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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE
MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
FLAVIO HENRIQUE REIS SANTOS
CAPACIDADE ABSORTIVA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS: OPERACIONALIZAÇÃO,
AFERIÇÃO E ESTRATÉGIAS PARA SEU DESENVOLVIMENTO
MACEIÓ
2017
2
FLAVIO HENRIQUE REIS SANTOS
CAPACIDADE ABSORTIVA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS: OPERACIONALIZAÇÃO,
AFERIÇÃO E ESTRATÉGIAS PARA SEU DESENVOLVIMENTO
Trabalho Final de Conclusão do Mestrado Profissional
apresentado ao Programa de Pós-Graduação em
Administração Pública – Mestrado Nacional em
Administração Pública da Universidade Federal de
Alagoas, como parte das exigências para qualificação e
posterior obtenção do título de Mestre.
Área de concentração: Administração Pública
Orientador: Prof. Dr. Andrew Beheregarai Finger
MACEIÓ
2017
3
No fim compreendemos que o Trabalho Final de Conclusão
não representa apenas a identificação e preenchimento de
uma lacuna do conhecimento. De fato, significa aprender
quando dizer ‘sim’ para ler mais e dizer ‘não’ para desistir.
Adaptado da tese de Pós-Doutorado de Trung T. Nguyen.
4
Agradecimentos
Aos meus antepassados que eu tive o privilégio de conhecer, pelas experiências e
oportunidades que me ofereceram.
Ao meu pai falecido, pela honestidade e integridade que me ensinou.
A minha mãe, lutadora obstinada e incansável.
Ao meu irmão Gustavo falecido, exemplo de pai e amigo.
A minha irmã Ilda, exemplo de alegria e Justiça.
Aos meus três sobrinhos muito amados, Vitor, Letícia e Gustavinho, responsáveis pelo
sentido e pela alegria em minha vida.
Aos amigos que me incentivaram na caminhada do Mestrado, desde o começo até o momento
final.
Ao meu orientador Prof. Andrew Finger, pela paciência, pela confiança, por todo seu
conhecimento e pela percepção aguçada sobre o melhor a ser feito.
A todos os professores do Mestrado PROFIAP pelo esforço em construir algo grande.
Aos companheiros de trabalho, pela ajuda que me deram principalmente em questões de
horário.
Aos meus colegas de Mestrado, por que só nós sabemos como foi difícil o caminho
percorrido.
Aos servidores técnico-administrativos da Universidade Federal de Alagoas, pela participação
na pesquisa que subsidiou este relatório.
A todos aqueles que fazem o Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, pela gentil cessão
da sala de Multimeios dos Mestrados do instituto.
À possibilidade de poder compartilhar o resultado dos estudos e pesquisa com todos aqueles,
como eu, apaixonados pelo conhecimento.
Flavio Reis
5
RESUMO
A Capacidade Absortiva de uma organização pode ser compreendida, de forma
genérica, como sua maior ou menor facilidade em identificar, absorver e aplicar tecnologias e
conhecimentos externos às suas rotinas, procedimentos e base de conhecimento pré-existente.
Em sua composição mais amplamente aceita, o construto é formado por quatro dimensões
interdependentes que explicam desde a entrada do conhecimento novo na dinâmica
organizacional até sua aplicação prática em procedimentos, rotinas e desenvolvimento de
novas metodologias e produtos pela organização. Pesquisadores vêm estudando este modelo
teórico no setor corporativo privado desde 1990, analisando suas relações com a geração de
valor e com o desenvolvimento do desempenho organizacional. No Brasil, as pesquisas sobre
o construto concentram-se no setor privado, com alguns estudos que comprovam a
importância da Capacidade Absortiva para aumento da eficiência de órgãos da esfera pública.
Especificamente sobre as Universidades Públicas Federais, os pesquisadores têm percebido
que melhorias nos elementos constituintes da Capacidade Absortiva influenciam
positivamente o desempenho institucional. É no contexto da Universidade Federal de Alagoas
que se insere este estudo, visando a promover a operacionalização e mensuração da
Capacidade Absortiva institucional, e apresentando estratégias para seu desenvolvimento, em
consonância tanto com os componentes estimuladores do construto quanto com as diretrizes
da proposta de Política de Gestão do Conhecimento do Instituto de Pesquisa Econômica e
Aplicada (IPEA). Para atingir o objetivo desta pesquisa de abordagem quantitativa, foram
utilizadas as técnicas de Análise Fatorial Exploratória para verificar a adequação dos dados
coletados ao modelo teórico utilizado, bem como a Análise Fatorial Confirmatória para
verificar a aderência do modelo utilizado na pesquisa aos dados coletados. Estas técnicas
foram aplicadas a uma amostra de trezentos servidores técnico-administrativos ativos da
instituição. Além disso, foi utilizada fórmula específica para cálculo empírico do coeficiente
de Capacidade Absortiva institucional. Os principais resultados obtidos referem-se à
validação do modelo por meio das Análises Fatoriais Exploratória e Confirmatória, ao
desempenho superior da dimensão Transformação em detrimento da dimensão Aquisição
internas ao construto, ao nível atual da Capacidade Absortiva institucional segundo a
percepção dos servidores técnico-administrativos e a proposição de um plano de ação para
intervenção na Universidade Federal de Alagoas, do qual se ressalta o conjunto de quatro
eixos estratégicos para desenvolvimento dos componentes da Capacidade Absortiva
institucional e que estão previstos, em certo grau, na política proposta pelo IPEA.
Palavras-chave: Capacidade Absortiva. Conhecimento. Política institucional. Estratégias.
6
ABSTRACT
An organization’s Absorptive Capacity can be understood as its ability to identify,
absorb and apply external technologies and knowledge to its pre-existing routines, procedures
and knowledge base. In its most widely accepted composition, the construct is formed by four
interdependent dimensions which explain the construct’s functioning since the input of new
knowledge into the organization up to its practical application in procedures, routines and
development of new methodologies and products. The researchers have been studying this
theoretical model in the corporate sector since 1990, analyzing its relations with the
generation of value and the increase of organizational performance. In Brazil, the research on
the construct is concentrated in the corporate sector, with some studies proving the
importance of the Absorptive Capacity to increase the efficiency of the public sector.
Specifically on Federal Public Universities, researchers have realized that improvements in
Absorptive Capacity constitutive elements positively influence institutional performance. This
research is inserted in the context of the Federal University of Alagoas in order both to
promote in one hand an analysis and measurement of the institutional Absorptive Capacity
and in the other hand to present strategies for its development, in consonance with the
inducing components of the construct and with the guidelines of the Proposed Policy for
Knowledge Management defined by the Institute of Economic and Applied Research (IPEA).
Exploratory Factor Analysis to verify the adequacy of the data collected to the theoretical
model used, as well as the Confirmatory Factor Analysis to verify the adherence of the model
used in the research to the data collected have been conducted. These techniques were applied
to a sample of three hundred active technical-administrative servers of the institution. In
addition, specific formula has been used for empirical calculation of the institutional
Absorptive Capacity coefficient. The main results refer to the operationalization of the model
using both Exploratory and Confirmatory Factor Analysis, to the superior performance of the
Transformation dimension compared to the results achieved by the Acquisition dimension, to
the current level of the institutional Absorption Capacity according to the perception of the
technical-administrative servants and the proposition of an action plan to be applied in the
Federal University of Alagoas, which highlights a set of four core strategies for the
improvement of the constitutive components of the institutional Absorptive Capacity and
which are contained, to a certain degree, in the policy put forward by IPEA.
Keywords: Absorptive Capacity. Knowledge. Institutional policy. Strategies.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AFC Análise Fatorial Confirmatória
AFE Análise Fatorial Exploratória
AGFI Adjusted Goodness-of-fit Index (índice ajustado de qualidade de adequação)
AMOS Analysis of Moment Observation Structure
ASV Average Shared Variance (Variância Média Compartilhada)
AVE Average Variance Extracted (Variância Média Extraída)
CA Capacidade Absortiva
CAp Capacidade Absortiva Potencial
CAr Capacidade Absortiva Realizada
CFI Comparative Fit Index (Índice de ajuste comparativo)
CR Composite Reliability (confiabilidade composta)
D² Distância de Mahalanobis
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
F Estatística F
FI Fator de Impacto
GC Gestão do Conhecimento
GFI Goodness-of-fit (Índice de qualidade de ajuste)
gl Graus de Liberdade
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
MEE Modelagem de Equações Estruturais
ML Maximum Likelihood (máxima verossimilhança)
MSV Maximum Shared Variance (Variância Máxima Compartilhada)
NFI Normed Fit Index (Índice de ajuste normado)
NNFI Nonnormed Fit Index (Índice de ajuste não normado)
PDI Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
PGFI Parsimony Goodness of-fit-index (Índice da qualidade de ajuste da parcimônia)
PNFI Parsimony Normed of-fit-index (Índice de ajuste normado de parcimônia)
PR Parsimony Ratio (Razão de parcimônia)
R² Coeficiente de determinação
RH Recursos Humanos
RMSEA Root Mean Square Error of Approximation (Raiz do erro quadrático médio de
aproximação)
RMSR Root Mean Square Residual (Raiz quadrada média residual)
RNI Relative Index for Non-centralized (Índice de não centralidade relativa)
SERPRO Serviço de Processamento de Dados
SPSS® Statistical Package for Social Sciences
SRMR Standardized Root Mean Residual (Raiz padronizada do resíduo médio)
TLI Tucker-Lewis Index (Índice de Tuker-Lewis)
UFAL Universidade Federal de Alagoas
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Modelo de Capacidade Absortiva inicial .................................................................. 21
Figura 2: Modelo de Capacidade Absortiva Potencial e Realizada.......................................... 22
Figura 3: Modelo de Capacidade Absortiva com a dimensão Reconhecimento do Valor ....... 24
Figura 4: Esquematização da pesquisa ..................................................................................... 51
Figura 5: Gráfico de escarpa relacionando resultados dos autovalores ao número de fatores 89
Figura 6: Modelo final ajustado da pesquisa ............................................................................ 94
Figura 7: Mapa Estratégico da Universidade Federal de Alagoas, 2012-2015 ...................... 107
Figura 8: Estrutura hierárquica para a Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional......... 108
Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais
................................................................................................................................................ 116
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Algumas diretrizes do artigo 3º da portaria IPEA nº 385/2010 .............................. 45
Quadro 2: Sumarização da pesquisa ......................................................................................... 47
Quadro 3: Divisão de itens do instrumento de coleta ............................................................... 54
Quadro 4: Afirmativas da dimensão AQUISIÇÃO .................................................................. 56
Quadro 5: Afirmativas da dimensão ASSIMILAÇÃO............................................................. 57
Quadro 6: Afirmativas da dimensão TRANSFORMAÇÃO .................................................... 58
Quadro 7: Afirmativas da dimensão EXPLORAÇÃO ............................................................. 58
Quadro 8: Estratificação da amostra no Campus A. C. Simões ............................................... 70
Quadro 9: Estratificação da amostra na Reitoria do Campus A. C. Simões............................. 71
Quadro 10: Casos considerados como outliers ........................................................................ 75
Quadro 11: Estratégias principais ou eixos estratégicos orientadores do Plano de Ação ...... 101
Quadro 12: Plano de Ação alinhado com os quatro Eixos Estratégicos propostos ................ 102
Quadro 13: Competências identificadas em servidores da UFPE, UFPB e UFRN ................ 113
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Resumo do processamento de casos ................................................................................ 72
Tabela 2: Resultados de identificação univariada de outliers para variável Aquisição 3 ............... 73
Tabela 3: Resultados de identificação univariada de outliers para variável Transformação 1 ....... 73
Tabela 4: Resultados de identificação univariada de outliers para variável Transformação 4 ....... 73
Tabela 5: Resultados de identificação univariada de outliers para variável Exploração 3 ............. 73
Tabela 6: Casos atípicos resultantes da identificação multivariada da amostra .............................. 74
Tabela 7: Estatística descritiva e valores de assimetria e curtose.................................................... 76
Tabela 8: Valores de assimetria e curtose finais e divididos por seus respectivos erros padrões ... 77
Tabela 9: Matriz de correlação de Pearson entre itens com valores de significância ..................... 77
Tabela 10: Correlações entre as dimensões do construto ................................................................ 78
Tabela 11: Análise de multicolinearidade das variáveis ................................................................. 79
Tabela 12: Médias e desvios-padrão de todas as variáveis iniciais ................................................. 80
Tabela 13: Estatísticas de frequência para a dimensão Aquisição .................................................. 83
Tabela 14: Estatísticas de frequência para a dimensão Assimilação ............................................... 83
Tabela 15: Estatísticas de frequência para a dimensão Transformação .......................................... 83
Tabela 16: Estatísticas de frequência para a dimensão Exploração ............................................... 84
Tabela 17: Estatísticas de confiabilidade do construto unificado e das dimensões individualizadas ......................................................................................................................................................... 85
Tabela 18: Matriz de correlações .................................................................................................... 87
Tabela 19: Teste de KMO e Bartlet ................................................................................................. 87
Tabela 20: Matriz anti-imagem ....................................................................................................... 88
Tabela 21: Formação de fatores e variância total explicada ............................................................ 89
Tabela 22: Correlações reproduzidas .............................................................................................. 90
Tabela 23: Matriz padrão................................................................................................................. 95
Tabela 24: Matriz de correlações de fatores ................................................................................... 92
Tabela 25: Matriz de covariância de escores dos fatores ................................................................ 92
Tabela 26: Teste de verificação da AVE ......................................................................................... 95
Tabela 27: Teste de Confiabilidade Composta ................................................................................ 96
Tabela 28: Valores para MSV e ASV maiores que valores de AVE para o modelo ....................... 97
Tabela 29: Correlação entre fatores do modelo final da AFC ........................................................ 97
Tabela 30: Índices ajustados da AFC para o modelo final da pesquisa ......................................... 98
Tabela 31: Médias padronizadas para cálculo da Capacidade Absortiva da UFAL ...................... 99
11
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13
1.1. Contextualização ....................................................................................................... 13
1.2. Problematização ........................................................................................................ 16
1.3. Objetivos ................................................................................................................... 18
2. REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 20
2.1. Capacidade Absortiva ............................................................................................... 20
2.2. Elementos constituintes da Capacidade Absortiva ................................................... 31
2.2.1. A base de conhecimento ......................................................................................... 32
2.2.2. Recursos humanos .................................................................................................. 33
2.2.3. Estrutura organizacional ......................................................................................... 36
2.2.4. Relações interorganizacionais ................................................................................ 38
2.3. Política Pública, Capacidade Absortiva e política orientada para o desenvolvimento
do conhecimento institucional .................................................................................. 40
3. METODOLOGIA ....................................................................................................... 47
3.1. Caracterização da pesquisa ....................................................................................... 48
3.2. Esquematização da pesquisa ..................................................................................... 50
3.3. Delimitação do estudo: escopo, universo, população e amostra ............................... 52
3.4. Limitações metodológicas ........................................................................................ 53
3.5. Instrumento de coleta de dados ................................................................................. 54
3.6. Coleta de dados ......................................................................................................... 59
3.7. Análise preliminar dos dados .................................................................................... 60
3.7.1. Dados perdidos e observações atípicas ................................................................... 60
3.7.2. Normalidade ........................................................................................................... 61
3.7.3. Linearidade ............................................................................................................. 62
3.7.4. Multicolinearidade .................................................................................................. 62
3.8. Estatísticas descritivas e de frequência ..................................................................... 63
3.9. Confiabilidade do construto ...................................................................................... 63
3.10. Análises do modelo ................................................................................................... 63
3.10.1. Validade do instrumento de coleta pela Análise Fatorial Exploratória ................. 63
3.10.2. Validade do modelo através da Análise Fatorial Confirmatória ........................... 64
3.11. Cálculo do indicador de Capacidade Absortiva institucional ................................... 67
4. DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL .................................................................. 69
12
4.1. Caracterização da amostra ........................................................................................ 69
4.2. Análise preliminar dos dados .................................................................................... 71
4.2.1. Dados perdidos ou omissos ................................................................................... 71
4.2.2. Dados atípicos ou outliers ..................................................................................... 72
4.2.3. Normalidade .......................................................................................................... 75
4.2.4. Linearidade ............................................................................................................. 77
4.2.5. Multicolinearidade .................................................................................................. 78
4.3. Estatísticas descritivas e frequências de respostas ..................................................... 80
4.3.1. Média e desvio-padrão............................................................................................ 80
4.3.2. Estatísticas de frequência........................................................................................ 83
4.4. Confiabilidade ............................................................................................................ 85
4.5. Análise do instrumento de coleta e do modelo teórico .............................................. 86
4.5.1. Análise Fatorial Exploratória.................................................................................. 86
4.5.2. Análise Fatorial Confirmatória ............................................................................... 93
4.6. Cálculo do indicador de Capacidade Absortiva ......................................................... 98
5. PLANO DE AÇÃO ................................................................................................... 101
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 118
7. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 120
8. APÊNDICES ............................................................................................................. 130
9. ANEXOS ................................................................................................................... 131
13
1. INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização
A habilidade de uma organização em absorver conhecimento atrai o interesse de
pesquisadores há várias décadas. Pesquisadores e profissionais vêm continuamente
percebendo que vantagens competitivas e estratégicas não dependem apenas do
conhecimento interno de uma organização - a absorção do conhecimento externo exerce
influência determinante no processo de formação dos diferenciais organizacionais
(GEBAUER, WORCH e TRUFFER, 2012).
Ellis (1965) buscou entender como ocorria o processo de transferência e absorção
de conhecimento com base na ideia de similaridade de elementos. Pouco tempo depois,
Tilton (1971) investigou a difusão internacional de tecnologia com base em um estudo de
caso sobre indústrias de circuitos semicondutores. Aproximadamente uma década depois,
Allen (1983) percebeu que novas técnicas de produção eram geradas a partir da absorção
de conhecimentos coletivos das organizações, o que foi denominado pelo autor de
‘invenção coletiva’, de forma que quando organizações inventam coletivamente, elas
disponibilizam os resultados de novos planos e processos de produção. Assim, os
concorrentes podem incorporar porções destes planos ou processos a novos planos e
processos que venham a criar em suas próprias empresas. Em seu artigo, Allen associa a
‘invenção coletiva’ aos departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) ou algum
setor correspondente das organizações atuais, responsáveis pela geração de novo
conhecimento tecnológico.
Em 1989, Cohen e Levinthal identificaram a influência do setor de P&D nos
processos organizacionais de aprendizado e de inovação. Realizar atividades ligadas à
pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e processos elevaria a eficiência da
organização em detectar e apreender conhecimento disponível externamente (COHEN e
LEVINTHAL, 1989). Assim, a capacidade de absorver conhecimento externo seria um
subproduto das próprias atividades de P&D. Para os autores, a intensidade produtiva do
setor de P&D estava ligada à intensidade de investimentos no setor. Em outro artigo
(COHEN e LEVINTHAL, 1994), os autores sugeriram que o sucesso acompanhava as
organizações preparadas, ou que mantinham investimentos constantes em pesquisa e
materialização das pesquisas.
14
Em 1990, Cohen e Levinthal aprofundaram os estudos sobre a assimilação de
conhecimento por parte dos colaboradores de uma organização; porém não apenas a
absorção de informação, mas também a habilidade de explorar a informação absorvida
através de sua incorporação ao conjunto de conhecimentos organizacionais. Segundo os
autores, a Capacidade Absortiva da organização seria um componente decisivo para o
processo de inovação em sentido global. Estes autores definiram o construto Capacidade
Absortiva como formado por três dimensões e como a capacidade de uma organização em
reconhecer o valor de novas informações e conhecimentos, assimilá-los e aplicá-los
internamente, visando a produzir vantagem competitiva sustentável.
Posteriormente, Zahra e George (2002) ampliaram o conceito inicial de Cohen e
Levinthal (1990) definindo-o como um construto composto de quatro dimensões,
caracterizadas como Capacidades Dinâmicas (EISENHARDT e MARTIN, 2000).
Considerada dessa forma, a Capacidade Absortiva passou a ser definida como uma
habilidade organizacional intrinsicamente ligada a processos de identificação e exploração
do conhecimento, os quais são complexos por natureza.
Os estudos sobre Capacidade Absortiva estão orientados, predominantemente, no
sentido de analisar a absorção de conhecimento externo à empresa para criação de
vantagens competitivas sustentáveis e aumento do desempenho organizacional (COHEN e
LEVINTHAL, 1990; VOLBERDA, FOSS e LYLES, 2010). A forma como as empresas
identificam conhecimento útil, adquirem ou absorvem este conhecimento, transformam
este conhecimento para que seja adequado à cultura, à realidade e às necessidades da
organização, e, finalmente, como podem explorar este conhecimento para aumentarem sua
competitividade, valor e como desenvolver vantagens competitivas sobre os concorrentes
com base naquele conhecimento transformado é que de fato tem motivado os
pesquisadores a estudarem os mecanismos cognitivos institucionais na esfera corporativa
(WANG e AHAMED, 2007).
A complexidade inerente aos mecanismos característicos da Capacidade
Absortiva e a subdivisão do construto em dimensões desafiam a compreensão aprofundada
do papel de cada uma destas dimensões para o construto, do processo de conversão e
aplicação do conhecimento adquirido e da posterior transformação deste conhecimento em
vantagens competitivas sustentáveis para a organização (SUN e ANDERSON, 2010).
No Brasil, as pesquisas sobre o construto Capacidade Absortiva avançam de
forma mais lenta que nos países desenvolvidos, principalmente quando observados os
15
estudos através da lente do setor público. Especificamente sobre órgãos componentes da
Administração Pública, a revisão da literatura indica baixa quantidade de artigos
produzidos nos últimos catorze anos de pesquisa. Três artigos apenas foram identificados
envolvendo universidades com o estudo do construto, com o foco dos estudos sobre
Capacidade Absortiva em nível institucional público.
As organizações públicas têm sido crescentemente desafiadas a apresentar
resultados que atendam às necessidades dos usuários, a administrar recursos públicos
escassos de forma eficiente e a promover o desenvolvimento social. Por este motivo, o
setor público tem passado a incorporar instrumentos de aferição e análise das
características e do desempenho organizacionais, provenientes do setor privado, motivado
pela necessidade de profissionalizar sua gestão e aperfeiçoar iniciativas de avaliação de seu
desempenho. Nesse contexto, o construto Capacidade Absortiva pode ser utilizado como
instrumento de mensuração da capacidade institucional em absorver conhecimento externo.
Considerando que a Capacidade Absortiva organizacional tem como base a
Capacidade Absortiva individual de seus membros, sem que isso implique a soma das
capacidades individuais destes membros (COHEN e LEVINTHAL, 1990), que a
Capacidade Absortiva é especialmente importante para instituições com foco em pesquisa
(BURGEL e MURRAY, 2000) e que a Capacidade Absortiva se desenvolve
cumulativamente e é construída sobre conhecimento pré-existente (COHEN e
LEVINTHAL, 1990), o ambiente acadêmico apresenta condições adequadas para
aplicação do construto e mensuração da Capacidade Absortiva institucional.
A Universidade Federal de Alagoas é uma autarquia pública federal de ensino
superior ligada à Administração Indireta do Governo Federal. A presença desta
universidade no território alagoano, por meio de suas atividades de ensino, pesquisa e
extensão, representa importante vetor de desenvolvimento do Estado e, assim, enfrenta
enorme desafio para exercer plenamente sua missão social de produzir, multiplicar e
recriar o saber coletivo em todas as áreas do conhecimento de forma comprometida com a
ética, a justiça social, o desenvolvimento humano e o bem comum. Seu objetivo é tornar-se
referência nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, firmando-se como suporte de
excelência para as demandas da sociedade.
Como instituição envolvida com a criação, multiplicação e reprodução do
conhecimento, a universidade deve ser capaz de mensurar a capacidade que possui em
absorver conhecimento externo aos seus limites institucionais, bem como o conhecimento
16
disseminado internamente aos seus limites pelas unidades administrativas e acadêmicas
que compõem sua estrutura. Tal medida pode ser utilizada como um dos parâmetros de
verificação do desempenho e cumprimento da missão institucional, além de poder servir
como orientador para definição mais clara e objetiva do melhor caminho a seguir em busca
da excelência em suas atividades basilares. A identificação das dimensões constituintes do
construto e a mensuração de cada dimensão e das dimensões em conjunto formando o
construto Capacidade Absortiva permitirão identificar como o conhecimento institucional é
tratado, bem como influenciar o desenvolvimento das atividades da instituição.
A partir da identificação das características específicas da Capacidade Absortiva
na universidade e em aderência a linha de pesquisa do Mestrado Profissional da
Universidade Federal de Alagoas, em sequência aos esforços de aplicação da escala,
análise e mensuração dos dados coletados, segue-se a proposição de eixos estratégico
vinculados ao construto em estudo, os quais podem servir de base para a formulação de
uma política institucional que privilegie o conhecimento institucional, dinamizadora dos
processos e rotinas administrativas e produção de conhecimento institucionais.
Compreender e mensurar os mecanismos de absorção do conhecimento que
operam no ambiente acadêmico da universidade é fundamental para o aprimoramento e
especialização das rotinas, procedimentos e atividades institucionais. A aplicação de uma
escala de mensuração da Capacidade Absortiva na Universidade Federal de Alagoas,
proposta deste Trabalho de Conclusão Final, e a proposição de um conjunto de estratégias
orientadas para aperfeiçoar os mecanismos da Capacidade Absortiva institucional
satisfazem os requisitos de intervenção afirmativa na administração pública, associação
dessa intervenção no domínio das políticas públicas e, finalmente, oferecer sustentação
teórica e empírica para aprimoramento da base de conhecimento institucional da
universidade, além de permitir o aperfeiçoamento dos mecanismos através dos quais a
instituição identifica, assimila, utiliza e dissemina o conhecimento.
1.2. Problematização
A Universidade Federal de Alagoas possui os eixos programáticos de ensino,
pesquisa e extensão, produzindo conhecimento, tecnologias e mão-de-obra especializada.
Para cumprir efetivamente com estes objetivos, e, consequentemente, o desenvolvimento
da sociedade, a universidade utiliza o conhecimento acadêmico-científico de seus
servidores docentes e o conhecimento técnico-administrativo de seus servidores técnico-
17
administrativos para concluir o conjunto de ações necessárias para o cumprimento da
missão institucional. A gestão estratégica de ambos os fluxos de conhecimento é
fundamental para que a missão da universidade seja cumprida efetivamente, de forma que
as atividades acadêmicas possam contar com o devido suporte operacional promovido
pelas atividades administrativas. O conhecimento administrativo é, então, basilar para o
funcionamento institucional, e como ferramenta de efetivação da produção, disseminação e
transferência de conhecimento. Neste contexto, o processo efetivo de elaboração e
consecução de estratégias e políticas de estímulo ao tratamento do conhecimento
administrativo institucional caracteriza-se como questão essencial para o andamento
adequado das ações da UFAL, demandando análises aprofundadas que forneçam subsídios
científicos concretos para ação institucional de aprimoramento acadêmico e administrativo,
e, consequente, desenvolvimento das atividades da instituição.
O conhecimento acadêmico da universidade vem sendo analisado a partir dos
resultados de avaliações acadêmicas internas, da produção científica institucional, da
qualificação dos docentes, da quantidade de alunos graduados e pós-graduados, do exame
nacional de desempenho de estudantes (ENADE) como reflexo da capacidade institucional
em transmitir o conhecimento. Porém, o conhecimento administrativo necessário para
garantir o funcionamento da engrenagem institucional que efetivamente sustenta a
produção e transmissão do conhecimento acadêmico não tem sido alvo de estudos
aprofundados e mensurações que possam ser utilizadas como indicadores de padrões de
desenvolvimento. Atualmente, não são claramente conhecidas as formas como o
conhecimento é absorvido pelos servidores técnico-administrativos da Universidade
Federal de Alagoas, e quanto deste conhecimento circulante é efetivamente absorvido por
estes servidores dentro da instituição, ou seja, desconhece-se o valor da Capacidade
Absortiva dos servidores técnico-administrativos da UFAL.
A ausência de estudos aprofundados sobre a Capacidade Absortiva institucional
dificulta também a formulação de ações direcionadas para o aprimoramento da produção,
aquisição, assimilação, transformação, estruturação, transferência e aplicação do
conhecimento interno e externo. A criação de uma estrutura organizacional adequada e a
formação de recursos humanos qualificados para o devido tratamento do conhecimento são
negativamente impactadas pela ausência de políticas e ações institucionais alinhadas com o
com as ideias de produção e uso intensivo do conhecimento, características e missão da
Universidade Federal de Alagoas.
18
O desenvolvimento de estratégias que aumentem a capacidade da universidade em
absorver conhecimento para promover a adequação dos mecanismos de disseminação das
informações e do conhecimento institucional depende, por um lado, da compreensão do
funcionamento da Capacidade Absortiva dentro da instituição, e, por outro lado, da
mensuração do grau de absorção do conhecimento resultante do funcionamento do
construto. Para tal, é necessário contar com uma escala de mensuração que permita aferir a
capacidade da instituição em absorver conhecimentos, bem como a influência das
dimensões e dos elementos constituintes do construto neste processo de absorção.
Para preencher a lacuna de conhecimento verificada pela carência de estudos
sobre a aplicação do construto Capacidade Absortiva em universidades públicas, esta
pesquisa busca a aplicação de uma escala de mensuração da Capacidade Absortiva em
nível institucional para medir sua intensidade na Universidade Federal de Alagoas,
buscando responder à questão de pesquisa: Qual o nível de Capacidade Absortiva
institucional da Universidade Federal de Alagoas? A resposta à questão de pesquisa
envolverá a identificação e análise das dimensões da Capacidade Absortiva institucional.
A identificação e a mensuração das dimensões do construto e a mensuração das
dimensões em conjunto podem auxiliar na compreensão dos problemas de absorção do
conhecimento nas várias unidades do Campus A. C. Simões. Além disso, a medição da
Capacidade Absortiva institucional fornecerá dados úteis para formação de indicadores
necessários ao acompanhamento constante do desempenho dos servidores técnico-
administrativos em absorver e aplicar conhecimento externo em suas atividades
administrativas. Atualmente, a ausência destes dados impede a formulação de ações mais
efetivas para capacitação dos servidores.
O aprimoramento das rotinas operacionais com servidores mais qualificados,
alinhados com a missão e valores existenciais da universidade, permitirão o uso dos
escassos recursos institucionais de forma mais eficiente, promovendo o desenvolvimento
de ações de renovação de sua base de conhecimentos, influenciando o desempenho e
permitindo a adequação e renovação de processos e capacidades institucionais.
1.3. Objetivos
Diante do exposto e da questão de pesquisa, este estudo tem como principal
objetivo: Aferir o nível da Capacidade Absortiva da Universidade Federal de Alagoas.
Os objetivos específicos do trabalho são:
19
- Analisar as dimensões constituintes do construto Capacidade Absortiva no
ambiente da Universidade Federal de Alagoas, identificando características que retratem as
percepções dos respondentes em relação à dinâmica institucional de absorção de
conhecimento;
- Examinar a adequação do instrumento adaptado de coleta de dados ao contexto
técnico-administrativo da Universidade Federal de Alagoas (instrumento originalmente
elaborado por pesquisadores europeus para aplicação em contexto corporativo);
- Obter o índice atual da Capacidade Absortiva institucional e de suas dimensões;
- Elaborar conjunto de estratégias orientadas pelos componentes da Capacidade
Absortiva que possam vir a dar suporte à definição de premissas para formulação de
política institucional.
20
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Visando fornecer subsídios teóricos para a proposição de estratégias de
aprimoramento dos mecanismos de disseminação e absorção do conhecimento no ambiente
administrativo da Universidade Federal de Alagoas, são apresentados referenciais da
literatura referentes à Capacidade Absortiva, aos Elementos constituintes da Capacidade
Absortiva e a Políticas Públicas e estratégias orientadas para o tratamento do
conhecimento.
2.1. Capacidade Absortiva
Os estudos sobre Capacidade Absortiva começaram a tomar forma definida a
partir dos estudos pioneiros de Cohen e Levinthal (1989; 1990; 1994). Pesquisas anteriores
investigavam as relações entre produção e absorção do conhecimento no ambiente
organizacional. Ellis (1965) buscou entender como ocorria o processo de transferência e
absorção de conhecimento com base na ideia de similaridade de elementos. Em sequência,
Tilton (1971) investigou a difusão internacional de tecnologia com base em um estudo de
caso sobre indústrias de circuitos semicondutores. Allen (1983) percebeu que novas
técnicas de produção eram geradas a partir da absorção de conhecimentos coletivos das
organizações, o que foi denominado pelo autor como ‘invenção coletiva’, de forma que
quando organizações inventam coletivamente, elas disponibilizam os resultados de novos
planos e processos de produção.
Interessados em estudar a relação entre inovação, aprendizado e Pesquisa e
Desenvolvimento dentro das organizações, Cohen e Levinthal (1989) defendiam que o
aumento de investimentos em pesquisa e no seu desenvolvimento conduziria ao aumento
de aprendizado e inovação organizacional. Em 1990, esses autores aprofundaram os
estudos sobre assimilação de conhecimento por parte dos colaboradores de uma
organização; porém não apenas a absorção de informação, mas também a habilidade de
explorar a informação absorvida através de sua incorporação ao conjunto de
conhecimentos organizacionais. Segundo os autores, a Capacidade Absortiva da
organização seria um componente decisivo para o processo de inovação em sentido global.
A Capacidade Absortiva é, segundo os autores (1990, p. 140), “a capacidade de uma
organização em reconhecer o valor de novas informações e conhecimentos, assimilá-los e
aplicá-los para fins comerciais”, visando a gerar vantagem competitiva sustentável capaz
de imprimir resultados organizacionais positivos em termos de inovação e competitividade.
21
Os autores consideraram que a inovação é gerada por meio do processo de
aprendizado da organização (dependente da trajetória), que a habilidade de absorver o
conhecimento desenvolve-se a partir de um conjunto de conhecimentos anteriores e que a
capacidade de avaliar e utilizar o conhecimento externo é, em grande parte, função do nível
de conhecimento prévio. No nível mais elementar, este conhecimento prévio inclui
habilidades básicas ou até mesmo uma linguagem comum, mas pode também incluir o
conhecimento dos mais recentes desenvolvimentos científicos ou tecnológicos de uma
determinada área. Cohen e Levinthal (1990) sugerem que organizações com níveis mais
elevados de Capacidade Absortiva tendem a ser mais proativas e capazes de explorar as
oportunidades presentes no ambiente. A Figura 1 apresenta o construto com três dimensões
idealizado por Cohen e Levinthal (1990).
Figura 1 - Modelo de Capacidade Absortiva inicial.
Fonte: Cohen e Levinthal (1990).
