juizado Especial Cível desta Comarca, processo nº 0000000-00.0000.0.00.0000 (cópía anexa), com escopo de receber o que lhe caberia pelo fim do negócio.

Como se ve, estando o contrato apontado na exordialjá rescindido, falta ao autor interesse, necessidade, da presente causa, devendo a presente acáo ser ex- tinta semjulgamento do mérito (art. 267, VI, CPC), condenando-se o autor nos ónus da sucumbéncía e por lítigáncía de má-fé (arts. 16 e 17, CPC).

de confissáo de dívida firmada pelo autor no valor de R$ 2.350,00 (dois mil, trezentos e cinquenta reais).

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"Da inexistencia de notificaféí.o prévia."

Preliminarmente

A empresa autora ajuizou o presente feito asseverando, ern apertada síntese, que em julho de 0000 firrnou com a ré contrato particular de promessa de com- pra e venda do lote 00 da quadra 00, do lotearnento denominado Conjunto Residencial Sao Joáo, Jardirn Carnila (Rua Carlos Rissoni, nº 00), cidade de Mogi das Cruzes-SP. O preco deveria ser quitado parte a vista e parte em parcelas. Declarou, ainda, que a ré fi- cou inadirnplente a partir da prestacáo vencida em junho de 0000, mesmo após regular notífícacáo para purgacáo da mora. Por firn, pediu a rescísáo do contrato, a reíntegracáo da posse no imóvel e, genericarnente, fosse a ré condenada ao pagamento de perdas e danos, que nao especificou.

Recebida a exordial, fls. 00, este douto Juízo indeferiu o pedido de tutela antecipada e determinou a cítacáo daré para responder.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

M. do C. do N., já qualificada apud acta, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, ci- dade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe iruimadies, nos autos do processo que lhe move BCD Empreendimentos e Partícípacñes Ltda., vera a presenca de Vossa Excelencia ofe- recer contestadlo, nos termos a seguir articulados:

Processo nQ. 0000000-00. 0000. O. OO. 0000 A~éio de Rescisiio de Contrato ce Reintegraxiio de Posse

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.35 CONTESTAf;AO DE Af;AO DE RESCISAO DE CONTRATO CUMULADA COM REINTEGRAf;AO DE POSSE ENVOLVENDO BEM IMÓVEL, COM PRELIMINAR DE NULIDADE DA NOTIFICAf;AO PRÉVIA DE CONSTITUif;AO EMMORA

160 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Segundo o art. 32 da Lei n2 6. 766, de 19 de dezembro de 1979, é pres- suposto inarredável da presente acáo a constítuícáo em mora do compromissário compra- dor. Para tanto, o vendedor deve promover a sua "regular" notificacáo.

Assim nao procedeu a autora. Com efeito, tendo constatado "suposta" mora da compromissária

compradora, a autora promoveu, em 00 de agosto de 0000, a sua notificacáo, fls. 00/00; fato que levou aré a procurar os representantes da autora iniciando-se negocíacáo para quitacáo do débito. Neste período, após a notifícacáo, foram feítos vários pagamentos, inclusive DIRETAMENTE no escritório da autora em 00.00.0000, conforme comprovam documentos anexos.

Tendo iniciado negocíacáo, tendo aceitado purgacáo parcial da mora, a autora, caso desejasse ajuizar acáo de rescisáo do contrato, deveria entáo promover "nova notífícacáo" da compromissária compradora.

Sabedora disso, a autora tentou fazé-lo, conforme se ve dos documen- tos juntados aos autos, fls. 00/00; contudo, ten do indicado o enderece errado na notifi- cacáo (é lamentável que a autora desconheca a "localízacáo" do imóvel que vendeu, onde aré reside e sempre residiu), nao obteve éxito, conforme certidáo negativa emitida no 22

Cartório de Registro de Imóveis de Mogi das Cruzes, fls. OO. Mesmo sern ter cumprido a norma legal (constítuicáo em mora do de-

vedor), a autora surpreendentemente optou por ajuizar o presente feíto. Destarte, considerando a falta de regular constituícáo em mora da

compromissária compradora, pressuposto indispensável da presente acáo, "requer-se" a imediata extíncáo do presente feíto semjulgamento de mérito (art. 267, IV, CPC).

"Da nulidade da notificaféio anterior." Apesar da fracassada e abandonada tentativa da autora de notificar a

ré, fls. 00/00, fato que demonstra e confirma a imprestabilidade da notificacáo feíta an- teriormente de fls. 00/00, é "prudente" se registrar que também aquela notifícacáo era, e é, sem nenhum valor, porque nao informa de forma correta e adequada o valor do débito.

Com efeito, na notifícacáo feíta em agosto de 0000, a autora infor- ma ERRONEAMENTE que estariam em atraso as parcelas de n°5 55/110 a 61/110 (fato confessado pela própria as fls. 00). Note-se que no período mencionado, aré fez vários pagamentos, sendo que o último ocorreu efetivamente em 00.00.0000, conforme se ve dos documentos anexos.

Além de cobrar parcelas quitadas, aquela notificacáo era imprestável porque nao indicava o valor total do débito (valor original, multa, juros e corredio mone- tária) como seria de absoluto rigor a fim de atender a norma legal e possibilitar a deve- dora eventual purgacáo da mora. Somente a notifícacáo regular e completa possibilita ao devedor entender, discutir e até purgar o seu débito; muito mais no presente caso, onde a ré é pessoa extremamente simples, semianalfabeta.

Doutrina e jurisprudencia sao unánimes em declarar que, sendo ato formal, a "notificacáo premonitoria" nao aceita irregularidades. Sobre o tema, veja-se a licáo do Desembargador Carlos Ortiz, no seu livro Compromisso de Compra e Venda, 3ª edicáo, Editora Malheiros, página 148, in verbis:

Pecas Processuais 161

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Pelas razñes expressas nas preliminares, improvável venha este douto Juízo emitir Juízo de mérito no presente feito. Todavia, em atencáo ao princípío da even- tualidade, passa a se manifestar sobre os pedidos da autora.

O pedido de rescísáo do contrato deve ser julgado improcedente. Com efeito, a ré nunca deixou de cumprir com suas obrígacóes em face da autora, senda que eventual mora estava senda objeto de negociacáo entre as partes, tendo a comprornissária compradora, inclusive, feito alguns pagamentos.

Estando as partes em negociacáo, a ré foi surpreendida com a atitude da autora, que deixou de lhe enviar os boletos de pagamento, informando que a questáo deveria ser resolvida oportunamente na justica,

Se há débito (a falta de constituidio em mora da devedora náo pos- sibilita uma conclusáo quanto ao tema), aré tem todo o interesse em purgá-lo.

Por estas razñes o pedido de rescisáo, e os demais pedidos acessórios (reintegracáo e indenizacáo), devem ser julgados IMPROCEDENTES, condenando-se a autora nos ónus da sucumbéncía.

Entretanto, se este nao foro entendimento deste douto Juízo, fato que se aceita apenas para contra-argumentar, deve ser garantido a ré, na hipótese eventual de rescísáo do contrato de compra e venda, a devolucáo de todos os valores pagos, inde- nizacáo pelas acessñes feitas no imóvel e o direito de retencáo do bem até final e cabal pagamento das verbas referidas.

"Devoluciu» das parcelas pagas." Como se disse, no caso eventual deste douto Juízo afastar as prelimi-

nares apontadas e, no mérito, vier a decretar a rescisáo do contrato de compromisso de compra e venda, deve determinar a autora que proceda com a devolucáo, devidamente corrigidos e acrescidos dos juros legais, de todos os valores efetivamente pagos pelaré.

Sobre o tema, oportuno citar-se o Código de Defesa do Consumidor, Leí 8.078/90, que é claro e expresso sobre o tema, in verbis:

Do Mérito

Destarte, mesmo que se ignore os muitos meses que se passaram, os pagamentos efetuados, a negociacáo que estava ocorrendo entre as partes, a notificacáo de fls. 00/00 nao pode dar arrimo ao presente feito, vez que incompleta, irregular e im- prestável, fato que demanda seja, tambérn por esta razáo, decretada a extincáo do pre- sente feito semjulgamento de mérito (art. 267, IV, CPC).

"Para que produza o grave efeíto de constituir em mora o com- promissário comprador e de rescindir o contrato de promessa de venda é mister que a notífícacáo seja completa, precisa e clara." Senda a notífícacáo premonitória ato formal e imprescindível para a

caracterizacáo da mora do devedor adquirente (art. 32, Lei n2 6.766/79), nao pode ser imperfeita, como no caso, desatendendo a norma legal sobre o tema e atacando os direi- tos daré.

162 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 175: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

"Do direito de retendio." Pessoa pobre e de poucos recursos, aré investiu a poupanca feíta du-

rante toda a sua vida no pagamento das parcelas do financiamento do imóvel objeto desta e nas acessóes feítas, de boa-fé, nele.

Destarte, requer a este douto Juízo que no caso eventual de vira rescin- dir o contrato firmado entre as partes, fato que se aceita apenas para contra-argumentar, lhe seja garantido, na qualidade de possuidora de boa-fé, o direito de reter, permanecer, no imóvel até ser final e cabalmente paga, seja quanto a devolucáo dos valores que pagou por muitos e muitos anos, seja quanto as acessóes que fez no imóvel.

"Indeni.zaféi.o pelas acessoes feítas no imóvel." Além da devolucáo de tudo o que foi pago pelaré (a ser apurado em

liquidacáo de sentenca), a autora deve ainda ser condenada ao pagamento do valor das "acessñes" feítas de boa-fé no imóvel. Com efeito, a custa de muito sacrifico pessoal, aré construiu no imóvel duas casas (na frente e nos fundos), onde reside com seus familiares.

A construcáo das casas, que representou o ápice da realízacáo pessoal daré, que nela investiu nao só todo o seu dinheiro (veja-se em anexo algumas das notas fiscais das compras realizadas para a construcáo), mas dezenas e dezenas de horas de tra- balho, com escopo de buscar a realizacáo de um sonho básico de todo ser humano, qual seja, a aquisicáo da casa própria.

Nao envolve, portanto, a dita casa apenas um monte de pedras e ci- mento juntos, mas a realizacáo de urna vida.

Feitas as acessóes como consentimento da autora, é de rigor que seja obrigada, no caso eventual de rescísáo do contrato de compra e venda, a indenizá-las em valor a ser apurado em liquidacáo de sentenca, mediante realízacáo de perícia técnica que considere nao só o custo da construcáo, mas tambérn a valorizacáo do bem no mer- cado imobiliário.

seguro na Leí.

"Art. 51. Sao nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contra- tuais relativas ao fomecimento de produtos e servícos que: 11- subtraiam ao consumidor a opcáo de reembolso da quantiajá paga, nos casos previstos neste Código; IV - estabelecam obrígacóes consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;" A Portaría n.o. 3.0., de 15 de marco de 2001, do Secretário de Direito

Económico do Ministério da Justica, Dr. Paulo de Tarso Ramos Ribeiro, que disciplina o inciso IV do artigo 51 do CDC, supratranscrito, é mais explícita sobre o tema, in verbis:

"3. lmponha a perda de parte significativa das prestacñes já qui- tadas em sítuacñes de venda a crédito, em caso de desistencia por justa causa ou impossibilidade de cumprimento da obrigacáo pelo consumidor." Como se ve das disposicóes legais, a pretensáo da ré encontra arrimo

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Gecliel Clauclino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de dezembro de 0000.

Termos em que p. deferirnento.

Garantido judicialmente o direito de retencáo, em razáo, registre-se, dos rnuitos pagarnentos efetuados e pelas acessñes feítas no irnóvel, absurdo falar-se ern cobranca de aluguel.

Ante todo o exposto, considerando que a ré nao foi formalmente constituída ern mora, ou mesmo a irnprestabilidade da notíficacáo juntada aos autos, "requer-se" a extincáo semjulgarnento de mérito (art. 267, IV, CPC). No mérito, se tanto chegar-se, os pedidos da autora devern ser julgados improcedentes ou, nao sendo este o entendimento deste douto Juízo, e no caso irnprovável de que venha a rescindir o contrato de cornprornisso de compra e venda, determinando a reíntegracáo da autora na posse do imóvel, "o que se aceita apenas para contra-argumentar", deve ser a autora condenada a devolver integralmente os valores pagos pela ré, devidarnente corrigidos pela tabela do Tribunal de Justica e acrescidos de juros legais (truca SELIC), e, adernais, pagar indeni- zacáo pelas acessñes feitas no imóvel, valores estes a serem apurados ern líquídacáo de sentenca mediante perícia técnica, garantindo-se a ré, qualquer que seja o caso, o direito de reter o irnóvel até final e cabal pagamento.

Provará o que for necessário, usando de todos os rneios permitidos ern direito, em especial pelajuntada de documentos (anexos), perícia técnica (avaliacáo do irnóvel), perícia contábil, oitiva de testemunhas ( art. 407, CPC) e depoirnento pessoal do representante da autora.

Corno já se disse, mesmo que este ilustre Juízo venha a acolher o pe- dido de rescísáo do contrato firmado entre as partes, fato que se aceita apenas para con- tra-argumentar, deve indeferir os dernais pedidos da autora.

Vindo eventualmente a retornar o irnóvel objeto de contrato entre as partes, a autora ao contrário de ter prejuízo terá considerável lucro, vez que irá receber irnóvel valorizado pela passagern do tempo e pelas acessóes feitas pelaré.

Irnpróprio ainda o pedido de indenizacáo por "despesas", nao só por- que foi feito de forma genérica e indeterminada, mas também pelo simples fato de que a ré nao pode responder "individualmente" pelos custos administrativos de urna empresa.

Por firn, indevido ainda o pedido de fíxacáo de aluguel, vez que a ré ocupa o imóvel na qualidade de "comprornissária compradora" e tal fato permanece até que haja sentenca que eventualmente ponha firn ao contrato existente entre as partes. No caso eventual disto vir a ocorrer, a ré ficará no irnóvel somente até ser indenizada pelos pagarnentos e acessñes feitas no imóvel, conforme pretende lhe seja garantido pela de- císáo judicial.

prejuízos." "Dos pedidos de indenisadio por perdas e danos, despesas e outros

164 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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"Da caréncia de aféio." Da inexistencia da notíficacáo prévia, fls. 00/00. Com escopo de atender corretamente os ditames legais, a autora de-

veria, com escopo de constituir em mora os réus, notifícá-Ios regularmente. Infelizmente

Preliminarmente

A autora ajuizou o presente feito asseverando, em apertada síntese, que firmou comos réus contrato particular de promessa de compra e venda de irnóvel situado na Avenida Engenheiro Miguel Gemma, s/ns, Bloco 00, apartamento 00-A, na cidade de Mogi das Cruzes-SP. Declarou, ainda, que os réus nao estariam ocupando o imóvel, fato que contrariaria os termos de ocupacáo do contrato original firmado pelas partes. Por fim, requereu a rescisáo do contrato e a reíntegracáo da posse do imóvel.

Recebida a exordial, fls. 00, este douto Juízo deterrninou a citacáo dos réus para responder. Desentranhado o mandado, o Oficial de Justíca esteve no imóvel, mas nao localizou os réus; que, nao obstante, ficaram sabendo da acáo e compareceram voluntariamente no fórum, dando-se por citados.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

R. do P. de O. e/o, já qualificados apud acta, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, no. 00, Cen- tro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que lhes move Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de Sao Paulo - CDHU, vérn a presenca de Vossa Excelencia oferecer coniestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nº- 0000000-00. 0000.0.00. 0000

A¡yéio de Rescisiio de Contrato ce Reintegradio de Posse

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.36 CONTESTAf;ÁO DE Af;ÁO DE RESCISÁO DE CONTRATO CUMULADA COM REINTEGRAf;ÁO DE POSSE ENVOLVENDO BEM IMÓVEL DA CDHU, COM PRELIMINAR DE CARENCIA DE Af;ÁO

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Pelas razóes expressas na preliminar, improvável venha este douto Juízo emitir Juízo de mérito no presente feito. Todavía, se tal viera acontecer, a improce- dencia dos pedidos é medida que se impóe, como se demonstrará a seguir.

A autora pede a rescisáo do contrato e a reintegracáo de posse do imóvel sob o argumento de que os compromissários compradores nao estaríam residin-

Do Mérito

"Para que produza o grave efeito de constituir em mora o com- promissário comprador e de rescindir o contrato de promessa de venda é mister que a notíficaeáo seja completa, precisa e clara, es- pecialmente com relacáo ao prazo deferido para solucáo das pres- tacóes atrasadas, como é remansoso na jurisprudencia." (pág. 148) Sendo a notífícacáo premonitória ato formal e imprescindível para a

caracterízacáo da mora do devedor adquirente (art. 32, Leí n2 6. 766/79), nao pode dei- xar de ser realizada, ou ser imperfeita, quaisquer que sejam as circunstancias do caso.

Destarte, NÁO TENDO SIDO OS RÉUS CONSTITUÍDOS EM MORA, a autora deve ser julgada carecedora de acáo, extínguindo-se o feíto semjulgamento do mérito (art. 267, VI, CPC), e condenando-se a autora nos ónus da sucumbéncía,

assim nao procedeu. Neste sentido a doutrina do mestre José Osório de Azevedo Jr., no seu livro Compromi.sso de Compra e Venda, 3ª edícáo, Editora Malheiros, página 131, in verbis:

"Considerando o compromisso como urna forma de alíenaeáo de imóvel, há que se exigir a ínterpelacáo de ambos os cónjuges, para respeito das normas que regem a protecáo do patrimonio imobiliário do casal. É indiferente que o compromisso tenha sido firmado apenas por um dos cónjuges pois, se o regime for o da comunháo universal, a aquísícáo por um deles reflete-se no patri- monio comum; e, mesmo sendo outro o regime de bens, há sempre a necessidade de outorga do outro cónjuge, conforme estabelece o art. 235, 1, do Código Civil. A dispensa da notífícacáo será 'ad- mitir a alheacáo de bens do casal por via indireta' (RT 4 70/180) ." Ora, nao tendo encontrado os réus no imóvel, a autora deveria ter di-

ligenciado pelo seu paradeiro. Neste particular, note-se que no contrato que juntou aos autos, fls. 00, há outros endereces dos réus, inclusive comercial.

Tratando-se de assunto de tamanha importancia, a autora, após sim- ples tentativa feíta por terceiros, se achou no direito de burlar a leí e ajuizar o presente feíto sem ter regularmente constituído os réus em mora. Considerando que o apartamento nunca esteve de fato vazio, poderia ao menos ter enviado correspondencia áquele ende- reco, vez que aré R. periodicamente lá estava para cuidar do seu patrimonio.

Com escopo de constituir em mora o devedor, nao basta que o credor "tente" notífícá-lo; é necessário que, por um meio ou por outro, obtenha a notificacáo dele. Sobre o tema, veja-se a licáo do Desembargador Carlos Ortiz, citado na obra suprar- referida, in verbis:

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Alguns meses atrás se descobriu que infelizmente o Sr. C. A. de O. tinha duas hérnias de disco na cervical, fato que demandou a colocacáo de 4 (quatro) pinos na sua coluna lombar. Alérn de muita dore sofrimento, afinal diz a sabedoria popular que a dor nas costas é a pior que existe, o réu C. se viu, por ordens médicas, totalmente impos- sibilitado de subir escadas (documentos anexos).

Nao obstante sejam os réus pessoas de poucos recursos, se viram obri- gados a alugar temporiamente um imóvel até que os problemas de saúde do Sr. C. sejam superados e o casal possa voltar a viver no irnóvel que lutaram tanto para conseguir.

Ressalte-se que embora tenham, a contragosto, mudado "temporía- mente" de sua residencia, por razóes de ordens médicas, como se disse, o casal manteve a ocupacáo regular do apartamento adquirido junto a autora, fazendo constantes visitas ao mesmo para evitar invas6es, que sao notoriamente tao comuns. Nem mesmo ventilaram a possibilidade de alugá-lo, embora necessitassem tanto do dinheiro - que poderia ajudar a pagar o aluguel da casa onde se encontram - porque sabiam da proibícáo contratual e nao queriam arriscar a perder o bem duramente conquistado.

Como se ve, os réus mantém a ocupacáo do imóvel e sua momentánea ausencia encentra-se arrimada em JUSTA CAUSA, fato que demanda sejam os pedidos da autora julgados improcedentes.

"Devoluciio de todas as parcelas pagas." Mesmo que a preliminar fosse superada e, no mérito, este douto Juízo

nao reconhecesse a "justa causa" para o afastamento "temporário" dos réus do seu lar, há que se garantir aos réus o direito de ter a "devolucáo" de todos os pagamentos que efetua- ram, regularmente corrigidos desde o efetivo pagamento e acrescidos de juros de mora.

Ressalte-se que eventual cláusula contratual em contrário nao tem qualquer valor legal. Neste sentido, as normas do CDC, in verbis:

"Art. 51. Sao nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e servícos que: 11 - subtraiam ao consumidor a opcáo de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste Código; IV - estabelecam obrígacóes consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;"

Douto Magistrado, tivesse a autora cumprido a lei, providenciando a real notificacáo, ciencia, dos réus quanto a sua pretensáo, o presente processo certamen- te teria sido evitado.

Na verdade, os réus mantérn efetivamente a posse do imóvel objeto do contrato firmado entre as partes desde que foram imitidas nela. O irnóvel encontra-se "ocupado", sendo que os réus lá mantém parte de seus bens (móveis); contudo também é verdade que os compromissários compradores no momento nao residem no irnóvel. Explica-se:

do, ocupando, o imóvel, fato que, segundo os termos do contrato, seria obrigacáo básica dos requeridos.

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Também a Portaria n2 3, de 15 de marco de 2001, do Secretário de Direito Económico do Ministério da Justica, Dr. Paulo de Tarso Ramos Ribeiro, que disci- plina o inciso IV do artigo 51 do CDC, supratranscrito, é explícita sobre o tema, in verbis:

"3. Imponha a perda de parte significativa das prestacóes já qui- tadas em situacóes de venda a crédito, em caso de desistencia por justa causa ou impossibilidade de cumprimento da obrígacáo pelo consumidor."

