a ceia do senhor -...

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A CEIA DO SENHOR C. H. Mackintosh 1820-1896 Tradução: Mário Persona ÍNDICE NOTAS DO EDITOR PREFÁCIO DO AUTOR PENSAMENTOS ACERCA DA CEIA DO SENHOR 1. A natureza da ordenança da Ceia do Senhor.

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A CEIA DO SENHORC. H. Mackintosh

1820-1896Tradução: Mário Persona

ÍNDICE NOTAS DO EDITORPREFÁCIO DO AUTORPENSAMENTOS ACERCA DA CEIADO SENHOR1. A natureza da ordenança da Ceia doSenhor.

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2. As circunstâncias em que foi instituídaa Ceia do Senhor.3. Para quem foi instituída a Ceia doSenhor.4. A ocasião e a maneira de celebrar aCeia do Senhor.

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NOTAS DO EDITORDesde que foi escrito por Charles H.Mackintosh (1820-1896), este artigo sobrea Ceia do Senhor tem sido de grandeauxílio a milhares de cristãos em todo omundo. Particularmente no Brasil, foi um

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dos instrumentos usados por Deus paraajudar a despertar a consciência de váriosirmãos, hoje reunidos somente ao nomedo Senhor, para a verdade, hoje tãomenosprezada, da unidade do corpo deCristo e da expressão dessa unidade no“um só pão”. Aqueles que o leram,certamente não ficaram alheios àimportância e ao privilégio de se obedecerà ordenança do Senhor, celebrando a SuaCeia, memorial de Sua morte por nós, damaneira, no lugar e sobre os fundamentosque Ele próprio instituiu.Visando tornar disponível a um maiornúmero de pessoas as verdades que estetexto expõe com tanta clareza, VerdadesVivas publicou, em 1988, uma edição de

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A Ceia do Senhor, valendo-se de umatradução então existente, feita emPortugal, eliminando do texto apenas ascaracterísticas e grafia peculiares àquelepaís. Esgotada essa edição, decidimosfazer uma nova tradução a partir dooriginal em inglês, voltando a incluir osparágrafos que, por alguma razão a nósdesconhecida, haviam sido omitidos natradução feita em Portugal.Sendo assim, apresentamos aos leitores delíngua portuguesa a versão integral dotexto de C. H. Mackintosh, esperando quemuitos possam ter seus corações tocadospor tão importante assunto, e venham aatender ao amoroso convite do Senhor,celebrando a memória da Sua morte, até

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que Ele venha nos buscar.O Editor

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PREFÁCIO DO AUTOR

A ordenação da Ceia do Senhor deve serconsiderada por toda mente espiritual,como uma prova particularmente tocantedo benigno cuidado do Senhor e de Seuterno amor por Sua Igreja. Desde a épocade sua instituição até o tempo presente, aCeia tem sido um testemunho contínuo,embora silencioso, da verdade que oinimigo tem procurado corromper ecolocar de lado por todos os meios ao seualcance, de que a redenção é um fato

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consumado para ser desfrutado até pelomais simples crente em Jesus.Passaram-se dezoito séculos* desde que oSenhor Jesus designou “o pão e o cálice”na Ceia como significativos símbolos doSeu corpo oferecido e do Seu sanguederramado por nós, e apesar de todaheresia, toda divisão, e toda controvérsiae discórdia, e da guerra de princípios epreconceitos que a página manchada dahistória eclesiástica registra, estaordenação tão expressiva tem sidoobservada pelo povo de Deus em todas asépocas.*Nota: O autor viveu no século XIX É verdade que o inimigo tenha

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conseguido, em um amplo segmento daIgreja professa, envolver a Ceia doSenhor em uma mortalha de negrasuperstição, apresentando-a de umamaneira tal que efetivamente escondessedo participante a grandiosa e eternarealidade daquilo que é memorial,substituindo Cristo e Seu sacrifícioconsumado por uma ordenança semefeito algum - uma ordenança que, alémde tudo, pelo modo como é administrada,prova ser de total inutilidade e oposição àverdade. Mesmo assim, não obstante oerro fatal de Roma relativo à ordenançada Ceia do Senhor, a mesma Ceiacontinua a comunicar, a todo ouvidocircunciso e a toda mente espiritual, amesma verdade profunda e preciosa - ela

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anuncia “a morte do Senhor até quevenha” (1 Co 11.26). O corpo foioferecido, o sangue foi derramado UMAVEZ, para não ser mais repetido; e opartir do pão nada mais é do que omemorial dessa verdade emancipadora.Portanto, com que profundo interesse egratidão deveria o crente contemplar “opão e o cálice”! Sem que seja proferidauma única palavra, são ali anunciadasverdades ao mesmo tempo tão preciosasquanto gloriosas: a graça reinando; aredenção consumada; o pecado tirado; ajustiça eterna introduzida; o aguilhão damorte banido; a glória eterna assegurada;“graça e glória” reveladas como o domgracioso de Deus e do Cordeiro - a

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unidade de “um só corpo”, assimbatizado por “um Espírito”. Que festa!Conduz a alma, num abrir e fechar deolhos, devolta no tempo, através de umperíodo de mil e oitocentos anos, emostra-nos o próprio Senhor, “na noiteem que foi traído”, sentado à mesa da ceiae instituindo ali uma festa que, desdeaquela noite solene até ao raiar da manhã,deveria conduzir cada coração crente, aomesmo tempo, para a cruz que passou epara a glória que virá!Desde então, esta festa, e pela própriasimplicidade do seu caráter e devido aoprofundo significado dos seus elementos,tem condenado a superstição, que iriaquerer deificá-la e adorá-la, a irreverência,

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que iria procurar profaná-la, e ainfidelidade, que a poria inteiramente delado. E, além disso tudo, ao mesmotempo que tem condenado todas estascoisas, ela tem fortalecido, confortado elevado refrigério ao coração de milhõesdos amados filhos de Deus. É docepensarmos nisto - é doce termos emmente, quando nos reunimos, noprimeiro dia da semana, em torno da Ceiado Senhor, que apóstolos, mártires esantos têm se reunido em torno destebanquete e encontrado ali, segundo a suamedida de compreensão, refrigério ebênção. Escolas de teologia têm surgido,florescido e desaparecido; doutores e paistêm acumulado volumes de teologia;heresias implacáveis têm obscurecido a

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atmosfera e rasgado a igreja professa deuma ponta à outra; a superstição e ofanatismo têm mostrado as suas teoriassem fundamento e idéias extravagantes;cristãos professos dividiram-se eminumeráveis seitas - todas essas coisasaconteceram, mas a Ceia do Senhor temcontinuado, em meio às trevas e confusão,a contar a sua história simples, masabrangente: “Porque todas as vezes quecomerdes este pão e beberdes este cálice,anunciais a morte do Senhor, até quevenha” (I Cor. 11:26).Preciosa festa! Graças a Deus pelo grandeprivilégio de celebrá-la! E ainda assim elanão passa de um símbolo cujos elementosdevem ser, aos olhos naturais, pobres e

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desprezíveis. Pão partido, vinhoderramado - quão simples! Somente a fépode identificar o símbolo, as coisasrepresentadas, e a fé não necessita dascircunstâncias fortuitas que a falsareligião introduziu com o fim deacrescentar dignidade, solenidade e temoràquilo que deve todo o seu valor, seupoder e sua impressionabilidade ao fatode ser um memorial de um fato eternoque a falsa religião nega..Que eu e você, querido leitor, possamospenetrar com mais alento e inteligênciano significado da Ceia do Senhor, e comuma experiência mais profunda nessabem-aventurança que é o partir aquelepão que é a “comunhão do corpo de

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Cristo” e o beber daquele cálice que é a“comunhão do sangue de Cristo”.Ao terminar estas poucas linhasintrodutórias, encomendo este artigo aosternos cuidados do Senhor, rogando a Eleque possa usá-lo para as almas de Seupovo.

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PENSAMENTOS ACERCA DA

CEIA DO SENHOR“Porque eu recebi do Senhor o que

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também vos ensinei: que o Senhor Jesus,na noite em que foi traído, tomou o pão;e, tendo dado graças, o partiu e disse:Tomai, comei: isto é o Meu corpo que épartido por vós; fazei isto em memória deMim.Semelhantemente também, depois decear, tomou o cálice, dizendo: Este cáliceé o Novo Testamento no Meu sangue:fazei isto, todas as vezes que beberdes, emmemória de Mim. Porque todas as vezesque comerdes este pão e beberdes estecálice anunciais a morte do Senhor, atéque venha” (I Cor. 11:23 a 26).Desejo fazer alguns comentários sobre oassunto da Ceia do Senhor, com opropósito de dirigir a atenção de todos

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aqueles que amam o nome de Cristo, e ascoisas que Ele instituiu, a um interessemais fervoroso e afetivo nesta importantee revigorante ordenança.Devemos bendizer ao Senhor por suabondosa consideração instituindo, emvista de nossa necessidade, um memorialda Sua paixão, e também por haverestabelecido uma mesa à qual todos osSeus membros possam se achegar, semqualquer outra condição além daquelaque é indispensável: a ligação pessoal eobediência a Ele.O bendito Senhor conhecia muito bem ainclinação dos nossos corações de nosesquivarmos dEle, e uns dos outros, epelo menos um dos Seus propósitos na

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instituição da Ceia foi o de impedir estanossa tendência.Ele desejava reunir o Seu povo em tornoda Sua bendita Pessoa; desejava pôr-lhesuma mesa onde, tendo em vista o Seucorpo ferido e o Seu sangue derramado,pudessem lembrar dEle e da intensidadedo Seu amor por eles, e de ondepudessem também olhar adiante, para ofuturo, e contemplar a glória da qual acruz é o eterno fundamento. Ali, mais doque em qualquer parte, eles aprenderiama esquecer as suas divergências e aamarem-se uns aos outros; ali poderiamver à sua volta aqueles que o AMOR DEDEUS havia convidado para banquetear,e aos quais O SANGUE DE CRISTO

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teria tornado idôneos para que aliestivessem.Todavia, a fim de poder comunicar maisfacilmente ao meu leitor o que tenho adizer sobre este assunto, vou limitar-meaos quatro tópicos seguintes:1. A natureza da ordenança da Ceia doSenhor.2. As circunstâncias em que foi instituídaa Ceia do Senhor.3. Para quem foi instituída a Ceia doSenhor.4. A ocasião e a maneira de celebrar aCeia do Senhor.

