pódio - 20 de março de 2016

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Pódio [email protected] 3090-1075 E1 MANAUS, DOMINGO, 20 DE MARÇO DE 2016 CARIOCA Fla e Flu duelam no Pacaembu Pódio E7 DIVULGAÇÃO ENGANO Futebol Clube Levantamento feito pela CBF mostra que mais de 80% dos jogadores profissionais no Brasil ganham menos de R$ 1 mil, acabando com a ilusão que o mundo da bola é glamuroso. No Amazonas, atletas fazem bico para compor renda. Pódio E4 e E5 ARTE: ADYEL VIEIRA

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Pódio - Caderno de esportes do jornal Amazonas EM TEMPO

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Page 1: Pódio - 20 de março de 2016

[email protected]

E1

MANAUS, DOMINGO, 20 DE MARÇO DE 2016

CARIOCA

Fla e Flu duelam no Pacaembu

Pódio E7

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ULG

AÇÃO

ENGANOFutebol ClubeLevantamento feito pela CBF mostra que mais de 80% dos jogadores profi ssionais no Brasil ganham menos de R$ 1 mil, acabando com a ilusão que o mundo da bola é glamuroso. No Amazonas, atletas fazem bico para compor renda. Pódio E4 e E5

ARTE: ADYEL VIEIRA

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MANAUS, DOMINGO, 20 DE MARÇO DE 2016E2 PódioPódio

PÓDIO – Como foi o seu começo no esporte?

DJENIFER BECKER – Eu sempre gostei de jogar futebol. Onde ia, a bola ia junto. Come-cei jogando nos Jogos Escola-res de Santa Catarina (Jesc) e no Moleque Bom de bola, que é um projeto de futebol de campo. Jogava os dois, futebol e futsal. Fora isso, também participava de campeonatos municipais. Isso tudo bem no-vinha, com 10 anos. Comecei a participar dos campeonatos municipais adultos, até que em uma dessas competições o treinador do Kindermann na época, o Edvaldo Erlacher, me viu jogando e convidou para atuar no time, em Caçador (SC), e trabalhar com futebol. Foi quando cheguei em casa e fui conversar com a minha família. Vimos que era um negócio sério. A sede do Kindermann era perto da minha casa. Foi aí que aceitei e passei a jogar futebol mesmo. Trabalhar com isso, treinar todos os dias em dois períodos.

PÓDIO – Era um sonho?DB– Sim. Lá tinha aquelas

Formada nas categorias de base do Kindermann-SC, a meio-campista Djenifer Becker, 21, desembarcou no começo da temporada em Manaus para defender as cores do Iranduba. Com muita personalidade, a jovem atleta rapidamente foi nomeada capitã da equipe pentacampeã amazonense. Colecionando passagens por grandes times nacionais como São José-SP e São Paulo, “Djeni” mostrou toda a sua categoria nas primeiras partidas realizadas pelo Hulk da Amazônia no Campeonato Brasileiro. Em pouco tempo, a jogadora virou líder do time que foi abraçado pelos torcedores locais.Às vésperas de enfrentar o Corinthians pela primeira rodada da segunda fase da competição nacional, “Djeni” conversou com a equipe do PÓDIO e relembrou o seu início no esporte, contou sobre suas passagens vestindo a camisa da seleção brasileira e a surpresa que teve quando chegou ao Amazonas para defender o Iranduba.

‘CADA JOGOé uma fi nal’

Djenifer BECKER

revistas “Craque”, se não me engano, e eu colecionava to-dos. Lá tinha as fotos das me-ninas do Kindermann no salão. Até que, coincidentemente, o treinador delas me convidou para jogar lá. Claro que fi quei muito feliz e foi uma porta que se abriu para seguir em frente.

PÓDIO – Sentiu medo nesse começo, ter que sair de casa para apostar no futebol?

DB – Dei sorte porque era perto da minha casa. Ficava a uma hora e meia e os meus pais estavam lá nos fi nais de semana e iam assistir os jogos. Eu também conseguia ir para casa. Assim, não tive muitas difi culdades, porque meus pais sempre me apoiaram. Ainda quando jogava amador, meus pais me levavam para jogar campeonatos em cidades vi-zinhas. Depois que fui para o Kindermann, nos jogos em Caçador (SC) eles iam assistir. Partidas em cidades vizinhas também. Sempre mantive a família perto e fazendo o que amo. Porém, às vezes temos que procurar outras coisas. Foi aí que mudei de time. Fui para o São Paulo, mas foi uma passagem curta. Não deu certo o time. Depois fui para o São José–SP. Foi o período que fi quei mais longe fora de casa. Foram seis meses. Após isso, saí do São José e vim para Manaus.

PÓDIO – O que você conhe-cia do futebol amazonense feminino antes de acertar com o Iranduba?

