por que nos reunimos – j. r. gill -...

61
Por Que Nos Reunimos J. R. Gill Tradução Mario Persona ÍNDICE De acordo com a bíblia Que nome levamos ? O nome do Senhor Jesus Nenhum outro nome Reunidos ao Seu Nome Ele me glorificará O Espírito de Deus está aqui para guiar Como o Espírito de Deus quer

Upload: ledien

Post on 09-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Por Que Nos ReunimosJ. R. Gill

Tradução Mario Persona

ÍNDICEDe acordo com a bíbliaQue nome levamos?O nome do Senhor JesusNenhum outro nomeReunidos ao Seu NomeEle me glorificaráO Espírito de Deus está aqui para guiarComo o Espírito de Deus quer

Nenhum programa estabelecidoSair a Ele fora do arraialO que significa "o arraial"?O santuário terrenoÉ custoso deixar o arraialUm só corpoUm pão

* * * * * Palestra proferida por: R. Gill em uma

conferência em Chicago, EstadosUnidos, no ano de 1926.

Tenho o desejo, amados amigos cristãos,

de tratar de um certo assunto que jáconquistou a atenção de alguns de nós emuma ou duas reuniões recente mente, egostaria de pedira compreensão dealguém aqui que porventura já nos tenhaouvido tratar do mesmo assunto. Há aquioutras pessoas para as quais o assunto énovo e creio ter a mente do Senhor aovoltar a tratar disso.O assunto que tenho em mente é este:Por que nós, que estamos reunidos aonome do Senhor, nos reunimos destamaneira? Por que o fazemos?Fui criado naquilo que creio ser averdade, e naquilo a que normalmente sereferem coma "a verdade". Posso melembrar de meus tempos de infância

quando meus pais costumavam me levarpara um lugar diferente deste. Possorecordar com bastante clareza comacostumávamos ir juntos à IgrejaEpiscopal - a Igreja da Inglaterra, comaera chamada - e me lembro do efeito queaquilo produzia em minha mente juvenil;o tapete vermelho sobre o piso, os bancosde carvalho entalhados e os vitraiscoloridos das janelas; o canto do coral, asmajestosas entonações do órgão e outrascoisas semelhantes. Eu aprovava tudoaquilo demo da medida de compreensãode qualquer menino.Depois de algum tempo fui levado a umacapela Batista, e aquela capela já era algaque eu não aprovava com a mesma

facilidade. Parecia ser um lugar muitoinferior comparado com Igreja daInglaterra. Não tinha nada além dasparedes caiadas, não h avia vitraiscoloridos e, que me lembre, nem mesmoum órgão e muito menos algum pregadoreloqüente. Não sabia a razão daquilotudo; só que havia sido levado para ali.Passou-se um intervalo de tempo depoisdaquilo, e acabei sendo encaminhado aum terceiro lugar. Tratava-se de uma salano segundo andar de uma rua comercialna cidade de West Hartlepool, Inglaterra.Ali descobri umas vinte pessoas sentadasem bancos, com uma mesa no centro dasala. Para minha mente juvenil, aquiloparecia ser um estranho quebra-cabeça.

Tudo ma tão simples, tão primitivo. Nãohavia qualquer atrativo; e nem euconseguia entendera razão de meus paisterem me levado ali.

* * * * *

De acordo com a bíblia Passaram-se alguns anos e, no devidotempo, acabei tomando meu lugar entreaquelas pessoas, crendo ser aquele o lugarcerto para se estar. Mas mesmo então, sealguém tivesse me perguntado por que euestava ali, eu teria tido uma grandedificuldade em dar uma respostainteligente. Oh, se me interrogassem

sobre o assunto, é bem capaz que eudissesse que freqüentava aquele lugarporque cria estar de acordo com a Bíblia.Mas isso não iria significar muito, não émesmo? Quase todo mundo teria dado amesma resposta. Um Presbiteriano, umEpiscopal ou Metodista teria falado omesmo; um Batista teria dito isto, e atémesmo um Adventista e os membros da,assim chamada, Ciência Cristã.Precisamos ter algo mais definido do queuma resposta como esta, como a razãopara ocuparmos o lugar que ocupamos.Nós que estamos reunidos ao nome doSenhor Jesus nem sempre somos capazesde dar uma explicação inteligente ebíblica do assunto. Eu descobri que assim

sucede. Será que é suficiente dizer: "Nósnos reunimos de uma maneira simples,como faziam os cristãos em Pentecostes"?Será que isto já explicaria tudo? Talvez, senão se dispusesse de muito tempo paraexplicar; mas para o bem de nossas almas,é bom que saibamos qual é o fundamentodoutrinário sobre o qual nos apoiamos.Quais são os princípios das Escrituras - asdoutrinas envolvidas- as verdades deDeus ligadas à posição que ocupamos?Não creio que tenha que pedir desculpaspor tratar deste assunto, já que vivemosnuma época em que tudo se encontra sobataque. Não existe uma única coisa quenão esteja sendo atacada - cadafundamento da fé - e é bom que nós que

