sistema de libera..o controlada uma revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/kelly.pdf ·...

46
10 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAUDE E TECNOLOGIA RURAL CAMPUS DE PATOS - PB CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA MONOGRAFIA Sistemas de Liberação Controlada de Drogas: Uma Revisão. Patricia Kelly Alves Cabral 2004

Upload: vodan

Post on 03-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

10

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAUDE E TECNOLOGIA RURAL

CAMPUS DE PATOS - PB

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

MONOGRAFIA

Sistemas de Liberação Controlada de Drogas: Uma Revisão.

Patricia Kelly Alves Cabral

2004

Page 2: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

11

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAUDE E TECNOLOGIA RURAL

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PATOS - PB

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

MONOGRAFIA

Sistemas de Liberação Controlada de Drogas: Uma Revisão.

Graduanda: Patrícia Kelly Alves Cabral

Orientador: Onaldo Guedes Rodrigues

Patos-PB, 2004

Page 3: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

12

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAUDE E TECNOLOGIA RURAL

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PATOS - PB

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

PATRICIA KELLY ALVES CABRAL

Monografia ao Curso de Medicina Veterinária como requisito parcial para obtenção do grau

de Medico Veterinário.

APROVADO EM .06 / 09 / 04

BANCA EXAMINADORA

Orientador Prof. Dr. Onaldo Guedes Rodrigues

Examinador Prof. Dr. Gilmar Trindade de Araújo

Examinadora Profª. MsC Rosângela Maia Nunes da Silva

Page 4: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

13

FICHA CATALOGADA NA BIBLIOTEECA SETORIAL DO

CAMPUS DE PATOS - UFCG

C117m Cabral, Patrícia Kelly Alves

2005

Sistemas de liberação Controlada de drogas: uma revisão./ Patrícia Kelly Alves

Cabral – Patos-PB: CSTR, UFCG, 2005.

46f.

Inclui bibliografia

Orientador: Onaldo Guedes Rodrigues

Monografia ( Graduação em Medicina Veterinária) – Centro de Saúde e

Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande..

1 – Farmacologia - Revisão – Monografia. 2 .

CDU: 616: 619

Page 5: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

14

DEDICO

Ao meu esposo pelo amor que me oferece

todos os dias, através de pequenas demonstrações

que se traduzem em compreensão, amizade e

companheirismo. AMO VOCÊ, OBRIGADA.

Page 6: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

15

AGRADECIMENTOS

A DEUS: Por ter estado comigo todos esses anos me dando força e coragem para superar todas as

dificuldades, até realizar o maior de todos os sonhos.

AO MEU ESPOSO: Por todo amor, dedicação, compreensão e apoio que a mim foi dado em

momentos muito difíceis de minha vida.

AOS MEUS PAIS: Pela educação, ensinamentos e amor que a mim foram dados durante

toda a vida.

A MINHA IRMÃ: Pela cumplicidade e amor que nos une.

AOS MEUS SOGROS: Pelo apoio e ajuda que recebi para que pudesse realizar o estágio.

AOS MESTRES: Pelo aprendizado que hoje fazem de mim veterinária. Em especial

agradecimento Onaldo G Rodrigues por acreditar em mim e a Rosângela pelo seu carinho

todo especial.

AOS AMIGOS: A todos aqueles que passaram por mim durante o curso, compartilhando

momentos felizes e tristes. Em especial: Petrushka, Kassandra, Carol, Roseane.

AOS ANIMAIS : Por serem o motivo maior de tanta dedicação. Em especial a Kojak meu

cão irmão a quem compartilhei 12 anos de amor e cumplicidade.

Page 7: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

16

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA.........................................................................................

AGRADECIMENTOS..............................................................................

LISTA DE FIGURAS................................................................................ vi

LISTA DE ABREVIATURAS.................................................................. vii

RESUMO.................................................................................................... viii

ABSTRACT................................................................................................ ix

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 10

2 METODOLOGIA...................................................................................... 12

2.1 .....Local de realização da pesquisa.............................................................. 12

2.2 ......Período explorado.................................................................................. 12

2.3 ......Meios utilizados..................................................................................... 12

2.4 ......Análise do material consultado.............................................................. 12

3 REVISÃO DE LITERATURA................................................................. 13

3.1 Nanotecnologia....................................................................................... 13

3.2 Desenvolvimento de Sistemas de Liberação Controlada de Drogas...... 19

3.3 Nanoencapsulamento de fármacos......................................................... 25

3.3.1 Métodos mecânicos................................................................................ 26

3.3.2 Métodos físico-químicos........................................................................ 27

3.4 Microencapsulação de fármacos............................................................ 28

3.5 Materiais utilizados como polímeros biodegradáveis............................ 32

3.5.1 Polímeros naturais................................................................................ 32

3.5.2 Polímeros naturais modificados........................................................... 32

3.5.3 Polímeros sintéticos............................................................................. 33

4 APLICAÇÕES DO SISTEMA DE LIBERAÇÃO CONTROLADA... 34

4.1 Controle biológico de pragas................................................................ 34

4.2 Minerais nutricionais e remédios.......................................................... 35

5 CONCLUSÃO........................................................................................... 37

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................... 39

7 ANEXOS.................................................................................................... 43

Page 8: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

17

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Asa da borboleta (Morfo) mostrando um sistema nanoestruturado

complexo e auto-organizado. A figura mostra o fenômeno de

iridescência (a luz branca é difratada nas camadas no material

ordenado)

14

Figura 2- Visualizando escalas de comprimento 15

Figura 3- A física, biologia e química se encontram na Nanotecnologia 16

Figura 4- Distribuição da rede nacional de nanotecnologia por região 17

Figura 5- Exemplos das diferentes formas farmacêuticas: (A) esfera (sistema

atricial) e (B) cápsula (sistema reservatório)

19

Figura 6- Perfis de liberação de drogas em função do tempo: convencional x

controlada

20

Figuras 7 e 8 Forma moderna de administração de fármacos através de sistema

Spray Drying.

21

Figuras 9- (A) Representação esquemática da orientação de PVA ligadas a

moléculas de PLGA, na superfície de nanoesferas de PLGA. (B)

Imagem obtida por SEM (topografia) de nanoesferas de PLGA

22

Figura 10- Nanoesfera sólida. (A) matriz contendo o fármaco e (B) cadeias de

PEO

23

Figura 11- Formas de liberação do ativo: nanoesferas e nanocápsulas. 29

Page 9: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

18

LISTA DE ABREVIATURAS

APC Associação para o Progresso da Ciência

Gpa giga

Mpa mega

MCT Ministério das Ciências e Tecnologias

CNPq Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia

SiO2 dióxido de silício

PVA poli (álcool vinílico)

PLGA poli(lactide-co-glicolide)

SEM micrografia eletrônica de transmissão

PEO poli(óxido de etileno)

SNC Sistema Nervoso Central

IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

LDL liproproteína de baixa densidade

Page 10: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

19

RESUMO

Como serão administrados os fármacos, vitaminas, suplementos minerais, anestésicos,

vacinas, etc. no próximo milênio: Injeções sem agulha, absorção pulmonar, géis formados

por nanopartículas, soluções poliméricas, drogas com endereço certo.Os novos métodos

usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

compostos em microesferas poliméricas ou protéicas. Estas microesferas liberam os

compostos, já no interior do organismo, em pequenas e controláveis doses diárias, durante

semanas ou meses. O composto poderá ser administrado oralmente (a microesfera pode ser

resistente ao ambiente estomacal), por inalação, pela pele (tal como os adesivos de

nicotina) ou, ainda, por injeções sem agulha, o PowderJet, que utiliza tecnologia

semelhante às impressoras jato-de-tinta. Vários polímeros já foram testados em sistemas de

liberação de drogas. Muitos, em função de suas propriedades físicas, tais como:

Poli(uretanos) por sua elasticidade; Poli(siloxanos) ou silicones por ser um bom isolante;

Poli(metil metacrilato) por sua força física; Poli(vinil álcool) por sua hidrofobicidade e

força, Poli(etileno) por sua dureza e impermeabilidade. Estes materiais devem ser

quimicamente inertes e livres de impurezas. Alguns dos materiais que estão sendo usados

comercialmente em sistemas de liberação controlada são: Poli(2-hidroxi etil metacrilato),

poli(N-vinil pirrolidona), poli(metil methacrilato), poliacrilamida, polilactídeos (PLA),

poliglicosídeos (PGA), poli(lactato-co-glicolato) (PLGA), poli(anidridos), entre outros. O

desenvolvimento de sistemas de liberação controlada tem sido alvo de pesquisas há pelo

menos quatro décadas. Desde que foi sugerida sua aplicação na indústria farmacêutica,

muitos resultados foram obtidos, especialmente na manipulação molecular de carreadores e

no estudo de suas interações com as drogas encapsuladas. Esses novos carreadores têm a

vantagem de contornar propriedades físico-químicas limitantes (como a solubilidade

aquosa ou em membranas) das drogas encapsuladas, melhorando assim a farmacodinâmica

(potencialização do efeito terapêutico), farmacocinética (controle da absorção e distribuição

tecidual) e os efeitos toxicológicos (redução da toxicidade local e sistêmica) das mesmas. O

levantamento bibliográfico aqui apresentado teve como objetivo investigar as origens da

pesquisa com essa nova tecnologia, o seu desenvolvimento e suas aplicações nas diversas

áreas das ciências biológicas.

