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PLANO MUNICIPAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DE SÃO MIGUEL ARCANJO SÃO MIGUEL ARCANJO, JANEIRO DE 2015.

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PLANO MUNICIPAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DE SÃO MIGUEL ARCANJO SÃO MIGUEL ARCANJO, JANEIRO DE 2015.

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PROJETO DE CONSTRUÇÃO COLETIVA DO PLANO MUNICIPAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DE SÃO MIGUEL ARCANJO

APRESENTAÇÃO

O artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente implica em assegurar à criança e ao adolescente: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude (BRASIL, 1990).

A Prefeitura Municipal de São Miguel Arcanjo, através da Secretaria Municipal de Assistência

Social, apresenta o Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo em consonância

com o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE, destinado a regulamentar a

forma como o Poder Público, por seus mais diversos órgãos e agentes, deverá prestar o

atendimento especializado ao qual adolescentes autores de ato infracional têm direito.

No dia 29 de outubro de 2014 foi realizada na Câmara Municipal de São Miguel Arcanjo a Reunião

Ampliada cujo objetivo foi discutir as estratégias de mobilização e participação dos

representantes governamentais e não governamentais e constituir a Comissão de Gestão

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Integrada para a elaboração do Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo de nossa

cidade.

Vivemos um gravíssimo momento no nosso município. Precisamos, unidos, construir um plano

não de atendimento formal mas de PROTEÇÃO INTEGRAL de nossos adolescentes, para os

próximos dez anos. Reunimos representantes do poder público e da sociedade civil para a

apresentação dos aspectos gerais deste Sistema.

A Comissão de Gestão Integrada foi assim constituída. A elaboração do Plano Municipal de

Atendimento Socioeducativo conta com uma equipe intersetorial para formular seu plano

decenal pautado em diagnósticos, diretrizes, objetivos, metas, prioridades de financiamento e

gestão. Demanda uma abordagem eminentemente interdisciplinar, norteada, antes e acima de

tudo, pelo “Princípio da Proteção Integral à Criança e ao Adolescente”.

O desafio é grande e a verdadeira solução para o problema da violência infanto-juvenil, tanto no

plano individual quanto coletivo, demanda o engajamento dos mais diversos órgãos, serviços e

setores da administração pública, que não mais podem se omitir em suas responsabilidades para

com esta importante demanda.

COMISSÃO DE GESTÃO INTEGRADA

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ÍNDICE

1 CARTA À COMUNIDADE SÃOMIGUELENSE DE JOVENS CIDADÃOS SÃOMIGUELENSES .............. 6

PARTE 1 ......................................................................................................................................... 10

PRINCÍPIOS E DIRETRIZES POLÍTICO-PEDAGÓGICOS DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA ............................... 10

2 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES .......................................................................................................... 11

2.1. PRINCÍPIOS: ....................................................................................................................... 11

2.2. DIRETRIZES ........................................................................................................................ 11

3 MARCO CONCEITUAL ................................................................................................................ 13

3.1 DIREITOS FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: DESAFIOS DA TEORIA DA

PROTEÇÃO INTEGRAL .............................................................................................................. 14

3.2. ATO INFRACIONAL, MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS E O SISTEMA DE ATENDIMENTO

SOCIOEDUCATIVO .................................................................................................................... 20

4 DIAGNÓSTICO SITUACIONAL .................................................................................................... 28

4.1 DADOS DE SÃO MIGUEL ARCANJO..................................................................................... 29

4.2 O CONTEXTO DO ATO INFRACIONAL NO MUNICÍPIO DE SÃO MIGUEL ARCANJO ............. 30

4.3 O ADOLESCENTE NO CUMPRIMENTO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS ......................... 32

4.4 ADOLESCENTES QUE FREQUENTAM A ESCOLA E CUMPREM MEDIDA SOCIOEDUCATIVA 34

PARTE 2........................................................................................................................................ 37

POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENDIMENTO EM SÃO MIGUEL ARCANJO EM SEUS RESPECTIVOS

SETORES....................................................................................................................................... 37

5 ASSISTÊNCIA SOCIAL ................................................................................................................. 38

5.1 PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA ................................................................................................ 38

5.2 SERVIÇOS E PROGRAMAS OFERECIDOS ............................................................................. 39

5.2.1 SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS ................................. 39

5.2.2 PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA ....................................................................................... 40

5.2.3 PROGRAMA AÇÃO JOVEM .......................................................................................... 41

5.2.4 PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE MÉDIA COMPLEXIDADE .......................................... 41

5.2.5 SERVIÇO DE PROTEÇÃO ESPECIAL À ADOLESCENTES EM CUMPRIMENTO DE MEDIDA

SOCIOEDUCATIVA DE LIBERDADE ASSISTIDA E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE 42

5.2.6 LIBERDADE ASSISTIDA ................................................................................................. 43

5.2.7 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE ................................................................ 44

6 SAÚDE ....................................................................................................................................... 46

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7 EDUCAÇÃO................................................................................................................................ 48

7.1 ESTRUTURA EDUCACIONAL ............................................................................................... 48

7.2 PROGRAMAS E ESCOLAS DE TREINAMENTO ..................................................................... 50

7.3 ALIMENTAÇÃO ................................................................................................................... 51

7.4 TRANSPORTE ESCOLAR ...................................................................................................... 51

7.5 ENSINO TÉCNICO E SUPERIOR ........................................................................................... 51

7.6 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ................................................................................... 52

8 CULTURA ................................................................................................................................... 53

9 AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE ............................................................................................ 54

10 ESPORTE ................................................................................................................................. 54

PARTE 3........................................................................................................................................ 55

PROPOSTAS PARA EXECUÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO .... 55

11 PERÍODOS DE EXECUÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO ...... 56

12 EIXOS OPERATIVOS ................................................................................................................. 56

12.1 EIXO 1 – GESTÃO DO SINASE ........................................................................................... 57

12.2 EIXO 2 – QUALIFICAÇÃO DO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO ..................................... 59

12.3 EIXO 3 – PARTICIPAÇÃO E AUTONOMIA DE ADOLESCENTES ........................................... 61

12.4 EIXO 4 – PROGRAMAS E SERVIÇOS DE ATENDIMENTO ................................................... 62

12.5 EIXO 5 - FINANCIAMENTO ............................................................................................... 67

13 AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO ........................................................................................... 68

13.1 INDICADORES PARA MONITORAMENTO A MÉDIO E LONGO PRAZO ............................... 69

14 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 70

15 ANEXOS ................................................................................................................................... 71

15.1 .......................................................................................................................................... 71

RELATÓRIO DE REVISÃO DAS PROPOSTAS DOS JOVENS SÃO-MIGUELENSES DO MOVIMENTO

JOVEM DEMOCRACIA .............................................................................................................. 71

15.2 .......................................................................................................................................... 84

CÓPIA DO DECRETO MUNICIPAL PARA A COMISSÃO INTERSETORIAL DO PLANO DE

ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DE SÃO MIGUEL ARCANJO ........................................................ 84

15.3 .......................................................................................................................................... 88

LISTA DE PRESENÇA DA REUNIÃO INTERSETORIAL PARA A CONSTRUÇÃO DO PLANO DECENAL

DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DE SÃO MIGUEL ARCANJO E CRIAÇÃO DA COMISSÃO

INTERSETORIAL ........................................................................................................................ 88

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1 CARTA À COMUNIDADE SÃOMIGUELENSE DE JOVENS

CIDADÃOS SÃOMIGUELENSES

Na quarta-feira 29 de outubro de 2014, ocorreu em nossa Câmara Municipal uma reunião

ampliada para a implementação do SINASE (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo)

em São Miguel Arcanjo. Este gravíssimo momento reuniu representantes do poder público e da

sociedade civil para a apresentação dos aspectos gerais deste sistema que, ligado ao Sistema

Único de Assistência Social (SUAS), foi estabelecido pelo Conselho Nacional dos Direitos da

Criança e do Adolescente (CONANDA) e pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da

Presidência da República (SEDH), em comemoração aos dezesseis anos do Estatuto da Criança e

do Adolescente (ECA). A Resolução CONANDA 119/2006 foi, posteriormente, aprovada pela Lei

12.594/2012, para regulamentar a prestação de atendimento especializado a jovens autores de

ato infracional ou vítimas de violação de direitos em cumprimento de medidas socioeducativas,

a partir da identificação das CAUSAS da violência.

A reunião objetivou, também, a constituição de uma Comissão Integrada. Esta que apresenta à

sociedade, neste ato, este Plano Decenal de Atendimento Socioeducativo de nossa cidade, que

deverá, após passar por consulta pública, ser aprovado pelo Conselho Municipal dos Direitos da

Criança e do Adolescente (CMDCA) de SMA, que, por sua vez, desempenhará funções de

deliberação e controle. Na reunião, a Secretária de Assistência Social Lourdes Aparecida Pezzato

Salim (Lita) e a Assistente Social Maria Aparecida Fogaça Terra Knob (Cidinha) fizeram a referida

apresentação, abrindo espaço à palavra ao Sargento Ruivo, que, representando a Polícia Militar

e enfatizando o seu caráter preventivo, sintetizou a grave situação em que vivem nossos jovens

presentemente. Cerca de 50 pessoas estavam presentes, e das falas de representantes do poder

público (como do coordenador de Cultura Danilo, e do Vereador Guéi, além da representante do

CMAS, Stefanie Kissajikian Sales), tomamos a liberdade de destacar algumas questões que

julgamos essenciais, a partir da admissão (que requer HUMILDADE) de que:

- estamos apenas começando a entender o SINASE e a situação sãomiguelense, e precisamos

estudar e debater muito mais;

- fracassamos nos cuidados devidos ao nosso maior tesouro, PRIORIDADE ABSOLUTA da nação

brasileira segundo a Constituição Federal: nossas crianças e adolescentes;

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- há esperança, pois, apesar dos dados alarmantes do crescimento desproporcional da violência

em nosso município, maiores, por exemplo, que em cidades com o dobro de nosso tamanho,

tanto suas dimensões quanto os cidadãos oferecem grandes e reais possibilidades de, a tempo,

crescermos com qualidade de vida, justiça e paz PARA TODOS!

É necessário, então, compreendermos, em princípio, que:

1 – precisamos, unidos, construir um plano não de atendimento formal mas de PROTEÇÃO

INTEGRAL de nossos jovens, para os próximos dez anos! (este que neste ato é apresentado, mas

que permanece em constante aprimoramento);

2 – precisamos fazer isto não para os jovens, mas COM OS JOVENS, para todos nós!;

3 – o CMDCA e o CMAS têm funções normativas, deliberativas e de controle do SINASE

(construindo, aprovando e monitorando o Plano), mas é fundamental e obrigatório que

a comissão integrada seja verdadeiramente INTERSETORIAL, e que o Plano e sua constante revisão

e aprimoramento sejam executados de maneira verdadeiramente interdisciplinar!;

4 – a criança e o adolescente são, por força da Lei (e da nossa própria consciência, antes de tudo!),

PRIORIDADE ABSOLUTA, e como disse um magistrado que esteve em São Miguel Arcanjo há

aproximadamente três anos, tratando justamente das políticas públicas e do sistema de garantias

de direitos para nossos jovens: NÃO SE TROCA UMA LÂMPADA NEM SE TAPA UM BURACO NA

CIDADE ENQUANTO HOUVER CRIANÇA E ADOLESCENTE EM SITUAÇÃO DE RISCO! Festa, só se for

pra comemorar a melhoria da saúde, da segurança, do lazer, do desenvolvimento integral e

igualitário de nosso povo! Não se trata, portanto, de uma falta de recursos financeiros (há muito

dinheiro, tanto público quanto de boas iniciativas privadas) – o que falta é seriedade, prioridade,

competência, planejamento e honestidade para aplicá-los!;

5 – precisamos compreender as causas da violência, e elas são extremamente complexas,

exigindo (por força da própria lei que regulamenta o SINASE) abordagem eminentemente

PEDAGÓGICA, afinal trata-se de atendimento socioeducativo, “respeitados a individualidade e a

voz de cada jovem”!;

6 – os representantes que compõem a Comissão são considerados “agentes públicos” para fins

de responsabilização!;

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7 – “um plano ou política pública que se prese começa com a PREVENÇÃO” a partir de um sério e

honesto diagnóstico!;

8 – precisamos desenvolver, aprimorar e nos capacitarmos constantemente em torno de um

planejamento político-pedagógico para que, de forma coordenada, nos guie, não de maneira

mecanicista mas conscientizadora, para o trabalho entre todos os envolvidos;

9 – a coordenação da execução do SINASE pertencerá, “politicamente”, aos Conselhos de Direitos

e, “operacionalmente”, a órgão indicado pelo Poder Público, ressaltando-se da lei que “nada

impede, e é mesmo recomendável, criação de órgão específico”, como, por exemplo, uma já

reivindicada Secretaria Municipal da Juventude...

Saímos da reunião com uma comissão esboçada e agora já definida e atuante. Foi um importante

e fundamental passo dado, guiado pela organização de alguns setores da nossa comunidade,

inclusive da juventude, que lutam há tempos por isto, pelo CRAS e pelo Ministério Público.

Precisamos, a partir de agora, com um calendário de reuniões já definido, não trabalhar apenas

para que este Plano seja aprovado, mas também nos responsabilizarmos pela organização de

Fóruns e outros meios para o debate constante sobre o tema entre toda a sociedade e, em

especial, entre os jovens.

Mas o que mais precisamos é ter a humildade de admitir que falhamos. Não movidos por um

pessimismo ilusório, tampouco por um comodismo que nos impeça de agir. Mas porque há

tempo e muita esperança concreta! Uma esperança que parte da compreensão da nossa

realidade, das nossas limitações, das nossas falhas mas, acima de tudo, do nosso potencial em,

em diálogo e com organização e união, construirmos os meios capazes de superarmos essa nossa

deficiência criminosa. A esperança, aqui, aparece como necessidade básica. Ou sonhamos com

um futuro digno para todos nós, dialogamos, criamos as estratégias e os meios possíveis para

superarmos o que está dado, ou permanecemos impedidos de ser. Não há escolhas, e não há

mais o que esperar. A espera não é mais concebível! Esses jovens não são “eles”, somos nós, são

nosso reflexo, são nossa família, andam pelos quintais de nossa casa municipal, que são as ruas e

becos e praças... Não será arrogância tampouco ingenuidade cobrarmos uns dos outros e

depositarmos uns nos outros esta fé, este diálogo, esta luta! É preciso recuperarmos o bom

hábito de OUVIR! As políticas e serviços públicos, aliás, falam muito do princípio da escuta, mas

não temos sequer percebido os gritos de nossos jovens! Estamos embotados numa superficial,

preconceituosa e portanto inverídica noção de que Direitos Humanos e ECA são pra proteger

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“bandidos”! Vivemos uma crise de respeito entre todos que precisamos superar com diálogo,

organização e união!

