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Átomos com mesmo número de prótons (número atômico, Z) e diferente
número de nêutrons (N), ou seja, elementos com massas atômicas
diferentes: (A = Z+N).
Chamados de estáveis quando não emitem radiação -seja em forma de
energia ou partículas subatômicas.
O que são isótopos?
Exemplo clássico: elemento hidrogênio
Hidrogênio Deutério Tritium
1 nêutron 2 nêutrons(não é estável)
Ishida, 2007
Exemplos de isótopos estáveis com particular interesse em estudo ligados à processos ambientais:
Carbono 12C Carbono 13C
Nitrogênio 15N
6 prótons6 nêutrons
6 prótons7 nêutrons
Nitrogênio 14N
7 prótons7 nêutrons 7 prótons
8 nêutrons
Ishida, 2007
Abundância média dos elementos mais utilizados em estudos ambientais
Elemento Isótopo Abundância
Hidrogênio 1H 98.98D 0.02
Carbono 12C 98.8913C 1.11
Nitrogênio 14N 99.3415N 0.37
Oxigênio 16O 99.7617O 0.03718O 0.199
Enxofre 32S 95.0234S 4.21
Ishida, 2007
Conceitos importantes:
1- Razão isotópica (R) – relação entre o isótopo mais raro(pesado) /mais abundante (leve).
HD
OO
NN
CC
levepesado
abundanteraroR ====== 16
18
14
15
12
13
Mudança isotópica fenômeno altera a relação R
13
12
mais pesado= mais “lento”nas reações físico-químicas.
Logo, o R do produtodeve apresentar valor distinto
do R do substrato
Ex: carbono
Ishida, 2007
Onde são analisadas as amostras?
Espectrômetro de massas:
“ioniza as moléculas gasosas e separa os íons em espectros de acordo com a razão massa/carga
(A/Z)”
Ishida, 2007
(1)
1. Fonte de ionização 2. Analisador 3. Feixes iônicos de diferentes massas
(correntes elétricas amplificadas e registradas)
4. Computador-
+
+
+
12C16O16O massa 44
13C16O16O massa 45
12C18O16O massa 46
++
+(3)
(2)
+
Alto vácuo
capilar
Balões p/ padrão Balões p/ amostraspreparadas off-line
Alto vácuo
vácuo
(4)
Ishida, 2007
Visão do interior do
espectrômetro
Ishida, 2007
LEI-CENA/USP
Ishida-2006
2- Fracionamento isotópico:
O fator de fracionamento (a), é definido pela relação entre a razão isotópica do substrato e a
do produto
produto
substrato
RR=a
Ishida, 2007
Geralmente com valores próximos `a unidadeExemplo: 1,007; 0,998; 1,029
Fracionamento isotópico está associado a dois processos:
a) Fracionamento termodinâmico: ocorre em situações deequilíbrio químico e varia em função da temperatura.ex: equilíbrio isotópico do oxigênio (equilíbrio de fase daágua líquida e o vapor)
b) Fracionamento cinético: geralmente associado aprocessos biológicos e físicos. ex: CO2 é fracionado aose difundir do ar (via estômatos) até ao interior dostecidos vegetais. Poro estomático
Ishida, 2007
O bicarbonato nos oceanos têm um valor de δ13C variando entre 0 e 2‰, portanto podemos dizer que o CO2 atmosférico fica empobrecido em 13C em relação ao bicarbonato. Este é um exemplo clássico de fracionamento termodinâmico, onde devido às ligações atômicas o bicarbonato retém mais 13C que o CO2 atmosférico.
Ishida, 2007
3- Fator de enriquecimento (e) ou Discriminação isotópica (∆) :
ØÉ o fracionamento isotópico subtraído da unidade:
e = dsubstrato+1dproduto+1
-1
e = dsubstrato - dprodutodproduto+1
aproximadamente = 1, ou seja:
∆ = e= dsubstrato-dprodutoIshida, 2007
e = a -1
4- Notação “d” (delta)
As alterações na composição isotópica absoluta de umdeterminado composto são geralmente ínfimas, dificultandobastante sua determinação. Para simplificar, utiliza-se odesvio da razão R com relação àquela de um padrão. Anotação d é expressa da seguinte maneira:
1-=-
=padrão
amostra
padrão
padrãoamostra
RR
RRR
δ
Ishida, 2007
Padrão Elemento R
Pee dee Belamnitela (PDB) CO
13C/12C = 0,011237218O/16O = 0,0020671
Nitrogênio atmosférico N 15N/14N = 0,0036765
Vienna Standard Mean Ocean Water (V-SMOW)
HO
D/H = 0,0001557618O/16O = 0,00200520
Padrões utilizados
Exemplo: Uma determinada amostra de carbono tem a seguinte razão isotópica (R):
Ramostra = 0,0110740Ishida, 2007
Como os valores da notação δ são numericamentepequenos, convencionou-se que resultado deverá sermultiplicado por 1000, passando então:
δ = - 14.52 ‰ (por mil)
1-=padrãoamostraRRδ
Teremos o seguinte valor δ:
Lembrando a fórmula:
δ = 10,0110740
0,01123720145230 ,-=-
Ishida, 2007
Ex:Qual é a discriminação isotópica de um sistema onde o substrato tem um d13C= -8 ‰ e o produto = -27,5 ‰?
∆ = e= dsubstrato - dprodutodproduto+1
∆ = e= -0,008 – (-0,0275)-0,0275+1
* 1000
∆= e= 20,05‰
Ishida, 2007
5- Diluição Isotópica/ modelo de mistura
A + B = P, multiplicando-se cada membro pelo respectivo d:
(A.dA) + (B.dB) = dP, substituindo-se teremos:
BA
BPAdddd
--
=
Imagine um produto (P) formado por dois substratos/fontes (A e B)/”ingredientes”
+ =
Ishida, 2007
Ex:Conversão
(10 anos)
floresta pastagem
dCA= -27‰ dCB= -12‰
=
matéria org. do solo
dCprod=-21‰
(mistura da floresta+pastagem)- Qual a contribuição de cada fonte???
