plano decenal municipal de atendimento socioeducativo 2014 ... · sistema nacional de atendimento...

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PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE MARINGÁ ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E CIDADANIA SASC Rua Joubert de Carvalho, 127, Centro, CEP 87013-200 Fone: 44-3221-6400 Plano Decenal Municipal de Atendimento Socioeducativo 2014-2023 Maringá Pr 2014

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PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE MARINGÁ

ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E CIDADANIA – SASC

Rua Joubert de Carvalho, 127, Centro, CEP 87013-200 – Fone: 44-3221-6400

Plano Decenal Municipal de Atendimento

Socioeducativo

2014-2023

Maringá – Pr 2014

Identificação Objeto: Plano Decenal Municipal de Atendimento Socioeducativo Município: Maringá – Paraná Gestor Executivo Municipal: Prefeitura Municipal de Maringá CNPJ nº 76.282.656/0001-06 Prefeito: Carlos Roberto Pupin

RG nº 1.029.829- SSP-PR CPF nº 317.929.879-00 Av. XV de Novembro, 701, Centro CEP: 87013-230 Telefone: (44) 3221-1510 FAX : (44) 3221-1518 Endereço Eletrônico: www.maringa.pr.gov.br Órgão Gestor da Política de Assistência Social e Cidadania SASC - Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania Secretário: Flávio Marcelo Gonçalves Vicente

RG: nº 929.627 SSP-DF CPF: nº 894.079.899-68 Rua Joubert de Carvalho , 127 centro CEP: 87.014-120 Telefone: (44) 3221-6424 Fax: (44) 3221-6410 E-mail: [email protected] Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - Biênio 2013-2015

Ailton José Morelli

COMISSÃO INTERSETORIAL (Decreto Municipal Nº 1203/2013 e nº 742/2014)

SECRETARIA DE ASSISTENCIA SOCIAL E CIDADANIA

Vera Lucia Medeiros Dayane Grazielly Goes PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA

Áurea Ap. Roma Goto Fernanda Marçal Dias CENTRO DE SOCIOEDUCAÇÃO/ CENSE MARINGÁ

Alex Sandro da Silva Jaime Aparecido dos Santos SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO/NÚCLEO REGIONAL DE MARINGÁ

Carlos Petronzelli Grazielle Priscola Bom Amboni SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

Rosemeire Soares Plepis Cintya Correia Dorne de Carvalho SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE

Patricia Moia Souza Lara Pepi Tais Franco Pereira

SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA

Sandra Regina Fortes de Souza Márcia Cristina Cassitas SECRETARIA MUNICIPAL DE ESPORTE E LAZER

Isabel Caciatori Dalva Salles da Costa CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Ailton José Morelli Solange Milescki Botion CONSELHO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Maria Vergínia Gonçalves Zilma Moraes de Oliveira NÚCLEO DE ESTUDOS E DEFESA DE DIREITOS DA INFÂNCIA E JUVENTUDE / NEDIJ/DDP/UEM Carlos Cristiano Meneguini de Oliveira Carolina Pereira Spolador de Souza PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DE MARINGÁ Rosilene de Fátima Pollis

Moacir Kornievicz da Silva CONSELHO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Maria Vergínia Gonçalves Zilma Moraes de Oliveira CONSELHO TUTELAR / ZONA SUL Carlos Eduardo Rodrigues Bonfim Ademir Passeri CONSELHO TUTELAR / ZONA NORTE Hudson Carlos dos Santos Elis Franchini dos Santos SEGURANÇA PÚBLICA / GUARDA MUNICIPAL Jair Calegari Pereira Ronaldo Fineto DIRETORIA DE PROGRAMAS SOBRE DROGAS Felype Bravos Andreuci CONSELHO MUNICIPAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS

Helena Maria R. Santos VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DA COMARCA DE MARINGÁ Elza Satico Shudo Prado Jair Gonçalves da Cruz Comissão de Apoio:

Deuza P. Carvalho- Gestão SUAS Rosana Simão dos Santos Calderaro - CRSE Adenilson Rodrigues da Silva – CRSE Elaboração do Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo: Dayane Grazielly Góes – CRSE Eliane Amarilha de Souza Dantas – CREAS

LISTA DE SIGLAS

AMARAS Associação Maringaense de Apoio e Reintegração de Adolescentes CAPSad Centro de Atendimento Psicossocial de álcool e Drogas CAPSi Centro de Atendimento Psicossocial Infantil CEBELA Centro Brasileiro de Estudos Latino Americano CENSE Centro de Socioeducação do Paraná CMDCA Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente CONANDA Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente CREAS Centro de Referência de Assistência Social CRSE Centro de Referência Socioeducativo ECA Estatuto da Criança e do Adolescente EJA Educação de Jovens e adultos ESFAEP Escola de Formação, Aperfeiçoamento e Especialização de Praças FEBEM Fundação Estadual de Bem-Estar do Menor FUNABEM Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor GM Guarda Municipal IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IHA Índice de Homicídios de Adolescentes IPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social JR Justiça Restaurativa LA Liberdade Assistida MP Ministério Público MSE Medidas Socioeducativas NAE Núcleo de Apoio Especializado NEDDIJ Núcleo de Estudos e Defesa de Direitos da Infância e da Juventude NJR Núcleo de Justiça Restaurativa NRE Núcleo Regional de Educação OMS Organização Mundial da Saúde ONU Organização das Nações Unidas PAEFI Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e indivíduos PIA Plano Individual de Atendimento PMM Prefeitura Municipal de Maringá PNAS Política Nacional de Assistência Social PNBEM Política Nacional do Bem-Estar do Menor PSC Prestação de serviço a Comunidades RH Recursos Humanos SAM Serviço de Assistência ao Menor SASC Secretaria de Assistência Social SEDS Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social SEDUC Secretaria Municipal de Educação SEEC Secretaria de Estado da Cultura SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENASP Secretaria Nacional de Segurança Pública SETRANS Secretaria de Transporte e Segurança Pública SGD Sistema de Garantia de Direito SINASE Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo SPA Substância Psicoativa UEM Universidade Estadual de Maringá VIA Valorização da Infância e Adolescência

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01. SEXO-------------------------------------------------------------------------- 79

Gráfico 02. IDADE------------------------------------------------------------------------- 80

Gráfico 03. ATO INFRACIONAL------------------------------------------------------- 81

Gráfico 04. MEDIDA APLICADA------------------------------------------------------- 82

Gráfico 05. SITUAÇÃO ESCOLAR---------------------------------------------------- 83

Gráfico 06. EVASÃO ESCOLAR------------------------------------------------------- 83

Gráfico 07. USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS (SPA)-------------------- 84

Gráfico 08. SITUAÇÃO FAMILIAR---------------------------------------------------- 85

Gráfico 09. RENDA FAMILIAR--------------------------------------------------------- 86

“O importante é saber para quem nós estamos fazendo opção e aliança. É para o

oprimido, e não para o opressor. Nós estamos ao lado da criança, do explorado,

do oprimido (...) É necessário ouvir o menor, ouvir seus sentimentos, seu olhar,

seus gestos, seu semblante, suas emoções. (...)” pois:

“(…) O nosso amor por esses meninos negados no seu direito de ser, só

expressa autenticamente quando o nosso sonho é o de criar um mundo

diferente” (Freire, 1989).

SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................................... 9

2. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 12 3. PRINCÍPIOS ........................................................................................................................... 14

3.1. Diretrizes: ....................................................................................................................... 14

4. OBJETIVOS ........................................................................................................................... 16 4.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 16

5. MARCO LEGAL .................................................................................................................... 17

5.1 Uma breve reflexão histórica sobre a responsabilidade penal do adolescente e as ações de intervenção ao adolescente em conflito com a lei ................................. 17

5.2. As concepções do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE) .................................................... 27

6. MARCO CONCEITUAL ........................................................................................................ 34

6.1 Reflexões acerca das concepções sobre a infância e Adolescência ................. 34

6.1.1 – Adolescência versus violência ......................................................................... 39 6.2. Adolescentes em conflito com a lei .......................................................................... 41

6.2.1 O adolescente e as medidas socioeducativas.................................................. 45

6.3 Princípios norteadores da medida socioeducativa de Prestação de Serviço à Comunidade (PSC) ............................................................................................................... 46

6.4 Princípios norteadores da medida socioeducativa de Liberdade Assistida (LA).................................................................................................................................................. 48 6.5 A perspectiva da Justiça Restaurativa como mediação de conflito no contexto adolescer e medidas socioeducativas ............................................................................. 51

7. MARCO SITUACIONAL ....................................................................................................... 55

7.1. Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) .......................................................... 55

7.2 População Infanto Juvenil com Dependência Química ......................................... 58 7.2.1 Vagas em Hospitais e Comunidades Terapêuticas 2013 ................................ 59

7.2.2 Crianças e Adolescentes Violadas no Direito de Convivência Familiar e Comunitária Crianças e Adolescentes em Serviço de Acolhimento Institucional .............................................................................................................................................. 61

7.3. Indicadores de educação ............................................................................................ 62 7.3.1 Distorção Idade série nos Ensinos Fundamental e Médio ............................. 62

7.3.2 Taxas de Aprovação, Reprovação e Abandono nos Ensinos Fundamental e Médio – Rede Estadual 2012 .......................................................................................... 63 7.3.3 Índice de evasão escolar na rede municipal de ensino .................................. 64

7.4 Esportes, Recreação e Lazer ....................................................................................... 65

7.5 Fragilidades de Acesso à Cultura............................................................................... 66 7.5.1 Insuficiência de Equipamentos e Ações Públicas de Cultura ....................... 66

8. ADOLESCENTES AUTORES DE ATOS INFRACIONAL. ................................................ 68

9. ATENDIMENTO DOS ADOLESCENTES EM CUMPRIMENTO DE MEDIAS SOCIOEDUCATIVAS DE INTERNAÇÃO, LA E PSC NO MUNICÍPIO DE MARINGÁ – PR ..................................................................................................................................................... 72 10. HISTÓRICO DO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO NO MUNÍCIPIO DE Maringá-PR ................................................................................................................................................ 74

10.1 Centro de Referência Socioeducativo – execução de medida de Liberdade assistida e prestação de serviço à comunidade ............................................................ 74

10.2 Centro de Socioeducação de Maringá (CENSE) ................................................... 75 10.2.1 Perfil dos adolescentes em cumprimento de medida e Internação

provisória e Internação no Centro de Socioeducação Regional de Maringá – CENSE – Ano 2013. .......................................................................................................... 76 10.2.2 Perfil dos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas de LA e PSC............................................................................................................................. 79

11. PLANO DE AÇÃO DOS EIXOS OPERATIVOS – METAS, PRAZOS E RESPONSÁVEIS ....................................................................................................................... 88

12. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO ............................................................................... 112

13. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 113

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1. APRESENTAÇÃO

Com a Promulgação da Constituição Federal de 1988 e do Estatuto da Criança e

do Adolescente (ECA) a questão do adolescente em conflito em com lei entra em pauta

nas agendas públicas, trazendo em seu bojo normativo a premissa da doutrina da

Proteção Integral.

No ano de 2006, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente –

CONANDA, publicou a resolução nº 119 de 11 de dezembro de 2006, estabelecendo o

Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE. Neste mesmo ano, outro

conjunto de propostas foi encaminhado ao Congresso Nacional para que se fizessem

detalhamentos e complementações ao Estatuto da Criança e Adolescente – ECA, no que

diz respeito ao adolescente em cumprimento de medida socioeducativa, o que deu origem

à Lei Federal nº 12.594/2012, aprovada no Congresso Nacional e sancionada pela

Presidenta Dilma Rousseff em 18 de janeiro de 2012.

A Resolução 119/2006 e a Lei Federal 12.594/2012 constituem-se em

normatização conceitual e jurídica, necessária à implementação, em todo território

nacional, dos princípios consagrados nas Regras Mínimas das Nações Unidas para a

Administração da Justiça da Infância e da Juventude e para a Proteção dos Jovens com

restrição de liberdade, como também na Constituição Federal, na Convenção

Internacional sobre os Direitos da Criança e no Estatuto da Criança e Adolescente,

referentes à execução das medidas socioeducativas destinadas aos adolescentes a quem

se atribui a prática do ato infracional.

Visando a garantia de Direitos e seguindo as diretrizes e determinações da

Secretaria Especial de Direitos Humanos, bem como da lei 12.594/2012, apresentamos o

Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo com o objetivo de nortear a

Gestão da Política de Atendimento Socioeducativo no Município de Maringá nos próximos

10 anos.

Destaca-se nesse prisma, o compromisso do Município e de seus agentes frente a

efetivação da política de atendimento socioeducativo. Nesse viés de responsabilização,

os artigos 227 da Constituição Federal e 4º do ECA, estabeleceram a corresponsabilidade

da família, comunidade, sociedade em geral e poder público em assegurar, por meio de

promoção e defesa, os direitos de crianças e adolescentes. Desse modo, para cada um

desses atores sociais existem atribuições distintas, porém, o trabalho de conscientização

e responsabilização deve ser contínuo e recíproco entre todos os agentes.

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Os papéis atribuídos a esses atores sociais se conjugam e se entrelaçam:

1- A sociedade e o poder público devem cuidar para que as famílias possam se

organizar e se responsabilizar pelo cuidado e acompanhamento de seus adolescentes,

evitando a negação de seus direitos, principalmente quando se encontram em

cumprimento de medida socioeducativa;

2- A família, comunidade e sociedade em geral, cabe zelar para que o Estado

cumpra com suas responsabilidades, fiscalizando e acompanhando o atendimento

socioeducativo, reivindicando a melhoria das condições do tratamento e a prioridade para

esse público específico, inclusive orçamentária.

A corresponsabilidade ainda, implica em fortalecer as redes sociais de apoio,

especialmente para a promoção daqueles em desvantagem social, conjugar esforços para

garantir o comprometimento da sociedade, sensibilizando, mobilizando e conscientizando

a população em geral sobre as questões que envolvem a atenção ao adolescente em

conflito com a lei e, sobretudo, superar práticas que se aproximem de uma cultura

predominantemente assistencialista e/ou coercitiva.

A situação do adolescente em conflito com a lei não restringe a aplicação do

princípio constitucional de prioridade absoluta, de modo que compete ao Estado, à

sociedade e à família dedicar a máxima atenção e cuidado a esse público, principalmente,

aqueles que se encontram numa condição de risco ou de vulnerabilidade pessoal e social.

Assim, todos os direitos garantidos pelo ECA, ou seja, o direito à vida e à saúde

(Título II, Capítulo I); o direito a liberdade, ao respeito e a dignidade Capítulo II); o direito a

convivência familiar e comunitária (Capítulo III); o direito a educação, a cultura, ao esporte

e ao lazer (Capítulo IV) e o direito a profissionalização e proteção no trabalho (Capítulo V)

devem estar contemplados na elaboração das políticas públicas que envolvem os

adolescentes em conflito com a lei.

Conforme com o disposto na Constituição Federal e no ECA, o princípio da

prioridade absoluta às crianças e adolescentes (artigo 227 da Constituição Federal e 4º do

ECA), está determinada a destinação privilegiada de recursos públicos para a área. Tal

destinação inclui também, os programas de atendimento das medidas socioeducativas.

Cabe destacar que, por decorrência lógica da descentralização político-administrativa

prevista na Constituição Federal, a responsabilidade pelo financiamento é compartilhada

por todos os entes federativos (União, Estado, Distrito Federal e Município).

O Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo de Maringá dá cumprimento as

indicações do SINASE, que reconhece a necessidade de rever a estrutura e a

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funcionalidade dos serviços de atendimento face realidade de cada Município, bem como

a sistematização das ações destinadas aos adolescentes em conflito com a lei do

Município. Destaca-se que o plano entrará em execução a partir de 2015, com revisão

anual e com o objetivo de disponibilizar a proteção integral aos adolescentes, por meio da

execução de metas e ações nos eixos:

1- Gestão Do SINASE.

2- Qualificação (mobilização, articulação e formação continuada).

3 – Participação e autonomia dos adolescentes.

4- Fortalecimento do Sistema de Justiça, Segurança Pública e Garantia de Direitos.

5- Atendimento socioeducativo.

6- Fortalecimento e articulação das políticas Públicas.

Os dados da realidade local, o perfil e as necessidades dos adolescentes e a rede

de serviços existentes, serviram de base para produzir conhecimento que indicam

caminhos necessários para a promoção de iniciativas voltadas a prevenção, diminuição

dos fatores de risco e promoção dos fatores de proteção voltados aos adolescentes do

Município.

Nesta direção, a proposta deste Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo de

Maringá é desenvolver ações integradas com a rede de atendimento a criança e ao

adolescente em Maringá, nas áreas: Educação, Saúde, Assistência Social, Trabalho,

Justiça e segurança Pública, com o objetivo de proporcionar a efetivação dos direitos

fundamentais consagrados ao adolescente no conjunto de leis vigentes.

Vale ressaltar que o Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo de Maringá,

se concretizará pela ação articulada dos sistemas, órgãos e organizações estaduais e

municipais responsáveis pela garantia de direitos dos adolescentes no Município de

Maringá, reconhecendo-se a incompletude e a complementaridade entre eles e o

asseguramento de um atendimento que promova o desenvolvimento pessoal e social dos

adolescentes.

Sendo assim, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de

Maringá, responsável por deliberar sobre a política de atenção à infância e adolescência –

pautado no princípio da democracia participativa, apresentando o Plano Decenal

Municipal de Atendimento Socioeducativo de Maringá ao Poder Público Municipal, a

ser implantado no Município de Maringá a partir do ano de 2015, em consonância com os

princípios e diretrizes determinados pelo SINASE.

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2. INTRODUÇÃO

Os direitos dos (as) adolescentes envolvidos (as) em atos infracionais, após vinte e

quatro anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é uma temática complexa,

constante em nossa sociedade. Constata-se a existência de alguns paradigmas em

relação a adolescentes, que acabam por interferir diretamente na efetividade das Medidas

Socioeducativas (MSE), quando aplicadas.

Os (as) adolescentes aos quais se atribui autoria de atos infracionais ainda são

vistos como “marginais”, “delinquentes”, “problemas sociais”, que precisam ser afastados

do convívio em sociedade. Um exemplo que reproduz estes paradigmas é a defesa, por

parte significativa da sociedade, da redução da maioridade penal, como se esta medida

fosse capaz de resolver o problema da violência social.

Desse modo, destaca-se a necessidade de analisar a situação e assumir outras

posturas em relação aos adolescentes aos quais se atribui autoria de atos infracionais.

Pensar nos (nas) adolescentes enquanto sujeitos de direitos em condição peculiar de

desenvolvimento pessoal e social, sob a responsabilidade da família, da sociedade e do

poder público. Nesse viés, o ECA determina a aplicação das MSE aos adolescentes aos

quais se atribui autoria de atos infracionais. Executá-las torna-se um desafio.

No que tange ainda a execução das medidas socioeducativas, o ECA se refere a

municipalização do atendimento e a descentralização político-administrativa como

diretrizes da política de atendimento às crianças e aos adolescentes.

Marca-se o ano de 2006, com Resolução 119 de 11 de Novembro de 2006,

implantando o Sistema Nacional de atendimento socioeducativo, trata-se de um conjunto

de normas visando a organização e parâmetros para a execução das MSE, em destaque

a medida de internação e internação provisória.

Ganhando força no ordenamento Jurídico, em 18 de janeiro de 2012, promulgou-

se a Lei nº 12.594 instituindo o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo

(SINASE), regulamentando a execução das medidas socioeducativas impostas aos

adolescentes autores de atos infracionais. O SINASE ainda enfatiza a integração das

políticas públicas e a corresponsabilidade dos entes federativos para o efetivo

atendimento a este público.

Essa nova Lei reafirma o compromisso do Município na execução das MSE de

liberdade assistida e prestação de serviço à comunidade, da rede de serviços e dos

demais atores do Sistema de Garantia de Direitos com as ações desenvolvidas, nessa

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ótica, para dar concretude ao atendimento articulado e intersetorial, é que a Secretaria

Municipal de Assistência Social e Cidadania (SASC), definiu como uma de suas

prioridades para o ano de 2013, a constituição da Comissão Intersetorial para

implementação do SINASE no Município de Maringá.

Assim, o Plano Municipal foi construído de forma coletiva, com a participação de

diferentes atores do Sistema de Garantia de Direitos (SGD), de representantes das

Secretarias das Políticas Intersetoriais do Município e do Conselho Municipal de Direitos

da Criança e do Adolescente (CMDCA).

Percebeu-se a necessidade de redefinir as proposições e os compromissos

definidos, agora em um Plano Decenal, à luz da Legislação Federal, para o período 2014

- 2023, adequando-se à nova legislação, destacando objetivos, ações e resultados

pretendidos, considerando-se enquanto norte os princípios, parâmetros e diretrizes

contidas na Lei do SINASE, no Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo (2013), no

Sistema Único da Assistência Social (SUAS), no Plano Nacional de Promoção, Proteção e

Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária e

demais documentos legais.

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3. PRINCÍPIOS

Os princípios que permeiam o atendimento socioeducativo no país se orientam

pelas normativas nacionais, sendo elas: a Constituição Federal, Estatuto da Criança e do

Adolescente, e a Lei Nº 12.594/2012 que instituiu o Sistema Nacional de Atendimento

Socioeducativo, que regulamentam a execução das medidas socioeducativas destinadas

aos adolescentes autores de atos infracionais. Somam-se a esses princípios, os tratados

internacionais no qual o Brasil é signatário. Desse modo, as ações voltadas ao

atendimento socioeducativo estão integradas as orientações do sistema de proteção e

dos direitos da criança e do adolescente.

Nessa premissa, guiados pela Doutrina da Situação da Proteção Integral, os

princípios do Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo, busca contemplar:

Garantia Integral dos Direitos aos adolescentes em cumprimento de MSE;

Aplicação das medidas socioeducativas de forma a respeitar à capacidade do

adolescente de cumpri-las, levando em consideração a gravidade do ato, sua realidade

vivenciada e suas individualidades.

Promover segundo o ordenamento jurídico a premissa que garanta o atendimento

socioeducativo territorializado, com participação social e de gestão democrática,

buscando ações intersetoriais e de responsabilização por meio da integração operacional

por meio dos órgãos que compõe o Sistema de Atendimento Socioeducativo.

3.1. Diretrizes:

Assegurar a qualidade do atendimento socioeducativo de acordo com os

parâmetros normativos vigentes no País – Constituição Federal, Estatuto da

Criança e Do Adolescente, Lei 12.594/2012 – Sistema Nacional de Atendimento

Socioeducativo.

Promover a socioeducação por meio da construção de novos projetos pactuados

com os adolescentes e famílias, consubstanciados em Planos Individuais de

Atendimento.

Estimular e garantir o protagonismo, participação e autonomia de adolescentes em

cumprimento de medida socioeducativa e de suas famílias.

Primazia das medidas socioeducativas em meio aberto.

Promover mecanismos que previnam e medeiem situações de conflitos a partir de

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práticas restaurativas.

Garantir o acesso do adolescente ao Sistema de Justiça (Poder Judiciário,

Ministério Público e Defensoria Pública) bem como, o direito de ser ouvido sempre

que requerer.

Garantir o direito, priorizando a oferta e acesso à educação de qualidade, à

profissionalização, às atividades esportivas, de lazer e de cultura aos adolescentes

em cumprimento medida.

Garantir e priorizar o direito à educação para os adolescentes em cumprimento de

medidas socioeducativas e egressos, considerando sua condição singular como

estudantes e reconhecendo a escolarização como elemento estruturante do

sistema socioeducativo.

Garantir e priorizar o acesso aos programas de saúde integral, principalmente na

política de Saúde Especializada;

Proporcionar a Integração operacional dos órgãos que compõem o sistema (art.

8º, da LF nº 12.594/2012).

Valorizar os profissionais da socioeducação e promover formação continuada.

