plutarco a fortuna ou a virtude de alexandre magno · antes não experimentara senão feridas...

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Tradução do grego, introdução e comentário Renan Marques Liparotti Série Autores Gregos e Latinos Plutarco A Fortuna ou a Virtude de Alexandre Magno IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA COIMBRA UNIVERSITY PRESS ANNABLUME Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

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Traduo do grego, introduo e comentrioRenan Marques Liparotti

Srie Autores Gregos e Latinos

Plutarco

A Fortuna ou a Virtude de

Alexandre Magno

IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRACOIMBRA UNIVERSITY PRESS

ANNABLUME

Verso integral disponvel em digitalis.uc.pt

Srie Autores Gregos e Latinos

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Estruturas EditoriaisSrie Autores Gregos e Latinos

ISSN: 2183-220X

Diretoras Principais Main Editors

Carmen Leal Soares Universidade de Coimbra

Maria de Ftima Silva Universidade de Coimbra

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Pedro Gomes, Nelson Ferreira Universidade de Coimbra

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Susana Marques PereiraUniversidade de Coimbra

Todos os volumes desta srie so submetidos a arbitragem cientfica independente.

Verso integral disponvel em digitalis.uc.pt

A Fortuna ou a Virtude de

Alexandre Magno

Traduo, introduo e comentrio

Renan Marques Liparotti

Universidade de Coimbra

Srie Autores Gregos e Latinos

IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRACOIMBRA UNIVERSITY PRESS

ANNABLUME

Plutarco

Verso integral disponvel em digitalis.uc.pt

Srie Autores Gregos e Latinos

Trabalho publicado ao abrigo da Licena This work is licensed underCreative Commons CC-BY (http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/pt/legalcode)

POCI/2010

Ttulo Title A Fortuna ou a Virtude de Alexandre MagnoThe Fortune or the Virtue of Alexander the Great

Autor AuthorPlutarcol Plutarch

Traduo do grego, Introduo e comentrio Translation from the greek, Introduction and CommentaryRenan Marques Liparotti

Editores PublishersImprensa da Universidade de CoimbraCoimbra University Press

www.uc.pt/imprensa_uc

Contacto Contact [email protected]

Vendas online Online Saleshttp://livrariadaimprensa.uc.pt

Annablume Editora * Comunicao

www.annablume.com.br

Contato Contact @annablume.com.br

Coordenao Editorial Editorial CoordinationImprensa da Universidade de Coimbra

Conceo Grfica GraphicsRodolfo Lopes, Nelson Ferreira

Infografia InfographicsNelson Ferreira

Impresso e Acabamento Printed bySimes e Linhares, Lda.

ISSN2183-220X

ISBN978-989-26-1471-7

ISBN Digital978-989-26-1472-4

DOIhttps://doi.org/10.14195/978-989-26-1472-4

Depsito Legal Legal Deposit

Annablume Editora * So PauloImprensa da Universidade de CoimbraClassica Digitalia Vniversitatis Conimbrigensis http://classicadigitalia.uc.ptCentro de Estudos Clssicos e Humansticos da Universidade de Coimbra

Abril 2017

Obra publicada no mbito do projeto - UID/ELT/00196/2013.

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Plutarco Plutarch

A Fortuna ou a Virtude de Alexandre MagnoThe Fortune or the Virtue of Alexander the Great

Traduo, Introduo e Comentrio porTranslation, Introduction and Commentary byRenan Marques Liparotti

Filiao AffiliationUniversidade de Coimbra University of Coimbra

ResumoOs discursos A Fortuna ou a Virtude de Alexandre Magno, integrantes das Obras Morais de Plutarco, so um retrato de Alexandre como modelo pedaggico de rei-filsofo. Plutarco apetrecha-o de virtudes como a temperana, a humanidade, a generosidade com que Alexandre pe em prtica o ideal de unir toda a terra habitada. Direcionam-se assim a todos que se interessem pelo retrato humano

Palavras-chaveVirtude; Alexandre Magno; Fortuna.

Abstract The speeches called The Fortune or the Virtue of Alexander the Great from Plutarchs Moralia draw a portrait of Alexander as the pedagogical blueprint of the philosopher-king. He clothes him in virtues such as temperance, humanity, generosity, with which Alexander will bring to fruition his ideal: unifying all the inhabited earth. They are therefore geared towards all who would feel attracted to the depiction of human beings.

KeywordsVirtue, Alexander the Great, Fortune

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Autor

Mestre em Mundo Antigo pela Universidade de Coimbra (2015), desenvolve agora a tese de Doutoramento em Mundo Antigo na Universidade de Coimbra sobre Plutarco e o Teatro sob orientao da Doutora Maria de Ftima Sousa e Silva e do Doutor Nuno Simes Rodrigues. membro colaborador do Centro de Estudos Clssicos e Humansticos.

Author

Master in Ancient World at the University of Coimbra (2015), now developing his doctoral thesis on the Ancient World program on Plutarch and the Theatre, supervised by Dra. Maria de Ftima Sousa e Silva and Dr. Nuno Simes Rodrigues. He collaborates with the Centre for Classical and Humanistic Studies.

