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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Mestrado Profissional em Administração O USO DA INTERNET COMO FERRAMENTA DE APOIO À INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E INOVAÇÃO: SURVEY NO POLO MOVELEIRO DE UBÁ/MG Marcio Antônio Molica Soares Belo Horizonte 2015

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Mestrado Profissional em Administração

O USO DA INTERNET COMO FERRAMENTA DE APOIO À INTELIGÊNCIA

COMPETITIVA E INOVAÇÃO: SURVEY NO POLO MOVELEIRO DE UBÁ/MG

Marcio Antônio Molica Soares

Belo Horizonte

2015

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Mestrado Profissional em Administração

O USO DA INTERNET COMO FERRAMENTA DE APOIO À INTELIGÊNCIA

COMPETITIVA E INOVAÇÃO: SURVEY NO POLO MOVELEIRO DE UBÁ/MG

Marcio Antônio Molica Soares

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Baroni de Carvalho

Belo Horizonte

2015

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FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Soares, Marcio Antônio Molica

S676u O uso da internet como ferramenta de apoio à inteligência competitiva e

inovação: survey no polo moveleiro de Ubá/MG / Marcio Antônio Molica

Soares. Belo Horizonte, 2015.

103 f.: il.

Orientador: Rodrigo Baroni de Carvalho

Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Administração.

1. Inteligência competitiva (Administração). 2. Desenvolvimento

Tecnológico. 3. Difusão de inovações. 4. Internet - Serviços de informação. 5.

Pequenas e médias empresas - Administração. 6. Indústria madeireira. I.

Carvalho, Rodrigo Baroni de. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas

Gerais. Programa de Pós-Graduação em Administração. III. Título.

CDU: 658.012.2

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Marcio Antônio Molica Soares

Título da dissertação: O USO DA INTERNET COMO FERRAMENTA DE APOIO À

INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E INOVAÇÃO: SURVEY NO POLO MOVELEIRO

DE UBÁ/MG

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Administração da

Pontifícia Universidade Católica de Minas

Gerais e Fundação Dom Cabral, como

requisito para a obtenção do título de Mestre

em Administração.

Área de concentração: Administração

___________________________________________________________________________________________

Orientador Prof. Dr. Rodrigo Baroni de Carvalho (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais)

____________________________________________________________________________________________

Profª. Dra. Cristiana Fernandes de Muylder

(Universidade FUMEC)

_____________________________________________________________________________________________

Profª. Dra. Luciana Castro Gonçalves (ESIEE Paris/ Université Paris-Est/IRG)

_____________________________________________________________________________________________

Profª. Dra. Glaucia Maria Vasconcellos Vale (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais)

Belo Horizonte, 24 de fevereiro de 2015

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RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo identificar e compreender o uso da Internet para fins de

Inteligência Competitiva (IC) e Inovação pelas micro, pequenas e médias empresas (MPEs e

PMEs) que formam o polo moveleiro de Ubá/MG. O arranjo produtivo local (APL) dessa região

é um importante vetor de desenvolvimento econômico do estado de Minas Gerais, sendo bastante

incentivado por órgãos de fomento. O polo é composto em sua maioria por MPEs e PMEs que

possuem disponibilidade de acesso a Internet, mas por outro lado têm escassez de recursos

humanos e financeiros. A pesquisa utilizou como base construtos derivados do modelo UTAUT

(Unified Theory of Acceptance and Use of Technology), que tem sido largamente aplicado como

um modelo integrativo para medir a aceitação e uso de tecnologia. O survey aplicado via Internet

obteve respostas válidas de 42 empresas. Os resultados indicaram que o principal fator pelo não

uso estratégico da Internet é o desconhecimento dos temas IC e Inovação e, secundariamente, a

ausência de infraestrutura de TI para suportar esse uso pelas empresas. A pesquisa corrobora a

necessidade de criar mecanismos para fornecer consultoria às empresas, visando expandir a

compreensão e a aplicação de práticas de IC e Inovação.

Palavras chaves: Inteligência Competitiva, Inovação, Desenvolvimento de Novos Produtos

(DNP), PMEs, setor moveleiro.

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ABSTRACT

This research aimed to identify and understand the usage of Internet for Competitive Intelligence

(CI) and Innovation purposes by micro, small and medium enterprises (SMEs) of the furniture

industry located at the region of Ubá, Minas Gerais state, Brazil. This cluster is an important

driver to the economic development of Minas Gerais state, receiving dedicated support from

regional agencies and authorities. Most of these furniture enterprises have Internet access, but

have problems concerning the scarcity of human and financial resources. The study was based

upon UTAUT (Unified Theory of Acceptance and Use of Technology) that has been widely used

as an integrative model to measure the technology acceptation and its usage. The survey applied

via website resulted in 42 valid answers. The final results showed that the main obstacle for not

using Internet for CI and innovation purposes was the lack of knowledge about these concepts

and, secondarily, the absence of IT infrastructure. The research confirmed the necessity to

provide consulting services in order to leverage the understanding and the application of CI and

Innovation practices.

Keywords: Competitive Intelligence, Innovation, New Product Development, SMEs, Furniture

industry.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIMAD Associação Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta Decoração

ABRAIC Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva

AFE Análise Fatorial Exploratória

AMSTAT American Statistical Association

APL Arranjo Produtivo Local

BI Business Intelligence

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CAGED Cadastro Geral de Empregados e Desempregados

DI Desempenho Inovativo

DNP Desenvolvimento de Novos Produtos

EI Esforço Inovativo

EPP Empresa de Pequeno Porte

FEMUR Feira de Móveis de Ubá e Região

FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais

FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

GC Gestão do Conhecimento

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IC Inteligência Competitiva

INTERSIND Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Móveis de Ubá e Região

JUCEMG Junta Comercial do Estado de Minas Gerais

ME Micro Empresa

MPEs Micros e Pequenas Empresas

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

OISPG Open Innovation Strategy and Policy Group

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PI Propriedade Intelectual

PINTEC Pesquisa de Inovação realizada pelo IBGE

PMEs Pequenas e Médias Empresas

PNBL Plano Nacional de Banda Larga

RAIS Relação Anual de Informações Sociais

SCIP Strategic and Competitive Intelligence Professionals

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SI Sistema de Informação

TI Tecnologia da Informação

UTAUT Unified Theory of Acceptance and Use of Technology

WWW World Wide Web

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Modelo UTAUT, adaptado de Venkatesh, 2003. ................................................................ 40

Figura 2. Adaptação do modelo UTAUT para a pesquisa. Fonte: elaborado pelo autor. ........................ 51

Figura 3. Representação do resultado de pesquisa ............................................................................ 73

Figura 4. Formulário de solicitação de informações a JUCEMG. Fonte: JUCEMG/2014. ..................... 90

Figura 5. Descrição do código 3101-2/00. Fonte: http://www.cnae.ibge.gov.br/ .................................. 91

Figura 6. Descrição do código 3102-1/00. Fonte: http://www.cnae.ibge.gov.br/ .................................. 92

Figura 7. Questionário página 1. Fonte: site da pesquisa. .................................................................. 93

Figura 8. Questionário página 2. Fonte: site da pesquisa. .................................................................. 94

Figura 9. Questionário página 3. Fonte: site da pesquisa. .................................................................. 95

Figura 10. Questionário página 4. Fonte: site da pesquisa. ................................................................ 96

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Lacunas de estudos sobre Internet, PMEs, Inovação e IC..........................................................................17

Tabela 2 Objetivos da pesquisa .................................................................................................... 19

Tabela 3 Taxa de inovação do setor moveleiro e afins ..................................................................... 20

Tabela 4 Importância atribuída às fontes de informação .................................................................. 22

Tabela 5 Conceitos de inovação ................................................................................................... 27

Tabela 6 Conceitos de Inovação Aberta ........................................................................................ 30

Tabela 7 Cenários adequados para utilização de um website ............................................................ 46

Tabela 8 Construtos da pesquisa e seu embasamento teórico ............................................................ 48

Tabela 9 Classificação das empresas pelo faturamento bruto anual ................................................... 54

Tabela 10 Classificação das empresas pelo número de funcionários .................................................. 54

Tabela 11 Empresas por porte ...................................................................................................... 57

Tabela 12 Pesquisa via Linkedin .................................................................................................. 60

Tabela 13 Pesquisa no Facebook .................................................................................................. 60

Tabela 14 Perfil dos respondentes ................................................................................................. 62

Tabela 15 Construtos utilizados na pesquisa .................................................................................. 66

Tabela 16 Construtos e Alpha de Cronbach ................................................................................... 68

Tabela 17 Coeficiente Alpha de Cronbach para C1 ......................................................................... 68

Tabela 18 Coeficiente Alpha de Cronbach para C2 ......................................................................... 69

Tabela 19 Coeficiente Alpha de Cronbach para C3 ......................................................................... 69

Tabela 20 Estatísticas dos construtos ............................................................................................ 70

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 10

1.1 Contextualização: A importância das MPEs/PMEs e o polo moveleiro de Ubá/MG ...................... 10

1.2 A problemática de pesquisa ................................................................................................... 13

1.3 Justificativa ......................................................................................................................... 15

1.4 Objetivos ............................................................................................................................. 18

2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 20

2.1 Panorama da Inovação na Indústria Brasileira .......................................................................... 20

2.2 Inovação ............................................................................................................................. 25

2.3 Inteligência Competitiva ....................................................................................................... 33

2.4 Internet como fonte de informação para negócios ..................................................................... 35

2.5 Gerentes como agentes da inovação ........................................................................................ 37

2.6 Teoria Unificada de Aceitação e Uso da Tecnologia ................................................................. 39

3. METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................................... 43

3.1 Estratégia e Método de Pesquisa ............................................................................................. 43

3.2 Construção do Modelo de Pesquisa ......................................................................................... 46

3.3 Unidade Empírica de Análise ................................................................................................. 53

3.4 Validação do questionário ..................................................................................................... 55

4. ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................................. 56

4.1 Estruturação da Amostra ....................................................................................................... 56

4.2 Procedimentos de coleta de dados ........................................................................................... 59

4.3 Análise Descritiva dos Resultados .......................................................................................... 61

4.4 Análise Quantitativa dos Resultados ....................................................................................... 65

5 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 77

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 83

ANEXOS ................................................................................................................................... 90

I. Formulário de solicitação de informações a JUCEMG ....................................................... 90

II. Códigos CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) ................................... 91

III. Questionário disponibilizado na Internet .......................................................................... 93

V. Empresas cadastradas no INTERSIND ............................................................................ 97

VI. Empresas com páginas na rede social Facebook. ............................................................... 99

VII. Questionário ............................................................................................................... 101

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1. INTRODUÇÃO

Esta pesquisa buscou identificar a forma como as micros e pequenas empresas (MPEs) e as

pequenas e médias empresas (PMEs) que formam o Arranjo Produtivo Local (APL) do polo

moveleiro de Ubá/MG utilizam a Internet. De maneira mais específica, o interesse foi verificar

se há uso da Internet voltado para atividades de Inteligência Competitiva (IC) e inovação visando

o Desenvolvimento de Novos Produtos (DNP), processos ou modelos de negócios. Pesquisa do

BCG (The Boston Consulting Group) (2012) sobre o uso da Internet no G-20 (Grupo das 19

maiores economias do mundo mais União Europeia) indica que o Brasil, ao lado da China, é um

dos países onde mais aumenta o número de PMEs que fazem uso extensivo da Internet e que os

dois países estão à frente dos demais no uso da Internet para aproximação com os clientes (Dean

& all., 2012). Isso pode ser um indício de que a Internet é um meio ou recurso amplamente

difundido, de baixo custo e que já é utilizado pelas PMEs brasileiras como canal de acesso à

informação. Incentivar e ampliar o uso da Internet para abranger não só o simples acesso, mas o

uso estratégico da informação como apoio às atividades de IC e inovação é um importante

caminho para alavancar a produtividade e a melhoria dos produtos das empresas da região.

1.1 Contextualização: A importância das MPEs/PMEs e o polo moveleiro de Ubá/MG

Segundo o Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa (Sebrae, 2013):

Apesar da moderação na atividade econômica brasileira no período recente, o

segmento das micro e pequenas empresas ainda se expande no país, impulsionado

pelo crescimento da renda e do crédito. Entre 2002 e 2012, verificou-se aumento

de 30,9% no número de estabelecimentos das MPEs, e quase dobrou o número de

empregos formais gerados por estes estabelecimentos. Em 2012, as MPEs

responderam, em média, por 99% dos estabelecimentos, quase 52% dos empregos

formais de estabelecimentos privados não agrícolas do país e cerca de 40% da

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massa de salários paga aos trabalhadores destes estabelecimentos. Seguindo o

movimento de formalização de toda a economia, cresceu também os empregos

com carteira de trabalho assinada, assim como o rendimento médio real recebido.

...

A importância das Micro e Pequenas Empresas na estrutura econômica brasileira

para o emprego, que representava em 2012, no Brasil, segundo os dados da

Relação Anual de Informações Sociais (Rais), registro administrativo do

Ministério do Trabalho, cerca de 6,3 milhões de estabelecimentos responsáveis

por 16,2 milhões de empregos formais privados não agrícolas.

O polo moveleiro de Ubá/MG é um importante APL formado majoritariamente por MPEs e

PMEs que promovem o desenvolvimento econômico e social da região e do estado de Minas

Gerais (Junta Comercial do Estado de Minas Gerais [JUCEMG], 2014). No contexto desse

trabalho, APL é entendido como uma concentração espacial e setorial de pequenas e médias

firmas (Schmitz & Nadvi, 1999), ou mais formalmente, um cluster é uma rede interconectada de

empresas distintas de um particular campo industrial contidas em uma área geográfica delimitada

(Müller, 2009). Os termos APL de Ubá e polo moveleiro serão utilizados como sinônimos.

A importância do polo para a economia do estado é considerável. Composto por

aproximadamente 300 empresas de móveis (segundo a JUCEMG, são 619) que geram,

aproximadamente, 30 mil empregos (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais

[FIEMG], 2014). Considerado um APL modelo (Sindicato Intermunicipal das Indústrias de

Móveis de Ubá e Região - [INTERSIND], 2014), o polo realiza bienalmente a Feira de Móveis

de Ubá e Região [FEMUR], que está em sua 11ª edição, completando em 2014 vinte anos de

história. Considerada um dos eventos mais representativos do setor moveleiro no Brasil, a Feira

apresenta 120 indústrias expositoras, distribuídas em uma área de 18 mil m2, e já movimentou em

todos esses anos cerca de 1,1 bilhão em negócios e atraiu 147 mil visitantes. Para a edição de

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2014 da FEMUR, estimou-se a presença de 18 mil visitantes com volume de negócios superando

a marca de R$ 250 milhões registrados em 2012 (FIEMG, 2014).

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Federação das

Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e Sindicato Intermunicipal das Indústrias do

Mobiliário de Ubá (INTERSIND) têm buscado incrementar o desenvolvimento do polo por meio

da inovação e melhoria da qualidade dos produtos. Tal atuação é condizente com o entendimento

de APL feito por Sakamoto (2011) para quem é esperado que o Estado e os órgãos de fomento

tenham esse papel indutor, visando o aumento da produtividade e da qualidade dos produtos e

opondo-se aos clusters, nos quais as ações indutoras do desenvolvimento partem da iniciativa

privada. A FIEMG e o SEBRAE vêm desde 2004 trabalhando no polo de Ubá em conjunto de

forma a buscar uma sinergia de esforços, estimulando as empresas a alcançarem níveis cada vez

mais eficazes de interação, cooperação e inovação (SEBRAE, 2004).

Concomitantemente, a Internet tem sido apontada como importante recurso à disposição das

empresas para melhorar seus processos produtivos. As PMEs precisam desenvolver uma cultura

voltada para o gerenciamento da informação e, de forma simples e otimizada, definir ações

básicas que lhes possibilitem acompanhar seu ambiente de negócios (Nadaes & Borges, 2005).

Avanços nas tecnologias baseadas na Internet têm fornecido às PMEs oportunidades sem

precedentes para competir com as grandes empresas.

A Internet essencialmente nivelou a competição e tornou possível para as PMEs competirem com

as grandes empresas, anulando as restrições geográficas, de tamanho de mercado ou os limites

financeiros das firmas (Li, Trouff, Brandyberry & Wang, 2011). As oportunidades que a Internet

pode fornecer às PMEs incluem: redução de custos; aumento do número dos clientes potenciais;

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adaptação de produtos e preços; melhoria da posição de mercado através do aumento do

relacionamento com clientes; aumento da competitividade global; aumento de ganhos

financeiros. Alguns autores indicam que a Internet é um importante recurso à disposição das

empresas para incrementar, além da comunicação e do comércio eletrônico, atividades

relacionadas à inovação de modo geral, inovação aberta e IC (Cronin et. al, 1994; Sawhney et al,

2005; Aragon-Correaa & Cordon-Pozob, 2005). Entender e estimular o uso efetivo da Internet

pelas MPEs e PMEs do polo pode significar um importante fator de desenvolvimento econômico

das empresas e da região.

O Observatório das Micro e Pequenas Empresas, pesquisa elaborada pelo SEBRAE/SP (2008),

mostrou que 71% das PMEs brasileiras têm acesso à Internet e 14% delas usam a rede mundial de

computadores para vender produtos ou serviços. O apoio governamental, a maior oferta pelos

serviços e a pressão do ambiente competitivo tem feito com que as empresas passassem a adotar

as ferramentas baseadas na Internet com apoio aos seus processos produtivos. Entretanto, o uso

que tem sido feito pelas PMEs parece não envolver atividades mais refinadas em termos

operacionais e gerenciais que poderiam trazer maiores benefícios. Constatar esta afirmação foi

um dos principais objetivos dessa pesquisa que visou também identificar as principais causas

desse fenômeno.

1.2 A problemática de pesquisa

A problemática que esta pesquisa se propôs a esclarecer está relacionada basicamente ao uso

eficiente, ou melhor, ao não uso eficiente de um recurso barato e já à disposição das empresas

que é a Internet. Sakamoto (2011) e Oliveira (2011) indicam que as PMEs do setor moveleiro e,

em especial, as do polo de Ubá/MG (Oliveira, 2011) não possuem alta capacidade inovadora.