DB – Para falar a verda-de, não conhecia muita coisa. Quase nada. As equipes não chegavam nos campeonatos nacionais e você acaba não ouvindo falar. O Iranduba, no Campeonato Amazonense, é penta, porém, não é transmiti-do. Então, não fi cava sabendo, mas, como já disse antes, vim porque o Lauro (Tentar-dini) aceitou ser diretor e já tinha trabalhado com ele no Kindermann. Não viria para um lugar onde não conheço ninguém, não sabia se ia dar certo. Então, tinha que ter uma segurança, e como ele deu a palavra dele, eu vim.

PÓDIO – Se sente um complemento do treina-dor dentro de campo por

THIAGO FERNANDO

FOTOS: IONE MORENO

ser a organizadora do time e capitã?

DB – Dentro de campo, gosto de orientar. O que con-sigo enxergar, gosto de falar. Lá dentro, a gente falar, fi ca mais fácil. Se for um estádio cheio, ninguém vai escutar o treinador. Então, é bom ter alguém dentro de campo que fale, não só eu, mas dentro de campo também tem as mi-nhas companheiras que falam muito. Isso ajuda, porque na hora do aperto uma ajuda a outra. Às vezes, o treinador passa informação para uma, que passa para a outra, mas se tiver essa leitura dentro de campo é mais rápido e fi ca melhor ainda.

PÓDIO – Como as meninas do Iranduba estão reagin-do a esse carinho do povo amazonense?

DB – Senti desde que che-guei aqui pela mídia, que teve

na nossa apresentação. Já no primeiro jogo em casa eu achei que deu mais de 5 mil torcedo-res e isso não é fácil de se ver no futebol feminino. Isso é muito raro. Tanto é que nesse Cam-peonato Brasileiro, os maiores públicos estão sendo aqui em Manaus. A torcida daqui está aparecendo e isso é muito gra-tifi cando para o nosso trabalho. Para os torcedores, queremos fazer o melhor possível. E assim como queríamos casa cheia na Colina, agora queremos casa cheia na arena. Sabemos que é difícil, porque aqui é grande. Os 5 mil que lotavam lá, já não lotam aqui. Fica parecendo que está vazio. Mas o maior número possível que comparecer aqui estará de bom tamanho para a gente. Principalmente agora, que são jogos mais difíceis e que cada jogo é uma fi nal.

PÓDIO – Defender a se-

leção brasileira foi um

sonho realizado?DB – Acho que toda atleta

tem o desejo de chegar à seleção brasileira. Joguei na Sub-17, Sub-20 e tive uma pas-sagem pela seleção principal. Isso é gratifi cante. No futuro, quem sabe, possa voltar. Hoje, tenho 21 anos, tenho que con-tinuar trabalhando fi rme para quem sabe no futuro, possa ter outra oportunidade.

PÓDIO – Como você se vê daqui a 5 anos?

DB – Meu sonho hoje é ga-nhar os campeonatos que dis-puto. Disputo o amazonense, o brasileiro e a Copa do Brasil. Vou querer vencer o que eu estiver disputando. Seja Cham-pions League ou campeonato estadual. Todos os campeona-tos que você joga tem que ser de grande importância na sua carreira, para sua vida. Não sei como vai ser, só quero ganhar o que disputar.

O Iranduba, no Campeonato Amazonense, é penta, porém, não é transmi-tido. Então, não fi cava sabendo, mas, como já disse antes, vim porque o Lauro (Tentardini) acei-tou ser diretor e já tinha traba-lhado com ele no Kindermann. Não viria para um lugar onde não conheço ninguém, não sabia se ia dar certo”

Capitã do Iranduba, “Djeni” mostra toda sua habilidade com a bola durante treino na Arena da Amazônia

Veja outras imagensdeste evento aqui

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GALERIA

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MANAUS, DOMINGO, 20 DE MARÇO DE 2016E3PódioPódio E3Pódio

Willian D’Ângelo

Colunista do pódio

Jairo Pinto Mendonça nasceu no dia 14 de novembro de 1955 na cidade de Silva Jardim (RJ), e foi campeão amazonense de 1980 pelo Nacional. Meio campista de classe, Mendonça esteve jogando ao lado de no-mes como Bendelack, Sarará, Fernandinho, Silva e Reis.

O meio campista nacionalino era irmão do atacante Jorge Mendonça, atleta que defendeu as cores do Bangu, Náutico, Palmeiras, Ponte Preta, Vasco, Cruzeiro, Colorado, Jundiaí e seleção brasileira. Jorge Men-donça foi campeão paulista em 1976 pelo Palmeiras, e da Taça de Prata em 1980, pelo Guarani. Também disputou a Copa do Mundo de 1978, na Argentina. Segundo a CBF, ele disputou 11 partidas pela seleção brasileira, tendo marcado dois gols.

Em jogo de 1980 para come-morar o encerramento da reu-nião dos dirigentes esportivos do Pacto Amazônico, realizado em Manaus, Jairo Mendonça vestiu a camisa da seleção amazonense contra um com-binado boliviano. O amistoso foi disputado no dia 19 de outubro no estádio Vivaldo Lima, com vitória do selecio-nado local por 2 a 0, gols de Rogério e Fernandinho.

