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PARÁBOLAS DE MATEUS13

William KellyTítulo original: Papers on Evangelization — C.H. Mackintosh

Tradução: Mario Persona - 1991

Parábolas de Mateus 13 representa ocomentário sobre o mesmo capítulo doEvangelho e é parte do livro Lectures onThe Gospel of Matthew escrito porWilliam Kelly e publicado pelaprimeira vez em 1868: Naimpossibilidade de publicarmos, nomomento, o livro na sua íntegra,procuramos trazer aos leitores ao menosuma pequena parte que, temos certeza,

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será de grande valor a todo aquele quese alegra em conhecer um pouco mais daPalavra de Deus.

Ao terminar o capítulo 12 do Evangelhode Mateus, vemos que o Senhor sedesfaz de todos os vínculos naturais queo conectavam com Israel. Estou mereferindo simplesmente ao fato de Elehaver demonstrado isto como umaspecto do Seu ensino, pois sabemosque, historicamente, o momento para oreal e derradeiro rompimento com Israelaconteceu na cruz. Porém, quanto ao Seuministério, se podemos dizer assim, orompimento ocorreu na passagem docapítulo 12 para o 13 do Evangelho deMateus. Ele Se valeu de uma alusãofeita à Sua mãe e irmãos para dizer qual

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era o Seu verdadeiro parentesco, ouseja, não mais com aqueles que estavamconectados com Ele pela carne, mas, aúnica família que Ele pode reconhecer apartir de então são aqueles que fazem avontade de Seu Pai que está nos céus.Ele não reconhece nada além do vínculoque é formado pela Palavra de Deusquando recebida no coração eobedecida adequadamente.

O Espírito Santo continua este assuntoregistrando uma série de parábolas queestavam conectadas a isto, e que tinhama intenção de mostrar a fonte, o caráter,a conduta e os filhos desta nova família,ou pelo menos daqueles queprofessavam pertencer a ela. É este oassunto de Mateus 13: Um exemplo

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surpreendente está na maneira claracomo o Espírito Santo moldou osmateriais na forma como hoje os vemos,pois sabemos que o Senhor proferiumais parábolas do que estas que sãodadas neste capítulo. Comparando-ocom o Evangelho de Marcos,encontramos uma parábola que difere,na sua essência, de qualquer uma dasque aparecem em Mateus. Em Marcos éuma pessoa que semeia, dorme e selevanta, de noite ou de dia, esperandopela germinação, pleno crescimento eamadurecimento do grão, saindo, elepróprio, para colhê-lo. Isto divergeconsideravelmente de todas asparábolas do Evangelho mais antigo,embora saibamos, por meio de Marcos,

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que a parábola em questão foi proferidano mesmo dia. “E com muitas parábolastais lhes dirigia a palavra, segundo oque podiam compreender. E semparábolas nunca lhes falava; porém tudodeclarava em particular aos seusdiscípulos... E, naquele dia, sendo játarde, disse-lhes: Passemos para a outrabanda.” (Mc 4:33,34).

Da mesma maneira que o Espírito Santoseleciona certas parábolas que sãoincluídas em Marcos, enquanto outrassão deixadas de fora (o mesmoacontecendo em Lucas), assim tambémaconteceu no caso que vemos emMateus. O Espírito Santo estáexpressando plenamente a mente deDeus acerca do novo testemunho

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conhecido como cristianismo oucristandade. Dessa maneira, já noprincípio deste capítulo nos preparapara o novo cenário. “Tendo Jesus saídode casa naquele dia, estava assentadojunto ao mar.” (vers. 1) Até estemomento a casa de Deus estavaconectada com Israel. Dentro daquilo aque se pode referir em relação à terra,era ali que Deus morava e reconheciacomo Sua habitação. Mas Jesus saiu dacasa e sentou-Se à beira-mar. Todos nóssabemos que o mar, na linguagemsimbólica do Antigo e NovoTestamento, é utilizado para representaras multidões que vagam de um lado parao outro, alheias ao governo estabelecidopor Deus. “E ajuntou-se muita gente ao

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pé dele, de sorte que, entrando numbarco, se assentou; e toda a multidãoestava em pé na praia.” (vers. 2) Aprópria maneira de agir de nossoSenhor, que é indicada ali, mostravaaquilo que viria a ser um testemunho degrande amplitude. Até mesmo asparábolas não ficam limitadas à esferadaquilo com que havia Se ocupado atéentão, mas passam a ter um alcancemuito mais amplo do que qualquer coisaque Ele houvesse dito em ocasiõesanteriores.

“E falou-lhe de muitas coisas porparábolas.” (vers. 3) Não é essencialque tenhamos todas as parábolas quenosso Senhor proferiu, mas o EspíritoSanto nos apresenta, neste capítulo, sete

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parábolas interligadas, todasapresentadas juntas e agregadas em umúnico bloco, conforme procurareidemonstrar. O Espírito Santo estáexercendo, de maneira clara, uma certaautoridade no que diz respeito àsparábolas aqui selecionadas, pois todossabemos que sete é o número que, nasEscrituras, representa aquilo que écompleto em si mesmo. Quer falemos debons ou maus espíritos ─ seja de umaforma ou de outra ─ o sete é o númeronormalmente utilizado. Quando éutilizado o número doze como símbolo,ele expressa a plenitude, não espiritual,mas naquilo que tem a ver com ohomem. Quando a administração humanaé colocada em evidência para levar

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adiante os propósitos de Deus, aí, então,aparece o número doze. Daí termos osdoze apóstolos, os quais tinham umrelacionamento peculiar com as dozetribos de Israel. Mas quando é a igrejaque está para ser apresentada, voltamosa encontrar o número sete ─ “seteigrejas”. Seja qual for a razão, temosaqui sete parábolas, algo colocado emordem por Deus com o propósito deapresentar um relato completo da novaordem de coisas que estava por começar─ a cristandade e o cristianismo, tanto overdadeiro como o falso.

A primeira pergunta que então ocorre é:Por que temos, então, esta série deparábolas aqui e em mais nenhum outrolugar? Algumas delas estão em Marcos e

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outras em Lucas, mas em lugar algum,exceto em Mateus, encontramos a sériecompleta. A resposta é esta: Nãopoderia haver lugar melhor ou maisadequado para elas estarem do que noEvangelho que apresenta Jesus como oMessias para Israel, e revela, com Suarejeição, o que Deus traria a seguir. Oque mais poderia ser de tão profundointeresse para os discípulos, quandosuas esperanças se desvaneciam, do queconhecer a natureza e o fim desse novotestemunho? Se o Senhor iria enviar aSua Palavra para os gentios, qual viria aser o resultado? Sendo assim, oEvangelho de Mateus é o único que nosdá um esboço completo do reino doscéus, como também nos indica que o

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Senhor iria fundar a igreja. É somente noEvangelho de Mateus que temos ambasas coisas reveladas. Este assunto,porém, pode ser deixado para outraoportunidade, mas o que devemosobservar aqui é que o reino dos céus nãoé a mesma coisa que a igreja. O reinodos céus é a esfera onde a autoridade deCristo é reconhecida, mesmo que o sejasó exteriormente. Todo cristão professoestá no reino dos céus. Isto exclui,evidentemente, aqueles que sãomuçulmanos, judeus ou pagãos. Todapessoa que tenha feito uma confissão defé em Cristo, mesmo que tenha sidoapenas como um ritual exterior, já não émeramente um judeu ou gentio, masencontra-se no reino dos céus. Isto é

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bem diferente de alguém ser nascido denovo e ser batizado pelo Espírito Santono corpo de Cristo. Quem quer que levesobre si o nome de Cristo pertence aoreino dos céus. Ainda que ele sejaapenas um joio ali, esta será a suaposição. Isto é algo muito solene. Ondequer que Cristo seja confessadopublicamente, existe umaresponsabilidade maior do que aquelaque recai sobre o restante do mundo.

A primeira parábola claramente seaplica à época em que o nosso SenhorSe encontrava na terra. Ela é bastantegenérica e poderia ser aplicada aoSenhor em Pessoa ou em Espírito. Pode-se ainda dizer que ela está sempre emandamento, pois encontramos o Senhor

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apresentado novamente na segundaparábola, ainda semeando a boasemente, com a diferença que então setrata do “reino dos céus” que écomparado a um homem que semeou aboa semente no seu campo. A primeiratrata da obra de Cristo, enquanto aindaestava aqui, anunciando a Palavra entreos homens. A segunda, por sua vez, seaplica ao nosso Senhor semeando pormeio de Seus servos, isto é, o EspíritoSanto trabalhando neles emconformidade com a vontade do Senhor.Assim, enquanto o Senhor Se encontranas alturas, o reino dos céus está sendoestabelecido. Isto nos oferece, deimediato, uma importante chave para oassunto todo. Mas a despeito do fato da

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primeira parábola possuir um caráterbastante genérico, há nela um grandevolume de ensino moral que se aplicacom precisão tanto nos dias de hojecomo quando o Senhor estava na terra.“Eis que o semeador saiu a semear” ─sem dúvida alguma, uma verdade degrande importância!