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Considerando apenas a utilização da Internet, restou então investigar quais são os motivos que

impedem ou dificultam a sua utilização para aumentar a taxa de inovação nas empresas. Existe

uma contradição que precisava ser investigada, pois PMEs, por sua natureza e forma

organizacional, por ter menos processos estabelecidos quando comparadas as médias e grandes

empresas, tendem a possuir menos barreiras à inovação do que as grandes (Scozzi & Garavelli,

2005), porém elas dispõem de menos recursos (humanos e financeiros). Portanto, em teoria,

mesmo atuando em um setor tradicional e com baixa propensão ao uso de inovações

tecnológicas, as PMEs do polo deveriam utilizar todo o potencial da Internet devido ao baixo

custo, universalidade do serviço e grande potencial para alavancar negócios. Segundo o BCG

(Dean & all, 2012):

Dada a agilidade e a habilidade para inovar, pode-se esperar que as PMEs – motor

do crescimento da economia em muitos países – passem a compreender o poder da

Internet para construir seus negócios. Na verdade, muitas têm feito, e estas

companhias tem ajudado a Web se tornar um importante veículo para crescimento

de receita e criação de empregos. Mas, um número surpreendente não está fazendo

isso – ou tem se aventurado online somente para um uso limitado. Estas empresas

estão deixando em aberto uma enorme oportunidade.

Entender o uso que as PMEs do polo moveleiro de Ubá fazem da Internet é um importante passo

para buscar a melhoria dos seus processos. Quando se aborda o aspecto da inovação na indústria

brasileira, o principal mecanismo para a sua implementação ainda é a aquisição de novas

máquinas e equipamentos. Segundo o último estudo Pesquisa em Inovação [PINTEC] (2011) do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], a inovação na indústria se dá

majoritariamente pela compra de novos equipamentos ligados diretamente à produção.

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O setor moveleiro brasileiro é considerado um setor com baixos investimentos em pesquisa e

desenvolvimento (P&D) e baixa velocidade evolutiva. É um setor no qual as mudanças

tecnológicas não são tão rápidas, nem causam tanto impacto no processo produtivo ou na

concorrência, se comparado a um setor de alta velocidade evolutiva como o de telecomunicações.

Assim as empresas moveleiras tem um maior tempo para se ajustar às mudanças e aos avanços

tecnológicos (Sakamoto, 2011). Segundo Oliveira (2011), é baixa a qualificação média dos

gestores das empresas do polo de Ubá. Estes fatores indicam que a Internet pode não estar sendo

utilizada em atividades em Inovação e Inteligência Competitiva pelas empresas do polo.

A pesquisa visou analisar a não utilização da Internet pelas PMEs em atividades relacionadas à

inovação e IC. Custo, tempo, cultura, conhecimento, acesso, infraestrutura, mão de obra

especializada, ausência de apoio externo (consultorias) foram algumas das hipóteses iniciais

utilizadas para explicar o fenômeno.

1.3 Justificativa

A justificativa para a pesquisa abrange aspectos de três naturezas distintas: aspectos acadêmicos

derivados da ausência de estudos que envolvam os temas PMEs, Internet, IC, inovação; aspectos

estratégicos no sentido de ser um insumo para a revisão de políticas de fomento e

desenvolvimento das empresas do polo e, por fim, aspectos econômico-sociais visando o

desenvolvimento econômico da região de Ubá/MG.

No campo científico, existe uma carência de estudos que analisam o uso da Internet com foco em

inovação e IC pelas PMEs. Estudos organizacionais a respeito da adoção de tecnologias na

Internet têm ficado restritos às grandes empresas (Li et al., 2011) assim como existem menos

estudos em inovação nas PMEs (West, Vanhaverbeke & Chesbrough, 2006, Brio & Junquera,

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2003, Li et al., 2011) quando comparados ao volume de estudos de inovação em grandes

empresas. A discussão acerca de inovação aberta também tem excluído as PMEs (Lee, Park,

Yoon & Park, 2010). Adicionalmente, a vasta maioria dos estudos sobre IC focaliza grandes

empresas, uma vez que são elas que têm desenvolvido sistemas mais sofisticados nessa esfera

(Barbosa, 2006). A Tabela 1 resume a posição de diversos autores sobre a ausência de estudos

abrangendo inovação, inovação aberta, Internet e inteligência competitiva nas PMEs.

Embora as PMEs, por questões particulares (tamanho, organização e processos), tenham a

tendência a serem mais inovadoras do que as grandes firmas (Scozzi & Garavelli, 2005), elas

carecem de assessoramento e consultoria para conseguir efetivamente inovar. A forma como

assessorar as PMEs tem sido alvo de debate devido às desvantagens de recursos e materiais

voltados para inovação (Edwards, Delbridge & Munday, 2005). A ausência de recursos dedicados

para efetivamente gerenciar processos de inovação torna difícil para as PMEs identificarem e

adotarem métodos adequados a este tipo de trabalho.

Portanto, estudar e compreender o uso da Internet e os problemas na utilização da mesma para

fins inovativos é ponto de partida para formar uma base científica que possa guiar os órgãos de

fomento (SEBRAE, FIEMG, INTERSIND) e a iniciativa privada (consultorias, empresas de

infraestrutura de Internet e de sistemas) na criação e desenvolvimento de atividades que suportem

as PMEs na utilização da Internet para fins de IC e inovação.

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Tabela 1

Lacunas de estudos sobre Internet, PMEs, Inovação e IC.

Tema de estudo Orientação Autores

Internet Os estudos organizacionais a respeito da

adoção de tecnologias na Internet têm

ficado restritos às grandes empresas.

Li et al. (2011)

Inovação Existem poucos estudos em inovação nas

PMEs.

West et al. (2006); Vanhaverbeke e

Chesbrough(2006); Brio e Junquera

(2003); Li et al. (2011)

Inovação aberta A discussão acerca de inovação aberta

também tem excluído as PMEs

Lee et al., 2010

Inteligência Competitiva A vasta maioria dos estudos sobre IC

focaliza grandes empresas

Barbosa (2006)

Inovação PMEs tendem a ser mais inovadoras que as

grandes empresas

Scozzi e Garavelli (2005); Huston e

Sakkab (2006); Acs e Audrestch

(1991); Inácio (2008)

Inovação PMEs precisam de assessoramento em

processos inovativos

Edwards et al. (2005)

Inovação PMEs do polo industrial de Ubá acreditam

ser importante inovar.

Oliveira (2011)

Nota. Fonte: Elaborado pelo autor.

Considerando o recorte da pesquisa, as empresas que compõem o polo industrial de Ubá

acreditam ser importante a busca por novos produtos, processos e mercados, porém, esta busca

vem ocorrendo de forma isolada pelas empresas. Além disso, o polo apresenta baixa qualificação

da mão de obra. Nos níveis de decisão e de gerência da empresa, 41% do pessoal ocupado possui

2º grau completo e somente 12% nível superior, havendo pouca interação entre as empresas e as

universidades (Oliveira, 2011).

Do ponto de vista prático, acredita-se que esta pesquisa pode ser justificada como meio de

produzir um corpo de conhecimento que auxilie os principais órgãos de fomento ou

empreendedores locais na criação de soluções que viabilizem a utilização da Internet para fins de

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inovação e IC, melhorando os processos produtivos, tornando-os mais eficientes e promovendo o

crescimento das empresas do polo. Já na perspectiva teórica, entende-se que a pesquisa se

justifica pela carência de estudos relacionando o uso da Internet para IC e Inovação no contexto

das PMEs (Tabela 1).

1.4 Objetivos

Este trabalho teve como objetivo geral identificar e compreender os fatores que interferem no uso

efetivo da Internet para fins de inovação e IC pelas empresas do polo moveleiro de Ubá/MG. É

assumida a premissa que a Internet é um meio disponível, acessível, de baixo custo e com grande

potencial para ajudar as empresas a melhorarem os seus processos produtivos, serem mais

competitivas e a se desenvolverem. Quais são as razões principais para que a Internet seja

desconsiderada como meio efetivo para fomentar a IC e a inovação nas PMEs?

Dentre as principais hipóteses levantadas para explicação desse fenômeno estão o

desconhecimento da importância e dos principais processos em inovação e IC; falta de mão de

obra especializada para suporte a estas atividades na Internet; dificuldades no acesso a rede;

problemas de infraestrutura de TI; cultura organizacional avessa a investimentos não ligados às

atividades operacionais da fábrica; falta de tempo dos profissionais para executar atividades na

Internet; descrença no retorno do uso da Internet para fins inovativos.

A pesquisa clareou este cenário identificando os principais fatores, entre os listados como

hipóteses, que melhor explicaram o não uso da Internet para estes fins específicos.

Secundariamente, foram analisadas as relações entre os principais fatores e a associação com as

características econômico-sociais da região (Tabela 2).

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Tabela 2

Objetivos da pesquisa

Objetivos Descrição

Geral Identificar e compreender os principais fatores responsáveis pelo não uso da Internet para fins de IC

e inovação.

Secundário Adaptar os construtos do modelo UTAUT (Venkatesh, 2003) à realidade do uso de Internet em

PMEs

Secundário Propor recomendações para o desenvolvimento do uso da Internet para fins de IC e Inovação nas

empresas do polo moveleiro de Ubá.

Nota. Fonte: Elaborado pelo autor.

O texto da dissertação está organizado da seguinte forma: no capítulo 2, é apresentado o

referencial teórico sobre os pilares teóricos que sustentam a pesquisa: Inovação contextualizada

pela Pesquisa em Inovação [PINTEC], IC, Teoria Unificada de Aceitação e Uso de Tecnologia -

Unified Theory of Acceptance and Use of Technology (UTAUT); no capítulo 3, é explicitada a

metodologia utilizada, os motivos para a escolha do survey como método de pesquisa e a

adaptação do UTAUT ao contexto desse estudo. No capítulo 4, é feita a análise quantitativa dos

dados coletados no survey visando o entendimento da capacidade explicativa do modelo para o

perfil da amostra, comparando-o com pesquisas correlatas na literatura. O capítulo 5 engloba

conclusão da pesquisa, apresentando uma síntese dos resultados finais obtidos e as perspectivas

para trabalhos futuros.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Este trabalho está ancorado em cinco pilares:

Inovação/Inovação aberta ou em rede (termos sinônimos para fins desse trabalho);

Inteligência Competitiva (IC);

Internet como ferramenta ou meio para atividades inovadoras e em IC;

Teoria Unificada para Aceitação e Uso de Tecnologia (Unified Theory of Acceptance

and Use of Technology - UTAUT);

Gerentes como agentes de inovação nas PMEs.

Primeiramente, será apresentado um panorama da inovação da indústria brasileira baseado no

último levantamento oficial disponível. O objetivo é entender como o tema Inovação está sendo

tratado pela indústria moveleira e afim e qual o tipo de inovação tem sido buscado em primazia.

2.1 Panorama da Inovação na Indústria Brasileira

Segundo o último estudo Pesquisa em Inovação [PINTEC] (2011) do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística [IBGE], no período 2009-2011, do universo de 128.699 empresas com 10

ou mais pessoas ocupadas, 45.950 desenvolveram produtos ou processos novos ou

significativamente aprimorados, correspondendo a uma taxa geral de inovação de 35,7%.

Tomando como referência a indústria, nota-se que houve uma queda em relação à pesquisa de

2008, quando então 38,1% das empresas haviam sido inovadoras, sendo que na pesquisa mais

recente o percentual foi de 35,6%.

O setor moveleiro apresenta um percentual em inovação de 44,6% bem superior à taxa geral de

35,9% (Tabela 3). O estudo indica que o foco buscado pela indústria tem sido a inovação em

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produtos e processos (13,4%) ou só processo (18,3%), enquanto que a inovação apenas em

produtos alcança somente 3,9% das indústrias. Entre as que implementaram inovações de produto

ou processo, as atividades inovativas focam prioritariamente na aquisição de máquinas e

equipamentos (75,9%) seguido por treinamento (59,7%) e introdução das inovações tecnológicas

no mercado (29,5%).

Em resumo, as indústrias têm visado inovar em processos e produtos e a forma de

implementação é por meio da aquisição de máquinas, equipamentos e treinamento. O objetivo

básico é melhorar ou manter a posição da empresa no mercado (83,4%) e melhorar a qualidade

dos bens e serviços (81,7%).

Tabela 3

Taxa de inovação do setor moveleiro e afins.

Atividade da indústria, do

setor de eletricidade e gás e

dos serviços selecionados

Taxas *(%)

de inovação

(período

2009-2011)

Dispêndios realizados nas

atividades (1 000 R$)

Receita líquida de vendas

dos dispêndios realizados

nas atividades (1 000 R$)

Inovativas Internas de

P&D Inovativas

Internas

de P&D

2011

Indústria de transformação 35,9 50 124 930 14 719 453 2,46 0,72

Fabricação de produtos de

madeira 23,9 584 609 57 285 3,36 0,33

Fabricação de produtos

têxteis 26,6 719 877 91783 1,97 0,25

Preparação de couros e

fabricação de artefatos de

couro, artigos de viagem e

calçados

29,5 642 667 149 748 2,25 0,52

Fabricação de móveis 44,6 668 211 41 097 2,81 6,17

Nota. Fonte: adaptado de PINTEC (2011)

As fontes de informação para inovação elencadas pelas empresas e, em especial, pela indústria

abrangem um amplo espectro que vai desde redes de informações informatizadas até outra

empresa do grupo (Tabela 4). Interessante notar que a grande maioria delas pode ser alcançada

pela Internet como, por exemplo, fornecedores, feiras e exposições, concorrentes e clientes (por

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meio das redes sociais, sites de reclamação e diretamente via e-mail). Processos baseados no

ciclo IC, por meio da Internet, podem ser úteis para as empresas como forma de explorar essas

fontes de informação.

Tabela 4

Importância atribuída às fontes de informação

Fontes de informação Indústria

%

Redes de informações informatizadas 79,8

Clientes 73,3

Outras áreas da empresa 61,6

Concorrentes 54,7

Fornecedores 54,3

Feiras e exposições 51,0

Conferências, encontros e publicações especializadas 47,1

Empresa de consultoria 44,0

Departamento de P&D 31,7

Centros de capacitação profissional 24,1

Universidades ou outros centros de ensino superior 22,9

Instituições de testes 18,6

Instituto de pesquisa ou centros tecnológicos 15,7

Outra empresa do grupo 7,7

Nota. Importância atribuída às fontes de informação para inovação,

pelas indústrias que implementaram inovação de produtos ou

processos – Brasil – período 2009-2011.

Fonte: adaptado de PINTEC (2011)

Segundo a PINTEC (2011), os gastos da indústria com inovação também apresentaram redução

quando se considera a relação com a receita líquida das empresas. Foram de 2,54% para 2,37%.

Em valores absolutos, porém, os dispêndios aumentaram: de R$ 43,7 bilhões (2006-2008) para

R$ 50,9 bilhões (2009-2011).

Inácio (2008), baseado na Pesquisa em Inovação [PINTEC] (2005), estudou as PMEs com

objetivo de estabelecer um padrão de inovação e analisar a relação existente entre a taxonomia

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desenvolvida e os resultados econômico-financeiros alcançados. A classificação das PMEs

inovadoras brasileiras evidenciou alguns resultados importantes para serem discutidos e

levantados. Do ponto de vista mais amplo e geral, o estudo de Inácio (2008) mostrou que há uma

grande “heterogeneidade tecnológica” nas PMEs inovadoras brasileiras. Não se trata somente de

uma diversidade de padrões de inovação, mas de uma grande descontinuidade entre o que um ou

outro agrupamento faz e o que obtém como resultado. De um lado há um grupo formado por

aproximadamente 5% das PMEs brasileiras que respondem por 45% dos dispêndios em Pesquisa

e Desenvolvimento (P&D) interno, 43% do pessoal ocupado nessa atividade, 23% do total de

todas as inovações tecnológicas de produto e processo novas para o mercado nacional e mundial

e 42% de todas as parceiras realizadas com vistas a inovar. No outro extremo, há um grupo de

PMEs com parcos dispêndios em atividades inovativas e, consequentemente, um baixo número

de pessoal alocado nessa atividade, sem relações efetivas de cooperação, com a totalidade das

inovações de produto e processo são novas para a empresa. Adiciona-se a isso, a questão de

serem empresas nascentes e que, infelizmente, representam cerca de 15% da população de PMEs

brasileiras. Entre os dois extremos, há uma classe intermediária, composta pelo grosso das

empresas (77%) com resultados médios, tendendo para baixo, na maioria dos casos.

A comparação entre o grupo formado pelas empresas inovadoras com o grupo das empresas não

inovadoras mostrou claramente a importância da inovação para o desempenho organizacional.

Praticamente todos os indicadores do desempenho organizacional mostram diferenças marcantes

entre esses dois grupos, sendo os indicadores das empresas inovadoras, em quaisquer das

dimensões, superiores aos de suas contrapartes não inovadoras. Gestores de PMEs deveriam

realmente preocupar-se em entender, capacitar-se e direcionar esforços para perseguir estratégias

que os levem a inovar, mesmo que ainda com pouco grau de novidade e impactos das inovações

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de produto e processo (Inácio, 2008). Portanto, inovar é fundamental para o desenvolvimento e

sustentabilidade das PMEs.

Feldens, Macari e Garcez, (2012) produziram um estudo que identificou as principais barreiras à

inovação em produtos nas PMEs do setor de tecnologia no Brasil. O processo de inovação e seus

obstáculos foram analisados por meio de entrevistas com vários agentes envolvidos no processo,

incluindo empresários, investidores de risco e gerentes de incubadoras de empresas. As análises

comparam dois pontos de vista: o dos empresários e o dos investidores. Os principais resultados

encontrados foram: dificuldades relacionadas a barreiras jurídicas, custos de capital; falta de

investidores para as etapas mais avançadas do desenvolvimento e o aumento dos ciclos de

investimento comparados com as médias internacionais; participação dos investidores próxima

aos empresários (interferindo) na administração das empresas; dificuldade de encontrar

profissionais técnicos e de gestão qualificados para se envolverem em negócios novos e incertos;

aversão cultural ao risco, induzindo tanto os empresários quanto os investidores a serem mais

conservadores na tomada de decisões, e um sentido de boas perspectivas para o futuro, ligado à

disponibilidade de capital.

