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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FLAVIO HENRIQUE REIS SANTOS CAPACIDADE ABSORTIVA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS: OPERACIONALIZAÇÃO, AFERIÇÃO E ESTRATÉGIAS PARA SEU DESENVOLVIMENTO MACEIÓ 2017

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

FLAVIO HENRIQUE REIS SANTOS

CAPACIDADE ABSORTIVA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS: OPERACIONALIZAÇÃO,

AFERIÇÃO E ESTRATÉGIAS PARA SEU DESENVOLVIMENTO

MACEIÓ

2017

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2

FLAVIO HENRIQUE REIS SANTOS

CAPACIDADE ABSORTIVA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS: OPERACIONALIZAÇÃO,

AFERIÇÃO E ESTRATÉGIAS PARA SEU DESENVOLVIMENTO

Trabalho Final de Conclusão do Mestrado Profissional

apresentado ao Programa de Pós-Graduação em

Administração Pública – Mestrado Nacional em

Administração Pública da Universidade Federal de

Alagoas, como parte das exigências para qualificação e

posterior obtenção do título de Mestre.

Área de concentração: Administração Pública

Orientador: Prof. Dr. Andrew Beheregarai Finger

MACEIÓ

2017

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3

No fim compreendemos que o Trabalho Final de Conclusão

não representa apenas a identificação e preenchimento de

uma lacuna do conhecimento. De fato, significa aprender

quando dizer ‘sim’ para ler mais e dizer ‘não’ para desistir.

Adaptado da tese de Pós-Doutorado de Trung T. Nguyen.

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4

Agradecimentos

Aos meus antepassados que eu tive o privilégio de conhecer, pelas experiências e

oportunidades que me ofereceram.

Ao meu pai falecido, pela honestidade e integridade que me ensinou.

A minha mãe, lutadora obstinada e incansável.

Ao meu irmão Gustavo falecido, exemplo de pai e amigo.

A minha irmã Ilda, exemplo de alegria e Justiça.

Aos meus três sobrinhos muito amados, Vitor, Letícia e Gustavinho, responsáveis pelo

sentido e pela alegria em minha vida.

Aos amigos que me incentivaram na caminhada do Mestrado, desde o começo até o momento

final.

Ao meu orientador Prof. Andrew Finger, pela paciência, pela confiança, por todo seu

conhecimento e pela percepção aguçada sobre o melhor a ser feito.

A todos os professores do Mestrado PROFIAP pelo esforço em construir algo grande.

Aos companheiros de trabalho, pela ajuda que me deram principalmente em questões de

horário.

Aos meus colegas de Mestrado, por que só nós sabemos como foi difícil o caminho

percorrido.

Aos servidores técnico-administrativos da Universidade Federal de Alagoas, pela participação

na pesquisa que subsidiou este relatório.

A todos aqueles que fazem o Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, pela gentil cessão

da sala de Multimeios dos Mestrados do instituto.

À possibilidade de poder compartilhar o resultado dos estudos e pesquisa com todos aqueles,

como eu, apaixonados pelo conhecimento.

Flavio Reis

Page 5: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

5

RESUMO

A Capacidade Absortiva de uma organização pode ser compreendida, de forma

genérica, como sua maior ou menor facilidade em identificar, absorver e aplicar tecnologias e

conhecimentos externos às suas rotinas, procedimentos e base de conhecimento pré-existente.

Em sua composição mais amplamente aceita, o construto é formado por quatro dimensões

interdependentes que explicam desde a entrada do conhecimento novo na dinâmica

organizacional até sua aplicação prática em procedimentos, rotinas e desenvolvimento de

novas metodologias e produtos pela organização. Pesquisadores vêm estudando este modelo

teórico no setor corporativo privado desde 1990, analisando suas relações com a geração de

valor e com o desenvolvimento do desempenho organizacional. No Brasil, as pesquisas sobre

o construto concentram-se no setor privado, com alguns estudos que comprovam a

importância da Capacidade Absortiva para aumento da eficiência de órgãos da esfera pública.

Especificamente sobre as Universidades Públicas Federais, os pesquisadores têm percebido

que melhorias nos elementos constituintes da Capacidade Absortiva influenciam

positivamente o desempenho institucional. É no contexto da Universidade Federal de Alagoas

que se insere este estudo, visando a promover a operacionalização e mensuração da

Capacidade Absortiva institucional, e apresentando estratégias para seu desenvolvimento, em

consonância tanto com os componentes estimuladores do construto quanto com as diretrizes

da proposta de Política de Gestão do Conhecimento do Instituto de Pesquisa Econômica e

Aplicada (IPEA). Para atingir o objetivo desta pesquisa de abordagem quantitativa, foram

utilizadas as técnicas de Análise Fatorial Exploratória para verificar a adequação dos dados

coletados ao modelo teórico utilizado, bem como a Análise Fatorial Confirmatória para

verificar a aderência do modelo utilizado na pesquisa aos dados coletados. Estas técnicas

foram aplicadas a uma amostra de trezentos servidores técnico-administrativos ativos da

instituição. Além disso, foi utilizada fórmula específica para cálculo empírico do coeficiente

de Capacidade Absortiva institucional. Os principais resultados obtidos referem-se à

validação do modelo por meio das Análises Fatoriais Exploratória e Confirmatória, ao

desempenho superior da dimensão Transformação em detrimento da dimensão Aquisição

internas ao construto, ao nível atual da Capacidade Absortiva institucional segundo a

percepção dos servidores técnico-administrativos e a proposição de um plano de ação para

intervenção na Universidade Federal de Alagoas, do qual se ressalta o conjunto de quatro

eixos estratégicos para desenvolvimento dos componentes da Capacidade Absortiva

institucional e que estão previstos, em certo grau, na política proposta pelo IPEA.

Palavras-chave: Capacidade Absortiva. Conhecimento. Política institucional. Estratégias.

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6

ABSTRACT

An organization’s Absorptive Capacity can be understood as its ability to identify,

absorb and apply external technologies and knowledge to its pre-existing routines, procedures

and knowledge base. In its most widely accepted composition, the construct is formed by four

interdependent dimensions which explain the construct’s functioning since the input of new

knowledge into the organization up to its practical application in procedures, routines and

development of new methodologies and products. The researchers have been studying this

theoretical model in the corporate sector since 1990, analyzing its relations with the

generation of value and the increase of organizational performance. In Brazil, the research on

the construct is concentrated in the corporate sector, with some studies proving the

importance of the Absorptive Capacity to increase the efficiency of the public sector.

Specifically on Federal Public Universities, researchers have realized that improvements in

Absorptive Capacity constitutive elements positively influence institutional performance. This

research is inserted in the context of the Federal University of Alagoas in order both to

promote in one hand an analysis and measurement of the institutional Absorptive Capacity

and in the other hand to present strategies for its development, in consonance with the

inducing components of the construct and with the guidelines of the Proposed Policy for

Knowledge Management defined by the Institute of Economic and Applied Research (IPEA).

Exploratory Factor Analysis to verify the adequacy of the data collected to the theoretical

model used, as well as the Confirmatory Factor Analysis to verify the adherence of the model

used in the research to the data collected have been conducted. These techniques were applied

to a sample of three hundred active technical-administrative servers of the institution. In

addition, specific formula has been used for empirical calculation of the institutional

Absorptive Capacity coefficient. The main results refer to the operationalization of the model

using both Exploratory and Confirmatory Factor Analysis, to the superior performance of the

Transformation dimension compared to the results achieved by the Acquisition dimension, to

the current level of the institutional Absorption Capacity according to the perception of the

technical-administrative servants and the proposition of an action plan to be applied in the

Federal University of Alagoas, which highlights a set of four core strategies for the

improvement of the constitutive components of the institutional Absorptive Capacity and

which are contained, to a certain degree, in the policy put forward by IPEA.

Keywords: Absorptive Capacity. Knowledge. Institutional policy. Strategies.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AFC Análise Fatorial Confirmatória

AFE Análise Fatorial Exploratória

AGFI Adjusted Goodness-of-fit Index (índice ajustado de qualidade de adequação)

AMOS Analysis of Moment Observation Structure

ASV Average Shared Variance (Variância Média Compartilhada)

AVE Average Variance Extracted (Variância Média Extraída)

CA Capacidade Absortiva

CAp Capacidade Absortiva Potencial

CAr Capacidade Absortiva Realizada

CFI Comparative Fit Index (Índice de ajuste comparativo)

CR Composite Reliability (confiabilidade composta)

D² Distância de Mahalanobis

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

F Estatística F

FI Fator de Impacto

GC Gestão do Conhecimento

GFI Goodness-of-fit (Índice de qualidade de ajuste)

gl Graus de Liberdade

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

MEE Modelagem de Equações Estruturais

ML Maximum Likelihood (máxima verossimilhança)

MSV Maximum Shared Variance (Variância Máxima Compartilhada)

NFI Normed Fit Index (Índice de ajuste normado)

NNFI Nonnormed Fit Index (Índice de ajuste não normado)

PDI Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

PGFI Parsimony Goodness of-fit-index (Índice da qualidade de ajuste da parcimônia)

PNFI Parsimony Normed of-fit-index (Índice de ajuste normado de parcimônia)

PR Parsimony Ratio (Razão de parcimônia)

R² Coeficiente de determinação

RH Recursos Humanos

RMSEA Root Mean Square Error of Approximation (Raiz do erro quadrático médio de

aproximação)

RMSR Root Mean Square Residual (Raiz quadrada média residual)

RNI Relative Index for Non-centralized (Índice de não centralidade relativa)

SERPRO Serviço de Processamento de Dados

SPSS® Statistical Package for Social Sciences

SRMR Standardized Root Mean Residual (Raiz padronizada do resíduo médio)

TLI Tucker-Lewis Index (Índice de Tuker-Lewis)

UFAL Universidade Federal de Alagoas

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Modelo de Capacidade Absortiva inicial .................................................................. 21

Figura 2: Modelo de Capacidade Absortiva Potencial e Realizada.......................................... 22

Figura 3: Modelo de Capacidade Absortiva com a dimensão Reconhecimento do Valor ....... 24

Figura 4: Esquematização da pesquisa ..................................................................................... 51

Figura 5: Gráfico de escarpa relacionando resultados dos autovalores ao número de fatores 89

Figura 6: Modelo final ajustado da pesquisa ............................................................................ 94

Figura 7: Mapa Estratégico da Universidade Federal de Alagoas, 2012-2015 ...................... 107

Figura 8: Estrutura hierárquica para a Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional......... 108

Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais

................................................................................................................................................ 116

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9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Algumas diretrizes do artigo 3º da portaria IPEA nº 385/2010 .............................. 45

Quadro 2: Sumarização da pesquisa ......................................................................................... 47

Quadro 3: Divisão de itens do instrumento de coleta ............................................................... 54

Quadro 4: Afirmativas da dimensão AQUISIÇÃO .................................................................. 56

Quadro 5: Afirmativas da dimensão ASSIMILAÇÃO............................................................. 57

Quadro 6: Afirmativas da dimensão TRANSFORMAÇÃO .................................................... 58

Quadro 7: Afirmativas da dimensão EXPLORAÇÃO ............................................................. 58

Quadro 8: Estratificação da amostra no Campus A. C. Simões ............................................... 70

Quadro 9: Estratificação da amostra na Reitoria do Campus A. C. Simões............................. 71

Quadro 10: Casos considerados como outliers ........................................................................ 75

Quadro 11: Estratégias principais ou eixos estratégicos orientadores do Plano de Ação ...... 101

Quadro 12: Plano de Ação alinhado com os quatro Eixos Estratégicos propostos ................ 102

Quadro 13: Competências identificadas em servidores da UFPE, UFPB e UFRN ................ 113

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10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Resumo do processamento de casos ................................................................................ 72

Tabela 2: Resultados de identificação univariada de outliers para variável Aquisição 3 ............... 73

Tabela 3: Resultados de identificação univariada de outliers para variável Transformação 1 ....... 73

Tabela 4: Resultados de identificação univariada de outliers para variável Transformação 4 ....... 73

Tabela 5: Resultados de identificação univariada de outliers para variável Exploração 3 ............. 73

Tabela 6: Casos atípicos resultantes da identificação multivariada da amostra .............................. 74

Tabela 7: Estatística descritiva e valores de assimetria e curtose.................................................... 76

Tabela 8: Valores de assimetria e curtose finais e divididos por seus respectivos erros padrões ... 77

Tabela 9: Matriz de correlação de Pearson entre itens com valores de significância ..................... 77

Tabela 10: Correlações entre as dimensões do construto ................................................................ 78

Tabela 11: Análise de multicolinearidade das variáveis ................................................................. 79

Tabela 12: Médias e desvios-padrão de todas as variáveis iniciais ................................................. 80

Tabela 13: Estatísticas de frequência para a dimensão Aquisição .................................................. 83

Tabela 14: Estatísticas de frequência para a dimensão Assimilação ............................................... 83

Tabela 15: Estatísticas de frequência para a dimensão Transformação .......................................... 83

Tabela 16: Estatísticas de frequência para a dimensão Exploração ............................................... 84

Tabela 17: Estatísticas de confiabilidade do construto unificado e das dimensões individualizadas ......................................................................................................................................................... 85

Tabela 18: Matriz de correlações .................................................................................................... 87

Tabela 19: Teste de KMO e Bartlet ................................................................................................. 87

Tabela 20: Matriz anti-imagem ....................................................................................................... 88

Tabela 21: Formação de fatores e variância total explicada ............................................................ 89

Tabela 22: Correlações reproduzidas .............................................................................................. 90

Tabela 23: Matriz padrão................................................................................................................. 95

Tabela 24: Matriz de correlações de fatores ................................................................................... 92

Tabela 25: Matriz de covariância de escores dos fatores ................................................................ 92

Tabela 26: Teste de verificação da AVE ......................................................................................... 95

Tabela 27: Teste de Confiabilidade Composta ................................................................................ 96

Tabela 28: Valores para MSV e ASV maiores que valores de AVE para o modelo ....................... 97

Tabela 29: Correlação entre fatores do modelo final da AFC ........................................................ 97

Tabela 30: Índices ajustados da AFC para o modelo final da pesquisa ......................................... 98

Tabela 31: Médias padronizadas para cálculo da Capacidade Absortiva da UFAL ...................... 99

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11

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13

1.1. Contextualização ....................................................................................................... 13

1.2. Problematização ........................................................................................................ 16

1.3. Objetivos ................................................................................................................... 18

2. REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 20

2.1. Capacidade Absortiva ............................................................................................... 20

2.2. Elementos constituintes da Capacidade Absortiva ................................................... 31

2.2.1. A base de conhecimento ......................................................................................... 32

2.2.2. Recursos humanos .................................................................................................. 33

2.2.3. Estrutura organizacional ......................................................................................... 36

2.2.4. Relações interorganizacionais ................................................................................ 38

2.3. Política Pública, Capacidade Absortiva e política orientada para o desenvolvimento

do conhecimento institucional .................................................................................. 40

3. METODOLOGIA ....................................................................................................... 47

3.1. Caracterização da pesquisa ....................................................................................... 48

3.2. Esquematização da pesquisa ..................................................................................... 50

3.3. Delimitação do estudo: escopo, universo, população e amostra ............................... 52

3.4. Limitações metodológicas ........................................................................................ 53

3.5. Instrumento de coleta de dados ................................................................................. 54

3.6. Coleta de dados ......................................................................................................... 59

3.7. Análise preliminar dos dados .................................................................................... 60

3.7.1. Dados perdidos e observações atípicas ................................................................... 60

3.7.2. Normalidade ........................................................................................................... 61

3.7.3. Linearidade ............................................................................................................. 62

3.7.4. Multicolinearidade .................................................................................................. 62

3.8. Estatísticas descritivas e de frequência ..................................................................... 63

3.9. Confiabilidade do construto ...................................................................................... 63

3.10. Análises do modelo ................................................................................................... 63

3.10.1. Validade do instrumento de coleta pela Análise Fatorial Exploratória ................. 63

3.10.2. Validade do modelo através da Análise Fatorial Confirmatória ........................... 64

3.11. Cálculo do indicador de Capacidade Absortiva institucional ................................... 67

4. DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL .................................................................. 69

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12

4.1. Caracterização da amostra ........................................................................................ 69

4.2. Análise preliminar dos dados .................................................................................... 71

4.2.1. Dados perdidos ou omissos ................................................................................... 71

4.2.2. Dados atípicos ou outliers ..................................................................................... 72

4.2.3. Normalidade .......................................................................................................... 75

4.2.4. Linearidade ............................................................................................................. 77

4.2.5. Multicolinearidade .................................................................................................. 78

4.3. Estatísticas descritivas e frequências de respostas ..................................................... 80

4.3.1. Média e desvio-padrão............................................................................................ 80

4.3.2. Estatísticas de frequência........................................................................................ 83

4.4. Confiabilidade ............................................................................................................ 85

4.5. Análise do instrumento de coleta e do modelo teórico .............................................. 86

4.5.1. Análise Fatorial Exploratória.................................................................................. 86

4.5.2. Análise Fatorial Confirmatória ............................................................................... 93

4.6. Cálculo do indicador de Capacidade Absortiva ......................................................... 98

5. PLANO DE AÇÃO ................................................................................................... 101

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 118

7. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 120

8. APÊNDICES ............................................................................................................. 130

9. ANEXOS ................................................................................................................... 131

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13

1. INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização

A habilidade de uma organização em absorver conhecimento atrai o interesse de

pesquisadores há várias décadas. Pesquisadores e profissionais vêm continuamente

percebendo que vantagens competitivas e estratégicas não dependem apenas do

conhecimento interno de uma organização - a absorção do conhecimento externo exerce

influência determinante no processo de formação dos diferenciais organizacionais

(GEBAUER, WORCH e TRUFFER, 2012).

Ellis (1965) buscou entender como ocorria o processo de transferência e absorção

de conhecimento com base na ideia de similaridade de elementos. Pouco tempo depois,

Tilton (1971) investigou a difusão internacional de tecnologia com base em um estudo de

caso sobre indústrias de circuitos semicondutores. Aproximadamente uma década depois,

Allen (1983) percebeu que novas técnicas de produção eram geradas a partir da absorção

de conhecimentos coletivos das organizações, o que foi denominado pelo autor de

‘invenção coletiva’, de forma que quando organizações inventam coletivamente, elas

disponibilizam os resultados de novos planos e processos de produção. Assim, os

concorrentes podem incorporar porções destes planos ou processos a novos planos e

processos que venham a criar em suas próprias empresas. Em seu artigo, Allen associa a

‘invenção coletiva’ aos departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) ou algum

setor correspondente das organizações atuais, responsáveis pela geração de novo

conhecimento tecnológico.

Em 1989, Cohen e Levinthal identificaram a influência do setor de P&D nos

processos organizacionais de aprendizado e de inovação. Realizar atividades ligadas à

pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e processos elevaria a eficiência da

organização em detectar e apreender conhecimento disponível externamente (COHEN e

LEVINTHAL, 1989). Assim, a capacidade de absorver conhecimento externo seria um

subproduto das próprias atividades de P&D. Para os autores, a intensidade produtiva do

setor de P&D estava ligada à intensidade de investimentos no setor. Em outro artigo

(COHEN e LEVINTHAL, 1994), os autores sugeriram que o sucesso acompanhava as

organizações preparadas, ou que mantinham investimentos constantes em pesquisa e

materialização das pesquisas.

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14

Em 1990, Cohen e Levinthal aprofundaram os estudos sobre a assimilação de

conhecimento por parte dos colaboradores de uma organização; porém não apenas a

absorção de informação, mas também a habilidade de explorar a informação absorvida

através de sua incorporação ao conjunto de conhecimentos organizacionais. Segundo os

autores, a Capacidade Absortiva da organização seria um componente decisivo para o

processo de inovação em sentido global. Estes autores definiram o construto Capacidade

Absortiva como formado por três dimensões e como a capacidade de uma organização em

reconhecer o valor de novas informações e conhecimentos, assimilá-los e aplicá-los

internamente, visando a produzir vantagem competitiva sustentável.

Posteriormente, Zahra e George (2002) ampliaram o conceito inicial de Cohen e

Levinthal (1990) definindo-o como um construto composto de quatro dimensões,

caracterizadas como Capacidades Dinâmicas (EISENHARDT e MARTIN, 2000).

Considerada dessa forma, a Capacidade Absortiva passou a ser definida como uma

habilidade organizacional intrinsicamente ligada a processos de identificação e exploração

do conhecimento, os quais são complexos por natureza.

Os estudos sobre Capacidade Absortiva estão orientados, predominantemente, no

sentido de analisar a absorção de conhecimento externo à empresa para criação de

vantagens competitivas sustentáveis e aumento do desempenho organizacional (COHEN e

LEVINTHAL, 1990; VOLBERDA, FOSS e LYLES, 2010). A forma como as empresas

identificam conhecimento útil, adquirem ou absorvem este conhecimento, transformam

este conhecimento para que seja adequado à cultura, à realidade e às necessidades da

organização, e, finalmente, como podem explorar este conhecimento para aumentarem sua

competitividade, valor e como desenvolver vantagens competitivas sobre os concorrentes

com base naquele conhecimento transformado é que de fato tem motivado os

pesquisadores a estudarem os mecanismos cognitivos institucionais na esfera corporativa

(WANG e AHAMED, 2007).

A complexidade inerente aos mecanismos característicos da Capacidade

Absortiva e a subdivisão do construto em dimensões desafiam a compreensão aprofundada

do papel de cada uma destas dimensões para o construto, do processo de conversão e

aplicação do conhecimento adquirido e da posterior transformação deste conhecimento em

vantagens competitivas sustentáveis para a organização (SUN e ANDERSON, 2010).

No Brasil, as pesquisas sobre o construto Capacidade Absortiva avançam de

forma mais lenta que nos países desenvolvidos, principalmente quando observados os

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15

estudos através da lente do setor público. Especificamente sobre órgãos componentes da

Administração Pública, a revisão da literatura indica baixa quantidade de artigos

produzidos nos últimos catorze anos de pesquisa. Três artigos apenas foram identificados

envolvendo universidades com o estudo do construto, com o foco dos estudos sobre

Capacidade Absortiva em nível institucional público.

As organizações públicas têm sido crescentemente desafiadas a apresentar

resultados que atendam às necessidades dos usuários, a administrar recursos públicos

escassos de forma eficiente e a promover o desenvolvimento social. Por este motivo, o

setor público tem passado a incorporar instrumentos de aferição e análise das

características e do desempenho organizacionais, provenientes do setor privado, motivado

pela necessidade de profissionalizar sua gestão e aperfeiçoar iniciativas de avaliação de seu

desempenho. Nesse contexto, o construto Capacidade Absortiva pode ser utilizado como

instrumento de mensuração da capacidade institucional em absorver conhecimento externo.

Considerando que a Capacidade Absortiva organizacional tem como base a

Capacidade Absortiva individual de seus membros, sem que isso implique a soma das

capacidades individuais destes membros (COHEN e LEVINTHAL, 1990), que a

Capacidade Absortiva é especialmente importante para instituições com foco em pesquisa

(BURGEL e MURRAY, 2000) e que a Capacidade Absortiva se desenvolve

cumulativamente e é construída sobre conhecimento pré-existente (COHEN e

LEVINTHAL, 1990), o ambiente acadêmico apresenta condições adequadas para

aplicação do construto e mensuração da Capacidade Absortiva institucional.

A Universidade Federal de Alagoas é uma autarquia pública federal de ensino

superior ligada à Administração Indireta do Governo Federal. A presença desta

universidade no território alagoano, por meio de suas atividades de ensino, pesquisa e

extensão, representa importante vetor de desenvolvimento do Estado e, assim, enfrenta

enorme desafio para exercer plenamente sua missão social de produzir, multiplicar e

recriar o saber coletivo em todas as áreas do conhecimento de forma comprometida com a

ética, a justiça social, o desenvolvimento humano e o bem comum. Seu objetivo é tornar-se

referência nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, firmando-se como suporte de

excelência para as demandas da sociedade.

Como instituição envolvida com a criação, multiplicação e reprodução do

conhecimento, a universidade deve ser capaz de mensurar a capacidade que possui em

absorver conhecimento externo aos seus limites institucionais, bem como o conhecimento

Page 16: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

16

disseminado internamente aos seus limites pelas unidades administrativas e acadêmicas

que compõem sua estrutura. Tal medida pode ser utilizada como um dos parâmetros de

verificação do desempenho e cumprimento da missão institucional, além de poder servir

como orientador para definição mais clara e objetiva do melhor caminho a seguir em busca

da excelência em suas atividades basilares. A identificação das dimensões constituintes do

construto e a mensuração de cada dimensão e das dimensões em conjunto formando o

construto Capacidade Absortiva permitirão identificar como o conhecimento institucional é

tratado, bem como influenciar o desenvolvimento das atividades da instituição.

A partir da identificação das características específicas da Capacidade Absortiva

na universidade e em aderência a linha de pesquisa do Mestrado Profissional da

Universidade Federal de Alagoas, em sequência aos esforços de aplicação da escala,

análise e mensuração dos dados coletados, segue-se a proposição de eixos estratégico

vinculados ao construto em estudo, os quais podem servir de base para a formulação de

uma política institucional que privilegie o conhecimento institucional, dinamizadora dos

processos e rotinas administrativas e produção de conhecimento institucionais.

Compreender e mensurar os mecanismos de absorção do conhecimento que

operam no ambiente acadêmico da universidade é fundamental para o aprimoramento e

especialização das rotinas, procedimentos e atividades institucionais. A aplicação de uma

escala de mensuração da Capacidade Absortiva na Universidade Federal de Alagoas,

proposta deste Trabalho de Conclusão Final, e a proposição de um conjunto de estratégias

orientadas para aperfeiçoar os mecanismos da Capacidade Absortiva institucional

satisfazem os requisitos de intervenção afirmativa na administração pública, associação

dessa intervenção no domínio das políticas públicas e, finalmente, oferecer sustentação

teórica e empírica para aprimoramento da base de conhecimento institucional da

universidade, além de permitir o aperfeiçoamento dos mecanismos através dos quais a

instituição identifica, assimila, utiliza e dissemina o conhecimento.

1.2. Problematização

A Universidade Federal de Alagoas possui os eixos programáticos de ensino,

pesquisa e extensão, produzindo conhecimento, tecnologias e mão-de-obra especializada.

Para cumprir efetivamente com estes objetivos, e, consequentemente, o desenvolvimento

da sociedade, a universidade utiliza o conhecimento acadêmico-científico de seus

servidores docentes e o conhecimento técnico-administrativo de seus servidores técnico-

Page 17: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

17

administrativos para concluir o conjunto de ações necessárias para o cumprimento da

missão institucional. A gestão estratégica de ambos os fluxos de conhecimento é

fundamental para que a missão da universidade seja cumprida efetivamente, de forma que

as atividades acadêmicas possam contar com o devido suporte operacional promovido

pelas atividades administrativas. O conhecimento administrativo é, então, basilar para o

funcionamento institucional, e como ferramenta de efetivação da produção, disseminação e

transferência de conhecimento. Neste contexto, o processo efetivo de elaboração e

consecução de estratégias e políticas de estímulo ao tratamento do conhecimento

administrativo institucional caracteriza-se como questão essencial para o andamento

adequado das ações da UFAL, demandando análises aprofundadas que forneçam subsídios

científicos concretos para ação institucional de aprimoramento acadêmico e administrativo,

e, consequente, desenvolvimento das atividades da instituição.

O conhecimento acadêmico da universidade vem sendo analisado a partir dos

resultados de avaliações acadêmicas internas, da produção científica institucional, da

qualificação dos docentes, da quantidade de alunos graduados e pós-graduados, do exame

nacional de desempenho de estudantes (ENADE) como reflexo da capacidade institucional

em transmitir o conhecimento. Porém, o conhecimento administrativo necessário para

garantir o funcionamento da engrenagem institucional que efetivamente sustenta a

produção e transmissão do conhecimento acadêmico não tem sido alvo de estudos

aprofundados e mensurações que possam ser utilizadas como indicadores de padrões de

desenvolvimento. Atualmente, não são claramente conhecidas as formas como o

conhecimento é absorvido pelos servidores técnico-administrativos da Universidade

Federal de Alagoas, e quanto deste conhecimento circulante é efetivamente absorvido por

estes servidores dentro da instituição, ou seja, desconhece-se o valor da Capacidade

Absortiva dos servidores técnico-administrativos da UFAL.

A ausência de estudos aprofundados sobre a Capacidade Absortiva institucional

dificulta também a formulação de ações direcionadas para o aprimoramento da produção,

aquisição, assimilação, transformação, estruturação, transferência e aplicação do

conhecimento interno e externo. A criação de uma estrutura organizacional adequada e a

formação de recursos humanos qualificados para o devido tratamento do conhecimento são

negativamente impactadas pela ausência de políticas e ações institucionais alinhadas com o

com as ideias de produção e uso intensivo do conhecimento, características e missão da

Universidade Federal de Alagoas.

Page 18: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

18

O desenvolvimento de estratégias que aumentem a capacidade da universidade em

absorver conhecimento para promover a adequação dos mecanismos de disseminação das

informações e do conhecimento institucional depende, por um lado, da compreensão do

funcionamento da Capacidade Absortiva dentro da instituição, e, por outro lado, da

mensuração do grau de absorção do conhecimento resultante do funcionamento do

construto. Para tal, é necessário contar com uma escala de mensuração que permita aferir a

capacidade da instituição em absorver conhecimentos, bem como a influência das

dimensões e dos elementos constituintes do construto neste processo de absorção.

Para preencher a lacuna de conhecimento verificada pela carência de estudos

sobre a aplicação do construto Capacidade Absortiva em universidades públicas, esta

pesquisa busca a aplicação de uma escala de mensuração da Capacidade Absortiva em

nível institucional para medir sua intensidade na Universidade Federal de Alagoas,

buscando responder à questão de pesquisa: Qual o nível de Capacidade Absortiva

institucional da Universidade Federal de Alagoas? A resposta à questão de pesquisa

envolverá a identificação e análise das dimensões da Capacidade Absortiva institucional.

A identificação e a mensuração das dimensões do construto e a mensuração das

dimensões em conjunto podem auxiliar na compreensão dos problemas de absorção do

conhecimento nas várias unidades do Campus A. C. Simões. Além disso, a medição da

Capacidade Absortiva institucional fornecerá dados úteis para formação de indicadores

necessários ao acompanhamento constante do desempenho dos servidores técnico-

administrativos em absorver e aplicar conhecimento externo em suas atividades

administrativas. Atualmente, a ausência destes dados impede a formulação de ações mais

efetivas para capacitação dos servidores.

O aprimoramento das rotinas operacionais com servidores mais qualificados,

alinhados com a missão e valores existenciais da universidade, permitirão o uso dos

escassos recursos institucionais de forma mais eficiente, promovendo o desenvolvimento

de ações de renovação de sua base de conhecimentos, influenciando o desempenho e

permitindo a adequação e renovação de processos e capacidades institucionais.

1.3. Objetivos

Diante do exposto e da questão de pesquisa, este estudo tem como principal

objetivo: Aferir o nível da Capacidade Absortiva da Universidade Federal de Alagoas.

Os objetivos específicos do trabalho são:

Page 19: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

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- Analisar as dimensões constituintes do construto Capacidade Absortiva no

ambiente da Universidade Federal de Alagoas, identificando características que retratem as

percepções dos respondentes em relação à dinâmica institucional de absorção de

conhecimento;

- Examinar a adequação do instrumento adaptado de coleta de dados ao contexto

técnico-administrativo da Universidade Federal de Alagoas (instrumento originalmente

elaborado por pesquisadores europeus para aplicação em contexto corporativo);

- Obter o índice atual da Capacidade Absortiva institucional e de suas dimensões;

- Elaborar conjunto de estratégias orientadas pelos componentes da Capacidade

Absortiva que possam vir a dar suporte à definição de premissas para formulação de

política institucional.

Page 20: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

20

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Visando fornecer subsídios teóricos para a proposição de estratégias de

aprimoramento dos mecanismos de disseminação e absorção do conhecimento no ambiente

administrativo da Universidade Federal de Alagoas, são apresentados referenciais da

literatura referentes à Capacidade Absortiva, aos Elementos constituintes da Capacidade

Absortiva e a Políticas Públicas e estratégias orientadas para o tratamento do

conhecimento.

2.1. Capacidade Absortiva

Os estudos sobre Capacidade Absortiva começaram a tomar forma definida a

partir dos estudos pioneiros de Cohen e Levinthal (1989; 1990; 1994). Pesquisas anteriores

investigavam as relações entre produção e absorção do conhecimento no ambiente

organizacional. Ellis (1965) buscou entender como ocorria o processo de transferência e

absorção de conhecimento com base na ideia de similaridade de elementos. Em sequência,

Tilton (1971) investigou a difusão internacional de tecnologia com base em um estudo de

caso sobre indústrias de circuitos semicondutores. Allen (1983) percebeu que novas

técnicas de produção eram geradas a partir da absorção de conhecimentos coletivos das

organizações, o que foi denominado pelo autor como ‘invenção coletiva’, de forma que

quando organizações inventam coletivamente, elas disponibilizam os resultados de novos

planos e processos de produção.

Interessados em estudar a relação entre inovação, aprendizado e Pesquisa e

Desenvolvimento dentro das organizações, Cohen e Levinthal (1989) defendiam que o

aumento de investimentos em pesquisa e no seu desenvolvimento conduziria ao aumento

de aprendizado e inovação organizacional. Em 1990, esses autores aprofundaram os

estudos sobre assimilação de conhecimento por parte dos colaboradores de uma

organização; porém não apenas a absorção de informação, mas também a habilidade de

explorar a informação absorvida através de sua incorporação ao conjunto de

conhecimentos organizacionais. Segundo os autores, a Capacidade Absortiva da

organização seria um componente decisivo para o processo de inovação em sentido global.

A Capacidade Absortiva é, segundo os autores (1990, p. 140), “a capacidade de uma

organização em reconhecer o valor de novas informações e conhecimentos, assimilá-los e

aplicá-los para fins comerciais”, visando a gerar vantagem competitiva sustentável capaz

de imprimir resultados organizacionais positivos em termos de inovação e competitividade.

Page 21: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

21

Os autores consideraram que a inovação é gerada por meio do processo de

aprendizado da organização (dependente da trajetória), que a habilidade de absorver o

conhecimento desenvolve-se a partir de um conjunto de conhecimentos anteriores e que a

capacidade de avaliar e utilizar o conhecimento externo é, em grande parte, função do nível

de conhecimento prévio. No nível mais elementar, este conhecimento prévio inclui

habilidades básicas ou até mesmo uma linguagem comum, mas pode também incluir o

conhecimento dos mais recentes desenvolvimentos científicos ou tecnológicos de uma

determinada área. Cohen e Levinthal (1990) sugerem que organizações com níveis mais

elevados de Capacidade Absortiva tendem a ser mais proativas e capazes de explorar as

oportunidades presentes no ambiente. A Figura 1 apresenta o construto com três dimensões

idealizado por Cohen e Levinthal (1990).

Figura 1 - Modelo de Capacidade Absortiva inicial.

Fonte: Cohen e Levinthal (1990).