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Sumrio

Estudo Introdutrio Contexto Histrico 9Desafios de Traduo 15Fontes e mtodo 26Alexandre: o homem, o rei, o general 31

Bibliografia 50

A FortunA ou A Virtude de AlexAndre MAgno A Fortuna ou a Virtude de Alexandre Magno I 61A Fortuna ou a Virtude de Alexandre Magno II 81

Apndice: ndice de antropnimos e topnimos antigos 119

ndice de Autores e Passos Citados 129

ndice de Assuntos Gerais 141

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Estudo Introdutrio

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antes no experimentara seno feridas ligeiras e perifricas, teve al seu peito atingido, o centro do corpo, por uma flecha de dois cvados de comprimento (Moralia 341C), aproximadamente oitenta e oito centmetros46.

Em concluso, pela anlise desses elementos, corrobora-se a arquitetura de um catlogo que expressa a centralizao dos locais das feridas paralelamente ao acentuar do individualismo de Alexandre. Foi sabiamente, portanto, que Plutarco encerrou com a campanha dos Malos esse discurso, fazendo de um abrupto salto um elogio da coragem, pois delongar-se poderia dar aos ouvintes elementos suficientes para sobrepor ao retrato das virtudes uma imagem de runa.

que a um general no basta ser um guerreiro exmio de motivao incessante glria, mas intervm tambm seu relacionamento com o coletivo. Quanto a Alexandre, a relao com os companheiros inicialmente mais simples e clara. Ganha, todavia, no decorrer da sua trajetria, aspectos de complexidade na medida em que algumas amizades se tornam animosidades devido a episdios ocorridos e fatores psicolgicos envolvidos. Podemos, por isso, destacar relaes slidas com os companheiros como parte da marcha ascendente do chefe e, posteriormente, uma trajectria de decadncia que se caracteri-za pela complexificao das relaes de amizade47.

Da primeira fase, podemos destacar alguns episdios ex-pressivos dessa solidariedade; quando, por exemplo, o general, gravemente doente, acredita piamente na solidariedade de Filipe de Acarnnia, o nico mdico que ousou correr todos

46 Cf. Curt. 9.5. 47 Como bem salienta Whitmarsh (2002) 183-184, os episdios que

aproximam Alexandre dos Companheiros revelam, entre um e outros, uma rede complexa de relaes e diferenas, que contribuem para a carac-terizao das suas diversas, mas interactivas, personalidades.

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os riscos na tentativa de lhe salvar a vida. Este um caso pa-radigmtico de uma philia autntica (Alex. 19. 4), que, apesar de uma denncia de conspirao, no abala a confiana do rei no esforo sincero de um companheiro em seu benefcio, ao que se soma o fato de ter Clito salvado o general no campo de batalha (Alex. 16.11).

Afora isso, nesse perodo Alexandre era muito solcito e piedoso, na medida em que, quando descobriu que Trrias havia declarado falsamente ter contrado uma dvida para que o rei lha pagasse, o liberou da culpa, permitindo ficar com o dinheiro, pois se lembrou de que aquele, quando Filipe com-batia contra a cidade de Perinto48, ferido por um dardo em seu olho, no permitiu nem aceitou de modo nenhum que se lhe extrasse a flecha antes de os inimigos terem sido derrotados. Soube tambm que Antgenes falsamente tinha-se inserido na lista dos Macednios que deveriam ser reconduzidos a casa por motivo de doena ou de ferimentos; aps interrog-lo sobre o porqu, descobriu que estava apaixonado por Telesipa, que esta-va de partida, e, por isso, props-se, com promessas e presentes, faz-la ficar. Nem quando desmascarou Filotas, por meio de uma cortes, e descobriu que ele lhe dirigia acusaes, tomou imediatamente atitudes, mas esperou mais de sete anos para que revelasse essa suspeita49.

48 Facto ocorrido na cidade da Trcia Propntide, em 340 a. C. Sobre a campanha de Filipe contra Perinto cf. Bury, Coo e Adcock (1969) 254-255.

49 A verso sobre a possvel conjurao de Filotas e da eventual cum-plicidade de Parmnion foi fornecida por D. S. (17.79-80), Curt. (6.7, 7.2) e Plu. (Alex. 48-49), concordando substancialmente tambm com a afirmao de que Alexandre tinha inveja da fama de Filotas e da sua glria, sinal de que havia uma disseno entre Alexandre e os Maced-nios; Arr. (An. 3.26-27), ao invs, sublinha a responsabilidade de Filotas, mostrando a primeira denncia contra ele j no Egito, segundo o que trazido por Ptolemeu e Aristobulo.

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Por todos esses exemplos, Plutarco demonstra que foi de ma-neira honrosa que Alexandre fez uso de seu poder. Ademais, aos companheiros dava constantes provas e incentivos, pois dividia a maior parte do seu patrimnio pessoal e dos proventos reais. Somente Perdicas, admirado, interrogou-o E para ti, o que que reservas, Alexandre? (Moralia 342E) e obteve, como resposta, As esperanas (Moralia 342E). Props ento que todos com-partilhassem dessas esperanas at que tomassem posse, como esplio, das riquezas de Dario e ento as dividisse.

As esperanas de Alexandre eram, portanto, o respeito aos deuses, a confiana nos amigos, a simplicidade, a moderao, a experincia, o desprezo da morte, a magnanimidade, a huma-nidade, o dilogo afvel, a integridade moral, a firmeza nas de-cises, a rapidez nas aes, a primazia da glria, a determinao para a realizao de aes nobres que o levavam a mover bem suas tropas, mantendo acesa nelas a ambio e alimentando entre os soldados da mesma idade a emulao e a competio pela glria e pela virtude (Moralia 342EF).

