pÂmela pelizzaro - frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal pioneiro, do grupo rbs, em...

155
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL PÂMELA PELIZZARO O JORNALISMO IMPRESSO LOCAL E A CONVERGÊNCIA DIGITAL: OS DESAFIOS DA APRESENTAÇÃO DA NOTÍCIA NO JORNAL PIONEIRO EM DIFERENTES PLATAFORMAS CAXIAS DO SUL 2016

Upload: others

Post on 29-Sep-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

1

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

PÂMELA PELIZZARO

O JORNALISMO IMPRESSO LOCAL E A CONVERGÊNCIA DIGITAL: OS

DESAFIOS DA APRESENTAÇÃO DA NOTÍCIA NO JORNAL PIONEIRO EM

DIFERENTES PLATAFORMAS

CAXIAS DO SUL

2016

Page 2: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

2

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

PÂMELA PELIZZARO

O JORNALISMO IMPRESSO LOCAL E A CONVERGÊNCIA DIGITAL: OS

DESAFIOS DA APRESENTAÇÃO DA NOTÍCIA NO JORNAL PIONEIRO EM

DIFERENTES PLATAFORMAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Monografia II. Orientadora: Profª Ma. Adriana dos Santos Schleder

CAXIAS DO SUL

2016

Page 3: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

3

PÂMELA PELIZZARO

O JORNALISMO IMPRESSO LOCAL E A CONVERGÊNCIA DIGITAL: OS

DESAFIOS DA APRESENTAÇÃO DA NOTÍCIA NO JORNAL PIONEIRO EM

DIFERENTES PLATAFORMAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Monografia II, do curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul.

Aprovada em: __/__/____

Banca Examinadora

______________________________________________ Profª. Ma. Adriana dos Santos Schleder Universidade de Caxias do Sul - UCS ______________________________________________ Profª. Dra. Marlene Branca Sólio Universidade de Caxias do Sul - UCS ______________________________________________ Prof. Me. Jacob Raul Hoffmann

Universidade de Caxias do Sul - UCS

Page 4: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

4

Dedico este trabalho à minha avó Corina, que onde quer que esteja, comemora mais essa conquista comigo.

Page 5: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais Livonio e Vera. Sem o apoio e o

incentivo de vocês nada disso seria possível. À minha irmã Kerlloey pelas tantas

idas e vindas à biblioteca sempre que eu solicitava livros para a minha pesquisa.

Família, obrigada por entenderem meu mau humor e estarem ao me lado me

apoiando diariamente.

Amigos também são personagens fundamentais nesse processo. Além de

ouvir minhas lamentações, reclamações e frustrações, entenderam a minha

ausência. Angelo, Aline, Bruna, Débora, Jéssica, Ronaldo e Tailan, muito obrigada

por estarem ao meu lado e me apoiarem em mais essa etapa. Cada um de vocês

merece um agradecimento especial e de coração.

Professora Adriana, portadora de um conhecimento admirável, o que seria

desse trabalho sem a sua orientação para apontar qual o melhor caminho a seguir?

Agradeço por cada orientação, pela sua dedicação, por indicar as melhores

referências, sempre me incentivando e colaborando no desenvolvimento das minhas

ideias. Obrigada por acreditar na minha capacidade e me tranquilizar nos momentos

em que parecia que nada daria certo.

Agradeço aos professores Jacob Raul Hoffmann e Marlene Branca Sólio por

aceitarem avaliar a minha pesquisa e dividir seus conhecimentos e apontamentos

comigo. Obrigada aos demais docentes do curso de Jornalismo pelos momentos de

aprendizagem dentro ou fora da sala de aula.

Page 6: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

6

“Talento, só, não basta. Um jornalista pode ser menos talentoso do que o outro, porém mais determinado, persistente e teimoso. O determinado vence o talentoso. O talentoso corre mais risco de acomodar-se do que o determinado. É assim em todas as profissões”.

Ricardo Noblat

Page 7: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

7

RESUMO Esta monografia tem por objetivo investigar quais os desafios da apresentação da notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico em que se estuda sobre o jornalismo impresso e digital, conceituando os gêneros em questão e explicando as semelhanças e diferenças de cada plataforma na produção de conteúdo. O material coletado foi analisado com base no método Estudo de Caso. Como técnicas, utilizou-se a revisão bibliográfica, a entrevista e a observação. Com a realização da pesquisa foi possível concluir que é necessário compreender e utilizar as ferramentas que estão à disposição do jornalismo online, sem perder as qualidades que são atribuídas ao conteúdo do papel. Além de explorar esse recurso, o desafio maior consiste em produzir um material jornalístico atrativo para o leitor, pois a informação bem trabalhada e com o uso de recursos multimídia é o que criará uma relação de fidelidade com o internauta. Palavras-chave: Jornalismo Impresso. Jornalismo Digital. Jornal Pioneiro. Pioneiro.com. Convergência Digital.

Page 8: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Táticas de estudo de caso para quatro testes de projetos ....................... 62

Figura 2 – Tipos básicos de projetos para estudos de caso ..................................... 64

Figura 3 – Print Screen Capa do Pioneiro ................................................................. 86

Figura 4 – Print Screen Capa do Pioneiro ................................................................. 87

Figura 5 – Print Screen Capa do Pioneiro.com ......................................................... 88

Figura 6 – Print Screen Capa do Pioneiro.com ......................................................... 90

Figura 7 – Print Screen Capa do Pioneiro .............................................................. ...91

Figura 8 – Print Screen Capa do Pioneiro ................................................................. 93

Figura 9 – Print Screen Capa do Pioneiro.com ......................................................... 93

Figura 10 – Print Screen Capa do Pioneiro ............................................................... 95

Figura 11 – Print Screen Capa do Pioneiro.com ....................................................... 95

Figura 12 – Print Screen Capa do Pioneiro ............................................................... 96

Figura 13 – Print Screen Capa do Pioneiro.com ....................................................... 96

Figura 14 – Print Screen Capa do Pioneiro.com ....................................................... 98

Figura 15 – Print Screen Capa do Pioneiro ............................................................. 100

Figura 16 – Print Screen Capa do Pioneiro ............................................................. 102

Figura 17 – Print Screen Capa do Pioneiro.com ..................................................... 103

Figura 18 – Print Screen Capa do Pioneiro.com ..................................................... 108

Figura 19 – Print Screen Capa do Pioneiro.com ..................................................... 111

Figura 20 – Print Screen Capa do Pioneiro.com ..................................................... 112

Figura 21 – Print Screen Capa do Pioneiro ............................................................. 115

Figura 22 – Print Screen Capa do Pioneiro ............................................................. 116

Figura 23 – Print Screen Capa do Pioneiro .......................................................... ...116

Figura 24 – Print Screen Capa do Pioneiro ............................................................. 118

Figura 25 – Print Screen Capa do Pioneiro.com ..................................................... 119

Figura 26 – Print Screen Capa do Pioneiro.com ..................................................... 120

Figura 27 – Print Screen Capa do site Zero Hora ................................................... 124

Figura 28 – Print Screen Capa do site Zero Hora ................................................ ...125

Figura 29 – Print Screen Capa do site Zero Hora ................................................... 126

Page 9: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Atualização da pauta das ocupações nas escolas no site do Pioneiro.. 113

Page 10: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 12

2 HISTÓRIA DO JORNALISMO IMPRESSO NO BRASIL .............................. 15

2.1 O JORNALISMO IMPRESSO NO BRASIL ................................................... 15

2.2 O JORNALISMO IMPRESSO NO RIO GRANDE DO SUL ........................... 22

2.3 O JORNALISMO IMPRESSO EM CAXIAS DO SUL ..................................... 26

3 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO ................................................................. 31

3.1 AS NOVAS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO ....................................... 34

3.2 A VELHA E A NOVA MÍDIA .......................................................................... 38

3.3 AMBIENTE VIRTUAL: ACESSO COLETIVO OU INDIVIDUALIZAÇÃO DA

SOCIEDADE? ........................................................................................................ 41

4 PRODUÇÃO DE CONTEÚDO NO JORNALISMO IMPRESSO E ONLINE . 44

4.1 NOTÍCIA VERSUS REPORTAGEM .............................................................. 44

4.1.1 Critérios de noticiabilidade ........................................................................ 45

4.1.2 Pauta, produção e apuração da notícia ..................................................... 47

4.2 A NOTÍCIA NO JORNALISMO IMPRESSO .................................................. 49

4.3 A NOTÍCIA NO JORNALISMO ONLINE ........................................................ 52

4.3.1 Características do Jornalismo Online ....................................................... 54

4.3.2 O impacto da velocidade na qualidade da informação ............................ 57

5 METODOLOGIA ........................................................................................... 60

5.1 ESTUDO DE CASO ...................................................................................... 60

5.1.1 Táticas do Estudo de Caso ......................................................................... 61

5.1.2 Tipos de Estudo de Caso ............................................................................ 63

5.1.3 Como conduzir o Estudo de Caso ............................................................. 64

5.2 TÉCNICAS .................................................................................................... 68

5.2.1 Revisão bibliográfica .................................................................................. 68

5.2.2 Entrevista ..................................................................................................... 70

5.2.2.1 Questionário elaborado para a entrevista ................................................... 72

5.2.2.1.1 Para os jornalistas do Pioneiro ................................................................ 72

Page 11: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

11

5.2.2.1.2 Para os jornalistas do Zero Hora ............................................................. 75

5.2.3 Observação .................................................................................................. 77

5.2.3.1 Caso Único – Jornal Pioneiro ..................................................................... 78

5.2.3.1.1 Jornal Zero Hora – referência editorial .................................................... 80

5.2.3.2 Corpus da pesquisa.................................................................................... 81

6 ANÁLISE ...................................................................................................... 82

6.1 PIONEIRO ................................................................................................... 82

6.2 PIONEIRO.COM ......................................................................................... 83

6.3 APRESENTAÇÃO DA NOTÍCIA: IMPRESSO VERSUS DIGITAL .............. 85

6.4 ATUALIZAÇÃO DA NOTÍCIA ...................................................................... 110

6.5 LOCALISMO ............................................................................................... 114

6.6 DESAFIOS DA CONVERGÊNCIA DIGITAL ............................................... 121

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 128

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 132

APÊNDICES ......................................................................................................... 138

ANEXOS ............................................................................................................... 140

Page 12: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

12

1 INTRODUÇÃO

Com a expansão da internet1, o jornalismo tradicional precisou readequar o

seu estilo de trabalhar aos critérios estabelecidos pela nova mídia. Não ter que

esperar pelo jornal impresso do dia seguinte ou o horário do noticiário na televisão

para saber o que está acontecendo no mundo renovou a maneira de oferecer e

consumir o conteúdo jornalístico. A divulgação de notícias em sites2 aumentou a

busca de informações por parte dos leitores. Se em outra época era aceitável saber

dos fatos no dia seguinte, hoje isso não é permitido.

Os jornalistas e as empresas midiáticas passaram por ajustes para abrir

espaço para o digital. O custo elevado da produção de conteúdo em outras

plataformas fez com que alguns veículos, pensando em economizar, mantivessem

apenas o site em funcionamento. Sabe-se que o consumo de informações na

internet tem crescido nos últimos anos. A Pesquisa Brasileira de Mídia3 divulgada

em 2015 apresentou dados sobre os hábitos de consumo de mídia pela população

brasileira. A internet foi apontada por 42% dos brasileiros que estão em busca,

principalmente, de informações – sejam elas notícias sobre temas diversos ou de um

modo geral, como diversão e entretenimento, forma de passar o tempo livre e estudo

ou aprendizagem.

Diante do que foi exposto, percebe-se que a noção de atualidade é um dos

aspectos mais importantes para a sociedade moderna. Sendo assim, essa pesquisa

justifica-se por investigar quais são os desafios da apresentação da notícia no jornal

Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital.

Os veículos do grupo receberam investimentos nos últimos anos, inclusive

nas mídias tradicionais como o jornal impresso, o rádio e a televisão. Mudanças nos

projetos gráficos, no layout dos telejornais e no desenvolvimento de aplicativos

foram feitas recentemente para renovar o fôlego dos veículos. A plataforma online

do jornal Zero Hora, líder em circulação impressa no Rio Grande do Sul, tem

1 Internet: é uma rede de computadores interligada, que possibilita o acesso a informações sobre e

em qualquer lugar do mundo. Disponível em: <http://www.significados.com.br/internet/>. Acesso em 4 abr. 2016. 2 Sites: Informações divulgadas através de páginas virtuais. No contexto das comunicações

eletrônicas, website e site possuem o mesmo significado. Disponível em <http://www.significados.com.br/?s=site>. Acesso em: 27 mar. 2016. 3 Disponível em <http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas-quantitativas-e-

qualitativas-de-contratos-atuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2015.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2016.

Page 13: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

13

recebido um forte investimento nessa área. O periódico contempla seus assinantes

digitais com um tablet4, oferecendo conteúdo atualizado e duas edições diárias –

uma pela manhã e outra à noite. Entretanto, o Pioneiro não está seguindo o caminho

trilhado pelo Zero Hora, considerado o carro chefe das mídias impressa e digital da

RBS.

Com sede em Caxias do Sul e abrangência na Serra gaúcha e regiões

próximas, percebe-se que o Pioneiro tem investido suas forças em recuperar a

qualidade do conteúdo impresso5 a partir de uma mudança editorial desde outubro

de 20156. Porém, o foco no papel tem deixado o site em segundo plano. A

plataforma online do jornal foi criada em novembro de 20087. De 2014 até a última

reforma editorial, o veículo demonstrou um investimento mais concentrado no

Pioneiro.com. Nesse período, o canal de vídeos, por exemplo, passou a ter

produções semanais. Os colunistas do papel foram direcionados para participar de

gravações audiovisuais. Mas, com a extinção de algumas publicações de colunas no

impresso em 2016, o canal de vídeos perdeu força e é abastecido esporadicamente

com alguns factuais e conteúdos de matérias.

Com isso, o que se pretende avaliar é se a última alteração editorial do

veículo foi a melhor opção em um momento onde o foco da comunicação está

voltando para o jornalismo online. Para tanto, a problemática será abordada no

intuito de responder a questão norteadora: quais os desafios do jornal Pioneiro na

apresentação da notícia em tempos de convergência digital?

Além do objetivo geral, também foram definidos os objetivos específicos, onde

se pretende conceituar a história do jornalismo impresso em nível nacional, estadual

e local; pesquisar sobre a sociedade da informação e a influência da evolução

tecnológica no jornalismo impresso e online; entender os critérios de noticiabilidade

no jornalismo impresso e online e como ocorre a produção de conteúdo para essas

plataformas; analisar a forma de apresentação do conteúdo do jornalismo impresso

e do online do jornal Pioneiro, do Grupo RBS; comparar o reposicionamento editorial

do Pioneiro com o investimento na plataforma digital do jornal Zero Hora; entrevistar

4 Disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/11/zero-hora-testa-distribuicao-do-

jornal-em-tablet-exclusivo-para-assinantes-4894129.html>. Acesso em: 16 mar. 2016. 5 Disponível em: <http://www.gruporbs.com.br/noticias/2016/02/12/pioneiro-faz-mudancas-editoriais-

baseadas-em-pesquisa-com-leitores/>. Acesso em: 4 abr. 2016. 6 Disponível em: <http://www.gruporbs.com.br/noticias/2015/10/16/pioneiro-anuncia-nova-editora-

chefe/>. Acesso em: 30 mar. 2016. 7 Disponível em: <http://videos.clicrbs.com.br/rs/pioneiro/video/pioneiro/2013/11/cinco-anos-

pioneirocom/48783/>. Acesso em: 6 abr. 2016.

Page 14: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

14

profissionais envolvidos nas mudanças editoriais e no processo de produção

jornalística do Pioneiro e do Zero Hora.

A partir do material coletado, foram elaboradas três hipóteses para auxiliar na

compreensão da resposta à questão norteadora, sendo elas: a mudança editorial do

jornal Pioneiro, do Grupo RBS, com foco para o jornalismo impresso, não foi a

melhor escolha em tempos de convergência digital; o jornal Pioneiro prioriza o

jornalismo impresso para manter os assinantes do papel, sem olhar estratégico para

atrair novos assinantes digitais; um veículo de comunicação como o jornal Pioneiro,

que prioriza o jornalismo impresso, em tempos de convergência digital, perde a

característica de atualização constante da informação, própria do jornalismo online.

O desenvolvimento metodológico da pesquisa resultou na elaboração de sete

capítulos. No capítulo 2, História do Jornalismo Impresso no Brasil, pretende-se

compreender desde o surgimento da atividade no país até o seu desenvolvimento

nos dias atuais. Além disso, a história será abordada em mais duas instâncias –

regional e local – para contextualizar sobre fatos específicos que marcaram a

trajetória do papel no Rio Grande do Sul e em Caxias do Sul.

O terceiro capítulo, Sociedade da Informação, apresenta uma breve pesquisa

sobre o surgimento da internet, traz a explicação de alguns termos ligados às novas

tecnologias da informação e discute sobre o cenário atual de convergência entre

mídias.

Para o melhor entendimento dos processos de produção do jornalismo

impresso e online, no quarto capítulo, Produção de Conteúdo no Jornalismo

Impresso e Online, serão abordados os conceitos de notícia e reportagem, os

critérios de noticiabilidade, o processo da pauta, produção e apuração da notícia e

as características particulares presentes em cada uma dessas plataformas.

O método adotado para o desenvolvimento da pesquisa, Estudo de Caso,

está presente no quinto capítulo, Metodologia. Como técnicas foram utilizadas a

revisão bibliográfica, a entrevista e a observação. No capítulo 6 está a Análise,

elaborada a partir da revisão bibliográfica, das entrevistas e das observações da

pesquisadora referente ao conteúdo coletado para auxiliar no processo. No último

capítulo, Considerações Finais, foi possível responder a questão norteadora e

confirmar ou não as hipóteses da pesquisa.

Page 15: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

15

2 HISTÓRIA DO JORNALISMO IMPRESSO NO BRASIL

O jornalismo impresso foi responsável por fazer da comunicação social um

importante instrumento para a construção da história da humanidade. Para

compreender o cenário atual dos meios de comunicação, é necessário conhecer

esta primeira e importante ferramenta do jornalismo. Sendo assim, neste capítulo

serão apresentados fatos que marcaram a trajetória desta mídia sobre a esfera

nacional, estadual e local.

2.1 O JORNALISMO IMPRESSO NO BRASIL

Além da chegada da corte de Portugal ao Brasil, o ano de 1808 marcou o

nascimento do primeiro jornal brasileiro. Ana Luiza Martins e Tania Regina de Luca,

no livro História da Imprensa no Brasil (2015), explicam que em meio à censura da

época, o Correio Braziliense, idealizado por Hipólito José da Costa Furtado de

Mendonça, era produzido na Inglaterra, em Londres. O periódico, fundado em 1º de

junho de 1808, atravessava o oceano Atlântico para discutir os problemas da colônia

portuguesa.

Martins e Luca (2015) salientam que há registros de outros jornais feitos na

Europa que circularam em solo brasileiro antes do Correio Braziliense, como por

exemplo, a Gazeta de Lisboa. Apesar de disseminar informações, essa imprensa

periódica não fazia uso do debate e da divergência política. Segundo as autoras, o

termo opinião pública começou a ser instaurado a partir de 1808, com a criação de

um espaço público de crítica. Os papéis impressos no Brasil nas primeiras décadas

do século XIX foram fundamentais para definir a consciência política adotada pela

sociedade da época.

Sob a tutela de D. Pedro I, o primeiro jornal oficialmente produzido no país foi

a Gazeta do Rio de Janeiro, em 10 de setembro de 1808. Luiz Amaral explica, em

seu livro Jornalismo: matéria de primeira página (1997), que o periódico tinha quatro

páginas de conteúdo da Europa.

Antecedendo-se à Independência, as revoluções constitucionalistas da

Espanha e de Portugal, em 1820, foram importantes para marcar o decreto da

liberdade de imprensa, que demorou cerca de um ano para chegar ao território

Page 16: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

16

brasileiro. De acordo com Martins e Luca (2015), houve um crescimento da imprensa

nessa época, mas a atividade permanecia controlada pelos interesses políticos.

Em uma linha do tempo com a cronologia da história do jornal no Brasil8,

divulgada pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), consta que, em março de

1821, foi lançado o Conciliador do Reino Unido, primeiro jornal privado brasileiro. O

periódico era impresso na única tipografia do Rio de Janeiro na época, a Imprensa

Régia. Já o primeiro jornal diário começou a ser publicado em junho do mesmo ano.

O Diário do Rio de Janeiro foi o periódico com maior tempo de circulação antes da

Independência, sendo publicado até 1878.

No período colonial, a primeira geração da imprensa circulou por todo

território nacional e foi marcada pelo debate político. Mesmo sem escapar do

assunto que dominou a época, o Jornal do Commercio, criado no Rio de Janeiro em

1827, e o Diário de Pernambuco, nascido em Recife em 1825, destacaram-se por

escolher uma linha noticiosa e mercantil. Entretanto, Martins e Luca (2015) explicam

que a mudança de uma imprensa política para a empresarial ocorreu de forma

gradativa ao longo do século XIX. “A imprensa constitui-se como formuladora de

projetos de nação distintos entre si (apesar das convergências) e de uma cena

pública cada vez mais complexa, na qual emergiam atores políticos diferenciados”

(p. 42).

Um exemplo de evolução para a época, o Jornal do Commercio investiu em

aparatos técnicos e publicação de caráter jornalístico. Batizado primeiramente de

Espectador Brasileiro, o periódico criado em 1826 era considerado a voz oficial do

reinado. O idealizador do jornal, Pierre Plancher, ampliou o número de editorias –

incluindo política e comércio – e publicou cadernos sobre economia.

O jornal desempenhou papel relevante também como veículo de divulgação

de anúncios. As propagandas, segundo Martins e Luca (2015), eram as mais

variadas, pois a sociedade buscava por todo tipo de serviço. “A função veiculadora

comercial da imprensa foi além da divulgação de negócios, pois desde a década de

1820 figurou como instância oportuna na formação de um mercado livre, instrumento

valioso para empregado e empregador” (p. 55).

O recurso da ilustração em periódicos ganhou espaço em um período de

censura vigente e introduziu a caricatura como forma de narrativa. A comunicação

pelo humor, encontrada até os dias atuais em jornais impressos, foi umas das 8 Disponível em: <http://www.anj.org.br/cronologia-jornais-brasil/>. Acesso em 04 set. 2016.

Page 17: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

17

linguagens de maior aceitação na época, pois era educativa e bem humorada. De

acordo com Martins e Luca (2015), há um consenso em atribuir a veiculação da

primeira caricatura no Brasil ao pintor Manoel de Araújo Porto Alegre, em desenho

de Rafael Mendes Carvalho, impressa no Jornal do Commercio, em 1837.

O jornalismo político que era predominante na época, perdeu forças em

meados do século XIX e, de acordo com Martins e Luca (2015) abriu espaço para

publicações literárias no folhetim de pé de página.

Ao lado do folhetim, a crônica e o conto ocuparam as páginas daquela imprensa periódica, gêneros que permitiram ao literato brasileiro colocar-se em letra impressa. Na impossibilidade de editar-se um romance, dada a inexistência de uma editoração nacional, produzia-se o conto. (MARTINS; LUCA, 2015, p. 69).

Nessa época, os jornais deixaram de lado os embates políticos e adotaram

uma linguagem mais literária. O conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas,

publicado no Jornal do Commercio, foi considerado um dos primeiros sucessos do

gênero. Logo em seguida, entre 1852 e 1878, ganharam destaque nacional como

folhetim Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, no

Correio Mercantil; O guarani, de José de Alencar, no Diário do Rio de Janeiro; A

mão e a luva, em O Globo, e Iaiá Garcia, em O Cruzeiro, ambos de Machado de

Assis.

O alcance dos jornais se expandiu a partir da metade do século XIX, com a

implantação do sistema ferroviário. A notícia impressa passou a chegar a cidades e

fazendas do interior. O jornal foi transformado em um negócio de lucro, intermediado

por novos profissionais, como os correspondentes estrangeiros e funcionários de

agências de notícias. Segundo Martins e Luca (2015), o período que antecedeu o

fim do Império “imprimia outro ritmo à notícia e à própria escrita, que deveriam ser

ágeis, breves, telegráficas” (p. 71).

A Proclamação da República marcou a fase heroica do jornalismo brasileiro.

Para Amaral (1997), a imprensa em tempos republicanos se destacou como uma

fase de ordem e cultivo do progresso. O período, que durou de 1889 a 1930, trouxe

jornais que se diversificavam. Maria de Lourdes Eleutério conta, em Imprensa a

serviço do progresso (2015), que a partir do crescimento das cidades surgiram

novos focos de notícia, além dos conhecidos assuntos políticos.

Page 18: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

18

Nesse período de transformações, a imprensa conheceu múltiplos processos de inovação tecnológica que permitiram o uso de ilustração diversificada – charge, caricatura, fotografia –, assim como o aumento das tiragens, melhor qualidade de impressão, menor custo do impresso, propiciando o ensaio da comunicação de massa. (ELEUTÉRIO, 2015, p. 83).

O novo regime, contudo, foi repressor da liberdade de expressão. O que era

considerado crime de imprensa, além de manifestações e ofensa ao presidente da

República, foi regulamentado na Lei da Imprensa, aprovada em 1922. Mas esse

também foi um período de expansão dos periódicos. Conforme Amaral (1997), as

duas últimas décadas do século XIX representaram a transição da pequena para a

grande imprensa, ou seja, nessa época conseguiram se manter apenas os jornais

com mais poder aquisitivo para sustentar o negócio, que tornou-se mais caro.

Para Nelson Werneck Sodré, na obra História da Imprensa no Brasil (1999), a

passagem do século XIX para o XX marcou a consolidação da imprensa, que havia

conseguido conquistar o seu lugar e vendia a informação como qualquer outra

mercadoria.

[…] a de caráter artesanal subsistia no interior, nas pequenas cidades, nas folhas semanais feitas em tipografias, pelos velhos processos e servindo às lutas locais, geralmente virulentas; nas capitais já não havia lugar para esse tipo de imprensa, nelas o jornal ingressara, efetiva e definitivamente, na fase industrial, era agora empresa grande, grande ou pequena, mas com estrutura comercial inequívoca. (SODRÉ, 1999, p. 275).

A prática jornalística começou a ser evidenciada nas páginas do Jornal do

Brasil (1891) que, de acordo com Eleutério (2015), se destacou devido ao

profissionalismo, exaltando o uso de correspondentes internacionais. “O periódico

também inovou por ser dos primeiros a estampar em suas edições tiras das histórias

em quadrinhos e uma página dedicada aos esportes” (p. 88). Além disso, a autora

salienta que o jornal adquiriu o maior parque gráfico da imprensa brasileira, com

linotipos9, sistema fotomecânico10 e impressão em cores. Esses avanços

9 Linotipos: trata-se de um tipo de máquina de composição de tipos de chumbo, inventada em 1884

pelo alemão Ottmar Mergenthaler. A linotipia provocou, na verdade, uma revolução porque venceu a lentidão da composição dos textos executada na tipografia tradicional, onde o texto era composto à mão, juntando tipos móveis um por um. Disponível em: <http://portal.imprensanacional.gov.br/museu/acervo/linotipos>. Acesso em 6 jun. 2016. 10

Sistema fotomecânico: era um conjunto de operações fotográficas utilizado na preparação do material de impressão. Disponível em: <http://portal.imprensanacional.gov.br/museu/acervo/maquina-fotomecanica>. Acesso em 6 jun. 2016.

Page 19: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

19

tecnológicos fizeram com que o jornal impresso fosse considerado um dos principais

veículos de comunicação durante a maior parte do século XX.

A ditadura do Estado Novo, na década de 1930, marcou a decadência do

jornalismo de militância política. A censura exercida pelo Departamento de Imprensa

e Propaganda, o DIP, controlava todo o noticiário e dificultava novas publicações.

Com o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e do governo de Getúlio Vargas,

em 1954, a imprensa brasileira passou por um processo de modernização e,

segundo Amaral (1997), concluiu a sua passagem para a fase realmente industrial.

Durante o Estado Novo, os jornais impressos foram obrigados a se registrar

no DIP e, conforme explica Tania Regina de Luca, em A grande imprensa na

primeira metade do século XX (2015), cerca de 30% não conseguiu se adequar à

regulamentação e deixou de circular.

O jornal impresso foi considerado fonte primária de informação até meados da

década de 1960, segundo afirma Ricardo Noblat, no livro A Arte de fazer um jornal

diário (2004). Após, perdeu espaço para os demais veículos de comunicação de

massa, como o rádio e a televisão. Com a chegada da internet, deixou de atingir o

público que optou por se informar pelo meio eletrônico.

A tendência geral é de as pessoas procurarem cada vez mais na internet notícias em tempo real, quase sempre servidas em estado bruto. [...] Por que pagarão caro para ler nos jornais o que já escutaram de véspera no rádio, leram na internet ou viram na televisão? (NOBLAT, 2004, p. 99).

A chegada do computador nos anos de 1980 provocou uma mudança

significativa na maneira de fazer jornalismo. Luiza Villaméa, em Revolução

tecnológica e reviravolta política (2015), explica que nessa época, a Folha de S.

Paulo lançou um manual de redação para estabelecer um padrão do trabalho

jornalístico que influenciou a imprensa nacional. A opinião, por exemplo, foi

restringida aos editoriais e colunas assinadas. No manual ainda havia outros itens

importantes que foram incorporados pela maioria dos veículos impressos do país.

Entre os fundamentais está a necessidade de o jornalista apresentar ao leitor diversos lados da história. Outros princípios foram relativizados, como a obrigatoriedade de publicar a idade de todas as pessoas citadas numa reportagem, seja essa informação relevante ou não para a notícia. (VILLAMÉA, 2015, p. 255).

Page 20: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

20

O processo de industrialização da imprensa nacional exigiu um

aperfeiçoamento da produção jornalística. Villaméa (2015) explica que, após

décadas de redações barulhentas marcadas pelas máquinas de escrever, os

periódicos que pretendiam continuar circulação precisaram investir no seu modelo

de produção.

