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ALINE XISTO RODRIGUES POLÍTICAS PÚBLICAS DE ACESSO AO ENSINO SUPERIOR: OS RESULTADOS DO SISU NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Trabalho de Conclusão Final apresentado à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Administração Pública em Rede Nacional (PROFIAP), para obtenção do título de Magister Scientiae. FLORESTAL MINAS GERAIS – BRASIL 2016

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ALINE XISTO RODRIGUES

POLÍTICAS PÚBLICAS DE ACESSO AO ENSINO SUPERIOR: OS RESULTADOS DO SISU NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

Trabalho de Conclusão Final apresentado à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Administração Pública em Rede Nacional (PROFIAP), para obtenção do título de Magister Scientiae.

FLORESTAL

MINAS GERAIS – BRASIL

2016

ALINE XISTO RODRIGUES

POLÍTICAS PÚBLICAS DE ACESSO AO ENSINO SUPERIOR: OS RESULTADOS DO SISU NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

Trabalho de Conclusão Final apresentado à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Administração Pública em Rede Nacional (PROFIAP), para obtenção do título de Magister Scientiae.

APROVADO: 30 de agosto de 2016.

______________________ _______________________

Vicente de Paula Lelis Leonardo Pinheiro Deboçã

(Coorientador)

__________________________

Rosiane Maria Lima Gonçalves

(Orientadora)

ii

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que me possibilitou mais uma conquista.

Ao meu esposo Isidoro por todo incentivo, apoio e companheirismo.

Aos meus filhos Davi e Laura, que sempre serão meus estímulos para ir além

de minhas limitações e buscar um futuro melhor.

À equipe do PROFIAP, em especial à minha orientadora Rosiane, pelo

suporte e estímulo.

À minha amiga e companheira de curso Renata, com a qual eu dividi cada

momento dessa caminhada.

À amiga Mariana por toda ajuda, paciência e parceria.

À turma animada e especial do PROFIAP, com a qual compartilhei histórias e

momentos tão divertidos.

iii

Sumário Lista de Tabelas ............................................................................................... iv

Lista de Gráficos ............................................................................................... v

RESUMO ........................................................................................................... vi

ABSTRACT ...................................................................................................... vii

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1

2. OBJETIVOS .................................................................................................. 6

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 7

3.1. Breve histórico da Educação Brasileira ................................................... 7

3.2. Políticas Públicas e Educação Superior no Brasil .................................. 9

3.2.1. Sistema de Seleção Unificada (SISU) ................................................. 12

3.3. A Universidade Federal de Viçosa e o SISU .......................................... 13

3.4. Ensino Superior Brasileiro: avanços e limitação .................................. 15

4. METODOLOGIA ......................................................................................... 18

4.1. Classificação da pesquisa ....................................................................... 18

4.2. Amostra em estudo .................................................................................. 18

4.3. Métodos de coleta e tratamento dos dados ........................................... 20

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 23

5.1. Parte I: Estudantes em geral ................................................................... 18

5.1.1. Perfil dos estudantes............................................................................ 23

5.1.2. Permanência dos estudantes .............................................................. 35

5.1.3. Desempenho dos estudantes .............................................................. 38

5.2. Parte II: Estudantes dos cinco grupos de ingresso (Lei 12.711/2012) . 41

5.2.1. Perfil dos estudantes dos cinco grupos de ingresso ........................ 41

5.2.2. Permanência dos estudantes dos cinco grupos de ingresso .......... 45

5.2.3. Desempenho dos estudantes dos cinco grupos de ingresso .......... 46

6. CONCLUSÕES ........................................................................................... 47

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 50

ANEXO A ......................................................................................................... 54

ANEXO B ......................................................................................................... 55

ANEXO C ......................................................................................................... 57

ANEXO D ......................................................................................................... 58

ANEXO E .......................................................................................................... 60

iv

Lista de Tabelas

Tabela 1. Relação das porcentagens de vagas para cada modalidade ou grupo de cota. ............................................................................................................. 15

Tabela 2. Relação dos cursos de graduação da UFV- Campus Sede e seus respectivos Centros de Ciências ....................................................................... 19

Tabela 3. Variação da evasão escolar em cada um dos Centros de Ciências da UFV, no período de 2006 a 2015. ..................................................................... 37

Tabela 4. Rendimento dos estudantes da UFV- Campus Sede de acordo com a forma e ano de admissão, no período de 2011 a 2015. .................................... 40

Tabela 5. Distribuição dos estudantes matriculados nos cinco grupos de ingresso da UFV- Campus Sede, no período de 2013 a 2015. ........................ 44

v

Lista de Gráficos

Gráfico1. Distribuição dos estudantes matriculados na UFV– Campus Sede, segundo o gênero, no período de 2006 a 2015................................................................................... 23

Gráfico2. Composição de cada um dos Centros de Ciências da UFV- Campus Sede, segundo o gênero dos estudantes matriculados no ano de 2015.................................... 24

Gráfico 3. Distribuição dos estudantes matriculados na UFV- Campus Sede de acordo com as faixas etárias, no período de 2006 a 2015. ............................................................ 25

Gráfico 4. Estudantes da Região Sudeste matriculados na UFV- Campus Sede, no período de 2006 a 2015. ......................................................................................................... 26

Gráfico 5. Distribuição dos estudantes da Região Sudeste matriculados na UFV- Campus Sede segundo o estado de origem, no período de 2006 a 2015. .................... 27

Gráfico 6. Distribuição dos estudantes matriculados na UFV- Campus Sede segundo o tipo de escola de origem, no período de 2006 a 2015. .................................................. 29

Gráfico 7. Distribuição dos estudantes matriculados no curso de Medicina da UFV- Campus Sede, segundo o tipo de escola de origem, no período de 2010 a 2015. ....... 30

Gráfico 8. Distribuição dos estudantes matriculados no curso de Arquitetura e Urbanismo da- UFV Campus Sede segundo o tipo de escola de origem, no período de 2006 a 2015. ............................................................................................................................. 31

Gráfico 9. Distribuição dos estudantes matriculados no curso de Engenharia Química da UFV- Campus Sede segundo o tipo de escola de origem, no período de 2007 a 2015. .......................................................................................................................................... 32

Gráfico 10. Distribuição dos estudantes matriculados no curso de Educação Infantil da UFV- Campus Sede segundo o tipo de escola de origem, no período de 2006 a 2015. .................................................................................................................................................... 33

Gráfico 11. Distribuição dos estudantes matriculados no curso de Pedagogia da UFV- Campus Sede segundo o tipo de escola de origem, no período de 2006 a 2015. ........ 34

Gráfico 12. Distribuição dos estudantes matriculados no curso de Economia Doméstica da UFV- Campus Sede segundo o tipo de escola de origem, no período de 2006 a 2015. ............................................................................................................................. 35

Gráfico 13. Variação do percentual de evasão geral dos estudantes na UFV- Campus Sede, no período de 2006 a 2015. ........................................................................................ 36

Gráfico 14. Índices de Evasão Média na UFV- Campus Sede antes e após o SISU. . 38

Gráfico 15. Variação da média do Coeficiente de Rendimento Acumulado (CRA) geral dos estudantes matriculados na UFV- Campus Sede, no período de 2006 a 2015. .... 39

Gráfico 16. Distribuição dos estudantes matriculados nos cinco grupos de ingresso da UFV- Campus Sede segundo o gênero, no período de 2013 a 2015. ............................ 42

Gráfico 17. Distribuição dos estudantes matriculados nos cinco grupos de ingresso da UFV- Campus Sede segundo a faixa etária, no período de 2013 a 2015. ..................... 42

Gráfico 18. Variação no percentual de estudantes oriundos da Região Sudeste nos cinco grupos de ingresso da UFV- Campus Sede, no período de 2013 a 2015. ........... 43

Gráfico 19. Evasão dos estudantes matriculados nos cinco grupos de ingresso da UFV- Campus Sede, no período de 2013 a 2015. .............................................................. 45

Gráfico 20. Variação do Coeficiente de Rendimento Acumulado (CRA) Médio dos estudantes matriculados nos cinco grupos de ingresso da UFV- Campus Sede, no período de 2013 a 2015. ......................................................................................................... 46

vi

RESUMO

RODRIGUES, Aline Xisto, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, agosto de 2016. Políticas públicas de acesso ao ensino superior: os resultados do SISU na Universidade Federal de Viçosa. Orientadora: Rosiane Maria Lima Gonçalves. Coorientadores: Marilene de Souza Campos e Leonardo Pinheiro Deboçã.

O Sistema de Seleção Unificada (SISU) integra uma política nacional de

educação com vistas à ampliação do acesso democrático ao ensino superior.

Entende-se que o acesso democrático vai além da possibilidade de ingresso,

devendo permitir também a permanência do estudante. Desse modo o

presente estudo abordou os resultados do SISU, na Universidade Federal de

Viçosa (UFV)- Campus Sede, no que tange ao acesso, permanência e

desempenho dos estudantes. Primeiramente analisou-se a evolução do

acesso, permanência e desempenho de todos os estudantes matriculados no

Campus Viçosa, no período de 2006 a 2015. Posteriormente foi realizada

semelhante análise em relação aos estudantes matriculados em cada um dos

cinco grupos de ingresso, existentes a partir da lei 12.711/2012, no período de

2013 a 2015. A análise do acesso foi realizada com base na evolução anual do

perfil dos estudantes regularmente matriculados. A análise da permanência

baseou-se nos índices de evasão no período em estudo e o desempenho dos

estudantes foi analisado a partir do coeficiente de rendimento acumulado

(CRA) médio dos mesmos. Realizou-se uma metodologia de pesquisa

descritiva, tendo como fonte de dados os sistemas da UFV, e o método de

abordagem utilizado foi o quantitativo. De acordo com os resultados, nos

últimos anos ocorreu na instituição uma maior diversificação dos estudantes

quanto ao gênero e faixa etária. Também foi crescente o percentual de

estudantes vindos da rede pública de ensino. Entretanto, observou-se que o

aumento da presença feminina esteve atrelado a cursos de áreas bem

específicas e o aumento no percentual de estudantes vindos da rede pública

esteve associado a cursos de menor demanda. Com relação à mobilidade,

permanência e rendimento dos estudantes, os resultados demonstraram

queda. No entanto, as análises estatísticas indicaram haver relação dessa

queda com fatores pertinentes à ampliação de vagas no ensino superior, além

de possibilidades como o PROUNI e o FIES, que garantiram maiores

oportunidades aos estudantes nos últimos anos.

vii

ABSTRACT

RODRIGUES, Aline Xisto, M.Sc., Federal University of Viçosa, August, 2016. Public policies for access to higher education: the results of SISU at Federal University of Viçosa. Advisor: Rosiane Maria Lima Gonçalves. Co-advisors: Marilene de Souza Campos and Leonardo Pinheiro Deboçã.

The Unified Selection System (SISU) integrates a national education policy with

efforts for the expansion of democratic access to higher education. It is

understood that democratic access to higher education must go beyond the

possibility of admission and allow student’s permanency. Thus the present

study addressed the results of SISU, in the Federal University of Viçosa (UFV)

– campus headquarters, in terms of student access, permanency and

performance. Primarily, it was analyzed how the access, permanency and

performance of students enrolled in Viçosa’s campus evolved during the period

of 2006 to 2015. Next, a similar analysis was performed regarding the students

enrolled in each one of the five groups of admission that exists since the quota

law (12.711/2012), throughout the period of 2013 to 2015. The analysis about

access was performed based on annual evolution of students’ profile. The

analysis about permanency was based on the dropout rates from the period

under review, and performance was analyzed according to the average ofthe

students’accumulated performance coefficient (CRA). A descriptive research

methodology was performed having sources in the UFV’s system database, and

the method of approach was quantitative. According to the results there was

higher diversification of students relative to gender and age group during the

last years. The percentage of students from public schools also increased.

However, it was observed that the increase of female presence hasbeen linked

to courses from very specific areas, and the increase of the percentage of

students from public schools has been associated with courses of lower

demands. In relation to student mobility, permanency and performance, the

results showed a downfall. Although, the statistical analysis indicated a

relationship between this downfall and relevant factors of the expansion of

places in higher education, as well as the possibilities of PROUNI and FIES

which guaranteed more opportunities for students in the last years.

1

1. INTRODUÇÃO

Nas duas últimas décadas intensificaram-se as discussões a respeito do

papel da Educação, compreendida mundialmente como ferramenta

imprescindível para se garantir melhorias socioeconômicas, possibilitando

menores níveis de desigualdade, maior dignidade humana e condições mais

justas às pessoas. A Conferência Mundial da Educação para Todos (1990)

ocorrida em Jomtiem, na Tailândia, o encontro ocorrido em Nova Delhi (1993) e

o Fórum de Dakar, realizado em 2000, foram importantes marcos no

estabelecimento de metas referentes à universalização do ensino básico. O

Fórum de Dakar contou com a participação de 180 países e 150 ONGs, que

reiteraram o papel da educação não somente como direito humano

fundamental de todos, mas como a chave para o desenvolvimento sustentável,

a segurança, a paz e a estabilidade dentro e fora de cada país envolvido

(RABELO, 2009).

Os investimentos em educação impactam sobre os diversos aspectos

socioeconômicos de um país e, ao longo das décadas, constrói o nível

educacional de sua população adulta. A educação tende a influenciar as

condições de vida daqueles que se educam, assim como a elevar os salários,

aumentar a expectativa de vida, reduzir o tamanho da família, aumentar a

qualidade de vida e reduzir o grau de pobreza futuro (BARROS e MENDONÇA,

1997).