Inovação é um requisito fundamental para a construção de uma organização sustentável (Skinner,

2010), pois é o meio que transforma ideias em resultados (produtos, serviços, novos processos ou

modelos de negócios), que agregam valor para o cliente. No entanto, empresas de diferentes

portes possuem diferentes níveis de propensão à inovação. As organizações maiores e mais

estabelecidas são menos propensas a serem verdadeiramente inovadoras porque elas se sustentam

em processos e regras bem estabelecidas (Skinner, 2010). Já as PMEs possuem menos regras e

processos o que as beneficiam potencialmente em termos de agilidade.

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2.2 Inovação

De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico [OCDE] (2005),

o conceito de inovação supõe algum grau de novidade em um produto que, no mínimo, precisa

ser novo ou significativamente melhorado para a organização. Isso pode ocorrer em diferentes

níveis: novo para a organização, para um determinado mercado ou para o mundo (Feldens et al.,

2012).

Inovação diz respeito às atividades que ajudam as organizações a crescer. Crescimento é

frequentemente mensurado em termos de rotatividade de produtos e serviços e lucro advindo

dessa rotatividade, mas pode ocorrer em conhecimento, em experiência, em eficiência e

qualidade. Inovação é o processo de fazer mudanças em alguma coisa estabelecida introduzindo

algo novo. Assim, ela pode ser radical ou incremental e pode ser aplicada a produtos, processos

ou serviços em qualquer organização. Ela pode acontecer em todos os níveis de uma organização,

desde equipes de gerenciamento de departamentos ou mesmo no nível individual (O'Sullivan &

Dooley, 2008).

Ota, Hazama e Samson (2013) definem inovação como a reforma de produtos, processos

produtivos e operações visando obter benefícios econômicos e de conveniência para companhias

e clientes. Inovações não são simplesmente invenções ou descobertas, mas também a obtenção

econômica das invenções e descobertas.

Segundo Frankelius (2009), a palavra inovação tem origem na Grécia 400 anos antes de Cristo.

O sentido de inovação refere-se a algo que é simultaneamente: novo com um alto grau de

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originalidade; relevante em qualquer área da sociedade, obtendo apoio e suporte da sociedade,

frequentemente via mercado; e é revolucionário para as pessoas.

O processo inovativo não é completo até que os clientes ou qualquer um que possa se beneficiar

passem a ter conhecimento e aceitem o novo produto ou conceito (Frankelius, 2009). Em linha

com essa definição, Nóbrega e Lima (2011) afirmam que inovação se refere a “dinheiro novo”,

isto é, tudo que traz dinheiro novo para a organização é inovação, senão trouxer então se trata

apenas de uma boa ideia.

Tigre (2006) diferencia invenção de inovação, pois a invenção se refere à criação de um processo,

técnica ou produto inédito, enquanto que inovação é o uso efetivo da invenção através da

aplicação comercial. A comunicação da inovação aos membros de um sistema social se dá pela

difusão. A inovação pode ocorrer em produtos, processos e na estrutura organizacional.

A inovação é movida pela habilidade de estabelecer relações, detectar oportunidades e tirar

proveito das mesmas, mas a inovação não consiste apenas na abertura de novos mercados – pode

também significar novas formas de servir a mercados já estabelecidos e maduros (Bessant et al.

2008), como é o caso do setor moveleiro. O desempenho mercadológico está fortemente

correlacionado à inserção de novos produtos no mercado, mas no caso de produtos mais maduros

e estabelecidos, o crescimento da competitividade nas vendas é resultado não apenas da

capacidade de oferecer preços mais baixos, mas de uma infinidade de fatores não econômicos:

modelo, customização e qualidade (Bessant et al. 2008). Assim, a inovação em produtos, serviços

e/ou processos possui estreita correlação com a vantagem competitiva.

A inovação pode ser entendida como um processo sistemático visando à melhoria contínua dos

produtos, processos, serviços e modelos de negócios e a consequente obtenção de vantagem

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competitiva que se materializa sob a forma de ganhos financeiros para a empresa. A inovação

também é boa para o cliente, já que permite o fornecimento contínuo de produtos ou serviços

melhores, mais eficientes e sofisticados.

Tabela 5

Conceitos de inovação

Autores Conceitos de inovação

Bessant et. al (2008)

A inovação em produtos, processos e serviços é vista como um instrumento para

obtenção de vantagem competitiva.

Feldens et al.(2012) Alguma característica nova ou significativamente melhorada em um produto na

visão da organização ou do mercado

Frankelius (2009) Algo revolucionário e reconhecido economicamente pelo mercado.

Nóbrega e Lima (2011) Trata-se do processo de criação de algo novo (produto, processos, serviços ou

modelo de negócios) que traz dinheiro novo para a empresa, isto é, que consegue

capturar valor do mercado para a empresa.

O'Sullivan & Dooley

(2008)

É o processo de fazer mudanças (incrementais ou radicais) em alguma coisa

(produtos, processos ou serviços) estabelecida introduzindo algo novo.

Ota et al.(2013) Reforma de produtos, processos produtivos e operações visando obter benefícios

econômicos para a empresa

Tigre (2006)

Invenções (em processos, produtos ou serviços) que são comunicadas ao mercado

através da difusão e que conseguem obter valor econômico para a empresa.

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

Portanto, inovar envolve criar algo novo para o mercado. Para tal é preciso saber o que o mercado

deseja, como construir o produto desejado, onde buscar os insumos e matérias primas utilizados

nesta construção, quais processos produtivos devem ser usados, onde buscar os profissionais,

máquinas e equipamentos necessários e, por fim, saber se ao final todo o esforço será

economicamente viável. A Internet é um meio barato ao alcance das PMEs e que pode ajudar

muito na busca dessas informações, bastando saber utilizá-la adequadamente.

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A inovação é tradicionalmente vista como atividade interna a uma empresa. Porém, o

crescimento da Internet, o surgimento do mercado de capital de risco (venture capital), a

disponibilidade e mobilidade dos trabalhadores do conhecimento têm afetado o conceito de

sistema de inovação tradicional. Neste contexto de mudança, surge a inovação aberta que é

caracterizada pela expansão dos limites da companhia. Elas passam a incluir no seu modelo de

negócios não somente a comercialização das suas próprias ideias, mas também ideias externas. A

discussão acerca de inovação aberta também tem excluído as PMEs (Lee et al., 2010).

Chesbrough (2006) argumenta que “inovação aberta é um paradigma que assume que firmas

podem e devem usar ideias externas assim como ideias internas, e caminhos de mercado internos

e externos, enquanto procuram avançar sua tecnologia”. A definição de Chesbrough de open

innovation (inovação aberta) é a mais comumente utilizada na literatura, pois é ampla e desvenda

que ideias valiosas emergem de dentro para fora e de fora para dentro da firma.

Open innovation (inovação aberta) representa o uso propositivo de inflows (fluxos de

conhecimentos que adentram a empresa) e outflows (fluxos de conhecimentos que saem da

empresa) para acelerar inovação. Como o conhecimento é amplamente distribuído, companhias

não podem se basear apenas nos seus próprios conhecimentos e pesquisas, mas devem adquirir

invenções e propriedades intelectuais (PI) de outras companhias enquanto avançam o seu modelo

de negócios (Chesbrough, 2006).

Companhias não devem mais manter somente para si seus segredos em inovação. A chave para o

sucesso é criar uma plataforma em torno das suas inovações considerando os seus clientes, seus

empregados e até mesmo seus competidores para permitir a participação de todos, porque

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somente assim a empresa criará um ambiente dinâmico com o envolvimento da comunidade de

usuários, criadores e desenvolvedores (Rothenberg, 2014).

Para o Open Innovation Strategy and Policy Group [OISPG] (2014), open innovation é um

modelo inovativo baseado em uma extensa rede co-criativa entre todos os atores em uma

sociedade, além de organizações e dos esquemas normais de licenciamento e colaboração.

Portanto, para alcançar grandes ideias as companhias/organizações devem compartilhar

informações, conhecimento e pesquisa ao invés de mantê-las internamente. OISPG (2014)

acredita que colaboração entre um amplo espectro de pessoas proporciona muito mais

criatividade.

Inovação aberta pode ser compreendida como a antítese do modelo de integração vertical em que

as atividades tradicionais em pesquisa e desenvolvimento (P&D) são distribuídas nas empresas.

Inovação aberta compreende o uso de fluxos de conhecimento (de fora para dentro e de dentro

para fora da empresa) para acelerar a inovação interna e expansão do mercado para uso externo

em inovação. Ideias valiosas podem surgir de dentro ou de fora da companhia e também podem

alcançar o mercado de dentro ou de fora da companhia. Esta abordagem coloca ideias externas no

mesmo nível de importância que internas (Chesbrough, 2006). A Tabela 6 resume os conceitos de

inovação aberta a serem considerados por este trabalho.

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Tabela 6

Conceitos de Inovação Aberta

Autores Conceitos de Inovação Aberta

Chesbrough (2006) Firmas podem e devem usar ideias externas assim como ideias internas

Lee et al. (2010) Caracterizada pela expansão dos limites da companhia

OISPG (2014) Baseado em uma extensa rede co-criativa entre todos os atores em uma sociedade

Rothenberg (2014) Consiste em criar uma plataforma em torno das suas inovações

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

De forma geral, os processos em inovação aberta visam mapear as capacidades da empresa em

coletar, filtrar, processar e transformar o conhecimento interno ou externo da firma em novos

produtos, serviços ou direitos (propriedade intelectual). Além disso, a empresa deve ser capaz de

disseminar o seu conhecimento no mundo externo buscando ampliá-lo.

A Internet, por seu turno, é um meio que propicia às pessoas e comunidades a troca intensa de

informações e conhecimento. Com o advento da Web 2.0 (Web colaborativa baseada em redes

sociais e sites com maior grau de interação da empresa com seus clientes), essa característica se

acentuou. As redes sociais aproximam as pessoas permitindo a comunicação via Internet de

qualquer lugar e a qualquer tempo. Os blogs possuem uma estrutura de comunicação um-para-

muitos, onde um tema é apresentado e os leitores podem comentá-lo. Já os sites wiki permitem

que o conteúdo seja construído colaborativamente entre aqueles dispostos a participar. A

principal característica entre todos eles é o incremento da participação das pessoas. No contexto

da Web 2.0, os internautas deixam de ter um papel passivo de mero consumidores das

informações para assumir posição ativa, podendo opinar e dar a sua contribuição para o que está

sendo exposto.

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A interatividade, a possibilidade de trocar informações, gerar conhecimento, aprender, obter

respostas rapidamente de fornecedores, parceiros e clientes tornam a Internet uma ferramenta

muito útil para inovar.

A pesquisa de Inácio (2008) sugere que a gestão da inovação tecnológica deveria se preocupar

com os estabelecimentos de relações de cooperação entre empresas e perseguir uma estratégia de

crescimento conjunta.

As empresas e as indústrias estão experimentando novos modelos de negócios baseados na

criatividade coletiva por meio da inovação aberta, pois o conhecimento tem como característica o

reuso, isto é, ele pode ser utilizado em outro contexto e proporcionar a geração de riqueza nova.

Assim surge um ecossistema de empresas empenhadas no processo de criação sob uma

coordenação de trabalhos aberta. Os produtos oriundos de um ecossistema criativo tendem a ser

superiores àqueles que se originam de uma única companhia no sistema inovativo tradicional

(Chesbrough & Appleyard, 2007).

Inovação aberta também está ligada à ideia de atuação em rede. As redes globais são a plataforma

para a estratégia conectar e desenvolver (connect-and-develop). O uso das redes proporcionam as

empresas o meio para buscar novas ideias no governo, laboratórios privados, academia,

especialistas e outras empresas. A responsabilidade pela estratégia conectar e desenvolver dentro

da organização é da alta gestão (Huston & Sakkab, 2006).

A estrutura em redes influencia o potencial para criação de conhecimento. Clusters locais densos

aumentam a capacidade de comunicação e cooperação. Firmas envolvidas em redes de

cooperação terão melhores resultados em inovação do que aquelas não envolvidas. O suporte a

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essa afirmação vem do estudo de 1.106 firmas em 11 redes de cooperação (Schilling & Phelps,

2007).

Mas como iniciar a captura das informações no ambiente externo? De que forma o processo

inovativo pode ter seu início dentro das PMEs? Brio e Junquera (2003) propõem que a falta de

literatura de negócios e inovação voltada para PMEs deriva da dificuldade em delimitar as

peculiaridades dessas empresas e da limitada percepção das PMEs em relação às suas funções

ambientais. Para esses autores, o baixo desenvolvimento das PMEs a respeito da sua estratégia

de ambiente de negócios pode ser uma consequência de um grupo de fatores: limitados recursos

financeiros; tipo de estrutura organizacional; pouca competência para adaptar-se a mudanças;

pouca atenção dos gerentes ao ambiente e orientação a questões de curto prazo; staff com pouco

conhecimento e preocupação com o ambiente; baixo status das questões ambientais na

companhia; baixa capacidade das PMEs em obter inovações radicais; pouca influência dos

processos de manufatura no desenvolvimento da estratégia das empresas; baixa habilidade no

relacionamento com os stakeholders externos. Há, portanto, uma clara relação entre

monitoramento do ambiente e as atividades inovativas. Por isso, o uso de processos em IC pode

ser considerado um importante indutor da inovação nas PMEs.

A Internet possui diversos mecanismos tais como blogs, grupos de discussão, wiki, que permitem

e favorecem a troca de informações entre as pessoas. Usar estas ferramentas com fornecedores,

parceiros, comunidades científicas, pesquisadores e até mesmo concorrentes é uma maneira

rápida, eficiente, universalizada, barata de promover atividades em inovação aberta.

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2.3 Inteligência Competitiva

A Inteligência Competitiva (IC) tem se tornado uma atividade importante para as organizações

devido a diversos fatores tais como: a alta velocidade de desenvolvimento dos processos de

negócios, a sobrecarga de informações, o crescimento global do processo competitivo com o

surgimento de novos participantes, a concorrência cada vez mais acirrada e as rápidas

transformações tecnológicas (Nadaes & Borges, 2005). Nesses tempos de turbulência e

hostilidade competitivas, fatores como rapidez e eficácia decisórias podem ser determinantes para

que as organizações consigam obter vantagens competitivas sustentáveis em seus respectivos

mercados consumidores e setores industriais. Em decorrência do aumento e da modernização da

competição, percebidos em praticamente todos os setores econômicos mundiais nessas últimas

décadas, observa-se que a IC tem ganhado força nos meios acadêmicos e organizacionais pela

importância da mesma para o processo de formulação de estratégias competitivas (Oliveira e

Melo, 2012). Porém, a vasta maioria dos estudos sobre IC focaliza grandes empresas, uma vez

que são elas que têm desenvolvido sistemas mais sofisticados nessa esfera (Barbosa, 2006).

Os conceitos de IC encontrados na literatura apontam para uma atividade completamente

aderente a lei que leva em consideração à ética e baseia-se em informações públicas (Haas,

2000). IC não é espionagem, pois 90% de todas as informações que a empresa necessita para a

tomada de decisões críticas são públicas. IC é o processo que visa descobrir o que os

concorrentes estão pretendendo fazer e se preparar para enfrentá-los através de planos

estratégicos de curto e longo prazo (Teo & Choo, 2001).

A Strategic and Competitive Intelligence Professionals [SCIP] (2014) define IC como o processo

de monitoramento do ambiente competitivo. Ela habilita a alta gestão nas companhias de

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qualquer porte a se informarem sobre qualquer assunto desde marketing, pesquisa e

desenvolvimento permitindo a construção de estratégias de longo prazo.

Conhecimento é o que você é depois. Informação é a matéria-prima que você utiliza para adquirir

conhecimento. Inteligência é o meio pelo qual as informações são processadas (Haas, 2000 como

citado em Friedman, Friedman, Chapman & Baker, 1997).

IC não é espionagem, roubo ou escuta clandestina, também não se trata apenas de coleta de dados

brutos e nem é necessariamente fornecedora de relatórios densos e extensos. A mais básica

definição de IC é “informação analisada”. Ela deve ser capaz de permitir que o gerente responda

a uma determinada situação com a estratégia de marketing correta ou com política de longo prazo

adequada (Fuld, 1995).

Segundo a Associação Brasileira de Inteligência Competitiva [ABRAIC] (2014), IC é:

É um processo informacional proativo que conduz à melhor tomada de decisão,

seja ela estratégica ou operacional. É um processo sistemático que visa descobrir

as forças que regem os negócios, reduzir o risco e conduzir o tomador de decisão a

agir antecipadamente, bem como proteger o conhecimento gerado. Esse processo

informacional é composto pelas etapas de coleta e busca ética de dados, informes

e informações formais e informais (tanto do macro ambiente como do ambiente

competitivo e interno da empresa), análise de forma filtrada e integrada e

respectiva disseminação. O processo de Inteligência Competitiva tem sua origem

nos métodos utilizados pelos órgãos de Inteligência governamentais, que visavam

basicamente identificar e avaliar informações ligadas à Defesa Nacional. Essas

ferramentas foram adaptadas à realidade empresarial e à nova ordem mundial,

sendo incorporadas a esse processo informacional as técnicas utilizadas: (1) pela

Ciência da Informação, principalmente no que diz respeito ao gerenciamento de

informações formais; (2) pela Tecnologia da Informação, dando ênfase as suas

ferramentas de gerenciamento de redes e informações e às ferramentas de

mineração de dados; e (3) pela Administração, representada por suas áreas de

estratégia, marketing e gestão.