Com base no trabalho de Cohen e Levinthal (1990), Zahra e George (2002)
passaram a relacionar a Capacidade Absortiva ao conjunto de capacidades dinâmicas das
organizações, as quais, segundo Eisenhardt e Martin (2000) consistem em habilidades
referentes à adaptação e reconfiguração organizacional e destinam-se a provocar mudanças
(TEECE, PISANO e SHEUN, 1997). Essas capacidades conjugadas formam a base sobre a
qual a organização poderá erigir vantagens competitivas sustentáveis e alcançar
superioridade em termos de desempenho (ZAHRA e GEORGE, 2002). Partindo da visão
inicial das formulações de Cohen e Levinthal (1990), Zahra e George (2002) ampliaram a
composição previamente definida para Capacidade Absortiva. Estes autores acrescentaram
um quarto pilar ao construto original de Cohen e Levinthal de três pilares, criando um
construto com quatro dimensiões, composto pelas capacidades dinâmicas Aquisição,
Assimilação, Transformação e Exploração. Zahra e George (2002) definem a Capacidade
Absortiva como sendo uma capacidade dinâmica e não apenas capacidade operacional
(WANG e AHMED, 2007); adotam uma perspectiva mais processual sobre o construto e
22
subdividem seus quatro elementos dimensionais em dois subconjuntos: Capacidade
Absortiva Potencial e Realizada (JANSEN, VAN DEN BOSCH e VOLBERDA, 2005). A
Capacidade Absortiva Potencial (FOSFURI e TRIBO, 2008) – que contém a Aquisição e a
Assimilação - é definida por Zahra e George (2002) como aquela que “torna a organização
receptiva para adquirir e assimilar conhecimento externo” (ZAHRA e GEORGE, 2002,
p.190). A Capacidade Absortiva Realizada é definida como função da Transformação e
Exploração e “reflete a capacidade da organização em capitalizar o conhecimento que foi
absorvido” (ZAHRA e GEORGE, 2002, p.190). O modelo proposto pelos autores com
quatro dimensões distintas é mostrado na Figura 2 (ZAHRA e GEORGE, 2002, p.192).
Figura 2 - Modelo de Capacidade Absortiva Potencial e Realizada.
Fonte: Zahra e George (2002).
Com a ampliação das dimensões do modelo de Cohen e Levinthal (1990), Zahra e
George (2002) objetivaram aperfeiçoar o mecanismo segundo o qual a informação pode ser
identificada como relevante e de valor e como será transformada para ser explorada em
benefício da organização. Zahra e George (2002) consideram que a dimensão Aquisição
representa a capacidade de identificar e adquirir conhecimento externo crítico às
organizações. A dimensão Assimilação comporta rotinas e processos que permitem o
aproveitamento das informações obtidas das fontes externas. Transformação é a dimensão
em que ocorre o desenvolvimento e refinamento das rotinas para facilitar a combinação
do conhecimento novo com aquele pré-existente. A dimensão Exploração ou Aplicação é
responsável por refinar, estender e nivelar as competências existentes ou criar novas
competências, incorporando o conhecimento novo e convertendo-o em práticas
operacionais. Zahra e George (2002) não apenas modificaram o número de dimensões do
modelo, mas reconfiguraram o conceito para o de capacidade dinâmica, segundo o qual
23
não predomina a questão de um nível de conhecimento, mas de um conjunto de atividades
e rotinas que combinadas entre si produzem a Capacidade Absortiva e, por conseguinte, o
desempenho organizacional.
Considerando as peculiaridades das capacidades dinâmicas, Eisenhardt e Martin
(2000) definem que elas levam as organizações a evoluírem por um caminho definido por
mecanismos de aprendizado, tais como codificação, rotinização de processos estratégicos;
e dependem extensivamente do conhecimento organizacional para produzirem resultados
sustentáveis. Segundo Eisenhardt (1989), a própria tomada de decisão estratégica é uma
capacidade dinâmica através da qual gerentes agrupam seus conhecimentos negociais,
funcionais e pessoais para fazerem as escolhas que definirão suas principais ações
estratégicas (EISENHARDT, 1989; FREDRICKSON, 1984; JUDGE e MILLER, 1991).
Cohen e Levinthal (1990) desenvolveram o construto com três dimensões; Zahra e
George (2002), com quatro dimensões. Na passagem do modelo inicial para o quadri-
dimensional, o construto interno Reconhecimento de Valor deixa de figurar como a
habilidade da organização em reconhecer o valor das novas informações e passa a incluir a
função Aquisição. Porém, essa função Aquisição segundo o trabalho seminal, faz parte da
segunda dimensão interna de Capacidade Absortiva, o que descaracteriza o arcabouço
inicial desenvolvido. Uma provável razão dessa reconfiguração é caracterizar o construto
como pertencente à teoria de capacidades dinâmicas da organização e não como
habilidade, e assim o acúmulo de conhecimento poder variar de acordo com as condições
ambientais (HURTADO-AYALA e GONZALEZ-CAMPO, 2015). Dessa forma, a atenção
recairá sobre processos e rotinas de trabalho, e não apenas sobre indivíduos e suas
capacidades. Aquisição e Assimilação ocorrem, pelo modelo de Zahra e George, no
subconjunto Potencial do construto, anteriormente à ocorrência dos mecanismos de
integração social. Daí a diluição da atenção dada a indivíduos e suas capacidades nesta
reconfiguração. Porém, para a subclasse Realizada da CA, ende ocorre o desenvolvimento
e o refinamento de processos que permitem a combinação do conhecimento novo com
aquele pré-existente (transformação) e o refinamento e nivelamento das competências
existentes ou criação de novas competências fundamentais à incorporação do
conhecimento novo adaptado como práticas operacionais, os recursos humanos tornam-se
centrais, tanto pela necessidade de efetivação dos mecanismos de integração social para o
compartilhamento do conhecimento novo a ser explorado, quanto pela necessidade dos
indivíduos em operacionalizar as novas competências e as novas rotinas criadas.
24
Nesse contexto, bem mais recentemente, Meirelles e Camargo (2014)
identificaram quais os elementos componentes e como as organizações desenvolvem
capacidades dinâmicas, para então proporem a integração dos conceitos de capacidade
dinâmica através da proposição de um modelo integrativo, estabelecendo uma classificação
a partir de duas visões distintas: a primeira visão foi definida como um conjunto de
comportamentos, habilidades e capacidades organizacionais que, quando combinadas,
criam capacidades dinâmicas na organização e a segunda visão definiu que capacidades
dinâmicas são processos e rotinas que as organizações devem usar para poderem se adaptar
e manterem vantagens competitivas.
Todorova e Durisin propuseram em 2007 uma revisão teórica que objetivava
unificar os modelos desenvolvidos por Cohen e Levinthal em 1990 e Zahra e George em
2002. A Figura 3 apresenta a materialização da ideia de Todorova e Durisin (2007) com
elementos dos dois outros construtos propostos previamente para Capacidade Absortiva,
demonstrando um resgate dos estudos seminais ao reposicionar o Reconhecimento do
Valor como dimensão do modelo. Todorova e Durisin reconfiguraram as duas vertentes em
um único modelo propondo não a fusão das duas vertentes em apenas uma, mas buscaram
oferecer um modelo que fosse mais robusto, comparativamente aos modelos anteriores em
termos de análise de fatores que possam explicar a vantagem competitiva sob os aspectos
resultantes de flexibilidade, inovação e desempenho organizacionais.
Figura 3 - Modelo de Capacidade Absortiva com a dimensão Reconhecimento do Valor
Fonte: Todorova e Durisin (2007)
O modelo Todorova e Durisin (2007) permite identificar o antecedente mais
importante no processo de absorção do conhecimento e, assim, discorrer sobre as
atividades no nível individual, coletivo ou processual que permitam aumentar a capacidade
de reconhecer valor diante das possibilidades. Considerando que a informação de valor
pode se apresentar e não ser reconhecida pelos indivíduos, a competência de
25
Reconhecimento do Valor pretende identificar as maneiras e procedimentos que deverão
levar os indivíduos a se capacitarem para que, sistematicamente, possam atentar às
informações que sejam relevantes ao contexto de suas atividades, quer esta informação
esteja no ambiente externo ou interno, conforme definido por Cohen e Levinthal (1989).
Todorova e Durisin (2007) parecem ter identificado a importância deste fato e
propuseram o resgate do Reconhecimento do Valor no nível do indivíduo, embora
mantenham as demais quatro dimensões como dimensões processuais necessárias à
absorção do conhecimento. Também defensores desse resgate de Reconhecimento do
Valor, constam as proposições de Lane, Koka e Pathak (2006). Para esses autores, com
base nos estudos seminais, a Capacidade Absortiva ocorre por meio de três processos
sequenciais: reconhecer e compreender potencialmente novos conhecimentos valiosos fora
da empresa através de aprendizagem exploratória; assimilar de forma valiosa os novos
conhecimentos através dos elementos transformadores de aprendizagem; e aplicar o
conhecimento para criar novos resultados de conhecimento e também de valor. Entretanto,
esses autores não chegam a compor uma terceira vertente teórica, de forma que as
pesquisas mais recentes sobre Capacidade Absortiva, conforme apresentado por Filenga
(2015), concentram-se no modelo quadridimensional definido por Zahra e George em
2002, modelo que será utilizado como suporte teórico desta pesquisa.
Além do reconhecimento do valor, Makhija e Ganesh (1997) observaram que
mecanismos de controle eficientes impactam diretamente na aquisição, interpretação e
disseminação do conhecimento, enquanto mecanismos de controle ineficientes podem
distorcer e suprimir a transferência do conhecimento principalmente nos processos de
terceirização e de joint venture. Tsai (2001) argumenta que o nível de interação entre as
unidades de uma organização é determinante para a disseminação do conhecimento
organizacional. Chen (2004) compartilha das ideias de Cohen e Levinthal (1989, 1990),
Makhija e Ganesh (1997) e Tsai (2001), para quem as empresas com um alto nível de
Capacidade Absortiva são mais susceptíveis a apresentarem melhor compreensão e
aproveitamento dos novos conhecimentos gerados externamente.
Portanto, o desenvolvimento persistente da capacidade organizacional de absorver
conhecimentos é uma condição necessária para a exploração bem sucedida de
conhecimentos externos. Pesquisadores e profissionais vêm continuamente percebendo que
vantagens competitivas não dependem apenas do conhecimento interno de uma
organização; a absorção do conhecimento externo exerce influência determinante neste
26
processo (GEBAUER, WORCH e TRUFFER, 2012). Dez anos antes, Fleury (2002) já
havia avaliado que o conhecimento deveria ser considerado como um recurso cujo
gerenciamento necessitaria aprimoramento constante para melhorar o desempenho
organizacional. A organização precisa, assim, descobrir as formas pelas quais o processo
de absorção do conhecimento pode ser estimulado e deve passar a investigar como o
conhecimento organizacional pode ser administrado (para atender às necessidades
estratégicas), disseminado e aplicado por todos como uma ferramenta para a melhoria do
desempenho da organização.
Ampliando a discussão sobre o construto, Vega-Jurado et al. (2008) consideram
que a Capacidade Absortiva é determinada tanto pelas atividades de pesquisa e
desenvolvimento, como por um conjunto de fatores internos que compõem três categorias
básicas:
Conhecimento Organizacional: conjunto de habilidades, conhecimentos e
experiências que uma instituição possui, sendo determinado pela sua base de
conhecimento prévio, pela experiência acumulada na busca por novos
conhecimentos, pelas habilidades individuais de seus colaboradores e por suas
atividades de pesquisa e desenvolvimento;
Formalização: proporção em que os procedimentos, regras e instruções regulam os
processos internos das organizações, ou seja, reflete o grau em que os
comportamentos são programados por regras formais explícitas;
Mecanismos de Integração Social: ações que reduzem as barreiras para troca de
informações dentro de uma firma, encorajando a interação entre os trabalhadores e
facilitando a absorção de conhecimento.
Os autores entendem que a aplicabilidade do conhecimento externo relevante deve
compreender o papel dos atributos do conhecimento e refere-se ao grau em que o
conhecimento externo é adequado às necessidades específicas da organização, e que
estaria relacionado com o que Cohen e Levinthal (1989) denominaram de "facilidade de
aprendizagem". Os autores contribuem com a literatura apresentando dois conceitos de
capacidade de absorção: a Capacidade Absortiva Científica (refere-se à capacidade de
absorver conhecimentos provenientes das universidades, institutos tecnológicos e eventos
científicos) e a Capacidade Absortiva Industrial (capacidade de assimilar e explorar o
conhecimento proveniente de parceiros industriais, como clientes, concorrentes,
fornecedores, entre outros). Porém, segundo Rosa e Ruffoni (2014), a conceituação
proposta por Vega-Jurado et al. (2008) enfrenta problemas do seu referencial de captação,
27
visto que tanto a fonte do conhecimento quanto a forma em que este conhecimento é
aplicado são determinantes na caracterização do conhecimento absorvido.
Em releitura conceitual teórica, Jiménez-Barrionuevo et al. (2011) contribuem
para o estudo da Capacidade Absortiva tomando como base as definições de Zahra e
George (2002) para definirem as quatro dimensões do construto da seguinte forma:
capacidade de aquisição: localizar, identificar, avaliar e adquirir conhecimento
externo que é importante para o desenvolvimento de suas operações (LANE e
LUBATKIN, 1998; ZAHRA e GEORGE, 2002);
capacidade de assimilação: analisar, classificar, processar, interpretar e, finalmente,
internalizar e compreender o conhecimento externo (COHEN e LEVINTHAL,
1990; SZULANSKI, 1996);
capacidade de transformação: facilitar a transferência e combinação de
conhecimento prévio com o conhecimento recém-adquirido ou assimilado; consiste
em adicionar, eliminar, interpretar e combinar os conhecimentos novos com ou aos
pré-existentes (JANSEN et al., 2005; TODOROVA e DURISIN, 2007); e
capacidade de exploração: incorporar o conhecimento adquirido, assimilado e
transformado às operações e rotinas para aplicação e uso; esta capacidade vai originar
a criação ou melhoria de novos produtos, sistemas, processos, formas de organização
e competências (LANE et al., 2001; ZAHRA e GEORGE, 2002).
Considerando as contribuições dos pesquisadores analisados para definição de
cada dimensão, o conceito da Capacidade Absortiva tomou forma mais abrangente,
significando, segundo Jiménez-Barrionuevo et al. (2011, p.192), “a capacidade relativa da
organização para desenvolver um conjunto de rotinas organizacionais e processos
estratégicos através do qual se adquire, assimila, transforma e explora os conhecimentos
adquiridos externamente a fim de se criar valor”. Os autores relativizam o conceito inicial
de Cohen e Levinthal ao não associarem a Capacidade Absortiva apenas ao valor
financeiro, mas à criação de valor para a organização.
A relatividade verificada por Jiménez-Barrionuevo et al. (2011) também foi
identificada por outros autores, destacando a complexidade do construto Capacidade
Absortiva, bem como dos processos cognitivos humanos. Sun e Anderson (2010)
examinaram e definiram a relação fundamental de articulação entre Capacidade Absortiva
e o aprendizado resultante da absorção. Os autores demonstraram que as dimensões
definidas por Zahra e George (2002) são geradas por processos sociais e psicológicos
influenciados por fatores internos das organizações, os quais são determinantes dos
processos de aprendizagem organizacional, onde a aquisição é criada pelos processos
28
psicossociológicos de intuição e interpretação; a assimilação é criada pelo processo
psicossociológico de interpretação; a transformação é criada pelo processo
psicossociológico de integração e a exploração é criada pelo processo de
institucionalização. Assim, conseguiram explicar que estas capacidades combinadas levam
a mudança estratégica e que cada dimensão da Capacidade Absortiva é uma capacidade de
aprendizado gerada por processos de aprendizado psicossociológicos que compõem os
sistemas, processos e rotinas da organização.
Gonzalez e Martins (2011) estudaram a relação entre a forma como o
conhecimento é assimilado pela organização e a prática sustentada da melhoria contínua, e
concluíram que as organizações precisam implantar programas e ferramentas sustentáveis
para resolução de problemas e que os processos de aprendizagem contínua devem
estimular o desenvolvimento de competências e mecanismos de armazenagem e
disseminação do conhecimento, uma vez que a melhoria contínua complementa o processo
de aprendizagem, sustentado pela criação de um contexto social que estimule o
desenvolvimento de competências pelos indivíduos e a Capacidade Absortiva
organizacional. Corroborando com esta visão, McCann e Folta (2008) salientam que,
embora existam outros elementos que podem levar a diferentes desempenhos inovativos,
tais como características de gestão, tamanho e idade da firma, entre outros, a Capacidade
Absortiva pode ser um direcionador importante para entender as diferenças de
aproveitamento assimétrico do conhecimento, bem como sua aplicação em inovações.
Nieto e Quevedo (2005) concordam que as empresas possuem diferentes capacidades de
inovar, justamente porque a capacidade de absorver conhecimento é diferenciada.
A relatividade na capacidade de absorção do conhecimento das instituições é
influenciada por vários fatores, e Takahashi e Fischer (2009) verificaram tal fato ao
analisarem os processos de aprendizagem organizacional, por meio da investigação da
apropriação do conhecimento e das mudanças nos recursos organizacionais, e sua
interrelação com o desenvolvimento de novas competências em instituições de ensino
superior. Os autores conseguiram estabelecer que a incorporação dos conhecimentos na
rotina organizacional define um processo de institucionalização de tais conhecimentos, os
quais passaram a fazer parte da memória e das estratégias de atuação da instituição, além
de criarem competências que mantêm a inovação e a competitividade sustentável.
Conforme concluíram os autores no estudo múltiplo de casos, a profundidade das
mudanças ocorridas nas instituições analisadas, bem como os conhecimentos por elas
29
apropriados resultaram em uma nova forma de gestão dos recursos organizacionais, os
quais passaram a ser adquiridos, articulados e combinados de maneira a constituírem uma
nova competência organizacional (PRAHALAD e HAMEL, 1990; MILLS et al., 2002). A
profundidade das mudanças ocorridas e a institucionalização dos conhecimentos
adquiridos envolveram aspectos culturais, cognitivos e comportamentais, marcando a
história, os hábitos e as experiências das instituições estudadas. Tal dinâmica permite
afirmar que houve aprendizagem e esta ocorreu no nível organizacional. Sobre esse
respeito, Volberda, Foss e Lyles (2010) já haviam destacado que as raízes da Capacidade
Absortiva poderiam ser encontradas na literatura da aprendizagem organizacional,
associação feita por Cohen e Levinthal já em 1990.
O estudo de Takahashi e Fischer (2009) permitiu a verificação de que ao
responder a eventos — mudanças na legislação e no ensino superior —, as instituições
analisadas mantiveram, potencializaram e adquiriram competências, como resultado da
aprendizagem coletiva, devidamente institucionalizada. Essas competências puderam ser
diferenciadas como essenciais, organizacionais, de suporte e distintiva. Do ponto de
vista prático, o estudo permitiu evidenciar que é necessário buscar conhecimentos
críticos e articular recursos para desenvolver as competências necessárias, as quais, por
sua vez, podem ser construídas a partir de competências já existentes.
Quanto à operacionalização do construto e obtenção de um valor para seu
indicador de mensuração, Versiani et al. (2010) destacam que mesmo havendo um número
considerável de estudos empíricos realizados sobre Capacidade Absortiva, uma medida
válida que incorpore suas várias dimensões não havia sido validada até então. Os autores
concluíram que a dificuldade na definição de métricas ocorre como resultado de um não
consenso a respeito das dimensões que compõem o conceito. Jiménez-Barrionuevo,
Garcia-Morales e Molina (2011) destacam que a natureza intangível do construto torna
difícil sua conceituação, complicando ainda mais a definição das dimensões que o
conformam. Some-se a isso a complexidade multidimensional (ZAHRA e GEORGE,
2002) e transdisciplinar (VAN den BOSCH et al. 2003) do construto e torna-se possível
compreender a dificuldade para se operacionalizá-lo (LANE et al., 2006; WANG e
AHMED, 2007; FLATTEN, GREVE e BRETTEL, 2011).
Baseados na reconceituação quadri-dimensional da Capacidade Absortiva
realizada por Zahra e George (2002), Flatten et al. (2011) operacionalizaram a Capacidade
Absortiva como uma escala reflexiva multidimensional de segunda ordem
30
(FLATTEN,GREVE e BRETTEL, 2011), a fim de analisar o grau de correlação entre as
dimensões componentes do construto, bem como identificar características latentes em
cada dimensão aplicada. Assim, Flatten et al. (2011) conseguiram validar a escala de
mensuração proposta considerando a Capacidade Absortiva como um recurso dinâmico e
abordando suas múltiplas dimensões, reforçando a ideia de que a complexidade
multidimensional do construto dificulta a elaboração de métricas baseadas no uso de
proxies definidos para sua mensuração (FLATTEN et al. 2011). Engelman, Fracasso e
Schmidt (2014) propuseram com sucesso a validação no Brasil da escala de Flatten et al.
(2011) com indústrias gaúchas de intensidades tecnológicas e portes variados.
Desde a validação da escala desenvolvida por Flatten et al. (2011), vários outros
estudos a utilizaram para análise do construto Capacidade Absortiva, em nível
internacional e mesmo no Brasil. Como exemplos de uso internacional, foram identificados
os trabalhos de Radmanesh et al. (2017) no Iran, Ortega et al. (2017) na Espanha, Ionescu e
Ionescu (2017) na Romênia, Shafique e Beh (2016) no Paquistão, Flatten, Greeve e Bettel
(2011) reutilizaram a escala em empresas de pequeno porte na Alemanha, além de Thomas
e Wood (2014) na Inglaterra. No Brasil, alguns estudos fizeram aplicação integral ou
parcial da escala, entre eles, Engelman et al. (2017), Koerich, Cancellier e Tezza (2015),
Cassol, Gonçalo e Ruas (2016) e Silva et al. (2016), o qual inovaram ao estudar a
Capacidade Absortiva individual de alunos da Pós-graduação em Administração.
No cenário da administração pública, o desenvolvimento de políticas públicas
específicas referentes à produção, absorção, transferência e armazenamento do
conhecimento – ou seja, sua administração como ativo de valor institucional - demanda a
criação de indicadores capazes de representar a mensuração do conhecimento institucional,
pois cobra-se qualidade dos serviços governamentais prestados, realizados sob a pressão de
recursos públicos controlados e escassos, conduzidos sob forte expectativa da sociedade
por resultados. A pesquisa sobre Capacidade Absortiva no cenário nacional não vem se
mostrando consistente e frutífera no Brasil, obscurecendo o cenário de desenvolvimento
institucional e inovação em serviços. A revisão da literatura realizada por Santos e Finger
(2014) para apresentação em evento de administração nacional (EnANPAD, 2014)
identificou apenas dezenove artigos científicos (cujas revistas responsáveis eram
qualificadas com critério Qualis CAPES tipo A2) publicados no Brasil entre 2004 e 2014.
Além do aumento de produtividade, demanda-se flexibilidade, criatividade e
melhoria de desempenho, de modo que os órgãos públicos contemplem as necessidades e
31
interesses dos cidadãos. Para atenderem às demandas da sociedade, as instituições públicas
precisam se aperfeiçoar constantemente, a fim de acompanharem as transformações
inerentes à evolução da história, e é recorrendo ao conhecimento estruturado e confiável
produzido e disseminado tanto por organizações públicas quanto privadas que se pode
alicerçar o caminho deste aperfeiçoamento. A atualização da revisão efetuada por Santos e
Finger (2014) ampliada para o intervalo de 2002 a 2014 identificou apenas quatro artigos
cuja aplicação do construto se deu em instituições públicas. Deste pequeno total, apenas o
artigo de Dias e Porto (2014) tem foco em uma universidade pública e sugere a formulação
de políticas públicas específicas de estímulo à transferência de conhecimento.
O estudo da Capacidade Absortiva em instituições públicas pode ajudar a
compreender em quais áreas tais instituições devem investir para que a engrenagem do
conhecimento gire de forma a promover ambientes mais ativos e dinâmicos na estrutura
administrativa e funcional burocrática do Estado. A forma como o conhecimento é
absorvido e apreendido pelas instituições é considerada pela literatura como uma
importante ferramenta para consolidação da trajetória de desenvolvimento (BATISTA et
al., 2005). Os modelos de gestão com cunho gerencial introduzem na dinâmica da
administração burocrática algumas características fundamentais do cenário empresarial,
tais como orientação para o cliente e um estilo participativo de gestão, que prevaleça sobre
a visão orientada para controles e a cobrança de resultados.
O paradigma gerencial na administração pública parte do reconhecimento de que
os Estados formulem e implementem políticas públicas estratégicas para suas respectivas
sociedades, tanto na área social quanto na científica e tecnológica. E, para isso, é
necessário que o Estado utilize práticas gerenciais modernas, sem perder de vista sua
função eminentemente pública. Na visão de Fresneda e Gonçalves (2007), implantar ações
estratégicas de disseminação e assimilação do conhecimento no setor público compreende
implementar um conjunto de processos, mediados pela tecnologia, que podem modificar as
interações, em uma escala maior, entre os cidadãos. Para os autores a utilização de táticas
gerenciais nos processos e rotinas de absorção do conhecimento no setor público é uma
estratégia promissora para desenvolvimento de um novo caminho para o melhor
desempenho e melhor relacionamento interno e externo das organizações desse setor.
2.2. Elementos constituintes da Capacidade Absortiva
32
Os estudos sobre a CA permitem a identificação de características comuns para
sua operacionalização: conhecimento anterior, interação humana, estrutura de comunicação
organizacional, relação com o ambiente externo, entre outras. A literatura especializada,
classificou estes itens em quatro elementos principais que compõem o construto e Oliveira
e Balestrin (2015) esquematizaram a divisão da seguinte forma: base de conhecimento da
organização, recursos humanos, estrutura organizacional e relações interorganizacionais.
2.2.1. A base de conhecimento
Para Cohen e Levinthal (1990), a habilidade de avaliar e utilizar o conhecimento
externo é amplamente uma função do nível de conhecimento prévio relacionado. Segundo
os autores, “[...] o conhecimento prévio confere uma habilidade de reconhecer o valor de
uma nova informação, assimilá-la e aplicá-la [...]” (Cohen e Levinthal, 1990, p. 128). Para
os autores, quanto maior for a base de conhecimento de uma organização maior sua
capacidade de compreender novo conhecimento e sua aplicabilidade, ou seja, é eficiente
em absorver conhecimento.
Segundo Barbosa et al. (2009) a memória organizacional é desenvolvida para
armazenar e permitir a recuperação de informação da instituição, como informações
relacionadas às experiências de sucesso e as falhas ocorridas nos processos. Para o autor, a
disseminação do conhecimento e a construção da memória institucional são aperfeiçoadas
pelos sistemas de informação e suas bases de conhecimento, as quais permitem acesso à
informação por parte dos membros da organização. Bancos de dados centralizados onde o
conhecimento é codificado e armazenado e disponibilizado para os funcionários são
eficientes para disseminação do conhecimento estruturado da organização.
De acordo com Terra (2004), os investimentos na infraestrutura tecnológica são
importantes para o dinamismo do conhecimento organizacional em três aspectos:
armazenamento de conteúdo de referência, elaboração de mapas conceituais de
competências internas e externas e disponibilização sob demanda do conhecimento. O
compartilhamento do conhecimento promove o fluxo da informação institucional, gerando
valor para a instituição em forma de capital intelectual, auxiliando seus membros a se
desenvolverem e a atingirem os objetivos institucionais.
As pesquisas têm demonstrado que a base de conhecimento de uma organização
permite a absorção de novo conhecimento, sendo gerada predominantemente pelas
atividades ligadas à pesquisa científica e ao desenvolvimento de inovações no interior da
33
empresa, ou através de esquemas de terceirização da Pesquisa, Desenvolvimento e
Inovação (PD&I) (BIN et al., 2015). Murovec e Prodan (2009) salientam, inclusive, que a
competência de PD&I tem sido reconhecida como sendo essencial para a Capacidade
Absortiva na maior parte dos estudos sobre o tema. Outros autores, como Zahra & George
(2002), também enfatizam a importância do conhecimento acumulado pela organização
para o desenvolvimento da Capacidade Absortiva, o qual teria como origem tanto a
trajetória da empresa, consubstanciado em sua experiência, quanto as fontes externas a ela.
Daghfous (2004) cita a base de conhecimento de uma organização como elemento
central da Capacidade Absortiva, argumentando que quanto mais desenvolvida estiver
essa base mais facilmente o novo conhecimento será incorporado. Além disso, destaca-se
também o papel desempenhado pelo investimento em PD&I que, de acordo com Veugelers
(1998), as informações e habilidades geradas por tais esforços contribuem para a base de
conhecimento da organização, fazendo com que ela se torne preparada para se beneficiar
dos chamados spillovers1 da atividade de inovação tecnológica.
O desenvolvimento de atividades internas de PD&I também é um indicador
associado à base de conhecimento que uma organização detém (VEGA-JURADO et al.,
2008) e influencia positivamente o grau de desenvolvimento da sua Capacidade Absortiva
(MUROVEC e PRODAN, 2009), principalmente daquela que se destina à aquisição de
conhecimento científico (SCHMIDT, 2010). Nesse sentido, Freeman e Soete (1997) notam
que para assimilar qualquer tecnologia sofisticada e operá-la com eficiência é necessário
ter uma capacitação em P&D, ainda que adaptativa.
O oposto também foi verificado em estudo conduzido por Lin, Chang and Tsai
(2016) que exploraram a relação entre a perda de conhecimento organizacional e a
diminuição da Capacidade Absortiva, fornecendo evidência empírica sobre os impactos do
recrudescimento da base de conhecimento organizacional sobre a absorção do
conhecimento, bem com a queda do desempenho.
2.2.2. Recursos humanos
Cohen e Levinthal (1990) sustentam que a Capacidade Absortiva coletiva
depende, em grande parte, das Capacidades Absortivas individuais. Um estudo realizado
por Deeds, Decarolis e Coombs, (1999) constatou que os cientistas e pesquisadores que
1 Spillovers são excedentes de produção ou de conhecimento
2 Knowledge gatekeepers (ou porteiros) são pessoas dentro de uma organização que controlam a triagem,
34
trabalhavam em universidades e em organizações governamentais possuíam conhecimento
relevante para a indústria de biotecnologia e as empresas bem sucedidas eram aquelas
cujos cientistas mantinham contato com tais especialistas para se aconselharem e obterem
ajuda no desenvolvimento de produtos-chave. Os funcionários das empresas de sucesso
eram mais propensos a trocar informações com seus colegas de outras empresas.
Lane, Koka e Pathak (2006) consideram que é preciso compreender o processo da
Capacidade Absortiva no qual o cerne são as pessoas, pois o que gera vantagem
competitiva e/ou melhores resultados é a maneira como os membros da organização
aprendem, combinam e aplicam o conhecimento. Essa conexão entre a Capacidade
Absortiva da organização e a das pessoas que a compõem remete, inevitavelmente, ao
nível de qualificação dos funcionários. A partir daí, vários autores passaram a considerar
a elevada influência desse elemento sobre a Capacidade Absortiva (VINDING, 2006;
VEGA-JURADO et al., 2008). Pesquisa do IBGE (IBGE, 2000) apurou que 22% das
empresas inovadoras apontaram o treinamento como a segunda mais importante atividade
na promoção da absorção do conhecimento e da inovação.
Para Vinding (2006), por exemplo, o próprio conhecimento da empresa pode ser
equiparado ao nível de capacitação formal de seus funcionários, o qual, por sua vez, terá
como indicador o percentual de empregados com algum grau acadêmico. Nessa abordagem
da Capacidade Absortiva voltada ao capital humano, o autor também inclui as práticas de
gestão de recursos humanos, as quais seriam responsáveis por viabilizar a integração dos
conhecimentos individuais na organização. Um ponto importante destacado por Fleury e
Fleury (2006) é a transferência de conhecimento de indivíduos para grupos e destes para
toda a organização. De acordo com os autores, o caminho do aprendizado envolve a
combinação, interpretação e integração do conhecimento individual no sentido de
formação de um sistema de conhecimento coletivo.
Para Daghfous (2004), empregados com elevado grau de formação em uma área
particular são normalmente mais aptos a adquirir novo conhecimento, o que torna,
portanto, o número suficiente de especialistas, cientistas e engenheiros um elemento
importante da Capacidade Absortiva da organização. Vega-Jurado et al. (2008) igualmente
situam o nível de qualificação da força de trabalho como um fator precípuo na
determinação da Capacidade Absortiva. Para os autores “[...] empresas cujos funcionários
são altamente qualificados e capacitados terão níveis mais elevados de Capacidade
Absortiva [...]” (VEGA-JURADO et al., 2008, p. 396). Barbosa et al. (2009) ressaltam que
35
é fundamental para o processo de absorção do conhecimento que os membros da
organização consigam ter compreensão total do conhecimento recebido, o que é facilitado
pelo grau de competências e linguagem organizacional comum entre os funcionários.
Parte significativa dos estudos existentes sobre Capacidade Absortiva examina a
importância do grau de educação formal dos empregados, mas negligencia a importância
dos investimentos em capacitações efetuadas pela própria empresa, as quais costumam
estar mais direcionados para suas necessidades específicas (MUROVEC e PRODAN,
2009). Nesse sentido, além da educação tradicional (cursos de graduação, especialização,
mestrado e doutorado) dos funcionários, as capacitações internas e externas, oferecidas
diretamente pela empresa, também influenciam a capacidade por meio da qual a
organização absorverá conhecimento do seu entorno. Essa possibilidade é, inclusive,
sugerida por Cohen e Levinthal (1990, p. 129), os quais afirmam que as “[...] empresas
também investem diretamente em Capacidade Absortiva quando enviam pessoal para
capacitações técnicas avançadas”.
A contratação de cientistas e estudantes com vistas a incrementar a Capacidade
Absortiva é outra estratégia mencionada por Lim (2009). Esse autor defende juntamente
com Zahra e George (2002), porém, que o tipo de profissional contratado deve ser
compatível com o conhecimento a ser adquirido pela organização. Assim, devem ser
admitidos pesquisadores de áreas mais fundamentais para o caso em que o conhecimento a
ser absorvido seja do tipo mais básico ou, de campos mais aplicados, se o objetivo for
adquirir uma tecnologia já desenvolvida (LIM, 2009).
Mu, Tang e Maclachlan (2010) lembram, porém, que a complexidade e
especificidade do conhecimento podem complicar o processo de absorção do
conhecimento. É fundamental a competência para absorver o conhecimento externo novo
por parte dos membros da organização, bem como uma capacidade adequada para
disseminar este novo conhecimento. Nesse sentido, Zahra e George (2002) e Todorova e
Durisin (2007) consideram que a exploração do conhecimento requer o compartilhamento
do conhecimento relevante entre os membros da organização, a fim de se promover sua
compreensão. A integração social pode facilitar o processo de compartilhamento do
conhecimento, e pode ser informal (redes sociais) ou formal (através de meios
institucionais formais).