A educação formal, aquela que se desenvolve da escola à universidade,

não se resume ao processo de armazenar conhecimento e desenvolver

capacidades, mas é uma das variáveis que contribui para construir cidadãos

diferenciados, que se informam mais, que são mais participativos e capacitados

politicamente. De acordo com a visão predominante na Ciência Política, a

instrução formal é um dos fatores que mais influenciam o comportamento

político de um indivíduo, sendo apontada como fator decisivo na participação

política e no apoio à democracia. No entanto, não basta elevar os níveis de

escolaridade em um país, é necessário garantir ensino de qualidade para que

se concretizem os benefícios da escolarização no que se refere à convivência

democrática, rumo à cidadania (SCHLEGEL, 2011).

A educação no Brasil é legalmente estabelecida como direito de todos e

um dever do Estado e da família, visando ao pleno desenvolvimento da

2

pessoa, preparação para exercer a cidadania e qualificação para o trabalho. A

Constituição Federal de 1988 fixou inclusive um mínimo de recurso a ser gasto

com a finalidade de manutenção e desenvolvimento do ensino, sendo no caso

da união 18% da receita anual resultante de impostos (BRASIL, 1988).

Ainda de acordo com a legislação brasileira o ensino deverá ser

ministrado em consonância com alguns princípios, dentre eles estão: igualdade

de condições para o acesso e permanência na escola e gratuidade do ensino

público em estabelecimentos oficiais, gestão democrática do ensino, na forma

da lei, e garantia de padrão de qualidade (BRASIL, 1988, art. 206). Apesar da

importância das leis, elas por si só não são suficientes para garantir o pleno

acesso e permanência na escola ou a melhoria na qualidade do ensino. As leis

são um ponto de partida, uma vez que estabelecem certos direitos, mas a

população precisa lutar pela sua concretização, exigir do poder público que

cumpra com as determinações legais (PILETTI, 1997).

Apesar da educação ser declarada constitucionalmente como um direito

de cada cidadão brasileiro, ainda hoje não foi possível atingir sua

universalização nos diferentes níveis de ensino. Segundo dados publicados

pelo Instituto Nacional de Estudo e Pesquisas Educacionais- INEP, no ano de

2013 em torno de 47,23% da população entre 0 e 5 anos estava matriculada na

educação infantil. Com relação ao ensino fundamental, um pouco mais de 97%

da população compreendida entre 6 e 14 anos estavam matriculadas no

referido ciclo (INEP, 2014). Já com relação ao ensino superior, em 2012 a taxa

de escolarização líquida1 (jovens entre 18 e 24 anos) era de 15,1% e a taxa de

escolarização bruta2 de 28,7% (INEP, 2013).

Desde a década de 1990 a demanda pelo ensino superior foi crescente

no país, uma vez que além da demanda já reprimida ao longo dos anos, o

número de estudantes matriculados e concluintes do ensino médio aumentou

consideravelmente a partir dos anos 90. Conforme afirma Oliveira et al. (2006),

em 2001 apenas 13,2 % da população entre 18 e 24 anos estavam cursando

1 Taxa de escolarização líquida diz respeito ao percentual da população entre 18 e 24 anos na

educação superior. (Fonte: Ministério da Educação: Plano Nacional de Educação e a Expansão da Educação Superior, 2012). 2 Taxa de escolarização bruta refere-se à porcentagem de matrícula na educação superior em relação à população entre 18 e 24 anos. (Fonte: Ministério da Educação: Plano Nacional de Educação e a Expansão da Educação Superior, 2012).

3

esse nível de ensino, um total de 3.030.754 pessoas dentro de uma população

de 22.940.218 jovens.

Como resposta à crescente demanda pelo ensino superior o Governo

Federal, por meio do Ministério da Educação (MEC), criou nas duas últimas

décadas programas que integram uma política pública de democratização do

acesso ao ensino superior, com a finalidade permitir um crescimento no

número de brasileiros diplomados. Fazem parte desta política: O Programa

Universidade para Todos- PROUNI, O Programa de Reestruturação e

Expansão das Universidades Federais- REUNI; O Fundo de Financiamento

Estudantil- FIES e o Sistema de Seleção Unificada- SISU (PORTAL MEC

2015).

Conforme Cunha (2014), hoje está ocorrendo um processo de

democratização do acesso ao ensino superior no país, entretanto ainda existe

um longo caminho a ser percorrido, de modo a proporcionar ampliação ao

acesso dos jovens brasileiros ao referido nível de ensino.

Silva (2013) salienta que para avaliar o resultado dessas políticas de

democratização é preciso levar em consideração o ingresso, a permanência e

a qualidade na formação para fins de analisar o acesso ao ensino superior,

pois as pesquisas sobre evasão revelam que somente o ingresso não assegura

a efetiva continuidade do estudante ou conclusão do curso no qual ele está

matriculado.

No estudo de caso realizado por Camargos, Gonçalves e BrunoziJr.

(2014) referente à Universidade Federal de Viçosa (UFV)- Campus Rio

Paranaíba constatou-se que o SISU possibilitou um aumento no número de

postulantes para as vagas do referido Campus e a diversificação dos alunos,

em termo da origem territorial. Em contrapartida verificou-se que ocorreu uma

queda no desempenho acadêmico após a mudança no processo seletivo. No

entanto o estudo ocorreu em um momento em que o SISU era uma mudança

ainda recente, assim nenhum estudante havia passado por um ciclo completo,

do ingresso à conclusão

De acordo com Santos (2011), os efeitos do SISU foram positivos na

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), que alcançou um maior

número de candidatos. Entretanto o estudo realizado não analisou os efeitos do

processo na instituição após a matrícula, como por exemplo, dados referentes

4

à permanência dos estudantes e a origem dos mesmos.

Segundo Cotta (2001), os resultados das políticas educacionais podem

ser avaliados a partir de diferentes objetos de investigação, podendo ter foco

nos alunos, nas instituições de ensino ou no sistema educacional como um

todo. Ressalta também que é de grande relevância a demanda por informações

referente à avaliação educacional, uma vez que isso depende da importância

atribuída ao ensino, assim como a percepção de que tais informações podem

ser úteis para a tomada de decisão pelos gestores educacionais.

De acordo com Arretche (1998), para mensurar os resultados de um

programa ou de uma política pública a avaliação da eficácia é o modelo de

avaliação mais utilizado. Assim, o avaliador estabelece uma equação entre as

metas propostas e as metas de fato alcançadas, concluindo pelo sucesso ou

fracasso da política ou programa avaliado.

A Universidade Federal de Viçosa- UFV tem atualmente 13.232

estudantes regulares de graduação, distribuídos em 65 cursos, e possui três

Campi, sendo eles: o Campus Sede, localizado na cidade de Viçosa, Campus

Florestal e Campus Rio Paranaíba. A instituição, que é referência no país e no

mundo, em 2016 se destacou em mais um ranking internacional realizado pela

publicação britânica de educação superior – Times Higher Education (THE),

sendo considerada a segunda melhor instituição de ensino superior de Minas

Gerias e a 16ª entre as 50 universidades mais bem avaliadas na América

Latina (UFV, 2016). Diante da representatividade da UFV dentre as

universidades brasileiras é relevante saber de que maneira o Sistema de

Seleção Unificada- SISU, adotado desde 2011, tem impactado na

instituição.

Este cenário induz à identificação do problema de pesquisa: O SISU tem

possibilitado a democratização do ensino superior na Universidade Federal de

Viçosa – Campus Sede no que tange ao acesso e permanência dos

estudantes? Para responder a esta pergunta foi analisada a variação do perfil,

desempenho e evasão dos estudantes de diferentes cursos da UFV- Campus

Viçosa (Sede), no período de 2006 a 2015. Para realização do estudo utilizou-

se cinco anos que antecedem a adoção do SISU (2006 a 2010) e cinco anos

após a adesão pela UFV (2011 a 2015). Em um segundo momento, os

impactos ocorridos no Campus- Viçosa foram analisados dentro de cada uma

5

das cinco modalidades (grupos) de ingresso, existentes em respeito ao sistema

de cotas, no período de 2013 a 2015. Os cinco grupos estudados na segunda

parte da pesquisa são: 1- Escola pública, cor/raça (Pretos/ Pardos/ Indígenas)

e renda familiar bruta mensal igual ou inferior a um e meio (1,5) salário mínimo

por pessoa; 2- Escola pública e renda familiar bruta mensal igual ou inferior a

um e meio (1,5) salário mínimo por pessoa; 3- Escola pública e cor/raça

(Pretos/ Pardos/ Indígenas); 4- Escola pública, independente da renda; 5-

Ampla concorrência.

O estudo, que foi focado nos quesitos de ingresso e permanência dos

estudantes na instituição, fundamenta-se uma vez que desde que a UFV aderiu

ao SISU, primeiro semestre de 2011, não foi realizado um estudo no referido

Campus, a fim de verificar se as perspectivas iniciais do SISU estão sendo

alcançadas. Também falta um estudo a fim de verificar os impactos ocorridos

dentro da cada um dos grupos de cotas.

Na definição de Ala-Harja e Helgason apud Trevisan e Bellen (2008), a

avaliação de políticas em termos simples compreende avaliar os resultados

obtidos por determinado programa em relação ao objetivo proposto. Para Frey

(2000) ela é fundamental para o desenvolvimento e adaptação contínua dos

instrumentos utilizados na ação pública. Conforme afirma Arretche (1998, p.2),

“[...] somente a avaliação desta política poderá atribuir uma relação de

causalidade entre um programa x e um resultado y”. Assim avaliação é de

fundamental importância uma vez que possibilita um feedback a respeito da

política em análise.

6

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Avaliar como o processo de ingresso tem impactado na UFV- Campus

Sede, no que tange ao acesso, permanência e desempenho dos estudantes,

no período entre 2006 e 2015.

2.2. Objetivos Específicos

• Comparar o perfil dos estudantes regularmente matriculados na UFV-

Campus Sede antes e após a adoção do SISU (gênero, faixa etária,

escola de origem e região de origem);

• Comparar os índices de evasão dos estudantes do Campus em estudo,

antes e após a utilização do novo sistema;

• Analisar se a adesão da UFV ao SISU tem possibilitado no Campus

Sede maior mobilidade dos estudantes de diferentes regiões geográficas

do país;

• Analisar o desempenho dos estudantes matriculados na UFV- Campus

Sede antes e após o Sistema de Seleção Unificada;

• Analisar a evolução do perfil dos estudantes, os níveis de evasão e o

desempenho dos alunos matriculados na UFV- Campus Sede em cada

um dos cinco grupos de ingresso, existentes em respeito à lei de cotas,

no período de 2013 a 2015.

7

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Breve histórico da Educação Brasileira

A educação formal iniciou-se no Brasil a partir de 1549, ano de chegada

do primeiro grupo de jesuítas ao país, e objetivava catequizar os índios aqui

existentes como forma de facilitar a colonização do território pelos portugueses.

Conforme explica Pelitelli (1997), até o final do período imperial privilegiava-se

a educação elitista, que somente a partir da década de 1920 começou a ser

colocada em xeque. Ainda segundo o autor foi a partir da revolução de 1930

que a educação brasileira começou a caminhar no sentido de um sistema

articulado, tendo como um marco a criação do Ministério da Educação e das

Secretarias de Educação dos Estados.

Quanto ao ensino superior, Souza (1996) afirma ter se desenvolvido a

partir da transferência da sede do poder e da elite portuguesa para o Rio de

Janeiro em 1808, sendo os cursos criados para atender primordialmente aos

interesses do estado na formação de seus dirigentes. Segundo Soares (2002),

as primeiras faculdades brasileiras eram independentes umas das outras e

voltadas para atender a interesses relacionados à qualificação profissional da

elite brasileira, oferecendo cursos de Medicina, Direito e Politécnica.

Souza (1996) explica que algumas universidades brasileiras nasceram

durante o período de república, porém não “vingaram” nesse período, sendo

exemplos a Universidade de Manaus (1909), a Universidade de São Paulo

(1911) e a Universidade do Paraná (1911). A primeira Universidade brasileira

sobrevivente teria sido a Universidade do Rio de Janeiro, criada em 1920 pela

aglutinação da Escola Politécnica, da Escola de Medicina e de uma faculdade

de Direito Livre. Entretanto, pelo fato de reunir faculdades e profissionais pré-

existentes, não houve modificações no sistema de ensino (SOARES, 2002).

Andreotti (2006) assegura que a partir das primeiras décadas do século

XX predominou no país uma visão otimista da educação como forma de

democratização e equalização social, assim iniciaram-se discussões a respeito

dos rumos da educação. Na década de 20 a Associação Brasileira de

Educação (ABE), criada em 1924 e a Academia Brasileira de Ciências, fundada

em 1916, influenciaram o desenvolvimento de debates sobre o ensino superior

(SILVA, 2001). Em 1930 foi criado o Ministério da Educação e Saúde e em

1931 foi aprovado o Estatuto das Universidades Brasileiras (SOARES, 2002).

