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    Joo Batista Beltro Marques

    Embrapa Pecuria SulBag, RS2008

    Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria

    Centro de Pesquisa de Pecuria dos Campos Sulbrasileiros

    Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    ISSN 1982-5390

    Outubro, 2008

    78

    Possibilidades deaplicao de sistemas deproduo integrados debovinocultura de corte e

    de arroz no Bioma Pampa

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    Embrapa, 2008

    Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na:

    Embrapa Pecuria SulBR 153, km 603 - Caixa Postal 242

    96401-970 - Bag, RSFone/Fax: (0XX53) 3242-8499http://[email protected]

    1 edio (2008)

    Comit Local de Publicaes da Embrapa Pecuria SulPresidente: Alexandre VarellaSecretrio-Executivo: Ana Maria Sastre SaccoMembros: Eduardo Salomoni, Eliara Freire Quincozes,Graciela Olivella Oliveira, Joo Batista Beltro Marques, Magda Vieira Benavides,Naylor Bastiani Perez

    Supervisor editorial: Comit Local de Publicaes - Embrapa Pecuria SulRevisor de Texto: Comit Local de Publicaes - Embrapa Pecuria SulNormalizao bibliogrfica: Graciela Olivella OliveiraTratamento de ilustraes: Kellen PohlmannEditorao eletrnica: Kellen Pohlmann

    Marques, Joo Batista BeltroPossibilidades de aplicao de sistemas de produo

    integrados de bovinocultura de corte e de arroz no Bioma Pampa /Joo Batista Beltro Marques._ Bag: Embrapa Pecuria Sul, 2008.

    (Documentos / Embrapa Pecuria Sul, ISSN 1982-5390 ; 78)

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    Ttulo da pgina Web (acesso em 20 dez. 2008)

    1. Integrao. 2. Bovinocultura. 3. Arroz. I. Ttulo. II. Srie.

    CDD 633.2

    Todos os direitos reservados.A reproduo no-autorizada desta publicao, no todo ou em parte,

    constitui violao dos direitos autorais (Lei n 9.610).

    Dados internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)Embrapa Pecuria Sul

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    Autores

    Joo Batista Beltro MarquesEng Agr, Doutor (D.Sc.) em Agronomia,Pesquisador da Embrapa Pecuria Sul, Caixa Postal242, BR 153 Km 603, CEP 96401-970, Bag, RSe-mail: [email protected]

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    Introduo..................................................................

    Caractersticas das atividades lavoura de arroz e pecuria

    de corte.......................................................................

    O estado atual da integrao lavoura de arroz e pecuria

    de corte no RS..............................................................

    Pesquisas realizadas sobre integrao lavoura e pecuria

    (ILP) com arroz irrigado e bovino no Rio Grande do Sul......

    Situao e perspectivas do agronegcio...........................

    Princpios e prticas agronmicas aplicveis na Integrao

    Lavoura e Pecuria........................................................Programas governamentais para implantao de programas

    de ILP..........................................................................

    Impactos potenciais da implementao de projetos de ILP

    em vrzeas...................................................................

    Referncias.................................................................

    Sumrio

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    Joo Batista Beltro Marques

    Possibilidades de aplicaode sistemas de produo

    integrados de bovinoculturade corte e de arroz no BiomaPampa

    Introduo

    O custo de produo de um saco de arroz no RS tem se mantido, na

    maioria dos anos, acima do valor de venda de mercado, ocasionandodescapitalizao do setor orizcola e um alto grau de insatisfao dosprodutores em relao ao preo do arroz e dos insumos (IRGA, 2006b).Isso inibe novos investimentos imprescindveis manuteno da ativi-dade, tais como renovao da maquinaria, correo da fertilidade dosolo, melhoria do sistema de irrigao e drenagem, compra de sementescertificadas de novas cultivares mais produtivas e protegidas, entre ou-tros. Menores investimentos, a mdio prazo, certamente, acarretaromenores produtividades, menores rendas e, novamente, menores inves-timentos. Esse ciclo tende a se agravar, gerando finalmente o abandonoda atividade pelos produtores mais endividados e pelos menos eficientes.

    Por outro lado, a pecuria de corte, na metade Sul do RS, explorada noBioma Pampa, vem h muitos anos apresentando baixos ndices produti-vos, levando descapitalizao dos produtores de gado, que acabamdestinando suas reas de vrzea para o plantio de arroz irrigado ou plan-tando soja nas coxilhas, atravs de arrendamento. Normalmente, esses

    proprietrios utilizam as restevas de arroz, sem nenhum melhoramentoou manejo diferenciado, para pastoreio com seus animais.