Nada há de ilegítimo sairmos pra lanchar, assistirmos à nossa novela ou jogo de futebol,

tomarmos nosso banho quente, nos divertirmos e descansarmos, depois de tomarmos

consciência das barbaridades que a comunidade de São Miguel Arcanjo permite e perpetra há

anos em nossa cidade... nada há de ilegítimo, desde que tudo isto não esteja regado a MEDO e

INDIFERENÇA diante das urgentes transformações que as crianças e jovens – que, neste instante,

estão morrendo em São Miguel Arcanjo, e os que aqui não mais nascem! – aguardam! Nada

injusto que o cidadão investido do mandato popular, temporariamente no poder (ao mesmo

tempo autoridade e servo do povo) queira curtir sua família, viajar, por seu filho na Faculdade,

consertar o carro do ano... Mas, por favor, olhem à margem, olhem à retaguarda, olhem ao redor!

Criança nas drogas, na prostituição, no trabalho semiescravo, na escola autoritária, ultrapassada

e desumana... “Eles” estão mais perto, mais sozinhos, mais tristes e mais poderosos do que se

imagina! Haja luz e amor!

Jovens cidadãos de São Miguel Arcanjo

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PARTE 1

PRINCÍPIOS E DIRETRIZES

POLÍTICO-PEDAGÓGICOS DA

MEDIDA SOCIOEDUCATIVA

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2 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES

O Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo é referenciado pelos princípios e

diretrizes a seguir, previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, na Resolução 119/2006 do

Conanda e na LF 12.594/2012, e que nortearão as propostas de superação das dificuldades

identificadas, na forma de objetivos, metas e períodos para a sua execução:

2.1. PRINCÍPIOS:

• o reconhecimento do adolescente como sujeito de direitos e sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;

• a responsabilidade compartilhada da família, sociedade e Estado na garantia dos direitos do adolescente;

• a garantia de proteção integral ao seu desenvolvimento do adolescente e à integralidade dos seus direitos;

• o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários;

• a superação da cultura punitivista/menorista nas políticas de atendimento socioeducativo;

• a garantia do reconhecimento das múltiplas diversidades como condição inerente à adolescência;

• a regionalização e a articulação intersetorial para a oferta dos serviços e programas de atendimento;

• a prioridade absoluta na formulação, execução e destinação de recursos aos programas e serviços de atendimento;

• a participação democrática, popular e social das comunidades na elaboração, formulação, acompanhamento e avaliação das políticas sociais públicas.

2.2. DIRETRIZES

• Garantia da qualidade do atendimento socioeducativo de acordo com os parâmetros do SINASE;

• Focar a socioeducação por meio da construção de novos projetos pactuados com os adolescentes e famílias, consubstanciados em Planos Individuais de Atendimento;

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• Incentivar o protagonismo, participação e autonomia de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa e de suas famílias;

• Criar mecanismos que previnam e medeiem situações de conflitos e estabelecer práticas

restaurativas;

• Garantir o acesso do adolescente à Justiça (Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública) e o direito de ser ouvido sempre que requerer;

• Garantir a participação da família na condução da política socioeducativa;

• Garantir o direito à sexualidade e saúde reprodutiva, respeitando a identidade de gênero e a orientação sexual;

• Garantir a oferta e acesso à educação de qualidade, à profissionalização, às atividades esportivas, de lazer e de cultura na articulação da rede;

• Garantir o direito à educação para os adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas e egressos, considerando sua condição singular como estudantes e reconhecendo a escolarização como elemento estruturante do sistema socioeducativo;

• Garantir o acesso a programas de saúde integral;

• Garantir ao adolescente o direito de reavaliação da medida socioeducativa;

• Garantia da unidade na gestão do SINASE, por meio da gestão compartilhada entre as três esferas de governo, através do mecanismo de cofinanciamento;

• Integração operacional dos órgãos que compõem o sistema (art. 8º, da LF nº 12.594/2012);

• Valorizar os profissionais da socioeducação e promover formação continuada;

• Garantir a autonomia dos Conselhos dos Direitos nas deliberações, controle social e fiscalização do Plano e do SINASE.

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3 MARCO CONCEITUAL

A adolescência não se caracteriza apenas como fase de transição para a vida adulta, mas antes

de tudo como etapa necessária e fundamental de desenvolvimento humano. Como contexto de

trajetória de vida, as adolescências se constituem a partir da produção de múltiplas

potencialidades num ambiente de diversidade e que são afetadas por vulnerabilidades

econômicas, políticas e sociais.

O contexto das desigualdades econômicas brasileiras é potencializado por fatores culturais e

políticos que se intensificam com as desigualdades de oportunidades geracionais. Assim, as

adolescências, no plural, se constituem como momentos singulares da vida humana, que

dependem de oportunidades e escolhas para a garantia de condições de desenvolvimento

humano integral.

Numa sociedade marcada pela expansão das vulnerabilidades sociais, a propagação das práticas

políticas de caráter individualista e o acirramento de controle autoritário do Estado sobre a vida

cotidiana, tornam-se necessários a ressignificação da adolescência e a construção de estratégias

de resiliência para a superação das adversidades que recaem sobre a população adolescente.

Assim, não há como pensar o enfretamento à violência sem considerar a adolescência como

especial condição de pessoas em processo de desenvolvimento, mas, além disso, como

fenômeno decorrente de uma multidimensionalidade de fatores que afetam famílias e

comunidade.

A expressão pessoa em desenvolvimento se aplica obviamente a todas as pessoas, uma vez que nenhum ser humano para de se desenvolver. Por isso, o que determina essa fase da adolescência é uma condição especial, peculiar, específica, que só ocorre nessa fase da vida. São processos físicos, biológicos, sociais, culturais, psíquicos, cognitivos, relacionais, enfim, de desenvolvimento, que só acontecem de forma específica nessa fase da vida (VOLPI, 2012, p. 52).

O acirramento das políticas públicas de caráter autoritário e a ampliação dos mecanismos

repressivos reproduzidos pelas antigas práticas menoristas ou representados pelo modelo

jurídico-penalista de retribuição repressiva requer uma ruptura epistemológica, conceitual e

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política no sentido de garantir aos adolescentes brasileiros estratégias de proteção e superação

das práticas tradicionais de reprodução da violência no contexto brasileiro.

3.1 DIREITOS FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: DESAFIOS DA

TEORIA DA PROTEÇÃO INTEGRAL

A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988, teve

por mérito revogar definitivamente as antigas doutrinas do direito penal do menor e da situação

irregular para reconhecer e incorporar ao ordenamento jurídico brasileiro a Teoria da Proteção

Integral como base conceitual e estruturante do Direito da Criança e do Adolescente.

O Direito da Criança e do Adolescente não se constitui como novidade por garantir muitos

direitos, pois apenas reconhece os mesmos direitos humanos conferidos aos adultos adicionando

uma parcela especial de direitos decorrente da condição peculiar de pessoa em processo de

desenvolvimento que são crianças e adolescentes. No entanto, torna-se radicalmente inovador,

pois não apenas declara direitos fundamentais, mas também compromete os responsáveis

diretos pela sua execução, bem como, institui um Sistema de Garantias de Direitos como

estratégia jurídica e política para assegurar a efetivação das condições necessárias ao

desenvolvimento integral de crianças e adolescentes brasileiros.

A Constituição Federal estabelece que:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988).

A norma assim inscrita enfatiza princípios e regras estruturantes do Direito da Criança e do

Adolescente como um ramo jurídico autônomo assentado nos princípios da tríplice

responsabilidade compartilhada, da prioridade absoluta, do reconhecimento dos direitos

fundamentais e das condições especiais de proteção.

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O princípio da tríplice responsabilidade compartilhada representa a superação das ideias de

responsabilidade exclusiva das famílias típica do familismo liberal; e da função Estatal totalizante

representada pela idealização de “filhos do governo”.

O Estatuto da Criança e do Adolescente está longe de ser apenas uma lei que regula e dispõe

sobre os direitos da infância e da juventude. É um modelo do exercício da cidadania, uma vez que

chama a sociedade a buscar soluções para os problemas infanto-juvenis (BRANCHER, 2000, p.

152).

Assim, estabelece compromissos compartilhados entre família, sociedade e Estado como

instituições com responsabilidades simultâneas e complementares na efetivação dos direitos

fundamentais de crianças e adolescentes.

Para que os níveis de efetivação política dos direitos fundamentais sejam reais, adotou-se o

princípio da prioridade absoluta, que segundo o artigo 4º do Estatuto da Criança e do

Adolescente, implica em assegurar:

• primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

• precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;

• preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

• destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude (BRASIL, 1990).

No entanto, não seria suficiente para a concretização de direitos apenas a efetivação dos direitos

fundamentais através da implementação de políticas públicas sem considerar as condições

especiais de pessoa em desenvolvimento a que estão submetidas crianças e adolescentes. Assim,

estabeleceu-se como princípio fundamental o princípio da proteção integral, segundo o qual as

políticas públicas devem considerar as condições especiais de desenvolvimento na construção de

respostas públicas de atendimento às crianças e aos adolescentes.

A perspectiva da proteção integral é decorrente do amadurecimento histórico que levou a

superação da antiga doutrina da situação irregular do Código de Menores de 1979, que em

essência tinha como características:

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• visão estigmatizada da infância pela produção do conceito de “menoridade” ou simplesmente pelo conceito de “menor”;

• tratamento da “menoridade” como objeto de políticas de controle social; • atuação estatal direcionada para a violação e restrição dos direitos humanos; • (re)produção das condições de exclusão, com base em critérios individuais, econômicos,

políticos, sociais e jurídicos que acentuavam as práticas de discriminação racial e de gênero;

• definição da infância pelo o que ela não tem e não é, ou seja, a afirmação da teoria jurídica

das incapacidades; • gestão das políticas governamentais de forma centralizada, autoritária, não-participativa; • controle centralizado e repressivo das ações associativas e dos movimentos sociais; • atuação dos poderes de Estado, principalmente Executivo e Judiciário, justificado pelas

condições idealizadas de risco ou perigo; • responsabilização individual do menino e da menina à condição de irregularidade; • atuação do Judiciário no campo da gestão direta das ações sociais, produzindo o juiz-

assistente-social e o juiz-policial; • garantias oferecidas ao Estado e à Sociedade contra a infância; • institucionalização como prática dominante e frequente (CUSTODIO, 2009, p. 23).

Embora o Direito da Criança e do Adolescente represente profunda ruptura com o modelo

anterior, institucionalizando a responsabilização socioeducativa de caráter emancipador, ainda

permanecem mitos em torno das relações entre adolescência e violência no contexto brasileiro.

As recorrentes propostas de redução da maioridade penal apresentadas no parlamento brasileiro

são simbólicas ao demonstrar a persistência política autoritária no sentido de reivindicar

exclusivamente estratégias de caráter repressivo e punitivo no sistema jurídico brasileiro, que

reproduz a falaciosa ideia de que o monopólio da violência estatal legítima seria mecanismo de

enfrentamento a outras violências reafirmando mitos culturais.

Essa abordagem nos conduz a uma das vertentes originais da Criminologia Crítica: a Teoria do Etiquetamento (labelling approach), a qual sobreleva o controle social, isto é, a criminalidade, que segundo essa concepção, não tem natureza ontológica, mas antes, definitorial. Assim, o sistema punitivo passa a controlar tal fenômeno não tanto em função do crime cometido. Antes o que

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se tem é uma estrutura de filtros altamente seletivos e discriminatórios que atuam guiados pelo critério de status social do infrator. É em função disso que as classes sociais mais oprimidas atraem taxas mais elevadas de criminalidade. É necessário acentuar, em face do que foi colocado, que os marginalizados sociais, não optam pelos valores criminais por si mesmos, senão que a repressão punitiva se constitui e se orienta prioritariamente para eles, ou melhor e, infelizmente, contra eles (VERONESE, 2000, p. 679).

Por isso, são persistentes os discursos menoristas que ainda se mantém no imaginário cultural

brasileiro, construindo mitos. “E o mito, uma vez instalado, reproduz o efeito alienante por parte

dos atores jurídicos, caso não se desvele como tal, isto é, como uma não-realidade que sustenta

a realidade” (ROSA, 2014, p. 49).

Em síntese, os referidos mitos podem ser sintetizados em expressões como:

“A violência é um fenômeno crescente e os adolescentes são os principais responsáveis pela sua

propagação.”

“A expansão da violência é decorrente de ineficácia da legislação, que protege demasiadamente

crianças e adolescentes reforçando uma cultura de impunidade.”

“A capacidade de compreensão do delito seria requisito para a imputação de responsabilidade

penal ao adolescente, em especial a partir dos 16 anos de idade.”

“Deve existir equivalência na definição da capacidade jurídica civil, penal, trabalhista e eleitoral.”

“O Poder Judiciário deve recorrer a pareceres de uma equipe técnica para suspender a aplicação

da lei em casos específicos.”

“A resposta ao ato infracional deve ter tratamento diferenciado de acordo com as condições

subjetivas e sociais do agente.”

“O sistema de controle penal apresenta maior eficiência para o enfrentamento à violência.”

“A expansão da medida de internação por si só apresentaria resultados para a redução da

criminalidade.”

“O acirramento das respostas de caráter repressivo e punitivo detém legitimidade, pois conta

com apoio popular para sua implementação.”

Contudo, os estudos no campo do Direito da Criança e do Adolescente têm aprofundado a

desmitificação das práticas/discursos tradicionais evidenciando uma realidade que merece

atenção especial.

