povos indígenas do sul da bahia

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  • S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    Aos povos indgenas no sul da Bahia,no norte, no leste, no oeste e no sul do Brasil,

    pela tenacidade na luta por suas terras.

    Aos muitos Patax, Kiriri-Sapuya,Baen, Kamakan, Tupinamb e tantos outros que,

    durante sculos, por esse territrio afora,marcaram com sua vida cada passo da trajetria

    retomada por seus lderes de hoje.

    determinao deBarret, Edzio, DesidrioCaboclo Amaro, Samado

    Jacinto, Joo CravimJolson, Galdino ...

  • 1S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

  • 2S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    Capa: Tranado Patax, confeccionado por Jorge Pereira da Silva.Foto: Jaime Acioli, 2002Acervo etnogrfico do Museu do ndio

  • 3S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

  • 4S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    M i n i s t r i o d a J u s t i a

    Ministro

    Paulo de Tarso Ramos Ribeiro

    Fu n d a o N a c i o n a l d o n d i o - F U N A I

    Presidente

    Artur Nobre Mendes

    D i r e t o r i a d e A s s u n t o s Fu n d i r i o s - D A FDiretorNoraldino Vieira Cruvinel

    M u s e u d o n d i o

    Diretor

    Jos Carlos Levinho

    Museu do ndio. Povos indgenas no sul da Bahia: Posto Indgena Caramuru-Paraguau(1910-1967)/Sonia O. Coqueiro (coord.), M. Elizabeth B. Monteiro, Sheila M. G. de S,Carlos A. M. Perez, Rio de Janeiro: Museu do ndio, 2002. (Coleo Fragmentos daHistria do Indigenismo, 1).il. color. 428 p.

    ISBN 85-85986-05-0Bibliografia

    1. Bahia, Sul 2. Postos indgenas 3. Poltica indigenistaI. Ttulo II. Ttulo: Posto indgena Caramuru-Paraguau (1910-1967)III. Coqueiro, Sonia O. (coord.)

    CDU 325.45 (813.8)

    M986

    C o p y r i g h t

    Museu do ndio 2002

    C

  • 5S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    SUMRIO

    Siglas e Abreviaturas

    Ficha Tcnica

    APRESENTAOArtur Nobre Mendes

    INTRODUOJos Carlos Levinho

    PREFCIOJos Ribamar Bessa Freire

    METODOLOGIAREAVIVENTANDO RUMOS:MEMRIA DOCUMENTAL E TERRA INDGENASonia Otero Coqueiro

    Notas Explicativas

    REGISTROS DOCUMENTAIS

    NDICE TEMTICO

    NDICE TOPONMICO

    NDICE ONOMSTICO

    NDICE ICONOGRFICO

    NDIOS E TERRA NO SUL DA BAHIAMaria Elizabeth Bra Monteiro

    ANOTAES SOBRE O ARRENDAMENTO DE TERRASNO POSTO INDGENA CARAMURU-PARAGUAU/BASheila Maria Guimares de S

    NOTAS COROGRFICAS DO SUL DA BAHIACarlos Alberto Montes Perez

    FONTES CONSULTADAS

    GLOSSRIO

    ANEXOSAnexo I - Contrato de arrendamentoAnexo II - Contrato de extrao de madeiraAnexo III - Cronologia do SPIAnexo IV - Estrutura Organizacional do SPIAnexo V - Espcies DocumentaisAnexo VI - Fichas Bsicas de Trabalho

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    401

    407

    415

  • 6S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    SIGLAS E ABREVIATURAS

    A.N. - Arquivo NacionalCNPI - Conselho Nacional de Proteo aos ndiosCPAPR - Contrato Particular de Arrendamento de Prdio RsticoDNP - Departamento Nacional de PovoamentoFBC - Fundao Brasil CentralFCRB - Fundao Casa de Rui BarbosaFFAP - Fundo Federal AgropecurioFg. - fotogramaFUNAI - Fundao Nacional do ndioFBN - Fundao Biblioteca NacionalI.R. - Inspetoria RegionalMA - Ministrio da AgriculturaMf. - microfilmeMTIC - Ministrio do Trabalho, Indstria e ComrcioP.I. - Posto IndgenaP.I.A. - Posto Indgena de AtraoP.I.C. - Posto Indgena de CriaoP.I.C.P. - Posto Indgena Caramuru-ParaguauPlan - PlanilhaReg. - registro documentalS.A. - Seo de Administrao/ SPISARQ - Servio de Arquivos do Museu do ndioSASSI - Seo de Patrimnio e Assistncia/ SPISEP - Servio de Estudos e Pesquisas do Museu do ndioSOA - Seo de Orientao e Assistncia/ SPISOF - Seo de Oramento e Finanas/ SPISPI - Servio de Proteo aos ndiosSPILTN - Servio de Proteo aos ndiose Localizao de Trabalhadores NacionaisSTF - Supremo Tribunal FederalT.I. - Terra Indgena

    UFBA - Universidade Federal da Bahia

  • 7S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    FICHA TCNICA

    TTULOPovos indgenas no sul da Bahia:

    Posto Indgena Caramuru-Paraguau (1910-1967)

    ELABORAOServio de Estudos e Pesquisas-SEP

    Sonia Otero Coqueiro, coord.Maria Elizabeth Bra Monteiro, assist. tcn.

    Sheila Maria Guimares de SCarlos Alberto Montes Perez

    Equipe inicial (1999)Sheila Maria Guimares de S, coord.

    Maria Elizabeth Bra MonteiroCarlos Alberto Montes Perez

    Carlos Augusto da Rocha Freire

    PROJETOCatlogo de Documentos Textuais do SPI:

    P.I. Caramuru-Paraguau - Subsdios para Pesquisa

    DOCUMENTAO FOTOGRFICAM. Elizabeth Bra M. e Paulo Mmia

    CONSULTORIA ARQUIVSTICARosely Curi Rondinelli - SARQ/MI

    SERVIOS AUXILIARESDigitao de fichas manuscritas:

    Vernica da Silva Ramos e Ester Perptuo SilveiraReprografia: Janana Teixeira Carvalho

    ACERVO TEXTUAL E FOTOGRFICOFundo Servio de Proteo aos ndios-SPI

    Sries Inspetoria Regional 4 (I.R.4) e DiretoriaSubsrie Posto Indgena Caramuru-Paraguau (P.I.C.P.)

    PERODO COBERTO PELO FUNDO SPI1910 a 1967

    PERODO COBERTO PELA DOCUMENTAO

    1910 a 1975

  • 8S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    C o l a b o r a d o r e s

    Digitalizao dos mapas do SPI

    Jorge Astorga Garro

    Documentao etnofotogrficada T.I. Caramuru-Paraguau

    Milton Guran

    Reproduo fotogrficaDebret, Spix & Martius e Wied-Neuwied

    Jaime Acioli

    Reviso do texto

    Rachel Valena

    A g r a d e c i m e n t o s

    Arquivo NacionalFundao Biblioteca Nacional/Brasil - FBNInstituto Brasileiro de Geografia e Estatstica - IBGE

    Agncia Pedra VivaAna Paula de Souzangela Monteiro BettencourtJlio Aurlio Viana LopesLcia LombaMaria Isabel FalcoMaria Lcia Horta Ludolf de MelloMaria Lcia PiresRaimundo Nonato Magalhes de AssunoVera Lcia Garcia MenezesTema PechmanWanda Hengstler

    A p o i o

    Diretoria de Assuntos Fundirios - DAFFUNAI

  • 9S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    APRESENTAO

    Povos Indgenas no Sul da Bahia: Posto Indgena Caramuru-Paraguau (1910-1967) vem apblico expor a saga do povo Patax Hhhe, que sofreu violncias de toda a sorte, perdeupopulao, abandonou certas prticas culturais, mas nunca deixou de se sentir diferente,de acreditar no seu destino e nos seus direitos. Este volume, que inaugura a ColeoFragmentos da Histria do Indigenismo, constitui-se em prova inconteste de que os ndiosesto na histria e fazem histria. O catlogo sobre a documentao textual do SPIreferente aos povos indgenas no sul da Bahia pretende tornar-se ferramenta nas mos dosndios para a recuperao definitiva de suas terras e o restabelecimento das formastradicionais de uso coletivo do territrio.

    Resultado de um trabalho sistemtico de recuperao e sistematizao de documentos, quecomeou nos anos de 1970 em parceria com a Diretoria de Assuntos Fundirios da FUNAI,este catlogo estabelece princpios e mtodos para uma poltica efetiva de gerenciamentoda informao, qual o Museu do ndio vem se dedicando e se especializando nos ltimosanos. Essa tarefa mostra-se primordial no s em termos de um programa de preservaode acervos, mas como instrumento para aes essenciais da FUNAI na rea de demarcaode terras indgenas ou de reconhecimento de identidade tnica.

    Nesse sentido, tarefa da FUNAI incentivar iniciativas que possam consolidar um dilogoverdadeiro com os povos indgenas brasileiros e redefinir as relaes entre o Estado e essassociedades, com o objetivo de lhes garantir a integridade tnica, constantemente ameaada.

    Artur Nobre MendesPresidente da Fundao Nacional do ndio

  • 11

    S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    INTRODUO

    O claro e inequvoco objetivo do Museu do ndio ao tornar pblicas as referncias docu-mentais sobre o povo conhecido como Patax Hhhe, no catlogo Povos Indgenas noSul da Bahia, explicitar a histria recente da relao do Estado com as sociedades ind-genas, apoiando a luta dos Patax, Kiriri-Sapuya, Baen, Kamakan e outros pela recon-quista de suas terras.

    A publicao do catlogo sobre a documentao existente no Fundo Servio de Proteoaos ndios, referente aos povos Indgenas do Sul da Bahia, representa tambm a consoli-dao da poltica de preservao e difuso do acervo do Museu do ndio, desenvolvida nosltimos sete anos.

    Essa poltica teve como principal objetivo tornar a instituio uma moderna e dinmicaprestadora de servios ao seu pblico visitante e principalmente aos ndios. A fim deviabiliz-la, buscou-se apoio tcnico e financeiro por meio de parcerias.

    Assim, explica-se a estreita relao estabelecida com a Diretoria de Assuntos Fundirios,da Fundao Nacional do ndio, que de forma consistente tem dado o suporte necessrioao Museu. So desenvolvidos produtos cujas finalidades esto relacionadas aogerenciamento da documentao etnogrfica (construo de tesauros, vocabulrio con-trolado e outros) e proteo das terras indgenas.

    Cabe assinalar que a presente publicao um dos produtos desse trabalho. A inserodas referncias documentais na base de dados do Servio de Arquivo Textual e adigitalizao dos originais possibilitaro dar acesso a toda a documentao na Internet ouatravs de outros meios, como o CD-ROM e o DVD. Deste modo, estaremos cumprindouma das nossas principais misses, que desenvolver reais mecanismos de incluso pol-tica, permitindo que os ndios tenham acesso s informaes que lhes dizem respeito.

    Os ndios do Posto Indgena Caramuru-Paraguau travam uma longa trajetria de lutapela recuperao de suas terras, tornando-a emblemtica de um processo comum a dife-rentes povos indgenas. O Museu do ndio teve significativa participao neste processo,fornecendo a documentao que subsidiou as aes que tramitam na Justia para a reto-mada do territrio indgena.

  • 12

    S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    Em 1999 teve incio o projeto que deu origem a este catlogo, que pretendia integrar ostrabalhos referentes aos 500 anos do Brasil. Deve ser ressaltado o meticuloso e rduotrabalho desenvolvido pelos antroplogos e pesquisadores do Servio de Estudos e Pes-quisas, Carlos Alberto Montes Perez, Carlos Augusto da Rocha Freire, Maria ElizabethBra Monteiro e Sheila Maria Guimares de S, a partir de 2000 sob a coordenao daantroploga Sonia Maria Coqueiro, que, de forma consistente e persistente, construiu ametodologia e a tcnica adequadas ao desenvolvimento e concluso dos trabalhos. Atodos, nosso reconhecimento.

