portugal do autoritarismo à democracia

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Escola Secundária Camilo Castelo Branco 2010/2011 História 12º I Rafael Fernandes nº20 Rute Dantas nº21 PORTUGAL Do Autoritarismo à Democracia

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Page 1: Portugal do Autoritarismo à Democracia

Escola Secundária Camilo Castelo Branco 2010/2011

História 12º I Rafael Fernandes nº20 Rute Dantas nº21

PO

RTU

GA

L

Do Autoritarismo

à Democracia

Page 2: Portugal do Autoritarismo à Democracia

História 12º Ano | “Portugal - Do autoritarismo à Democracia”

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IMOBILISMO POLÍTICO E CRESCIMENTO ECONÓMICO

DO PÓS-GUERRA A 1974

a) Coordenadas Económicas e Demográficas

Como consequência da posição neutral de Portugal durante a Segunda Guerra

Mundial, o regime salazarista continuou a vigorar numa feição indubitavelmente autoritária,

ainda que pudesse apreender alguns conceitos das duas ideologias que pautavam o mundo do

pós-guerra – sistema capitalista e sistema comunista.

A nação portuguesa viu-se a braços com diversas dificuldades referentes à não

participação no Segundo Conflito Mundial, mas também executou medidas revolucionárias

para a época.

A ESTAGNAÇÃO DO MUNDO RURAL

Campanhas de incentivo à produção sem sucesso

___________ // ___________ Norte – Sul

Minifúndio Latifúndio Inviabilização das alterações na

estrutura fundiária Preços agrícolas muito baixos e desincentivo ao investimento nesta área.

Solução: Planos de Reforma focados na exploração agrícola médica mecanizada a fim de redimensionar as propriedades e rever a

situação dos rendeiros. (II Plano de Fomento)

Agricultura ultrapassada pelo fomento do sector industrial, situação que resultou num êxodo rural em grande escala do interior para o litoral e numa maior discrepância entre a produção

e o consumo.

Ideia de Portugal como país essencialmente agrícola

≠ Realidade da agricultura a partir dos anos 30

Índices de produtividade aquém

da média europeia

Mundo rural sobrepovoado e pobre

devido à assimetria

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História 12º Ano | “Portugal - Do autoritarismo à Democracia”

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A EMIGRAÇÃO

Décadas de 30 e 40

Crescimento demográfico intenso

= Pressão demográfica

(sobrepovoamento do país e excesso de mão-de-obra)

Êxodo rural Emigração (mais acentuada a partir dos anos 60)

Contingente migratório atraído pelos salários altos e pela fuga à guerra colonial

= Política restritiva

Obtenção de regalias Sociais +

Transferência das remunerações Consequências da emigração: paz social, equilíbrio económico, novas mentalidades, pobreza, subdesenvolvimento e escassez de trabalhadores.

Equilíbrio da balança de pagamentos e aumento do consumo interno

Despenalização da emigração clandestina

Emigração clandestina

Subordinação do indivíduo aos interesses do Estado;

Valorização das colónias.

Segunda Guerra

Mundial

Grande Depressão

Restrições à emigração

(obrigatoriedade de serviço militar cumprido)

Protecção dos interesses dos emigrados

através de acordos com os países de

acolhimento

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História 12º Ano | “Portugal - Do autoritarismo à Democracia”

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O SURTO INDUSTRIAL

Autarcia = Fracasso PORQUÊ?

Dependência do fornecimento estrangeiro

Escassez de abastecimentos durante a Guerra

SOLUÇÃO: substituição das importações através do fomento do mercado interno (pela via

industrializadora)

Lei do Fomento e Reorganização Industrial Portugal mantinha, no pós-guerra, uma política de autarcia

= Inferioridade económica

≠ Integração no pacto fundador da OECE

+ Cooperação com o Plano Marshall

Reforço da necessidade do Planeamento Económico

PLANOS DE FOMENTO:

Mais investimentos públicos = infra-estruturas (agricultura relegada para segundo plano – I Plano);

Indústria transformadora de base como factor de desenvolvimento da economia – II Plano.