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A visibilidade da violência, enaltecida e espetacularizada pelos meios de comunicação de massa,

não representa necessariamente a elevação dos indicadores de criminalidade, mas sua

valorização no contexto de percepções cotidianas sobre o fenômeno. De igual modo, a população

adolescente não se encontra no contexto central como os principais autores das condutas

tipificadas como crimes. Dados do Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo indicam que:

A população adolescente (12 a 18 anos incompletos) soma pouco mais de 20 milhões de pessoas. Menos de um adolescente em cada mil (0,094%) cumpre medidas socioeducativas. Em números absolutos, em 2011 havia 19.595 adolescentes cumprindo medida em regime fechado e 88.022, em meio aberto (prestação de serviços à comunidade ou liberdade assistida) (BRASIL, 2013, p. 11).

Além disso, observa-se que os principais atos cometidos por adolescentes não se concentram em

crimes de maior gravidade como àqueles atentados contra a vida e estão em declínio, pois os

dados “[...] entre 2010 e 2011, apontam a redução de atos graves contra a pessoa: homicídio

(14,9% para 8,4%), latrocínio (5,5% para 1,9%), estupro (3,3% para 1,0%) e lesão corporal (2,2%

para 1,3%) (BRASIL, 2013, p. 11-12).

Contudo, há um discurso, fundado na lógica do movimento de lei e ordem, que insiste na

propagação da ideia que a legislação estatutária é ineficaz e reforça a cultura da impunidade. Por

outro lado, o discurso punitivista pouco tem a contribuir com o efetivo enfrentamento à violência

uma vez que os dados estatísticos demonstram que a ampliação de penas ou intensidade da

punição não gera qualquer impacto preventivo na prática de qualquer conduta delituosa.

Todavia, a persistência deste discurso tem produzido reflexos no âmbito da atuação judicial na

aplicação de medidas socioeducativas privilegiando o uso das medidas de privação de liberdade:

O aumento da restrição e privação de liberdade para casos de baixa gravidade parece corresponder mais à utilização da internação-sanção – que daria assim uma resposta a apelos pela redução da maioridade penal que encontram repercussão na mídia – do que à realidade (BRASIL, 2013, p. 12).

Assim, as práticas institucionais afastam-se das estratégias apontadas pelo atual sistema jurídico,

fragilizando as possibilidades de efetivação de um sistema que seja socioeducativo,

responsabilizador e emancipador.

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O aumento das medidas socioeducativas restritivas de liberdade, em especial aos adolescentes a

partir dos 16 anos, está associada ao ressurgimento da teoria do discernimento produzida no

século XIX segundo a qual a imputação da responsabilidade penal deve estar associada à

capacidade de compreensão do delito.

No entanto, desde o início do século XX a teoria do discernimento deixou de ser parâmetro para

o estabelecimento de estratégias de política criminal. Isso porque crianças e adolescentes desde

muito cedo compreendem a caracterização de um delito e, portanto, não é a compreensão que

define a resposta do sistema jurídico diante do cometimento de um ato delituoso, mas acima de

tudo as respostas públicas que possam representar estratégias de superação da experiência

delituosa evitando-se a reincidência e a demarcação da restauração ou reconstrução das

trajetórias de vida num sentido orientado para a cultura de paz e não-violência.

De igual modo, a capacidade jurídica entre os ramos do direito civil, penal, trabalhista e eleitoral

não apresentam qualquer tipo de correspondência, pois são campos de conhecimento distintos

com objetivos e finalidades diferenciados, e sua limitação destina-se a estabelecer estratégias de

proteção de acordo com o processo de desenvolvimento do adolescente e a gradual incorporação

de aptidões para a vida adulta.

O sistema socioeducativo enquanto instrumento integrado e estratégico de políticas públicas de

enfrentamento e superação do ato infracional não concorre com o sistema de controle penal. Em

todas as comparações, o sistema de controle penal tradicional apresenta piores indicadores de

gestão, eficiência, de ressocialização e, enfim, de enfrentamento ao ciclo perverso de reprodução

da criminalidade. Não há qualquer dado estatístico que possa assegurar que a substituição do

sistema socioeducativo, ainda que sua estrutura seja precária, pelo sistema de controle penal,

possa apresentar melhores chances de ressocialização ou responsabilização aos adolescentes. O

único discurso que embasa a ideia de maior eficiência do sistema penal ampara-se na lógica da

vingança pública e da mera retribuição sancionatória, o que não representa qualquer ganho ou

garantia na prevenção e superação da violência.

É preciso destacar que o Direito da Criança e do Adolescente e seu conjunto principiológico

normativo têm caráter garantista, daí não haver fundamento para a suspensão judicial de

qualquer garantia normativa sob pena de violação do princípio da universalidade democrática,

segundo o qual todos estão igualmente submetidos à lei. Considerando o princípio jurídico da

desjudicialização, não cabe ao Poder Judiciário fazer a apreciação técnica psicológica, educacional

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ou assistencial na execução das medidas socioeducativas, nem impor tratamento diferenciado ao

adolescente em razão de suas condições subjetivas ou sociais. Cabe a rede de atendimento, em

especial no contexto do Sistema Único de Assistência Social, fazer o acompanhamento e

execução das medidas socioeducativas levando em consideração o processo de desenvolvimento

do adolescente e os compromissos que pode pactuar diante da responsabilização socioeducativa.

Embora, instigado pelos meios de comunicação de massa, seja frequente a reivindicação de

medidas de caráter meramente repressivo por parte da população, é preciso atenção dos agentes

públicos para que as medidas socioeducativas tenham para além do caráter responsabilizador,

estratégias de impacto no desenvolvimento dos adolescentes, para que a experiência de ato

infracional não venha a se repetir e garantir um modelo político de atendimento que atenda às

necessidades de emancipação e desenvolvimento humano.

Para que medidas de tal abrangência sejam possíveis, é necessário a consolidação do Sistema de

Garantiras de Direitos em articulação com as políticas de atendimento e o planejamento das

políticas de atendimento socioeducativo.

3.2. ATO INFRACIONAL, MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS E O SISTEMA DE

ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO

O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 103, define ato infracional como toda

conduta descrita como crime ou contravenção penal. Isso implica reconhecer que o Direito da

Criança e do Adolescente estabelece respostas públicas diante do cometimento de qualquer

crime, independentemente da idade do sujeito. A diferença está justamente nas respostas

públicas que se apresentam de acordo com a idade do autor do ato infracional.

O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece no artigo 105 que ao ato infracional cometido

por criança, consideradas pessoas com idades até 12 anos, serão aplicadas as medidas de

proteção previstas no artigo 101, que envolvem:

Art. 101 -...

I – encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;

II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;

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III – matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;

IV – inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente;

V – requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;

VI – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;

VII – acolhimento institucional;

VIII – inclusão em programa de acolhimento familiar;

IX – colocação em família substituta (BRASIL, 1990).

É preciso destacar, que das medidas de proteção destacadas no dispositivo acima, àquelas

previstas nos incisos VII, VIII e IX não se destinam a consolidar respostas ao ato infracional, mas

tão somente para concretizar o direito fundamental à convivência familiar e comunitária e,

portanto, exigem processo próprio e distinto.

Nos casos de ato infracional cometido por adolescente, considerando como pessoas com idades

entre 12 e 18 anos, a autoridade competente aplicará medidas socioeducativas, descritas no

artigo 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente como:

Art. 112 - ...

I – advertência;

II – obrigação de reparar o dano;

III – prestação de serviços à comunidade;

IV – liberdade assistida;

V – inserção em regime de semiliberdade;

VI – internação em estabelecimento educacional

VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. (BRASIL, 1990)

Portanto, diante do ato infracional movimenta-se um conjunto de políticas públicas de

atendimento socioeducativo que integram as medidas socioeducativas em espécie e que poderão

ser cumuladas com as medidas de proteção de acordo com cada caso.

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As medidas socioeducativas devem levar em consideração a capacidade do adolescente cumpri-

la, as circunstâncias e a gravidade da infração, conforme determina o Artigo 112, § 1º do Estatuto,

bem como, depende para sua imposição a existência de provas suficientes de autoria e

materialidade da infração, ressalvadas os casos de advertência ou remissão.

Na aplicação de medidas socioeducativas devem ser considerados os direitos individuais do

adolescente, previstos entre os artigos 106 e 109 do Estatuto que garantem no mínimo que:

Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.

Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.

Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.

Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.

Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.

Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada (BRASIL, 1990).

A apuração de responsabilidade do ato infracional requer a proposição de ação socioeducativa

pública, preservando as garantias processuais estabelecidas previstas no artigo 111 do Estatuto:

Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias:

I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio equivalente;

II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;

III - defesa técnica por advogado;

IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;

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V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;

VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento (BRASIL, 1990).

Para a consolidação de um conjunto articulado de políticas públicas de atendimento

socioeducativo foi aprovada a Lei n. 12.594, de 18 de janeiro de 2012 que institui o Sistema

Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE) e regulamenta a execução das medidas

socioeducativas destinadas a adolescentes que pratique ato infracional.

Considera-se como Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo:

[...] o conjunto ordenado de princípios, regras e critérios que envolvem a execução de medidas socioeducativas, incluindo-se nele, por adesão, os sistemas estaduais, distrital e municipais, bem como todos os planos, políticas e programas específicos de atendimento a adolescente em conflito com a lei (BRASIL, 2012).

Assim, a Lei do SINASE estabelece um conjunto de regras e princípios sobre competências

compartilhadas entre União, Estados e Municípios na formulação, execução e controle das

políticas públicas socioeducativas determinando a elaboração de Planos de Atendimento e

organizando os Programas de Atendimento com estratégias de avaliação e acompanhamento da

gestão, destacando medidas de responsabilização de gestores, operadores e entidades de

atendimento. Além disso, estabelece critérios para a definição de prioridades e financiamento

das políticas públicas e critérios complementares ao Estatuto da Criança e do Adolescente para a

execução das medidas socioeducativas; também define procedimentos, amplia a garantia dos

direitos individuais do adolescente, exige a elaboração de Planos Individuais de Atendimento e

estratégias de articulação intersetorial para a garantia da atenção integral à saúde do adolescente

em cumprimento de medida socioeducativa, regulamentação de visitas nos casos de

cumprimento de medidas restritivas de liberdade, regimes disciplinares e ações de capacitação

para o trabalho.

O artigo 7º, § 2º da Lei do SINASE estabelece que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios

deverão com base no Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo elaborar seus planos

decenais correspondentes, em até 360 dias a partir da aprovação do Plano Nacional.

Neste contexto, a lei prevê a competência específica aos municípios para:

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Art. 5o -...

I - formular, instituir, coordenar e manter o Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo, respeitadas as diretrizes fixadas pela União e pelo respectivo Estado;

II - elaborar o Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo, em conformidade com o Plano Nacional e o respectivo Plano Estadual;

III - criar e manter programas de atendimento para a execução das medidas socioeducativas em meio aberto;

IV - editar normas complementares para a organização e funcionamento dos programas do seu Sistema de Atendimento Socioeducativo;

V - cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações sobre o Atendimento Socioeducativo e fornecer regularmente os dados necessários ao povoamento e à atualização do Sistema; e

VI - cofinanciar, conjuntamente com os demais entes federados, a execução de programas e ações destinados ao atendimento inicial de adolescente apreendido para apuração de ato infracional, bem como aqueles destinados a adolescente a quem foi aplicada medida socioeducativa em meio aberto. (BRASIL, 2012)

A lei determina que os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente, a quem

competem as funções deliberativas e de controle do Sistema Municipal de Atendimento

Socioeducativo, deverão conduzir o processo de construção dos Planos Municipais de caráter

decenal e deliberar pela sua criação, estabelecendo estratégias de controle e avaliação em

articulação com o órgão municipal responsável pelas funções executivas e de gestão do sistema

municipal, segundo os critérios estabelecidos no art. 7º, da Lei do SINASE que prevê:

Art. 7º - O Plano de que trata o inciso II do art. 3º desta Lei deverá incluir um diagnóstico da situação do Sinase, as diretrizes, os objetivos, as metas, as prioridades e as formas de financiamento e gestão das ações de atendimento para os 10 (dez) anos seguintes, em sintonia com os princípios elencados na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) (BRASIL, 2012).

Considerando que compete aos municípios a criação e manutenção dos programas de

atendimento para a execução de medidas socioeducativas em meio aberto, torna-se

indispensável o aprofundamento das estratégias e ações no que se refere às medidas

socioeducativas de liberdade assistida e prestação de serviços à comunidade.

A Lei do SINASE prevê:

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Art. 13. Compete à direção do programa de prestação de serviços à comunidade ou de liberdade

assistida:

I - selecionar e credenciar orientadores, designando-os, caso a caso, para acompanhar e avaliar o cumprimento da medida;

II - receber o adolescente e seus pais ou responsável e orientá-los sobre finalidade da medida e a organização e funcionamento do programa;

III - encaminhar o adolescente para o orientador credenciado;

IV - supervisionar o desenvolvimento da medida; e

V - avaliar, com o orientador, a evolução do cumprimento da medida e, se necessário, propor à autoridade judiciária sua substituição, suspensão ou extinção. (BRASIL, 2012)

A Resolução n. 109, de 11 de novembro de 2009, que adota a Tipificação Nacional dos Serviços

Socioassistenciais no âmbito do Sistema Único de Assistência Social, prevê o Serviço de Proteção

Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e

de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) como serviços de proteção social especial de média

complexidade (BRASIL, 2009).

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, no artigo 118, a medida socioeducativa de

liberdade assistida visa proporcionar acompanhamento, auxílio e orientação ao adolescente por

pessoa capacitada, denominado orientador, designado pela autoridade competente, pelo prazo

mínimo de seis meses, podendo ser prorrogada, revogada ou substituída a qualquer tempo.

Estatuto da Criança e do Adolescente prevê:

Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade competente, a

realização dos seguintes encargos, entre outros:

I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;

II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;

III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;

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IV - apresentar relatório do caso. (BRASIL, 1990)

No entanto, a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais alcançou uma visão mais ampla

sobre as potencialidades da medida de liberdade assistida ao reconhecer que:

O serviço tem por finalidade prover atenção socioassistencial e acompanhamento a adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, determinadas judicialmente. Deve contribuir para o acesso a direitos e para a ressignificação de valores na vida pessoal e social dos adolescentes e jovens. Para a oferta do serviço faz-se necessário a observância da responsabilização face ao ato infracional praticado, cujos direitos e obrigações devem ser assegurados de acordo com as legislações e normativas específicas para o cumprimento da medida (BRASIL, 2009).