Neste sentido a jurisprudencia, in verbis: "AC¡ÁO DE RESCISÁO DE CONTRATO. INSTRUMENTO PARTICULAR DE COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. MULTA CON- - - , TRATUAL. RESTITUI<;:AO DOS VALORES. CORRE<;:AO MONETARIA. JUROS. PREQUESTIONAMENTO. SUCUMBENCIA. 1. Reducáo da cláusula penal para o percentual de 1 Oo/o sobre os valores pagos. Posicionamento da Cámara e do STJ. 2. A restítuícño dos valores recebidos pela ré deve ser feita em urna única parcela. 3. Corre- ~ao pelo IGP-M, índice adotado para atualizar débitos judiciais, a contar do efetivo desembolso das parcelas. 4. Juros de mora fixa- dos de acordo com o limite legal, a incidir da cítacáo. 5. Para fins de pré-questionamento, exige-se, apenas, que a parte tenha, em algum momento do processo, suscitado o dispositivo de lei (cons- titucional ou infraconstitucional) amparador de sua tese. 6. Ónus sucumbenciais condizentes coma causa. NEGARAM PROVIMEN- TO A APELAC¡ÁO" (TJRS, Ap. Cível 70019547074, Rel. Des. José Francisco Pellegrini, julgado em 26-08-2008, 19ª Cámara Cível). "APELA<;:ÁO CÍVEL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. A<;:ÁO DE RESCISÁO CONTRATUAL CUMULADA COM RESTITUI<;:ÁO DE VA- LORES PAGOS. CLÁUSULA PENAL. É abusiva a perda de 10% so- bre o valor contratado, ainda que prevista contratualmente pelas partes. Fixa~ao em 10% das parcelas pagas a título índenízatórío, para retencáo pela promitente vendedora, é admissível na ausen- cia de comprovacáo material específica. Precedentes deste Tribu- nal e do STJ. Sucumbéncía mantida. APELA<;:ÁO PARCIALMENTE PROVIDA." (TJRS, Ap. Cível 70008619454, Rel. Des. André Luiz Planella Villarinho, julgado em 16-06-2005, 18ª Cámara Cível). "APELA<;:ÁO CÍVEL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL , - , LOTEADO. CLAUSULA PENAL. DEVOLU<;:AO !MEDIATA. CRITERIO DE CORRE<;:ÁO. SUCUMBEN CIA. Em contratos de promessa de com- pra e venda de bem imóvel, a jurisprudencia tem admitido apenas a retencáo de 10% dos valores pagos, a título de cláusula penal, que compensa a promitente-vendedora pelos prejuízos sofridos. Ademais, a cláusula penal cuja incidencia pretende a apelante destina-se apenas a hipótese de resolucáo por inadimplemento do promítente-comprador, depois de constituído em mora, do que nao se cogita no caso dos autos. Devolucáo parcelada inviável, ainda mais em vista do tempo de tramítacáo da lide, suficiente para a apelante suportar a restítuicáo de valor ínfimo, diga-se de

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Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de marco de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Destarte, requerem a este douto Juízo que no caso eventual de vir a rescindir o contrato firmado entre as partes, fato que se aceita apenas para contra-argu- mentar, seja lhes garantido, na qualidade de possuidores de boa-fé, o direito de RETER, permanecer, no imóvel até serem final e cabalmente ressarcidos quanto aos valores que pagaram durante tantos anos.

Ante todo o exposto, considerando que os réus nao foram regular- mente constituídos em mora, "requer-se" a extincáo do feito semjulgamento de mérito (art. 267, IV, CPC). No mérito, se a tanto chegar-se, os pedidos da autora devem ser jul- gados improcedentes, vez que ausencia momentánea dos réus no imóvel está arrimada em justa causa; nao sendo este o entendimento deste douto Juízo, e no caso improvável de que venha a rescindir o contrato de compromisso de compra e venda, determinando a reintegracáo da autora na posse do imóvel, "o que se aceita apenas para contra argu- mentar", deve ser a autora condenada a devolver integralmente os valores pagos pelos réus, devidamente corrigidos pela tabela do Tribunal de Justica e acrescidos de juros legais (taxa SELIC), valores estes a serem apurados em líquídacáo de sen tenca mediante perícia técnica, garantindo-se aos réus, qualquer que seja o caso, o direíto de reter o imóvel até final e cabal pagamento.

Provaráo o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), perícia médica (avalíacáo da condicáo de saúde do réu C.), perícia contábil, oitiva de testemunhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal do representante da autora.

passagem, em urna só oportunidade. Correcáo das parcelas pelo CUB, índice eleito pelas partes no contrato. Sucumbéncía redimen- sionada, ante o decaimento reciproco das partes, nao ocorrente a hipótese do art. 21, §único, do CPC. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. UNÁNIME" (TJRS, Ap. Cível 70010804177, Rel. Des. Pedro Luiz Pozza, julgado em 07-04-2005, 18ª Cámara Cível). "Do direito de retendio." Pessoas pobres e de poucos recursos, os réus investiram a poupanca

feíta durante toda a sua vida no pagamento das parcelas do financiamento do imóvel ob- jeto desta.

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Ilustres Julgadores, a presente acáo deve ser julgada IMPROCEDEN- TE, mantendo-se ar. sentenca proferida em primeiro grau.

Inicialmente há que se registrar que o réu já nao necessita dos medi- camentos Lotar 50/2, 5 mg, e Metformina 850 g, isso porque pouco meses após ter se ini-

Do Mérito

Em síntese, os fatos. para responder.

O autor ajuizou o presente feito asseverando, em apertada síntese, que a sentenca proferida nos autos do processo n12 0000000-00.0000.0.00.0000, que tramitou na 1 a Vara Cível do Foro da Comarca de Itaquaquecetuba deveria ser rescindida em razáo de víolacáo a literal disposicáo de lei, consistente nas seguintes nulidades: ilegitimidade do munícipio para fornecer o medicamento cobrado pelo paciente; invalidade da citacáo; falta de reexame necessário.

Recebida a exordial, este douto Juízo determinou a citacáo do réu

Dos Fatos

F. O. V., brasileiro, casado, aposentado, portador do RG 00.000.000- SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliado na Rua Luciano Cordeiro, nº 00, Parque Piratininga, cidade de Itaquaquecetuba-SP, CEP 00000-000, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, n2 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimaxáes, nos autos do processo que lhe move o Município de Itaquaquecetuba, vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer coniestadio, nos termos a seguir articulados:

Afao Rescisoria nº 0000000-00.0000.0.00.0000 Comarca de Itaquaquecetuba/Poá 11ª- Cámara-salas 314/316

Egrégio Tribunal de Justíca do Estado de Sao Paulo Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Relator.

7.37 CONTESTAf;AO DE Af;AO RESCISÓRIA BUSCANDO ANULAf;AO DE SENTENf;A PROFERIDA EM MANDADO DE SEGURANf;A IMPETRADO PARA SE OBTER MEDICAMENTOS

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Já eventual nulidade da citacáo já está há longa data superada, vez que o próprio autor confessa na sua inicial que efetivamente "tomou ciencia" do processo em primeiro grau, tanto isso é verdade que passou a fornecer os medicamentos pedidos.

Na verdad e, medidas judiciais pedindo o fornecimento de medicamen- tos nao sao mais há longa data novidade, NÁO SENDO CRÍVEL a afírmacáo do autor de que nao houve comunicacáo entre a sua Secretaria Municipal de Saúde e a Assessoria Ju- rídica do Município. É lógico que houve comunicacáo, é lógico que o Secretário de Saúde respaldou suas acóes em orientacóes da Procuradoria do Município, até mesmo porque comprou os medicamentos e os forneceu ao paciente.

Ora, se mesmo sabedor da medida judicial, o autor preferiu ígnorá-la, talvez contando como reconhecimento da suposta nulidade, nao apresentando contesta- r;ao e/ou apelacáo, nao pode agora querer obter guarida judicial.

"Dafalta do reexame necessario", Mesmo que os autos nao tenham sido remetidos oportunamente ao

Egrégio Tribunal de Justica, tal fato nao isenta o Município quanto a sua responsabilida- de por nao ter apresentado defesa e recurso no tempo próprio.

De qualquer forma, estando agora a questáo colocada neste Egrégío Tribunal, nada impede seja a mesma "apreciada" (reapreciando o pedido exordial).

Neste particular, deve-se observar o "direito" do réu de obter, como decidido em primeiro grau, os medicamentos de que necessitava para seu tratamento de saúde, assim como a responsabilidade do autor de fazé-lo.

É entendimento pacífico, seja na doutrina, seja na jurisprudencia, que é dever do Estado fornecer gratuitamente medicamento áquele que corre grave risco de saúde. De fato, díspóe a Constituicáo da República, in verbis:

"Art. 196. A Saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti- do mediante políticas sociais e económicas que visem a reducáo do risco de doenca e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário as acñes e servícos para sua promocáo, protecáo e re- cuperacáo." Sobre o tema, declara a Carta Estadual, in verbis:

Embora a peticáo inicial tenha mencionado apenas a Secretaria Mu- nicipal de Saúde, quem estava sendo efetivamente processado era o Município de Itaqua- quecetuba. Sendo que os atos processuais que se efetivaram trataram o autor como réu naquele feito.

de da citas;éío".

ciado efetivamente a sua entrega pela Secretaria Municipal de Saúde sofreu novo infarto, fato que levou o seu médico a mudar os seus medicamentos. Estes novos medicamentos já estáo sendo fornecidos pelo autor, em razáo de decisáo judicial proferida em outro pro- cesso que tramita em primeira instancia.

Destes fatos, o autor, por meio de seus prepostos da Secretaria de Saú- de, está plenamente ciente há longa data.

"Da alegada ilegitimidade da Secretaria do municipio" e "nuUda-

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"Art. 219. A saúde é direito de todos e dever do Estado. Parágrafo único: os Poderes Público Estadual e Municipal garan- tiráo o direito a saúde mediante: 4 - atendimento integral do indivíduo. abrangendo a promo~ao. preserva~ao e recupera~ao de sua saúde" (grifo nosso). Nao fosse bastante a clareza dos dispositivos constitucionais suprar-

referidos, oportuno lembrar-se do art. 7º da LOS que prescreve alguns dos princípios do Sistema Único de Saúde, que merecem destaque expresso: (I) a universalidade de acesso aos servícos de saúde em todos os niveis de assisténcia; (JI) a igualdade da assisténcia a saú- de, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie.

Dessa forma, apenas considerando os princípios norteadores da as- sisténcia a saúde, concluí-se que suas acóes e servicos devem ser acessíveis a todos, sem qualquer distincáo, respeitadas as peculiaridades e complexidade de cada caso, inclusive no tocante aos medicamentos que se mostrem necessários.

A importancia dos princípios em nosso ordenamento pátrio é aquí recordada nas palavras de Celso Antonio Bandeira de Mello, ao ensinar que "violar um principie é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A desatencdo ao principie implica ofensa nao apenas a um específico mandamento obrigatório mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o esca- lao do principio atingi.do, porque representa insurgencia contra todo o sistema, subversiio de seus valores fundamentais, contumelia irremissível a seu arcobouco lógico e corrosiio de sua estrutura mestra" (Curso de Direito Administrativo, 8ª edicáo, ed. Malheiros, pág. 546).

Mas a Lei nQ 8.080/90 vai mais longe e, fazendo jus a denomínacño Lei Orgánica da Saúde, traz inúmeras outras disposícóes que efetivarnente também asse- guram o direito a saúde, e, consequentemente, o acesso aos medicamentos. Novamente acompanhando o texto constitucional, assegura:

"Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano devendo o Estado prover as condícóes indispensáveis ao seu pleno exercício. Parágrafo 12 O dever do Estado de garantir a saúde consiste na reformulacáo e execucáo de políticas económicas e sociais que visem a reducáo de riscos de doencas e de outros agravos e no estabelecimento de condícóes que assegurem acesso universal e igualitário as acóes e aos servícos para a sua promocáo, protecáo e recuperacáo." Dessa forma, a Lei nº 8.080/90 reconhece que o dever do Estado de

garantir a saúde pressup6e condícóes económicas e sociais que favorecarn o bem-estar do cidadáo, confere a tarefa de promocáo da saúde aos dirigentes do SUS e salienta a in- tegracáo da assisténcía e da prevencáo, modalidades de protecáo a saúde indissociáveis, que, certamente, englobam o acesso aos medicamentos necessários para a protecáo e res- tabelecimento da saúde, conforme o caso.

Por essa razáo, estáo incluídos no campo de atuacáo do Sistema Públi- co a assisténcia terapéutica integral, indusive farmacéutica (artigo 612, 1, d), a formulacdo da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológi.cos e outros insumos de interesse

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para a saúde e a participacdo na sua produdio (VI) e o controle e a fiscalizacáo de servicos, produtos e substancias de interesse para a saúde (VII).

Nesse contexto, curnpre observar que o Mínístério da Saúde, por rneio da Portaria n? 3. 916/MS/GM, de 30/10/1998, estabeleceu a Política Nacional de Medica- mentos, cujo objetivo é garantir a necessária segumnc«, eficácia e qualidade destes produ- tos, a promedio do uso racional e o acesso da populaféio aqueles considerados essenciais (Introducáo da Portaria 3.916/MS/GM).

Entre as diretrizes que deveráo irnpulsionar as acóes para o alcance desse propósito está a adocáo da relacáo dos medicamentos essenciais, atualrnente lista- dos pela Portaría ng_ 1.587, de 3 de setembro de 2002, do Ministério da Saúde. Os medi- camentos essenciais sao definidos corno aqueles produtos considerados básicos e indis- pensáveis para atender a maioria dos problemas de saúde da populaféio e que devem estar continuamente disponiveis aos segmentos da sociedade que deles necessitem. Ou- tra diretriz determina que o modelo de assisténciafarmacéutica será reorientado de modo a que niio se restrinja a aquisidio e a distribuidio de medicamentos. As afoes incluídas nesse campo da ossisténcia teriio por objetivo implementar, no ámbito das tres esferas do SUS, to- das as atividades relacionadas a promedio do acesso da popula~o aos medicamentos essenciais (Diretrizes 3.1e3.3 da portaria 3.916/MS/GM.)

É cristalino o dever que incumbe ao Poder Público de fornecer medica- mentos, especialmente os essenciais, aos cidadños que porventura deles dependarn para a manutencáo e/ou recuperacáo de sua saúde. Ern perfeita consonancia corn esse sistema de protecáo a saúde, formado pelo texto constitucional, Leí Orgánica da Saúde e dernais dispositivos regulatórios acirna referidos, sao inúrneras as decísñes das Cortes Superior e Suprema do Poder Judiciário brasileiro, exemplificadas a seguir:

"CONSTITUCIONAL. RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE SE- GURAN<;A OBJETIVANDO O FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO (RILUZOL/RILUTEK) POR ENTE PÚBLICO A. PESSOA PORTADORA DE DOENCA GRAVE: ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA- ELA. PROTE<;AO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS. DIREITO A. VIDA (ART. 5º, CAPUT, CF/88) E DIREITO A. SAÚDE (ARTS. 6º E 196, CF/88). ILEGALIDADE DA AUTORIDADE COATORA NA EXIGENCIA DE CUMPRIMENTO DE FORMALIDADE BUROCRÁTICA. 1. A existencia, a validad e, a eficácia e a efetividade da Democracia está na prática dos a tos administrativos do Estado voltados para o homem. A eventual ausencia de cumprimento de urna formalidade burocrática exigida nao pode ser óbice suficiente para impedir a concessáo da medida porque nao retira, de forma alguma, a gra- vidade e a urgencia da sítuacáo recorrente: a busca para garantia do maior de todos os bens, que é a própria vida. 2. É dever do Estado assegurar a todos os cidadáos, indistinta- mente, o direito a saúde, que é fundamental e está consagrado na Constítuícáo da República nos artigos 6º e 196.

3. Diante da negativa/omissáo do Estado emprestar atendimento a populacáo carente, que nao possui meios para a compra de me- dicamentos necessários a sobrevivéncía, a jurisprudencia vem se

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fortalecen do no sentido de emitir preceitos pelos quais os necessi- tados podem alcancar o beneficio almejado (STF, AG nª 238.328/ RS, rel. Min. Marco Aurélio, DJ 11/05/99; STJ, Resp nª 249.026/ PR, Rel. Min. José Delgado, DJ 26/06/2000). 4. Despicienda de quaisquer comentários a díscussáo a respeito de ser ou nao a regra dos arts. 62 e 196, da CF/88, normas pro- gramáticas ou de eficácia imediata. Nenhuma regra hermenéutica pode sobrepor-se ao princípio maior estabelecido, em 1988, na Constítuicáo Brasileira, de que 'a saúde é direito de todos e dever do Estado' (art. 196). 5. Tendo em vista as particularidades do caso concreto, faz-se im- prescindível interpretar a lei de forma mais humana, teleológica, em que princípios de ordem ético-jurídica conduzam ao único desfecho justo: decidir pela preservacáo da vida. 6. Náo se pode apegar, de forma rígida, a letra fria da lei, e sim, considerá-la com temperamentos, tendo-se em vista a intencáo do legislador, mormente perante preceitos maiores insculpidos na Carta Magna garantidores do direito a saúde, a vida e a dignida- de humana, devendo-se ressaltar o atendimento das necessidades básicas dos cidadáos. 7. Recurso ordinário provido para o fim de compelir o ente público (Estado do Paraná) a fornecer o medicamento Riluzol (Rilutek) indicado para o tratamento da enfermidade da recorrente" (grifos nossos) (STJ, ROMS 11183/PR-Relator Ministro José Delgado). "RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURAN<;A. FORNECI- MENTO GRATUITO DE MEDICAMENTOS. SUS. LEI N. 8080/90. O v. acórdáo proferido pelo egrégio Tribunal a quo decidiu a ques- táo no ámbito infraconstitucional, notadamente a luz da Lei 8080, de 19 de setembro de 1990. O Sistema Único de Saúde pressupóe a integralidade da assístén- cia, de forma individual ou coletiva, para atender cada caso em todos os níveis de complexidade, razáo pela qual, comprovada a necessidade do medicamento para a garantia da vida da paciente, deverá ser ele fornecido. Recurso especial provido. Decisáo unánime" (STJ - Recurso Es- pecial n2 212.346- Rio de Janeiro). "MANDADO DE SEGURAN<;A. ADEQUAGÁO. INCISO LXIX, DO AR- TIGO 5ª DA CONSTITUIGÁO FEDERAL. UMA VEZ ASSENTADO NO ACÓRDÁO PROFERIDO O CONCURSO DA PRIMEIRA CONDIGAO DAAGÁO MANDAMENTAL. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. DESCABE CONCLUIR PELA TRANSGRESSÁO DO INCISO LXIX DO ARTIGO 52 DA CONSTITUIGAO FEDERAL. Saúde-Aquisi~áo e Fornecimento de medicamentos. Doenea rara. Incumbe ao Estado (genero) proporcionar meios visando a alean-

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A se encampar o raciocínio do réu, teríamos nao urna rede descentra- lizada de saúde, mas urna estrutura estanque e estática, ern que só ao Estado caberia a prestacáo de servicos de saúde, nestes incluídos o fornecirnento de medicamentos e in- sumos terapéuticos,

car a saúde, especialmente quando envolvida enanca e adolescen- te. O SUS torna a responsabilidade linear alcancando a Uniáo, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios" (grifos nossos) (STF - Recurso Extraordinário nº 195.192-3 - Rio Grande do Sul) "SAÚDE PÚBLICA. FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAMEN- TOS A PESSOAS CARENTES E A PORTADORES DO VÍRUS HIV. RESPONSABILIDADE REPASSADA TAMBÉM A MUNICÍPIO CON- TRARIANDO ACORDO CELEBRADO COM ESTADO-MEMBRO. AD- MISSIBILIDADE. O direito público subjetivo que representa prerrogativa jurídica indisponível assegurada a todas as pessoas pela norma do art. 196 da CF, qualquer que seja a esfera institucional de sua atuacáo no plano da organízacáo federativa brasileira, mostra-se indiferen- te ao problema da saúde da populacáo, sob pena de incidir em grave comportamento inconstitucional, nao havendo se falar em ofensa ao art. 212 da Lex Mater, no fato de a responsabilidade pela distribuicáo gratuita de medicamentos a pessoas carentes, bem como remédios para portadores do HIV, ser repassada também a Município, mesmo contrariando acordo celebrado com Estado- -membro" (STF Agravo Regimenta! no Recurso Especial nll 259.508 - Rio Grande do Sul, 2000). Diante das inúrneras dísposícñes legais, pode-se concluir, corno faz a

jurisprudencia, que, ern face da obrígacáo do Estado, é "direito líquido e certo do pacien- te", urna vez dernonstrada sua impossibilidade financeira, obter junto ao autor, Munici- pio de Itaquaquecetuba, os medicamentos, e insumos, que sejam necessários para seu tratarnento médico.

A questáo da responsabilidade solidária do Município é matéríajá lon- garnente superada pela jurisprudencia. Com efeito, existe, quanto a este assunto, clara e evidente solidariedade entre os entes federativos (Uniáo, Estadual e Município).

A ínterpretacáo correta dos artigos 196 e 198 da Constítuicáo Federal impñe obrigacáo concorrente na prestacáo e execucáo de servícos de saúde. A descentra- lízacáo do Sistema Único de Saúde nao afasta a responsabilidade concorrente das tres pessoas públicas de nossa Federacáo, rnuito menos ímpóe urna obrigacáo exclusiva na prestacáo de servicos de saúde a urn dos entes, corno quer o Município de Itaquaquecetu- ba, carreando obrigacáo sua ao Estado de Sao Paulo ou a Uniáo.

A descentralizacáo do Sistema Único de Saúde refere-se apenas ao modo de execucáo dos servícos de saúde, que rnelhor atenda aos interesses da populacáo, Por outras palavras, a descentralízacáo do SUS visa facilitar o acesso da populacáo aos servicos de saúde e nao restringí-lo, ao carrear toda a responsabilidade exclusivamente para o Estado.

Pecas Processuais 175

Page 188: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Mogi das Cruzes/Sáo Paulo, 00 de outubro de 0000.

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Termos em que Pede deferirnento.

