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PÓS-GRADUAÇÃO “LATU-SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
FRACASSO ESCOLAR NA ALFABETIZAÇÃO:
UM OLHAR A PARTIR DA PSICOPEDAGOGIA
Elaborado: Rafael Paiva Trovão
Orientadora: Fabiane Muniz
Rio de Janeiro, RJSetembro/2005
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FRACASSO ESCOLAR NA ALFABETIZAÇÃO:
UM OLHAR A PARTIR DA PSICOPEDAGOGIA
Apresentação de monografia ao conjunto Universitário
Candido Mendes como condição prévia para
conclusão do Curso de Pós-Graduação “Latu-Sensu”
em Psicopedagogia. Elaborado por Rafael Paiva
Trovão.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu pai, Roberto, minha mãe, Cláudia e a minha irmã Fernanda
pela força e demonstração de carinho.
A minha noiva Larissa por ter tolerado meus momentos de nervosismo e ter me
incentivado nas horas em que mais precisei.
A minha querida sogrinha Fátima que sempre me ajudou em todos os
momentos, meus sinceros agradecimentos.
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RESUMO
A criança, mesmo não reconhecendo os símbolos do alfabeto, já "lê" o
seu meio, estabelecendo relações entre significante e significado. O propósito
do estudo foi refletir sobre o papel da psicopedagogia preventiva no fracasso
escolar durante a alfabetização, devido à desatenção que tem sofrido o ensino
da leitura e da escrita, e o baixo rendimento escolar, nas primeiras séries do
Ensino Fundamental. Também, a importância do trabalho psicopedagógico
preventivo que se baseia principalmente na observação e análise profunda de
uma situação concreta, no sentido de detectar possíveis perturbações no
processo de aprendizagem.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................7
CAPÍTULO 1 - A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO.................................9
1.1 - A DISTINÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E PEDAGOGIA.................................9
1.2 - A DEFINIÇÃO DE EDUCAÇÃO................................................................11
1.3 - OS FINS DA EDUCAÇÃO.........................................................................12
1.4 - A EDUCAÇÃO MORAL.............................................................................13
1.5 - FUNÇÃO DO PEDAGOGO NA ESCOLA..................................................15
CAPÍTULO 2 - A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGIA................17
2.1 - O QUE É PSICOPEDAGOGIA?................................................................19
2.2 - FUNDAMENTAÇÃO EPISTEMOLÓGICA EM PSICOPEDAGOGIA.........20
2.3 - O TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO......................................................23
CAPÍTULO 3 - A PSICOPEDAGOGIA NA INSTITUIÇÃO
ESCOLAR.......................................................................................24
3.1 - FRACASSO ESCOLAR NA ALFABETIZAÇÃO........................................26
3.2 - CONCEPÇÃO SOBRE ALFABETIZAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO
SEU PROCESSO..............................................................................................28
3.3 - REFLEXÃO PSICOPEDAGÓGICA...........................................................31
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CONCLUSÃO..................................................................................34
BIBLIOGRAFIA...............................................................................35
ÍNDICE.............................................................................................36
ATIVIDADES CULTURAIS.............................................................38
FOLHA DE AVALIAÇÃO................................................................39
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INTRODUÇÃO
Na atualidade, várias pesquisas têm sido realizadas na busca de
compreender o fracasso escolar na alfabetização tendo em vista os problemas
que a leitura e a escrita apresentam à educação.
Essas pesquisas indicam a existência de problemas no processo de
ensino-aprendizagem da linguagem na primeira série, isto é, problemas
relativos à alfabetização, pois é na primeira série que normalmente ocorre à
alfabetização.
O educando chega à escola com um grande número de experiências, de
aprendizagens que são ignoradas pelo professor, pois mesmo antes de
ingressar na escola a criança já possui inúmeras vivências que deveriam servir
como ponto de partida das atividades do professor.
A criança, mesmo não reconhecendo os símbolos do alfabeto, já "lê" o
seu meio, estabelecendo relações entre significante e significado.
A escola deve dar continuidade a esse processo defendendo a livre
expressão da criança, pois com isso o educando enfrentará com mais
tranqüilidade a grande aventura do primeiro ano escolar: aprender a ler e
escrever.
Nesse sentido, é necessário que os educadores tenham conhecimentos
que lhes possibilitem compreender sua prática e os meios necessários para
promoverem o progresso e o sucesso dos alunos.
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Uma das maneiras de se chegar a isso é através das contribuições que
a Psicopedagogia proporciona, pois é a área que estuda e lida com o processo
da aprendizagem e com os problemas dele decorrentes.
Sua nova visão vem sendo apresentada pela Psicopedagogia e vem
ganhando espaço nos meios educacionais brasileiros, despertando o interesse
dos profissionais que atuam nas escolas e buscam subsídios para sua prática.
Em função dessa realidade educacional identificada com base nas
colocações referidas, buscou-se, a partir desta pesquisa refletir o papel da
psicopedagogia preventiva no fracasso escolar na alfabetização.
O interesse em pesquisar a forma como a intervenção psicopedagógica
pode contribuir para a prevenção do fracasso escolar na alfabetização é devido
à desatenção que tem sofrido o ensino da leitura e da escrita.
O baixo rendimento escolar, nas primeiras séries do Ensino
Fundamental; e como também, devido à importância do trabalho
psicopedagógico preventivo que se baseia principalmente na observação e
análise profunda de uma situação concreta, no sentido de detectar possíveis
perturbações no processo de aprendizagem promovendo orientações didático-
metodológicas de acordo com as características dos indivíduos e grupos.
