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  • 7/25/2019 Pp-2009-Maria Luiza Almeida Vincius Arajo

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOISFACULDADE DE COMUNICAO E BIBLIOTECONOMIA

    MARIA LUIZA JORGE DE ALMEIDA

    VINCIUS MOREIRA ARAJO

    PRODUO AUDIOVISUAL:

    INVADINDO O GOINIA NOISE FESTIVAL

    Goinia,2009

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    MARIA LUIZA JORGE DE ALMEIDAVINCIUS MOREIRA ARAJO

    PRODUO AUDIOVISUAL:

    INVADINDO O GOINIA NOISE FESTIVAL

    Projeto experimental apresentado ao curso deComunicao Social, com Habilitao emPublicidade e Propaganda da Faculdade deComunicao e Biblioteconomia da UniversidadeFederal de Gois, para a obteno do ttulo deBacharel em Publicidade e PropagandaOrientadora: Prof. Ms. Ana Rita Vidica.

    Goinia,2009

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    MARIA LUIZA JORGE DE ALMEIDAVINCIUS MOREIRA ARAJO

    PRODUO AUDIOVISUAL:

    INVADINDO O GOINIA NOISE FESTIVAL

    Dissertao defendida no curso de Comunicao Social com Habilitao em Publicidade e

    Propaganda da Universidade Federal de Gois, para obteno do grau de Bacharel, aprovada

    em de de 2009, pela Banca Examinadora constituda pelos

    seguintes professores:

    Prof. Ms. Ana Rita Vidica UFG

    Presidente da Banca

    Prof. Marcilon Almeida de Melo UFG

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    AGRADECIMENTO

    Agradecemos a nossas famlias, em especial nossos pais que nos possibilitaram

    chegar at aqui.

    E em especial, a Ana Rita Vidica, nossa orientadora, pelo trabalho conjunto que

    viabilizou esse projeto e por toda sua dedicao.

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    RESUMO

    Este trabalho prope a criao de uma vinheta para o Goinia Noise Festival, adequando-a ao

    pblico-alvo do festival. O projeto passa por toda uma identificao do atual cenrio da

    msica independente, a partir da anlise da histria e do material impresso do evento, ao

    longo dos quinze anos de evento. Intenta identificar uma abordagem audiovisual que traduza

    essa adequao alm de explorar as novas mdias como forma de divulgao dessa produo.

    Palavras-chave: Produo Audiovisual; Mercado de msica independente; Goinia Noise

    Festival.

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    ABSTRACT

    This work proposes the creation of a vignette for the Goinia Noise Festival, adjusting it the

    target-public of the festival. The project passes by a whole identification of the current scene

    of independent music, from the analysis of history and the printed material of the event,

    throughout the fifteen years of event. It intends to identify an audiovisual approach that

    translates this adequacy besides exploring the new medias as form of advertising this

    production.

    Keywords: Audiovisual production; Market of independent music; Goinia Noise Festival.

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    LISTA DE ILUSTRAO

    Ilustrao 1. Primeiro pster do Goinia Noise Festival, 1995 ........................................... 31

    Ilustrao 2. Segundo pster do Goinia Noise Festival, 1996 ........................................... 32

    Ilustrao 3. Terceiro pster do Goinia Noise Festival, 1997 ............................................ 33

    Ilustrao 4. Quarto pster do Goinia Noise Festival, 1998 .............................................. 34

    Ilustrao 5. Quinto pster do Goinia Noise Festival, 1999 .............................................. 35

    Ilustrao 6. Sexto pster do Goinia Noise Festival, 2000 ................................................ 36

    Ilustrao 7. Stimo pster do Goinia Noise Festival, 2001............................................... 37

    Ilustrao 8. Oitavo pster do Goinia Noise Festival, 2002 ............................................... 38

    Ilustrao 9. Nono pster do Goinia Noise Festival, 2003 ................................................. 39

    Ilustrao 10. Dcimo pster do Goinia Noise Festival, 2004 ............................................. 40

    Ilustrao 11. Dcimo Primeiro pster do Goinia Noise Festival, 2005 .............................. 41

    Ilustrao 12. Dcimo Segundo pster do Goinia Noise Festival, 2006 .............................. 42

    Ilustrao 13. Dcimo Terceiro pster do Goinia Noise Festival, 2007 .............................. 43

    Ilustrao 14. Dcimo Quarto pster do Goinia Noise Festival, 2008.................................. 44

    Ilustrao 15. Dcimo Quinto pster do Goinia Noise Festival, 2009 ................................. 45

    Ilustrao 16. Primeiro quadro do monstro ............................................................................ 54

    Ilustrao 17. Segundo quadro do monstro ............................................................................ 54

    Ilustrao 18. Terceiro quadro do monstro ............................................................................ 55

    Ilustrao 19. Quarto quadro do monstro .............................................................................. 55

    Ilustrao 20. Quinto quadro do monstro ............................................................................... 56

    Ilustrao 21. Sexto quadro do monstro ................................................................................. 56

    Ilustrao 22. Stimo quadro do monstro .............................................................................. 59

    Ilustrao 23. I Esboo da ltima cena ................................................................................... 59Ilustrao 24. II Esboo da ltima cena ................................................................................. 59

    Ilustrao 25 III Esboo da ltima cena ................................................................................ 60

    Ilustrao 26. IV Esboo da ltima cena ................................................................................ 60

    Ilustrao 27. V Esboo da ltima cena ................................................................................. 61

    Ilustrao 28. VI Esboo da ltima cena ................................................................................ 61

    Ilustrao 29. VII Esboo da ltima cena .............................................................................. 62

    Ilustrao 30. Banner ............................................................................................................. 62Ilustrao 31. Banner Expansvel ........................................................................................... 63

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    Ilustrao 32. Aplicao do banner no site da Trama Virtual ................................................ 64

    Ilustrao 33. Aplicao do banner no site da ABRAFIN ..................................................... 65

    Ilustrao 34. Aplicao do banner no site do SP Noise Festival .......................................... 65

    Ilustrao 35. Aplicao do banner no site da Monstro Discos ............................................. 66

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    SUMRIO

    RESUMO............................................................................................................................... 05

    ABSTRACT ........................................................................................................................... 06

    LISTA DE ILUSTRAES................................................................................................ 07

    INTRODUO.................................................................................................................... 10

    1. A MUDANA NO MERCADO FONOGRFICO...................................................... 12

    1.1. GOINIA E A CENA INDEPENDENTE NACIONAL ........................................... 17

    1.2. GOINIA NOISE FESTIVAL ....................................................................................... 18

    2. A CARACTERIZAO DO GOINIA NOISE FESTIVAL...................................... 24

    2.1. A FORA DA IMAGEM NA COMPOSIO .............................................................. 252.2. O REFLEXO DAS CORES NA COMPOSIO DOS CARTAZES

    DO GOINIA NOISE FESTIVAL ........................................................................................ 26

    2.2.1. A INFLUNCIA DAS CORES .................................................................................... 27

    2.2.2. AS CORES QUENTES ................................................................................................ 28

    2.2.2.1. O VERMELHO E SUA ATRIBUIO REVOLUCIONRIA ............................... 29

    2.3. ANLISE ANO A ANO DO MATERIAL PROMOCIONAL DO

    GOINIA NOISE FESTIVAL ............................................................................................... 313. A PRODUO AUDIOVISUAL.................................................................................... 47

    3.1. BRIEFING ....................................................................................................................... 48

    3.2. PLANEJAMENTO .......................................................................................................... 49

    3.3. CRIAO ........................................................................................................................ 51

    3.3.1. ROTEIRO ..................................................................................................................... 52

    3.3.2. MONSTRO ................................................................................................................... 53

    3.4. PRODUO .................................................................................................................... 573.4.1. VINHETA ..................................................................................................................... 57

    3.4.2. BANNER ...................................................................................................................... 62

    3.5. VEICULAO ................................................................................................................ 63

    CONCLUSO....................................................................................................................... 68

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................................................ 70

    ANEXO A- Reportagens ....................................................................................................... 73

    ANEXO B- E-mail do Maurcio Kuhlman ............................................................................ 83

    ANEXO C- Impressos ........................................................................................................... 86

    ANEXO D- Camisetas ........................................................................................................... 89

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    INTRODUO

    A cidade de Goinia apresenta uma srie de festivais, como o Bananada, o VacaAmarela e o Goinia Noise Festival, que renem e promovem bandas de msica

    independente, oferecendo espao para as bandas locais e tambm proporcionando o

    intercmbio cultural no mercado independente atravs bandas de outros estados e at mesmo

    de outros pases.

    Criado em 1995, o Goinia Noise Festival se estabeleceu como um dos mais

    importantes e tradicionais festivais de rock independente do Brasil com repercusso na mdia

    nacional e notrio reconhecimento no mercado de msica independente. Tradicionalmenterealizado no segundo semestre do ano, com trs dias de durao, o festival apresenta a sua

    dcima quinta edio inovando, com uma semana de apresentaes em diferentes locais tendo

    como tema Invadindo a Cidade.

    Observando o cenrio goiano de msica independente e o crescente mercado que

    o acompanha constata-se uma deficincia na produo e veiculao de produtos audiovisuais

    para a divulgao de festivais de msica independente e por isso esse projeto experimental

    visa estudar a viabilidade e a produo de uma vinheta, tendo como objeto de estudo o

    Goinia Noise Festival.

    Nas suas quinze edies, o GNF foi predominantemente divulgado atravs da

    mdia impressa, utilizando se a mdia eletrnica em apenas uma edio. Percebe-se, com isso,

    que no h a criao de novas formas ou apropriao de formatos dinmicos, como a mdia

    eletrnica, para a veiculao de servios, gerando uma limitao em relao ao contato e a

    interao do Goinia Noise Festival com o seu pblico, que predominantemente jovem.

    Buscando uma maior identificao entre o pblico e o produto divulgado, a

    linguagem audiovisual pode proporcionar, atravs das diferentes percepes e sensaes,

    como a imagem, o som, o movimento e a cor, uma maior assimilao do festival pelo pblico.

    Utilizando a Internet como meio de veiculao a vinheta vem somar com a divulgao

    impressa constituindo uma campanha slida

    O projeto est dividido em trs captulos que contribuem para a elaborao da

    vinheta.