Integração na economia mundial inversão da política de autarcia do Estado Novo = fim do ciclo salazarista + nomeação de Marcello Caetano (orientação dinâmica do país)

III Plano:

Competitividade comercial;

Política de exportações;

Investimentos estrangeiros;

Dinamismo empresarial.

Consolidação dos grupos económico-financeiros; anos 60-70 como auge do crescimento nacional contudo, o país manteve o seu atraso face ao resto da Europa, sofrendo igualmente

as consequências da Guerra Colonial

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História 12º Ano | “Portugal - Do autoritarismo à Democracia”

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A URBANIZAÇÃO

Agricultura deficitária Êxodo rural Urbanização intensa (concentração de indústria e

serviços)

Intensificação dos subúrbios: PORQUÊ?

Menor custo de vida e menor possibilidade económica por parte daqueles que vinham do interior

MAIOR CONCENTRAÇÃO DA POPULAÇÃO ACTIVA

Efeitos Negativos:

Falta de habitações sociais;

Falta de estruturas sanitárias;

Inexistência de uma eficiente rede de transportes;

Construções clandestinas;

Aumento dos bairros de lata;

Condições de vida desumanas.

Efeitos Positivos:

Expansão do sector dos serviços;

Maior acesso ao ensino;

Maior acesso aos meios de comunicação.

População em maior número e mais

escolarizada, com poder de intervenção social e política

Mentalidade mais cosmopolita e dinamizadora, aproximada aos padrões de comportamento europeus!

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História 12º Ano | “Portugal - Do autoritarismo à Democracia”

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O FOMENTO ECONÓMICO NAS COLÓNIAS

Antes da Segunda Guerra Mundial – colonialismo típico (produção de produtos primários e desencorajamento do desenvolvimento industrial);

Depois da Segunda Guerra Mundial – reforço da colonização branca.

Investimento público Abertura a capitais e privado estrangeiros

Investimento no Ultramar (Angola e Moçambique)

Estreito contacto com a metrópole (Portugal):

Criação de infra-estruturas;

Desenvolvimento dos sectores agrícola e extractivo;

Sector industrial = acentuado crescimento devido à liberalização da iniciativa privada, expansão do mercado interno e reforço dos investimentos nacionais e estrangeiros.

GUERRA COLONIAL = Fomento da economia

Criação do Espaço Económico Português (EEP)

Coesão entre metrópole e colónias

O projecto do EEP e o desenvolvimento das

colónias aproximaram o Portugal do Estado Novo e

o Portugal do Império Português antigo!

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b) Radicalização das oposições e sobressalto político de 1958

“DECLÍNIO DO PODER DITATORIAL”

Cedo se entendeu que o regime que Salazar tanto quis conservar caminhava a passos

largos para o fim! E porquê?! Bem, o facto de as democracias – aliadas à União Soviética –

terem vencido a guerra, mostrando a sua superioridade face aos regimes repressivos de direita,

foi um dos principais factores que conduziu o regime salazarista a uma situação

profundamente lamentável, encontravam-se no limite, na berlinda, à mercê de todos aqueles

que os quisessem vencer!

Na época, considerava-se que Salazar não estava suficientemente empenhado em abrir

o regime às transformações democráticas que existiam na Europa. O Governo convocou

eleições antecipadas, acção que as forças políticas oposicionistas consideravam duvidosa e,

neste sentido, iniciaram um processo de luta organizada contra o regime, unindo-se na

primeira força de oposição organizada que ficou conhecida como Movimento de Unidade

Democrática (MUD). Este movimento denunciava as situações de abuso do regime e

reclamavam a realização de eleições verdadeiramente livres e justas, tendo grande impacto na

opinião pública. As adesões a este movimento cresciam de dia para dia, formando a oposição

democrática que, até 1974, não iria dar mais tréguas ao regime, apesar da intensificação da

repressão.