A operacionalização da liberdade assistida envolve a elaboração de Plano Individual de

Atendimento com a participação do adolescente e sua família, estabelecendo objetivos, metas e

perspectivas futuras atendendo os objetivos da política socioassistencial, os requisitos legais do

Direito da Criança e do Adolescente e os parâmetros estabelecidos no âmbito da Lei do SINASE.

Assim, a medida tem por objetivos:

• Realizar acompanhamento social a adolescentes durante o cumprimento de medida socioeducativa de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade e sua inserção em outros serviços e programas socioassistenciais e de políticas públicas setoriais;

• Criar condições para a construção/reconstrução de projetos de vida que visem à ruptura com a prática de ato infracional;

• Estabelecer contratos com o adolescente a partir das possibilidades e limites do trabalho a ser desenvolvido e normas que regulem o período de cumprimento da medida socioeducativa;

• Contribuir para o estabelecimento da autoconfiança e a capacidade de reflexão sobre as possibilidades de construção de autonomias;

• Possibilitar acessos e oportunidades para a ampliação do universo informacional e cultural e o desenvolvimento de habilidades e competências;

• Fortalecer a convivência familiar e comunitária (BRASIL, 2009).

Como se pode notar, iguais objetivos são aplicáveis a medida socioeducativa de Prestação de

Serviços à Comunidade, que o artigo 117 do Estatuto da Criança e do Adolescente conceitua nos

seguintes termos:

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Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais. Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho (BRASIL, 1990).

A medida socioeducativa de prestação de serviços à comunidade não se caracteriza como

trabalho ou profissionalização, mas estratégia de ampliação e fortalecimento da convivência

comunitária ampliando os espaços de atuação e reconhecimento do adolescente em sua

comunidade.

Para que as medidas socioeducativas em meio aberto tenham êxito é indispensável articulação

intersetorial das políticas públicas como um conjunto de ações integradas de promoção e

desenvolvimento humano, pois

O sucesso de uma medida socioeducativa aplicada a um adolescente autor de ato infracional depende, em boa parte, da capacidade de envolver e comprometer toda a máquina pública e as forças sociais representativas na execução dessa medida, já que os adolescentes precisam encontrar respostas concretas para as suas necessidades (VANIN, 2000, p. 710).

Daí a importância de fortalecer a relação entre o Sistema de Atendimento Socioeducativo com as

políticas públicas setoriais, em especial com o Sistema Único de Assistência Social. Neste

contexto, o planejamento, controle e avaliação das políticas de forma integrada e continuada é

requisito fundamental na elaboração dos planos decenais de atendimento socioeducativo.

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4 DIAGNÓSTICO SITUACIONAL

Aproximadamente metade da população de São Miguel Arcanjo é formada por sujeitos entre zero

(0) e vinte e nove anos de idade (29). Este é o ponto fundamental para começarmos a refletir e

debater sobre o desenvolvimento humano e social do Município. Entendendo o alto grau de

vulnerabilidade, tanto natural - da idade, quanto da estrutura social a que grande parte dessa

população está exposta, se faz necessária a implementação de políticas públicas efetivas que

realmente abarquem e criem estruturas capazes de possibilitar aos adolescentes e jovens se

desenvolverem em seus diversos âmbitos como seres humanos e viventes: cultural, artístico,

esportivo, político, de conhecimento, trabalho e renda, até místico- espiritual, dentre outros,

respeitando as características de desenvolvimento próprio de cada idade, visando a formação de

seres humanos preparados para os desafios da nossa época.

O modo social de vida denominado modernidade é perpassado por interpretações de fachada,

visíveis e perceptíveis por todos, que segundo o filósofo Michel Foucault, servem precisamente

para esconder os conteúdos latentes, as causas reais dos problemas que afetam a população e

conseqüentemente produzem e reproduzem as mazelas produzidas pela própria modernidade

que, no município de São Miguel Arcanjo, são caracterizadas principalmente pelo alto grau de

pobreza e extrema pobreza, geradoras de tantos outros males e sofrimentos humanos. Ou seja,

o senso comum (conteúdos manifestos) guiam as ações da sociedade e do poder impedidos de

entenderem as reais causas dos nossos problemas. E assim, agindo baseados em premissas falsas,

não só se incapacitam de resolvê-los, como inconscientemente (se não levarmos em conta

fatores políticos de interesses próprios e corruptos), os reproduzem.

Portanto, é necessário desconstruir as “verdades” colocadas pelos conteúdos manifestos,

entender a realidade, as reais causas dos nossos problemas para assim, construirmos um projeto

de sistema futuro no qual as vítimas de hoje, nossas crianças e jovens, vivam bem.

Dentre as políticas públicas tão necessárias e imprescindíveis para estruturação da produção e

reprodução da vida humana colocamos o Plano Municipal Decenal de Atendimento

Socioeducativo - como uma necessidade para superar as mazelas e exclusões da Modernidade.

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4.1 DADOS DE SÃO MIGUEL ARCANJO

O município de São Miguel Arcanjo localiza-se na Região Metropolitana de Sorocaba no Estado

de São Paulo. Tem como municípios limítrofes Pilar do Sul, Itapetininga, Sete Barras e Capão

Bonito.

Conforme dados do IBGE (2010) São Miguel Arcanjo possui uma população de trinta e um mil

quatrocentos e cinquenta habitantes (31450).

A área territorial total (urbana e rural) é de 930,34 Km², a população urbana em 2010 passou a

representar 68,37% contra 58,39% em 2000.

A Incidência de Pobreza no município é de 26,15% e o índice de gini é de 0,39 (IBGE 2003). O

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal é de 0,710 (Fundação Seade).

Quanto aos níveis de extrema pobreza, 5,0% da população vive em situaçõs precárias de vida,

com intensidade maior na área rural (6,9% da população em extrema pobreza vive na área rural

contra 4,1% na área urbana). A média de pobreza extrema do Estado de São Paulo é de 2,6%. São

Miguel Arcanjo, portanto, possui o dobro da média do Estado de São Paulo de pessoas vivendo

em situação de extrema pobreza.1

A população sãomiguelense com idade entre 10 e 19 anos (IBGE 2010) é de cinco mil novecentos

e dez (5910) crianças e adolescentes ou seja 18,58%.

A população economicamente ativa em São Miguel Arcanjo corresponde a 19.982 pessoas sendo

que o total de empregos formais corresponde a 4.188 (20,95%). Embora se leve em consideração

que apenas quem procura emprego é considerado desempregado, constatamos uma defasagem

de postos de trabalho. Consequentemente, a informalidade e a inserção precária no mercado de

trabalho afetam diretamente os adolescentes e jovens na construção de seus sonhos e projetos

de vida, suscitando uma urgente intervenção pública em ações na superação dessa situação.2

1 http://aplicacoes.mds.gov.br/ead/ri/carrega_pdf.php?rel=panorama_municipal. 2 (http://aplicacoes.mds.gov.br/ead/ri/carrega_pdf.php?rel=panorama_municipal.

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O município tem uma forte produção agrícola, está entre os melhores PIBS do Estado de São

Paulo contudo, não favorece à população que trabalha na zona rural devido à sazonalidade, à

informalidade dos vínculos empregatícios, os baixos valores pagos ao trabalhador e à falta de

incentivo e investimentos na agricultura familiar.

Verificamos que o número dos casos atendidos pelo Conselho Tutelar referentes à evasão escolar

corresponderam a 95 casos no ano de 2013 e 42 casos no ano de 2014 até o mês de setembro (é

a partir de setembro que grande parte dos jovens abandonam as escolas para a colheita nas

grandes produções agrícolas).

A população de 18 a 24 anos com Ensino Médio Completo é de 43,60% contra 58,68% da média

do Estado, e a população de mães adolescentes é de 12,83% contra 6,88% do Estado; o índice de

analfabetismo da população de 15 anos e mais é de 7,98% contra 4,33% da média estadual.

As despesas com a Assistência Social no município alcançaram 3,56% do orçamento total, valor

esse inferior a média de todos os municípios do Estado de São Paulo que foi de 4,21%.3 Segundo

dados da Prefeitura Municipal de São Miguel Arcanjo o percentual de gasto com a Assistência

Social do orçamento total para 2015 será de 4,2%.

De acordo com o Caderno de Orientações Técnicas, São Paulo (2012, p. 21), 80% dos municípios

do Estado de São Paulo são de porte pequeno - I e II -, e atendem a um número inferior de 07

adolescentes em MSE, contra 33 adolescentes no período de janeiro a outubro de 2014 em São

Miguel Arcanjo. Encontramos em São Miguel Arcanjo, portanto, um número quase cinco vezes

maior que a média estadual.4

4.2 O CONTEXTO DO ATO INFRACIONAL NO MUNICÍPIO DE SÃO MIGUEL

ARCANJO

O ato infracional precisa da compreensão do contexto das amplas e complexas formas de

violência que se constituem e se reproduzem na sociedade contemporânea. Não se trata apenas

de um fato que possa ser compreendido a partir da singularidade da adolescência, mas da

3Acesso em 10/12/2014 em: http://aplicacoes.mds.gov.br/ead/ri/carrega_pdf.php?rel=panorama_municipal. 4 http://www.desenvolvimentosocial.sp.gov.br/a2sitebox/arquivos/documentos/412.pdf.

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31

complexidade das relações sociais que se instituem no cotidiano provocando vulnerabilidades e

assimetrias.

O levantamento de dados sobre o ato infracional no município de São Miguel Arcanjo considerou

as informações levantadas pelo Poder Judiciário da Comarca de São Miguel Arcanjo de processos

distribuídos nos anos de 2013 e 2014 até novembro.

O Poder Judiciário informou a ocorrência de 245 atos infracionais nos últimos dois anos

envolvendo adolescentes.

Figura 1

O gráfico acima representa os 245 casos de atos infracionaias sendo 50 de trânsito, 40

envolvendo uso de drogas e tráfico, 30 casos de furto e roubo, 6 casos de estupro e 4 homícídios,

considerando os atos infracionais mais graves e que merecem maior atenção.

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32

4.3 O ADOLESCENTE NO CUMPRIMENTO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

O atendimento dos adolescentes que cometeram ato infracional e que gerou cumprimento de

Medida Socioeducativa ocorre na Divisão Municipal de Assistência Social onde é realizado o

atendimento da Proteção Social Especial de Média Complexidade.

No ano de 2014 foram atendidos 33 adolescentes em situação de cumprimento de medida.

Figura 2

Na figura dois observamos que 81% dos adolescentes em cumprimento de medida

socioeducativa são do sexo masculino e 19% do sexo feminino. Todavia, o número de atos

infracionais envolvendo adolescentes do sexo feminino está aumentando de acordo com os

dados de novos processos encaminhados pelo Poder Judiciário.

Abaixo, verificamos que a maioria dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa

compreende a idade de 14 a 18 anos. Os dados são retroativos, por isso apresentam idades

superiores a 18 anos.

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33

Figura 3

Figura 4

Observamos na figura 4 que a maioria dos adolescentes que cometeram atos infracionais

residiam no Centro, Jardim São Carlos e Curumim apontando para a necessidade de

desenvolvimento de ações preventivas nesses locais, levando em consideração a dificuldade de

adesão e mobilidade (por vários fatores) principalmente do público da periferia.

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4.4 ADOLESCENTES QUE FREQUENTAM A ESCOLA E CUMPREM MEDIDA

SOCIOEDUCATIVA

Figura 5

Dos adolescentes que estudam, 12 se encontram no Ensino Fundamental, 5 no Ensino Médio, 3

no EJA Fundamental e 2 no EJA Médio.

Figura 6

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Como mostra a figura 6, 35% dos adolescentes em MSE não frequentam a escola. Dos

adolescentes que cumprem MSE e frequentam a escola, 27% estudam na E.E. Nestor Fogaça e

27% estudam na E.E Maria Francisca Arrivabene.

Figura 7

De acordo com o gráfico 7, a maioria dos atos infracionais são referentes ao tráfico, 31%, seguido

de agressão, 28% e furto, 21%.

Figura 8

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A figura 8 apresenta 55% de adolescentes cumprindo MSE de Liberdade Assistida e 45% Prestação

de Serviço à Comunidade. Esses dados são de setembro de 2013 a setembro de 2014.

Figura 9

A figura 8 nos mostra que 55% dos adolescentes cumprem MSE de Liberdade Assistida e que

100% destes, conforme figura 9, sofrem de Distúrbio Afetivo Emocional.

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PARTE 2

POLÍTICAS PÚBLICAS DE

ATENDIMENTO EM SÃO

MIGUEL ARCANJO EM SEUS

RESPECTIVOS SETORES

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5 ASSISTÊNCIA SOCIAL

O município de São Miguel Arcanjo, considerado porte II, tem instituído o Sistema Único de

Assistência Social com nível de gestão básica, e o órgão gestor é a Divisão Municipal de Assistência

Social.

Estão vinculados à Divisão Municipal de Assistência Social o Conselho Municipal de Assistência

Social; Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; Conselho Municipal do

Idoso; A Casa da Criança e do Adolescente, Centro de Referência de Assistência Social – CRAS e o

Conselho Tutelar.

5.1 PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA

A Proteção Social Básica tem por objetivo contribuir para a prevenção de situações de risco social

por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vínculos

familiares e comunitários.

Prevê o desenvolvimento de serviços, programas e projetos locais de acolhimento, convivência e

socialização de famílias e de indivíduos. Os benefícios tanto de prestação continuada, como os

eventuais, integram a proteção social básica e devem ser articuladas aos demais programas e

serviços ofertados.

O Centro de Referência de Assistência Social – CRAS -, é uma unidade física pública estatal de

base territorial, localizado em áreas de vulnerabilidade social.

Conforme as Orientações Técnicas do Ministério de Desenvolvimento Social – MDS -, o CRAS tem

por funções exclusivas a oferta do Serviço de Proteção e Atenção Integral à Família – PAIF -, e a

gestão territorial da Proteção Social Básica – PSB - no seu território de abrangência.

Conforme o documento, “O CRAS que temos e o CRAS que queremos e o Guia de Orientações

Técnicas do CRAS”, a Gestão Territorial da Proteção Social Básica, responde ao princípio de

descentralização do Sistema Único de Assistência Social - SUAS, e tem por objetivos, promover a

atuação preventiva, disponibilizar serviços próximos do local de moradia das famílias, racionalizar

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as ofertas e traduzir o referenciamento dos serviços ao CRAS em ações concretas, tornando a

principal unidade pública de proteção social básica, uma referência para a população local.