Page 11: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

20

Palavras-chaves: Sistemas de liberação Controlada de Drogas, Sistemas poliméricos,

Nanotecnologia.

ABSTRACT

As they will be administered the drugs; vitamins, minerals supplements, anesthetics,

vaccines, etc. in the next millennium: Injections without needles, lung absorption, gels

formed by nano- particles, solutions polymerics, drugs with address objective.The news

methods used for that they base on the manufacturing or formation of nanoparticuls of

those compositions in micro- sphere polymerics or proteins. These micro-e-spheres liberate

the compositions, already inside the organism, in small and you controlled daily

administrations, during weeks or months. The composition will vocally be able to be

administered (the micro-sphere can be resistant to the stomach atmosphere), for inhalation,

for the skin (just as the nicotine stickers) or, still, for injections without needle, powder-Jet,

that uses technology similar to the printers jet-of-ink. Several polymeric they were already

tested in systems of control delivery sistems of drugs. Many, in function of your physical

properties, such as: Poli(uretans) for your elasticity; Poli(siloxanos) or silicons for being a

good one insulating; Poli(metil metacrilato) for your physical force; Poli(vinil alcohol) for

your hydrophobic properties and it forces, Poli(etileno) for your hardness and

impermeability. These materials should be chemically inert and free from sludges. Some of

the materials that are being used commercially in systems of controlled liberation are:

Poli(2-hidroxi etil metacrilato), poli(N-vinyl pirrolidona), poli(metil methacrilato),

poliacrilamida, polilactídeos (CHAT), poli-glucose (PGA), poli(lactato-co-glicolato)

(PLGA), poli(anidridos), among others. The development of systems of controlled

liberation has been objective of researches there is at least four decades. Since it was

suggested your application in the pharmaceutical industry, many results were obtained,

especially in the molecular manipulation of transporters and in the study of your

interactions with the encapsulated drugs. Those new transporters have the advantage of

outlining properties physical-chemistries limiting (as the aqueous solubility or in

membranes) of the encapsulated drugs, improving like this the dinamic properties (potential

of the therapeutic effect), kinetic properties (it controls of the absorption and distribution in

Page 12: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

21

the fabrics) and the toxicological effects (reduction of the sides effects) of the same ones.

The bibliographical rising here presented had as objective investigates the origins of the

research with that new technology, your development and your applications in the several

areas of the biological sciences.

Key-words: Controlled Delivery Systems of Drugs, Polymerics systems, nano-

technology

Page 13: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

22

1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de medicamentos evoluiu da fase botânica, no alvorecer das

primeiras civilizações, para a era da química sintética na metade do século XX, alcançando

o estágio atual da biotecnologia. Da mesma forma que a humanidade viu o surgimento de

novas drogas com ações altamente específicas, capazes de controlar e prevenir as mais

diversas doenças graças à elucidação dos mecanismos moleculares que as causam. Tem-se

que a forma de ministrar essas drogas também mudou muito nestes últimos 100 anos, desde

as convencionais, xaropes, garrafadas, pílulas, injetáveis até os sistemas de liberação

controlada, sustentada com velocidades programáveis, ou seja, o poder de determinar

precocemente a dose do composto farmacologicamente ativo e o tempo em que essa dose

deve ser liberada para interagir com seus receptores biológicos (um minuto, uma hora, um

dia, uma semana, um mês, e assim por diante).

A tecnologia de liberação controlada de fármacos representa uma das fronteiras da

ciência, a qual envolve diferentes aspectos multidisciplinares e pode contribuir muito para o

avanço das ciências. O sistema de liberação controlado de drogas vem revolucionando a

indústria farmacêutica (produção de medicamentos), como também a indústria química

(derivados de petróleo, agroindústria, indústria civil na produção de tintas), principalmente.

A terapêutica moderna está baseada em um “design” racional de liberação

controlada e alta especificidade de compostos de drogas. Os novos métodos para a

administração de drogas se baseiam no encapsulamento (forma de veículo) das drogas em

várias formas (design) como nanocápsulas, microcápsulas, microesfera poliméricas ou

protéicas. Estas, por sua vez, liberam a droga, já no interior do organismo, em pequenas e

controláveis doses diárias, de acordo com a forma que foi projetada, durante dias, semanas

ou meses, passando por vários fatores (eliminação de primeira passagem, ligações a

proteínas, ligações a outros tecidos, etc.), os quais podem interferir com a

biodisponibilidade e chegando a circulação sistêmica inalterada, pronta para interagir com

seus sítios de ação.

O princípio básico desse sistema é que estes compostos são biodegradáveis quando

em contato com os sistemas biológicos e através da ação de fatores físico, químicos e

como: pH, temperatura, ação enzimática, etc, vão sendo distribuídos (liberados) lentamente

Page 14: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

23

ao organismo, fazendo com que frações pré-determinadas do composto farmacológico ativo

sejam liberadas lentamente.

Esse sistema pode ser usado para administrar compostos oralmente (a microesfera

pode ser resistente ao ambiente estomacal e a ação de enzimas), por inalação, pela pele (tal

como os adesivos de nicotina ´´ paths``(caminhos, guias)) ou, ainda, por injeções sem

agulha, o “PowderJet” (jato de pó) (Figura X) que utiliza tecnologia semelhante às

impressoras jato-de-tinta.

Em relação à indústria farmacêutica, o interesse crescente em sistemas de liberação

controlada de drogas confirma-se pelo fato de que oferecem inúmeras vantagens quando

comparados aos sistemas convencionais de administração de fármacos, tais como; a) Maior

eficácia terapêutica, com liberação progressiva e controlada do fármaco, a partir da

degradação da matriz; b) Diminuição significativa da toxicidade e maior tempo de

permanência na circulação; c) Natureza e composição dos veículos variada e, ao contrário

do que se poderia esperar, não há predomínio de mecanismos de instabilidade e

decomposição do fármaco (bio-inativação prematura); d) Administração segura (sem

reações inflamatórias locais) e conveniente (menor número de doses); e) Direcionamento a

alvos específicos, sem imobilização significativa das espécies bioativas; f) Tanto

substâncias hidrofílicas quanto lipofílicas podem ser incorporadas;

Nas formas de administração convencionais (spray, injeção, pílulas) a concentração da

droga na corrente sangüínea apresenta um aumento, atinge um pico máximo e então

declina. Desde que cada droga possui uma faixa de ação terapêutica acima da qual ela é

tóxica e abaixo da qual ela é ineficaz, os níveis plasmáticos são dependentes das dosagens

administradas. Este fato é problemático se a dose efetiva estiver próxima à dose tóxica.

Nessa pesquisa bibliográfica, buscamos realizar um levantamento na literatura a cerca

do desenvolvimento, da evolução e aplicações práticas de sistemas de liberação controlada

de drogas no mundo contemporânea e, assim, compreender a sua origem, necessidades,

perspectivas de evolução, métodos de produção e aplicações nas diversas áreas no mundo

moderno, especialmente na indústria de medicamentos.

Page 15: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

24

2. - METODOLOGIA

2.1. Local de Realização da Pesquisa

A pesquisa foi realizada nas instalações da Universidade Federal de Campina

Grande no CAMPUS de Patos – PB tendo como ponto de apoio o acervo da Biblioteca

Setorial e sistema de informatização disponível para pesquisa bibliográfica (computadores,

internet).

2.2- Período Explorado

O levantamento bibliográfico foi realizando em um período compreendendo os anos

de 1964 até os dias atuais.

2.3- Meios Utilizados

A pesquisa foi realizada através da investigação em livros textos, em monografias,

em dissertações e teses sobre o assunto e temas relacionados, e na rede mundial de

computadores (WWW), através de consultas a bancos de dados especializados como:

CAPES, BIOMEDNET, BIRREME, MEDLINE, SCIENCEDIRET entre outros. Foi usado,

também consultas diretas a especialistas na área para orientação sobre a seqüência de

assuntos a serem abordados.

2.4- Análise do Material Consultado

O material consultado foi cuidadosamente selecionado e investigado, quanto a

segurança de sua fonte de informação, métodos de desenvolvimento, sua periodicidade,

aplicações e usos, importância médica, importância econômica, análise dos resultados já em

curso e abordagem científica futura.

Page 16: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

25

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. Nanotecnologia

Os termos nanociência e nanotecnologia reúnem muitas idéias e procedimentos

conhecidos (que já eram uma preocupação de muitos cientistas, como pode ser verificado

na área de colóides e superfícies) com uma proposta de inovação tecnológica que auxilie e

acompanhe todos os avanços científicos importantes hoje, utilizando ferramentas novas,

anteriormente não disponíveis, que nos permitem ver as estruturas nanométricas e até

movimentar átomos, por exemplo, as microscopias de força atômica (mostra detalhes

topográficos em superficies) e de tunelamento (que permite movimentar átomos e observar

densidade eletrônica), com vários modos diferentes de obtenção de imagem (INOUE, 1989;

GATTI, 2002; HARUYAMA, 2003).