Schreiber et al. (2011) compartilham das visões acima afirmando que a
transferência de conhecimento parte do detentor do conhecimento para aquele que adquire
36
este conhecimento e depende das habilidades e interesses em promover tal transferência. O
interesse, segundo os autores, depende em parte da percepção sobre o valor do
conhecimento, visto que a disponibilidade crescente de conhecimento não significa que
mais conhecimento esteja sendo transferido, pois um dos elementos chave da transferência
do conhecimento é a percepção, por parte das pessoas que receberão o conhecimento, de
utilidade, adequação e aplicabilidade do novo conhecimento nos processos já existentes.
A visão de Bruhn e Calegario (2014) de que os recursos humanos são propulsores
de produtividade e eficiência organizacionais, posicionam tal componente no topo da lista
de fatores dinamizadores da CA. Os autores ressaltam o papel de investimentos em
educação para o desenvolvimento de competências individuais, argumentando que o
treinamento constante de empregados é fator determinante para o desenvolvimento
organizacional por gerar um quadro de recursos humanos altamente qualificado e eficiente.
2.2.3. Estrutura organizacional
A estrutura organizacional é outro elemento citado na literatura sobre capacidade
absortiva. O artigo de Cohen e Levinthal (1990), apesar de não tratar explicitamente desse
fator como um requisito para essa capacidade, situa sua relevância no processo de
amplificação da CA do nível individual para o organizacional. Um elemento crucial nessa
dinâmica, de acordo com Cohen e Levinthal (1990), é a estrutura de comunicação
vigente na empresa, a qual estabelece a conexão tanto entre a empresa e seu meio externo
quanto entre suas unidades constituintes. Schreiber et al. (2011) identificam a estrutura
organizacional como um dos elementos centrais para melhorar a CA de uma instituição.
Para Barbosa et al. (2009) e Grant (1996) uma característica fundamental dentro
da estrutura organizacional é a capacidade de promover a disseminação do novo
conhecimento adquirido, assimilado e estruturado internamente. Nesse sentido, os
knowledge gatekeepers2 e boundary-spanners
3, em razão de sua capacidade de
averiguação, tradução e distribuição de conhecimento vindo de fora, exercem um papel
fundamental.
Embora o conhecimento seja uma fonte potencial de desenvolvimento, a mera
posse de ativos de conhecimento não significa que todos os setores de uma organização
2 Knowledge gatekeepers (ou porteiros) são pessoas dentro de uma organização que controlam a triagem,
análise, atualização, o fluxo e a disseminação de informações e do conhecimento organizacional. 3 Boundary-spanners são profissionais conectores de redes cuja função é interligar as redes internas de uma
organização com fontes externas de informação.
37
estejam necessariamente se beneficiando daquele conhecimento. Assim, Szulanski (1996)
e Tang, Mu e MacLachlan (2008) defendem a necessidade de que a organização dissemine
este conhecimento por todas as suas unidades de funções, faça-o circular, a fim de
maximizar seu valor. A compreensão completa do processo de transferência de
conhecimento deve, segundo Mu, Tang e Maclachlan (2010), levar em conta as
capacidades disseminativas dos proprietários do conhecimento e as capacidades de
absorção dos recipientes do conhecimento, simultaneamente.
Nessa perspectiva, a estrutura organizacional tende a afetar a Capacidade
Absortiva principalmente durante o processo de disseminação do conhecimento captado,
quando ocorre sua difusão por todas as partes da organização (DAGHFOUS, 2004).
Entretanto, o grau de formalização, ou seja, a extensão na qual os procedimentos, as regras
e as instruções guiam os processos da organização, também constitui a estrutura
organizacional (VEGA-JURADO et al., 2008). Além disso, uma estrutura mais horizontal,
que permite e incentiva a socialização de conhecimento (DAGHFOUS, 2004) e uma
cultura mais tolerante a mudanças, que favorece a entrada de conhecimento externo
(MUROVEC e PRODAN, 2009), são consideradas igualmente relevantes nesse contexto.
A estrutura interna de uma organização, na visão conjunta de Sveiby (2001) e
Barbosa et al. (2009), é formada pelos membros componentes da instituição e seus
sistemas de comunicação e informação, e sua função primordial é prover suporte para a
consecução das atividades dos profissionais da instituição. Com essa visão, os autores
resumem a estrutura organizacional como o sistema de interligação que conecta a base de
conhecimento organizacional com a instituição, permitindo o fluxo de conhecimento
estruturado armazenado: a faceta principal deste processo é a materialização do
compartilhamento do conhecimento e conversão deste conhecimento em desempenho
eficiente das atividades institucionais. Bruhn e Calegario (2014) concluem que quanto mais
dinâmica for a estrutura tecnológica de uma organização – e quanto mais intensamente for
utilizada - maior será sua perspectiva de desenvolvimento no longo prazo.
Minbaeva et al. (2003) afirmam que a intensidade do processo de Capacidade
Absortiva pode ser amplificada ou diminuída pelos processos de comunicação e por
ferramentas e práticas de gestão do conhecimento selecionadas pela gerência, que
permitem o desenvolvimento de competências. Assim, a Capacidade Absortiva também
está intimamente relacionada com a estrutura e cultura organizacional, mecanismos de
comunicação institucional, relações de poder, bem como a estratégia da organização.
38
Além da estrutura de comunicação, o fortalecimento da estrutura funcional das
organizações é fundamental para o fluxo do conhecimento e para sua disseminação,
conforme apontam Dias e Porto (2014) em estudo revelador sobre a Agência de Inovação
da USP. Os pesquisadores perceberam que a debilidade estrutural do setor, conjuntamente
com a ausência de estratégias definidas para lidar com os processos de licenciamento e
patenteamento de produtos e a inexistência de regulamentações referentes a criação de
empresas incubadas e similares influem decisivamente para deficiência na difusão do
conhecimento produzido pela instituição. Parte dos problemas relaciona-se com a
estrutura organizacional deficitária, bem como com a falta de suporte das instâncias
superiores da universidade, concluíram os autores.
2.2.4. Relações interorganizacionais
É inegável a importância de relações organizacionais para as organizações, para
governos e órgãos do governo (SILVA, DACORSO, COSTA e DI SERIO, 2016). O
processo de globalização das economias e estruturação geopolítica vem definindo a forma
como corporações e governos devem manter relações institucionais e estratégicas para sua
existência e sobrevivência. Cada vez mais as organizações públicas e privadas veem-se
inseridas nas redes mundiais com uma maior variedade de interligações internacionais ou
interculturais (MOTTA, 2014). Segundo Rossetto e Salvador (2003), um fator
organizacional que parece ser modelado diretamente pelas pressões ambientais é o
relacionamento interorganizacional. Merece destaque também, no contexto o fato de as
organizações serem compostas de múltiplas redes por meio das quais transmitem fluxo de
bens e serviços, influências e informações. As relações interorganizacionais,
interinstitucionais e intergovernamentais são realidade no mundo moderno globalizado.
No mundo da complexidade e da interdependência, nenhuma organização ou
mesmo um país pode enfrentar sozinho os problemas e desafios contemporâneos
(GULRAJANI e MOLONEY, 2012). As interligações em redes sugerem propostas de
absorção de novos conhecimentos e a revitalização da capacidade com uma maior
variedade de interligações internacionais ou interculturais das responsabilidades
administrativas, bem como as relações das empresas e do governo com a sociedade
(FARAZMAND, 2009; ABONYI e VAN SLYKE, 2010; JREISAT, 2011). Ao responder
aos desafios da mundialização, as instituições públicas, as grandes empresas e as entidades
39
não governamentais inserem-se aos poucos em um novo contexto de múltiplos contatos
interorganizacionais. Buscam novas e mais avançadas práticas gerenciais.
A fim de construir ou melhorar sua Capacidade Absortiva, a empresa precisa
estabelecer vínculos com outras organizações para, assim, expandir sua base de
conhecimento e também enriquecer a qualificação e a experiência de seus colaboradores.
O papel de knowledge gatekeepers e boundary-spanners torna-se fundamental nesse
cenário. Como resultado, as Capacidades Absortivas individuais são alavancadas no todo e
a Capacidade Absortiva da organização é ampliada (COHEN e LEVINTHAL, 1990).
Zahra e George (2002) também consideram as relações interorganizacionais um elemento
importante da Capacidade Absortiva, pelo fato de ser uma potencial fonte de
conhecimento para a empresa (BALESTRIN et al., 2008). De acordo com Segatto-Mendes
e Mendes (2006) estas relações podem ter vários graus de formalização e padronização,
frequência de transações, relevância de cada participante e um grau diferente de simetria de
informação e de transações.
Zahra e George (2002) sustentam que a abrangência e a profundidade da
exposição ao conhecimento influencia a propensão de uma organização em explorar o
conhecimento novo e relacionado. Para eles, a diversidade de fontes a partir das quais
uma organização adquire novo conhecimento influencia significantemente as capacidades
de aquisição e assimilação de sua Capacidade Absortiva.
Na visão de Maculan (2005) as interações entre organizações são estratégicas
porque os conhecimentos necessários para o desenvolvimento podem ser gerados em
outras organizações com as quais torna-se fundamental estabelecer canais de comunicação
em busca de fontes permanentes de informações. As organizações precisam incorporar, nas
suas estratégias competitivas, a criação de canais pelos quais transitam fluxos de
conhecimentos indispensáveis para sua inserção na sociedade moderna, conclui a autora.
Na mesma linha, Daghfous (2004) afirma que a intensidade dos relacionamentos com as
demais organizações, tais como instituições acadêmicas, empresas de suporte técnico e
consultorias, são capazes de incrementar a Capacidade Absortiva da organização.
Murovec e Prodan (2009) avaliam a cooperação entre organizações como um dos
elementos da Capacidade Absortiva. Essa cooperação igualmente abrange parcerias com
atores de diversos tipos, como empresas, fornecedores, clientes, competidores, consultores,
laboratórios de PD&I, universidades e governo, entre outros. O estudo sobre os fluxos de
conhecimento na indústria de semicondutores, realizado por Lim (2009), aponta a
40
importância dos vínculos externos para o desenvolvimento dessa capacidade
organizacional. Esses vínculos podem ser estabelecidos com a comunidade de cientistas ou
com empresas detentoras de tecnologia já desenvolvida.
No nível de análise da rede, é menos obvio quem são os atores e seus papéis. A
abordagem deve ser direcionada para uma compreensão ampliada de interdependência e
inserção, o que promove uma sensação de pertencimento e uma nova percepção de
compatibilidade de objetivos (HUEMER, BECERRA e LUNNAN, 2004). Toma
importância, nesse contexto, instituições concentradoras (hub firms) ou orquestradoras
(orchestrators), as quais têm papel fundamental na avaliação do conhecimento da rede,
pois devem identificar e capturar o conhecimento externo relevante, bem como o
recrutamento e ativação dos membros da rede (TU et al., 2006). Por orquestração de rede,
Möller et al. (2005) referem-se à capacidade de um agente influenciar a evolução de uma
rede por completo. Para Dhanaraj e Parkhe (2006), trata-se do conjunto de ações
deliberadas, realizadas pela organização concentradora que se destinam a criar e extrair
valor da rede. Os autores complementam dizendo que em redes frouxamente acopladas, as
organizações concentradoras orquestram os processos de gestão da mobilidade do
conhecimento e estabilidade da rede (PARKHE, WASSERMAN e RALSTON, 2006).
No setor público, estruturas de rede são constituídas por colaboração ativa e
estruturada de organizações públicas, privadas e sem fins lucrativos e/ou individuais,
destinadas a alcançar um objetivo (ou objetivos) estabelecido(s) (MANDELL, 1999) e
subordinadas a algum tipo de regulamentação. Na gestão intergovernamental a rede é vista
como um modelo de atuação no processo de gestão de políticas, através de estruturas
interdependentes que envolvem múltiplas organizações (O’TOOLE, 1997).
2.3. Política Pública, Capacidade Absortiva e política orientada para o
desenvolvimento do conhecimento institucional
A política pública enquanto área de conhecimento e disciplina acadêmica surgiu
nos EUA com ênfase nos estudos sobre a ação dos governos, enquanto que na Europa a
área surge como um desdobramento dos trabalhos fundamentados em teorias explicativas
sobre o papel do Estado (SOUZA, 2006). No Brasil, onde estudos se iniciaram há pouco
tempo, a ênfase esteve ora na análise das estruturas e instituições, ora nos processos de
negociação de políticas setoriais (FREY, 2000).
41
Um conceito único que defina políticas públicas ainda não foi completamente
elaborado (SOUZA, 2003). Para Höfling (2001) as políticas públicas podem ser entendidas
como as ações do Estado direcionadas a setores específicos da sociedade, realizadas
através dos programas do governo. Souza (2006) conceitua Políticas Públicas como o
campo do conhecimento que busca colocar o governo em ação ao mesmo tempo que as
analisa e propõe mudanças quando necessário. Secchi (2013) segue a mesma linha ao
defini-la como uma diretriz formulada para enfrentar um problema público. Drumond,
Silveira e Silva (2014) a definem como sendo o meio de os diversos interesses existentes
na sociedade serem negociados.
Frey (2000) definiu o ciclo de políticas públicas como a subdivisão do agir
público em fases parciais do processo político-administrativo de resolução de problemas.
Para Souza (2006) este ciclo se compunha dos seguintes estágios: definição de agenda
(agenda setting), identificação de alternativas, avaliação das opções, seleção das opções,
implementação e avaliação. Secchi (2013) utiliza divisão semelhante, separando as fases
em identificação do problema, formação da agenda, formulação de alternativas, tomada de
decisão, implementação, avaliação e extinção da política pública.
A fase de identificação do problema corresponde ao momento em que se percebe
uma variação entre o status quo e a situação ideal (SECCHI, 2013). Nesta etapa, a questão
central é identificar os problemas mais indicados para os campos de ação das políticas
(FREY, 2000). Drumond, Silveira e Silva (2014) destacam que os problemas identificados
precisam se incorporar a agenda do governo para que possam se tornar alvos das ações e
atenção governamental. Para Viana (1996) a agenda é definida como o espaço de
composição da lista de problemas que despertam a atenção do governo e dos cidadãos.
Na fase de formulação de programas e decisão, Frey (2000) registra a necessidade
de escolher a alternativa de ação mais apropriada entre as várias disponíveis. Secchi (2013)
afirma que a formulação de alternativas ocorre através de análises formais ou informais das
implicações do problema e dos custos e benefícios das alternativas disponíveis.
Quanto à implementação, Rua (1997) definiu como sendo o conjunto de ações
realizadas por entes públicos e privados, baseada nos objetivos propostos, que garantam
que determinada política saia do papel e funcione de forma efetiva.
Após a implementação é fundamental que haja um processo que avalie o que foi
desenvolvido. A avaliação de efetividade ilustraria o exame de uma dada política diante
dos seus resultados e dos impactos causados, sejam eles no sentido de sucesso ou de
42
fracasso, nas condições sociais prévias das populações contempladas pelo programa
(FIGUEIREDO e FIGUEIREDO, 1986; ARRETCHE, 1999).
Como etapa final do ciclo, Secchi (2013) aponta a fase de extinção da política
pública, que corresponde ao momento em que as ações do governo não estão mais voltadas
ao problema gerador da política.
Wiig (1999) destacou a importância do conhecimento na administração pública e
asseverou que a viabilidade de qualquer sociedade depende da qualidade do fornecimento
dos serviços públicos e essa qualidade é influenciada por fatores como estrutura
governamental, responsabilidades, capacidades, informação, especialização do quadro de
servidores e conhecimento disponível. Para Souza (2006), o paradigma da Administração
Pública gerencial impõe a eficiência das instituições públicas, característica que passou a
ser vista como o principal objetivo de qualquer política pública, juntamente com a
importância do fator credibilidade e a delegação das políticas públicas para instituições
com “independência” política. No setor público existem estruturas burocráticas
(ABRUCIO, 1997), fatores políticos e normativos que demandam especial atenção para
que se compreenda de forma abrangente, legítima e contextualizada o posicionamento de
uma política dentro de um arcabouço legal e institucional (LIMA, 2010).
Empresas e órgãos públicos do governo estão construindo plataformas de gestão e
difusão do conhecimento que produzem e que consomem. Órgãos públicos como o
Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica
Federal, o Serviço de Processamento de Dados (SERPRO) e a Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) são exemplos de instituições que estão na vanguarda
desse movimento em busca da construção de um arcabouço teórico e político regulador da
relação entre sociedade e conhecimento (BATISTA, 2012; EMBRAPA, 2014), mesmo
diante da inexistência de uma política nacional de tratamento ou gestão do conhecimento.
Uma política institucional deste caráter deve ser adequada às necessidades e
realidade da universidade, em termos formais, culturais e gerenciais. Lindblom (1995)
apresenta a ideia de que o incrementalismo propõe a elaboração pela comparação entre
políticas da mesma classe. No seu entender, o formulador de políticas as constrói a partir
da incorporação de desenvolvimentos passados, partindo de uma situação existente e
buscando alterá-la incrementalmente. Por esse método, os formuladores apropriam-se de
informações, estudos, indicadores, resultados de análises científicas, entre outros, para
43
direcionar suas opiniões e fortalecer seus posicionamentos ou de seus grupos de interesses
nas arenas de discussão, fundamentando suas decisões (DAGNINO et al., 2002).
Dentre os mecanismos que podem chamar a atenção dos formuladores de políticas
públicas (SOUZA, 2007) destaca-se o uso de indicadores que ilustrem a proporção do fato
abordado politicamente. Utilizada como indicador do nível da capacidade institucional
para absorver e explorar conhecimentos, a Capacidade Absortiva e suas dimensões
constitutivas formam um conjunto importante de premissas e indicadores para embasar o
debate político entre os atores da arena de discussão institucional.
As premissas são as bases conceituais que orientam os gestores na formação das
estruturas necessárias à realização das ações institucionais. As categorias estruturantes
aglutinam características comuns da instituição que exercem influência nos processos de
produção, disseminação, absorção e compartilhamento do conhecimento institucional. Os
componentes constituintes do construto Capacidade Absortiva e a validação da escala de
Flatten et al. (2011) parecem ser elementos adequados para informar o processo de
formulação da política proposta em seu passo número 2, definido por Bardach (1998)
como sendo a obtenção de informação - visto que detalham as facetas em que ocorre o
fenômeno da absorção do conhecimento.
Em relação às categorias estruturantes, devem ser considerados aspectos formais
(legislação, distribuição de cargos, estrutura acadêmica, estrutura espacial), aspectos
culturais (contexto produtivo do conhecimento, contexto capacitante, identificação e
desenvolvimento de habilidades) e aspectos gerenciais (gestão do conhecimento
institucional, técnicas e práticas utilizadas na produção e conversão do conhecimento e
mensuração de resultados e impactos da gestão do conhecimento na instituição) (LIMA,
2010). Envolver a instituição e seus elementos constitutivos é fundamental para que
políticas institucionais reflitam sua identidade e particularidades, inserindo-a na dinâmica
de disputa de poder e recursos inerentes ao poder público.
Estas premissas e categorias estruturantes serão fundamentais na composição da
Agenda preliminar de discussão, sugerida na fase do planejamento institucional, de forma
que seja decidido coletivamente o formato de uma política institucional com caráter
estratégico que dinamize a absorção de conhecimento dentro da instituição e para além de
seus muros, dando-se ao tema a relevância que merece e definindo-se regras, ações e
recursos que garantam sua eficácia e que os objetivos e metas institucionais sejam
alcançados. A tomada de decisões neste nível demanda uma avaliação preliminar sobre
44
custos e benefícios das várias opções disponíveis de ação, assim como uma avaliação das
chances do tema se impor na arena política de debate, gerando um envolvimento
expressivo dos relevantes atores envolvidos (FREY, 2000).
Por ser uma organização cuja missão social é produzir, multiplicar e recriar o
conhecimento técnico-científico para o desenvolvimento da sociedade, coadunado com a
formação de recursos humanos capacitados (CHIARINI e VIEIRA, 2012), a universidade
pública - constituída por um corpo funcional qualificado e componente de uma
Administração Pública orientada no sentido do aprimoramento de seu desempenho -
apresenta características e habilidades institucionais passíveis de mensuração, análise e
melhoria. Rotinas de operacionalização do fluxo de absorção do conhecimento
institucional podem ser desenvolvidas e aperfeiçoadas para promover o compartilhamento
eficiente do conhecimento gerado e absorvido nas relações centralizadas na instituição.
A Universidade Pública, enquanto instituição do governo com propósito de
formar profissionais qualificados, desempenha papel importante no diálogo entre Estado e
sociedade, intermediando a produção e circulação do conhecimento e acompanhando a
dinâmica de evolução da sociedade. Considerando este paradigma de gestão e a
necessidade de políticas institucionais que favoreçam a consolidação e evolução de uma
administração pública dinâmica e eficiente, ressalta-se a necessidade de pesquisas e
instrumentos que avaliem e mensurem a capacidade de absorção do conhecimento no
ambiente acadêmico público.
A mensuração da Capacidade Absortiva da universidade poderá ser o passo inicial
para formalização de uma Agenda de discussão referente ao tratamento adequado que
órgãos públicos devem dar ao conhecimento técnico e científico que circula na Academia.
A proposição de estratégias baseadas em estudos acadêmicos sérios fornece a base teórica
determinante para que discussões institucionais acerca do conhecimento possam ser
direcionadas; as estratégias propostas desempenham, dessa forma, o papel de diretrizes e
premissas para aprimoramento da estrutura funcional e executiva da universidade.
É fundamental a inserção de instituições públicas de grande porte na arena de
discussão política como instrumento de pressão, para que as propostas de elaboração de
uma política não sejam mantidas em suspenso nas arenas mais amplas de debate político,
como ocorre com a proposta de política de Gestão do Conhecimento proposta pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em 2004 e que permanece ausente das
discussões atuais no cenário político (GONÇALVES, 2006; IPEA, 2010a). Esta política
45
institucional particularizada (IPEA, 2010a) apresenta diretrizes gerais fundamentais para
que o conhecimento seja tratado como ativo institucional valioso, e é um documento
legislativo básico importante para orientação das discussões sobre o tema. Por conter
diretrizes fundamentais para o tratamento do conhecimento, esta política institucional,
formalizada como uma portaria interna do IPEA (anexos II e III) é utilizada como guia
referencial para proposição de eixos estratégicos do plano de ação deste estudo.
O próprio conceito de Capacidade Absortiva está disposto de forma indireta na
portaria nº 385/2010 do IPEA, sugerido em seu artigo 3º, inciso XII como uma das
diretrizes da política: Assegurar a absorção, retenção e disseminação do conhecimento
produzido no relacionamento com terceiros. Parece um tanto simplificado e limitativo este
conceito, visto que o conhecimento institucional deve ser abordado independentemente da
origem do relacionamento mantido pela instituição; fundamental é que a informação
absorvida tenha valor, seja estruturada, armazenada e compartilhada interna e
externamente à organização, transformando-se em conhecimento.
O mesmo artigo 3º, que dispõe sobre as diretrizes da política, apresenta outras
diretivas importantes para o aprimoramento do tratamento do conhecimento e da
Capacidade Absortiva institucionais, as quais sugerem associação aos elementos
componentes do construto vistos anteriormente. Os principais incisos que denotam estas
características são mostrados no Quadro 1:
Quadro 1 – Algumas diretrizes do artigo 3º da portaria IPEA nº 385/2010.
Inciso Diretriz
IV Assegurar o alinhamento dos instrumentos e mecanismos de gestão, particularmente os
de gestão de pessoas, aos de gestão do conhecimento institucional.
VII
Promover competências individuais e organizacionais para desenvolvimento de
produtos e serviços, e a valorização da força de trabalho como produtora de
conhecimento.
VIII Promover a cooperação e a colaboração da força de trabalho e equipes no
compartilhamento do conhecimento organizacional.
IX Fomentar a preservação e o armazenamento da informação produzida na instituição, e
promover a valorização e preservação do patrimônio histórico e memória institucional.
X Propor mecanismos de transmissão de conhecimentos visando à continuidade da
execução de atividades e processos finalísticos e de apoio.
XI
Fomentar a participação da força de trabalho em redes sociais para o
compartilhamento de conhecimento entre órgãos de governo e sociedade e a utilização
das ferramentas da Rede Mundial de Computadores para melhoria do desempenho
individual e organizacional e o aprimoramento dos produtos e serviços da instituição.
Fonte: Portaria IPEA nº 385/2010 (IPEA, 2010a).
46
O inciso IV remete à existência de instrumentos e mecanismos institucionais, ou
uma estrutura institucional funcional que permita o reconhecimento do valor de novos
conhecimentos, a aquisição deste novo conhecimento, sua assimilação, transformação e
consequente aplicação do conhecimento nas práticas e processos administrativos, além da
renovação da base de conhecimento pré-existente. Incisos VII e VIII mantêm relação com
os recursos humanos institucionais e reforçam a necessidade do desenvolvimento de
competências, seja para reconhecimento do valor e aquisição do conhecimento, como para
transformar o conhecimento novo em utilizável internamente. Além disso, reforçam a
importância da capacidade de compartilhamento do conhecimento para renovação e
enriquecimento da base de conhecimento organizacional. Os incisos seguintes, IX e X,
estão associados ao componente base de conhecimento, e assim, à existência do
conhecimento prévio para reconhecimento do valor e aquisição de novo conhecimento,
bem como nos processos de assimilação e transformação deste conhecimento. É importante
considerar que a aplicação do conhecimento depende fundamentalmente das outras fases
do processo de absorção do conhecimento, pois a aplicação do conhecimento novo
adquirido, transformado e assimilado é decorrência do funcionamento adequado destas
outras fases do processo de aborção do conhecimento. Finalmente, o inciso XI da lista
apresentada no Quadro 1 remete às redes de relações interorganizacionais da instituição,
canais de identificação e disseminação de novo conhecimento. Aquisição de novo
conhecimento é favorecida através destes canais, e a transformação do conhecimento tende
a se tornar um processo mais natural devido à possibilidade de acompanhamento,
compartilhamento e comparação de experiências de aplicação de novas tecnologias ou
metodologias desenvolvidas e implementadas entre atores das redes de relações.
A proposição de estratégias institucionais para desenvolver mecanismos efetivos
de manipulação deste conhecimento tende a legitimar um conjunto de práticas que podem
vir a fazer parte dos debates sobre uma necessária agenda política de discussão referente ao
tratamento adequado do conhecimento institucional da Universidade Federal de Alagoas.
Os eixos estratégicos propostos seriam guias para elaboração de uma estrutura teórica
primária e uma política institucional norteadora de ações concretas com potencial para
desenvolver a habilidade de instituições públicas de ensino superior em absorver
conhecimentos internos e externos, bem como proporcionar a disseminação mais ativa e
efetiva do conhecimento gerado e absorvido, e a consequente aplicação deste
conhecimento visando ao crescimento institucional e da sociedade como um todo.
47
3. METODOLOGIA
Definir a metodologia seguida na pesquisa e análise dos dados coletados é tarefa
fundamental tanto para que o pesquisador consiga atingir os objetivos propostos com
sucesso (HAIR JR. et al., 2009) quanto é importante para que o estudo possa ser replicado
e os resultados possam vir a ser generalizados. Esta pesquisa é de natureza quantitativa,
caracterizada pela verificação de um fenômeno através da técnica de coleta e análise
estatística de dados primários (CRESWELL, 2009) e classificada como de corte
transversal, pois busca o entendimento de um fenômeno em um determinado período de
tempo e espaço e os dados são coletados apenas uma vez (COLLIS e HUSSEY, 2006;
NACHMIAS, 2007). A delimitação desta pesquisa está esquematizada no Quadro 2:
Quadro 2 – Sumarização da pesquisa.
Componentes Orientações metodológicas
Pressupostos para a
abordagem do
fenômeno
organizacional
Epistemológicos (origem, justificação e fundamentação do
conhecimento): teóricos e empíricos.
Ontológicos (natureza da realidade e existência dos entes):
realidade objetiva com diferentes percepções dos indivíduos.
Delineamento da
pesquisa
Natureza da pesquisa: descritiva.
Abordagem: quantitativa.
Método investigativo: survey.
Técnica de coleta: questionário.
Perspectiva temporal: transversal.
Nível de análise: institucional (UFAL).
Escopo de análise: Campus A. C. Simões.
Universo: servidores efetivos ativos.
População: servidores efetivos ativos técnico-administrativos.
Amostra: 300 servidores técnico-administrativos.
Dados
Tipos de dados: primários e secundários.
Questionários e Portarias 385/2010 e 386/2010 do IPEA.
Coleta de dados: 350 questionários distribuídos, 305 coletados e
300 respondidos adequadamente.
Tratamento dos dados: valores perdidos, valores omissos.
Validade da pesquisa
quantitativa e acurácia
dos dados
Teste de confiabilidade, teste de validade por meio de análise
fatorial exploratória e análise fatorial confirmatória.
Critérios de seleção da
amostra e resultado da
escolha
Definição por acessibilidade, conveniência e por interesse no
conhecimento institucional administrativo.
Critérios: servidor efetivo ativo de unidades administrativas e
unidades acadêmicas.
Escolha: servidores técnico-administrativos.
Resultados
Validade do instrumento de coleta e do modelo teórico.
Índice de mensuração da Capacidade Absortiva da UFAL.
Proposição de quatro eixos estratégicos relacionados aos
componentes da Capacidade Absortiva.
Fonte: Elaborado pelo autor.
48
3.1 Caracterização da pesquisa
A pesquisa tem natureza descritiva transversal (TRIVIÑOS, 1987; GIL, 2007),
pois sua finalidade é descrever o fenômeno da Capacidade Absortiva na UFAL, em um
momento temporal específico, através da aferição da capacidade da instituição em absorver
o conhecimento que circula em seu ambiente institucional. Assim, busca-se descrever o
fenômeno da Capacidade Absortiva institucional em sua realidade (TRIVIÑOS, 1987),
além de se buscar a relação entre as dimensões constituintes da Capacidade Absortiva
(GIL, 1999), expondo as características do modelo na UFAL (VERGARA, 2000). A
descrição do protocolo da pesquisa utiliza métodos de abordagem quantitativa para análise
do construto e mensuração de seu coeficiente.
O objetivo da pesquisa ao operacionalizar a aplicação, no contexto da UFAL, de
uma escala de mensuração da Capacidade Absortiva - originalmente validada na Alemanha
por Flatten et al. (2011) e, posteriormente, no Brasil por Engelman, Fracasso e Schmidt
(2014) - e obter um dimensionamento da habilidade institucional dos servidores técnico-
administrativos em absorver conhecimento, a fim de aferir o coeficiente do construto
localmente - é permitir a compreensão de questões relacionadas a absorção e aplicação de
novos conhecimentos externos e fornecer subsídios empíricos para elaboração de diretrizes
e estratégias institucionais que melhorem esta habilidade.
Os elementos e variáveis que formam a Capacidade Absortiva da escala original
foram identificados por Flatten et al. (2011) através de revisão realizada sobre 269 artigos
publicados entre 1990 e 2007 em periódicos com forte foco em gestão que continham
estudos relacionados à Capacidade Absortiva. Apenas 33 artigos continham itens
pertinentes a pelo menos uma dimensão do construto que poderia ser útil no
desenvolvimento de uma escala efetivamente representativa do modelo teórico.
A escala elaborada pelos autores, inicialmente com cinquenta itens, passou por
três pré-testes com executivos e experts acadêmicos resultando em uma escala contendo
trinta e seis itens. Finalmente, a escala resultante foi submetida a duas etapas de coletas de
dados (surveys) com duas amostras de grandes companhias alemãs. Com os refinamentos
empreendidos, Flatten et al. (2011) conseguiram validar a escala proposta com catorze
itens, oferecendo a gestores uma ferramenta de avaliação das forças e fraquezas
organizacionais referentes à Capacidade Absortiva.
49
Estimulados pelos resultados de Flatten et al. (2011) em suas pesquisas,
Engelman, Fracasso e Schmidt (2014) propuseram a tradução, adaptação e validação da
escala original no contexto de empresas brasileiras. Essa escala foi avaliada por
especialistas e testada em uma amostra de 495 indústrias gaúchas de intensidades
tecnológicas e portes variados. Através do uso da análise fatorial confirmatória sobre os
dados coletados, os autores conseguiram obter a validação da escala adaptada, indicando a
consistência deste instrumento no contexto nacional.
Considerando o contexto empresarial em que ambas as escalas mencionadas
foram aplicadas e validadas, e sendo a UFAL uma autarquia pública, foi preciso adaptar o
vocabulário da esfera empresarial privada - contido na escala original alemã e na versão
brasileira traduzida – para aplicação do questionário, a fim de se garantir máxima
compatibilidade, legitimidade e compreensão do instrumento de coleta pelos componentes
da amostra escolhida para mensuração da Capacidade Absortiva institucional. Algumas
distorções resultantes das diferentes naturezas de atuação do setor público e do setor
privado e de tradução foram identificadas, as quais prejudicaram a inteligibilidade e
aplicabilidade da escala na UFAL, quando submetida inicialmente a nove servidores da
instituição para verificação do entendimento das afirmações contidas no formulário. Os
nove servidores que participaram desta fase da pesquisa identificaram uma série de
palavras e expressões não aplicáveis ao contexto de instituição pública em que a UFAL se
insere, bem como sugeriram a adição de novos termos para complementar conceitos
estruturais e nomenclaturas.
A realização de uma nova tradução sobre a escala original de Flatten et al. (2011)
permitiu a elaboração de um texto mais adequado que aquele produzido a partir da versão
baseada na escala de Engelman, Fracasso e Schmidt (2014). As adaptações efetuadas no
vocabulário permitiram aos servidores da UFAL compreender o conteúdo das afirmações
apresentadas no formulário de resposta.
As alterações efetuadas nos dois questionários abordados buscam garantir que o
instrumento de coleta de dados consiga captar de forma mais fidedigna as percepções dos
respondentes sobre o fenômeno da absorção do conhecimento na UFAL.
Sendo assim, este estudo busca responder a uma questão de pesquisa (COOPER;
SCHINDLER, 2003) descrevendo fenômenos ou características associadas com a
população-alvo e fazendo estimativas das proporções de uma população que tenha estas
características através da descoberta de associações entre as diferentes variáveis analisadas.
50
Estas informações serão contextualizadas na UFAL para que se possa descrever os fatos e
fenômenos peculiares à realidade da instituição em estudo (TRIVIÑOS, 1987). A
contextualização permitirá proporcionar uma nova visão sobre esta realidade já existente
da capacidade absortiva e ainda não estudada.
3.2 Esquematização da pesquisa
Anteriormente à coleta de dados, foi realizada a revisão da literatura com base
primordialmente nos estudos de Cohen e Levinthal (1990), Zahra e George (2002), Flatten
et al. (2011), Engelman, Fracasso e Schmidt (2014), Oliveira e Balestrin (2015) e Hurtado-
Ayala e Gonzalez-Campo (2015) para garantir a sustentação teórica sobre o construto
Capacidade Absortiva em si, suas quatro dimensões constitutivas, sobre os elementos
principais que compõem a Capacidade Absortiva e apresentação das equações e
procedimentos para cálculo do valor da Capacidade Absortiva da UFAL.