A internet despontou como uma nova fonte de informação a partir da segunda

metade dos anos 1990. Essa etapa de acelerada transição, iniciada com a revolução

do computador, fez com que a imprensa mudasse sua relação com a sociedade no

mundo globalizado. Cláudio Camargo explica, em O meio é a mensagem: a

globalização da mídia (2015), que a revolução digital uniu as tradicionais formas de

comunicação, sendo elas o som, a escrita e a imagem e “permitiu o surgimento e o

avanço da internet, que representa um quarto modo de se comunicar, uma nova

maneira de se expressar, de se informar, de se distrair” (p. 270).

Em 1994, com a implantação do Plano Real, houve mais um grande processo

de modernização das empresas jornalísticas, que mais tarde resultaria em dívidas e

até mesmo falências. Noblat (2004) esclarece que os jornais investiram recursos nos

parques gráficos, pois acreditaram que o país estava livre das taxas de inflação e

teria um crescimento econômico razoável. Porém, no início do segundo semestre de

2002, muitas empresas estavam quebradas devido ao endividamento de

empréstimos em dólares.

Em tempos de expansão da mídia digital, os recursos tecnológicos

construíram o paradigma da informação em tempo real. De acordo com Pollyana

Ferrari, no livro Jornalismo Digital (2003), há uma diferença expressiva entre a mídia

tradicional impressa e a digital.

[...] a tradicional tem como objetivo falar com uma grande quantidade de pessoas; oferecer conteúdo jornalístico capaz de agradar, por exemplo, mais de um milhão de assinantes [...]. A mídia digital, nascida graças aos avanços tecnológicos e à solidificação da era da informação, consegue atingir o indivíduo digital – um único ser com suas preferências editoriais e vontades consumistas. (FERRARI, 2003, p. 53).

Para marcar novamente a história do jornalismo brasileiro, o Jornal do Brasil

foi o primeiro periódico brasileiro a ter sua versão na internet, em 1995, segundo

Villaméa (2015). “Em sintonia com o movimento registrado na mídia internacional, a

imprensa brasileira também investiu pesado na modernização de suas redações” (p.

Page 21: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

21

254). Após quase 120 anos circulando no formato impresso, o periódico migrou

exclusivamente para a plataforma online, em setembro de 2010, conforme explicam

Cindhi Barros e Ana Cristina Spannenberg, em Do impresso ao digital: a história do

Jornal do Brasil (2015).

Nesse contexto de convergência digital, o JB figura com relevância, já que é um dos mais antigos jornais do país e o primeiro a ter um site jornalístico, criado em maio de 1995. O periódico também ganha destaque no cenário de aumento da influência das novas tecnologias [...], o JB abandonou o formato impresso, tradicionalmente consolidado, e passou a ser veiculado apenas por meio eletrônico. (BARROS; SPANNENBERG, 2015, p. 2).

A discussão sobre o futuro dos jornais impressos nunca foi tão questionada

até então. Segundo Noblat (2004), pouco tem sido feito em termos de mudanças

para revolucionar o modelo dos periódicos. “O modelo dos jornais está em xeque. E

não é porque os donos de jornal e jornalistas desconheçam esse fato. O modelo

está em xeque porque o medo de mudar é maior do que o medo de conservar algo

que se desmancha no ar” (p. 16). Neste sentido, Álvaro Caldas, em O desafio do

velho jornal é preservar seus valores (2002), diz que o maior desafio dos veículos

impressos é se reinventar, preservando seus valores e principais características que

o fizeram chegar a ser a principal fonte de informação das pessoas.

Para assegurar seu espaço, caberá ao jornal do presente investir naquilo que o leitor espera encontrar nele: originalidade, texto interpretativo e analítico, com suas implicações e possíveis repercussões na vida de cada um. O fato situado dentro de um contexto mais amplo, ao lado de pesquisa e opinião. (CALDAS, 2002, p. 17).

Partindo da premissa de que os leitores de jornal e usuários da internet têm

interesses distintos, Caldas (2002) afirma que, mesmo abalado com a revolução

tecnológica dos últimos anos, tudo indica que o meio impresso sobreviverá a mais

esse desafio, apesar de haver muitas afirmações favoráveis a seu desaparecimento.

“Neste novo cenário ainda marcado pela incerteza de papéis, há os que acreditam

que nos próximos anos as redações de jornal serão ocupadas por repórteres

multimídia” (p. 17).

Antes de explorar a era da comunicação online, que será tema do próximo

capítulo, é necessário falar sobre a história do jornalismo impresso no Rio Grande

Page 22: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

22

do Sul, que, apesar de ter características nacionais, apresenta suas peculiaridades

no contexto estadual.

2.2 O JORNALISMO IMPRESSO NO RIO GRANDE DO SUL

Seguindo o modelo dos jornais em nível nacional da época, o primeiro

impresso do Rio Grande do Sul também publicava nas suas páginas conteúdos

oficiais do governo. De acordo com Fábio Rausch, no livro O Jornalismo

Sensacionalista na Imprensa Gaúcha (2015), o primeiro jornal que circulou no

Estado foi o Diário de Porto Alegre, entre junho de 1827 e junho de 1828.

Os primórdios da imprensa gaúcha caracterizaram-se pelo domínio político.

Francisco Rüdiger, no livro Tendências do Jornalismo (2003) explica que, na época

da Revolução Farroupilha, foram lançados 32 jornais, entre eles: o Constitucional

Rio-Grandense, Sentinela da Liberdade e O Noticiador. “O conceito que guiava

esses jornais era tão-somente político. Os textos tinham forte cunho doutrinário,

constituído de matérias opinativas sobre questões públicas, comentários ideológicos

e polêmicas com os adversários de publicidade” (p. 21).

Após a revolução, em meados de 1845, muitos partidos políticos montaram

empresas para lançar seus próprios periódicos. Como consequência, os políticos

começaram a ocupar a função de jornalistas, o que segundo Rüdiger (2003)

colaborou para o período do jornalismo político-partidário gaúcho. “De qualquer

modo, o jornalismo ganhou, com a forma político-partidária, um conceito, tornando-

se meio de formação doutrinária da opinião pública” (p. 36).

A partir de 1860, o desenvolvimento agrícola e comercial contribuiu para

fortalecer a economia do Estado, gerando riquezas que serviriam de base para o

surgimento das primeiras indústrias. Conforme Rüdiger (2003), esse processo

colaborou naturalmente para o desenvolvimento da imprensa. “Os jornais foram aos

poucos perdendo seu caráter artesanal e passando à fase da manufatura, baseada

na tecnologia da máquina a vapor, com consequente melhoria na qualidade gráfica”

(p. 38). O autor destaca que nesse período houve investimentos também nas

estradas e no serviço de correio, o que contribuiu para um significativo aumento no

número de publicações em circulação no Rio Grande do Sul.

A passagem do século XIX para o XX marcou, de acordo com Rüdiger (2003),

o declínio do jornalismo político-partidário. Com a ascensão do novo jornalismo

Page 23: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

23

informativo, as folhas partidárias da época, que não adotaram uma linha noticiosa,

foram desaparecendo gradativamente do mercado.

Para Rüdiger (2003), o Correio do Povo, que começou a ser publicado em

outubro de 1895, estabeleceu a concorrência do jornalismo opinativo com o político-

partidário. O periódico, na visão de Rausch (2015), foi considerado o precursor do

gênero da informação “muito devido à clara proposta de linha neutra, pautada, tão

somente, pela informação jornalística, algo inovador para um período profundamente

influenciado por divisões entre facções ideológicas” (p. 45). Por causa do sucesso

que conquistou na época, houve contínuos investimentos na estrutura tecnológica

do jornal.

A cultura também ganhou força nos periódicos da imprensa sul-rio-grandense

na segunda metade do século XIX. Depois, o jornalismo de caráter informativo

começou a se consolidar no início do século XX com o surgimento das primeiras

empresas jornalísticas e, conforme Rausch (2015), pode ser conferido até o período

atual nos monopólios de comunicação. Nessa época, a sociedade estava

começando a se complexificar e exigir informações mais contextualizadas. Rüdiger

(2003) afirma que essas reivindicações abriram caminho para novas demandas dos

jornais informativos. “As preocupações com a cultura, as ciências e as humanidades

se encontravam em embrião, fomentando a procura por material de leitura e

atualidade capaz de desenvolvê-lo” (p. 59). Com um propósito diferente das folhas

políticas, que queriam controlar a opinião pública, o novo jornalismo abdicou desse

papel por meio da diversificação das concepções jornalísticas, propondo a

imparcialidade editorial e a veracidade das notícias.

O Jornal do Commercio (1865-1912), fundado por Francisco Cavalcanti de

Albuquerque, marcou época nessa fase. Segundo Rüdiger (2003), o periódico

conseguiu renovar seu maquinário e material tipográfico com base na sua linha

editorial independente e conquistou o título de maior jornal do Estado à época da

Revolução Federalista. O autor destaca ainda que:

Entre 1890 e 1920, o jornalismo literário-noticioso teve, pois, seu apogeu. Nessa época, de fato, multiplicaram-se em todo o Estado os jornais comprometidos com esse novo modelo jornalístico. O ciclo de desenvolvimento econômico-social iniciado em meados do século 19 estava passando por seu auge, e a sociedade encontrava-se em processo de modernização, que afetou o jornalismo em seu conjunto, pelo menos nos maiores centros urbanos. (RÜDIGER, 2003, p. 63).

Page 24: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

24

Com a modernização dos parques gráficos, os jornais desse período

tornaram-se um princípio básico da atividade jornalística. Sendo assim, Rüdiger

(2003) esclarece que ocorreram alterações em relação à estrutura gráfica das folhas

com o aumento do número de páginas. A paginação se tornou mais leve,

apresentando uma melhor distribuição de matérias e introduzindo as cores para

explorar títulos e ilustrações. Nesse contexto de reformas, o aumento de tiragens se

tornou uma consequência desses investimentos.

A partir de 1910, com o fortalecimento das empresas jornalísticas, os

impressos seguiram em direção à concorrência monopólica. Fruto do jornalismo

nacional, o Última Hora, para Rüdiger (2003), foi a responsável por introduzir o

jornalismo popular no Estado. Em tamanho standard11, caracterizava-se pelo uso de

fotos e diagramação.

A trajetória do que viria a se tornar o maior grupo de comunicação do sul do

país começou a ser traçada em 1957, de acordo com Lauro Schirmer, na obra RBS:

da voz-do-poste à multimídia (2002). Neste ano, o fundador da Rede Sul Brasil de

Comunicação (RBS), Maurício Sirotsky Sobrinho, assumiu a Rádio Gaúcha. A

empresa possuía, segundo Rüdiger (2003), a concessão de um canal de televisão,

inaugurado em 1962.

Schirmer (2002) explica que o Última Hora deixou de circular em 1964,

quando foi comprado por Ary de Carvalho e passou a ser vendido com o nome de

Zero Hora. Carvalho era dono de 50% das ações e Maurício e Jayme Sirotsky

detinham a outra metade. Após um impasse entre os sócios, em abril de 1970, os

irmãos Sirotsky compraram a porcentagem das ações que não lhes pertencia e o

periódico passou a integrar a RBS. O jornal sofreu uma série de mudanças de

gestão e linha editorial para se adequar às novas condições do mercado. De acordo

com Schirmer (2002), nomes conceituados do ramo empresarial ajudaram o Zero

Hora a se modernizar, buscando inspiração de fora do país.

Nessa época, o Brasil estava prestes a vivenciar o Regime Militar (1964-

1985). Paralelo à reviravolta na situação política e econômica do país, a nova

ideologia ganhou destaque na imprensa regional. Rüdiger (2003) contextualiza que o

11

Standard: medida utilizada pelos jornais de maior circulação nacional, em função do aproveitamento máximo da área de chapa das offset. Disponível em: <http://diagramaacao.blogspot.com.br/2009/12/formatos-de-jornais.html>. Acesso em: 13 jul. 2016.

Page 25: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

25

processo de consolidação da liderança da RBS seguiu determinadas fases que

direcionaram os olhares da empresa para a mídia impressa, a televisão e o rádio.

[...] o grupo desenvolveu novos métodos de gestão empresarial em seus veículos, baseando seus negócios na inovação tecnológica de suas instalações e na qualificação mercadológica de seus respectivos produtos. Enquanto isso, seus concorrentes permaneceram aferrados aos padrões empresariais que haviam determinado o seu sucesso nas primeiras décadas do século, ignorando as transformações econômicas, sociais e culturais em curso no contexto de reestruturação monopolística do capitalismo, verificada no país a partir da segunda metade da década de 1950. O resultado desse confronto foi a estagnação, seguida de declínio dos concorrentes, e a ascensão monopolizadora da RBS. (RÜDIGER, 2003, p.107-108).

Com as novas tecnologias, as mídias tradicionais puderam ultrapassar sua

função de informar e opinar para voltar-se à prestação de serviços e ao

entretenimento. Nessa linha, Rausch (2015) afirma que a RBS desenvolveu métodos

de gestão com foco na renovação tecnológica e na qualidade de seus produtos.

Zero Hora foi o primeiro veículo da RBS a possuir endereço eletrônico e, em

junho de 1995, ocorreu o lançamento do site, de acordo com Schirmer (2002). O

autor acrescenta que o jornal foi o segundo com edição online no Brasil, ficando

atrás apenas do Jornal do Brasil. O ano de 1998 foi marcado pela euforia da internet

e, para Schirmer, o grupo de comunicação soube fazer bom uso dessa ferramenta.

“A RBS vivenciou como player esse novo mundo, na internet, na televisão por

assinatura, nas telecomunicações. Apesar do que aconteceu nas telecomunicações,

foi bem na internet e também na TV por assinatura” (p. 186).

O portal do grupo na plataforma eletrônica – o ClicRBS – passou a operar em

2000, conectando todos os veículos da rede com o mundo digital. O ano também foi

marcado pelo lançamento de um jornal popular em Porto Alegre. O Diário Gaúcho,

conforme Schirmer, repetiu o sucesso dos impressos do mesmo segmento do Rio de

Janeiro e São Paulo. “[...] começou com uma tiragem diária de 130 mil exemplares,

chegou ao pico de 200 mil em dezembro de 2001” (p. 168). Mesmo no papel,

Rausch (2015) explica que o leitor desse periódico pode fugir da linearidade dos

jornais mais tradicionais “[...] para navegar pelos espaços difusos, em que links de

assuntos mais diversos, acompanhados de outros textos, vídeos e fotos, em

profusão, quebram a lógica tradicional do acesso à informação” (p. 51).

Do ponto de vista histórico, para Rüdiger (2003), o jornalismo gaúcho pode

ser dividido em duas etapas. A primeira, político-partidária, teve domínio desde o

Page 26: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

26

surgimento do jornalismo até a década de 1930. Depois, surgiu o regime dominado

pelo jornalismo informativo e a indústria cultural, que se consolidou com a formação

das atuais redes e monopólios de comunicação.

Em muitos momentos, a história do jornalismo impresso no Rio Grande do Sul

se mistura a do contexto nacional, conforme explica Rüdiger (2003):

Nossa hipótese é de que nosso jornalismo não tem qualquer especificidade regional, seu desenvolvimento e características, salvo as condições particulares de seu contexto social-histórico, confundem-se com aquelas do jornalismo em geral, na medida em que o jornalismo é um fenômeno ocidental moderno. Isto é, constitui um fenômeno universal em sua estrutura, significado e valor. (RÜDIGER, 2003, p. 121-122).

Seguindo no contexto histórico, o próximo subtítulo abordará um breve

resumo da trajetória do jornalismo impresso em Caxias do Sul para compreender

como os periódicos se desenvolveram na cidade sede do objeto de estudo da

pesquisa, que é o jornal Pioneiro.

2.3 O JORNALISMO IMPRESSO EM CAXIAS DO SUL

A chegada de tipografias, na década de 1890, foi fundamental para a

instalação da imprensa regional, segundo Kenia Maria Menegotto Pozenato e

Loraine Slomp Giron, na obra 100 anos de imprensa regional (2004). As autoras

explicam que exatamente em outubro 1897 surgiu o primeiro periódico local. O

Caxiense era dirigido por brasileiros e ligado ao Partido Republicano.

Enquanto a imprensa brasileira e rio-grandense passavam por profundas mudanças em sua linha editorial, com uma nova fase de estruturação, pela qual a política partidária vai sendo gradativamente “vencida pela racionalidade mercantil”, na região teve início uma imprensa altamente política. (POZENATO; GIRON, 2004, p. 37).

Apesar de defender os interesses das colônias italianas, o impresso estava

mais ligado à política do que à religião. Com isso, em janeiro de 1898, surge o Il

Colono Italiano, para dar voz aos católicos imigrantes e defender a igreja contra os

ataques publicados em O Caxiense. Quando passou a circular em português, em

1941, o Il Colono Italiano se tornou o conhecido Correio Riograndense, nome que

conserva até os dias atuais.

Page 27: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

27

Com a inauguração da linha férrea, que ligava Caxias do Sul à capital, em

junho de 1910, a comunicação ficou mais facilitada. Pozenato e Giron (2004)

destacam que entre 1901 e 1913 foi criada uma série de jornais de curta duração.

Nessa época, além dos interesses políticos, alguns veículos tinham o objetivo de

divulgar trabalhos literários.

O humor também ganhou espaço nos periódicos caxienses a partir de 1907.

Conforme Pozenato e Giron (2004), o segmento iniciava com uma crônica, seguida

de adivinhações e piadas com anúncios em meio a notas e notícias sociais. “Os

jornais humorísticos não constituíam elementos isolados na cena política da época,

mas representavam novos espaços em que, com bom humor e suavidade, eram

reeditados os confrontos entre grupos antagônicos” (p. 55).

Pozenato e Giron (2004) esclarecem que, entre 1914 e 1930, 32 jornais

circulavam na região, sendo 18 em Caxias do Sul. Os impressos tinham linhas

editoriais bem definidas e divididas em político-partidária, humorística e crítico-

literária. “Tais periódicos eram criados com caráter imediatista, por interesses

políticos. Passada a disputa eleitoral, o jornal perdia em importância e na maioria

dos casos deixava de circular” (p. 76). Neste período, as autoras destacam que o

jornalismo regional sofreu consideráveis atrasos em comparação com o Rio Grande

do Sul e o Brasil, pois na época em que se encaminhavam para a grande imprensa,

o jornalismo regional ainda estava focado nas disputas políticas. “Nada menos do

que 62% dos periódicos da época duraram menos de um ano, caracterizando uma

relação entre a criação de jornais e as políticas municipal e estadual” (p 172).

Os jornais foram responsáveis por diversas tentativas de desenvolver a

cultura da região voltada para a diversidade de aspectos e, com o passar dos anos,

trabalharam com vários estilos de informações. Conforme registrado na obra de

Liliana Alberti Henrichs, Histórias da Imprensa em Caxias do Sul (1988), A Época,

por exemplo, foi fundada por jovens idealistas para publicar suas produções

literárias. O Momento prestava serviço à comunidade. A Voz do Povo refletia o

momento da política nacional, enquanto O Pioneiro queria divulgar ideais políticos

em contrapartida ao movimento comunista. O Jornal de Caxias era destinado a

ampliar fatos religiosos, sob influência dos padres Capuchinhos, enquanto o Correio

Riograndense voltou-se para a agricultura.

A criação de periódicos diminuiu no período da ditadura e, entre 1930 e 1945,

circularam jornais com uma duração superior aos seus antecessores. No rumo da

Page 28: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

28

industrialização, a comunicação foi marcada pela criação de empresas jornalísticas

profissionais, o que representou mais estabilidade econômica dos periódicos. Nesse

período, o governo federal proibiu o uso de línguas estrangeiras tanto faladas quanto

escritas. Em Caxias do Sul e região, não era mais possível utilizar o italiano ou o

dialeto nos jornais. De acordo com Pozenato e Giron (2004), foi nessa época que os

jornais humorísticos deixaram de circular, pois se apropriavam principalmente dos

dialetos.

O período após a Segunda Guerra Mundial proporcionou um forte

crescimento industrial em Caxias do Sul e, com isso, o surgimento de novos jornais.

O Pioneiro, iniciativa do deputado estadual Luiz Compagnoni, foi fundado em

novembro de 1948.

“O Pioneiro”, na verdade, foi um jornal organizado com objetivos políticos e dentro de uma orientação partidária do Partido de Representação Popular, mas por conveniência comercial e até por conveniência jornalística e para evitar que ele fosse apenas um jornal representativo de uma determinada facção política, procurou-se dar a ele uma feição de independência. Embora todos os seus integrantes, os sócios que participaram da iniciativa, os que emprestaram dinheiro, a participação material, para a instalação do jornal fossem todos elementos ligados ao Partido de Representação Popular. (HENRICHS, 1988, p. 40).

Os jornais dessa época apresentavam mais notícias de interesse de um

público específico do que do público em geral, que envolvia a comunidade. Em

pleno desenvolvimento econômico, os periódicos de circulação local sofreram

mudanças que os tornariam mais modernos, com menos interesse político local,

voltando-se mais para a economia e cultura.

As empresas jornalísticas criadas de 1964 a 1988 já não possuíam vínculos

diretos com partidos políticos. Apenas a influência religiosa se manteve, como no

caso do Correio Riograndese, ligado à ordem dos Capuchinhos. Fundado em 1908 e

dirigido pelos padres capuchinhos, o periódico também passou por mudanças. Sem

desviar da tradição religiosa, investiu na exploração de notícias do mundo atual.

O Correio Riograndese e O Pioneiro, conforme Pozenato e Giron (2004),

foram exemplos de adaptação constante aos novos tempos, tanto que ambos

circulam até a data da presente pesquisa. A nomenclatura do Correio Riograndese

passou por mudanças mais significantes ao longo de sua história enquanto O

Pioneiro mudou para Pioneiro no início da década de 1980, segundo as autoras.

Page 29: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

29

Quando foi adquirido pelo grupo RBS, em 1993, ocorreram alterações

gráficas e na área de abrangência do Pioneiro. Apresentado como Diário de

Integração Regional, passou a circular em toda a região serrana. Rüdiger (2003)

explica que a transformação do jornalismo no Rio Grande do Sul está diretamente

ligada com o processo de ascensão da RBS, que visa menos à expansão do

mercado do que à ocupação de todos os seus espaços, sendo considerada de

cunho monopolista.

Quando O Pioneiro foi comprado pela Rede (1993), Caxias do Sul foi privada de maneira quase instantânea de seu segundo jornal diário. O Pioneiro havia suplantado ou absorvido folhas menores, assumindo a liderança do mercado na região serrana. Em 1988, começou a enfrentar a concorrência por parte de um novo jornal, a Folha de Hoje. As vantagens comparativas e o poderio econômico agregados ao veículo pelos novos controladores determinaram o imediato fechamento deste último, sugerindo situação que pode voltar a se repetir em outras cidades do Rio Grande. (RÜDIGER, 2003, p. 114).

O jornalismo impresso local ganhou um jornal de postura independente que,

apesar da curta duração, deixou sua marca. A Folha de Hoje iniciou suas atividades

na cidade em setembro de 1988, com circulação semanal e, a partir de novembro de

1989, passou a ser publicada de segunda a sábado. De acordo com Pozenato e

Giron (2004), o jornal pertencia ao grupo Triches e foi dirigido por Paulo Cancian. O

periódico circulou até o dia 31 de outubro de 1994. Conforme o jornalista Rodrigo

Lopes, em publicação no blog Memórias12, o empreendimento destacava-se pela

autonomia no processo de impressão, pois possuía uma moderna máquina

americana com capacidade para imprimir uma edição de 32 páginas em 25 minutos,

com fotos coloridas.

Atualmente, a concorrência direta enfrentada pelo Pioneiro é o jornal Folha de

Caxias. A primeira edição do veículo circulou em 13 de abril de 2012. Na ocasião,

em entrevista ao portal Coletiva.net13, o responsável do jornal e diretor-geral do

Grupo Integração de Jornais, de Gramado, Claudio Scherer declarou que “uma

cidade do tamanho e da importância de Caxias do Sul não pode ter apenas um

jornal diário”. O periódico circula de segunda a sexta-feira. A tiragem inicial é de 10

12

Disponível em: <http://wp.clicrbs.com.br/memoria/2014/10/31/os-20-anos-do-fim-do-jornal-folha-de-hoje/?topo=87,1,1,,,87>. Acesso em: 12 set. 2016. 13

Disponível em: <http://coletiva.net/noticias/2012/04/jornal-folha-de-caxias-e-a-novidade-da-serra/>. Acesso em: 12 set. 2016.

Page 30: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

30

mil exemplares, impressos no parque gráfico estruturado em Gramado, segundo a

informação da Coletiva.net.

Caxias do Sul centraliza o maior número populacional da região, e de acordo

com Pozenato e Giron (2004), também ostenta o título de ser a cidade local onde

ocorreu o maior número de criação de jornais.

Como já abordado no capítulo, a internet provocou mudanças significativas na

maneira como as pessoas se comunicam. A tecnologia da informação nunca foi tão

percebida. Desde o surgimento dos computadores pessoais, em 1980, até a

expansão do ciberespaço, as transformações tecnológicas mudaram a forma como o

ser humano se relaciona. O próximo capítulo busca compreender mais sobre a

história da tecnologia e sua influência nos meios de comunicação.

Page 31: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

31

3 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

A maneira como as pessoas se comunicam vem sofrendo alterações ligadas

às transformações tecnológicas. Os veículos de comunicação tradicionais,

representados pelo rádio, a televisão e os meios impressos, passam por um período

de desafios relacionados ao desenvolvimento das novas tecnologias de

comunicação. Com isso, Lucas Vieira de Araujo, no artigo Mídia e novas

tecnologias: até quando os veículos de comunicação tradicionais vão resistir (2015),

explica que o cenário atual da comunicação digital inspira cuidados e reflexões por

parte dos segmentos mais antigos.

Assim, não é de se estranhar a preocupação com o futuro e os questionamentos em torno da continuidade ou não de determinado veículo, principalmente no caso do jornal e da revista. O avanço das novas mídias é avassalador, sobretudo sobre a receita e os leitores desses veículos nascidos há séculos. (ARAUJO, 2015, p. 13).

Para compreender as mídias digitais e verificar seu impacto nos veículos

tradicionais, primeiramente é necessário conhecer o processo evolutivo das

tecnologias da informação. Manuel Castells, no livro A sociedade em rede (1999),

afirma que “a tecnologia é a sociedade, e a sociedade não pode ser entendida ou

representada sem suas ferramentas tecnológicas” (p. 43). Em síntese, o novo

sistema de comunicação, desencadeado por intermédio dos computadores, se

desenvolveu paralelo às transformações sociais e econômicas, sendo originado em

um período de reestruturação do capitalismo em nível mundial.

Castells (1999) entende que a tecnologia pode ser definida como o uso do

conhecimento científico para determinar a maneira de se fazer as coisas de uma

forma capaz de ser reproduzida. Como tecnologia da informação, o pesquisador

inclui o conjunto convergente de tecnologias em microeletrônica, computação,

telecomunicações/radiodifusão, e optoeletrônica (transmissão por fibra ótica e laser).

Essas novas tecnologias da informação expandiram-se com o surgimento da

internet, que, de acordo com Pollyana Ferrari, no livro Jornalismo Digital (2003),

ocorreu em 1969. Na época, uma organização do Departamento de Defesa dos

Estados Unidos criou a Arpanet – rede nacional de computadores que servia para

garantir uma comunicação emergencial caso o país fosse atacado.

Page 32: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

32

Com o rápido crescimento do tráfico de dados, novas redes começaram a

surgir e o acesso foi ampliado para universidades e organizações de pesquisa norte-

americanas. Manuel Castells, no livro A sociedade em rede (1999), afirma que os

cientistas começaram a usar a internet para suas próprias comunicações, chegando

a criar uma rede de mensagens entre eles. Sendo assim, ficou impossível separar

os fins de pesquisa das conversas pessoais.

Os avanços tecnológicos tornaram a Arpanet obsoleta, fazendo com que seus

serviços fossem encerrados em 1990, ano em que ocorreu a privatização e

consequente expansão da internet. De acordo com Ferrari (2003), a National

Science Foundation desenvolveu uma rede que conectava pesquisadores de outros

países. Nesse núcleo de estudo estava Tim Berners Lee, o inventor da World Wide

Web (WWW). O programa foi proposto em 1989 e ganhou colaboradores nos anos

seguintes. O software permitia a troca de informações com qualquer computador

ligado à internet.

A história das tecnologias eletrônicas, de acordo com Castells (1999), é

constituída por três fases: a microeletrônica, a de computadores e as

telecomunicações. Mesmo que a tecnologia tenha raízes criadas muito antes do

surgimento desses aspectos, o autor defende que é apenas na década de 1970 que

surge um novo paradigma tecnológico por meio da ampla difusão e rapidez do

desenvolvimento das novas tecnologias da informação.

As duas últimas décadas do século XX, segundo Castells (1999), trouxeram

importantes contribuições tecnológicas, como avanços na medicina, novas técnicas

de produção e tecnologia de transportes. Outro aspecto a ser salientado pelo autor

está relacionado à comunicação.

[...] o processo atual de transformação tecnológica expande-se exponencialmente em razão da sua capacidade de criar uma interface entre campos tecnológicos mediante uma linguagem digital comum na qual a informação é gerada, armazenada, recuperada, processada e transmitida. (CASTELLS, 1999, p. 68).

Para Castells, as novas tecnologias da informação não são processos

definidos, com conceitos a serem aplicados. Nesse meio, não há distinção entre

usuário e criador, pois quem consome o produto na rede pode assumir o controle da

tecnologia. A internet de grande alcance e a interatividade começou a se desenhar

Page 33: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

33

em 1993, conforme explica Ferrari (2003). Foi nesse período que os primeiros sites

de busca começaram a investir em recursos para atrair os usuários da rede online.