Esta inovação inclui as noções de fabricação molecular como por exemplo

modificações moleculares em polímeros condutores, nanotubos de carbono (forma tubular

de carbono com diâmetro tão pequeno quanto 1 nm, que possui extraordinárias

propriedades mecânicas como tensão de ruptura 2000 GPa (Giga) contra MPa (Mega) em

aços, complexidade em sistemas nanoestruturados (auto-organização, como as estruturas de

uma asa de borboleta, quando ampliada como mostrada na Figura 1, auto-replicação

(sistemas capazes de copiarem a si próprios e de, mais do que isso, construírem outros

produtos), comportamento fractal, reconhecimento molecular (p. ex. receptores de

importância na área biomédica), nanodispositivos eletrônicos e optoeletrônicos

(KAZUHIRO, 1989; GOMES, 2002).

Portanto, a nanotecnologia pode ser vista como a criação de materiais funcionais,

dispositivos e sistemas através do controle da matéria na escala de nanômetros, implicando

em sistemas que apresentem novos fenômenos e propriedades, que são dependentes do

tamanho, como a superplasticidade devido à alta área superficial destas partículas. Para se

entender idéias presentes em nanotecnologia é importante que se entenda o que significa

"nano", além da compreensão de química e física aplicada a sistemas coloidais

(LUNCINDA-SILVA, 2002).

Page 17: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

26

fonte: http://lqes.iqm.unicamp.br

Figura 1: Asa da borboleta (Morfo) mostrando um sistema nanoestruturado complexo

e auto-organizado. A figura mostra o fenômeno de iridescência (a luz branca

é difratada nas camadas no material ordenado).

Nano é um prefixo grego que significa "anão". Um nanômetro é igual a 1

milionésimo de milímetro ou 1 bilionésimo de metro. Para termos uma idéia de que escala

de comprimento estamos falando, um fio de cabelo possui o diâmetro de 100.000 nm

Átomos são cerca de 1/10.000 do tamanho de uma bactéria e bactérias são 1/10.000 do

tamanho dos mosquitos (DURAN, 2002, 2003). Esta noção de escala pode ser melhor

visualizada na Figura 2.

Em virtude de todo este quadro, há um corrente interesse em materiais

nanoestruturados devido ao seu potencial em várias áreas científicas e tecnológicas, como

catálise, materiais optoeletrônicos, tribologia, liberação controlada de fármacos e

bioencapsulação (SILVA, 1999). Hoje em dia, este interesse envolve novos métodos de

preparação, como por exemplo a formação de nanopartículas sólidas a partir da liofilização

(congelamento da dispersão e retirada do solvente com alto vácuo) como no caso de

polifosfato de alumínio, em meio aquoso, utilizando componentes de sistemas estritamente

inorgânicos.

Page 18: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

27

fonte http://lqes.iqm.unicamp.br

Figura 2: Visualizando escalas de comprimento.

De acordo aos documentos recentes da "American , European e o APEC Center for

Technology Foresight", o impacto da nanociência e nanotecnologia beneficiou todas as

áreas científicas e tecnológicas conhecidas hoje, incluindo materiais e fabricações na

nanoeletrônica, dispositivos de informação tecnológica, saúde, biotecnologia e agricultura,

segurança nacional, educação e a competitividade nacional. O gráfico na Figura 3, da APC

ilustra como a ciência evoluiu ao longo de décadas para permitir neste milênio, o

florescimento deste novo campo.

Page 19: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

28

fonte http://lqes.iqm.unicamp.br

Figura 3: A física, biologia e química se encontram na Nanotecnologia.

Particularmente no Brasil, que no passado sempre foi um espectador distante dos

grandes avanços tecnológicos, a mudança de velhos paradigmas da ciência mundial e o

total intercâmbio tecnológico possibilitado pela rede mundial de computadores, favoreceu o

país, assim como outros países em desenvolvimento. Neste contexto, o Ministério das

Ciências e Tecnologias/MCT e o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia/CNPq tomou

a iniciativa, através de um comitê de articulação para um Programa Nacional de P&D em

Nanociências e Nanotecnologias, de coordenar ações que levassem a um apoio nesta área.

Estes esforços culminaram na existência de uma rede nacional de pesquisadores nesta área

(Figura 4, Tabela 1).

Page 20: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

29

Figura 4. Distribuição da rede nacional de nanotecnologia por região.

Tabela 1 - Coordenadores em nanociência e nanotecnologia em 2002.

COORDENADORES INSTITUIÇÃO UF TÍTULO

I. J. R. BAUMVOL Física/UFRS RS Materiais Nano-Estruturados

O. M. L.MALTA Ciências/UFPE PE Nanotecnologia Molecular

N. DURÁN IQ/UNICAMPNCA/UMC SP Nanobiotecnologia

E.F. DA SILVA JR Física/UFPE PE Nanodispositivossemicondutores

Verbas: R$ 3,2 milhões (para consolidação das redes) Centro Nacional em nanotecnologia

são previstos entre USD 200 e USD 300 milhões/10 anos (dados: CNPq).

Antes de considerarmos a evolução e a variedade destas estruturas, particularmente

das nanopartículas poliméricas, é necessário avaliar a motivação que levou ao uso de

sistemas de liberação controlada e sustentada de fármacos, freqüentemente descritos na

Page 21: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

30

literatura como sistemas de liberação controlada ("drug delivery systems"), os quais

implicam em dispositivos dirigidos a alvos específicos em organismos, sendo estes os

campos da nova área da nanotecnologia, denominada nanobiotecnologia.

A nanobiotecnologia envolve aspectos da combinação de pesquisas nas áreas de

"nanotecnologia" e "biomedicina" o que resultou na "nanobiotecnologia" que envolve áreas

como a genômica, robótica, descoberta de novas drogas e processos químicos.

O termo nanopartículas aplicado à liberação controlada de fármacos é amplo e

refere-se a dois tipos de estruturas diferentes, nanoesferas e nanocápsulas, principalmente.

Denominam-se esferas aqueles sistemas em que o fármaco encontra-se homogeneamente

disperso ou solubilizado no interior da matriz polimérica ou cerosa (DE AZEVEDO, 2003.)

Desta forma obtém-se um sistema monolítico, onde não é possível identificar um

núcleo diferenciado.

Nanocápsulas, ao contrário, constituem sistemas reservatórios, onde é possível

identificar-se um núcleo diferenciado, que pode ser sólido ou líquido. Neste caso, a

substância encontra-se envolvida por uma membrana, geralmente polimérica, isolando o

núcleo do meio externo. Uma ilustração destes sistemas de liberação controlada está na

Figura 6.

Há alguns pontos nesta nova tecnologia que precisam ser amadurecidos e pensados

com cuidado. Por exemplo, a dificuldade de interrupção da ação farmacológica de um

medicamento administrado via nanoesferas e o alto custo dos polímeros biodegradáveis. Há

também o risco de nanopatologia, designando a presença de nanopartículas de natureza

inorgânica, em tecidos humanos que não são metabolizadas e tem excreção dificultada

levando a sintomas como febre, hepatomegalia e acidose metabólica, o que nos obriga a

rever os conceitos de biodisponibilidade nestes sistemas. Questões éticas em

nanotecnologia e nanociência são importantes, p. ex. nanosistemas que poderiam fugir ao

nosso controle, entre estas armas biológicas mais destrutivas que poderiam ser construídas

sob esta metodologia (bioterrorismo) (BROOKING, 2001)

Page 22: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

31

fonte http://lqes.iqm.unicamp.br

Figura 5- Exemplos das diferentes formas farmacêuticas: (A) esfera (sistema atricial) e

(B) cápsula (sistema reservatório).

3.2. Desenvolvimento de Sistemas de Liberação Controlada de Drogas

O desenvolvimento de formulações que permitam a liberação controlada de

fármacos em sítios específicos, visando a diminuição de efeitos tóxicos e/ou aumento do

índice terapêutico, tem recebido grande atenção nos últimos anos. A finalidade última dos

sistemas de liberação controlada de fármacos, como já analisado, do ponto de vista do

tratamento clínico, o controle de concentração terapêutica é importante, e foi, ao lado do

direcionamento do fármaco a alvos específicos, um dos principais objetivos de todas estas

pesquisas (FARREL, 2003; KAWASHIMA, 2001).

A diferença de concentração plasmática efetiva em função do tempo, entre sistemas

convencionais e de liberação controlada, pode ser melhor visualizado na Figura 7, a seguir.

Para termos uma idéia do grau fundamental que uma liberação sustentada possui,

imaginemos uma situação bastante comum da administração de analgésicos em pacientes

com câncer terminal: nos casos em que a concentração da droga estiver abaixo da

Page 23: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

32

concentração terapêutica, o que é inerente a sistemas convencionais, o paciente

experimentará dor (SCHAFFAZICK, 2002; YANO, 2002). Por outro lado, os picos de

concentração são prejudiciais em outro sentido: conferem uma dose que atinge níveis

tóxicos no plasma.

fonte http://lqes.iqm.unicamp.br

Figura 6- Perfis de liberação de drogas em função do tempo: convencional x

controlada.Exploremos este conceito de concentração terapêutica.

