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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP Paulo Renato Mendonça SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO EM EMPRESA MÉDIO-GRANDE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO SÃO PAULO 2014

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC/SP

Paulo Renato Mendonça

SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL:

UM ESTUDO EM EMPRESA MÉDIO-GRANDE

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

SÃO PAULO 2014

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC/SP

Paulo Renato Mendonça

SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL:

UM ESTUDO EM EMPRESA MÉDIO-GRANDE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Economia, Administração, Contábeis e Atuariais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Administração, sob a orientação do Prof. Dr. Luciano Antonio Prates Junqueira.

SÃO PAULO 2014

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Mendonça, Paulo Renato.

M 539 Sistemas de Gestão Ambiental: Um Estudo em Empresa Médio-

Grande / Paulo Renato Mendonça – São Paulo, 2014.

148 p.

Dissertação (Mestrado em Administração)

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa de

Economia, Administração, Contábeis e Atuariais

Área de Concentração: Gestão das Organizações

Assunto: Sustentabilidade de Gestão Ambiental. I. Junqueira,

Luciano Antonio Prates. II. Sistemas de Gestão Ambiental: Um

Estudo em Empresa Médio-Grande

CDD 30.776

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BANCA EXAMINADORA __________________________________________ Orientador: Professor Doutor Luciano Antonio Prattes Junqueira __________________________________________ Professor Doutor Belmiro do Nascimento João __________________________________________

Professor Doutor Ivan de Paula Rigoletto

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RESUMO

MENDONÇA, Paulo Renato. Sistemas de Gestão Ambiental: Um estudo em

empresa médio-grande. Dissertação (Mestrado em Administração), Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2014.

O presente trabalho discute a adoção de sistemas de Gestão Ambiental (SGAs)

próprios, não certificados, para empresas médio-grandes como via de acesso a um

SGA que atenda a quesitos fundamentais das boas práticas de administração

ambiental a custos mais baixos e que possa produzir resultados de desempenho

ambiental e econômico adequados. A metodologia de investigação empregada é um

estudo de caso de uma empresa médio-grande que desenvolveu um SGA próprio

não certificado, em operação desde junho de 2011. A conclusão das investigações

realizadas é que as empresas médio-grandes poderão obter resultados ambientais e

econômicos adequados com a adoção de tais SGAs. Evidenciou-se que os

resultados observados são consequência da consistência dos indicadores, das

estruturas e práticas administrativas introduzidos pelo SGA pesquisado, aliados à

qualidade do trabalho e ao engajamento e comprometimento da alta administração

da empresa no sentido de suportar a continuidade dos programas, ações e

investimentos que garantam o sucesso do sistema. Tendo em vista a importância

para as empresas médio-grandes da redução dos custos com a administração de

seus SGAs e do comprometimento da alta administração com o funcionamento do

sistema, e considerando-se que tal disposição ao engajamento da alta administração

poderá ser de diferentes graus para variadas situações que possam ser encontradas

no universo empresarial, sugere-se a extensão e aplicação desta forma de pesquisa

a outras empresas médio-grandes que se utilizem de SGAs próprios e não

certificados, objetivando a verificação dos resultados obtidos neste estudo de caso.

Palavras-chave: Sistemas de Gestão Ambiental, empresas médio-grandes.

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ABSTRACT

MENDONÇA, Paulo Renato. Environmental Management Systems: A study in a

medium – large size company. Dissertation (Business Administration Mastership),

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2014.

This study discusses the adoption of dedicated, non-certified Environmental

Management Systems (EMS‟s) for medium-large size companies as a way to obtain

access to an EMS that could meet fundamental requirements of good environmental

management practices and obtain satisfactory environmental and economic results at

lower costs. The investigation methodology utilized is a case study of one average-

large company that developed and implemented a dedicated, non-certified EMS

working since June/2011. The conclusion of the investigations conducted by this

study is that medium-large size companies can obtain sastisfactory environmental

and economic results by adopting such kind of EMS. The study also makes evident

that the results observed are consequence of the consistency of the indicators,

administrative practices and structures introduced by the EMS investigated and the

good quality of the work and engagement of the company‟s top management towards

supporting the continuity of the programs, actions and investments that grant the

success of the system. Taking into consideration the importance for the medium-

large size companies of reducing costs carried by their EMS management and the

commitment of the top management with it, as well as by having in view that such top

management engagement could be of different kind and intensity for different

companies, it is suggested the extension of this kind of study to other medium-size

companies, aiming to verify the results obtained in this case study.

Key-words: Environmental Management systems, medium-large size companies.

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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO.....................................................................................................10

2 – OBJETIVO...........................................................................................................24

3 – REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................25

4 – METODOLOGIA...................................................................................................61

5 – RESULTADOS DA PESQUISA E ANÁLISE.......................................................69

5.1 POLÍTICA.....................................................................................................69

5.2 PROGRAMAS E SEU ALCANCE................................................................71

5.3 INDICADORES E RESULTADOS DE DESEMPENHO AMBIENTAL.........74

5.4 OBJETIVOS E METAS................................................................................86

5.5 ESTRUTURA ADMINISTRATIVA E RESPONSABILIDADES......................89

5.6 AUDITORIA.................................................................................................96

5.7 RELATÓRIOS, MONITORAMENTO E MEDIÇÃO......................................98

5.8 DESENVOLVIMENTO E ENVOLVIMENTO DOS EMPREGADOS E

GESTÃO DO CONHECIMENTO.................................................................99

5.9 COMUNICAÇÃO COM OS DEMAIS STAKEHOLDERS...........................102

5.10 REVISÃO E ANÁLISE CRÍTICA PELA ALTA ADMINISTRAÇÃO............103

5.11 MANUAL DO SGA...................................................................................104

5.12 SINTESE DA PESQUISA .......................................................................105

6 – CONCLUSÕES..................................................................................................107

REFERÊNCIAS........................................................................................................111

ANEXOS..................................................................................................................118

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Evolução ISE e Ibovespa..........................................................................16

Figura 2 – Dimensões-chave do valor ao acionista....................................................28

Figura 3 – Modelo de valor sustentável......................................................................28

Figura 4 – Visão da firma pelos stakeholders............................................................32

Figura 5 – Grade de influências.................................................................................56

Figura 6 – Processo para formulação de estratégias para stakeholders...................57

Figura 7 – Diagrama de blocos - Construção e aplicação do fluxo da análise do

presente estudo.........................................................................................68

Figura 8 – Pilares do Sistema.....................................................................................89

Figura 9 – Organograma do Sistema Administrativo..................................................91

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 – Visão baseada em recursos – Quadro conceitual...................................30

Quadro 2 – Exemplos de responsabilidades ambientais...........................................50

Quadro 3 – Componentes essenciais a se encontrar na estrutura de um SGA não

padronizado e não certificado.................................................................63

Quadro 4 – Modelo de síntese do processo de avaliação do SGA............................67

Quadro 5 – Comparação de Programas SGA Impacta vs. Base Teórica..................72

Quadro 6 – Quadro comparativo de indicadores........................................................74

Quadro 7 – Aderência do Manual do SGA da Impacta à metodologia.....................105

Quadro 8 – Síntese do processo de avaliação do SGA...........................................106

Quadro 9 – Estratégias de Relacionamento.............................................................124

Tabela 1 – Resultados do desempenho ambiental....................................................76

Tabela 2 – Evolução dos indicadores de desempenho financeiro.............................85

Tabela 3 – Resultados de desempenho ambiental – Real vs. Metas........................86

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1 – DESDOBRAMENTO DOS ITENS DO QUADRO 3 EM UMA

“LISTA DE VERIFICAÇÃO”...................................................................119

ANEXO 2 – LICENÇA CETESB DE OPERAÇÃO IMPACTA...................................126

ANEXO 3 – GERENCIADOR DE LICENÇAS IMPACTA.........................................131

ANEXO 4 – RELATÓRIO DE AUDITORIA DO SISTEMA DE

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL...................................................132

ANEXO 5 – EVIDÊNCIAS DA UTILIZAÇÃO DO RELATÓRIO DE

AUDITORIA AMBIENTAL PELA ALTA ADMINISTRAÇÃO

DO SGA DA IMPACTA E DE PRÁTICAS DE

COMUNICAÇÃO, MOTIVAÇÃO E TREINAMENTO

DE EMPREGADOS..............................................................................140

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1 – INTRODUÇÃO

A expressão “Sustentabilidade Empresarial” está em oposição ao que se

denomina “mortalidade de empresas” e está, portanto, associada à sobrevivência

das mesmas. As empresas, em geral, se iniciam como pequenas e micro empresas,

e nesta fase muitas não logram sobreviver. A taxa de sobrevivência de micro e

pequenas empresas após dois anos é 73.1%, sendo maior na indústria (75.1%) e

menor na construção civil (66.1%), de acordo com o MDIC. Segundo este ministério,

440 mil novas empresas são constituídas no Brasil por ano, mas cerca de 80 mil

delas não sobrevivem. No entanto, de acordo com o SEBRAE, esta “mortalidade”

segue evoluindo de tal modo que após três anos de existência, 31.3% são fechadas

e após quatro anos, 35,9%. A taxa de sobrevivência das empresas brasileiras,

entretanto, não é ruim, superando a de nações como Espanha, Itália e Holanda,

conforme dados da OCDE - Organização de Cooperação e Desenvolvimento

Econômico (PORTAL BRASIL, 02/02/2012). Portanto, não se trata o problema da

sobrevivência das empresas uma questão apenas brasileira, mas um problema de

âmbito mundial.

Mesmo após se tornarem médias, médio-grandes e posteriormente grandes,

as empresas seguem expostas a riscos de diversas naturezas que podem causar

sua extinção. Estes riscos estão associados às mudanças que podem impedir com

que as empresas sigam com práticas bem sucedidas de negócios, enfrentando

ameaças que podem causar este fechamento. Preocupadas com este problema as

empresas passaram a buscar meios de contornar tais riscos, criando condições para

sua perenização a partir de uma série de conceitos e práticas que convencionou se

denominar “sustentabilidade empresarial”, e é vista sob vários aspectos que são

denominados “dimensões da sustentabilidade”.

A sustentabilidade das empresas, portanto, está associada a sua

sobrevivência futura. Dentre suas várias dimensões, destacam-se quatro, a

Econômico-Financeira, a da Governança Corporativa, a Ética e Social e a Ambiental.

Ao tomar controle do modo como a empresa trata esses assuntos, o empresário

garante a saúde financeira futura, a proteção do negócio pela via da governança e a

redução da exposição da empresa a desvios de conduta no campo ético, social e

ambiental, mitigando riscos diversos.

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Dentre essas dimensões, a ambiental cresce enormemente em importância

na medida em que o ambientalismo ganha força junto à opinião pública com a mídia

apresentando ao público os problemas e riscos da poluição e das mudanças

climáticas, colocando sob pressão as autoridades e, consequentemente, os

legisladores criam assim mais barreiras e exigências ambientais para as empresas.

Little (2003) descreve o processo de crescimento do interesse pelos

problemas ambientais por um “amplo leque de grupos sociais, intimamente vinculado

à degradação ambiental em todas as regiões do Brasil” e “da mobilização social em

torno de questões, tais como poluição do ar e da água, perigo radioativos,

contaminação de solos” e outras formas de degradação, discutindo a participação

ativa e influência do movimento ambientalista sobre o Congresso Nacional que

dedicou o artigo 225 da constituição de 1987 exclusivamente ao meio ambiente.

Este autor relata ainda a força ganha pelo ambientalismo em diversos âmbitos

citando a presença de jornalistas (mídia) e ativistas ambientais em conferências de

meio ambiente e liga a consolidação da ação ambiental no Brasil a um processo de

informação, conscientização, mobilização e pressões sociais e consequente

expansão da ação governamental brasileira nesta área “para atender à crescente

demanda por soluções para os problemas ambientais do país”.

O atendimento às mencionadas exigências ambientais demanda das

empresas a criação de sistemas internos de administração dos assuntos ambientais;

no entanto diferentes empresas possuem diferentes níveis de disponibilidade de

recursos para empregar neste esforço e necessitam encontrar formas viáveis de

fazê-lo. Em especial, no caso das empresas médio-grandes, com faturamento entre

R$ 90 milhões e R$ 300 milhões de acordo com o BNDES, este problema torna-se

particularmente importante, já que nesta etapa de sua “vida” a empresa passa a

necessitar de estruturas melhores e maiores para lidar com a complexidade

crescente de suas operações, mas nem sempre se encontra já apta

administrativamente ou financeiramente para lidar com os sistemas de administração

ambiental (SGAs) mais complexos que são em geral moldados para as grandes

empresas. No entanto, tal dificuldade não pode impedir que tais empresas adotem

uma abordagem proativa com relação ao problema que é uma realidade presente na

vida das organizações num mundo onde a sustentabilidade tende a tornar-se um

novo paradigma da administração. De acordo com Souza, Rásia e Jacques (2010).

O surgimento de uma abordagem proativa significa que a gestão dos “custos”

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ambientais (entendido de forma ampla) está se tornando um assunto de alta

prioridade e de intenso interesse, principalmente em função da busca da

continuidade sustentável dos negócios pelas empresas.

A importância da adoção de sistemas de gestão ambiental (SGA‟s) é

resumida por Morrow e Rondinelli (2002) quando afirmam que programas integrados

de prevenção à poluição podem gerar economias para as empresas por melhorar

eficiências, reduzir custos de energia, materiais e evitar multas e penalidades; estes

autores afirmam também que a adoção de um sistema formal pode aumentar a

confiança do investidor na empresa e trazer para ela vantagens competitivas a nível

internacional e assegurar que as responsabilidades sejam apropriadamente

designadas para manter padrões ambientais elevados através da organização. Eles

citam ainda outros objetivos a se atingir com a adoção de tais sistemas formais,

como a satisfação a pressões dos consumidores, alinhamento de fornecedores com

esta abordagem responsável e satisfação dos stakeholders (universo composto por

indivíduos, grupos e organizações que tem interesse nas atividades da empresa tais

como acionistas, empregados, clientes, fornecedores, prestadores de serviço,

bancos, autoridades e sociedade em geral).

Uma vez admitida a importância da adoção de um SGA, as empresas

passam a enfrentar um problema de fundamental importância, que é a definição de

qual modelo adotar. Esta decisão pode impactar diretamente nos custos e a adoção

de um SGA inadequado pode resultar em redução dos lucros ou na não obtenção

dos resultados de desempenho ambiental esperados. Ao adotar um SGA a empresa

precisa estar segura de que poderá implantá-lo, mantê-lo e melhorá-lo ao longo do

tempo dentro de padrões custo e esforço administrativo que sejam para ela viáveis

tendo em vista seu porte e saúde financeira. No entanto, o sistema adotado, seja

qual for, só faz sentido se for capaz de melhorar o desempenho ambiental da

empresa, o que em geral, por trazer economia de materiais, energia, água e outros

recursos, além de mitigar riscos, deverá produzir também melhores resultados

econômicos para a mesma.

As empresas encontram a seu dispor uma variedade de modelos

desenvolvidos com o propósito de sistematizar, orientar e prover soluções para a

questão da administração da responsabilidade ambiental. São modelos que

propõem métodos de trabalho, sistemas burocráticos de controle envolvendo

relatórios e auditorias além de políticas, formatos de organização, programas e

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indicadores de desempenho que são comparados com metas e objetivos, rotinas de

reuniões de avaliação e outras abordagens sistematizadoras. Entre estes sistemas

que são diversos, destacam-se a ISO 14001 (ISO, 2004), EMAS (European

Management and Audit Scheme) e, no Brasil, a dimensão ambiental do ISE - Índice

de Sustentabilidade de Empresarial, introduzido pela Bovespa em 2005.

Particularmente, sobre o ISE em sua dimensão ambiental e a ISO 14001 interessa

discutir suas estruturas e consequências de sua adoção, já que são modelos

usualmente adotados por empresas de grande porte. Quanto ao EMAS - European

Eco-Management and Audit Scheme (EUROPEAN COMMISSION, 1995), é mais

utilizado na Europa e apropriado a plantas “single site” (uma única fábrica), mas

menos difundido no Brasil. Por esta razão, o presente trabalho ao procurar

referências de sistemas certificados negligenciará o EMAS, focalizando a ISO 14001

e o modelo do ISE. Estes sistemas, ao serem adotados por empresas, deverão ser

validados por uma certificação e um processo de auditoria homologatória realizada

por organizações especializadas que confrontarão as práticas da empresa com os

quesitos da norma adotada. Estes processos são em geral longos e dispendiosos.

Miles, Munilla e Mc. Clurg (1999) indicam que o custo da certificação na norma ISO

14001 pode ser estimado em US$ 100 mil por localidade certificada, sendo US$ 75

mil de custos internos e US$ 25 mil de custos com o órgão certificador. A

manutenção do sistema em base permanente pode custar outros US$ 25 mil anuais.

Estes autores relatam que o governo japonês, por exemplo, ciente dos custos de

dificuldades de adoção de tais normas pelas pequenas e médias empresas, planeja

subsidiar sua certificação.

Neste ponto, discute-se os sistemas ISE e ISO 14001 para melhor entender-

se sua complexidade e como ela pode afetar empresas médio-grandes que os

adotem. O ISE foi criado com a finalidade de oferecer aos investidores uma opção

de carteira de ações de empresas com reconhecido comprometimento com a

sustentabilidade empresarial e a responsabilidade social dentro de uma premissa de

que o desenvolvimento econômico do país está intimamente relacionado ao bem-

estar da sociedade brasileira e da preferência mundial dos investidores por

empresas socialmente responsáveis, sustentáveis e rentáveis. Sua criação, de

acordo com a Wilkipédia (s/d), foi financiada pela IFC (International Finance

Corporation, do Banco Mundial), dentro de um conceito de construir um índice de

mercado de ações que compare o desempenho das empresas que o compõe com

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outras da BMF Bovespa que estejam fora de sua composição. O índice é construído

para ser seleto e estava, de acordo com seu site (BM&F BOVESPA, set./2013), com

38 empresas participantes de um limite estabelecido de 40 empresas. Todas as

participantes são empresas de grande porte. Sua metodologia foi desenvolvida pelo

GVCES – Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-EASP (Escola de

Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas/SP) em parceria com o

Instituto Ethos de Responsabilidade Social, partindo do conceito internacional de

“Triple Botton line” que integra as dimensões Econômico-Financeira, Social e

Ambiental das empresas (depois acrescido da dimensão governança corporativa). A

entrada das empresas no ISE se dá através do atendimento à exigências diversas,

incluindo a resposta a seu questionário. Em sua estrutura, o ISE enxerga a

sustentabilidade sob sete dimensões que a compõem conforme relatam Souza,

Rásia e Jacques (2010), a saber: Geral, Natureza do Produto, Governança

Corporativa, Responsabilidade Social, Econômico-Financeira, Mudanças Climáticas

e Ambiental. Na concepção deste sistema de administração da sustentabilidade

empresarial, a empresa deve-se enquadrar na modelagem expressa no questionário

ISE para ser considerada “sustentável”. O questionário é encaminhado a 150

empresas com as ações mais líquidas da Bovespa constituindo-se em um critério de

pré-seleção, pois a carteira de ações do ISE não pode exceder 40 empresas que

são escolhidas entre as 150 acima mencionadas.

O ISE não é o único índice de sustentabilidade corporativo conhecido.

Souza, Rásia e Jacques (2010), por exemplo, citam o DJSI (“Dow Jones

Sustainability Index”, ou Índice de Sustentabilidade Dow-Jones, criado em 1999) e

os indicadores de sustentabilidade GRI (Global Reporting Initiative) desenvolvidos

pela ONG norte-americana CERES (Condition for Environmentally Responsible

Economics) e pelo programa UNEP das Nações Unidas (United Nations

Environment Program). Destes, o DJSI, possui reconhecimento global e funciona

como um ponto de referência para os investidores ao redor do mundo.

O questionário do ISE (BM&F BOVESPA, 2011/2012) divide as empresas

em seis categorias, contendo 135 páginas com perguntas sobre política ambiental,

procedimentos, gestão, planejamento, gerenciamento, monitoramento, processos

geradores de impactos, cadeia de valor, pós-consumo, organismo certificador

credenciado, stakeholders, política de comunicação de desempenho ambiental,

compromisso global com a biodiversidade, consumo de recursos ambientais,

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condição dos efluentes líquidos, emissões atmosféricas e geração de resíduos

sólidos, seguro ambiental, programas para áreas de preservação permanente,

passivos ambientais, procedimentos administrativos, procedimentos judiciais, entre

outros. O grupo “C”, por exemplo, que contém empresas de atividades diversas

típicas de empresas pequenas, médias e médio-grandes apresenta em seu

questionário 23 páginas. Obviamente é possível discutir a importância de cada um

dos tópicos acima, mas inevitável concluir que a administração simultânea de todos

eles compõe um sistema de difícil gestão.

As empresas médio-grandes sofrem, pelo porte de suas atividades,

exposição a riscos ambientais semelhante àqueles que afetam as empresas de

grande porte em atividade equivalente, mas estão sob restrições econômicas e

organizacionais em geral comparáveis àquelas das médias empresas, que tem

faturamento bruto entre R$ 16 milhões e R$ 90 milhões de acordo com o BNDES.

Estas empresas são mais sensíveis a custos de implantação de normas e modelos

certificados de SGA‟s desenvolvidos para grandes empresas, como o do ISE e ISO

14001. Este aspecto é destacado por Hillary (2004) lembrando que 90% dos

negócios na Europa em 1996 eram classificados como “pequenas e médias

empresas” que contribuíam com até 70% da poluição industrial. Porém, segundo

Hillary, tais empresas enfrentam dificuldades em adotar um SGA estruturado ao

encontrarem custos administrativos maiores que o esperado, inversões inesperadas

de capital fixo e custos de certificação surpreendentemente altos para elas. Estas

dificuldades são confirmadas pelo trabalho de Ceruti e Silva (2009) que no caso

brasileiro ressaltam ainda as dificuldades com treinamento de pessoal e

relacionamento com os órgãos ambientais. Tais barreiras de custo se tornam muito

mais difíceis de serem superadas dentro de um sistema sofisticado como o do ISE.

Apesar das inconveniências aqui discutidas para as empresas médio-

grandes, a modelagem do ISE traz diretrizes e conceitos que são úteis na

construção de uma base teórica que auxilie uma empresa a montar um SGA e

poderão ser contemplados fora mesmo de um sistema certificado. Além disto, a

evolução dos índices Ibovespa e ISE ao longo do tempo demonstram que a adoção

do sistema ISE de gestão da sustentabilidade pelas grandes empresas que o

fizeram não representou em geral piora de seu desempenho, já que o ISE

apresentou evolução mais favorável que o Ibovespa conforme se pode observar na

figura 1. Esta pode ser uma indicação importante que a adoção pelas empresas de

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sistemas de gestão da sustentabilidade empresarial, a despeito de seus custos de

implantação e manutenção, podem produzir resultados para o acionista ou, pelo

menos, não prejudica-los.

Figura 1 – Evolução ISE e Ibovespa

Na busca de discutir a solução para o problema da modelagem de um SGA

para empresas médio-grandes, interessa também a elas avaliar a possibilidade de

adoção do modelo ISO 14001.

A ISO - “International Organization for Standardization” é uma organização

internacional com sede em Genebra que publicou em 1996 a primeira versão de

uma série de normas de gestão ambiental dentro de uma organização, as normas

ISO 14000. Estas normas foram editadas no Brasil pela ABNT sob a sigla ABNT ISO

14000. Do conjunto de normas ISO 14000, somente a ISO 14001 é passível de

certificação, tendo seu conteúdo auditado na forma de quesitos obrigatórios. Ela

especifica os requisitos para que um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) capacite

uma organização para desenvolver e implementar uma política e objetivo que

considerem requisitos legais e aspectos ambientais significativos. O resultado

esperado de sua implantação é a melhoria do desempenho ambiental da

organização que a adota, o que deverá ser periodicamente revisto e avaliado.

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Assim, a norma segue os princípios do PDCA – Plan (planejar), Do (fazer), Control

(controlar) e Act (agir).

A dificuldade da adoção da norma ISO 14001 para empresas de porte médio

passa incialmente pelas barreiras de custo já abordadas no presente trabalho a

partir do artigo de Miles, Munilla e Mc.Clurg (1999), que colocam os problemas do

custo da certificação e sua manutenção como uma barreira para empresas menos

bem equipadas para enfrentar as exigências de gerenciamento, recursos de capital

e mão-de-obra. Porém, um dos pontos que tais empresas consideram, quando a

certificação não é essencial para seus negócios é a excessiva estruturação que a

ISO 14001 demanda, criando amarras procedimentais que podem desviar a

empresa de seu foco no desempenho tanto ambiental quanto de negócios. Um

certificado SGA ISO 14001 terá que contemplar o sistema de gestão, política de

meio ambiente, estrutura, responsabilidade e treinamento, observância da

regulamentação ambiental, documentação de gestão ambiental, procedimentos de

controle para operações de rotina, registros sobre a gestão ambiental, auditoria do

SGA e revisão do SGA. Embora esta estrutura essencial para uma certificação seja

plenamente justificável, ela pode agregar custos desnecessários para empresas que

não necessitem de uma certificação e necessitem controlar ou estabelecer apenas

alguns destes aspectos para ter um SGA adequado às suas necessidades, que

contemple indicadores fundamentais, obediência à legislação e alguns outros

tópicos, sem que se necessite documentação extensa, auditoria completa do

sistema ou revisão completa do mesmo. De acordo com Carvalho, Cunico e Santos

(2011) o processo de implantação da ISO 14001 promove grande e intensa

mudança na organização, o que implica em diversas dificuldades. Os problemas

mais citados nesta pesquisa são relacionados a fatores econômicos, pessoal

envolvido e processo produtivo.

