plano municipal de interesse social - inserão regional e características do município

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PLANO MUNICIPAL DE HABITAO DE INTERESSE SOCIALPMHIS - CONTRATO 669/FMIS/2008

PRODUTO 02 INSERO REGIONAL E CARACTERSTICAS DO MUNICPIO

REVISO 3 JULHO 2009

PLANO MUNICIPAL DE HABITAO DE INTERESSE SOCIALPMHIS - CONTRATO 669/FMIS/2008

PRODUTO 02 INSERO REGIONAL E CARACTERSTICAS DO MUNICPIO

REVISO 3 JULHO 2009

Prefeitura Municipal de Florianpolis Secretaria de Habitao e Saneamento Ambiental

PLANO MUNICIPAL DE HABITAO DE INTERESSE SOCIAL Produto 02 Insero Regional e Caracterizao do Municpio

Reviso 3 Data: 09.07.2009

Plano Municipal de Habitao de Interesse Social

Drio Berger Prefeito Municipal

Joo Batista Nunes Vice-Prefeito Municipal

SMHSA Secretaria Municipal de Habitao e Saneamento Ambiental

tila Rocha dos Santos Secretrio Municipal

Nelson Bittencourt Secretrio Adjunto

Cibele Assmann Lorenzi Coordenadora Arquiteta e Urbanista

Elsom Bertoldo dos Passos Engenheiro Sanitarista

Joo Maria Lopes Arquiteto e Urbanista

Juliana Hartmann Gomes Arquiteta e Urbanista

Rosngela Maria Piccoli Assistente Social

Dorothea Hagemann Assistente Social

FLORAM Fundao Municipal de Florianpolis

Francisco Antnio da Silva Filho Bilogo

PMHIS . produto 02 . insero regional . Reviso 2 . PMF . VERTRAG . junho 2009

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Plano Municipal de Habitao de Interesse Social

IPUF - Instituto de Planejamento Urbano de Florianpolis

Jeanine Tavares Arquiteta e Urbanista

SUSP Secretaria de urbanismo e servios pblicos

Rodolfo Matte Arquiteto e Urbanista

Equipe Tcnica - VERTRAG

Luis Henrique C. Fragomeni Coordenao Geral

Lria Yuri Nagamine Gerente Tcnica

Melissa Midori Yamada Arquiteta e Urbanista

Helosa H. Albergue Arquiteta e Urbanista

Bruno Augusto Hasenauer Zaitter Arquiteto e Urbanista

Carmen Ribeiro Sociloga

Clvis Costa Advogado

Gabriel Fragomeni Comunicao e Marketing

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Plano Municipal de Habitao de Interesse Social

SUMRIO

1. 2. 3. 4. 4.1. 4.2.

INTRODUO.................................................................................................................... 9 LOCALIZAO E DIVISES ADMINISTRATIVAS ........................................................ 10 PROCESSO DE METROPOLIZAO DE FLORIANPOLIS ........................................ 15 DINMICA DA OCUPAO URBANA ........................................................................... 18 ASPECTOS HISTRICOS ..................................................................................................... 18 ASPECTOS TERRITORIAIS ................................................................................................... 20

4.2.1. Dinmica da Ocupao Territorial Atual .................................................................... 20 4.2.2. Aspectos Fundirios .................................................................................................... 27 4.2.3. Caracterizao dos Assentamentos Precrios.......................................................... 30 5. 5.1. 5.2. ASPECTOS SOCIOECONMICOS................................................................................. 34 DINMICA POPULACIONAL ................................................................................................. 34 CRESCIMENTO E URBANIZAO ......................................................................................... 34

5.2.1. Migrao ........................................................................................................................ 42 5.2.2. Estrutura Etria............................................................................................................. 47 5.2.3. Projeo......................................................................................................................... 49 5.3. 5.4. 5.5. 6. 6.1. 6.2. 6.3. 6.4. IDH E RENDA ..................................................................................................................... 50 ASPECTOS ECONMICOS ................................................................................................... 51 DOMICLIOS E FAMLIAS...................................................................................................... 54 ASPECTOS FSICO-TERRITORIAIS............................................................................... 57 ASPECTOS GEOMORFOLGICOS ........................................................................................ 57 UNIDADES DE CONSERVAO ............................................................................................ 59 ZONEAMENTO MUNICIPAL .................................................................................................. 65 INFRAESTRUTURA .............................................................................................................. 73

6.4.1. Recursos Hdricos e Sistema de Abastecimento de gua ....................................... 73 6.4.2. Sistema de Esgotamento Sanitrio............................................................................. 78 6.4.3. Coleta de Resduos Slidos ........................................................................................ 82 6.4.4. Energia Eltrica............................................................................................................. 83 6.4.5. Sistema Virio ............................................................................................................... 85 7. CONSIDERAES FINAIS.............................................................................................. 88

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Lista de Tabelas Tabela 1 . Bairros em Relao aos Distritos .............................................................................. 11 Tabela 2 . Nmero e Percentagem de Domiclios e Moradores dos Distritos do Municpio de Florianpolis ............................................................................................................................... 22 Tabela 3 . Densidade Distrital Bruta em Florianpolis (1980-2000)........................................... 26 Tabela 4. Evoluo dos permetros urbanos em Florianpolis (1976-2000).............................. 27 Tabela 5 . Taxa de Crescimento da Populao em reas de Favela ........................................ 30 Tabela 6 . Populao e Nmero de Comunidades das reas de Interesse Social por Regio . 32 Tabela 7 . Morfologia dos Terrenos Ocupados por reas de Interesse Social por Regio. ...... 33 Tabela 8 . Evoluo da Populao dos Municpios da Regio Metropolitana de Florianpolis por condio de domiclio. Santa Catarina. 1970 a 2009................................................................. 35 Tabela 9 . Taxa de Crescimento Percentual dos Municpios da RMF. Santa Catarina. 1970 a 2007 ........................................................................................................................................... 38 Tabela 10 . Taxa Geomtrica de Crescimento Populacional da Regio Metropolitana de Florianpolis. Santa Catarina. 1980 a 2000 ............................................................................... 38 Tabela 11 . Taxa de Urbanizao dos maiores Municpios da Regio Metropolitana de Florianpolis. Santa Catarina. 1970 a 2000 ............................................................................... 41 Tabela 12 . Populao Residente na Microrregio e no Municpio de Florianpolis, por Local de Nascimento. Santa Catarina. 2000 ............................................................................................ 43 Tabela 13 . Procedncia da Populao Migrante da Regio Metropolitana e Municpio de Florianpolis. Santa Catarina. 2000. (%) ................................................................................... 44 Tabela 14 . Migrao Intrarregional da Populao Economicamente Ativa. Regio Metropolitana de Florianpolis. Santa Catarina. 2000 ............................................................... 44 Tabela 15 . Populao com 14 anos e mais que trabalha ou estuda em um municpio distinto do municpio de residncia. Regio Metropolitana de Florianpolis. Santa Catarina. 2000. .......... 46 Tabela 16 . Projeo da populao de Florianpolis. 2010 a 2050 .......................................... 49 Tabela 17 . Populao Economicamente Ativa de acordo com faixas de renda em salrios mnimos. Municpios da Regio de Florianpolis. 2000............................................................. 50 Tabela 18 . Alguns Indicadores de Renda, Desigualdade e ndice de Desenvolvimento Humano Municipal IDH M, nos Municpios da Regio de Florianpolis. ............................................... 51 Tabela 19 Valor Adicionado por setor econmico e total do Produto Interno Bruto, de acordo com a participao de Florianpolis na composio dos valores da Regio Metropolitana e desta no Estado de Santa Catarina. 2004 ................................................................................. 52 Tabela 20 Valor Adicionado por setor econmico e Total do Produto Interno Bruto e per capita de Florianpolis. Santa Catarina. 2006 ...................................................................................... 53 Tabela 21 Atividades econmicas de acordo com o nmero de unidades existentes e populao ocupada. Florianpolis. Santa Catarina. 2006.......................................................... 53 Tabela 22 . Famlias, Domiclios Particulares Permanentes, Densidade Familiar e Domiciliar em Florianpolis, Microrregio e Estado de Santa Catarina. 2000.................................................. 54

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Tabela 23 . Domiclios Adequados, Semi-adequados e Inadequados nos Municpios da Microrregio de Florianpolis. 2000 ........................................................................................... 55 Tabela 24 . Rendimento Mdio Mensal dos Moradores dos Domiclios de Acordo com a Condio de Adequao das Moradias. Florianpolis, Microrregio e Estado. 2000................ 56 Tabela 25 . Mulheres chefes de famlia em Florianpolis, Microrregio e Santa Catarina. 2000 ................................................................................................................................................... 56 Tabela 26. reas de Conservao. Santa Catarina. 2002......................................................... 60 Tabela 27 . reas do Macrozoneamento Lei Complementar n 01/97.................................... 65 Tabela 28 . Demanda atual total a partir dos sistemas da CASAN............................................ 75 Tabela 29 . Sistemas de esgotamento sanitrio de Florianpolis da CASAN em 2005. ........... 78 Tabela 30 . Sistema de esgoto sanitrio da CASAN. Santa Catarina. 2007.............................. 79 Tabela 31 . Situao das coletas de resduos slidos em Biguau, So Jos e Palhoa, 2005. ................................................................................................................................................... 82 Tabela 32 . Situao das coletas de resduos slidos em Florianpolis, 2005.......................... 83 Tabela 33 . Situao das rodovias estaduais, 2000................................................................... 85 Lista de Figuras Figura 1 Localizao do Municpio de Florianpolis .................................................................. 10 Figura 2 . Diviso dos Distritos................................................................................................... 12 Figura 3. Bairros do Distrito Sede .............................................................................................. 13 Figura 4 . Unidades Espaciais de Planejamento........................................................................ 14 Figura 5 . Configurao Espacial da GRANFPOLIS .................................................................. 15 Figura 6 . Mesorregio e Aglomerao Urbana de Florianpolis (IPARDES/IPEA/2000) ......... 16 Figura 7 . Configurao Espacial dada pela LC n 381/2007 .................................................... 17 Figura 8 . Densidades do Municpio de Florianpolis: domiclios por hectare ........................... 24 Figura 9 Densidades do Municpio de Florianpolis: habitantes por hectare............................. 25 Figura 10 . Localizao Regies das reas de Interesse Social ............................................... 31 Figura 11 . Demografia............................................................................................................... 40 Figura 12 . Fluxos Migratrios da Regio Conurbada................................................................ 47 Figura 13 . Zoneamento Distrito Sede ....................................................................................... 68 Figura 14 . Zoneamento Distrito dos Ingleses e Barra da Lagoa............................................... 69 Figura 15 . Zoneamento Distrito do Campeche e Pntano do Sul............................................. 69 Figura 16 . Zoneamento do Distrito de Cachoeira do Bom Jesus e Lagoa da Conceio......... 70 Figura 17 . Zoneamento dos Distritos de Santo Antnio de Lisboa e Ratones.......................... 71 Figura 18 . Zoneamento do Distrito de Canasvieiras ................................................................. 71 Figura 19 . Zoneamento Distritos de Ribeiro da Ilha e Rio Vermelho ...................................... 72