    O primeiro captulo, A mudana no mercado fonogrfico, estuda a histria do

    mercado independente e o seu desenvolvimento na capital goiana, situando o leitor da

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    importncia do Goinia Noise Festival para o reconhecimento nacional da cidade como um

    importante ator no cenrio de msica independente.

    O segundo captulo, A caracterizao do Goinia Noise Festival, trabalha com a

    anlise dos materiais impressos utilizados na divulgao de todas as edies do festival. Com

    caractersticas mpares, cada impresso atua de maneira importante na histria do festival. Os

    impressos, como o prprio festival, tambm apresentam respaldo, quanto qualidade da

    produo grfica, revelando indcios para uma coerente produo audiovisual.

    O terceiro captulo concretiza a produo de uma vinheta de quinze segundos, em

    animao 2D, aplicando o estudo do briefing, do planejamento, da produo, da criao e da

    veiculao, para a divulgao da dcima quinta edio do Goinia Noise Festival.

    A viabilizao da vinheta disponibiliza novas formas de comunicao, o GoiniaNoise Festival invadindo a divulgao audiovisual e a mdia eletrnica.

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    1. A MUDANA NO MERCADO FONOGRFICO

    Permeado por um sem nmero de mudanas radicais de comportamento do

    pblico e das novas formas de armazenamento digital, o mercado fonogrfico se v obrigado

    a adaptar-se a este novo cenrio que provocara mudanas profundas na forma em que se

    produz, divulga ou se consome msica.

    Um disco de uma banda de sucesso na dcada de 60, como os Beatles, por

    exemplo, era uma produo mpar. Das gravaes do disco, seguiam-se exaustivas

    apresentaes em veculos de comunicao, muita divulgao e extensas turns eapresentaes em programas de rdio e televiso. O nmero bem menos expressivo de

    estaes de rdio, ou de canais de televiso acabava restringindo o espao para que somente

    artistas consagrados viessem a ocupar uma faixa de um horrio nobre.

    Tradicionalmente, a indstria musical sempre teve um forte apelo comercial.

    Coube s grandes gravadoras abrigar em seus catlogos, artistas ou grupos com vendagem

    expressiva e que pudessem gerar retorno aos investimentos. A lgica de comercializao de

    discos buscava compensar os custos de produo e distribuio do vinil, e posteriormente fitase CDs.

    O mercado antes abastecido somente por alguns medalhes, grandes gravadoras

    e um espao miditico amplo e favorvel se depara com um cenrio totalmente oposto ao que

    existia h pouco mais de vinte ou trinta anos, perdendo espao para um fenmeno recente de

    fragmentao de mercado. A substituio gradual dos hits por nichos de mercado que se

    ampliaram e passaram a ser mais exigente no quesito de escolhas e em um escopo maior de

    variedade e abrangncia.O cenrio se inverteu nos ltimos anos. A facilidade ao acesso informao,

    popularizao de formatos digitais e de uma ampliao na busca por novos artistas, baseado

    em um gosto comum, tem contribudo com essa disseminao de pequenos nichos. A

    democratizao das ferramentas de produo, o baixo custo do armazenamento de mdia em

    formato digital, broadcast1impulsionou ainda mais essas mudanas.

    Com o advento da armazenagem digital de informaes, estes custos se reduziram

    a valores pfios, o que compensa uma infinidade de ttulos, visto que o seu armazenamento e

    1Radiodifuso em canais abertos, de livre acesso ao pblico.

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    disponibilidade so baixos e sua rotatividade, ainda que pequena, compensada por suas

    vendas casuais.

    As facilidades advindas do avano tecnolgico, a popularizao da Internet e a

    difuso do broadcast, possibilitaram o impulso de uma nova dinmica na indstria

    fonogrfica. Em um perodo de apenas meia dcada j se torna notvel a queda na venda de

    discos fsicos. Em 2001 as vendas caram em 6,4%, e 8,9% no ano seguinte. Na contramo

    dessa queda vertiginosa, a venda de msica digital, cresceu 163%, e as de lbuns digitais

    atingiram o ndice de quase 200%.2

    Os nmeros de vendas de CDs, que antes ultrapassavam um bilho de reais, agoraesto restritos a cerca de 600 milhes de reais. A indstria do milho, como era antesconhecida por vender 1 milho de cpias dos CDs mais populares, nos temposrecentes se viu obrigada a diminuir a marca de premiao para a vendagem.(PINHO,

    p.54, 2007).

    A mudana comportamental do consumidor em um fenmeno recente abriu

    brechas de forma que agora possvel selecionar um determinado segmento ou estilo musical

    e ter toda sua amplitude de reproduo restrita a essa opo personalizada. A filtragem de

    informaes possibilita fazer conexes mltiplas, e tais recomendaes passam a ganhar fora

    e mais adeptos. So estes filtros que trouxeram tona um vasto contedo musical baseado

    no gosto comum e abriu espao para novos artistas ou produtos, indo em direo oposta

    dinmica comum dos hitse da cultura pop em que os artistas ou discos em evidncia que

    dominavam as paradas de sucessos, listas das 10 mais, entre outros mecanismos de

    impulso e difuso das msicas mais executadas na programao.

    A cultura digital que, segundo Costa (2003, p.8), a forma de interatividade,

    interconexo, e inter-relao entre homens, informaes e imagens, de maneira ntima, sendo

    vivel por meio dos avanos das tecnologias digitais tambm contribuiu drasticamente para a

    alterao na forma de consumo.

    Essa mudana no se restringe somente ao mercado fonogrfico, mas se estende

    tambm ao mercado de livros e filmes. At mesmo a regra do 80/20 3,comum no mercado

    tradicional, no mais se aplica s vendas e propores do mundo digital.

    Os efeitos combinados do Napster e outras tecnologias de troca de arquivos on-line,de um lado, e os CDs regravveis, de outro, fomentaram uma economia subterrnea

    2Fonte: RIAA -Recording Industry Association of America [Internet] http://76.74.24.142/8230EB0F-3012-

    63C0-CCA5-AD966FAAF739.pdf, Acessado em Maio de 2009.3 Os estudos do economista italiano, Vilfredo Pareto, demonstram que a regra do 80/20 se aplica a vriassituaes de mercado. Seu princpio mostra que 20% dos produtos respondem a 80% da demanda. O mesmo seaplica ao mercado fonogrfico.

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    de qualquer msica, a qualquer hora, de graa. No obstante as vrias aesajuizadas pela indstria fonogrfica, o trfego nas redes de troca de arquivos peer-to-peer("P2P") se mantm em crescimento, nas quais hoje cerca de 10 milhes deusurios compartilham arquivos de msica todos os dias. (ANDERSON, 2006, p.25).

    A convergncia da mdia possibilitou um salto gigantesco rumo difuso de

    informao e de contedo udio-visual em dispositivos cada vez menores e com capacidades

    de armazenamento cada vez maiores. As facilidades do broadcast, o baixo custo de

    armazenamento de informaes e a filtragem abriram caminho para um novo tipo de mercado:

    mais amplo mais segmentado e principalmente mais focado nas potencialidades dessa

    variedade, o mercado independente.

    O mercado de msica independente composto por selos independentes que so

    empresas fonogrficas brasileiras de menor porte, especializadas em um nico gnero

    musical. Segundo Brandini (2007, p. 63), O selo comporta todas as etapas do processo de

    produo da msica e manufatura dos discos: da descoberta do artista, gravao em estdio,

    da mixagem at a produo grfica da capa e encarte.

    O desenvolvimento de softwares como o Napster e do padro MP3 de compressode arquivos de udio popularizaram a distribuio de msica por meio da Web, o quetambm vem concorrendo para desestabilizar a forma do lbum ou CD como

    produto final de consumo. A digitalizao tornou possvel o hbito de colecionarmsica em gigabytes. As conseqncias dessa desmaterializao da msica ainda

    precisam ser inventariadas. Seja pela confeco caseira de CDs com o mix de faixaspreferidas, ou da programao do computador, mp3-player ou oIpodpara funcionarcomo uma estao de rdio pessoal, selecionando e tocando as seqncias desejadas,tudo leva a crer que a digitalizao da msica possibilita novas formas de consumo4.

    A popularizao do mp35e da venda de msicas pela Internet por lojas on-line

    como o iTUNES6, por exemplo, se tornaram files de mercado interessante e acabaram

    servindo de suporte a um sem nmero de artistas independentes (com nenhum vnculo s

    grandes gravadoras) que se sustentam nesse mercado graas divulgao por esses e outrosmeios (Internet, Redes Sociais como o Myspace, Orkutou at mesmo de sitesespecializados

    no mercado musical, a exemplo do projeto Trama Musical7, mantido pela gravadora Trama)

    para poder expor seu trabalho.

    Este tipo de apropriao social das novas tecnologias de informao deve serressaltado, pois assistimos uma reconfigurao sem precedentes das relaes entre

    4De Gisela G. S. Castro e pode ser encontrado no endereo eletrnico:

    http://revistacmc.espm.br/index.php/revistacmc/article/viewFile/33/335Formato digital de alta compresso6Loja virtual mantida pelaApple, especializada na venda e downloadde msica digital.7http://tramavirtual.uol.com.br/

    http://tramavirtual.uol.com.br/http://tramavirtual.uol.com.br/http://tramavirtual.uol.com.br/
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    produtores musicais e seu pblico. Segundo Pierre Lvy, trata-se da instaurao deuma nova pragmtica da criao e da audio musicais.8

    O lucro agora resultado de shows, venda de camisetas ou em alguns casos do

    prprio disco produzido de forma quase que artesanal, graas difuso e barateamento de

    equipamentos que possibilitam gravar, editar e at mesmo reproduzir em casa seus prprios

    discos.

    Mas, ao contrrio do que possa parecer, o crescimento vertiginoso do mercado

    independente s refora a corrente de pensamento de que um dos aspectos da crise da

    indstria fonogrfica so discos fsicos que acabaram perdendo seu espao devido postura

    rgida e inflexvel das gravadoras que por anos andaram na contramo da visvel corrente de

    usurios e consumidores que migraram para formatos digitais e que passaram a aderir com

    mais rapidez a esse tipo de soluo em detrimento dos preos abusivos e surreais praticados

    pelo mercado.