8

A partir dos anos 60 aumentaram as pressões populares por mais vagas

no ensino superior, uma vez que havia uma crise de excedentes, na qual vários

candidatos conseguiam tirar a nota mínima, porém ficavam de fora devido à

limitação das vagas (PILETTI, 1997). Como resposta às pressões populares,

dezessete (17) novas universidades públicas foram criadas de 1968 a 1971

(nove federais, seis estaduais e duas municipais) e dez (10) universidades

privadas entre 1968 e 1975 (SILVA, 2001).

No período da Ditadura Militar (1964-1985) ocorreram várias reformas

em todos os níveis de ensino com o objetivo de frear as conquistas populares

alcançadas no período anterior. Nos ensinos de 1º e 2º graus a Lei de

Diretrizes e Bases de 1961, discutida durante treze anos pelo Congresso e pela

sociedade, foi substituída pela Lei 5692/71 de 11 de agosto de 1971, aprovada

em um prazo de quarenta dias. No nível superior a reforma universitária, que

não atendeu aos anseios dos estudantes e professores de acabar com a

Universidade elitista de classe, foi promovida através da Lei nº 5540 de 28 de

novembro de 1968 e teve como principais iniciativas: Instituir o vestibular

classificatório, eliminando a nota mínima; Tentar enquadrar as universidades

dentro de um modelo empresarial, a partir da organização em departamentos e

semestres; Organizar as universidades em unidades, deixando de serem

centradas em torno da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, dificultando a

integração entre os estudantes e tornando as matérias de filosofia optativas

para a maior parte dos estudantes; Desviar os alunos das escolas superiores,

através de um diploma técnico (PILETTI, 1997).

A Constituição Federal de 1988 assegurou, em relação ao ensino,

amplos direitos uma vez que garantiu princípios como: igualdade de acesso e

permanência na escola, liberdade de aprender, ensinar, pesquisar, divulgar o

pensamento a arte e o saber e o pluralismo de idéias e de concepções

pedagógicas (CASTRO, 2015). A educação passou a ser um direito

constitucional de todos e dever do Estado e da Família, tendo como objetivo o

pleno desenvolvimento da pessoa para exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho. Além do mais, a nova Constituição Federal em

seu artigo 14 remeteu à lei complementar a formulação do Plano Nacional de

Educação (PNE), que determina as diretrizes e metas estratégicas para a

política educacional dos próximos dez anos (alteração realizada pela Emenda

9

Constitucional nº 59 de 2009) (BRASIL, 1988).

Outro marco importante no processo de democratização do ensino no

país foi a Lei n° 9394/96, que estabeleceu as Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, ressaltando o direito à educação e o dever do estado de educar.

Segundo a LDB o ensino deve ser ministrado com base em onze princípios,

dentre eles: Gratuidade do ensino em público em estabelecimentos oficiais,

gestão democrática do ensino público e garantia de padrão de qualidade A

referida lei também estabeleceu a organização da educação nacional e os

níveis e modalidades da educação e ensino (BRASIL, 1996).

3.2. Políticas Públicas e Educação Superior no Brasil

As políticas públicas objetivam ao mesmo tempo colocar o governo em

ação e/ou analisar tal ação e propor mudanças durante esse processo. Na fase

de formulação das polícias públicas os governantes traduzem seus propósitos

em programas e ações com vistas a produzir os resultados ou mudanças,

posteriormente vem a fase de implementação, ficando as políticas submetidas

ao acompanhamento e avaliação (SOUZA, 2006).

No que tange à educação superior no Brasil, esta ainda se destaca

como privilégio de poucos. De acordo com dados do INEP em 2012 a taxa de

escolarização bruta foi de 28,7%, enquanto a taxa líquida foi de 15,1(INEP,

2013). Nesse sentido o Plano Nacional de Desenvolvimento da Educação

(PNE), aprovado para o período de 2014-2024, estabeleceu, dentre suas

metas, elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a

taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurada a qualidade

da oferta e expansão para pelo menos 40% das novas matrículas no segmento

público. Conforme observado por Cunha (2014), o PNE é norteador das

políticas de incentivo à educação superior.

Nas últimas décadas o governo federal criou políticas com o objetivo de

incentivar a educação superior, das quais fazem parte o Programa

Universidade para Todos - PROUNI, o Programa de Reestruturação e

Expansão das Universidades Federais- REUNI, o Fundo de Financiamento

Estudantil- FIES e o Sistema de Seleção Unificada- SISU (RISTOFF, 2014). A

política de expansão do ensino superior é uma resposta à demanda por esse

nível de ensino, que conforme afirma Oliveira et al. (2001), veio crescendo

desde a década de 1990.

10

O Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) foi criado pela lei

10.260/2001, de 12 de julho de 2001. É um programa do Ministério da

Educação, operacionalizado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação (FNDE) que financia cursos superiores presenciais não gratuitos

com avaliação positiva no SINAES- Sistema Nacional de Avaliação da

Educação Superior. As normas para participar do FIES são as seguintes:

• O estudante deverá ser pré-selecionado no processo conduzido pelo

MEC;

• O processo seletivo é realizado com base nas notas obtidas no Exame

Nacional do Ensino Médio-ENEM;

• Destinado a estudantes com renda familiar mensal bruta, por pessoa,

até dois e meio salários mínimos;

• Podem ser financiados cursos de graduação com conceito maior ou

igual a 3 no SINAES; devendo a instituição de ensino superior

pretendida ser participante do FIES;

• Os cursos que ainda não possuam avaliação no SINAES, mas que

estejam autorizados para funcionamento, segundo cadastro do MEC,

podem participar do programa;

• A matrícula do estudante não pode estar em situação de trancamento

geral de disciplinas no momento da inscrição;

• Destinado a pessoas que ainda não foram beneficiadas com o

financiamento do FIES;

• O candidato não pode estar inadimplente com o Programa de Crédito

Educativo (PCE/CREDUC);

• Destinado a pessoas que não tenham concluído curso superior;

• O candidato não pode ser beneficiário de bolsa integral do PROUNI;

• O candidato não pode ser beneficiário de bolsa parcial do PROUNI em

curso ou Instituição de Ensino Superior distintos da inscrição no FIES;

• Não podem concorrer ao FIES aqueles que tenham participado do

ENEM, a partir da edição de 2010, e obtido média aritmética das notas

nas provas inferior a 450 (quatrocentos e cinqüenta) pontos e/ou nota da

redação igual a 0 (zero) (PORTAL MEC, 2016).

O Programa Universidade para Todos (PROUNI) foi criado a partir da lei

11.096/2005 para conceder bolsas de estudo integrais ou parciais (50%) em

11

instituições privadas nos cursos de graduação e cursos sequenciais de

formação específica a estudantes sem diploma superior (CUNHA, 2014).

Conforme informações obtidas no site do PROUNI/MEC (2015), para

concorrer à bolsa integral o candidato deve ter renda familiar bruta até um

salário mínimo e meio por pessoa. Já para a bolsa parcial de 50 % a renda

bruta mensal pode ser até três salários mínimos por pessoa. Além disso, é

necessário que o candidato satisfaça pelo menos uma das condições citadas

abaixo:

• Ter cursado o ensino médio completo em escola da rede pública;

• Ter cursado o ensino médio completo em escola da rede privada, na

condição de bolsista integral da própria escola;

• Ter cursado o ensino médio parcialmente em escola da rede pública e

parcialmente em escola da rede privada, na condição de bolsista integral

da própria escola privada;

• Ser pessoa com deficiência;

• Ser professor da rede pública de ensino, no efetivo exercício do

magistério da educação básica e integrando o quadro de pessoal

permanente da instituição pública e concorrer a bolsas exclusivamente

nos cursos de licenciatura. Caso específico para o qual não há requisitos

de renda (PORTAL MEC, 2015).

Em 24 de abril de 2007 foi instituído pelo decreto nº 6.096 o REUNI,

Programa de Apoio aos Planos de Reestruturação e Expansão das

Universidades Federais. Este programa é umas das ações integrantes do

Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) de 2007, criado com objetivo

de expandir a educação superior no país (PORTAL MEC, 2015).

O objetivo do REUNI é ampliar o acesso e a permanência na educação

superior no nível de graduação a partir da expansão física, acadêmica e

pedagógica da rede federal de educação. Assim foi estabelecido como meta

global elevar a relação aluno/professor em cursos presenciais para dezoito e

permitir que pelo menos noventa por cento dos estudantes de graduação

conseguissem concluir o curso, sendo estabelecido um prazo de cinco anos, a

contar do início de cada plano (PORTAL MEC, 2015).

Segundo Cunha (2014), dentre as principais metas do REUNI estão:

12

expandir, ampliar, interiorizar e consolidar a rede de institutos e Universidades

Federais, democratizando e ampliando o acesso de vagas na educação

profissional, tecnológica e superior; promover a formação de profissionais

qualificados, fomentando o desenvolvimento regional e estimulando a

permanência de profissionais qualificados no interior do país e potencializar a

função social e o engajamento, superando a miséria e reduzindo as diferenças

sociais e territoriais.

O Sistema de Seleção Unificada- SISU, surgiu como uma proposta de

iniciativa do Ministério da Educação- MEC, a partir da reformulação do Exame

Nacional do Ensino Médio, que passou a ser o “Novo ENEM”. Trata-se de um

novo formato de seleção, em substituição ao tradicional vestibular, no qual os

candidatos podem concorrer às vagas de qualquer Instituição Federal de

Ensino Superior (IFES) (BRASIL, 2009).

Às IFES foi dada a autonomia para utilizar as notas do exame de quatro

formas possíveis: como fase única; como primeira fase; combinado com o

vestibular da instituição e como fase única para as vagas remanescentes do

vestibular. A instituição poderia ainda preservar qualquer forma de políticas

afirmativas, bônus diferenciado e pesos para as provas (SANTOS, 2011).

A centralização do processo seletivo a partir do SISU teria, dentre

outras, duas vantagens mais marcantes, segundo a proposta. Uma delas seria

o aumento da capacidade de recrutamento das IFES, especialmente as

localizadas em centros menores. A outra seria permitir que candidatos com

menos poder aquisitivo também pudessem diversificar suas opções na disputa

por uma das vagas oferecidas (BRASIL, 2009).

Apesar das diversas políticas públicas educacionais muito tem se

discutido sobre sua efetividade. Conforme salientado por Veloso e Luz (2013)

democratizar o ensino superior vai além da garantia de ampliação de vagas,

sendo necessário garantir o ingresso, a permanência, a formação de qualidade

e o desenvolvimento acadêmico dos estudantes. Mesmo no que tange ao

acesso o país precisa avançar, pois as vagas oferecidas em instituições

públicas são inferiores à demanda.

3.2.1. Sistema de Seleção Unificada (SISU)

A proposta do Sistema de Seleção Unificada- SISU foi apresentada no

13

primeiro semestre de 2009 à Associação Nacional dos Dirigentes das

Instituições Federais de Ensino Superior- ANDIFES, com o objetivo de unificar

a seleção às vagas das referidas instituições, a partir das notas obtidas no

ENEM- Exame Nacional do Ensino Médio. Assim, a partir de uma prova única,

o novo formato de seleção substituiria o tradicional vestibular descentralizado

(BRASIL, 2009).

O SISU, instituído em janeiro de 2010, é um sistema informatizado,

gerenciado pelo Ministério da Educação (MEC), que seleciona candidatos a

partir das notas obtidas no ENEM, para ocupação de vagas em cursos

superiores de graduação em instituições públicas. Assim o candidato se

inscreve para uma ou duas instituições participantes, elegendo a primeira e a

segunda opção. É possível escolher dois cursos em uma mesma instituição ou

um curso em uma instituição e um curso em outra (INCERTI; TAVARES, 2014).

O modelo de seleção centralizado proposto através do SISU objetivou

democratizar as oportunidades de concorrência às vagas federais de ensino

superior, tornando o processo seletivo mais isonômico. A perspectiva da nova

proposta foi dar oportunidade a pessoas com menores condições financeiras e

residentes nas localidades mais distintas do país, possibilitando uma maior

mobilidade entre estudantes nas diferentes unidades da federação (BRASIL,

2009).

Segundo Cunha (2014), o SISU é um sistema de gestão inteligente

informatizado, criado pelo governo federal para acelerar o processo de inclusão

de alunos nas instituições públicas de ensino superior, tendo como exigência

para inscrição que os candidatos participem do ENEM e tenham uma nota

maior que zero na redação. O resultado da prova é a pontuação utilizada para

selecionar os candidatos às vagas escolhidas. Assim, após o período de

inscrição o sistema seleciona automaticamente os candidatos com maior

pontuação. Ainda de acordo com o autor, o SISU além de trazer benefícios

para o estudante serve como um indicador de qualidade para as escolas

brasileiras.

3.3. A Universidade Federal de Viçosa e o SISU

Criada pelo Decreto-Lei nº 6.053 de 30 de março de 1922, do Presidente

do Estado de Minas Gerais à época, Arthur da Silva Bernardes, a Universidade

Federal de Viçosa, surgiu como a Escola Superior de Agricultura e Veterinária

14

(ESAV). Suas atividades tiveram início em 1927 com os cursos Fundamental e

Médio e, posteriormente, em 1928 com o Curso Superior de Agricultura. Em

1948 tornou-se a Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG),

sendo federalizada em 15 de julho de 1969 com o nome Universidade Federal

de Viçosa (UFV, 2015).