Com base no trabalho de Cohen e Levinthal (1990), Zahra e George (2002)

passaram a relacionar a Capacidade Absortiva ao conjunto de capacidades dinâmicas das

organizações, as quais, segundo Eisenhardt e Martin (2000) consistem em habilidades

referentes à adaptação e reconfiguração organizacional e destinam-se a provocar mudanças

(TEECE, PISANO e SHEUN, 1997). Essas capacidades conjugadas formam a base sobre a

qual a organização poderá erigir vantagens competitivas sustentáveis e alcançar

superioridade em termos de desempenho (ZAHRA e GEORGE, 2002). Partindo da visão

inicial das formulações de Cohen e Levinthal (1990), Zahra e George (2002) ampliaram a

composição previamente definida para Capacidade Absortiva. Estes autores acrescentaram

um quarto pilar ao construto original de Cohen e Levinthal de três pilares, criando um

construto com quatro dimensiões, composto pelas capacidades dinâmicas Aquisição,

Assimilação, Transformação e Exploração. Zahra e George (2002) definem a Capacidade

Absortiva como sendo uma capacidade dinâmica e não apenas capacidade operacional

(WANG e AHMED, 2007); adotam uma perspectiva mais processual sobre o construto e

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22

subdividem seus quatro elementos dimensionais em dois subconjuntos: Capacidade

Absortiva Potencial e Realizada (JANSEN, VAN DEN BOSCH e VOLBERDA, 2005). A

Capacidade Absortiva Potencial (FOSFURI e TRIBO, 2008) – que contém a Aquisição e a

Assimilação - é definida por Zahra e George (2002) como aquela que “torna a organização

receptiva para adquirir e assimilar conhecimento externo” (ZAHRA e GEORGE, 2002,

p.190). A Capacidade Absortiva Realizada é definida como função da Transformação e

Exploração e “reflete a capacidade da organização em capitalizar o conhecimento que foi

absorvido” (ZAHRA e GEORGE, 2002, p.190). O modelo proposto pelos autores com

quatro dimensões distintas é mostrado na Figura 2 (ZAHRA e GEORGE, 2002, p.192).

Figura 2 - Modelo de Capacidade Absortiva Potencial e Realizada.

Fonte: Zahra e George (2002).

Com a ampliação das dimensões do modelo de Cohen e Levinthal (1990), Zahra e

George (2002) objetivaram aperfeiçoar o mecanismo segundo o qual a informação pode ser

identificada como relevante e de valor e como será transformada para ser explorada em

benefício da organização. Zahra e George (2002) consideram que a dimensão Aquisição

representa a capacidade de identificar e adquirir conhecimento externo crítico às

organizações. A dimensão Assimilação comporta rotinas e processos que permitem o

aproveitamento das informações obtidas das fontes externas. Transformação é a dimensão

em que ocorre o desenvolvimento e refinamento das rotinas para facilitar a combinação

do conhecimento novo com aquele pré-existente. A dimensão Exploração ou Aplicação é

responsável por refinar, estender e nivelar as competências existentes ou criar novas

competências, incorporando o conhecimento novo e convertendo-o em práticas

operacionais. Zahra e George (2002) não apenas modificaram o número de dimensões do

modelo, mas reconfiguraram o conceito para o de capacidade dinâmica, segundo o qual

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23

não predomina a questão de um nível de conhecimento, mas de um conjunto de atividades

e rotinas que combinadas entre si produzem a Capacidade Absortiva e, por conseguinte, o

desempenho organizacional.

Considerando as peculiaridades das capacidades dinâmicas, Eisenhardt e Martin

(2000) definem que elas levam as organizações a evoluírem por um caminho definido por

mecanismos de aprendizado, tais como codificação, rotinização de processos estratégicos;

e dependem extensivamente do conhecimento organizacional para produzirem resultados

sustentáveis. Segundo Eisenhardt (1989), a própria tomada de decisão estratégica é uma

capacidade dinâmica através da qual gerentes agrupam seus conhecimentos negociais,

funcionais e pessoais para fazerem as escolhas que definirão suas principais ações

estratégicas (EISENHARDT, 1989; FREDRICKSON, 1984; JUDGE e MILLER, 1991).

Cohen e Levinthal (1990) desenvolveram o construto com três dimensões; Zahra e

George (2002), com quatro dimensões. Na passagem do modelo inicial para o quadri-

dimensional, o construto interno Reconhecimento de Valor deixa de figurar como a

habilidade da organização em reconhecer o valor das novas informações e passa a incluir a

função Aquisição. Porém, essa função Aquisição segundo o trabalho seminal, faz parte da

segunda dimensão interna de Capacidade Absortiva, o que descaracteriza o arcabouço

inicial desenvolvido. Uma provável razão dessa reconfiguração é caracterizar o construto

como pertencente à teoria de capacidades dinâmicas da organização e não como

habilidade, e assim o acúmulo de conhecimento poder variar de acordo com as condições

ambientais (HURTADO-AYALA e GONZALEZ-CAMPO, 2015). Dessa forma, a atenção

recairá sobre processos e rotinas de trabalho, e não apenas sobre indivíduos e suas

capacidades. Aquisição e Assimilação ocorrem, pelo modelo de Zahra e George, no

subconjunto Potencial do construto, anteriormente à ocorrência dos mecanismos de

integração social. Daí a diluição da atenção dada a indivíduos e suas capacidades nesta

reconfiguração. Porém, para a subclasse Realizada da CA, ende ocorre o desenvolvimento

e o refinamento de processos que permitem a combinação do conhecimento novo com

aquele pré-existente (transformação) e o refinamento e nivelamento das competências

existentes ou criação de novas competências fundamentais à incorporação do

conhecimento novo adaptado como práticas operacionais, os recursos humanos tornam-se

centrais, tanto pela necessidade de efetivação dos mecanismos de integração social para o

compartilhamento do conhecimento novo a ser explorado, quanto pela necessidade dos

indivíduos em operacionalizar as novas competências e as novas rotinas criadas.

Page 24: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

24

Nesse contexto, bem mais recentemente, Meirelles e Camargo (2014)

identificaram quais os elementos componentes e como as organizações desenvolvem

capacidades dinâmicas, para então proporem a integração dos conceitos de capacidade

dinâmica através da proposição de um modelo integrativo, estabelecendo uma classificação

a partir de duas visões distintas: a primeira visão foi definida como um conjunto de

comportamentos, habilidades e capacidades organizacionais que, quando combinadas,

criam capacidades dinâmicas na organização e a segunda visão definiu que capacidades

dinâmicas são processos e rotinas que as organizações devem usar para poderem se adaptar

e manterem vantagens competitivas.

Todorova e Durisin propuseram em 2007 uma revisão teórica que objetivava

unificar os modelos desenvolvidos por Cohen e Levinthal em 1990 e Zahra e George em

2002. A Figura 3 apresenta a materialização da ideia de Todorova e Durisin (2007) com

elementos dos dois outros construtos propostos previamente para Capacidade Absortiva,

demonstrando um resgate dos estudos seminais ao reposicionar o Reconhecimento do

Valor como dimensão do modelo. Todorova e Durisin reconfiguraram as duas vertentes em

um único modelo propondo não a fusão das duas vertentes em apenas uma, mas buscaram

oferecer um modelo que fosse mais robusto, comparativamente aos modelos anteriores em

termos de análise de fatores que possam explicar a vantagem competitiva sob os aspectos

resultantes de flexibilidade, inovação e desempenho organizacionais.

Figura 3 - Modelo de Capacidade Absortiva com a dimensão Reconhecimento do Valor

Fonte: Todorova e Durisin (2007)

O modelo Todorova e Durisin (2007) permite identificar o antecedente mais

importante no processo de absorção do conhecimento e, assim, discorrer sobre as

atividades no nível individual, coletivo ou processual que permitam aumentar a capacidade

de reconhecer valor diante das possibilidades. Considerando que a informação de valor

pode se apresentar e não ser reconhecida pelos indivíduos, a competência de

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Reconhecimento do Valor pretende identificar as maneiras e procedimentos que deverão

levar os indivíduos a se capacitarem para que, sistematicamente, possam atentar às

informações que sejam relevantes ao contexto de suas atividades, quer esta informação

esteja no ambiente externo ou interno, conforme definido por Cohen e Levinthal (1989).

Todorova e Durisin (2007) parecem ter identificado a importância deste fato e

propuseram o resgate do Reconhecimento do Valor no nível do indivíduo, embora

mantenham as demais quatro dimensões como dimensões processuais necessárias à

absorção do conhecimento. Também defensores desse resgate de Reconhecimento do

Valor, constam as proposições de Lane, Koka e Pathak (2006). Para esses autores, com

base nos estudos seminais, a Capacidade Absortiva ocorre por meio de três processos

sequenciais: reconhecer e compreender potencialmente novos conhecimentos valiosos fora

da empresa através de aprendizagem exploratória; assimilar de forma valiosa os novos

conhecimentos através dos elementos transformadores de aprendizagem; e aplicar o

conhecimento para criar novos resultados de conhecimento e também de valor. Entretanto,

esses autores não chegam a compor uma terceira vertente teórica, de forma que as

pesquisas mais recentes sobre Capacidade Absortiva, conforme apresentado por Filenga

(2015), concentram-se no modelo quadridimensional definido por Zahra e George em

2002, modelo que será utilizado como suporte teórico desta pesquisa.

Além do reconhecimento do valor, Makhija e Ganesh (1997) observaram que

mecanismos de controle eficientes impactam diretamente na aquisição, interpretação e

disseminação do conhecimento, enquanto mecanismos de controle ineficientes podem

distorcer e suprimir a transferência do conhecimento principalmente nos processos de

terceirização e de joint venture. Tsai (2001) argumenta que o nível de interação entre as

unidades de uma organização é determinante para a disseminação do conhecimento

organizacional. Chen (2004) compartilha das ideias de Cohen e Levinthal (1989, 1990),

Makhija e Ganesh (1997) e Tsai (2001), para quem as empresas com um alto nível de

Capacidade Absortiva são mais susceptíveis a apresentarem melhor compreensão e

aproveitamento dos novos conhecimentos gerados externamente.

Portanto, o desenvolvimento persistente da capacidade organizacional de absorver

conhecimentos é uma condição necessária para a exploração bem sucedida de

conhecimentos externos. Pesquisadores e profissionais vêm continuamente percebendo que

vantagens competitivas não dependem apenas do conhecimento interno de uma

organização; a absorção do conhecimento externo exerce influência determinante neste

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26

processo (GEBAUER, WORCH e TRUFFER, 2012). Dez anos antes, Fleury (2002) já

havia avaliado que o conhecimento deveria ser considerado como um recurso cujo

gerenciamento necessitaria aprimoramento constante para melhorar o desempenho

organizacional. A organização precisa, assim, descobrir as formas pelas quais o processo

de absorção do conhecimento pode ser estimulado e deve passar a investigar como o

conhecimento organizacional pode ser administrado (para atender às necessidades

estratégicas), disseminado e aplicado por todos como uma ferramenta para a melhoria do

desempenho da organização.

Ampliando a discussão sobre o construto, Vega-Jurado et al. (2008) consideram

que a Capacidade Absortiva é determinada tanto pelas atividades de pesquisa e

desenvolvimento, como por um conjunto de fatores internos que compõem três categorias

básicas:

Conhecimento Organizacional: conjunto de habilidades, conhecimentos e

experiências que uma instituição possui, sendo determinado pela sua base de

conhecimento prévio, pela experiência acumulada na busca por novos

conhecimentos, pelas habilidades individuais de seus colaboradores e por suas

atividades de pesquisa e desenvolvimento;

Formalização: proporção em que os procedimentos, regras e instruções regulam os

processos internos das organizações, ou seja, reflete o grau em que os

comportamentos são programados por regras formais explícitas;

Mecanismos de Integração Social: ações que reduzem as barreiras para troca de

informações dentro de uma firma, encorajando a interação entre os trabalhadores e

facilitando a absorção de conhecimento.

Os autores entendem que a aplicabilidade do conhecimento externo relevante deve

compreender o papel dos atributos do conhecimento e refere-se ao grau em que o

conhecimento externo é adequado às necessidades específicas da organização, e que

estaria relacionado com o que Cohen e Levinthal (1989) denominaram de "facilidade de

aprendizagem". Os autores contribuem com a literatura apresentando dois conceitos de

capacidade de absorção: a Capacidade Absortiva Científica (refere-se à capacidade de

absorver conhecimentos provenientes das universidades, institutos tecnológicos e eventos

científicos) e a Capacidade Absortiva Industrial (capacidade de assimilar e explorar o

conhecimento proveniente de parceiros industriais, como clientes, concorrentes,

fornecedores, entre outros). Porém, segundo Rosa e Ruffoni (2014), a conceituação

proposta por Vega-Jurado et al. (2008) enfrenta problemas do seu referencial de captação,

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27

visto que tanto a fonte do conhecimento quanto a forma em que este conhecimento é

aplicado são determinantes na caracterização do conhecimento absorvido.

Em releitura conceitual teórica, Jiménez-Barrionuevo et al. (2011) contribuem

para o estudo da Capacidade Absortiva tomando como base as definições de Zahra e

George (2002) para definirem as quatro dimensões do construto da seguinte forma:

capacidade de aquisição: localizar, identificar, avaliar e adquirir conhecimento

externo que é importante para o desenvolvimento de suas operações (LANE e

LUBATKIN, 1998; ZAHRA e GEORGE, 2002);

capacidade de assimilação: analisar, classificar, processar, interpretar e, finalmente,

internalizar e compreender o conhecimento externo (COHEN e LEVINTHAL,

1990; SZULANSKI, 1996);

capacidade de transformação: facilitar a transferência e combinação de

conhecimento prévio com o conhecimento recém-adquirido ou assimilado; consiste

em adicionar, eliminar, interpretar e combinar os conhecimentos novos com ou aos

pré-existentes (JANSEN et al., 2005; TODOROVA e DURISIN, 2007); e

capacidade de exploração: incorporar o conhecimento adquirido, assimilado e

transformado às operações e rotinas para aplicação e uso; esta capacidade vai originar

a criação ou melhoria de novos produtos, sistemas, processos, formas de organização

e competências (LANE et al., 2001; ZAHRA e GEORGE, 2002).

Considerando as contribuições dos pesquisadores analisados para definição de

cada dimensão, o conceito da Capacidade Absortiva tomou forma mais abrangente,

significando, segundo Jiménez-Barrionuevo et al. (2011, p.192), “a capacidade relativa da

organização para desenvolver um conjunto de rotinas organizacionais e processos

estratégicos através do qual se adquire, assimila, transforma e explora os conhecimentos

adquiridos externamente a fim de se criar valor”. Os autores relativizam o conceito inicial

de Cohen e Levinthal ao não associarem a Capacidade Absortiva apenas ao valor

financeiro, mas à criação de valor para a organização.

A relatividade verificada por Jiménez-Barrionuevo et al. (2011) também foi

identificada por outros autores, destacando a complexidade do construto Capacidade

Absortiva, bem como dos processos cognitivos humanos. Sun e Anderson (2010)

examinaram e definiram a relação fundamental de articulação entre Capacidade Absortiva

e o aprendizado resultante da absorção. Os autores demonstraram que as dimensões

definidas por Zahra e George (2002) são geradas por processos sociais e psicológicos

influenciados por fatores internos das organizações, os quais são determinantes dos

processos de aprendizagem organizacional, onde a aquisição é criada pelos processos

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28

psicossociológicos de intuição e interpretação; a assimilação é criada pelo processo

psicossociológico de interpretação; a transformação é criada pelo processo

psicossociológico de integração e a exploração é criada pelo processo de

institucionalização. Assim, conseguiram explicar que estas capacidades combinadas levam

a mudança estratégica e que cada dimensão da Capacidade Absortiva é uma capacidade de

aprendizado gerada por processos de aprendizado psicossociológicos que compõem os

sistemas, processos e rotinas da organização.

Gonzalez e Martins (2011) estudaram a relação entre a forma como o

conhecimento é assimilado pela organização e a prática sustentada da melhoria contínua, e

concluíram que as organizações precisam implantar programas e ferramentas sustentáveis

para resolução de problemas e que os processos de aprendizagem contínua devem

estimular o desenvolvimento de competências e mecanismos de armazenagem e

disseminação do conhecimento, uma vez que a melhoria contínua complementa o processo

de aprendizagem, sustentado pela criação de um contexto social que estimule o

desenvolvimento de competências pelos indivíduos e a Capacidade Absortiva

organizacional. Corroborando com esta visão, McCann e Folta (2008) salientam que,

embora existam outros elementos que podem levar a diferentes desempenhos inovativos,

tais como características de gestão, tamanho e idade da firma, entre outros, a Capacidade

Absortiva pode ser um direcionador importante para entender as diferenças de

aproveitamento assimétrico do conhecimento, bem como sua aplicação em inovações.

Nieto e Quevedo (2005) concordam que as empresas possuem diferentes capacidades de

inovar, justamente porque a capacidade de absorver conhecimento é diferenciada.

A relatividade na capacidade de absorção do conhecimento das instituições é

influenciada por vários fatores, e Takahashi e Fischer (2009) verificaram tal fato ao

analisarem os processos de aprendizagem organizacional, por meio da investigação da

apropriação do conhecimento e das mudanças nos recursos organizacionais, e sua

interrelação com o desenvolvimento de novas competências em instituições de ensino

superior. Os autores conseguiram estabelecer que a incorporação dos conhecimentos na

rotina organizacional define um processo de institucionalização de tais conhecimentos, os

quais passaram a fazer parte da memória e das estratégias de atuação da instituição, além

de criarem competências que mantêm a inovação e a competitividade sustentável.

Conforme concluíram os autores no estudo múltiplo de casos, a profundidade das

mudanças ocorridas nas instituições analisadas, bem como os conhecimentos por elas

Page 29: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

29

apropriados resultaram em uma nova forma de gestão dos recursos organizacionais, os

quais passaram a ser adquiridos, articulados e combinados de maneira a constituírem uma

nova competência organizacional (PRAHALAD e HAMEL, 1990; MILLS et al., 2002). A

profundidade das mudanças ocorridas e a institucionalização dos conhecimentos

adquiridos envolveram aspectos culturais, cognitivos e comportamentais, marcando a

história, os hábitos e as experiências das instituições estudadas. Tal dinâmica permite

afirmar que houve aprendizagem e esta ocorreu no nível organizacional. Sobre esse

respeito, Volberda, Foss e Lyles (2010) já haviam destacado que as raízes da Capacidade

Absortiva poderiam ser encontradas na literatura da aprendizagem organizacional,

associação feita por Cohen e Levinthal já em 1990.

O estudo de Takahashi e Fischer (2009) permitiu a verificação de que ao

responder a eventos — mudanças na legislação e no ensino superior —, as instituições

analisadas mantiveram, potencializaram e adquiriram competências, como resultado da

aprendizagem coletiva, devidamente institucionalizada. Essas competências puderam ser

diferenciadas como essenciais, organizacionais, de suporte e distintiva. Do ponto de

vista prático, o estudo permitiu evidenciar que é necessário buscar conhecimentos

críticos e articular recursos para desenvolver as competências necessárias, as quais, por

sua vez, podem ser construídas a partir de competências já existentes.

Quanto à operacionalização do construto e obtenção de um valor para seu

indicador de mensuração, Versiani et al. (2010) destacam que mesmo havendo um número

considerável de estudos empíricos realizados sobre Capacidade Absortiva, uma medida

válida que incorpore suas várias dimensões não havia sido validada até então. Os autores

concluíram que a dificuldade na definição de métricas ocorre como resultado de um não

consenso a respeito das dimensões que compõem o conceito. Jiménez-Barrionuevo,

Garcia-Morales e Molina (2011) destacam que a natureza intangível do construto torna

difícil sua conceituação, complicando ainda mais a definição das dimensões que o

conformam. Some-se a isso a complexidade multidimensional (ZAHRA e GEORGE,

2002) e transdisciplinar (VAN den BOSCH et al. 2003) do construto e torna-se possível

compreender a dificuldade para se operacionalizá-lo (LANE et al., 2006; WANG e

AHMED, 2007; FLATTEN, GREVE e BRETTEL, 2011).

Baseados na reconceituação quadri-dimensional da Capacidade Absortiva

realizada por Zahra e George (2002), Flatten et al. (2011) operacionalizaram a Capacidade

Absortiva como uma escala reflexiva multidimensional de segunda ordem

Page 30: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

30

(FLATTEN,GREVE e BRETTEL, 2011), a fim de analisar o grau de correlação entre as

dimensões componentes do construto, bem como identificar características latentes em

cada dimensão aplicada. Assim, Flatten et al. (2011) conseguiram validar a escala de

mensuração proposta considerando a Capacidade Absortiva como um recurso dinâmico e

abordando suas múltiplas dimensões, reforçando a ideia de que a complexidade

multidimensional do construto dificulta a elaboração de métricas baseadas no uso de

proxies definidos para sua mensuração (FLATTEN et al. 2011). Engelman, Fracasso e

Schmidt (2014) propuseram com sucesso a validação no Brasil da escala de Flatten et al.

(2011) com indústrias gaúchas de intensidades tecnológicas e portes variados.

Desde a validação da escala desenvolvida por Flatten et al. (2011), vários outros

estudos a utilizaram para análise do construto Capacidade Absortiva, em nível

internacional e mesmo no Brasil. Como exemplos de uso internacional, foram identificados

os trabalhos de Radmanesh et al. (2017) no Iran, Ortega et al. (2017) na Espanha, Ionescu e

Ionescu (2017) na Romênia, Shafique e Beh (2016) no Paquistão, Flatten, Greeve e Bettel

(2011) reutilizaram a escala em empresas de pequeno porte na Alemanha, além de Thomas

e Wood (2014) na Inglaterra. No Brasil, alguns estudos fizeram aplicação integral ou

parcial da escala, entre eles, Engelman et al. (2017), Koerich, Cancellier e Tezza (2015),

Cassol, Gonçalo e Ruas (2016) e Silva et al. (2016), o qual inovaram ao estudar a

Capacidade Absortiva individual de alunos da Pós-graduação em Administração.

No cenário da administração pública, o desenvolvimento de políticas públicas

específicas referentes à produção, absorção, transferência e armazenamento do

conhecimento – ou seja, sua administração como ativo de valor institucional - demanda a

criação de indicadores capazes de representar a mensuração do conhecimento institucional,

pois cobra-se qualidade dos serviços governamentais prestados, realizados sob a pressão de

recursos públicos controlados e escassos, conduzidos sob forte expectativa da sociedade

por resultados. A pesquisa sobre Capacidade Absortiva no cenário nacional não vem se

mostrando consistente e frutífera no Brasil, obscurecendo o cenário de desenvolvimento

institucional e inovação em serviços. A revisão da literatura realizada por Santos e Finger

(2014) para apresentação em evento de administração nacional (EnANPAD, 2014)

identificou apenas dezenove artigos científicos (cujas revistas responsáveis eram

qualificadas com critério Qualis CAPES tipo A2) publicados no Brasil entre 2004 e 2014.

Além do aumento de produtividade, demanda-se flexibilidade, criatividade e

melhoria de desempenho, de modo que os órgãos públicos contemplem as necessidades e

Page 31: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

31

interesses dos cidadãos. Para atenderem às demandas da sociedade, as instituições públicas

precisam se aperfeiçoar constantemente, a fim de acompanharem as transformações

inerentes à evolução da história, e é recorrendo ao conhecimento estruturado e confiável

produzido e disseminado tanto por organizações públicas quanto privadas que se pode

alicerçar o caminho deste aperfeiçoamento. A atualização da revisão efetuada por Santos e

Finger (2014) ampliada para o intervalo de 2002 a 2014 identificou apenas quatro artigos

cuja aplicação do construto se deu em instituições públicas. Deste pequeno total, apenas o

artigo de Dias e Porto (2014) tem foco em uma universidade pública e sugere a formulação

de políticas públicas específicas de estímulo à transferência de conhecimento.

O estudo da Capacidade Absortiva em instituições públicas pode ajudar a

compreender em quais áreas tais instituições devem investir para que a engrenagem do

conhecimento gire de forma a promover ambientes mais ativos e dinâmicos na estrutura

administrativa e funcional burocrática do Estado. A forma como o conhecimento é

absorvido e apreendido pelas instituições é considerada pela literatura como uma

importante ferramenta para consolidação da trajetória de desenvolvimento (BATISTA et

al., 2005). Os modelos de gestão com cunho gerencial introduzem na dinâmica da

administração burocrática algumas características fundamentais do cenário empresarial,

tais como orientação para o cliente e um estilo participativo de gestão, que prevaleça sobre

a visão orientada para controles e a cobrança de resultados.

O paradigma gerencial na administração pública parte do reconhecimento de que

os Estados formulem e implementem políticas públicas estratégicas para suas respectivas

sociedades, tanto na área social quanto na científica e tecnológica. E, para isso, é

necessário que o Estado utilize práticas gerenciais modernas, sem perder de vista sua

função eminentemente pública. Na visão de Fresneda e Gonçalves (2007), implantar ações

estratégicas de disseminação e assimilação do conhecimento no setor público compreende

implementar um conjunto de processos, mediados pela tecnologia, que podem modificar as

interações, em uma escala maior, entre os cidadãos. Para os autores a utilização de táticas

gerenciais nos processos e rotinas de absorção do conhecimento no setor público é uma

estratégia promissora para desenvolvimento de um novo caminho para o melhor

desempenho e melhor relacionamento interno e externo das organizações desse setor.

2.2. Elementos constituintes da Capacidade Absortiva

Page 32: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

32

Os estudos sobre a CA permitem a identificação de características comuns para

sua operacionalização: conhecimento anterior, interação humana, estrutura de comunicação

organizacional, relação com o ambiente externo, entre outras. A literatura especializada,

classificou estes itens em quatro elementos principais que compõem o construto e Oliveira

e Balestrin (2015) esquematizaram a divisão da seguinte forma: base de conhecimento da

organização, recursos humanos, estrutura organizacional e relações interorganizacionais.

2.2.1. A base de conhecimento

Para Cohen e Levinthal (1990), a habilidade de avaliar e utilizar o conhecimento

externo é amplamente uma função do nível de conhecimento prévio relacionado. Segundo

os autores, “[...] o conhecimento prévio confere uma habilidade de reconhecer o valor de

uma nova informação, assimilá-la e aplicá-la [...]” (Cohen e Levinthal, 1990, p. 128). Para

os autores, quanto maior for a base de conhecimento de uma organização maior sua

capacidade de compreender novo conhecimento e sua aplicabilidade, ou seja, é eficiente

em absorver conhecimento.

Segundo Barbosa et al. (2009) a memória organizacional é desenvolvida para

armazenar e permitir a recuperação de informação da instituição, como informações

relacionadas às experiências de sucesso e as falhas ocorridas nos processos. Para o autor, a

disseminação do conhecimento e a construção da memória institucional são aperfeiçoadas

pelos sistemas de informação e suas bases de conhecimento, as quais permitem acesso à

informação por parte dos membros da organização. Bancos de dados centralizados onde o

conhecimento é codificado e armazenado e disponibilizado para os funcionários são

eficientes para disseminação do conhecimento estruturado da organização.

De acordo com Terra (2004), os investimentos na infraestrutura tecnológica são

importantes para o dinamismo do conhecimento organizacional em três aspectos:

armazenamento de conteúdo de referência, elaboração de mapas conceituais de

competências internas e externas e disponibilização sob demanda do conhecimento. O

compartilhamento do conhecimento promove o fluxo da informação institucional, gerando

valor para a instituição em forma de capital intelectual, auxiliando seus membros a se

desenvolverem e a atingirem os objetivos institucionais.

As pesquisas têm demonstrado que a base de conhecimento de uma organização

permite a absorção de novo conhecimento, sendo gerada predominantemente pelas

atividades ligadas à pesquisa científica e ao desenvolvimento de inovações no interior da

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33

empresa, ou através de esquemas de terceirização da Pesquisa, Desenvolvimento e

Inovação (PD&I) (BIN et al., 2015). Murovec e Prodan (2009) salientam, inclusive, que a

competência de PD&I tem sido reconhecida como sendo essencial para a Capacidade

Absortiva na maior parte dos estudos sobre o tema. Outros autores, como Zahra & George

(2002), também enfatizam a importância do conhecimento acumulado pela organização

para o desenvolvimento da Capacidade Absortiva, o qual teria como origem tanto a

trajetória da empresa, consubstanciado em sua experiência, quanto as fontes externas a ela.

Daghfous (2004) cita a base de conhecimento de uma organização como elemento

central da Capacidade Absortiva, argumentando que quanto mais desenvolvida estiver

essa base mais facilmente o novo conhecimento será incorporado. Além disso, destaca-se

também o papel desempenhado pelo investimento em PD&I que, de acordo com Veugelers

(1998), as informações e habilidades geradas por tais esforços contribuem para a base de

conhecimento da organização, fazendo com que ela se torne preparada para se beneficiar

dos chamados spillovers1 da atividade de inovação tecnológica.

O desenvolvimento de atividades internas de PD&I também é um indicador

associado à base de conhecimento que uma organização detém (VEGA-JURADO et al.,

2008) e influencia positivamente o grau de desenvolvimento da sua Capacidade Absortiva

(MUROVEC e PRODAN, 2009), principalmente daquela que se destina à aquisição de

conhecimento científico (SCHMIDT, 2010). Nesse sentido, Freeman e Soete (1997) notam

que para assimilar qualquer tecnologia sofisticada e operá-la com eficiência é necessário

ter uma capacitação em P&D, ainda que adaptativa.

O oposto também foi verificado em estudo conduzido por Lin, Chang and Tsai

(2016) que exploraram a relação entre a perda de conhecimento organizacional e a

diminuição da Capacidade Absortiva, fornecendo evidência empírica sobre os impactos do

recrudescimento da base de conhecimento organizacional sobre a absorção do

conhecimento, bem com a queda do desempenho.

2.2.2. Recursos humanos

Cohen e Levinthal (1990) sustentam que a Capacidade Absortiva coletiva

depende, em grande parte, das Capacidades Absortivas individuais. Um estudo realizado

por Deeds, Decarolis e Coombs, (1999) constatou que os cientistas e pesquisadores que

1 Spillovers são excedentes de produção ou de conhecimento

2 Knowledge gatekeepers (ou porteiros) são pessoas dentro de uma organização que controlam a triagem,

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34

trabalhavam em universidades e em organizações governamentais possuíam conhecimento

relevante para a indústria de biotecnologia e as empresas bem sucedidas eram aquelas

cujos cientistas mantinham contato com tais especialistas para se aconselharem e obterem

ajuda no desenvolvimento de produtos-chave. Os funcionários das empresas de sucesso

eram mais propensos a trocar informações com seus colegas de outras empresas.

Lane, Koka e Pathak (2006) consideram que é preciso compreender o processo da

Capacidade Absortiva no qual o cerne são as pessoas, pois o que gera vantagem

competitiva e/ou melhores resultados é a maneira como os membros da organização

aprendem, combinam e aplicam o conhecimento. Essa conexão entre a Capacidade

Absortiva da organização e a das pessoas que a compõem remete, inevitavelmente, ao

nível de qualificação dos funcionários. A partir daí, vários autores passaram a considerar

a elevada influência desse elemento sobre a Capacidade Absortiva (VINDING, 2006;

VEGA-JURADO et al., 2008). Pesquisa do IBGE (IBGE, 2000) apurou que 22% das

empresas inovadoras apontaram o treinamento como a segunda mais importante atividade

na promoção da absorção do conhecimento e da inovação.

Para Vinding (2006), por exemplo, o próprio conhecimento da empresa pode ser

equiparado ao nível de capacitação formal de seus funcionários, o qual, por sua vez, terá

como indicador o percentual de empregados com algum grau acadêmico. Nessa abordagem

da Capacidade Absortiva voltada ao capital humano, o autor também inclui as práticas de

gestão de recursos humanos, as quais seriam responsáveis por viabilizar a integração dos

conhecimentos individuais na organização. Um ponto importante destacado por Fleury e

Fleury (2006) é a transferência de conhecimento de indivíduos para grupos e destes para

toda a organização. De acordo com os autores, o caminho do aprendizado envolve a

combinação, interpretação e integração do conhecimento individual no sentido de

formação de um sistema de conhecimento coletivo.

Para Daghfous (2004), empregados com elevado grau de formação em uma área

particular são normalmente mais aptos a adquirir novo conhecimento, o que torna,

portanto, o número suficiente de especialistas, cientistas e engenheiros um elemento

importante da Capacidade Absortiva da organização. Vega-Jurado et al. (2008) igualmente

situam o nível de qualificação da força de trabalho como um fator precípuo na

determinação da Capacidade Absortiva. Para os autores “[...] empresas cujos funcionários

são altamente qualificados e capacitados terão níveis mais elevados de Capacidade

Absortiva [...]” (VEGA-JURADO et al., 2008, p. 396). Barbosa et al. (2009) ressaltam que

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35

é fundamental para o processo de absorção do conhecimento que os membros da

organização consigam ter compreensão total do conhecimento recebido, o que é facilitado

pelo grau de competências e linguagem organizacional comum entre os funcionários.

Parte significativa dos estudos existentes sobre Capacidade Absortiva examina a

importância do grau de educação formal dos empregados, mas negligencia a importância

dos investimentos em capacitações efetuadas pela própria empresa, as quais costumam

estar mais direcionados para suas necessidades específicas (MUROVEC e PRODAN,

2009). Nesse sentido, além da educação tradicional (cursos de graduação, especialização,

mestrado e doutorado) dos funcionários, as capacitações internas e externas, oferecidas

diretamente pela empresa, também influenciam a capacidade por meio da qual a

organização absorverá conhecimento do seu entorno. Essa possibilidade é, inclusive,

sugerida por Cohen e Levinthal (1990, p. 129), os quais afirmam que as “[...] empresas

também investem diretamente em Capacidade Absortiva quando enviam pessoal para

capacitações técnicas avançadas”.

A contratação de cientistas e estudantes com vistas a incrementar a Capacidade

Absortiva é outra estratégia mencionada por Lim (2009). Esse autor defende juntamente

com Zahra e George (2002), porém, que o tipo de profissional contratado deve ser

compatível com o conhecimento a ser adquirido pela organização. Assim, devem ser

admitidos pesquisadores de áreas mais fundamentais para o caso em que o conhecimento a

ser absorvido seja do tipo mais básico ou, de campos mais aplicados, se o objetivo for

adquirir uma tecnologia já desenvolvida (LIM, 2009).

Mu, Tang e Maclachlan (2010) lembram, porém, que a complexidade e

especificidade do conhecimento podem complicar o processo de absorção do

conhecimento. É fundamental a competência para absorver o conhecimento externo novo

por parte dos membros da organização, bem como uma capacidade adequada para

disseminar este novo conhecimento. Nesse sentido, Zahra e George (2002) e Todorova e

Durisin (2007) consideram que a exploração do conhecimento requer o compartilhamento

do conhecimento relevante entre os membros da organização, a fim de se promover sua

compreensão. A integração social pode facilitar o processo de compartilhamento do

conhecimento, e pode ser informal (redes sociais) ou formal (através de meios

institucionais formais).