    Finalmente, no podemos deixar de registrar nosso profundo agradecimento ao Sr. ArturNobre Mendes, presidente da Fundao Nacional do ndio que, desde o primeiro momen-to, no mediu esforos para a viabilizao deste trabalho.

    Ao concluir este, que espera-se - ser o primeiro volume de um conjunto de catlogos,desenvolvemos uma metodologia que, testada e consolidada, abre caminho para outrassistematizaes similares de dados. Em nosso entendimento, este um dos mritos destetrabalho, que uma contribuio, nos limites de nossa competncia, luta histrica dospovos indgenas.

    Jos Carlos LevinhoDiretor do Museu do ndio

  • 13

    S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    V O Z E S I N D G E N A S N A D O C U M E N T A O D O S P IJos R. Bessa Freire *

    Condenados ao esquecimento e ao silncio, muitos ndios do sul da Bahia permaneceraminvisveis nos arquivos do SPI e, mais particularmente, na documentao da 4 InspetoriaRegional e dos Postos Indgenas Caramuru-Paraguau, que o Museu do ndio comeou arecuperar a partir de 1976. Esses ndios eram lembrados apenas por seus filhos e netos,em fragmentos dispersos da tradio oral, no mbito circunscrito da memria tnica. Maspara a sociedade nacional, continuavam desconhecidos, calados, margem da histria.No se sabia quem eram, o que pensaram e o que fizeram no perodo em que viveram,entre 1910 e 1967. Eram ndios emudecidos, desfigurados e genricos, sumidos dentrode uma montanha de papis desordenados, que os ocultava, at que uma equipe do Ser-vio de Estudos e Pesquisas do Museu do ndio leu, analisou, selecionou e fichou o conjun-to documental, organizando-o cronologicamente e fazendo uma descrio do seu conte-do, naquilo que ele tem de essencial. A, ento, esses ndios, localizados e identificados,emergiram dos documentos, com nome prprio e, algumas vezes, at sobrenome e apeli-do. Eles se chamam Natico, Batar, Serapio, Ittico, Honraque, Bune, Titi, Cacarado,Delsuta, Mic, Ded, Mimiqui, Accio, Bite, Condebas, Iraci, Florentina, Maria de Antoinho,Tta e muitos outros, de uma lista quase interminvel. Um dos tantos mritos deste mi-nucioso catlogo foi justamente dar visibilidade a esses ndios, retirando-os da sombra doolvido e permitindo que ressurgissem com um nome, um rosto, uma identidade. Dessaforma, o verbo se fez carne, sangue e histria, passando a habitar entre ns.

    Os ndios que aparecem na documentao desse catlogo no s passaram a existir, comotambm adquiriram voz. Eles falam e, algumas vezes, escrevem. E quando escrevem, re-clamam, protestam, argumentam, registram as alianas feitas, desfeitas e refeitas, naluta pela terra e pela identidade. possvel ouvir o que dizem, recuperando suas pala-vras, registradas na documentao oficial aqui inventariada. Os discursos deles atraves-sam o tempo, chegando at ns por dois caminhos: pela via do relato oral, recolhido etranscrito por funcionrios do aparelho de Estado e, sobretudo, pela via escrita, atravsde bilhetes, cartas, recibos, requerimentos, ofcios, muitas vezes redigidos de prpriopunho. Afinal, o que que dizem os ndios nesses documentos? Eles protestam contra ainvaso de suas terras por arrendatrios, fazendeiros e jagunos; reclamam das persegui-es, violncias, ameaas e arbitrariedades; denunciam a ao de pistoleiros, a queima desuas roas e o envenenamento da gua de seus poos; relatam e descrevem as condiesdas posses; passam recibos de vendas de benfeitorias; requerem e apresentam as maisdiversas solicitaes, algumas delas bastante prosaicas, relacionadas ao cotidiano, mascarregadas de significados, pois nos permitem, hoje, sondar o seu universo e reconstruiras formas como se relacionavam entre si, com a natureza, com a sociedade regional e como prprio Estado.1

    PREFCIO

    * Professor de Etnohistria da UERJ, onde coordena o Programa de Estudos dos Povos Indgenas. (N. do E.)1 Os registros dos documentos produzidos pelos ndios ou onde existem referncias a esses documentos so, entre outros: 1, 94,108, 185, 199, 201, 202, 203, 205, 211, 225, 238, 246, 268, 353, 356, 357, 368, 504, 528, 551, 553, 555, 578, 580, 789, 984, 1169,2031.

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    S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    Os ndios do sul da Bahia escrevem, em portugus, transformando a lngua do colonizadorem um instrumento de luta, num contexto em que suas terras abrigavam poucos ndiosselvagens2 , os quais, embora conservassem a lngua indgena, demonstravam desagra-do por ela, impropriamente denominada de dialeto3. A simples leitura do catlogo suficiente para evidenciar que a documentao contm um corpo de informaes, noapenas de valor histrico, mas tambm de interesse para os lingistas, conduzindo a umasrie de perguntas, que podero ser formuladas a partir de estudo mais detalhado. Entreoutras indagaes, destacam-se aquelas de carter sociolingstico sobre a situao daslnguas em contato em algumas reas do Posto Indgena, o progressivo abandono da ln-gua materna, as formas de aquisio do portugus, e a provvel existncia, no sul daBahia, de um bilingismo tardio, alm da diversidade de solues encontradas pelos ndi-os para resolver problemas de comunicao, com diferentes destinatrios, nas mais vari-adas situaes. Tambm a atitude dos falantes frente s lnguas, registrada em algunsdocumentos, contribui para discutir as complexas relaes entre lngua e identidade, pre-sentes de uma certa forma, nas declaraes de indianidade, expedidas pelo ConselhoIndgena.

    A voz do ndio nos documentos sugere tambm consideraes de ordem histrica, pois acorrespondncia escrita, dirigida quase sempre ao chefe do posto ou ao inspetor regional,tinha o objetivo explcito de cobrar providncias da agncia estatal para a soluo dealgum problema ou conflito, em geral, de natureza fundiria. Alguns ofcios, no entanto,circularam por instncias superiores, percorreram corredores de ministrios, chegandoat mesmo presidncia da Repblica. o caso da queixa do ndio civilizado Jos Pereirados Santos protestando contra as arbitrariedades do encarregado do P.I.C. Caramuru,que deu origem a uma sindicncia.4 tambm o caso mencionado no memorando deEduardo Galvo, atravs do qual tomamos conhecimento de que Dionsio Bispo dos San-tos, Exidrio Santos e Samado, assumindo sua identidade indgena, estiveram na Presi-dncia da Repblica, no Ministrio da Agricultura e na Diretoria do SPI, questionando oarrendamento de suas terras, a falta de garantias para o desenvolvimento de atividadesagrcolas e o no-atendimento de suas demandas pelo encarregado do posto.5 Os doiscasos ocorreram no incio da dcada de 1950, quando o presidente da Repblica era Ge-tlio Vargas. Mas mesmo nos anos 1960, em plena ditadura militar, os ndios continuaramreivindicando, como demonstra a reclamao da ndia Delzuita Santana Souza dirigidaao presidente da Repblica, na poca o marechal Castelo Branco, solicitando providnci-as por crime de esbulho de suas terras sem que houvesse atitude saneadora por parte doSPI (Registro 2031)6.

    Este catlogo fornece ainda, aos pesquisadores, elementos de extraordinria riqueza, quepermitem, desde logo, repensar o papel do ndio como espectador passivo da histria,imagem lamentavelmente ainda bastante difusa na sociedade brasileira. A documenta-

    2 Carta de Nlson de Sousa Carneiro a Carlinhos Pereira acerca da situao dos poucos ndios selvagens que restam. 18 mar.1947.(Registro n. 450)3 Radiotelegrama n. 385 do chefe da I.R.4 Raimundo Carneiro informa que alguns ndios do P.I. Paraguau conservam a lngua...19nov. 1946. (Registro n. 397)4 Ofcio do inspetor Francisco Sampaio ao chefe da I.R.4 sobre o processo de queixa do ndio civilizado Jos Pereira dos Santos,vulgo Joo Caboclo, ao Exmo. Sr. Presidente da Repblica, em 19 jul.1951. (Registro n. 984)5 Memorando n.820 do chefe da SOA, Eduardo Galvo, de 22 dez.1952. (Registro n.1169)6 Telegrama n. 861, emitido sobre a reclamao da ndia Delzuita Santana Sousa, dirigida ao presidente da Repblica. 8 out.1964.(Registro n. 2031)

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    S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    o inventariada vai revelando, aqui e ali, que os ndios do sul da Bahia no contempla-ram, de braos cruzados, a expropriao de suas terras, mas resistiram, aqui e ali, comvariadas formas de luta, procurando um lugar na histria, como agentes de seu prpriodestino. A constatao desse fato pode ser reforada num dilogo com outros documen-tos do Arquivo Nacional, especialmente aqueles do fundo denominado Gabinete Civil daPresidncia da Repblica, que abriga relatrios e cartas enviados por ndios do Nordeste,entre os quais se encontram ndios de vrias etnias, que sob a denominao geral dePatax, residiam nas reas dos postos indgenas Caramuru e Paraguau. L, nesse fundo,se encontra o registro da tramitao de parte dessa documentao, com os despachos dasautoridades, os encaminhamentos, as idas e vindas, conforme levantamento realizadopela equipe da UERJ para o projeto Guia de Fontes do Ncleo de Histria Indgena e doIndigenismo da USP (Freire, 1995:47).

    Com a voz do ndio e a luta pela terra, o catlogo recupera tambm valiosa documentaosobre a questo fundiria no sul da Bahia, criando novos interesses historiogrficos, abrin-do possibilidades de pesquisa em vrias direes e potencializando o cruzamento comoutras fontes, conforme foi sinalizado pelos pesquisadores do Museu do ndio, Snia Co-queiro, Sheila S, Maria Elizabeth Bra Monteiro e Carlos Perez, nos artigos aqui publica-dos, onde so indicadas pistas que podem ser exploradas por estudiosos, comeando, elesmesmos, a enveredar por algumas delas. Seus artigos acabaram incorporando novas fon-tes, incluindo relatos orais muito recentes, um deles feito pelo cacique Grson de SousaMelo, em entrevista prpria equipe do Museu do ndio, registrada em maro de 2002;outro, por Maura Titi, no calor da luta pela recuperao de seus territrios; e um terceirodepoimento, do ndio Antonio Jos, 71 anos, Kiriri-Sapuya, do aldeamento Pedra Branca.Dessa forma, a equipe no se limitou apenas a organizar e a explorar os registros escritosexistentes, mas preocupou-se em criar novos documentos, recuperando, para o campoda reflexo histrica, algumas fontes orais que fazem parte do que Le Goff denominoucomo memria tnica. (Le Goff, 1984)

    Na medida em que organiza a informao, facilitando o acesso do pesquisador, este cat-logo dos documentos textuais do SPI se coloca dentro de uma tendncia internacional,que nas ltimas trs dcadas vem identificando as fontes de histria indgena e elaboran-do instrumentos de pesquisas cada vez mais refinados, capazes de contribuir para o avanoda pesquisa no campo da etnohistria. Os guias, catlogos, inventrios, ndices e fichas semultiplicaram no continente americano, sobretudo na ltima dcada, como parte dos pro-jetos desenvolvidos pela comemorao do Quinto Centenrio.7 As atas e publicaes doscongressos internacionais de etnohistria testemunham o avano da pesquisa em quasetodos os pases das Amricas, como conseqncia direta da criao de instrumentos depesquisa. 8

    7 Esse crescimento pode ser constatado no catlogo de catlogos, intitulado Fuentes Manuscritas para la Historia de Iberoamerica.Guia de Instrumentos de Investigacin. (Hilton e Gonzlez, 1997)8 Vale citar aqui o I Encontro de Etnohistoriadores, organizado no Chile, em outubro de 1987, pelo Departamento de CinciasHistricas da Universidade de Chile, que reuniu pesquisadores dos pases latino-americanos. O II Congresso Internacional deEtnohistria, realizado em La Paz, na Bolvia, em 1991 e o IV Congresso Internacional de Etnohistria, organizado pela PontificiaUniversidad Catolica del Peru, em 1997, na cidade de Lima.