    O poder da indstria fonogrfica na constituio de padres massificados derecepo musical vem sendo desafiado por novos padres de consumo que rejeitamformataes e so mediados pelas tecnologias digitais em mltiplas frentes: com adistribuio direta entre msicos e seu pblico, por meio do download (gratuito ouno) de faixas musicais como alternativa ao consumo tradicional de CDs, e tambmao questionar a formatao esttica e impositiva da maior parte dos CDs lanados

    comercialmente, demandando maior grau de personalizao e interatividade entremsica e ouvinte.9

    Alm de buscar a iseno de impostos, algumas gravadoras, como a Universal,

    por exemplo, passaram a explorar formas alternativas visando reduo de custos do produto

    final, com embalagens mais simples e preos mais competitivos. A srie Music Pack10

    revende discos nacionais em caixa de papelo e sem encarte e que podem ser encontrados por

    preos quase sempre na faixa de R$ 9,99.

    A Warner Music adotou uma linha de Mid Price 11com discos de catlogo porvalores mais acessveis. Mesmo que de forma tardia e pouco atuante, a indstria busca

    recuperar o espao perdido se atentando ao fato de que a crise no do mercado musical,

    visto que o licenciamento de fonogramas s vem aumentando. No mesmo caminho seguem, a

    venda de msica digital, ringtones, aparelhos de mp3e Ipods. Ou seja, nesse momento de

    8De Gisela G. S. Castro e pode ser encontrado no endereo eletrnico:http://revistacmc.espm.br/index.php/revistacmc/article/viewFile/33/339Idem anterior10O termoPack uma abreviao dePackage, palavra em ingls que significa embalagem.11Midse refere metade, em referncia ao preo praticado pela linha, que gira em torno de metade do preode um disco comum.

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    transio que o mercado independente passou a encontrar um cenrio propicio para se

    expandir e conquistar novos nichos.

    A evoluo tecnolgica dos meios de comunicao possibilitou a um grande

    nmero de pessoas, num curto espao de tempo, uma maior disseminao de informao, o

    que antes era limitado pelas distancias. O jornal, o rdio e a TV foram instrumentos dessa

    mudana.

    Sem limitaes geogrficas uma rede de rdio de bom alcance era capaz de cobrir

    regies amplas, as redes de televiso por sua vez passaram a abrigar todo o territrio nacional.

    Esse cenrio da era de ouro do rdio, ou do incio da televiso por outro lado em seu incio se

    via limitado a um nmero reduzido de canais ou opes, se traduzindo em uma cultura

    unificada e homognea. Programas como Your Hit Paradeou American Top 40eram lderesde audincia e basicamente se ocupavam de executar a lista das msicas mais populares da

    semana.

    Essa cultura massificada se mostra traduzida de forma precisa nas dcadas

    seguintes em que o mercado fonogrfico ainda apresentava taxas vultosas de crescimento.

    Entre 1990 e 2000, as vendas de lbuns dobraram a taxa de crescimento maisacelerada da histria do setor. Quase metade dos 100 maiores campees de vendasda histria havia sido vendida nesse perodo. O negcio de msica s ficava atrs de

    Hollywood nas fileiras da indstria de entretenimento. (ANDERSON, 2006, p. 24).

    A facilidade ao acesso informao, popularizao de formatos digitais e de uma

    ampliao na busca por novos artistas, baseado em um gosto comum tem contribudo com

    essa disseminao de pequenos nichos. A democratizao das ferramentas de produo, o

    baixo custo do armazenamento de mdia em formato digital, broadcast impulsionou ainda

    mais esse fato. Tudo isso se somou cultura punk surgida em meados dos anos setenta, que

    estimulou o lema do faa voc mesmo e abrigou o surgimento de um sem nmero de bandas

    de garagem e de jovens msicos que possuem a msica como hobby. Esse o ponto de

    partida para a proliferao de selos independentes, que abrigam e do espao a esse filo que

    no se encaixa nos padres tradicionais das grandes gravadoras.

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    1.1. Goinia e a cena independente nacional

    A capital do estado de Gois, Goinia, abriga um efervescente cenrio de msica

    independente. Apelidada pela mdia especializada12 de Seattlebrasileira (em referncia

    cidade norte-americana que foi bero de um dos maiores fenmenos culturais da dcada de

    90, o Grunge. Todo seu esprito de rebeldia e no alinhamento com o mercado de

    mainstream13) a cidade engloba bandas de estilos variados, sonoridade plural, mas que

    cultivam em comum o surgimento e expanso nesse turbilho de bandas de garagem, festivais

    e selos diversos que a cidade produz.

    difcil precisar porque o cenrio goianiense de rock independente surgiu ou

    como tenha encontrado um terreno to frtil para se difundir e atingir as propores atuais,porm a explicao mais plausvel que o fenmeno tenha surgido como uma resposta

    cultura rural da pacata capital goiana que sempre exportou cantores caipiras e duplas

    sertanejas. Um fenmeno de contracultura, movimento ou forma de cultura que visa atacar os

    valores culturais vigentes14,resultando numa vertente alternativa de expresso, que acabou se

    expandindo, indo ao encontro dos anseios de uma juventude que no se enquadrou nos valores

    tradicionais ou que simplesmente no se adequa aos demais estilos musicais.

    A cidade de Goinia apresenta uma srie de festivais que rene e promove asbandas locais, sendo que a sua grande maioria tambm abre espao para bandas de outros

    estados e em alguns casos at de outros pases, fortalecendo o intercmbio cultural no

    mercado independente. Esta caracterstica se reflete em outros festivais nacionais do mesmo

    porte, o que acabou culminando na criao de uma organizao que rene produtores

    culturais, selos e profissionais do ramo.

    A ABRAFIN (Associao Brasileira de Festivais Independentes), fundada em

    2005, rene trinta e dois eventos, distribudos por todo o territrio nacional. Os nmerosdemonstram a franca ascenso do mercado: cerca de trs mil empregos (diretos e indiretos) e

    a movimentao de uma cifra de mais de 5 milhes de reais anuais. Calcula-se que em mdia

    os pblicos dos 32 festivais juntos cheguem a 300 mil pessoas por ano15.

    Os trs principais festivais organizados e promovidos na capital goianiense so: o

    Bananada, o Goinia Noise Festival e o Vaca Amarela produzidos, respectivamente, pelos

    12Entre os referenciais de mdia especializada em msica que j se valeram do termo em questo, podemos citar

    a RevistaRolling Stonee o jornalista Lcio Ribeiro, colunista da Folha de So Paulo.13Alinhamento mercadolgico que privilegia a divulgao, sucesso e vendagem.14Verbete do Moderno Dicionrio da Lngua Portuguesa, da Editora Melhoramentos.15http://www.abrafin.com.br/

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    selos independentes, Monstro Disco (os dois primeiros) e a Fsforo Cultural (o ltimo),

    atuantes na cidade de Goinia.

    O Bananada um festival organizado e promovido pela Monstro Discos (GO) que

    tem se voltado principalmente divulgao da crescente cena de bandas locais, e na

    descoberta de novos artistas e bandas nacionais. realizado desde 1999 e ocorre no final de

    Maio. O carter do Bananada bem mais regional que o Goinia Noise, o que acaba criando

    uma diferenciao dos demais festivais.

    O Vaca Amarela realizado pela Fsforo Cultural que nasceu como festival de

    rock alternativo e amadureceu at chegar a sua edio de 2009 englobando vrios outros

    segmentos artsticos, realizado desde 2001 e ocorre geralmente na metade do ms de

    Setembro.Um dos mais importantes e tradicionais festivais de rock independente do Brasil,

    o Goinia Noise Festival o principal festival da Monstro Discos e de Goinia, realizado

    desde o ano de 1995, por Mrcio Jnior e Leo Bigode16. Com quinze edies, os realizadores

    tinham como intuito inicial fazer um festival no molde do Junta Tribo17, trazendo para a

    cidade de Goinia bandas de msica independente com artistas e estilos variados.

    As bandas locais no se encaixam em estilos pr-definidos, mas possvel notar

    que a sua grande maioria busca unir uma afinidade musical entre seus integrantes, de forma ase criar uma identidade prpria. O leque de bandas variado e abriga tal pluralidade: do rock

    pesado com cargastonerda banda MQN, passando pelo pop trabalhado pelos integrantes do

    grupo Violins, altamente alimentado por letras reflexivas.

    1.2. Goinia Noise Festival

    Com a inteno de chamar a ateno da mdia nacional para as bandas da capitalde Gois e promover um intercmbio entre a cena musical local e a do restante do pas,

    (KOSSA, 2005, p. 27), Mrcio Jr e Leo Bigode criaram o festival: Goinia Noise Festival. A

    cidade de Goinia alm de acolher o festival tambm faz parte do seu nome, com o intuito de

    aumentar a visibilidade e destacar a cidade no cenrio nacional de msica independente,

    Goinia juntamente com noisecompem o nome do festival. Noise barulho em ingls, tem

    por objetivo caracterizar a diversidade de sons e rudos que poderiam ser abrigados no

    festival.

    16Fundadores do Goinia Noise Festival, e atuais scios do selo Monstro Discos.17Junta Tribo Festival de msica realizado na cidade de Campinas, So Paulo.

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    Surgido em 1995, com apenas dois dias de festival e de entrada gratuita, o

    Goinia Noise partiu de sua tmida concepo de um festival aos moldes do Junta Tribo

    festival realizado na cidade Campinas (interior de So Paulo) nos anos de 1993 e 1994 e que

    havia despertado a ateno da mdia especializada ao unir durante trs dias seguidos uma

    gama de artistas de estilos variados.

    Mrcio Jr e Leo Bigode estabeleceram alguns dos aspectos fundamentais que

    iriam permear o festival por muitos anos: sua periodicidade anual (de forma a criar um

    calendrio fixo cena local), seu local de realizao flexvel e seu carter gratuito. O ltimo

    quesito acabou sendo deixado de lado quando o pblico do festival comeou a aumentar e a

    gerar algumas despesas mais altas, principalmente aquelas relativas hospedagem e

    locomoo de bandas escaladas para tocar no festival.O primeiro GNF18aconteceu no primeiro semestre do ano de 1995, diferente das

    outras edies, que, a partir da segunda, comearam a ser realizadas no segundo semestre do

    ano, em sua maioria nos meses de outubro e novembro. Mas foi a partir do terceiro festival

    que o formato de trs dias se consagrou e o festival tornou-se parte fixa do calendrio cultural

    de Goinia.

