por uma política de drogas mais eficiente

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Por uma Política de Drogas mais Humana e Eficiente Ilona Szabó de Carvalho

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IIlona Szabó apresenta um estudo sobre o consumo de drogas na américa latina

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Por uma Política de Drogas mais Humana e Eficiente

Ilona Szabó de Carvalho

O Sistema Internacional de Controle de Drogas

Início a 100 anos atrás com a Convenção Internacional do Ópio: ênfase na regulamentação do comércio e não na proibição

total

Consolidação em 1961 com a Primeira Convenção da ONU, em seguida 1971 e 1988

1971: Guerra às Drogas declarada por Richard Nixon

Objetivo: Erradicar as drogas

As três Convenções da ONU

•Convenção Única da ONU de 1961: foi acordado eliminar progressivamente o ópio em um lapso de 15 anos, e a coca e a

maconha em 25 anos. A Convenção Única se estabeleceu como um sistema universal para controlar o cultivo, produção, distribuição,

comércio, uso e posse de substâncias narcóticas, com especial atenção nas que se baseiam em plantas: ópio/heroína, coca/cocaína

e maconha.

•Convenção de Substâncias Psicotrópicas de 1971, desenvolvida em resposta à diversificação no uso das drogas, introduziu controles

sobre o uso de mais de cem drogas psicotrópicas como anfetaminas, LSD, êxtase, etc.

•Convenção contra o Tráfico Ilícito de 1988 proporcionou medidas

contra o tráfico de drogas, a lavagem de dinheiro e o desvio de precursores químicos, assistência legal mútua, incluída a extradição.

40 anos depois: a guerra às drogas fracassou

Aumento do consumo, beneficiando o crime organizado.

Efeitos secundários negativos: massa de encarcerados, centenas de milhares de homicídios, corrupção

institucionalizada, obstáculo ao desenvolvimento social e econômico, HIV/AIDS, violações de direitos humanos.

Hoje sabe-se que a classificação de drogas ilícitas não teve base

científica

Dúvidas dos Governos sobre próximos passos

Ranking de Drogas Segundo o Dano

The Lancet (UK)1. Heroína2. Cocaína3. Barbitúricos4. Metadona de rua5. Álcool6. Ketamina7. Benzodiazepinas8. Anfetaminas9. Tabaco10. Buprenorfina11. Canabis12. Solventes13. 4-MTA14. LSD15. Metilfenidato16. Esteróides anabolizantes17. GHB18. Ecstasy19. Nitratos alkyl20. Khat

Aumento do Consumo na América Latina

Produção de drogas se mantém estável

Encarceramentos relacionados a Drogas x preços da Heroína e da Cocaína vendida no

varejo nos EUA

Comissão Global de Políticas sobre Drogas

• 2008: Comissão Latinoamericana sobre Drogas e Democracia

• Interesse crescente em uma reforma na política sobre

drogas mundial • Em 2010 forma-se a Comissão Global com 20 membros • Apresentação do primeiro relatório em NY – Junho de 2011,

segundo em Junho de 2012 em Londres. • Plano de seguimento regional

Lista de Membros da Comissão Global

• Asma Jahangir • Aleksander Kwasniewski • Carlos Fuentes• César Gaviria • Ernesto Zedillo • Fernando Henrique

Cardoso (Chair)• George Papandreou • George Shultz • Javier Solana• John Whitehead

• Louise Arbour• Maria Cattaui • Marion Caspers-Merk• Mario Vargas Llosa• Michel Kazatchkine• Paul Volcker• Pavel Bem• Ricardo Lagos• Richard Branson • Ruth Dreifuss• Thorvald Stoltenberg

Pelo fim da criminalização e do castigo

As leis duras contra usuários são desproporcionais.

São aplicadas principalmente contra populações pobres e mais vulneráveis. Não tem impacto persuasivo relevante.

A proibição/ criminalização é cara e contraproducente:

Marginaliza comunidades mais pobres.Fomenta abusos contra direitos humanos.Superlota a justiça criminal e os presídiosDespreza os programas de saúde pública

Provoca centenas de milhares de mortes por homicídioDesloca a produção de drogas e as rotas de tráfico para outros

países – Efeito BalãoProíbe pesquisas com as substâncias prejudicando tratamento

Um enfoque de saúde pública

Tratamento para os dependentesAmpliação das opções e vagas para tratamento

Protocolo de tratamento baseado em melhores práticas internacionais

Distanciamento do castigo/prisão

Redução de DanosIncentivar a população em risco a buscar ajuda

Ampliar serviços de prevenção eficazes.