Recorde-se que a Constítuícáo Federal coloca como competencia ma- terial comum de todos os entes federados cuidar da saúde e da assísténcia pública (art. 23, Il), o que, por sisó, derruba o argumento "descentralizado" do réu, e ímpóe a ele a obrigacáo de fornecer os medicamentos e insumos de que necessita o paciente.

Nesse sentido, a jurisprudencia: "RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CML. OFENSAAO ART. 535, n, DO CPC. INEXISTENCIA. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS PARA PESSOA CARENTE. LEGITIMIDADE DA UNIAO, DO ESTADO E DO MUNICÍPIO PARA FIGURAREM NO POLO PASSIVO DA DE- MANDA. l. Inexiste ofensa ao art. 535, n, do CPC, quando as ques- toes levadas ao conhecimento do Orgáo Julgador foram por ele apreciadas. 2. Recurso no qual se discute a legitimidade passiva da Uníáo para figurar em feito cuja pretensa o é o fornecimento de medicamentos imprescindíveis a manutencáo de pessoa carente, portadora de atrofia cerebral gravíssima (ausencia de atividade cerebral, coordenaeáo motora e fala). 3. A Carta Magna de 1988 erige a saúde como um direito de todos e dever do Estado (art. 196). Daí, aseguinte conclusáo: é obrigacáo do Estado, no sentido genérico (Uníáo, Estados, Distrito Federal e Municipios), assegurar as pessoas desprovidas de recursos financeiros o acesso a medica- ~áo necessária para a cura de suas mazelas, em especial, as mais graves. 4. Sendo o SUS composto pela Uniáo, Estados e Munici- pios, impóe-se a solidariedade dos tres entes federativos no polo passivo da demanda. 5. Recurso especial desprovido" (STJ - Resp 507205/PR- i-r, -rel. Min.JoséDelgado; DJ 17.11.2003 p. 213). Ante todo o exposto, "requer-se" seja a presente acáo JULGADA IM-

PROCEDENTE, ou na eventualidade dela ser conhecida, seja reconhecido, em reexame necessário, o direito do réu aos medicamentos que oportunamente pleiteou e recebeu do Municipio de Itaquaquecetuba-SP.

Requer, outrossim, os benefícios dajustíca gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

Provará o que far necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), perícia médica (avaliacáo da condicáo de saúde do réu), oitiva de testemunhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal dos representantes do autor, em especial o Secretário Municipal de Saúde.

176 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 189: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Ao contrário do que informa, o alimentante nao se encontra desem- pregado, mas sim trabalhando "sem vínculo empregatício". Com efeito, o autor é progra- mador de sistemas e deixou o seu último emprego com escopo de desenvolver atividades de forma autónoma e obter ainda maior renda mensa!.

De fato, a ré tem noticia de que a situacáo financeira do autor é, "fe- lizmente", cada vez melhor.

Ora, nao estando o autor desempregado, é de rigor a improcedéncia do seu pedido; contudo, por cautela é prudente impugnar-se o valor que este oferece a título de alimentos para a situacáo de desemprego ou trabalho sem vínculo empregatício.

na peticáo inicial. Douto Magistrado, nao sao verdadeiros os fatos informados pelo autor

Do Mérito

O autor ajuizou o presente feíto asseverando, em apertada síntese, que no acordo de pensáo alimenticia, feíto quando da separacáo consensual do autor e da máe da ré, nao foi fixado o valor mensal da pensáo devida por ele a sua filha para o caso de desemprego. Alegando justamente estar desempregado, requereu fosse fixada a pensáo alimenticia para tal hipótese no valor de 112 (meio) salário-minimo.

Recebida a exordial, este douto Juízo determino u a cítacáo daré, fls. OO. Em síntese, o necessário.

Dos Fatos

B. R. de L., representado por sua genitor a R A. R, já qualificada apud acta, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que lhe move E. S. de L., vem a presenca de Vossa Excelencia ofe- recer contestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nª 0000000-00.0000.0.00.0000 A9éio Revisional de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 a Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.38 CONTESTA<.;AO DE A<.;AO REVISIONAL DE ALIMENTOS MOVIDA PELO PAi EM FACE DA FILHA

Pecas Processuais 177

Page 190: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de marco de 0000.

Termos em que p. deferirnento.

Primeiro, há que se considerar que as necessidades da menor sao grandes. Com efeito, as suas necessidades envolvem, entre outras, as seguintes despesas mensais (50°/o): alímentacáo R$ 300,00; plano de saúde R$ 187,79; babá R$ 500,00; luz R$ 82,47; água R$ 25,00; roupas R$ 400,00; condomínio R$ 245,00; moradia, prestacáo, R$ 306,00; lazer R$ 400,00; medicamentos R$ 350,00.

De outro lado, há que se observar que o alimentante exerce profíssáo valorizada nos tempos atuais, auferindo 6tima renda mensal, como já se disse.

Nao se pode ainda deixar de considerar que infelizmente a genitora da menor en contra-se, no momento, desempregada, atingida que foi pela grave crise que se abate sobre o nosso país. Na verdade, as despesas da menor tém sido custeadas coma pensáo que o autor paga "eventualmente" e com a ajuda da família da máe.

Ante o exposto, considerando que o alimentante nao se encontra EFE- TNAMENTE desempregado, bem como o fato de que o valor ofertado está aquém das necessidades da menor e das possibilidades do genitor, REQUER-SE a improcedencia do pedido, condenando-se o autor nos ónus da sucumbéncia.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos ern direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), perícia social, oitiva de teste- munhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal do autor.

178 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 191: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Os autores devem ser declarados carecedores de acáo, Segundo o art. 1.699 do Código Civil, pressuposto da acáo revisional

de alimentos é a demonstracáo por parte do autor de que houve rnodífícacáo das circuns- tancias sob as quais foi acordado ou fixado o valor anterior da pensáo. Neste sentido, a Iicáo do eminente Nelson Nery Junior, que declara em seu livro Leis civis comentadas, 2ª edicáo, Editora RT, páginas 183/184, que "modificadas as circunstancias de fato ou de direito sob as quais foi proferida a sentenca de alimentos já transitada em julga-

Das Questñes Preliminares

Os autores ajuizaram a presente acáo em face do réu, asseverando, em apertada síntese, que desejam a revisáo do valor da pensáo alimenticia anteriormen- te fixada (150/o de um salário-mínimo); alegaram que no momento as suas despesas sao maiores e que o valor da pensáo se mostra insuficiente para a sua manutencáo. Por fim, requereram fosse o valor da pensáo alimenticia devida pelo réu aos seus filhos revisto para 50% (cinquenta por cento) de um salário-mínímo.

Recebida a inicial, este douto Juízo designo u audiencia de concilíacáo para 00.00.0000 as 15h00, determinando a intímacáo e cítacáo do réu.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

L. B. dos S., brasileiro, solteiro, desempregado, portador do RG 00.000.000-SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliado na Avenida Ir- landa, nº 00, Jundiapeba, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, por seu Advo- gado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua José Urbano, nº 00, Centro, Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que lhe move M. B. B. e outro, vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer contestadio, nos termos a seguir articulados:

Processo nº 0000000-00. 0000.0. OO. 0000 A~iio Revisional de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 00ª Vara da Comarca de Araeuaí, Minas Gerais.

7.39 CONTESTA<.;AO DE A<.;AO REVISIONAL DE ALIMENTOS MOVIDA PELOS FILHOS EM FACE DO PAi BUSCANDO O AUMENTO DO VALOR DA PENSÁO ALIMENTÍCIA

Pecas Processuais 179

Page 192: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Douto Magistrado, mesmo que as questóes preliminares venham a ser afastadas, fato que se aceita, como já se disse, apenas em respeito ao princípio da even- tualidade, melhor sorte nao aguarda aos autores, visto que, no mérito, o pedido de revisáo da pensáo deve ser INDEFERIDO.

Mesmo que os autores venham a provar que suas despesas aumentaram, embora, como se disse, na exordial nao se fez referencia a nenhuma despesa em especial, há que se observar que a situa~ao financeira do réu nao podia ser pior.

O alimentante está desempregado e vivendo de pequenos bicos; estas atividades lhe proporcionam rendimento mensal aproximado de R$ 500,00 (quinhentos

Do Mérito

Destarte, considerando que mais urna vez os autores nao atenderam a ordem legal, requer-se o indeferimento da peticáo inicial por inépcia (art. 295, 1, pará- grafo único, 11, CPC).

do, pode ser ajuizada outra aféío, visando a diminuidio, a elevadio ou a exoneradio da penséío alimenticia; trata-se de outra a(!éío, completamente diferente da primeira, porque fundada em outra causa de pedir".

A fim de atender a norma legal, nao basta que o interessado apenas declare na exordial que suas despesas aumentaram, ele deve indicar específicamente quais foram estas alteracóes; deve, ainda, demonstrar as razñes pelas quais acredita que o ali- mentante pode arcar como aumento da obrígacáo, mormente como no presente caso quan- do a fíxacáo da pensáo em vigor "claramente" teve como limite as possibilidades do réu,

Os autores nao agiram desta forma; eles se limitaram a dizer que suas necessidades boje sao maiores e que o alimentante estaria ganhando algo em torno de dois salários-rnínimos e que, portanto, poderia pagar por urna pensáo maior. Note-se que os ali- mentandos nao tiveram sequero cuidado de indicar a natureza e o valor das suas despesas.

Douto Magistrado, afirmacóes vagas e protestos genéricos nao sao bastante para arrimar a pretensáo dos autores, que, por esta razáo, devem ser declarados carecedores de acáo, extínguindo-se o feito semjulgamento de mérito (art, 267, N, CPC).

Da inépcia da petidio inicial. Na hipótese de que este douto Juízo afaste a preliminar de falta de

pressuposto processual, fato que se aceita apenas em respeito ao princípio da eventuali- dade, há de ao menos reconhecer que a peticáo inicial é inepta.

Inepta porque "náo informa" de maneira clara quais sao as despesas de manutencáo dos autores. Com efeito, se na acáo de alimentos é comum a declaracáo genérica de necessidade, arrimada no conhecimento comum destas despesas, a mesma atitude nao se pode aceitar na "acáo revisional de alimentos" cujo pressuposto, como já se disse, é a modifícacáo das circunstancias fáticas que arrimaram a decisáo anterior; ou seja, a parte interessada deve indicar com precisáo estes fatos com escopo de possibilitar ao Juiz apreciar a existencia ou nao dos pressupostos de constituícáo e desenvolvirnento válido do processo.

180 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 193: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes-SP/Arac;uaí-MG, 00 dejulho de 0000.

Termos em que p. deferimento.

reais). Registre-se, no entanto, que ele nem sempre consegue trabalhar, ficando nao raras vezes semanas seguidas sem nenhuma renda.

Na verdade, pessoa pobre e sem estudos, o réu tem encontrado muitas dificuldades para conseguir emprego, mesmo que informal (bicos),

Embora desejasse oferecer melhor pensáo para seus filhos, o valor atual está no limite da sua capacidad e de pagamento (possibilidades). Há ainda que se conside- rar que o valor do salário-mínimo tem seguidamente subido muito acima da inflacáo, fato que vem sistematicamente aumentando as dificuldades de pagamento do alimentante.

Como se ve, nao há como se alterar o valor da pensáo alimenticia para a sítuacáo de "desemprego" ou "trabalho sem vínculo empregatício", que deve ser mantida no paramar de 15º/o (quinze por cento) de um salário-mínimo nacional. Todavia, o alimen- tante nao se opóe a fixacáo da pensáo alimenticia para o caso de "emprego regular", com vínculo empregatício, no importe de 30o/o ( trinta por cento) de seus rendimentos líquidos, mediante desconto em folha de pagamento.

Ex positis, "requer-se a improcedencia do pedido dos autores", man- tendo-se a pensáo alimentícia para o caso de desemprego ou trabalho sem vínculo no patamar atual, qual seja, 15% (quinze por cento) de um salário-mínimo nacional, sendo que o alimentante nao se opñe a fixacáo da pensáo para o caso de emprego regular, com vínculo empregatício, em 30o/o (trinta por cento) de seus vencimentos líquidos, incluin- do-se férias, 130. salário e verbas rescisórias, excluindo-se o FGTS e a sua multa, mediante desconto em folha de pagamento.

Requer-se, por fim, os beneficios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, perícia social, oitiva de testemunhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal da representante dos autores.

Pecas Processuais 181

Page 194: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

"Da carencia de as;éio." O autor deve ser julgado carecedor de acáo, vez que nao reúne os pres-

supostos para o desenvolvimento válido e regular do processo.

O art. 1.699 do CC declara que "se, fixados os alimentos, sobrevier mu- danca na situadio financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstancias, exoneradio, reducdo ou majoradio do encargo".

Prelitninarrnente

O autor ajuizou o presente feito asseverando que nao possui condícóes de continuar arcando com a pensáo alimentícia, devida a seu filho, fixada nos autos do processo n.12 0000000-00.0000.0.00.0000, que tramitou perante o douto Juízo da Tercei- ra Vara Cível desta Comarca, requerendo, por fim, fosse revisto judicialmente o valor da pensáo para 26,32% do salário-mínimo, quando empregado, e 15% do salário-mínimo, quando desempregado.

Recebida a exordial, este douto Juízo deferiu a tutela antecipada, fi- xando os alimentos provisórios em 20% (vinte por cento) dos rendimentos líquidos dos alimentante, designando audiencia de concilíacáo, ínstrucáo e julgamento e determinan- do a citacáo e íntimacáo do réu.

Em síntese, o necessário.

Dos Fatos

K. de S. G., representado por sua genitora C. de S.,já qualificada apud acta, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, n° 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimafoes, nos autos do processo que lhe move T. dos S. G., vem a presenca de Vossa Excelencia ofe- recer coniestaciio, nos termos a seguir articulados:

Processo nu 0000000-00. 0000. O. OO. 0000 Afélo Revisional de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.40 CONTESTAf;AO DE Af;AO REVISIONAL DE ALIMENTOS MOVIDA PELO PAi DO FILHO COM PRELIMINAR DE CARENCIA DE Af;AO

182 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 195: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Douto Magistrado, como já argumentado na preliminar, o alimentante nao trouxe qualquer fato novo que justifique a revísáo do valor da pensáo alimentícia. Na verdade, talvez o único fato novo que tenha trazido seja de que está trabalhando regis- trado, auferindo renda mensal de 01 (um) salário-mínimo, a mesma que já declarava ter anteriormente quando firmou o acordo.

Por outro lado, nao se pode deixar de registrar que as despesas do fi- lho do autor nao só nao diminuírarn como vém aumentando, vez que ele se encontra em tratamento de saúde, em razáo de suspeita de um "sopro" no coracáo, Tal situacáo exige ainda mais atencáo da máe.

Além da renda que declara, o alimentante exerce outras atividades, ajudando no comércio de sua rnáe, que, em contrapartida, continua remunerando-o.

Ante o exposto, considerando que nao houve mudanca nas possibilida- des do alimentante e que as necessidades do alimentando cresceram, requer-se a improce- dencia do pedido, mantendo-se inalterada a obrigacáo alimentícia do autor em face do réu.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, perícia social, oitiva de testemunhas e depoimento pessoal do autor.

Requer, outrossim, lhe sejam concedidos os beneficios dajustica gra- tuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

Do Mérito

Ora NÁO TENDO HAVIDO alteracáo na situacáo financeira do alimen- tante, que se apresenta tao boa, ou tao ruim, como na época em que fez o acordo de ali- mentos vigente, nao reúne ele os pressupostos para ter apreciado o seu pedido revisional, devendo, portanto, ser declarado carecedor de acáo.

Neste sentido, a jurisprudencia: "Ai;ao revisional. Alimentos. Pretensáo a reducáo da verba fixada em acño anterior. Desemprego. Ausencia de prova de alteracáo nas condícñes económicas do devedor. Pedido julgado improce- dente" (TJMG, Ap. cível n12198.633-0/00, rel. Des. José Francisco Bueno, DJMG 22.06.2001).

Diante do texto expresso da leí, doutrina e jurisprudencia já fixaram que constituí pressu- posto da acáo revisional de alimentos a alteracáo da sítuacáo financeira do alimentante.

Em outras palavras, na peticáo inicial o autor deve apresentar de for- ma clara, didática, as alteracñes que ocorreram na sua sítuacáo financeira após o acordo anterior que justificam, arrimam, o pedido de revisáo da pensáo,

Embora tenha reclamado de forma geral sobre sua sítuacáo financeira (fato que infelizmente nao é privilégio do autor), este nao apresentou qualquer fato novo. Com efeito, quando fez o acordo de alimentos, o autor já possuía outro filho; já morava no fundo da casa de sua máe; já ganhava salárío-mínimo, conforme declaracáo fornecí- da por sua máe,

Pecas Processuais 183

Page 196: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 dejulho de 0000.

Termos em que p. deferimento.

184 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 197: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

L. B. B., brasileira, casada, diarista, portadora do RG 00.000.000-SSP/ SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliada na Avenida Benedito Rodrigues de Souza, nº 00, Jundiapeba, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, por seu Advo- gado, que esta subscreve (mandato incluso), corn escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que lhe rnove H. A. B., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer excedio de incom- petencia, em conformidade como disposto nos artigos 307 a 311 do Código de Processo Civil, pelos motivos de fato e de direito que a seguir expóe:

1. O excepto ajuizou acáo de divórcio em face da excipiente alegando, em apertada síntese, que o casal encontra-se separado de fato há aproximadamente urn ano.

2. Todavia, corno facilmente se percebe, a acño foi ajuizada no foro do domicilio do excepto, contrariando norma expressa do artigo 100, inciso 1, do Código de Processo Civil, in verbis:

"Art. 100. É competente o foro: I - da residencia da mulher, para a ac;ao de separacáo dos cónjuges e a conversáo desta em divórcio e para a anulaeáo de casamento;" 3. Com o advento da Emenda Constitucional nQ 66, que pos firn ao

instituto da separacáo, a referida norma se aplica ao divórcio. 4. Mesmo que se ignorasse a regra especial de competencia indicada

no referido dispositivo, o excepto deveria ter, ao menos, observado a regra geral do art. 94 do CPC, in verbis:

"Ar. 94. A acáo fundada em direito pessoal e a ac;ao fundada em direito real sobre bens móveis, seráo propostas, em regra, no foro do domicilio do réu." 5. Corno se ve, qualquer que seja a regra que escolha aplicar este douto

Juízo, a competencia para o conhecimento da acño de divórcio proposta pelo excepto é da Comarca de Mogi das Cruzes-SP, seja porque é o domicilio da rnulher (art. 100, 1, CPC), seja porque é o domicilio daré (art. 94, CPC).

Processo no. 0000000-00. 0000.0. OO. 0000 Afélo de Divórcio Litigioso

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara do Único Ofício de Água Branca-AL.

7.41 EXCEc;í\o DE INCOMPETENCIA EM Ac;Ao DE DIVÓRCIO MOVIDA PELO MARIDO EM FACE DA MULHER

Pecas Processuais 185

Page 198: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Termos em que p. deferimento.

M. Cruzes-SP/Água Branca-AL, 00 de outubro de 0000.

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

6. Como declara o próprio excepto na sua exordial, a mulher reside na Comarca de Mogi das Cruzes, para onde devem ser remetidos os autos, conforme dispóem as normas legais supracitadas.

Ante o exposto, requer: a) os benefícios da justica gratuita, vez que se declara pobre no senti-

do jurídico do termo, conforme declaracáo anexa; b) a íntímacáo do excepto, na pessoa de seu Advogado, para que, se

quiser, responder a presente excecáo; e) seja a presente excecáo julgada procedente, remetendo-se os autos

do processo de divórcio proposto pelo excepto junto a este ilustre Juízo remetidos para a Comarca de Mogi das Cruzes-SP, onde reside a cónjuge mulher e ré, em atencáo as refe- ridas normas dos artigas 94 e 100, inciso I, do CPC.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios admitidos em direito, especialmente pela juntada de documentos (anexos), oitiva de testemunhas e de- poimento pessoal do excepto.

186 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 199: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

R. A. N., brasileira, solteira, operadora de caixa, portadora do RG 00.000.000-SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliada na Rua Santa Margarida, nº 00, Conjunto Residencial Santo Ángelo, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, n12 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intima- fOes, nos autos do processo que lhe move A. A. de S., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer exceféio de incompeténcia, em conformidade com o disposto nos artigos 307 a 311 do Código de Processo Civil, pelos motivos de fato e de direito que a seguir expóe:

1. O excepto ajuizou acáo de exoneracáo de alimentos em face da excipiente alegando, em apenada síntese, que esta teria completado a maioridade civil, tendo condicóes de prover o próprio sustento, razáo pela qual pediu fosse declarada a exoneracáo da sua obrigacáo alimenticia em face dela.

2. Todavia, como facilmente se percebe, a ac;ao foi ajuizada no foro do domicilio do excepto, contrariando norma expressa do artigo 100, inciso 1, do Código de Processo Civil, in verbis:

"Art. 100. É competente o foro: 11 - do domicilio ou da residencia do alimentando, para a acáo em que se pedem alimentos;" 3. A referida regra se aplica nao só para a acáo de alimentos propria-

mente dita, mas tambérn para a acño de revisáo de pensáo alimentícia e, como no caso, para a acáo de exoneracáo de alimentos.

4. Mesmo que se ignorasse a regra especial de competencia indicada no referido dispositivo, o excepto deveria ter, ao menos, observado a regra geral do art. 94 do CPC, in verbis:

"Ar. 94. A ac;ao fundada em direito pessoal e a acáo fundada em direito real sobre bens móveis seráo propostas, em regra, no foro do domicilio do réu."

Processo no. 0000000-00. 0000.0. OO. 0000 A~élo de Exoneraciio

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara da Familia e Sucessñes, Foro Regional IX, Vila Prudente, Comarca de Sao Paulo- SP.

7.42 EXCEc;í\o DE INCOMPETENCIA EM Ac;Ao DE EXONERAc;AO DE ALIMENTOS

Pecas Processuais 18 7

Page 200: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Termos em que p. deferimento.