O município de São Miguel Arcanjo mantém atualmente um CRAS, localizado na região central do

município.

5.2 SERVIÇOS E PROGRAMAS OFERECIDOS

5.2.1 SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS

O Serviço é oferecido para crianças e adolescentes que desenvolvem atividades em horário

alternado ao da escola. Tem por foco a constituição de espaços de convivência, a formação para

a participação e cidadania; o desenvolvimento do protagonismo e da autonomia das crianças e

adolescentes, a partir dos interesses, demandas e potencialidades de cada faixa etária. As

intervenções devem ser pautadas em experiências lúdicas, culturais e esportivas como formas de

expressão, interação, aprendizagem, sociabilidade e proteção social. Inclui crianças e

adolescentes com deficiência, submetidos a outras violações, cujas atividades contribuem para

resignificar vivências de isolamento e de violação de direitos, bem como propiciar experiências

favorecedoras do desenvolvimento de sociabilidades e na prevenção de situações de risco social.

O Serviço é destinado a crianças e adolescentes encaminhadas pelos serviços de proteção social

especial a indivíduos e famílias, reconduzidas ao convívio familiar, após medida protetiva de

acolhimento e outros; crianças e adolescentes com deficiência, com prioridade para as

beneficiárias do BPC; crianças e adolescentes cujas famílias são beneficiárias de programas de

transferência de renda; crianças e adolescentes de famílias com precário acesso a renda e a

serviços públicos e com dificuldades para manter os seus membros e educar os filhos.

O serviço tem com objetivos complementar as ações da família, escola e comunidade na proteção

e desenvolvimento de crianças e adolescentes e no fortalecimento dos vínculos familiares e

sociais; criar condições para a inserção, reinserção e permanência da criança e adolescente no

sistema educacional; assegurar espaços de referência para o convívio grupal, comunitário e social

e o desenvolvimento de relações de afetividade, solidariedade e respeito mútuo; possibilitar a

ampliação do universo informacional, artístico e cultural das crianças e adolescentes, bem como

estimular o desenvolvimento de potencialidades, habilidades, talentos e propiciar sua formação

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cidadã; além de estimular a participação na vida pública do território e desenvolver competências

para a compreensão crítica da realidade social e do mundo contemporâneo.

As crianças e os adolescentes são encaminhados para as diversas oficinas, de acordo com suas

aptidões e escolhas, e nelas são desenvolvidas as temáticas importantes de acordo com a faixa

etária, relevância do tema no momento, debates, dentre outras atividades. No trimestre de

Jun/Jul/Ago participaram 192 crianças e adolescentes nas oficinas de DANÇA DE RUA, GRAFITE,

XADREZ, RECICLANDO IDEIAS E VIOLÃO.

5.2.2 PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

Programa do Governo Federal, criado em outubro de 2003, sancionado pela Lei nº 10.836, de 09

de janeiro de 2004. Foi instituído para unificar os benefícios sociais até então existentes. Através

deste Programa, o Governo Federal concede mensalmente Transferência de Renda para as

famílias pobres e extremamente pobres do país, com objetivo de combater a fome e a miséria

proporcionando a estas famílias o acesso às políticas públicas, objetivando a sua emancipação.

Possuem direito ao Programa, famílias que possuam renda per capita de até R$: 154,00 (cento e

cinquenta e quatro reais).

Os beneficiários deste Programa afirmam compromissos com o poder público, o que é

denominado condicionalidades. O compromisso assumido é com a educação das crianças e

adolescentes que pertencem a sua composição familiar. Estes devem ser matriculados nas

escolas e ter frequência mínima de 85% no Ensino Fundamental e 75% no Ensino Médio. Em

Outubro de 2014 constam 993 famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família em São Miguel

Arcanjo.

A tabela a seguir apresenta o número de adolescentes beneficiários do Programa Bolsa Família

no período correspondente ao mês de setembro de 2014.

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ADOLESCENTES BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA CORRESPONDENTE AO MÊS DE SETEMBRO DO ANO 2014

IDADE QUANTIDADE

12

13

14

15

16

17

18

TOTAL

5.2.3 PROGRAMA AÇÃO JOVEM

Programa do Governo do Estado que atende 100 jovens a partir dos 15 anos completos e que

estejam frequentando a escola. É um programa de transferência de renda que tem como

condicionalidade a presença em reuniões mensais, permanência da criança, do adolescente e do

jovem no sistema educacional; assegurar espaços de referência para o convívio grupal,

comunitário e social e o desenvolvimento de relações de afetividade, solidariedade e respeito

mútuo; possibilitar a ampliação do universo informacional, artístico e cultural das crianças e

adolescentes, bem como estimular o desenvolvimento de potencialidades, habilidades, talentos

e propiciar sua formação cidadã; além de estimular a participação na vida pública do território e

desenvolver competências para a compreensão crítica da realidade social e do mundo

contemporâneo.

5.2.4 PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE MÉDIA COMPLEXIDADE

A Proteção Social Especial de Média Complexidade destina-se a oferta de atendimento

especializado a famílias e indivíduos que vivenciam situações de violação de direitos, em que a

convivência familiar está mantida, embora os vínculos possam estar fragilizados ou ameaçados.

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Neste nível de complexidade são ofertados serviços de atendimentos às famílias e indivíduos que

vivenciam situações de vulnerabilidade, com direitos violados, geralmente inseridos no núcleo

familiar, mas cujos vínculos familiares e comunitários não foram rompidos. Dentre os cinco

Serviços da Proteção Social Especial tipificados, São Miguel Arcanjo oferta informalmente três,

sendo eles: o Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida

Socioeducativa, de Liberdade Assistida (LA) e Prestação de Serviços à Comunidade (PSC), os quais

estão sem equipe técnica completa e não atendem em tempo integral. O atendimento ocorre

duas vezes por semana e no Plantão Social.

O Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI) é um Serviço

de apoio, orientação e acompanhamento a famílias com um ou mais de seus membros em

situação de ameaça ou violação de direitos. Compreende atenções e orientações direcionadas

para a promoção de direitos, a preservação e o fortalecimento de vínculos familiares,

comunitários e sociais e para o fortalecimento da função protetiva das famílias diante do conjunto

de condições que as vulnerabilizam e/ou as submetem a situações de risco pessoal e social. Esse

Programa pertence ao atendimento do CREAS, mas como não temos em nosso município, fica a

cargo do atendimento da Divisão Municipal de Assistência Social, o que não ocorre por falta de

RH.

5.2.5 SERVIÇO DE PROTEÇÃO ESPECIAL À ADOLESCENTES EM CUMPRIMENTO DE

MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE LIBERDADE ASSISTIDA E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À

COMUNIDADE

O Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de

Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) no município de São

Miguel Arcanjo, mantém atualmente o corpo técnico constituído por 01 psicólogo e 01 assistente

social cedido pela Secretaria da Saúde, sendo estes os responsáveis pelo atendimento. Os

atendimentos do serviço ocorrem no horário das 09 às 12:00 e das 13:00 às 16 horas, duas vezes

por semana.

O município vem a dois anos necessitando de reposição e aumento no quadro de funcionários

mas encontra dificuldades administrativas e jurídicas impossibilitando a contratação por

concurso público.

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Até a presente data foram realizadas duas capacitações junto ao Estado e no Município.

O Serviço localiza-se nas dependências da Divisão Municipal de Assistência Social e possui a

seguinte configuração: uma sala compartilhada para o trabalho da “equipe” que não se encontra

apropriadamente equipada. Os recursos materiais disponíveis para o serviço são 01 computador

e um carro que pode ser utilizado porém, é compartilhado com toda a equipe técnica do CRAS e

da Divisão.

5.2.6 LIBERDADE ASSISTIDA

O adolescente é acolhido no Serviço após o encaminhamento do Poder Judiciário da Comarca de

São Miguel Arcanjo. Em geral, o adolescente apresenta-se no Serviço, caso contrário é realizada

uma visita domiciliar a fim de mobilizá-lo para o início do processo socioeducativo, quando há

disponibilidade de veículo.

Na entrevista inicial, momento do acolhimento no Serviço, o adolescente deve estar

acompanhado de um responsável, representante da família, com a qual se busca estabelecer um

contrato de ajuda mútua em torno das necessidades do adolescente. É acordado que o

adolescente deve comparecer semanalmente para acompanhamento e, atualmente, toda

atenção é caracterizada pelo atendimento individual e familiar. O descumprimento dos acordos

estabelecidos, tais como frequência nos atendimentos, retorno escolar e outros são comunicados

ao Poder Judiciário.

No atendimento dos adolescentes são priorizadas atividades de educação, lazer, cultura,

profissionalização e iniciação ao trabalho que estimulem potencialidades e favoreçam a

autonomia. O trabalho é realizado através do encaminhamento da rede de serviços

socioassistenciais e demais políticas públicas, mobilizando o Sistema de Garantias de Direitos.

Como instrumento organizador do trabalho é elaborado Plano Individual de Atendimento com a

participação do adolescente e da família com o objetivo de pactuar com o adolescente e seus

responsáveis metas e compromissos viáveis que possam auxiliá-lo a organizar seu dia-a-dia e criar

expectativas futuras desvinculadas da prática do ato infracional.

A equipe técnica realiza estudo de caso, visitas domiciliares e institucionais para realizar os

encaminhamentos necessários. Na execução da liberdade assistida são realizados atendimentos

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semanais no início do acompanhamento, mas cada caso é avaliado individualmente e, se

necessário, devido aos horários do adolescente e dificuldades de deslocamento, o

acompanhamento é quinzenal.

5.2.7 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE

A execução da medida socioeducativa de Prestação de Serviços à Comunidade envolve o

encaminhamento para entidades sociais, programas comunitários, escolas e outros serviços

governamentais. Atualmente, os adolescentes são encaminhados de acordo com o bairro de

residência e a disponibilidade da instituição como por exemplo aos Centros de Referência de

Assistência Social (CRAS), Centro de Integração Social - Curumim, Lar São Vicente de Paulo,

Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, Posto de Saúde, Escolas, dentre outros.

No acompanhamento da medida de prestação de serviços à comunidade a equipe técnica

identifica no município os locais para a prestação dos serviços, avaliando a inserção do

adolescente em atividades compatíveis com suas aptidões e que favoreçam o seu

desenvolvimento pessoal e social. O início do acompanhamento é realizado da mesma forma que

o serviço de liberdade assistida realizando-se atendimentos individuais e familiares visando

identificar demandas e realizar os encaminhamentos necessários através da articulação da rede

de serviços socioassistenciais.

O Plano Individual de Atendimento é elaborado como instrumento organizador do trabalho com

a participação do adolescente e da família com o objetivo de pactuar metas e compromissos que

possam auxiliar na organização do dia-a-dia do adolescente e criar perspectivas futuras

desvinculadas das práticas de ato infracional. São realizados atendimentos individuais e familiares

com o objetivo de possibilitar a elaboração de um Plano Individual de Atendimento que seja

efetivo. A equipe técnica realiza estudos de cada caso, visitas domiciliares e institucionais para

realizar os encaminhamentos necessários. A particularidade da medida socioeducativa de

prestação de serviços à comunidade é que, após o início do cumprimento da medida no local

indicado, o adolescente comparece para atendimento no Serviço uma vez ao mês para ser

acompanhado na execução de prestação de serviços à comunidade e, nesse momento, verifica-

se o caráter educativo da medida, o relacionamento do adolescente com os profissionais da

instituição e o cumprimento dos compromissos pactuados no PIA. Também são realizadas visitas

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institucionais a fim de orientar e trocar informações com a pessoa de referência que acompanha

o adolescente na instituição.

Nem sempre os encaminhamentos estão de acordo com a demanda específica do adolescente

devido ao número reduzido de locais para Prestação de Serviço à Comunidade, equipe reduzida,

espaços inadequados, dificuldade de articulação com a rede, dificuldade de entendimento da

rede, discriminação com o adolescente, dentre outros.

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6 SAÚDE

A Secretaria de Saúde no Município de São Miguel Arcanjo conta hoje com o desenvolvimento

do Programa Estratégia de Saúde da Família - ESF em seis Unidades de Saúde, totalizando 10

Equipes, sendo a cobertura 100% do município.

O Programa Estratégia de Saúde da Família promove mudanças nos padrões de atenção à saúde

individual e coletiva como consequência da articulação entre as ações desenvolvidas por

diferentes profissionais que partilham suas decisões e objetiva romper com as limitações e

subalternidades do modelo médico hegemônico e garantir a qualidade de vida da população a

partir da interpretação dos fenômenos da saúde e da doença pela interdisciplinaridade do

conhecimento, intersetorialidade das práticas e integralidade da atenção à saúde.

As equipes são compostas basicamente por 01 enfermeira, 01 auxiliar de enfermagem, 01 técnica

em enfermagem, 01 médico de Saúde da Família e agentes comunitários de saúde de acordo com

as micro regiões.

De acordo com o Relatório Final das Equipes da Estratégia de Saúde da Família, a Comissão de

Gestão Intesetorial destacou os dados mais relevantes , os quais indicam grandes agravantes para

o contexto do jovem no Município de São Miguel Arcanjo, tais como:

• Uso abusivo/dependência de drogas e álcool;

• Desnutrição/má alimentação;

• Gestação na adolescência;

• Ausência de mobilidade/ falta de transporte público, implicando em alguns bairros a evasão escolar para alunos do período noturno;

• Saneamento básico;

• Analfabetismo e baixa escolaridade;

• Pontos de prostituição.

Com relação ao tratamento de adolescentes em situação de dependência química a Secretaria

Municipal de Saúde visa garantir uma equipe para tratamento psicológico e psiquiátrico de

adolescentes e suas famílias no Ambulatório de Saúde Mental.