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1- A NATUREZA DA ORDENAÇÃO

DA CEIA DO SENHOREste é um ponto de grande importância.Se não compreendermos a natureza destaordenança, vamos nos perder em nossospensamentos acerca dela. A Ceia é,portanto, pura e simplesmente uma festade ação de graças - de agradecimento porgraça já recebida. O próprio Senhor,quando da sua instituição, assinala o seucaráter dando graças: “E, tomando o pão,e havendo dado graças...” (Lc 22.19).Louvor, e não oração, é a expressãoadequada àqueles que se sentam à mesado Senhor. É verdade que tenhamosmuito pelo que orar, muito a confessar,

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muito que lamentar, mas a mesa não élugar para lamentações: a linguagem queemana dela é: “Dai bebida forte aos queperecem, e o vinho aos amargosos doespírito; para que bebam, e se esqueçamda sua pobreza, e do seu trabalho não selembrem mais”. (Pv 31.6,7).Nosso cálice é um “cálice de bênção”, umcálice de ação de graças, o símbolodivinamente designado para aquelesangue precioso que obteve nosso resgate.“O pão que partimos não é porventura acomunhão do corpo de Cristo?” (1Co10.16). Como, então, poderíamos parti-locom corações tristes ou semblantescarregados? Poderiam os membros deuma família, depois das fadigas do dia, se

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assentar à mesa da ceia com coraçõestristes e semblantes descaídos? É claroque não. A ceia era a refeição maisimportante da família, a única que reuniatoda a família. Os rostos que talvez nãofossem vistos durante o dia, certamenteestariam presentes à mesa da ceia, e nãohá dúvida de que se sentiriam felizes porestarem ali. O mesmo deveria acontecerna Ceia do Senhor: a família deveria estarreunida ali, e quando reunidos, deveriamestar alegres, verdadeiramente felizes, noamor que os reúne. É verdade que cadacoração pode ter a sua própria históriapeculiar - suas tristezas íntimas, provas,fracassos e tentações, coisas essasdesconhecidas de todos os demais; masnão são elas o objeto a ser contemplado

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na ceia: expô-las seria desonrar o Senhorda festa, e fazer do cálice de bênção umcálice de dor.O Senhor nos convidou para a festa, eordenou que, apesar de todas as nossasdeficiências, puséssemos a plenitude doSeu amor e a eficácia do Seu sangue entreas nossas almas e tudo mais; e quando oolhar da fé está ocupado com Cristo, nãohá lugar para nada mais. Se o meu pecadofor o objeto em vista e o que prende osmeus pensamentos, é natural que eu devasentir-me miserável, pois estou olhandona direção exatamente oposta daquilo queDeus ordena que eu contemple; estourecordando a minha miséria e pobreza,que é exatamente o que Deus me manda

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esquecer. Deste modo é perdido overdadeiro caráter da ordenança que, aoinvés de ser uma festa de gozo e alegria,torna-se uma ocasião de melancolia e dedepressão espiritual; e a preparação paraela, e os pensamentos a seu respeito,acabam ficando mais para aquilo que sepodia esperar em relação ao Monte Sinai(Êxodo 19), do que a alegre festa defamília.Se alguma vez pudesse prevalecer umsentimento de tristeza na celebração dessaordenança, seria, sem dúvida, quando dasua primeira instituição, quando,conforme veremos ao tratarmos dosegundo ponto de nosso assunto, haviatudo aquilo que podia possivelmente

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produzir profunda tristeza e desolação deespírito. Todavia, mesmo assim, o SenhorJesus pôde dar graças; o gozo queinundava a Sua alma era profundo demaispara ser perturbado pelas circunstânciasao Seu redor. Ele sentiu gozo até mesmonas pisaduras e nos ferimentos de Seucorpo e no derramamento do Seu sangue,gozo esse que está muito além do alcanceda compreensão e do sentimentohumano. E se Ele pôde alegrar-se emespírito e dar graças ao partir aquele pãoque deveria ser, para todas as geraçõesfuturas dos fiéis, o memorial do Seucorpo oferecido, não deveríamos nósregozijarmos com isso, nós que estamosfirmados nos benditos resultados de todaa Sua obra e paixão? Sim, isso nos faz

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regozijar.Mas alguém poderá perguntar: Não deveexistir uma preparação adequada?Devemos nos sentar à mesa do Senhorcom tanta indiferença como se nossentássemos à mesa de uma ceiaqualquer? É claro que não - precisamosser genuínos em nossos motivos, e oprimeiro passo para se conseguir isso éter paz com Deus - aquela doce certezade nossa salvação eterna que certamentenão é o resultado de suspiros ou lágrimasde penitência vindos do homem, mas aconseqüência simples da obra consumadado Cordeiro de Deus, confirmada peloEspírito de Deus. Conhecendo istomediante a fé, sabemos o que é que nos

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torna perfeitamente aptos para Deus.Há muitos que pensam estaracrescentando honra à mesa do Senhorquando se aproximam dela com as suasalmas curvadas até o pó, sob umsentimento do peso insuportável dos seuspecados. Tal pensamento só pode provirdo legalismo do coração humano, essafonte sempre fértil de pensamentos quesão, ao mesmo tempo, desonrosos paraDeus, desonrosos para a cruz de Cristo,injuriosos para o Espírito Santo ecompletamente perturbadores da nossapaz. Podemos nos sentir satisfeitos pelahonra e a pureza da mesa do Senhorserem mais plenamente mantidas quandoO SANGUE DE CRISTO é tido como o

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ÚNICO direito de aproximação, do quequando se acrescentam a ele a dor e apenitência humana.**Nota: É necessário que tenhamos emmente que, apesar de ser somente osangue de Cristo o que introduz o crente,em santa ousadia, na presença de Deus,ainda assim, em nenhum lugar, ele éapresentado como sendo nosso centro ouvínculo de união. É deveras precioso paracada alma lavada pelo sangue recordar, nosecreto da presença divina, que o sangueexpiador de Jesus removeu para sempreseu pesado fardo de pecado. Contudo, oEspírito Santo só pode nos reunir àPessoa de um Cristo ressuscitado eglorificado, o Qual, havendo derramado o

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sangue do concerto eterno, subiu ao céuno poder de uma vida que não se acaba, àqual a justiça divina se ligainseparavelmente. Um Cristo vivo é,portanto, o nosso centro e elo de união.Havendo o sangue satisfeito a Deus anosso respeito, reunimo-nos em torno denossa Cabeça ressuscitada e exaltada nocéu. “Eu, quando for levantado da Terra,todos atrairei a Mim” (Jo 12.32).Vemos, no cálice da Ceia do Senhor, osímbolo do sangue derramado; mas nãonos reunimos em torno do cálice, nem dosangue, mas em torno dAquele que overteu. O sangue do Cordeiro removeutodos os obstáculos à nossa comunhãocom Deus; e, como prova disso, o

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Espírito Santo veio batizar os crentes emum só corpo, e reuni-los em torno daCabeça ressuscitada e glorificada. Ovinho é o memorial de uma vidaderramada pelo pecado; o pão, omemorial de um corpo oferecido pelopecado, mas não estamos reunidos emtorno de uma vida que foi entregue, nemde um corpo oferecido, mas em torno deum Cristo vivo, que não morre mais, ecujo corpo não pode ser oferecido outravez, nem o Seu sangue ser derramado denovo.Há nisto uma grande diferença; e quandoencarada em conexão com a disciplina dacasa de Deus, a diferença torna-seimensamente importante. Há muitos que

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estão prontos a julgar que, quandoalguém é posto fora ou recusado àcomunhão, esteja sendo questionado seexiste uma ligação entre a sua alma eCristo. Uma breve consideração desteponto, à luz das Escrituras, bastará paraprovar que tal dúvida não é levantada. Seconsiderarmos o caso do “iníquo” de 1Coríntios 5, veremos nele um que foiposto fora da comunhão da Igreja naTerra, mas que, todavia, era, como secostuma dizer, um cristão. Portanto, elenão foi afastado por não ser cristão: taldúvida nunca foi levantada, nem deveriaser, não importa em que circunstância for.Como podemos nós dizer se alguém estáeternamente ligado a Cristo ou não?

