pós-graduação em direito penal e processual penal · qualquer motivo, incapaz de defender-se dos...

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LEGALE

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LEGALE

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

São crimes que podem gerar perigo para a pessoa (perigo individual)

São crimes subsidiários, eis que são absorvidos por infrações mais graves (de dano)

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Perigo de contágio venéreo

Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Haverá crime:

- mesmo que o sujeito ativo promova a prostituição

- mesmo que a vítima saiba e seja alertada dos riscos que corre

- mesmo que a vítima seja prostituta

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Atenção: AIDS não é considerada doença venérea para os fins desse crime

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Atenção: para a caracterização do crime o agente precisa saber que está contaminado

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Pena – detenção (3 meses a 1 ano, ou multa)

Se é intenção do agente transmitir a moléstia (doloso), a pena será de reclusão (1 a 4 anos, e multa) (nesse caso cabe tentativa).

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Ação Penal: Somente se procede mediante representação.

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Perigo de contágio de moléstia grave

Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Aqui, a punição só se dá a título de dolo (há elemento subjetivo do tipo: “com o fim de transmitir …”)

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Pena: reclusão (de 1 a 4 anos, e multa)

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Perigo para a vida ou saúde de outrem

Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Trata-se de forma genérica (não especificada nos crimes anteriores) (p. ex. o patrão que expõe empregado em obra, por não seguir normas de segurança)

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Pena: detenção (3 meses a 1 ano, se o fato não constitui crime mais grave)

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

OBS: A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas (bóias-frias) para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Abandono de incapaz

Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Trata-se de crime próprio, respondendo apenas aquele que tem o dever de cuidado, de guarda, de vigilância ou de autoridade

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Pena: detenção (6 meses a 3 anos)

Todavia:

- Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: reclusão (1 a 5 anos)

- Se resulta a morte: reclusão (4 a 12 anos)

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Aumenta-se um terço:

- se o abandono ocorre em lugar ermo;

- se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.

- se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Curiosidade: decidiu-se (RT 541/396) pela responsabilização pelo abandono em concurso com furto de empregada doméstica que após o furto deixou as crianças da casa sozinhas

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Exposição ou abandono de recém-nascido

Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Trata-se de crime próprio, pois quem pratica é a genitora ou o genitor do recém-nascido abandonado

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Há elemento subjetivo do tipo: “para ocultar desonra própria”

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Pena: detenção (6 meses a 2 anos)

Porém:

- Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave a pena é de detenção (de 1 a 3 anos)

- Se resulta a morte a pena é de detenção (de 2 a 6 anos)

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Omissão de socorro

Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Pena: detenção (de 1 a 6 meses, ou multa)

No entanto, a pena será aumentada:

- pela metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave (ou gravíssima)

- triplicada, se resulta a morte

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial

Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial (Lei 12.653/12)

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Pena: detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa

OBS: a pena é aumentada em dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave e ate o triplo se resulta morte

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Maus-tratos

Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

Pena: detenção (de 2 meses a 1 ano, ou multa)

Todavia:

- Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave (ou gravíssima): reclusão (de 1 a 4 anos)

- Se resulta a morte: reclusão (de 4 a 12 anos)

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

- Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

LEGISLAÇÃO:

Lei da Palmada

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde

LEI Nº 13.010, DE 26 DE JUNHO DE 2014.

Altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante, e altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 18-A, 18-B e 70-A:

“Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas (segue)

socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.

Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:

I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em:

a) sofrimento físico; ou

b) lesão;

II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: (segue)

a) humilhe; ou

b) ameace gravemente; ou

c) ridicularize.”

“Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: (segue)

I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;

II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;

III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;

IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado;

V - advertência.

Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais.” (segue)

“Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão atuar de forma articulada na elaboração de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não violentas de educação de crianças e de adolescentes, tendo como principais ações:

I - a promoção de campanhas educativas permanentes para a divulgação do direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos; (segue)

II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as entidades não governamentais que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente;

III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais de saúde, educação e assistência social e dos demais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente para o desenvolvimento das competências necessárias à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas as formas de violência (segue)

contra a criança e o adolescente;

IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de conflitos que envolvam violência contra a criança e o adolescente;

V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a garantir os direitos da criança e do adolescente, desde a atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo de promover a informação, a reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no processo educativo; (segue)

VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a articulação de ações e a elaboração de planos de atuação conjunta focados nas famílias em situação de violência, com participação de profissionais de saúde, de assistência social e de educação e de órgãos de promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente.

Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes com deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e proteção.”

Art. 2o Os arts. 13 e 245 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, passam a vigorar com as seguintes alterações: (segue)

“Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais.

“Art. 245. (VETADO)”.

Art. 3o O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional), passa a vigorar acrescido do seguinte §9o:

“Art. 26. ........................................................................ (segue)

§ 9o Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), observada a produção e distribuição de material didático adequado.” (NR)

Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 26 de junho de 2014; 193o da Independência e 126o da República.