Schreiber et al. (2011) compartilham das visões acima afirmando que a

transferência de conhecimento parte do detentor do conhecimento para aquele que adquire

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36

este conhecimento e depende das habilidades e interesses em promover tal transferência. O

interesse, segundo os autores, depende em parte da percepção sobre o valor do

conhecimento, visto que a disponibilidade crescente de conhecimento não significa que

mais conhecimento esteja sendo transferido, pois um dos elementos chave da transferência

do conhecimento é a percepção, por parte das pessoas que receberão o conhecimento, de

utilidade, adequação e aplicabilidade do novo conhecimento nos processos já existentes.

A visão de Bruhn e Calegario (2014) de que os recursos humanos são propulsores

de produtividade e eficiência organizacionais, posicionam tal componente no topo da lista

de fatores dinamizadores da CA. Os autores ressaltam o papel de investimentos em

educação para o desenvolvimento de competências individuais, argumentando que o

treinamento constante de empregados é fator determinante para o desenvolvimento

organizacional por gerar um quadro de recursos humanos altamente qualificado e eficiente.

2.2.3. Estrutura organizacional

A estrutura organizacional é outro elemento citado na literatura sobre capacidade

absortiva. O artigo de Cohen e Levinthal (1990), apesar de não tratar explicitamente desse

fator como um requisito para essa capacidade, situa sua relevância no processo de

amplificação da CA do nível individual para o organizacional. Um elemento crucial nessa

dinâmica, de acordo com Cohen e Levinthal (1990), é a estrutura de comunicação

vigente na empresa, a qual estabelece a conexão tanto entre a empresa e seu meio externo

quanto entre suas unidades constituintes. Schreiber et al. (2011) identificam a estrutura

organizacional como um dos elementos centrais para melhorar a CA de uma instituição.

Para Barbosa et al. (2009) e Grant (1996) uma característica fundamental dentro

da estrutura organizacional é a capacidade de promover a disseminação do novo

conhecimento adquirido, assimilado e estruturado internamente. Nesse sentido, os

knowledge gatekeepers2 e boundary-spanners

3, em razão de sua capacidade de

averiguação, tradução e distribuição de conhecimento vindo de fora, exercem um papel

fundamental.

Embora o conhecimento seja uma fonte potencial de desenvolvimento, a mera

posse de ativos de conhecimento não significa que todos os setores de uma organização

2 Knowledge gatekeepers (ou porteiros) são pessoas dentro de uma organização que controlam a triagem,

análise, atualização, o fluxo e a disseminação de informações e do conhecimento organizacional. 3 Boundary-spanners são profissionais conectores de redes cuja função é interligar as redes internas de uma

organização com fontes externas de informação.

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37

estejam necessariamente se beneficiando daquele conhecimento. Assim, Szulanski (1996)

e Tang, Mu e MacLachlan (2008) defendem a necessidade de que a organização dissemine

este conhecimento por todas as suas unidades de funções, faça-o circular, a fim de

maximizar seu valor. A compreensão completa do processo de transferência de

conhecimento deve, segundo Mu, Tang e Maclachlan (2010), levar em conta as

capacidades disseminativas dos proprietários do conhecimento e as capacidades de

absorção dos recipientes do conhecimento, simultaneamente.

Nessa perspectiva, a estrutura organizacional tende a afetar a Capacidade

Absortiva principalmente durante o processo de disseminação do conhecimento captado,

quando ocorre sua difusão por todas as partes da organização (DAGHFOUS, 2004).

Entretanto, o grau de formalização, ou seja, a extensão na qual os procedimentos, as regras

e as instruções guiam os processos da organização, também constitui a estrutura

organizacional (VEGA-JURADO et al., 2008). Além disso, uma estrutura mais horizontal,

que permite e incentiva a socialização de conhecimento (DAGHFOUS, 2004) e uma

cultura mais tolerante a mudanças, que favorece a entrada de conhecimento externo

(MUROVEC e PRODAN, 2009), são consideradas igualmente relevantes nesse contexto.

A estrutura interna de uma organização, na visão conjunta de Sveiby (2001) e

Barbosa et al. (2009), é formada pelos membros componentes da instituição e seus

sistemas de comunicação e informação, e sua função primordial é prover suporte para a

consecução das atividades dos profissionais da instituição. Com essa visão, os autores

resumem a estrutura organizacional como o sistema de interligação que conecta a base de

conhecimento organizacional com a instituição, permitindo o fluxo de conhecimento

estruturado armazenado: a faceta principal deste processo é a materialização do

compartilhamento do conhecimento e conversão deste conhecimento em desempenho

eficiente das atividades institucionais. Bruhn e Calegario (2014) concluem que quanto mais

dinâmica for a estrutura tecnológica de uma organização – e quanto mais intensamente for

utilizada - maior será sua perspectiva de desenvolvimento no longo prazo.

Minbaeva et al. (2003) afirmam que a intensidade do processo de Capacidade

Absortiva pode ser amplificada ou diminuída pelos processos de comunicação e por

ferramentas e práticas de gestão do conhecimento selecionadas pela gerência, que

permitem o desenvolvimento de competências. Assim, a Capacidade Absortiva também

está intimamente relacionada com a estrutura e cultura organizacional, mecanismos de

comunicação institucional, relações de poder, bem como a estratégia da organização.

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38

Além da estrutura de comunicação, o fortalecimento da estrutura funcional das

organizações é fundamental para o fluxo do conhecimento e para sua disseminação,

conforme apontam Dias e Porto (2014) em estudo revelador sobre a Agência de Inovação

da USP. Os pesquisadores perceberam que a debilidade estrutural do setor, conjuntamente

com a ausência de estratégias definidas para lidar com os processos de licenciamento e

patenteamento de produtos e a inexistência de regulamentações referentes a criação de

empresas incubadas e similares influem decisivamente para deficiência na difusão do

conhecimento produzido pela instituição. Parte dos problemas relaciona-se com a

estrutura organizacional deficitária, bem como com a falta de suporte das instâncias

superiores da universidade, concluíram os autores.

2.2.4. Relações interorganizacionais

É inegável a importância de relações organizacionais para as organizações, para

governos e órgãos do governo (SILVA, DACORSO, COSTA e DI SERIO, 2016). O

processo de globalização das economias e estruturação geopolítica vem definindo a forma

como corporações e governos devem manter relações institucionais e estratégicas para sua

existência e sobrevivência. Cada vez mais as organizações públicas e privadas veem-se

inseridas nas redes mundiais com uma maior variedade de interligações internacionais ou

interculturais (MOTTA, 2014). Segundo Rossetto e Salvador (2003), um fator

organizacional que parece ser modelado diretamente pelas pressões ambientais é o

relacionamento interorganizacional. Merece destaque também, no contexto o fato de as

organizações serem compostas de múltiplas redes por meio das quais transmitem fluxo de

bens e serviços, influências e informações. As relações interorganizacionais,

interinstitucionais e intergovernamentais são realidade no mundo moderno globalizado.

No mundo da complexidade e da interdependência, nenhuma organização ou

mesmo um país pode enfrentar sozinho os problemas e desafios contemporâneos

(GULRAJANI e MOLONEY, 2012). As interligações em redes sugerem propostas de

absorção de novos conhecimentos e a revitalização da capacidade com uma maior

variedade de interligações internacionais ou interculturais das responsabilidades

administrativas, bem como as relações das empresas e do governo com a sociedade

(FARAZMAND, 2009; ABONYI e VAN SLYKE, 2010; JREISAT, 2011). Ao responder

aos desafios da mundialização, as instituições públicas, as grandes empresas e as entidades

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39

não governamentais inserem-se aos poucos em um novo contexto de múltiplos contatos

interorganizacionais. Buscam novas e mais avançadas práticas gerenciais.

A fim de construir ou melhorar sua Capacidade Absortiva, a empresa precisa

estabelecer vínculos com outras organizações para, assim, expandir sua base de

conhecimento e também enriquecer a qualificação e a experiência de seus colaboradores.

O papel de knowledge gatekeepers e boundary-spanners torna-se fundamental nesse

cenário. Como resultado, as Capacidades Absortivas individuais são alavancadas no todo e

a Capacidade Absortiva da organização é ampliada (COHEN e LEVINTHAL, 1990).

Zahra e George (2002) também consideram as relações interorganizacionais um elemento

importante da Capacidade Absortiva, pelo fato de ser uma potencial fonte de

conhecimento para a empresa (BALESTRIN et al., 2008). De acordo com Segatto-Mendes

e Mendes (2006) estas relações podem ter vários graus de formalização e padronização,

frequência de transações, relevância de cada participante e um grau diferente de simetria de

informação e de transações.

Zahra e George (2002) sustentam que a abrangência e a profundidade da

exposição ao conhecimento influencia a propensão de uma organização em explorar o

conhecimento novo e relacionado. Para eles, a diversidade de fontes a partir das quais

uma organização adquire novo conhecimento influencia significantemente as capacidades

de aquisição e assimilação de sua Capacidade Absortiva.

Na visão de Maculan (2005) as interações entre organizações são estratégicas

porque os conhecimentos necessários para o desenvolvimento podem ser gerados em

outras organizações com as quais torna-se fundamental estabelecer canais de comunicação

em busca de fontes permanentes de informações. As organizações precisam incorporar, nas

suas estratégias competitivas, a criação de canais pelos quais transitam fluxos de

conhecimentos indispensáveis para sua inserção na sociedade moderna, conclui a autora.

Na mesma linha, Daghfous (2004) afirma que a intensidade dos relacionamentos com as

demais organizações, tais como instituições acadêmicas, empresas de suporte técnico e

consultorias, são capazes de incrementar a Capacidade Absortiva da organização.

Murovec e Prodan (2009) avaliam a cooperação entre organizações como um dos

elementos da Capacidade Absortiva. Essa cooperação igualmente abrange parcerias com

atores de diversos tipos, como empresas, fornecedores, clientes, competidores, consultores,

laboratórios de PD&I, universidades e governo, entre outros. O estudo sobre os fluxos de

conhecimento na indústria de semicondutores, realizado por Lim (2009), aponta a

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40

importância dos vínculos externos para o desenvolvimento dessa capacidade

organizacional. Esses vínculos podem ser estabelecidos com a comunidade de cientistas ou

com empresas detentoras de tecnologia já desenvolvida.

No nível de análise da rede, é menos obvio quem são os atores e seus papéis. A

abordagem deve ser direcionada para uma compreensão ampliada de interdependência e

inserção, o que promove uma sensação de pertencimento e uma nova percepção de

compatibilidade de objetivos (HUEMER, BECERRA e LUNNAN, 2004). Toma

importância, nesse contexto, instituições concentradoras (hub firms) ou orquestradoras

(orchestrators), as quais têm papel fundamental na avaliação do conhecimento da rede,

pois devem identificar e capturar o conhecimento externo relevante, bem como o

recrutamento e ativação dos membros da rede (TU et al., 2006). Por orquestração de rede,

Möller et al. (2005) referem-se à capacidade de um agente influenciar a evolução de uma

rede por completo. Para Dhanaraj e Parkhe (2006), trata-se do conjunto de ações

deliberadas, realizadas pela organização concentradora que se destinam a criar e extrair

valor da rede. Os autores complementam dizendo que em redes frouxamente acopladas, as

organizações concentradoras orquestram os processos de gestão da mobilidade do

conhecimento e estabilidade da rede (PARKHE, WASSERMAN e RALSTON, 2006).

No setor público, estruturas de rede são constituídas por colaboração ativa e

estruturada de organizações públicas, privadas e sem fins lucrativos e/ou individuais,

destinadas a alcançar um objetivo (ou objetivos) estabelecido(s) (MANDELL, 1999) e

subordinadas a algum tipo de regulamentação. Na gestão intergovernamental a rede é vista

como um modelo de atuação no processo de gestão de políticas, através de estruturas

interdependentes que envolvem múltiplas organizações (O’TOOLE, 1997).

2.3. Política Pública, Capacidade Absortiva e política orientada para o

desenvolvimento do conhecimento institucional

A política pública enquanto área de conhecimento e disciplina acadêmica surgiu

nos EUA com ênfase nos estudos sobre a ação dos governos, enquanto que na Europa a

área surge como um desdobramento dos trabalhos fundamentados em teorias explicativas

sobre o papel do Estado (SOUZA, 2006). No Brasil, onde estudos se iniciaram há pouco

tempo, a ênfase esteve ora na análise das estruturas e instituições, ora nos processos de

negociação de políticas setoriais (FREY, 2000).

Page 41: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

41

Um conceito único que defina políticas públicas ainda não foi completamente

elaborado (SOUZA, 2003). Para Höfling (2001) as políticas públicas podem ser entendidas

como as ações do Estado direcionadas a setores específicos da sociedade, realizadas

através dos programas do governo. Souza (2006) conceitua Políticas Públicas como o

campo do conhecimento que busca colocar o governo em ação ao mesmo tempo que as

analisa e propõe mudanças quando necessário. Secchi (2013) segue a mesma linha ao

defini-la como uma diretriz formulada para enfrentar um problema público. Drumond,

Silveira e Silva (2014) a definem como sendo o meio de os diversos interesses existentes

na sociedade serem negociados.

Frey (2000) definiu o ciclo de políticas públicas como a subdivisão do agir

público em fases parciais do processo político-administrativo de resolução de problemas.

Para Souza (2006) este ciclo se compunha dos seguintes estágios: definição de agenda

(agenda setting), identificação de alternativas, avaliação das opções, seleção das opções,

implementação e avaliação. Secchi (2013) utiliza divisão semelhante, separando as fases

em identificação do problema, formação da agenda, formulação de alternativas, tomada de

decisão, implementação, avaliação e extinção da política pública.

A fase de identificação do problema corresponde ao momento em que se percebe

uma variação entre o status quo e a situação ideal (SECCHI, 2013). Nesta etapa, a questão

central é identificar os problemas mais indicados para os campos de ação das políticas

(FREY, 2000). Drumond, Silveira e Silva (2014) destacam que os problemas identificados

precisam se incorporar a agenda do governo para que possam se tornar alvos das ações e

atenção governamental. Para Viana (1996) a agenda é definida como o espaço de

composição da lista de problemas que despertam a atenção do governo e dos cidadãos.

Na fase de formulação de programas e decisão, Frey (2000) registra a necessidade

de escolher a alternativa de ação mais apropriada entre as várias disponíveis. Secchi (2013)

afirma que a formulação de alternativas ocorre através de análises formais ou informais das

implicações do problema e dos custos e benefícios das alternativas disponíveis.

Quanto à implementação, Rua (1997) definiu como sendo o conjunto de ações

realizadas por entes públicos e privados, baseada nos objetivos propostos, que garantam

que determinada política saia do papel e funcione de forma efetiva.

Após a implementação é fundamental que haja um processo que avalie o que foi

desenvolvido. A avaliação de efetividade ilustraria o exame de uma dada política diante

dos seus resultados e dos impactos causados, sejam eles no sentido de sucesso ou de

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42

fracasso, nas condições sociais prévias das populações contempladas pelo programa

(FIGUEIREDO e FIGUEIREDO, 1986; ARRETCHE, 1999).

Como etapa final do ciclo, Secchi (2013) aponta a fase de extinção da política

pública, que corresponde ao momento em que as ações do governo não estão mais voltadas

ao problema gerador da política.

Wiig (1999) destacou a importância do conhecimento na administração pública e

asseverou que a viabilidade de qualquer sociedade depende da qualidade do fornecimento

dos serviços públicos e essa qualidade é influenciada por fatores como estrutura

governamental, responsabilidades, capacidades, informação, especialização do quadro de

servidores e conhecimento disponível. Para Souza (2006), o paradigma da Administração

Pública gerencial impõe a eficiência das instituições públicas, característica que passou a

ser vista como o principal objetivo de qualquer política pública, juntamente com a

importância do fator credibilidade e a delegação das políticas públicas para instituições

com “independência” política. No setor público existem estruturas burocráticas

(ABRUCIO, 1997), fatores políticos e normativos que demandam especial atenção para

que se compreenda de forma abrangente, legítima e contextualizada o posicionamento de

uma política dentro de um arcabouço legal e institucional (LIMA, 2010).

Empresas e órgãos públicos do governo estão construindo plataformas de gestão e

difusão do conhecimento que produzem e que consomem. Órgãos públicos como o

Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica

Federal, o Serviço de Processamento de Dados (SERPRO) e a Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) são exemplos de instituições que estão na vanguarda

desse movimento em busca da construção de um arcabouço teórico e político regulador da

relação entre sociedade e conhecimento (BATISTA, 2012; EMBRAPA, 2014), mesmo

diante da inexistência de uma política nacional de tratamento ou gestão do conhecimento.

Uma política institucional deste caráter deve ser adequada às necessidades e

realidade da universidade, em termos formais, culturais e gerenciais. Lindblom (1995)

apresenta a ideia de que o incrementalismo propõe a elaboração pela comparação entre

políticas da mesma classe. No seu entender, o formulador de políticas as constrói a partir

da incorporação de desenvolvimentos passados, partindo de uma situação existente e

buscando alterá-la incrementalmente. Por esse método, os formuladores apropriam-se de

informações, estudos, indicadores, resultados de análises científicas, entre outros, para

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43

direcionar suas opiniões e fortalecer seus posicionamentos ou de seus grupos de interesses

nas arenas de discussão, fundamentando suas decisões (DAGNINO et al., 2002).

Dentre os mecanismos que podem chamar a atenção dos formuladores de políticas

públicas (SOUZA, 2007) destaca-se o uso de indicadores que ilustrem a proporção do fato

abordado politicamente. Utilizada como indicador do nível da capacidade institucional

para absorver e explorar conhecimentos, a Capacidade Absortiva e suas dimensões

constitutivas formam um conjunto importante de premissas e indicadores para embasar o

debate político entre os atores da arena de discussão institucional.

As premissas são as bases conceituais que orientam os gestores na formação das

estruturas necessárias à realização das ações institucionais. As categorias estruturantes

aglutinam características comuns da instituição que exercem influência nos processos de

produção, disseminação, absorção e compartilhamento do conhecimento institucional. Os

componentes constituintes do construto Capacidade Absortiva e a validação da escala de

Flatten et al. (2011) parecem ser elementos adequados para informar o processo de

formulação da política proposta em seu passo número 2, definido por Bardach (1998)

como sendo a obtenção de informação - visto que detalham as facetas em que ocorre o

fenômeno da absorção do conhecimento.

Em relação às categorias estruturantes, devem ser considerados aspectos formais

(legislação, distribuição de cargos, estrutura acadêmica, estrutura espacial), aspectos

culturais (contexto produtivo do conhecimento, contexto capacitante, identificação e

desenvolvimento de habilidades) e aspectos gerenciais (gestão do conhecimento

institucional, técnicas e práticas utilizadas na produção e conversão do conhecimento e

mensuração de resultados e impactos da gestão do conhecimento na instituição) (LIMA,

2010). Envolver a instituição e seus elementos constitutivos é fundamental para que

políticas institucionais reflitam sua identidade e particularidades, inserindo-a na dinâmica

de disputa de poder e recursos inerentes ao poder público.

Estas premissas e categorias estruturantes serão fundamentais na composição da

Agenda preliminar de discussão, sugerida na fase do planejamento institucional, de forma

que seja decidido coletivamente o formato de uma política institucional com caráter

estratégico que dinamize a absorção de conhecimento dentro da instituição e para além de

seus muros, dando-se ao tema a relevância que merece e definindo-se regras, ações e

recursos que garantam sua eficácia e que os objetivos e metas institucionais sejam

alcançados. A tomada de decisões neste nível demanda uma avaliação preliminar sobre

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44

custos e benefícios das várias opções disponíveis de ação, assim como uma avaliação das

chances do tema se impor na arena política de debate, gerando um envolvimento

expressivo dos relevantes atores envolvidos (FREY, 2000).

Por ser uma organização cuja missão social é produzir, multiplicar e recriar o

conhecimento técnico-científico para o desenvolvimento da sociedade, coadunado com a

formação de recursos humanos capacitados (CHIARINI e VIEIRA, 2012), a universidade

pública - constituída por um corpo funcional qualificado e componente de uma

Administração Pública orientada no sentido do aprimoramento de seu desempenho -

apresenta características e habilidades institucionais passíveis de mensuração, análise e

melhoria. Rotinas de operacionalização do fluxo de absorção do conhecimento

institucional podem ser desenvolvidas e aperfeiçoadas para promover o compartilhamento

eficiente do conhecimento gerado e absorvido nas relações centralizadas na instituição.

A Universidade Pública, enquanto instituição do governo com propósito de

formar profissionais qualificados, desempenha papel importante no diálogo entre Estado e

sociedade, intermediando a produção e circulação do conhecimento e acompanhando a

dinâmica de evolução da sociedade. Considerando este paradigma de gestão e a

necessidade de políticas institucionais que favoreçam a consolidação e evolução de uma

administração pública dinâmica e eficiente, ressalta-se a necessidade de pesquisas e

instrumentos que avaliem e mensurem a capacidade de absorção do conhecimento no

ambiente acadêmico público.

A mensuração da Capacidade Absortiva da universidade poderá ser o passo inicial

para formalização de uma Agenda de discussão referente ao tratamento adequado que

órgãos públicos devem dar ao conhecimento técnico e científico que circula na Academia.

A proposição de estratégias baseadas em estudos acadêmicos sérios fornece a base teórica

determinante para que discussões institucionais acerca do conhecimento possam ser

direcionadas; as estratégias propostas desempenham, dessa forma, o papel de diretrizes e

premissas para aprimoramento da estrutura funcional e executiva da universidade.

É fundamental a inserção de instituições públicas de grande porte na arena de

discussão política como instrumento de pressão, para que as propostas de elaboração de

uma política não sejam mantidas em suspenso nas arenas mais amplas de debate político,

como ocorre com a proposta de política de Gestão do Conhecimento proposta pelo

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em 2004 e que permanece ausente das

discussões atuais no cenário político (GONÇALVES, 2006; IPEA, 2010a). Esta política

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45

institucional particularizada (IPEA, 2010a) apresenta diretrizes gerais fundamentais para

que o conhecimento seja tratado como ativo institucional valioso, e é um documento

legislativo básico importante para orientação das discussões sobre o tema. Por conter

diretrizes fundamentais para o tratamento do conhecimento, esta política institucional,

formalizada como uma portaria interna do IPEA (anexos II e III) é utilizada como guia

referencial para proposição de eixos estratégicos do plano de ação deste estudo.

O próprio conceito de Capacidade Absortiva está disposto de forma indireta na

portaria nº 385/2010 do IPEA, sugerido em seu artigo 3º, inciso XII como uma das

diretrizes da política: Assegurar a absorção, retenção e disseminação do conhecimento

produzido no relacionamento com terceiros. Parece um tanto simplificado e limitativo este

conceito, visto que o conhecimento institucional deve ser abordado independentemente da

origem do relacionamento mantido pela instituição; fundamental é que a informação

absorvida tenha valor, seja estruturada, armazenada e compartilhada interna e

externamente à organização, transformando-se em conhecimento.

O mesmo artigo 3º, que dispõe sobre as diretrizes da política, apresenta outras

diretivas importantes para o aprimoramento do tratamento do conhecimento e da

Capacidade Absortiva institucionais, as quais sugerem associação aos elementos

componentes do construto vistos anteriormente. Os principais incisos que denotam estas

características são mostrados no Quadro 1:

Quadro 1 – Algumas diretrizes do artigo 3º da portaria IPEA nº 385/2010.

Inciso Diretriz

IV Assegurar o alinhamento dos instrumentos e mecanismos de gestão, particularmente os

de gestão de pessoas, aos de gestão do conhecimento institucional.

VII

Promover competências individuais e organizacionais para desenvolvimento de

produtos e serviços, e a valorização da força de trabalho como produtora de

conhecimento.

VIII Promover a cooperação e a colaboração da força de trabalho e equipes no

compartilhamento do conhecimento organizacional.

IX Fomentar a preservação e o armazenamento da informação produzida na instituição, e

promover a valorização e preservação do patrimônio histórico e memória institucional.

X Propor mecanismos de transmissão de conhecimentos visando à continuidade da

execução de atividades e processos finalísticos e de apoio.

XI

Fomentar a participação da força de trabalho em redes sociais para o

compartilhamento de conhecimento entre órgãos de governo e sociedade e a utilização

das ferramentas da Rede Mundial de Computadores para melhoria do desempenho

individual e organizacional e o aprimoramento dos produtos e serviços da instituição.

Fonte: Portaria IPEA nº 385/2010 (IPEA, 2010a).

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46

O inciso IV remete à existência de instrumentos e mecanismos institucionais, ou

uma estrutura institucional funcional que permita o reconhecimento do valor de novos

conhecimentos, a aquisição deste novo conhecimento, sua assimilação, transformação e

consequente aplicação do conhecimento nas práticas e processos administrativos, além da

renovação da base de conhecimento pré-existente. Incisos VII e VIII mantêm relação com

os recursos humanos institucionais e reforçam a necessidade do desenvolvimento de

competências, seja para reconhecimento do valor e aquisição do conhecimento, como para

transformar o conhecimento novo em utilizável internamente. Além disso, reforçam a

importância da capacidade de compartilhamento do conhecimento para renovação e

enriquecimento da base de conhecimento organizacional. Os incisos seguintes, IX e X,

estão associados ao componente base de conhecimento, e assim, à existência do

conhecimento prévio para reconhecimento do valor e aquisição de novo conhecimento,

bem como nos processos de assimilação e transformação deste conhecimento. É importante

considerar que a aplicação do conhecimento depende fundamentalmente das outras fases

do processo de absorção do conhecimento, pois a aplicação do conhecimento novo

adquirido, transformado e assimilado é decorrência do funcionamento adequado destas

outras fases do processo de aborção do conhecimento. Finalmente, o inciso XI da lista

apresentada no Quadro 1 remete às redes de relações interorganizacionais da instituição,

canais de identificação e disseminação de novo conhecimento. Aquisição de novo

conhecimento é favorecida através destes canais, e a transformação do conhecimento tende

a se tornar um processo mais natural devido à possibilidade de acompanhamento,

compartilhamento e comparação de experiências de aplicação de novas tecnologias ou

metodologias desenvolvidas e implementadas entre atores das redes de relações.

A proposição de estratégias institucionais para desenvolver mecanismos efetivos

de manipulação deste conhecimento tende a legitimar um conjunto de práticas que podem

vir a fazer parte dos debates sobre uma necessária agenda política de discussão referente ao

tratamento adequado do conhecimento institucional da Universidade Federal de Alagoas.

Os eixos estratégicos propostos seriam guias para elaboração de uma estrutura teórica

primária e uma política institucional norteadora de ações concretas com potencial para

desenvolver a habilidade de instituições públicas de ensino superior em absorver

conhecimentos internos e externos, bem como proporcionar a disseminação mais ativa e

efetiva do conhecimento gerado e absorvido, e a consequente aplicação deste

conhecimento visando ao crescimento institucional e da sociedade como um todo.

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47

3. METODOLOGIA

Definir a metodologia seguida na pesquisa e análise dos dados coletados é tarefa

fundamental tanto para que o pesquisador consiga atingir os objetivos propostos com

sucesso (HAIR JR. et al., 2009) quanto é importante para que o estudo possa ser replicado

e os resultados possam vir a ser generalizados. Esta pesquisa é de natureza quantitativa,

caracterizada pela verificação de um fenômeno através da técnica de coleta e análise

estatística de dados primários (CRESWELL, 2009) e classificada como de corte

transversal, pois busca o entendimento de um fenômeno em um determinado período de

tempo e espaço e os dados são coletados apenas uma vez (COLLIS e HUSSEY, 2006;

NACHMIAS, 2007). A delimitação desta pesquisa está esquematizada no Quadro 2:

Quadro 2 – Sumarização da pesquisa.

Componentes Orientações metodológicas

Pressupostos para a

abordagem do

fenômeno

organizacional

Epistemológicos (origem, justificação e fundamentação do

conhecimento): teóricos e empíricos.

Ontológicos (natureza da realidade e existência dos entes):

realidade objetiva com diferentes percepções dos indivíduos.

Delineamento da

pesquisa

Natureza da pesquisa: descritiva.

Abordagem: quantitativa.

Método investigativo: survey.

Técnica de coleta: questionário.

Perspectiva temporal: transversal.

Nível de análise: institucional (UFAL).

Escopo de análise: Campus A. C. Simões.

Universo: servidores efetivos ativos.

População: servidores efetivos ativos técnico-administrativos.

Amostra: 300 servidores técnico-administrativos.

Dados

Tipos de dados: primários e secundários.

Questionários e Portarias 385/2010 e 386/2010 do IPEA.

Coleta de dados: 350 questionários distribuídos, 305 coletados e

300 respondidos adequadamente.

Tratamento dos dados: valores perdidos, valores omissos.

Validade da pesquisa

quantitativa e acurácia

dos dados

Teste de confiabilidade, teste de validade por meio de análise

fatorial exploratória e análise fatorial confirmatória.

Critérios de seleção da

amostra e resultado da

escolha

Definição por acessibilidade, conveniência e por interesse no

conhecimento institucional administrativo.

Critérios: servidor efetivo ativo de unidades administrativas e

unidades acadêmicas.

Escolha: servidores técnico-administrativos.

Resultados

Validade do instrumento de coleta e do modelo teórico.

Índice de mensuração da Capacidade Absortiva da UFAL.

Proposição de quatro eixos estratégicos relacionados aos

componentes da Capacidade Absortiva.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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48

3.1 Caracterização da pesquisa

A pesquisa tem natureza descritiva transversal (TRIVIÑOS, 1987; GIL, 2007),

pois sua finalidade é descrever o fenômeno da Capacidade Absortiva na UFAL, em um

momento temporal específico, através da aferição da capacidade da instituição em absorver

o conhecimento que circula em seu ambiente institucional. Assim, busca-se descrever o

fenômeno da Capacidade Absortiva institucional em sua realidade (TRIVIÑOS, 1987),

além de se buscar a relação entre as dimensões constituintes da Capacidade Absortiva

(GIL, 1999), expondo as características do modelo na UFAL (VERGARA, 2000). A

descrição do protocolo da pesquisa utiliza métodos de abordagem quantitativa para análise

do construto e mensuração de seu coeficiente.

O objetivo da pesquisa ao operacionalizar a aplicação, no contexto da UFAL, de

uma escala de mensuração da Capacidade Absortiva - originalmente validada na Alemanha

por Flatten et al. (2011) e, posteriormente, no Brasil por Engelman, Fracasso e Schmidt

(2014) - e obter um dimensionamento da habilidade institucional dos servidores técnico-

administrativos em absorver conhecimento, a fim de aferir o coeficiente do construto

localmente - é permitir a compreensão de questões relacionadas a absorção e aplicação de

novos conhecimentos externos e fornecer subsídios empíricos para elaboração de diretrizes

e estratégias institucionais que melhorem esta habilidade.

Os elementos e variáveis que formam a Capacidade Absortiva da escala original

foram identificados por Flatten et al. (2011) através de revisão realizada sobre 269 artigos

publicados entre 1990 e 2007 em periódicos com forte foco em gestão que continham

estudos relacionados à Capacidade Absortiva. Apenas 33 artigos continham itens

pertinentes a pelo menos uma dimensão do construto que poderia ser útil no

desenvolvimento de uma escala efetivamente representativa do modelo teórico.

A escala elaborada pelos autores, inicialmente com cinquenta itens, passou por

três pré-testes com executivos e experts acadêmicos resultando em uma escala contendo

trinta e seis itens. Finalmente, a escala resultante foi submetida a duas etapas de coletas de

dados (surveys) com duas amostras de grandes companhias alemãs. Com os refinamentos

empreendidos, Flatten et al. (2011) conseguiram validar a escala proposta com catorze

itens, oferecendo a gestores uma ferramenta de avaliação das forças e fraquezas

organizacionais referentes à Capacidade Absortiva.

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49

Estimulados pelos resultados de Flatten et al. (2011) em suas pesquisas,

Engelman, Fracasso e Schmidt (2014) propuseram a tradução, adaptação e validação da

escala original no contexto de empresas brasileiras. Essa escala foi avaliada por

especialistas e testada em uma amostra de 495 indústrias gaúchas de intensidades

tecnológicas e portes variados. Através do uso da análise fatorial confirmatória sobre os

dados coletados, os autores conseguiram obter a validação da escala adaptada, indicando a

consistência deste instrumento no contexto nacional.

Considerando o contexto empresarial em que ambas as escalas mencionadas

foram aplicadas e validadas, e sendo a UFAL uma autarquia pública, foi preciso adaptar o

vocabulário da esfera empresarial privada - contido na escala original alemã e na versão

brasileira traduzida – para aplicação do questionário, a fim de se garantir máxima

compatibilidade, legitimidade e compreensão do instrumento de coleta pelos componentes

da amostra escolhida para mensuração da Capacidade Absortiva institucional. Algumas

distorções resultantes das diferentes naturezas de atuação do setor público e do setor

privado e de tradução foram identificadas, as quais prejudicaram a inteligibilidade e

aplicabilidade da escala na UFAL, quando submetida inicialmente a nove servidores da

instituição para verificação do entendimento das afirmações contidas no formulário. Os

nove servidores que participaram desta fase da pesquisa identificaram uma série de

palavras e expressões não aplicáveis ao contexto de instituição pública em que a UFAL se

insere, bem como sugeriram a adição de novos termos para complementar conceitos

estruturais e nomenclaturas.

A realização de uma nova tradução sobre a escala original de Flatten et al. (2011)

permitiu a elaboração de um texto mais adequado que aquele produzido a partir da versão

baseada na escala de Engelman, Fracasso e Schmidt (2014). As adaptações efetuadas no

vocabulário permitiram aos servidores da UFAL compreender o conteúdo das afirmações

apresentadas no formulário de resposta.

As alterações efetuadas nos dois questionários abordados buscam garantir que o

instrumento de coleta de dados consiga captar de forma mais fidedigna as percepções dos

respondentes sobre o fenômeno da absorção do conhecimento na UFAL.

Sendo assim, este estudo busca responder a uma questão de pesquisa (COOPER;

SCHINDLER, 2003) descrevendo fenômenos ou características associadas com a

população-alvo e fazendo estimativas das proporções de uma população que tenha estas

características através da descoberta de associações entre as diferentes variáveis analisadas.

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50

Estas informações serão contextualizadas na UFAL para que se possa descrever os fatos e

fenômenos peculiares à realidade da instituição em estudo (TRIVIÑOS, 1987). A

contextualização permitirá proporcionar uma nova visão sobre esta realidade já existente

da capacidade absortiva e ainda não estudada.

3.2 Esquematização da pesquisa

Anteriormente à coleta de dados, foi realizada a revisão da literatura com base

primordialmente nos estudos de Cohen e Levinthal (1990), Zahra e George (2002), Flatten

et al. (2011), Engelman, Fracasso e Schmidt (2014), Oliveira e Balestrin (2015) e Hurtado-

Ayala e Gonzalez-Campo (2015) para garantir a sustentação teórica sobre o construto

Capacidade Absortiva em si, suas quatro dimensões constitutivas, sobre os elementos

principais que compõem a Capacidade Absortiva e apresentação das equações e

procedimentos para cálculo do valor da Capacidade Absortiva da UFAL.