    A primeira edio do festival ocorreu na Praa Universitria19, o local foi

    escolhido por ser cercado pela Universidade Federal de Gois (UFG) e pela PontifciaUniversidade Catlica de Gois (PUC) aonde a maioria do seu pblico, em geral, jovens

    universitrios, encontrava-se concentrado. A partir daqui os locais foram variados visando

    uma melhor acomodao do pblico e das bandas, alm de ser observado o preo e a infra-

    estrutura.

    Por fazerem parte do corpo discente da UFG, Mrcio e Leo contaram com o apoio

    de unidades acadmicas para a realizao das primeiras edies do festival, tanto a

    Universidade Federal de Gois como a Escola Tcnica do Estado de Gois (ETFG)

    20

    patrocinaram o evento cedendo espaos ou recursos para a sua realizao. Contatos com o

    DCE e com a PROCOM21 da UFG e com o grmio estudantil da ETFG possibilitaram um

    maior envolvimento do corpo acadmico de Goinia com o Goinia Noise Festival. A

    segunda e a sexta edio foram realizadas no DCE da UFG e a terceira, na ETFG.

    A quarta edio foi realizada no Cine Teatro Santa Maria, no setor Central. Por

    ser no centro da cidade e cercado por residncias o rudo causado pelo som alto incomodou a

    18Goinia Noise Festival.19Praa situada na cidade de Goinia no setor Universitrio.20Atual Instituto Federal de Educao Cincia e Tecnologia de Gois (IFG)21Pr-Reitoria de Assuntos da Comunidade Universitria.

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    vizinhana. Nessa edio, a organizao teve problemas com o juizado de menores por no

    haver aviso proibindo a venda de bebidas alcolicas para menores e por no ter nenhum tipo

    de fiscalizao a esse respeito, Mrcio foi autuado e respondeu a processo posteriormente.

    O local que abrigou a grande maioria dos shows, eventos e festivais independentes

    o Espao Cultural Martim Cerer22,localizado no setor Sul da cidade, o espao composto

    por dois teatros de tamanhos modestos, uma rea aberta e um bar. O Centro Cultural Martin

    Cerer abrigou a stima, a oitava, a dcima e a dcima primeira edio do festival nos anos de

    2001, 2002, 2004 e 2005 respectivamente.

    O stimo GNF inaugurou um novo formato de apresentao. Dois palcos foram

    montados, Palco Noise e Teatro Noise, o primeiro com a apresentao de bandas com

    som mais pesado e o segundo com bandas mais calmas. Realizado nos dias 12, 13 e 14 deoutubro do ano de 2001 esta edio coincidiu com o Canto da Primavera, festival realizado,

    anualmente, na cidade de Pirenpolis, prejudicando o pblico do festival, que contou com

    uma mdia de 500 pessoas por noite. Na sua stima edio o festival contou com a sua

    primeira atrao internacional, com a banda americana Nebula23.A oitava edio manteve o

    esquema de dois palcos, a data no coincidiu com nenhum outro festival, o Martin Cerer

    lotou, superando a expectativa de pblico.

    Em 2003, ocorre o aniversrio de 70 anos de Goinia e o GNF entra no circuito decomemoraes como um evento no festival Goinia 70 anos. Aproveitando a infra-estrutura

    disponibilizada pela prefeitura, a nona edio do festival ocorreu no Jquei Clube de Goinia.

    Alm das 14 bandas que se apresentariam por dia, dois palcos, dois bares, lan house, jogos

    eletrnicos e tendas com DJs foram oferecidos nos trs dias de festival, que pela segunda vez

    conta com uma atrao internacional em seu quadro: a banda japonesa Guitar Wolf24.

    Nos anos de 2006 a 2008, da dcima segunda dcima quarta edio ocorreu no

    Centro Cultural Oscar Niemayer

    25

    abrigando um maior nmero de pblico. Alm de recminaugurado o Centro Cultural Oscar Niemeyer, dotado de uma estrutura um pouco mais

    vultosa visto que o festival ganhou maior projeo nos ltimos anos.

    Essa expanso se reflete no nmero de atraes internacionais que se apresentam

    durante as trs noites. Se at 2003 o festival contara com apenas dois nomes advindos do

    22Espao da Agepel, Associao Goiana de Cultura, destinado a atividades artsticas. O local outrora j forautilizado para realizao de sees de tortura durante o perodo da ditadura militar e antes de ser transformadoem centro cultural era abrigo de caixas de gua da Saneago (Empresa de Saneamento do Estado de Gois).23Nebula uma banda de Stoner Rock/Rock Psicodlico surgida em 1997 no estado da Califrnia, USA.24Guitar Wolf uma banda japonesa de JET Rocknroll formada em 1987.25 Centro Cultural Oscar Niemeyer um complexo de espaos culturais situado na regio sul da cidade deGoinia. Os seus 17 mil metros quadrados abrigam um teatro, um museu, uma biblioteca, bem como ummonumento aos direitos humanos.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Stoner_Rockhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Rock_psicod%C3%A9licohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Goi%C3%A2niahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Direitos_humanoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Direitos_humanoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Goi%C3%A2niahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Rock_psicod%C3%A9licohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Stoner_Rock
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    exterior, no ano de 2007 em uma nica edio, o Goinia Noise contou com cinco atraes

    internacionais: as americanas The Battles e The Dts e mais trs grupos sul-americanos: Rubin

    & los Subistitutos, da Argentina, Motosierra, do Uruguai e o chileno Perrosky.

    Em 2008, o fato se repete e o evento passa a contar com dez atraes

    internacionais. Um nmero considervel para os padres do festival, que contava com cerca

    de 40 atraes distribudas durante os trs dias de eventos. Nessa edio a diversificao se

    mostra ainda mais presente ao reunir bandas das mais diversas partes do mundo, como Chile,

    Argentina, Blgica, Canad, Esccia, Inglaterra, EUA e Finlndia. Sendo que entre as

    atraes, destacam-se a americana Helmet e a escocesa Vaselines, como atraes com um

    certo renome no mercado fonogrfico.

    A dcima quinta edio, que ocorrer nesse ano de 2009, foge aos moldes dofestival. No se apresentando em um local fixo, o GNF inova com espetculos e shows

    ocorrendo durante uma semana por toda a capital goiana, cinemas, galerias de arte, casas

    noturnas e teatros abrigaro o maior festival de msica independente do pas, palavras do

    Ministro da Cultura Juca Ferreira.

    Com apresentaes no Colgio Santo Agostinho, na boate Fiction Club, nos bares

    Capim Pub e Bloshoi Pub, no Centro Cultural Goinia Ouro, no Metrpolis, no Centro

    Cultural Martin Cerer (com a utilizao dos dois palcos) e no Centro Comunitrio doGoinia Viva esta edio do GNF realizar apresentaes simultneas em espaos distintos

    em um mesmo dia durante uma semana, do dia 25 de novembro a 29 de novembro,

    compondo, assim, um novo formato de festival.

    As primeiras duas edies do festival tiveram entrada gratuita. Sem o dinheiro

    proveniente da bilheteria fez se necessrio captao de recursos de diferentes formas como

    os patrocnios e a taxa de R$ 50,00 paga por cada banda que se apresentaria. Bares locais e

    lojas especializadas em underground ofereciam cotas de patrocnios e apoios atravs decamisetas, cartazes e irrisrias quantias em dinheiro.

    A partir do terceiro festival o dinheiro da bilheteria tornou-se fundamental para a

    realizao do GNF. Ingressos para cada dia de festival ou passaportes contendo ingressos para

    os trs dias so vendidos contribuindo para o custeio do GNF.

    Nos trs primeiros anos de festival os patrocnios foram limitados a rgos ligados

    a entidades acadmicas, como o DCE e o PROCOM da UFG e o grmio estudantil da ETFG,

    a restaurantes e bares, e a lojas especializadas em underground. Com o aumento da dimenso

    do festival e a sua percepo no cenrio nacional, o nmero e o tamanho dos patrocinadores

    foram ampliando.

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    Em 2001, na stima edio do festival, o GNF conseguiu entrar na Lei Municipal

    de Incentivo a Cultura. A lei n 8146,que alterou a lei n 7 957 de 6 de janeiro de 2000,

    institui incentivo fiscal em favor de pessoas fsicas e jurdicas de direito privado para a

    realizao de projetos culturais. Com isso o nmero de patrocnios e apoios aumentou

    proporcionando uma maior investimento no equipamento de som e na infra-estrutura do

    festival. Foram os incentivos gerados pela lei que possibilitaram o advento da nova forma de

    espetculo com a criao de dois palcos para as apresentaes.

    Na primeira edio a revista especializada Dynamite teceu uma resenha sobre o

    festival, mas foi a partir da quarta edio que o festival teve repercusso na mdia nacional,

    ainda que de maneira tmida, pequenas notas foram publicadas em jornais de grande

    circulao e houve destaque do evento na MTV26.Hoje o GNF visualizado como um dosmelhores festivais do gnero com nfase em mdias comuns e nas mdias especializadas27.

    No possvel negar que exista um ntido crescimento no festival nessa dcada e

    meia, principalmente se compararmos a precria estrutura da primeira edio e seu singelo

    prejuzo de 150 reais devidamente rateados entre seus dois fundadores, contrastando com o

    aporte financeiro de algumas leis de incentivo cultura e um desmembramento que culminou

    em uma edio paulista do festival.

    O SP Noise Festival28

    aconteceu nos dias 21 e 22 de novembro no ano de 2008 naBarra Funda, com ingressos entre R$ 55,00 a R$ 80,00. Nos moldes do festival goiano, a

    edio paulista ofereceu dois palcos e a apresentao de bandas que refletem a programao

    do Goinia Noise Festival. Com doze atraes, oito delas internacionais, o destaque foi para a

    banda escocesa Vaselines e a canadense Black Mountain.