Manuel Castells, no livro A galáxia internet (2004), aponta que nessa década

a internet se tornou acessível para as pessoas, as empresas e a sociedade em

geral. Como as empresas privadas são a principal fonte de riqueza da sociedade, o

autor explica que a difusão dessa nova ferramenta foi mais rápida nesse setor. O

modelo de negócios foi alterado e teve impacto na relação entre fornecedor e

cliente. Castells denomina de empresa-rede os negócios que utilizam as redes para

o mercado de trabalho. O autor apresenta alguns benefícios que o meio tecnológico

trouxe para a evolução das empresas, sendo eles:

a) Escalabilidade: a rede pode incluir componentes locais e globais sem

obstáculos. Permite a evolução, expansão e até mesmo a retração do

negócio sem necessidade de altos investimentos;

b) Interatividade: permite a comunicação em tempo real;

c) Flexibilidade: permite conservar o projeto empresarial ao mesmo tempo em

que pode ser alterado;

d) Gestão da marca: em um mundo virtual onde o usuário tem acesso a diversas

opções semelhantes, destacar-se pelo reconhecimento do produto é

essencial;

e) Personalização: deixar de lado as produções em massa e investir na

combinação adequada entre o volume e a produção alinhados à necessidade

do consumidor.

Castells (2004) destaca que a ampla propagação da internet foi possível

devido à rapidez com a qual se transforma e se adapta às necessidades dos

usuários. “A história da tecnologia demonstra claramente que a contribuição dos

utilizadores é crucial para a sua produção, e que a adaptam aos seus próprios usos

e valores e, finalmente, transformam a própria tecnologia [...]” (p. 46).

A internet, segundo Castells (1999), marcou uma nova revolução tecnológica,

abrangendo todo o planeta e não apenas uma localidade isolada. Sendo assim,

surge um novo paradigma tecnológico que reúne cinco aspectos importantes na

representação da sociedade da informação, sendo eles: o uso da informação como

matéria-prima; a penetração dos efeitos tecnológicos; a lógica de rede; a

Page 34: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

34

flexibilidade de reconfiguração; e o crescimento da convergência tecnológica, tema

do assunto explorado no próximo subtítulo.

3.1 AS NOVAS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO

A nova revolução tecnológica causada pela internet permitiu a expansão

ilimitada de acesso aos equipamentos digitais e conexões em tempo real, causando

transformações sociais e culturais. Pierre Lévy, no livro Cibercultura (2000), explica

que assistimos ao surgimento de uma transformação radical nas culturas humanas,

denominada de cibercultura. O espaço propício para o desenvolvimento dessas

relações sociais é uma rede digital que permite essa conexão, chamada pelo autor

de ciberespaço.

O ciberespaço (que também chamarei de “rede”) é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abrange, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo “cibercultura”, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço. (LÉVY, 2000, p. 17).

As transformações da informação e da comunicação, conforme Lucia

Santaella explica em A crítica das mídias na entrada do século 21 (2002), provoca o

termo que conhecemos como revolução digital. A autora enfatiza que, graças à

digitalização, a informação pode ser difundida via computador para qualquer pessoa

no mundo por meio dessa rede gigante de transmissão que também conhecemos

como ciberespaço.

André Lemos, na obra Cibercultura (2013), complementa que a relação entre

a vida social e os dispositivos eletrônicos é definida como cibercultura. “A

cibercultura está inscrita no nosso dia a dia, presente em todas as atividades, sejam

elas do trabalho, lazer ou vida privada” (p. 11). Segundo o autor, a cibercultura

surgiu nos anos de 1950, mas começou a se destacar entre 1980, com a informática

de massa, e 1990, com as redes telemáticas, principalmente por meio da internet.

As transformações sociais estão diretamente ligadas às tecnologias da

informação, caracterizando um processo chamado por Lévy (2000) de inteligência

coletiva. O termo, segundo o autor, é um dos principais motivadores da cibercultura

Page 35: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

35

e refere-se à troca de conhecimento entre os usuários, gerando um saber que não é

centralizado em uma única pessoa, pois está disponível a todos. O ciberespaço

proporciona um ambiente adequado para o desenvolvimento da inteligência coletiva

como, por exemplo, o surgimento de sistemas da aprendizagem cooperativa. Henry

Jenkins, no livro Cultura da Convergência (2009), afirma que “[...] estamos

dependendo cada vez mais dos outros para fornecer informações que não

conseguimos processar sozinhos. [...] estamos vivendo cada vez mais no interior de

culturas baseadas na inteligência coletiva” (p. 184).

Os processos de inteligência coletiva, segundo Lévy (2000), fazem surgir

novas formas de isolamento (estresse pela comunicação e pelo trabalho diante da

tela), de dependência (vícios virtuais), de dominação (centros de controle sobre

funções importantes da rede), de exploração (casos de teletrabalho vigiado) e até

mesmo de bobagem coletiva (rumores virtuais, acúmulo de dados sem informação).

O usuário da internet tem acesso ao que chamamos de mundo virtual que,

para Lévy (2000), pode ser entendido em três sentidos: o técnico, que se refere à

informática; o filosófico, que existe em forma potencial e não em atitudes; e corrente,

que significa irrealidade. No entanto, o autor destaca que o virtual pode existir sem

estar presente na forma física. “Ao interagir com o mundo virtual, os usuários o

exploram e o atualizam simultaneamente. Quando as interações podem enriquecer

ou modificar o modelo, o mundo virtual torna-se um vetor de inteligência e criação

coletivas” (p. 75).

A relação das categorias da comunicação sofreu alterações diante das novas

tecnologias. Lévy (2000) explica que existem três grandes tipos desse segmento:

um-todos, um-um e todos-todos. Na primeira categoria, encaixam-se o impresso, o

rádio e a televisão, pois um emissor envia suas mensagens para um grande número

de receptores passivos. A relação um-um é constituída por meio do telefone ou

correio, possibilitando o contato de indivíduo para indivíduo. Já o dispositivo todos-

todos é propiciado pelo ciberespaço, que permite uma interação entre as pessoas,

independente da sua localização geográfica. Lévy (2000) afirma que o ciberespaço

propicia a comunicação em mundos virtuais compartilhados “As realidades virtuais

compartilhadas, que podem fazer comunicar milhares ou mesmo milhões de

pessoas, devem ser consideradas dispositivos de comunicação “todos-todos”,

típicos da cibercultura” (p. 105).

Page 36: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

36

A circulação de informações na internet é derivada de uma conexão

generalizada e atinge todos que estão conectados em um mesmo ambiente, o que

não era possível com as mídias clássicas. André Lemos, em Aspectos da

cibercultura – vida social nas redes telemáticas (2002), explica que os impactos

dessa transformação são encontrados nas áreas da cultura contemporânea e

precisam ser profundamente analisados.

A simultaneidade e interatividade (hipertexto), assim como a descentralização, fazem da Internet algo bem diferente das mídias de massa. Ela não é uma mídia, mas um (novo) ambiente midiático, uma incubadora espontânea de instrumentos de comunicação, um sistema auto-organizante criativo. (LEMOS, 2002, p. 123).

Entende-se que esse cenário propiciou o surgimento das redes sociais –

ferramentas de comunicação muito utilizadas atualmente. Graças ao imediatismo

que está presente no mundo virtual, Raquel Recuero explica no livro A conversação

em rede (2012), que o conceito de conversação sofreu mudanças a partir das

tecnologias.

[...] essas conversações são bastante diferentes dessas constituídas no espaço off-line, o que implica o fato de que as redes também são diferentes. São representações das redes off-line, espaços dinâmicos onde essas conversações são capazes de apresentar tipos diferentes de redes que, com suas conversações, influenciam o ambiente do ciberespaço. (RECUERO, 2012, p. 128).

Diante disso, as novas tecnologias da informação criam uma aproximação

entre consumidor e produtor de conteúdo. Na cibercultura, a interação entre as

mídias, além de provocar uma conexão, causam também a convergência, que tem

um impacto significativo na produção cultural. A convergência representa uma

transformação cultural, possibilitando que um mesmo conteúdo seja reproduzido em

diferentes plataformas. Jenkins (2009) explica que a convergência “[...] define

mudanças tecnológicas, industriais, culturais e sociais no modo como as mídias

circulam em nossa cultura. Algumas das ideias comuns expressas por esse termo

incluem o fluxo de conteúdos através das várias plataformas de mídia” (p. 377).

Na era digital, um conteúdo específico para uma mídia pode ser deslocado

para vários canais, estabelecendo assim relações diretas entre produtores e

consumidores. A possibilidade de o usuário participar ativamente desse processo é

definida por Jenkins (2009) como cultura participativa.

Page 37: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

37

Consumidores estão aprendendo a utilizar as diferentes tecnologias para ter um controle mais completo sobre o fluxo da mídia e para interagir com outros consumidores. As promessas desse novo ambiente de mídia provocam expectativas de um fluxo mais livre de ideias e conteúdos. Inspirados por esses ideais, os consumidores estão lutando por direito de participar mais plenamente de sua cultura. (JENKINS, 2009, p. 46).

O ciberespaço proporcionou a interferência direta dos usuários na maneira

como o conteúdo é pensando. Jenkins (2009) explica que a convergência criada

entre as mídias permite modos de audiência comunitários e não mais individualistas.

Como exemplo, o autor cita os reality shows, que na sua avaliação foram a primeira

experiência bem-sucedida da convergência midiática, pois demonstrou o poder de

transposição entre velhas e novas mídias. Os programas originados na televisão

americana permitiam que o espectador opinasse sobre como o show devia continuar

ou qual participante permaneceria ou seria eliminado.

O envolvimento do público com os programas é utilizado pelas empresas

como uma nova estratégia de marketing. Jenkins (2009) define essa relação entre

consumidor e mídia como uma economia afetiva, pois a indústria das mídias procura

entender as reações do consumidor para produzir conteúdos que chamem sua

atenção e, consequentemente, aumentar as vendas.

Jenkins (2009) relata que o público ganhou na internet outras plataformas

para compartilhar sua opinião sobre determinada marca comercial como, por

exemplo, a criação de paródia de um comercial ou a postagem de mensagens em

fóruns de discussão. As novas tecnologias permitiram uma conexão entre o

consumidor e a marca. Isso possibilitou que o público interferisse na forma de se

pensar um produto e influenciasse toda a questão econômica de comercialização na

mídia. Essas transformações não estão associadas exclusivamente à indústria do

entretenimento.

O atual momento de transformação midiática alterou importantes hábitos

culturais dos meios de comunicação tradicionais e, segundo o autor, as pessoas

comuns contribuíram ativamente com esse processo. “Na cultura da convergência,

todos são participantes – embora os participantes possam ter diferentes graus de

status e influência” (p. 189). As mídias tradicionais precisam lidar com as novas

tecnologias, pois Jenkins (2009) explica que qualquer pessoa com um celular e

acesso à internet pode divulgar a informação por primeiro – o conhecido furo –,

antes mesmo que os veículos tenham tempo para apurá-la.

Page 38: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

38

A pluralidade da internet, conforme Jenkins (2009), se apresenta como um

canal de comunicação alternativa, permitindo que o usuário divulgue suas ideias

livres da filtragem de conteúdo imposta pela mídia corporativa. “As poucas barreiras

existentes para se entrar na web facilitam o acesso a ideias inovadoras e até

revolucionárias, pelo menos entre o crescente segmento da população com acesso

a um computador” (p. 290).

A indústria midiática adotou a cultura da convergência, porém Jenkins (2009)

explica que o interesse está relacionado sempre ao crescimento econômico e não

ao objetivo de delegar poderes ao público para que ele tenha uma participação mais

ativa nos meios de comunicação.

A convergência representa uma mudança de paradigma, pois, como

abordado anteriormente, possibilita que um mesmo conteúdo seja distribuído para

vários canais de comunicação. A relação entre mídia corporativa e cultura

participativa torna-se cada vez mais complexa, porque o domínio não está mais

centralizado de cima para baixo.

3.2 A VELHA E A NOVA MÍDIA

A sociedade está passando por um momento onde a velha e a nova mídia se

complementam, segundo Jenkins (2009). A internet é responsável pela

transformação das mídias tradicionais, tornando-as mais interativas e participativas

devido à necessidade estabelecida no mundo virtual. Por isso, o autor explica que é

preciso criar um fluxo entre as duas partes para dar mais poder a diversificação

cultural.

Já estamos aprendendo a viver em meio aos múltiplos sistemas de mídia. As batalhas cruciais estão sendo travadas agora. Se nos concentrarmos na tecnologia, perderemos a batalha antes mesmo de começarmos a lutar. Precisamos enfrentar os protocolos sociais, culturais e políticos que existem em torno da tecnologia e definir como utilizá-los. (JENKINS, 2009, p. 292).

Se o paradigma da revolução digital apontava que as mídias tradicionais

seriam substituídas pelas novas mídias, Jenkins (2009) expõe que o paradigma da

convergência presume uma interação cada vez mais complexa entre elas. Em um

momento onde muitos fatores ainda são desconhecidos e as transformações não

foram totalmente esclarecidas, o autor cita o editor da revista Reason, Jesse Walker,

Page 39: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

39

para evidenciar que muitos líderes de grandes indústrias da mídia estão recorrendo

à convergência para encontrar um norte para o futuro de seus veículos de

comunicação.

Os novos meios de comunicação não estão substituindo os velhos; estão transformando-os. Devagar, mas de forma perceptível, a velha mídia está se tornando mais rápida, mais transparente, mais interativa – não porque quer, mas porque precisa. (WALKER apud JENKINS, 2009, p. 293).

As transformações tecnológicas impactaram também na maneira de se fazer

e distribuir o conteúdo. Muitos estudiosos tentam compreender sobre as recentes

mudanças no jornalismo, em especial com o aumento considerável da participação

do consumidor neste cenário. Aparecido Antonio dos Santos Coelho explica, no

artigo Impactos do uso de Hiperlocal, Dados e Aplicativos no jornalismo e

comunicação (2016), que a notícia ganhou novas maneiras de chegar ao alcance do

público. “O monopólio da informação foi rompido, deixou de ser exclusivo das

empresas de mídia e agora todos que têm acesso à internet podem receber

informações por diversas fontes, bem como, direto da fonte de interesse, sem

intermediários” (p. 3). O pesquisador aponta que o jornalista precisa estar preparado

para essas mudanças e, com isso, precisa entender as dinâmicas das novas

tecnologias que interferem na profissão. Lucas Vieira de Araujo (2015) avalia as

perspectivas de futuro do rádio, da televisão e dos impressos em relação às novas

tecnologias e ressalta a possibilidade desses meios, com poucas opções de

desenvolvimento, serem incorporados pelas novas mídias.

[...] a nova geração de consumidores tem forte apego às novas tecnologias e certa resistência ao meio físico, como o papel, e ainda ao modelo de negócio baseado em grade de programação, base de sustentação da TV e do rádio. Como não existe uma forma estabelecida de como lidar com esses fenômenos, os meios de comunicação ainda lutam para se manter sem saber ao certo se trará os resultados esperados. De qualquer forma, o processo de incorporação e de cerceamento da imprensa pelas empresas de base tecnológica e pelas operadoras já começou. (ARAUJO, 2015, p. 13).

A internet proporcionou um espaço de liberdade em uma sociedade

controlada por grandes grupos de mídia. Como exemplo, Castells (2004) apresenta

as possibilidades que as mídias tradicionais têm de aparecer no mundo virtual, como

as emissoras de rádio que emitem através de ondas da rede. Para os jornais

Page 40: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

40

impressos, o autor salienta a falta de disponibilidade dos leitores de pagarem por

eles na versão online e destaca que, em um espaço de informação ilimitada, a

credibilidade é o diferencial do jornal impresso.

O alcance das informações tomou outras proporções com as novas

tecnologias, ampliando o seu alcance para diferentes públicos. O consumidor está

presente em diversas plataformas e, na internet, ganha espaço para uma

participação ativa no consumo de conteúdo. Isso exige do profissional de

comunicação um olhar estratégico, pois é preciso, primeiramente, entender como

seu público está consumindo o conteúdo e qual é o melhor formato para ele. A

crescente oferta de notícias é uma característica marcante da contemporaneidade. A

comunicação difundida em novas plataformas oferece diferentes maneiras de o

receptor consumir e colaborar com a informação atualmente.

Como uma grande parcela da população está presente e consumindo

conteúdo de redes sociais, Recuero (2012) explica que essa interação que ocorre no

mundo virtual – conversas públicas e coletivas – influencia diretamente na cultura,

que está sendo repensada e reconstruída. Para a autora, é possível que as

informações que os usuários escolhem publicar na internet sejam influenciadas pela

percepção de valor que podem gerar.

A cada dia, pessoas de todo o mundo conectam-se à internet e engajam-se em interações com outras pessoas. Através dessas interações, cada uma dessas pessoas é exposta a novas ideias, diferentes pontos de vista e novas informações. Com o advento dos sites de rede social, essas conversações online passaram a criar novos impactos, espalhando-se pelas conexões estabelecidas nessas ferramentas e, através delas, sendo amplificadas para outros grupos. (RECUERO, 2012, p.121).

A expansão das redes sem fio e a conexão ao alcance de todos que tenham

acesso a um aparelho celular moderno popularizaram a comunicação móvel. Apesar

da grande quantidade de informação que circula no ambiente virtual, Coelho (2016)

afirma que o jornalista é o profissional capacitado para filtrar as informações que são

relevantes para o público consumidor, auxiliando as pessoas nesse processo. “A

tecnologia, novas ferramentas e estratégias informacionais vêm para aprimorar o

processo de elaboração de conteúdo e fazer a melhor entrega determinada para a

melhor plataforma” (p. 5).

Os pesquisadores Helson de França Silva e Benedito Dielcio Moreira, no

artigo A prática jornalística e o nomadismo digital: potencialidade e possíveis

Page 41: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

41

caminhos (2015), apontam que a produção jornalística está mais rápida e dinâmica.

A dupla elenca que a instantaneidade, o compartilhamento de notícias, a interação

com os leitores e a utilização de recursos como vídeos e hiperlinks14 trouxeram

novas possibilidades aos profissionais da área. Para os autores, apostar em novos

modelos de fazer jornalismo pode ser a solução do futuro da atividade.

A união entre a flexibilidade proporcionada pela popularização da internet e das tecnologias móveis a uma narrativa poderosa, que possa contar histórias e relatar fatos de maneira mais prazerosa, rica em detalhes e independente pode, além de reoxigenar o jornalismo, render bons frutos. (SILVA; MOREIRA, 2015, p. 13).

O momento de transformação pelo qual as mídias e, consequentemente o

jornalismo está passando, não deve ser visto como uma crise, mas sim como uma

mudança de cenário. Para Marina de Carvalho e Francisco Pimenta, no artigo Crise

ou oportunidade? Como as novas tecnologias podem contribuir na produção de uma

grande reportagem multimídia de qualidade (2016), situações como essa

impulsionam o jornalismo a se adaptar, como já ocorreu outras vezes na história. “A

rápida expansão da internet tem provocado mudanças que não podem ser deixadas

de lado. [...] Palavras escritas, áudio, vídeo, foto, texto, todos os diferentes tipos de

códigos agora podem estar reunidos em um mesmo suporte” (p. 2).

Compreender o futuro das mídias é o desafio de recentes pesquisas no

campo da comunicação.

3.3 AMBIENTE VIRTUAL: ACESSO COLETIVO OU INDIVIDUALIZAÇÃO DA

SOCIEDADE?

O sucesso da revolução causada pela internet é questionado por Dominique

Wolton na obra Internet, e depois? (2007). A atração pelos recursos oferecidos no

ambiente virtual, segundo o autor, está alinhada ao movimento de individualização

da sociedade. Autonomia, domínio e velocidade são as três palavras usadas pelo

crítico para compreender a relevância da internet na vida das pessoas. A utopia de

um mundo acessível a todos pode criar a falsa impressão de liberdade individual, de

14

Hiperlink: elemento básico de hipertexto, um hiperlink oferece um método de passar de um ponto do documento para outro ponto no mesmo documento ou em outro documento (FERRARI, Pollyana. Hipertexto, hipermídia: as novas ferramentas da comunicação digital. São Paulo: Contexto, 2007).

Page 42: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

42

acordo com Wolton. “Quando se fala atualmente do sucesso das novas tecnologias

de comunicação, é necessário então ser preciso, lembrando que se trata de uma

mescla de realidade e mitos” (p. 85).

Vários são os aspectos citados por Wolton (2007) para explicar os motivos

que levaram os jovens a se interessarem pelas novas tecnologias como, por

exemplo, a liberdade para circular na rede e acessar apenas o conteúdo que lhes

interessa. O pesquisador afirma que, geralmente, muitos estudiosos veem nesse

contexto a emergência de uma nova sociedade em rede, livre e solidária. Entretanto,

Wolton discorda e caracteriza esse pensamento como uma utopia social e

igualitária, pois o mundo globalizado tornou as pessoas mais dependentes e

fragilizadas.

A sensação de igualdade em relação ao acesso à informação também é

contestada por Wolton (2007). Mesmo que possamos acessar livremente a

informação, o autor explica que a busca será segmentada pelo nível cultural e até

mesmo financeiro do usuário. A utilização das novas tecnologias para procurar a

informação pode ser mais seletiva do que o rádio, a televisão e o jornal, por

exemplo, que, para o autor, oferecem o mesmo produto para todos.

Um risco apontado pelo crítico de consumir a informação disponível na rede é

a segmentação do conteúdo em razão dos meios sociais. Apesar das constantes

críticas que recebem, Wolton afirma que os meios tradicionais ainda se revelam ser

mais democráticos em relação às novas mídias. “Eles são os instrumentos de

comunicação que atuam no universal e não no particular. Com essas mídias, a

informação é dirigida a todos, cada um a internalizando de acordo com a sua

personalidade quanto de sua posição social” (p. 97).

Se, por um lado, a internet tem um sistema melhor de distribuição de

informação em relação às mídias tradicionais, Wolton (2007) explica que o sistema

de comunicação está mais defasado. O autor acrescenta ainda que a comunicação

é possível por meio de uma ligação entre o emissor, a mensagem e o receptor –

razão pela qual não é possível sem a definição de um espaço no qual ela exista.

Como a informação da internet pode ser acessada em qualquer lugar do mundo, o

autor explica que se perde precedentes essenciais para uma comunicação eficiente.

Page 43: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

43

Com a Net, se está do lado da emissão, da capacidade de transmissão sem reflexão do receptor, que pode ser qualquer internauta do mundo. Ao contrário, não se pode ter uma mídia sem uma reflexão sobre o que pode ser a demanda e o público. (WOLTON, 2007, p. 101).

Para criar uma comunicação eficiente, um dos desafios propostos pelo autor

para as novas tecnologias é um projeto e um modelo cultural. O crítico explana que

a transmissão mais veloz da informação criou uma nova maneira de comunicar, mas

que precisa ser revista para não ser banalizada.

O drama com os seres humanos é que eles não se contentam com informações; eles são portadores de emoções, nunca interpretam da mesma maneira as informações e têm dificuldade, principalmente, em distinguir informação de boatos. (WOLTON, 2007, p. 134).

O que muitos pesquisadores chamam de revolução, Wolton define apenas

como uma inovação técnica, já que na sua visão a sociedade não foi profundamente

transformada com a chegada da internet. “Por enquanto, as novas tecnologias,

como de resto das mídias de massa, remetem à mesma sociedade, a sociedade

individualista de massa, com vocações particulares de umas e de outras” (p. 186).

Com isso, o autor afirma que essa é mais uma etapa do progresso da comunicação,

pois as mídias tradicionais e as novas tecnologias são complementares.

As transformações nos processos comunicacionais são muito recentes. A

convergência de mídias e seus processos de produção e mediação de conteúdos

são temas desafiadores para os profissionais e pesquisadores da área. Para

entender melhor esses processos, a produção de conteúdo no jornalismo impresso e

digital, foco dessa pesquisa, será o tema no próximo capítulo. Por meio de um

comparativo entre as mídias será possível compreender melhor as diferenças e

semelhanças presentes nas plataformas.

Page 44: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

44

4 PRODUÇÃO DE CONTEÚDO NO JORNALISMO IMPRESSO E ONLINE

O jornalismo é uma atividade múltipla e difícil de ser caracterizada em um

único conceito. A possibilidade de atuar em diversos meios, entre eles os jornais e a

internet, dificulta trabalhar com uma definição padrão sobre a produção de conteúdo

para todas as áreas. Caldas (2002) afirma que determinadas funções e habilidades

exigidas em cada um deles são muito diferentes.

Para o melhor entendimento dos processos de produção gerais e específicos

do jornalismo impresso e online, neste capítulo serão abordados os conceitos de

notícia e reportagem, os critérios de noticiabilidade, o processo da pauta, produção e

apuração da notícia e as características particulares presentes em cada uma dessas

plataformas.

4.1 NOTÍCIA VERSUS REPORTAGEM

Notícia e reportagem são conceitos que se confundem quando o assunto é a

produção de conteúdo jornalístico. Apesar das semelhanças, Noblat (2004) explica

que a notícia é o relato mais curto de um fato, enquanto a reportagem é rica em

detalhes:

notícia é uma história, assim como a reportagem. As pessoas gostam de ouvir e de ler histórias. De preferência, sobre outras pessoas. Toda história tem de ter começo, meio e fim. Notícia e reportagem, também. Um começo que chame a atenção do leitor. Um miolo atraente e para empurrá-lo até o fim da história. E um final, se possível, que o surpreenda. (NOBLAT, 2004, p. 130-131).

A reportagem, para Ana Arruda Callado, em O texto em veículos impressos

(2002), é o “levantamento de um problema ou o balanço de uma situação” (p. 52). A

autora destaca que a reportagem ganha o estilo mais pessoal de quem a escreve, o

que a diferencia da notícia. Como exemplo, a narrativa pode descrever em detalhes

o clima que envolve uma determinada situação por meio da perspectiva do

jornalista.

A distância entre os conceitos é estabelecida a partir da definição da pauta.

Segundo Nilson Lage, na obra Estrutura da notícia (2000), as pautas para as

notícias são indicações de fatos programados, de eventos que podem ter

desdobramentos ou da ligação com setores que registram acontecimentos de

Page 45: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

45

interesses públicos, como os órgãos de polícia. Já a reportagem trata do

levantamento de um assunto amparado por um estudo de planejamento. A partir da

discussão da pauta, todos os aspectos que envolvem a sua produção são pensados

e definidos. Lage (2000) explica que a reportagem não possui uma estrutura rígida,

sendo escrita de acordo com cada veículo, público e assunto e “em certos casos,

admite-se que o repórter conte o que viu na primeira pessoa. A linguagem também é

mais livre. [...] Há reportagens em que predominam a investigação e o levantamento

de dados; em outras, a interpretação” (p. 47 e 48).

Para saber onde encontrar a notícia, Noblat (2004) destaca que o profissional

deve ter um faro bem apurado e estar atento aos detalhes.

A notícia está no curioso, não no comum; no que estimula conflitos, não no que inspira normalidade; no que é capaz de abalar as pessoas, estruturas, situações, não no que apascenta ou conforma; no drama e na tragédia e não na comédia e no divertimento. (NOBLAT, 2004, p. 31).

A partir do entendimento do conceito de notícia e reportagem, no subtítulo

seguinte serão abordados quais critérios devem ser observados para decidir se um

fato deve virar notícia ou não.

4.1.1 Critérios de noticiabilidade

Para entender o que é notícia, é preciso analisar quais são os critérios de

noticiabilidade. O tema será discutido com base nas definições de Nelson Traquina,

na obra Teorias do Jornalismo – Volume II (2005). Os critérios de noticiabilidade, ou

valores-notícia, são importantes aspectos de interação jornalística e, segundo

Traquina, representam o conjunto de regras usadas para definir que fatos merecem

um tratamento jornalístico. “Os critérios de noticibilidade são o conjunto de valores-

notícia que determinam se um acontecimento, ou assunto, é susceptível de se tornar

notícia, isto é, de ser julgado como merecedor de ser transformado em matéria

noticiável” (p. 63).

Os valores-notícia estão divididos em dois grupos: o de seleção e o de

construção. Os valores-notícia de seleção são utilizados na escolha de determinado

acontecimento para transformá-lo em notícia. Já os valores-notícia de construção

funcionam como orientação para apresentar o material. Os critérios apresentados a

Page 46: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

46

seguir, definidos por Traquina, estão classificados no grupo dos valores-notícia de

seleção:

a) Morte: além de ser inevitável, quanto mais violenta for ou mais conhecidas

forem as pessoas, mais atenção o fato receberá. Presente diariamente no

jornalismo, a morte é considerada um valor-notícia fundamental para a

comunidade;

b) Notoriedade: celebridades, políticos, elite, entre outras pessoas famosas ou

que se destacam na sociedade, agregam importância ao fato. Em muitas

oportunidades, os acontecimentos ganham relevância pela pessoa que está

envolvida e não pelo fato em si;

c) Proximidade: é relevante em termos geográficos. Muitas vezes um fato que

aconteceu em determinada cidade será notícia em um jornal local, mas

dificilmente em outro país;

d) Relevância: para Traquina (2005), é a “preocupação de informar o público dos

acontecimentos que são importantes porque têm um impacto sobre a vida das

pessoas” (p. 80);

e) Novidade: o novo sempre foi relevante no jornalismo. Um fato já noticiado

somente volta à pauta se surge alguma novidade para relembrar o assunto;

f) Tempo: pode estar presente na forma de atualidade para um acontecimento

recente; em forma de aniversário quando, por exemplo, uma notícia completa

10 anos; ou numa forma mais estendida ao longo do tempo, pois Traquina

(2005) destaca que “devido ao seu impacto na comunidade jornalística, um

assunto ganha noticiabilidade e permanece como assunto com valor-notícia

durante um tempo mais dilatado” (p. 82);

g) Notabilidade: é a qualidade de ser visível ou tangível. Os jornalistas atribuem

importância aos fatos que dizem respeito ao grande número de pessoas

envolvidas ou quanto maior for a presença de grandes nomes, como visto na

notoriedade; também pode ocorrer quando o fato é o contrário do que

consideramos dentro dos padrões da normalidade; em falhas, excessos ou

escassez;

h) Inesperado: fatos que surpreendem e surgem de repente, chamando a

atenção do público, costumam virar notícia;

i) Conflito ou controvérsia: trata-se da violência física ou simbólica. São fatores

que representam uma ruptura na ordem social;

Page 47: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

47

j) Infração: refere-se à violação e ao não cumprimento das regras, como por

exemplo, os crimes. Para Traquina (2005), “um crime mais violento, com

maior número de vítimas, equivale a maior noticiabilidade para esse crime” (p.