Além disso, foi feita pesquisa sobre Políticas Públicas, com base primordialmente

em Souza (2006) e sobre estratégias verificadas em outras instituições públicas para

dinamizar a Capacidade Absortiva, considerando os elementos componentes do construto e

as diretrizes da Política de Gestão do Conhecimento proposta pelo Instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada – IPEA (2010a, 2010b).

Os estudos sobre Cohen e Levinthal (1990) e Zahra e George (2002) são básicos e

fundamentais para qualquer pesquisa sobre Capacidade Absortiva, pois se aqueles são os

pioneiros nos estudos sobre o construto, estes desenvolveram o modelo mais amplamente

utilizado até hoje.

Os estudos efetuados sobre os trabalhos de Flatten et al. (2011) e Engelman,

Fracasso e Schmidt (2014) forneceram o instrumento de pesquisa, sua validação e a

metodologia empregada no processo. Oliveira e Balestrin (2015) complementaram a

revisão sobe Capacidade Absortiva com a elaboração do rol ordenado de componentes do

construto.

O estudo de Hurtado-Ayala e Gonzalez-Campo (2015) foi utilizado para orientar

os procedimentos de mensuração do valor da Capacidade Absortiva da UFAL. A revisão

sobre Políticas Públicas teve a finalidade de subsidiar a proposição de quatro estratégias

centrais, interligadas aos componentes da Capacidade Absortiva.

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51

Figura 4 - Esquematização da pesquisa

A etapa seguinte da pesquisa envolveu um processo mais operacional de ajustes e

verificação do instrumento de coleta, consumação da coleta de dados e realização dos

testes estatísticos de validade e confiabilidade. Por fim, os resultados encontrados foram

analisados, possibilitando a mensuração da Capacidade Absortiva institucional. Este

VALIDADE E CONFIABILIDADE

ANÁLISE DO MODELO

INSTRUMENTO Verificação, retradução e adequação das afirmações

elaboradas por Flatten et al. (2011) e Engelman et al. 2014 Escopo Amostra

VALIDADE DO INSTRUMENTO Análise fatorial exploratória

CONFIABILIDADE DO INSTRUMENTO Alfa de Cronbach - α

VALIDADE DO MODELO

Análise Fatorial Confirmatória

COLETA DE DADOS

ANÁLISE DOS DADOS, DIAGNÓSTICO E PLANO DE AÇÃO

REVISÃO DA LITERATURA Escalas de Flatten et al. (2011) e Engelman et al. (2014)

Dimensões e Componentes da Capacidade Absortiva

Fonte: Adaptado de MOEHLECKE (2014).

População

Estratégias para melhoria da Capacidade Absortiva da UFAL Mensuração do valor da Capacidade Absortiva da UFAL

Políticas Públicas (Souza, 2006) Fórmula de Hurtado-Ayala e Gonzalez-Campo (2015)

Extração do número de fatores

TRATAMENTO DOS DADOS Dados omissos e atípicos

ESTATÍSTICAS Descritivas e de frequência

DETALHAMENTO ESTATÍSTICO Interpretação das opiniões através das dimensões da CA

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processo é parte do fluxo de conhecimento entre os principais componentes de uma

pesquisa, segundo Hair Jr. et al. (2005). O desenho da pesquisa é apresentado pela Figura 4

e resume todas as etapas envolvidas no presente estudo.

3.3 Delimitação do estudo: escopo, universo, população e amostra

Como escopo da pesquisa, sua delimitação compreende o Campus A. C. Simões

Maceió da Universidade Federal de Alagoas, excetuando as unidades do Campus do

Sertão, o Centro de Ciências Agrárias (CECA), todas as unidades externas (Espaço

Cultural, Museu de História Natural, Laboratórios Integrados do Mar, Laboratório de

Genética Forense, Usina Ciência e Museu Théo Brandão) e o Hospital Universitário. As

unidades de pesquisa foram as Unidades Administrativas e Unidades Acadêmicas, estas

decompostas em Institutos, Faculdades, Escolas ou Centros. É importante considerar o fato

de que estas unidades possuem portes diferentes e abrigam cursos de áreas diversas, dentro

dos eixos programáticos definidos da universidade. As diferenças peculiares destas

Unidades em termos de área de atuação e dinâmicas internas não foram explicitamente

consideradas como impactantes para os resultados da pesquisa, mas atuam como elementos

que impactam na generalização do construto no contexto institucional.

O universo da pesquisa consiste em todos os servidores efetivos ativos da

instituição que lidem diretamente com a gestão administrativa da instituição. Inserem-se

neste contexto os servidores ligados diretamente às atividades que demandem

conhecimento administrativo especializado (secretarias administrativas, laboratórios e

órgãos administrativos de apoio) e os servidores ligados às atividades de suporte a prática

pedagógica (secretarias de coordenação e pós-graduação).

Quanto à população selecionada para a validação do instrumento, consiste no

conjunto de todos os servidores técnico-administrativos efetivos e ativos do Campus A. C.

Simões, por serem estes os que executam as atividades administrativas institucionais e,

assim, deterem o conhecimento mais homogeneamente mensurável na universidade. Dados

fornecidos pelo Sistema de Informação de Gestão de Recursos Humanos da UFAL

(SIGRH) de agosto de 2016 indicaram 895 servidores técnico-administrativos.

Em relação a amostra da pesquisa, seu principal objetivo de determinação foi

aumentar a precisão de aplicação da pesquisa. Foram considerados para a pesquisa apenas

os servidores ativos lotados em unidades compreendidas pelo escopo e população de

pesquisa, excetuando-se, assim, os servidores terceirizados, os servidores cedidos à UFAL,

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os servidores visitantes, servidores em trabalho voluntário e similares, e pesquisadores

externos. O tamanho da amostra foi calculado através da fórmula

,

onde: n = Tamanho da amostra que queremos calcular

N = Tamanho do universo (895 servidores técnico-administrativos ativos do

Campus A. C. Simões)

Z = Desvio do valor médio aceitável para alcançar o nível de confiança desejado,

para esses estudo será de 95% -> Z=1,96.

e = Margem de erro máximo admitida no estudo, será de 5%.

p = É a proporção que esperada. A princípio este parâmetro pode confundir, pois a

pesquisa é feita para conhecer esta proporção. Não havendo registro deste valor em

estudos anteriores, utiliza-se, como regra geral, p=50% (COOPER e SCHINDLER,

2008; HAIR JR. et al., 2007).

Para este estudo, tem-se:

n= 895 x 3.8416 x 0,5 x 0,5 / 894 x 0.0025 + 3.8416 x 0,5x 0,5

n = 859,558 / 2,234 + 0,9604

n = 859,558 / 3,1944 = 269.

Assim, arredondando para cima, definiu-se uma amostra contendo 30% do valor

total de técnico-administrativos, ou seja, 300 componentes. Para que o resultado da

mensuração representasse o universo acadêmico dos técnico-administrativos (respeitando o

universo espacial definido acima), de forma mais consistente, todas as unidades com

técnico-administrativos do Campus foram visitadas, com exceção da Assessoria de

Comunicação – ASCOM, por tratar-se de órgão que divulga e consome informação como

realidade prática funcional, podendo criar algum tipo de viés à pesquisa.

3.4 Limitações metodológicas

Esta pesquisa pretende apresentar um estudo sobre a Capacidade Absortiva da

Universidade Federal de Alagoas restrita aos servidores técnico-administrativos ativos do

Campus A. C. Simões, de modo que resulte na mensuração desta habilidade

organizacional, bem como apresentar um conjunto de estratégias para a universidade.

Esta é uma pesquisa quantitativa, o que limita as possibilidades de diagnóstico

organizacional, visto que apenas podem ser elaboradas suposições baseadas na análise

estatística dos dados coletados.

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A concentração da pesquisa é no tema da Capacidade Absortiva, sem que temas

relativos à Gestão do Conhecimento, Aprendizagem Organizacional, Organizações que

Aprendem, Tipologia do Conhecimento, Capital Intelectual e Teoria Organizacional

tenham sido pesquisados e/ou abordados.

É importante ressaltar, como mais uma limitação, que os resultados esperados

nesta pesquisa não podem ser aplicados diretamente em todos os órgãos públicos ou até

mesmo em todas as instituições públicas de ensino superior do país, pois, na orientação

estratégica, é necessário considerar-se as peculiaridades pertinentes a cada instituição.

Finalmente, inexistindo uma Política Pública de espectro nacional ou mesmo local

ou institucional referente ao tratamento do conhecimento em uma instituição pública de

ensino superior, optou-se por utilizar a Política de Gestão do Conhecimento e Inovação do

Instituto de Pesquisa Econômica Avançada – IPEA - a qual consta dos anexos I e II deste

trabalho – como referencial de apoio em algumas discussões teóricas do estudo.

3.5 Instrumento de coleta de dados

Os dados originários das fontes primárias foram coletados por meio de

questionário assertivo estruturado com base na escala de Flatten et al. (2011) e Engelman,

Fracasso e Schmidt (2014), e submetidos aos servidores técnico-administrativos ativos da

UFAL. O formulário utilizado nesta pesquisa está contido no Apêndice I.

O instrumento é considerado uma técnica estruturada de coleta de dados composto

por um conjunto de frases assertivas que devem ser respondidas ou avaliadas pelo

respondente, indicando seu grau de concordância ou discordância segundo sua percepção

(MALHORTA, 2012).

O instrumento de coleta desta pesquisa é composto de catorze frases, e o Quadro 3

apresenta o total das frases e suas divisões.

Quadro 3 - Divisão de itens do instrumento de coleta

Referencial do item Número de itens

Dimensão Aquisição 03 – frases 01 a 03

Dimensão Assimilação 04 - frases 04 a 07

Dimensão Transformação 04 - frases 08 a 11

Dimensão Exploração 03 - frases 12 a 14

Total de perguntas do questionário 14

Fonte: Elaborado pelo autor

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Para cada afirmação do questionário era esperada uma opinião do respondente, as

quais deveriam ser informadas com base em escala do tipo Likert, de concordância e de

sete pontos, já utilizada em estudos anteriores sobre a mensuração da Capacidade

Absortiva. A escala de Likert é uma escala de classificação somatória, consistindo em

afirmações que expressem atitudes favoráveis ou desfavoráveis em relação ao objeto de

interesse. Pode-se solicitar ao respondente que concorde ou discorde das afirmações,

atribuindo depois a cada resposta uma classificação numérica para refletir seu grau de

percepção sobre a afirmação, e esses números podem ser somados para mensurar as

opiniões fornecidas (COOPER e SCHINDLER, 2011). Esta escala tem por finalidade

auxiliar a percepção do respondente para uma das respostas possíveis: 1- Discordo

totalmente, 2- Discordo bastante, 3- Discordo pouco, 4- Não concordo nem discordo, 5-

Concordo pouco, 6- Concordo bastante e 7- Concordo totalmente. O valor de sete itens foi

escolhido para reproduzir o mais fielmente possível a pesquisa original de Flatten et al.

(2011). Segundo Vieira e Dalmoro (2008), a utilização de escalas de sete pontos garante

maior precisão às opiniões expressas pelos respondentes e a utilização do ponto neutro é

defendida por ser uma opção que deixa o respondente mais à vontade para expressar sua

opinião.

Para o presente estudo, não foi necessária a tradução do inglês para o português

das 14 perguntas pertencentes às dimensões, pois os autores Engelman, Fracasso e Schmidt

(2014) o fizeram previamente, sendo que utilizaram o instrumento de pesquisa em artigo

científico com o objetivo de validar a escala de Flatten et al. (2011) no Brasil. Engelman,

Fracasso e Schmidt (2014) apresentam em detalhes a tradução através da utilização da

técnica do back-translation naquele artigo.

Entretanto, algumas modificações na tradução foram realizadas para que o texto

fosse interpretado mais adequadamente dentro do contexto em que seria aplicado. As

modificações foram baseadas nas sugestões dadas pelos participantes de um pré-teste de

adequação, executado para avaliar a compreensão final dos respondentes. Os problemas

potenciais de compreensão foram identificados como relativos à adaptação das frases do

inglês para o português e relativos à adaptação do vocabulário corporativo para o de

organizações do setor público. O pré-teste foi executado em dezembro de 2016, e nova

adequação do instrumento foi realizada (MALHORTA, 2012).

Conforme questionário elaborado por Flatten et al. (2011), para cada grupo de

questões referentes a uma das dimensões do construto Capacidade Absortiva havia um

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texto introdutório para possibilitar ao respondente maior percepção sobre as frases

afirmativas apresentadas. Tais cabeçalhos não tinham como finalidade induzir uma

resposta específica. Nesse ponto é importante relembrar que os respondentes foram

informados que a participação na pesquisa era espontânea, sem identificação e que não

havia uma resposta correta ou específica para cada afirmativa.

Observações gerais sobre o formulário de pesquisa:

- os nomes das dimensões não constaram nos cabeçalhos das frases afirmativas no

formulário submetido aos respondentes da UFAL. Optou-se por não utilizá-los tanto para

diminuir a quantidade de texto evitando o cansaço dos respondentes, quanto para não

direcionar qualquer tipo de pensamento nos mesmos.

- a expressão inglesa to what extent (em que extensão) foi substituída pela palavra

quanto, pois esta soa mais natural que a tradução literal da expressão.

- as palavras company, business e industry foram substituídas pelas palavras

instituição ou UFAL ou unidade ou setor onde mais apropriado.

- o termo gestores foi utilizado para substituir management da escala original,

englobando Diretoras ou Diretores, Coordenadoras ou Coordenadores, Assessoras ou

Assessores, Superintendentes, Pró-Reitoras ou Pró-Reitores, Vice-Reitor ou Vice-Reitora e

Reitora ou Reitor e demais cargos de gestão.

- a palavra employees foi substituída pela expressão servidores, para adequar-se a

terminologia de membros da instituição, bem como para não gerar a ideia de segmentação

entre servidores técnico-administrativos e docentes.

A dimensão Aquisição foi verificada através de três frases afirmativas que se

encontram no Quadro 4.

Quadro 4 – Afirmações da dimensão AQUISIÇÃO

Por favor, indique quanto a UFAL faz uso de fontes externas para obter informação (exemplos: redes

sociais, consultores, seminários, internet, bancos de dados, jornais profissionais, publicações

acadêmicas, pesquisas científicas e de mercado, regimentos, procedimentos, estatutos, protocolos,

convenções e legislações referentes à saúde/segurança/ambiente/métodos).

AQU1 A busca por informações relevantes referentes à UFAL faz parte das atividades cotidianas na

instituição.

AQU2 Os gestores incentivam os servidores a buscarem informação dentro da instituição.

AQU3 Os gestores esperam que os servidores utilizem informações externas à unidade e à

instituição.

Fonte: Elaborado pelo autor

Observações sobre a dimensão Aquisição:

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- o termo científica foi incorporado ao cabeçalho da dimensão Aquisição para

refletir à realidade institucional de conduzir pesquisas como uma de suas atividades.

- ao invés de técnico-administrativos apenas, optou-se pelo termo servidor para

não condicionar a motivação apenas aos técnicos, ou seja, para não dar a entender que os

técnico-administrativos necessitam ser motivados para buscarem conhecimento ou só

buscam conhecimento quando motivados pelos gestores.

- a expressão utilizem para representar deal foi utilizada com base no estudo de

Engelman, Fracasso e Schmidt (2014).

- os termos unidade e instituição foram escolhidos para substituir industry

(FLATTEN et al., 2011) e outros setores (ENGELMAN, FRACASSO e SCHMIDT,

2014). Aquelas duas palavras foram escolhidas por parecem as opções mais coerentes em

relação às divisões estruturais da UFAL.

- a expressão referentes à UFAL foi utilizada para ampliar a abrangência do tipo

de informação buscada cotidianamente na instituição como uma atividade normal para os

técnico-administrativos a fim de dirimir suas dúvidas em relação às suas atividade

administrativas – tanto informações externas sobre a UFAL como produzidas pela UFAL

são abrangidas na frase.

Para verificar sobre a dimensão Assimilação, quatro frases afirmativas foram

apresentadas aos respondentes, conforme mostrado no Quadro 5.

Quadro 5 - Afirmações da dimensão ASSIMILAÇÃO

Por favor, indique quanto as seguintes afirmativas se adequam à estrutura de comunicação

institucional.

ASS1 Na UFAL as ideias e conceitos são comunicados entre as diversas unidades e nos diversos

segmentos.

ASS2 Os gestores incentivam o apoio e a colaboração entre as unidades da instituição para solução

de problemas.

ASS3

Em nossa instituição há um fluxo rápido de informações entre as unidades, por exemplo, se

uma unidade ou setor obtém informação importante, esta informação é prontamente

comunicada para outras unidades ou setores da universidade.

ASS4 Os gestores promovem reuniões periódicas intersetoriais para compartilhamento de novos

desenvolvimentos, metodologias, problemas, realizações.

Fonte: Elaborado pelo autor

Observações sobre a dimensão Assimilação:

- a expressão nos diversos segmentos foi inserida por sugestão de um dos

servidores participantes do pré-teste de adequação para exprimir a noção de que todos que

estão na UFAL participam do processo de comunicação de ideias e conhecimento.

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- o questionário de Engelman, Fracasso e Schmidt (2014) excluiu todo o restante

da terceira frase dessa dimensão, a partir de por exemplo. Optou-se por seguir a pesquisa

de Flatten et al. (2011), mantendo-se o restante da frase, adaptando-a onde necessário.

- na quarta frase, a palavra promovem foi utilizada no lugar de demands do

formulário de Flatten et al. (2011). A palavra correspondente em português, demandar,

pareceu soar muito autoritária, preferindo-se seguir a adaptação de Engelman, Fracasso e

Schmidt (2014) neste caso.

- a palavra metodologias foi introduzida na frase número quatro para refletir com

maior abrangência os conteúdos apresentados em reuniões institucionais.

Para a dimensão Transformação foram consideradas quatro frases afirmativas, as

quais estão mencionadas no Quadro 6.

Quadro 6 - Afirmações da dimensão TRANSFORMAÇÃO

Por favor, indique quanto as seguintes afirmativas estão em conformidade com o processamento do

conhecimento institucional.

TRA1 Os servidores conseguem estruturar e utilizar o conhecimento obtido.

TRA2 Os servidores têm o costume de absorver conhecimento novo e de organizá-lo para outras

finalidades e para torná-lo disponível.

TRA3 Os servidores conseguem articular o conhecimento existente com novas ideias.

TRA4 Os servidores são capazes de aplicar conhecimento novo em sua prática de trabalho.

Fonte: Elaborado pelo autor

Observações sobre a dimensão Transformação:

- na primeira frase, a expressão têm habilidade para não foi compreendida com

naturalidade pelos servidores que realizaram o pré-teste. Dessa forma, a adaptação

conseguem foi preferida para que a frase soasse mais naturalmente.

- na segunda frase, optou-se pela adaptação da frase original de Flatten et al.

(2011). A tradução e adaptação realizadas por Engelman, Fracasso e Schmidt (2014) não

foi bem sucedida, pois ela pode sugerir que a preparação do conhecimento é feita

externamente à instituição, e a frase original não tem esse significado. A introdução da

palavra externamente feita por Engelman, Fracasso e Schmidt (2014) foi desnecessária.

- na quarta frase, a remoção da palavra practical por Engelman, Fracasso e

Schmidt (2014) reduziu o impacto da expressão, pois a ideia original pareceu ser a

articulação entre o conhecimento novo adquirido e o trabalho ativo, efetivo, que demanda

habilidades, em que conhecimento pode ser aplicado.

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Por fim, para que a dimensão Exploração fosse verificada, mais quatro frases

afirmativas foram apresentadas conforme Quadro 7.

Quadro 7 - Afirmações da dimensão EXPLORAÇÃO

Por favor, indique quanto as seguintes afirmativas estão em conformidade com a utilização do novo

conhecimento dentro da instituição. (Obs: pense sobre todos os setores e áreas da UFAL, tais como

Pesquisa e Desenvolvimento, produção (patentes), marketing (assessorias e núcleos), contabilidade,

tecnologia da informação, serviços estruturais).

(EX1) Os gestores apoiam o desenvolvimento de novas tecnologias em geral.

(EX2) Nossa instituição regularmente reavalia as tecnologias utilizadas e as adapta de acordo com

novos conhecimentos.

(EX3) Nossa instituição tem habilidade de trabalhar de forma mais eficiente quando adota novas

tecnologias.

Fonte: Elaborado pelo autor

Observações sobre a dimensão Exploração:

- no cabeçalho desta dimensão, a expressão commercial exploitation foi suprimida

por não se adequar ao contexto de administração pública em que a UFAL está inserida. A

palavra exploração possui conotação de uso excessivo ou abusivo. Boas traduções podem

ser aplicação, uso ou utilização.

- na observação do cabeçalho, a palavra divisions foi substituída por setores e

áreas para que os respondentes pudessem pensar na universidade, ou pelo menos o Campus

A. C. Simões, como um todo formado por diversas partes. Essa divisão facilita a percepção

dos componentes institucionais, como foi apresentado também no cabeçalho - Pesquisa e

Desenvolvimento, produção (patentes), marketing (assessorias e núcleos), contabilidade,

tecnologia da informação, serviços estruturais. Assim, pode-se escapar da confusão

terminológica referente às empresas privadas contidas no formulário original de Flatten et

al. (2011).

- na primeira frase a palavra prototypes foi substituída por novas tecnologias em

geral, por ser uma expressão mais adequada ao contexto de atuação da UFAL, bem como

por compor tecnologias sociais, novas metodologias, processos, procedimentos, além de

produtos ou protótipos físicos.

- na segunda frase, a palavra reconsiders foi substituída por reavalia, mais comum

e compreensível. Reconsiderar pode sugerir arrependimento por uma escolha tecnológica

errada ou considerar novamente algo que já foi discutido ou considerado anteriormente.

Reavaliar parece transmitir a ideia de análise ponderada ou julgamento com base em uma

análise criteriosa de algo que não é ruim, mas pode ser aperfeiçoado.

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60

- na terceira frase, preferiu-se a adaptação da frase original de Flatten et al. (2011)

pela força da expressão de forma mais eficiente.

3.6 Coleta de dados

Foram distribuídos trezentos e cinquenta formulários. Deste total, quarenta e cinco

formulários foram perdidos pelos seguintes motivos: servidores que entraram em período

de férias (quinze formulários não devolvidos), servidores que se recusaram a responder o

questionário (cinco formulários não devolvidos), servidores que não responderam em

tempo hábil para encerramento da coleta de dados (coleta de dados encerrada em

03/02/2017 – vinte e cinco formulários não devolvidos).

Os respondentes foram informados sobre a espontaneidade de sua participação na

pesquisa, bem como do requisito de não identificação de suas respostas, segundo as

advertências de Hair Jr. et al. (2005) sobre coerção e privacidade em pesquisa. Os demais

respondentes solicitaram algum tempo para preenchimento das respostas, e assim, os

formulários foram coletados posteriormente.

Do total de trezentos e cinco formulários restantes, trezentos foram validados por

completo. Dos cinco formulários desprezados nessa fase, dois foram identificados como

copiados de outro formulário da mesma unidade acadêmica ou administrativa visitada, e

assim foram eliminados. Os outros três continham mais de uma resposta não preenchida.

A coleta de dados do presente estudo foi realizada através do método survey,

considerado como um método para coleta de dados primários a partir de indivíduos de uma

amostra e com a utilização de um questionário (HAIR JR. et al., 2005). O potencial desse

método está no valor da amostragem estatística empreendida, com medidas consistentes e

na possibilidade de serem obtidas informações não disponíveis em outro local ou na forma

necessária para serem analisadas (FOWLER JR., 2010).

A coleta foi iniciada em 05 de novembro de 2016 e finalizou em 03 de fevereiro

de 2017. Optou-se por entregar e recolher os formulários impressos pessoalmente, tanto

pela conveniência do escopo de pesquisa quanto pelo fato de a modalidade de questionário

eletrônico padecer de problemas de desinteresse ou esquecimento dos respondentes.

3.7 Análise preliminar dos dados

Finalizada a etapa de coleta de dados, efetuou-se a avaliação preliminar dos dados

coletados. Para tal, foi feita a estratificação dos dados por unidade ou setor institucional, a

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61

verificação de dados omissos e atípicos e estudos relacionados à distribuição dos dados e

relacionamentos entre as variáveis quanto à normalidade, linearidade e multicolinearidade

dos dados. Seguindo orientação de Hair Jr. et al. (2009), estas etapas são necessárias para

execução das técnicas de tratamento estatístico utilizadas na pesquisa quantitativa.

3.7.1 Dados perdidos e observações atípicas

Do total de trezentos e cinco formulários restantes, trezentos foram validados por

completo. Entre os cinco formulários desprezados nessa fase, dois foram identificados

como cópias integrais de outro formulário do mesmo setor visitado, e os outros três

continham mais de uma resposta não preenchida, sendo impossível a identificação

posterior do respondente.

Dados perdidos, segundo Hair Jr. et al. (2009) ocorrem quando valores válidos

referentes a uma ou mais variáveis não estão disponíveis para serem analisados. Neste

estudo optou-se por adotar como enfoque o caso completo, que é o método que

desconsidera observações que contenham dados perdidos ou omissos. Essa metodologia

também é conhecida como eliminação por listagem (HAIR JR. et al., 2009, p. 50). Como

respondentes, então, foram considerados apenas aqueles que responderam o questionário

completamente.

Quanto aos casos atípicos, para Hair Jr. et al. (2009, p. 77),

observações atípicas são observações com uma combinação única de

características identificáveis como sendo notavelmente diferentes das

outras observações. [...] Considera-se como um valor incomum em uma

variável por ser alto ou baixo, ou uma combinação ímpar de valores ao

longo de diversas variáveis que tornam a observação marginal em relação

às outras.

Segundo Hair Jr. et al. (2009), para a detecção de casos atípicos ou outliers podem

ser empregadas análises sob as perspectivas univariada, bivariada e multivariada, devendo

o pesquisador utilizar tantas quantas forem possíveis para garantir um padrão consistente

nos métodos para uma identificação de alto nível. Para os autores, métodos bivariados são

mais apropriados para análise de relações específicas de variáveis, como o caso de

independente versus dependente.

Para este estudo foi utilizado um método univariado e um método multivariado, o

suficiente para caracterização de possíveis casos atípicos em uma das quatro classes de

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62

ocorrência, segundo Hair Jr. et al. (2009): erro de procedimento, evento extraordinário,

observação extraordinária e única em sua combinação.

3.7.2 Normalidade

Um procedimento muito importante para testar a adequação dos dados é o estudo

da normalidade das variáveis. Hair Jr. et al. (2009) definem a normalidade como o grau em

que a distribuição dos dados da amostra corresponde a uma distribuição normal. A

normalidade é uma das suposições fundamentais da análise multivariada e se refere à

forma da distribuição de dados para uma variável métrica individual e sua correspondência

com a distribuição normal como padrão de referência para todos os dados estatísticos. Se a

variação em relação à distribuição é suficientemente grande, todos os testes estatísticos

resultantes serão inválidos, uma vez que a normalidade é exigida no emprego das

estatísticas F e t (HAIR JR. et al., 2009).

A ausência de normalidade na distribuição de uma variável pode indicar a

ausência de variabilidade (a grande maioria das pessoas concorda e/ou discorda de uma

afirmativa de escala Likert). Deve ser observada a ausência de normalidade das variáveis

que serão inseridas em análises inferenciais multivariadas, como a análise fatorial.

3.7.3 Linearidade

A segunda etapa de preparação da análise consiste em avaliar a linearidade, que

indica a suposição de que existem relações lineares entre as variáveis, ou seja, o aumento

de uma unidade em uma das variáveis implica o aumento de k unidades na outra. A análise

da linearidade serve para verificar as propriedades de aditividade e homogeneidade (HAIR

JR. et al., 2009).

Neste estudo foram testadas as relações lineares entre as variáveis de cada

construto a partir da avaliação da correlação existente entre elas. O teste para determinar as

relações lineares foi realizado por meio do Coeficiente de Correlação de Pearson, que varia

de -1 a +1, sendo que quanto mais próximos os resultados destes valores, maior o grau de

associação entre as variáveis, e quanto mais próximo de zero menor a relação, indicando

que não existe correlação entre elas (KLINE, 2010).

3.7.4 Multicolinearidade

A terceira etapa para o tratamento preliminar do dados é a verificação da

multicolinearidade. Ela verifica a extensão pela qual uma variável pode ser explicada por

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63

outras na análise, ou seja, é o grau em que qualquer efeito de uma variável pode ser

previsto ou explicado por outras variáveis (KLINE, 2010). A multicolinearidade ocorre

quando mais de duas variáveis independentes têm grande combinação linear e por isto

grande variância compartilhada. (FIELD, 2009). Para esta análise, foram verificados os

valores de Variance Infaction Factor (VIF) e Tolerância, ambos retirados da matriz de

coeficientes. Considera-se o valor máximo de VIF de 10 e de Tolerância mínima de 0,10

(HAIR JR. et al., 2005; HAIR JR. et al., 2009).

3.8 Estatísticas descritivas e de frequência

As estatísticas descritivas e de frequência são utilizadas para se obter inteligência

geral da pesquisa, pois é possível identificar as médias e o desvio-padrão de cada uma das

catorze variáveis selecionadas por Flatten et al. (2011) em seu estudo e aplicadas nesta

pesquisa. Dessa forma, é possível se ter uma visão abrangente das percepções dos

respondentes.

3.9 Confiabilidade do construto

Para testar a confiabilidade do formulário de pesquisa, ou seja, verificar se a

escala proposta consistentemente reflete o construto que se pretende medir, foi utilizado o

índice alpha de Cronbach (α), considerado o mais aceito teste de confiabilidade (FIELD,

2009). O α de Cronbach foi calculado noaplicativo SPSS® 23 AMOS® versão 22, tanto

para o construto como um todo quanto para as dimensões individualizadas.

A análise de confiabilidade foi utilizada para as variáveis dos construtos que

resultaram da Análise Fatorial Exploratória. Field (2009) sinaliza que para o caso de

estudos com vários fatores, o teste deve ser realizado separadamente com as variáveis

pertencentes aos fatores apresentados.

A medida de confiabilidade gerada pelo α de Cronbach varia de 0 a 1, sendo os

valores de 0,6 a 0,7 o limite inferior de aceitabilidade, dependendo do tipo de pesquisa.

(HAIR JR. et al., 2009). Para Kline (1999), os coeficientes de confiabilidade iguais ou

superiores a 0,6 são aceitos em pesquisas na área das Ciências Sociais.

3.10 Análises do modelo

3.10.1 Validade do instrumento de coleta pela Análise Fatorial Exploratória

Para validação do instrumento de coleta, aplicou-se a técnica de Análise Fatorial

Exploratória (AFE) com o objetivo de analisar a estrutura das inter-relações entre as

Page 64: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

64

catorze variáveis definidas por Flatten et al. (2009) e, assim, determinar para a atual

pesquisa o grau em que cada variável é explicada para as quatro dimensões, através da

extração de fatores (FIELD, 2009).

Conforme Hair Jr. et al. (2009), a utilização desta técnica é indicada para uma

amostra acima de 100 casos e quando há aproximadamente cinco casos para cada variável,

requisitos atendidos no presente estudo. O método de análise fatorial escolhido foi o de

fatoração pelo eixo principal e o número de fatores foi determinado com base nos

autovalores (eingenvalues) obtidos da análise. Optou-se por considerar somente as

variáveis com cargas maiores que 0,4.

Nesta pesquisa, a Capacidade Absortiva é interpretada como um construto

composto de quatro dimensões, as quais possuem seus próprios indicadores

(MACKENZIE, PODSAKOFF e JARVIS, 2005). Além disso, cada dimensão é diferente,

mas as quatro dimensões se relacionam umas com as outras (LAW et al., 1998). Eliminar

qualquer uma das dimensões poderia alterar o domínio conceitual do construto. Dessa

forma, para os dados desta pesquisa a intenção era que as catorze variáveis –

correspondentes às catorze frases afirmativas do formulário de pesquisa – fossem alocadas

de forma adequada em quatro fatores diferentes, representativos de cada uma das

dimensões do construto, conforme verificado por Flatten et al. (2011).

O método de rotação da matriz foi o de rotação oblíqua Direct Oblimin, utilizando

trinta interações por convergência e o delta igual a 0. O método escolhido é indicado

quando se acredita que os fatores possam estar correlacionados. (FIELD, 2009). Para

análise, foi utilizada a matriz de padrão, considerada a mais comparável à matriz fatorial

em uma rotação oblíqua. A matriz padrão resulta em cargas que representam os fatores a

que cada variável está alocada (HAIR JR. et al., 2009).

Utilizando o software SPSS versão 23.0 para execução da AFE, verificou-se que

nenhuma das catorze variáveis do modelo teórico utilizado foi excluída. O número de

dimensões previstas foi mantido, conforme validação efetuada por Flatten et al. (2011) e

Engelman, Fracasso e Schmidt (2014).

3.10.2 Validade do construto através da Análise Fatorial Confirmatória

A Análise Fatorial Confirmatória (AFC) permite, segundo Hair Jr. et al. (2009),

que o pesquisador verifique a adequação de um modelo teórico aos dados coletados. De

fato, segundo os autores, com a AFC o pesquisador parte de um modelo teórico e usa uma

Page 65: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

65

teoria de mensuração para definir, previamente à análise, o número de fatores, além de

quais variáveis carregam sobre os fatores definidos (HAIR JR. et al., 2009).

Sobre as teorias de mensuração, Hair Jr. et al. (2009, p. 590) informam que são

representadas frequentemente através de diagramas visuais, os quais “representam

visualmente os modelos teóricos testados”.

Em relação à validade do construto, intenção deste item, Hair Jr. et al. (2009)

deixam claro que a AFC é uma técnica apropriada para esta função. Segundo os autores, a

validade do construto é “o grau em que um conjunto de itens medidos realmente reflete o

construto latente teórico que aqueles itens devem medir”. É a precisão do construto que é

avaliada com esta técnica.

Os componentes que formam a validade do construto são a validade convergente,

a validade descriminante ou divergente, a validade nomológica e a validade de expressão.

Anderson e Gerbing (1988) sugerem a adição de medidas de unidimensionalidade sobre as

variáveis para validação do construto.

Segundo Hair Jr. et al. (2009), a unidimensionalidade é atingida quando os

indicadores de um construto têm ajuste aceitável em um único fator, o que foi possível

verificar através da Análise Fatorial Exploratória.

A validade convergente indica que os itens indicadores de um construto específico

devem convergir ou compartilhar uma elevada proporção de variância comum, e é

identificada pelo tamanho das cargas fatoriais dos fatores extraídos, pelo índice de

confiabilidade ou pela variância extraída (HAIR JR. et al., 2009).

As cargas fatoriais para o modelo são geradas como resultado da AFC quando as

variáveis carregam em seus fatores respectivos.

A Confiabilidade do Construto ou Confiabilidade Composta (Composite

Reliability - CR) é validada através da verificação da confiabilidade composta de cada

construto, a qual deve estar idealmente acima de 0,7. Segundo Hair Jr. et al. (2009), a regra

para estimativas de confiabilidade é que valores entre 0,6 e 0,7 são aceitáveis desde que os

outros indicadores de validade de construto de um modelo sejam bons.