    A divulgao do festival comea a ser intensificado a partir da segunda edio

    com impressos distribudos por Goinia. O material grfico produzido se destacava em

    relao aos outros eventos underground (KOSSA, 2005, p.41), cartazes foram colados empontos de nibus, postes, tubulaes da Saneago29, portas de escola, faculdades, universidades

    e locais de aglomerao. Alm disso, panfletos, contendo as bandas escaladas, foram

    distribudos, alcanando bares, escolas, faculdades, estdios de ensaio, lojas de instrumentos

    26MTV (Music Television) um canal de televiso a cabo norte-americano sediado emNova Iorque.Com umaprogramao originalmente dedicada totalmente a videoclipesde diferentes gneros musicais, conduzidos porapresentadores conhecidos como VJs (video jockeys),a emissora gradualmente reduziu a quantidade de msicatransmitida, e passou a produzir uma variedade de reality showseprogramas de televiso relacionados cultura

    pop, que tm como alvo o pblico formado por adolescentes e jovens.27Anexo A.28Conferir: http://spnoisefestival.com/29Empresa de Saneamento de Gois S/A.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Canal_de_televis%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Televis%C3%A3o_a_cabohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_Iorquehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Videoclipehttp://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%AAnero_musicalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/VJhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Reality_showhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Reality_showhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_de_televis%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_pophttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_pophttp://pt.wikipedia.org/wiki/Adolescentehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Jovemhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Jovemhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Adolescentehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_pophttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_pophttp://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_de_televis%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Reality_showhttp://pt.wikipedia.org/wiki/VJhttp://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%AAnero_musicalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Videoclipehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_Iorquehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Televis%C3%A3o_a_cabohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Canal_de_televis%C3%A3o
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    musicais e outros. A ao de divulgao alcanou seu objetivo, com pblico extrapolando o

    pblico tradicional de underground(op citatum).

    Com a boa experincia conquistada na segunda edio, a divulgao do festival

    atravs de material impresso, tornou-se rotineira com a produo de flyers30e cartazes. Todas

    as edies apresentaram material grfico com diferentes concepes, atingindo o pblico de

    vrias maneiras e com diferentes sensaes.

    Somente na dcima quarta edio o Goinia Noise produziu um VT veiculado na

    televiso para promover o festival. Diferente da caracterstica dos impressos, que estava

    voltada divulgao do evento ao pblico alvo, a produo audiovisual foi utilizada para

    divulgar os patrocinadores, sem identificao entre o VT, os servios oferecidos e o pblico

    do festival.A anlise do material impresso torna-se importante para identificar e destacar as

    caractersticas nicas e marcantes de cada pea que enfatiza e molda a relao entre o festival

    e o seu pblico. Como segue no prximo captulo, essa anlise se torna- importante para o

    desenvolvimento da vinheta a ser produzida como prtica do projeto.

    30Impressos de divulgao que visam atingir um determinado pblico.

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    2. A CARACTERIZAO DA DIVULGAO DO GOINIA NOISE FESTIVAL

    O Goinia Noise Festival completa quinze anos de existncia. Durante essa

    trajetria o festival fez uso do meio impresso como uma de suas principais formas dedivulgao. Nos ltimos anos, porm, a pulverizao dos investimentos publicitrios tambm

    ganhou reflexos e espaos com a utilizao de ferramentas como o Myspace, Orkut, site

    oficial do evento 31e de forma mais recente do Twitter32. O site Trama Virtual 33oferece

    suporte atravs de patrocnio, divulgao e j foi parceira do evento atravs de uma seletiva,

    que escolheu trs bandas para participar do festival, sendo que cada banda vencedora seria

    escalada para um dos dias do evento.

    Porm os impressos ainda so a forma mais explorada pelo selo para a divulgaodo festival ao pblico alvo. Seu custo relativamente baixo, seu carter quase artstico e sua

    amplitude de divulgao nos ambientes onde so afixados ajudaram a consolidar os impressos

    como carro-chefe dessa divulgao ao longo dessa uma dcada e meia.

    Nas edies mais recentes do festival, a preocupao esttica e artstica com o

    material do evento se tornou mais ntida. Mesmo que o espectro amador das peas anteriores

    ainda corrobore com o esprito de livre expresso artstica, os trabalhos mais recentes foram

    entregues a artistas ou estdios de design que surgiram nesses ltimos anos na cidade. E que

    de maneira curiosa acompanharam o crescimento dessa cena independente goianiense, com

    igual reconhecimento e respaldo quanto qualidade da produo grfica. Entre esses nomes,

    podemos destacar a atuao de dois estdios: Nitrocorpz34e o Bicicleta Sem Freio35.

    Fundado em 2003 por Cludio Alexandre, Rhawbert Costa, Greyner Santos e

    Marcilon Almeida, a Nitrocorpz um estdio goianiense de design e que entre seus trabalhos

    j produziu vinhetas para a Nickelodeon e MTV. Bicicleta sem freio composto por trs

    integrantes: Douglas de Castro, Victor Rocha e Renato Reno. Seus trabalhos se concentram

    no foco de ilustraes com claras referncias psicodelia e a arte de rua. Seus integrantes

    tambm compe em parte a banda goiana Black Drawning Chalks, que atualmente pertence

    ao cast da Monstro Discos e que freqentemente participa dos festivais organizadas pela

    mesma.

    O cartaz desse ano ficou cargo do artista grfico, quadrinista e DJ MZK, que

    reside na cidade de So Paulo, metrpole que acaba influenciando em seu conceito urbano de

    31http://www.goianianoisefestival.com.br32http://www.twitter.com MicroBlogque permite inseres eventuais de at 140 caracteres por mensagem.33http://tramavirtual.uol.com.br/34http://www.nitrocorpz.com/35http://www.flickr.com/people/bicicletasemfreio/

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    arte. "Contra-Cultura, punk, hip hop, noiseguitar bandse o undergroundem geral guiavam

    meus rumos" como define o prprio artista em entrevista.36

    Todo esse referencial esttico converge para a linguagem urbana, rpida e jovem

    que se tornou marca registrada do canal Music Television, a MTV37.

    O estilo MTV hoje associado principalmente televiso, embora sua influnciatenha superado a televiso. Evitando os objetivos tradicionais da montagem,inclusive a narrativa linear e a concentrao na trama e no personagem, o estiloMTV tem recolocado a questo com um enfoque multilateral. (DANCYGER, 2009,

    p. 201).

    2.1. A fora da imagem na composio

    Atravs da anlise da imagem que se busca indcios que possam ser teis a essapesquisa, optando pelos cartazes como objeto de foco. O impacto imagtico e todo seu

    poderio derivam da sua capacidade de se conhecer e compreender o passado, atravs dos seus

    indcios. Ao que Kossoy indica:

    A imagem, em especial a fotogrfica, sempre se viu tradicionalmente relegada condio de ilustrao dos textos e apndice da histria. No entanto, adocumentao iconogrfica uma das fontes mais preciosas para o conhecimento do

    passado. (KOSSOY, 2007, p. 31).

    relevante que se tenha conscincia da fora que imagem possui no ambiente

    cultural. Portanto, cabe uma anlise criteriosa das imagens e do seu papel central como objeto

    informacional e publicitrio e de toda sua carga representativa ao longo dos cartazes dos

    quinze anos de evento.

    necessrio que se compreenda o papel cultural da fotografia: seu poderio deinformao e desinformao, sua capacidade de emocionar e transformar, dedenunciar e manipular. Instrumento ambguo de conhecimento, ela exerce contnuofascnio sobre os homens. Ao mesmo tempo em que tem preservado as referncias elembranas do indivduo, documentado os feitos cotidianos do homem e dassociedades em suas mltiplas aes, ficando, enfim, a memria histrica, elatambm se prestou - e se presta - aos mais interesseiros e dirigidos usos ideolgicos.O papel cultural das imagens decisivo, assim como decisivas so as palavras.(KOSSOY, 2007, p. 31).

    Essa premissa, mesmo que trate em especial do papel da imagem da fotografia,

    pode ser facilmente estendida gneros similares como o caso especfico da ilustrao e nos

    36http://rraurl.com/cena/3022 - Acessado em 3 de Novembro de 200937Canal americano de televiso por assinatura, sediado em Nova Iorque surgido no incio dos anos 80.

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    ajuda a compreender e estabelecer um dilogo entre imagens. Ao analisar as peas de

    divulgao do GNF.

    Podemos imaginar um dilogo entre as imagens e com as imagens? Creio quepodemos imaginar como o fenmeno ocorre. No se trata, obviamente, de umdilogo convencional. Trata-se de um dilogo mudo, subliminar, sensvel einteligente que gestado entre o nosso olhar e a nossa mente diante de uma foto oude um conjunto de fotos. Imagens tcnicas, visuais (produtos da indstria e daartesania cultural) interagindo com nossas imagens mentais (originadas da nossaexperincia do real e configuradas em funo de nosso repertrio pessoal). Umacomunicao que se estabelece diante da estaticidade das imagens, editadas demaneiras singulares, convivendo nas paredes de uma galeria, nas pginas de umlivro, revista, jornal, catlogo, de algum suporte ou veculo, enfim.38

    Ser atravs desse eminente dilogo entre imagens que tomaremos como fundoterico para compreender de forma mais refinada e precisa nosso material de anlise, que se

    dar, principalmente atravs de um elemento presente nas peas, as cores.

    2.2. O reflexo das cores na composio dos cartazes do Goinia Noise Festival

    Faz-se necessria uma anlise mais profunda no que tange ao material

    promocional do festival, o uso e as atribuies que as cores ganharam ao longo dos anos. Senum primeiro momento, a impresso de cartazes coloridos no foi adotada, certamente pela

    inviabilidade econmica, como ocorreu na primeira, segunda e terceira edio do evento.

    Conforme visto no cpitulo 1, as cores passaram a ser utilizadas no momento em que a

    profissionalizao e estruturam do festival atingem maiores propores. Na quarta edio do

    festival, em 1998, torna-se importante ressaltar o modo como o uso e a atribuio dessas cores

    passaram a ganhar significado no que compete ao objeto de comunicao visual das peas.

    Luciano Guimares abriga um extenso estudo sobre o reflexo, funcionalidade e

    significao das cores no contexto comunicativo e informacional39. O autor se vale das mais

    diversas anlises (fsicas, perceptivas, neurolgicas entre outras) para criar uma criteriosa

    relao de anlise da cor como informao. Partindo de conceitos mais especficos, a cor pode

    cumprir trs funes bsicas: Dimenso de discriminao, poder de expresso e sua

    capacidade de significar.

    38Conferir: KOSSOY, Boris. O relgio de Hiroshima: reflexes sobre os dilogos e silncios das imagens. Rev.