Surge ainda como alternativa, caso os sistemas certificados se revelem de

difícil aplicação ou de vantagem duvidosa para as empresas médio-grandes, a

possibilidade de adesão a outros sistemas padronizados de mais fácil implantação

que podem não demandar “certificação” ou são em alguns casos certificados por

associações de classe ou indústrias. O National Environmental Education and

Training Foundation, em colaboração com o Institute of Corporate Environmental

Mentoring Edition, editou o relatório “The Emerging Role of Associations as Mentors”

(EUA, 2006) com os resultados do “Forum on Defining Environmental Excellence” de

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28 de março de 2000, contando com 8 associações e 15 programas de adesão

apresentados, englobando 769 empresas participantes. Esta tendência é confirmada

por Nash (1999) em seu trabalho “The Emergence of Trade Associations as Agents

of Environmental Performance Improvement”. Lenox e Nash (2003) afirmam que

como resultado das externalidades ambientais, um certo número de associações de

classe empresariais têm promovido a auto regulação industrial, uma forma de

associação voluntária das empresas em busca de controlar seu comportamento

coletivo. Estes autores comentavam em 2003 que tais programas de auto regulação

vinham se proliferando nos Estados Unidos da América e outros países e em geral,

estabelecendo códigos de administração ambiental e metas. Eles afirmam que a

conformidade a estes programas é condicional em firmas que se beneficiam do

esforço auto regulatório e que as empresas também buscam tal participação para

dar aos stakeholders sinais da qualidade de sua ação responsável, particularmente

quando estes stakeholders podem recompensar a empresa por tal participação na

auto-regulação ambiental. São sistemas padronizados independentes de normas

certificadoras internacionais como a ISO 14001, e a empresa que os adota deve

aderir a suas regras pré-definidas.

A existência de tais SGAs mostra que é possível buscar alternativas às

normas certificadoras internacionais e suas exigências burocráticas, levantando a

possibilidade do uso de um modelo “próprio” ou seja, desenvolvido por uma empresa

para seu uso exclusivo, não sujeito a certificação e não-padronizado com esta

mesma finalidade, já que o SGA “próprio”, assim como os padronizados por

associação de classes, consiste numa forma de auto-regulação.Diversas empresas

que decidiram evitar a ISO 14001 passaram a adotar sistemas próprios que

respondem na medida certa às suas necessidades, algumas vezes até como parte

de uma etapa para uma futura implantação da ISO 14001 e sua certificação. Estes

sistemas visam justamente focar os aspectos fundamentais do desempenho

ambiental das organizações que os adotam, mas evitando o excesso de burocracia,

controle e custos dos sistemas certificados. Pouco, porém, é discutido sobre eles. O

presente trabalho busca uma abordagem inédita ao focar a adoção de modelos

próprios de SGA como forma de alternativa das empresas para solucionar a questão

da administração de sua responsabilidade ambiental.

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No entanto, a dificuldade em pesquisar-se empresas com SGA‟s próprios

reside no fato de que elas não buscam qualquer tipo de certificação, o que em geral

não é objeto de registro ou estudo. Assim, poucas informações se consegue sobre

os resultados que as empresas que desenvolveram e adotaram tais sistemas

puderam obter com relação a seu desempenho ambiental. Estes sistemas são

desenvolvidos a partir de conceitos em geral assemelhados àqueles da ISO 14001 e

do ISE, porém adotam uma abordagem mais simples com relação à formalidade e o

controle. Propostas diversas auxiliam na formatação destes modelos próprios.

Mendonça, Schenini, Silva e Rosa (2005) citam o Modelo de Gestão Ambiental e

Responsabilidade Social de Tachizawa (2002) que considera a existência de

estratégias genéricas (do setor da Empresa) e específicas (da organização),

resultando em estratégias sociais e ambientais cujo agregado conforma as

estratégias próprias de cada organização. A FIRJAN (Federação das Indústrias do

Rio de Janeiro) editou um Manual de Indicadores Ambientais e Instrumentos de

Gestão Ambiental (SISTEMA FIRJAN, 2008) onde se destacam três dimensões de

informação: a das atividades humanas, o meio ambiente e os agentes econômicos e

ambientais.. O Ministério do Emprego e da Economia da Finlândia elaborou um

caderno de instruções contendo cinco passos em direção à apresentação de

relatórios de responsabilidade corporativa para pequenas e médias empresas

(FINLAND, 2010) apontando oito indicadores a controlar. O Ministério da Educação

Brasileiro editou o caderno “Educação Profissional” (BRASIL, 2000) Área Meio

Ambiente, destinado a definir características do profissional a área de meio

ambiente, apontando os componentes e influências do ambiente macro e micro

empresarial e o quadro de otimização econômica e ambiental em empresas.

Quanto a empresas, a Honda Motor Co. Ltd. criou seu sistema próprio em

1991 o qual se acha atualmente em processo de certificação para ISO 14001. O

sistema (HONDA, s/d) liga as atividades corporativas da Honda no desenvolvimento

de produto, compras, produção, transporte, vendas e serviços, reciclagem de

produtos e administração com seu impacto ambiental, definindo as preocupações e

iniciativas ao meio ambiente para cada uma delas. A preocupação deste sistema

inicialmente foi a obtenção do desempenho ambiental e não a certificação.

A Fiat do Brasil iniciou seu trabalho de preservação do meio ambiente a

partir do início da década de 1990 e desde então, segundo Corá e Corá (2007) já

investiu cerca de R$ 90 milhões em tecnologia e projetos para a preservação e

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melhoria do meio ambiente. A FIAT foi posteriormente certificada na ISO 14001 pelo

Bureau Veritas da Inglaterra. Seu SGA contempla seis indicadores e sua política é

composta de seis tópicos: atendimento a quesitos legais, recursos energéticos,

resíduos industriais, melhoria contínua do desempenho ambiental, desempenho

ambiental dos produtos e envolvimento dos colaboradores contratados e

subcontratados.

A adoção de SGAs “próprios” tais como os exemplificados acima, porém,

abre enormemente o leque de possibilidades de suas alternativas de formatação

face à ausência da padronização, levantando a questão de como seria possível

verificar se um determinado SGA não padronizado pode produzir os resultados

desejados e sustentáveis, uma vez que não há sistemas de auditoria e avaliação

para eles. A relevância destes pontos remete diretamente o presente trabalho a sua

questão de pesquisa, ou seja: poderão as empresas de porte médio-grande

implantar SGAs não padronizados (próprios) e não certificados que gerem

resultados de desempenho ambiental e econômico adequados e apresentem

características estruturais de boas práticas de administração ambiental ? A seguir

discute-se a justificativa deste projeto que se liga à questão de pesquisa acima,

buscando um aprofundamento maior em relação ao tema da adoção de tais tipos de

SGAs.

A discussão em torno da solução de SGA que melhor atende às

necessidades de cada empresa não pode limitar-se apenas ao interesse que elas

possam ter em simplificar ao máximo seu sistema para evitar os custos de excesso

de burocracia e controle. Para Rigoletto (2010), “é importante ressaltar que

sustentabilidade, ao invés de ser impossível de ser gerenciada, pode ser um

diferencial competitivo e gerar valor para os acionistas e a comunidade”. Mesmo que

este conceito já esteja em processo de formatação, seu significado específico

traduzido para sustentabilidade ambiental ainda não está totalmente definido. Pode

ser entendida como uma questão moral, uma exigência legal, um custo intrínseco à

atividade (mal necessário). Entretanto, pode ser interpretada como uma

oportunidade de negócios. E esta conexão entre sustentabilidade e criação de valor

deve ser feita pelos tomadores de decisão.

Com esta argumentação o autor indica que a abordagem das empresas com

relação à sustentabilidade e, em particular, ao meio ambiente, deve considerar que a

administração responsável deve buscar a oportunidade de obter benefícios

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econômicos para a empresa que gerem valor para os acionistas, mas levando em

conta que a geração de valor para a comunidade, as exigências legais e até mesmo

as questões éticas morais que movem o tema, abrangendo o interesse de todos os

stakeholders. Hart e Milstein (2004) comentam que neste contexto se coloca para as

empresas o desafio de funcionarem de modo transparente e responsável, já que

existe um grupo muito consciente que compõe o que se chama “partes interessadas”

(stakeholders).

Rigoletto (2010) ressalta o combate à poluição e seus riscos como

possibilidade de maximização de lucros citando análise de regressão múltipla que

comprova a hipótese de que a redução de emissões contribui para o melhor

desempenho financeiro no ano imediatamente seguinte a sua implantação através

da redução dos custos inerentes ao consumo de matéria-prima, descarte de

resíduos ou emissões, análise esta conduzida por Hart e Ahuja (1996) para 127 de

500 empresas da lista “Standard and Poor‟s”. De acordo com Rigoletto, alternativas

para criar valor envolvem a redução do consumo de matérias-primas, emissões e

desenvolvimento de novas tecnologias que poderão representar melhorias para a

população de baixa renda, mas minimizando impactos sobre o “capital natural”; ele

cita ainda adoção de energias limpas como modo de otimização do uso do “capital

natural” e a substituição de materiais tóxicos nos produtos e a necessidade de se

integrar eco eficiência e sustentabilidade (capacidade de perenização ou

manutenção da recorrência do que é feito hoje no futuro) nas práticas de gestão.

Para Porter (1991), uma regulamentação ambiental mais rigorosa também

têm consequências benéficas para as empresas, pois pode levar ao

desenvolvimento de tecnologias mais limpas e melhorias ambientais, tornando os

produtos mais eficientes o que é uma forma de agir de modo ambientalmente

responsável. No entanto, para Norman e Mc Donald (2004), os benefícios sociais

trazidos pelas ações de uma empresa são de difícil quantificação, o que, porém, não

se constitui em um impeditivo à prática da responsabilidade ambiental. Para

Elkington (2004) a empresa sustentável é aquela que gera lucro para os acionistas e

ao mesmo tempo protege o meio-ambiente e melhora a vida das pessoas com que

interage.

A discussão acima engloba, portanto, conceitos de administração

responsável, ecoeficiência, lucro com inclusão das necessidades de stakeholders,

uso melhor de materiais e energia, regulamentação ambiental e outros, mas não

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“elege” um sistema de gestão ambiental específico como melhor ou

necessariamente indispensável para que a empresa atinja estes padrões desejáveis.

É preciso que se recorde que a norma ISO 14001 é uma abordagem

sistemática que inicialmente data de 1996, mas o problema da gestão ambiental, a

despeito de sua rápida disseminação, coloca-se muito anteriormente a esta época e

já então havia empresas buscando proceder de forma ambientalmente responsável.

Complementarmente, nenhum SGA padronizado e certificável foi adotado

como obrigatório o que deixa a escolha da adoção da modelagem de um SGA a

critério da administração das empresas, dentro de seu melhor interesse e

necessidade. A própria ISO 14.000, com uma estrutura que conta com mais de 30

documentos, pode se tornar uma solução por demais cara e de complexa

administração, desviando o foco das empresas, que deve estar na obtenção dos

resultados e benefícios aqui elencados, para um foco meramente certificatório,

envolvendo custos de benefícios questionáveis para empresas de porte médio ou

médio-grande. Este aspecto da complexidade do sistema a ser adotado versus sua

eficácia para a empresa médio-grande torna-se, portanto, uma questão fundamental

a ser considerada quando a empresa deve optar por um sistema, remetendo a

discussão para a possibilidade da adoção de um sistema não padronizado (próprio),

não certificado como solução para se obter os benefícios pretendidos sem agregar-

se burocracia, custos e complexidade de pouca eficácia. Porém, a solução “própria”

é uma alternativa que abre uma nova questão, já que está se falando de sistemas

não padronizados: como seriam estruturados os modelos próprios de modo a levar a

empresa médio-grande a atingir os resultados esperados de um SGA? O estudo de

tais estruturas possíveis demandariam a construção de sistemas de verificação e

avaliação especificamente voltados para tais sistemas, que apresentam uma

diversidade de modelagem muito maior que os sistemas padronizados com

finalidade certificatória, mas se desconhece a existência de modelos de avaliação

que possam avaliar as características construtivas e de eficácia de tais SGA‟s,

adaptando-se a sua diversidade.

Este problema justifica a pesquisa e a discussão da adoção de SGA‟a

próprios não certificados por empresas médio-grandes, investigando suas políticas,

programas, objetivos e metas, pertinência dos indicadores, estrutura funcional,

aderência a quesitos regulatórios e boas práticas administrativas e os resultados de

desempenho ambiental e econômico produzidos pelo SGA escolhido para a

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empresa que o adota. Para tanto, será necessário construir uma metodologia

direcionada para este fim específico, a partir de um referencial teórico que indique

que pontos devem ser objeto da investigação e quais quesitos de verificação devem

constar do modelo de avaliação. A hipótese que responde à questão de pesquisa é

que as empresas médio-grandes podem gerar resultados de desempenho ambiental

e econômico adequados e mensuráveis a partir da adoção de modelos próprios, não

certificados de administração da responsabilidade ambiental.

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2 – OBJETIVO

Analisar os resultados de uma empresa médio-grande na adoção de

modelos próprios de administração ambiental.

Objetivos Específicos:

Avaliar e verificar os diversos aspectos dos SGA‟s de modelos próprios não

certificados discutindo:

Política Ambiental da empresa;

Alcance dos programas ambientais adotados;

Pertinência dos indicadores, objetivos e metas;

Estrutura funcional do sistema adotado;

Práticas de administração no âmbito do SGA adotado.

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3 – REFERENCIAL TEÓRICO

Definido o objetivo acima, torna-se necessário desenvolver um referencial

que permita construir um modelo capaz de avaliar SGA próprios, não certificados.

Os modelos de avaliação para SGA‟s certificados, como a norma ISO 14001 ou o

questionário do ISE, são na realidade modelos completos fortemente orientados

para a certificação. Assim, eles contém diretrizes que permitem avaliar tanto a

estrutura do SGA a ser auditado como as documentações e procedimentos de

cunho certificatório, de caráter comprovadamente sistemático suportados por

burocracia de controle de finalidade comprobatória das práticas do sistema.

SGAs próprios podem apresentar porem grande variedade de modelos

devido a sua falta de padronização, o que torna sua avaliação a partir de uma

comparação com sistemas padronizados inexequível. Para a avaliação de tais SGAs

a construção de uma metodologia específica deve ser desenvolvida com o emprego

de um referencial teórico ampliado e generalista, mas sem desprezar a ISO 14001

ou ISE; pelo contrário, muitos dos fundamentos que permitirão a construção de um

modelo de análise para este trabalho deverão ser extraídos tanto de referencias

diversas quanto destas normas.

Levando estes aspectos em consideração buscou-se, para a construção da

metodologia, informações em bancos de dados que indiquem:

Conceituação da sustentabilidade e que resultados principais espera-se obter de

um SGA;

O que um SGA deve conter e abranger; qual deve ser sua estrutura sistêmica;

como deve ser formatada sua política ambiental;

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Quais aspectos do desempenho ambiental são importantes medir;

Quais indicadores são importantes;

Como controlar o desempenho ambiental e buscar sua melhoria e que resultados

indicam uma implantação bem sucedida de um SGA;

A quem os resultados deste desempenho interessam;

Como deve ser o processo de treinamento e comunicação da empresa com

empregados e comunicação com os demais stakeholders.

Sustentabilidade, de acordo com Rocha, Dorresteijn e Gontijo (2005): “É a

característica que permite a um negócio a satisfação das atuais necessidades sem

comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazer as suas

necessidades.”

Este conceito implica que um SGA deverá contemplar programas e ações

que preservem recursos preciosos para a natureza e a sociedade mantendo a

operação lucrativa. De acordo com estes autores, “O homem no vermelho não

preserva o verde”. Portanto, os objetivos de eficácia ambiental deverão também

trazer eficiência econômica para a empresa. Quanto à eficiência ambiental, Miller Jr.

(2007) inclui no processo de sustentação de recursos e qualidade ambiental a

conservação da água, energia, saúde humana, prevenção da poluição do ar, manejo

de resíduos sólidos e prevenção ao desperdício de materiais. Um SGA deve

abranger estes aspectos da sustentabilidade ambiental em sua fundamentação

conceitual expressa por suas políticas e programas. Resumindo, um SGA para

promover o desenvolvimento sustentável da empresa deve gerar resultados

econômicos e promover a conservação dos recursos acima mencionados.

Neste ponto interessa aprofundar a discussão sobre a base teórica da

sustentabilidade e sua conexão com o tema do presente trabalho, já que a questão

da necessidade da administração da responsabilidade ambiental está inserida no

contexto da sustentabilidade como um todo. Hart e Milstein (2004) colocam que cada

vez mais o capitalismo global está sendo “desafiado a incluir mais partes do mundo

em sua generosidade e a proteger os sistemas naturais e as culturas das quais

depende a economia global.” Com esta afirmação os autores incluem nas

obrigações das empresas a proteção ao meio ambiente e as práticas de

responsabilidade social. A partir disto, os autores adicionam que o desenvolvimento

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sustentável é um processo para se alcançar o desenvolvimento humano de maneira

“inclusiva, interligada, igualitária, prudente e segura”, conectando a partir daí o

conceito de desenvolvimento sustentável com o de empresa sustentável como

sendo “aquela que contribui para o desenvolvimento sustentável ao gerar,

simultaneamente, benefícios econômicos, sociais e ambientais, conhecidos como os

três pilares do desenvolvimento sustentável”. Esta conexão entre empresa

sustentável e desenvolvimento sustentável apresentada por Hart e Milstein ao

mesmo tempo em que justifica a necessidade da adoção de práticas sustentáveis

pelas empresas como um desafio do capitalismo global, introduz o conceito de que a

sustentabilidade empresarial deve ser vista por diferentes ângulos, citando o

econômico, o ambiental e o social. Ao ligar fortemente desempenho social e

ambiental os autores deixam subentendido que em realidade a busca da

sustentabilidade ambiental é parte da responsabilidade social.

Outro ponto chave da questão da sustentabilidade empresarial abordado por

Hart e Milstein refere-se à motivação dos executivos para sua adoção já que alguns

a veem como questão moral e outros como exigência legal, havendo ainda algumas

empresas que tratam a sustentabilidade como oportunidade de negócios por poder

resultar em redução de custos e diminuição de riscos ou até mesmo melhoria de

rentabilidade e participação de mercado por meio da inovação. Os autores conectam

a sustentabilidade à criação de valor para o acionista por meio de estratégias e

práticas de negócio apropriadas que eles definem como “criação de valor

sustentável para a empresa”. Eles apresentam na figura 2 um modelo de criação de

valor ao acionista: O eixo vertical reflete a necessidade simultânea que a empresa

tem em manter os negócios atuais e em criar tecnologia e mercados do futuro

enquanto o eixo horizontal reflete a necessidade de se proteger suas habilidades e

potenciais organizacionais, enquanto infunde-se na empresa novas perspectivas e

conhecimentos vindos de fora. Os autores chamam a atenção para o quadrante

inferior esquerdo no tocante à redução de custo e riscos, mencionando a redução de

passivos legais e outras perdas potenciais como motivadores para a criação de

riqueza. Evidentemente, esta parte se associa à redução de riscos ambientais e

custos a que a empresa está exposta, entre outros.

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Figura 2 – Dimensões-chave do valor ao acionista

Fonte: HART, MILSTEIN; Criando Valor Sustentável, RAE Executivo, vol. 3, nº 2, maio/junho/2004

Ainda explorando o modelo da figura 2, nota-se no quadrante inferior direito

a questão da reputação e da legitimidade, que leva à inclusão dos stakeholders

externos à empresa, já que sem uma inclusão acertada dos interesses destes

stakeholders, o direito de operar da empresa pode ser questionado. Sobre o tema

stakeholders, o presente trabalho voltará a explorar maiores detalhes adiante. Neste

modelo de valor sustentável importa ainda explorar seu desdobramento no que Hart

(2006) chama conjuntos de “motivadores globais da sustentabilidade” onde são

destacados quatro no diagrama da figura 3.

Figura 3 – Modelo de valor sustentável

Fonte: HART, S.L; O Capitalismo na Encruzilhada, Bookman, São Paulo (2006)

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Notar que os motivadores internos envolvem fortemente aspectos focados

pela gestão ambiental, tais como uso de tecnologia limpa, combate à poluição,

redução de consumo de materiais e resíduos, associando estes aspectos à redução

de custos, de risco ou ainda melhor retorno corporativo, ou seja, aponta-se assim a

associação entre a gestão ambiental nas empresas e o desenvolvimento

sustentável. De fato Hart e Milstein (2004) afirmam que “a eficiência de recursos e a

prevenção de poluição são cruciais para o desenvolvimento sustentável”. Mais uma

vez na figura 3, nota-se a presença dos stakeholders no quadrante inferior direito;

sobre isto, os autores afirmam que “o desenvolvimento sustentável desafia as

empresas a funcionarem de uma maneira transparente e responsável tendo em vista

a existência de uma bem informada e ativa base de stakeholders”.

Notar que no quadrante superior direito do modelo estão os motivadores da

responsabilidade social. O modelo, portanto, apresenta a sustentabilidade como um

conceito complexo e multidimensional, onde certamente as dimensões social e

ambiental a ele se integram. Hart e Milstein (2004) se referem à sistemas de gestão

ambiental, objeto do presente trabalho, como dependentes de princípios que

fornecem uma orientação para o desenvolvimento de processos sistemáticos

voltados para a remoção de resíduos e diminuição de riscos nas operações das

empresas. Eles citam que trabalhos empíricos têm demonstrado que com um

conjunto adequado de habilidades e capacitações, tais como envolvimento de

empregados e melhorias contínuas, as empresas que perseguem o combate à

poluição e as estratégias de redução de resíduos realmente reduzem custos e

elevam lucros, lembrando que a empresa deve decidir quais ações e iniciativas deve

perseguir, bem como o melhor modo de administrá-las. Este é um argumento

favorável à adoção de SGAs adequados a cada tipo de empresa, desobrigando-as

da adoção de modelos certificados, por serem muitas vezes por demais rígidos.

Na busca da ampliação da presente base teórica, no sentido de integrar

sustentabilidade e os SGAs, encontramos também em outra obra de autoria de Hart

(1977) sua concepção dos maiores desafios à sustentabilidade incluindo poluição,

esgotamento de recursos e pobreza, o que remete diretamente à necessidade do

engajamento da empresa com as causas de preservação ambiental, conservação de

recursos e responsabilidade social. Na questão ambiental, o artigo relaciona gases

efeito estufa, uso de materiais tóxicos, locais contaminados, emissões industriais,

contaminação da água, falta de tratamento de esgoto, destruição de ecossistemas e

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outros. Quanto ao esgotamento de recursos, cita esgotamento dos materiais, falta de

reciclagem, excesso de uso de água e outros. O artigo reforça a importância da

prevenção contra a poluição, afirmando que os SGAs têm criado forte incentivo para

que as empresas desenvolvam estas capacidades. Fica assim conectada mais uma

vez a importância dos SGA‟s e das boas práticas de administração da

responsabilidade ambiental com o conceito da sustentabilidade. Indo além, o autor

afirma que sem uma estrutura (“framework”) para dar direção a tais atividades não é

possível chegar à sustentabilidade.

Outro papel essencial dos SGA‟s fica claro em outro artigo de Hart (1995)

quando de acordo com a visão baseada em recursos (RBV) apresenta o quadro 1,

ligando as capacidades estratégicas necessárias para a sustentabilidade. Nele a

prevenção da poluição está colocada em posição de destaque. O autor relaciona a

prevenção da poluição como vantagem competitiva interna e externa da empresa

quando um sistema de gestão ambiental pode responder ao questionamento público

e tacitamente resultar em maior transparência.

Quadro 1 – Visão baseada em recursos – Quadro conceitual

Capacidade Estratégica

Força motora do desempenho ambiental

Recursos-chave Vantagem

competitiva

Prevenção da Poluição

Minimização de emissões, efluentes e resíduos

Melhoria contínua Menores custos

Controle do desempenho do

produto

Minimização do custo do ciclo de vida dos produtos

Integração dos stakeholders

Prevenir entrada de concorrência

Desenvolvimento sustentável

Minimização do peso ambiental do crescimento e

desenvolvimento da empresa.

Visão compartilhada

Posição futura mais forte

Fonte: HART, S.L; A Natural Resource-Based View of the Firm, Academy of Management Review, vol. 20, nº 4, Pgs 986-1014

A base teórica buscada das três obras de Hart e da obra de Hart e Milstein

aqui apresentadas ligam, portanto, a importância da abordagem da sustentabilidade

para as empresas, a participação da sustentabilidade ambiental como pilar essencial

da sustentabilidade como um todo, em particular a social conforme já visto neste

referencial teórico, e a necessidade da existência de um SGA estruturado que

viabilize a sustentação da responsabilidade ambiental nas empresas, ponto em que

se chega ao foco do presente trabalho, que versa sobre sistemas de Gestão

Ambiental. Esta pesquisa, por questão de objetividade, fixa tal foco no estudo dos

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SGAs, evitando desviar-se para a questão da responsabilidade social, embora sejam

ambos assuntos intimamente ligados. Sucede-se, porém, que o desvio da presente

pesquisa para um tema como a responsabilidade social como um todo abriria um

leque por demais complexo de estudos que poderia inviabilizar sua conclusão e o

teste da hipótese do presente trabalho.