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    Uma forma de melhor aproveitamento da resteva de arroz a sua sobre-semeadura com sementes de pastagens de inverno, azevm, trevo bran-co, cornicho e outras forrageiras adaptadas a solos de vrzea (REIS;

    SAIBRO, 2004). Aps a utilizao da resteva de arroz e a emergnciados cultivos de inverno, espera-se o momento oportuno e colocam-sebovinos para pastorear essas reas. A semeadura de pastagens estivais,adaptadas a solos de vrzea, na primavera aps utilizar-se a resteva dacolheita de arroz outra opo de incorporar a explorao de forrageirasem rotao com o arroz. Nesses sistemas citados, existe uma possibili-dade real de ganho econmico e de melhoria nas condies fsico-qumi-cas do solo, podendo gerar maior produtividade e menor custo, tantopara o arroz irrigado quanto para a pecuria de corte desenvolvido sobre

    essas reas. A pecuria evita o custo de preparo do solo para a pasta-gem e possibilita ganhos de peso no inverno, em vez de perda como onormal nessa poca. J, para a lavoura, fica facilitado o controle de in-os e pode-se dispor da cobertura das forrageiras de inverno, caso fordecidido pelo plantio direto do arroz. Com pastagens bem estabelecidase manejadas em rotao com arroz irrigado, podem-se melhorar os nveisde produtividade e de rentabilidade tanto da pecuria de corte quanto doarroz em rotao.

    Ambas as exploraes podem ser beneficiadas, principalmente, se foremsemeadas, aps a colheita do arroz, espcies forrageiras adaptadas svrzeas aliadas aos sistemas de drenagem aplicados na cultura orizcola.O custo da integrao ser baixo e a agregao de renda, elevada. Isso,certamente, resultar numa alta relao benefcio/ custo.

    Caractersticas das atividadeslavoura de arroz e pecuria de corte

    Ao se deparar com os dados de rentabilidade da pecuria de corte no RS(DIAGNSTICO..., 2005), chega-se a concluso que poucas atividadeseconmicas apresentam ndices to baixos de desempenho, apenas 0,73% de taxa de lucro mdio ao ano. Essa situao tem possibilitado o novoincremento exponencial na rea de soja na metade Sul do RS em reasmarginais ao seu cultivo (semelhante ao ocorrido no final da dcada de70), assim como o estabelecimento de projetos de florestamento

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    em grandes reas de solos de classe de aptido de uso I, II e III commonoculturas de espcies exticas (eucalipto, pinus e accia), ondepreferencialmente, desde o ponto de vista agronmico, deveriam ser ex-

    ploradas pastagens ou mesmos cultivos anuais. Isso ocorre pela falta deaptido dos pecuaristas tradicionais aos cultivos forrageiros e/ou resis-tncia que os mesmos tm a fazerem investimentos em suas proprieda-des.

    Por outro lado, o cultivo de arroz no RS, apesar de sucessivos incremen-tos anuais de produtividade e de produo, tm apresentado custo deproduo superior ao seu valor de mercado (IRGA, 2006c). Esse quadrose agravou na safra 2006/2007 em funo dos preos do arroz perma-necerem nos mesmos patamares, enquanto os dos insumos sofreramfortes altas. J, na atual safra, com o aumento do preo do arroz com aobteno de produtividades prximas a 7000 kg/ha, houve uma melhoriados resultados da atividade arrozeira. No entanto, para as prxima sa-fras, existe receio dos produtores em relao ao aumento acentuado doscustos de produo. Isso se deve forte suba dos insumos agrcolas di-tos modernos, fertilizantes e defensivos, principalmente que vm ocor-rendo atualmente.

    Na maioria dos casos, dois tipos de produtores rurais desenvolvem aatividade arrozeira e pecuria separadas. Pelas caractersticas de ambasexploraes, algumas dificuldades tornam-se evidentes ao se tentar inte-grar lavoura de arroz e pecuria de corte no RS, objetivando-se obtermelhores resultados. Caracteriza-se como atividades totalmente distintasem funo de a lavoura de arroz apresentar maior risco, empregar maistecnologia e ter um giro de capital intenso. Por outro lado, a pecuria decorte apresenta baixo risco, menor tecnologia e um giro mais lento de

    capital. Abaixo se citam algumas caractersticas especficas de cada umadessas duas atividades.

    Do total da rea de lavoura de arroz no RS, 65% plantada em terrasarrendadas, sendo que apresenta mdia de 100 ha e mdia de produtivi-dade de 6000 kg/ ha em anos normais. Setenta por cento do cultivo feito no sistema de plantio semi-direto ou direto. Aplica-se alta tecnolo-gia com 74% das lavouras utilizando assistncia tcnica, sendo que uti-

    liza mo de obra de um trabalhador para cada 28 ha. Lavouras que em-pregam a rotao de culturas constituem somente 15% do total, atin-

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    gindo produtividade mdia mais alta, 6400 kg/ha. A mdia de adubao de 440 kg/ha. Oitenta e cinco por cento financiada. Alm disso de-manda uma maquinaria de 25 mil tratores e nove mil colheitadeiras

    (IRGA, 2006a).