Se o intuito de Salazar e dos elementos do seu Governo era o de sair ileso de todo o

clima de tensão internacional que se fazia sentir provocado, não só pela Segunda Guerra

Mundial, mas também pela Guerra Fria, então podemos afirmar que o conseguiu. Assim que

Portugal ingressa na NATO – sendo um dos membros fundadores – passou a ser aceite pelos

restantes membros da organização, sendo a sua política de repressão relegada para um plano

mais secundário. Apesar desta feliz situação, o certo é que foi internamente que se deram os

piores problemas: as forças intervencionistas difundiram-se por todo o país e ameaçaram a

continuidade de Salazar no poder.

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Aquando da candidatura de Norton de Matos à Presidência das República, as forças

oposicionistas voltaram a ter uma oportunidade de mobilização; era a primeira vez que um

candidato da oposição de candidatava ao cargo de Presidente da República. Conseguiu reunir

as várias tendências oposicionistas devido ao seu prestígio político e integridade cívica.

Contudo, mais uma vez, face à intensificação da repressão e à inevitabilidade de uma derrota,

Norton de Matos teve de desistir do processo eleitoral. Todavia, a forte mobilização popular

em torno da candidatura de Norton de Matos e o entusiasmo suscitado pela opinião pública

deixaram aberto o caminho àquele que foi, posteriormente, o grande sobressalto do regime.

1958 foi o ano de novas eleições para a presidência da República. Superadas algumas

dificuldades originadas nos desentendimentos entre uma tendência comunista, que ganhava

grande força, e uma tendência moderada e democrática, a oposição encontrou no general

Humberto Delgado um homem determinado a afrontar o candidato da União Nacional,

Américo Tomás.

Afirmando publicamente e sem rodeios a sua intenção de demitir Salazar, caso fosse

eleito, e assumindo o título de “general sem medo”, congregou à sua volta um movimento de

apoio tão amplo e tão fervoroso que surpreendeu as mais optimistas vontades de mudança e

fez tremer o regime pela primeira vez, de forma convincente. Apesar de reconhecer que se

preparava para mais uma “burla eleitoral” e apesar da forte repressão policial, Humberto

Delgado levou a sua candidatura até às urnas, apelando a todos os eleitores que

comparecessem e que desmascarassem com o seu voto os “traidores e os cobardes”, “aqueles

que cometem ilegalidades constitucionais”, os “inimigos do povo e dos princípios cristãos”.

O resultado revelou mais uma vitória esmagadora do candidato do regime, mas, desta

vez, a credibilidade do Governo ficou indelevelmente abalada. Salazar teve consciência de que

outro “terramoto político” podia acontecer e que começava a ser difícil para o regime

continuar a enganar a opinião pública e subtrair-se às pressões da comunidade internacional.

Devido a este facto, Salazar introduziu mais uma alteração à Constituição, segundo a qual era

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anulada a eleição por sufrágio directo do Presidente da República, que passava a ser eleito por

um colégio eleitoral restrito. Mais uma vez, Salazar recorria ao escape nas leis para recusar a

inevitabilidade da mudança.

A necessidade de divulgar internacionalmente a natureza antidemocrática do regime

levou a oposição a intensificar a sua acção de contestação, recorrendo a actos de maior

impacto, pela relevância das personagens intervenientes e pela espectacularidade das acções.

Enquanto a instabilidade crescia, a ditadura portuguesa mostrava bem o seu carácter

repressivo ao fazer, em apenas dois anos, mais 1200 presos políticos e ao reprimir várias

manifestações.

Deste modo, o regime projectou uma má imagem a nível internacional, facto que se

agrava com o exílio de Humberto Delgado. Pouco tempo depois, a eclosão da guerra colonial

levou ao regime a sua maior prova, prenunciando o seu fim.

Se reflectirmos um pouco, rapidamente chegamos à conclusão que o sobressalto

político vivido em 1958 e a existência das diversas tendências de oposição fizeram com que a

opinião pública visse verdadeiramente que Salazar estava a tentar evitar o inevitável, ou seja,

estava a tentar evitar uma mudança de regime, mudança essa que era uma realidade cada vez

mais próxima!