No decorrer da trajetria de Alexandre, o general conquis-tador comeou a dar cada vez mais espao para o rei adminis-trador, de modo que s medidas estratgicas se lhe juntaram aes de objetivo poltico e diplomtico que visavam estabilizar o reinado j com outra dimenso. Isso coincidiu com uma maior exposio riqueza, ao luxo e a costumes persas, assim como com a ampliao do poder do Macednio. Esse processo influenciou diretamente o comandante e seus companheiros, cujas relaes se degradaram pelos excessos de uma vida fausto-sa e de reaes colricas do soberano.

As diferenas de pensamento comeam a partir do in-cndio do palcio de Dario; s no fim Alexandre se ope as intenes do coletivo de, ao destruir o palcio, iniciar o regresso; este o ponto de partida para a recusa deste mesmo

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coletivo em atravessar o rio Ganges, primeira grande derrota na liderana do Macednio, depois da qual se fechou enrai-vecido na tenda (Alex. 62.5). A seguir, desavenas internas tomam conta das relaes de amizade, cujo resultado fazer sobressair sentimentos como a ira contra Filotas (Alex. 70) e Cassandro (Alex. 74), e a clera profunda contra Clito o Negro (Alex. 50-51). Verifica-se, todavia, como quase conse-quncia da magnanimidade e da philotimia, uma dificuldade de lidar com o antagonismo de opinies que culmina em um esprito colrico.

Desse modo, assim como Homero pintou-nos um Pelida militarmente excelente, mas que no foi capaz de abandonar sua clera e auxiliar seus companheiros no combate quando os Troianos se aproximavam das naus, sendo essa impercia seu maior defeito, Plutarco nos deixa evidente que o Alexandre contrariado pode ceder perturbao e tornar-se irracional.Momentaneamente vemo-lo baixar ao nvel de Filipe, desejoso de conquistar fama e poder a qualquer preo (Alex. 10. 3); foi na ainda campanha contra Tebas que se pde verificar o pice dessa irascibilidade, quando, utilizando-se de uma violncia extrema (Alex. 11.11), objetivou desanimar o adversrio e convenc-lo a uma rendio espontnea.

Alexandre assim demonstrou rompantes de frieza com que matou traio, por exemplo, os mercenrios indianos (Alex. 59. 6-7). Essa ferocidade e selvajaria quase desumanas aproximam--no do Aquiles pintado por Homero, um heri humano, dotado de virtudes e de vcios. Plutarco une Alexandre a uma tradio mtica que retrata o heri como falvel, capaz de cometer erro (), devido a sua fragilidade humana. Erro este que responsvel pelo seu declnio.

Em contraposio a esta ferocidade, Homero afere um toque de humanidade a Aquiles, no episdio em que Pramo suplicante

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roga-lhe o corpo do filho (Il. 24.486 sqq.). Plutarco, por sua vez, na biografia, ressalta que, retirando esses episdios supracitados, o Macednio apresentou uma atitude de respeito aos vencidos (Alex. 12), tornando-se to gentil na vitria, quanto terrvel no campo de batalha (Alex. 30.6).

Neste discurso, todavia, somente esta gentileza, por ser con-veniente ao elogio encomistico, valorizada. Pois verificamos uma excluso quase total dos vcios e dos episdios polmicos que o Macednio viveu e a obliterao da ferocidade e da clera que tantas desgraas, segundo Homero, podem causar. Por isso que, em parte, concordamos com a frequente crtica que afirma ter Plutarco traado um desenho demasiadamente ut-pico. Sempre acaba por restar, no entanto, um vestgio. , pois, enriquecedor o dilogo entre a retrica encomistica, a biografia e a pica, na medida em que se somam ao retrato histrico elementos mticos que, se simbolicamente lidos, podem gerar exemplos emulveis e passveis de crtica.

Alexandre no s desempenhou a funo de lder das tropas macednias, mas herdou tambm o reinado de Filipe. Como, todavia, pode o Macednio acumular tarefas to com-plexas e concili-las? Nas Histrias de Herdoto, observamos, por exemplo, que essas diferentes tarefas esto divididas: se foi Ciro quem expandiu o territrio persa, quem o estabilizou foi Dario.

Plutarco comea por considerar globalmente os princpios de uma poltica de gesto para o grande imprio ainda descone-xo e heterogneo na sua composio, ao qual era importante a harmonizao entre conquistadores e conquistados. Pela voz de Calano, o Querons nos adverte de que as errncias da campa-nha a delongavam e se contrapunham necessria centralizao do poder, pois Alexandre dividia-se entre objetivos como equili-brar as foras internas, apaziguar as revoltas externas e expandir

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o imprio; tarefas cuja complexidade faz ressaltar as virtudes morais desse rei.

Como conquistador, Alexandre se mostra um guerreiro corajoso e audaz. Fascinava-o, por exemplo, a ideia de defrontar Dario e arriscar tudo em uma s batalha, enquanto ao rei persa sobrevinha o temor que o impedia de agir e lhe facultava apenas a desonrosa fuga. Este contraste ficou cristalizado no mosaico pavimental da Batalha de Isso, originalmente em Pompeios, actualmente no Museu Arqueolgico Nacional de Npoles (10020).

