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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão 1 Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios de Vila Velha de Ródão CADERNO II – Informação de Base 2008-2012

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

1

Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios de Vila

Velha de Ródão

CADERNO II – Informação de Base

2008-2012

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Introdução.....................................................................................................................................................................................5

1. Caracterização Física ...............................................................................................................................................................6

1.1. Enquadramento geográfico do concelho.............................................................................................................................6

1.2. Hipsometria .........................................................................................................................................................................7

1.3.Declives ................................................................................................................................................................................8

1.4. Exposições...........................................................................................................................................................................9

1.5.Recursos Hídricos ..............................................................................................................................................................10

2. Caracterização Climática ......................................................................................................................................................11

2.1. Temperatura ......................................................................................................................................................................12

2.2. Humidade Relativa do Ar ..................................................................................................................................................14

2.3 Vento...................................................................................................................................................................................15

2.4. Precipitação ......................................................................................................................................................................17

3.Caracterização da população .................................................................................................................................................18

3.1. População residente e densidade populacional ................................................................................................................19

3.2 Estrutura etária e índice de envelhecimento ......................................................................................................................20

3.3. Outros indicadores sócio – económicos ............................................................................................................................22

3.3.1. Taxa de analfabetismo................................................................................................................................................22

3.3.2. População activa e sectores de actividade ..................................................................................................................22

3.4 Implicações do retrato populacional para a defesa da floresta contra incêndios .............................................................23

4. Caracterização do uso e ocupação do solo e usos especiais.................................................................................................24

4.1. Uso e Ocupação do solo....................................................................................................................................................24

4.2. Povoamentos florestais......................................................................................................................................................25

4.3. Áreas Protegidas, Rede Natura 2000 e Regime Florestal.................................................................................................28

4.4. Instrumentos de Gestão Florestal......................................................................................................................................29

4.5. Zonas de recreio, caça e pesca..........................................................................................................................................30

4.6. Romarias e festas...............................................................................................................................................................31

5.Análise do histórico e causalidade dos incêndios florestais..................................................................................................32

5.1. Área ardida e número de ocorrências – distribuição temporal ........................................................................................32

5.1.1. Distribuição anual da área ardida e do número de ocorrências ..................................................................................32

5.1.2.Distribuição mensal da área ardida e do número de ocorrências.................................................................................35

5.1.3. Distribuição semanal ..................................................................................................................................................36

5.1.4. Distribuição diária da área ardida e do número de ocorrências ..................................................................................37

5.1.5. Distribuição horária....................................................................................................................................................38

5.2. Incidência dos incêndios sobre os espaços florestais........................................................................................................39

5.3. Área ardida e número de ocorrências por classes de extensão - os grandes incêndios....................................................41

5.4. Pontos de início e causas ..................................................................................................................................................45

5.5. Fontes de Alerta ................................................................................................................................................................46

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Índice de quadros

Quadro 1 – Área das freguesias.................................................................................................................................. 6

Quadro 2 – Distribuição em área das classes hipsométricas ........................................................................................... 7

Quadro 3 – Distribuição das classes de declive ............................................................................................................. 8

Quadro 4 – Distribuição da orientação das encostas em relação ao Norte geográfico......................................................... 9

Quadro 5 - Valores das frequências e velocidades dos ventos, por rumo (E.M. de Castelo Branco 1960 – 1990) .................15

Quadro 6 – População residente em 1981,1991 e 2001 (fonte INE) ...............................................................................19

Quadro 7 – Densidade populacional (1981/1991/2001), fonte INE.................................................................................19

Quadro 8 – Índice de envelhecimento (1991/2001) ....................................................................................................21

Quadro 9 – Taxa de analfabetismo (1991/2001), fonte INE ..........................................................................................22

Quadro 10 – População residente segundo a condição perante o trabalho.......................................................................22

Quadro 11 – Principais usos do solo...........................................................................................................................24

Quadro 12 – Espaços florestais por freguesia (em área e em percentagem da área total do concelho) ...............................24

Quadro 13 – Uso do solo. Variação 1990 – 2003. ........................................................................................................25

Quadro 14 – Ocupação Florestal................................................................................................................................25

Quadro 15 – Ocupação florestal. Dados comparativos 1990 – 2003. ..............................................................................26

Quadro 16 – Nº de grandes incêndios por classe de extensão (1996 - 2006) ..................................................................42

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Índice de gráficos

Gráfico 1: Distribuição mensal das temperaturas médias, médias das máximas e média das mínimas (Normais 1960 - 1990,

Estação Meteorológica de Castelo Branco ...................................................................................................................12

Gráfico 2: Humidade relativa do ar às 9:00 e às 15:00. Normais climatológicas 1960 – 1990. Estação meteorológica de

Castelo Branco........................................................................................................................................................14

Gráfico 3 – Frequência (%) relativamente ao rumo dos ventos por médias mensais para o período 1960 -1990 ..................16

Gráfico 4 – Velocidade média (Km/h ) para cada rumo relativamente às médias mensais. Período de 1960 – 1990 .............16

Gráfico 5 – Distribuição mensal da precipitação total e da precipitação máxima diária. Estação meteorológica de Castelo

Branco, Normais 1960 – 1990...................................................................................................................................17

Gráfico 6 Pirâmides etárias para os anos de 1991 e 2001 .............................................................................................20

Gráfico 7 – Distribuição da população activa pelos sectores de actividade.......................................................................23

Gráfico 8 – Distribuição anual da área ardida e no número de ocorrências (1980 e 2006).................................................33

Gráfico 9 – Distribuição da área média ardida anualmente e do nº de ocorrências médio anual em 2006 e média no

quinquénio 2001- 2005, por freguesia........................................................................................................................34

Gráfico 10 – Distribuição da área ardida e do n.º de ocorrências em 2006 e média no quinquénio 2001-2005 por espaços

florestais em cada 100 hectares ................................................................................................................................35

Gráfico 11 – Distribuição mensal da área ardida e do número de ocorrências em 1996 e média para o período 1996 - 2005.36

Gráfico 12 – Distribuição de ocorrências por dia de semana para o período de 1996 a 2006..............................................37

Gráfico 13 – Distribuição dos valores diários acumulados de área ardida e do nº de ocorrências (1996 – 2006) ..................38

Gráfico 14 – Distribuição dos valões horários acumulados de área ardida e do nº de ocorrências (1996 – 2006) .................39

Gráfico 15 – Distribuição da área ardida em espaços florestais (1980 - 2006) .................................................................40

Gráfico 16 – Distribuição da área total ardida e do número de ocorrências por classes de extensão (1996 - 2006) ..............41

Gráfico 17 – Distribuição anual da área ardida e do nº de ocorrências dos grandes incêndios ( >100 ha) - 1996 - 2006.......42

Gráfico 18 – Distribuição mensal da área ardida e do nº de ocorrências dos grandes incêndios ( >100 ha) 1996 - 2006.......43

Gráfico 19 – Distribuição semanal da área ardida e do nº de ocorrências dos grandes incêndios 1996 - 2006 .....................43

Gráfico 20 – Distribuição horária da área ardida e do nº de ocorrências dos grandes incêndios 1996 - 2006 .......................44

Gráfico 21 – Distribuição do nº de ocorrências por fontes de alerta (2001 - 2006)...........................................................46

Gráfico 22 – Distribuição do nº de ocorrências por fonte de hora de alerta (2001 - 2006).................................................47

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Com a aprovação do Sistema Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios introduziu-se um novo

sistema de planeamento na defesa contra incêndios, tendo nesse âmbito sido criado o Plano

Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios (P.M.D.F.C.I.), cuja estrutura tipo foi definida na

Portaria n.º 1185/2004, de 15 de Setembro. Posteriormente a aprovação do Plano Nacional de

Defesa da Floresta contra Incêndios criou a figura do Plano Operacional Municipal, peça que deveria

integrar, também, os P.M.D.F.C.I..

Assim sendo, houve necessidade de introduzir na estrutura tipo dos P.M.D.F.C.I. as alterações do

novo quadro legal bem como aquelas que resultaram da experiência que a aplicação da anterior

Portaria aconselhava.

Desta forma o Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios de Vila Velha de Ródão, foi

elaborado pela Comissão Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios de Vila Velha de Ródão de

acordo com a nova legislação existente (Portaria n.º 1139/2006, de 25 de Outubro), seguindo as

orientações do actual guia metodológico da Direcção Geral dos Recursos Florestais para o auxílio à

feitura destes planos, com base no trabalho já efectuado em 2006 e procedendo à actualização de

todas as bases de dados e validação de estruturas no terreno, de forma a produzir um documento

actual e com valor prático para a defesa da floresta concelhia contra o flagelo dos fogos florestais.

Introdução

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1.1. Enquadramento geográfico do concelho

O concelho de Vila Velha de Ródão situa-se no distrito de Castelo Branco, fazendo fronteira a oeste

com o concelho de Proença-a-Nova, a norte e a leste com o concelho de Castelo Branco, a sul com

os concelhos de Mação (Distrito de Santarém) e Nisa (Distrito de Portalegre).

Relativamente à Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins Estatísticos (NUT), o concelho

enquadra-se na Beira Interior Sul (NUT III), Região Centro (NUT II).