Os trabalhos de Hart aqui mencionados também abordam, de forma

insistente, o envolvimento e participação dos stakeholders na abordagem da

“empresa sustentável”. Neste ponto, faz-se necessário um maior aprofundamento

teórico para que se possa entender sua ligação com o processo de sustentabilidade

empresarial e como os SGAs devem tratar e até onde devem considerar os

stakeholders em sua estrutura. Faz-se necessário frisar que, da mesma forma como

esta pesquisa trata o tema da responsabilidade social, o presente trabalho foca

SGA‟s e não exclusivamente a questão dos stakeholders e, portanto, o objeto da

pesquisa são os SGA‟s, sua forma e seu funcionamento em seus vários aspectos,

inclusive, mas não somente, a parte que deve envolver os stakeholders.

Segundo Freeman (1984), o conceito de stakeholder foi originalmente

definido como “aqueles grupos sem cujo suporte a organização cessaria de existir”.

A lista de stakeholders originalmente incluía acionistas, empregados, clientes,

fornecedores, bancos e sociedade, sendo depois ampliada de modo a incluir grupos

até mesmo com interesses antagônicos aos da empresa. De todo modo, de acordo

com Freeman, a questão dos stakeholders é tradicionalmente analisada sob o

aspecto de como integrar nos negócios os objetivos sociais com os objetivos

tradicionais dos mesmos (lucro, crescimento, retorno aos acionistas, etc.).

Assim, o conceito da integração dos stakeholders está ligado ao conceito da

responsabilidade social do negócio. Sob o ponto de vista dos stakeholders, segundo

Freeman, a empresa é vista conforme a representação da figura 4.

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Figura 4 – Visão da firma pelos stakeholders

Fonte: FREEMAN, R.E.; Strategic Management: A Stakeholder Approach; Pitman Publishing Inc, Marshfield, Massachussets EUA, 1984.

Da figura 4, observa-se as influências de diferentes grupos que podem se

caracterizar de forma variada, mas todos eles afetam a vida da empresa e sua

posição competitiva futura. Desta forma, temos clientes, acionistas, fornecedores e

bancos contribuindo com recursos essenciais e empregados mantendo o

funcionamento da empresa; estes formam um grupo de contribuintes

operacionalmente indispensáveis. As autoridades formam um grupo à parte pelo seu

poder homologatório; a comunidade atua como um grupo fornecedor de recursos,

formulador de demandas e formador de opinião; mídia, ambientalistas e defensores

de consumidores são grupos que podem causar sérios danos caso se voltem contra

a empresa, demandando estratégias especiais de abordagens preventivas ou

proativas.

Firma

Grupos especiais

de interesse

Ambien- talistas

Fornece- dores

Autorida-des

Comuni-dade

Acionis-tas

Defen-sores de consumi-

dores

Clientes

Concor- rentes

Empre-gados

Mídia

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A seguir, o presente trabalho passa a discutir diversos conceitos relativos a

formas de tratamento, estratégias de relacionamento e influência de diferentes

stakeholders. Inicialmente, cumpre observar que o conhecimento da importância dos

stakeholders não é bastante para que a relação deles com a empresa seja

corretamente administrada. De acordo com Freeman, é necessária uma modelagem

adequada para cada caso e os administradores devem estar atentos às mudanças

estratégicas no ambiente de negócios que exijam mudanças conceituais de

abordagem.

Com relação à administração ambiental, de diferentes formas, todos os

stakeholders da figura 4 têm algum tipo de interesse na maneira como a empresa

conduz e trata os assuntos relativos ao meio ambiente, mas a abordagem, foco e

forma de prestação de contas precisa ser diferente para cada um deles.

Freeman apresenta 4 formas de programas para tratar com stakeholders:

programas de “mudança de regras”, programas ofensivos, programas defensivos e

programas de manutenção de status. Estes programas se ajustarão a tipos de

stakeholders com diversidades de situações e devem fazer parte da modelagem de

administração da comunicação e relacionamento a que se refere o autor. Ademais,

estes programas estratégicos demandam trabalho de monitoramento para que a

relação seja mantida sob controle.

Ao focar o desempenho e administração dos SGA‟s, a questão dos

stakeholders, porém, ultrapassa a mera questão do controle da comunicação, e um

entendimento muito claro do papel e da influência de cada um nos resultados do

SGA se faz necessário. Adiante, na avaliação dos itens componentes de um SGA o

presente trabalho faz uma separação dos stakeholders em duas categorias. A

primeira, a dos empregados, recebe um tratamento especial, pois todas as

atividades que mantém um SGA em funcionamento envolverão sempre empregados.

Sua adesão, seu treinamento, seu comprometimento e envolvimento determinarão

primariamente o desempenho ambiental da empresa. Simplesmente, não será

possível chegar a nenhum resultado se aqueles que operam coletas seletivas,

sistemas de tratamento de água, esgoto e reciclagem, sistemas de alerta de risco

ambiental e outras atividades não as executarem em conformidade com o que é

necessário ou instruído.

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Conforme discutido anteriormente, os demais grupos poderão contribuir com

recursos (clientes, bancos), licenças (autoridades), conhecimentos e serviços

(fornecedores). Além deles, há grupos interessados que podem ajudar de outras

formas (acionistas, comunidades, ONGs, etc.). Para estes grupos, se faz necessário

lançar mão, além desta base teórica generalista apresentada até aqui, de

referenciais teóricos que permitam a classificação e o planejamento do tratamento a

se dar a cada grupo, referenciais estes que apresentaremos adiante e que

possibilitarão estabelecer um modelo de Estratégias de Relacionamento descrito no

quadro 9 do anexo 1 montado a partir de uma combinação dos trabalhos de Savitz e

Weber (2007), Gravina (2008) e Hoyos Guevara, Rosini, Silva e Rodrigues (2009).

Para tais estratégias de relacionamento o presente trabalho também buscou outro

referencial teórico mais específico que permita definir ainda os veículos de

comunicação através dos quais a empresa poderá alcançar cada categoria de

stakeholder no trabalho de Hoyos Guevara, Rosini, Silva e Rodrigues (2009),

também discutido adiante.

Complementarmente importa também discutir os fundamentos da questão

da importância dos stakeholders, ligada à sustentabilidade das empresas e,

consequentemente, também a seus SGAs. A partir das diversas colocações

extraídas de Freeman (1984) e outros argumentos aqui apresentados percebe-se

que a dependência de um SGA em relação a certos tipos de stakeholders, tais como

empregados, fornecedores e autoridades pode ser muito alto, podendo seu

funcionamento ou até a operação da empresa ficar comprometida caso a gestão do

relacionamento com eles venha a falhar. Sob este ponto de vista, a visão da

integração dos stakeholders como “Estratégia de Responsabilidade Social” pode ser

até insuficiente e a necessidade do envolvimento de stakeholders pode se tornar

muito mais premente. Bancos podem negar empréstimos a empresas de grande

risco ambiental e clientes podem passar a evita-las, o que cortaria recursos

essenciais a sua sobrevivência. Acionistas temerosos de risco ambiental podem

interferir de modo danoso na administração da empresa; agências públicas de

controle ambiental podem, em vista de riscos ambientais imediatos, cancelar

licenças de operação da empresa. Assim, a sustentabilidade ambiental e a

administração de um SGA podem evoluir de uma simples visão de subsistência a

longo prazo, rentabilidade ou reputação para uma questão de sobrevivência até

imediata, em função da elevada exposição ao risco que os desvios de administração

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ambiental podem trazer. Embora óbvios, estes riscos mais imediatos são menos

abordados pela literatura da sustentabilidade, mais preocupada com uma visão

estrutural de longo prazo e a exposição à não conformidade com a lei.

Uma vez discutida a inserção dos SGAs no contexto da sustentabilidade e

sua ligação com os stakeholders, interessa agora entender, na busca da concepção

de uma metodologia para o presente trabalho, o que um SGA deve conter em sua

estrutura sistêmica. Uma consulta à norma ISO 14001 (ISO, 2004) indica os

seguintes componentes:

1º) Política Ambiental – Como deve ser sua formatação

a) apropriada às atividades, produtos e serviços;

b) comprometida com a melhoria contínua e atendimento à legislação

c) disponível ao público, documentada, comunicada;

d) comprometida com uma estrutura para análise crítica de objetivos e metas

2º) Planejamento da Empresa - conteúdo

a) Deve identificar aspectos ambientais, produtos e serviços que a empresa possa

controlar para atender às obrigações legais e outros quesitos que ela decida cumprir;

b) Objetivos e metas documentados;

c) Programas para realização dos objetivos e metas.

3º) Implementação e Operação – como fazer

a) Definir estruturas e responsabilidades de modo documentado e comunicado;

b) Definir composição da alta administração, seu representante e o reporte do

desempenho ambiental para análise crítica.

4º) Treinamento e Conscientização

a) Deve haver procedimentos para assegurar a extensão do treinamento aos

funcionários envolvidos;

b) A capacitação daqueles que desempenham tarefas que possam gerar impacto

ambiental deve ser assegurada.

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5º) Comunicação

a) A comunicação da organização com níveis internos e partes externas

interessadas deve ocorrer por força de procedimentos.

6º) Documentação do SGA e controle de documentos

a) A documentação chave do SGA deve ser descrita e o material arquivado dentro

de orientação definida;

b) Os documentos dever ser periodicamente analisados criticamente e os obsoletos

devem ser identificados e removidos.

7º) Verificação e ação corretiva

a) Deve haver procedimentos para monitoramento e medição do desempenho

ambiental;

b) Deve haver procedimentos para tratar as não conformidades e suas

correspondentes ações corretivas e preventivas de forma documentada;

c) Deve haver procedimentos para identificação, manutenção e disposição dos

registros ambientais;

d) Auditoria do SGA deverá ser periódica, determinando sua conformidade com o

planejado e verificando se está implementado e mantido.

8º) Análise crítica pela administração

a) Deverá ocorrer de modo periódico e apontar as possíveis necessidades de

mudanças nos elementos do SGA.

Num sistema não sujeito a certificação, estes quesitos poderão ser

relaxados naqueles pontos onde o excesso de controle e procedimentos são

orientados para assegurar a certificação; assim, os itens 4a, 5a, 6a, 6b, 7b e 7c são

controles e procedimentos que não impactam diretamente no resultado do

desempenho ambiental desejado de um SGA próprio não-certificado, mas os demais

parecem indispensáveis na composição da sua estrutura. Notar que o sistema ISO

não menciona stakeholders; isto ocorre, porém, no sistema do ISE, como se

constata a seguir.

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Dentro do mesmo objetivo que levou ao exame da ISO 14001 acima, o

questionário do ISE, em sua dimensão ambiental, foi examinado para as empresas

do Grupo C, o qual reúne uma ampla gama de empresas cuja classificação típica

pode abranger diversas de porte médio-grande, as quais são objeto do presente

trabalho com relação ao que deve conter um SGA. De forma resumida em suas 23

páginas o questionário indica em sua essência a necessidade de:

1º) Existência de uma política ambiental com objetivos e metas;

2º) Existência de um sistema de atribuições e responsabilidades envolvendo todos

os níveis hierárquicos;

3º) Declaração assinada pelo principal gestor ambiental da organização, indicando e

descrevendo práticas ambientais com “nível de incorporação” e indicando o

percentual dos processos onde foram implementadas, bem como as

correspondentes unidades da empresa;

4º) Indicação do percentual dos processos e atividades da organização

potencialmente ou efetivamente causadores de impactos ambientais significativos;

5º) Indicação das práticas da organização relacionadas à melhoria do desempenho

ambiental na cadeia de valor;

6º) Indicação de programas de gerenciamento dos impactos ambientais “pós-

consumo” de seus produtos;

7º) Indicação da abrangência percentual do SGA no total da produção;

8º) Indicação da disponibilidade de canais e procedimentos para tratar demandas de

stakeholders;

9º) Indicação do compromisso com a convenção das nações unidas sobre a

biodiversidade;

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10º) Indicação do desempenho ambiental no tocante à:

Conformidade legal,

Reuso de água nos diversos processos,

Condição dos efluentes líquidos,

Condição das emissões atmosféricas,

Geração de resíduos sólidos;

11º) Indicação de emissões de resíduos poluidores – controle, monitoramento e

ação preventiva de:

Poluentes orgânicos,

Metais pesados,

Substâncias destruidoras da camada de ozônio;

12º) Cobertura de seguro ambiental;

13º) Cumprimentos legais:

Área de preservação,

Reservas legais;

14º) Indicação de passivos ambientais;

15º) Requisitos e procedimentos administrativos;

16º) Indicação de processos judiciais ambientais – cível e criminal.

Destes itens, evidencia-se a importância do 1º, 2º, 8º, 10º, 11º, 14, e 15º. Os

demais se destinam a finalidades de certificação.

A análise dos tópicos da ISO 14001 e do questionário do ISE em sua

dimensão ambiental que deverão ser contemplados num SGA próprio não sujeito a

certificação e adequado a empresas médio-grandes é feita cruzando-se os conceitos

expressos nas normas acima com os fundamentos expressos em outras obras e

artigos consultados no presente trabalho. A ideia é identificar quais destes tópicos

devem ser adotados na elaboração de um SGA próprio para empresas do porte

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mencionado, por serem absolutamente indispensáveis na administração de um SGA

ou na obtenção de um desempenho ambiental satisfatório.

A adoção de cada item destas normas num SGA próprio poderá ocorrer

após o descarte de procedimentos de cunho fundamentalmente burocráticos

destinados à constituição de documentos comprobatórios que deem suporte às

certificações formais. De acordo com Corá e Corá (2007), a adoção de um SGA

implica, por conseguinte na adoção de uma política ambiental. Seu cumprimento e

conformidade após sua adoção devem ser seguidos integralmente, pois eles tornam-

se muito importantes para a estratégia organizacional. Estas autoras definem cinco

princípios para a adoção de um SGA:

Princípio 1: Uma organização deve focalizar aquilo que precisa ser feito – deve assegurar comprometimento ao SGA e definir sua política. Princípio 2: Uma organização deve formular um plano para cumprir com sua política ambiental. Princípio 3: Para uma efetiva implantação, uma organização deve desenvolver as capacidades e apoiar os mecanismos necessários para o alcance de suas políticas, objetivos e metas. Princípio 4: Uma organização deve medir, monitorar e avaliar seu desempenho ambiental. Princípio 5: Uma organização deve rever e continuamente aperfeiçoar seu sistema de gestão ambiental, com o objetivo de aprimorar seu desempenho ambiental geral. Com isto, o SGA é mais observado como uma estrutura de organização, a ser continuamente monitorada e renovada, visando fornecer orientação efetiva para as atividades ambientais de uma organização, em resposta a fatores internos e externos em alteração. Todos os membros de uma organização devem assumir a responsabilidade pela melhoria ambiental.

Assim, resumindo a colocação das autoras, um SGA deve conter uma

política, declaração do comprometimento da empresa, plano para seu cumprimento,

capacitação para alcançar políticas, objetivos e metas, medição e monitoramento do

desempenho ambiental além de sua revisão periódica e aperfeiçoamento. Estas são

inclusões indispensáveis entre aquelas que constam da Norma ISO 14001 e do

sistema do ISE. A seguir, o presente trabalho apresenta a pesquisa dos

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fundamentos que sustentam a conceituação de cada tópico de um processo de

avaliação de um SGA.

Política Ambiental

De acordo com o Philippi Jr. e Pelicioni (2005), a conceituação do “Pollution

Preventive Act” aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos da América em 1990

é um bom exemplo de política de prevenção integrada aos mecanismos da gestão

ambiental. O ato define a prevenção da poluição como

[...] um conjunto de mecanismos e incentivos que levem os sistemas de produção, os processos e práticas a reduzir ou eliminar a geração de poluentes ou dejetos na origem e no interior desse processo, e que protejam os recursos naturais por meio de conservação e uso eficiente.

Este conceito coloca o processo de produção industrial como um sistema a

ser avaliado levando em conta as perdas de matéria-prima, energia e produtos

químicos, água, entre outros. Ele usa como método de abordagem a avaliação de

todo tipo de geração de poluentes na água, ar ou solo, focando:

Não geração de poluição e perda de recursos e insumos no processo;

Prática da reciclagem;

Controle e tratamento de resíduos de todo tipo;

Disposição final.

Esta abordagem pode conter tanto elementos de política como de

programas, indicadores ou metas, mas não parece suficiente para a construção de

uma política ambiental de um SGA. Para isto se faz necessário buscar

complementarmente abordagens mais abrangentes que contemplem a

administração da responsabilidade ambiental não somente como um trabalho de

prevenção da poluição, mas também como um compromisso maior com a

sociedade, as leis e a manutenção e melhoria do sistema em si e a eficiência com

que a empresa implementa suas ações.

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Em consulta à ISO 14001, aquele tópico referente à formatação da Política

Ambiental e aqui já mencionado demanda comprometimento com a melhoria

contínua bem como atendimento à legislação, disponibilidade, documentação e

comunicação além da análise crítica de objetivo e metas. Ela é a declaração da

organização sobre suas intenções e princípios relacionados com o seu desempenho

ambiental e provê uma estrutura para ações e estabelecimento de metas e objetivos.

O sistema do ISE prevê a existência da política e seu questionário verifica:

- Se a empresa mantém objetivos estratégicos relacionados a seus compromissos;

- Se adota procedimentos para alinhar sua cadeia de valor a ela;

- Se há mecanismos de verificação do conhecimento e comprometimento do público

interno com ela;

- Se há verificação periódica da mesma por auditoria externa ou não.

No entanto, não se encontra no questionário nenhuma indicação de modelo

de formatação de uma política, assim podemos apenas depreender do questionário

que ela, de acordo com o ISE, deve ser contemplada nos objetivos estratégicos da

empresa, deve contemplar seu alinhamento com a cadeia de valores, deve ser

divulgada, ter o comprometimento do público interno e ser verificada por auditoria.

Fora do domínio das normas, para Nicolella, Marques e Skorupa (2004), a

política ambiental:

- Deve ser consubstanciada por um documento escrito;

- É uma carta de compromisso que adota valores e filosofia da empresa relativos

ao meio ambiente;

- É uma declaração de comprometimento empresarial relativo ao meio ambiente;

- Se constitui na fundação ou base do SGA;

- Contém as diretrizes básicas para a definição e revisão dos objetivos e metas

ambientais da empresa.

Kraemer (2004) afirma que um SGA é a integração de sistemas e programas

que permitam:

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- Controle e redução dos impactos ambientais;

- Uso de tecnologias apropriadas visando minimização ou eliminação dos resíduos

industriais;

- Monitoramento e avaliação de processos e parâmetros ambientais;

- Redução de riscos ao meio ambiente e às pessoas;

- Utilização de tecnologias limpas visando reduzir gastos com energia e materiais;

- Melhoria do relacionamento com comunidade e governo.

Como parte do objetivo do presente trabalho está a avaliação da política

ambiental de empresas médio-grandes com modelos próprios de administração da

responsabilidade ambiental. Tal avaliação parte do que pressupostamente deve ser

uma política bem estruturada, a partir de fundamentos construídos nesta base

teórica.

Programas

Dentro da estrutura constitutiva de um SGA, faz-se necessária a adoção de

programas específicos que alavanquem o desempenho ambiental da empresa,

focando que atividades deverão ser escolhidas para buscar o desempenho

ambiental melhorado.

Nicolella, Marques e Skorupa (2004) colocam o “Programa de Gestão

Ambiental” (que será subdividido em vários programas) como um “roteiro para

implantar e manter um SGA que permita alcançar objetivos e metas”.

A palavra “programa” utilizada aqui por esta dissertação se refere a um

elenco de conceitos e campos de atuação nos quais a empresa trabalhará e

realizará suas intervenções para buscar obter resultados ambientais.

Estes campos de atuação são permanentes e se constituem nas fontes dos

objetivos, metas e indicadores da empresa, ou seja, é “de onde deve ser obtido o

resultado” do desempenho ambiental. Algumas normas e referências bibliográficas

denominam “programa” uma forma de cronograma ou programação de trabalho, que

não é o caso da mesma denominação aqui utilizada.

Corá e Corá (2007) em seus cinco princípios para adoção de um SGA

anteriormente mencionados enunciam no princípio dois que deve haver um plano

para o cumprimento da política ambiental e que é necessário desenvolver as

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capacidades e apoiar os mecanismos necessários para o alcance das políticas,

objetivos e metas. Estas abordagens, porém carecem de uma maior especificidade,

já que é preciso definir a partir de que conceitos permanentes se definirá objetivos e

metas, ou seja, quais serão as áreas-chave onde a empresa buscará o desempenho

ambiental. Corá e Corá (2007) avaliaram o caso do Grupo Fiat; para alcançar os

princípios e diretrizes de sua política ambiental, o grupo estabeleceu programas

definidos, em número de sete, envolvendo separação e reciclagem de resíduos,

tratamento de efluentes líquidos, tratamento de poluentes, controle da poluição do ar

causada pelos veículos, “estacionamento ecológico” onde veículos elétricos

substituem os de motor a explosão e investimentos no controle ambiental. Para cada

um destes programas, então, a FIAT pode estabelecer metas, objetivos, indicadores

e medir resultados.

Estes programas se adaptaram bem ao “Caso Fiat”, mas segundo Parker,

Redmond e Simpson (2009) uma compreensão melhor das várias categorias de

pequenas e médias empresas leva a melhores políticas e um conjunto de

intervenções que resultam em melhor desempenho ambiental, ou seja, as políticas e

os programas devem ser apropriados a cada tipo de empresa, não sendo a

modelagem da Fiat uma solução que possa ser generalizada; ela presta-se apenas

a um estudo de caso onde alguns de seus modelos e conceitos podem ser adotados

por outras empresas. Young e Tilley (2006) abordam o conceito de eco eficiência

sugerindo que as soluções de negócio devem ser voltadas à sustentabilidade da

vida, restaurativas e regenerativas além de serem economicamente eficientes,

removendo impactos ambientais negativos de suas atividades. A ligação entre os

conceitos da ecoeficiência e o desenvolvimento sustentável se consubstanciou no

relatório “nosso futuro comum”, da ONU, também conhecido como “Relatório

Brundtland” (1987) e que se constituiu num marco histórico da evolução da visão

integradora entre meio ambiente, desenvolvimento social e desenvolvimento

econômico.

Rocha, Dorresteijn e Gontijo (2005) indicam que a eco eficiência visa

otimizar o uso da energia e da matéria prima para produzir benefício econômico e

ecológico com base na redução do impacto ambiental, criando oportunidades para

promover a rentabilidade e o desenvolvimento sustentável, citando entre vários

benefícios de sua busca:

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- Redução da necessidade de material para a fabricação de bens e serviços;

- Redução do uso de energia;

- Redução da emissão de gases tóxicos;

- Aumento da reciclagem de materiais;

- Otimização do uso de recursos renováveis;

- Uso de matérias-primas inovativas e de materiais residuais.

Miller Jr. (2007) aponta água, energia, risco à saúde humana, poluição do ar

e resíduos sólidos como foco de sua obra no capítulo referente à sustentação de

recursos e à sustentabilidade ambiental. Para Philippi Jr. e Pelicioni (2005),

conservação e tratamento da água, prevenção à poluição do ar, uso do solo e

disposição de resíduos sólidos e capacitação dos trabalhadores com relação ao

controle do meio ambiente (esta última ao citar a lei 9795 de 27/05/1999 que instituiu

a política nacional de educação ambiental) são citados sempre como pontos

fundamentais que ao serem contemplados no processo de educação ambiental e

sustentabilidade. Esta referência à capacitação dos trabalhadores toca na questão

da importância da gestão do conhecimento para a administração ambiental, tema em

que o presente trabalho se aprofundará adiante.

O manual da FIRJAN (2008) indica na “dimensão meio ambiente” ar, água,

sola, fauna e flora. O modelo da Honda inclui poluição do ar, resíduos, poluição do

solo e ruído. O manual do Ministério da Educação (BRASIL, 2000) relaciona água,

resíduos sólidos, ar, energia, insumos e embalagens. Para a construção da

metodologia do presente trabalho é necessário delimitar empiricamente aqueles

tópicos fundamentais de verificação, presentes nas citações da maior parte dos

autores e do material pesquisado. É possível assim, a partir deste referencial teórico,

selecionar os programas fundamentais para um SGA.

Indicadores

Antes de desenvolver a questão dos objetivos e metas, é preciso abordar os

indicadores que deverão derivar dos programas fundamentais eleitos para formar a

base teórica do presente trabalho.

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Indicadores ambientais são índices ou “réguas” que informam o resultado do

desempenho ambiental de uma organização em algum aspecto deste desempenho.

Amaral (2005) considera que os indicadores mais adequados de desempenho

ambiental são os chamados indicadores de “Eco eficiência”. São os seguintes os

indicadores mencionados por Amaral:

Ambientais Econômicos

● Consumo de Energia ● Vendas líquidas

● Consumo e qualidade da água

● Lucratividade

● Emissões atmosféricas ● Outros diversos

● Consumo de materiais

● Resíduos e sua disposição

● Unidades produzidas

● Efluentes

● Contaminação de subsolos

Na parte de emissões atmosféricas, Amaral distingue aquelas que causam

efeito estufa, que destroem a camada de ozônio e que causam chuva ácida.