amamos o Senhor, e que procuramosconhecer qual é a vontade do Senhor,estejamos fortalecidos e edificados emnossa "santíssima fé" (Jd 20). Creio que, àmedida que o Senhor me capacitar,gostaria de tratar deste assunto em trêspartes nesta tarde, conforme se seguem:Em primeiro lugar, gostaria de sugerirque nós nos reunimos assim por causa dadignidade do nome do Senhor Jesus.Segundo: Nós nos reunimos assimporque desejamos dar ao Espírito Santo olugar que Lhe pertence.Terceiro: Nós nos reunimos assimporque queremos obedecer a ordem dasEscrituras que dizem, "Saiamos, pois, aEle fora do arraial, levando o Seu

vitupério" (Hb 13:13).Quarto: Porque entendemos ser bíblicoestar no terreno do um só corpo.São estes os quatro subtítulos sob osquais desejo fazer algumasobservações nesta tarde.

* * * * *

Que nome levamos? Quanto ao primeiro - o nome para o qualnos reunimos: Que nome levamos? Se aspessoas perguntassem a você a que"igreja" você está ligado, o que

responderia? Creio que alguns aqui já sesentiram embaraçados para responder aesta pergunta. Não há dúvida de queexistem várias maneiras como estapergunta poderia ser feita, masporventura não é bom sermos bem clarossobre isto, ou seja, que reconhecemossomente o nome do Senhor Jesus Cristo?Nenhum ou no nome. Alguns dirão:"Vocês são chamados irmãos dePlymouth', não são?" O que você diriadiante disto? Creio que alguém poderiadizer: "Sim; sim, somos chamados assim,mas não nos chamamos assim". Nãopodemos evitar que nos chamem destamaneira. O nome pelo qual noschamamos é de santos de Deus,reconhecendo a dignidade do nome do

Senhor Jesus Cristo, e reunidos a estenome.Poderíamos ler algumas passagens dasEscrituras que tratam deste ponto,começando, talvez, com Filipenses 2,versículos 8 ao 11:"E, achado na forma de homem,humilhou-Se a Si mesmo, sendoobediente até à morte, e morte de cruz.Por isso, também Deus O exaltousoberanamente, e Lhe deu um nome que ésobre todo o nome; para que ao nome deJesus se dobre todo o joelho dos queestão nos céus, e na terra, e debaixo daterra, e toda a língua confesse que JesusCristo é o Senhor, para glória de DeusPai."

Vamos ver também o primeiro capítulode Colossenses, versículos 1 5 a 18:"O qual é imagem do Deus invisível, oprimogênito de toda a criação; porquenEle foram criadas todas as coisas que hános céus e na Terra, visíveis e invisíveis,sejam tronos, sejam dominações, sejamprincipados, sejam potestades. Tudo foicriado por Ele e para Ele. E Ele é antesde todas as coisas, e todas as coisassubsistem por Ele. E Ele é a cabeça docorpo, da igreja; é o princípio e oprimogênito dentre os mortos, para queem tudo tenha a preeminência."Podemos também voltar para o primeirocapítulo de Efésios enquanto tratamosdesta linha de pensamento, nos versículos

20 e 21."Que manifestou em Cristo,ressuscitando-O dentre os mortos, epondo-O à Sua direita nos céus. Acimade todo o principado, e poder, epotestade, e domínio, e de todo o nomeque se nomeia, não só neste século, mastambém no vindouro."

* * * * *

O nome do Senhor Jesus

Este nome, portanto, conformedescobrimos, é único nos pensamentos de

Deus. Não existe, na estima de Deus,nenhum outro nome como este. Elepermanece único, tanto agora como parasempre. Se abrirmos no livro deApocalipse, iremos descobrir que nãoexiste nenhum nome no céu maior do queeste nome. As hostes angelicais são vistasali se prostrando e adorando diantedAquele mesmo Ser bendito cujo nome étão exaltado. O nome do Senhor Jesus,devo admitir, é digno de ser aceito comoo centro de reunião. Trata-se de algobendito estar em harmonia com opensamento do céu a este respeito.Os primeiros cristãos estavam reunidosnesse nome. Foi assim que passaram a serchamados de "cristãos". Os crentes foram

