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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC EVERTON DE SOUZA BARROZO JOÃO VICTOR FREIRE PEREIRA PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTO DO TIPO TANQUE SÉPTICO MAIS FILTRO ANAERÓBIO, APLICADO NO MUNICÍPIO DE PÃO DE AÇÚCAR - AL MACEIÓ - AL 2018/1

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

EVERTON DE SOUZA BARROZO JOÃO VICTOR FREIRE PEREIRA

PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTO DO TIPO TANQUE SÉPTICO MAIS FILTRO ANAERÓBIO, APLICADO NO MUNICÍPIO

DE PÃO DE AÇÚCAR - AL

MACEIÓ - AL 2018/1

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EVERTON DE SOUZA BARROZO JOÃO VICTOR FREIRE PEREIRA

PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTO DO TIPO TANQUE SÉPTICO MAIS FILTRO ANAERÓBIO, APLICADO NO MUNICÍPIO

DE PÃO DE AÇÚCAR - AL

Trabalho de conclusão de curso apresentado como

requisito final, para conclusão de curso de Graduação

em Engenharia Civil no Centro Universitário Cesmac,

sob a orientação da Professora Ma. Marianny Monteiro

Pereira de Lira e coorientação da professora Ma.

Daysy Lira Oliveira Cavalcanti.

MACEIÓ-AL 2018

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REDE DE BIBLIOTECAS CESMAC

Evandro Santos Cavalcante

Bibliotecário CRB-4/1700

B277p Barrozo, Everton de Souza

Pré-dimensionamento de um sistema de tratamento de esgoto do

tipo tanque séptico mais filtro anaeróbio, aplicado no Município

de Pão de Açúcar-AL / Everton de Souza Barrozo, João Victor

Freire Pereira . -- Maceió: 2018

50 f.: il.

TCC (Graduação em Engenharia civil) - Centro Universitário

CESMAC, Maceió - AL, 2018.

Orientadora: Marianny Monteiro Pereira de Lira

Coorientadora: Daysy Lira Oliveira Cavalcanti

1. Esgoto 2. Tecnologia. 3. Doméstico.

I. Lira, Marianny Monteiro Pereira. II. Cavalcanti, Daysy Lira

Oliveira. III. Título.

CDU: 628.3.033(813.5)

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EVERTON DE SOUZA BARROZO JOÃO VICTOR FREIRE PEREIRA

PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTO DO TIPO TANQUE SÉPTICO MAIS FILTRO ANAERÓBIO, APLICADO NO MUNICÍPIO

DE PÃO DE AÇÚCAR - AL

Trabalho de conclusão de curso apresentado como

requisito final, para conclusão de curso de Graduação

em Engenharia Civil no Centro Universitário Cesmac,

sob a orientação da Professora Mestra Marianny

Monteiro Pereira de Lira e coorientação da professora

Mestra Daysy Lira Oliveira Cavalcanti.

APROVADO EM:

Mestra Marianny Monteiro Pereira de Lira

Orientadora

Mestre Mayco Sullivan Araújo de Santana

Avaliador Interno

Mestra Thássia Catherine Costa Nascimento

Avaliador Interno

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus pela vida e por ter nos proporcionado

chegar até aqui. Aos nossos familiares que nos incentivaram nas horas mais difíceis

ao longo dessa caminhada, contribuindo diretamente para que pudéssemos atingir os

nossos objetivos.

Agradecemos também a nossa orientadora, Marianny Monteiro Pereira de Lira

e coorientadora Daysy Lira Oliveira Cavalcanti pela paciência e pela dedicação na

correções e orientações deste trabalho.

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PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTO DO TIPO TANQUE SÉPTICO MAIS FILTRO ANAERÓBIO, APLICADO NO MUNICÍPIO

DE PÃO DE AÇÚCAR-AL PRE-DIMENSION OF A SEPTIC TANK SEPTIC TREATMENT SYSTEM MORE

ANAEROBIC FILTER, APPLIED IN THE MUNICIPALITY OF PÃO DE AÇÚCAR – AL

Everton de Souza Barrozo Graduando do curso de Engenharia Civil

[email protected] João Victor Freire Pereira

Graduando do curso de Engenharia Civil [email protected]

Graduando do Curso de Engenharia Civil Marianny Monteira Pereira de Lira

[email protected] Mestra em Engenharia Civil

Daysy Lira Oliveira Cavalcanti [email protected]

Mestra em Ciências: Engenharia Hidráulica e Saneamento

RESUMO

Quando se trata de saneamento ambiental, o Brasil apresenta um enorme déficit. Esse índice negativo está relacionado, principalmente, à ausência de redes coletoras, tratamento e disposição final apropriada dos esgotos. A situação é sentida com mais impacto nas regiões onde se concentra uma população carente de recursos financeiros, pois a maioria vive nas periferias das cidades, em áreas de condições urbanísticas de péssima qualidade, favorecendo assim as disposições inapropriadas dos esgotos. Nestes lugares, há uma incidência maior de doenças ligadas diretamente ao esgoto. Este trabalho propôs a tecnologia de tanque séptico mais filtro anaeróbio como alternativa para o tratamento de esgoto, principalmente em áreas desprovidas de sistema coletivo para o manejo das águas residuárias, como é o caso da cidade de Pão de Açúcar – AL. A partir de revisão bibliográfica e de parâmetros normativos para o tratamento de esgoto, procurou-se pré-dimensionar o sistema proposto. A alternativa proposta apresentou uma área pequena e compatível com as residências da cidade. Espera-se que a tecnologia proposta seja aplicada aos novos loteamentos no município estudado.

PALAVRAS-CHAVE: Esgoto. Tecnologia. Doméstico.

ABSTRACT

when the subject is about environmental sanitation, Brazil has a huge deficit. That negative index is mainly related to the absence of sewage collection and treatment. The situation is more difficult in regions where the population is poorer, and because of most of them live in the outskirts of cities, in areas of poor urban conditions, thus favoring inappropriate sewerage arrangements. In these places, there is a bigger incidence of diseases connected directly to the sewage. That study proposed septic tank technology and anaerobic filter as an alternative to the treatment of sewage, especially in areas without a collective system for the management of wastewater, such as the city of Pão de Açúcar - AL. by means of bibliographic review and normative parameters for the treatment of sewage, we tried to pre-dimension the proposed system. The proposed alternative presented a small area and compatible with the residences of the city. It is expected that the proposed technology will be applied to the new allotments in the city that has been studied.

KEYWORDS: Sewer. Technology. Domestic.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 4 1.1 Considerações Iniciais ........................................................................................ 4 1.2 Objetivos .............................................................................................................. 5 1.2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 5 1.2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 5 2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 6 2.1 Sistemas de esgotamento sanitário .................................................................. 6 2.1.1 Definições e etapas de um sistema de esgotamento sanitário ........................... 7 2.1.2 Disposição Final do esgoto doméstico ............................................................. 10 2.1.3 Aspectos Legais ............................................................................................... 11 2.2 Impactos do lançamento inadequado do esgoto doméstico ........................ 12 2.2.1 Impactos ambientais provenientes do lançamento de esgoto in natura ........... 13 2.2.2 Impactos sociais provenientes do lançamento de esgoto in natura ................. 13 2.2.3 Impactos Econômicos provenientes do lançamento de esgoto in natura ......... 14 2.3 Análise geral de tecnologias conhecidas para o de tratamento de esgoto . 14 2.3.1 Principais processos de tratamento de esgoto ................................................. 14 2.3.1.1 Lagoa de estabilização .................................................................................. 14 2.3.1.2 Reator anaeróbio de fluxo ascendente (RAFA) ou Reator UASB ................. 16 2.3.1.3 Tratamento por meio de wetlands ................................................................. 18 2.3.1.4 Estação de tratamento de esgoto compacta com filtro anaeróbio ................. 20 2.4 Critérios para Análise ....................................................................................... 21 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 24 3.1 Caracterização da área de estudo ................................................................... 24 3.1.1 Dados históricos do município de Pão de Açúcar -AL ...................................... 24 3.1.2 Características físicas ...................................................................................... 25 3.1.3 Características Econômicas ............................................................................. 26 3.1.4 Dados da saúde no município .......................................................................... 26 3.1.5 Território e meio Ambiente ............................................................................... 26 3.1.6 Hidrografia ........................................................................................................ 26 3.1.7 Sistema de Abastecimento de Água ................................................................ 27 3.1.8 Disposição final atual do efluente doméstico .................................................... 27 3.2 Quantificação da vazão de esgoto lançada .................................................... 30 3.3 Alternativas propostas para o tratamento de esgoto doméstico .................. 31 3.4 Pré-dimensionamento do Tanque séptico ...................................................... 35 3.5 Pré-dimensionamento do filtro anaeróbio ...................................................... 36 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 38 4.1 Vazão de Projeto ............................................................................................... 38 4.2 Pré-dimensionamento dos sistemas de tratamento ...................................... 38 4.2.1 Pré-dimensionamento do tanque séptico ......................................................... 38 4.2.2 Pré-dimensionamento do filtro anaeróbio ......................................................... 40 4.3 Composição dos Sistemas ............................................................................... 41 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 43 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Iniciais

O lançamento do efluente final, proveniente de esgoto doméstico, geralmente

acontece em corpos hídricos ou no solo, desde que os mesmos estejam apropriados

e com a devida aprovação dos órgãos regulamentadores. Por esse motivo, é

importante adotar critérios de análise da composição química e biológica das águas

servidas, para que seja implantado um sistema de tratamento de esgoto que elimine

a carga de sólidos grosseiros e microrganismo patogênicos e não prejudique

esteticamente e sanitariamente o corpo receptor (NUVOLARI, 2011).

