artes e.m
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ARTES E.M.
As Linguagens Da Arte
Você teve algum contato com as linguagens da arte: teatro, música, artes visuais e dança?
Desenhou, pintou, cantou, dançou ou encenou? Conheceu quadros e pintores, cantores e
compositores, atores de peças teatrais e dançarinos?
Seus estudos nesta e nas demais Unidades estarão centrados em conhecer e apreciar algumas
obras que fazem parte das linguagens artísticas e realizar produções sobre o que vai estudar.
No entanto, não serão tratadas todas as linguagens de uma só vez. Isso ocorrerá ao longo de
seus estudos nesta disciplina.
O que são linguagens da arte?
São diversas as maneiras que o ser humano utiliza, muitas vezes sem perceber, para se
comunicar.
Quando se fala em linguagem, na maioria das vezes, logo vêm à mente a fala e a escrita. No
entanto, a comunicação não acontece apenas pela expressão verbal oral e escrita.
Diferentes linguagens são utilizadas em todas as atividades cotidianas. Para perceber isso,
basta observar seu dia a dia: em uma conversa com amigos, familiares e professores, por
exemplo, você usa palavras acompanhadas de gestos, expressões faciais e entonações vocais
para comunicar-se.
É possível transmitir ideias e pensamentos também com linguagens não verbais. Na arte, esse
tipo de linguagem é utilizado em desenhos, pinturas, esculturas, música, dança, teatro,
cinema, fotografia, entre outras expressões artísticas.
A composição dos elementos expressivos de cada uma dessas linguagens – como cores, linhas,
formas, luzes, sombras, movimentos, gestos, sons e silêncios – resulta em produções não
verbais, como pinturas, desenhos, esculturas, músicas, danças, dentre outras expressões, da
mesma forma que a combinação de letras, palavras, frases resulta na produção verbal.
Geralmente, para enviar um recado, escreve-se um bilhete ou um e-mail; para registrar uma
história, escreve-se um conto, um livro, uma carta, um artigo, uma reportagem, dentre outras
formas de comunicação por meio da linguagem verbal.
Há, porém, outras maneiras de expressão que não necessitam da palavra, falada ou escrita.
Por exemplo, você já deve ter “lido” a tristeza no olhar de alguém e o desânimo em um gesto,
preocupou-se com o som de uma ambulância, detectou o recebimento de uma mensagem no
celular e despertou com um som conhecido. Isso comprova que a comunicação ocorre de
diversas maneiras.
As linguagens artísticas possibilitam representar determinada ideia ou sentimento sem
escrever e, para isso, são utilizados frequentemente os códigos não verbais, embora os códigos
verbais também estejam presentes na arte, como no teatro e na canção.
O Teatro Como Linguagem
Ao longo do dia, você pode assumir diferentes papéis em sua rotina, não é mesmo? Pode ser
pai ou mãe, pode ser amigo ou amiga, pode ser filho ou filha, pode ainda ser estudante,
trabalhador ou trabalhadora. Nessas diferentes situações, você age de diferentes formas.
No teatro, o ator também assume vários papéis, mas isso acontece de outro modo. O ator
estuda o personagem, que pode ser inspirado na vida real ou não, e, quando sobe ao palco,
quando faz a apresentação, deve esquecer-se de si próprio; é o personagem que cria vida, que
dialoga com a plateia.
Teatro em cena
Em primeiro lugar, teatro pode ser o espaço onde algumas apresentações acontecem, mas
aqui neste Caderno, refere-se à linguagem artística da arte de representar o outro ou algo, em
diferentes situações.
E como surgem as peças teatrais? Elas são pensadas e trabalhadas com base em um texto que
nasceu da ideia e da escrita de um autor. Quem escreve peças teatrais é o dramaturgo. Outras
figuras importantes no fazer teatral são os atores e as atrizes. Eles darão vida aos papéis por
meio de falas, movimentos do corpo, expressões faciais etc.
Além do dramaturgo e dos atores e atrizes, outros profissionais estão envolvidos na
montagem e na realização de uma peça teatral, cuidando de todos os elementos que fazem
parte de uma apresentação. Há profissionais que cuidam do cenário, do figurino, da trilha
sonora, da coreografia, da maquiagem e da iluminação.
Todos esses elementos e recursos expressivos possibilitam ao público a oportunidade de
apreciar uma história que é interpretada em um espaço cênico, nome dado ao local da
apresentação. Pode ser o palco do teatro, uma rua, uma praça, um parque, o pátio da escola
ou até a carroceria de um caminhão que vai de um lugar para outro levando sua equipe.
Quem é quem no teatro
São vários os profissionais envolvidos para que os espectadores apreciem um espetáculo
teatral. Quando os atores e as atrizes entram no palco, muito trabalho teve início antes da
apresentação.
Tudo começa com a escolha do texto que será encenado, pois ele faz parte do espetáculo e
nasce do trabalho do autor, do dramaturgo.
O produtor teatral cuida de tudo o que será necessário para que a peça se concretize:
contratação dos atores e da equipe técnica, patrocínio, data e local para a apresentação,
divulgação, entre outras atividades.
Um espetáculo precisa também de um diretor, conhecido como encenador. É ele quem
seleciona os atores, faz algumas adaptações no texto, decide sobre trilhas sonoras, figurinos,
cenários, dirige os atores, participa dos ensaios, enfim, cuida para que todas essas partes
formem um verdadeiro espetáculo.
O cenógrafo cuida do cenário, o recurso pelo qual a plateia será transportada para a época e o
local onde as cenas acontecem.
O figurinista cria figurinos e veste os atores. Cada detalhe das roupas deve corresponder ao
texto, à época, aos costumes e aos fatos da história.
O iluminador cria o ambiente propício e necessário às cenas, com luzes e sombras. Assim, é
possível saber se a cena acontece durante o dia, à noite ou de madrugada; se o ambiente é
triste, pesado ou mais alegre, descontraído. De acordo com as orientações do diretor, esse
profissional dirige o foco de luz para algum personagem ou objeto, em determinada cena,
chamando a atenção da plateia para o que acontece ali.
O sonoplasta cuida dos sons necessários para que o desenrolar da peça ganhe impacto,
solenidade, ternura, melancolia, enfim, o “clima” sugerido em cada cena. Além disso, esses
sons colaboram para que a plateia perceba se a cena acontece em um centro urbano, com
chuva, em uma guerra, no século passado, em outro país etc.
O maquiador garante que os atores e as atrizes tenham a aparência adequada para que os
personagens ganhem veracidade, ou seja, para que se pareçam o máximo possível com os
personagens retratados, transmitindo autenticidade.
Também são necessários carpinteiros, costureiras e ajudantes gerais. Bilheteiros cuidam das
vendas dos ingressos, e porteiros, da recepção do público.
Nos bastidores, outros profissionais estão envolvidos com a organização dos espaços nos quais
os atores se preparam. Fotógrafos garantem o registro do espetáculo para sua divulgação.
Como você pôde verificar, são vários os profissionais responsáveis pelo ato de transformar a
ideia do autor em um espetáculo.
Teatro: o início
A história do teatro no Ocidente tem origem na Antiguidade, mais precisamente na Grécia
Antiga.
Nessa época, o teatro era apresentado ao ar livre, em grandes arenas, e os atores usavam
máscaras com expressões de tristeza, alegria, maldade, bem definidas para que a plateia, que
assistia de longe, pudesse ter uma boa visão e identificar o personagem.
Foi em Atenas, na Grécia dos séculos V e VI a.C., que se consagraram os primeiros autores de
tragédias gregas: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Os temas de suas peças eram, geralmente, as
vitórias gregas nas batalhas contra outros povos, a mitologia, a exaltação aos deuses, as
histórias do dia a dia, as questões políticas, entre outros.
No teatro, destacam-se dois grandes gêneros, ou seja, formas de produção teatral
consideradas clássicas: a comédia e a tragédia. Essa divisão está presente na obra A poética,
do filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), que trata da poesia, da arte e do teatro no
Ocidente.
Na comédia, a intenção é provocar risos. A essência desse gênero possui caráter cômico, com
críticas aos costumes, à vida social, à política, e tem como tema o cotidiano.
Já no gênero tragédia, o sentimento mais presente é a tristeza, os conflitos diversos, as
histórias sentimentais e infelizes, as discórdias, as guerras, as desavenças. Caracteriza-se,
muitas vezes, pela representação de um tema triste, complexo, desafiador. Atualmente,
existem outros gêneros, entre eles o auto, a farsa, o melodrama e a tragicomédia. Aqui,
entretanto, o foco são os gêneros clássicos.
Até hoje as tragédias gregas são encenadas e causam grande impacto na plateia. As comédias,
ainda que escritas para provocar o riso, já apresentavam denúncias ou críticas aos costumes da
época.
Desde sua origem até os dias de hoje, muitas mudanças aconteceram na linguagem teatral.
Por exemplo, atualmente, as peças são interpretadas em diferentes espaços cênicos, os atores
não utilizam máscaras com a mesma frequência que os antigos gregos e os teatros não são
mais construídos no formato de arena, apesar de ainda existirem os que se aproximam desse
modelo.
Dois dramaturgos que marcaram diferentes épocas
No teatro, muitos dramaturgos ficaram conhecidos mundialmente. Um dos mais famosos é
William Shakespeare (1564-1616).
Você conhece a história de amor de Romeu e Julieta? Ela é uma das criações desse grande
nome da dramaturgia do mundo ocidental. Hamlet, Sonho de uma noite de verão, Otelo e A
megera domada são outras de suas obras, as quais são apresentadas até hoje, com grande
sucesso.
“Ser ou não ser, eis a questão” é uma frase famosa da peça Hamlet, escrita, possivelmente,
entre 1600 e 1602. Ela conta o desespero e o desejo de vingança do príncipe Hamlet ao saber
que seu pai, o rei, foi assassinado pelo irmão – portanto, tio de Hamlet –, que se casa com a
mãe dele para ficar com o trono.
Um dos grandes dramaturgos brasileiros foi Nelson Rodrigues (1912-1980).
Ele começou a carreira de jornalista aos 13 anos, como repórter policial no jornal A manhã,
fundado por seu pai em 1925. Boa parte de sua inspiração para escrever peças a respeito da
sociedade talvez tenha surgido por causa dessa experiência.
Nelson Rodrigues era realista em seus textos e criticava a sociedade e suas instituições,
principalmente o casamento. A mulher sem pecado foi sua primeira peça teatral, escrita em
1941. Ele teve bastante dificuldade de encená-la, pois nenhum ator, diretor ou produtor a
quem recorreu se interessou pelo texto, porque era pesado e violento, diferentemente das
chanchadas de sucesso da época. A peça ficou engavetada por um ano e quatro meses.
Quando, por fim, foi encenada, nada aconteceu, nem aplausos nem vaias. Já Vestido de noiva,
de 1943, foi marco da modernidade do teatro brasileiro.
Música E Cultura Popular
Nesta Unidade, você ampliará seus conhecimentos sobre outras linguagens da arte,
estudando, agora, a música, por meio de alguns de seus conceitos e elementos. Verá, também,
algumas manifestações da música popular brasileira, como o lundu e a modinha.
As linguagens da arte: a música
A música também é um modo de expressão. Não se conhece época ou povo que não possua
músicas próprias, relacionadas a seu modo de pensar, sentir e viver, para festejar
acontecimentos, agradecer boas colheitas, despedir-se de entes queridos, dirigir-se aos mais
diferentes deuses, homenagear pessoas, alegrar ambientes etc.
Todos vivem cercados por sons, dentro e fora dos ambientes que frequentam, sons produzidos
das mais diferentes maneiras, seja por pessoas, animais, objetos, seja pela natureza. Alguns
são agradáveis e despertam interesse e apreciação, enquanto outros são desagradáveis e
chegam até a incomodar. A maioria deles comunica algo e, em muitos casos, dá a orientação
correta para determinadas ações, como o sinal da escola que avisa o início ou término da aula,
um tiro de pólvora que indica a largada de uma corrida.
Ao observar algumas imagens, é possível prever quais sons fazem parte do contexto registrado
em cada uma delas. Uma orquestra, uma banda de rock, músicos de rua, o trânsito, carro de
propaganda, cachoeiras, enfim, cada uma dessas situações produz e está imersa em diferentes
tipos de sons.
Ouvir e escutar
Você já ouviu falar que escutar é diferente de ouvir? Essas duas palavras realmente têm
significados diferentes. Ao ouvir, é possível perceber os sons sem prestar muita atenção. Por
exemplo, você pode estudar ouvindo o noticiário na televisão, mas, nesse momento, sua
atenção está direcionada aos estudos e não às notícias.
Escutar é ir além de ouvir, é estar atento e interessado no som, prestar atenção nele, seja o
som de uma orquestra, do canto de pássaros, de trovões que anunciam uma tempestade, de
sua música predileta, seja, ainda, um ruído estranho no liquidificador, a sirene do carro de
bombeiros, dentre tantos sons naturais (produzidos pela natureza: som das ondas do mar, da
chuva, do vento) ou sons culturais (produzidos pelo ser humano: som de máquinas,
instrumentos musicais, motores etc.). Mas afinal, como o som é transmitido?
Todos os sons conhecidos são produzidos por vibrações. Quando agitamos ou tocamos algum
instrumento, uma parte dele vibra. As vibrações produzidas se deslocam formando ondas
sonoras que são captadas por nossos ouvidos.
Essa propagação é semelhante às ondulações que se formam na água de um lago quando
jogamos uma pequena pedra.
Escutar, ouvir e reconhecer sons
Atualmente, é quase impossível não ouvir ou escutar sons no dia a dia.
Nesse sentido, em música, para escutar, reconhecer e produzir sons, é importante conhecer os
parâmetros do som (também chamados de propriedades do som), os elementos básicos da
linguagem musical.
Veja alguns deles:
• Altura: diz respeito à possibilidade de um som ser mais agudo ou grave. Os sons agudos são
altos, ou seja, de alta frequência para a audição humana. Os sons graves são o oposto, baixos
ou de baixa frequência. Os sons de um apito, de passarinhos, de alguém arranhando uma lousa
são exemplos de sons mais agudos. Os sons de um tambor, de um trovão, de um motor, por
exemplo, são mais graves.
• Intensidade: entre várias possibilidades, o parâmetro intensidade refere-se aos sons forte,
muito forte, fraco e muito fraco. A intensidade também é frequentemente chamada de
volume. Por exemplo, o som do trovão pode ser indicado como forte. Ao bater à porta de uma
casa, bate-se muito forte, se a casa for grande e sem campainha, ou fraco, quando se sabe que
o morador está próximo da entrada.
• Duração: esse parâmetro determina a permanência do som ou do silêncio no tempo. A
duração do som, portanto, pode ser longa ou curta.
• Timbre: é a identidade do som. Você já percebeu que consegue reconhecer, sem ver, quando
o som é de uma freada brusca de um carro ou do canto de um pássaro, de uma flauta ou de
um violão? O timbre é único, seja em objetos ou materiais, assim como a voz de cada pessoa.
Pode-se comparar o timbre com a impressão digital, ou seja, cada instrumento ou voz tem o
seu.
Os naipes dos instrumentos
Conhecer o som que cada instrumento produz é uma tarefa que necessita de estudo e
dedicação. Escutar com bastante atenção também é muito importante.
A organização dos naipes (famílias) de instrumentos em uma orquestra não é feita ao acaso.
Veja a imagem a seguir:
Você observou onde fica cada naipe de instrumentos?
A localização dos naipes no palco, quase sempre nos mesmos lugares, visa proporcionar
harmonia aos diferentes sons e timbres de cada instrumento. Com essa organização, o regente
pode ouvir com clareza cada grupo. Além disso, todos os músicos precisam ver a regência do
maestro para executarem sua parte na música.
Já pensou se, em cada apresentação da orquestra, os músicos resolvessem sentar em um lugar
diferente? O maestro poderia ficar confuso. Por isso, cada naipe tem seu lugar “cativo” na
orquestra.
Uma orquestra sinfônica conta com quatro naipes de instrumentos:
• cordas: violinos, violas, violoncelos, contrabaixos, harpas;
• madeiras: flautas, flautins, oboés, clarinetes, baixos, fagotes, contrafagotes;
• metais: trompetes, trombones, trompas, tubas;
• percussão: tímpanos, pandeiros, caixas, bombos, pratos.
O número de músicos também caracteriza uma orquestra sinfônica. É preciso haver mais de 50
integrantes. Menos que isso, trata-se de uma sinfonieta, ou seja, uma orquestra menor que a
sinfônica.