Com relação aos indicadores de desempenho econômico, Amaral (2005)

distingue lucro líquido, receita, margem bruta e retorno médio do capital empregado,

entre outros. A estes pode-se adicionar o EBITDA (sigla para “earnings before

interest, taxes, depreciation and amortization” ou ganhos antes dos juros, impostos,

depreciação e amortização). Porém, a grande dificuldade em relacionar estes

indicadores ao desempenho ambiental exclusivamente é que eles podem depender

de fatores tais como economia, concorrência e mercado, os quais impediriam a visão

correta do efeito dos benefícios econômicos de um SGA sobre os negócios. Tais

benefícios tenderiam a se destacar na sustentabilidade dos negócios a longo prazo.

Auditores externos de sistemas certificados tais como a ISO 14001 para SGA‟s ou a

ISO 9000 para sistemas de gestão da qualidade incluem em suas rotinas de

auditoria a verificação do desempenho econômico das organizações auditadas em

suas entrevistas com a alta administração, mas raramente conseguem estabelecer

nexo causal entre a eficácia dos sistemas que estão auditando e os indicadores de

desempenho econômico da empresa. Assim, os indicadores que podem prover

medidas mais corretas de resultado de desempenho ambiental são aqueles

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diretamente relacionados ao tema, como consumo de energia, consumo de água,

emissões, resíduos gerados, etc.

Variantes de outros autores são encontradas, mas sempre girando em torno

desta mesma espécie de indicadores. É importante notar que o número das

quantidades totais informadas de cada indicador dividido pelo total de unidades

produzidas pela empresa resulta em indicadores unitários, cuja evolução seria a

expressão do ganho de eco eficiência.

O Manual de Indicadores ambientais da FIRJAN (2008) informa as quatro

características importantes dos indicadores ambientais: transparência, adequação,

confiabilidade e serem motivadores. Ele exemplifica os indicadores de desempenho

essenciais conforme seu aspecto:

1º) Materiais

Quantidade usada

Percentual proveniente de reciclagem

2º) Energia

Consumo de energia direta por fonte

Consumo de energia indireta por fonte

3º) Água

Retirada de água por fonte

4º) Biodiversidade

Tamanho da área dentro de áreas protegidas ou adjacente a elas

Descrição de impactos significativos na biodiversidade

5º) Emissões, Efluentes e Resíduos

Emissão direta de gases causadores do efeito estufa

Emissões de NOx e SOx

Descarte total de água, qualidade e destinação

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Peso total de resíduos por tipo e método de disposição

Quantidade de derramamentos significativos

6º) Produtos e Serviços

Iniciativas para mitigar os impactos ambientais dos produtos

Percentual dos produtos e embalagens recuperadas em relação ao total de

produtos vendidos

7º) Multas

Valor monetário das multas e sansões não monetárias

8º) Geral

Investimento total em gestão ambiental

Hart e Milstein (2004) citam consumo de matérias-primas, poluição e

geração de resíduos como “motivadores para a sustentabilidade” e citam ainda as

fontes de energia limpa.

Esses indicadores da FIRJAN e de Hart e Milstein são menos focados que

os do conceito de Amaral (2005) que pode ser considerada a melhor base conceitual

sobre indicadores dentro do material consultado. Para tornar a relação de Amaral

(2005) mais completa, seria necessário adicionar aos indicadores por ele citados

outros mais relativos aos investimentos em educação dos colaboradores e medidas

da absorção dos valores a eles transmitidos, políticas, objetivos, metas e práticas

por eles adotadas. No caso dos indicadores ainda é necessário investigar sua

evolução através do tempo como a expressão dos resultados efetivos que o SGA

está produzindo para a empresa e o meio ambiente. A existência de uma evolução

favorável de um indicador aponta a eficácia do SGA em relação àquele item

específico, e tal evolução de modo amplo precisará confrontar os resultados de

desempenho ambiental antes da adoção do SGA com aqueles mais recentes

disponíveis. Esta comparação informará os benefício total extraído do SGA pela

empresa com sua implantação.

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Objetivos e Metas

Estabelecidos os programas, a organização precisa estabelecer objetivos e

metas derivados deles. Para Nicolella, Marques e Skorupa (2004), os objetivos e

metas são o desdobramento da política ambiental e devem ser alcançados em um

determinado período de tempo. Eles devem também refletir os aspectos e impactos

ambientais significativos e relevantes para setores específicos, com

responsabilização definida de pessoas dentro da organização. Para Gravina (2008),

objetivos são propósitos determinados pela organização tendo em vista as opções

tecnológicas, os recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis (FIESP,

2007). Metas são os resultados esperados quanto ao atendimento dos objetivos

sempre que possível determinados ou estimados de modo quantitativo. Na

conceituação da ISO 14001 (ISO, 2004) meta ambiental é um “requisito detalhado

de desempenho, quantificado onde praticável, aplicável à organização ou a parte

dela, resultante dos objetivos ambientais e que necessita ser estabelecido e

alcançado, de maneira a atingir aqueles objetivos”.

A existência de objetivos e metas pressupõe a consequente medição dos

resultados do desempenho ambiental. De acordo com a conceituação da ISO 14001,

“Desempenho ambiental” consiste em resultados mensuráveis do SGA relacionados

com o controle da organização sobre os aspectos ambientais, baseados em sua

política, seus objetivos e suas metas. Também no estabelecimento de objetivos, a

organização deve considerar as obrigações legais adicionalmente aos requisitos

anteriormente mencionados.

Faz-se necessário também considerar que os objetivos e metas deverão

evoluir num processo de melhoria contínua dentro da conceituação do PDCA da

mencionada ISO 14001 (2004), e deverão em sua parte quantificável estar ligados

aos indicadores escolhidos para compor o SGA. Objetivos não quantificáveis, como

a ocorrência de eventos, implantação de equipamentos e instalações e outros

deverão ter indicações de valores investidos e datas de término quando não for

possível haver a indicação de resultado quantitativo a se obter como decorrência de

seu atingimento.

Como item em separado, mas não menos importante, deve-se tomar em

conta e discutir a adoção daquelas metas relativas ao desempenho econômico da

empresa, tema este já abordado inicialmente no tópico “indicadores” desta parte

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relativa ao referencial teórico do presente trabalho. Geralmente, as empresas médio

grandes as expressam na forma de um orçamento anual. Tal peça de planejamento

não expressa somente os resultados de lucro, EBITDA, retorno sobre ativos e outros

que expressam o desempenho econômico da empresa em si, mas incluem os

custos, recursos envolvidos, quantidades, receitas e investimentos previstos para

que seja possível que a empresa atinja tais resultados. Assim, um resultado de lucro

menor que o orçado que resulta, por exemplo, de um mercado mais desfavorável

que o previsto não significa que a empresa teve um desempenho ambiental pior

necessariamente. Um resultado positivo advindo de economias de energia,

reciclagem melhor e outros sucessos na área ambiental pode perfeitamente ser

absorvido por vendas mais baixas ou preços piores numa condição de mercado

desfavorável, e o inverso pode igualmente acontecer, ou seja, resultados financeiros

melhores obtidos com um desempenho ambiental pior. Por esta razão, os autores

mencionados no presente trabalho consideram os resultados de desempenho

econômico e suas metas como inseridos na dimensão econômica da

sustentabilidade e não na ambiental, embora ambas se inter-relacionem mas de

forma dificilmente mensurável, não se constituindo, as metas de desempenho

econômico uma medida ideal de “desempenho ambiental”.

Estrutura administrativa e responsabilidades

De acordo com a ISO 14001 (ISO, 2004), “funções, responsabilidades e

atribuições devem ser definidas, documentas e comunicadas de maneira a facilitar

um gerenciamento ambiental efetivo”. A norma menciona a existência de uma alta

administração e um representante da alta administração que assegure o

funcionamento do sistema e reporte o desempenho do mesmo à alta administração

para efeitos de análise crítica. O manual de educação profissional do Ministério da

Educação – área profissional – meio ambiente (BRASIL, 2000), porém descreve

características de conhecimento e habilidades que definem um perfil profissional do

técnico em meio ambiente, um individuo capaz de trabalhar dentro dos novos

paradigmas de desenvolvimento sustentável, capaz de levar em conta em diversas

questões os seguintes pontos, entre outros:

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Conservação de recursos naturais e proteção de “habitats”;

Minimização de resíduos e prevenção da poluição;

Uso de materiais reciclados;

Eficiência energética;

Segurança ambiental etc.

Portanto, a estrutura administrativa deve contar com pessoas de

conhecimento apropriado para auxiliar não só a alta administração como a própria

administração do SGA no dia a dia.

O questionário do ISE (BM&F BOVESPA, 2011/2012) em seu critério II –

Gestão, solicita que a empresa indique para quais níveis hierárquicos da companhia

há atribuições ambientais especificas, citando presidentes, diretores, gerentes,

coordenadores e encarregados, o que sugere que a alta administração do SGA deve

ser composta de membros que pertençam a estes níveis hierárquicos.

Corá e Corá (2007) mencionam a ISO 14001 apresentando exemplos de

responsabilidades ambientais onde presidente, diretores, gerentes e outros estão

envolvidos, e onde é citado um “Gerente do Meio Ambiente”, conforme quadro 2.

Quadro 2 – Exemplos de responsabilidades ambientais

Responsabilidades ambientais Responsável

Estabelecer a orientação geral Presidente, Executivo Principal, Diretoria

Desenvolver a política ambiental Presidente, Executivo, Gerente de Meio Ambiente

Desenvolver objetivos, metas e programas ambientais

Gerentes envolvidos

Monitorar desempenho global do SGA Gerente do meio ambiente

Assegurar o cumprimento dos regulamentos Gerente Operacional

Assegurar melhoria contínua Todos os gerentes

Identificar as expectativas dos clientes Pessoal de Vendas e de Marketing

Identificar as expectativas dos fornecedores Pessoal de Compras e de Contratação

Desenvolver e manter procedimentos contábeis Gerentes financeiros e contábeis

Cumprir os procedimentos definidos Todo o pessoal

Fonte: NBR ISO 14001, 2004. Disponível em http/www.ambientebrasil.com.br; acesso em 10/07/2013.

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51

Auditoria

Parker, Redmond e Simpson (2009) afirmam que a auditoria é efetiva

quando identifica benefícios de curto prazo, é executada por parceiros confiáveis,

seu papel é comunicado previamente e sua abordagem é polida, educada e é efetiva

ao máximo quando é orientada para o meio ambiente e para as vantagens trazidas

para o negócio. Para Morrow e Rondinelli (2002), a inclusão de uma auditoria de

terceiros faz com que os empregados tomem a sério o SGA.

Pesquisa feita pela FIESC (Federação das Indústrias do Estado de Santa

Catarina) em 2.000 empresas no ano de 2005 revelou que 52.5% das empresas

grandes pesquisadas adotam a auditoria externa, enquanto apenas 16,7% das

pequenas e médias empresas a adotam. No entanto, 72.9% destas adotem

programas de reciclagem e 41,7% programas de produção limpa conforme

Alperstedt, Quintella e Souza (2010). Tais dados tornam claro que o intento das

pequenas e médias empresas ao agir assim é evitar o custo da burocracia dos

sistemas certificados e da auditoria externa. Nos SGA próprios, a adoção de uma

auditoria externa seria difícil pois as entidades que as realizam necessitam de regras

pré-estabelecidas para auditores treinados, o que inexiste para os sistemas próprios.

Assim, a viabilização de uma auditoria para sistemas próprios seria possível em

termos práticos apenas na forma de auditoria interna.

De acordo com a ISO 14001, a auditoria de um SGA deve ter definidos(as):

Atividades e áreas a serem auditadas;

Frequência das auditorias;

Responsabilidades associadas com a organização e a condução das auditorias;

Comunicação das constatações;

Capacitação do auditor;

Modo e sua condução.

Ainda segundo esta norma, elas podem ser internas ou externas, mas

necessitam ser imparciais e objetivas. Assim, para auditar um SGA não certificado, é

possível fazer uso apenas da auditoria interna, enquanto um certificado só pode ser

validado por um órgão certificador externo.

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Relatórios, monitoramento e medição

Nicolella, Marques e Skorupa (2004) indicam que um SGA deve prever as

ações de monitoramento e controle. Monitoramento significa acompanhar a evolução

dos indicadores ao passo que o controle implica em manter o processo dentro dos

limites pré-estabelecidos. Os processos ambientais significativos devem ter suas

características medidas periodicamente e seus resultados comparados com os

padrões esperados e/ou os padrões legais. As medições devem ser apresentadas

em documentação apropriada. Gravina (2008) cita o estabelecimento de

procedimentos documentados daquelas operações da organização que estejam

associadas aos aspectos ambientais significativos de modo a implementar o controle

operacional do SGA diminuindo a possibilidade de ocorrência de desvios em relação

à política, metas e objetivos ambientais.

Empregados: comunicação, treinamento e disseminação das práticas ambientais

Kraemer (2004) cita Hodja (1998) ao afirmar que a gestão ambiental exige

treinamento, conscientização e competência dos empregados envolvidos, no sentido

de aproveitar o máximo da potencialidade da empresa, além de fazê-los sentir-se

melhor por estarem associados a uma empresa ambientalmente responsável, o que

dá subsídios para assegurar a continuidade no emprego de seus funcionários.

Schaltegger, Ludeke-Freund e Hansen (2011) afirmam que um dos “core drivers”

(motores fundamentais) da sustentabilidade dos negócios é a atratividade como

empregador, que resulta em ganho de qualidade das atividades, recursos e

parcerias. Portanto, a junção destes conceitos estabelece uma relação entre o

empregado capaz, treinado, motivado e conscientizado e o desempenho da

empresa, incluindo o ambiental.

Para Nicolella, Marques e Skorupa (2004), o esforço de treinamento,

conscientização, comunicação e desenvolvimento das competências necessárias

para a operação de um SGA devem ser obtidos a partir de procedimentos

estabelecidos pela empresa. Estes autores relacionam alguns dos detalhes ligados a

cada um destes tópicos.

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1º) Itens de conscientização a serem trabalhados

Importância e responsabilidade em atingir a conformidade com a política

ambiental;

Avaliação de impactos ambientais significativos;

Benefícios ao meio ambiente resultantes da melhoria do desempenho pessoal;

Consequência da inobservância dos procedimentos operacionais;

2º) Treinamento

Identificar empregados cujas atividades possam provocar impactos significativos

sobre o meio ambiente;

3º) Comunicação (válido também para outros stakeholders)

Criação de canais de comunicação organizacional e técnica entre os vários níveis

e funções dentro da organização;

Identificar o tipo de divulgação que pode ter impacto positivo sobre atitudes das

pessoas e imagem da instituição;

Selecionar canais e veículos favoráveis, deixando clara a intenção de

periodicidade da comunicação.

Um outro ponto que requer análise com relação a este tópico diz respeito às

práticas de gestão do conhecimento em assuntos relacionados com a administração

da responsabilidade ambiental. Scherer (1998) corrobora com esta ideia ao afirmar

que “o modelo de gestão como o da norma ISO 14001 assume a aprendizagem

como fator crítico da manutenção do sistema de gestão”. Rocha (1996) indica que a

intervenção de agentes externos, tais como consultores e outros é necessária mas

deve ser usada como facilitadora do processo de aprendizagem, sem gerar

dependências e que as atividades de consultoria devem ser acompanhadas da

formação de recursos humanos da organização. Zabot e Silva (2002) entendem que

a importância de inserir o processo de qualificação profissional a partir de uma

perspectiva sustentável precisa ter um foco não apenas tecnicista e instrumental,

mas também generalista. Estas referências corroboram a importância de uma gestão

do conhecimento eficaz e voltada para seus vários aspectos como fator de sucesso

de um SGA. Por outro lado, Carvalho (2012) coloca que a gestão estratégica tem

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uma dimensão interna e uma externa, esta voltada para a interação com entidades

fora da empresa, fatores a serem gerenciados para o sucesso do SGA; Nonaka e

Takeuchi (1997) propõem uma modelagem para transformar o conhecimento tácito

(do funcionário) em explícito (formalizado), fator essencial no sucesso do SGA, já

que todo o conhecimento e trabalho a ser realizado será feito pelas pessoas da

organização.

A reunião destes conceitos relativos às necessidades de treinamento

visando a qualificação das pessoas para a sua atuação dentro de um SGA e as

abordagens da gestão do conhecimento assumem grande relevância no que diz

respeito à obtenção do desempenho ambiental. As ações de reciclagem, coleta

seletiva, desenvolvimento e implantação de projetos de conservação de energia,

otimização de uso de materiais, controle de qualidade de águas servidas e volume

de emissões, entre outras, são executadas por pessoas; estas pessoas para

levarem a cabo estas ações, necessitam de conhecimentos e habilidades

específicas que precisam ser capturadas e transmitidas a todos os níveis

necessários dentro da organização. Portanto, a partir deste raciocínio, evidencia-se

a conexão lógica entre a necessidade de programas próprios voltados para o

treinamento das pessoas, seu envolvimento, os processos de gestão do

conhecimento relativo à matéria ambiental e o desempenho ambiental das

empresas.

Hart e Milstein (2004) afirmam que os resultados econômicos e ambientais

positivos são abordados por estudos empíricos que os ligam a “um conjunto

adequado de habilidades e capacitações como envolvimento de empregados e

melhorias contínuas”, confirmando a importância deste tópico para o sucesso dos

SGAs, e o caráter essencial de sua participação no funcionamento dos mesmos.

Comunicação com demais stakeholders

Um dos temas mais explorados pelas publicações envolvendo o assunto

“sustentabilidade” é a questão do envolvimento dos stakeholders. Para Almeida

(2007), as empresas engajam stakeholders por muitas e diferentes razões, algumas

“proativas” e outras “defensivas” e as expectativas de ambos os lados diferem. O

engajamento de stakeholders, segundo Almeida (2007), “é o processo de envolver

os diversos grupos sociais nas atividades da empresa, em busca de mais

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compreensão mútua e interação”. Neste processo, o mencionado autor indica que

“esclarecer as expectativas de todos é um primeiro passo essencial”. A ideia geral

não é mais que a empresa apenas informe o público sobre suas operações, mas

que “envolva ativamente seus „stakeholders‟ por meio de mecanismos de informação

e consulta”. A importância dos stakeholders no processo de busca da

sustentabilidade empresarial, bem como sua influência na empresa e a razão de sua

inclusão já foi amplamente abordada no presente trabalho a partir da obra de

Freeman (1984) e outras no início desta discussão do referencial teórico, sob seus

vários aspectos. Como stakeholders diversos representam interesses diferentes, o

esclarecimento das expectativas não é possível sem se saber quais stakeholders a

empresa está focando e que tipo de comunicação ou envolvimento planeja para

eles. De acordo com Almeida (2007), “mapear os stakeholders é o primeiro passo

para formular uma política de relacionamento com eles”.

Almeida (2007) define uma lista de 13 stakeholders mais comuns. Freeman

(1984), na figura 4, define 11 tipos. Destas listas, nos interessa extrair aqueles que

a empresa média-grande busca mais fortemente alcançar: clientes, autoridades,

funcionários, acionistas, fornecedores e bancos. Savitz e Weber (2007) classificam

stakeholders em três categorias:

Externos sem ligação direta com a empresa: são órgãos de governo, membros de

comunidades, mídia, etc.

Internos: são empregados, gestores, acionistas, etc.

Externos com ligação direta com a empresa: são clientes, fornecedores, bancos,

seguradoras, etc.

Esta classificação é muito importante na definição do tipo de envolvimento e

forma comunicação empregar para cada uma destas categorias. Savitz e Weber

(2007, p.187) elaboraram um modelo, a “Grade de influências” (figura 5) indicando o

tipo de estratégia para o relacionamento com cada stakeholder.

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Figura 5 – Grade de influências

Alto - Empregados - Grupos de Negócios Capacitar Formar parcerias - Comunidade - Concorrentes Apoio - Ambientalistas Monitorar Envolver Baixo Baixa Alta Influência

Fonte: SAVITZ, A.W; WEBER, K; A Empresa Sustentável. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

Nem sempre esta matriz é fácil de ser aplicada. No caso das autoridades,

por exemplo, a base de apoio sendo baixa e a influência alta, o envolvimento deve

ser conduzido de modo muito cuidadoso.

Freeman (1984), em particular, apresenta um diagrama de blocos,

“Stakeholder Strategy Formulation Process”, propondo uma forma de se chegar a

um programa de integração de stakeholders descrito na figura 6. Conforme aqui já

mencionado, numa tentativa de classificação dos stakeholders extraídos da lista de

Almeida (2007) da obra de Freeman (1984), Gravina (2008), Hoyos Guevara, Rosini,

Silva e Rodrigues (2009) e da classificação de Savitz e Weber (2007), é possível

montar empiricamente um quadro de estratégias de relacionamento, conforme o

Quadro 9 do anexo 1, que compõe parte da metodologia de análise a ser proposta

para esta pesquisa.

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57

Figura 6 – Processo para formulação de estratégias para stakeholders

- Comportamento atual - Objetivos - Comportamentos

- Potencial de - Stakeholders comuns

Cooperação - Crenças - Interesses comuns

- Ameaças de competidores

- Ofensiva

- Defensiva

- Mudança de regras

- De manutenção

Fonte: FREEMAN, R.E; Strategic Management – A Stakeholder Approach, Pitman Publishing Inc. Marshfield, Massachussets, EUA, 1984.

Análise do

comportamento

de cada

stakeholder

Análise do

comportamento

de cada

stakeholder

Análise do

comportamento

de cada

stakeholder

Estratégias Genéricas

(identificação das forças

estratégicas)

Planos específicos para cada

stakeholder

Programa Geral de integração de

stakeholders

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Definidos os stakeholders chave e as respectivas estratégias de abordagem

é necessário definir os meios ou veículos pelos quais a empresa os alcançará.

Com relação aos empregados, Hoyos Guevara, Rosini, Silva e Rodrigues (2009)

ressaltam a realização de eventos, cursos e palestras que informem pessoas como

extremamente importantes para possibilitar a disseminação dos conhecimentos,

sensibilização e criação de envolvimento de todos.

Para os stakeholders que têm como foco indicado o da comunicação (clientes,

acionistas, empregados e bancos), Hoyos Guevara, Rosini, Silva e Rodrigues (2009)

citam mecanismos, tais como: relatórios de sustentabilidade, balanços sociais e

ambientais, diálogo com as partes interessadas e até mesmo formas de “press

release”.

Gravina (2008) cita como parte do roteiro da FIESP (2007) a determinação,

implementação e documentação de procedimentos para comunicação interna às

partes interessadas sobre os aspectos ambientais e o SGA da organização, além da

decisão documentada sobre se e como a organização vai providenciar a

comunicação externa.

Igualmente, Freeman (1984) apresenta em diversos pontos de sua obra

considerações sobre abordagens de comunicação com stakeholders. O vasto

material encontrado sobre o assunto pode também levar uma perda de foco na

construção da metodologia de análise da presente pesquisa, o que justifica porque

este estudo buscou então sintetizar a partir de todo o referencial teórico aqui

consultado, um resumo empírico de Estratégias de Relacionamento apresentado no

anexo 1, quadro 9, já anteriormente mencionado.

Revisão e análise crítica

Nicolella, Marques e Skorupa (2004) dão diretrizes para a análise crítica do

SGA, a ser feita após a auditoria ambiental. Para estes autores, “possíveis

mudanças nos cenários interno e externo, novas pressões de mercado e tendências

do ambiente externo à empresa”, além do compromisso de melhoria contínua do

SGA devem orientar a alta administração no trabalho de análise crítica; ainda de

acordo com estes autores, no processo de análise crítica devem ser identificadas as

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necessidades de alterações na política, objetivos, metas e outros elementos do

sistema.

De acordo com a ISO 14001 (ISO, 2004), a análise crítica deverá ser feita

em intervalos regulares e com base nos objetivos que foram definidos. Ela deve

levar em conta resultados de auditorias, o sucesso dos resultados efetivos obtidos e

confrontados com objetivos e metas, possíveis adequações do sistema e

preocupações dos stakeholders, devendo o processo de análise crítica ser

documentado.

Ao considerar-se a análise crítica de um SGA próprio não certificado, o foco

da alta administração deverá estar nos resultados ambientais e nas propostas de

mudanças no sistema, objetivos, metas ou indicadores e stakeholders.

Também é fundamental a verificação da situação de “compliance”

(conformidade) da empresa com a legislação ambiental e seu resultado deve ser a

deliberação de ações e mudanças relativas aos pontos acima discutidos, as quais

necessitam estar registradas em ata devidamente distribuídas àqueles interessados

e que deverão implementar as ações deliberadas.

Esta sequência evita o envolvimento da alta administração com temas de

cunho burocrático ou meramente certificatório (o que normalmente ocorre com

SGA‟s certificados), mantendo o foco dos administradores no resultado e no

monitoramento efetivo do desempenho do SGA.

Manual do SGA

A norma ISO 14001 (ISO, 2004) trata de documentação ambiental, incluindo

informação de processos, organogramas e responsabilidades, normas internas e

procedimentos operacionais além de planos de emergência do local. Além disto, ela

prevê a necessidade de controle de documentos de forma a viabilizar o efetivo

funcionamento do SGA. Também prevê a manutenção de registros diversos.

Não há qualquer obrigação de se manter um manual específico, mas sua

existência é praticamente indispensável mesmo para o funcionamento de um SGA

próprio não certificado, pois sob o ponto de vista prático, fica difícil gerenciar um

SGA sem que tais normas, documentos e informações fiquem agrupados em um

compêndio que chamaremos no presente trabalho de “manual”. Sua existência

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facilita consultas técnicas, processos de análise crítica, processos de auditoria e

outras atividades.