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Para efeito desse trabalho, será utilizada a definição da ABRAIC (2014) considerando a Internet

como fonte das informações a serem exploradas e analisadas pela gerência da PMEs, visando

subsidiar a tomada de decisões e o desenvolvimento de novos produtos [DNP]. A IC é entendida

como o ponto de partida no processo inovativo das PMEs. Ela é a bússola que vai orientar a

empresa a buscar o desenvolvimento de novos produtos, visando a sua sustentabilidade.

2.4 Internet como fonte de informação para negócios

Apesar da presença cada vez maior de recursos de tecnologia da informação [TI] nas empresas,

as pessoas continuam a serem, em geral, as fontes mais utilizadas e aquelas vistas como mais

relevantes. Entre as pequenas empresas, o foco está nos clientes e pouca atenção é dada aos

demais componentes do ambiente externo da empresa. Já entre as grandes empresas, o foco está

voltado para os setores regulatórios, econômicos e sócio-cultural. Em termos informacionais,

existe certa pobreza no uso de informações pelas empresas de pequeno porte em relação às

grandes (Barbosa, 2006).

Mas a utilização da Internet como fonte de informações é uma boa ideia? Um estudo de Cendón

(2003) teve como objetivo levantar informações em bases de dados brasileiras nas áreas jurídica e

financeira, sobre empresas e produtos, de estatísticas e indicadores econômicos, oportunidades de

negócios, vocabulário, investimento, biográficas e bases de dados bibliográficas em área de

interesse para negócios, como administração e economia. A principal característica deste projeto

foi o uso da Internet como principal fonte de informação. Entre os passos da metodologia

estavam: pesquisa na Internet para identificação dos sites das instituições alvo; varredura do site

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das instituições à procura de bases de dados por elas produzidas e coleta inicial de dados;

tentativa de confirmação e complementação dos dados obtidos na Internet mediante contato

direto, por e-mail; pesquisa direta nos motores de busca na Web com palavras-chave. Entre os

problemas encontrados, a pesquisadora citou: a falta de padronização da terminologia na Internet

contribuiu para a dificuldade de localizarem as bases; o site da organização produtora não

mencionava a base de dados propriamente, mas os serviços dela derivados; o dinamismo do setor

já que as informações nos sites podiam mudar rapidamente, novas bases de dados apareciam,

sites eram reestruturados ou saíam do ar, informação sobre as bases de dados desapareciam; de

maneira genérica, a maioria das bases (voltadas para o usuário final) de dados não eram dirigidas

a profissionais da informação por terem documentação pobre ou inexistente.

Apesar de todas essas dificuldades, a pesquisa revelou um número relativamente expressivo de

bases. Porém, a farta disponibilidade de informações não assegura, em si, que elas sejam

efetivamente valiosas para seus usuários. Estas informações precisam ser analisadas e

processadas antes de se transformarem em base sólida para o processo decisório (Barbosa, 2006).

A Internet também é uma ferramenta importante para inovar. Segundo Bessant et al. (2008), com

o advento da Internet, o alcance da inovação no setor de serviços cresceu muito – não é sem razão

que é chamada de “a solução em busca de problemas”, indicando que existem uma série de usos

para a Internet que ainda não foram devidamente explorados pelas empresas. Bessant et al.

(2008) salientam que o uso da Internet para inovar é um desafio para as grandes empresas como

bancos e setores varejistas, mas pode ser considerado uma questão de sobrevivência para as

pequenas empresas (grifo nosso). Eles exemplificam como a Internet pode alterar o modelo de

negócios das pequenas empresas operadoras de viagens de turismo. Por exemplo, as empresas do

setor moveleiro poderiam utilizar a Internet para capturar opiniões dos clientes; criar um

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ambiente virtual em que os clientes poderiam carregar fotos dos ambientes para os quais os

clientes desejam adquirir um móvel e mobiliá-lo virtualmente com os móveis vendidos pela

empresa; criar um portal com fornecedores com objetivo de discutir as melhores alternativas para

os insumos utilizados; usar um fórum virtual com os demais concorrentes para estabelecerem

diretrizes para o setor. Para Bessant et al. (2008), a Internet quebra o paradigma de ter que

escolher entre oferecer um produto para um mercado muito amplo ou para um mercado muito

menor, porém de alto poder aquisitivo. Por meio da Internet é possível acessar ambos os

mercados indistintamente.

2.5 Gerentes como agentes da inovação

Quem, nas PMEs, são os principais indutores da inovação? Quais são os sujeitos que buscam

informações e novas ideias, que puxam o desenvolvimento de novos produtos, serviços e

processos? Tan e Arnott, (1999) na sua classificação dos papeis gerenciais sustenta que gerentes

periodicamente monitoram o ambiente e coletam informações de diversas fontes. Quanto mais

alto o gerente está na hierarquia da organização, maior a probabilidade dele enfrentar as

incertezas (situações onde o problema pode ser bem compreendido, mas a falta de informações

relevantes impede a sua solução) do ambiente. Gerentes tendem a buscar canais de informação

mais ricos e complexos quando o problema a ser resolvido for complexo, e os meios mais pobres

quando os problemas são conhecidos ou mais simples.

Por outro lado, gerentes atuam em um ambiente de extrema pressão por tempo. Quando

enfrentam situações urgentes, eles tendem a buscar informações nos canais mais pronta e

convenientemente acessíveis. Eles então oscilam entre fontes de alta acessibilidade, porém de

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baixa qualidade e outro de baixa acessibilidade e alta qualidade. Além disso, gerentes possuem

preferência por um meio e o utilizarão a menos que um bom motivo para mudar apareça.

As informações fornecidas por processos de IC, para se tornarem úteis a empresa, devem ser

aceitas e usadas pelos seus empregados (Venkatesh, 2003). Dentre todos os funcionários, os

gerentes são os trabalhadores que são as fontes de informação mais importantes em uma

organização (Tan & Arnott, 1999). Eles obtêm informações de uma variedade de fontes, ou

canais de informação, que incluem reuniões face-a-face, chamadas telefônicas, documentos em

papel, e-mails, sistemas de informação gerencial e Web. Os gerentes possuem maior

discernimento na seleção de suas fontes de informação do que qualquer outra classe de

trabalhadores (Tan e Arnott, 1999).

A gerência de nível médio desempenha um papel crítico na criação de novos conceitos através da

rede de informações e conhecimentos codificados. Usos criativos de redes de comunicação

computadorizadas e bancos de dados em larga escala facilitam esse modo de conversão do

conhecimento (Nonaka & Takeuchi, 1997).

Considerando o papel do gerente na captura, tratamento e disseminação de informações (Tan e

Arnott, 1999), uma pesquisa em IC deve ser primordialmente endereçada aos gerentes de nível

médio de uma organização. Nas PMEs, esta função, não raro, é exercida por um dos proprietários

ou alguém de sua confiança.

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2.6 Teoria Unificada de Aceitação e Uso da Tecnologia

Qual método ou modelo aplicar visando encontrar as respostas a respeito do não uso da Internet

para fins de Inovação e IC? Como descobrir os motivos pelos quais a Internet é ou não bem

aceita pelos gerentes das PMEs? Os modelos de aceitação da tecnologia têm evoluído e se

transformado ao longo dos anos. A Teoria Unificada de Aceitação e Uso da Tecnologia

[UTAUT] foi criada com o intuito de unir os principais estudos da área de aceitação da

tecnologia (Bobsin, Visentini, & Rech, 2009) e contribuiu para o avanço da pesquisa sobre a

aceitação individual da TI, unificando as perspectivas teóricas mais difundidas na literatura e

incorporando moderadores para controlar as influências do contexto organizacional, a experiência

do usuário e as características demográficas (Bobsin et al., 2009).

UTAUT é uma teoria que visa explicar as intenções dos usuários em usar um determinado

sistema de informações e seu subsequente comportamento de uso (Venkatesh, 2003). Ela se

baseia em quatro construtos: expectativa de desempenho; expectativa de esforço; influência

social; condições facilitadoras. Os três primeiros construtos são determinantes da intenção de uso

e do comportamento e o quarto construto apenas do comportamento. Gênero, idade, experiência e

vontade de usar são os moderadores do impacto dos quatro construtos na intenção de uso e

comportamento.

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Figura 1. Modelo UTAUT, adaptado de Venkatesh, 2003.

Resumidamente, os construtos do UTAUT (Figura 1) significam:

Expectativa de desempenho (Performance Expectancy) – é a crença individual que o uso do

sistema o ajudará e trará ganhos no desempenho de seu trabalho. Compreende a percepção de

utilidade da tecnologia, elemento esse muito importante em estudos de adoção tecnológica;

Expectativa de esforço (Effort Expectancy) – é definida como o grau de facilidade/esforço

associado ao uso do sistema. Compreende a percepção de facilidade de uso, elemento relevante

em estudos de usabilidade e interface homem-máquina;

Influência social (Social Influence) – é definida como a percepção individual da influência dos

outros no uso do novo sistema. Por exemplo, o uso da rede social Facebook e do aplicativo

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WhatsApp ilustra bem esse construto em que o indivíduo é praticamente impelido pelos seus

contatos a adotar a tecnologia;

Condições facilitadoras (Facilitating Conditions) – é definida pelo grau de percepção individual

de que existe uma infraestrutura técnica e organizacional para suportar o uso do sistema. Em

empresas de grande porte com uma área própria de TI, tais condições costumam ser mais

favoráveis.

Há também os quatro construtos moderadores da intenção e uso da TI: o gênero, a idade, a

experiência do indivíduo e a voluntariedade do uso (o grau pelo qual o uso da tecnologia é

voluntário ou livre, ou seja, não obrigatório). Identificados os construtos do modelo, Venkatesh

(2003) realizou estudos empíricos para validá-los. Os resultados do estudo confirmaram a

existência de três determinantes diretos da intenção de uso e dois determinantes diretos do uso,

além da influência das quatro variáveis moderadoras. Os autores identificaram que o modelo

explica 70% da variância da intenção de uso. Dessa forma, o modelo é uma ferramenta útil para

os gestores que necessitam avaliar a probabilidade de sucesso de uma nova tecnologia e auxilia

na compreensão dos fatores determinantes da aceitação do uso, bem como no desenho de

intervenções nas tecnologias (Bobsin et al., 2009).

Bobsin et al. (2009) estudaram o panorama teórico acerca da aplicação do modelo UTAUT na

aceitação do uso de tecnologia. Para atingir tal objetivo, uma base de dados internacional foi

pesquisada buscando as publicações da área de Sistemas de Informação (SI) que abordavam a

sigla UTAUT. Todos os estudos realizaram pesquisa survey, sendo a maioria dos dados

analisados por meio de equações estruturais. Foram consultados os periódicos internacionais

considerados como os mais importantes da área de Sistema de Informação: MIS Quarterly,

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Information & Management, Management Science, Decision Sciences, Journal of Management

Information Systems, Information Systems Management, Journal of Computer Information

Systems e Journal of Systems Management. Nem todos os estudos que citaram o UTAUT

efetivamente o utilizaram na pesquisa, porém uma unanimidade entre os estudos é a referência a

esse modelo como um avaliador da aceitação da tecnologia da informação. Os objetos de análise

desses artigos variam consideravelmente, mas observou-se que há certa tendência de estudos

relacionados a tecnologias móveis e ambientes virtuais. Poucos foram os trabalhos que citaram o

UTAUT abordando o uso de Sistemas de Informação nas organizações.

A pesquisa de Bobsin et al.(2009) indicou ampla aceitação do UTAUT para estudo de intenção

de uso de tecnologia. Além disso, todos os estudos analisados utilizaram survey e indicaram ser

este método apropriado para pesquisa em ambientes virtuais e Internet, que é exatamente o tipo

de pesquisa desenvolvido no presente trabalho.

O UTAUT serviu como base para a identificação e definição dos construtos da pesquisa. As

perspectivas (expectativas de desempenho e de esforço, influência social, condições facilitadoras

e os construtos moderadores: idade, gênero, experiência e voluntariedade de uso) fornecidas pelo

modelo para indicar a aceitação e uso de uma tecnologia foram adaptadas e confrontadas com o

contexto da indústria moveleira de Ubá. Dessa adaptação, surgiu o modelo utilizado na pesquisa

que será apresentado no próximo capítulo.

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3. METODOLOGIA DE PESQUISA

3.1 Estratégia e Método de Pesquisa

Os métodos de pesquisa quantitativa, de modo geral, são utilizados quando se quer medir

opiniões, reações, sensações, hábitos e atitudes de um universo (público-alvo) através de uma

amostra que o represente de forma estatisticamente comprovada. Isto não quer dizer que ela não

possa ter indicadores qualitativos. Os métodos e estratégias para obtenção dos dados podem ser,

entre outros (Manzato & Santos, 2012): entrevistas pessoais; entrevistas por telefone; através de

cartas; questionário estruturado fechado; questionários semiestruturados e perguntas abertas; com

apresentação de cartões, objetos, material promocional.

Quanto ao propósito, a pesquisa survey pode ser classificada em (Freitas et al., 2000):

explanatória – tem como objetivo testar uma teoria e as relações causais; estabelecer a existência

de relações causais, mas também questiona porque a relação existe; exploratória – o objetivo é

familiarizar-se com o tópico ou identificar os conceitos iniciais sobre um tópico, dar ênfase na

determinação de quais conceitos devem ser medidos e como devem ser medidos, buscar descobrir

novas possibilidades e dimensões da população de interesse; descritiva – busca identificar quais

situações, eventos, atitudes ou opiniões estão manifestos em uma população; descreve a

distribuição de algum fenômeno na população ou entre os subgrupos da população ou, ainda, faz

uma comparação entre essas distribuições. Neste tipo de survey, a hipótese não é causal, mas tem

o propósito de verificar se a percepção dos fatos está ou não em acordo com a realidade.

Entende-se que a presente pesquisa survey pode ser classificada como exploratória, pois apesar

de ser baseada fortemente em um modelo já validado (UTAUT), as contextualizações feitas ao

modelo requererem uma nova validação.

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Quanto ao número de momentos ou pontos no tempo em que os dados são coletados, a pesquisa

pode ser (Guyette, 1983, Palmquist, 2014, & Freitas et al., 2000): longitudinal – a coleta de dados

ocorre ao longo do tempo em períodos ou pontos especificados, buscando estudar a evolução ou

as mudanças de determinadas variáveis ou, ainda, as relações entre elas. Esse tipo se subdivide

em: estudos de tendências (analisa as tendências ou evolução do fenômeno estudado), estudos de

grupos (analisa o fenômeno em momentos distintos no tempo) e estudos de painel (analisa o

motivo das mudanças através da pesquisa com os mesmos indivíduos); Corte-transversal – a

coleta dos dados ocorre em um só momento, pretendendo descrever e analisar o estado de uma ou

varias variáveis em um dado momento. Os dados podem ser coletados de uma amostra ou da

população inteira.

Partindo da análise das variáveis coletadas a partir da literatura, foi estruturado um questionário

fechado, via Internet, e aplicado às empresas convidadas. Uma ou mais questões estão atreladas a

cada uma das variáveis de pesquisa previamente identificadas. Portanto, uma ou várias questões

foram analisadas (somadas) para atribuir valor a variável a qual elas estão atreladas. O

questionário foi baseado no UTAUT e aplicado aos gerentes das empresas por meio de um

formulário eletrônico hospedado na Internet construído pelo autor especialmente para esta

pesquisa. As respostas foram classificadas em uma escala intervalar de sete categorias tipo Likert,

variando de 1-Discordo totalmente a 7-Concordo Totalmente, seguindo indicação de Lopes

(2013). Para cada resposta, foram calculadas a média e o desvio padrão em relação às demais

respostas. Buscou-se identificar respostas outliers a fim de expurgá-las da pesquisa.

O uso de website tem a possibilidade de permitir que os respondentes permaneçam anônimos e

que o pesquisador acompanhe regularmente o número de acesso ao site, comparando aqueles que

responderam o questionário completamente com aqueles que apenas visitaram o site. Além disso,

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os dados podem ser imediatamente armazenados em banco de dados, facilitando a fase posterior

de análise (Eysenbach & Wyatt, 2002). Eysenbach e Wyatt (2002), no entanto, argumentam que

a população na Internet não é representativa da população geral o que restringe o uso da Internet

para estudos quantitativos. Porém, este estudo visa entender como as PMEs utilizam a Internet

em seus processos produtivos. As empresas que não utilizam a Internet ou não puderem

responder ao questionário na Web estarão natural e automaticamente fora do escopo dessa

pesquisa.

A Tabela 7 apresenta os cenários para os quais Eysenbach e Wyatt (2002) indicaram ser

adequado um survey utilizando um website. Os autores consideraram três dimensões:

respondentes, survey e pesquisadores.

Para esta pesquisa, assumiu-se que os respondentes já eram usuários da Internet, estão espalhados

por uma área geográfica relativamente grande e que eles representam o que a pesquisa busca

descobrir. Quanto ao survey, a utilização do website trará mais rapidez na validação do piloto,

maior controle nas respostas e mais rapidez e confiabilidade na coleta e armazenamento dos

dados em banco de dados. Essa pesquisa dispôs de orçamento limitado, o que levou o próprio

pesquisador a construir o website.

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Tabela 7

Cenários adequados para utilização de um website

Adequado Inadequado

Respondentes São usuários da Internet;

São entusiastas e não precisam de incentivos

monetários para responder questionários na

Internet;

Estão espalhados em uma grande área

geográfica;

A opinião dos respondentes que usam a

Internet é muito próxima daqueles que não

usam.

Grupos alvos não são representativos

na Internet;

Grupos alvos apresentam preocupação

quanto a aspectos de segurança e

privacidade;

Grupos alvos necessitam de incentivo

para completar o survey;

Falta de uma amostra representativa.

Survey Quando envolve multimídia ou questionários

interativos;

Quando o desenvolvimento deve ser rápido;

Não exigem resultados representativos.

Necessário que as respostas sejam

rigidamente espaçadas no tempo;

Questionário em papel já esta

disponível, validado e aceito pelo

grupo alvo;

Necessidade de capturar dados

qualitativos ou observações sobre os

participantes;

Necessário alcançar o mesmo grupo de

participantes através do mesmo modo

no futuro.