Instrumentos musicais não convencionais
Os instrumentos apresentados até agora são chamados de convencionais, pois foram criados
especialmente para produzir música. No entanto, muitos objetos podem se transformar em
instrumentos. Se você tem em casa um caderno espiral ou uma garrafa de plástico ondulada,
experimente raspar as ondulações com um lápis ou com um garfo. Isso produzirá um som, que
também pode ser identificado de acordo com os parâmetros que você aprendeu. Assim, o
caderno (ou a garrafa) pode servir como instrumento musical classificado como não
convencional.
Dezenas de objetos podem transformar-se em instrumentos não convencionais. No samba,
por exemplo, pratos e caixas de fósforo são utilizados com frequência na produção de som.
Você já ouviu falar de Hermeto Pascoal? Nascido no Estado de Alagoas, esse compositor,
arranjador e multi-instrumentista é referência nacional e internacional na transformação de
objetos comuns em instrumentos musicais não convencionais. Panelas, talheres, pedaços de
cano, madeira são alguns dos elementos usados pelo artista para fazer música, transformando
a função real desses objetos em fonte sonora.
Um Olhar Sobre A Música Popular
Você estudará dois gêneros musicais populares no Brasil: o lundu e a modinha. Esses gêneros
fazem parte da grande diversidade musical da cultura brasileira, que resulta, especialmente,
das influências africana e europeia.
Eles foram escolhidos porque são exemplos que permitem conhecer certos aspectos das
origens e das mudanças que ocorreram na música popular do País em determinado período,
mais precisamente entre os séculos XVIII e XIX. O assunto, porém, é mais amplo, pois há muito
a tratar sobre a pluralidade cultural brasileira e sua influência na construção dos bens culturais
do povo.
A música está bastante presente no dia a dia. No rádio e na televisão, músicas são tocadas,
amigos cantarolam em festas e de todos os cantos da cidade surgem os mais diferentes tipos
de sons e músicas.
Quais são os espaços em que você pode apreciar música na cidade em que vive? Existe alguma
música que represente sua cidade ou região e que é muito conhecida? Ela acompanha algum
tipo de dança? Faz parte de alguma comemoração especial? Qual?
Lundu, um ritmo afro-brasileiro
Trazido por escravos africanos, provavelmente de Angola, e sofrendo influências no Brasil, o
lundu é considerado por alguns estudiosos o primeiro ritmo afro-brasileiro. Música e dança ao
mesmo tempo, ele apresenta o batuque africano de forma marcante e características das
danças espanholas (europeias), como o estalar dos dedos e o acompanhamento do bandolim.
O ritmo também propicia gestos e jeitos de mover-se que correspondem ao rebolado e
evidencia a umbigada entre os pares, característica de grande parte das danças de origem
africana, como o jongo, o tambor de crioula e o samba de roda.
Outros instrumentos que acompanham o lundu são: rabeca (instrumento semelhante ao
violino), clarinete, reco-reco, ganzá, maracá, banjo e cavaquinho.
A dança, censurada e considerada indecente pela aristocracia brasileira, teve seu apogeu entre
o século XVIII e o início do XIX, quando surgiu nos salões, acompanhada por instrumentos
musicais, como viola, violão, bandolim ou cravo. Várias músicas e danças tiveram influência no
lundu, entre elas o maxixe, tocado e dançado principalmente nos bairros do Rio de Janeiro
(RJ).
A dança sofreu também modificações quanto aos movimentos e à vestimenta. Por ser muito
praticada na Ilha de Marajó, no Norte do Brasil, apresenta trajes característicos da região. No
lundu marajoara, geralmente as mulheres usam saia longa rodada, blusa branca e flores para
enfeitar o cabelo, além de colares e brincos. Os homens vestem calça branca, com as bainhas
enroladas nos pés, e a blusa de mangas compridas, enrolada na altura do umbigo. Os pares
apresentam-se sempre descalços.
Modinha
A modinha é uma canção suave, romântica, sentimental e, às vezes, triste, com suas primeiras
apresentações no Brasil nos salões da Corte, durante o período em que dom Pedro I governou
o Brasil, entre 1822 e 1831. O primeiro compositor brasileiro de modinhas foi Domingos Caldas
Barbosa.
Com o passar do tempo, a modinha saiu dos salões aristocráticos e foi para as ruas, tornando-
se popular entre os músicos que tocavam serenatas. Com isso, a flauta e o piano foram
substituídos pelo violão. Esse instrumento proporcionou à modinha um som com identidade
bem brasileira.
Chiquinha Gonzaga
Chiquinha Gonzaga (1847-1935), nascida no Rio de Janeiro, foi uma das principais figuras da
modinha e grande responsável por sua popularização. Foi também a primeira compositora e
regente de música popular no Brasil, além de ter musicado dezenas de peças de teatro e
pequenas óperas, intituladas operetas.
Rompeu com os padrões da época por ter tocado ritmos até então considerados, de certo
modo, “obscenos”. Enfrentou várias críticas por participar de movimentos que defendiam a
abolição dos escravos e a proclamação da República. A compositora vendia suas partituras de
maxixes, choros e modinhas nas ruas do Rio de Janeiro para angariar recursos para a causa
abolicionista.
Se tiver oportunidade, ouça e aprecie a modinha Lua branca, de Chiquinha Gonzaga.
Certamente você vai perceber o som do piano e de violinos em uma melodia romântica e
bastante sentimental.
Chiquinha também compôs a marcha Ó abre alas, para o cordão carnavalesco carioca Rosa de
Ouro. Você conhece essa música? Sabia que é considerada a primeira marcha registrada na
história do carnaval brasileiro?
Segundo alguns autores, o nome correto seria marcha-rancho, gênero musical parecido com a
marchinha, mas um pouco mais lento, poético e melódico, nascido nos ranchos carnavalescos.
Foi inspirada no ritmo que os negros produziam enquanto desfilavam no carnaval, cantando
suas músicas pelas ruas durante seus festejos.
Rancho carnavalesco: Associação carnavalesca que surgiu por volta da segunda metade do
século XIX e que tem como característica a incorporação de elementos religiosos de tradição
africana e do Dia de Reis no Carnaval.
Artes Visuais
Você vai conhecer e estudar algumas modalidades das artes visuais. São elas a pintura, o
desenho, a fotografia, a gravura e a escultura. A apreciação das artes visuais se dá pelo olhar,
ou seja, de forma visual, através dos diferentes elementos expressivos, por exemplo, cores,
linhas, pontos, volumes, sombras, entre outros.
Você está cercado por imagens. Muitas delas reproduzem desenhos, gravuras, pinturas,
esculturas ou fotografias, entre outras modalidades das artes visuais. Observe seu entorno e
procure identificar as técnicas que dão origem às imagens presentes em seu cotidiano. Você
consegue reconhecer alguma modalidade das artes visuais?
Como expressar uma ideia por meio das artes visuais?
Na linguagem visual, elementos expressivos como linhas, pontos, texturas, cores, volumes,
luzes, entre outros, podem ser combinados de diferentes maneiras e com diversos materiais:
tinta, lápis, giz, carvão, argila, plástico, madeira, metal, pedra etc.
Além disso, nessa linguagem também é fundamental um suporte para acolher ou conter a
produção, como tela, papel, madeira, metal, acrílico, vidro, entre outros.
A combinação dos elementos expressivos resulta em uma composição, motivada por
diferentes intenções, que organiza o que o artista pretende com sua obra: transmitir uma
ideia, documentar um momento, expressar um sentimento, denunciar um acontecimento,
encantar, incomodar, questionar ou tudo isso junto.
Essa obra pode ser figurativa, se representar algo de fácil reconhecimento, ou abstrata (não
figurativa), quando representa algo não identificável.
Observe a seguir a obra A família, da artista brasileira Tarsila do Amaral (1886- -1973). Trata-se
de uma obra figurativa, na qual é possível identificar com facilidade o que foi pintado.
Essa pintura tem um estilo próprio do movimento modernista Pau-Brasil, do qual a artista
participava.
Agora, veja um exemplo de arte abstrata do artista holandês Piet Mondrian (1872-1944).
Diferentemente da obra A família, essa é uma pintura não figurativa. Note que ela traz linhas
retas e apenas as cores primárias (amarelo, azul, vermelho), além do branco e do preto. Tais
características fazem parte do movimento chamado neoplasticismo, do qual Mondrian foi um
dos criadores.
O neoplasticismo foi um movimento da pintura que pregava o uso de cores puras e dos
elementos essenciais da pintura em busca de uma linguagem universal que pudesse ser
compreendida por todos em todas as culturas.
Artes visuais e o bi e tridimensional
Na linguagem visual, há produções bidimensionais e tridimensionais. Mas afinal, o que isso
significa?
Como o nome sugere, as produções bidimensionais possuem duas dimensões – largura e
altura – e são planas, como um desenho, uma gravura ou uma fotografia.
A escultura é um exemplo de modalidade da linguagem visual tridimensional, ou seja, com três
dimensões – largura, altura e profundidade. Uma obra tridimensional pode ser admirada de
todos os lados, o que não acontece com as produções bidimensionais.
Bidimensionalidade
Desde tempos mais remotos, o ser humano cria imagens bidimensionais, como desenhos em
paredes de cavernas. Atualmente, com o uso da tecnologia, é possível se expressar de diversos
modos, até mesmo com um simples “clique”, por meio da fotografia, forma de expressão
bastante presente no dia a dia, que você vai estudar neste tema.
Você tem fotografias em casa ou já fotografou alguém? Pode ser até que traga uma em sua
carteira, mesmo que seja em um documento. Você costuma tirar fotografias? O que mais
gosta de fotografar? Por quê?
A fotografia
A fotografia é uma das modalidades da linguagem visual. Ela capta recortes do mundo
tridimensional e os fixa em suportes bidimensionais, reapresentando aquele mundo, agora
recortado e em duas dimensões. A fotografia sofreu inúmeras transformações, tanto em sua
forma de produção como em sua presença no mundo das artes.
Uma das primeiras fotografias conhecidas foi feita, provavelmente, em 1826 pelo inventor
francês Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833) e chama-se Vista da janela em Le Gras. Ela foi
divulgada ao público apenas em 1839.
A representação fiel do objeto, da pessoa, da paisagem etc. obtida rapidamente por meio da
fotografia passou a competir com a pintura.
Antes da fotografia, era a pintura que cumpria a função de registrar momentos históricos,
pessoas e paisagens.
No início, por ser um processo físico-químico, os fotógrafos pertenciam à categoria de técnicos
e não à de artistas. Os avanços tecnológicos, como o surgimento da fotografia digital,
resultaram em grandes mudanças no que diz respeito aos materiais, técnicas e ferramentas
utilizados nessa forma de expressão. Hoje, a fotografia é reconhecida artisticamente, exposta e
admirada em museus e galerias de todo o mundo.
Ela está presente no cotidiano de quase todas as pessoas, para o registro e memória de
eventos e acontecimentos, e também em todos os meios de comunicação, como jornais e
revistas impressos e digitais e em peças publicitárias.
Tridimensionalidade
Este tema tem como foco as obras tridimensionais, como as esculturas e os demais objetos
que apresentam três dimensões: altura, largura e profundidade, representadas na imagem.
Assim como seu dia a dia está repleto de produções bidimensionais, a tridimensionalidade
também tem presença marcante em sua vida. É só você olhar para seu lápis, sua caneta, sua
borracha, seu celular, um prato, uma panela, um sabonete, móveis, automóveis, uma bola de
futebol, enfim, a lista seria interminável...
Observe a imagem a seguir, que mostra uma escultura famosa. Essa obra, embora esteja aqui
reproduzida de forma bidimensional, por ser fotografia, é, na realidade, uma obra
tridimensional.
Tem cor, tem forma, tem linha e tem volume
Como você já viu, para apreciar uma obra tridimensional e analisá-la em sua totalidade, é
preciso andar a seu redor, observando-a de diferentes pontos de vista. Isso não é necessário
ao apreciar uma pintura, um desenho, uma gravura, pois apresentam apenas uma face para
observação.
No início do século XX, a escultura, assim como a pintura, afastou-se do figurativo, das
produções acadêmicas em direção à abstração. De lá para cá, escultores em busca da
renovação da arte em todas as suas expressões inovaram na utilização de formas e materiais
nas criações tridimensionais e montagens de objetos unidos, por exemplo, pela soldagem.
O trabalho do escultor
Antes de criar uma forma tridimensional, o artista realiza estudos utilizando a técnica do
desenho e pesquisa materiais que oferecerão a seu trabalho a expressão desejada. Ele analisa
o tema, planeja a dimensão, pesquisa as ferramentas necessárias, avalia as possibilidades de
posição, a forma e a técnica: esculpir, entalhar ou modelar.
Portanto, o artista, em primeiro lugar, idealiza sua escultura, fazendo vários desenhos e
maquetes.
Cinzelar, fundir, modelar. Bronze, mármore, argila, cera, madeira. A escolha da técnica
utilizada para produção da escultura está relacionada à seleção do material que será utilizado
para representar a ideia, o pensamento, o sentimento do artista em sua obra.
Quando o artista retira de um bloco de pedra as partes excedentes, conforme o projeto
idealizado, ele necessita de ferramentas especiais. A técnica utilizada é o cinzelamento, pois se
usa uma ferramenta chamada cinzel.
Nas esculturas de metal, a fundição é a técnica empregada; no entanto, é necessário que um
original seja criado em argila ou gesso. O processo de fundição por cera perdida é o mais
indicado para fundir uma escultura de bronze.
Para trabalhar com a argila, o artista amassa, modela, cria texturas, acrescenta e retira
material. A modelagem também pode ser utilizada como estudo que antecede a obra final de
metal.
Dança E Cultura
O que é preciso para produzir uma obra de arte? O escultor pode utilizar a pedra; o pintor, as
telas ou mesmo os muros das cidades; o músico compõe com sons e silêncios; o ator se
expressa por meio de seu corpo. E a arte da dança? Como acontece?
A dança é uma arte que, segundo alguns pesquisadores, já existia na Pré-história. Todos os
povos, em todas as épocas e culturas, desenvolveram algum tipo de dança e, por meio dela,
expressaram e ainda expressam ideias e sentimentos. No Brasil, há também diversas danças,
que preservam memórias e tradições de povos espalhados por várias regiões do País.
As linguagens da arte: a dança
Neste tema, você estudará como a dança se transformou ao longo do tempo. Para isso, serão
apresentados momentos marcantes da dança ocidental, alguns de seus representantes e a
época em que importantes espetáculos foram produzidos.
Breve história da dança
Historiadores indicam que os seres humanos dançam desde a Pré-história. O material
existente para analisar esse período se concentra nas pinturas rupestres, ou seja, que eram
feitas em superfícies rochosas, como as paredes das cavernas, nas quais as pessoas retratavam
seu cotidiano. Na imagem a seguir, você pode observar os indícios da prática de dança já nessa
época.
A dança, portanto, esteve presente em diversas épocas e culturas do planeta. Há muito tempo,
dentre outras funções, as danças têm servido para venerar os deuses, o Sol, a Lua e as estrelas;
espantar os maus espíritos; comemorar a vitória em uma guerra; pedir chuva; agradecer a
colheita e reverenciar os mortos em ritos funerários.
A dança em diferentes culturas
No antigo Egito, a dança era considerada sagrada; homenageava os deuses e os faraós e estava
presente nos funerais. Entre os gregos, além do caráter religioso, ela fazia parte da educação e
era apresentada em algumas cenas de teatro. Para os antigos romanos, era mais ligada à
agricultura e à guerra. Na Índia, China, Japão e entre vários povos do continente africano,
também aparecia como algo místico, religioso.
As danças tinham um caráter de ritual, que incluía comemorações como casamento,
maioridade, nascimento, colheita, guerra e morte. Geralmente eram realizadas com máscaras
e pinturas corporais que, assim como os gestos, tinham uma intenção e comunicavam
significados. Muitas dessas danças permanecem até hoje.
Balé
Com o passar do tempo, muitas outras formas de dança apareceram em todo o mundo. No
final do século XV e começo do XVI, surgiu na Itália o que viria a ser o balé. Essa palavra vem
do termo francês ballet, que se originou do italiano balleto, diminutivo de ballo, que significa
baile, dança. Essa forma de dança nasceu entre espetáculos de poesia, música, mímica e
dança, oferecidos pelos nobres italianos a seus visitantes. Quando a nobre italiana Catarina de
Médici se casou com o rei Henrique II, em 1533, mudou-se para a França e levou consigo um
grupo de músicos, dançarinos e artistas.
Na corte francesa, a rainha apresentou espetáculos grandiosos e luxuosos, causando a
admiração dos convidados e a propagação do balé pela França. Catarina de Médici também
difundiu o Ballet Comique de la Reine (Balé Cômico da Rainha), grupo de músicos, dançarinos,
atores e cenógrafos que realizavam espetáculos com a finalidade de divertir a corte.