chamados cristãos pela primeira vez emAntioquia. O que significa o termo"cristão"? Significa um seguidor deCristo. Porventura eles tinham outrosnomes? Não, pois não existiam Batistasou Presbiterianos ou Congregacionaisnaquele tempo. Eles eram chamados "osde Cristo" ou "seguidores de Cristo".Este era o único nome que estavaassociado a eles. E eles não adotaramnenhum outro nome e, queridos santos,trata-se de algo bendito não termosnenhum outro nome hoje.Todavia, nossas convicções a este respeitosão tanto positivas como negativas.Vamos abrir, por exemplo, em 1Coríntios, onde vemos o outro lado da

questão. "Porque a respeito de vós,irmãos meus, me foi comunicado pelos dafamília de Cloé que há contendas entrevós. Quero dizer com isto, que cada umde vós diz: Eu sou de Paulo, e eu deApolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. EstáCristo dividido? foi Paulo crucificado porvós? Ou fostes vós batizados em nome dePaulo?" (1 Co 1:11-13). Nenhum nomedeve ser tomado como base para osectarismo. Até mesmo o nome de Cristonão é para ser desvirtuado deste modo.

* * * * *

Nenhum outro nome

Podemos olhar também o terceirocapítulo desta mesma epístola, versículos4 ao 7: "Porque, dizendo um: Eu sou dePaulo; e outro: Eu de Apolo; porventuranão sois carnais? Pois quem é Paulo, equem é Apolo, senão ministros pelosquais crestes, e conforme o que o Senhordeu a cada um? Eu plantei, Apolo regou;mas Deus deu o crescimento. Por isso,nem o que planta é alguma coisa, nem oque rega, mas Deus, que dá ocrescimento". Estes versículos confirmamaquilo com que, creio eu, todos aqui estãode acordo; ou seja, Que não existeautorização, segundo o pensamento deDeus, para se adotar qualquer outro

nome além do nome de Cristo, e que nãoexiste qualquer base bíblica para se adotarqualquer outro nome.Além do mais, se você adota um outronome, um dia terá que deixá-lo. Suponhaque você adote para si qualquer nomeque venha ao seu pensamento - porexemplo, um Irmão Plymouth. Você nãopoderá levar este nome para o céu. Porque? Porque não existe lá nenhum espaçoreservado para os Irmãos Plymouth.Suponha que você se denomine umCongregacional. Terá que deixar istotambém. Não existe uma vaga reservadapara os Congregacionais, e quandochegarmos ao céu e conversarmos com osredimidos, como certamente o faremos,

não iremos achar lá um sequer que se façadiferente dos outros por meio de algumnome sectário. Lá só haverá um nome: Onome do Senhor Jesus, o Centro detodos- o Centro do trono - o Cordeiroque um dia foi morto. Aquela Pessoa, e oSeu nome, irá representar tudo o que églorioso e bendito ali; o Centro que iráatrair todos os olhares, e o Centro dasafeições de cada coração será aquele Serbendito.Se é esta a vontade de Deus agora comrespeito ao Seu Filho, e se é esta avontade de todo o céu em um diavindouro no que diz respeito ao Filho deDeus, não deveríamos nós também estarconcordes com a estima que é assim

depositada nEle, e renegarmos todos osoutros nomes? Queridos santos de Deus,são estes os pensamentos que têm estadodiante de nós.

* * * * *

Reunidos ao Seu Nome Gostaria de abrir também no capítulo 18de Mateus, versículo 20. "Porque, ondeestiverem dois ou três re unidos em Meunome, aí estou Eu no meio deles". Esteversículo diz respeito ao assunto queestamos tratando. Fala do povo do

Senhor estar reunido ao (ou para) o Seunome. Que lugar bendito é este.Repare, todavia, que existe umaresponsabilidade associada a levar o nomedo Senhor. Vamos voltar aDeuteronômio onde encontramos estepensamento apresentado de uma formasimples. Leia o capítulo 5, versículo 11 -apenas a primeira parte: "Não tomarás onome do Senhor teu Deus em vão". Estarreunido ao nome do Senhor Jesus não ésimplesmente uma questão de usartecnicamente o Seu nome. Acredito queexista o reconhecimento do que estenome envolve. Você não pensa o mesmo?Estar reunido para o Seu nome, envolve oreconhecimento do que este nome

implica - o nome do Senhor Jesus Cristo -o reconhecimento do Seu Senhorio. Sealguém segue naquilo que é contrário àSua Palavra e à Sua vontade, dificilmentese poderia chamar a isso de estar reunidoao nome do Senhor Jesus Cristo! Estarreunido para o Seu nome envolve mais doque atuar mecanicamente. Existe nistoalgo que atinge nossos corações e nossasconsciências também. Deve existir oreconhecimento, na prática, do Senhoriode Cristo, a fim de que a verdade possaser acompanhada do conteúdo que atorna válida. Nenhuma passagem dasEscrituras nos autoriza a adotarmosqualquer outro nome além do nome doSenhor Jesus como o Centro para o Seupovo.