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CAPÍTULO 1
A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
1.1- A DISTINÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E PEDAGOGIA
A História da Educação é desafiada a contribuir para que os futuros
professores concebam a educação como aprender a aprender, aprender a
fazer e a construir o nosso próprio conhecimento.
A pedagogia não estuda cientificamente os sistemas de educação.
Ela serve para apreciar as ações, valorá-las e dirigi-Ias.
A educação pode ser objeto de uma ciência positiva, baseada na
realidade, na evidência dos fatos e para tal se deve ter por fundamento a
pesquisa e buscar, primeiramente, fatos exteriores ao indivíduo e que sejam
passíveis de observação.
A educação é um processo contínuo, enquanto que a pedagogia é
intermitente.
Há povos que não tiveram uma pedagogia.
Todos, no entanto, considerando uma determinada espécie de
sociedade em um determinado tempo de sua evolução, estabeleceram um
conjunto de práticas educativas, que se constituem em fatos perfeitamente
observáveis, em instituições sociais.
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DURKHEIM afirmou que a:
“educação é um fato social e, portanto, objeto dos estudos
sociológicos” (1987, p. 32).
Sua externalidade se evidencia quando se verifica que suas idéias,
valores, costumes, regras, normas, conteúdos e sentimentos são coisas
distintas das pessoas que os internalizam.
São realidades por si mesmas e possuem naturezas próprias, que se
impõem sobre os indivíduos, e podem ser observadas no interior de instituições
pedagógicas.
Durkheim tomou por base a constatação de que mesmo nas sociedades
mais simples se instituíram práticas educativas para transmitir às crianças e
aos jovens seus conhecimentos acumulados, normas, costumes, valores e
histórias do grupo. Isto confere a este sistema um caráter comum -social - e
essencial.
Não há uma educação única e universal, apropriada a todos os
indivíduos indistintamente.
Na, visão Durkeimiana, o ser humano se constitui progressivamente, no
interior de organizações sociais e povos da mesma espécie possuem sistemas
de educação comparáveis.
Isto possibilita que se estabeleçam tipos genéricos de educação e
características diferenciais.
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1.2- A DEFINIÇÃO DE EDUCAÇÃO
A educação deve ser também entendida como uma instituição social.
As práticas pedagógicas não são, pois, fruto de decisões arbitrárias
oriundas da vontade de um educador, mas, ao contrário, estão forternente
determinadas por uma estrutura social e, por isso, seu movimento evolutivo se
dá de forma coerente com a constituição e as necessidades do organismo
social.
Nesse sentido, todo e qualquer sistema educativo é um produto histórico
e só através da análise histórica se pode entender e explicar por que, em cada
momento, em cada sociedade há um tipo regulador de educação, que se
expressa em tendências, fórmulas, padrões que se impõem sobre os indivíduos
e que são solidários e coerentes com o conjunto de atividades e instituições da
sociedade.
Numa mesma sociedade, o indivíduo irá inserir-se em diferentes meios
sociais, que correspondem às especificidades da função social de cada um.
A evidência advinda da própria diferença das funções/ profissões, em
termos de tipos e grau de instrução, valores e posições sociais, fez Durkheim
indagar a respeito da possível injustiça gerada por essa heterogeneidade.
Contudo, entendia que, por um lado, não seria mais possível voltar a se
organizar uma sociedade homogênea, que, na realidade:
"não representa senão um momento imaginário na história da
humanidade" (DURKHEIM, 1999, p. 39).
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Por outro lado, a heterogeneidade atual, segundo ele, se diferencia das
formas antigas de dominação e injustiça.
Na visão Durkeimiana, a sociedade precisa que entre os seus membros
exista um certo grau de homogeneidade e de similitudes que são essenciais à
vida coletiva.
É um agente da formação integral dos alunos e, por isso, tendo o
domínio das disposições pessoais para corresponder às exigências de seu
tempo, pode criar as condições para as mudanças.
1.3- OS FINS DA EDUCAÇÃO
Estes fins variam com os estados sociais, com as diversas espécies de
sociedade, com tempo e situação histórica diferentes, pois é a coletividade que
impõe os fins da ação educativa.
“É esta coletividade que exerce sobre os educadores uma pressão
moral, para desenvolver nos educandos as qualidades comuns de
grupo social e ideais coletivos” (DURKHEIM, 1999. p. 51).
O esforço de alcançar o consenso tornou-se o objetivo maior da
educação.
Os fins da educação estão fortemente ligados e relacionados com o que
é comum à coletividade e com mecanismos capazes de garantir a continuidade
societária e a manutenção de estruturas sociais, para assegurar a existência da
própria sociedade.
A prática pedagógica deve buscar a integração de todos na organização
social para responder aos diferentes meios sócias que irá conviver.
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Para que a ação educativa não seja apenas de dons inatos e que
acrescente de fato algo ao ser imaturo que é a criança, será preciso que a
educação crie no homem um novo ser social.
A educação, de acordo com a concepção Durkheimiana,
“Realiza a socialização metódica, esta tem por objetivos próprios e
funções sociais bem definidas, que inclui controlar e limitar o
desenvolvimento humano e decidir sobre coisas imediatas como a
seleção de conteúdos para o ensino” (DURKHEIM,1999, p.52).
Durkheim analisou os processos de socialização metódica sobre a
histoória do ensino secundário e não se ateve apenas a idéia pedagógica, mas
em articular a história do ensino secundário com a história social e cultural, em
cada uma das etapas: a escolástica, a humanista e a realista.