    J a pecuria de corte desenvolve-se 70% em reas oriundas de heranafamiliar. A mdia do tamanho das propriedades de 950 ha, utilizandoaltas cargas animais (1 U.A./ha). Sessenta e cinco por cento utilizam as-sistncia tcnica. A maioria dos pecuaristas desenvolve esta atividadepor tradio, sendo 70% em campo nativo, utilizando pouca adubao efazendo uso de pouco financiamento. A mo de obra utilizada de umtrabalhador para cada 200 ha e apresentam lucro mdio de apenas0,73% ao ano. No entanto, as propriedades que desenvolvem agriculturajunto pecuria apresentam melhores resultados econmicos(DIAGNSTICO..., 2005).

    Confirmando isso, os dados obtidos no censo do IRGA (IRGA, 2006a),mostraram que maiores rendimentos de arroz tm sido obtidos no sis-tema integrado de produo arroz-pastagens-pecuria (em torno de 7%).No entanto, apenas 15% das lavouras utilizam rotao, como j foi ci-

    tado. Essa maior produtividade em sistemas rotacionados ocorre em con-seqncia de mudanas favorveis sobre a fertilidade, drenagem, pro-priedades fsicas e biolgicas dos solos hidromrficos aliada expressivareduo do inamento das lavouras, provocadas pelas plantas forrageirase pelo animal em pastejo. Evidencia-se, portanto, um efeito sinrgicoentre as duas fases do sistema (REIS; RAUPP, 2006).

    O estado atual da integrao lavourade arroz e pecuria de corte no RS

    O estado atual da integrao lavoura de arroz e pecuria de corte no RS difcil de ser determinado. No censo do IRGA, foram contabilizadas aslavouras que so plantadas em rotao, mas no, as que tm suasrestevas pastejadas pelo gado com ou sem semeadura de pastagenscultivadas. No estudo do Diagnstico... (2005) foi constatado que a

    atividade de bovinocultura de corte associada produo vegetal (46%)teve ocorrncia levemente inferior atividade de bovinocultura de corte

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    sem produo vegetal (54%), sendo que do total da rea dos estabele-cimentos levantados (512.352 ha), aproximadamente 76% das pasta-gens cultivadas anuais sucederam lavouras (a maior parte sobre soja,

    seguido de arroz e milho). A maior parte das restevas utilizadas pelospecuaristas a de arroz (66% das restevas pastoreadas). Uma das con-cluses mais importantes desse diagnstico que: Os sistemas de pro-duo de bovinocultura de corte com atividade de produo vegetal,alm de uma maior importncia das atividades agropecurias na consti-tuio da renda total, maior utilizao de mo de obra, maior nvel decapital imobilizado e de um valor mdio da terra mais elevado, apresen-tam resultados agroeconmicos e de eficincia econmica claramentesuperior aos apresentados pelos sistemas de produo de bovinocultura

    de corte sem produo vegetal. A diversificao da produo um dosprincpios que norteiam a economia moderna. Na agropecuria empre-sarial, tal princpio no pode deixar de ser aplicado. Por ser uma ativi-dade na qual os riscos de eventos meteorolgicos prejudiciais produoestarem sempre presentes, associados a eventuais baixas de preo devenda dos produtos agropecurios (BURGO, 2005), mais importnciaadquire a incorporao da diversificao das atividades de cultivos e decriaes. Em concordncia com esse princpio, Santos et al. (2004)concluram que a lavoura, ao ser integrada com a pecuria, pode aumen-

    tar a rentabilidade da propriedade agrcola como um todo e reduzir osriscos.

    Estudos sobre cultivo de pastagens em vrzeas tm sido conduzidos porvrios pesquisadores, j se dispondo de avaliaes de diferentes esp-cies de inverno e de vero adaptadas vrzea (MAIA,1986; NABINGER,1986; SAIBRO; SILVA, 1999; REIS; RAUPP, 2006).

    Pesquisas realizadas sobreintegrao lavoura e pecuria (ILP)com arroz irrigado e bovino no RioGrande do Sul (RS).

    Em solos hidromrficos, Reis (2005) verificou que a principal dificuldadepara a produo de forrageiras que a maioria das espcies convencio-nais, utilizadas na agricultura mundial, no se adapta bem a este tipo de

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    ambiente. De 1007 espcies, cultivares e ectipos introduzidos at 1971,um reduzido nmero mostrou-se promissor formao de pastagens emtal tipo de solo, salientando-se as seguintes: Trifolium repens (trevo-

    branco), Lolium multiflorum (azevm), Macroptilium lathyroides (feijo-dos-arrozais), Setaria sphacelata (Setria), Lotus corniculatus (cornicho),Holcus lanatus (capim-lanudo), Vigna luteola (V. marina), Panicumcoloratum, Trifolium subterraneum (trevo-subterrneo), Dactylis glomerata(Dactylis), Lotononis bainesii(Lotononis), Trifolium pratense (trevo-ver-melho), Festuca arundinacea (Festuca). Em estudo posterior,Reis e Raupp(2006) relatam que, no RS, as experincias com pastagens cultivadassobre solos hidromrficos apontam ganhos de peso vivo de novilhos de180 a 615 kg/ha/ano. Os ganhos totais variam com muitos fatores (ano,