Não era assim que os judeus esperavamque fosse o seu Messias. Os profetasderam testemunho de um gloriosolegislador que estabeleceria o Seu reinoentre eles. Sem dúvida havia claraspredições do Seu sofrimento, assimcomo de Sua exaltação. Nossa parábolanão descreve nem sofrimento nem glóriavisível, mas uma obra levada a efeitopelo Senhor, obra esta de um caráter

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distinto de tudo aquilo que naturalmenteo judeu procuraria extrair do volume dasprofecias. Mesmo assim creio que nossoSenhor estava fazendo uma alusão aIsaías. Não se trata exatamente doevangelho da graça e salvação para opobre, desventurado e culpado, masAlguém que, em lugar de reivindicar osfrutos da vinha que era Israel, tem quecomeçar uma obra completamente nova.Um semeador saindo a semear marcaclaramente o início de algo que nãoexistia antes. O Senhor está começandouma obra nunca antes vista neste mundo.

“E, quando semeava, uma parte dasemente caiu ao pé do caminho, evieram as aves, e comeram-na.” Aqueleera definitivamente o caso mais grave de

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todos. Era inútil e em vão, não por causade qualquer falha na semente, masdevido à influência destruidora dasaves, que devoraram aquilo que haviasido semeado. Em seguida temos: “Eoutra parte caiu em pedregais, onde nãohavia terra bastante, e logo nasceu,porque não tinha terra funda”. Este casotinha uma aparência mais esperançosa.A Palavra foi recebida, mas o solo erapedregoso; não havia terra profunda. Osresultados aparentes eram muito rápidos─ “e logo nasceu”. É algo muito sériopensarmos naquelas almas queprogridem de imediato. Sempre que anatureza pode interferir nas coisasconcernentes a Deus, faz com que elasamadureçam rápido demais. Há pouca,

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ou até mesmo nenhuma, consciência depecado. Tudo é recebido, mas commuita prontidão. O plano da salvaçãopode parecer excelente, oesclarecimento da mente inegável, mastal pessoa nunca levou em consideraçãoa sua horrível condição diante de Deus.A boa Palavra de Deus é provada, mas osolo é pedregoso. Não há nada para aconsciência fazer com ela. Quandoexiste uma obra real do coração, aconsciência é o solo no qual a Palavrade Deus faz efeito. Nunca pode haveruma obra verdadeira, efetuada por Deus,sem que haja convicção de pecado. Istoé algo que as almas, atraídas peloevangelho, devem considerarcuidadosamente. É importante saber se

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elas verdadeiramente encararam obendito Deus que lhes fala acerca de suaruína. O caso aqui tratado diz respeitoàquelas pessoas nas quais foramativados sentimentos ardentes sem que opecado sofresse sequer um arranhão emsua pintura. A Palavra foi recebidaprontamente, mas o terreno erapedregoso. Não há raiz pois não háprofundidade no solo; consequentemente“vindo o sol, queimou-se e secou-se,porque não tinha raiz”.

Mais adiante encontramos que “outracaiu entre espinhos, e os espinhoscresceram, e sufocaram-na”. Este é umoutro caso, não exatamente igual àqueleem que o coração recebeu a Palavraprontamente. E é bom lembrar que se

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pode confiar tanto no coração como nacabeça. A carne difere de um indivíduopara outro, mas seguramente nem umnem outro poderá receber a Palavra deDeus, a menos que o Espírito Santo atuesobre a consciência e produza aconvicção de se estar completamenteperdido. Se for este o caso, trata-se deuma verdadeira obra de Deus, onde astristezas e dificuldades irão tão somenteproduzir raízes mais profundas. Aquelesque receberam a semente entre espinhosfazem parte da classe de pessoas que édevorada pelas ansiedades desta era esão carregadas pelos enganos dasriquezas que sufocam a palavra demaneira que nenhum fruto chegue àperfeição.

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Encontramos agora o bom solo. “E outracaiu em boa terra, e deu fruto: um a cem,outro a sessenta e outro a trinta. Quemtem ouvidos para ouvir, ouça.” (vers.8,9) Aqui o semeador é o próprioSenhor e, ainda assim, em cada quatroclasses de semente, três não têmsucesso. É somente no último caso que asemente dá fruto maduro, e mesmo aí osefeitos dos obstáculos podem sernotados por uma colheita nãohomogênea: “... e deu fruto: um a cem,outro a sessenta e outro a trinta”. Quetriste revelação do coração do homem edo mundo! Pois até mesmo onde ocoração não rejeita a verdade, antes arecebe, ele a abandona com a mesmarapidez. O mesmo desejo que faz um

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homem receber alegremente oevangelho, o leva a lançá-lo fora ao sedeparar com as dificuldades. Mas, emalguns casos, a Palavra efetivamenteproduz efeitos benditos. Caiu em boaterra e deu fruto em diferentes níveis.“Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”Uma solene admoestação às almas, paraque verifiquem bem se estão ou nãoproduzindo conforme a verdade quereceberam.

O Senhor explica estas coisas. Porém,antes de qualquer coisa, vêm osdiscípulos e Lhe perguntam: “Por quelhes falas por parábolas? Ele,respondendo, disse-lhes: Porque a vós édado conhecer os mistérios do reino doscéus, mas a eles não lhes é dado”. A

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parábola seria exatamente como anuvem de Israel de outrora ─ cheia deluz para aqueles que estavam dentro,mas repleta de escuridão para aquelesque se encontravam fora. Assim ocorrecom aquilo que nosso Senhor diz. Omomento era de uma crise tão soleneque não era Sua intenção oferecer maisluz. Faltava-lhes consciência. Tinham oSenhor entre eles, trazendo plena luz, eainda assim Ele era rejeitado,principalmente pelos líderes religiososda nação. Ele agora rompia o Seurelacionamento para com eles. Aliestava a pista para o Seu modo deproceder: “a vós é dado conhecer”. Eraoculto à multidão, e isto porque jáhaviam rejeitado as provas mais

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evidentes possíveis de que Jesus era oMessias de Deus. Mas, conforme Ele dizaqui, “àquele que tem, se dará, e terá emabundância”. Era este o caso dosdiscípulos. Eles já haviam recebido SuaPessoa, e agora o Senhor os supririacom verdade suficiente para guiá-los.“Mas aquele que não tem”, referindo-Seao Israel que rejeitou o Cristo, “atéaquilo que tem lhe será tirado”. Apresença corpórea do Senhor, que aindapermanecia com eles, e a evidência dosmilagres, muito cedo passariam.

“Por isso lhes falo por parábolas;porque eles, vendo, não veem; e,ouvindo, não ouvem nemcompreendem.” (vers. 13) Aquelasentença judicial de trevas que Isaías

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pronunciara sobre eles centenas de anosantes estava agora para ser selada,embora o Espírito Santo ainda lhesdesse um novo testemunho. E estamesma passagem é citada mais adiantepara sentenciar que estava tudoterminado para com Israel. Eles amavammais as trevas do que a luz. De queserve a luz para alguém que fecha osseus olhos? Portanto a luz também lhesseria tirada. “Mas bem-aventurados osvossos olhos, porque veem, e os vossosouvidos, porque ouvem. Porque emverdade vos digo que muitos profetas ejustos desejaram ver o que vós vedes, enão o viram; e ouvir o que vós ouvis, enão o ouviram.” (vers. 16, 17).

Segue-se, então, a explicação da

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parábola. Temos o significado das“aves” nos sendo dado. Não nos édeixada margem para tecermos nossaspróprias conjecturas. “Ouvindo alguéma palavra do reino, e não a entendendo,vem o maligno, e arrebata o que foisemeado no seu coração; este é o que foisemeado ao pé do caminho.” Note quenão se trata exatamente da palavra doevangelho e sim da palavra do reino quelhes estava sendo pregada. Em Lucasnão é chamada “palavra do reino”, etampouco é mencionado “... e não aentendendo”. É interessanteobservarmos a diferença, pois ela indicaa maneira pela qual o Espírito Santoagiu neste Evangelho. Compare comLucas 8 onde encontramos algumas

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destas parábolas. “Esta é, pois aparábola: a semente é a palavra deDeus” (Lc 8:11) ─ não a palavra doreino, mas “a palavra de Deus”. Há,evidentemente, muita coisa em comumem ambas, mas o Espírito teve umasábia razão para usar as diferentesexpressões. Se não existissem razõesbem fundamentadas para talprocedimento, isto poderia ser usadopelos adversários. Volto a lembrar deque se trata da “palavra do reino” emMateus, e da “palavra de Deus” emLucas. Neste último encontramos “paraque se não salvem, crendo”, e noprimeiro, “e não a entendendo”.