Pelo jogo festivo, a seleção do amazonas jogou e venceu com Rafael (Amauri), Jair (Car-los Alberto), Ademir (Marcão),

Jairo Mendonça campeão do Naça de [email protected]

Túnel do tempo

O meio cam-pista naciona-lino era irmão do atacante Jorge Men-donça, atleta que defendeu as cores do Bangu, Náuti-co, Palmeiras, Ponte Preta, Vasco, Cruzeiro, Colorado, Jun-diaí e seleção brasileira. Jorge Mendonça foi campeão paulista em 1976 pelo Palmeiras e da Taça de Prata em 1980, pelo Guarani. Tam-bém disputou a Copa do Mun-do de 1978, na Argentina”

Paulo Ricardo, Américo, Val (Armando), Fernandinho, Jairo Mendonça, Rogério, Lúcio San-tarém (Silva) e Reis. O time Boliviano jogou com Hoyos, Montano, Subirales, Antelo, Bid, Gonzalez, Lopez, Romero, Yorio, Echeverria e Cabreba (Anez).

Na fi nal do Estadual de 1980, em partida realizada no dia 30 de novembro, o Nacional venceu o Fast Clube por 3 a 0 com gols de Sarará (31 do 1º), Jairo Mendonça (3 do 2º) e Fernandinho (30 do 2º). O time

azulino do técnico Laerte Dória foi campeão jogando com Ra-fael, Sarará, Eli, Ademir, Améri-co, Marinho Macapá (Armando), Fernandinho, Jairo Mendonça, Bendelack,Silva (Dedé) e Reis. O Fast Clube jogou com Gato, Carlos Alberto, Marcão, João-zinho, Anselmo, Elias, Mário Gordinho, Tauíres, Rogério (Orange), Domingos (Ricardo Luís) e Marcelo.

Além de Nacional e Fast, Rio Negro, Sul América, América, Li-bermorro, Olaria, Penarol e São

Raimundo também estiveram no certame regional daquele ano. Olaria (Humaitá) e Penarol (Itacoatiara) participavam pela primeira vez do Campeonato Amazonense de Futebol.

Em partida disputada em 17 de janeiro de 1981 pelo Grupo D da Taça de Ouro, Mendonça esteve no time que enfrentou o Cruzeiro no estádio Vivaldo Lima. Com arbitragem de José Mário Vinhas (DF), o time amazonense venceu por 1 a 0, gol de Fernandinho aos 40

minutos do primeiro tempo. Santos, Flamengo, CRB, For-taleza, Santa Cruz, Sampaio Correa, Paysandu e Itabaiana também estavam no mesmo grupo da divisão especial do futebol brasileiro.

Poucas pessoas sabem que quando o bicheiro Castor de Andrade foi buscar os irmãos Mendonças em Silva Jardim, Jairo era o craque e Jorge Men-donça foi para o Bangu de contrapeso. O craque faleceu em 11 de março de 2011.

Escalação do Nacional com: Rafael, Sarará, Marinho Macapá, Eli, Ademir, Américo, Bendelack, Fernandinho, Silva, Jairo Mendonça e Reis

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MANAUS, DOMINGO, 20 DE MARÇO DE 2016E4 E5PódioPódio

Mais de 82% dos jogadores profi ssionais no Brasil ganham menos de R$ 1 mil, acabando com a ideia de uma profi ssão glamurosaprofi ssão ilusão

B ola na trave não altera o placar. Bola na área sem ninguém para cabecear. Bola na rede para fazer

o gol. Quem não sonhou em ser um jogador de futebol? A pergunta, eternizada na músi-ca “Uma partida de futebol”, da banda Skank, mostra o desejo de muitos brasileirinhos: virar um jogador de futebol mundialmen-te conhecido. Muitos cresceram vendo craques como Ronaldo, Rivaldo e Neymar andando com celebridades, tirando fotos em suas mansões e pilotando carros que mais parecem naves.

Porém, esse mundo dos sonhos só existe para uma pequena parte dos atletas que atuam no Brasil. Segundo um levantamento feito pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no começo des-te ano, utilizando dados de sua Diretoria de Registro e Transfe-rências (DRT), menos de 4% dos jogadores profi ssionais ganham mais de R$ 5 mil. A pesquisa ainda mostra que menos de 1% consegue alcançar o patamar de receber mais de R$ 50 mil e que mais de 82% ganham menos de R$ 1 mil por mês.

Então, o sonho que já parecia distante na infância, na verda-de, é uma grande ilusão. Com passagens vitoriosas pelo São Raimundo, Santo André-SP e pelo futebol croata, o lateral-esquerdo Andrezinho explica que a realidade dos jogadores no Amazonas é muito pior do que a maioria dos torcedores imaginam. Sem um calendário completo, muitos são obrigados a recorrer às famosas “peladas” para ganhar o sustento de sua família.