As obras de saneamento podem causar modificações ambientais e estão

diretamente ligadas a problema de medicina preventiva e de saúde pública (CONAMA,

nº5, 1988). A ausência de um tratamento eficaz dos esgotos domésticos pode

acarretar situações como o desequilíbrio de um ecossistema aquático, através de um

fenômeno denominado eutrofização. Esse fenômeno é provocado pela quantidade

excessiva de nutrientes presentes como, o fósforo e o nitrato, que favorecem o

aparecimento de superpopulações de algas e bactérias heterotróficas que se

alimentam da matéria orgânica das algas e de outros microrganismos mortos,

consumindo o oxigênio dissolvido no meio líquido, ocasionando eventuais

mortandades de peixes (MOTA; VON SPERLING, 2009).

Outro caso comum de manejo inadequado do esgoto doméstico é a construção

particular para disposição final do efluente, como as fossas sépticas, muitas vezes

construídas fora dos padrões normativos e ambientais. Uma vez que o líquido

descarregado dentro dessas estruturas irregulares contém nitrogênio e percola no

solo sob a ação da gravidade, se converte em nitrato, poluindo assim águas

subterrâneas que se encontram sob, ou perto das fossas impossibilitando o consumo

humano através de poços artesianos (MOTA; VON SPERLING, 2009).

Segundo dados coletados pelo Sistema Nacional de Informações sobre

Saneamento (SNIS, 2015) foi observado que 42,7% dos esgotos gerados no Brasil

tiveram tratamento. Na região alagoana apenas 20,05% dos esgotos gerados são

tratados. Estatísticas que não são favoráveis quando se pensa no bem-estar e na

qualidade de vida da população. A situação atual do esgotamento sanitário do Brasil

deve ser priorizada e esse serviço deve oferecer qualidade para todos melhorando

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assim as condições e expectativas relacionadas a saúde da população (COSTA,

2016).

A população mais carente é a mais prejudicada com a falta de saneamento

básico, estando sujeita dessa forma a um conjunto de privações e a maiores chances

de contrair doenças e de ter seus direitos humanos violados (HELLER, 2017).

A área de estudo escolhida foi o município de Pão de Açúcar, localizado as

margens do Rio São Francisco no semiárido do estado de Alagoas, distante 240 Km

da capital do estado, Maceió. A escolha se deve ao fato da cidade dispor de rede de

abastecimento de água que atende a maioria de sua população, mas apresenta um

percentual baixo da população que tem acesso a um sistema de tratamento de esgoto

adequado, cerca de 17,7% segundo o CENSO de 2010, realizado pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No momento, esses sistemas de

saneamento são geridos pelo Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) criado em

1960, autarquia responsável pela captação, tratamento, armazenamento e

distribuição de água para a população do município, mas passa por processo de

transição para a Companhia de Saneamento de Alagoas (CASAL).

Diante do exposto, a presente pesquisa tem como principal objetivo analisar

diferentes alternativas viáveis para a disposição final do esgoto doméstico na cidade

de Pão de Açúcar, Alagoas, com a finalidade de contribuir com informações

importantes ou soluções pontuais para uma melhora significativa da qualidade de vida

da população.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar a implantação de um sistema de tanque séptico mais filtro anaeróbio

para o tratamento do esgoto doméstico no município de Pão de Açúcar – AL.

1.2.2 Objetivos Específicos

- Verificar a disposição final atual do efluente doméstico;

- Quantificar a vazão de esgoto lançada;

- Propor alternativas para o tratamento do esgoto doméstico.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

No presente capítulo é apresentado todo o conteúdo bibliográfico pesquisado

para elaborar o desenvolvimento da pesquisa, mostrando as definições e teses do

sistema de esgotamento sanitário, focando na etapa de tratamento e lançamento final

do efluente líquido.

2.1 Sistemas de esgotamento sanitário

Desde a antiguidade, com o surgimento de cidades e como consequência o

assentamento de um aglomerado de pessoas nessas civilizações, a coleta de águas

servidas, o chamado esgoto sanitário, passava a ser preocupação para o homem. Há

relatos de que em 3750 a.C. foram construídas galerias de esgotos em Nipur (Índia)

e na Babilônia. Em 3100 a.C. manilhas cerâmicas eram empregadas para essa

finalidade (NETTO, 1984). Na Roma Imperial, se tem notícia de que eram feitas

ligações diretas das casas até os canais. Contudo, por se tratar de uma iniciativa cada

morador, nem todas as casas apresentavam esses sistemas (METCALF; EDDY,

1977).

Por não ter notícia de grandes realizações, no que diz respeito ao saneamento

e em especial aos esgotos, na Idade Média, o descuido e o desconhecimento da

microbiologia certamente foram as causas das grandes epidemias ocorridas na

Europa, no período entre os séculos XIII e XIX (SAWYER e MCCARY, 1978). Esse

fato coincidiu com o incoerente crescimento de algumas cidades. A história registra

ainda que entre os anos de 1345 e 1349 houve uma tremenda pandemia de peste

bubônica na Europa, com 43 milhões de vítimas fatais, numa época em que a

população mundial não chegava aos 400 milhões. Sabe-se nos dias de hoje que a

peste bubônica é transmitida por pulgas infectadas por ratos e isso comprova que a

limpeza não era uma qualidade daquelas populações (NETTO, 1984).

A Inglaterra foi um dos países europeus mais castigados por epidemias. Os

fatores que influenciaram diretamente para os surtos epidêmicos são evidentes, pois

o país foi o berço da Revolução Industrial e sofreu intensa migração populacional do

campo para a cidade, as quais não contavam com a necessária estrutura para atender

ao novo contingente populacional. Os rios ingleses de curta extensão passavam por

diversas cidades ao longo de seu curso, e não apresentava condições naturais

adequada à autodepuração (NUVOLARI, 2011).

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No Brasil, durante o processo de colonização, os imigrantes provocaram uma

grande disseminação de doenças principalmente para os indígenas, habitantes

nativos, que até então tinham sua saúde admirada pelos padres Jesuítas. Além das

doenças e cultura, com os colonizadores vieram as preocupações sanitárias como a

limpeza de ruas e quintais, e a construção de chafarizes em praças públicas para a

distribuição de água para a população, transportadas em recipientes pelos escravos

(CAVINATTO, 1992). Ainda no Brasil, houve um marco importante com a vinda da

família real com relação às questões de saneamento básico, tornando o país uns dos

primeiros no mundo a implantar redes de coleta de esgoto para o escoamento de

águas pluviais. Todavia, esse sistema foi instalado somente na cidade do Rio de

Janeiro e atendia a área onde se instalava a Aristocracia (CAVINATTO, 1992).

Ao longo do tempo as questões de saneamento passaram a ser adotadas em

outras cidades brasileiras tendo como destaque a implantação da primeira rede de

esgotos em São Paulo em 1876 e a inauguração da cidade de Belo Horizonte em

1897, projetada com redes de água e esgoto. Atualmente vários municípios brasileiros

possuem sistemas de tratamento de esgoto, mas boa parte nem coleta e nem trata

seus esgotos. Inevitavelmente terão que fazê-lo, sob pena de ficarem sem mananciais

de água apropriada para abastecimento humano e amargarem sérios problemas de

saúde pública (NUVOLARI, 2011).

2.1.1 Definições e etapas de um sistema de esgotamento sanitário

De acordo com a (NBR) 9648 (ABNT,1986) esgoto sanitário é o despejo líquido

constituído de esgotos doméstico e industrial, água de infiltração e contribuição pluvial

parasitária. No qual:

1. Esgoto doméstico é o despejo líquido resultante do uso da água para higiene e

necessidades fisiológicas humanas;

2. Esgoto industrial é o despejo líquido resultante dos processos industriais,

respeitados os padrões de lançamento estabelecidos;

3. Água de infiltração é toda água, proveniente do subsolo, indesejável ao sistema

separador e que penetra nas canalizações;

4. Contribuição pluvial parasitária é a parcela de deflúvio superficial

inevitavelmente absorvida pela rede coletora de esgoto sanitário.

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O Esgoto doméstico ou domiciliar é oriundo das residências, dos edifícios

comerciais, instituições ou ainda de edificações que contenham instalações de

banheiros, lavanderias, cozinhas, ou de dispositivo que utilize a água com finalidade

doméstica. Formado, essencialmente, da água de banho, urina, fezes, restos de

comida, papel, sabão, detergentes e águas de lavagem (JORDÃO; PESSÔA, 1995

apud MARTINS, 2014).

Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB, 1988) a

parcela de esgoto produzida por uma cidade, depende do volume de água consumido,

pois tem uma certa proporcionalidade. O consumo de água varia entre as cidades,

mas o conceito inicial não se altera e quanto mais água é consumida, mais esgoto é

gerado.

O Quadro 1 representa o consumo de água de alguns estabelecimentos

institucionais:

Quadro 1: Consumo de água de alguns estabelecimentos institucionais.

Estabelecimento Unidade Faixa de vazão (l/unid.d)

CLÍNICA DE REPOUSO

Residente Empregado

200 - 450 20 – 60

ESCOLA -com lanchonete, ginásio, chuveiros

-com lanchonete, sem ginásio, chuveiros

-sem lanchonete, ginásio, chuveiros

Estudante

50 – 100

Estudante 40 – 80

Estudante

20 – 60

Hospital

Leito Empregado

300 - 1000 20 – 60

Prisão

Detento Empregado

200 - 500 20 – 60

Fonte: Von Sperling (1996).

O tratamento biológico é o princípio que norteia várias formas de tratamento de

águas residuais e parte do conceito de autodepuração, ou seja, empregando a ação

de microrganismos para a remoção da matéria orgânica presente no esgoto. Com a

finalidade de reduzir custos e incrementar a eficiência de degradação e, como

consequência, atingir menor tempo de tratamento no menor espaço possível nas

ETE’s, os processos de autodepuração são aprimorados de acordo com a

característica da região e sistema adotado (CAMPOS, 1994).

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Quanto às etapas para o tratamento de esgoto, Oliveira (2004) afirma que elas

podem ser compostas por várias unidades com diferentes processos de tratamento.

Esses podem ser divididos em: preliminar, primário, secundário e terciário como

mostra a figura 1.

Figura 1:Fluxograma genérico de tratamento de esgoto sanitário com níveis de tratamento: preliminar, primário, secundário e terciário.

Fonte: Oliveira (2004).

Oliveira (2004) diz ainda que, a etapa preliminar é composta por unidades que

fazem uma prévia remoção de partículas sólidas grosseiras, como areia, restos de

planta e pequenos animais.

Ao remover os sólidos grosseiros, o transporte da carga orgânica será

facilitado, evitando obstruções e danificações de conjunto motor-bomba e tubulações,

assim como contribuirá também para o desempenho dos processos posteriores.

Normalmente esse sistema preliminar é composto por uma Calha Parshall, para medir

vazão, ou vertedores que permitem a correlação entre o nível do líquido e a vazão do

esgoto que chega à ETE (VON SPERLING, 1996).

Já o objetivo do tratamento primário é de remover os sólidos em suspensão

sedimentáveis ou flotáveis. Geralmente para esse fim são empregados decantadores

com formato circular ou retangular (OLIVEIRA, 2004).

No tratamento secundário é feito a remoção da carga orgânica presente nas

águas residuárias. Há uma predominância dos mecanismos biológicos cujo objetivo

principal foi o citado anteriormente que é a remoção da matéria orgânica dissolvida

(Demanda Bioquímica de Oxigênio solúvel ou filtrada) e matéria orgânica em

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suspensão (Demanda Bioquímica de Oxigênio suspensa ou particulada) (VON

SPERLING, 1996).

Por fim é aplicado o tratamento terciário cuja finalidade é de remover

substâncias específicas que restaram dos processos anteriores. Essas substâncias

podem ser, metais, nutrientes, como nitrogênio e fósforo ou para desinfecção

(OLIVEIRA, 2004).

2.1.2 Disposição Final do esgoto doméstico

De acordo com Nuvolari (2011), o lançamento de esgoto sanitário em geral sem

o prévio tratamento, num determinado corpo d’água, pode causar deterioração da

qualidade dessa água, logo passaria então a ser uma ameaça à saúde da população.

O aconselhável é que sejam adotados critérios para o lançamento, pois já

existem várias opções para fazer o tratamento dos esgotos. Cada uma com suas

vantagens e desvantagens, partindo de um ponto de vista de área necessária,

eficiência obtida no tratamento, utilização de equipamentos eletromecânicos, com

possível consumo ou não de energia, sofisticação de implantação e operação e

necessidade de mão de obra especializada.

Conforme Oliveira (2004), para a adoção de um processo de tratamento viável

para determinada região é necessário fazer uma relação das vantagens e

desvantagens dos processos aeróbios e anaeróbios, como apresentados no Quadro

2.

Quadro 2: Comparação entre os sistemas aeróbios e anaeróbios para o tratamento de águas residuárias.

Características Sistemas Aeróbios Sistemas Anaeróbios

Eficiência Maior Menor

Partida Rápida Pode ser lenta

Consumo de energia Alto Inexpressivo

Estabilidade Boa, sob aeração Sensível

Custo de implantação Maior Menor

Custo de manutenção Maior Menor

Produção de odores Menor Maior

Produção de lodo Maior Menor

Fonte: Adaptado de Chernicharo (1997).

Von Sperling (1996) afirma que os aspectos de grande relevância para a

seleção de sistemas de tratamento de esgotos são: eficiência, confiabilidade,

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disposição do lodo, requisitos de área, impactos ambientais, custos de operação,

custos de implantação, sustentabilidade e simplicidade. Parâmetros importantes que

devem ser analisados individualmente, adotando-se a melhor alternativa técnica e

econômica.

2.1.3 Aspectos Legais

Quanto aos aspectos legais, deve-se observar os parâmetros estabelecidos

pela Resolução CONAMA n. 357, de 2005, que dispõe sobre as condições e padrões

de lançamento de efluentes.

Na seção II da mesma norma, o Art. 16 reitera que os efluentes de qualquer

fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente no corpo receptor desde

que obedeçam às condições e padrões previstos no artigo e resguarda outras

exigências cabíveis:

I - Condições de lançamento de efluentes:

a) pH entre 5 a 9;

b) temperatura: inferior a 40°C, sendo que a variação de temperatura do corpo

receptor não deverá exceder a 3°C no limite da zona de mistura;

c) materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora em cone Inmhoff. Para o

lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula,

os materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes;

d) regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5 vez a vazão média do período

de atividade diária do agente poluidor, exceto nos casos permitidos pela autoridade

competente;

e) óleos e graxas: óleos minerais (até 20 mg/L), óleos vegetais e gorduras animais

(até 50 mg/L);

f) ausência de materiais flutuantes;

g) Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO 5 dias a 20°C): remoção mínima de 60%

de DBO sendo que este limite só poderá ser reduzido no caso de existência de estudo

de autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às metas do

enquadramento do corpo receptor;

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O Quadro 3 apresenta os valores máximos para o lançamento de efluentes que

contenham substâncias orgânicas e inorgânicas.

Quadro 3: Padrões de lançamento de efluentes.

Padrões de lançamento de efluentes

Parâmetros inorgânicos Valores máximos

Arsênio Total 0,5 mg/L As

Bário Total 5,0 mg/L Ba

Boro total ( Não se aplica para o lançamento em águas salinas)

5,0 mg/L B

Cádmio total 0,2 mg/L Cd

Chumbo total 0,5 mg/L Pb

Cianeto total 1,0 mg/L CN

Cianeto livre (destilável por ácidos fracos) 0,2 mg/L CN

Cobre dissolvido 1,0 mg/L Cu

Cromo hexavalente 0,1 mg/L Cr⁺⁶

Cromo trivalente 1,0 mg/L Cr⁺³

Estanho total 4,0 mg/L Sn

Ferro dissolvido 15,0 mg/L Fe

Fluoreto total 10,0 mg/L F

Manganês dissolvido 1,0 mg/L Mn

Mercúrio total 0,01 mg/L Hg

Níquel total 2,0 mg/L Ni

Nitrogênio amoniacal total 20,0 mg/L N

Prata total 0,1 mg/L Ag

Selênio total 0,30 mg/L Se

Sulfeto 1,0 mg/L S

Zinco total 5,0 mg/L Zn

Parâmetros Orgânicos Valores máximos

Benzeno 1,2 mg/L

Clorofórmio 1,0 mg/L

Dicloroeteno (somatório de 1,1 + 2,cis + 1,2 trans) 1,0 mg/L

Estireno 0,07 mg/L

Etilbezeno 0,84 mg/L

fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina)

0,5 mg/L 𝐶6𝐻5𝑂𝐻

Tetracloreto de carbono 1,0 mg/L

Tricloroeteno 1,0 mg/L

Tolueno 1,2 mg/L

Xileno 1,6 mg/L

Fonte: Resolução CONAMA n. 357, de 2005.

2.2 Impactos do lançamento inadequado do esgoto doméstico

Segundo Von Sperling (2006), a disposição final de esgoto doméstico bruto em

um corpo receptor, seja corpos d’água ou solo pode ocasionar sérios problemas para

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os recursos naturais e para a população que necessita das boas condições como por

exemplo, de recursos hídricos para que possam realizar suas atividades diárias com

a devida normalidade.

Os impactos causados pela descarga inadequada dos efluentes domésticos

tem sua grande escala e podem ser notados em ambientais, sociais e econômico.