Assim, pode concluir que estes processos de socialização metódica
foram acompanhados de lutas e conflitos.
Na Idade Média foi central a criação de escolas nos claustros. Disputas
entre o clero e os leigos pelo domínio da instrução.
A escola tomou um caráter laico. Foi marcante a luta dos jesuítas no
século XVI para impedir a reforma e a insistência em fazer os estudantes a
pensarem em latim.
1.4- A EDUCAÇÃO MORAL
Na visão durkheimiana a ordem moral é um fato social exterior ao
individuo, função está que não pode ser conferida a outro subsistema social e
resulta de necessidades da vida comum, pois não se pode falar de moral única
e universal, mas indiferentes sistemas morais e de sociedade.
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A importância para integração social e a ordem moral está envolvida a
um sistema de regras preestabelecidas em torno de todas as ações.
A prescrição moral tem uma existência concreta.
Ela se impõe como um dever e produz um respeito particular, por isso,
provoca reações diferentes.
Durkheim concluiu que a educação é necessariamente mais austera
entre os povos civilizados do que entre os primitivos, que tem uma vida mais
simples.
Nas sociedades modernas a criança, precisará ser submetida a alguma
coerção para que adquira o espírito do trabalho e do esforço necessário à vida
moderna.
A idéia de autoridade aproxima-se a questão do poder.
O mestre se apresenta como uma figura de poder.
Este lhe é conferido pela importância de sua missão junto aos alunos.
A questão do poder inerente à ação docente aparece, na relação
professor – aluno e a relação entre grupos de cultura desigual na situação da
colonização, ai se afirma que a dominação é inevitável.
“Há na vida escolar qualquer coisa que induz à disciplina violenta”,
preocupou-se Durkheim (1999, P.54).
“Esta analogia com a situação da colonização no século XIX o tenha
alertado para o que definiu como risco da violência quando se põe
em contato uma cultura superior e outra inferior. Na relação
professor – aluno não se deve passar dessa forma. A superioridade
moral e intelectual do professor e sua missão de transmitir aos seus
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alunos os valores morais de seu tempo e o amor à coletividade lhe
conferem posição de autoridade, mas com cuidado de não abusar
desse poder” (DURKHEIM, 1999, p.55).
Durkheim sobejamente distinguiu como sendo sua função integradora a
importância da vida social, acrescentando ao indivíduo como transmissão de
um patrimônio de idéias, técnicas, conhecimentos, formas de ver e pensar e
agir, a educação deve assegurar a importância da função social, o Estado deve
se submeter a sua influência monopolizar o ensino, fiscalizando a ação
educativa.
1.5- FUNÇÃO DO PEDAGOGO NA ESCOLA
Entendemos que é urgente a necessidade de colocar este profissional
no lugar que é seu de direito, até porque o pedagogo é especialista em
educação por excelência, ou seja, é aquele que detêm os métodos e técnicas a
ser utilizado no processo ensino-aprendizagem.
O pedagogo-administrador escolar, por exemplo, gerencia e
supervisiona o sistema de ensino cabendo a ele elaborar as políticas
educacionais dentro de um contexto sócio-político-cultural, visando condições
adequadas (materiais e ambientais) para a formação dos alunos.
É necessário que o pedagogo-administrador além de dominar as
técnicas da ciência da administração, conheça também o contexto sócio-
político-cultural da sociedade na qual está inserido, só assim, ele poderá
administrar de forma eficaz, propondo soluções adequadas às mais variadas
situações que forem surgindo.
Segundo FREIRE,
Na medida em que a prática da administração escolar é tratada
"puramente’ técnica, são omitidas as suas articulações com as
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estruturas econômicas, política social, obscurecendo a análise dos
condicionamentos da educação” (FREIRE, 1989, p. 81).
O pedagogo-administrador não é o único responsável pela
administração escolar, embora o corpo docente tenha funções diferentes, todos
estão envolvidos direta ou indiretamente com a administração escolar, inclusive
o educando e a sociedade.
O papel do pedagogo supervisor na escola pública é auxiliar o corpo
docente, visando aperfeiçoar o desempenho deste na utilização dos recursos
didáticos, na metodologia de transmissão do conteúdo, e por fim, propor qual o
tipo de avaliação que proporcione resultados mais significativos ao
desenvolvimento dos educandos.
Não há uma ação única que venha proporcionar melhoras no processo
ensino-aprendizagem, mas, todas as funções didáticas são interdependentes,
pois buscam um alvo comum: o sucesso do educando.
O pedagogo é o profissional habilitado (por lei e formação) a preparar,
administrar e avaliar currículos, programas escolares, além de estabelecer
vínculos entre instituições de ensino, comunidade, familiares dos alunos e
autoridades do setor educativo.
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CAPÍTULO 2
A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
Historicamente, a intervenção psicopedagogia vem ocorrendo na
assistência às pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagem, tanto
no diagnóstico quanto na terapia.
Diante do baixo desempenho acadêmico, alunos são encaminhados
pelas escolas que freqüentam, com o objetivo de elucidar a causa de suas
dificuldades.
A questão fica, desde o princípio, centrada em quem aprende, ou
melhor, em quem não aprende.
Diferente de estar com dificuldade, o aluno manifesta dificuldades,
revelando uma situação mais ampla, onde também se inscreve a escola,
parceira que é no processo da aprendizagem.