O segundo ponto de que falamos foi: Nosreunimos assim porque concedemos aoEspírito de Deus o lugar que Lhepertence. Parece um modo estranho de sefalar, não é mesmo? Algo de muito sériodeve estar faltando para justificar o use daexpressão "conceder ao Espírito de Deuso Seu lugar"l Quem é o Espírito deDeus? A terceira Pessoa da Divindade. Ofato de Ele ser normalmente mencionadocomo a terceira Pessoa da Divindade, nãotraz consigo nenhuma idéia deinferioridade. O Espírito de Deus é Deus.Não existe diferença de importância entreDeus Pai, Deus Filho e Deus EspíritoSanto. O fato de cada uma destas Pessoasdivinas ser divina, de cada uma delas ser

Deus, traz consigo a impossibilidade dequalquer grau de comparação entre elas.Cada uma é uma Pessoa infinita. OEspírito de Deus está aqui na Terra. Emnossas reuniões de estudo vimos algumaspassagens relacionadas ao Espírito deDeus.Podemos voltar outra vez ao capítulo 14do Evangelho de João, versículos 1 6 e17:"E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos daráoutro Consolador, para que fiqueconvosco para sempre; o Espírito deverdade, que o mundo não pode receber,porque não O vê nem O conhece; masvós O conheceis, porque habita convosco,e estará em vós".

* * * * *

Ele me glorificará

Agora podemos ler o capítulo 15,versículo 26: "Quando vier o Consolador,que Eu da pane do Pai vos hei de enviar,Aquele Espírito de verdade, que procededo Pai, Ele testificará de Mim". Tambémno capítulo 16, versículos 13 a 14: "Masquando vier Aquele Espírito de verdade,Ele vos guiará em toda a verdade; porquenão falará de Si mesmo, mas dirá tudo oque tiver ouvido, e vos anunciará o quehá de vir. Ele Me glorificará, porque háde receber do que é Meu, e vo-lo há de

anunciar". Estes versículos, e muitosoutros que poderíamos ler, nos mostramque o Espírito de Deus está aqui naTerra.O peso que isto tem não ésuficientemente compreendido entre nós.Uma Pessoa Divina está aqui na Terra.Deus está aqui na Pessoa do EspíritoSanto. Esta é uma verdade maravilhosa!Trata-se de uma verdade fundamental!Deus habita na Terra na forma doEspírito. Como tal Ele está aqui na Terrae para um propósito determinado. Quepropósito é este? "Bem", talvez você diga,"Ele está aqui para convencer pecadores".Isto é verdade, sem dúvida nenhuma. Masnaquilo que diz respeito ao nosso tema

nesta tarde, Ele está aqui para outropropósito. E qual é? Ele está aqui paratomar das coisas que são de Cristo, emostrá-las para nós. Ele está aqui paraglorificar a Cristo. É por esta razão queEle está aqui. É este o Seu ofício.Amados amigos cristãos, aqui vemos algoestranho a respeito da Bíblia. No AntigoTestamento podem ser encontradas asmais amplas instruções quanto a todos oscultos do povo terrenal de Deus. Cadaritual foi previsto. Tudo estava ligado aossacrifícios; até as vestimentas dossacerdotes; todos os vasos do santuário;tudo minuciosamente previsto de modo anão haver qualquer possibilidade dealguém cometer um erro, a menos que

fosse por falta de cuidado.

* * * * *

O Espírito de Deus está aqui paraguiar

Mas já que o Espírito Santo encontra-Sena Terra, você irá reparar como sãopoucas as instruções que temos quanto àscerimônias a serem celebradas pela Igreja.Onde é que encontramos instruçõesminuciosas quanto à maneira daassembléia proceder quando se reúne?Veja, por exemplo, a reunião que é tão

preciosa aos nossos corações - opartimento do pão - e recordação damorte do Senhor. Onde está o capítuloque nos diz como devemos proceder?Não existe um tal capitulo. Não existe umversículo que nos diga que a reunião dopartimento do pão deveria começar comum hino e que depois disso um irmãodeveria se levantar e orar ao Senhor oulouvá-lo, e que então outro hino deveriaser dado, e que no final de trinta ouquarenta minutos os símbolos deveriamser distribuídos, ou por quanto tempomais a reunião deveria continuar. Por querazão não existe nenhuma passagem dasEscrituras cobrindo estes pontos? Porqueo Espírito de Deus está aqui para reger econduzir tudo da maneira que Lhe