M. Cruzes-SP/S.Paulo-SP, 00 de fevereiro de 0000.

5. Como se ve, qualquer que seja a regra que escolha aplicar este douto Juízo, a competencia para o conhecimento da "acáo de exoneracáo de alimentos" propos- ta pelo excepto é da Comarca de Mogi das Cruzes-SP, mais precisamente no Foro Distrital de Brás Cubas, seja porque é o domicilio da alimentanda (art. 100, 11, CPC), seja porque é o domicilio daré (art. 94, CPC).

6. Como declara o próprio excepto na sua exordial, a sua filha reside na Comarca de Mogi das Cruzes, para onde devem ser remetidos os autos, conforme dís- póem as normas legais supracitadas.

Ante o exposto, requer: a) os beneficios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no senti-

do jurídico do termo, conforme declaracáo anexa; b) a íntímacáo do excepto, na pessoa de seu Advogado, para que, se

quiser, responda a presente excecáo; e) seja a presente excecáo julgada procedente, remetendo-se os autos

do processo para a Comarca de Mogi das Cruzes-SP, Foro Distrital de Brás Cubas, onde reside aré, em atencáo as referidas normas dos artigos 94 e 100, inciso II, do CPC.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios admitidos em direito, especialmente pela juntada de documentos (anexos), oitiva de testemunhas e de- poimento pessoal do excepto.

188 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 201: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

3. A excipiente, e seus filhos do casal, residem na comarca de Mogi das Cruzes, conforme noticiado na própria exordial do excepto, e para onde devem ser remetidos os autos, conforme as normas legais citadas acirna.

Ante o exposto, requer-se: a) os benefícios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no senti-

do jurídico do termo, conforme declaracáo anexa; b) a íntímacáo do excepto, na pessoa de seu advogado, para, se quiser,

responder a presente excecáo; e) seja a presente excecáo julgada procedente, remetendo-se os autos

do processo de regularnentacáo de visitas proposto pelo excepto para a Comarca de Mogi das Cruzes, onde reside a excipiente e os filhos do casal.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos e oitiva de testernunhas.

G. M. de S.,já qualificada, por seu Advogado, que esta subscreve (man- dato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacoes, nos autos do processo que lhe move J. M. G., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer excedio de incompetencia, em conformidade com o disposto nos arts. 307 e seguintes do Código de Processo Civil, pelos motivos de fato e de direito que a seguir expñe:

l. O excepto ajuizou acáo de regularnentacáo de visitas ern face da excipiente, alegando, em síntese, que ern acáo de separacáo ficou estabelecida a forma de visítacáo do pai em relacáo aos filhos, porérn a excipiente nunca curnpriu o acordado.

2. No entanto, como se percebe, a acáo foi ajuizada no foro de do- micilio do excepto, contrariando norma expressa do art. 147, I e II, da Lei nº 8.069/90 (ECA), bern corno a norma geral sobre competencia fundada ern direito pessoal expressa no art. 94 do CPC.

Processo nº 0000000-00. 0000.0.00. 0000 A~ao de Regulamentadio de Visitas Autua~ao em apenso

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara de Familia e Sucessóes da Comarca de Itapecerica da Serra, SP.

7.43 EXCEc;í\o DE INCOMPETENCIA EM Ac;Ao DE REGULAMENTAc;AO DO DIREITO DE VISITAS MOVIDA PELO PAi EM FACE DA GUARDIA LEGAL

Pecas Processuais 189

Page 202: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de dezembro de 0000.

Termos em que p. deferimento.

190 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 203: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Em síntese, os fatos.

O impugnado ajuizou acáo de cobranca em face do ex-marido da im- pugnante, Sr. J. C. F. D., asseverando que havia lhe emprestado o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), expresso em título de crédito juntado as fls. OO. Designada audiencia de conciliacáo, as partes firmaram acordo onde o réu "concordou" em pagar 15 (quinze) parcelas de R$ 500,00 (quinhentos reais), fls. 00 (copia anexa).

Nao tendo o Sr. J. C. cumprido o acordo, "segundo o impugnado", ini- ciou-se a execucáo, tendosidopenhorado um único imóvel pertencente ao casal J. C. eA. L..

Lavrado o auto de penhora, a impugnante foi citada por edítal, tendo sido nomeado o subscritor destapara atuar em seu favor, na qualidade de "curador espe- cial" (art. 92, II, CPC).

Dos Fatos

A. L. M. D., brasileira, casada, com profíssáo e domicilio ignorados, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francis- co Martins, n.o. 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacées, atuando na qualidade de "Curador Especial", regularmente nomeado por este douto Juízo, vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer, conforme permissivo do art. 4 75-J, § 1 º, do Códi- go de Processo Civil, impugnadio, em face de F. F. de C., brasileiro, casado, aposentado, portador do RG 00.000.000-SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliado na Rua Thuller, nº 00, Jardim Universo, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:

Dist: por Dependencia

Autua9üo em Apenso

Processo nº- 0000000-00.0000.0.00.0000

A9üo de Cobranca

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 ªVara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.44 IMPUGNA<;AO A EXECU<;AO DE DEVEDOR ONDE FOI PENHORADO IMÓVEL DO EXECUTADO

Pecas Processuais 191

Page 204: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Ex positis, requer-se: a) intimacáo do impugnado, na pessoa de seu Procurador, para que,

querendo, apresente, no prazo legal, resposta, sob pena de sujeitar-se aos efeitos da revelía; c) seja decretada a nulidade da penhora efetuada nos autos do processo

nº 0000000-00.0000.0.00.0000, liberando-se o bem; ou, no caso da penhora permanecer,

Dos Pedidos

Na verdade, segundo se verifica nos autos principais, a impugnante já estaría separada de fato quando da elaboracáo do acordo, que por mais esta razáo nao poderia alcancar os seus bens; neste caso, a sua meacáo do bem penhorado.

Mesmo que este douto Juízo entenda por regular a penhora, o que se aceita apenas para contra-argumentar, forcoso que, ao menos, "salve", quanto ao bem pe- nhorado, a meacáo da impugnante, vez que esta nao participou do acordo que deu ori- gem a execucáo.

Da Mear;ao da Impugnante

ALei n12 8.009, de 29.3.90, no seu artigo 112declara serimpenhorável im6vel pr6prio do casal, ou da entidade familiar. Para maior clareza, pede-se venia para citar-se expressamente a lei, in verbis:

"Art. 12 O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade fa- miliar, é impenhorável e nao responderá por qualquer tipo de dí- vida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cónjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas bip6teses previstas nesta lei. Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construcáo, as plantacñes, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou m6veis que guarnecem a casa, desde que quitados." Para os efeitos desta norma, tém reconhecido a doutrina e a jurispru-

dencia que nao é necessário que o beneficiado esteja residindo no referido bem, como ocorre no presente caso em relacáo a impugnante.

Da Nulidade da Penhora

Considerando que o bem penhorado é comprovadamente o único da sua natureza que a impugnante possui, de rigor, a fim de evitar-se prejuízos irreparáveis, seja concedido a presente "impugnacáo" o efeito suspensivo, paralisando-se os atos de expropríacáo até que a decisáo quejulgue este incidente transite emjulgado.

Do Efeito Suspensivo

192 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 205: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de abril de 0000.

Termos em que p. deferimento.

seja "ressalvada" a meacáo da irnpugnante, vez que esta nao tem responsabilidade pela <lívida que arrima a execucáo.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), oitiva de testemunhas (art. 407, CPC), pericia técnica e depoirnento pessoal do impugnado.

Dá-se a causa o valor de R$ 13.096,19 (treze mil, noventa e seis reais, dezenove centavos).

Pecas Processuais 193

Page 206: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Douto Magistrado, os embargos devem ser rejeitados.

Alega o embargante que o valor do débito, R$ 800,00 (oitocentos reais) foi atualizado erroneamente segundo tabela do T J para "débitos judiciais", o que resultou num débito, para novembro de 0000, de R$ 935,00 (novecentos e trinta e cinco reais), quando o correto, segundo o seu entendimento, seria aplicar a tabela do TJ para cálculo dos débitos judiciais relativos as Fazendas Públicas, que reduziria o valor total devido para apenas R$ 811,00 (oitocentos e onze reais).

De fato, o Egrégio Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, díspo- nibiliza "tabela oficial aplicável aos cálculos judiciais relativos as Fazendas Públicas", ela- borada segundo os termos da Lei nº 11.960/2009 e da Resolucáo nº 510/2010, porém tal

Do Mérito

O embargante ajuizou o presente asseverando, em síntese, irregula- ridade nos cálculos apresentados pelo exequente, requerendo fosse reduzido o valor da execucáo para apenas R$ 811,00 (oitocentos e onze reais).

Recebidos os embargos, fls. 00, determinou este douto Juízo a intima- cáo do embargado para responder.

Estes os fatos.

Dos Fatos

L. C. S. B., já qualificado, por seu Advogado, que esta subscreve (man- dato incluso), com escritorio na Rua José Urbano, no. 00, Centro, Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, "atuando na qualidade Curador Especial nomeado pelo Juízo", nos autos do processo que lhe move servíco Municipal de Águas e Esgotos de Mogi das Cruzes - SEMAE, vern a presenca de Vossa Excelencia oferecer impugnadio aos embargos, nos termos a seguir articulados:

Processo nª 0000000-00. 0000. O. OO. 0000

Embargos a ExeCUfGO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da QQíl Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.45 IMPUGNAf;AO AOS EMBARGOS DO DEVEDOR INTERPOSTOS CONTRA EXECUf;AO DE SUCUMBENCIA

194 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 207: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

tabela nao se aplica ao débito cobrado no bojo do processo 0000000-00.0000.0.00.0000. com tramite por este douto Juízo.

Quem acessa a referida tabelajunto ao site do Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo já tem urna ideia da extensáo de sua aplicacáo no próprio título da referida tabela, qual seja: DIRETORIA DE EXECU(;ÁO DE PRECATÓRIOS.

Com efeito, a referida tabela destina-se somente a atualizacáo dos dé- bitos cobrados via precatório. Neste sentido, a lícáo do eminente Desembargador VENICIO SALLES, em voto proferido no julgamento da Apelacáo nQ 0001736-27.2011.8.26.027 4, ocorrido em marco de 2012, declarou que "no tocante a aplicaféí.o da Leí nQ 11.960/09, ela somente ocorre a partir daformaféí.o do precatório, seja para os processos ajuizados antes ou depois de sua vigencia, porque é nessa ocasiiio que a divida ingressa no sistema unificado e coletivo de liquidaciio prevista no art. 100, § 12, da Constituidio Pederoi".

Ora, na execucáo que o embargado move em face do embargante nao se expede precatório, visto que ela se enquadra na excecáo prevista no§ 311. do art. 100 da Constituícáo Federal (§ 3Q O disposto no caput deste artigo relativamente a expedicáo de precatórios nao se aplica aos pagamentos de obrigacñes definidas em leis como de peque- no valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentencajudícial transitada emjulgado. - Redacáo dada pela Emenda Constitucional n11. 62, de 2009).

A Emenda Constitucional nQ 37, de 2002, incluiu o art. 87 ao "Ato das Dísposicóes Constitucionais Transitórias", com escopo de estabelecer, em seu inciso se- gundo, que seráo considerados de "pequeno valor" os débitos ou obrígacóes da Fazenda Municipal que tenham valor igual ou inferior a 30 (trínta) salários-rnínimos, in verbis:

Art. 87. Para efeito do que dispóem o§ 311. do art. 100 da Constitui- r;ao Federal e o art. 78 deste Ato das Disposicóes Constitucionais Transitórias seráo considerados de pequeno valor, até que se de a publícacáo oficial das respectivas leis definidoras pelos entes da Federacáo, observado o disposto no§ 4º do art. 100 da Constitui- r;ao Federal, os débitos ou obrígacóes consignados em precatório judiciário, que tenham valor igual ou inferior a: (Incluido pela Emenda Constitucional n2 37, de 2002) I - quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do Distrito Federal; (Incluido pela Emenda Constitucional n11. 37, de 2002) II - trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municípios. (Incluido pela Emenda Constitucional nQ 3 7, de 2002) Parágrafo único. Se o valor da execucáo ultrapassar o estabelecido neste artigo, o pagamento far-se-á, sempre, por meio de precató- rio, sendo facultada a parte exequente a renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da forma prevista no§ 32 do art. 1 OO. (Incluído pela Emenda Constitucional n!l. 37, de 2002) Estabelecida a abrangéncia da Lei nti 11.260/2009 e, via de consequén-

cía, da tabela referida pelo embargante, considerando, igualmente, que o valor total do débito cobrado é de apenas R$ 935,00 (novecentos e trinta e cinco reais), pouco mais de

Pecas Processuais 19 5

Page 208: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de rnaio de 0000.

Termos em que Pede deferimento.

um salário-mínimo, fica claro que o exequente NÁO INCORREU em qualquer erro quando da apresentacáo dos cálculos do débito.

Ante o exposto, considerando a correcáo dos cálculos apresentados pelo credor, requer-se a rejeic;ao dos embargos, mantendo-se o valor do débito, para no- vembro de 0000, em R$ 935,00 (novecentos e trinta e cinco reais), valor este que deve ser atualizado, segundo a tabela do TJ para débitos judiciais, até o efetivo pagamento.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial por perícia contábil.

196 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 209: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Douto Magistrado, os embargos devem ser rejeitados. A regularidade da penhora efetuada no bojo do processo nº 0000000-

00. 0000.0.00.0000 advém da excecáo aberta no artigo 30., inciso III, na própria Lei nª 8.009/1990, como inclusivejá apontado por este douto Juízo as fls. OO.

Tal excecáo também é confirmada pela jurisprudencia do Superior Tribunal de Justica, in verbis:

"Impossível alegar a impenhorabilidade do bem de familia nas execucñes de pensáo alimentícia no ámbito do Direito de Familia, nos termos do art. 32, 111, da Lei nll 8.009/90. Sendo penhorável, é válido o arresto efetuado sobre o referido bem, que, em caso

Do Mérito

O embargante ajuizou o presente asseverando, em síntese, a ilegalidad e da penhora feíta no bojo do processo nQ 0000000-00.0000.0.00.0000, acáo de execucáo de alimentos pelo rito do art. 732 do CPC, que tramita neste mesmo Juízo, onde se cobra pensáo alimentícia vencida no período de marco de 0000 ajaneiro de 0000.

Recebidos os embargos, determinou este douto Juízo a íntimacáo dos embargados para responder.

Estes os fatos.

Dos Fatos

M. T. de S. e/o, representados por sua genitora, R. A. P.,já qualificada apud acta, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intima- fOes, nos autos do processo que lhes move R. L. de S., vém a presenca de Vossa Excelencia oferecer impugnaciio aos embargos, nos termos a seguir articulados:

Processo nº 0000000-00. 0000.0. OO. 0000 Embargos a Bxecudio

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ll Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.46 IMPUGNA<;AO AOS EMBARGOS DO DEVEDOR INTERPOSTOS EM A<;AO DE EXECU<;AO DE ALIMENTOS PELO RITO DO ART. 732 DO CPC

Pecas Processuais 197

Page 210: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de agosto de 0000.

Termos ero que Pede deferimento.

do nao pagamento do débito alimentar, será convertido em pe- nhora, de acordo como art. 654 do CPC" (STJ, REsp 697893/MS, Ministro JORGE SCARTEZZINI (1113), T4 - QUARTA TURMA, DJ 01/08/2005 p. 470). A jurisprudencia do STJ nao só afasta a impenhorabilidade, mas tam-

bém permite a alienacáo total do bem, veja-se: "Ressalvada a posícáo do Relator, a Corte Especial assentou pos- sível que os bens indivisíveis, de propriedade comum, sejam le- vados a hasta pública por inteiro, reservando a mulher a metade do preco alcancado" (STJ, REsp 439542/RJ, Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO (1108), T3-TERCEIRA TURMA, DJ 01/09/2003 p. 279). Outros assuntos levantados pelo embargante (negatória de paternída-

de e revisional de alimentos) devem obviamente ser buscados pelas vias próprias. Ante o exposto, considerando a legalidade da penhora, requer-se a

rejei~ao dos embargos, mantendo-se a penhora. Provaráo o que for necessário, usando de todos os meios permitidos

em direito, em especial pela juntada de documentos, perícía técnica, oitiva de testernu- nhas e depoimento pessoal do embargante.

Requerem, outrossim, lhes sejarn concedidos os beneficios da justica gratuita, vez que se declarara pobres no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo de pobrezajájuntada nos autos principais.

198 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 211: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

A. L. M. D., brasileira, casada, com profíssáo e domicilio ignorados, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, atuando na qualidade de "Curador Especial", regularmente nomeado por este douto Juízo, nos autos do processo que lhe move F. F. de C., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer im- pugnaféío aos beneficios da justica gratuita concedida ao autor, pelos motivos de fato e de direito que a seguir expóe:

l. O impugnado ajuizou acáo de cobranca, asseverando, em apertada síntese, que teria emprestado ao ex-marido da impugnante a importancia de R$ 10.000,00 (dez mil reais), requerendo fosse ele condenado ao pagamento de tal quantia, maisjuros e correcáo monetária.

2. o impugnado nao é pobre. 3. Embora se declare pobre, o impugnado, em clara contradicáo, diz

que "ernprestou" para o ex-marido da impugnante a importancia de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Em outras palavras, o impugnado declara nao ter condícñes de arcar comas custas e despesas do processo, mas tinha dinheiro para emprestar a juros.

4. Note-se que o impugnado nao s6 tinha dinheiro para emprestar, como é titular de con ta "especial", como se pode ver do título juntado nos autos principais, fls.

OO. Nao se pode deixar ainda de observar que se apresentou em Juízo representado por advogado particular, que, com certeza, nao está, e nem poderia estar, trabalhando de graca,

5. Tal atitude afronta diretamente disposícáo da Constituícáo Federal, artigo 52, inciso LXXIV, que garante a gratuidade da justíca somente aos que "comprova- rem" insuficiencia de recursos, isto é, nao basta a simples e vazia afirmacáo para a con- cessáo do beneficio, sendo exigível demonstre o requerente encontrar-se impossibilitado de custear as despesas do processo.

6. A exigencia constitucional se torna muito mais contundente no caso vertente, em que o impugnado procura a tutela jurisdicional para cobrar o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) que teria emprestado, sem garantias, para terceiro. Além do

Processo n2 0000000-00.0000.0.00.0000

Afao de Cobranca (autuadio em apenso)

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 ªVara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.47 IMPUGNA<;AO DA JUSTI<;A GRATUITA EM PROCESSO DE COBRAN<;A

Pecas Processuais 199

Page 212: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gecliel Clauclino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de abril de 0000.

Termos em que p. deferimento.

e) a expedícáo de oficio ao CIRETRAN de Mogi das Cruzes-SP, de- terminando que informe este douto Juízo sobre a existencia de veículos registrados em nome do impugnado;

d) a expedícáo de oficio aos Cartórios de Registro de Imóveis desta Comarca, determinando que remetam a este douto Juízo certídáo de propriedade dos imóveis registrados em nome do impugnado, combase no indicador pessoal (deve-se in- formar no oficio o nome completo, fíliacáo e número de documentos);

e) a expedicáo de oficio ao Banco Central do Brasil, determinando que informe a este douto Juízo a existencia de contas bancárias em nome do impugnado;

f) a revogacáo dos beneficios dajustica gratuita concedida ao impug- nado, determinando que proceda como recolhimento das custas processuais até aqui ex- pendidas por este Juízo, inclusive diligencias de Oficial de Justíca, sob pena de extincáo do feíto semjulgamento de mérito.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela oitiva de testemunhas e depoimento pessoal do impugnado.

fato, como já se disse, de ter se apresentado em Juízo representado por advogado parti- cular (pago com o seu dinheiro).

Ante o exposto, considerando que a pretensáo da impugnante encon- tra arrimo no artigo 7º da Lei 1.060/50, requer:

a) a intimacáo do impugnado, na pessoa do seu Procurador, para se manifestar, no prazo legal, sob pena de sujeitar-se aos efeitos da revelia;

b) a expedicáo de oficio a Receita Federal, determinando que envie a este douto Juízo cópia das 5 (cinco) últimas declaracóes do impugnado (ou, simples- mente acesse este douto Juízo o site da Receita e verifique a declaracáo de bens e renda do impugnado);

200 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 213: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

F. R., já qualificada apud acta, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nll. 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que lhe move P. R. H., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer impugnadio dos beneficios da justica gra- tuita concedida ao autor, fls. 00, pelos motivos de fato e de direito que a seguir expóe:

1. O impugnado ajuizou acáo de despejo por falta de pagamento, as- severando, em apertada síntese, que é proprietário de irnóvel residencial situado na Rua Firmino Ladeira, nll 00, casa 00, bairro Vila Industrial, nesta Cidade, e que alugou o re- ferido irnóvel para a impugnante, sendo que esta estaria em atraso com suas obrígacóes locatícias, razáo pela qual requereu a rescísáo do contrato de locacáo e o despejo da in- quilina. Requereu, ainda, os beneficios da justica gratuita, tendo se declarado pobre na acepcáo jurídica do termo, fls. OO.

2. O impugnado nao é pobre. De fato, ninguérn que é proprietário de bens imóveis pode, de fato, se declarar pobre, muito mais no caso do impugnado, que é

dono de urna vila. Note-se, outrossirn, que o impugnado foi sabiamente lacónico sobre suas atividades, afina! "ser proprietário" nao é profissáo, salvo se o locador vive de renda; isto é, de explorar economicamente suas propriedades, o que, se o caso, absolutamente o desclassifica como pobre. Note-se, ademais, que o impugnado nao fornece, inclusive, o enderece de seu domicilio, buscando, com certeza, induzir este douto Juízo a conceder o pedido de justíca gratuita.

3. Tal atitude afronta diretamente disposícáo da Constituicáo Federal, artigo Sº, inciso LXXN, que garante a gratuidade dajustica somente aos que comprovarem insuficiencia de recursos, isto é, nao basta a simples e vazia afirmacáo para a concessáo do beneficio, sendo exigível demonstre o requerente encontrar-se impossibilitado de cus- tear as despesas do processo.

4. A exigencia constitucional se torna muito mais contundente no caso vertente, em que o impugnado se declarou expressamente proprietário de bem imó- vel, esconden qual seria a sua profissáo e encontra-se assistido por Advogado particular.