Portanto, em primeira instância, sistemas nanoparticulados são muito úteis na

manutenção da dose terapêutica em níveis seguros, da diminuição dos picos e valores

plasmáticos, além de conferir proteção e economia de fármaco (LIMA, 1999; KREUTER,

2001; LOCKMAN, 2002;). Neste contexto, como bem frisado na introdução, sistemas de

liberação controlada representam um desenvolvimento relativamente novo e, quanto às suas

necessidades, têm o objetivo de prolongar e melhorar o controle da administração de

fármacos.

A preparação de nanopartículas passa a ser crucial e se concentra em dois pontos:

modificações (aprimoramentos) que criem novas rotas ou melhorem outros métodos e

Page 24: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

33

funcionalização química das partículas. No primeiro caso, um método de preparação

interessante foi patenteado no Brasil. Trata-se da aplicação da técnica de “Spray Drying”

(JAIN, 2002) (Figuras 7 e 8) envolvendo a adição de partículas de SiO2 antes da secagem,

na preparação de nanocápsulas ou nanoesferas para encapsulação de diclofenaco,

conhecido antiinflamatório. Com isto se consegue maior estabilidade da dispersão, melhor

distribuição do tamanho das partículas, e uma viabilidade industrial para a produção das

nanopartículas, evitando-se o processo de liofilização.

fonte http://lqes.iqm.unicamp.br

Figuras 7 e 8- Forma moderna de administração de fármacos através de sistema Spray

Drying.

Modernamente, têm sido obtidas nanoesferas a partir de micelas poliméricas utilizando-

se de hidrogéis de polivinilpirrolidona com isopropilacrilamida, pois foi verificado que seu

tempo na circulação sangüínea era mais longo. Um hidrogel é uma rede de polímeros

hidrofílicos que são reticulados e que tem a propriedade de intumescer em ambientes

abundantes em água. (GAUR et al., 2000).

A preparação destas nanoesferas é possível dentro de núcleos aquosos de gotas de

micelas inversas e permite uma modulação precisa da distribuição de tamanho das

partículas (preparadas com diâmetro menor que 100 nm). Desde que a reação de

polimerização e subseqüente encapsulação ocorre em núcleos aquosos, é possível

Page 25: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

34

encapsular moléculas hidrofílicas. A superfície destas partículas já é hidrofóbica, como

mostrado na (Figura 9), com maior tempo na circulação sangüínea.

No segundo caso, as pesquisas em funcionalização químicas de superfície de

nanopartículas muitas possibilidades estão sendo testadas. A adsorção de polímeros na

superfície das nanopartículas é um fenômeno importante, pois pode alterar sua

hidrofobicidade, facilitando sua redispersão em água, o que é importante para efeitos de

utilização em injeções além de alterar o direcionamento a alvos específicos do organismo.

Na Figura 9a há uma representação esquemática de grupos hidroxila de moléculas de PVA

fixadas a grupos acetil do PLGA, via ligação de grupos hidrofóbicos.

As nanoesferas produzidas pelo método de evaporação de solvente, visualizadas por

SEM, estão ilustradas na Figura 7b.

fonte http://lqes.iqm.unicamp.br

Figura 9- (A) Representação esquemática da orientação de PVA ligadas a moléculas

de PLGA, na superfície de nanoesferas de PLGA. (B) Imagem obtida por

SEM (topografia) de nanoesferas de PLGA.

Page 26: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

35

Os novos sistemas carregadores coloidais para liberação controlada e dirigida de

fármacos procuram mudar a distribuição da substância ativa, aumentando a permanência na

circulação sistêmica para que se alcance maior eficácia terapêutica, com doses menores, e

baixa toxicidade. Logo, o potencial terapêutico destes dispositivos biodegradáveis

encapsulando o ingrediente ativo depende do tempo de circulação na corrente sangüínea e,

principalmente, do destino in vivo do carregador, que deve ser direcionado a alvos

específicos (freqüentemente designados por “drug targets”) (OKTAR, 2003; PARIS, 2003).

Isto pode ser feito pela utilização de copolímeros-bloco (KWON, 2002) como, por

exemplo, PEO e PLA, em que a porção hidrofóbica (PLA) forma a matriz polimérica

(nanopartícula) enquanto que a porção hidrofílica forma a cobertura. A presença destes

polímeros sobre a superfície da partícula decresce a adsorção de opsoninas e subseqüente

fagocitose, ou seja, o carregador não é reconhecido pelo sistema de defesa do organismo.

Uma aplicação destes sistemas é a utilização de nanopartículas sólidas que encapsulem

drogas anticâncer para serem direcionadas mais facilmente ao alvo.

Uma das mais promissoras entre as várias estratégias que foram tentadas é utilizar

nanopartículas que tenham em sua superfície cadeias de polímeros anfifílicos como por

exemplo, o poli(óxido de etileno), PEO, como representado na figura 10 (UCHEGBU,

1999).

fonte http://lqes.iqm.unicamp.br

Figura 10- Nanoesfera sólida. (A) matriz contendo o fármaco e (B) cadeias de PEO.

Page 27: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

36

Trabalhos importantes têm sido realizados com nanoesferas na liberação de

fármacos para o cérebro. A difusão passiva de substâncias através das células endoteliais do

cérebro é dependente da massa molar e da lipofilicidade dos compostos. Entretanto, um

grande número de espécies ativas que possuem lipofilicidade favorável e que normalmente

deveriam ser capazes de transpor estas células, não o conseguem (GATTI, 2002). Isto

ocorre devido à existência de uma eficiente “bomba de efluxo”, incluindo transportadores

aniônicos orgânicos (como P-glicoproteínas, às vezes referidas como proteína de resistência

multi-droga). Estes sistemas são conhecidos como barreira hematoencefálica (“blood-brain

barrier”), os quais representam um grande obstáculo para várias drogas, incluindo

antibióticos, antioncoplásicos, e uma variedade de drogas atuantes no SNC. Uma das

possibilidades de vencer esta barreira é a utilização de nanoesferas para o transporte, por

exemplo, de neuropeptídeos, para o tratamento de tumores cerebrais. Para isto, as

nanopartículas devem ser injetadas por via intravenosa e devem ser cobertas por uma

camada de polisorbato para que possam mimetizar lipoproteínas de baixa densidade e,

podendo assim interagir com receptores de LDL e difundir pelas células endolteliais do

cérebro. Logo, pode-se deduzir que as propriedades de superfície das partículas são fatores

chave que determinam a permanência na circulação sistêmica e, aumentam a

biodisponibilidade do ingrediente ativo (FILHO, 2003). Entretanto, com a metodologia de

se modificar a superfície de nanopartículas, não se conseguiu ainda evitar totalmente a

ação, ainda que menor, do sistema reticuloendotelial, uma importante barreira fisiológica

(GAUR, 2002)

Após administração intravenosa de nanoesferas, assim como de outros carregadores

coloidais, as proteínas do plasma conhecidas como opsoninas (imunoglobulinas IGM e

IGG , relacionadas à resposta imune inata do organismo), são rapidamente adsorvidas na

superfície das partículas. Esta adsorção de opsoninas leva ao rápido reconhecimento pelas

células do reticuloendotelial de macrófagos, principalmente no baço e células de Kuppfer,

no fígado) e conseqüente fagocitose das partículas, especialmente no fígado (60-90%), baço

(2-20%), medula óssea (0,1-1%) e quantidades variadas nos pulmões (SHERSTON et al.,

1996). Em função da existência destas barreiras, as recentemente investigações, feitas no

sentido de reduzir a captura das partículas coloidais pelo sistema reticuloendotelial,

Page 28: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

37

representam uma proposta futura de poder aumentar a concentração destes veículos no

sangue e conseqüentemente no alvo desejado (KREUTER et al., 2002; DAVDA, 2002).

3.3- Nanoencapsulamento de Fármacos

Os primeiros registros de tentativas de aplicação de nanoencapsulamento datam dos

anos 30, mas o primeiro produto com material encapsulado só surgiu em 1954. A empresa

norte-americana Nacional Cash Register foi à pioneira ao comercializar um papel de cópia

sem carbono (“no carbon required”). Este papel recebia uma fina camada de microcápsulas

(menores que 20 µm) contendo uma tinta incolor. Tal camada era recoberta com um

reagente também incolor. A pressão da ponta do lápis sobre a superfície do papel rompia as

microcápsulas, liberando a tinta incolor que, ao entrar em contato com o reagente, tornava-

se colorida, produzindo uma outra folha com cópia idêntica ao que estava sendo escrito no

primeiro papel. As pesquisas em torno da nanoencapsulamento (Figura 3 e Figura 4), foram

embasadas pelo trabalho de Würster, por volta de 1950, com o processo patenteado de

encapsulamento de finas partículas sólidas em leito fluidizado (WURSTER, 1964). Em

seguida vieram os processos de coacervação (inicialmente para encapsulamento de líquidos

e tempos mais tarde como técnica preparativa de nanopartículas), implantes (primeiramente

introduzidos nos anos 70) e aplicações transdérmicas.