agrade. (Estou apenas assinalando quenão existem instruções escritas para estesdetalhes. Não estou criticando o modocomo é feito.) O Espírito de Deus estáaqui para guiar e reger na Igreja, e Suadireção e regência na Igreja é feita com afinalidade de que Cristo seja glorificado.É este o Seu propósito - o objetivo queEle tem em vista.Bem, isto coloca diante de nós umagrande, importante e solene verdade. Nacristandade, de um modo geral, recusa-seconceder ao Espírito de Deus o Seulugar. Onde na cristandade, nasdenominações, encontro que esteja sendoconcedido ao Espírito de Deus o lugarque Lhe é devido? Onde é que Ele pode

guiar, dirigir ou reger (e é este o Seugracioso ofício) se algum homem estáguiando e dirigindo e tem um programajá elaborado com antecedência? Se este jádecidiu quais os hinos que serão cantadoe quem deverá orar- onde entra, então, oEspírito de Deus nisso tudo? Isto é o quenormalmente se faz, não é mesmo? Sim, é.Que lugar é dado para o Espírito deDeus? Nenhum.Nos credos das igrejas ortodoxas - dasigrejas evangélicas - há muitos cristãos(graças a Deus por eles), mas, no entanto,embora seus credos reconheçam apresença do Espírito Santo, na práticaeles negam a Sua presença, pois suascerimônias são efetuadas como se não

existisse tal Pessoa. Seu credo Oreconhece, mas na prática O negam. Estaé realmente uma condição triste. Mais doque isto. Algo está radicalmente erradonisso tudo. Amados santos de Deus,existe uma razão para nos reunirmoscomo fazemos. Desejamos dar aoEspírito de Deus o lugar que Lhepertence.

* * * * *

Como o Espírito de Deus quer Agora, com relação a estes últimos

comentários, vamos abrir em 1 Coríntios12:4: "Ora, há diversidade de dons, mas oEspírito é o mesmo". Versículo 7: "Mas amanifestação do Espírito é dada a cadaum, para o que for útil". Versículo 11:"Mas um só e o mesmo Espírito operatodas estas coisas, repartindoparticularmente a cada um como quer".Não como o ministro quer, mas como oEspírito de Deus quer.Vamos abrir também em 1 Coríntios14:28-33: "Mas, se não houver intérprete,esteja calado na igreja, e fale consigomesmo, e com Deus. E falem dois ou trêsprofetas, e os outros julguem. Mas, se aoutro, que estiver assentado, for reveladaalguma coisa, cale-se o primeiro. Porque

todos podereis profetizar, uns depois dosoutros; para que todos aprendam, e todossejam consolados. E os espíritos dosprofetas estão sujeitos aos profetas.Porque Deus não é Deus de confusão,senão de paz, como em todas as igrejasdos santos", e assim por diante.Não tenho tempo para falar aqui dasmanifestações sobrenaturais, mas querodeclarar que creio que elas cessaram e nãotêm lugar hoje na Igreja. Na Igreja oEspírito é Aquele que guia e rege. É aSua vontade que deve ser obedecida, nãoa vontade do homem. Esta é uma dasrazões de nos reunirmos assim. Quandonos reunimos como uma assembléia, nosreunimos de maneira que o Espírito de

Deus tenha espaço para agir por meio dequem Ele quiser.

* * * * *

Nenhum programa estabelecido Quando nos reunimos, por exemplo, pararecordar o Senhor na Sua morte, nãotemos qualquer programa estabelecido. Sealgum irmão estiver selecionando umhino em sua casa, estará cometendo umerro. Não tem base bíblica para fazê-lo. Ese outro irmão escolher de antemão algoque acha bonito para ler no final da

reunião, estará cometendo um erro. Nãose deve fazer assim. O Espírito de Deusdeve ter a direção nestas coisas. Nãosabemos quem irá distribuir os símbolos[o pão e o vinho]. Não sabemos quem irásugerir um hino, ou quem irá se levantare louvar a Deus. Não temos umprograma. Não seria correto se otivéssemos. O Espírito de Deus deve serAquele a dirigir conforme a Sua vontadena reunião da assembléia.É adequado que nos reunamos e noscomportemos de um modo tal que oEspírito de Deus possa ter liberdade paraagir por meio de quem Ele quiser. Nareunião de oração, não é conveniente quese convide um irmão a orar ou que se

peça a outro que dê um determinadohino. Não; o Espírito de Deus é Quemdeve fazê-lo. Não estou dizendo que tudoacontece com perfeição em nossasassembléias, pois somos falhos, epodemos ser lembrados disto de vez emquando, mas o terreno sobre o qualestamos, e os princípios que sustentamossão de Deus. Nos reunimos assim paradar espaço ao Seu Espírito.Em Wales, há muitos anos, Evan Robertsreuniu, em um grande salão público,alguns milhares de pessoas que haviamsido salvas. Eles estavam ali para umacerimônia especial naquele dia. O quehavia de peculiar naquela ocasião era ofato de não ter sido preparado nenhum