O concelho tem uma área aproximada de 329,92 Km2, encontrando-se dividido por quatro

freguesias (Quadro 1). Facilmente se identificam os limites do concelho, uma vez que é, na sua

quase totalidade, limitado por cursos de água: em toda a parte ocidental pelo rio Ocreza, a Norte

por alguns ribeiros, nomeadamente o ribeiro da Quinta, a Este pelo rio Pônsul, que limita também

toda a parte Sudeste.

A representação cartográfica dos limites de concelho e freguesia encontra-se no anexo cartográfico

(mapa 1).

A informação geográfica relativa aos limites administrativos é do Instituto Geográfico Português

(carta administrativa oficial de Portugal - 2006).

Quadro 1 – Área das freguesias

Freguesias Área (ha)

Fratel 9784.23 Perais 8195.44 Sarnadas de Ródão

5967.69

Vila Velha de Ródão

9044.16

Total 32991.53

O concelho insere-se na Circunscrição Florestal do Centro da Direcção Geral dos Recursos Florestais,

Núcleo Florestal de Castelo Branco.

1. Caracterização Física

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1.2. Hipsometria

O mapa hipsométrico em anexo (mapa 2 / anexo) é elucidativo quanto à variação altimétrica do

concelho. As altitudes mais baixas observam-se na proximidade do rio Tejo e vão aumentando

sensivelmente de sul para norte. As altitudes mais baixas (inferiores a 100 metros) situam-se na

confluência do rio Tejo com o rio Ocreza. Na Serra das Talhadas, encontram-se as altitudes mais

elevadas, nomadamente o ponto mais alto a 569 metros

A maior parte do concelho situa-se entre os 100 e os 300 metros de altitude (quadro 2), com

apenas 0,13% da área do concelho com altitudes superiores a 500 metros.

Verifica-se uma variação positiva da precipitação média anual, que acompanha de modo sensível a

variação da altitude verificada no concelho. As zonas mais altas serão também mais propícias à

ocorrência de precipitações ocultas. Valores superiores da precipitação média anual reflectem-se no

crescimento da vegetação, na composição das formações vegetais e no teor em humidade dos

combustíveis, afectando portanto o comportamento do fogo.

Quadro 2 – Distribuição em área das classes hipsométricas

Classes

Hipsométricas (m)

Área do

concelho

(%)

0 - 100 4.25

100 - 200 38.29

200 - 300 39.38

300 - 400 15.94

400 - 500 2.00

> 500 0.13

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1.3.Declives

A análise do declive é determinante para o planeamento da defesa da floresta contra incêndios,

uma vez que é um dos factores que mais influencia o comportamento do fogo e que condiciona a

acessibilidade às manchas florestais, com as consequências inerentes para as acções de combate,

prevenção e condução dos povoamentos.

O relevo pode ainda determinar a existência de condições meteorológicas particulares. Por exemplo

os vales apertados são favoráveis ao aumento da velocidade do vento o que pode determinar uma

maior velocidade de propagação das chamas.

É sabido que, regra geral as velocidades de propagação das chamas aumentam face a maiores

valores de declive, para além de que terrenos mais acidentados terão uma maior dificuldade de

acesso e consequentemente prefiguram um combate terrestre mais difícil.

De modo a analisar os declives foi produzida o respectivo mapa de declives (mapa 3 / anexo),

utilizando para o efeito a altimetria do concelho e utilizando o módulo spatial analist do software

ArcGiS 9.1

A análise estatística dos declives releva a dominância de declives relativamente suaves (0 a 10%)

que caracterizam mais de 40% da área do concelho.

Quadro 3 – Distribuição das classes de declive

Classes de declive % Área do concelho

0 - 10% 42.73

10 a 20% 29.94

20 a 30% 13.96

30 a 40% 7.44

>40% 5.93

Os declives superiores a 30% são praticamente exclusivos da zona serrana, das vertentes dos rios

Tejo e Ocreza e das principais ribeiras. Destas, destacam-se pela presença de declives mais

acentuados a ribeira do Alçafal, de Vilas Ruivas, do Prior e da Micoca.

A zona serrana situada na parte central do concelho, entre os limites da freguesia de Fratel e de Vila

Velha de Ródão, destaca-se pela presença de declives bastante acentuados, numa área

relativamente extensa e que é dominada por espaços florestais.

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1.4. Exposições

A exposição do terreno condiciona o desenvolvimento e a composição das formações vegetais, bem

como o teor de humidade dos complexos de combustível. Regra geral, nas exposições mais

soalheiras (Sul e Oeste) os combustíveis apresentam-se com teor de humidade mais baixo,

contribuindo assim para uma mais rápida progressão das chamas. As exposições mais sombrias

podem albergar espécies mais exigentes em humidade, menos combustíveis, sendo o complexo de

combustíveis menos favorável à progressão dos incêndios.

Predomina no concelho um relevo ondulado, com encostas suaves onde as exposições se repartem

de forma pouco diferenciada, com excepção da zona serrana das Talhadas e das envolventes às

linhas de água. Na Serra das Talhadas, com uma orientação Noroeste – Sudeste, as exposições

repartem-se de forma mais evidente entre as encostas com uma orientação Norte e Nascente e as

encostas com exposições Sul - Oeste.

Tal como consta no quadro 4 existe uma ligeira dominância dos terrenos planos (sem exposição

dominante), seguidas das exposições Oeste e Sul.

As exposições planas estão repartidas por todo o concelho, com uma maior expressão na freguesia

de Perais como se apresenta no mapa 4 (anexo).

Quadro 4 – Distribuição da orientação das encostas em relação ao Norte geográfico

Orientação Percentagem da área do

concelho (%)

Plano 25.59

Norte 15.94

Este 18.27

Sul 19.23

Oeste 20.97

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1.5.Recursos Hídricos

O concelho de Vila Velha de Ródão encontra-se integrado na bacia hidrográfica do Tejo, localizada,

em termos gerais, entre os paralelos 38º e 41º N.

Os principais cursos de água (mapa 5, em anexo) que atravessam o concelho são:

- O rio Ocreza delimitando a parte Oeste do concelho com os concelhos limítrofes de Proença-a-Nova

e a Norte com Castelo Branco;

- O rio Tejo, fazendo a divisão administrativa na parte Sul – Sudeste com o concelho de Nisa;

- O rio Pônsul, localizado na zona Este – Nordeste e dividindo Vila Velha de Ródão com Castelo

Branco.

Todos eles constituem rios principais e poderão funcionar estrategicamente como redes primárias de

descontinuidade dos combustíveis florestais, permitindo assim uma mais fácil intervenção aquando

de um incêndio proveniente de concelhos vizinhos.

A estes rios principais associam-se vários afluentes correspondentes a linhas de água permanentes

(com água durante todo o ano), temporárias (com água durante parte do ano) e efémeras (presença

de água unicamente quando chove). Das linhas de água permanentes destacam-se as ribeiras do

Açafal, Lucriz, Vilas Ruivas, Canefechal, Malaguarda e Enxarrique.

A existência de água durante o verão nas linhas de água permanentes aumenta as disponibilidades

hídricas para fazer face a incêndios florestais, podendo certos pontos ao longo dos cursos de água

ser aproveitados como locais de reabastecimento de viaturas de combate a incêndios.

As zonas envolventes às linhas de água, em particular às temporárias e permanentes, são

frequentemente zonas mais profundas e férteis e com maior teor em humidade, onde podem existir

ou ser instaladas espécies arbóreas mais exigentes em água e menos inflamáveis, constituindo

assim zonas de descontinuidade na paisagem florestal.

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11

Uma vez que os factores climáticos e meteorológicos determinam em grande medida a ocorrência e

a propagação dos incêndios florestais, o seu conhecimento e a sua correcta interpretação permitem

uma melhor gestão dos recursos materiais e humanos necessários para a prevenção e mitigação dos

incêndios florestais.

Das inúmeras variáveis que influenciam as condições ambientais de determinado local, salientam-se

o vento, temperatura e humidade relativa do ar e a precipitação.

Assim sendo, não será necessária uma caracterização exaustiva dos factores climáticos mas sim o

conhecimento da interferência destes no comportamento do fogo, de forma a identificar soluções

que maximizem a eficácia dos agentes envolvidos tanto na prevenção como detecção e supressão

dos incêndios florestais.

O território português está perante características climáticas em que facilmente se identifica a época

mais crítica para a ocorrência de incêndios, resultado de um clima tipicamente mediterrânico em que

a estação húmida corresponde ao clima frio e a estação seca ao clima quente.

Na análise seguinte são caracterizados os factores climáticos mais importantes particularmente para

os períodos mais relevantes sob o ponto de vista dos incêndios florestais.

São utilizados os valores das normais climatológicas 1960 – 1990 recolhidos na Estação

Meteorológica de Castelo Branco, adquiridas para o efeito ao Instituto de Meteorologia.

2. Caracterização Climática

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2.1. Temperatura

De acordo com os dados da Estação Meteorológica de Castelo Branco a temperatura média anual é

de 15,7ºC, sendo os meses de Julho e Agosto os que apresentam temperaturas médias mais

elevadas.

Durante os meses mais quentes, Julho e Agosto, a média das temperaturas máximas ultrapassa os

30º C, e a média das mínimas é superior a 17ºC. Os meses de Junho e Setembro são também

meses bastante quentes, com temperaturas máximas elevadas: 27, 3 e 28,3ºC respectivamente.