85).

Os critérios de noticiabilidade estão presentes no cotidiano de todas as

redações e não sofrem alterações, independentemente do meio onde a notícia será

divulgada. A seguir, serão apresentadas outras práticas em comum para o processo

de produção da notícia.

4.1.2 Pauta, produção e apuração da notícia

Apesar de haver diferenças no processo de produção de conteúdo para cada

meio de comunicação, algumas práticas podem ser aplicadas a todos os veículos,

independente de onde a notícia ou reportagem será divulgada. A pauta, por

exemplo, é o processo que antecede a execução de uma reportagem, sendo a

principal ligação entre a produção e a edição das matérias. Ricardo Kotscho, no livro

A prática da reportagem (2001), explica que a pauta serve para organizar e planejar

melhor o dia a dia da redação.

Para Nilson Lage, no livro A reportagem: teoria e técnica de entrevista e

pesquisa jornalística (2011), as pautas são o planejamento dos assuntos a serem

abordados em reportagens e podem incluir algumas observações técnicas e de

logística. “Uma pauta bem feita prevê volumes de informação necessário para a

garantia de eventuais quedas de pauta e ainda matérias que poderão ser

aproveitadas posteriormente” (p. 37). Lage destaca os processos que são incluídos

nas pautas de notícia:

a) Eventos programados (julgamento de acusados, votações em assembleias,

inaugurações de obras etc.) ou sazonais (início do ano letivo, vendas de fim

de ano, mobilização de boias-frias para a colheita etc.);

b) Eventos continuados (greves, festejos, pontos de estrangulamento no trânsito

etc.);

c) Desdobramentos (suítes, continuações) de fatos geradores de interesse

(acompanhamento de investigações policiais, recuperação de vítimas de

atentados ou acidentes, repercussão de medidas econômicas etc.);

Page 48: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

48

d) Fatos constatados por observação direta e que estão lá, esperando ser

noticiados (mudanças nos costumes, ciclos de moda, deterioração ou

recuperação de zonas urbanas etc.).

Depois que a pauta é discutida e aprovada, o primeiro passo para a execução

da reportagem é a escolha das fontes. O levantamento de informações, segundo

Lage (2011), geralmente é feito com personagens ou instituições que

testemunharam ou participaram do fato, chamados de fontes. Assim, de acordo com

Luiz Costa Pereira Junior, em seu livro A Apuração da Notícia: Métodos de

Investigação na Imprensa (2010), o rigor na checagem estabelece a qualidade da

informação. Para isso, é preciso levar em consideração os seguintes aspectos:

a) As relações, o valor, a situação, os riscos e a credibilidade das fontes;

b) Os conceitos complementares, a informação que supomos que sabem e a

relação que supomos que as fontes têm com o fato;

c) Até que ponto não estamos sendo usados por fontes legitimadas por sua

autoridade, produtividade e credibilidade anterior, e não fazemos uma

avaliação isenta sobre o real valor que as informações têm para o público.

Feito isso, o contato com as fontes é a oportunidade de checar a informação.

No processo da produção é preciso levar em conta que apurar não é apenas

escolher uma fonte, anotar uma declaração ou gravar uma entrevista. Caldas (2002)

afirma que um bom repórter dever ter os sentidos apurados, pois “a observação, o

olhar, a audição, o olfato são capazes de captar detalhes que podem ampliar e

modificar o rumo de uma reportagem” (p. 27).

Uma das partes mais importantes da apuração é a entrevista e, quando bem

conduzida, é essencial para extrair do entrevistado informações cruciais para

produzir uma matéria. O repórter deve conhecer a pauta para elaborar perguntas ao

entrevistado e estar atento com as respostas. Noblat (2004) orienta começar um

questionamento com perguntas que a fonte gostaria de responder, pois isso a

deixará mais à vontade. “Não caiam na bobagem de fazer as perguntas mais

embaraçosas de uma vez, uma atrás da outra. Dosem tais perguntas. Para que o

entrevistado não se sinta acuado” (p. 69). Caso o entrevistado comece a demonstrar

nervosismo, o autor orienta a mudar de assunto e retomá-lo quando ele menos

esperar.

Page 49: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

49

Notícia em uma entrevista está no que diz o entrevistado. Mas pode estar também no silêncio dele, na irritação que demostra diante de uma pergunta, no sorriso que esboça quando escuta outra, na recusa em responder uma determinada questão. Tudo deve ser observado. E o relevante, publicado. (NOBLAT, 2004, p. 70).

O próximo passo é fazer a narrativa do fato para sua posterior publicação. É

nessa etapa que os processos se diferem de um veículo para o outro. Para Pereira

Junior (2010), o conflito da narrativa jornalística está em conciliar a produção de

matérias bem apuradas e apresentadas com o obstáculo do tempo e das rotinas de

trabalho. Enquanto o jornalismo impresso preocupa-se com texto e imagem, o

jornalismo online deve levar em consideração outros recursos multimídia, como

áudios e vídeos, por exemplo. São essas peculiaridades que devem ser

consideradas e que serão exploradas nos próximos subtítulos da pesquisa.

4.2 A NOTÍCIA NO JORNALISMO IMPRESSO

A essência do jornalismo é a notícia, definida por Noblat (2004) como todo

fato relevante que é de interesse público. Mas, na prática, são os jornalistas que

escolhem o que querem informar ao público. Para o autor, a notícia no jornal

impresso deve prezar pela apuração minuciosa, pela profundidade e boa escrita,

estimulando uma reflexão no leitor, pois “notícia em tempo real deve ficar para os

veículos de informação instantânea – rádio, televisão e internet” (p. 38).

Para escrever uma boa notícia ou reportagem, é melhor pecar pelo exagero

do que pela falta de informação. Segundo Noblat (2004), o leitor costuma acreditar

mais em notícias contadas com detalhes. “Não se sai melhor quem publica a notícia

primeiro, mas quem publica a melhor notícia - a mais completa, a mais precisa e,

portanto, a mais confiável” (p. 61).

A notícia, conforme Lage (2000), deve ser contada na ordem em que ocorreu.

Para isso, é preciso respeitar três fases no processo de produção: a seleção dos

eventos, a ordenação dos eventos e a nomeação.

É imprescindível dominar a arte de escrever para quem vive dela. De acordo

com Noblat (2004), o jornalista deve ter uma boa imaginação para enxergar além do

que é visto por todos. Não há uma receita para redigir um bom texto, mas o autor

destaca alguns aspectos que podem facilitar o processo. Frases curtas, na ordem

direta são sinônimo de simplicidade. Além disso, o texto jornalístico deve ser preciso

Page 50: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

50

e claro. “Escrevam uma notícia ou uma reportagem como se contassem uma história

a um amigo. Toda história tem começo, meio e fim. Notícia e reportagem também”

(p. 82).

O primeiro parágrafo de uma notícia ou reportagem que responde as

perguntas: o que, quem, quando, onde, como e por quê é conhecido como lead.

Segundo Noblat (2004), o lead foi criado para padronizar e objetivar os textos dos

jornais, separando informação de opinião. O autor critica o uso do lead tradicional

nas páginas dos periódicos, isso porque já não se encaixa no proposto pelo qual

surgiu. “O lead é inimigo do prazer que a leitura de um bom texto pode proporcionar.

Porque inibe a imaginação e a criatividade dos jornalistas. E estimula a preguiça” (p.

98). Callado (2002) concorda que o lead passou por adaptações e permitiu que o

jornalista usasse de recursos pessoais para a escrita. Entretanto, a autora alerta que

um texto interpretativo corre o risco de perder a objetividade da notícia e acrescentar

uma opinião indesejada.

Uma boa notícia deve vir acompanhada de títulos criativos e que estimulem a

leitura, fugindo do convencional. Noblat (2004) salienta que essa é a função de

manchetes de capa e de páginas internas e, caso não cumpra com seu papel, não

servem para nada.

Um bom jornal não deve publicar informações que já foram exploradas em

outros veículos de comunicação. A sua função deve ser a de acrescentar

informações sobre os fatos ou explicar com clareza o que ainda não foi entendido.

Noblat (2004) afirma que é papel da mídia impressa adiantar o que está por vir, o

que define como “jornalismo de antecipação” (p. 114). Para isso, é necessária

experiência, ousadia e uma análise minuciosa, já que antecipar não é adivinhar.

Kotscho (2001) destaca que o diferencial de um jornal em relação ao seu

concorrente é a capacidade de transformar os fatos do cotidiano em boas matérias

de ler.

Apesar de muitos profissionais escolherem o Jornalismo para trabalhar com

fatos novos todos os dias, a rotina também faz parte de uma redação, pois é preciso

respeitar regras, além de ter padrões e métodos definidos. O diálogo é essencial no

processo de produção da notícia. É necessário que o repórter converse com o editor

para definir o número de linhas que será cedido para o material, pois, segundo

Noblat (2004), “nada é mais comum também do que um repórter se matar para

apurar uma matéria, retornar à redação pensando em escrever noventa linhas e

Page 51: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

51

ouvir do seu chefe que só haverá espaço para trinta” (p. 123). Além disso, é

necessário orientar o fotógrafo ou a editoria de arte com informações que facilitem a

produção da imagem que irá ao lado do texto.

Callado (2002) ressalta que o jornalismo impresso vem mudando por

influência das transformações sociais, incluindo a evolução tecnológica. Para Noblat

(2004), o modelo dos jornais está ameaçado pelo medo de mudar. O autor destaca

ainda que “a única coisa que um jornal não pode é deixar-se ficar para trás quando

seus leitores avançam. Porque não haverá futuro para um jornal assim” (p. 22).

Lage (2000) aponta que os jornais impressos devem apostar seu futuro

investindo na produção de reportagens mais do que de notícias. Para o autor, a

divulgação de notícias está ligada à internet, enquanto os periódicos devem se

ocupar com aprofundamentos dos fatos.

Terá futuro a notícia em jornal diário? Provavelmente não. Sua sobrevivência, aí, depende do grau de controle político e do desenvolvimento da mídia eletrônica, que é mais veloz, eficiente e não gasta papel. Mas a notícia escrita sobreviverá em veículos especializados, ainda que chegue ao consumidor por via eletrônica. (LAGE, 2000, p. 46).

A sobrevivência da mídia impressa, de acordo com Caldas (2002), será

possível por meio de duas palavras-chave: segmentação e conteúdo. Com a difusão

das informações na internet, quem oferecer o melhor conteúdo terá vantagem.

No projeto multimídia, a redação passa a assumir múltiplas funções de produção e o repórter tem sua atividade segmentada, cabendo-lhe prover ao mesmo tempo os diferentes canais de informações operados pela empresa jornalística. À medida que os grupos se consolidam e adquirem tecnologia para operar como redes integradas de comunicação, o trabalho do repórter consistirá, cada vez mais, em abastecer de conteúdo as diversas mídias do mesmo sistema. (CALDAS, 2002, p. 37).

A produção da notícia para o jornalismo impresso serviu como base para a

sua produção na internet. Assim como nos primórdios dos portais de notícias, muitas

empresas jornalísticas apenas transportam o conteúdo impresso para a web, com

algumas modificações na linguagem. No próximo subtítulo, serão abordadas as

especificidades que essa plataforma exige para tornar o conteúdo atrativo aos

usuários.

Page 52: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

52

4.2 A NOTÍCIA NO JORNALISMO ONLINE

O desenvolvimento de novas tecnologias permitiu avanços significativos na

comunicação nos últimos tempos. A internet despontou como um novo e fascinante

trabalho para jornalistas. O meio eletrônico proporcionou a utilização de ferramentas

que não são possíveis de serem utilizadas na matéria publicada no jornalismo

impresso. Ferrari (2003) explica que no conteúdo online é possível adicionar vídeo,

áudio e animações, por exemplo.

Os recursos multimídia disponíveis no meio criaram uma maneira diferente de

consumir informação. Quando surgiu na web, a notícia ganhou outras proporções,

impondo novas regras e mudando conceitos pré-definidos de como fazer jornalismo.

E o impacto mais significativo foi em relação à velocidade da informação. Se em

outra época era aceitável saber dos fatos no dia seguinte, hoje isso não é permitido.

A partir da concepção da informação em tempo real, as empresas

jornalísticas passaram a funcionar como verdadeiras agências de notícia,

despejando reportagens em fluxo contínuo para os internautas, que participam dos

acontecimentos no momento em que eles estão ocorrendo. O vasto campo de

informação, que pode ser conferido facilmente por meio dos mais diversos aparelhos

tecnológicos, proporciona ao usuário acessar o que for do seu interesse.

Conforme Ferrari (2003), a média de atualização dos maiores websites é de

cinco minutos. Em geral, o caminho percorrido pela notícia até sua publicação na

internet demora cerca de dez minutos. Os assuntos são os mais variados, de

tragédias a ações solidárias. A hierarquia do tempo real faz com que as notícias

sejam associadas na ordem cronológica.

Promover um rodízio, fazendo a troca de chamadas e fotos na página inicial,

aumenta o desejo do leitor de estar bem informado. Além disso, Ferrari (2003)

contextualiza que outra estratégia adotada pelos sites é pesquisar qual assunto está

sendo mais acessado em determinado horário e, em cima disto, avaliar o perfil do

usuário. “Não basta apenas ter uma boa reportagem na mão para achar que ela

fará sucesso na home page15, é preciso saber onde publicar e em que horário” (p.

75).

15

Home page: página inicial que é vista por um utilizador de um site, que geralmente contém informação introdutória e hiperligações para outras partes do site ou para outros sites relevantes. Disponível em: <http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/Homepage>. Acesso em 15 jul. 2016.

Page 53: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

53

Sites ou noticiários que tiveram sua origem na web são considerados pela

autora como produtos do jornalismo digital. Já o processo de transportar o conteúdo

impresso para a internet, utilizando as conhecidas etapas da produção da notícia e

apenas traduzindo para a linguagem da web, é classificado como jornalismo online.

Para Ferrari (2003), “os veículos cem por cento digitais são obrigados a ter todos os

departamentos de uma redação: fotografia, editorias, produção net (similar à

produção gráfica), financeiro, arte, entre outros” (p. 41).

A narrativa digital dispõe de elementos específicos que serão definidos a

seguir com base nas explicações de Nora Paul, em Elementos das narrativas digitais

(2007):

a) Mídia: é o tipo de expressão usada no suporte da narrativa. O impresso,

por exemplo, utiliza texto, fotos e gráficos estáticos. O ambiente digital

permite usar esses e outros recursos provenientes dos demais veículos,

como o áudio e o vídeo;

b) Ação: refere-se ao movimento do próprio conteúdo e a ação requerida

pelo usuário para acessar o conteúdo. São elementos exclusivos da

narrativa online as animações instantâneas, a apresentação automática de

slides e o movimento do conteúdo;

c) Relacionamento: na internet, o produtor do conteúdo pode criar recursos

para se relacionar e interagir com o usuário sem que ele fique limitado a

simplesmente ler, assistir ou ouvir a história. O conteúdo é pensando para

proporcionar uma nova experiência ao leitor da web;

d) Contexto: é a habilidade de proporcionar conteúdo adicional, remetendo a

outros materiais. Pode ser fornecido por meio de links. Os links podem ser

classificados como: embutidos, quando os materiais paralelos estão

colocados dentro da narrativa; paralelos, quando colocados ao lado do

texto principal; interno, quando são dirigidos para materiais do próprio site

que produz a narrativa; externo, quando são dirigidos para materiais de

fora do site acessado; suplementares, quando trazem um material

diferente do que está sendo exposto; duplicativos, quando remete a outra

notícia sobre o mesmo assunto; contextual, quando fornece material

especifico para a narrativa; e relacionado, quando fornece material similar;

e) Comunicação: é a habilidade de se conectar com os outros por meio da

mídia digital.

Page 54: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

54

Sendo assim, o próximo subtítulo abordará o cenário da produção jornalística

contemporânea para a web.

4.2.1 Características do Jornalismo Online

As características do jornalismo online deram origem ao ciberjornalismo, que

Ferrari (2003) define como sendo as tarefas do dia a dia que envolvem a criação de

textos para a internet, como manter um blog. “Quem é capaz de mexer em várias

mídias ao mesmo tempo e, além disso, escreve corretamente e em português culto,

tem grandes chances de tornar-se um ciberjornalista” (p. 42).

João Canavilhas, em Webjornalismo: considerações gerais sobre jornalismo

na web (2001) retoma uma diferença apontada por Ferrari (2003) no subtítulo

anterior para enfatizar que o jornalismo online não passa de uma transposição do

texto escrito para os demais veículos de comunicação, ou seja, o conteúdo é apenas

duplicado para o novo meio. Porém, o jornalismo na web é caracterizando por certas

alterações na apresentação da notícia entre os meios. Segundo o autor, isso é

possível a partir da exploração dos recursos oferecidos na internet. “Com base na

convergência entre texto, som e imagem em movimento, o webjornalismo pode

explorar todas as potencialidades que a internet oferece, oferecendo um produto

completamente novo: a webnotícia” (p. 1).

A divulgação de notícias online foi se adaptando de acordo com as

preferências do usuário, criando recursos que permitiram uma leitura não-linear, ou

seja, que pode ser feita por diversos caminhos. Ferrari (2003) explica que isso foi

possível devido ao hipertexto, que é definido pela autora como um bloco de

diferentes informações digitais interconectadas, que, “ao utilizar nós ou elos

associativos (os chamados links), consegue moldar a rede hipertextual, permitindo

que o leitor decida e avance sua leitura do modo que quiser” (p. 42). Canavilhas

(2001) complementa a explicação afirmando que a possibilidade de conduzir a

própria leitura revela uma tendência de o usuário assumir um papel proativo na

notícia.

Com o usuário no comando, a internet proporciona saber onde ele clica. De

acordo com Ferrari (2003), é viável que cada portal de notícia faça uma análise mais

profunda para descobrir o porquê dessa escolha e entender o que fez com que

determinado conteúdo chamasse mais a atenção do leitor do que o outro.

Page 55: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

55

A possibilidade da interação direta do usuário no webjornalismo deve ser

explorada, de acordo com Canavilhas (2001), pois ao contrário do jornal impresso,

onde o leitor interage por meio de cartas que podem vir a não ser publicadas, na

plataforma online a notícia deve servir como ponto de partida para gerar discussões

entre os leitores. “Para além da introdução de diferentes pontos de vista enriquecer

a notícia, um maior número de comentários corresponde a um maior número de

visitas, o que é apreciado pelos leitores” (p. 3).

Para Ferrari (2003), a informação bem trabalhada e que explora os recursos

multimídia é o que vai criar uma relação de fidelidade com o internauta. Canavilhas

(2001) salienta que a utilização destes recursos obedece a critérios diretamente

ligados com o conteúdo informativo e lista alguns exemplos de como integrar os

elementos na webnotícia.

a) Hiperligações: indicada para textos extensos, ligando a notícia aos seus

elementos anteriores em arquivo, bases de dados ou textos externos ao

jornal;

b) Vídeo: não se assemelha ao vídeo produzido para a televisão. Canavilhas

(2001) explica que na televisão texto e imagem são um só produto e não têm

significado quando separados. Enquanto no webjornal, o vídeo assume o

papel de legitimar a informação veiculada no texto. Para o autor, “‘uma

imagem vale mais que 1000 palavras’ e por isso a introdução do vídeo na

notícia só enriquece o produto final” (p. 5);

c) Flash e 3D: utilizado em situações como catástrofes ou acidentes, em que

não existe o registro em vídeo. Recorrendo a imagens de síntese é possível

criar ou antecipar virtualmente as situações;

d) Flash e Gráficos: aconselhado para notícias que contêm grandes quantidades

de informação associadas a questões técnicas;

e) Áudio: a utilização do som acrescenta credibilidade e objetividade à notícia.

Assim como a escrita para a web segue características do jornalismo

impresso, no caso do som é o rádio que fornece algumas especificidades.

Segundo Canavilhas (2001), “a palavra, o ruído e o silêncio combinados

permitem criar ambientes e imagens sonoras. O jornal jamais poderia causar

um efeito semelhante sobre os leitores e a televisão só com recurso a meios

de produção caros poderia obter igual resultado” (p. 4). Sendo assim, o autor

Page 56: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

56

exemplifica que mais do que escrever uma citação, o jornalista pode divulgar

o som original do entrevistado no jornalismo da web;

f) Outros elementos: Canavilhas (2001) cita outros recursos importantes que

podem ser utilizados na internet, como a distribuição da notícia, quando o

webjornal pode enviar para os assinantes mensagens com os títulos e leads

das notícias nas áreas escolhidas pelo utilizador; personalização, quando o

webjornal pode transformar-se em um informativo pessoal que garanta uma

página onde se destaquem as áreas de interesse do utilizador; periodicidade,

característica que não deve estar presente no webjornal, já que a atualização

deve ser constante.

Ferrari (2003) explica que o processo de produção da notícia para a internet

não contempla o simples ato de transformar o texto para uma linguagem aceita na

web, pois é preciso ter domínio das mídias envolvidas. Escrever para a web não é

tarefa fácil. É preciso conhecer o público, pensar no alcance da notícia e buscar

histórias que possam ser contadas na internet com o aproveitamento de áudio,

gráficos, vídeo, links, etc.

Os repórteres de mídias impressas, por exemplo, privilegiam a informação: os de TV buscam cenas emocionantes, sons e imagens para serem transmitidos junto com o texto da notícia. Já os jornalistas on-line precisam sempre pensar em elementos diferentes e em como eles podem ser complementados. Isto é, procurar palavras para certas imagens, recursos de áudio e vídeo para frases, dados que poderão virar recursos interativos e assim por diante. (FERRARI, 2003, p. 48).

Em relação ao texto, Ferrari sugere que ele deva estar numa linha entre o

jornalismo impresso e o eletrônico. As frases devem ser mais simples, na voz

passiva e com períodos curtos, o que facilita a leitura e prende a atenção dos

leitores. Estilos não convencionais de escrita também são bem-vindos, já que o

usuário é mais receptivo pelo fato de não se sentir preso a apenas uma notícia.

Se o lead não é bem visto por alguns estudiosos das notícias no meio

impresso, no online ele não pode ser esquecido. Ferrari (2003) diz que a técnica é

essencial para mostrar ao leitor qual a notícia e por que ele deve continuar lendo o

texto, “daí a importância de recorrer à velha fórmula ‘quem fez o quê, quando, onde

e por quê’” (p. 49). Outro aspecto importante é o tamanho do texto ou, para o estilo

em questão, a quantidade de caracteres. A autora salienta que qualquer história

Page 57: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

57

pode ser redigida em 900 caracteres, com ressalva para a revista mensal. Quando a

reportagem for maior, a sugestão é usar links para áudios, vídeos ou galerias

fotográficas, o que torna a leitura mais agradável.

Nas edições do online, o espaço é infinito, de acordo com João Canavilhas,

no artigo Webjornalismo: Da pirâmide invertida à pirâmide deitada (2006):

Em lugar de uma notícia fechada entre as quatro margens de uma página, o jornalista pode oferecer novos horizontes imediatos de leitura através de ligações entre pequenos textos e outros elementos multimédia organizados em camadas de informação. (CANAVILHAS, 2006, p. 7).

O autor destaca que estruturar uma notícia na web permite a reinvenção

diária do webjornalismo, pois o jornalista tem ao seu dispor um conjunto de

elementos multimídia que permite ao usuário navegar dentro da informação que está

consumindo.

O jornalismo online possibilita maior velocidade na disseminação da

informação se comparado com a mídia impressa. No subtítulo a seguir, será

apresentado como o fator da instantaneidade influenciou na qualidade da notícia.

4.2.2 O impacto da velocidade na qualidade da informação

A internet chegou para ficar, pois, conforme Ferrari (2003) exemplifica, jamais

os usuários de e-mail voltarão a escrever cartas para se dar ao trabalho de enviá-las

por correio. Além da velocidade, o jornalismo da web também provocou

transformações na maneira de escrever. Conforme explica Paulo Henrique Ferreira,

em Com você, a imprensa móvel (2007), as alterações atingiram também os

profissionais da área. Além de precisar aprender a comunicar de forma objetiva

transformando a notícia em um boletim, os jornalistas precisaram readequar seu

estilo de trabalhar nesta nova editoria, que começava a ocupar espaço cada vez

mais significativo nas redações.

As possibilidades técnicas implicaram em mudanças de conduta na rotina das

empresas de comunicação devido à necessidade de precisar se habituar às

tecnologias a favor do jornalismo.

Page 58: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

58

É exigido do jornalista um olhar de editor. Analisar a importância das notícias como, por exemplo, a morte de uma celebridade para serviços de fofoca, o gol de um time no campeonato mundial de clubes e acidentes ou desastres urbanos, que impactam no trânsito de uma cidade. (FERREIRA, 2007, p. 11).

Paralelamente à evolução dos sites de notícias e às alterações que os

próprios profissionais tiveram que passar, a ansiedade de publicar primeiro acabou

sendo introduzida na rotina do jornalista. Adriana Garcia Martinez, em A construção

da notícia em tempo real (2007), diz que o repórter, denominando-se um difusor de

informação, adotou um novo jeito de trabalhar, onde a teoria ‘o mais importante é

informar antes’ passou a predominar.

Na intenção de contentar os leitores ávidos por novidades, muitas vezes sites

jornalísticos se apressam em divulgar notícias instantaneamente, sem dar a devida

atenção à checagem dos fatos, conforme explicam Elen Sallaberry Pinto e Raquel

da Cunha Recuero, no artigo Velocidade versus Qualidade da Informação no

Jornalismo Online (2009). Em busca do furo, a pressão do dia a dia impede que o

repórter confirme os dados antes de publicar a matéria, pois ele se vê obrigado a

noticiar o fato antes que o concorrente o faça.

Nesses casos, segundo Ferrari (2003), a credibilidade é um grande

diferencial, fazendo com que o melhor furo acabe sendo a qualidade da informação.

Achar que o mais importante é oferecer as últimas notícias o mais rápido possível é um grande equívoco do meio. Os leitores raramente percebem quem foi o primeiro a dar a notícia – e, na verdade, nem se importam com isso. Uma notícia incompleta ou descontextualizada causa péssima impressão. É sempre melhor colocá-la no ar com qualidade, ainda que dez minutos depois dos concorrentes. (FERRARI, 2003, p. 49).

No centro da competitividade da web, o desafio do jornalista é trazer a notícia

na qual o leitor pode acreditar. Para os autores Carlos Pernisa Júnior e Wedencley

Alves, no livro Comunicação Digital (2010), o internauta deve saber onde se

informar.

O excesso de informações das sociedades atuais seria, então, não algo que acontece só em função da velocidade, mas que apresenta aspectos que as pessoas valorizam e que podem não ser os mais relevantes. Há uma grande produção de notícias que tem pouco ou nenhum sentido. O resultado é muita informação, pouca comunicação e menos conhecimento ainda. (PERNISA JÚNIOR; ALVES, 2010, p. 23).

Page 59: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

59

A informação não deve ser isolada, pois precisa ser analisada e comparada

com outras para criar uma compreensão sobre o assunto que é lido. Além disso, não

deve ser aceita como verdade absoluta, já que o assunto deve gerar uma discussão

para que possa haver uma seleção mais rigorosa das notícias.

Ferrari (2003) ressalta que entender o poder que a mídia tem é o primeiro

passo para criar produtos inovadores nas redes.

Uma redação onde seus fundadores entendam a força da mídia e busquem, com uma redação digital, reforçar os princípios da hipermídia de informar não mais de maneira linear, com começo, meio e fim da notícia, mas sim construir matérias múltiplas sobre o mesmo assunto. (FERRARI, 2003, p. 52).

Publicar diversas notícias por dia não é suficiente para a audiência. A autora

destaca que produzir conteúdo original é o correto a se fazer em um meio onde

muitos veículos apenas marcam território na internet.

Após a revisão bibliográfica serão apresentadas as outras etapas do processo

metodológico desta pesquisa.

Page 60: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

60

5 METODOLOGIA

Para responder a questão norteadora da pesquisa, que indaga quais os

desafios do jornal Pioneiro na apresentação da notícia em tempos de convergência

digital, essa monografia utiliza como método o Estudo de Caso e como técnicas a

revisão bibliográfica, a entrevista e a observação.

A definição metodológica, que engloba desde a escolha do tema, dos

objetivos e das hipóteses, auxiliará no desenvolvimento da pesquisa para responder

a questão norteadora e confirmar ou refutar as hipóteses da pesquisa.

5.1 ESTUDO DE CASO

O pesquisador que adota o Estudo de Caso como método procura por

novidades, pressupondo que o conhecimento é ilimitado. De acordo com Marcia

Yukiko Matsuuchi Duarte, no capítulo Estudo de Caso (2014), quem se dispõe a

utilizar esse método deve propor perguntas e buscar novas respostas ao longo da

investigação.

Referência no tema, Robert K. Yin explica no livro Estudo de Caso:

planejamento e métodos (2010) que a utilização desse método é mais indicada

quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se

encontra em fenômenos contemporâneos no contexto da vida real. O estudo de

caso deve ter preferência quando se pretende analisar eventos contemporâneos

onde não é possível manipular comportamentos relevantes. Além disso, emprega

duas fontes de evidências, que segundo Yin (2010), geralmente não são

encontradas em pesquisas históricas: a observação direta do objeto de estudo e

entrevistas das pessoas envolvidas nos eventos.

De acordo com Yin (2010), apesar de ser uma forma diferenciada de

investigação empírica, o estudo de caso é considerado desprezível por muitos

estudiosos. Como alguns dos fatores preponderantes para a afirmação, o autor

exemplifica a falta de rigor científico da pesquisa. Por várias ocasiões, ao longo dos

últimos anos, os pesquisadores que utilizaram o método foram negligentes e

permitiram evidências erradas ou visões tendenciosas que influenciaram no

trabalho. O autor argumenta que, por não dispor de procedimentos específicos para

serem seguidos, o estudo de caso está mais exposto a esse tipo de apontamento.