Processo no. 0000000-00. 0000.0. OO. 0000

Afélo de Despejo por Falta de Pagamento (autuadio em apenso)

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.48 IMPUGNA<;AO DA JUSTI<;A GRATUITA EM PROCESSO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO

Pecas Processuais 201

Page 214: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de junho de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Ante o exposto, considerando que a pretensáo da impugnante encon- tra arrimo no artigo 7º da Lei 1.060/50, requer:

a) a íntímacáo do impugnado para se manifestar, no prazo legal, sob pena de sujeitar-se aos efeitos da revelía;

b) a expedicáo de oficio a Receita Federal, determinando que envíe a este douto Juízo cópía das 5 (cinco) últimas declaracñes do impugnado;

e) a expedícáo de oficio ao CIRETRAN, determinando que informe este douto Juízo sobre a existencia de veículos registrados em nome do impugnado;

d) a expedicáo de oficio ao Cartório de Registro de Imóveis desta Co- marca, determinando que remeta a este douto Juízo certidáo de propriedade dos imóveis registrados em nome do impugnado, combase no indicador pessoal;

e) a revogacáo dos beneficios dajustíca gratuita concedida ao impug- nado, determinando que proceda com o recolhimento das custas processuais, inclusive diligencias de Oficial de Justica, sob pena de extincáo do feíto.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela oitiva de testemunhas e depoimento pessoal do impugnado.

202 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 215: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

M. D. N. de S. F. e/o, já qualificados apud acta, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, no exercício do munus da curadoria especial, nos autos do processo que lhes movem S. R. de O. e/o, vém a presenca de Vossa Excelencia oferecer impugnafÜO dos beneficios da justica gratuita concedida aos autores, fls. 00, pelos motivos de fato e de direito que a seguir expñem:

l. Os impugnados ajuizaram acáo de retificacáo de registro ímobilíá- rio, asseverando, em apertada síntese, que nao estariam conseguindo efetuar registro do seu título de propriedade em razáo de divergencia entre as metragens constante no título e aquelas existentes no local, fato que demanda a tutelajurisdicional a fim de regularizar a propriedade do bem.

2. Os impugnados nao sao pobres. Com efeito, nao tem sentido pes- soas aposentadas, cujo valor das aposentadorias nao se sabe, e que sao proprietários de enorme área de terras, que, segundo a exordial, está sendo vendida por lotes, veja-se, em especial, o documento de fls. 00/00, vir a Juízo representados por competente advogado particular, que com certeza nao está trabalhando de graca, mesmo porque a advocacia pro-bono depende de autorizacáo da OAB, requerer os beneficios dajustíca gratuita.

3. Tal atitude afronta diretamente disposicáo da Constituícáo Federal, artigo 5º, inciso LXXIV, que garante a gratuidade da justica somente aos que "comprova- rem" insuficiencia de recursos, isto é, nao basta a simples e vazia afírmacáo para a con- cessáo do beneficio, sendo exigível demonstre o requerente encontrar-se impossibilitado de custear as despesas do processo.

4. A exigencia constitucional se torna muito mais contundente no caso vertente, em que os impugnados procuram a tutelajurisdicional para resolver problema imobiliário envolvendo grande e valorizada área de terra, o que autoriza a presuncáo de que possuem boa condícáo financeira.

Ante o exposto, considerando que a pretensáo dos impugnantes en- contra arrimo no artigo 72 da Lei 1.060/50, requerem:

a) a intímacáo dos impugnados para se manifestar, no prazo legal, sob pena de sujeitar-se aos efeitos da revelía;

Processo nº 0000000-00. 0000.0. OO. 0000 (autuadio em apenso)

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 ªVara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.49 IMPUGNA<;AO DA JUSTI<;A GRATUITA EM PROCESSO DE RETIFICA<;AO DE REGISTRO IMOBILIÁRIO

Pecas Processuais 203

Page 216: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 dejulho de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Provaráo o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela oitiva de testemunhas e depoimento pessoal dos impugnados.

b) a expedicáo de oficio a Receita Federal, determinando que envie a este douto Juízo cópia das 5 (cinco) últimas declaracóes dos impugnados;

e) a expedícáo de oficio ao CIRETRAN, determinando que informe este douto Juízo sobre a existencia de veículos registrados em nome dos impugnados;

d) a expedicáo de oficio ao Cartório de Registro de Imóveis desta Co- marca, determinando que remeta a este douto Juízo certídáo de propriedade dos imóveis registrados em nome dos impugnados, com base no indicador pessoal;

e) a expedicáo de oficio ao Banco Central do Brasil, determinando que informe a este douto Juízo a existencia de contas poupancas em nome dos impugnados;

f) a revogacáo dos beneficios da justica gratuita concedida aos im- pugnados, determinando que procedam com o recolhimento das custas processuais até aquí expendidas por este Juízo, inclusive diligencias de Oficial de Justica, sob pena de extíncáo do feito.

204 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 217: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

G. C. de A., j á qualificado apud acta, por seu Advogado firmado in fine, com escrítórío na Rua Paulino Ayres de Barro, nº 00, Jardim Marcatto, cidade de Suzano- -SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que lhe move P. S. K. A., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer impugnadio aos beneficios da justica gratuita concedida a autora, fls. 00, pelos motivos de fato e de direito que a seguir expñe:

1. A impugnada ajuizou acño de revisional de alimentos requerendo aumento da pensáo alímentícía devida pelo impugnante dos atuais R$ 570,00 (quinhen- tos e setenta reais), para R$ 2.500,00 (dois mil, quinhentos reais); para justificar o seu pedido informou ter despesas mensais pessoais no importe total de R$ 3.915,00 (tres mil, novecentos e quinze reais).

2. Douto Magistrado, a impugnada "nao é pobre" e sao as suas próprías palavras que confirmara o fato.

3. Pertencente a familia de origem nipónica, a impugnada, sua máe, sua avó, seus tios, que moram juntos em confortável casa própria e possuem alto padráo de vida (os gastos declarados por ela assim o confirmara, como se disse).

4. Obviamente que nao há nada de errado em ser "rico", estudar em escolas caras, fazer ingles, computacáo, andar de carro próprío etc .. Nada disso é errado, contudo tal fato é totalmente incompatível com o pedido de justíca gratuita; afinal se a impugnada e sua família podem arcar com padráo de vida tao elevado, nao podem querer jogar o ónus do presente processo na sociedade, que, afinal, é quem paga a conta.

5. Com efeito, a Justíca nao é "gratuita", e o cidadáo que deseja buscar os seus servicos deve arcar corn o ónus da aventura, rnorrnente neste caso onde claramente estáo ausentes os pressupostos legais, corno se argumenta no lugar próprio.

6. A Constítuícáo Federal, artigo 5n, inciso LXXIV, garante a gratuida- de da justíca somente aos que comprovarem insuficiencia de recursos; isto é, nao basta a simples e vazia afirmacáo para a concessáo do beneficio, sendo exigível dernonstre o requerente encontrar-se impossibilitado de custear as despesas do processo.

Processo nª 0000000-00.0000.0.00.0000 A!(iio Revisional de Alimentos (autuadio em apenso)

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara da Famí1ia e Sucessóes do Foro Regional Santana, Comarca da Capital.

7.50 IMPUGNA<;AO DA JUSTI<;A GRATUITA EM PROCESSO REVISIONAL DE ALIMENTOS

Pecas Processuais 205

Page 218: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de outubro de 0000.

Termos em que p. deferimento.

7. A exigencia constitucional se torna muito mais contundente no caso vertente, pelas circunstancias já apontadas. Veja-se a seguinte ementa do Egrégío Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. Decisáo que denegou beneficios da justíca gratuita. Nao provada a existencia das condicñes ne- cessárias para a concessáo do beneficio. No presente caso, o au- tor tem rendimentos mensais de quase dois mil reais e contratou advogado com honorário de um mil reais, o que leva a concluir que tem como suportar as despesas do processo sem prejuízo do próprio sustento. Decisáo mantida. Recurso improvido" (Agravo de instrumento nº 690.231-5/0-00, Sao Paulo, Relator Peiretti de Godoy, DJ 19.09.2007). 8. No Estado de Sao Paulo encontra-se há longa data organizado

competente servico de assisténcia jurfdica as pessoas hipossuficientes, cuja existencia foi ignorada pela impugnada, visto que obviamente nao precisa, estando nestes autos repre- sentada por grande escritório jurídico, que, com certeza, nao estáo trabalhando de graca.

Ante o exposto, considerando que a pretensáo do impugnante encon- tra arrimo no artigo 72 da Lei 1.060/ 50, requer:

a) a intimacáo da impugnada para se manifestar, no prazo legal, sob pena de sujeitar-se aos efeitos da revelia;

b) a expedicáo de oficio a Receita Federal, determinando que envie a este douto Juízo cópia das 5 (cinco) últimas declaracñes de renda da genitora da impugnada;

c) a expedícáo de oficio ao CIRETRAN, determinando que informe este douto Juízo sobre a existencia de veículos registrados em nome da genitora da impugnada;

d) a expedicáo de ofícios aos Cartórios de Registro de Imóveis desta Comarca, determinando que remetam a este douto Juízo certidáo de propriedade dos imóveis registrados em nome da genitora da impugnada, combase no indicador pessoal;

e) a revogacáo dos beneficios da justica gratuita concedida a impug- nada, determinando que proceda com o recolhimento das custas processuais, inclusive diligencias de Oficial de Justica, sob pena de extincáo do feito semjulgamento de mérito.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela oitiva de testemunhas e depoimento pessoal da genitora os impugnados.

206 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 219: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

O. V. G. e/o, já qualificados apud acta, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escrit6rio na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, atuando na qualidade de "cura- dor especial", nos autos do processo que lhes movem S. F. e/o, vém a presenca de Vossa Excelencia impugnar o valor da causa, em conformidade como disposto no art. 261 do Código de Processo Civil, pelos motivos de fato e de direito que a seguir expñem:

1. Os impugnados ajuizararn acáo de adjudicacáo cornpuls6ria, asse- verando, ern apertada síntese, que adquiriram a propriedade de 2 (dois) irnóveis situados nesta Comarca. Tendo quitado as obrigacñes contratuais e lhes faltando meios de obter a escritura pública, requereram que os bens descritos na exordial lhes fossem adjudicados. Atribuíram a causa o valor de R$ 1.000,00 (urn mil reais).

2. Corno facilrnente se percebe pela simples leitura da exordial, o va- lor atribuído a causa pelos impugnados está em frontal desacordo corn as normas legais sobre a matéria no CPC, que no seu artigo 259 declara, in verbis:

"Art. 259. O valor da causa constará sempre da peticáo inicial e será:

V - quando o litigio tiver por objeto a existencia, validade, cum- primento, modíñcacáo ou rescisáo de negócio jurídico, o valor do contrato." 3. Ora, se os pedidos dos impugnados tém como arrimo o "cumpri-

mento" de obrigacáo assumida pelos vendedores no contrato de compra e venda, o valor do contrato (do neg6cio) <leve ser o valor da causa.

4. Aceítável, ainda, seria se os impugnados atribuíssem a causa o valor venal dos imóveis, porém nem mesmo cópia dos lancamentos dos impostos que incidem sobre os imóveis juntaram na exordial. Todavía, o que é absolutamente inaceitável é que pedindo a adjudicacáo de dois bens imóveis de alto valor atribuam arbitrariamente a causa valor de apenas R$ 1.000,00 (um mil reais), lesando acintosamente o erário do Estado.

Ante o exposto, requerem:

Processo nll 0000000-00. 0000.0. OO. 0000

A~éio de Adjudicaciio Compulsó ria (autuaoio em apenso)

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 ªVara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.51 IMPUGNA<;AO DO VALOR DA CAUSA EM A<;AO DE ADJUDICA<;AO COMPULSÓRIA

Pecas Processuais 20 7

Page 220: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de marco de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Provaráo o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial por perícia técnica e depoimento pessoal dos impugnados.

b) a remessa dos autos ao contador judicial, determinando que pro- ceda com a atualizacáo do valor do contrato que dá arrimo ao pedido dos impugnados, fls. 00/00, cláusula terceira;

c) seja acolhida a presente impugnacáo, decretando-se a revísáo do valor atribuído a causa, com escopo de fixá-lo no valor do contrato devidamente corrí- gido até a data do ajuizamento do presente feíto, devendo os impugnados proceder com o recolhimento complementar das custas, sob pena de extíncáo do feito semjulgamento demérito.

a) a intimacáo dos impugnados, na pessoa de seu Procurador, para se manifestarem, no prazo legal, sobre a presente ímpugnacáo, sob pena de sujeitar-se aos efeitos da revelia;

208 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 221: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

F. L., já qualificado apud acta, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que lhe move A. F. de O., vem a presenca de Vossa Excelencia impugnar o valor da causa, em conformidade como disposto no art. 261 do Código de Processo Civil, pelos motivos de fato e de direito que a seguir expñe:

1. O impugnado ajuizou acáo de despejo por falta de pagamento cumulada com cobranca, asseverando, em apertada síntese, que é proprietário de imóvel situado na travessa Santo Antonio, nº 00, casa 00, situado nesta Comarca. Tendo locado o referido imóvel ao impugnante, o locador alega que ele estaría em atraso com suas obri- gacóes a partir dejaneiro de 0000. Atribuiu a causa o valor de R$ 4.733,50 (quatro mil, setecentos e trinta e tres reais, cinquenta centavos).

2. Como facilmente se percebe pela simples leitura da exordial, o valor atribuído a causa pelo impugnado está em frontal desacordo comas normas legais sobre a matéria na Leido Inquilinato, que no seu artigo 58, inciso III, declara, in verbis:

"Art. 58. Ressalvados os casos previstos no parágrafo único do art. 1 º-, nas acóes de despejo, consígnacáo em pagamento de aluguel e acessório da locacáo, revisionais de aluguel e renovatórias de locacáo, observar-se-á o seguinte:

111 - o valor da causa corresponderá a doze meses de aluguel, ou, na hipótese do inciso II do art. 4 7, a tres salários vigentes por oca- síáo do ajuizamento;"

3. Note-se que a referida regra fala apenas em "acóes de despejo", nao fazendo qualquer ressalva quanto ao seu tipo; tratando-se de regra especial deve preva- lecer sobre as regras gerais do CPC.

Ante o exposto, requer-se:

Processo nll 0000000-00. 0000.0. OO. 0000

A~éio de Despejo por Falta de Pagamento (autuaoio em apenso)

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 ªVara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.52 IMPUGNA<;AO DO VALOR DA CAUSA EM A<;AO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO

Pecas Processuais 209

Page 222: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de maio de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial por perícia técnica e depoimento pessoal do impugnado.

b) seja acolhida a presente ímpugnacáo, decretando-se a revísáo do valor atribuído a causa, com escopo de fixá-lo no valor de R$ 4.200,00 (quatro mil, du- zentos reais).

a) a intimacáo do impugnado, na pessoa de seu Procurador, para se manifestar, no prazo legal, sobre a presente impugnacáo, sob pena de sujeítar-se aos efei- tos da revelia;

21 O Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 223: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

G. C. deA.,já qualificado apud acta, por seuAdvogado firmado infine, com escritório na Rua Paulino Ayres de Barro, nº 00, Jardim Marcatto, cidade de Suzano- -SP, onde recebe intimacoes, nos autos do processo que lhe move P. S. K. A., vero apresen- ca de Vossa Excelencia impugnar o valor da causa, ern conformidade com o disposto no art. 261 do Código de Processo Civil, pelos motivos de fato e de direito que a seguir exp6e:

1. A impugnada ajuizou acáo revisional de alimentos requerendo au- mento da pensáo alimentícia devida pelo irnpugnante dos atuais R$ 570,00 (quinhentos e setenta reais), para R$ 2.500,00 (dais mil, quinhentos reais). Atribuiu a causa o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

2. O valor atribuído a causa pela impugnada está em frontal desacordo com a doutrina e jurisprudencia majoritárias sobre o assunto. Corn efeito, ao comentar sobre o tema, o mestre Yussef Said Cahali, na sua obra Dos Alimentos, 5º edicáo, Editora Revista dos Tribunais, assevera com sabedoria que "tratando-se de revisional de alimentos, parece-nos razoável o critério preconizado por Brandiio Lima, como senda o correspondente a diferetica (para mais ou para menos) entre o valor pleiteado e aquele que vem senda pago, no total de doze meses".

3. A jurisprudencia do Egrégio Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo tem sido fiel a lir;ao do ilustre mestre, como se ve da seguinte ementa:

"VALOR DA CAUSA- Ar;ao revisional de alimentos - Fixacáo na díferenca entre o valor pleiteado e o que vem sendo pago, no total de doze meses -Admissibilidade - Inteligencia do artigo 259, I e VI do Código de Processo Civil - Recurso nao provido. Tratando- -se de revisional de alimentos, é razoável o critério que considera como valor da causa o correspondente a díferenca entre o valor pleiteado e aquele que vem sendo pago, no total de doze meses" (Agravo de Instrumento n. 231.437-1, Sao José do Río Preto-Re- lator Alfredo Migliore, CCIV 3, v.u.). 4. Aplicado o crítério preconizado pela doutrina e pela jurispruden-

cia, o valor da causa deveria ser de R$ 23.160,00 (vinte e tres mil, cento e sessenta reais),

Processo nº 0000000-00. 0000.0. OO. 0000 A~ao Revisional de Alimentos (autuadio em apenso)

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara da Familia e sucessóes do Foro Regional Santana, Comarca da Capital.

7.53 IMPUGNA<;AO DO VALOR DA CAUSA EM A<;AO REVISIONAL DE ALIMENTOS

Pecas Processuais 211

Page 224: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de outubro de 0000.

Termos em que p. deferimento.

b) seja acolhida a presente ímpugnacáo, decretando-se a revisa o do valor atribuído a causa, com escopo de fíxá-lo combase na diferenca entre o valor atual- mente pago pelo alimentante e o que eventualmente viera ser fixado por este douto Juí- zo, ou, como tese alternativa, "o que se aceita apenas para registro", seja fixado o valor da causa em R$ 23.160,00 (vinte e tres mil, cento e sessenta reais), diferente entre o que o impugnante paga e a pretensáo da impugnada.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial por perícia técnica e depoimento pessoal da genitora da impugnada.

ou seja: a impugnada pede o aumento da pensáo de R$ 570,00 para R$ 2.500,00, sendo, portanto, buscado um aumento de R$ 1.930,00, que multiplicado por 12 dá o já mencio- nado R$ 23.160,00.

5. Entretanto, mesmo a fixacáo do valor da causa neste patamar re- presentará grave prejuízo para o impugnante, vez que a impugnada, acobertada pelos beneficios da justica gratuita, claramente exagerou as suas pretensóes. Ao apontar na sua exordial despesas mensais totais de R$ 3.915,00, ela, além de exagerar o valor das despesas, descaradamente apontou despesas de caráter anual como sendo mensal, a fim de influenciar o animo do Juízo e criar dificuldades para o impugnante.

6. A fim de evitar este tipo iníquo de manobra, o Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo tem decidido que neste caso o valor da causa deve ser fixado com base na díferenca entre o valor da pensáo atual e aquela fixada efetivamente pelo Juízo. Neste sentido, veja-se a seguinte ementa:

''VALOR DA CAUSA- Fixaeáo - Revisional de alimentos -Autora beneficiária da assísténcia judiciária - Estimativa em montante elevado, no entanto, que agrava a posícáo do demandado - Preva- lencia da díferenca entre o valor da pensáo a ser fixada e aquele que vem sendo solvido. Recurso provido para esse fim" (JTJ 258/371). Ante o exposto, requer: a) a intímacáo da impugnada, na pessoa de seu Procurador, para se

manifestar, no prazo legal, sobre a presente impugnacáo, sob pena de sujeitar-se aos efei- tos da revelia;

212 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 225: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Ante o exposto, requer-se, após oitiva do ilustre representante do Mi- nistério Público, acate este douto Juízo as justificativas do executado, decretando a ex- tincáo da presente execucáo pelo pagamento (art. 794, 1, CPC).

Provará o que for necessário, usando de todos os rneios admitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), oitiva de testemunhas, perícia contábil e depoirnento pessoal da representante do exequente.

Douto Magistrado, o executado NÁO SE ENCONTRA ern mora com suas obrigacñes em face do exequente, seu filho, corno se ve dos documentos juntados a presente petícáo, Na verdade, se eventualmente houve mora, estájá se encontra regular- mente purgada.

Do Mérito

O exequente ajuizou o presente feito asseverando que o alimentante estaria em atraso com suas obrigacóes alimentícias no valor total de R$ 945,64 (nove- centos e quarenta e cinco reais, sessenta e quatro centavos), requerendo a citacáo para pagamento ou apresentacáo de justificativas. Recebida a exordial, deterrninou este douto Juízo a citacáo do executado para que, no prazo de 3 (tres) dias, pagasse a quantia reque- rida ou justificasse a irnpossibilidade.

Em síntese, o necessário.

Dos Fatos

E. H. S.,já qualificado apudacta, por seuAdvogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nQ 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que lhe rnove L. H. S., vem a presenca de Vossa Excelencia apresentar suas justificativas, conforme as seguintes razóes:

Processo no. 0000000-00. 0000.0. OO. 0000

Afiio de Execucdo de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 ªVara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.54 JUSTIFICATIVAS EM A<;AO DE sxscucxo DE ALIMENTOS ONDE O EXECUTADO NEGA A EXISTENCIA DE QUALQUER DÉBITO, REQUERENDO A EXTIN<;AO DA EXEcuc;.Ao

Pecas Processuais 213

Page 226: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gecliel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de junho de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Requer, outrossim, os beneficios dajustíca gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

214 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 227: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Na verdade, o executado encontra-se em atraso com suas obrigacóes perante o exequente, porém tal fato nao é fruto de sua vontade, mas de circunstancias pessoais que estáo além de suas forcas.

Citado neste feíto e esclarecido sobre a possibilidade de sua prisáo civil, o executado conseguiu levantar o valor do débito, considerando: (1) que o valor mensal da pensáo é de R$ 186,60, ou seja, 300/o do salário-mínimo; (11) que nos meses de maio a agosto de 0000 ele efetuou o pagamento parcial de R$ 100,00.