Garantir a autonomia dos Conselhos dos Direitos nas deliberações, controle social

e fiscalização do Plano e do SINASE.

16

4. OBJETIVOS

4.1 Objetivo Geral

Contribuir com a Política Nacional Socioeducativa, por meio do Plano Municipal de

Atendimento Socioeducativo, articulando para inclusão e acesso nas Políticas

Setoriais.

4.2. Objetivos Específicos

Organizar na Rede de atendimento socioeducativo, a garantia de direito integral de

acordo com um conjunto articulado de ações do Estado e Sociedade Civil

Organizada, por meio de Políticas Setoriais: Assistência Social, Educação, Saúde,

Cultura, Esporte, Lazer, Trabalho, dentre outras;

Efetivar processo de sensibilização, articulação e intervenção de toda sociedade,

sobre os direitos dos adolescentes de participação, autonomia, protagonismo e

responsabilização nos espaços sócios-ocupacionais;

Implantação e Implementação do Nucleo de Atendimento Integrado e Núcleo de

Justiça Restaurativa.

17

5. MARCO LEGAL

5.1 Uma breve reflexão histórica sobre a responsabilidade penal do adolescente e as ações de intervenção ao adolescente em conflito com a lei

A questão do adolescente em conflito com a lei ainda causa polêmica e grandes

discussões. Em relação às intervenções realizadas, Volpi (2001) declara que o tema

enquanto objeto de preocupação e intervenção jurídica não possuía abordagem definida

até a primeira metade do século XX, um dos motivos ressaltados por esse autor seria o

fato do Direito realizar pouca distinção no que se referem aos réus, delitos e penas.

A formalização da responsabilização penal à população infantojuvenil, nasce com o

Código Penal. Visando esta compreensão é possível dividir a história do Direito juvenil em

três etapas: a primeira referente ao caráter penal indiferenciado; a segunda de caráter

tutelar e a terceira abordando o sistema penal juvenil, como salienta Saraiva (2005, p.18).

Partindo desse pensamento, a primeira etapa era concebida de cunho

indiferenciado, marcado pelo direito desde a promulgação dos códigos penais. Esta fase

se caracterizava por ser um período onde a população infanto-juvenil era submetida à

medida de privação de liberdade da mesma forma que a população adulta.

O segundo momento é de caráter tutelar, originário nos Estados Unidos e sua

doutrina se expande pelo mundo no início do século XX. Em relação a esse momento

conhecido como tutelar, Volpi (2001), afirma que o referido acontecimento surge como

resposta a questão dos adolescentes e adultos ficarem privados de liberdade na mesma

instituição. A nomenclatura etapa tutelar, provinha do Juizado de Menores, que possuía

todo o poder de decisão na trajetória de vidas das crianças e adolescentes. No Brasil tal

caráter tutelar foi adotado a partir de do Código de Menores de 1927.

O terceiro período caracteriza-se com o advento das convenções das Nações

Unidas de Direitos das Crianças e Adolescentes, “inaugurando processo de

responsabilidade juvenil, passando a utilizar conceitos de separação, participação e

responsabilidades” (SARAIVA,2005,p.19).

Para compreendermos essas etapas, faz-se necessário conhecer a história do

Direito da Criança e do Adolescente, no qual:

Resulta de uma longa e penosa caminhada de lutas e conquistas […] esses avanços […] não resultam de uma dádiva do legislador nem é produto de uma elocubração transitória. Resulta do irreversível processo de construção de direitos humanos conquistados e afirmados pela marcha civilizatória da humanidade (SARAIVA, 2009, P.23).

18

Partindo desse pressuposto, Rosa (2001), ao realizar estudos sobre a questão da

imputabilidade penal, faz um retrocesso histórico e afirma que no Direito Germânico

Primitivo, a responsabilização pelo crime era proveniente de estudos a partir da gravidade

do ato, não levando em consideração a idade, não ocorrendo inimputabilidade penal.

Desse modo, as crianças e adolescentes eram alvos de penalização, trata-se portanto, do

período do caráter penal indiferenciado. Ainda baseado nos estudos dessa autora,

verificamos que em Roma a partir da Lei das XII tábuas, ocorria uma separação entre os

considerados impúberes (com faixa etária inferior a sete anos e os púberes (com faixa

etária entre 07 a 14 anos), esses seriam penalizados a partir da verificação dos atos,

ocorrendo aplicações de sanções severas, como penas corporais, mutilações,

penalizando inclusive os infantes com faixa etária de 10 anos.

Em relação ao tratamento realizado a população infantojuvenil, Saraiva (2005),

citando uma pesquisa realizada por Maria Auxiliadora Minahim, produzida na década de

90, traça a questão da responsabilidade penal como algo utilizada em tempos passados,

colocando em pauta as práticas adotadas na sociedade feudal principalmente na

Inglaterra e Itália, o autor afirma que o critério de penalização voltado as crianças

pautavam-se na ótica do discernimento, a partir do método chamado “prova da maça de

Lubeca” que consistia em:

Em oferecer uma maça e uma moeda à criança. Escolhida a moeda, estava

provada a malícia e anulada qualquer proposta legal com tons de proteção. Por

isso inúmeras narrativas sobre a aplicação de pena de morte a criança de dez a

onze anos (SARAIVA, 2005, P.23 e 24).

Trazendo essa discussão para o Brasil, antes do desembarque de D. João VI em

nosso país, as legislações aplicadas as crianças e aos adolescentes partiram das Ordens

Filipinas, originadas em Portugal a partir de 1603 e que permaneceu vigente no Brasil até

1830. Saraiva (2005), afirma que a responsabilidade penal nesse período ocorria aos 07

anos de idade, as penalidades existentes pautavam em privação de liberdade à pena de

morte. A lei eximia as crianças de pena de morte e proporcionava redução de pena. Para

os adolescentes e jovens com faixa etária entre 16 a 21 anos também era aplicada a

diminuição da pena.

Rosa (2001), afirma que no Brasil tratou-se da imputabilidade penal quando entra

em vigor o Código Criminal de 1830, sendo inimputáveis as crianças com faixa etária

inferior a sete anos, o método de verificação e/ou investigação adotado era o estudo do

discernimento. O Código Criminal regia a internação dos adolescentes com faixa etária

19

inferior a 14 anos nas casas correcionais por tempo determinado pelo Juiz, aqueles que

possuíam faixa etária entre 14 a 17 anos, respondiam penalmente, cumprindo a sentença

em prisões comuns, não havendo separação por idade.

Com a Proclamação da República em 1889, o Código Civil do Império foi

substituído pelo Código Penal dos Estados Unidos do Brasil – Decreto n° 847 de 11 de

outubro de 1890, nesse contexto de mudanças, Saraiva (2005) expõe que o novo Código

Penal adotava o critério biopsicológico, ainda fundamentado no discernimento. Aqueles

com faixa etária entre nove anos e inferior a quatorze anos ficavam a disposição dos

magistrados, que avaliavam a situação e posteriormente aplicavam a sentença. A decisão

pautava-se na ideologia da época, que detinha a percepção do magistrado como

detentores da sabedoria.

O magistrado (Juiz) em seus estudos do discernimento, pautava-se em “sua

aptidão para distinguir o bem do mal, o reconhecimento de possuir relativa lucidez para

orientar-se a face das alternativas do justo e injusto, da moralidade e da imoralidade, do

lícito e do ilícito” (SARAIVA, 2005, p. 32).

Realizando uma análise do Código Penal (CP), Bessa (2008), expõe que o Código

Penal inovou o tratamento, visto que:

O CP de 1890 alterou em alguns aspectos a legislação anterior, prevendo que os menores de nove anos de idade, em hipótese alguma, poderiam ser considerados imputáveis. Esses eram tratados como não criminosos. Inovou, também, a criar os estabelecimentos disciplinares industriais para encaminhamento dos maiores de nove e menores de catorze anos que praticassem ilícitos com discernimento sobre a Conduta (BESSA 2008, p.45).

Rosa (2001), ao analisar essa trajetória histórica, declara que nos últimos anos da

década de 1880, o termo “Menor” era muito utilizado no vocabulário jurídico, ainda

ressalta que na primeira República, tal conceito estava extremamente associado ao de

“marginalidade em situação de abandono ou delito. O abandono é visto como o prenúncio

do risco do delito, de forma que está condição é tratada como forma de polícia” (ROSA,

2001, p.189).

No tocante as estratégias e ações voltadas aos “delinquentes e criminosos”, a

autora salienta que a partir de 1902 inicia-se a criação de albergues para crianças

abandonadas e consideradas criminosas e delinquentes, possuindo dupla função: punir e

vigiar no intuito de prevenir a criminalidade.

O período de 1920, marca a história brasileira com o processo de

institucionalização, através da ideologia higienista e penalizadora da pobreza. Em 05 de

janeiro de 1921 é promulgada a Lei n° 4.242, que autorizava o governo a organizar o

20

Serviço de Assistência e Proteção a Infância Abandonada e Delinquente. Com relação a

responsabilidade penal, deliberava a lei em seu art. 30º §16, “a exclusão de qualquer

processo penal que não tivessem completado 14 anos de idade. A imputabilidade penal

foi, pois, fixada em 14 anos de idade por critério puramente objetivo” (BRASIL, 05 de

outubro de 1921). Nesse sentindo de regulamentações legais frente a questão da infância

e adolescência no Brasil, Volpi (2008), afirma nessa ótica, que o Decreto nº 16.272 de 20

de Dezembro de 1923, visava proteger menores abandonados e delinquentes, sendo

criada as primeiras normas de Assistência Social.

No âmbito internacional, em 1924, ocorreu a promulgação da Declaração dos

Direitos da Criança em Genebra na Suíça, regendo que as crianças em consequência da

imaturidade física e moral, necessitavam de cuidados especiais e proteção legal. Tal

normativa propôs responsabilizar a sociedade e os governantes a proverem a proteção a

população infanto juvenil. Em 1927 no cenário brasileiro promulgou-se o primeiro Código

de Menores, conhecido como Código Mello Mattos, instituído pelo Decreto 17.943 - A de

12 de outubro de 1927.

Na concepção de Bessa (2008), essa normativa avança no aspecto de reger

tratamento diferenciado para as crianças e adolescentes em relação à lei penal, porém,

Saraiva (2005) descreve o Código de Menores de 1927, como moralista e tutelar. Na

visão de Volpi (2001) o Código de Menores de 1927, transforma a criança e o adolescente

em situação de risco e de vulnerabilidade social e aqueles em conflito com a lei em uma

única categoria a de “menor abandonado e delinquente”, visto que na lei:

Consideram-se abandonados os menores de 18 anos: Que não tenham habitação certa nem meio de subsistência, por serem seus pais falecidos, desaparecidos ou desconhecidos ou não terem tutor ou pessoas sob cuja guarda vida. Que vivem em companhia de pai, mãe, tutor ou pessoa que se entregue habitualmente à prática de atos contrários à moral e aos bons costumes; que se se encontrem em estado habitual de vadiagem, mendicidade ou libertinagem; que frequentem lugares de jogos ou moralidade duvidosa ou andem na companhia de gente viciosa ou de má vida; que devido crueldade, abuso de autoridade, negligência ou exploração dos pais, tutor ou encarregado da guarda, sejam: a) vítimas de maus-tratos físicos habituais moderados; b) privados habitualmente dos alimentos ou dos cuidados indispensáveis à saúde; c) excitados habitualmente para a gatunice, mendicidade ou libertinagem (VOLPI, 2001, apud SILVA, 1997, p.26).

Soares (2010), ao analisar o Código de Menores de 1927, salienta que o vetor

impulsionador da promulgação desta lei, foi a intencionalidade de resolver a questão do

“menor”. Para o autor, as resoluções destas problemáticas seriam possíveis a partir de

ações de controle social sobre a população infanto-juvenil, a palavra-chave era

institucionalizar, privar de liberdade, mesmo se a institucionalização não fosse em

21

decorrência da prática de atos infracionais. Nesta mesma linha de pensamento salientam

Rizzini e Pilotti (2009):

[...] a intervenção do Estado não se realizava como forma de universalização de direitos, mas de categorização e de exclusão, sem modificar a estratégia de manutenção da criança no trabalho, sem deixar de lado a articulação com o setor privado e sem combater o clientelismo e autoritarismo. A esfera diretamente policiesca do Estado passa a ser assumida / substituída por instituições médicas e jurídicas, como novas formas de intervenção que vão superando a detenção em celas comuns, sem, contudo, fugirem do caráter repressivo (RIZZINI; PILOTTI, 2009, p. 49).

Afirma-se nas palavras de Soares (2010), que as legislações promulgadas na primeira

década do século XX, respondiam apenas os temores sociais provenientes do aumento

de criminalidade, e visando também o enfrentamento das diversas expressões da questão

social. Em 10 de novembro de 1937 foi promulgada a terceira Constituição Federal do

Brasil, essa legislação criada no governo Vargas, exprime “uma conotação jurídica

implícita na caracterização de cunho social da infância e juventude” (Soares, 2010, p. 04).

Seguindo uma linhagem histórica, o Código Penal de 1940, fixou a

responsabilidade penal aos 18 anos, fundamentando-se nas “condições de maturidade do

menor” (Saraiva, 2005, p.42). Bessa (2008), afirma que após a promulgação deste código,

estabeleceu-se a criação do Decreto – Lei n° 6.026/1943 determinando duas modalidades

de intervenção; a primeira refere-se aqueles com faixa etária inferior a 14 anos que

cometeram atos infracionais, sendo que os trâmites de intervenção competiam ao Estado;

a segunda é referente a aqueles com faixa etária entre 14 e 18 anos, no qual as ações

eram apenas no campo policial. Trazendo essa discussão Rizzini e Pilotti (2009),

descrevem:

A prática de reconhecimento de menores desenvolve-se associado à polícia, […] realizado acordo entre as autoridades do Juizado de Menores e esta última. Foram criadas nesse sentido delegacias especiais para abrigar menores que aguardavam encaminhamentos ao Juiz. Inúmeras irregularidades foram sistematicamente denunciadas nestes estabelecimentos, onde predominavam os vícios de comparação policial, sendo os ' menores' tratados com violência como qualquer outra delegacia. Essa função policial de 'limpeza' das ruas, retirando elementos considerados indesejáveis, persistiu ao longo dos anos [...] (RIZZINI e PILOTTI, 2009, p. 23).

No âmbito nacional, a primeira metade da década de 40, foi marcada pelo início da

implantação de políticas púbicas voltadas aos adolescentes em conflito com a lei. Nesse

prisma, em 1941 é implantado o Serviço de Assistência ao Menor (SAM), este serviço

“considerava as crianças e adolescentes como potenciais marginais” (Volpi, 2001, p. 27).

Conforme o Decreto n° 3.799/41 em seu artigo 2°, o SAM possuía como atribuição

legal:

22

Sistematizar e orientar os serviços assistenciais a menores desvalidos e delinquentes, internados em estabelecimentos oficiais e particulares; proceder à investigação social e ao exame médico psicopedagógico dos menores desvalidos e delinquentes; abrigar os menores, à disposição do Juízo de Menores do Distrito Federal; recolher os menores em estabelecimentos adequados, a fim de ministrar-lhes educação, instrução e tratamento somato - psíquico, até seu desligamento; estudar as causas do abandono e da delinquência infantil para as orientações dos poderes públicos; promover a publicação periódica dos resultados de pesquisas, estudos e estatísticas […] (BRASIL, Lei n° 3.799 de 5 de novembro de 1941).

Segundo Rizzini (2009), a implantação do SAM, tem mais a ver com uma questão

de ordem social do que proteção propriamente dita. Nessa ótica, Volpi (2001), afirma que

a proposta do SAM pautava-se em corrigir as crianças e adolescentes através da fórmula

do “sequestro social”, ou seja, retirando-os do convívio social.

A promiscuidade, a violência, tratamento desumano, a atuação repressiva dos 'monitores' as grades e muros altos, o distanciamento da população através da organização interna das instituições garantem a arbitrariedade, o desconhecimento, por parte da população do que acontece intramuros (Volpi, 2001, p.27).

Afirmando as declarações de violação de direitos, Paulo Nogueira Filho diretor do

SAM no período de 1954 a 1956, marcou sua saída da instituição com uma obra extensa

que continha sua indignação frente ao SAM, a obra intitulava-se “Sangue, Corrupção e

Vergonha”, relatando os maus-tratos sofridos pela população atendida.

Diante da violação de direitos, da superlotação e das condições desumanas

vivenciadas pelas crianças e adolescentes, ocorreu a mobilização da sociedade civil

organizada, denunciando as irregularidades do SAM, tendo como resultado a instauração

da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), no qual visava a investigação e extinção do

SAM. Porém, a CPI não apresentou os resultados esperados e não ameaçou a existência

do SAM. Apenas seis anos após a CPI, (em 21 de Março de 1961) uma portaria do

Ministro da Justiça, determinava uma sindicância de apuração de irregularidades que

culminou na extinção do SAM.

Com o golpe militar de 1964 o antigo SAM é substituído pela Política Nacional do

Bem – Estar do Menor (PNBEM), que surge inserida na Escola Superior de Guerra –

ESG. A Política do Bem Estar do Menor troca à ideia do: “menor ameaça social”, para a

de: “menor carente e abandonado”, reafirmando a lógica carcerária, ampliando o controle

e o poder de tutela do Estado. Através de práticas repressivas e violentas, expôs

novamente as crianças e adolescentes brasileiros a viverem em situações precárias e

desumanas. Estes fatos contrariavam as mobilizações e normativas internacionais, pois

em 1959 os tratos internacionais formularam a Declaração dos Direitos da Criança,

23

reafirmando as diretrizes da Declaração dos Direitos Humanos, visando a garantia de

proteção das crianças e adolescentes.

Destaca-se ainda que a PNBEM cria a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor

(FUNABEM), entidade autônoma tanto na esfera administrativa como financeira. “Sua

atribuição social seria atuar nos focos específicos, para extinguir a marginalização no

país” (RIZZII, 2009, p.288).

Buscando ações de intervenção, o aparelho estatal adotava a prática de reeducar e

moldar as famílias. Nessa ótica a Política Nacional do Bem-Estar do Menor e a

FUNABEM, criaram as fundações Estaduais de Bem-Estar do Menor (FEBEM) que

seguiam o mesmo ideário repressivo de sua idealizadora. Os governantes acreditavam

que a política de “erradicação à marginalização”, funcionava de forma satisfatória e

estavam convencidos de que a população brasileira não estava ouvindo os gritos dos

internos das FEBEMs, porém, na década de 1970, já ocorriam mobilizações populares de

luta pela defesa dos direitos da infância e juventude, e diante das graves situações de

violações de direitos, solicitou-se também a extinção da PNBEM.

O abuso sexual, o tratamento humilhante, os milhares de relatos de situações de extrema violência evidenciavam que a PNBEM embora tivesse um discurso mais assistência, escondia uma prática inaceitável. As denúncias a imprensa, os livros, documentários, grupos de defesa do menor geraram uma mobilização social que contrapunha-se a essa prática e exigia mudanças radicais (VOLPI, 2001, p.29).

Ocorre então no país um movimento chamado de “denuncionismo”, propondo a

ideia de defesa jurídica às crianças e adolescentes, em 1976 é instalado a CPI do “Menor

abandonado” indicando a falência da PNBEM e suas ações violentas, propondo também a

necessidade de atualização do Código de 1927.

Em um discurso que prometia mudanças, em 10 de outubro de 1979 revoga-se o

código de menores de 1927, vigorando a lei 6.679/79 – Código de Menores de 1979

nasce a Doutrina da Situação Irregular. O novo ordenamento jurídico responsabilizava as

famílias por sua situação de pobreza, enquanto o Estado ignorava as origens e causas da

situação de riscos e vulnerabilidades.

Destaca-se, que as investigações de violações de direitos se fortaleceram nesse

período histórico e a questão da infância tornou-se pauta constante de discussão da

sociedade civil e dos seguimentos de defesa de direitos:

Diferentes grupos de técnicos, educadores, agentes sociais que contrapunham-se a esse modelo passaram a discutir alternativas. O caminho encontrado foi a rua. Era preciso sair das instituições e conhecer ao vivo a realidade de onde provêm estes meninos e meninos (VOLPI, 2001, P.29).

24

A década de oitenta marcou o cenário societário com grandes transformações, é

nele que se constatou e evidenciou a falência da FUNABEM. É nessa década, que se

iniciaram avanços tímidos para o período democrático, trazendo um novo olhar para a

criança e o adolescente brasileiro, evidenciando que essa população estava em risco,

sendo vítima de negligência e omissão por parte do poder estatal.

O simples olhar sobre a paisagem urbana, nas grandes e médias cidades brasileiras apontava uma realidade muito dura: milhares de crianças e adolescentes fazendo das ruas seus espaços de luta pela sobrevivência e até mesmo moradia (RIZZINI; PILOTTI, 2009, p.308 apud COSTA, 1990, p.24).

Constata-se, que a questão de risco social e vulnerabilidades acirravam na década

de oitenta, visto que;

[…] os dados do contexto social eram alarmantes. De acordo com o censo de

1980, 48,5% da população global do país situava-se na faixa etária de 0 -19 anos;

e, destes, 64,5% da população urbana, que por sua vez, totalizava 67,5% da

população global, contra apenas 45%, em 1960. Mais da metade dos brasileiros

não tinha acesso a saneamento básico. Os números absolutos de mortalidade, na

faixa etária de 0 -19 anos registravam 53.000 óbitos de crianças e adolescentes

por doenças infecciosas e parasitárias. Do total de óbitos registrados no país,

34,39% ocorriam nesta faixa etária, sendo que 25,48% no primeiro ano de vida.

Apenas dois dos 24 milhões na faixa etária 7-11anos, 7 milhões estavam fora do

ensino do primeiro grau. Na faixa de 0 -19 anos, apenas 37,1% frequentavam a

escola. E, na dos 15-19 anos de 11,5 milhões de jovens somente 2,5 tinham

acesso escolar (FRIZZINI; PILOTTI, 2009 apud FUNABEN, 1884, p.8-9).

Partindo da visão que as expressões da questão social deveriam ser enfrentadas, a

infância passa a ser discutida em vários espaços, entre eles o acadêmico, com

discussões em seminários e fóruns. Desencadeia-se assim, o fortalecimento dos

movimentos e projetos de atendimento aos meninos e meninas, proporcionando o

primeiro seminário latino americano de alternativas comunitárias de atendimento de

meninos e meninas de rua, em 1984 em Brasília (RIZZINI; PILOTTI, 2009, p.309).

O Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua (MNMMR) pretendia discutir

e denunciar a realidade vivenciada pelas crianças e adolescentes em situação de rua, de

violência e exploração, somando esforços para o atendimento de suas demandas. Neste

contexto, em 1985, o movimento se fortalece. Ocorre neste período, um encontro que

coloca em pauta a defesa de direitos das crianças e adolescentes. Neste encontro, os

meninos e meninas tiveram voz e participação integral, decidindo o tema, metodologia, as

proposições e estratégias de ação. Pela primeira vez, a sociedade ouviu o pedido de

25

socorro desta população que há décadas eram vítimas de omissão e negligência por

parte do Estado e da sociedade.

Em setembro de 1986, cria-se a Comissão Criança e Constituinte, que segundo

Rizzini e Pilotti (2009), foi instituída por portaria intra ministerial N° 449 de setembro de

1986, contendo apoio de vários órgãos do governo e da sociedade civil. Obtendo

aproximadamente 1.200.000 assinaturas para sua ementa. Salienta-se ainda, que tal

mobilização ocasionou uma pressão social, na qual originou a multiplicação dos fóruns de

defesa da criança e adolescentes (RIZZINI. PILOTTI, 2009, p.76).