Pesquisadores Necessárias respostas e análises rápidas;

Orçamento limitado;

Quando é importante controlar o número de

respostas por participantes;

Quando o piloto demonstrou ser satisfatório

mesmo através do uso de diferentes

plataformas, browsers e velocidades e

características de acesso

Falta de know-how para construção do

website

Nota. Fonte: adaptado de Eysenbach e Wyatt (2002)

3.2 Construção do Modelo de Pesquisa

Este trabalho avaliou a Pesquisa em Inovação [PINTEC] (2011) do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística [IBGE], no período 2009-2011, buscando analisar os problemas

encontrados pelas empresas nacionais em suas atividades inovativas. Foi dado enfoque à indústria

moveleira. O referencial teórico buscou identificar o envolvimento das PMEs em atividades de

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IC e Inovação, bem como os principais problemas e dificuldades encontradas. Por fim, buscou-se

entender o cenário das PMEs do polo moveleiro de Ubá/MG. O principal objetivo dessa pesquisa

foi responder a seguinte questão: por que a Internet não é utilizada, pelas PMEs do polo

moveleiro de Ubá, em atividades de IC para fins inovativos no desenvolvimento de novos

produtos?

A partir da análise e adaptação dos construtos identificados no UTAUT (Unified Theory of

Acceptance and Use of Technology) (Venkatesh, 2003) e da compilação de estudos encontrados

na literatura sobre IC e Inovação, foram identificados seis “construtos causas” utilizados na

tentativa de entender o uso da Internet para fins inovativos pelas PMEs desse polo industrial. São

eles: conhecimento em inovação e IC (Conhecimento), propensão para investimentos em TI

(Custo), cultura em TI (Cultura), contexto para inovação (Tempo), infraestrutura (Infraestrutura)

e intenção de uso (Desejo). Para cada construto foi sugerido um conjunto de variáveis de forma a

permitir a sua validação. As variáveis foram compostas por questões que foram utilizadas em um

questionário disponibilizado na Internet. Os construtos são apresentados na Tabela 8.

Os construtos causas foram então confrontados com três outros “construtos objetivos” que

melhoram a capacidade das PMEs em inovar e se desenvolver. São eles: Inovação, IC

(Inteligência Competitiva) e DNP (Desenvolvimento de Novos Produtos). A pesquisa buscou

identificar quais variáveis relacionadas aos construtos causas mais afetam ou prejudicam as

PMEs a não desenvolver os construtos objetivos. Isso se faz necessário porque a presente

pesquisa não está interessada apenas no simples uso da Internet, mas no comportamento de uso

(construto do UTAUT) da Internet para atividades de Inovação, IC e DNP.

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Tabela 8

Construtos da pesquisa e seu embasamento teórico

Construto Variável Descrição Questões Suporte Teórico

Conhecimento

em Inovação

e IC (C1)

Autores que dão suporte teórico mais amplo ao construto

Li et al.(2011), Sehgal (2010) e Duranti (2013)

Formação

acadêmica (V11)

Formação acadêmica do

gestor

21. A falta de qualificação dos colaboradores

impede o melhor uso da Internet para fins de

Inteligência Competitiva e Inovação

26. Conheço os principais conceitos e

processos relacionados ao tema Inteligência Competitiva

Oliveira (2011)

Desenvolvimento Gerencial (V12)

Participa de

treinamentos

formais ou

informais com frequência

22. A empresa está disposta a treinar

colaboradores nas áreas de Inteligência

Competitiva e Inovação

Edwards et al. (2005)

Entendimento em

Inovação (V13)

O gerente sabe

da existência das áreas de

conhecimento

em Inovação e IC

2. Considero muito importante criar novos

produtos e serviços em conjunto com outras empresas e fornecedores

27. Conheço os principais conceitos e processos relacionados ao tema Inovação

Oliveira (2011)

Entendimento em IC (V14)

1. É fundamental para o futuro da empresa

empreender atividades em Inteligência

Competitiva e Inovação

Feldens, Macari e Garcez,

(2012); Oliveira, (2011),

Brio e Junquera (2003)

Propensão

para

investimentos

em TI (C2)

Financiamento

(V21)

PME possui

acesso a linha de créditos

especiais

voltadas para Internet

14. O custo de infraestrutura de Tecnologia

da Informação para acessar a Internet e

processar dados é muito elevado

30. A empresa reserva recursos humanos e

financeiros para o Desenvolvimento de Novos Produtos e a melhoria de processos

produtivos

Li, Trouff, Brandyberry &

Wang (2011)

Prioridade (V22)

Qual a

priorização orçamentária

da empresa?

Quanto é dedicado ao

acesso a

Internet?

15. Existem empresas terceiras

especializadas em pesquisas na Internet e com custo acessível a uma Pequena e Média

Empresa

16. O custo para contratar/treinar/reter

pessoal qualificado para exercer atividades

relacionadas a Internet é elevado

Brio e Junquera (2003);

Tan e Arnott, (1999)

Risco (V23)

Propensão da

empresa em

assumir risco

de obter baixo retorno sobre o

investimento

em infraestrutura

de TI e acesso

a Internet

9. A cultura de investimentos da empresa

(proprietários e diretores) prioriza a aquisição de máquinas e equipamentos

PINTEC (2011); Feldens,

Macari e Garcez, (2012)

Cultura

em TI (C3)

Tecnologia (V31)

Empresa faz uso de recursos

tecnológicos

em seu dia-a-dia

6. Utilizo diariamente planilhas eletrônicas,

banco de dados e sistemas gerenciais como ferramentas para o desenvolvimento

do meu trabalho

Barbosa (2006)

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Processos (V32)

A empresa

possui muitos

processos manuais?

17. As atividades operacionais e

administrativas são o foco do meu trabalho e

tomam a maior parte do meu tempo na empresa

Nadaes & Borges (2005)

Modelo de

negócio (V33)

A empresa visa a criação de

novos produtos

ou está inserida em uma cadeia

em que atua

como braço operacional de

uma empresa

maior

10. O modelo de negócios atual da empresa

tem como base o desenvolvimento de novos produtos

Sakamoto (2011)

Contexto para

inovação (C4)

Balanço (V41)

Balanceamento

entre tempo

gasto em atividades

operacionais e

inovativas

19. Consigo facilmente redistribuir minhas atividades entre outros colegas para ter

tempo de me dedicar a atividades na Internet

20. A contratação de consultores externos

voltados para atividades em Inteligência

Competitiva é plenamente viável para a empresa

Oliveira (2011)

Distribuição (V42)

Como é dividido o

tempo produtivo do

gerente ?

8. Os gerentes da empresa executam

pesquisas na Internet visando melhoria dos processos produtivos

Tan e Arnott (1999); Nonaka & Takeuchi (1997)

Ociosidade (V43) Existe tempo

livre durante o

expediente?

18. Os colaboradores da empresa possuem

tempo disponível para utilizar a Internet Oliveira (2011)

Infraestrutura

(C5)

Autores que dão suporte teórico mais amplo ao construto

Nadaes e Borges,

(2005); PNBL (2008); Cendón (2003)

Hardware (V51)

Existem equipamentos

(computadores,

firewall, modens)

apropriados

para o acesso a Internet?

13. A empresa possui departamento de

Tecnologia da Informação organizado capaz

de prover o suporte as atividades

Observatório das Micro e Pequenas Empresas,

SEBRAE/SP (2008)

Software (V52)

Existem

aplicativos (BD ) apropriados

para o acesso a

Internet?

12. O site da empresa possui recursos de

comércio eletrônico (catálogo de produtos,

cotação de preços e opções em comércio eletrônico)

Acesso

(disponibilidade e velocidade – V53)

O acesso a

Internet é

adequado (velocidade,

disponibilidade)?

11. O acesso a Internet a partir da empresa onde trabalho é eficiente e de boa qualidade

Cronin et. al, (1994);

Sawhney et al, (2005); Aragon-Correaa &

Cordon-Pozob, (2005)

Intenção

de Uso (C6)

Crença (V61)

O gerente

acredita que o uso da Internet

é

potencialmente proveitoso para

a empresa

3. A Internet é o principal meio para troca de

conhecimento e comunicação com outras empresas e fornecedores

23.A Internet é um canal fundamental de informações sobre concorrentes, feiras,

exposições e Governo

Brio e Junquera (2003); Lichtenthaler e

Lichtenthaler (2009);

Nadaes e Borges, (2005); Fuld (2000)

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50

Aptidão (V62)

Está aberto e

utiliza serviços

na Internet

5. Uso diariamente computadores e a

Internet em atividades profissionais e de lazer

7. Tenho conhecimento para fazer uma pesquisa eficiente sobre assunto específico

usando os mecanismos de busca

Oliveira (2011)

Interesse (V63)

O gerente

acredita que é possível

implementar

processos em inovação

dentro da

empresa

4. A Tecnologia da Informação e a Internet são ferramentas fundamentais para o

desenvolvimento da empresa

Brio e Junquera (2003); Barbosa (2006); Tan e

Arnott, (1999)

Inteligência

Competitiva

(C7)

Monitoramento

(V71)

A empresa monitora, via

Internet,

o ambiente em busca

de novas ideias para

os processos

em DNP?

25. Acompanhamos pela Internet os principais eventos e feiras de móveis que

acontecem no país e/ou no exterior

Oliveira e Melo (2012)

Rastreamento

(V72)

A empresa monitora, via

Internet,

parceiros, concorrentes e

fornecedores

em busca de novos

métodos

produtivos?

24. Acompanhar os passos do governo,

concorrentes, fornecedores e clientes é fundamental para o negócio da empresa

Oliveira e Melo (2012)

Inovação (C8) Colaboração

(V81)

A empresa

coopera, via

Internet, com parceiros e

forncedores

visando melhoria de

processos,

modelos de negocio e

DNP?

29. A empresa deve ter como prioridades

gerar novos produtos e aprimorar os processos produtivos

Bessant et al. (2008)

DNP

(Desenvolvimento

de Novos

Produtos – C9)

Execução (V91)

A Internet é utilizada como

ferramenta nos

processos de DNP?

28. A empresa possui processos definidos para o desenvolvimento de novos produtos

Bessant et al. (2008)

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

O modelo de pesquisa foi baseado no UTAUT que é mais utilizado para estudos de sistemas de

informação internos às empresas, mas seus construtos tiveram de ser adaptados ao uso de Internet

para fins de IC e Inovação e contextualizados ao perfil empresarial do polo moveleiro de Ubá

(MG). O modelo adaptado está ilustrado na Figura 2. Assim, por exemplo, o construto

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51

moderador originário do UTAUT, Experiência, e a análise da literatura relacionada ao escopo da

pesquisa levaram a identificação do construto adaptado Conhecimento. Da mesma forma, o

construto original Condições Facilitadoras foi mapeado para esta pesquisa em Custo, Tempo e

Infraestrutura.

Para melhor ilustrar o raciocínio utilizado, caso o UTAUT apresentasse o construto Curso de

Graduação do Usuário da Tecnologia em seu modelo, o pesquisador iria procurar identificar na

literatura quais seriam os principais cursos na região e incluiria no questionário perguntas

relacionadas a esse tema e iria analisar e utilizar como construtos adaptados no modelo os

principais fatores associados ao curso predominante. Como tal construto não existe no UTAUT,

nenhuma pesquisa na literatura sobre curso de graduação no polo foi feita e, por conseguinte,

nenhuma pergunta sobre isso foi incluída no questionário. Esse foi o raciocínio utilizado na

montagem do modelo do UTAUT adaptado à pesquisa (Figura 2).

Figura 2. Adaptação do modelo UTAUT para a pesquisa. Fonte: elaborado pelo autor.

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52

Dos quatro construtos moderadores de impacto do UTAUT, gênero e idade não foram

contemplados no âmbito dessa pesquisa, pois na varredura feita na literatura, entre os autores

utilizados, não foram identificados resultados que indicassem que o gênero ou a idade fossem

fatores relevantes para o uso da Internet para fins de IC e inovação.

Cada construto foi associado a um conjunto de variáveis que, por sua vez, se desdobrou em um

conjunto de questões que foram aplicadas aos gerentes das PMEs do polo industrial de Ubá/MG.

Após a aplicação do questionário, foi feita uma análise dos dados coletados em busca da

definição dos fatores mínimos que impedem ou atrapalham a utilização da Internet como

importante ferramenta para inovar e desenvolver novos produtos. Diferentes técnicas de Análise

Fatorial Exploratória (AFE) foram utilizadas visando reduzir e identificar os fatores que explicam

o não uso da Internet para fins de inovação. A AFE é normalmente utilizada em estágios mais

embrionários de pesquisa, no sentido literal de explorar os dados. Visa buscar as relações entre

um conjunto de variáveis, identificando padrões de correlação e formando os fatores (Figueiredo

Filho & Silva Júnior, 2010).

O tipo de pesquisa que foi julgado o mais adequado para esta investigação foi o survey, pois eles

devem ser utilizados em pesquisas com propósitos descritivos, explanatórios e exploratórios. São

usados principalmente em estudos onde os indivíduos (respondentes ou informantes) são a

unidade de análise. É provavelmente o melhor método disponível para o pesquisador social

interessado em coletar dados originais para descrever uma população muito grande para ser

observada diretamente. São excelentes veículos para medir atitudes e orientações em uma grande

população (Babbie, 2010). Survey é um termo frequentemente utilizado para descrever um

método de obtenção de informações a partir de uma amostra de indivíduos. Amostra, neste

contexto, significa uma fração da população que está sendo estudada (American Statistical

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53

Association [AMSTAT], 2014). Survey é um método de pesquisa descritivo não experimental e é

útil quando o pesquisador deseja coletar dados de um fenômeno que não pode ser diretamente

observado. A base da pesquisa recai na amostragem da população que é um conjunto de

indivíduos ou objetos que possuem ao menos uma característica em comum (Palmquist, 2014).

É um método de coleta consistente ou sistemático de dados úteis para documentar as

características e condições de uma população. Adicionalmente, Bobsin et al. (2009) identificaram

o survey como o método predominante em estudos baseados no UTAUT.

Os resultados de um survey podem além de descrever o fenômeno atual, servir de linha de base

para demonstrar progressos futuros. Mais especificamente, surveys podem ser úteis para

(Guyette, 1983): determinar as características de uma população ou comunidade; definir as

condições existentes em uma população ou região; documentar a opinião da comunidade;

comparar grupos na população. As características gerais da pesquisa survey são (Babbie, 2010):

os dados facilitam a aplicação cuidadosa do pensamento lógico; a pesquisa deve assumir uma

postura determinística baseada nas relações de causa e efeito; surveys amostrais são realizados

para entender-se a população maior da qual a amostra foi inicialmente selecionada. Essa pesquisa

por sua característica iminentemente inicial e exploratória se enquadrou na definição encontrada

na literatura como sendo um típico survey.

3.3 Unidade Empírica de Análise

Localizada na Zona da Mata Mineira, a cidade de Ubá, junto com mais sete cidades (Guidoval,

Piraúba, Rio Pomba, Rodeiro, São Geraldo, Tocantins e Visconde do Rio Branco) é considerada

o principal Polo Moveleiro de Minas Gerais. Formado, em sua maioria, por micro e pequenas

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indústrias, faz do setor a principal atividade econômica da região e o mais importante arrecadador

de impostos.

O polo industrial é composto em sua maioria por PMEs, mas possui algumas empresas de grande

porte, tornando-se relevante esclarecer os critérios a serem utilizados na classificação do que é

uma PMEs. Para tal, serão utilizadas as classificações de PMEs segundo o Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social [BNDES] quanto ao faturamento (Tabela 9) e do SEBRAE

para o número de empregados (Tabela 10).

Tabela 9

Classificação das empresas pelo faturamento bruto anual.

Porte da empresa Receita operacional bruta anual

Microempresa Menor ou igual a R$ 2,4 milhões

Pequena empresa Maior que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões

Média empresa Maior que R$ 16 milhões e menor ou igual a R$ 90 milhões

Média-grande empresa Maior que R$ 90 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões

Grande empresa Maior que R$ 300 milhões

Nota. Fonte: BNDES (2014)

Tabela 10

Classificação das empresas pelo número de funcionários.

Porte da Empresa Números de Empregados

Comércio e Serviços

Indústria

Micro Empreendedor Individual Até 2 Até 2

Microempresa Até 9 Até 19

Empresa de Pequeno porte 10 a 49 20 a 99

Empresa de Médio porte 50 a 99 100 a 499

Empresa de Grande porte >99 >499

Nota. Fonte SEBRAE (2014).

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55

3.4 Validação do questionário

Após a fase revisional, o questionário (Anexo VII) foi validado por meio de um teste piloto

aplicado a duas empresas da região no mês de julho de 2014. Os dados colhidos nesta fase foram

utilizados apenas e exclusivamente na validação do geral do questionário, revisão das questões e

valores das categorias, sendo que após isso foram descartados.

O processo de amostragem é probabilístico ou aleatório. Foi feita uma pesquisa na Internet à

procura dos e-mails das empresas que compõem o polo industrial. Convites foram enviados nas

principais redes sociais em fóruns específicos onde profissionais e empresas do polo podiam estar

presentes tais como: LinkedIn, grupo “APL Ubá Móveis de Minas”; Facebook, páginas: Ubá e

TudoPraMóveis;Telelistas.net, com filtro para empresas em Ubá; Expositores da 17ª Associação

Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta Decoração [ABIMAD].

Foram feitos convites também por meio do auxílio de órgãos de fomento local, tais como

INTERSIND (Sindicato das Empresas do Polo) e SEBRAE local.

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56

4. ANÁLISE DOS DADOS

4.1 Estruturação da Amostra

A pesquisa sustenta-se na análise de informações obtidas em três fontes distintas que são:

A JUCEMG (Junta Comercial do Estado de MG),

O INTERSIND (Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá/MG) e

Survey realizado via Internet entre as empresas do polo.