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    Nos Estados Unidos, h quatro dcadas, uma equipe coordenada por Dee Brown, biblio-tecrio da Biblioteca do Departamento de Agricultura, comeou a ordenar e catalogaruma quantidade expressiva de material original e desconhecido sobre a conquista dooeste norte-americano, no perodo de 1860-1890. A partir desse trabalho, foi possvelrecuperar, nos registros oficiais, o discurso dos lderes indgenas em suas lutas contra osnegociantes de peles, tripulantes de barcos, garimpeiros, vaqueiros, pistoleiros e solda-dos da cavalaria. (Dee Brown, 1962)

    No Mxico, a elaborao de catlogos e inventrios permitiu o acesso de historiadores aum volumoso nmero de cartas, denncias, peties, testamentos e testemunhos, todoseles escritos em nhuatl, por ndios que, transferindo suas habilidades pr-colombianas,aprenderam o alfabeto latino e se aproveitaram dele para preservar suas lembranas. Soregistros de enorme interesse para o pesquisador, com informaes sobre o cotidiano dosndios no perodo colonial, suas relaes, as doenas contradas, as formas de trat-las eas mudanas no sistema de posse e propriedade de terra. Essa documentao, contendoa imagem que os ndios foram construindo sobre eles prprios, foi trabalhada por Len-Portilla, que a considerou uma grande mina de informaes, explorada e interrogadaat hoje, com bastante sucesso. (Len-Portilla, 1985)

    No Peru, houve um esforo concentrado para organizar a abundante documentao denatureza administrativa e judicial, parte dela redigida pelos ndios que reivindicavam seusdireitos, com base nos instrumentos legais. So processos, onde podem ser lidos relatosdramticos e s vezes resignados, de campesinos das comunidades andinas. Esses pa-pis estavam amontoados em um grande galpo dos arquivos do Judicirio, no centrohistrico de Lima, sem qualquer ordem. Depois de recuperados, comearam a ser organi-zados e inventariados, o que permitiu que fossem estudados por pesquisadores comoFranklin Pease, contribuindo assim, decisivamente, para se repensar a histria da resis-tncia indgena nos Andes. (Pease, 1985)

    No Brasil, a preocupao com os instrumentos de pesquisa se materializou s muito re-centemente, cabendo destacar dois projetos: o Guia de Fontes, elaborado pelo Ncleo deHistria Indgena e do Indigenismo da USP, sob a coordenao de Manuela Carneiro daCunha e John Monteiro, que mapeou a documentao manuscrita existente nos acervosdas capitais brasileiras (Monteiro, 1994), e o Projeto Resgate de Documentos Histricos,do Ministrio da Cultura, coordenado por Esther Caldas Bertoletti.

    A publicao Povos Indgenas no Sul do Bahia, da coleo Fragmentos da Histria doIndigenismo, que o Museu do ndio coloca agora disposio dos pesquisadores, faz par-te, portanto, desse movimento geral, mas com uma singularidade j sinalizada pelos mem-bros da equipe que o elaborou: alm de uma ferramenta destinada comunidade acad-mica, o catlogo um instrumento de luta dos ndios, cujas vozes, ainda hoje, continuama reivindicar o direito sobre as terras que lhes foram expropriadas, ecoando atravs deaes judiciais dentro dos tribunais do pas. No momento em que este catlogo estsendo impresso, os Patax aguardam o julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, doprocesso de nulidade de ttulos de propriedade de imveis rurais incidentes na terra ind-gena Caramuru-Paraguau, iniciado h vinte anos pela FUNAI. Uma das provas por elesapresentadas de que essas terras lhes pertencem so as vozes de ndios mortos, transmi-tidas pela tradio oral, mas tambm registradas por escrito na documentao que subsi-

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    diou os processos de identificao, delimitao e reviso das terras indgenas. Os seusdescendentes, que esto vivos, em seus depoimentos, emprestam suas vozes para reivin-dicar, protestar, argumentar, recorrer ao Poder Judicirio, reforando as vozes do passadoe dando continuidade a elas. A visibilidade sobre a questo proporcionada por esse cat-logo certamente contribuir para que os direitos dos ndios sobre seus territrios sejam,enfim, reconhecidos.

    Referncias Bibliogrficas

    BROWN, Dee. Fort Phil Kearney; an American Saga. New York: Putnams,1962.

    FREIRE, Jos R. B. (Org). Os ndios em arquivos do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Nape/Uerj. 1995, 1996. 2v.

    HILTON, Sylvia L. e GONZLEZ C., Ignacio. Fuentes manuscritas para la histria de iberoamrica. Guia deinstrumentos de investigacin. Madrid: Fundacin Histrica Tavera, 1997.

    LE GOFF, Jacques: Mmoria. Enciclopdia Einaudi. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional-Casa da Moeda. 1984. v.1: Memria-Histria.

    LON-PORTILLA, Miguel: La Imagen de si mismos: testimonios indgenas del perodo colonial. AmricaIndgena. Mxico, v.45, n.2, abr./jun. 1985.

    MONTEIRO, John (Org.). Guia de fontes para a histria indgena em arquivos brasileiro. Acervo das capitais.So Paulo: NHII/USP, 1994.

    PEASE, Franklin. En busca de uma imagem andina propria durante la colonia. Amrica Indgena, Mxico, v. 45,n. 2, abr./jun. 1985.

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    S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    Decreto-lei n 1916 de 9 de maro de 1926do Governo do Estado da Bahia

    que define os limites das...terras onde se encontram em maior nmero

    ndios em estado selvcola...Registro n. 46

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    S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    Mapa etno-histrico do Brasil e regies adjacentes (detalhe). Adaptado do mapa

    de Curt Nimuendaju 1944. IBGE, 1987.

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    S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    Nota: Os mapas do SPI so ilustraes. Foram digitalizados e desenhados por Jorge Astorga Garro a partir dos originais do microfilme 299 fotogramas 45-52. Registro n. 46

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    S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

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    S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    Mapa da Terra Indgena Caramuru-Paraguau FUNAI, 1999

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    S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    Patax do Rio do Prado.Wied-Neuwied, 1821-1822

    Arquivo NacionalEsses selvagens no tm nenhuma aparncia

    extraordinria, no so nem pintados nemdesfigurados: alguns so baixos, a maioria de estatura me, um tanto delgados, de caras

    largas e ossudas, e feies grosseiras.Uns poucos, smente, traziam, amarrados emvolta do pescoo, lenos que lhes deram emocasies anteriores; o chefe, que no tinha

    nada de notvel - os portuguses o chamavamde capito usava um acarapua de l

    vermelha e cales azuis obtidos algures.Comida era o principal desejo dles;

    deram-lhes ccos e um pouco de farinha;abriam aqueles mui destramente, com uma

    machadinha; arrancando em seguida, da cascadura, com os dentes poderosos, a polpa

    branca: a videz com que comiam era notvel.(Wied-Neuwied, 1940: 207-208)

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    S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    Abrigo dos Patax.Wied-Neuwied, 1821-1822

    Arquivo NacionalCompe-se de doze estacas formadas

    a partir dos caules das rvores novas e dos moirescravados no solo, que so envergados para o centro

    e fortemente amarrados uns aos outros no seu pontode reunio. O teto, ou cobertura, se faz pela

    superposio de grande quantidade de flhas enormesde helicnia, coqueiro ou patioba, sendo seu peso

    responsvel pela manuteno no lugar.Apresentam forma acachapada e baixa, e no seu

    interior que se d o preparo dos alimentos, em umaespcie de fogo constitudo de quatro forquilhas

    fincadas na terra, nas quais repousam quatro varas,sendo estas cruzadas por vrias outras

    formando um aparador para a caa,que pode ser consumida assada ou cozida.

    (Debret, 1940: 61-62 e Wied-Neuwied, 1940: 209.)

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    S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    ndia Kamakan.Debret, 1835

    Biblioteca Nacional

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    S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    Terra Indgena Caramuru-Paraguau.Foto: Milton Guran, 2002 - Museu do ndio

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    S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    R E AV I V E N TA N D O R U M O S :M E M R I A D O C U M E N TA L E T E R RA I N D G E N A

    Sonia Otero Coqueiro

    O projeto de descrio e indexao dos documentos textuais do Fundo SPI, que deuorigem ao presente volume, teve incio em 1999, no Servio de Estudos e Pesquisas doMuseu do ndio, com a seleo da subsrie Posto Indgena Caramuru-Paraguau como oprimeiro conjunto documental desse acervo a ser preparado.

    A histria do projeto remonta, no entanto, a 1910. Data de 28 de dezembro daquele anoo registro mais antigo recuperado sobre o tema: o relato do inspetor Taubois acerca dainstalao da Inspetoria na Bahia e os contatos iniciais com os Patax, Kamakan-Mongoie outros povos indgenas habitantes na regio, contendo referncias s negociaes paraa doao de terras pelo governo do Estado e alertando a direo do SPI sobre o futuroincerto dos ndios, caso a doao no se concretizasse:

    (...) julgo que a situao dos indios se era dolorosa at agora, dentro em brevetalvez se torne insustentavel (...) 2

    Estendendo-se, portanto, desde a primeira dcada do sculo XX at o final da gesto doSPI, em dezembro de 1967, os documentos que compem este volume retraam a cro-nologia da poltica indigenista praticada nesse perodo e da formao e demarcao dareserva indgena do sul da Bahia, na rea onde foram instalados os postos Caramuru eParaguau. Ao revelarem o cotidiano administrativo dessas unidades, permitem apesar de algumas lacunas acompanhar os principais passos do processo de progressivareduo das terras tradicionais dos Patax Hhhe, Kiriri-Sapuya, Baen, Kamakan eoutras etnias congregadas, em distintos momentos, nessa parcela de seus antigos terri-trios que lhes foi reservada em 1926.

    1 Depoimento obtido durante entrevista da equipe do projeto com o cacique Kiriri-Sapuya, por ocasio de sua consulta aosdocumentos microfilmados relativos T.I. Caramuru-Paraguau, no Servio de Arquivos-SARQ do Museu do ndio.2 Registro n. 1.

    Foto: Paulo Mmia, 2002 - Museu do ndio

    M E T O D O L O G I A

    A gente tem conscincia que a terra da gente demarcada e a vinda da gente aquino Museu para (...) procurar mais documentos para a terra da gente. ... umaterra mais documentada que tem, indgena, no pas, a terra da gente, maisdocumentada que tem. (Grson de Sousa Melo, 21.03.2002)1

    Grson de Sousa Melo e seu filho, em visitaao Museu do ndio, consultam documentosmicrofilmados do P.I.Caramuru-Paraguau

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    S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    O registro dessa memria textual expe 57 anos da trajetria de tais povos em grandeparte sob a tutela do Estado -, fornecendo elementos para respaldar-lhes o direito deretom-la como sujeitos de seu devir histrico. E facultando-lhes reescrev-la tambmna mesma linguagem documental dos instrumentos legais que tm prevalecido, nosforos jurdicos da sociedade nacional, sobre a evidncia do testemunho de sua histriaoral onde se esteiam os marcos tradicionais, muitas vezes imateriais, legitimadores dodireito de posse de suas terras.