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Figura 20 . Sistemas de Drenagem de Santa Catarina.............................................................. 73 Figura 21. Regies Hidrogrficas de Santa Catarina................................................................. 74 Figura 22 . Situao geral de abastecimento de gua em 2005................................................ 77 Figura 23 . Situao do esgotamento sanitrio em 2005........................................................... 81 Figura 24 . Rede de Energia Eltrica ......................................................................................... 84 Lista de Mapas Mapa 1 Tendncias Ocupao e suas Condicionantes Fsicas.............................................. 21 Mapa 2 . Geomorfologia............................................................................................................. 58 Mapa 3 . Unidades de Conservao .......................................................................................... 64 Mapa 4 . Sistema de Abastecimento de gua ........................................................................... 76 Lista de Grficos Grfico 1 . Evoluo da Populao dos Municpios de Regio Metropolitana de Florianpolis. Santa Catarina. 1970 a 2007 ..................................................................................................... 36 Grfico 2 . Evoluo da Populao Rural, Urbana e Total dos Municpios de Regio Metropolitana de Florianpolis. Santa Catarina. 1970 a 2000 ................................................... 37 Grfico 3 . Taxa de Urbanizao da rea Conurbada ao Plo, Santa Catarina. 1970 a 2000 .. 41 Grfico 4 . Estrutura Etria da Populao Residente em Florianpolis. 1980 ........................... 48 Grfico 5 . Estrutura Etria da Populao Residente em Florianpolis. 2000 ........................... 48 Lista de Quadros Quadro 1 . Classes Geomorfolgicas Classificadas de Acordo com seus Usos. ...................... 57

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APRESENTAO Em atendimento ao Edital de Tomada de Preos n. 633/SADM/DLCC/2008 e ao Termo de Referncia correspondente, apresenta-se o Produto 02 Insero Regional e Caractersticas do Municpio, um dos produtos referentes Etapa 02 do edital em destaque, cujo objeto a elaborao do Plano Municipal de Habitao de Interesse Social do Municpio de Florianpolis PMHIS/Florianpolis. Este documento foi preparado com a colaborao do Grupo Tcnico Executivo GTE e coordenado pela Secretaria Municipal de Habitao e Saneamento Ambiental de Florianpolis SMHSA/Florianpolis.

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1. INTRODUO O Plano Municipal de Habitao de Interesse Social do municpio de Florianpolis, enquanto instrumento de planejamento a ser formulado para o enfrentamento das necessidades habitacionais locais da populao, consiste em condio bsica para adeso ao Sistema Nacional de Habitao de Interesse Social SNHIS. O prazo de elaborao para os Planos Locais de Habitao de Interesse Social ao sistema foi prorrogado recentemente para o dia 31 de dezembro de 2010, a partir da Resoluo n 24 do Conselho Gestor do Fundo Nacional de Habitao de Interesse Social. Este documento apresenta a primeira das partes da fase de diagnstico do Plano que se encontra dividida em: Insero Regional e Caractersticas do Municpio (Produto 02), Necessidades Habitacionais (Produto 03), Inventrio das reas Fsicas para Interveno Habitacional (Produto 04), Anlises Complementares (Produto 05) e Cenrios (Produto 06), detalhadas no Termo de Referncia. , portanto, a seguir apresentado o Produto 02 relativo Insero Regional e Caractersticas do Municpio, que consiste nos aspectos regionais e municipais baseados na anlise da dinmica das ocupaes urbanas, sociais e fsico-territoriais e de planos e programas, diretamente relacionados com a dinmica habitacional do municpio.

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2. LOCALIZAO E DIVISES ADMINISTRATIVAS Localizado no centro-leste de Santa Catarina, Florianpolis, capital do Estado desde 1823, caracteriza-se por possuir ndices de desenvolvimento que lhe conferem a responsabilidade de ser uma capital brasileira com excelente qualidade de vida e baixa taxa de mortalidade infantil. Banhado pelo Oceano Atlntico, o municpio ocupa uma rea de 436,5 km que se configura atravs de: uma poro insular com 424,4 km e outra continental com 12,1 km unidas por pontes situadas no trecho mdio da Ilha. Figura 1 Localizao do Municpio de Florianpolis

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O municpio de Florianpolis possui trs divises administrativas institucionalizadas: os distritos, os bairros e as Unidades Especiais de Planejamento (UEP). Os distritos so ao todo 12 e desmembram o municpio em grandes reas, conformando regies com caractersticas semelhantes, seja pelas suas especificidades fsico-ambientais ou morfologia de ocupao dos aglomerados populacionais (ver Figura 2). Os bairros so subdivises somente do Distrito Sede. Na parte continental em Abrao, Bom Abrigo, Coloninha, Capoeiras, Canto, Coqueiros, Estreito, Jardim Atlntico, Monte Cristo e Itagua. Na parte insular em Agronmica, Balnerio, Centro, Crrego Grande, Costeira do Pirajuba, Itacorubi, Monte Verde, Joo Paulo, Jos Mendes, Pantanal, Santa Mnica, Saco dos Limes, Saco Grande e Trindade (ver Figura 3). O municpio se subdivide ainda em 134 Unidades Especiais de Planejamento (UEP), que se constituem em reas menores provenientes das divises de territrios com caractersticas semelhantes nos distritos. Servem de referncia aos projetos municipais para a localizao de reas em leis municipais (ver Figura 4). Tabela 1 . Bairros em Relao aos DistritosDistrito 1 Bairro Abrao Bom Abrigo Capoeiras Canto Coloninha Coqueiros Estreito Jardim Atlntico Monte Cristo Itagua Agronmica Centro Crrego Grande Costeira do Pirajuba Itacorubi Monte Verde Joo Paulo Jos Mendes Pantanal Santa Mnica Saco dos Limes Saco Grande Trindade Barra da Lagoa Cachoeira do Bom Jesus Campeche Canasvieiras Ingleses do Rio Vermelho Lagoa da Conceio Pntano do Sul

Sede

Continente

Ilha

2 3 4 5 6 7 8

Barra da Lagoa Cachoeira do Bom Jesus Campeche Canasvieiras Ingleses do Rio Vermelho Lagoa da Conceio Pntano do Sul

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Distrito 9 Ratones Ratones

Bairro

10 Ribeiro da Ilha 11 Santo Antnio da Lisboa

Ribeiro da Ilha Santo Antnio da Lisboa

12 So Joo do Rio Vermelho So Joo do Rio VermelhoFonte: site Prefeitura Municipal Florianpolis, 2009.

Figura 2 . Diviso dos Distritos

Fonte: site Prefeitura Municipal Florianpolis, 2009.

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Figura 3. Bairros do Distrito Sede

Fonte: site Prefeitura Municipal Florianpolis, 2009.

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Figura 4 . Unidades Espaciais de Planejamento

Fonte: site Prefeitura Municipal Florianpolis, 2009.

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3. PROCESSO DE METROPOLIZAO DE FLORIANPOLIS A preocupao com o tratamento integrado entre municpios com servios e atividades de interesse comum na regio de Florianpolis no recente, verificando-se distintas configuraes espaciais ao longo do tempo. Primeiramente, destaca-se aquela formada por 22 municpios (ver Figura 5 . ), onde atua a Associao dos Municpios da Regio da Grande Florianpolis GRANFPOLIS, que teve seu incio j no ano de 1968 com o objetivo de promover o desenvolvimento integrado da Regio. Outra configurao aquela cuja atuao era de responsabilidade do Gabinete de Planejamento e Coordenao Geral - GAPLAN nos anos 1980, com a colaborao tcnica e financeira do Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano (CNDU), denominado PDRU Poltica de Desenvolvimento Regional e Urbano para Santa Catarina, a partir do qual o territrio do Estado foi dividido em cinco macrorregies de desenvolvimento, entre elas, a rea de Integrao Funcional da Grande Florianpolis, destinada a ser o centro administrativo e de servios estaduais, com 22 municpios. Figura 5 . Configurao Espacial da GRANFPOLIS

Fonte: VERTRAG/2009.

Alm destas configuraes espaciais, estudos desenvolvidos pelo IPARDES para o IPEA/2000 (Redes Urbanas Regionais: Sul Caracterizao e Tendncias da Rede Urbana do Brasil), divide o Estado de Santa Catarina em seis mesorregies, segundo um conceito de grandes regies unidas por quesitos geogrficos, demogrficos e culturais: Oeste Catarinense, Norte Catarinense, Serra Catarinense, Vale do Itaja, Grande Florianpolis e Sul Catarinense. Segundo o estudo, a Mesorregio da Grande Florianpolis destaca-se por ser a mais urbanizada do Estado e por possuir caractersticas metropolitanas. formada por 21PMHIS . produto 02 . insero regional . Reviso 2 . PMF . VERTRAG . junho 2009

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municpios: guas Mornas; Alfredo Wagner; Angelina; Anitpolis; Antnio Carlos; Biguau; Canelinha; Florianpolis; Governador Celso Ramos; Leoberto Leal; Major Gercino; Nova Trento; Palhoa; Paulo Lopes; Rancho Queimado; Santo Amaro da Imperatriz; So Bonifcio; So Joo Batista; So Jos; So Pedro de Alcntara e; Tijucas. O estudo distingue ainda uma rea formada por 8 municpios da Mesorregio da Grande Floranpolis, chamando-a de aglomerao urbana de Florianpolis. Estes municpios possuem em comum sua ocupao limitada por barreiras naturais -, que se estendem e adensam no sentido continental, sendo que (i) trs municpios - So Jos, Biguau e Palhoa formam uma rea conurbada ao plo e (ii) quatro municpios1 - Governador Celso Ramos, Santo Amaro da Imperatriz e Antonio Carlos e Tijucas constituem-se naqueles mais afastados do plo. (ver Figura 6) Figura 6 . Mesorregio e Aglomerao Urbana de Florianpolis (IPARDES/IPEA/2000)

Fonte: VERTRAG/2009

A coerncia espacial apresentada por tal estudo constitui-se na conformao bsica utilizada para o presente relatrio com relao leitura da insero regional de Florianpolis, uma vez que se evidenciam caractersticas metropolitanas de interesse comum a serem tratadas entre os municpios da aglomerao urbana da capital, em especial de sua rea conurbada. Alm desta configurao espacial, este trabalho considera tambm especialmente no captulo referente aos aspectos socioeconmicos aquela criada pela Lei Complementar

No volume do IPARDES So Pedro de Alcntara faz parte do territrio de So Jos, sendo criado o municpio em 1994, atravs de lei de desmembramento.