Nesse contexto de lutas por garantia de direitos, em 1985 deliberou-se as Regras

Mínimas da Organização Nacional das Nações Unidas (ONU) para administração da

Justiça da infância e juventude, também conhecida como Regras de Beijing, através da

Resolução nº40/33, no qual promovia a garantia de atendimento digno aos adolescentes

em conflito com a lei. Esta convenção em seus princípios gerais estabeleceu que os

“Estados-membros procurarão, em consonância com seus respectivos interesses gerais,

promover o bem-estar da criança e do adolescente, bem como de sua família” (VOLP,

2008, p.39 apud Regras das Nações Unidas, 1986).

Essa mesma normativa ainda destaca: […] a promoção de medidas concretas que permitam a mobilização de todos os recursos disponíveis, entre eles a inclusão da família, de redes de voluntários e demais redes de atores sociais com vistas a promoção do bem-estar da população infanto juvenil, reduzindo a necessidade de intervenção legal e tratando de modo efetivo, equitativo e humano a situação de conflito com a lei. A justiça da infância e da juventude será concebida como parte integrante do processo de desenvolvimento nacional de cada país e deverá ser administrada no marco geral de justiça social para todos os jovens, de maneira que contribua, ao mesmo tempo, para a sua proteção e para sua manutenção da paz e da ordem da sociedade [...] (VOLPI, 2008, p.40 apud Regra das Nações Unidas).

O artigo 2.1 dispõe:

As regras mínimas uniformes que se enunciam a seguir se aplicarão aos jovens infratores com imparcialidade, sem distinção alguma, por exemplo, de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião pública ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição (Regra das Nações Unidas, 1985 apud VOLP, 2008, p.40).

Em relação a seus princípios e aspectos de ações jurídicas a regra delibera que:

a) De acordo com as regras em seu artigo 2.2 alínea a, jovem é caracterizado toda criança e adolescente, e estes podem responder por uma infração de forma diferenciada da população adulta, ou seja, rege-se diferenciação das penalizações destinados a crianças e adolescentes que encontram-se em conflito com a lei; b) Princípios de legalidades: de acordo com o artigo 2.2 alínea b a “infração é todo comportamento, ou seja, nas palavras da lei, ação ou omissão penalizado perante a lei, seguindo o respectivo sistema jurídico; c) Em relação ao adolescente em conflito com a lei, o artigo 2.2 alínea c,

26

caracteriza o jovem infrator como aquele que tenha realizado um ato de transgressão da lei, ou seja, uma infração penal e no qual juridicamente foi considerado culpado pela prática de ato infracional. No que refere-se ao serviço de atendimento aos adolescentes em conflito com a lei e a administração da justiça da infância e juventude, tal normativa determina que as ações devem pautar-se em satisfazer as necessidades do adolescente, bem como proteger e assegurar seus direitos básicos, devendo também satisfazer as necessidades da sociedade (VOLPI, 2008, p.41).

No que se refere a responsabilidade penal, a Regra das Nações Unidas determina

que o sistema jurídico não deve fixar idade precoce para responsabilizar o adolescente

pela prática de atos infracionais, bem como enfatiza que no momento da sentença deverá

ser levado em consideração a história de vida do adolescente, considerando sua

maturidade emocional, mental e intelectual e a gravidade do ato praticado.

Em relação aos Direitos dos jovens, a regra rege que:

Respeitar-se-ão as garantias processuais básicas em todas as etapas do processo como a presunção de inocência, o direito a ser informado das acusações, o direito de não responder, o direito à assistência judiciária, direito a presença dos pais ou tutores, o direito à confrontação com testemunhas e a interrogá-las e o direito a

apelação ante uma autoridade superior (VOLPI, 2008, p.43 apud REGRAS DAS

NAÇÕES UNIDAS, 1986). Com relação aos trâmites de investigação e apuração de ato infracional, a regra

determina que no momento da apreensão do adolescente, devem ser notificados

imediatamente seus genitores ou tutores. Cabendo ao Poder Judiciário e Ministério

Público, avaliar o caso com caráter de urgência para possivelmente colocar o adolescente

em liberdade ou conceder a remissão da pena.

Delibera também, a aplicação da privação de liberdade como última instância.

Rege ainda a lei que os adolescentes deveriam permanecer em celas separadas dos

adultos e em recintos que não possuem população carcerária adulta. Devendo as

unidades de privação de liberdade prover assistência aos adolescentes, no âmbito de

assistência social, saúde, educação, levando em consideração sua idade, sexo e

características individuais.

Salienta-se, que a Regra das Nações Unidas de 1986, expõe a possibilidade de

aplicação de penas alternativas, evitando ao máximo a institucionalização. Nesse rol de

medidas alternativas, destaca-se a aplicação de medidas protetivas, liberdade assistida,

prestação de serviço à comunidade, multas de indenização e restituição (reparação do

dano), determinação de tratamento institucional, colocação em lar substituto ou

estabelecimento educativo (Volpi, 2008, p. 48 apud Regras das Nações Unidas, 1986).

Diante as mobilizações e tratados internacionais visando a garantia dos direitos a

criança e do adolescente, em 1989, ocorreu a Convenção da Organização Nacional das

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Nações Unidas (ONU), no qual o Brasil é signatário. A convenção estabeleceu junto aos

Estados – partes a adoção do enfrentamento e combate de violências, negligência e

exploração contra crianças e adolescentes (art. 34 a 36 da Convenção das Nações

Unidas, 1989).

No que tange aos adolescentes em conflito com a lei, os artigos 37 e 40 regem a

proibição de torturas e outros tratamentos ou penas cruéis, degradantes ou desumanas.

Deliberando ainda a excepcionalidade da medida de privação de liberdade, bem como o

respeito ao princípio de presunção da inocência, princípio de legalidade, entre outros

contemplados pelas Regras Mínimas da ONU para administração da Justiça da Infância e

Juventude.

É nesse contexto de tratados internacionais, de efervescência das lutas pelos

direitos humanos no Brasil, e da luta pela redemocratização do país, que na década de

80, promulga-se a constituição Federal de 1988 garantindo proteção a população infanto

juvenil. Rege a lei:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao

adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao

respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a

salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,

crueldade e opressão (BRASIL, Constituição Federativa do Brasil, 05 de Outubro

de 1988).

O início da década de 90, foi marcada pela promulgação do ECA, surgindo assim

um novo paradigma – a Doutrina da Proteção Integral. Suas disposições preliminares visa

a “garantia de proteção integral com absoluta prioridade”, tornando a população infanto-

juvenil sujeitos de direitos nas letras da lei. Nasce nesse momento, uma nova página da

história da criança e do adolescente no cenário brasileiro.

5.2. As concepções do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema

Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE)

Com a promulgação do ECA em 1990, o Brasil rompe com antigos conceitos com

relação a população infanto juvenil. Nessa nova perspectiva, as crianças e adolescentes

passam a ser reconhecido como pessoas em desenvolvimento, o que implica sobre tudo,

na conversão da garantia de seus direitos postos como prioridade absoluta.

A partir desse novo marco legal, os trâmites voltados a compreensão, apuração

28

dos atos infracionais, tomam formas legais pautados na dignidade humana, legalidade e

excepcionalidade. Destarte, a apuração da prática de atos infracionais ganha espaço no

artigo 103 do ECA, no qual “considera ato infracional a conduta descrita como crime ou

contravenção penal”, ainda nessa premissa, o artigo 104 rege que “são penalmente

inimputáveis os menores de dezoito anos”. Desse modo, ocorre a diferenciação de

intervenção quanto à prática de atos infracionais realizados por crianças e adolescentes.

Para os infantes até 12 anos incompletos é aplicado medidas protetivas previstas nos

artigos 98 ao 101.

No tocante aos adolescentes em conflito com a lei, objeto de intervenção desse

Plano Municipal de atendimento, o ECA delibera as medidas socioeducativas, devendo o

Estado se responsabilizar por essa população.

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: I – advertência; II – obrigação de reparar o dano; III – prestação de serviços à comunidade; IV – liberdade assistida; V – inserção em regime de semi-liberdade; VI – internação em estabelecimento educacional; VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração. § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado. § 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições. Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100. Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127. Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria (BRASIL, Lei n° 8.069 de 13 de julho de 1990).

O rol de medidas socioeducativas estabelecidas no artigo 112 do ECA, tem o intuito

de responsabilizar o adolescente sobre seus atos, promovendo a reflexão de estar em

conflito com a lei, buscando concretizar a inclusão familiar e comunitária, garantindo aos

mesmos proteção integral por meio de ações atribuídas a uma rede intersetorial.

O Estatuto da Criança e do Adolescente inova também ao normatizar que os

adolescentes só podem ser apreendidos em flagrante, garantindo no Art. 106:

“nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.” (BRASIL, Lei 8.069 DE 13 DE Julho de 1990).

29

Nessa ótica de garantia de Direitos, a Lei n° 8.069/1990 delibera ainda ações que

asseguram os direitos humanos, regendo ainda a lei que:

Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal. Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias: I – pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio equivalente; II – igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa; III – defesa técnica por advogado; IV – assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei; V – direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente; VI – direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento (BRASIL, Lei 8.069 de 13 de julho de 1990).

É válido salientar ainda, que as medidas socioeducativas possuem um caráter de

duplo viés: de sanção e de proteção; a sansão no quesito de responsabilizar o

adolescente frente a prática de atos infracionais e de proteção assegurando aos mesmos

seus direitos, cabendo a sociedade, ao Estado e à família promover a efetivação dos

direitos a essa parcela da população vista nos parâmetros legais como prioridade

nacional.

A trajetória da normatização das medidas socioeducativas e das ações de atenção

aos adolescentes autores de atos infracionais no Brasil ficou marcada com a Resolução

nº 119 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), que

regulamenta o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE).

O SINASE é composto por um “conjunto ordenado de princípios, regras e critérios

de caráter jurídico, político, pedagógico, financeiro e administrativo, que envolve o

processo de apuração de ato infracional até a execução de medidas socioeducativas”

(CONANDA, 2006).

Este Sistema Nacional de Atendimento constitui-se em um grande marco da

Política Pública voltado ao atendimento do adolescente em conflito com a lei, pois traz

regulamentações no que se refere a Gestão, administração e execução das medidas

socioeducativas. Tal normativa rege as atribuições nas três esferas: Federal, Estadual e

Municipal, normatizando a execução de medidas socioeducativas desde recursos

humanos, parâmetros arquitetônicos a recursos financeiros e responsabilidades

orçamentárias.

Em 2012, promulga-se a Lei 12.594 de 18 de janeiro de 2012, que institui o

Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), que regulamenta a execução

das medidas socioeducativas destinadas a adolescentes autores de ato infracional, tal

normativa em suas disposições preliminares rege:

30

Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) e regulamenta a execução das medidas destinadas a adolescente que pratique ato infracional.

§ 1o Entende-se por Sinase o conjunto ordenado de princípios, regras e critérios que envolvem a execução de medidas socioeducativas, incluindo-se nele, por adesão, os sistemas estaduais, distritais e municipais, bem como todos os planos, políticas e programas específicos de atendimento a adolescente em conflito com a lei.

§ 2o Entendem-se por medidas socioeducativas as previstas no art. 112 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), as quais têm por objetivos:

I – a responsabilização do adolescente quanto às consequências lesivas do ato infracional, sempre que possível incentivando a sua reparação; II – a integração social do adolescente e a garantia de seus direitos individuais e sociais, por meio do cumprimento de seu plano individual de atendimento; e III – a desaprovação da conduta infracional, efetivando as disposições da sentença como parâmetro máximo de privação de liberdade ou restrição de direitos, observados os limites previstos em lei.

§ 3o Entendem-se por programa de atendimento a organização e o funcionamento, por unidade, das condições necessárias para o cumprimento das medidas socioeducativas.

§ 4o Entende-se por unidade a base física necessária para a organização e o funcionamento de programa de atendimento.

§ 5o Entendem-se por entidade de atendimento a pessoa jurídica de direito público ou privado que instala e mantém a unidade e os recursos humanos e materiais necessários ao desenvolvimento de programas de atendimento.

Art. 2o O SINASE será coordenado pela União e integrado pelos sistemas estaduais, distrital e municipais responsáveis pela implementação dos seus respectivos programas de atendimento a adolescente ao qual seja aplicada medida socioeducativa, com liberdade de organização e funcionamento, respeitados os termos desta Lei (BRASIL, Lei nº 12.594 de 18 de janeiro de 2012).

Ainda, as letras da lei trata das competências da União, Estados e Municípios,

ficando sob responsabilidade municipal:

Art. 5o Compete aos Municípios:

I – formular, instituir, coordenar e manter o Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo, respeitadas as diretrizes fixadas pela União e pelo respectivo Estado; II – elaborar o Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo, em conformidade com o Plano Nacional e o respectivo Plano Estadual; III – criar e manter programas de atendimento para a execução das medidas socioeducativas em meio aberto; IV – editar normas complementares para a organização e funcionamento dos programas do seu Sistema de Atendimento Socioeducativo; V – cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações sobre o Atendimento Socioeducativo e fornecer regularmente os dados necessários ao povoamento e à atualização do Sistema; e VI – cofinanciar, conjuntamente com os demais entes federados, a execução de programas e ações destinados ao atendimento inicial de adolescente apreendido para apuração de ato infracional, bem como aqueles destinados a adolescente a quem foi aplicada medida socioeducativa em meio aberto.

§ 1o Para garantir a oferta de programa de atendimento socioeducativo de meio

aberto, os Municípios podem instituir os consórcios dos quais trata a Lei no 11.107, de 6 de abril de 2005, que dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos e dá outras providências, ou qualquer outro instrumento jurídico adequado, como forma de compartilhar responsabilidades (BRASIL, LEI Nº 12.594 de 2012).

§ 2o Ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente competem as funções deliberativas e de controle do Sistema Municipal de Atendimento

31

Socioeducativo, nos termos previstos no inciso II do art. 88 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), bem como outras definidas na legislação municipal.

§ 3o O Plano de que trata o inciso II do caput deste artigo será submetido à deliberação do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

§ 4o Competem ao órgão a ser designado no Plano de que trata o inciso II do caput deste artigo as funções executiva e de gestão do Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo.

Art. 6o Ao Distrito Federal cabem, cumulativamente, as competências dos Estados e dos Municípios (BRASIL, Lei n° 12.594 de 18 de janeiro de 2012).

Delibera ainda o SINASE (2012), as orientações para a execução de cada medida

socioeducativa exposta no artigo 112 do ECA, explicitando as atribuições dos programas

de execução de medidas socioeducativas em internação, semiliberdade e em meio

aberto. Destarte, em seu artigo 35, esta norma jurídica salienta os princípios norteadores

da medida socioeducativa, sendo eles:

Art. 35. A execução das medidas socioeducativas reger-se-á pelos seguintes princípios: I – legalidade, não podendo o adolescente receber tratamento mais gravoso do que o conferido ao adulto; II – excepcionalidade da intervenção judicial e da imposição de medidas, favorecendo-se meios de autocomposição de conflitos; III – prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurativas e, sempre que possível, atendam às necessidades das vítimas; IV – proporcionalidade em relação à ofensa cometida; V – brevidade da medida em resposta ao ato cometido, em especial o respeito ao que dispõe o art. 122 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); VI – individualização, considerando-se a idade, capacidades e circunstâncias pessoais do adolescente; VII – mínima intervenção, restrita ao necessário para a realização dos objetivos da medida; VIII – não discriminação do adolescente, notadamente em razão de etnia, gênero, nacionalidade, classe social, orientação religiosa, política ou sexual, ou associação ou pertencimento a qualquer minoria ou status e; IX – fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários no processo socioeducativo (BRASIL, LEI 12.594 de 18 de janeiro de 2012).

Tal instrumento normativo ainda traz em seu bojo, os direitos individuais dos

adolescentes (Capítulo III), visitas aos adolescentes privados de liberdade (Capítulo VI),

Plano Individual de Atendimento – PIA (Capítulo IV), Atenção Integral à Saúde dos

adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativa (Capítulo V) e na seção II do

Capítulo V, traz a discussão sobre o Atendimento a Adolescente com Transtorno Mental e

com Dependência de Álcool e de Substância Psicoativa.

Ainda abarca a lei sobre os Procedimentos de apuração e execução das medidas

(Capítulo II), regimentos internos disciplinares, esses voltados às unidades de Internação

e semiliberdades (Capítulo VII), profissionalização e formação continuada para inserção

do mercado de trabalho (Capítulo VII).

32

A Lei n° 12.594/2012 visando fortalecer a Política de atendimento Socioeducativo,

rege em seu Capítulo III a elaboração dos Planos de atendimento socioeducativo no

âmbito Nacional, Estadual e Municipal, destaca:

Art. 7o O Plano de que trata o inciso II do art. 3o desta Lei deverá incluir um

diagnóstico da situação do Sinase, as diretrizes, os objetivos, as metas, as

prioridades e as formas de financiamento e gestão das ações de atendimento para

os 10 (dez) anos seguintes, em sintonia com os princípios elencados na Lei 8.069,

de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).

§ 1o As normas nacionais de referência para o atendimento socioeducativo devem

constituir anexo ao Plano de que trata o inciso II do art. 3o desta Lei.

§ 2o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão, com base no Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo, elaborar seus planos decenais correspondentes, em até 360 (trezentos e sessenta) dias a partir da aprovação do Plano Nacional.

Art. 8o Os Planos de Atendimento Socioeducativo deverão, obrigatoriamente, prever ações articuladas nas áreas de educação, saúde, assistência social, cultura, capacitação para o trabalho e esporte, para os adolescentes atendidos, em conformidade com os princípios elencados na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Parágrafo único. Os poderes Legislativos federal, estaduais, distrital e municipais por meio de suas comissões temáticas pertinentes, acompanharão a execução dos Planos de Atendimentos Socioeducativo do respectivos entes federados (BRASIL, Lei nº 12.594 de 18 de janeiro de 2012).

Em um viés de incompletude constitucional, a política de atendimento

Socioeducativo vislumbra a garantia prioritária e integral de uma parcela da população

brasileira, ou seja, os adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas e sua

rede de apoio (familiares e/ou responsáveis).

Seguindo preceitos legais em novembro de 2013, é sancionado o Plano Nacional

de Atendimento Socioeducativo, trazendo como princípios:

1) Os adolescentes são sujeitos de direitos, entre os quais a presunção da inocência. 2) Ao adolescente que cumpre medida socioeducativa deve ser dada proteção integral de seus direitos. 3) Em consonância com os marcos legais para o setor, o atendimento socioeducativo deve ser territorializado, regionalizado, com participação social e gestão democrática, intersetorialidade e responsabilização, por meio da integração operacional dos órgãos que compõem esse sistema. (BRASIL, 2013, p. 9-10)

Este plano possui como eixos operativos: Gestão, qualificação do atendimento,

participação e autonomia das/os adolescentes, sistema de Justiça e Segurança.

Descrevemos o plano como:

“operacionalização dos marcos legais no sistema de atendimento socioeducativo, traduzido por meio de uma matriz de responsabilidades e seus eixos de ação. Com essa conformação, ele orientará o planejamento, a construção, a execução, o monitoramento e a avaliação dos Planos Estaduais, Distrital e Municipais

33

Decenais do SINASE, além de incidir diretamente na construção e/ou no aperfeiçoamento de indicadores e na elaboração do Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual” (BRASIL, 2013).

Fecha-se esse atual quadro legal no de 2014, no âmbito Nacional, com o Plano

Nacional de Atendimento socioeducativo e com a responsabilidade dos Estados e dos

Municípios em cumprirem seu papel regido em lei, em elaborar seus planos de

atendimento socioeducativo e com seu compromisso na efetivação da Política de

Atendimento Socioeducativo no Brasil.

34

6. MARCO CONCEITUAL 6.1 Reflexões acerca das concepções sobre a infância e Adolescência

Falar de adolescente em conflito com a lei, requer a necessidade de contextualizar

e conceituar sobre o que é infância, adolescência e ato infracional. Desse modo,

iniciaremos esse debate histórico na Idade Antiga até a contemporaneidade brasileira.

Nessa direção, Rodrigues e Veronese (1997), ao adentrarem na temática das

concepções sobre infância e adolescência, tendo como marco a Idade Antiga na Grécia

nos séculos (III a V A.C), afirmam que, esse período de civilização fundamentava-se em

valores masculinos. Assim, no início da juventude os meninos eram separados da família

e inseridos em um regime rígido de educação e formação militar, ao compor o quadro

militar os meninos recebiam o status de cidadão grego, as crianças e as mulheres tinham

sua restrição apenas aos serviços domésticos, não eram tidas como cidadãs.

Alguns clássicos discutem a percepção da infância na idade media (século V a

XIV), Aríes (1981), afirmam que a sociedade medieval ignorava o período da infância, fato

que pode ser comprovado a partir de altas taxas de mortalidade infantil, ressalta ainda,

que essa situação da infância ignorada desencadeava-se pela dificuldade de formação de

vínculos afetivos entre genitores e filhos.

Buscando entender essa situação, Aríes (1981), declara que a passagem da

criança pela família e, portanto, pela sociedade era muito breve e tida como insignificante,

destacando ainda que em casos de óbito da criança “em geral era não fazer muito caso,

pois outra criança substituiria. A criança não chegava a sair de uma espécie de

anonimato” (ARÍES,1981, p.10). Segundo Heywood (2004), as fases da vida eram

consagradas direto na infância para a vida adulta, esta mudança de fases se concretizava

pelo rompimento da dependência.

Nessa ótica de transformação e mudanças de fases, Rodrigues e Veronose (1997),

afirmam que quando a criança não mais dependiam dos adultos ingressavam na vida

adulta, as autoras ainda destacam o quão “interessante é que, mesmo passando para

esta etapa, ela não adquiria uma individualidade, ao contrário ingressava na obscuridade

do universo coletivo” (RODRIGUES E VERONESE, 1997, P.04).

Trazendo a discussão para o século XV e XVII, Rodrigues e Veronese (1997),

analisando essa fase a partir da decadência do sistema feudal e introdução do sistema

mercantilista, onde se originava novos métodos de produção, as transformações

ampliaram as discussões sobre infância, passando a ser objeto de interesse de estudos.

Para Trindade (1999) a concepção de infância como ser frágil e inocente é

35

esboçada e construída nos séculos XVI e XVII em consonância com uma nova

sensibilidade burguesa que tem como núcleo a separação entre a criança e o adulto.

Nessa perspectiva, que a infância passa a ser vista como um processo de construção do

homem, sendo a criança incapaz de prover a si, tanto no âmbito material como moral

(TRINTADE, 2009). Salienta-se baseado em Aríes (1981) e em Santos (2007) que no final

do século XVII considerava-se o fim da primeira infância a idade de cinco a seis anos,

período em que as crianças passavam a não receber os cuidados da mãe, amas ou

criadas e ao completarem sete anos iniciava sua inserção na educação.

Arpini (2003), declara em seus textos, que nesse período a infância não se

separava da vida adulta, portanto, inexistia a concepção de adolescência, “de criancinha

pequena, ela se transformava imediatamente em adulto, sem passar pela etapa da

juventude, que talvez fossem práticas antes da idade média e que se tornaram aspectos

essenciais das sociedades evolutivas de hoje”. (ARPINI, 2003, P. 32).

A autora, ainda salienta que a concepção sobre infância foi culturalmente

modificada no decorrer dos séculos, e no que se refere a adolescência, essa foi

construída como fase ou ciclo da vida com características específicas, segundo as

modificações solicitadas pelos novos padrões culturais da organização social.

(…) conclui-se que a ideia de periodização da vida é uma construção histórico-social: ela muda, e é socialmente variável. As noções mais gerais e usuais nos termos infância e adolescência referem-se aos períodos do ciclo da vida que tem dimensões biológicas e culturais. A infância é uma fase da vida do ser humano que vai do nascimento a puberdade, e a adolescência sucede, ate a idade adulta. Ambas se caracterizam por um crescimento extremamente dinâmico e concomitante em vários domínios do ser: são mudanças anatômicas, filosóficas. psíquicas e sociais (ARPINI, 2003, p.32).