0.0

5.0

10.0

15.0

20.0

25.0

30.0

35.0

Tem

pera

tura

do

ar (C

º)

Temperatura médiamensal(°C)

8.3 9.4 11.3 13.4 16.7 21.1 24.3 24.5 22.1 17.1 11.7 8.6

Média das máximas (°C) 12.1 13.4 16.0 18.5 22.4 27.3 31.5 31.7 28.3 21.9 15.6 12.3

Média das mínimas(°C) 4.5 5.4 6.6 8.4 11.0 14.9 17.2 17.3 15.9 12.2 7.7 5.0

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Gráfico 1: Distribuição mensal das temperaturas médias, médias das máximas e média das mínimas (Normais 1960 - 1990,

Estação Meteorológica de Castelo Branco

O numero total de dias com temperaturas mínimas superiores a 20º C (com noites tropicais) é de 21

num ano, concentrando-se nos meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro.

Considera-se que ocorre uma onda de calor quando, num intervalo de pelo menos seis dias

consecutivos, a temperatura máxima diária é superior em 5ºC ao valor médio diário no período de

referência. A definição do índice de duração da onda de calor (HWDI – Heat Wave Duration Index) é

da Organização Meteorológica Mundial).

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As ondas de calor registadas em Portugal Continental em 2003 e 2005, afectaram a região onde se

insere o concelho de forma muito significativa e tiveram consequências muito gravosas no que

concerne aos incêndios florestais. Em Agosto de 2003 ocorreu o maior incêndio de sempre no

concelho de Vila Velha de Ródão, com uma área ardida superior a 5000 ha.

A onde de calor de 2003, está associada ao facto de Portugal Continental, entre 27 de Julho e 1 de

Agosto, ter sido afectado por uma massa de ar quente e seco transportada na circulação conjunta de

um anticiclone, que se estendeu em crista da região sul dos Açores, em direcção ao Golfo da Biscaia

e de um vale depressionário que se prolongou do norte de África até à Península Ibérica (fonte:

Livro Branco dos Incêndios Florestais de 2003).

Durante a onda de calor de 2003 a estação meteorológica de Castelo Branco registou temperaturas

máximas superiores a 35ºC durante 14 dias consecutivos, enquanto que o número médio de dias

com temperaturas acima daquele valor registado entre 1960 – 1991, e para o período compreendido

entre 27 de Julho e 14 de Agosto, é de apenas 2,9 dias.

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2.2. Humidade Relativa do Ar

A humidade relativa do ar influencia o comportamento do fogo ao afectar a humidade presente nos

combustíveis, em particular nos combustíveis finos e mortos. Valores muito baixos de humidade

relativa do ar, especialmente quando associados a temperaturas muito elevadas, favorecem a

secagem dos combustíveis e as condições para que ocorra a sua ignição.

A variação da humidade relativa do ar está intimamente relacionada com as variações de

temperatura do ar. Deste modo, compreende-se facilmente que os meses de menor humidade

relativa do ar coincidam com os meses de temperaturas mais elevadas. De acordo com as normais

climatológicas de 1960 – 1990, os valores mínimos da humidade relativa do ar registam-se nos

meses de Julho e Agosto, com valores médios às 15:00 de 34 e 32%, respectivamente.

Também ao longo do dia se regista variação da humidade relativa do ar, com os valores mais altos a

acontecer geralmente de madrugada e os mais baixos depois do meio-dia. As normais climatológicas

apenas dão indicação dos valores da humidade relativa do ar às 9:00 e às 15:00 e dão a indicação

já esperada de menores valores de humidade às 15:00. Tal como se pode observar no gráfico 2, a

diferença entre os valores registados às 9:00 e às 15:00 é ligeiramente superior durante os meses

mais quentes.

0

15

30

45

60

75

90

Hu

mid

ad

e r

ela

tiva

do

ar

(%)

U9 (%) 85 83 74 70 65 60 55 53 63 73 80 83

U15 (%) 71 67 58 53 49 44 34 32 41 54 64 69

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Gráfico 2: Humidade relativa do ar às 9:00 e às 15:00. Normais climatológicas 1960 – 1990. Estação meteorológica de

Castelo Branco.

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

15

2.3 Vento

O vento é um dos factores meteorológicos mais determinantes no comportamento dos incêndios

florestais. Durante o desenvolvimento de um fogo o comportamento do vento determina em grande

medida, a propagação das chamas. Os ventos fortes favorecem a propagação das chamas, em

especial nas situações em que o fogo se desenvolve em encostas de forma ascendente, ao “inclinar”

as chamas sobre os combustíveis e ao aumentar o oxigénio necessário à combustão. O vento

favorece ainda a dispersão de materiais incandescentes, tornando mais provável o surgimento de

novos focos de incêndios. A ocorrência de ventos fortes e secos durante o período estival favorece a

secagem dos combustíveis, tornando-os mais vulneráveis à ignição. No Verão, Portugal está

principalmente sob a influência da depressão de origem térmica, que se estabelece sobre a

Península Ibérica de Abril a Setembro, com ar quente e seco, quer de origem continental, quer

tropical marítimo continentalizado. Com o Anticiclone dos Açores centrado a Oeste ou a Noroeste da

Península Ibérica, o território do continente é atingido por vento do quadrante Norte, cuja direcção e

intensidade depende da existência de baixas pressões a Leste da costa ocidental; com uma

depressão sobre a Península lbérica (em regra a depressão de origem térmica que se forma nos

meses quentes), a parte ocidental do território é varrida por nortada, vento muito fresco a forte, do

quadrante Norte, de maior intensidade para a tarde. Com um anticiclone sobre a Europa Central e

uma depressão sobre o litoral da África do Norte, o Mediterrâneo ocidental é varrido a levante por

vento leste moderado a forte.

Os dados relativos à frequência e velocidades para cada rumo e para a estação meteorológica de

Castelo Branco revelam a predominância, entre Junho e Setembro de ventos com o rumo Oeste e

Leste.

Quadro 5 - Valores das frequências e velocidades dos ventos, por rumo (E.M. de Castelo Branco 1960 – 1990)

N FR

N VM

NE FR

NE VM

E FR

E VM

SE FR

SE VM

S FR

S VM

SW FR

SW VM

W FR

W VM

NW FR

NW VM

CALMA FR

JAN 12,2 5,6 21,1 6,3 19,5 6,1 4,9 4,3 7,8 6,6 11,1 8,6 15,0 8,5 8,2 8,3 0,1

FEV 11,8 6,0 17,5 6,5 15,9 6,5 4,6 6,1 9,7 6,5 13,4 10,1 18,5 9,7 8,6 7,9 0,1

MAR 12,1 6,8 16,9 7,7 15,2 6,7 4,4 4,7 7,0 7,8 11,9 8,8 19,2 9,9 13,2 7,2 0,1

ABR 13,1 7,3 15,9 8,0 15,1 6,8 5,7 5,1 8,7 6,5 10,7 10,1 22,3 9,6 8,4 7,2 0,0

MAI 13,7 8,8 12,8 8,0 10,1 7,4 3,9 6,4 10,0 6,7 14,0 11,1 23,3 9,7 12,2 9,2 0,0

JUN 11,7 6,0 13,4 7,0 13,5 6,9 4,6 5,5 11,0 5,8 14,6 8,5 20,5 8,4 10,8 7,7 0,0

JUL 12,9 6,2 12,9 6,8 9,4 6,3 4,0 4,5 9,2 4,9 15,2 6,7 23,7 7,3 12,6 7,1 0,2

AGO 17,6 7,2 12,3 6,8 12,4 6,5 2,2 6,1 10,4 5,7 12,7 6,1 20,5 6,8 11,7 7,6 0,0

SET 11,7 5,9 14,2 6,4 15,5 5,9 4,9 4,8 10,9 5,7 12,7 7,3 19,3 7,4 10,6 6,0 0,3

OUT 11,4 6,6 18,3 6,4 21,1 5,9 6,1 4,6 8,0 5,7 9,9 8,5 16,9 8,1 8,2 6,6 0,1

NOV 12,9 6,3 22,7 6,6 18,1 5,7 6,3 5,7 6,4 7,6 9,4 10,1 13,9 8,1 9,3 8,4 0,8

DEZ 14,2 6,8 25,2 6,3 18,5 5,4 4,8 4,7 6,1 6,9 9,4 12,4 12,4 9,4 9,2 5,5 0,2

ANO 12,9 6,7 17,0 6,9 15,4 6,3 4,7 5,1 8,8 6,3 12,1 8,9 18,8 8,6 10,3 7,4 0,2

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16

0

5

10

15

20

25N

NE

E

SE

S

SW

W

NW

JAN FEV MAR ABR MAI JUN

JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Gráfico 3 – Frequência (%) relativamente ao rumo dos ventos por médias mensais para o período 1960 -1990

Para os meses mais críticos do ponto de vista da ocorrência de incêndios florestais (entre Junho e

Setembro), a orientação dominante corresponde ao quadrante Noroeste (NW). Os ventos de leste,

geralmente associados a teores de humidade relativa do ar baixos e a altas temperaturas, têm uma

frequência que se situa entre os 9 e os 16% durante os meses de Junho a Setembro.