O balé ganhou maturidade na França do século XVII, durante o reinado de Luís XIV, entre 1643
e 1715. O jovem rei era também um exímio bailarino, e, em 1661, fundou a Académie Royale
de Danse (Academia Real de Dança). Seu objetivo era formar mestres e bailarinos
profissionais.
No balé, os bailarinos se apresentam, na maioria das vezes, com música de orquestra,
encantando diferentes plateias pela beleza e suavidade dos movimentos. No entanto, foi
apenas no século XVIII, com o balé romântico, que ele deixou os palácios, reis e rainhas para
ocupar os palcos, embora ainda como coadjuvante de óperas e peças de teatro.
Foi nesse momento que a dança começou a aparecer como arte autônoma e surgiram algumas
escolas, academias, professores e coreógrafos de balé. As narrativas dessa dança
apresentavam figuras idealizadas, a espiritualidade, os sonhos, valorizando muito o papel da
primeira bailarina, que realizava movimentos suaves, delicados e, ao mesmo tempo,
acrobáticos. Nesse momento, surgiram as sapatilhas de ponta, que passaram a contribuir para
esses movimentos.
O moderno e o contemporâneo na dança
No início do século XX, com a industrialização, as mudanças sociais refletiram também nas
artes, em diversas expressões artísticas, que romperam com o passado e se transformaram.
Com a dança não foi diferente.
Dança moderna
Nessa época, a dança moderna se desenvolveu a ponto de estabelecer uma primeira e
importante ruptura com as convenções da dança clássica. Inicialmente, causou
estranhamento. O abandono das sapatilhas e o uso de roupas mais soltas permitiram ao
dançarino executar movimentos mais flexíveis, inovadores e próximos do solo. A improvisação,
as torções e os movimentos de tronco apareceram nesse período.
Dança contemporânea
Na dança contemporânea, que teve início nos anos 1960, a interpretação e a criação do
dançarino são mais evidenciados. Há maior liberdade de expressão e, por vezes, referências
modernas, clássicas e populares, de acordo com a preferência do artista. A dança
contemporânea é provocadora no uso do espaço para suas apresentações, que podem
acontecer em diferentes locais: praças públicas, prédios, museus, galerias de arte etc.
Merce Cunningham (1919- -2009), um dos precursores da dança contemporânea, que
trabalhou com Martha Graham, separou os movimentos da dança que narrava histórias e
introduziu algo inusitado em suas criações, o método do acaso (Event), no qual algumas
sequências são definidas deixando para o dançarino a criação dos movimentos.
Pina Bausch (1940-2009), representante da dança contemporânea, apresenta em suas obras
um diálogo entre música, dança e palavra com intensa expressividade. Nessa dança-teatro, os
dançarinos movimentam-se como se estivessem caminhando nas ruas e conversam, gritam,
correm, atuam, dançam.
Danças Populares Brasileiras: Tradição E Cultura
A dança como manifestação cultural
São inúmeras as manifestações culturais que apresentam o corpo em movimentos
coreográficos e que, historicamente, cumprem o papel de preservar as tradições herdadas das
diferentes culturas que constituem o povo brasileiro, especialmente os africanos, europeus e
indígenas.
Algumas das diferentes formas da dança popular, que sobrevivem ao longo do tempo,
praticadas em cada nova geração, podem ser consideradas patrimônio cultural da
humanidade.
Na maioria das vezes, são manifestações coletivas que obedecem a influências de um grupo
social.
Em alguns locais, as manifestações originais, com o passar dos anos, podem sofrer alterações
em sua forma inicial, que se perde. No entanto, essas danças, quando transmitidas de geração
para geração, preservam muito de suas tradições, crenças e costumes.
Dança nas tribos indígenas
Os índios dançam por suas alegrias e tristezas. Agradecem a chuva, que ajuda a lavoura e a
colheita, preparam armas de guerra, homenageiam os mortos, espantam doenças,
comemoram as boas pescarias, dentre outras celebrações. Essas danças podem possuir
diferentes formações.
Os índios dançam quase sempre em grandes grupos, em fila ou círculo. Algumas tribos
possuem danças rituais em que só homens participam, e outras danças que mulheres também
participam. Esta separação diz respeito a crenças e costumes de cada uma das tribos.
Dependendo do objetivo da dança – comemoração de nascimento, agradecimento pela
colheita, homenagem aos mortos etc. –, variam as indumentárias, as máscaras, os cocares, os
amuletos, os braceletes, as pinturas corporais e os diversos instrumentos musicais utilizados
durante o ritual. O círculo é citado como a primeira formação de grupos étnicos indígenas. Em
determinado momento da história, surgiram as filas, que se movimentam acompanhadas de
sons vocais ou instrumentais, em retas e curvas, para desorientar os espíritos nas cerimônias
religiosas. Ela é conduzida por um guia, que, quando cansado, se retira do início e vai para o
final. Nesse momento, a fila passa a ser liderada pelo segundo participante.
No Brasil, há muitas tribos indígenas, com diferentes rituais e danças. Os índios bororo, por
exemplo, do Mato Grosso, realizam uma dança chamada Da onça. Um índio se cobre com a
pele de uma onça e uma máscara de palmeira, preservando, assim, sua identidade. Ele
representa a alma da onça que foi morta pela mão desse índio. Esse dançarino é acompanhado
por toda a tribo, que realiza uma batida de pés, de forma ininterrupta. Você pode pesquisar
outras danças de diferentes tribos indígenas, e identificar suas formas de execução e
organização.
Algumas danças populares brasileiras têm origem indígena. Dentre elas, o cateretê, também
chamado de catira, é uma das mais conhecidas.
Sua coreografia é um sapateado dançado ao som de palmas e com música de viola, sendo
praticada nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Goiás.
A dança indígena na pintura
Após a fracassada tentativa de estabelecimento holandês na Bahia, sede do governo-geral, em
1624, a Companhia das Índias Ocidentais, criada pelos holandeses com o objetivo de dominar
as lavouras e engenhos de açúcar dos portugueses, promoveu nova invasão em terras
pernambucanas, em 1630, onde foi bem-sucedida.
Em 1637, a Companhia nomeou o conde Maurício de Nassau, governador de Pernambuco,
responsável por sua administração. Nassau tinha grande interesse pelas ciências e pelas artes
e, ao embarcar para o Brasil, reuniu cientistas, arquitetos, médicos e pintores, que o
acompanharam em sua viagem e se estabeleceram em terras pernambucanas entre 1637 e
1644. Fazia parte desse grupo o pintor Albert Eckhout (1610-1666), que ficou encarregado de
retratar a fauna, a flora e os nativos do Brasil. Você vai estudar a seguir sua obra Dança dos
tarairius (tapuias).
Antes de analisar essa pintura, veja o significado da palavra tapuia. O termo era utilizado para
designar índios que não falavam a língua tupi. “Forasteiro”, “bárbaro”, “aquele que não fala
nossa língua” são alguns de seus significados.
A pintura representa os costumes desse povo. A cena pode ser interpretada como uma dança
que antecede o confronto com o inimigo em uma guerra. Lanças e tacapes estão nas mãos dos
tapuias, que, com alguns braços erguidos, parecem não temer o inimigo. A dança registrada
por Eckhout mostra uma atividade social de grande importância: os preparativos para o
confronto. A expressão dos olhares, a força dos corpos e a ideia de movimento transmitem a
veracidade da cena.
Dança afro-brasileira, comemoração e luta: a capoeira
Assim como a dança de tradição indígena, a dança tradicional africana comemora e reverencia
quase todos os acontecimentos da vida na comunidade, como nascimento, morte, plantio e
colheita, sempre em celebrações realizadas para agradecer aos orixás. As danças de origem
africana, hoje praticadas no Brasil, variam muito de uma região para outra; no entanto, são
exemplos vivos do que se define como patrimônio imaterial.
Muitas histórias podem ser contadas por meio da música e da dança dos descendentes
africanos, e a cultura afro-brasileira é uma das que mais se destacam no cenário das
diversidades culturais do País.
A capoeira, por exemplo – definida por alguns como luta, por outros como dança e por outros,
ainda, como jogo –, chegou com os escravos trazidos da África nos navios negreiros, a partir do
século XVI, e ganhou novos elementos em solo brasileiro.
Aos movimentos corporais, foram adicionados instrumentos musicais e músicas que
homenageiam os deuses africanos e reis das tribos em que esses povos viviam. No início, o
acompanhamento dos movimentos da capoeira era feito somente com palmas e toques de
tambores. Posteriormente, o berimbau foi inserido nessa dança-luta-jogo, que é um diálogo de
corpos, com perguntas e respostas que não são palavras, mas movimentos de um jogo de ação
e reação entre os participantes. Estes, dentre as regras ou passos, chutam, passam rasteira,
giram com uma das pernas no ar em resposta ao parceiro etc.
Os golpes recebem nomes que diferem de região para região. No entanto, atualmente, o
objetivo não é golpear para causar danos ao adversário; apenas a defesa faz parte da capoeira.
Essa arte foi reconhecida como patrimônio cultural brasileiro em 2008.
Em Cena, O Teatro
Você estudará alguns elementos básicos que compõem a linguagem teatral e aprenderá a
identificá-los.
Será também convidado a conhecer a obra da dramaturgia nacional O rei da vela, do escritor e
dramaturgo Oswald de Andrade, e a criar uma cena dramática, escrever o próprio texto,
construir personagens, imaginando os cenários, os figurinos, a trilha sonora, sugerindo
recursos expressivos.
O objetivo deste tema é ajudar a entender a estrutura de um texto dramático e, também,
aprofundar conhecimentos sobre os elementos expressivos da obra teatral: a construção dos
personagens e do espaço cênico, a relação palco-plateia, o foco da ação, a iluminação, a
sonoplastia, entre outros elementos que contribuem para que a obra cênica aconteça no
palco.
Como contar uma história por meio do teatro?
O teatro é uma das linguagens da arte pela qual são expressos sentimentos e pensamentos
sobre a vida, contados por meio de relatos e histórias reais ou imaginárias. E é com base
nessas histórias que se constroem as peças teatrais.
Elas podem falar do amor, da dor, da paixão e da saudade; da indignação e da revolta; do
medo, da angústia e da preocupação. Com esses e outros argumentos, o texto teatral pode
criar tragédias ou comédias. Lembre-se de que o teatro não apenas emociona, fascina,
denuncia, faz rir ou chorar, mas, especialmente, leva a refletir sobre a vida.
Ao criar uma peça, o autor pode iniciar pela escrita do texto. Para isso, deve considerar
algumas indicações que, embora não sejam necessariamente fixas (pois mudam de acordo
com a época ou o estilo do dramaturgo), o ajudarão a escrever sua história de forma mais
organizada. São elas: onde, quem, o quê e quando.
• Onde
Diz respeito ao espaço, ao local onde acontece a história: em um hospital, em uma fazenda,
em outro país, em outro planeta, na sala de espera do dentista, em um restaurante.
• Quem
São os personagens que darão vida à história: uma estudante egoísta que só pensa em se dar
bem; um velho viúvo, triste e abandonado, que sofre pela ausência de seus filhos e netos; um
milionário alcoólatra; uma professora apaixonada.
• O quê
Refere-se ao enredo da peça, à trama, ao conflito que acontecerá no palco: um detetive às
voltas com o esclarecimento de um crime se apaixona pela maior suspeita; uma família
convive com alguém viciado em drogas; dois pescadores encontram uma nave espacial e seus
tripulantes à beira de um rio.
• Quando
É a época, o tempo, pode ser até o horário em que acontece a história: às 10 horas da manhã;
à tarde; à noite; de madrugada; há dez anos; no século passado.
Do texto para o palco
Com o texto dramático em mãos, fica mais fácil procurar aqueles que darão “corpo e voz” à
peça. É necessário reunir um diretor e atores para interpretar os papéis, além de um produtor.
Outros elementos, como cenário, figurino, iluminação, maquiagem e sonoplastia, também
precisam ser pensados para a execução de uma peça de teatro.
Perceba, a importância do cenário para identificar onde a cena acontece e do figurino para a
caracterização do personagem.
Você também pode notar a expressão corporal dos atores no palco. Utilizando o corpo, a voz,
eles darão vida aos personagens da história. Para isso, são necessários muitos ensaios, afinal, é
preciso interpretar o modo de falar, de andar, de comer, de gesticular, de se relacionar do
personagem, saber como ele vê e sente a vida.
Se é triste, alegre, invejoso, generoso, malvado; se está doente, prestes a romper um noivado,
ou sustenta toda a família; se está feliz por ter encontrado o trabalho que desejava, realizado
por ter terminado os estudos... Como representar isso tudo?
O ator nem sempre precisa falar, seu corpo mostra suas intenções, seus medos. No entanto,
quando fala, precisa saber utilizar a voz como recurso expressivo. Por exemplo, a voz de quem
está muito bravo é igual à voz de alguém que pede um favor? Como seria a entona- ção de um
jovem apaixonado falando com sua namorada? E a de alguém assustado? E a de um bêbado?
Enfim, são inúmeras as possibilidades do uso da voz na construção dos personagens.
No que se refere ao local onde a história será contada, o cenário não é apenas um pano de
fundo para preencher ou enfeitar o espaço, ele faz parte da peça e ajuda o público na
identificação da época – se a trama é atual ou aconteceu no século XVI, por exemplo – e do
local – um bar, um cemitério, uma sala de aula, um escritório, uma residência, um parque.
O cenógrafo cria todo o ambiente em que acontece a história. Nada em um cenário está ali por
acaso, cada elemento tem uma intenção e um propósito. Uma peça até pode não ter cenário e
isso também é intencional. O cenário pode determinar tempo/época, espaço/local, sugerir o
clima – de amor, mistério, terror – o período do dia – antes mesmo de a história começar.
A ocupação do espaço cênico pelos atores e atrizes, isto é, como eles se distribuem e se
movimentam pelo palco, também é muito importante no momento da produção e execução
de uma peça teatral. Por exemplo: podem ficar de costas para a plateia (desde que haja um
motivo para tal); podem ficar apenas em um único canto do cenário; podem ter cenas
concomitantes (cenas acontecendo ao mesmo tempo); podem ter diferentes entradas e saídas
em cena.
Outro ponto a observar é a utilização dos planos de representação:
• Plano baixo – É apresentado quando o ator fica mais próximo ao chão. Quando, por exemplo,
ele se deita ou rola no chão, utiliza o plano baixo.
• Plano médio – O ator está no plano médio quando se ajoelha ou se senta.
• Plano alto – Usa-se o plano alto quando o ator está em pé ou estica o braço para trocar uma
lâmpada, por exemplo.
Durante a produção e apresentação de uma peça, existe também o cuidado de deixar evidente
o foco da ação naquele momento. Para isso, um dos principais recursos utilizados é a
iluminação. Por exemplo: se algum personagem espera ansioso por um telefonema, é provável
que todos os olhares e a iluminação sejam dirigidos ao telefone. Da mesma forma, se há uma
briga ou um reencontro, as luzes indicam qual o foco da cena, sem que seja necessário falar.
Assim como o cenário compõe uma peça e cria o ambiente, localizando tempo e espaço, a
sonoplastia também contribui nessa construção. A escolha das músicas, dos sons, dos ruídos
que farão parte da cena é fundamental.
Músicas de época; barulho da chuva, do vento, do mar; sons de portas rangendo; galopes de
cavalo ao longe... Toda a parte sonora selecionada para integrar uma peça ajuda na construção
de uma trama, independente do seu gênero.
O conjunto de todos esses elementos contribui para que o público “acredite” no que se passa
no palco, se envolva com a história, se emocione, ria, chore, sinta-se indignado, chocado, feliz;
enfim, para que pense a vida de outros pontos de vista, somado, modificado pelo que foi
oferecido por meio da peça a que assistiu.
Ação, Tempo E Espaço
Você vai estudar o que é um texto dramático. Também será desafiado a escrever a cena de
uma peça criada por você, pensando em todos os elementos essenciais ao teatro.
Você sabe o que é um texto dramático? Já leu algum? Qual era o autor? Sabe como é
organizado e escrito? Já tentou escrever?
O teatro conta histórias, mostradas ao público pela interpretação dos atores e atrizes, que
usam o corpo expressivo como portador de significados. Você conheceu também os
profissionais necessários para que a peça aconteça.
Aprendendo com os autores
As orientações de como a cena deve acontecer, qual o cenário, quais os personagens
presentes, qual a entonação ou movimento que determinado ator deve fazer, muitas vezes
vêm escritas no próprio texto teatral e são chamadas de rubricas ou notações cênicas.