A JUCEMG disponibiliza um serviço para pesquisa de dados sobre as empresas cadastradas na

Junta. O serviço pode ser adquirido em http://www.jucemg.mg.gov.br/ibr/servicos, filtros podem

ser aplicados para localização das empresas de interesse cujos dados serão recuperados. O

solicitante deve preencher uma planilha com os dados que deseja obter sobre as empresas. Para

intuito dessa pesquisa, foram solicitados em setembro de 2014 os seguintes dados:

Nome Empresarial;

Endereço Completo;

E-mail (quando disponível);

Porte da Empresa

O período utilizado na pesquisa foi o dos últimos 10 anos (2004 – 2014). Foram solicitadas

informações das empresas ativas de todos os tipos jurídicos e quanto ao porte, ME (Micro

Empresa) e EPP (Empresa de Pequeno Porte).

Em relação ao ramo de atividade, foram selecionados (http://www.cnae.ibge.gov.br/), Anexo II

os seguintes códigos CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) que abarcam a

diversidade da indústria moveleira:

3101-2/00

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57

3102-1/00

A pesquisa foi restrita as cidades que formam o polo moveleiro de Ubá/MG que são: Ubá,

Piraúba, Rodeiro, Guidoval, Tocantins, Visconde do Rio Branco, São Geraldo, Rio Pomba e

Guiricema.

Segundo os dados obtidos, são 612 empresas de móveis discriminadas conforme Tabela 11:

Tabela 11

Empresas por porte.

Tipo Soma

Microempresa 462

Empresa de Pequeno Porte (EPP) 101

Empresa de Médio Porte (EMP) 19

Empresa de Grande Porte (EGP) 9

Sem classificação 21

Total 612

Nota. Fonte: JUCEMG/2014

No cadastro da JUCEMG, as 612 empresas possuem apenas 150 e-mails distintos entre si, isto é,

um único e-mail foi utilizado no cadastramento de diversas empresas. Isto ocorreu porque o

processo de abertura das empresas foi feito por empresas de contabilidade que informaram os

próprios e-mails no cadastro ao invés de informar os e-mails das empresas moveleiras que

estavam sendo criadas. Destes 150 e-mails, 50 deles são de empresas de contabilidade que

provavelmente foram responsáveis pelo processo de criação das empresas moveleiras. Entre os e-

mails não ligados a empresas de contabilidade, 11 não estão em funcionamento.

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Portanto, a grande maioria das empresas do polo é formada por empresas de micro e pequeno

porte e sequer possuem um e-mail oficial. Entre as 612 empresas retornadas na pesquisa, existem

apenas 89 e-mails válidos e distintos.

Segundo o site do sindicato (http://www.intersind.com.br/), existem aproximadamente 90

empresas associadas a ele (Anexo IV). Destas, 26 não possuem sites informados na página do

INTERSIND e uma não possui site e nem e-mail cadastrado.

Há uma discrepância sobre o número de empresas que compõem o polo moveleiro de Ubá/MG.

Pela FIEMG são 400, enquanto que pela JUCEMG são 612. Possivelmente a diferença pode ser

atribuída aos momentos em que os levantamentos foram feitos. A pesquisa via JUCEMG foi

executada em meados de 2014 e, portanto, é bem atual e recente. O número de 612 empresas será

considerado como o universo das empresas do polo.

Convém ressaltar que o número de empresas resultante da pesquisa na JUCEMG foi obtido

considerando as empresas com status aberto na junta comercial. Porém, não se pode afirmar que

todas essas empresas estejam ativas ou produzindo. Assim, para fins da pesquisa, o total de

empresas na JUCEMG foi considerado como valor máximo ou o teto do total de empresas do

polo, pois é muito provável que o número de empresas ativas seja inferior ao das abertas.

Destas 612 empresas, as três fontes indicam que aproximadamente, 90 delas utilizam a Internet

de alguma forma. Através dos dados coletados junto a JUCEMG, foram identificados apenas 89

e-mails válidos e distintos entre as empresas. Pelo INTERSIND, são aproximadamente 90

empresas cadastradas no sindicato e que possuem site na Internet. Já a pesquisa via rede social

Facebook apontou 73 empresas. Para fins dessa pesquisa, o número aproximado de empresas que

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faz algum uso da Internet será considerado como sendo de 90 empresas, ou apenas 14,70% do

total de empresas do polo identificadas pela JUCEMG.

4.2 Procedimentos de coleta de dados

A pesquisa partiu da análise dos dados obtidos junto a JUCEMG. Os dados indicam que a grande

maioria das empresas do polo é formada por micro e pequenas empresas que não possuem sequer

um e-mail. Diante desse cenário, onde a maioria das empresas não usa a Internet nem mesmo

como meio de comunicação, optou-se por pesquisar as empresas ligadas ao INTERSIND, pois

estas possuem site e e-mail públicos e, portanto, apresentam algum uso da Internet. Todas as

empresas listadas no site do sindicato foram contatadas via página da empresa na Internet (seção

contatos), e-mail, telefone e redes sociais.

A alternativa menos eficiente de comunicação foi o contato telefônico, pois os gestores em geral

não estavam disponíveis para atender a ligação. O contato via site oficial da empresa na Internet

também foi infrutífero, pois aparentemente os e-mails enviados por este canal, via de regra, não

foram respondidos.

As redes sociais Facebook e Linkedin foram vasculhadas visando obter respondentes para a

pesquisa. A maior parte das respostas foi obtida por meio de contatos feitos por este meio.

A pesquisa via Linkedin teve uma maior taxa de retorno especialmente quanto a mensagens

enviadas ao grupo APL Ubá Móveis de Minas. Foram feitas pesquisas pelos nomes das

empresas do polo. Os profissionais filtrados receberam uma solicitação de amizade e uma

mensagem solicitando a resposta ao questionário online.

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Tabela 12

Pesquisa via Linkedin.

Linkedin

Pontos positivos Pontos negativos

Permite a pesquisa mais apurada por profissionais

e empresas

É uma rede social mais monitorada pelos

profissionais (eles respondem as mensagens com

mais frequência)

Não permite a interação online via chat com os

respondentes

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

No Facebook, após pesquisa feita pelos nomes das empresas, as páginas pesquisadas eram

encontradas e uma solicitação de amizade enviada. Após o aceite da solicitação de amizade, uma

mensagem padrão solicitando participação na pesquisa era enviada e quando possível, era feito o

contato direto via chat online com o responsável pela página. A desvantagem observada é que a

pesquisa pelos nomes não se mostrou eficiente, pois em alguns casos retornou empresas

homônimas que não pertenciam ao polo. As páginas no Facebook parecem atrair menor atenção

das empresas em relação ao Linkedin.

Tabela 13

Pesquisa no Facebook.

Facebook

Pontos positivos Pontos negativos

Permite interação on-line A filtragem não é apurada

Possui menor relevância para as empresas e

profissionais

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

A relação de empresas identificadas no Facebook encontra-se listada no Anexo V. O acesso e a

análise dos sites das empresas mostraram o uso superficial da Internet feito pelas empresas. De

maneira geral, os sites possuem as seguintes seções:

Apresentação da empresa;

Catálogo de produtos;

Seção de contatos onde são solicitados o nome, e-mail, endereço assunto e mensagem.

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61

Todas as empresas cadastradas no INTERSIND receberam uma mensagem solicitando

participação na pesquisa por meio da seção contatos das respectivas páginas na Internet. As

mensagens enviadas por este canal normalmente são enviadas ao setor comercial ou de marketing

das empresas.

Para incentivar uma maior participação na pesquisa, os primeiros 60 participantes receberam um

número de 1 a 60 que se fosse sorteado em um concurso da Megasena da Caixa Econômica

Federal, daria ao sorteado uma camisa de uma das seleções que participaram da Copa do Mundo

Fifa Brasil 2014. Esta estratégia se mostrou acertada visto que foram recebidos e-mails dos

participantes interessados na contrapartida oferecida.

4.3 Análise Descritiva dos Resultados

Entre os meses de agosto a outubro de 2014, a pesquisa coletou um total de 53 respostas, porém

apenas 42 delas foram consideradas válidas. Para ser válida, a resposta dada às perguntas 31 e 32

deveriam ser SIM, isto é, a empresa do respondente está localizada no polo moveleiro de

Ubá/MG e atuar no ramo de fabricação de móveis. Esse filtro se faz necessário, pois como o

questionário estava em um link público compartilhado em redes sociais. Entre as respostas

válidas, 29 respondentes afirmaram estar envolvidos de alguma forma em processos de DNP

(Desenvolvimento de Novos Produtos).

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62

Tabela 14

Perfil dos respondentes

Quanto ao faturamento das empresas

# Qtde.

Resp Faturamento %

1 27 Entre 2,4 e 16 milhões 64

2 5 Entre 16 e 90 milhões 12

3 2 Entre 90 e 300 milhões 5

4 8 Mais de 300 milhões 19

42 100

Quanto ao número de funcionários

# Qtde.

Respostas Funcionários %

1 3 Até 2 7

2 4 Até 19 10

3 10 Entre 20 e 99 24

4 10 Entre 100 e 499 24

5 15 Mais que 499 35

42 100

0

10

20

30

40

50

60

70

Entre 2,4 e16 milhões

Entre 16 e90 milhões

Entre 90 e300

milhões

Mais de300

milhões

0

5

10

15

20

25

30

35

Até 2 Até 19 Entre 20e 99

Entre 100e 499

Mais que499

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63

Quanto à faixa etária

# Qtde.

Respostas Faixa etária %

1 3 Até 20 7

2 20 Entre 20 e 30 48

3 14 Entre 30 e 40 33

4 3 Entre 40 e 50 7

5 2 Acima de 50 5

42 100

Quanto à formação acadêmica

# Qtde.

Respostas Formação %

1 2 1o grau 5

2 5 2o grau 12

3 18 3o grau completo 43

4 2 3o grau incompleto 5

5 15 Pós graduação 36

42 100

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Até 20 Entre 20e 30

Entre 30e 40

Entre 40e 50

Acima de50

0

10

20

30

40

50

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64

Quanto ao cargo

# Respostas Cargo %

1 15 Gerente 36

2 3 Diretor 7

3 2 Operador 5

4 22 Outros 52

42 100

Nota. Fonte: Dados da pesquisa.

O perfil majoritário dos respondentes é composto por funcionários de empresas que faturam até

R$16 milhões e possuem mais de 20 funcionários. Em sua maioria, os respondentes tem faixa

etária entre 20 e 40 anos, curso superior completo e pós-graduação, possuem cargo de gerente ou

outros (designers) e participam de atividades de DNP (71% dos respondentes). Curiosamente,

nem mesmo esse perfil bastante jovem dos gestores respondentes irá implicar em um uso mais

elaborado da Internet para atividades de IC e Inovação, como será relevado em maiores detalhes

mais adiante.

Quanto à classificação das empresas, segundo os critérios do SEBRAE, houve certa contradição

nas respostas. Segundo o critério de faturamento, a maioria dos respondentes indicou pertencer a

uma micro ou pequena empresa (64%), mas em relação ao número de funcionários, a maioria

(35%) indicou ser de grande empresa. No entanto, se forem somadas as repostas dadas as duas

categorias (3 e 4) que indicam a faixa de 20 a 499 funcionários (24% + 24%) , a maioria dos

respondentes pertencem a pequena ou média empresa.

0

10

20

30

40

50

60

Gerente Diretor Operador Outros

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Em resumo, considerando as respostas, pode-se concluir que os respondentes pertencem a PMEs

do polo moveleiro de Ubá/MG, são gerentes ou designers, possuem curso superior completo ou

pós-graduação.

O perfil dos respondentes indicou o cenário em que no conjunto de todas as MPEs e PMEs do

polo, há um subconjunto pequeno de empresas (aproximadamente 14,70% delas) em que existe

uma melhor formação acadêmica dos funcionários (gerente, diretores e designers), mas que ainda

fazem uso rudimentar da Internet. Basicamente a Internet serve como catálogo eletrônico de

produtos e comunicação, via e-mail (formulários eletrônicos), com clientes. Em nenhum dos sites

pesquisados foram observadas funções ligadas a, por exemplo, obter sugestões de clientes para

produtos, comércio eletrônico, chat online com atendentes, portal para empresas parceiras.

4.4 Análise Quantitativa dos Resultados

O objetivo dessa etapa da pesquisa foi analisar a utilização da internet pelas PMEs como

ferramenta ou fonte de informações nas atividades relacionadas à Inovação, IC e DNP.

4.4.1 Caracterização das Etapas Quantitativas

Este é um estudo quantitativo desenvolvido a partir da aplicação de questionários on-line a 42

empresas do Polo Moveleiro de Ubá. O estudo quantitativo se dividiu em três etapas: a primeira

verificou a confiabilidade das escalas empregadas no questionário e apontou possibilidades para

sua melhoria; a segunda produziu indicadores para cada uma das nove escalas utilizadas e a

terceira calculou o relacionamento entre elas. Foi utilizado para analisar os dados o software

estatístico SPSS v. 20.

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66

A confiabilidade das escalas é analisada por meio da verificação do coeficiente alfa, ou Alpha de

Cronbach, que busca mostrar até que ponto a escala produz resultados consistentes (Malhotra,

2001).

A produção dos indicadores é feita a partir da aplicação da técnica de Análise Fatorial, que é uma

técnica de estatística multivariada que tem como objetivo principal descrever a variabilidade

original do vetor aleatório X, em termos de um número menor de m variáveis aleatórias que estão

relacionadas com o vetor original X através de um modelo linear (Mingoti, 2005). O modelo de

mensuração utilizado é do tipo confirmatório, sendo especificado a priori pelo pesquisador os

itens ou variáveis associadas a cada construto, a partir da teoria produzida sobre o assunto.

O relacionamento entre as escalas ou construtos segue padrão estabelecido pelo modelo analítico

especificado previamente. A natureza de relação nele encontrada é de dependência, de forma a se

utilizar modelo de análise de regressão para a verificação se ocorre esta forma de relacionamento

entre os construtos e, se ocorrer, mensurar a sua intensidade. A Tabela 15 apresenta a relação

entre os construtos, sua descrição e as questões (Anexo VII) aos quais cada construto está ligado

ao questionário aplicado através do site desenvolvido especialmente para esta pesquisa em:

http://www.iideias.com/surveyuba.php?id=1&qid=13&qnu=1

Tabela 15

Construtos utilizados na pesquisa

Construto Descrição Questões

C1 Conhecimento Q21, Q26, Q22, Q2, Q27, Q1

C2 Custo Q14, Q30, Q15, Q16, Q9

C3 Cultura Q6, Q17, Q10

C4 Tempo Q19, Q20, Q8, Q18

C5 Infraestrutura Q13, Q12, Q11

C6 Desejo Q3, Q23, Q5, Q7, Q4

C7 IC Q25, Q24

C8 Inovação Q29

C9 DNP Q28

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

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4.5.2 Análise de Confiabilidade

A verificação da confiabilidade das escalas adotadas é feita por meio da análise do coeficiente

alfa, ou Alpha de Cronbach, que pode variar de zero a um. Quanto maior é a medida, melhor é a

sua confiabilidade e, de acordo com Malhotra (2001), valores inferiores a 0,6 indicam

confiabilidade insatisfatória da consistência interna. Dos nove construtos do modelo, três

apresentaram níveis satisfatórios de confiabilidade – C4 (Tempo), C5 (Infraestrutura) e C6

(Desejo) – e outros quatro não possuem o valor mínimo de referência para tal medida (Tabela

16). Ainda os construtos C8 (Inovação) e C9 (DNP) pelo fato de que são exigidos ao menos dois

itens, ou questões, para o cálculo. De fato, os construtos C7 (IC), C8 (Inovação) e C9 (DNP) são

os “construtos objetivos” da pesquisa, isto é, representam o uso qualificado que as empresas

deveriam fazer da Internet e ao qual a pesquisa objetivou verificar ou confirmar. Ficou claro

durante a execução da pesquisa que as empresas do polo não fazem nenhum uso da Internet para

fins de IC, Inovação e DNP. Assim, o construto C7 (IC) passou a representar além de IC, também

Inovação e DNP e contemplou as questões Q24, Q25, Q28 e Q29 (Anexo VII) e o objetivo da

pesquisa passou a ser identificar o(s) motivo(s) pelos qual(is) a Internet é “subutilizada” pelas

empresas do polo.

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Tabela 16

Construtos e Alpha de Cronbach

Construtos Número de itens Alpha de Cronbach

C1 – Conhecimento 6 0,587

C2 – Custo 5 0,516

C3 – Cultura 3 0,471

C4 – Tempo 4 0,692

C5 – Infraestrutura 3 0,602

C6 – Desejo 5 0,814

C7 – IC, Inovação e DNP 4 0,682

Nota. Fonte: Banco de dados da pesquisa.

A alternativa utilizada para melhorar os coeficientes alfa dos construtos que não apresentam

medidas satisfatórias de confiabilidade é a exclusão de iten(s). Considerando o primeiro

construto, cujo Alpha de Cronbach é 0,587, a extração de dois itens – Q21 e Q2 (Anexo VII) –

implica em aumento do coeficiente (Tabela 17). Feita a exclusão dos itens Q21 e Q2 (Anexo

VII), o coeficiente alfa relacionado a esse construto, agora com quatro variáveis, passa a ser igual

a 0,678.

Tabela 17

Coeficiente Alpha de Cronbach para

C1(Conhecimento)

Item Alpha de Cronbach

excluindo o item

Q21 ,652

Q26 ,406

Q22 ,479

Q2 ,631

Q27 ,445

Q1 ,563

Nota. Fonte: Banco de dados da pesquisa.

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Da mesma forma, permite-se ao construto C2 (Custo) aumentar seu coeficiente alfa a partir da

exclusão das variáveis Q30 e Q9 (Anexo VII) ver Tabela 18. Feita a exclusão de ambos, o Alpha

de Cronbach passa a ser 0,640.

Tabela 18

Coeficiente Alpha de Cronbach C2 (Custo)

Item Alpha de Cronbach

excluindo o item

Q14 ,294

Q30 ,552

Q15 ,452

Q16 ,413

Q9 ,536

Nota. Fonte: Banco de dados da pesquisa.