Page 61: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

61

“[...] a força exclusiva do estudo de caso é sua capacidade de lidar com uma ampla

variedade de evidências – documentos, artefatos, entrevistas e observações – além

do que pode estar disponível em um estudo histórico convencional” (p. 32).

Outro questionamento, segundo Yin (2010), é a confusão entre o ensino do

estudo de caso e a pesquisa do estudo de caso. A diferença, conforme explica o

autor, é que no ensino os materiais podem sofrer alterações a fim de demonstrar

uma determinada questão de forma mais efetiva. Na pesquisa, qualquer alteração é

proibida, pois o pesquisador deve relatar corretamente toda evidência.

5.1.1 Táticas de estudo de caso

Para Yin (2010), “o projeto de pesquisa é a lógica que vincula os dados a

serem coletados (e as conclusões a serem tiradas) às questões iniciais do estudo”

(p. 46). O autor destaca que quatro etapas devem auxiliar a pensar sobre o projeto:

quais questões estudar, quais dados são relevantes, quais dados coletar e como

analisar os resultados. Além disso, cinco elementos são imprescindíveis no projeto

de pesquisa, de acordo com Yin (2010), sendo eles:

a) Questões de estudo: indicação importante para definir o método mais

apropriado para a pesquisa. O estudo de caso é mais indicado para as

questões como e por que;

b) Proposições de estudo: são opcionais e estão relacionadas a algo que deve

ser analisado detalhadamente no projeto e pode contribuir com evidências

relevantes;

c) Unidade de análise: está relacionado com a definição de o que é o caso. Com

base nas afirmações de Yin, Duarte (2014) sintetiza que:

Ao estudar, por exemplo, certos tipos de líderes, cada indivíduo selecionado é um “caso”, ou seja, a unidade primária de análise; e nessa situação teríamos um estudo de caso único. Se optarmos por analisar vários exemplos desses indivíduos, teríamos necessariamente um estudo de casos múltiplos. (DUARTE, 2014, p. 224).

A definição da unidade de análise, para Yin (2010), está relacionada com a

importância da formulação correta das questões iniciais da pesquisa;

Page 62: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

62

d) Vinculação dos dados às proposições e critérios para a interpretação dos

achados: os dois últimos componentes indicam os passos da análise de

dados na pesquisa.

Para avaliar a qualidade do projeto de pesquisa, Yin (2010) apresenta quatro

testes usados nas pesquisas sociais empíricas que incluem conceitos de

fidedignidade, credibilidade, confirmabilidade e fidelidade de dados. Os testes são

apresentados e explicados na tabela a seguir.

Figura 1. Táticas de estudo de caso para quatro testes de projetos

Fonte: Yin, 2010, p. 64.

Esse processo é relevante ao pesquisador, pois o prepara para ir em busca

do desenvolvimento da teoria com uma noção do material que precisa procurar.

Page 63: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

63

5.1.2 Tipos de estudo de caso

De acordo com Yin (2010), há quatro tipos básicos de projetos considerados a

partir de estudos de casos únicos e múltiplos, que refletem situações de projetos

diferentes, sendo eles: projetos de caso único holístico; projetos de caso único

integrado; projetos de casos múltiplos holísticos; projetos de casos múltiplos

integrados.

O estudo de caso único, para Yin, é justificável onde o caso representa um

teste crucial da teoria existente, o caso é um evento raro ou exclusivo, ou serve a

um proposto revelador. Além disso, Duarte (2014) complementa que pode envolver

apenas uma unidade de análise – holístico. A escolha entre um projeto holístico ou

integrado depende do objeto a ser estudado. Projetos de casos múltiplos, segundo

Yin (2010), estão aumentando mesmo sendo mais caros e exigindo uma demanda

maior de tempo.

Na figura a seguir, o autor apresenta os tipos básicos de projetos para o

estudo de caso:

Page 64: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

64

Figura 2. Tipos básicos de projetos para estudos de caso.

Fonte: Cosmos Corporation apud Yin, 2010, p. 70.

A presente pesquisa é um projeto de caso único integrado, que utiliza um

único caso - o Jornal Pioneiro - mas com análise do jornal impresso e do

Pioneiro.com. Além de utilizar a plataforma online do Zero Hora como referência

para alguns aspectos da investigação.

5.1.3 Como conduzir o estudo de caso

Após passar pelas etapas da definição das questões no projeto de estudo de

caso, parte-se para a coleta de dados. Essa fase, segundo Yin (2010) é complexa e

difícil e deve ser executada com muita concentração pelo pesquisador, pois “se não

for bem realizada, toda a investigação do estudo de caso pode ser prejudicada e

todo o trabalho prévio [...] terá sido em vão” (p. 93).

Page 65: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

65

A coleta de dados exige habilidades desejadas por parte do pesquisador,

além de tópicos adicionais como: o treinamento para o estudo de caso específico; o

desenvolvimento de um protocolo de investigação; a triagem dos candidatos ao

caso; a condução de um estudo de caso-piloto.

O estudo de caso requer uma preparação consistente. São mencionadas as

habilidades desejadas, pois Duarte (2014) explica que “os procedimentos de coleta

de dados não seguem uma rotina e é contínua e intensa a interação entre as

questões teóricas estudadas e os dados coletados” (p. 228).

O treinamento, conforme Yin, também é um passo importante nessa etapa. O

objetivo é preparar o pesquisador para que assuma o papel de investigador e

consiga tomar decisões importantes que auxiliem no desenvolvimento do trabalho.

O protocolo é um documento que servirá de orientação, com o reforço do

tema analisado e antecipação de problemas que podem vir a ocorrer durante o

estudo. Conforme Yin (2010), essa etapa é uma das principais estratégias para

aumentar a confiabilidade da pesquisa, pois apresenta uma visão geral do estudo de

caso; procedimentos de campo; questões específicas do estudo de caso; guia para

o relatório do estudo de caso.

A triagem dos candidatos para o estudo de caso é importante, pois visa

garantir a escolha apropriada do caso antes da coleta formal de dados. Yin (2010)

explica que o investigador pode optar por um único caso ou uma série de casos

múltiplos.

A realização de um estudo-piloto é a preparação para a coleta de dados, mas

pode receber mais recursos que a própria fase em si. De acordo com Duarte (2014),

o caso-piloto “auxilia o pesquisador a melhorar os planos, seja em relação ao

conteúdo seja quanto aos procedimentos, que poderão ser previamente testados” (p.

229).

Yin (2010) explica quais são as maneiras de coletar os dados a partir da

preparação. A evidência do estudo de caso pode originar de seis fontes:

documentos, registros em arquivos, entrevistas, observação direta, observação

participante e artefatos físicos. O autor descreve um breve resumo de cada fonte,

que estão associadas a uma série de dados ou evidências:

a) Documentação: pode assumir várias formas, como documentos pessoais,

relatórios, estudos formais, recortes de notícias, entre outros. Seu uso é

Page 66: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

66

imprescindível para confirmar e valorizar as evidências encontradas em

outras fontes, como confrontar dados contraditórios, por exemplo;

b) Registros em arquivos: seu uso pode variar de um estudo de caso para o

outro, podendo ser fundamental para uns e superficial para outros. Yin (2010)

diz que o investigador deve ter cuidado de confirmar sob quais condições a

evidência dos arquivos foram produzidas;

c) Entrevistas: é considerada uma das fontes mais importantes de informação

para aplicar o estudo de caso. Para Yin (2010), as entrevistas “exigem que

você opere em dois níveis ao mesmo tempo: satisfazendo as necessidades

de sua linha de investigação [...] enquanto, simultaneamente, apresenta

questões “amigáveis” e “não ameaçadoras” em suas entrevistas abertas” (p.

133);

d) Observação direta: é utilizada quando o pesquisador visita o local do estudo

de caso.

e) Observação participante: aqui, o observador deixa de ser passivo e assume

uma série de funções, podendo até mesmo participar de eventos que estão

sendo analisados.

f) Artefatos físicos: fontes de evidências que podem ser coletadas ou

observadas como parte dos estudos de caso. Pode ser físico ou cultural,

como um dispositivo tecnológico, uma ferramenta ou instrumento, uma obra

de arte, evidências físicas, entre outros aspectos.

A fase seguinte representa a análise da evidência do estudo de caso.

Considerada um dos pontos mais difíceis do método, Yin (2010) define que essa

etapa “consiste no exame, na categorização, na tabulação, no teste ou nas

evidências recombinadas de outra forma, para tirar conclusões baseadas

empiricamente” (p. 154). O pesquisador deve iniciar essa fase com uma estratégia

geral analítica, por meio da definição de prioridades do que será analisado e por

quê.

Com base nas definições de Yin, Duarte (2014) explica que a estratégia geral

pode se basear em proposições teóricas, que ajudam o investigador a selecionar os

dados, a organizar o estudo e a definir explicações alternativas. Outra maneira é

desenvolver uma descrição de caso, por meio da elaboração de uma estrutura que

Page 67: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

67

descreve o estudo de caso, que facilitará nos processos de análise de situações

mais complexas.

Uma segunda estratégia analítica geral é o desenvolvimento da descrição do

caso, que por meio de uma estrutura teórica pode organizar o estudo. De acordo

com Yin (2010), é a estratégia menos preferida em relação a anterior e serve como

alternativa caso a proposição teórica não funcione.

A terceira estratégia, que é o uso de dados qualitativos e quantitativos, pode

trazer benefícios para o estudante. Yin explica que se esses dados quantitativos

foram submetidos às análises estatísticas, o investigador consegue estabelecer uma

consistente estratégia de análise.

A quarta e última estratégia geral se encaixa na definição e teste de

explanações rivais e, geralmente, aparece nos três casos citados acima. Segundo

Yin (2010), quanto mais rivais uma análise abordar e rejeitar, mais confiáveis se

tornam as afirmações feitas na pesquisa.

O relatório do estudo de caso traz os resultados e a visão do pesquisador no

encerramento do estudo. Para Yin (2010), a criação do relatório é um dos pontos

mais desafiadores do estudo de caso e deve ser iniciada antes mesmo da fase da

coleta e da análise de dados. Nos procedimentos na realização do relatório do

estudo de caso, cada pesquisador deve desenvolver seus próprios métodos.

Por último, Yin (2010) destaca que a tarefa mais desafiadora é tornar um

estudo de caso exemplar. Sendo assim, esse aspecto evidencia que o estudo deve

ser significativo, trazendo contribuições; completo, considerando perspectivas

alternativas e apresentando evidências válidas por meio de um texto claro, objetivo e

que seduza o leitor.

Produzir este tipo de estudo de caso exige que o pesquisador seja entusiástico sobre a investigação e queira comunicar os resultados amplamente. Na realidade, o bom pesquisador pode até pensar que o estudo de caso contém conclusões de importância fundamental. Este tipo de inspiração deve permear toda a investigação e resultará em um estudo de caso realmente exemplar. (YIN, 2010, p. 221).

Para auxiliar a aplicação do método na pesquisa, serão apresentadas

técnicas específicas de acordo com o que será analisado.

Page 68: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

68

5.2 TÉCNICAS

Existem diferentes técnicas utilizadas no desenvolvimento do método do

Estudo de Caso. Para o presente trabalho, foram definidas como técnicas a revisão

bibliográfica, a entrevista e a observação.

5.2.1 Revisão bibliográfica

A pesquisa bibliográfica é a busca por informações e referências para auxiliar

na elaboração do trabalho, fazendo com que ele tenha validade científica. Para Ida

Regina C. Stumpf, em Pesquisa bibliográfica (2005), a técnica é uma etapa

fundamental que se baseia na experiência e na observação do pesquisador.

Num sentido restrito, é um conjunto de procedimentos que visa identificar informações bibliográficas, selecionar os documentos pertinentes ao tema estudado e proceder à respectiva anotação ou fichamento das referências e dos dados dos documentos para que sejam posteriormente utilizados na redação de um trabalho acadêmico. (STUMPF, 2005, p. 51).

Uma revisão da literatura disponível sobre o assunto estudado é uma detalhe

que deve ser observado pelo aluno para evitar desperdício de tempo e escolher as

melhores fontes de consulta. Segundo Stumpf (2005), além de absorver

conhecimento, essa etapa vai nortear o pesquisador, auxiliando no desenvolvimento

de suas ideias com base nas pesquisas literárias as quais teve acesso. “Através da

leitura de pesquisas relacionadas ao seu assunto de interesse, o pesquisador

poderá encontrar alguns instrumentos já prontos, podendo utilizá-los ou adaptá-los a

suas necessidades” (p. 52).

Para Antonio Carlos Gil, em seu livro Métodos e Técnicas de Pesquisa Social

(2008), é preciso estar atento às fontes escolhidas, pois podem apresentar erros, já

que foram construídas com dados coletados anteriormente. Por isso, “[...] convém

aos pesquisadores assegurarem-se das condições em que os dados foram obtidos,

analisar em profundidade cada informação para descobrir possíveis incoerências ou

contradições e utilizar fontes diversas” (p. 51).

De acordo com Stumpf, colocar o pesquisador em contato com toda

bibliografia já publicada sobre determinado assunto será possível após percorrer

Page 69: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

69

quatro etapas, sendo elas: identificação do tema e assuntos; seleção das fontes;

localização e obtenção do material; leitura e transcrição de dados.

Com o tema de estudo definido, um esquema provisório do assunto em

categorias secundárias pode contribuir para estabelecer os limites da abordagem e

para a construção de fontes teóricas confiáveis. Listar palavras-chaves ou termos

relacionados dará um norte mais exato para a pesquisa. Essa etapa, intitulada

identificação do tema e assuntos, é importante, pois o pesquisador poderá encontrar

outros aspectos interessantes para serem abordados. Aqui, também é necessário

delimitar o período e o espaço do tema.

Na etapa seguinte, seleção de fontes, ocorre o levantamento bibliográfico,

com consulta de referências e anotação de dados dos documentos selecionados.

Além do orientador, que deve ser a primeira fonte para indicar bibliografia, Stumpf

(2005) salienta que o pesquisador deve ter a iniciativa de buscar informações

atualizadas para a temática estudada.

As fontes secundárias, que incluem a referência ou o resumo do material

garimpado, também devem ser conhecidas pelos alunos. Em seu capítulo, Stumpf

(2005) apresenta as principais fontes secundárias:

a) Bibliografias especializadas: publicações que possuem a relação de obras

publicadas sobre determinado assunto, dentro de um período

determinado;

b) Índices com resumo: conhecidos também como abstracts são um índice

da literatura corrente de artigos de periódicos, contendo a referência e o

resumo de cada item;

c) Portais: disponíveis em sites de instituições mantenedoras são a porta de

acesso a vários serviços e informações, incluindo bibliografias;

d) Resumos de teses e dissertações: contêm nas publicações dados do

autor, título, orientador, ano e universidade das dissertações e teses de

pós-graduação de uma instituição ou país;

e) Catálogos de bibliotecas: relação de obras de uma biblioteca, por autor,

título e assuntos;

f) Catálogos de editorias: publicações de livros em áreas específicas do

conhecimento, normalmente disponíveis em bibliotecas.

Page 70: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

70

Depois da bibliografia básica estar encaminhada, o aluno dará início à terceira

etapa do processo para a revisão bibliográfica, que é a localização e obtenção do

material. Segundo Stumpf (2005), os documentos são localizados em bibliotecas por

meio da consulta ao catálogo, que pode ser acessado pela internet ou diretamente

nas editoras.

A quarta e última etapa é a leitura e transcrição dos dados. A autora descreve

que a partir da leitura será estabelecido a prioridade e o interesse dos documentos

para cada parte do trabalho. Stumpf (2005) aconselha que o resultado da leitura

possa ser anotado em fichas, processo também conhecido por fichamento do

material, que contém os principais dados de referência da obra, as palavras-chaves

e até mesmo um resumo das leituras com a visão pessoal do pesquisador. Como

complemento, recomenda-se transcrever as palavras do autor com o uso de aspas

para futuras citações e anotar as páginas de onde foram retiradas.

Para Stumpf (2005), a produção de todas essas etapas pode ser considerada

difícil e desnecessária em um primeiro momento, mas, após o domínio do

procedimento, o resultado promete ser satisfatório.

Como resultados da revisão bibliográfica dentro desta monografia, foram

apresentados três capítulos. O capítulo dois aborda a história do jornalismo

impresso no Brasil; o terceiro capítulo fala sobre a sociedade da informação; e o

capítulo quatro trata dos processos de produção de conteúdo no jornalismo

impresso e online.

5.2.2 Entrevista

A técnica da entrevista, segundo Gil (2008), é utilizada quando o investigador

formula perguntas para o investigado com o objetivo de coletar informações

interessantes para o caso. É considerada uma forma de diálogo assimétrico onde

uma pessoa está interessada em coletar dados e a outra é a fonte de informação.

Jorge Duarte, em seu capítulo Entrevista em profundidade (2005), define que

a técnica é uma busca por informações que serão analisadas e apresentadas de

forma estruturada.

Page 71: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

71

Seu objetivo está relacionado ao fornecimento de elementos para compreensão de uma situação ou estrutura de um problema. Deste modo, como nos estudos qualitativos em geral, o objetivo muitas vezes está mais relacionado à aprendizagem por meio da identificação da riqueza e diversidade, pela integração e síntese das descobertas do que ao estabelecimento de conclusões precisas e definidas. (DUARTE, 2005, p. 63).

As entrevistas podem ser classificadas de acordo com o seu nível de estruturação. A

partir disso, segundo Gil (2008), são divididas em informais, focalizadas, por pautas

e estruturadas.

a) Entrevista informal: a única diferença de uma conversa do dia a dia é que

esse tipo de entrevista tem como objetivo a coleta de dados. É

recomendada quando o pesquisador tem poucas informações sobre o

problema pesquisado;

b) Entrevista focalizada: é livre como a informal, mas tem como foco um tema

específico. O entrevistado pode falar livremente sobre o assunto, com

cuidado para não desviar da temática;

c) Entrevista por pautas: apresenta certa estrutura, pois é conduzida por

pontos de interesse que o entrevistador explora ao fazer perguntas diretas

e deixar o entrevistado falar livremente;

d) Entrevista estruturada: é desenvolvida a partir de uma relação fixa de

perguntas para todos os entrevistados, que costuma ser em grande

número. É indicada para levantamentos sociais, pois trabalha com

tratamento quantitativo de dados. Como as informações são obtidas por

meio de uma lista de perguntas que geram respostas padronizadas, não é

possível uma análise mais profunda dos fatos. Essa lista é chamada de

questionário ou de formulário.

Para conduzir uma entrevista, Gil (2008) explica que é necessário ter

habilidade de lidar com os diferentes rumos que a conversa pode levar. Segundo o

autor, alguns aspectos como a preparação de um roteiro, o estabelecimento de um

contato inicial, a formulação das perguntas, o estímulo a respostas completas, o foco

no assunto e saber lidar com questões delicadas são comuns à maioria das

entrevistas e facilitam no processo.

Conforme Duarte (2005), a entrevista é mais do que uma técnica de coleta de

informações, podendo resultar em um rico processo de aprendizagem. “É uma

Page 72: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

72

oportunidade para não apenas descrever e refletir sobre os resultados obtidos, mas

também propor avanços e soluções” (p. 81).

Para aplicação nesse estudo foi definida a entrevista estruturada, por envolver

diversas fontes, inclusive fora da cidade onde reside e trabalha a pesquisadora.

5.2.2.1 Questionário elaborado para a entrevista

Para o desenvolvimento dessa pesquisa, foi realizada a entrevista estruturada

por meio de questionário com seis profissionais ligados aos veículos impresso e

online do jornais Pioneiro e Zero Hora. Foram elaborados questionários diferentes,

mas com perguntas em comum para a editora-chefe do Pioneiro, Andréia Fontana e

para Nilson Vargas, que ocupa o mesmo cargo no Zero Hora. O mesmo ocorreu com

as responsáveis pelas mídias digitais, Andressa Oestreich, do Pioneiro, e Juliana

Jaeger, coordenadora de produção do Zero Hora, além do editor de Geral do

Pioneiro, Adriano Duarte, e a repórter mais antiga da editoria, também do Pioneiro,

Cristiane da Silva Barcelos.

Os questionários foram elaborados ao fim do mês de julho e, após as revisões

e contatos prévios com os entrevistados, foram encaminhados por e-mail no dia 24

de agosto. As respostas estão em anexo na pesquisa.

5.2.2.1.1 Para os jornalistas do Pioneiro

Uma das entrevistadas é editora-chefe do Pioneiro, Andréia Fontana16.

Formada em Comunicação Social – Jornalismo, pela Universidade de Caxias do Sul

(UCS), possui MBA na Universidade de Navarra, na Espanha, e no Centro de

Extensão Universitária, em São Paulo. Desde março de 2006, era editora-chefe do

Diário de Santa Maria. De 1994 a 2002, atuou na redação do Pioneiro e retornou

para ocupar o cargo de editora-chefe em outubro de 2015. Já atuou também em

projetos de rádio e TV. Seu foco atual tem ênfase em Gestão e Organização

Editorial de Jornais Impresso e Digital. Os contatos de comunicação com a fonte são

o e-mail [email protected] e o telefone (54) 3218.1256. Abaixo,

seguem as questões elaboradas para a profissional.

16

Disponível em: <http://www.gruporbs.com.br/noticias/2015/10/16/pioneiro-anuncia-nova-editora-chefe/>. Acesso em: 28 jul. 2016.

Page 73: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

73

a) Como funciona o processo de produção do jornal Pioneiro desde a escolha da

pauta até a publicação?

b) Como é a divisão das editorias no jornal? Quantos jornalistas trabalham na

redação? Existe uma editoria específica para o online?

c) O que é prioridade na produção de conteúdo: o jornal impresso ou a

plataforma online? Por quê? Pode-se afirmar que o mais recente

reposicionamento editorial do Pioneiro mantém o foco no jornalismo

impresso?

d) A matéria escrita para o impresso costuma ser a mesma publicada no site?

Uma pauta dispõe de jornalistas diferentes para produzir conteúdos para as

duas plataformas? Explique como funciona esse processo no jornal.

e) Em tempos de convergência digital, você considera que o mesmo profissional

pode produzir para o impresso e também para o online ou há necessidade de

um trabalho mais específico, concentrado em apenas uma das plataformas?

Na sua visão, uma redação integrada é a tendência para sobreviver na atual

realidade do mercado de trabalho?

f) A atualização do site do Pioneiro não ocorre com a mesma frequência de

anos anteriores. Isso tem influência das mudanças editoriais?

g) A realidade do mercado econômico impactou também as redações do país,

que cortaram custos e diminuíram a equipe de reportagem. A apuração via

telefone e redes sociais são mais frequentes. Isso ocorre no Pioneiro? Na

sua visão, o processo de produção de reportagens mais aprofundadas foi

afetado?

h) Na sua opinião, quais os desafios do jornalismo impresso e online para

jornais do interior, como é o caso do Pioneiro?

A repórter do Pioneiro Andressa Oestreich, 29 anos, é editora do site do

jornal. No ano de 2007, formou-se em Jornalismo pela UniBrasil, de Curitiba

(Paraná). Três anos depois, começou a trabalhar no jornal, no site do Almanaque,

conhecido como A+. Em 2012, foi transferida para o site do Pioneiro e, a partir de

2016, tornou-se a única jornalista com foco apenas no digital do jornal. Andressa

também assinou durante dois anos a coluna Sobre Moda, extinta em 2016. Seus

contatos disponibilizados pelo veículo foram o e-mail

Page 74: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

74

[email protected] e o telefone (54) 3218.1250. As perguntas

elaboradas para a profissional seguem abaixo.

a) Como funciona o processo de produção do conteúdo na plataforma online?

b) O que é prioridade na produção de conteúdo: o jornal impresso ou a

plataforma online? Por quê? Pode-se afirmar que o mais recente

reposicionamento editorial do Pioneiro mantém o foco no jornalismo

impresso?

c) A matéria escrita para o impresso costuma ser a mesma que é publicada no

site? Uma pauta dispõe de jornalistas diferentes para produzir conteúdos para

as duas plataformas? Explique como funciona esse processo.

d) Você passou por diferentes processos editoriais no Pioneiro onde em alguns

momentos o foco estava voltado para a plataforma online e em outras

situações a prioridade era o impresso. Quais foram as mudanças em termos

de atualização de publicações no site ao longo desses processos?

e) Na sua opinião, quais os desafios do jornalismo impresso e online para os

impressos do interior, como é o caso do jornal Pioneiro?

Outro entrevistado é o editor de Geral do Pioneiro, Adriano José da Silva

Duarte, 42 anos. Há 19 anos no jornal, começou como diagramador, estagiou na

Editoria de Polícia por um ano e voltou para a diagramação. Retornou à reportagem

em 2005, na editoria de polícia, onde ficou cerca de três anos. Depois, seguiu para a

editoria de Geral e também integrou a extinta equipe de reportagens especiais por

seis meses. Trabalhou durante os nove primeiros meses da Rádio Gaúcha Serra.

Recentemente, assumiu a editoria de Geral e de Polícia. Os contados de Duarte do

veículo são o e-mail [email protected] e o telefone (54) 3218.1291.

Abaixo, segue o questionário elaborado para o profissional.

a) O que é prioridade na produção de conteúdo: o jornal impresso ou a

plataforma online? Por quê? Pode-se afirmar que o mais recente

reposicionamento editorial do Pioneiro mantém o foco no jornalismo

impresso?

b) A matéria escrita para o impresso costuma ser a mesma publicada no site?

Uma pauta dispõe de jornalistas diferentes para produzir conteúdos para as

duas plataformas? Explique como funciona esse processo no jornal.

Page 75: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

75

c) Você está há quase duas décadas no Pioneiro e certamente passou por

algumas mudanças editoriais. Recentemente, essas transformações ora

focaram no online e ora no impresso. Como isso influencia na produção de

conteúdo e na fidelização com o público leitor?

d) Na sua opinião, quais os desafios do jornalismo impresso e online para

jornais do interior, como é o caso do Pioneiro?

Para contribuir com a pesquisa, a repórter de Geral do Pioneiro Cristiane da

Silva Barcelos, também foi entrevistada. Formada em Comunicação Social –

Jornalismo pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) em 2009, Cristiane tem 31

anos e há 10 trabalha no jornal. Começou no administrativo da redação, depois

atuou como auxiliar de fotografia, até começar na reportagem. Passou pelas extintas

seção Bom Dia e editoria de Temáticos, responsável pelos cadernos Casa & Cia,

Vida Saudável e Almanaque. Em 2011, ingressou na editoria de Geral, onde está

atualmente. Também já escreveu para editorias de Política e Economia. Os contatos

da repórter no veículo são o e-mail [email protected] e o telefone

(54) 3218.1342. Seguem abaixo as perguntas para a profissional.

a) O que é prioridade na produção conteúdo: o jornal impresso ou a plataforma

online? Por quê? Pode-se afirmar que o mais recente reposicionamento

editorial do Pioneiro mantém o foco no jornalismo impresso?

b) A matéria escrita para o impresso costuma ser a mesma publicada no site?

Uma pauta dispõe de jornalistas diferentes para produzir conteúdos para as

duas plataformas? Explique como funciona esse processo no jornal.

c) Você está há uma década no Pioneiro e certamente passou por algumas

mudanças editoriais. Recentemente, essas transformações ora focaram no

online e ora no impresso. Como isso influencia na produção de conteúdo e na

fidelização com o público leitor?

d) Na sua opinião, quais os desafios do jornalismo impresso e online para

jornais do interior, como é o caso do Pioneiro?

5.2.2.1.2 Para os jornalistas do Zero Hora

Dois jornalistas do Zero Hora estão incluídos no questionário, pois o veículo é

considerado o carro chefe do Grupo RBS. As transformação que ocorreram em ZH

Page 76: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

76

serviram como referência para as demais empresas impressas da rede. Uma das

fontes é o editor-chefe do Zero Hora, Nilson Vargas. Formado em Jornalismo pela

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em 1989, possui pós-graduação em

Teoria da Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero, de São Paulo. Entre 1990 e

1997, atuou em assessoria de imprensa empresarial na cidade de São Paulo.

Depois, começou a trabalhar em redações de jornais e revistas, entre eles: a Veja, a

Revista Amanhã, o Diário Catarinense e o Zero Hora - onde ocupa o cargo de editor-

chefe desde abril de 2012. Os contatos disponibilizados foram o e-mail

[email protected] e o telefone (51) 3218.4305. Abaixo, seguem as

questões elaboradas para o profissional.

a) Como funciona o processo de produção do jornal Zero Hora desde a escolha

da pauta até a publicação?

b) Como é a divisão das editorias no jornal? Quantos jornalistas trabalham na

redação? Existe uma editoria específica para o online?

c) O que é prioridade na produção conteúdo: jornal impresso ou a plataforma

online? Por quê?

d) A matéria escrita para o impresso costuma ser a mesma que é publicada no

site? Uma pauta dispõe de jornalistas diferentes para produzir conteúdos para

as duas plataformas? Explique como funciona esse processo.

e) Em tempos de convergência digital, você considera que o mesmo profissional

pode produzir para o impresso e também para o online ou há necessidade de

um trabalho mais específico, concentrado em apenas uma das plataformas?

Na sua visão, uma redação integrada é a tendência para sobreviver na atual

realidade do mercado de trabalho?

f) A realidade do mercado econômico impactou também as redações do país,

que cortaram custos e diminuíram a equipe de reportagem. A apuração via

telefone e redes sociais são mais frequentes. Isso ocorre no Zero Hora? Na

sua visão, o processo de produção de reportagens mais aprofundadas foi

afetado?

g) Por que o Zero Hora está investindo cada vez mais no online, como a edição

ZH Noite e a implantação do projeto relacionado aos tablets?

h) Na sua opinião, por que os outros jornais do Grupo RBS tem menor

investimento na editoria digital, já que a ZH sempre foi uma referência para os

veículos impressos da empresa?