O cálculo utilizado nesta pesquisa utiliza o valor da Variância Média Extraída

(AVE – Average Variance Extracted) do modelo, o qual deve ser maior que 0,5. Segundo

Hair Jr. et al. (2009) uma variância extraída de 0,5 ou mais é um bom valor, pois sugere

que os itens indicadores de um construto devem compartilhar elevada proporção de

variância comum. Ainda segundo os autores, uma variância extraída menor que 0,5 pode

Page 66: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

66

indicar que mais erro permanece nos itens do que variância explicada pela estrutura fatorial

latente imposta sobre a medida. A AVE é complementar à CR, segundo Koufteros (1999).

A validade discriminante ou divergente, segundo Hair Jr. et al. (2009), representa

o grau em que um construto é realmente diferente dos demais, sendo único e capturando

alguns fenômenos que outras medidas não conseguem (MALHOTRA, 2001). Sua forma de

verificação pode ser feita pelo cálculo das variâncias compartilhadas (FORNELL e

LARCKER, 1981) e pelo cálculo da diferença entre os dos construtos (BAGOZZI e

PHILIPS, 1982). Uma abordagem mais robusta (HAIR JR. et al., 2010) determina a

verificação de que a Variância Máxima Compartilhada (MSV – Maximum Shared

Variance) e a Variância Média Compartilhada (ASV – Average Shared Variance) sejam

ambas menores que a AVE do construto e que as estimativas da AVE devem ser maiores

que a estimativa quadrática de correlação (HAIR JR. et al., 2009, p. 592).

Seguindo com os componentes da validade, restam, segundo Hair Jr. et al. (2009),

a validade nomológica e a de expressão. A primeira é testada examinando-se a existência

de sentido nas correlações entre os construtos presentes em uma teoria de mensuração.

Finalmente, a validade de expressão envolve a compreensão clara sobre o conteúdo ou

significado de cada item. Ambos os componentes foram satisfeitos com o processo de

retradução da escala original de Flatten et al. (2011), adaptação de itens da escala de

Engelman, Fracasso e Schmidt (2014) e a adequação final dos itens da escala a partir das

sugestões oferecidas pelos participantes do pré-teste. Também é importante salientar que

conforme assevera Engelman, Fracasso e Schmidt (2014), a validade nomológica foi

garantida, pois foi utilizado construto originalmente testado no contexto de Flatten et al.

(2011), e como foi capaz de medir o que se propõe em outro estudo, deve ser capaz de

medir na presente pesquisa (PETER, 1981), seguindo-se a metodologia correspondente.

Os testes estatísticos de validade para a AFC executada foram realizados com o

uso do software SPSS® versão 23.0 com o plugin AMOS® versão 22.0.

Em relação aos índices para avaliar a adequação do modelo de mensuração, os

mais utilizados são:

- Qui-quadrado sobre Graus de Liberdade (χ²/gl): o qui-quadrado acessa a

magnitude da discrepância entre os dados da amostra e a matriz de covariância ajustada ao

modelo proposto. Quanto menor o qui-quadrado, melhor o ajuste do modelo. Já os graus de

liberdade servem como padrão para indicar se o qui-quadrado é grande ou pequeno,

Page 67: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

67

servindo como balizador. Valores inferiores a cinco indicam um melhor ajuste do modelo

(JORESKOG e SORBOM, 1982).

- Root Mean Square Error of Aproximation (RMSEA): é calculado para

representar a diferença entre as matrizes observada e estimada, de acordo com os graus de

liberdade alcançados. Valores inferiores a 0,08 são aceitáveis (HAIR JR. et al., 2009).

- No que se refere ao índices de ajustamento em modelagem de equações

estruturais, as mais utilizadas são: Goodness-of-fit (GFI – grau de ajustamento global,

quanto o modelo proposto está apto a explicar); Adjusted Goodness-of-fit (AGFI - medida

do GFI ajustada pela relação dos graus de liberdade para o modelo proposto aos graus de

liberdade do modelo nulo); Comparative Fit Index (CFI - baseado na comparação do ajuste

de um modelo proposto com o modelo nulo em que todas as variáveis não são

correlacionadas); Normed Fit Index (NFI); Tucker-Lewis Index (TLI - considera a relativa

parcimônia de modelos alternativos). Um valor de 0,90 é tido como critério de corte para

índices de ajustamento (GARVER e MENTZER, 1999; HAIR JR. et al., 2009;

JORESKOG e SORBOM, 1982). Não há um consenso na literatura especializada. Brasil

(2005) argumenta que podem ser considerados como uma adequação satisfatória valores

mais flexíveis referentes aos índices de ajustamento (por exemplo, aceitação de GFI e

AGFI > 0,85) (BRASIL, 2005). Raykov e Marcoulides (2000) salientam que nenhuma

decisão deve ser tomada tendo-se como base um único índice, não importando o quanto

favorável ou desfavorável seja. O que realmente importa é a avaliação geral do ajuste dos

índices.

3.11 Cálculo do indicador de Capacidade Absortiva institucional

Com base no trabalho de Hurtado-Ayala e Gonzalez-Campo (2015), que utilizam

os valores padronizados registrados nas variáveis do construto em conjunto com o total de

fatores obtidos pelo emprego da técnica de AFE, foi possível estimar-se um índice

empírico para a Capacidade Absortiva da Universidade Federal de Alagoas.

Os autores basearam seus estudos na proposição de Sullivan (1994) e

Ramaswamy et al. (1996) para a estruturação de um indicador agregado. Assim, é proposto

um indicador do nível de Capacidade Absortiva que integra todas as variáveis do construto,

avançando para além das mensurações unidimensionais. Este tipo de indicador ratifica o

uso de escala multielementos, permitindo que se recorra a maior variedade de conteúdo

Page 68: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

68

teórico para construir um índice. Isso reflete uma prática metodológica mais sólida que usa

a seleção de indicadores validados teoricamente (Ramaswamy et al., 1996).

Este método é realizado depois de se encontrar um coeficiente alfa de Cronbach

suficientemente alto para o construto e após a execução da AFE, que carrega cada variável

em apenas um dos fatores extraídos.

Para cada dimensão, uma razão que varia no intervalo entre 0 e 1 é estimada e

indica a percentagem da presença desta dimensão no construto institucional. Completada

esta apuração, estima-se o indicador total como uma combinação linear, somando-se o

valor obtido por dimensão e estabelecendo-se um intervalo de valores para medir o nível

de Capacidade Absortiva (HURTADO-AYALA e GONZALEZ-CAMPO, 2015).

O método de redimensionamento de Schuschny e Soto (2009) é usado para

padronizar o indicador, transformando os níveis das variáveis e os posicionando dentro do

intervalo de [0,1], estimando a diferença entre os valores mínimo e máximo da variável no

seu conjunto de dados. Este método de padronização de dados permite uma compreensão

mais fácil das diferentes unidades de mensuração e evita a ocorrência de erros de viés nos

dados (HURTADO-AYALA e GONZALEZ-CAMPO, 2015).

Hurtado-Ayala e Gonzalez-Campo (2015) ressaltam que um método de agregação

de variável deve ser utilizado: uma média aritmética ponderada, uma média geométrica

ponderada, entre outros. Seguindo a escolha dos autores, optou-se neste estudo, por se

utilizar um indicador (CA) resultante de uma média aritmética como método de agregação:

CA = AQUISIÇÃO+ASSIMILAÇÃO+TRANSFORMAÇÃO+EXPLORAÇÃO,

onde:

AQUISIÇÃO = mede o grau de aquisição do conhecimento fazendo soma das médias aritméticas

de todas as observações válidas para a dimensão Aquisição;

ASSIMILAÇÃO = mede o grau de assimilação do conhecimento através da soma das médias

aritméticas de todas as observações válidas para a dimensão Assimilação;

TRANSFORMAÇÃO = mede o grau de transformação do conhecimento pela soma das medias

aritméticas de todas as observações válidas para a dimensão Transformação;

EXPLORAÇÃO = mede o grau de exploração ou aplicação do conhecimento fazendo-se a soma

das médias aritméticas de todas as observações válidas para a dimensão Exploração.

Page 69: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

69

4. DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL

O diagnóstico organizacional da Universidade Federal de Alagoas foi efetuado

com base na análise dos dados coletados e observações feitas a partir dos resultados

estatísticos obtidos.

4.1. Caracterização da amostra

Foram obtidos trezentos formulários de resposta válidos, eliminados aqueles

verificados como casos omissos e/ou atípicos. Como já fora destacado na seção de

Metodologia deste estudo, de todos os formulários coletados (trezentos e cinco no total),

dois formulários foram identificados como copiados de outros formulários do mesmo setor,

enquanto outros três formulários com mais de uma resposta não preenchida foram

desprezados por não ter sido possível identificar no momento da coleta do formulário

quem havia entregue o formulário com respostas omissas. O Quadro 8 apresenta os

resultados estratificados, enquanto que o Quadro 9 apresenta a estratificação para a

Reitoria da Universidade Federal de Alagoas. É importante ressaltar aqui a grande variação

percebida nas quantidades de formulários obtidos nas diferentes unidades administrativas e

acadêmicas da Universidade Federal de Alagoas. As três principais unidades

administrativas da universidade - Reitoria, Superintendência de Infraestrutura e Biblioteca

Central – concentram cento e quarenta e dois formulários, ou seja, pouco mais que 43%

dos formulários. Estas unidades concentram o maior volume de atividades administrativas,

com destaque para a Reitoria, onde foram obtidos cento e dois questionários. Porém, como

mostra o Quadro 9, mesmo dentro da Reitoria, as diferenças são bastante perceptíveis. É

possível vermos os dois extremos em uma mesma unidade administrativa: o Departamento

de Assuntos Pessoais com um volume de respostas de vinte e três formulários, enquanto a

Assessoria Internacional apresenta apenas dois formulários válidos respondidos. Considere

ainda o fato de que um contingente expressivo de servidores técnico-administrativos do

DAP não ter respondido o formulário, enquanto que no caso da ASI, os dois formulários

representam 50% do contingente de servidores técnico-administrativos do setor.

Outras unidades administrativas menores são menos representativas tanto pela

quantidade de servidores técnico-administrativos quanto pela especialização destes

servidores. A Comissão Permanente de Concursos é um bom exemplo de ambos os casos,

pois parte de seu quadro funcional é formado por trabalhadores terceirizados, enquanto os

servidores técnico-administrativos concentram-se principalmente na área de Tecnologia da

Page 70: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

70

Informação. Outro exemplo claro é o Núcleo de Desenvolvimento Infantil, em que há

poucos servidores técnico-administrativos da UFAL, e vários servidores cedidos de órgãos

do Poder Público Municipal.

Quanto às unidades acadêmicas, as discrepâncias são maiores. O tamanho da

unidade acadêmica não é representativo de seu contingente de servidores técnico-

administrativos. Unidades como o Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde e o Centro

de Tecnologia concentram isoladamente menos servidores que unidades menores, como a

Faculdade de Medicina e a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade.

Quadro 8 – Estratificação da amostra no Campus A. C. Simões

Local Qtde. formulários

Reitoria 102

Superintendência de Infraestrutura - SINFRA 24

Biblioteca Central – BC 16

Instituto de Ciências Humanas e Comunicação e Arte - ICHCA 16

Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade - FEAC 11

Faculdade de Medicina – FAMED 11

Instituto de Ciência Biológicas e da Saúde - ICBS 11

Centro de Tecnologia CTEC 10

Centro de Educação – CEDU 08

Instituto de Química Básica – IQB 08

Faculdade de Serviço Social - FSSO 07

Instituto de Ciências Atmosféricas - ICAT 07

Comunicação Social – COS 06

Coordenadoria Institucional de Educação a Distância - CIED 06

Faculdade de Direito - FDA 06

Escola de Enfermagem e Farmácia - ESENFAR 05

Faculdade de Letras – FALE 05

Instituto de Matemática – IM 05

Instituto de Computação - IC 05

Comissão Permanente de Concursos – COPEVE 04

Curso de Educação Física - EDF 04

Faculdade de Arquitetura – FAU 04

Instituto de Física – IF 04

Instituto de Psicologia – IP 04

Faculdade de Nutrição – FANUT 03

Faculdade de Odontologia – FOUFAL 03

Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente - IGDEMA 03

Núcleo de Desenvolvimento Infantil - NDI 01

Restaurante Universitário - RU 01

Fonte: Elaborado pelo autor

No antigo Centro de Saúde, que atualmente concentra a Faculdade de Nutrição, a

Escola de Farmácia e Enfermagem e a Faculdade de Odontologia, foram obtidos apenas

onze formulários, enquanto que uma unidade pequena como o Instituto de Química Básica

Page 71: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

71

disponibilizou oito formulários. A divisão desigual de servidores por unidade pode

representar um problema para o funcionamento da unidade, visto que atividades

administrativas podem não estar sendo executadas ou sendo executadas precariamente ou

de forma inoportuna. Como ocorre em pelo menos uma unidade acadêmica que abriga um

dos cursos disponibilizados pela universidade, há setores administrativos na Reitoria que

contam com apenas dois servidores para executar atividades que são exclusivas de cada um

destes servidores, o que significa dizer que há setores na Reitoria em que um único

servidor técnico-administrativo é responsável pela execução de atividades que impactam a

vida funcional de muitos outros servidores da UFAL, sejam estes técnico-administrativos

ou docentes.

Quadro 9 – Estratificação da amostra na Reitoria do Campus A. C. Simões

Reitoria

Setor Quantidade

Assessoria Internacional - ASI 02

Controladoria 04

Comissão Permanente do Pessoal Docente - CPPPD e Comissão

Permanente de Pessoal Técnico-Administrativo - CPPPTA 01

Departamento de Assuntos Pessoais - DAP 23

Departamento de Contabilidade e Finanças - DCF 03

Departamento de Registro e Cadastro Acadêmico - DRCA 06

Editora Universitária 01

Gabinete Reitora 02

Gabinete Vice-Reitor 03

Núcleo de Tecnologia da Informação - NTI 08

Procuradoria de Educacional Institucional – PEI 03

Pró-Reitoria Estudantil - PROEST 08

Pró-Reitoria de Extensão - PROEX 02

Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas - PROGEP 14

Pró-Reitoria de Gestão Institucional - PROGINST 11

Pró-Reitoria de Graduação - PROGRAD 04

Pró-Reitoria de Pesquisa - PROPEP 04

Protocolo Geral 01

Secretaria Executiva dos Conselhos Superiores - SECS 02

Total 102

Fonte: Elaborado pelo autor

4.2. Análise preliminar dos dados

4.2.1. Dados perdidos ou omissos

A baixa taxa de dados perdidos deste estudo deveu-se muito provavelmente aos

fatos de: a) a maior parte dos formulários terem sido entregues pessoalmente com

explicações sobre a finalidade da pesquisa e instruções de preenchimento, b) a verificação

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72

ser feita no ato de devolução do formulário, permitindo que os respondentes preenchessem

opções não respondidas. Exatos três formulários com mais de uma resposta não preenchida

foram redistribuídos internamente em dois setores por representantes daqueles setores, e

recolhidos por estes representantes posteriormente, com a devida verificação da existência

das respostas não preenchidas.

Tabela 1 - Resumo do processamento de casos

Nº de itens %

Casos Válidos 300 100

Excluídos 0 0

Total 300 100

Exclusão por método listwise com base em todas as

variáveis do procedimento.

Fonte: elaborado pelo autor

4.2.2. Dados atípicos ou outliers

A baixa taxa de dados atípicos deveu-se muito provavelmente aos fatos de: a) a

maior parte dos formulários terem sido entregues pessoalmente com explicações sobre a

finalidade da pesquisa e instruções de preenchimento, b) garantia de não identificação do

respondente, c) caráter voluntário da participação, d) a pesquisa ser destinada

exclusivamente aos servidores técnico-administrativos com a finalidade de subsidiar uma

pesquisa de pós-graduação na área de Administração Pública (muitos destes consultados

têm interesse em fazer parte do Mestrado Profissional em Administração Pública).

Considerando os trezentos formulários válidos obtidos, optou-se por desconsiderar os

casos com dados perdidos ou copiados mencionados anteriormente.

Para a identificação univariada, em que se examina a distribuição de observações

para cada variável na análise, Field (2009) define que uma observação dos escores-Z é

suficiente para verificação da existência de outliers. Escores-Z representam uma maneira

de padronizar os dados, em que os escores são representados em termos da média e do

desvio padrão da distribuição. Especificamente, expressam-se os escores em termos de

uma distribuição que apresenta média igual a 0 e desvio padrão igual a 1. O cálculo é feito

através da fórmula ̅

, ou seja, escolhe-se valor ( ), subtrai-se a média de todos os

escores ( ̅) dele e divide-se o resultado pelo desvio padrão de todos os escores ( ). Pode-se

utilizar os escores resultantes e contar quantos estão situados dentro de certos limites

previamente definidos (FIELD, 2009). Considerando os valores absolutos dos resultados

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73

para os escores-Z, em uma distribuição normal espera-se que aproximadamente 5% tenham

valores superiores a 1,96, 1% tenha valores maiores que 2,58 e praticamente nenhum esteja

acima de 3,29. As tabelas abaixo exibem as análises univariadas de outliers na amostra.

Tabela 2 – Resultados de identificação univariada de outliers para variável Aquisição 3:

Frequência % % válida

Válido Escore-Z absoluto menor que 1,96 282 94 94

Escore-Z absoluto maior que 1,96 * 18 6 6

Total 300 100 100 Fonte: elaborado pelo autor

Nota *: (% deve ser de até 5%)

Dezoito casos com escore-Z absoluto (2,14) maior que o valor de referência 1,96:

06, 16, 20, 23, 32, 50, 70, 103, 131, 179, 192, 193, 202, 264, 277, 284, 292, 293

Tabela 3 - Resultados de identificação univariada de outliers para variável Transformação 1:

Frequência % % válida

Válido Escore-Z absoluto menor que 1,96 295 98,3 98,3

Escore-Z absoluto maior que 2,58 5 1,7 1,7

Total 300 100,0 100,0 Fonte: elaborado pelo autor

Nota: (% deve ser de até 1%)

Cinco casos com escore-Z absoluto (2,59) maior que o valor de referência 2,58:

09, 70, 240, 242, 299

Considerando que os valores de escore-Z dos dados identificados como possíveis

outliers da Dimensão Transformação 1 foram muito próximos do limite de 2,58, estes

dados foram desconsiderados como outliers para essa dimensão.

Tabela 4 - Resultados de identificação univariada de outliers para variável Transformação 4:

Frequência % % válida

Válido Escore-Z absoluto menor que 1,96 288 96 96

Escore-Z absoluto maior que 1,96 9 3 3

Escore-Z absoluto maior que 3,29 * 3 1 1

Total 300 100 100 Fonte: elaborado pelo autor

Nota: (% deve ser 0%)

Três casos com escore-Z absoluto (3,36) maior que o valor de referência 3,29:

16, 70, 227

Tabela 5 - Resultados de identificação univariada de outliers para variável Exploração 3:

Frequência % % válida

Válido Escore-Z absoluto menor que 1,96 284 94,7 94,7

Escore-Z absoluto maior que 1,96 16 5,3 5,3

Total 300 100,0 100,0 Fonte: elaborado pelo autor

Nota: (% deve ser até 5%)

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74

Dezesseis casos com escore-Z absoluto (2,32) maior que o valor referência 1,96:

08, 16, 20, 23, 57, 58, 70, 136, 179, 199, 214, 222, 227, 243, 264, 277, 283

Considerando que a percentagem de casos com valores de escore-Z foi muito

próxima da percentagem de referência e que a remoção de qualquer dos valores

posicionaria esta percentagem dentro do limite de 5% (se o número de casos identificados

como outliers baixar para 15 a percentagem baixará para 5%) estes dados foram

desconsiderados como outliers para essa dimensão.

Após a verificação resultante da análise univariada, restaram como possíveis

outliers os seguintes casos:

06, 16, 20, 23, 32, 50, 70, 103, 131, 179, 192, 193, 202, 264, 277, 284, 292, 293

A análise multivariada de outliers levou em consideração as catorze variáveis

obtidas no estudo base de Flatten et al. (2011). Para garantir a correção da análise dos

dados, empregou-se a medida D2 de Mahalanobis. Ela representa a medida da distância de

cada observação ao seu centro médio (HAIR JR. et al., 2009). Segundo os autores (p. 79),

o cálculo do valor D²/dƒ (dƒ=14, número de variáveis) permite a identificação de

observações atípicas através de um teste de significância estatística. Para amostras de

tamanho grande, observações com valores de D²/dƒ que excedam o valor de 4 podem ser

designadas como possíveis observações atípicas.

Para uma amostra de 300 observações, com 14 variáveis, considerando uma

significância p < 0,001, o valor crítico calculado é de 36,123 – conforme tabela de valores

críticos de Barnett and Lewis (1994). Os casos atípicos encontrados constam na Tabela 6.

Tabela 6 – Casos atípicos resultantes da identificação multivariada da amostra.

Caso Significância Valor para a distância Mahalanobis (D²) D² / df (df = 14)

179 0,000021 46,739 3,3385

20 0,000158 41,326 2,9518

277 0,000390 38,809 2,7720

299 0,000583 37,670 2,6907 Fonte: elaborado pelo autor

Perceba que os casos identificados na verificação multivariada também foram

identificados como possíveis outliers na verificação univariada.

Perceba também que, apesar de os valores de significância encontrados estarem

abaixo do valor de significância estipulado (p < 0,001) e dos valores da distância de

Mahalanobis (D²) situarem-se acima do valor crítico definido por Barnett e Lewis (1994),

Page 75: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

75

os valores de D²/dƒ ficaram abaixo do valor de 4 definido por Hair Jr. et al. (2009). Assim,

cabe avaliar a distribuição de respostas verificadas para cada caso respectivamente,

conforme Quadro 10.

Quadro 10 - Casos considerados como atípicos ou outliers

Caso Aq1 Aq2 Aq3 As1 As2 As3 As4 Tr1 Tr2 Tr3 Tr4 Ex1 Ex2 Ex3

20 R 3 R 5 R 1 R 2 R 2 R 3 R 5 R 2 R 2 R 1 R 5 R 5 R 5 R 1

179 R 1 R 1 R 1 R 1 R 1 R 1 R 1 R 5 R 1 R 1 R 7 R 1 R 1 R 1

277 R 7 R 7 R 1 R 1 R 1 R 1 R 2 R 6 R 6 R 6 R 6 R 1 R 1 R 1

299 R 5 R 1 R 7 R 1 R 1 R 1 R 1 R 1 R 3 R 1 R 5 R 1 R 1 R 2

Fonte: elaborado pelo autor

Nota: R é abreviação para Resposta

Considerando que a atipicidade das quatro entradas deveu-se perceptivelmente

pela escolha reiterada da opção de resposta 1 – Discordo totalmente, e da opção de resposta

5 – Concordo pouco, optou-se por reter as três entradas. Além disso, conforme define Hair

Jr. et al. (2009), os quatro casos não são representativos de qualquer observação específica

da população e serão mantidos para garantir generalidade à população como um todo.

Por preciosismo, os quatro casos foram removidos e nova sequência de análises

foi realizada. Os resultados não foram modificados significativamente em relação aos

resultados obtidos com os casos mantidos na análise, reforçando a escolha por reter as

observações destacadas, por toda a análise dos dados realizada a seguir.

Tratando-se de uma amostra comprovadamente válida de trezentos casos,

distribuídos de forma que todos - ou pelo menos a maioria - dos setores e unidades tenham

sido visitados, sem valores omissos e com a manutenção fundamentada de supostos casos

atípicos, pode-se passar para a análise contextualizada dos dados coletados.

4.2.3. Normalidade

Para realização das análises multivariadas, algumas avaliações devem ser feitas. A

primeira diz respeito à normalidade que se refere à distribuição de probabilidades dos

dados da amostra. Para Hair Jr. et al. (2009), as variáveis com distribuições normais são

simétricas em torno de uma média, observando-se, nesse caso, assimetria e curtose,

métodos utilizados neste estudo.

Um valor de assimetria positivo indica que a maioria dos dados está abaixo da

média e um valor negativo indica o contrário. Valores fora do intervalo de -3 a 3 podem ser

entendidos como muito assimétricos.

Page 76: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

76

Para a curtose - a elevação ou achatamento de uma distribuição comparativamente

a uma distribuição normal - um valor positivo indica uma distribuição relativamente

concentrada ao redor da média, enquanto que um valor negativo indica uma distribuição

achatada (HAIR JR. et al., 2009). Assim, valores fora do intervalo -10 a 10 podem sugerir

problemas (KLINE, 2010). A Tabela 7 apresenta os valores de assimetria e curtose para as

variáveis do modelo.

Tabela 7 – Estatística descritiva e valores de assimetria e curtose

Variável N Mín. Máx. Média Desvio

Padrão

Assimetria Curtose

Estatística EP* Estatística EP* Estatística EP*

AQU1 300 1 7 4,73 ,087 1,512 -,686 ,141 -,337 ,281

AQU2 300 1 7 4,20 ,097 1,683 -,423 ,141 -,907 ,281

AQU3 300 1 7 4,49 ,094 1,631 -,559 ,141 -,480 ,281

ASS1 300 1 7 3,33 ,097 1,673 ,166 ,141 -1,225 ,281

ASS2 300 1 7 3,60 ,098 1,702 ,066 ,141 -1,150 ,281

ASS3 300 1 7 2,94 ,099 1,711 ,526 ,141 -1,046 ,281

ASS4 300 1 7 3,11 ,099 1,708 ,372 ,141 -1,014 ,281

TRA1 300 1 7 4,67 ,082 1,415 -,671 ,141 -,211 ,281

TRA2 300 1 7 4,41 ,084 1,462 -,536 ,141 -,494 ,281

TRA3 300 1 7 4,63 ,082 1,429 -,770 ,141 -,127 ,281

TRA4 300 1 7 5,24 ,073 1,260 -1,047 ,141 1,047 ,281

EXP1 300 1 7 4,63 ,085 1,470 -,588 ,141 -,221 ,281

EXP2 300 1 7 3,81 ,088 1,532 -,188 ,141 -,958 ,281

EXP3 300 1 7 4,82 ,095 1,646 -,760 ,141 -,238 ,281 Fonte: elaborado pelo autor.

Nota: (*) Erro Padrão

A análise dos dados da pesquisa indicou um valor de assimetria variando de -

1,047 a 0,526, o que atesta uma fraca assimetria de dados. Da mesma forma, os valores de

curtose encontrados estão entre -1,225 e 1,047, significando normalidade dos dados

segundo o critério sugerido por Hair Jr. et al. (2009).

Para concluir se a distribuição de uma variável é normal deve-se observar para

alguns indicadores apresentados na Tabela 7, como a assimetria e a curtose. Quanto mais

próximos de 0 estiverem esses valores, mais próximo da normalidade estará a distribuição

da variável. É importante observar na Tabela 7 os valores dos desvios padrões, todos

inferiores as suas respectivas médias, o que indica normalidade na distribuição.

Além de se observar o valor bruto dos indicadores de assimetria e achatamento é

necessário dividir os valores destes indicadores por seus erros padrões (ver Tabela 8

adiante). Se o resultado da divisão for superior a 1,96 significa que aquele indicador é

estatisticamente significativo.

Page 77: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

77

Tabela 8 – Valores de assimetria e curtose finais e divididos por seus respectivos erros padrões

Variável Assimetria

Erro

Padrão da

Assimetria

Assimetria /

Erro padrão

Assimetria

Curtose Erro Padrão

da Curtose

Curtose /

Erro padrão

da Curtose

AQU1 -,686 ,141 4,87 -,337 ,281 1,20 AQU2 -,423 ,141 3 -,907 ,281 3,23 AQU3 -,559 ,141 3,96 -,480 ,281 1,71 ASS1 ,166 ,141 1,18 -1,225 ,281 4,36 ASS2 ,066 ,141 0,47 -1,150 ,281 4,09 ASS3 ,526 ,141 3,73 -1,046 ,281 3,72 ASS4 ,372 ,141 2,64 -1,014 ,281 3, 61 TRA1 -,671 ,141 4,76 -,211 ,281 0,75 TRA2 -,536 ,141 3,99 -,494 ,281 1,76 TRA3 -,770 ,141 5,46 -,127 ,281 0,45 TRA4 -1,047 ,141 7,42 1,047 ,281 3,73 EXP1 -,588 ,141 4,17 -,221 ,281 0,79 EXP2 -,188 ,141 1,33 -,958 ,281 3,41 EXP3 -,760 ,141 5,39 -,238 ,281 0,85

Fonte: elaborado pelo autor

Segundo Hair Jr et al. (2009) a verificação da normalidade dos dados é mais uma

garantia de que os demais testes estatísticos resultantes não serão inválidos.

4.2.4. Linearidade

A análise da tabela de Correlações de Pearson (Tabela 9) identificou o valor de -

1,0 < 0,731 < 1,0 como o maior valor dentre os coeficientes e -1,0 < 0,109 < 1,0 como o

menor deles, sendo possível afirmar a existência da linearidade dos dados.

Tabela 9 - Matriz de correlação de Pearson entre itens com valores de significância.

AQ1 AQ2 AQ3 AS1 AS2 AS3 AS4 TR1 TR2 TR3 TR4 EX1 EX2 EX3

AQ1

Co

rrel

ação

de

Pea

rson

1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,001 ,002 ,000 ,000 ,012

Sig

. (bilateral)

AQ2 ,484**

1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,000

AQ3 ,250**

,480**

1 ,002 ,000 ,002 ,001 ,000 ,000 ,000 ,059 ,000 ,000 ,000

AS1 ,332**

,411**

,182**

1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,000

AS2 ,214**

,478**

,318**

,604**

1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

AS3 ,264**

,421**

,176**

,581**

,608**

1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

AS4 ,191**

,383**

,187**

,438**

,481**

,476**

1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

TR1 ,246**

,336**

,206**

,379**

,296**

,299**

,337**

1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

TR2 ,205**

,260**

,225**

,296**

,295**

,330**

,336**

,623**

1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

TR3 ,196**

,287**

,292**

,233**

,270**

,261**

,355**

,624**

,731**

1 ,000 ,000 ,000 ,000

TR4 ,176**

,195**

,109 ,187**

,236**

,224**

,248**

,487**

,505**

,689**

1 ,000 ,000 ,000

EX1 ,254**

,390**

,343**

,359**

,337**

,295**

,297**

,375**

,359**

,437**

,393**

1 ,000 ,000

EX2 ,270**

,411**

,264**

,404**

,382**

,432**

,422**

,396**

,366**

,368**

,330**

,580**

1 ,000

EX3 ,144* ,340

** ,213

** ,324

** ,352

** ,311

** ,315

** ,290

** ,234

** ,318

** ,380

** ,466

** ,526

** 1

**. A correlação é significativa no nível 0,01 (bilateral). *. A correlação é significativa no nível 0,05 (bilateral). Fonte: Elaborado pelo autor

Page 78: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

78

Não se verificou ausência de relação linear, ou seja, constatação de coeficiente 0,

considerando as correlações de Pearson (r). Percebe-se pela Tabela 9 que as dimensões

estão positivamente relacionadas ao nível de significância de 0,01 para os itens de cada

dimensão respectivamente. A Tabela 10 apresenta as correlações entre dimensões da CA.

Tabela 10 - Correlações entre as dimensões do construto

Correlação de

Pesarson Aquisição Assimilação Transformação Exploração

Aquisição 1

Assimilação ,477**

1

Transformação ,352**

,425**

1

Exploração ,456**

,529**

,505**

1 **. A correlação é significativa no nível 0,01 (bilateral).

Fonte: elaborado pelo autor

Considerando a normalidade da distribuição da amostra, pode-se concluir que as

percepções dos respondentes em relação ao formulário de pesquisa apresentado

concentram-se em torno de um valor médio de maior frequência de ocorrência. A

linearidade considerada válida para os dados implica na existência de relações entre as

variáveis, o que ratifica a adequação da escala escolhida, visto que as variáveis

representativas das frases afirmativas do questionário manifestaram para os respondentes

as interrelações que possuem intrinsecamente, pois constituem dimensões formadoras do

construto Capacidade Absortiva, e só fazem sentido como dimensões quando relacionadas

umas com as outras.

4.2.5. Multicolinearidade

A presença de elevadas correlações (geralmente acima de 0,90) ao se examinar a

matriz de correlações indica colinearidade substancial. Entretanto, a ausência de altas

correlações não garante a ausência de colinearidade (HAIR JR, et al., 2009). O fato de o

exame do Coeficiente de Correlação de Pearson não ter apresentado nenhuma variável com

índice de correlação maior ou igual a 0,90 (Tabela 9) não exclui a necessidade de outras

avaliações de multicolinearidade. A condição de suposição de ausência de

multicolinearidade é garantida com o exame da multicolinearidade múltipla, pela medida

de Tolerância e sua inversa, o Fator de Inflação de Variância (HAIR JR. et al., 2009).

De acordo com Hair Jr. et al. (2009), testes com o Valor de Tolerância e Fator de

Inflação da Variância (VIF – Variance Inflation Factor) identificam a multicoilnearidde

entre as variáveis. A Tolerância é a quantia de variabilidade da variável independente

selecionada não explicada pelas outras variáveis independentes. O VIF é o inverso da

Page 79: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

79

Tolerância (1/tolerância). Um valor alto de tolerância indica pouca colinearidade e valores

próximos de zero indicam que a variável é quase que totalmente explicada pelas outras

variáveis independentes. Desse modo, a multicolinearidade é problemática para as

variáveis com valor de Tolerância igual a 0,10, aceitável para valores entre 0,10 e 1 e

ausente para valores iguais a 1.

Já no teste VIF procuram-se valores pequenos com indicativos de baixa

intercorrelação entre as variáveis. Logo, a multicolinearidade é problemática para as

variáveis com valor igual a 10, aceitável para valores entre 1 a 10 e ausente para valores

iguais a 1 (HAIR JR. et al., 2009).

Os resultados dos testes de Tolerância e VIF deste estudo estão apresentados na

Tabela 11. Observa-se pelos resultados que todas as variáveis apresentam

multicolinearidade aceitável (Tolerância entre 0,286 e 0,714 e VIF entre 1,401 e 2,487).

Tabela 11 – Análise de multicolinearidade das variáveis

Variáveis Estatísticas de colinearidade

Tolerância VIF

AQU1 ,714 1,401

AQU2 ,498 2,008

AQU3 ,680 1,471

ASS1 ,488 2,050

ASS2 ,460 2,172

ASS3 ,502 1,992

ASS4 ,631 1,584

TRA1 ,492 2,031

TRA2 ,402 2,487

TRA3 ,286 3,493

TRA4 ,466 2,147

EXP1 ,544 1,837

EXP2 ,499 2,003

EXP3 ,621 1,611

Fonte: elaborado pelo autor

A aceitabilidade dos valores da multicolinearidade é fundamental para este

diagnóstico. A satisfação da condição desta característica implica a interpretação

apropriada das relações entre as variáveis, uma vez que a multicolinearidade representa o

grau em que qualquer efeito de variável pode ser previsto ou explicado pelas outras

variáveis na análise. Considerando que todas as variáveis do construto são relevantes, e

que estão inter-relacionadas entre si através das relações entre as dimensões do construto, a

garantia de multicolinearidade para os dados coletados garante que a percepção dos

respondentes da pesquisa alcançou a intenção de promover indiretamente a validação do

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80

construto através do encadeamento das ideias contidas nas frases afirmativas resultantes

das revisões de literatura efetuadas por Flatten et al. (2011).