    DOCUMENTOS TEXTUAIS DO SPI SUBSDIOS PARA PESQUISA

    Os registros textuais apresentados neste catlogo apontam para uma temtica dominan-te: a terra. Essa direo no casual. Se, por um lado, a organizao do Fundo SPI, doqual faz parte a presente documentao, seguiu a estrutura administrativa do rgotutelar, por outro, revela a preocupao de seus organizadores em destacar documentosque dizem respeito a aspectos ligados mais diretamente questo fundiria vis vis osterritrios indgenas. Tal preocupao reflete o contexto da poca em que esse acervo foirecuperado, no final da dcada de 1970, marcado por forte demanda de regularizao deterras indgenas.

    Formado por quinhentos mil documentos classificados e microfilmados, originrios daDiretoria e setores administrativos do SPI, inspetorias regionais e postos indgenas, esseacervo encontra-se sob a guarda do Servio de Arquivos-SARQ do Museu do ndio, quesucedeu ao antigo Centro de Documentao Etnolgica-CENDOC.

    A criao do Centro de Documentao Etnolgica da FUNAI nasceu da necessidade de seestabelecer um sistema de arquivos, que tivesse como critrio prioritrio a salvaguarda,o controle e a organizao de toda e qualquer documentao de interesse etno-histricoe indigenista, existente no mbito da FUNAI e em outras instituies que trabalhassemsistematicamente com indgenas, como as extintas Comisso Rondon, Fundao BrasilCentral e Conselho Nacional de Proteo aos ndios, com vistas reconstruo, to completaquanto possvel, do acervo perdido no incndio de 1967, nas dependncias do Servio deProteo aos ndios, Ministrio da Agricultura, em Braslia.3

    A importncia dessa documentao, ampliada pela perda do Arquivo Central do SPI,deriva, principalmente, de sua utilizao como fonte de consulta para a recuperao de

    informaes bsicas sobre grupos tribais, migrao, censo demogrfico, localizao edemarcao de terras, com nfase em documentos comprobatrios de ocupao indgena.4

    Os documentos recuperados no Museu do ndio forneceram tambm subsdios importan-tes para fundamentar a ao judicial para a nulidade de ttulos de propriedade incidentesna T.I. Caramuru-Paraguau, iniciada pela FUNAI em 1982 e que, no entanto, permaneceat hoje em tramitao junto ao Supremo Tribunal Federal-STF.5

    3 Galvo, 1982: 3. O Centro foi criado em 1976, durante a gesto de Ney Land frente do Museu do ndio.4 Galvo e Lima, 1983: 38.5 Ver neste volume o texto de M. E. Bra Monteiro, que participou como assistente tcnica da FUNAI na percia antropolgica dareferida ao.

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    S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    O material divulgado no presente catlogo, que inventaria de forma analtica, ordena eindexa todos os documentos relativos ao P.I. Caramuru-Paraguau existentes no FundoSPI, vem agregar a essa documentao instrumentos eficazes de consulta,consubstanciando informaes eloqentes para fundamentar o direito de posse dessasterras pelos povos indgenas nelas reunidos e para os quais foram reservadas.

    O PROJETO

    Concebido e elaborado pela equipe de estudos e pesquisas como um instrumento deacesso a informaes do arquivo textual, o projeto6 de indexao dos documentos textu-ais do SPI abrangeu procedimentos metodolgicos e tcnicos prprios s principais reasde conhecimento envolvidas: a Arquivologia e as Cincias Sociais e Humanas. Seu desen-volvimento contemplou linhas complementares e inter-relacionadas de trabalho, volta-das tanto para a sistematizao das fontes textuais, quanto para seu tratamento descri-tivo e analtico, visando, principalmente, a identificar temas e a propor categorias temticasque auxiliassem sua recuperao.

    Por se tratar de um instrumento a ser utilizado, em grande medida, por pesquisadoresfamiliarizados com esse tipo de documentao - seja para trabalhos tcnicos delevantamento de dados para subsidiar relatrios de identificao de reas indgenas, sejapara trabalhos de natureza cientfica - a equipe, formada tambm por cientistas sociaiscom experincia nesses campos, privilegiou a adoo de uma perspectiva que atendesseaos objetivos da pesquisa documental, principalmente quanto seleo temtica. Porconseguinte, a estrutura do catlogo reflete essa opo metodolgica, conferindo-lheuma feio mais familiar ao pesquisador.

    No entanto, a busca de uma abordagem que aliasse o exerccio antropolgico daobservao de relaes e significados s tcnicas de descrio e indexao arquivsticasconstituiu um desafio e um estmulo permanentes na conduo do trabalho. 7

    Iniciado em 19998 , o projeto foi dedicado, nessa primeira fase, sua concepo geral e delimitao do universo documental a ser trabalhado, bem como ao exame, leitura efichamento dos microfilmes selecionados, da resultando a elaborao, pelos pesquisadores,de 1.400 fichas-resumo manuscritas, relativas aos documentos que compem a subsrieP.I. Caramuru-Paraguau9 , com a proposio de termos tpicos preliminares para suaposterior recuperao.

    6 Um resumo do projeto foi apresentado 23 Reunio Brasileira de Antropologia, em comunicao que rene aspectos da abordagemmetodolgica e algumas das diferentes linhas de reflexo desenvolvidas por cada um dos pesquisadores em seus respectivos textosneste catlogo, V. Coqueiro, Monteiro, Perez e S, 2002.7 Nesse sentido, cabe destacar o apoio dos esclarecimentos tcnicos prestados pela chefe do SARQ/MI, Rosely Curi Rondinelli, coordenao do projeto. Contudo, algumas opes metodolgicas feitas, privilegiando a perspectiva da pesquisa e nem sempreestritamente fiis aos cnones da Arquivologia, so de nossa inteira responsabilidade.8 O SEP, ento sob a chefia da antroploga Sheila Maria Guimares de S, era formado pelos pesquisadores que compem a atual equipedo projeto, exceo de Sonia Coqueiro, que assumiu a coordenao a partir de 2001. Participou tambm dessa fase inicial dostrabalhos o antroplogo Carlos Augusto da Rocha Freire, em licena para doutoramento desde 2000.9 Apesar de denominada P.I. Caramuru-Paraguau, esta subsrie diz respeito a duas unidades administrativas com reas de atuao eatribuies distintas: P.I. de Criao Caramuru e P.I. de Atrao Paraguau.

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    Em 2001, com a reestruturao das atividades do Servio de Estudos e Pesquisas e aformulao de um programa de longo prazo para sistematizar e indexar os documentostextuais do Fundo SPI, o projeto relativo aos postos Caramuru e Paraguau retomadocomo prioritrio e a ele se incorporam gradativamente todos os pesquisadores, medidaque ultimam outros estudos e pesquisas em andamento. A partir de meados do ano,reunida a equipe, imprime-se a essa segunda fase do projeto um ritmo intenso de traba-lho, com base em um cronograma detalhado de etapas e atividades, inteiramente dedica-do ao preparo final dos registros para publicao e para integrar a base de dados doarquivo textual, na homepage do Museu do ndio.

    Essa fase tem incio com a complementao da leitura e fichamento de fotogramas restantesda subsrie trabalhada, bem como a organizao e reviso de todas as fichas-resumopreparadas. So estabelecidos critrios para a uniformizao preliminar dos textos, dianteda diversidade de espcies documentais e do grau de informao fornecida em cadadocumento e, tambm, privilegiada por cada pesquisador em seu resumo.10 Sucedem-se etapas voltadas para a definio de termos para a recuperao dos assuntos tratadosna documentao e a ordenao cronolgica dos registros documentais preparados. Conclui-se, assim, o Inventrio Analtico preliminar da subsrie P.I. Caramuru-Paraguau.

    Tendo em vista que o interesse primordial do projeto era o registro de toda a documenta-o administrativa referente ao P.I. Caramuru-Paraguau, nessa etapa do trabalho amplia-se o universo inicialmente delimitado para o preparo do inventrio - correspondente subsrie homnima11 - para incluir tambm outros conjuntos relevantes do mesmo FundoSPI as sries 4 Inspetoria Regional e Diretoria12 , que contm assuntos diretamenterelacionados ao P.I. em estudo, expressos em documentos que tramitavam entre as esferasdo rgo tutelar s quais estava subordinado.

    A abordagem desses outros subconjuntos documentais envolveu basicamente as mesmasetapas anteriores, com a particularidade de que os dados primrios desse novo universose encontravam distribudos em microfilmes distintos, que contm documentao oriundade outros postos e mesmo de outras inspetorias, subordinadas Diretoria do SPI, exigindouma anlise mais acurada de cada fotograma. Por outro lado, j estando definidos oscritrios de uniformizao dos registros e validadas algumas das ferramentas bsicasadotadas no projeto, a realizao do trabalho foi bastante simplificada, inclusive com ainformatizao imediata dos dados.

    O presente catlogo temtico abrange, portanto, todos os documentos textuais existen-tes no Fundo SPI sobre o tema selecionado: o P.I. Caramuru-Paraguau. Independente-mente de seu local de produo, esse material armazena a memria documental admi-nistrativa referente aos postos Caramuru e Paraguau e aos grupos indgenas a reuni-dos, compreendendo fontes textuais microfilmadas em cerca de 30 mil fotogramas, deum total de 500 mil documentos que compem esse acervo textual.

    10 Dado o grande nmero de registros, optou-se por mant-los, em princpio, diferenciados, preservando tanto o estilo peculiar doautor do documento quanto do redator de seu resumo, e retornando aos microfilmes para a complementao de dados apenas quandoindispensvel, ou para enriquecer as descries - principalmente no caso de alguns relatrios tcnicos, que contm referncias maisdetalhadas sobre etnias e a toponmia da rea em estudo.11 Microfilmes 153, 154, 155, 156, 157, 158, 159, 160, 190, 299, 301 e 374. O microfilme 191 contm apenas protocolos.12 Microfilmes 181, 182, 183, 184, 189, 285, 288, 334, 340, 380, 387.

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    S E R V I O D E P R O T E O A O S N D I O S - S P I

    A partir dos procedimentos metodolgicos indicados, obteve-se o conjunto de textos, soba forma de resumos ou registros, que constituem o corpus documental do qual foramextrados, e ao qual remetem, os termos destinados sua posterior recuperao temtica,aqui denominados descritores. Esse corpus formado por 2.187 registros documentais,para os quais foram selecionados 43 descritores temticos e 64 subdescritores.

    Recuperao temtica

    A seleo de descritores temticos constituiu uma etapa de particular importncia paraa equipe, tendo se estendido ao longo de toda a segunda fase do projeto. No obstantebasear-se em criteriosa anlise dos registros textuais, a escolha dos temas e blocostemticos envolve um certo componente interpretativo, por parte de cada pesquisador,que remete a quadros conceituais e enfoques histricos e antropolgicos especficos. Emconseqncia, os termos selecionados privilegiam e iluminam aspectos consideradosrelevantes a partir desses referenciais e, portanto, nem sempre consensuais.

    Dessa forma, especialmente na etapa dedicada anlise dos textos e proposio dedescritores, categorias temticas e conceitos a elas associados foram sistematicamenteexaminados, discutidos e revistos.13 Tal procedimento imprimiu ao processo de trabalhoum carter dinmico, de constante reavaliao crtica, a partir de sucessivas releituras,reinterpretaes e redefinies de contedos e aspectos percebidos nos documentos porcada membro da equipe. Com isso, pretendeu-se definir termos de busca quedemonstrassem capacidade descritiva e explicativa suficiente para se tornaremferramentas teis de pesquisa. A opo por um determinado descritor temtico, noentanto, sempre foi passvel de novo entendimento e retificao14 em funo de novosdados e recortes, fruto de outros pontos de vista surgidos ao longo do trabalho.15

    A definio de descritores abrangeu, igualmente, outros procedimentos e critrios deordem metodolgica destinados a validar sua escolha. Assim, desde a fase inicial detratamento dos textos, voltada para o contato preliminar e familiarizao com o materiala ser trabalhado, foram sendo levantadas questes e identificados aspectos consideradosrelevantes para os objetivos do projeto e para o enfoque adotado.16 Alm dessa exploraoda rea buscando mapear territrios temticos, a escolha de descritores procurou tambmcontemplar temas que configuram objeto de interesse de pesquisas e consultas realizadascom base nessa documentao pela prpria equipe e por outros pesquisadores. Outroaspecto considerado durante o processo de definio de descritores temticos foi apossibilidade de sua aplicao mais ampla, em relao a todo o conjunto documental doSPI, a ser objeto de sistematizao no futuro.