Observa-se, que a “medida que a estrutura da organização social familiar passa

por modificações provenientes das exigências sociais, que transformam as relações e as

organizações dos espaços públicos, os ciclos da vida passam a ser definidos, iniciando a

separação da infância e juventude, vida adulta e velhice” (ARPINI, 2003, p.33)

Arpini (2003), descreve que a partir do século XVIII, iniciou-se a separação das

crianças por idade, fato decorrente da inserção das crianças nas instituições de ensino,

no qual a atribuição da escola era moldar as crianças. Além do processo de separação

por idade, iniciou-se neste século o processo de separação das crianças por classes

sociais, evidenciando a exclusão social.

Consta ainda segundo a autora, que esse período marca a divisão do ensino entre

popular destinado a população em situação de pobreza (futura mão de obra) e a

educação para as crianças de famílias burguesas (ARPINI, 2003, P.34).

36

Destaca-se que o século XVIII, foi marcado pela necessidade de reordenar os

espaços públicos e a vida pública, assim a educação passa a ter atribuição de moralizar

hábitos e costumes, isso em nome da modernidade, a partir desse momento, a infância

entra em pauta constante de discussões, esse fato teve sua origem na busca de fortalecer

a nova sociedade que se industrializava, no qual a moral dominante estava enraizada. A

partir desse momento, passa-se a identificar as fases de transição entre a infância e a

vida adulta. Essas são definidas a partir do momento em que assumem responsabilidades

na vida familiar e em uma ótica capitalista, no momento em que se torna força produtiva.

O século XIX foi marcado pela consolidação e expansão do sistema capitalista,

trazendo à tona uma nova compreensão do homem sobre o mundo, a concepção sobre

infância deixa de ser ambígua, pois, nesse período ocorreu a seguinte caracterização

sobre os períodos da infância: a primeira infância passou a ser considerada a partir de 0 a

3 anos, crianças aquelas com faixa etária até 12 anos, porém, não se cogitava a fase da

adolescência, essa passa a ser construída apenas no século XX como salienta Santos

(2007).

Em meados do século XIX, e principalmente no século XX o preparo para a vida

adulta passou a ser denominado de adolescência, por ser:

(…) idade de transição que o adolescente passa a ter consciência social objetiva, uma vez que nesse momento se desenvolve o pensamento em conceitos, pensamentos que permite compreender as relações que se estabelecem entre os diferentes fenômenos e a realidade em geral (ARPINI, 2003, P.36 apud VIGOSTSKY, 1996, P. 70).

Esses autores salientam que o meio social possui influência decisiva no

pensamento do adolescente, afirmam ainda, que ocorrem diferenças no processo de

construção da adolescência, marcadas pelas desigualdades e diversas expressões

provenientes da realidade social no qual esses sujeitos estão inseridos.

A adolescência, segundo Pereira (2004), tem sua origem etimológica no Latim “ad”

para e “obsolescer”, desse modo, adolescência significa crescer para. Analisando o termo

etimológico da palavra Pereira (2004,) afirma, que esse processo de desenvolvimento é

“(...) algo estabelecido mãos à frente, preparação está para que a pessoa se enquadre,

neste à frente que está colocado. É como se adolescência fosse uma ‘fase’ que tem que

ser transposta para alcançar aquilo que é ideal” (PEREIRA, 2004, P. 01).

Pereira (2004), descreve que a adolescência é compreendida apenas como uma

fase de crise, resumindo-se a puberdade, mascarando seu processo e “neutralizando os

possíveis conflitos através de ideia de que estes estão atrelados a uma passagem de

hormônios, menosprezando, o sujeito de desejo que confronta seu lugar no mundo,

37

através de discursos minimizadores do tipo: adolescente é assim’” (PEREIRA, 2004,

P.01).

Segundo Brito e Gonçalves (2009), apesar do desenvolvimento ocorrer desde o

período de nascimento, será na fase da adolescência, que esse processo de desenvolver-

se ocorre de forma mais intensa, onde o espaço físico antes tido apenas como o seio da

família passa a ser mais amplo, inserindo agora novas relações sociais, como grupos de

laços de convívio na escola, bairro, entre outros.

É também na adolescência, que desencadeiam o processo de busca do “eu”, da

construção da identidade pessoal, formulação e reformulação de valores, de

conhecimento e assimilação de novos valores, a partir de sua inserção e vivências

adquiridas nas novas relações sociais.

Segundo Davim (2008), do ponto de vista biomédico, a adolescência é considerada

como o período de desenvolvimento humano, de transição entre a infância e vida adulta,

fase marcada pelas transformações biológicas da puberdade e relacionada à maturidade

biopsicossocial, nesse viés, não se deve compreender a adolescência apenas no campo

das transformações biológicas, mas principalmente, no âmbito psíquico e social.

Bocca (2002), declara que não existe uma faixa etária ou idade cronológica

definida para se determinar a adolescência,

“Qualquer tentativa para fixar idades específicas para o adolescente é improcedente, pois a idade cronológica, geralmente, é um indicador falho da biologia. Portanto, é difícil identificar um começo e um término para essa etapa, pois cada individuo atinge maneira peculiar ao seu desenvolvimento, dificultando assim um padrão de idade limite” (BOCCA, 2002, P.13).

Em relação a construção da identidade pessoal, esse processo pode ser

considerado como lento e doloroso, uma vez que esse Ser social perde sua condição de

criança, e nesse trajeto para vida adulta, passa a indagar sobre seu papel na sociedade.

Destarte, a questão da adolescência, seu desenvolvimento emocional, psíquico, subjetivo,

sua identidade, recebe fortes influências das relações familiares, sociais e temporais no

qual estão inseridos. Ao analisarmos os eixos de mudanças e transformações na

adolescência, podemos citar as biológicas, um exemplo desta modalidade é a puberdade,

que é inerente ao ser humano, marca-se por uma fase subjetiva de medos e ansiedades.

O segundo eixo, caracteriza-se pelos aspectos sociais, esses, são vivenciados de

formas individualizadas, pois dependem dos fatores culturais, familiares e

socioeconômicos. As compreensões estão nos modos de lidar com esse processo

individual. A construção da identidade está na troca e internalização de informações e

sentimentos obtidos nas relações sociais no qual esses adolescentes são pertencentes,

38

pois, a reação de cada adolescente é derivada e influenciada por suas histórias de vidas.

Pinheiro (2000), bem como Brito e Gonçalves (2009), descrevem a adolescência

como uma fase de luta contra os estereótipos criados e impostos pela sociedade, haja

vista que, culturalmente o adolescente é julgado como “irresponsável”1 e possui

comportamento “antissocial”, fato proveniente do discurso societário que impõe através da

sua cultura o que é o ser adolescente. Está fase é uma fase marcada por sonhos,

aspirações, desejos e exige que o sujeito (adolescente) enfrente diversas situações, e

para vencê-las, não depende apenas de sua vontade, mas do meio que está inserido, de

suas condições objetivas.

É de extrema importância a participação da família nessa fase, pois, “é na relação

em família que acontecem os fatos mais marcantes da vida de cada um: a descoberta do

afeto, da subjetividade, da sexualidade, da sociabilidade grupal, nascimento, crescimento

e a morte; a formação da identidade pessoal” (CARVALHO, 1999, P.09). Porém, na

adolescência as demais redes sociais são fatores importantes para o desenvolvimento, ao

mesmo tempo em que se distanciam da família, os adolescentes estabelecem novas

relações, vinculando-se aos amigos e grupos de sua geração.

Essas novas relações não são somente positivas, como também, necessárias para

o desenvolvimento das habilidades sociais dos adolescentes e da construção de seus

projetos de vida. A adolescência pode ser considerada como período de transição entre

“um mundo de dependência para uma condição de autonomia, é uma etapa da vida onde

se inicia ou assume determinadas funções e responsabilidades oriundas do mundo

adulto” (GONÇALVES e BRITO, 2009, P. 17).

Segundo Castro e Guareschi (2007), a sociologia traçou a concepção de juventude

considerando-a como um período de intervalo entre as funções sociais da infância e do

mundo adulto. A área da psicanálise e psicologia criaram uma concepção de que é uma

fase em que ocorrem um conjunto de mudanças na personalidade, na mente ou

comportamento do sujeito que se torna adulto. No que se refere ao aspecto psicológico, a

principal característica da adolescência é a busca pela nova identidade, nesse sentido, tal

fase é um período crítico da construção da identidade, muitas vezes, esse sentimento é

visto pela sociedade como rebeldia, e sobre tal conceito, autores salientam que “a

rebeldia é uma conduta frequente, pois buscam um novo significado ao mundo inclusive,

1

Termo utilizado por Gonçalves e Brito (2009) para descrever a visão da sociedade, no qual discursam que o

adolescente é irresponsável no que se refere as condutas sociais.

39

o seu próprio significado ao para o universo” (BRITO; GONÇALVES, 2009, P.06).

Ainda em relação a rebeldia dos adolescentes, frequente no discurso da sociedade,

podemos compreender como uma conduta contestatória de alguns adolescentes

mediante a percepção da “perversidade existente ao ser redor” (BRITO; GONÇALVES,

2009, P.05), e nesse processo complexo e transição vivenciada pelo adolescente, que

não é visto mais como criança e não é considerado adulto, ocasiona uma confusão

mental, e sentimental nesse sujeito em desenvolvimento, que não consegue ter claro qual

é o seu papel atribuído pela sociedade. Assim, podemos afirmar, que em diferentes

momentos históricos formularam-se compreensões distintas sobre as especificidades que

determinam a infância e adolescência, essa última a partir do século XX, é considerada

como uma fase de transição entre a infância e a vida adulta, que deve ser compreendida

como um processo psicossocial.

A adolescência é uma fase da vida que se constrói pela interatividade dos sujeitos,

com o meio no qual estão inseridos, ou seja, suas relações sociais, seu lugar determinado

por essa sociedade. Essa fase é vivenciada de formas diferentes, ao contrário do fator

biológico no qual todos os seres são inerentes. Além disso, para se compreender as

modificações nas concepções de infância e adolescência em nosso país, no qual se

refletem nas legislações e nas políticas voltadas para esse segmento populacional, faz-se

necessário, conhecer a trajetória histórica da infância e adolescência no Brasil, pois cada

período histórico foi marcado por acontecimentos importantes trazendo consigo, novas

concepções sobre a infância e adolescência.

6.1.1 – Adolescência versus violência

Falar sobre adolescência e violência implica em nos determos sobre um campo

bastante complexo onde questões inerentes a esta fase e as condições sociais não

podem deixar de serem questionadas, pois entendemos que o psiquismo se constitui em

sua interação com o ambiente externo e vice-versa. Compreendemos o homem enquanto

sujeito psíquico o que apreende a realidade interna, formada através de suas relações

exteriores, por sua consciência e seu inconsciente. Esta dinâmica interacional nos é

válida, uma vez que ela nos traz a noção de como uma realidade externa favorável é

capaz de transformar o sujeito psíquico e este, a realidade concreta a sua volta, em

especial na adolescência quando o mundo externo ganha dimensões ampliadas através

do contato e da escolha de outro grupo que não a família.

Sabemos que a adolescência é um período particular do desenvolvimento humano ,

40

caracterizado, sobretudo por conflitos de ordem interna e externa. Crises afetivas e de

identidade, rebeldia, idealismo, vanguarda, transformação dos valores, confronto com o

mundo e com os que dele fazem parte, vulnerabilidade, conquista da autonomia, o

despertar e o vivenciar da sexualidade são marcas de uma época vivenciada com muita

ansiedade e que necessita de um olhar cuidadoso para tais questões.

Faz parte da adolescência o lutar, o não desistir e a vontade de transgressão que

expõe nossa violência latente. Isso tudo compõe o processo de subjetivação com o qual o

ser humano busca ser reconhecido no mundo. Esta condição implica a experimentação

da vida instintiva, que na infância se manteve respaldada nas figuras parentais. Tornar-se

sujeito pressupõe o sofrimento de aceitar a lei do pai, que torna possível ao homem uma

entrada nas relações sociais (por mais assimétricas que sejam). Isto por si só é um

processo dolorido e conflituoso para aceitar a marca da castração simbólica.

Todas estas questões implicam em um quadro do qual a mídia não costuma

adentrar a respeito da condição de vulnerabilidade que os adolescentes brasileiros se

encontram. A pesquisa de Oliveira (2005), por exemplo, nos aponta que apenas 75% dos

adolescentes de baixa renda permanecem na escola. Na faixa dos que estão entre os 15

e 24 anos de idade, metade ocupa postos que exigem uma pesada jornada laboral (a

saber, 69% trabalham 40 horas ou mais), o que dificulta a conciliação do trabalho com os

estudos. Outro dado importante é que também metade destes adolescentes são

provenientes de famílias com renda de meio salário-mínimo, sendo que a remuneração

recebida pelo adolescente se torna profundamente necessária como contribuição à renda

familiar. Moreira e Vasconcelos (2010), abordando a questão da violência a qual o jovem

está submetido, relatam que no ano de 2002 18 mil adolescentes na faixa etária dos 15

aos 24 anos faleceram vítimas de homicídios, o que corresponde a 39 % dos óbitos.

Ainda que parciais, talvez esses dados reflitam a situação de desigualdade e desamparo

na qual a adolescência se encontra no país.

O período da adolescência é um momento onde o jovem está em busca do seu

próprio modo de ser, e por isso a importância de figuras éticas, de continência, que

propiciem a ele desenvolverem seus próprios recursos psíquicos colaborando para as

expressões de criatividade. A estrutura egóica do adolescente é instável e vulnerável,

suscetível a qualquer tipo de influência que ocorra, seja ela boa ou má, em interação com

a sociedade e a família. E neste processo a rebeldia é “componente inerente e salutar ao

processo de transformação” (Levisky,1997, p.23).

Muitos concordariam que na cultura brasileira haveria também o predomínio de

uma violência passiva, coercitiva dos direitos de seus cidadãos, de submissão, herança

41

dos tempos de colonização, reforçada pela época da ditadura militar e, atualmente, pela

descrença no poder do Estado enquanto emancipador de nossos direitos, isto é, um

Estado considerado corrupto, indiferente e negligente. Sobrevivemos em um clima,

segundo Levisky (1997), de violência estrutural de nossa organização social e psicológica

com profunda desvalorização das relações humanas, favorecendo a liberação pulsional

direta, situação deficiente, portanto, de recursos para a sublimação.

Sabemos que a família tem seu importante papel enquanto principal responsável

pela transmissão de sentido e valores aos jovens em seu processo constitutivo moral e de

cognição. Em meio a tantas mudanças repentinas, e ao surgimento e a influência cada

vez maior da mídia na constituição do sujeito, o que as famílias têm valorizado? No que

elas acreditam e atribuem sentido para a formação de um solo fértil onde seus filhos

possam crescer?

Levisky (1997), destaca o valor fundamental das figuras parentais na formação do

adolescente, no entanto reconhece a fragilidade dos mesmos em nossa sociedade

contemporânea, afirmando que:

Na família da sociedade atual, o pai simbólico, orientador, que sinaliza o eixo e os limites, e o elemento materno, continente e provedor, estão esmaecidos, confusos, ambivalentes quanto aos seus papéis e valores a serem transmitidos. A mulher, à guisa de exemplo, conquistou novos espaços na sociedade, mas, em contrapartida, grandes perdas estão ocorrendo na qualidade das primeiras relações mãe-bebê e na realização da função materna. Estes fenômenos se devem, em parte, às transformações rápidas, difíceis de serem acompanhadas, característica da cultura vigente (LEVISKY, 1997, p.25).

Deste modo, o autor faz referência à falta de perspectiva que ronda a vida de

milhares de jovens brasileiros, consistindo como uma reação a um estado frustrante frente

a realidade social. Nos alerta para o fato de que o futuro dos mesmos é pouco promissor,

vivenciam diariamente o preconceito e as dificuldades de serem reconhecidos por uma

sociedade que valoriza a aparência, o ter ao invés do ser, o consumismo e o

individualismo.

6.2. Adolescentes em conflito com a lei

Com a mudança de paradigma da Doutrina da Situação Irregular protagonizada

pelo Código de Menores para a Doutrina de Proteção Integral preconizada pelo ECA ,

muda-se a interpretação quanto a situação que ocasiona a prática de atos infracionais,

antes vista como de cunho moral, passando a ser interpretada enquanto fatores de risco e

vulnerabilidade social.

42

Buscando compreender a situação do adolescente em conflito com a lei, Agliardi

(2007), em seu estudo sobre a história de jovens privados de liberdade, afirma que o

adolescente autor de ato infracional reproduz a violência na qual é vítima. Nas palavras

do autor:

(...) Olhar e observar com profundidade a violência como objeto atual e relevante na sociedade contemporânea, além e aquém do senso comum, é uma lição a ser aprendida pelo pesquisador social. É, antes de tudo, uma tarefa complexa de perceber as descontinuidades do processo social, a (re)produção da violência dentro de uma moldura de valores narrados ou subjetivados pela sociedade.[...] A discussão sobre sistema de valores permite alguns entendimentos sobre a causa da violência na sociedade contemporânea. Os valores se preço ficam num segundo plano e tudo aquilo que é efêmero e transitório na vida dos indivíduos ou dos grupos sociais teve uma rápida ascensão, sobre tudo no imaginário das pessoas. Pode-se sugerir que um roubo de aparelho celular a qualquer preço é uma forma de atingir um fim maior no sistema de trocas simbólicas: possuir um aparelho celular é ter uma senha para ingressar no mundo publicizado, canal aberto na mídia no mercado e na cultura de massa (AGLIADRI, 2008, p.28).

Visando compreender a relação do adolescente com práticas de atos infracionais,

Volpi (2001), declara que as teorias que estudam a prática de atos infracionais

apresentam uma multidiversidade de fatores e correntes que visam responder essa

questão, ressalta:

(…) mais que uma disfunção, inadequação comportamental ou anomalia, o delito é parte da vida da sociedade e vem sendo administrado ao longo da história com a maior ou menor tolerância, dependendo de estruturas explicativas de cada época e das ideologias hegemônicas de cada período, numa perspectiva marxista, poderíamos entender o delito como resultante de um modo de produção social, isto é, o que define o que é delito ou não é a superestrutura jurídica e políticas baseadas na totalidade das relações de produção (VOLPI, 2001, p. 57).

O autor ainda expressa, que compreender o adolescente em conflito com a lei e

sua inserção na prática de atos infracionais, são questões importantes, que não devem

permanecer apenas no âmbito do adolescente enquanto vítima de um sistema injusto, ou

da prática do ato infracional como sinônimo de má índole, devendo essa discussão ser

mais ampla, pois:

Enxergar o infrator sem perceber seu entorno social, as relações e estruturas políticas, econômicos e culturais implica em negligenciar a condição fundamental da natureza humana: o homo sapiens é sempre e na mesma medida homo socius (VOLPI, 2001, p.58 apud BERGER; LUCKMANN, 1999).

O autor relaciona a prática de ato infracional à ausência de rede de relações

estruturadas, essas redes se caracterizam pela rede de trabalho, relações de

sobrevivências e produção da família, redes familiares – seus arranjos e desarranjos.

Pautando-se de como ocorrem as relações familiares e seus vínculos. Aponta ainda, que

deve ser considerada as demais redes legais e institucionais, como a escola, à saúde, o

43

lazer, esporte e suas exigências e seu acesso a essas redes, seus controles e

possibilidades. Destaca “(…) essas redes não são isoladas formando um todo complexo e

contraditório, pois na dinâmica social elas mesmas excluem o menor. A reprodução do

menor depende de uma sustentação mínima e precária dessa rede” (VOLPI, 2001, p.59

apud FALEIROS, 1998, p. 20).

Verifica-se então, que a prática de atos infracionais é proveniente das relações

sociais no qual o adolescente está inserido e quando ocorre a ruptura dessas redes o

adolescente remete-se a criar formas de sobrevivência (VOLPI, 2001, p. 59), sobre a

fragilidade das redes, Ferruzi et al (2004), expressa que “a falta de acesso aos estudos,

ao trabalho, à cultura e ao lazer tornam o jovem ainda mais vulnerável e exposto a

cooptação pelo crime organizado” (FERRUZI, 2004, p.22).

Observa-se que sobreviver no sistema capitalista é uma tarefa árdua,

principalmente para os adolescentes, visto que o consumismo determina o que é Ser.

A adolescência na contemporaneidade, passa a ser um modelo seguido por todos, inclusive adultos no que se refere a contemplação estética. A mídia, atenta a essa tendência se encarregou de transformar o adolescente em um modelo de consumo, ofertando para cada “tribo” um modo de existir e uma forma de ser reconhecido nas vias públicas. Diante do poder midiático, do consumo exacerbado e da cultura da moda e da beleza, passa a existir um novo tipo de exclusão e de segregação de pessoas que não são potencialmente consumidoras. O consumo passa a ser encarado como atributo da cidadania e da valorização pessoal (BRITO; GONÇALVES, 2009, p. 18).

Ainda sobre a questão do consumismo versus desigualdade social, Paiva e Sento-

se (2007), descrevem que a partir do intuito de obtenção de renda eventualmente para

auxiliar no orçamento familiar, as crianças e adolescentes (principalmente na faixa etária

de 08 a 09 anos) iniciam a realizar atividades laborais no mercado informal de trabalhado,

porém, também nesse processo tornam-se potenciais consumidores, visto que:

O desejo de ter acesso aos bens e serviços que compõe os itens do consumo juvenil os faz procurar as mais variadas fontes de renda que lhes permita satisfazer o seu desejo de gastar, de possuir os ‘ícones de consumo' característicos de sua idade e exibi-los (PAIVA e SANTO-SE 2007, p.125).

Na busca pelo pertencimento social e muitas vezes com os laços familiares

rompidos, os adolescentes buscam pertencimento, e como não encontram na sociedade,

são acolhidos pela rede do crime organizado, que os seduzem e os fazem sentir

pertencentes. Segundo Cerqueira e Lobão (2003), os adolescentes passam cometer atos

infracionais ocasionados pela invisibilidade social, por esse sentimento de não

pertencimento.

(…) A invisibilidade pode ser produzida pela indiferença pública à sua presença

44

que nunca é somente física, é sempre também social ou pela projeção sobre ele de estigmas, os quais desenvolvem aspectos singulares que os distinguem como pessoa humana. O estigma estampa sobre o corpo discriminado a imagem preconcebida, que corresponde à projeção de quem porta o preconceito, anulado a individualidade de quem é observado. O jovem carrega consigo, pelas ruas da cidade, as dificuldades comuns da adolescência, acrescidas dos dramas da pobreza, no contexto de imensa desigualdade brasileira (…) (CERQUEIRA; LOBÃO, 2003, p. 20).

Sabemos que a adolescência é uma fase em que ocorre o processo de formação,

desafios, cobranças, promessas e frustrações, período de construção da identidade

pessoal, e quando o adolescente está inserido neste contexto de invisibilidade social, ele

cria meios de converter-se em visível, tornando-se vulnerável a sedução da rede do crime

organizado. Esta por sua vez, o ilude, despertando no mesmo o sentimento de aceitação

e pertencimento.

Quando um traficante lhe dá uma arma, nosso personagem invisível recebe muito mais que um instrumento que lhe proporcione vantagens materiais, ganhos econômicos e acesso ao consumo; o jovem recebe passaporte para existência e com a arma ele é capaz de produzir nos homens um sentimento: o medo, que é algo negativo, mas é um sentimento. Provocado no outro o sentimento, o menino reconquista sua visibilidade, presença e existência social. Recorrendo a arma, o menino invisível restaura as condições mínimas para a edificação da autoestima, do reconhecimento e da construção da identidade (CERQUEIRA; LOBÃO, 2003, p. 20).