É importante neste momento definirmos alguns termos relacionados a

nanoencapsulamento. O termo nanopartículas é genérico, sendo usado de acordo com o

tamanho da partícula a que se está referindo. Partículas com tamanho menor que 1 µm são

consideradas nanopartículas, enquanto que as partículas maiores são denominadas

micropartículas. Existe uma certa controvérsia com relação ao tamanho limite para as

micropartículas, uma vez que erroneamente alguns autores consideram partículas maiores

que 1 µm como nanopartículas.

Na grande maioria dos trabalhos, os sistemas que se mostraram particularmente

interessantes foram nanopartículas de polímeros biodegradáveis. Trata-se de um sistema em

que o direcionamento do fármaco a sítios-alvo específicos do organismo é claramente

identificável, sendo também bastante estável, não sendo reconhecido por macrófagos do

sistema reticuloendotelial de defesa. Trata-se, portanto, do melhor sistema ora disponível

Page 29: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

38

para se investigar o comportamento de carregadores coloidais em organismos vivos,

estritamente ligados à liberação controlada de fármacos (MIDDLETON, 2002).

Várias patentes relativas ao uso destes sistemas foram relatadas nos últimos anos,

incluindo, por exemplo, nanopartículas ocas de proteínas com capacidade para

bioreconhecimento molecular, auxiliadas por um transportador na liberação a células

específicas, corte transversal (interior) ativo distribuído uniformemente no interior ativo

concentrado no núcleo modelo para preparação de nano e microesferas através de

polimerização em micelas reversas (AKKARA et al., 2000) ou mesmo novas formulações

de comprimidos com resistência gástrica, utilizando como componentes

polivinilpirrolidona reticulado, alginato de sódio, goma xantana e bicarbonato de sódio,

dirigindo-se a absorção ao trato gastrointestinal.

Há vários métodos diferentes de preparação de sistemas nanoparticulados (FILHO,

2003; SOPPIMATH, 2001). Os mais destacados e utilizados são:

3.3.1- Métodos Mecânicos:

Se pensarmos em produção em larga escala, estes métodos podem ser úteis

comercialmente. Um exemplo é o revestimento em leito fluidizado, em que partículas são

mantidas em suspensão através de um fluxo de ar contínuo e são revestidas por atomização

do material revestidor no leito de partículas suspensas. Existe também a centrifugação

multiorifício, que utiliza centrifugação para lançar os núcleos através de uma membrana do

material revestidor e o revestimento em turbinas, o qual consiste em revestir núcleos

sólidos através da pulverização do material de revestimento, com fácil remoção do solvente

pela corrente de ar. Entretanto, o método mecânico mais utilizado é o “Spray Drying”

(secagem em spray), em que o fármaco, em solução ou dispersão, é nebulizado, juntamente

com o material revestidor solubilizado ou fundido. Isto é feito em uma câmara de

evaporação, causando a rápida solidificação das gotículas originando as partículas

(FARREL, 2003; FILHO, 2003).

Page 30: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

39

3.3.2- Métodos Físico-químicos:

De um modo geral, estes métodos estão baseados na dissolução de um fármaco,

juntamente com um polímero, em determinado solvente, seguida pela adição, sob agitação

constante, de um não-solvente à mistura. O não solvente causa à precipitação do polímero

ou pode ocorrer também a separação de fases (muitas vezes chamados de processos de

coacervação). Estes processos de coacervação podem ser divididos em simples (por

mudança no pH, força iônica, temperatura) ou complexos (complexação entre dois

polieletrólitos de carga oposta). É bom lembrar que existem casos em que a noção de

coacervação não explica a separação de fases líquido-líquido, como é o caso de sistemas

inorgânicos recentemente descobertos com polifosfato de sódio/nitrato de crômio/água,

onde se tem separação de fases devida a grandes desvios da idealidade termodinâmica(DE

AZEVEDO et al., 2002).

A copolimerização interfacial, pelo contato entre os monômeros na interface, forma

nanocápsulas.

Outro ponto importante a se tratar são os mecanismos pelos quais estas

nanopartículas podem sofrer biodegradação no organismo humano. Se a matriz polimérica

não degrada dentro do corpo ela deve ser cirurgicamente removida, implicando em um alto

custo e risco para o paciente. Por exemplo, já havia registros no passado de sistemas

alternativos para administração de vacinas em camundongos. Estes pesquisadores

demonstraram que a produção de anticorpos em camundongos imunizados com uma única

dose de um antígeno contido numa matriz polimérica não degradável mantinha-se por mais

de seis meses em níveis comparados aos dos camundongos imunizados por duas vezes com

o mesmo antígeno. Entretanto, a aplicação desta estratégia suscitou a preocupação sobre os

possíveis efeitos adversos que a presença deste material no organismo poderia ocasionar

criando-se, desta forma, a necessidade de remoção cirúrgica do implante, após a liberação

do antígeno. Neste sentido, a síntese de polímeros biodegradáveis contribuiu para a

melhoria destes sistemas, visto que eles não requerem remoção cirúrgica e apresentam

poucos efeitos colaterais (DAYTON, 2002). Matrizes poliméricas biodegradáveis já são

biocompatíveis e degradáveis, isto é degradam in vivo em fragmentos menores que podem

ser excretados pelo corpo. Estes produtos de degradação não são tóxicos, e não devem criar

Page 31: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

40

nenhuma resposta inflamatória. Outra característica importante é a degradação ocorrer em

um razoável período de tempo, requerido pela aplicação (PREIS; 1979).

Os sistemas de liberação controlada do tipo polimérico são classificados de acordo

com vários mecanismos, já conhecidos há algum tempo (PEPPES, 1987). Os sistemas

controlados por difusão são os mais comuns e dois tipos são descritos. No primeiro, o

agente bioativo (fármaco) forma uma partícula interna (caroço) envolvida por uma barreira

de difusão inerte. Estes sistemas incluem membranas, cápsulas, nanocápsulas, lipossomas e

fibras ocas. O segundo tipo é um sólido monolítico no qual o agente ativo é disperso ou

dissolvido em um polímero inerte e a difusão do fármaco é a etapa limitante, sendo a taxa

de liberação dependente da escolha do polímero.

Os sistemas controlados quimicamente fazem uso da bioerosão (Figura 11) de

polímeros, resultando na absorção dos resíduos pelo organismo. Bioerosão polimérica pode

ser definida como a conversão do material insolúvel em água em um material solúvel. A

droga também pode estar ligada covalentemente ao polímero e ser liberada por cisão da

ligação por ação da água ou de enzimas. Nos sistemas controlados por solvente o agente

ativo está dissolvido ou disperso na matriz polimérica e não se difunde através da matriz.

Para que ocorra a difusão, o polímero deve se intumescer (por exemplo, com água),

abaixando a temperatura de transição vítrea e tornado o material mais plástico. Deste modo,

o fármaco contido na matriz pode se difundir para o meio externo. As diferentes formas de

liberação controlada mencionados estão sumariadas na Figura 6.

3.4 Microencapsulação de Fármacos

O conceito de “microcápsula” surgiu da idealização do modelo celular. Neste, a

membrana que envolve e protege o citoplasma e os demais componentes exerce ao mesmo

tempo outras funções como controlar a entrada e saída de material na célula. De modo

semelhante, a microcápsula consiste, em geral, em uma camada de polímero que atua como

um filme protetor, isolando a substância ativa (gotículas líquidas ou partículas sólidas) e

evitando os efeitos de sua exposição inadequada. Essa “membrana” desfaz-se sob estímulo

específico, liberando a substância no local ou momento ideais. O material ativo também

Page 32: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

41

fonte http://lqes.iqm.unicamp.br

Figura 11- Formas de liberação do ativo: nanoesferas e nanocápsulas.

pode estar incluso em uma matriz sólida de polímero, formando nesse caso uma

“microesfera” (SHAHIDI, 1993).

As primeiras pesquisas na área farmacêutica, realizadas pela Universidade de

Wisconsin (Estados Unidos), datam dos anos 50. As microcápsulas são usadas

principalmente para aumentar a estabilidade de uma droga ou para modificar ou retardar

sua liberação em locais específicos de ação. Substâncias antiinflamatórias, por exemplo,

podem ter seu tempo de atuação no plasma sangüíneo aumentado pela microencapsulação,

prolongando seu efeito no organismo.

Na área de alimentos, os estudos foram iniciados nos anos 60 pelo Instituto de

Pesquisas Southwest (Estados Unidos da América), com a microencapsulação de óleos

essenciais para prevenir a oxidação e a perda de substâncias voláteis e controlar a liberação

do aroma. Além dos aromas, a aplicação dessa tecnologia estendeu-se à incorporação de

aditivos naturais e ingredientes (corantes, temperos, acidulantes, vitaminas e minerais) que

alteram a textura, melhoram a qualidade nutricional, aumentam a vida de prateleira ou

Page 33: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

42

controlam as propriedades dos alimentos processados da microencapsulação protege esses

ingredientes contra perdas nutricionais e preserva ou mascara cor e sabores (inibindo a

reação com outros materiais), além de incorporar aos alimentos mecanismos de controle da

liberação de certos componentes (RÉ, 2000).