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Porventura temos nós a guarda do livroda vida do Cordeiro? Estaria a disciplinada Igreja de Deus fundamentada sobre oque nós podemos ou não saber? Estaria ohomem de 1 Coríntios 5 eternamenteligado a Cristo ou não? Acaso a Igreja foiincumbida de investigar isso? Vamos atésupor que pudéssemos ver o nome dealguém inscrito no livro da vida, aindaassim isto não seria a base para orecebermos na assembléia na Terra, oupara o conservarmos nela. Aresponsabilidade que cabe à Igreja é a dese conservar pura na doutrina, pura naprática e nas suas associações, e tudo issocom base no fato de ser a Casa de Deus.“Mui fiéis são os Teus testemunhos: asantidade convém à Tua casa, Senhor,

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para sempre” (Sl 93.5). Será que quandoalguém era separado ou “cortado” dacongregação de Israel, era por não ser eleisraelita? De modo algum; mas por causade alguma contaminação moral oucerimonial que não poderia ser permitidana Assembléia de Deus. No caso de Acã(Josué 7), não obstante haver seiscentasmil almas que desconheciam o seupecado, Deus disse, “Israel pecou”. Porquê? Porque eram considerados como aAssembléia de Deus, e nela haviaimpureza que, se não fosse julgada,acabaria com tudo. Contudo, a questão da preparação serámelhor entendida à medida em que

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formos desenvolvendo o assunto. Quero,no entanto, frisar outro princípio ligadocom a natureza da Ceia do Senhor, asaber, que existe o reconhecimentointeligente da unidade do corpo de Cristoem ligação com ela. “O pão que partimosnão é porventura a comunhão do corpode Cristo? Porque nós, sendo muitos,somos um só corpo: porque todosparticipamos do mesmo pão” (1Co10.16,17). Ora, havia faltas lamentáveis etriste confusão a este respeito emCorinto: com efeito, o grande princípioda unidade parecia ter sidocompletamente perdido de vista emCorinto. Por isso o apóstolo observa que“quando vos ajuntais num lugar, não épara comer a ceia do Senhor. Porque,

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comendo, cada um toma antecipadamentea sua própria ceia” (1Co 11.20,21). Haviaisolamento, e não unidade; era umaquestão individual e não corpórea: aexpressão “a sua própria ceia” é posta emclaro contraste com “a ceia do Senhor”.A Ceia do Senhor requer que o corposeja totalmente reconhecido: se o corponão for reconhecido, não passa desectarismo, e o próprio Senhor já não temo Seu lugar. Se a mesa for posta sobrequalquer princípio mais limitado do queaquele que abrange todo o corpo deCristo, torna-se uma mesa sectária e perdeseu direito sobre os corações dos fiéis.Por outro lado, onde quer que a mesa sejaposta sobre este princípio divino, que

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abrange todos os membros do corposimplesmente como tais, todo aquele quese recusar a comparecer, é culpado decisma, e isto também segundo os clarosprincípios de 1 Coríntios 11. “E atéimporta que haja entre vós heresias, paraque os que são aprovados se manifestementre vós” (1 Co 11.19). Quando o grandeprincípio da Igreja é deixado de lado porqualquer segmento do corpo, é forçosoque haja heresias, para que os que sãoaprovados possam se manifestar. E emcircunstâncias assim, torna-se o dever decada um examinar-se a si próprio, e assimcomer a Ceia. Os “aprovados”permanecem em contraste com oshereges, ou aqueles que faziam a suaprópria vontade*.

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*Nota: Aqueles que entendem o gregopoderão observar que no original destecapítulo tão importante, a palavratraduzida por “aprovados” (vers.19)provém da mesma raiz daquela que étraduzida como “examine-se” (vers.28).Vemos assim que o homem que seexamina a si mesmo, toma o seu lugarentre os que são aprovados, e éexatamente o contrário daqueles queestavam entre os hereges. Ora, osignificado da palavra herege não émeramente aquele que professa falsasdoutrinas, se bem que alguém possa serherege por fazê-lo, mas trata-se de umapessoa que persiste em fazer a sua própriavontade. O apóstolo sabia que importava

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haver heresias em Corinto, vendo quehavia ali seitas: aqueles que estavamfazendo sua própria vontade agiam emoposição à vontade de Deus, e assimcausavam divisão, pois a vontade de Deustinha a ver com todo o corpo. Aquelesque estavam agindo hereticamenteestavam desprezando a Igreja de Deus. Mas alguém poderia perguntar: Acaso asnumerosas denominações existentesatualmente na Igreja professa não acabamcom a idéia de se conseguir unir todo ocorpo? E em circunstâncias assim, não émelhor que cada denominação tenha asua própria mesa? Se existe algo que umapergunta como esta possa insinuar é que

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o povo de Deus já não pode atuarsegundo os princípios estabelecidos porDeus, mas que lhes resta a miserávelalternativa de proceder de acordo com aconveniência humana.Porém, graças a Deus, não é este o caso.A verdade de Deus permanece parasempre, e o que o Espírito Santo ensinaem 1 Coríntios 11 continua a ser umaobrigação para cada membro da Igreja deDeus. Havia divisões, heresias einiqüidade na assembléia de Corinto, domesmo modo como há divisões, heresiase iniqüidade hoje na Igreja professa; maso apóstolo não lhes disse queestabelecessem mesas separadas comouma alternativa, nem mandou que

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deixassem de partir o pão como outra.Não, ele insiste com eles nos princípios ena santidade que estão associados com a“Igreja de Deus”, e recomenda aos quepodem examinar-se a si mesmos - os“aprovados” do versículo 19 - quecomam. A expressão é, “assim coma”.Portanto devemos comer: nosso cuidadodeve estar no “assim”, conforme oEspírito de Deus nos ensina; e isto emverdadeiro reconhecimento da santidade eunidade da Igreja de Deus.**Nota: Talvez seja convenienteacrescentarmos aqui uma palavra paraorientação de algum cristão sincero quepossa encontrar-se em circunstâncias queobriguem a decidir-se entre as pretensões

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de legitimidade que possam partir demesas diferentes, as quais aparentementetenham sido postas sobre o mesmoprincípio. Encorajar alguém a tomar umadecisão correta é, no meu modo de ver,um serviço valioso. Suponhamos,portanto, que eu me encontrasse numalocalidade onde duas ou mais mesastivessem sido postas: o que deveria fazer?Creio que deveria indagar a origem dessasdiferentes mesas, a fim de descobrir comose tornou necessário ter mais do que umamesa. Se, por exemplo, um grupo decrentes, que se reúne num mesmo local,consente e retém entre eles quaisquerprincípios errôneos acerca da Pessoa doFilho de Deus, ou que comprometam aunidade da Igreja de Deus na Terra; se,

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digo, tais princípios são permitidos emantidos na assembléia, ou se as pessoasque os professam e ensinam são recebidase reconhecidas pela assembléia; em taisdeploráveis e humilhantes circunstâncias,aquele que é fiel não deve maispermanecer naquele lugar. Por quê?Porque não posso tomar o meu lugar aessa mesa sem me identificar comprincípios claramente anticristãos. Amesma observação aplica-se,evidentemente, se for um caso de máconduta que não tenha sido julgado pelaassembléia.Agora, se acontece de um grupo decristãos se encontrar nas circunstânciasacima descritas, a eles caberia a

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responsabilidade de manter A PUREZADA VERDADE DE DEUS,reconhecendo ao mesmo tempo a unidadedo corpo. Não somente temos de mantera graça da mesa do Senhor, como tambéma santidade dela. A verdade não pode sersacrificada para manter a unidade, nem averdadeira unidade será jamaisprejudicada pela estrita observância daverdade.Não se deve imaginar que a unidade docorpo de Cristo seja prejudicada quandoalguém se separa de uma comunidadefundamentada em princípios errôneos, ouque acolha más doutrinas ou práticaserrôneas. A Igreja de Roma acusou osReformadores de causarem divisão por

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terem eles se separado dela; mas sabemosque a Igreja de Roma era culpada, e aindaé, de cisma porque impunha falsasdoutrinas sobre seus membros. Deve ficarbem claro que se a verdade de Deus écolocada em dúvida por qualquercomunidade, e que, para tornar-memembro dessa comunidade, devoidentificar-me com alguma doutrinaerrônea ou mau proceder, então não podeser divisão, o fato de eu me separar deuma tal comunidade: pelo contrário,tenho o dever de me separar. Quando a Igreja é desprezada, o Espíritoé entristecido e desonrado, o fim será,inevitavelmente, esterilidade espiritual e

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frio formalismo: e embora os homenspossam substituir o poder espiritual pelointelectual, e os dons do Espírito Santopor habilidade e talento humanos, o fimserá “como a tamargueira no deserto” (Jr17.6). O verdadeiro modo de se progredirna vida divina é viver para a Igreja e nãopara nós mesmos. O homem que vivepara a Igreja, encontra-se em completaharmonia com a vontade do Espírito, eirá, necessariamente, crescer. Aocontrário, o homem que vive para sipróprio, tendo os seus pensamentosgirando em torno de si, e a sua energiaconcentrada na sua pessoa, acaba logotornando-se restringente e formal, e comtoda a probabilidade, abertamentemundano. Sim, ele acabará tornando-se

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mundano, em algum aspecto deste termotão abrangente; porque o mundo e aIgreja encontram-se em direta oposiçãoentre si; e não existe nenhum outroaspecto em que esta oposição seja vistacom maior clareza do que no seu aspectoreligioso. Aquilo que é normalmentechamado de mundo religioso revela-se,quando examinado à luz da presença deDeus, muito mais hostil aos verdadeirosinteresses da Igreja de Deus do quequalquer outra coisa.Mas devo passar logo a outrasramificações de nosso assunto, trazendomais um princípio bem simples ligado àCeia do Senhor, para o qual querochamar a especial atenção do leitor