Como requisitos mínimos de conteúdo de um manual de SGA próprio não

certificado, espera-se que o mesmo seja capaz de prover aos que o consultam as

informações fundamentais que permitam o exercício da gestão do sistema.

Componentes permanentes do SGA como a política e os programas, assim como

sua estrutura funcional – organização, responsabilidades, processos também são

indispensáveis. O processo relativo à identificação dos resultados de desempenho –

objetivos, metas, indicadores e relatórios devem fazer parte de seu conteúdo, além

dos processos de gestão do conhecimento, no mínimo no tocante a comunicação e

treinamento.

O manual, mais as evidências objetivas das práticas de responsabilidade

ambiental constituem-se na comprovação da existência de um SGA em

funcionamento. Por se tratar de um documento de orientação e consulta, sua

atualização deve ser assegurada e sua distribuição precisa alcançar os atores

fundamentais do processo de administração do SGA nos seus níveis de

responsabilidade mais alto.

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4 – METODOLOGIA

Na busca dos objetivos e da confirmação da hipótese de pesquisa do presente

trabalho, é necessário considerar-se que para tal, nas grandes linhas, será necessário

avaliar:

- Resultados ambientais obtidos por empresas que adotam SGAs próprios, não-

certificados. Tal avaliação deriva da análise dos resultados apontados pelos indicadores

de que o SGA se utiliza para medir o desempenho ambiental da organização em seus

diversos aspectos – consumo de recursos, aderência à exigências legais e outros

pontos considerados relevantes.

- Estrutura administrativa adotada pelo SGA: ela deve ser correspondente às boas

práticas de gestão ambiental e as evidências de que a empresa utiliza de modo

sistemático e os componentes de tal estrutura precisam ser comprovados. Excelentes

resultados de desempenho ambiental obtidos pontualmente podem não ser sustentáveis

ao longo do tempo sem uma estrutura administrativa de SGA sólida que permita a

continuidade das boas práticas e dos controles e esforços que levam a organização a

obtê-los, portanto bons resultados sem uma estrutura administrativa robusta levariam a

uma confirmação questionável da hipótese de pesquisa.

A metodologia deve constituir-se em um sistema de avaliação que permita a

captura e a análise das informações acima para SGAs próprios e não certificados. Sua

construção se baseia no raciocínio de que uma metodologia adotada para avaliação de

tais tipos de SGA deve ser um processo que compare os componentes de SGAs

próprios com a conceituação obtida pelo referencial teórico sobre indicadores,

resultados, estrutura administrativa e sua aplicação pelas empresas. Tal construção

inicia-se pela definição dos componentes de verificação a extrair-se do mencionado

referencial teórico. Ele contém não só informações que permitem identificá-los como

também que tipos de resultados um SGA deverá produzir e que indicadores poderão

medi-los. Esta escolha de componentes é, portanto, um processo de seleção e síntese

de toda a fundamentação teórica obtida. Para que o trabalho de teste da hipótese seja

exequível, a tal escolha deverá manter foco especificamente em componentes

imprescindíveis de sistemas de administração ambiental, evitando um excessivo

alargamento do campo de estudo para outros tópicos da sustentabilidade, tais como a

sustentabilidade econômico-financeira, a responsabilidade social ou a governança

corporativa. Esta disciplina metodológica é fundamental para o sucesso da presente

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pesquisa, já que o risco de alargamento do campo de estudo resulta de constatação, a

partir do próprio referencial teórico e da introdução desta dissertação, de que na

verdade os componentes da sustentabilidade se inter-relacionam, ficando fácil confundi-

los. Assim, a sustentabilidade ambiental é uma abordagem de responsabilidade social, a

governança corporativa é de certo modo uma forma de sustentabilidade econômica por

garantir o controle da empresa, e sucesso de um SGA também é uma forma de se

alcançar sustentabilidade econômica ao mitigar riscos e reduzir custos.

Levada em conta esta importante consideração da manutenção do foco sobre a

questão da administração da responsabilidade ambiental a construção da metodologia

inicia-se, portanto, retornando-se ao referencial teórico, e extraindo-se dali um

grupamento de componentes essenciais a um SGA que forma uma relação sintetizada

de 11 itens conforme o quadro 3.

Porém, como verificar se modelos próprios não certificados podem produzir

resultados de modo a testar a hipótese de pesquisa do presente estudo? Como existe

uma larga diversidade de SGA‟s próprios a melhor solução seria buscar um SGA próprio

não certificado em funcionamento e a ele aplicar um sistema de avaliação que leve em

consideração dos componentes selecionados no quadro 3.

A solução para este problema é a adoção de um estudo de caso. Esta

abordagem possibilita não só a comparação dos componentes do SGA do caso (política,

programas, metas, indicadores, etc.) como a verificação dos resultados ambientais reais

que ele está produzindo.

Para tanto, a presente investigação se utilizará de um estudo holístico (unidade

única de análise), justificado por tratar-se de caso “representativo” ou “típico” de acordo

com Yin (2010). A empresa selecionada foi a Impacta S/A Indústria e Comércio,

localizada em Cajamar, Estado de São Paulo, doravante denominada “Impacta”,

empresa produtora de Embalagens Metálicas e Plásticas de origem suíça fundada em

1949, com faturamento bruto em 2013 de R$ 290 milhões, com 580 empregados e

fornecedora das áreas cosmética e farmacêutica. A empresa é consumidora de água de

processo, lança na atmosfera vapores residuais de processo de impressão litográfica,

possui 5 MW de potência contratada junto à concessionária de energia local e consome

mais de 350 mil metros cúbicos de gás natural por mês, sendo consumidora de cerca de

1000 toneladas mensais de alumínio primário e 100 toneladas de resinas plásticas.

Utiliza cerca de 8 metros cúbicos de água por hora extraída de seu próprio solo a partir

de poços artesianos e lança cerca de 3000 metros cúbicos de efluentes líquidos tratados

por mês no Ribeirão dos Cristais, que passa nos fundos de sua propriedade.

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64

Em 2010 a administração da empresa decidiu desenvolver um programa de

administração da responsabilidade ambiental próprio e contratou uma consultoria

externa, a “Valor Ambiental”, para auxiliar nos trabalhos. O sistema foi então

projetado e depois implantado em junho de 2011 e seu desempenho tem sido

medido mensalmente desde então através de vários indicadores. Em dezembro de

2011, a Impacta após concluir a construção de uma planta industrial na propriedade,

obteve licença de operação da CETESB condicionada à manutenção em

funcionamento de tal sistema, conforme exigência número 13 de sua licença de

operação emitida em 9/11/2011, apontada em seta no anexo 2 e atualmente em

processo de revalidação sem exigências complementares quanto ao SGA numa

demonstração de que aquele órgão entende que o sistema implantado está

adequado e que contribui para um melhor desempenho ambiental da empresa.

De acordo com Yin (2010), definimos o sistema acima em funcionamento na

Impacta como a “unidade de análise” deste estudo de caso. O funcionamento do

SGA da Impacta e os resultados por ele produzidos deverão ser confrontados com

os fundamentos apresentados no quadro 3, por meio de metodologia adequada,

para cada componente do sistema, propiciando verificar se sua montagem,

estratégias e resultados respondem satisfatoriamente a um detalhamento maior

desenvolvido a partir de tal quadro. O SGA da Impacta possibilita esta análise, pois

conta com política escrita, indicadores, programas permanentes, sistema de

relatórios, auditoria interna, manual e se utiliza de alguns veículos de comunicação

sistemáticos para alcançar empregados e acionistas. A metodologia desenvolvida

para o presente estudo sistematiza a análise e coloca sobre ela um “olhar externo”

que permite ao autor desta dissertação sair da posição de ator do sistema para olhá-

lo com uma visão crítica capaz de enxergar tanto seus pontos fortes como suas

lacunas e deficiências.

Em termos práticos, são necessários dois complementos construtivos

essenciais a se adicionar ao quadro 3 para concluir a construção do sistema de

avaliação, uma vez que a simples existência de uma política, alguns programas,

relatórios, indicadores e outros componentes conforme apresenta o mencionado

quadro não conferem necessariamente ao SGA atributos de qualidade que permitam

à empresa alcançar resultados de melhoria de desempenho ambiental ou estar em

consonância com boas práticas administrativas de gestão ambiental. Portanto, cada

um dos tópicos do mencionado quadro precisa, com base no referencial teórico

consultado, ser dissociado em diversos quesitos que deverão ser buscados no caso

em estudo de modo a permitir o teste da hipótese. Estes quesitos permitirão a

efetiva confrontação das práticas da empresa estudada com aquilo que o referencial

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65

teórico indica para as boas práticas e a avaliação dos resultados de desempenho

ambiental que ela está obtendo.

O anexo 1 contém, para cada uma dos onze componentes de SGA

apresentados no quadro 3, seus elementos de detalhamento. A forma prática de

testar a hipótese será, portanto, uma confrontação direta do SGA em estudo com

cada componente do anexo 1, que chamaremos de “Lista de Verificação”. A

aplicação desta lista a um SGA é, portanto, análoga aos “check-lists” utilizados por

auditores externos para validação de sistemas certificados, com a diferença que,

neste estudo de caso não buscamos a conformidade com todos os itens da

verificação nem o detalhe de práticas burocráticas com fim certificatório, mas sim o

exame da estrutura do SGA e os resultados obtidos. Um SGA próprio mesmo que

apresente apenas parcialmente aderência a todos os itens da lista, mas que indique

que a empresa adota boas e continuadas práticas de administração ambiental e que

está obtendo delas resultados adequados de desempenho ambiental confirmará a

hipótese de pesquisa.

Serão levantados no caso em estudo,políticas, programas, indicadores,

objetivos e metas, estrutura administrativa, sistema de auditoria, controles,

processos de treinamento e engajamento de colaboradores, processos de

comunicação com stakeholders, evidências de práticas de análise crítica pela alta

administração e manual do SGA da empresa investigada. No caso de práticas de

controle, auditoria, treinamento, comunicação e análise crítica será necessário

buscar as evidências objetivas de sua aplicação pela empresa.

Na questão do desempenho, o levantamento dos indicadores deverá ser

seguido de seus resultados comparando-se o desempenho ambiental da empresa

anterior à implantação de seu SGA com os dados mais recentes disponíveis. A

evidência da eficácia do SGA investigado precisará se confirmar na evolução

favorável do desempenho ambiental da empresa ao longo do tempo desde a

implantação do SGA. Resultados totais e unitários de consumo de recursos hídricos

e energéticos, de geração e disposição de resíduos, de eficiência no uso de

materiais e reciclagem e manejo correto de resíduos, efluentes e emissões, bem

como a conformidade da empresa com as exigências legais na área de meio

ambiente são características essenciais do resultado do desempenho ambiental

proporcionado por um SGA de acordo com o referencial teórico deste trabalho.

Estes levantamentos deverão ser reunidos para uma análise conjunta, já

que, em face da diversidade dos indicadores a serem examinados, eles

apresentarão resultados variados para cada tópico de verificação. A avaliação

conjunta destes resultados deverá ser tabulada de um modo que se possa ter uma

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66

visão de como o SGA está funcionando como um todo, e que resultados produziu. A

eficácia e a conformidade do SGA com a metodologia adotada, embora avaliada no

seu todo não poderá desprezar aspectos particulares relevantes favoráveis e

desfavoráveis do SGA estudado e suas lacunas e pontos fortes, os quais deverão

estar apontados em uma síntese conclusiva final. A confirmação ou não da hipótese

de pesquisa, portanto, se baseará na mencionada avaliação do conjunto das

informações apuradas e também da importância relativa, para a verificação da

hipótese, de cada informação coletada, já que algumas podem contribuir mais

fortemente que outras para a obtenção de uma conclusão geral. Não é necessário

que o sistema seja capaz de satisfazer 100% dos quesitos de verificação ou que os

resultados de desempenho ambiental evoluam em 100% dos indicadores, pois trata-

se de um processo final de avaliação de consistência geral do SGA investigado por

meio de um trabalho de síntese.

A ferramenta de reunião das informações a serem extraídas nos trabalhos

de levantamento de dados consiste na apresentação conjunta dos resultados

apurados em um único painel com a finalidade de se poder avaliar o SGA estudado

como um todo. O quadro 4 apresenta um sistema de síntese que permite tal

avaliação; além da verificação da aderência às boas práticas de administração

ambiental para cada um dos itens do quadro 3 (do qual deriva o anexo 1), ele

também inclui a avaliação dos resultados práticos do desempenho ambiental da

empresa. Ainda, de forma análoga à recomendação de Freeman (1984) com relação

às estratégias a serem adotadas para relação com diferentes stakeholders, o quadro

4 permite, com base nos resultados ali tabulados, que se sugira estratégias

defensivas de manutenção ou de ação para cada item de verificação, chegando

assim a um resumo de fácil compreensão e que poderá auxiliar a alta administração

da empresa na melhoria da administração de seu SGA e possibilita a realização do

teste da hipótese deste trabalho. Ele auxilia a conclusão final mas não dispensa na

etapa de conclusão a avaliação em separado de dados de destaque que podem não

ser diretamente visíveis em sua formatação, considerando-se a mencionada

diferença de importância entre as diversas informações colhidas, o que força este

estudo a ponderar de modo generalista e qualitativo todas as informações apuradas.

Diagramaticamente, o fluxo completo de análise do presente estudo pode

ser resumido conforme a estrutura de blocos representada na figura 7, onde síntese

do referencial, lista prática de verificação, quadro diagnóstico, ponderação das

informações mais relevantes e um estudo de caso de SGA próprio vem a compor um

sistema de avaliação de SGAs próprios capaz de testar a hipótese de pesquisa.

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67

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68

Figura 7 – Diagrama de blocos -

Construção e aplicação do fluxo da análise do presente estudo

Síntese do

componentes

de um SGA

(quadro 3)

Referencial Teórico

Lista prática de

verificação para

teste da

hipótese em

estudo de caso

(anexo 1)

Escolha de caso de

SGA próprio

Estudo de caso

Síntese do processo de avaliação

(quadro 4)

Figura elaborada pelo autor

Ponderação de

dados e

informações

mais relevantes

Verificação da

hipótese de

pesquisa

FLUXO DA

ANÁLISE

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5 – RESULTADOS DA PESQUISA E ANÁLISE

Esta etapa consiste na verificação para cada um dos componentes do anexo

1, de como o SGA da Impacta se situa ao ser comparado com a formatação indicada

para cada um deles e a análise dos resultados do desempenho ambiental da

empresa onde pertinente. Completando este processo de análise, em observância à

metodologia estipulada, estes resultados serão discutidos na fase de conclusão

após serem reunidos num quadro diagnóstico conforme o modelo do quadro 4, para

que se chegue a uma síntese final deste trabalho.

Segue-se então o processo de aplicação do método proposto para cada um

destes onze elementos fundamentais do SGA, iniciando-se pela sequência do anexo

1.

5.1 POLÍTICA

A Impacta, após discussão que envolveu seu pessoal interno e a empresa

de consultoria contratada, desenvolveu a política ambiental conforme segue-se:

É a Política Ambiental da Impacta S/A realizar suas atividades de forma responsável através: - Do cumprimento da legislação e dos requisitos legais aplicáveis às suas atividades e produto, - Da prevenção da poluição e da degradação ambiental, - Da qualificação e do engajamento dos colaboradores e de sua adequada divulgação, - Do uso racional e sustentável de recursos, - Do controle e da melhoria contínua do desempenho ambiental através de programas específicos e metas mensuráveis.

Esta política foi documentada no “Manual de Responsabilidade Ambiental”,

doravante denominado “manual”, que a empresa montou e mantém disponível para

consultas. Se confrontada com os 6 quesitos estabelecidos para avaliação de

política ambiental do anexo 1 do presente trabalho constata-se:

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70

1º) que a política do SGA em estudo está escrita, documentada e toma a forma de

declaração de compromisso;

2º) que a mesma contempla a obediência à legislação ambiental;

3º) que a prevenção da poluição é igualmente incluída na política;

4º) que o uso racional e sustentável de recursos é incluído como parte da política

aprovada;

5º) que a melhoria contínua do desempenho ambiental fundados em programas,

objetivos e metas é contemplada – não há, porém uma declaração de compromisso

com uma estrutura administrativa, embora sua existência esteja clara no manual

acima mencionado;

6º) que a política contempla a inclusão e o desenvolvimento de empregados e

igualmente a sua comunicação. No entanto, ela não menciona dos demais

stakeholders.

A política aprovada pela Impacta menciona sua “adequada” divulgação.

Porém, não é contemplado o compromisso com uma “divulgação sistemática”,

embora se possa entender “adequada” como “feita corretamente” em vários

sentidos, inclusive o de sua sistematicidade. Para o item “Política”, pode-se entender

estes dois pontos como possíveis lacunas tendo em vista o importante papel dos

stakeholders diversos na questão da administração da responsabilidade ambiental

de uma empresa e tal inclusão teria o caráter confirmatório do comprometimento da

empresa para com eles. Isto requer uma comunicação sistemática e recorrente, daí

a necessidade de haver também o comprometimento com a comunicação

sistemática e periódica.

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71

Igualmente, a falta de um comprometimento com uma estrutura

administrativa do SGA declarado de forma explícita na política pode ser considerada

uma lacuna, já que a inexistência de tal comprometimento poderia inviabilizar o

cumprimento da política, dos programas e das metas. No entanto, estes são

quesitos de verificação do item 5 do anexo 1, que desta forma verificará se do ponto

de vista prático tal estrutura existe e funciona corretamente.

5.2 PROGRAMAS E SEU ALCANCE

Em seu manual, a Impacta estabelece e detalha cinco programas

permanentes de melhoria e controle de desempenho ambiental:

1º Gestão dos resíduos industriais;

2º Gestão dos recursos hídricos;

3º Gestão do uso das fontes de energia;

4º Gestão do uso de materiais;

5º Redução e controle da poluição.

A base teórica estabelecida nesta dissertação para SGAs próprios não

certificados, resumida no item 2 do anexo 1, confrontada com os programas acima e

seu conteúdo expresso no Manual da Impacta indica que o mesmo se comporta de

acordo com o quadro 5.

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72

Quadro 5 – Comparação de Programas SGA Impacta vs. Base Teórica

SGA Impacta Base Teórica Lacunas do SGA

-Gestão dos recursos hídricos objetivando:

Controle e tratamento adequado da qualidade da água potável

Controle e tratamento adequado dos efluentes industriais

Controle e tratamento adequado da água usada no processo

Reutilização da água tratada

- Gestão do uso da água, incluindo tratamento e disposição

- O programa não expressa todos os aspectos da gestão do uso da água, tal como a eficiência de sua utilização, embora os indicadores escolhidos o façam.

-Gestão dos resíduos industriais objetivando recolhimento e destinação dos materiais vendáveis e não vendáveis, visando:

Materiais vendáveis

Redução da quantidade gerada por unidade de produção

Melhoria na relação “resíduo vendido” versus “resíduo pago”

Segregação adequada e Coleta Seletiva

Recuperação do valor econômico através da utilização do resíduo reciclado no próprio processo

Materiais não vendáveis

Guarda segura, identificada e controlada

Redução do valor gasto com a retirada por unidade produzida

- Gestão dos resíduos industriais e prática da reciclagem

- A prática da reciclagem é incluída no SGA da Impacta no programa de gestão do uso de materiais. Em sua estrutura, este programa da Impacta é abrangente e específico sendo capaz de satisfazer o que se espera da gestão de resíduos num SGA.

-Gestão do uso de materiais objetivando:

Busca constante de materiais ambientalmente melhores

Redução de materiais por unidade produzida

Implementação de práticas de reciclagem

- Gestão do uso de matérias-primas e sua eficiência

- O programa do SGA da Impacta falha por não apontar a redução das perdas e a busca da eficiência logística

-Gestão do uso das fontes de energia objetivando:

Redução de consumo através de novas tecnologias

Identificação de uso indevido das fontes de energia e ações para saná-lo

Busca constante para uso mais eficiente das fontes energéticas

Controle do consumo das fontes energéticas por unidade produzida

- Eficiência no uso da Energia e busca de fontes de menor impacto ambiental

- O programa negligencia a busca das fontes de energia alternativas mais limpas, educação dos colaboradores para a conservação de materiais e as parcerias com fornecedores para a conservação de energia

CONTINUA

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73

CONTINUAÇÃO

SGA Impacta Base Teórica Lacunas do SGA

-Redução e controle da poluição através de:

Controle das emissões atmosféricas

Controle de descarte indevido de materiais sólidos de toda espécie do sistema de Coleta Seletiva

Controle do descarte indevido ou vazamento de poluentes líquidos, tais como óleos, graxas, ácidos detergentes, solventes, tintas, etc.

- Prevenção da poluição do solo

- Prevenção da poluição do ar

- As maiores lacunas aqui se referem à falta de um programa de contenção e remediação de situações de risco ou potencialmente poluidoras e do controle da contaminação do solo e da poluição do ar, tratando somente do controle do descarte dos poluentes sólidos e líquidos.

Não definido de modo formal

- Programas educativos da força de trabalho

- Embora expresso na política, este esforço não foi colocado na forma de programa, se constituindo-se assim numa lacuna do SGA da Impacta.

- Não definido de modo formal

- Programas de comunicação com outros stakeholders em especial clientes

- Esta é a maior lacuna do SGA da Impacta, já este esforço que não está sequer contemplado nas políticas. Tal lacuna fragiliza o sistema pela falta de garantias de prestação de contas a stakeholders, atores externos e internos da empresa.

Quadro elaborado pelo autor

O Manual da Impacta define o que são programas de acordo com o texto

abaixo:

PROGRAMAS A SEREM DESENVOLVIDOS PARA ATENDER A POLÍTICA AMBIENTAL Programas são agrupamentos de tópicos do campo de aplicação deste Manual que permitem praticar a gestão da responsabilidade ambiental de forma ordenada. São os seguintes os programas, dos quais derivam as metas fixadas pela alta administração: [...] Exceção: Não são considerados programas, embora possam gerar metas e planos específicos, os processos de atendimento à legislação e a divulgação da política, treinamento e engajamento dos colaboradores.

No caso do treinamento e engajamento dos colaboradores, a observação da

inexistência de um programa específico confirma a lacuna apontada no quadro 5, já

que não há no manual qualquer outra forma sistemática de tratar o tema, mas

apenas algumas referências de sessões de treinamento utilizadas nas campanhas

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74

motivacionais que a empresa realiza periodicamente. Estas campanhas estão

referenciadas no manual apenas para o ano de 2011, não estando definida

nenhuma frequência para sua repetição nem forma de medição de seus resultados

como processo educativo. Porém, no início de 2014 a administração da empresa

decidiu realizar tal medição através de uma pesquisa que será comentada adiante e

que apresenta bons resultados de disseminação das práticas e informações a eles

orientadas.

No caso de outros stakeholders, constatou-se a existência de prestação de

contas a acionistas, envio de “press releases” a clientes e comunicação da

existência do SGA à CETESB, mas sem compromisso escrito.

5.3 INDICADORES E RESULTADOS DE DESEMPENHO AMBIENTAL

Ao introduzir seu SGA, a Impacta de imediato adotou para cada programa

indicadores de desempenho ambiental que se comparam aos indicados pela base

teórica do presente trabalho como apresentado no quadro 6.

Quadro 6 – Quadro comparativo de indicadores

SGA Impacta Base Teórica

Consumo de gás natural total e em m3/unidade produzida em

cada unidade de negócio

Consumo de energia em kWh e kWh/unidade produzida em cada unidade de negócio.

Consumo de energia

Consumo total de água em metros cúbicos

Consumo em metros cúbicos por unidade de negócio e consumo unitário (m

3/unidade produzida) por unidade de negócio

Qualidade da água de processo e para consumo humano

Consumo de água

Não há controle regular, foi realizada apenas uma medição detalhada em 2012 e os parâmetros foram encontrados dentro dos limites legais

Emissões atmosféricas

CONTINUA

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75

CONTINUAÇÃO

SGA Impacta Base Teórica

Há apenas um indicador, o de reaproveitamento de sucatas plásticas e consumo de resinas plásticas; toda a sucata de alumínio é reaproveitada; não há um informe de desenvolvimento de materiais ambientalmente melhores

Consumo de materiais

Relação R$ resíduo vendido/R$ pago, define a relação de valor entre os resíduos recicláveis e aqueles não recicláveis

Quantidade de resíduos gerados

Quantidade de resíduos gerados por unidade produzida

Quantidade de resíduos gerados pela estação de tratamento de efluentes

Quantidade de resíduos de emulsões gerada no total e por peças produzidas

Quantidade de resíduos gerados por classe de resíduo

Resíduos e sua disposição

A empresa possui, conforme anexo 3, um relatório de gerenciamento de licenças, apresentado em base mensal

Informações sobre status do atendimento à legislação ambiental

Qualidade da água disposta no Ribeirão dos Cristais, analisado elemento por elemento, comparado com o padrão do órgão ambiental

Efluentes

São informadas apenas nos relatórios financeiros, não havendo, portanto, uma associação entre o desempenho ambiental e a sustentabilidade financeira da empresa

Vendas líquidas, lucratividade e outros de cunho econômico

Não é medido Investimento na educação dos colaboradores

Realizado de forma não sistemática, mas bastante intensa Controle da contaminação ambiental do subsolo

Quadro elaborado pelo autor

O exame direto do quadro 6 mostra que as grandes lacunas do SGA da

Impacta com relação a indicadores estão no controle das emissões atmosféricas,

gestão do uso de materiais e, conexão entre desempenho ambiental e financeiro,

medição e controle do investimento na educação ambiental dos colaboradores e

controle da contaminação de subsolos, embora seja possível encontrar evidências

objetivas de suas práticas.