    13 Segundo o pensamento de Bachelard, expresso no que Canguilhem denomina seu primeiro axioma, relativo ao primado terico doerro, A verdade s ganha seu pleno sentido ao fim de uma polmica. No poderia haver a verdade primeira. No h seno errosprimeiros. (Cf. Canguilhem, 1972: 50; cp. Canguilhem in Bourdieu et al., 1983: 111).14 Este aspecto alude tambm preocupao expressa na obra de Bachelard relativa ao esforo de se submeter o conhecimento e osmtodos de abord-lo a uma retificao metdica e permanente, conforme comentado por Bourdieu et al. (Ibid.: 14).15 A submisso do produto do conhecimento interface das discusses no significa que a verdade seja o resultado dos pontos de vistados vrios estudiosos. Indica, entretanto, que a pluralidade de perspectivas permite lanar diferentes focos de luz dos desconhecimentosa respeito do objeto em questo. (Minayo, 2000: 241)16 Essa atividade corresponderia, em certa medida, ao exerccio conhecido tambm por leitura flutuante, desenvolvido na etapa depr-anlise temtica, em pesquisas qualitativas, e que se caracteriza, segundo Minayo, por uma leitura exaustiva e repetida dostextos, prolongando uma relao interrogativa com eles. (Ibid.: 235)

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    Dada a natureza administrativa da documentao, abrigando, apenas ocasionalmente,correspondncias sobre assuntos diversos ou mesmo particulares que, contudo,tramitavam atravs do posto, centralizador da circulao dos documentos e intermedi-rio entre as vrias instncias do rgo tutelar - os descritores relacionam-se, em suamaioria, a aspectos do exerccio efetivo da ADMINISTRAO DOS POSTOS.17 Categorias temticasa eles referentes so recuperadas, no catlogo, por meio de termos de busca selecionadosem funo do objetivo especfico da ao executada: normativo, concessivo ou suspensivo,arrecadador ou provedor, patrimonial, estatstico e contbil, policial ou fiscalizador, almde propriamente assistencial. Destacam-se, ainda, nos documentos, e, portanto, comreflexos em seus descritores, as atividades empreendidas em favor do desenvolvimentoda LAVOURA E PLANTAES, da CRIAO E PECURIA, envolvendo o emprego de recursos noABASTECIMENTO de IMPLEMENTOS AGROPECURIOS, na PRESTAO DE SERVIOS - como, por exemplo,de ROAGEM E PLANTIO para as lides agrcolas e para a formao de MANGAS PASTORIS - oumesmo para a construo de ESTRADAS, que facilitavam o escoamento e a COMERCIALIZAODE PRODUTOS , dentre os quais LATICNIOS, AVICULTURA e outros provenientes dos OFCIOS EINDSTRIAS implementados pela administrao.

    Por se tratar de documentos cuja temtica predominantemente fundiria, a seleo determos explicita aspectos que auxiliam a recuperar aes, relaes, interesses e concepesdos segmentos sociais que integram as esferas de ordem econmica, poltica e jurdicaabrangidas pela atuao dos postos, no trato cotidiano de assuntos e questes envolvendo,sobretudo, o uso e a apropriao da TERRA. Dessa forma, os termos de busca dizemrespeito, diretamente, ao estabelecimento de ACORDOS E INDENIZAES entre ARRENDATRIOS,visando ao PAGAMENTO de dvidas e cobranas relativas a ARRENDAMENTO, a BENFEITORIA e soluo de QUEIXAS E DENNCIAS que, com freqncia, eclodiam em CONFLITOS E LITGIOS,acirrados por INVASO e OCUPAO IRREGULAR de TERRA ou questes de CERCAS E LIMITES; e,ainda, CRIMES E OCORRNCIAS ou atos de VIOLNCIA que, por sua vez, acarretavam INQURITOSE DILIGNCIAS e mesmo DEMANDAS JUDICIAIS junto a diversos foros do poder judicirio.

    Conquanto, em sua maioria, focalizem temas relacionados implementao da polticavoltada para os arrendamentos, os registros documentais no deixam, sem dvida, deabordar aspectos da funo assistencial aos ndios, da qual, em ltima instncia,derivariam, estatutariamente, as demais questes tratadas pela administrao. Para aelaborao deste instrumento de pesquisa, foi necessrio, no entanto, garimpar nostextos as raras e amide incompletas referncias populao indgena reunida nospostos, de modo geral reduzida a meros nmeros em tabelas e levantamentosdemogrficos, no muito diferente de um INVENTRIO PATRIMONIAL ou dos arrolamentos debens e SEMOVENTES realizados pelas unidades administrativas. O conjunto de descritorestemticos selecionados refletiu essa realidade. No obstante, diversos termos de buscaforam associados aos setores por meio dos quais a ASSISTNCIA A NDIOS se exerceu,principalmente com finalidade educacional, mdica, habitacional e alimentar, dentre outras.

    Optou-se por manter a designao genrica NDIOS como descritor em vista de suarecorrncia na documentao em estudo, paralelamente a diversas classificaesatribudas a indivduos e povos indgenas: ndio puro, ndios esparsos, ndio

    17 Alguns termos e expresses que constituem descritores no ndice Temtico do catlogo passam a ser assinalados de formadestacada a partir desta seo do presente trabalho.

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    descendente, mestio, caboclo. Com isso, assegura-se a recuperao de uma cate-goria que integra o discurso indigenista e, de modo geral, o senso comum, ainda hoje por meio dos textos que registram sua prtica administrativa. Nestes, as referncias aosndios carecem, a bem da verdade, de especificidade e diferenciao, mas so, em simesmas, significativas, se interpretadas luz de uma reflexo sobre o sistema de repre-sentaes a que remetem. Caberia investigar em que medida estariam reproduzindo umaviso freqentemente generalizadora e homogeneizante da sociedade em geral, e do pen-samento indigenista em particular, com relao pluralidade de etnias sob a proteo dorgo tutelar, no sul da Bahia como em outras reas.

    Cabe observar que a documentao contm algumas referncias aos nomes de distintasetnias, embora nem sempre muito precisas, nem necessariamente correspondendo sautodenominaes tribais. Geralmente ocorrem nos documentos que abordam as expedi-es e excurses de mapeamento da regio em trabalhos de ATRAO E PACIFICAO.18

    Apesar do contedo genrico das raras informaes sobre NDIOS - extradas de documen-tos administrativos elaborados, aparentemente, sem a pretenso de apresentar dadosde interesse etnogrfico - procurou-se, sempre que possvel, destacar qualquer registrode aspectos relacionados ao modo de vida das sociedades indgenas mencionadas nostextos, em particular dos Patax, como passaram a ser coletivamente denominados, naregio, os membros das diferentes etnias reunidas nos postos Caramuru e Paraguau.Dessa forma, foram incorporadas ao instrumento de pesquisa, por meio de descritoresespecficos, as referncias a relaes familiares entre PARENTES E AFINS, seus DESLOCAMENTOSE TRANSFERNCIAS, sua AO POLTICA, atividades econmicas e insero no mercado de trabalhocomo MO-DE-OBRA, dados sobre DEMOGRAFIA, o reconhecimento de DIREITOS INDGENAS, bemcomo nomes pessoais e de aldeias, recuperados, respectivamente, nos ndices onomsticoe toponmico.

    Ordenao cronolgica

    Na etapa dedicada a ordenar os registros, recria-se finalmente a narrativa, como umencaixe de peas de um quebra-cabea. Dispostos em sua seqncia temporal de origem,os textos adquiriram novo significado e dimenso histrica, para alm dos limites dodocumento, recuperando-o em sua totalidade e reconduzindo-o ao seu tempo e espaoespecficos. Datada e localizada, a situao a que o texto se refere passa a ser entendidadentro da dinmica do processo em que foi gerada.

    A partir dessa perspectiva temporal, pode-se, por exemplo, traar alguns padresadministrativos da unidade tutelar, que expressam momentos especficos do indigenismooficial, possivelmente associados sua subordinao a distintos ministrios, e refletindo,

    18 Em documentos posteriores, as referncias em geral omitem nomes de etnias ( exceo de certos casos especficos ver, p. ex.,registros n. 1593, 1594, 1606 e 1646), passando a tratar os membros dos distintos povos indgenas, como j indicado, seja genericamentecomo ndios, seja classificando-os nas categorias mencionadas, com freqncia associadas a nomes pessoais. A recuperao dessasinformaes - ao longo da cronologia dos registros ou sob o descritor NDIOS do ndice Temtico ou, ainda, pela consulta aos nomesindgenas no ndice Onomstico - pode fornecer subsdios para pesquisas que focalizem a ideologia indigenista. Em particular, aquelasvoltadas anlise das concepes subjacentes s etapas preestabelecidas pelo rgo tutelar para o processo de incorporao dessaspopulaes sociedade nacional. Para uma anlise aprofundada da categoria ndio e do gradiente de classificaes dos povos nativos nodiscurso e na prtica do SPI, ver cap. 6 em Lima, 1995.

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    em certa medida, o iderio dominante em cada poca. Nesse sentido, a leitura do catlogopermite ao pesquisador acompanhar, dentre outros aspectos, os perodos de predomnio dedeterminados mecanismos da ADMINISTRAO DOS POSTOS, resultantes da execuo de NORMAS EPROCEDIMENTOS emanados da POLTICA INDIGENISTA e dos dispositivos da LEGISLAO indgena, eimplementados por intermdio da ADMINISTRAO REGIONAL, a I.R.4. Tais mecanismos resultaramem medidas concretas, no mbito da reserva indgena, quanto utilizao da TERRA e dosRECURSOS NATURAIS, da RENDA INDGENA e do PATRIMNIO INDGENA, com a sucesso de aes concentra-das seja em AUTORIZAES E CONCESSES de CONTRATO, ADITAMENTO e TRANSFERNCIA de reas para ARREN-DAMENTO ou atividades extrativas - implicando, com freqncia, DESMATAMENTO e outros danos aoMEIO AMBIENTE - seja em sua REGULARIZAO, SUSPENSES E ADVERTNCIAS ou, ainda, no atendimento ademandas indgenas por POSSE da TERRA.

    REAVIVENTANDO OS RUMOS DA T.I. CARAMURU-PARAGUAU

    Hoje ns temos uma faixa de 395 famlias na terra toda: Barret, Panelo, Caramuru,Mundo Novo, gua Vermelha, Ourinho e o Taquari tambm.. (...) Tem muita famlia defora, s Kariri-Sapuya (sic) se a gente juntar o que tem, d mais disso... E tem tambma famlia Kamakan, tem a famlia dos Tupinamb... tem os Baen, que so uma famliapequena, mas tem algumas pessoas fora. E tem muita gente fora ainda do pessoal dagente e quer vir para c e que a terra ainda pequena para esse pessoal vir para c.(Grson de Sousa Melo, ibid.)

    O ltimo registro do catlogo um documento sem local e sem data, contendo informa-es sumrias e de difcil leitura sobre os Patax do sul da Bahia.19 A memria documentalcom freqncia falha. J a memria oral se renova a cada gerao, se consolida naidentidade tnica, compartilhada no patrimnio imaterial e transmitida nas narrativasdos mais velhos, depositrios do saber tradicional. Enquanto houver velhos contadoresde histrias e jovens ouvintes, a cultura e a sociedade se atualizam e permanecem.