    tipo e condio de drenagem do solo, espcies forrageiras, adubao emanejo, entre outros). Os ganhos mdios dirios por cabea no perodoinverno primavera atingiram tetos de 1,236 a 1,332 kg de peso vivo,em boas pastagens, baseadas em leguminosas. Assim, segundo essesautores (REIS; RAUPP, 2006), o potencial de produo animal, em pasta-gens, elevado, j que os ganhos mdios de peso vivo anuais em restevasem melhoramento obtido para novilhos bubalinos e para novilhos bovi-nos, foram de apenas 73 kg/ha/ano e 100 kg/ha/ano, respectivamente.Na mesma linha de pesquisa, Marchezan et al. (2002) desenvolveram um

    trabalho com o objetivo de avaliar a produo animal em rea de terrasbaixas sistematizada, cultivada com as espcies forrageiras de invernoazevm, trevo branco e cornicho, cultivadas em consociao. Utilizaramterneiros de 8 a 10 meses de idade, em pastejo contnuo. Obtiveram taxamdia de acmulo de MS (/ha.dia) das forrageiras de 19,9kg e ganho m-dio dirio de 1,016 kg por animal por dia, com carga mdia de 738,6kgpor ha de peso vivo e ganho de peso de 469,7 kg por ha. Em trabalhoposterior, Difante et al. (2005), testando produo de forragem e rentabi-lidade da recria em rea de vrzea semeada com azevm, verificaram queo ganho de peso animal por hectare foi maior quando se utilizaram asmaiores doses de N e suplementao, no entanto, menor utilizao de Ne ausncia de suplementao no primeiro ano (2000) ocasionaram amaior renda lquida. J em 2001, qualquer nvel de insumo utilizado apre-sentou renda lquida negativa, apesar de ter proporcionado acrscimo nataxa de lotao. O prprio arroz, depois de colhido apresenta potencialforrageiro em relao ao resduo que fica na lavoura. Monks et al. (2002),em solo hidromrfico da Estao Experimental de Terras Baixas, Embrapa

    Clima Temperado, avaliaram a produo e qualidade do rebrote de quatrocultivares e nove linhagens de arroz irrigado aps a colheita dos gros.

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    A produo total mdia foi de 3097 kg/ha de MS, com teores de 7,4%de PB; 9,2% de lignina; 8,7% de slica; 0,24% de clcio; 0,22% de fs-foro e digestibilidade in situ de 33,61%. As cultivares e linhagens de

    ciclo precoce tenderam a apresentar produo de MS superior s de ciclomdio, bem como maior capacidade de rebrote.

    Deve-se ressaltar que, no Rio Grande do Sul, a utilizao da resteva dearroz com sua rebrotao aps a colheita reveste-se de grande impor-tncia para o forrageamento dos animais no outono. Isto porque nesteperodo do ano j existe deficincia de forragem do campo nativo em al-gumas regies. Cultivares que possuam maior capacidade de rebrotaoaps a colheita dos gros, podero, assim, servir de alimento na poca

    de deficincia de pasto (MONKS et al., 2002). J Coelho et al. (1999),trabalhando sobre resteva de arroz, compararam os sistemas de alimen-tao sobre o desenvolvimento ponderal e terminao de novilhosCharols, utilizando tratamentos de pastagens cultivadas e de forneci-mento de suplementos junto resteva de arroz. Concluram que a utili-zao de pastagens de inverno possibilitou maior ganho de peso do que autilizao de palha de arroz tratada e de silagem de sorgo.

    A integrao lavoura-pecuria pode minimizar os riscos de perda em fun-o dos bovinos que participam dessa integrao serem mais tolerantess adversidades climticas e possurem capacidade de ganho de pesocompensatrio, o que torna a pecuria uma atividade de menor risco quea agricultura. Alm disso, utilizando-se plantio direto, aumenta a disponi-bilidade de gua no solo (SANTOS et al., 2004).

    Entre os ndices que esto muito baixos na pecuria de corte do RS, cita-

    se idade do primeiro acasalamento das novilhas, taxa de natalidade e ida-de de abate, entre outros. A reduo da idade de abate citada comoum dos fatores mais importantes para o aumento dos ndices de produti-vidade no Rio Grande do Sul. O abate dos animais prximo ou menos de24 meses possibilita aumento da taxa de desfrute e incremento no n-mero de ventres em relao ao total do rebanho. Por outro lado, h umaresposta positiva, em produtividade, reduo na idade de abate, atin-gindo o menor valor (65 kg/ha) com abate de bois de 54 meses e omaior (343 kg/ha) abatendo-se os animais com 18 meses (BERETTA et

    al., 2002). Trabalhos conduzidos h muitos anos atrs j apontavampara a possibilidade de obterem-se novilhos de dois anos para abate,