BA
BPAdddd
--
= =-21-(-12)
-27-(-12)= 0,6 60%
A= 60%
B= 40%
Ishida, 2007
Porque usar isótopos estáveis em estudos ambientais?
1. Os isótopos identificam o elemento de interesse além de possuírem características físicas e químicas apenas levemente diferenciadas.
2. A concentração do isótopo mais raro é muito pequena, sendo que mudanças nestas concentrações não mudam as propriedades do sistema.
3. A composição isotópica varia de forma previsível
conforme o elemento cicla pela biosferaIshida, 2007
SOLOS e detritos 1580 -2190
VEGETAÇÃO470-655
OCEANOS40.000ROCHAS
65 500 000
ATMOSFERA750
Valores em Pg (1015g) ou bilhões de t de C
Ciclo do carbono global
PPB e R= 60
61,4
Mudan
ças u
so da
terr
a
1,6
0,5
90
92
Combustível fóssil e
produção de cimento
5,5
Concentração e razõesisotópicas do oxigênio ecarbono do CO2 atmosféricona região de Barrow, Alaska,entre os anos de 1990 e2000.
(anos)
(anos)
Queima de combustível fóssil
Mudanças no uso da terraEm
issã
o an
ual p
/ atm
osfe
ra (P
g C
)
Emissão anual de C para aatmosferapor ações antrópicas.
Vegetação
• PlantasC4Plantas C3
Plantas CAM
Não vamos estudar
Célula mesofilocloroplastos
Estômatos
Células da bainha
O fracionamento durante o processo de fotossíntese das C3 e C4, determinam o sinal isotópico do produto final
d13Cfolha = d13Ca - a - (b - a) • ci/ca
4,4 ‰ 27,5 ‰ (0,4 – 0,9)-8 a -14 ‰* Valores calculados
EQUAÇÃO de Farqhuar
Ishida-2006
Ci
Ca
CO2
d13C (‰)
Freq
uênc
ia d
e es
péci
es
-30 a -25‰ -15 a -12‰
C4
C3
Composição isotópica do solo
-12
-14
-16
-18
-20
-22
-24
-26
-28
-30
-32
d13 C
(‰)
0 100 200 300 400 500 600 800 1000
Vegetação C4
Vegetação C3
Distância dos transectos (m)
gramíneas transição floresta
* O solo tende a ter uma composição isotópica similar a cobertura vegetal
presente
Ishida-2006
Frasco com AR
Analisador GashoundC
concentração em campo
Sistema da Câmara
Ishida-2006
Folhasδ13Cfolha
Ishida-2006
d13Ce
co
Fluxo de CO2 e d13C
Fluxo de CO2 e d13C
Fluxo de CO2 e d13C
Fluxo de CO2 e d13C
Fluxo de CO2 e d13C
Fluxo de CO2
Ishida-2006
UVas = -28 o/oo Cana de açúcar = -12 o/oo
Vinho = -27o/oo
Cachaça = -11o/oo
Fermentação
?
Valores de d13C de amostras de uva, mosto, vinho padrão eleaborado pela Embrapa e vinhos nacionais agrupados conforme o tipo do vinho.
d13C (‰)
Média Desv.-pad. N
Uva -26.7 0.6 11
Mosto -27.8 0.4 10
Vinho padrãoEmbrapa
-27.5 0.6 12
Tinto seco -23.4 2.0 109
Tinto demi-sec -23.7 1.1 11
Tinto suave -23.5 1.5 21
Branco seco -22.3 2.1 39
Branco demi-sec -21.3 2.9 10
Branco suave -21.5 2.3 40
Rose suave -21.2 2.9 10
Espumante Brut -20.5 1.2 18
Espumante Asti -19.4 2.9 4
Espumante Demi-sec -18.3 1.3 8
Espumante Doce -15.1 2.1 3
d13C (o/oo)
Núm
ero
de o
bser
vaçõ
es
Eu ro pa
-29 -27 -25 -23 -21 -19 -17 -15 -1302468
101214161820222426
Canadá
-29 -27 -25 -23 -21 -19 -17 -15 -13
EUA
-29 -27 -25 -23 -21 -19 -17 -15 -1302468
101214161820222426
Brasil
-29 -27 -25 -23 -21 -19 -17 -15 -13
Distribuição de valores de δ13C de amostras de cervejas produzidas em países da Europa, no Canadá, Estados Unidos e Brasil. Adaptado por Brooks et al. (2003).
-30
-25
-20
-15
-10
-5
0Brandy
internacionalBrandy nacional Conhaque-de-
gengibre
d13C
(o / oo)
Média e desvio padrão dos valores de δ13C de amostras de brandies elaborados em outros países
(internacional) e no país (nacional) e de amostras de conhaque de gengibre.
O mel vem das plantas C3
O que vem da cana de açúcar (C4) não é mel
X(mas muita gente vende como se fosse...)
amostras
d13 C
(‰)
-14-15-16-17-18-19-20-21-22-23-24-25
Maioria das amostras eram de origem C4
Poucas amostras eram mel puro....
8.5
9.0
9.5
10.0
10.5
11.0
11.5
12.0
-22 -20 -18 -16 -14
d13C (o/oo)
d15
N (o / o
o)
Americanos
Brasileiros do sudeste
Santarém-PAFlona
Santarém-PAvárzea
C4 PLANTSC3 PLANTS
++ proteína animal
-- proteína animal