O que nos é ensinado por estadiferença? É evidente que, em Mateus, o

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Espírito Santo tem em menteparticularmente o povo judeu, embora apalavra estivesse sendo levada aosgentios no tempo oportuno, enquanto queem Lucas o Senhor tinha especialmenteos gentios em Seu pensamento. Elesentenderam que havia um grande reinoque Deus estava para estabelecer,destinado a subjugar todos os seusreinos. Os judeus, por já estaremfamiliarizados com a Palavra de Deus,precisavam entender o que Deusensinou. Eles já tinham a Sua Palavra,embora a superstição e o orgulho nuncativessem permitido que a entendessem, evinha à tona uma séria pergunta: Você aentende? (Por outro lado, seria caso decontrovérsia perguntar a um judeu se ele

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não cria naquilo que dizia Isaías).Porém, quando se tratava dos gentios ─eles não possuíam os oráculos de Deus,portanto a questão para com eles era decrerem naquilo que Deus disse, e é istoo que encontramos em Lucas. Era esta aquestão com respeito ao gentio ─ aoinvés de estabelecer a sua própriasabedoria, ele devia se submeter ao queDeus disse.

Você ainda observará que, no que dizrespeito àqueles que não tinham aPalavra de Deus, e que estavam para serprovados pelo evangelho que iria serlevado a eles oportunamente, a questãoera de crerem em algo que nunca lheshavia sido apresentado antes. EmMateus, dirigindo-se a um povo que já

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tinha a Palavra, a grande questão eraentendê-la. E isto eles não fizeram. OSenhor deixa claro que ainda que tenhamouvido com seus ouvidos, nãoentenderam com seus corações. Estadiferença, portanto, quando conectada àsdiferentes ideias e objetivos dos doisEvangelhos, é clara, interessante einstrutiva.

“Ouvindo alguém a palavra do reino, enão a entendendo.” Aprendemos outrasolene verdade disto: ─ o preconceitoreligioso é o maior obstáculo a impedira compreensão espiritual. Os judeusforam acusados de falta deentendimento. Eles não eram idólatras,ou infiéis declarados, mas possuíam emsuas mentes um sistema religioso no

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qual haviam sido treinados desde ainfância, e que obscureceu suainteligência para as coisas que o Senhorestava revelando. Assim acontece emnossos dias. Embora entre os pagãos seencontre um estado moralmenteperverso, ainda pode-se encontraraquele tipo de solo fértil onde a Palavrade Deus pode ser livremente semeada e,pela graça, crida. O mesmo já nãoacontece onde as pessoas foram criadasem ordenanças e superstições: aí adificuldade está em se entender aPalavra.

“Vem o maligno, e arrebata o que foisemeado no seu coração.” Conformepodemos ver aqui, as aves da primeiraparábola representam o maligno que

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arrebata a palavra do reino tão logo elaé semeada. “Porém o que foi semeadoem pedregais é o que ouve a palavra, elogo a recebe com alegria.” (vers. 20)Aí você pode ver o coração tocado emsuas afeições, porém sem um exercíciode consciência. Logo recebe a Palavracom alegria. Há uma enorme gratidãopor tudo, mas logo termina. Somente oEspírito Santo agindo sobre aconsciência é Quem dá aquilo que dizrespeito a Deus. “Mas não tem raiz emsi mesmo, antes é de pouca duração; e,chegada a angústia e a perseguição porcausa da palavra, logo se ofende.” (vers.21).

Temos então o solo cheio de espinhos:“E o que foi semeado entre espinhos é o

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que ouve a palavra, mas os cuidadosdeste mundo, e a sedução das riquezas,sufocam a palavra e fica infrutífera”(vers. 22). Existe um caso que pode terparecido promissor por um momento,mas a ansiedade por este mundo, ou afascinação da prosperidade fácil nestemundo a torna infrutífera, e tudo seperde. “Mas o que foi semeado em boaterra é o que ouve e compreende apalavra (com entendimento espiritual); edá fruto, e um produz cem, outrosessenta, e outro trinta.”

Chegamos agora à primeira dassemelhanças do reino dos céus. Aparábola do semeador era a obrapreparatória de nosso Senhor sobre aterra. “Propôs-lhes outra parábola,

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dizendo: O reino dos céus é semelhanteao homem que semeia boa semente noseu campo; mas, dormindo os homens,veio o seu inimigo, e semeou o joio nomeio do trigo, e retirou-se” (vers. 24,25) ─ exatamente o que aconteceu com apública confissão cristã. Existem duascoisas necessárias para a entrada do malentre os cristãos. A primeira é a falta devigilância dos próprios cristãos. Elescaem em um estado de descuido,dormem, e o inimigo vem e semeia ojoio. Isso começou numa época remotada cristandade. Encontramos o seugerme já em Atos dos Apóstolos, eainda mais nas epístolas. 1Tessalonicenses é a primeira epístolainspirada que o apóstolo Paulo

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escreveu; e a segunda foi escrita logodepois. E ele já lhes dizia que o mistérioda iniquidade estava já operando; quehavia outros desdobramentos disto, taiscomo a apostasia e o homem de pecado;e que quando a iniquidade estivesseplenamente manifesta (ao invés deoperar sorrateiramente), o Senhor poriaum fim ao iníquo e a tudo o queestivesse relacionado com ele. Omistério da iniquidade parece estarrelacionado com a semeadura do joio deque é falado aqui. Após algum tempo,“quando a erva cresceu e frutificou” ─quando o cristianismo começou aprogredir a passos largos sobre a terra,“apareceu também o joio”. Mas éevidente que o joio foi semeado quase

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que imediatamente após a boa semente.Não importa qual seja a obra de Deus,Satanás estará sempre vindo logo atrás.Quando o homem foi criado, ele deuouvidos à serpente e caiu. Quando Deusdeu a lei, ela foi transgredida antesmesmo de chegar às mãos de Israel.Essa tem sido sempre a história danatureza humana.

Portanto o dano é feito no campo enunca mais reparado. Não é agora omomento de se arrancar o joio ─ não háum juízo determinado para ele agora.Será que isto significa que devemospermitir o joio na igreja? Se o reino doscéus fosse o mesmo que igreja, entãoesta passagem autorizaria a inexistênciade qualquer tipo de disciplina na igreja:

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deveria se admitir nela qualquer tipo deimpureza da carne ou do espírito, bemcomo blasfemos, bêbados, adúlteros,hereges, anticristos, bem como aquelesque promovem divisões e outros. Aquivemos a importância de se enxergar adistinção entre a igreja e o reino. OSenhor proíbe que o joio seja arrancadodo reino dos céus: “Deixai crescerambos juntos até à ceifa” (vers. 30), ouseja, até que o Senhor venha para julgar.Se a expressão reino dos céus tivesse omesmo significado que igreja, volto ainsistir, a consequência seria nada maisnada menos do que esta: nenhum mal,por mais flagrante ou evidente que fosse,deveria ser colocado fora da igrejaantes do dia do juízo. Vemos, portanto, a

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importância de se fazer esta distinção, aqual é desprezada por muitos. Ela é damaior importância para a verdade e asantidade. Não há uma única palavradada por Deus que possamos dispensar.

O que significa, então, esta parábola?Ela não tem nada a ver com o assunto decomunhão na igreja. Trata-se do “reinodos céus” ─ a esfera de confissãopública de Cristo, seja ela verdadeiraou falsa. Sendo assim, gregos, coptas,nestorianos, católicos romanos, tantoquanto protestantes, encontram-se noreino dos céus; não apenas aqueles querealmente creem, mas também pessoasmás que apenas professam ser cristãos.Uma pessoa, não sendo judeu nempagão, que professe o nome de Cristo

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está no reino dos céus. Ele pode ser atéum imoral ou herege, mas ele não é paraser colocado fora do reino dos céus.Mas seria certo recebê-lo à mesa doSenhor? Absolutamente não! Igreja (istoé, assembleia de Deus) e reino dos céussão duas coisas completamentediferentes.