“No Amazonas, não chega a R$ 5 mil. A realidade é pior ainda. As pessoas falam que os jogadores

são peladeiros, mas temos que ver o lado do atleta também. Eles passam dois ou três meses sem receber e têm que colocar comida em casa. Eles acabam se sujeitando a jogar ganhando R$ 100 ou R$ 200. Às vezes conde-namos, mas não é observado esse lado. Tem clube que não pagou o estadual do ano passado. Por exemplo, eu ainda não recebi um valor do Rio Negro. Se eu dependesse desse valor, como fi caria? Às vezes, a situação do jogador obriga que ele se rebaixe a essa situação de jogar uma pelada, um jogo amador”, diz o jogador que atuou pelo Galo da Praça da Saudade na Série B do amazonense em 2014.

Na última temporada, An-drezinho defendeu as cores do Nacional. Pelo clube da Vila Mu-nicipal, ele disputou 23 partidas no ano. O lateral disse que fi cou chocado com a realidade dos demais clubes do Estado. En-quanto no Nacional, a estrutura de treinamento e trabalho eram as melhores possíveis, em outros times chegava a ser pior que muitos clubes amadores. Por esse motivo, ele afi rma que viu muitos atletas abandonarem o futebol ainda na categoria de base.

“Muitos jogadores de Manaus, bem melhores que eu, mas bem melhores mesmo, tiveram que mudar de profi ssão porque não tinham como sustentar suas fa-mílias. Tudo isso foi na base, e acaba refl etindo no profi ssional. Não tenho nada que reclamar do Nacional. Tudo que acertei, aca-bei recebendo. Só fi co triste pelo fato dos clubes amazonenses não cuidarem da formação de atletas. O que víamos no Campeonato Amazonense era um contraste muito grande. O Nacional pagan-do em dia e os outros atrasando”, argumenta o atleta.

THIAGO FERNANDO

Em 2007, após boa campa-nha no Campeonato Paulis-ta, André foi contratado pelo NK Osijek, equipe da primeira divisão da Croácia. No país europeu, ele presenciou uma realidade totalmente diferen-te do que era acostumado. No time do Velho Continente, o lateral-esquerdo se deparou com atletas recém-promo-vidos para o time principal chegando ao treinamento di-rigindo carros de luxo.

“Fora do Brasil, a realidade é outra. Ganha-se mais. E mes-mo os que ganham pouco, pela situação do país, acaba fican-do um salário normal. Lá tudo

funciona. Fora, eles valorizam mais os atletas profissionais, a carreira acaba prolongada. Com 30 anos não é considerado veterano. Isso faz diferença. No Brasil é pura ilusão que os jogadores ganham muito, são milionários. Isso é para uma pequena parcela. Para se ter uma ideia, se você vai ganhan-do 2 ou 3 mil euros, vai estar ganhando R$ 9 mil. Se tiver uma boa cabeça, você conse-gue economizar e guardar um dinheirinho. Quando fui para a Croácia, o quinto goleiro, que era um moleque da base, tinha uma BMW. Lá isso é normal”, relembra o atleta.

Realidade diferente na Europa

Outro jogador que viveu de perto essa diferença foi o centroavante Marinho. Aos 36 anos, o “Tanque”, jogou pelo Hong Kong Pegasus em 2010. Com essa experiência, o joga-dor viu que era necessário buscar outros rumos para deixar como alternativa ao futebol. Mesmo atu-ando como jogador e sabendo que a carreira de jogador profi ssional é curta, Marinho decidiu investir uma parte do seu tempo nos estudos.

“A difi culdade é imen-sa, porque fi ca compli-cado viver somente do futebol. Eu me formei em educação física, faço uma pós-graduação em fi siologia do exercício e estou buscando me qua-lifi car cada vez mais para ter uma segunda opção”, analisa Marinho.

Plano B foi voltar aos estudos

As pessoas falam que os jogadores são peladei-ros, mas te-mos que ver o lado do atleta também. Eles passam dois ou três meses sem receber e têm que colo-car comida em casa”

Apesar da grande orga-nização no profissional, no Nacional fazíamos co-tinha para pagar o vale- transporte ou comprar chu-teira para os meninos do Juniores

Em 2005, André se transferiu para o Santo André-SP. Mesmo já sendo profi ssional e tendo dis-putado a Série B do Campeonato Brasileiro pelo Tufão, o jogador disputou a Copa São Paulo de Junio-res logo após sua chegada ao novo time. Durante os preparativos para a competição, André viu algumas situações que assustaram, pois a desorganização acontece também nos grandes centros do país.