Música Erudita E Popular
Ao longo da história, o ser humano produziu sons de diversas formas e com diferentes
objetivos, fosse usando a própria voz ou valendo-se de objetos, na intenção de se comunicar
ou de se expressar. Você será convidado a estudar o som organizado em forma de música, por
meio de composições musicais de diferentes épocas e em diferentes formas. Primeiro, você
estudará a música erudita (especificamente os períodos clássico e romântico) e a música
popular nos gêneros do baião e do samba.
Música erudita: períodos clássico e romântico
Música clássica, erudita ou de concerto? São várias as maneiras de chamá-la. Para alguns
estudiosos, o termo popular mais usado é “música clássica”; para o universo acadêmico,
utiliza-se “música erudita”; para os músicos, a expressão mais adequada é “música de
concerto”, por possuir obras compostas para instrumentos de orquestra.
A música erudita surgiu no século IX e tem sido executada até os dias de hoje. Embora existam
vários períodos na história em que esse tipo de música está presente, neste tema o propósito
é apresentar informações e conhecimentos sobre dois períodos específicos: o classicismo e o
romantismo.
Houve um tempo em que apreciar música erudita era privilégio de poucos e ocorria em locais
determinados e exclusivos, como nos salões das cortes reais, em salas especiais de concerto
para as elites. Porém, esse cenário mudou e atualmente é comum apreciar esse gênero
musical em parques, praças e até praias.
Além de apresentações desse tipo, ao ar livre ou em salas de concerto, muitas músicas são
conhecidas por terem sido utilizadas em filmes, novelas, desenhos animados e propagandas.
Você já teve oportunidade de ouvir música erudita? Em qual situação? O que achou?
Música vocal e instrumental e o seu registro
A música pode ser apresentada de forma vocal ou instrumental. Como o pró- prio nome diz, a
música vocal é executada por uma ou mais vozes, acompanhada por instrumentos ou não,
neste último caso, chama-se a capela. Já a forma instrumental não tem acompanhamento de
vozes e pode ter um ou mais instrumentos.
Para escrever sua música, o compositor precisa utilizar os elementos estruturais dessa
linguagem: harmonia, melodia, ritmo e parâmetros do som.
Depois de composta e registrada na partitura, a música é interpretada pelos instrumentistas,
cantores e cantoras. O maestro (regente) é responsável por reger a orquestra, ou seja, é ele
quem coordena e orienta os músicos na execução da música.
Os períodos na música
O que são períodos musicais? São marcos, datas, épocas? Será possível determinar
exatamente quando um período musical teve início e fim?
Diferentemente de uma data de nascimento, de inauguração ou de algum evento
comemorativo, não é possível precisar as datas exatas de início e fim dos períodos musicais.
Entretanto, eles são estimados para orientar, oferecer referências da época em que
determinado gênero musical esteve em destaque e quais foram seus autores mais marcantes.
Período clássico
Na linha do tempo musical, o período chamado clássico, ou classicismo, abrange de 1750 a
1820, época de acontecimentos muito importantes na histó- ria, como a Declaração da
Independência dos Estados Unidos da América (1776) e a Revolução Francesa (1789-1799).
Nesse período de grande avanço científico, havia a predominância dos ideais iluministas, os
quais sobrepunham a razão à emoção. Esses ideais influenciaram também as músicas
compostas na época, que tinham como características principais o equilíbrio, a simetria, a
objetividade, a disciplina, a moderação. Destacaram-se composições como as sonatas, as
sinfonias, os concertos e os quartetos de cordas.
Durante o classicismo, destacaram-se músicos como Mozart e Beethoven, embora este último
também apresente características do romantismo. Foi no período clássico que o piano se
tornou o principal instrumento de teclas, substituindo o cravo.
O piano de cauda e o cravo são dois instrumentos de teclas e cordas, porém, no piano, o som é
emitido quando uma peça chamada martelo bate nas cordas. No cravo, as cordas são
pinçadas, isto é, são presas e soltas quando o músico toca em suas teclas. Essa diferença entre
o piano e o cravo faz que os timbres sejam distintos.
As apresentações desse período se restringiam aos salões dos palácios da nobreza, e as
produções dos compositores estavam vinculadas às cortes e a seus gostos.
Período romântico
O século XIX envolveu a história da música romântica. O equilíbrio, a disciplina e a moderação
da música do período clássico foram substituídos pela liberdade na composição, pela
impetuosidade, pela fantasia, pela imaginação, além de ideias revolucionárias da música
romântica. Embora algumas regras das composições do classicismo fossem mantidas, nesse
período o sentimento predominava sobre a razão.
A música romântica conta histórias em poemas sinfônicos e em músicas descritivas, com
influência de temas da literatura e das artes visuais. Vários compositores românticos tinham
boas relações com escritores, poetas e artistas plásticos e, muitas vezes, inspiravam- -se em
um quadro ou em um livro para compor suas obras. Nesse período também foram produzidas
muitas óperas, as mais famosas delas por italianos como Giuseppe Verdi e Gioachino Rossini.
Após a Revolução Francesa, as mudanças sociais, políticas e econômicas afetaram o ambiente
cultural da Europa. No romantismo, tais mudanças modificaram a cena musical fazendo surgir
um novo público para os concertos: a burguesia. Antes, apenas nobres e cortesãos tinham
acesso a apresentações musicais.
Reis e príncipes patrocinavam músicos e compositores, que trabalhavam com exclusividade
para a corte.
A música passou, então, a ser executada em teatros e apreciada por um novo público em
formação. Além disso, os burgueses também começaram a encomendar novas obras para os
compositores.
Grandes nomes da música fizeram parte desse período. Dentre eles, as figuras mais conhecidas
foram e ainda são Chopin e Tchaikovsky. Chopin criou obras essencialmente para piano e
compôs peças influenciadas pelo folclore polonês: mazurcas e polonaises. Tchaikovsky
compôs, dentre outras, a Sinfonia no 6 e o Concerto para piano nº 1, obras que fazem parte do
repertório de orquestras de todo o mundo.
O romantismo no Brasil
No Brasil, o romantismo teve o nacionalismo e a idealização da cultura indí- gena como alguns
de seus temas. Antônio Carlos Gomes destacou-se nesse período e compôs a famosa ópera O
guarani, que estreou em Milão, Itália, em 1870. Nessa obra, baseada no livro de mesmo nome
escrito por José de Alencar, publicado pela primeira vez em 1857, os índios têm o papel
principal, e um dos focos da história é o confronto entre raças e culturas.
Música Popular: Baião E Samba
Você vai estudar dois gêneros de música popular que fazem parte da cultura brasileira – o
baião e o samba –, conhecendo algumas de suas composições e compositores de destaque.
Dominguinhos e Noel Rosa são músicos conhecidos pelos gêneros baião e samba,
respectivamente. Você já ouviu alguma música desses compositores? Qual? Você conhece em
sua cidade algum cantor de baião ou samba, mesmo que não seja profissional? É cantor e
compositor?
O sucesso do baião
Segundo alguns estudiosos, o baião está presente no sertão nordestino desde o século XIX.
Entretanto, foi na década de 1940 que se tornou popular, ganhando espaço Brasil afora graças
a Luiz Gonzaga, considerado “o rei do baião”, e Humberto Teixeira. Uma das origens desse
gênero musical é o lundu, música dos batuques produzidos pelos escravos trazidos da África
para o Brasil no período colonial.
Bastante presente no Nordeste e no Norte do Brasil, uma temática comum do baião é o dia a
dia dos moradores dessas regiões, que sofrem com a estiagem – período de seca que mata
rebanhos e lavouras – e com a falta de trabalho. Essa situação leva esses moradores a
seguirem para outros lugares em busca de melhores condições de vida, tornando-se retirantes.
Esse destino, caracterizado pela mobilidade e pela fuga do local de origem, também é tema de
diversas pinturas e poemas.
Os instrumentos musicais característicos do baião são a zabumba, a sanfona e o triângulo.
Dentre as composições de baião mais conhecidas e de grande sucesso estão:
• Asa branca (1947) e Baião de dois (1977), de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira;
• Boi bumbá (1965), de Gonzaguinha e Luiz Gonzaga;
• Baião da Penha (1951), de David Nasser e Guio de Morais;
• Eu só quero um xodó (1973), de Dominguinhos e Anastácia.
Baião também se dança
O baião é dançado em pares e os passos da dança são feitos de cruzamentos de pernas, giros,
balanceios, passos de calcanhar, passos de ajoelhar. Os vestidos de chita com babados e muito
coloridos fazem parte do figurino feminino. Os homens geralmente dançam com camisas e
calças de cores claras e sandálias de couro cru, às vezes com chapéu, também de couro.
Retomada do baião
O sucesso do baião não durou muito. Embora tenha atravessado as décadas de 1940 e 1950
com grande sucesso, foi esquecido na maior parte da Região Sudeste do Brasil. No entanto, na
década de 1970, o baião ressurgiu com a voz e a sanfona de José Domingos de Morais, ou
Dominguinhos (1941-2013), como ficou mais conhecido esse exímio sanfoneiro, cujo mestre
foi o próprio Luiz Gonzaga.
Instrumentista, cantor e compositor brasileiro, Dominguinhos retomou o baião, o forró, o xote
e o choro, colocando em prática os ensinamentos do ilustre divulgador da música popular
nordestina.
A música de Luiz Gonzaga ainda influencia as novas gerações. Diferentes aspectos de suas
composições, como ritmo e percussão, podem ser identificados em músicas de compositores
das gerações seguintes, como Lenine, Zeca Baleiro e Marisa Monte, por exemplo. Além disso,
inspirou criações de Hermeto Paschoal (O ovo), Gilberto Gil (Louvação) e Geraldo Vandré (Fica
mal com Deus), dentre outros famosos músicos da década de 1970.
O que é atualmente conhecido por forró é, na verdade, derivado de diferentes ritmos
nordestinos, inclusive do baião.
Raul Seixas, conhecido como grande fã do rock, compôs e lançou várias músicas
tradicionalmente classificadas como rock e baião, fundindo os dois gêneros e dando origem ao
ritmo que ganhou o apelido de “baioque”.
Gilberto Gil gravou Eu só quero um xodó, o maior sucesso de Dominguinhos em parceria com
Anastácia, sua primeira esposa. A música, que foi gravada pela primeira vez em 1974, conta
com mais de 200 gravações em diversos idiomas, como inglês, holandês e italiano. Além disso,
foi gravada em diferentes ritmos, dentre eles xote, balada e reggae.
Samba
O samba é um gênero musical popular considerado uma das principais manifestações
nacionais. Ele surgiu na zona rural da Bahia, da mistura de ritmos africanos trazidos pelos
negros escravizados.
Uma das histórias sobre o “nascimento” do samba afirma que o ritmo se originou de um ritmo
chamado semba, palavra de origem africana. Semba significa “umbigo” e está relacionado à
dança da umbigada ou dança do batuque. O batuque de umbigada é muito comum no interior
do Estado de São Paulo, em cidades como Tietê, Capivari, Rio Claro, Sorocaba e Piracicaba,
onde são feitas apresentações para o público e oficinas de batuque para crianças,
promovendo, assim, a continuidade desse costume tradicional.
Ao longo dos tempos, o samba sofreu diversas modificações de caráter social, econômico e
musical até chegar ao que é conhecido hoje.
Independentemente da origem, não se pode negar que o samba é considerado uma das
identidades do Brasil e faz parte de nossa cultura e de nossa história.
A modernização do samba
Você se lembra dos discos de vinil? A primeira música identificada como samba gravada nesse
tipo de mídia intitula-se Pelo telefone.
Gravado pelo músico, cantor e compositor brasileiro Donga (1890-1974) em 1917, esse samba
foi um grande sucesso no carnaval desse mesmo ano.
Depois da primeira transmissão brasileira de rádio, em 1922 – único meio de comunicação em
massa da época –, o samba alcançou a classe média carioca, fazendo, daí em diante, o sucesso
de grandes compositores, como Noel Rosa, Cartola, Dorival Caymmi, Ary Barroso, Adoniran
Barbosa, Pixinguinha e Nelson Cavaquinho.
Nacionalização do samba carioca
Entre o final da década de 1920 e o início da de 1930, o samba urbano, originário da região
carioca chamada Estácio de Sá, deixou de ser local e passou à categoria de símbolo nacional,
espalhando-se por diversas regiões da cidade e do País. Além do samba carnavalesco, o ritmo
ganhou outros estilos, como samba- -canção, samba-exaltação, samba-enredo e samba-choro.
Foi também no bairro Estácio de Sá que surgiu a primeira escola de samba, em 1929, a Deixa
Falar, que desfilava em blocos na Praça 11 e inovava no ritmo, que contagiava as pessoas com
suas novas batidas. Com esse sucesso, a cada ano nasciam novas escolas para desfilar no
carnaval carioca.
Modificações no samba
Diferentes ramificações do samba surgiram ao longo dos tempos, e o título de identidade
nacional brasileira chegou ao exterior. Dentro de nosso País, ganhou compositores e
intérpretes de renome, que, de acordo com sua região, ofereceram diferentes características
para o samba. Adoniran Barbosa, por exemplo, criava com humor e chacota; Lupicínio
Rodrigues, inspirado nos boleros, tratava de temas sentimentais.
Na década de 1960, ressurgiu o samba tradicional do morro, nas vozes de Cartola, Paulinho da
Viola, Chico Buarque de Holanda e Nelson Cavaquinho. Martinho da Vila é outro grande nome
do gênero, que revalorizou o samba-enredo e apresentou ao povo o samba-reggae.
Nos anos 1970, três mulheres abrilhantaram o cenário do samba e marcaram sua história:
Alcione, Beth Carvalho e Clara Nunes. Zeca Pagodinho despontou na década de 1980 e
explodiu com o pagode, que se tornou moda em todo o Brasil.
A nova geração do samba buscou, em suas composições, a reaproximação com o chamado
“samba de raiz”, nascido nos morros cariocas. Vários nomes tiveram destaque a partir do ano
2000, dentre eles Maria Rita, filha da conhecida cantora Elis Regina.
Artes Visuais
Esta Unidade tem como objetivo o estudo da arte moderna no Ocidente e como o
modernismo aconteceu em nosso País. É muito importante que você conheça esse período da
História da Arte, porque, além de revolucionar o conceito de arte e, consequentemente, a
produção artística existente até então, a partir daí será também mais fácil compreender a arte
contemporânea, nome que se dá à arte produzida atualmente.
Para isso, você vai conhecer alguns dos principais movimentos artísticos do modernismo na
Europa, assim como artistas, suas obras e contextos de produção. Refletirá também sobre as
questões que levaram à realização da Semana de Arte Moderna em 1922, na cidade de São
Paulo, e conhecerá alguns de seus principais representantes.
Arte moderna
Você verá como surgiram os movimentos artísticos que fazem parte da chamada arte moderna
ocidental, que surgiu no final do século XIX e foi um grande marco na história das artes visuais
pelas rupturas que propôs, especialmente na pintura e na escultura. Verá também alguns de
seus representantes, suas obras e os contextos em que elas foram produzidas.
Você conhece ou já utilizou as palavras moderno, modernidade, modernista? Já ouviu alguém
dizer que “fulano é moderno”, ou “queria comprar uma roupa mais moderna”, ou “aquela casa
tem uma construção modernista”? Para você, o que significa moderno?
O modernismo na Europa
A história da arte moderna começou na Europa, no final do século XIX, e foi até um pouco
além da década de 1960. Na época, algumas cidades europeias, principalmente Paris, na
França, viviam grandes transformações, em razão, especialmente, da industrialização, do
aparecimento de novas tecnologias, da invenção da fotografia e do cinema, do aumento da
população urbana e do crescimento das cidades.
Diante de tantas transformações, alguns artistas mudaram totalmente a expressão artística
existente. O conceito de belo e a representação fiel da realidade, que eram fundamentais nos
modelos da arte clássica e prevaleceram em movimentos como o Romantismo, o
Neoclassicismo, o Rococó, o Barroco e o Renascimento, foram desconstruídos e cederam
espaço à expressão das manifestações subjetivas, isto é, ideias, sentimentos, maneiras de ver a
vida de cada artista. Desse modo, as pinceladas tornaram-se mais aparentes e a perspectiva (a
representação da profundidade na pintura) aos poucos foi perdendo sua importância como
orientação para a representação.
A arte moderna é composta por vários movimentos, de vários “ismos”: expressionismo,
cubismo, fauvismo, futurismo, surrealismo, abstracionismo. Você vai estudar alguns deles a
seguir.
Cubismo
O cubismo tem como seus maiores representantes na pintura os espanhóis Pablo Picasso
(1881-1973) e Juan Gris (1887-1927) e o francês Georges Braque (1882-1963); na escultura, o
destaque é o lituano Jacques Lipchitz (1891-1973).
As principais características da pintura e da escultura cubistas são a valoriza- ção das formas
geométricas e a representação de diferentes faces da imagem – umo bjeto, uma pessoa ou
uma paisagem –, como se estivessem todas em um mesmo plano. Assim, a perspectiva
também aparece de outra forma no cubismo.