0

3

6

9

12N

NE

E

SE

S

SW

W

NW

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL

AGO SET OUT NOV DEZ ANO

Gráfico 4 – Velocidade média (Km/h ) para cada rumo relativamente às médias mensais. Período de 1960 – 1990

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

17

2.4. Precipitação

Uma maior quantidade de precipitação traduz-se num maior teor de humidade presente na

vegetação, embora este teor seja influenciado por outros factores, como é o caso da intensidade do

vento e da temperatura (que influenciam a velocidade de secagem dos materiais) e da exposição

solar (nas encostas viradas a Norte o teor de humidade dos combustíveis é geralmente superior às

encostas viradas a Sul).

Os valores da precipitação média anual variam entre os 600 e os 1200 mm anuais. Na parte mais

alta do concelho, correspondente à zona serrana registam-se valores médios anuais mais elevados.

Este valor vai diminuindo, sensivelmente, em direcção às zonas de menor altitude e mais próximas

do rio Tejo.

A precipitação concentra-se nos meses de Outono e Inverno, registando-se valores muito baixos nos

meses de Junho a Setembro.

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

Precipitação

(mm)

PRECTOT (mm) 114,2 119,3 70,4 62,5 52,6 35,2 9,5 3,8 27,4 75,8 112,1 97,9

PRECMAX (mm) 74,8 115,0 62,1 52,0 39,0 35,5 33,4 11,5 44,1 68,0 82,5 68,4

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Gráfico 5 – Distribuição mensal da precipitação total e da precipitação máxima diária. Estação meteorológica de Castelo

Branco, Normais 1960 – 1990.

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18

O aumento significativo das áreas ardidas nos últimos trinta anos pode ser analisado à luz das

alterações profundas ocorridas no mundo rural português e cuja génese radica de uma forma muito

significativa nas alterações demográficas e nos fenómenos de migração.

O despovoamento das zonas rurais tem como consequência possível um aumento das áreas ardidas,

uma vez que a detecção, e consequentemente a primeira intervenção, feitas por populares são mais

tardias. Outra das consequências da diminuição da população radica na conversão das áreas

agrícolas para áreas florestais ou na evolução das áreas agrícolas para áreas de incultos,

aumentando assim a continuidade das manchas florestais.

Utilizando os dados estatísticos dos Censos de 1981, 1991 e 2001 produzidos pelo Instituto Nacional

de Estatística (INE), caracteriza-se a população do concelho, dando ênfase aos indicadores mais

relevantes sob o ponto de vista do planeamento da defesa da floresta contra incêndios

3.Caracterização da população

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19

3.1. População residente e densidade populacional

Entre 1981 e 2001 verificou-se um decréscimo da população residente no concelho superior a 26%,

valor que é substancialmente superior ao verificado no distrito de Castelo Branco (-11.17%).

A diminuição acentuada da população residente no concelho, não é um fenómeno recente: entre

1950 e 1981 a população no concelho diminuiu cerca de 48%, valor superior ao verificado no

mesmo período no distrito de Castelo Branco (34%).

A variação negativa da população entre 1991 e 2001 foi superior a 14% para o concelho, enquanto

que a variação para o distrito foi de - 3%.

Este é um facto muito relevante uma vez que Castelo Branco é um dos distritos menos densamente

povoados do país.

Quadro 6 – População residente em 1981,1991 e 2001 (fonte INE)

População residente

Unidade Geográfica 1981 1991 2001

D 81 - 91

(%)

D 91 - 01

(%)

Distrito - Castelo Branco 234 230 214 853 208 069 - 8.27 -3,16

CC – Vila Velha de Ródão 5605 4960 4098 -11.51 -14,38

FG – Fratel 1221 945 760 -22.60 -19,58

FG – Perais 880 769 589 -12.61 -23,41

FG – Sarnadas de Ródão 891 810 693 -9.09 -14,44

FG – Vila Velha de Ródão 2613 2436 2056 -6.77 -15,60

A evolução da densidade populacional do concelho confirma o despovoamento do concelho.

O concelho de Vila Velha de Ródão tem uma densidade populacional aproximada de 12.4 habitantes

por Km2, valor muito inferior à média distrital de 31.25 habitantes por Km2, e incomparavelmente

mais baixo do que a média nacional de 110 habitantes/Km2.

Das freguesias do concelho, Perais e Fratel são as de menor densidade populacional, enquanto que a

freguesia de Vila Velha de Ródão apresenta o maior valor.

Quadro 7 – Densidade populacional (1981/1991/2001), fonte INE

Densidade populacional (hab/Km2) Unidade geográfica

1981 1991 2001

CC - Vila Velha de Ródão 16.99 15.03 12.42

FG - Fratel 12.48 9.66 7.77

FG - Perais 10.74 9.38 7.19

FG - Sarnadas de Ródão 14.93 13.57 11.61

FG - Vila Velha de Ródão 28.89 26.93 22.73

Distrito Castelo Branco 35.09 32.19 31.17

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20

3.2 Estrutura etária e índice de envelhecimento

A análise da estrutura etária da população através das pirâmides etárias e do índice de

envelhecimento permite antever uma diminuição futura da população residente.

Da comparação entre as pirâmides etárias entre 1991 e 2001, salienta-se o aumento relativo dos

grupos etários mais idosos, havendo mesmo, apesar da diminuição generalizada da população, um

aumento, ainda que ligeiro, da população residente dos grupos etários mais velhos.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

0 - 4

5-9

10-14

15 - 19

20 - 24

25 - 29

30 - 34

35 - 39

40 - 44

45 - 49

50 - 54

55 - 59

60 - 64

65 - 69

70 - 74

75 -79

80 - 84

85 - 89

90 - 94

95 -99

100 ou mais

Grupos etários

Nº hab

itan

tes

Censos 1991 Censos 2001

Gráfico 6- Pirâmides etárias para os anos de 1991 e 2001

O índice de envelhecimento do concelho (razão entre a população com mais de 65 anos e o grupo

etário com idade com menos de 14 anos) é de 513%, valor muito superior ao do país (107%) e da

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

21

região onde se insere o concelho. A população é menos envelhecida na freguesia de Vila Velha de

Ródão, atingindo o maior valor na freguesia de Perais.

Entre 1991 e 2001 o índice de envelhecimento do concelho aumentou, o que confirma o processo de

desertificação do concelho já referido quando da análise da densidade populacional. Este processo

não é recente, tendo-se iniciado já em meados do século XX, com a emigração para o exterior do

país e com os movimentos migratório para o litoral.

Quadro 8 – Índice de envelhecimento (1991/2001)

Índice de envelhecimento (%) Unidade Geográfica

1991 2001

CC - Vila Velha de Ródão 289.15 522.54

FG - Fratel 580.28 675.44

FG - Perais 268.75 759.38

FG - Sarnadas de Ródão 340.86 661.54

FG - Vila Velha de Ródão 211.97 387.36

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22

3.3. Outros indicadores sócio – económicos

3.3.1. Taxa de analfabetismo

A taxa de analfabetismo (relação entre a população com 10 ou mais anos que não sabe ler nem

escrever e a população total com 10 ou mais anos * 100), diminui entre 1991 e 2001 de 26.77%

para cerca de 22%. Apesar da redução, a taxa de analfabetismo apresenta ainda um valor bastante

elevado, já que para o território português, e para o ano de 2001, a taxa é de 9% (Fonte INE).

Os valores da taxa de analfabetismo não diferem de forma significativa entre as freguesias, no

entanto a freguesia do Fratel registava em 2001 o valor mais elevado (25% da população residente)

Quadro 9 – Taxa de analfabetismo (1991/2001), fonte INE

Taxa de analfabetismo Unidade geográfica

1991 2001

CC - Vila Velha de Ródão 26.77 21.99

FG - Fratel 34.60 25.26

FG - Perais 25.23 21.73

FG - Sarnadas de Ródão 21.73 17.89

FG - Vila Velha de Ródão 25.90 22.23

3.3.2. População activa e sectores de actividade

Outro dos indicadores com impacto no aumento das áreas ardidas e do número de ocorrências é a

condição da população perante o trabalho, que como se pode verificar no quadro 10, apresenta para

o ano de 2001 uma baixa percentagem de população activa, o que está directamente relacionado

com o envelhecimento da população já mencionado.

Quadro 10 – População residente segundo a condição perante o trabalho

População activa

(%) Unidade geográfica

1991 2001

CC - Vila Velha de Ródão 30.30 36.41

FG - Fratel 24.44 24.47

FG - Perais 31.21 40.92

FG - Sarnadas de Ródão 23.33 26.41

FG - Vila Velha de Ródão 34.61 42.90

Nota: população activa (ou taxa de actividade) = (população activa/população residente) x100

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23

12%

36%52%

Sector primário

Sector secundário

Sector terciário

Gráfico 7 – Distribuição da população activa pelos sectores de actividade

A distribuição da população activa pelos sectores de actividade indica a predominância do sector

terciário, seguido do sector secundário. Apenas 12% da população activa empregada desenvolve a

sua actividade do sector primário, valor semelhante ao verificado no continente.

3.4 Implicações do retrato populacional para a defesa da floresta contra incêndios

Em síntese, a diminuição da população e o seu envelhecimento tem como consequências:

• Uma detecção dos incêndios florestais por parte da população mais tardia resultante da

diminuição acentuada da população residente e da baixa densidade populacional.