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c) A Questão Colonial

A partir de 1945, a questão colonial passa a constituir mais um sério problema para

Portugal. A nova ordem internacional instituída pela Carta das Nações Unidas e a primeira

vaga de descolonizações tiveram importantes repercussões na política colonial do Estado

Novo. A partir do momento em que a ONU reconhece o direito à autodeterminação dos povos

e em que as grandes potências coloniais começam a negociar a independência das suas

possessões ultramarinas, torna-se difícil para o Governo português manter a política colonial

existente até então.

Neste sentido, Salazar teve de procurar soluções para afirmar a vocação colonial de

Portugal e para recusar qualquer cedência às crescentes pressões internacionais.

SOLUÇÕES INSTITUÍDAS:

Tese do luso-tropicalismo:

Esta tese justificava a ideia – já presente no Acto Colonial de 1930 – de que a presença

portuguesa em África se guarnecia de características particulares e não podia apontar

interesses meramente económicos.

A presença portuguesa em África era, acima de tudo, uma manifestação da extensão,

aos outros continentes, da missão civilizadora de Portugal, explicada pelas boas relações

estabelecidas com as populações nativas e pela ausência de contestação à presença

portuguesa.

Um Estado pluricontinental e multirracial

Na revisão constitucional de 1951, em pleno processo internacional de descolonização,

Salazar revoga o Acto Colonial e insere o estatuto das colónias por ele abrangido na

Constituição; todo o território português ficava abrangido pela mesma lei fundamental.

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Assim, extingue-se o conceito de colónia que é substituído pelo conceito de província,

desaparecendo o conceito de Império Português, que é revezado pelo conceito de Ultramar

Português. A Constituição portuguesa passa a exibir os espaços ultramarinos como extensões

autênticas do território nacional. Portugal deixava, a pouco e pouco, de possuir regiões de

ocupação colonial.

Este foi, com efeito, o grande argumento utilizado pelo governo português quando

interpelado sobre a questão das colónias, recusando-se a prestar qualquer informação sobre

os territórios em questão.

As primeiras divergências

Em 1961 deram-se as primeiras divergências na questão do Ultramar. Os sectores mais

conservadores persistiam na tese da integração plena e incondicional dos territórios

ultramarinos, acção que implicava a resistência armada à luta iniciada pelos movimentos

independentistas.

Outra tese, – defendida pela oposição ao regime e pelos altos quadros da hierarquia

militar e por alguns membros do Governo – prevendo as dificuldades humanas e materiais na

manutenção de uma guerra, propunha a concessão de uma autonomia progressiva às colónias

que levasse à criação de uma federação de estados. Os defensores desta tese – federalista –

chegaram a propor a destituição de Salazar mas, acabaram eles por ser destituídos, saindo

reforçada a ideia do chefe de Governo em relação a este assunto, ordenando que o Exército

português avançasse com uma guerra em Angola, que se prolongou até à queda do regime.

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A LUTA ARMADA

Os confrontos iniciaram-se no Norte de Angola, em 1961, com ataques que o Governo

não conseguiu impedir, facto que levou a que a guerra se estendesse a todo o território. Em

1963, o conflito alastrou-se à Guiné e, no ano seguinte, a Moçambique.

Durante treze anos Portugal, viu-se envolvido em três frentes de batalha que, devido

aos custos materiais e humanos inerentes, surpreendeu a comunidade internacional. Contudo,

o reforço das tensões internacionais e o isolamento do país acabariam por tornar obrigatória a

cedência ao processo descolonizador, ainda que custasse, posteriormente, o próprio regime!

O ISOLAMENTO INTERNACIONAL

Quando, em 1955, Portugal passa a ser membro da ONU, o governo de Salazar

continuava a defender uma política de reforço da autoridade portuguesa sobre os espaços

ultramarinos e de recusa de qualquer negociação que pudesse pôr em causa essa autoridade.

Esta questão ganha ainda mais pertinência perante a habilidade de Salazar em transformar

colónias em províncias para não ter que se submeter às disposições da Carta das Nações

Unidas no que toca aos territórios não autónomos.