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cristão. O princípio é este: a celebração daordenança da Ceia do Senhor deveria sera clara expressão da unidade de TODOSos crentes, e não apenas da unidade deum determinado número reunido sobrecertos princípios que os diferenciem deoutros. Se há algum termo de comunhãoproposto, salvo o de suma importânciaque diz respeito à fé no sacrifício deCristo e a uma conduta condizente comessa fé, a mesa torna-se a mesa de umaseita e não tem direito algum sobre oscorações dos fiéis.Além do mais, se assentando-me à umamesa assim, devo identificar-me comqualquer coisa, quer seja um princípio ouuma prática, que não seja ordenada nas

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Escrituras como um termo de comunhão,também, nesse caso, a mesa torna-se amesa de uma seita. Não é uma questão deali existirem ou não cristãos; na verdadeseria difícil encontrar uma mesa entre ascomunidades originadas da Reforma daqual não participassem alguns cristãos. Oapóstolo não disse que “até importa quehaja entre vós heresias, para que os quesão cristãos se manifestem entre vós. Não,mas “para que os que são aprovados, semanifestem (1Co 11.19).Tampouco disse, “Examine-se pois ohomem a si mesmo para ver se é cristão, eassim coma”. Não, mas “examine-se poiso homem a si mesmo” (1 Co 11.28). Querdizer, certifique-se que é um dos que não

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somente são retos em suas consciênciasquanto à sua participação individual, masque estejam também confessando aunidade do corpo de Cristo. Quando oshomens estabelecem seus próprios termospara a comunhão, aí você encontrará oprincípio da heresia; e aí será tambémuma divisão. Por outro lado, onde a mesaé posta da maneira e segundo princípiosque um cristão submisso a Deus pode,como tal, tomar o seu lugar, torna-se,então, cisma não comparecer; porque coma nossa presença e andando de acordocom a posição que ali tomamos e aprofissão que fazemos, tanto quanto estáem nós, confessamos a unidade da Igrejade Deus - esse grande objetivo para oqual o Espírito Santo foi enviado do céu

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à Terra. Havendo o Senhor Jesusressuscitado de entre os mortos e tomadoo Seu lugar à destra de Deus, enviou oEspírito Santo ao mundo com opropósito de formar um corpo. Notebem: formar um corpo - não muitoscorpos. Ele não tem nenhumacondolência por muitos corpos, emboratenha uma bendita compaixão pelosmuitos membros que há nesses corpos,pois eles, embora sendo membros deseitas ou divisões, são, todavia, membrosde um só corpo; porém Ele não forma osmuitos corpos, mas somente o únicocorpo, “pois todos nós fomos batizadosem um Espírito formando um corpo,quer judeus, quer gregos, quer servos,

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quer livres, e todos temos bebido de umEspírito” (1 Co 12.13).Espero que não haja um mal-entendidoquanto a este ponto. Digo que o EspíritoSanto não pode aprovar as divisões naIgreja professa, porque Ele Mesmo disseacerca delas, “nisto, porém... não voslouvo” (1Co 11.17). Ele é entristecido porelas - e gostaria de impedi-las; Ele batizaos crentes na unidade de um só corpo, demaneira que não pode ser admitido, porqualquer pessoa inteligente, que oEspírito Santo possa apoiar as divisões,que são uma tristeza e uma desonra paraSi.Todavia, devemos fazer distinção entre ahabitação do Espírito na Igreja e Sua

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habitação nos indivíduos. Ele habita nocorpo de Cristo, que é a Igreja (veja1Coríntios 3.17; Efésios 2.22), e tambémno corpo do crente, conforme lemos: “Onosso corpo é o templo do EspíritoSanto, que habita em vós, proveniente deDeus” (1Co 6.19). Portanto, o únicocorpo ou comunidade no qual o EspíritoSanto pode habitar é em toda a Igreja deDeus; e a única pessoa na qual Ele podehabitar é o crente. Mas, como já foiobservado, a mesa do Senhor, emqualquer localidade, deveria ser aexpressão da unidade de toda a Igreja.Isto nos leva a outro princípio que estáassociado à natureza da Ceia do Senhor.A Ceia do Senhor é um ato mediante o

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qual não só anunciamos a morte doSenhor até que venha, mas onde tambémdamos expressão a uma verdadefundamental, na qual nunca será demaisou inoportuno insistir para com aconsciência dos cristãos em nossa época,isto é, que todos os crentes são “um sópão e um só corpo”. Trata-se de um erromuito comum enxergarmos estaordenança simplesmente como um meiopelo qual é transmitida graça à alma doindivíduo, e não como um atorelacionado com todo o corpo; erelacionado também com a glóriadAquele que é a Cabeça da Igreja. Que éum meio pelo qual a graça flui para aalma do que comunga individualmente,não pode haver dúvida, porque há bênção

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em cada ato de obediência. Mas que abênção individual seja apenas umapequena parte, pode ser visto pelo leitoratento de 1 Coríntios 11. É a morte doSenhor e a vinda do Senhor que sãoapresentadas com proeminência peranteas nossas almas na Ceia do Senhor, eonde quer que um destes elementos sejaexcluído deve haver algo de errado. Seexistir qualquer coisa que impeça a plenaexpressão da morte do Senhor, ou aexposição da unidade do corpo, ou acompreensão clara da vinda do Senhor,então deve haver alguma coisa que estáradicalmente errada no princípio sobre oqual a mesa está posta, e precisamosapenas de um “olho simples” (Lc 11.34), e

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uma vontade inteiramente submissa àPalavra e ao Espírito de Cristo parapoder detectar o mal.Possa o leitor cristão examinar, agoramesmo, em um espírito de oração, a mesaà qual habitualmente toma o seu lugar,para ver se ela passa pelo tríplice teste de1 Coríntios 11. Se não passar, você deveabandoná-la, em nome do Senhor e parao bem da Igreja. Há, na Igreja professa,heresias, e há divisões que provém dasheresias, mas “examine-se pois o homema si mesmo, e assim coma” a Ceia doSenhor; e se, de uma vez por todas,alguém perguntar qual é o significado dotermo “examine-se”, pode responder queé, em primeiro lugar, ser pessoalmente fiel

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ao Senhor no ato de partir o pão; e, emsegundo lugar, estar desvencilhado detoda e qualquer divisão, assumindo umaposição firme e decidida sobre o amploprincípio que abrange todos os membrosdo rebanho de Cristo. Não só devemoster o cuidado de andar em pureza decoração e vida perante o Senhor, mastambém de verificar que a mesa da qualparticipamos nada tenha a ela associada,que possa de algum modo agir como umimpedimento à unidade da Igreja. Não setrata de uma questão meramente pessoal.Não há nada que prove de maneira maiscompleta a decadência da cristandadenestes dias ou o terrível grau em que oEspírito Santo é entristecido, do que o

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miserável egoísmo que mancha, sim, quepolui os pensamentos dos cristãosprofessos. Tudo é feito para girar emtorno da mera questão do ego. É o meuperdão - a minha segurança - a minha paz- o meu jeito de ser e os meussentimentos, e não a glória de Cristo ou obem da Sua amada Igreja. Daí anecessidade de aplicarmos ao nossoestado as palavras do profeta Ageu:“Assim diz o Senhor dos Exércitos:Aplicai os vossos corações aos vossoscaminhos. Subi ao monte, e trazeimadeira, e EDIFICAI A CASA, e delame agradarei; e EU SEREIGLORIFICADO. Olhastes para muito,mas eis que alcançastes pouco; e essepouco, quando o trouxestes para casa, eu

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lhe assoprei. Por que causa? disse oSenhor dos Exércitos: por causa da minhacasa, que está deserta, e cada um de vóscorre à sua própria casa” (Ag 1.7-9). Eisaqui a raiz da questão. O “eu” permaneceem contraste com a casa de Deus; e se o“eu” for colocado como nosso objeto,não é de admirar que haja uma triste faltade gozo, energia e poder espiritual. Parapossuirmos estas coisas temos de estar emcomunhão com os pensamentos doEspírito. Ele pensa no corpo de Cristo; ese nós estivermos pensando em nósmesmos, devemos necessariamente estarem desacordo com Ele; e asconseqüências se evidenciam.

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2-AS CIRCUNSTÂNCIAS EM QUEFOI INSTITUÍDA A CEIA DO

SENHORHavendo tratado daquilo que consideroser, de longe, o ponto mais importanteem nosso assunto, devo seguirconsiderando, em segundo lugar, ascircunstâncias em que a Ceia do Senhorfoi instituída. Foram circunstânciasparticularmente solenes e tocantes. OSenhor estava a ponto de entrar em umterrível conflito com todos os poderes dastrevas - iria enfrentar toda a terrívelinimizade do homem; e esgotar, até o fim,o cálice da justa ira de Jeová contra o

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pecado. Tinha diante de Si um terrívelamanhã - o mais terrível que jamais foienfrentado por qualquer homem ou anjo;todavia, a despeito de tudo, lemos que“na noite em que foi traído, tomou opão” (1Co 11.23). Que amor maisdesinteressado! “Na noite em que foitraído” - noite de profunda dor - a noitede Sua agonia e de suor de sangue - anoite em que foi traído por um, negadopor outro e abandonado por todos osSeus discípulos - nessa mesma noite, ocoração amabilíssimo de Jesus estavacheio de pensamentos acerca da SuaIgreja - foi nessa mesma noite que Eleinstituiu a ordenança da Ceia do Senhor.Ele designou o pão para ser o emblemado Seu corpo oferecido, e o vinho para