• O envelhecimento da população residente traduz-se numa maior dificuldade na realização de

acções de sensibilização dirigidas à população em geral, até porque a taxa de analfabetismo

é ainda relativamente elevada e concentra-se nos grupos etários mais avançados.

• As acções dirigidas às camadas jovens, podem e devem ser realizadas, mas terão um

público-alvo relativamente reduzido.

• A redução da população residente terá como consequência provável o aumento das áreas

agrícolas abandonadas e de incultos junto dos aglomerados populacionais o que se traduz

num maior risco de incêndio.

• Conversão de algumas áreas agrícolas em florestais (verificando-se também na análise

diacrónica da ocupação do solo) e um consequente aumento da continuidade dos

combustíveis;

.

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24

4.1. Uso e Ocupação do solo

A actualização da ocupação do solo foi feita com base em fotointerpretação sobre ortofotomapas de

2003 e com recurso a trabalho de campo. Importa referir que a escala de referência de digitalização

é de 1: 10000. Os valores relativos a 1990 correspondem à Cartografia de Ocupação do Solo 1990

do IGP (CNIG).

Consideram-se como grandes usos o agrícola, florestal, incultos, improdutivos, águas interiores e

áreas sociais, utilizando as definições do Inventário Florestal Nacional (IFN).

Actualmente, a ocupação do solo no concelho repartida pelos grandes usos é a seguinte:

Quadro 11 – Principais usos do solo

Uso do solo Área (ha) %

Agrícola 9´159.20 27.75

Águas interiores 654.31 1.98

Floresta 13´517.32 40.97

Improdutivo 110.77 0.34

Incultos 8´778.72 26.61

Social 775.09 2.35

Total 32´995.41 100

Considerado espaços florestais como o conjunto das áreas de floresta e de incultos, verifica-se que o

concelho apresenta uma percentagem de ocupação dos espaços florestais superior a 65%.

A análise da representatividade dos espaços florestais por freguesia (quadro 12) permite identificar

Perais como sendo a freguesia com uma menor percentagem de espaços florestais seguida da

freguesia de Vila Velha de Ródão. De facto, nestas duas freguesias concentram-se as maiores áreas

agrícolas do concelho.

Quadro 12 – Espaços florestais por freguesia (em área e em percentagem da área total do concelho)

Espaços florestais

Freguesias

Área (ha) % Total

FRATEL 7200.74 73.60

PERAIS 4424.08 53.98

SARNADAS DE RODAO 4856.81 81.39

VILA VELHA DE RODAO 5797.26 64.10

4. Caracterização do uso e ocupação do solo e usos especiais

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

25

A análise dos valores relativos à variação ocorrida entre 1990 e 2003 quanto ao uso do solo revela:

• O aumento da área de incultos, sobretudo na freguesia de Vila Velha de Ródão, facto a que

não é alheia a relativamente recente ocorrência de incêndios em povoamentos florestais.

• A diminuição das áreas agrícolas, o que contribui para o aumento da continuidade dos

espaços florestais e em particular para o aumento da interface entre os espaços florestais e

as áreas urbanas

Quadro 13 – Uso do solo. Variação 1990 – 2003.

1990 2003

Uso do solo Área (ha) % Área (ha) % Variação

absoluta (ha) Variação

relativa (%)

Agrícola 10´134 31 9´159 27.76 -975 -9.62

Águas interiores 559 1.69 654 1.98 95 16.99

Floresta 13´662 41.43 13´517 40.97 -145 -1.06

Improdutivos 111 0.34 111 0.34 0 0.00

Incultos 8´163 24.76 8´779 26.61 616 7.55

Social 344 1.04 775 2.35 431 125.29

4.2. Povoamentos florestais

Também a partir da fotointerpretação acima referida, foi identificada a composição dos povoamentos

florestais seguido as especificações do IFN.

A composição actual dos povoamentos florestais, considerando os povoamentos puros e mistos

dominantes de cada espécie, é a seguinte:

Quadro 14 – Ocupação Florestal

Ocupação florestal Área (ha) %

Azinheira 906.11 6.70

Eucalipto 7´547.40 55.84

Folhosas Diversas 32.28 0.24

Pinheiro bravo 3´354.65 24.82

Pinheiro manso 10.71 0.08

Resinosas Diversas 47.81 0.35

Sobreiro 1´099.65 8.14

Plantações 518.70 3.84

Totais 13517.32 100

Actualmente, o eucalipto é a espécie florestal dominante com mais de 50% da área florestal,

seguindo do pinheiro bravo com cerca de 25%. O sobreiro e azinheira constituem espécies com uma

área significativa, e que, de acordo com a informação recolhida no campo, terá tendência a

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

26

aumentar uma vez que se encontra regeneração natural destas espécies, ainda que dispersa, em

muitas das áreas de incultos. Constata-se ainda a existência de investimentos recentes

(arborizações) feitos com sobreiro.

Não foi possível identificar as espécies presentes na maior parte das plantações recentes, no

entanto, refira-se que se puderam constatar no terreno diversas plantações recentes de sobreiro (tal

como já foi referido), pinheiro bravo, pinheiro manso e, em casos pontuais, de cupressáceas.

A evolução da composição das áreas florestais, comparando os valores de 1990 e os actuais, está

representada no quadro seguinte:

Quadro 15 – Ocupação florestal. Dados comparativos 1990 – 2003.

1990 2003 Variação absoluta

Variação relativa

Espécie Área (ha) % da área *

Área (ha) % (ha) (%)

Azinheira 1´052 7.70 906 6.70 -146 -13.88

Sobreiro 1´112 8.14 1´100 8.14 -12 -1.08

Eucalipto 5´098 37.32 7´547 55.83 2´449 48.04

Pinheiro bravo 6´314 46.22 3´355 24.82 -2´959 -46.86

Folhosas diversas 87 0.64 32 0.24 -55 -63.22

Resinosas diversas nd nd 48 0.36 nd nd

Plantações nd nd 519 3.84 nd nd

* % da área florestal

nd ( dados não disponíveis)

A principal alteração registada na composição dos povoamentos florestais foi a diminuição dos

povoamentos de pinheiro bravo, acompanhada de forma quase directa pelo aumento das áreas de

eucalipto. A diminuição da área de azinheira foi significativa em termos relativos e substancialmente

superior à área de sobreiro que, tal como já foi referido, terá potencialidade para aumentar através

da regeneração natural e de povoamentos recentemente instalados que se observaram durante os

trabalhos de campo.

As implicações para o planeamento da defesa da floresta contra incêndios decorrentes da actual

ocupação florestal podem ser resumidas da seguinte forma:

- A predominância dos povoamentos de eucalipto e de pinheiro bravo em manchas de alguma

dimensão e com alguma continuidade traduzem-se numa paisagem propícia à propagação do fogo,

pelo que importa manter as descontinuidades existentes e criar outras.

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

27

- O aumento da área de sobreiro e de outras folhosas deve ser incentivado como alternativa à

ocupação dos espaços florestais, proporcionando descontinuidade na paisagem. As folhosas mais

exigentes devem, no entanto ser apenas instaladas em solos de melhor qualidade e com suficiente

aprovisionamento em água.

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

28

4.3. Áreas Protegidas, Rede Natura 2000 e Regime Florestal

No concelho de Vila Velha de Ródão identificam-se como zonas sensíveis para a protecção da

natureza, a Zona de Protecção Especial (ZPE) do Tejo Internacional, Erges e Pônsul (Decreto-Lei nº

284-B/99, de 23 de Setembro), o Parque Natural do Tejo Internacional (Decreto Regulamentar n.º

21/2006, de 27 de Dezembro) e uma IBA (do inglês Important Bird Áreas) ou Zona Importante para

as aves, classificada com o código PT037 e com a designação “Portas do Ródão e Vale Mourão”.

A ZPE do Tejo Internacional e o Parque Natural do Tejo Internacional abrangem o extremo nascente

do concelho na freguesia de Perais.

O Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (versão para discussão pública), na ficha correspondente à

ZPE do Tejo Internacional, Erges e Pônsul, considera a redução do risco de incêndio como uma das

medidas a implementar, visando a conservação das seguintes espécies: Aegypius monachus; Aquila

adalberti; Caprimulgus ruficollis; Ciconia nigra; Circaetus gallicus ; Hieraaetus fasciatus; Milvus migrans; Oenanthe

leucura.

A zona correspondente à IBA de Portas de Ródão e Vale de Mourão situa-se nas freguesias de Vila

Velha de Ródão e Fratel, ocupando grande parte da zona serrana do concelho. De acordo com aficha

técnica da IBA, das espécies de fauna presentes, realça-se a maior colónia de Grifos (Gyps fulvus)

localizada no território Português e também de outras espécies ameaçadas como é o caso das

seguintes espécies: cegonha-preta (Ciconia nigra), águia-real (Aquila chrysaetos), águia-imperial

(Aquila adalberti), águia-de-bonelli (Hieraaetus fasciatus), águia-calçada (Hieraaetus pennatus),

águia-cobreira (Circaetus gallicus), abutre-do-egipto (Neophron percnopterus), abutre-preto

(Aegypius monachus), bufo-real (Bubo bubo), falcão-peregrino (Falco peregrinus), peneireiro-das-

torres (Falco naumanni) e chasco-preto (Oenanthe leucura).