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Estadual n 381/07. Dispondo sobre o modelo de gesto e a estrutura organizacional da Administrao Pblica Estadual, esta Lei Complementar implanta em seu artigo 80, 36 unidades territoriais no Estado de Santa Catarina, cada qual com uma Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional. Uma dessas secretarias seria a responsvel pela Unidade Territorial da Grande Florianpolis, tendo ela a seguinte conformao: guas Mornas, Angelina, Anitpolis, Antnio Carlos, Biguau, Florianpolis, Governador Celso Ramos, Palhoa, Rancho Queimado, Santo Amaro da Imperatriz, So Bonifcio, So Pedro de Alcntara e So Jos (ver Figura 7). Cabe destacar que a Lei Complementar Estadual n 381/07, revogou a configurao criada pela LC n 162/98, que institua as Regies Metropolitanas de Florianpolis, do Vale do Itaja e do Norte/Nordeste Catarinense. Segundo esta lei, a Regio Metropolitana de Florianpolis era dividida em Ncleo Metropolitano e rea de Expanso Metropolitana, essa ltima composta por municpios que apresentam dependncia e utilizao de equipamentos pblicos e servios especializados do Ncleo Metropolitano, com implicao no desenvolvimento da regio, e que demandam desenvolvimento integrado atravs da complementaridade de funes, sendo: Ncleo Metropolitano da Regio Metropolitana integrado pelos municpios de guas Mornas, Antnio Carlos, Biguau, Florianpolis, Governador Celso Ramos, Palhoa, Santo Amaro da Imperatriz, So Jos e So Pedro de Alcntara; rea de Expanso Metropolitana integrada pelos municpios de Alfredo Wagner, Angelina, Anitpolis, Canelinha, Garopaba, Leoberto Leal, Major Gercino, Nova Trento, Paulo Lopes, Rancho Queimado, So Bonifcio, So Joo Batista e Tijucas.

Figura 7 . Configurao Espacial dada pela LC n 381/2007

Fonte: VERTRAG/2009

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4. DINMICA DA OCUPAO URBANA 4.1. Aspectos Histricos

Mesmo com a aproximao de embarcaes na Ilha desde o sculo XVI, e destacandose como um dos ncleos de ocupao do litoral sul brasileiro, a fundao efetiva da ento denominada Pvoa de Nossa Senhora do Desterro ocorreu por iniciativa do bandeirante paulista Francisco Dias Velho, por volta de 1651 sendo que em 1726, foi elevada categoria de Vila. A sua localizao estratgica - entre Rio de Janeiro e Buenos Aires - e as vantagens fsicas do porto desterrense, justificou a criao da Capitania da Ilha de Santa Catarina em 1738, com a implantao do mais expressivo conjunto defensivo litorneo do Sul do Brasil. Foram construdos um total de 10 fortalezas sendo que este evento serviu tambm para impulsionar um incremento populacional sem precedentes (em torno de 6.000 pessoas) que se deu atravs de novas doaes de sesmarias a colonizadores aorianos e madeirenses no perodo de 1748 e 1756. A partir da intensificou-se o processo de ocupao com a agricultura, pesca e indstrias manufatureiras. Com a Proclamao da Independncia em 1822, passa a tornar-se Capital da Provncia de Santa Catarina (1823), num perodo de grande prosperidade, com o investimento de recursos federais. No sculo XIX o porto ali localizado ganhou importncia regional, polarizando a regio continental, e com isso desenvolvendo as atividades comerciais e administrativas de capital. O crescimento fez com que as sesmarias fossem sendo desmembradas e transformadas nos bairros hoje existentes. Na dcada de 20, com a construo da Ponte Herclio Luz, permitiu-se o acesso facilitado Ilha de Santa Catarina. Com uma ocupao que foi adensada atravs da boa acessibilidade, passa ento por um processo de melhorias no porto e construo de edifcios pblicos. Na dcada de 30, a capital era ainda o principal centro porturio do Estado, entrando em decadncia nas dcadas seguintes e sendo substituda pelos portos de Itaja e Imbituba que ofereciam melhores condies de acessibilidade e infra-estrutura. At 1957, o municpio de Florianpolis apresentava caractersticas tipicamente rurais, sendo que foi a partir de 1960 que o processo de ocupao comeou a acelerar. A vinda da Universidade Federal, da empresa estatal federal ELETROSUL e das estaduais TELESC e CASAN, trouxeram ao municpio uma nova dinmica econmica e um crescimento da urbanizao. Expandiram-se os usos comerciais nas reas centrais, usos de servio nos principais eixos virios de acesso, usos institucionais na periferia das reas centrais e a expanso residencial para os bairros distantes e regies balnerias. Na dcada de 70 o asfaltamento da BR-101 facilitou a ligao do municpio com o resto do pas. Essa acessibilidade atraiu migrantes e tambm turistas, que passaram a descobrir as belezas naturais da Ilha. Esse crescimento populacional fez com que a ocupao fosse se espalhando pela Ilha e continente, adensando ainda mais as suas reas centrais e expandindose pelo continente para fora dos limites municipais. Cabe destacar que nessa poca, o Estado tambm passava por um processo de xodo rural, impulsionando a vinda da populao interiorana para a capital em busca de novas oportunidades. O adensamento deu-se atravs da verticalizao e das construes e valorizao imobiliria, o que fez com que parte da populao de baixa renda fosse sendo afastada dessas reas centrais, passando a ocupar outras como as encostas dos morros, os manguezais ao longo do rio Tavares ou ainda adensando ainda mais o Morro da Cruz. J a dispersoPMHIS . produto 02 . insero regional . Reviso 2 . PMF . VERTRAG . junho 2009

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populacional na Ilha, deu-se atravs dos balnerios que foram sendo ocupados aos poucos de forma descentralizada formando vrios ncleos populacionais. Ao final da dcada de 70 foram realizadas grandes obras de infra-estrutura a exemplo da construo de mais uma ponte de ligao com o continente, a Colombo Machado Salles (1975), aterros martimos, aeroporto internacional, vias expressas de ligao norte-sul dentro da Ilha, shoppings e resorts. Essas obras vieram a reforar ainda mais a urbanizao do centro e a ocupao dos balnerios. Os balnerios ento existentes, como Jurer, Canasvieiras, Cachoeira do Bom Jesus e Ingleses, cresceram atravs da implantao de loteamentos legais e parcelamentos irregulares. Ao mesmo tempo, foram implantados loteamentos em reas virgens e pouco povoadas, como Pontal da Daniela, Lagoa da Conceio, Carianos e Pntano do Sul. J na dcada de 80, consolida-se uma expanso ainda maior do balnerios, destacando-se Tapera, Campeche e Rio Vermelho que sofreram com a ocupao clandestina. Alm dessas localidades, a instalao de estatais como EPAGRI, CELESC, Centro de Informtica e Automao de Santa Catarina CIASC, Banco do Estado de Santa Catarina BESC e CREA impulsionaram o crescimento e adensamento populacional na regio do Itacorubi. Tambm a atividade turstica contribuiu para acelerar a urbanizao e o desenvolvimento econmico do municpio, influenciando diretamente no fenmeno de polinuclearizao e descentralizao de expanso do centro tradicional para os vrios balnerios. Infelizmente, a grande urbanizao conquistando espaos na Ilha revela-se em elemento devastador na configurao original de sua paisagem natural. A duplicao da SC-401 (no interior da Ilha) na dcada de 80 consolidou definitivamente a ocupao formal na regio norte, principalmente nos balnerios de Jurer Internacional, Canasvieiras, Praia Brava e Ingleses Norte. As reas como o Santinho e Morro das Pedras, que antes estavam margem da urbanizao passaram a ser ocupados, vindo o municpio a contar com maior nmero de moradores permanentes, num processo de adensamento acelerado. Enquanto isso, os loteamentos clandestinos continuaram a espalhar-se pelo Campeche, Rio Tavares e Rio Vermelho, gerando uma urbanizao de baixa qualidade, formada por pequenas e estreitas ruas e pela falta de equipamentos pblicos. Atualmente, com uma urbanizao polinucleada, clara a existncia de reas com vocao urbana em todos os distritos do territrio insular. J no continente o processo de ocupao continuou intenso, consolidando a conurbao com So Jos sendo que este, junto com Palhoa e Biguau, constituem em municpios cujas altas taxas de crescimento populacional tem apontado para a necessidade de um tratamento conjunto no que se refere s polticas de desenvolvimento urbano e econmico. Tal desenho urbano aleatrio e catico aliado falta de qualidade dos assentamentos irregulares no municpio devido condio precria das habitaes e infra-estrutura urbana, confere-se como resultado, territrios de excluso em todas as dimenses. Conseqentemente, esse cenrio obriga a realizao de estudos com alternativas em universalizar o acesso moradia, melhoria das condies de habitabilidade, de preservao ambiental e de qualificao dos espaos urbanos, aumentando a integrao regional por meio de uma ao articulada com os demais municpios.

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4.2.

Aspectos Territoriais

4.2.1. Dinmica da Ocupao Territorial Atual Segundo Villaa (1995), as direes preferenciais de crecimento populacional ocorrem nas reas onde so mais intensos os fluxos de transporte, assim se espacializando na direo da cidade ou da metrpole considerada na regio. Neste contexto, conclui-se que o crescimento se d atravs da BR-101 e das rodovias estaduais, que se configuram nos maiores indutores de expanso e de eixos de conurbao intra e extra municipais. A rea conurbada ao plo (Florianpolis, Biguau, So Jos e Palhoa) composta por duas rodovias federais BR-101 e BR-282 - e sete rodovias estaduais SC-401, SC-404, SC405, SC-406, SC-407, SC-408 e SC-433. A BR-101 uma rodovia federal longitudinal de grande importncia para o desenvolvimento nacional, que acompanha o litoral no sentido norte-sul e atravessa os municpios de Biguau, So Jos e Palhoa, influenciando diretamente na composio fsicoterritorial dessas cidades. A rodovia federal o principal acesso a esses municpios, assim como Florianpolis, sendo ela a sua interligao terrestre com os Estados do Paran e Rio Grande do Sul, bem como com o restante do pas. J a BR-282 faz a ligao da capital, Florianpolis, com o interior do Estado no sentido leste-oeste. Partindo de So Jos, atravessa Palhoa e segue em direo a Lages. a principal ligao desse plo com o oeste catarinense. Um trecho desta rodovia, realiza a conexo da BR 101 com a Ilha de Santa Catarina, atravessando a rea continental da capital que configura-se como um territrio totalmente ocupado e conurbado aos demais municpios do entorno direto. J as rodovias estaduais na rea conurbada ao plo so as responsveis pelas ligaes intermunicipais e intramunicipais (no caso da Ilha). Essas ligaes possuem grande importncia para a mobilidade urbana entre os municpios, alm de funcionarem como faixas indutoras de ocupao e ligao entre as cidades do entorno e com outras regies. Em So Jos, a SC 407 interliga a mancha de conurbao com o municpio de So Pedro de Alcntara no sentido leste-oeste de seu territrio. J no municpio de Biguau, a SC 408 a interliga com o municpio de Antnio Carlos, no sentido nordeste do Estado. No municpio de Florianpolis, fica claro a ocupao no entorno do anel produzido pelas rodovias (SC 401, 402, 406 e 405). Merece especial ateno a rodovia SC-406 situada na poro leste da Ilha que liga os distritos de Campeche, passando pelos distritos da Barra da Lagoa e So Joo do Rio Vermelho at o distrito de Ingleses do Rio Vermelho, esse ltimo, um dos mais populosos do municpio. Outra rodovia que merece destaque a SC-401, que faz a ligao do centro da Ilha ao distrito de Canasvieiras, importante pela sua vocao voltada ao turismo estrangeiro na regio. Assim, pode-se afirmar que a forma urbana da Ilha de Santa Catarina se expande do centro tradicional para os vrios distritos atravs de suas rodovias estaduais. As formas urbanas assim discriminadas formam contornos condicionados pela morfologia local e regional, caracterizada pelas altas declividades nos embasamentos em estilos complexos que integram as serras do leste catarinense (ver Mapa 1).