“Vi caso de jogadores largarem o futebol por causa de família. No Santo André mesmo. Vi alguns jogadores chegando com o diretor de base falando que se machuca-ram porque não estavam recebendo tiveram que atuar em competições de várzea para ganhar R$ 50 pois precisavam dar o dinheiro para o fi lho. Vi muitos jogadores largarem por causa dessa situação. Na ver-

dade, o futebol brasileiro é muito amador. O futebol amazonense é pior ainda. Muito, muito amador”, avalia o jogador que ainda relatou um fato ocorrido no próprio Leão da Vila Municipal no ano passado.

“Apesar da grande organização no profi ssional, no Nacional fazíamos cotinha para pagar o vale trans-porte ou comprar chuteira para os meninos do Juniores. Essas coisas que são obrigação do clube. Isso ninguém reporta, porque é Juniores e os meninos fi cam à mercê. Tudo acontece na base. Esse problema vem e não é tratado com serie-dade. Acaba estourando na ponta do iceberg. Temos que ver isso, jogadores que vão para Costa Rica, Guiana. Isso é uma escravidão total. Os feras são os da Tv. Digo que os jogadores mesmo somos nós, que ganhamos pouco”, salienta André.

Problema tem início na formação

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AÇÃO

No Amazonas, categoria de base é defi ciente e pouco tem formado jogadores

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MANAUS, DOMINGO, 20 DE MARÇO DE 2016E4 E5PódioPódio

Mais de 82% dos jogadores profi ssionais no Brasil ganham menos de R$ 1 mil, acabando com a ideia de uma profi ssão glamurosaprofi ssão ilusão

B ola na trave não altera o placar. Bola na área sem ninguém para cabecear. Bola na rede para fazer

o gol. Quem não sonhou em ser um jogador de futebol? A pergunta, eternizada na músi-ca “Uma partida de futebol”, da banda Skank, mostra o desejo de muitos brasileirinhos: virar um jogador de futebol mundialmen-te conhecido. Muitos cresceram vendo craques como Ronaldo, Rivaldo e Neymar andando com celebridades, tirando fotos em suas mansões e pilotando carros que mais parecem naves.

Porém, esse mundo dos sonhos só existe para uma pequena parte dos atletas que atuam no Brasil. Segundo um levantamento feito pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no começo des-te ano, utilizando dados de sua Diretoria de Registro e Transfe-rências (DRT), menos de 4% dos jogadores profi ssionais ganham mais de R$ 5 mil. A pesquisa ainda mostra que menos de 1% consegue alcançar o patamar de receber mais de R$ 50 mil e que mais de 82% ganham menos de R$ 1 mil por mês.

Então, o sonho que já parecia distante na infância, na verda-de, é uma grande ilusão. Com passagens vitoriosas pelo São Raimundo, Santo André-SP e pelo futebol croata, o lateral-esquerdo Andrezinho explica que a realidade dos jogadores no Amazonas é muito pior do que a maioria dos torcedores imaginam. Sem um calendário completo, muitos são obrigados a recorrer às famosas “peladas” para ganhar o sustento de sua família.

“No Amazonas, não chega a R$ 5 mil. A realidade é pior ainda. As pessoas falam que os jogadores

são peladeiros, mas temos que ver o lado do atleta também. Eles passam dois ou três meses sem receber e têm que colocar comida em casa. Eles acabam se sujeitando a jogar ganhando R$ 100 ou R$ 200. Às vezes conde-namos, mas não é observado esse lado. Tem clube que não pagou o estadual do ano passado. Por exemplo, eu ainda não recebi um valor do Rio Negro. Se eu dependesse desse valor, como fi caria? Às vezes, a situação do jogador obriga que ele se rebaixe a essa situação de jogar uma pelada, um jogo amador”, diz o jogador que atuou pelo Galo da Praça da Saudade na Série B do amazonense em 2014.

Na última temporada, An-drezinho defendeu as cores do Nacional. Pelo clube da Vila Mu-nicipal, ele disputou 23 partidas no ano. O lateral disse que fi cou chocado com a realidade dos demais clubes do Estado. En-quanto no Nacional, a estrutura de treinamento e trabalho eram as melhores possíveis, em outros times chegava a ser pior que muitos clubes amadores. Por esse motivo, ele afi rma que viu muitos atletas abandonarem o futebol ainda na categoria de base.

“Muitos jogadores de Manaus, bem melhores que eu, mas bem melhores mesmo, tiveram que mudar de profi ssão porque não tinham como sustentar suas fa-mílias. Tudo isso foi na base, e acaba refl etindo no profi ssional. Não tenho nada que reclamar do Nacional. Tudo que acertei, aca-bei recebendo. Só fi co triste pelo fato dos clubes amazonenses não cuidarem da formação de atletas. O que víamos no Campeonato Amazonense era um contraste muito grande. O Nacional pagan-do em dia e os outros atrasando”, argumenta o atleta.