Se uma pessoa que estiver na igreja cairabertamente em pecado, deve sercolocada fora; mas não deve serexcluída do reino dos céus. Na verdade,a única maneira de excluí-la do reinodos céus seria tirando a sua vida, que éo que significa arrancar o joio. E foineste erro que o cristianismo mundanocaiu não muito tempo depois que osapóstolos se foram. Punições civis

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foram introduzidas como disciplina; leisforam elaboradas com o propósito deentregar os infratores ao governo civilsubmisso ao clero. Aqueles que nãohonravam a, assim chamada, “Igreja”,não eram considerados dignos decontinuarem vivos. Dessa maneira, opróprio mal do qual o Senhor guardavaos Seus discípulos veio a acontecer, e oimperador Constantino usou da espadapara reprimir os que se opunham aopoder eclesiástico. Ele e seussucessores estabeleceram puniçõesseculares para tratar com o joio,procurando arrancá-lo.

Tomemos, mais uma vez, a Igreja deRoma onde é tão abrangente a confusãoentre igreja e reino dos céus. Eles

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alegam que se uma pessoa é herege,deve ser levada aos tribunais destemundo para ser queimada; e eles nuncaconfessaram ou corrigiram esse erro,pois se consideram infalíveis. Mesmo sesupormos que suas vítimas fossem joio,fazer isso equivaleria a arrancá-las doreino dos céus. Se você arranca um joiodo campo, você o mata. Podem existirpessoas que exteriormente professam sercristãos, mas que na verdade estãoprofanando o nome de Deus; mesmoassim devemos deixá-las para que Deuscuide delas.

Isto não elimina a responsabilidadecristã para com aqueles que estão àmesa do Senhor. Você encontraráinstruções a este respeito nas passagens

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que foram escritas com referência àigreja. “O campo é o mundo” (vers. 38);a igreja abrange somente aquelesadequadamente aceitos como membrosdo corpo de Cristo. Tomemos 1Coríntios, onde encontramos o EspíritoSanto mostrando a verdadeira naturezada disciplina eclesiástica. Suponhamosque existam cristãos professos, culpadosde qualquer pecado que se possaimaginar; tais pessoas não devem serrecebidas como membros do corpo deCristo, pelo menos enquantopermanecerem naquele pecado. Atémesmo um santo verdadeiro pode cairabertamente em pecado, mas é dever daigreja, ao saber disso, intervir com opropósito de expressar o julgamento de

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Deus com respeito ao pecado. Sedeliberadamente permitirem que talpessoa participe da mesa do Senhor,estarão, na realidade, envolvendo oSenhor naquele pecado. Não se trata daquestão de ser a pessoa convertida ounão; mesmo que seja alguém convertido,o pecado não deve ser consentido.Quanto àqueles que não sãoverdadeiramente convertidos, nada têma ver com a igreja.

O ensino da Palavra de Deus é, dessaforma, o mais claro possível quanto aestas verdades. É um erro se valer depunições seculares para tratar com umhipócrita, mesmo quando ele édescoberto. Ainda que se busque o bemde sua alma, não há razão para tal tipo

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de punição. Mas se um cristão é culpadode pecado, a igreja, embora exortada aser paciente no julgamento, não devejamais aceitá-lo. Quanto aosinconversos culpados (o joio), devemosdeixá-los para que sejam julgados peloSenhor em Sua vinda. É isto o que nosensina a parábola do joio; dá-nos umavisão bastante solene do cristianismo.Tão certo como o Filho do homemsemeou boa semente, Seu inimigosemearia má semente que cresceria juntocom as outras: e não se pode ficar livredesse mal, ao menos no tempo presente.Há uma solução para o mal que entra naigreja, mas ainda não existe uma para omal que está no mundo.

Este é o único Evangelho contendo a

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parábola do joio. Lucas fala dofermento. Mateus tem também aparábola do joio que ensinaparticularmente paciência no tempopresente, em contraste com a formajudaica de julgamento, além de atender àjusta expectativa de um campo limpo domal quando chegar o milênio sob o reinodo Messias. Os judeus poderiam dizer:─ Por que deveríamos admitir inimigos,hereges e infiéis? Até mesmo quandonosso Senhor esteve aqui, e algunsSamaritanos não o receberam, Tiago eJoão quiseram ordenar que caísse fogodos céus para consumi-los. Eles tinhamo pensamento natural de tratar logo como joio, mas o Senhor os repreendeu poristo. “Vós não sabeis de que espírito

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sois”, e acrescentou, “Porque, o Filhodo homem não veio para destruir asalmas dos homens, mas para salvá-las”.Isto ilustra qual é o desejo de nossoSenhor com respeito ao joio. Matá-los éir contra o cristianismo, cujo verdadeiropoder procede do Espírito Santo e nãoda força bruta. A espada fica do lado defora.

Contudo, temos ainda mais instruções.“Deixai crescer ambos juntos até àceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aosceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas o trigoajuntai-o no meu celeiro.” (vers. 30)Assim os santos celestiais estão para serreunidos ao celeiro do Senhor; tiradosdesta terra e levados para o céu. Porém

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a “ocasião da ceifa” se refere a um certoperíodo de tempo quando transcorrerãoos vários processos de ajuntamento.Nesse cenário de colheita o Senhor diráaos ceifeiros: “Colhei primeiro o joio, eatai-o em molhos para o queimar”. Nãodiz que o trigo deva ser atado emmolhos para ser levado aos céus. Não édada qualquer instrução no sentido deque seja preciso algum trabalho especialde preparação dos santos antes quesejam levados para os céus. Mas há algoassim com respeito ao joio. Os anjosdevem arrumá-los de um certo modoantes que o Senhor os leve do campo.Não pretendo dizer como issoacontecerá, ou se os diversos sistemasou associações que vemos no presente

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não estejam, de certa forma, preparandoo caminho para a ação final do Senhorpara com o joio. Mas o princípio deassociação a nível mundial estáganhando espaço. Quando se aproximaro tempo do juízo dos vivos, haverá umtrabalho preliminar, confiado aos anjos,para amarrar os ímpios em feixes paraserem queimados. Não pretendoespecular em como isso será feito,preferindo ficar tão somente dentrodaquilo que me é mostrado nestecapítulo.

A parábola do campo de trigo provouplenamente que, à semelhança dadispensação que terminava, aquela queestava para começar viria a ser tambémum completo fracasso no que diz

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respeito à responsabilidade do homemem manter a glória de Deus. Isso deveter sido um golpe inesperado para ospensamentos dos discípulos. Israel haviadesonrado a Deus; eles não haviamtrazido a liberdade, mas sim a vergonhae confusão sobre na face da terra. Elesfalharam em guardar a lei e haviam derejeitar a graça tão completamente que oRei seria obrigado a enviar os Seusexércitos para destruir aquelesassassinos e queimar sua cidade. Mastalvez o que não tenha sido entendidocom clareza era que, se por um ladoestava para começar uma nova obra queiria tomar a forma de uma reunião dediscípulos ao nome de Jesus, pelaPalavra que lhes seria pregada, por

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outro, essa nova obra acabaria por setornar uma ruína nas mãos dos homens.

Quando se trata de salvação de almas,isto jamais depende da criatura, cujosesforços Deus considera, e sempreconsiderou, um completo fracasso. Ohomem foi destituído da glória de Deusno Paraíso, e fora dele corrompeu osseus passos enchendo a terra deviolência. Depois de tudo, Deus aindaescolheu um povo para prová-los, e elesfalharam. E agora veio a nova prova. Oque seria dos discípulos queprofessaram o nome de Cristo? Aresposta foi dada: Enquanto os homensdormiam, o inimigo semeou o joio. E umsolene aviso declara que nenhum zelopor parte deles poderia remediar o mal

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que fora feito. Eles próprios podiam serfiéis e sinceros, mas o mal que haviasido feito pela introdução do joio ─falsos cristãos professos ─ nunca seriaerradicado.

O Senhor evidentemente fala do vastocampo de confissão cristã, e do tristefato de que o mal estava para serintroduzido desde o seu princípio. Euma vez introduzido, nunca mais seriatirado até que o próprio Senhor viessepara julgar e, por meio de Seus anjos,atá-los em feixes para serem queimados.Enquanto isso, o trigo encontra-sereunido no celeiro. Vimos, assim, que ojoio estava para ser misturado ao trigodesde o princípio, ─ nãonecessariamente misturado à igreja, pois

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o campo não é a igreja, mas o mundo. Aconclusão é que podem existir aquelesque estão levando o nome de Cristoembora sejam pessoas declaradamenteímpias. Sabemos que tal classe depessoas tem conseguido obter, e atémesmo manter, uma posição dentro deum grande círculo que professa o nomedo Senhor, mas o campo ─ marque bem─ não é a assembleia, mas a esfera deuma adesão exterior a Cristo.