No que se refere às comunidades vegetais destacam-se os montados de azinho (Quercus rotundifolia

Lam.) e sobro (Quercus suber L.), os zambujais (Olea europaea L. var. sylvestris (Miller) Lehr), as

comunidades relíquia de zimbro-bravo (Juniperus oxycedrus L.) e manchas de matagal

mediterrânico bastante diversificado.

É importante referir algumas das actividades que têm colocado em risco estas áreas, nomeadamente

a perturbação por passeios turísticos e actividades florestais, que são bastante intensas nesta área e

o sobrevoo da zona das Portas de Ródão por aeronaves, que foi a causa de morte de algumas crias

de Grifo em anos recentes.

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

29

Também o uso ilegal de venenos para controlo de predadores parece ter sido a causa de morte de

alguns grifos nos últimos anos. Os incêndios, frequentes nesta região, e a substituição das áreas de

vegetação natural e áreas de cultivo tradicional (hortas, pomares e soutos) por silvicultura intensiva,

têm contribuído consideravelmente para a degradação do habitat, tal como a proliferação de

caminhos florestais que, nos últimos anos, se têm estendido inclusivamente às zonas escarpadas.

Recentemente (em 2001/2002) realizaram-se obras de consolidação da via-férrea que implicaram

destruição de ninhos e perturbação intensa na colónia de grifos e dos casais de Águia perdigueira

(Hieraaetus fasciatus) e de Bufo-real nas Portas do Ródão.

O concelho não apresenta áreas sob o Regime Florestal.

4.4. Instrumentos de Gestão Florestal

As áreas sujeitas a planos de gestão florestal, quer sejam planos de proprietários individuais ou de

Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), constituem zonas onde a defesa da floresta contra incêndios

está implícita. O aumento desejável, e previsível, da área sujeita a Planos de Gestão traduzir-se-á,

em princípio, na diminuição de áreas abandonadas ou não sujeitas a tratamentos silvícolas

contribuindo de forma significativa para a diminuição do risco de incêndio.

Das áreas sujeitas a gestão florestal só se tem conhecimento das áreas sob a gestão das empresas

detidas pelas indústrias de celulose, não havendo no entanto informação quantificada e

georeferenciada.

Estão em formação no concelho Zonas de Intervenção Florestal, mas numa fase ainda bastante

inicial do processo, pelo que não se referenciam neste trabalho.

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

30

4.5. Zonas de recreio, caça e pesca

As actividades recreativas exercidas em espaços rurais, e em particular nos espaços florestais

podem constituir actividades de risco podendo potenciar as ignições.

Para o concelho de Vila Velha de Ródão apenas estão referenciadas as zonas de caça do regime

cinegético especial, não existindo zonas de recreio associadas a espaços florestais ou zonas de pesca

desportiva.

Cerca de 83% da área do concelho está sujeita ao regime cinegético especial, predominando as

zonas de caça municipais. As áreas do concelho que não estão cobertas pelo regime cinegético

especial correspondem, na sua maioria, a áreas sociais.

Devido à alta representatividade no concelho do regime cinegético especial serão pouco prováveis

conflitos decorrentes do exercício da actividade cinegética e que possam ter como consequência

ignições.

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31

4.6. Romarias e festas

O art.º 29.º, do Dec. Lei n.º 124/2006, de 28 de Junho, estabelece, durante o período crítico, a

proibição de lançamento de balões com mecha acesa e de quaisquer tipos de foguetes e sujeita a

licenciamento municipal, durante o mesmo período, a utilização de fogo-de-artifício e outros

artefactos pirotécnicos que não os referidos anteriormente. Mesmo assim, atendendo que em época

de festas e romarias a concentração de populares potencia a assunção de comportamentos de risco,

no que toca ao manuseamento de fogo, de seguida se elenca um cronograma das festividades

populares concelhias, sendo assim datas em que a componente de vigilância dos espaços florestais

das proximidades terá que ser particularmente salvaguardada:

Alfrívida – N. S. dos Remédios

7 e 8 de Setembro

Alfrívida – Santo António

2º fim-de-semana de Junho

Alvaiade – N. S. da Piedade

2º fim-de-semana de Maio

Foz do Cobrão – N. S. da Conceição

2º fim-de-semana de Agosto

Fratel – Festa de S. Pedro

3º fim-de-semana de Agosto

Gardete, Riscada e Silveira – Festa das Ladainhas

5º sábado após a Páscoa

Juncal

2º fim-de-semana de Setembro

Ladeira

2º fim-de-semana de Setembro

Marmelal – S. João

4º fim-de-semana de Julho

Coxerro

1º fim-de-semana de Julho

Perais – Santo António

2º fim-de-semana de Agosto

Perdigão – S. João Batista

1º fim-de-semana de Agosto

Sarnadas de Ródão – S. Sebastião

1º fim-de-semana de Setembro

Serrasqueira – Santo António

2º fim-de-semana de Julho

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

32

Tostão – Cristo Rei

2º fim-de-semana de Agosto

Vale de Pousadas – Festas de Verão

4º fim-de-semana de Julho

Vilar do Boi, Peroledo e do Vale da Bezerra – N. S. da Luz

1º fim-de-semana de Setembro

Vilas Ruivas – N. S. do Castelo

15 e 16 de Agosto

Vila Velha de Ródão – N. S. da Alagada

4º fim-de-semana de Agosto

Montinho – S. João

29 e 30 de Setembro

Cebolais de Baixo – N. S. do Carmo

16 de Julho ou, caso não coincida com fim-de-semana, no fim-de-semana seguinte

Amarelos – Cristo Rei

3º fim-de-semana de Junho

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

33

É analisada a distribuição temporal e espacial das áreas ardidas e das ocorrências com o objectivo

de identificar os principais padrões e tendências que possam ser utilizados para a programação das

actividades de prevenção, detecção e vigilância.

A análise mensal, semanal e diária das áreas ardidas e das ocorrências têm como objectivo

identificar períodos críticos de modo a programar as actividades de prevenção, detecção e vigilância.

5.1. Área ardida e número de ocorrências – distribuição temporal

5.1.1. Distribuição anual da área ardida e do número de ocorrências

Da análise relativa às áreas ardidas aos últimos 26 anos conclui-se que, principalmente a partir de

1993, a área ardida anualmente tem aumentado de forma significativa.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Área ardida (ha)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Nº de oco

rrên

cias

Área ardida (ha) 160 20 5 13 6 1 35 7 24 24 26 906 61 748 1361 3 16 3164 8 53 1410 5004 8 189 39

Nº de ocorrências 2 2 9 7 3 1 13 17 5 16 19 15 26 36 23 10 14 27 7 13 12 12 13 34 23

1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1988 1989 1990 1991 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Gráfico 8 – Distribuição anual da área ardida e no número de ocorrências (1980 e 2006).

A análise da evolução anual das áreas ardidas no concelho de Vila Velha de Ródão (gráfico 8),

permite identificar diferentes ciclos de fogo. O primeiro, entre 1980 e 1992, em que o valor máximo

de área ardida registou-se em 1980 com 160 hectares. O segundo, entre 1993 e 1996, uma vez que

as áreas ardidas ultrapassaram os 500 hectares anuais, em 1993, 1995 e 1996. Durante este

5.Análise do histórico e causalidade dos incêndios florestais

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

34

período, o número de ocorrências foi igualmente significativo. O terceiro período, inclui os anos mais

recentes de 1999 e 2003, com valores anuais de área ardida superiores a 3000 hectares.

O ano de 2003 correspondeu a um ano crítico, não só no concelho mas praticamente em todo o país,

devido em grande medida às condições meteorológicas do Verão desse ano.

Analisando o mapa das áreas ardidas entre 1991 e 2006 (mapa 13 em anexo), verifica-se que as

freguesias mais afectadas foram Fratel e Vila Velha de Ródão, seguidas da freguesia de Sarnadas do

Ródão que foi percorrida por um incêndio de grande dimensão em 1993. A freguesia de Perais foi a

menos atingida durante este período. Esta distribuição não é casuística, mas sim resultado da

ocupação florestal presente dominante e da própria representatividade dos espaços florestais em

cada uma das freguesias.

A análise das áreas médias ardidas anualmente durante o último quinquénio confirma o cenário

anteriormente descrito, com valores anuais médios muito elevados para a freguesia do Fratel e de

Vila Velha de Ródão. A distribuição das ocorrências aponta a freguesia de Vila Velha de Ródão como

sendo a que mais ocorrências anuais regista, seguida da freguesia de Sarnadas do Ródão, o que é

justificado, em parte, pela maior densidade populacional destas duas freguesias.

0

200

400

600

800

1000

1200

Área ardida ( ha)

0

2

4

68

10

12

14

Nº de oco

rrên

cias

Média de área ardida 01 - 05 996.14 32.61 23.73 280.24

Área ardida 2006 0.04 0.03 6.63 32.25

Média ocorrências 01 - 05 2.6 1.8 4.6 8

Nº Ocorrências 2006 6 1 13 3

Fratel PeraisSarnadas do

RodãoVila Velha de

Rodão

Gráfico 9 – Distribuição da área média ardida anualmente e do nº de ocorrências médio anual em 2006 e média no

quinquénio 2001- 2005, por freguesia.

