pra nÃo dizer que nÃo falei das flores!
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Pra não dizer que não falei das
flores...
Quando as flores se calarem diante de nossos olhos
surdos e o perfume desaparecer de
nossas narinas talvez sejamos capazes não mais
de perceber a vida,
mas conscientizarmo-nos, ao menos, de que aquilo que agora temos
não passa de mera sobrevivência...
Porque o silêncio das flores é o silêncio das
almas a ausência do perfume é
o vazio do espírito
a incapacidade de vermos a flor que se resseca
diante de nossos olhos...
A flor que se esvai em pálidas pétalas
é nossa incapacidade de sentir a vida
de tirar da existência ainda algum alento
alguma utópica explicação para este todo já vazio
deste todo autodestrutivo...
Porque vem das flores a verdadeira beleza
é delas que emanam
a sensibilidade
e a fragilidade tão necessárias à vida...
Mas se flores já não há como havemos nós inundados de
alguma vida? restam-nos as pedras e os
espinhos e as sementes mortas no solo árido do corpo ressequido
que nos é esmolado neste dia-a-dia em que nos
danamos...Neste cotidiano em que nos
enganamos friccionando que somos alguma
coisa além do trágico e do medo que
nos consome.
*Bruna*