Se por um momento pensarmos na igrejacomo sendo o que encontramos emMateus 13, é certo que jamaisentenderemos o capítulo. “O campo é omundo”, a esfera onde o nome do Senhoré confessado, e se estende muito alémdaquilo que poderia ser considerado a

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igreja. Deve haver ─ e com certeza há ─muitas pessoas que não sejam nempagãos e nem judeus ou muçulmanos,que se autodenominam cristãos,enquanto demonstram, por seu caminhar,que não há neles uma fé real. Estes sãochamados de “joio”. Não sãonecessariamente hipócritas conscientes.Podem ser ou não, mas são professantesdegenerados do “um só Senhor” e da“uma só fé”, tratando-se de pessoasbatizadas que não têm nenhum apreçopor Cristo e nem cuidado com Suaglória. São, consequentemente,destituídos de vida ─ não são nascidosda água e do Espírito, embora levem onome de Cristo e talvez até mesmotenham, exteriormente, zelo pela fé.

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Atualmente são encontrados em todos oslugares do mundo ocidental, como já oforam no mundo oriental. Há muitos que,muito embora ninguém acreditaria quepudessem ser nascidos de Deus,ficariam chocados se fossem taxados deinfiéis. Reconhecem a Cristo como oSalvador do mundo e como o verdadeiroMessias, mas é algo totalmente semefeito sobre suas almas, assim comoaqueles que na Jerusalém de outroracreram em Cristo quando viram osmilagres que Ele fizera. (João 2) Jesusnão confia nestes de agora, tanto quantonão confiava naqueles de então.

A próxima parábola indica que o malnão seria somente na forma de misturacom uma falsa confissão de fé, mas algo

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bem diferente havia de se seguir. Issopodia estar conectado com o joio e como seu crescimento, mas era necessáriooutra parábola para apresentá-lo.Começando com o menor núcleopossível, o mais fraco aos olhos destemundo, haveria de firmar suas raízesprofundamente entre as instituições doshomens e crescer como um sistema depoder e influência terrena. Trata-se dasemente de mostarda brotando e setornando uma grande árvore em cujosramos as aves do céu viriam se aninhar.Já foi explicado que as avesrepresentam o maligno ou seus agentes.(Compare vers. 4 e 19) Nunca devemosnos afastar do significado de umsímbolo em um capítulo, a menos que

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exista uma razão bastante clara paraisto, o que não parece ser caso. Temos,assim, a menor de todas as sementes quecresce até parecer árvore; começandode forma insignificante chega a formarum tronco com ramos suficientementeespaçosos para prover abrigo e um larapropriado às aves do céu. Quemudança para a confissão cristã! Odestruidor encontra-se agora alojado emseu seio.

Em seguida vem a terceira parábola,novamente de uma natureza diferente.Não se trata de uma semente, boa ou má.Tampouco nos fala do que é pequeno ese torna grande e poderoso neste mundo;e para que! Mas aqui encontramosaquilo que seria a disseminação de

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doutrina internamente, assimilando parasi qualquer coisa que lhe cruzasse ocaminho. “Fermento” é usado noEvangelho de Mateus, assim comoocasionalmente em outras passagens,com o significado de doutrina. Porexemplo, temos a “doutrina dos Fariseuse Saduceus” que é chamada de“fermento”. (Mateus 16:6) Sem dúvidaalguma o Senhor se refere ali à doutrinahipócrita. O pensamento aqui não é tantono sentido de caracterizar o tipo dedoutrina, seja ela boa ou má, mas sim,ao que parece, simbolizar aquilo que seespalha e penetra em tudo o que entraem contato consigo.

“O reino dos céus é semelhante aofermento que uma mulher toma e

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introduz em três medidas de farinha, atéque tudo esteja levedado.” (vers. 33) Astrês medidas de farinha não devem serinterpretadas como o mundo inteiro.Suponho que representem umadeterminada área entregue à ação dofermento doutrinário, por meio do qual adoutrina efetivamente se espalha. Seja oresultado um estado de coisas bom oumau após o todo ter sido impregnadocom a doutrina, devemos julgar segundoa Palavra de Deus de uma maneira geral,e não meramente por uma figura ouexpressão em particular. Normalmentenão encontramos a verdade estabelecidade tal maneira. Sabemos o que há nocoração do homem e disto deduzimosque a doutrina que é espalhada de forma

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tão vasta, usando o nome de Cristo, deveestar bem distante de sua pureza originalquando passa a ser benquista por umagrande multidão. Além do mais, temosvisto o joio, que não significa nada debom, ser misturado ao trigo. Vimostambém a semente de mostarda quecresceu ao ponto de se tornar umaárvore que estranhamente acolheu asaves do céu, as mesmas que anteshaviam roubado a semente que Cristoplantou. E então vemos o fermento que,onde quer que apareça simbolicamentena Palavra de Deus, nunca tem outrosignificado além de caracterizar aquiloque corrompe, se espalhando etrabalhando rapidamente. Portantodevemos assumir que aqui não se trata

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da expansão do evangelho.

Não tenho dúvida de que o significado éum sistema doutrinário que toma todauma massa humana, deixando nela a suamarca. Quanto ao tipo de doutrina, issoé algo que exige outras considerações,mas, sem dúvida alguma, seria muitoestranho se o fermento significasse algode bom. Por outro lado, o evangelho é asemente ─ a semente incorruptível ─ davida, sendo o testemunho de Deusquanto a Cristo e Sua obra. Ele pode seralvo de rapina ou mesmo pisado, masonde quer que encontre abrigo em umcoração, ali ele emana, pela graça, umanova natureza. O fermento nunca, e emlugar nenhum, tem a ver com Cristo etampouco dá vida, mas expressa

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justamente o contrário. Portanto, nãoexiste a menor analogia entre a ação dofermento e o recebimento de vida emCristo por meio do evangelho.

Creio que o fermento demonstra aqui apropagação dos dogmas e credos, após acristandade haver se tornado um grandepoderio sobre este mundo, cumprindoassim a parábola da árvore. Foi assimque ocorreu, historicamente falando, notempo de Constantino, o Grande, esabemos que o resultado disso foi umabandono da verdade. Quando ocristianismo se tornou grande erespeitável neste mundo, ao invés de serperseguido e reprovado, levas depessoas foram a ele acrescentadas. Todoum exército foi batizado com uma só

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palavra de ordem. A espada passou aser então utilizada para defender, oufortalecer, o cristianismo; com umafrequência cada vez maior asrecompensas terrenas e o favor imperialaceleravam a decadência do paganismo.Tudo isso, sem dúvida alguma, abriucaminho para a disseminação dofermento, e não para a sã verdade deDeus e tampouco para Sua graça.

Observe também que desta maneira ainterpretação flui harmoniosamente.Temos parábolas aplicadas a coisasdistintas, que podem ter uma certamedida de analogia umas às outras, alémde estabelecer diferentes verdades emuma ordem que não pode deixar de semostrar idônea a uma mente espiritual e

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livre de preconceitos. Tudo depende deuma correta compreensão do quesignifica “reino dos céus”. Não devemosesquecer que se trata simplesmente daautoridade do Senhor nos céus,reconhecida sobre a terra. Quem querque a reconheça, seja nascido de Deusou não, encontra-se no reino dos céus.Alguns são verdadeiramente renascidosenquanto outros meramente adotaram ocristianismo como um bom credo e umcódigo moral salutar. Quando ocristianismo passou a ser algoreconhecido pelo mundo como umverdadeiro poder civilizatório sobre aterra, tendo sido avaliado como tal pelabalança da sabedoria humana, deixou deser simplesmente o campo semeado com

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a boa semente e poluído pela másemente lançada pelo inimigo.Transformou-se, porém, em frondosaárvore e em fermento de ação ampla eprofunda (pois é esta a surpreendenterevelação que o Senhor faz). Isso eraalgo que as multidões poderiam admirar,mas que somente os sábios seriamcapazes de compreender. Se osdiscípulos estavam esperando por algoque fosse evoluir segundo a mente deCristo, estavam bem enganados. Elesforam informados de que seria umasituação completamente diferentedaquela que eles esperavam com basenos profetas, que discorreramabundantemente acerca de uma época depaz, bênção e glória universal sobre a

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terra. Aqui eles descobrem que, emborao Messias tivesse vindo, Ele estava indoembora; que enquanto Ele estivesse noscéus, o reino seria estabelecido emperseverança e não em poder ─misteriosamente, e não como algovisível; e que nele, consequentemente,seria permitido que o diabo trabalhassetanto quanto antes, valendo-se, como erade se esperar, da recém-reveladaverdade de Deus.