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A Secretaria de Saúde tem como meta propor ações que visem o enfrentamento do uso abusivo

de substâncias psicoativas e o fortalecimento de abordagens curriculares com temas transversais

e transdisciplinares sobre as questões da adolescência, vulnerabilidade social, atos infracionais e

direitos humanos. Propõe organizar e qualificar o fluxo de atendimento e atenção à saúde

objetivando ampliar o acesso do adolescente em tempo oportuno. Ampliar, divulgar e qualificar

as redes de atenção à saúde para o atendimento de casos de transtornos mentais e problemas

decorrentes do uso de álcool e drogas, sem quaisquer discriminações no caso de medida

protetiva do art. 101, inciso V, do ECA, cabendo à equipe de saúde eleger a modalidade do

tratamento que atenda a demanda.

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7 EDUCAÇÃO

“Acreditamos que a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tão pouco a sociedade muda. Se a nossa opção é progressiva, se estamos a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não temos outro caminho se não viver a nossa opção. Encarná-la, diminuindo assim a distância entre o que dizemos e o que fazemos.” Paulo Freire.

7.1 ESTRUTURA EDUCACIONAL A Secretaria Municipal de Educação oferece ensino infantil e fundamental I e II, além do Ensino

de Jovens e Adultos gratuito a 3.243 alunos matriculados na rede conforme dados obtidos na

própria Secretaria de Educação. Ao se tratar de um município de grande extensão rural temos 10

EMEIF (Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental) localizadas em bairros rurais do

município. Na zona urbana, situam-se 02 EMEF (Escola Municipal de Ensino Fundamental), 02

EMEIF (Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental), 02 EMEI (Escola Municipal de Ensino

Infantil). Totalizando deste modo 16 Unidades Escolares, além de 01 Creche Municipal,

subdividida em 03 unidades.

A seguir, descritivo das escolas oferecidas pela rede municipal:

· EMEF José Gomide de Castro Localização: Zona urbana Modalidade Oferecida: Fundamental I ( 1° ao 5° ano) Total de alunos:476

· EMEF Arcypreste Ruggeri Localização: Zona Urbana Modalidade Oferecida: : Fundamental I ( 1° ao 5° ano) / EJA (Educação de Jovens e Adultos) Total de alunos: 347

· EMEIF Prof. Arani José da Silva Localização: Zona Urbana Modalidade Oferecida: Educação Infantil (1° e 2° fase) / Fundamental I ( 1° ao 5° ano) Total de alunos: 315

· EMEIF Prof. Nelson Rodrigues Localização: Zona Urbana Modalidade Oferecida: Educação Infantil (1° e 2° fase) / Fundamental I ( 1° ao 5° ano) Total de alunos: 236

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· EMEI Prof Paulo Roberto Ortiz de Camargo

Localização: Zona Urbana Modalidade Oferecida: Educação Infantil (1° e 2° fase) / Ensino em período integral Total de alunos: 79

· CERI Ary Monteiro Galvão Localização: Zona Urbana Modalidade Oferecida: Educação Infantil (1° e 2° fase) / Ensino em período integral Total de Alunos: 173

· EMEIF Prof. Luiz Fernando Corrêa Pires Localização: Zona Rural / Bairro Colonia Pinhal Modalidade Oferecida: Educação Infantil (1° e 2° fase) / Fundamental I ( 1° ao 5° ano) Total de alunos: 135

· EMEIF Joaquim Nunes Vieira Localização: Zona Rural / Bairro Retiro Modalidade Oferecida: Educação Infantil (1° e 2° fase) / Fundamental I ( 1° ao 5° ano) / Fundamental II ( 6° ao 9° ano) Total de alunos: 155

· EMEIF Prof. Maria Inês Marques Mendes Localização: Zona Rural / Bairro Turvinho Modalidade Oferecida: Educação Infantil (1° e 2° fase) / Fundamental I ( 1° ao 5° ano) Total de alunos: 54

· EMEIF Prof. Carmelita Vieira Terra Dias Localização: Zona Rural / Bairro Guararema Modalidade Oferecida: Educação Infantil (1° e 2° fase) / Fundamental I ( 1° ao 5° ano) Total de alunos: 146

· EMEIF Vereador José Camargo Localização: Zona Rural / Bairro Abaitinga Modalidade Oferecida: Educação Infantil (1° e 2° fase) / Fundamental I ( 1° ao 5° ano) Total de alunos: 200

· EMEIF Fermino Mendes da Silva Localização: Zona Rural / Bairro Turvo dos Hilários Modalidade Oferecida: Educação Infantil (1° e 2° fase) / Fundamental I ( 1° ao 5° ano) Total de alunos: 220

· EMEIF Leonardo Antonio Vieira Localização: Zona Rural / Bairro Gramadão Modalidade Oferecida: Educação Infantil (1° e 2° fase) / Fundamental I ( 1° ao 5° ano) Total de alunos: 268

· EMEIF Prof. Thereza Maria Bodo da Cunha Carvalho Localização: Zona Rural / Bairro Faxinal dos Almeidas Modalidade Oferecida: Educação Infantil (1° e 2° fase) / Fundamental I ( 1° ao 5° ano) Total de alunos: 55

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· EMEIF Vereador João Gatto Localização: Zona Rural / Bairro Santa Cruz dos Matos Modalidade Oferecida: Educação Infantil (1° e 2° fase) / Fundamental I ( 1° ao 5° ano) Total de alunos: 78

· EMEIF Prof Angelina Miguel Aruk Localização: Zona Rural / Bairro Brejaúva Modalidade Oferecida: Educação Infantil (1° e 2° fase) / Fundamental I ( 1° ao 5° ano) Total de alunos: 81

· Creche Municipal Celestina Bertim de Almeida Localização: Zona Urbana Modalidade Oferecida: Atendimento em período integral a crianças de 04 meses a 3 anos de idade. Total de alunos: 225 REDE ESTADUAL:

· EE Nestor Fogaça Localização: Zona Urbana Modalidade oferecida: Total de alunos:

· EE Prof Maria Elisa de Oliveira Localização: Zona Urbana Modalidade oferecida: Total de alunos:

· EE Prof. Localização: Zona Urbana Modalidade oferecida: Total de alunos:

7.2 PROGRAMAS E ESCOLAS DE TREINAMENTO É de grande preocupação do município a garantia de inserção, permanência e conclusão dos

estudantes nas Unidades Escolares. Sendo assim além de atividades pertinentes ao currículo

escolar, desde 2013 vem-se desenvolvendo no contra turno o PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO, com

atividades nas áreas de: Esporte, Cultura, Meio Ambiente, Informática e Reforço Escolar

promovendo um espaço de interação e aprendizado. Isso vem despertando um olhar

diferenciado por parte de nossas crianças e adolescentes quanto ao “espaço escolar”, sendo um

fator motivacional e atrativo a presença dos alunos nas escolas.

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As escolinhas de treinamento são desenvolvidas dentro do espaço escolar e também no Clube

Botafogo, este um espaço de recreação e esporte mantido em parceria com a Prefeitura

Municipal. São aceitos somente alunos matriculados na rede, com realização no contra turno,

onde são oferecidas as seguintes modalidades:

• Treinamento de Futsal • Treinamento de Futebol • Treinamento de Natação • Treinamento de Atletismo

7.3 ALIMENTAÇÃO

É oferecido através de merenda a todos estudantes matriculados na rede municipal de São

Miguel Arcanjo bem como nas Escolas Estaduais, uma refeição que venha a completar sua

alimentação durante o período em que permanece na escola ou creche, garantindo um valor

nutricional que possibilite a manutenção da saúde e sua permanência na instituição escolar.

7.4 TRANSPORTE ESCOLAR Aos estudantes de cursos técnico e superior, não oferecidos no município é garantido o custeio

de 100% no valor do transporte para deslocamento até as cidades vizinhas, tais como: Sorocaba,

Itapetininga, Capão Bonito, Tatuí e Pilar do Sul, incentivando e facilitando a capacitação

profissional e formação acadêmica dos jovens e demais cidadãos interessados em sua formação.

Também vale destacar que o transporte dos alunos da zona rural é de responsabilidade da

Secretaria de Educação garantindo a presença diária dos alunos nas escolas dos bairros, bem

como nas escolas da zona urbana, com segurança e tranquilidade.

7.5 ENSINO TÉCNICO E SUPERIOR O município mantém uma sala descentralizada de ETEC na EMEF Arcypreste Ruggeri no período

noturno com o curso Técnico em Administração com um total de 25 alunos. O ingresso no curso

se dá através de um processo seletivo realizado pelo Centro Paula Souza, na cidade vizinha de

Itapetininga.

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São Miguel Arcanjo conta também com a Fundação Hermínio Ometto _ UNIARARAS, a qual

oferece cursos no período noturno em nível superior na modalidade presencial na área de

Humanas, estando disponível: Pedagogia e Administração de Empresas. O ingresso no curso se

dá através de vestibular realizado sob responsabilidade da própria Universidade.

7.6 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS O município de São Miguel Arcanjo oferece educação de jovens e adultos com possibilidade de

acesso aos adolescentes a partir de 15 anos e assim sucessivamente aos demais cidadãos com

idade superior a esta. A oferta em nível de fundamental I ocorre na EMEF Prof Arcypreste Ruggeri

e a nível de fundamental II na EE Prof. Maria Francisca Deoclécio Arrivabene e ensino médio na

EE Prof Maria Elisa de Oliveira.

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8 CULTURA A Coordenadoria de Cultura e Turismo é enquadrada estruturalmente na Secretaria de Governo

e Planejamento, contanto hoje com os recursos humanos abaixo do necessário sendo: 1

Coordenador; 1 Supervisor e 1 estagiário, os quais devem manter o controle das atividades em

todo o município, infraestrutura – tais como Centro Cultural e Praça de Eventos -, apoio ao Projeto

Guri e eventos festivos do calendário.

O panorama encontrado, quando a gestão 2013 – 2016 assumiu a Coordenadoria, era de total

desestruturação e falta de formação cultural devidamente prestada aos jovens da cidade.

Dependendo apenas de eventos e festividades, não havia planejamento e muito menos uma

legislação que garantisse o desenvolvimento do cidadão.

A partir daí, passamos a mapear os fazedores de cultura do município e apoiar as iniciativas

culturais, tais como: Resgate histórico, aulas de capoeira, aulas de música, teatro, artesanato,

percussão.

Nesse momento, após acompanharmos as lutas dos fazedores de cultura, foi constituído o

conselho de cultura e seu regimento interno.

O próximo passo para 2015, será a realização da Conferência da Cultura, para finalização da Lei

Cultura Viva Municipal e posterior instituição do Fundo Municipal de Cultura.

Dessa forma, poderemos executar o primeiro edital municipal de projetos culturais, que se

tornaria numa política pública cultural, legado esse para as próximas gerações.

Paralelamente, a partir de março de 2015, com o apoio dos fazedores de cultura, a Coordenadoria

de Cultura vai passar a promover oficinas culturais para atingir os bairros da zona urbana e rural

com as seguintes oficinas: Teatro, Capoeira, Música, Pintura, Resgate Histórico, Corporação

Musical e Banda Marcial.

Com isso, esperamos atingir, o maior número possível de adolescentes, jovens, além de transmitir

informação, cultura, valores e desenvolvimento intelectual dando oportunidades de participação

nesses projetos.

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Para acompanhamento dos adolescentes e jovens que vierem a receber medidas

socioeducativas, a Coordenadoria indica Danilo Coan Ramos de Almeida Bueno, como

coordenador das atividades.

9 AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE

10 ESPORTE

O Setor de Supervisão de Esporte apresenta como modalidades trabalhadas o Futsal, Futebol de

Campo, Tênis de Mesa, Atletismo.

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PARTE 3

PROPOSTAS PARA

EXECUÇÃO DO PLANO

MUNICIPAL DE

ATENDIMENTO

SOCIOEDUCATIVO

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11 PERÍODOS DE EXECUÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE

ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO

O Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo está organizado em eixos, objetivos e metas,

em conformidade com o Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo e o Plano Estadual de

Atendimento Socioeducativo que definem as prioridades segundo os seguintes períodos:

• Período 01 (2014-2015) – Compreende as implantações sugeridas neste Plano e nos Planos Estadual e Nacional, bem como, a primeira avaliação nacional do SINASE.

• Período 02 (2016-2019) – Compreende as ações previstas neste Plano e nos Planos Estadual

e Nacional, em conformidade com os ciclos orçamentários. • Período 03 (2020-2023) - Compreende as ações previstas neste Plano e nos Planos Estadual

e Nacional, em conformidade com os ciclos orçamentários.

12 EIXOS OPERATIVOS

O Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo está estruturado nos seguintes eixos

operativos:

Eixo 01 – Gestão do SIMASE/SINASE

Eixo 02 – Qualificação do Atendimento Socioeducativo

Eixo 03 – Participação e autonomia de adolescentes

Eixo 04 – Programas e Serviços de Atendimento

Eixo 05 – Financiamento

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12.1 EIXO 1 – GESTÃO DO SINASE

OBJETIVO CURTO PRAZO

MÉDIO PRAZO

LONGO PRAZO

CONTÍNUO INSTÂNCIAS DE ARTICULAÇÃO AÇÃO

Instituir e avaliar ações articuladas nas áreas de

educação, saúde, assistência social, cultura, capacitação para o

trabalho, agricultura e meio ambiente e esporte para os

adolescentes.

X

Políticas Setoriais

Garantir responsabilidade e transversalidade das Políticas

Setoriais

Incorporar as orientações técnicas

do MDS para o atendimento de adolescentes em MSE em LA e

PSC.

X

X

Comissão de Gestão

Intersetorial e Coordenação de LA/PSC

Garantir o atendimento nas políticas públicas de cultura,

esporte e lazer para adolescentes em cumprimento de MSE.

X

Comissão de Gestão

Intersetorial e Secretaria Municipal de Cultura, Secretaria

Municipal de Esporte e Lazer

Inclusão nas modalidades de esporte trabalhadas: Futsal; Futebol de campo; Tênis de

mesa; Atletismo. Parceria com Academia; Natação;

Luta; Xadrez

Garantir e apoiar a ampliação do

número de servidores efetivos nos serviços de MSE de PSC e LA.

X

Órgão Gestor da Assistência

Social CMDCA CMAS

Concurso Público

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Garantir equipe de referência

completa no CRAS de acordo com NOB/SUAS/RH.

X

X

Órgão Gestor da Assistência

Social CMDCA CMAS

Concurso Público

Realizar estudo diagnóstico para

viabilização de CREAS no Município.

X

Órgão Gestor da Assistência

Social CMDCA CMAS

Órgão Gestor da Assistência Social

Garantir a articulação da Assistência Social com a

Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente.