programa de antemão. Além disso,quando a congregação chegou e todos osassentos estavam ocupados e haviapessoas em pé até nos corredores eportas, todos observaram que no centrodo salão havia uma cadeira vazia.Ninguém poderia se sentar naquelacadeira. Ela estava reservada, como umsímbolo - um lembrete - de que oEspírito de Deus estava presente.Naquele dia o desejo de Evans Roberts, ecreio que de outros fiéis também, era quenão tivessem nenhum programaestabelecido, mas que o Espírito de Deuspudesse ter liberdade para dirigir e reger.Aquilo gerou muitos comentários. Houveaté uma notícia no jornal sobre aquelaexperiência extraordinária - uma

cerimônia sem um programapreestabelecido e sem um ministro! O diapassou alegremente, e com uma claraevidência da direção do Espírito.Podemos agradecer a Deus pelasconvicções de fé de Evans Roberts eoutros cristãos, mas porque nãocontinuou sendo assim depois? É isto quenos dá o segundo motivo para nosreunirmos do modo como nos reunimos.Queremos dar ao Espírito de Deus o Seulugar e ofício em nosso meio.

* * * * *

Sair a Ele fora do arraial

A terceira razão da qual falei foi esta: Aquestão de se sair a Ele fora do arraial.Abra no último capítulo de Hebreus paraencontrar isto, versículos 10 a 14: "Temosum altar, de que não têm direito de comeros que servem ao tabernáculo. Porque oscorpos dos animais cujo sangue é, pelopecado, trazido pelo sumo sacerdote parao santuário, são queimados fora doarraial. E por isso também Jesus, parasantificar o povo pelo Seu própriosangue, padeceu fora da porta. Saiamos,pois, a Ele fora do arraial, levando o Seuvitupério. Porque não temos aqui cidadepermanente, mas buscamos a futura."Observe que estes versículos fazem parte

da epistola aos Hebreus. Isto sugere queexiste uma esfera judaica ligada ao queestamos observando. Jerusalém estádiante de nós. Foi daquela cidade -daquela cidade religiosa - que o Senhorda glória foi expulso. Seu sangue foiderramado fora daquela cidade. Um novocentro foi estabelecido. A cruz de Cristose torna agora um centro para a fé.Aquele lugar fora de Jerusalém, fora daorganização religiosa, fala agora aosnossos corações que O conhecem.Porque assim como Ele, em Quem todo opadrão judaico foi expresso e cumprido,morreu fora da cidade, é fora também queé estabelecido o altar do cristianismo.Não existe hoje nenhum outro altar.

Estabelecer um altar em uma igreja éridículo! É uma abominação! Estabelecerum altar em uma igreja hoje é sugerir queo único sacrifício de Cristo não ésuficiente. "Temos um altar". A poderosaobra foi completada. Uma oferenda foifeita. A obra está terminada. Nada mais há para se acrescentar. O Calvário, aquelelugar onde o Rejeitado sangrou e morreu- aquele lugar cancela todos os altaresterrenos.

* * * * *

O que significa "o arraial"?

Falamos com freqüência do "arraial", etalvez sem compreendermoscompletamente o que significa. Semdúvida alguma, o "arraial", em suaaplicação estrita, nos fala do tabernáculo,e da condição dos filhos de Israel nodeserto, embora aqui ele seja claramenteaplicado a Jerusalém. Ele coloca diante denós a religião organizada e terrena.Jerusalém e seu templo, o lugar divino deadoração, durante muito tempo levou oselo do favor de Deus, e os cristãosjudeus tinham sido vagarosos em sedesligarem daquele sistema no qualhaviam sido criados desde a infância.Todavia, agora eles são exortados a sair.Vocês já repararam, amados amigos

cristãos, quão singular era o estado decoisas que existia aqui no final deHebreus? Repare a data que é dada natradução King James [versão inglesa daBíblia]: 64 d.C. Trinta anos ou mais apóso princípio do cristianismo, eles ainda sãoencontrados em Jerusalém crentes -seguindo adiante com o judaísmo,seguindo adiante ainda com o templo e ossacrifícios que eram oferecidos notemplo. Você há de concordar que aquiloera algo muito estranho! É evidente quesim, e talvez se eu e você tivéssemosvivido naquela época, não teríamos tido apaciência que Deus teve, mas Ele ossuportou. Aqui já se haviam passadotrinta anos e nós os vemos prosseguindoda mesma maneira, mantendo uma

doutrina que misturava a graça e as obras.Isso não era nada diferente de se misturarágua com óleo. Eles foram exortados asair "...a Ele fora do arraial, levando o Seuvitupério".Há certos pontos associados a estesistema que eu gostaria de tratar poralguns momentos. As característicasdo arraial eram quatro. Primeiro, eletinha um santuário terreno.(Originalmente era o tabernáculo; maistarde foi o templo.)Em segundo lugar, ele tinha umaordem estabelecida de sacerdócio que secolocava entre Deus e os adoradores.Terceiro, ele tinha uma congregação deadoradores composta de salvos e não

salvos.Quarto, todos eles juntos ecoletivamente, estavam sob a lei parajustiça. Estas quatro característicasmarcavam o arraial.