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

35

Entre 2001 e 2005, arderam anualmente, cerca de 14 hectares por cada 100 hectares de espaços

florestais na freguesia do Fratel e quase 5 hectares na freguesia de Vila Velha de Ródão. Os valores

registados em 2006 são substancialmente mais baixos aos verificados no quinquénio 2001 – 2005,

quer para as áreas ardidas quer para o número de ocorrências, em todas as freguesias, com

excepção do nº de ocorrências por cada 100 hectares para a freguesia de Sarnadas do Ródão.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Áre

a ar

dida

por

100

ha

0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

0.30

Oco

rrên

cias

por

100

ha

Área média ardida por 100 ha (01 - 05) 13.83 0.74 0.49 4.83

Área ardida por 100ha (2006) 0.00 0.00 0.14 0.56

Ocorrências por 100ha (01 - 05) 0.04 0.04 0.09 0.14

Ocorrências por 100ha (2006) 0.08 0.02 0.27 0.05

Fratel Perais Sarnadas do Rodão Vila Velha de Rodão

Gráfico 10 – Distribuição da área ardida e do n.º de ocorrências em 2006 e média no quinquénio 2001-2005 por espaços

florestais em cada 100 hectares

5.1.2.Distribuição mensal da área ardida e do número de ocorrências

Analisando a distribuição mensal dos incêndios (gráfico 11) entre 1996 e 2006, facilmente se

identificam os meses mais propícios para a ocorrência de incêndios florestais, que como é lógico

coincidem com o período estival. O valor relativamente baixo da área média ardida durante o mês

de Julho justifica-se pela ocorrência de dois grandes incêndios no período em análise: um no mês de

Junho de 1999 com uma área ardida de 3150 hectares e outro no mês de Agosto de 2003 com uma

área ardida surpreendente de 5000 hectares. O mês de Setembro também deve ser tido em conta,

uma vez que apresenta um valor médio de área ardida durante o período em análise mais elevado

que os restantes meses do ano, exceptuado obviamente os restantes meses de Verão.

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

36

Quanto ao número médio de ocorrências registados entre 1996 e 2005 é proporcional aos valores

médios da área ardida, excepção feita para o mês de Julho, que regista o maior valor médio.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Área ardida (ha)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Oco

rrên

cias

Média da área ardidas (96 - 05) 0.05 0.05 0.31 0.11 1.40 409.19 189.74 501.66 17.93 1.06 0.01 0

Área ardida 2006 0.00 0.00 0.00 0.00 0.58 2.52 0.03 34.30 1.52 0.00 0.00 0

Média das ocorrências (96 - 05) 0.20 0.10 0.50 0.20 0.90 3.70 4.30 2.90 2.60 0.90 0.20 0

Ocorrências 2006 0.00 1.00 0.00 0.00 4.00 7.00 3.00 5.00 3.00 0.00 0.00 0

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Gráfico 11 – Distribuição mensal da área ardida e do número de ocorrências em 1996 e média para o período 1996 - 2005

5.1.3. Distribuição semanal

Em termos de distribuição semanal, para o período de 1996 a 2006 e no que se refere à área ardida,

os dias da semana mais problemáticos foram o domingo seguido de quinta – feira. Porém, estes

resultados estão fortemente inflacionados pela ocorrência dos dois grandes incêndios já

mencionados.

A análise dos resultados revela que:

• Durante os fins-de-semana ardeu cerca de 59 % da área total ardida entre 1996 e 2006.

• Segundas, terças e sextas-feiras são os dias que apresentam os valores mais baixos de área

ardida, correspondente a uma percentagem inferior a 1 %;

• As quintas e quartas-feiras são também dias a ter em consideração com uma percentagem

de área ardida de, respectivamente 33% e 8%.

• O número de ocorrências não apresenta variações significativas, apresentando uma ligeira

tendência para a ocorrência de incêndios ao domingo.

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

37

Durante o ano de 2006, a distribuição semanal do número de ocorrências apresenta um padrão

semelhante à média da área ardida durante o decénio em análise, ou seja, com uma maior

concentração do número de ocorrências à quinta-feira e ao domingo.

0

100

200

300

400

500

600

Área ardida (ha)

-10123456789

Nº oco

rrên

cias

M edia da área ardida 96 - 05 159.06 502.37 0.43 1.53 93.38 363.76 0.98

Area ardida 2006 0.03 1.01 1.00 0.00 2.57 34.34 0.00

M édia de ocorrências 96 - 05 2.7 2.9 2.5 2.5 2.1 2.1 1.7

Ocorrências 2006 2 5 2 0 6 8 0

Sábado Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta

Gráfico 12 – Distribuição de ocorrências por dia de semana para o período de 1996 a 2006

5.1.4. Distribuição diária da área ardida e do número de ocorrências

A análise dos valores acumulados de área ardida, entre 1996 e 2006, permite a identificação do

período crítico entre 10 de Junho e o dia 3 de Agosto, com cerca de 97% da área ardida do total

registado entre 1996 e 2006.

A maior parte das ocorrências (cerca de 74%) verificou-se entre 7 de Junho e 19 de Setembro.

Os dias 10 de Junho e 3 de Agosto surgem como dias críticos, o que se deve às grandes ocorrências

verificadas em 1999 e em 2003, respectivamente.

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

38

0

1´000

2´000

3´000

4´000

5´000

6´000

01-Jan

24-Jan

13-Fev

05-Mar

25-Mar

21-Abr

11-Mai

01-Jun

21-Jun

11-Jul 01-Ago

27-Ago

17-Set

07-Out

27-Out

16-Nov

06-Dez

Área ardida (ha)

0

1

2

3

4

5

6

7

Nº de oco

rrên

cias

Área ardida Nº de ocorrências

10 de Junho a 3 de Agosto- 97% da área

7 de Jun a 19 Set 74% das ocorrências

10 de Junho

3 de Agosto

Gráfico 13 – Distribuição dos valores diários acumulados de área ardida e do nº de ocorrências (1996 - 2006)

5.1.5. Distribuição horária

No que respeita à distribuição horária dos incêndios entre 1996 e 2006, a análise do gráfico 14

permite verificar as seguintes tendências:

• É a partir das 11:00 que se regista um aumento significativo do número de ocorrências;

• O período mais crítico, em termos de número de ocorrências encontra-se compreendido entre

as 11:00 e as 17:59 horas com 68% do número total de ocorrências

• Grande parte da área ardida ocorreu entre as 11:00 e as 17:59 horas, com cerca de 92 % da

área total ardida;

• Além deste período horário, salienta-se o período das 21:00 às 22:59 horas com cerca de 10

% do nº total de ocorrências

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

39

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Área ardida (ha)

-5

0

5

10

15

20

25

30

Nº de oco

rrên

cias

Área ardida (ha) 4.501 0.05 0 0 0 0.52 1 0.53 0 1.09 0.006 3627 4.562 182.3 41.33 5016 2.048 1448 16.1 0.083 4.514 4.055 898.6 1.509

Nº de Ocorrências 2 1 0 0 0 2 1 2 0 3 2 12 9 28 25 25 9 20 12 6 6 8 11 4

0:00 - 00:59

1:00 -1:59

2:00 -2:59

3:00 -3:59

4:00 -4:59

5:00 -5:59

6:00 -6:59

7:00 -7:59

8:00 -8:59

9:00 -9:59

10:00 -10:59

11:00 -11:59

12:00 -12:59

13:00 - 13:59

14:00 -14:59

15:00 -15:59

16:00 -16:59

17:00 -17:59

18:00 -18:59

19:00 -19:59

20:00 -20:59

21:00 -21:59

22:00 -22:59

23:00 -23:59

Gráfico 14 – Distribuição dos valores horários acumulados de área ardida e do nº de ocorrências (1996 - 2006)

A análise das ocorrências por classe horária, poderá ajudar a perceber quais as situações ou

motivações que se encontram subjacentes a essas mesmas ocorrências.

Conclui-se, pelos resultados obtidos que, a distribuição horária das ocorrências, acompanha, sob o

ponto de vista meteorológico, o período do dia mais propício à deflagração de incêndios, com a

conjugação de temperaturas altas e baixos teores de humidade relativa do ar.

A identificação deste período permite optimizar a capacidade de resposta de todas as entidades

envolvidas na defesa da floresta contra incêndios, em particular as que estão envolvidas na detecção

e primeira intervenção Permite planear por exemplo acções tão básicas, mas extremamente

importantes, como o período de alimentação, fundamental na capacidade física de todos os

elementos em alerta.

Não deixam de ser relevantes os valores relativos ao número de ocorrências e as áreas ardidas com

início a horas mais vespertinas. Por exemplo, no período em análise tiveram início 19 ocorrências

entre as 21:00 e as 22:59.

5.2. Incidência dos incêndios sobre os espaços florestais

A análise da incidência das áreas ardidas sobre os espaços florestais, desde 1980 até 2006, revela

que as áreas ardidas de povoamentos foram significativamente superiores às áreas ardidas de

matos.

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

40

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Área ardida (ha)

Área Ardida Matos 0 10 3 4 2 0 23 2 7 16 5 2 27 225 488 0 4 751 4 40 0 751 4 48 7

Área Ardida Povoamentos 160 10 3 9 4 1 12 5 17 8 21 904 34 524 873 3 12 2413 5 33 1410 4252 4 142 32

1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1988 1989 1990 1991 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Gráfico 15 – Distribuição da área ardida em espaços florestais (1980 - 2006)

A maior representatividade das áreas de povoamentos no concelho explica em grande medida o

facto de serem mais atingidos do que as áreas de matos.