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    suplementando-os apenas com pastagens nos dois primeiros invernos,quando terneiros desmamados e novilhos de sobre-ano (MLLER;PRIMO, 1969). No entanto, depois de transcorridos aproximadamente40 anos desde a obteno desses resultados, o engorde de novilhos noRS ainda est limitado pela deficiente alimentao dessas classes(terneiros desmamados e de sobre-ano). Muitos fatores influem para queisso acontea. Entre eles podemos citar: alto custo inicial de implantaode pastagens; falta de cultura e tradio do pecuarista de aplicar prti-cas de melhoramento de campo nativo; no disponibilidade na proprie-dade de maquinaria adequada para tal fim; falta de programas de fomen-to com crdito a juros condizentes, assistncia tcnica e extenso ruralmais ativa.

    Situao e perspectivas doagronegcio

    As perspectivas para o agro-negcio para 2008 so muito boas, dandocontinuidade recuperao do setor, com os preos tendendo a alta

    devido ao aumento de lavouras direcionadas para agroenergia e ao cres-cimento das economias centrais e emergentes demandantes decommodities.

    A produo de gros no Brasil est sendo bastante positiva e espera-serecorde na safra 2007/2008. O Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-tstica (IBGE) estima a produo em torno de 140 milhes de toneladas,5% superior safra anterior (IBGE, 2008).

    Durante as dcadas de 70 e de 80 a agricultura brasileira passou por umintenso processo de modernizao, em grande parte promovido por di-versas polticas governamentais, como crdito subsidiado, preos mni-mos de garantia, pesquisa e extenso rural. No entanto, com a quedados subsdios governamentais na dcada de 90, houve necessidade deadaptao de novas tecnologias para a produo, visando obteno demelhorias nos resultados econmicos para compensar os menores sub-

    sdios. A partir dos anos 90, com o processo de abertura da economia, aagricultura brasileira defrontou-se com o desafio de superar os concor-

    Possibilidades de aplicao de sistemas de produo integrados de bovinocultura decorte e de arroz no Bioma Pampa

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    rentes externos. Especificamente no mbito do MERCOSUL, passou a terseus mercados disputados, principalmente pelos produtores da Argentinae Uruguai, cuja agricultura predominantemente exportadora, e acostu-

    mada competio (VICENTE, 1998). Para enfrentar esse desafio foinecessrio intensificar as bases tcnicas da produo no complexo agro-industrial, a comear pelo processo produtivo dentro da propriedade.Tambm, segundo o mesmo autor (VICENTE, 1998), a partir de meadosdos anos 90 aumentaram as presses de diversos setores por maiorapoio agricultura familiar e por uma reforma agrria mais rpida eabrangente, impondo melhorias nos ndices de produtividade do campo.

    Atualmente, apesar de atingir recordes de produo sucessivos a cada

    ano, tm-se observado que a agricultura brasileira possui alto grau deendividamento. Em 19/12/2007 o Ministrio de Agricultura Pecuria eAbastecimento (MAPA) pediu a prorrogao do prazo para liquidao dedvida rural (BANDEIRA, 2008). J em julho de 2007, havia sido anun-ciada a prorrogao de R$ 7 bilhes da dvida de custeio e investimentodos agricultores referentes ao ano de 2007, muitas delas provenientesde renegociaes de anos anteriores. Muitos motivos determinaram essaalta inadimplncia. Podem-se citar, como principais, o ciclo anterior re-cente de baixa cotao de preo dos gros, custos elevados de produoe quebras de safra regionalizadas. Isso levou a uma incapacidade genera-lizada de pagamento da atividade agro-pastoril. Por ltimo, a MedidaProvisria 432 foi publicada, autorizando a negociao de grande partedessa inadimplncia dos agricultores atravs da instituio de medidasde estmulo liquidao ou regularizao de dvidas originrias de opera-es de crdito rural e de crdito fundirio (BRASIL, 2008). Portanto,verifica-se que no basta apenas produzir mais, mas tambm se devebuscar sistemas de produo sustentveis sob o ponto de vista

    econmico, agronmico e social.

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    Princpios e prticas agronmicasaplicveis na Integrao Lavoura ePecuria.

    A ILP se baseia em alguns princpios e prticas agronmicas chaves.