    Bras. Hist., So Paulo, v. 25, n. 49, Jan. 2005 . Available from.access on 03 Nov. 2009. doi: 10.1590/S0102-01882005000100003.39No seu livro, A cor como informao

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    Goethe discorre sobre as aplicaes simblicas e alegricas das cores, no seu

    estudo sobre a doutrina das cores:

    A aplicao que concorda perfeitamente com a natureza poderia ser denominadasimblica. Caso a cor seja utilizada em consonncia com o efeito, e a verdadeirarelao exprima imediatamente o significado. Ao se supor, por exemplo, que o

    prpura designa a majestade. No h dvida de que se trata da expresso correta,como j expusemos acima.Uma aplicao muito prxima da anterior a que poderamos chamar de alegrica,mais circunstancial e arbitrria, ou melhor, convencional, na medida em que osentido do signo nos deve ser transmitido antes que saibamos o que deve significar,como, por exemplo, em relao ao verde, ao qual se atribui a esperana (1993, p.154).

    Um entendimento mais claro e especfico na atribuio das cores como marco

    determinante na compreenso do material como expresso de comunicao visual e

    informativo torna-se uma das ferramentas de anlise.

    2.2.1. A influncia das cores

    A cor estabelece comunicao com o receptor pois existem cdigos

    compartilhados socialmente. Luciano Guimares trata da forma como a comunicao faz uso

    desses trs cdigos em nveis distintos:

    Como facetas da construo da comunicao, os trs tipos de cdigos participam naconstruo da informao cromtica, em nveis diferentes. Dos cdigos primrios,fundamentamos a base uniforme para a predisposio humana. leitura das cores.Da construo fsico-qumica dos estmulos percepo e cognio da informaocromtica, extramos padres universais e os cdigos e sistema de regrashereditariamente determinados. A percepo da cor, como um complexo de regras,no que se refere aos cdigos primrios, praticamente invarivel. A partir dadescrio e da analise dessas invariantes e das suas particularidades, podemossugerir algumas regras de produo consciente, e talvez, at mais eficaz deinformaes cromticas.(GUIMARES, 2000, p. 156).

    Deve-se atentar, portanto, para a carga representativa do universo de cores no

    conjunto do material em questo. Sua conotao e derivaes esto implcitas no modo como

    as cores so trabalhadas. Percebe-se uma unidade visual das peas40em torno do uso do que

    se denomina de cores quentes na formao e concepo estilstica do material promocional

    do Goinia Noise, visto que se excluindo, como j citado as trs primeiras edies que no

    contavam com cartazes coloridos, ao longo de suas quinze edies, apenas por quatro

    40As imagens podem ser vistas entre as pginas 31 e 45.

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    momentos (respectivamente nas figuras 9, 10,14 e 15) no se v o uso incisivo de cores

    quentes ou de algumas de suas variaes como recurso de apelo visual.

    Tomando como as trs cores mais significativas do espectro de cores quentes e

    levando-se em conta o predomnio destas como cor de fundo ou de cor de maior presena, o

    vermelho se repete na quarta, quinta edio e stima edio. A cor laranja se faz presente na

    sexta e dcima segunda edio. O amarelo na oitava e dcima edio, respectivamente. No

    dcimo terceiro ano h um equilbrio entre fundo e ilustrao tambm fazendo uso bsico e

    casual da paleta de cores quentes.

    2.2.2. As cores quentes

    Um entendimento bsico do que seriam as cores quentes torna-se importante

    estrutura de anlise, j que a presuno de sua significao relevante no nosso objeto de

    estudo. O universo das cores divide-se basicamente em dois hemisfrios: o hemisfrio das

    cores quentes e o das cores frias, esta definio existe na paleta utilitria de cores e representa

    de maneira geral a relao do mundo natural e seu relacionamento com o corpo. Portanto, a

    escala de vermelho, amarelo e seus respectivos tons, trazem conexes com elementos

    correlatos com o aquecimento, fogo, altas temperaturas entre outras associaes. Pormsempre se restringindo tal identificao atrelada aos seus conceitos de sensao associativa e

    intermediada pela direta ao da sua percepo visual dos cdigos de linguagem.

    Tratando-se especificamente da anlise do material promocional do Goinia

    Noise, apenas na oitava edio que se nota a primeira criao na linha de contraposio de

    cores quentes e frias como objeto de contraste visual significante, numa situao em que a

    ateno do espectador se volta para a ilustrao e seu tom azul mais frio, ainda que a escala de

    amarelo utilizada com fundo seja um pouco mais escura.Na edio seguinte (figura 9), temos um dos trabalhos mais dissonantes em toda

    linha de produo existente: uma cor escura (um tom de azul) ocupa quase um tero do cartaz,

    na parte inferior direita e mesmo a predominncia do amarelo como plano de fundo torna-se

    amenizada devido escolha de uma tonalidade escura da cor em referncia.

    A ilustrao, que brinca de forma ldica com esse jogo de cor e plano de fundo,

    tambm agrega o valor dissonante aos trabalhos anteriores, reforada por seus traos mais

    minimalistas em detrimento s ilustraes monstruosas ou caricatas que sempre permearam o

    plano de comunicao visual do evento.

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    2.2.2.1. O vermelho e sua atribuio revolucionria

    Cabe ressaltar que o vermelho se torna mote ao predominar em trs cartazes do

    evento e ser utilizada de uma ou outra forma em outras trs edies, num total de seis edies.

    Excluindo-se novamente as trs primeiras edies em que no havia representao colorida,

    temos, portanto, que o vermelho se faz presente em mais da metade dos cartazes produzidos.

    Qual a conotao dessa cor vermelha como significativa no contexto de anlise e

    de sua carga simblica ? O vocbulo da palavra vermelho teria origem no latim Vermiculo

    (cor do sangue) e entre suas significaes, h uma srie de conceitos de transgresso,

    proibio, advertncia ou de violao.

    O vermelho, na fsica da luz, corresponde a um comprimento de onda de,aproximadamente, 630 a 760 Milimicrons (m); esse dado, somado a outros dafisiologia do olho humano, revela que o vermelho est no limite entre a cor visvel,derivando da parte da agressividade caracterstica dessa cor. uma agressividadede carter hipolingual, ou seja, dos cdigos primrios, biofsicos, que, somada identificao da cor com o elemento mitolgico fogo, como cor da proibio, do no

    poder tocar (porque queima), e com a cor do sangue, da violncia, faz com que overmelho tambm seja construdo por sistemas de cdigos hiperlinguais, ou seja, decdigos tercirios, os cdigos da cultura, o que joga para a segunda realidade(GUIMARES 2000, p. 114).

    O Vermelho a cor do sangue, da agressividade, revoluo. Em eventos como a

    tourada, o pano vermelho serve como elemento de inquietao ao animal, na rea da poltica,

    o vermelho a cor do comunismo, dos soviticos, da luta de classes e de movimentos

    populares. A ligao estreita do mercado underground com esses movimentos sociais (na

    figura dos movimentos estudantis) explicaria essa escolha.

    Alm disso, o movimento estudantil serviu de apoio por vrias edies do festival,

    incluindo sua decisiva participao na primeira edio do festival que ocorreu na praauniversitria e cujo cartaz traz a logo da UNE41e em demais momentos no fornecimento do

    local para a realizao do evento como se v na sexta edio.

    Outra explicao bvia se encontra na figura de um dos fundadores do festival:

    Mrcio Jr. membro filiado e sempre militou junto ao PC do B, participou de diversas vezes

    do Diretrio do Centro Acadmico da Universidade Federal de Gois e no ltimo pleito se

    candidatou a vereador pelo partido.

    41Unio Nacional dos Estudantes

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    A extenso do vermelho como condutor do smbolo da transgresso ainda vista

    at mesmo em referenciais bblicos como a cor do pecado, numa referncia clara cor da

    ma, fruta esta que causou a expulso de Ado e Eva do paraso. A partir disso, se torna

    objeto de referncias pags como o vinho, as vestimentas de Baco, de Dionsio, de forte

    expresso da sexualidade e da libido.

    No trnsito, o vermelho o sinal utilizado na meno de proibio de determinado

    ato ou segmento, e tambm a cor adotada no semforo para indicar a impossibilidade de

    prosseguimento ou passagem. Para Kadinsky, em seu material Do espiritual na arte, grifa:

    Como a chama vermelha, o vermelho pode desencadear uma vibrao interiorsemelhante da chama. O vermelho quente tem uma vibrao excitante. Semduvida, porque se assemelha ao sangue, a impresso que ele produz pode ser penosa,at dolorosa. A cor, neste caso, desperta a lembrana de outro agente fsico queexerce sobre a alma uma ao penosa (KADINSKY, 1991, p. 64).

    H de se concluir que a escolha do vermelho como cor predominante e referente

    est baseada nos aspectos citados, bem como na sua carga simblica de rebeldia e

    transgresso.

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    2.3. Anlise ano a ano do material promocional do Goinia Noise Festival

    Ilustrao 1 Primeiro pster do Goinia Noise Festival, 1995Fonte: Acervo Monstro Discos

    1 Goinia Noise Festival 1995:O primeiro pster do festival, datado de 1995,

    totalmente preto e branco, a escolha se deve ao fato de cpias nesse padro serem mais

    simples e por conseqncia, infinitamente mais baratas que a reproduo em cores. Na parte

    de cima h a logo da UNE seguido dos dizeres apresenta, alm das informaes habituais,

    como horrio, local e a listagem das bandas que iriam se apresentar em cada um dos dias do

    festival. Os apoiadores e patrocinadores do evento tiveram um espao de destaque no

    material, ocupando pouco mais de um tero do tamanho, caracterizando um nmero excessivo

    de informaes. No lado esquerdo do pster h uma ilustrao de uma espcie de monstro que

    parece se complementar com a logo do festival.

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    Ilustrao 2 Segundo pster do Goinia Noise Festival, 1996

    Fonte: Acervo Monstro Discos

    2 Goinia Noise Festival 1996: Na segunda edio, se repete a escolha do

    preto e branco no material. J h um pouco mais de equilbrio na distribuio das informaes

    e o espao destinado aos apoiadores passou a ser mais perifrico e ocasional. Na parte de cima

    h o nome do DCE (Diretrio do Centro Estudantil) da UFG seguido dos dizeres apresenta,

    abaixo do nome do festival (que nota-se totalmente distinta da primeira edio,caracterizando uma falta de unidade ou de padronizao entre as duas edies).