A UFV possui atualmente três Campi localizados em diferentes cidades

do Estado de Minas Gerais, sendo elas: Viçosa (Sede), Florestal e Rio

Paranaíba. A instituição possui 65 cursos de graduação (45 em Viçosa, 10 em

Florestal e 10 em Rio Paranaíba) e 44 programas de pós-graduação.

A Universidade Federal de Viçosa aderiu ao SISU a partir do primeiro

semestre de 2011, desde então como fase única de seleção. Em 2011 20%

das vagas foram destinadas ao SISU e 80% foram destinados ao vestibular e

ao Programa de Avaliação Seriada para o Ensino Superior- PASES/UFV. Em

2012 o vestibular deixou de ser aplicado, assim de 2012 a 2015 80% das vagas

foram preenchidas por meio do SISU e os 20% restantes pelo PASES.

Em respeito à Lei 12.711 de 29 de agosto de 2012, a partir de 2013 a

UFV passou a utilizar o SISU e o PASES com reserva de vagas (cotas) para

estudantes que cursaram o ensino médio integralmente na rede pública de

ensino. O percentual de vagas reservadas foi crescente de 2013 a 2015, sendo

respectivamente 20%, 30% e 40%. As vagas destinadas aos estudantes de

escola pública se subdividem nas seguintes modalidades:

• Modalidade ou Grupo1: Escola Pública/Preto/Pardo/Indígena/ Renda

familiar bruta mensal igual ou inferior a 1,5 (um e meio) salários mínimos

por pessoa;

• Modalidade ou Grupo 2: Escola Pública/ Renda familiar bruta mensal

igual ou inferior a 1,5 (um e meio) salário mínimo per capita;

• Modalidade ou Grupo 3: Escola Pública/Preto/Pardo/Indígena/

independente da renda;

• Modalidade ou Grupo 4: Escola pública/Independente da renda.

O restante das vagas é destinado à modalidade de ampla concorrência,

que tem como único requisito para classificação a nota do candidato,

denominada nesse estudo como Grupo 5.

A Tabela 1 ilustra a distribuição das vagas da UFV em 2015 de acordo

15

com as diferentes modalidades, em respeito à lei de cotas.

Tabela 1. Relação das porcentagens de vagas para cada modalidade ou grupo de cota.

Vagas Reservadas

Ampla Concorrência

Modalidade 1 Modalidade 2 Modalidade 3 Modalidade 4 Modalidade 5

12% 8% 12% 8% 60%

Fonte: Elaborada pela autora com base no Edital UFV/SISU 2015.

O percentual das vagas reservadas para estudantes autodeclarados,

pretos, pardos ou indígenas (modalidades 1 e 3) é proporcional à população

informada no último Censo do IBGE (instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística), na unidade da federação na qual está localizada a instituição.

3.4. Ensino Superior Brasileiro: avanços e limitação

As diversas etapas da escolarização formal são determinantes na

formação das bases cognitivas, sociais e axiológicas de qualquer pessoa,

necessárias na edificação de sua existência e significado na sociedade. Assim

a exclusão escolar em qualquer fase apresenta muitos problemas para o

indivíduo, podendo ir desde o analfabetismo até a falta de perspectiva para

bons empregos no futuro (SOBRINHO, 2010).

Cotta (2001) afirma que, até o fim da década de 1970, as políticas

educacionais do Brasil objetivavam somente expandir o acesso ao sistema

educacional, assim não havia uma preocupação com a qualidade ensino. Esta

situação começou a mudar somente a partir da década de 80, tendo como um

importante impulsionador a cobrança da sociedade sobre o quanto os alunos

realmente estariam aprendendo.

Com relação às políticas públicas destinadas ao ensino superior, muitos

autores concordam que o país avançou, entretanto a maioria ressalta que

ainda existem limitações a serem supridas. Para Cunha (2014), as políticas

púbicas de incentivo à educação superior, como o PROUNI, o REUNI e o

SISU, tem possibilitado no Brasil um processo de democratização, uma vez

que foi crescente o número de jovens matriculados nos últimos anos em

estabelecimentos públicos e privados. Entretanto ainda existe um longo

caminho a ser percorrido, pois nos dias atuais apenas um número limitados de

jovens está matriculado nesse nível de ensino.

16

Caôn e Frizzo (2015) afirmam ser inegável que na última década

ocorreu um crescimento do ensino superior no que se refere ao número de

matrículas, ao número de Instituições Federais de Ensino e aos programas

federais. Entretanto ressaltam que o número de matrículas tem crescido

principalmente no setor privado, o que favorece uma inclusão instável,

principalmente das camadas mais populares, que precisam de condições

econômicas e socioculturais para permanecer no ensino superior com

qualidade.

Ristoff (2014) analisa o ensino superior brasileiro a partir da

classificação de Martin Trow e concluiu que o país continua tendo um sistema

de acesso basicamente elitizado, uma vez que a taxa líquida de escolarização

é de 15,1%. Segundo essa classificação, para consolidar um sistema de

massas o Brasil precisa atingir uma taxa de 30% e para garantir o acesso

universal é necessário que a taxa de escolarização seja superior a 50%.

Sobrinho (2010) ressalta que é necessário que se garanta mais do que a

expansão do número de matrículas e inclusão dos jovens tradicionalmente

desassistidos para que se concretize a democratização do ensino superior,

devendo ser garantida também a sua condição de permanência e um ensino de

boa qualidade. Para ele somente os programas de ampliação das vagas e as

ações afirmativas (através das cotas) são insuficientes e insustentáveis, uma

vez que muitos jovens brasileiros não têm condições econômicas de frequentar

nem mesmo um curso gratuito.

De acordo com Piana (2009), a escola é um espaço privilegiado de

produção e socialização do saber, assim é importante realizar ações

educativas com vistas a formar sujeitos éticos, participativos, críticos e

criativos. A democratização do ensino ou da escola envolve necessariamente

definir de maneira objetiva a sua função social, bem como saber qual é a sua

finalidade e a que se destina, para finalmente propor uma educação de

qualidade. Com relação às políticas educacionais brasileiras a autora assinala

que, mesmo que tenham realizado algumas reformas aos direitos da

população, ainda é enfraquecida e os programas existentes não superam a

demanda e nem garantem o direito à educação, previsto nas leis nacionais.

Segundo Veloso e Luz (2013), a seleção meritocrática, tradicionalmente

utilizada no Brasil como porta de entrada para o ensino superior separa os

17

candidatos em melhores e piores. Assim a responsabilidade de conseguir ou

não uma vaga recai sobre o sujeito, retirando do estado a obrigação de

oferecer condições para que cada cidadão tenha direitos a uma trajetória

educacional igualitária e de qualidade. O Sistema de Seleção Unificada

adotado no país recentemente é semelhante a modelos internacionais que

vislumbram a universidade com o objetivo atender a um mundo globalizante

que valoriza a competitividade, o individualismo e a produtividade.

Cunha (2014) acredita que a qualidade do processo de educação

depende do contexto no qual está inserido, assim como de particularidades dos

sujeitos envolvidos. De acordo com o autor a qualidade do ensino superior

possui limitações devido à formação anterior dos alunos, assim seria

necessário repensar novos moldes de instituições que estejam preparadas

para receber esses alunos com deficiências na formação básica.

Uma sociedade que possui pessoas excluídas pela educação ou demais

condições de dignidade humana é uma sociedade dividida, conflituosa,

intolerante, preconceituosa e injusta. Assim, a educação não deve ser

compreendida como uma mercadoria, mas como um bem público,

comprometida com a sociedade e com a nação. A qualidade da educação deve

ser guiada por significados sociais e voltada para o bem comum, e não

somente para uma parcela privilegiada da sociedade (SOBRINHO, 2010).

18

4. METODOLOGIA

4.1. Classificação da pesquisa

Segundo a tipologia apresentada por Gil (2002), as pesquisas se

classificam, segundo seus objetivos, em exploratória, descritiva e explicativa.

De acordo essa divisão, o presente estudo é descritivo, uma vez que visa

descrever as características de certa população ou fenômeno, ou ainda,

estabelecer relação entre as variáveis.

De acordo com os procedimentos técnicos (delineamento) a pesquisa

pode ser classificada como documental e como um estudo de caso. Classifica-

se como uma pesquisa documental, uma vez que os dados não são fornecidos

diretamente por pessoas, mas utiliza-se de fonte de “papel” não impresso, a

partir do banco de dados de uma instituição pública (GIL, 2002). Trata-se

também de um estudo de caso uma vez que possui como propósito responder

a questões do tipo “como”, a partir de acontecimentos contemporâneos sobre

os quais o pesquisador possui pouco ou nenhum controle (YIN, 2001). Além

disso, objetiva explorar situações da vida real, preservar o caráter unitário do

objeto e proporcionar uma visão global do problema ou identificar possíveis

fatores que o influenciam ou são por ele influenciados (GIL, 2002).

Quanto ao método de abordagem o presente estudo caracteriza-se

como quantitativo, que requer o uso de recursos estatísticos para interpretar os

dados analisados. Segundo Falcão e Régnier (2000, p.232) “a quantificação

abrange um conjunto de procedimentos, técnicas e algoritmos destinados a

auxiliar o pesquisador a extrair de seus dados subsídios para responder à(s)

pergunta(s) que o mesmo estabeleceu como objetivo (s) de seu trabalho".

4.2. Amostra em estudo

A amostra do estudo é composta pelos estudantes de graduação da

Universidade Federal de Viçosa – Campus Sede que em algum momento

estiveram regularmente matriculados em um dos 45 cursos de graduação do

referido Campus, no período compreendido entre 2006 e 2015.

Os quarenta e cinco cursos em análise são subdivididos em cinco

Centros de Ciências, sendo eles: Centro de Ciências Agrárias (CCA); Centro

de Ciências Biológicas e da Saúde (CCB); Centro de Ciências Exatas e

Tecnológicas (CCE) e Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH).

19

Tabela 2. Relação dos cursos de graduação da UFV- Campus Sede e seus respectivos Centros de Ciências

Centro Curso

CCA Agronomia CCA Cooperativismo CCA Agronegócio CCA Engenharia Agrícola e Ambiental CCA Engenharia Florestal CCA Zootecnia CCB Bioquímica CCB Ciências Biológicas CCB Enfermagem CCB Educação Física CCB Medicina Veterinária CCB Licenciatura em Ciências Biológicas CCB Medicina CCB Nutrição CCE Arquitetura e Urbanismo CCE Ciência da Computação CCE Ciência e Tecnologia de Laticínios CCE Engenharia Ambiental CCE Engenharia Civil CCE Engenharia de Agrimensura e Catográfica CCE Engenharia de Alimentos CCE Engenharia de Produção CCE Engenharia Elétrica CCE Engenharia Mecânica CCE Engenharia Química CCE Física CCE Licenciatura em Física CCE Licenciatura em Matemática CCE Licenciatura em Química CCE Matemática CCE Química CCH Administração CCH Ciências Contábeis CCH Ciências Econômicas CCH Ciências Sociais CCH Comunicação Social CCH Dança CCH Direito CCH Economia Doméstica CCH Educação Infantil CCH Geografia CCH História CCH Letras CCH Pedagogia CCH Secretariado Executivo Trilíngue, Português, Francês, Inglês Fonte: Elaborada pela autora.

A Tabela 2 apresenta os cursos estudados, separados de acordo com o

20

centro do qual fazem parte.

Não fazem parte da amostra os cursos à distância e o curso de

Licenciatura em Educação no Campo, pois são cursos muito específicos e que

se diferenciam dos demais, uma vez que não possuem aulas presencias

regulares. Além do mais, no caso do curso de Licenciatura em Educação no

Campo, este teve início em 2014, assim acredita-se que ainda não exista um

histórico relevante para ser considerado no referido estudo.

4.3. Métodos de coleta e tratamento dos dados

A coleta dos dados foi realizada de forma longitudinal, utilizando o

período de 2006 a 2015, pois este abrange cinco anos que antecederam a

adoção do SISU (2006 a 2010) e cinco anos após utilização do sistema na

instituição. Estes dados foram levantados de forma secundária, tendo como

fonte as informações existentes nos sistemas da UFV.

Durante o período de 2006 a 2015 alguns dos cursos estudados

passaram por modificações no nome, sendo eles: Engenharia de Agrimensura,

que passou a se chamar Engenharia de Agrimensura e Cartográfica (2009);

Gestão de Cooperativas, que passou a Cooperativismo (2009) e Gestão do

Agronegócio, que em 2010 passou para Ciências Econômicas- Ênfase em

Agronegócio e em 2013 mudou para Agronegócio. No entanto, para fins de

análise, considerou-se como sendo o mesmo curso, uma vez que as

modificações realizadas nas grades curriculares não provocaram grandes

alterações quanto às atribuições do profissional depois de formado. A única

exceção ocorreu no caso das análises realizadas por centro, no caso do

gênero e da evasão, pois os curso Gestão do Agronegócio e Agronegócio

fazem parte do Centro de Ciências Agrárias (CCA), enquanto o curso Ciências

Econômicas – Ênfase em Agronegócio pertence ao Centro de Ciências

Humanas (CCH). No caso dos demais cursos não houve alteração no centro do

qual fazem parte.

A análise do acesso à universidade foi realizada por meio da evolução

anual do perfil dos estudantes regularmente matriculados na UFV- Campus

Sede, no período em questão. Foram coletados dados referentes às

características dos alunos, tais como gênero, faixa etária, escola de origem

(pública ou privada) e estado de origem, os quais foram analisados a partir da

distribuição de frequência e tabelas de contingência.