Quanto aos resultados efetivos (desempenho ambiental) da empresa, são

apresentados na tabela 1, comparando a evolução dos indicadores desde a

implantação do SGA em estudo, em junho de 2011.

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76

Tabela 1 – Resultados do desempenho ambiental

Indicador Média

2011

Média

2012

Média

2013

Variação % dos

consumos unitários 2013/2011

a) Consumo de gás natural

a1) Fundição

Total/mês(m3)

m3/t produzida

a2) Tubos para aerossóis

Total/mês(m3)

m3/mil peças

a3) Bisnagas de alumínio

Total/mês(m3)

m3/mil peças

a4) Total de empresa(m

3)

208.445

300

14.732

3,93

90.274

3,81

313.451

209.528

271

13.825

2,74

84.714

3,11

294.144

237.275

250

16.769

2,59

102.760

2,80

356.311

-16,7%

-34,1%

-26,5%

Indicador Média 2011 Média 2012 Média 2013

b) Consumo de água

b1) Tubos para aerossóis

Total/mês(m3)

m3/mil peças

b2) Bisnagas plásticas

Total/mês(m3)

m3/mil peças

b3) Fundição

Total/mês(m3)

m3/mil peças

b4) Restaurante

Total/mês(m3)

m3/refeição

b5) Total da Empresa(m

3)

2.607

0,67

943

0,16

879

1,27

559

0,050

6.803

2.628

0,54

692

0,10

1.001

1,22

550

0,043

7.057

2.378

0,42

1.196

0,17

1.607

1,68

655

0,039

8.222

-17.3%

+6.3%

+37.7%

-22.0%

CONTINUA

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77

CONTINUA

CONTINUAÇÃO

Indicador Situação anterior Final 2011 Final 2012 Final 2013

b6) Qualidade da água

Água para consumo humano

Problemas ocasionais ocorriam em pontos variados

de consumo, particularmente condutividade e

dureza mais altas, embora no limite de

potabilidade

Todos os pontos atendem aos padrões de

potabilidade

Todos os pontos atendem aos padrões de potabilidade

Todos os pontos

atendem aos padrões de potabilidade

Água de processo

Condutividade de índice de cloretos e dureza. Total acima

dos limites aceitáveis

Dentro dos limites

aceitáveis

Dentro dos limites

aceitáveis

Dentro dos limites

aceitáveis

Indicador Média 2011 Média

2012 Média 2013

Variação % dos

consumos unitários 2013/2011

c) Consumo de energia

elétrica

c1) Fundição

Total kWh

KWh/t

c2) Tubos para aerossóis

Total kWh

KWh/t/1000 pcs

c3) Bisnagas de alumínio

Total kWh

KWh/1000 pcs

c4) Bisnagas plásticas

Total kWh

KWh/1000 pcs

c5) Total da Empresa

305.667

437

407.600

106

917.200

31,91

407.650

68,31

2.037.750

338.342

411

451.125

94,4

1.015.042

32,85

451.116

66,41

2.255.650

360.796

414

513.167

85,11

1.082.389

31.57

481.0562

69,69

2.437.423

-5,3%

-19,7%

-1,1%

+2,0%

Indicador Média 2011 Média

2012 Média 2013

d) Resíduos

d1) Total de resíduos gerados (t)

d2) Total de resíduos por mil peças

d3) Relação R$ de resíduos vendidos/ R$ resíduos pagos

71,3

1,83

8,18

74,0

1,72

9,50

54,4

0,73

23,03

-23,7%

-60,1%

+181,5%

e) Uso de Materiais

e1) Reciclagem – valor médio mensal

e2)Quantidade média mensal

- R$ 3.684,75

983 kg

R$ 7.543,13

1.959 kg

%2013/2012

+104,7%

+99,3%

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CONTINUAÇÃO

Indicador Situação anterior Final 2011 Final 2012 Final 2013

f) Efluentes

Qualidade da água lançada no Ribeirão dos cristais

Parâmetros de arsênio, Boro, PH,

Prata, resíduos sedimentáveis e selênio fora do

limite legal

Todos os itens dentro do limite

legal

Todos os itens dentro do limite

legal

Todos os itens dentro do limite

legal

g) Licenças

Obediência à legislação – gerenciador de licenças

Pendentes: licença CETESB (vencida)

e Corpo de Bombeiros

Todas as licenças regularizadas, ou com pedido de renovação protocolado (100% de “compliance”

conforme anexo 3 – “Gerenciador de Licenças – Meio Ambiente”

Tabela elaborada pelo autor

Discussão dos resultados apurados

Resumo do item a) Gás Natural

Há melhoria de eficiência energética em todas as unidades de negócio

medidas se comparados aos indicadores de 2013 aos de 2011: 16.7% na fundição,

34,1% na produção dos tubos para aerossóis e 26,5 % nas bisnagas de alumínio.

Estes resultados vêm das seguintes ações:

Aquisição de fornos de fusão com tecnologia de queimadores regenerativos,

desenvolvendo um dispêndio de cerca de R$ 3,2 milhões;

Melhoria da isolação térmica das máquinas;

Melhoria geral das eficiências de produção;

Medição separada do gás para cada unidade de negócio, ajudando a controlar

seu consumo.

Resumo do item b) Consumo de Água

Houve uma melhoria geral em 2012 que sofreu descontinuidade em 2013

em duas áreas, bisnagas plásticas e fundição. Na fundição, foi dobrado o número de

linhas, num processo de curva de aprendizado, portanto sem o acréscimo de

produção correspondente, mas com o acionamento de um novo equipamento de

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solidificação e moldagem de alumínio líquido, processo que é grande consumidor de

água. No setor de bisnagas plásticas está sendo apurado um desvio de consumo,

potencial ponto de desperdício na nova torre de resfriamento de um milhão de Kcal/h

de capacidade, possivelmente um vazamento ou descarte indevido de água de

processo.

As reduções de consumo unitário nas áreas de tubos para aerossóis e no

restaurante se devem às práticas melhores de conservação da água e eliminação de

perdas e vazamentos.

Quanto à qualidade da água, a empresa investiu em sistemas de tratamento

sob a égide do SGA, implantando tanto para água de consumo humano quanto de

processo, corrigindo todos os desvios pré-existentes, conforme indicado na tabela 1.

Resumo do item c) Energia Elétrica

Há uma melhora substancial na área de tubos para aerossóis, 19,7% como

fruto do uso de tecnologias novas de conservação de energia nos fornos litográficos.

O índice melhorou 5,3% em 2012 na fundição, mas voltou em 2013 a níveis pouco

abaixo de 2012, pois neste setor a capacidade de produção foi dobrada e houve

excesso de uso na partida dos equipamentos novos sem o correspondente aumento

da produção. Na área de bisnagas de alumínio há uma melhora pequena sentida em

2013, pois a empresa, por razões de crescimento de mercado, foi obrigada a reativar

linhas que estavam paralisadas de fabricação anterior a 1980 e com menor

eficiência energética. Este problema foi parcialmente atenuado por um trabalho de

melhor isolação térmica dos fornos de recozimento e fornos litográficos o que levou

a um resultado combinado de 1,1% de redução do consumo unitário. Na área de

bisnagas plásticas houve uma melhora em 2012. No final de 2012 foi realizada uma

integração vertical da área de serigrafia e hot stamping antes feita em terceiros, e

grande consumidora de energia equivalente a um consumo de 75.500 kWh/mês, ou

10,93 kWh/1000 peças, o que se descontado levaria o indicador de 2013 de 69,69

para 58,76 kWh/1000 peças que corresponde a uma redução de 14,0% em relação

a 2011, mas com a vantagem adicional de uma economia logística por evitar as

viagens de caminhão que levam e trazem os produtos dos terceiros.

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Resumo do item d) Manejo de Resíduos e e) Uso de Materiais

Trata-se este de um trabalho muito bem sucedido resultante do SGA

adotado pela Impacta. A quantidade de resíduos gerados por mil peças produzidas

reduziu-se 23,7% em 2 anos. A relação resíduo vendido/pago, que indica

basicamente a relação de valor entre o que a empresa descarta e que é

reaproveitável para a sociedade (o resíduo vendido) e o que não é (o resíduo pago)

aumentou 2,8 vezes, e a empresa que não reciclava nada, está reciclando cerca de

2 t/mês de materiais sob a égide de seu SGA. O maior “motor” deste resultado é o

sistema de coleta seletiva implantado com o SGA, que contou com campanhas

educativas em sua implantação, ensinando os empregados a descartar corretamente

os resíduos. Este processo educativo se encontra evidenciado em material colhido

que compõe o anexo 5 do presente trabalho. Além disto, buscou-se soluções

permanentes de reuso de materiais anteriormente descartados ou vendidos como

plásticos, emulsões e solventes. O uso da tecnologia de moldes de canal quente

para injeção de tampas plásticas reduziu drasticamente as perdas de processo em

sua fabricação. A empresa adquiriu cinco moldes deste tipo, dispendendo cerca de

R$ 2,5 milhões na nova tecnologia.

No entanto, não foram encontradas evidências da busca de materiais

ecologicamente mais eficientes na produção, o que se constitui em uma lacuna do

SGA implantado. A empresa está desenvolvendo duas ações neste sentido, uma

com o cliente “Natura” – reaproveitamento de alumínio de bisnagas e tubos para

aerossóis retornados do mercado após o uso (logística reversa) e uma de

desenvolvimento do uso do “plástico verde”, ou seja, polietileno produzido com o

etileno feito a partir do álcool (recurso renovável) para suas bisnagas plásticas.

Estas ações envolvem aplicação de tecnologias novas de processo dentro da linha

estipulada pela política e os programas do SGA da Impacta.

Resumo do item f) Efluentes

A Impacta construiu uma estação de tratamento de esgoto (ETE),

envolvendo um investimento de R$ 300 mil em 2011, sob a égide do novo sistema,

em substituição à ETE anterior, já operando há 20 anos e obsoleta; após sua

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instalação, a nova ETE revelou-se eficiente atingindo todos os padrões de qualidade

de água definidos pelas autoridades do meio ambiente.

Resumo do item g) Licenças

A empresa, após a implantação de seu SGA, exerceu forte gestão para

regularizar todas as suas licenças de operação, obtendo-as como necessário. A

atual licença da CETESB, já expirada, teve sua solicitação de revalidação

encaminhada àquele órgão em tempo hábil, mantendo a empresa integralmente

dentro da lei, conforme demonstra o anexo 3 (Gerenciador de Licenças).

Resultados de Ações sem indicadores formalizados

A Impacta reconhece em sua política e programas a necessidade de reduzir

e controlar a poluição causada por suas atividades e mantém indicadores e controles

para o manejo de resíduos sólidos e o despejo de efluentes, com resultados

favoráveis. Não foram evidenciados, porém indicadores de controle de:

Emissões atmosféricas

Contaminação do solo

Indicadores de treinamento dos empregados

Investimentos em melhoria do desempenho ambiental

Indicadores de desempenho econômico

Quanto às emissões atmosféricas, a empresa empreendeu uma jornada de

medições em abril de 2011 para a qual contratou a empresa RCLF medições

ambientais Ltda., pois opera com estufas litográficas emissora de compostos

orgânicos voláteis (“VOCs” – Volatile Organic Compounds) e fornos de recozimento

emissores de hidrocarbonetos e material particulado. Os resultados obtidos foram:

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Impacta Permitido – Padrão EPA 18

Total de VOCs emitidos 1689 kg/ano 40.000 kg/ano

Hidro carbonetos 1938 kg/ano 40.000 kg/ano

Material particulado 4047 kg/ano 100.000 kg/ano

Em vista de sua total adequação aos limites legais, a empresa decidiu focar

no problema dos efluentes líquidos, ficando assim esta lacuna no seu SGA.

Os resultados acima foram apresentados ao órgão ambiental competente e

aceitos como válidos.

Com relação à contaminação do solo, a Impacta realizou em 2012 uma

prospecção através de empresa especializada, a SGW Serviços Ambientais Ltda.

em 2012, que procedeu a verificações de acordo com as normas EPS-610-C e

EPA7473, perfurando sete pontos de monitoramento. Dos sete pontos, um foi

identificado como contendo níveis de contaminação acima do permitido para dois

elementos. Após correções em possíveis fontes de contaminação a empresa

realizou nova amostragem em agosto de 2013 e está realizando análises para

verificação dos resultados. O monitoramento de subsolos foi identificado como uma

lacuna no SGA da Impacta que vai passar a realiza-lo semestralmente, incorporando

a prática a seus indicadores.

Outro ponto onde a empresa não mantém indicadores, nem programas é o

trabalho do desenvolvimento de empregados. Uma investigação das ações nesta

direção informa que desde julho de 2011 a empresa realizou cinco campanhas de

meio ambiente (são semestrais), implantou um jornal interno exclusivo sobre meio

ambiente que comunica ações, resultados e orientações sobre o tema aos

funcionários e é emitido trimestralmente, além de ter divulgado matérias extensas

sobre meio ambiente em todas as edições de seu outro jornal trimestral, o

“Impactual”. Em seu programa de integração dos novos funcionários, a empresa

inclui uma hora e quarenta e cinco minutos de orientação sobre sua política

ambiental, metas, riscos, programas, SGA e coleta seletiva. A política e objetivos

para o meio ambiente estão devidamente afixados em vários pontos da empresa. As

evidências objetivas do esforço de envolvimento e treinamento dos empregados

constam do anexo 5. No entanto, não foi possível encontrar evidências de instruções

escritas sobre a recorrência destas práticas, o que cria uma lacuna no SGA, mas há

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claras evidências do sucesso das práticas de treinamento e envolvimento de

empregados na pesquisa realizada pela empresa que relatamos a seguir.

A empresa realizou no início de 2014 uma pesquisa entrevistando 93 de 600

empregados, sendo que estes 93 entrevistados constituem-se em amostras

proporcionais a cada departamento, para verificar o resultado de suas práticas de

disseminação de seu SGA.

De modo resumido, focalizando-se os pontos mais importantes, a pesquisa

apontou para os seguintes resultados entre os 3 turnos de trabalho:

1º) Conhecimento do processo de coleta seletiva

conhece bem - 71% a 81%

conhece parcialmente - 10% a 23%

não conhece - zero a 13%

2º) Conhecimento do local de disposição dos resíduos

De 87% a 100%.

3º) Conhecimento sobre o que fazer com cada resíduo

De 87% a 93%.

4º) Conhecimento sobre quem procurar em caso de dúvida

De 96% a 100%.

5º) Conhecimento sobre o que fazer em caso de emergência, vazamento, etc.

De 90% a 100%.

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6º) Se o empregado foi informado sobre o SGA da Impacta

De 87% a 96% (porém apenas 26% a 37% afirma conhecê-lo “bem”, ou seja,

amplamente).

7º) Modos de informação que trouxeram maior absorção: palestras, cartazes e

murais, seguidos de treinamentos e questionários. O jornal de meio ambiente da

empresa, porém, teve poucas citações.

8º) Compreensão da Política Ambiental

De 62% a 85% afirmaram compreendê-la, mesmo que parcialmente.

Considerando-se a linguagem relativamente sofisticada da política, este número é

bom, mas a administração resolveu, com base nisto, aumentar o esforço de sua

divulgação e explicação.

9º) Quanto à compreensão da importância do engajamento da empresa ao trabalho

de meio ambiente, a compreensão se revelou excelente, inclusive com muitos

citando a sua maneira a questão de economia de recursos e da importância da

conservação ambiental.

O resultado desta pesquisa explica em parte o sucesso especialmente dos

trabalhos de coleta seletiva e seu rendimento e demonstram que a empresa vem

obtendo sucesso em seu trabalho de envolvimento e motivação dos empregados.

Um outro ponto não monitorado pelo SGA da Impacta é o valor gasto nas

melhorias do desempenho ambiental, seja por meio de aquisição de ativos ou por

meio de aquisição de novas tecnologias. Quanto a estes investimentos em novas

tecnologias e ativos, embora seja possível levantar diversos valores investidos em

instalações conforme reportado nos resumos referentes à tabela 1, não há um

sistema no SGA que possibilite sua reunião e reporte dos investimentos efetuados à

alta administração em um documento único, o que constitui uma lacuna do mesmo

sob o ponto de vista administrativo. No entanto, tais resumos evidenciam que

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investimentos importantes foram feitos sob a égide do SGA da Impacta e que os

mesmos trouxeram importantes melhoras de desempenho ambiental.

Finalmente, cumpre uma verificação acerca dos resultados de alguns dos

indicadores financeiros da empresa. Conforme já argumentado na base teórica do

presente trabalho, não há necessariamente uma conexão direta entre estes

indicadores e o desempenho ambiental da empresa podendo até mesmo ambos

apresentarem circunstancialmente ou pontualmente resultados reversos em função

de condições favoráveis ou desfavoráveis de mercado em certos anos. No caso da

Impacta, verificamos três indicadores-chave de desempenho com resultados da

tabela 2.

Tabela 2 – Evolução dos indicadores de desempenho financeiro

R$ 1000 2011 2013 Variação

-Lucro antes do imposto de renda 15.901 20.577 +29.4%

-EBITDA 35.759 45.513 +27.3%

-Vendas líquidas 157.257 214.163 +36.2%

-Geração operacional de caixa 16.700 19.835 +18.8%

Tabela elaborada pelo autor

Os resultados coincidem com a melhora do desempenho ambiental;

podemos assim dizer que se não pudermos afirmar seguramente que o SGA

contribui diretamente para com a melhora dos resultados, certamente não os tornou

piores. No entanto, em nosso trabalho de análise nos absteremos de transladá-los

ao quadro 4, já que entendemos que a baixa conexão de curto prazo entre resultado

de desempenho ambiental e desempenho financeiro pode distorcer a avaliação do

SGA em análise.

Resumo dos resultados extraídos dos indicadores

Os indicadores verificados demonstram que a empresa foi capaz de produzir

resultados positivos com seu SGA. Mesmo onde há lacunas de cunho formal ou

procedimental, observa-se que ocorreram ações importantes de melhorias como no

caso dos investimentos e do envolvimento dos empregados. Seguramente, o SGA

está produzindo resultados para a empresa e o meio ambiente, garantindo ainda seu

“compliance” (conformidade) legal.

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5.4 OBJETIVOS E METAS

A base teórica estabelecida para o presente trabalho indica que os objetivos

estabelecidos para a gestão ambiental devem:

Ser compatíveis com a política

Ser derivados dos programas

Ser viáveis

As metas preferencialmente devem ser quantificáveis

O exame das metas estipuladas para 2013 apresentam dados conforme a

tabela 3.

Tabela 3 – Resultados de desempenho ambiental – Real vs. Metas

Real Meta Meta atingida

Sim Não

a) Consumo de Gás Natural

Tubos p/aerossóis (m3/1000

pcs) 2,59 4,93 X

Fundição (m3/t) 250 278 X

Bisnagas de alumínio (m

3/1000 pcs)

2,80 2,95 X

b) Consumo de Água

Restaurante (litros/refeição) 39 40 X

Demais unidades de negócio não há meta

c) Consumo de Energia Elétrica

Tubos p/aerossóis (kWh/1000 pcs)

85,11 133,21 X

Fundição (kWh/t) 414 398 X

Bisnagas de alumínio (kWh/1000 pcs)

31,57 29,3 X

Bisnagas plásticas (kWh/1000 pcs)

69,69 67,5 X*

d) Resíduo vendido vs. Pago (R$/R$) 23,03 8,5 X

e) Reciclagem Plástico (kg) 23.508 4.318 X

Solventes (kg) 1.200 2.567 X

*Vide comentário sobre o item (c) da tabela 1

Tabela elaborada pelo autor

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Outros objetivos com mensuração não estabelecida:

Desenvolver sistema de qualificação de fornecedores ambientalmente

responsáveis - IQE.

Identificar os processos quanto aos aspectos e os impactos ambientais.

Redução da poluição

Nos pontos de vazamento de óleo em fonte fixa

Reuso de materiais

Sucata, tampa plástica

Recursos hídricos

Reuso água tratada ETE

Redução de água no descarte do processo de desmineralização

Manter os programas de conscientização e prevenção ambiental aos nossos

colaboradores

Disposição de resíduos

Coleta seletiva

Análise dos objetivos e metas da Impacta

As metas relacionadas na tabela 3 atendem às quatro condições extraídas

da base teórica, pois são compatíveis com a política, são derivadas dos programas e

são quantificáveis. Quanto à sua viabilidade, para aquelas cujo valor real obtido

igualou ou ultrapassou a meta pode-se por dedução admitir tal viabilidade. Há duas

metas relativas ao consumo de energia elétrica, que não são atingidas. No entanto,

os números atingidos são próximos das metas, o que faz supor que seriam viáveis

se houvesse um trabalho que levasse a um nível de conservação de energia

suficiente para isto, o que deve constar da análise crítica pela alta administração.

Uma das metas, a da relação de resíduo vendido versus pago, foi ultrapassada em

mais de 170%, já que foi estabelecida em período anterior e houve uma mudança

substancial no manejo de resíduos sólidos que produziu este resultado

extraordinário. O reuso de solventes também não atingiu as metas face a seu maior

rendimento no processo, resultando em menos resíduos para reciclagem, o que

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88

acaba sendo um resultado interessante para a empresa e o meio ambiente, já que

indica que menos solventes estão sendo usados.

Nota-se que o sistema não fez corresponder a estas metas seus respectivos

objetivos. Assim, há um “descompasso” conceitual, pois o sistema deve ter uma

“hierarquia” onde são fixados objetivos seguidos das correspondentes metas,

preferencialmente quantificáveis, ficando clara aqui uma lacuna do sistema.

Quanto aos objetivos, estão identificados na letra “f” e, conforme

mencionado acima, aparentemente desconectados de quaisquer “metas”. Todos os

seis itens declarados carecem de metas próprias. O objetivo f.1 fica sem uma data

de implantação definida e os fornecedores a serem enquadrados no sistema de

qualificação proposto não são relacionados. O objetivo f.2 não define qual o escopo

a ser investigado, o que ocorre igualmente no objetivo f.3. O objetivo f.4 deixa

indefinidos datas, quantidades e total do reaproveitamento, o que ocorre também no

objetivo f.5. Ao não definir escopo, quantidades, porcentagens e/ou outros tipos de

meta, poderia ficar subentendido que o escopo seria “todos os itens”, para 100% das

quantidades envolvidas, e assim por diante, configurando uma situação inviável.

Chama também à atenção a falta de definição dos recursos que a empresa precisará

alocar para alcançar os objetivos e metas, e o modo como o fará. Assim, mesmo que

sejam atingidos, estes objetivos expressos no formato como se apresentam mais se

parecem com uma “declaração de intenções”.

Sob o ponto de vista prático, além de atingir diversas das metas

quantificadas na tabela 3, a empresa está efetivamente trabalhando na

conscientização dos colaboradores e nos demais objetivos declarados, e que o SGA

adotado está produzindo resultados para a empresa e o meio ambiente. Nota-se

também que todos os objetivos são relacionados com a política ambiental da

empresa. No entanto, sob o ponto de vista da metodologia de trabalho, fica clara a

lacuna do SGA sob análise nos seguintes pontos:

Relacionar objetivos e metas correspondentes;

Definir escopo, quantidades, datas e outras características de metas para os

“objetivos” declarados no item “f”.

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5.5 ESTRUTURA ADMINISTRATIVA E RESPONSABILIDADES

A partir da base teórica adotada, o presente trabalho buscou identificar no

SGA da Impacta, no tocante à sua estrutura administrativa, as seguintes

características:

- Existência de:

Organograma formal do SGA;

Alta administração com composição adequada representando níveis hierárquicos-

chave da empresa;

Técnico especialista em meio ambiente;

Atribuições definidas para a execução da política, metas, objetivos e análise

crítica.

O SGA da Impacta se apoia em quatro pilares de acordo com a figura 8, a

partir dos quais a estrutura administrativa do mesmo é construída.

Figura 8 – Pilares do Sistema

Fonte: Manual de Responsabilidade Ambiental da Impacta

Metas

Programas Política

Ambiental

Manual

Gestão da

Responsabilidade

Ambiental

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Os programas, metas, política e manual são objeto de discussão a parte em

diferentes pontos do presente trabalho. O organograma que possibilita administrar

de forma coordenada tais programas, metas e política é expresso na figura 9, de

acordo com o manual de responsabilidade ambiental da Impacta. Uma análise

imediata de tal organograma revelou em detalhes a composição de cada uma das

funções indicadas nos blocos do diagrama da figura 9, conforme segue-se:

Alta administração: composta pelo CEO, Diretor Industrial e Diretor Comercial,

que compõe a diretoria executiva da empresa;

Representante da Alta Administração: posição ocupada pelo Gerente Técnico da

empresa e também representante da mesma para o Sistema ISO 9001 de gestão da

qualidade;

Divulgação e Treinamento: está a cargo do “Controller” da Empresa, que é

responsável também pela área de RH;

Engenheiro Ambiental: trata-se de técnico especialista encarregado das áreas de

segurança, saúde e meio ambiente que se reporta ao Controller da empresa.

Desta forma, evidencia-se a participação dos níveis hierárquicos-chave

compondo a estrutura administrativa do sistema, o que corresponde ao modelo

indicado pela base teórica do presente trabalho.