A microencapsulação tem inúmeras outras aplicações industriais, entre elas, no setor

agropecuário, na produção de pesticidas (herbicidas, inseticidas e parasiticidas) sintetizados

quimicamente ou de natureza biológica (microrganismos com atividade específica contra

uma praga-alvo). A microencapsulação de pesticidas químicos torna a aplicação do produto

mais eficaz, reduzindo riscos de toxidez para o homem durante seu manuseio e, ao

controlar a velocidade de liberação para o meio ambiente, diminui o risco de concentrações

elevadas na lavoura e contaminação ambiental. No caso de biopesticidas, a

microencapsulação mantém o poder do microrganismo de infectar a praga-alvo,

protegendo-o do meio ambiente e, principalmente, da inativação pela luz solar, antes que

ele seja ingerido pela praga (lagartas, insetos adultos etc.). Inúmeros métodos permitem

microencapsular um material ativo, dependendo do tipo do material, da aplicação e do

mecanismo de liberação desejado para sua ação. A diferença básica entre esses métodos

está no tipo de envolvimento ou aprisionamento do material ativo pelo agente encapsulante,

sendo que a combinação entre o material e o agente pode ser de natureza física, química ou

físico-química(AKKARA, 2000; GAUR, 2000).

Entre os métodos físicos, alguns mais conhecidos são spray drying (secagem de

gotículas), spray cooling (solidificação de gotículas por resfriamento) e extrusão

(modelamento de microesferas por meios mecânicos). Entre os métodos químicos,

destacam inclusão molecular (encapsulação de certas moléculas por outras) e polimerização

interfacial (reação de polimerização no limite entre duas soluções, uma delas contendo o

material ativo em suspensão). Já os métodos físico-químicos mais estudados são

coacervação ou separação de fases (separação do polímero encapsulante de um meio

líquido e sua precipitação na superfície do material ativo disperso no mesmo meio) e

envolvimento lipossômico (encapsulação por membranas lipídicas) (PARK, 2002).

A escolha do agente encapsulante depende do método utilizado para formar as

microcápsulas, do tipo de aplicação do produto (aditivos para alimentos, fármacos,

fragrâncias, pesticidas etc.) e da forma como ele agir·. A substância encapsulada pode ser

Page 34: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

43

liberada por estímulos mecânicos (rompimento das microcápsulas através de pressão) ou

outros (variação da temperatura ou do pH no meio onde as microcápsulas ou microesferas

estão). Em uma loção cosmética para o corpo, por exemplo, as microcápsulas que contêm a

fragrância são rompidas, liberando-a, pela pressão dos dedos durante a aplicação na pele

(ruptura mecânica). Já em um medicamento oral, para que a mucosa do estômago seja

protegida do contato com o princípio ativo e este seja liberado apenas no local exato de sua

absorção (no intestino), pode-se usar um agente encapsulante que só se dissolva em meio

alcalino (como o intestinal) (PORTER, 1994).

Os produtos microencapsulados hoje á venda no Brasil (drogas antiinflamatórias,

vitaminas e suplementos minerais e cosméticos) são importados, pois poucas empresas de

países desenvolvidos dominam essa tecnologia. Em todo o mundo, a falta de

conhecimentos básicos sobre mecanismos de formação de partículas e sobre as

possibilidades de aplicação dos vários processos de microencapsulação conhecidos ainda

limita o uso destes, apesar do crescente interesse da indústria. No Brasil, uma das metas do

Laboratório de Tecnologia de Partículas, da Divisão de Química do Instituto de Pesquisas

Tecnológicas (IPT), é contribuir para o desenvolvimento de uma tecnologia nacional

envolvendo preservação e liberação controlada de substâncias ativas, para fornecer, a

diferentes setores da indústria nacional, o apoio necessário à elaboração de produtos

microencapsulados (SHAHIDI, 1993).

Page 35: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

44

3.5 Materiais Utilizados Como Polímeros Biodegradáveis

A aplicação de materiais poliméricos para propósitos médicos está crescendo muito

rápido, e tem sido evidenciada em diversos campos como engenharia de tecidos, implante

de dispositivos médicos e órgãos artificiais, próteses, oftalmologia, odontologia, reparo

ósseo e outros

Sistemas poliméricos de liberação de drogas são largamente utilizados e não só

permitem uma liberação lenta e gradual do ingrediente ativo, como também podem

possibilitar o direcionamento a alvos específicos do organismo, como sítios de inflamação

ou tumor (SOMA, 2000). Polímeros biologicamente degradáveis incluem, portanto:

3.5.1- Polímeros naturais:

São sempre biodegradáveis como, por exemplo, o colágeno, a celulose e a quitosana

e são muito utilizados como matrizes em liberação de fármacos. Um exemplo é a aplicação

de quitosana enxertada com poli (ácido acrílico), formando um copolímero,na confecção de

nanoesferas para se estudar a liberação controlada em função do tempo, utilizando-se de

eosina, um corante solúvel em água, como marcador (NASCIMENTO et al., 2001;

BRANNON-PEPPAS, 2002).

3.5.2 Polímeros naturais modificados:

Um problema encontrado em polímeros naturais é que eles freqüentemente levam

muito tempo para degradar. Isto pode ser resolvido adicionando-se grupos polares às

cadeias, que por serem mais lábeis podem diminuir o tempo de degradação.

Exemplos destas modificações podem ser a reticulação de gelatina utilizando-se

formaldeído, a reticulação de quitosana utilizando-se glutaraldeído, levar celulose a acetato

de celulose.

Modificações enzimáticas também são utilizadas, como a modificação de quitosana

por tirosinase.

Page 36: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

45

3.5.3- Polímeros sintéticos:

São também largamente utilizados, como, por exemplo, poli(etileno), poli(álcool

vinílico), poli(ácido acrílico), poli(acrilamidas), poli(etilenoglicol), poliésteres. No caso dos

poliésteres, estes são mais utilizados pelo químico e têm no poli(glicolide) o polímero

alifático linear mais simples. O monômero glicolide é sintetizado a partir da dimerização do

ácido glicólico e a polimerização por abertura de anel leva a materiais de alta massa molar,

com aproximadamente 1-3% do monômero residual.

Na prática, copolímeros de glicolide com l-lactide e dl-lactide são os mais utilizados

em sistemas de liberação controlada, com vantagens. Uma delas é o menor tempo de

degradação, este menor tempo de degradação se explica devido à amorfização provocada

pela quebra da regularidade entre as cadeias na presença do monômero em copolímeros de

l-lactide com 25—70% em glicolide. Uma estrutura típica de um polímero biodegradável é

a do poli(ácido láctico). São também preparados copolímeros-bloco compostos de PEO-

PPO-PEO (Pluronic, um copolímero-bloco relativamente hidrofílico) e poli(alfa-

aprolactona) (hidrofóbico) obtido a partir da abertura de anel de alfa-caprolactona na

presença de PEO-PPO-PEO e catalisador octoato estanhoso (HA, J.C., 2000).

4. Aplicações dos Sistemas de Liberação Controlada

No atual contexto mundial, em que a competitividade industrial é crescente, o

domínio da tecnologia, ou seja, a aplicação de princípios, métodos, instrumentos ou

processos elaborados a partir da pesquisa científica para desenvolver e aperfeiçoar

produtos, é essencial para qualquer país.

Algumas tecnologias, que podem ser utilizadas em variados setores e permitem um

controle mais sofisticado de certas propriedades de uso de diferentes produtos, alcançam

hoje maior valor estratégico. Uma delas, que mostra enorme potencial, é a

microencapsulação de materiais ativos. Ainda pouco conhecida no Brasil, essa tecnologia

envolve processos complexos que permitem incorporar, a um material ativo, novas

propriedades funcionais e ‚ inteligentes, como a liberação ou atuação controlada em um

Page 37: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

46

meio específico ou sob condições apropriadas, tornando mais eficaz o produto final do qual

esse material fará parte. No Brasil temos alguns exemplos importantes a saber:

4.1. Controle biológico de pragas

A microencapsulação de bioinseticidas vem sendo obtida, pelo IPT, dentro de

estudos que visam ao controle biológico de pragas que infestam culturas importantes para o

país, como soja e milho. Um dos bioinseticidas microencapsulados pelo IPT é um

complexo com esporos e uma toxina da bactéria Bacillus thuringiensis. O estudo,

desenvolvido pelo Agrupamento de Biotecnologia (Divisão de Química) do IPT, em

parceria com o Centro Nacional de Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), da

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), visa controlar as populações da

lagarta-do-cartucho-do-milho (Spodoptera frugiperda), que causa grandes perdas nessa

lavoura. Os testes de desempenho do bioinseticida microencapsulado (figura 5) serão feitos

em breve pelo Cenargen. Outro bioinseticida também objeto de pesquisas no IPT é o

composto de poliedros de Baculovirus anticarsia, produzidos e purificados pelo Centro

Nacional de Pesquisa e Monitoramento de Impacto Ambiental (CNPMA), também da

Embrapa, em lagartas criadas e infectadas em laboratório. A microencapsulação desse

bioinseticida, usado no combate à lagarta Anticarsia gemmatalis, que desfolha as

plantações de soja e reduz as safras, pretende evitar que os baculovírus sejam inativados

pela radiação ultravioleta durante a estocagem e a aplicação em campo. Microencapsulado,

o vírus permanece ativo por mais tempo, aumentando as chances de que infecte a lagarta-

alvo ao ser liberado em seu trato gastrointestinal, depois que as microcápsulas são ingeridas

por ela (RÉ, 1998).