Ainda em plena campanha, quando a prioridade era, sobre-tudo, militar, so diversas as atitudes assumidas pelo conquis-tador de tolerncia para com os vencidos. Alm da humanidade demonstrada, Alexandre mostra-se mais do que um general, um rei ciente do alcance poltico de suas decises. Como prova dessa humanidade, , no clmax da campanha militar, solidrio perante a me, a esposa e as filhas de Dario (Alex. 21. 2-3): primeiro fez questo de que soubessem que Dario no havia morrido, desfazendo um falso temor; permitiu que elas dessem sepultura a todos os Persas que entendessem e, por ltimo, concedeu-lhes as mesmas regalias de antes, sob sua proteo, numa espcie de templo sagrado e inviolvel onde nunca pudes-sem sofrer a menor ofensa.

No deu, assim, ouvidos a vozes que lhes elogiassem a bele-za, nem permitiu que outros o fizessem (Moralia 338DE, Alex. 22.5), prova de sua temperana ( , Moralia 338E) e autodomnio ( , Alex. 21. 7-9). Ademais, quando a mulher de Dario veio a falecer, ordenou que se pre-parasse um funenal digno de uma rainha e, no momento do enterro, deu mostras de bondade (, Moralia 338E) e humanidade ( , Moralia 338E) ao chorar de emoo. Essas lgrimas foram primeiramente mal interpretadas

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pelo rei persa, que soube do episdio por meio de um eunuco que lhe serviu de mensageiro50. Dario, assim que conheceu a verdade, todavia, tornou-se, segundo Plutarco, ambicioso de conseguir se tornar mais benigno do que o Macednio e as-sumiu que, caso fosse chegada a hora, pelos deuses, de outro rei sentar-se no seu trono, que esse fosse Alexandre (Moralia 338EF), pois era: to gentil depois da vitria, quanto terrvel no campo de batalha (Alex. 30. 6).

Tratava-se, de facto, de um rei gentil que se comportava como um filsofo. o que ressalta tambm do episdio em que Alexandre finalmente encontra Dario trespassado por um dardo: no realizou sacrifcios nem cantou o hino da vitria para indicar que uma longa guerra tinha acabado; despiu o prprio manto e lanou-o sobre o corpo, como se escondesse a retribuio divina que espera cada um dos reis (Moralia 332F, Alex. 43. 5-7). Torna-se, assim, mais magnnimo do que Aquiles, na medida em que este foi por troca de prmios que concedeu o resgate de Heitor51, enquanto o Macednio por si s fez sepultar Dario com um suntuoso funeral52.

Em relao a estes episdios, percebe-se que Plutarco inspi-ra-se principalmente nas filosofias de Plato e Aristteles para o retrato de um rei banhado em princpios filosficos. No primeiro

50 Dario, ao saber por Tiriote (eunuco que havia seguido a rainha e que escapou para lhe trazer notcias), que Alexandre chorara pela morte de sua esposa, suspeitou que essas lgrimas fossem sinal de adultrio entre o rei Macednio e a prisioneira. O eunuco, todavia, jurou que a honra e a castidade da rainha haviam sido respeitadas, cf. Curt. 4.10; Plu. Alex. 21, 29; Arr. An. 4.20.1-2 (este que situa o anncio antes da morte da rainha).

51 Plutarco alude ao episdio em que Pramo entra no acampamento aqueu e roga a Aquiles o resgate do corpo do filho Heitor, que lhe concedido. (Il. 24.485 sqq.)

52 Plutarco segue a verso de Diodoro Sculo que afirma ter Alexandre dado uma sepultura digna a Dario. Cf. D. S. 17.73.3. Outros autores fazem apenas referimento restituio do corpo do grande rei aos Persas, cf. Alex. 43; Just. 11.15.5-15.

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no passado, os Treres quando invadiram a Inia e os Citas a Mdia. Alexandre, ao invs, desse modo esquematizou sua ao porque queria que a terra fosse submetida a um nico imprio e a uma nica forma de governo e desejava declarar todos os homens um s povo. E se a divindade que enviou terra a alma de Alexandre no o tivesse chamado de volta rapidamente, a uma lei ele teria submetido todos os homens, de olhos postos numa nica Justia como fonte de uma luz universal. Agora, ao invs, uma parte da terra permanece sem sol, aquela que nunca viu Alexandre.

IX E Assim, em primeiro lugar, o plano de expedio define Alexandre como filsofo, como aquele que para si no buscou facilidade e luxo, mas se empenhou em proporcionar a todos os homens a concrdia, a paz e a comunho recproca. Em segun-do lugar, examinemos suas palavras, porque , sobretudo, com os dizeres que as almas de outros reis e prncipes lhes revelam o carcter. O velho Antgono90, a um sofista que lhe oferecera uma obra sobre a justia, disse: Que ingenuidade a tua, que, vendo-me devastar as cidades dos outros, me vens falar de jus-tia. F Dionsio, o tirano91, aconselhava a enganar as crianas com astrgalos, e os homens com juramentos. No sepulcro de Sardanapalo92 est escrito:

Isto o que tenho, o que comi e o que soberbamente co-meti.

as regies costeiras por onde passa. Aqui, propositalmente, Plutarco compara a empresa de Anbal com a de brbaros Treres e Citas, tambm invasores e depredadores de territrios.