Portanto, analisar a dificuldade de aprender inclui, necessariamente, o
projeto pedagógico escolar, nas suas propostas de ensino, no que é valorizado
como aprendizagem.
A ampliação desta leitura através do aluno permite ao psicopedagogo
abrir espaços para que se disponibilize recursos que façam frente aos desafios,
isto é, na direção da efetivação da aprendizagem.
No entanto, apesar do esforço que as escolas tradicionalmente
despendem na solução dos problemas de aprendizagem, os resultados do
estudo psicopedagógico têm servido, muitas vezes, para diferentes fins,
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sobretudo quando a escola não se dispõe a alterar o seu sistema de ensino e
acolher o aluno nas suas necessidades.
Assim, se a instituição consagra o armazenamento do conteúdo como
fator de soberania, os resultados do estudo correm o risco de serem
compreendidos como a confirmação das incapacidades do aluno de fazer
frente às exigências, acabando por referendar o processo de exclusão.
Escolas menos "exigentes" recebem os resultados do estudo como uma
necessidade de maior acolhimento afetivo do aluno.
Tornam-se mais compreensivas mais tolerantes com o baixo
rendimento, sem, contudo, alterar seu projeto pedagógico.
Mantém, assim, o distanciamento entre o aluno e o conhecimento.
Nelas também ocorre o processo de exclusão.
O estudo psicopedagógico atinge plenamente seus objetivos quando,
ampliando a compreensão sobre as características e necessidades de
aprendizagem daquele aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos
para atender as necessidades de aprendizagem.
Desta forma, o fazer pedagógico se transforma, podendo se tornar uma
ferramenta poderosa no projeto terapêutico.
No entanto, mudanças vêm ocorrendo, sobretudo nos últimos anos.
A ótica que privilegia as divisões acadêmicas, que categoriza os alunos,
que valoriza o homogêneo, que considera o conteúdo como um fim, começa a
sofrer um esvaziamento.
Recoloca-se o conceito de aprender, a função do ensinar.
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Dar conta da diversidade, do heterogêneo possibilita o aprender coletiva,
a riqueza da troca, o aprender com o outro.
O professor deixa de ser apenas o difusor do conhecimento e vive o
fazer pedagógico como o espaço para a estimulação da aprendizagem.
E, é no desdobramento desta nova condição do professor, que o estudo
e diagnóstico psicopedagógico pode adquirir um novo recorte, ampliando sua
função, que não se finaliza mais no aluno.
De objetivo, o aluno passa a ser um meio.
De problema, ele se transforma numa oportunidade.
Oportunidade de aprendizagem para o professor.
Refletindo acerca dos resultados, numa ação conjunta com o
psicopedagogo, o professor se sente desafiado a repensar a prática
pedagógica, inscrevendo a possibilidade de novos procedimentos.
Para o psicopedagogo, a experiência de intervenção junto ao professor,
num processo de parceria, possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora, sobretudo quando os professores são especialistas nas suas
disciplinas.
2.1 - O QUE É PSICOPEDAGOGIA?
De acordo com BOSSA,
Trata-se de constituir o corpo teórico desse saber, subsidiando a prática.
Não é apenas a aplicação da Psicologia à Pedagogia.
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Enfatiza-se o seu caráter interdisciplinar, admitindo a sua especificidade
enquanto área de estudo e pesquisa, com seu próprio objeto.
Objeto de estudo e pesquisa da Psicopedagogia é estudar o processo
de aprendizagem e suas dificuldades, e numa ação profissional engloba várias
teorias que embasamҏҏ os campos do conhecimento, integrando-os e
sintetizando-os: “Um saber e um saber-fazer” (BOSSA, 2000, p. 56).
2.2- FUNDAMENTAÇÃO EPISTEMOLÓGICA EM
PSICOPEDAGOGIA
Uma fundamentação epistemológica em Psicopedagogia é ҏҏ a existência
concreta, do ponto de vista da epistemologia.
A área que estuda e lida com o processo de aprendizagem e suas
dificuldades.
Sistematizam as condições favoráveis à aprendizagem segundo as
teorias desenvolvidas neste campo de produção de conhecimento.
Conscientiza valores envolvidos no mesmo processo educativo,
promovendo a reelaboração de delineamento de seuҏҏ aprendizagem do sujeito
que apresenta dificuldades.
Objeto: o homem cognoscente – ser em processo de construção do
conhecimento.
Ser pluridimensional: afetivo/desiderativo/relacional.
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Ser social contextualizado: Em debate com a ҏҏs condições materiais de
existência em que vive na sociedade.
A psicopedagogia esta intimamente ligada ao processo de
aprendizagem humana.
Tem como concepção olhar para o indivíduo e destacar suas
singularidades e potencialidades enquanto sujeito.
Compreendendo que aquele que participa do processo de aprendizagem
é composto por um corpo, que está além de suas funções biológicas, com
disposições cognitivas e afetivas, bem como, inserido num contexto sócio-
cultural que interfere diretamente na sua relação com o objeto e com o outro,
portanto no processo ensino-aprendizagem.
A área da Psicopedagogia vem oferecer subsídios que possibilitem uma
leitura mais minuciosa dos processos cognitivos e dos mecanismos
psicológicos que estão atrelados ao sintoma do comportamento que se faz
visível na situação de aprendizagem.
Esta leitura dos processos de aprendizagem cria uma nova necessidade:
a intervenção psicopedagógica, pois feita à leitura do que esta por traz da cena
apresentada na aprendizagem é que se possibilita a construção e a
sistematização de uma metodologia que visa o desenvolvimento global da
criança, na sua relação com o mundo, integrando os aspectos cognitivos e
afetivos.