Estes os cálculos:

Do Mérito

O exequente ajuizou o presente feíto asseverando que o alimentante estaria em atraso com suas obrigacóes alimenticias no valor total de R$ 371,75 (trezen- tos e setenta e um reais, setenta e cinco centavos). Requereu a citacáo para pagamento ou apresentacáo de justificativas.

Em síntese, o necessário.

Dos Fatos

F. F. dos S. Jr., brasileiro, casado, desempregado, portador do RG 00.000.000-SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliado na Rua Sacadura Cabral, n12 00, Jardim Aeroporto, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Mar- tins, n2 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que lhe move J. H. M. dos S., vem a presenca de Vossa Excelencia apresentar suasjustificativas, conforme as seguintes razñes:

Processo n12 0000000-00. 0000.0. OO. 0000

A9éio de Execucáo de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Única do Foro Distrital de Roseira, da Comarca de Aparecida, Sao Paulo.

7.55 JUSTIFICATIVAS EM A<;AO DE sxscucxo DE ALIMENTOS ONDE O EXECUTADO RECONHECE O DÉBITO E INFORMA O PAGAMENTO, REQUERENDO A EXTIN<;AO DA sxscucxo

Pecas Processuais 215

Page 228: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de agosto de 0000.

Termos em que p. deferimento.

Valor total do débito: R$ 533,00 Como prova documento anexo, este valor foi depositado na conta-cor-

rente da representante do menor. Ante o exposto, considerando que houve total quitacáo do débito,

requer-se, após oitiva do ilustre representante do Ministério Público, a extincáo do feito pelo pagamento (art. 794, 1, CPC).

Provará o que for necessário, usando de todos os meios admitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), oitiva de testemunhas e de- poimento pessoal da representante da menor.

Requer, outrossim, os beneficios dajustíca gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

Mes Vl. Pensáo Vl. Pago Saldo

Abr./00 R$186,60 0,00 R$186,60

Maio/00 R$186,60 R$100,00 R$ 86,60

Jun./00 R$186,60 R$100,00 R$ 86,60

Jul./00 R$186,60 R$100,00 R$ 86,60

Ago./00 R$186,60 R$100,00 R$ 86,60

216 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 229: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Na verdade, o executado encontra-se em atraso com suas obrigacóes perante os exequentes, porérn tal fato nao é fruto de sua vontade, mas de circunstancias pessoais que estáo além de suas forcas.

Citado neste feíto e esclarecido sobre a possibilidade de sua prisáo ci- vil, o executado se propóe a retomar imediatamente o pagamento das pensóes vincendas, contando para isso com ajuda de familiares, assim como pagar o débito em aberto até o momento da seguinte forma: (1) 30% (trinta por cento) do total a vista, tao logo seja inti- mado da aceitacáo da proposta e dos cálculos; (II) 700/o (setenta por cento) em 03 (tres) parcelas mensais e consecutivas.

Do Mérito

Os exequentes ajuizaram o presente feíto asseverando que o alimen- tante estarla em atraso com suas obrigacóes alimenticias no valor total de R$ 481,20 (qua- trocentos e oitenta e um reais, vinte centavos). Requereram a cítacáo para pagamento ou apresentacáo de justificativas.

Em síntese, o necessário.

Dos Fatos

S. F. R., brasileiro, solteiro, desempregado, portador do RG 00.000.000- SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliado na Avenida Katisutoshi Naito, nº 00, de Cidade Boa Vista, 45, cidade de Suzano-SP, CEP 00000-000, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que lhe movem S. dos S. R., vem a presenca de Vossa Excelencia a presentar suas justificati- vas, conforme as seguintes razñes:

Processo nci 0000000-00.0000.0.00.0000 A~élo de Execudio de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Única do Foro Distrital de Guararema, Comarca de Mogi das Cruzes-SP.

7.56 JUSTIFICATIVAS EM A<;AO DE sxscucxo DE ALIMENTOS ONDE O EXECUTADO RECONHECE O DÉBITO E REQUER SEU PARCELAMENTO (SEM QUALQUER PAGAMENTO)

Pecas Processuais 217

Page 230: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Termos em que p. deferirnento.

M. Cruzes/Guararema, 00 de janeiro de 0000.

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Ante o exposto, requer-se determine este douto Juízo a intimacáo dos credores para que se manifestem quanto a proposta de pagamento, determinando, em caso de concordancia, a remessa dos autos ao contador da serven tia (art. 4 75-B, § 3º, CPC), para atualízacáo dos cálculos. Atualizado o débito, requer-se seja intimado o executado pes- soalmente quanto ao valor, assim como quanto ao número da conta-corrente para crédito.

Na hipótese de os credores nao concordarem como pedido de parcela- mento, requer-se a designacáo de audiencia de concílíacáo, a fim de possibilitar as partes outro acordo que atenda aos interesses dos menores.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios admitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), oitiva de testemunhas e de- poirnento pessoal da representante da menor.

Requer, outrossirn, os beneficios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

218 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 231: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Ab initio, necessário que este douto Juízo cinda a presente execucáo em duas, urna envolvendo os últimos 3 (tres) meses da obrigacáo alimentícia, obedecendo o rito do artigo 733 do CPC, outra envolvendo as demais prestacóes, vencidas há mais de 3 (tres) meses, obedecendo o rito do artigo 732 do CPC. Tal medida é necessária em razáo da natureza especial da obrigacáo alimentar, visto que se os alimentandos nao a cobraram oportunamente, sobrevivendo sem ela, nao seria justo agora submeter o executado a pri- sao civil, medida excepcional e extrema, em processo de execucáo que engloba período superior a 1 (um) ano. Neste sentido unánime jurisprudéncia, in verbis:

"Havendo mais de tres prestacñes mensais de alimentos em atra- so, deve, de preferencia, ser cindida a execueáo, aplicando-se o

Preliminarmente

Os exequentes ajuizaram o presente feito asseverando que o alimen- tante estaria em atraso com suas obrigacóes alimentícias no valor total de R$ 2.855,49 (dois mil, oitocentos e cinquenta e cinco reais, quarenta e nove centavos), requerendo a cítacáo para pagamento ou apresentacáo de justificativas. Recebida a exordial, determí- nou este douto Juízo a citacáo do executado para que, no prazo de 3 (tres) dias, pagasse a quantia requerida ou justificasse a impossibilidade.

Em síntese, o necessário.

Dos Fatos

J. C. de C., já qualificado apud acta, por seu Advogado, que esta subs- creve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, n12 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que lhe movem C. de M.C. e/o, vem a presenca de Vossa Excelencia apresentar suasjustificativas, confor- me as seguintes razñes:

Processo nQ 0000000-00. 0000. O. OO. 0000

Afiio de Execucdo de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 ªVara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.57 JUSTIFICATIVAS EM A<;AO DE sxscucxo DE ALIMENTOS ONDE O EXECUTADO RECONHECE O DÉBITO, REQUER A CISAO DA A<;AO EM RAZAO DA COBRAN<;A DE MAIS DO QUE TRES MESES, ASSIM COMO REQUER QUE O JUIZ DECLARE JUSTIFICADA SUA INADIMPLENCIA

Pecas Processuais 219

Page 232: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gecliel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de agosto de 0000.

Termos em que p. deferimento.

No mais, o executado reconhece que nao vem cumprindo com suas obrigacóes perante os exequentes, porém tal fato nao é fruto de sua desídia, nem de sua vontade, mas da situacáo extremamente precária em que se encontra. O alimentante sempre sobreviveu de catar papel pelas ruas da cidade, conforme é do conhecimento dos alimentandos, porém esta rude e difícil ocupacáo acabou completamente coma sua saú- de (coracáo e coluna), até ao ponto de absolutamente impossibilitá-lo para o trabalho.

Nao podendo trabalhar, o genitor, por mais que queira, nao consegue honrar suas obrígacóes perante os menores, estando ele mesmo a sobreviver gracas ex- clusivamente a bondade de alguns familiares, que o receberam e o mantém,

Diante deste quadro, deveria ter o executado ajuizado acño de exone- racáo de pensáo alimenticia, nao o fez por puro desconhecimento da leí e, portanto, da necessidade de tal atitude.

Dei.xa de apresentar atestado médico nesta oportunidade, vez que es- tando aos cuidados de terceiros, de quem depende para tudo, inclusive moradia e alimen- to, nao o possui, contudo se compromete a trazé-lo aos autos no prazo de 20 (vinte) dias.

Ante o exposto, requer-se, após oitiva do ilustre representante do Mi- nístério Público, acate este douto Juízo as justificativas do executado, dando como jus- tificada a sua inadimpléncía das obrigacñes alimentícias, afastando o pedido de prísáo civil, ou designando audiencia de concíliacáo, onde, após císáo da presente execucáo, as partes poderáo acordar urna forma de quitacáo das últimas 3 (tres) pensóes em aberto.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios admitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, oitiva de testemunhas e depoimento pessoal da representante dos exequentes.

Requer, outrossim, os beneficios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

Do Mérito

art. 733, com a consequente possibilidade de prisáo do devedor, para tres prestacóes e devendo as restantes ser executadas na for- ma do art. 732, 'ressalvando-se, no pedido a ser formulado pela forma do art. 733, o aforamento concomitante da execucáo, pela norma do art. 732"' (RJTJERGS 143/122 - in Código de Processo Civil e legislasiio processual em vigor, Theotonio Negráo, 302 edi- r;ao, Ed, Saraiva).

220 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 233: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Informa o art. 586 do CPC que "a execucáo para cobranca de crédito fundar-se-á sempre em título de obrígacáo certa, líquida e exigível".

Ora, a exequente dizque o executado está trabalhando e que portanto caberia, segundo o acordo firmado entre as partes, a cobranca de 1/3 dos seus rendimentos líquidos. Em seguida, DE FORMA TOTALMENTE ARBITRÁRIA, informa, "sem qualquer base e sem qualquer prova", que os rendimentos do executado estariam na casa dos R$ 1.500,00 (urn mil, quinhentos reais), elaborando, combase nesta fantasiosa informacáo, os cálculos do débito.

Do Mérito

A exequente ajuizou o presente feito asseverando que o alimentante estaria em atraso com suas obrigacóes alimentícias no valor total de R$ 1.489 ,80 (um mil, quatrocentos e oitenta e nove reais, oitenta centavos), valor este calculado em SUPO STO SALÁRIO DO EXECUTADO, requerendo a cítacáo para pagamento ou apresentacáo de jus- tificativas. Recebida a exordial, determinou este douto Juízo a cítacáo do executado para que, no prazo de 3 (tres) dias, pagasse a quantia requerida oujustificasse a impossibilidade.

Em síntese, o necessário.

Dos Fatos

D. L. do N., brasileiro, solteiro, vigilante, portador do RG 00.000.000- SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliado na Rua Raimundo Mendes Fi- gueiredo, nº 00, Itaim Paulista, cidade de Sao Paulo, CEP 00000-000, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escrítórío na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que lhe move J. S. do N., vem a presenca de Vossa Excelencia apresentar suasjustificativas, conforme as seguintes razóes:

Processo no. 0000000-00. 0000.0. OO. 0000 Afiio de Execucdo de Alimentos

Excelentíssimo Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Distrital de Ferraz de Vasconcelos, Comarca de Poá, SP.

7.58 JUSTIFICATIVAS EM A<;AO DE sxscucxo DE ALIMENTOS ONDE O EXECUTADO RECONHECE ESTAR EM DÉBITO, PORÉM DISCORDADOS CÁLCULOS E REQUER SEU PARCELAMENTO

Pecas Processuais 221

Page 234: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

A realidade é bem diferente. Entretanto, o alimentante realmente encentra-se em débito com suas

obrígacóes em face da sua filha Jaqueline, tal aconteceu nao por descaso deste para com sua filha, mas porque a máe da menor, percebendo as dificuldades financeiras do execu- tado, que possui outros 2 (duas) filhos (Y. G. G. do N., nascida em 00.00.0000; G. G. de G. N., nascido em 00.00.0000), disse que este nao precisava pagar a pensáo,

Na verdade, o executado deveria ter ajuizado pedido revisional de ali- mentos, a fim de adequar o valor da pensáo as suas possibilidades. Registre-se que nao o fez em razáo, principalmente, de nao ter recebido correta orientacáo jurídica.

De qualquer forma, o executado sabe que seus problemas e as conver- sas verbais que manteve com a representante da exequente nao térn o condáo de afastar a sua responsabilidade. ENTRETANTO, se faz necessário apurar-se os valores que sao "realmente" devidos.

O alimentante encontra-se empregado junto a empresa V. SEGURAN<;A E VIGILÁNCIA LTDA., situada na Rua Conselheiro Ramalho, nº 00, Bela Vista, cidade de Sao Paulo-SP, CEP 00000-000, onde exerce a funcáo "vigilante", auferindo salário bruto mensal de aproximadamente R$ 800,00 (oitocentos reais).

Destarte, "requer-se", quanto as pensñes vincendas, seja oficiado ao referido empregador determinando que proceda como desconto da pensáo alimentícia em folha de pagamento para crédito na conta corrente que a representante da menor indicar.

Já quanto as pensoes atrasadas, necessário inicialmente que seja feí- ta a sua liquida~ao. Para tanto, e em sinal de boa-fé, o executado junta a presente c6pia dos seus holerites referente ao período cobrado neste feíto Uaneiro/0000 ajunho/0000, ficando devendo os comprovantes de dezembro de 0000 e julho de 0000 (o primeiro, o executado perdeu, o segundo ainda nao recebeu).

Combase nos referidos comprovantes, "requer-se", com arrimo no art. 475-B, § 3º, do CPC, sejam os autos enviados ao contador da serventia. Picando desdejá requerido seja concedido ao executado o parcelamento do débito a ser apurado em 25 (vinte e cinco) parcelas, que também deveráo ser descontadas em folha de pagamento, oficiando ao empregador para tanto.

Embora o número de parcelas possa a princípio parecer excessivo, res- salte-se que esta é única forma do executado pagar, quitar o seu débito sem prejuízo do pr6prio sustento e, o mais importante, o sustento de seus outros dois filhos.

Como pode perceber este douto Juízo, a pensáo mensal se apresenta injusta (um terco dos rendimentos para um único filho), mas como o passado nao pode ser mudado, o parcelamento do débito se apresenta como única saída possível.

Ante o exposto, requer-se, ap6s oitiva do ilustre representante do Mi- nistério Público, acate este douto Juízo as justificativas do executado, com escopo de afastar o pedido de prisáo civil e conceder o parcelamento do débito nos termos re- queridos, suspendendo-se a presente execucáo até final e completa líquidacáo, No caso da representante do menor nao concordar com pedido de parcelamento, "requer-se" seja designada audiencia de conciliacáo, onde, eventualmente, as partes poderáo discutir urna melhor forma de quitacáo da obrígacáo em aberto, com escopo de evitar a aplícacáo da medida extrema, que vantagem nenhuma trará para qualquer das partes.

222 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 235: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Termos em que p. deferimento.

M.Cruzes/F.Vasconcelos, 00 de agosto de 0000.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios admitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), estudo social, oítiva de teste- munhas e depoimento pessoal da representante da exequente.

Requer, outrossim, os beneficios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo juntada nos autos.

Pecas Processuais 223

Page 236: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Declarante

Mogi das Cruzes, 00 de novembro de 0000.

Eu, L. F. da S., brasileira, separada, diarista, portadora do RG 00.000.000-SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliada na Rua Maria do Bonfim, n2 00, fundos, Jardim Sao Pedro, Distrito de Cesar de Souza, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, declaro, para todos os fins de direito e sob pena de ser res- ponsabilizada criminalmente por falsa declaracáo, que sou pobre no sentido jurídico do termo, pois nao possuo condicóes de pagar as custas do processo e os honorários advoca- tícios, sem prejuízo de meu sustento próprio e de minha familia, necessitando, portanto, dos beneficios da justica gratuita (Lei nº 1.060/50).

DECLARAGÁO

7.59 MODELO DE DECLARAc;.Ao DE POBREZA

224 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 237: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

J. R. de Q., brasileiro, solteiro, proprietário, inscrito no CPF sob o n12

000.000.000-00, residente e domiciliado na Rua Benjamín Constant, nll..00, Bairro Vila Ipiranga, nesta Cidade e Comarca, por seu Advogado, que esta subscreve, vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer reconvencdo, observando-se o procedimento previsto dos artigos 315 e seguintes do Código de Processo Civil, em face de M. A. de B., brasileiro, casado, bancário, portador do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliado na rua José Bonifácio, nº' 00, bairro dos Remédios, nesta Cidade e Comarca, pelos motivos de fato e de direito que a seguir expñe:

l. O reconvinte firmou em 00 de novembro de 0000, por um período de trinta meses, contrato de locacáo com o reconvindo, tendo sido fixado o valor inicial do aluguel em R$ 300,00 (trezentos reais).

2. Entretanto, o locatário encontra-se em mora comos alugueres ven- cidos nos meses de dezembro de 0000 ejaneiro de 0000. O total do débito, até o momen- to, é de R$ 661,50 (seiscentos e sessenta e um reais, cinquenta centavos), consoante os seguintes cálculos: (1) meses em atraso: dez./00 e jan./00 = 2 meses; (11) valor mensal do aluguel: R$ 315,00; (III) multa por atraso: So/o- cláusula oitava; (IV) R$ 315,00 x 2 = R$ 630,00; (V) R$ 630,00 x 5% = R$ 31,50 =TOTAL= R$ 661,50.

Ante o exposto, considerando que a pretensáo do reconvinte encontra amparo na Leí n2 8.245/91-LI, requer:

a) intimacáo do autor reconvindo, na pessoa do seu Procurador, para que, querendo, apresente resposta no prazo legal, ou, no mesmo prazo, requeira a pur- gacáo da mora, sob pena de sujeitar-se aos efeitos da revelía;

b) seja decretada a rescísáo do contrato de locacáo por falta de paga- mento, determinando-se o despejo do locatário, expedíndo-se, para tanto, o competente mandado.

Distribuidio por Dependencia Processo nu 0000000-00. 0000.0. OO. 0000 Ac;éio de Consignaciio de Aluguel

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Oª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.60 RECONVEN<;AO EM A<;AO DE CONSIGNA<;AO DE ALUGUEL REQUERENDO O DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO

Pecas Processuais 225

Page 238: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gecliel Clauclino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de fevereiro de 0000.

Termos ern que p. deferirnento.

reais).

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, oitiva de testemunhas (art. 407, CPC) e depoimento pessoal do autor reconvindo.

Dá-se ao pleito o valor de R$ 3.780,00 (tres mil, setecentos e oitenta

226 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 239: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

B. R. de L., brasileira, menor impúbere, representada por sua genitora R A. R., brasileira, separada, desempregada, portadora do RG 00.000.000-SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliada na Rua Jardelina de Almeida Lopes, nº 00, Bloco 00, apartamento 00, Parque Santana, cidade de Mogí das Cruzes-SP, CEP 00000-000, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, vem a pre- senca de Vossa Excelencia oferecer reconvencdo, observando-se o procedimento previsto no art. 315 e seguintes do Código de Processo Civil, com pedido de antecipadio de tutela (art: 273, CPC), em face de E. S. de L., brasileiro, separado, programador de sistemas, portador do RG 00.000.000-SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliado na Rua Rosa Boratto, nll. 00, Alto do Ipiranga, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000- 000, pelos motivos de fato e de direito que a seguir expóe:

1. O autor reconvindo é genitor da reconvinte, conforme provam do- cumentos anexos. Quando da separacáo do reconvindo e da Sra. R., máe da reconvinte, fixou-se a pensáo alimentícia em 31 °/o (trinta e um por cento) de seus rendimentos líqui- dos, porém deixou de fixar-se a pensáo alimenticia para o caso de desemprego e/ou tra- balho sem vínculo empregatício.

2. Tal situacáo, falta de fíxacáo da pensáo para o caso de desemprego e para o caso de trabalho sem vínculo empregatício, tem causado embaraces para a me- nor, vez que recentemente o alimentante deixou o seu emprego para trabalhar de forma autónoma, fato que lhe permitiu, inclusive, aumentar as suas rendas.

3. Nao obstante esteja gozando, felizmente, de sólida sítuacáo finan- ceira, o reconvindo tem depositado o que quer, e quando quer, na conta corrente da ge- nitora da alimentanda. Tal fato demanda a tutela jurisdicional.

4. Com escopo de arrimar o presente pedido, informa-se que as ne- cessidades mensais da menor envolvem, entre outras, as seguintes despesas (50%): ali- mentacáo R$ 600,00; plano de saúde R$ 287,79; babá R$ 600,00; luz R$ 82,47; água R$

Processo nº- 0000000-00.0000.0.00.0000 Afélo Revisional de Alimentos "Reconvendio"

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 ªVara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.61 RECONVEN<;AO EM A<;AO REVISIONAL DE ALIMENTOS ONDE FILHA REQUER A FIXA<;AO DE ALIMENTOS PARA O CASO DO ALIMENTANTE ESTAR DESEMPREGADO

Pecas Processuais 22 7

Page 240: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de marco de 0000.

Termos em que p. deferimento.

e) a fíxacáo da obrigacáo alimenticia mensal devida no caso de desem- prego e/ou trabalho sem vínculo empregatício (registro na carteira) no valor de 2 (dois) saláríos-mínimos, com vencimento para todo dia 10 (dez) de cada mes.

Provará o que for necessario, usando de todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), oitiva de testemunhas (art. 407, CPC), depoimento pessoal do autor reconvindo e expedicáo de oficio para o BACEN e para a Receita Federal, sendo que o primeiro para verificar-se a movimentacáo da conta- -corrente do alimentante,já o segundo para verificar-se a declaracáo de renda e bens dele.

Dá ao pleito o valor de R$ 8.370,00 Coito mil, trezentos e setenta reais).

85,00; roupas R$ 400,00; condomínio R$ 245,00; moradia, prestacáo, R$ 306,00; lazer R$ 500,00; medicamentos R$ 280,00.

5. De outro lado, o genitor, que é programador de sistemas, encontra- -se trabalhando de forma autónoma, prestando servicos, auferindo ótima renda mensal, cujo total, no entanto, nao sabe a reconvinte declinar.