Observe a seguir, na obra Mulher chorando, de Picasso, a geometrização das figuras, as várias
faces representadas em um só plano. Veja como é quase impossível afirmar se a figura está de
frente ou de perfil, mas o jogo de planos leva a perceber um movimento de angústia e choro
na face dessa mulher.
Observe como os traços utilizados são geométricos e as imagens estão quase todas no mesmo
plano, características do movimento cubista.
Fauvismo
A característica mais marcante do fauvismo, ou fovismo, é o uso de cores fortes, intensas, sem
relação direta com a realidade. Esse nome vem do francês fauve, que significa “fera”. Ele foi
dado ao movimento por um crítico de arte que, ao sair de uma exposição, chamou os artistas
que pintavam assim de selvagens. Era uma pintura alegre, mais intuitiva, que seguia o impulso
do artista.
Seus seguidores diziam que a arte deveria ser livre, mais espontânea, menos intelectual e
voltada para a crítica. Henri Matisse (1869-1954) e André Derain (1880- -1954) foram
importantes representantes desse movimento artístico.
Observe, nas reproduções a seguir, a liberdade no uso das cores, muitas vezes sem
correspondência com o real, e a utilização de grandes campos de cores vivas, quase sem
misturas e muito intensas.
Expressionismo
O movimento expressionista valorizou a utilização subjetiva das cores. As obras exploram a
deformação da imagem, a fuga do real, em pinceladas vigorosas com várias camadas de tinta,
resultando em uma pintura às vezes dramática, trágica e/ou pessimista, mas sempre com a
intenção de mostrar as emoções humanas.
O expressionismo foi mais forte na Alemanha, especialmente após o término da 1ª Guerra
Mundial. Muitas vezes, a arte expressionista serviu para denunciar problemas políticos e
sociais.
Seus principais artistas foram Edvard Munch (1863-1944), Emil Nolde (1867-1956), Ernst
Ludwig Kirchner (1880-1938), August Macke (1887-1914), George Grosz (1893-1959), Paul Klee
(1879-1940), Amedeo Modigliani (1884-1920), Egon Schiele (1890-1918), entre outros.
Observe a obra O grito, do pintor norueguês Edvard Munch:
As cores do fundo e a expressão do rosto da pessoa não representam a realidade visível, mas o
sentimento do artista.
Surrealismo
O surrealismo foi um movimento artístico que surgiu por volta de 1920, logo após o fim da 1a
Guerra Mundial, e tinha como foco o mundo dos sonhos, dos pesadelos, da imaginação, da
fantasia. Privilegiava a representação de imagens do inconsciente, da loucura, das profundezas
inexploradas da mente. Era contra a lógica, a razão, a representação da realidade. Os artistas
surrealistas mais importantes foram: Salvador Dalí (1904-1989), René Magritte (1898-1967),
Max Ernst (1891-1976), Juan Miró (1893-1983), entre outros.
Modernismo No Brasil
Você vai estudar o modernismo no Brasil, seus principais representantes, suas obras e,
especialmente, a Semana de Arte Moderna de 1922, que ocorreu em São Paulo e foi de grande
importância para a ruptura com a arte acadêmica e a busca de uma nova identidade artística
nacional.
Acadêmicos ou modernos?
O Brasil do início do século XX era ainda uma república jovem – a proclamação da República
aconteceu em 1889 – e o centro econômico do País estava no Estado de São Paulo, com suas
diversas fazendas de café, produto de exportação. Havia uma grande imigração europeia e
japonesa e o processo de industrialização se acelerava, reflexo de um fenômeno global,
especialmente após o término da 1ª Guerra Mundial.
Surgiam os aparelhos de rádio, e a primeira transmissão oficial no Brasil se deu em 7 de
setembro de 1922, na comemoração do centenário da Independência. Na cidade de São Paulo
havia bondes puxados por cavalos, os lampiões de gás começavam a ser trocados por
lâmpadas elétricas e as carruagens, pelos automóveis. Santos Dumont (1873-1932), brasileiro
pioneiro da aviação, fazia suas experiências voando em Paris, na França.
Nas artes também ocorriam mudanças que acompanhavam essas transformações sociais. A
grande precursora do modernismo no Brasil foi a paulistana Anita Catarina Malfatti (1889-
1964). Em 1910, a artista fez uma viagem de estudos à Alemanha e se encantou com o
expressionismo. Viajou depois para os Estados Unidos, também para estudar arte.
Regressando ao Brasil, fez em 1917 uma exposição com obras influenciadas pelo
expressionismo, o que desagradou à sociedade e aos críticos da época, acostumados à pintura
acadêmica. Anita foi duramente criticada, mas sua exposição foi a semente da Semana de Arte
Moderna.
Outro importante precursor do modernismo foi o lituano Lasar Segall (1891-1957), que se
mudou para o Brasil em 1923. Sua pintura expressionista mostra muito do drama humano,
especialmente nas obras a seguir, que representam os sentimentos do artista, que vivenciou a
tragédia e os horrores da guerra.
Na pintura moderna não há rigidez na correspondência das formas e cores com a realidade. As
obras são mais emocionais, as pinceladas são mais soltas e vigorosas, há espaços do suporte
que ficam em branco e a relação da figura com o fundo, em algumas obras, quase desaparece.
A Semana de Arte Moderna
A Semana de Arte Moderna – que, na verdade, durou apenas três dias – aconteceu no Theatro
Municipal de São Paulo, em 15, 16 e 17 de fevereiro de 1922. Foi organizada por um grupo de
artistas plásticos, poetas, escritores, músicos e intelectuais com o objetivo de mostrar o
rompimento dessas linguagens com os movimentos anteriores e a busca do novo, de uma
produção independente, brasileira, diferente dos modelos estrangeiros.
Durante as comemorações, nesse mesmo ano, do primeiro centenário da proclamação da
Independência do Brasil, esse grupo promoveu sua emancipação artística apresentando uma
nova proposta de arte nacional.
Veja alguns dos principais artistas que participaram da Semana:
• Música: Heitor Villa-Lobos (1887-1959), compositor e músico; Guiomar Novaes (1894-1979),
pianista.
• Artes visuais: Victor Brecheret (1894-1955), escultor; Anita Malfatti (1889-1954), Vicente do
Rego Monteiro (1899-1970), Zina Aita (1900-1967), John Graz (1891-1980), Emiliano Di
Cavalcanti (1897-1976), pintores.
Literatura: Oswald de Andrade (1890-1954); Mário de Andrade (1893-1945); Menotti Del
Picchia (1892-1988); Guilherme de Almeida (1890-1969); Manuel Bandeira (1886-1968).
As exposições de pinturas e esculturas e as apresentações de música e poesia chocaram a
plateia, formada quase exclusivamente pela elite paulista, que se manifestou vaiando muitas
das produções.
Embora não tenha participado da Semana de 22, Tarsila do Amaral (1886-1973) foi uma
grande representante do modernismo no Brasil. Assim como outros modernistas, ela rompeu
com a cópia da realidade, fez uso emocional de cores e formas, alterou o uso da perspectiva,
entre outras características desse movimento.
Estudou pintura por vários anos na Europa, conheceu Pablo Picasso e manteve contato com
vários artistas modernos, como os franceses Albert Gleizes (1881-1953) e Fernand Léger
(1881-1955). Voltando ao Brasil, juntou-se aos modernistas. Em sua fase chamada “Pau-
Brasil”, geometrizou as formas e mostrou influência do cubismo em sua arte. Já a “fase
antropofágica” teve forte presença das ideias surrealistas. Portanto, quando se fala em
modernismo no Brasil, é impossível não citar a presença inovadora de Tarsila do Amaral.
Dança, A Arte Do Movimento
Você estudará um pouco sobre a história da dança moderna e o que a diferencia da dança
clássica, além das funções básicas que o corpo humano executa quando dança. Conhecerá o
contexto e a história da produção de algumas coreografias e suas narrativas, ou seja, as
histórias que algumas danças contam por meio de sequências de movimentos esteticamente
planejados pelo coreógrafo.
Ainda nesta Unidade, será apresentada a modalidade de dança que faz parte do movimento
do hip hop, o breakdance. Você conhecerá um pouco da história e algumas características que
compõem essa dança.
Do clássico para o moderno
Você vai estudar a questão da narrativa na dança e se aprofundará um pouco no estudo da
dança moderna: os movimentos que o corpo executa, a ausência de sapatilhas de ponta, o uso
de roupas leves, gestos livres e movimentos espontâneos, dentre outras características. Você
conhecerá também a teoria de Laban, responsável por um minucioso estudo dos movimentos
aplicados na dança moderna.
A dança conta histórias
A dança pode contar histórias e isso é feito por meio do movimento. Durante muito tempo a
narrativa acompanhou as danças clássica e moderna.
Você conhecerá agora três balés românticos conhecidos mundialmente, que fazem parte do
repertório de bailarinos de dança clássica. Verá, também, imagens de bailarinos representando
algumas cenas.
A bela adormecida
Você conhece essa história? Ela ganhou popularidade quando foi transformada em desenho
animado pela Disney. No entanto, esse conto de fadas, publicado pelos Irmãos Grimm em
1812, recebeu uma composição de Piotr Tchaikovsky e foi coreografada pela primeira vez em
1890. Essa coreografia faz parte do repertório clássico de bailarinos e ainda hoje é
apresentada.
Nesse conto, Aurora é uma princesa que, após o nascimento, é enfeitiçada por uma fada má,
que a faz cair em sono profundo quando completa 16 anos. Segundo a história, a princesa
adormecida só despertará quando for beijada por um príncipe.
O quebra-nozes
O balé O quebra-nozes, também com música composta por Tchaikovsky, foi interpretado
muitas vezes por diversas companhias e pelo Balé Bolshoi, atualmente a companhia russa de
balé mais renomada do mundo. Esse balé conta a história de um quebra-nozes com aparência
humana, vestido de soldado, que a menina Clara ganha de presente no Natal. O irmão de Clara
quebra o braço do soldado e a menina, ao dormir, sonha que o quebra-nozes é consertado e a
defende das ratazanas que invadem a casa, transformada em floresta. O quebra-nozes, no
sonho, é um príncipe que convida Clara para uma visita aos vales encantados, um dos quais é o
Reino dos Doces e Confeitos.
A morte do cisne
Camille Saint-Saëns (1835-1921) compôs a peça O carnaval dos animais em 1886. O cisne é o
nome do 13o movimento, único publicado durante a vida do compositor. Em 1905, Mikhail
Fokin (1880-1942) criou sua coreografia para a renomada bailarina russa Anna Pavlova,
intérprete dessa bela história de um cisne ferido que morre lentamente. A bailarina, nessa
dança, caminha no palco sobre as sapatilhas de ponta em pequeninos passos e exprime sua
dor e sofrimento. Ao final, levanta os braços recusando-se a aceitar seu destino, para, logo em
seguida, resignada, fechar “as asas” e morrer.
A dança moderna
A primeira ruptura no balé ocorreu com a dança moderna, que abandonou as cinco posições
básicas de pés, braços e pernas, definidas pelo coreógrafo e dançarino francês Pierre
Beauchamp (1636-1705) na metade do século XVII.
Além disso, a dança moderna libertou os pés dos dançarinos das sapatilhas de ponta, tornou o
movimento do tronco mais flexível e trouxe outras possibilidades de ocupação do espaço
durante a dança, podendo apresentar corpos deitados, sentados ou ajoelhados, em
contraposição à técnica clássica, na qual, geralmente, os bailarinos executam os movimentos
em pé.
Os corpetes e os espartilhos foram abolidos e substituídos por roupas leves e soltas, com o
objetivo de propiciar maior liberdade aos movimentos. Dentre as mudanças mais importantes
destacam-se: a busca da transformação dos movimentos, a necessidade de criar com liberdade
e a ousadia de colocar em prática ideias inovadoras que contestavam o treino e a técnica
exigidos pelo balé.
Laban, um estudioso da dança moderna
O dançarino, coreógrafo e professor de dança Rudolf von Laban é considerado um dos mais
importantes estudiosos da dança do século XX.
Ao longo da história da dança, assim como em outras linguagens artísticas, foram criados
diferentes modos de registrar os movimentos para uma coreografia. Dentre esses sistemas de
registros, você vai conhecer a labanotação, cuja denominação é derivada do sobrenome de
seu criador, Laban.
Esse sistema de anotações foi desenvolvido com o objetivo de registrar os movimentos que
são parte de uma coreografia. Até então, a maioria dos coreógrafos utilizava apenas a
memória e a transmissão oral para explicar aos dançarinos como seria a sequência de
movimentos.
Laban entendia que a dança também deveria ser “escrita” como uma partitura musical. Com
seu método, as direções e os níveis de execução passaram a ser indicados por meio de sinais
para cada parte do corpo, não dependendo mais unicamente da memória para lembrar os
movimentos.
Ele propôs uma dança com base em estudos sobre os princípios da linguagem corporal, como
respirar, andar, virar, correr, saltar, agachar, entre outras ações que fazem parte do cotidiano.
Esses movimentos eram estudados e praticados regularmente pelos bailarinos em quase todas
as coreografias de dança. Laban observou as posições do balé clássico e percebeu que as
direções para cima, para baixo e para os lados, com o corpo ereto, predominavam. Assim,
auxiliado por outros dançarinos modernos, concluiu que o corpo humano, em suas condições
normais, executa três funções básicas: torcer, dobrar e esticar.
Experimente girar o tronco e olhar para trás; esse movimento é a torção. Ao abaixar para
pegar algo no chão, você está fazendo o movimento de dobrar. Por fim, quando ergue os
braços, estende o corpo para alcançar algo e fica na ponta dos pés, você está esticando.
Laban também destacou que o movimento conta com quatro fatores: fluência (o movimento
pode ser executado de forma totalmente livre até extremamente controlado), espaço (o
movimento pode ser direto, com um único foco, ou flexível, multifocado – havendo variações
entre esses dois polos), peso (o movimento pode ser executado de forma leve ou firme) e
tempo (o movimento pode ser executado de forma súbita/rápida ou lenta/sustentada).
No que diz respeito ao fator fluência, o movimento pode ser:
• de fluxo contínuo: quando o movimento ocorre sem interrupções; por exemplo, uma corrida
com a mesma intensidade do início ao fim;
• de fluxo controlado: quando o movimento ocorre sem interrupção, mas com intensidade
controlada, como uma corrida com várias velocidades;
• de fluxo contínuo e controlado: quando o movimento ocorre com interrupções imediatas –
correr e parar, correr e parar.
Ainda em relação ao movimento, ele pode ser:
• em diferentes direções: para todos os lados, para cima, para baixo, em diagonal;
• em diferentes níveis: alto, médio ou baixo em relação à altura.
Todos esses fatores e aspectos são utilizados em coreografias e dependem da intenção do
artista ao coreografar os movimentos para uma dança.
A dança de rua
Movimento cultural: hip-hop
O hip-hop surgiu no final da década de 1960, nos Estados Unidos. Como movimento cultural,
tratava de temas como conflitos sociais e violência urbana, vividos por grupos de
afrodescendentes e latino-americanos, marginalizados naquele país.
Essa manifestação artística conta com quatro elementos que a caracterizam: o rap
(abreviatura de rhythm and poetry, expressão do idioma inglês que significa “ritmo e poesia”),
em discurso cadenciado; a instrumentação dos DJs (abreviatura de disc jockey em inglês, ou
disco-jóquei em português), artista que cria e transmite a música; o grafite; e o breakdance
(dança de ruptura ou quebra, em português).
O break propõe uma forma de movimento bastante particular para aqueles que o praticam. Os
participantes desse grupo de dança são os b-boys (breaker boys), que executam movimentos
de verdadeiro malabarismo e um show de equilíbrio, com ritmo próprio e característico para a
movimentação do corpo.
A teoria de Laban para interpretar os movimentos do breakdance
Como você viu a teoria de Laban surgiu para a leitura dos movimentos realizados na dança, o
que permitiu o registro de coreografias.
É interessante que você procure assistir a uma apresentação de break, seja ao vivo, pela
televisão ou pela internet, para compreender melhor como são os movimentos.
De forma geral, podem-se identificar no break os fatores do movimento da teoria de Laban:
• fluência: movimentos mais controlados – por mais rápido que sejam os movimentos no
break, o dançarino executa, bem definidamente, um movimento após o outro;
• espaço: movimentos bastante diretos;
• peso: movimentos firmes;
• tempo: movimentos rápidos.
O break usa várias partes do corpo em seus movimentos (ombros, cabeça, joelhos, pés),
principalmente nos níveis baixo e médio.