    Eu sei muita estria do pessoal da gente porque eu converso muito com velho. Muitasvezes, quando estamos numa situao difcil l, a gente rene os velhos para aconselhar osmais novos e quando eu comeo a conversar com eles, eles me falam como que era antes,como que eu devo fazer, como que a gente deve controlar a comunidade. Ento issotudo eu converso com eles, mas eu quero colher mais coisas deles para (...) reforar maisna luta da gente. com as estrias deles que a arma da gente lutar pela nossa terra. (idem)

    Os Patax no precisam recuperar sua histria, patrimnio intangvel que jamais seperdeu, mas seu territrio, dimenso tangvel dessa memria oral20 e dela indissocivelpelas relaes de natureza simblica e concreta que se estabelecem entre ambas. Precisamreavivara memria documental das demarcaes das terras que lhes foram reservadas e alienadas sua Reserva Indgena em tarefas cujos rumos tantas vezes viramreaviventados nos arrendamentos hoje titulados.

    19 Registro n. 2.187.20 Oliveira e Almeida, ao abordarem os critrios de caracterizao de uma terra como rea indgena nos GTs de identificao, apontampara a importncia da histria oral, ... de depoimentos e reconstituies histricas formuladas pelos prprios indgenas para caracterizara imemorialidade de ocupao e o seu direito histrico. (...) a formulao dos prprios interessados na ao demarcatria e de qualqueroutra forma de registro que adotem para configurar a ancianidade de sua ocupao. (...) o fato de que muitas vezes os antigosmoradores (ndios e brancos) daquela rea, ao realizarem uma descrio do passado, explicitam as suas modalidades de aquisio econservao de seus direitos, bem como fixam os seus limites territoriais precisos, criando em contrapartida condies para oreconhecimento dos direitos de outrem e reavivando os acordos e compromissos realizados por geraes anteriores. (1998: 89)

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    Este volume contm, certamente, uma parcela significativa dos documentos de que fala aliderana Kiriri-Sapuya, somando-se a outros, possivelmente acumulados em vinte anosde processo, para comprovar junto Justia o direito de seu povo, assim como dos PataxHhhe, Baen, Kamakan, Tupinamb sobre as terras a eles reservadas. Mas, principal-mente, caracterizando-se por reunir e sistematizar dados sobre os agentes sociais, insti-tuies, localidades, datas e procedimentos envolvidos, passo a passo, no processo deocupao e reduo dessas terras demarcadas, por cuja posse vm lutando h tantosanos.

    Agora, como reconheceram que a terra indgena, eles tm que anular os ttulosdos fazendeiros, porque a terra indgena no vai ter ttulo de fazendeiro mesmonela. (idem)

    Os documentos textuais aqui sistematizados - ordenados cronologicamente, recupera-dos por meio de indexao temtica, toponmica e onomstica, e complementados pordocumentao iconogrfica de mapas e imagens renem relatos eloqentes da dramticatrajetria dos povos indgenas no sul da Bahia durante grande parte do sculo passado.Ao narrarem as sucessivas ocupaes, invases e alienaes que marcaram a histria daTerra Indgena Caramuru-Paraguau, os registros parecem subscrever a contundentepredio do inspetor Taubois, em seu relatrio de 1910 Diretoria do SPILTN:

    (...) julgo que o problema ficar dentro em breve mais complicado do que se en-contra presentemente, visto como os indios sero batidos por todos os lados semrecurso algum, salvo uma lucta terrivel na qual sero aniquilados; e serextremamente doloroso se esta Inspectoria tiver que assistir ao massacre dos indios,sem que cousa alguma possa fazer por elles. 21

    No entanto, a determinao obstinada desses povos indgenas e de suas lideranas, natentativa de reverter aquele vaticnio, busca recolher agora cada evidncia dessa espoliaoterritorial, como recurso legal para continuar lutando por suas terras. Testemunhos dodespojo que essas populaes sofreram, os registros apresentados a seguir respaldam aperplexidade do depoimento do cacique Kiriri-Sapuya, compelido a pesquisador, em consultaaos documentos microfilmados do Fundo SPI no Museu do ndio:

    Uma terra que teve praticamente trs demarcaes - no por falta de demarca-o, no por falta de prova. (...) Todo mundo sabe que aquela terra da gente.Documentos eles tm demais, provando que aquela terra da gente. (Grson deSousa Melo, ibid.)

    21 Registro n. 1.

    Temos um processo que est no Supremo, j tem vinte anos l no Supremo semter assim praticamente deciso nenhuma. Estivemos no Supremo conversandocom o Ministro Nlson Jobim. Ele pediu ao chefe de Posto um mapa localizandoonde os ndios velhos moravam depois da demarcao e a ele fala que a terra dagente no registrada. (...) E a, tiver aqui [no Museu], por exemplo, algumadocumentao para o dia que a gente levar esse mapa a gente apresentar mais umdocumento a ele, que documento ele tem muito l, mas a gente quer mais docu-mento para provar para ele que essa terra da gente. (idem)

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    O catlogo dedicado aos Povos Indgenas no Sul da Bahia: P.I. Caramuru-Paraguau (1910-1967) resulta, pois, do interesse e da determinao em recuperar uma documentao quepudesse contribuir para fundamentar as demandas territoriais dos Patax Hhhe, Kiriri-Sapuya, Baen e demais etnias na T.I. Caramuru-Paraguau. Alm do esforo de criaode um instrumento que fornea subsdios para pesquisas sobre determinada documenta-o textual, ele representa tambm a sistematizao de uma metodologia de trabalhoque pretende contemplar novos catlogos ou inventrios e a agregao crescente de in-formaes de conjuntos documentais semelhantes que, por sua vez, subsidiem novas con-sultas e demandas.

    Seu preparo enfrentou o desafio de experimentar e aperfeioar procedimentosmetodolgicos que permitissem desenvolver e validar uma ferramenta til de trabalho e,ao mesmo tempo, produzir um instrumento eficaz de consulta aos documentos do FundoSPI e, qui, a outros acervos textuais de mesma temtica.22

    importante lembrar que a classificao e microfilmagem de todo esse material, efetuadosa partir da dcada de 1970, abriram a picada na qual se pode agora trilhar com maisfirmeza. Por outro lado, por se tratar de um primeiro passo no extenso caminho a serainda percorrido, em um programa de longo prazo para que este instrumento propicieacesso a todo o acervo textual do Museu do ndio, certamente sero necessrios ajustesde rota, revendo e corrigindo as omisses ou excessos deste projeto inicial. Mas umametodologia de trabalho foi implantada e validada.

    Acredita-se que este primeiro volume da coleo Fragmentos da Histria do Indigenismodemonstre a potencialidade dessa metodologia para recuperar a memria documental deoutros povos indgenas no pas, em projetos subseqentes. Sobretudo, que seja um instru-mento eficaz para fundamentar as demandas de recuperao de suas terras, substrato desua histria e identidade e elemento essencial para sua reproduo econmica e socioculturalcomo grupos humanos diferenciados.

    22 Diversos instrumentos de busca, elaborados tanto pelo Museu do ndio como por outras instituies e ncleos de pesquisa, serviramde orientao no preparo deste catlogo. Independentemente do tipo de acervo tratado, esses trabalhos foram de grande utilidade,principalmente nas etapas finais do projeto, voltadas para a forma de organizao e apresentao do material indexado: Inventrioanaltico do Arquivo Permanente do Museu do ndio FUNAI: documentos textuais 1950 a 1994. Museu do ndio, 1997; Guia defontes para a histria indgena e do indigenismo em arquivos brasileiros: acervos das capitais. USP/FAPESP, 1994; Os ndios emarquivos do Rio de Janeiro. UERJ, 1995; Canudos: subsdios para a sua reavaliao histrica. FCRB, 1986; Documentos manuscritosavulsos da Capitania de So Paulo (1644-1830): Catlogo 1. EDUSC/FAPESP, 2000; Arquivo Gustavo Capanema, inventrio analtico.CPDOC, 2000.

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    NOTAS EXPLICATIVAS

    a. REGISTROS DOCUMENTAIS: alguns registros, sobretudo dos primeiros relatrios tcnicos, apresentamresumos mais extensos, recuperando-se descries detalhadas de regio e etnias nos respectivos originais, emcontraste com relatrios e informes posteriores, de natureza mais quantitativa. Sempre que possvel, procu-rou-se preservar o registro histrico em seus aspectos lingstico e vocabular, como documento de umapoca, de uma instituio e da expresso peculiar de seus porta-vozes.

    b. DATAO PRESUMIDA: a notao [ ] indica informao conhecida, porm no constante do documento.Adotou-se a notao [ ?] para indicar informao presumida ou provvel de datas, locais, nomes prprios etopnimos, resultante de breve pesquisa e anlise comparativa dos documentos.

    c. DOCUMENTOS DUPLICADOS: tais documentos foram unificados em um s registro, com a correspon-dente observao sobre a existncia de cpia em outro microfilme, facultando ao pesquisador, em muitoscasos, consultar fotogramas em melhores condies de leitura.

    d. DOCUMENTOS ILEGVEIS: no foram includos no catlogo os documentos totalmente ilegveis, em suamaioria manuscritos desprovidos de informaes sobre os missivistas, assunto, local ou data.

    e. PERODO DE ABRANGNCIA DA DOCUMENTAO: a ampliao do perodo coberto pela documentao(at 1975) em relao data-limite superior do Fundo SPI (1967) se deve incluso de registros queagrupam em um mesmo documento, ou at na mesma folha, dados referentes tanto ao perodo de gesto doSPI quanto da FUNAI, criada em 5 de dezembro de 1967. Dentre estes, incluem-se cdices ou livros deregistro de termos de transferncia de contratos de arrendamento (encadernados j na administrao daFUNAI), fichas cadastrais de contratos e pagamentos de arrendamentos, inventrios e relatrios. Embora, arigor, tais documentos renam informaes relativas a fundos arquivsticos distintos, a opo de inclu-losno catlogo em sua integridade teve em mente, sobretudo, propiciar ao pesquisador a recuperao de dados,muitas vezes seqenciais, cujo desmembramento poderia dificultar a consulta e o entendimento da dimen-so processual dos aspectos pesquisados. Essa espcie de superposio de perodos e de fundos arquivsticosreflete, de certa forma, a prpria natureza da atividade administrativa, cuja continuidade se mantm, comfreqncia, independentemente de mudanas estruturais efetuadas na instituio qual est subordinada.

    NOTA PRVIA DA REVISO DO TEXTO

    O preparo do presente trabalho para publicao constou de copidesque, padronizao e reviso geral dostextos que o compem. Procedeu-se atualizao ortogrfica de acordo com o Vocabulrio Ortogrfico daLngua Portuguesa (Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1999), exceto na transcrio de trechos dedocumentos, em que, por sugesto dos pesquisadores, foi respeitada a grafia original. Quanto aos nomesprprios, seguiu-se a norma do Vocabulrio Onomstico da Lngua Portuguesa (Rio de Janeiro, AcademiaBrasileira de Letras, 1999). A grafia dos nomes de povos indgenas seguiu a Listagem dos nomes dos povosindgenas no Brasil, publicada no Boletim do Museu do ndio, n. 8, 1998. Para siglas e abreviaturas,procurou-se acompanhar os Elementos de Bibliologia, de Antnio Houaiss (Rio de Janeiro: Instituto Nacio-nal do Livro, 1967). Dada a peculiaridade do material trabalhado, algumas ocorrncias no encontraramrespaldo nas obras mencionadas e foram resolvidas de comum acordo com a editora do texto, guiadas pelobom-senso e pelo uso em obras similares a que tivemos acesso. (N. da rev.)