    H novamente dois blocos de informao: um com as bandas que tocariam no

    primeiro e outro com as bandas que tocariam no segundo dia de festival. Do lado esquerdo do

    material, ao invs da ilustrao, utilizou-se uma foto caricata, de uma senhora de idade ao

    telefone. A orientao do cartaz pela primeira vez se d no formato de paisagem, numa

    disposio horizontal das informaes. Pela primeira vez aparece a meno gratuidade do

    evento com os dizeres Di Grtis (sic) logo abaixo do horrio.

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    Ilustrao 3 Terceiro pster do Goinia Noise Festival, 1997

    Fonte: Acervo Monstro Discos

    3 Goinia Noise Festival 1997:Na sua terceira etapa, a disposio volta ao

    seu padro habitual vertical e o evento passa a contar com trs dias ao invs de dois, logo, h

    uma disposio mais focada no carter informacional, com dias e a listagem das respectivas

    bandas em dois blocos de texto ao longo do material. Novamente o uso do preto e branco,

    apenas uma ilustrao ao fundo e como nas demais edies no h uma logo padro para o

    festival. Mantendo sua forte ligao com movimentos estudantis, o pster exibe acima a

    mensagem: Grmio Estudantil da Escola Tcnica Federal de Gois. Apresenta: O evento

    passa a ser pago e logo abaixo das informaes h o preo do ingresso e o aviso que permite

    que se pague meia entrada ao portador de carteira de estudante.

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    Ilustrao 4 Quarto pster do Goinia Noise Festival, 1998

    Fonte: Acervo Monstro Discos

    4 Goinia Noise Festival 1998:Com disposio horizontal, pela primeira vez

    temos um cartaz reproduzido em cores, mesmo que numa restrita escala de tons vermelhos em

    contraste com o preto e branco. Na sua quarta edio o festival j apresenta um pouco mais de

    preocupao esttica e visual com o material de divulgao com o uso de cores e insero de

    patrocnios, a escalao das bandas j no se torna mais a informao central, uma ilustraoao fundo destaque, e as informaes sobre os trs dias do evento se encontram margeadas

    em posies prximas s bordas do pster. Abaixo da logo, h uma primeira tentativa de

    slogan A maior festa do rock independente.Datas, horrios e o endereo do local onde se

    realizaria o evento so bem visveis e claras, j a informao sobre o preo encontra-se

    disposta de forma vertical no canto direito do material, dificultando sua leitura num primeiro

    momento. Pela primeira vez, no mesmo ano da sua fundao, temos a logo da Monstro Discos

    no material. Assim, comea-se um processo de associao entre o evento e a Monstro comosua produtora. Outros elementos voltam a se repetir: o personagem da ilustrao ao telefone

    alm das formas circulares, ambas criando a idia de propagao.

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    Ilustrao 5 Quinto pster do Goinia Noise Festival, 1999

    Fonte: Acervo Monstro Discos

    5 Goinia Noise Festival 1999:Novamente disposto de forma horizontal, em

    cores, mas com tons mais fortes de vermelho, branco e preto o quinto pster j traz a inscrio

    Monstro apresenta, mostrando a posio do selo assumida frente organizao do festival.

    O slogan do ano anterior se repete, porm com uma leve modificao: Festa do rock

    independente.O material j passa a ter uma temtica mais coesa: nota-se uma repetio decertos elementos como as cores, um maior equilbrio na disposio das informaes, o recurso

    de ilustraes de fundo, bem como o uso de linhas circulares novamente para transmitir a

    idia de propagao sonora, se ligando ao conceito de noise, barulho.

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    Ilustrao 6 Sexto pster do Goinia Noise Festival, 2000

    Fonte: Acervo Monstro Discos

    6 Goinia Noise Festival 2000:Em formato vertical, o sexto pster continua a

    linha dos trs trabalhos anteriores, porm os tons vermelhos foram substitudos por um forte

    contraste laranja. A recorrncia continua nos elementos visuais de composio do material:

    uma ilustrao de fundo e as linhas concntricas, dessa vez com um corte mais fechado, que

    passam a idia de propagao sonora. Pela primeira vez, excetuando o prprio local de

    realizao (o Diretrio do Centro Estudantil da UFG), no h meno alguma aos apoiadores

    ou patrocinadores do evento. Acima do cartaz a inscrio Monstro Discos e DCE-UFG

    realizam. H um retorno do slogan A maior festa do rock independente.

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    Ilustrao 7 Stimo pster do Goinia Noise Festival, 2001Fonte: Acervo Monstro Discos

    7 Goinia Noise Festival 2001: Em formato vertical, o stimo material

    analisado volta ao padro de vermelho, preto e branco. A ilustrao ao fundo recorre

    temtica de criaturas monstruosas, exibindo a figura de um Frankstein em estilo de HQ. A

    tipografia da logo do festival j comea a apresentar algumas semelhanas, porm continua

    sem uma unidade visual definida. Apenas as informaes necessrias foram mantidas, e pela

    primeira vez no h uma listagem definida de bandas e de seus respectivos dias de

    apresentao mas h a meno das bandas principais e da atrao internacional. Acima do

    material, a frase Monstro Discos apresenta, fazendo uso novamente da logo do selo goiano.

    Datas e local e a breve listagem das bandas. No h meno a horrios nem a preos de

    ingressos.

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    Ilustrao 8 Oitavo pster do Goinia Noise Festival, 2002

    Fonte: Acervo Monstro Discos

    8 Goinia Noise Festival 2002: Na sua oitava edio o material traz sua

    primeira ilustrao em uma cor diferente da habitual: azul. A disposio vertical se mantm e

    novamente o fundo se vale da escala cromtica de cores quentes (sendo a primeira vez que um

    tom de amarelo), e as informaes se tornam pontuais. H um destaque para trs bandas no

    material: Lobo, Los Hermanos e Violeta de Outono, sendo que cada uma

    respectivamente era a grande atrao de cada dia do festival. No h meno ao local

    especfico (apenas uma indicao abaixo da data em Goinia, certamente mostrando a

    expanso do pblico do festival para cidades vizinhas), nem a horrios ou preos. Abaixo do

    pster o endereo do site da Monstro Discos www.monstrodiscos.com.br, onde

    provavelmente constariam as demais informaes que o pblico poderia buscar. A logo do

    selo novamente ocupa certo destaque e se funde com a ilustrao do material.

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    Ilustrao 9 Nono pster do Goinia Noise Festival, 2003

    Fonte: Acervo Monstro Discos

    9 Goinia Noise Festival 2003:Em seus nove anos, o pster do evento ganha

    uma temtica mais minimalista. Os traos e cores so bem discretos que os j utilizados,

    sendo praticamente composto de uma nica ilustrao e de uma tipografia sem serifa. As

    informaes continuam aglutinadas em blocos de texto que agrupam itens semelhantes. No

    alto do cartaz, que mantm a disposio vertical que se segue, h o slogan Vem a a maior

    festa do rock independente brasileiro. Abaixo a listagem de seis bandas que seriam atrao

    do festival. O terceiro bloco abriga as informaes sobre data e local. Novamente no h

    meno a horrio ou ao preo do evento. Pela segunda vez h o site da monstro discos no

    material.

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    Ilustrao 10 Dcimo pster do Goinia Noise Festival, 2004

    Fonte: Acervo Monstro Discos

    10 Goinia Noise Festival 2004:O festival completa uma dcada. Produzido

    pelo estdio goiano Nitrocorpz, o cartaz do evento exibe uma ilustrao como principal

    elemento da pea, que se constitui basicamente de trs cores: amarelo, preto e branco. Abaixo

    da ilustrao, o slogan comemorativo 10 anos da maior festa do rock independente.

    Nenhuma outra informao como data, horrio, preos ou bandas se faz presente.

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    Ilustrao 11 Dcimo primeiro pster do Goinia Noise Festival, 2005

    Fonte: Acervo Monstro Discos

    11 Goinia Noise Festival 2005:Na sua dcima primeira edio o festival traz

    um pster com a maior diversidade de cores, alm do recurso de colagem digital entre foto e

    ilustrao. O nome do evento se configura visualmente em uma tatuagem do personagem

    fotografado. Assim h uma associao com o pblico do GNF. Pelo segundo ano consecutivo

    no h nenhuma meno as atraes do festival. As informaes de data e local esto

    localizadas no canto inferior esquerdo, juntamente com o endereo do site do festival:

    www.goianianoise.com.br. A orientao do pster vertical e a produo do material foi feita

    pelo estdio goiano Bicicleta sem freio.

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    Ilustrao 12 Dcimo Segundo pster do Goinia Noise Festival, 2006

    Fonte: Acervo Monstro Discos

    12 Goinia Noise Festival 2006:O material de divulgao da dcima segunda

    edio volta a ser produzido pela Nitrocorpz, retomando as caractersticas comuns dos demais

    cartazes: o uso das trs cores, de uma ilustrao e pictogramas como temtica central. Na

    parte superior do material encontramos a inscrio Monstro Discos apresenta. Aglutinado

    em um bloco central abaixo da ilustrao seguem as informaes de data e local, assim como

    a listagem das bandas participantes do evento, com o destaque de duas delas para cada dia do

    evento, abaixo o endereo do site do festival. Aps sete anos, retorna-se um pequeno espao

    para patrocinadores e apoiadores do evento na parte perifrica do cartaz.

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    Ilustrao 13 Dcimo terceiro pster do Goinia Noise Festival, 2007

    Fonte: Acervo Monstro Discos

    13 Goinia Noise Festival 2007:Na sua dcima terceira edio o material de

    divulgao foi produzido pelo ilustrador Galvo, autor goiano de quadrinhos e de tirinhas

    cmicas. O pster ganhou vivacidade no trao de quadrinho e no uso de cores quentes. O

    patrocnio de empresas como Petrobrs e Novo Mundo42est posicionado no canto superior

    esquerdo do material, sendo a primeira ocorrncia de tal fato. Uma pequena listagem de

    algumas atraes se concentra na parte direita do material em um canto oposto ao da

    ilustrao de algo que se assemelha a um monstro, temtica que retorna aps cinco anos. Na

    parte inferior se encontra a data do evento que vai do dia 23 ao dia 25 de Novembro, e o

    endereo do site do festival.

    42Atravs do projeto Nova Msica a empresa goiana patrocina alguns eventos musicais e culturais.