O Teatro Na Atualidade
Um pouco de história
O teatro, assim como as outras linguagens artísticas, tem uma história que também pode ser
dividida em períodos ou estudada de acordo com algumas características comuns.
Você vai acompanhar agora um pouco das mudanças que ocorreram no teatro, não apenas na
maneira de contar histórias, mas também na relação entre palco e plateia, ou seja, entre o
público e os artistas.
Teatro romântico
Pouco antes do fim do século XIX, predominava, especialmente nos palcos europeus, o teatro
romântico. Ao idealizar os personagens e a sociedade – mostrando temas nacionalistas,
românticos, heróis que lutavam por uma causa, jovens sonhadoras, textos poéticos que
instigavam as emoções da plateia –, o teatro romântico europeu refletia a visão de mundo da
sociedade da época, muitas vezes com base na fantasia, na imaginação, exibindo cenários e
figurinos ricamente elaborados e repletos de detalhes.
No Brasil, Joaquim Manuel de Macedo (1820- -1882) e Martins Pena (1815-1848) foram
destaques nesse período. Manuel de Macedo, além de ter escrito A moreninha (1844),
considerada a primeira obra do romantismo brasileiro, foi autor de diversas peças de teatro,
entre as quais: O cego (1845); Cobé (1849); O fantasma branco (1856); Luxo e vaidade (1860);
O novo Otelo (1863) e Lusbela (1863). Martins Pena (1815-1848), que faleceu com apenas 33
anos, escreveu cerca de 30 peças, inaugurando a chamada comédia de costumes, com
destaque para O juiz de paz da roça (1838), O noviço (1845), Os dois ou o inglês maquinista
(1871).
Teatro realista
O teatro realista, que chegou aos palcos no fim do século XIX, diferentemente do romântico,
queria mostrar ao público situações reais de pessoas comuns – problemas sociais, a exploração
da classe trabalhadora, a prostituição, a burocracia, a corrupção, o papel da mulher na
sociedade, a importância da ciência, entre outros temas –, quase sempre com um tom crítico,
instigando a plateia a refletir e a buscar mudanças.
Os cenários eram extremamente realistas, ou seja, representavam a vida real, sem fantasias.
Cada detalhe era minuciosamente elaborado, para dar maior credibilidade à cena. A linguagem
era pouco rebuscada, com o uso de palavras mais simples. Alguns escritores do teatro realista
europeu foram:
• o francês Alexandre Dumas Filho (1824-1895), que, em A dama das camélias, trata da
prostituição, tema controverso na época;
• o norueguês Henrik Ibsen (1828-1906), que, em Casa de bonecas, questiona o papel social da
mulher;
• os russos Anton Tchekhov (1860-1904) – A gaivota e O jardim das cerejeiras –, Nikolai Gógol
(1809-1852) – O inspetor geral e O casamento – e Maksim Górki (1868-1936) – Os pequenos
burgueses –, que mostram situações políticas, a burocracia, a explora- ção dos mais pobres, o
cotidiano do povo russo, entre outros fatos.
Teatro realista brasileiro: Machado de Assis
No Brasil, o realismo destacou-se especialmente nos textos do grande representante da
literatura brasileira, o poeta, romancista, cronista, jornalista e dramaturgo Machado de Assis
(1839-1908), que escreveu, entre outras peças, Quase ministro, publicada em 1864.
A história narra de forma cômica e bastante irônica a provável nomeação de alguém para um
cargo de ministro, mostrando de maneira crítica, entre outras questões, a política, a vaidade e
os aproveitadores e bajuladores dos poderosos.
Tempo de mudanças
No século XX, especialmente após o término da 1a Guerra Mundial, ocorrida entre 1914 e
1918, houve muitas mudanças na sociedade, nas artes, na maneira de ver a vida. Isso se
refletiu no teatro. Surgiram várias tendências nas formas de apresentação, direção,
preparação de atores, cenografia e nos próprios textos dramáticos.
Uma das mudanças apareceu no teatro épico, que teve nos alemães Erwin Piscator e Bertolt
Brecht seus maiores representantes.
Eles defendiam a ideia de que o público não poderia confundir o teatro com a vida, com a
realidade. Os cenários não eram tão elaborados nem os atores se identificavam com os
personagens, e a história misturava cenas do presente e do passado, tudo isso para criar o que
chamavam de distanciamento, causando um estranhamento proposital, que deveria fazer a
plateia refletir.
Brecht afirmava que o teatro era uma forma de conscientizar as pessoas, especialmente sobre
questões políticas. Por assumirem tal posição de questionamento, ele e Piscator sofreram com
a ascensão de Adolf Hitler e do regime nazista e tiveram de deixar a Alemanha durante a
guerra.
Uma das peças mais famosas de Brecht, muito presente no teatro épico, é a sátira política A
ópera dos três vinténs, que estreou em 1928 com músicas do compositor alemão Kurt Weill
(1900-1950).
Outra vertente que surgiu nas artes cênicas foi o teatro do absurdo. Esse teve maior
repercussão após a 2a Guerra Mundial, ocorrida entre 1939 e 1945, e tratava da destruição, da
perda de valores, da angústia, da falta de comunicação e da solidão, das relações
fragmentadas, da falta de sentido da vida, da morte inexorável (contra a qual não se pode
fazer nada), alguns desses sentimentos relacionados à própria guerra e suas consequências.
Os autores criavam cenas e diálogos incompreensíveis, com a intenção de mostrar que faltava
algum propósito na vida, que o ser humano perdeu referências diante das incertezas e do
absurdo.
Teve como maior representante o italiano Luigi Pirandello (1867-1936). Sua peça mais
conhecida é Seis personagens à procura de um autor (1921). Essa obra mostra o “teatro dentro
do teatro”, em que atores, personagens e público se misturam e se confundem.
A história começa com um grupo de atores e o diretor ensaiando, quando aparecem seis
personagens desesperados porque foram abandonados por seu criador. Eles tentam
convencer o diretor a encenar suas vidas, seus dramas particulares.
Os diálogos entre atores, personagens e diretor criam uma situação inusitada, na qual
discutem, no palco, o que é teatro, ficção, realidade, ator, personagem, a vida feita de solidão,
de medo, de perdas, de falta de sentido e a fantasia. Seriam atores, personagens ou pessoas
comuns discutindo a vida?
Também foram representantes desse gênero do teatro o romeno Eugène Ionesco (1912-1994),
autor, por exemplo, de A cantora careca (1954), e o irlandês Samuel Beckett (1906-1989), que
escreveu, entre outras peças, Esperando Godot (1952).
O teatro da crueldade foi mais uma das vertentes do novo teatro, cuja proposta era realizar a
crítica à cultura do espetáculo e à racionalidade da sociedade ocidental, promovendo com o
teatro a reflexão sobre algumas certezas humanas. O termo crueldade refere-se à noção de o
teatro ser um processo doloroso, quase um ritual.
Seu principal representante foi o francês Antonin Artaud (1896-1948). Ele afirmava que o
teatro não deveria ser divertimento, lazer ou passatempo e propunha que fosse apresentado
nas ruas, nas fábricas, nas lojas, nos galpões, nos hospitais, para que as pessoas se
confrontassem, de fato, com seus problemas. Nessas apresentações, quase não havia distinção
entre palco e plateia, atores e público; todos eram chamados a participar.
As características desse teatro estão ligadas aos movimentos modernos, como o dadaísmo e o
surrealismo.
O polonês Jerzy Grotowski (1933-1999), influenciado pelo teatro da crueldade, propôs a
criação do teatro pobre. Este tem como objetivo a relação entre ator e espectador,
dispensando cenários, figurinos, maquiagem, iluminação e até o texto – tudo o que possa
distrair a atenção do público, voltada apenas para os atores, que, por sua vez, devem ter
excelente desempenho corporal. É por isso que se usa a denominação pobre.
O termo não está relacionado à economia, mas ao entendimento de que muitos acessórios são
armadilhas de distração do espectador sobre o que é essencial: o trabalho dos atores.
Muitas das peças dessa vertente são apresentadas em diferentes lugares, como praças
públicas. Quando são mostradas em espaços convencionais, os atores invadem a plateia,
havendo mistura entre público e personagens.
Mudanças no teatro brasileiro na atualidade
Assim como em outros países, o teatro brasileiro também sofreu mudanças consideráveis. A
peça O rei da vela, de Oswald de Andrade (1890-1954), escrita em 1933 e publicada em 1937,
é um exemplo dessas mudanças. Ela foi encenada pela primeira vez em 1967, sob a direção de
José Celso Martinez Corrêa (1937-), um dos mais importantes nomes do teatro nacional.
Oswald de Andrade apresenta nessa peça uma crítica à sociedade brasileira, ao
subdesenvolvimento, ao capital estrangeiro, à superstição – quase todos querem morrer com
uma vela na mão ou a utilizam em rituais –, o que faz o dono da fábrica de velas cada vez mais
rico. Esse mesmo homem também é agiota e prende em jaulas as pessoas que lhe devem;
casa-se por interesse, para fazer parte da aristocracia cafeeira, que, mesmo falida, mantém
ares de nobreza.
Embora O rei da vela tenha alterado a maneira de fazer teatro, a grande revolução no teatro
brasileiro ocorreu com Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues (1912-1980), apresentada pela
primeira vez em 1943.
A história tem forte apelo psicológico, trazendo questões como a angústia, o medo, as
alucinações, a crueldade, a hipocrisia, os sentimentos perversos. O tempo é mostrado de
forma não linear, ou seja, passado e presente se confundem. O palco, em algumas
apresentações, foi dividido em três partes por meio da iluminação, representando, cada uma,
a realidade, a alucinação e a memória.
Outros dramaturgos inovadores foram: Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006), especialmente
com sua peça Eles não usam black-tie, de 1958, que trata da luta operária, das greves, de
questões políticas; Jorge Andrade (1922-1984), com A moratória, de 1955, que fala dos
conflitos de gerações, da crise financeira, da ausência de moral; Ariano Suassuna (1927-2014),
autor de Auto da Compadecida, de 1956, que mostra a religiosidade, a fé, a avareza, a luta
entre o bem e o mal, o homem do sertão nordestino; Plínio Marcos (1935-1999) e Dias Gomes
(1922-1999), que inovaram a linguagem teatral e também apresentaram temas políticos,
citados nos Volumes anteriores.
O teatro contemporâneo
Mas, afinal, qual é o teatro feito atualmente?
Além de incorporar um pouco das criações e inovações que você estudou até aqui, o teatro
contemporâneo vai além, ampliando possibilidades de encenação, do trabalho dos atores,
aprofundando a relação palco-plateia, elaborando novos efeitos cenográficos, utilizando
recursos da mais avançada tecnologia e inovando na utilização dos espaços cênicos.
Nos dias atuais, há também as grandes montagens, os ricos espetáculos, originados
especialmente nos Estados Unidos, mostrando uma infinidade de luzes coloridas, de imagens
produzidas por computadores, muita música, orquestras, dança, efeitos especiais criados pela
mais sofisticada tecnologia, enfim, uma multiplicidade de recursos inimagináveis décadas
atrás. Essa indústria do entretenimento, com seus incontáveis espetáculos e musicais, como O
fantasma da ópera (1909), Os miseráveis (1862), O rei leão (1994), entre outros, rende
fortunas de bilheteria.
Mas não apenas de grandes produções vive o teatro contemporâneo. Também são comuns
companhias que trabalham em processos colaborativos, em que diretores, atores, cenógrafos,
iluminadores, dramaturgos e todos os outros profissionais envolvidos na peça, sem hierarquia,
discutem e contribuem para sua construção, em um processo de criação coletiva.
No teatro contemporâneo brasileiro, destacam-se por suas inovações os diretores Augusto
Boal (1931-2009), Antunes Filho (1929-), José Celso Martinez Corrêa (1937-) e as companhias
teatrais Asdrúbal Trouxe o Trombone, Grupo Opinião, Teatro Oficina, Teatro da Vertigem (que
já se apresentou em igrejas, hospitais, presídios e até no Rio Tietê), Teatro de Arena, Os
Satyros, Pod Minoga, entre outras.
Diversas dessas companhias de teatro estão em atividade com várias apresentações teatrais.
Vale a pena pesquisar na internet e ir a uma delas; será uma experiência enriquecedora!
Percurso Musical
Música do século XX e as tendências contemporâneas
Você estudará a música, que, mais uma vez, teve sua forma de composição transformada a
partir do século XX. Verificará que, embora alguns músicos continuem a compor de modo
tradicional, clássico ou romântico, seguindo modelos já estabelecidos, outros procuram trazer
algo novo às antigas formas.
Também vai conferir que os valores da música do período clássico, como o equilíbrio, a
disciplina, a diversidade de instrumentos, a moderação, foram rejeitados por compositores
que inauguraram a música moderna, que se iniciou com as composições impressionistas. Dois
de seus precursores foram Claude Debussy (1862-1918) e Maurice Ravel (1875-1937).
Ravel foi o autor da famosa música para orquestra Bolero. Sua estreia ocorreu no teatro Ópera
Garnier, em Paris, França, em 1928, e, além de se tornar a obra mais famosa do compositor,
foi também um dos expoentes da música impressionista do século XX. Embora Ravel a tenha
considerado apenas um estudo orquestral, Bolero alcançou grande êxito em pouco tempo e
tornou-se uma das obras musicais mais interpretadas na versão concerto.
Assim, durante seus estudos, você perceberá que as inovações do classicismo e do romantismo
tornaram-se comuns e que o desejo de mudança criou novidades no universo da música.
O impressionismo nas diferentes linguagens
Em contraposição ao romantismo e ao realismo, uma série de novas tendências musicais
marcou o começo do século XX. Dentre elas, pode-se destacar o impressionismo, que teve seu
início nas artes visuais, mais especificamente na pintura francesa, ainda no século XIX.
O nome do movimento é derivado de um comentário sobre a pintura Impressão, nascer do sol
(1872), do artista francês Claude Monet (1840-1926) reproduzida na próxima página. A obra
fazia parte de uma exposição de um grupo de artistas, e um crítico de arte a desqualificou e
chamou o grupo ironicamente de “os impressionistas”, pois, segundo ele, tais artistas não
produziam suas pinturas com base em conhecimentos, e sim em impressões de um momento.
A nomenclatura foi então adotada pelos artistas e o caráter depreciativo foi ignorado.
Não mais interessados em retratar fielmente a realidade, um grupo de jovens pintores
afastou-se dos modelos acadêmicos, privilegiando em suas obras a luz natural, a cor, o
movimento da pincelada mais livre, a rapidez e a espontaneidade do traço, a despreocupação
com a precisão dos contornos.
Cerca de 20 anos após o surgimento do impressionismo na pintura, as características desse
estilo repercutiram na música e na literatura. Essa influência ficou evidente quando Claude
Debussy apresentou Prelúdio à tarde de um fauno (Prélude à l’après-midi d’un faune), obra
considerada por alguns críticos o marco inicial da música moderna; e seu compositor,
expoente da música impressionista.
A música é baseada no poema A tarde de um fauno (L’après-midi d’un faune), de Stéphane
Mallarmé, escrito em 1865 e publicado em 1876. O poema conta a história de um fauno – ser
mitológico metade homem, metade bode – que toca sua flauta nos bosques e fica encantado
com a passagem de ninfas, divindades da mitologia grega que habitavam a beira de riachos e
bosques. O fauno tenta seduzi-las, mas não consegue. Muito cansado e fraco, ele dorme um
sono profundo e sonha que conseguiu reunir-se com as ninfas.
Os vários sons, de diferentes timbres, presentes na música impressionista eram executados ao
mesmo tempo, mas existia uma relação entre eles. As composições despertavam a imaginação
e a fantasia dos ouvintes e se distanciavam dos excessos emocionais do romantismo. Vale a
pena procurar essa música na internet e ouvi-la.
O movimento impressionista também influenciou o músico e maestro brasileiro Antônio Carlos
Jobim (1927-1994), conhecido como Tom Jobim, que utilizou algumas características da música
impressionista, como as relações entre os sons que ocorrem ao mesmo tempo. A música
Brasília, sinfonia da Alvorada, também conhecida como Sinfonia de Brasília, com melodia de
Tom Jobim e letra de Vinicius de Moraes (1913-1980), é um exemplo dessa influência.
Ela foi encomendada por Juscelino Kubitschek, presidente brasileiro entre 1956 e 1961, para
ser apresentada em 1960, ano marcado para a inauguração da nova capital do Brasil. No
entanto, por diversos problemas, a apresentação não aconteceu.
Sua primeira audição ocorreu em 1966, na TV Excelsior de São Paulo; porém, em Brasília, foi
apresentada apenas em 1986, na Praça dos Três Poderes.