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ser o emblema do Seu sangue derramado,e é o que agora eles são para nós, todas asvezes que deles participamos, pois aPalavra assegura que “todas as vezes quecomerdes este pão e beberdes este cáliceanunciais a morte do Senhor, até quevenha” (1Co 11.26).Podemos dizer que tudo isso concedepeculiar importância e sagrada solenidadeà Ceia do Senhor; e, além disso, nos dáuma idéia das conseqüências de se comere beber indignamente.**Nota: É comum empregar-se o termo“indignamente”, nesta passagem, àspessoas que celebram, ao passo que apalavra refere-se à maneira de fazê-lo. Oapóstolo nunca pensou em questionar o

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cristianismo dos coríntios; pelo contrário,no prefácio da sua epístola, ele os vêcomo a “Igreja de Deus, que está emCorinto... santificados em Cristo Jesus,chamados santos (ou santos porvocação)” (1 Co 1.2). Como poderia eleter usado esta linguagem no primeirocapítulo e, no capítulo onze, colocar emdúvida a dignidade desses mesmos santospara poderem estar à Ceia do Senhor?Impossível. Ele os considerava comosantos, e, como tais, exortou-os acelebrarem a Ceia do Senhor, de umamaneira digna. A questão de seencontrarem entre eles cristãos que nãofossem verdadeiros, nunca é levantada; demodo que é de todo impossível que apalavra “indignamente” pudesse ser

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aplicada a pessoas. A sua aplicação dizrespeito unicamente à maneira. Aspessoas eram dignas, mas a maneira não oera; e foram convidadas, na sua qualidadede santos, a julgarem-se a si mesmasquanto ao seu modo de proceder, casocontrário o Senhor poderia julgá-las emsuas pessoas, como era já o caso dealguns. Em resumo: foram convidadascomo verdadeiros cristãos, a julgarem-se asi mesmas. Se tivessem dúvidas de comodeviam fazê-lo, então seriam incapazes dejulgar o quer que fosse. Eu nuncapensaria em colocar meu filho a julgar seele é ou não meu filho; mas espero queele julgue a si próprio quanto ao seumodo de ser, caso contrário, se não o

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fizer, talvez eu tenha que fazer, por meiode castigo, aquilo que ele deveria ter feitopor meio do juízo próprio. É porconsiderá-lo meu filho que não vouconsentir que se sente à minha mesa coma roupa suja e maneiras impróprias. A voz com que a ordenança sussurra aoouvido circunciso é sempre a mesma. Opão e o vinho são símbolos de umsignificado profundo; o trigo moído e auva esmagada combinam-se para darforças e alegria ao coração: e não sãoapenas significativos em si mesmos, mastambém são para serem usados na Ceiado Senhor como os próprios emblemasque o bendito Senhor em Pessoa ordenou

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na noite anterior à Sua crucificação; demodo que a fé pode reconhecer o SenhorJesus presidindo à Sua própria mesa -pode vê-lo tomar o pão e o vinho, e ouvi-Lo dizer: “Tomai, comei, isto é o Meucorpo”; e também do cálice, “Bebei deletodos; porque isto é o Meu sangue, osangue do Novo Testamento, que éderramado por muitos, para remissão dospecados” (Mt 26.26-28). Em suma, aordenança reconduz a alma àquela noite àqual já nos referimos - coloca diante denós toda a realidade da cruz e da paixãodo Cordeiro de Deus, em que toda nossaalma pode descansar e se regozijar; faz-nos lembrar, da maneira mais tocante, doamor desinteressado e da pura devoçãodAquele que, quando o Calvário

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projetava a sua negra sombra sobre o Seucaminho, e o cálice da justa ira de Jeovácontra o pecado, do qual Ele estava aponto de ser a vítima de expiação, estavasendo cheio para Si, podia, contudo,ocupar-Se de nós e instituir uma festa quehaveria de ser ao mesmo tempo aexpressão da nossa união com Ele e comtodos os membros do Seu corpo.E acaso não devemos concluir que oEspírito Santo tenha feito uso daexpressão “na noite em que foi traído”com o propósito de remediar asdesordens que haviam surgido na igrejaem Corinto? Porventura não havia umarepreensão severa contra o egoísmodaqueles que tomavam “a sua própria

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ceia”, na referência que o Espírito fazàquela noite em que o Senhor da festa foitraído? Sem dúvida que havia. Pode oegoísmo prevalecer à vista da cruz?Podem os pensamentos acerca dos nossospróprios interesses, ou das nossasconveniências, ser permitidos na presençadAquele que Se sacrificou por nós? Éclaro que não. Poderíamos nós desprezarpropositada e impiedosamente a Igreja deDeus - poderíamos nós insultar ou excluirmembros amados do rebanho de Cristo,enquanto contemplássemos essa cruz naqual o Pastor do rebanho e Cabeça doCorpo, foi crucificado?* Ah, não! Deixeque os crentes tão somente permaneçamperto da cruz - que se lembrem dessa“noite em que foi traído” - que tenham

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em mente o corpo oferecido e o sanguederramado do Senhor Jesus Cristo, e logohaverá um fim a toda heresia, divisão eegoísmo.*Nota: O leitor há de notar que o textonão toca no assunto da disciplina segundoas Escrituras. Pode haver muitosmembros do rebanho de Cristo que nãopoderiam ser recebidos na Assembléiasobre a Terra, por estarem, possivelmente,contaminados por doutrinas falsas oupráticas errôneas. Porém, embora talveznão os possamos receber, não levantamos,de modo nenhum, a questão de estareminscritos no livro da vida do Cordeiro.Este assunto não é da competência e nemprerrogativa da Igreja de Deus, “O

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Senhor conhece os que são Seus, equalquer que profere o nome de Cristoaparte-se da iniqüidade” (2Tm 2.19). Se ao menos nos lembrássemos de que oPróprio Senhor é Quem preside à Suamesa, para dar o pão e o vinho; sepudéssemos ouvi-Lo dizer, “Tomai-o, ereparti-o entre vós” (Lc 22.17), estaríamosmelhor capacitados a encontrar todos osnossos irmãos no único terreno cristão decomunhão que Deus pode reconhecer.Em suma, a Pessoa de Cristo é o centrode união dado por Deus. “Eu”, disseCristo, “quando for levantado da Terra,todos atrairei a Mim” (Jo 12.32). Cadacrente pode ouvir o seu bendito Senhor

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falando desde a cruz, e dizendo acerca deseus conservos, Eis aí os teus irmãos; e,na verdade, se pudéssemos ouvir estaspalavras claramente, procederíamos, emcerta medida, como agiu o discípuloamado para com a mãe de Jesus: nossocoração e nosso lar estariam sempreabertos a todos os que tivessem sidoassim encomendados aos nossoscuidados. A Palavra diz: “Recebei-vos unsaos outros, como também Cristo nosrecebeu para glória de Deus” (Rm 15.7).Existe outro ponto digno de atenção emconexão com as circunstâncias em que foiinstituída a Ceia do Senhor, a saber, a sualigação com a Páscoa judaica. “Chegou,porém, o dia dos asmos, em que

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importava sacrificar a Páscoa. E mandoua Pedro e João, dizendo: Ide, preparai-nosa Páscoa, para que a comamos... E,chegada a hora, pôs-se à mesa, e com Eleos doze apóstolos. E disse-lhes: Desejeimuito comer convosco esta Páscoa, antesque padeça; porque vos digo que não acomerei mais até que ela se cumpra noreino de Deus. E tomando o cálice (ocálice da Páscoa), e havendo dado graças,disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós;porque vos digo que já não beberei dofruto da vide, até que venha o reino deDeus” (Lc 22.7-18). A Páscoa era,conforme sabemos, a grande festa deIsrael, celebrada pela primeira vez nanoite inesquecível da sua feliz libertaçãoda escravidão do Egito. Quanto à sua

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ligação com a Ceia do Senhor, consisteem ser o nítido tipo daquilo que a ceia é omemorial. A Páscoa apontava para a cruzque estava adiante; a ceia aponta para acruz que ficou para trás. Porém Israel jánão estava em uma condição moraladequada para guardar a Páscoa, emconformidade com os pensamentos deDeus acerca dela; e o Senhor Jesus, naocasião mencionada acima, estavaafastando completamente os Seusdiscípulos do elemento judaico que nelahavia, e levando-os para uma nova ordemdas coisas. Não deveria mais ser umcordeiro sacrificado, mas pão partido evinho bebido em comemoração a umsacrifício UMA vez oferecido, e cuja

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eficácia havia de ser eterna. Aqueles cujasmentes estejam vergadas sob o fardo dasordenanças judaicas, talvez ainda possamprocurar, de uma maneira ou de outra,por uma repetição periódica, seja de umsacrifício ou de algo designado para levá-los a um lugar de maior proximidade comDeus.**Nota: A igreja de Roma afastou-se detal modo da verdade expressada na Ceiado Senhor, que diz oferecer, na missa,“um sacrifício incruento pelos pecadosdos vivos e dos mortos”. Ora, somosensinados, em Hebreus 9.22, que “semderramamento de sangue não háremissão”; consequentemente, a igreja deRoma não tem remissão de pecados para

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os seus membros. Ela os rouba destapreciosa realidade, e em lugar disso lhesdá algo anômalo e totalmente fora dasEscrituras, denominado “sacrifícioincruento” ou “missa”. Isso, que emconformidade com sua própria prática ecom o testemunho de Hebreus 9.22 nuncapode tirar pecado, ela oferece dia apósdia, semana após semana, ano após ano.Um sacrifício sem sangue deve ser, se éverdade o que está nas Escrituras, umsacrifício sem remissão. Portanto, e porconseguinte, o sacrifício da missa é umaabsoluta cegueira criada pelo diabo, porintermédio de sua representação emRoma, para esconder da vista do pecadoro glorioso sacrifício de Cristo oferecido“uma vez”, para nunca mais ser repetido.