A Assembleia-Geral da ONU condenou sistematicamente a atitude colonialista

portuguesa, pressionando Portugal a arrancar com um efectivo programa de descolonização.

Esta foi a primeira de uma série de derrotas que, progressivamente, foram isolando os

portugueses.

Em 1961, ano em que se inicia a guerra em Angola, Portugal esteve particularmente

em foco nas Nações Unidas, acabando esta organização por condenar o país devido ao não

cumprimento dos princípios da Carta. Tal postura conduziu ao desprestígio do nosso país, que

foi excluído de vários organismos das Nações Unidas e alvo de sanções económicas por parte

de diversas nações africanas. Face a esta situação, Salazar afirma que Portugal estava

“orgulhosamente só”.

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d) A Primavera Marcelista

Numa primeira fase da sua acção governativa, a chamada “Primavera Marcelista”,

Marcello Caetano empreendeu uma certa dinâmica reformista ao país.

INDÍCIOS DE RENOVAÇÃO NA POLÍTICA GOVERNATIVA MARCELISTA

No campo político:

Descompressão na repressão policial e política;

Foi permitido o regresso de alguns exilados políticos;

Alteração do nome PIDE para DGS (Direcção Geral de Segurança) a fim de dar a

imagem de uma política mais moderna;

União Nacional ANP (Acção Nacional Popular) e abre-se a novas políticas,

destacando-se o aparecimento de uma jovem geração de deputados apoiantes da

liberalização do regime;

Concessão do direito de voto a todas as mulheres alfabetizadas, legalização de

movimentos políticos não comunistas opositores ao regime e fiscalização das mesas

de voto, a fim de serem “legitimamente democráticas”;

Organização de congressos por parte de movimentos oposicionistas onde se

conseguiu algum sucesso no que toca à denúncia ditatorial do regime;

Reforma democrática no ensino.

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INDÍCIOS DE CONTINUIDADE NA POLÍTICA GOVERNATIVA MARCELISTA

Todavia, Marcello Caetano cedo deu sinais de esquecer a evolução e privilegiar a

continuidade.

Quando em 1969 eclode o movimento de contestação estudantil e quando o

movimento grevista se entende ao sector liberal, com manifestações de rua em apoio

aos movimentos eleitorais de esquerda e atacando a guerra colonial, o regime

entendeu que tinha ido “longe de mais” na tentativa liberalizadora;

O Governo inicia um violento ataque aos movimentos eleitorais entretanto

constituídos, a CDE (Comissão Democrática Eleitoral) e a CEUD (Comissão Eleitoral de

Unidade Democrática);

Em consequência, a oposição não elegeu qualquer deputado. As eleições acabaram

por constituir mais uma fraude;

Nova intensificação da repressão policial;

Perante a intensificação da contestação estudantil, as associações de estudantes são

encerradas e as universidades são invadidas pela polícia.

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O IMPACTO DA GUERRA COLONIAL

A política de renovação tentada por Marcello Caetano também teve reflexos na

questão colonial:

A presença colonial nos territórios africanos deixa de ser afirmada como uma “missão

histórica” para ser reconhecida por questões de defesa dos interesses das populações

brancas que lá residiam;

Admissão do princípio da “autonomia progressiva” e concessão do título honorífico

de Estado às províncias de Angola e de Moçambique.

A guerra prosseguia à medida que se acentuava o isolamento internacional de Portugal

evidenciado por diversas manifestações de protesto e pela declaração unilateral da

independência da Guiné-Bissau.

Internamente, crescem fortes movimentos de oposição à guerra entre as camadas

estudantis e acentuam-se as fugas à incorporação militar. Os deputados da ala mais liberal,

como forma de mostrarem a sua posição em relação à guerra, abandonam o Parlamento. Por

fim, perante a iminência de uma derrota vergonhosa, é a alta hierarquia militar quem

denuncia a falência do conflito bélico através da publicação do livro Portugal e o Futuro, de

António de Spínola, que proclamava “a inexistência de uma solução militar para a geurra de

África”.

“Era o próprio regime que começava a ruir por dentro.”