21

Para a análise da permanência utilizou-se os índices de evasão no

período estudado. Este percentual foi calculado através da razão existente

entre número de desistências e abandonos até o fim de cada ano e o número

de estudantes regularmente matriculados no início de cada ano (Equação 1).

Í����������ã� = ú������������ê ����(��� �� ��)���������� ����

������ ������������ ���������������(1)

em que o t se refere a cada ano em estudo.

Para fins de cálculo da evasão, não foram considerados os estudante

que reingressaram para o mesmo curso, mas somente aqueles que desistiram

(abandonam) e os que foram desligados pela instituição. Vale ressaltar que a

mudança de um curso para outro foi considerada como uma forma de

abandono.

O desempenho dos alunos foi analisado com base no coeficiente de

rendimento acumulado (CRA) dos mesmos, sendo realizada a média anual dos

coeficientes dos estudantes de todos os cursos (Equação 2). Inicialmente,

considerou-se a variação geral dos CRA médio, independente da forma de

ingresso dos estudantes, no período de 2006 a 2015. Posteriormente os

estudantes foram separados em dois grupos distintos, sendo eles: os que

ingressaram através do Sistema de Seleção Unificada (SISU) e os que

ingressaram a partir de outras formas de seleção.

�� �é���� ��� =∑ "#$%&%'(

ú������������ ���(2)

O estudo ocorreu em duas etapas:

• Primeiramente foi realizada a análise do perfil, permanência e

desempenho dos estudantes em geral, no período de 2006 a 2015.

• Posteriormente foi realizada a análise do perfil, permanência e

desempenho dos estudantes de cada um dos cinco (5) grupos de

ingresso na UFV, desde o início da reserva de vagas (lei de cotas), no

período de 2013 a 2015. Os cinco grupos analisados na segunda parte

da pesquisa são: Grupo1, destinado a estudantes de Escola

Pública/Preto/Pardo/Indígena/ Renda familiar bruta mensal igual ou

inferior a 1,5 (um e meio) salário mínimo por pessoa; Grupo 2, destinado

a estudantes de Escola Pública/ Renda familiar bruta mensal igual ou

inferior a 1,5 (um e meio) salário mínimo per capita; Grupo 3:, destinado

22

a estudantes de Escola Pública/Preto/Pardo/Indígena/ independente da

renda; Grupo 4, destinado a estudantes de Escola pública/Independente

da renda e Grupo 5, destinado à ampla concorrência.

Toda análise focou-se no Campus de Viçosa, uma vez que ele é o mais

representativo em termos de número de cursos e de alunos.

Na análise dos dados foram adotadas técnicas de estatística descritiva

como distribuição de frequência e porcentagem, média, desvio padrão e

coeficiente de correlação.

O coeficiente de correlação, que é uma medida do grau de associação

entre duas variáveis, pode ser calculado a partir da seguinte equação:

��)�����*����++�,�çã =/�0(1,3)

(4��0��5�����1)(4��0��6�����3) (3)

23

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Parte I: Estudantes em geral

5.1.1. Perfil dos estudantes

Para analisar a variação do perfil dos estudantes regularmente

matriculados na Universidade Federal de Viçosa- Campus Viçosa no período

de 2006 s 2015, o estudo focou-se: na distribuição dos estudantes quanto ao

gênero, faixa etária, região de origem e o tipo de escola na qual estes

estudantes concluíram o ensino médio.

Na distribuição quanto ao gênero verificou-se que ao longo dos anos em

estudo ocorreu uma inversão, especialmente a partir de 2011. Até 2009 era

maior o número de estudantes do sexo masculino. Em 2010, observou-se uma

distribuição de 50% de cada gênero. Já a partir de 2011 há uma predominância

do gênero feminino.

Gráfico1. Distribuição dos estudantes matriculados na UFV– Campus Sede, segundo o gênero, no período de 2006 a 2015.

Fonte: Elaborado pela autora

O percentual de estudantes do gênero feminino evoluiu ao longo do

período em estudo, indo de 47,73% em 2006 a 51,22% do total de estudantes

matriculados em 2015. No entanto este resultado não deve ser associado ao

SISU, uma vez que já era uma tendência observada antes mesmo da adoção

do novo sistema.

45,0%

46,0%

47,0%

48,0%

49,0%

50,0%

51,0%

52,0%

53,0%

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

% d

e es

tud

ante

s

Ano

Masculino

Feminino

24

Em uma segunda análise verificou-se a composição de cada um dos

quatro Centros de Ciências (CCA, CCB, CCE e CCH) da UFV quanto ao

gênero dos estudantes matriculados Como resultado observou-se que ao longo

do período de 2006 a 2015 o percentual de estudantes do sexo feminino

cresceu em todos os centros. No entanto, apesar de tal crescimento, no Centro

de Ciências Agrárias (CCA) e no Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas

(CCE) o percentual de mulher não conseguiu superar o percentual homem,

mesmo ao fim do período em estudo (2015). Já no Centro de Ciências

Biológicas e da Saúde (CCB) e no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes

(CCA), ao longo de todo período estudado, predominou o gênero feminino. O

Gráfico 2 demonstra a distribuição dos gêneros em cada um dos quatro

Centros ao fim do período em estudo, ou seja no ano de 2015.

Gráfico2. Composição de cada um dos Centros de Ciências da UFV- Campus Sede, segundo o gênero dos estudantes matriculados no ano de 2015.

Fonte: Elaborado pela autora

O resultado obtido na Universidade Federal de Viçosa vai de encontro

aos resultados do Censo de Educação Superior de 2013, que concluiu que

53,8% dos estudantes ingressantes na rede pública de ensino superior do país

eram do sexo feminino. Nesse mesmo relatório verificou que a forte presença

feminina no ensino superior está atrelada aos cursos de humanas e da área da

saúde. Em contrapartida nos cursos relacionados às ciências exatas e agrárias

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

CCA CCB CCE CCH

% d

os

estu

dan

tes

Centro de Ciências

Feminino

Masculino

25

os homens são a maioria. Assim fica evidente que, apesar das mulheres

estarem cada vez mais conquistando seu espaço ainda existe uma distinção

entre áreas do conhecimento nas quais existe uma maioria feminina e outras

nas quais o gênero masculino ainda é predominante.

Para analisar a idade dos estudantes matriculados no período de 2006 a

2015 dividiu-se em faixas etárias, a fim de facilitar o estudo, sendo elas: menor

que 18 anos, entre 19 e 24 anos, entre 25 e 30 anos e acima de 30 anos.

Observou-se que, ao longo dos seis anos em estudo, a faixa etária

compreendida entre 19 e 24 anos foi a mais representativa, alcançando em

todos os anos mais de 70% do total de estudantes. No entanto, verificou-se

que, apesar de tal representatividade, ela decresceu gradativamente a partir de

2011. Em contrapartida, o número de estudantes das demais faixas etárias foi

crescente de 2011 a 2015, sendo a única exceção a faixa menor que 18 anos,

que em 2015 teve uma pequena queda, indo de 6,82 para 6,13. Assim, nota-

se, especialmente a partir de 2011 uma maior diversificação dos estudantes

quanto às faixas etárias (Gráfico 3).

Gráfico 3. Distribuição dos estudantes matriculados na UFV- Campus Sede de acordo com as faixas etárias, no período de 2006 a 2015.

Fonte: Elaborado pela autora

Com relação ao aumento no número de estudantes acima de 24 anos, a

UFV segue à tendência do país de forma geral. Segundo o observatório do

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

% d

e es

tud

ante

s

Ano

> 30 anos

25-30 anos

19-24 anos

<= 18 anos

26

PNE (2014) de 2001 a 2014 aumentou consideravelmente no país o percentual

de pessoas com 25 anos ou mais que concluíram o ensino superior, indo de

7,3% para 13,1%. Isso pode ser uma resposta ao mercado de trabalho, que

cada vez mais se torna exigente e competitivo. Assim muitas pessoas, mesmo

depois de anos sem estudar, recorrem aos cursos superiores em busca de

melhores oportunidades de emprego.

Conforme o Gráfico 3, os estudantes menores de 18 anos

representavam em 2006 4,80% do total dos estudantes matriculados, passando

a 6,82% em 2014 e caindo para 6,13% em 2015. Na faixa etária de 25 a 30

anos o percentual de estudantes passou de 15,9% em 2006 a 17,40% em

2015. A faixa acima de 30 anos, que em 2006 possuía 2,51% dos estudantes

matriculados, passou a 4,17% em 2015. Já a faixa entre 19 e 24 anos, passou

de 76,80% dos estudantes em 2006 a 72,31% em 2015.

Os estudantes matriculados no período de 2006 a 2015 foram

analisados de acordo com a região de origem. Verificou-se que, ao longo de

todo o período, a maioria dos estudantes era oriunda da Região Sudeste,

representando mais de 90% do total. Mesmo após a UFV aderir ao SISU não

houve mudança nesse quadro e o percentual de estudantes da referida região

continuou a crescer após 2011 (Gráfico 4).

Gráfico 4. Estudantes da Região Sudeste matriculados na UFV- Campus Sede, no período de 2006 a 2015. Fonte: Elaborado pela autora.

92,5%

93,0%

93,5%

94,0%

94,5%

95,0%

95,5%

(2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015)

% d

os

estu

dan

tes

Ano

Sudeste

27

No período de 2006 a 2015 a principal queda observada foi em relação

ao percentual de estudantes da instituição vindos de Região Nordeste. Nas

regiões Norte e Centro-Oeste houve oscilações, passando por alguns anos de

queda e outros de aumento e, na Região Sul, evidencia-se queda na maior

parte do período. Esse resultado pode ser decorrente do Programa de

Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), que

possibilitou um aumento no número de vagas oferecidas nas diversas regiões

do país, gerando oportunidade para os estudantes ficarem em suas próprias

regiões ao invés de terem que se deslocar geograficamente e se afastarem do

convívio familiar. O Anexo A indica haver uma associação negativa muito forte

entre o percentual de estudantes da UFV vindos da Região Nordeste e o

número de matrículas de graduação presencial na referida região (-0,9504). Na

Região Sul os resultados demonstram uma forte associação negativa, quando

estabelecida semelhante correlação (-0,8805).

Como a Região Sudeste é a mais representativa em termos de

percentual de estudantes matriculados, foi realizada uma análise separada de

cada um dos estados que compõem a referida região, pra saber como se

distribuem os estudantes matriculados (Gráfico 5).

Gráfico 5. Distribuição dos estudantes da Região Sudeste matriculados na UFV- Campus Sede segundo o estado de origem, no período de 2006 a 2015.

Fonte: Elaborado pela autora.

Como pode ser observado no Gráfico 5, no período de 2006 a 2015, a

maioria dos estudantes matriculados era do estado de Minas Gerais. O

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

% d

os

estu

dan

tes

Ano

% MG% SP% ES% RJ% Demais UF

28

percentual de estudantes do referido estado cresceu ao longo de todo período

em estudo, indo de 69,42% em 2006 a 78,68% em 2015. O segundo estado,

com maior representatividade no total de estudantes matriculados foi São

Paulo. Embora o percentual deste estado tenha caído ao longo de todo período

em questão, indo de 12,11% em 2006 para 7,35% em 2015, ainda em 2015 ele

foi o segundo estado com maior quantidade de estudantes. Em seguida,

aparecem os estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro, que em 2015

representavam, respectivamente 4,96% e 4,18% do total de estudantes. Já a

soma dos demais estados do país representou em 2015 4,83% do total de

estudantes matriculados (Gráfico 5).

Para finalizar a análise do perfil dos estudantes de graduação

matriculados na UFV- Campus Sede, o estudo voltou-se à verificação do tipo

de instituição onde os mesmos concluíram o ensino médio. Buscou-se analisar

a variação percentual dos estudantes vindos da rede pública de ensino e

daqueles provenientes da rede privada, no período de 2006 a 2015, conforme o

Gráfico 6.

Ao analisar de maneira geral os estudantes matriculados nos cursos de

graduação da UFV observou-se que, de 2007 a 2015 ocorreu um crescimento

gradual dos estudantes que vieram de instituições de ensino da rede pública,

ao mesmo tempo observa-se uma redução dos estudantes de instituições

particulares. A partir de 2013 o número de estudantes vindos da rede pública

conseguiu superar os de origem particular (Gráfico 6).

Conforme o relatório da educação para todos no Brasil 2000-2015

(PORTAL/MEC, 2016), em 2013, 87,2% dos estudantes do ensino médio

estavam matriculados em escolas públicas. Ao fazer um paralelo entre os

dados desse relatório e os resultados obtidos no estudo de caso é possível

perceber que a UFV ainda fica aquém de inserir o percentual de estudantes

vindos do ensino médio público, uma vez que no mesmo ano somente 50,32%

dos estudantes da instituição eram oriundos da rede pública. Além do mais,

como discutido por Ristoff (2014), em alguns cursos, especialmente nos de

maior demanda, o país está longe de alcançar a paridade entre estudantes de

rede pública e da rede privada. De modo geral, os cursos nos quais a

quantidade de estudantes de escolas públicas tem sido maior são os menos

concorridos.

29

Gráfico 6. Distribuição dos estudantes matriculados na UFV- Campus Sede segundo o tipo de escola de origem, no período de 2006 a 2015.

Fonte: Elaborado pela autora.