Até aqui, portanto, estas parábolasmostram o gradual crescimento do mal.Primeiro há a mistura de um pouco demal com uma grande quantidade de bem,como era o caso do campo de trigo.Então há o surgimento daquilo que éalto, poderoso e influente, a partir da

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insignificante origem do cristianismoprimitivo. Ao invés de padecertribulação no mundo, o corpo de cristãosse transforma em feitor a exercer a suaautoridade, e desde então passa a ser olugar em que se colocam os maisambiciosos deste mundo a fim desatisfazerem suas próprias pretensões.Segue-se uma vasta propagação dedoutrina, quando a insensatez dopaganismo e as limitações do judaísmotornam-se por demais evidentes, e àmedida que os interesses destes tambémos levam a buscar um lugar nocristianismo.

Repare que agora há uma mudança. OSenhor para de Se dirigir à multidão.Quem poderia deixar de perceber que o

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próprio Senhor já estava colhendo otrigo? Quem não seria capaz de percebero crescimento da árvore de mostarda, ea disseminação do fermento, quando osfatos eram evidentes e a sua aplicaçãolevada a efeito? Mas o Senhor agora Seafasta da multidão que estava em focoaté o momento. Como está escrito, “Ecom muitas parábolas tais lhes dirigia apalavra... e sem parábolas nunca lhesfalava”. Mas agora Jesus despede amultidão e vai para casa. Gostaria dechamar a sua atenção para este fato, poisdivide as parábolas e dá início a umnovo conjunto delas. As parábolas quese seguem não eram do tipo que alguémpoderia ver ou apreciar. Qualquer umpodia apreciar as outras. A sabedoria do

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mundo considera o cristianismo umainstituição da qual pode se orgulhar, masapenas no seu credo, ou seja, semenvolver qualquer responsabilidademoral ─ um fermento de fato, que setorna assimilável por nascimento,hábitos, colonização, etc.

Porém, embora estas parábolasrepresentem diferentes aspectos econdições, a pregação da palavra doreino deve permanecer sempre. Isto temo seu lugar próprio, da mesma maneiraque entre os judeus havia várias festas,enquanto o Shabbat era uma constante,repetido semana após semana.Deparamo-nos aqui com uma grandedistinção, a qual se parece com aanalogia feita às festas dos judeus, pois

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elas também são divididas. Após a festada páscoa, dos pães asmos e dassemanas, uma seguindo-se à outra,encontramos uma interrupção, após aqual vinham as festas das trombetas, daexpiação e, finalmente, dostabernáculos. Conforme o apóstoloensina, Cristo, nossa Páscoa, foisacrificado por nós, portanto temos quecelebrar a festa dos pães asmosinseparavelmente conectada a isto. Enão é tudo. Lemos em Atos 2: “E,cumprindo-se o dia de Pentecostes”. Aítemos as festas que se cumpriram em nóscristãos. Seria um absurdo aplicar afesta das trombetas, o dia da expiação ea festa dos tabernáculos à igreja, poissua aplicação (salvo naquilo que

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desfrutamos na forma de penhor peloEspírito) é para os judeus.

Assim como na metade de Levítico 23 apausa indica uma nova ordem de coisas,também neste capítulo a temosassinalada, e enquanto as primeirasparábolas se aplicam à confissão cristãexterior, as demais dizem respeitoespecialmente, e intimamente, aosverdadeiros cristãos. A multidão nãopoderia desfrutar delas. Eram “segredosde família” e, portanto, o Senhor chamaos discípulos para dentro e lhes revelatudo.

Mas antes de entrar no novo terreno, Elenos dá informações mais detalhadasdaquilo que já vimos. Os discípulos Lhe

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pedem, “Explica-nos a parábola do joiodo campo”. (vers. 36) Mesmo emignorância, eles ainda confiam em seuSenhor, e Seu desejo era mesmoexplicar aquilo que já havia falado. “Eele, respondendo, disse-lhes: O quesemeia a boa semente, é o Filho dohomem; o campo é o mundo; e a boasemente são os filhos do reino; e o joiosão os filhos do maligno.” (vers. 37, 38)Ficou bem claro que o Filho do homeme o maligno são opostos entre si. Comoacontece na Trindade, sabemos que háuma parte na obra de bênção própria acada uma das três benditas Pessoas, eassim também existe o triste contraste nomal que está fora. Assim como o Paiderrama em especial o Seu amor, e

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separa do mundo pela revelação que háem Cristo; assim como vemos o EspíritoSanto, em oposição à carne, sendo Ele ogrande agente da graça, caminhos econselhos do Pai, assim também asEscrituras apresentam Satanás sempreagindo como o chefe, antagonistapessoal do Filho. O Filho de Deus évindo para que possa destruir as obrasdo diabo. O diabo se vale do mundopara enredar as pessoas e excitar acarne, estimulando a tendência naturaldo coração em busca de honra eproveito no tempo presente. Emoposição a isso, o Filho de Deusapresenta a glória do Pai como oobjetivo pelo qual Ele estavatrabalhando por intermédio do Espírito

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Santo.

A discriminação torna-se marcante aolongo da explicação do Senhor que édada aos discípulos dentro de casa. Naprimeira das parábolas, o bom seencontra completamente separado domal, mas na última das três ele encontra-se imerso em uma massa homogênea. Noentanto, no princípio tudo estavaevidente. De um lado, vemos o Filho dohomem semeando a boa semente, e oresultado disso são os filhos do reino.De outro, encontramos o inimigo, e eleestá semeando sua má semente, falsasdoutrinas, heresias, etc., resultando nosfilhos do maligno. A presença docristianismo no mundo deu ao diabo aoportunidade de tornar os homens muito

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piores do que se nunca tivesse existidonenhuma nova revelação celestial, e umhistoriador incrédulo denunciou issonestes termos: “Os anais docristianismo” ─ escreveu ele ─ “são osanais do inferno”. Sabemos que issodecorre do fato de se confundir osistema cristão nominal, que é aBabilônia, com a verdadeira igreja. Doponto de vista de Deus, não há nadamais vil do que tirar proveito do nomede Cristo. Nunca, em nenhum lugar,houve tanto sangue justo derramadoquanto nas mãos dos assim chamados“religiosos”. Não é isto algo solene? Oque encontramos no papado nada mais édo que o pleno cumprimento da religiãoterrena. Todo sistema religioso deste

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mundo tende a perseguir qualquer coisaque não ande nas suas pegadas. Isso évisto ainda hoje, quando ainda há umpouco de fidelidade a Cristo. Aamargura e oposição exercida contraaqueles que estão buscando seguir aoSenhor em nossos dias é a mesma que sefez presente nos horrores da idade dastrevas, e ainda permanece no “santoofício” da inquisição, onde faz questãode manter sua cabeça erguida.

Continuemos, porém, o assunto. “A ceifaé o fim do mundo; e os ceifeiros são osanjos.” (vers. 39) O mundo no versículo38 não deve ser confundido com omundo no versículo 39: São palavrastotalmente distintas e significam coisasdiferentes. O mundo no versículo 39

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significa a época. Trata-se de umperíodo de tempo e não de uma esferageográfica. No versículo 38 tem-se emvista a esfera geográfica, onde oevangelho se espalha; no versículo 39trata-se do período de tempo no qual oevangelho está tanto avançando comosendo impedido pelo poder do inimigo.O campo é a consumação de uma era, ouseja, da presente dispensação ─ a épocaem que o Senhor encontra-Se ausente e oevangelho está sendo proclamado portoda a terra. A graça encontra-se agoraem plena atividade. Os únicos meiosque Deus emprega para agir sobre asalmas são de um caráter moral eespiritual. Os anjos trazem juízosprovidenciais e assim tratam com os

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ímpios a fim de destruí-los, enquantoque o evangelho se vale de pobrespecadores para salvá-los. O Senhorindica aqui que será posto um fim àpresente atividade de divulgação dapalavra do reino, e que virá um dia emque os efeitos da obra de Satanás devematingir o seu pleno desenvolvimento ereceber o juízo. “Os ceifeiros são osanjos.” Nós temos a ver com a expansãodo bem, enquanto que os anjos são osresponsáveis pelo juízo do iníquo.“Assim como o joio é colhido equeimado no fogo, assim será naconsumação deste mundo.” (vers. 40).No versículo 40 é usada a mesmapalavra, traduzida como “mundo”, queaparece no versículo 39: Infelizmente a

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nossa versão a traduz de uma mesmamaneira nos três versículos.