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“Havendo Cristo ressuscitado dosmortos, já não morre: a morte não maisterá domínio sobre Ele” (Rm 6.9). Cadanovo sacrifício da missa tão somentedeclara a ineficácia de todos os sacrifíciosanteriores, de modo que Roma estáapenas zombando do pecador com umasombra vazia. Mas ela é coerente com suaimpiedade, pois recusa o cálice aos leigos,e ensina seus membros que eles têm ocorpo e o sangue e tudo mais em umahóstia. Mas se o sangue continua nocorpo, está claro que ele não estáderramado, e então voltamos ao mesmoponto obscuro, ou seja, “não háremissão”. “Sem derramamento desangue não há remissão” (Hb 9.22).

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Quão completamente diferente é apreciosa e tão revigorante instituição daCeia do Senhor, como nos é apresentadano Novo Testamento. Ali encontramos opão partido, e o vinho despejado - ossignificativos símbolos de um corpooferecido e de sangue derramado. Ovinho não está no pão porque o sanguenão está no corpo, pois se assim fosse nãohaveria “remissão”. Em poucas palavras,a Ceia do Senhor é o memorial singularde um sacrifício eternamente consumado;e por isso mesmo ninguém podeparticipar dela, com inteligência e graça,senão aqueles que conhecem a plenaremissão dos pecados. Não é que nós, demodo algum, façamos do conhecimento

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um termo de comunhão, pois muitosfilhos de Deus, devido ao ensino errôneoe por muitas outras razões, não conhecema perfeita remissão de pecados, e sefossem excluídos com base nesse fato,seria fazer do conhecimento um termo decomunhão, em vez de vida e obediência.Contudo, se eu não souber, porexperiência própria, que a redenção é umfato consumado, verei muito poucosignificado nos símbolos do pão e dovinho; e, além disso, corro, então, grandeperigo de ligar uma espécie de eficácia aossímbolos memoriais, eficácia esta quepertence somente à grande realidade queeles simbolizam.

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Há alguns que pensam que na Ceia doSenhor a alma faz, ou renova, umconcerto com Deus, desconhecendo quese tivéssemos que fazer um pacto comDeus estaríamos inevitavelmentearruinados; visto que o único resultadopossível de um pacto entre Deus e ohomem seria o rompimento do pacto poruma das partes (no caso o homem), e oconsequente juízo.Graças a Deus que não existe nada que separeça com um pacto entre Deus e nós. Opão e o vinho, na Ceia, falam de umaverdade profunda e extraordinária: fala docorpo oferecido e do sangue derramadodo Cordeiro de Deus - o Cordeiroprovido pelo próprio Deus. Aqui a alma

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pode descansar perfeitamente satisfeita;trata-se do NOVO TESTAMENTO NOSANGUE DE CRISTO, e não de umpacto entre Deus e o homem. O concertodo homem falhou de forma notória, e oSenhor Jesus teve que deixar passar de Sio cálice do fruto da vide (símbolo degozo na Terra). O mundo não tinha paraEle nenhuma alegria - Israel havia setornado “uma planta degenerada, de videestranha” (Jr 2.21). Por conseguinte sópodia dizer: “Porque vos digo que já nãobeberei do fruto da vide, até que venha oreino de Deus” (Lc 22.18). Um períodolongo e sombrio teria que vir sobre Israel,antes que o seu Rei pudesse encontraralgum gozo na sua condição moral;porém durante este período, a “Igreja de

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Deus” devia fazer “a festa” dos asmos,em todo o seu significado e poder moral,pondo de lado “o fermento velho... damaldade e da malícia” (1 Co 5.8) comoresultado da comunhão com Aquele cujosangue purifica de todo o pecado.Contudo, o fato da Ceia do Senhor tersido instituída imediatamente após aPáscoa, nos ensina um mui valiosoprincípio de verdade, a saber, que osdestinos da Igreja e de Israel estãoinseparavelmente ligados com a cruz doSenhor Jesus Cristo. É verdade que aIgreja tem um lugar mais elevado,identificada, até, com sua Cabeçaressuscitada e glorificada; todavia, tudo sebaseia na Cruz. Sim, foi na cruz que o

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puro feixe de trigo foi moído e o suco davideira viva espremido pela mão dopróprio Jeová, para conceder força ealegria aos corações do Seu povo celestiale terrenal, para todo o sempre. OPríncipe da Vida tomou da justa mão deJeová o cálice da ira, cálice de horror, ebebeu-o até o fim, a fim de poder colocarnas mãos do Seu povo o cálice dasalvação, cálice do amor inefável de Deus,para que eles pudessem beber dele eesquecer a sua pobreza, e da sua misérianão se lembrarem mais. A Ceia do Senhorexpressa tudo isso. Ali o Senhor preside;ali os redimidos deveriam se reunir emsanta comunhão e amor fraternal, paracomer e beber na presença do Senhor; eenquanto fazem isto, podem olhar para

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trás, para a noite de profunda angústia doseu Senhor, e olhar para diante, para oSeu dia de glória - essa “manhã semnuvens” (2 Sm 23.4), “quando vier paraser glorificado nos Seus santos, e para Sefazer admirável naquele dia em todos osque crêem (2 Ts 1.10).

*****

3-PARA QUEM FOI INSTITUÍDA ACEIA DO SENHOR

Devemos considerar agora, em terceirolugar, as pessoas para quem, e para quemsomente, a Ceia do Senhor foi instituída.A Ceia do Senhor, portanto, foi instituídapara a Igreja de Deus - a família dos

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redimidos. Todos os membros dessafamília deveriam estar presentes; porqueninguém pode estar ausente sem incorrerna culpa de desobediência à ordem clarade Cristo e do Seu apóstolo inspirado; e aconseqüência desta desobediênciacertamente será declínio espiritual e umfracasso completo no testemunho paraCristo. Contudo, tais conseqüências sãosomente o resultado da ausênciadeliberada à mesa do Senhor.Existem circunstâncias que, em certoscasos, podem representar um obstáculointransponível, embora possa haver omais ardente desejo de se estar presente àcelebração da ordenança, o que, aliás,acontecerá sempre com aquele que é

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espiritual. Todavia podemos estabelecer,como um imutável princípio da verdade,que ninguém que se ausentevoluntariamente da mesa do Senhorpoderá fazer progresso na vida espiritual.“TODA a congregação de Israel” eraconvidada a celebrar a Páscoa (Êxodo 12).Nenhum membro da congregação podiaausentar-se impunemente. “Quando umhomem for limpo, e não estiver decaminho, e deixar de celebrar a Páscoa, talalma dos seus povos será extirpada:porquanto não ofereceu o oferta doSenhor a seu tempo determinado; talhomem levará o seu pecado”. (Nm 9.13).Julgo que seria uma contribuiçãorealmente valiosa à causa da verdade, e

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promover os interesses da Igreja de Deus,se pudéssemos despertar a atenção paraeste assunto tão importante. Há muitaindiferença e leviandade na idéia quemuitos cristãos têm acerca da freqüência àmesa do Senhor; e, onde não existe essaindiferença, há a má vontade que seorigina em opiniões imperfeitas sobre ajustificação. Tanto um como o outrodestes empecilhos, embora tão diferentesem seu caráter, derivam de uma e mesmaorigem, ou seja, do egoísmo. Todo aqueleque é indiferente quanto a este assuntodeixará, egoisticamente, quecircunstâncias insignificantes interfiramcom a sua freqüência à Ceia: seráimpedido por compromissos familiares,amor próprio ou comodidade pessoal,

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condições do tempo, coisas semimportância, ou, como acontecefrequentemente, indisposições físicasimaginárias - coisas, aliás, que passamdespercebidas ou não têm importânciaalguma, quando se trata de se atingiralgum objetivo nas coisas deste mundo.Quantas vezes acontecem que homens,que não têm energia espiritual suficientepara fazê-los sair de casa no dia doSenhor, encontram força bastante paralevá-los a andar alguns quilômetros paracompromissos nas coisas deste mundo nasegunda-feira. Como isto é, infelizmente,verdade! Como é triste pensarmos que osinteresses materiais exercem umainfluência muito mais poderosa no

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coração do crente do que a glória deCristo e o bem-estar da Igreja! Pois é esteo modo como devemos encarar a questãoda Ceia do Senhor. Quais seriam osnossos sentimentos, na glória do reinovindouro, se pudéssemos recordar que,enquanto estávamos no mundo, uma feiraou mercado, ou qualquer outro atrativomundano, tivesse ocupado o nosso tempoe as nossas energias, enquanto aassembléia do povo do Senhor, em redorda Sua mesa, fora negligenciada?Amado leitor cristão: Se você tem ohábito de se ausentar da assembléia decristãos, rogo-lhe que pondere o assuntodiante do Senhor, antes de voltar aausentar-se. Pense em todos os efeitos

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nocivos da sua ausência. Você estáfalhando no seu testemunho por Cristo;você está prejudicando as almas dos seusirmãos, e você está impedindo oprogresso da sua própria alma em graça econhecimento. Não pense que suas açõesnão tenham influência em toda a Igreja deDeus: neste exato momento você está, ouajudando, ou atrapalhando cada membrodesse corpo sobre a Terra. “Se ummembro padece, todos os membrospadecem com ele” (1 Co 12.26). Esteprincípio não deixou de ser verdadeiro,apesar de os crentes professos terem sedividido em tantas seitas diferentes. Pelocontrário, trata-se de algo tãodivinamente verdadeiro, que não existeum único crente sobre a Terra que não