Analisando esses autores, podemos dizer, que diante as situações de

desigualdades sociais regidas pelo sistema vigente, e frente ações e intervenções

precárias e fragmentadas pelo Poder estatal, frente um contexto de estigmas e

preconceitos, o adolescente vivendo à margem da sociedade, busca refúgio no crime

organizado, haja vista que:

Observamos que as crianças e os adolescentes do Brasil representam a parcela mais exposta as violações de direitos pela família, pelo Estado e pela Sociedade, exatamente ao contrário do que define a Constituição Federal e suas leis complementares. Os maus-tratos, o abuso sexual e a exploração do trabalho infantil; as adoções irregulares, o tráfico internacional e os desaparecimentos; a fome, extermínio, a tortura e as prisões arbitrárias ainda compõem o cenário que desfilam nossas crianças e adolescentes (VOLPI, 2008. p.08).

Diante desses fatos, podemos dizer que a questão do adolescente em conflito com

a lei é fruto do próprio dinamismo da sociedade que os exclui, os colocam à margem da

sociedade, inserindo os adolescentes em uma dinâmica cultural do consumo. Desse

modo, podemos afirmar que a questão social que envolve o adolescente em conflito com

a lei, é resultado e reflexo da própria violência do Estado e de suas redes de convivência.

Destarte, O Estado que deveria garantir a proteção integral, torna-se personagem

de violação e coloca em cheque o discurso de crianças e adolescentes como sujeitos de

45

Direitos e prioridade nacional.

6.2.1 O adolescente e as medidas socioeducativas

Diante da questão da prática de atos infracionais, o ECA delibera o rol de medidas

socioeducativas. Este fato pode ser “considerado uma das mudanças mais relevantes

trazidas por essa lei, pois realizou a desvinculação de ações de caráter tutelar e

assistenciais destinados aos adolescentes em conflito com a lei” (ROSA, 2001, p.197).

Com o ECA, passa-se a interpretar as situações que levam a prática do ato

infracional, as ações de intervenção pautam-se na aplicação das medidas

socioeducativas de caráter não punitivo, essas tendem a “interferir no seu processo de

desenvolvimento objetivando melhor a compreensão da realidade e efetiva integração

social” (COSTA, 1992, p.340).

Propõe atuação a partir das medidas socioeducativas, com métodos pedagógicos,

e desta forma:

(...) educar para vida social, visa, na essência, ao alcance de realização pessoal e de participação comunitária, predicados inerentes à cidadania. Assim, imagina-se que a excelência das medidas socioeducativas se fará presente quando proporcionar aos adolescentes oportunidade de deixarem de serem meras vítimas da sociedade injusta que vivemos para se constituírem em agentes transformadores desta mesma realidade (COSTA, 1992, p.340).

Nesta perspectiva, de ações pedagógicas e de garantias de direitos, o ECA busca

responsabilizar a sociedade, o Estado e a família na garantia do desenvolvimento integral

dos adolescentes, “assim as medidas socioeducativas constituem-se em condições

especiais de acesso a todos os direitos sociais, políticos e civis”. (VOLPI, 2008, p.14).

Destarte, a atuação voltada ao adolescente em conflito com a lei consiste em ações de

uma rede intersetorial ou de Proteção Integral como descreve o ECA, com o intuito de

superar as situações de riscos e a situação de estar em conflito com a lei.

Para COSTA (1992, p.338), o enfrentamento dessas situações de riscos ocorreu a

partir de ações de caráter educativo e protetivo, nesse prisma, as medidas

socioeducativas são caracterizadas em:

I- advertência; II- obrigação de reparar o dano; III- Prestação de serviço à comunidade; IV- Liberdade Assistida; V- inserção em regime de semiliberdade; VI- Internação em estabelecimento educacional; VI- internação em estabelecimento educacional; VII- qualquer das previstas no art.101, I a VI.§1º a medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração. Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.§3º Os adolescentes portadores de doenças ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em

46

local adequado às suas condições (BRASIL, Lei n° 8.069 de 13 de julho de 1990). Para Volpi (2008, p.20), as medidas socioeducativas são aplicadas segundo as

características da infração, levando em consideração as circunstâncias sociofamiliares e a

disponibilidades de programas e serviços em nível Municipal, Regional e Estadual. Ainda

destaca que:

As medidas socioeducativas comportam aspectos de natureza coercitiva, uma vez que são punitivas aos infratores, e aspectos educativos no sentido de proteção integral e oportunidade de acesso à formação e informação. Sendo que cada medida esses elementos apresentam graduação de acordo com a gravidade do delito cometido ou/e sua reiteração (VOLPI, 2008, p.20).

Assim, a operacionalização das medidas deve prever de forma obrigatória, o

envolvimento de diversos atores sociais, ou seja, da família e comunidade, devendo as

ações e intervenções atuar com os princípios que rompam com a discriminação e

estigmas, visando à inclusão social e comunitária desse adolescente.

6.3 Princípios norteadores da medida socioeducativa de Prestação de Serviço à

Comunidade (PSC)

A medida socioeducativa de Prestação de Serviço à Comunidade (PSC), está

contemplada no artigo 117 do ECA2, tal medida deve ser aplicada de acordo com a

gravidade e efeitos do ato infracional cometido pelo adolescente, no intuito de mostrar a

ele as consequências e danos pessoais e sociais ocasionados pela prática deste ato

(FERRUZI, 2004, p.42).

Afirma-se ainda, que a aplicação da medida deve respeitar a vontade, perfil e

habilidade do adolescente, sendo vetado por lei trabalho forçado. Tal medida, ainda,

“favorece e desperta o espírito de solidariedade, do protagonismo juvenil, no momento em

que o adolescente está inserido na comunidade e realiza tarefas de interesse coletivo”

(FERRUZI, 2004, p.42).

Para Volpi (2001, p.23), a medida socioeducativa de Prestação de Serviço à

Comunidade (PSC), constitui-se em uma medida permeada por um forte apelo

comunitário e educativo, tanto para o adolescente, quanto para a sociedade, esta por sua

2 Art. 117- A Prestação de Serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse

geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidade assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais. Paragrafo único- As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.

47

vez, poderá e deverá na ótica da Doutrina de Proteção Integral se responsabilizar pelo

desenvolvimento integral do adolescente. A essência que rege tal medida na percepção

de Volpi (2001, p.24), é oportunizar ao adolescente uma experiência da vida comunitária,

de valores e compromissos sociais. Para tanto, o envolvimento da comunidade por

intermédio de órgãos governamentais e não governamentais são fundamentais na

operacionalização desta medida.

Ainda segundo Volpi (2001, p.24), a referida medida terá garantido sua efetividade

no momento em que houver acompanhamento adequado do adolescente pelo órgão

executor. O apoio da entidade parceira (local onde se realiza o cumprimento da medida) e

principalmente, a utilidade real da dimensão social do trabalho realizado. A Prestação de

Serviço à Comunidade, é uma das medidas contidas e regidas no rol das medidas

socioeducativas pelo ECA, que reveste, na atualidade, de um grande e profundo

significado pessoal e social para o adolescente em conflito com a lei.

Ressalta Costa (1992), que a abrangência educativa e social da PSC, baseia-se na

discussão de aplicação de medidas alternativas, que rompe com antigas práticas de

privação de liberdade, considerada no teor de diversos estudos e pesquisas como falida e

ineficaz no bojo do sistema penal e de responsabilidade penal juvenil (COSTA, 1992,

p.360).

Tal medida possui significado socializante, haja vista que:

Inserida num contexto comunitário abrangente (entidades assistenciais, hospitais, escolas, programas comunitários, hospitais, escolas, programas comunitários, governamentais, etc..), a medida possibilita o alargamento da própria visão do bem público e do valor da relação comunitária, cujo contexto deve estar inserido numa verdadeira práxis, onde os valores de dignidade, cidadania, trabalho, escola, relação comunitária e justiça social não para alguns, mas para todos, sejam cumulativos durante sua aplicação (...) mas também da inserção e exercício prático da cidadania, aqui entendida como efetivação de todos os direitos e garantias inerentes à pessoa e elencados na Lei e na Constituição (COSTA, 1992, p.362).

Afirma-se ainda, nas palavras e pensamento de Costa (1992, p.362), que a

efetivação da proposta da medida de PSC, depende acima de tudo, da forma que ocorre

sua execução, não estritamente das instituições executoras e parceiras, mas de

instâncias maiores, como o Estado, este por sua vez, deverá formular meios de

enfrentamento a violência, situações de risco e vulnerabilidade social, pois:

(…) na formulação de políticas públicas profundas, e não paliativas, no que tange a justiça e segurança; engajamento cada vez mais constante dos movimentos sociais comprometidos com uma discussão e formulação de uma política de nível em torno da probabilidade, gerará ressonância na sociedade (COSTA,1992, p.362).

48

Costa (1992, p.362), afirma que para ocorrer a efetivação da proposta pedagógica

de tal medida, faz-se necessário a atuação do Estado frente a promoção e a garantia

integral dos direitos dos adolescentes.

6.4 Princípios norteadores da medida socioeducativa de Liberdade Assistida (LA)

A medida socioeducativa de Liberdade Assistida é deliberada no artigo 1183 e 1194

do ECA, “sua aplicação tem como objetivo proporcionar a autoridade competente uma

alternativa à privação de liberdade e a institucionalização do adolescente em conflito com

a lei” (FERRUZI, 2004, p.43).

Para Volpi (2001, p.24), a LA constitui-se em uma medida coercitiva, quando

verificada a necessidade de acompanhamento da vida social do adolescente, suas redes

sociais, entre elas, destacam-se: a escola, a família, o trabalho, suas relações com a

comunidade. Afirma ainda, que sua intervenção educativa manifesta-se no

acompanhamento personalizado, que visa medidas protetivas, tais como, inserção

comunitária, fortalecimento dos vínculos familiares, inserção e frequência em instituição

de ensino, inserção no mercado de trabalho, cursos profissionalizantes e informativos,

acompanhamento e orientação voltados ao uso de substâncias psicoativas (SPA).

A duração da medida de Liberdade Assistida é limitada no mínimo de seis meses

como rege o ECA, porém, poderá ser prorrogada caso seja necessário, pautando-se na

avaliação da equipe responsável por sua execução, tendo como base os avanços e

concretizações exposto em seu plano de atendimento individual (PIA).

A aplicação da referida medida é voltada a adolescentes reincidentes na prática

habitual de atos infracionais, ou quando o adolescente se encontra em situação de risco

social, devido ao uso e abuso de SPA, laços familiares fragilizados ou rompidos e

exclusão social.

3 Art.118- A liberdade Assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o

fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para a companhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.§ 2º A liberdade Assistida será fixada pelo prazo minimo de 6 (seis) meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.

4 Art.119- Incube ao orientador, com apoio e supervisão da autoridade competente, a realização dos

seguintes encargos: I- promover socialmente o adolescente e sua família , fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programas oficial ou comunitário de auxilio e assistência social; II- Supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente , promovendo, inclusive, sua matricula, III- diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho; VI- apresentar relatório do caso.

49

A sua aplicabilidade nas situações de reincidência, é devido aos casos que não

comportam a aplicação da medida restritiva de liberdade, tal atuação, baseia-se na

perspectiva do adolescente reconhecer a responsabilidade de seus atos, repensar sobre

sua conduta, visto que será acompanhado semanalmente por uma equipe interdisciplinar.

Segundo Costa (1998, p.364), a Liberdade Assistida, trata-se de uma medida

judicial de cumprimento obrigatório para o adolescente, sendo relevante que estimule o

protagonismo do mesmo, não se prendendo apenas ao objetivo de evitar a reincidência,

mas apoiá-lo na construção de um novo projeto de vida. A elaboração desse projeto

ocorre por meio da elaboração do Plano de Atendimento Individual (PIA), realizado pela

equipe técnica, adolescente e seus familiares/ responsáveis.

Nesta perspectiva de autonomia, protagonismo e garantia de direitos, a proposta da

Liberdade Assistida, pauta-se na questão do fortalecimento da cidadania, na formação de

adolescentes críticos, cidadãos ativos, como afirma Costa (1992, p.366).

No que se refere a sua execução, a Política Nacional de Assistência Social (PNAS,

2004), delibera na política de proteção social especial de média complexidade, o serviço

de proteção social aos adolescentes em cumprimento da medida socioeducativa de

Liberdade Assistida e Prestação de Serviço à Comunidade, ressalta-se, que são

considerados serviços de média complexidade àqueles que oferecem atendimento às

famílias e indivíduos com seus direitos violados, porém os que ainda não foram rompidos.

Neste sentido, a PNAS (2004), determina ainda, que “os serviços de atendimento

requerem maior estruturação técnico-operacional, atenção especializada e mais

individualizada e com acompanhamentos sistemáticos e monitorados” (PNAS, 2004,

p.38).

Em relação aos atendimentos e acompanhamentos realizados, Costa (1992,

p.366), ressalta que o técnico responsável pela aplicação de tal medida deve criar e

fortalecer vínculos com os adolescentes e responsáveis, no intuito de criar condições de

desenvolvimento, bem como, os planos de trabalho e ações devem ser propostos e

debatidos no coletivo (técnico, adolescente e responsável). Desse modo, o técnico deve

estar atento as modificações, pois, “como a dinâmica da vida modifica o quadro existente

e o intuito é prover (isso e, para o futuro), o orientador deverá estar atento às novas

circunstâncias, promovendo as alterações rumo que se fizerem necessárias

(COSTA,1992, p.366).

Para Costa (1992, p.340), a LA se expressa como medida socioeducativa de

melhores condições de êxitos, visto que se objetiva interferir na realidade familiar e social

do adolescente, tencionando a resgatar por meio dos atendimentos técnicos suas

50

potencialidades.

Salienta-se que o regime de LA, deve funcionar no âmbito de uma filosofia

educacional caracterizado pelo trinômio de: humanidade, severidade e justiça, onde o

adolescente em conflito com a lei deverá ter claro a percepção de que a sociedade com

base na lei está lhe impondo uma nova forma de vida – um novo projeto de vida.

Nesta perspectiva de mudança, de rompimento de estigmas e um novo projeto de

vida, o orientador do processo educativo, este na figura do assistente social, psicólogo e

educador social, deve:

Dispor de orientações claras acerca de aspectos jurídicos, procedimentos técnicos envolvidos, além, dessas dimensões, esses profissionais devem ter uma consciência límpida, madura e ética envolvidas em suas relações com o educando, com seus familiares e demais atores sociais envolvidos neste processo (COSTA, 2006. p.61).

No que se refere a equipe técnica, Costa (2006), declara preocupação com a

formação da equipe de socioeducadores, haja vista que, devem ocorrer requisitos para o

exercício da função, necessitando desse profissional obter conhecimentos, valores,

atitudes e habilidades. Devendo o profissional ser dinâmico, criativo e ter uma

considerável bagagem teórica e metodológica.

Acreditando que a Liberdade Assistida é um método educativo, capaz de realizar a

superação da realidade do adolescente de estar em conflito com a lei, o Sistema Nacional

de Atendimento Socioeducativo (SINASE), promulgado em 2006, tem o intuito de

normatizar os serviços de atendimento socioeducativo voltado aos adolescentes em

cumprimento de medidas socioeducativas, trazendo em seus parâmetros de execução

para o meio aberto.

Desta forma, a Liberdade Assistida deve contar com uma equipe composta por

técnicos de diferentes áreas do conhecimento, “devendo ser garantido atendimento

psicossocial e jurídico pelo próprio programa ou pela rede de serviços existentes, numa

relação quantitativa determinada de 20 adolescentes para cada técnico” (SINASE, 2006,

p.44). Porém, mesmo com o ECA (1990), SINASE (2006) e demais normativas vigentes, a

atual situação em relação a medida de Liberdade Assistida é que, em alguns casos, a

medida é “interpretada por alguns juízes, promotores, mídia, opinião pública em geral e

até pelos próprios adolescentes, como uma forma de (des)responsabilização e de

impunidade pelo ato infracional praticado” (Costa, 2006, p.62).

Ainda segundo o autor, ao analisar tal fato, bem como a execução desta medida,

declara que a falta de investimento na formação continuada do corpo técnico é o

responsável pelos “baixos níveis de eficiência e eficácia verificados no dia a dia” (COSTA,

51

2006, p.62).

Destaca-se ainda, que a maneira precária como os serviços estão estruturados em

termos de instalação, recursos materiais, físicos e humanos evidencia a falta de

prioridade que ainda padece a Liberdade Assistida. Nesse prisma, deve ser realizado

esforços no sentido do Estado cumprir com seu papel legal, proporcionando meios de

trabalho adequado, para a execução dessa medida, bem como políticas públicas sólidas.

É nessa perspectiva de fortalecimento do sistema socioeducativo, que a Lei Nº

12.594 de 2012 - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), Delibera:

Art. 35. A execução das medidas socioeducativas reger-se-á pelos seguintes princípios: I – legalidade, não podendo o adolescente receber tratamento mais gravoso do que o conferido ao adulto; II – excepcionalidade da intervenção judicial e da imposição de medidas, favorecendo-se meios de autocomposição de conflitos; III – prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurativas e, sempre que possível, atendam às necessidades das vítimas; IV – proporcionalidade em relação à ofensa cometida; V – brevidade da medida em resposta ao ato cometido, em especial o respeito ao que dispõe o art. 122 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); VI – individualização, considerando-se a idade, capacidades e circunstâncias pessoais do adolescente; VII – mínima intervenção, restrita ao necessário para a realização dos objetivos da medida; VIII – não discriminação do adolescente, notadamente em razão de etnia, gênero, nacionalidade, classe social, orientação religiosa, política ou sexual, ou associação ou pertencimento a qualquer minoria ou status; e IX – fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários no processo socioeducativo (BRASIL, Lei N º 122.592 de 18 de janeiro de 2012).

Buscando o fortalecimento da política de Socioeducação, o Sistema Nacional de

Atendimento Socioeducativo (2012), traz os parâmetros e diretrizes sólidos, desta forma,

a implementação do SINASE objetiva-se primordialmente o desenvolvimento de uma

ação socioeducativa sustentada nos princípios dos direitos humanos. Com isso, defende

ainda, a ideia dos alinhamentos conceitual, estratégico e operacional, estruturada,

principalmente, em bases éticas e pedagógicas.

6.5 A perspectiva da Justiça Restaurativa como mediação de conflito no contexto

adolescer e medidas socioeducativas

A práxis dos técnicos que compõe a equipe multidisciplinar do CRSE, segue os

preceitos contidos na Política da Socioeducação a partir dos marcos legais do ECA,

SINASE e nas diretrizes contidas no Projeto Pedagógico do Serviço de Proteção Social

Especial a adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas.

52

Ao receber o adolescente, acompanhado por seu responsável para a primeira

entrevista, a equipe procura conhecer como se constitui a rede familiar e comunitária dos

mesmos. Na sequência, inicia-se a elaboração do PIA, com foco na socioeducação, por

meio da construção de novos projetos pactuados com o adolescente e sua família.

Durante esse processo de construção, pode-se sugerir a utilização das práticas

restaurativas. Segundo as diretrizes do Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo do

SINASE, dentro das propostas de superação das dificuldades identificadas, faz-se

necessário: “criar mecanismos que previnam e medeiem situações de conflitos e

estabelecer práticas restaurativas” (2013 pg.09).

As Práticas Restaurativas estão contempladas na Justiça Restaurativa, podendo

ser aplicada no âmbito judicial e extrajudicial. Trata-se de um modelo de justiça

recomendado pela ONU (Res. 1999/26, 2000/14 e 2002/12) adotada no Brasil como

política pública de solução adequada de conflitos (Res. 125/2010 do CNJ) e preconizada

no art. 35, incisos II e III da lei nº 12.594. Trata-se de um novo paradigma no trato de

conflitos e situação de violência, pois oferece condições para o estabelecimento do

diálogo baseado no respeito, responsabilidade e cooperação.

Dentro dos modelos mais utilizados nas práticas de Justiça Restaurativa dentro das

medidas socioeducativas de meio aberto, destacam-se: a mediação de conflitos; as

conferências familiares e os círculos restaurativos.

Nessa nova forma de lidar com as infrações, procura-se dar destaque não só ao

ato cometido, mas principalmente nas necessidades apresentadas pelos envolvidos e nas

formas alternativas de conscientização, responsabilização e reparação do dano. O foco

dessa prática encontra-se nas relações pessoais que sofreram desgastes ou foram

prejudicadas em razão da infração cometida. Trata-se de um processo voluntário, que

promove o encontro entre as pessoas envolvidas em situação de conflito ou violência.

Essa experiência já é desenvolvida em diversos países como Canadá e Estados Unidos,

com resultados efetivos.

O objetivo principal a utilização das Práticas Restaurativas é o de contribuir para a

melhoria da prestação jurisdicional ao adolescente em conflito com a lei, oferecendo a ele

e sua família, um atendimento efetivo, de forma pedagógica, além de contribuir para a

prevenção e para a diminuição dos casos de reincidência na prática do crime. Faz-se

importante destacar também a possibilidade da reconstrução e fortalecimento dos

vínculos familiares e sociais.

Nesse modelo, de forma respeitosa, proporciona-se a todos o direito da fala e da

escuta, valorizando a autonomia e o diálogo entre os envolvidos, criando oportunidade

53

para a interação, resolução do conflito e a criação conjunta de propostas e ações que

possam solucionar prevenir e/ou lidar com situações de violência.

Justifica-se a necessidade da implantação dessa prática no atendimento

Socioeducativo em meio aberto, tendo em vista que nas últimas décadas a problemática

da violência e contravenção juvenil tem aumentando significativamente, tornando-se

motivo de preocupação tanto nacional como internacionalmente. A sociedade e gestores

de políticas públicas e sociais têm debatido e questionado a efetividade das respostas

penais. A sobrecarga dos tribunais somada à burocracia judicial e o aumento da

reincidência nos atos infracionais são exemplos relevantes da urgência na mudança de

paradigma de resolução de conflitos.

Há um consenso entre a sociedade e vários estudiosos, de que o tratamento

repressivo dos conflitos tende a satisfazer temporariamente a demanda social, no entanto

não resolve de forma efetiva o conflito em toda sua dimensão. Segundo dados apontados

e destacados pelo Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo do SINASE em uma

consulta pública e em colegiados nacionais a respeito do atual estado do atendimento

Socioeducativo em Meio Aberto, destacamos: “(...) Ausência de oferta de serviços de

prevenção e proteção (...) Ausência de práticas restaurativas que incluam a comunidade e

atendam às necessidades das vítimas” (2003 pg. 18).

Portanto faz-se urgente a adoção de medidas capazes de romper e/ou diminuir a

banalização da violência, promovendo respostas judiciais que se afastem das atuais

lógicas precedente.

Diante da justificativa acima exposta, pode-se afirmar que, para respeitar e

entender a adolescência como uma fase peculiar da vida, onde as oportunidades para a

aprendizagem, socialização e desenvolvimento acontecem, deve-se também entender

que os atos infracionais são resultados de circunstâncias que podem ser transformadas e

superadas. Somente com esse entendimento é que o trabalho da equipe multiprofissional

do CRSE pode atingir seu principal objetivo, que é o de realizar com êxito a inserção

social do adolescente e sua família de forma saudável, oferecendo reais oportunidades de

superação da atual condição de vida, permitindo que eles possam reconstruir seus

projetos de vida, se reintegrar socialmente e desenvolverem-se na área cognitiva e

emocional de forma condizente com sua faixa etária.

A efetividade das medidas socioeducativas em meio aberto acontece de forma

ainda tímida. Para que essa efetividade seja ampliada, faz-se necessário um

entendimento consensual das instâncias e instituições que integram o sistema de justiça;

a política de educação, de saúde, de assistência social e cidadania. O trabalho em rede

54

onde cada qual assuma, de forma ética e responsável, os eixos de ações propostos pelo

SINASE é que permitirá a ampliação do número de casos exitosos.