6. Há que se considerar, ainda, que a genitora da menor encontra-se no momento desempregada, vítima, como tantos, da crise financeira que se abate sobre o país.

Ex positis, considerando que a pretensáo daré reconvinte encontra arrimo no artigo 1.699 do Código Civil e na Lei 5.478/68 (LA), requer:

a) os beneficios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no senti- do jurídico do termo, conforme declaracáo anexa;

b) intimacáo do ilustre representante do Ministério Público, comes- copo de que acompanhe o feito adfinem;

c) a fixacáo, em antecípacáo de tutela, dos alimentos provisórios no valor mensal de 1 (um) salario-mínimo nacional, determinando-se a íntímacáo do ali- mentante para que proceda com o pagamento diretamente na conta corrente da repre- sentante da menor;

d) a íntímacáo do autor reconvindo, na pessoa de seu Advogado, para que, querendo, apresente resposta no prazo legal, sob pena de sujeitar-se aos efeitos da revelia;

228 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 241: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Termos em que p. deferimento.

Suzano, 00 de setembro de 0000.

R. H. F., já qualificado, por seu Advogado firmado in fine, com escrítório na Rua Paulino Ayres de Barro, no. 00, Jardim Marcatto, cidade de Suzano-SP, onde recebe inturuuiies, nos autos do processo que move em face de G. A. H., vem a presenca de Vossa Excelencia REQUERER o andamento do feíto, observando-se que o Ministério Público já se manifestou há quase DOIS MESES. A demora no recebimento da peticáo inicial, apre- cíacáo do pedido liminar e deterrnínacáo de citacáo do réu traz enormes prejuízos a parte.

Sendo assim, aguarda-se urgente manífestacáo deste douto Juízo quanto ao pedido liminar e o prosseguirnento do feito.

Processo nº- 0000000-00.0000.0.00.0000 A~iio de Revisiio de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 ªVara Cível de Suzano, Sao Paulo.

7.62 PETI(:ÁO COBRANDO O ANDAMENTO DO FEITO QUE SE EN CONTRA INDEVIDAMENTE PARADO, SEM MANIFESTA(:ÁO DO JUÍZO

Pecas Processuais 22 9

Page 242: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 dejaneiro de 0000.

Termos em que r. deferimento.

K. G., representada por sua genitora D. C. C., já qualificada, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Mar- tins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que move em face de J. E. G., vem a presenca de Vossa Excelencia informar que "infelizmente" o executado "já dei.x:ou de cumprir" com o acordado nestes autos, estando novamente inadimplente com sua obrigacáo em face da menor. Na verdade, desde que fír- mou o acordo o alimentante pagou apenas o parcelamento no valor mensa! de R$ 100,00, estando TOTALMENTE INADIMPLENTE com as pensóes vencidas a partir de novembro de 2012. Destarte, "requer-se", nos termos do acordo, seja imediatamente decretada a sua prisáo civil pelo prazo de 60 (sessenta) dias, conforme permissivo do art. 733 do CPC.

Sem prejuízo, requer-se ainda sejam os autos enviados ao contador da serventia para elaboracáo de cálculos atualizados do débito (art. 475-B, § 3º, CPC), observando-se: (I) que o valor mensa! da pensáo é de 30o/o (trinta por cento) do salárío- -mínimo; (II) que até outubro de 0000, o débito era de R$ 942,50, sendo que após esta data foram pagos apenas quatro parcelas mensais de R$ 100,00.

Processo nci 0000000-00. 0000. O. OO. 0000

Afao de Bxecudio de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.63 PETIGAO DENUNCIANDO ACORDO FEITO EM AGÁ.O DE EXECUGAO DE ALIMENTOS

230 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 243: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de dezembro de 0000.

Termos em que p. deferimento.

C. A. D. F., brasileiro, solteiro, desempregado, portador do RG 00.000.000-SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escrit6rio na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que lhe move W. L. U. F., vem a presenca de Vossa Excelencia informar que "concorda como pedido de exonera- r;ao da pensáo alimenticia que lhe é devida", sem prejuízo da pensáo que é devida a seus irmáos menores (A. G. U. F. e C. A. D. F.).

No mais, requer os beneficios da justica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

Processo nª 0000000-00.0000.0.00.0000 A~iio Revisional de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.64 PETI(:ÁO INFORMANDO QUE O RÉU CONCORDA COMO PE.DIDO DE EXONERA(:ÁO DE ALIMENTOS

Pecas Processuais 231

Page 244: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

A autora é funcionária municipal celetista e encontra-se afastada por doenenjunto ao INSS. Seu beneficio mensal é no valor de R$ 714,50, conforme se ve dos documentos anexos.

Desde que o seu ex-marido deixou o lar conjugal, a autora tem arca- do com todas as despesas de manutencáo da casa, sendo que a única ajuda que recebe do marido é que ele continua pagando a mensalidade do veículo informado na exordial.

As despesas da autora envolvem, como se ve dos documentos anexos, o pagamento de conta de luz, água, telefone e obviamente alimentacáo,

Das Condícñes Financeiras da Autora

Em novembro de 0000, a autora ajuizou o presente feito requerendo, entre outras coisas, os beneficios dajustica gratuita, vez que se declarou pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo quejuntou aos autos, fls. OO.

Recebida a exordial, este douto Juízo INDEFERIU o pedido de justica gratuita, fls. 00, sob o argumento de que caberia a parte "provar" a sua impossibilidade de arcar comas custas do processo.

Em petícáo datada de 00.00.0000, a autora reiterou o pedido, expli- cando novamente que se encontrava impossibilitada de recolher as custas devidas, deí- xando, no en tanto, por falha do subscritor desta, de juntar os documentos pertinentes, o que resultou no indeferimento do pedido de reconsideracáo,

Dos Fatos

C. A. O. de L., já qualificada, por seu Advogado firmado in fine, com escritório na Rua Paulino Ayres de Barro, n2 00, Jardim Marcatto, cidade de Suzano-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que move em face de V. X. de L., vem a pre- senca de Vossa Excelencia informar e, ao final, requerer:

Processo nª 0000000-00. 0000. O. OO. 0000 Afao de Divorcio

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 22 Vara Cível de Suzano, Sao Paulo.

7 .65 PETI<;ÁO JUSTIFICANDO PEDIDO DE JUSTI<;A GRATUITA FEITO NA PETI<;ÁO INICIAL

232 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 245: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Termos em que p. deferimento.

Suzano, 00 de fevereiro de 0000.

Ante todo o exposto, requer-se "maís urna vez" a este douto Juízo que RECONSIDERE o indeferimento da justica gratuita, determinando o regular prossegui- mento do feito.

Do Novo Pedido de Reconsideracáo

Nao fossem estas despesas já suficientes para consumir os seus par- cos recursos, a autora ainda tem que lidar com seu frágil estado de saúde, contando, na maioria das vezes, coma ajuda de amigos e familiares.

Nestes autos, é assistida por Advogado particular, que esta subscreve, nao porque possa pagar tal despesa, mas pelo simples fato do referido profissional ter se disposto a ajudá-la neste momento difícil, vez que ambos pertencem a mesma Igreja (Prí- meira Igreja Batista de Suzano). Na verdad e, o contrato de prestacáo de servíco feito pelas partes até envolve o pagamento de pequeno honorário (até mesmo porque a advocatícia pro-bono só é possível com autorízacáo da OAB); contudo, nao especificaram as partes data ou prazo para tal pagamento.

Diante destes fatos, fica fácil concluir-se pela ABSOLUTA IMPOSSIBI- LIDADE de a autora recolher as custas deste feito, sendo que negar a ela os beneficios da justíca gratuita equivale a lhe negar acesso a própria JUSTI<;A.

Pecas Processuais 23 3

Page 246: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Recebida a exordial, fls. 00, este douto Juízo concedeu a tutela antecí- pada, a fim de determinar que a ré "restabeleca o fornecimento de energía na residencia do autor, porquanto, tratando-se de episódío alheio a prestacáo do servíco, de rigor seja procedida urna melhor apuracáo dos fatos".

Citada, aré ofereceu contestacáo, fls. 00/00.

Saneado o feito, fls. 00, o Juízo deterrninou que a ré apresentasse o medidor de energia elétrica da residencia do autor para realizacáo de perícia técnica. En- tretanto, mesmo nao tendo aré cumprido a determinacáo judicial, a perícia foi realizada no ATUAL relógio do autor, fls. 00/00.

O autor impugnou o laudo, fls. OO.

Em síntese, esses os fatos.

Em agosto de 0000, o autor ajuizou a presente acáo declarando, em apertada síntese, que aré estava lhe cobrando um débito no valor R$ 2.680,52 referente a diferencas advindas "supostamente" de irregularidades no relógio medidor. Depois de argumentar sobre a ilegalidade da cobranca, o autor requereu fosse declarado a inexis- tencia do débito imputado pelaré, assim como lhe fosse imposta obrigacáo de nao fazer, consistente em nao cortar o fornecimento de energia no imóvel do autor em razáo do su- posto débito.

Dos fatos

D. da S., já qualifícado, por seu Advogado, que esta subscreve (man- dato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nl2 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que move em face de Bandei- rantes Energia S.A., vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer, por memorial, as suas alegafoes finais, conforme razóes de fato e de direito que a seguir expóe:

Afélo Declaratória

Processo nª 0000000-00. 0000. 0.00. 0000

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.66 PETI<;ÁO OFERECENDO MEMORIAIS EM A<;ÁO DECLARATÓRIA MOVIDA EM FACE DA EMPRESA BANDEIRANTES ENERGIA

234 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 247: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de agosto de 0000.

Termos em que pede deferimento.

Douto Magi.strado, os pedidos do autor devem ser julgados procedentes. Como já observado as fls. 00, a ré foi REITERADAMENTE intimada

para apresentar o relógio medidor onde supostamente teria ocorrido irregularidade, con- tudo esta se limitou a apresentar evasivas, deixando de atender a determinacáo judicial.

A presuncáo que advérn do TOI é relativa, tendo o consumidor expres- samente impugnado a ocorréncía de qualquer irregularidade em seu medidor, caberia a prestadora do servico público produzir prova da referida irregularidade e da responsabi- lidade do consumidor pela sua ocorréncía,

Isso nao ocorreu. Muito ao contrário, aré se escondeu atrás de evasi- vas e argumentos genéricos e repetitivos.

De outro lado, o consumidor demonstrou documentalmente nos autos que sempre cumpriu com suas obrigacóes, nada devendo a prestadora do servíco público.

No mais, há que se reiterar, por cautela, os argumentos já apresentados na exordial quanto a forma equivocada do cálculo do débito, assim como a impossibilida- de, qualquer que seja o entendimento deste douto Juízo quanto a existencia de eventual débito, do corte de fornecimento de energia elétríca na residencia do autor em razáo de cobranca de débito pretérito.

Ante o exposto, e mais pelas razóes que este douto Juízo certamente saberá lancar sobre o tema, requer-se a procedencia dos pedidos, condenando-se aré nos ónus da sucumbéncia.

Do Mérito

Pecas Processuais 23 5

Page 248: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Douto Magistrado, o pedido deve ser julgado procedente, com escopo de conceder a autora a guarda legal, por tempo indeterminado, do menor M ..

Do Mérito

Recebida a exordial, este douto Juízo determinou a expedícáo de man- dado de constatacáo. Em atencáo a ordem judicial, o Oficial de Justíca compareceu na residencia da autora e constatou que de fato o menor lá residia, fls. OO.

Os réus foram citados por edital, fls. 00, tendo o Juízo nomeado Cura- dor Especial para representar os seus interesses, fls. 00/00.

Em novas diligencias, citou-se pessoalmente a ré Sheila, fls. 00, que havia voltado a residir com a autora.

Saneado o feito, fls. 00, determinou este Juízo a realizacáo de estudo psicossocial, que foijuntado aos autos as fls. 00/00 e 00/00.

Em síntese, esses os fatos.

Em setembro de 0000, a autora ajuizou a presente acáo de regulamen- tacáo de guarda e visita em face de S. e J., asseverando que mantinha a guarda fática do menor "M. H. da S. P.", nascido em 00.00.0000, filho dos réus. Considerando o descaso dos pais com o filho, pediu a guarda legal do menor, assim como a disciplina do direito de visitas.

Dos fatos

C. de L. M. C., já qualificada, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que move em face de S. A. M. C. e/o, vem a presenca de Vossa Excelencia oferecer, por memorial, as suas alegafoes finais, conforme razñes de fato e de direito que a seguir expóe:

Processo nCl 0000000-00. 0000. O. OO. 0000 Afc1o de Regulamentaciio de Guarda e Visitas

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.67 PETI<;ÁO OFERECENDO MEMORIAIS EM A<;ÁO DE REGULAMENTA<;ÁO DE GUARDA E VISITAS

236 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 249: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de abril de 0000.

Termos em que p. deferimento.

De outro lado, tanto o estudo social como o psicológico concluíram que a guarda legal do menor M. deve ser concedida a autora, avó materna do menor.

Ante o exposto, e mais pelas razóes que este douto Juízo certamente saberá lancar sobre o tema, requer-se a procedencia do pedido, concedendo-se a autora a guarda do menor M. H. da S. P., disciplinando-se o direito de visita dos genitores confor- me proposto na exordíal.

O descaso dos pais naturais com seu filho fica evidente pela simples análise das circunstancias fáticas que envolvem o caso. Com efeito, o genitor encontra-se em lugar incerto e nao sabido, nao tendo sido localizado mesmo após várias diligencias determinadas pelo Juízo. A genitora, por sua vez, voltou para a casa da autora, após lon- go tempo desaparecida, apenas por algumas semanas, tendo novamente "desaparecido" sem deixar noticia.

Pecas Processuais 23 7

Page 250: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

C. de S. V. R., já qualificada, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritorio na Rua Francisco Martins, n.n 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que move em face de M. S. de P., já qualificado, vem a presenca de Vossa Excelencia reguerer a conversao do divórcio litigioso em consensual, observando-se o seguinte acordo:

l. que as partes mantém o seu nome, visto que nao houve alteracáo quando do casamento;

2. os requerentes dispensam reciprocamente pensáo alimenticia, visto que possuem meios proprios de subsistencia;

3. que o filho menor do casal, K. G. R. de P., ficará soba guarda da máe, podendo o genitor visitá-lo em domingos alternados (podendo ser também no sá- bado, mediante combinacáo prévia), podendo retirar a enanca as 9h00 e devendo devol- ve-lo até 16h00; após o menor completar 03 anos de idade, as visitas passaráo a ser em finais de semanas alternados, podendo o genitor retírá-lo as 9h00 do sábado e devendo devolvé-lo até as 18h00 do domingo; nas festas de final de ano, o menor ficará de forma alternada com os pais, sendo que este ano será Natal com a máe e Ano Novo como pai; nas férias de janeiro de julho, o genitor poderá ter o menor nas duas primeiras semanas;

4. que o requerente M. contribuirá para o sustento da menor A. com pensáo alimentícia no valor de 33o/o (trinta e tres por cento) dos seus rendimentos líqui- dos, incluindo-se férias, indenizacáo de férias, 13º salário e verbas rescísórias, quando empregado, mediante desconto em folha de pagamento; no caso de desemprego, ou tra- balho sem vínculo, a pensáo será de 1/2 (meio) salário-mínimo, com vencimento para todo dia 10 (dez) de cada mes.

Em qualquer dos casos, a pensáo deverá ser depositada na conta que a Sra. C. mantémjunto a Caixa Económica Federal, agencia 000, conta 00-0000-0;

5. nao foram adquiridos bens imóveís durante o casamento, sendo que os bens móveís que guarneciam o lar conjugal foram amigavelmente partilhados.

Ante o exposto, requerem a homologacáo do presente acordo e a de- cretacáo do divórcio, expedíndo-se o competente mandado.

Processo nu 0000000-00. 0000. O. OO. 0000 A~áo de Divorcio

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 ªVara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.68 PETI<;ÁO REQUERENDO A CONVERSÁO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO EM "DIVÓRCIO CONSENSUAL"

238 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 251: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de junho de 0000.

Termos em que p. deferimento.

O requerente M. requer, ademais, os beneficios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo.

Pecas Processuais 23 9

Page 252: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gecliel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de novembro de 0000.

Termos em que r. deferimento.

L. R. C. S. e/o, representados por sua genitora C. A. de C.,já qualificada, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacoes, nos autos do processo que move em face de R. S. S., vem a presenca de Vossa Exceléncia requerer a "desistencia" da presente execucáo, vez que a Sra. C. voltou a viver em uníáo estável com o executado. Destarte, requer-se a extincáo do presente feíto (art. 794, III, CPC).

Processo nci 0000000-00. 0000. O. OO. 0000

Afao de Bxecudio de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.69 PETIGAO REQUERENDO A DESISTENCIA DE AGÁ.O DE EXECUGAO DE ALIMENTOS

240 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 253: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de julho de 0000.

Termos em que r. deferirnento.

D. O. M. e/o, já qualificados, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nn 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que movem em face de S. dos S., vém a presenca de Vossa Excelencia requerer a "desistencia" da presente acáo, vez que a menor Á. resolveu voltar a viver com a genitora. Destarte, requer-se a extíncáo do presente feito semjulgarnento (art. 267, VIII, CPC).

Processo nª 0000000-00.0000.0.00.0000 A~iio de Regulamentadic de Guarda e Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 4.il Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.70 PETI(:ÁO REQUERENDO A DESISTENCIA DE A(:ÁO DE REGULAMENTA(:ÁO DE GUARDA E VISITAS

Pecas Processuais 241

Page 254: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Ante o exposto, requer-se: a) o desarquivamento do feíto e os benefícios da justica gratuita, vez

que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa; b) a intímacáo pessoal da guardia. Sra. G. K. D. B. (nome de solteira.

que voltou a usar). residente na Avenida Miguel Gemma. Conjunto Toyama, Bloco OO.

cional.

E. B. de A., brasileiro, casado, desempregado, portador do RG 00.000.000-SSP/SP e do CPF 000.000.000-00, residente e domiciliado na Rua Pedro Paulo dos Santos, n°' 00, Jundiapeba, cidade de Mogi das Cruzes-SP, CEP 00000-000, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, n°' 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que moveu conjuntamente com G. K. D. de A., vem a presenca de Vossa Ex- celencia "informar" e, ao final, requerer:

l. Em acordo homologado por este douto Juízo, as partes estabele- ceram que o genitor poderla visitar sua filha J. V. D. de A., nascida em 00.00.0000 (hoje com sete anos), em domingos alternados, podendo retírá-la da casa materna as 8h00 e devendo devolvé-la até as 18h00.

2. Desde o inicio, a guardia dificultou o exercício do direito de visitas do genitor, sempre procurando urna razáo para nao permitir que ele levasse a enanca.

3. Como tempo a síruacáo só piorou; por fim, a guardia se mudou sem informar seu destino para o pai, que teve muita dificuldade para finalmente Iocalizá-la.

4. Hodiernamente, a guardia nao inventa mais desculpas; ela simples- mente NAO PERMITE que o genitor visite a sua filha, nao obstante este cumpra fielmente suas obrigacóes financeiras.

5. Tal atitude nao afronta somente os direitos do requerente, mas principalmente o direito da menor J., que se ve injustamente privada de ter contado com o genitor e com seus familiares paternos.

6. Inconformado e desesperado, o requerente busca a tutela jurisdi-

Processo nª 0000000-00. 0000. O. OO. 0000

A~ao de Divórcio

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7. 71 PETI<;ÁO REQUERENDO A EXECU<;ÁO DE ACORDO DE VISITAS FEITO EM DIVÓRCIO, VISTO QUE A GUARDIÁ NAO VEM PERMITINDO AS VISITAS DO GENITOR

242 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 255: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de marco de 0000.

Termos em que p. deferimento.

apartamento 00-B. Mogi das Cruzes-SP, para que nao só permita a visita do genitor nos termos acordados, mas tenha a menor preparada para tanto (física- arrumada/emocio- nalmente, esclarecendo a crianca que é o domingo do papai), sob pena de responder pelo crime de DESOBEDIENCIA e multa diária no valor de 112 (meio) salário-mínimo.

Pecas Processuais 243

Page 256: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de maio de 0000.

Termos em que p. deferirnento.

V. F. da S., representada por sua genitora É. C. C., já qualificada, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacoes, nos autos do processo que moveu em face de F. A. da S., vem a presenca de Vossa Excelencia reque- rer a expedícáo de "carta de sentenca", com escopo de possibilitar o ajuizarnento de acáo de execucáo em outro foro. Para tanto, requer o desarquivarnento dos autos e os benefi- cios da justica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

Processo nci 0000000-00. 0000. O. OO. 0000

Afao de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível do Foro Distrital de Brás Cubas, Comarca de Mogi das Cruzes, SP.

7. 72 PETI<;ÁO REQUERENDO A EXPEDI<;ÁO DE "CARTA DE SENTEN<;A'' EM A<;ÁO DE ALIMENTOS

244 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 257: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de outubro de 0000.

Termos em que p. deferimento.

M. A. da S. e/ o, já qualificados, por seu Advogado, que esta subscre- ve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que movem em face de J. F. da S. e/o, vérn a presenca de Vossa Excelencia "requerer" a expedicáo de CERTI- DÁO DE OBJETO E PÉ do presente processo, com escopo de atender exigencia do INSS em processo administrativo de pedido de concessáo de beneficio a favor da menor M. A.

Processo nª 0000000-00.0000.0.00.0000 A~iio de lnvestigadio de Paternidade

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1"' Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.73 PETI(:ÁO REQUERENDO A EXPEDI(:ÁO DE "CERTIDÁO DE OBJETO E PÉ" DO PROCESSO EM ANDAMENTO

Pecas Processuais 245

Page 258: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Arauja Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 dejulho de 0000.

Termos em que Pede deferimento.

Para tanto, requer o desarquivamento do feíto e os beneficios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do feíto conforme declaracáo anexa.

M. da S. R., representado por sua genitora, A. A. da S., por seu Advo- gado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nn 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que moveu em face de S. H. R., vem a presenca de Vossa Excelencia "informar" o nome e enderece do novo empregador do alimentante, qual seja: BME BRASILIA, situada na Rua Joiio António Cebriam, n12. 00, Chácara Bela Vista, cidade de Poá-SP, CEP 00000- 000. Destarte, "requer-se" a expedicáo de oficio ao referido empregador determinando que proceda com o descanto da pensáo fixada nestes autos em folha de pagamento para crédito na canta que a Sra. A. mantém junto ao Banco do Brasil S.A., agencia 000, canta nll00000-0.