4.3. Estatísticas descritivas e frequências de respostas

4.3.1. Média e desvio padrão

A Tabela 12 apresenta as informações de média e desvio-padrão de cada variável

componente de cada dimensão do construto analisado, a partir das questões apresentadas

no formulário de pesquisa utilizando a escala do tipo Likert de sete pontos.

Tabela 12 – Média e desvio padrão de todas as variáveis iniciais

Média geral: 4,22 Desvio-padrão geral: 1,562

Variáveis Média Desvio

padrão

Aquisição (Média: 4,473; Desvio-padrão: 1,6087)

AQ1 A busca por informações relevantes referentes à UFAL faz parte das

atividades cotidianas na instituição. 4,73 1,512

AQ2 Os gestores incentivam os servidores a buscarem informação dentro da

instituição. 4,20 1,683

AQ3 Os gestores esperam que os servidores utilizem informações externas à

unidade e à instituição. 4,49 1,631

Assimilação (Média: 3,245; Desvio-padrão: 1,6985) .0

AS1 Na UFAL as ideias e conceitos são comunicados entre as diversas unidades

e nos diversos segmentos. 3,33 1,673

AS2 Os gestores incentivam o apoio e a colaboração entre as unidades da

instituição para solução de problemas. 3,60 1,702

AS3

Em nossa instituição há um fluxo rápido de informações entre as unidades,

por exemplo, se uma unidade ou setor obtém informação importante, esta

informação é prontamente comunicada para outras unidades ou setores da

universidade.

2,94 1,711

AS4

Os gestores promovem reuniões periódicas intersetoriais para

compartilhamento de novos desenvolvimentos, metodologias, problemas,

realizações. 3,11 1,708

Transformação (Média: 4,7375; Desvio-padrão: 1,3915) .00 .000

TR1 Os servidores conseguem estruturar e utilizar o conhecimento obtido. 4,67 1,415

TR2 Os servidores têm o costume de absorver conhecimento novo e de

organizá-lo para outras finalidades e para torná-lo disponível. 4,41 1,462

TR3 Os servidores conseguem articular o conhecimento existente com novas

ideias. 4,63 1,429

TR4 Os servidores são capazes de aplicar conhecimento novo em sua prática de

trabalho. 5,24 1,260

Exploração (Média: 4,42; Desvio-padrão: 1,5493) .00

EX1 Os gestores apoiam o desenvolvimento de novas tecnologias em geral. 4,63 1,470

EX2 Nossa instituição regularmente reavalia as tecnologias utilizadas e as

adapta de acordo com novos conhecimentos. 3,81 1,532

EX3 Nossa instituição tem habilidade de trabalhar de forma mais eficiente

quando adota novas tecnologias. 4,82 1,646

Fonte: elaborado pelo autor

Page 81: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

81

Esta tabela contém uma série de informações representativas para o diagnóstico

organizacional da Universidade Federal de Alagoas. Inicialmente, o valor da média de

respostas para o construto ficou em torno de 4,22, com um desvio padrão geral alto de

1,562 se analisado individualmente, porém, relativamente pequeno se comparado à média.

Os desvios padrões das dimensões Aquisição e Assimilação apresentaram maiores valores,

denotando maior distanciamento de percepções dos respondentes em relação ao valor

médio alcançado nas respectivas dimensões. A dimensão Aquisição é a que apresenta os

valores mais homogêneos do conjunto de variáveis, ou seja, mais próximos da média geral.

Em relação à dimensão Assimilação, os valores alcançados podem representar

outro problema dentro da universidade. Considerando que a dimensão Assimilação

comporta rotinas e processos que permitem o aproveitamento das informações obtidas das

fontes externas (ZAHRA e GEORGE, 2002), e que são características dessa dimensão

analisar, classificar, processar, interpretar e, finalmente, internalizar e compreender o

conhecimento externo (COHEN e LEVINTHAL, 1990; SZULANSKI, 1996), os resultados

obtidos para esta dimensão (Tabela 12) indicam dificuldade de interpretação do significado

de valor do conhecimento adquirido. Inconsistências nas ações de Aquisição do

conhecimento identificadas anteriormente podem estar exercendo reflexo negativo na fase

de Assimilação. Se o conhecimento é difícil de ser adquirido, então a escassez de

conhecimento novo pode gerar uma interpretação limitada ou errônea do novo

conhecimento identificado e disponível, e sua vinculação ao conhecimento prévio existente

pode resultar em criação de conhecimento novo de baixa qualidade.

A ausência de um sistema de comunicação institucional eficiente que facilite o

fluxo do conhecimento é percepção manifestada pelos respondentes através da afirmativa

número três da dimensão Assimilação (Tabela 12) - Em nossa instituição há um fluxo

rápido de informações entre as unidades, por exemplo, se uma unidade ou setor obtém

informação importante, esta informação é prontamente comunicada para outras unidades

ou setores da universidade. A suposição mais lógica a se chegar é que a inexistência ou

deficiência no fluxo dinâmico e oportuno de informações úteis que possam ser adquiridas

pelas diversas unidades institucionais pode estar prejudicando a assimilação do

conhecimento recém adquirido, impactando negativamente o esquema de funcionamento

das outras dimensões do construto.

A dimensão Transformação apresentou os valores mais consistentes dentro do

construto, com o menor desvio padrão por dimensão. Uma explicação plausível para tal

Page 82: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

82

fato pode ser que, independentemente da forma como o conhecimento externo é adquirido

e assimilado nos diversos setores da universidade, ele precisa ser transformado de alguma

forma a fim de que seja adaptado às rotinas e procedimentos específicos de cada setor, para

que os servidores técnico-administrativos possam executar suas atribuições. Assim, os

respondentes manifestam que precisam combinar o conhecimento pré-existente com o

conhecimento recém-adquirido ou assimilado, adicionando, eliminando, interpretando e

coordenando os conhecimentos novos com ou aos pré-existentes. Os valores de média e

desvio padrão alcançados pela quarta afirmativa do formulário - Os servidores são capazes

de aplicar conhecimento novo em sua prática de trabalho - exprimem como a

transformação do conhecimento e sua aplicação são ações necessárias que ocorrem mesmo

que as outras dimensões do construto não estejam sendo operacionalizadas de forma ideal.

Finalmente, a análise das informações da Tabela 12 para a dimensão Exploração –

a qual pode ser compreendida como a aplicação do conhecimento adquirido, assimilado e

adaptado às necessidades de cada unidade e, por extensão, de toda a universidade - mostra

uma série de fatos importantes. Para a afirmativa número um, que envolve o papel de

gestores, percebe-se o menor desvio padrão dentre as afirmativas da dimensão. O receio

dos respondentes em questionar a postura dos gestores institucionais de incentivar

insuficientemente a qualificação e o aperfeiçoamento dos servidores técnico-

administrativos pode ser uma explicação plausível, visto que as respostas em sua maioria

convergem para a média, denotando maior homogeneidade nas respostas. Além disso, o

valor da média para a afirmativa número dois reflete, na percepção dos respondentes, um

possível descompromisso da universidade em reavaliar tecnologias, processos,

metodologias e rotinas de trabalho, ou seja, o possível descompromisso da universidade em

renovar seu estoque de conhecimentos, recursos tecnológicos e metodologias de trabalho,

fato que indiretamente pode causar algum tipo de influência nas atitudes e posturas dos

servidores da instituição. Finalmente, o alto valor para o desvio padrão da frase três (em

comparação aos outros valores de desvio padrão da mesma dimensão), parece demonstrar

o distanciamento e a descrença dos respondentes tanto em relação à eficiência de execução

das atividades por parte da instituição quanto em relação à adoção de novas tecnologias, as

quais podem estar sendo adotas de forma inoportuna por conta das características

burocráticas da administração pública ou por conta da ineficiência institucional em

identificar, adquirir, assimilar, adaptar e aplicar tecnologias de interesse para a

universidade, ou seja, deficiência na habilidade de absorver novos conhecimentos.

Page 83: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

83

4.3.2. Estatísticas de frequência

As Tabelas 13, 14, 15 e 16 representam as percepções dos servidores técnico-

administrativos sobre as afirmações contidas no formulário de pesquisa. Percebe-se o

predomínio da resposta Concordo pouco para as dimensões Aquisição, Transformação e

Exploração: isso ajuda a compreender a aproximação das médias de cada dimensão em

relação à média geral do construto.

Tabela 13 – Estatísticas de frequência de respostas para a dimensão Aquisição

AQU1 AQU2 AQU3

Frequência % Frequência % Frequência %

Discordo totalmente 7 2,3 24 8,0 18 6,0

Discordo bastante 30 10,0 41 13,7 32 10,7

Discordo pouco 30 10,0 35 11,7 21 7,0

Não concordo nem discordo 30 10,0 37 12,3 55 18,3

Concordo pouco 99 33,0 91 30,3 87 29,0

Concordo bastante 81 27,0 59 19,7 63 21,0

Concordo totalmente 23 7,7 13 4,3 24 8,0

Fonte: elaborado pelo autor.

Prevalência da resposta Concordo pouco. Zahra e George (2002) identificam

falhas no escopo da busca, esquema de percepção, velocidade e qualidade do aprendizado.

Tabela 14 – Estatísticas de frequência de respostas para a dimensão Assimilação

ASS1 ASS2 ASS3 ASS4

Freq* % Freq* % Freq* % Freq* %

Discordo totalmente 46 15,3 35 11,7 72 24,0 66 22,0

Discordo bastante 77 25,7 67 22,3 89 29,7 71 23,7

Discordo pouco 45 15,0 47 15,7 37 12,3 42 14,0

Não concordo nem discordo 22 7,3 32 10,7 17 5,7 39 13,0

Concordo pouco 89 29,7 81 27,0 62 20,7 57 19,0

Concordo bastante 15 5,0 28 9,3 19 6,3 18 6,0

Concordo totalmente 6 2,0 10 3,3 4 1,3 7 2,3

Fonte: elaborado pelo autor. * Frequência

Resposta Discordo bastante com resultado expressivo para variáveis Assimilação

3 e 4. Indicam possível deficiência no fluxo e compartilhamento de informação.

Tabela 15 – Estatísticas de frequência de respostas para a dimensão Transformação

TRA1 TRA2 TRA3 TRA4

Freq* % Freq* % Freq* % Freq* %

Discordo totalmente 5 1,7 9 3,0 9 3,0 3 1,0

Discordo bastante 28 9,3 33 11,0 23 7,7 9 3,0

Discordo pouco 33 11,0 41 13,7 38 12,7 26 8,7

Não concordo nem discordo 31 10,3 36 12,0 29 9,7 14 4,7

Concordo pouco 118 39,3 116 38,7 114 38,0 105 35,0

Concordo bastante 68 22,7 53 17,7 76 25,3 109 36,3 Concordo totalmente 17 5,7 12 4,0 11 3,7 34 11,3

Fonte: elaborado pelo autor. * Frequência

Page 84: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

84

Resposta Concordo pouco predomina nas variáveis Transformação 1, 2 e 3 e

alcança alto valor na variável Transformação 4. Zahra e George indicam como possíveis

efeitos problemas de internalização, conversão e recodificação do novo conhecimento.

Tabela 16 – Estatísticas de frequência de respostas para a dimensão Exploração

EXP1 EXP2 EXP3

Frequência % Frequência % Frequência %

Discordo totalmente 10 3,3 23 7,7 16 5,3

Discordo bastante 20 6,7 48 16,0 20 6,7

Discordo pouco 36 12,0 56 18,7 29 9,7

Não concordo nem discordo 51 17,0 50 16,7 33 11,0

Concordo pouco 91 30,3 85 28,3 78 26,0

Concordo bastante 72 24,0 34 11,3 87 29,0

Concordo totalmente 20 6,7 4 1,3 37 12,3

Fonte: elaborado pelo autor.

Resposta Concordo pouco predominando também na dimensão Exploração. A

teoria sugere possíveis impactos negativos no desenvolvimento de competências centrais.

Como percebido através da Tabela 12, a dimensão Assimilação não segue a

tendência das outras dimensões do modelo teórico, perceptivelmente por conta das

afirmativas 03 e 04 (ver Tabela 14). De acordo com as respostas, o fluxo de informações

tanto por via de mecanismos institucionais quanto por meio de reuniões intersetoriais não

está alcançando níveis satisfatórios de forma que o conhecimento atualizado seja

assimilado mais naturalmente e eficientemente pelo quadro de técnicos das unidades

acadêmicas e administrativas da universidade, afetando não apenas a aborção de novas

ideias às estruturas cognitivas institucionais existentes, mas também prejudicando

efetivamente os processos de interpretação, compreensão e aprendizado.

As avaliações do conjunto de percepções dos servidores técnico-administrativos

abrem margem a interpretações que podem indicar possíveis dificuldades em relação à

capacitação mais especializada dos recursos humanos da universidade, bem como de seus

gestores, os quais parecem ter dificuldade em imprimir um ritmo mais dinâmico e

orientado à absorção do conhecimento. É importante considerar também que a inexistência

de uma estrutura ou setor especializado no tratamento do conhecimento institucional - e de

seu compartilhamento ou transferência - pode estar inibindo indiretamente o crescimento

institucional, pois dificulta o crescimento das unidades constituintes da universidade, as

quais não conseguem recorrer com facilidade a bases estruturadas de conhecimento, bem

como mecanismos práticos para geração, padronização, armazenamento e

compartilhamento de informações.

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85

4.4. Confiabilidade

A validação simples da confiabilidade do construto da pesquisa é obtida pela

análise do Alfa de Cronbach, que, em pesquisas sociais, admite como válidas as medições

acima de 0,70. Essa medida de confiabilidade, que varia de 0 a 1, tem os valores de 0,6 a

0,7 considerados seus limites inferiores de aceitabilidade (HAIR JR. et al., 2009). Kline

(2010, p. 59) sugere que, embora não exista uma regra absolutamente fixa para a

determinação dos melhores coeficientes, pode-se aceitar valores próximos a 0,9 como

sendo excelentes, valores próximos a 0,8 com muito bons e valores próximos a 0,7 como

sendo adequados.

Tabela 17 - Estatísticas de confiabilidade do construto unificado e das dimensões individualizadas

Alfa de

Cronbach

Alfa de Cronbach com base em

itens padronizados Nº de itens

Construto integral ,881 ,882 14

Dimensão Aquisição ,673 ,671 3

Dimensão Assimilação ,819 ,819 4

Dimensão Transformação ,863 ,862 4

Dimensão Exploração ,765 ,768 3 Fonte: elaborado pelo autor

A dimensão Aquisição apresentou valor α=0,673 (Tabela 17). Considerando que o

valor α obtido é mais próximo de 0,7 que 0,6 e que valores no intervalo 0,6<α<0,7 são

considerados dentro dos limites de confiabilidade estatística por muitos pesquisadores

(HAIR JR. et al., 2009), decidiu-se aceitar o valor de α para a dimensão Aquisição.

Contextualizando essas informações, foi visto no referencial teórico sobre

Capacidade Absortiva que a capacidade de Aquisição de conhecimento envolve a

localização, identificação, avaliação e aquisição do conhecimento externo que é importante

para o desenvolvimento das atividades institucionais (LANE e LUBATKIN, 1998;

ZAHRA e GEORGE, 2002), e que, segundo Sun e Anderson (2010), a dimensão

Aquisição é criada pelos processos psicossociológicos de intuição e interpretação. O valor

de confiabilidade para os dados coletados na pesquisa referentes à dimensão Aquisição

parece refletir tanto o despreparo dos servidores técnico-administrativos em identificar o

conhecimento relevante para execução de suas atividades (por incapacidade, por carência

de oportunidades para tal, ou por falta de informação útil disponível) quanto a ausência de

uma estrutura institucional que promova o comportamento de explorar novas

possibilidades e buscar novas formas de executar as atividades administrativas diárias,

denotando certo conformismo e apatia por parte daqueles servidores. Uma avaliação mais

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86

aprofundada e de cunho qualitativo poderia avaliar as causas deste comportamento, e,

sendo verificado como fato, a capacitação mais direcionada e a criação de uma estrutura

institucional mais especializada seriam formas de minimizar as falhas identificadas.

4.5. Análise do instrumento de coleta e do modelo teórico

4.5.1. Análise Fatorial Exploratória

A Análise Fatorial Exploratória (AFE) é uma técnica de análise estatística

multivariada cujo propósito principal é definir a estrutura interna inerente entre as variáveis

na análise (HAIR JR. et al., 2009). Para os autores, a utilização desta técnica é indicada

para amostras maiores que 100 respondentes e quando há aproximadamente cinco casos

para cada variável, requisitos atendidos no presente estudo. A AFE permite ao pesquisador

verificar se os dados coletados são adequados ao modelo proposto, pois parte-se dos dados

coletados para validação das variáveis e fatores ou construtos definidos na pesquisa.

A AFE proposta será executada através do método de análise de fatoração pelo

eixo principal com rotação oblíqua do tipo Oblimin direct. Na fatoração pelo eixo principal

os fatores são baseados em uma matriz de correlação reduzida. Os fatores extraídos são

baseados apenas na variância comum, com as variâncias específicas e de erro excluídas

(HAIR JR. et al., 2009). Hair Jr. et al. (2009) complementam afirmando que este tipo de

fatoração é usado prioritariamente para identificar fatores ou dimensões latentes que

refletem aquilo que as variáveis têm em comum. Além disso, a análise de fatores deriva de

um modelo matemático em que fatores são estimados e, dessa forma, segundo Field (2009)

somente ela pode estimar os fatores subjacentes. Os métodos de rotação oblíqua são mais

adequados para se obter diversos fatores ou construtos teoricamente relevantes, visto que

poucos construtos reais são não-correlacionados (HAIR JR. et al., 2009).

No caso Oblimin direct, o grau no qual é permitida a correlação dos fatores é

determinado pelo valor de uma constante chamada delta. O valor por omissão no SPSS® é

zero e isso assegura que uma alta correlação entre os fatores não seja permitida. Rotações

oblíquas são indicadas quando os fatores podem estar correlacionados (FIELD, 2009).

Consultando a Tabela 18, pode-se verificar que não há valores de significância

maiores que 0,05 (maior valor de significância encontrado foi 0,03 para Transformação 04

em relação à Aquisição 3) e que não há nenhum valor maior que 0,9 para os coeficientes de

correlação (maior valor de correlação encontrado: Transformação 3 – 0,731). Com essas

informações verifica-se que não há problemas de singularidade dos dados. Com

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87

determinante igual a 0,002 (ver nota da Tabela 18), maior que o valor mínimo necessário

de 0,00001, pode-se assegurar que a multicolinearidade não será um problema para os

dados coletados na pesquisa.

Tabela 18 - Matriz de correlaçõesa.

AQ1 AQ2 AQ3 AS1 AS2 AS3 AS4 TR1 TR2 TR3 TR4 EX1 EX2 EX3

Co

rrel

ação

AQ1 1,000 ,484 ,250 ,332 ,214 ,264 ,191 ,246 ,205 ,196 ,176 ,254 ,270 ,144

AQ2 1,000 ,480 ,411 ,478 ,421 ,383 ,336 ,260 ,287 ,195 ,390 ,411 ,340

AQ3 1,000 ,182 ,318 ,176 ,187 ,206 ,225 ,292 ,109 ,343 ,264 ,213

AS1 1,000 ,604 ,581 ,438 ,379 ,296 ,233 ,187 ,359 ,404 ,324

AS2 1,000 ,608 ,481 ,296 ,295 ,270 ,236 ,337 ,382 ,352

AS3 1,000 ,476 ,299 ,330 ,261 ,224 ,295 ,432 ,311

AS4 1,000 ,337 ,336 ,355 ,248 ,297 ,422 ,315

TR1 1,000 ,623 ,624 ,487 ,375 ,396 ,290

TR2 1,000 ,731 ,505 ,359 ,366 ,234

TR3 1,000 ,689 ,437 ,368 ,318

TR4 1,000 ,393 ,330 ,380

EX1 1,000 ,580 ,466

EX2 1,000 ,526

EX3 1,000

Sig

. (u

nil

ater

al)

AQ1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,006

AQ2 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

AQ3 ,001 ,000 ,001 ,001 ,000 ,000 ,000 ,030 ,000 ,000 ,000

AS1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,000

AS2 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

AS3 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

AS4 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

TR1 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

TR2 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

TR3 ,000 ,000 ,000 ,000

TR4 ,000 ,000 ,000

EX1 ,000 ,000

EX2 ,000

EX3 a. Determinante = ,002

Fonte: elaborado pelo autor.

Conclui-se que todas as questões do formulário de pesquisa se correlacionam

muito bem com todas as outras, por conta do grande tamanho da amostra, e nenhum dos

coeficientes de correlação é particularmente grande, descartando a necessidade de

eliminação de qualquer frase nesse estágio (FIELD, 2009).

Tabela 19 - Teste de KMO e Bartlett

Medida Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) de adequação de amostragem ,868

Teste de esfericidade de Bartlett

Aprox. Qui-quadrado 1830,481

gl 91

Sig. ,000

Fonte: elaborado pelo autor.

Page 88: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

88

O valor da medida KMO de adequação da amostragem dos 300 casos alcançou o

valor de 0,868 (Tabela 19), considerado ótimo pela estatística de Kaiser (1974) e Field

(2009). Assim, pode-se confiar que a análise dos fatores é apropriada para os dados da

pesquisa. Considerando as medidas de esfericidade de Bartlett que testam a hipótese nula

de que a matriz de correlações original é uma matriz identidade, tem-se outra confirmação

da adequação dos dados da amostra para realização da Análise Fatorial Exploratória: o

coeficiente resultante de Bartlett é altamente significativo (p < 0,001) (FIELD, 2009).

Tabela 20 - Matriz anti-imagem

AQ1 AQ2 AQ3 AS1 AS2 AS3 AS4 TR1 TR2 TR3 TR4 EX1 EX2 EX3

AQ1 ,814a -,359 -,046 -,179 ,128 -,033 ,042 -,013 -,025 ,031 -,086 -,020 -,053 ,097

AQ2 ,863a -,316 ,009 -,161 -,095 -,105 -,106 ,058 -,001 ,054 -,056 -,044 -,090

AQ3 ,794a ,086 -,168 ,084 ,060 ,042 -,004 -,186 ,176 -,148 -,010 -,012

AS1 ,872a -,329 -,247 -,092 -,193 -,016 ,076 ,081 -,114 -,012 -,054

AS2 ,866a -,303 -,158 ,046 -,026 ,037 -,079 -,006 ,038 -,064

AS3 ,891a -,142 ,055 -,113 ,030 -,021 ,061 -,146 ,002

AS4 ,933a -,016 -,006 -,141 ,055 ,049 -,147 -,033

TR1 ,916a -,271 -,206 -,089 ,006 -,083 ,006

TR2 ,860a -,479 ,024 ,006 -,070 ,089

TR3 ,802a -,483 -,105 ,044 ,002

TR4 ,826a -,094 ,011 -,202

EX1 ,904a -,341 -,148

EX2 ,891a -,284

EX3 ,893a

a. Medidas de adequação de amostragem (MSA)

Fonte: elaborado pelo autor.

A Tabela 20 de correlações anti-imagem apresenta na diagonal os valores de

medida de adequação da amostragem (MSA) que devem ser sempre maiores que 0,5,

preferencialmente mais altos. As correlações parciais estão fora da diagonal (HAIR JR. et

l., 2009). No caso da amostra da pesquisa realizada na Universidade Federal de Alagoas,

todos os valores de MSA são maiores que 0,5, o menor deles sendo 0,794 para a variável

Aquisição 3. Para o restante da matriz anti-imagem das correlações parciais entre as

variáveis, os valores devem ser pequenos. Uma vez mais, a dimensão Aquisição apresenta

alguma característica que sugere uma provável inconsistência interna de construção de

acordo com as percepções dos servidores técnico-administrativos da universidade.

Observando a Tabela 21, percebe-se a formação de quatro fatores com valores

totais de autovalores iniciais maiores que 1,0, conforme critério de fatores retidos de

Kaiser. Os autovalores associados com cada fator representam a variância explicada por

aquele componente linear particular. Os quatro primeiros fatores da lista conseguem

explicar 67,73% da variância total, valor considerado satisfatório por Hair Jr. et al. (2009).

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89

Tabela 21 – Formação de fatores e variância total explicada

Método de Extração: Fatoração pelo Eixo Principal. Fonte: elaborado pelo autor.

Como guia final para definição da retenção ou exclusão de variáveis, pode-se

utilizar o diagrama de declividade ou escarpa para definição final do número correto de

fatores, principalmente com uma amostra que exceda os 200 participantes (FIELD, 2005,

p. 584). O gráfico de escarpa ou declividade da Figura 5 reforça a definição de quatro

fatores verificada pelo método KMO. Quatro pontos estão acima da linha em que a

declividade do gráfico começa a ficar horizontal de forma constante.

Figura 5 – Gráfico de escarpa relacionando resultados dos autovalores ao número de fatores.

Fonte: saída SPSS

Fator Autovalores iniciais

Total % de variância % cumulativa

1 5,589 39,924 39,924

2 1,713 12,234 52,158

3 1,148 8,201 60,359

4 1,032 7,369 67,728

5 ,802 5,727 73,456

6 ,600 4,289 77,745

7 ,593 4,236 81,981

8 ,497 3,548 85,528

9 ,455 3,252 88,781

10 ,400 2,860 91,641

11 ,348 2,487 94,127

12 ,330 2,354 96,481

13 ,296 2,118 98,599

14 ,196 1,401 100,000

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90

A Tabela 22 abaixo apresenta a versão editada da matriz de correlações

reproduzidas, a partir dos critérios de extração e rotação determinados para a análise. Na

parte mais alta da matriz estão os coeficientes de correlações entre todas as assertivas

baseadas no modelo de fatores (FIELD, 2009). A diagonal dessa matriz contém as

comunalidades após a extração de cada variável.

Tabela 22 - Correlações reproduzidas

AQ1 AQ2 AQ3 AS1 AS2 AS3 AS4 TR1 TR2 TR3 TR4 EX1 EX2 EX3

Corr

elaç

ão r

epro

du

zid

a

AQ1 ,268a ,455 ,283 ,266 ,287 ,252 ,223 ,229 ,211 ,223 ,139 ,249 ,245 ,177

AQ2 ,786a ,485 ,441 ,479 ,413 ,360 ,327 ,278 ,291 ,177 ,423 ,421 ,310

AQ3 ,322a ,217 ,242 ,193 ,196 ,234 ,209 ,250 ,165 ,305 ,279 ,215

AS1 ,578a ,584 ,595 ,461 ,326 ,305 ,250 ,209 ,322 ,419 ,326

AS2 ,592a ,598 ,466 ,332 ,307 ,255 ,209 ,338 ,431 ,335

AS3 ,618a ,474 ,333 ,318 ,255 ,214 ,306 ,412 ,319

AS4 ,391a ,344 ,339 ,326 ,269 ,326 ,390 ,314

TR1 ,530a ,580 ,657 ,489 ,379 ,372 ,296

TR2 ,654a ,740 ,540 ,351 ,334 ,259

TR3 ,877a ,651 ,440 ,392 ,320

TR4 ,521a ,396 ,376 ,330

EX1 ,546a ,550 ,492

EX2 ,592a ,528

EX3 ,485a

Res

íduo

b

AQ1

AQ2 ,029

AQ3 -,032 -,005

AS1 ,066 -,030 -,035

AS2 -,072 -,001 ,076 ,020

AS3 ,012 ,008 -,017 -,014 ,010

AS4 -,032 ,024 -,009 -,023 ,015 ,002

TR1 ,017 ,010 -,027 ,053 -,036 -,034 -,007

TR2 -,006 -,017 ,017 -,009 -,012 ,012 -,004 ,042

TR3 -,027 -,004 ,042 -,017 ,016 ,007 ,029 -,033 -,009

TR4 ,038 ,018 -,056 -,022 ,027 ,010 -,021 -,002 -,035 ,038

EX1 ,005 -,033 ,039 ,037 -,001 -,011 -,029 -,004 ,008 -,003 -,003

EX2 ,024 -,010 -,015 -,015 -,048 ,020 ,032 ,024 ,032 -,023 -,046 ,029

EX3 -,033 ,030 -,002 -,002 ,017 -,009 ,001 -,006 -,025 -,001 ,050 -,027 -,002

Método de Extração: Fatoração pelo Eixo Principal.

a. Comunalidades reproduzidas

b. Os resíduos são computados entre as correlações observadas e reproduzidas. Há 6 (6,0%)

resíduos não redundantes com valores absolutos maiores que 0,05.

Fonte: elaborado pelo autor.

A metade inferior da Tabela 22 apresenta a matriz reproduzida de Resíduos, e

contém as diferenças entre as correlações dos coeficientes observados e aquelas previstas

pelo modelo. Segundo Field (2009, p. 587), “para um bom modelo, todos esses valores

serão pequenos”. No caso desta pesquisa, há apenas seis (6%) resíduos não redundantes

Page 91: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

91

com valores absolutos maiores que 0,05. Esse é um bom valor para modelos estatísticos,

segundo o autor.

Após a rotação dos fatores, são geradas as informações da Tabela 23. A rotação

dos fatores definiu a análise: existem quatro fatores e as variáveis estão altamente

carregadas em somente um fator, sem exceções. A coluna POSIÇÃO apresenta a posição

de cada variável em relação ao tamanho da carga. A organização dos fatores em relação às

variáveis agrupadas de forma semelhante a divisão do construto Capacidade Absortiva

reforça a ideia de adequação e correção do modelo. Comparativamente, o Fator 1

representaria a dimensão Assimilação, o Fator 2 seria a dimensão Transformação, o Fator 3

representaria a dimensão Aquisição e, finalmente, a dimensão Exploração seria definida

pelo Fator 4. Percebe-se maior concentração de cargas acima de 0,7 nos Fatores 1 e 2, que

concentram as variáveis das dimensões de Assimilação e Transformação, respectivamente.

As menores cargas estão presentes no Fator Aquisição, fato que reforça a ideia de alguma

característica interna peculiar nesta dimensão. A opção feita para execução desta AFE de

se considerar somente as variáveis com carga >= 0,4 foi inócua, visto que todas as

variáveis do formulário de coleta de dados carregaram adequadamente em suas respectivas

dimensões, não restando variáveis com cargas menores que 0,4.

Tabela 23 – Matriz padrãoa

Fator

Posição 1 2 3 4

AQU1 14 ,468

AQU2 2 ,834

AQU3 12 ,557

ASS1 5 ,720

ASS2 6 ,697

ASS3 4 ,787

ASS4 13 ,496

TRA1 9 -,632

TRA2 3 -,801

TRA3 1 -,942

TRA4 8 -,636

EXP1 11 -,595

EXP2 10 -,624

EXP3 7 -,670

Método de Extração: Fatoração pelo Eixo Principal.

Método de Rotação: Oblimin com Normalização de Kaiser.a

4. Rotação convergida em 7 iterações.

Fonte: elaborado pelo autor.

A matriz de correlações entre os fatores (Tabela 24) contém os coeficientes de

correlação entre os fatores. Percebe-se que todos os fatores têm relacionamentos entre si,

Fator 1 – Assimilação

Fator 2 – Transformação

Fator 3 – Aquisição

Fator 4 - Exploração

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92

em maior ou menor grau. Dessa forma, constata-se que as dimensões estão inter-

relacionadas em função dos fatores gerados, bem como ratifica-se a escolha da rotação

oblíqua como a mais apropriada.

Tabela 24 – Matriz de correlações de fatores

Fator 1 2 3 4

1 1,000

2 -,390 1,000

3 ,527 -,378 1,000

4 -,492 ,513 -,468 1,000 Método de Extração: Fatoração pelo Eixo Principal.

Método de Rotação: Oblimin com Normalização de Kaiser.

Fonte: elaborado pelo autor.

A Matriz de Covariâncias dos escores (Tabela 25) mostra os relacionamentos

entre os escores do fator: os resultados apresentados comprovam que os escores resultantes

são correlacionados. Particularmente, percebe-se a covariância entre os fatores 1 – 2 e 1 –

3: o fator Assimilação varia conjuntamente com o fator Aquisição e Transformação. Em

geral, as correlações são altas por conta da escolha pela rotação oblíqua. A variação entre

os fatores Aquisição e Assimilação é compreensível do ponto de vista da formação

definida por Zahra e George (2002) de Capacidade Absortiva Potencial e é definida como

o conjunto de habilidades que tornam a organização receptiva para adquirir e assimilar

conhecimento externo. No caso da variação conjunta entre os fatores Assimilação e

Transformação, a melhor explicação encontra-se no trabalho de Todorova e Durisin (2007)

como visto na Figura 3 da página 8, em que estes dois fatores parecem funcionar

simultaneamente no modelo, com a Transformação sendo subsidiária à Assimilação.

Tabela 25 – Matriz de covariâncias de escore dos fatores

Fator 1 – Assimilação 2 – Transformação 3 – Aquisição 4 – Exploração

1 – Assimilação 2,689

2 – Transformação -2,289 2,085

3 – Aquisição 2,250 -,798 4,702

4 – Exploração ,608 -1,005 -1,381 2,297 Método de Extração: Fatoração pelo Eixo Principal.

Método de Rotação: Oblimin com Normalização de Kaiser.

Método de Escores dos fatores: Regressão.

Fonte: elaborado pelo autor.

Todos os cálculos realizados são fundamentais para a validação dos dados em

relação ao formulário de pesquisa aplicado, ou seja, ao modelo escolhido para

operacionalização na pesquisa. A geração de quatro fatores com as variáveis carregando

exatamente nos fatores em que deveriam carregar ratificam o fato de que mesmo com a

Page 93: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

93

predominância verificada da resposta Concordo pouco, o tamanho da amostra e a

distribuição de respostas validam o instrumento utilizado. Outrossim, os resultados obtidos

em relação ao número exato de quatro fatores para o modelo e o carregamento de todas as

variáveis em seus respectivos valores são mandatórios para que se alcance o objetivo

principal desta pesquisa: a mensuração do indicador de Capacidade Absortiva institucional,

realizado no final deste capítulo.

4.5.2. Análise Fatorial Confirmatória

A Análise Fatorial Confirmatória (AFC) é a outra técnica de alto nível utilizada

para análise do modelo teórico proposto em relação aos dados coletados na pesquisa, no

caminho inverso da AFE. Neste caso, propõe-se o modelo gráfico representativo do

construto estudado, e, a este modelo gráfico, associam-se os dados coletados, buscando-se

alcançar índices estatísticos padronizados de excelência para o construto.