Além disso, foi feita pesquisa sobre Políticas Públicas, com base primordialmente
em Souza (2006) e sobre estratégias verificadas em outras instituições públicas para
dinamizar a Capacidade Absortiva, considerando os elementos componentes do construto e
as diretrizes da Política de Gestão do Conhecimento proposta pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada – IPEA (2010a, 2010b).
Os estudos sobre Cohen e Levinthal (1990) e Zahra e George (2002) são básicos e
fundamentais para qualquer pesquisa sobre Capacidade Absortiva, pois se aqueles são os
pioneiros nos estudos sobre o construto, estes desenvolveram o modelo mais amplamente
utilizado até hoje.
Os estudos efetuados sobre os trabalhos de Flatten et al. (2011) e Engelman,
Fracasso e Schmidt (2014) forneceram o instrumento de pesquisa, sua validação e a
metodologia empregada no processo. Oliveira e Balestrin (2015) complementaram a
revisão sobe Capacidade Absortiva com a elaboração do rol ordenado de componentes do
construto.
O estudo de Hurtado-Ayala e Gonzalez-Campo (2015) foi utilizado para orientar
os procedimentos de mensuração do valor da Capacidade Absortiva da UFAL. A revisão
sobre Políticas Públicas teve a finalidade de subsidiar a proposição de quatro estratégias
centrais, interligadas aos componentes da Capacidade Absortiva.
51
Figura 4 - Esquematização da pesquisa
A etapa seguinte da pesquisa envolveu um processo mais operacional de ajustes e
verificação do instrumento de coleta, consumação da coleta de dados e realização dos
testes estatísticos de validade e confiabilidade. Por fim, os resultados encontrados foram
analisados, possibilitando a mensuração da Capacidade Absortiva institucional. Este
VALIDADE E CONFIABILIDADE
ANÁLISE DO MODELO
INSTRUMENTO Verificação, retradução e adequação das afirmações
elaboradas por Flatten et al. (2011) e Engelman et al. 2014 Escopo Amostra
VALIDADE DO INSTRUMENTO Análise fatorial exploratória
CONFIABILIDADE DO INSTRUMENTO Alfa de Cronbach - α
VALIDADE DO MODELO
Análise Fatorial Confirmatória
COLETA DE DADOS
ANÁLISE DOS DADOS, DIAGNÓSTICO E PLANO DE AÇÃO
REVISÃO DA LITERATURA Escalas de Flatten et al. (2011) e Engelman et al. (2014)
Dimensões e Componentes da Capacidade Absortiva
Fonte: Adaptado de MOEHLECKE (2014).
População
Estratégias para melhoria da Capacidade Absortiva da UFAL Mensuração do valor da Capacidade Absortiva da UFAL
Políticas Públicas (Souza, 2006) Fórmula de Hurtado-Ayala e Gonzalez-Campo (2015)
Extração do número de fatores
TRATAMENTO DOS DADOS Dados omissos e atípicos
ESTATÍSTICAS Descritivas e de frequência
DETALHAMENTO ESTATÍSTICO Interpretação das opiniões através das dimensões da CA
52
processo é parte do fluxo de conhecimento entre os principais componentes de uma
pesquisa, segundo Hair Jr. et al. (2005). O desenho da pesquisa é apresentado pela Figura 4
e resume todas as etapas envolvidas no presente estudo.
3.3 Delimitação do estudo: escopo, universo, população e amostra
Como escopo da pesquisa, sua delimitação compreende o Campus A. C. Simões
Maceió da Universidade Federal de Alagoas, excetuando as unidades do Campus do
Sertão, o Centro de Ciências Agrárias (CECA), todas as unidades externas (Espaço
Cultural, Museu de História Natural, Laboratórios Integrados do Mar, Laboratório de
Genética Forense, Usina Ciência e Museu Théo Brandão) e o Hospital Universitário. As
unidades de pesquisa foram as Unidades Administrativas e Unidades Acadêmicas, estas
decompostas em Institutos, Faculdades, Escolas ou Centros. É importante considerar o fato
de que estas unidades possuem portes diferentes e abrigam cursos de áreas diversas, dentro
dos eixos programáticos definidos da universidade. As diferenças peculiares destas
Unidades em termos de área de atuação e dinâmicas internas não foram explicitamente
consideradas como impactantes para os resultados da pesquisa, mas atuam como elementos
que impactam na generalização do construto no contexto institucional.
O universo da pesquisa consiste em todos os servidores efetivos ativos da
instituição que lidem diretamente com a gestão administrativa da instituição. Inserem-se
neste contexto os servidores ligados diretamente às atividades que demandem
conhecimento administrativo especializado (secretarias administrativas, laboratórios e
órgãos administrativos de apoio) e os servidores ligados às atividades de suporte a prática
pedagógica (secretarias de coordenação e pós-graduação).
Quanto à população selecionada para a validação do instrumento, consiste no
conjunto de todos os servidores técnico-administrativos efetivos e ativos do Campus A. C.
Simões, por serem estes os que executam as atividades administrativas institucionais e,
assim, deterem o conhecimento mais homogeneamente mensurável na universidade. Dados
fornecidos pelo Sistema de Informação de Gestão de Recursos Humanos da UFAL
(SIGRH) de agosto de 2016 indicaram 895 servidores técnico-administrativos.
Em relação a amostra da pesquisa, seu principal objetivo de determinação foi
aumentar a precisão de aplicação da pesquisa. Foram considerados para a pesquisa apenas
os servidores ativos lotados em unidades compreendidas pelo escopo e população de
pesquisa, excetuando-se, assim, os servidores terceirizados, os servidores cedidos à UFAL,
53
os servidores visitantes, servidores em trabalho voluntário e similares, e pesquisadores
externos. O tamanho da amostra foi calculado através da fórmula
,
onde: n = Tamanho da amostra que queremos calcular
N = Tamanho do universo (895 servidores técnico-administrativos ativos do
Campus A. C. Simões)
Z = Desvio do valor médio aceitável para alcançar o nível de confiança desejado,
para esses estudo será de 95% -> Z=1,96.
e = Margem de erro máximo admitida no estudo, será de 5%.
p = É a proporção que esperada. A princípio este parâmetro pode confundir, pois a
pesquisa é feita para conhecer esta proporção. Não havendo registro deste valor em
estudos anteriores, utiliza-se, como regra geral, p=50% (COOPER e SCHINDLER,
2008; HAIR JR. et al., 2007).
Para este estudo, tem-se:
n= 895 x 3.8416 x 0,5 x 0,5 / 894 x 0.0025 + 3.8416 x 0,5x 0,5
n = 859,558 / 2,234 + 0,9604
n = 859,558 / 3,1944 = 269.
Assim, arredondando para cima, definiu-se uma amostra contendo 30% do valor
total de técnico-administrativos, ou seja, 300 componentes. Para que o resultado da
mensuração representasse o universo acadêmico dos técnico-administrativos (respeitando o
universo espacial definido acima), de forma mais consistente, todas as unidades com
técnico-administrativos do Campus foram visitadas, com exceção da Assessoria de
Comunicação – ASCOM, por tratar-se de órgão que divulga e consome informação como
realidade prática funcional, podendo criar algum tipo de viés à pesquisa.
3.4 Limitações metodológicas
Esta pesquisa pretende apresentar um estudo sobre a Capacidade Absortiva da
Universidade Federal de Alagoas restrita aos servidores técnico-administrativos ativos do
Campus A. C. Simões, de modo que resulte na mensuração desta habilidade
organizacional, bem como apresentar um conjunto de estratégias para a universidade.
Esta é uma pesquisa quantitativa, o que limita as possibilidades de diagnóstico
organizacional, visto que apenas podem ser elaboradas suposições baseadas na análise
estatística dos dados coletados.
54
A concentração da pesquisa é no tema da Capacidade Absortiva, sem que temas
relativos à Gestão do Conhecimento, Aprendizagem Organizacional, Organizações que
Aprendem, Tipologia do Conhecimento, Capital Intelectual e Teoria Organizacional
tenham sido pesquisados e/ou abordados.
É importante ressaltar, como mais uma limitação, que os resultados esperados
nesta pesquisa não podem ser aplicados diretamente em todos os órgãos públicos ou até
mesmo em todas as instituições públicas de ensino superior do país, pois, na orientação
estratégica, é necessário considerar-se as peculiaridades pertinentes a cada instituição.
Finalmente, inexistindo uma Política Pública de espectro nacional ou mesmo local
ou institucional referente ao tratamento do conhecimento em uma instituição pública de
ensino superior, optou-se por utilizar a Política de Gestão do Conhecimento e Inovação do
Instituto de Pesquisa Econômica Avançada – IPEA - a qual consta dos anexos I e II deste
trabalho – como referencial de apoio em algumas discussões teóricas do estudo.
3.5 Instrumento de coleta de dados
Os dados originários das fontes primárias foram coletados por meio de
questionário assertivo estruturado com base na escala de Flatten et al. (2011) e Engelman,
Fracasso e Schmidt (2014), e submetidos aos servidores técnico-administrativos ativos da
UFAL. O formulário utilizado nesta pesquisa está contido no Apêndice I.
O instrumento é considerado uma técnica estruturada de coleta de dados composto
por um conjunto de frases assertivas que devem ser respondidas ou avaliadas pelo
respondente, indicando seu grau de concordância ou discordância segundo sua percepção
(MALHORTA, 2012).
O instrumento de coleta desta pesquisa é composto de catorze frases, e o Quadro 3
apresenta o total das frases e suas divisões.
Quadro 3 - Divisão de itens do instrumento de coleta
Referencial do item Número de itens
Dimensão Aquisição 03 – frases 01 a 03
Dimensão Assimilação 04 - frases 04 a 07
Dimensão Transformação 04 - frases 08 a 11
Dimensão Exploração 03 - frases 12 a 14
Total de perguntas do questionário 14
Fonte: Elaborado pelo autor
55
Para cada afirmação do questionário era esperada uma opinião do respondente, as
quais deveriam ser informadas com base em escala do tipo Likert, de concordância e de
sete pontos, já utilizada em estudos anteriores sobre a mensuração da Capacidade
Absortiva. A escala de Likert é uma escala de classificação somatória, consistindo em
afirmações que expressem atitudes favoráveis ou desfavoráveis em relação ao objeto de
interesse. Pode-se solicitar ao respondente que concorde ou discorde das afirmações,
atribuindo depois a cada resposta uma classificação numérica para refletir seu grau de
percepção sobre a afirmação, e esses números podem ser somados para mensurar as
opiniões fornecidas (COOPER e SCHINDLER, 2011). Esta escala tem por finalidade
auxiliar a percepção do respondente para uma das respostas possíveis: 1- Discordo
totalmente, 2- Discordo bastante, 3- Discordo pouco, 4- Não concordo nem discordo, 5-
Concordo pouco, 6- Concordo bastante e 7- Concordo totalmente. O valor de sete itens foi
escolhido para reproduzir o mais fielmente possível a pesquisa original de Flatten et al.
(2011). Segundo Vieira e Dalmoro (2008), a utilização de escalas de sete pontos garante
maior precisão às opiniões expressas pelos respondentes e a utilização do ponto neutro é
defendida por ser uma opção que deixa o respondente mais à vontade para expressar sua
opinião.
Para o presente estudo, não foi necessária a tradução do inglês para o português
das 14 perguntas pertencentes às dimensões, pois os autores Engelman, Fracasso e Schmidt
(2014) o fizeram previamente, sendo que utilizaram o instrumento de pesquisa em artigo
científico com o objetivo de validar a escala de Flatten et al. (2011) no Brasil. Engelman,
Fracasso e Schmidt (2014) apresentam em detalhes a tradução através da utilização da
técnica do back-translation naquele artigo.
Entretanto, algumas modificações na tradução foram realizadas para que o texto
fosse interpretado mais adequadamente dentro do contexto em que seria aplicado. As
modificações foram baseadas nas sugestões dadas pelos participantes de um pré-teste de
adequação, executado para avaliar a compreensão final dos respondentes. Os problemas
potenciais de compreensão foram identificados como relativos à adaptação das frases do
inglês para o português e relativos à adaptação do vocabulário corporativo para o de
organizações do setor público. O pré-teste foi executado em dezembro de 2016, e nova
adequação do instrumento foi realizada (MALHORTA, 2012).
Conforme questionário elaborado por Flatten et al. (2011), para cada grupo de
questões referentes a uma das dimensões do construto Capacidade Absortiva havia um
56
texto introdutório para possibilitar ao respondente maior percepção sobre as frases
afirmativas apresentadas. Tais cabeçalhos não tinham como finalidade induzir uma
resposta específica. Nesse ponto é importante relembrar que os respondentes foram
informados que a participação na pesquisa era espontânea, sem identificação e que não
havia uma resposta correta ou específica para cada afirmativa.
Observações gerais sobre o formulário de pesquisa:
- os nomes das dimensões não constaram nos cabeçalhos das frases afirmativas no
formulário submetido aos respondentes da UFAL. Optou-se por não utilizá-los tanto para
diminuir a quantidade de texto evitando o cansaço dos respondentes, quanto para não
direcionar qualquer tipo de pensamento nos mesmos.
- a expressão inglesa to what extent (em que extensão) foi substituída pela palavra
quanto, pois esta soa mais natural que a tradução literal da expressão.
- as palavras company, business e industry foram substituídas pelas palavras
instituição ou UFAL ou unidade ou setor onde mais apropriado.
- o termo gestores foi utilizado para substituir management da escala original,
englobando Diretoras ou Diretores, Coordenadoras ou Coordenadores, Assessoras ou
Assessores, Superintendentes, Pró-Reitoras ou Pró-Reitores, Vice-Reitor ou Vice-Reitora e
Reitora ou Reitor e demais cargos de gestão.
- a palavra employees foi substituída pela expressão servidores, para adequar-se a
terminologia de membros da instituição, bem como para não gerar a ideia de segmentação
entre servidores técnico-administrativos e docentes.
A dimensão Aquisição foi verificada através de três frases afirmativas que se
encontram no Quadro 4.
Quadro 4 – Afirmações da dimensão AQUISIÇÃO
Por favor, indique quanto a UFAL faz uso de fontes externas para obter informação (exemplos: redes
sociais, consultores, seminários, internet, bancos de dados, jornais profissionais, publicações
acadêmicas, pesquisas científicas e de mercado, regimentos, procedimentos, estatutos, protocolos,
convenções e legislações referentes à saúde/segurança/ambiente/métodos).
AQU1 A busca por informações relevantes referentes à UFAL faz parte das atividades cotidianas na
instituição.
AQU2 Os gestores incentivam os servidores a buscarem informação dentro da instituição.
AQU3 Os gestores esperam que os servidores utilizem informações externas à unidade e à
instituição.
Fonte: Elaborado pelo autor
Observações sobre a dimensão Aquisição:
57
- o termo científica foi incorporado ao cabeçalho da dimensão Aquisição para
refletir à realidade institucional de conduzir pesquisas como uma de suas atividades.
- ao invés de técnico-administrativos apenas, optou-se pelo termo servidor para
não condicionar a motivação apenas aos técnicos, ou seja, para não dar a entender que os
técnico-administrativos necessitam ser motivados para buscarem conhecimento ou só
buscam conhecimento quando motivados pelos gestores.
- a expressão utilizem para representar deal foi utilizada com base no estudo de
Engelman, Fracasso e Schmidt (2014).
- os termos unidade e instituição foram escolhidos para substituir industry
(FLATTEN et al., 2011) e outros setores (ENGELMAN, FRACASSO e SCHMIDT,
2014). Aquelas duas palavras foram escolhidas por parecem as opções mais coerentes em
relação às divisões estruturais da UFAL.
- a expressão referentes à UFAL foi utilizada para ampliar a abrangência do tipo
de informação buscada cotidianamente na instituição como uma atividade normal para os
técnico-administrativos a fim de dirimir suas dúvidas em relação às suas atividade
administrativas – tanto informações externas sobre a UFAL como produzidas pela UFAL
são abrangidas na frase.
Para verificar sobre a dimensão Assimilação, quatro frases afirmativas foram
apresentadas aos respondentes, conforme mostrado no Quadro 5.
Quadro 5 - Afirmações da dimensão ASSIMILAÇÃO
Por favor, indique quanto as seguintes afirmativas se adequam à estrutura de comunicação
institucional.
ASS1 Na UFAL as ideias e conceitos são comunicados entre as diversas unidades e nos diversos
segmentos.
ASS2 Os gestores incentivam o apoio e a colaboração entre as unidades da instituição para solução
de problemas.
ASS3
Em nossa instituição há um fluxo rápido de informações entre as unidades, por exemplo, se
uma unidade ou setor obtém informação importante, esta informação é prontamente
comunicada para outras unidades ou setores da universidade.
ASS4 Os gestores promovem reuniões periódicas intersetoriais para compartilhamento de novos
desenvolvimentos, metodologias, problemas, realizações.
Fonte: Elaborado pelo autor
Observações sobre a dimensão Assimilação:
- a expressão nos diversos segmentos foi inserida por sugestão de um dos
servidores participantes do pré-teste de adequação para exprimir a noção de que todos que
estão na UFAL participam do processo de comunicação de ideias e conhecimento.
58
- o questionário de Engelman, Fracasso e Schmidt (2014) excluiu todo o restante
da terceira frase dessa dimensão, a partir de por exemplo. Optou-se por seguir a pesquisa
de Flatten et al. (2011), mantendo-se o restante da frase, adaptando-a onde necessário.
- na quarta frase, a palavra promovem foi utilizada no lugar de demands do
formulário de Flatten et al. (2011). A palavra correspondente em português, demandar,
pareceu soar muito autoritária, preferindo-se seguir a adaptação de Engelman, Fracasso e
Schmidt (2014) neste caso.
- a palavra metodologias foi introduzida na frase número quatro para refletir com
maior abrangência os conteúdos apresentados em reuniões institucionais.
Para a dimensão Transformação foram consideradas quatro frases afirmativas, as
quais estão mencionadas no Quadro 6.
Quadro 6 - Afirmações da dimensão TRANSFORMAÇÃO
Por favor, indique quanto as seguintes afirmativas estão em conformidade com o processamento do
conhecimento institucional.
TRA1 Os servidores conseguem estruturar e utilizar o conhecimento obtido.
TRA2 Os servidores têm o costume de absorver conhecimento novo e de organizá-lo para outras
finalidades e para torná-lo disponível.
TRA3 Os servidores conseguem articular o conhecimento existente com novas ideias.
TRA4 Os servidores são capazes de aplicar conhecimento novo em sua prática de trabalho.
Fonte: Elaborado pelo autor
Observações sobre a dimensão Transformação:
- na primeira frase, a expressão têm habilidade para não foi compreendida com
naturalidade pelos servidores que realizaram o pré-teste. Dessa forma, a adaptação
conseguem foi preferida para que a frase soasse mais naturalmente.
- na segunda frase, optou-se pela adaptação da frase original de Flatten et al.
(2011). A tradução e adaptação realizadas por Engelman, Fracasso e Schmidt (2014) não
foi bem sucedida, pois ela pode sugerir que a preparação do conhecimento é feita
externamente à instituição, e a frase original não tem esse significado. A introdução da
palavra externamente feita por Engelman, Fracasso e Schmidt (2014) foi desnecessária.
- na quarta frase, a remoção da palavra practical por Engelman, Fracasso e
Schmidt (2014) reduziu o impacto da expressão, pois a ideia original pareceu ser a
articulação entre o conhecimento novo adquirido e o trabalho ativo, efetivo, que demanda
habilidades, em que conhecimento pode ser aplicado.
59
Por fim, para que a dimensão Exploração fosse verificada, mais quatro frases
afirmativas foram apresentadas conforme Quadro 7.
Quadro 7 - Afirmações da dimensão EXPLORAÇÃO
Por favor, indique quanto as seguintes afirmativas estão em conformidade com a utilização do novo
conhecimento dentro da instituição. (Obs: pense sobre todos os setores e áreas da UFAL, tais como
Pesquisa e Desenvolvimento, produção (patentes), marketing (assessorias e núcleos), contabilidade,
tecnologia da informação, serviços estruturais).
(EX1) Os gestores apoiam o desenvolvimento de novas tecnologias em geral.
(EX2) Nossa instituição regularmente reavalia as tecnologias utilizadas e as adapta de acordo com
novos conhecimentos.
(EX3) Nossa instituição tem habilidade de trabalhar de forma mais eficiente quando adota novas
tecnologias.
Fonte: Elaborado pelo autor
Observações sobre a dimensão Exploração:
- no cabeçalho desta dimensão, a expressão commercial exploitation foi suprimida
por não se adequar ao contexto de administração pública em que a UFAL está inserida. A
palavra exploração possui conotação de uso excessivo ou abusivo. Boas traduções podem
ser aplicação, uso ou utilização.
- na observação do cabeçalho, a palavra divisions foi substituída por setores e
áreas para que os respondentes pudessem pensar na universidade, ou pelo menos o Campus
A. C. Simões, como um todo formado por diversas partes. Essa divisão facilita a percepção
dos componentes institucionais, como foi apresentado também no cabeçalho - Pesquisa e
Desenvolvimento, produção (patentes), marketing (assessorias e núcleos), contabilidade,
tecnologia da informação, serviços estruturais. Assim, pode-se escapar da confusão
terminológica referente às empresas privadas contidas no formulário original de Flatten et
al. (2011).
- na primeira frase a palavra prototypes foi substituída por novas tecnologias em
geral, por ser uma expressão mais adequada ao contexto de atuação da UFAL, bem como
por compor tecnologias sociais, novas metodologias, processos, procedimentos, além de
produtos ou protótipos físicos.
- na segunda frase, a palavra reconsiders foi substituída por reavalia, mais comum
e compreensível. Reconsiderar pode sugerir arrependimento por uma escolha tecnológica
errada ou considerar novamente algo que já foi discutido ou considerado anteriormente.
Reavaliar parece transmitir a ideia de análise ponderada ou julgamento com base em uma
análise criteriosa de algo que não é ruim, mas pode ser aperfeiçoado.
60
- na terceira frase, preferiu-se a adaptação da frase original de Flatten et al. (2011)
pela força da expressão de forma mais eficiente.
3.6 Coleta de dados
Foram distribuídos trezentos e cinquenta formulários. Deste total, quarenta e cinco
formulários foram perdidos pelos seguintes motivos: servidores que entraram em período
de férias (quinze formulários não devolvidos), servidores que se recusaram a responder o
questionário (cinco formulários não devolvidos), servidores que não responderam em
tempo hábil para encerramento da coleta de dados (coleta de dados encerrada em
03/02/2017 – vinte e cinco formulários não devolvidos).
Os respondentes foram informados sobre a espontaneidade de sua participação na
pesquisa, bem como do requisito de não identificação de suas respostas, segundo as
advertências de Hair Jr. et al. (2005) sobre coerção e privacidade em pesquisa. Os demais
respondentes solicitaram algum tempo para preenchimento das respostas, e assim, os
formulários foram coletados posteriormente.
Do total de trezentos e cinco formulários restantes, trezentos foram validados por
completo. Dos cinco formulários desprezados nessa fase, dois foram identificados como
copiados de outro formulário da mesma unidade acadêmica ou administrativa visitada, e
assim foram eliminados. Os outros três continham mais de uma resposta não preenchida.
A coleta de dados do presente estudo foi realizada através do método survey,
considerado como um método para coleta de dados primários a partir de indivíduos de uma
amostra e com a utilização de um questionário (HAIR JR. et al., 2005). O potencial desse
método está no valor da amostragem estatística empreendida, com medidas consistentes e
na possibilidade de serem obtidas informações não disponíveis em outro local ou na forma
necessária para serem analisadas (FOWLER JR., 2010).
A coleta foi iniciada em 05 de novembro de 2016 e finalizou em 03 de fevereiro
de 2017. Optou-se por entregar e recolher os formulários impressos pessoalmente, tanto
pela conveniência do escopo de pesquisa quanto pelo fato de a modalidade de questionário
eletrônico padecer de problemas de desinteresse ou esquecimento dos respondentes.
3.7 Análise preliminar dos dados
Finalizada a etapa de coleta de dados, efetuou-se a avaliação preliminar dos dados
coletados. Para tal, foi feita a estratificação dos dados por unidade ou setor institucional, a
61
verificação de dados omissos e atípicos e estudos relacionados à distribuição dos dados e
relacionamentos entre as variáveis quanto à normalidade, linearidade e multicolinearidade
dos dados. Seguindo orientação de Hair Jr. et al. (2009), estas etapas são necessárias para
execução das técnicas de tratamento estatístico utilizadas na pesquisa quantitativa.
3.7.1 Dados perdidos e observações atípicas
Do total de trezentos e cinco formulários restantes, trezentos foram validados por
completo. Entre os cinco formulários desprezados nessa fase, dois foram identificados
como cópias integrais de outro formulário do mesmo setor visitado, e os outros três
continham mais de uma resposta não preenchida, sendo impossível a identificação
posterior do respondente.
Dados perdidos, segundo Hair Jr. et al. (2009) ocorrem quando valores válidos
referentes a uma ou mais variáveis não estão disponíveis para serem analisados. Neste
estudo optou-se por adotar como enfoque o caso completo, que é o método que
desconsidera observações que contenham dados perdidos ou omissos. Essa metodologia
também é conhecida como eliminação por listagem (HAIR JR. et al., 2009, p. 50). Como
respondentes, então, foram considerados apenas aqueles que responderam o questionário
completamente.
Quanto aos casos atípicos, para Hair Jr. et al. (2009, p. 77),
observações atípicas são observações com uma combinação única de
características identificáveis como sendo notavelmente diferentes das
outras observações. [...] Considera-se como um valor incomum em uma
variável por ser alto ou baixo, ou uma combinação ímpar de valores ao
longo de diversas variáveis que tornam a observação marginal em relação
às outras.
Segundo Hair Jr. et al. (2009), para a detecção de casos atípicos ou outliers podem
ser empregadas análises sob as perspectivas univariada, bivariada e multivariada, devendo
o pesquisador utilizar tantas quantas forem possíveis para garantir um padrão consistente
nos métodos para uma identificação de alto nível. Para os autores, métodos bivariados são
mais apropriados para análise de relações específicas de variáveis, como o caso de
independente versus dependente.
Para este estudo foi utilizado um método univariado e um método multivariado, o
suficiente para caracterização de possíveis casos atípicos em uma das quatro classes de
62
ocorrência, segundo Hair Jr. et al. (2009): erro de procedimento, evento extraordinário,
observação extraordinária e única em sua combinação.
3.7.2 Normalidade
Um procedimento muito importante para testar a adequação dos dados é o estudo
da normalidade das variáveis. Hair Jr. et al. (2009) definem a normalidade como o grau em
que a distribuição dos dados da amostra corresponde a uma distribuição normal. A
normalidade é uma das suposições fundamentais da análise multivariada e se refere à
forma da distribuição de dados para uma variável métrica individual e sua correspondência
com a distribuição normal como padrão de referência para todos os dados estatísticos. Se a
variação em relação à distribuição é suficientemente grande, todos os testes estatísticos
resultantes serão inválidos, uma vez que a normalidade é exigida no emprego das
estatísticas F e t (HAIR JR. et al., 2009).
A ausência de normalidade na distribuição de uma variável pode indicar a
ausência de variabilidade (a grande maioria das pessoas concorda e/ou discorda de uma
afirmativa de escala Likert). Deve ser observada a ausência de normalidade das variáveis
que serão inseridas em análises inferenciais multivariadas, como a análise fatorial.
3.7.3 Linearidade
A segunda etapa de preparação da análise consiste em avaliar a linearidade, que
indica a suposição de que existem relações lineares entre as variáveis, ou seja, o aumento
de uma unidade em uma das variáveis implica o aumento de k unidades na outra. A análise
da linearidade serve para verificar as propriedades de aditividade e homogeneidade (HAIR
JR. et al., 2009).
Neste estudo foram testadas as relações lineares entre as variáveis de cada
construto a partir da avaliação da correlação existente entre elas. O teste para determinar as
relações lineares foi realizado por meio do Coeficiente de Correlação de Pearson, que varia
de -1 a +1, sendo que quanto mais próximos os resultados destes valores, maior o grau de
associação entre as variáveis, e quanto mais próximo de zero menor a relação, indicando
que não existe correlação entre elas (KLINE, 2010).
3.7.4 Multicolinearidade
A terceira etapa para o tratamento preliminar do dados é a verificação da
multicolinearidade. Ela verifica a extensão pela qual uma variável pode ser explicada por
63
outras na análise, ou seja, é o grau em que qualquer efeito de uma variável pode ser
previsto ou explicado por outras variáveis (KLINE, 2010). A multicolinearidade ocorre
quando mais de duas variáveis independentes têm grande combinação linear e por isto
grande variância compartilhada. (FIELD, 2009). Para esta análise, foram verificados os
valores de Variance Infaction Factor (VIF) e Tolerância, ambos retirados da matriz de
coeficientes. Considera-se o valor máximo de VIF de 10 e de Tolerância mínima de 0,10
(HAIR JR. et al., 2005; HAIR JR. et al., 2009).
3.8 Estatísticas descritivas e de frequência
As estatísticas descritivas e de frequência são utilizadas para se obter inteligência
geral da pesquisa, pois é possível identificar as médias e o desvio-padrão de cada uma das
catorze variáveis selecionadas por Flatten et al. (2011) em seu estudo e aplicadas nesta
pesquisa. Dessa forma, é possível se ter uma visão abrangente das percepções dos
respondentes.
3.9 Confiabilidade do construto
Para testar a confiabilidade do formulário de pesquisa, ou seja, verificar se a
escala proposta consistentemente reflete o construto que se pretende medir, foi utilizado o
índice alpha de Cronbach (α), considerado o mais aceito teste de confiabilidade (FIELD,
2009). O α de Cronbach foi calculado noaplicativo SPSS® 23 AMOS® versão 22, tanto
para o construto como um todo quanto para as dimensões individualizadas.
A análise de confiabilidade foi utilizada para as variáveis dos construtos que
resultaram da Análise Fatorial Exploratória. Field (2009) sinaliza que para o caso de
estudos com vários fatores, o teste deve ser realizado separadamente com as variáveis
pertencentes aos fatores apresentados.
A medida de confiabilidade gerada pelo α de Cronbach varia de 0 a 1, sendo os
valores de 0,6 a 0,7 o limite inferior de aceitabilidade, dependendo do tipo de pesquisa.
(HAIR JR. et al., 2009). Para Kline (1999), os coeficientes de confiabilidade iguais ou
superiores a 0,6 são aceitos em pesquisas na área das Ciências Sociais.
3.10 Análises do modelo
3.10.1 Validade do instrumento de coleta pela Análise Fatorial Exploratória
Para validação do instrumento de coleta, aplicou-se a técnica de Análise Fatorial
Exploratória (AFE) com o objetivo de analisar a estrutura das inter-relações entre as
64
catorze variáveis definidas por Flatten et al. (2009) e, assim, determinar para a atual
pesquisa o grau em que cada variável é explicada para as quatro dimensões, através da
extração de fatores (FIELD, 2009).
Conforme Hair Jr. et al. (2009), a utilização desta técnica é indicada para uma
amostra acima de 100 casos e quando há aproximadamente cinco casos para cada variável,
requisitos atendidos no presente estudo. O método de análise fatorial escolhido foi o de
fatoração pelo eixo principal e o número de fatores foi determinado com base nos
autovalores (eingenvalues) obtidos da análise. Optou-se por considerar somente as
variáveis com cargas maiores que 0,4.
Nesta pesquisa, a Capacidade Absortiva é interpretada como um construto
composto de quatro dimensões, as quais possuem seus próprios indicadores
(MACKENZIE, PODSAKOFF e JARVIS, 2005). Além disso, cada dimensão é diferente,
mas as quatro dimensões se relacionam umas com as outras (LAW et al., 1998). Eliminar
qualquer uma das dimensões poderia alterar o domínio conceitual do construto. Dessa
forma, para os dados desta pesquisa a intenção era que as catorze variáveis –
correspondentes às catorze frases afirmativas do formulário de pesquisa – fossem alocadas
de forma adequada em quatro fatores diferentes, representativos de cada uma das
dimensões do construto, conforme verificado por Flatten et al. (2011).
O método de rotação da matriz foi o de rotação oblíqua Direct Oblimin, utilizando
trinta interações por convergência e o delta igual a 0. O método escolhido é indicado
quando se acredita que os fatores possam estar correlacionados. (FIELD, 2009). Para
análise, foi utilizada a matriz de padrão, considerada a mais comparável à matriz fatorial
em uma rotação oblíqua. A matriz padrão resulta em cargas que representam os fatores a
que cada variável está alocada (HAIR JR. et al., 2009).
Utilizando o software SPSS versão 23.0 para execução da AFE, verificou-se que
nenhuma das catorze variáveis do modelo teórico utilizado foi excluída. O número de
dimensões previstas foi mantido, conforme validação efetuada por Flatten et al. (2011) e
Engelman, Fracasso e Schmidt (2014).
3.10.2 Validade do construto através da Análise Fatorial Confirmatória
A Análise Fatorial Confirmatória (AFC) permite, segundo Hair Jr. et al. (2009),
que o pesquisador verifique a adequação de um modelo teórico aos dados coletados. De
fato, segundo os autores, com a AFC o pesquisador parte de um modelo teórico e usa uma
65
teoria de mensuração para definir, previamente à análise, o número de fatores, além de
quais variáveis carregam sobre os fatores definidos (HAIR JR. et al., 2009).
Sobre as teorias de mensuração, Hair Jr. et al. (2009, p. 590) informam que são
representadas frequentemente através de diagramas visuais, os quais “representam
visualmente os modelos teóricos testados”.
Em relação à validade do construto, intenção deste item, Hair Jr. et al. (2009)
deixam claro que a AFC é uma técnica apropriada para esta função. Segundo os autores, a
validade do construto é “o grau em que um conjunto de itens medidos realmente reflete o
construto latente teórico que aqueles itens devem medir”. É a precisão do construto que é
avaliada com esta técnica.
Os componentes que formam a validade do construto são a validade convergente,
a validade descriminante ou divergente, a validade nomológica e a validade de expressão.
Anderson e Gerbing (1988) sugerem a adição de medidas de unidimensionalidade sobre as
variáveis para validação do construto.
Segundo Hair Jr. et al. (2009), a unidimensionalidade é atingida quando os
indicadores de um construto têm ajuste aceitável em um único fator, o que foi possível
verificar através da Análise Fatorial Exploratória.
A validade convergente indica que os itens indicadores de um construto específico
devem convergir ou compartilhar uma elevada proporção de variância comum, e é
identificada pelo tamanho das cargas fatoriais dos fatores extraídos, pelo índice de
confiabilidade ou pela variância extraída (HAIR JR. et al., 2009).
As cargas fatoriais para o modelo são geradas como resultado da AFC quando as
variáveis carregam em seus fatores respectivos.