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    R e g i s t r o s D o c u m e n t a i s

    Wied-Neuwied, 1821-1822Arquivo Nacional

    [Os Kamakan] servem-se tambm s vezes de umpequeno instrumento cujo nome kechiech e queconsiste numa cabaa ca, com um cabo de madeira;contm algumas pedrinhas e, quando se sacode, faztambm ouvir um som. (Wied-Neuwied, 1940: 417)

    Reproduo fotogrfica: Jaime Acioli

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    Relatrio do inspetor Pedro Maria Trompowsky Taubois, encaminhado por meiodo Ofcio n. 12 ao diretor geral do SPILTN, tenente-coronel Cndido Marianoda Silva Rondon, acerca da instalao da Inspetoria na Bahia, dos trabalhos deatrao e pacificao e das negociaes preliminares relativas doao de ter-ras a serem reservadas para os ndios pelo governo do Estado. Segundo infor-maes ministradas por um indio Patach (...) os ndios habitam a parte sul doEstado, vivendo os Mongoyos e Patachs, uns no affluente do rio de Contas denome Grungugy e seus (...) tributarios que nascem do lado Norte da serra des-te nome e nas vertentes do rio Cachoeira, ao sul da serra Itararac e nas suas(...) correrias vo at as cabeceiras do rio Salsas. (...) Parte dos indios Machacarisvivem nas cabeceiras dos rios Jucuruc e Itanhim. Alguns indios Boruns restode um antiga tribus mais conhecida pelo nome de Naquinanuc so encontra-dos nas vertentes orientaes dos Aymors e tributarios do rio Itanhim e outrosrios. A populao indgena foi assim estimada: Mongoyos e Patachs 200 a300 familias; Machacaris 60 a 80, o que (...) d 1800 almas. O inspetor obtevetambm o relato da existncia de uma povoao chamada Uruba, entreGongogy e Ba Nova, que tem sido varias vezes atacada pelos indios Patachspretos e Camacans de olhos azuis. O relatrio faz referncia ainda a umquilombo no Camamu. Anexos: dois recortes do jornal Dirio de Notcias sobrea viagem do inspetor Trompowsky. Bahia, 28 dez. 1910.Mf. 190 Fg. 82-89

    Descritores: Atrao e Pacificao; Demografia; Estrutura Organizacional do SPI; ndios;

    Poltica Indigenista; Quilombo; Relatrios Tcnicos; Terra

    Instruces para serem observadas no Posto do Servio de Proteco aos Indiose Localisao de Trabalhadores Nacionaes no Rio Pardo, estabelecendo emseu artigo 1 que Fica creado no Angelim, fazenda da Boa Esperana, no RioPardo, um posto par o fim de captar a confiana dos indios bravos que frequen-tam a margem esquerda do dito rio.... [Inspetoria da Bahia, dc. 1910].Mf. 380 - Fg. 678-684

    Descritores: Atrao e Pacificao; ndios; Poltica Indigenista; Trabalhadores Nacionais

    Instruces para serem observadas no Posto do Servio de Proteco aosIndios e Localisao de Trabalhadores Nacionaes no Rio Gongongy e Rio deContas, Bahia, cujo artigo 2 estabelece como objecto do Posto fiscalisarcuidadozamente as relaes dos civilisados com os indios e evitar por todos osmeios, suazorios, sempre que fr possivel, que estes sejam molestados porcivilisados a isso levados pelo medo, pela ignorancia ou por maldade.... [Ins-petoria da Bahia, dc. 1910].Mf. 380 - Fg. 685-691

    Descritores: Atrao e Pacificao; ndios; Poltica Indigenista; Trabalhadores Nacionais

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    Ofcio n. 16 do inspetor Pedro Maria Trompowsky Taubois a Jos BezerraCavalcanti, subdiretor da 1 Subdiretoria, com instrues para a construode ncleo agrcola no Estado e a atividade de proteo aos ndios que a Inspe-toria pretende desenvolver no Sul da Bahia. Bahia, 5 jan. 1911.Mf. 190 Fg. 157-158

    Descritores: ndios; Poltica Indigenista; Trabalhadores Nacionais

    Relatrio de excurso regio entre os rios de Contas e Gongogi, elaboradopelo inspetor Pedro Maria Trompowsky Taubois. Bahia, 7 jan. 1911.Mf. 190 Fg. 138-140

    Descritor: Relatrios Tcnicos

    Relatrio dos trabalhos de pacificao executados nos meses de fevereiro emaro de 1911, na regio do Rio Gongogi, pelo inspetor Pedro MariaTrompowsky Taubois, encaminhado por meio do Ofcio n. 53, de 03.04.1911,ao responsvel pela 2 Subdiretoria, Manuel Tavares da Costa Miranda. Con-forme relato do inspetor: Captada a amizade dos Patachs, voltarei meusesforos para os Camacans, indios temidos, entre os quaes se encontro decr negra. Informa sobre as condies dos trabalhadores nacionaes naregio e a cultura do cacau. Bahia, 30 mar. 1911.Mf. 190 Fg. 127-137

    Descritores: Atrao e Pacificao; ndios; Lavoura e Plantaes; Relatrios Tcnicos, Ter-

    ra; Trabalhadores Nacionais

    Ofcio n. 57 do inspetor Pedro Maria Trompowsky Taubois, encaminhado aoresponsvel pela 2 Subdiretoria, Manuel Tavares da Costa Miranda, informasobre os contatos iniciais estabelecidos com os Camacans, no Rio Gongogy,referindo-se tambm a conflitos havidos no passado entre os Camacans-Mongoyos e regionais. Prope a criao de entrepostos perto dos aldeamentose de pequenos ncleos de trabalhadores nacionais na regio. Bahia, 4 maio1911.Mf. 190 Fg. 142-145Descritores: Atrao e Pacificao; Conflitos e Litgios; ndios; Relatrios Tcnicos; Traba-lhadores Nacionais

    Relatrio dos trabalhos de pacificao dos ndios do Sul da Bahia, empreendi-dos pelo inspetor Pedro Maria Trompowsky Taubois no perodo de janeiro aagosto de 1911, encaminhado pelo Ofcio n. 131 ao subdiretor Manuel Tavaresda Costa Miranda. Fornece informaes sobre a instalao da Inspetoria doSPILTN na Bahia em dezembro de 1910, formas de defesa (armadilhas) dei-xadas pelos ndios, entendimentos junto s autoridades estaduais visando reserva de terras para os ndios da regio, sua expedio pela rea e visita aoantigo aldeamento de Olivena. Bahia, 5 set. 1911.Mf. 190 Fg. 162-185Descritores: Atrao e Pacificao; Conflitos e Litgios; Estrutura Organizacional do SPI;ndios; Legislao; Poltica Regional; Relatrios Tcnicos; Terra

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    Ofcio n. 133 do inspetor Pedro Maria Trompowsky Taubois a Manuel Tavaresda Costa Miranda, responsvel pela 2 Subdiretoria do SPILTN, em respostaao Ofcio-circular n. 9, de 24.08.1911, referente atuao da Inspetoria daBahia para conscientizar a populao local: a necessidade de crear fortecorrente entre as populaes civilizadas em favor dos ndios, no foi igual-mente esquecida. Bahia, 9 set. 1911.Mf. 190 Fg. 159-160

    Descritor: Poltica Indigenista

    Relao das posies aproximadas, em coordenadas geogrficas, dos postosde atrao no Estado da Bahia. [Inspetoria da Bahia], 1914.Mf. 380 - Fg. 798

    Descritor: Atrao e Pacificao

    Relatrio anual dos trabalhos especiais da Inspetoria do Esprito Santo, Bahiae Minas Gerais, em que o engenheiro-chefe Antnio Martins Estigarrbia ad-verte o diretor do SPI Lus B. Horta Barbosa sobre a necessidade de transfe-rncia dos Patax de Cachoeirinha para o P.I. Pancas. Menciona a ocorrnciade violncia contra os ndios: conforme sou informado por noticias vagas, del, realisou-se minha prophecia, sendo exterminados os homens e repartidasas crianas. Bahia, 1920.Mf. 190 - Fg. 329

    Descritores: Administrao Regional; ndios; Poltica Indigenista; Relatrios Tcnicos; Terra;

    Violncia

    Relatrio dos servios executados na Inspetoria do Esprito Santo, Bahia eMinas Gerais, durante o ano de 1921, elaborado pelo inspetor SamuelHenriques da Silveira Lobo. Inclui informao, com base em telegrama dotenente Joo Antnio Teixeira Lages, a respeito de ndios Patax terem sidoassassinados e divididas as creanas entre familias civilisadas. Anexos: c-pias de documentos de 1921. Vitria, 27 jan. 1922.Mf. 190 Fg. 373-418

    Descritores: Administrao Regional; Crimes e Ocorrncias; ndios; Relatrios Tcnicos;

    Violncia

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    Relatrio sobre os estabelecimentos a cargo da Inspetoria do Esprito Santo,Bahia e Minas, elaborado por Samuel Henriques Silveira Lobo, em que refe-rida a existncia de grupo de ndios nmades acima de Canavieiras [possivel-mente Maxakali e Patax]. Vitria, 17 dez. 1923.Mf. 190 Fg. 538-543

    Descritores: Administrao Regional; Atrao e Pacificao; ndios; Relatrios Tcnicos

    Relatrio do inspetor Samuel Henriques da Silveira Lobo sobre os servios exe-cutados na Inspetoria do Esprito Santo, Bahia, Minas Gerais, com referncia agrupo nmade na regio do Rio Pardo, [possivelmente Maxakali e Patax]. Vi-tria, 12 fev. 1924.Mf. 190 Fg. 545-585

    Descritores: Administrao Regional; Atrao e Pacificao; ndios; Relatrios Tcnicos

    Relatrio sobre os trabalhos realizados pela Seo da Bahia no ano de 1926,elaborado por Vicente de Paulo Teixeira da Fonseca Vasconcelos e encaminha-do ao diretor do SPI Jos Bezerra Cavalcanti por meio do Ofcio n. 45. Relataa situao das terras e dos ndios da rea compreendida entre os rios Pardoe Cachoeira de Itabuna, fazendo referncia aos limites da reserva decretadapelo governo do Estado da Bahia. Itabuna, 4 mar. 1927.Mf. 190 Fg. 624-634Obs.: o relatrio faz meno a cinco fotos que no esto anexadas ao documento.Descritores: Administrao Regional; Atrao e Pacificao; ndios; Legislao; PolticaIndigenista; Relatrios Tcnicos; Terra

    Relatrio do encarregado do SPI na Bahia, Vicente de Paulo Teixeira da Fonse-ca Vasconcelos, sobre os trabalhos realizados no ano de 1928. O relatrio des-creve os trabalhos de attraco dos indios que erram pelas florestas dos riosGongugy e Peixe, Cachoeira de Itabuna e Pardo, realizados pelos encarrega-dos Telsforo Martins Fontes, do P.I.A. Paraguau, e Joo Palmeira. O docu-mento faz um reconhecimento da regio, para futura demarcao da rea ce-dida pelo governo do Estado da Bahia aos ndios, e relata a abertura de pica-das, ligando o Posto Paraguau s regies onde se encontram os restos detribus que ainda sobrevivem invaso. Relata, ainda, a inspeo de constru-es e os problemas advindos da atuao desastrosa de alguns contratadose das dificuldades financeiras e burocrticas. Diretoria. Rio de Janeiro, 2 mar.1929.Mf. 181 Fg. 1770-1783Descritores: Atrao e Pacificao; ndios; Meio Ambiente; Relatrios Tcnicos; Terra