2.2.1 Impactos ambientais provenientes do lançamento de esgoto in natura

Os problemas ambientais mais perceptíveis são a eutrofização e contaminação

de águas subterrâneas por meio de nitrato, nutriente presente no esgoto.

A Eutrofização ocorre devido à presença elevada de nutrientes como o

nitrogênio e o fósforo que oferece condições favoráveis para a proliferação de

organismos e plantas aquática, os quais em quantidades elevadas provocam

desequilíbrio para o sistema aquático e faz prevalecer no corpo d’água condições

anaeróbia que acaba causando mortandades de peixes. A presença excessiva de

algas afeta diretamente o tratamento de água captada em um rio para abastecimento

humano, pois necessitará de um consumo maior de produtos químicos para remoção

da cor, sabor e odor, gerando mais gastos na realização dessas atividades.

A contaminação de águas subterrâneas acontece principalmente da construção

incorreta de sistemas individuais para disposição de esgoto, como as fossas sépticas.

O nitrogênio, na forma de nitrato que está presente no efluente descarregado na fossa

séptica, percola verticalmente no solo e atinge a água subterrânea. Quando existe

grande densidade de fossas sépticas, as concentrações de nitrato podem atingir

níveis muito acima do recomendado para águas potáveis.

2.2.2 Impactos sociais provenientes do lançamento de esgoto in natura

Como consequência dos danos causados ao meio ambiente, a população que

utiliza frequentemente determinado recurso natural é a mais prejudicada pela falta de

um tratamento adequado das vazões de descarga doméstica. Dentre os problemas

enfrentados, estão:

1. População sem área para recreação, lazer;

2. Condições de saúde precária;

3. Aumento de incidência de doenças relacionadas a água;

4. Eventuais maus odores;

5. Distúrbios com mosquito e insetos.

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2.2.3 Impactos Econômicos provenientes do lançamento de esgoto in natura

Segundo Ribeiro e Rook (2010), os impactos econômicos são perceptíveis aos

cofres públicos que precisará agir com rapidez para contornar as situações citadas

anteriormente e proporcionar para a população:

1. Bem-estar;

2. Aumento da produtividade do indivíduo economicamente ativo;

3. Facilidade para instalação de indústrias, onde a água é utilizada como matéria-

prima ou meio de operação;

4. Incentivo a indústria turística em localidades com potencialidades para o seu

desenvolvimento.

2.3 Análise geral de tecnologias conhecidas para o de tratamento de esgoto

No Brasil, existe o conhecimento de várias tecnologias para o manejo de

esgotos, desde os sistemas mais sofisticados até os processos mais simples. Nos

últimos anos tem se buscado tecnologias mais adequadas e compatíveis com a

necessidade de cada região, visando proporcionar a resolução de problemas de forma

mais gradual e eficaz (PROSAB, 1999).

2.3.1 Principais processos de tratamento de esgoto

Existem diversos métodos para o tratamento de esgoto. Processos biológicos,

aeróbios e anaeróbios são elaborados com aspectos positivos e negativos. A maioria

desses processos utilizam organismos que se proliferam na água, otimizando o

tratamento e baixando o custo, para que atrele um tratamento pequeno e barato a

uma maior eficiência possível. A seguir são apresentadas algumas modalidades.

2.3.1.1 Lagoa de estabilização

Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB, 1988),

as lagoas de estabilização são compostas por enormes tanques de profundidade

baixa, escavados no solo, onde o efluente liquido flui continuamente e é tratado por

processos simples e naturais.

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15

O Brasil possui vários sistemas no que diz respeito a lagoas de estabilização.

Tais como, lagoas facultativas, lagoas anaeróbias, lagoas aeradas facultativas, lagoas

de mistura completa e lagoas de maturação (VON SPERLING, 2005).

Figura 2: Etapas do tratamento de esgoto em lagoas de estabilização.0 Fonte: Von Sperling, 2005.

Segundo Von Sperling (2005), como mostrado na figura 2, a estrutura da lagoa

e de seu tratamento inicia-se na grade onde o material grosseiro é separado. Após a

grade temos o desarenador, no qual acontece a decantação entre o material mais

pesado e o efluente, chegando assim a lagoa apenas o efluente liquido. Nesta lagoa

há uma grande quantidade de micro-organismo aeróbios (que dependem de oxigênio)

e permanecem no fundo da lagoa até que o processo de decomposição da matéria

orgânica ali depositada termine e o efluente tratado possa ser devolvido a um corpo

receptor (rio, córrego ou praia).

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O tempo que o esgoto fica detido no tratamento, passando pelos processos

acima pode variar entre 15 e 25 dias, para que seja feito a remoção da matéria

orgânica e devolução de todo efluente à natureza (CAMPOS, 1994).

A lagoa de estabilização é uma das tecnologias mais simples, mas que

necessita de uma grande área para sua implantação, o que fica dificulta sua instalação

em áreas de grandes cidades.

As lagoas de estabilização, são necessariamente indicadas em países em

desenvolvimento e onde o clima seja quente. Sua operação é muito simples e não

necessita de nenhum equipamento (GONÇALVES, 2003).

Figura 3: Lagoa de estabilização. Fonte: Lagoa em LINS-SP.

2.3.1.2 Reator anaeróbio de fluxo ascendente (RAFA) ou Reator UASB

Segundo Campos em 1994, o reator anaeróbio RAFA/UASB (Reator Anaeróbio

de fluxo ascendente/ Upflow anaerobic sludge blanket) foi desenvolvido na década de

1970, na Holanda, pelo pesquisador Lettinga e seus ajudantes. Hoje já existe em todo

Brasil para tratamento de esgoto doméstico. É um reator fechado onde o tratamento

biológico ocorre por processo anaeróbio, não havendo necessidade de oxigênio. A

alimentação do reator acontece pela base, passa por uma manta de lodo (micro-

organismos anaeróbicos), onde ali ocorre a decomposição da matéria orgânica. O

esgoto após essa decomposição tende a elevar-se apenas o efluente liquido (tratado)

e coletado pelas calhas na parte superior do reator (CAMPOS, 1999).

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Figura 4: Reator UASB/RAFA

Fonte: SAAE, 2006.

Uma tecnologia que necessita de pouco espaço, sendo assim indicado para

centro urbanos, bairros, vilas. Porém sua eficiência de remoção de DBO (demanda

bioquímica de oxigênio) está na faixa de 65 a 75%, muitas vezes é necessário outro

processo de tratamento posteriormente ao UASB, para atender todas as normas da

legislação brasileira de emissões em corpos de água receptor (CAMPOS, 1999).

Segundo Chernicharo (1997), o reator UASB pode ser construído em concreto

armado, necessitando uma boa impermeabilização, incluindo uma proteção no interior

à base de epóxi.

O reator possui uma extrema simplicidade na sua operação e manutenção,

podendo ser feito sem que haja mão-de-obra especializada. Sua manutenção é

apenas reter areia e desentupir tubulações obstruídas. Seu custo é inferior a outros

tratamentos de esgoto, dependendo sempre da população que será atendida

(CAMPOS, 1999).

Segundo CETESB (1988), o tipo de tratamento salientado pode ser empregado

tanto em pequenas populações como em grandes. Principalmente por necessitar de

um pequeno espaço para sua implantação, podendo ser encaixado tanto em situações

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que não há espaço para implantação, como em regiões que o preço do m² de terra é

muito elevado.

2.3.1.3 Tratamento por meio de wetlands

Existem inúmeros tipos de “wetlands”, começando pelos, criados pela própria

natureza (exemplo, pântanos), até os construídos, elaborado e implantando pelas

ações do homem (PINI, 2011).

Figura 5: Wetlands natural Fonte: Bueno, 2013.

As Wetlands naturais são área que se encaixam entre um sistema terrestre e

um sistema aquático. Conhecidos também como brejos, pântanos, várzeas. Neles a

água, o solo e os vegetais degradam a matéria orgânica por meio de um ciclo,

melhorando assim a qualidade da água (ANJOS, 2003).

Já as wetlands construídas, são ciclos de tratamento artificial que tentam fazer

o mesmo sistema de um tratamento natural, utilizando as plantas aquáticas e brita,

bambu, casca de arroz.

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Figura 6: Wetlands Construído em Belo Horizonte - MG. Fonte: Renato Carvalho/SIMI, 2017.

Comparando o sistema da figura 6 com outros sistemas convencionais de

tratamento, as wetlands possuem baixo custo de implantação, fácil operação e

manutenção. Além disso, possui uma vantagem diferente de todos os outros sistemas

por ser uma maneira mais sustentável, tendo em vista que não utiliza produtos

químicos e a biomassa gerada pelo tratamento pode ser reutilizado como adubo e

ração animal.

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Existem várias técnicas de construção e manejo de wetlands construída, que

combinam processos químicos, físicos e biológicos com o objetivo de tratar diferentes

tipos de efluentes. A figura 7 representa um sistema de wetlands construída do tipo

subsuperficial de fluxo vertical. Esse sistema é composto por material como brita e

areia que serve tanto para filtrar o efluente líquido como para fixar as raízes das

plantas. Essa por sua vez atua na remoção de microrganismos maléficos.