A Confiabilidade do Construto ou Confiabilidade Composta (Composite
Reliability - CR) é validada através da verificação da confiabilidade composta de cada
construto, a qual deve estar idealmente acima de 0,7. Segundo Hair Jr. et al. (2009), a regra
para estimativas de confiabilidade é que valores entre 0,6 e 0,7 são aceitáveis desde que os
outros indicadores de validade de construto de um modelo sejam bons.
O cálculo utilizado nesta pesquisa utiliza o valor da Variância Média Extraída
(AVE – Average Variance Extracted) do modelo, o qual deve ser maior que 0,5. Segundo
Hair Jr. et al. (2009) uma variância extraída de 0,5 ou mais é um bom valor, pois sugere
que os itens indicadores de um construto devem compartilhar elevada proporção de
variância comum. Ainda segundo os autores, uma variância extraída menor que 0,5 pode
66
indicar que mais erro permanece nos itens do que variância explicada pela estrutura fatorial
latente imposta sobre a medida. A AVE é complementar à CR, segundo Koufteros (1999).
A validade discriminante ou divergente, segundo Hair Jr. et al. (2009), representa
o grau em que um construto é realmente diferente dos demais, sendo único e capturando
alguns fenômenos que outras medidas não conseguem (MALHOTRA, 2001). Sua forma de
verificação pode ser feita pelo cálculo das variâncias compartilhadas (FORNELL e
LARCKER, 1981) e pelo cálculo da diferença entre os dos construtos (BAGOZZI e
PHILIPS, 1982). Uma abordagem mais robusta (HAIR JR. et al., 2010) determina a
verificação de que a Variância Máxima Compartilhada (MSV – Maximum Shared
Variance) e a Variância Média Compartilhada (ASV – Average Shared Variance) sejam
ambas menores que a AVE do construto e que as estimativas da AVE devem ser maiores
que a estimativa quadrática de correlação (HAIR JR. et al., 2009, p. 592).
Seguindo com os componentes da validade, restam, segundo Hair Jr. et al. (2009),
a validade nomológica e a de expressão. A primeira é testada examinando-se a existência
de sentido nas correlações entre os construtos presentes em uma teoria de mensuração.
Finalmente, a validade de expressão envolve a compreensão clara sobre o conteúdo ou
significado de cada item. Ambos os componentes foram satisfeitos com o processo de
retradução da escala original de Flatten et al. (2011), adaptação de itens da escala de
Engelman, Fracasso e Schmidt (2014) e a adequação final dos itens da escala a partir das
sugestões oferecidas pelos participantes do pré-teste. Também é importante salientar que
conforme assevera Engelman, Fracasso e Schmidt (2014), a validade nomológica foi
garantida, pois foi utilizado construto originalmente testado no contexto de Flatten et al.
(2011), e como foi capaz de medir o que se propõe em outro estudo, deve ser capaz de
medir na presente pesquisa (PETER, 1981), seguindo-se a metodologia correspondente.
Os testes estatísticos de validade para a AFC executada foram realizados com o
uso do software SPSS® versão 23.0 com o plugin AMOS® versão 22.0.
Em relação aos índices para avaliar a adequação do modelo de mensuração, os
mais utilizados são:
- Qui-quadrado sobre Graus de Liberdade (χ²/gl): o qui-quadrado acessa a
magnitude da discrepância entre os dados da amostra e a matriz de covariância ajustada ao
modelo proposto. Quanto menor o qui-quadrado, melhor o ajuste do modelo. Já os graus de
liberdade servem como padrão para indicar se o qui-quadrado é grande ou pequeno,
67
servindo como balizador. Valores inferiores a cinco indicam um melhor ajuste do modelo
(JORESKOG e SORBOM, 1982).
- Root Mean Square Error of Aproximation (RMSEA): é calculado para
representar a diferença entre as matrizes observada e estimada, de acordo com os graus de
liberdade alcançados. Valores inferiores a 0,08 são aceitáveis (HAIR JR. et al., 2009).
- No que se refere ao índices de ajustamento em modelagem de equações
estruturais, as mais utilizadas são: Goodness-of-fit (GFI – grau de ajustamento global,
quanto o modelo proposto está apto a explicar); Adjusted Goodness-of-fit (AGFI - medida
do GFI ajustada pela relação dos graus de liberdade para o modelo proposto aos graus de
liberdade do modelo nulo); Comparative Fit Index (CFI - baseado na comparação do ajuste
de um modelo proposto com o modelo nulo em que todas as variáveis não são
correlacionadas); Normed Fit Index (NFI); Tucker-Lewis Index (TLI - considera a relativa
parcimônia de modelos alternativos). Um valor de 0,90 é tido como critério de corte para
índices de ajustamento (GARVER e MENTZER, 1999; HAIR JR. et al., 2009;
JORESKOG e SORBOM, 1982). Não há um consenso na literatura especializada. Brasil
(2005) argumenta que podem ser considerados como uma adequação satisfatória valores
mais flexíveis referentes aos índices de ajustamento (por exemplo, aceitação de GFI e
AGFI > 0,85) (BRASIL, 2005). Raykov e Marcoulides (2000) salientam que nenhuma
decisão deve ser tomada tendo-se como base um único índice, não importando o quanto
favorável ou desfavorável seja. O que realmente importa é a avaliação geral do ajuste dos
índices.
3.11 Cálculo do indicador de Capacidade Absortiva institucional
Com base no trabalho de Hurtado-Ayala e Gonzalez-Campo (2015), que utilizam
os valores padronizados registrados nas variáveis do construto em conjunto com o total de
fatores obtidos pelo emprego da técnica de AFE, foi possível estimar-se um índice
empírico para a Capacidade Absortiva da Universidade Federal de Alagoas.
Os autores basearam seus estudos na proposição de Sullivan (1994) e
Ramaswamy et al. (1996) para a estruturação de um indicador agregado. Assim, é proposto
um indicador do nível de Capacidade Absortiva que integra todas as variáveis do construto,
avançando para além das mensurações unidimensionais. Este tipo de indicador ratifica o
uso de escala multielementos, permitindo que se recorra a maior variedade de conteúdo
68
teórico para construir um índice. Isso reflete uma prática metodológica mais sólida que usa
a seleção de indicadores validados teoricamente (Ramaswamy et al., 1996).
Este método é realizado depois de se encontrar um coeficiente alfa de Cronbach
suficientemente alto para o construto e após a execução da AFE, que carrega cada variável
em apenas um dos fatores extraídos.
Para cada dimensão, uma razão que varia no intervalo entre 0 e 1 é estimada e
indica a percentagem da presença desta dimensão no construto institucional. Completada
esta apuração, estima-se o indicador total como uma combinação linear, somando-se o
valor obtido por dimensão e estabelecendo-se um intervalo de valores para medir o nível
de Capacidade Absortiva (HURTADO-AYALA e GONZALEZ-CAMPO, 2015).
O método de redimensionamento de Schuschny e Soto (2009) é usado para
padronizar o indicador, transformando os níveis das variáveis e os posicionando dentro do
intervalo de [0,1], estimando a diferença entre os valores mínimo e máximo da variável no
seu conjunto de dados. Este método de padronização de dados permite uma compreensão
mais fácil das diferentes unidades de mensuração e evita a ocorrência de erros de viés nos
dados (HURTADO-AYALA e GONZALEZ-CAMPO, 2015).
Hurtado-Ayala e Gonzalez-Campo (2015) ressaltam que um método de agregação
de variável deve ser utilizado: uma média aritmética ponderada, uma média geométrica
ponderada, entre outros. Seguindo a escolha dos autores, optou-se neste estudo, por se
utilizar um indicador (CA) resultante de uma média aritmética como método de agregação:
CA = AQUISIÇÃO+ASSIMILAÇÃO+TRANSFORMAÇÃO+EXPLORAÇÃO,
onde:
AQUISIÇÃO = mede o grau de aquisição do conhecimento fazendo soma das médias aritméticas
de todas as observações válidas para a dimensão Aquisição;
ASSIMILAÇÃO = mede o grau de assimilação do conhecimento através da soma das médias
aritméticas de todas as observações válidas para a dimensão Assimilação;
TRANSFORMAÇÃO = mede o grau de transformação do conhecimento pela soma das medias
aritméticas de todas as observações válidas para a dimensão Transformação;
EXPLORAÇÃO = mede o grau de exploração ou aplicação do conhecimento fazendo-se a soma
das médias aritméticas de todas as observações válidas para a dimensão Exploração.
69
4. DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL
O diagnóstico organizacional da Universidade Federal de Alagoas foi efetuado
com base na análise dos dados coletados e observações feitas a partir dos resultados
estatísticos obtidos.
4.1. Caracterização da amostra
Foram obtidos trezentos formulários de resposta válidos, eliminados aqueles
verificados como casos omissos e/ou atípicos. Como já fora destacado na seção de
Metodologia deste estudo, de todos os formulários coletados (trezentos e cinco no total),
dois formulários foram identificados como copiados de outros formulários do mesmo setor,
enquanto outros três formulários com mais de uma resposta não preenchida foram
desprezados por não ter sido possível identificar no momento da coleta do formulário
quem havia entregue o formulário com respostas omissas. O Quadro 8 apresenta os
resultados estratificados, enquanto que o Quadro 9 apresenta a estratificação para a
Reitoria da Universidade Federal de Alagoas. É importante ressaltar aqui a grande variação
percebida nas quantidades de formulários obtidos nas diferentes unidades administrativas e
acadêmicas da Universidade Federal de Alagoas. As três principais unidades
administrativas da universidade - Reitoria, Superintendência de Infraestrutura e Biblioteca
Central – concentram cento e quarenta e dois formulários, ou seja, pouco mais que 43%
dos formulários. Estas unidades concentram o maior volume de atividades administrativas,
com destaque para a Reitoria, onde foram obtidos cento e dois questionários. Porém, como
mostra o Quadro 9, mesmo dentro da Reitoria, as diferenças são bastante perceptíveis. É
possível vermos os dois extremos em uma mesma unidade administrativa: o Departamento
de Assuntos Pessoais com um volume de respostas de vinte e três formulários, enquanto a
Assessoria Internacional apresenta apenas dois formulários válidos respondidos. Considere
ainda o fato de que um contingente expressivo de servidores técnico-administrativos do
DAP não ter respondido o formulário, enquanto que no caso da ASI, os dois formulários
representam 50% do contingente de servidores técnico-administrativos do setor.
Outras unidades administrativas menores são menos representativas tanto pela
quantidade de servidores técnico-administrativos quanto pela especialização destes
servidores. A Comissão Permanente de Concursos é um bom exemplo de ambos os casos,
pois parte de seu quadro funcional é formado por trabalhadores terceirizados, enquanto os
servidores técnico-administrativos concentram-se principalmente na área de Tecnologia da
70
Informação. Outro exemplo claro é o Núcleo de Desenvolvimento Infantil, em que há
poucos servidores técnico-administrativos da UFAL, e vários servidores cedidos de órgãos
do Poder Público Municipal.
Quanto às unidades acadêmicas, as discrepâncias são maiores. O tamanho da
unidade acadêmica não é representativo de seu contingente de servidores técnico-
administrativos. Unidades como o Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde e o Centro
de Tecnologia concentram isoladamente menos servidores que unidades menores, como a
Faculdade de Medicina e a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade.
Quadro 8 – Estratificação da amostra no Campus A. C. Simões
Local Qtde. formulários
Reitoria 102
Superintendência de Infraestrutura - SINFRA 24
Biblioteca Central – BC 16
Instituto de Ciências Humanas e Comunicação e Arte - ICHCA 16
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade - FEAC 11
Faculdade de Medicina – FAMED 11
Instituto de Ciência Biológicas e da Saúde - ICBS 11
Centro de Tecnologia CTEC 10
Centro de Educação – CEDU 08
Instituto de Química Básica – IQB 08
Faculdade de Serviço Social - FSSO 07
Instituto de Ciências Atmosféricas - ICAT 07
Comunicação Social – COS 06
Coordenadoria Institucional de Educação a Distância - CIED 06
Faculdade de Direito - FDA 06
Escola de Enfermagem e Farmácia - ESENFAR 05
Faculdade de Letras – FALE 05
Instituto de Matemática – IM 05
Instituto de Computação - IC 05
Comissão Permanente de Concursos – COPEVE 04
Curso de Educação Física - EDF 04
Faculdade de Arquitetura – FAU 04
Instituto de Física – IF 04
Instituto de Psicologia – IP 04
Faculdade de Nutrição – FANUT 03
Faculdade de Odontologia – FOUFAL 03
Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente - IGDEMA 03
Núcleo de Desenvolvimento Infantil - NDI 01
Restaurante Universitário - RU 01
Fonte: Elaborado pelo autor
No antigo Centro de Saúde, que atualmente concentra a Faculdade de Nutrição, a
Escola de Farmácia e Enfermagem e a Faculdade de Odontologia, foram obtidos apenas
onze formulários, enquanto que uma unidade pequena como o Instituto de Química Básica
71
disponibilizou oito formulários. A divisão desigual de servidores por unidade pode
representar um problema para o funcionamento da unidade, visto que atividades
administrativas podem não estar sendo executadas ou sendo executadas precariamente ou
de forma inoportuna. Como ocorre em pelo menos uma unidade acadêmica que abriga um
dos cursos disponibilizados pela universidade, há setores administrativos na Reitoria que
contam com apenas dois servidores para executar atividades que são exclusivas de cada um
destes servidores, o que significa dizer que há setores na Reitoria em que um único
servidor técnico-administrativo é responsável pela execução de atividades que impactam a
vida funcional de muitos outros servidores da UFAL, sejam estes técnico-administrativos
ou docentes.
Quadro 9 – Estratificação da amostra na Reitoria do Campus A. C. Simões
Reitoria
Setor Quantidade
Assessoria Internacional - ASI 02
Controladoria 04
Comissão Permanente do Pessoal Docente - CPPPD e Comissão
Permanente de Pessoal Técnico-Administrativo - CPPPTA 01
Departamento de Assuntos Pessoais - DAP 23
Departamento de Contabilidade e Finanças - DCF 03
Departamento de Registro e Cadastro Acadêmico - DRCA 06
Editora Universitária 01
Gabinete Reitora 02
Gabinete Vice-Reitor 03
Núcleo de Tecnologia da Informação - NTI 08
Procuradoria de Educacional Institucional – PEI 03
Pró-Reitoria Estudantil - PROEST 08
Pró-Reitoria de Extensão - PROEX 02
Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas - PROGEP 14
Pró-Reitoria de Gestão Institucional - PROGINST 11
Pró-Reitoria de Graduação - PROGRAD 04
Pró-Reitoria de Pesquisa - PROPEP 04
Protocolo Geral 01
Secretaria Executiva dos Conselhos Superiores - SECS 02
Total 102
Fonte: Elaborado pelo autor
4.2. Análise preliminar dos dados
4.2.1. Dados perdidos ou omissos
A baixa taxa de dados perdidos deste estudo deveu-se muito provavelmente aos
fatos de: a) a maior parte dos formulários terem sido entregues pessoalmente com
explicações sobre a finalidade da pesquisa e instruções de preenchimento, b) a verificação
72
ser feita no ato de devolução do formulário, permitindo que os respondentes preenchessem
opções não respondidas. Exatos três formulários com mais de uma resposta não preenchida
foram redistribuídos internamente em dois setores por representantes daqueles setores, e
recolhidos por estes representantes posteriormente, com a devida verificação da existência
das respostas não preenchidas.
Tabela 1 - Resumo do processamento de casos
Nº de itens %
Casos Válidos 300 100
Excluídos 0 0
Total 300 100
Exclusão por método listwise com base em todas as
variáveis do procedimento.
Fonte: elaborado pelo autor
4.2.2. Dados atípicos ou outliers
A baixa taxa de dados atípicos deveu-se muito provavelmente aos fatos de: a) a
maior parte dos formulários terem sido entregues pessoalmente com explicações sobre a
finalidade da pesquisa e instruções de preenchimento, b) garantia de não identificação do
respondente, c) caráter voluntário da participação, d) a pesquisa ser destinada
exclusivamente aos servidores técnico-administrativos com a finalidade de subsidiar uma
pesquisa de pós-graduação na área de Administração Pública (muitos destes consultados
têm interesse em fazer parte do Mestrado Profissional em Administração Pública).
Considerando os trezentos formulários válidos obtidos, optou-se por desconsiderar os
casos com dados perdidos ou copiados mencionados anteriormente.
Para a identificação univariada, em que se examina a distribuição de observações
para cada variável na análise, Field (2009) define que uma observação dos escores-Z é
suficiente para verificação da existência de outliers. Escores-Z representam uma maneira
de padronizar os dados, em que os escores são representados em termos da média e do
desvio padrão da distribuição. Especificamente, expressam-se os escores em termos de
uma distribuição que apresenta média igual a 0 e desvio padrão igual a 1. O cálculo é feito
através da fórmula ̅
, ou seja, escolhe-se valor ( ), subtrai-se a média de todos os
escores ( ̅) dele e divide-se o resultado pelo desvio padrão de todos os escores ( ). Pode-se
utilizar os escores resultantes e contar quantos estão situados dentro de certos limites
previamente definidos (FIELD, 2009). Considerando os valores absolutos dos resultados
73
para os escores-Z, em uma distribuição normal espera-se que aproximadamente 5% tenham
valores superiores a 1,96, 1% tenha valores maiores que 2,58 e praticamente nenhum esteja
acima de 3,29. As tabelas abaixo exibem as análises univariadas de outliers na amostra.
Tabela 2 – Resultados de identificação univariada de outliers para variável Aquisição 3:
Frequência % % válida
Válido Escore-Z absoluto menor que 1,96 282 94 94
Escore-Z absoluto maior que 1,96 * 18 6 6
Total 300 100 100 Fonte: elaborado pelo autor
Nota *: (% deve ser de até 5%)
Dezoito casos com escore-Z absoluto (2,14) maior que o valor de referência 1,96:
06, 16, 20, 23, 32, 50, 70, 103, 131, 179, 192, 193, 202, 264, 277, 284, 292, 293
Tabela 3 - Resultados de identificação univariada de outliers para variável Transformação 1:
Frequência % % válida
Válido Escore-Z absoluto menor que 1,96 295 98,3 98,3
Escore-Z absoluto maior que 2,58 5 1,7 1,7
Total 300 100,0 100,0 Fonte: elaborado pelo autor
Nota: (% deve ser de até 1%)
Cinco casos com escore-Z absoluto (2,59) maior que o valor de referência 2,58:
09, 70, 240, 242, 299
Considerando que os valores de escore-Z dos dados identificados como possíveis
outliers da Dimensão Transformação 1 foram muito próximos do limite de 2,58, estes
dados foram desconsiderados como outliers para essa dimensão.
Tabela 4 - Resultados de identificação univariada de outliers para variável Transformação 4:
Frequência % % válida
Válido Escore-Z absoluto menor que 1,96 288 96 96
Escore-Z absoluto maior que 1,96 9 3 3
Escore-Z absoluto maior que 3,29 * 3 1 1
Total 300 100 100 Fonte: elaborado pelo autor
Nota: (% deve ser 0%)
Três casos com escore-Z absoluto (3,36) maior que o valor de referência 3,29:
16, 70, 227
Tabela 5 - Resultados de identificação univariada de outliers para variável Exploração 3:
Frequência % % válida
Válido Escore-Z absoluto menor que 1,96 284 94,7 94,7
Escore-Z absoluto maior que 1,96 16 5,3 5,3
Total 300 100,0 100,0 Fonte: elaborado pelo autor
Nota: (% deve ser até 5%)
74
Dezesseis casos com escore-Z absoluto (2,32) maior que o valor referência 1,96:
08, 16, 20, 23, 57, 58, 70, 136, 179, 199, 214, 222, 227, 243, 264, 277, 283
Considerando que a percentagem de casos com valores de escore-Z foi muito
próxima da percentagem de referência e que a remoção de qualquer dos valores
posicionaria esta percentagem dentro do limite de 5% (se o número de casos identificados
como outliers baixar para 15 a percentagem baixará para 5%) estes dados foram
desconsiderados como outliers para essa dimensão.
Após a verificação resultante da análise univariada, restaram como possíveis
outliers os seguintes casos:
06, 16, 20, 23, 32, 50, 70, 103, 131, 179, 192, 193, 202, 264, 277, 284, 292, 293
A análise multivariada de outliers levou em consideração as catorze variáveis
obtidas no estudo base de Flatten et al. (2011). Para garantir a correção da análise dos
dados, empregou-se a medida D2 de Mahalanobis. Ela representa a medida da distância de
cada observação ao seu centro médio (HAIR JR. et al., 2009). Segundo os autores (p. 79),
o cálculo do valor D²/dƒ (dƒ=14, número de variáveis) permite a identificação de
observações atípicas através de um teste de significância estatística. Para amostras de
tamanho grande, observações com valores de D²/dƒ que excedam o valor de 4 podem ser
designadas como possíveis observações atípicas.
Para uma amostra de 300 observações, com 14 variáveis, considerando uma
significância p < 0,001, o valor crítico calculado é de 36,123 – conforme tabela de valores
críticos de Barnett and Lewis (1994). Os casos atípicos encontrados constam na Tabela 6.
Tabela 6 – Casos atípicos resultantes da identificação multivariada da amostra.
Caso Significância Valor para a distância Mahalanobis (D²) D² / df (df = 14)
179 0,000021 46,739 3,3385
20 0,000158 41,326 2,9518
277 0,000390 38,809 2,7720
299 0,000583 37,670 2,6907 Fonte: elaborado pelo autor
Perceba que os casos identificados na verificação multivariada também foram
identificados como possíveis outliers na verificação univariada.
Perceba também que, apesar de os valores de significância encontrados estarem
abaixo do valor de significância estipulado (p < 0,001) e dos valores da distância de
Mahalanobis (D²) situarem-se acima do valor crítico definido por Barnett e Lewis (1994),
75
os valores de D²/dƒ ficaram abaixo do valor de 4 definido por Hair Jr. et al. (2009). Assim,
cabe avaliar a distribuição de respostas verificadas para cada caso respectivamente,
conforme Quadro 10.
Quadro 10 - Casos considerados como atípicos ou outliers
Caso Aq1 Aq2 Aq3 As1 As2 As3 As4 Tr1 Tr2 Tr3 Tr4 Ex1 Ex2 Ex3
20 R 3 R 5 R 1 R 2 R 2 R 3 R 5 R 2 R 2 R 1 R 5 R 5 R 5 R 1
179 R 1 R 1 R 1 R 1 R 1 R 1 R 1 R 5 R 1 R 1 R 7 R 1 R 1 R 1
277 R 7 R 7 R 1 R 1 R 1 R 1 R 2 R 6 R 6 R 6 R 6 R 1 R 1 R 1
299 R 5 R 1 R 7 R 1 R 1 R 1 R 1 R 1 R 3 R 1 R 5 R 1 R 1 R 2
Fonte: elaborado pelo autor
Nota: R é abreviação para Resposta
Considerando que a atipicidade das quatro entradas deveu-se perceptivelmente
pela escolha reiterada da opção de resposta 1 – Discordo totalmente, e da opção de resposta
5 – Concordo pouco, optou-se por reter as três entradas. Além disso, conforme define Hair
Jr. et al. (2009), os quatro casos não são representativos de qualquer observação específica
da população e serão mantidos para garantir generalidade à população como um todo.
Por preciosismo, os quatro casos foram removidos e nova sequência de análises
foi realizada. Os resultados não foram modificados significativamente em relação aos
resultados obtidos com os casos mantidos na análise, reforçando a escolha por reter as
observações destacadas, por toda a análise dos dados realizada a seguir.
Tratando-se de uma amostra comprovadamente válida de trezentos casos,
distribuídos de forma que todos - ou pelo menos a maioria - dos setores e unidades tenham
sido visitados, sem valores omissos e com a manutenção fundamentada de supostos casos
atípicos, pode-se passar para a análise contextualizada dos dados coletados.
4.2.3. Normalidade
Para realização das análises multivariadas, algumas avaliações devem ser feitas. A
primeira diz respeito à normalidade que se refere à distribuição de probabilidades dos
dados da amostra. Para Hair Jr. et al. (2009), as variáveis com distribuições normais são
simétricas em torno de uma média, observando-se, nesse caso, assimetria e curtose,
métodos utilizados neste estudo.
Um valor de assimetria positivo indica que a maioria dos dados está abaixo da
média e um valor negativo indica o contrário. Valores fora do intervalo de -3 a 3 podem ser
entendidos como muito assimétricos.
76
Para a curtose - a elevação ou achatamento de uma distribuição comparativamente
a uma distribuição normal - um valor positivo indica uma distribuição relativamente
concentrada ao redor da média, enquanto que um valor negativo indica uma distribuição
achatada (HAIR JR. et al., 2009). Assim, valores fora do intervalo -10 a 10 podem sugerir
problemas (KLINE, 2010). A Tabela 7 apresenta os valores de assimetria e curtose para as
variáveis do modelo.
Tabela 7 – Estatística descritiva e valores de assimetria e curtose
Variável N Mín. Máx. Média Desvio
Padrão
Assimetria Curtose
Estatística EP* Estatística EP* Estatística EP*
AQU1 300 1 7 4,73 ,087 1,512 -,686 ,141 -,337 ,281
AQU2 300 1 7 4,20 ,097 1,683 -,423 ,141 -,907 ,281
AQU3 300 1 7 4,49 ,094 1,631 -,559 ,141 -,480 ,281
ASS1 300 1 7 3,33 ,097 1,673 ,166 ,141 -1,225 ,281
ASS2 300 1 7 3,60 ,098 1,702 ,066 ,141 -1,150 ,281
ASS3 300 1 7 2,94 ,099 1,711 ,526 ,141 -1,046 ,281
ASS4 300 1 7 3,11 ,099 1,708 ,372 ,141 -1,014 ,281
TRA1 300 1 7 4,67 ,082 1,415 -,671 ,141 -,211 ,281
TRA2 300 1 7 4,41 ,084 1,462 -,536 ,141 -,494 ,281
TRA3 300 1 7 4,63 ,082 1,429 -,770 ,141 -,127 ,281
TRA4 300 1 7 5,24 ,073 1,260 -1,047 ,141 1,047 ,281
EXP1 300 1 7 4,63 ,085 1,470 -,588 ,141 -,221 ,281
EXP2 300 1 7 3,81 ,088 1,532 -,188 ,141 -,958 ,281
EXP3 300 1 7 4,82 ,095 1,646 -,760 ,141 -,238 ,281 Fonte: elaborado pelo autor.
Nota: (*) Erro Padrão
A análise dos dados da pesquisa indicou um valor de assimetria variando de -
1,047 a 0,526, o que atesta uma fraca assimetria de dados. Da mesma forma, os valores de
curtose encontrados estão entre -1,225 e 1,047, significando normalidade dos dados
segundo o critério sugerido por Hair Jr. et al. (2009).
Para concluir se a distribuição de uma variável é normal deve-se observar para
alguns indicadores apresentados na Tabela 7, como a assimetria e a curtose. Quanto mais
próximos de 0 estiverem esses valores, mais próximo da normalidade estará a distribuição
da variável. É importante observar na Tabela 7 os valores dos desvios padrões, todos
inferiores as suas respectivas médias, o que indica normalidade na distribuição.
Além de se observar o valor bruto dos indicadores de assimetria e achatamento é
necessário dividir os valores destes indicadores por seus erros padrões (ver Tabela 8
adiante). Se o resultado da divisão for superior a 1,96 significa que aquele indicador é
estatisticamente significativo.
77
Tabela 8 – Valores de assimetria e curtose finais e divididos por seus respectivos erros padrões
Variável Assimetria
Erro
Padrão da
Assimetria
Assimetria /
Erro padrão
Assimetria
Curtose Erro Padrão
da Curtose
Curtose /
Erro padrão
da Curtose
AQU1 -,686 ,141 4,87 -,337 ,281 1,20 AQU2 -,423 ,141 3 -,907 ,281 3,23 AQU3 -,559 ,141 3,96 -,480 ,281 1,71 ASS1 ,166 ,141 1,18 -1,225 ,281 4,36 ASS2 ,066 ,141 0,47 -1,150 ,281 4,09 ASS3 ,526 ,141 3,73 -1,046 ,281 3,72 ASS4 ,372 ,141 2,64 -1,014 ,281 3, 61 TRA1 -,671 ,141 4,76 -,211 ,281 0,75 TRA2 -,536 ,141 3,99 -,494 ,281 1,76 TRA3 -,770 ,141 5,46 -,127 ,281 0,45 TRA4 -1,047 ,141 7,42 1,047 ,281 3,73 EXP1 -,588 ,141 4,17 -,221 ,281 0,79 EXP2 -,188 ,141 1,33 -,958 ,281 3,41 EXP3 -,760 ,141 5,39 -,238 ,281 0,85
Fonte: elaborado pelo autor
Segundo Hair Jr et al. (2009) a verificação da normalidade dos dados é mais uma
garantia de que os demais testes estatísticos resultantes não serão inválidos.
4.2.4. Linearidade
A análise da tabela de Correlações de Pearson (Tabela 9) identificou o valor de -
1,0 < 0,731 < 1,0 como o maior valor dentre os coeficientes e -1,0 < 0,109 < 1,0 como o
menor deles, sendo possível afirmar a existência da linearidade dos dados.
Tabela 9 - Matriz de correlação de Pearson entre itens com valores de significância.
AQ1 AQ2 AQ3 AS1 AS2 AS3 AS4 TR1 TR2 TR3 TR4 EX1 EX2 EX3
AQ1
Co
rrel
ação
de
Pea
rson
1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,001 ,002 ,000 ,000 ,012
Sig
. (bilateral)
AQ2 ,484**
1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,000
AQ3 ,250**
,480**
1 ,002 ,000 ,002 ,001 ,000 ,000 ,000 ,059 ,000 ,000 ,000
AS1 ,332**
,411**
,182**
1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,000
AS2 ,214**
,478**
,318**
,604**
1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000
AS3 ,264**
,421**
,176**
,581**
,608**
1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000
AS4 ,191**
,383**
,187**
,438**
,481**
,476**
1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000
TR1 ,246**
,336**
,206**
,379**
,296**
,299**
,337**
1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000
TR2 ,205**
,260**
,225**
,296**
,295**
,330**
,336**
,623**
1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000
TR3 ,196**
,287**
,292**
,233**
,270**
,261**
,355**
,624**
,731**
1 ,000 ,000 ,000 ,000
TR4 ,176**
,195**
,109 ,187**
,236**
,224**
,248**
,487**
,505**
,689**
1 ,000 ,000 ,000
EX1 ,254**
,390**
,343**
,359**
,337**
,295**
,297**
,375**
,359**
,437**
,393**
1 ,000 ,000
EX2 ,270**
,411**
,264**
,404**
,382**
,432**
,422**
,396**
,366**
,368**
,330**
,580**
1 ,000
EX3 ,144* ,340
** ,213
** ,324
** ,352
** ,311
** ,315
** ,290
** ,234
** ,318
** ,380
** ,466
** ,526
** 1
**. A correlação é significativa no nível 0,01 (bilateral). *. A correlação é significativa no nível 0,05 (bilateral). Fonte: Elaborado pelo autor
78
Não se verificou ausência de relação linear, ou seja, constatação de coeficiente 0,
considerando as correlações de Pearson (r). Percebe-se pela Tabela 9 que as dimensões
estão positivamente relacionadas ao nível de significância de 0,01 para os itens de cada
dimensão respectivamente. A Tabela 10 apresenta as correlações entre dimensões da CA.
Tabela 10 - Correlações entre as dimensões do construto
Correlação de
Pesarson Aquisição Assimilação Transformação Exploração
Aquisição 1
Assimilação ,477**
1
Transformação ,352**
,425**
1
Exploração ,456**
,529**
,505**
1 **. A correlação é significativa no nível 0,01 (bilateral).
Fonte: elaborado pelo autor
Considerando a normalidade da distribuição da amostra, pode-se concluir que as
percepções dos respondentes em relação ao formulário de pesquisa apresentado
concentram-se em torno de um valor médio de maior frequência de ocorrência. A
linearidade considerada válida para os dados implica na existência de relações entre as
variáveis, o que ratifica a adequação da escala escolhida, visto que as variáveis
representativas das frases afirmativas do questionário manifestaram para os respondentes
as interrelações que possuem intrinsecamente, pois constituem dimensões formadoras do
construto Capacidade Absortiva, e só fazem sentido como dimensões quando relacionadas
umas com as outras.
4.2.5. Multicolinearidade
A presença de elevadas correlações (geralmente acima de 0,90) ao se examinar a
matriz de correlações indica colinearidade substancial. Entretanto, a ausência de altas
correlações não garante a ausência de colinearidade (HAIR JR, et al., 2009). O fato de o
exame do Coeficiente de Correlação de Pearson não ter apresentado nenhuma variável com
índice de correlação maior ou igual a 0,90 (Tabela 9) não exclui a necessidade de outras
avaliações de multicolinearidade. A condição de suposição de ausência de
multicolinearidade é garantida com o exame da multicolinearidade múltipla, pela medida
de Tolerância e sua inversa, o Fator de Inflação de Variância (HAIR JR. et al., 2009).
De acordo com Hair Jr. et al. (2009), testes com o Valor de Tolerância e Fator de
Inflação da Variância (VIF – Variance Inflation Factor) identificam a multicoilnearidde
entre as variáveis. A Tolerância é a quantia de variabilidade da variável independente
selecionada não explicada pelas outras variáveis independentes. O VIF é o inverso da
79
Tolerância (1/tolerância). Um valor alto de tolerância indica pouca colinearidade e valores
próximos de zero indicam que a variável é quase que totalmente explicada pelas outras
variáveis independentes. Desse modo, a multicolinearidade é problemática para as
variáveis com valor de Tolerância igual a 0,10, aceitável para valores entre 0,10 e 1 e
ausente para valores iguais a 1.
Já no teste VIF procuram-se valores pequenos com indicativos de baixa
intercorrelação entre as variáveis. Logo, a multicolinearidade é problemática para as
variáveis com valor igual a 10, aceitável para valores entre 1 a 10 e ausente para valores
iguais a 1 (HAIR JR. et al., 2009).
Os resultados dos testes de Tolerância e VIF deste estudo estão apresentados na
Tabela 11. Observa-se pelos resultados que todas as variáveis apresentam
multicolinearidade aceitável (Tolerância entre 0,286 e 0,714 e VIF entre 1,401 e 2,487).