Muitas passagens nas Escriturasmostram um estado de coisas, paraacontecer num tempo futuro, que diferetotalmente daquilo que é contempladopelos evangelhos. Vou dar um ou doisexemplos encontrados nos profetas. VejaIsaías 11, que fala primeiro de nossoSenhor usando a figura de um renovo daraiz de Jessé. É evidente que é algoverdadeiro acerca de Cristo, seja emSeu primeiro advento ou no segundo.Ele proveio de um israelita, e da famíliade Davi. Também, no que diz respeitoao Espírito Santo repousar sobre Ele,sabemos que isso realmente ocorreuquando Ele aqui estava como Homem.

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Mas no versículo 4 encontramos outracoisa: “Mas julgará com justiça ospobres, e repreenderá com equidade osmansos da terra”. Se você argumentarque isso é o que ocorre agora, alegandoque no reino dos céus o Senhor agesobre as almas dos mansos, etc., devopedir-lhe que leia um pouco mais: “eferirá a terra com a vara de sua boca, ecom o sopro dos seus lábios matará oímpio”.

Porventura o Senhor está agindo assimagora? É claro que não. Acaso não estáEle enviando uma mensagem demisericórdia por toda a terra? Ao invésde matar o ímpio com o sopro de Seuslábios, não está Ele convertendo o ímpiopela palavra da Sua graça? Tudo o que

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hoje vemos encontra-se claramente emcontraste com o que é descrito aqui. Osopro dos Seus lábios é algumas vezesaplicado ao evangelho, mas vejamoscomo isto se encaixa em Isaías 30:33:“Porque uma Tofete está preparadadesde ontem; sim, está preparada para orei; ele a fez profunda e larga; a suapilha é fogo, e tem muita lenha; oassopro do Senhor como torrente deenxofre a acenderá”. Vejo nesteversículo um auxílio dos mais valiosospara compreender Isaías 11: O que dizque Ele faz com o sopro dos Seuslábios? Ele mata o ímpio. “O assopro doSenhor”, como é interpretado peloEspírito Santo, nos leva à convicção deque se trata da execução do juízo do

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Senhor sobre o ímpio. O Senhor Jesusveio para salvar; mas o tempo de Ele virpara destruir está ao alcance da mão. “Eferirá a terra com a vara de sua boca, ecom o sopro dos seus lábios matará oímpio.” O livro do Apocalipse tambémnos fornece a chave, quando Ele é vistocom uma espada saindo de Sua boca.Ela representa o justo juízo executadotão somente pela palavra do Senhor.Assim como Ele falou e o mundo foifeito, Ele falará e o ímpio entrará naperdição.

Assumindo que este é o inquestionávelsignificado do versículo, o que vem aseguir? Um estado de coisas bemdiferente daquele que temos encontradono evangelho: “E a justiça será o cinto

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dos seus lombos, e a verdade o cintodos seus rins. E morará o lobo com ocordeiro, e o leopardo com o cabrito sedeitará, e o bezerro, e o filho de leão e anédia ovelha viverão juntos, e ummenino pequeno os guiará. A vaca e aursa pastarão juntas, e seus filhos juntosse deitarão; e o leão comerá palha comoo boi. E brincará a criança de peitosobre a toca do áspide, e o jádesmamado meterá a sua mão na covado basilisco. Não se fará mal nem danoalgum em todo o monte da minhasantidade, porque a terra se encherá doconhecimento do Senhor, como as águascobrem o mar.” (Is 11:5-9).

Não vemos nada disso agora, pois querolhemos para os Evangelhos ou para as

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Epístolas, quando o Espírito Santo estáfalando a respeito da pregação queagora acontece, o efeito que temos deadmitir é este: alguns creem, mas agrande maioria está rejeitando. Alémdisso, pode-se acrescentar que nosúltimos dias deveriam chegar temposperigosos, sendo que o que prevalecerános últimos dias não será a verdade deCristo, mas a mentira do Anticristo (1João 2); não o triunfo do bem, mas domal, até que o Senhor coloque tudo soba Sua mão. E é isso o que está reservadopara a Sua vinda e Seu reino. “E ferirá aterra com a vara de sua boca, e com osopro dos seus lábios matará o ímpio.”Como consequência vemos todosaqueles benditos efeitos. O Senhor não

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Se encontra ferindo a terra agora. Eleabriu os céus e logo tomará a terra.

Em Apocalipse você encontra a visãodo anjo forte, com o seu pé direito sobreo mar e o esquerdo sobre a terra. É oSenhor tomando todo o universo sob oSeu governo imediato. Neste presentemomento o mistério da iniquidade édeixado sem ser julgado. Está sendopermitido ao mal se alastrarinsaciavelmente pelo mundo. Mas nãoserá assim para sempre. O mistério deDeus está para ser concluído. Entãoocorrerá a maravilhosa mudança, aregeneração, conforme o Senhor aapresenta, quando o Espírito de Deusserá derramado e a terra se encherá doconhecimento do Senhor, como as águas

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cobrem o mar. Mas até que da presençado Senhor venham esses tempos derefrigério, as Escrituras chamam operíodo intermediário de século mau.Assim, em Gálatas 1:4 não é o mundofísico que está em questão, mas o estadomoral das coisas, isto é, este presenteséculo mau. A nova era, ao contrário,será gloriosa, santa e abençoada.

No versículo imediatamente posterior deIsaías 11 é predita a restauração doantigo povo de Deus, a reunião de todoo Israel juntamente com Judá. Isso nãoaconteceu por ocasião do retorno docativeiro Babilônico. Uma fração quaseinsignificante de Judá e Benjamim haviavoltado e nada de Israel, além de algunspoucos indivíduos. As dez tribos são

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universalmente chamadas de tribosperdidas. No entanto, “há de acontecernaquele dia que o Senhor tornará aestender a sua mão para adquirir outravez os resíduos do seu povo, querestarem da Assíria, e do Egito, e dePatros, e da Etiópia, e de Elão, e deSinear, e de Hamate, e das ilhas do mar.E levantará um pendão entre as nações,e ajuntará os desterrados de Israel, e osdispersos de Judá congregará desde osquatro confins da terra. E desterrar-se-áa inveja de Efraim, e os adversários deJudá serão desarraigados: Efraim nãoinvejará a Judá e Judá não oprimirá aEfraim. Antes voarão sobre os ombrosdos filisteus ao ocidente, juntosdespojarão os filhos do oriente: em

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Edom e Moabe porão as suas mãos e osfilhos de Amom lhes obedecerão. E oSenhor destruirá totalmente o braço demar do Egito” (Is 11:11-15). Nada dissojamais aconteceu antes. O mar do Egitocontinua a existir como antes; no entanto,deveriam existir marcas visíveis documprimento desta profecia, tanto físicacomo espiritualmente, se ela já tivessese realizado. “E moverá a sua mãocontra o rio com a força do seu vento, e,ferindo-o, dividi-lo-á em sete correntes,que qualquer atravessará com sapatos. Ehaverá caminho plano para os resíduosdo seu povo, que restarem da Assíria,como sucedeu a Israel no dia em quesubiu da terra do Egito.” (Is 11:15,16)Tanto no mar do Egito como no Nilo

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haverá este grande feito de Deus,superando o que Ele fez outrora quandoda primeira vez libertou o povo pormeio de Moisés e Aarão. Essa será a eravindoura.

Mas, no que diz respeito ao tempopresente, o joio e o trigo devem crescerjuntos até à ceifa, que é a consumaçãodesta era. Quando chegar a hora, oSenhor enviará os Seus anjos, “e elescolherão do seu reino tudo o que causaescândalo, e os que cometem iniquidade.E lançá-los-ão na fornalha de fogo; alihaverá pranto e ranger de dentes. Entãoos justos resplandecerão como o sol, noreino de seu Pai” (Mt 13:41-43). Reparena exatidão da expressão então os justosresplandecerão; não diz então eles serão

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ajuntados, pois já terão sido ajuntadosantes dessa época. “Quando Cristo que éa nossa vida, se manifestar, entãotambém vós vos manifestareis com eleem glória.” (Cl 3:4) O significado é,portanto, o mais claro possível. Seráuma nova era, na qual não existe amistura do bom com aquilo que é mau;mas a reunião do iníquo para juízotermina nesta era, para que o que é bompossa ser abençoado na próxima. Ojustos aqui referidos como brilhandocomo o sol encontram-se em uma esferamais elevada, contudo os céus e a terraformarão então um sistema que, emboraunificado, manterá as suas partesdistintas. Haverá a glória celestial e aterrena. Haverá aqueles que brilharão

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nos altos e outros destinados a ricasbênçãos na terra. Será tudo um só reino;mas existirão ainda as coisas celestiaise as terrenas, como o próprio Senhor asdistingue em João 3:12: “Se vos falei decoisas terrestres, e não crestes, comocrereis, se vos falar das celestiais?”.