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No Mapa 1, as setas vermelhas indicam para onde a populao do aglomerado de Florianpolis tende ao crescimento. Essa expanso populacional ocorre condicionada pelos elementos fsicos acima descritos, como os fluxos de transporte da BR-101 e rodovias estaduais e municipais que induzem expanso da populao e as Serras do Tabuleiro, Serras do Leste Catarinense2 e reas com declividade superior 30% que inibem o adensamento populacional. Observa-se desta forma uma ocupao insular cujos ncleos urbanos dispersos ao longo do anel de mobilidade intra-urbana de Florianpolis ocupam preferencialmente os espaos restritos pelos morros e montanhas e o mar e, em direo ao continente uma ocupao que tende a se estender nos municpios limtrofes cuja restrio maior representada pela Serra do Tabuleiro. A partir dessas condicionantes possvel avaliar o crescimento da ocupao dos municpios da rea conurbada ao plo, e a grande importncia que So Jos adquiriu com o passar do tempo, fundamentalmente, por fazer a ligao direta com a capital. Com o grande crescimento populacional, a ocupao da populao florianopolitana densificou-se e expandiuse mais, chegando ao ponto de ser impossvel distinguir com clareza os limites urbanos entre os dois municpios. A relao com os outros dois municpios, Biguau e Palhoa, que no possuem reas limtrofes com Florianpolis, ocorre de maneira indireta atravs dos movimentos pendulares que ocorrem diariamente entre municpios. Esses municpios alimentam a capital funcionando como cidades-dormitrios e recebendo o contingente populacional que migra da capital. Essa populao, em sua maioria de baixa renda, ocupa loteamentos precrios, sobretudo ao longo das rodovias federais e estaduais, uma vez que essa demanda por reas para suprir o crescimento regional no veio acompanhada de um suporte na infra-estrutura e nos servios pblicos. Em Florianpolis, alm de atravessar os limites municipais, como j descrito, a populao vem se distribuindo pelo municpio de forma polinucleada atravs dos subcentros de seus distritos. Esse processo resultou em vazios urbanos entre os mesmos fazendo com que fosse exigido aporte do sistema virio para suas acessibilidades. Segundo dados de 2000, o Distrito Sede concentra mais da metade da populao municipal. O restante da populao distribui-se de forma dispersa, havendo um destaque para Campeche, Ingleses do Rio Vermelho e Ribeiro da Ilha, girando em torno de 16% da populao total (ver Tabela 2). Tabela 2 . Nmero e Percentagem de Domiclios e Moradores dos Distritos do Municpio de FlorianpolisN DOMICLIOS TOTAL % EM RELAO AO TOTAL MUNICIPAL N MORADORES % EM RELAO AO TOTAL MUNICIPAL DENSIDADE INTRADOMICILIAR (relao habitantes por domiclio)

DISTRITO

Sede

71.346

67,22% 1,32% 3,48%

228.869 4.331 12.808

66,86% 1,27% 3,74%

3,21 3,09 3,46

Barra da Lagoa 1.402 Cachoeira do Bom Jesus 3.698

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Denominao segundo ATLAS de Santa Catarina, produzido pela GAPLAN em 1986.

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DISTRITO

N DOMICLIOS TOTAL

% EM RELAO AO TOTAL MUNICIPAL

N MORADORES

% EM RELAO AO TOTAL MUNICIPAL

DENSIDADE INTRADOMICILIAR (relao habitantes por domiclio)

Campeche Canasvieiras

5.780 3.279

5,45% 3,09% 4,80% 3,21% 1,74% 0,75% 5,43% 1,53% 1,98% 100%

18.570 10.129 16.514 9.849 5.824 2.871 20.392 5.367 6.791 342.315

5,42% 2,96% 4,82% 2,88% 1,70% 0,84% 5,96% 1,57% 1,98% 100%

3,21 3,09 3,24 2,89 3,15 3,62 3,54 3,31 3,23 3,23

Ingleses do Rio 5.095 Vermelho Lagoa da Conceio 3.405

Pntano do Sul 1.851 Ratones 793

Ribeiro da Ilha 5.766 Santo Antnio da Lisboa So Joo do Rio Vermelho Total municipal 1.621 2.102 106.138

Fonte: Censo Demogrfico IBGE, 2000.

Atravs das Figura 8 e 9 possvel visualizar a distribuio territorial no municpio de Florianpolis e essa grande concentrao populacional no distrito Sede. Essas densidades foram elaboradas sobre as reas totais dos setores censitrios do IBGE (2000). Pode-se inferir que a sede concentra a maior densidade e os distritos de Barra da Lagoa, Ingleses do Rio Vermelho e Campeche aparecem em seguida, mas com grande diferena de densidade (aproximadamente 50%). Isso ocorre devido existncia de grandes extenses de unidades de conservao restritas ocupao dentro desses distritos, que geram grandes vazios, distorcendo as informaes de densidade. Essas reas so em sua maioria unidades de conservao de proteo integral e compostas por morros, mangues, parques e estaes ecolgicas.

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Figura 8 . Densidades do Municpio de Florianpolis: domiclios por hectare

Fonte: IBGE, 2000.

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Figura 9 Densidades do Municpio de Florianpolis: habitantes por hectare

Fonte: IBGE, 2000.

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Por essas razes, para a elaborao do Plano Diretor Municipal em 2008, foi realizado um histrico da densidade populacional de 1960 a 2000, considerando para efeitos de clculo a rea efetivamente urbanizvel, sendo desconsideradas as reas de Preservao Permanente e outras ali denominadas de reas dos Elementos Hdricos (lagoas, rios), mas sendo includas as reas pblicas, praas, sistema virio e as APLs (reas de Preservao de Uso Limitado). Portanto, essas densidades foram elaboradas a partir de reas brutas com o intuito de possibilitar uma anlise histrica. Dados anteriores a 1970 ficaram prejudicados por no existirem na poca as chamadas Unidades Espaciais de Planejamento, que impossibilitou ajustes das reas dos distritos. Atravs deste estudo, constata-se que a sede sempre manteve o histrico de ser o distrito mais adensado, atingindo em 2000 taxas de 45 hab/ha, resultado de um processo de verticalizao. J os demais distritos sofreram um adensamento progressivo, mas ainda muito aqum de suas possibilidades, como pode ser visto na tabela a seguir. Tabela 3 . Densidade Distrital Bruta em Florianpolis (1980-2000) rea Ocupvel Distrito (ha) 2000 Barra da Lagoa Cachoeira do Bom Jesus Campeche Canasvieiras Sede (Florianpolis) Ingleses do Rio Vermelho Lagoa da Conceio Pntano do Sul Ratones Ribeiro da Ilha Santo Antnio de Lisboa So Joo do Rio Vermelho Total de Florianpolis 0,03 0,21 0,24 0,24 0,51 0,12 0,09 0,11 0,22 0,33 0,15 0,13 2,36 1960 0,00 1,05 0,00 0,73 15,64 2,53 4,19 0,00 0,40 1,61 1,19 0,00 4,14 1970 3,70 1,03 0,94 0,84 22,99 1,70 2,19 1,86 0,36 1,30 1,38 0,74 5,85 1980 5,78 1,49 1,65 1,02 30,94 2,28 4,94 2,11 0,41 1,65 1,79 0,92 7,94 1990 10,19 2,19 3,07 1,72 39,60 4,95 7,72 3,51 0,50 3,66 2,57 1,40 10,80 2000 15,12 6,22 7,60 4,26 45,03 13,95 11,43 5,16 1,32 6,25 3,68 5,11 14,47 Densidade Demogrfica Bruta (hab/ha)

Fonte: Dados Populacionais - IBGE / Censos Demogrficos de 60, 70, 80, 91 e 2000. rea Ocupvel - ITIS Tecnologia - Clculos: Equipe IPUF.

Um aspecto importante para a anlise de ocupao e densidade a avaliao histrica apresentada nos documentos de elaborao do Plano Diretor (2008), das reas que formam o permetro urbano existente no municpio, confrontados com as reas urbanizveis, sendo

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destas excludas aquelas de cunho institucional e de proteo ambiental (ver Tabela 4). A partir desses nmeros foi possvel estimar que a populao de saturao do municpio, em 2000 (342.315 habitantes Censo/2000), possua 1/4 desse montante total. Tabela 4. Evoluo dos permetros urbanos em Florianpolis (1976-2000) ANO Permetro urbano (km2) rea urbanizvel do municpio (km2) Populao de saturao do municpio 47,55 89,25 892.500 1976 97,55 82,49 824.900 1985 134,66 147,98 1.479.800 2000

Fonte: IPUF 2001 in Plano Diretor (2008)

Dessa forma, possvel concluir que o municpio de Florianpolis possui ainda uma reserva de reas livres para a ocupao, que pode ser considerada ainda maior, se houver a possibilidade de adensamento atravs de verticalizaes sobre elas. parte dessas condies fsico-espaciais, existem questes institucionais que influenciam no processo de ocupao formal e informal. As dificuldades na fiscalizao e nos processos de aprovao de loteamentos, a inflexibilidade nas particularidades de cada regio da lei de zoneamento so alguns fatores que estimulam a ocupao irregular. Uma das conseqncias desse processo a proporo de construes regularizadas no municpio que giram em torno de 21.000, sendo que metade dessas moradias foram legalizadas com objetivo de regularizar construes clandestinas, segundo rgo municipal. J a CASAN Companhia Catarinense de guas e Saneamento - possui uma estimativa de 58% de suas 51.0003 ligaes de gua como sendo clandestinas. Essa ocupao desordenada afeta diretamente a paisagem urbana, conformando terrenos com testada pequena e de grande profundidade que dificultam sua ocupao e regularizao posterior. Essa forma clandestina de ocupao ocorre em funo da demanda da populao por terras, sendo que o crescimento dessas irregularidades tem gerado presses e o estabelecimento de moradias sobre reas frgeis ambientalmente e carentes de infraestruturas. 4.2.2. Aspectos Fundirios4 Os aspectos histricos e geogrficos do Municpio de Florianpolis asseguraram um modo prprio de ocupao do territrio. As conformidades de terrenos ao longo da costa litornea vm ao encontro do tipo de ocupao de suas terras, onde a estrutura agrria predominante era a pequena propriedade adaptada a uma estrutura agrcola. Essa estrutura foi a geradora de lotes estreitos, compridos e perpendiculares aos caminhos dispostos ao longo

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Consulta Nacional sobre a Gesto do Saneamento e do Meio Ambiente Urbano, 1994.