O construto C3 (Cultura), associado ao construto Influência Social do UTAUT, apresenta

coeficiente alfa igual a 0,471 e não apresenta nenhum item que possa ser excluído de forma que

se aumente tal medida do construto (Tabela 19).

Tabela 19

Coeficiente Alpha de Cronbach C3 (Cultura)

Item Alpha de Cronbach

excluindo o item

Q6 ,427

Q17 ,373

Q10 ,319

Nota. Fonte: Banco de dados da pesquisa.

Assim, o construto C3 (Cultura) foi desconsiderado na análise dos principais ofensores pelo não

uso da Internet em atividades inovativas.

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4.5 Análise Fatorial

A segunda etapa consistiu em aplicar a técnica estatística de Análise Fatorial confirmatória, a

partir da análise simultânea de todas as variáveis de forma a produzir uma medida que as

represente conjuntamente. A validação é realizada por meio da aplicação do Teste de

Esfericidade de Bartlett, que verifica se as variáveis de cada escala são correlacionadas entre si, e

da medida de adequação da amostra Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), que mostra coeficiente de

ajuste dos dados ao modelo de análise fatorial. Valores desta medida na faixa de 0,5 podem exigir

medidas de correção nos dados amostrais por meio da exclusão ou inclusão de novas variáveis,

enquanto que coeficientes em torno de 0,9 seriam considerados excelentes (Mingoti, 2005).

A aplicação da referida técnica junto aos seis construtos (foi desconsiderado o construto C3

(Cultura) pelo fato de não possuir medida satisfatória de confiabilidade da escala) apresenta a

estatística KMO, o Teste de Bartlett e a variância total explicada pelo modelo (Tabela 20).

Tabela 20

Estatísticas dos construtos

Construto KMO Teste de Bartlett Variância

explicada (%)

C1 (Conhecimento) 0,542 0,000 52,5

C2 (Custo) 0,516 0,000 59,7

C4 (Tempo) 0,534 0,000 52,5

C5 (Infraestrutura) 0,593 0,002 56,5

C6 (Desejo) 0,771 0,000 58,7

C7 (IC, Inovação e DNP) 0,631 0,000 52,2

Nota. Fonte: Banco de dados da pesquisa.

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A produção de medida única para cada um dos construtos é feita a partir da utilização das cargas

fatoriais encontradas, de forma que as fórmulas1 são mostradas adiante:

C1 = [(0,875 x Q26) + (0,668 x Q22) + (0,861 x Q27) + (0,386 x Q1)] / 2,790

C2 = [(0,902 x Q14) + (0,530 x V15) + (0,834 x Q16) / 2,266

C4 = [(0,853 x Q19) + (0,611 x Q20) + (0,546 x Q8) + (0,837 x Q18)] / 2,847

C5 = [(0,831 x Q13) + (0,728 x Q12) + (0,688 x Q11)] / 2,247

C6 = [(0,766 x Q3) + (0,669 x Q23) + (0,660 x Q5) + (0,859 x Q7) + (0,852 x Q4)] / 3,806

C7 = [(0,733 x Q25) + (0,776 x Q24) + (0,739 x Q24) + (0,739 x Q29) + (0,634 x Q28) / 2,882

4.5.4 Análise de Regressão

A partir das medidas referentes a cada construto que compõe o modelo analítico adotado,

procede-se ao cálculo de todos os relacionamentos estabelecidos. Pela natureza de dependência

das relações, foi utilizada a análise de regressão linear para se verificar o efeito de uma variável

independente na variável dependente. A Figura 3 apresenta o modelo final juntamente com o

coeficiente de regressão β e sua respectiva significância entre parênteses.

Pode-se afirmar que o aumento de uma unidade no construto C6 (Desejo) representa um aumento

de 0,569 no construto C7 (IC, Inovação, DNP). Por sua vez, o incremento de uma unidade no

construto C1 (Conhecimento) representa um aumento de 0,535 no construto C6 (Desejo). Da

mesma maneira, o construto C5 (Infraestrutura) aumenta, a cada unidade, 0,389 o construto C7

(IC, Inovação, DNP).

1 O denominador de cada construto é referente ao somatório de suas cargas fatoriais, o que estabelece que seus

valores fiquem compreendidos no mesmo intervalo utilizado nas escalas de cada item (zero a seis).

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Os resultados da pesquisa indicaram que a falta de conhecimento dos gestores sobre os temas IC,

Inovação afetam o desejo (no sentido de iniciativa) de utilizar a Internet para fins inovativos. A

infraestrutura é apontada como ofensor secundário para o não uso. Curiosamente, as relações

mais fortes ocorreram entre dois construtos baseados nos construtos moderadores do UTAUT

(experiência do indivíduo e a voluntariedade do uso) e não entre os quatro construtos

independentes.

O construto C1 (Conhecimento) visou mapear o conhecimento dos gestores nos temas IC e

Inovação voltada para o DNP. O resultado obtido confirma a literatura (Sakamoto, 2011;

PINTEC, 2011; Oliveira, 2011) que indicam que as PMEs e, em especial, as do polo de Ubá não

possuem alta capacidade inovadora. Esta lacuna de conhecimento acaba por afetar o desejo das

PME em utilizar a Internet como meio inovativo.

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Figura 3. Representação do resultado de pesquisa

Entretanto, o subconjunto das MPEs e PMEs pesquisadas contrariou Oliveira (2011) em relação à

formação dos gerentes. A pesquisa de Oliveira (2011) indicou a baixa formação acadêmica dos

gestores do polo de Ubá, enquanto que a amostra que compôs o presente survey conseguiu

alcançar profissionais bem mais qualificados. A suposta contradição pode ser explicada pela

amplitude dos trabalhos. Esta pesquisa acabou restrita às empresas de maior porte e faturamento,

o que consequentemente deve atrair profissionais de melhor formação. Portanto, este trabalho não

pode ser entendido como um contra-argumento à Oliveira (2011). O fato concreto é que os

gestores não podem desejar implementar processos e práticas gerenciais que eles nem ao menos

conhecem. Neste ponto, os órgãos de fomento (INTERSIND, SEBRAE e FIEMG) poderiam criar

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um plano para desenvolvimento dos gestores e diretores das empresas do polo, visando informá-

los dos benefícios da IC e dos processos inovativos baseados na Internet.

Interessante notar que a pergunta Q1 (Anexo VII) indicou uma concentração do nível de

concordância média à afirmação “1. É fundamental para o futuro da empresa empreender

atividades em Inteligência Competitiva e Inovação” . A média ficou em 5,2115, ou seja, algo

entre concordo e concordo totalmente. Os respondentes também informaram opções neutro e

concordo parcialmente, quando perguntados se conheciam IC (Q26) e Inovação (Q27),

indicando terem baixo conhecimento sobre os assuntos. Assim, os gestores do polo têm

consciência da importância dos temas IC e Inovação, porém podem não estar tão confiantes na

maneira de implementar processos sistemáticos nestas áreas devido ao desconhecimento sobre os

assuntos. As respostas das questões Q21 e Q22 indicam que as PMEs apontam a falta de

qualificação da mão de obra como um empecilho para uma melhor utilização da Internet, mas

que elas não estão dispostas a treinar as suas equipes nestes temas. Existe claramente uma

conexão com a literatura sobre a questão da forma de como auxiliar as PMEs via consultorias

(Edwards, Delbridge, & Munday, 2005; Scozzi & Garavelli, 2005).

A lacuna de conhecimento identificada acabou por se refletir no construto C6 (Desejo ou

Intenção de Uso) que teve como objetivo identificar o quão válido e útil seria utilizar a Internet.

Paradoxalmente as questões Q3, Q4, Q5, Q7 e Q23 tiveram alto grau de concordância a respeito

da importância e utilização da Internet como meio de comunicação pela empresa. Este fato

reforça o entendimento que os gestores, embora reconhecendo a importância da Internet para o

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seu negócio, desconhecem os fundamentos dos temas IC e Inovação, não reconhecendo as

potencialidades do uso a Internet para estes fins.

As questões relacionadas ao construto C5 (Infraestrutura de TI) buscaram identificar os seguintes

aspectos: se o acesso a Internet é eficiente e de boa qualidade; se a empresa já faz algum uso mais

elaborado da Internet e a empresa possui alguma organização do departamento de TI (Tecnologia

da Informação) com competência para suportar um uso mais eficiente da Internet. O construto C5

está associado ao construto “condições facilitadoras” original do UTAUT.

Quanto ao acesso a Internet, a região é suprida por três companhias de acesso via rádio. As

respostas tiveram uma média de 4,4808 e desvio padrão de 1,2125 indicando um resultado entre

concordo parcialmente e concordo para a questão Q11 (Anexo VII), ou seja, o acesso a Internet

não foi apontado como um problema, corroborando o resultado em linha com o observado na

pesquisa do Observatório das Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE/SP, 2008).

Já a Q12 (Anexo VII) apresentou média de 3,8077 e desvio padrão de 2,0488 indicando uma

resposta entre posição neutra e concordo parcialmente quanto ao desenvolvimento de

ferramentas de comércio eletrônico, catálogo eletrônico de produtos, ferramentas para cotação de

preços e opções em comércio eletrônico. De fato, a observação e análise dos sites das empresas

indicou que eles são bastante elementares, possuindo apenas a função de catálogo eletrônico de

produtos. Assim, a resposta encontrada está coerente com a observação feita. Este resultado vem

reforçar o PINTEC (2011) que indica que a inovação na indústria é usualmente buscada via

aquisição de novos equipamentos e maquinário. Para a amostra analisada, o investimento em um

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website mais moderno, atrativo e pleno de funcionalidades para clientes e fornecedores parece

não estar entre as prioridades.

Em relação a Q13 (Anexo VII), os resultados foram semelhantes ao da Q12, ou seja, média de

3,8462 e desvio padrão de 1,9239, respostas oscilando entre neutro e concordo parcialmente

Portanto, as empresas não apresentam um departamento de TI suficientemente organizado para

suportar atividades mais sofisticadas executadas na Internet. O resultado confirma a visão de

Nadaes & Borges (2005) que afirmam que as PMEs precisam desenvolver uma cultura voltada

para o gerenciamento da informação. A saída mais eficiente para esta lacuna poderia ser dada por

consultorias externas, trazendo a discussão de Edwards, Delbridge, & Munday (2005) e Scozzi &

Garavelli (2005) sobre como fornecer ajuda as PMEs via consultorias.

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5 CONCLUSÕES

Esta pesquisa surgiu da constatação da expansão do uso da Internet pelas PMEs no país. É um

recurso acessível, de baixo custo e à disposição das empresas tanto em âmbito nacional quanto no

âmbito das empresas que formam o polo moveleiro de Ubá/MG. Por outro lado, as MPEs e PMEs

possuem escassez de recursos, sofrem com a ausência de mão de obra qualificada, mas são

potencialmente mais inovadoras que as grandes empresas devido à sua forma organizacional mais

simplificada. A Internet é um meio reconhecidamente importante para a execução de atividades

em IC e Inovação, além das atividades tradicionais de comunicação, comércio e atendimento

eletrônicos. Portanto, é razoável imaginar que as PMEs deveriam utilizar a Internet para fins de

inovação, mas estranhamente não o fazem. A pesquisa vislumbrou entender esse cenário.

A fim de viabilizar a pesquisa e obter o maior rigor científico possível, buscou-se adaptar o

UTAUT, que é um modelo integrativo amplamente reconhecido e aceito para medir a aceitação e

uso de uma tecnologia, à realidade da pesquisa. Assim, a pesquisa partiu das hipóteses iniciais

sobre quais poderiam ser os motivadores para o não uso eficiente da Internet. Estas hipóteses

surgiram da análise do UTAUT bem como de informações obtidas no referencial teórico

analisado.

O caráter exploratório da pesquisa, que visava encontrar respostas a um fenômeno amplo que

atinge a uma população de empresas em uma área geográfica relativamente grande, acabou por

ditar a forma de implementação a ser adotada. O survey foi escolhido por atender a estas

características. Adicionalmente, levantamento feito por Bobsin et al. (2009), em uma base de

dados internacional considerando os principais periódicos em Sistemas de Informação, mostrou

que todas as pesquisas envolvendo o UTAUT até então haviam sido feitas por meio de survey.

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A operacionalização do survey se deu por meio da construção de um website. As empresas e

profissionais do polo foram convidados a responder a pesquisa. Eles foram identificados nos sites

das empresas, das principais redes sociais Facebook e Linkedin e pelos organismos de fomento

local (INTERSIND e SEBRAE).

Após a aplicação do questionário, os dados obtidos foram analisados utilizando técnicas de AFE

e os resultados finais foram apurados. Assim, este trabalho analisou o uso que as PMEs do polo

moveleiro de Ubá fazem da Internet e concluiu que os dois principais motivadores para a não

utilização da Internet como ferramenta para atividades em IC e Inovação são: primeiramente, o

desconhecimento dos conceitos e processos relacionados aos temas e a importância deles para o

negócio. Tal desconhecimento pode ser consequência do nível precário de formação dos gestores

das PMEs do polo (Oliveira, 2011). As PMEs precisam compreender os principais conceitos e

processos em IC e Inovação e, principalmente, enxergar benefícios na utilização dessas práticas

para os negócios da empresa. Secundariamente, existe uma carência de infraestrutura de TI que

possa suportar as PMEs nestas atividades.

Embora as PMEs possuam acesso a Internet considerado de boa qualidade, elas carecem de maior

organização e competência em TI para suportar atividades em IC e Inovação baseadas na

Internet. Em suma, o uso da Internet não é percebido pelas empresas do polo como estratégico do

ponto de vista do monitoramento do ambiente competitivo, da percepção de ameaças e

oportunidades ao negócio, do desenvolvimento de novos produtos, processos, serviços e modelos

de negócios. Paradoxalmente, os respondentes afirmaram ser muito importante o uso da Internet.

Isso induz a conclusão de que as empresas sabem que a Internet é uma ferramenta útil, porém

eles não sabem exatamente como extrair o máximo dessa plataforma.

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Segundo Bessant et al. (2008), o uso da Internet para inovação representa um desafio para as

empresas de grande porte e, possivelmente, uma questão de sobrevivência para os pequenos

negócios. Buscar a inovação via Internet pode revolucionar o mercado moveleiro, trazer

vantagem competitiva ao APL de Ubá/MG e colocá-lo a frente do mercado tanto no País quanto

no exterior. Para tal, seria importante estreitar a rede de conexões entre as empresas do polo e

fomentar o desenvolvimento de uma plataforma de serviços voltada para a construção,

comercialização e divulgação dos produtos.

Este trabalho indica que há necessidades não atendidas em relação ao tema da pesquisa e que

podem ser melhor exploradas em diversas áreas (fomento, acadêmica e novos negócios) tais

como:

Oportunidade para desenvolvimento das PMEs do polo - as empresas carecem de

maior conhecimento sobre os temas IC, Inovação e as vantagens em sua utilização em

seus processos de negócio;

Perspectivas para trabalhos acadêmicos futuros - a imensa maioria das MPEs

(aproximadamente 85% delas) do polo ainda não faz qualquer uso da Internet. Assim, um

novo survey poderia ser feito para compreender esse fenômeno;

Oportunidade para atuação de consultorias – como as PMEs possuem limitados

recursos, sofrem com mão de obra escassa e desqualificada (Brio e Junquera 2003,

Oliveira 2011, Sakamoto 2011), abre-se espaço para a atuação de consultorias que possam

oferecer serviços relacionados aos temas no modelo “pague-pelo-uso” em que as PMEs

teriam a disposição serviços em IC e ferramentas voltadas para Inovação.

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Parece certo que o ponto de partida para melhorar o uso da Internet e o correspondente

desenvolvimento das PMEs do polo é difundir o conhecimento em IC e Inovação e criar

mecanismos de suporte, especialmente em TI, ao seu uso.

As limitações da pesquisa estão relacionadas ao nível dos respondentes da amostra que em sua

maioria possuem nível superior ou pós-graduação divergindo, portanto do perfil empresarial mais

básico encontrado por Oliveira (2011). Este fato confirma o que foi descrito por Eysenbach e

Wyatt (2002) que indica que a pesquisa, via Internet, pode não representar a população. A

pesquisa focou na figura do gerente, conforme sugerido por Tan & Arnott (1999), mas obteve

muitas respostas de designers e isso pode ser explicado pela grande importância desses

profissionais nas atividades de inovação e desenvolvimento de novos produtos nas empresas do

setor moveleiro. A forma de implementação da pesquisa, via website, afastou a participação dos

gestores das MPEs do polo que não tem acesso ou não fazem uso algum da Internet. Por outro

lado, o modo de contato dos respondentes por meio de redes sociais como o Linkedin se mostrou

bem mais efetivo do que os contatos por e-mail, ficando assim uma recomendação de uso desse

modo para surveys baseados na Web.

Pode-se supor que o cenário de não uso da Internet para fins de IC e Inovação no polo moveleiro

seja ainda mais desanimador, visto que a amostra pesquisada apresentou gestores mais plugados a

Internet e com formação acima da média encontrada por Oliveira (2011). Por opção do

pesquisador, o questionário foi aplicado via Internet, portanto, somente as empresas com acesso a

rede poderiam respondê-lo. Os convites para participação na pesquisa foram enviados a

aproximadamente 15% das MPEs e PMEs do polo. O contato por telefone se mostrou infrutífero.

Assim, apenas esse percentual das empresas pode ser alcançado de alguma forma via Internet.

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Outro ponto de restrição foi assumir que os respondentes ao menos já ouviram falar de IC e

Inovação. Assim, nenhum texto explicativo ou nenhuma orientação sobre esses assuntos foi feita.

Desta forma, a pesquisa acabou por atingir uma elite de empresas do polo e, portanto, não pode

ser considerada um retrato da utilização da Internet pelas PMEs e MPEs da região, mas sim um

retrato da utilização das empresas que mais despontam em termos de uso da Internet. Este fato de

certa forma é desolador, pois, nem mesmo entre as melhores, foi identificado um uso efetivo da

Internet para fins de IC e inovação, que poderia representar uma enorme oportunidade de

desenvolvimento e melhoria a baixo custo para estas empresas.