90 Antgono, o Velho, foi um dos generais de Alexandre que assumiu, aps a morte do rei Macednio, o governo da Frgia e da Ldia. Nos anos seguintes, lutou contra os Didocos (sucessores de Alexandre), cf. Moralia 337A, Alex. 77.3; Ps. Plu. Reg. Et imp. Apoph. 172D.

91 Trata-se de Dionsio I, tirano de Siracusa (405-367 a. C.). Em Moralia 229B o mesmo dito atribudo a Lisandro.

92 Vide supra nota 57.

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Quem no diria, a partir desses ditos, que o primeiro ma-nifesta amor aos prazeres, o segundo impiedade aos deuses e o terceiro injustia e avidez? Mas se, ao invs disso, se retirar dos dizeres de Alexandre a referncia ao seu diadema real, sua descendncia de mon e sua nobreza de nascimento, eles vo parecer provir 331A de Scrates ou Plato ou Pitgoras. No nos detenhamos nos encmios que os poetas gravam nas suas imagens e esttuas, que no objetivam mostrar a moderao, mas a potncia de Alexandre.

Como se falasse, a esttua de bronze parecia dizer de olhos postos em Zeus:

Deixa a terra comigo. Tu, Zeus, j o Olimpo detns.Ou ainda:Eu sou Alexandre, filho de Zeus.Estas so palavras, portanto, que os poetas lhe dirigiam para

adular sua fortuna; em contrapartida, dos autnticos dizeres de Alexandre, pode-se primeiro revisar os da infncia. B De fato, quando se tornou o de ps mais velozes dentre os jovens de sua idade, e porque seus companheiros o incitaram a participar dos jogos em Olmpia, ele perguntou se os seus oponentes eram reis. Ao ouvir dos companheiros que no, afirmou tratar-se de uma disputa injusta, na qual venceria gente comum, mas seria vencido como rei. Quando a coxa de seu pai Filipe foi trespas-sada por uma lana na batalha contra os Tribalos, e apesar de ter escapado do perigo, ele permaneceu atormentado por ter ficado coxo, disse Alexandre: Coragem, pai, vai em frente gloriosamente, para que a cada passo desse caminho te recordes da tua virtude. Essas palavras no so fruto de um esprito de filsofo que, por uma inspirao divina para o que belo, C luta contra as fraquezas do corpo? Como, ento, conceber que ele tenha glorificado suas prprias feridas? Quando cada parte de seu corpo lhe lembrava povos, vitrias, cidades conquistadas e

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reis feitos prisioneiros, ele no cobria nem escondia as cicatrizes, mas como imagens de virtude e coragem esculpidas em seu corpo as divulgou!

X Alm disso, se em algum momento acontecesse uma comparao entre versos de Homero, em conversas ou durante os banquetes, onde havia quem preferisse um verso a outro, Alexandre como o que superava todos os outros considerava este:

um rei excelente e um forte lanceiro93. D Pensava que esse elogio, que outro recebera no passado,

funcionasse como lei para si, ao ponto de dizer que Homero com o mesmo verso celebrara a coragem de Agammnon e profetizara a de Alexandre. Portanto, depois de atravessar o Helesponto, foi ver Tria94 fazendo reviver os feitos hericos; e quando um dos habitantes do lugar se props oferecer-lhe a lira de Pris, se ele a desejasse, disse: De nenhuma maneira da lira desse necessito, porque a de Aquiles possuo, ao som da qual ele, nos momentos de lazer, cantava os famosos feitos dos heris95. A lira de Pris, por sua vez, tocou uma harmonia mole e efeminada apta s canes de amor. E caracterstico da alma de um filsofo amar a sabedoria e admirar sobretudo os sbios. Esta foi uma caracterstica inerente a Alexandre como a nenhum dos outros reis. J se mencionou sua atitude perante Aristteles e que julgava ser o msico Anaxarco o mais valoroso

93 Cf. supra n. 36.94 Tria representa o primeiro momento em que a Grcia se uniu em

uma campanha (cf. Thuc. 1), situao que veio a repetir-se contra a Prsia e Xerxes e cuja ltima verso se desenrola na campanha de Alexandre. A referncia s honras prestadas por Alexandre aos heris se d a fim de valorizar a sua atitude filosfica.

95 A referncia se situa no momento em que vem ao encontro de Aquiles o grupo de guerreiros liderados por Ulisses, com o objetivo de tent-lo persuadir a retornar refrega. Cf. Il. 9.186-189.