Figura 7: Várias técnicas de construção e manejo de wetlands construída. Fonte: PINI, 2011.

2.3.1.4 Estação de tratamento de esgoto compacta com filtro anaeróbio

A ETE (estação de tratamento de esgoto) compacta é um sistema para

tratamento biológico de águas servidas (esgoto). Sua aplicação é recomendada para

residências, edifícios e condomínios residenciais, indústrias (carga orgânica de

refeitórios e banheiros), parques, casas de praia, chácaras, sítios, fazendas e todas

as situações em que não haja atendimento por uma rede pública de esgoto (NBR

7229, 1993).

A Estação Compacta é indicada também para quem deseja fazer o reuso da

água tratada, no próprio ambiente, para funções que não exigem água potável como:

descarga em vasos sanitários, lavagem de piso e veículos, regas de jardim, etc. Só é

destinada a tratar esgoto de uma residência ou de conjuntos residências com no

máximo 500 habitantes, com vazão máxima de 150 litros/hab.dia. (CETESB, 1988)

Segundo Von Sperling (2005), a estação Compacta com realiza tratamento de

caráter biológico associando etapas anaeróbias (com a ausência de oxigênio) e

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aeróbias (com a presença do oxigênio), através das quais ocorre a descontaminação

do efluente segundo o esquema abaixo e como mostra na figura 8.

1. Entrada do esgoto não tratado

2. Fossa/Tanque séptico

3. Filtro anaeróbio

4. Corpo receptor

Figura 8: Esquema de uma ETE compacta.

Fonte: Von Sperling, 2005.

O sistema recebe o esgoto não tratado despejado na fossa séptica, a qual

separa o material pesado no fundo do tanque, passando para o próximo passo (filtro)

apenas o efluente liquido. (CETESB, 1988). Este efluente é levado até o fundo do filtro

ocorrendo assim a filtração ao passar pelas britas antes de chegar as canaletas de

recolhimento para o despejo final (VON SPERLING, 2005).

A ETE compacta pode ser construída utilizando tanque e filtro em pré-

moldado, facilitando ainda mais a sua implementação no local desejado (NBR 7229,

1993).

2.4 Critérios para Análise

Visto alguns sistemas coletivos e individuais para tratamento de esgoto

doméstico, no Quadro 4 são apresentados alguns dados da cidade de Pão de Açúcar

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– AL. Esses dados conjuntamente com a caracterização da região que será feita no

próximo capítulo deste estudo serão utilizados como base para o pré-

dimensionamento do sistema proposto. Vale ressaltar que serão analisadas outras

tecnologias disponíveis e fatores pontuais decorrentes da cultura e costumes

construtivos dos sistemas de tratamento e disposição final de esgoto na cidade,

analisando a obediência aos parâmetros normativos ou uma possível solução para

atender as exigências legais, preservando assim os recursos naturais existentes e de

certa forma toda a população do município.

Quadro 4: Características da cidade pesquisada.

Fonte: IBGE (2017).

Conforme NUVOLARI, três aspectos fazem parte do conjunto de finalidades

que são importantes na implantação de sistema de esgoto sanitário, são eles:

higiênico, social e econômico. E, diante desses aspectos, é necessário verificar a

variabilidade de fatores que podem influenciar de forma negativa ou positiva para uma

determinada região. Logo é importante listar as possíveis vantagens e desvantagens

para se ter uma ideia de como funciona os sistemas de tratamento de esgoto

doméstico os quais foram apresentados no tópico 2.3.1.

Características da cidade de Pão de Açúcar – AL

População estimada, 2017 (hab) 24.792

Área da unidade territorial, 2016 (km²) 693.692

Situação financeira dos habitantes de maneira geral Precária

Clima Semiárido

Residências com pouco espaço para instalação de sistema de tratamento

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O Quadro 5 apresenta as vantagens e desvantagens de cada sistema.

Quadro 5: Resumo característico dos sistemas de tratamento de esgoto do tópico 2.3.1.

Vantagens

Lagoa de estabilização

Facilidade na instalação

Custo reduzido

Manutenção e operação Simples

Necessita de clima quente

Resultado Satisfatório

Atende com facilidade grandes centros urbanos

Reator anaeróbio de fluxo ascendente (RAFA) ou Reator UASB

Não espalha odores

Pequenas áreas para implantação

Não causa transtorno para população beneficiada, pois fica submerso

Operação e manutenção simples

Facilidade e custo reduzido na instalação

Tratamento por meio de wetlands

Simples operação

Baixo custo de operação

Auto sustentabilidade

Manutenção Simples

ETE compacta com filtro anaeróbio

Facilidade na instalação

Baixo custo para implantação

Resultado Satisfatório

Necessidade de pequenas áreas

Desvantagens

Lagoa de estabilização

Odor desagradável (necessita ser afastada da zona urbana)

Proliferação de insetos

Necessidade de grandes áreas para sua implantação

Reator anaeróbio de fluxo ascendente (RAFA) ou Reator UASB

Baixa eficiência quanto a remoção de patógenos

Custo muito alto

Operação complexa

Tratamento por meio de wetlands

Necessidade de grandes áreas

Altamente poluidor

Proliferação de insetos

ETE compacta com filtro anaeróbio

Baixa eficiência quanto a remoção de patógenos

Possui tempo para manutenção Fonte: adaptado de CAMPOS 1999

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3 METODOLOGIA

Neste capítulo é apresentada a metodologia que norteou a presente pesquisa,

organizada de acordo com cada um dos objetivos específicos propostos. O estudo é

de natureza exploratória, uma vez que abrange levantamentos de dados relevantes

para a aplicação de conceitos, baseados em pesquisas bibliográficas, pesquisa de

campo, observações, análise de dados e as normas regulamentadoras que regem a

respeito do tema proposto.

3.1 Caracterização da área de estudo

Para realizar a caracterização da área de estudo foi necessário coletar dados

relevantes com relação aos aspectos sociais, a respeito dos casos de doenças que

estão relacionados a problemas com as condições sanitárias da cidade; ambientais,

que se refere principalmente as ocorrências prejudiciais aos corpos hídricos e as

questões econômicas, que está relacionado com o potencial que o município de Pão

de Açúcar – AL tem para atrair os turistas. As informações foram coletadas através de

pesquisa aberta, por meio de entrevista com a população, para saber basicamente

como é construído os sistemas de disposição final do efluente doméstico; visitas aos

órgãos responsáveis pelo gerenciamento do saneamento básico da região, para

verificar quais as medidas adotadas para o tratamento do esgoto do município e

consequentemente a disposição final do mesmo; e dados disponível no IBGE,

referente a questão social da população.

3.1.1 Dados históricos do município de Pão de Açúcar -AL

Desmembrado de Mata Grande em 1854, Pão de Açúcar é hoje um município

localizado no centro-oeste do Estado de Alagoas há aproximadamente 240 km da

capital Maceió, limitando-se ao norte com os municípios de São José da Tapera e

Monteirópolis a leste com Palestina e Belo Monte, ao sul o Rio São Francisco/SE e a

oeste com Piranhas (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2005). Pão de Açúcar

apresenta uma população estimada em 2017 de 24.792 pessoas. O último censo

realizado em 2010 estimou uma população de 23.811 pessoas e uma densidade

demográfica de 34,86 hab/km² (IBGE).

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A sede do município tem uma altitude aproximada de 19 m e coordenadas

geográficas de 9º44’54” de latitude sul e 37º26’12” de longitude oeste (MINISTÉRIO

DE MINAS E ENERGIA, 2005).

Figura 9: Localização de cidade de pão de açúcar no estado de Alagoas.

Fonte: Perícia criminal de Alagoas, 2013.

3.1.2 Características físicas

O município de Pão de Açúcar está inserido predominantemente na unidade

geoambiental da Depressão sertaneja, que representa cerca de 70% a paisagem

típica do semiárido nordestino, caracterizado por uma superfície de relevo

predominantemente suave-ondulado, cortada por vales estreitos, com vertentes

dissecadas (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2005).

A vegetação é basicamente composta por caatinga com trechos de Floresta

Caducifólia. O clima é do tipo tropical semiárido, com chuvas de verão. A precipitação

média anual é de 400 a 500 mm. Com relação ao solo, o município está inserido

predominantemente na Província Borborema, abrangendo rochas do embasamento

gnáissico-migmatítico, datadas do Arqueano ao Paleoproterozóico e a sequência

metamórfica oriunda de eventos tectônicos ocorridos durante o Meso e

NeoProterozóico. Nos patamares compridos e baixas vertentes do relevo suave

ondulados ocorre os Planossolos, mal drenados, com fertilidade natural média e as

elevações residuais com solos litólicos, rasos e pedregosos (MINISTÉRIO DE MINAS

E ENERGIA, 2005).