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esteja sendo um auxílio ou um empecilhopara o corpo de Cristo em sua totalidade;e se há alguma verdade no princípio jáapontado (isto é, que a assembléia doscristãos, e o partir do pão, em qualquerlocalidade são, ou deveriam ser, aexpressão da unidade de todo o corpo),você não pode deixar de reconhecer que,com a ausência nessa assembléia ou suarecusa em unir-se aos demais para darexpressão a esta unidade, você estácausando um sério dano a todos os seusirmãos, bem como à sua própria alma.Gostaria de deixar estes comentáriosentregues ao seu coração e à suaconsciência, em nome do Senhor,esperando que Ele os torne

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convincentes.**Nota: Eu só posso sentir-meresponsável a estar presente na assembléiaquando ela estiver reunida no corretofundamento da Igreja, isto é, ofundamento que foi colocado no NovoTestamento. As pessoas podem se reunir,e se intitularem a Igreja de Deus, emqualquer localidade, mas se nãomostrarem as características e princípiosda Igreja de Deus, como nos sãoapresentados na Sagradas Escrituras, nãoposso considerá-las. Caso se recusem ajulgar o mundanismo, a carnalidade, oufalsas doutrinas, ou se lhe falta poderespiritual para fazê-lo, é evidente que nãose encontram sobre o correto fundamento

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da Igreja: são meramente umacomunidade religiosa, a qual, no seucaráter coletivo, não tenhoresponsabilidade alguma, perante Deus,de reconhecer. Portanto, o filho de Deusnecessita de muito poder espiritual esubmissão à Palavra de Deus para poderconduzir-se através de todas assinuosidades da Igreja professa nestes diasparticularmente difíceis e maus. Porém, não só esta indiferença de espíritocondenável e perniciosa age como umimpedimento para muitos para seapresentarem à mesa do Senhor, mas asopiniões imperfeitas de justificaçãoproduzem o mesmo triste resultado. Se a

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consciência não for perfeitamentepurificada, se não houver perfeitodescanso no testemunho que Deus dáacerca da obra consumada de Cristo,haverá, ou desinteresse pela Ceia doSenhor, ou falta de inteligência na suacelebração. Só podem anunciar a mortedo Senhor os que conhecem, mediante oensino do Espírito Santo, o valor damorte do Senhor. Se eu considero aordenança como um meio de ser levado auma posição de maior proximidade deDeus ou de obter um senso mais claro deminha aceitação, é impossível que eupossa celebrá-la da maneira correta. Devocrer, como me ordena o Evangelho, queTODOS os meus pecados foram tiradospara SEMPRE, antes de poder tomar o

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meu lugar à mesa do Senhor, com algumamedida de inteligência espiritual. Se oassunto não for encarado à luz desteconhecimento, a Ceia do Senhor sópoderá ser considerada como se fossemais um passo na subida para o altar deDeus, e a Lei diz-nos que não podemossubir por degraus para o altar de Deus,ou será descoberta a nossa nudez (Êxodo20.26). O significado disto é que todos osesforços humanos para se aproximar deDeus devem levar à descoberta da nudezhumana.Vemos assim que se for a indiferença queimpede o cristão de estar no partir dopão, é algo por demais condenável aosolhos de Deus, e prejudicial tanto para os

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seus irmãos como para si próprio; e se oimpedimento for um conhecimentoimperfeito da justificação, não somente éinaceitável, como desonroso para o amordo Pai, para a obra do Filho e para otestemunho claro e inequívoco doEspírito Santo.Mas não é com pouca frequência que seouve dizer, e isso até mesmo por aquelesque professam ter espiritualidade einteligência, frases como: “Não tenhonenhum proveito espiritual em ir àsreuniões da assembléia: sinto-me maisfeliz ficando em casa lendo a Bíblia”.Gostaria de perguntar, carinhosamente, aessas pessoas: Acaso não devemos ter ummotivo mais nobre em nossa maneira de

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agir do que a nossa própria felicidade?Não será a obediência à ordem de nossobendito Senhor - uma ordem dada “nanoite em que foi traído” - um motivomuito mais nobre que qualquer coisa queesteja ligada ao “eu”?Se Ele deseja que o Seu povo se reúna emSeu nome, com o fim expresso deanunciar a Sua morte até que venha,devemos nós recusar fazê-lo por nossentirmos mais felizes em nossas casas?O Senhor nos diz para estarmos à mesa;nós respondemos: “Sentimo-nos maisfelizes em casa”. Nossa felicidade,portanto, deve estar baseada nadesobediência; e neste caso, é umafelicidade impura. É muito melhor, se

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tiver de ser assim, que sejamos infelizesno caminho da obediência, do que sermosfelizes no caminho da desobediência.Todavia, creio firmemente que a idéia deser mais feliz em casa é mera ilusão, e ofim de todos que são iludidos por elaconfirmará este parecer. Tomé podia terpensado que não fazia diferença seestivesse ou não presente com os outrosdiscípulos, mas teve que passar sem apresença do Senhor e esperar oito dias atéque os discípulos se reunissem noprimeiro dia da semana; e foi só então, enaquele local, que aprouve ao Senhorrevelar-Se à sua alma: E o mesmoacontecerá com aqueles que dizem:“Sentimo-nos mais felizes em casa do quena assembléia de crentes. Ficarão

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indubitavelmente para trás emconhecimento e experiência; e poderãodar-se por felizes se não forem incluídosno terrível “Ai” pronunciado peloprofeta, “Ai do pastor inútil queabandona o rebanho; a espada cairá sobreo seu braço e sobre o seu olho direito; oseu braço completamente se secará, e oseu olho direito completamente seescurecerá” (Zc 11.17). E também, “Nãodeixando a nossa congregação, como écostume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quandovedes que se vai aproximando aquele dia.Porque, se pecarmos voluntariamente,depois de termos recebido oconhecimento da verdade, já não resta

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mais sacrifício pelos pecados, mas umacerta expectação horrível de juízo, e ardorde fogo, que há de devorar osadversários” (Hb 10.25-27).Quanto à objeção que se faz comfundamento na aridez e falta de proveitoencontradas nas assembléias dos cristãos,geralmente será notado que a maioraridez espiritual será sempre encontradanum espírito contencioso e insatisfeito; enão duvido que se aqueles que sequeixam da falta de proveito das reuniõese tiram daí um argumento para ficaremem suas casas, gastassem mais tempo a sósna secreta dependência do Senhor,buscando Sua bênção para as reuniões,teriam uma experiência muito diferente.

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Agora, havendo demonstrado a partir dasEscrituras quem deve estar no partir dopão, vamos continuar para considerarquem não deve estar. Neste ponto, asEscrituras são igualmente claras: emsuma, ninguém que não pertença àverdadeira Igreja de Deus deveria estarali. A mesma lei que ordenava que toda acongregação de Israel comesse a páscoa,mandava que todos estrangeirosincircuncisos não a comessem; e agoraque Cristo, a nossa Páscoa, foi sacrificadopor nós, ninguém pode celebrar a festa(que deve continuar durante toda estadispensação), nem partir o pão ou beber ovinho em verdadeira recordação doSenhor, senão os que conhecem as

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virtudes purificadoras e saneadoras doSeu precioso sangue. Comer e beber semeste conhecimento, é comer e beberindignamente - é comer e beber paracondenação; como a mulher em Números5, que bebeu da água amarga para tornara condenação mais real e terrivelmentesolene.Ora, é nisto que a culpa da Cristandade éparticularmente manifestada. Ao tomar aCeia do Senhor, a Igreja professa tem, àsemelhança de Judas, metido a mão namesa com Cristo e O tem traído; temcomido com Ele, e, ao mesmo tempo,levantado o seu calcanhar contra Ele.Qual será o seu final? Será igual ao deJudas. “E, tendo Judas tomado o bocado,

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saiu logo. E...” - o Espírito Santoacrescenta, com terrível solenidade -“...ERA JÁ NOITE” (Jo 13.30). Queterrível noite! A mais forte expressão doamor divino tão somente desencadeou amais forte expressão do ódio humano.Assim acontecerá também com a falsaIgreja professa coletivamente, e cada falsocrente individualmente; e todos aquelesque, embora batizados em nome deCristo, e assentando-se à mesa de Cristo,têm, todavia, sido Seus traidores, irãoencontrar-se, por fim, lançados nas trevasexteriores - mergulhados numa noite quenunca verá os alvores da manhã - atiradosem um abismo de uma interminável einexprimível lamentação; e emborapossam dizer ao Senhor: “Temos comido

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e bebido na Tua presença, e Tu tensensinado nas nossas ruas” (Lc 13.26), aSua solene resposta, de partir o coração,será, enquanto lhes fechar a porta, “Digo-vos que não sei donde vós sois; apartai-vos de Mim” (Lc. 13.27). Oh, leitor, pensenisto, eu suplico a você; e se você ainda seencontra em seus pecados, não contaminea mesa do Senhor com a sua presença;mas, em vez de ir mais longe como umhipócrita, encaminhe-se ao Calvário,como um pobre pecador arruinado eculpado, e receba perdão e purificaçãodAquele que morreu para salvarpecadores como você.