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de seus amigos. A Prro de lis, na primeira vez que o encon-trou, deu-lhe dez mil moedas de ouro, a Xencrates, o amigo de Plato, enviou cinquenta talentos como presente, e Onescrito, o pupilo de Digenes96 o cnico, f-lo o primeiro piloto de sua frota, o que por muitos contado. Quando veio a Corinto para se encontrar com Digenes, F foi tomado de tal emoo e de tal espanto pela vida e pela dignidade daquele homem que diversas vezes, ao recordar-se dele, dizia: Se eu no fosse Alexandre, seria Digenes, isto , dedicar-me-ia ao estudo da filosofia terica, se com minhas aes j no filosofasse. No disse se eu no fosse rei, seria Digenes nem se no fosse rico nem de nobreza argada97. 332A No superestimou a fortuna sabedoria, nem a prpura e o diadema ao alforje e ao manto surrado do filsofo. Mas disse: Se no fosse Alexandre, seria Digenes isto se no tivesse em mente unificar os brbaros com os Helenos e, percorrendo todo o continente, no pensasse em civiliz-los, se, investigando os confins da terra e do mar, no tencionasse estender as fronteiras da Macednia at o oceano, se no ob-jetivasse difundir a Grcia no mundo e disseminar em todas as naes a justia e a paz, no me sentaria num trono intil de luxo, mas imitaria a frugalidade de Digenes. Desculpe-me,

96 Digenes de Snope (404-314 a. C.), dito o Cnico, que foi aluno de Antstenes, fundador da escola cnica. Anaxarco de Abdera (IV a. C.), seguidor do atomista Demcrito, dono de singular apatia e serenidade, ficou conhecido por Eudemnico (aquele que dispe de um bom esprito, D. L. 9.58-60). Seguiu Alexandre na sua expedio ao oriente (Alex. 8.5, 28. 4-5, 52. 4-9) e foi no s um amigo, mas tambm um adu-lador do rei (Moralia 781AB, 179F-180A; Arr. An. 4.9.7). Pirro de lis foi aluno de Anaxarco que integrou a expedio sia, onde conheceu os gimnosofistas indianos, dos quais desenvolveu seu pensamento ctico conhecido por pirronismo. Xencrates da Calcednia acompanhou seu mestre Plato Siclia e se dedicou atividade filosfica, tornando-se lder da Academia depois de Espeusipo, de 339 a 315 a. C.

97 Esta foi a dinastia mais importante dos reis da antiga Macednia, da qual fizeram parte Filipe II e Alexandre.

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todavia, Digenes, mas imito Hrcules e emulo Perseu e B sigo as pegadas de Dioniso, o deus progenitor e ascendente primeiro de minha famlia, desejo que novamente na ndia os coros de gregos vitoriosos dancem e que se revivam as festas bquicas en-tre as tribos das montanhas agrestes para l do Cucaso. Diz-se que l h homens santos, autnomos e adaptados a uma rgida gimnosofia, que consagram o seu tempo a deus; mais frugais que Digenes, nem de alforje necessitam, pois no armazenam alimento, fresco sempre e recente o tm da terra. O que beber oferecem-lhes os rios. As folhas cadas das rvores e a grama da terra servem-lhes de leito. Por meu intermdio que eles conhecero Digenes, como Digenes a eles. necessrio C que tambm eu forje uma nova moeda e aponha ao elemento brbaro a marca de um governo grego.

XI Pois bem, mas as aes de Alexandre evidenciam os caprichos da fortuna, a violncia da guerra e o prevalecer da fora ou revelam a grande coragem unida justia, a notvel temperana e a serenidade acompanhadas de disciplina e inteligncia, de quem com julgamento sbrio e sensato pra-ticou cada ao? No me possvel, pelos deuses, dizer nem diferenciar, que este ato se deve coragem, este humanidade, e este ao autocontrole. Mas todas as suas aes parecem mis-turar todas as virtudes, pelo que ele confirma, assim, aquele dito estoico segundo o qual D tudo aquilo que um homem sbio executa, f-lo de acordo com todas as virtudes e, embora uma virtude, quanto parece, execute o papel protagonista de cada ao, na verdade ela invoca as outras e tendem juntas a um mesmo fim. Por isso, pode-se ver em Alexandre o guer-rear humano, a serenidade corajosa, a parcimnia generosa, a clera modervel, a paixo temperada, o relaxamento no ocioso, a dedicao ao trabalho no sem recreao. Quem combinou festas com guerras? Quem campanhas militares

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Plutarco

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com cortejos? Quem combinou assdios a cidades e combates com bacanais, npcias e cantos de himeneu? Quem se mos-trou mais hostil com os injustos e com os infortunados mais amvel? Quem foi E mais duro com os inimigos e com os necessitados mais benevolente? Vem-me mente referir aqui a anedota de Poro98. Quando foi conduzido como prisioneiro, Alexandre perguntou-lhe como deveria trat-lo. Como rei disse Alexandre. E este insistiu: E que mais? Nada, dis-se, porque tudo j est contido na expresso como um rei. Tambm a mim, a propsito das realizaes de Alexandre, sempre me vem a expresso como um filsofo. Porque nessa tudo est contemplado. Quando se apaixonou por Roxana, a filha de Oxiartes, enquanto essa entre as cativas danava, no a violou, mas a desposou: como um filsofo. Quando viu Dario trespassado por um dardo, no realizou sacrifcios nem cantou o hino da vitria para indicar que uma longa guerra tinha acabado; F despiu o prprio manto e lanou-o sobre o corpo como se escondesse a retribuio divina que espera cada um dos reis99. Como um filsofo. Num outro dia, enquanto percorria uma carta confidencial de sua me, Hefstion, que por acaso estava sentado ao seu lado, simplesmente ps-se a l-la ao mesmo tempo; 333A Alexandre no o impediu, mas colocou seu anel sobre a boca do amigo, selando o silncio com um pacto de amizade. Como um filsofo100. Se essas aes no so prprias de um filsofo, quais outras seriam?