THIAGO FERNANDO

Em 2007, após boa campa-nha no Campeonato Paulis-ta, André foi contratado pelo NK Osijek, equipe da primeira divisão da Croácia. No país europeu, ele presenciou uma realidade totalmente diferen-te do que era acostumado. No time do Velho Continente, o lateral-esquerdo se deparou com atletas recém-promo-vidos para o time principal chegando ao treinamento di-rigindo carros de luxo.

“Fora do Brasil, a realidade é outra. Ganha-se mais. E mes-mo os que ganham pouco, pela situação do país, acaba fican-do um salário normal. Lá tudo

funciona. Fora, eles valorizam mais os atletas profissionais, a carreira acaba prolongada. Com 30 anos não é considerado veterano. Isso faz diferença. No Brasil é pura ilusão que os jogadores ganham muito, são milionários. Isso é para uma pequena parcela. Para se ter uma ideia, se você vai ganhan-do 2 ou 3 mil euros, vai estar ganhando R$ 9 mil. Se tiver uma boa cabeça, você conse-gue economizar e guardar um dinheirinho. Quando fui para a Croácia, o quinto goleiro, que era um moleque da base, tinha uma BMW. Lá isso é normal”, relembra o atleta.

Realidade diferente na Europa

Outro jogador que viveu de perto essa diferença foi o centroavante Marinho. Aos 36 anos, o “Tanque”, jogou pelo Hong Kong Pegasus em 2010. Com essa experiência, o joga-dor viu que era necessário buscar outros rumos para deixar como alternativa ao futebol. Mesmo atu-ando como jogador e sabendo que a carreira de jogador profi ssional é curta, Marinho decidiu investir uma parte do seu tempo nos estudos.

“A difi culdade é imen-sa, porque fi ca compli-cado viver somente do futebol. Eu me formei em educação física, faço uma pós-graduação em fi siologia do exercício e estou buscando me qua-lifi car cada vez mais para ter uma segunda opção”, analisa Marinho.

Plano B foi voltar aos estudos

As pessoas falam que os jogadores são peladei-ros, mas te-mos que ver o lado do atleta também. Eles passam dois ou três meses sem receber e têm que colo-car comida em casa”

Apesar da grande orga-nização no profissional, no Nacional fazíamos co-tinha para pagar o vale- transporte ou comprar chu-teira para os meninos do Juniores

Em 2005, André se transferiu para o Santo André-SP. Mesmo já sendo profi ssional e tendo dis-putado a Série B do Campeonato Brasileiro pelo Tufão, o jogador disputou a Copa São Paulo de Junio-res logo após sua chegada ao novo time. Durante os preparativos para a competição, André viu algumas situações que assustaram, pois a desorganização acontece também nos grandes centros do país.

“Vi caso de jogadores largarem o futebol por causa de família. No Santo André mesmo. Vi alguns jogadores chegando com o diretor de base falando que se machuca-ram porque não estavam recebendo tiveram que atuar em competições de várzea para ganhar R$ 50 pois precisavam dar o dinheiro para o fi lho. Vi muitos jogadores largarem por causa dessa situação. Na ver-

dade, o futebol brasileiro é muito amador. O futebol amazonense é pior ainda. Muito, muito amador”, avalia o jogador que ainda relatou um fato ocorrido no próprio Leão da Vila Municipal no ano passado.

“Apesar da grande organização no profi ssional, no Nacional fazíamos cotinha para pagar o vale trans-porte ou comprar chuteira para os meninos do Juniores. Essas coisas que são obrigação do clube. Isso ninguém reporta, porque é Juniores e os meninos fi cam à mercê. Tudo acontece na base. Esse problema vem e não é tratado com serie-dade. Acaba estourando na ponta do iceberg. Temos que ver isso, jogadores que vão para Costa Rica, Guiana. Isso é uma escravidão total. Os feras são os da Tv. Digo que os jogadores mesmo somos nós, que ganhamos pouco”, salienta André.

Problema tem início na formação

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No Amazonas, categoria de base é defi ciente e pouco tem formado jogadores

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Page 6: Pódio - 20 de março de 2016

MANAUS, DOMINGO, 20 DE MARÇO DE 2016E6 PódioPódio

Com foco total na Copa Libertadores da América, Tricolor vai poupar a maioria de seus titulares na partida deste domingo pelo Campeonato Paulista

São Paulo (SP) – O São Paulo enfrenta o Ituano às 15h (de Ma-naus) deste domingo

(20), pela décima rodada do Campeonato Paulista, com o um time misto. Focado na clas-sifi cação para a segunda fase da Libertadores, o técnico Ed-gardo Bauza, dará folga para os atletas mais desgastados.

Caramelo e João Schmidt de-vem substituir Bruno e Hudson,

suspensos, respectivamente. A equipe também pode ter mais alterações na defesa, pois Mai-con, poupado diante do Trujilla-nos, tem chances de ganhar a vaga de Lugano.