Tabela 11 – Análise de multicolinearidade das variáveis
Variáveis Estatísticas de colinearidade
Tolerância VIF
AQU1 ,714 1,401
AQU2 ,498 2,008
AQU3 ,680 1,471
ASS1 ,488 2,050
ASS2 ,460 2,172
ASS3 ,502 1,992
ASS4 ,631 1,584
TRA1 ,492 2,031
TRA2 ,402 2,487
TRA3 ,286 3,493
TRA4 ,466 2,147
EXP1 ,544 1,837
EXP2 ,499 2,003
EXP3 ,621 1,611
Fonte: elaborado pelo autor
A aceitabilidade dos valores da multicolinearidade é fundamental para este
diagnóstico. A satisfação da condição desta característica implica a interpretação
apropriada das relações entre as variáveis, uma vez que a multicolinearidade representa o
grau em que qualquer efeito de variável pode ser previsto ou explicado pelas outras
variáveis na análise. Considerando que todas as variáveis do construto são relevantes, e
que estão inter-relacionadas entre si através das relações entre as dimensões do construto, a
garantia de multicolinearidade para os dados coletados garante que a percepção dos
respondentes da pesquisa alcançou a intenção de promover indiretamente a validação do
80
construto através do encadeamento das ideias contidas nas frases afirmativas resultantes
das revisões de literatura efetuadas por Flatten et al. (2011).
4.3. Estatísticas descritivas e frequências de respostas
4.3.1. Média e desvio padrão
A Tabela 12 apresenta as informações de média e desvio-padrão de cada variável
componente de cada dimensão do construto analisado, a partir das questões apresentadas
no formulário de pesquisa utilizando a escala do tipo Likert de sete pontos.
Tabela 12 – Média e desvio padrão de todas as variáveis iniciais
Média geral: 4,22 Desvio-padrão geral: 1,562
Variáveis Média Desvio
padrão
Aquisição (Média: 4,473; Desvio-padrão: 1,6087)
AQ1 A busca por informações relevantes referentes à UFAL faz parte das
atividades cotidianas na instituição. 4,73 1,512
AQ2 Os gestores incentivam os servidores a buscarem informação dentro da
instituição. 4,20 1,683
AQ3 Os gestores esperam que os servidores utilizem informações externas à
unidade e à instituição. 4,49 1,631
Assimilação (Média: 3,245; Desvio-padrão: 1,6985) .0
AS1 Na UFAL as ideias e conceitos são comunicados entre as diversas unidades
e nos diversos segmentos. 3,33 1,673
AS2 Os gestores incentivam o apoio e a colaboração entre as unidades da
instituição para solução de problemas. 3,60 1,702
AS3
Em nossa instituição há um fluxo rápido de informações entre as unidades,
por exemplo, se uma unidade ou setor obtém informação importante, esta
informação é prontamente comunicada para outras unidades ou setores da
universidade.
2,94 1,711
AS4
Os gestores promovem reuniões periódicas intersetoriais para
compartilhamento de novos desenvolvimentos, metodologias, problemas,
realizações. 3,11 1,708
Transformação (Média: 4,7375; Desvio-padrão: 1,3915) .00 .000
TR1 Os servidores conseguem estruturar e utilizar o conhecimento obtido. 4,67 1,415
TR2 Os servidores têm o costume de absorver conhecimento novo e de
organizá-lo para outras finalidades e para torná-lo disponível. 4,41 1,462
TR3 Os servidores conseguem articular o conhecimento existente com novas
ideias. 4,63 1,429
TR4 Os servidores são capazes de aplicar conhecimento novo em sua prática de
trabalho. 5,24 1,260
Exploração (Média: 4,42; Desvio-padrão: 1,5493) .00
EX1 Os gestores apoiam o desenvolvimento de novas tecnologias em geral. 4,63 1,470
EX2 Nossa instituição regularmente reavalia as tecnologias utilizadas e as
adapta de acordo com novos conhecimentos. 3,81 1,532
EX3 Nossa instituição tem habilidade de trabalhar de forma mais eficiente
quando adota novas tecnologias. 4,82 1,646
Fonte: elaborado pelo autor
81
Esta tabela contém uma série de informações representativas para o diagnóstico
organizacional da Universidade Federal de Alagoas. Inicialmente, o valor da média de
respostas para o construto ficou em torno de 4,22, com um desvio padrão geral alto de
1,562 se analisado individualmente, porém, relativamente pequeno se comparado à média.
Os desvios padrões das dimensões Aquisição e Assimilação apresentaram maiores valores,
denotando maior distanciamento de percepções dos respondentes em relação ao valor
médio alcançado nas respectivas dimensões. A dimensão Aquisição é a que apresenta os
valores mais homogêneos do conjunto de variáveis, ou seja, mais próximos da média geral.
Em relação à dimensão Assimilação, os valores alcançados podem representar
outro problema dentro da universidade. Considerando que a dimensão Assimilação
comporta rotinas e processos que permitem o aproveitamento das informações obtidas das
fontes externas (ZAHRA e GEORGE, 2002), e que são características dessa dimensão
analisar, classificar, processar, interpretar e, finalmente, internalizar e compreender o
conhecimento externo (COHEN e LEVINTHAL, 1990; SZULANSKI, 1996), os resultados
obtidos para esta dimensão (Tabela 12) indicam dificuldade de interpretação do significado
de valor do conhecimento adquirido. Inconsistências nas ações de Aquisição do
conhecimento identificadas anteriormente podem estar exercendo reflexo negativo na fase
de Assimilação. Se o conhecimento é difícil de ser adquirido, então a escassez de
conhecimento novo pode gerar uma interpretação limitada ou errônea do novo
conhecimento identificado e disponível, e sua vinculação ao conhecimento prévio existente
pode resultar em criação de conhecimento novo de baixa qualidade.
A ausência de um sistema de comunicação institucional eficiente que facilite o
fluxo do conhecimento é percepção manifestada pelos respondentes através da afirmativa
número três da dimensão Assimilação (Tabela 12) - Em nossa instituição há um fluxo
rápido de informações entre as unidades, por exemplo, se uma unidade ou setor obtém
informação importante, esta informação é prontamente comunicada para outras unidades
ou setores da universidade. A suposição mais lógica a se chegar é que a inexistência ou
deficiência no fluxo dinâmico e oportuno de informações úteis que possam ser adquiridas
pelas diversas unidades institucionais pode estar prejudicando a assimilação do
conhecimento recém adquirido, impactando negativamente o esquema de funcionamento
das outras dimensões do construto.
A dimensão Transformação apresentou os valores mais consistentes dentro do
construto, com o menor desvio padrão por dimensão. Uma explicação plausível para tal
82
fato pode ser que, independentemente da forma como o conhecimento externo é adquirido
e assimilado nos diversos setores da universidade, ele precisa ser transformado de alguma
forma a fim de que seja adaptado às rotinas e procedimentos específicos de cada setor, para
que os servidores técnico-administrativos possam executar suas atribuições. Assim, os
respondentes manifestam que precisam combinar o conhecimento pré-existente com o
conhecimento recém-adquirido ou assimilado, adicionando, eliminando, interpretando e
coordenando os conhecimentos novos com ou aos pré-existentes. Os valores de média e
desvio padrão alcançados pela quarta afirmativa do formulário - Os servidores são capazes
de aplicar conhecimento novo em sua prática de trabalho - exprimem como a
transformação do conhecimento e sua aplicação são ações necessárias que ocorrem mesmo
que as outras dimensões do construto não estejam sendo operacionalizadas de forma ideal.
Finalmente, a análise das informações da Tabela 12 para a dimensão Exploração –
a qual pode ser compreendida como a aplicação do conhecimento adquirido, assimilado e
adaptado às necessidades de cada unidade e, por extensão, de toda a universidade - mostra
uma série de fatos importantes. Para a afirmativa número um, que envolve o papel de
gestores, percebe-se o menor desvio padrão dentre as afirmativas da dimensão. O receio
dos respondentes em questionar a postura dos gestores institucionais de incentivar
insuficientemente a qualificação e o aperfeiçoamento dos servidores técnico-
administrativos pode ser uma explicação plausível, visto que as respostas em sua maioria
convergem para a média, denotando maior homogeneidade nas respostas. Além disso, o
valor da média para a afirmativa número dois reflete, na percepção dos respondentes, um
possível descompromisso da universidade em reavaliar tecnologias, processos,
metodologias e rotinas de trabalho, ou seja, o possível descompromisso da universidade em
renovar seu estoque de conhecimentos, recursos tecnológicos e metodologias de trabalho,
fato que indiretamente pode causar algum tipo de influência nas atitudes e posturas dos
servidores da instituição. Finalmente, o alto valor para o desvio padrão da frase três (em
comparação aos outros valores de desvio padrão da mesma dimensão), parece demonstrar
o distanciamento e a descrença dos respondentes tanto em relação à eficiência de execução
das atividades por parte da instituição quanto em relação à adoção de novas tecnologias, as
quais podem estar sendo adotas de forma inoportuna por conta das características
burocráticas da administração pública ou por conta da ineficiência institucional em
identificar, adquirir, assimilar, adaptar e aplicar tecnologias de interesse para a
universidade, ou seja, deficiência na habilidade de absorver novos conhecimentos.
83
4.3.2. Estatísticas de frequência
As Tabelas 13, 14, 15 e 16 representam as percepções dos servidores técnico-
administrativos sobre as afirmações contidas no formulário de pesquisa. Percebe-se o
predomínio da resposta Concordo pouco para as dimensões Aquisição, Transformação e
Exploração: isso ajuda a compreender a aproximação das médias de cada dimensão em
relação à média geral do construto.
Tabela 13 – Estatísticas de frequência de respostas para a dimensão Aquisição
AQU1 AQU2 AQU3
Frequência % Frequência % Frequência %
Discordo totalmente 7 2,3 24 8,0 18 6,0
Discordo bastante 30 10,0 41 13,7 32 10,7
Discordo pouco 30 10,0 35 11,7 21 7,0
Não concordo nem discordo 30 10,0 37 12,3 55 18,3
Concordo pouco 99 33,0 91 30,3 87 29,0
Concordo bastante 81 27,0 59 19,7 63 21,0
Concordo totalmente 23 7,7 13 4,3 24 8,0
Fonte: elaborado pelo autor.
Prevalência da resposta Concordo pouco. Zahra e George (2002) identificam
falhas no escopo da busca, esquema de percepção, velocidade e qualidade do aprendizado.
Tabela 14 – Estatísticas de frequência de respostas para a dimensão Assimilação
ASS1 ASS2 ASS3 ASS4
Freq* % Freq* % Freq* % Freq* %
Discordo totalmente 46 15,3 35 11,7 72 24,0 66 22,0
Discordo bastante 77 25,7 67 22,3 89 29,7 71 23,7
Discordo pouco 45 15,0 47 15,7 37 12,3 42 14,0
Não concordo nem discordo 22 7,3 32 10,7 17 5,7 39 13,0
Concordo pouco 89 29,7 81 27,0 62 20,7 57 19,0
Concordo bastante 15 5,0 28 9,3 19 6,3 18 6,0
Concordo totalmente 6 2,0 10 3,3 4 1,3 7 2,3
Fonte: elaborado pelo autor. * Frequência
Resposta Discordo bastante com resultado expressivo para variáveis Assimilação
3 e 4. Indicam possível deficiência no fluxo e compartilhamento de informação.
Tabela 15 – Estatísticas de frequência de respostas para a dimensão Transformação
TRA1 TRA2 TRA3 TRA4
Freq* % Freq* % Freq* % Freq* %
Discordo totalmente 5 1,7 9 3,0 9 3,0 3 1,0
Discordo bastante 28 9,3 33 11,0 23 7,7 9 3,0
Discordo pouco 33 11,0 41 13,7 38 12,7 26 8,7
Não concordo nem discordo 31 10,3 36 12,0 29 9,7 14 4,7
Concordo pouco 118 39,3 116 38,7 114 38,0 105 35,0
Concordo bastante 68 22,7 53 17,7 76 25,3 109 36,3 Concordo totalmente 17 5,7 12 4,0 11 3,7 34 11,3
Fonte: elaborado pelo autor. * Frequência
84
Resposta Concordo pouco predomina nas variáveis Transformação 1, 2 e 3 e
alcança alto valor na variável Transformação 4. Zahra e George indicam como possíveis
efeitos problemas de internalização, conversão e recodificação do novo conhecimento.
Tabela 16 – Estatísticas de frequência de respostas para a dimensão Exploração
EXP1 EXP2 EXP3
Frequência % Frequência % Frequência %
Discordo totalmente 10 3,3 23 7,7 16 5,3
Discordo bastante 20 6,7 48 16,0 20 6,7
Discordo pouco 36 12,0 56 18,7 29 9,7
Não concordo nem discordo 51 17,0 50 16,7 33 11,0
Concordo pouco 91 30,3 85 28,3 78 26,0
Concordo bastante 72 24,0 34 11,3 87 29,0
Concordo totalmente 20 6,7 4 1,3 37 12,3
Fonte: elaborado pelo autor.
Resposta Concordo pouco predominando também na dimensão Exploração. A
teoria sugere possíveis impactos negativos no desenvolvimento de competências centrais.
Como percebido através da Tabela 12, a dimensão Assimilação não segue a
tendência das outras dimensões do modelo teórico, perceptivelmente por conta das
afirmativas 03 e 04 (ver Tabela 14). De acordo com as respostas, o fluxo de informações
tanto por via de mecanismos institucionais quanto por meio de reuniões intersetoriais não
está alcançando níveis satisfatórios de forma que o conhecimento atualizado seja
assimilado mais naturalmente e eficientemente pelo quadro de técnicos das unidades
acadêmicas e administrativas da universidade, afetando não apenas a aborção de novas
ideias às estruturas cognitivas institucionais existentes, mas também prejudicando
efetivamente os processos de interpretação, compreensão e aprendizado.
As avaliações do conjunto de percepções dos servidores técnico-administrativos
abrem margem a interpretações que podem indicar possíveis dificuldades em relação à
capacitação mais especializada dos recursos humanos da universidade, bem como de seus
gestores, os quais parecem ter dificuldade em imprimir um ritmo mais dinâmico e
orientado à absorção do conhecimento. É importante considerar também que a inexistência
de uma estrutura ou setor especializado no tratamento do conhecimento institucional - e de
seu compartilhamento ou transferência - pode estar inibindo indiretamente o crescimento
institucional, pois dificulta o crescimento das unidades constituintes da universidade, as
quais não conseguem recorrer com facilidade a bases estruturadas de conhecimento, bem
como mecanismos práticos para geração, padronização, armazenamento e
compartilhamento de informações.
85
4.4. Confiabilidade
A validação simples da confiabilidade do construto da pesquisa é obtida pela
análise do Alfa de Cronbach, que, em pesquisas sociais, admite como válidas as medições
acima de 0,70. Essa medida de confiabilidade, que varia de 0 a 1, tem os valores de 0,6 a
0,7 considerados seus limites inferiores de aceitabilidade (HAIR JR. et al., 2009). Kline
(2010, p. 59) sugere que, embora não exista uma regra absolutamente fixa para a
determinação dos melhores coeficientes, pode-se aceitar valores próximos a 0,9 como
sendo excelentes, valores próximos a 0,8 com muito bons e valores próximos a 0,7 como
sendo adequados.
Tabela 17 - Estatísticas de confiabilidade do construto unificado e das dimensões individualizadas
Alfa de
Cronbach
Alfa de Cronbach com base em
itens padronizados Nº de itens
Construto integral ,881 ,882 14
Dimensão Aquisição ,673 ,671 3
Dimensão Assimilação ,819 ,819 4
Dimensão Transformação ,863 ,862 4
Dimensão Exploração ,765 ,768 3 Fonte: elaborado pelo autor
A dimensão Aquisição apresentou valor α=0,673 (Tabela 17). Considerando que o
valor α obtido é mais próximo de 0,7 que 0,6 e que valores no intervalo 0,6<α<0,7 são
considerados dentro dos limites de confiabilidade estatística por muitos pesquisadores
(HAIR JR. et al., 2009), decidiu-se aceitar o valor de α para a dimensão Aquisição.
Contextualizando essas informações, foi visto no referencial teórico sobre
Capacidade Absortiva que a capacidade de Aquisição de conhecimento envolve a
localização, identificação, avaliação e aquisição do conhecimento externo que é importante
para o desenvolvimento das atividades institucionais (LANE e LUBATKIN, 1998;
ZAHRA e GEORGE, 2002), e que, segundo Sun e Anderson (2010), a dimensão
Aquisição é criada pelos processos psicossociológicos de intuição e interpretação. O valor
de confiabilidade para os dados coletados na pesquisa referentes à dimensão Aquisição
parece refletir tanto o despreparo dos servidores técnico-administrativos em identificar o
conhecimento relevante para execução de suas atividades (por incapacidade, por carência
de oportunidades para tal, ou por falta de informação útil disponível) quanto a ausência de
uma estrutura institucional que promova o comportamento de explorar novas
possibilidades e buscar novas formas de executar as atividades administrativas diárias,
denotando certo conformismo e apatia por parte daqueles servidores. Uma avaliação mais
86
aprofundada e de cunho qualitativo poderia avaliar as causas deste comportamento, e,
sendo verificado como fato, a capacitação mais direcionada e a criação de uma estrutura
institucional mais especializada seriam formas de minimizar as falhas identificadas.
4.5. Análise do instrumento de coleta e do modelo teórico
4.5.1. Análise Fatorial Exploratória
A Análise Fatorial Exploratória (AFE) é uma técnica de análise estatística
multivariada cujo propósito principal é definir a estrutura interna inerente entre as variáveis
na análise (HAIR JR. et al., 2009). Para os autores, a utilização desta técnica é indicada
para amostras maiores que 100 respondentes e quando há aproximadamente cinco casos
para cada variável, requisitos atendidos no presente estudo. A AFE permite ao pesquisador
verificar se os dados coletados são adequados ao modelo proposto, pois parte-se dos dados
coletados para validação das variáveis e fatores ou construtos definidos na pesquisa.
A AFE proposta será executada através do método de análise de fatoração pelo
eixo principal com rotação oblíqua do tipo Oblimin direct. Na fatoração pelo eixo principal
os fatores são baseados em uma matriz de correlação reduzida. Os fatores extraídos são
baseados apenas na variância comum, com as variâncias específicas e de erro excluídas
(HAIR JR. et al., 2009). Hair Jr. et al. (2009) complementam afirmando que este tipo de
fatoração é usado prioritariamente para identificar fatores ou dimensões latentes que
refletem aquilo que as variáveis têm em comum. Além disso, a análise de fatores deriva de
um modelo matemático em que fatores são estimados e, dessa forma, segundo Field (2009)
somente ela pode estimar os fatores subjacentes. Os métodos de rotação oblíqua são mais
adequados para se obter diversos fatores ou construtos teoricamente relevantes, visto que
poucos construtos reais são não-correlacionados (HAIR JR. et al., 2009).
No caso Oblimin direct, o grau no qual é permitida a correlação dos fatores é
determinado pelo valor de uma constante chamada delta. O valor por omissão no SPSS® é
zero e isso assegura que uma alta correlação entre os fatores não seja permitida. Rotações
oblíquas são indicadas quando os fatores podem estar correlacionados (FIELD, 2009).
Consultando a Tabela 18, pode-se verificar que não há valores de significância
maiores que 0,05 (maior valor de significância encontrado foi 0,03 para Transformação 04
em relação à Aquisição 3) e que não há nenhum valor maior que 0,9 para os coeficientes de
correlação (maior valor de correlação encontrado: Transformação 3 – 0,731). Com essas
informações verifica-se que não há problemas de singularidade dos dados. Com
87
determinante igual a 0,002 (ver nota da Tabela 18), maior que o valor mínimo necessário
de 0,00001, pode-se assegurar que a multicolinearidade não será um problema para os
dados coletados na pesquisa.
Tabela 18 - Matriz de correlaçõesa.
AQ1 AQ2 AQ3 AS1 AS2 AS3 AS4 TR1 TR2 TR3 TR4 EX1 EX2 EX3
Co
rrel
ação
AQ1 1,000 ,484 ,250 ,332 ,214 ,264 ,191 ,246 ,205 ,196 ,176 ,254 ,270 ,144
AQ2 1,000 ,480 ,411 ,478 ,421 ,383 ,336 ,260 ,287 ,195 ,390 ,411 ,340
AQ3 1,000 ,182 ,318 ,176 ,187 ,206 ,225 ,292 ,109 ,343 ,264 ,213
AS1 1,000 ,604 ,581 ,438 ,379 ,296 ,233 ,187 ,359 ,404 ,324
AS2 1,000 ,608 ,481 ,296 ,295 ,270 ,236 ,337 ,382 ,352
AS3 1,000 ,476 ,299 ,330 ,261 ,224 ,295 ,432 ,311
AS4 1,000 ,337 ,336 ,355 ,248 ,297 ,422 ,315
TR1 1,000 ,623 ,624 ,487 ,375 ,396 ,290
TR2 1,000 ,731 ,505 ,359 ,366 ,234
TR3 1,000 ,689 ,437 ,368 ,318
TR4 1,000 ,393 ,330 ,380
EX1 1,000 ,580 ,466
EX2 1,000 ,526
EX3 1,000
Sig
. (u
nil
ater
al)
AQ1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,006
AQ2 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000
AQ3 ,001 ,000 ,001 ,001 ,000 ,000 ,000 ,030 ,000 ,000 ,000
AS1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,000
AS2 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000
AS3 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000
AS4 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000
TR1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000
TR2 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000
TR3 ,000 ,000 ,000 ,000
TR4 ,000 ,000 ,000
EX1 ,000 ,000
EX2 ,000
EX3 a. Determinante = ,002
Fonte: elaborado pelo autor.
Conclui-se que todas as questões do formulário de pesquisa se correlacionam
muito bem com todas as outras, por conta do grande tamanho da amostra, e nenhum dos
coeficientes de correlação é particularmente grande, descartando a necessidade de
eliminação de qualquer frase nesse estágio (FIELD, 2009).
Tabela 19 - Teste de KMO e Bartlett
Medida Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) de adequação de amostragem ,868
Teste de esfericidade de Bartlett
Aprox. Qui-quadrado 1830,481
gl 91
Sig. ,000
Fonte: elaborado pelo autor.
88
O valor da medida KMO de adequação da amostragem dos 300 casos alcançou o
valor de 0,868 (Tabela 19), considerado ótimo pela estatística de Kaiser (1974) e Field
(2009). Assim, pode-se confiar que a análise dos fatores é apropriada para os dados da
pesquisa. Considerando as medidas de esfericidade de Bartlett que testam a hipótese nula
de que a matriz de correlações original é uma matriz identidade, tem-se outra confirmação
da adequação dos dados da amostra para realização da Análise Fatorial Exploratória: o
coeficiente resultante de Bartlett é altamente significativo (p < 0,001) (FIELD, 2009).
Tabela 20 - Matriz anti-imagem
AQ1 AQ2 AQ3 AS1 AS2 AS3 AS4 TR1 TR2 TR3 TR4 EX1 EX2 EX3
AQ1 ,814a -,359 -,046 -,179 ,128 -,033 ,042 -,013 -,025 ,031 -,086 -,020 -,053 ,097
AQ2 ,863a -,316 ,009 -,161 -,095 -,105 -,106 ,058 -,001 ,054 -,056 -,044 -,090
AQ3 ,794a ,086 -,168 ,084 ,060 ,042 -,004 -,186 ,176 -,148 -,010 -,012
AS1 ,872a -,329 -,247 -,092 -,193 -,016 ,076 ,081 -,114 -,012 -,054
AS2 ,866a -,303 -,158 ,046 -,026 ,037 -,079 -,006 ,038 -,064
AS3 ,891a -,142 ,055 -,113 ,030 -,021 ,061 -,146 ,002
AS4 ,933a -,016 -,006 -,141 ,055 ,049 -,147 -,033
TR1 ,916a -,271 -,206 -,089 ,006 -,083 ,006
TR2 ,860a -,479 ,024 ,006 -,070 ,089
TR3 ,802a -,483 -,105 ,044 ,002
TR4 ,826a -,094 ,011 -,202
EX1 ,904a -,341 -,148
EX2 ,891a -,284
EX3 ,893a
a. Medidas de adequação de amostragem (MSA)
Fonte: elaborado pelo autor.
A Tabela 20 de correlações anti-imagem apresenta na diagonal os valores de
medida de adequação da amostragem (MSA) que devem ser sempre maiores que 0,5,
preferencialmente mais altos. As correlações parciais estão fora da diagonal (HAIR JR. et
l., 2009). No caso da amostra da pesquisa realizada na Universidade Federal de Alagoas,
todos os valores de MSA são maiores que 0,5, o menor deles sendo 0,794 para a variável
Aquisição 3. Para o restante da matriz anti-imagem das correlações parciais entre as
variáveis, os valores devem ser pequenos. Uma vez mais, a dimensão Aquisição apresenta
alguma característica que sugere uma provável inconsistência interna de construção de
acordo com as percepções dos servidores técnico-administrativos da universidade.
Observando a Tabela 21, percebe-se a formação de quatro fatores com valores
totais de autovalores iniciais maiores que 1,0, conforme critério de fatores retidos de
Kaiser. Os autovalores associados com cada fator representam a variância explicada por
aquele componente linear particular. Os quatro primeiros fatores da lista conseguem
explicar 67,73% da variância total, valor considerado satisfatório por Hair Jr. et al. (2009).
89
Tabela 21 – Formação de fatores e variância total explicada
Método de Extração: Fatoração pelo Eixo Principal. Fonte: elaborado pelo autor.
Como guia final para definição da retenção ou exclusão de variáveis, pode-se
utilizar o diagrama de declividade ou escarpa para definição final do número correto de
fatores, principalmente com uma amostra que exceda os 200 participantes (FIELD, 2005,
p. 584). O gráfico de escarpa ou declividade da Figura 5 reforça a definição de quatro
fatores verificada pelo método KMO. Quatro pontos estão acima da linha em que a
declividade do gráfico começa a ficar horizontal de forma constante.
Figura 5 – Gráfico de escarpa relacionando resultados dos autovalores ao número de fatores.
Fonte: saída SPSS
Fator Autovalores iniciais
Total % de variância % cumulativa
1 5,589 39,924 39,924
2 1,713 12,234 52,158
3 1,148 8,201 60,359
4 1,032 7,369 67,728
5 ,802 5,727 73,456
6 ,600 4,289 77,745
7 ,593 4,236 81,981
8 ,497 3,548 85,528
9 ,455 3,252 88,781
10 ,400 2,860 91,641
11 ,348 2,487 94,127
12 ,330 2,354 96,481
13 ,296 2,118 98,599
14 ,196 1,401 100,000
90
A Tabela 22 abaixo apresenta a versão editada da matriz de correlações
reproduzidas, a partir dos critérios de extração e rotação determinados para a análise. Na
parte mais alta da matriz estão os coeficientes de correlações entre todas as assertivas
baseadas no modelo de fatores (FIELD, 2009). A diagonal dessa matriz contém as
comunalidades após a extração de cada variável.
Tabela 22 - Correlações reproduzidas
AQ1 AQ2 AQ3 AS1 AS2 AS3 AS4 TR1 TR2 TR3 TR4 EX1 EX2 EX3
Corr
elaç
ão r
epro
du
zid
a
AQ1 ,268a ,455 ,283 ,266 ,287 ,252 ,223 ,229 ,211 ,223 ,139 ,249 ,245 ,177
AQ2 ,786a ,485 ,441 ,479 ,413 ,360 ,327 ,278 ,291 ,177 ,423 ,421 ,310
AQ3 ,322a ,217 ,242 ,193 ,196 ,234 ,209 ,250 ,165 ,305 ,279 ,215
AS1 ,578a ,584 ,595 ,461 ,326 ,305 ,250 ,209 ,322 ,419 ,326
AS2 ,592a ,598 ,466 ,332 ,307 ,255 ,209 ,338 ,431 ,335
AS3 ,618a ,474 ,333 ,318 ,255 ,214 ,306 ,412 ,319
AS4 ,391a ,344 ,339 ,326 ,269 ,326 ,390 ,314
TR1 ,530a ,580 ,657 ,489 ,379 ,372 ,296
TR2 ,654a ,740 ,540 ,351 ,334 ,259
TR3 ,877a ,651 ,440 ,392 ,320
TR4 ,521a ,396 ,376 ,330
EX1 ,546a ,550 ,492
EX2 ,592a ,528
EX3 ,485a
Res
íduo
b
AQ1
AQ2 ,029
AQ3 -,032 -,005
AS1 ,066 -,030 -,035
AS2 -,072 -,001 ,076 ,020
AS3 ,012 ,008 -,017 -,014 ,010
AS4 -,032 ,024 -,009 -,023 ,015 ,002
TR1 ,017 ,010 -,027 ,053 -,036 -,034 -,007
TR2 -,006 -,017 ,017 -,009 -,012 ,012 -,004 ,042
TR3 -,027 -,004 ,042 -,017 ,016 ,007 ,029 -,033 -,009
TR4 ,038 ,018 -,056 -,022 ,027 ,010 -,021 -,002 -,035 ,038
EX1 ,005 -,033 ,039 ,037 -,001 -,011 -,029 -,004 ,008 -,003 -,003
EX2 ,024 -,010 -,015 -,015 -,048 ,020 ,032 ,024 ,032 -,023 -,046 ,029
EX3 -,033 ,030 -,002 -,002 ,017 -,009 ,001 -,006 -,025 -,001 ,050 -,027 -,002
Método de Extração: Fatoração pelo Eixo Principal.
a. Comunalidades reproduzidas
b. Os resíduos são computados entre as correlações observadas e reproduzidas. Há 6 (6,0%)
resíduos não redundantes com valores absolutos maiores que 0,05.
Fonte: elaborado pelo autor.
A metade inferior da Tabela 22 apresenta a matriz reproduzida de Resíduos, e
contém as diferenças entre as correlações dos coeficientes observados e aquelas previstas
pelo modelo. Segundo Field (2009, p. 587), “para um bom modelo, todos esses valores
serão pequenos”. No caso desta pesquisa, há apenas seis (6%) resíduos não redundantes
91
com valores absolutos maiores que 0,05. Esse é um bom valor para modelos estatísticos,
segundo o autor.
Após a rotação dos fatores, são geradas as informações da Tabela 23. A rotação
dos fatores definiu a análise: existem quatro fatores e as variáveis estão altamente
carregadas em somente um fator, sem exceções. A coluna POSIÇÃO apresenta a posição
de cada variável em relação ao tamanho da carga. A organização dos fatores em relação às
variáveis agrupadas de forma semelhante a divisão do construto Capacidade Absortiva
reforça a ideia de adequação e correção do modelo. Comparativamente, o Fator 1
representaria a dimensão Assimilação, o Fator 2 seria a dimensão Transformação, o Fator 3
representaria a dimensão Aquisição e, finalmente, a dimensão Exploração seria definida
pelo Fator 4. Percebe-se maior concentração de cargas acima de 0,7 nos Fatores 1 e 2, que
concentram as variáveis das dimensões de Assimilação e Transformação, respectivamente.
As menores cargas estão presentes no Fator Aquisição, fato que reforça a ideia de alguma
característica interna peculiar nesta dimensão. A opção feita para execução desta AFE de
se considerar somente as variáveis com carga >= 0,4 foi inócua, visto que todas as
variáveis do formulário de coleta de dados carregaram adequadamente em suas respectivas
dimensões, não restando variáveis com cargas menores que 0,4.
Tabela 23 – Matriz padrãoa
Fator
Posição 1 2 3 4
AQU1 14 ,468
AQU2 2 ,834
AQU3 12 ,557
ASS1 5 ,720
ASS2 6 ,697
ASS3 4 ,787
ASS4 13 ,496
TRA1 9 -,632
TRA2 3 -,801
TRA3 1 -,942
TRA4 8 -,636
EXP1 11 -,595
EXP2 10 -,624
EXP3 7 -,670
Método de Extração: Fatoração pelo Eixo Principal.
Método de Rotação: Oblimin com Normalização de Kaiser.a
4. Rotação convergida em 7 iterações.
Fonte: elaborado pelo autor.
A matriz de correlações entre os fatores (Tabela 24) contém os coeficientes de
correlação entre os fatores. Percebe-se que todos os fatores têm relacionamentos entre si,
Fator 1 – Assimilação
Fator 2 – Transformação
Fator 3 – Aquisição
Fator 4 - Exploração
92
em maior ou menor grau. Dessa forma, constata-se que as dimensões estão inter-
relacionadas em função dos fatores gerados, bem como ratifica-se a escolha da rotação
oblíqua como a mais apropriada.
Tabela 24 – Matriz de correlações de fatores
Fator 1 2 3 4
1 1,000
2 -,390 1,000
3 ,527 -,378 1,000
4 -,492 ,513 -,468 1,000 Método de Extração: Fatoração pelo Eixo Principal.
Método de Rotação: Oblimin com Normalização de Kaiser.
Fonte: elaborado pelo autor.
A Matriz de Covariâncias dos escores (Tabela 25) mostra os relacionamentos
entre os escores do fator: os resultados apresentados comprovam que os escores resultantes
são correlacionados. Particularmente, percebe-se a covariância entre os fatores 1 – 2 e 1 –
3: o fator Assimilação varia conjuntamente com o fator Aquisição e Transformação. Em
geral, as correlações são altas por conta da escolha pela rotação oblíqua. A variação entre
os fatores Aquisição e Assimilação é compreensível do ponto de vista da formação
definida por Zahra e George (2002) de Capacidade Absortiva Potencial e é definida como
o conjunto de habilidades que tornam a organização receptiva para adquirir e assimilar
conhecimento externo. No caso da variação conjunta entre os fatores Assimilação e
Transformação, a melhor explicação encontra-se no trabalho de Todorova e Durisin (2007)
como visto na Figura 3 da página 8, em que estes dois fatores parecem funcionar
simultaneamente no modelo, com a Transformação sendo subsidiária à Assimilação.
Tabela 25 – Matriz de covariâncias de escore dos fatores
Fator 1 – Assimilação 2 – Transformação 3 – Aquisição 4 – Exploração
1 – Assimilação 2,689
2 – Transformação -2,289 2,085
3 – Aquisição 2,250 -,798 4,702
4 – Exploração ,608 -1,005 -1,381 2,297 Método de Extração: Fatoração pelo Eixo Principal.
Método de Rotação: Oblimin com Normalização de Kaiser.
Método de Escores dos fatores: Regressão.
Fonte: elaborado pelo autor.
Todos os cálculos realizados são fundamentais para a validação dos dados em
relação ao formulário de pesquisa aplicado, ou seja, ao modelo escolhido para
operacionalização na pesquisa. A geração de quatro fatores com as variáveis carregando
exatamente nos fatores em que deveriam carregar ratificam o fato de que mesmo com a
93
predominância verificada da resposta Concordo pouco, o tamanho da amostra e a
distribuição de respostas validam o instrumento utilizado. Outrossim, os resultados obtidos
em relação ao número exato de quatro fatores para o modelo e o carregamento de todas as
variáveis em seus respectivos valores são mandatórios para que se alcance o objetivo
principal desta pesquisa: a mensuração do indicador de Capacidade Absortiva institucional,
realizado no final deste capítulo.
4.5.2. Análise Fatorial Confirmatória
A Análise Fatorial Confirmatória (AFC) é a outra técnica de alto nível utilizada
para análise do modelo teórico proposto em relação aos dados coletados na pesquisa, no
caminho inverso da AFE. Neste caso, propõe-se o modelo gráfico representativo do
construto estudado, e, a este modelo gráfico, associam-se os dados coletados, buscando-se
alcançar índices estatísticos padronizados de excelência para o construto.