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3.1.3 Características Econômicas

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2015) revelam

que, em 2015 o salário médio mensal era de 2,1 salários mínimos. A proporção de

pessoas ocupadas em relação à população total era de 5,8%. Na comparação com os

outros municípios do estado, ocupava as posições 8 de 102 e 74 de 102,

respectivamente. Já na comparação com cidades do país todo, ficava na posição

1.559 de 5.570 e 4.844 de 5.570, respectivamente. Considerando domicílios com

rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 56,1% da

população nessas condições, o que o colocava na posição 19 de 102 dentre as

cidades do estado e na posição 317 de 5.570 dentre as cidades do Brasil (IBGE,

2010).

3.1.4 Dados da saúde no município

A taxa de mortalidade infantil média na cidade é de 20,09 para 1.000 nascidos

vivos (IBGE, 2014). As internações devido a diarreias são de 3,3 para cada 1.000

habitantes (IBGE, 2016). Comparado com todos os municípios do estado, fica nas

posições 28 de 102 e 8 de 102, respectivamente. Quando comparado a cidades do

Brasil todo, essas posições são de 1.207 de 5.570 e 1.055 de 5.570.

3.1.5 Território e meio Ambiente

O município estudado apresenta 17,8% de domicílios com esgotamento

sanitário adequado, 89,6% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização e

3,2% de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada (presença

de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio) (IBGE, 2010). Quando comparado com

os outros municípios do estado, fica na posição 41 de 102, 9 de 102 e 80 de 102,

respectivamente. Já quando comparado a outras cidades do Brasil, sua posição é

3.803 de 5.570, 1.530 de 5.570 e 3.813 de 5.570, respectivamente.

3.1.6 Hidrografia

O município de Pão de Açúcar está inserido na bacia hidrográfica do Rio São

Francisco, que banha a sede do município. A porção WNW do município é banhada

pelo Rio Capiá e seus afluentes, os Riachos das Cacimbas e do Carcará. Cortando o

município em sua porção central, no sentido N-S, temos o Riacho Grande, de porte e

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dimensões consideráveis. A porção ESE, é banhada pelos Rios Farias, Tapuios e

Jacaré. Os padrões de drenagem predominantes são: o dendrítico nas porções central

e ESE, e o pinado, uma variação do dendrítico, na porção WNW do município. Todo

esse sistema fluvial deságua no Oceano Atlântico (MINISTÉRIO DE MINAS E

ENERGIA, 2005).

3.1.7 Sistema de Abastecimento de Água

Segundo a Companhia de Saneamento de Alagoas (CASAL, 2018) a água que

abastece a cidade de Pão de Açúcar é captada no Rio São Francisco, localizado no

próprio município (Sistema Coletivo da Bacia Leiteira) e tratada na Estação Elevatória

Nº 01 também em Pão de Açúcar. O processo de tratamento é o de simples

desinfecção. A vazão de captação e distribuição de água é de 406 l/s operando 21

horas por dia, totalizando uma produção diária de aproximadamente 30.700 m³. O

sistema Coletivo da Bacia Leiteira distribui água para 18 municípios.

3.1.8 Disposição final atual do efluente doméstico

Segundo informações da Secretaria do Meio Ambiente do Município (2018), o

esgoto doméstico na cidade de Pão de Açúcar escoa a céu aberto, tendo contato

direto com a rede de águas pluviais. Esse contato entre águas pluviais e descargas

domésticas acaba prejudicando sanitariamente e esteticamente o corpo receptor, pois

não há nenhum tratamento prévio e muito menos uma análise da capacidade de

autodepuração do mesmo. As vazões de descarga de vasos sanitários têm como

destinação buracos negros construídos no solo, que tem por finalidade, armazenar a

matéria resultante das necessidades fisiológicas humanas.

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Figura 10: Destinação do esgoto em um corpo hídrico em Pão de Açúcar – AL.

Fonte: Google Maps, 2012.

A figura 10 mostra um trecho de um dos caminhos que o efluente doméstico

percorre antes se encontrar com o corpo hídrico. Esse percurso do efluente é feito a

céu aberto, junto ao meio fio das calçadas, com as vazões de descargas das

residências saindo das tubulações e seguindo em direção a uma cota mais baixa.

Figura 11: Localização do corpo hídrico que recebe a descarga de esgoto

Fonte: Google Earth, 2018.

Na figura 11 é possível localizar o corpo hídrico que recebe a descarga do

esgoto doméstico. O trecho que foi visualizado na figura 10 está situado

aproximadamente na parte central da borda à direita do corpo hídrico da figura 11.

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De acordo com o levantamento de campo, foi constatado que o município

possui uma obra antiga para implantação de uma ETE, porém a obra encontra-se

parada até o momento.

Figura 12: Obra da Estação de Tratamento de Esgoto em Pão de Açúcar–AL

Fonte: Autores, 2018.

A Figura 12 mostra alguns elementos da ETE, os quais foram executados

próximos da área reservada para a implantação do sistema previsto no projeto para a

cidade de Pão de Açúcar.

Figura 13: Obra da Estação de Tratamento de Esgoto em Pão de Açúcar-AL

Fonte: Divulgação/MP, 2015.

A Figura 13 demonstra a disposição construtiva para medição de vazão (Calha

Parshall) que foi executada conforme projeto da ETE.

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3.2 Quantificação da vazão de esgoto lançada

Para quantificar a vazão de esgoto lançada no município de Pão de Açúcar

foram considerados os dados obtidos na caracterização da cidade, como população

e consumo per capita de água. A quantificação tem como principal objetivo

dimensionar o sistema de tratamento de esgoto adequado com a área em estudo.

Foram observadas as recomendações das Normas Brasileira Regulamentadoras,

principalmente as NBR 9.649/86, que dispõe sobre o projeto de redes coletoras de

esgoto sanitário; NBR 7.229/93, que trata de projeto, construção e operação de

sistemas de tanques sépticos e NBR 13.969/97, que dispõe sobre tanques sépticos,

unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos,

projeto, construção e operação.

Seguindo os princípios normativos a quantificação da vazão média de esgoto

doméstico a ser lançado foi feita por meio da Equação 1.

𝑄𝑑𝑚é𝑑 =𝐶.𝑃.𝑞

86400 𝑙

𝑠⁄ Equação 1

Sendo:

𝑄𝑑𝑚é𝑑= Vazão doméstica média (l/s);

𝐶 = Coeficiente de retorno;

𝑃 = População (hab);

𝑞= Consumo per capita (l/hab.dia).

Onde o coeficiente de retorno foi obtido pela NBR 9.649/86, quando não há

dados pesquisados ele é estimado em 0,8.

Conforme Pessôa e Jordão (1982), há variações na vazão de esgoto sanitário

e essas ocorrem em torno da média, e de acordo com o consumo de água, que ocorre

em função dos costumes da população e das características da concepção adotada

para o sistema de esgotamento sanitário, podendo assim serem observadas vazões

horárias, diárias, semanais, etc. Todavia, os autores afirmam quem quanto menor for

a população atendida, se torna mais perceptível as variações de vazão.

A NBR 9649 (1986), sugere que a vazão máxima diária observada opera em

cerca de 150% da vazão média e que a vazão máxima horária observada opera em

cerca de 120% da vazão máxima diária.

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Então, temos a equação da vazão máxima da seguinte maneira, adaptada de

Von Sperling (1995) como mostra a Equação 2.

𝑄𝑑𝑚á𝑥 = 𝑄𝑑𝑚é𝑑 ∗ 𝑘1 ∗ 𝑘2 Equação 2

Onde:

𝑄𝑑𝑚á𝑥 : Vazão doméstica máxima (L/s);

𝑘1: coeficiente do dia de maior consumo = 1,5;

𝑘2: Coeficiente da hora de maior consumo = 1,2.

Com a população estimada através do IBGE, o consumo per capita pode ser

estabelecido por meio do Quadro 6, pois o consumo de água é dimensionado em

função da população de projeto e de um valor atribuído para o consumo médio de

água por indivíduo (VON SPERLING, 1995).

Quadro 6: Valores de referência para consumo per capita de água. Faixa de população (hab) Consumo per capita (l/hab.dia)

<5.000 90-140

5.000-10.000 100-160

10.000-50.000 110-180

50.000-250.000 120-220

>250.000 150-300 Fonte: Adaptado de Von Sperling (1995).

A quantificação da vazão de esgoto gerado é um passo fundamental para as

demais etapas do dimensionamento, pois os próximos dispositivos a serem projetados

dependerão dessa primeira etapa pré-dimensionada.

3.3 Alternativas propostas para o tratamento de esgoto doméstico

Segundo Jordão e Volschan Junior (2009), existem alternativas eficientes para

o tratamento de esgoto sanitário em empreendimentos habitacionais, ou seja,

empreendimentos quem têm por característica de serem localizados em áreas

desprovida de sistemas públicos coletivos para coleta de esgoto e por possuir uma

população com baixa renda. Logo são alternativas que podem ser viáveis para o

município de Pão de Açúcar. Dentre os sistemas propostos tem-se:

1) Reator UASB;

2) Tanque séptico seguido por filtro anaeróbio;

3) Reator UASB seguido de filtro anaeróbio;

4) Lodos ativados por aeração prolongada;

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5) Lodos ativados por batelada;

6) Reator UASB seguido de lodos ativados convencional;

7) Reator UASB seguido de filtro biológico percolador;

8) Reator UASB seguido de rotor biológico de contato;

9) Reator UASB seguido de filtro aerado submerso.