O impressionismo também aconteceu na literatura. Diferentemente do realismo, que buscava
o registro bastante próximo à realidade, os autores impressionistas procuravam registrar a
impressão que tinham da realidade em determinado momento. Para eles, cada momento era
singular, único, já que a realidade é modificada a cada instante. Dessa maneira, os autores
ofereciam ao leitor as impressões, emoções e sensações de uma cena, de um momento.
No Brasil, Raul Pompéia (1863-1895) é considerado um autor com características
impressionistas. Também podem ser citados o português Eça de Queiroz (1845-1900) e o
francês Marcel Proust (1871-1922), um dos mais importantes escritores impressionistas, muito
conhecido por sua obra Em busca do tempo perdido (À la recherche du temps perdu),
publicada em sete partes entre 1913 e 1927.
Música expressionista
Assim como o impressionismo, o expressionismo abrangeu diferentes linguagens e fez parte da
arte moderna. O movimento recebeu esse nome porque deu maior ênfase às expressões
humanas. Teve seu apogeu na Europa, entre o fim do século XIX e a década de 1920. O período
foi marcado pela industrialização, pela crescente urbanização e pela 1a Guerra Mundial (1914-
1918), que gerou um clima de instabilidade e incertezas. As experiências iniciadas nas artes
visuais refletiram na música, na literatura, na dança, no cinema e no teatro, expressando
sentimentos de medo, desespero, solidão, miséria, confusão e desordem.
Aqui você estudará como ele se manifestou na música. Alguns compositores destacaram-se
nesse período, dentre eles Arnold Schoenberg e Igor Stravinsky, que colocaram em suas
composições sentimentos de desespero e desamparo, dando às obras um caráter sombrio e
muitas vezes exagerado.
Professor e compositor, Schoenberg criou o método dodecafônico, um importante e
revolucionário estilo de composição do século XX, que consistia em uma nova maneira de
organizar as notas musicais. O método tornou-se marco decisivo na evolução da música.
Igor Stravinsky também se destacou como autor expressionista, mas foi notável durante sua
carreira artística ao transitar por diferentes gêneros. Sua fama teve início com composições
encomendadas pelo empresário do balé russo Sergei Diaghilev, que apresentou O pássaro de
fogo (1910), Petrouchka (1911) e A sagração da primavera (1913).
Esta última, inovadora para a época, revolucionou todas as principais características da música,
causando grande controvérsia entre críticos e apreciadores, em razão dos variados ritmos na
mesma melodia, da excessiva valoriza- ção dos instrumentos de percussão, das diferentes
escalas de tonalidades de graves e agudos etc. Stravinsky utilizou o método dodecafônico de
Schoenberg.
Música concreta e música eletrônica
Os gêneros musicais não começam e terminam em uma data exata. Vários deles convivem ao
longo dos períodos e, muitas vezes, o artista cria composições de diferentes estilos musicais
durante sua carreira.
Isso também aconteceu no século XX, que se caracterizou como o século das comunicações. O
progresso tecnológico proporcionou a criação do fonógrafo, do rádio, do cinema e o
aperfeiçoamento de instrumentos musicais em indústrias de aparelhos sonoros. Foram os
novos meios de comunicação que proporcionaram o aparecimento de duas tendências: a
música concreta e a eletrônica.
A música concreta, termo estabelecido pelo engenheiro e compositor francês Pierre Schaeffer
(1910-1995), surgiu entre o fim da década de 1940 e o início da de 1950.
É a música composta com sons naturais, de ambientes e/ou industriais, que são
primeiramente gravados para depois serem modificados em estúdios.
Vários grupos de músicas pop e rock utilizaram a técnica da música eletrônica concreta em
suas produções. Você pode ouvir na internet algumas canções feitas com esses recursos, como
Revolution 9 (The Beatles, 1968), The chrome plated megaphone of destiny (Frank Zappa,
1968) e Bike (Pink Floyd, 1967).
Em 1913, o italiano Luigi Russolo (1885-1947), considerado o primeiro teórico da música
eletrônica, inventou um aparelho que fazia barulhos das mais diferentes espécies, produzidos
por diversos objetos, o intonarumori (máquina de ruídos). No entanto, nenhum dos objetos
que compunham o aparelho era um instrumento musical.
Esse tipo de produção musical, como se pode imaginar, gerou muitas críticas. No entanto,
despertou no compositor francês Edgar Varèse (1883-1965) a ideia de organizar os “ruídos”
em composições musicais criadas com instrumentos de percussão inusitados.
Na composição Ecuatorial (1932-1934), por exemplo, ele utilizou dois teremins, instrumento
musical eletrônico inventado pelo russo Leon Theremin, que produz diferentes timbres.
O estadunidense John Cage (1912-1992) também é considerado uma das figuras de destaque
da música eletroacústica, isto é, modificada por meio de equipamentos ou instrumentos
eletrônicos, além do uso de instrumentos convencionais utilizados de forma não convencional.
Cage compunha em seu “piano preparado”, no qual introduziu, entre as cordas, diferentes
objetos, como pregos, chaves de fenda, porcas, peças com som totalmente alterado em
comparação ao original do instrumento.
Na década de 1950, a produção de sons com instrumentos eletrônicos se aperfeiçoou em um
laboratório de música eletrônica fundado e dirigido por Karlheinz Stockhausen (1928-2007).
Stockhausen é considerado um dos maiores compositores do fim do século XX. Em seu
laboratório, criou obras musicais sem intervenção humana, isto é, com equipamentos
eletrônicos, executadas com toda fidelidade à ideia do compositor.
Daí para a frente, a forma de produzir sons tornou-se cada vez mais variada e se multiplicou,
com aparelhagem sofisticada. Filtrar sons, reorganizá-los, sobrepô-los, dividi-los, produzir ecos
e mixar são algumas entre tantas possibilidades de fazer música, muitas vezes produzida
diante do público, com a manipulação de gravações.
Hoje as músicas não necessitam de salas de concerto para serem apreciadas, embora esses
espaços ainda sejam construídos especialmente para isso; basta apertar uma tecla de um
computador ou de um sintetizador e qualquer gênero musical pode ser escutado e apreciado.
Essa é uma das possibilidades que o avanço da tecnologia proporcionou a todos. A
contemporaneidade permite também, por meio de computadores e outros equipamentos, que
qualquer pessoa crie sua composição.
Durante as décadas de 1970 a 1990, a música pop eletrônica ganhou espaço e apresentou a
figura do programador musical, o DJ (abreviatura de disc jokey em inglês, ou disco jóquei em
português). Antigamente, utilizavam-se discos para tocar e mixar. Hoje em dia, pode-se fazer
uso de computadores, mas o nome permaneceu.
A profissão de DJ possui prestígio e importância social entre os jovens. Veja ao lado a
apresentação de um artista de música eletrônica.
A Música No Dia A Dia
Do tema à trilha sonora: emoção e sentimento
A criação de uma trilha sonora depende de seu uso. Atualmente, os recursos sofisticados de
manipulação do som, como gravação em muitos canais, dublagem e mixagem, possibilitam as
mais diferentes sensações e emoções em quem os escuta.
Assim, não é apenas o compositor da trilha musical que tem responsabilidade pela qualidade
da trilha, mas também o engenheiro de som e os demais técnicos.
Ao idealizar uma trilha sonora, o compositor necessita de recursos e decisões como:
equipamentos, mídias diversas, captação de sons, escolha de gêneros musicais, ruídos ou sons
do cotidiano, e, principalmente, informações sobre o tema. É pelo conhecimento do tema que
esse profissional cria sons capazes de provocar emoções, potencializar sentimentos, ampliar as
leituras e significados de uma imagem ou cena.
A trilha sonora se caracteriza por tudo o que se consegue ouvir – exceto as falas – em um
filme, uma peça de teatro, um programa de televisão e, substituindo os diálogos ou não, tem
diversas funções, entre elas: criar um efeito emocional na plateia, seja de suspense, de
surpresa, de alegria, de terror, de tristeza; anunciar a proximidade do final ou da abertura de
uma produção; representar um personagem. Quanto aos efeitos sonoros que acompanham
uma ação reconstituindo determinado som, como barulhos de porta, sapatos pisando no chão,
som de tapa em uma briga etc., também podem ser considerados trilha sonora.
Um filme também pode apresentar uma trilha sonora original, criada especificamente para ele,
por encomenda. Assim nasceram as inesquecíveis melodias dos filmes E.T., o Extraterrestre
(direção de Steven Spielberg, 1982), Star Wars (direção de George Lucas, 1977), Superman
(direção de Richard Donner, 1978), Harry Potter e a pedra filosofal (direção de Chris Columbus,
2001), dentre outros.
Um filme pode consagrar e popularizar uma música já existente, porém pouco conhecida pelo
público. Esse é o caso de A missão (direção de Roland Joffé, 1986), cuja trilha sonora é do
compositor, arranjador e maestro italiano Ennio Morricone, responsável pela criação de
centenas de arranjos musicais para filmes. Caso seja possível, ouça um trecho na internet, pois,
se você assistiu ao filme, vai se lembrar dele imediatamente!
O acompanhamento musical está presente nos filmes desde a primeira projeção dos irmãos
franceses Auguste e Louis Lumière, em 1895. Entretanto, esse acompanhamento era muito
diferente do que se conhece hoje como trilha sonora.
Os irmãos Lumière foram os precursores do cinema. Em 1894, inventaram um equipamento
que fotografava imagens e as projetava, chamado cinematógrafo.
Na época, a trilha sonora era geralmente uma improvisação feita ao vivo por um pianista ou
violinista e a música nem sempre se reportava à cena da tela. A solução para aprimorar esse
recurso sonoro foi criada na década de 1920, com música composta exclusivamente para
determinado filme, combinando diálogo e imagem.
Atualmente, a edição sonora é realizada com recursos sofisticados e equipamentos que
manipulam o som, como gravação em muitos canais, dublagem e mixagem.
Trilha sonora da publicidade
A prática da propaganda ocorre há muito tempo, pois vender, trocar, comprar, barganhar são
atividades que fazem parte da vida das pessoas desde as mais antigas civilizações. Os meios de
comunicação eram muito diferentes dos de hoje, que oferecem uma variedade muito grande
de formas de divulgação de um produto, como revistas, jornais, televisão, internet, rádio etc.
Tempos atrás, mercadores e vendedores ambulantes batiam de porta em porta para divulgar a
qualidade de seu produto e convencer o possível comprador a adquirir o que vendiam.
Instrumentos sonoros também eram utilizados para chamar a atenção dos compradores e a
potência da voz dos ambulantes era ouvida a certa distância.
Hoje esses recursos ainda são utilizados em algumas regiões. Um bom exemplo é o carro que
vende pamonha de milho verde; o megafone amplia a voz do vendedor, que pode ser ouvida a
longa distância.
A história da propaganda está relacionada ao avanço dos meios de comunicação. No Brasil, os
primeiros anúncios em jornal remetem à época colonial, quando se buscavam compradores
para escravos. Cartazes e folhetos também circulavam pelas ruas das cidades no século XIX. No
início do século XX surgiram as primeiras revistas.
Logo depois apareceram os jingles. Já em 1945, quando o rádio propiciou a veiculação da
propaganda sonora, o mercado de trabalho aumentou, assim como as vendas. Os comerciais
ao vivo chegaram com a televisão, na década de 1950. No fim do século XX, a propaganda
atingiu nova fase, com inovações surpreendentes, como o CD-ROM e a internet, a multimídia
ou hipermídia – utilização de vários meios de comunicação ao mesmo tempo –, as novas
tecnologias de informação e comunicação (NTICs).
Não se pode negar que o mundo da propaganda é fascinante: luzes, cores, movimentos,
imagens, sons, que também são os elementos expressivos das linguagens da arte –
organizados com imaginação chegam ao consumidor com grande poder de convencimento.
Por isso mesmo, são necessárias uma visão crítica e uma escuta atenta para não adquirir um
produto somente pelo encantamento causado pela propaganda.
Trabalho na publicidade
As possibilidades de trabalho em agências de propaganda, diferentemente do que muitas
pessoas imaginam, não estão apenas nos setores de criação. Antes de chegar ao produto final
a ser veiculado em diferentes mídias, é preciso muita pesquisa e planejamento. Assim,
diversos profissionais estão envolvidos no trabalho em vários departamentos, tais como os
departamentos de atendimento, planejamento, mídia, produção, marketing, entre outros.
Além disso, há várias outras ocupações e setores vinculados a essas agências para que o
produto final seja concluído. Por exemplo, já parou para pensar em como uma propaganda
pode ser tão eficiente para determinado público? Para isso, as agências de publicidade contam
com institutos de pesquisas, que verificam previamente quais os produtos mais consumidos
por determinado gênero e faixa etária, por exemplo, para que, assim, a propaganda seja
direcionada ao público consumidor desejado. Há também profissionais ligados a outros
segmentos, como as produtoras de vídeo e cinema, os fotógrafos publicitários, ou ainda, as
consultorias mais específicas para determinada campanha publicitária, tais como o marketing
político e esportivo, que crescem cada vez mais.
Arte Contemporânea: Os Precursores E As Artes Visuais Na Contemporaneidade
Algumas considerações sobre a arte contemporânea
Você se lembra o que significa contemporâneo? Retomando o que você aprendeu, pode-se
mencionar que os pintores impressionistas Monet e Renoir foram contemporâneos um do
outro, ou seja, viveram na mesma época: o século XIX. Também foram contemporâneos Pedro
Álvares Cabral e Pero Vaz de Caminha, no século XVI. Já as pessoas, os acontecimentos e a arte
da atualidade, que são de nossa época, são nossos contemporâneos.
Não é fácil definir quando algum movimento artístico tem início e quais suas características
mais evidentes. Há muita controvérsia entre os estudiosos sobre como conceituar a arte
contemporânea, pois é algo que ainda está em processo.
As primeiras manifestações de arte contemporânea começaram a acontecer a partir de 1945,
após o fim da 2ª Guerra Mundial. No entanto, ela consolidou-se como movimento artístico nos
anos 1960.
Foi um grande marco na história das artes visuais: ampliou as maneiras de fazer arte até então,
propondo com ousadia o uso de novos materiais e suportes, e estabeleceu um novo papel
para o apreciador, que algumas vezes é convidado a participar da obra, como você observou
na obra Lanavemadremonte, de Ernesto Neto.
As características da produção artística contemporânea não são fixas nem comuns a todas as
obras e também podem ter surgido em movimentos artísticos anteriores. Mesmo assim, entre
as características encontradas, é possível citar a utilização de duas ou mais modalidades
expressivas em uma mesma obra, como a pintura e o vídeo, a dança, a música e a fotografia,
enfim, a combinação de quantos meios forem necessários para melhor expressar a proposição
do artista. Como toda arte, também pode ser questionadora, polêmica, fazendo refletir sobre
questões políticas e sociais – as angústias do homem da época atual.
O artista contemporâneo experimenta novos suportes, diferentes da tela e do papel, havendo
total liberdade de expressão e produção.
Qualquer coisa pode se transformar em material expressivo: galochas, troncos de árvore,
vapor, plásticos, sangue, guarda-chuvas, cadeiras, água, canos, aspiradores de pó, luz, fogo,
gelo, ou seja, o que o artista desejar, até mesmo raios.
Por exemplo, o artista estadunidense Walter De Maria (1938-2013) fincou 400 hastes
metálicas em um retângulo de 1 quilômetro quadrado, em um lugar afastado no Novo México,
nos Estados Unidos. Isso formou um campo magnético para atrair raios, criando vários efeitos
de luz e desenhos no céu.
Essa obra depende da variação climática e, se você fizer uma busca por outras fotos dela, verá
uma variedade imensa de imagens. Dessa forma, o artista, além de utilizar um suporte
bastante inusitado, fez um uso diferente do espaço e do tempo, pois estes passaram a ser
parte da obra.
Os precursores
Para estudar e entender um pouco melhor a arte contemporânea, é necessário conhecer
alguns movimentos artísticos decisivos para seu desenvolvimento e afirmação, entre eles a
arte pop e o minimalismo. Além disso, é preciso considerar que os artistas contemporâneos
extrapolam as ideias e práticas dos artistas modernos, abrindo as fronteiras e delimitações
presentes nas expressões mais tradicionais e clássicas.
Arte pop
Nos anos 1960, alguns artistas começaram a inserir em suas obras imagens vinculadas aos
meios de comunicação de massa, como a publicidade, a televisão, as histórias em quadrinhos,
o cinema. A intenção era uma comunicação fácil com o público, pois se achava que a arte era
difícil de entender e ficava distante das pessoas, de seu cotidiano.
Além da aproximação maior com o público em geral, a arte pop, ou pop art como é chamada
originalmente, também expressou críticas ao modelo consumista, à industrialização, à
repetição de imagens idênticas, ao surgimento de celebridades instantâneas, ao poder da
televisão sobre as pessoas, entre outras situações associadas ao modo de vida.