Ao analisar a composição do tipo de escola em cada um dos 45 cursos

em estudo da UFV – Campus Sede verificou-se que em 20 deles continua

havendo uma maior concentração de estudantes vindos de escolas da rede

particular. Os cursos que em 2015 apresentaram mais estudantes oriundos da

rede particular do que da rede pública foram: Administração, Agronomia,

Arquitetura, Bioquímica, Ciência Biológicas, Ciências Econômicas,

Comunicação Social, Direito, Engenharia Agrícola, Engenharia Ambiental,

Engenharia Civil, Engenharia de Alimentos, Engenharia de Produção,

Engenharia Elétrica, Engenharia Florestal, Engenharia Mecânica, Engenharia

Química, Medicina, Medicina Veterinária e Secretariado Executivo Trilíngue.

A partir de tal análise foi possível destacar que:

• No período que antecede a adoção do SISU os cursos com maior

percentual de estudantes oriundos da rede pública foram: Educação

Infantil, Cooperativismo e Licenciatura em Matemática. Em 2010 os

referidos cursos tiveram, respectivamente, 78,72%, 78,49% e 76,47%

dos seus estudantes vindos de escolas públicas;

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

% d

os

estu

dan

tes

Ano

Escola Pública

Escola Particular

Não informada

30

• O Curso de Dança e de Educação Física inverteram a situação de 2006

até 2015, passando de 30,30% a 61,70% e de 35,49% a 68,32% de

estudantes da rede pública, respectivamente;

• Nos cursos de engenharia, com exceção de Engenharia de Agrimensura

e Cartográfica, em 2015 todos apresentaram uma maioria de estudantes

de origem de escola particular;

• Os cursos que em 2015 apresentaram mais estudantes da rede

particular foram respectivamente: Medicina (67,95%); Arquitetura e

Urbanismo (67,51%) e Engenharia Química (66,96%);

• Os três cursos que em 2015 mais apresentaram estudantes vindos da

rede pública foram respectivamente: Educação Infantil (90,68%),

Pedagogia (88,0%) e Economia Doméstica (85,02%).

Os Gráficos 7, 8 e 9 mostram os três cursos que se destacaram em

2015 por terem mais estudantes provenientes de escola particular. Já os

Gráficos 10, 11 e 12 mostram os três cursos com maior percentual de

estudantes vindos da rede pública.

Gráfico 7. Distribuição dos estudantes matriculados no curso de Medicina da UFV- Campus Sede, segundo o tipo de escola de origem, no período de 2010 a 2015.

Fonte: Elaborado pela autora.

O percentual de estudantes do curso de Medicina vindos da rede

particular caiu a partir de 2013, ano em passou a ser utilizada a reserva de

vagas, em respeito à Lei 12.711 de 29 de agosto de 2012. Mesmo assim, em

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

2010 2011 2012 2013 2014 2015

% d

os

stu

dan

tes

Ano

Escola PúblicaEscola Particular

31

2015, este foi o curso da UFV com maior percentual de estudantes

matriculados vindos da rede particular, com um índice de 67,95%.

De acordo com os dados referentes aos processos seletivos anteriores,

disponíveis no site da UFV, no processo seletivo do SISU de 2014 o curso de

Medicina foi o que apresentou maior nota mínima em todos os 5 grupos de

ingresso (UFV, 2016). Segundo tais dados em 2015 o curso de medicina foi o

que apresentou maior nota mínima e maior nota máxima entre os estudantes

matriculados na primeira chamada (UFV, 2016). Assim, o fato do curso de

medicina ser o que apresentou em 2015 o maior percentual de estudantes

vindos de escolas particulares pode estar relacionado ao fato de ser este o

curso mais concorrido da instituição, bem como pelas diferenças entre a

qualidade do ensino básico da rede pública e particular.

Gráfico 8. Distribuição dos estudantes matriculados no curso de Arquitetura e Urbanismo da- UFV Campus Sede segundo o tipo de escola de origem, no período de 2006 a 2015.

Fonte: Elaborado pela autora

O curso de Arquitetura e Urbanismo apresentou, em 2015, o segundo

maior percentual de estudantes vindos da rede particular de ensino dentre os

estudantes matriculados, com 67,51%. Assim como no curso de Medicina, a

partir de 2013 foi crescente o percentual de estudantes da rede pública (Gráfico

8).

Diante dos resultados dos processos seletivos anteriores da UFV

verifica-se que o curso de Arquitetura e Urbanismo também é bastante

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

% d

os

estu

dan

tes

Ano

Escola PúblicaEscola Particular

32

concorrido na instituição, com a quarta maior nota máxima no ano de 2015

dentre os estudantes matriculados na primeira chamada (UFV, 2016).

Gráfico 9. Distribuição dos estudantes matriculados no curso de Engenharia Química da UFV- Campus Sede segundo o tipo de escola de origem, no período de 2007 a 2015.

Fonte: Elaborado pela autora.

O curso de Engenharia Química iniciou em 2007, ano em que 95% dos

estudantes matriculados eram de origem de escolas particulares e os outros

5% de escolas públicas, conforme Gráfico 9. Nos anos posteriores, ocorreu um

aumento dos estudantes de escolas públicas, atingindo no ano de 2015 um

total de 33,04% dos estudantes matriculados.

Em 2015, Engenharia Química foi o terceiro curso com maior percentual

de estudantes vindos de escolas particulares, tendo 66,96% do total de

estudantes matriculados. Da mesma forma que o curso de Medicina e o curso

de Arquitetura e Urbanismo, verificou-se que o curso de Engenharia Química

está entre os mais concorridos da UFV, o que pode justificar sua posição no

ranking dos cursos com maior percentual de estudantes da rede particular.

De acordo com os relatórios da instituição em 2014, o curso de

Engenharia Química apresentou a segunda maior nota dentre os matriculados

na última chamada nos grupos 1, 2, 4 e 5 e no grupo 3 esteve entre as cinco

maiores. Em 2015 foi o curso com a segunda maior nota mínima e terceira

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

% d

os

estu

dan

tes

Ano

Escola Pública

Escola Particular

33

maior nota máxima entre os estudantes matriculados na primeira chamada

(UFV, 2016).

O curso de Educação Infantil, que em 2006 tinha 54,55% dos seus

estudantes oriundos da rede pública de ensino, teve esse índice crescente ao

longo de todo o período em estudo (Gráfico 10). Em 2015, 90,68% dos

estudantes matriculados no referido curso eram de escolas públicas, maior

índice entre todos os cursos durante os dez anos analisados.

Gráfico 10. Distribuição dos estudantes matriculados no curso de Educação Infantil da UFV- Campus Sede segundo o tipo de escola de origem, no período de 2006 a 2015.

Fonte: Elaborado pela autora.

Nos dez anos estudados o curso de Pedagogia apresentou mais

estudantes vindos de escolas públicas do que de escolas particulares,

conforme o Gráfico 11. Em 2006 63,31% dos estudantes matriculados no

referido curso eram oriundos da rede pública de ensino. Este percentual foi

crescente a partir de 2008 e em 2015 o curso foi o segundo com maior

percentual de estudantes de escola pública, atingindo 88,0% dos estudantes

matriculados.

Assim como os cursos de Educação Infantil e Pedagogia, no curso de

Economia Doméstica o número de estudantes vindos da rede pública de ensino

foi predominante em todo período em estudo, de 2006 a 2015. Em 2006

60,59% dos estudantes matriculados no curso de Economia Doméstica havia

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

% d

os

estu

dan

tes

Ano

Escola Pública

Escola Particular

34

concluído o ensino médio em escola pública. Esse percentual foi crescente

durante os dez anos analisados, atingindo um percentual de 85,02% em 2015.

Gráfico 11. Distribuição dos estudantes matriculados no curso de Pedagogia da UFV- Campus Sede segundo o tipo de escola de origem, no período de 2006 a 2015.

Fonte: Elaborado pela autora.

No caso destes três cursos com maior percentual de estudantes

oriundos de rede pública também pode haver relação com a demanda pelos

referidos cursos, já que de acordo com os relatórios da UFV referentes aos

processos seletivos anteriores eles estão entre os menos concorridos (UFV,

2016). Conforme os relatórios da instituição em 2015 o curso de Educação

Infantil foi o que obteve a menor nota mínima e a segunda menor nota máxima

dentre os estudantes matriculados na primeira chamada. Neste mesmo ano o

curso de Pedagogia esteve entre as cinco menores notas mínimas e obteve a

menor nota máxima e Economia Doméstica ficou em segundo lugar no ranking

dos cursos com menores notas mínimas.

A relação aqui percebida entre a oportunidade de se graduar numa

Instituição Pública de Ensino Superior e a escola de origem do estudante,

pública ou particular, leva a refletir até que ponto ocorreu a democratização do

ensino, uma vez que os alunos da rede pública tiveram suas oportunidades

limitadas pelo preparo que o processo seletivo exige para cursos como

medicina, arquitetura e engenharias da UFV.

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

% d

os

estu

dan

tes

Ano

Escola Pública

Escola Particular

35

Gráfico 12. Distribuição dos estudantes matriculados no curso de Economia Doméstica da UFV- Campus Sede segundo o tipo de escola de origem, no período de 2006 a 2015.

Fonte: Elaborado pela autora.

Os cursos destacados por terem os maiores percentuais de estudantes

vindos de escolas públicas provavelmente são pouco procurados por

estudantes de escolas particulares. Como consequência dessa pequena

demanda o percentual de estudantes da rede pública supera o mínimo

estabelecido pela lei de cotas. Esse resultado reflete as necessidades de

melhoria da qualidade do ensino básico. Pois o acesso dos alunos de escolas

públicas aumentou, no entanto este aumento ocorreu, sobretudo, em cursos

menos concorridos.

5.1.2. Permanência dos estudantes

A análise da permanência foi realizada com base na evasão escolar, que

é dada pelo percentual de estudantes que saem da universidade antes de

concluir um determinado curso. Ela pode ser ocasionada por uma desistência

voluntária do estudante ou pelo seu desligamento da instituição, que pode

ocorrer por não conseguir um rendimento satisfatório ou ainda por extrapolar o

tempo máximo para conclusão do curso. Para fins de estudo da evasão não

foram considerados os calouros que desistiram antes do fim do período de

matrícula, pois estes geraram uma vaga e foram substituídos nas chamadas

seguintes do mesmo ano.

Com relação ao índice de evasão entre os estudantes matriculados na

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

% Pública

% Particular

36

UFV- Campus Sede evidenciou-se que de 2006 a 2010 ele aumentou de forma

mais homogênea. No entanto, a partir de 2011, esse índice cresceu

consideravelmente. De 2010 para 2011 a evasão escolar variou de 5,8% para

7,84%. E nos anos posteriores, de maneira geral, o crescimento continuou

ocorrendo, como pode ser observado no Gráfico 13.

Gráfico 13. Variação do percentual de evasão geral dos estudantes na UFV- Campus Sede, no período de 2006 a 2015.

Fonte: Elaborado pela autora.

O Sistema de Seleção Unificada permite que o candidato, dentro do

período estabelecido, mude suas opções de cursos a serem pleiteados, o que

funciona como uma simulação para ver em quais cursos há possibilidade

ingressar com a nota por ele obtida. Assim muitos acabam se inscrevendo não

no curso realmente desejado, mas no que tem maiores chances de ingresso,

fato que pode ser uma das causas do aumento nos índices de evasão na UFV.

Outros fatores que podem estar relacionados ao aumento nos índices de

evasão na instituição estudada dizem respeito ao aumento nas possibilidades

de escolha oferecidas aos estudantes. Nos últimos anos ocorreu no país um

aumento no número de vagas oferecidas na Educação Superior brasileira,

possibilitando aos candidatos um maior leque de possibilidades tanto de cursos

como de instituições. Além do mais, o Programa Universidade para Todos

(PROUNI) e o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) também oferecem

aos estudantes a alternativa de estudar em instituições privadas. Assim alguns

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

% d

os

estu

dan

tes

Ano

Evasão

37

estudantes podem preferir estudar em uma instituição particular que seja

localizada em uma região mais próxima de sua residência do que ir para uma

instituição pública de localização mais distante.

Conforme pode ser observado no Anexo B, as análises estatísticas de

correlação indicam uma associação positiva muito forte entre os índices de

evasão ocorridos na UFV e as matrículas na Educação Superior brasileira

(0,9357). Ainda segundo tal análise a evasão apresentou associação positiva

forte quando correlacionada à evolução na oferta de bolsas PROUNI (0,8526) e

ao número de contratos FIES (0,8213) ocorrido nos últimos anos.

Em um segundo momento foi analisado a variação da evasão escolar,

no período de 2006 a 2015, nos quatro Centros de Ciências existentes na UFV-

Campus Sede: Centro de Ciências Agrárias (CCA), Centro de Ciências

Biológicas e da Saúde (CCB), Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas

(CCE) e Centro de Ciências Humanas Letras e Artes (CCH). Constatou-se que,

no período em estudo, a evasão aumentou em todos os quatro centros (Tabela

3).

Tabela 3. Variação da evasão escolar em cada um dos Centros de Ciências da UFV, no período de 2006 a 2015.