A adoção de práticas de IC e inovação suportadas pela Internet é uma possibilidade concreta e

potencialmente acessível que contribuiria para a melhoria de processos, DNP e gestão estratégica

das empresas do polo. O cenário atual indica que as empresas podem estar perdendo uma grande

oportunidade ao não explorar esse recurso enquanto continuam a gerir os negócios atrelados a

modelos produtivos tradicionais.

Usar a Internet como plataforma para IC e inovação é uma prática que deve ser adotada pelas

PMEs e apoiada pelos órgãos de fomento regionais. A relação entre os custos e os benefícios

associados com tal iniciativa indica que é o momento de investir sob pena de solapar a

capacidade competitiva e perder mercado para outros APLs ou mesmo indústrias internacionais.

Segundo frase atribuída a Peter Drucker: “Existem dois tipos de riscos: Aqueles que não podemos

nos dar ao luxo de correr e aqueles que não podemos nos dar ao luxo de não correr.” Certamente,

deixar de utilizar a Internet como plataforma de apoio à Inteligência Competitiva e à Inovação

constitui um risco que não deveria estar sendo corrido pelas empresas do polo moveleiro de Ubá.

A inclusão digital das empresas do polo não compreende apenas o acesso a Internet, mas a plena

formação e conscientização dos seus gestores dos parâmetros de competitividade em uma

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economia digital. Como é característico da Sociedade da Informação e do Conhecimento, o

acesso à tecnologia não constitui fator diferencial, mas sim o seu uso pleno e consciente. A

questão que se coloca é a viabilização da sobrevivência das empresas em um ambiente

globalizado e integrado pela Internet.

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ANEXOS

I. Formulário de solicitação de informações a JUCEMG

Figura 4. Formulário de solicitação de informações a JUCEMG. Fonte: JUCEMG/2014.

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II. Códigos CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas)

Pesquisa

por: 3101-2/00

Registros Encontrados:

62

Código Descrição CNAE

3101-2 ARCAS DE MADEIRA DE USO RESIDENCIAL, FABRICAÇÃO DE

3101-2 ARMÁRIOS DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE

3101-2 ARMÁRIOS MODULADOS DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE

3101-2 ARQUIVOS DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE

3101-2 BALCÕES DE MADEIRA SEM INSTALAÇÕES FRIGORÍFICAS, FABRICAÇÃO DE

3101-2 BANCADAS DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE

3101-2 BANCOS DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE

3101-2 BANCOS E BANQUETAS DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE

3101-2 BANHEIROS PLANEJADOS (EM MADEIRA), FABRICAÇÃO DE

3101-2 BAÚ, FABRICAÇÃO DE

3101-2 BELICHE DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE

3101-2 BERÇOS DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE

3101-2 BI-BOX (BICAMA) EM MADEIRA, FABRICAÇÃO DE

3101-2 BICAMA DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE

3101-2 CADEIRA GIRATÓRIA DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE

3101-2 CADEIRA LONGARINA DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE

3101-2

CADEIRAS DE MADEIRA PARA BARBEIROS E CABELELEIROS,FABRICAÇÃO

DE

3101-2 CADEIRAS DE MADEIRA PARA PRAIA, FABRICAÇÃO DE

3101-2 CADEIRAS DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE

3101-2 CAIXAS DE MADEIRA PARA COLETA DE ROUPA SUJA, FABRICAÇÃO DE

3101-2

CAIXAS E GABINETES DE MADEIRA PARA RÁDIOS, TELEVISORES,

MÁQUINAS DE COSTURA, ETC, FABRICAÇÃO DE

3101-2 CAMA-BAÚ EM MADEIRA, FABRICAÇÃO DE

3101-2 CAMAS DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE

3101-2 CAMAS-BELICHE DE MADEIRA, FABRICAÇÃO DE

3101-2 CAMISEIROS (MOVEIS), FABRICAÇÃO DE

Figura 5. Descrição do código 3101-2/00. Fonte: http://www.cnae.ibge.gov.br/

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Pesquisa por: 3102-1

Registros encontrados:

25

Código Descrição CNAE

3102-1 ARMÁRIOS METÁLICOS, FABRICAÇÃO DE

3102-1 ARQUIVOS METÁLICOS, FABRICAÇÃO DE

3102-1

BALCÕES METÁLICOS SEM INSTALAÇÕES FRIGORÍFICAS, FABRICAÇÃO

DE

3102-1 BANCADAS METÁLICAS, FABRICAÇÃO DE

3102-1 BANCOS METÁLICOS, FABRICAÇÃO DE

3102-1 BANHEIROS PLANEJADOS (EM METAL), FABRICAÇÃO DE

3102-1 BELICHE DE FERRO TUBULAR, FABRICAÇÃO DE

3102-1 BICAMA METÁLICA, FABRICAÇÃO DE

3102-1 CADEIRA GIRATÓRIA DE METAL, FABRICAÇÃO DE

3102-1 CADEIRA LONGARINA DE METAL, FABRICAÇÃO DE

3102-1 CADEIRA PARA BEBE, PARA VEICULO, FABRICAÇÃO DE

3102-1 CADEIRAS DE METAL PARA PRAIA, FABRICAÇÃO DE

3102-1

CADEIRAS METÁLICAS PARA BARBEIROS E CABELELEIROS,

FABRICAÇÃO DE

3102-1 CADEIRAS METÁLICAS, FABRICAÇÃO DE

3102-1 CAMA DOBRÁVEL EM FERRO TUBULAR, FABRICAÇÃO DE

3102-1 CAMAS METÁLICAS, FABRICAÇÃO DE

3102-1 CONJUNTO COPA, DE METAL, FABRICAÇÃO DE

3102-1 CONJUNTO ESTOFADO EM METAL, FABRICAÇÃO DE

3102-1 COZINHAS PLANEJADAS (EM METAL), FABRICAÇÃO DE

3102-1 DORMITÓRIO METÁLICO, FABRICAÇÃO DE

3102-1 ESTANTE RACK DE METAL, FABRICAÇÃO DE

3102-1 ESTANTES METÁLICAS, FABRICAÇÃO DE

3102-1 GABINETES DE METAL, FABRICAÇÃO DE

3102-1

GÔNDOLAS E OUTRAS INSTALAÇÕES COMERCIAIS SEMELHANTES DE

METAL

3102-1 LATERAL (MESINHA) DE METAL, FABRICAÇÃO DE

Figura 6. Descrição do código 3102-1/00. Fonte: http://www.cnae.ibge.gov.br/

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III. Questionário disponibilizado na Internet

Figura 7. Questionário página 1. Fonte: site da pesquisa.

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Figura 8. Questionário página 2. Fonte: site da pesquisa.

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Figura 9. Questionário página 3. Fonte: site da pesquisa.

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Figura 10. Questionário página 4. Fonte: site da pesquisa.

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V. Empresas cadastradas no INTERSIND

ARTE MÓVEIS – João Padilha Teixeira

ART & LUXO – Art & Luxo Móveis Ltda

APOLO - Indústria de Móveis Apolo S/A

ALBANO – Albano Móveis de Aço Ltda - ME

ACQUARELLA - Móveis Acquarella Ubaense Ltda - ME

ACÁCIA MÓVEIS LTDA – ME

BOM PASTOR – Móveis B.P. Ltda

BOARETO - S.B. Transp. Ind.e Com. de Ubá Ltda.

BM – BM Tubulares Ltda

BIANCHI - Bianchi Ind. e Com. de Móveis Ltda

BETTIO - Primóbile Ind. e Transp. de Móveis Ltda.

B.M.C – BMC Máquinas e Equipamentos Ltda

CORBELLI E PEREIRA - Corbelli e Pereira Ltda

CEL – Cel Móveis Ltda

CASA NOBRE – Casa Nobre Ind. e Com. Ltda

CAROLINA BABY

CARIOCA - Carioca Móveis Ind. Comércio Ltda

DIOSSIL - Diossil Indústria de Móveis Ltda

DIMETAL – Dimetal Acessórios de Ubá – EPP

DELLARI – Dellari Ind. de Móveis de Metal Ltda.

DECOR - Júlio Sérgio de Araújo Jr. e Cia Ltda. ME

D’ DORO – Dahier Musse Ind. e Comércio

EUROPA - Ind. e Comércio de Móveis Europa Ltda.

ESTRELA DE MINAS- Estrela de Minas Ind. de M. de M

ESTOFART - Almar Ind. e Com. de Estofados Ltda

ESTOFADOS SUPREMA – Mauad Moveis Ltda

EQUILÍBRIO - EQUILÍBRIO MÓVEIS SG LTDA

FRATELLI INDÚSTRIA DE ESTOFADOS

FAGUS - Ind. Móveis Rodrigues e Moura Ltda.

GRUPO RUFATO LTDA

GREICE - Greice Móveis Ltda

HELMIX – Helmix Móveis e Estofados Ltda – EPP

ITATIAIA - Itatiaia Móveis S.A.

JOSEP – Móveis Josep Ltda

JCM Movelaria

KIPLAC – Kiplac Ind. e Comércio e Transportes Ltda

KASLIANC – Kaslianc Móveis Tubulares Ltda

KAIKI – Kaiki Móveis Industria e Comercio Ltda

LUMAFER MOVEIS LTDA

LUFER – Lufer Ind. e Com. Moveis e Estofados

LOURO - Louro Móveis Ltda

LOPAS - Com. Ind. Transp. Lopas Ltda

LEIFER MÓVEIS

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LARA - Lara Móveis Ltda

LANES - Lanes Móveis Ind. e Com. Ltda

L.J. Móveis Ltda

MOVELANO – Movelano Ind. de Móveis Ltda

MODECOR - Modecor Ind. e Com. Ltda

MN ESTOFADOS

MINASTEX BENEFICIAMENTO DE MADEIRAS LTDA

MINAS OFFICE IND. E COM. DE MÓVEIS LTDA EPP

MÓVEIS PLATAFORMA LTDA

MAVAULAR MÓVEIS E TRANSPORTE LTDA

MATOS E LOPES- Móveis Matos e Lopes Ltda

MAGUIMOVEIS - Daniel Paiva Magalhães e Cia Ltd

MADMELOS IND. DE MÓVEIS DE METAL LTDA. EPP

MADEMÓVEIS - Mademóveis Ind. e Com. Ltda

MADEMARQUES - Mademarques Móveis Ltda

M.C - M.C. Móveis Ltda

NOVO HORIZONTE - Móveis Novo Horizonte Ltda

NOVA AMÉRICA - Móveis e Estof. Nova América de Ubá

N A ANDRADE - N A Andrade e CIA.LTDA

PLAMA - Indústria de Móveis Plama Ltda

PHOENIX – Rodrigo Soares Azevedo- EPP

PAROPAS – Ind. e Com. Copas S.A

PARMA – Parma Móveis Ltda

PAONANDA LTDA.

PAOLIANA - Paoliana Ind. e Com. Ltda.

PALMEIRA - Palmeira Ind. e Com. de Móveis Ltda

RONDOMÓVEIS - Rondomóveis Ltda

RODMIX – Rodmix Móveis Ltda

SPERANDIO – Sperandio Ind. e Transp Ltda

SOL MÓVEIS- Sol Móveis Solução Ltda

SILMAG ESTOFADOS – Silmag Ind. e Com de Móveis

SIER- Sier Móveis Ltda

SALLETO- Salleto Industria e Comércio de Móveis

SALA ESTOFADOS LTDA

SAGITARIUS TUBULARES

TUBULARES TEIXEIRA - Tubulares Teixeira Ltda

TUBULARES GOL IND. COM. IMP. E EXP. DE MÓVEIS LTDA

TRIUNFO INDÚSTRIA DE MÓVEIS TUBULARES (TORNESSOL)

TRADIÇÃO- Ind. e Com. de Móveis Tradição Ltda

THINASSI – Thinassi Móveis Ltda

TCIL– Tcil Móveis Ltda

UNIERRE-Unierre Móveis Ltda

VALVERDE - Valverde Indústria e Transporte Ltda

VALDEMÓVEIS- Valdemóveis Ind. de Móveis Ltda

Wilmar Móveis Ltda. EPP

ZARB – Zarb Móveis Ltda

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VI. Empresas com páginas na rede social Facebook.

1. Acquarella stofados

2. Amatto – Móveis

3. Augusto Damas

4. Candian Móveis

5. Carioca Móveis

6. Casa Nobre

7. Decorare Interiores

8. Del Rey Interiores

9. Dellari Móveis

10. Diviscrita Móveis

11. Duda Móveis

12. Eletro Economico

13. Elo Móveis

14. Estofados Fratelli

15. Estofart Estofados

16. Estofartes

17. Fagus

18. Fagus Marcenaria

19. Gustavo Estofart

20. IMOP Móveis

21. JCM Movelaria

22. Kaiki Móveis

23. Lar Nobre

24. LaraMoveis

25. Leifer Móveis

26. Luca´s Móveis

27. Ludmila Sperandio

28. Lufer Estodados

29. Lumafer móveis

30. Mademóveis

31. Maguimóvel

32. Marco Pollo Interiores

33. Marina Fagus

34. Mateus Parma

35. Mavaular Móveis

36. MC Móveis Planejados

37. MN Móveis Sob Medida

38. Modecor Móveis

39. Moveis Matos e Lopes Ltda

40. Móveis Apolo

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100

41. Moveis Bom Pastor

42. Móveis Everest

43. Móveis Lopas

44. Moveis Plameira

45. Moveis Rufato

46. Móveis Tradição

47. Movelano Design

48. Nivea Thinassi Carneiro

49. Nova America

50. Novo horizonte moveis

51. Odair Josep Alves da Silva

52. Perin Móveis

53. Rafael Boia Móveis

54. Rodmix Móveis

55. Rondomoveis

56. Sagitarius Tubulares

57. Salleto Móveis

58. Silmag Estofados

59. Sol Móveis

60. Sol Móveis Solução

61. SPJ Móveis Planejados

62. Taylor Louro

63. TCIL Móveis

64. TigusBaby

65. Tubulares Teixeira

66. Ubá Móveis

67. Uniart Estofados

68. Unierre Moveis

69. Unierre Planejados

70. Villa Décor

71. WG Móveis Planejados

72. Zarb Móveis

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101

VII. Questionário

Aplicado através da url: http://www.iideias.com/surveyuba.php?id=1&qid=13&qnu=1

1 É fundamental para o futuro da empresa empreender atividades em Inteligência Competitiva e

Inovação

2 Considero muito importante criar novos produtos e serviços em conjunto com outras empresas e

fornecedores

3 A Internet é o principal meio para troca de conhecimento e comunicação com outras empresas e

fornecedores

4 A Tecnologia da Informação e a Internet são ferramentas fundamentais para o desenvolvimento da

empresa

5 Uso diariamente computadores e a Internet em atividades profissionais e de lazer

6 Utilizo diariamente planilhas eletrônicas, banco de dados e sistemas gerenciais como ferramentas

para o desenvolvimento do meu trabalho

7 Tenho conhecimento para fazer uma pesquisa eficiente sobre assunto específico usando os

mecanismos de busca

8 Os gerentes da empresa executam pesquisas na Internet visando melhoria dos processos produtivos

9 A cultura de investimentos da empresa (proprietários e diretores) prioriza a aquisição de máquinas

e equipamentos

10 O modelo de negócios atual da empresa tem como base o desenvolvimento de novos produtos

11 O acesso a Internet a partir da empresa onde trabalho é eficiente e de boa qualidade

12 O site da empresa possui recursos de comércio eletrônico (catálogo de produtos, cotação de preços

e opções em comércio eletrônico)

13 A empresa possui departamento de Tecnologia da Informação organizado capaz de prover o

suporte as atividades

14 O custo de infraestrutura de Tecnologia da Informação para acessar a Internet e processar dados é

muito elevado

15 Existem empresas terceiras especializadas em pesquisas na Internet e com custo acessível a uma

Pequena e Média Empresa

16 O custo para contratar/treinar/reter pessoal qualificado para exercer atividades relacionadas a

Internet é elevado

17 As atividades operacionais e administrativas são o foco do meu trabalho e tomam a maior parte do

meu tempo na empresa

18 Os colaboradores da empresa possuem tempo disponível para utilizar a Internet

19 Consigo facilmente redistribuir minhas atividades entre outros colegas para ter tempo de me

dedicar a atividades na Internet

20 A contratação de consultores externos voltados para atividades em Inteligência Competitiva é

plenamente viável para a empresa

21 A falta de qualificação dos colaboradores impede o melhor uso da Internet para fins de Inteligência

Competitiva e Inovação

22 A empresa está disposta a treinar colaboradores nas áreas de Inteligência Competitiva e Inovação

23 A Internet é um canal fundamental de informações sobre concorrentes, feiras, exposições e

Governo

24 Acompanhar os passos do governo, concorrentes, fornecedores e clientes é fundamental para o

negócio da empresa

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25 Acompanhamos pela Internet os principais eventos e feiras de móveis que acontecem no pais e/ou

no exterior

26 Conheço os principais conceitos e processos relacionados ao tema Inteligência Competitiva

27 Conheço os principais conceitos e processos relacionados ao tema Inovação

28 A empresa possui processos definidos para o desenvolvimento de novos produtos

29 A empresa deve ter como prioridades gerar novos produtos e aprimorar os processos produtivos

30 A empresa reserva recursos humanos e financeiros para o Desenvolvimento de Novos Produtos e a

melhoria de processos produtivos

31 Minha empresa está localizada no Polo Industrial de Ubá/MG

32 Minha empresa atua no ramo de fabricação de móveis?

33 Participo de atividades de desenvolvimento de novos produtos e/ou processos na empresa

34 Faixa de faturamento da empresa

35 Número de funcionários

36 Minha faixa etária

37 Formação acadêmica

38 Meu cargo

39 Meu e-mail

Escala para as questões de 1 a 30:

Considere a escala: 0-Discordo Totalmente ate 6-Concordo Totalmente

0 1 2 3 4 5 6

Escala para as questões 31 a 33

SIM NAO

Questão 34 (opções)

Questão 35 (opções)

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103

Questão 36 (opções)

Questão 37 (opções)

Questão 38 (opções)