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    Ilustrao 14 Dcimo quarto pster do Goinia Noise Festival, 2008

    Fonte: Acervo Monstro Discos

    14 Goinia Noise Festival 2008:O festival chega a sua dcima quarta edio

    com o primeiro cartaz com um fundo de cor fria. Um tom de azul predomina com algumas

    intervenes em um tom de cinza. Novamente no h uma unidade visual na grafia do nome

    do festival, o que caracteriza que no h uma logo especfica do evento e que esta se adapta a

    cada uma das artes produzidas para o festival. Seguindo o padro que acabou se firmando

    como o mais tradicional, o material caracterizado pela tcnica de ilustrao, com um

    personagem principal de aparncia ou traos monstruosos. No canto inferior esquerdo h umpequeno personagem com essas caractersticas j que no lugar de sua cabea existe apenas um

    amplificador de som. O vermelho se repete na vestimenta do mesmo, se alternando com um

    quadriculado de um outro tom de azul. As atraes so grifadas em amarelo. Na parte superior

    temos a insero do selo do projeto Nova Msica do Novo Mundo (maior patrocinador do

    evento) e a indicao do local do evento: Centro Cultural Oscar Niemeyer. Na parte inferior

    se encontra a data do evento que vai do dia 21 ao dia 23 de Novembro, e o endereo do site do

    festival, seguido do espao para os patrocinadores.

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    Ilustrao 15 Dcimo quinto pster do Goinia Noise Festival, 2009Fonte: Acervo Monstro Discos

    15 Goinia Noise Festival 2009:Produzido pelo quadrinista e artista grfico

    paulista Mauricio Kuhlman, seu cartaz comemorativo de quinze anos traz em seu cerne a

    agitao promovida pelo festival em sua temtica de invaso da cidade. Um expansivo

    nmero de personagens ocupa todo o fundo do material, com figuras mltiplas e

    multifacetadas. Sendo a primeira vez em que ocorre de muitos personagens estarem presentes

    em uma nica pea alm de apresentar a imagem sangrando como se no coubesse no cartaz.

    As cores em especial se caracterizam por suas pontuais variaes dos tons de vermelho,

    amarelo, azul e laranja, sempre em tonalidades mais escuras. Na parte central do cartaz a

    inscrio de 15 Goinia Noise Festival. No h especificao de datas (apenas o ms de

    Novembro) e nem de local (devido ao fato de que evento ir ocorrer em diversos locais).

    Abaixo do material, o slogan Invadindo a cidade. Tais caracterizaes mostram que o

    material produzido se caracteriza mais como um teaser43.

    43Tcnica utilizada no marketing como princpio de aumento de interesse do pblico no material em questo

    pelo nmero restrito de informaes divulgadas.

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    Todo esse universo de imagens e de linguagem e expresso do evento formam a

    real motivao de que uma nova proposta e abordagem que venha ao encontro ao pblico-

    alvo do festival. Esse nosso ponto de partida para a criao de uma pea audiovisual, em que

    os habituais trinta segundos so comprimidos em uma pequena vinheta de quinze segundos e

    esquematizao de montagem que dialogue com a imagem da MTV: cortes rpidos,

    linguagem dinmica e consistncia na esttica dos elementos.

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    3. A PRODUO AUDIOVISUAL

    Como j analisada no captulo anterior, a mdia mais utilizada para a divulgao

    do festival a impressa com a produo deflyers44,cartazes, outdoor e front light45, os dois

    ltimos veiculados na dcima quinta edio46.Somente na dcima quarta edio o Goinia

    Noise Festival produziu um VT veiculado na televiso para a sua promoo. Diferente da

    caracterstica dos impressos, que estava voltada divulgao do evento ao pblico alvo, a

    produo audiovisual foi utilizada para divulgar os patrocinadores e principalmente o Novo

    Mundo.

    O VT de 30 segundos foi produzido pela Jordo, agncia responsvel pela conta

    do Novo Mundo47(patrocinadora oficial da dcima quarta edio do Goinia Noise Festival).Sendo uma forma de associao rpida do festival com a empresa pelo pblico, o VT no foi

    solicitado pelos produtores do festival, mas sim pela agncia, que visualizou uma forma de

    promoo da empresa patrocinadora.

    Indo ao encontro com o objetivo dos organizadores de inovar, inaugurando uma

    nova estrutura para o GNF, a produo audiovisual concretizaria uma caracterstica diferente

    para a dcima quinta edio do festival.

    Se a tradio apresentava trs noites de rock puro e concentrado, agora teremos umasemana inteira na qual o Noise se espalhar por toda Goinia. Em conjunto com aFeira Brasil Central Music, promovida pelo Sebrae-GO, o Goinia Noise tomar deassalto galerias de arte, cinemas, casas noturnas e teatros. Espaos estes que seroocupados por uma incrvel programao para comprovar a vocao ampla evanguardista do festival, na qual as mais diversas linguagens artsticas seinterseccionam. (MRCIO JNIOR48)

    Baseando-se no material grfico produzido para a dcima quinta edio, pelo

    artista Mauricio Kuhlman, a vinheta alcanaria o pblico em uma dimenso onrica e ldica

    (FERREIRA, CARDOSO, 2005, p.173), valorizando e diferenciando a dcima quinta edio

    do Goinia Noise Festival.

    Diferente das produes impressas e auditivas, a linguagem audiovisual utiliza-se

    de atos dramticos com incio, meio e fim levando ao espectador informaes contendo

    44Impressos de divulgao que visam atingir determinado pblico.45Tipo de mdia exterior, em que uma lona impressa iluminada por refletores externos.46Anexo C.47 Novo Mundo uma empresa criada na cidade de Goinia, possuindo, hoje, oitenta e nove lojas que vemmveis e eletrodomsticos. Conferir: http://ecommerce.novomundo.com.br/institucional_historia.php48 Scio da Monstro Disco, selo independente produtora do Goinia Noise Festival. Conferir:http://www.goianianoisefestival.com.br/

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    tempo, espao e ao (BARRETO, 2004, p. 18). De modo detalhado, a vinheta localizar o

    espectador em um contexto, indo alm do pensamento linear do impresso, o envolvendo em

    uma histria narrada que desperta desejo e forma opinies.

    Observando essa concepo e de acordo com J. B. Pinho, (2006, p. 237), que

    afirma que as produes audiovisuais surgem para suprir a necessidade das novas

    caractersticas sociais, em que a velocidade determina o comportamento, apresentando-se

    como um recurso rpido e eficiente, a converso do material impresso em uma pea

    audiovisual supriria a inteno de inovao e a interao entre o pblico e o festival desta

    edio.

    A produo audiovisual soma ao impresso a fixao da imagem de inovao da

    dcima quinta edio GNF junto ao seu pblico, proporcionando uma maior interao ediversificao em relao s edies anteriores. A proposta segue ainda uma linearidade e

    progresso das abordagens, partindo dos meios mais tradicionais migrando para as novas

    mdias, invadindo tambm outros meios de comunicao.

    A criao de um filme publicitrio envolve sete etapas segundo Gage e Meyer

    (GAGE, MEYER, 1985, p.20) das quais, cinco etapas sero utilizadas para a produo da

    vinheta: o briefing, o planejamento, a criao, a produo, e a veiculao.

    3.1. Briefing

    O briefing segundo Barreto a primeira etapa do roteiro publicitrio, ele traa

    limites para o roteirista, apresentando idias que devem constar no filme a ser produzido,

    delimita o tempo (BARRETO, 2004, p.29). Como a vinheta ser uma adequao da pea

    impressa todas as concepes a serem utilizadas sero extradas das informaes

    disponibilizadas pelo o artista Mauricio Kuhlman.Segundo Maurcio Kuhlman, em uma entrevista realizada por e-mail49, no foi

    repassado um briefing para a produo da arte do cartaz. A idia utilizada foi o tema do

    festival, Invadindo a Cidade, em que a cidade ser ocupada por uma srie de programaes

    diversificadas em espaos diferentes, como cinemas, casas de show, galerias de arte, entre

    outros.

    O briefing delimita os dois elementos principais do roteiro, o assunto e a

    mensagem (BARRETO, 2004, p.30). Nesse caso o assunto do roteiro, que no filme

    49Anexo B.

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    publicitrio o produto ou servio, o Goinia Noise Festival e a mensagem ser o festival

    Invadindo a Cidade. O Goinia Noise Festival foi estudado e analisado nos captulos

    anteriores possibilitando uma criao adequada e vivel para a produo.

    3.2. Planejamento:

    Devido s particularidades da produo audiovisual, prope-se a produo de uma

    vinheta adaptada ao pblico com veiculao na Internet.

    A produo audiovisual constituir em vinheta de animao em duas dimenses

    de 15 segundos. Seguindo a caracterizao dos flyers a animao incorpora o estilo e a

    postura que o Goinia Noise Festival e o seu pblico assume, ela mexe com o imaginriogarantindo uma associao eficaz ao festival.

    A animao uma tcnica utilizada para dar vida aos objetos estticos ou

    desenhos (GAGE e MEYER, 1985, p. 17650) com isso os personagens do flyer sero

    animados, envolvidos em um contexto, delimitando uma histria que atraia e envolva o

    pblico.

    A Internet se apresenta como um dos meios mais baratos e eficientes para a

    distribuio de filmes e vdeos. Segundo Zeff e Aronson (1997, p. 13-14) destacam-se cincovantagens do uso da Internet como mdia publicitria: a dirigibilidade, o rastreamento, a

    acessibilidade, a flexibilidade e a interatividade.

    Mesmo com estas caractersticas, a medida em que a Internet alcana um maior

    pblico, ela no apresenta um aumento de despesa, tendo ainda, a possibilidade de dirigir a

    mensagem para o alvo especfico. Atravs dos sites torna-se possvel rastrear o modo como os

    usurios interagem com a marca, no caso, com o festival, sendo que o acesso fica disponvel

    24 horas por dia durante o tempo de veiculao. Atravs dessa mdia o pblico pode interagircom maior eficincia com o festival e a vinheta, tendo um custo quase nulo se comparado

    com as outras formas de veiculao.

    Alm disso, o acesso a Internet e ao seu contedo mundial (MARTINS, 2004,

    p.199). Mesmo sendo um festival caracterstico da cidade de Goinia, o Goinia Noise

    Festi