Page 77: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

77

i) Na sua opinião, quais os desafios do jornalismo impresso e online para os

grandes jornais do país, como é o caso do Zero Hora?

A coordenadora de produção do Zero Hora, Juliana Jaeger, acrescentou a

visão da plataforma online do veículo. Juliana formou-se em Jornalismo pela

Unisinos em 2009 – mesmo ano em que começou a trabalhar no jornal como

Redatora do site. Depois, tornou-se Editora Assistente, fazendo a edição da capa do

site e outras funções de produção digital, quando ainda havia a divisão entre online

e impresso. Ocupou, ainda, o cargo de Editora da Contracapa do jornal e, nove

meses depois, foi produtora da área digital e coordenadora do núcleo de edição de

capas online e redes sociais. Em dezembro de 2015, assumiu como uma das

coordenadoras de produção, com funções que englobam o produto digital e o

impresso, função que ocupa até a data da pesquisa. Os contatos profissionais são o

e-mail [email protected] e o telefone (51) 3218.4120. As perguntas

que serão enviadas para Juliana seguem abaixo.

a) Como funciona o processo de produção do conteúdo na plataforma online?

b) A matéria escrita para o impresso costuma ser a mesma que é publicada no

site? Uma pauta dispõe de jornalistas diferentes para produzir conteúdos para

as duas plataformas? Explique como funciona esse processo.

c) Quantas pessoas trabalham na editoria de online e como é a divisão de

funções?

d) Por que o Zero Hora está investindo cada vez mais no online, como a edição

ZH Noite e a implantação do projeto relacionado aos tablets?

e) Na sua opinião, quais os desafios do jornalismo impresso e online para os

grandes impressos do país, como é o caso do Zero Hora?

5.2.3 Observação

O processo de observação permeia toda a pesquisa. Conforme Gil (2008), a

técnica de coleta de dados engloba desde a formulação do problema, passando pela

construção de hipóteses, até a interpretação do material coletado. O autor afirma

que “por ser utilizada, exclusivamente, para a obtenção de dados em muitas

pesquisas, e por estar presente também em outros momentos da pesquisa, a

Page 78: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

78

observação chega mesmo a ser considerada como um método de investigação” (p.

100).

A técnica pode ser classificada em três categorias: a observação simples, a

observação participante e a observação sistemática. Para o autor, a observação

simples é aquela em que o pesquisador é isento ao assunto que pretende estudar e

observa espontaneamente os fatos que ocorrem. Essa etapa permite a obtenção de

elementos que auxiliem na definição do problema e na construção das hipóteses da

pesquisa, além de facilitar a obtenção de dados sem produzir desconfiança por parte

de quem está sendo objeto do estudo.

Na observação participante, Gil (2008) explica que exige um olhar ativo do

pesquisador que, em até certo ponto, pode assumir o papel de um membro do grupo

estudado.

A observação participante pode assumir duas formas distintas: (a) natural, quando o observador pertence à mesma comunidade ou grupo que investiga; e (b) artificial, quando o observador se integra ao grupo com o objetivo de realizar uma investigação. (GIL, 2008, p.103).

Já na observação sistemática, o pesquisador sabe quais aspectos do objeto

de estudo são significativos para alcançar o que pretende. Para Gil, a técnica é mais

utilizada em pesquisas que descrevem fenômenos ou testam hipóteses. Por isso, é

necessário elaborar um plano que estabeleça o que será observado e quando, além

de definir a forma de registro e organização das informações. É mais comum em

situações de campo ou de laboratório.

5.2.3.1 Caso Único – jornal Pioneiro

O Pioneiro foi fundado em 4 de novembro de 1948, por um grupo de pessoas

liderado pelo deputado Luiz Compagnoni, e tinha por principal finalidade a

divulgação de ideias políticas. Na obra 100 anos de imprensa regional (2004), as

autoras Kenia Maria Menegotto Pozenato e Loraine Slomp Giron explicam que o

jornal era formado por membros da antiga Ação Integralista Brasileira, sob a sigla do

Partido de Representação Popular (PRP). Francisco Rüdiger, no livro Tendências do

Jornalismo (2003), conta que em 1993, o Pioneiro passou a integrar a rede de

jornais da Rede Brasil Sul (RBS), maior grupo de telecomunicação do sul do país.

Page 79: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

79

O jornal era, inicialmente, um semanário. A partir de fevereiro de 1975,

passou a ter edições bissemanais, circulando as quartas e sábados. Tornou-se um

impresso diário em fevereiro de 1981.

O Pioneiro passou a ser um jornal regional quando foi adquirido pelo Grupo

RBS, tornando-se um veículo de integração da Região Nordeste do Rio Grande do

Sul, ao invés de circular apenas em Caxias do Sul. Para atender ao novo

compromisso, o impresso passou por uma completa reformulação, com a criação de

novos cadernos.

O veículo inaugurou, em 6 de novembro de 2008, o site pioneiro.com. O novo

portal de notícias foi criado para desempenhar função complementar em relação à

versão em papel. Em um caderno especial intitulado Acaba de chegar o seu Pioneiro

online, publicado naquela época, o site é apresentado como um produto para

integrar a redação, já que os jornalistas do impresso ficaram também responsáveis

pelo jornal da web.

Em março de 201417, o Pioneiro passou a cobrar pelo conteúdo digital. O

preço para acessar livremente todas as notícias no site e nos aplicativos foi

estipulado em R$ 14,90 por mês, valor que se mantém até a data desta pesquisa.

Quem não é assinante tem direito a ler até 20 matérias mensais. O modelo, segundo

uma nota divulgada no site do veículo, visa investir em um jornalismo de qualidade

para diminuir os custos de produção.

No mês de agosto de 201418, um novo posicionamento gráfico da marca foi

apresentado aos leitores. Entre as novidades, o veículo mudou, pela primeira vez, o

seu logotipo e o conceito, que foi alterado de Diário de Integração da Serra para Ao

teu lado. A principal mudança no conteúdo impresso foi a reorganização do

periódico em dois cadernos. O primeiro, intitulado cotidiano, unificou as editorias

antes separadas por Economia, Política, Geral e Polícia. O Sete Dias e a revista

Almanaque se uniram e passaram a circular no caderno Comportamento, que

aborda temas como cultura, lazer e vida em família.

O site do jornal não foi considerado prioridade desde o momento em que foi

criado. A partir de 2014 até a última reforma editorial foi possível observar que o

veículo explorou com mais intensidade o jornalismo online. Neste período, quando

17

Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2014/03/site-do-pioneiro-muda-4455921.html>. Acesso em: 21 jun. 2016. 18

Disponível em: <http://www.gruporbs.com.br/noticias/2014/08/05/pioneiro-apresenta-novo-posicionamento-nesta-terca-feira/>. Acesso em: 18 mar. 2016.

Page 80: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

80

houve a cobrança para acessar o material digital, o veículo investiu em conteúdo

diversificado. O canal de vídeos passou a ter produções semanais dos colunistas,

por exemplo. Com a extinção das publicações de algumas colunas no impresso em

2016, o conteúdo audiovisual acabou perdendo força.

Um novo reposicionamento editorial pode ser percebido pelos leitores desde o

dia 15 de fevereiro de 2016. As editorias de Economia, Política, Geral e Polícia

voltaram a ser identificadas e o caderno de variedades retornou com o nome Sete

Dias. O Almanaque19, caderno de fim de semana, voltou a circular desde o dia 03 de

setembro de 2016.

5.2.3.1.1 Jornal Zero Hora – referência editorial

Maior veículo de mídia impressa e referência editorial para os demais

impressos do conglomerado da RBS, o jornal Zero Hora foi comprado pelo grupo em

abril de 1970. De acordo com Lauro Schirmer, na obra RBS: Da voz-do-poste à

multimídia (2002), o impresso havia sido fundado por Ary de Carvalho, em 1964.

Em 200720, entrou no ar o website zerohora.com e, após cinco anos, o jornal

passou a cobrar pela versão digital do seu conteúdo impresso. Quando completou

cinco décadas, em maio de 2014, Zero Hora passou por uma mudança editorial,

gráfica e de marca, tanto no papel quanto no online. Além do novo site, o endereço

passou a ser adaptável para navegação em celulares e tablets.

Nas opções que oferece para assinaturas digitais21, além do acesso ilimitado

ao site, há opções de conteúdos exclusivos, acesso à edição do dia, mesma versão

do jornal impresso que pode ser folheada no celular ou tablet; ZH Noite, que reúne o

resumo dos principais fatos do dia, além de textos exclusivos de colunistas,

publicados às 19h, de segunda a sexta-feira; e Domingo Digital, disponível a partir

das 11h, com notícias atualizadas, colunas inéditas, cruzadinha e informações

esportivas. O mais recente investimento, que chegou ao mercado em dezembro de

201522, foi o ZH Tablet, uma nova modalidade de assinatura que oferece tablets aos

19

Disponível em: <http://www.gruporbs.com.br/noticias/2016/09/02/almanaque-do-pioneiro-volta-a-circular-na-serra-gaucha/>. Acesso em 13 nov. 2016. 20

Disponível em: <http://www.gruporbs.com.br/atuacao/zero-hora/>. Acesso em: 21 jun. 2016. 21

Disponível em: <https://www.assinanterbs.com.br/assinatura/zero-hora>. Acesso em: 21 jun. 2016. 22

Disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/12/zh-tablet-ja-esta-a-venda-4919809.html>. Acesso em: 21 jun. 2016.

Page 81: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

81

leitores. Além dos benefícios citados acima, por meio do novo jornal é possível

baixar as edições de Zero Hora e armazená-las.

5.2.3.2 Corpus da pesquisa

Para essa pesquisa foi realizada a observação simples, por meio do conteúdo

impresso e do site do Pioneiro, do Grupo RBS, que foi escolhido por ser o mais

antigo jornal de circulação diária de Caxias do Sul. Durante o mês de junho de 2016

foram feitos 118 prints da página inicial do site do Pioneiro e 27 prints da capa do

periódico. O objetivo da coleta desse material é avaliar como ocorre a apresentação

da notícia nessas diferentes plataformas. Em um primeiro momento, foi considerado

incluir a análise de conteúdos da editoria de Geral mas, devido ao prazo disponível

para concluir a pesquisa, constatou-se que não haveria tempo hábil para uma

análise mais profunda. Portanto, foi selecionado um único tema para análise de

cobertura do conteúdo produzido no Pioneiro sobre a ocupação das escolas públicas

estaduais em Caxias do Sul em função de o assunto permear a cobertura em grande

parte do tempo analisado e oferecer aspectos interessantes para a análise na

pesquisa. O assunto rendeu 11 prints no impresso e 23 no Pioneiro.com.

No mesmo período, foram coletados 120 prints da página online do jornal

Zero Hora, referência para auxiliar alguns aspectos da análise. Os prints nas

plataformas online foram coletados em quatro horários determinados para

possibilitar a verificação da atualização de conteúdos. As imagens capturadas às 8h,

13h, 18h e 21h resultaram em um total de 238 prints durante o projeto. O conteúdo

está gravado em CD e anexado na pesquisa.

Com a aplicação do método e das técnicas, foi possível realizar a análise do

conteúdo obtido na coleta de dados, assunto que será abordado no próximo

capítulo.

Page 82: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

82

6 ANÁLISE

A partir da revisão bibliográfica, da seleção do corpus da pesquisa, das

entrevistas realizadas com os profissionais dos jornais Pioneiro e Zero Hora, foi

possível realizar a análise do material coletado. O objetivo era responder a questão

norteadora: quais os desafios do jornal Pioneiro na apresentação da notícia em

tempos de convergência digital? e confirmar ou não as hipóteses levantadas na

pesquisa. Para auxiliar no processo, foram definidos os seguintes temas que serão

abordados na sequência do capítulo: Pioneiro; Pioneiro.com; Apresentação da

notícia: impresso versus digital; Atualização da notícia; Localismo; e Desafios da

Convergência Digital.

A apresentação da notícia no impresso e no site do Pioneiro foi analisada a

partir dos materiais coletados no período do mês de junho de 2016 – prints do site e

da capa do impresso do veículo. No processo de codificação, evidenciou-se que as

informações sobre a situação das escolas ocupadas foram as mais recorrentes nas

duas plataformas do jornal. Em função disso, além da apresentação da notícia nas

capas, é pertinente utilizar o tema como parte do estudo para as categorias que

serão analisadas. Sendo assim, os prints desses conteúdos publicados no impresso

e no digital também fazem parte do material coletado. Para referência editorial, os

prints do site do Zero Hora também estão incluídos na análise. Além disso, uma

tabela com dados coletados a partir da observação dos prints do Pioneiro, que

resultou em 34 páginas, colaborou para a elaboração descritiva do capítulo. O

material está nos apêndices da pesquisa.

6.1 PIONEIRO

O Pioneiro apresentou, em agosto de 2014, um novo projeto gráfico para

reposicionamento do jornal impresso. Além da mudança do logotipo, o conceito da

marca foi alterado pela primeira vez na história do veículo e passou a ser ‘Ao teu

lado’. O objetivo da transformação, segundo consta na apresentação do Manual da

Marca, é criar uma proximidade com o público e estar presente na vida do leitor em

todas as plataformas. A principal alteração na edição impressa foi a reorganização

do periódico em dois cadernos: Cotidiano e Comportamento. Um novo

Page 83: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

83

reposicionamento editorial, em fevereiro de 2016, retomou a divisão em editorias.

Em entrevista para a autora desta monografia, o editor de Geral do Pioneiro, Adriano

Duarte, afirmou que a mudança ocorreu “pela retomada do jornalismo que fez o

jornal chegar aos 68 anos como um dos veículos líderes de comunicação na Serra e

no estado” (DUARTE, 2016).

Até a data das entrevistas, quarenta e seis jornalistas faziam parte do quadro

de funcionários da redação e estavam divididos nas seguintes editorias: Arte,

Geral/Polícia, Sete Dias/Almanaque, Economia, Política/Opinião, Esportes e

Imagem, segundo a editora-chefe do jornal, Andreia Fontana, em entrevista para a

autora desta monografia. Como a análise do conteúdo das editorias não é o foco da

pesquisa, a seguir, serão explicados quais os elementos que se destacam na capa

do impresso.

Durante o período de coleta dos prints, as capas foram apresentadas

seguindo alguns padrões perceptíveis. Na maioria dos casos, a manchete e a

imagem não estão relacionadas à mesma pauta. O jornal utiliza esse recurso para

explorar assuntos diferentes e destacá-los na página principal da edição. As

chamadas geralmente são compostas por uma cartola23 e o título do assunto. No

máximo duas são destacadas com fotos. Essas percepções serão aprofundadas no

subtítulo da Apresentação da notícia.

Os assuntos abordados nas edições são definidos por meio de sugestões dos

leitores, de fontes, dos próprios jornalistas, entre outras possibilidades. Fontana

(2016) afirma que a pauta é escolhida levando em consideração a relevância do

assunto para os leitores. O localismo é uma característica marcante nas edições

analisadas. Além de Caxias do Sul, o periódico abrange outras cidades da região.

Porém, a cidade sede do jornal é a que ganha mais espaço nas capas.

No próximo subtítulo, será retratado como o Pioneiro.com se apresenta na web.

6.2 PIONEIRO.COM

O site do Pioneiro tem o primeiro e principal bloco de notícias dividido em três

colunas. A manchete é publicada na coluna da esquerda, seguida de cinco a sete

23

Cartola: uma ou mais palavras usadas para definir o assunto da matéria. É usada sobre o título do texto. Disponível em: <http://dicionariodejornalismo.blogspot.com.br/2010/08/cartola.html>. Acesso em 19 nov. 2016.

Page 84: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

84

notícias. O número máximo é explorado na maioria dos prints coletados. A parte

mais estreita e central é composta pela ronda policial onde são publicadas

informações referentes aos casos policiais de Caxias do Sul e região. Abaixo da

ronda, podem ser conferidas as publicações dos colunistas. Ao longo do período

analisado, o espaço, também, serviu para divulgar serviços e até mesmo uma

pesquisa onde os leitores poderiam avaliar o jornal. O bloco do lado direito é

reservado ao esporte e geralmente exibe uma informação destacada, seguida de até

três notícias.

A repórter e responsável pelo Pioneiro.com, Andressa Oestreich, afirmou, em

entrevista para a autora dessa monografia, que em casos de matérias não factuais,

que não exigem uma publicação mais imediata, os horários de agendamentos são

planejados de acordo com a audiência do site. O próprio jornalista que produziu o

conteúdo é o responsável pelo agendamento ou publicação da matéria. Esse

pensamento corrobora com o que Ferrari (2003) aponta no capítulo 4 deste estudo,

que pesquisar qual assunto está sendo mais acessado em determinado horário pode

colaborar para o crescimento do portal de notícias na web. “Não basta apenas ter

uma boa reportagem na mão para achar que ela fará sucesso na home page, é

preciso saber onde publicar e em que horário” (p. 75). Nesse critério, a preocupação

com o agendamento das notícias baseado na audiência é uma estratégia

comprovada e eficiente.

Quanto à utilização de recursos multimídia, Oestreich (2016) esclareceu que

algumas matérias rendem conteúdos especiais como infográficos, vídeos e galerias

de fotos. A apresentação diferenciada para a plataforma em questão surge, muitas

vezes, do próprio jornalista que vai produzir a pauta ou de uma conversa com o

editor.

Não há, segundo Duarte, uma prioridade na produção de conteúdo para uma

área do veículo. Porém, o jornalista informou que o Pioneiro estava passando por

um processo de reestruturação com base na opinião dos assinantes e que “ainda é

cedo para afirmar para onde essa transformação vai levar, mas as mudanças

editoriais priorizam a retomada do jornalismo com profundidade e que busque

assuntos inéditos de acordo com a percepção dos leitores” (DUARTE, 2016).

Seguindo os temas de análise, no próximo subtítulo será possível comparar

como a notícia se apresenta no impresso e no online, extraindo os pontos positivos e

negativos desse processo.

Page 85: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

85

6.3 APRESENTAÇÃO DA NOTÍCIA: IMPRESSO VERSUS DIGITAL

Na cibercultura, a interação entre as mídias estabelece uma conexão entre os

meios, possibilitando a convergência. Isso significa que, na era digital, um conteúdo

específico para uma mídia pode ser deslocado para vários canais. De acordo com

Jenkins (2009), no capítulo 3 desta pesquisa, a convergência “[...] define mudanças

tecnológicas, industriais, culturais e sociais no modo como as mídias circulam em

nossa cultura. Algumas das ideias comuns expressas por esse termo incluem o fluxo

de conteúdos através das várias plataformas de mídia” (p. 377). A internet é

responsável pela transformação das mídias tradicionais, tornando-as mais

interativas e participativas devido à necessidade estabelecida no mundo virtual. Por

isso, o autor relata que é preciso criar um fluxo entre as duas partes para aprender a

viver em meio aos múltiplos sistemas de mídia. Com essas definições adicionadas à

contextualização dos elementos que compõem a capa e o bloco de notícias do jornal

e do online, será possível averiguar como a notícia é apresentada em cada

plataforma.

Para facilitar a compreensão das apresentações deste subtítulo, é

interessante destacar que, de acordo com Fontana, o mesmo repórter produz o texto

para o impresso e o digital. “Apenas algumas especificidades, como na arte,

dispõem de especialistas em ferramentas, que ajudam nossos jornalistas a

empacotar o conteúdo de modo que melhore a experiência digital” (FONTANA,

2016). Essa questão será retomada neste subtítulo após as definições dos

elementos presentes nos prints das capas do digital e impresso do veículo.

Na maioria dos casos, a manchete e a foto principal do impresso não são

referentes ao mesmo assunto. Dos 26 prints, em 17 ocorre essa situação. Quando a

capa interage com a imagem, o logotipo do Pioneiro é apresentado no topo. Para

fazer uma separação mais evidente quando há o contraste de assuntos, em grande

parte dos casos, o logotipo aparece centralizado para fazer essa divisão, conforme

ilustra a Figura 03.

Page 86: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

86

Figura 03 - Print Screen Capa do Pioneiro

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 09 jun. 2016.

As manchetes representam as notícias mais importantes da edição e, por

isso, são apresentadas em letras grandes e em negrito. As fotografias estão

presentes em todas as capas e, relacionadas ou não às manchetes, são importantes

para apresentação visual do papel.

As chamadas de capa aguçam a curiosidade e ajudam o leitor a decidir por

comprar ou não o produto, para ir em busca de mais detalhes. No Pioneiro, esse

conteúdo é apresentado com alterações de diagramação diárias, variando de, no

mínimo, duas até seis informações por capa, totalizando 96 chamadas no mês de

junho. Em duas ocasiões, as chamadas não aparecem para dar ênfase às

Page 87: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

87

manchetes, como é o caso da edição conjunta dos dias 11 e 12 de junho, em que há

duas fotos em destaque, referente à geada em Caxias do Sul e a um movimento

feminista; e do dia 16, quando o caxiense Tite foi anunciado técnico da Seleção

Brasileira. Em apenas uma situação, as chamadas do impresso não aparecem com

fotos. A maioria das capas é organizada, com informações relevantes e sem

elementos que possam dificultar a sua leitura. É possível identificar que ela cumpre

a função de informar sobre o conteúdo publicado na edição de maneira atraente.

Na maioria dos casos, uma chamada é apresentada com foto. Há situações

em que aparecem até duas imagens – recorrentes quando os assuntos são os times

de futebol Caxias e Juventude, que, também, serão tratados como dupla Ca-Ju

neste capítulo. Embora estejam em realidades diferentes e competindo em séries

diferentes do campeonato nacional, na maioria das situações o jornal tem o cuidado

de abordar os dois times na capa e com espaços semelhantes para ambos, como

pode ser observado na Figura 04:

Figura 04 - Print Screen Capa do Pioneiro

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 20 jun. 2016.

Ao contrário do papel, o site abre espaço para outras modalidades esportivas

além do futebol como: o basquete, o rugby e o tênis. Existe, ainda, uma

preocupação com a questão do localismo e, até mesmo em informações nacionais,

como é o caso das Olimpíadas que ocorreram no Rio de Janeiro, a pauta é

abordada dentro do contexto de Caxias do Sul, de acordo com a Figura 05:

Page 88: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

88

Figura 05 - Print Screen do Pioneiro.com

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 30 jun. 2016.

Page 89: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

89

Pode-se destacar nessa imagem que, assim como no impresso, o site,

também, tem o cuidado de evidenciar a dupla Ca-Ju sem dar preferência apenas

para um time. Na imagem, o Caxias aparece em uma oportunidade a mais, pois é

uma informação sobre o resultado da partida que havia disputado. Além disso, outro

aspecto, que foi notado apenas nesse bloco, é a divulgação de um recurso para

acompanhar as partidas dos times da cidade em tempo real. Essa ferramenta

poderia ter sido mais explorada pela plataforma em outros momentos, já que é um

diferencial em relação às edições impressas e é considerada uma característica no

jornalismo na web.

Em um mês, sabe-se que o jornal apresentou precisamente 122 informações

entre manchetes, fotos e chamadas. De acordo com Fontana (2016), todo o

conteúdo publicado no impresso pode ser acessado no online. Não é possível

invalidar totalmente essa informação, pois a pesquisa não fez um comparativo entre

os conteúdos internos, mas constatou-se que aproximadamente 30 pautas, incluindo

algumas manchetes e notícias relacionadas à foto das capas, não foram publicadas

no bloco principal do site. As informações em nível nacional abordadas nas capas do

papel em nenhum momento ganharam espaço no digital. Um exemplo é a edição, de

08 de junho, em que a manchete retrata a crise política em Brasília. A notícia não

aparece nos prints da página inicial do Pioneiro.com. Não apenas nesse caso, mas

como nos demais, nota-se que não há espaço para informações estaduais ou

nacionais no digital. É necessário salientar que por questões óbvias de espaço e

alcance, o site é a plataforma mais indicada para dar destaque a esse tipo de

informação, ao contrário do periódico que tem páginas e capacidade de circulação

fisicamente limitadas.

Destaca-se ainda que, talvez por falta de organização, informações locais

importantes deixaram de aparecer no digital, como é o caso da manchete do dia 06

de junho, em que o impresso mostra a situação das estradas na Serra gaúcha e em

nenhum print dessa data aparece a publicação da matéria no site. Além da

importância do registro, poderia ter discutido a possibilidade de alguma interação

com o leitor para mapear os pontos mais críticos das estradas na região e

possibilitar uma troca de informações entre o produtor e o consumidor do conteúdo.

Outro exemplo é um assunto que foi manchete e foto principal da edição do dia

seguinte e retratava a onda de frio que atingiu Caxias do Sul, relacionando a pauta

ao sofrimento das pessoas em situação de vulnerabilidade social. O site apresentou

Page 90: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

90

uma informação referente ao clima frio, mas destoou totalmente do que estava no

papel. No digital, a informação foi sobre o setor do turismo e do comércio que estava

animado com as temperaturas baixas e a expectativa de aumento nas vendas.

Ao observar o conteúdo informativo completo das capas, não há registro de

assuntos que não foram publicados no site. Por exemplo, todos os dias as duas

plataformas têm informações em comum. A maioria dos conteúdos está no digital –

seja um dia antes ou na mesma data do papel. Raramente a informação que é

manchete do impresso, também, é a principal do primeiro print, feito às 8 horas.

Um aspecto a ser observado é a quantidade de vezes que o impresso e o site

tratam da mesma notícia e apenas a abordam com uma apresentação diferente,

respeitando os critérios específicos de cada plataforma. Dos mais de 100 registros –

somando as manchetes, fotos e chamadas – onde a informação que está na capa,

também, é apresentada no site são exceções os casos que o digital atualiza a

informação, aborda a mesma pauta com outra perspectiva ou oferece recursos

diferentes para atrair o leitor. Verifica-se que, em repetidas oportunidades, a

informação publicada, antecipadamente, no Pioneiro.com está presente na edição

impressa do dia seguinte com a mesma apresentação. Observa-se a seguir a notícia

sobre um protesto de agricultores contra o aumento na idade da aposentadoria, que

é manchete no site às 13 horas do dia 16 de junho, e ganha destaque com foto na

capa do impresso do dia seguinte, segundo as figuras 06 e 07:

Figura 06 - Print Screen Capa do Pioneiro.com

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 16 jun. 2016.

Page 91: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

91

Figura 07 - Print Screen Capa do Pioneiro

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 17 jun. 2016.

Page 92: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

92

Por meio dos critérios examinados, não é possível afirmar que o conteúdo da

matéria é o mesmo, mas a apresentação da notícia não é diferenciada nas

plataformas. Fontana explicou que “o mesmo jornalista produz o conteúdo para o

impresso e para o online. O repórter faz o texto para o impresso e o edita no digital,

e o repórter fotográfico faz as imagens e edita as fotos para o impresso e o digital e

faz vídeos para o digital” (FONTANA, 2016). Oestreich complementa dizendo que a

redação se tornou multiplataforma para fortalecer o jornalismo. A profissional

declarou ainda que como o repórter que escreve para o impresso é o mesmo que

produz para o online, a mesma matéria será encontrada nas duas mídias. “O que

pode acontecer é que essa matéria pode ter um extra na plataforma online. [...]

algum dado que não entrou no impresso por questões de espaço. Isso é o que o

nosso leitor pode encontrar de diferente” (OESTREICH, 2016).

Conforme Calado (2002), no capítulo 4, o repórter assume múltiplas funções

em uma redação multimídia e tem sua atividade segmentada, sendo incumbido de

produzir ao mesmo tempo para os diferentes canais de informações da empresa. “À

medida que os grupos se consolidam e adquirem tecnologia para operar como redes

integradas de comunicação, o trabalho do repórter consistirá, cada vez mais, em

abastecer de conteúdo as diversas mídias do mesmo sistema” (p. 37).

Essa situação pode ser prejudicial, pois quem consome a informação no site e

observa a capa do dia seguinte do papel pode concluir que a mesma notícia está

sendo apresentada e que se torna irrelevante ler o conteúdo. Dessa maneira, as

duas plataformas passam a competir entre si, ao invés de se complementar. Porém,

Duarte defendeu esse questionamento dizendo que, no seu entendimento, são dois

perfis de leitores diferentes para as mídias em questão. “No caso, quem lê no site,

não lê no papel e vice-versa. Portanto, é necessário levar a mesma informação para

públicos diferentes. Contudo, ambos os públicos querem informações com

profundidade” (DUARTE, 2016).

A partir da análise dos prints, constatou-se que, na maioria dos casos, o site

apenas reproduz o conteúdo que está no periódico ou vice-versa. Para apresentar

dados mais específicos, em pelo menos 58 comparações, divididos entre a editoria

de esporte e os assuntos gerais, identifica-se que o que sofre alteração é o título,

que é adaptado para a web, mas a informação é a mesma em relação ao que está

no papel, como mostram as imagens a seguir, publicadas na edição conjunta dos

dias 08 e 09 e registrada na capa do dia 04 no site:

Page 93: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

93

Figura 08 - Print Screen do Pioneiro

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 04 jun. 2016.

Figura 09 - Print Screen do Pioneiro.com

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 04 jun. 2016.

É perceptível que dificilmente outro produto está sendo apresentado. Ferrari

(2003) e Canavilhas (2001) explicam, no capítulo 4, que o processo de transportar o

conteúdo impresso para a internet, utilizando as conhecidas etapas da produção da

notícia e apenas traduzindo para a linguagem da web, é classificado como

jornalismo online. Porém, o jornalismo na web possui alterações específicas na

apresentação da notícia. Segundo Canavilhas, isso é possível a partir da exploração

dos recursos oferecidos na internet. “Com base na convergência entre texto, som e

imagem em movimento, o webjornalismo pode explorar todas as potencialidades

Page 94: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

94

que a internet oferece, oferecendo um produto completamente novo: a webnotícia”

(p. 1).

A oferta de recursos extras que podem ser utilizados no digital é praticamente

nula e ocorre em apenas dois casos que se pode destacar: no dia 07 de junho um

banco foi assaltado no bairro Ana Rech, em Caxias do Sul, e a manchete faz

referência a um vídeo publicado sobre o assunto; e no dia 09, onde abaixo do título

há um link para uma galeria de fotos sobre o registro de geada em São José dos

Ausentes.