* * * * *

O santuário terreno "Bem", alguém poderá dizer, "isso tudo éjudaísmo e já terminou, e Jerusalém foidestruída". Sim, sem dúvida isto éverdade, mas os princípios aquiestabelecidos continuam a existir. Uma

condição paralela àquela ainda seapresenta para nós. O que quero dizer éque o santuário terreno ainda existe -grandes estruturas dedicadas ao, assimchamado, culto a Deus - mas Deus nãohabita em templos feitos por mãoshumanas. Algumas destas estruturas sãomuito bonitas no que diz respeito à suaarquitetura e decoração. Mas são coisasque não têm valor aos olhos de Deus.Cristo está rejeita do e estamos no lugarda Sua rejeição, e somos chamados aseguir as Suas pegadas. A ostentação e aaparência exterior não é o que conta hoje.Quanto ao sacerdócio, do mesmo modocomo os judeus tinham um sistema desacerdócio ordenado com o propósito de

se colocar entre o povo e Deus, tambémem nossos dias não deixa de serverdadeiro que a cristandade estabeleceuum sistema de sacerdócio ligado ao cultoprofesso a Deus - homens ordenados pormãos humanas, para permanecerem entreos adoradores e Deus. Não é precisoirmos muito longe para encontrar isto.Trata-se de uma cara característica bemestabelecida nesta época da cristandade,como todos sabemos.Quanto ao terceiro ponto - umacongregação mista de adoradores:nãoprecisamos andar muito para encontraristo. Será que é difícil encontrar umacongregação mista, com posta por pessoassalvas e não salvas que professadamente

se reúnem juntas para adorara Deus? Nãoteríamos que it muito longe paraencontrar isto. É algo característico denossa época.Quanto ao quarto ponto - permanecersob a lei para justiça, será que é difícilencontrarmos tal coisa? Não, não é. Istotambém é comum ao nosso redor hoje emdia. Em muitas igrejas você descobrirá osdez mandamentos escritos sobre a parede,e as almas são ensinadas que parapoderem chegar ao céu não basta creremno Senhor Jesus, mas devem tambémguardar os dez mandamentos.

* * * * *

É custoso deixar o arraial

Encontramos estas quatro coisas hoje e,em princípio, elas nos revelam o arraial. APalavra de Deus é: "Saiamos, pois, a Elefora do arraial". Não devemos pensar queeste "saiamos" seja sempre uma questãofácil para aqueles que estão no arraial. Écustoso deixar o arraial. Trinta anosdepois de terem recebido o cristianismoencontramos os cristãos hebreus sendoexortados a saírem do arraial. Você nãoacha que deve ter sido difícil para eles - orompimento com os muitos vínculos ecom amizades antigas? Todavia, por maisduro que fosse, a Palavra de Deus para

eles era: "Saiamos, pois, a Ele fora doarraial". Procuremos nos solidarizar comaqueles que procedem assim hoje. Paraalguns é fácil; para outros não, mas trata-se de uma senda de dificuldades eprovações. As afeições naturais e osvínculos antigos prendem muitos aosistema.Em relação a isto, veja 2 Pedro 1:5-7: "E...à piedade o amor fraternal, e ao amorfraternal e caridade" - divino amor. Nãobasta ir só até o amor fraternal. O amordivino deve ser o poder propulsor."Levando o Seu vitupério". O vitupérioestá ligado ao lugar fora. Você jádescobriu isto? Pergunte a um católico aque ele está ligado e ele lhe dirá que está

ligado à Igreja Católica. Ele não seenvergonha de dizer isto. Ele está noarraial e numa de suas partes maiores eprincipais. Suponha que eu esteja reunidoao nome do Senhor e alguém mepergunte a que estou ligado. Creio quenão sou o único que sente uma certamedida de embaraço. Digo:- Estou ligado a uma pequena reunião.- Que tipo de reunião?- Bem, uma reunião bem simples.- Que nome vocês têm?- Ora, não temos nenhum nome.- Nenhum nome?- Nenhum; bem, nós nos reunimos aonome de Cristo.