Estes fundamentos se sustentam pela epistemologia genética e pelas
reflexões a cerca do homem, seus vínculos e desejos que o influenciam em
suas modalidades de aprendizagem.
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Tem como objetivo garantir a aplicação do raciocínio na manipulação do
conteúdo escolar e cultural de maneira que a criança se identifique e se
aproprie da utilização dos conceitos aprendidos em qualquer circunstância ou
relação.
O olhar do psicopedagogo deve ser de um constante desvendar dos
conteúdos específicos, buscando abstrair dos mesmos, conceitos implícitos,
mecanismos operatórios e, sobretudo a maneira como se dá à construção
desse conhecimento, assim como seus vínculos afetivos.
Durante todo o processo de acompanhamento o psicopedagogo
observará:
Distúrbio de leitura e escrita;
A Psicomotricidade;
Percepção e descriminação visual e auditiva;
Coordenações globais, finas e óculo-manual;
A função simbólica dentro do desenvolvimento psicomotora;
Percepção espacial;
Orientação e relação espaço-temporal;
Aquisição e articulação de sons e palavras novas;
Elaboração e organização mental;
Atenção e concentração;
Raciocínio lógico;
Percepção pessoal e familiar;
Construção cognitiva;
Construção de vínculos: afetivos, social e escolar.
Objetivos:
Favorecer e auxiliar aqueles indivíduos que se sentem impedidos
para o saber;
Auxiliar indivíduos com transtornos de aprendizagem;
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Reintegrar o sujeito da aprendizagem a uma vida escolar e social
tranqüila, bem como, a uma relação mais afetiva consigo e com o
outro;
Levar o indivíduo ao reconhecimento de suas potencialidades;
Auxiliar o indivíduo no reconhecimento dos limites e como interagir
diante deles;
Ajudar o indivíduo na busca de alternativas para alcançar o saber
com conceitos que influenciam o indivíduo no momento do aprender.
2.3 - O TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO
O diagnóstico psicopedagógico permite-nos um trabalho amplo que
abrange desde a intervenção específica e individual, no que se refere aos
alunos com transtornos, até a reflexão sobre o processo de ensino-
aprendizagem.
Para tanto o trabalho psicopedagógico é construído em movimentos:
Preventivo: Auxiliar professores, técnicos e profissionais da área diante das
complexidades apresentadas no cotidiano, bem como, na busca da
aplicabilidade de novas técnicas e conhecimentos com a intenção de eliminar
as fraturas de aprendizagem;
Orientar pais e responsáveis para melhor conduzir as crianças na
construção das modalidades de aprendizagem.
Analisar a situação do aluno com dificuldades dentro dos limites da
escola e da sala de aula, a fim de proporcionar orientações e instrumentos de
trabalho aos professores, para que sejam capazes de modificar o conflito
estabelecido.
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CAPÍTULO 3
A PSICOPEDAGOGIA NA INSTUIÇÃO ESCOLAR
A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, e surgiu de uma
demanda: o problema de aprendizagem, colocado num território pouco
explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia.
Como se preocupa com os problemas de aprendizagem, o
psicopedagogo deve ocupar-se inicialmente com o processo de aprendizagem,
como se aprende, como essa aprendizagem varia, e como se produzem as
alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e preveni-las.
Segundo BOSSA,
“O objeto central de estudo da Psicopedagogia está se estruturando
em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões
evolutivos normais e patológicos, bem como a influência do meio
(família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento” (1994, p. 8).
O trabalho na instituição escolar apresenta duas naturezas: o primeiro
diz respeito a uma psicopedagogia voltada para o grupo de alunos que
apresentam dificuldades na escola.
O seu objetivo é reintegrar e readaptar o aluno à situação de sala de
aula, possibilitando o respeito às suas necessidades e ritmos.
Tendo como meta desenvolver as funções cognitivas integradas ao
afetivo, desbloqueando e canalizando o aluno gradualmente para a
aprendizagem dos conceitos, conforme os objetivos da aprendizagem formal.
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O segundo tipo de trabalho refere-se à assessoria junto a pedagogos,
orientadores e professores.
Tem como objetivo trabalhar as questões pertinentes às relações
vinculares professor-aluno e redefinir os procedimentos pedagógicos,
integrando o afetivo e o cognitivo, através da aprendizagem dos conceitos, as
diferentes áreas do conhecimento.
Segundo BOSSA, no exercício preventivo, pode-se falar em três níveis
de prevenção:
No primeiro nível, o psicopedagogo atua no sentido de diminuir a
freqüência dos problemas de aprendizagem. Seu trabalho recai nas
questões didático-metodológicas, bem como na formação e
orientação de professores, além de fazer aconselhamento aos pais.
No segundo nível, o objetivo é diminuir e tratar dos problemas de
aprendizagem já instalados, a partir das quais procura-se avaliar os
currículos com os professores para que não se repitam tais
transtornos. No terceiro nível, o objetivo é eliminar os transtornos já
instalados, num procedimento clínico com todas as suas
implicações. O caráter preventivo permanece aí, uma vez que, ao
eliminarmos um transtorno, estamos prevenindo o aparecimento de
outros. Na sua tarefa junto às instituições escolares, o
psicopedagogo, numa ação preventiva, deve adotar uma postura
crítica frente ao fracasso escolar, visando propor novas alterações
de ação voltadas para a melhoria da prática pedagógica nas escolas”
(BOSSA, 1994, p. 13-14).