Como detalhado no capítulo referente à Metodologia, o esquema de Análise
Fatorial Confirmatória é representado pelo diagrama do modelo, o qual apresenta as
variáveis latentes ou subjacentes, as variáveis observadas e as variáveis não observadas, ou
erros padrões do método para cada variável não observada. Também são apresentadas as
covariâncias entre variáveis latentes, e entre os erros padrões das variáveis observadas.
Para esta pesquisa, foram formados quatro construtos, conforme divisão quadridimensional
do modelo Capacidade Absortiva proposto por Flatten et al. (2011) e validado pela AFE.
Após a realização de todos os ajustes sugeridos pelo software de modelagem
estrutural SPSS® versão 23.0 com plugin AMOS® versão 22.0, com a geração dos valores
padronizados correspondentes de correlações entre os fatores e entre os erros padrões do
método indicados na Figura 6, foram realizados os procedimentos de validação que
atestam o melhor nível de adequação do modelo para os dados coletados. Essa validação
do construto é feita através da verificação de índices suficientemente aceitáveis para os
componentes indicados na metodologia desta pesquisa.
A análise da unidimensionalidade para cada conjunto de variáveis formadoras das
quatro dimensões da escala proposta por Flatten et al. (2011) foi efetuada através da
análise fatorial exploratória, por meio da fatoração pelo eixo principal com rotação oblíqua
Oblimin Direct, permitindo a verificação da extração de exatos quatro fatores com
aglutinação das variáveis em seus respectivos fatores, sem que uma mesma variável
carregasse em mais de um fator.
94
O modelo final elaborado com as modificações recomendadas pelo software
SPSS® AMOS® para melhor adequação do modelo está representado na Figura 6.
Figura 6 – Modelo final ajustado da pesquisa.
A Validade Convergente do modelo pode ser testada através da observação das
cargas fatoriais das variáveis sobre os fatores que constituem o modelo, pelo teste de
Variância Extraída e pelo teste de Confiabilidade Composta.
A verificação da Tabela 23 (página 91) permite observar que as cargas das
variáveis são altas para cada fator, com valores acima ou muito próximos de 0,5.
A Variância Média Extraída (AVE – Average Variance Extracted ou
simplesmente VE) é obtida a partir das estimativas dos quadrados das correlações
múltiplas para cada variável observada, produzidas pela análise do modelo, ou seja, é igual
Fonte: saída do software SPSS® v. 23 AMOS v. 22 sobre modelo elaborado pelo autor.
95
ao somatório variando de 1 a n (n sendo o número de variáveis observadas para cada fator
analisado) das cargas padronizadas ao quadrado dividido pelo número de variáveis
observadas para o fator, conforme a Fórmula 1:
Fórmula 1: ∑
Segundo Hair Jr. et al. (2009) uma variância extraída de 0,5 é adequada para o
modelo em estudo. Com a AFC foram encontrados os valores para AVE descritos na
Tabela 26. O valor de 0,46 apresentado especificamente para a variável latente Aquisição
não implica inadequação do modelo, visto que este valor situa-se próximo ao valor
aceitável de 0,5 e os altos valores resultantes do teste de Confiabilidade Composta
apresentados em seguida confirmam a validade convergente do modelo. Ratificam essa
avaliação Fornell e Larcker (1981), Koufteros (1999), Finger (2011). Para Fornell e
Larcker (1981, p. 384) mesmo que o valor da AVE seja inferior a 0,5, é possível concluir
que a validade convergente de um construto é adequada; outros testes de validade auxiliam
o pesquisador a manter ou excluir a variável no modelo, visto que a variância devida a
erros é maior que a variância capturada pela variável observada. Koufteros (1999, p. 484)
ressalta que a AVE é uma medida complementar aos valores encontrados para
confiabilidade. Finger (2011, p. 84), por sua vez, atesta a validade de seu modelo com base
nos resultados acima de 0,8 da Confiabilidade Composta de 2/3 das variáveis do estudo.
Para o modelo desta pesquisa, todas as variáveis obtiveram valores de CR acima de 0,7;
duas com valores acima de 0,8.
Tabela 26 - Teste de verificação da AVE
Variável observada Valor
Aquisição 0,46
Assimilação 0,54
Transformação 0,62
Exploração 0,53 Fonte: elaborado pelo autor.
O teste de Confiabilidade Composta (CR – Composite Reliability) é feito
calculando-se o valor deste índice para cada fator e comparando-se cada um deles com o
valor de referência 0,7 (HAIR JR. et al., 2009). A Confiabilidade Composta é igual ao
quadrado do somatório das cargas padronizadas dividido pelo quadrado do somatório das
cargas padronizadas mais o somatório da variância dos erros. A variância do erro (Var( ))
é obtida através da subtração de 1 menos a variância explicada (VE). A Fórmula 2 calcula
a variância do erro e a Fórmula 3 calcula o valor da CR:
96
Fórmula 2: Fórmula 3: ∑
∑ ∑
Para o modelo em estudo, foram calculados os valores da Tabela 27 para CR, com
todos os valores maiores que 0,7:
Tabela 27 - Teste de Confiabilidade Composta
CR Valor
CR Aquisição 0,7044
CR Assimilação 0,8233
CR Transformação 0,8675
CR Exploração 0,7705 Fonte: elaborado pelo autor.
A validade divergente ou discriminante do construto é a última fase da AFC e
relaciona os valores de Variância Máxima Compartilhada (MSV – Maximum Shared
Variance), Variância Média Compartilhada (ASV – Average Shared Variance) e AVE, de
forma a satisfazer as três condições a seguir:
1) MSV < AVE (Tabela 32)
2) ASV < AVE (Tabela 32)
3) √
para cada fator > os valores das correlações interfatores (Tabela 33)
A Variância Máxima Compartilhada é igual ao maior valor dentre as variâncias de
correlações padronizadas ao quadrado entre os fatores, resultantes do modelo de
correlação. O valor de variância da correlação é calculado através de seu valor ao
quadrado, conforme as fórmulas e . É
importante ressaltar que estes valores de correlação são fornecidos como resultado da
análise do modelo pelo software SPSS® AMOS®.
Variância Média Compartilhada é igual à média obtido dentre as variâncias de
correlações padronizadas ao quadrado entre os fatores, resultantes do modelo de
correlação. O divisor utilizado na operação de média será o número de correlações válidas
para o fator em análise. As fórmulas para cálculo da ASV sãos as seguintes:
e .
A Tabela 28 mostra que os resultados de MSV e ASV são menores que os valores
de AVE, o que significa que os valores discriminantes se mantêm e o modelo de medição
está de acordo com as suposições que foram inicialmente feitas, atendendo às condições da
validade discriminante (HAIR JR. et al., 2010).
97
Tabela 28 – Valores para MSV e ASV maiores que valores de AVE para o modelo
Variável latente MSV ASV AVE
Aquisição 0,3969 0,3016 0,46
Assimilação 0,4225 0,3499 0,54
Transformação 0,3481 0,2461 0,62
Exploração 0,4225 0,3729 0,53 Fonte: elaborado pelo autor
A Tabela 29 mostra que as estimativas da raiz quadrada da AVE são maiores que as
correlações inter-construto. Essa comparação é feita observando-se os valores da diagonal
da tabela em relação aos outros valores de correlação.
Tabela 29 - Correlação entre fatores do modelo final da AFC
AQU ASS TRA EXP
AQU 0,6782*
ASS 0,477 0,7347*
TRA 0,352 0,425 0,7896*
EXP 0,456 0,529 0,505 0,7281*
Fonte: Elaborado pelo autor.
Nota: * valores das raízes quadradas de AVE para cada fator
A AFC efetuada ratifica a adequação do modelo aos dados coletados, com
exceção da AVE para a dimensão Aquisição. Novamente a dimensão Aquisição apresenta
algum tipo de insuficiência em procedimentos de validação. Esta dimensão deve apresentar
alguma inconsistência interna (a qual pode estar relacionada à dificuldade de aquisição do
conhecimento devido a inexistência de fontes seguras e oportunas de conhecimento
institucional) que a impede de alcançar valor suficientemente alto para sua validação.
Porém, assim como na argumentação da confiabilidade simples, o valor obtido para a
variância média extraída para o fator Aquisição é mais próximo de 0,5 que de 0,4, o que
não parece ser significativamente danoso para o ajuste do modelo, permitindo concluir-se
pela aceitação do valor de AVE para esta dimensão como válido. Tal conclusão é
confirmada pela estabilidade verificada por todos os outros valores válidos verificados na
análise do modelo.
Para concluir a AFC sobre o modelo de Capacidade Absortiva utilizado na
pesquisa, a Tabela 30 apresenta os índices para o modelo final ajustado e validado. Os
índices do modelo (última coluna) apresentados abaixo alcançaram níveis de alta qualidade
(comparados com os valores padrão da coluna Construtos) e, assim, satisfizeram as
condições de adequação do modelo, confirmando que sua operacionalização no contexto
da Universidade Federal de Alagoas alcançou os objetivos almejados para a pesquisa.
Referências de adequação do modelo constam na seção de Metodologia.
98
Tabela 30 – Índices ajustados da AFC para o modelo final de pesquisa
Variáveis Construtos Modelo final
χ²(gl) - Qui-Quadrado (graus de liberdade) 135,898 (67)
χ²/gl <5 2,028
p – Significância <0,05 0,000
RMSEA - Root Mean Squared Error of Approximation <0,08 0,059
GFI - Good Fit Index >0,90 0,940
AGFI - Absolut Good Fit Index >0,90 0,906
CFI - Comparative Fit Index >0,90 0,961
NFI - Normed Fit Index >0,90 0,927
TLI - Tucker-Lewis Coefficient >0,90 0,947
Alpha de Cronbach >0,70 0,881
CR - Confiabilidade Composta >0,70 0,942
AVE - Average Variace Extracted >0,50 0,544
SMRM – Standardized Root Mean Residual <0,90 0,044
Fonte: elaborado pelo autor.
4.6. Cálculo do indicador da Capacidade Absortiva
Após as validações da AFE e AFC, pode-se utilizar a fórmula de Hurtado-Ayala e
Gonzalez-Campo (2015) para cálculo do indicador de Capacidade Absortiva da UFAL,
baseado na metodologia utilizada por Sullivan (1994) e ajustada por Ramaswamy et al.
(1996). Sullivan (1994) utiliza um método de análise de todos os itens - desenvolvido por
Nunnally (1978) - para construir medidas homogêneas.
Esta técnica relaciona cada elemento do indicador com o escore de cada variável;
o indicador é definido como a soma dos escores de todos os seus elementos constituintes.
Seguindo as indicações feitas por Hurtado-Ayala e Gonzalez-Campo (2015), a
padronização das variáveis resultantes para cada dimensão é feita usando-se o
redimensionamento proposto por Schuschny e Soto (2009), o qual permite que as variáveis
sejam normalizadas com diferentes métodos de mensuração. Esta fórmula de padronização
é a seguinte:
1) ∑
∑ ∑ , (HURTADO-AYALA E GONZALEZ-CAMPO, 2015)
Onde,
é a variável padronizada resultante e é a variável que será padronizada,
∑ é o menor valor de X e ∑ é o maior valor de X.
Segundo Schuschny e Soto (2009), a ideia é considerar o intervalo de valores que
a variável assume. O procedimento consiste em transformar os níveis das variáveis para
levá-los ao intervalo [0,1], empregando a distância entre os valores máximos e mínimos
que a variável adquire, considerando todos os dados da variável conjuntamente. A fórmula
original do estudo de Schuschny e Soto (2009) é:
99
2)
(
)
( ) (
) , (SCHUSCHNY e SOTO, 2009)
Resumindo, o indicador de agregação captura as quatro dimensões da Capacidade
Absortiva que foram definidas teoricamente e validadas tanto pela Análise Fatorial
Exploratória como pela Confirmatória. Com base na padronização executada, a escala do
indicador varia entre 0 e 4, onde 0 implica um nível nulo de Capacidade Absortiva e 4
implica um nível máximo de Capacidade Absortiva. Estes valores são resultantes da
validação das quatro dimensões ratificadas pelos quatro fatores verificados na AFE.
Para cada dimensão do construto, a média dos valores padronizados calculados
através da Fórmula 1 estão na Tabela 31:
Tabela 31 – Médias padronizadas para cálculo da Capacidade Absortiva da UFAL
Aquisição Assimilação Transformação Exploração
0,5785 0,3742 0,6229 0,5702
Fonte: elaborado pelo autor
Os valores apresentados na Tabela 31 confirmam os valores de médias
encontrados através das estatísticas descritivas apresentadas no item 4.3, Tabela 12 na
página 80. Ambas as análises apresentam Transformação com valores de média maiores
em detrimento da dimensão Assimilação com os valores de média mais baixos. Os valores
das médias das dimensões Aquisição e Assimilação somados resultam em uma valor
menor que o somatória das médias das dimensões Transformação e Exploração. Tal fato
pode sugerir que a Capacidade Absortiva Potencial da universidade, ou seja, sua
receptividade ao conhecimento externo é reduzida por falta de uma estrutura
organizacional aprimorada, falhas nos sistemas de comunicação ou identificação de valor
do conhecimento nos processos de compreensão e/ou internalização do conhecimento
externo. Ainda assim, pelos valores encontrados, a universidade consegue acumular,
capitalizar o conhecimento adquirido externamente em ativo útil para a instituição através
dos mecanismos da Capacidade Absortiva Realizada, com ênfase no processo de
Transformação, ou melhor, a combinação do conhecimento novo com aquele pré-existente.
Aplicando-se a Fórmula 1, tem-se:
Capacidade Absortiva UFAL = 0,5785 + 0,3742 + 0,6229 + 0,5702 = 2.1458
Hurtado-Ayala e Gonzalez-Campo (2015) concluem sugerindo a Fórmula 3
abaixo para cálculo do indicador em formato mais intuitivo de porcentagem:
100
3)
, (HURTADO-AYALA E GONZALEZ-CAMPO, 2015)
Onde: = resultado da Capacidade Absortiva para cada dimensão
= mínimo valor da escala obtida (0)
= máximo valor da escala obtida (4).
Assim, temos –
= 0,5364 ou 54%, como valor do nível de Capacidade
Absortiva medido como percentagem para a Universidade Federal de Alagoas.
Segundo os autores, 50% representa um nível intermediário de absorção de
conhecimento. O valor de 54% para o índice de Capacidade Absortiva da universidade é
muito próximo dos 57% alcançados por instituições de educação superior da Colômbia,
conforme apresentado no estudo de Hurtado-Ayala e Gonzalez-Campo (2015).
Para este diagnóstico organizacional, o valor encontrado indica que, segundo a
percepção dos servidores técnico-administrativos da pesquisa, a UFAL apresenta uma
capacidade intermediária para absorver conhecimento externo. Considerando que a
universidade é uma instituição de ensino superior com a missão de gerar e disseminar
conhecimento, promover o ensino, a pesquisa e a extensão e formar profissionais
qualificados para o mercado de trabalho, o valor intermediário encontrado para o indicador
do nível da Capacidade Absortiva levanta questões sobre o modelo e as estratégias da
instituição referentes ao conhecimento institucional.
Por outro lado, considerando os entraves burocráticos e a carência de recursos da
administração pública, bem como as dificuldades em se estabelecer uma estrutura de
comunicação, bons níveis de capacitação dos recursos humanos e soluções de
armazenamento e fluxo eficientes da informação, o valor alcançado sugere que caso ações
estratégicas e direcionadas que desenvolvam a Capacidade Absortiva institucional sejam
colocadas em prática, elas podem provocar a dinamização dos elementos constituintes do
construto, com a consequente elevação do índice para um patamar de nível mais alto.
Tratando-se de uma pesquisa quantitativa, detalhes importantes não foram
analisados, limitando o valor potencial do indicador mensurado. Independentemente deste
fato, estratégias para desenvolvimento da Capacidade Absortiva institucional são propostas
no Plano de Ação deste trabalho, a fim de auxiliar a formulação de ações que propiciem
elevações contínuas no índice de mensuração do construto.
101
5. PLANO DE AÇÃO
O Plano de Ação elaborado para intervenção na Universidade Federal de Alagoas
(Quadro 12) com a finalidade de desenvolver a Capacidade Absortiva institucional está
estruturado com base em quatro estratégias principais ou eixos estratégicos aderentes aos
componentes do construto estudado apresentados no referencial teórico. Os eixos
estratégicos propostos são (Quadro 11):
Quadro 11 – Estratégias principais ou eixos estratégicos orientadores do Plano de Ação.
Eixo Descrição
Eixo
estratégico
1
- Especialização da estrutura institucional para privilegiar o conhecimento.
Influencia todas as dimensões, visto que todo o mecanismo de absorção do
conhecimento será coordenado pelo novo ente componente da estrutura funcional.
Este eixo estratégico é determinante para o desenvolvimento dos demais, pois os
outros componentes constituintes da Capacidade Absortiva precisam ser
gerenciados de forma especializda para que o mecanismo do modelo teórico
funcione de forma aprimorada. A estrutura funcional atual da universidade
permite que servidores técnico-administrativos alcancem nível intermediário de
absorção do conhecimento.
Eixo
estratégico
2
- Desenvolvimento e manutenção da Base de Conhecimento institucional.
Influencia diretamente aquisição (reconhecimento do valor do conhecimento com
base em conhecimento prévio), assimilação (comparação entre o conhecimento
novo e o antigo) e transformação (como o conhecimento novo pode ser adaptado
às necessidades específicas da instituição).
Eixo
estratégico
3
- Investimento nos recursos humanos institucionais para geração de competências.
Influencia a aquisição (recursos humanos capacitados adequadamente conseguem
reconhecer o valor do conhecimento mais eficientemente) e a assimilação
(servidores técnico-administrativos processam e relacionam o conhecimento novo
ao pré-existente e são determinantes para a difusão deste conhecimento).
Eixo
estratégico
4
- Posicionamento da Universidade Federal de Alagoas como orquestradora de uma
rede de relações interorganizacionais.
Influencia diretamente a aquisição de conhecimento, visto que o foco principal
desta estratégia é aumentar a exposição do conhecimento externo. Em relação a
assimilação, esta dimensão tem como base a existência de relacionamentos com
agentes externos.
Fonte: elaborado pelo autor.
Este conjunto de ações planejadas está sustentado tanto por ações concretas
implantadas em órgãos públicos quanto em teorias defendidas por pesquisadores do
conhecimento no setor público. A sequência de itens foi elaborada de forma que o item
anterior direciona ações e/ou cria condições para existência ou efetivação do item seguinte.
Não havendo uma política ou estratégia nacional ou pelo menos institucional que
privilegie o conhecimento e sua gestão como ativo constituinte do capital intelectual
organizacional, optou-se por extrair elementos determinantes contidos na Proposta de
102
Gestão do Conhecimento produzida pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada
(IPEA) e contextualizá-los à realidade da Universidade Federal de Alagoas, em
consonância com os fatores componentes do construto Capacidade Absortiva. A partir daí
criou-se uma estrutura em torno de quatro eixos estratégicos para auxiliar na construção de
uma agenda de debates e ações que desenvolvam a Capacidade Absortiva institucional.
É importante ressaltar que a definição dos quatro eixos estratégicos não tem a
intenção de ser exaustiva na discussão acerca do conhecimento institucional e seu impacto
na Capacidade Absortiva da UFAL, mas sim auxiliar nas discussões sobre ambos os temas
e na produção do arcabouço teórico necessário para debates mais direcionados ou
proposição de diretrizes para formulação de uma política pública específica que trate desta
temática.
Enfatiza-se que a capacidade da Universidade Federal de Alagoas em lidar de
maneira efetiva com o conhecimento institucional é fator crítico de sucesso para
alavancagem de cada eixo estratégico proposto na promoção do desenvolvimento da sua
Capacidade Absortiva.
Quadro 12 - Plano de ação alinhado com os quatro Eixos Estratégicos propostos.
Planejamento Execução Verificação I
t
e
m
O quê Quem Como Quando
(Previsão)
Quando
(Real)
Resultados
alcançados /
Pontos
problemáticos
1
Criação do Comitê
do Conhecimento
Institucional (CCI)
Representan-
tes docentes,
técnico-
administrati-
vos e Gestão
Submeter ao
CONSUNI 10/2017 10/2017
Formação do
comitê e definição
de linha de ação e
prioridades
2
Capacitar membros
do CCI sobre
Conhecimento na
Administração
Pública
Representan-
tes do IPEA e
membros do
CCI
Preparar membros
CCI para lidar
com
Conhecimento na
Administração
Pública
Entre 03 e
04/2018 04/2018
Visão comum
adequada sobre as
particularidades
da gestão do
conhecimento
institucional
3
Diagnosticar
posicionamento
atual do
conhecimento
institucional
CCI,
gestores,
PROGEP,
NTI
Realizar
autoavaliação
abrangente sobre
temas dos eixos
estratégicos e o
conhecimento
institucional
05/2018 05/2018
Diagnóstico da
realidade da
UFAL sobre
conhecimento /
Comunidade
desconhece o
tema
4
Analisar
informações do
diagnóstico
CCI
Elaborar relatório
extensivo com
base no
diagnóstico
08/2018 08/2018
Relatório com
diagnóstico
completo sobre
grau de
maturidade do
conhecimento na
UFAL
103
5
Definir visão e
objetivos do CCI
para tratamento do
conhecimento
institucional
CCI,
gestores,
PROGEP,
NTI
Traçar as
diretrizes iniciais
de existência do
Comitê CI
10/2018 11/2018
Formalizar visão e
objetivos do CCI
com vistas a sua
reestruturação
6
Definir fatores
críticos, análisar
custo-benefício de
reformulação da
estrutura funcional
CCI,
PROGINST,
PROGEP,
Gestão
Estabelecer
critérios de
funcionamento da
nova estrutura
institucional
01/2019 03/2019
Garantir
alinhamento
funcional com
outros setores da
instituição
7
Eixo Estratégico nº 1
Criação da Pró-
Reitoria de
Desenvolvimento
Institucional -
PRODIN
Gestão
superior,
CONSUNI,
PROGEP,
PROGINST,
DAP e NTI
Definir estrutura
interna e quadro
de pessoal
06/2019 10/2020
Adequar a
estrutura
institucional à
complexidade da
gestão do
conhecimento.
8
Planejar e
implementar a
criação da Base de
Conhecimento
UFAL
PRODIN,
NTI,
PROGINST,
gestores de
unidades,
SINFRA
Definir
parâmetros
técnicos,
modelagem,
recursos humanos
e financeiros
03/2020 06/2020
Definir todos os
parâmetros para
estabelecimento
da Base de
Conhecimento
UFAL
9
Eixo Estratégico nº 2
Implantar Base de
Conhecimento
UFAL
PRODIN,
NTI,
SINFRA, IC
Instalar estrutura
de tecnologia para
comportar a base
de conhecimento
institucional
08/2020
Entre
08/2020 e
10/2020
Recurso funcional
disponível com
conteúdo
estruturado
acessível
ininterruptamente.
1
0
Identificar e
priorizar projetos de
gestão do
conhecimento
(individual, equipe,
intraorganizacional
e
interorganizacional)
Gestão
superior,
CONSUNI,
PROGEP,
PROGINST e
NTI
Delineamento de
ações e
mecanismos de
transmissão de
conhecimentos
12/2020 12/2020
Estimular a
continuidade da
execução de
atividades e
processos
institucionais
1
1
Assegurar a
elaboração,
implementação,
monitoramento e
avaliação do Plano
Estratégico de
conhecimento
institucional
PRODIN
Garantir
existência e
fortalecer a
atuação da
PRODIN e da
iniciativa de
gestão do
conhecimento
01/2021 03/2021
Plano estratégico
definido e fruto de
participação ativa
e consciente da
comunidade
UFAL
1
2
Eixo Estratégico nº 3
Planejar
readequação do
formato das
capacitações
PRODIN,
PROGEP,
Direcionar
formato das
capacitações para
formação de
competências
para lidar com o
conhecimento
Contínuo Contínuo
Plano de
capacitação que
privilegie a
formação de
competências
funcionais e a
multiplicação do
saber.
1
3
Desenvolver
mecanismos de
estímulo à
disseminação do
conhecimento
intrainstitucional
PRODIN,
PROGEP
Estimular
competências
para disseminação
mais efetiva do
conhecimento
dentro da UFAL
Contínuo Contínuo
Incentivar o
desenvolvimento
de cultura de
compartilhamento
de conhecimentos
e informações
1 Criar canais NTI, Descentralizar e Contínuo Contínuo Efetividade do
104
4 facilitados e
estimulantes para
disseminação do
conhecimento na
UFAL
PRODIN,
ASCOM,
difundir
mecanismos de
acesso, produção
e disseminação do
conhecimento
esforço para
construir uma
cultura de
produção,
consumo e difusão
do conhecimento
1
5
Eixo Estratégico nº 4
Aperfeiçoar os
relacionamentos
interorganizacionais
através da formação
de uma Rede de
Conhecimento
institucional
Atores da
Rede
conduzidos
pela UFAL
(PRODIN /
NTI /
Comunidade)
Estabelecer e
fortalecer o papel
da UFAL como
agente
04/2021 -
UFAL como
protagonista da
rede de
relacionamentos
com outras
instituições,
organizações e a
sociedade
1
6
Mensurar e divulgar
os resultados e
benefícios obtidos
com as iniciativas
institucionais de
tratamento do
conhecimento
PRODIN
Apresentar
indicadores e
subsídios teóricos
e práticos para
formação de
políticas de
gestão do
conhecimento
Contínuo Contínuo
Formação de
arcabouço teórico
e indicativos para
formulação de
Política Pública
sobre
conhecimento e
sua gestão.
Fonte: elaborado pelo autor.
Com base no Plano de Ação apresentado para a UFAL, propõe-se no item 1 a
definição de uma estrutura de governança do conhecimento através da criação de um
Comitê do Conhecimento Institucional provisório, composto por representantes dos
docentes, técnico-administrativos e da gestão. Este comitê teria caráter semelhante àquele
definido na Portaria nº 386, de 13 de outubro de 2010 do IPEA (IPEA, 2010b), e teria,
entre outras, as seguintes competências:
I – Elaborar diagnóstico sobre o posicionamento atual do conhecimento
institucional;
II – orientar unidades da UFAL no planejamento e implementação de ações
relativas ao diagnóstico da situação atual de tratamento do conhecimento institucional e
elaboração de diretrizes iniciais para formulação de política institucional específica;
III – identificar áreas de interesse e promover iniciativas estratégicas que
promovam a criação, estruturação e transferências de conhecimentos;
IV – propor regras e mecanismos que visem assegurar o tratamento efetivo do
conhecimento institucional na gestão de projetos e na gestão de processos de apoio e
finalísticos da UFAL;
V - Definir visão, objetivos, fatores críticos, composição e custo-benefício para
implantação do eixo estratégico número 1.
105
A partir da criação do Comitê de Conhecimento Institucional tornar-se-ia possível
estabelecer as premissas fundamentais de ação para materialização das estratégias
definidas nos eixos propostos. Após a criação do comitê é importante capacitar seus
membros sobre Conhecimento na Administração Pública (item 2), bem como práticas e
processos para tratamento deste conhecimento. A capacitação visa a introduzir, ampliar,
nivelar e estruturar o conhecimento, as habilidades e as capacidades do servidor público e
apoiar o alcance dos objetivos da organização (BATISTA, 2012). Além disso, para
prosseguir com o próximo passo do Plano de Ação, ou seja, elaborar o Diagnóstico do
posicionamento atual do conhecimento da universidade, é recomendável a existência de
um grupo de trabalho capacitado e sensível à importância e criticidade no tratamento do
conhecimento institucional.
Na fase de diagnóstico (item 3), propõe-se a realização de uma análise abrangente
sobre a situação dos conhecimentos existentes na universidade, suas formas de produção,
armazenamento e transferência, além de avaliação sobre os temas dos eixos estratégicos
propostos. Dessa forma, seria possível conhecer a realidade do conhecimento dentro da
universidade e a conformidade deste conhecimento com as propostas para seu
desenvolvimento. Consequentemente, será possível dimensionar, de forma abrangente, os
recursos e iniciativas necessárias para o devido tratamento do conhecimento dentro da
universidade.
A análise de informações do diagnóstico (itens 4, 5 e 6) vai permitir definir visão
e objetivos do Comitê de Conhecimento Institucional em relação às melhores práticas para
tratamento do conhecimento institucional, bem como definir procedimentos, protocolos,
fatores críticos e análise de custo-benefício para implantação dos eixos estratégicos de
sustentação deste Plano de Ação. O Comitê de Conhecimento Institucional seria o embrião
das estratégias principais sugeridas para reestruturação institucional, orientadas para
promoção do desenvolvimento da Capacidade Absortiva da universidade, mesmo porque
um Comitê não teria autonomia funcional, financeira e administrativa para atuar
efetivamente, de forma exclusiva, especializada e por prazo indefinido na aprimoração
constante do conhecimento institucional e respectivos resultados e implicações.
Concluídos os trabalhos de instrução do Comitê de Conhecimento Institucional é
possível a aplicação do primeiro eixo estratégico, referente à especialização da estrutura
institucional com vistas a privilegiar o conhecimento dentro da UFAL (item 7). A proposta
deste eixo estratégico reside na criação de uma unidade especializada em administrar o
106
ativo intangível mais precioso da universidade, o conhecimento, tal como contido no artigo
4º da Portaria nº 385/2010 do IPEA (IPEA, 2010a).
Para a UFAL, sugere-se a criação de uma Pró-Reitoria específica para tratar de
assuntos de conhecimento, tanto conhecimento acadêmico quanto conhecimento técnico.
Esta Pró-Reitoria ocupar-se-ia das funções de promoção da qualidade, visão sistêmica e
contemporaneidade, além de promover ações de aperfeiçoamento da comunicação
institucional. Estas funções estão definidas no Plano de Desenvolvimento
Institucional/2013 da UFAL, e apresentadas na Figura 7.
A nova estrutura (Figura 8) seria responsável por lidar com o conhecimento
institucional em duas vertentes: conhecimento técnico e conhecimento acadêmico.
Também seria função dessa unidade administrativa articular a comunicação institucional
para disseminar os conhecimentos produzidos internamente e prospectar o conhecimento
externo que possa se converter em fonte de novos conhecimentos ou tecnologias em geral.
Essas duas funções são fundamentais, segundo a teoria de Cohen e Levinthal (1990), ao
identificarem nelas grande relevância para o processo de amplificação da Capacidade
Absortiva do nível individual para o organizacional. A estrutura organizacional dessa pró-
reitoria seria responsável também por empreender a concatenação das atividades
relacionadas com a gestão de processos, a gestão de pessoas e a gestão de tecnologia.
Assim, ela exerceria influência sobre a definição e coordenação dos processos de
planejamento e avaliação institucional; o desenvolvimento de pessoas, de sistematização
de dados, de informações e de procedimentos institucionais; e o planejamento e
coordenação das atividades relacionadas à utilização da tecnologia da informação para
maximização da manutenção e do compartilhamento do conhecimento. Estas ações devem
ser orientadas para promover conhecimento estratégico (ROLOFF e OLIVEIRA, 2007).
Como visto na análise de percepções dos respondentes, a comunicação de
informações foi identificada como uma das deficiências de compartilhamento do
conhecimento dentro da instituição, e essa deficiência não vem sendo corrigida pelas
unidades administrativas existentes atualmente na estrutura funcional da universidade. Os
órgãos existentes atualmente na estrutura da universidade possuem capacidade limitada em
relação ao conhecimento institucional. O indicador de 54% obtido para a Capacidade
Absortiva institucional é prova disso: a estrutura atual parece não comportar a
especificidade de lidar com o ativo conhecimento institucional de forma especializada. Por
consequência, a inexistência de uma estrutura organizacional especializada poderia afetar a
107
Capacidade Absortiva durante o processo de disseminação do conhecimento, quando
ocorre sua difusão por todas as partes da organização (DAGHFOUS, 2004), além de causar
impacto em todas as outras fases necessárias para que o conhecimento seja absorvido pela
universidade.
A manutenção da Base de Conhecimento institucional, que será apresentada mais
a frente, seria função dessa Pró-Reitoria, cuja responsabilidade por unificar, padronizar e
estruturar o conhecimento seria função primordial.
Figura 7 - Mapa Estratégico da Universidade Federal de Alagoas, 2012-2015.
Fonte: PDI UFAL (2013)
Nota: Detalhe para Desenvolvimento Institucional.
Estratégia semelhante a este eixo estratégico foi introduzida no Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina - IFSC, como relata Silva (2011).
Figura 8 – Estrutura hierárquica para a Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional.
108
Fonte: adaptado pelo autor com base na Instrução Normativa nº 01/2010 - IFSC
Entre outras atividades, a Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional do IFSC
é responsável pelo projeto de compartilhamento de boas práticas de gestão, elaboração do
Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI – IFSC) e atua juntamente com a área de
gestão de pessoas nas resoluções de capacitação.
Com referência à Base de Conhecimento institucional, de responsabilidade da
Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional, após a fase de planejamento e
implementação estrutural da base (item 8), seria aplicado mais um dos eixos estratégicos
propostos, aquele que trata do desenvolvimento, implantação e manutenção da Base de
Conhecimento institucional (item 9), conforme incisos IX e X do artigo 3º da Portaria nº
385 do IPEA (IPEA, 2010a).
O conceito de base de conhecimento, como definido no glossário do livro de
Batista (2012), está ligado ao de captação, estruturação e armazenamento ou registro do
conhecimento estratégico organizacional sobre processos, produtos, serviços, tecnologias,
metodologias de trabalho e relacionamento com os cidadãos-usuários. Estas informações
são coletadas e depositadas em repositórios de conhecimento para posterior
compartilhamento por todos da organização. Esses repositórios formam as bases de
conhecimento de uma organização e servem para preservar, gerenciar e alavancar a
memória organizacional. Na Portaria nº 385/2010 do IPEA, em seu inciso V do art. 3º, há
menção sobre o compartilhamento (disseminação, distribuição, partilha, transferência), o
armazenamento (guarda, repositório), a preservação (restauração, acesso para futuro,
guarda de longo prazo), a utilização (reuso), interpretação, aplicação e proteção
(segurança, acesso controlado) da informação institucional, o que é materializado através
do uso da tecnologia de transmissão de dados e manutenção de bases de dados, ferramentas
que constituem a Base de Conhecimento de uma organização.
109
Manter o domínio de conhecimento da organização está na raiz do conceito de
capacidade absortiva organizacional, como foi defendido por Cohen & Levinthal (1990),
pois a habilidade para avaliar (Dimensão Aquisição) e utilizar (Dimensão Aplicação) o
conhecimento externo é função do nível de conhecimento prévio relacionado.