Texto baseado no Termo de Referncia 16 Implementao de Programa de Regularizao Fundiria, Urbanstica e Edilcia em Terrenos Pblicos e Privados, Reviso 04, Fevereiro/2007.

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do litoral ou dos vales, ocasionando ruas com cerca de trs metros de largura e cerca de 800 a 1.000 metros de comprimento. Os limites nesses casos eram indefinidos, geralmente constitudos por reas mais elevadas como as encostas dos morros. Desta forma facilitaram-se conflitos sobre as terras devido a tentativas de apropriao e tambm da relao entre proprietrios e seus usurios. O uso comunal5 na Ilha de Santa Catarina ocorre desde o sculo XVIII. Mesmo no sendo terras de solo frtil, foi talvez rea do Estado onde as terras de uso comum ocorreram com maior freqncia. No entanto desde o sculo passado vem ocorrendo o processo de apropriao dessas terras, aprofundando-se lentamente com o tempo, principalmente a partir das dcadas de 1930 e 1940. Interesses do setor turstico e de crescimento urbano sobre as terras comunais originam a valorizao imobiliria das reas perifricas, tornando-se muitas vezes a questo principal no processo de empobrecimento de alguns pequenos produtores. Assim, as tentativas de apropriao das terras de uso comum acentuaram-se plenamente no decorrer do sculo XX. Muitas reas de uso comum foram transformadas em grandes fazendas sem produo ou em loteamentos ligados a grandes empreendimentos imobilirios. O Estado tambm se apoderou das algumas reas comunais com o objetivo de desenvolver a produo leiteira na Ilha. Com o Decreto Estadual n 46/34, julgando-se livre para tomar quaisquer reas de uso comum, pois considerava as terras pblicas como sendo terras de apropriao original. Constituies referentes titularidade das ilhas martimas concretizaram a idia de que a Ilha de Santa Catarina pertencia ao Estado de Santa Catarina, ao municpio de Florianpolis e aos detentores de ttulos de posse e propriedade. Entretanto, com a Carta de 1967, inseriram-se as ilhas ocenicas brasileiras entre os bens pertencentes Unio. Essa posio da Unio Federal trouxe reivindicao dos posseiros ilhus, pois impossibilitaram o acesso s fontes de financiamento habitacional e para a construo de moradias prprias, a desvalorizao por ocasio da comercializao, o aumento da clandestinidade, e o impedimento da regularizao dos lotes. Tendo em vista que o patrimnio da Unio insuscetvel de aquisio por usucapio, procuradores da Fazenda Nacional e da Procuradoria da Repblica passaram a ingressar intensamente nas aes de usucapio, em que posseiros da Ilha pretendiam adquirir a propriedade dos terrenos. Com a deciso da Suprema Corte no ano de 1985, descartou-se a hiptese da Ilha de Santa Catarina classificar-se como ocenica. Porm, o avano sobre as terras pblicas continuava existindo, sobretudo favorecidos por dois fatores importantes: (I) formao e desenvolvimento de classes mdia e alta, que avanaram sobre o centro da cidade e tambm sobre terras pouco ou no ocupadas; (II) expanso e especulao imobiliria pela a atrao do turismo. O fator que condicionou a procura por outras reas da Ilha, seno quelas centrais, foi uma procura da regio central pelas camadas mdias da populao, que desencadeou um processo de ocupao da populao de baixa renda em morros que sofreram recuperao pretrita, em praias ao sul, nas localidades mais interioranas da Ilha como Ratones, Vargem Grande, Vargem Pequena, Rio Tavares, ou em locais de difcil acesso como a Costa da Lagoa. Alm do mais, ocorreram algumas invases em terrenos de mangue, morro e ao longo das vias

Utilizao de uso comum da terra por atividades como pesca, caa e coleta. Prtica bastante difundida pelo Brasil, configurando em locais de desenvolvimento de pequenas produes mercantis.

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de acesso. Por essa razo, ainda permanecem como bairros populares a Costeira do Pirajuba, o Saco dos Limes. Deve ser destacado tambm o bairro Saco Grande, que abriga habitaes populares ao longo da estrada antiga, contudo a nova via de acesso s praias do norte intensifica uma ocupao densa, rpida e diversificada no local. A conseqncia de crescimento urbano promove a valorizao das reas no Municpio de Florianpolis. O processo de renovao da ocupao no centro da cidade tomou-se em princpio no bairro Trindade, na dcada de 60, com a implantao do campus da Universidade Federal. Bairros vizinhos como Carvoeira, Pantanal, Crrego Grande e Itacorubi tambm participaram desse processo pela instalao da sede da ELETROSUL e da TELESC. O esgotamento de terras no centro da cidade e na parte continental conduziu uma insero de terras localizadas em outras reas. Com essa procura, valorizaram-se tambm outras reas pela Ilha. No norte da Ilha de Santa Catarina, a valorizao fundiria aumentou a partir dos anos 1980. A presso sobre a terra promovida pela atividade turstica, conduziu a uma grande valorizao, sobretudo nos balnerios tursticos de Ingleses, Jurer e Canasvieiras. Outro fator que proporcionou a valorizao da terra em Florianpolis foram os aterros na orla da cidade. Exemplificado pelo aterro da Baa Sul e consequentemente a intensa valorizao dessa rea. O aumento populacional, proporcionado pelos investimentos estatais, pode ser um dos fatores que mais tenha contribudo para o aumento do mercado de terras em suas diversas manifestaes. O surgimento tardio da lei municipal ordinria n1215/74 sobre a comercializao do solo em Florianpolis conduziu, at ento, a uma regularizao sem grandes controles da mercantilizao da terra urbana. Entra aqui em destaque, o papel das formas de parcelamento da terra na conformao do espao urbano. O nmero de loteamentos6 em Florianpolis revela uma variao durante as dcadas. No incio dos anos 40, estendendo-se pelos anos 50, ocorreu um significativo nmero de loteamentos para posteriormente serem regularizados, chegando a um total de 106, correspondendo a 36,18% do total, ou seja, de um total de 293 loteamentos ocorridos de 1940 at o ano de 2001. At os anos 70, 84,65% dos loteamentos j haviam ocorridos, esse histrico significa que a maior parte dos loteamentos ocorre na ausncia de uma legislao municipal que regulamente os loteamentos. Vale ser destacado, que os anos 60 foram marcados por um deslocamento do modelo de parcelamento do solo, passando do tipo loteamento para o desmembramento, correspondendo a um nmero de 245 lotes. O patamar baixo de desmembramentos manteve-se nos anos 70 com o nmero de 202 lotes. Porm, um aumento bastante significativo aconteceu no incio dos anos 80, onde este nmero passa para 862. Nesta dcada, o aumento dos desmembramentos coincidiu-se com a entrada em vigor da lei de 1974 que passa a regulamentar os loteamentos. Entretanto, nos anos 90 somam apenas 15 lotes. Neste momento, os lotes desmembrados na dcada de 80 chegaram a 71,9% da rea total desmembrada. Atualmente, ocorre um grande nmero de lotes em situao irregular no Municpio de Florianpolis. No somente com problemas de titulao de posse ou registro imobilirio, frente confuso jurdica e tradio de ocupao do solo, como tambm os desrespeitos s

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Dados retirados do Terno de Referncia n16.

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normas vigentes de parcelamento do solo, direcionaram a uma expanso urbana desestruturada. Situaes onde lotes localizados em morros com a abertura de sistemas virios perpendiculares que no seguem as curvas de nvel, caracterizam um sistema virio de alta declividade impedindo a locomoo de veculos motorizados. Vale ser lembrado que esses lotes apresentam, em muitas ocasies, construes de mdio padro, ou seja, no se tratam de uma populao excluda. Outras situaes irregulares so encontradas, por exemplo, empreendimentos de alto padro que desrespeitam reas de preservao permanente e que apresentam o fechamento de loteamentos que impedem o acesso a reas pblicas. Ocupao da populao de baixa renda que acaba ocupando reas de difcil acesso, provocando muitas vezes danos ambientais, alm do risco vida e sade dos moradores. 4.2.3. Caracterizao dos Assentamentos Precrios7 O municpio de Florianpolis possua em 2006, 65 assentamentos (http://www.pmf.sc.gov.br/habitacao/_hb_habsocial.htm visitado em maio de 2009), com uma populao estimada de 65 mil habitantes, representando aproximadamente 16% da populao total. Segundo os dados levantados pela Prefeitura Municipal de Florianpolis, a populao das reas das favelas, tambm conhecidas como reas de interesse social, tiveram um crescimento duas vezes maior que a taxa de crescimento municipal, que se manteve em 3,31% a.a de 1991 a 2000 (ver Tabela 10). Tabela 5 . Taxa de Crescimento da Populao em reas de FavelaANO 1987 1992 1996 2000 2004 POPULAO DA CIDADE 228.246 254.941 271.281 331.784 386.913 N AIS 29 42 46 55 58 POPULAO DAS REAS DE FAVELA 21.393 32.290 40.283 54.340 61.445 TX CRESCIMENTO AIS 8,58% 3,98% 6,72% projeo

Fonte: site: http://www.pmf.sc.gov.br/habitacao/_hb_habsocial.htm visitado em maio de 2009.

Para essa caracterizao, as reas de interesse social foram separadas por regies, ou melhor, reas de concentrao. Essas regies se dividem em: Continente, Centro, Macio do Morro, Norte da Ilha, Saco Grande e Sul da Ilha, conforme figura a seguir.

Informaes retiradas do site: http://www.pmf.sc.gov.br/habitacao/_hb_habsocial.htm visitado em maio de 2009. As informaes dos dados utiliza-se de dados de 2006, com 65 reas.

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Figura 10 . Localizao Regies das reas de Interesse Social

Fonte: site: http://www.pmf.sc.gov.br/habitacao/_hb_habsocial.htm visitado em maio de 2009.

Essas reas de interesse social esto distribudas pelo municpio, de maneira concentrada no Continente e no Centro que possuem 31% e 29% do total das comunidades, seguidos pelo Macio da Costeira e Norte da Ilha que perfazem cerca de 12% e 11% e por ltimo Saco Grande com 9% e Sul da Ilha com 8%, conforme pode-se verificar na tabela a seguir.