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3.1 - FRACASSO ESCOLAR NA ALFABETIZAÇÃO
A aprendizagem da leitura e escrita constitui-se uma das tarefas básicas
propostas à educação.
Aparentemente simples essa tarefa constitui, no entanto, um dos
problemas educacionais da atualidade que mais chama atenção, por isso tem
sido objeto de estudo.
O assunto tem sido questionado por parte de pais, professores e
especialistas em educação não só no que diz respeito ao domínio da escrita
propriamente dita, mas às repercussões dessa aprendizagem nos vários
aspectos da escolaridade.
Quando uma criança ingressa na escola, sua primeira tarefa é aprender
a ler e escrever, sendo a alfabetização o centro das expectativas de pais e
professores.
Os pais a e própria criança não têm, em geral, razão para duvidarem do
sucesso nessa nova aprendizagem.
No entanto, o que muitas vezes os pais e professores não consideram, é
que a leitura e a escrita são habilidades que exigem da criança a atenção para
aspectos da linguagem aos quais ela não precisa dar importância, até o
momento em que começa aprender a ler e escrever.
Por isso, toda a criança encontra alguma dificuldade na aprendizagem
da leitura e da escrita.
Aprender a ler exige novas habilidades, novos desafios à criança com
relação ao seu conhecimento da linguagem.
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Por isso, aprender a ler é uma tarefa complexa e difícil para todas as
crianças.
Segundo DORNELES,
“Quando as crianças não conseguem atender às expectativas da
professora, supõe-se e conclui-se que elas têm problemas, pois a
escola constrói um modelo de bom aluno, mas nem todas crianças
se adaptam dentro desse modelo, quando isso acontece os
professores recorrem às muletas para explicar tal situação: estas
crianças não podem aprender porque não há ajuda familiar, falta de
maturidade, suposta lesão cerebral mínima ou transtornos do tipo:
psicomotora, na fonação, percepção, entre outras” (DORNELES,
1990, p. 73).
Sobrecarregados de tantos males estas crianças acabam aprendendo
que não poderão aprender, buscando estratégias de sobrevivência neste
sistema, tentam adequar-se às normas e copiam do quadro mesmo sem saber
como e porquê.
Outras se recusam a copiar, procuram outras atividades para fazer,
surgindo o espaço ideal para a indisciplina.
A escola geralmente, ineficiente para introduzir as crianças no mundo da
língua escrita, é, contudo, extremamente eficiente para conseguir fazer com
que assumam a culpa de seu próprio fracasso: um dos maiores danos que se
pode fazer a uma criança é levá-la a perder a confiança em sua capacidade de
pensar. Nesse contexto, o ensino da escrita tem se reduzido a uma simples
técnica que serve e funciona num sistema de reprodução cultural.
Os efeitos desse ensino são evidentes, não apenas nos índices de
evasão e repetência, mas nos resultados de uma alfabetização sem sentido
que produz uma atividade sem consciência, desvinculada da realidade e
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desprovida de sentido, tornando a escrita um instrumento seletivo, dominador e
alienador.
Já é bem conhecido o fato de que o fracasso escolar não se distribui
democraticamente no conjunto da população. O fracasso escolar
inicial, que é o da alfabetização, se concentra nas populações
urbanas e rurais marginalizadas. Constitui, também, lugar comum
assinalar correlações positivas entre o fracasso da alfabetização no
tempo escolar requerido e fatores como estado de saúde da criança
(especialmente o nutricional) o nível de educação dos pais, as
condições gerais de vida, etc. os professores e a instituição escolar
têm aceitado, com facilidade, a realidade de tais fatos”.
(DORNELES,1990, p. 74).
3.2- CONCEPÇÃO SOBRE ALFABETIZAÇÃO E O
DESENVOLVIMENTO DO SEU PROCESSO
Tradicionalmente, o processo de alfabetização estava diretamente
relacionado com a inteligência (QI), essa visão da alfabetização dominou,
durante muito tempo, os estudos e pesquisas na área, explicava o papel
desempenhado pela ideologia do dom, na justificativa do fracasso em
alfabetização, atribuindo a responsabilidade por esse fracasso às chamadas
disfunções psiconeurológicas da aprendizagem da leitura e da escrita (afasia,
dislexia, discalculia, disgrafia, disfunção cerebral mínima, entre outras).
Mais recentemente, o foco da análise da alfabetização voltou-se para as
abordagens cognitivas, sobretudo da Psicologia Genética de Piaget.
Embora Piaget não tenha realizado pesquisas sobre a aprendizagem da
leitura e da escrita.
29
Mas apesar de todos os estudos realizados, ainda hoje a alfabetização
tem sido considerada como processo de aquisição do código alfabético, em
que a escrita representa a transcrição dos sons em fonemas.
Nessa concepção de alfabetização e do seu processo de
desenvolvimento o aluno é considerado como aquele que não possui qualquer
conhecimento, que deve estar pronto para receber as informações de como
lidar com esse código, através de um professor que, detendo o conhecimento
restringe-se apenas a transmiti-lo.
A escola considera-se guardiã do objeto cultural: a linguagem escrita,
tomando-o como algo estático e imutável, como um modelo a ser seguido, que
exige do educando uma atitude de respeito diante deste objeto e ainda cópia e
reprodução fiel, sem direito a modificações.