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    Uma das prticas a do Plantio Direto que comeou a ser difundida eadotada pelos produtores visando o controle da eroso do solo, alm dadiminuio do custo de preparo do solo. O objetivo principal da intro-duo do sistema de Plantio Direto nas lavouras de arroz irrigado do RioGrande do Sul foi diminuir da ocorrncia de arroz vermelho. Alm demelhorar o controle de invasoras, obtiveram-se outras vantagens: menorcusto, otimizao do uso de equipamentos, menos insumos e mo-de-obra, menor agresso estrutura do solo, melhor integrao agricultura-pecuria e maior sustentabilidade do sistema de produo ao longo dosanos (GOMES et al., 1995). Entre as grandes vantagens obtidas em la-vouras de outras culturas sob plantio direto, h mais de dez anos naregio do Planalto do RS, cita-se o aumento do teor de matria orgnica

    do solo e dos nutrientes disponveis para as plantas, alm da melhoriadas propriedades fsico-qumicas do solo. Sistemas de produo degros, inclusive aqueles que integram lavoura e pecuria em plantio dire-to, deixam na superfcie do solo grande quantidade de resduos vegetaisdas diferentes espcies usadas (SANTOS et al., 2004). O acmulo denutrientes na superfcie do solo, em relao ao preparo convencional desolo uma das vantagens da semeadura direta (MUZILLI; OLIVEIRA,1982), pelo emprego da adubao na linha de semeadura e menor ero-so. Diversos pesquisadores tm verificado o acmulo de matria org-

    nica, de Ca + Mg, de P e de K na camada superficial sob sistemas deproduo em plantio direto (S, 1993; SILVEIRA; STONE, 2001;AMADO et al., 2001; SANTOS et al., 2004). Quanto fsica do solo,Kochhann et al. (1999) no verificaram vantagens consistentes em pre-parar o solo (arao ou escarificao) em lavoura de soja e trigo apsdez anos sob cultivo no sistema de semeadura direta.

    Os resduos culturais mantidos na superfcie do solo desempenham im-

    portante papel no sistema plantio direto, pois controlam a eroso, con-servam a fertilidade e a umidade do solo e, tambm, reduzem a incidn-cia de plantas daninhas (ROMAN; DIDONET, 1990). Sistemas com mni-mo removimento do solo so favorveis ao controle de plantas daninhas, utilizao mais intensiva dos solos de vrzea e rentabilidade do orizi-cultor, mas apresentam algumas limitaes, como a produo de subs-tncias que podem ser txicas ao arroz, bem como alteraes na dispo-nibilidade de nutrientes em ambientes alagados. Nesse sentido,Swarowsky et al. (2004) concluram que a incorporao da palha de

    azevm e que a aplicao da adubao para o arroz na semeadura doazevm no afetaram o rendimento de gros e os componentes da

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    produo. Entretanto, a ausncia de drenagem interna no solo reduziu orendimento de gros de arroz, o nmero de panculas e o nmero degros por pancula.

    Outra tecnologia chave para os sistemas de ILP a rotao de culturas,aliada ao plantio direto, com conseqente diversificao, pelos benef-cios que proporciona. Do ponto de vista ecolgico, esses sistemas seaproximam mais de sistemas naturais, quando comparados a sistemasexclusivamente agrcolas, apresentando, em geral, menores riscos dedegradao do meio ambiente em funo da utilizao de plantio direto,rotao e diversificao de culturas, o que melhora as caractersticas

    fsico-qumico-biolgicas do solo, gerando menor impacto, distrbio edegradao das reas exploradas e seus entornos. Santos et al. (2004),comparando diferentes sistemas de integrao e de rotao de culturasem plantio direto (sistemas de produo mistos de gros envolvendopastagens anuais de inverno e de vero), verificaram que o nvel de ma-tria orgnica do solo, em todas as camadas e em todos os sistemas deproduo mistos, foi igual ou superior ao nvel registrado sete anos antesda instalao do experimento, porm o nvel de matria orgnica da flo-resta subtropical, na camada 5-10 cm (44 g por dm), foi levemente su-

    perior ao dos sistemas de rotao (em torno de 37 g por dm). Na maio-ria das profundidades estudadas, os sistemas de produo mistos apre-sentaram maior valor de fsforo (P) extravel, em relao floresta sub-tropical, no havendo diferenas significativas quanto ao teor de K tro-cvel. A exemplo do verificado com P extravel, tambm houve acmulode K trocvel na camada prxima superfcie. Tambm, em todos ossistemas de produo e na floresta subtropical, houve acmulo de mat-ria orgnica nas camadas prximas superfcie do solo, havendo dimi-nuio do seu nvel desde a camada superficial at as camadas mais

    profundas. Por outro lado, esses autores obtiveram que floresta subtro-pical apresentou densidade de solo e resistncia penetrao menor doque o verificado na maioria dos sistemas de produo estudados, nascamadas 0-5 cm e 10-15 cm, enquanto para porosidade total e macro-porosidade os valores foram maiores (SANTOS et al., 2004). Pedrotti etal. (2001) verificaram que o sistema que apresentou o menor valor decompactao em um planossolo foi o cultivo de arroz em plantio diretosob a resteva do azevm. J em sistemas que envolvem maiormobilizao do solo (arroz contnuo e rotao arroz-soja-milho) os valoresde densidade do solo foram maiores em relao aos sistemas de preparo

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    reduzido do solo (azevm x arroz plantio direto e soja x arroz plantio di-reto). Confirmando esse efeito Borges et al. (2003) observaram que amaioria dos sistemas de cultivo de arroz afetou negativamente a distri-

    buio percentual de agregados quando comparados com o solo mantidosem cultivo. Os tratamentos que envolveram rotao de culturas emplantio direto foram os que mais contriburam para a obteno de macro-agregados e de maiores valores do dimetro mdio ponderado na cama-da superficial (0,0 2,5 cm), com resultados semelhantes testemunha(solo mantido sem cultivo).