X

X

Órgão Gestor da Assistência

Social Secretaria da Agricultura e Meio

Ambiente Comissão de Gestão Integrada

Participação efetiva de todos os membros nas Reuniões da

Comissão de Gestão Integrada

Garantir Equipe para tratamento

psicológico e psiquiátrico de adolescentes com dependência

química e suas famílias, no Ambulatório de Saúde Mental.

X

X

Secretaria da Saúde

Concurso Público

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12.2 EIXO 2 – QUALIFICAÇÃO DO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO

OBJETIVO CURTO PRAZO

MÉDIO PRAZO

LONGO PRAZO

CONTÍNUO INSTÂNCIAS DE ARTICULAÇÃO AÇÃO

Garantir equipamento para realização do serviço, computadores, mobiliário, data show, material de consumo, etc.

X

Órgão Gestor da Assistência

Social, CMDCA, Comissão Intersetorial

Garantir material pedagógico para o

atendimento dos adolescentes.

X

Órgão Gestor da Assistência

Social, Comissão Intersetorial

Desenvolver projetos de capacitação para atendimento dos adolescentes

garantindo temas como superação de conflitos práticas restaurativas,

diversidade de olhares da realidade.

X

Órgão Gestor da Assistência Social, Educação e Comissão

Intersetorial

Garantir inclusão de adolescentes em projetos e programas da Secretaria da

Agricultura e Meio Ambiente

X

X

Assistência Social Secretaria da Agricultura e

Meio Ambiente Comissão de Gestão Integrada

Prona Campo, Programa de Aquisição de Alimentos, Atividades

relativas ao Meio Ambiente, Campanhas de Educação

Ambiental de coleta seletiva de resíduos sólidos, etc.

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OBJETIVO CURTO PRAZO

MÉDIO PRAZO

LONGO PRAZO

CONTÍNUO INSTÂNCIAS DE ARTICULAÇÃO AÇÃO

Possibilitar que as instituições que recebem adolescentes em MSE em

prestação de serviço horário alternativo em finais de semana de forma que não

atrapalhe trabalho e escola.

X

Assistência Social Entidades credenciadas

Escola da Família

Providenciar Orientadores

Possibilitar, mediante estudo das

equipes multidiciplinares, encaminhamento dos adolescentes em

prestação de serviço à comunidade para atividades compatíveis com sua identidade de gênero e que não

atrapalhe escola e trabalho.

X

Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente

Biblioteca da Lagoa do Guapé

Providenciar Orientadores

Assegurar as famílias sem renda e

recurso condições de visita e assistência aos adolescentes que se encontram em

sistema socioeducativo fechado (fundação casa).

X

X

Órgão Gestor da Assistência Social Secretaria de Transporte

Concurso Público e aumento de RH

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12.3 EIXO 3 – PARTICIPAÇÃO E AUTONOMIA DE ADOLESCENTES

OBJETIVO CURTO PRAZO

MÉDIO PRAZO

LONGO PRAZO

CONTÍNUO INSTÂNCIAS DE ARTICULAÇÃO AÇÃO

Assegurar a continuidade bem como a criação de novos planos, projetos e ações que visem a proteção e autonomia dos alunos na rede de

educação.

X

Educação (coordenador escolar,

professor, mediador) Assistência Social

Fortalecer a abordagem curricular com temas

transversais e transdisciplinares sobre as questões da adolescência, vulnerabilidade

social, atos infracionais e direitos humanos.

X

Educação

Saúde Assistência Social

Estimular a promoção da gestão democrática nas escolas do protagonismo juvenil e da

mediação de conflito na perspectiva restaurativa.

X

Equipe Gestora

Educação/mediador Cultura Municipal Escola da Família Grêmio Estudantil Esporte Municipal

Garantir fiscalização na zona rural,

principalmente nas colheitas sazonais, quanto ao trabalho infanto-juvenil.

X

X

Secretaria da Agricultura e Meio

Ambiente/CMAS/CMDCA Órgãos fiscalizadores

Sindicatos

Divulgação, Articulação, Fóruns

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12.4 EIXO 4 – PROGRAMAS E SERVIÇOS DE ATENDIMENTO

OBJETIVO CURTO PRAZO

MÉDIO PRAZO

LONGO PRAZO

CONTÍNUO INSTÂNCIAS DE ARTICULAÇÃO AÇÃO

Promover ações que visem

o enfrentamento do uso abusivo de substâncias psicoativas com ações

integradas entre as esferas de governo.

X

Saúde Assistência Social

Palestras

Possibilitar, nos termos da proposta de convivência familiar e comunitária, o acesso dos adolescentes

aos bens, serviços e políticas públicas nas áreas

de saúde, educação, cultura, esporte, lazer,

profissionalização e assistência social dando

prioridade as populações em risco social e vulnerabilidade.

X

Todos as áreas Sindicato rural

Assistência Social

Senar Senac

Pronatec Prona campo

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EIXO 4 – PROGRAMAS E SERVIÇOS DE ATENDIMENTO

OBJETIVO CURTO PRAZO

MÉDIO PRAZO

LONGO PRAZO

CONTÍNUO INSTÂNCIAS DE ARTICULAÇÃO AÇÃO

Organizar e qualificar o fluxo de atendimento e atenção à saúde objetivando ampliar o acesso do adolescente em

tempo oportuno.

X

Saúde - NASF

Ampliar, divulgar e qualificar as redes de atenção à saúde para o atendimento de casos

de transtornos mentais e problemas decorrentes do uso de álcool e drogas, sem quaisquer discriminações no caso de medida protetiva do

art. 101, inciso V, do ECA, cabendo a equipe de saúde

eleger a modalidade do tratamento que atenda a

demanda.

X

Saúde - CAPS

Grupos de atendimento psicológico aos adolescentes e aos pais;

Atendimento Médico Psiquiátrico

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EIXO 4 – PROGRAMAS E SERVIÇOS DE ATENDIMENTO

OBJETIVO CURTO PRAZO

MÉDIO PRAZO

LONGO PRAZO

CONTÍNUO INSTÂNCIAS DE ARTICULAÇÃO AÇÃO

Articulação as

ações do sistema

socioeducativo.

Criar a Comissão

Municipal Intersetorial de implantação e

acompanhamento de MSE.

X

Órgão Gestor da Assistência Social,

Educação, Saúde, Esporte, Cultura e Lazer, Secretaria da Agricultura e Comissão

Intersetorial

Implementar

programas de apoio 100% dos egressos em

medida socioeducativo,

definindo responsabilidades de execução, diretrizes,

referencias e critérios do atendimento.

Órgão Gestor da Assistência Social, Educação, Saúde, Esporte, Cultura e Lazer,

Secretaria da Agricultura e Comissão Intersetorial

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EIXO 4 – PROGRAMAS E SERVIÇOS DE ATENDIMENTO

OBJETIVO CURTO PRAZO

MÉDIO PRAZO

LONGO PRAZO

CONTÍNUO INSTÂNCIAS DE ARTICULAÇÃO

AÇÃO OBJETIVO

Efetivação da intersetorialidade

Garantir acesso ao sistema do SUS de atendimento 100%

dos adolescentes em medida

socioeducativa.

X

X

Saúde CAPS/NASF

Criar protocolos de atendimento, referência e

contra referência.

Assegurar recursos

humanos, financeiros e didáticos para

execução dos projetos pedagógicos em

medida socioeducativa.

X

X

Assistência Social Educação CMDCA CMAS

Garantir vagas do Programa Via Rápida e

outros aos adolescentes em MSE.

X

Fundo Social Prefeitura Municipal

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Viabilizar a oferta de cursos de formação e

capacitação continuada tanto para equipe técnica como a adolescentes em MSE.

X

X

CMDCA CMAS

Assistência Social

Jovem Agricultor – SENAR Parcerias

Estabelecer entre as escolas estaduais e

municipais garantia de matricula automática

na rede de ensino 100% dos

adolescentes em MSE.

X

Educação Assistência Social

Comissão de Gestão Integrada

Fórum de discussão e reuniões com escolas

objetivando a quebra de paradigma

Interligar os sistemas

de informação eletrônicos da

fundação casa e da SEDS para

levantamentos de dados para o

municipio.

X

X

Assistência Social

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12.5 EIXO 5 - FINANCIAMENTO

OBJETIVO CURTO PRAZO

MÉDIO PRAZO

LONGO PRAZO

CONTÍNUO INSTÂNCIAS DE ARTICULAÇÃO AÇÃO

Implementar o Sistema

Municipal de Atendimento Socioeducativo com vistas a

garantir o acesso aos recursos

financeiros em cofinanciamento dos programas

socioeducativos.

X

X

X

X

Assistência Social

Garantir a inclusão nos orçamentos setoriais os recursos necessários ao financiamento das ações

previstas neste plano.

X

X

Secretarias envolvidas

Planejar e estabelecer

estratégias para a ampliação da

captação de recursos para o FMDCA.

X

X

CMDCA Assistência Social

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13 AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO

O processo de avaliação e monitoramento é fundamental na oferta de serviços públicos de

qualidade, assim, o “monitoramento é um processo contínuo, inerente aos processos de gestão,

e a avaliação consiste em estudos com diferentes objetivos, como melhorar a qualidade dos

processos de implementação” (Vaistsman, 2014). Ainda assim, ele cumpre papel fundamental na

verificação dos resultados alcançados, perfazendo a cada dois anos a avaliação e monitoramento

das ações com as correções necessárias ou ainda quando necessário.

Instrumentos Periodicidade Responsável

Reunião com a equipe técnica dos serviços de LA e PSC.

Mensal Equipe Técnica

Visitas às entidades que recebem adolescentes para cumprimento de medidas socioeducativas.

Semestral Equipe Técnica e

Comissão

Intersetorial

Encontro com os adolescentes (amostragem).

Semestral Equipe Técnica

Acompanhamento pela Comissão Intersetorial na oferta serviços a adolescente em cumprimento de medidas de LA e PSC.

Semestral Comissão

Intersetorial

Encontro com os orientadores responsáveis pelos adolescentes em MSE em PSC das entidades e instituições.

Mensal Equipe Técnica e

Comissão

Intersetorial

Realização de Fórum Anual Equipe Técnica

CMAS; CMDCA;

Comissão

Intersetorial

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13.1 INDICADORES PARA MONITORAMENTO A MÉDIO E LONGO PRAZO

• Número de boletins de ocorrência sobre ato infracional cometidos por crianças e adolescentes;

• Número de evasão escolar na rede municipal, estadual e Conselho Tutelar;

• Frequência do jovem em medida socioeducativa, nos projetos e participação nos debates propostos, através de lista de presença e avaliação da equipe;

• Reincidência na medida socioeducativa;

• Avaliar outros indicadores que possam compor o monitoramento;

• Possibilitar aos jovens em MSE não só a exporem suas opiniões, sugestões e críticas sobre os serviços, mas a participarem ativamente das avaliações e do monitoramento do trabalho.

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14 REFERÊNCIAS BRANCHER, Naiara. O Estatuto da Criança e do Adolescente e o novo papel do Poder Judiciário. In: PEREIRA, Tânia da Silva (Coord.). O melhor interesse da criança: um debate interdisciplinar. Rio de Janeiro: Renovar, 2000, p. 137-154 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 05 de outubro de 1988. Diário Oficial [da] União, Poder Legislativo, Brasília, n. 191-A, 05 out. 1988. BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. BRASIL. Lei n. 12.594, de 18 de janeiro de 2012. Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), regulamenta a execução das medidas socioeducativas destinadas a adolescente que pratique ato infracional; e altera as Leis nos 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); 7.560, de 19 de dezembro de 1986, 7.998, de 11 de janeiro de 1990, 5.537, de 21 de novembro de 1968, 8.315, de 23 de dezembro de 1991, 8.706, de 14 de setembro de 1993, os Decretos-Leis nos 4.048, de 22 de janeiro de 1942, 8.621, de 10 de janeiro de 1946, e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12594.htm. Acesso em 03/05/2014. BRASIL, Presidência da República, Secretaria de Direitos Humanos. Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo: Diretrizes e Eixos Operativos para o SINASE. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, 2013. BRASIL, Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução n. 109, de 11 de novembro de 2009. Aprova a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais. Brasil: MDS, 2009. CUSTÓDIO, André Viana. Direito da Criança e do Adolescente. Criciúma: UNESC, 2009. ROSA, Alexandre Morais da. Guia Compacto do Processo Penal conforme a Teoria dos Jogos. 2 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2014. VANIN, Vera. O reflexo da institucionalização frente à prática do ato infracional. In: Tânia da Silva (Coord.). O melhor interesse da criança: um debate interdisciplinar. Rio de Janeiro: Renovar, 2000, p. 697-717. VERONESE, Josiane Rose Petry. A discriminação e atentados ao exercício da cidadania da criança e do adolescente. In: Tânia da Silva (Coord.). O melhor interesse da criança: um debate interdisciplinar. Rio de Janeiro: Renovar, 2000, p. 653-695. VOLPI, Mário. O princípio da “pessoa em desenvolvimento” como definidor de oportunidades para a ação do Estado na vida dos adolescentes autores de atos infracionais. In: MINAS GERAIS, Governo do Estado. Secretaria de Estado de Defesa Social. Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas. Medidas Socioeducativas: contribuições para a prática. Belo Horizonte: FAPI. 2012, p. 50-58.

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15 ANEXOS

15.1

Relatório de Revisão das

propostas dos jovens são-

miguelenses do Movimento

Jovem Democracia

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Relatório de

Revisão das

propostas dos

jovens são-

miguelenses do

Movimento

Jovem

Democracia

Primeira análise das

propostas

AÇÃO JOVEM DEMOCRACIA:

LIGA DA LUVENTUDE /

MOVIMENTO CAPITAL

JUVENIL.