As responsabilidades, objetivos e atribuições relacionadas com o sistema

foram extraídos do Manual de Responsabilidade Ambiental da Impacta conforme

segue-se:

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Figura 9 – Organograma do Sistema Administrativo

Cadris Análise Status do

Controles Coleta e Manejo programa

Licenciamentos Locais de disposição Ações

corretivas

Projetos

Estatisticas

Fonte: Manual de Responsabilidade Ambiental da Impacta

a) Objetivo do Manual

O manual visa definir as rotinas a serem seguidas para a emissão,

verificação, aprovação e controle dos documentos, atividades e dados relativos às

responsabilidades ambientais da empresa.

b) Responsabilidades

A responsabilidade ambiental é administrada por um sistema formal e

definido no Manual.

Alta

Administração

Representante

da Alta

Administração

Monitoramento,

Reuniões e Metas

Divulgação e

Treinamento

Engenheiro

Ambiental

Relatórios

Auditoria Interna

Serviços

Obediência à

Legislação

Implementação dos

Programas

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É de responsabilidade da Alta Administração, através do seu CEO, aprovar a

Política Ambiental da empresa.

Esta tem sua validade por prazo indefinido, podendo ser alterada em qualquer

momento e de acordo com as necessidades da Impacta.

O representante da alta administração é o Gerente Técnico que cuida da

implementação da Política Ambiental através de programas e relatórios com o apoio

do engenheiro ambiental.

c) Divulgação da Política Ambiental

A emissão e distribuição são feita pelo Departamento de Recursos Humanos, do

qual faz parte o Engenheiro Ambiental, que é o responsável pela tarefa

A Política Ambiental é divulgada a todos os colaboradores e fornecedores

Os novos colaboradores são conscientizados sobre a Política Ambiental por

ocasião da integração dos mesmos.

A mesma é colocada em locais visíveis e de fácil acesso.

Anualmente é realizada uma campanha interna com foco na reciclagem e

fortalecimento dos conceitos da Política Ambiental

Auditorias semestrais devem ser realizadas sobre os programas e objetivos

estabelecidos.

d) Campo de Aplicação do Manual, Política e Programas

Reaproveitamento e destinação otimizados dos resíduos industriais

Utilização e tratamento adequado dos recursos hídricos

Utilização adequada dos recursos energéticos

Controle das emissões atmosféricas

Compra, manipulação e armazenamento adequados de produtos químicos

Otimização da sucata de alumínio e da sucata plástica

Adequação e manutenção das práticas ambientais da Impacta dentro dos

quesitos da legislação em vigor.

Educação e engajamento dos colaboradores e fornecedores às práticas

ambientalmente responsáveis

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Novos projetos

Plano de Atendimento a Emergências dentro de uma abordagem de prevenção

dos riscos ambientais.

e) Programas a serem desenvolvidos para atender a política ambiental

O Manual define “Programas” como agrupamentos de tópicos do campo de

aplicação deste Manual que permitem praticar a gestão da responsabilidade

ambiental de forma ordenada, apontando aqueles mencionados no item 5.2 deste

trabalho, detalhando-os conforme os itens e.1 a e.5 abaixo.

e.1 Gestão dos resíduos industriais objetivando recolhimento e destinação dos

materiais vendáveis e não vendáveis, visando:

e.1.1 Materiais vendáveis

Redução da quantidade gerada por unidade de produção

Melhoria na relação “resíduo vendido” versus “resíduo pago”

Segregação adequada e Coleta Seletiva

Recuperação do valor econômico através da utilização do resíduo reciclado no

próprio processo

e.1.2 Materiais não vendáveis

Guarda segura, identificada e controlada

Redução do valor gasto com a retirada por unidade produzida

e.2 Gestão dos recursos hídricos objetivando:

Controle e tratamento adequado da qualidade da água potável

Controle e tratamento adequado dos efluentes industriais

Controle e tratamento adequado da água usada no processo

Reutilização da água tratada

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e.3 Gestão do uso das fontes de energia objetivando:

Redução de consumo através de novas tecnologias

Identificação de uso indevido das fontes de energia e ações para saná-lo

Busca constante para uso mais eficiente das fontes energéticas

Controle do consumo as fontes energéticas por unidade produzida

e.4 Gestão do uso de materiais objetivando:

Busca constante de materiais ambientalmente melhores

Redução de materiais por unidade produzida

Implementação de práticas de reciclagem

e.5 Redução e controle da poluição através de :

Controle das emissões atmosféricas

Controle de descarte indevido de materiais sólidos de toda a espécie, fora do

sistema de Coleta Seletiva.

Controle do descarte indevido ou vazamento de poluentes líquidos, tais como

óleos, graxas, ácidos, detergentes, solventes, tintas, etc.

Exceção: Não são considerados programas pelo manual, embora possam

gerar metas e planos específicos, os processos de atendimento à legislação e

a divulgação da política, treinamento e engajamento dos colaboradores.

f) Atendimentos à legislação ambiental pertinentes aos nossos sistemas,

processos e operações

Licença de Operações – CETESB – validade 04 anos

Licença para novos projetos – CETESB – validade 04 anos

Outorga dos Poços Artesianos – DAAE – validade 05 anos

Controle da qualidade das águas subterrâneas (anual) – atendimento

a Portaria 518 e Portaria SS 65 (mensal) da Vigilância Sanitária

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Controle da qualidade do efluente tratado (mensal) – atendimento ao

Decreto Estadual 8468, Artigo 18.

Licença para destinação de resíduos industriais – CADRES – CETESB

Nota: Os prazos e validades das licenças são gerenciados através do

Gerenciador de Licenças.

g) Metas a serem atingidas

Anualmente são determinadas pela alta administração da empresa e derivam dos

programas.

h) Relatórios e Documentação

Relatórios e controles de responsabilidade do departamento de RH:

Relatório com todas as exigências legais pertinentes ao Meio Ambiente,

denominado “Gerenciador de Licenças”, com respectivos prazos de validade e

órgãos responsáveis, demonstrando o grau de aderência da empresa a estes

requisitos.

Controles e metas determinados pela Alta Administração

Ata das análises críticas e das auditorias com o status encontrado e planos de

ação.

Na necessidade de um plano de ação, o formulário de Solicitação de Ação

Corretiva e Preventiva (Sistema da Qualidade) é usado.

i) Avaliação da Política Ambiental, suas Metas e Objetivos

Mensalmente são divulgados os relatórios e metas atingidas semestralmente a

Política Ambiental passa por uma análise crítica pela Alta Administração com base

no relatório de auditoria.

Semestralmente é realizada uma auditoria interna para avaliação do andamento

dos programas e aderência da organização à Política Ambiental e seus objetivos.

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j) Retenção da documentação e registros inerentes à administração da

responsabilidade ambiental

Os registros e documentos serão mantidos de acordo com suas necessidades e

exigências legais

A avaliação da estrutura encontrada aponta para um sistema coerente capaz

de cobrir as exigências da base teórica, estrutura, pilares do SGA e,

responsabilidades e atribuições estão bem ligadas, formando um sistema lógico e,

portanto, capaz de “dar conta” das tarefas a que se propõe se administrado de forma

diligente.

5.6 AUDITORIA

Seguindo a orientação extraída da base teórica, uma auditoria em um

sistema próprio não certificado deverá atender aos seguintes quesitos mínimos:

Existência de auditorias internas, com frequência mínima de um ano;

Grupo de auditores treinados, operando com roteiro;

Auditoria focada no manual, programas, objetivos e metas, indicadores e

resultados;

Emissão de relatório formal que será usado como base para a análise crítica pela

alta administração.

A auditoria do SGA da Impacta é realizada a cada seis meses. Uma equipe

de sete auditores internos é organizada e convocada pelo representante da alta

administração e pelo Engenheiro Ambiental, sendo tal equipe composta por

indivíduos de diversas áreas e preferencialmente permanente, ou seja, os auditores

podem ser mudados, mas as mudanças devem ser evitadas. A última auditoria

realizada em novembro de 2013 teve sua equipe de auditores composta por sete

funcionários:

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2 Supervisores de Produção;

1 Supervisor de Qualidade;

1 Técnico de Qualidade;

1 Engenheiro Ambiental;

2 Técnicos de Segurança

A equipe é treinada pelo Br-TUV de acordo com a norma 19020 – formação

de auditores. Só há auditoria interna.

O escopo da auditoria é fundamentado no manual, política, metas,

treinamento de pessoas, programas, práticas, não conformidades e evidências de

controle a partir de documentos e resultados estatísticos. Os auditores seguem uma

rotina (agenda) pré-estabelecida a partir de um “check-list” entregue pelo engenheiro

ambiental.

As auditorias são registradas em listas de presença. Após sua consecução,

os auditores se reúnem e é elaborado o relatório de auditoria a ser apresentado à

alta administração, além do que são abertas as SAPCMA – Solicitação de ação

preventiva e corretiva do meio ambiente, solicitações de ações corretivas

correspondentes aos desvios observados pelos auditores. O resultado da última

auditoria está apresentada no anexo 4, onde são apontados os processos com não

conformidades detectadas para os quais foram abertas SCPMA‟s. A evidência de

sua revisão pela alta administração está na ata de reunião da alta administração de

07/01/2014, item 4, cuja primeira página se encontra no anexo 5, que também inclui

a anterior, de 27/06/2013.

Ao confrontarmos estes processos com as demandas da base teórica,

podemos afirmar que o sistema de auditoria interna é sólido e está ativo,

satisfazendo as condições pré-estabelecidas neste trabalho para que o SGA próprio

não certificado em exame seja considerado adequado. A adoção do sistema de

emissão das SCPMA‟s garante que as não conformidades detectadas no processo

de auditoria possam ser tratadas por pessoa definida, com data de término definido,

criando uma ligação entre a detecção da não conformidade e a consequente ação

para sua solução. O relatório tem foco nas não conformidades, mas falha em

adicionar comentários qualitativos sobre a evolução de alguns processos e situações

por não estabelecer uma comparação com problemas encontrados em relatórios

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anteriores. Fica como sugestão a adoção deste trabalho comparativo, que facilitaria

o esforço de avaliação do processo de desenvolvimento e melhoria da eficácia do

SGA pela alta administração. Esta sugestão se baseia na ideia da busca da melhoria

contínua e do aperfeiçoamento do sistema de modo assemelhado ao que visa a

norma ISO 14001.

5.7 RELATÓRIOS, MONITORAMENTO E MEDIÇÃO

A partir dos cinco itens relacionados no anexo 1 para o tópico Relatórios,

Monitoramento e Medição a presente pesquisa investigou as praticas de “reporte” da

Impacta com os resultados abaixo:

a) Os relatórios contendo os resultados do desempenho ambiental da empresa são

emitidos regularmente em base mensal pelo Engenheiro Ambiental e distribuídos

para a alta administração e seu representante, o que corresponde às diretrizes

firmadas na base teórica;

b) Os relatórios apresentam os indicadores apurados, mês a mês, e seus valores

acumulados do ano, que são comparados às metas pré-estabelecidas para cada um

deles;

c) De acordo com ata de reunião da Alta Administração de 27/06/2013 e de

07/01/2014 constata-se que a mesma revisou e discutiu a evolução desde 2011 de

indicadores diversos, tais como: consumo de água, gás natural, energia elétrica,

resultados do manejo e gestão de resíduos e extraiu conclusões sobre pontos

positivos e pontos falhos do SGA, deliberando ações de aperfeiçoamento;

d) Os indicadores acima apontados são indicadores fundamentais para a apuração

do desempenho ambiental da empresa e de seu SGA;

e) Foi possível também verificar que a documentação relativa aos quesitos legais se

acha centralizada sob guarda do engenheiro ambiental, e corresponde ao controle

“Gerenciador de Licenças” que é anexo ao relatório mensal mencionado acima e

que está exemplificado no anexo 3.

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Com base nestas verificações, é possível constatar que no quesito

“relatórios, monitoramento e medição”, o SGA da Impacta está operando de modo a

satisfazer as exigências formuladas na base teórica do presente trabalho. Porém,

faz-se necessário apontar que dois tipos de indicadores fundamentais, os de

controle de contaminação do subsolo e de controle das emissões atmosféricas, não

estão inclusos no relatório nem tem sido medidos, o que se configura em uma

lacuna do SGA em exame. No entanto, o que está avaliado neste tópico é a

sistemática de relatórios, que atende ao propósito. Dentro da sistemática em uso, a

adição dos mencionados indicadores faltantes seria encaixada sem problema desde

que os mesmos estivessem disponíveis.

É importante ainda mencionar que o relatório, além do “gerenciador de

licenças”, contém um resumo introdutório com comentários sobre resultados,

projetos e outros pontos importantes, que servem de apoio ao trabalho de sua

revisão pela Alta Administração.

5.8 DESENVOLVIMENTO E ENVOLVIMENTO DOS EMPREGADOS E GESTÃO

DO CONHECIMENTO

Neste ponto o presente trabalho completa a análise iniciada no item 5.3,

relativa a indicadores e resultados onde esta aborda naquele item o envolvimento e

treinamento dos empregados sob o ponto de vista do resultado efetivo, ou seja o

que a empresa tem de fato feito neste tópico e como mede seus resultados.

Neste item 5.8, o presente trabalho passa a comparar tais ações efetivas

com os quesitos formais do anexo 1, identificando as lacunas e ambiguidades em

relação àquilo que se espera de um SGA sob o ponto de vista formal e de

desempenho, ou seja, verificando se os resultados da Impacta são obtidos por meio

de sistemas adequadamente estruturados e formalizados.

O exame do SGA da Impacta de acordo com as diretrizes do anexo 1

revelou a ausência de um processo formal de desenvolvimento e envolvimento dos

empregados tanto entre os programas do sistema quanto em seu manual.

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Desta forma, todas as ações de treinamento, motivação de empregados e

gestão do conhecimento relativo à administração da responsabilidade ficam

relegados ao campo informal. Fica, portanto, como primeira sugestão a formalização

destes processos pela sua inclusão nos programas do SGA e do manual. Esta

inclusão deve envolver:

Quais métodos e canais utilizar para divulgar a política, programas e práticas

ambientais;

Quais processos utilizar para promover a motivação e o envolvimento dos

empregados;

Gestão do conhecimento: quais tipos de conhecimento serão trazidos de fontes

externas e como transformar o conhecimento tácito em explícito para dar eficiência e

continuidade às ações das pessoas a fim de maximizar o resultado ambiental da

empresa.

No entanto, ao realizar-se o exame das ações efetivas (embora sem

formalização no manual), que a empresa realiza no campo do treinamento, da

motivação e da aquisição de conhecimento externo diversas tarefas são

identificadas, tais como:

Inclusão de um treinamento de 40 minutos sobre o SGA da Impacta e meio

ambiente dado a cada empregado contratado em seu processo de integração,

ensinando as práticas ambientais da empresa;

Emissão trimestral de um jornal específico sobre meio ambiente, o “Ecoboy”

(nome tirado de um concurso interno). Este jornal tem cunho educativo e informativo,

conforme mostram os exemplos indicados no anexo 5;

Emissão a cada 45 dias de matérias sobre o meio ambiente no jornal “Impactual”

conforme demonstra o anexo 5;

Realização de cinco campanhas de meio ambiente, uma a cada seis meses,

envolvendo todos os empregados, com duração de uma semana, incluindo

palestras, concursos e prêmios (vide anexo 5);

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Contratação de consultorias externas visando:

- Desenvolvimento do SGA;

- Cálculo da “pegada de carbono” da Impacta (2011);

- Medição de emissões atmosféricas (2011);

- Sondagem de contaminação de subsolos (2013)

- Uso de tecnologia externa em operações de:

Estação de tratamento de esgoto;

Estações de tratamento de água;

Análise laboratorial de qualidade de água;

Construção e operação de moldes de injeção “sem resíduo” (tecnologia de canal

quente);

Operação de queimadores regenerativos a gás natural;

Registro escrito destas operações, garantindo que se constituam conhecimento

explícito.

Estas são intervenções que consubstanciam a existência de um esforço para

gerir, trazer e fixar conhecimento e novas tecnologias. A operação destes sistemas

produziu os resultados ambientais anteriormente informados, o que denota que o

conhecimento externo foi devidamente adquirido e multiplicado dentro da empresa.

Portanto, pode-se afirmar que, embora não formalizada, pode constatar-se a

existência de:

Um trabalho interno de treinamento dos empregados;

Um esforço real de comunicação aos empregados para disseminar políticas,

programas e metas e alavancar a motivação;

Um trabalho de aquisição de conhecimento externo e disseminação do mesmo

com a finalidade de manter o SGA funcionando e num processo de melhoria

contínua e baseada em conhecimento explícito.

A situação deste tópico, portanto, está sujeita à crítica por sua ambiguidade:

a empresa realiza diversas ações de valor no tocante ao desenvolvimento e

motivação dos empregados e à gestão do conhecimento ambiental, mas não

formaliza estas práticas em programas ou manuais. A despeito dos resultados

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positivos apontados, fica claro o risco de interrupção das práticas por não estarem

sujeitas à sistematização e à análise crítica pela alta administração, o que coloca

consequentemente em risco o desempenho ambiental futuro da empresa.

No entanto, os resultados da pesquisa junto aos empregados resumida no

item 5.3 deste trabalho de levantamento de dados revelou uma disseminação boa

dos conceitos que a empresa buscou transmitir através de seus processos de

comunicação com os mesmos.

5.9 COMUNICAÇÃO COM OS DEMAIS STAKEHOLDERS

As investigações conduzidas sobre as práticas administrativas da Impacta

identificaram algumas ações de comunicação com stakeholders:

Nas reuniões de Conselho de Administração de março/2012, março/2013 e

março/2014 o CEO reportou os resultados do desempenho ambiental formalmente

ao Conselho, inclusive com um tópico especial que constou da “carta ao conselho”,

documento formal que o CEO deve enviar precedendo às AGO‟s (Assembleias

Gerais Ordinárias) em que os resultados de desempenho da empresa para o ano

anterior são avaliados. Também se evidenciou que, logo após a implantação do

SGA, o Conselho recebeu, em outubro/2011, uma informação detalhada do CEO

sobre seu funcionamento (políticas, programas, metas, indicadores e outros);

O Jornal Impactual, que contém reportagens sobre meio ambiente e ações

promovidas pelo SGA é encaminhado a uma lista seleta de clientes escolhida pelo

departamento de vendas e aos conselheiros e acionistas da empresa.

A agência ambiental CETESB foi cientificada da existência do SGA e seu

funcionamento foi detalhado ao fiscal representante da mesma responsável pela

região, gerando a exigência de sua manutenção por aquele órgão conforme item 13

do anexo 2.

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Porém, não foram encontradas evidências da existência de rotinas formais

para recorrência de quaisquer destas atividades ou outras que envolvam

stakeholders. Não há comunicação com bancos, outras autoridades ou fornecedores

sobre o SGA. Desta forma, embora três stakeholders (acionistas, clientes e um

órgão público – CETESB) tenham tido acesso a informações em níveis de detalhes

diferentes, não há uma sistemática definindo e controlando o processo de

comunicação com os stakeholders, nem foi identificado nenhum posicionamento

estratégico de relacionamento com os mesmos.

Confrontadas as práticas da Impacta em relação aos stakeholders com a

modelagem da metodologia, é possível afirmar-se que o SGA da Impacta não adere

de forma aceitável à lista de verificação nela contida e que toda uma sistemática de

funcionamento deve ser estabelecida, formalizada e implantada para este tópico,

constando estratégias, meios de comunicação e prestação de contas conforme o

anexo 1 do presente trabalho.

5.10 REVISÃO E ANÁLISE CRÍTICA PELA ALTA ADMINISTRAÇÃO

A presente investigação, a partir de evidências apresentadas no anexo 5

(capas das atas de reuniões da alta administração de 27/06/2013 e 07/01/2014),

verificou as práticas de análise crítica do SGA da Impacta pela alta administração.

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Empregando os itens de verificação indicados pela metodologia

estabelecida, foi possível comprovar que:

Há uma periodicidade no processo de análise crítica;

É elaborada uma pauta;

O último relatório de auditoria ambiental é revisado;

O “compliance” (conformidade) legal da empresa é objeto de verificação,

preocupação e foco da alta administração;

Novas mudanças e riscos são identificados;

Os assuntos são deliberados e sua deliberação registrada em ata;

A ata é documentada e distribuída.

Assim, o modo como este tópico está sendo administrado adere

completamente à metodologia de análise estabelecida de acordo com o anexo 1.

5.11 MANUAL DO SGA

Conforme já explicitado na base teórica, não há uma obrigação explícita de

se manter um manual para que um SGA funcione, mas sob o ponto de vista prático

fica muito difícil gerenciar um SGA sem ele.

A Impacta possui um manual denominado “Manual de Responsabilidade

Ambiental”. A confrontação do conteúdo deste manual com a lista de verificação

estabelecida na metodologia apresenta os resultados do quadro 7.

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Quadro 7 – Aderência do Manual do SGA da Impacta à metodologia

Metodologia Aderência do Manual da Impacta

Apresentação da política SIM

Descrição dos programas SIM

Organograma e responsabilidades SIM

Processos de demonstração de conformidade legal

SIM

Processos de definição de metas e objetivos SIM

Definição de Indicadores SIM

Definição de sistemas de monitoramento e avaliação

SIM

Sistemas de monitoramento, avaliação, relatórios e análise crítica

SIM

Processos de comunicação e treinamento SIM

Quadro elaborado pelo autor

É necessário frisar que o Manual não impõe rotinas, ele descreve o nível de

detalhe em que a empresa administra cada item. A existência de lacunas em

políticas, programas, metas, treinamento e comunicação não é considerada uma

falha do manual, mas de cada um destes outros componentes do SGA. Ao

referenciar cada um dos itens de verificação dispostos na metodologia, podemos

considerar o manual como aderente a ela.

5.12 SINTESE DA PESQUISA

Concluída a análise dos diversos tópicos 5.1 a 5.11 se torna possível

preencher o quadro 4 obtendo-se o trabalho de avaliação sintetizado em um só

painel, que é o quadro 8, permitindo uma visão geral dos resultados e gerando uma

sugestão de estratégias para adotar para cada item avaliado.

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6 – CONCLUSÕES

Dos pontos mais relevantes da pesquisa é possível afirmar que há três

evidências fortes que tendem a confirmar a hipótese de pesquisa, a saber:

Os resultados do desempenho ambiental da empresa apresentados

pelos indicadores e informações verificados apontam que a mesma

obteve, sob a égide do seu SGA, substanciais avanços em consumo

de gás, qualidade da água, manejo de resíduos e reciclagem e

obtenção de plena conformidade com a legislação ambiental;

O reconhecimento documental escrito da Agência Estadual de Meio

Ambiente, a CETESB, de que o sistema deve ser mantido, sem entrar

no mérito dos critérios que a mesma adotou para chegar a tal

conclusão e exigência é prova incontestável da importância do SGA,

já que tal agência constitui-se em um stakeholder com poder de

controle e autorização que está emitindo opinião favorável ao sistema

estudado.

O resultado da pesquisa com os empregados comprova a eficácia do

trabalho de disseminação das políticas, programas e esforços da

empresa na área ambiental entre eles, que são os atores mais

importantes da execução das práticas que mantem o SGA

funcionando. A partir da mencionada pesquisa observa-se também

que as ações informativas e motivacionais que a empresa tem

executado sob a égide do SGA implantado foi capaz de promover o

engajamento dos empregados. Eles mostram-se comprometidos com

tarefas a eles designadas com relação à conservação ambiental

compreendendo sua importância. Com relação à capacitação dos

mesmos, a pesquisa revela ainda que os meios adotados para treiná-

los e fornecer-lhes os conhecimentos necessários para a correta

execução de seu trabalho foram eficazes.

Estas três evidências confirmam a hipótese de pesquisa, ou seja, de a

“empresa médio-grande pode gerar resultados de desempenho ambiental,

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econômico e social adequados a partir da adoção de modelos próprios, não

certificados de administração da responsabilidade ambiental”.

Quanto aos pontos fortes e fracos do SGA da Impacta e a avaliação de sua

estrutura administrativa como capaz de garantir a sustentabilidade dos resultados,

observa-se que em doze itens avaliados, o sistema, no tocante à produção de

resultados práticos, é eficaz em sete e parcialmente eficaz em quatro, sendo ineficaz

em apenas um item, a comunicação com os stakeholders. Quanto à avaliação das

práticas administrativas, quatro de doze itens avaliados se revelaram adequados e

três outros são adequados com poucas lacunas, o que eleva o total de itens

aderentes a sete. Quatro itens apresentaram importantes lacunas. O único item não

adequado revelou-se também o único ineficaz em termos práticos e mais uma vez

refere-se a abordagem da empresa com relação aos stakeholders não-empregados.

Além da questão acima mencionada da deficiência das práticas

administrativas no que diz respeito aos stakeholders, as lacunas importantes

indicadas pela pesquisa em quatro de seus componentes estruturais são as

seguintes:

Na política ambiental: falta de declaração formal de comprometimento

com os stakeholders e com uma estrutura administrativa para o SGA.

Nos programas: falta de programas formais de treinamento e

engajamento dos empregados e de prestação de contas e

comunicação com demais stakeholders.

Nos objetivos e metas: ausência de ligação formal entre metas e

objetivos e a falta de parâmetros mensuráveis para os objetivos.