Uma situação que, também, ocorreu, mas em raras situações, foi a mesma

pauta ser abordada de diferentes maneiras no site e no impresso – pelo menos 10

vezes. É uma opção atrativa, pois percebe-se que a informação foi pensada e

trabalhada para as duas plataformas. Mesmo com a falta de recursos multimídia, é a

melhor escolha para não passar a impressão de que o conteúdo é o mesmo. Um

exemplo pode ser conferido na edição do dia 01 de junho que aborda a Semana

Municipal do Meio Ambiente e traz a foto de uma araucária. O impresso evidencia

algumas obras que foram adaptadas para manter as árvores sem simplesmente

extingui-las. Já no site, a manchete destaca a programação do evento, conforme as

figuras 10 e 11:

Page 95: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

95

Figura 10 - Print Screen da Capa Pioneiro

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 01 jun. 2016.

Figura 11 - Print Screen do Pioneiro.com

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 01 jun. 2016.

Page 96: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

96

Mesmo que em menor quantidade, existe uma interação entre o conteúdo da

capa do impresso e do site, em que o digital cumpre a função de atualizar a

informação e não apenas reproduzi-la. Um exemplo positivo é uma informação que

está na edição de 28 de junho e aborda que o Banco de Alimentos, programa social

de Caxias do Sul, deixou de receber uma verba milionária por entraves burocráticos,

conforme mostra a Figura 12:

Figura 12 - Print Screen Capa do Pioneiro

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 28 jun.

2016

Como o fechamento da edição impressa do Pioneiro ocorre às 21 horas, é função

do site mostrar em primeira mão se a informação sofre alterações. Nesse caso, logo

no primeiro print da manhã de 28 de junho a informação foi atualizada trazendo um

novo desfecho, de acordo com a Figura 13:

Figura 13 - Print Screen Capa do Pioneiro.com

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 28 jun. 2016.

Page 97: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

97

Em no mínimo 40 situações, o site noticiou antecipadamente as informações

que estampavam a capa do jornal impresso do dia seguinte. Um exemplo que

ocorreu com frequência foi o resultado de jogos da dupla Ca-Ju, que é publicado

assim que o jogo encerra na plataforma online. Nessa observação, cabe retomar o

exemplo das figuras 06 e 07, quando são apresentadas as abordagens do

Pioneiro.com e do Pioneiro referentes ao protesto dos agricultores. Evidencia-se que

a mesma informação havia sido publicada no site e, no outro dia, ganhou um espaço

relevante na capa do impresso. De certa forma, situações como essa precisam de

uma atenção especial para não deixar o periódico com impressão de desatualizado.

Certamente, é correto publicar o fato no digital no momento em que ocorreu, pois o

online remete à atualização. Porém, a capa do jornal é a maior publicidade para que

o leitor compre o produto e, se ela passar a impressão de que está trabalhando com

a mesma informação do digital, o periódico pode sofrer prejuízos.

Situações positivas como a questão da atualização, raramente são

registradas, sendo que três delas ocorrem quando o tema é a ocupação das escolas

em Caxias do Sul – assunto mais recorrente no mês analisado e escolhido como

exemplo com o intuito de tornar mais fácil a compreensão dos aspectos explorados

neste capítulo. Como o foco não é analisar o conteúdo das notícias, mas sim a sua

apresentação, optou-se por aprofundar essa pauta no impresso apenas quando ela

é noticiada nas capas. É interessante salientar que os números apresentados a

seguir não significam o número de vezes que a pauta foi publicada no mês.

A ocupação nas escolas esteve na capa do impresso em dez oportunidades,

sendo duas na manchete. Esse é um caso exclusivo no mês analisado, em que o

mesmo assunto esteve presente na capa em mais de uma vez. Percebe-se que

essas informações ganharam destaque até a metade do mês e, quando o

movimento enfraqueceu, foram retomadas em mais uma oportunidade para noticiar

que, mesmo com o fim das ocupações, os professores votaram por manter a greve

da categoria. O jornal trata a pauta com foco no contexto local, trazendo em apenas

um momento uma informação em nível estadual.

Em todos os casos, as matérias tiveram espaço considerado adequado na

parte interna do jornal, analisando a relevância dos fatos. Em quatro oportunidades,

o conteúdo da notícia faz referência ao que já foi publicado no site, mas não é uma

cópia exata do texto. Há alterações e adaptações que respeitam a questão do

espaço. Ainda, em algumas edições, o que está no papel é mais aprofundado e

Page 98: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

98

detalhado do que o conteúdo que está no site. Um exemplo disso pode ser

observado em uma matéria publicada no Pioneiro.com no dia 6 de junho. A

informação aborda uma situação onde os pais e alunos do Instituto Estadual de

Educação Cristóvão de Mendoza de Caxias do Sul, que será retratado como

Cristóvão de Mendoza neste capítulo, discutiram sobre a ocupação. Contrários à

situação, um grupo de pais pedia a retirada dos alunos que impediam o retorno das

aulas, como mostra a Figura 14:

Figura 14 - Print Screen Capa do Pioneiro.com

(continua)

Page 99: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

99

(conclusão)

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 06 jun. 2016.

No papel, a informação foi publicada no dia seguinte. A pauta da notícia é a

mesma, mas é mais contextualizada e mostra detalhes que não são explorados no

site, como entrevistas e informações sobre a ocupação de uma escola no bairro

Jardelino Ramos, em Caxias do Sul, além de um complemento sobre uma reunião

referente às ocupações, que ocorreria na Câmara de Vereadores da cidade,

conforme pode ser observado na Figura 15.

Page 100: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

100

Figura 15 - Print Screen do Pioneiro

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 07 jun.

2016.

Em três ocasiões, o assunto que foi publicado no papel não aparece no bloco

principal de notícias do Pioneiro.com. A matéria que está na capa do jornal, no dia

02 de junho, apresenta um novo caso de agressão referente às ocupações nas

escolas. Uma aluna da Escola Estadual Henrique Emílio Meyer, de Caxias do Sul,

que será abordado no capítulo como colégio Emílio Meyer, acusou um policial militar

de agressão. A notícia é acompanhada de um box sobre um encontro que iria

ocorrer na Universidade de Caxias do Sul (UCS) para discutir o fim das ocupações.

Nessa mesma data, o que foi publicado no site abordou um novo tumulto na mesma

escola, que ocorreu no momento da desocupação. A informação da aluna que teria

sido agredida por um policial militar, que está na chamada do impresso, aparece no

interior da matéria em um link para ler mais notícias sobre o assunto. Essa matéria

ainda tem links internos para outras notícias sobre as ocupações. Nesse caso, é

perceptível que o site trabalhou de maneira correta a atualização, pois mesmo que a

informação sobre a agressão da aluna seja relevante, provavelmente não apareceu

no bloco principal de notícias devido ao novo episódio de confusão no colégio. O site

Page 101: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

101

acertou ao dar prioridade para a informação mais atual e relacionar com o episódio

de agressão que está no impresso.

No dia 09 de junho, o Pioneiro publicou uma matéria sobre a interferência dos

pais na mobilização e a retomada parcial das aulas em algumas escolas de Caxias

do Sul. Há duas retrancas24: uma aborda o envolvimento dos pais que deve ocorrer

em todo o ano letivo, não apenas em períodos de tumultos; a outra explora um

encontro de pais de alunos e professores da Escola Estadual de Ensino Médio

Cavalheiro Aristides Germani, tratada como Aristides Germani no restante do

capítulo, para decidir sobre o retorno das aulas com os alunos mobilizados, sendo

que o encontro terminou sem consenso. O assunto estava sendo acompanhado pelo

site, mas, nesse caso, o impresso fez uma contextualização mais aprofundada,

apresentando dados e opiniões que não aparecem no digital.

Além disso, três informações publicadas no impresso nas edições conjuntas

de fim de semana dos dias 04 e 05; 25 e 26, e ainda em 08 de junho, trazem

exatamente o mesmo conteúdo que já estava no Pioneiro.com no dia anterior. É

interessante destacar que não é uma cópia exata, mas são detalhes mínimos que

sofrem alterações, conforme pode ser conferido nas figuras 16 e 17:

24

Retranca: Palavra ou pequena frase usada sobre o título para apresentar o tema da matéria. Disponível em: <http://dicionariodejornalismo.blogspot.com.br/2010/09/retranca.html>. Acesso em 19 nov. 2016.

Page 102: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

102

Figura 16 - Print Screen do Pioneiro

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 08 jun. 2016

Na imagem a seguir, é possível observar que até mesmo o conteúdo da

retranca se repete e torna a matéria extensa e sem atratividade para o leitor que a

consome no digital. A informação poderia ter sido dividida em duas matérias no site

e, sendo assim, a retranca geraria um conteúdo novo. Essa estratégia deixaria a

matéria mais adequada para a plataforma online.

Page 103: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

103

Figura 17 - Print Screen do Pioneiro.com

(continua)

Page 104: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

104

(continuação)

Page 105: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

105

(conclusão)

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 07 jun. 2016

Outro aspecto que se pode evidenciar nesse caso é que a pauta foi produzida

pelo mesmo repórter nos exemplos apresentados acima. Assim como os demais

profissionais do veículo que foram entrevistados para a pesquisa, a repórter da

Page 106: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

106

editoria de Geral, Cristiane Barcelos, também, concorda que o profissional

responsável pela apuração da notícia deve produzir o conteúdo tanto para a

plataforma impressa quanto para a digital. Porém, a jornalista destaca que em

algumas situações se faz necessária a divisão de tarefas. “São os casos, por

exemplo, de reportagens que resultam na produção de infográficos ou material

multimídia” (BARCELOS, 2016). Esse é um ponto interessante a ser destacado, pois

se a pauta em questão fosse pensada ou executada por mais de um profissional,

poderia render um conteúdo mais diversificado e que explorasse os recursos

multimídia.

Ferrari (2003) explica, no capítulo 4, que o processo de produção da notícia

para a internet não contempla o simples ato de transformar o texto para uma

linguagem aceita na web, pois é preciso ter domínio das mídias envolvidas. Escrever

para a web não é tarefa fácil. É preciso conhecer o público, pensar no alcance da

notícia e buscar histórias que possam ser contadas com o aproveitamento de áudio,

gráficos, vídeo, links, etc. “Os jornalistas on-line precisam sempre pensar em

elementos diferentes e em como eles podem ser complementados. Isto é, procurar

palavras para certas imagens, recursos de áudio e vídeo para frases, dados que

poderão virar recursos interativos” (p. 48).

O que ocorre, também, em casos raros, é o site trazer atualizações do

conteúdo que está na capa do jornal. Constata-se essa situação em oito

oportunidades, sendo três delas sobre as ocupações das escolas em Caxias do Sul.

Esse assunto é presenciado no bloco principal desde o primeiro até o último dia do

mês de junho. A pauta apareceu 56 vezes em 25 dos 30 dias analisados. Desse

total, 23 eram informações novas e 33 repetidas, ou seja, sem nenhum tipo de

atualização. Essa informação será explicada de maneira mais ampla no subtítulo

Atualização da notícia.

Cabe analisar apenas a divulgação das informações novas, já que no restante

nada é alterado. O assunto foi tratado com frequentes atualizações e um

acompanhamento relevante desde o começo até o fim das ocupações. Presente

quase que diariamente no site, é possível afirmar que a pauta não caiu no

esquecimento do jornal, o que pode acontecer com assuntos menos relevantes que

não ganham desdobramentos e podem ser deixados de lado devido ao grande

número de informações que podemos encontrar no ciberespaço.

Page 107: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

107

O número de atualizações sobre o assunto é expressivo, já que no período

analisado é possível observar que o site acompanhou cada desfecho e publicou um

extenso material sobre as escolas que estavam ocupadas, os episódios e

reivindicações de cada uma delas, as respostas dos órgãos responsáveis, a

gradativa desocupação, a interferência dos grupos contra e a favor do movimento -

até a última desocupação, o retorno às aulas e os episódios de confusão que

sucederam posteriormente.

Das 23 notícias novas, apenas uma não tem foto e algumas publicações

chegam a ter mais uma imagem, além da principal. Dezoito apresentam links no

conteúdo interno. O recurso aparece nas palavras destacadas em negrito no texto e,

na maioria das vezes, é seguido pelo título Leia Mais, onde há manchetes abaixo

com links internos para acessar o conteúdo. Apenas dois casos apresentam links

para informações que não são referentes às ocupações. É uma estratégia para que

o leitor permaneça consumindo conteúdo dentro do próprio site, pois existe apenas

um link externo em uma matéria publicada no dia 07 de junho que leva para uma

página do Facebook de um movimento da desocupação do Cristóvão de Mendoza.

Links são os únicos recursos multimídia utilizados. Porém, em cinco notícias

nem isso pode ser conferido. Há apenas o texto, em um dos casos até sem imagem,

onde as falas dos entrevistados não são ajustadas corretamente com o travessão,

para simbolizar que é a citação de outra pessoa, conforme apresentado na Figura

18:

Page 108: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

108

Figura 18 - Print Screen do Pioneiro.com

(continua)

Page 109: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

109

(conclusão)

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 04 jun. 2016

Um texto apresentado assim na plataforma online não é atrativo para o leitor.

Nesse contexto, o Pioneiro poderia utilizar outros recursos multimídia. Além dos links

– que são uma boa estratégia para contextualizar sobre o assunto – vídeos curtos

com depoimentos dos envolvidos no movimento ou até mesmo um infográfico para

acompanhar dia a dia a situação das ocupações poderiam ter sido pensados para as

Page 110: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

110

pautas como um recurso adicional. Acertadamente, no primeiro dia de prints, a

matéria apresenta um vídeo, que é uma entrevista com um pai de um aluno que

agrediu um colega do filho na Escola Apolinário Alves dos Santos. Entretanto, a

manchete é uma entrevista com a vítima que foi agredida. Nesse caso, o agressor

falou com o jornal no dia anterior e o vídeo foi publicado na notícia para

contextualizar o fato. Aqui há uma falha: o jornal poderia ter gravado uma entrevista

também com a vítima. Pode-se pensar que ela não quis ser identificada, mas a

premissa é derrubada, pois há uma foto dela na matéria.

Retornando a questão do localismo, como discutido anteriormente, percebe-

se que o site não deixa espaço para informações estaduais e nesse caso não foi

diferente. Uma notícia publicada no papel em 14 de junho explica que o governo do

Rio Grande do Sul acionou a Justiça para pedir a reintegração de posse dos 120

colégios que ainda estavam ocupados no Estado. Após apresentar o contexto

estadual, a matéria centraliza nas escolas ocupadas em Caxias do Sul e publica

uma retranca com opiniões de uma mãe contrária e outra a favor das ocupações.

Essa informação não é abordada no site.

6.4 ATUALIZAÇÃO DA NOTÍCIA

A atualização da notícia é um recurso que passou a ser prioridade da

plataforma online devido às ferramentas que a internet oferece para essa

funcionalidade. Isso não significa que os demais meios de comunicação não devem

trabalhar com essa característica. Porém, em comparação ao impresso, esse

processo é limitado. Por isso, com o surgimento dos sites de notícias, grande parte

dos veículos que trabalham com o papel aposta nos portais da web como ferramenta

de atualização. Contudo, Fontana afirma que a missão do Pioneiro é ter a melhor

informação e não a mais rápida. “Procuramos agilidade, mas queremos acima de

tudo ser relevante pela qualidade da informação, não pela quantidade” (FONTANA

2016). Referente ao pensamento da editora, Noblat (2004) explica, no capítulo 4

desta pesquisa, que o jornal impresso deve prezar pela apuração minuciosa, pela

profundidade e boa escrita, estimulando uma reflexão no leitor, já que a “notícia em

tempo real deve ficar para os veículos de informação instantânea – rádio, televisão e

internet”. Nesse caso, mesmo que o Pioneiro preze pela qualidade da informação, a

plataforma online não pode deixar de ser atualizada.

Page 111: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

111

Em um contexto geral apresentado nos 118 prints no mês de junho quatro

vezes ao dia, é possível perceber apenas duas atualizações completas do principal

bloco de notícias do Pioneiro.com. Essas situações ocorrem no dia 19, às 23 horas,

para o dia 20, às 8 horas; e no dia 24, com atualização completa das 8 para as 13

horas, conforme mostram as figuras 19 e 20:

Figura 19 - Print Screen do Pioneiro.com

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 19 e 20 jun. 2016.

Page 112: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

112

Figura 20 - Print Screen do Pioneiro.com

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 24 jun. 2016.

Nos demais casos, também há atualização do bloco de notícias e dificilmente

ele se mantém o mesmo. Porém, não é uma atualização contínua como mostrado

nos exemplos acima. O restante dos prints aponta a permanência de informações

repetidas. Entretanto, há cinco ocorrências onde o bloco não é atualizado em

nenhum momento, sendo elas: no dia 4, das 18 às 21 horas; dia 6, das 18 às 21

horas; do dia 11, das 13 às 18 horas e das 21 até as 9 horas do dia 12; e no dia 22,

das 18 às 21 horas. Presume-se que a falta de atualização no site é maior no

Page 113: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

113

período em que a atenção dos jornalistas está voltada ao fechamento da edição

impressa, que ocorre às 21 horas, e nos fins de semana, em que a redação trabalha

em regime de plantão, contando com um número reduzido de funcionários. Existe,

sim, atualização, tanto na apresentação da notícia como no acompanhamento dos

fatos, mas em alguns momentos essa característica deixa a desejar e isso não é

aceitável na plataforma online. Silva e Moreira (2015) apontam, no capítulo 3, que a

instantaneidade e a utilização de recursos como vídeos e hiperlinks trouxeram novas

possibilidades ao jornalismo e que a exploração desses recursos pode ser a solução

do futuro da atividade.

Quando se analisa especificamente o conteúdo da ocupação das escolas,

percebe-se que a pauta está presente, mas o número de repetições é maior do que

a atualização. O assunto ganha um desdobramento quase que diário no site. Das 59

vezes em que é abordado em 25 dias do mês, 23 são informações novas e o

restante é repetição, como mostra a tabela:

Tabela 1 – Atualização da pauta das ocupações nas escolas

Dias 8 horas 13 horas 18 horas 21 horas 01/06 Informação

nova Informação repetida

* *

02/06 * Informação nova 1 Informação nova 2

Informação repetida 2

*

03/06 * * * Informação nova

04/06 Informação repetida

Informação repetida

Informação repetida

Informação repetida

05/06 Informação nova

* * *

06/06 * Informação nova

Informação repetida

Informação repetida

07/06 * * Informação nova

Informação repetida

08/06 Informação repetida

Informação nova

Informação repetida

Informação repetida

09/06 * * * Informação nova

10/06 Informação repetida

* Informação nova

Informação repetida

11/06 * * * Informação nova

Page 114: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

114

12/06 Informação repetida

Informação repetida

Informação repetida

Informação repetida

14/06 * Informação nova

Informação repetida

Informação repetida

15/06 * * * Informação nova

16/06 Informação repetida

Informação repetida

Informação repetida

Informação nova

17/06 Informação repetida

Informação nova

Informação repetida

Informação repetida

18/06 Informação repetida

* * *

20/06 * Informação nova

Informação repetida

*

21/06 * * * Informação nova

22/06 Informação nova

Informação repetida

Informação nova

Informação repetida

23/06 Informação repetida

* Informação nova

Informação repetida

24/06 Informação repetida

* * Informação nova

25/06 Informação repetida

Informação repetida

* *

27/06 * * Informação nova

*

30/06 * * Informação nova

Informação repetida

Sendo assim, é possível afirmar que, apesar de trabalhar com a atualização

da notícia, o Pioneiro repete a mesma informação por diversas vezes. Em duas

ocasiões, nos dias 3 e 11, a notícia aparece às 21 horas e permanece na capa até o

mesmo horário do dia seguinte. Esse é um intervalo de tempo considerado

significativo para um site que, além de querer oferecer a melhor informação, quer ser

reconhecido pela agilidade.

No subtítulo seguinte, será possível verificar como o Pioneiro se posiciona em

relação à divulgação de matérias locais – fator importante para o veículo.

6.4 LOCALISMO

Essencial para situar o leitor, o localismo está presente nas duas plataformas

do Pioneiro analisadas neste capítulo. No Manual da Marca, consta uma explicação

Page 115: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

115

de que o veículo não deixa de olhar para os assuntos relevantes em esfera global,

mas sempre os relaciona com o contexto local. Essa afirmação pode ser confirmada

em sua totalidade apenas no impresso, pois no online não há espaço para notícias

que não estejam relacionadas a Caxias do Sul e região. Fontana afirma que o

desafio do jornal é fazer a diferença na vida do leitor, ajudando-o a entender melhor

as transformações globais ou locais, com foco no localismo. “No nosso caso, tudo

com um olhar muito próprio, da nossa janela para o mundo, ou do mundo para o

nosso quintal” (FONTANA, 2016).

Caxias do Sul é o assunto da manchete das edições impressas em 16 capas.

A foto principal – sendo em comum com a manchete ou não – traz a cidade em 19

oportunidades. A região da Serra Gaúcha é tema de quatro manchetes e

informações nacionais aparecem em cinco. Em um dos casos, mesmo trazendo um

assunto mais abrangente, o foco é direcionado para a questão do localismo,

conforme afirmou Fontana e está retratado na Figura 21.

Figura 21 - Print Screen Capa do Pioneiro

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 10 jun. 2016

As chamadas abrangem por diversas vezes cidades da região e, em algumas

oportunidades menos frequentes, trazem assuntos nacionais e estaduais. É possível

observar que as chamadas sobre notícias de Caxias do Sul aparecem seguidamente

sem a identificação do local, diferente de quando a pauta noticiada ocorreu em

outras cidades, como é constatado na Figura 22.

Page 116: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

116

Figura 22 - Print Screen Capa do Pioneiro.

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 23 jun. 2016

Das 45 chamadas contabilizadas sobre a área caxiense, em 36 não aparece o

nome da cidade. Não é possível afirmar qual o critério editorial aplicado nessa

situação, pois, conforme a Figura 23, a identificação ou não de Caxias do Sul nas

chamadas pode ser observada na mesma capa e parece ser opcional.

Figura 23 - Print Screen Capa do Pioneiro

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 08 jun. 2016

O localismo da capa do Pioneiro também pode ser percebido com as

chamadas referentes à dupla Ca-Ju, que aparecem em 13 casos. Em apenas uma

notícia sobre esporte é dada ênfase a outra modalidade, que é o time de futebol

americano da cidade.

No site do Pioneiro, as informações sobre Caxias do Sul, também, são

maioria na manchete. Oestreich destaca que “o Pioneiro.com prioriza o que é notícia

em Caxias e região” (OESTRICH, 2016). Dos 118 prints, 75 trazem assuntos locais.

Page 117: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

117

O restante não é estendido para muitos quilômetros de distância, ficando restrito a

cidades das regiões da Serra gaúcha, Hortênsias e Campos de Cima da Serra.

Em relação às ocupações das escolas – pauta analisada com mais

profundidade no capítulo – todas as notícias abordam apenas os colégios de Caxias

do Sul. Há apenas uma exceção na edição impressa do dia 14 de junho, onde a

matéria aborda um pedido feito à Justiça pelo governo do Rio Grande do Sul para

reintegrar as escolas que ainda estavam ocupadas no Estado. Porém, após

apresentar o contexto estadual, o texto retoma como estava a situação na cidade e

traz a opinião de duas mães de estudantes de colégios locais com opiniões

divergentes sobre o assunto.

Um aspecto relevante do localismo tratado com destaque nas duas

plataformas é o anúncio do técnico Tite para assumir o time da Seleção Brasileira.

Adenor Leonardo Bacchi, nome de batismo do profissional, nasceu no distrito de

São Brás, em Caxias do Sul. Por esse motivo, e devido à relevância do fato, o

assunto ganhou uma capa exclusiva na edição impressa, de acordo com a Figura

24:

Page 118: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

118

Figura 24 - Print Screen Capa do Pioneiro

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 16 jun. 2016.

Já na plataforma digital, o assunto rendeu um bloco especial no dia 15, na

lateral, acima do bloco de esporte. No dia 16, ocupou a área acima da manchete,

sendo novamente transferido para a lateral no dia seguinte, onde permaneceu até o

dia 19, quando foi desativado. Os exemplos podem ser observados nas figuras 25 e

26:

Page 119: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

119

Figura 25 - Print Screen do Pioneiro.com

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 16 jun. 2016.

Page 120: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

120

Figura 26 - Print Screen do Pioneiro.com

FONTE: Site Pioneiro.com. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/>. Acesso em: 19 jun. 2016.

O destaque para a informação evidencia a importância do contexto local para

o Pioneiro, tanto no impresso quanto no online, por duas constatações: é raro o

jornal publicar apenas uma informação na capa e o digital estampar blocos especiais

no site. Traquina (2005), no capítulo 4 desta pesquisa, afirma que a proximidade e a

relevância dos fatos são importantes critérios de noticiabilidade, termo que

representa o conjunto de regras usado para definir quais fatos merecem um

tratamento jornalístico. Sendo assim, a proximidade é relevante em termos

geográficos, pois muitas vezes um fato que aconteceu em determinada cidade será

notícia em um jornal local, mas dificilmente em outro país. Já a relevância, para

Traquina, é a “preocupação de informar o público dos acontecimentos que são

importantes porque têm um impacto sobre a vida as pessoas” (p. 80).

E, para finalizar, o subtítulo seguinte apresenta como o Pioneiro trabalha com

a convergência das mídias. Como parâmetro, algumas constatações dos 120 prints

do site do Zero Hora no mesmo período serão evidenciadas no intuito de apresentar

Page 121: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

121

como o carro chefe dos veículos impressos do Grupo RBS está se destacando no

universo digital em relação aos demais.

6.6 DESAFIOS DA CONVERGÊNCIA DIGITAL

O desafio da convergência digital na comunicação não é mais guiado apenas

pelo critério de produzir conteúdo para plataformas diferentes, pois isso já vem

sendo feito. Ainda nos primórdios dos portais de notícias percebeu-se que reproduzir

o texto do impresso para o online não era a maneira correta de trabalhar na nova

plataforma. O desafio atual é tornar esse material atrativo perante as opções

multimídia e a concorrência que se formou no mundo virtual. Para isso, é preciso

criar conteúdos inovadores e interativos na rede. Jenkins (2009), no capítulo 3,

expõe que se o paradigma da revolução digital apontava que as mídias tradicionais

seriam substituídas pelas novas mídias, o paradigma da convergência presume uma

interação cada vez mais complexa entre elas.

É possível reconhecer que, na maioria dos casos, não existe uma

convergência de dados no Pioneiro. Não é outro produto sendo apresentado, e sim

uma repetição. Sendo assim, o veículo precisa evoluir para chegar ao objetivo ideal

proposto por um site de notícias na plataforma online. A exploração de recursos

visuais é praticamente nula. A maneira mais utilizada para manter o leitor dentro do

próprio portal de notícia são os links internos que aparecem nos conteúdos

analisados. Como constatado no subtítulo da Apresentação da notícia, dificilmente é

oferecido um recurso ou uma abordagem nova das pautas nas capas do papel para

o digital e vice-versa. A personalização do conteúdo obviamente não é o foco do

jornal.

De acordo com as entrevistas dos profissionais do veículo, pode-se afirmar

que a redação está totalmente integrada, ou seja, todos os profissionais trabalham

para as duas áreas e não há um núcleo específico para pensar em conteúdos

diferenciados para o digital. Fontana (2016) explica que dos 46 jornalistas do

Pioneiro, apenas dois deles são mais focados no digital.

Nesse contexto, evidenciam-se as consequências da carência de não haver

profissionais que se dedicam a ambas as plataformas com certa exclusividade. Não

se contesta o fato de o mesmo jornalista produzir o conteúdo para o online e o

impresso, porém, além da adaptação da escrita, o profissional ainda precisa pensar

Page 122: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

122

quais recursos pode produzir para alterar a apresentação da sua matéria nos

diferentes meios. O jornal Zero Hora, também apresentado neste capítulo como ZH,

é um exemplo positivo de que a existência de pessoas que se dedicam à plataforma

pode fazer a diferença nesse processo.

Em entrevista para a autora desta monografia, o editor-chefe da ZH, Nilson

Vargas, explicou que o jornal tem quatro grandes editorias: Notícias (hardnews),

Esporte, Cultura&Entretenimento e Sua Vida (comportamento) e, nas etapas de

apuração e edição, as demandas de cada plataforma estão dentro desses grupos,

porém “há um núcleo online que concentra profissionais com funções ‘online puras’:

editores de capas digitais e equipe de redes sociais” (VARGAS, 2016). A

coordenadora de produção, Juliana Jaeger, também em entrevista à autora desta

pesquisa, complementa explicando que ZH não trabalha mais com a divisão da

editoria de online e do papel, pois os repórteres são multiplataforma. Contudo, cada

grupo, dependendo do seu tamanho e fluxo de produção, tem seus editores mais

voltados para um meio específico. “A maior editoria do jornal, por exemplo, que é a

de notícias, tem hoje pelo menos oito editores voltados ao papel e quatro voltados

ao digital, mas todos são responsáveis pelo conteúdo nas duas plataformas”

(JAEGER, 2016).

Zero Hora, apesar de também se definir como uma redação multiplataforma,

segundo a visão dos entrevistados, dispõe de profissionais que pensam a pauta

tanto para o digital quanto para o impresso. Jaeger explica que na maior parte dos

temas, o texto é publicado antes no site e depois é editado para o papel. Desde sua

origem, pautas especiais são pensadas para as duas plataformas.

Boa parte das matérias especiais é planejada em conjunto para o site e para o impresso desde a origem: ao propor a pauta, já se pensa em como ela será apresentada no online, com vídeos, gráficos, galerias de fotos, e como será apresentada no papel, quantas páginas, quais fotos e qual apresentação gráfica terá (JAEGER, 2016).