Segundo Maria Izabel da Silva, presidenta do CONANDA, o Plano Nacional de

Atendimento Socioeducativo “é um instrumento precioso que qualifica o atendimento

socioeducativo no país”. Portanto, faz-se necessário que acreditemos e que juntos nos

empenhemos nessa causa.

55

7. MARCO SITUACIONAL

Segundo censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), o

Brasil possui o índice de 201.032.714 habitantes, O Estado do Paraná apresenta o

número de 10.444.526 habitantes, e com relação ao Município de Maringá os dados

apontam para 357.077 habitantes. O IBGE, ainda em 2009 o Brasil apresentava o índice

de 80 milhões de crianças, adolescentes e jovens até 24 anos, totalizando 42% da

população.

Tendo como referência as orientações do SINASE, a seguir apresentaremos alguns

índices do Município de Maringá, que contribuirão para a definição de políticas públicas

para adolescentes em conflito com a lei.

7.1. Índice de Homicídios na Adolescência (IHA)

Iniciamos a análise tendo como base os dados de violência no Município de

Maringá, a princípio, o quadro abaixo, faz uma comparação entre as principais cidades do

Paraná com relação aos índices de homicídios. Os resultados revelam baixo índice de

mortes com relação a Londrina e Foz do Iguaçu, cidades consideradas com altos níveis

de violência.

UF Município 2009 2010

IHA População 12 a 18

anos

Número total esperado de mortes entre 12 e 18 anos

IHA População 12 a 18

anos

Número total esperado de mortes entre 12 e 18 anos

PR Curitiba 3,38 203442 687 4,13 189035 781

PR Foz do Iguaçu

6,07 44685 271 7,83 34888 273

PR Londrina 3,27 58198 190 2,64 56776 150

PR Maringá 0,93 36563 34 0,52 38061 20

Fonte: 14/12/2012 07:37 Fabiula Wurmeister, da sucursal – Gazeta Maringá

Contudo, segundo matéria do jornal O Diário de Maringá, editada em 2013, por

Leonardo Filho, com o título “Total de adolescentes executados quadruplica”, o número de

adolescentes vítimas de assassinatos no primeiro semestre de 2013 cresceu quatro vezes

em relação ao mesmo período de 2012. Levantamento feito na Delegacia de Homicídios

revela que do total de crimes deste tipo registrados em 2013, 24% das vítimas tinham

entre 14 e 17 anos.

56

Na avaliação da polícia, as causas para este crescimento vão de brigas e

vinganças entre grupos rivais ao relacionamento direto com o tráfico de drogas. Para a

promotora de justiça da Vara da Infância e da Juventude, Dra. Mônica Azevedo, o índice

aumentou porque a cidade e o seu entorno cresceu muito. Ela acredita que o

envolvimento do jovem em atos infracionais está diretamente ligado à evasão escolar nos

diversos níveis da educação formal.

No ano de 2013, no Município de Maringá, foram registrados o óbito de 17

adolescentes e jovens com faixa etária entre 12 a 25 anos, vítimas de homicídios, e 7

sofreram tentativas de homicídios.

Em 2011 Maringá ocupou a 326ª posição no ranking das cidades com maior

número de homicídios de jovens no Brasil. Já no Estado, a cidade é a 28ª com mais

registros desse tipo de crime. O dado foi divulgado no Mapa da Violência 2013:

Homicídios e Juventude no Brasil, que apresenta um panorama da evolução da violência

dirigida contra os jovens entre 1980 e 2011.

Segundo o levantamento realizado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-

Americanos (CEBELA), no período analisado a maior causa de mortes no Brasil foi o

homicídio. Nos últimos dois anos, 61 pessoas foram assassinadas em Maringá, sendo 24

delas jovens.

As vulnerabilidades sociais e familiares decorrentes das fragilidades das políticas

públicas são os principais fatores apontados por especialistas para o aumento da taxa de

homicídios em Maringá que, em dez anos, cresceu 130%. O índice, um dos maiores

registrados no Paraná, fica atrás apenas de São José dos Pinhas, onde esse tipo de

crime cresceu 199% no mesmo período. Os resultados foram obtidos no cruzamento dos

índices de mortes do Datasus (o banco de dados do Sistema Único de Saúde) com o

número de habitantes computado pelo Censo do IBGE.

Entre 2009 e 2011, Maringá foi uma das poucas cidades a apresentar aumento no

índice de mortes violentas – cerca de 5%. Curitiba e Londrina registraram queda de 20%

e 13% respectivamente.

De acordo com a pesquisadora do Observatório das Metrópoles Fernanda Valotta,

homens jovens, na faixa etária entre 18 e 24 anos de cor negra ou parda são as principais

vítimas do abandono social. Segundo Fernanda, a falta de opções de lazer, de espaços

públicos de sociabilidade e falta de integração ao mercado de trabalho, por exemplo,

transformam esses jovens nos principais personagens das estatísticas de violência. “Por

57

causa de seu contexto social, os jovens usam a violência como uma questão de

sobrevivência”, aponta a coordenadora do Observatório, Ana Lúcia Rodrigues. As maiores

taxas de violência, segundo a pesquisadora Fernanda Valotta, estão nas periferias da

cidade, onde a organização do território é precária. “Quem vive nestes espaços, vive em

moradias precárias, com acesso limitado à educação, saúde e lazer.” Fernanda avalia que

o último índice maringaense, de 16,8% homicídios a cada 100 mil habitantes, é

considerado relativamente baixo. Mas em cidades da região de Maringá, esse índice é

muito maior. Segundo a pesquisadora, em Sarandi, por exemplo, foram registrados 60

homicídios para cada 100 mil habitantes em 2011. “Para ter uma ideia, a Organização

Mundial de Saúde [OMS] recomenda que o índice seja entre 8,8 a 10 a cada 100 mil

habitantes”, exemplifica.

A coordenadora do Observatório das Metrópoles, Ana Lúcia Rodrigues, defende

que não existem estudos comprobatórios entre a relação do tráfico de drogas e o

aumento nas taxas de homicídios. No entanto, ela pontua que a droga e a violência são

atrativas para os jovens em situação de exclusão social. “O indivíduo que não tem suas

necessidades básicas supridas está à mercê da própria sorte. Sem o apoio do governo

municipal, estadual, federal, ele se desinteressa e se associa ao que está mais próximo e

mais fácil, como as drogas.”

O delegado de homicídios de Maringá, Alexandre Bonzatto, afirma que 60% dos

homicídios registrados na cidade em 2013 foram causados em brigas de gangues por

pontos de drogas. Ele confirma que entre as vítimas estão, especialmente, homens jovens

de 24 anos, negros ou pardos, como apontou a pesquisadora do Observatório das

Metrópoles. Além disso, Bonzatto salienta que a maioria é morta por arma de fogo e tem

passagem pela polícia e defende que em Maringá o confronto entre gangues é maior do

que em grandes centros, como Curitiba, por conta da proximidade geográfica. “O que

observamos é que essas gangues rivais frequentam as mesmas baladas, os mesmos

bares e até moram muito próximas uma das outras. Então, o conflito é mais frequente.”

Questionado sobre a possibilidade de combater as causas das mortes violentas em

Maringá, Bonzatto disse que a polícia combate o tráfico de drogas e tem elucidado a

maioria dos casos de homicídio. “Mas o combate é contínuo. Um traficante que morre

hoje é rapidamente substituído. As quadrilhas têm aliciado jovens cada vez mais novos.”

Além disso, o delegado defendeu que essa não é apenas uma questão de segurança

pública. “É uma questão social muito maior. Difícil de ser resolvida a curto prazo.”

(matéria da Folha de Londrina e Gazeta Maringá).

58

7.2 População Infanto Juvenil com Dependência Química

A Diretoria de Políticas Sobre Drogas, da SASC, registrou no mês de julho/2013, 48

atendimentos voltados a faixa etária de 12 a 18 anos com dependência química, sendo

sete com apenas 14 anos de idade. Esse dado é tão somente para ilustrar a dependência

química em adolescentes, mas sobre tudo, para destacar a necessidade sobre política de

drogas sólidas e atuantes, haja vista que, se destaca nas letras da lei, em especial no

ECA, artigo 101, VI o encaminhamento de adolescentes em situação de uso e abuso de

SPA em tratamento de drogadição.

Nesse viés de fortalecimento e ampliação de políticas sobre drogas, e frente a

necessidade de atuação imediata as ações destinas aos adolescentes comprometidos

com uso de SPA, o Estatuto da Criança e do Adolescente, prevê ações nesse âmbito em

dois momentos, no artigo 101 quando enfatiza a aplicação de medidas protetivas,

ressalta-se ainda a Lei, em seu segundo momento, na competência do CMDCA, que o

tratamento é para todas as idades, pois dentre as medidas de proteção aplicada aos pais

ou responsável de criança e/ou adolescente (Art. 129-ECA) consta:

II – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos, para garantia do direito de convivência familiar e comunitária estabelecida no art. Art. 19: “Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.

Maringá não disponibiliza diagnóstico de pessoas com dependência química, mas

é sabido que o uso e abuso de drogas fragilizam vínculos familiares e sociais em

decorrência de conflitos, acidentes de trabalho, de trânsito, aumento da violência e

criminalidade, disseminação de uma série de doenças, inclusive do vírus HIV, e de altos

índices de suicídio.

A questão do uso e abuso de drogas no Brasil segue aumentando em faixas etárias cada vez mais precoces em todos os segmentos sociais e camadas populacionais; porém, nas classes marginalizadas, além das perdas em termos econômicos e do prejuízo em termos de cidadania, configura-se um drama de degradação e exclusão que merece um olhar e uma abordagem cuidadosos (CONTE, 2001, p. 114).

As políticas públicas não conseguem acompanhar a velocidade da indústria do

narcotráfico, ocorre assim uma fragilidade de ações preventivas e consequentemente no

atendimento de adolescentes e/ou jovens em situação de uso de substâncias psicoativas

59

(SPA) e envolvimento com o tráfico de drogas. Revela-se tal fato o número expressivo de

usuários do crack e outras drogas, inclusive o álcool, exposto nas ruas e praças centrais e

periféricas da cidade. A estrutura de atendimento é pequena diante da demanda. Apenas

na diretoria do Programa de Políticas Sobre Drogas da Secretaria de Assistência Social,

ocorre uma média mensal de cem solicitações de tratamentos, a maioria encaminhada

para o Centro de Atendimento Psicossocial para Álcool e outras Drogas (CAPSad) e o

Centro de Atendimento Psicossocial de Apoio Infantil (CAPSi), que oferece tratamento

ambulatorial e psicológico.

Abaixo o quadro de vagas para tratamento, sendo que as vagas dos hospitais são

disputadas pelas cidades da região.

7.2.1 Vagas em Hospitais e Comunidades Terapêuticas 2013

Estabelecimentos Nº de Vagas Total de Vagas

Hospital Municipal (tratamento de desintoxicação, dura até 15 dias. Havendo necessidade de mais tempo, o paciente é encaminhado para o Hospital Psiquiátrico, onde pode ficar mais 28 dias, no máximo – vagas para Maringá e região

15

275

Hospital Psiquiátrico – vagas para Maringá e região 80

Comunidades Terapêuticas 180

No hospital psiquiátrico, na ala de adolescentes, a diferença entre oferta de vagas e

número de pacientes que precisam ser internados é ainda mais dramática. São 12 vagas

para o atendimento de adolescentes de até 18 anos, do sexo masculino, de seis regiões

paranaenses: Maringá, Campo Mourão, Cianorte, Apucarana, Ivaiporã e Telêmaco Borba.

A internação de garotas da mesma faixa etária para essas regiões é feita em Jandaia do

Sul. Os trabalhos nas comunidades terapêuticas duram 9 meses, com direito a poucas

saídas dos internos. A média geral de recuperação é inferior a 50%.

Após o tratamento, a maioria dos pacientes tem recaídas no uso de SPA.

Entretanto, tanto em hospitais, como comunidades terapêuticas, o paciente só é tratado

se concordar. Não há estimativa oficial sobre quantos dependentes químicos estão sem

60

tratamento em Maringá, mas, além da baixa taxa de recuperação, relatos de organizações

não-governamentais apontam que as opções de tratamento são poucas diante da

demanda.

Em Maringá, no que se refere à inserção de adolescentes em condição de uso de

SPA em Comunidades terapêuticas, existe como referência de atendimento exclusivo aos

adolescentes e jovens a ONG AMARAS – Recanto Mundo Jovem localizado no distrito de

Iguatemi. A psicóloga Ângela Cecília Rezende trabalha há sete anos com pacientes

dependentes químicos. “No AMARAS de 11 adolescentes em tratamento, 10 eram

dependentes em crack. Segundo a mesma, houve um boom no consumo de crack em

Maringá nos últimos anos; que o tratamento dura nove meses e a estimativa é que a

metade tenha recaída quando sair; que os garotos são orientados a nunca colocarem

uma gota de bebida alcoólica na boca ou tragarem um cigarro; que são orientações que

devem ser seguidas pelo resto da vida deles, pois a dependência química é incurável,

mas controlável; que os maiores problemas para os adolescentes que concluem o

tratamento é a família que não tem suporte para lidar com os conflitos oriundos da

dependência e são esses os maiores obstáculos para a recuperação dos dependentes”.

O Hospital Municipal de Maringá, no ano 2013, apresentam o número de 226

adolescentes atendidos na Emergência Psiquiátrica, com diagnóstico de alcoolismo e

drogadição. Em relação aos encaminhados pelo CENSE (adolescentes em situação de

privação de liberdade) foram atendidos 16 adolescentes.

Apresentamos a seguir os dados do Município com relação a população infanto

juvenil, abarcando diversas situações de violações de direitos apresentadas pela rede de

atendimento, segundo a especificidade de cada serviço, com vistas a compreensão da

realidade local.

61

7.2.2 Crianças e Adolescentes Violadas no Direito de Convivência Familiar e

Comunitária Crianças e Adolescentes em Serviço de Acolhimento Institucional

Ano de 2013

Entidade Idade OBS: Total

0 a 11 12 a 17

Lar Betânia 48 - - 48

Lar Preservação da Vida

gestantes e filhos 109 11

Filhos de gestantes estão

incluídos 120

Abrigo Provisório 45

05 acima de 18 anos

45

181 147 346

O Abrigo Municipal não conta com acolhimento de longa permanência. Também os

acolhimentos do Lar Preservação da Vida são temporários. As crianças são acolhidas

com as mães gestantes.

Crianças e Adolescentes em Família Acolhedora 2013

Entidade Crianças Adolescente Total

Programa Municipal 4 3 7

Lar Preservação da Vida 7 - 7

7.2.3 Crianças e Adolescentes co Vítimas de Violência de Qualquer Natureza (Vítimas de Negligência ou Abandono, Abuso e Exploração Sexual, Violência Intrafamiliar)

ATENDIMENTO REALIZADOS NO CREAS - PAEFI ANO - 2013

Situações de violência ou violação de direitos atendidas no PAEFI

Crianças ou adolescentes em situação de violência ou violações atendidas no PAEFI

0-12 anos

13 - 17 anos

18 - 59 anos

Crianças ou adolescentes vítimas de abuso sexual Masculino 11 2 -

Feminino 39 13 -

Crianças ou adolescentes vítimas de exploração sexual

Masculino 0 0 -

Feminino 0 1 -

Crianças ou adolescentes vítimas de violência intrafamiliar (física ou psicológica)

Masculino 17 7 -

Feminino 14 8 -

Crianças ou adolescentes vítimas de negligência ou abandono

Masculino 53 17 -

Feminino 34 13 -

62

ATENDIMENTO REALIZADOS NO CREAS - PAEFI ANO - 2013

Situações de violência ou violação de direitos atendidas no PAEFI

Pessoas com Deficiência em situações de violência ou violações atendidas pelo PAEFI

0 a 12 anos

13 a 17 anos

18 - 59 anos

Pessoas com deficiências vítimas de violência intrafamiliar (física, psicológica ou sexual)

Masculino 0 0 1

Feminino 3 1 3

Pessoas com deficiências vítimas de negligência ou abandono

Masculino 1 1 2

Feminino 1 5 1

Pessoas com deficiência em risco pessoal em razão

Masculino 4 0 0

Feminino 4 0

ATENDIMENTO REALIZADOS NO CREAS - PAEFI ANO - 2013

Adolescentes em cumprimento de Medidas Socioeducativas acompanhadas pelo

CREAS

222

Adolescente em cumprimento de Liberdade Assistida 299

Adolescente em cumprimento de Prestação de Serviço à Comunidade 399

7.3. Indicadores de educação

7.3.1 Distorção Idade série nos Ensinos Fundamental e Médio

Taxa de Distorção Idade série nos Ensinos Fundamental e Médio - 2012

TIPO DE ENSINO TAXA (%)

FUNDAMENTAL 10,1

Anos iniciais (1ª a 4ª série e/ou 1° a 5º ano) 4,6

Anos finais (5ª a 8ª série e/ou 6º a 9º ano) 15,9

MÉDIO 17,2

FONTE: MEC/INEP; SEED

NOTA: Taxas calculadas pelo INEP.

63

7.3.2 Taxas de Aprovação, Reprovação e Abandono nos Ensinos Fundamental e

Médio – Rede Estadual 2012

Ano TIPO DE ENSINO APROVAÇÃO(%)

REPROVAÇÃO(%)

ABANDONO(%)

2011

Anos finais (5ª a 8ª série e/ou 6º a 9º ano)

84,3 13,4 2,3

MÉDIO 81,2 13,8 5,0

2012

Fundamental II (5ª a 8ª série e/ou 6º a 9º ano)

82,9 14,4 2,7

MÉDIO 81,8 13,4 4,8

FONTE: MEC/INEP; SEED

NOTA: Taxas calculadas pelo INEP.

Rede Municipal de Ensino

Ano Total de adolescentes matriculados

Percentual de reprovação do 1º ao 5º

ano

Serie/ano de maior incidência de reprovação.

2011 307 12,05 4º ano

2012 281 13,87 4º ano

2013 330 24,54 4º e 5º ano

A educação da rede estadual de ensino apresenta incidência de reprovação no

ensino fundamental II, e ensino médio não apresenta disparidade, entretanto o abandono

tem maior incidência no ensino médio. Os dados da Secretaria Municipal de Educação

(SEDUC) revelam que no ano de 2013 houve um significativo aumento no percentual de

reprovação dos alunos do 1º ao 5º anos com relação aos anos interiores, apresenta ainda

que o incide de reprovação idade/série se acentua nos 4º e 5º ano.

64

7.3.3 Índice de evasão escolar na rede municipal de ensino

Ano Total de adolescentes matriculados

Percentual de adolescentes

evadidos

%

Serie/ano de maior incidência de

evasão

2011 307 9,12 3º e 4º anos

2012 281 6,76 4º ano

2013 330 9,09 4º e 5º ano

Os dados demonstram com relação a evasão dos alunos da rede municipal, que o

índice de evasão permanece em aproximadamente 10%, tendo como série/ano os 4º e 5º

anos, fato nos que revela a necessidade de intervenções da rede municipal no sentido de

promoção de redução dos índices.

Escolas da rede municipal que apresentam maior índice de reprovação – Ano 2013

ESCOLA LOCALIZAÇÃO

E. M. Olga Aiub Ferreira Rua Pion. Geraldo Portela 141, Conjunto Requião

E. M. Pion. Jesuína de Jesus de Freitas

Rua Pion. Flausina Francisco de Souza 290, lote 34, Gleba Patrimônio Maringá

E. M. Pioneiro Manuel Dias da Silva Rua Pion. Sebastião Alves Ramos 116, Jardim Paraíso

E.M. Zuleide Sanways Portes Rua Rio Grande do Norte 1459, Jardim Alvorada

E. M. Maestro Aniceto Matti Rua Chile 1813, Conj. Rodolpho Bernardi

Conforme o exposto percebe-se que as escolas municipais com maior índice de

reprovação localizam-se na zona norte da cidade.

65

7.4 Esportes, Recreação e Lazer

Quadro de participação de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos em 2013 no Município

de Maringá - PR.

Evento/Equipamento

Modalidade Vagas

Ofertadas

Vagas Ocupadas

Total Vagas

Ofertadas

Associações

Rede não Governamental

Handebol 210 170

966

76,29% preenchidas

Voleibol 88 64

Beisebol 70 60

Ciclismo 60 40

Softbol 50 50

Vôlei praia 50 40

Tênis de mesa 60 40

Atletismo 80 50

Taekwondo 80 55

Xadrez 18 18

Karatê 40 40

Ginástica Rítmica 40 20

Futsal 60 30

Judô 60 60

Jogos escolares

1.350 1.350

5.842

100%

Copa Unimed 4.042 4.042

Jogos da Juventude

450 450

Centros Esportivos e outros equipamentos públicos

Vl. Operária 235 230

6.698

79,90%

Zona 05 177 126

Jd. Alvorada 1.299 950

Miosótis 705 615

Mandacaru 474 420

São Silvestre 427 332

Três Lagoas 302 171

Distrito Floriano 255 135

66

Borba Gato 680 419

Centro da Juventude 244 73

Distrito de Iguatemi 474 474

Jd. Catedral 55 55

Pq. do Japão 235 216

Vila Olímpica 1136 1136

Eventos comunitários de esportes, lazer e recreação

Projeto Verão Vivo; natação; semana da atividade física e da saúde; passeio ciclístico, festivas de corridas, saltos e arremessos; treinamentos de natação; ônibus recreação nos bairros; colônia de férias nos centros esportivos

15.416

Pelos dados observa-se que as vagas oferecidas pelas associações não

governamentais não são totalmente preenchidas, sem que se identifiquem as causas.

As vagas dos centros esportivos também não são preenchidas totalmente, mas não

há informações quanto às modalidades oferecidas.

7.5 Fragilidades de Acesso à Cultura

7.5.1 Insuficiência de Equipamentos e Ações Públicas de Cultura

Quadro de Atividades Ofertadas pela Secretaria Municipal de Cultura de Maringá –

PR.

Oficinas educativas, empréstimo de livros, clubinho de leitura, exibição de filmes e desenhos

Biblioteca Central

Jogos educativos, Gincana Cultural, Recontando Histórias, Jogos no computador

Biblioteca Alvorada

Clubinho da leitura, Jogos, Exposição de trabalhos, Empréstimo de Livros

Biblioteca Mandacaru

Oficinas recreativas, Atividades lúdicas com tinta guache, Empréstimo de livros

Biblioteca Operária

Oficinas recreativas, Atividades lúdicas com Biblioteca Palmeiras

67

tinta guache, Empréstimo de livros

Cursos de Biscuit, desenho, mangá, pintura em tela, teoria musical, violão, oficina de teatro CSU

CAC – Centro de Ação Cultural

Ballet Espaço da Juventude Brinco da Vila Calil Hadad

Convite à Dança Entrada gratuita, semanalmente – oferta limitada

Convite ao Teatro Entrada gratuita, semanalmente – oferta limitada

Teatro para crianças da rede municipal de ensino

Escolas municipais

Não há dados quantitativos para indicar o público atendido. Fica evidente os vazios

de oferta de ações culturais. As atividades executadas nos bairros são tímidas e não

atendem os anseios e necessidades da população.