Desta forma, a aquisição da leitura e da escrita deve acontecer através
da utilização de um conjunto de procedimentos: métodos, técnicas e recursos,
que possibilitem aos educandos adquirirem habilidades em relação ao uso
desse código.
O trabalho do professor quanto à alfabetização tem-se centralizado na
busca do melhor ou mais eficaz método levantando, assim, uma polêmica em
torno dos métodos sintético e analítico.
Os métodos sintéticos começam pela apresentação de elementos
considerados simples (elementos sem nenhuma significação) e, por
composição, vão alcançando as unidades significativas.
Os métodos analíticos partem das unidades com significado (palavras ou
frases) que vão decompondo progressivamente até alcançarem as unidades
menores.
30
Frente a esta dicotomia, muitos professores declaram que utilizam um
método misto que nada mais é, do que uma mistura de elementos recebidos,
que estão na moda.
Essa forma tradicional leva a escola ver na alfabetização uma vinculação
entre os métodos utilizados e o estado de maturidade ou prontidão, de
conceber a escrita como transcrição gráfica das unidades sonoras e a leitura
como decodificação deste código, essa realidade mostra o total
desconhecimento dos professores e do processo de alfabetização.
De acordo com MOURA,
Essas concepções e as formas de proceder baseada nos métodos,
desnudado as práticas escolares que são de certo modo
responsáveis pelo fracasso das crianças, pela sua expulsão da
escola, transformando-as em analfabetos funcionais que, no futuro,
em alguns casos, transforma-se nos adultos que voltam à escola em
busca do conhecimento não adquirido. Além da utilização dos
métodos, o livro didático é apresentado para o aluno como uma fonte
de conhecimentos do mundo, ao invés de ser um dos objetos de
conhecimento. As atividades de leitura e escrita, baseadas no livro
didático, são totalmente desprovidas de sentido e totalmente alheias
ao funcionamento da língua” (MOURA, 1999, p. 127).
À medida que o professor desconhece o processo de aquisição que
constitui a alfabetização, as características dos sujeitos que aprendem, torna o
processo mais difícil do que deveria ser, produzindo fracasso escolares
desnecessários, transformando a experiência da alfabetização em uma
experiência literalmente traumática.
31
3.3 - REFLEXÃO PSICOPEDAGÓGICA
Com o intuito de refletir sobre o papel da psicopedagogia preventiva no
fracasso escolar na alfabetização, este trabalho optou, pela pesquisa
bibliográfica para construção de um referencial teórico.
Segundo BASTOS & KELLER,
“A pesquisa de campo visa suprimir dúvidas, ou obter informações e
conhecimentos a respeito de problemas para as quais se procura
resposta ou a busca de confirmação para hipóteses levantadas e,
finalmente, a descoberta de relações entre fenômenos ou os próprios
fatos novos e suas respectivas explicações” (1992 p. 55).
Conforme BOSSA,
“Como técnica de coleta de dados, a entrevista oferece várias
vantagens: oferece maior oportunidade para avaliar atitudes,,
condutas, podendo o entrevistado ser observado naquilo que diz e
como diz: registro de reações, dá oportunidade para obtenção de
dados que não se encontram em fontes documentais e que sejam
relevantes e significativos” (2000, p. 86).
Conforme DORNELES,
À medida que começamos a estudar mais profundamente o fracasso
escolar, percebemos que, no Brasil, esse problema adquire
características de fenômeno de massa, ou seja, atinge a maior parte
da população em idade escolar”. (1990, p. 251).
Segundo WEISS,
Os aspectos cognitivos estão ligados basicamente ao
desenvolvimento e funcionamento das estruturas cognoscitivas em
seus diferentes domínios. Inclui-se nessa grande área aspectos
ligados à memória, atenção, antecipação. O fracasso escolar está
32
ligado ao aluno enquanto aprendente, isto é, especificamente às
condições internas de aprendizagem” (2000, p. 16).
Com relação à área afetiva a autora, ressalta a ligação entre o
desenvolvimento afetivo, e sua relação com a construção do conhecimento e a
expressão deste através da produção escolar.
O não-aprender pode, por exemplo, expressar uma dificuldade na
relação da criança com a sua família, será o sintoma de que algo vai mal nessa
dinâmica.
Quanto à área social, WEISS afirma que:
“No diagnóstico psicopedagógico do fracasso escolar de um aluno
não se podem desconsiderar as relações significativas existentes
entrem a produção escolar e as reais oportunidades que a sociedade
possibilita aos representantes das diversas classes sociais. Em
relação à área física, constata-se que os professores entrevistados
não consideram como a área que esteja mais relacionada com as
dificuldades de aprendizagem, pelo fato de que em suas classes não
havia crianças portadoras de necessidades especiais ou com déficit
físico ou orgânico, mas reconhecem a importância do corpo na
aprendizagem” (2000, p.55).
Conforme SMOLKA,
“É com o corpo que se fala, se escreve, se tece, se dança,
resumindo, é com o corpo que se aprende. As condições do mesmo
sejam constitucionais, herdadas ou adquiridas, favorecem ou
atrasam os processo cognitivos e, em especial, os da aprendizagem”
(2000, p. 22).
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A influência da mídia aparece como o segundo fator que contribui para
as dificuldades de aprendizagem, pois conforme LIBÂNEO,
“a televisão passa a ser um instrumento cada vez mais poderosos no
processo de socialização. Um dos aspectos negativos dessa
influência é a tendência à passividade e à dependência das crianças
prejudicando o desenvolvimento pleno de suas capacidades
cognitivas e sócio-afetivas” (2000, p. 72).