Diante dessa tentativa de aproximação da arte à vida cotidiana e da crítica ao capitalismo e
consumismo, a arte pop tem como principais características as cores vivas, brilhantes e os
desenhos simplificados.
Alguns representantes desse movimento artístico da década de 1960 são os estadunidenses
Andy Warhol (1928-1987) e Roy Lichtenstein (1923-1997) e o sueco Claes Oldenburg (1929-).
Warhol ficou famoso pelas 32 pinturas que fez reproduzindo as latas de sopa Campbell’s, por
expor caixas do sabão em pó Brillo, frascos de ketchup e garrafas de Coca-Cola, assim como
por repetir exaustivamente, utilizando o método da serigrafia, retratos de Marilyn Monroe,
Che Guevara, Elvis Presley, Elizabeth Taylor, entre outras personalidades importantes da
época.
Minimalismo
O minimalismo ou minimal art é um movimento artístico que, como diz seu nome, usa o
mínimo de recursos expressivos: poucas cores; poucas formas, que, em geral, são figuras
geométricas, às vezes repetidas simetricamente, ou seja, invertidas; nenhuma decoração;
simplicidade.
Suas produções utilizam diversos materiais, como aço, vidro, lâmpadas fluorescentes, tubos,
plástico, acrílico.
Algumas criações minimalistas recorrem à seriação, ou seja, à repetição de elementos em
série, mostrando composições matematicamente calculadas. Entre os representantes do
minimalismo destacam-se os estadunidenses Sol LeWitt (1928-2007), Robert Morris (1931-),
Donald Judd (1928-1994), Carl Andre (1935-) e Dan Flavin (1933-1996).
Artes Visuais Na Contemporaneidade
Produções contemporâneas
Diversas produções contemporâneas procuram mudar a maneira tradicional de mostrar as
obras de arte.
Outros tipos de espaços e ambientes são intencionalmente construídos para que os
apreciadores entrem em contato direto com as obras ou até façam parte delas. Essas obras de
arte provocam e, não raramente, causam estranhamento; são reflexos da época atual e um
processo ainda em construção.
A seguir, você conhecerá algumas manifestações contemporâneas. Ainda que sejam
organizadas em categorias para facilitar seu estudo, nem sempre é possível rotular as obras.
Muitas delas fazem uso de diferentes linguagens artísticas, o que, como você leu
anteriormente, é uma das características da arte contemporânea.
Instalação
O artista cria e instala um ambiente em um museu ou galeria de arte com a intenção de
modificar o espaço e envolver o espectador, instigando-o a entrar nesse espaço. Além de
provocar visualmente, ele também pode convidar a experimentações táteis, sonoras, olfativas,
pois coloca em sua obra música, ruídos, odores. Às vezes, o visitante precisa tocar objetos ou
tirar os sapatos para experimentar diferentes sensações por onde pisa. Isso é uma instalação.
Existem também as videoinstalações, que, como o nome diz, são ambientes nos quais a
presença de vídeos, sons e imagens em movimento é marcante.
As instalações são desmontadas após o término de uma exposição e podem ser remontadas
em outros espaços.
Intervenção urbana
Como o próprio nome sugere, é a ação do artista em um local da cidade, alterando a situação
existente de praças, ruas, parques, monumentos.
Muitas intervenções são feitas com o objetivo de chamar a atenção dos observadores para
algum problema, fazer alguma crítica e instigar a reflexão; outras, para que as pessoas, de fato,
observem a cidade onde moram, as ruas, as praças pelas quais passam todos os dias, mas que
deixaram de perceber. Alguns estudiosos também chamam a intervenção urbana de arte
pública.
Happening
O happening – acontecimento, em inglês – pode misturar várias linguagens da arte, como
pintura, teatro, música, vídeo, e acontece, geralmente, não em museus ou galerias de arte,
mas em ruas, fábricas, lojas, estações de metrô – qualquer local pode ser utilizado para esse
tipo de apresentação.
O objetivo é envolver o público, o qual acaba participando dessa manifestação sem estrutura
rígida, que não tem começo, meio ou fim e acontece de forma espontânea, com muito
improviso, surpresas e resultados imprevisíveis. É por isso que não há dois eventos iguais. A
proposta do happening é não separar a arte da vida, o artista do espectador.
Alguns happenings ocorrem como forma de manifestação ou protesto, para debater ideias,
instigar reflexões sobre temas da atualidade. Um dos primeiros artistas a propor um
happening foi o estadunidense Allan Kaprow (1927-2006), em 1959.
Performance
A performance – desempenho, em inglês – também mistura várias linguagens artísticas.
Diferencia-se do happening por ser mais elaborada, planejada e nem sempre conta com a
participação do público. A performance pode ser repetida em diferentes locais.
Essa manifestação artística geralmente é filmada e apresentada em vídeos e instalações.
Alguns artistas conhecidos por suas performances são o alemão Joseph Beuys (1921-1986), o
estadunidense Chris Burden (1946-), a sérvia Marina Abramovic (1946-) e a dupla Gilbert
(1943-), italiano, e George (1942-), inglês.
Um exemplo de obra dessa manifestação é a chamada ironicamente de I like America and
America likes me, que em português seria algo como Eu gosto da América e a América gosta de
mim, de Joseph Beuys. Nessa performance, o artista ficou por três dias isolado em uma sala,
em Nova Iorque (EUA), com um coiote, um cobertor de feltro e um monte de palha.
Uma leitura possível da obra é uma crítica às ações militares estadunidenses no Vietnã que
aconteciam naquela época, às quais o artista se colocava contra. Pode ter sido também uma
crítica à hegemonia dos Estados Unidos no mundo das artes, de forma que a única coisa que
ele enxergava nesse país era a figura de um coiote.
Para conhecer alguns registros dessa performance, você pode realizar uma pesquisa na
internet, onde encontrará fotos e vídeos. Vale a pena também fazer uma busca sobre o artista
e conhecer as demais obras produzidas.
Site specific e land art
Site specific significa, em inglês, sítio específico, ou seja, um local determinado. Essas obras de
arte são pensadas para um lugar único, por causa de suas características ambientais,
arquitetônicas ou históricas. Algo no local desperta a atenção, a imaginação e o pensamento
do artista, de modo que ele cria uma obra especificamente para aquele lugar.
Alguns artistas renomados nesse tipo de produção são Robert Irwin (1928-), Robert Smithson
(1938-1973), Walter De Maria (1935-2013) e Richard Serra (1939-), estadunidenses; Hans
Haacke (1936-), alemão; o casal Christo (1935-), búlgaro, e Jeanne-Claude, marroquina (1935-
2009); e, mais recentemente, Mark Dion (1961-) e Sarah Sze (1969-), estadunidenses.
O site specific relaciona-se com a chamada land art (arte da terra), cujas obras são feitas em
plena natureza, em planícies, montanhas, desertos, lagos, também pensadas especificamente
para os locais.
Arte Contemporânea No Brasil
No Brasil, entre os precursores da arte contemporânea, os mais conhecidos foram Lygia Clark
(1920-1988) e Hélio Oiticica (1938-1980).
Lygia Clark, além de outras inovações, ficou conhecida por seus “Bichos” – esculturas flexíveis,
articuladas. O espectador era convidado a participar da obra, alterando a forma de sua
estrutura.
Oiticica inovou especialmente com seus parangolés – capas para vestir – e penetráveis –
labirintos que, como o nome diz, convidam as pessoas a penetrar em seu interior,
experimentando várias texturas e sensações. Suas obras incluíam diversos materiais, entre
eles: terra, asfalto, água, tecidos, plantas, plásticos.
Atualmente, destacam-se como representantes da arte contemporânea brasileira, entre
outros, Cildo Meireles (1948-), Tunga (1952-) e Adriana Varejão (1964-). Você pode conhecer
várias obras desses artistas fazendo uma pesquisa na internet.
Dança E Patrimônio Cultural
A dança contemporânea
O sentido de contemporâneo é abrangente. Diante disso, o que é dança contemporânea?
Esse movimento nasceu do questionamento de alguns coreógrafos sobre as imposições
técnicas e estéticas da dança clássica. Dentre os que iniciaram o movimento de contestação
estão as estadunidenses Isadora Duncan (1877-1927), Martha Graham (1894-1991), Loie Fuller
(1862-1928) e Ruth Saint-Denis (1877-1968), o suíço Émile Jaques-Dalcroze (1865-1950) e o
austro-húngaro Rudolf von Laban (1878-1958). Eles buscavam maneiras inovadoras e pessoais
de se expressar por meio dessa linguagem.
No entanto, alguns fundamentos da dança clássica permaneceram: a dança e a música
continuaram dependentes uma da outra, bem como a narrativa que fazia parte de muitas
coreografias e que foi mantida por vários coreógrafos modernos em suas criações, embora a
escolha de movimentos e de figurino tenha conquistado maior liberdade.
A dança contemporânea desejou ir além e, na década de 1960, iniciou um movimento de
ruptura total com a dança clássica, no que dizia respeito aos movimentos, à música e aos
espaços utilizados pelo dançarino. Rompeu com as estruturas formais do balé clássico, tais
como posições de pés, braços e pernas, além de direções e saltos.
Merce Cunningham foi um dos principais nomes da transição entre a dança moderna e a
contemporânea. Ele criou uma linguagem inteiramente inovadora, em contraposição às
danças narrativas, isto é, o movimento não precisava acompanhar e combinar com a música
ou contar uma história. Além disso, inovou nos locais de apresentação e no uso de objetos na
criação da coreografia. Opunha-se também à dramaticidade presente na dança moderna.
Merce Cunningham: o precursor da dança contemporânea
Merce Cunningham é considerado um símbolo da dança do século XX. As inovações que criou
com base nos estudos realizados sobre todos os tipos de movimentos transformaram a dança
em coreografias abstratas, isto é, que não correspondem à representação de algo familiar,
liberadas das narrativas.
Em 1942, Cunningham iniciou a parceria mais importante de sua carreira ao apresentar a
coreografia Totem ancestor, com música de mesmo nome do compositor John Cage. Esse
trabalho propunha apresentações nas quais a música representava apenas um
acompanhamento sonoro, não tendo sido composta ou escolhida de acordo com os
movimentos dos dançarinos, ou seja, os movimentos da dança não correspondiam
necessariamente à música, de forma “harmônica”.
Cunningham acompanhou cada apresentação de sua companhia até seus 70 anos e, em 1999,
aos 80 anos, apesar de frágil e segurando em uma barra, dançou um dueto com o famoso
bailarino russo Mikhail Baryshnikov (1948-) no teatro do Estado de Nova Iorque. Observe a
seguir imagem de Cunningham acompanhando um ensaio de sua companhia e outra imagem,
na página seguinte, que o mostra apresentando-se em um teatro de arena.
Coreografias contemporâneas
Ao criar e compor uma coreografia, o coreógrafo considera alguns aspectos: as dimensões do
espaço, o limite do corpo humano, a música, o movimento e os efeitos plásticos.
Ele pode utilizar movimentos imitativos, expressivos ou abstratos, existentes em outras
danças, em espetáculos teatrais ou de circo, em mímica, no cotidiano ou, ainda, criados por ele
especialmente para a composição em mente. Pode também estilizá-los e uni-los a seu gosto.
Você agora conhecerá algumas coreografias contemporâneas de Merce Cunningham, Pina
Bausch e Gícia Amorim. Vale a pena fazer uma pesquisa na internet sobre essas coreografias,
para observar melhor como os movimentos, a música e o espaço são ocupados pelos
bailarinos.
Cunningham: Biped
No espetáculo Biped, de Merce Cunningham, as imagens são projetadas em um telão
transparente que cobre totalmente a frente do palco, dando a impressão de que as figuras
flutuam diante e entre os dançarinos realizando movimentos semelhantes aos que fazem
parte da coreografia, como uma sombra gigantesca. Os movimentos dos corpos que dançam e
a animação digital projetada se integram na mais perfeita harmonia.
Você sabia que a palavra bípede diz respeito aos animais que se locomovem na posição
vertical, como o ser humano? Pois bem, o título desta coreografia corresponde exatamente à
postura dos dançarinos, que realizam movimentos vigorosos de pernas, braços e torso, na
ponta dos pés e em pé, na posição vertical, até o final do espetáculo, quando, um a um, se
dobram no chão de frente para a plateia. Biped é uma das coreografias de Cunningham mais
apresentadas em todo o mundo.
Cunningham: Variations V
Cunningham criou Variations V em 1965. Nessa coreografia, os dançarinos se movimentavam
no palco entre células fotoelétricas, que emitiam sinais para a mesa na qual John Cage e David
Tudor geravam sons. Antenas foram dispostas em volta do palco. Quando os dançarinos
passavam por elas, as imagens do movimento eram registradas por câmeras instaladas no
corpo deles e um som era produzido, transmitindo o movimento para a linguagem de bits e
bytes de computador.
Pina Bausch: Cravos
A peça Cravos, criada e dirigida por Pina Bausch, em 1983, foi inspirada em uma experiência da
coreógrafa durante uma temporada de férias no Chile. Um campo de flores protegido por cães
ferozes chamou sua atenção: a beleza do local se contrapunha ao clima opressivo causado pela
presença dos cães, que evitavam a aproximação de qualquer pessoa.
No espetáculo, as milhares de flores espalhadas pelo palco também são protegidas por quatro
“cães”, enquanto as dançarinas dançam e falam do outro lado ao som de músicas, que vão
desde os temas clássicos, como os do compositor Franz Schubert, aos mais populares, como os
de Louis Armstrong e Quincy Jones.
Gícia Amorim: Fluxion II
A dançarina, professora e coreógrafa pernambucana Gícia Amorim estudou com Merce
Cunningham, em Nova Iorque, na escola que leva o mesmo nome do coreógrafo, o Merce
Cunningham Studio. Esses estudos lhe garantiram a autorização da Cunningham Dance
Foundation para divulgar o método do coreógrafo estadunidense no Brasil e dar aulas em sua
escola em São Paulo, utilizando uma linguagem própria com base no que havia aprendido com
o coreógrafo.
Em Fluxion II, continuação da coreografia Fluxion, Gícia apresenta produção solo, resultado de
suas pesquisas sobre pequenas variações do movimento que acontece como ondas que se
desdobram, aceleram e retardam, privilegiando o controle do corpo e a precisão de
movimentos. Além disso, experimenta o que pode fazer com pés, braços, tronco, cabeça, em
busca de novas possibilidades.
Arte E Patrimônio Cultural
O que é patrimônio cultural?
O patrimônio cultural, conjunto de todos os bens materiais e imateriais, é de fundamental
importância para a memória, a identidade, a criatividade dos povos e a riqueza das culturas.
Quando se preserva legalmente e na prática o patrimônio cultural de um povo, conservam-se a
memória e a identidade de um país. Patrimônio significa, etimologicamente, “herança
paterna”, a riqueza comum que os cidadãos herdaram e que transmitirão de geração em
geração.
Esse conjunto de bens pode ser classificado como material e imaterial. Patrimônio cultural
material abarca o conjunto de bens físicos, como esculturas, objetos de artesanato, pinturas,
castelos, igrejas, monumentos, praças, casas.
Os patrimônios materiais são subdivididos em móveis e imóveis. Os móveis são aqueles que
podem ser transportados, como obras de arte, peças arqueológicas, documentos etc.; e os
imóveis, aqueles que não podem ser deslocados, como espaços públicos, sítios arqueológicos,
edificações, dentre outros.
Patrimônio cultural imaterial é o conjunto de conhecimentos, celebrações, práticas,
habilidades e crenças que são referências para a cultura de um povo e transmitidos de geração
a geração, dentre elas: danças, como o frevo; celebrações, como o bumba meu boi; saberes
sobre modos de fazer, como o modo artesanal de fazer queijo de Minas ou viola de cocho;
manifestações literárias, de música; brincadeiras; folclore; lendas.
No Brasil, o órgão que cuida dos bens materiais e imateriais é o Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ligado ao Ministério da Cultura. Ele foi criado em 1937 e
é responsável por identificar, documentar, proteger e promover o patrimônio cultural
brasileiro.
Patrimônio cultural material
O estudo da História da Arte pode oferecer a oportunidade de observar as cidades e nelas
identificar edifícios que fazem parte de seu patrimônio material arquitetônico, pois são
representativos de determinada época por seu estilo e/ou técnica de construção.
Patrimônio imaterial
Definido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)
como práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas, instrumentos, objetos,
artefatos e lugares associados a comunidades, grupos e, em alguns casos, indivíduos. É
transmitido de geração a geração, que o transforma de acordo com sua interação com a
natureza e com sua história. Constitui-se, assim, como a identidade de um povo.