Como detalhado no capítulo referente à Metodologia, o esquema de Análise

Fatorial Confirmatória é representado pelo diagrama do modelo, o qual apresenta as

variáveis latentes ou subjacentes, as variáveis observadas e as variáveis não observadas, ou

erros padrões do método para cada variável não observada. Também são apresentadas as

covariâncias entre variáveis latentes, e entre os erros padrões das variáveis observadas.

Para esta pesquisa, foram formados quatro construtos, conforme divisão quadridimensional

do modelo Capacidade Absortiva proposto por Flatten et al. (2011) e validado pela AFE.

Após a realização de todos os ajustes sugeridos pelo software de modelagem

estrutural SPSS® versão 23.0 com plugin AMOS® versão 22.0, com a geração dos valores

padronizados correspondentes de correlações entre os fatores e entre os erros padrões do

método indicados na Figura 6, foram realizados os procedimentos de validação que

atestam o melhor nível de adequação do modelo para os dados coletados. Essa validação

do construto é feita através da verificação de índices suficientemente aceitáveis para os

componentes indicados na metodologia desta pesquisa.

A análise da unidimensionalidade para cada conjunto de variáveis formadoras das

quatro dimensões da escala proposta por Flatten et al. (2011) foi efetuada através da

análise fatorial exploratória, por meio da fatoração pelo eixo principal com rotação oblíqua

Oblimin Direct, permitindo a verificação da extração de exatos quatro fatores com

aglutinação das variáveis em seus respectivos fatores, sem que uma mesma variável

carregasse em mais de um fator.

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94

O modelo final elaborado com as modificações recomendadas pelo software

SPSS® AMOS® para melhor adequação do modelo está representado na Figura 6.

Figura 6 – Modelo final ajustado da pesquisa.

A Validade Convergente do modelo pode ser testada através da observação das

cargas fatoriais das variáveis sobre os fatores que constituem o modelo, pelo teste de

Variância Extraída e pelo teste de Confiabilidade Composta.

A verificação da Tabela 23 (página 91) permite observar que as cargas das

variáveis são altas para cada fator, com valores acima ou muito próximos de 0,5.

A Variância Média Extraída (AVE – Average Variance Extracted ou

simplesmente VE) é obtida a partir das estimativas dos quadrados das correlações

múltiplas para cada variável observada, produzidas pela análise do modelo, ou seja, é igual

Fonte: saída do software SPSS® v. 23 AMOS v. 22 sobre modelo elaborado pelo autor.

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95

ao somatório variando de 1 a n (n sendo o número de variáveis observadas para cada fator

analisado) das cargas padronizadas ao quadrado dividido pelo número de variáveis

observadas para o fator, conforme a Fórmula 1:

Fórmula 1: ∑

Segundo Hair Jr. et al. (2009) uma variância extraída de 0,5 é adequada para o

modelo em estudo. Com a AFC foram encontrados os valores para AVE descritos na

Tabela 26. O valor de 0,46 apresentado especificamente para a variável latente Aquisição

não implica inadequação do modelo, visto que este valor situa-se próximo ao valor

aceitável de 0,5 e os altos valores resultantes do teste de Confiabilidade Composta

apresentados em seguida confirmam a validade convergente do modelo. Ratificam essa

avaliação Fornell e Larcker (1981), Koufteros (1999), Finger (2011). Para Fornell e

Larcker (1981, p. 384) mesmo que o valor da AVE seja inferior a 0,5, é possível concluir

que a validade convergente de um construto é adequada; outros testes de validade auxiliam

o pesquisador a manter ou excluir a variável no modelo, visto que a variância devida a

erros é maior que a variância capturada pela variável observada. Koufteros (1999, p. 484)

ressalta que a AVE é uma medida complementar aos valores encontrados para

confiabilidade. Finger (2011, p. 84), por sua vez, atesta a validade de seu modelo com base

nos resultados acima de 0,8 da Confiabilidade Composta de 2/3 das variáveis do estudo.

Para o modelo desta pesquisa, todas as variáveis obtiveram valores de CR acima de 0,7;

duas com valores acima de 0,8.

Tabela 26 - Teste de verificação da AVE

Variável observada Valor

Aquisição 0,46

Assimilação 0,54

Transformação 0,62

Exploração 0,53 Fonte: elaborado pelo autor.

O teste de Confiabilidade Composta (CR – Composite Reliability) é feito

calculando-se o valor deste índice para cada fator e comparando-se cada um deles com o

valor de referência 0,7 (HAIR JR. et al., 2009). A Confiabilidade Composta é igual ao

quadrado do somatório das cargas padronizadas dividido pelo quadrado do somatório das

cargas padronizadas mais o somatório da variância dos erros. A variância do erro (Var( ))

é obtida através da subtração de 1 menos a variância explicada (VE). A Fórmula 2 calcula

a variância do erro e a Fórmula 3 calcula o valor da CR:

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96

Fórmula 2: Fórmula 3: ∑

∑ ∑

Para o modelo em estudo, foram calculados os valores da Tabela 27 para CR, com

todos os valores maiores que 0,7:

Tabela 27 - Teste de Confiabilidade Composta

CR Valor

CR Aquisição 0,7044

CR Assimilação 0,8233

CR Transformação 0,8675

CR Exploração 0,7705 Fonte: elaborado pelo autor.

A validade divergente ou discriminante do construto é a última fase da AFC e

relaciona os valores de Variância Máxima Compartilhada (MSV – Maximum Shared

Variance), Variância Média Compartilhada (ASV – Average Shared Variance) e AVE, de

forma a satisfazer as três condições a seguir:

1) MSV < AVE (Tabela 32)

2) ASV < AVE (Tabela 32)

3) √

para cada fator > os valores das correlações interfatores (Tabela 33)

A Variância Máxima Compartilhada é igual ao maior valor dentre as variâncias de

correlações padronizadas ao quadrado entre os fatores, resultantes do modelo de

correlação. O valor de variância da correlação é calculado através de seu valor ao

quadrado, conforme as fórmulas e . É

importante ressaltar que estes valores de correlação são fornecidos como resultado da

análise do modelo pelo software SPSS® AMOS®.

Variância Média Compartilhada é igual à média obtido dentre as variâncias de

correlações padronizadas ao quadrado entre os fatores, resultantes do modelo de

correlação. O divisor utilizado na operação de média será o número de correlações válidas

para o fator em análise. As fórmulas para cálculo da ASV sãos as seguintes:

e .

A Tabela 28 mostra que os resultados de MSV e ASV são menores que os valores

de AVE, o que significa que os valores discriminantes se mantêm e o modelo de medição

está de acordo com as suposições que foram inicialmente feitas, atendendo às condições da

validade discriminante (HAIR JR. et al., 2010).

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97

Tabela 28 – Valores para MSV e ASV maiores que valores de AVE para o modelo

Variável latente MSV ASV AVE

Aquisição 0,3969 0,3016 0,46

Assimilação 0,4225 0,3499 0,54

Transformação 0,3481 0,2461 0,62

Exploração 0,4225 0,3729 0,53 Fonte: elaborado pelo autor

A Tabela 29 mostra que as estimativas da raiz quadrada da AVE são maiores que as

correlações inter-construto. Essa comparação é feita observando-se os valores da diagonal

da tabela em relação aos outros valores de correlação.

Tabela 29 - Correlação entre fatores do modelo final da AFC

AQU ASS TRA EXP

AQU 0,6782*

ASS 0,477 0,7347*

TRA 0,352 0,425 0,7896*

EXP 0,456 0,529 0,505 0,7281*

Fonte: Elaborado pelo autor.

Nota: * valores das raízes quadradas de AVE para cada fator

A AFC efetuada ratifica a adequação do modelo aos dados coletados, com

exceção da AVE para a dimensão Aquisição. Novamente a dimensão Aquisição apresenta

algum tipo de insuficiência em procedimentos de validação. Esta dimensão deve apresentar

alguma inconsistência interna (a qual pode estar relacionada à dificuldade de aquisição do

conhecimento devido a inexistência de fontes seguras e oportunas de conhecimento

institucional) que a impede de alcançar valor suficientemente alto para sua validação.

Porém, assim como na argumentação da confiabilidade simples, o valor obtido para a

variância média extraída para o fator Aquisição é mais próximo de 0,5 que de 0,4, o que

não parece ser significativamente danoso para o ajuste do modelo, permitindo concluir-se

pela aceitação do valor de AVE para esta dimensão como válido. Tal conclusão é

confirmada pela estabilidade verificada por todos os outros valores válidos verificados na

análise do modelo.

Para concluir a AFC sobre o modelo de Capacidade Absortiva utilizado na

pesquisa, a Tabela 30 apresenta os índices para o modelo final ajustado e validado. Os

índices do modelo (última coluna) apresentados abaixo alcançaram níveis de alta qualidade

(comparados com os valores padrão da coluna Construtos) e, assim, satisfizeram as

condições de adequação do modelo, confirmando que sua operacionalização no contexto

da Universidade Federal de Alagoas alcançou os objetivos almejados para a pesquisa.

Referências de adequação do modelo constam na seção de Metodologia.

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98

Tabela 30 – Índices ajustados da AFC para o modelo final de pesquisa

Variáveis Construtos Modelo final

χ²(gl) - Qui-Quadrado (graus de liberdade) 135,898 (67)

χ²/gl <5 2,028

p – Significância <0,05 0,000

RMSEA - Root Mean Squared Error of Approximation <0,08 0,059

GFI - Good Fit Index >0,90 0,940

AGFI - Absolut Good Fit Index >0,90 0,906

CFI - Comparative Fit Index >0,90 0,961

NFI - Normed Fit Index >0,90 0,927

TLI - Tucker-Lewis Coefficient >0,90 0,947

Alpha de Cronbach >0,70 0,881

CR - Confiabilidade Composta >0,70 0,942

AVE - Average Variace Extracted >0,50 0,544

SMRM – Standardized Root Mean Residual <0,90 0,044

Fonte: elaborado pelo autor.

4.6. Cálculo do indicador da Capacidade Absortiva

Após as validações da AFE e AFC, pode-se utilizar a fórmula de Hurtado-Ayala e

Gonzalez-Campo (2015) para cálculo do indicador de Capacidade Absortiva da UFAL,

baseado na metodologia utilizada por Sullivan (1994) e ajustada por Ramaswamy et al.

(1996). Sullivan (1994) utiliza um método de análise de todos os itens - desenvolvido por

Nunnally (1978) - para construir medidas homogêneas.

Esta técnica relaciona cada elemento do indicador com o escore de cada variável;

o indicador é definido como a soma dos escores de todos os seus elementos constituintes.

Seguindo as indicações feitas por Hurtado-Ayala e Gonzalez-Campo (2015), a

padronização das variáveis resultantes para cada dimensão é feita usando-se o

redimensionamento proposto por Schuschny e Soto (2009), o qual permite que as variáveis

sejam normalizadas com diferentes métodos de mensuração. Esta fórmula de padronização

é a seguinte:

1) ∑

∑ ∑ , (HURTADO-AYALA E GONZALEZ-CAMPO, 2015)

Onde,

é a variável padronizada resultante e é a variável que será padronizada,

∑ é o menor valor de X e ∑ é o maior valor de X.

Segundo Schuschny e Soto (2009), a ideia é considerar o intervalo de valores que

a variável assume. O procedimento consiste em transformar os níveis das variáveis para

levá-los ao intervalo [0,1], empregando a distância entre os valores máximos e mínimos

que a variável adquire, considerando todos os dados da variável conjuntamente. A fórmula

original do estudo de Schuschny e Soto (2009) é:

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99

2)

(

)

( ) (

) , (SCHUSCHNY e SOTO, 2009)

Resumindo, o indicador de agregação captura as quatro dimensões da Capacidade

Absortiva que foram definidas teoricamente e validadas tanto pela Análise Fatorial

Exploratória como pela Confirmatória. Com base na padronização executada, a escala do

indicador varia entre 0 e 4, onde 0 implica um nível nulo de Capacidade Absortiva e 4

implica um nível máximo de Capacidade Absortiva. Estes valores são resultantes da

validação das quatro dimensões ratificadas pelos quatro fatores verificados na AFE.

Para cada dimensão do construto, a média dos valores padronizados calculados

através da Fórmula 1 estão na Tabela 31:

Tabela 31 – Médias padronizadas para cálculo da Capacidade Absortiva da UFAL

Aquisição Assimilação Transformação Exploração

0,5785 0,3742 0,6229 0,5702

Fonte: elaborado pelo autor

Os valores apresentados na Tabela 31 confirmam os valores de médias

encontrados através das estatísticas descritivas apresentadas no item 4.3, Tabela 12 na

página 80. Ambas as análises apresentam Transformação com valores de média maiores

em detrimento da dimensão Assimilação com os valores de média mais baixos. Os valores

das médias das dimensões Aquisição e Assimilação somados resultam em uma valor

menor que o somatória das médias das dimensões Transformação e Exploração. Tal fato

pode sugerir que a Capacidade Absortiva Potencial da universidade, ou seja, sua

receptividade ao conhecimento externo é reduzida por falta de uma estrutura

organizacional aprimorada, falhas nos sistemas de comunicação ou identificação de valor

do conhecimento nos processos de compreensão e/ou internalização do conhecimento

externo. Ainda assim, pelos valores encontrados, a universidade consegue acumular,

capitalizar o conhecimento adquirido externamente em ativo útil para a instituição através

dos mecanismos da Capacidade Absortiva Realizada, com ênfase no processo de

Transformação, ou melhor, a combinação do conhecimento novo com aquele pré-existente.

Aplicando-se a Fórmula 1, tem-se:

Capacidade Absortiva UFAL = 0,5785 + 0,3742 + 0,6229 + 0,5702 = 2.1458

Hurtado-Ayala e Gonzalez-Campo (2015) concluem sugerindo a Fórmula 3

abaixo para cálculo do indicador em formato mais intuitivo de porcentagem:

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100

3)

, (HURTADO-AYALA E GONZALEZ-CAMPO, 2015)

Onde: = resultado da Capacidade Absortiva para cada dimensão

= mínimo valor da escala obtida (0)

= máximo valor da escala obtida (4).

Assim, temos –

= 0,5364 ou 54%, como valor do nível de Capacidade

Absortiva medido como percentagem para a Universidade Federal de Alagoas.

Segundo os autores, 50% representa um nível intermediário de absorção de

conhecimento. O valor de 54% para o índice de Capacidade Absortiva da universidade é

muito próximo dos 57% alcançados por instituições de educação superior da Colômbia,

conforme apresentado no estudo de Hurtado-Ayala e Gonzalez-Campo (2015).

Para este diagnóstico organizacional, o valor encontrado indica que, segundo a

percepção dos servidores técnico-administrativos da pesquisa, a UFAL apresenta uma

capacidade intermediária para absorver conhecimento externo. Considerando que a

universidade é uma instituição de ensino superior com a missão de gerar e disseminar

conhecimento, promover o ensino, a pesquisa e a extensão e formar profissionais

qualificados para o mercado de trabalho, o valor intermediário encontrado para o indicador

do nível da Capacidade Absortiva levanta questões sobre o modelo e as estratégias da

instituição referentes ao conhecimento institucional.

Por outro lado, considerando os entraves burocráticos e a carência de recursos da

administração pública, bem como as dificuldades em se estabelecer uma estrutura de

comunicação, bons níveis de capacitação dos recursos humanos e soluções de

armazenamento e fluxo eficientes da informação, o valor alcançado sugere que caso ações

estratégicas e direcionadas que desenvolvam a Capacidade Absortiva institucional sejam

colocadas em prática, elas podem provocar a dinamização dos elementos constituintes do

construto, com a consequente elevação do índice para um patamar de nível mais alto.

Tratando-se de uma pesquisa quantitativa, detalhes importantes não foram

analisados, limitando o valor potencial do indicador mensurado. Independentemente deste

fato, estratégias para desenvolvimento da Capacidade Absortiva institucional são propostas

no Plano de Ação deste trabalho, a fim de auxiliar a formulação de ações que propiciem

elevações contínuas no índice de mensuração do construto.

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101

5. PLANO DE AÇÃO

O Plano de Ação elaborado para intervenção na Universidade Federal de Alagoas

(Quadro 12) com a finalidade de desenvolver a Capacidade Absortiva institucional está

estruturado com base em quatro estratégias principais ou eixos estratégicos aderentes aos

componentes do construto estudado apresentados no referencial teórico. Os eixos

estratégicos propostos são (Quadro 11):

Quadro 11 – Estratégias principais ou eixos estratégicos orientadores do Plano de Ação.

Eixo Descrição

Eixo

estratégico

1

- Especialização da estrutura institucional para privilegiar o conhecimento.

Influencia todas as dimensões, visto que todo o mecanismo de absorção do

conhecimento será coordenado pelo novo ente componente da estrutura funcional.

Este eixo estratégico é determinante para o desenvolvimento dos demais, pois os

outros componentes constituintes da Capacidade Absortiva precisam ser

gerenciados de forma especializda para que o mecanismo do modelo teórico

funcione de forma aprimorada. A estrutura funcional atual da universidade

permite que servidores técnico-administrativos alcancem nível intermediário de

absorção do conhecimento.

Eixo

estratégico

2

- Desenvolvimento e manutenção da Base de Conhecimento institucional.

Influencia diretamente aquisição (reconhecimento do valor do conhecimento com

base em conhecimento prévio), assimilação (comparação entre o conhecimento

novo e o antigo) e transformação (como o conhecimento novo pode ser adaptado

às necessidades específicas da instituição).

Eixo

estratégico

3

- Investimento nos recursos humanos institucionais para geração de competências.

Influencia a aquisição (recursos humanos capacitados adequadamente conseguem

reconhecer o valor do conhecimento mais eficientemente) e a assimilação

(servidores técnico-administrativos processam e relacionam o conhecimento novo

ao pré-existente e são determinantes para a difusão deste conhecimento).

Eixo

estratégico

4

- Posicionamento da Universidade Federal de Alagoas como orquestradora de uma

rede de relações interorganizacionais.

Influencia diretamente a aquisição de conhecimento, visto que o foco principal

desta estratégia é aumentar a exposição do conhecimento externo. Em relação a

assimilação, esta dimensão tem como base a existência de relacionamentos com

agentes externos.

Fonte: elaborado pelo autor.

Este conjunto de ações planejadas está sustentado tanto por ações concretas

implantadas em órgãos públicos quanto em teorias defendidas por pesquisadores do

conhecimento no setor público. A sequência de itens foi elaborada de forma que o item

anterior direciona ações e/ou cria condições para existência ou efetivação do item seguinte.

Não havendo uma política ou estratégia nacional ou pelo menos institucional que

privilegie o conhecimento e sua gestão como ativo constituinte do capital intelectual

organizacional, optou-se por extrair elementos determinantes contidos na Proposta de

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102

Gestão do Conhecimento produzida pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada

(IPEA) e contextualizá-los à realidade da Universidade Federal de Alagoas, em

consonância com os fatores componentes do construto Capacidade Absortiva. A partir daí

criou-se uma estrutura em torno de quatro eixos estratégicos para auxiliar na construção de

uma agenda de debates e ações que desenvolvam a Capacidade Absortiva institucional.

É importante ressaltar que a definição dos quatro eixos estratégicos não tem a

intenção de ser exaustiva na discussão acerca do conhecimento institucional e seu impacto

na Capacidade Absortiva da UFAL, mas sim auxiliar nas discussões sobre ambos os temas

e na produção do arcabouço teórico necessário para debates mais direcionados ou

proposição de diretrizes para formulação de uma política pública específica que trate desta

temática.

Enfatiza-se que a capacidade da Universidade Federal de Alagoas em lidar de

maneira efetiva com o conhecimento institucional é fator crítico de sucesso para

alavancagem de cada eixo estratégico proposto na promoção do desenvolvimento da sua

Capacidade Absortiva.

Quadro 12 - Plano de ação alinhado com os quatro Eixos Estratégicos propostos.

Planejamento Execução Verificação I

t

e

m

O quê Quem Como Quando

(Previsão)

Quando

(Real)

Resultados

alcançados /

Pontos

problemáticos

1

Criação do Comitê

do Conhecimento

Institucional (CCI)

Representan-

tes docentes,

técnico-

administrati-

vos e Gestão

Submeter ao

CONSUNI 10/2017 10/2017

Formação do

comitê e definição

de linha de ação e

prioridades

2

Capacitar membros

do CCI sobre

Conhecimento na

Administração

Pública

Representan-

tes do IPEA e

membros do

CCI

Preparar membros

CCI para lidar

com

Conhecimento na

Administração

Pública

Entre 03 e

04/2018 04/2018

Visão comum

adequada sobre as

particularidades

da gestão do

conhecimento

institucional

3

Diagnosticar

posicionamento

atual do

conhecimento

institucional

CCI,

gestores,

PROGEP,

NTI

Realizar

autoavaliação

abrangente sobre

temas dos eixos

estratégicos e o

conhecimento

institucional

05/2018 05/2018

Diagnóstico da

realidade da

UFAL sobre

conhecimento /

Comunidade

desconhece o

tema

4

Analisar

informações do

diagnóstico

CCI

Elaborar relatório

extensivo com

base no

diagnóstico

08/2018 08/2018

Relatório com

diagnóstico

completo sobre

grau de

maturidade do

conhecimento na

UFAL

Page 103: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

103

5

Definir visão e

objetivos do CCI

para tratamento do

conhecimento

institucional

CCI,

gestores,

PROGEP,

NTI

Traçar as

diretrizes iniciais

de existência do

Comitê CI

10/2018 11/2018

Formalizar visão e

objetivos do CCI

com vistas a sua

reestruturação

6

Definir fatores

críticos, análisar

custo-benefício de

reformulação da

estrutura funcional

CCI,

PROGINST,

PROGEP,

Gestão

Estabelecer

critérios de

funcionamento da

nova estrutura

institucional

01/2019 03/2019

Garantir

alinhamento

funcional com

outros setores da

instituição

7

Eixo Estratégico nº 1

Criação da Pró-

Reitoria de

Desenvolvimento

Institucional -

PRODIN

Gestão

superior,

CONSUNI,

PROGEP,

PROGINST,

DAP e NTI

Definir estrutura

interna e quadro

de pessoal

06/2019 10/2020

Adequar a

estrutura

institucional à

complexidade da

gestão do

conhecimento.

8

Planejar e

implementar a

criação da Base de

Conhecimento

UFAL

PRODIN,

NTI,

PROGINST,

gestores de

unidades,

SINFRA

Definir

parâmetros

técnicos,

modelagem,

recursos humanos

e financeiros

03/2020 06/2020

Definir todos os

parâmetros para

estabelecimento

da Base de

Conhecimento

UFAL

9

Eixo Estratégico nº 2

Implantar Base de

Conhecimento

UFAL

PRODIN,

NTI,

SINFRA, IC

Instalar estrutura

de tecnologia para

comportar a base

de conhecimento

institucional

08/2020

Entre

08/2020 e

10/2020

Recurso funcional

disponível com

conteúdo

estruturado

acessível

ininterruptamente.

1

0

Identificar e

priorizar projetos de

gestão do

conhecimento

(individual, equipe,

intraorganizacional

e

interorganizacional)

Gestão

superior,

CONSUNI,

PROGEP,

PROGINST e

NTI

Delineamento de

ações e

mecanismos de

transmissão de

conhecimentos

12/2020 12/2020

Estimular a

continuidade da

execução de

atividades e

processos

institucionais

1

1

Assegurar a

elaboração,

implementação,

monitoramento e

avaliação do Plano

Estratégico de

conhecimento

institucional

PRODIN

Garantir

existência e

fortalecer a

atuação da

PRODIN e da

iniciativa de

gestão do

conhecimento

01/2021 03/2021

Plano estratégico

definido e fruto de

participação ativa

e consciente da

comunidade

UFAL

1

2

Eixo Estratégico nº 3

Planejar

readequação do

formato das

capacitações

PRODIN,

PROGEP,

Direcionar

formato das

capacitações para

formação de

competências

para lidar com o

conhecimento

Contínuo Contínuo

Plano de

capacitação que

privilegie a

formação de

competências

funcionais e a

multiplicação do

saber.

1

3

Desenvolver

mecanismos de

estímulo à

disseminação do

conhecimento

intrainstitucional

PRODIN,

PROGEP

Estimular

competências

para disseminação

mais efetiva do

conhecimento

dentro da UFAL

Contínuo Contínuo

Incentivar o

desenvolvimento

de cultura de

compartilhamento

de conhecimentos

e informações

1 Criar canais NTI, Descentralizar e Contínuo Contínuo Efetividade do

Page 104: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

104

4 facilitados e

estimulantes para

disseminação do

conhecimento na

UFAL

PRODIN,

ASCOM,

difundir

mecanismos de

acesso, produção

e disseminação do

conhecimento

esforço para

construir uma

cultura de

produção,

consumo e difusão

do conhecimento

1

5

Eixo Estratégico nº 4

Aperfeiçoar os

relacionamentos

interorganizacionais

através da formação

de uma Rede de

Conhecimento

institucional

Atores da

Rede

conduzidos

pela UFAL

(PRODIN /

NTI /

Comunidade)

Estabelecer e

fortalecer o papel

da UFAL como

agente

04/2021 -

UFAL como

protagonista da

rede de

relacionamentos

com outras

instituições,

organizações e a

sociedade

1

6

Mensurar e divulgar

os resultados e

benefícios obtidos

com as iniciativas

institucionais de

tratamento do

conhecimento

PRODIN

Apresentar

indicadores e

subsídios teóricos

e práticos para

formação de

políticas de

gestão do

conhecimento

Contínuo Contínuo

Formação de

arcabouço teórico

e indicativos para

formulação de

Política Pública

sobre

conhecimento e

sua gestão.

Fonte: elaborado pelo autor.

Com base no Plano de Ação apresentado para a UFAL, propõe-se no item 1 a

definição de uma estrutura de governança do conhecimento através da criação de um

Comitê do Conhecimento Institucional provisório, composto por representantes dos

docentes, técnico-administrativos e da gestão. Este comitê teria caráter semelhante àquele

definido na Portaria nº 386, de 13 de outubro de 2010 do IPEA (IPEA, 2010b), e teria,

entre outras, as seguintes competências:

I – Elaborar diagnóstico sobre o posicionamento atual do conhecimento

institucional;

II – orientar unidades da UFAL no planejamento e implementação de ações

relativas ao diagnóstico da situação atual de tratamento do conhecimento institucional e

elaboração de diretrizes iniciais para formulação de política institucional específica;

III – identificar áreas de interesse e promover iniciativas estratégicas que

promovam a criação, estruturação e transferências de conhecimentos;

IV – propor regras e mecanismos que visem assegurar o tratamento efetivo do

conhecimento institucional na gestão de projetos e na gestão de processos de apoio e

finalísticos da UFAL;

V - Definir visão, objetivos, fatores críticos, composição e custo-benefício para

implantação do eixo estratégico número 1.

Page 105: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

105

A partir da criação do Comitê de Conhecimento Institucional tornar-se-ia possível

estabelecer as premissas fundamentais de ação para materialização das estratégias

definidas nos eixos propostos. Após a criação do comitê é importante capacitar seus

membros sobre Conhecimento na Administração Pública (item 2), bem como práticas e

processos para tratamento deste conhecimento. A capacitação visa a introduzir, ampliar,

nivelar e estruturar o conhecimento, as habilidades e as capacidades do servidor público e

apoiar o alcance dos objetivos da organização (BATISTA, 2012). Além disso, para

prosseguir com o próximo passo do Plano de Ação, ou seja, elaborar o Diagnóstico do

posicionamento atual do conhecimento da universidade, é recomendável a existência de

um grupo de trabalho capacitado e sensível à importância e criticidade no tratamento do

conhecimento institucional.

Na fase de diagnóstico (item 3), propõe-se a realização de uma análise abrangente

sobre a situação dos conhecimentos existentes na universidade, suas formas de produção,

armazenamento e transferência, além de avaliação sobre os temas dos eixos estratégicos

propostos. Dessa forma, seria possível conhecer a realidade do conhecimento dentro da

universidade e a conformidade deste conhecimento com as propostas para seu

desenvolvimento. Consequentemente, será possível dimensionar, de forma abrangente, os

recursos e iniciativas necessárias para o devido tratamento do conhecimento dentro da

universidade.

A análise de informações do diagnóstico (itens 4, 5 e 6) vai permitir definir visão

e objetivos do Comitê de Conhecimento Institucional em relação às melhores práticas para

tratamento do conhecimento institucional, bem como definir procedimentos, protocolos,

fatores críticos e análise de custo-benefício para implantação dos eixos estratégicos de

sustentação deste Plano de Ação. O Comitê de Conhecimento Institucional seria o embrião

das estratégias principais sugeridas para reestruturação institucional, orientadas para

promoção do desenvolvimento da Capacidade Absortiva da universidade, mesmo porque

um Comitê não teria autonomia funcional, financeira e administrativa para atuar

efetivamente, de forma exclusiva, especializada e por prazo indefinido na aprimoração

constante do conhecimento institucional e respectivos resultados e implicações.

Concluídos os trabalhos de instrução do Comitê de Conhecimento Institucional é

possível a aplicação do primeiro eixo estratégico, referente à especialização da estrutura

institucional com vistas a privilegiar o conhecimento dentro da UFAL (item 7). A proposta

deste eixo estratégico reside na criação de uma unidade especializada em administrar o

Page 106: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

106

ativo intangível mais precioso da universidade, o conhecimento, tal como contido no artigo

4º da Portaria nº 385/2010 do IPEA (IPEA, 2010a).

Para a UFAL, sugere-se a criação de uma Pró-Reitoria específica para tratar de

assuntos de conhecimento, tanto conhecimento acadêmico quanto conhecimento técnico.

Esta Pró-Reitoria ocupar-se-ia das funções de promoção da qualidade, visão sistêmica e

contemporaneidade, além de promover ações de aperfeiçoamento da comunicação

institucional. Estas funções estão definidas no Plano de Desenvolvimento

Institucional/2013 da UFAL, e apresentadas na Figura 7.

A nova estrutura (Figura 8) seria responsável por lidar com o conhecimento

institucional em duas vertentes: conhecimento técnico e conhecimento acadêmico.

Também seria função dessa unidade administrativa articular a comunicação institucional

para disseminar os conhecimentos produzidos internamente e prospectar o conhecimento

externo que possa se converter em fonte de novos conhecimentos ou tecnologias em geral.

Essas duas funções são fundamentais, segundo a teoria de Cohen e Levinthal (1990), ao

identificarem nelas grande relevância para o processo de amplificação da Capacidade

Absortiva do nível individual para o organizacional. A estrutura organizacional dessa pró-

reitoria seria responsável também por empreender a concatenação das atividades

relacionadas com a gestão de processos, a gestão de pessoas e a gestão de tecnologia.

Assim, ela exerceria influência sobre a definição e coordenação dos processos de

planejamento e avaliação institucional; o desenvolvimento de pessoas, de sistematização

de dados, de informações e de procedimentos institucionais; e o planejamento e

coordenação das atividades relacionadas à utilização da tecnologia da informação para

maximização da manutenção e do compartilhamento do conhecimento. Estas ações devem

ser orientadas para promover conhecimento estratégico (ROLOFF e OLIVEIRA, 2007).

Como visto na análise de percepções dos respondentes, a comunicação de

informações foi identificada como uma das deficiências de compartilhamento do

conhecimento dentro da instituição, e essa deficiência não vem sendo corrigida pelas

unidades administrativas existentes atualmente na estrutura funcional da universidade. Os

órgãos existentes atualmente na estrutura da universidade possuem capacidade limitada em

relação ao conhecimento institucional. O indicador de 54% obtido para a Capacidade

Absortiva institucional é prova disso: a estrutura atual parece não comportar a

especificidade de lidar com o ativo conhecimento institucional de forma especializada. Por

consequência, a inexistência de uma estrutura organizacional especializada poderia afetar a

Page 107: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

107

Capacidade Absortiva durante o processo de disseminação do conhecimento, quando

ocorre sua difusão por todas as partes da organização (DAGHFOUS, 2004), além de causar

impacto em todas as outras fases necessárias para que o conhecimento seja absorvido pela

universidade.

A manutenção da Base de Conhecimento institucional, que será apresentada mais

a frente, seria função dessa Pró-Reitoria, cuja responsabilidade por unificar, padronizar e

estruturar o conhecimento seria função primordial.

Figura 7 - Mapa Estratégico da Universidade Federal de Alagoas, 2012-2015.

Fonte: PDI UFAL (2013)

Nota: Detalhe para Desenvolvimento Institucional.

Estratégia semelhante a este eixo estratégico foi introduzida no Instituto Federal

de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina - IFSC, como relata Silva (2011).

Figura 8 – Estrutura hierárquica para a Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional.

Page 108: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

108

Fonte: adaptado pelo autor com base na Instrução Normativa nº 01/2010 - IFSC

Entre outras atividades, a Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional do IFSC

é responsável pelo projeto de compartilhamento de boas práticas de gestão, elaboração do

Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI – IFSC) e atua juntamente com a área de

gestão de pessoas nas resoluções de capacitação.

Com referência à Base de Conhecimento institucional, de responsabilidade da

Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional, após a fase de planejamento e

implementação estrutural da base (item 8), seria aplicado mais um dos eixos estratégicos

propostos, aquele que trata do desenvolvimento, implantação e manutenção da Base de

Conhecimento institucional (item 9), conforme incisos IX e X do artigo 3º da Portaria nº

385 do IPEA (IPEA, 2010a).

O conceito de base de conhecimento, como definido no glossário do livro de

Batista (2012), está ligado ao de captação, estruturação e armazenamento ou registro do

conhecimento estratégico organizacional sobre processos, produtos, serviços, tecnologias,

metodologias de trabalho e relacionamento com os cidadãos-usuários. Estas informações

são coletadas e depositadas em repositórios de conhecimento para posterior

compartilhamento por todos da organização. Esses repositórios formam as bases de

conhecimento de uma organização e servem para preservar, gerenciar e alavancar a

memória organizacional. Na Portaria nº 385/2010 do IPEA, em seu inciso V do art. 3º, há

menção sobre o compartilhamento (disseminação, distribuição, partilha, transferência), o

armazenamento (guarda, repositório), a preservação (restauração, acesso para futuro,

guarda de longo prazo), a utilização (reuso), interpretação, aplicação e proteção

(segurança, acesso controlado) da informação institucional, o que é materializado através

do uso da tecnologia de transmissão de dados e manutenção de bases de dados, ferramentas

que constituem a Base de Conhecimento de uma organização.

Page 109: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

109

Manter o domínio de conhecimento da organização está na raiz do conceito de

capacidade absortiva organizacional, como foi defendido por Cohen & Levinthal (1990),

pois a habilidade para avaliar (Dimensão Aquisição) e utilizar (Dimensão Aplicação) o

conhecimento externo é função do nível de conhecimento prévio relacionado.

O compartilhamento do conhecimento promove o fluxo da informação

institucional, gerando valor para a instituição em forma de ativo intangível ou capital

intelectual, auxiliando seus membros a se desenvolverem e a atingirem os objetivos

institucionais. Assim, as organizações públicas devem promover a criação de uma cultura

de registro e intercâmbio sistemático de informações, mantidas em seus ambientes de base

de conhecimento de referência e atualizadas constantemente, para que seja garantida sua

utilidade. Não é demais lembra que Daghfous (2004) localiza a base de conhecimento de

uma organização como elemento central da capacidade absortiva, uma vez que quanto

mais desenvolvida estiver essa base, mais fluida será a incorporação de novo

conhecimento, com impactos diretos nas dimensões Assimilação e Transformação.