Temos aqui, portanto, uma região nosaltos, chamada de reino do Pai e aregião abaixo, chamada reino do Filhodo homem. Ambos compõem o reino deDeus. “Mandará o Filho do homem osseus anjos, e eles colherão do seu reinotudo o que causa iniquidade.” Esses nãosão nem mesmo admitidos na terra, massão lançados na fornalha de fogo. “Entãoos justos resplandecerão como o sol, noreino de seu Pai.” Que perspectiva

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gloriosa! Acaso não é doce pensarmosque até mesmo este atual cenário deruína e confusão está para ser libertado?Que Deus está prestes a ter o gozo deSeu coração, não somente pelo fato deencher os céus com Sua glória, mastambém por ser o Filho do homemhonrado no próprio lugar onde foirejeitado?

Mas ocupemo-nos agora com a próximaparábola. “Também o reino dos céus ésemelhante a um tesouro escondido numcampo que um homem achou e escondeu;e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quantotem, e compra aquele campo.” (vers. 44)Esta é a primeira das novas parábolascontadas dentro da casa. O Senhor estámostrando as coisas ocultas que exigem

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discernimento, e não o estado de coisasencontrado na esfera da confissãopública do nome de Cristo. Trata-se deum tesouro escondido em um campo, oqual um homem encontra e o esconde, e,pelo gozo, vende tudo o que tem ecompra o campo. Estou ciente de que setornou um hábito aplicar isto a uma almaque encontra a Cristo. Mas o que faz ohomem da parábola? Ele vende tudo oque tem para comprar o campo. Seriaesta a maneira de alguém ser salvo? Seassim fosse, a salvação seria para “oque trabalha”. Passa a ser, não mais umaquestão de fé, mas de alguém deixandotudo para ganhar a Cristo, o que não égraça, mas a lei elevada ao seu graumáximo. Quando alguém tem a Cristo,

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sem dúvida alguma deve deixar tudo porEle. Mas não são estas as condiçõespara alguém que primeiramente recebe aCristo para atender à necessidade de suaalma. Todavia isto não é tudo. O campotodo é comprado; e o que se faz comele? “O campo é o mundo.” Devo eucomprar o mundo para obter a Cristo?Isto tão somente demonstra asdificuldades em que caímos sempre quenos apartamos da simplicidade dasEscrituras. Mas se realmentebuscássemos e provássemos asEscrituras pelas Escrituras, osignificado se tornaria claro. O próprioSenhor refuta uma tal interpretação. Eledemonstra que há um Homem, e apenasum, que viu esse tesouro no meio da

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confusão. Quem? Trata-se do Senhor ─o Senhor foi Quem deixou todos os Seusdireitos para que pudesse receberpecadores lavados em Seu sangue eredimidos para Deus; foi Ele Quemcomprou o mundo para adquirir otesouro que Ele avaliou como tal. Asduas coisas são distintamenteapresentadas em João 17:2, “Assimcomo Lhe deste poder sobre toda acarne, para que dê a vida eterna a todosquantos Lhe deste”. Este é o tesouro ─“todos quantos Lhe deste”. Mas toda acarne não é verdadeiramente o tesouro.Trata-se da coisa exterior que vai juntono negócio, se posso falar com estafamiliaridade; mas não é este o tesouropara o Seu coração. Ele compra o todo,

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o mundo exterior, a fim de possuir otesouro escondido.

E mais, “o reino dos céus é semelhanteao homem, negociante, que busca boaspérolas; e, encontrando uma pérola degrande valor, foi, vendeu tudo quantotinha, e comprou-a” (vers. 45, 46). Aparábola do tesouro escondido não ésuficiente para transmitir o que os santossão para Cristo. Pois o tesouro pode serformado de uma centena de peças deouro e prata. E como isso denotaria abem-aventurança e beleza da Igreja? Onegociante encontra “uma pérola degrande valor”. O Senhor não enxergameramente a preciosidade dos santos,mas a unidade e formosura celestial daassembleia. Cada santo é precioso para

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Cristo; mas Ele “amou a Igreja, e a Simesmo Se entregou por ela”. É isso queé visto aqui ─ “uma pérola de grandevalor”. Sem a mais remota dúvida deque este espírito possa ser aplicado acada cristão, creio que a sua aplicaçãoprincipal seja a de mostrar quãoadorável é a igreja aos olhos de Cristo.Isto não poderia ser aplicado em suatotalidade a alguém sendo despertadopara crer no evangelho. Quandopensamos em um pecador antes de haverrecebido a Cristo, porventura estará eleprocurando boas pérolas? Não seriamais provável que o encontrássemoscomendo junto com os porcos? Aquivemos Aquele que “busca boaspérolas”, coisa que nenhum inconverso

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jamais procurou de fato. Não existeoutra possibilidade de aplicar estasparábolas, a não ser ao próprio Senhor,ou à obra de Seu Espírito no povo queLhe pertence. Quão bendito é que, emmeio a toda a confusão que o diabotrouxe, Cristo enxerga o tesouro que sãoSeus santos, e a formosura de Sua igreja,apesar de todas as enfermidades efracassos!

Então vemos tudo sendo capturado pelaparábola da rede, que é lançada ao mar.(vers. 47-50) Trata-se de uma figurautilizada para nos recordar que nossasenergias e desejos devem ser dirigidospara aqueles que estão flutuando no mardeste mundo. A rede foi lançada ao mar,e trouxe de tudo, “e, estando cheia, a

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puxam para a praia; e assentando-se,apanham para os cestos os bons; osruins, porém lançam fora”. Quem são osque fazem tal serviço? Nós nuncaencontramos anjos reunindo o que ébom, mas sempre separando os ímpiospara o juízo. Os pescadores são homens,como os servos da primeira parábola.Mas não é apenas o evangelho quetemos aqui. A rede recolhe de tudo; masacaso não é melhor colocar o que é bomnos cestos? Não é isto reunir os santosem conformidade com Deus? É-nosmostrado que em meio a tudo o que érecolhido, antes que o Senhor retorne emjuízo, deve haver uma poderosaoperação do Espírito por meio dospescadores de homens, reunindo santos

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de uma maneira ímpar. Não será isto oque está acontecendo agora? Oevangelho está sendo pregado comgrande poder em todas as terras. Masexiste algo mais acontecendo ─ areunião do que é bom para ser colocadoem vasos. Isto não acontece nos céus. Osque são ruins são lançados fora; mas nãose trata do fim deles. Algo mais lhesestá reservado ─ a fornalha de fogo.Mas temos essa informação adicional noversículo seguinte: “virão os anjos, esepararão os maus dentre os justos”. Aatividade dos anjos é sempre voltadapara o ímpio; a dos servos é para com obom. Afinal de contas, juntar os ruinsdentre os bons não é um trabalho dopescador; e lançar fora o que é mau não

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é o mesmo que lançá-lo na fornalha defogo.

CONCLUSÃONos capítulos 8 e 9 de Mateus,encontramos exemplos desurpreendentes mudanças. Assim, atravessia do lago na tempestade que érepreendida, a cura dosendemoninhados, a ressurreição da filhade Jairo e a cura da mulher que padeciade hemorragia, são assuntospertencentes, do ponto de vistahistórico, ao intervalo entre asparábolas, com as quais estivemosocupados até agora, e a rejeição sofridapor nosso bendito Senhor, a qual nossoevangelista passa a relatar na sequência

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do seu evangelho. Busquei explicar oprincípio no qual, conforme creio, oEspírito Santo desejou agir ao colocaros eventos numa ordem que pudessetraçar, de maneira clara, o ministériomessiânico de nosso Senhor em Israel,com Sua rejeição e as consequênciasdisto. É por esta razão que, havendoincluído antes os fatos intermediários, asequência natural é a incredulidade deIsrael diante do Seu ensino. Ele estavano Seu próprio país e os ensinava emsuas sinagogas; mas o resultado, aoinvés de ser de admiração diante de Suasabedoria e obras poderosas, édesdenhosamente questionado: “Não éeste o filho do carpinteiro?... Eescandalizavam-se nele”. Ali estava um

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Profeta, mas sem honra em Seu própriopaís e em Sua própria casa. Amanifestação de glória era inegável ─mas o vaso não estava sendo recebidode acordo com a vontade de Deus,porém é julgado segundo a vista e asapreensões da natureza humana. (Mt13:54-58)