O Quadro 7 apresenta a eficiência média de remoção de nutrientes presentes

no esgoto de alguns desses sistemas:

Quadro 7: Eficiência Média de remoção de nutrientes presentes no esgoto.

Fonte: Adaptado de Von Sperling (2005).

Onde:

DBO: Demanda Bioquímica de Oxigênio;

DQO: Demanda Química de Oxigênio;

SS: Sólidos Suspensos;

Ntotal: Nitrogênio Total;

Ptotal: Fósforo Total;

CF: Coliformes fecais.

De acordo com Von Sperling (2005), é necessário conhecer as principais

características das alternativas de tratamento de esgoto, para que se possa fazer um

orçamento e realizar um estudo comparativo das opções, levando em consideração

tanto os custos de implantação, quanto de operação.

Eficiência Média de Remoção (%)

Sistema DBO DQO SS Ntotal Ptotal CF

Reator UASB 60-75 55-70 65-80 <60 <35 90

Tanque Séptico seguido por filtro anaeróbio

80-85 70-80 80-90 <60 <35 90-99

Reator UASB seguido de filtro anaeróbio

75-87 70-80 80-90 <60 <35 90-99

Lodos ativados por aeração prolongada

90-97 83-93 87-93 <60 <35 90-99

Reator UASB seguido de lodos ativados convencional

85-93 80-90 87-93 <60 <35 90-99

Reator UASB seguido de filtro biológico percolador de baixa carga

85-93 80-90 87-83 <60 <35 90-99

Reator UASB seguido de biofiltro aerado submerso

83-93 75-88 87-93 <60 <35 90-99

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No Quadro 8 são apresentadas as características técnicas dos sistemas citados

anteriormente.

Quadro 8: Características técnicas das tecnologias de tratamento de esgoto.

Tecnologia

Requisito de área

superficial (m²/hab)⁶

Mecanização Lodo Grau de complexidade de Operação

e Manutenção

Grau de Mecanização

Principais equipamentos

Geração de lodo

(L/hab.ano)

Frequência de remoção

UASB 0,03 - 0,10 1 Elevatória de esgoto Bruto

70 - 220 Mensal 1

Tanque séptico +

Filtro anaeróbio

0,20 - 0,35 0 Não há 180 - 1000 Anual 0

UASB + Filtro

anaeróbio 0,05 - 0,15 1

Elevatória de esgoto Bruto

150 - 300 Mensal 1

Lodos ativados por

aeração prolongada

0,12 - 0,25 3

Elevatória de esgoto Bruto, sistema de

aeração

1200 - 2000 Quinzenal 3

Lodos ativados por

Batelada 0,12 - 0,25 4

Elevatória de esgoto Bruto, sistema de aeração, comando

PCL

1200 - 2000 Quinzenal 4

UASB + Lodos

Ativados Convencional

0,08 - 0,20 3

Elevatória de esgoto bruto, sistema de

aeração

180 - 400 Mensal 3

UASB + Filtro

biológico percolador

0,10 - 0,20 1 Elevatória de esgoto bruto

180 - 400 Mensal 1

UASB + Rotor

biológico de contato

0,15 - 0,25 2 Elevatória de esgoto bruto, motor-rotor

180 - 400 Mensal 2

UASB + Filtro aerado

submerso 0,05 - 0,15 3

Elevatória de esgoto bruto, sistema de

aeração

180 - 400 Mensal 2

Fonte: Adaptado de JORDÃO; VOLSCHAN JUNIOR, 2009.

No Quadro 8 que trata sobre as características técnicas, tem-se os requisitos

mínimos necessários de referência para o dimensionamento de área de ocupação de

cada sistema, assim como os equipamentos de mecanização necessários para

operação do sistema.

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34

Os graus de mecanização e de complexidade de operação e manutenção são

interpretados da seguinte maneira:

a) Um: baixo

b) Dois: médio

c) Três a quatro: elevado

Associado as características técnicas, os custos de cada tecnologia são

apresentados no Quadro 9.

Quadro 9: Custos referentes as tecnologias de tratamento de esgoto.

Tecnologia Custos

Implantação (R$/hab) O&M (R$/hab.ano)

UASB 30-50 8-12

Tanque séptico + Filtro anaeróbio 80-130 30-50

UASB + Filtro anaeróbio 40-60 15-20

Lodos ativados por aeração prolongada 90-120 100-120

Lodos ativados por Batelada 90-120 100-120

UASB + Lodos Ativados Convencional 70-110 40-60

UASB + Filtro biológico percolador 60-90 15-20

UASB + Rotor biológico de contato 70-110 20-30

UASB + Filtro aerado submerso 70-110 25-35

Fonte: Adaptado de JORDÃO; VOLSCHAN JUNIOR; 2009.

O Brasil apresenta um grande déficit com relação as condições sanitárias,

seguido do quadro epidemiológico e ao perfil socioeconômico de sua população, logo

é notável a necessidade de adoção de sistemas simplificados para coleta e tratamento

de esgoto. Além de que, esses sistemas devem estar associados com valores de

baixo custo de operação e manutenção, simplicidade operacional, índices mínimos de

mecanização e sustentabilidade do sistema (NUCASE, 2005). Diante dos dados

apresentados no Quadro 7, no Quadro 8 e no Quadro 9 o sistema de tratamento por

tanque séptico mais filtro anaeróbio está associado a essas características, pois

apresenta bons índices de remoção de nutrientes presente no esgoto como a DBO e

CF, a tecnologia apresenta indicadores de eficiência de remoção em percentual de 80

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à 85 e 90 à 95 respectivamente, não apresenta elevado grau de mecanização e grau

de complexidade para operação e manutenção, além disso, proporciona custos para

implantação e operação e manutenção acessíveis. Logo se torna uma alternativa para

o tratamento individual do esgoto doméstico na região de Pão de Açúcar – AL, visto

que, no tópico 3.1, que trata sobre a caracterização da região, apresenta elementos

de uma estação de tratamento de esgoto, a qual foi prevista para atender o município,

mas a obra não foi concluída até o momento e consequentemente não entrou em

operação.

3.4 Pré-dimensionamento do Tanque séptico

Para realizar o pré-dimensionamento do tanque séptico, foi necessário

obedecer alguns parâmetros de projeto, os quais são definidos pela NBR 7229 (1993):

Número de pessoas atendidas: como a tecnologia proposta é para o

tratamento particular, ou seja, por residência, foi considerado 5

moradores por casa;

Contribuição de despejo: foi considerado o valor de 100 l/hab.dia,

referente a ocupantes permanentes em habitações com padrões

econômicos baixo;

Período de detenção de despejos: para vazões de até 1500 l/dia, o

período de detenção é de 1 dia;

Taxa de acumulação de lodo: considerando o intervalo de limpeza de

um ano e que a média do mês mais frio está entre 10 e 20ºC, adotou-

se a taxa de acumulação de 65 dias;

Contribuição de lodo fresco: para ocupantes permanentes em

residências de padrão baixo, a contribuição é de 1 l/hab.dia;

Relação comprimento/largura: para tanques prismáticos retangulares,

mínimo de 2:1; máximo de 4:1.

Dispositivo de entrada do esgoto afluente: a geratriz inferior do tubo de

entrada deve estar pelo menos 5 cm acima da superfície do líquido e

a imersão do dispositivo de entrada deve ser maior ou igual a 10 cm;

Dispositivo de saída do esgoto efluente: a imersão do dispositivo de

saída deve ser igual a um terço da profundidade útil do tanque.

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Após a definição dos principais parâmetros, segue o cálculo do volume útil do

tanque séptico, conforme a equação abaixo:

𝑉 = 1000 + 𝑁 ∗ (𝐶 ∗ 𝑇 ∗ 𝐾 ∗ 𝐿𝑓) Equação 3

Onde:

V= volume útil do tanque;

N= número de pessoas contribuintes;

C= contribuição de despejos por habitante;

T= período de detenção;

K= taxa de acumulação de lodo digerido em dias;

Lf= contribuição de lodo fresco.

3.5 Pré-dimensionamento do filtro anaeróbio

O filtro anaeróbio foi dimensionado segundo a NBR 13.969 (1997), obedecendo

os seguintes parâmetros normativos:

Número de pessoas atendidas: para o projeto foi adotado 5 pessoas

por residência;

Contribuição de despejos: foi considerado o valor de 100 l/hab.dia,

referente a ocupantes permanentes em habitações com padrões

econômicos baixo;

Tempo de detenção hidráulica: para vazões de até 1500 l/dia, o período

de detenção é de 1 dia;

A altura do leito filtrante deve ser de, no máximo, 1,20 m;

O efluente deve ser introduzido até o fundo, a partir do qual é distribuído

sobre todo o fundo do filtro através de tubos perfurados (de PVC ou de

concreto), sendo que o fundo deve ter declividade de 1% em direção

ao poço de drenagem;

Para coleta do efluente deve-se prever uma canaleta ou um tubo

perfurado paralelo a cada tubo de distribuição do esgoto, sendo que a

distância entre duas canaletas consecutivas não deve ultrapassar 1,5

m.