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    Relatrio do encarregado do SPI no Estado da Bahia, Vicente de Paulo Teixeirada Fonseca Vasconcelos, relativo ao ano de 1929, menciona a contnua entradade intrusos na Reserva Indgena do Sul da Bahia, a partir do alto curso e cabe-ceiras do Rio gua Preta. Descreve o deslocamento realizado at o PostoParaguau, com a visita a sete ndios que se encontravam acampados no postode atrao s margens do ribeiro do Junco, acima da Lagoa Bonita, e o aspec-to desolador desse posto, decorrente da forte seca que afeta toda a regio doSul da Bahia. Relata a ao das turmas de attraco nas florestas das cabe-ceiras do Rio Salgado e Ribeiro do Junco, que conseguiram vencer aesquivana de varias indias e creanas de ambos os sexos. Transcreve a cartado juiz de paz de Ferradas, Graciliano Ricardo Lrio, de 11 de setembro de 1929,comunicando que os proprietrios situados no Rio gua Preta do Colnia, apretexto de restabelecer a tranquillidade, se articulavam com os vereadorese Prefeito, de modo a defender seus direitos de propriedade. Reproduz panfle-to da campanha contrria reserva indgena, com o ttulo Agua Preta doColonia no pode ser aldeia, alm de matria do Jornal de Itabuna, intituladaO aldeiamento dos ndios no Rio Agua Preta do Colonia e o esbulho dos pos-seiros. Contm 16 fotos de ndios, das instalaes do SPI, da vila dos ndiosem construo, da turma de atrao em marcha, etc. Seo da Bahia, maio1930.Mf. 182 Fg. 1.313-1.355

    Descritores: Administrao Regional; Atrao e Pacificao; ndios; Meio Ambiente; Pol-

    tica Indigenista; Poltica Regional; Relatrios Tcnicos; Terra

    Relatrio dos trabalhos da Diretoria do SPI relativo ao ano de 1929. Mencionaa continuao dos trabalhos de construo e de lavoura do P.I.A. Paraguau eas expedies feitas por seus empregados em busca dos silvcolas da regioque ainda no mantinham relaes com o posto. Diretoria. Rio de Janeiro, 31jul. 1930.Mf. 340 - Fg. 2-103 (Inspetoria da Bahia: fg. 30-31 e 73)

    Descritores: Atrao e Pacificao; Relatrios Tcnicos

    Relatrio dos trabalhos realizados na 4 Seo do Departamento Nacional dePovoamento do Ministrio do Trabalho, Indstria e Comrcio, durante o anode 1931, elaborado pelo auxiliar encarregado geral do SPI no Estado da Bahia,Alberto Jacobina, e encaminhado ao diretor do SPI por meio do Ofcio n. 7,datado de 25.02.1932. Relata as precrias condies de funcionamento do SPIna Bahia, a epidemia de impaludismo no P.I.A. Paraguau, com a morte de seisndios, invases por parte dos posseiros e a reserva de terra para a construodo Horto Florestal do Estado da Bahia. Menciona a boa produo de milho,cana, batata, caf e sobretudo de mandioca, que tem servido para alimentar os

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    ndios. Prope a aquisio de uma moenda pequenina que permitta transfor-mar em rapaduras, que os indios muito apreciam, o canavial abundante, arris-cado, sem isso, a passar de vz. Registra informaes sobre grupos selva-gens que erram pela grande floresta dos rios Cachoeira, Rio Pardo, Gongogy etambem, mais ao sul, pelo medio Jequitinhonha. [...] So quatro, ao todo, osgrupos em que foram divididos e isolados uns dos outros os ultimos remanes-centes dos amarellos da Bahia, que os portuguezes chamavam Patachs,Camaquans, etc. Seo da Bahia, fev. 1932.Mf. 190 Fg. 898-906

    Obs.: cpia do documento no Mf. 182 Fg.1.356-1.363

    Descritores: Administrao Regional; Atrao e Pacificao; Doenas e Epidemias; Estru-

    tura Organizacional do SPI; ndios; Lavoura e Plantaes; Meio Ambiente; Ofcios e Inds-

    trias; Poltica Indigenista; Relatrios Tcnicos; Terra

    Memorial encaminhado ao interventor federal da Bahia, capito Juraci Maga-lhes, em que o inspetor regional da Bahia Alberto Jacobina faz uma exposi-o sobre o desaparelhamento do SPI e solicita ao ministro do Trabalho, In-dstria e Comrcio recursos de verba, pessoal e material para atender snecessidades de servio. Relata os trabalhos realizados com a construo dospostos indgenas Ajuricaba e Paraguau, a atrao dos ndios e os problemasenfrentados pela Inspetoria, cuja jurisdio abrangia da foz do Rio Jequitinhonha foz do Rio So Francisco. Bahia, 2 out. 1932.Mf. 301 - Fg. 300-302 (cpias do memorial: fg. 303-318)

    Descritores: Administrao Regional; Atrao e Pacificao; ndios; Poltica Indigenista;

    Relatrios Tcnicos; Terra

    Memorial em que negociantes e lavradores do municpio de Itabuna apresen-tam razes sobre a ineficincia do P.I.A. Paraguau, encaminhado ao ministrodo Trabalho pelo interventor federal Juraci Magalhes, pelo Ofcio n. 190, de07.02.1933. Anexos: informao elaborada pelo diretor de seo, Jos Bezer-ra, ao diretor do SPI, em 08.03.1933; mapa de 1930, que apresenta esboosda regio habitada pelos ndios guerreiros, com a indicao dos postos deatrao e pacificao e dos caminhos que lhes do acesso; mapa da rea adiscriminar e demarcar para os ndios Tupinamb, Patax e outros, com basena Lei Estadual de 1926, conforme proposta apresentada pelo capito MoissCastelo Branco. Itabuna, 13 jan. 1933.Mf. 190 Fg. 928-991

    Descritores: Administrao Regional; Atrao e Pacificao; ndios; Legislao; Poltica

    Indigenista; Poltica Regional; Relatrios Tcnicos; Terra; Trabalhadores Nacionais

    Relatrio dos trabalhos executados no Sul da Bahia, durante o ano de 1932 eo ms de janeiro de 1933, pelo encarregado do SPI, Alberto Jacobina. Informasobre a falta de recursos para os trabalhos de atrao dos ndios, invases da

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    reserva, as atividades econmicas dos postos, a situao dos ndios da matae dos sedentrios. Anexos: trs fotos de ndios em visita a Itabuna para tra-tamento de sade; uma relao intitulada Tupinambs selvagens que estive-ram no Posto Paraguau; quadro comparativo dos Tupinambs selvagensno Posto Paraguau entre 1931 e 1932; croqui da rea dos Tupinamb doAricob; 1 mapa do Estado da Bahia. Bahia, 30 jan. 1933.Mf. 190 Fg. 907-927

    Descritores: Administrao Regional; Assistncia a ndios; Atrao e Pacificao; Confli-

    tos e Litgios; Demografia; ndios; Poltica Indigenista; Relatrios Tcnicos; Terra

    Telegrama do encarregado do SPI Alberto Jacobina informa sobre falta deverbas, medicamentos e alimentao; mortalidade de ndios; paralisao dapacificao e localizao dos ndios no P.I.A. Paraguau; invaso das reasreservadas e indefinio do Estado da Bahia na doao de terras. O documen-to faz referncia aos Tupinamb do Aricob e Guarani. Bahia, 3 fev. 1933.Mf. 153 - Fg. 8-10

    Descritores: Administrao Regional; Atrao e Pacificao; Doenas e Epidemias; ndios;

    Poltica Indigenista; Poltica Regional; Terra

    Telegrama do inspetor regional Samuel Silveira Lobo sobre conflitos entre osTupinamb e a populao rural. P.I.A. Paraguau, 21 fev. 1933.Mf. 153 - Fg. 23

    Descritores: Conflitos e Litgios; ndios

    Informao do diretor de seo do Departamento Nacional de Povoamento,Jos Bezerra, em que este critica os dados de telegrama anterior, examina ascausas das hostilidades existentes entre os ndios do P.I.A. Paraguau e regio-nais e defende a ao do SPI na rea. Diretoria. Rio de Janeiro, 25 fev. 1933.Mf. 153 - Fg. 4-7

    Descritores: Atrao e Pacificao; Conflitos e Litgios; ndios; Poltica Indigenista

    Informao sobre reorganizao do P.I.A. Paraguau e conflitos com ndiosTupinamb. Diretoria. Rio de Janeiro, 4 mar. 1933.Mf. 153 Fg. 1920

    Descritores: Administrao Regional; Conflitos e Litgios; ndios

    Telegrama do inspetor regional Samuel Silveira Lobo solicita auxiliar parapacificao de ndios. Acompanha resposta do chefe de seo do Departa-mento Nacional de Povoamento do SPI. Inspetoria da Bahia, 8 mar. 1933.Mf. 153 Fg. 11-12

    Descritor: Atrao e Pacificao

    Ofcio solicita encarregado para o P.I.A. Paraguau. Diretoria. Rio de Janeiro,23 mar. 1933.Mf. 153 Fg. 26

    Descritor: Administrao dos Postos

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    Ofcio do inspetor Samuel Silveira Lobo ao diretor geral do Departamento Na-cional de Povoamento, responsvel pelo SPI, refere-se atuao do servidorManuel Silvino Bandeira de Melo e sua transferncia para a pacificao de n-dios na Bahia. Inspetoria da Bahia, 13 abr. 1933.Mf. 153 - Fg. 13-16

    Descritores: Administrao dos Postos; Atrao e Pacificao

    Informao de Jos Bezerra, diretor de seo do Departamento do SPI, aoprocesso em que o inspetor regional da Bahia, Samuel Silveira Lobo, solicitaos servios do auxiliar Manuel Silvino Bandeira de Melo. O processo contmavaliao sobre a conduta profissional de Bandeira de Melo e breve referncia necessidade de regularizao das terras na regio do Paraguau. Diretoria.Rio de Janeiro, 16 maio 1933.Mf. 153 - Fg. 21-24

    Descritores: Administrao Regional; Terra

    Telegrama solicita encarregado para o P.I.A. Paraguau. Salvador, 3 jun. 1933.Mf. 153 Fg. 25

    Descritor: Administrao dos Postos

    Telegrama sobre preenchimento do cargo de encarregado do P.I.A. Paraguau.Rio de Janeiro, 26 jun. 1933.Mf. 153 - Fg. 27

    Descritor: Administrao dos Postos

    Telegrama de Samuel Silveira Lobo indica encarregado para o P.I.A. Paraguau.Bahia, 27 jun. 1933.Mf. 153 - Fg. 28

    Descritor: Administrao dos Postos

    Indicao para o cargo de encarregado do P.I.A. Paraguau. Diretoria. Rio deJaneiro, 28 jun. 1933.Mf. 153: Fg. 29

    Descritor: Administrao dos Postos

    Processo referente turma de atrao organizada pelo inspetor regional SamuelSilveira Lobo para penetrar no mato a fim de procurar localizar no PostoParaguau todos os ndios que forem encontrados. Bahia, 21 jul. 1933.Mf. 153 - Fg. 84-124

    Descritores: Atrao e Pacificao; ndios

    Telegramas de Telsforo Martins Fontes, do SPI, do tenente Joo Antnio, de-legado de polcia, e de Samuel Silveira Lobo, inspetor regional, informam quendios arredios mataram menino e feriram moa. O SPI solicita mediao dapolcia para interromper conflitos. Itabuna, 1933.Mf. 153 Fg. 17-18

    Descritores: Conflitos e Litgios; Crimes e Ocorrncias; ndios; Violncia

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    Relatrio da Inspetoria do Esprito Santo, Bahia e Minas Gerais menciona queo objetivo dos postos da Bahia est voltado para a pacificao dos ndiosPatachs que vivem em estado guerreiro, entre os rios Jequitinhonha, Pardo eCachoeira de Itabna, e dos indios Camaquans, que nas suas excurses vo doRio de Contas as Mattas de So Paulo ao longo do Rio Gongogy e seusaffluentes. [Diretoria. Rio de Janeiro, 1933].Mf. 380 - Fg. 875-876

    Descritores: Administrao Regional; ndios; Relatrios Tcnicos

    Exposio sob