“Alfabetizar é penetrar num mundo novo, é mudar o eixo referencial da vida.
O domínio da língua escrita dá à criança uma autonomia ao mesmo tempo
prazerosa e assustadora” (IBIDEM, 2000, p. 73).
Para SCOZ,
“A pobreza dos alunos aparece com forte determinante dos
problemas de aprendizagem. A autora ressalta que sem querer
negar que grande parte do fracasso de alguns alunos pode estar
relacionado à pobreza material a que estão submetidos, é importante
estar atento para que a baixa renda das famílias não seja utilizada
como justificativa para o insucesso escolar das crianças, eximindo a
escola de qualquer responsabilidade” (1994, p. 81).
Quanto à concepção de alfabetização dos professores, percebe-se que
esse processo deve ser prazerosos, desafiador e, principalmente deve possuir
significado, que permita ao aluno ir além de escrever e ler, isto é, que seja uma
construção resultante da interação da criança com a língua escrita.
34
CONCLUSÃO
A proposta Psicopedagógica tem o objetivo de trabalhar em parceria
com a escola, oferecendo um olhar diferenciado ao aluno, bem como, para com
seu desempenho, potencialidades e dificuldades.
Através do contato com a família e com profissionais ligados à educação
entender melhor a criança que apresenta dificuldades no processo de ensino e
aprendizagem para com maior eficiência articular, redirecionar e sanar seus
transtornos.
Entende-se que o psicopedagogo é o interlocutor entre as partes, pais e
escola, e que através de encontros, relatórios e devolutivas, a escola, num
trabalho de parceria, passa a participar ativamente no movimento de
intervenção.
Acreditamos que com a parceria do empenho da escola, dos pais, assim
como do psicopedagogo será, melhor, compreendido pelas crianças e os
levará a um melhor posicionamento na escola, família e na sociedade.
35
BIBLIOGRAFIA
BOSSA, Nádia A. Psicopedagogia no Brasil. Contribuição a partir da prática,
2a. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
___________. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da
prática. Porto Alegre: Artes Médicas. 1994.
DORNELES, Beatriz Vargas. 1990. Mecanismos seletivos da escola
pública: um estudo etnográfico. In: SCOZ, Beatriz Judith Lima;
RUBINSTEIN, Edith; ROSSA, Eunice M. M. et al. 1990.
DURKHEIM, Emile (1987), As Regras do Método Sociológico. São
Paulo, Editora Nacional.
___________.(1999), A Divisão do Trabalho Social. São Paulo, 1999,
Martins Fontes.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 5. ed. Rio de Janeiro:
Paz e Terra. 1975.
____________. Pedagogia do oprimido. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
1975.
LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora?: novas
exigências educacionais e profissão docente. 4. ed. São Paulo Cortez.
2000.
MOURA,Tânia Maria de Melo. A prática pedagógica dos alfabetizadores de
jovens e adultos: contribuições de Freire, Ferreiro, Vygotsky. Maceió,1999.
36
SILVA, Marinalva da. O pedagogo na escola: um profissional que faz a
diferença. Rio de Janeiro: Nova Fronteira 2002.
SCOZ, Beatriz Judith Lima. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema
escolar de aprendizagem. Petrópolis: Vozes. 1994.
SMOLKA, Ana Luiza. A criança na fase inicial da escrita: a alfabetização
com processo discursivo. São Paulo: Cortez. 1988.
WEISS, Maria Lúcia L. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos
problemas de aprendizagem. 7. ed. Rio de Janeiro: DP&A. 2000. Publicado
em 01/01/2000.
37
ÍNDICE
INTRODUÇÃO..................................................................................7
CAPÍTULO 1 - A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO.................................9
1.1 - A DISTINÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E PEDAGOGIA.................................9
1.2 - A DEFINIÇÃO DE EDUCAÇÃO................................................................11
1.3 - OS FINS DA EDUCAÇÃO.........................................................................12
1.4 - A EDUCAÇÃO MORAL.............................................................................13
1.5 - FUNÇÃO DO PEDAGOGO NA ESCOLA..................................................15
CAPÍTULO 2 - A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGIA................17
2.1 - O QUE É PSICOPEDAGOGIA?................................................................19
2.2 - FUNDAMENTAÇÃO EPISTEMOLÓGICA EM PSICOPEDAGOGIA.........20
2.3 - O TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO......................................................23
CAPÍTULO 3 - A PSICOPEDAGOGIA NA INSTITUIÇÃO
ESCOLAR.......................................................................................24
3.1 - FRACASSO ESCOLAR NA ALFABETIZAÇÃO........................................26
3.2 - CONCEPÇÃO SOBRE ALFABETIZAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO
SEU PROCESSO..............................................................................................28
3.3 - REFLEXÃO PSICOPEDAGÓGICA...........................................................31
38
CONCLUSÃO..................................................................................34
BIBLIOGRAFIA...............................................................................35
ÍNDICE.............................................................................................37
ATIVIDADES CULTURAIS.............................................................39
FOLHA DE AVALIAÇÃO................................................................40
39
ATIVIDADES CULTURAIS
40
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Latu-Sensu”
TÍTULO: FRACASSO ESCOLAR NA ALFABETIZAÇÃO: UM
OLHAR A PARTIR DA PSICOPEDAGOGIA
Data da Entrega: Setembro de 2005
Avaliação:
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Avaliado por: _________________________________ Grau: ___________
Rio de Janeiro, ___ de _________________ de 2005