Aplicar a lei de maneira mais inteligente

Alguma forma de mercado de drogas é inevitável•objetivo da lei deve ser buscar em sua aplicação a redução

dos danos colateriais à sociedade

Mudança de objetivos:Distanciar-se dos ‘processos’ – apreensões, detenções.Orientar-se pelos ‘resultados’ - redução do consumo, do

poder do crime organizado, violência, e corrupção.

Mudança de táticas:O Objetivo é enfraquecer os grupos mais violentos e

corruptos. (Ex. UPPs)Tolerar formas menos prejudiciais da oferta (redes de

amigos, micro-cultivos).

Levar a sério os direitos humanos

250 milhões de usuários não perdem seus direitos humanosDireito a privacidade - aplicação invasiva (teste de drogas,

revista, tratamento obrigatório)

Direito à saúde- negação ao acesso a serviços de saúde pública

Direito ao devido processo - castigos extrajudiciales e assasinatos, penas desproporcionais.

Direitos indígenas e culturais – preservação de práticas

tradicionais e cerimoniais.

Políticas de drogas mais eficientes e humanas – oque pode ser feito dentro do sistema atual?

1 – descriminalização do uso de todas as drogas

com programas de prevenção, redução de danos e tratamento médico para os dependentes

2 – regulação do uso da cannabis medicinal e o

auto-cultivo de cannabis para consumo pessoal. E.g. experiência espanhola com cooperativas de usuarios

(clubes)

3 – penas alternativas para ‘aviões’ ou ‘mulas’ e delitos relacionados ao tráfico sem agravantes; ampliação de programas de capacitação e emprego para jovens que

querem deixar o tráfico ou egressos de prisões.

Um mercado regulado?

Na lógica de guerra às drogas, um mercado legal é percebido como “liberou geral”

Por isso não falamos em legalizar, mas em regular

A regulação aumenta o controle sobre as substâncias:

•A distribuição é mais visível•Os distribuidores têm incentivos para permanecer dentro das regras•As autoridades podem realizar controle de qualidade e restrições de consumo através de locais de venda, impostos, idade etc.

Embora os resultados dessa mudança na política sejam incertos, é a única maneira de enfraquecer e desarmar o crime organizado

violento.

Temos urgência em inovar, experimentar e aprender.

Debate Atual • Summit of the Americas, Cartagena -

April 2012• OAS/CICAD study• UN General Assembly - September

2012• Mexican new president• Domestic changes in the US• Ibero-American Summit, Cadiz -

November 2012

Brasil

Lei 11.343/06: afastou a possibilidade de pena de prisão por consumo pessoal.

A lei é imprecisa e na prática o porte para

consumo continua sendo crime.

Diferencia o usuário/dependente do traficante, mas não determina as quantidades de droga que tipificam

cada um.

Perfil dos condenados por tráfico de drogas no Rio de Janeiro:

• 66,4% réus primários• 91,9% presos em flagrante delito• 60,8% presos sozinhos• 65,4% responden somente por tráfico (sem associação ou formação de quadrilha)• 42,1% presos com até 100 g de maconha

Drama familiar e o enorme custo social e tributário de manter uma enorme população carcerária de baixo potencial ofensivo.

Propicia práticas de corrupção e extorsão policial, além de

questões de classe e raça

Violência

Uma pessoa foi assassinada a cada 10 minutos no Brasil em 2010. Foram 137 mortes por dia, ou 49,932 ao ano (70% por arma de fogo).

Em 30 anos, mais de 1,000,000 de brasileiros foram mortos, uma média

de 4 homicídios por hora..

Não sabemos quantas destas mortes têm relação direta com o crime organizado. Mas a taxa de homicidios em 1980 (antes da entrada da cocaína) era de 11,7 por 100,000 e em 2010 foi de 26,2 por 100,000

habitantes.

Uma pesquisa do Instituto Sensus de Agosto de 2011, demonstra que 78,6% dos brasileiros são contra a descriminalização das drogas.

Falta informação de qualidade sobre o vínculo dos hominícios com o

tráfico de drogas no Brasil.

Ilona Szabó de CarvalhoSecretariado da Comissão Global de Políticas sobre Drogas

Instituto Igarapé

[email protected]

www.globalcommissionondrugs.org

www.igarape.org.br

Porta meio aberta?

Liderança PolíticaMudança na opinião pública EUA

Mobilização Pública GlobalEngajamento do setor privado

Task force /UN

Porta meio fechada?

Governos Conservadores Crise Econômica e austeridade

Endurecimento nas prisões de usuários

Resistência à políticas de redução de danos

Estratégia

Estratégias regionais Abrindo portas

Diplomacia PolíticaDesconstruindo armadilhas

Engajamento do setor privado Construindo pontes

Próximos passos

Expandir debate além das Américas e Europa

Apoiar onda de mudanças nos EUA

Comunicação com a juventude