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Após a definição dos parâmetros necessários segue o cálculo do volume útil do

filtro anaeróbio, pela seguinte equação:

𝑉𝑢 = 1,6 ∗ 𝑁 ∗ 𝐶 ∗ 𝑇 Equação 4

Onde:

Vu= volume útil do leito filtrante;

N= número de pessoas contribuintes;

C= contribuição de despejos por habitantes;

T= tempo de detenção hidráulica.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo são apresentados os resultados do pré-dimensionamento dos

sistemas de tratamento proposto para a cidade de Pão de Açúcar – AL.

4.1 Vazão de Projeto

Com base no tópico 3.2, que estabelece conceitos e parâmetros normativos para

a quantificação da vazão do esgoto doméstico. Foi considerado que em uma residência

moram 5 habitantes. E, para o consumo per capita de água, foi adotado o valor de 100

l/hab.dia, com base no Quadro 6, o qual apresenta valores de consumo per capita de

água de acordo com a população. Então, a vazão média calculada através da Equação

3 foi de 0,0046 l/s e a vazão máxima calculada por meio da Equação 4 foi de 0,0083 l/s.

4.2 Pré-dimensionamento dos sistemas de tratamento

A alternativa proposta para o tratamento do esgoto doméstico no município

estudado foi o tanque séptico seguido por filtro anaeróbio. Essa alternativa, visa

proporcionar a substituição da cultura construtiva local para manejo do esgoto

doméstico, atendendo principalmente aos aspectos legais estabelecidos por norma.

4.2.1 Pré-dimensionamento do tanque séptico

De acordo com a equação 3, o volume útil necessário para o tanque séptico é

de 1,825 m³. Visando a facilidade na execução, o volume útil adotado para o projeto

será de 1,856 m³. Dessa forma o tanque terá 1,45 m de profundidade útil, 0,80 de

largura e 1,60 de comprimento, obedecendo assim as especificações descritas na

norma.

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Figura 14: Planta baixa do tanque séptico (dimensões em metros)

Fonte: Autores, 2018.

A figura 14 demonstra a planta baixa do tanque séptico, com duas tampas de

fechamento hermético para remoção de escuma e de lodo acumulados, assim como

também servem para fazer a desobstrução dos dispositivos internos. A planta está

sem escala e com as dimensões em metros.

Figura 15: Corte AA do tanque séptico (dimensões em metros)

Fonte: Autores, 2018.

A figura 15 apresenta o corte AA do tanque séptico, baseado no

dimensionamento feito anteriormente. O corte está sem escala e apresenta

dimensões em metro.

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4.2.2 Pré-dimensionamento do filtro anaeróbio

De acordo com a Equação 4, o volume útil do filtro anaeróbio é de 0,8 m³, mas

a NBR 13.969 (1997), estabelece que o volume útil mínimo do leito filtrante deve ser

de 1000 L, ou seja, o valor adotado para esse projeto é de 1,14 m³. O filtro anaeróbio

terá leito filtrante de 1,20 m de altura e 1,10 m de diâmetro, valor calculado

considerando a melhor forma de facilitar a execução.

Figura 16: Corte esquemático do filtro anaeróbio (dimensões em metros).

Fonte: Autores, 2018.

A figura 16 demonstra um corte esquemático do filtro anaeróbio pré-

dimensionado anteriormente, sem escala e com as dimensões em metros.

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41

4.3 Composição dos Sistemas

No Quadro 10 é apresentado um resumo dos cálculos realizados no pré-

dimensionamento do sistema de tratamento proposto.

Quadro 10: Resumo dos resultados do pré-dimensionamento

Variáveis

Sistemas

Tanque Séptico Filtro Anaeróbio

Volume (m³) 1,856 1,14

Altura útil (m) 1,45 1,20

Área (m²) 1,28 0,95

Largura (m) 0,80 -

Comprimento (m) 1,80 -

Diâmetro (m) - 1,10

Fonte: Autores, 2018.

O Quadro 10 apresenta os valores do dimensionamento de cada unidade do

sistema de tratamento. Os sistemas apresentam geometrias diferentes, sendo o

tanque séptico retangular e o filtro anaeróbio de seção circular.

A partir dos dados obtidos para os dispositivos, foi possível fazer a composição

dos sistemas, chegando aos valores totais de volume, área superficial, custos para

implantação, operação e manutenção. Esses custos foram adquiridos por meio do

Quadro 9, o qual apresentou valores para implantação, operação e manutenção.

Neste trabalho foram adotados os valores intermediários para a composição tanque

séptico seguido por filtro anaeróbio.

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Quadro 11: Dados do sistema proposto

Variáveis

Sistema Proposto

Tanque séptico + Filtro Anaeróbio

Volume (m³) 3,00

Área (m²) 2,24

Custo médio per capita - Implantação (R$/hab) 105,00

Custo médio per capita - Implantação (R$/hab) (INCC) 185,58

Custo total - Implantação (R$) 927,90

Custo médio per capita - O&M (R$/hab.ano) 40,00

Custo médio per capita - O&M (R$/hab.ano) (INCC) 70,90

Custo total - O&M (R$/ano) 354,50

Fonte: Autores, 2018.

O Quadro 11 apresenta os custos relacionados a tecnologia de tratamento de

esgoto proposta para o município de Pão de Açúcar – AL. Os valores para

implantação, operação e manutenção foram atualizados com base no Índice Nacional

de Custo da Construção (INCC).

A tecnologia composta por tanque séptico mais filtro anaeróbio foi proposta por

ser um modelo que atende aos parâmetros ambientais relacionados ao lançamento

de efluentes tratados, provenientes de descargas das unidades habitacionais.

Conforme apresentado no Quadro 11, a soma da área superficial total da composição

dos dois sistemas é pequena e pode se adequar dentro do padrão das residências do

município de Pão de Açúcar-AL.

O custo total para a implantação é relativamente alto para uma população que

apresenta carência de recursos financeiros, chega a ter uma representatividade de

97,26% do salário mínimo do mês de maio de 2018. O custo para garantir uma regular

operação e manutenção também apresenta valor elevado, cerca de 37,16% do salário

mínimo. Esse valor para operação e manutenção será gasto por ano. Para reduzir

essa despesa anual, o projeto poderia prevê a realização desses serviços em um

prazo maior, no entanto, a presente pesquisa optou por realizar os serviços

anualmente por adotar os valores do Quadro 9 como referência.

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5 CONCLUSÃO

Este trabalho propôs analisar a aplicação de um sistema de tratamento de

esgoto do tipo tanque séptico mais filtro anaeróbio no município de Pão de Açúcar –

AL. Além disso, foi feito um levantamento da situação atual da disposição final do

esgoto na cidade, através de informações dos órgãos locais, responsáveis por gerir

as questões de saneamento e meio ambiente. Inclusive foi feito o registro fotográfico

de uma obra para o tratamento de esgoto no município, essa obra se encontra parada

no momento. Não se obteve informações sobre os dados do projeto.

Em Pão de Açúcar, há uma grande dificuldade para tratar e dar uma disposição

adequada ao esgoto. Por falta de uma rede coletora, a disposição final acaba sendo

no solo e em corpos hídricos, sem o devido tratamento e consequentemente a

preparação do corpo receptor.

Visando atender aos padrões normativos e readequar a cultura construtiva local

para o tratamento de esgoto, este trabalho propôs como alternativa a utilização da

tecnologia composta por tanque séptico seguido por filtro anaeróbio, pois é um

sistema que apresenta bons índices de remoção de nutrientes presentes no esgoto.

Além disso é uma tecnologia adotada como padrão em algumas companhias de

saneamento do país para fazer o tratamento de esgoto em locais que apresentam

ausência de um sistema coletivo. Vale ressaltar que pode ser feito uma investigação

aprofundada do solo e dos corpos hídricos existentes na região, para realizar um

estudo da capacidade de autodepuração desses corpos receptores, verificado assim

a melhor maneira de se fazer a disposição final, após o devido tratamento das águas

residuárias.

De acordo com o dimensionamento, a tecnologia proposta ocupa uma área

pequena, podendo a mesma ser adaptada para novos conjuntos habitacionais que

venham a surgir no município. As despesas para implantação, operação e

manutenção se torna um impasse para boa parte da população, pois possui uma

renda baixa. Apesar de ser uma tecnologia que vai demandar custos aos moradores

do município, o sistema composto por tanque séptico mais filtro anaeróbio é uma

solução que pode ser adotada para evitar o desequilíbrio de um ecossistema e a

exposição dos habitantes a doenças relacionadas com a disposição inadequada do

esgoto.

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Portanto, a análise da disposição final do esgoto doméstico na cidade de Pão

de Açúcar – AL abre espaço para que sejam desenvolvidos estudos mais

aprofundados referente aos padrões de lançamentos de efluentes nos corpos

receptores disponíveis no município, visando sempre atender as exigências legais,

preservando assim o meio ambiente e consequentemente a qualidade de vida da

população.

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REFERÊNCIAS

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