Ano Evasão CCA Evasão CCB Evasão CCE Evasão CCH Evasão Geral

2006 3,56% 2,61% 5,40% 6,01% 4,68%

2007 4,27% 2,87% 5,99% 5,92% 5,07%

2008 4,12% 4,55% 6,54% 5,50% 5,32%

2009 3,73% 4,46% 7,02% 6,00% 5,51%

2010 4,51% 4,46% 7,28% 5,99% 5,80%

2011 6,88% 6,30% 10,00% 7,16% 7,84%

2012 5,54% 7,41% 8,73% 9,04% 7,91%

2013 5,35% 6,72% 7,82% 8,43% 7,26%

2014 7,01% 7,81% 10,62% 7,96% 8,55%

2015 9,35% 8,29% 12,88% 9,95% 10,41%

Fonte: Elaborada pela autora.

Com relação à evasão média nos períodos de 2006 a 2010 (antes do

38

SISU) e de 2011 a 2015 (após o SISU) também foi verificado aumento. A

evasão média geral na UFV- Campus Sede se elevou de 5,27% para 8,39%.

Nos centros o aumento da evasão de um período para o outro foi de 4,04%

para 6,83% no CCA, de 3,79% para 7,31% no CCB, de 6,45% para 10,01% no

CCE e de 5,89% para 8,51% no CCH (Gráfico 14).

Gráfico 14. Índices de Evasão Média na UFV- Campus Sede antes e após o SISU.

Fonte: Elaborado pela autora.

O trabalho realizado por Gómez (2015) a respeito de acesso e

permanência dos alunos de engenharia da Universidade Tecnológica Federal

do Paraná- Campus Medianeira aponta a dificuldade com disciplinas na área

das Ciências Exatas como sendo uma das principais causas da evasão dos

estudantes. Este fato poderia explicar o motivo pelo qual o CCE foi o centro da

UFV com a maior evasão escolar média, tanto antes quanto após a adoção do

SISU.

5.1.3. Desempenho dos estudantes

O desempenho dos estudantes foi analisado com base no coeficiente de

rendimento acumulado (CRA) dos mesmos, sendo realizada a média anual dos

coeficientes dos estudantes de todos os cursos. Inicialmente considerou-se a

variação geral dos CRA médio, independente da forma de ingresso dos

estudantes, no período de 2006 a 2015.

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

CCA CCB CCE CCH Geral

Eva

são

Méd

ia (

em %

)

Centros de ciências

{2006-2010}

{2011-2015}

39

Posteriormente os estudantes foram separados em dois grupos distintos,

sendo eles: os que ingressaram através do Sistema de Seleção Unificada

(SISU) e os que ingressaram a partir de outras formas de seleção. Assim,

analisou-se a variação do CRA médio em cada um desses dois grupos de

estudantes. Como o objetivo era comparar a variação do desempenho dos

estudantes dos dois grupos utilizou-se o período de 2011 a 2015, pois antes de

2011 não havia na instituição estudantes ingressantes por meio do SISU

Na análise geral do CRA médio verificou-se que ele decresceu

gradualmente de 2006 a 2011, indo de 70,8 em 2006 a 67,0 em 2011. Em 2012

ele teve um pequeno aumento, sendo seu valor igual a 67,6. Em 2013 e 2014 o

rendimento dos estudantes continuou caindo, atingindo em 2014 um CRA

médio de 65,4. Em 2015 novamente uma pequena elevação, ano em que o

CRA geral médio foi de 65,9. No entanto essa queda no rendimento não deve

ser atribuída ao SISU uma vez que ela vinha ocorrendo desde 2007. Além

disso, SISU passou a ser utilizado em 2011 e, depois de vários anos de queda,

há um aumento no CRA médio em 2012.

Gráfico 15. Variação da média do Coeficiente de Rendimento Acumulado (CRA) geral dos estudantes matriculados na UFV- Campus Sede, no período de 2006 a 2015.

Fonte: Elaborado pela autora.

Nos últimos anos ocorreu uma ampliação no número de vagas

oferecidas na educação superior brasileira, o que possivelmente teve como

consequência uma redução na concorrência às vagas federais. Com essa

62,0

63,0

64,0

65,0

66,0

67,0

68,0

69,0

70,0

71,0

72,0

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

CR

A m

édio

Ano

Variação da média geral do CRA

40

expansão, candidatos que há alguns anos não conseguiriam ingressar agora

tem a possibilidade de conseguir uma vaga. Esse alargamento nas

possibilidades de entrada pode permitir que muitos dos estudantes ingressem

em um curso superior, mas ao mesmo tempo tragam consigo deficiências nos

níveis de ensino anteriores. Esse pode ser um dos fatores que levou à redução

do rendimento dos estudantes da UFV nos últimos anos, pois conforme indica

o Anexo C, existe uma correlação negativa muito forte entre o CRA médio dos

estudantes da UFV e o número de matrículas na Educação Superior (-0,9597).

Esse resultado reflete a importância da UFV continuar investindo em

programas de monitorias e tutorias de modo a amenizar as deficiências dos

estudantes, dando-lhes maior assistência acadêmica.

Ainda com relação ao desempenho dos estudantes, foi realizada a uma

análise comparativa entre o rendimento dos que ingressaram através do SISU

e dos que ingressaram por outras formas de seleção (Tabela 4).

Tabela 4. Rendimento dos estudantes da UFV- Campus Sede de acordo com a forma e ano de admissão, no período de 2011 a 2015.

Ano 2011 2012 2013 2014 2015

Ingresso Forma CRA Des.

Pad. CRA

Des.

Pad. CRA

Des.

Pad. CRA

Des.

Pad. CRA

Des.

Pad.

2011 SISU 63,9 10,28 64,3 10,75 67,8 9,83 70,7 8,74 73,2 6,76

Outras 64,4 9,91 66,6 8,08 68,3 6,99 70,1 6,34 71,4 5,48

2012 SISU - - 64,1 7,85 64,9 8,34 66,5 7,58 70,1 6,49

Outras - - 67,2 9,32 66,9 8,97 67,6 9,65 72,0 6,37

2013 SISU - - - - 63,0 10,17 64,2 9,64 68,5 6,72

Outras - - - - 62,0 14,10 63,8 11,08 67,5 9,14

2014 SISU - - - - - - 64,2 9,76 65,1 8,7

Outras - - - - - - 61,9 11,92 62,6 10,14

2015 SISU - - - - - - - - 63,6 9,11

Outras - - - - - - - - 61,7 12,11

Fonte: Elaborada pela autora.

O CRA médio foi analisado de acordo com o ano de admissão dos

41

estudantes, a fim de selecionar estudantes com o mesmo tempo de curso.

Também foi calculado o desvio padrão, para verificar o grau de

homogeneidade ou heterogeneidade da amostra.

De acordo com os resultados obtidos ao longo dos anos, o desempenho

dos estudantes admitidos através do SISU conseguiu superar o desempenho

do ingressantes a partir de outras formas de seleção. A única exceção foi para

os admitidos em 2012, caso em que o rendimento dos estudantes do SISU foi

um pouco inferior ao dos demais estudantes em todos os anos analisados.

Dessa forma os resultados obtidos demonstram que a redução geral no

Coeficiente de Rendimento Acumulado dos Estudantes (CRA) na UFV-

Campus Sede não está diretamente ligada à mudança no formato de seleção,

podendo ter outras causas como redução da concorrência em função da

ampliação no número de vagas em todo o país.

5.2. Parte II: Estudantes dos cinco grupos de ingresso (Lei 12.711/2012)

5.2.1. Perfil dos estudantes dos cinco grupos de ingresso

A segunda parte desse trabalho focou-se nos estudantes regularmente

matriculados na UFV- Campus Viçosa em cada um dos cinco grupos de

ingresso existentes em respeito à Lei 12.711/2012, no período de 2013 a 2015.

Na análise do perfil dos estudantes de cada um desses grupos distintos

utilizou-se da distribuição quanto ao gênero, a faixa etária e a região de origem.

O tipo de escola de origem não foi utilizado, uma vez que para ingressar por

meio dos grupos 1, 2, 3 e 4 o candidato tem como condição básica ter cursado

todo o ensino médio em escolas da rede pública e somente o grupo 5 destina-

se à ampla concorrência.

Na distribuição quanto ao gênero verificou-se que os grupos 1 e 2, que

são os dois que levam em consideração a renda do candidato, são os que

possuem maior percentual de estudantes do gênero feminino (Gráfico 16).

O grupo 3 (destinado a candidatos autodeclarados preto/pardo/índio que

tenha cursado todo o ensino médio em escola pública) e o grupo 5 (ampla

concorrência), apresentaram em 2013 e 2014 mais estudantes do gênero

feminino do que masculino. Já em 2015 o gênero masculino predominou nos

dois grupos, embora em todo o período o percentual de cada gênero tenha

ficado próximo de 50%.

42

Gráfico 16. Distribuição dos estudantes matriculados nos cinco grupos de ingresso da UFV- Campus Sede segundo o gênero, no período de 2013 a 2015.

Fonte: Elaborado pela autora.

O grupo 4, que tem como única condição que o estudante tenha cursado

todo o ensino médio na rede pública, foi o único que nos três anos apresentou

mais homens do que mulheres (Gráfico 16).

Gráfico 17. Distribuição dos estudantes matriculados nos cinco grupos de ingresso da UFV- Campus Sede segundo a faixa etária, no período de 2013 a 2015.

Fonte: Elaborado pela autora.

0

10

20

30

40

50

60

70

% d

os

estu

dan

tes

Grupo/Ano

Feminino

Masculino

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

% d

os

estu

dan

tes

Grupo /Ano

<= 18

19-24

25-30

> 30

43

Na composição dos estudantes de acordo com a faixa etária verificou-se

que de 2013 a 2015 a faixa etária entre 18 e 24 anos foi a predominante nos 5

grupos. Em contrapartida o percentual de estudantes menores de 18 anos

decresceu ao longo dos 3 anos, fato também evidenciado nos 5 grupos

(Gráfico 17).

O percentual de estudantes na faixa etária entre 25 e 30 anos foi

crescente nos grupos 1, 4 e 5, enquanto nos grupos 2 e 3 manteve-se

oscilando. Com relação aos estudantes com idade acima de 30 anos ocorreu

um aumento ao longo de 2013 a 2015 nos grupos 1, 2 e 3, enquanto nos

grupos 4 e 5 ocorreu uma queda no mesmo período (Gráfico 17).

Ainda com relação ao perfil dos estudantes de cada um dos distintos

grupos observou-se que, com relação ao estado de origem, em todos os

grupos a Região Sudeste é a predominante, conforme Gráfico 18. Nos grupos

1 e 3, em todo o período em estudo ocorreu um aumento dos estudantes

vindos da referida região, alcançado nos três anos um percentual acima de

95%. Os grupos 2 e 4 oscilaram e no grupo 5, que é de ampla concorrência, o

percentual de estudantes da Região Sudeste diminuiu, possibilitando uma

maior diversificação quanto ao estado de origem.

Gráfico 18. Variação no percentual de estudantes oriundos da Região Sudeste nos cinco grupos de ingresso da UFV- Campus Sede, no período de 2013 a 2015.

Fonte: Elaborado pela autora.

93,50%

94,00%

94,50%

95,00%

95,50%

96,00%

96,50%

97,00%

97,50%

98,00%

98,50%

2013 2014 2015

Grupo 1

Grupo 2

Grupo 3

Grupo 4

Grupo 5

44

No grupo 5 o percentual de estudantes vindos de outras regiões

aumentou de 4,46% em 2013 para 4,91% em 2015, enquanto nos demais

grupos não se alcançou 3% em 2015. De acordo com esse resultado

evidencia-se nos grupos de ingresso também seguem tendência do país

quanto ao aumento de estudantes do gênero feminino e acima de 25 anos.

Com relação à origem dos estudantes, assim como observado na primeira

parte deste estudo, na maioria dos grupos aumentou o percentual de

estudantes da Região Sudeste, provavelmente em decorrência da ampliação

da oferta de vagas no ensino superior brasileiro (Gráfico 18).

A Tabela 5 ilustra a composição de cada um dos cinco grupos de

ingresso de acordo com o estado de origem dos estudantes. A maioria desses

estudantes é proveniente da Região Sudeste, assim aqueles vindos de estados

pertencentes a outras regiões foram enquadrados em outros estados.

Tabela 5. Distribuição dos estudantes matriculados nos cinco grupos de ingresso da UFV- Campus Sede, no período de 2013 a 2015.

Ano Grupo % MG % SP % ES % RJ % Outros Estados

2013 1 86,05% 4,65% 3,26% 2,79% 3,26%

2014 1 87,06% 4,31% 2,75% 2,75% 3,14%

2015 1 87,24% 4,46% 2,73% 2,73% 2,85%

2013 2 84,52% 3,57% 4,76% 3,57% 3,57%

2014 2 80,70% 8,33% 7,02% 1,75% 2,19% 2015 2 78,86% 7,60% 6,65% 4,28% 2,61%

2013 3 84,02% 4,14% 4,73% 2,37% 4,73%

2014 3 84,21% 4,55% 4,07% 3,83% 3,35%

2015 3 84,25% 5,06% 4,50% 3,23% 2,95%

2013 4 78,65% 13,48% 3,37% 2,25% 2,25%

2014 4 80,32% 8,84% 4,42% 3,61% 2,81% 2015 4 78,05% 7,98% 6,23% 4,99% 2,74%

2013 5 79,41% 7,56% 4,06% 4,50% 4,46%

2014 5 78,44% 7,19% 4,86% 4,78% 4,72%

2015 5 77,89% 7,13% 5,13% 4,94% 4,91%

Fonte: Elaborada pela autora.