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O nmero de comunidades no reflete a concentrao de populao em relao ao total das reas de interesse social. Como pode-se verificar na tabela 7, a seguir, o Continente e o Centro so as regies que mantm as maiores taxas de percentual populacional, concentrando aproximadamente 70% do total. Em seguida, Saco Grande que possui 10,28% da populao total das reas de interesse social, e o Sul da Ilha com 8,35%. E por ltimo, o Macio da Costeira de o Norte da Ilha, que apesar de possurem quase a mesma quantidade de comunidades de Saco Grande e do Sul da Ilha, possuem apenas de 30,07% e 2,79% da populao, respectivamente. Tabela 6 . Populao e Nmero de Comunidades das reas de Interesse Social por RegioAIS CONTINENTE CENTRO MACIO DA COSTEIRA NORTE DA ILHA SACO GRANDE SUL DA ILHA N COMUNIDADES 20 19 8 7 6 5 % COMUNIDADES 31% 29 % 12 % 11 % 9% 8% POPULAO (2004) 21.017 26.048 1.916 1.738 6.405 5.202 % POPULAO 33,72% 41,79% 3,07% 2,79% 10,28% 8,35%

Fonte: site: http://www.pmf.sc.gov.br/habitacao/_hb_habsocial.htm visitado em maio de 2009.

Com relao morfologia dos terrenos que essas reas ocupam, verifica-se que 56,92% das comunidades localizam-se em reas de encosta, dentre as quais mais da metade em reas do centro e continente. Nas demais regies (Macio da Costeira, Norte da Ilha, Saco Grande e Sul da Ilha), verifica-se a ocupao tambm sobre reas de mangue, restinga e dunas, totalizando 10,77% do total contra 23,08% em reas de encostas. Destaca-se, por ltimo, que 30,77% total de reas localizam-se em reas urbanizadas em todas as regies

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Tabela 7 . Morfologia dos Terrenos Ocupados por reas de Interesse Social por Regio.AIS TOTAL DE COMUNIDADES N COMUNIDADES 3 16 1 19 2 6 2 3 2 5 1 1 1 1 1 1 MORFOLOGIA DOS TERRENOS OCUPADOS Encosta Urbanizada Orla Encosta Mangue Encosta Mangue Encosta Urbanizada Encosta Urbanizada Mangue Restinga Duna Urbanizada Encosta

CONTINENTE CENTRO MACIO DA COSTEIRA NORTE DA ILHA SACO GRANDE

20 19 8 7 6

SUL DA ILHA

5

Fonte: site: http://www.pmf.sc.gov.br/habitacao/_hb_habsocial.htm visitado em maio de 2009.

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5. ASPECTOS SOCIOECONMICOS A ligao entre o processo e a forma da expanso urbana na rea conurbada ao plo com os fluxos migratrios revela-se a partir do grande poder de atrao migratria exercido pela capital sobre os demais municpios. Questes relacionadas s altas taxas de crescimento populacional nas ltimas dcadas, acelerado processo de urbanizao, juntamente com a insero populacional no mercado de trabalho, especulao imobiliria e preo da terra geram uma presso sobre a populao com menor renda, que por sua vez, conduzida a migrar para reas dos municpios do entorno. Para esse captulo foram adotadas as informaes do Censo Demogrfico de 2000, momento em que estava em vigncia a Lei Complementar n 162/98, motivo pelo qual utilizouse como territrio os 9 municpios da extinta regio metropolitana de Florianpolis. 5.1. Dinmica Populacional

Com uma populao atual de 406 mil habitantes (estimativa IBGE, 2007), o municpio de Florianpolis destaca-se pela incorporao de novos bairros no continente, assim favorecendo a conurbao com os municpios da rea de abrangncia. A capital do estado indica trajetria demogrfica caracterizada por um forte aumento da sua populao nas ltimas dcadas, os reflexos so relacionados pelo aumento do espao edificado e pelo adensamento das reas do municpio, sobretudo pelas famlias de baixa renda. A urbanizao acelerada da regio decorrente do declnio do setor primrio, do xodo rural e do aumento do turismo na costa catarinense. 5.2. Crescimento e Urbanizao

A dinmica populacional vivida pela capital do Estado de Santa Catarina e seu entorno, nas ltimas dcadas, segue caractersticas similares s verificadas nas demais capitais e cidades plo do pas altas taxas de crescimento populacional e de urbanizao. O conjunto de nove municpios que compunha a Regio Metropolitana de Florianpolis contava, em 1970, com 245.043 moradores, chegando a 2007 com 815.605, conforme dados da Tabela 8 e Grfico correspondente. Esta evoluo representa um incremento de 233% em 37 anos.

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Tabela 8 . Evoluo da Populao dos Municpios da Regio Metropolitana de Florianpolis por condio de domiclio. Santa Catarina. 1970 a 20091970 MUNICPIOS rea conurbada Biguau Florianpolis Palhoa So Jos Subtotal guas Mornas Antnio Carlos Gov. Celso Ramos Sto. Ant. da Imperatriz So P. de Alcntara Subtotal Total Geral Urbana 6.230 121.028 6.380 29.380 163.018 95 499 3.957 2.573 7.124 170.142 Rural 9.107 17.309 14.272 13.155 53.843 4.580 5.125 3.564 7.789 21.058 74.901 Total 15.337 138.337 20.652 42.535 216.861 4.675 5.624 7.521 10.362 28.182 245.043 Urbana 16.099 161.795 35.073 79.170 292.137 746 710 4.317 5.885 11.658 303.795 1980 Rural 5.342 26.085 2.950 8.652 43.029 3.880 4.702 3.497 5.431 17.510 60.539 Total 21.441 187.880 38.023 87.822 335.166 4.626 5.412 7.814 11.316 29.168 364.334

Demais municpios

MUNICPIOS Biguau rea conurbada Florianpolis Palhoa So Jos Subtotal guas Mornas Demais municpios Antnio Carlos Gov. Celso Ramos Sto. Ant. da Imperatriz So Pedro de Alcntara Subtotal Total Geral

1991 Urbana 28.207 239.996 65.791 128.375 462.369 1.042 977 7.472 7.701 17.192 479.561 Rural 5.856 15.394 2.639 11.118 35.007 3.569 4.636 2.157 5.691 16.053 51.060 Total 34.063 255.390 68.430 139.493 497.376 4.611 5.613 9.629 13.392 33.245 530.621 Urbana 42.907 332.185 97.914 171.230 644.236 1.715 1.760 10.842 12.536 2.096 28.949 673.185

2000 Rural 5.170 10.130 4.828 2.329 22.457 3.675 4.674 756 3.172 1.488 13.765 36.222 Total 48.077 342.315 102.742 173.559 666.693 5.390 6.434 11.598 15.708 3.584 42.714 709.407

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2007 MUNICPIOS Contagem Biguau rea conurbada Florianpolis Palhoa So Jos Subtotal guas Mornas Demais municpios Antnio Carlos Gov. Celso Ramos Sto. A. da Imperatriz So Pedro de Alcntara Subtotal Total da Regio 53.499 396.723 122.471 196.887 769.580 4.410 7.087 12.175 17.602 4.751 46.025 815.605 56.397 408.163 130.881 201.748 797.189 4.506 7.465 12.702 18.435 5.183 48.291 845.480

2009 total

Fonte: Conf. Nacional de Municpios, com base nos Censo Demogrficos e Contagem Populacional 2007/IBGE, 2009 estimativa IBGE/DATASUS adaptado por VERTRAG/2009

Grfico 1 . Evoluo da Populao dos Municpios de Regio Metropolitana de Florianpolis. Santa Catarina. 1970 a 2007total 900000 800000 700000 600000 500000 total 400000 300000 200000 100000 0 1970 1980 1991 2000 2007 2009

Fonte: Conf. Nacional de Municpios, com base nos Censo Demogrficos e Contagem Populacional

2007/IBGE, 2009 estimativa IBGE/DATASUS adaptado por VERTRAG/2009.

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Grfico 2 . Evoluo da Populao Rural, Urbana e Total dos Municpios de Regio Metropolitana de Florianpolis. Santa Catarina. 1970 a 2000800000 700000 600000 500000 urbana 400000 300000 200000 100000 0 1970 1980 1991 2000 rural total

Fonte: Conf. Nacional de Municpios, com base nos Censo Demogrficos e Contagem Populacional

2007/IBGE, 2009 estimativa IBGE/DATASUS adaptado por VERTRAG/2009.

Neste perodo de cerca de 40 anos, foi na dcada de 70 que ocorreu o maior incremento proporcional na populao total e, de forma mais aguda, na populao urbana, com perda de moradores nas reas rurais, conforme aponta a Tabela 9. Isto acontece na maioria dos municpios da regio, com exceo dos municpios menores - guas Mornas e Antonio Carlos, que perdem populao total, e de Florianpolis, que mostra crescimento na populao rural. Provavelmente este dado em Florianpolis reflete mais do que um crescimento real de populao rural, a incorporao de reas consideradas rurais em regies balnerias que passam a ter funes urbanas, sem a mudana concomitante no zoneamento. Destaca-se nesta dcada o crescimento observado em So Jos que dobra a sua populao em 10 anos (1970 a 1980) e de Palhoa que tambm fica prximo deste resultado, mesmo revelando perda de populao rural, como mostra a Tabela 10. Na dcada seguinte, continua ocorrendo aumento da populao na regio, mas j se percebe uma diminuio do ritmo. Mantm-se perda de populao das reas rurais, exceto no Municpio de Biguau e Santo Amaro da Imperatriz, e crescimento acentuado das reas urbanas. Este quadro se mantm, com poucas alteraes na dcada de 80, mas acentuando a diminuio no ritmo do crescimento, que fica ainda mais claro na dcada de 2000 com a contagem populacional de 2007 e a reviso das projees para So Jos e Florianpolis, apesar de estar sendo considerado apenas sete anos.

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Tabela 9 . Taxa de Crescimento Percentual dos Municpios da RMF. Santa Catarina. 1970 a 20072000 a 2007 Rural Total

1970 a 1980 MUNICPIOS Total Urbana Rural

1980 a 1991 Total Urb. Rural

1991 a 2000 Total Urb.