Na frente, Calleri, suspenso na Libertadores, deve retornar na vaga de Alan Kardec. A dúvida é se Bauza manterá os pontas Centurión e Carli-nhos, além de Paulo Henrique Ganso, por conta do desgaste

físico. Rogério, Kelvin e Daniel surgem como opções para es-sas posições. Lucas Fernandes, meia promovido recentemente da base, ainda não deve ter chances como titular.

Além de Bruno e Hudson, Bauza não poderá contar com Michel Bastos (contratura na coxa direita), Wesley (estira-mento na coxa direita), Re-nan Ribeiro (recupera-se de cirurgia de apendicite), Breno

(tendinite no joelho direito) e Wilder (contratura na coxa direita). O São Paulo é o se-gundo colocado do Grupo C do Paulistão, com 13 pontos.

Seguindo os sinais dados pelo técnico argentino, o prová-vel time que enfrenta o Ituano conta com Denis; Mateus Ca-ramelo, Maicon, Rodrigo Caio e Mena; João Schmidt, Thiago Mendes, Rogério, Daniel (Gan-so) e Kelvin (Carlinhos); Calleri.

Santos encara Rio Claro com cinco ‘selecionáveis’

São Paulo (SP) – O Santos enfrenta o Rio Claro, fora de casa, às 17h30 (de Manaus) deste domingo (20), pela décima rodada do Campe-onato Paulista com cinco jogadores convocados para a seleção brasileira.

Após o duelo, Lucas Lima e Ricardo Oliveira se apre-sentam à seleção principal, que disputa as Eliminató-rias para Capa do Mundo de 2018. Já Gabriel, Thiago Maia e Zeca defenderão o Brasil em dois amistosos pelo time olímpico.

“Estou realizando um so-nho, ainda mais com dois

jogadores daqui, que eu fi co todo dia, convivo todo dia. Fico mais com eles do que com a minha própria famí-lia. Até na Seleção agora. Eu fi co muito feliz. Até porque eu vim de um Estado (Ro-raima) onde o futebol não é bem desenvolvido e eu estar na Seleção é muito bom para mim”, comentou Thiago Maia.

O Santos deve entrar em campo com Vanderlei, Vic-tor Ferraz, Gustavo Henrique, Lucas Veríssimo e Zeca; Re-nato, Thiago Maia, Serginho e Lucas Lima; Gabriel e Ri-cardo Oliveira.

‘SELESANTOS’

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AÇÃO

Lucas Lima está entre os convocados de Dunga para as Eliminatórias

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AÇÃO

Com mudanças, São Paulo encara Ituano

Zagueiro Maicon será titular na

zaga tricolor

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Page 7: Pódio - 20 de março de 2016

MANAUS, DOMINGO, 20 DE MARÇO DE 2016E7PódioPódio

Botafogo encara Madureira

Rio de Janeiro (RJ) – A possível mudança no time titular do Botafogo, indi-cada pelo técnico Ricardo Gomes, fi cou somente no discurso. O Alvinegro vai encarar o Madureira, nes-te domingo (20), às 17h30 (de Manaus), no estádio Los Lários, em Duque de Caxias, pela segundada rodada da Taça Rio, com mesmo time que empa-tou com o Fluminense na última rodada.

Assim, o Fogão deve entrar em campo com Jef-ferson, Luís Ricardo, Carli, Emerson e Diogo Barbo-sa; Airton, Bruno Silva, Rodrigo Lindoso e Gegê; Salgueiro e Ribamar.

Números a favorSe depender das es-

tatísticas, o Botafogo pode comemorar. Nas seis partidas contra ti-mes pequenos neste Es-tadual, o time de General Severiano venceu todos. Mesmo assim, o volante Rodrigo Lindoso prega respeito ao Madureira.

“Sabemos que uma partida tem uma reali-dade completamente di-ferente da outra e a par-tida contra o Madureira, que tem uma boa equipe, vai ser muito complicada. Estatísticas não garan-tem a conquista dos três pontos”, disse o jogador.

CARIOCA

Clássico carioca, pela segunda rodada da Taça Rio, será disputado no estádio da capital paulista

Flamengo e Fluminense se enfrentam no Pacaembu

Rio de Janeiro (RJ) – Por conta de obras no Mara-canã, o principal clássico carioca entre Flamengo e

Fluminense será disputado neste domingo (20), às 15h (de Ma-naus), no estádio do Pacaembu, em São Paulo. A mudança, mes-mo que inusitada, deve render frutos no bolso dos clubes, uma vez, que se espera um público acima de 30 mil pagantes.

Para o duelo, o Flamengo, que vem de derrota no meio de semana para o Confi ança-SE pela Copa do Brasil, terá um ad-versário a mais: o cansaço. Em uma maratona de jogos neste início de ano, o Rubro-Negro irá a campo em desvantagem, já que o rival descansou a semana inteira. Mesmo assim, o técnico Muricy Ramalho deve manter o time titular para a partida. A única dúvida é o meia Ederson, que ainda busca a melhor forma física após lesão.