O site do ZH é dividido em três colunas. O conteúdo analisado foi referente às

informações que estão na primeira coluna, onde se apresenta a manchete, seguida

de uma média de 20 informações. A partir disso, observaram-se quantas das pautas

que estavam no primeiro print, feito às 8 horas, se repetiam nos demais registros,

feitos às 13, 18 e 21 horas. A reincidência é maior no print do horário seguinte,

quando aproximadamente 160 informações continuam na página principal. Em

Page 123: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

123

seguida, às 18 horas, esse número cai para uma média de 60. No último print do dia,

a permanência das notícias da manhã é praticamente inexistente, ocorrendo em no

máximo 30 casos.

A intenção não é fazer um comparativo entre o Pioneiro e o Zero Hora, já que,

segundo Vargas (2016), são cerca de 200 jornalistas que trabalham na redação de

ZH – aproximadamente três vezes mais do que no Pioneiro. O jornal de Porto Alegre

apresenta um trabalho mais dinâmico, pois mesmo sendo uma redação unificada,

direciona profissionais específicos para o online.

Com a avaliação da página inicial do site, percebe-se que frequentemente há

áreas especiais acima do bloco da manchete. Em pelo menos 50 prints é possível

identificar esse trabalho. Além disso, as informações que estão nesse espaço são

alteradas com uma frequência maior se comparadas com a permanência da área

sem atualização. Nas imagens capturadas no dia 24 de junho, é possível visualizar a

periodicidade das novas notícias. Um bloco especial sobre a votação que decidiu

pela saída do Reino Unido da União Europeia foi publicado às 13 horas, conforme

mostra a figura a seguir:

Page 124: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

124

Figura 27 - Print Screen Capa do site de Zero Hora

FONTE: Site Zero Hora. Disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs>. Acesso em: 24 jun. 2016

O bloco da manchete é composto por quatro informações, sendo possível

navegar entre elas. Depois, há dez notícias que repercutem o assunto no mundo.

Logo no print das 18 horas, o bloco da manchete ganha novas informações e as

demais áreas são atualizadas com vídeos, novos desdobramentos da pauta e

opiniões de colunistas.

Page 125: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

125

Figura 28 - Print Screen Capa do site de Zero Hora

FONTE: Site Zero Hora. Disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs>. Acesso em: 24 jun. 2016

No print das 21h, o bloco ainda permanece com mais atualizações e mudanças na

sua apresentação, além da inclusão de um mapa virtual.

Page 126: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

126

Figura 29 - Print Screen Capa do site de Zero Hora

FONTE: Site Zero Hora. Disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs>. Acesso em: 24 jun. 2016

O veículo em questão é líder do Grupo RBS no segmento impresso e se

encontra no meio de um processo evolutivo na questão do online. Na opinião de

Vargas, os outros jornais do grupo recebem um investimento inferior na editoria

digital, por causa “da cobertura local, distribuição física menos complexa, público

leitor próximo da sede, cobertura predominantemente local e uma preferência

expressa por seus leitores pela plataforma papel” (VARGAS, 2016). Enquanto, na

visão do editor, ZH precisa de um investimento maior nessa plataforma por concorrer

com grandes marcas do jornalismo.

Jaeger explica que nos próximos anos o foco de ZH será voltado para

assinaturas digitais, acompanhando uma tendência mundial no mercado de jornais.

“É um nicho em que conseguiremos entregar, a cada dia, mais novos produtos, para

novos públicos de forma ágil e instantânea, não perdendo a visão analítica e

contextualizada que o jornalismo impresso sempre teve” (JAEGER, 2016). Por esse

motivo, o veículo investe em projetos no universo digital, inclusive com o objetivo de

migrar o leitor tradicional de jornal para esse espaço. “Nosso intuito não é mudar o

hábito dos leitores e sim ajudá-los a se adaptar ao um novo mundo digital”

(JAEGER, 2016).

Page 127: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

127

Percebe-se, pela leitura das entrevistas e dos autores, que não existe uma

fórmula única para os desafios da convergência digital. O maior obstáculo é manter

a relevância do veículo no impresso e no digital, sabendo lidar com as diferenças.

Vargas (2016) acredita que, em meio ao processo de mudanças, o cenário é

de transformação, de reestruturação e de incertezas, mas a maneira de fazer

jornalismo é o que fará a diferença no mercado.

Quem tem desafios é o jornalismo na sua essência que é apuração, credibilidade, agilidade, afinidade com o público, ecletismo, pluralidade e todos os outros conhecidos há muito tempo, antes mesmo da existência do digital. A distinção entre papel e digital se dá mais na distribuição e nos formatos. Neste caso, a atividade precisa ter esta onipresença de plataformas, acertando nos formatos e linguagens para atender ao seu público de forma plena. (VARGAS, 2016).

Carvalho e Pimenta (2016), no capítulo 3, defendem que o momento pelo qual

o jornalismo está passando não deve ser visto como uma crise, mas sim como uma

mudança de cenário, pois situações como essa impulsionam o jornalismo a se

adaptar, como já ocorreu outras vezes na história. “A rápida expansão da internet

tem provocado mudanças que não podem ser deixadas de lado. [...] Palavras

escritas, áudio, vídeo, foto, texto, todos os diferentes tipos de códigos agora podem

estar reunidos em um mesmo suporte” (p. 2).

De fato, o Pioneiro precisa aprender a apresentar o seu conteúdo de maneira

mais adequada no digital. É necessário compreender e utilizar as novas

ferramentas, sem perder as qualidades que são atribuídas ao conteúdo do papel. O

digital também exige uma boa apuração, profundidade e contextualização, mas

oferece mais do que um bom texto. Nesse espaço, é possível explorar a

hipertextualidade. Além desse recurso, o desafio maior consiste em produzir um

conteúdo atrativo para o leitor. Mas, a partir da pesquisa, é possível concluir que a

informação bem trabalhada e que utiliza os recursos multimídia é um caminho

indicado para criar uma relação de fidelidade com o internauta.

A partir da análise, será possível responder a questão norteadora e confirmar

ou não as hipóteses da pesquisa nas considerações finais desta monografia.

Page 128: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

128

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A divulgação de notícias na web passou por diversas transformações desde

seu surgimento. Inicialmente, o conteúdo divulgado era apenas uma cópia do que se

publicava nas mídias tradicionais. Com o passar dos anos, os recursos exclusivos

da plataforma, como a criação de conteúdos personalizados que exploravam as

possibilidades do ciberespaço, começaram a ganhar destaque no cenário do

jornalismo. A narrativa jornalística na internet apresentou aos usuários ferramentas

de rápida atualização, com a personalização do conteúdo por meio da produção

multimídia, da interatividade e do uso de hipertextos.

Buscou-se, ao longo desta monografia, responder a questão norteadora:

quais os desafios do jornal Pioneiro na apresentação da notícia em tempos de

convergência digital? A resposta para essa questão é fundamentada na análise da

pesquisa que, por meio do Estudo de Caso e da revisão bibliográfica, de entrevistas

com os profissionais dos jornais Pioneiro e Zero Hora, e da observação do material

coletado, encontrou as fragilidades da apresentação da notícia no site e no impresso

do Pioneiro. A partir disso, aponta-se caminhos para melhorar o desempenho da

plataforma digital, além de sugerir no aprofundamento de matérias para o papel,

evitando que ocorra apenas a transposição do conteúdo, como é feito atualmente.

Entende-se que o veículo está focado em trabalhar com um conteúdo mais

aprofundado, com a missão de ter a melhor informação, não a mais rápida. Porém, é

arriscado ignorar as necessidades do leitor do universo digital que exige cada vez

mais agilidade e velocidade dos sites de notícias. É possível utilizar as novas

ferramentas sem perder as qualidades que são atribuídas ao conteúdo do papel. O

digital também exige uma boa apuração, profundidade e contextualização, mas

oferece mais do que um bom texto. Nesse espaço, é possível utilizar os recursos

multimídia para fidelizar o internauta a acessar o seu conteúdo, estratégia que é

ignorada pelo Pioneiro.

Ainda na análise, foi possível constatar que o Pioneiro.com não explora os

recursos do digital na capa do site e muito menos na apresentação do conteúdo

referente às ocupações das escolas, que foi utilizado como assunto específico na

pesquisa para auxiliar na compreensão da cobertura jornalística. Pode-se constatar

que, em sua maioria, as notícias são oriundas da mídia impressa e raramente

possibilitam um conteúdo diferenciado. As matérias não exploram a incorporação

Page 129: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

129

das características do ciberespaço, como a interatividade, a personalização de

conteúdo e a multimidialidade.

Assim, para auxiliar a resposta da questão norteadora, foram levantadas três

hipóteses. A primeira delas afirma que a mudança editorial do jornal Pioneiro, do

Grupo RBS, com foco para o jornalismo impresso, não foi a melhor escolha em

tempos de convergência digital. Nesse sentido, seguindo na linha da questão

norteadora, ela foi confirmada, pois se o veículo está presente nas duas plataformas,

ele precisa trabalhar a informação personalizada para cada uma delas. Constatou-se

que, em grande parte das capas, o Pioneiro reproduz o mesmo assunto no digital ou

vice-versa. Quando analisado o conteúdo das matérias, foi observado que, em

alguns momentos, o texto também não sofre alterações. A possibilidade de interagir

com o conteúdo é mínima e aparece sempre em formas de links. Não há outros

recursos multimídia explorados no conteúdo das matérias. Mesmo que os

profissionais não deixem evidente nas entrevistas que o foco está voltado para o

jornalismo impresso e justifiquem que não existe prioridade na produção de

conteúdo para uma plataforma específica, eles ressaltam que o veículo está em

busca de um jornalismo mais aprofundado, que preza pela boa apuração e

qualidade da notícia, sem levar em conta a quantidade de informações que deve

publicar por dia. Essas características são atribuídas ao jornalismo impresso pelos

autores apresentados na pesquisa. Percebe-se ainda que há uma carência no

veículo por profissionais dedicados exclusivamente ao digital, já que todos na

redação passaram a produzir para as duas mídias.

A segunda hipótese diz que o jornal Pioneiro prioriza o jornalismo impresso

para manter os assinantes do papel, sem olhar estratégico para atrair novos

assinantes digitais. Por meio das entrevistas, foi possível entender que o jornal

passa por um momento de reestruturação com base na opinião dos assinantes.

Sendo assim, os profissionais afirmam que o leitor prioriza a retomada do jornalismo

aprofundado nos fatos e a veiculação de assuntos inéditos. “A produção de

conteúdo no Pioneiro está passando por um processo de reestruturação com base

na opinião dos assinantes. [...] Essa é uma maneira de fidelizar, de tentar entregar o

que o assinante deseja” (DUARTE, 2016).

Apesar de trabalhar com assinaturas digitais, compreende-se que o maior

nicho do público que está disposto a pagar pelo conteúdo do Pioneiro assina o

impresso. Com isso, a hipótese é confirmada, pois não há a criação de uma

Page 130: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

130

estratégia para consumidores de papel e de digital. Durante a pesquisa, a plataforma

online do Zero Hora foi utilizada como referência para alguns aspectos da análise.

Cabe ressaltar que o foco do veículo nos próximos anos será as assinaturas digitais,

acompanhando uma tendência mundial no mercado de jornais. “É um nicho em que

conseguiremos entregar, a cada dia, mais novos produtos, para novos públicos de

forma ágil e instantânea, não perdendo a visão analítica e contextualizada que o

jornalismo impresso sempre teve” (JAEGER, 2016). Por esse motivo, o veículo

investe em projetos inclusive com o objetivo de migrar o leitor tradicional de jornal

para o ciberespaço. Nas entrevistas, ficou perceptível que os outros jornais do

grupo, assim como o Pioneiro, não recebem um investimento semelhante ao do Zero

Hora no digital. Uma das possibilidades que justificam a afirmação é a preferência

dos leitores dos jornais do interior pela plataforma papel. “Os jornais regionais estão

num estágio ainda anterior de investimento porque a maioria do seu público ainda é

alcançada pelo papel, a concorrência é local (também papel)” (Vargas, 2016).

A terceira e última hipótese afirma que um veículo de comunicação como o

jornal Pioneiro, que prioriza o jornalismo impresso, em tempos de convergência

digital, perde a característica de atualização constante da informação, própria do

jornalismo online. Verificou-se que, em um contexto geral apresentado nos 118

prints no mês de junho captados quatro vezes ao dia, é possível perceber apenas

duas atualizações completas do principal bloco de notícias do Pioneiro.com. Nos

demais casos, também há atualização do bloco de notícias e dificilmente ele se

mantém o mesmo. Porém, não é uma atualização contínua e ainda há cinco

ocorrências em que o bloco não é alterado em nenhum momento. Fontana (2016)

justifica que a missão do Pioneiro é ter a melhor informação, não a mais rápida.

Existe, sim, atualização, tanto na apresentação da notícia como no

acompanhamento dos fatos, mas em alguns momentos essa característica deixa a

desejar e isso não é aceitável na plataforma online.

Com isso, é possível perceber que o objetivo geral, de investigar quais os

desafios do jornal Pioneiro na apresentação da notícia em tempos de convergência

digital, foi atingido. Além do objetivo geral, também os objetivos específicos, em que

se pretendeu conceituar a história do jornalismo impresso em nível nacional,

estadual e local; pesquisar sobre a sociedade da informação e a influência da

evolução tecnológica no jornalismo impresso e online; entender os critérios de

noticiabilidade no jornalismo impresso e online e como ocorre a produção de

Page 131: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

131

conteúdo para essas plataformas; analisar a forma de apresentação do conteúdo do

jornalismo impresso e do online do jornal Pioneiro, do Grupo RBS; comparar o

reposicionamento editorial do Pioneiro com o investimento na plataforma digital do

jornal Zero Hora; entrevistar profissionais envolvidos nas mudanças editoriais e no

processo de produção jornalística do Pioneiro e do Zero Hora.

Ao longo desse ano de desenvolvimento do projeto e do trabalho, a realização

dessa pesquisa oportunizou uma importante familiarização com a área da pesquisa

acadêmica, agregando conhecimentos fundamentais sobre a profissão em si e quais

são seus desafios diante das possibilidades do mercado. Portanto, esse trabalho foi

uma experiência gratificante tanto para a formação acadêmica quanto para a

profissional.

A intenção dessa monografia é dar mais um passo para contribuir no

entendimento da etapa de transformação da comunicação que está sendo

vivenciada pela sociedade atual. Espera-se que a pesquisa possa ajudar futuros

estudantes e demais pessoas interessadas por esse campo de conhecimento

inesgotável, que está sempre em desenvolvimento.

Page 132: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

132

REFERÊNCIAS

AMARAL, Luiz. Jornalismo: matéria de primeira página. 5. ed. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1997.

ARAUJO, Lucas Vieira de. Mídia e novas tecnologias: até quando os veículos de comunicação tradicionais vão resistir. Disponível em: <http://portalintercom.org.br/anais/nacional2015/resumos/R10-1367-2.pdf>. Acesso em 17 out. 2016.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS. Cronologia dos Jornais no Brasil. Disponível em: <http://www.anj.org.br/cronologia-jornais-brasil/>. Acesso em 04 set. 2016. BARCELOS, Cristiane. Entrevista concedida à pesquisadora desta monografia. Caxias do Sul, 8 de set. de 2016. Entrevista. BARROS, Cindhi; SPANNENBERG, Ana Cristina. Do impresso ao digital: a história do Jornal do Brasil. Porto Alegre: UFRGS, 2015. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/encontros-nacionais/10o-encontro-2015/gt-historia-do-jornalismo/do-impresso-ao-digital-a-historia-do-jornal-do-brasil/view>. Acesso em 13 set. 2016.

BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Comunicação Social. Pesquisa brasileira de mídia 2015: hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. Brasília: Secom, 2014. Disponível em: <http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas-quantitativas-e-qualitativas-de-contratos-atuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2015.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2016. CALDAS, Álvaro. O desafio do velho jornal é preservar seus valores. In: CALDAS, Álvaro (Org.). Deu no jornal: o impresso na era da Internet. São Paulo: Loyola, 2002. p. 17 – 40.

CALLADO, Ana Arruda. O texto em veículos impressos. In: CALDAS, Álvaro (Org.). Deu no jornal: o impresso na era da Internet. São Paulo: Loyola, 2002. p. 41 – 58.

CAMARGO, Cláudio. O meio é a mensagem: a globalização da mídia. In: MARTINS, Ana Luiza; LUCA, Tania Regina de (Org.). História da Imprensa no Brasil. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2015. p. 269 – 284.

CANAVILHAS, João Messias. Webjornalismo: da pirâmide invertida à pirâmide deitada. Covilhã: Universidade da Beira Interior, 2006. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/canavilhas-joao-webjornalismo-piramide-invertida.pdf>. Acesso em 10 nov. 2016. ______. Webjornalismo: considerações gerais sobre jornalismo na web. Covilhã: Universidade da Beira Interior, 2001, Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/canavilhas-joao-webjornal.pdf>. Acesso em 10 nov. 2016.

Page 133: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

133

CARVALHO, Marina Aparecida Sad Albuquerque de; PIMENTA, Francisco José Paoliello. Crise ou oportunidade? Como as novas tecnologias podem contribuir na produção de uma grande reportagem multimídia de qualidade. Disponível em: <http://portalintercom.org.br/anais/nacional2016/resumos/R11-2515-1.pdf>. Acesso em 20 out. 2016.

CASTELLS, Manuel. A galáxia internet: reflexões sobre internet, negócios e sociedade. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004. ______, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

COELHO, Aparecido Antonio dos Santos. Impactos do uso de Hiperlocal, Dados e Aplicativos no jornalismo e comunicação. Disponível em: <http://portalintercom.org.br/anais/nacional2016/resumos/R11-2994-1.pdf>. Acesso em 19 out. 2016.

COLETIVA.NET. Jornal Folha de Caxias é a novidade da Serra. Porto Alegre, 10 abr. 2012. Disponível em: <http://coletiva.net/noticias/2012/04/jornal-folha-de-caxias-e-a-novidade-da-serra/>. Acesso em: 12 set. 2016. DIAGRAMAAÇÃO. O que é standart. Disponível em: <http://diagramaacao.blogspot.com.br/2009/12/formatos-de-jornais.html>. Acesso em: 13 jul. 2016. DICIONÁRIO DE JORNALISMO. O que é cartola. Disponível em: <http://dicionariodejornalismo.blogspot.com.br/2010/08/cartola.html>. Acesso em 19 nov. 2016. DICIONÁRIO DE JORNALISMO. O que é retranca. Disponível em: <http://dicionariodejornalismo.blogspot.com.br/2010/09/retranca.html>. Acesso em 19 nov. 2016. DUARTE, Adriano. Entrevista concedida à pesquisadora desta monografia. Caxias do Sul, 12 de set. de 2016. Entrevista. DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (Org.). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2005.

DUARTE, Marcia Yukiko Matsuuchi. Estudo de Caso. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (Org.). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2005. p. 215 – 235.

ELEUTÉRIO, Maria de Lourdes Eleutério. Imprensa a serviço do progresso. In: MARTINS, Ana Luiza; LUCA, Tania Regina de (Org.). História da Imprensa no Brasil. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2015. p. 83 – 102.

FERRARI, Pollyana. Hipertexto, hipermídia: as novas ferramentas da comunicação digital. São Paulo: Contexto, 2007. ______, Pollyana. Jornalismo Digital. São Paulo: Contexto, 2003. FERREIRA, Paulo Henrique. Com você, a imprensa móvel. In: FERRARI, Pollyana (Org.). Hipertexto Hipermídia: as novas ferramentas da comunicação digital. São Paulo: Contexto, 2007, p. 53 – 68.

Page 134: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

134

FONTANA, Andreia. Entrevista concedida à pesquisadora desta monografia. Caxias do Sul, 5 de set. de 2016. Entrevista. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Nova Fronteira, 2008.

GRUPO RBS. Almanaque, do Pioneiro, volta a circular na serra gaúcha. Porto Alegre, 2 set. 2016. Notícias da RBS. Disponível em: <http://www.gruporbs.com.br/noticias/2016/09/02/almanaque-do-pioneiro-volta-a-circular-na-serra-gaucha/>. Acesso em 13 nov. 2016. GRUPO RBS. Nossas empresas. Porto Alegre. Zero Hora. Disponível em: <http://www.gruporbs.com.br/atuacao/zero-hora/>. Acesso em: 21 jun. 2016 Zero Hora. Escolha a assinatura de ZH que mais combina com você. Zero Hora. Porto Alegre. Disponível em: <https://www.assinanterbs.com.br/assinatura/zero-hora>. Acesso em: 21 jun. 2016. GRUPO RBS. Pioneiro anuncia nova editora-chefe. Porto Alegre, 16 out. 2015. Notícias da RBS. Disponível em: <http://www.gruporbs.com.br/noticias/2015/10/16/pioneiro-anuncia-nova-editora-chefe/>. Acesso em: 30 mar. 2016. GRUPO RBS. Pioneiro apresenta novo posicionamento nesta terça-feira. Porto Alegre, 5 ago. 2014. Notícias da RBS. Disponível em: <http://www.gruporbs.com.br/noticias/2014/08/05/pioneiro-apresenta-novo-posicionamento-nesta-terca-feira/>. Acesso em: 18 mar. 2016. GRUPO RBS. Pioneiro faz mudanças editoriais baseadas em pesquisa com leitores. Porto Alegre, 12 fev. 2016. Notícias da RBS. Disponível em: <http://www.gruporbs.com.br/noticias/2016/02/12/pioneiro-faz-mudancas-editoriais-baseadas-em-pesquisa-com-leitores/>. Acesso em: 04 abr. 2016. HENRICHS, Liliana Alberti. Histórias da Imprensa em Caxias do Sul: Museu e Arquivo Histórico Municipal, 1988.

IMPRENSA NACIONAL. O que é linotipo. Disponível em: <http://portal.imprensanacional.gov.br/museu/acervo/linotipos>. Acesso em 6 jun. 2016 IMPRENSA NACIONAL. O que é sistema fotomecânico. Disponível em: <http://portal.imprensanacional.gov.br/museu/acervo/maquina-fotomecanica>. Acesso em 6 jun. 2016. INFOPÉDIA. O que é home page. Disponível em: <http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/Homepage>. Acesso em 15 jul. 2016. JAEGER, Juliana. Entrevista concedida à pesquisadora desta monografia. Caxias do Sul, 19 de out. de 2016. Entrevista. JENKINS, Henry. Cultura de convergência. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2009.

Page 135: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

135

KOTSCHO, Ricardo. A prática da reportagem. São Paulo: Ática, 2001.

LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. 9. ed. Rio de Janeiro: Record, 2011. ______. Estrutura da notícia. 5. ed. São Paulo: Ática, 2000.

LEMOS, André. Aspectos da cibercultura: vida social nas redes telemáticas. In: PRADO, José Luiz Aidar (Org.). Crítica práticas midiáticas: da sociedade de massa às ciberculturas. São Paulo: Hacker Editores, 2002. p. 111 – 129. ______, Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2013.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2000.

LOPES, Rodrigo. Os 20 anos do fim do jornal Folha de Hoje. Pioneiro. Caxias do Sul, 31 out. 2014. Memória. Disponível em: <http://wp.clicrbs.com.br/memoria/2014/10/31/os-20-anos-do-fim-do-jornal-folha-de-hoje/?topo=87,1,1,,,87>. Acesso em: 12 set. 2016. LUCA, Tania Regina de. A grande imprensa na primeira metade do século XX. In: MARTINS, Ana Luiza; LUCA, Tania Regina de (Org.). História da Imprensa no Brasil. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2015. p. 149 – 175.

MARTINEZ, Adriana Garcia. A construção da notícia em tempo real. In: FERRARI, Pollyana (Org.). Hipertexto Hipermídia: as novas ferramentas da comunicação digital. São Paulo: Contexto, 2007, p. 13 – 27.

MARTINS, Ana Luiza; LUCA, Tania Regina de. História da Imprensa no Brasil. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2015.

NOBLAT, Ricardo. A arte de fazer um jornal diário. 5 ed. São Paulo: Contexto, 2004.

OESTREICH, Andressa. Entrevista concedida à pesquisadora desta monografia. Caxias do Sul, 12 de out. de 2016. Entrevista. PAUL, Nora. Elementos das narrativas digitais. In: FERRARI, Pollyana (Org.). Hipertexto Hipermídia: as novas ferramentas da comunicação digital. São Paulo: Contexto, 2007, p. 121 – 139. PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. A apuração da notícia: métodos de investigação na imprensa. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.

PERNISA JÚNIOR, Carlos; ALVES, Wedencley. Comunicação digital: jornalismo, narrativa, estética. Rio de Janeiro: Mauad X, 2010.

PINTO, Elen Sallaberry; RECUERO, Raquel da Cunha. Velocidade versus Qualidade da Informação no Jornalismo Online: Caso Paula Oliveira. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2009/resumos/R4-1692-1.pdf> Acesso em 30. jun. 2016.

Page 136: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

136

PIONEIRO. Cinco anos do Pioneiro.com. Caxias do Sul. 5 nov. 2013. Vídeos. Disponível em: <http://videos.clicrbs.com.br/rs/pioneiro/video/pioneiro/2013/11/cinco-anos-pioneirocom/48783/>. Acesso em: 06 abri. 2016. PIONEIRO. Site do Pioneiro muda. Caxias do Sul, 25 mar. 2014. Geral. Disponível em: <http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2014/03/site-do-pioneiro-muda-4455921.html>. Acesso em: 21 jun. 2016. POZENATO, Kenia Maria Menegotto; GIRON, Loraine Slomp. 100 anos de Imprensa Regional: 1897 – 1997. Caxias do Sul: Educs, 2004.

RAUSCH, Fábio. O jornalismo sensacionalista na imprensa gaúcha. Caxias do Sul: Educs, 2015.

RECUERO, Raquel. A conversação em rede: comunicação mediada pelo computador e redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2012.

REGATTIERI, Lorena Lucas. A sociedade em rede e o viés multimídia da comunicação. Disponível em: <http://portalintercom.org.br/anais/nacional2015/resumos/R10-3859-1.pdf>. Acesso em 17 out. 2016.

RÜDIGER, Francisco. Tendências do jornalismo. 3. ed. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2003.

SANTAELLA, Lucia. A crítica das mídias na entrada do século 21. In: PRADO, José Luiz Aidar (Org.). Crítica práticas midiáticas: da sociedade de massa às ciberculturas. São Paulo: Hacker Editores, 2002. p. 44 – 56.

SIGNIFICADOS. O que é internet. Disponível em: <http://www.significados.com.br/internet/>. Acesso em 04 abr. 2016. SIGNIFICADOS. O que é site. Disponível em <http://www.significados.com.br/?s=site>. Acesso em: 27 mar. 2016. SILVA, Helson de França; MOREIRA Benedito Dielcio. A prática jornalística e o nomadismo digital: potencialidade e possíveis caminhos. Disponível em: <http://portalintercom.org.br/anais/nacional2015/resumos/R10-3725-1.pdf>. Acesso em 20 out. 2016.

SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.

SCHIRMER, Lauro. RBS: Da voz-do-poste à multimídia. Porto Alegre: L&PM, 2002.

STUMPF, Ida Regina C. Pesquisa bibliográfica. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antônio (Org.). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2005. p. 51 – 61.

TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo: A tribo jornalística – uma comunidade interpretativa transnacional. Vol. II. Florianópolis: Insular, 2005.

Page 137: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

137

VARGAS, Nilson. Entrevista concedida à pesquisadora desta monografia. Caxias do Sul, 7 de set. de 2016. Entrevista. VILLAMÉA, Luiza. Revolução tecnológica e reviravolta política. In: MARTINS, Ana Luiza; LUCA, Tania Regina de (Org.). História da Imprensa no Brasil. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2015. p. 249 – 267.

ZERO HORA. Zero Hora testa distribuição do jornal em tablet exclusivo para assinantes. Porto Alegre, 4 mar. 2015. ZH Notícias. Disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/11/zero-hora-testa-distribuicao-do-jornal-em-tablet-exclusivo-para-assinantes-4894129.html>. Acesso em: 16 mar. 2016. ZERO HORA. ZH Tablet já está à venda. Porto Alegre, 1 dez. 2015. ZH Notícias. Disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/12/zh-tablet-ja-esta-a-venda-4919809.html>. Acesso em: 21 jun. 2016. WOLTON, Dominique. Internet, e depois? Uma teoria crítica das novas mídias. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2007.

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.

Page 138: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

138

APÊNDICE A – PROJETO DE PESQUISA - MONOGRAFIA I.

Page 139: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

139

APÊNDICE B – TABELA DE ANÁLISE DOS PRINT SCREENS DO PIONEIRO.

Page 140: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

140

ANEXO A – PRINT SCREENS DO PIONEIRO E DO ZERO HORA GRAVADOS EM

CD.

Page 141: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

141

ANEXO B – PRINT SCREENS DA ENTREVISTA COM ANDREIA FONTANA VIA

E-MAIL.

Page 142: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

142

Page 143: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

143

ANEXO C – PRINT SCREENS DA ENTREVISTA COM ANDRESSA OESTREICH

VIA E-MAIL E WHATSAPP.

Page 144: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

144

Page 145: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

145

ANEXO D – PRINT SCREENS DA ENTREVISTA COM ADRIANO DUARTE VIA E-

MAIL E FACEBOOK.

Page 146: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

146

Page 147: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

147

Page 148: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

148

ANEXO E – PRINT SCREENS DA ENTREVISTA COM CRISTIANE BARCELOS

VIA E-MAIL.

Page 149: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

149

Page 150: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

150

ANEXO F – PRINT SCREENS DA ENTREVISTA COM NILSON VARGAS VIA E-

MAIL.

Page 151: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

151

Page 152: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

152

Page 153: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

153

ANEXO G – PRINT SCREENS DA ENTREVISTA COM JULIANA JAEGER VIA E-

MAIL.

Page 154: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

154

Page 155: PÂMELA PELIZZARO - Frispit · 2017. 3. 31. · notícia no jornal Pioneiro, do Grupo RBS, em tempos de convergência digital. A pesquisa foi realizada a partir do referencial teórico

155