Desenvolvimento e treinamento de empregados: a empresa vive uma

situação ambígua pois não tem práticas formalizadas; no entanto,

esta investigação apontou uma presença intensa de evidencias de

boas praticas de comunicação, motivação de empregados,

treinamento e gestão de conhecimento.

Em seus resultados observáveis, a maneira como a empresa implementa

práticas administrativas para os componentes acima revelou-se parcialmente eficaz

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para todos eles, enquanto foi considerada eficaz para aqueles outros três

componentes com poucas lacunas evidenciadas.

Como ponto forte das práticas administrativas destaca-se o comportamento

da direção da empresa com o SGA implantado. É preciso que se frise que a adoção

pura e simples de um SGA certificado não necessariamente garantiria resultados

melhores, pois eles dependem sempre da qualidade do trabalho e engajamento da

alta administração, e se limitam aos objetivos e metas estabelecidos pela empresa,

os quais não são ditados pelas normas dos sistemas certificados, nem pelas

entidades certificadoras. A alta administração da Impacta revelou-se engajada com o

SGA implantado, ao concluir com sucesso a modelagem e implantação do SGA,

montar e manter uma estrutura administrativa correta com pessoas qualificadas para

a execução das tarefas e que o mantém funcionando. Esta alta administração

também mostrou-se comprometida com a obtenção dos resultados ambientais ao

realizar importantes investimentos em tecnologia de tratamento de efluentes,

conservação de energia, coleta seletiva e gastos com treinamento e comunicação. A

despeito da falta de rotinas escritas para tratar a questão do envolvimento dos

stakeholders, a diretoria manteve também fortes ações que buscaram satisfazer três

stakeholders fundamentais: os empregados por seu empenho em envolvê-los, as

autoridades através do comprometimento com a conformidade legal da empresa e

os acionistas através da prestação de contas dos resultados ambientais a eles.

Levando-se em conta que o resultado do desempenho ambiental, ponto

mais importante desta avaliação, confirma que o SGA estudado se revelou eficaz,

com melhorias consistentes ao longo do tempo para a maioria dos indicadores

investigados, e que a avaliação das práticas administrativas apresenta-se favorável,

conclui-se que a empresa desenvolveu e implantou um SGA que aplica as boas

práticas de administração ambiental de modo sustentável.

A partir das estratégias sugeridas na síntese do processo de avaliação do

SGA, o foco da empresa deverá estar nos itens para os quais se indica estratégia de

ação, ou seja, a inserção no SGA das estruturas formais indicadas para a política

ambiental, os programas, os objetivos e metas e o desenvolvimento e treinamento

de empregados e uma sistemática de envolvimento e comunicação com

stakeholders.

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As estratégias que solucionam as deficiências evidenciadas em tais tópicos

envolvem formalização de compromissos, implementação de práticas administrativas

e implantação de procedimentos formais que estabeleçam sistemas de controle para

tais práticas. Para dar maior consistência à metodologia, sugere-se que outros

estudos sejam realizados utilizando-se de casos de SGAs com o intuito de apurar se

a hipótese de pesquisa se verifica em outras empresas de porte médio-grande.

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111

REFERÊNCIAS

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Janeiro: Elsevier, 2007.

ALPERSTEDT, G. D.; QUINTELLA, R. H.; SOUZA, L. R. Estratégias de Gestão

Ambiental e seus fatores determinantes: uma análise institucional. Revista de

Administração de Empresas - RAE, v.50, n.2, São Paulo, abr./jun. 2010.

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ANEXOS

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ANEXO 1 – DESDOBRAMENTO DOS ITENS DO QUADRO 3

EM UMA “LISTA DE VERIFICAÇÃO”

1) QUESITOS PARA VERIFICAÇÃO DA POLÍTICA AMBIENTAL

Estar escrita e documentada tomando a forma de uma declaração de

compromisso;

Que contemple o comprometimento com a obediência à legislação ambiental;

Que contemple a prevenção das formas de poluição que a atividade da empresa

possa gerar;

Que busque o uso racional e sustentável de recursos dentro de um conceito de

eficiência ambiental e econômica;

Que assegure o controle do desempenho e da melhoria contínua do desempenho

ambiental, fundados em uma estrutura administrativa e um conjunto de programas,

objetivos e metas;

Que contemple a inclusão do treinamento, envolvimento e desenvolvimento de

empregados e participação e prestação de contas aos demais stakeholders, e sua

comunicação adequada a ambos e sistemática.

2) PROGRAMAS PERMANENTES DO SGA A SEREM BUSCADOS E

VERIFICADOS

Gestão do uso da água, incluindo uso, tratamento e disposição;

Gestão dos resíduos industriais e prática da reciclagem;

Gestão do uso de matérias-primas e sua eficiência;

Eficiência no uso da energia e busca de fontes de menor impacto ambiental;

Prevenção da poluição do solo;

Prevenção da poluição do ar;

Programas educativos da força de trabalho;

Programas de comunicação com outros stakeholders sobre o desempenho

ambiental, em especial clientes.

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3) INDICADORES A VERIFICAR-SE

Para a lista de verificação relativa ao tópico “indicadores” a ser usada nesta

metodologia empírica, buscou-se aqueles que Amaral (2005) considera que os

indicadores mais adequados de desempenho ambiental, ou seja, indicadores de

“Eco eficiência”:

Ambientais Econômicos

● Consumo de Energia ● Vendas líquidas

● Consumo e qualidade da água ● Lucratividade

● Emissões atmosféricas Outros – Crescimento,

● Consumo de materiais investimentos em ativos,

● Resíduos e sua disposição EBITDA

● Unidades produzidas

● Efluentes

● Contaminação de subsolos

A estes indicadores serão para composição da “Lista de Verificação”

adicionados indicadores relativos à educação dos colaboradores:

Investimento em educação dos colaboradores;

Medidas da absorção dos valores, políticas, objetivos, metas e práticas da

empresa pelos empregados.

Serão ainda incluídos na “Lista de Verificação” os seguintes indicadores

complementares:

Investimento total em meio ambiente;

Evolução dos resultados produzidos pelo SGA;

Informações sobre “compliance” (atendimento) aos quesitos da legislação

ambiental.

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Neste ponto da investigação, avaliada a pertinência dos indicadores,

deverão ser verificados os resultados do desempenho da empresa com base nos

mesmos indicadores e sua evolução.

Conforme discutido no referencial teórico, os indicadores econômicos devem

ser verificados dentro de uma perspectiva de sustentabilidade econômica, mas

podem não se relacionar diretamente com o desempenho ambiental da empresa,

sendo portanto a conexão entre seus resultados e o desempenho ambiental da

empresa sujeita a interpretações mais complexas.

4) OBJETIVOS E METAS – QUESITOS A INVESTIGAR

Objetivos devem ser compatíveis com a política e derivados dos programas

escolhidos pela organização para atender a sua política. Estes objetivos deverão ser

viáveis, factíveis, tendo em vista as limitações de tecnologia e recursos materiais

humanos e financeiros e levar em conta os requisitos legais a que a organização

está submetida.

Metas devem ser quantificáveis expressas em números preferencialmente

conectadas aos objetivos. Estes números advem dos indicadores escolhidos pela

organização e são uma expressão do resultado ambiental da mesma e de seu SGA.

5) QUESITOS DE ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DO SGA

Existência de um organograma formal do SGA;

Existência de uma alta administração composta por Presidente, diretores e

gerentes, supervisores e técnicos-chave na gestão do processo;

Existência de um especialista em meio ambiente compondo o organograma do

SGA;

Atribuições definidas concernentes à política, objetivos, metas, análise crítica e

orientação geral.

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6) QUESITOS DE AUDITORIA

Auditoria somente interna;

Roteiro e processo de treinamento de auditores;

Basear-se no manual do SGA, política, programas objetivos, metas, indicadores e

resultados;

Gerar relatório imparcial;

Tomar o relatório por base para a análise crítica pela alta administração;

Adotar frequência mínima de um ano.

7) VERIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE MONITORAMENTO E MEDIÇÃO –

QUESITOS DE EFICÁCIA DE CONTROLE

Existência de relatórios periódicos de monitoramento apresentados à alta

administração;

Nestes relatórios devem constar os indicadores de desempenho ambiental

comparados às metas pré-estabelecidas;

A alta administração deve, com base nas informações observadas em tais

relatórios, exercer o controle decidindo as ações corretivas necessárias e

documentando-as;

Os indicadores controlados devem ser relativos às características significativas do

SGA;

Analogamente à ISO 14001, a documentação relativa a requisitos legais deve ser

documentada e mantida em arquivos conforme necessário.

8) TREINAMENTO, COMUNICAÇÃO E DISSEMINAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS

AMBIENTAIS AOS EMPREGADOS

As boas práticas de administração da responsabilidade ambiental para este

item necessitam da existência de:

Um processo interno de treinamento dos empregados para a prática ambiental

adequada;

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Um sistema de comunicação com os empregados sobre o trabalho de

conservação ambiental da empresa com canais definidos, periodicidade definida e

meio de comunicação e expressão que possa atingir e motivar os diversos níveis de

empregados envolvidos e disseminar o conhecimento de políticas, programas,

objetivos, metas e boas práticas.

Comunicação via sessões de treinamento, palestras, “press releases internos”,

campanhas motivacionais e outras formas de comunicação voltadas para o

envolvimento dentro de um processo interno de busca de sua conscientização.

Definição clara das formas de tratamento da gestão do conhecimento na área

ambiental, definindo em manual como será o processo de transformação do

conhecimento tácito em explícito e de que fontes externas se obterá o conhecimento

tecnológico que suportaria a parte operacional do SGA e o conhecimento conceitual

que suportará o desenvolvimento das políticas, metas e indicadores, treinamento e

motivação. É essencial a busca e aquisição de conhecimento destas fontes, já que

estes são conhecimentos detidos por especialistas da área ambiental, seja de

sistemas de tratamento, conservação de energia ou água, reciclagem ou

fundamentos conceituais inclusive envolvendo desenvolvimento de pessoas e

métodos.

9) QUESITOS DE PRÁTICAS DE COMUNICAÇÃO E ENGAJAMENTO DE

STAKEHOLDERS

Empregados - Por sua importância no funcionamento direto do sistema, o caso

destes stakeholders já foi objeto de tratamento a parte na elaboração desta

metodologia no item anterior de número 8 deste anexo 1.

Acionistas - Uso de relatórios e resumos periódicos como forma de comunicação

voltada para a prestação de contas.

Clientes - Uso de “press releases” ou relatórios que poderão ser em muitos casos

enviados até mesmo na modelagem solicitada pelos clientes quando estes

monitoram o desempenho ambiental de fornecedores.

Autoridades - Uso da comunicação por meio de reuniões, que devem ser

documentadas. As respostas às exigências devem também ser documentadas e

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conter abordagens que possibilitem a formação de parceiras ao invés de

antagonismo.

Bancos - A abordagem será meramente comunicativa, preferencialmente por

“press releases” com reuniões periódicas de comunicação de resultados não

documentadas. Se tratar-se de seguradora, então a reunião deverá ser

documentada.

Fornecedores - A comunicação será voltada para o desenvolvimento de ações

comuns. Poderá ser registrada por minutas de reunião e apoiadas por relatórios

periódicos referentes aos resultados dos esforços comuns.

Estratégias - Numa tentativa de classificação dos stakeholders extraídos da lista

de Almeida (2007) e da classificação de Savitz e Weber (2007), Freeman (1984) e

outros, é possível montar o quadro de estratégias de relacionamento.

Quadro 9 – Estratégias de Relacionamento

Categoria Stakeholder Apoio Influência Estratégia Cuidados/OBS

Externo com ligação direta

Clientes Baixo Alta Formar parcerias

Foco no interesse de cada cliente e na comunicação

Externo sem ligação direta

Autoridades Baixo Alta Formar parcerias

Foco nos quesitos legais

Interno Empregados Alto Baixa Capacitar Foco no treinamento e comunicação

Interno Acionistas Baixo Alta Formar parcerias

Foco na comunicação

Fornecedores Alto Baixa Capacitar Foco na integração

Bancos Baixo Alta Formar parcerias

Foco na comunicação

Quadro elaborado pelo autor

10) QUESITOS DE PRÁTICAS DE ANÁLISE CRÍTICA PELA ALTA

ADMINISTRAÇÃO

Existência de uma periodicidade;

Elaboração de uma pauta;

Revisão do último relatório de auditoria ambiental;

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Revisão dos resultados ambientais – objetivos, metas, indicadores, relatórios;

Verificação do “compliance” (conformidade) legal da empresa;

Identificação de novas mudanças e riscos;

Deliberações da alta administração;

Existência de ata documentada e distribuída.

11) VERIFICAÇÃO DE CONTEÚDO DO MANUAL

Apresentação da política;

Descrição dos programas permanentes;

Organograma e responsabilidades;

Processos, demonstração de conformidade legal;

Processos de definição de metas/objetivos;

Definição de indicadores;

Definição de sistemas de monitoramento e avaliação: relatórios, análise crítica;

Processos de comunicação e treinamento.

Um manual deve estar atualizado, e suas páginas, portanto, devem conter a

data da última revisão. As páginas obsoletas devem ser substituídas. Suas cópias

devem estar disponíveis para os integrantes da alta administração.

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ANEXO 2 – LICENÇA CETESB DE OPERAÇÃO IMPACTA

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XX

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XX

XX

XX

XX

XX

Page 133: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP … Renato Mendo… · A taxa de sobrevivência de micro e pequenas empresas após dois anos é 73.1%, sendo maior na indústria

132

Pro

cess

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cia

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Re

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sert

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os

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nto

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o

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est

ão d

a P

olu

ição

Co

nh

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me

nto

de

Pro

ced

ime

nto

e

ind

icad

ore

s

Fun

diç

ão

Evid

en

ciad

oo

sse

guin

tes

po

nto

sd

e

vaza

me

nto

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min

ado

r17

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zam

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un

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do

pro

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od

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ren

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sso

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nte

).

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aliz

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sert

o d

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me

nto

s Si

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ne

/ C

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o

3G

est

ão d

a P

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ição

Co

nh

eci

me

nto

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Pro

ced

ime

nto

e

ind

icad

ore

s

Ae

roso

l Ev

ide

nci

ado

vaza

me

nto

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Imp

ress

ora

L2

Re

aliz

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sert

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os

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me

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sod

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Pro

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icad

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ind

icad

or

par

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os

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ham

con

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en

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are

du

ção

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liza

ção

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insu

mo

se

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nto

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eri

ais

Bu

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rma

de

mu

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lica

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Raf

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est

ãod

ou

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Co

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Pro

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nto

e

ind

icad

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s

Bis

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Bu

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mu

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Raf

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de

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nsa

bil

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ien

tal/

Re

aliz

ada

no

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ias

25

, 26

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BIE

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Page 134: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP … Renato Mendo… · A taxa de sobrevivência de micro e pequenas empresas após dois anos é 73.1%, sendo maior na indústria

133

6G

est

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ime

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nto

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icad

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no

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nte

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Bu

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sura

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ãod

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ime

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ind

icad

ore

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Bis

nag

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ica

Exis

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tre

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pro

du

ção

qu

ee

stab

ele

ceu

mse

qu

en

ciam

en

tod

e

OP

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or

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ília

de

pro

du

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nd

oo

me

no

rn

úm

ero

de

tro

cas,

con

seq

ue

nte

me

nte

are

du

ção

de

insu

mo

s

Bu

scar

form

ad

em

en

sura

re

stá

red

uçã

o d

e in

sum

oR

afae

l/ G

ilm

ar

Page 135: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP … Renato Mendo… · A taxa de sobrevivência de micro e pequenas empresas após dois anos é 73.1%, sendo maior na indústria

134

9G

est

ãod

ou

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Co

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Pro

ced

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icad

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Bis

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a P

lást

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Evid

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oq

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par

ae

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r

de

spe

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iod

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so

nd

eu

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han

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no

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est

ão d

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nte

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tam

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uo

co

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12G

est

ão d

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bie

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on

ário

s d

a ár

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Mar

cos/

Re

inal

do

Page 136: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP … Renato Mendo… · A taxa de sobrevivência de micro e pequenas empresas após dois anos é 73.1%, sendo maior na indústria

135

13G

est

ão d

e r

esí

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os

Ge

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de

Re

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uo

,

vist

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an

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Po

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ão d

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Ge

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ão d

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,

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Po

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Am

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Ae

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Co

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po

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est

ão d

e r

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Ge

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,

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oco

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Po

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eM

eio

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Bis

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a P

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ica

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ide

nci

ado

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ep

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con

tam

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no

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inn

er)

Ori

en

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fun

cio

nár

ios

da

áre

aM

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s/ R

ein

ald

o

Page 137: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP … Renato Mendo… · A taxa de sobrevivência de micro e pequenas empresas após dois anos é 73.1%, sendo maior na indústria

136

17G

est

ão d

e r

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du

os

Ge

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de

Re

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uo

,

vist

ori

an

oco

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re

Po

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eM

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Am

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nte

Fun

diç

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o a

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nci

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Mar

cos/

Re

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do

18G

est

ão d

e r

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Ge

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Po

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eM

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Am

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Fun

diç

ãoFa

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par

ap

ano

no

sco

leto

res

da

pró

xim

o a

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orn

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o.

Pro

vid

en

ciar

co

leto

rM

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o

19G

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ão d

e r

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Ge

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,

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oco

leto

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Po

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eM

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Am

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Fun

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ão

Evid

en

ciad

oe

me

ntr

evi

sta

qu

e

fun

cio

nár

ion

ãosa

bia

on

de

se

en

con

trav

aa

Po

lític

ad

eM

eio

Am

bie

nte

.

Pro

vid

en

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co

leto

rM

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o

20G

est

ão d

e r

esí

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os

Ge

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de

Re

síd

uo

,

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an

oco

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re

Po

lític

ad

eM

eio

Am

bie

nte

Bis

nag

ad

e

Alu

mín

io

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19,

11,

20,

06

e 1

6 (

bal

de

est

á

no

loca

l,p

oré

mn

ãoe

stá

fixo

no

sup

ort

e)

Fixa

r b

ald

eM

arco

s/ R

ein

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o

Page 138: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP … Renato Mendo… · A taxa de sobrevivência de micro e pequenas empresas após dois anos é 73.1%, sendo maior na indústria

137

21G

est

ão d

e r

esí

du

os

Ge

stão

de

Re

síd

uo

,

vist

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an

oco

leto

re

Po

lític

ad

eM

eio

Am

bie

nte

Bis

nag

ad

e

Alu

mín

io

Lin

ha

11:

Plá

stic

od

esc

arta

do

no

cole

tor

de

pap

el

Ori

en

tar

fun

cio

nár

ios

da

áre

aM

arco

s/ R

ein

ald

o

22G

est

ão d

e r

esí

du

os

Ge

stão

de

Re

síd

uo

,

vist

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oco

leto

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Po

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eM

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Am

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nte

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do

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t d

e c

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na

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aP

rovi

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nci

ar c

ole

tor

Mar

cos/

Re

inal

do

23G

est

ão d

e r

esí

du

os

Ge

stão

de

Re

síd

uo

,

vist

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an

oco

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re

Po

lític

ad

eM

eio

Am

bie

nte

Ve

nd

asD

isp

on

ibil

izar

cole

tor

par

aa

no

vasa

la

da

gerê

nci

aP

rovi

de

nci

ar c

ole

tor

Mar

cos/

Re

inal

do

24

Man

ual

de

Re

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bil

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Am

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l

Co

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me

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nto

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ind

icad

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s

Segu

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Me

io A

mb

ien

te

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9/20

13e

075/

2013

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ãote

ve

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Jo

rge

/ Fi

lip

e

Page 139: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP … Renato Mendo… · A taxa de sobrevivência de micro e pequenas empresas após dois anos é 73.1%, sendo maior na indústria

138

25

Man

ual

de

Re

spo

nsa

bil

idad

e

Am

bie

nta

l

Co

nh

eci

me

nto

de

Pro

ced

ime

nto

e

ind

icad

ore

s

Segu

ran

çae

Me

io A

mb

ien

te

Falt

aas

sin

atu

ran

aR

evi

são

3d

oM

anu

al

(D

ire

tor

Co

me

rcia

l),

eat

ual

izar

apó

sa

assi

nat

ura

na

intr

ane

t.

Co

lhe

r as

sin

atu

raJo

rge

/ Fi

lip

e

26

Man

ual

de

Re

spo

nsa

bil

idad

e

Am

bie

nta

l

Co

nh

eci

me

nto

de

Pro

ced

ime

nto

e

ind

icad

ore

s

Segu

ran

çae

Me

io A

mb

ien

te

Falt

aas

sin

atu

rad

ltim

aat

ad

aal

ta

adm

inis

traç

ão(

Dir

eto

rG

ere

nte

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Re

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ANEXO 5 – EVIDÊNCIAS DA UTILIZAÇÃO DO RELATÓRIO DE AUDITORIA AMBIENTAL PELA ALTA ADMINISTRAÇÃO DO SGA DA IMPACTA E DE

PRÁTICAS DE COMUNICAÇÃO, MOTIVAÇÃO E TREINAMENTO DE EMPREGADOS

GESTÃO AMBIENTAL

ATA DE REUNIÃO DA ALTA ADMINISTRAÇÃO

DATA: 27/06/2013

1. A reunião teve como objetivo analisar o andamento da Administração de

Responsabilidade Ambiental e a divulgação dos resultados da quarta auditoria do referido

sistema.

2. Anunciou-se a substituição de representante da Alta Administração do Sistema de

Administração de Responsabilidade Ambiental, pelo Sr. João Roberto Pinto Loureiro,

Gerente Técnico de Inovação e Desenvolvimento, em virtude da aposentadoria da empresa

da Sra. Sandra Regina Biotto Camargo, que era a representante anterior.

3. Das SACPMAs abertas até o momento (foram 48), 6 ainda estão em andamento. Estas

pendências estão dentro dos prazos, não ensejando comentários.

Nota: SACPMA no.5 – Reciclagem de plástico no processo de fabricação de bisnagas

plásticas: pelos meios e estrutura existentes atuais não é possível, implementar a solução

planejada. Será necessário localizar um terceiro capaz de realizar a granulação dentro dos

padrões de qualidade necessários.

4. Foi entregue aos membros presentes, o relatório com as não conformidades encontradas

na auditoria realizada em maio/2013. O relatório foi revisto em reunião e determinada a

solução para os diversos problemas apontados.

5. Quanto aos cinco programas que dão sustentação à Administração de Responsabilidade

Ambiental foram os seguintes pontos abordados:

5.1 - Redução e Controle da Poluição: Foi evidenciada na auditoria a colocação de

bandejas e paletes de contenção de óleo nas injetoras e paletes de contenção na fundição.

Também foi instalado o separador de água e óleo na manutenção, o que praticamente

reduziu a zero a emulsão gerada nesta área. Evidenciado vazamento de óleo em vários

pontos da fábrica, objeto de SACPMAs de número: 26, 32, 33, 35 já abertas indicando

formas de eliminação ou contenção do vazamento.

Fonte: Representante da alta administração – Impacta

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GESTÃO AMBIENTAL

ATA DE REUNIÃO DA ALTA ADMINISTRAÇÃO

DATA: 07/01/2014

1. A reunião teve como objetivo analisar o andamento da Administração de

Responsabilidade Ambiental e a divulgação dos resultados da quinta auditoria do referido

sistema.

2. Das SACPMAs abertas até o momento foram 79, sendo que:

- 10 ainda não foram concluídas sendo que destas, 05 encontram-se atrasadas (SAPCMAs

23, 36.1, 51, 65 e 68) e 05 estão previstas para serem concluídas em 2014 (SACPMAs 63,

75, 76, 78 e 79)

3. Foi entregue aos membros presentes, o relatório com as não conformidades encontradas

na auditoria realizada em novembro/2013. O relatório foi revisto em reunião e determinada a

solução para os diversos problemas apontados.

4. Quanto aos cinco programas que dão sustentação à Administração de Responsabilidade

Ambiental foram os seguintes pontos abordados:

4.1 - Redução e Controle da Poluição: Foi evidenciada na auditoria a solução das

seguintes NCs:

Bisnaga de alumínio – Vazamento de óleo nos seguintes equipamentos: Prensa 11, 14 e 17;

Impressora 23, Arrolhadeira 15 e Torno 16.

Aerosol – Realizado o conserto do vazamento de óleo da impressora da L1, o vazamento de

óleo da impressora da L2 continua pendente.

Bisnaga Plástica - Realizado o conserto de todas as SACPMAs referente a vazamento de

água e óleo.

Fundição - Evidenciado vazamento oriundo do processo de prensa de discos, onde não há

contenção para o residual do processo (lubrificante).

Foi sugerido pela Alta Administração a implantação de bandejas de contenção embaixo das

bobinas perfuradas e em seus suportes.

Evidenciada a eficiência no separador de água e óleo.

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JORNAL “ECOBOY”, MARÇO/ABRIL/MAIO/2013 - NOTÍCIAS

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JORNAL “ECOBOY”, MARÇO/ABRIL/MAIO/2013 - BOAS PRÁTICAS

AMBIENTAIS

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JORNAL “ECOBOY”, OUTUBRO/2011 - EDITORIAL

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JORNAL “ECOBOY”, OUTUBRO/2011 - PROGRAMAS

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JORNAL “IMPACTUAL”, ABRIL/MAIO/JUNHO/2013 - CAMPANHA

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JORNAL “IMPACTUAL”, ABRIL/MAIO/JUNHO/2013 - SOCIAL

E MEIO AMBIENTE