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

41

5.3. Área ardida e número de ocorrências por classes de extensão – os grandes

incêndios

De acordo com o “ranking” elaborado pelo estudo desenvolvido pelo Instituto Superior de Agronomia

para a totalidade dos concelhos do País, Vila Velha de Ródão é considerado um concelho com poucas

ocorrências e com muita área ardida.

A análise das áreas ardidas por classes de extensão, vem confirmar que de facto um pequeno

número de incêndios é responsável pela maioria das áreas ardidas (gráfico 16)

Mais de 75% das ocorrências têm uma extensão inferior a 1 hectare, sendo portanto consideradas

fogachos. Perto de 20% das ocorrências tem uma extensão inferior a 10 ha.

Mais de 90% da área ardida entre 1996 e 2006 ocorreu em incêndios de grande dimensão, pelo que

a análise temporal das grandes ocorrências revela padrões que se assemelham à análise já

efectuada para a totalidade das ocorrências.

0

2´000

4´000

6´000

8´000

10´000

12´000

Área ardida (ha)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Nº de oco

rrên

cias

Área ardida (ha) 28.3651 94 60.86 11070.72

Nº de ocorrencias 148 33 2 5

0-1 >1-10 >20 - 50 >100

Gráfico 16 – Distribuição da área total ardida e do número de ocorrências por classes de extensão (1996 - 2006)

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

42

Quadro 16 – Nº de grandes incêndios por classe de extensão (1996 - 2006)

Classes de Extensão (ha) Ano 100 - 500 500 - 1000 >1000 1996 1 1 1997 1998 1999 1 2000 2001 2002 1 2003 1 2004 2005 1 2006 Total 2 1 3

Ocorreram entre 1996 e 2006, seis grandes incêndios, três deles com uma área queimada superior a

1000 hectares.

Nos últimos 10 anos a área ardida em grandes incêndios tem vindo a aumentar, tendo o ano de

2003 sido particularmente gravoso com cerca de 5000 hectares com origem numa única ocorrência.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Área ardida (ha)

0

1

2

3

Nº de oco

rrên

cias

Área ardida 1356 0 0 3150 0 0 1408 5001 0 155.5 0

Nº de ocorrências 2 0 0 1 0 0 1 1 0 1 0

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Gráfico 17 – Distribuição anual da área ardida e do nº de ocorrências dos grandes incêndios (> 100 ha) – 1996 – 2006

Durante os últimos 10 anos, as grandes ocorrências concentraram-se entre os meses de Junho a

Setembro, com especial incidência nos meses de Junho e Agosto. Salienta-se o mês de Junho, não

só pela elevada área ardida, mas também com duas ocorrências de grande dimensão.

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

43

0

1´000

2´000

3´000

4´000

5´000

6´000Área ardida (ha)

0

1

2

3

Nº de oco

rrên

cias

Área ardida em grandes incêndios 0 0 0 0 0 4´038 1´876 5´001 156 0 0 0

Nº de grandes incêndios 0 0 0 0 0 2 2 1 1 0 0 0

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Gráfico 18 – Distribuição mensal da área ardida e do nº de ocorrências dos grandes incêndios (> 100 ha) 1996 – 2006

O padrão já identificado para a distribuição semanal da área ardida e para o número de ocorrências

repete-se na distribuição semanal das grandes ocorrências, sendo o período que medeia entre a

quarta-feira e o domingo o mais crítico.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Área ardida (ha)

0

1

2

3

Nº de oco

rrên

cias

área ardida 1563.28 5001.44 0 0 888 3618 0

nº de ocorrências 2 1 0 0 1 2 0

Sabado Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta

Gráfico 19 – Distribuição semanal da área ardida e do nº de ocorrências dos grandes incêndios 1996 - 2006

A distribuição horária das grandes ocorrências aponta o período entre o final da manhã e o início da

tarde como o mais problemático.

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

44

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

Área ardida (ha)

0

1

2

3

Nº de oco

rrên

cias

Área ardida 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3618 0 155.5 0 5001 0 1408 0 0 0 0 888 0

Nº de ocorrências 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 1 0 1 0 1 0 0 0 0 1 0

0:00 - 0:59

01:00 - 01:59

02:00 - 02:59

03:00 - 03:59

04:00 - 04:59

05:00 - 05:59

06:00 - 06:59

07:00 - 07:59

08:00 - 08:59

09:00 - 09:59

10:00 - 10:59

11:00 - 11:59

12:00 - 12:59

13:00 - 13:59

14:00 - 14:59

15:00 - 15:59

16:00 - 16:59

17:00 - 17:59

18:00 - 18:59

19:00 - 19:59

20:00 - 20:59

21:00 - 21:59

22:00 - 22:59

23:00 - 23:59

Gráfico 20 – Distribuição horária da área ardida e do nº de ocorrências dos grandes incêndios 1996 – 2006

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

45

5.4. Pontos de início e causas

No mapa 14, em anexo estão representados os pontos de ignição e as causas dos incêndios.

Relativamente aos pontos de ignição, tal como seria de esperar, existe uma forte tendência para se

concentrarem na zona envolvente aos aglomerados urbanos. Quase todas as ignições que ocorrem

nas zonas envolventes aos aglomerados urbanos dão origem, a fogachos uma vez que são, regra

geral, rapidamente detectados.

Quando os pontos de ignição surgem muito afastados dos aglomerados urbanos, não permitindo

uma rápida intervenção e o controlo do fogo na sua fase inicial, dão origem a incêndios de maiores

proporções que já chegaram no ano de 2003 a consumir 5000 hectares de uma só vez.

A informação relativa à causalidade dos incêndios florestais, fornecida pela DGRF, diz respeito

apenas a 11 das ocorrências, das 188 ocorridas entre 1996 e 2006, o que se revela manifestamente

insuficiente para analisar e tirar conclusões quanto às causas de maior relevância no concelho.

No entanto, a análise das causas dos incêndios florestais para a Beira Interior Sul feita para o PROF

- BIS revela os seguintes resultados (período de 2001 a 2003)

Negligência; 82%

Intencional: 8%

Natural: 10%

A negligência refere-se a “Máquinas e equipamentos” (31%), “Queimadas” (25%), “Foguetes e fogo

de artifício” (22%), Transportes (11%), “Cigarros” (6%) e “Outras causas” (6%).

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46

5.5. Fontes de Alerta

A análise das fontes de alerta permite obter algumas informações relevantes para o planeamento

municipal da vigilância e detecção de incêndios florestais

No último quinquénio a principal fonte de alerta foi a categoria “Populares” (45%), seguida pelo

alerta dado pelos postos de vigia (21%).

11712% CDOS

7%

Outros14%

Populares45%

PV21%

Sapadores1%

117 CDOS Outros Populares PV Sapadores

Gráfico 21 – Distribuição do nº de ocorrências por fontes de alerta (2001 - 2006)

Os alertas dados pelos populares, têm uma expressão relativamente regular ao longo das 24:00,

com uma maior expressão entre as 11:00 e as 17:00, que é de resto o período do dia com uma

maior concentração de ocorrências, tal como se pode constatar quando da análise horária das

ocorrências. Os postos de vigia, seguem uma distribuição semelhante, à referida para os populares.

A fonte de alerta 112/117, não tem um padrão horário distinto: apesar de se concentrar mais nas

horas mais propícias à deflagração de incêndios, registaram-se alertas durante a madrugada, manhã

e noite, períodos durante o qual o número de ocorrências é pequeno.

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P.M.D.F.C.I. – Vila Velha de Ródão

47

1 1 2 14

2 1 11 112 1

3 2

1

2

2 11 1 1 1

1

3

8

7 7

4

5

2 12

2

2

1

22

5 2 2

2

4

11

1

12 21

02468

1012141618

0:00 - 0:59

01:00 - 01:59

02:00 - 02:59

03:00 - 03:59

04:00 - 04:59

05:00 - 05:59

06:00 - 06:59

07:00 - 07:59

08:00 - 08:59

09:00 - 09:59

10:00 - 10:59

11:00 - 11:59

12:00 - 12:59

13:00 - 13:59

14:00 - 14:59

15:00 - 15:59

16:00 - 16:59

17:00 - 17:59

18:00 - 18:59

19:00 - 19:59

20:00 - 20:59

21:00 - 21:59

22:00 - 22:59

23:00 - 23:59Nº de ocorrências

117 CDOS Outros Populares PV Sapadores

Gráfico 22 – Distribuição do nº de ocorrências por fonte de hora de alerta (2001 - 2006)

O planeamento das acções vigilância e detecção deverá ter como um dos objectivos o aumento

relativo dos alertas dados pelos postos de vigia e de meios complementares, como as brigadas de

sapadores, fazendo depender menos os alertas dos populares, uma vez que tal como já foi referido,

Vila Velha de Ródão é um concelho envelhecido e com uma densidade populacional muito baixa. No

entanto, pelo facto de os populares constituírem uma importante fonte de alerta, as acções de

sensibilização à população residente e aos visitantes não devem descurar este aspecto.

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ANEXOS CARTOGRÁFICOS