    Alm dos benefcios ambientais, a utilizao de sistemas de integraolavoura-pecuria proporciona algumas vantagens para os produtores emrelao s atividades executadas de forma isoladas. Entre essas vanta-gens pode-se destacar o aumento da liquidez, a melhoria do fluxo decaixa, com melhor distribuio das receitas ao longo do ano e a maiorestabilidade do sistema em virtude dos ciclos de alta e baixa inerentes acada uma das atividades, como j citado anteriormente (GOMES et al.,

    Outra prtica chave para implantao de sistemas ILP a adubao ba-seada na anlise do solo, sendo que os custos de correo e fertilizaodo solo so divididos entre as duas atividades, proporcionando um retor-no mais rpido do capital investido.

    Devido a grande diversidade de ambientes no Brasil os enfoques regio-nais da integrao lavoura-pecuria tm sido distintos. Assim, na RegioCentro Oeste as iniciativas tm se baseado na reforma de pastagens de-gradadas (KLUTHCOUSKI et al., 2003), atravs da rotao de culturas eadubao. Na Regio Sul, dada a sua peculiaridade climtica, tem-se ex-

    plorado mais o intervalo entre as lavouras de vero para o cultivo e utili-zao de pastagens de clima temperado, aproveitando a ociosidade dasreas cultivadas e minimizando os efeitos da baixa taxa de crescimentodas pastagens naturais durante a estao fria do ano.

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    Alm dessas, mais algumas prticas podem e devem ser utilizadas emreas que executam integrao lavoura e pecuria Entre elas destaca-se:diviso de grandes invernadas em reas menores para facilitar o manejodos animais e controlar melhor a disponibilidade de forragem, evitandoexcesso de lotaes e degradao das pastagens e do solo; plantio deforrageira com propsito de servir na alimentao dos animais, produzir

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    sementes e proporcionar palhada para o plantio direto; eliminao decupinzeiros e de formigueiros; amostragem adequadas e anlises dossolos da propriedade com o fim de programar o sistema de adubao ecorreo do solo; roadas para eliminao mecnica de inos e da sobrade pastos grossos no consumidos pelos animais; aplicao de herbici-das com o mesmo objetivo citado anteriormente; fenao e silagem desobras de forragens de boa qualidade; melhor distribuio de gua e desuplementos para alimentao dos animais, evitando longos desloca-mentos dos mesmos , que acarreta menor eficincia energtica.

    Todas essas prticas, anteriormente citadas, consideradas as particula-ridades regionais de clima e de solo dos diferentes sistemas de integra-

    o lavoura-pecuria, tm como pontos comuns do sistema ILP nas dife-rentes regies do Brasil, a utilizao de mo-de-obra, rea e maquinariaociosa, que podem ajudar a solucionar problemas comuns s distintasreas, sobretudo no que diz respeito deficincia sazonal de forragem, degradao das reas de pastagem e diminuio das produtividadesagropecurias (KLUTHCOUSKI et al., 2003).

    Programas governamentais para

    implantao de programas de ILPA utilizao de sistemas integrados de produo de lavoura-pecuria pro-porciona, conforme visto anteriormente, vantagens para os produtoresem relao s atividades executadas de forma isoladas.

    No Brasil, o incentivo integrao lavoura-pecuria atravs de progra-mas especficos no final dos anos 90, com objetivos, entre outros, de

    obter uma maior produo de gros, produo de forragem na entres-safra e produo de palhada para o plantio direto (KLUTHCOUSKI et al.,2003).

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    J, no primeiro quadrimestre de 2006, o Governo Federal, atravs daResolucao 3.352 do Banco Central Do Brasil (BRASIL, 2006a)., instituiuo Programa de Integrao Lavoura/Pecuria (Prolapec).

    Estima-se que o sistema de integrao lavoura-pecuria poder ser utili-zado em cerca de 40 milhes de hectares em todas as reas de produ-

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    o do Brasil, sendo que a Embrapa j tem 18 de seus centros de pes-quisa envolvidos nesse Programa (FRANA, 2006).