68

8. ADOLESCENTES AUTORES DE ATOS INFRACIONAL.

De acordo com dados do Diagnóstico social da Criança e do Adolescente do

Município de Maringá no ano de 2009 e 2010, realizado pelo projeto de diagnóstico

“Valorização a Infância e Adolescência” (VIA), nos registros de atos infracionais cometidos

por adolescentes, da Delegacia de Polícia Civil de Maringá, foram observadas as

seguintes informações:

Tipificação Atos Infracionais Total

Crimes contra o Patrimônio

Roubo 82

Furto 89

Receptação 14

Invasão 01

Violação 01

Adulterar chassi 02

Dano contra o patrimônio 14

Subtotal: Crimes contra o Patrimônio 203

Crimes contra a Pessoa

Homicídio 09

Lesão Corporal 64

Ameaça 37

Posse/porte de arma 15

Desacato 17

Perturbação/Rixa 07

Latrocínio 01

Estelionato 02

Direção perigosa 01

Dirigir alcoolizado 01

Violação de direitos 05

Extorsão 02

Via de Fato (Briga) 10

Dirigir sem habilitação 09

Subtotal: Crimes contra a Pessoa 180

Crimes contra os Costumes

Atentado Violento ao Pudor/revogado 01

Estupro 05

Subtotal: Crimes contra os Costumes 06

69

Crimes contra a Honra Difamação 03

Injúria 03

Subtotal: Crimes contra a Honra 06

Crimes contra a Saúde Pública

Tráfico de Entorpecentes 52

Consumo 81

Subtotal: Crimes contra a Saúde Pública 133

Outros

Sem identificação 02

Falsa comunicação 02

Objeto nota falsa 01

Subtotal: outros 05

Total 533

Fonte: Delegacia de Polícia Civil do Município de Maringá. Ano de 2009

No mesmo período foram registradas pela Patrulha Escolar da Polícia Militar as

seguintes ocorrências:

Ato infracional Quantidade

Vias de fato 52

Ameaça 14

Furtos 13

Dano ao Patrimônio 04

Atos infracionais sem especificação no registro 23

Drogas ilícitas 03

Arma de fogo 01

Segundo informações da Delegacia do Adolescente de Maringá-PR, ocorreram

mudanças com relação ao ato infracional praticado pelos adolescentes no Município.

Revelam os dados:

70

Dados da Delegacia do adolescente de Maringá-PR no ano 2013

Ato infracional Quantidade

Porte de Drogas (sem caracterização de tráfico de Droga/ Lei 11.343/03)

36

Tráfico de Drogas 74

Uso de substâncias psicoativas 36

Furto 42

Roubo 35

Assalto 35

Brigas 47

Porte de Arma 10

Direção não habilitada 12

Danos ao patrimônio público 04

Tentativa homicídio 03

Homicídio 01

Atentando violento ao puder / estupro 01

Outros 198

Foram totalizados no ano de 2013, a instauração de 522 autos de apuração de atos

infracionais, a maior incidência de transgressão legal caracteriza-se pelo tráfico de

drogas, furtos e brigas.

Dados da Guarda Municipal referentes ao levantamento do ano de 2013:

Ato infracional Quantidade

Tráfico de drogas 12

Uso de SPA 40

Furto 07

Assalto 01

Briga -

Porte de Arma 03

Direção não habilitada -

Dados ao patrimônio público -

Tentativa de homicídio -

71

Homicídio -

Latrocínio -

Atentado violento ao pudor/ estupro -

Outros 02

A Guarda Municipal (GM) apresentou o total de 74 Boletins de Ocorrência (B.O)

registrados no ano de 2013, ocorrendo 450 abordagens de adolescentes do sexo

masculino, desses 48 foram apreendidos. Enquanto 145 adolescentes do sexo feminino

foram abordadas sendo 26 apreendidas.

Com relação as áreas de maior incidência e apreensão, a GM aponta a região a

central, em destaque, a praça Rapouso Tavares, zona 07, Jd. Alvorada, Jd. São Silvestre,

Vila Operária, Zona 02, Conj. Requião. Conj. Hermas Moraes de Barros, Borba Gato,

Cidade alta, Céu azul.

A GM salienta com relação aos limites e possibilidades do trabalho, a falta de

estrutura de serviços, destacando a falta de recursos humanos (RH), formação

continuada no que se refere a política voltada a crianças e adolescentes, em especial aos

adolescentes em conflito com a lei.

Conforme exposto, no período de 2009 a 2013, apresentam mudanças que

merecem ser destacadas com relação prática de atos infracionais, haja vista que, em

2009 a prática de maior incidência era o porte de droga, furto e uso de SPA, já em 2013 a

maior incidência caracteriza-se pelo tráfico de drogas e brigas. Essa constatação pode ser

afirmada pela equipe do CREAS – socioeducativo, no qual percebem em seus

atendimentos um grande número de adolescentes comprometidos com o tráfico e

envolvidos em brigas de grupos rivais, devido disputa de território e lideranças no tráfico.

Podemos ainda destacar a zona norte da cidade como área de maior incidência de

tráfico e situação de violência envolvendo os adolescentes.

72

9. ATENDIMENTO DOS ADOLESCENTES EM CUMPRIMENTO DE MEDIAS

SOCIOEDUCATIVAS DE INTERNAÇÃO, LA E PSC NO MUNICÍPIO DE MARINGÁ – PR

No Brasil, 5,7% da população brasileira encontram-se na faixa etária de 15 a 19

anos. De acordo com o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social

(IPARDES), a população do Paraná é estimada em 10.444.526 habitantes, sendo que

928.631 são adolescentes e jovens na faixa etária de 15 a 19 anos. O Município de

Maringá apresenta o número de 29.473 adolescentes e jovens na faixa etária de 15 a 19

anos.

Em relação aos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas (art.

112 do ECA), no Brasil, em 2011, 19.595 adolescentes cumpriram a medida

socioeducativas em meio fechado e 88.022 a medida de prestação de serviços à

comunidade e/ou liberdade assistida.

Com relação ao Estado do Paraná, a Secretaria do Estado da Família e

Desenvolvimento Social, apresentou os seguintes dados no início de 2014: 653

adolescentes estão cumprindo medida socioeducativa de internação por sentença; outros

235 adolescentes em cumprimento da medida socioeducativa de internação provisória e

16 adolescentes apreendidos por descumprimento de medidas.

Segundo documentos do Centro de Socioeducação de Maringá-PR (CENSE), de

14 outubro de 2014, o Município apresentou a demanda de 71 adolescentes cumprindo

medida socioeducativa em internação, desses, 12 adolescentes em cumprimento da

medida de internação provisória, 10 adolescentes oriundos de Maringá e 02 da região. E

58 adolescentes cumprindo medida socioeducativa de internação por sentença, destes,

36 adolescentes de Maringá e 22 internos residentes na região. Consta que havia 01

adolescente de Maringá cumprindo a medida de internação provisória devido ao

descumprimento de medida socioeducativa (art.121 do ECA).

Em relação aos adolescentes em cumprimento de Liberdade Assistida (LA) e

Prestação de Serviço à Comunidade (PSC), os dados do CREAS - Socioeducativo de

outubro de 2014 apresentavam 150 adolescentes em cumprimento de LA, 204

adolescentes em PSC e aplicadas 55 medidas cumulativas de (PSC e LA).

Nessa premissa de atendimento ao adolescente em conflito com a lei, o Núcleo de

Estudos e Defesa de Direitos da Infância e da Juventude – NEDDIJ, entre os anos de

2011-2012-2013, acompanhou cerca de 1.300 processos, sua atuação ocorre após a

73

representação do adolescente pelo Ministério Público (MP) ao Poder Judiciário, sendo

nomeados os advogados do NEDDIJ pelo juiz para promover a defesa dos adolescentes.

Ocorre nesse trâmite, grandes dificuldades apresentadas pelo NEDDIJ,

destacando que o RH é insuficiente, pois são apenas dois advogados para o atendimento

dos adolescentes. Apresenta ainda dificuldade dos prazos processuais frequentemente

estrangulados pelo juízo da infância e juventude, haja vista, a urgência necessária na

seara juvenil e mau gerenciamento no prazo de internação provisória (audiências são

marcadas tardiamente comprometendo os demais atos do processo, como, por exemplo,

o prazo para apresentação dos memoriais de defesa).

Após a prolatação de sentença ou concessão da remissão judicial, os advogados

do Núcleo, também são nomeados para acompanhar os autos de execução das medias

socioeducativas aplicadas. Contudo, tais advogados não possuem mais contato com os

adolescentes, sendo desempenhadas apenas para manifestações quanto ao Plano

Individual de Atendimento (PIA) em relatório semestral, bem como demais requerimentos

do procedimento supracitados.

Nesse viés, para a garantia dos direitos dos adolescentes, faz-se necessário a

criação de um local para a execução de medias socioeducativas de semiliberdade. É

inadmissível na visão do NEDDJI, que uma cidade no porte de Maringá, não ofereça um

local adequado para que os adolescentes que precisam cumprir tal determinação judicial.

Destaca a equipe do Núcleo, quanto a imprescindibilidade, que o Município propicie

um lugar adequado para o tratamento de adolescentes em conflito com a lei portadores de

deficiência ou transtornos mentais. Ressalta ainda a equipe, que o CENSE de Maringá

não possui médico psiquiatra, e que essa ausência acarreta prejuízo imensurável aos

adolescentes que cumprem medidas restritivas de liberdade.

74

10. HISTÓRICO DO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO NO MUNÍCIPIO DE Maringá-

PR

10.1 Centro de Referência Socioeducativo – execução de medida de Liberdade

assistida e prestação de serviço à comunidade

Inaugurado em 2001, pela extinta Fundação de Desenvolvimento e Cidadania de

Maringá (FUNDESC), criado como um programa que tem sua orientação no Estatuto da

Criança e do Adolescente Capítulo I Da Política de Atendimento, pautando-se no artigo 88

do Estatuto da Criança e do Adolescente que delibera a municipalização do atendimento,

implanta-se o Centro de Referência Socioeducativo.

Destarte, pautando-se no artigo 112 do ECA no qual:

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:

I – advertência;

II – obrigação de reparar o dano;

III – prestação de serviços à comunidade;

IV – liberdade assistida;

V – inserção em regime de semi-liberdade;

VI – internação em estabelecimento educacional;

VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.

§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.

§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.

§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições (BRASIL, Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990).

Nessa ótica e visando o cumprimento da lei, Centro de Referência Socioeducativo

(CRSE) de Maringá – PR torna-se a instituição municipal responsável pela administração,

gestão e execução das medidas socioeducativas de Liberdade assistida e prestação de

serviço à comunidade, contando desde sua implantação, com uma equipe interdisciplinar:

educadores, psicólogo e assistente social.

O trabalho socioeducativo, baseia-se no princípio da responsabilização e reflexão

do adolescente frente a prática de atos infracionais, bem como, a sua inserção

comunitária e social. A premissa de tal medida encontra-se na educação social, “educar

75

para vida”.

Em suas ações práticas, visa fortalecer os vínculos familiares e sociais,

proporcionando condições para a construção/reconstrução de projetos de vida que visem

à ruptura com a prática de ato infracional; estimular o protagonismo juvenil e contribuir

para o estabelecimento da autoconfiança e a capacidade de reflexão sobre as

possibilidades de construção de autonomias; buscando oportunizar a ampliação do

universo informacional e cultural, desenvolvendo assim suas habilidades e competências.

10.2 Centro de Socioeducação de Maringá (CENSE)

O Centro de Socioeducação de Maringá (CENSE) iniciou suas atividades em Maio

de 2010, e atualmente atende adolescentes em cumprimento de Medida Socioeducativa

de Internação e Internação Provisória, na faixa etária entre 12 e 21 anos de idade

incompletos. A unidade é mantida atualmente pelo Governo do Estado do Paraná –

Secretaria da Família e Desenvolvimento Social/ SEDS. Possui capacidade física para

receber até 86 adolescentes alojados individualmente, sendo que sua estrutura física foi

concebida e construída em conformidade com as diretrizes do Estatuto da Criança e do

Adolescente (ECA) e do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE). A

estrutura do CENSE possui 22000 m² de área total, sendo 4500 m² de área construída.

A unidade possui Escola, Oficina-Escola, Área de Saúde, Refeitório, Quadra

Poliesportiva, Teatro de Arena, Cozinha Industrial, Lavanderia, Espaço Ecumênico, além

de 7 casas com 10 alojamentos individuais cada e uma casa com 08 beliches.

A Unidade conta com uma equipe multidisciplinar composta por Diretor,

Administrador, Técnicos Administrativos, Pedagogo, Professores, Psicólogos, Assistentes

Sociais, Terapeuta Ocupacional, Enfermeiros, Auxiliares de Enfermagem, Educadores

Sociais (Masculino e Feminino), Motoristas, Auxiliar de Manutenção, Copeiras, Serventes,

Policiais Militares e Estagiários.

76

10.2.1 Perfil dos adolescentes em cumprimento de medida e Internação provisória e Internação no Centro de

Socioeducação Regional de Maringá – CENSE – Ano 2013.

Medida de Internação Provisória Medida de Internação por sentença

Os dados apresentados revelam que os adolescentes em

cumprimento da medida de internação provisória no ano de 2013

totalizaram 376 adolescentes.

Destaca-se que os dados quantitativos apresentados ressaltam

apenas os maiores índices.

Nesse universo destacou a faixa etária de 15 a 17 anos, a maioria

do sexo masculino e encontra-se em situação de evasão escolar.

Os dados ainda apontam que apenas 7 adolescentes estavam

cursando a 5º ano, 03 no 6º ano, e 7 adolescentes a 7º ano, 6 estudando

no 8º ano, 04 com ensino médio incompleto e 02 inseridos no EJA fase II

e dois estudando ensino médio no EJA.

O CENSE traz a informação dos adolescentes em situação de

evasão escolar, apresenta que 01 adolescente parou de estudar no

primeiro ano do ensino fundamental I, 02 no 2º ano, 09 no terceiro ano,

06 adolescentes no 4º ano. Salientando ainda que, 50 adolescentes

evadiram no 5º ano, 25 adolescentes no 6º ano, 27 no 7º ano, e 19 no 8º

ano.

Quanto a questão socioeconômica ocupacional a maioria dos

Os dados apresentados com relação a medida de

internação enfatizam os maiores índices quantitativos do

universo de 606 adolescentes.

Destaca-se que 2013 dos 606 adolescentes que

cumpriram a medida socioeducativa de internação, a maioria é

do sexo masculino, com faixa etária entre 16 e 17 anos, grande

número de adolescentes em situação de evasão escolar.

Com relação aos adolescentes inseridos na rede de

ensino, 02 cursavam a 5º ano, 1º no 6º ano, 2 no 7º ano e três

adolescentes cursando o 8º ano, 01 haviam completado o

ensino médio. 01 adolescente cursando o EJA fase II e 01

cursando o EJA ensino médio.

Sobre a situação de evasão escolar, 01 adolescente

evadiu no 1º ano do ensino fundamental fase I, três no 3º ano,

23 adolescentes no 5º ano, 05 no 6º ano, 13 no 7º ano, 03 no

8º ano, 02 adolescentes no ensino médio e 01 na fase II do

sistema EJA, dois adolescentes no ensino médio do sistema

EJA.

77

adolescentes não se encontrava inseridos no mercado de trabalhado ou

estavam inseridos no mercado informal.

Quanto a renda familiar, ocorre a variação entre 02 a 04 salários-

mínimos.

No que se refere a composição familiar, a maioria dos

adolescentes possuem família composta de 03 a 06 membros no

domicílio, Sendo que 65 moram apenas com a mãe e 62 com os

genitores.

Em relação ao uso de SPA, 33 adolescentes afirmam não fazer

uso, 87 declaram realizar uso de maconha e 25 são poliusuários de

maconha e cocaína.

Quanto ao ato infracional, destacou-se que a maior incidência na

prática de roubo, seguido de tráfico de drogas e em terceiro lugar

homicídio.

Com a relação a questão da reincidência na prática de atos ilícitos,

a maioria dos adolescentes já haviam cumprido as medidas de PSC e LA.

Salientamos que com relação aplicação da medida socioeducativa

para o sexo feminino, 09 adolescentes passaram pela medida de

internação provisória no ano de 2013 e foram encaminhadas para os

Centros de Socioeducação que realizam o atendimento dessa demanda,

por tal fato, não existindo dados em Maringá sobre tal demanda.

A renda familiar dos adolescentes internados varia de 02

a 03 salários-mínimos. Da situação familiar figura o índice de

adolescentes que residem com os genitores, seguidos

daqueles que só residem com a mãe.

Quanto ao uso de SPA, 08 adolescentes declararam não

fazer uso de drogas, destacou-se grande índice de

adolescentes comprometidos com o uso de maconha seguido

do uso de maconha e cocaína (poliusuários).

No que se refere a prática de atos ilícitos, destacou-se o

ato infracional de maior incidência o roubo (26 adolescentes),

seguido de homicídio (12 homicídios) e tentativa de homicídios

(09 adolescentes).

As informações apontam grande índice de adolescentes

reincidentes que já cumpriu medida outras medidas

socioeducativas, com relação a reincidência na medida de

internação não apresentam índices relevantes.

78

Nesse prisma de inclusão social, em 2013 a Secretaria da Família e

Desenvolvimento Social (SEDS) adquiriu junto à Associação Horizontes a compra de

vários cursos: sendo certificados 43 adolescentes no curso de Panificação; 42 de

Almoxarife; 45 de Colocação de Pisos e Azulejos; 24 em Jardinagem. A parceria SENAI

continuou, com a capacitação profissional de 10 adolescentes no curso de Eletricista de

Automóveis e 01 de Mecânico de Manutenção de Automóveis; SENAC com 01 externo de

Pizzaiolo. Destaca-se que 12 adolescentes constituíram vínculos empregatícios em

empresas da região, ocorrendo ainda, a parceria com a oficina do Projeto CIRANDA na

UEM com a participação de 02 adolescentes e no CENSE com a participação 15

adolescentes.

A parceria da SEEC/SEDS apresentou a musicalização a 40 adolescentes, com

apresentação para as famílias em data festiva no CENSE. No quesito esporte e Lazer,

com a inauguração do Centro da Juventude, os adolescentes participaram das aulas de

Natação e Futsal. Os limites e possibilidades continuam com a efetiva reinserção egresso

em seu ambiente familiar, social e comunitário.

79

10.2.2 Perfil dos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas de LA e PSC

Em 2013 o CREAS – Socioeducativo, realizou o atendimento de 570 adolescentes,

sendo 251 adolescentes em cumprimento de LA e 319 em PSC. Abaixo segue o perfil dos

adolescentes acompanhados no ano de 2013.

SEXO

Conforme exposto, aproximadamente 80% da demanda atendida do CREAS –

Socioeducativo é do sexo masculino, e 20% feminina. É valido ressaltar, que os dados

apresentados pelo CREAS - Socioeducativo, afirmam o mesmo perfil apresentado pelo

CENSE, quanto ao gênero, haja vista que, a maioria das medidas de internação e

internação provisória foram aplicadas aos adolescentes do gênero masculino.

80

IDADE

A faixa etária dos adolescentes em cumprimento de medidas varia entre 13 a 18

anos, porém, o maior índice encontra-se na faixa etária entre 16 e 18 anos. Numa análise

dos dados do CENSE, percebe-se que a faixa etária dos adolescentes em medidas de

internação e internação provisória está em consonância, pois, a idade dos educandos em

medida de internação permanece entre 15 e 17 anos.

81

ATO INFRACIONAL

Os dados revelam a incidência de prática de atos infracionais equiparados a tráfico

de drogas, furto, porte de drogas, roubo, brigas e receptação, tendo o homicídio e

tentativas de homicídios baixa incidência.

Pensar que uma grande parcela de nossos adolescentes encontra-se inseridos na

rede do crime organizado, em especial, tráfico de drogas, nos remetes a preocupação

frente em qual direção seguirá suas vidas. Sabemos que o crime organizado é atraente e

proporciona aos nossos adolescentes, além de status de pertencimento, a possibilidade

de geração de renda rápida e constante.

Inseridos em um contexto societário capitalista, permeados pelo ideário que prega

o individualismo e o consumismo exacerbado, nossos adolescentes seduzidos pelo prazer

imediato e pela falta de uma rede de apoio sólida (família, comunidade e sociedade),

entregam-se ao tráfico de drogas na busca de status, aceitação e satisfação dos seus

82

prazeres imediatos. Fatos que nos remete grandes desafios, haja vista que, o papel da

socioeducação é a promoção de um novo projeto de vida, e que depende das redes de

apoio que geralmente, não se encontra fortalecida e articulada.

MEDIDA APLICADA.

Com relação as medidas socioeducativas em meio aberto, 75% dos adolescentes

receberam a determinação judicial de cumprir a PSC e para 25% dos adolescentes a

aplicação de medida de Liberdade Assistida (LA).

83

SITUAÇÃO ESCOLAR

Percebe-se que aproximadamente 60% dos adolescentes encontravam-se em

situação de evasão escolar. Com relação aos adolescentes matriculados, os dados

institucionais do CREAS – Socioeducativo revelam que no universo dos adolescentes

matriculados, 80% estavam cursando o 5º e 6º anos, já os 17% cursavam o ensino

fundamental II e aproximadamente 3% o ensino médio.

EVASÃO ESCOLAR

84

Observamos a partir da pesquisa realizada, que o maior índice de evasão escolar

acentua-se nos 5º anos, como também demonstram os dados do CENSE e da Secretaria

Municipal de Educação de Maringá – PR.

A questão da evasão escolar é um fator preocupante, merecendo destaque e

ênfase em seu enfrentamento, haja vista, sua importância no quadro de formação do ser

humano. A educação tem por função social, princípios e finalidades:

Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, Lei n° 9.394, 20 de dezembro de 1996).

No âmbito legal, a política de educação é reconhecida como direito humano,

garantida seu acesso nas letras da lei da Constituição Federal, Estatuto da Criança e do

Adolescente e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).

Destarte, faz-se necessário diagnosticar os motivos que levam os adolescentes a

evadirem, bem como a criação de estratégias e intervenções de mediação dos conflitos e

exclusão nos espaços escolares.

USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS (SPA).

Conforme dados do CREAS – Socioeducativo, aproximadamente 63 % dos

adolescentes confirmaram realizar de uso e abuso de SPA, e os demais 37% afirmam não

realizar uso de SPA.

85

Do universo de usuários de SPA, todos os 63% afirmaram ser poliusuários. As

substâncias lícitas em evidência são álcool e tabaco. Já as ilícitas, o uso se concentra na

maconha e cocaína. Não desconsideramos o uso de crack, o que ocorre, é que

geralmente os adolescentes usuários de crack, devido ao seu comprometimento com a

droga e gravidade das situações de riscos no qual estão expostos, são aplicadas via

Judiciário, ou a pedido do CREAS – Socioeducativa medidas protetivas contidas no ECA

e nos princípios do SINASE.

SITUAÇÃO FAMILIAR

As configurações de famílias na contemporaneidade tomam novas formas, desse

modo, verifica-se que aproximadamente 45% dos adolescentes residem com a figuração

materna, outros 25% com os dois genitores, seguidos das mães e padrasto. Nesse novo

contexto de arranjos familiares, os dados mostram que grande maioria dos adolescentes

reside apenas com a figura materna, a predominância das famílias monoparentais

femininas é universo entre o público atendido.

Salienta-se, que a figura da família é a peça fundante no trabalho socioeducativo,

portanto, deve-se fortalecer os laços familiares e proporcionar com prioridade suporte às

famílias, promovendo sua inserção nas políticas públicas, programas e projetos segundo

a especificidade de sua realidade.

86

RENDA FAMILIAR

Com relação a renda familiar, grande parte das famílias dos adolescentes

atendidos sobrevivem com renda entre 01 e 02 salários-mínimos, obtendo o índice de

10% da população que não obtém renda fixa.

Observamos que os adolescentes acompanhados pelo CREAS – Socioeducativos

encontrava-se em situação de vulnerabilidade, visto que:

(…) vulnerabilidade social é um conceito multidimensional que se refere à

condição de indivíduos ou grupos em situação de fragilidade, que os tornam

expostos a riscos e a níveis significativos de desagregação social. Relaciona-se

ao resultado de qualquer processo acentuado de exclusão, discriminação ou

enfraquecimento de indivíduos ou grupos, provocado por fatores, tais como

pobreza, crises econômicas, nível educacional deficiente, localização geográfica

precária e baixos níveis de capital social, humano, ou cultural, dentre outros, que

gera fragilidade dos atores no meio social (XIMENES, 2010, p. 01).