Com relação à distribuição dos estudantes de cada um dos grupos

quanto ao estado de origem, percebeu-se que os grupos 2 e 5 foram os únicos

em que o percentual de estudantes vindos do estado de Minas Gerais

decresceu ao longo dos três anos.

O grupo 5 apresentou redução no percentual de estudantes da Região

Sudeste, que de 2013 para 2015 caiu de 95,54% para 95,09%, conforme

destacado no Gráfico 18. Ao analisar os estados que compõe essa região

45

verifica-se maior diversificação de estudantes dentro da própria Região

Sudeste. Enquanto diminui a quantidade de estudantes oriundos do Estado de

Minas e de São Paulo no grupo 5 houve um aumento no percentual de

estudantes dos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro (Tabela 5).

5.2.2. Permanência dos estudantes dos cinco grupos de ingresso

Na análise da permanência por grupo de ingresso utilizou-se os índices

de evasão como medida de avaliação. Assim verificou-se que de 2013 a 2015

o grupo com menor permanência na instituição foi o 3, destinado a estudante

de escola pública autodeclarado preto, pardo ou índio, podendo ser

considerado o mais vulnerável durante o período estudado.

No grupo 2, que leva em consideração a renda da família, a evasão

cresceu ao longo dos 3 anos. No entanto, não é possível afirmar que esses

alunos não tiveram condições financeiras de se manter na universidade, uma

vez que no grupo 1, que também é destinado a estudantes com renda inferior a

1,5 salários por pessoa da família, ocorreu uma queda da evasão em 2015

(Gráfico 19).

Gráfico 19. Evasão dos estudantes matriculados nos cinco grupos de ingresso da UFV- Campus Sede, no período de 2013 a 2015.

Fonte: Elaborado pela autora.

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

18,0%

2013 2014 2015

% d

os

estu

dan

tes

Ano

Grupo 1

Grupo 2

Grupo 3

Grupo 4

Grupo 5

46

5.2.3. Desempenho dos estudantes dos cinco grupos de ingresso

Para analisar a variação do desempenho dos estudantes de cada um

dos cinco grupos de ingresso utilizou-se o Coeficiente de Rendimento

Acumulado (CRA) médio dos referidos estudantes, no período de 2013 a 2015.

Observou-se que o único ano em que o rendimento do grupo 5,

conseguiu superar o rendimento de todos os grupos destinados a estudantes

vindos da rede pública, grupos de 1 a 4, foi 2014. Esse resultado coloca em

xeque o fato que muito se questiona a respeito da reserva de vagas, com a

justificativa de que os estudantes oriundos de escolas públicas não teriam

condições de acompanhar os estudos de maneira satisfatória. O Gráfico 20

representa a variação do desempenho dos estudantes dos diferentes grupos

de ingresso.

Gráfico 20. Variação do Coeficiente de Rendimento Acumulado (CRA) Médio dos estudantes matriculados nos cinco grupos de ingresso da UFV- Campus Sede, no período de 2013 a 2015.

Fonte: Elaborado pela autora.

56,0

57,0

58,0

59,0

60,0

61,0

62,0

63,0

64,0

65,0

66,0

2013/1 2013/2 2014/1 2014/2 2015/1 2015/2

CR

A m

édio

Ano/semestre

grupo 1

grupo 2

grupo 3

grupo 4

grupo 5

47

6. CONCLUSÕES

O Sistema de Seleção Unificada (SISU) foi instituído em janeiro de 2010,

como instrumento para selecionar candidatos para ocupar as vagas em cursos

superiores de graduação em instituições públicas. Em decorrências da Lei

12.711 de 29 de agosto de 2012 (Lei de cotas) o SISU passou a ser utilizado

com reserva de vagas a candidatos que cursaram o ensino médio

integralmente na rede pública de ensino. O SISU, assim como a Lei de Cotas,

faz parte de uma política nacional que objetiva ampliar o acesso democrático

ao ensino superior. As perspectivas iniciais do Sistema de Seleção Unificada

foram de dar oportunidade a pessoas com menores condições financeiras e

residentes nas distintas regiões do Brasil. Como o objetivo do SISU é

possibilitar que um maior número de brasileiros tenha acesso a um diploma de

nível superior é muito importante que o sistema garanta não somente o

ingresso, mas também a permanência dos estudantes até o momento da

conclusão do curso. Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de verificar se

as propostas iniciais do SISU estão sendo cumpridas na Universidade Federal

de Viçosa- Campus Sede (localizado na cidade de Viçosa-MG), que passou a

utilizar o novo formato de seleção desde 2011.

Para responder ao problema de pesquisa o estudo focou-se no acesso,

permanência e desempenho dos estudantes regularmente matriculados no

referido Campus. Na análise do acesso buscou-se compreender quem tem

acessado as vagas da UFV- Campus Sede. Assim utilizou-se a evolução anual

do perfil dos estudantes, partir de características como: gênero, faixa etária,

estado de origem e o tipo de escola onde o estudante concluiu o ensino médio

(pública ou particular). A análise da permanência baseou-se nos índices de

evasão dos estudantes e o desempenho foi analisado a partir da variação do

Coeficiente de Rendimento Acumulado (CRA) médio.

O estudo ocorreu em duas etapas: Inicialmente analisou-se o perfil,

permanência e desempenho dos estudantes em geral, no período de 2006 a

2015. Posteriormente foi realizada semelhante análise em relação aos

estudantes de cada um dos cinco grupos de acesso à instituição, em respeito à

lei de cotas, no período de 2013 a 2015.

Diante dos resultados foi possível concluir que, seguindo uma tendência

nacional, a UFV aumentou o número de estudante do gênero feminino. Este

48

aumento esteve atrelado, principalmente, a cursos nas áreas das Ciências

Biológicas e da Saúde e das Ciências Humanas. Em contrapartida, nos cursos

relacionados às áreas das Ciências Agrárias e Ciências Exatas a maioria dos

estudantes é do gênero masculino.

A partir da utilização do SISU aumentou o percentual de estudantes

vindos da rede pública de ensino, especialmente a partir de 2013, com a

utilização da reserva de vagas, lei 12.711/2012. Entretanto observou-se que o

SISU possui limitações. Na análise do tipo de escola, apesar do percentual de

estudantes da rede pública ter superado o de estudantes da rede particular, a

partir de 2013, os resultados demonstraram que os estudantes vindos da rede

pública têm suas opções limitadas a cursos de menor demanda, fato que não

mudou mesmo após a adoção da lei de cotas. Assim os cursos mais

concorridos como Medicina, Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Química

são os que possuem mais estudantes vindos de rede particular.

Com relação à mobilidade dos estudantes, os resultados indicam que

após a utilização do novo sistema na UFV- Campus Sede não ocorreu a

diversificação dos estudantes quanto à região de origem, pelo contrário

aumentou o percentual de estudantes vindos de Região Sudeste No entanto as

análise demonstraram uma possível associação entre a redução de estudantes

vindos das outras regiões e o aumento no número de matrículas presencias

nas respectivas regiões, especialmente no caso da Região Nordeste.

No que se refere aos índices de evasão, ocorreu uma elevação

considerável, especialmente a partir 2013, ano em passou a ser utilizada a

reserva de vagas para estudantes da escola pública. Entretanto este resultado

possivelmente está correlacionado com outros fatores advindos da ampliação

das vagas no ensino superior brasileiro, além de possibilidades como o

PROUNI e FIES, que oferece aos estudantes um maior leque de possibilidades

tanto de cursos como de instituições a serem pleiteadas.

Com relação ao desempenho dos estudantes, de maneira geral, houve

queda em todo o período. No entanto essa queda não deve ser associada ao

SISU, especialmente porque já vinha ocorrendo desde 2007. Ela

provavelmente possui relação com a expansão de vagas no ensino superior

brasileiro ocorridas nos últimos anos. Além do mais, a análise separada entre o

rendimento dos estudantes admitidos por meio do SISU e dos admitidos a

49

partir de outras formas de seleção, demonstraram que de maneira geral o

rendimento dos estudantes do SISU tem sido maior.

Para futuras pesquisas sugere-se um estudo mais detalhado, a partir de

abordagem qualitativa, a fim de verificar os motivos que tem ocasionado a

elevação nas taxas de evasão dos estudantes da UFV- Campus Sede nos

últimos anos.

50

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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51

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54

ANEXO A

Correlação entre a porcentagem de estudantes da UFV vindos das diferentes regiões e o número de matrículas de graduação presencial nas respectivas regiões

Região Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul

Ano

% de estudantes

da UFV

Número matrículas

de graduação presencial na Região

% de estudantes

da UFV

Número matrículas

de graduação presencial na Região

% de estudantes

da UFV

Número matrículas

de graduação presencial na Região

% de estudantes

da UFV

Número matrículas

de graduação presencial na Região

% de estudantes

da UFV

Número matrículas

de graduação presencial na Região

2006 0,526% 280.554 2,518% 796.140 1,204% 411.607 93,570% 2.333.514 0,821% 854.831

2007 0,516% 303.984 2,456% 853.319 1,138% 427.099 93,730% 2.431.715 0,727% 864.264

2008 0,573% 323.190 2,332% 912.693 1,207% 444.431 93,720% 2.512.560 0,736% 887.182

2009 0,527% 313.959 2,314% 965.502 1,337% 453.787 93,690% 2.516.712 0,674% 865.936

2010 0,509% 352.358 2,167% 1.052.161 1,454% 495.240 94,120% 2.656.231 0,630% 893.130

2011 0,530% 385.717 2,226% 1.138.958 1,422% 537.006 94,150% 2.755.635 0,583% 929.446

2012 0,602% 404.727 2,141% 1.213.519 1,318% 547.768 94,260% 2.816.086 0,593% 941.738

2013 0,589% 423.565 2,084% 1.287.552 1,214% 575.515 94,480% 2.903.089 0,554% 962.684

2014 0,605% * 1,971% * 1,069% * 94,820% * 0,508% *

2015 0,609% * 1,757% * 1,042% * 95,170% * 0,459% *

CORRELAÇÃO 0,641520769 -0,950391275 0,42009357 0,973207186 -0,880543458

55

ANEXO B

Correlação entre os índices de evasão na UFV e o número de matrículas na Educação Superior brasileira, a Evolução da oferta de bolsas PROUNI

e o número de contratos FIES

Ano

Índice de

Evasão na UFV

Matrícula na Educação

Superior brasileira (graduação e sequencial)

Evolução da oferta de bolsas

PROUNI

Número de contratos FIES

por ano

2006 4,68% 4.944.877 138.668 60.092 2007 5,07% 5.302.373 163.854 49.770 2008 5,32% 5.843.322 225.005 33.319 2009 5,51% 5.985.873 247.643 32.741 2010 5,80% 6.407.733 241.273 76.172 2011 7,84% 6.765.540 254.598 154.253 2012 7,91% 7.058.084 284.622 377.808 2013 7,26% 7.322.964 252.374 559.965 2014 8,55% 7.839.765 306.726 663.396 2015 15,41% * * *

CORRELAÇÃO 0,93573733 0,852589618 0,82127401

Gráfico de dispersão entre os índices de evasão na UFV e o número de matrículas na Educação Superior brasileira

y = 4E+06ln(x) + 2E+07R² = 0,895

0

1.000.000

2.000.000

3.000.000

4.000.000

5.000.000

6.000.000

7.000.000

8.000.000

9.000.000

0,00% 5,00% 10,00%

Mat

rícu

las

Índice de evasão

Logaritmo (Série1)

56

Gráfico de dispersão entre os índices de evasão na UFV e a Evolução da oferta de bolsas PROUNI

Gráfico de dispersão entre o índice de evasão na UFV e o número de contratos FIES

y = 20779ln(x) + 80959R² = 0,756

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

0,00% 5,00% 10,00%

Bo

lsa

PR

OU

NI

Índice de evasão

Logaritmo (Série1)

y = 1080,e73,23x

R² = 0,783

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

0,00% 5,00% 10,00%

Cco

ntr

ato

FIE

S

Índice de evasão

Exponencial (Série1)

57

ANEXO C

Correlação entre o Coeficiente de Rendimento Acumulado (CRA) médio dos estudantes da UFV e as Matrículas na Educação Superior brasileira

(graduação e sequencial)

Ano CRA Médio dos

estudantes da UFV

Matrícula na Educação Superior brasileira

(graduação e sequencial)

2006 70,8 4.944.877 2007 69,6 5.302.373 2008 69,6 5.843.322 2009 68,6 5.985.873 2010 67,2 6.407.733 2011 67,0 6.765.540 2012 67,6 7.058.084 2013 66,5 7.322.964 2014 65,4 7.839.765 2015 65,9 *

CORRELAÇÃO -0,959660841

Gráfico de dispersão entre o Coeficiente de Rendimento Acumulado (CRA) médio dos estudantes da UFV e as Matrículas na Educação

Superior brasileira (graduação e sequencial)

y = -52770x + 4E+07R² = 0,920

0

1.000.000

2.000.000

3.000.000

4.000.000

5.000.000

6.000.000

7.000.000

8.000.000

9.000.000

64 66 68 70 72

mer

o d

e M

atrí

cula

s

CRA médio

Série1

Linear (Série1)

58

ANEXO D

59

60

ANEXO E

61