    Nesse contexto, consideradas as demandas e a disponibilidade de crditopara atividades de integrao lavoura-pecuria recomendvel que ocrdito seja direcionado para apoiar as prticas de recuperao, conser-vao e melhoria das condies fsico-qumico-biolgicas do solo. Isso sedeve ao fato de que o solo base de desenvolvimento da atividadeagrcola, sendo que sua melhoria tem reflexo imediato na produtividadedos sistemas de explorao nele implantados. Flora e fauna do solo soindispensveis para a produo das culturas, apresentando, entre outras,as seguintes influncias benficas: reciclagem da matria orgnica,transformaes inorgnicas e fixao do nitrognio (BRADY, 1979). Poroutro lado, os agentes financeiros, operadores das linhas de crdito deinvestimentos em recuperao de reas degradas e conservao dosrecursos solo e gua atravs de ILP, devem ter bem estabelecida a im-portncia da rotao, seqncia e consorciao de culturas com forra-geiras, financiando projetos que contemplem as prticas bsicas daintegrao. A compra de animais tambm deve ser financiada em fun-o do aumento da capacidade de suporte das pastagens e de suas

    reas melhoradas pela integrao lavoura-pecuria. Os agricultores, atento s produtores de gros, que adotarem esses sistemas tambmnecessitaro crditos para a aquisio de animais, inserindo-se no pro-cesso de produo pecuria.

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    Impactos potenciais daimplementao de projetos de ILP

    em vrzeas difcil quantificar as vantagens econmicas do plantio direto do arrozsobre pastagens e da sobre-semadura de pastagens em reas de restevade arroz, pois as mesmas dependem de muitos fatores. No entanto, emtermos de desempenho animal, podem-se fazer algumas consideraes.Um terneiro pastoreando azevm pode obter ganho de peso de um kg/hanormalmente, sendo possvel, com folga, colocar-se dois terneiros porha.

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    Por outro lado, partindo-se do principio que o RS possui em torno decinco milhes de ha aptos para o cultivo de arroz irrigado e que se po-deria pretender estabelecer esse tipo de integrao em apenas mais 10%dessa rea, resultaria em 500 mil ha de pastagem de inverno para pas-toreio com terneiros. Considerando-se um perodo de pastoreio de 100dias, atravs de um clculo simples obtm-se que essa rea poderia ren-der um ganho de peso total de 100 milhes de kg de terneiro por inverno(normalmente ocorre perda de peso em campo nativo). Isso representacerca de 10% da renda total gerada pela produo de arroz na rea cul-tivada de um milho de ha no RS anualmente, com a vantagem do baixocusto de implantao (semente e semeadura), aproveitando-se o efeitoresidual da adubao do arroz. Uma lotao mdia de duas cabeas por

    hectare resulta em um nmero de um milho de terneiros em 500 mil hade pastagem de inverno.

    O cultivo de forrageiras de inverno e tambm de vero em vrzeas mi-das pode abrir uma linha de pesquisa de melhoramento gentico muitoimportante, visando selecionar espcies e ecotipos mais adaptados a es-sas condies especficas de vrzeas midas.

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    A qualidade fsica e qumica do solo pode ser melhorada pelo uso doplantio direto, gerando aumento na produtividade do arroz. Alm disso, arotao de pastagens com arroz em plantio direto com cultivo mnimopode gerar grande economia de combustvel e de maquinaria.

    Existem, porm, fatores de risco na adoo de ILP em reas de vrzeas.Possveis efeitos alelopticos de azevm e de outras gramneas sobre oarroz, cultivado logo aps, podem causar menor desenvolvimento vege-

    tativo do ltimo. Deve-se, nesse caso, utilizar prticas que atenuem es-ses efeitos, como maior tempo entre a dessecao da pastagem e oplantio do arroz e aprimoramento do sistema de drenagem.

    Outro risco de insucesso dos programas de ILP na vrzea est relaciona-do ao fato de utilizarem-se herbicidas do grupo das imidazolinonas emmuitas lavouras do RS. Esses herbicidas podem causar efeitos de redu-o significativa no desenvolvimento de gramneas, principalmente doazevm em rotao ou sucesso ao arroz. Por outro lado, com a utiliza-

    o desses herbicidas (a base de imidazolinonas), ocorre tendncia deintensificao da lavoura de arroz, deixando-se menos tempo a terra em

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    pousio ou em rotao, o que poder acarretar srios danos ambientaisdevido ao acmulo desses produtos no solo (ALISTER; KOGAN, 2005).Portanto, nos programas de ILP em vrzeas, deve-se utilizar preferen-

    cialmente, herbicidas ps-emergentes com pouco efeito sobre a pasta-gem a ser implantada aps o arroz, controlando-se o arroz vermelho comum maior tempo de cultivo de pastagens na rotao.

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    Pode-se ainda citar como risco de insucesso a ser enfrentado o problemade m drenagem do solo combinado com ano excessivamente chuvoso.Isso pode resultar em atraso do plantio e excesso de alterao do micro-relevo do solo pelos cascos dos animais por ocasio do pastoreio. Esseproblema pode ser minimizado atravs de planejamento e execuo de

    um plano de drenagem mais intensivo (com mais valos). Quanto aopisoteio em terreno muito mido, pode-se colocar os animais duranteapenas o tempo suficiente para se alimentarem, retirando-os dos potrei-ros logo aps.

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