“Nós sabemos que seremos cobrados pelo jogo contra o Confi ança, pois todo mundo es-perava uma vitória do Flamengo e saímos derrotados. O jogo acabou não acontecendo da maneira que a gente esperava e infelizmente perdemos. Mas é bola para frente, pois já temos uma partida muito importante pelo Campeonato Carioca, um clássico, e precisamos somar mais três pontos”, disse o la-

teral-direito Rodinei.O Flamengo deve ir a cam-

po com: Paulo Victor, Rodinei, Wallace, Juan e Jorge; Cuellar, William Arão, Ederson (Ga-briel); Emerson Sheik, Marcelo Cirino e Guerrero.

FluminenseAinda em busca da formação

ideal no Fluminense, o técnico Levir Culpi, usou a semana livre para fazer testes na equipe. Ele não gostou do que viu no empate de 1 a 1 contra o Botafogo, na última rodada do Estadual.

O atacante Fred, recuperado de uma lesão na coxa esquerda, deve voltar à equipe no lugar de Osvaldo. Mas as mudanças não se limitaram a isso. O lateral-es-querdo Geovanni foi barrado e Wellington Silva foi improvisado no local, com Jonathan assumin-do a lateral direita. Autor do gol contra o Botafogo, Gum vai formar dupla de zaga com Hen-rique, que retorna após cumprir suspensão contra o Alvinegro e ganha a vaga de Renato Chaves. Outro que retorna de suspensão, o volante Pierre, reaparece na vaga de Edson. O meia Gerson também ganhou uma oportuni-dade no lugar de Marcos Junior.

Sendo assim, o Tricolor treinou com Diego Cavalieri, Jonathan, Gum, Henrique e Wellington Sil-va; Pierre e Cícero; Gerson, Diego Souza e Gustavo Scarpa; Fred. Emerson Sheik e Fred são uns dos principais astros do clássico Fla-Flu, que será disputado em São Paulo

FOTOS: DIVULGAÇÃO

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Page 8: Pódio - 20 de março de 2016

MANAUS, DOMINGO, 20 DE MARÇO DE 2016E8 PódioPódio

FRAMME

Principal categoria do automobilismo terá mudanças em 2016. Mercedes segue como favorita

Temporada da Fórmula 1 tem início na Austrália

Melbourne (Austrália) - Enfi m, a espera acabou. Depois de me-ses de “off season”, a Fórmula 1está de volta com o Grande

Prêmio da Austrália. A corrida será neste domingo (20), à 1h (de Manaus). A Merce-des, do bicampeão Lewis Hamilton e Nico Rosberg, parte como favorita a novo título mundial, mas terá de bater uma Ferrari disposta em ameaçar a sua hegemonia, sob o comando de Sebastian Vettel.

Depois de mais um ano de domínio absoluto, com 16 triunfos em 19 corridas, que lhe valeram os dois primeiros lugares do campeonato, a equipa germânica é a grande candidata à sua própria sucessão, uma vez que não é esperado que hajam grandes oscilações no seu desempenho.

Campeão ano passado, com 10 grandes prémios conquistados e mais 59 pontos do que Rosberg, Hamilton é o “homem a ser batido”. Mas a concorrência será forte. Rosberg, vice-campeão em 2014 e 2015, promete um confronto ainda mais aceso com o companheiro de equipe.

Os dois pilotos da Mercedes partem na frente, mas precisam confi rmar o favoritismo ante a uma Ferrari que se recuperou do desastroso desempenho de 2014 e acabou por vencer três corridas em 2015, com Sebastian Vettel. Com um carro aparentemente ainda mais competitivo,

a escuderia italiana volta a contar com a experiência e talento do tetracampeão mundial para tentar capitalizar a recupe-ração e evitar que a Mercedes solidifi que a posição dominante. O piloto alemão vol-tará a formar dupla com o fi nlandês Kimi Raikkonen, quarto colocado ano passado.

Na luta pelo terceiro posto do pódio de construtores surgem Williams, Red Bull e a surpreendente Force India, quinta colocada na temporada passa-da e que conta agora com um motor Mercedes. Todas elas têm capacidade para causar impacto no Mundial.

A Williams, novamente com Felipe Mas-sa e Valtteri Bottas ao volante, parece estar ligeiramente mais distante de uma luta com a Ferrari pelo segundo posto, enquanto a Red Bull, campeã entre 2010 e 2013, enfrentará um ano decisivo, uma vez que o proprietário Dietrich Mateschitz ameaçou retirar a equipa da F1 no próximo ano, caso esta não volte a ter motores competitivos. Por outro lado, a McLaren-Honda surge novamente com menores probabilidades de sucesso na competição, embora seja difícil fazer pior que na última edição, em que terminou num modesto nono e penúltimo lugar, apesar de contar nas suas fi leiras com dois campeões do mundo: o espanhol Fernando Alonso e o britânico Jenson Button.

Hamilton segue sendo o homem a ser batido na Fórmula 1

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