O compartilhamento do conhecimento promove o fluxo da informação
institucional, gerando valor para a instituição em forma de ativo intangível ou capital
intelectual, auxiliando seus membros a se desenvolverem e a atingirem os objetivos
institucionais. Assim, as organizações públicas devem promover a criação de uma cultura
de registro e intercâmbio sistemático de informações, mantidas em seus ambientes de base
de conhecimento de referência e atualizadas constantemente, para que seja garantida sua
utilidade. Não é demais lembra que Daghfous (2004) localiza a base de conhecimento de
uma organização como elemento central da capacidade absortiva, uma vez que quanto
mais desenvolvida estiver essa base, mais fluida será a incorporação de novo
conhecimento, com impactos diretos nas dimensões Assimilação e Transformação.
Também é fundamental que estas organizações disponibilizem a adequada
ambiência e infraestrutura de meios de acesso para promover o compartilhamento das
informações, visto que, conforme observam Fava-de-Moraes e Martinez Soto (2002), é o
capital humano que, articulado, forma a base conceitual, o conteúdo cognitivo
institucional, a precisão dos seus produtos, a responsabilidade com o contexto e o
significado das explicações referenciadas pelos dados e estatísticas, bem como a
viabilização de novos experimentos e aplicações (POCHO, 2016). As autoras dão a
dimensão exata da importância das bases ou bancos de conhecimento ressaltando as
características de seu conteúdo, visto que os dados processados, armazenados e
comunicados são símbolos quantificáveis e quantificados e o seu indispensável
armazenamento deve ser ordenado, confiável e bem gerenciado, permitindo tratamento e
assimilação segura (Dimensão Assimilação). Só assim poderão ser convertidos em
informação de utilidade pública, pois dado não utilizado é estático, irrelevante e
inoportuno. Quando ao dado representado e armazenado lhe é atribuído um significado,
este se transforma em informação. A informação transferida, utilizada e vivenciada
individualmente como uma experiência real, que causa impacto na condição cognitiva e
perceptiva do indivíduo removendo ou reduzindo incertezas, transforma-se em
conhecimento, que é algo pragmático.
110
O conhecimento administrativo de uma organização é o acervo de sua
experiência, seus valores e suas boas práticas, fruto de interações dinâmicas e direcionado
para uma provável utilidade prática (NONAKA, 2007). Sua transmissibilidade é
fundamental como recurso estratégico para o progresso institucional como um todo, bem
como para o fortalecimento da presença da universidade nos contextos produtivos da
sociedade em que está inserida (MOTTA, 2014).
Experiências de sucesso como o Farol do Conhecimento e Memória Técnica do
Banco do Brasil, a Base SERPRO de Conhecimentos do Serviço de Processamento de
dados (SERPRO) do Governo Federal e o Mapeamento de Conhecimentos da Rede
Bancária da Caixa Econômica Federal são ações que exemplificam a adoção do eixo
estratégico Base de Conhecimento em organizações do executivo federal de forma
realmente efetiva (BATISTA, 2004).
Contando com uma Pró-Reitoria autônoma e especializada no tratamento do
conhecimento e com uma Base de Conhecimento de nível adequado à universidade, inicia-
se o processo de identificação e priorização de práticas e projetos que lidem de forma
especializada e eficiente com o conhecimento institucional, em nível individual, de equipe,
intraorganizacional e interorganizacional (item 10). Além de permitir o delineamento de
ações e mecanismos de transmissão de conhecimentos, esse passo será fundamental para a
inserção estruturada da UFAL em níveis mais complexos de disseminação do
conhecimento, como será visto mais adiante. Além disso, esse conjunto de ferramentas
estratégicas estruturais implantadas virá a assegurar a elaboração, implementação,
monitoramento e avaliação do Plano Estratégico de conhecimento institucional (item 11), o
qual poderá servir como alicerce para uma futura Política Institucional de Tratamento do
Conhecimento. Essa política teria como objetivo garantir a existência e fortalecer a atuação
da PRODIN e das iniciativas institucionais orientadas para lidar com o conhecimento.
Neste momento de execução do Plano de Ação, considerando a dimensão e o
impacto das mudanças inseridas na estrutura da universidade, principalmente com a
implantação de dois dos quatro eixos estratégicos propostos, é imprescindível direcionar o
foco de atenção para a capacitação adequada, especializada e customizada dos servidores
da UFAL através de investimento nos recursos humanos institucionais para geração de
competências (item 12, de acordo com o inciso VI do art. 1º da Portaria IPEA nº385/2010).
Para implantação de mais este eixo estratégico, é importante considerar que a
Capacidade Absortiva coletiva depende, em grande proporção, das capacidades absortivas
111
individuais (COHEN e LEVINTHAL, 1990). Essa conexão entre a capacidade absortiva da
organização e a das pessoas que a compõem remete ao nível de qualificação da força de
trabalho. Para os autores, há um investimento direto em capacidade absortiva quando uma
organização investe na capacitação de seus recursos humanos.
No Brasil, o poder público sensível a esses fatos - e também influenciado pelas
modificações estruturais nos diversos modelos de administração pública dos países
desenvolvidos - instituiu, a partir de 2003, algumas políticas do modelo gerencial
(PAULA, 2005a) na realidade do serviço público. No que se refere às Instituições Federais
de Ensino Superior (IFES), a Lei nº 11.091, de 12 de janeiro de 2005, definiu a
estruturação do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação
(PCCTAE), que vinculou o desenvolvimento do servidor na carreira à progressão por
capacitação profissional e à progressão por mérito profissional.
Na Universidade Federal de Alagoas, a capacitação de servidores é tarefa da
Gerência de Capacitação de Recursos Humanos. Este setor está vinculado à Coordenadoria
de Desenvolvimento de Recursos Humanos da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas e do
Trabalho. Conforme estabelecido no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da
UFAL, a Gerência de Capacitação é responsável pelo Plano Anual de Capacitação, cujo
objetivo é garantir o aperfeiçoamento pessoal e institucional através do desenvolvimento
das habilidades dos servidores, permitindo que a UFAL alcance sua missão institucional.
Com base no PCCTAE e em outras legislações reguladoras (Decreto nº 5.707/2006 –
instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal (PNDP) e definiu diretrizes
para o Desenvolvimento de Pessoal da Administração Pública Federal Direta, Autárquica e
Fundacional; Decreto nº 5.824/2006 - do Incentivo à Qualificação; Decreto nº 5.825/2006 -
Plano de Desenvolvimento dos Integrantes do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-
Administrativos em Educação) o Plano Anual de Capacitação trouxe, em sua última versão
disponível de 2016, uma lista extensa de possibilidades de capacitação, a qual foi
construída “com foco em seis linhas de desenvolvimento, tendo como base as demandas
propostas nas Avaliações de desempenho, no levantamento de necessidades de capacitação
encaminhado aos órgãos/pró-reitorias/unidades acadêmicas/Campus e no levantamento
individual de necessidades de capacitação encaminhado a todos os servidores da
Universidade Federal de Alagoas” PDI (2016, p. 4).
Sabe-se que as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) têm dificuldade de
desenvolvimento e investimento em recursos humanos não apenas pela falta de autonomia
112
de seus gestores – delimitados pelas políticas de Recursos Humanos institucionais – mas
também pela escassez de recursos financeiros, que impossibilita a realização de ações mais
eficazes. O resultado obtido pelo indicador de Capacidade Absortiva da UFAL neste
estudo parece ratificar a dificuldade de aperfeiçoamento de pessoal na instituição, bem
como sugere que talvez os investimentos em capacitação não estejam alinhados com as
estratégias institucionais de desenvolver as habilidades necessárias aos servidores técnico-
administrativos para que o conhecimento institucional seja absorvido e aplicado nas
atividades administrativas da universidade.
Pereira e Silva (2011) propõem o desenvolvimento de um perfil proativo nos
servidores, inseridos em um modelo de instituição federal de ensino superior cuja gestão de
recursos humanos se dê pela gestão por competências, como uma alternativa viável, a
partir da articulação dos recursos da instituição para constituição das competências,
conforme proposto no inciso VII do artigo 3º da Portaria IPEA (IPEA, 2010a). Segundo os
autores, “a adequação ao modelo de gestão por competência indica que as pessoas agregam
valor às organizações, modernizando práticas e processos e passam a ser essenciais à
sobrevivência organizacional pela geração e compartilhamento do conhecimento” (SILVA,
2009). Segundo Mills et al. (2002), competências referem-se a quão bem as atividades são
desempenhadas em uma organização para que sejam realizadas efetivamente.
Se entendermos competência como a compreensão prática das situações apoiada
em conhecimentos adquiridos que serão transformados em função da diversidade de
circunstâncias envolvidas (ZARIFIAN, 2001), então podemos pensar que uma gestão por
competências envolveria servidores hábeis a aplicar os conhecimentos adquiridos para
abordar as situações do contexto profissional, modificando-os por meio de análise e
compreensão dos fatos e pela reflexão posterior à ação (PEREIRA e SILVA, 2011). A
compreensão da conjuntura real, seus componentes (materiais ou humanos), o objetivo da
ação, as implicações que serão geradas pela ação (julgamento e responsabilidade) e a
interação com o outro (colega, cliente, gestor), estabelecendo um agir prático inteligente e
empático que satisfaça aos aspectos objetivos (externos, do contexto) e subjetivos
(percepções, emoções) são características da gestão por competência (PEREIRA e SILVA,
2011), e servidores públicos com este perfil necessitam mais que as capacitações que vêm
sendo oferecidas pelos órgãos de gestão de recursos humanos.
A implicação administrativa é que gerentes precisam considerar as competências
de disseminar e absorver conhecimento de seus servidores caso queiram maximizar os
113
benefícios de transferência de conhecimento. A implicação institucional é que a
universidade terá que desenvolver estratégias apropriadas para transferir conhecimento,
tais como: identificar o proprietário de conhecimento valioso e escolher a pessoa
apropriada com capacidade de disseminação forte para realizar a tarefa de coordenar
processos de transferência de conhecimento (MU, TANG e MACLACHLAN, 2010).
Os servidores públicos são os grandes indutores do conhecimento dentro das
instituições públicas e responsáveis por dar sustentabilidade às boas práticas de gestão
(LIMA, 2010). O conhecimento técnico acumulado, aplicado e compartilhado possibilita
que a instituição alcance sua missão de “formar continuamente competências por meio da
produção, multiplicação e recriação de saberes e do diálogo com a sociedade” (PDI, 2013).
Para transformar discurso em prática, Pereira e Silva (2011) elaboraram um rol de
competências identificadas em servidores públicos que atuam em três IFES de excelência
no nordeste do Brasil: Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Universidade Federal
da Paraíba - UFPB e Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Estas
competências gerenciais resultantes do estudo são descritas no Quadro 13.
Quadro 13 - Competências identificadas em servidores da UFPE, UFPB e UFRN.
Dimensão Categoria Competência
Competências
Cognitivas
Conhecimentos
técnicos
Executar as atividades profissionais utilizando um
conjunto de procedimentos técnicos e legais para o
aprimoramento do trabalho.
Conhecimentos
operacionais
Realizar atividades vinculadas ao ambiente de atuação
profissional que proporcionem qualidade e agilidade
aos serviços prestados à comunidade.
Competências
Funcionais
Orientação
estratégica
Elaborar estratégias valendo-se da análise do contexto
institucional, vinculando-as às diretrizes da instituição.
Processos de
trabalho
Assumir a responsabilidade pelas decisões
relacionadas aos processos de trabalho, avaliando as
suas consequências.
Competências
Comportamentais
Gerenciamento
de conflitos
Gerenciar as dificuldades interpessoais e conflitos
vivenciados na equipe.
Comunicação
Utilizar a comunicação de forma compreensível, por
meio da linguagem oral e escrita, como facilitadora do
trabalho em equipe.
Competências
Políticas
Interesse público Estimular a defesa dos interesses institucionais,
utilizando bens públicos em prol da sociedade.
Parcerias
cooperativas
Estabelecer parcerias cooperativas com setores
internos, órgãos externos e outras instituições federais
de ensino, visando à construção coletiva de soluções
para as dificuldades institucionais.
Fonte: adaptado de Pereira e Silva (2011).
114
Essas competências são desejadas em qualquer servidor público e, segundo os
autores, podem contribuir para aumentar o alinhamento dos servidores públicos ao
contexto institucional. Tais competências podem certamente fazer parte do planejamento
estratégico de capacitação dos servidores da UFAL para adequar os objetivos estratégicos
da Perspectiva 6 – Pessoas (PDI, 2016) aos paradigmas de uma gestão institucional mais
eficiente, eficaz, efetiva e competente.
Concomitantemente aos passos seguidos e à implantação dos eixos estratégicos
propostos, a PRODIN teria a função também de desenvolver mecanismos de estímulo à
disseminação do conhecimento intrainstitucional, a fim de estimular competências para
disseminação mais efetiva do conhecimento dentro da instituição (item 13). Além disso, e
para consolidar a instalação de uma cultura de tratamento especializado do conhecimento,
a PRODIN engendraria esforços na direção de criar canais facilitados e estimuladores para
disseminação do conhecimento dentro da instituição (item 14), visando a descentralizar e
difundir mecanismos de acesso, produção e disseminação do conhecimento. Este passo é
fundamental para que os membros da instituição passem a ter papel ativo no processo e
pratiquem suas competências na produção, gestão e transferência do conhecimento. A
criação de uma cultura ativa de fomento ao conhecimento também depende sobremaneira
da instalação consolidada destas práticas sugeridas.
Como resultado da criação e consolidação do alicerce estrutural proposto,
defende-se o aperfeiçoamento dos relacionamentos interorganizacionais através da
formação de uma Rede de Conhecimento institucional estruturada, último dos eixos
estratégicos delineados para o plano de ação de desenvolvimento da Capacidade Absortiva
da UFAL (item 15, conforme inciso XI do art. 3º da Portaria IPEA 385/2010 que trata da
participação da força de trabalho em redes de relacionamento para compartilhamento do
conhecimento entre órgãos do governo e sociedade). A ideia deste eixo é situar a UFAL
como protagonista da rede de relacionamentos interorganizacionais com outras
instituições, organizações e a sociedade.
Para manter competitividade, bem como para construir ou melhorar sua
capacidade absortiva, organizações frequentemente necessitam ter acesso e lidar com
fontes de conhecimento externas aos seus limites. As relações interorganizacionais são o
mecanismo típico para se atingir esse objetivo (SIMHA, 2013). Com isso, estas
organizações conseguem estabelecer vínculos com outras organizações para, assim,
expandirem sua base de conhecimento e também enriquecerem a qualificação e a
115
experiência de seus colaboradores. Como resultado, as capacidades absortivas individuais
são alavancadas no todo e a capacidade absortiva da organização é ampliada (COHEN e
LEVINTHAL, 1990).
Para isso, é preciso estruturar uma rede de relacionamentos com diversas
organizações e instituições, o que permite ter acesso a conhecimento e informações
disponíveis no ambiente externo, como também a conhecimentos especializados que são
gerados em instituições de pesquisa (SILVA, 2015). A escolha das fontes externas de
conhecimento depende dos valores, estratégia de inovação e da capacidade das empresas
em absorver e combinar tais informações.
As atuais funções do Estado e suas novas relações com a sociedade impõem
formas de gestão que suportem parcerias entre instituições estatais e organizações
empresariais ou sociais (FLEURY e OUVERNEY, 2007). Surgem, então, novas formas de
relacionamentos entre Estado/sociedade e entre organizações nas esferas de governo
(LOIOLA e MOURA, 1996).
Para Goldsmith e Eggers (2006) as instituições deveriam trabalhar orientadas por
um novo modelo denominado “gerir em rede” (GOLDSMITH e EGGERS, 2006, p.21). No
modelo proposto, as instituições públicas dependem menos de servidores públicos em
papéis tradicionais e mais de uma teia de parcerias, contratos e alianças para realizar o
serviço público. Várias tipologias de redes público-privadas podem surgir, permitindo a
formação de canais de distribuição de conhecimento, serviços e transações públicas.
Diante desses fatos, propõe-se como quarto eixo estratégico para promover a
melhoria do indicador de Capacidade Absortiva institucional da UFAL o posicionamento
da instituição como protagonista da rede de relacionamentos interorganizacionais, de
forma que a universidade desempenhe papel altamente ativo na estabilidade e dinamismo
da rede, ocupando papel de agente de comunicação e comutação de informação, ou seja,
atuando como uma Hub Entity, ou Entidade Comutadora, entre os atores da rede,
orquestrando o funcionamento, a estabilidade e evolução da rede (Figura 09).
Nesse contexto, é necessário que a UFAL desenvolva uma estrutura funcional
adequada as suas restrições e características orçamentárias, infraestruturais, legais,
administrativas, normativas, tecnológicas, de recursos humanos, de sua missão, de seus
valores e objetivos para ser capaz de ocupar o papel de orquestradora de uma rede de
relacionamentos entre os mais diversos tipos de organizações e instituições públicas e
privadas, para que o intercâmbio de conhecimento, experiências e resultados seja
116
fomentado e compartilhado entre todos da rede, gerando valor e produzindo conhecimento
novo e desenvolvimento conjunto.
Figura 9 – UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais.
Fonte: elaborado pelo autor.
O quarto eixo estratégico proposto para a UFAL foi implementado pela Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA - a partir de 2012, através da iniciativa
denominada Rede de Conhecimento, composta por colaboradores da instituição, além de
parceiros externos – nacionais e internacionais. A estratégia da EMBRAPA está baseada
em um Sistema de Inteligência Estratégica – o AgroPensa – formado por três componentes
específicos complementares (EMBRAPA, 2014): o Observatório de Tendências, que faz a
captura e processamento de bases de dados e informações; a área de Análise e Estudos,
responsável pela avaliação do conhecimento capturado e disponibilização para órgãos de
decisão dos resultados das avaliações; e o ambiente de Estratégias, cuja função é
transformar as informações coletadas e analisadas em planos e ações. Tal iniciativa é
fortemente baseada na interação entre os colaboradores e parceiros, pois é operacionalizada
na forma de uma rede de atores, cabendo a EMBRAPA o protagonismo operacional e
estratégico. Os objetivos principais do AgroPensa são produzir e difundir conhecimentos e
informações para formulação de estratégias de ação dos setores público e privado, além de
117
mapear e apoiar a organização, integração e disseminação de base de dados e de
informações agropecuárias. Esse é um exemplo de destaque que pode servir como
orientação para projetos de redes estratégicas e inteligentes de relacionamento
interorganizacional ou interinstitucional. Nesse sentido, as dimensões Aquisição,
Assimilação e Transformação são operacionalizadas através dos componentes internos do
Sistema AgroPensa, enquanto a Aplicação do conhecimento produzido é colocada em
prática por todos os componentes da Rede de Conhecimento.
Os quatro eixos estratégicos apresentados separadamente nesta sessão possuem
pontos de convergência latentes. A complementaridade de cada um deles em relação aos
outros é facilmente percebida, principalmente em um contexto institucional público de
grande porte cujo desafio principal é manter o alinhamento com as necessidades da
sociedade sem, contudo, incorrer na obsolescência de seus ativos, no anacronismo de suas
ações ou no recrudescimento de falhas resultantes da inépcia institucional em produzir e
disseminar o conhecimento no ambiente em que se insere. Imaginar um quadro de pessoal
capacitado e competente, que possa recorrer a bases de conhecimentos atualizadas e
difundidas em rede, sob orientação e comando de uma estrutura funcional especializada e
que possa transmitir e consumir conhecimento de qualidade, estruturado e padronizado,
parece delinear um roteiro estratégico inicial capaz de promover o crescimento da
Capacidade Absortiva institucional.
Finalmente, para criação de indicadores e para a avaliação das ações propostas, é
essencial criar mecanismos para mensurar e divulgar os resultados e benefícios obtidos
com as iniciativas institucionais de tratamento do conhecimento (item 15). Além de
demonstrar a evolução da universidade em relação ao tratamento do fluxo da informação e
do conhecimento gerado, os resultados obtidos poderão ser utilizados como referencial
para a formação de um arcabouço teórico e como índices de mensuração de efetividade das
ações, embasando e alimentando os processos de formulação de uma Política Pública de
Conhecimento Institucional.
118
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo principal a ser alcançado por este estudo foi determinar um indicador
para a Capacidade Absortiva da Universidade Federal de Alagoas que pudesse caracterizar
em que nível a instituição consegue absorver conhecimento externo a partir de seus
servidores técnico-administrativos em suas correspondentes unidades de trabalho
considerando as condições reais e atuais da universidade. Como objetivos específicos,
foram estudadas as dimensões do construto e foi proposto um Plano de Ação institucional
para desenvolvimento das potencialidades do construto e suas dimensões.
O caminho metodológico para tal foi seguido com rigor para que o cálculo do
indicador não fosse influenciado por problemas com os dados ou a inadequação do
instrumento de coleta ou do modelo teórico selecionado para operacionalização na
universidade. Para tal, dois procedimentos de Análise Fatorial foram utilizados para que o
modelo teórico de Flatten et al. (2011) fosse validado dentro do contexto de uma
instituição pública de ensino superior.
O construto escolhido para operacionalização foi validado inicialmente pelos
autores Flatten et al. (2011) na Alemanha, e, posteriormente, no Brasil por Engelman,
Fracasso e Schmidt (2014), ambos em contextos corporativos. É desconhecida a aplicação
do modelo teórico original anterior à proposta do presente estudo em instituições públicas
de ensino superior. Os riscos potenciais de descaminho da pesquisa ou invalidação do
modelo eram reais, mas o esforço de pesquisa foi bem sucedido.
O diagnóstico organizacional permitiu verificar a partir dos trezentos formulários
de resposta coletados no Campus principal da Universidade Federal de Alagoas que,
segundo a percepção dos respondentes, o fluxo de informações dentro do Campus e entre
as várias unidades é lento. Tal fato afeta a identificação e aquisição de conhecimento, visto
que o acesso à informação é prejudicado. Além disso, as respostas indicaram, por parte dos
servidores técnico-administrativos, dificuldades para os gestores atuarem efetivamente no
processo de absorção do conhecimento, devido à promoção insuficiente de meios e
incentivos para o intercâmbio de informação e busca de soluções dos problemas locais.
Através de cálculos estatísticos, obteve-se o valor de 54% para o índice de
Capacidade Absortiva institucional, considerando as validações do número de dimensões
do construto, a validade do instrumento e do modelo aplicados. Esse valor indica uma
habilidade intermediária da Universidade Federal de Alagoas, através de seus servidores
119
técnico-administrativos ativos lotados em unidades acadêmicas e administrativas do
Campus A. C. Simões, em absorver conhecimento externo às respectivas unidades e
mesmo externo à própria universidade, vista como instituição. O valor pode ser
considerado positivo se avaliado do ponto de vista de uma instituição que não possui
mecanismos formais definidos de tratamento estruturado do conhecimento. Questionável,
porém, tratando-se de uma instituição cujo foco e missão são produzir conhecimento.
O plano de ação proposto, contendo um conjunto de itens complementares uns aos
outros, estrutura-se em torno de um conjunto de quatro eixos estratégicos principais, os
quais visam a desenvolver componentes concretos que constituem o construto Capacidade
Absortiva. A criação de um setor institucional especializado - uma Pró-reitoria de
Desenvolvimento Institucional - para centralizar e organizar o tratamento do conhecimento
da universidade; o desenvolvimento de uma base de conhecimento institucional
estruturada, compartilhada e funcional; a capacitação com foco em competências para os
servidores técnico-administrativos, e o estabelecimento de uma rede de relações
interorganizacionais em que a universidade atue como ente central de estruturação do
conhecimento, coadunam-se com iniciativas recentes de outros órgãos públicos nacionais,
bem como com os recentes estudos sobre o construto Capacidade Absortiva.
As limitações do estudo concentram-se no fato de esta ser uma pesquisa
quantitativa, o que impede um maior aprofundamento nas particularidades do fenômeno
em cada unidade estudada. Além disso, o estudo não contemplou as unidades externas ao
Campus A. C. Simões, as quais encontram-se distantes do centro de decisão institucional.
Além disso, apenas servidores técnico-administrativos fizeram parte do estudo, uma vez
que é o conhecimento destes profissionais que mobiliza a engrenagem administrativa.
Como proposta de evolução do conhecimento, este estudo produziu informações
úteis e inéditas tanto em nível institucional quanto em nível de discussão propositiva para
construção de políticas institucionais estratégicas que possam desenvolver a habilidade
institucional de absorver conhecimento, bem com serem vinculadas aos processos e
procedimentos da instituição. Como resultado, o aprimoramento das rotinas operacionais
sintonizadas com a missão e valores existenciais da universidade através da
operacionalização do plano de ação, podem vir a permitir o uso dos recursos institucionais
de forma mais eficiente, promovendo o desenvolvimento de ações de renovação de sua
base de conhecimentos, influenciando o desempenho e permitindo a adequação e
renovação de processos e capacidades institucionais.
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APÊNDICES
Apêndice I – Escala Capacidade Absortiva final adaptada para o contexto da Universidade
Federal de Alagoas com base na escala de Flatten et al. (2011).
131
ANEXOS
Anexo I – Portaria IPEA 385/2010
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA
PORTARIA Nº 385, DE 13 DE OUTUBRO DE 2010.
Institui, no âmbito do IPEA, a Política de
Gestão do Conhecimento e Inovação e dá
outras providências
O PRESIDENTE DO INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA-IPEA,
no uso de suas atribuições contidas no art. 17 do Decreto n.º 7.142, de 29.03.2010 e tendo em vista
a missão institucional que é “produzir, articular e disseminar conhecimento para aperfeiçoar
políticas públicas e contribuir para o planejamento do desenvolvimento brasileiro”, RESOLVE:
Art. 1º Instituir, no âmbito do IPEA, a Política de Gestão do Conhecimento e Inovação,
tendo como objetivos:
I – orientar a mobilização e o tratamento do conhecimento institucional como recurso
estratégico relacionado aos processos finalísticos e de apoio a fim de aplicar os conhecimentos e
habilidades da força de trabalho nas áreas de atuação do IPEA (pesquisa, assessoria, avaliação,
ensino e cooperação nacional e internacional) com vistas ao cumprimento da missão do Instituto;
II – incentivar a criação de mecanismos que visem à melhoria da eficiência, da eficácia e
da efetividade dos produtos e serviços prestados pelo IPEA ao Estado e à sociedade;
III – promover a transparência na gestão do IPEA por meio do provimento de
informações sobre as atividades da instituição à sociedade e ao Governo;
IV – incentivar a cultura voltada para a importância da inovação e da geração e
compartilhamento de conhecimento e informação, entre os servidores e dirigentes do IPEA;
V – desenvolver a cultura colaborativa e inovadora no IPEA e nas relações do IPEA com
instituições parceiras, Estado e sociedade; assim como promover oportunidades de aprendizado
contínuo aos servidores;
VI – fomentar a adoção e a capacitação dos servidores para o uso de métodos,
ferramentas e tecnologias para fins da Gestão do Conhecimento e Inovação;
VII – assegurar a publicidade e o amplo acesso à produção técnica e científica do IPEA.
DAS DEFINIÇÕES
Art. 2º Para efeito desta política, dentre as possíveis interpretações da literatura
especializada, considera-se:
I – Dado - Conjunto de fatos distintos e objetivos, relacionados a eventos;
II – Informação - Mensagem com dados que fazem diferença, pode ser audível ou visível,
existe um emitente e um receptor. A informação tem por finalidade mudar o modo como o
destinatário vê algo, exercer algum impacto sobre seu julgamento e comportamento;
III – Conhecimento - Combinação de experiência condensada, valores, informação
contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para a avaliação e
incorporação de novas experiências e informações;
IV – Gestão do Conhecimento - Conjunto de processos sistematizados, articulados e
intencionais, capazes de incrementar a habilidade dos gestores e servidores públicos em criar,
coletar, organizar, transferir e compartilhar informações e conhecimentos que podem servir para a
tomada de decisões, para a gestão de políticas públicas e para a inclusão do cidadão como produtor
de conhecimento coletivo;
132
V – Plano Estratégico de Gestão do Conhecimento do IPEA - Documento que sintetiza as
estratégias e as iniciativas de Gestão do Conhecimento do IPEA. Contempla elementos que
contribuem para a utilização de métodos, técnicas e ferramentas para o desenvolvimento de cultura
e ambiente organizacional propício à criação, compartilhamento e uso do conhecimento, que visem
a produção de conhecimento para aperfeiçoar as políticas públicas e contribuir para o planejamento
do desenvolvimento brasileiro.
VI – Força de Trabalho do IPEA - Pessoas que compõem o IPEA e que contribuem para a
consecução de suas estratégias, objetivos e metas, tais como empregados em tempo integral ou
parcial, temporários, autônomos e contratados de terceiros que trabalham sob a coordenação direta
do IPEA (servidores, consultores, bolsistas, estagiários, pessoas que trabalham para empresas que
prestam serviços terceirizados).
DAS DIRETRIZES
Art. 3º São diretrizes da Política de Gestão do Conhecimento e Inovação do IPEA:
I – Assegurar a elaboração, implementação, monitoramento e avaliação de um Plano
Estratégico de Gestão do Conhecimento do IPEA continuamente alinhado ao grau de maturidade
em Gestão do Conhecimento da instituição;
II - Incentivar o desenvolvimento de cultura voltada para a inovação e compartilhamento
de conhecimentos e informações;
III – Assegurar o amplo acesso da força de trabalho às informações e conhecimentos
necessários para aperfeiçoar os processos de apoio e finalísticos e dos cidadãos às informações e ao
conhecimento produzidos no IPEA;
IV – Assegurar o alinhamento dos instrumentos e mecanismos de gestão, particularmente
os de gestão de pessoas, aos de gestão do conhecimento institucional;
V – Estimular a adoção de práticas gerenciais e o uso intensivo das tecnologias da
informação e comunicações na promoção dos processos sistemáticos de gestão do conhecimento:
identificação (caracterização), criação (captura, aquisição, coleta); compartilhamento
(disseminação, distribuição, partilha, transferência); armazenamento (guarda, repositório);
preservação (restauração, acesso para futuro, guarda de longo prazo); utilização (reuso),
interpretação, aplicação e proteção (segurança, acesso controlado);
VI – Mapear as práticas de Gestão do Conhecimento existentes no IPEA com os objetivos
de disseminar e incentivar, quando adequado, o uso de tais práticas na instituição;
VII – Promover competências individuais e organizacionais para o desenvolvimento de
produtos e serviços, assim como a valorização da força de trabalho como produtores de
conhecimento;
VIII – Promover a cooperação e a colaboração da força de trabalho e equipes no
compartilhamento do conhecimento organizacional;
IX – Fomentar a preservação e o armazenamento da informação produzida na instituição,
assim como promover a valorização e a preservação do patrimônio histórico do IPEA e da
Memória Institucional;
X – Propor mecanismos de transmissão de conhecimentos visando à continuidade da
execução de atividades e processos finalísticos e de apoio;
XI – Fomentar a participação da força de trabalho em redes sociais para o
compartilhamento de conhecimento entre o IPEA, órgãos de governo e sociedade; assim como a
utilização das ferramentas da Rede Mundial de Computadores visando à melhoria do desempenho
individual e organizacional e o aprimoramento dos produtos e serviços da instituição;
XII – Assegurar a absorção, retenção e disseminação do conhecimento produzido no
relacionamento com terceiros;
133
XIII – Incentivar a realização de pesquisas e estudos que favoreçam a inovação na
execução dos processos de apoio e finalísticos;
XIV – Mensurar e divulgar os resultados e benefícios obtidos com a Gestão do
Conhecimento e com as iniciativas inovadoras na instituição;
XV – Promover e fomentar a participação da força de trabalho em iniciativas, premiações
e eventos próprios e de terceiros voltados a Gestão do Conhecimento e inovação e ao
compartilhamento de conhecimento entre o IPEA e os demais órgãos e entidades do Estado e
sociedade;
XVI - Contemplar no Plano Anual de Capacitação ações de qualificação da força de
trabalho nas áreas de Gestão do Conhecimento e inovação, inclusive com a formação de
multiplicadores cujo papel será disseminar princípios, conceitos e ferramentas da GC.
DO GESTOR DA POLÍTICA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO E INOVAÇÃO
Art. 4º O papel de gestor da Política de Gestão do Conhecimento e Inovação do IPEA
será desempenhado pelo Comitê de Gestão do Conhecimento e Inovação cuja criação e
competências serão formalizadas por meio de portaria a ser publicada especialmente com essa
finalidade.
Art. 5º. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Anexo II – Portaria IPEA 386/2010
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA
PORTARIA Nº 386, DE 13 DE OUTUBRO DE 2010.
Institui o Comitê de Gestão do
Conhecimento e Inovação do IPEA, e dá
outras providências
O PRESIDENTE DO INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA – IPEA,
no uso de suas atribuições que lhe confere o inciso VII, art. 17 do Decreto Nº 7.142, de 29 de
março de 2010, RESOLVE
Art. 1º Fica criado o Comitê de Gestão do Conhecimento e Inovação - CGI, com a
finalidade de gerenciar a Política de Gestão do Conhecimento e Inovação do IPEA.
Art. 2º O Comitê de Gestão do Conhecimento e Inovação terá as seguintes competências:
I – desempenhar o papel de gestor da Política de Gestão do Conhecimento e Inovação;
II – orientar as Unidades do IPEA no planejamento e implementação de ações relativas à
Política de Gestão do Conhecimento e de suas diretrizes;
III – identificar áreas de interesse e promover iniciativas estratégicas de inovação e de
Gestão do Conhecimento;
IV – fomentar a incorporação de conhecimentos, de forma inovadora, aos processos de
trabalho e aos produtos e serviços prestados pelo IPEA;
V – avaliar e divulgar os resultados obtidos pelas iniciativas de Gestão do Conhecimento
e inovação;
VI – propor ao presidente do IPEA o Plano Estratégico de Gestão do Conhecimento e
coordenar os processos de elaboração, implementação, monitoramento e avaliação desse Plano
assegurando seu alinhamento com o grau de maturidade em Gestão do Conhecimento da
instituição;
VII – assegurar o alinhamento do Plano Estratégico de Gestão do Conhecimento com os
direcionadores estratégicos e com políticas e planos da instituição relacionados ao tema, tais como:
134
Política de Gestão de Pessoas; Plano Diretor de Tecnologia da Informação (PDTI); e Política de
Base de Dados; Política de segurança da informação; e
Art. 3º O Comitê de Gestão do Conhecimento e Inovação será constituído:
I – pelo coordenador-geral da área de planejamento, gestão estratégica e orçamento da
Diretoria de Desenvolvimento Institucional - DIDES, que o presidirá;
II – pelo substituto do coordenador-geral da área de planejamento, gestão estratégica e
orçamento da DIDES, que será o vice-presidente; e
III – por titulares e suplentes representantes da Presidência e de cada uma das Diretorias
desta Fundação, a serem nomeados pelo Presidente do IPEA.
Art. 4º A coordenação-geral da área de planejamento, gestão estratégica e orçamento da
DIDES prestará o suporte técnico necessário à realização das reuniões, inclusive atribuindo a um
servidor efetivo do seu setor o encargo de secretariar os trabalhos do Comitê e organizar o seu
expediente.