4.2. Minerais nutricionais e remédios

Outro campo para o qual a microencapsulação vem trazendo grandes benefícios é o

nutricional, em especial no caso do combate à deficiência mineral. Estudos com crianças,

adolescentes, gestantes e idosos demonstram a carência de certos minerais na dieta da

população brasileira. A deficiência torna-se mais grave no caso de ferro, iodo, cálcio e

Page 38: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

47

zinco, elementos de grande importância em processos orgânicos como crescimento,

maturação sexual, atuação do sistema imunológico, produção hormonal, desenvolvimento

da inteligência e outros. Instituições governamentais e particulares têm procurado prevenir

tais carências através da ‚fortificação de certos alimentos ou da suplementação com

medicamentos (aditivos nutricionais). No entanto, a incorporação de vários minerais a

alimentos de uso comum (cereais, farinha, leite etc.) apresenta uma grande dificuldade: a

reatividade elevada desses elementos com outros ingredientes e a facilidade com que se

oxidam, alterando a cor e/ou o gosto do produto. Nesses casos, a microencapsulação pode

mascarar o sabor dos minerais nos produtos enriquecidos, reduzir a reatividade com outros

componentes e controlar sua liberação nas áreas do trato gastrointestinal que permitam

melhor absorção. Nesse contexto, o IPT e o Departamento de Alimentos e Nutrição

Experimental, ligado à Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo

(USP), formaram uma parceria para avaliar se sais de cálcio e ferro microencapsulados e

incorporados a alimentos não reagem com outros componentes, mantendo seu poder

nutricional. A microencapsulação dos minerais é feita no IPT e a avaliação está sendo

realizada em laboratório, em dietas com leite e farinha formuladas pelos pesquisadores da

USP. meio emulsivo) e microencapsulado simultaneamente, resultando em um processo

chamado de co-precipitação em sistema de quase-emulsão. Testes que simulam a passagem

pelo trato gastrointestinal das microesferas produzidas por esse processo estão sendo

realizados em laboratório, para avaliar se sua dissolução ocorre de acordo com o previsto.

B O Instituto de Pesquisas Tecnológicas também estuda a microencapsulação na área

de medicamentos, em cooperação (desde junho de 1996) com o Laboratório de Engenharia

Química, do Instituto Nacional Politécnico de Toulouse (França). Juntos, pesquisadores

brasileiros e franceses testaram um método de preparação de cristais esféricos criado há

pouco no Japão. O formato esférico (figura 6) melhora a fluidez de cristais de drogas

farmacêuticas e permite fabricar comprimidos diretamente por compressão. O método foi

testado e modificado para que o material ativo (a droga) passe a ser cristalizado (em meio

emulsivo) e microencapsulado simultaneamente, resultando em um processo chamado de

co-precipitação em sistema de quase-emulsão. Testes que simulam a passagem pelo trato

gastrointestinal das microesferas produzidas por esse processo estão sendo realizados em

laboratório, para avaliar se sua dissolução ocorre de acordo com o previsto (RÉ, 1998).

Page 39: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

48

Outros exemplos na área médica poderão ser vistos em artigos de periódicos

anexados a esta monografia (Anexos 1, 2 e 3.)

Page 40: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

49

5. CONCLUSÃO

A nanotecnologia pode ser vista como a criação de materiais funcionais,

dispositivos e sistemas através do controle da matéria na escala de nanômetros, implicando

em sistemas que apresentem novos fenômenos e propriedades, que são dependentes do

tamanho. Neste contexto a liberação controlada de fármacos “drug delivery systems” se

enquadram perfeitamente e se valem destes novos fenômenos dependentes do tamanho

(facilitando adsorção e difusão intermembranas, com alta adesão devido à superplasticidade

destas partículas) e intrinsecamente também dependentes da funcionalização química, que

envolve todos os métodos de preparação e suas modificações. A grande motivação que

levou ao estudo destas estruturas nanômetricas aplicadas a sistemas biológicos foram as

suas inúmeras vantagens como o direcionamento a alvos específicos, liberação progressiva

do fármaco, menor toxicidade, menor número de doses (conveniência), diminuição dos

picos plasmáticos, proteção e economia de fármaco.

A aplicação de materiais poliméricos biodegradáveis para propósitos médicos tem

sua importância para estes sistemas, como foi discutido. Dois tipos de materiais podem ser

incluídos neste caso: os biodegradáveis e os bioabsorvíveis. Estritamente falando,

polímeros biodegradáveis são aqueles que degradam em fragmentos menores devido à ação

de enzimas no organismo, enquanto que o termo bioabsorvível refere-se a polímeros menos

estáveis à presença de água.

A preparação e funcionalização das nanopartículas utilizadas como carregadores são

os pontos importantes da contribuição dos químicos. Vimos exemplos claros deste fato

como a aplicação da técnica de “Spray Drying” envolvendo a adição de partículas de SiO2

antes da secagem, obtenção de nanoesferas a partir de micelas poliméricas utilizando-se de

hidrogéis de polivinilpirrolidona com isopropilacrilamida e a modificação química da

superfície das partículas, utilizando-se da adsorção de polímeros, como grupos hidroxila de

moléculas de PVA fixadas a grupos acetil do PLGA, via ligação de grupos hidrofóbicos.

Análise crítica do passado recente e o que nós podemos esperar para o futuro. No texto

apresentado foi exposta uma parte das inúmeras vantagens relacionadas a sistemas de

liberação controlada de fármacos. De fato, ademais da eficácia terapêutica, ela é

conveniente ao paciente, seja do ponto de vista de seu conforto e adesão ao tratamento, seja

Page 41: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

50

do menor custo em hospitais, com menor necessidade de internações, remoções cirúrgicas

de implantes e complicações pós-cirúrgicas. Entretanto nada foi exposto a respeito de

possíveis desvantagens associadas a estes tratamentos. Uma dificuldade seria interromper a

ação farmacológica do medicamento, no caso de intoxicação ou alguma intolerância,

inclusive com risco de acúmulo do fármaco se não for acompanhada a sua farmacocinética.

Isto já não é problemático no caso das medicações transdérmicas, em que é possível retirá-

las. Outros importantes fatores são as diferenças individuais, fazendo com que sejam

necessários vários estudos farmacocinéticos e farmacodinâmicos, pois não se pode ter

certeza de reprodutibilidade (variações de idade, estado de saúde, metabolismo, como por

exemplo, a variação de volume de esvaziamento gástrico ou uma velocidade de liberação

mais lenta ou pouca absorção no intestino). Muito se comenta que o custo elevado dos

polímeros biodegradáveis pode ser um empecilho, mas o Brasil está fazendo um grande

esforço no desenvolvimento de novos polímeros biodegradáveis, como por exemplo o

poli(hidroxibutirato co-valerato) de custos menores.

A possibilidade de repatenteamento (rejuvenescimento) de fármacos mais antigos,

pela reformulação em micro/nanoesferas é uma realidade. Mas, às vezes, nos deparamos

com situações um tanto quanto estranhas: por exemplo, hoje há esforços para se encapsular

diclofenaco, um antiinflamatório, (o que já se conseguiu, com sucesso).

Aspectos éticos importantes estão envolvidos, como o risco do bioterrorismo utilizar

nanopartículas como vetores. A nanociência mostra ferramentas novas em busca de

aplicações, trazendo algo efetivamente novo e mudando velhos paradigmas de visão de

mundo, trazendo impactos reais para a sociedade, como nanotubos de carbono fazendo

conexão elétrica entre fios de platina, nanocircuitos, estruturas supramoleculares,

automontagem. Os desenhos de engrenagens realizadas com átomos de carbono, de

hidrogênio e nitrogênio (os “nanosystems”) beneficiando nanomáquinas estarão muito

distantes.

Esta revolução tecnológica é um desafio para o Brasil, pois os riscos são elevados

em termos de volume de investimento, mas como podemos ser competitivos,

principalmente na área de medicamentos com as nossas biodiversidade e na área de

processos biotecnológicos com microrganismos, os ganhos podem ser enormes: o

“nanomundo” é extremamente “espaçoso”... para todos.

Page 42: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

51

6- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

AKKARA, J. A., JOHN, V. T., KAPLAN, D. L., MCPHERSON, G. L. Controlled

polymerization inreversed micelles to form microspheres used for encapsulation of

bioactives for controlled release, luminescent materials, and ferrites for superparamagnetic

properties US6022500-A, 2000.

BRANNON-PEPPAS, L. Polymers in Controlled Drug Delivery. Disponível em

http://www. devicelink.com/mpb/archive/97/11/003.html. Acesso em novembro de 2002.