Movimento Jovem Democracia

A Prévia Luta Pelo Reconhecimento do Jovem

Como Sujeito-Sócio-Histórico

GRÊMIO LIBERDADE DE EXPRESSÃO – SADAMITA IVASSAKI

GRÊMIO DEC – ARRIVABENE

ALUNOS E PROFESSORES NESTOR FOGAÇA

ALUNOS MARIA ELISA

MOVIMENTO DO SKATE

MOVIMENTO HIP HOP

EQUIPE LUTA DE BRAÇO

JOVENS CENTRO DE INTERGAÇÃO SOCIAL CURUMIM

SOCIEDADE CIVIL DE SÃO MIGUEL ARCANJO

CIDADÃOS E PROFESSORES QUE ACREDITAM

MOVIMENTO CAPITAL JUVENIL

LIGA DA JUVENTUDE

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MOVIMENTO JOVEM DEMOCRACIA

A Prévia Luta Pelo Reconhecimento do Jovem Como Sujeito-Sócio-Histórico:

Ampliando a pressão da juventude sobre as autoridades municipais, exigindo ser ouvida.

INTRODUÇÃO O presente relatório tem como intuito apresentar ao Conselho Municipal dos Direitos

da Criança e do Adolescente (CMDCA) uma primeira etapa do resultado de um dos

aspectos da Ação Jovem Democracia. Trata-se da demanda e dos anseios da Juventude

de São Miguel Arcanjo no que se refere a Políticas Públicas voltadas à Educação, Saúde,

Emprego e Renda, Cultura, Esporte, Lazer, dentre outros. São propostas elaboradas por

alunos de quatro colégios do município, além de diversos Movimentos Culturais e

Sociais da juventude organizada de São Miguel Arcanjo.

MOVIMENTO JOVEM DEMOCRACIA Conscientes de que a vida acontece nas cidades, o Movimento Capital Juvenil trabalha

para ampliar a pressão da juventude sobre as autoridades municipais, exigindo que a

juventude seja ouvida e participe das tomadas de decisões que visem principalmente as

políticas públicas voltadas para crianças e adolescentes.

Diante de uma realidade em que mais de 70% da juventude são-miguelense vive sob

vulnerabilidade social ou alta vulnerabilidade social, ou seja, sob forte violação de

direitos; diante dos autos índices de gravidez na adolescência, da quantidade

assustadora de droga exposta à juventude, de dependentes químicos, do aumento

insuportável e constante da prostituição infantil, do crack, da ausência de perspectiva

de futuro, da existência de trabalho infanto-juvenil semi-escravo, da falta de

oportunidades de emprego e de acesso ao conhecimento, dos nossos péssimos índices

educacionais etc., justifica-se o movimento de união, integração, participação,

posicionamento e pressão de pessoas interessadas e principalmente da juventude, para

que, de forma autônoma, democrática e livre de influências, pressione as autoridades e

toda a sociedade para efetivarmos direitos garantidos em constituição e assim, realizar

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uma mudança social positiva em São Miguel Arcanjo, além de caminhar na busca de uma

democracia plena.

A PRÉVIA LUTA PELO RECONHECIMENTO: EXIGINDO O DIREITO À VOZ Fundamentados nesses ideais, no dia 27 de agosto de 2012, mais de 200 jovens,

representando mais de 2600 pessoas (abaixo-assinado), foram à Câmara de Vereadores

exigir o direito à VOZ da Juventude Organizada São-Miguelense.

A Ação reuniu os Grêmios Estudantis Liberdade de Expressão do Colégio Sadamita

Iwassaki do Bairro Abaitinga e D.E.C. do Colégio Arrivabene e professores; alunos e

professores dos Colégios Maria Elisa e Nestor Fogaça, jovens do CIS Curumim, da Equipe

de Luta de Braço, do Viva Cão!, do Movimento do Skate, do Rap, da Dança de Rua, do

Grafite, da Música, cidadãos e professores que acreditam e do Movimento Capital

Juvenil, entregar aos Vereadores um abaixo-assinado com mais de 2600 assinaturas

exigindo a realização de uma Audiência Pública com o tema “Políticas Públicas Para a

Juventude”. O objetivo foi conquistado e a Audiência Pública exigida foi marcada: 06 de

setembro de 2012.

UTILIZANDO O DIREITO À VOZ Na Audiência Pública “Políticas Públicas Para a Juventude” conquistada, cerca de 300

jovens e interessados levaram mais de 500 propostas construídas por jovens de diversos

cantos da cidade às autoridades do município, e diversos jovens representantes ou não

dos diversos movimentos participantes se posicionaram em Tribuna às autoridades

presentes exigindo ações e a efetivação dos direitos da criança e do adolescente

garantidos em Constituição - deveres do Poder Público.

Além do documento com cerca de 500 propostas entregue às autoridades, a Liga da

Juventude (formada pelos movimentos atores da ação), solicitou aos vereadores e ao

Poder Executivo um espaço de diálogo constante entre Poder Executivo, Legislativo,

Ministério Público e Liga da Juventude para dialogar sobre as propostas entregues, suas

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possibilidades de desenvolvimento e atuar de forma efetiva na construção de Políticas

Públicas para a Juventude.

A partir das Eleições 2012, com a troca do Poder Executivo, com vistas do Ministério

Público de São Miguel Arcanjo, a ação Jovem Democracia aguarda um posicionamento

do Prefeito Eleito para o diálogo necessário para efetivamente mudarmos o rumo de

nossa cidade, a partir desta que tornou a maior Ação Democrática Jovem da História de

São Miguel Arcanjo.

PRIMEIRAS CONQUISTAS A Câmara Municipal aprovou a Lei do Parlamento Jovem, proposta feita por Sergio

Batista Furkyn com o peso de mais de 2600 assinaturas carregadas por cerca de 300

jovens em Audiência Pública "Políticas Públicas Para a Juventude", conquistada pelos

próprios jovens.

O Projeto de lei foi apresentado pelo Vereador Eduardo dos Santos Terra e

aprovado pela Câmara de Vereadores na segunda-feira, 22 de outubro de 2012, e

deverá já em 2013 ser realizada.

Outra conquista foi a realização de parte das melhorias na Pista de Skate realizada de

imediato pela Prefeitura Municipal (iluminação), proposta pelo Bactéria, representante

do Movimento de Skate participante da ação.

O Ministério Público de São Miguel Arcanjo, através da Promotora Juliana, convocou

uma reunião com vereadores para conversar sobre as propostas e a ação promovidas

pelos jovens, informando que acompanhará todo o processo de diálogo exigido para

debater as mais de 500 propostas construídas por jovens de diversos cantos de São

Miguel Arcanjo, entregues às autoridades.

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APRESENTAÇÃO DAS PROPOSTAS

Algumas centenas de propostas dos jovens são-miguelenses foram compiladas e

categorizadas por grupos e palavras-chave de acordo com seu conteúdo. De acordo com

o conteúdo da proposta, esta foi categorizada por grupos: Saúde, Educação, Esporte /

Cultura / Lazer, Infra-estrutura/Segurança. O conteúdo da proposta foi padronizado por

palavras-chave, afim de se ter uma noção quantitativa das necessidades dos jovens da

cidade.

A seguir a lista de conteúdos das propostas dos jovens das seguintes instituições: E.E.

Nestor Fogaça, E.E. Prof. Maria Elisa de Oliveira, E.E. Prof. Maria Francisca

DeoclécioArrivabene.

Área de Lazer

Espaços para prática de Esportes

Trasporte para Estudantes

Infra-estrutura

Mais investimentos na Educação

Mais Viagens Educativas

Centros Técnicos

Cinema

Espaços Culturais

Acesso à internet

Políticas de Emprego e Renda

Eventos Culturais

Faculdade

Aula de Música

Posto de Saúde

Melhor atendimento

Melhorar o transporte

Políticas de Consicientização

Saúde de qualidade

Asfaltar bairros afastados

Investir na cultura

Mais modalidades esportivas

Maternidade

Investir em Segurança

Transporte publico de qualidade adaptado

Arrumar as ruas

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Baixar custo de vida

Campanhas de conscientização

Médicos/profissionais especializados

Melhorar a merenda escolar

Armários nas Escolas

Bom Hospital

Canil Adequado

Condições da pista de skate

Dialogo entre população e poder publico

Habitação

Maior disponibilidade de ambulâncias

Piscina Publica

Segurança nas areas de lazer

Aulas no Ginásio

Clínicas de Reabilitação

Condições das escolas

Condições do parque do guapé

Cuidados com o meio ambiente

cursopré vestibular

Cursos Profissionalizantes

Divulgar gastos

Entretenimento nos bairros

Escola em tempo integral

Eventos beneficentes

Ginastica rítmica

Investir em algo realmente necessário

Mais policiais nos bairros afastados

Medicamentos

Merenda de Qualidade

Não Poluir

Novas pontes nos bairros

Novas rotas do transporte

Pista de ciclismo

Plantio de árvores

Políticas de Emprego para Jovens

Politicas públicas para idosos

Resgate de prédios abandonados

Transporte para pacientes

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Dentre as propostas, as que mais se destacaram continham os seguintes conteúdos:

O quadro geral de propostas afirma a prioridade que o jovem dá ao lazer e práticas

esportivas, geralmente justificadas por motivar o jovem a hábitos saudáveis, desviando

a atenção para possíveis desvios negativos, como o uso de drogas. Em um segundo plano

estão as dificuldades de transporte para estudantes de todos os níveis – do primário à

faculdade, problemas de infraestrutura e investimentos na educação e um foco em

viagens educativas, centros técnicos, acesso à internet.

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

18,0%

Quadro Geral de Propostas

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As propostas divididas por área de interesse (grupos) mostram qual destas áreas está a

maior preocupação dos jovens.

A contagem indica que a maior preocupação destes jovens está voltada para área de

Espore, Cultura e Lazer. Educação também é uma área de interesse, Saúde,

Infraestrutura e Segurança ficam em segundo plano.

Saude10%

Esporte, Cultura e Lazer

48%

Educação29%

Infra-estrutura e Segurança

13%

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Entre as áreas de interesse, os principais conteúdos são apresentados a seguir.

0,0%2,0%4,0%6,0%8,0%

10,0%12,0%14,0%16,0%18,0%20,0%

Saúde

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

Educação

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0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

Esporte, Cultura e Lazer

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Infra-estrutura Melhorar otransporte

Asfaltar bairrosafastados

Investir emSegurança

Transportepublico dequalidadeadaptado

Arrumar as ruas

Infra-estrutura e Segurança

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CONCLUSÃO

Entendendo o alto grau de vulnerabilidade, tanto natural - da idade, quanto da estrutura

social a que está exposta a juventude de São Miguel Arcanjo, se faz necessária a criação

de uma Política Municipal da Juventude que crie estruturas capazes de possibilitar à

criança e ao adolescente se desenvolver nos diversos âmbitos da vida humana: cultural,

artístico, esportivo, político, de conhecimento, trabalho e renda, até místico- espiritual,

dentre outros, respeitando as características de desenvolvimento próprio de cada idade,

visando a formação de seres humanos preparados para os desafios da nossa época. Tal

Política dever ser criada e desenvolvida com o Jovem e não para o Jovem.

Nesse sentido, é fundamental efetivar o diálogo constante exigido por este Movimento.

O CMDCA deve, por exigência Ética, atuar de acordo com a demanda da Juventude, e

junto a ela, exigir das autoridades o diálogo necessário e urgente, para trabalharmos,

com ainda mais urgência, no sentido de realmente atuar para mudarmos a nossa cruel

e desumana realidade.

Segue, como início de diálogo, as prioridades eleitas por todo o Movimento Jovem

Democracia. Trata-se das ações mais urgentes, segundo a juventude organizada, a

serem desenvolvidas pelo Poder Público:

Construção da Sede Própria da Casa da Criança e a contratação da equipe de

técnicos completa necessária para o atendimento. Queremos ser referência

nesse atendimento. Respeito total e absoluto às crianças e jovens que lá vivem.

Criação de uma Comissão Permanente formada por Vereadores, Representantes

com voz ativa do Poder Executivo (Prefeitura), Ministério Público, Sociedade Civil

Interessada e Jovens para atuar diante do uso de CRACK e consumo abusivo de

drogas, da Prostituição Infantil e do Trabalho Infanto-Juvenil Semi-escravo.

Criação de uma Comissão da Secretaria da Educação para atuar, servir e ser o

intermédio das Escolas Estaduais com o Estado. Infelizmente existe um abando

institucional municipal a milhares de estudantes são-miguelenses espalhados

pelas Escolas de responsabilidade do Estado de São Paulo.

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Imediato cancelamento do contrato com a Empresa responsável pela nossa

Merenda Escolar. A alimentação diária de 6 mil alunos, o que equivale no ano de

2012 a aproximadamente 1 milhão e meio de reais, deve ser produzida pela

nossa agricultura familiar.

Realizar um estudo aprofundado de quais faculdades devemos ter em São

Miguel Arcanjo e buscá-las. Acesso real e concreto ao conhecimento.

Institucionalização da participação do jovem nas esferas de tomadas de decisões

do poder, através da criação de uma Secretaria da Juventude, gerida por um

representante aceito pelos jovens, e a formação do Conselho Municipal da

Juventude, formada por jovens para fiscalizar, propor e realizar ações referentes

à juventude são-miguelnse.

O desafio para os próximos anos dos cidadãos, de nós jovens e seus representantes

políticos, é criar uma estrutura social fundante que possibilite a efetivação de projetos,

programas, políticas públicas, instituições, normas e ações que tenham como referência

última e princípio fundamental a produção, reprodução e o desenvolvimento da vida

concreta de cada sujeito são-miguelense em comunidade.

Para tal, o diálogo é fundamental, e pensamentos e estratégias possíveis devem ser

debatidas constantemente em sociedade, e todos os setores do município – Governo,

Sociedade Civil, Setor Privado e Jovens - devem trabalhar de forma integrada e ativa

para caminharmos em sentido aos altos níveis de dignidade humana. Como fundamento

para a construção do espaço, as Políticas devem ser pensadas e realizadas com o povo

e não para o povo. Hoje, os jovens estão dando um exemplo de como fazer. Caminhar

em sentido diferente deste, não faz o menor sentido.

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15.2

CÓPIA DO DECRETO

MUNICIPAL PARA A

COMISSÃO INTERSETORIAL

DO PLANO DE ATENDIMENTO

SOCIOEDUCATIVO DE SÃO

MIGUEL ARCANJO

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15.3

LISTA DE PRESENÇA DA

REUNIÃO INTERSETORIAL

PARA A CONSTRUÇÃO DO

PLANO DECENAL DE

ATENDIMENTO

SOCIOEDUCATIVO DE SÃO

MIGUEL ARCANJO E CRIAÇÃO

DA COMISSÃO

INTERSETORIAL

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