Também é fundamental que estas organizações disponibilizem a adequada

ambiência e infraestrutura de meios de acesso para promover o compartilhamento das

informações, visto que, conforme observam Fava-de-Moraes e Martinez Soto (2002), é o

capital humano que, articulado, forma a base conceitual, o conteúdo cognitivo

institucional, a precisão dos seus produtos, a responsabilidade com o contexto e o

significado das explicações referenciadas pelos dados e estatísticas, bem como a

viabilização de novos experimentos e aplicações (POCHO, 2016). As autoras dão a

dimensão exata da importância das bases ou bancos de conhecimento ressaltando as

características de seu conteúdo, visto que os dados processados, armazenados e

comunicados são símbolos quantificáveis e quantificados e o seu indispensável

armazenamento deve ser ordenado, confiável e bem gerenciado, permitindo tratamento e

assimilação segura (Dimensão Assimilação). Só assim poderão ser convertidos em

informação de utilidade pública, pois dado não utilizado é estático, irrelevante e

inoportuno. Quando ao dado representado e armazenado lhe é atribuído um significado,

este se transforma em informação. A informação transferida, utilizada e vivenciada

individualmente como uma experiência real, que causa impacto na condição cognitiva e

perceptiva do indivíduo removendo ou reduzindo incertezas, transforma-se em

conhecimento, que é algo pragmático.

Page 110: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

110

O conhecimento administrativo de uma organização é o acervo de sua

experiência, seus valores e suas boas práticas, fruto de interações dinâmicas e direcionado

para uma provável utilidade prática (NONAKA, 2007). Sua transmissibilidade é

fundamental como recurso estratégico para o progresso institucional como um todo, bem

como para o fortalecimento da presença da universidade nos contextos produtivos da

sociedade em que está inserida (MOTTA, 2014).

Experiências de sucesso como o Farol do Conhecimento e Memória Técnica do

Banco do Brasil, a Base SERPRO de Conhecimentos do Serviço de Processamento de

dados (SERPRO) do Governo Federal e o Mapeamento de Conhecimentos da Rede

Bancária da Caixa Econômica Federal são ações que exemplificam a adoção do eixo

estratégico Base de Conhecimento em organizações do executivo federal de forma

realmente efetiva (BATISTA, 2004).

Contando com uma Pró-Reitoria autônoma e especializada no tratamento do

conhecimento e com uma Base de Conhecimento de nível adequado à universidade, inicia-

se o processo de identificação e priorização de práticas e projetos que lidem de forma

especializada e eficiente com o conhecimento institucional, em nível individual, de equipe,

intraorganizacional e interorganizacional (item 10). Além de permitir o delineamento de

ações e mecanismos de transmissão de conhecimentos, esse passo será fundamental para a

inserção estruturada da UFAL em níveis mais complexos de disseminação do

conhecimento, como será visto mais adiante. Além disso, esse conjunto de ferramentas

estratégicas estruturais implantadas virá a assegurar a elaboração, implementação,

monitoramento e avaliação do Plano Estratégico de conhecimento institucional (item 11), o

qual poderá servir como alicerce para uma futura Política Institucional de Tratamento do

Conhecimento. Essa política teria como objetivo garantir a existência e fortalecer a atuação

da PRODIN e das iniciativas institucionais orientadas para lidar com o conhecimento.

Neste momento de execução do Plano de Ação, considerando a dimensão e o

impacto das mudanças inseridas na estrutura da universidade, principalmente com a

implantação de dois dos quatro eixos estratégicos propostos, é imprescindível direcionar o

foco de atenção para a capacitação adequada, especializada e customizada dos servidores

da UFAL através de investimento nos recursos humanos institucionais para geração de

competências (item 12, de acordo com o inciso VI do art. 1º da Portaria IPEA nº385/2010).

Para implantação de mais este eixo estratégico, é importante considerar que a

Capacidade Absortiva coletiva depende, em grande proporção, das capacidades absortivas

Page 111: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

111

individuais (COHEN e LEVINTHAL, 1990). Essa conexão entre a capacidade absortiva da

organização e a das pessoas que a compõem remete ao nível de qualificação da força de

trabalho. Para os autores, há um investimento direto em capacidade absortiva quando uma

organização investe na capacitação de seus recursos humanos.

No Brasil, o poder público sensível a esses fatos - e também influenciado pelas

modificações estruturais nos diversos modelos de administração pública dos países

desenvolvidos - instituiu, a partir de 2003, algumas políticas do modelo gerencial

(PAULA, 2005a) na realidade do serviço público. No que se refere às Instituições Federais

de Ensino Superior (IFES), a Lei nº 11.091, de 12 de janeiro de 2005, definiu a

estruturação do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação

(PCCTAE), que vinculou o desenvolvimento do servidor na carreira à progressão por

capacitação profissional e à progressão por mérito profissional.

Na Universidade Federal de Alagoas, a capacitação de servidores é tarefa da

Gerência de Capacitação de Recursos Humanos. Este setor está vinculado à Coordenadoria

de Desenvolvimento de Recursos Humanos da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas e do

Trabalho. Conforme estabelecido no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da

UFAL, a Gerência de Capacitação é responsável pelo Plano Anual de Capacitação, cujo

objetivo é garantir o aperfeiçoamento pessoal e institucional através do desenvolvimento

das habilidades dos servidores, permitindo que a UFAL alcance sua missão institucional.

Com base no PCCTAE e em outras legislações reguladoras (Decreto nº 5.707/2006 –

instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal (PNDP) e definiu diretrizes

para o Desenvolvimento de Pessoal da Administração Pública Federal Direta, Autárquica e

Fundacional; Decreto nº 5.824/2006 - do Incentivo à Qualificação; Decreto nº 5.825/2006 -

Plano de Desenvolvimento dos Integrantes do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-

Administrativos em Educação) o Plano Anual de Capacitação trouxe, em sua última versão

disponível de 2016, uma lista extensa de possibilidades de capacitação, a qual foi

construída “com foco em seis linhas de desenvolvimento, tendo como base as demandas

propostas nas Avaliações de desempenho, no levantamento de necessidades de capacitação

encaminhado aos órgãos/pró-reitorias/unidades acadêmicas/Campus e no levantamento

individual de necessidades de capacitação encaminhado a todos os servidores da

Universidade Federal de Alagoas” PDI (2016, p. 4).

Sabe-se que as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) têm dificuldade de

desenvolvimento e investimento em recursos humanos não apenas pela falta de autonomia

Page 112: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

112

de seus gestores – delimitados pelas políticas de Recursos Humanos institucionais – mas

também pela escassez de recursos financeiros, que impossibilita a realização de ações mais

eficazes. O resultado obtido pelo indicador de Capacidade Absortiva da UFAL neste

estudo parece ratificar a dificuldade de aperfeiçoamento de pessoal na instituição, bem

como sugere que talvez os investimentos em capacitação não estejam alinhados com as

estratégias institucionais de desenvolver as habilidades necessárias aos servidores técnico-

administrativos para que o conhecimento institucional seja absorvido e aplicado nas

atividades administrativas da universidade.

Pereira e Silva (2011) propõem o desenvolvimento de um perfil proativo nos

servidores, inseridos em um modelo de instituição federal de ensino superior cuja gestão de

recursos humanos se dê pela gestão por competências, como uma alternativa viável, a

partir da articulação dos recursos da instituição para constituição das competências,

conforme proposto no inciso VII do artigo 3º da Portaria IPEA (IPEA, 2010a). Segundo os

autores, “a adequação ao modelo de gestão por competência indica que as pessoas agregam

valor às organizações, modernizando práticas e processos e passam a ser essenciais à

sobrevivência organizacional pela geração e compartilhamento do conhecimento” (SILVA,

2009). Segundo Mills et al. (2002), competências referem-se a quão bem as atividades são

desempenhadas em uma organização para que sejam realizadas efetivamente.

Se entendermos competência como a compreensão prática das situações apoiada

em conhecimentos adquiridos que serão transformados em função da diversidade de

circunstâncias envolvidas (ZARIFIAN, 2001), então podemos pensar que uma gestão por

competências envolveria servidores hábeis a aplicar os conhecimentos adquiridos para

abordar as situações do contexto profissional, modificando-os por meio de análise e

compreensão dos fatos e pela reflexão posterior à ação (PEREIRA e SILVA, 2011). A

compreensão da conjuntura real, seus componentes (materiais ou humanos), o objetivo da

ação, as implicações que serão geradas pela ação (julgamento e responsabilidade) e a

interação com o outro (colega, cliente, gestor), estabelecendo um agir prático inteligente e

empático que satisfaça aos aspectos objetivos (externos, do contexto) e subjetivos

(percepções, emoções) são características da gestão por competência (PEREIRA e SILVA,

2011), e servidores públicos com este perfil necessitam mais que as capacitações que vêm

sendo oferecidas pelos órgãos de gestão de recursos humanos.

A implicação administrativa é que gerentes precisam considerar as competências

de disseminar e absorver conhecimento de seus servidores caso queiram maximizar os

Page 113: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

113

benefícios de transferência de conhecimento. A implicação institucional é que a

universidade terá que desenvolver estratégias apropriadas para transferir conhecimento,

tais como: identificar o proprietário de conhecimento valioso e escolher a pessoa

apropriada com capacidade de disseminação forte para realizar a tarefa de coordenar

processos de transferência de conhecimento (MU, TANG e MACLACHLAN, 2010).

Os servidores públicos são os grandes indutores do conhecimento dentro das

instituições públicas e responsáveis por dar sustentabilidade às boas práticas de gestão

(LIMA, 2010). O conhecimento técnico acumulado, aplicado e compartilhado possibilita

que a instituição alcance sua missão de “formar continuamente competências por meio da

produção, multiplicação e recriação de saberes e do diálogo com a sociedade” (PDI, 2013).

Para transformar discurso em prática, Pereira e Silva (2011) elaboraram um rol de

competências identificadas em servidores públicos que atuam em três IFES de excelência

no nordeste do Brasil: Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Universidade Federal

da Paraíba - UFPB e Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Estas

competências gerenciais resultantes do estudo são descritas no Quadro 13.

Quadro 13 - Competências identificadas em servidores da UFPE, UFPB e UFRN.

Dimensão Categoria Competência

Competências

Cognitivas

Conhecimentos

técnicos

Executar as atividades profissionais utilizando um

conjunto de procedimentos técnicos e legais para o

aprimoramento do trabalho.

Conhecimentos

operacionais

Realizar atividades vinculadas ao ambiente de atuação

profissional que proporcionem qualidade e agilidade

aos serviços prestados à comunidade.

Competências

Funcionais

Orientação

estratégica

Elaborar estratégias valendo-se da análise do contexto

institucional, vinculando-as às diretrizes da instituição.

Processos de

trabalho

Assumir a responsabilidade pelas decisões

relacionadas aos processos de trabalho, avaliando as

suas consequências.

Competências

Comportamentais

Gerenciamento

de conflitos

Gerenciar as dificuldades interpessoais e conflitos

vivenciados na equipe.

Comunicação

Utilizar a comunicação de forma compreensível, por

meio da linguagem oral e escrita, como facilitadora do

trabalho em equipe.

Competências

Políticas

Interesse público Estimular a defesa dos interesses institucionais,

utilizando bens públicos em prol da sociedade.

Parcerias

cooperativas

Estabelecer parcerias cooperativas com setores

internos, órgãos externos e outras instituições federais

de ensino, visando à construção coletiva de soluções

para as dificuldades institucionais.

Fonte: adaptado de Pereira e Silva (2011).

Page 114: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

114

Essas competências são desejadas em qualquer servidor público e, segundo os

autores, podem contribuir para aumentar o alinhamento dos servidores públicos ao

contexto institucional. Tais competências podem certamente fazer parte do planejamento

estratégico de capacitação dos servidores da UFAL para adequar os objetivos estratégicos

da Perspectiva 6 – Pessoas (PDI, 2016) aos paradigmas de uma gestão institucional mais

eficiente, eficaz, efetiva e competente.

Concomitantemente aos passos seguidos e à implantação dos eixos estratégicos

propostos, a PRODIN teria a função também de desenvolver mecanismos de estímulo à

disseminação do conhecimento intrainstitucional, a fim de estimular competências para

disseminação mais efetiva do conhecimento dentro da instituição (item 13). Além disso, e

para consolidar a instalação de uma cultura de tratamento especializado do conhecimento,

a PRODIN engendraria esforços na direção de criar canais facilitados e estimuladores para

disseminação do conhecimento dentro da instituição (item 14), visando a descentralizar e

difundir mecanismos de acesso, produção e disseminação do conhecimento. Este passo é

fundamental para que os membros da instituição passem a ter papel ativo no processo e

pratiquem suas competências na produção, gestão e transferência do conhecimento. A

criação de uma cultura ativa de fomento ao conhecimento também depende sobremaneira

da instalação consolidada destas práticas sugeridas.

Como resultado da criação e consolidação do alicerce estrutural proposto,

defende-se o aperfeiçoamento dos relacionamentos interorganizacionais através da

formação de uma Rede de Conhecimento institucional estruturada, último dos eixos

estratégicos delineados para o plano de ação de desenvolvimento da Capacidade Absortiva

da UFAL (item 15, conforme inciso XI do art. 3º da Portaria IPEA 385/2010 que trata da

participação da força de trabalho em redes de relacionamento para compartilhamento do

conhecimento entre órgãos do governo e sociedade). A ideia deste eixo é situar a UFAL

como protagonista da rede de relacionamentos interorganizacionais com outras

instituições, organizações e a sociedade.

Para manter competitividade, bem como para construir ou melhorar sua

capacidade absortiva, organizações frequentemente necessitam ter acesso e lidar com

fontes de conhecimento externas aos seus limites. As relações interorganizacionais são o

mecanismo típico para se atingir esse objetivo (SIMHA, 2013). Com isso, estas

organizações conseguem estabelecer vínculos com outras organizações para, assim,

expandirem sua base de conhecimento e também enriquecerem a qualificação e a

Page 115: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

115

experiência de seus colaboradores. Como resultado, as capacidades absortivas individuais

são alavancadas no todo e a capacidade absortiva da organização é ampliada (COHEN e

LEVINTHAL, 1990).

Para isso, é preciso estruturar uma rede de relacionamentos com diversas

organizações e instituições, o que permite ter acesso a conhecimento e informações

disponíveis no ambiente externo, como também a conhecimentos especializados que são

gerados em instituições de pesquisa (SILVA, 2015). A escolha das fontes externas de

conhecimento depende dos valores, estratégia de inovação e da capacidade das empresas

em absorver e combinar tais informações.

As atuais funções do Estado e suas novas relações com a sociedade impõem

formas de gestão que suportem parcerias entre instituições estatais e organizações

empresariais ou sociais (FLEURY e OUVERNEY, 2007). Surgem, então, novas formas de

relacionamentos entre Estado/sociedade e entre organizações nas esferas de governo

(LOIOLA e MOURA, 1996).

Para Goldsmith e Eggers (2006) as instituições deveriam trabalhar orientadas por

um novo modelo denominado “gerir em rede” (GOLDSMITH e EGGERS, 2006, p.21). No

modelo proposto, as instituições públicas dependem menos de servidores públicos em

papéis tradicionais e mais de uma teia de parcerias, contratos e alianças para realizar o

serviço público. Várias tipologias de redes público-privadas podem surgir, permitindo a

formação de canais de distribuição de conhecimento, serviços e transações públicas.

Diante desses fatos, propõe-se como quarto eixo estratégico para promover a

melhoria do indicador de Capacidade Absortiva institucional da UFAL o posicionamento

da instituição como protagonista da rede de relacionamentos interorganizacionais, de

forma que a universidade desempenhe papel altamente ativo na estabilidade e dinamismo

da rede, ocupando papel de agente de comunicação e comutação de informação, ou seja,

atuando como uma Hub Entity, ou Entidade Comutadora, entre os atores da rede,

orquestrando o funcionamento, a estabilidade e evolução da rede (Figura 09).

Nesse contexto, é necessário que a UFAL desenvolva uma estrutura funcional

adequada as suas restrições e características orçamentárias, infraestruturais, legais,

administrativas, normativas, tecnológicas, de recursos humanos, de sua missão, de seus

valores e objetivos para ser capaz de ocupar o papel de orquestradora de uma rede de

relacionamentos entre os mais diversos tipos de organizações e instituições públicas e

privadas, para que o intercâmbio de conhecimento, experiências e resultados seja

Page 116: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

116

fomentado e compartilhado entre todos da rede, gerando valor e produzindo conhecimento

novo e desenvolvimento conjunto.

Figura 9 – UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais.

Fonte: elaborado pelo autor.

O quarto eixo estratégico proposto para a UFAL foi implementado pela Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA - a partir de 2012, através da iniciativa

denominada Rede de Conhecimento, composta por colaboradores da instituição, além de

parceiros externos – nacionais e internacionais. A estratégia da EMBRAPA está baseada

em um Sistema de Inteligência Estratégica – o AgroPensa – formado por três componentes

específicos complementares (EMBRAPA, 2014): o Observatório de Tendências, que faz a

captura e processamento de bases de dados e informações; a área de Análise e Estudos,

responsável pela avaliação do conhecimento capturado e disponibilização para órgãos de

decisão dos resultados das avaliações; e o ambiente de Estratégias, cuja função é

transformar as informações coletadas e analisadas em planos e ações. Tal iniciativa é

fortemente baseada na interação entre os colaboradores e parceiros, pois é operacionalizada

na forma de uma rede de atores, cabendo a EMBRAPA o protagonismo operacional e

estratégico. Os objetivos principais do AgroPensa são produzir e difundir conhecimentos e

informações para formulação de estratégias de ação dos setores público e privado, além de

Page 117: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

117

mapear e apoiar a organização, integração e disseminação de base de dados e de

informações agropecuárias. Esse é um exemplo de destaque que pode servir como

orientação para projetos de redes estratégicas e inteligentes de relacionamento

interorganizacional ou interinstitucional. Nesse sentido, as dimensões Aquisição,

Assimilação e Transformação são operacionalizadas através dos componentes internos do

Sistema AgroPensa, enquanto a Aplicação do conhecimento produzido é colocada em

prática por todos os componentes da Rede de Conhecimento.

Os quatro eixos estratégicos apresentados separadamente nesta sessão possuem

pontos de convergência latentes. A complementaridade de cada um deles em relação aos

outros é facilmente percebida, principalmente em um contexto institucional público de

grande porte cujo desafio principal é manter o alinhamento com as necessidades da

sociedade sem, contudo, incorrer na obsolescência de seus ativos, no anacronismo de suas

ações ou no recrudescimento de falhas resultantes da inépcia institucional em produzir e

disseminar o conhecimento no ambiente em que se insere. Imaginar um quadro de pessoal

capacitado e competente, que possa recorrer a bases de conhecimentos atualizadas e

difundidas em rede, sob orientação e comando de uma estrutura funcional especializada e

que possa transmitir e consumir conhecimento de qualidade, estruturado e padronizado,

parece delinear um roteiro estratégico inicial capaz de promover o crescimento da

Capacidade Absortiva institucional.

Finalmente, para criação de indicadores e para a avaliação das ações propostas, é

essencial criar mecanismos para mensurar e divulgar os resultados e benefícios obtidos

com as iniciativas institucionais de tratamento do conhecimento (item 15). Além de

demonstrar a evolução da universidade em relação ao tratamento do fluxo da informação e

do conhecimento gerado, os resultados obtidos poderão ser utilizados como referencial

para a formação de um arcabouço teórico e como índices de mensuração de efetividade das

ações, embasando e alimentando os processos de formulação de uma Política Pública de

Conhecimento Institucional.

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118

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo principal a ser alcançado por este estudo foi determinar um indicador

para a Capacidade Absortiva da Universidade Federal de Alagoas que pudesse caracterizar

em que nível a instituição consegue absorver conhecimento externo a partir de seus

servidores técnico-administrativos em suas correspondentes unidades de trabalho

considerando as condições reais e atuais da universidade. Como objetivos específicos,

foram estudadas as dimensões do construto e foi proposto um Plano de Ação institucional

para desenvolvimento das potencialidades do construto e suas dimensões.

O caminho metodológico para tal foi seguido com rigor para que o cálculo do

indicador não fosse influenciado por problemas com os dados ou a inadequação do

instrumento de coleta ou do modelo teórico selecionado para operacionalização na

universidade. Para tal, dois procedimentos de Análise Fatorial foram utilizados para que o

modelo teórico de Flatten et al. (2011) fosse validado dentro do contexto de uma

instituição pública de ensino superior.

O construto escolhido para operacionalização foi validado inicialmente pelos

autores Flatten et al. (2011) na Alemanha, e, posteriormente, no Brasil por Engelman,

Fracasso e Schmidt (2014), ambos em contextos corporativos. É desconhecida a aplicação

do modelo teórico original anterior à proposta do presente estudo em instituições públicas

de ensino superior. Os riscos potenciais de descaminho da pesquisa ou invalidação do

modelo eram reais, mas o esforço de pesquisa foi bem sucedido.

O diagnóstico organizacional permitiu verificar a partir dos trezentos formulários

de resposta coletados no Campus principal da Universidade Federal de Alagoas que,

segundo a percepção dos respondentes, o fluxo de informações dentro do Campus e entre

as várias unidades é lento. Tal fato afeta a identificação e aquisição de conhecimento, visto

que o acesso à informação é prejudicado. Além disso, as respostas indicaram, por parte dos

servidores técnico-administrativos, dificuldades para os gestores atuarem efetivamente no

processo de absorção do conhecimento, devido à promoção insuficiente de meios e

incentivos para o intercâmbio de informação e busca de soluções dos problemas locais.

Através de cálculos estatísticos, obteve-se o valor de 54% para o índice de

Capacidade Absortiva institucional, considerando as validações do número de dimensões

do construto, a validade do instrumento e do modelo aplicados. Esse valor indica uma

habilidade intermediária da Universidade Federal de Alagoas, através de seus servidores

Page 119: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

119

técnico-administrativos ativos lotados em unidades acadêmicas e administrativas do

Campus A. C. Simões, em absorver conhecimento externo às respectivas unidades e

mesmo externo à própria universidade, vista como instituição. O valor pode ser

considerado positivo se avaliado do ponto de vista de uma instituição que não possui

mecanismos formais definidos de tratamento estruturado do conhecimento. Questionável,

porém, tratando-se de uma instituição cujo foco e missão são produzir conhecimento.

O plano de ação proposto, contendo um conjunto de itens complementares uns aos

outros, estrutura-se em torno de um conjunto de quatro eixos estratégicos principais, os

quais visam a desenvolver componentes concretos que constituem o construto Capacidade

Absortiva. A criação de um setor institucional especializado - uma Pró-reitoria de

Desenvolvimento Institucional - para centralizar e organizar o tratamento do conhecimento

da universidade; o desenvolvimento de uma base de conhecimento institucional

estruturada, compartilhada e funcional; a capacitação com foco em competências para os

servidores técnico-administrativos, e o estabelecimento de uma rede de relações

interorganizacionais em que a universidade atue como ente central de estruturação do

conhecimento, coadunam-se com iniciativas recentes de outros órgãos públicos nacionais,

bem como com os recentes estudos sobre o construto Capacidade Absortiva.

As limitações do estudo concentram-se no fato de esta ser uma pesquisa

quantitativa, o que impede um maior aprofundamento nas particularidades do fenômeno

em cada unidade estudada. Além disso, o estudo não contemplou as unidades externas ao

Campus A. C. Simões, as quais encontram-se distantes do centro de decisão institucional.

Além disso, apenas servidores técnico-administrativos fizeram parte do estudo, uma vez

que é o conhecimento destes profissionais que mobiliza a engrenagem administrativa.

Como proposta de evolução do conhecimento, este estudo produziu informações

úteis e inéditas tanto em nível institucional quanto em nível de discussão propositiva para

construção de políticas institucionais estratégicas que possam desenvolver a habilidade

institucional de absorver conhecimento, bem com serem vinculadas aos processos e

procedimentos da instituição. Como resultado, o aprimoramento das rotinas operacionais

sintonizadas com a missão e valores existenciais da universidade através da

operacionalização do plano de ação, podem vir a permitir o uso dos recursos institucionais

de forma mais eficiente, promovendo o desenvolvimento de ações de renovação de sua

base de conhecimentos, influenciando o desempenho e permitindo a adequação e

renovação de processos e capacidades institucionais.

Page 120: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

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130

APÊNDICES

Apêndice I – Escala Capacidade Absortiva final adaptada para o contexto da Universidade

Federal de Alagoas com base na escala de Flatten et al. (2011).

Page 131: MACEIÓ200.134.17.33/profiap/tcfs-dissertacoes-1/ufal/2017/flavio-h... · Figura 9: UFAL como organização hub de uma rede de relacionamentos interorganizacionais ... 90 Tabela 23:

131

ANEXOS

Anexo I – Portaria IPEA 385/2010

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA

PORTARIA Nº 385, DE 13 DE OUTUBRO DE 2010.

Institui, no âmbito do IPEA, a Política de

Gestão do Conhecimento e Inovação e dá

outras providências

O PRESIDENTE DO INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA-IPEA,

no uso de suas atribuições contidas no art. 17 do Decreto n.º 7.142, de 29.03.2010 e tendo em vista

a missão institucional que é “produzir, articular e disseminar conhecimento para aperfeiçoar

políticas públicas e contribuir para o planejamento do desenvolvimento brasileiro”, RESOLVE:

Art. 1º Instituir, no âmbito do IPEA, a Política de Gestão do Conhecimento e Inovação,

tendo como objetivos:

I – orientar a mobilização e o tratamento do conhecimento institucional como recurso

estratégico relacionado aos processos finalísticos e de apoio a fim de aplicar os conhecimentos e

habilidades da força de trabalho nas áreas de atuação do IPEA (pesquisa, assessoria, avaliação,

ensino e cooperação nacional e internacional) com vistas ao cumprimento da missão do Instituto;

II – incentivar a criação de mecanismos que visem à melhoria da eficiência, da eficácia e

da efetividade dos produtos e serviços prestados pelo IPEA ao Estado e à sociedade;

III – promover a transparência na gestão do IPEA por meio do provimento de

informações sobre as atividades da instituição à sociedade e ao Governo;

IV – incentivar a cultura voltada para a importância da inovação e da geração e

compartilhamento de conhecimento e informação, entre os servidores e dirigentes do IPEA;

V – desenvolver a cultura colaborativa e inovadora no IPEA e nas relações do IPEA com

instituições parceiras, Estado e sociedade; assim como promover oportunidades de aprendizado

contínuo aos servidores;

VI – fomentar a adoção e a capacitação dos servidores para o uso de métodos,

ferramentas e tecnologias para fins da Gestão do Conhecimento e Inovação;

VII – assegurar a publicidade e o amplo acesso à produção técnica e científica do IPEA.

DAS DEFINIÇÕES

Art. 2º Para efeito desta política, dentre as possíveis interpretações da literatura

especializada, considera-se:

I – Dado - Conjunto de fatos distintos e objetivos, relacionados a eventos;

II – Informação - Mensagem com dados que fazem diferença, pode ser audível ou visível,

existe um emitente e um receptor. A informação tem por finalidade mudar o modo como o

destinatário vê algo, exercer algum impacto sobre seu julgamento e comportamento;

III – Conhecimento - Combinação de experiência condensada, valores, informação

contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para a avaliação e

incorporação de novas experiências e informações;

IV – Gestão do Conhecimento - Conjunto de processos sistematizados, articulados e

intencionais, capazes de incrementar a habilidade dos gestores e servidores públicos em criar,

coletar, organizar, transferir e compartilhar informações e conhecimentos que podem servir para a

tomada de decisões, para a gestão de políticas públicas e para a inclusão do cidadão como produtor

de conhecimento coletivo;

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132

V – Plano Estratégico de Gestão do Conhecimento do IPEA - Documento que sintetiza as

estratégias e as iniciativas de Gestão do Conhecimento do IPEA. Contempla elementos que

contribuem para a utilização de métodos, técnicas e ferramentas para o desenvolvimento de cultura

e ambiente organizacional propício à criação, compartilhamento e uso do conhecimento, que visem

a produção de conhecimento para aperfeiçoar as políticas públicas e contribuir para o planejamento

do desenvolvimento brasileiro.

VI – Força de Trabalho do IPEA - Pessoas que compõem o IPEA e que contribuem para a

consecução de suas estratégias, objetivos e metas, tais como empregados em tempo integral ou

parcial, temporários, autônomos e contratados de terceiros que trabalham sob a coordenação direta

do IPEA (servidores, consultores, bolsistas, estagiários, pessoas que trabalham para empresas que

prestam serviços terceirizados).

DAS DIRETRIZES

Art. 3º São diretrizes da Política de Gestão do Conhecimento e Inovação do IPEA:

I – Assegurar a elaboração, implementação, monitoramento e avaliação de um Plano

Estratégico de Gestão do Conhecimento do IPEA continuamente alinhado ao grau de maturidade

em Gestão do Conhecimento da instituição;

II - Incentivar o desenvolvimento de cultura voltada para a inovação e compartilhamento

de conhecimentos e informações;

III – Assegurar o amplo acesso da força de trabalho às informações e conhecimentos

necessários para aperfeiçoar os processos de apoio e finalísticos e dos cidadãos às informações e ao

conhecimento produzidos no IPEA;

IV – Assegurar o alinhamento dos instrumentos e mecanismos de gestão, particularmente

os de gestão de pessoas, aos de gestão do conhecimento institucional;

V – Estimular a adoção de práticas gerenciais e o uso intensivo das tecnologias da

informação e comunicações na promoção dos processos sistemáticos de gestão do conhecimento:

identificação (caracterização), criação (captura, aquisição, coleta); compartilhamento

(disseminação, distribuição, partilha, transferência); armazenamento (guarda, repositório);

preservação (restauração, acesso para futuro, guarda de longo prazo); utilização (reuso),

interpretação, aplicação e proteção (segurança, acesso controlado);

VI – Mapear as práticas de Gestão do Conhecimento existentes no IPEA com os objetivos

de disseminar e incentivar, quando adequado, o uso de tais práticas na instituição;

VII – Promover competências individuais e organizacionais para o desenvolvimento de

produtos e serviços, assim como a valorização da força de trabalho como produtores de

conhecimento;

VIII – Promover a cooperação e a colaboração da força de trabalho e equipes no

compartilhamento do conhecimento organizacional;

IX – Fomentar a preservação e o armazenamento da informação produzida na instituição,

assim como promover a valorização e a preservação do patrimônio histórico do IPEA e da

Memória Institucional;

X – Propor mecanismos de transmissão de conhecimentos visando à continuidade da

execução de atividades e processos finalísticos e de apoio;

XI – Fomentar a participação da força de trabalho em redes sociais para o

compartilhamento de conhecimento entre o IPEA, órgãos de governo e sociedade; assim como a

utilização das ferramentas da Rede Mundial de Computadores visando à melhoria do desempenho

individual e organizacional e o aprimoramento dos produtos e serviços da instituição;

XII – Assegurar a absorção, retenção e disseminação do conhecimento produzido no

relacionamento com terceiros;

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133

XIII – Incentivar a realização de pesquisas e estudos que favoreçam a inovação na

execução dos processos de apoio e finalísticos;

XIV – Mensurar e divulgar os resultados e benefícios obtidos com a Gestão do

Conhecimento e com as iniciativas inovadoras na instituição;

XV – Promover e fomentar a participação da força de trabalho em iniciativas, premiações

e eventos próprios e de terceiros voltados a Gestão do Conhecimento e inovação e ao

compartilhamento de conhecimento entre o IPEA e os demais órgãos e entidades do Estado e

sociedade;

XVI - Contemplar no Plano Anual de Capacitação ações de qualificação da força de

trabalho nas áreas de Gestão do Conhecimento e inovação, inclusive com a formação de

multiplicadores cujo papel será disseminar princípios, conceitos e ferramentas da GC.

DO GESTOR DA POLÍTICA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO E INOVAÇÃO

Art. 4º O papel de gestor da Política de Gestão do Conhecimento e Inovação do IPEA

será desempenhado pelo Comitê de Gestão do Conhecimento e Inovação cuja criação e

competências serão formalizadas por meio de portaria a ser publicada especialmente com essa

finalidade.

Art. 5º. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Anexo II – Portaria IPEA 386/2010

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA

PORTARIA Nº 386, DE 13 DE OUTUBRO DE 2010.

Institui o Comitê de Gestão do

Conhecimento e Inovação do IPEA, e dá

outras providências

O PRESIDENTE DO INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA – IPEA,

no uso de suas atribuições que lhe confere o inciso VII, art. 17 do Decreto Nº 7.142, de 29 de

março de 2010, RESOLVE

Art. 1º Fica criado o Comitê de Gestão do Conhecimento e Inovação - CGI, com a

finalidade de gerenciar a Política de Gestão do Conhecimento e Inovação do IPEA.

Art. 2º O Comitê de Gestão do Conhecimento e Inovação terá as seguintes competências:

I – desempenhar o papel de gestor da Política de Gestão do Conhecimento e Inovação;

II – orientar as Unidades do IPEA no planejamento e implementação de ações relativas à

Política de Gestão do Conhecimento e de suas diretrizes;

III – identificar áreas de interesse e promover iniciativas estratégicas de inovação e de

Gestão do Conhecimento;

IV – fomentar a incorporação de conhecimentos, de forma inovadora, aos processos de

trabalho e aos produtos e serviços prestados pelo IPEA;

V – avaliar e divulgar os resultados obtidos pelas iniciativas de Gestão do Conhecimento

e inovação;

VI – propor ao presidente do IPEA o Plano Estratégico de Gestão do Conhecimento e

coordenar os processos de elaboração, implementação, monitoramento e avaliação desse Plano

assegurando seu alinhamento com o grau de maturidade em Gestão do Conhecimento da

instituição;

VII – assegurar o alinhamento do Plano Estratégico de Gestão do Conhecimento com os

direcionadores estratégicos e com políticas e planos da instituição relacionados ao tema, tais como:

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Política de Gestão de Pessoas; Plano Diretor de Tecnologia da Informação (PDTI); e Política de

Base de Dados; Política de segurança da informação; e

Art. 3º O Comitê de Gestão do Conhecimento e Inovação será constituído:

I – pelo coordenador-geral da área de planejamento, gestão estratégica e orçamento da

Diretoria de Desenvolvimento Institucional - DIDES, que o presidirá;

II – pelo substituto do coordenador-geral da área de planejamento, gestão estratégica e

orçamento da DIDES, que será o vice-presidente; e

III – por titulares e suplentes representantes da Presidência e de cada uma das Diretorias

desta Fundação, a serem nomeados pelo Presidente do IPEA.

Art. 4º A coordenação-geral da área de planejamento, gestão estratégica e orçamento da

DIDES prestará o suporte técnico necessário à realização das reuniões, inclusive atribuindo a um

servidor efetivo do seu setor o encargo de secretariar os trabalhos do Comitê e organizar o seu

expediente.