Biguau rea conurbada Fpolis Palhoa So Jos Subtotal . Mornas Demais municpios Ant. Carlos Gov. C. Ramos Sto. A. da Imperatriz S.P. de Alcntara Subtotal Total Geral

39,8 35,8 84,1 106,5 54,5 -1,0 -3,8 3,9 9,2 3,5 48,68

158,4 33,7 449,7 169,5 79,2 685,3 42,3 9,1 128,7 63,6 78,554

-41,3 50,7 -79,3 -34,2 20,1 -15,3 -8,3 -1,9 -30,3 -16,8 -19,2

58,9 35,9 80,0 58,8 48,4 -0,3 3,7 23,2 18,3 14,0 45,6

75,2 48,3 87,6 62,2 58,3 39,7 37,6 73,1 30,9 47,5 57,9

9,6 -41,0 -10,5 28,5 -18,6 -8,0 -1,4 -38,3 4,8 -8,3 -15,7

41,1 34,0 50,1 24,4 34,0 16,9 14,6 20,4 17,3 28,5 33,7

52,1 38,4 48,8 33,4 39,3 64,6 80,1 45,1 62,8 68,4 40,4

-11,7 -34,2 82,9 -79,1 -35,8 3,0 0,8 -65,0 -44,3 -14,2 -29,1

11,3 15,9 19,2 13,4 15,4 -18,2 10,1 5,0 12,1 32,6 7,7 15,0

Fonte: Conf. Nacional de Municpios, com base nos Censo Demogrficos e Contagem Populacional

2007/IBGE, 2009 estimativa IBGE/DATASUS adaptado por VERTRAG/2009.

Tabela 10 . Taxa Geomtrica de Crescimento Populacional da Regio Metropolitana de Florianpolis. Santa Catarina. 1980 a 2000

Municpios Biguaurea conurbada

1980/1991 4,30 2,83 5,49 4,30 3,65 3,90 3,31 4,62 2,46 2,70

1991/2000

Florianpolis Palhoa So Jos Subtotal

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MunicpiosDemais municpios

1980/1991 -0,03 0,33 1,92 1,54 1,20 3,46 1,75 1,53 2,09 1,79 2,30 3,27

1991/2000

guas Mornas Antnio Carlos Governador Celso Ramos Santo Amaro da Imperatriz Subtotal Total Geral

Fonte: Artigo: Regio Metropolitana de Florianpolis: migrao e dinmica da expanso urbana. Pedro Assumpo Alves e Rosana Aparecida Baeninger. Com dados do Censo Demogrfico de 2000.

O clculo da taxa geomtrica de crescimento populacional ano a ano (Tabela 10), igualmente, evidencia as altas taxas de crescimento da regio, especialmente dos municpios de Palhoa, So Jos e Biguau que extrapolam a taxa de crescimento regional na dcada de 80/91, repetindo, em ritmo menor, a performance na dcada seguinte. Em todos os anos analisados esta regio cresce a taxas superiores do Estado de Santa Catarina que, na ltima dcada (1991/00), foi de 1,85 a.a.8 As taxas de urbanizao dos maiores municpios da Regio refletem esta realidade. A Tabela 12 e o grfico correspondente mostram que em 1970, Florianpolis apresentava a taxa de urbanizao no patamar de 87,49%, o maior da Regio, enquanto que Palhoa, seguido por Biguau, eram municpios majoritariamente rurais. Na dcada seguinte, todos os municpios apresentam taxas de urbanizao superiores a 75%, configurando uma radical transformao no panorama demogrfico regional, chegando em 2000 com taxas superiores a 95% na regio e na maioria dos municpios, com exceo de Biguau que apresenta a menor taxa de urbanizao da regio com 89,25%.

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Dados do texto 3. Aspectos socioeconmicos. 3.1. Demografia. Prefeitura Municipal de Florianpolis

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Figura 11 . Demografia

Fonte: IBGE: Censo Demogrfico 2000/produzido por VERTRAG-2009

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Tabela 11 . Taxa de Urbanizao dos maiores Municpios da Regio Metropolitana de Florianpolis. Santa Catarina. 1970 a 2000 Municpios Biguau Florianpolis Palhoa So Jos Total da Regio 40,62 87,49 30,89 69,07 76,08 1970 75,09 86,12 92,24 90,15 87,75 1980 82,81 93,97 96,14 92,03 93,36 1991 89,25 97,04 95,30 98,66 96,93 2000

Fonte: Vertrag Tabela 01

Grfico 3 . Taxa de Urbanizao da rea Conurbada ao Plo, Santa Catarina. 1970 a 2000120,00

100,00

80,00

60,00

40,00

20,00

Biguau Florianpolis Palhoa So Jos total da Regio

Fonte: Vertrag: tabela 04

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5.2.1. Migrao Tais transformaes demogrficas resultam de fatores que transcendem os limites fsicos territoriais e refletem a dinmica econmica e social do pas. Profundas mudanas tecnolgicas na base produtiva, aliadas s conjunturas especficas, produziram condies que expulsaram e atraram populaes, resultando em movimentos migratrios intensos. Nas ltimas dcadas, estes movimentos se deram especialmente no sentido rural-urbano, produzindo um rpido crescimento populacional e o redesenho urbano com manchas contnuas de ocupao para alm dos limites territoriais Municipais. Em Florianpolis, a instalao da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 1960, e da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) em 1964, trouxe alteraes significativas na oferta de servios educacionais. Nessa mesma dcada, a implantao da rodovia BR-101 inseriu o litoral catarinense na rede viria nacional e deu incio expanso do turismo em Florianpolis. A dcada de 70 consolidou a integrao de Florianpolis, que ganhou visibilidade com a execuo do Aterro da Baa Sul (1972-74), justificado pela necessidade de construo da segunda ponte e da construo da Avenida Beira Mar Norte. A instalao das empresas estatais como a Superintendncia de Desenvolvimento da Regio Sul (Sudesul) e Centrais Eltricas do Sul do Brasil (Eletrosul), como conseqncia do Programa de Cidades de Porte Mdio, materializou o objetivo de descentralizao da migrao populacional interna brasileira, ento fortemente direcionada para os grandes centros. Parte desse fluxo se constituiu de profissionais de nvel tcnico e superior, alm de professores universitrios, que apesar de numericamente pouco significativo, representa uma migrao diferenciada pelo componente renda familiar, como tambm pelo aspecto sociocultural, trazendo repercusses na dinmica social, principalmente do municpio de Florianpolis. Na Microrregio9 de Florianpolis os migrantes de outros estados da federao e de outros pases representavam em 2000 16% da populao total e no municpio de Florianpolis 23%, como se pode ver na Tabela 13, fazendo-se o clculo inverso, ou seja, diminuindo do total da populao (100,00%) a proporo que nasceu no prprio Estado de Santa Catarina. Na composio da populao da regio e do municpio, o Estado que mais est representado o Rio Grande do Sul, seguido do Paran e dos Estados da Regio Sudeste, indicando que os fluxos migratrios ocorridos so de carter predominantemente regional.

As Microrregies Geogrficas so conjuntos de municpios contguos, definidas como partes das mesorregies que apresentam especificidades quanto organizao do espao. Sua delimitao leva em conta, alm das dimenses formadoras das mesorregies, a vida de relaes em nvel local, pela possibilidade de atendimento s suas populaes, por parte dos setores sociais bsicos e do comrcio varejista e atacadista. Foram institudas pela Resoluo do Presidente do IBGE n 11, de 5 de junho de 1990. IBGE. Srie Relatrio Metodolgico. Volume 25

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Tabela 12 . Populao Residente na Microrregio e no Municpio de Florianpolis, por Local de Nascimento. Santa Catarina. 2000Local de Nascimento Regio Norte Regio Nordeste Regio Sudeste Regio Centro Oeste Regio Sul Paran Santa Catarina Rio G. do Sul Sem Especificao Exterior Total 0,23 0,96 3,87 0,47 93,87 3,74 83,81 6,31 0,04 0,56 100,00 MR Florianpolis 0,50 1,20 5,86 0,65 90,94 4,35 77,38 9,21 0,05 0,95 100,00 Florianpolis

Fonte: Vertrag com dados do IBGE - Censo Demogrfico 2000.

O poder de atrao do Municpio de Florianpolis em relao populao migrante foi, no perodo analisado, maior do que o conjunto da Regio Metropolitana. Esta anlise foi objeto de um estudo apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais - ABEP10, que se utiliza dos microdados do Censo Demogrfico de 2000. A Tabela 14 foi construda com os dados apresentados neste estudo e mostra que, do total de migrantes que se dirigiram para Florianpolis, 58% compunha-se de pessoas nascidas fora do Estado de Santa Catarina, enquanto que nos demais municpios da Regio apenas 26% no eram provenientes de fluxos migratrios internos ao Estado. Dessa forma, corrobora-se a afirmao de que o municpio de Florianpolis apresenta maior poder de atrao em relao s populaes originrias de redes urbanas da escala brasileira. Por outro lado, os demais municpios da RMF apresentam grande poder de atrao no contexto das migraes catarinenses.11 Em pesquisa realizada pela Epagri12 com migrantes de origem rural que se fixaram nos municpios da regio no perodo de 1995 a 2005, constatou-se que entre os migrantes de origem rural que se fixaram em Florianpolis, 40% provinham de outros estados, distinguindose do comportamento dos outros municpios. Assim, constata-se que o poder de atrao da capital no se restringe aos migrantes urbanos, mas se estende tambm a aqueles sados diretamente do campo. Cabe salientar que as causas das migraes e da determinao dos fluxos de origem e destino, no respondem a uma relao mecnica entre a preponderncia dos mecanismos deALVES, Pedro Assumpo, BAENINGER, Rosana Aparecida. Regio Metropolitana de Florianpolis: Migrao e dinmica da expanso urbana. Estudo apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais ABEP Caxambu MG. 2008 ALVES, Pedro Assumpo, BAENINGER, Rosana Aparecida. Regio Metropolitana de Florianpolis: Migrao e dinmica da expanso urbana. Estudo apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais ABEP Caxambu MG. 2008 CASAGRANDE, W. A. Causas da migrao rural urbana na regio da Grande Florianpolis; relatrio de pesquisa -Sntese regional. Florianpolis: Epagri - Cepa, 2006.PMHIS . produto 02 . insero regional . Reviso 2 . PMF . VERTRAG . junho 20091211

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expulso e de atrao. H sempre uma realidade que no responde s necessidades de uma populao e que provoca o desejo ou a contingncia de buscar outra condio em outro local mais favorvel. A pesquisa do Epagri apontou que para os entrevistados as causas centradas na renda, foram responsveis por mais de 45% dos casos de sada do meio rural nos quatro municpios pesquisados. Alis, estudos anteriormente desenvolvidos em reas rurais levaram a resultados semelhantes, confirmando que, do conjunto de fatores que determinam a migrao rural-urbana, as de ordem econmico-financeira ocupam situao de destaque. Deve-se considerar, ainda, a falta de terra prpria que, de uma maneira geral, apontada tambm como uma das causas determinantes do xodo pelos quatro municpios.13 Tabela 13 . Procedncia da Populao Migrante da Regio Metropolitana e Municpio de Florianpolis. Santa Catarina. 2000. (%) Local de Procedncia Santa Catarina Outros Estados e pases estrangeiros Total Florianpolis 41,6 58,4 100,0 Demais Municpios 74,3 25,7 100,0

Fonte: Artigo: Regio Metropolitana de Florianpolis: migrao e dinmica da expanso urbana. Pedro Assumpo Alves e Rosana Aparecida Baeninger. Com dados do Censo Demogrfico 2000

Um grande contingente populacional apresenta vnculos trabalhistas com o municpio sede, no entanto, devido ao preo da terra em Florianpolis, as populaes que apresentam menores nveis de renda estabelecem residncia nos municpios do entorno. Ao mesmo tempo em que Florianpolis exerce um grande poder de atrao de fluxos migratrios, tambm est em curso um processo de expulso de populao da capital para os municpios de sua regio. De acordo com os dados da Tabela 15, Florianpolis recebeu 3.385 pessoas na condio de economicamente ativas, provenientes dos municpios vizinhos, porm, saram de Florianpolis com destino aos municpios da regio 12.789 pessoas, de acordo com o Censo Demogrfico de 2000. Tabela 14 . Migrao Intrarregional da Populao Economicamente Ativa. Regio Metropolitana de Florianpolis. Santa Catarina. 2000 Municpios Biguau Palhoa rea Conurbada So Jos Subtotal dos municpios da regio para Florianpolis 213 603 2.414 3.230 de Florianpolis para os municpios da Regio 1.130 2.774 8.548 12.452

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Ibid, pg. 26

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Municpios guas Mornas Antonio Carlos Gov. Celso Ramos Demais Municpios Sto Amaro da Imperatriz So Pedro de Alcntara Subtotal Total Geral

dos municpios da regio para Florianpolis 12 29 91 23 155 3.385

de Florianpolis para os municpios da Regio 36 26 88 167 35 352 12.804

Fonte: Artigo: Regio Metropolitana de Florianpolis: migrao e dinmica da expanso urbana. Pedro Assumpo Alves e Rosana Aparecida Baeninger. Com dados do Censo Demogrfico de 2000.