BROOKING, J., DAVIS, S. S., ILLUM, L. Transport of nanoparticles across the rat nasal

mucosa. Journal Drug Target. v. 9, p. 267-279, 2001.

DAYTON, P. A., FERRARA, K.W. Targeted imaging using ultrasound. Journal. Magn.

Reson. Imaging. v. 16, p. 362-377, 2002.

DE AZEVEDO, M.M.M.- Nanoesferas e a liberação controlada de fármacos. Monografia

LQES - Laboratório de Química do Estado Sólido – Instituto de Química – UNICAMP

Material disponível: http://lqes.iqm.unicamp.br, 2003.

DURAN, N. The Brazilian Network of Nanobiotechnology. Proc. 2nd Meeting of

Nanobiotec. v. 2, p. 1-20, 2003.

DAVDA, J., LABHASETWAR, V. Characterization of nanoparticle uptake by endothelial

cells.Int. J. Pharm., v. 233, n.1, p.51-59, 2002.

DURAN, N., DE AZEVEDO, M.M.M. Rede de Nanobiotecnologia. UNICAMP, Material

disponível em: http://www.comciencia.br , novembro 2002.

Page 43: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

52

DE AZEVEDO, M. M. M.; DE OLIVEIRA, A. F.; DURÁN, N. First Brazilian Winter

School on Nanobiotechnology-Rede Nanobiotec, Campinas - São Carlos - Ribeirão Preto,

v. 2, Brasil, p. 173, 2002.

GOMES, A.S.; DE MELO C.P. First Brazilian Winter School on Nanobiotechnology-

Rede Nanobiotec, Campinas - São Carlos - Ribeirão Preto, v. 1. Brasil, p. 146, 2002.

FARREL, S. HEAKETH,H .P.An introduction to drug delivery for Chemical Engineers

Disponível em: http:/engineering eng rowan.edu/hesketh/hesketh/cee%20drug%20delivery

pdf ompanies envolved in polymeric drug de livery. Htm, Acesso em julho 2003.

FILHO, N. A., DE OLIVEIRA, A. G. Sistemas de micro/nanoencapsulamento de fármacos.

Disponível em: http://www.farmabrasil.hpg.ig.com.br/fisqui9.htm. Acesso em julho 2003.

GAUR, U., SAHOO, S. K., DE, T. K., GHOSH, P. C., MAITRA, A. E GHOSH, P. C.

Biodistribution of fluoresceinated dextran using novel nanoparticles evading

reticuloendothelial system. Int J Pharm., v.202, n.1, p.1-10, 2000.

GATTI, A.M.; RIVASI, F. Nanotecnology and control delivery sistems of drugs.

Biomaterials, v. 23, p. 23-81, 2002.

HARUYAMA,T. Micro- and nanobiotechnology for biosensing cellular responses. Adv.

Drug. Deliv. Rev. v. 55, p. 393-401, 2003.

HA, J. C., LEE, Y. M., KIM, S. Y. J. Poly(ethylene oxide)-poly(propylene oxide)-

poly(ethyleneoxide) (pluronic)/poly(epsilon-caprolactone) (PCL) amphiphilic block

copolymericnanospheres - I. Preparation and characterization J. Control. Release., v.62,

n.3 p.381-392, 2000.

INOUE, K.; MACHIDA, Y,; SANAN, T. & NAGAI, T. News drugs administrations

routes. Drug Design and Delivery, v. 4, p.55-66, 1989.

Page 44: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

53

JAIN, A. K., THOMAS, N. S., PANCHAGNULA, R. Transdermal drug delivery

hydrochloride. I. Effect of terpenes. Journal Control. Release. v.1-3, n.79, p.93-101,

2002.

KAWASHIMA, Y. Preface nanoparticulate systems for improved drug delivery. Adv.

Drug Delivery Rev. v. 1. p. 1-2, 2001.

.

KREUTER J, SHAMENKOV D, PETROV V, RAMGE P, CYCHUTEK K, KOCH-

BRANDT C, ALYAUTDIN R. Apolipoprotein-mediated transport of nanoparticle-bound

drugs across the blood-brain barrier. J Drug Target, v. 10, p. 317-325, 2002.

KREUTER, J. Nanoparticulate systems for brain delivery of drugs. Adv. Drug Delivery Rev.,v.47,

p. 65-81, 2001.

KWON, G. S. Block copolymer micelles as drug delivery systems. Adv. Drug Delivery

Rev.,v..54, p.167-172, 2002.

KAZUHIRO, I.; YOSHIHARU, M. ; TAKANORI, S. & TSUNEJI, N. - Drug Design and

Delivery, v.4, p.55-62, 1989.

LOCKMAN, P. R .et al,. The transport of choline. Drug Dev. Ind. Pharm., v..28, p. 749-

771, 2002.

LUCINDA-SILVA, R. M.; EVANGELISTA, R. C. First Brazilian Winter School on

Nanobiotechnology-Rede Nanobiotec, Campinas - São Carlos - Ribeirão Preto, v.1.

Brasil, p. 175, 2002.

LIMA, K.M.; RODRIGUES-JÚNIOR, J. M. New developments and strategies dug

delivery. Brazilia Journal. Med. Biol. Res.,v. 32, p 171 1999.

Page 45: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

54

MIDDLETON, J. C., TRIPTON, A. J. Synthetic Biodegradable Polymers as Medical

Devices. Disponível em http://www.devicelink.com/mpb/archive/98/03/002.html.>Acesso

em novembro 2002.

NASCIMENTO A., LARANJEIRA M.C., FAVERE, V. T., JOSUE A. Impregnation and

release ofaspirin from chitosan/poly(acrylic acid) graft copolymer microspheres.J

Microencapsul.,v.3, n.5 p.679-684, 2001.

OKTAR, N. Nanobiotechnology: A new world of nanomaterials. J. Neurol. Sci. v. 20, p.

205-206 2003.

PARIS, A., PESSEY, v. The future of nanomaterials and nanobiotechnolohy. LabsPlus.

Intern..v. 17, p. 14-18 2003.

PORTE H. e COUARRAZE G., Microencapsulation processes for the manufacture of

systems providing modified release of the active constituent, D. Chulia, M. Deeui e Y.

Pourcelot (eds.), Elsevier Science B.V., Amsterdam, 1994.

PARK, K. Recent developments in hydrogels – Preface. Adv. Drug Delivery Rev., v.54,

p.1-9 2002.

PREIS, I., LANGER, R.S. A single-step immunization by sustained antigen release.J.

Immunol. Methods, v.28, n.2, p.193-197, 1979.

PEPPES, N. A. in Hydrogels in Medicine and Pharmacy, CRC Press, Inc.: Boca

Raton,1987.

RÉ, M.I.,‘Microencapsulation by spray drying’ in Drying Technology, vol. 16, nº6,

p.1195-1236, Marcel Dekker Inc., 1998.

Page 46: Sistema de Libera..o Controlada Uma Revis.o - cstr.ufcg.edu.brcstr.ufcg.edu.br/appg/Kelly.pdf · usados para isso se baseiam no encapsulamento ou formação de nanopartículas desses

55

SILVA, J. P. S. & FERREIRA, J. P. M. - Journal of Microen-capsulation, v.16, p.95,

1999.

SCHAFFAZICK, S.R; POHLMANN, A.R.; FREITAS, L.L. & GUTERRES, S.S.

Caracterização e Estudo de Estabilidade de Suspensões de Nanocápsulas e de Nanoesferas

Poliméricas Contendo Diclofenaco. Acta Farm. Bonaerense. v. 21, n. 2, p. 99-106, 2002.

SOMA, C.E., C. DUBERNET, D. BENTOLILA, S. BENITA & P. COUVREUR

Biomaterials, v. 21. p. 1-7, 2000.

SHERSTOV A.YU., KIVMAN G.YA., VASSILIEV A.YE., GELPERINA S.E.,

ANTROPOV A.S.,ANISSIMOVA E.V.,GULYAEV A.E. Interaction of nanoparticle-

bound ampicillin with the leucocytes of peripheral blood Abstr. III Conf. Pharm.Sci.

Clin. Pharmacol., Jerusalem. p.26, 1996.

SHAHIDI, F. e HAN, X.Q., Encapsulation of food ingredients’ in Critical reviews in

food science and nutrition, Ciência Hoje. v. 33. n. 6. p. 501-547, 1993.

SOPPIMATH, K. S., AMINABHAVI, T. M., KULKARNI, A. R., RUDZINSKI, W. E. J.

Biodegradable polymeric nanoparticles as drug delivery devices. J. Control. Release.

v.1, n.70, p.1-20, 2001.

WURSTER, D. E. Air suspension coating process in vertical tower - having coarse and fine

screened grid to induce cyclic flow in suspended bed due to unequal air flow US3253944-

A, 1964.

YANO, H.; HIRAYAMA, F.; KAMADA, M.; ARIMA, H; UEKAMA, K. J. Control

delivery systems. Control Release. v. 79, p. 103, 2002.

UCHEGBU, I. F. Parenteral drug delivery: 1. Pharm. J., v.263, p.309,1999.