98 Poro no um nome prprio, mas tnico e designa o rei de Paurava, um territrio para alm do rio Hidaspes. Depois de ter sido vencido por Alexandre em 326 a. C. (Alex. 60-62), tornou-se seu aliado; foi morto por Eudemo, general do exrcito macednico, em 318 a. C. A frase pronunciada por Poro aparece tambm em outras fontes, com algumas variaes, cf. Moralia 181E, 458B; Arr. An. 5.19.1-3; Curt. 8.14.41-43.

99 Cf. Alex. 43. 5-7.100 Cf. Alex. 39.8

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A Fortuna ou a Virtude de Alexandre Magno

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XII Coloquemos lado a lado as aes daqueles que so reco-nhecidos como filsofos. Scrates aceitou que Alcibades tenha dividido o leito com ele; Alexandre, todavia, quando Filxe-no101, o governador da regio costeira, lhe escreveu a dizer que havia um menino na Inia cuja graa e beleza no tinha igual e o interrogou, atravs desta carta, sobre se lho deveria enviar, amargamente Alexandre respondeu: Miservel, que torpeza desse tipo reconheceste tu em mim alguma vez, para me adula-res com tais prazeres?. B Ns admiramos Xencrates102 porque no aceitou receber os cinquenta talentos de presente enviados por Alexandre; mas com o ato de doar, no nos admiramos? Ou no consideramos ser o mesmo o desprezo pelo dinheiro daque-le que recusa como daquele que presenteia? Por causa da filosofia Xencrates no carecia de riquezas, Alexandre, entretanto, por causa da filosofia precisava delas, para poder do-las.

Quantas vezes Alexandre disse isto103 quando sofria um ata-que violento, sob uma cortina de dardos? Certamente acredita-mos que todos os homens so capazes de formular julgamentos justos, j que a natureza um guia que conduz por si mesmo ao belo. Os filsofos, porm, diferem da maioria das pessoas por terem um critrio de juzo C forte e slido perante as adversi-dades; porque esses no fazem uso de sentenas preconcebidas do tipo h pressgio melhor do que 104

101 Cf. Alex. 22.1-2.102 Nesse episdio percebe-se o confronto entre o filsofo que busca pre-

servar sua rida e estril virtude pura da contaminao do poder, e o homem de poder que quer conquistar a amizade do filsofo. Cf. Moralia 331E.

103 Pelo uso comum do pronome fica-se a supor a existncia de uma referncia a um dito de Alexandre. A lacuna indicada no cdigo Leidensis Voss. Gr. Q 2, sc. XV. Segundo Froidefond (1990) 129, falta uma frase pronunciada por Alexandre como Atenienses, d para acredi-tar a que perigos eu me exponho para conquistar o vosso apreo?. Essa foi atribuda por Plutarco ao Macednio, cf. Alex. 60.6.

104 Hom. Il. 12.243.

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Volumes Publicados na Coleo Autores gregos e lAtinos srie textos gregos

1. Delfim F. Leo e Maria do Cu Fialho: Plutarco. Vidas Paralelas Teseu e Rmulo. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH, 2008).

2. Delfim F. Leo: Plutarco. Obras Morais O banquete dos Sete Sbios. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH, 2008).

3. Ana Elias Pinheiro: Xenofonte. Banquete, Apologia de Scrates. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH, 2008).

4. Carlos de Jesus, Jos Lus Brando, Martinho Soares, Rodolfo Lopes: Plutarco. Obras Morais No Banquete I Livros I-IV. Traduo do grego, introduo e notas. Coordenao de Jos Ribeiro Ferreira (Coimbra, CECH, 2008).

5. lia Rodrigues, Ana Elias Pinheiro, ndrea Seia, Carlos de Jesus, Jos Ribeiro Ferreira: Plutarco. Obras Morais No Banquete II Livros V-IX. Traduo do grego, introduo e notas. Coordenao de Jos Ribeiro Ferreira (Coimbra, CECH, 2008).

6. Joaquim Pinheiro: Plutarco. Obras Morais Da Educao das Crianas. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH, 2008).

7. Ana Elias Pinheiro: Xenofonte. Memorveis. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH, 2009).

8. Carlos de Jesus: Plutarco. Obras Morais Dilogo sobre o Amor, Relatos de Amor. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH, 2009).

9. Ana Maria Guedes Ferreira e lia Rosa Conceio Rodrigues: Plutarco. Vidas Paralelas Pricles e Fbio Mximo. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH, 2010).

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10. Paula Barata Dias: Plutarco. Obras Morais - Como Distinguir um Adulador de um Amigo, Como Retirar Benefcio dos Inimigos, Acerca do Nmero Excessivo de Amigos. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH, 2010).

11. Bernardo Mota: Plutarco. Obras Morais - Sobre a Face Visvel no Orbe da Lua. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH, 2010).

12. J. A. Segurado e Campos: Licurgo. Orao Contra Lecrates. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH /CEC, 2010).

13. Carmen Soares e Roosevelt Rocha: Plutarco. Obras Morais - Sobre o Afecto aos Filhos, Sobre a Msica. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH, 2010).

14. Jos Lus Lopes Brando: Plutarco. Vidas de Galba e Oto. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH, 2010).

15. Marta Vrzeas: Plutarco. Vidas de Demstenes e Ccero. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH, 2010).

16. Maria do Cu Fialho e Nuno Simes Rodrigues: Plutarco. Vidas de Alcibades e Coriolano. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH, 2010).