Este fenmeno no exclusivo da realidade de Florianpolis, pois se repete nas demais regies metropolitanas e outras regies polarizadas. Trata-se do transbordamento do ncleo urbano polarizador sobre os municpios de seu entorno, produzindo uma ocupao nas reas perifricas em forma de mancha contnua. A expulso de populao resulta principalmente dos custos maiores para a manuteno das famlias no espao fsico e social da capital, notadamente, os gastos com habitao. Portanto, a populao que sofre este processo, na maioria dos casos, composta por populao de renda mais baixa que se desloca para os municpios vizinhos com vistas a diminuir os gastos com moradia. Como estas famlias continuam mantendo fortes vnculos econmicos e com a rede de servios da capital, amplia-se o volume de deslocamentos intraregionais, trazendo tambm custos maiores com o transporte intermunicipal que recaem sobre esta populao. De acordo com o estudo apresentado no XVI Encontro Nacional da ABEP14 a mensurao destes fluxos intrarregionais, conforme Tabela 16, mostra o grau de interao e de dependncia dos municpios da regio de Florianpolis com o municpio sede. Tais fluxos, denominados neste estudo de movimentos pendulares, so significativos na regio, envolvendo em 2000, 15% da populao com mais de 14 anos de idade. Os municpios cujos movimentos pendulares so proporcionalmente maiores em relao a prpria populao nesta faixa etria (23% a 28%) so, So Jos, Palhoa, So Pedro de Alcntara, Biguau e Governador Celso Ramos. A influncia do municpio de Florianpolis na regio fica evidente quando se verifica que 65,61% do movimento pendular teve como destino esse municpio. Considerando o nmero de pessoas que declararam deslocar-se para trabalhar ou estudar em Florianpolis destacam-se os residentes em So Jos, seguidos pelos moradores em Palhoa e Biguau. Estes dados reforam a constatao da forte interrelao entre os quatro municpios que se apresentam conurbados, considerando-se a poro continental de Florianpolis.

ALVES, Pedro Assumpo, BAENINGER, Rosana Aparecida. Regio Metropolitana de Florianpolis: Migrao e dinmica da expanso urbana. Estudo apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais ABEP Caxambu MG. 2008PMHIS . produto 02 . insero regional . Reviso 2 . PMF . VERTRAG . junho 2009

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Tabela 15 . Populao com 14 anos e mais que trabalha ou estuda em um municpio distinto do municpio de residncia. Regio Metropolitana de Florianpolis. Santa Catarina. 2000.No pendula No trabalha / estuda Biguau rea Conurbada Fpolis Palhoa So Jos Subtotal . Mornas Demais Municpios A. Carlos G. C. Ramos Sto. A. da Imperatriz S. P. de Alcntara Subtotal Total Geral 13.488 172.424 27.598 52.974 266.484 1.986 3.004 3.041 5.875 1.116 15.022 281.506 11.648 79.010 23.674 39.140 153.472 1.157 1.119 3.432 3.270 923 9.901 163.373 8.327 9.160 19.626 35.356 72.469 725 610 1.940 2.053 700 6.028 78.497 33.463 260.594 70.898 127.470 492.425 3.868 4.733 8.413 11.198 2.739 30.951 523.376 % pop. que pendula 24,88 3,51 27,68 27,74 14,72 18,74 12,89 23,06 18,33 25,56 19,48 15,00 Pendulares com direo a Fpolis pes. 5.186 11.835 31.606 48.627 416 371 687 1.209 192 2.875 51.502 % 62.28 60,30 89,39 67,1 57,37 60,88 35,40 58,89 27,45 47, 69 65,61

Municpio

Pendula

Total

Fonte: Artigo: Regio Metropolitana de Florianpolis: migrao e dinmica da expanso urbana. Pedro Assumpo Alves e Rosana Aparecida Baeninger. Com dados do Censo Demogrfico de 2000.

A concluso obtida das informaes, diz respeito a uma sucesso de componentes direcionadas s restries de reas destinadas instalao de indstrias na poro insular do municpio sede, no que se refere s implicaes ao meio ambiente, quantidade de vazios urbanos para a locao da demanda de populao e tambm ao elevado custo da terra no municpio de Florianpolis.

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Figura 12 . Fluxos Migratrios da Regio Conurbada

Fluxos em direo FlorianpolisFonte: VERTRAG/2009

Fluxos sados de Florianpolis

5.2.2. Estrutura Etria O processo migratrio se faz sentir, tambm, na estrutura etria da populao. Observando-se os Grficos 04 e 05 que trazem a representao da distribuio da populao do municpio de Florianpolis por faixas de idade em 1980 e em 2000 respectivamente, percebem-se alteraes significativas nesses 20 anos. Enquanto em 1980 o grfico apresenta um desenho piramidal, com uma base mais ampla que vai se afunilando conforme representa a populao adulta e idosa, o grfico relativo a 2000 tem uma forma bojuda, com uma base menor, o meio mais largo e um pice menos afunilado. Isso indica a diminuio da natalidade, o que significa menos crianas na base da pirmide e um aumento da longevidade da populao, isto , maior nmero de idosos na composio populacional. Este um fenmeno comum na realidade dos paises em desenvolvimento e que acompanha o processo de urbanizao, o melhor acesso informao, a programas de planejamento familiar, ao aumento da conscincia sobre as dificuldades para a manuteno de uma famlia numerosa, participao maior da mulher no mercado de trabalho, entre outros aspectos. Mas, os grficos mostram tambm, um destaque na participao das faixas etrias de jovens de 15 a 19 anos e de 20 a 24 anos nas duas dcadas. Este desempenho resulta, principalmente, da migrao de populao jovem para o municpio. Outro aspecto que merece destaque a distribuio da populao por sexo. Nascem mais crianas do sexo masculino que do feminino e ao longo dos anos a mortalidade maior de homens inverte esta posio inicial. Esta caracterstica esperada na composio das populaes, porm est se acentuando em muitos municpios devido violncia que atinge, principalmente, os jovens e adultos do sexo masculino, ocasionando a morte precoce de parcelas significativas dos homens jovens. Esta situao pode estar se configurando emPMHIS . produto 02 . insero regional . Reviso 2 . PMF . VERTRAG . junho 2009

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Florianpolis, pois houve reduo de 0,4% na participao proporcional entre os sexos com vantagem para o sexo feminino. No entanto, ainda muito pequena esta alterao para estar indicando uma tendncia.

Grfico 4 . Estrutura Etria da Populao Residente em Florianpolis. 198070 e + 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5a9 0a4 15000 10000 5000 0 5000 10000 15000 Mulheres Homens

Fonte: Datasus, 1980.

Grfico 5 . Estrutura Etria da Populao Residente em Florianpolis. 200070 e +

60 a 64

50 a 54

40 a 44

Mulheres Homens

30 a 34

20 a 24

10 a 14

0a4 -20.000 -15.000 -10.000 -5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000

Fonte: Datasus, 2000.

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5.2.3. Projeo A dinmica populacional de Florianpolis ainda no alcanou um patamar de estabilidade como se pode concluir a partir da anlise dos dados apresentados. Sua populao cresce a um ritmo maior que o crescimento vegetativo, porm com tendncia diminuio da intensidade da curva de crescimento e sua estrutura etria e de sexo est em processo de alterao do perfil. Com uma populao com estas caractersticas, a tarefa de projetar para o futuro o comportamento provvel e chegar a expressar em valores quantitativos, apresenta um considervel grau de dificuldade. O Instituto de Planejamento Urbano de Florianpolis IPUF encomendou um estudo da dinmica demogrfica do municpio e da projeo da populao at o ano de 205015, como base para o Plano Diretor de Florianpolis e para os demais planos. A metodologia utilizada pelo autor partiu do estudo dos dados populacionais apresentados pelos censos a partir de 1950 e da correo dos valores relativos ao montante e distribuio populacional, para ento projetar o crescimento tendencial. Utilizar-se- para efeito do presente plano habitacional apenas os dados referentes projeo da populao total do referido trabalho, sem a preocupao de detalhar os dados por distrito e por idade, conforme apresentados na Tabela 16, a seguir. Tabela 16 . Projeo da populao de Florianpolis. 2010 a 2050 ANOS 2010 2020 2030 2035 2040 2045 2050Fonte: Aspectos socioeconmicos Plano Diretor, 2008.

POPULAO 525.719 649.958 756.251 799.687 836.101 861.784 876.159

De acordo com os dados da projeo, em 2010 Florianpolis contaria com cerca de 525.000 pessoas, o que significaria, em relao aos dados do Censo Demogrfico de 2000, um crescimento proporcional em 10 anos de 53%. Comparando-se com as taxas de crescimento percentual nas ltimas dcadas, que constam da Tabela 9, estas estiveram em torno de 35% em cada perodo de 10 anos. Considerando que a realizao do Censo Demogrfico de 2010 est prximo do perodo em que se est realizando o presente plano habitacional, pode-se sugerir uma reviso das

Campanrio. Paulo. Florianpolis: Dinmica Demogrfica e Projeo da Populao por sexo, grupos etrios, distritos e bairros (1950 a 2050). Instituto de Planejamento Urbano de Florianpolis. (IPUF), 2007.

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projees populacionais to logo os novos dados censitrios sejam disponibilizados, como subsdio necessrio para o monitoramento