- Mas vocês devem ter algum outronome...- Não, não temos.Bem, ele irá pensar que sou umexcêntrico, e depois de seguir por algumtempo falando acabará se convencendo deque é isto mesmo. "Aquele sujeito deveser algum tipo de fanático religioso", sairáele dizendo.Existe vitupério ligado a isto. Nos faz cairno nível de estima dos que nos cercam.Isto faz parte de nossa herança. Trata-sede algo bendito - algo para se dar valor eapreciar - algo que trará consigo umgalardão peculiar. Você não encontra estevitupério dentro do arraial, mas fora dele.

* * * * *

Um só corpo

Quarto. Cremos que é bíblico estarreunido sobre o terreno do um só corpo.Este é um assunto muito vasto para sertratado em poucos minutos.Efésios 4:4. "Há um só corpo." Esta éuma tremenda verdade!Uma verdademuito profunda!Uma verdadeimensamente bendita! "Um só corpo".Não duzentos, como poderia apontar orelatório do censo dos Estados Unidos.Deus olha lá do céu e de todos os grupos

de crentes sobre a Terra, nas váriasassociações e lugares que sãoencontrados, Ele não pode reconhecê-los,mas só dizer: "Há um só corpo".Quaisquer que sejam as associações emque estejam, todos os crentes constituemo um só corpo. Eles podem querer sedenominara si mesmos usando diferentesnomes. Muitos crentes podem serencontrados entre os Presbiterianos,Batistas, Metodistas, Congregacionais,Episcopais, e não há dúvidas de quemuitos são encontrados em outroslugares também, mas esses nomes nãotêm valor algum para Deus. A única coisaque Ele reconhece é que esses crentes sãomembros do um só corpo. Pertencem aeste corpo. Esta é uma grande, uma

enorme verdade, não é mesmo? Averdade de que nós, que por graça somosdEle, pertencemos a este um só corpo, eao único corpo que existe. Nenhum outrohá. No céu isto será perfeitamentemanifestado. Aqui não é muito bemmanifestado. Somente o olho de Deuspode ver este um só corpo. Todavia,assim é. Há um só corpo.Os cristãos no princípio se reuniamsimplesmente por pertencerem ao um sócorpo. Se eu e você tivéssemos estado emÉfeso na manhã do dia do Senhor eprocurássemos por aqueles quereconheciam o nome e a autoridade doSenhor Jesus, iríamos descobrir que ascondições para que participássemos da

comunhão estariam baseadas única e tãosomente no fato de sermos ou nãomembros do um só corpo. Eles não noslevariam para um canto para perguntarqual seria nossa opinião sobre o batismo,sobre a verdade dispensacional, sobre ainterpretação da profecia ou um monte deoutras coisas sobre as quais os homensdisputam, mas estariam ansiosos porsaber se poderíamos distinta edefinitivamente demonstrar que éramosmembros do um só corpo - se éramosidôneos quanto à Pessoa e obra de Cristo.Se pudéssemos mostrar que éramosidôneos, seria somente com base nistoque seríamos recebidos entre eles, esomente com base nisto que tomaríamosdos símbolos [o pão e o vinho], pois é

esta mesma verdade que os símbolosapresentam diante de nossos olhos.(Estou supondo, evidentemente, quenossa profissão verbal não estivesse emcontradição com nossa vida.)

* * * * *

Um pão O pão sobre a mesa do Senhor nos falanão apenas da morte do Senhor Jesus,mas antes de ser partido ele fala daverdade de que somos um só corpo.Partimos aquele pão como membros do

um só corpo e de nenhum outro modo.Nosso tempo já se esgotou e nãopodemos falar muito mais sobre esteassunto tão abrangente, mas apenasexpressar em palavras que continuacoerente com o ensino das Escriturasestar reunido sobre este amplo terreno,reconhecendo cada membro do corpo deCristo sobre a Terra como um irmão ouirmã, e reconhecendo o direito, oumelhor dizendo, privilégio, de cada umcomo tal de recordar o Senhor conosco -de tomar daquele um só pão.É necessário que se acrescente isto:Embora no princípio estes assuntosfossem bastante simples, hoje não são tãosimples pois existem aqueles que se

denominam cristãos masque não sãocristãos, e já não é suficiente aceitarapenas a palavra humana a este respeito.Hoje em dia todo tipo de pessoa sedenomina cristão. É nosso deverdescobrir se realmente é assim. Somosresponsáveis por aqueles que recebemos,e esta responsabilidade não pode serdeixada sobre eles.Creio que o que foi falado está emconformidade com a verdade, e se assimfor, o Senhor irá tomar isto uma bênçãoaos nossos corações.Why Do We Meet As We Do?J.R.Gill