Processo nci 0000000-00. 0000. O. OO. 0000

Afao de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.74 PETI<;ÁO REQUERENDO A EXPEDI<;ÁO DE OFÍCIO AO NOVO EMPREGADOR DO ALIMENTANTE

246 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 259: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Arauja Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 dejaneiro de 0000.

Termos em que p. deferimento.

B. L. G. de C., representada por sua genitora K. G. D., já qualificada, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Fran- cisco Martins, n2 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que move em face de T. M. de C., vem a presenca de Vossa Excelencia "informar" que o executado cumpriu com acordo feíto nestes autos. Destarte, requer a extincáo da presente execucáo (art. 794, I, CPC).

Processo nº- 0000000-00.0000.0.00.0000 Afiio de Execucdo de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7. 75 PETI(:ÁO REQUERENDO A EXTIN(:ÁO DE A(:ÁO DE EXECU(:ÁO DE ALIMENTOS EM RAZÁO DO CUMPRIMENTO DE ACORDO

Pecas Processuais 24 7

Page 260: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de junho de 0000.

Termos em que r. deferimento.

E. A. S., representada por sua genitora F. A. A., já qualificada, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), com escritório na Rua Francisco Mar- tins, n12 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe ituimacáes, nos autos do processo que move em face de A. C. S., vem a presenca de Vossa Excelencia "informar" que o executado efetuou pagamento parcial no valor de R$ 1.500,00 (um mil, quinhentos reais); no mais, a representante da menor deseja conceder remissiio, perdiio, quanto ao restante do débito (atéjunho/0000), nada mais havendo que reclamar. Destarte, requer a extincáo da presente execucáo (art. 794, I e II, CPC).

Processo nº 0000000-00. 0000. O. OO. 0000

Afao de Bxecudio de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.76 PETIGAO REQUERENDO A EXTINGA.O DE AGÁ.O DE EXECUGAO DE ALIMENTOS EM RAZÁO DE PAGAMENTO PARCIAL E REMISSÁO DO SALDO

248 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 261: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Suzano, 00 de janeiro de 0000.

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Termos ern que p. deferimento.

R. G. R., já qualificada, por seu Advogado firmado in fine, com escri- tório na Rua Paulino Ayres de Barro, n11 00, Jardim Marcatto, cidade de Suzano-SP, onde recebe intimacñes, nos autos do processo que move em face de L. R., vem a presenca de Vossa Excelencia declarar-se ciente da contestacáo apresentada pelo ilustre Curador Es- pecial, fls. 00/00. No mais, nao havendo preliminares, requer-se, após oitiva do ilustre representante do Ministério Público, o julgamento do feíto no Estado, observando-se que já se encontrajuntado nos autos o laudo pericial, fls. 00/00, que confirma os problemas mentais do interditando, com escopo de declarar-se a sua interdicáo, norneando-se a au- tora sua Curadora, conforme pedido na exordial.

Processo nª 0000000-00.0000.0.00.0000 A~iio de Interdiciio

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1"' Vara Cível de Suzano, Sao Paulo.

7. 77 PETI(:ÁO REQUERENDO O JULGAMENTO DO FEITO NO ESTADO

Pecas Processuais 249

Page 262: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gecliel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de junho de 0000.

Termos em que p. deferimento.

L. B. B. de F., já qualificada, por seu Advogado, que esta subscreve (mandato incluso), corn escrit6rio na Rua Francisco Martins, n2 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que move ern face de M. de S. M. B., vern a presenca de Vossa Excelencia informar que a interditanda veio falecer no último dia 00.00.0000, conforme prava certídáo de óbito anexa. Destarte, requer-se a extíncáo do feito semjulgamento de mérito (art. 267, VI, CPC).

Processo nci 0000000-00. 0000. O. OO. 0000 Afao de lnterdidio

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7. 78 PETI<;ÁO REQUERENDO JUNTADA DE CERTIDÁO DE ÓBITO E EXTIN<;ÁO DO FEITO DE INTERDI<;ÁO

250 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

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Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de marco de 0000.

Termos em que r. deferimento.

N. R. de L.,já qualificado, por seu Advogado, que esta subscreve (man- dato incluso), com escrit6rio na Rua Francisco Martins, n200, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimacáes, nos autos do processo que lhe move F. J. de L., vem a presenca de Vossa Excelencia requerer ajuntada da procuracáo, anexa, e vista dos autos, forado cart6rio, com escopo de que possa preparar sua resposta.

Requer, outrossim, os beneficios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

Processo nª 0000000-00.0000.0.00.0000

A~iio de Divorcio

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.79 PETI(:ÁO REQUERENDO JUNTADA DE PROCURA(:ÁO E VISTA DOS AUTOS PARA O PREPARO DE DEFESA

Pecas Processuais 251

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Douto Magistrado, maliciosamente os autores informaram a este ilus- tre Juízo apenas parte dos fatos, buscando induzi-lo em erro, a fim de obterem, como de fato obtiveram, INDEVIDA vantagem em face do réu.

Primeiro, os autores, por meio de sua representante legal, deixaram de informar que o alimentante é pai de outra crianca, L. R. de J., nascido em 00.00.0000,

Do Pedido de Reconsideracáo

Os autores ajuizaram o presente pedido de alimentos asseverando, em apertada síntese, que sao filhos do autor e que este tem descurado do seu dever de susten- to. Diante de tal fato, requereram a fixacáo de alimentos provisórios no valor de 1/3 (um terco) dos rendimentos líquidos do réu e alimentos definitivos no mesmo valor, quando empregado, e 2 (dois) salários-mínímos quando desempregado.

Recebida a exordial, fls. 00, este douto Juízo fixou os provisórios em 300/o (trinta por cento) dos rendimentos líquidos do alimentante, determinando a cítacáo e expedicáo de ofício ao empregador.

Tendo o oficio chegado mais rápido ao empregador do que a carta precatória para citacáo do réu, este veio a Juízo e se deu por citado.

Estes os fatos.

Dos Fatos

E. B. de J., já qualificado, por seu Advogado, que esta subscreve (man- dato incluso), com escritório na Rua Francisco Martins, nº 00, Centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que lhe movem G. M. B. e/o, vem a presenca de Vossa Excelencia requerer a reconsideraciio da r. decisiio de fls. 00 que fixou os alimentos provisórios em 1/3 (um terco) dos rendimentos líquidos do ali- mentante, pelos motivos de fato e de direito que a seguir expóe:

Processo nu 0000000-00. 0000. O. OO. 0000

A~a:o de Alimentos

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, Sao Paulo.

7.80 PETI<;ÁO REQUERENDO RECONSIDERA<;ÁO DE AUMENTOS PROVISÓRIOS FIXADOS EM A<;ÁO DE AUMENTOS MOVIDA PELOS FILHOS EM FACE DO PAi

252 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 265: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de outubro de 0000.

Termos em que p. deferimento.

fruto de relacionamento anterior, a quem o réu já paga pensáo alimenticia descontada ern folha, conforme se ve dos documentos anexos.

Tal fato por si só é bastante para fundamentar o presente pedido de "reconsíderacáo" dos alimentos provisórios fixados ern 30°/o (trinta por cento) dos rendi- rnentos líquidos do alimentante, vez que se mantida esta decisáo, o réu se verá sem con- dicóes de arcar com suas despesas básicas de manutencáo, fato que poderá até mesmo provocar a sua demíssáo no servico.

Entretanto, nao é só este fato que demanda a URGENTE revísáo dos provisórios. Abandonado em Sao Paulo por sua mulher, máe dos autores, o réu se viu sozinho para cumprir todos os encargos que o casal havia assumido (v.g., empréstímo bancário, cartáo de crédito, cheque especial - num total de quase R$ 4.000,00 - negati- vos), fato quejá provocou, inclusive, a devolucáo do carro financiado que o casal possuía.

Pai extremamente amoroso, o réu, apesar das noticiadas dificuldades, ainda manteve o pagamento do plano de saúde para os filhos, mesmo abandonado pela mulher, fato que lhe traz um custo extra de cerca de R$ 150,00 (cerito e cinquenta reaís), mesmo estando impedido pela genitora de ver as enancas.

Ante o exposto, considerando a existencia de um terceiro filho, nas- cido antes mesmo dos autores a quemo réu já paga pensáo, bem corno o fato de o réu ter arcado sozinho, até aqui, com o passivo do casal, "requer-se" a reconsideracáo da decisáo que fixou os alimentos provisórios em 30o/o (trinta por cento) dos rendimentos líquidos, passando-se, até decisáo final, para 18% ( dezoito por cento) dos rendimentos líquidos do alimentante, oficiando-se com urgencia para o seu empregador.

Requer, outrossim, os benefícios dajustica gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

Pecas Processuais 253

Page 266: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Douto Magistrado, maliciosamente os autores informaram a este douto Juízo apenas parte dos fatos, buscando induzi-lo a erro, a fim de obterem, como de fato obtiveram, indevida vantagem em face do alimentante.

Do Pedido de Reconsideracáo

Os autores ajuizaram o presente feito, asseverando que o réu teria sofrido alteracóes favoráveis nas suas condícóes financeiras e que, portanto, estaria em condicóes de contribuir com um valor maior para a sua manutencáo, Alegaram ainda que este, nao obstante a sensível melhora que experimentara em seus ganhos, nada vinha fa- zendo em especial pelos seus filhos.

Inforrnaram, outrossim, que o alimentante estaria trabalhando com vínculo empregatício, pedindo, entáo, fossem fixados alimentos provisórios no valor de l/3 (um terco) dos seus rendimentos, devendo-se oficiar ao empregador para desconto em folha de pagamento.

Recebida a exordial, este douto Juízo deferiu o pedido de antecipacáo de tutela, fixando os alimentos provisórios em 330/o (trinta e tres por cento) dos rendimen- tos líquidos do alimentante, determinando-se que se oficiasse com urgencia ao noticiado empregador. Designou, ainda, audiencia de concilíacáo, instrucáo e julgamento.

Em síntese, os fatos.

Dos Fatos

A. de O. P., já qualificado, por seu Advogado firmado in fine, mandato incluso, com escritório na Avenida Voluntário Fernando Franco, n2 00, centro, cidade de Mogi das Cruzes-SP, onde recebe intimadies, nos autos do processo que lhe movem M. H. C. P. e/ o, vem a presenca de Vossa Excelencia requerer reconsideradio da r. decísáo de fls. 00/00 que fixou os alimentos provisórios em 1/3 (um terco) dos rendimentos líquidos do alimentante, pelos motivos de fato e de direito que a seguir exp6e:

Processo nel 0000000-00. 0000. 0.00. 0000 A~áo Revisional de Alimentos

Excelentíssimo Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara do Foro Distrital de Brás Cubas, Comarca de Mogi das Cruzes-SP.

7.81 PETI<;ÁO REQUERENDO RECONSIDERA<;ÁO DE AUMENTOS PROVISÓRIOS FIXADOS EM A<;ÁO REVISIONAL DE ALIMENTOS MOVIDA PELOS FILHOS EM FACEDOPAI

254 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 267: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Além de fornecer moradia, além de pagar a conta de luz e água dos fí- lhos e de sua genitora, além de fornecer plano médico e odontológico, o alimentante vem se responsabilizando pela compra das roupas de seus filhos e do material escolar necessário.

Como se ve, douto Magistrado, ao contrário do que fizeram crer os autores na exordial, o alimentante tem se mostrado um pai responsável e extremamente preocupado como bem-estar de seus filhos. Encontra-se na verdade já longamente com- prometido com obrígacñes a favor dos menores que envolvem despesas que nao poderá deixar de fazer de imediato, fato que torna extremamente <lanosa a decisáo judicial que fixou os alimentos provisórios em 1/3 (um terco de seus rendimentos líquidos), vez que este continuará com as obrigacñes e nao terá os recursos para cobri-las,

No caso de a representante dos menores preferir fazer ela própria os pagamentos (roupas, cadernos, moradia, luz e água, plano médico e odontológico etc.), será necessário um período de transicáo, permitindo-se que o alimentante quite o que há pendente e tome as providencias necessárias quanto ao mais (cancelamento dos planos

Tal fato por sisó é bastante para afastar a fíxacáo da pensáo alimen- ticia em 33o/o (trinta e tres por cento) dos rendimentos líquidos do alimentante, vez que nao se pode ignorar a existencia da nova prole, nao se pode favorecer apenas os autores, relegando a fome a terceira filha do alimentante.

Note-se que tal fato é há longa data de conhecimento da representante dos autores, que o omitiu na sua peticáo inicial, buscando, como já disse, maliciosamente induzir a erro este douto Juízo, fato que coloca em cheque as outras inforrnacóes presta- das na petícáo inicial.

Entretanto, nao é apenas este fato que está a reclamar a "reconside- racáo" dar. decísáo <leste douto Juízo. Com efeito, há longa data que o alimentante nao vem contribuindo apenas com 58% (cinquenta e oito por cento) de 1 (um) salário-rníni- mo para o sustento de seus filhos.

Pai extremamente amoroso, o réu sempre se preocupou com o bem- -estar de seus filhos. Quando da separacáo, os autores e sua rnáe ficaram morando em imóvel que pertence ao pai do alimentante, sendo que este é quem paga diretamente a seus pais os valores de conta de luz e água, vez que no local existe apenas um relógio. Em outras palavras, além do valor em dinheiro, o alimentante sempre se responsabilizou por fornecer moradia a seus filhos e, mais, pelo pagamento da conta de luz e água, valor este que por si só quase dobra o valor da pensáo alimenticia.

No mais, assim que teve a sorte de conseguir emprego registrado, o réu passou imediatamente a pagar o plano de saúde para seus filhos (médico e odontológico). Note-se bem, fez isto sem estar legalmente obrigado, por amor a seus filhos.

Considerando que preferiu o plano de saúde de melhor qualidade (classe executiva), pensando em seus filhos, o alimentante é obrigado a desembolsar caro valor de mensalidade que chega, no total, a sornar algo perto de R$ 350,00 (plano médi- co e odontológico).

Primeiro, o alimentante nao possui apenas os autores como filhos. Após ter se separado da genitora dos autores, o réu constituiu nova familia onde lhe ad- veio mais urna filha "K. V. de O. P.", nascida em 00.00.0000, conforme prova certídáo de nascimento anexa.

Pecas Processuais 255

Page 268: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

Gediel Claudino de Araujo Júnior OAB/SP 000.000

Mogi das Cruzes, 00 de junho de 0000.

Termos em que p. deferimento.

de saúde, que é sua obrígacáo, instalacáo de rel6gio individual quanto a luz e água, reto- mada do im6vel etc.).

Nao fossem bastantes as razñes já lancadas, a demandar a "reconside- racáo" dar. decisáo que fixou os alimentos provis6rios ern 1/3 (urn terco) dos rendimentos líquidos do alimentante, há que se considerar que o réu encentra-se passando por sérías dificuldades financeiras, estando obrigado a pagar aluguel (porque deixou os autores no imóvel que seria seu por direito), entre outras muitas despesas, conforme se ve do extrato de sua conta-corrente anexo.

Ante o exposto, considerando a existencia de um terceiro filho, con- siderando que o alimentante já vem pagando, além do fixado judicialmente, as con tas de luz, água e plano de saúde e odontológico, e se responsabilizando por fornecer moradia, "requer-se reconsideraciio da r. deciséío" que fixou os alimentos provis6rios em 33o/o (trinta e tres por cento) passando-se, até decísáo final a ser proferida em sentenca, para 15% (quinze por cento) dos rendimentos líquidos do alimentante, oficiando-se com ur- gencia ao seu empregador.

Requer, outrossim, os beneficios dajustíca gratuita, vez que se declara pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaracáo anexa.

256 Prática de Contestacáo no Processo Civil • Araujo Júnior

Page 269: Prática de Contestação No Processo Civil - Gediel Claudino de Araujo Júnior - 2015

ASSIS, Araken de. Manual de recursos. 4. ed. Sao Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.

DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 16. ed. Sao Paulo: Atlas, 2012.

MARINONI, Luis Guilherme. Curso de processo civil. 6. ed. Sao Paulo: Revista dos Tribu- nais, 2012. v. l.

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NERY JUNIOR, Nelson. Código processo civil comentado e legislacáo extravagante. 10. ed. Sao Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.

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Bibliografia

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Registro que o bom profissional nunca deixa a elaboracáo do seu trabalho para a última hora. Ele, após atento estudo da matéria e dos autos do processo, prl- meiro prepara um rascunho, depois faz urna análise percuciente dele, checan- do com cuidado os fatos e argumentos que apresentou, a fim de evitar erres, ornlssñes, repetkees, contradlcóes etc. Pronta a petlcáo, ele espera o melhor momento para protocolé-la. Lembre-se, urna pettcáo mal apresenta- da, atécnica, cheia de erres de grafia e exageres dificulta, ou mesmo inviabili- za, a pretensáo defendida pelo Advoga- do; de outro lado, urna peti~ao escorrel- ta, técnica, bem apresentada, facilita, ou pelo menos nao atrapalha, a obtencáo do direito pretendido.

O Advogado diligente, ciente dos pra- zos inerentes ao procedimento daque- le processo em particular, acompanha o seu desenvolvimento de perto, co- brando providencias dos serventuários e do Magistrado, tomando a iniciativa sempre que necessário, com escopo de abreviar os prazos e alcancar o mais breve possível o direito pleiteado.

Gediel Claudlno de Araujo júnior é Defensor Público do Estado de Sao Pau- lo e professor de Direito Civil, Proces- so Civil e Prática Processual Civil. Além desta obra, é autor dos seguintes livros: Prática no processo civil; Prática do recur- so de agravo; Prática no direlto de familia; Prática de locacáo; Prática de recursos no processo civil; Processo civil: processo de conheclmento (vol. 1 O da série Leituras Jurídicas: Prevas e Concursos); Processo civil: execucáo e procedimentos especiats (vol. 11 da série Leituras Jurídicas: Pro- vas e Concursos). Todos publicados pela Editora Atlas.

Assim como o autor nao está abrigado a liti- gar, o réu, urna vez citado, nao está abrigado a se defender; considerando, contudo, que a cítacáo o vincula ao processo, deve fazé-lo, caso nao queira sofrer as consequéndas por sua ornlssáo (revelia). Destarte, regularmen- te citado, o réu pode: 1 - permanecer inerte, sofrendo os efeitos da revelia; 11 - reconhe- cer o pedido do autor, provocando o julga- mento antecipado da lide; 111 - defender- -se, apresentando eventualmente: excecáo. irnpugnacáo, contestacáo, reconvencao e até embargos. O réu pode ainda peticionar provocando a lntervencáo de terceiros, seja nomeando a autoria, denunciando a líde ou, por fim, chamando ao processo.

Ao iniciar a defesa do réu no processo civil, o Advogado deve atentar para algumas ques- toes de cunho prático, por exemplo: docu- mentos que devem ser juntados aos autos; prazos processuais; instrumento de procu- ra~ao; contrato de honorários; despesas etc. Estas e outras questoes devem ser discuti- das detalhadamente com o cliente, que tem o direito de ser adequadamente informado sobre estese outros aspectos que envolvem sua defesa no processo judicial, evitando, desta forma, surpresas e desconfortos no fu- turo para ambas as partes. Depois de ler cuidadosamente a contrafé e, se possível, os autos do processo, o Advoga- do deve ouvir com atencáo as observacóes do cliente, fazendo anotacñes e perguntas que visem a criar um quadro completo da questáo posta em juízo; em seguida deve apresentar ao cliente as opcóes que se apresentam diante do problema, com esca- po de que este decida qua( atitude deseja tomar (qua( a linha de defesa). Registre-se que a opcáo deve ser sempre do cliente, o Advogado deve evitar tomar decisñes por ele, mesmo que este insista neste sentido; se a questáo for complexa, é prudente re- querer um prazo antes de fazer o relatório e apresentar as opcñes ao cliente.

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uvro-referéncta para estudantes e profissionais do Direito. Leitura complementar para a disciplina de Direito Processual Civil do curso de Direito.

APLICA~AO

Esta obra oferece urna visáo de ordem prática sobre alguns dos principais institutos que en- volvem a resposta no processo civil. Inicialmente, o autor expñe de forma direta e simplifi- cada os temas ligados a resposta do réu (contestacáo. reconvencáo. excecáo, trnpugnacáo): depois. apresenta inforrnacóes gerais e dlcas sobre a redacáo forense, em especial sobre o preparo e oferecimento da contestacáo. citando expressamente vários tipos de acñes.

Na parte final, o leitor encontrará vários modelos de pecas ligadas ao tema, fruto da longa experiencia do autor na defesa dos interesses do demandado no processo civil. Entre cu- tras, sao objeto deste livro as questñes ligadas a: • Contestacáo de a<;ao de adjudicacáo compulsória; · Contestacáo de a<;ao de alimentos; • Contestacáo de a<;ao de busca e apreensáo em alienacéo judiciária; · Contestacáo de a<;ao de conslgnacáo de aluguel; · Contestacáo de a<;ao de despejo; • Contestacáo de a<;ao de destituicáo de poder familiar; · Contestacáo de a<;ao de divórcio; · Contestacáo de a<;ao de exoneracáo de penséo alimentícia; • Contestacáo de a<;ao de indenizacáo por perdas e danos; • Contestacáo de a<;ao de investlgecáo de paternidade; · Contestacáo de a<;ao revisional de alimentos; · Contestacáo de a<;ao de obrlgacáo de fazer; • Contestacáo de a<;ao de regularnentacáo de guarda e visitas; · Contestacáo de a<;ao de reintegracéo de posse; • Contestacáo de a<;ao de resclsáo de contrato;

lrnpugnacáo a execucáo: • írnpugnacáo da concessáo da justica gratuita; • lrnpugnacéo do valor da causa; • Justificativas em a<;ao de execucáo de alimentos;

Exce<;ao de incompetencia.

PRÁTICA DE CONTESTA~ÁO NO PROCESSO CIVIL