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4-A OCASIÃO E A MANEIRA DE

CELEBRAR A CEIA DO SENHORApós termos considerado, pelamisericórdia do Senhor, a natureza daCeia do Senhor, as circunstâncias em queela foi instituída, e as pessoas a quem foidesignada, gostaria apenas de acrescentaruma palavra quanto ao que nos ensinamas Escrituras sobre a ocasião e o modo desua celebração.Embora a Ceia do Senhor não tivessesido instituída pela primeira vez noprimeiro dia da semana, os capítulos 24de Lucas e 20 de Atos são suficientes parademonstrar, a todo aquele que se submeteà Palavra, que esse é o dia no qual a ceia

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deveria ser especialmente celebrada. OSenhor partiu o pão com Seus discípulos“no primeiro dia da semana” (Lc 24.1,30);e “no primeiro dia da semana” osdiscípulos reuniram-se para partir o pão(At 20.7). Estas passagens são mais quesuficientes para provar que não era umavez por mês, nem uma vez em três meses,nem tampouco uma vez em seis meses,que os discípulos deveriam reunir-se parao partir do pão, mas uma vez por semana,pelo menos, e essa no primeiro dia dasemana. Não temos qualquer dificuldadeem ver que há uma característica moralapropriada no primeiro dia da semanapara a celebração da Ceia do Senhor: é o dia da ressurreição - o dia da Igreja, emcontraste com o sétimo dia, que era o dia

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de Israel. E da mesma forma que, nainstituição da ordenança, o Senhorseparou totalmente os Seus discípulos dascoisas judaicas (ao recusar-se a beber dofruto da vide - o cálice da páscoa - eentão instituindo uma outra ordenança),também, no dia em que esta ordenançadeveria ser celebrada, observamos omesmo contraste entre as coisas celestiaise terrenais. É no poder da ressurreiçãoque podemos anunciar apropriadamente amorte do Senhor. Quando o conflitoterminou, Melquisedeque trouxe pão evinho e abençoou Abraão em nome doSenhor. Assim também, nossoMelquisedeque, quando terminou oconflito e conquistada a vitória, veio da

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ressurreição com pão e vinho, parafortalecer e animar os corações do Seupovo, e soprar sobre eles aquela paz queEle comprara com tanto empenho.Se, portanto, o primeiro dia da semanafor o dia indicado nas Escrituras para osdiscípulos partirem o pão, fica evidenteque o homem não tem autoridade paraalterar o período para uma vez por mêsou uma vez a cada seis meses. E nãoduvido que, quando as afeições para coma Pessoa do Senhor são vivas e fervorosas,o cristão desejará anunciar a morte doSenhor tão freqüentemente quanto lhefor possível; na verdade quer-nos parecer,pelo início do livro de Atos, que osdiscípulos partiam o pão diariamente.

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Podemos deduzir isto na frase, “epartindo o pão em casa” (At 2.46).Contudo não temos necessidade dedepender da mera inferência quanto àquestão do primeiro dia da semana ser odia em que os discípulos se reuniam parapartir o pão: somos claramente ensinadosassim, e vemos a sua beleza e adequaçãomoral.Isto quanto à ocasião. Quero agora falaralgo quanto à maneira de celebrar a Ceia.A principal aspiração dos cristãos deveriaser mostrar que o partir do pão é oobjetivo primeiro e mais importante dese reunirem no primeiro dia da semana.Deveriam mostrar que não é para apregação ou ensino que se reúnem, se

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bem que o ensino possa ser umcomplemento feliz, mas que o partir dopão é o assunto principal que têm emvista. É a obra de Cristo que anunciamosna Ceia, pelo que ela deveria ter oprimeiro lugar; e, depois de ter sidoplenamente anunciada, deveria haver umaplena e desimpedida oportunidade para aobra do Espírito Santo no ministério. Amissão do Espírito é expor e exaltar oNome, a Pessoa e a Obra de Cristo; e seLhe for permitido orientar a assembléiade cristãos, o que sem dúvida fará, Eledará sempre o primeiro lugar à obra deCristo.Não posso terminar estes comentáriossem manifestar meu profundo sentimento

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da fraqueza e a superficialidade de tudoquanto tenho dito sobre um assunto tãoimportante. Sinto, na presença do Senhor,perante Quem desejo escrever e falar,que tenho falhado tanto em mostrar todaa verdade acerca deste assunto, que quaseme sinto tentado a impedir que estaspáginas sejam publicadas. Não é que eutenha uma sombra de dúvida quanto àverdade que tenho procurado frisar; não:mas sinto que, para escrever sobre umassunto como é o partir do pão, numaépoca em que há tanta confusão entre oscristãos professos, há a necessidade deafirmações diretas, claras e transparentes,para o que sinto-me pouco capacitado.Temos apenas uma vaga idéia de como a

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questão do partir do pão está ligadainteiramente com a posição e testemunhoda Igreja na Terra; e conhecemosigualmente muito pouco da maneiracomo este assunto tem sido inteiramentemal compreendido pela Igreja professa. Épreciso que o partir do pão seja aafirmação clara do fato que todos oscrentes são um só corpo; porém a Igrejaprofessa, por haver se fragmentado emseitas, e levantado uma mesa para cadaseita, tem negado este fato na prática.Na verdade, o partir do pão tem sidodeixado para um segundo plano. A mesa,a qual o Senhor deveria presidir, é quaseperdida de vista pela maneira como éposta à sombra do púlpito, no qual o

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homem preside; esse púlpito que é, oh!muitíssimas vezes o instrumento paracriar e perpetuar a desunião, é, paramuitos, o objeto preponderante;enquanto a mesa, que, se fosseconvenientemente compreendida,perpetuaria o amor e a união, éconvertida em algo bem secundário. E atémesmo nos mais louváveis esforços parase recuperar um estado de coisas tãolamentável, que completo fracasso temostestemunhado. Que resultado temalcançado a Aliança Evangélica? Tem tidoeste resultado: tem desenvolvido umaexistente necessidade entre cristãosprofessos, necessidade essa que eles sãoconfessadamente incapazes de alcançar.Querem uma união que são incapazes de

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conseguir. Por quê? Porque não queremabdicar de tudo aquilo que foiacrescentado à verdade e se reunirem emconformidade com a verdade, parapartirem o pão como discípulos. Digo,como discípulos, e não como membros deigreja, Independentes, Batistas, etc... Nãoé que tais pessoas não possam estar deposse de muita verdade preciosa, refiro-me àqueles de entre eles que amam oSenhor Jesus Cristo: certamente quepodem; mas não possuem a verdade queiria impedi-los de se reunirem para partiro pão. Como poderia a verdade jamaisimpedir os crentes de darem expressão àunidade da Igreja? Impossível! Aexistência de um espírito sectário

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naqueles que retém a verdade pode fazeristo, mas a verdade nunca. Mas como éque as coisas estão atualmente na Igrejaprofessa? Cristãos de várias comunidadespodem reunir-se para leitura, orações ecânticos, durante a semana, mas quandochega o primeiro dia da semana, não têma mínima idéia de darem a única provareal e eficaz da sua unidade, que oEspírito pode reconhecer, e que consisteno partir do pão. “Nós, sendo muitos,somos um só pão e um só corpo: porquetodos participamos do mesmo pão” (1 Co10.17).O pecado em Corinto era não esperaremuns pelos outros. Isto é evidente pelaexortação com que o apóstolo resume

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toda a questão em 1Coríntios 11.33:“Portanto, meus irmãos, quando vosajuntais para comer, esperai uns pelosoutros”. Por que deviam esperar unspelos outros? Sem dúvida para poderemmanifestar melhor a sua unidade. Porém,que teria dito o apóstolo se, ao invés de sereunirem num mesmo lugar, tivessem idoa lugares diferentes, segundo as suasdiferentes opiniões acerca da verdade?Nesse caso, ele poderia ter dito, com amaior ênfase possível: “Não podeis comera Ceia do Senhor”.Todavia, talvez alguém pergunte: Comopoderiam todos os crentes de Londres sereunir num só lugar? Respondo que senão pudessem se reunir num mesmo

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lugar, poderiam, ao menos, se reunirsegundo o mesmo princípio. Como sereuniam os crentes de Jerusalém? Aresposta é: “E era um o coração” (At4.32). Sendo assim, tinham poucadificuldade quanto ao local de reunião. O“alpendre de Salomão” (At 5.12), ouqualquer outro lugar, seria adequado aopropósito que tinham. Manifestavam asua unidade, e isto, também, de um modoinequívoco. Nem a questão de várioslugares, nem os vários graus deconhecimento e realizações, podiaminterferir, em qualquer medida, na suaunidade. Havia “um só corpo e um sóEspírito” (Ef 4.4).Para finalizar, eu diria que o Senhor, com

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toda a certeza, irá honrar aqueles que têmfé para crer e confessar a unidade daIgreja na Terra; e quanto maior for adificuldade para se agir assim, maior seráa honra. Que o Senhor conceda a todo oSeu povo um “olho simples” (Lc 11.34), eum espírito humilde e honesto. Teu corpo morto, aqui Senhor amado,

nós enxergamos neste pão que foipartido;

e o vinho, que no cálice é derramado,aponta para o Teu sangue puro, lá,

vertido.

E quando, assim, nos reunimos aqui,somos, em Ti, de “um só corpo”, a

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expressão.Na cruz - Teu sangue puro

derramado ali -Tua morte, oh Senhor, nos deu a

salvação.

Irmãos em Ti, oh quão doce é a união-

Tua graça vamos sempre celebrar -é em Teu nome, para Ti é a reunião,pois onde estás, sabemos, é o lugar.

Nós temos uma esperança - que Tu

virás;a Ti, nos ares, nós desejamos ver,

quando Tu levares Teu povo ao Lar,e nós reinarmos para sempre Contigo.

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