17. Glria Onelley e Ana Lcia Curado: Apolodoro. Contra Neera. [Demstenes] 59. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH, 2011).

18. Rodolfo Lopes: Plato. Timeu-Critas. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH, 2011).

19. Pedro Ribeiro Martins: Pseudo-Xenofonte. A Constituio dos Atenienses. Traduo do grego, introduo, notas e ndices (Coimbra, CECH, 2011).

20. Delfim F. Leo e Jos Lus L. Brando: Plutarco.Vidas de Slon e Publcola. Traduo do grego, introduo, notas e ndices (Coimbra, CECH, 2012).

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21. Custdio Magueijo: Luciano de Samsata I. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH/IUC, 2012).

22. Custdio Magueijo: Luciano de Samsata II. Traduo do gre-go, introduo e notas (Coimbra, CECH/IUC, 2012).

23. Custdio Magueijo: Luciano de Samsata III. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH/IUC, 2012).

24. Custdio Magueijo: Luciano de Samsata IV. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH/IUC, 2013).

25. Custdio Magueijo: Luciano de Samsata V. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH/IUC, 2013).

26. Custdio Magueijo: Luciano de Samsata VI. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH/IUC, 2013).

27. Custdio Magueijo: Luciano de Samsata VII. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH/IUC, 2013).

28. Custdio Magueijo: Luciano de Samsata VIII. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH/IUC, 2013).

29. Custdio Magueijo: Luciano de Samsata IX. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH/IUC, 2013).

30. Reina Marisol Troca Pereira: Hirocles e Filgrio. Philogelos (O Gracejador). Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH/IUC, 2013).

31. J. A. Segurado e Campos: Iseu. Discursos. VI. A herana de Filoctmon. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra, CECH/IUC, 2013).

32. Nelson Henrique da Silva Ferreira: Aesopica: a fbula espica e a tradio fabular grega. Estudo, traduo do grego e notas. (Coimbra, CECH/IUC, 2013).

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33. Carlos A. Martins de Jesus: Baqulides. Odes e Fragmentos Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra e So Paulo, IUC e Annablume, 2014).

34. Alessandra Jonas Neves de Oliveira: Eurpides. Helena. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra e So Paulo, IUC e Annablume, 2014).

35. Maria de Ftima Silva: Aristfanes. Rs. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra e So Paulo, IUC e Annablume, 2014).

36. Nuno Simes Rodrigues: Eurpides. Ifignia entre os tauros. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra e So Paulo, IUC e Annablume, 2014).

37. Aldo Dinucci & Alfredo Julien: Epicteto. Encheiridion. Traduo do grego, introduo e notas (Coimbra e So Paulo, IUC e Annablume, 2014).

38. Maria de Ftima Silva: Teofrasto. Caracteres. Traduo do grego, introduo e comentrio (Coimbra e So Paulo, IUC e Annablume, 2014).

39. Maria de Ftima Silva: Aristfanes. O Dinheiro. Traduo do grego, introduo e comentrio (Coimbra e So Paulo, IUC e Annablume, 2015).

40. Carlos A. Martins de Jesus: Antologia Grega, Epigramas Ecfrsticos (Livros II e III). Traduo do grego, introduo e comentrio (Coimbra e So Paulo, IUC e Annablume, 2015).

41. Reina Marisol Troca Pereira: Partnio. Sofrimentos de Amor. Traduo do grego, introduo e comentrio (Coimbra e So Paulo, IUC e Annablume, 2015).

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42. Marta Vrzeas: Dionsio Longino. Do Sublime. Traduo do grego, introduo e comentrio (Coimbra e So Paulo, IUC e Annablume, 2015).

43. Carlos A. Martins de Jesus: Antologia Grega. A Musa dos Rapazes (livro XII). Traduo do grego, introduo e comentrio (Coimbra e So Paulo, IUC e Annablume, 2017).

44. Carlos A. Martins de Jesus: Antologia Grega. Apndice de Planudes (livro XVI). Traduo do grego, introduo e comentrio (Coimbra e So Paulo, IUC e Annablume, 2017).

45. Ana Maria Csar Pompeu, Maria Aparecida de Oliveira Silva & Maria de Ftima Silva: Plutarco. Eptome da Comparao de Aristfanes e Menandro. Traduo do grego, introduo e comentrio (Coimbra e So Paulo, IUC e Annablume, 2017).

46. Reina Marisol Troca Pereira: Antonino Liberal. Metamorfoses ( ). Traduo do grego, introduoe comentrio (Coimbra e So Paulo, IUC e Annablume, 2017).

47. Renan Marques Liparotti: Plutarco. A Fortuna ou a Virtude de Alexandre Magno. Traduo do grego, introduo e comentrio (Coimbra e So Paulo, IUC e Annablume, 2017).

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Os discursos A Fortuna ou a Virtude de Alexandre Magno, integrantes das Obras Morais de Plutarco, so um retrato de Alexandre como modelo pedaggico de rei-filsofo. Plutarco apetrecha-o de virtudes como a temperana, a humanidade, a generosidade com que Alexandre pe em prtica o ideal de unir toda a terra habitada. Direcionam-se assim a todos os que se interessem pelo retrato humano.

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