Enfatiza ainda autora:

Vulnerabilidade social refere-se ao impacto resultante da configuração de

estruturas e instituições econômico-sociais sobre comunidades, famílias e

pessoas em distintas dimensões da vida social. Crises econômicas, debilidade dos

sistemas de seguridade e de proteção social e fenômenos de precariedade e

87

instabilidade laboral intensificam a dificuldade enfrentada por indivíduos e grupos

em sua inserção nas estruturas sociais e econômicas, gerando uma zona instável

entre integração e exclusão. Vulnerabilidade social traduz-se na dificuldade no

acesso à estrutura de oportunidades sociais, econômicas e culturais que provêm

do Estado, do mercado e da sociedade, resultando em debilidades ou

desvantagens para o desempenho e mobilidade social dos atores. As

desvantagens com respeito às estruturas de oportunidades resultam em um

aumento das situações de desproteção e insegurança, o que põe em relevo os

problemas de exclusão e marginalidade (XIMENES,2010, p.01).

Ante a realidade vivenciada pelos adolescentes e suas famílias, é necessário uma

articulação constante com as políticas públicas, em especial, com a de proteção social

básica, de proteção social especial e de emprego.

Diante do marco situacional, apresentação dos serviços de atendimento ao

adolescente em conflito com a lei e traçado o perfil destes, apresentamos os eixos

operativos que compõem o Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo.

Eixo 1: Gestão do SINASE no Município de Maringá – PR.

Eixo 2: Qualificação (Mobilização, articulação e formação continuada).

Eixo 03: Participação e autonomia dos adolescentes (Protagonismo juvenil).

Eixo 4: Fortalecimento do Sistema de Justiça, Segurança Pública e Garantia de direitos.

Eixo 5: Atendimento Socioeducativo.

Eixo 06: Fortalecimento e Articulação das políticas públicas (Assistência Social,

Educação, Saúde, Esporte, Cultura, Lazer e Profissionalização)

Visando a promoção e fortalecimento do Sistema de Atendimento socioeducativo

do Município, apresentamos os eixos operativos contemplando seus objetivos, metas e

prazos. Cabe destacar que o plano será executado em 10 anos, podendo ser revisto

anualmente, caso se julgue necessário.

88

11. PLANO DE AÇÃO DOS EIXOS OPERATIVOS – METAS, PRAZOS E RESPONSÁVEIS

EIXO 1: GESTÃO DO SINASE NO MUNICÍPIO DE MARINGÁ-PR

Objetivo Ações Atividades Metas Prazo Responsáveis e corresponsável.

1. Efetivar a gestão da política municipal do SINASE por meio da SASC, CMDCA e políticas setoriais.

Mapeamento da realidade territorial e rede de serviços existentes nos bairros com maior incidência de casos, para o enfrentamento conjunto das situações de violência e vulnerabilidade social.

Diagnósticos dos serviços de execução de medidas socioeducativas, demais serviços de atendimento e perfil dos adolescentes e famílias assistidas pelo CRSE e CENSE, visando ações que rompa com as situações de risco e vulnerabilidade social vivenciada.

1º período - 2015: mapeamento de 20% da rede de serviços socioassistenciais; 2º período – 2016-2019: mapeamento de 58% dos territórios. 3º período 2020-2023: 100% dos territórios Mapeamento.

1º período: 2015

2º período: 2016-2019

3º período: 2020-2023

Responsáveis: PMM/

SASC.

Adequação do Plano Socioeducativo com a previsão orçamentária do PPA (2014-2017)

1º período 2014 e 2015: 100% de e realização de alterações e ou mudanças no Plano.

AC Responsáveis:

PMM/SASC, CMDCA

Realização de audiência pública para publicização do Plano Municipal do

1º período 2014 e 2015:100% de mobilização e publicização do Plano

89

SINASE. SINASE.

Eventos de divulgação, sensibilização e mobilização do Plano Municipal do SINASE.

Nomeação de comissão das políticas setoriais para implantação e acompanhamento do Plano socioeducativo com 1/3 de participação de adolescentes.

1º período 2015: 100% de implantação. 2º período – 2016-2019: acompanhamento e revisão do plano em 100%. 3º período 2020-2023: acompanhamento de 100%.

Responsáveis: PMM/ SASC

Política de Educação Municipal: Mapeamento da realidade territorial abarcando os territórios/ escolas de maior incidência de violência, indisciplina e prática de atos infracionais.

Diagnóstico da política de educação municipal visando enfrentamento das situações de riscos, violência, indisciplina e práticas de atos infracionais.

1º período 2015: mapeamento de 20% da rede de educação municipal; 2º período – 2016-2019: mapeamento de 58%. 3º período: Mapeamento de 100%.

Responsáveis:

PMM/SASC/ SEDUC, NRE

CMDCA

90

Política de Educação Estadual: Mapeamento da realidade territorial abarcando os territórios/ escolas de maior incidência de violência, indisciplina prática de atos infracionais.

Diagnóstico da Política de Educação Estadual visando enfrentamento das situações de riscos, violência, indisciplina e práticas de atos infracionais.

1º período 2015: mapeamento de 20% da rede de educação estadual; 2º período – 2016-2019: mapeamento de 58% 3º período: Mapeamento de 100%.

Implantação do Núcleo da Escola Nacional de atendimento socioeducativo na cidade de Maringá, conforme referendado no Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo.

Implementação do Núcleo da Escola Nacional SINASE na cidade de Maringá

100% do núcleo implantado. 2015/2023

Responsáveis: SDH, Governo Estadual, PMM

2. Implantar e Implementar o Núcleo de Atendimento Integrado (NAI) ao adolescente autor de ato infracional.

Atendimento integrado e interdisciplinar aos adolescentes e seus familiares/ responsáveis, bem como proporcionar agilidade nos procedimentos e trâmites do atendimento socioeducativo.

Atendimento e encaminhamentos segundo a especificidade do caso promovendo a garantia de Direitos e a proteção Integral.

Implantação do NAI 2015-2023

Responsáveis: PMM/ SASC (com

corresponsabilidade do Estado)

Corresponsável

Poder Judiciário, MP, CMDCA

91

3. Implantar o Núcleo de Justiça Restaurativa (NJR).

Constituição de uma equipe de referência da SASC para multiplicar o conhecimento do processo metodológico de práticas restaurativas.

Implantação do sistema alternativo que ofereça respostas de resolução de conflito no viés da mediação (Justiça Restaurativa) segundo os princípios da Lei 12.594/2012

1º período 2015: formação de 20% para multiplicadores da rede de serviços em seis meses conforme projeto em anexo. 2º período – 2016-2019: formação de 58% multiplicadores da rede de serviços. 3º período: 2020-2023 Mapeamento de formação de 100% multiplicadores da rede de serviços.

AC

Responsáveis: PMM/ SASC

Corresponsáveis

IES, SEDUC, NRE

Responsáveis: PMM/ SASC, UEM

Formação continuada abrangendo a temática: marco histórico e jurídico da JR, fundamentos éticos e princípios dos programas da JR, práticas e experiências Restaurativas.

2015-2023 – 100% de supervisão mensal da equipe de multiplicadores pela NJR na UEM, como manutenção de canal de diálogo e construção coletiva de práticas de mediação de conflitos.

Formação de novos multiplicadores pelas equipes referências de práticas restaurativas na política de Educação no âmbito Estadual e Municipal.

Início das formações continuadas dos monitores da JR para implantação na rede de serviços da educação municipal e estadual.

- 2016-2019: 100% de realização 1º período 2015: formação de 20% para multiplicadores da rede de educação Estadual referente a cidade de Maringá – PR.

2016-2019

Corresponsáveis:

PMM/ SASC, SEDUC e NRE

92

2º período 2016-2019: formação de 68% multiplicadores da rede de educação Estadual referente a cidade de Maringá – PR ; 3º período 2020-2023: formação de 100% multiplicadores da rede de educação estadual referente a cidade de Maringá- PR.

Estabelecer parcerias com os Departamentos Jurídicos das IES que ofereçam os cursos de Direito, Serviço Social e Psicologia do Município, buscando a interdisciplinaridade.

Ampliação dos núcleos de atendimento as famílias e indivíduos em situação de conflito.

1º período 2015: 100% da IES que possuem o curso de direito;

4. Garantir o cumprimento das normativas vigentes e a recomendação do MP e Judiciário no que trata a execução de MSE.

Elaboração de parâmetros para o atendimento dos adolescentes desde o início dos trâmites judiciais, execução da MSE e desligamento.

Formação de uma comissão para realização de encaminhamentos, avaliação e monitoramento; dos parâmetros para aprovação no CMDCA;

100% de cumprimento das legislações vigentes.

2015-2023

Responsáveis: MP,

Poder Judiciário, PMM/SASC, CMDCA

Corresponsáveis demais políticas intersetoriais e

conselhos de Direitos.

5. Implantar no Articulação com os Busca de informações para 01 (um) Observatório da 2015 - Responsáveis:

93

Município de Maringá o Observatório da Violência.

institutos que consolidam as orientações e normativas para implantação.

viabilização do processo de implantação.

violência implantado 2023 NRE-UEM, MP

EIXO 2 : Qualificação (Mobilização, articulação e formação continuada)

Objetivo Ações Atividades Metas Prazo Articuladores/ responsáveis

1. Sensibilizar e mobilizar a sociedade em geral, gestores, profissionais da rede e profissionais dos meios de comunicação.

Mobilização e sensibilização sobre a temática adolescentes em conflito com a lei, execução de medidas socioeducativas, responsabilização dos adolescentes frente a prática de atos infracionais, normativas e legislação vigente, visando o rompimento com preconceitos e estigmas com

Mobilização e sensibilização da rede de serviços e sociedade em geral, através de palestras, minicursos e seminários, sobre a temática adolescentes em conflito com a lei, execução de medidas socioeducativas, responsabilização dos adolescentes frente a prática de atos infracionais e

1º Período

(2015 -2016): 100% dos gestores e rede. 2º período (2017-2023) 100% da sociedade em geral e profissionais dos meios de comunicação

2015 -2016

2017-2023 (AC)

Responsáveis: SASC. Corresponsáveis: Judiciário, MP, e demais Conselhos de Direitos

94

relação aos adolescentes envolvidos em atos infracionais.

normativas e legislação vigentes.

Mobilização e sensibilização dos grêmios estudantis e representes de turma, e movimentos de juventude (skate, hip-hop entre outros) buscando o debate sobre a temática adolescência, prática de atos infracionais, adolescentes em conflito com a lei e execução de MSE.

Oportunidades de espaços para fóruns, debates, palestras e seminários visando a democratização de informação e formação de multiplicadores

Mobilização de 100% dos grêmios estudantis representantes de turma e espaços de juventude:

2015-2023

.Responsáveis:

PMM – secretarias, NRE, grêmios estudantil e demais movimentos sociais

Realização das ações e projetos propostos pelos adolescentes, visando o enfrentamento da prática de atos infracionais.

1º Período 2015-2019: Realização de 50% dos projetos e ações das propostas apresentadas pelos adolescentes. 2º Período 2020 - 2023: Realização de 100% dos projetos e ações das propostas apresentadas pelos adolescentes.

2015-2019

2020/ 2023

Responsáveis: PMM – secretarias, NRE

Impressão de 1.000 exemplares para

2015

95

2. Publicizar o Plano Decenal de Atendimento Socioeducativo e as normativas que tratam de adolescentes e atos infracionais

Publicização do Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo.

Divulgação do Plano de Atendimento Socioeducativo para as três esferas: Legislativo, Executivo e Judiciário, rede de serviço e sociedade.

distribuição e disponibilização digital do Plano Municipal SINASE

2015 – 2023 AC

Responsáveis:

PMM- secretarias Realização de audiências pública.

2015

Eventos de divulgação de revisão e/ou complementação do Plano Municipal SINASE.

2015 – 2023 AC

3. Fomentar formação continuada com a rede socioassistencial e demais políticas públicas com vistas à sensibilização das ações e integração do atendimento.

Capacitação dos agentes das Políticas de Saúde, educação, Assistência Social, Esporte, Cultura, Segurança Pública e demais profissionais que atuam na rede de serviço, terceiro setor e ONGs no qual realizam atendimento aos adolescentes em cumprimento de MSE.

Realização de mini cursos, palestras, oficinas e seminários voltados à formação dos profissionais das diversas políticas públicas.

1º seminário do Sistema de Atendimento Socioeducativo – 1º semestre de 2015.

2015-2023

AC

Responsáveis:

SASC, CMDCA Articuladores: IES, NEDDIJ, NRE

Promover 02 formações por ano com os profissionais da rede de serviços e SGD.

2015-2023 AC

96

EIXO 3: PARTICIPAÇÃO E AUTONOMIA DO ADOLESCENTES (PROTAGONISMO JUVENIL)

Objetivo Ações Atividades Metas Prazo Responsáveis e

corresponsáveis.

1. Criar mecanismos de inserção com os adolescentes em cumprimento de MSE nos processos de elaboração de propostas, projetos e ações que envolvam a execução de medidas socioeducativas, seu monitoramento e avaliação.

Desenvolvimento do sentimento de pertencimento e participação no processo de elaboração de projetos, monitoramento e avaliação do Sistema Socioeducativo e dos Serviços de execução MSE.

Formulação de oficinas e atividades que abarquem debates sobre a importância da participação social, cidadania e protagonismo.

Promoção de 2 a 4 oficinas a cada semestre para elaboração de projetos, monitoramento e avaliação.

2015-2023 AC

Responsáveis

SASC, CRSE, CENSE, CMDCA

Articulação com os espaços midiáticos: em programas de rádios, TV e jornais onde os adolescentes possam divulgar suas ações, exercendo seu protagonismo.

Apresentação anual

2015-2023 AC

Responsáveis

Setor de comunicação da PMM, SASC, CRSE,

CENSE, CMDCA.

97

EIXO 4 : FORTALECIMENTO DO SISTEMA DE JUSTIÇA, SEGURANÇA PÚBLICA E GARANTIA DE DIREITOS

Objetivo Ações Atividades Metas Prazo Responsáveis/ Articuladores

1. Promover a integração e aproximação entre o Poder Judiciário (Vara da Infância e Juventude), Ministério Público, Centro de Socioeducação – CENSE e CREAS – medidas socioeducativas de LA e PSC e NEDDIJ

Reuniões periódicas com vistas a realização de estudo de casos, ações e intervenções frente a realidade vivenciada pelos adolescentes e seus familiares.

Reuniões, estudo de casos visando à integração das ações e intervenções, bem como a garantia Integral de direitos.

Realização de 01 (uma) reunião mensal

2015-2023 AC

Responsáveis: SASC, MP e

Judiciário, CENSE

Corresponsáveis CMDCA, NEEDIJ

2. Proporcionar integração e aproximação entre os poderes executivo, legislativo, judiciário e sociedade civil.

Realização de audiências pública, reuniões, debates sobre o Sistema de atendimento Socioeducativo e execução de MSE no Município de Maringá - PR

Conhecimento sobre o sistema de atendimento socioeducativo nos três poderes e na sociedade;

Realização de 01 (um) encontro anual

2015-2023 AC

Responsáveis: PMM/ SASC,

CMDCA, MP e Poder Judiciário

3. Pactuar o Plano SINASE com os Conselhos Municipais (CMDCA,COMAD, COMAS, entre outros).

Realização de agendas públicas e articulação com os conselhos municipais para implantação e implementação do Plano Decenal

Acompanhamento do processo de implantação, implementação, avaliação e monitoramento das ações do Plano Decenal de Atendimento Socioeducativo.

Realização de 01 (uma) ou mais reuniões com cada um dos conselhos.

2015-2023 AC

Responsáveis: PMM, SASC,

CMDCA, COMAS, COMAD e demais

Conselhos Municipais de

Direitos

4. Implantar política Criação da República para Inserção do custo no 1(uma)república para 2016 – Responsáveis:

98

pública de acolhimento para jovens.

adolescentes de 18 a 21 anos de idade.

orçamento municipal acolhimento de jovens de 18 a 21 anos de idade, implantada 2016 -2019.

dotação orçamentári

a

2016 a 2019 implantação da república

MDS, PMM – SASC,

Articuladores:

CENSE

99

EIXO 5: ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO

Objetivo Ações Atividades Metas Prazo Responsáveis

Corresponsáveis

1. Promover o Atendimento Integrado aos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas.

Articulação entre o sistema de Justiça, políticas públicas e intersetoriais visando o atendimento integral dos adolescentes e seus responsáveis, segundo a especificidade dos casos.

Definição do fluxo de atendimento e da rede de serviços, programas e projetos destinados aos adolescentes e seus respectivos responsáveis5

Articulação permanente da SASC com os demais órgãos do sistema em âmbito Municipal e Estadual.

Definição do protocolo de atendimento a adolescentes em cumprimento de MSE. Realização de reuniões periódicas com o Poder Judiciário, MP e equipe técnica para acompanhamento quanto ao cumprimento da

70% de alteração na trajetória de vida, evitando a reincidência e a aplicação da medida socioeducativa mais severa (internação)

5

Fluxo de atendimento: O fluxo possui dos aspectos interno e externos. Internos: Modo como o Programa dispõe e utiliza seu conjunto de procedimentos e recursos. Organização dos adolescentes dentro do Programa. Externo: Envolve instituições, equipamentos e programas do SGD. O trânsito e uso dos serviços públicos ou privados para encaminhar os adolescentes, estes devem ser monitorados e continuamente avaliados e repactuados.

100

medida MSE (análise dos processos e encaminhamentos)

Proporcionar atendimento interdisciplinar aos adolescentes em cumprimento de MSE de LA e PSC

Formação de equipe interdisciplinar efetiva e que atenda os parâmetros legais (SINASE – 2006) para a realização dos atendimentos (Equipe para a LA, PSC, Egresso e mediação de conflitos)

80% de ampliação da equipe 2015-2016

Responsáveis:

PMM/ SASC, CMDCA.

Corresponsáveis:

Poder Judiciário, MP

2. Implantar e capacitar os técnicos para o sistema de informação para infância e adolescente - SIPIA II

Informatização do sistema de Atendimento Socioeducativo

Capacitação permanente dos técnicos responsáveis pelo manuseio do sistema

100% dos técnicos capacitados.

2015-2023

Responsáveis:

PMM, Poder Judiciário, MP e Secretaria da Família de Desenvolvimento Social

3. Articular junto ao Executivo, Judiciário, entidades públicas e Ongs, a participação na execução da Medida socioeducativa de PSC.

Mobilização e sensibilização por meio de campanhas, reuniões e seminários visando a participação das instituições públicas e Ongs no acolhimento de adolescentes para a execução da MSE de PSC

Articulação entre executivo, judiciário e demais órgãos visando a execução da medida de PSC conforme os parâmetros legais a partir da inserção dos adolescentes nas instituições acolhedoras.

100% de Efetivação da medida de PSC conforme os parâmetros legais e convênios.

2014-2015

Responsáveis: PMM/SASC, CMDCA

Corresponsáveis: Poder Judiciário, MP, PMM,

SASC, CRSE, CMDCA e demais Conselhos de

Direitos

Formulação de parcerias com instituições públicas e

Preparar o adolescente para as atividades de

101

Ongs para execução da medida socioeducativa de PSC.

PSC, esclarecendo os objetivos e finalidades com relação ao cumprimento da MSE de PSC.

Formação continuada com os orientadores de PSC (05 orientador de cada unidade) a cada 06 meses tendo com o foco a execuções de medida socioeducativa, parâmetros legais e outras temáticas relevantes. Cadastramento das instituições e dos orientadores vinculados a medida de PSC.

Promover a inserção e participação social territorial.

Credenciamento das secretarias e orientadores segundo deliberações do ECA.

Promover formação continuada com as secretarias credencias e os orientadores a cada 06 meses.

Mapear a realidade territorial como condição necessária para estruturação do projeto político pedagógico do Programa de Execução de MSE.

4. Implementar

ações de

Adoção de práticas de mediação de conflito com a concordância dos envolvidos, visando a reparação de danos

Formação continuada com os atores envolvidos no processo de mediação de conflitos. Utilização das técnicas da

100% da equipe da formada.

2015-2016

Responsáveis: SASC, IES, CMDCA.

.

102

Mediações de Conflitos (art.35 SINASE)

causada pela prática do ato infracional.

Justiça Restaurativa

Preparar previamente as partes, objetivando o estabelecimento de diálogos, celebração de acordos.

5. Promover ações visando a inserção social e comunitária, bem como ações preventivas e protetivas segundo a premissa do SINASE e ECA.

inserção de adolescentes em cumprimento de MSE (e seus familiares) em oficinas, programas e projetos executados pelo CREAS - socioeducativo visando a redução de reincidência na prática de atos infracionais, bem como na prevenção na prática de atos ilícitos.

Promover oficinas, programas e projetos em parceria com as demais políticas públicas, condizentes com a realidade dos adolescentes em conflito com a lei, adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade social buscando ações de âmbito preventivo no que se refere a prática e a reincidência de atos infracionais.

100% de inserção social e comunitária dos adolescentes em cumprimento de MSE.

2015-2023 AC

Responsáveis: PMM.

Corresponsáveis Secretarias Municipais e Conselhos de Direitos.

6. Garantir a valorização do profissional da socioeducação

Promoção da valorização dos profissionais da socioeducação no âmbito de criação de melhores condições de trabalho, formação continuada e remuneração.

Realização de formação continuada para os agentes da socioeducação.

2015-2023 AC

Responsáveis

PMM/ Estado do Paraná

Promoção de melhores

103

condições de trabalho no que se referem a espaço físico, recursos humanos, equipamentos e destinação de recursos para fomentar oficinas, programas e projetos.

100% de cumprimento das condições de trabalho de acordo com a legislação vigente.

Melhores condições de trabalho e remuneração diante ao fato do exposto a situação de riscos e periculosidade (conforme Decreto-Lei nº 5.452de 1943 CLT, artigo 193, II e § 1º)6

7. Garantir o

acesso à

Promoção de ações, programas e projetos que visem o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

Atendimento as famílias dos adolescentes em cumprimento de MSE e egressos.

1º período 2015: 20% de acesso à convivência familiar e comunitária. 2º período – 2016-2019: 70% de acesso à convivência familiar e comunitária.

2015-2023 AC

Responsáveis: PMM. SASC.

Articuladores:

MP, Poder Judiciário, Secretarias Municipais e

CMDCA

6 O Decreto lei Nº 5.452 de Maio de 1943 (redação dada pela Lei 12.740 de 2012), artigo 193, rege que: São consideradas atividades ou operações perigosas,

Na forma da regulamentação aprovada pelo MP do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador:

II – Roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. § 1º O trabalho em condições de periculosidade assegura ao emprego um adicional de 30% sobre o salário sem acréscimos resultantes de gratificações,

prêmios, ou participações nos lucros da empresa.

104

convivência familiar e comunitária dos adolescentes em cumprimento de MSE

3º período 2020-2023: 100% de acesso à convivência familiar e comunitária.

Articulação dos serviços MSE e PAEFI.

Reuniões entre os serviços.

100% da referência e contra referência. 100% de famílias acompanhadas.

Responsáveis:

CRSE, CREAS PAEFI I e II

105

EIXO 6. FORTALECIMENTO E ARTICULAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS (Assistência Social, Educação, Saúde, Esporte, Cultura, Lazer, Profissionalização)

Objetivo Ações Atividades Metas Prazo Articuladores/ Responsáveis

1. Desenvolver capacitação e oficinas com a comunidade escolar sobre as técnicas de mediação de conflitos

Realização de formação continuada com os profissionais de educação na premissa de mediação de conflitos.

Fomento de ações de mediação de conflito segundo orientações da Lei 12.594\2012 – SINASE

1.1º Período – 2015:

formação continuada de 20% dos profissionais da rede de educação municipal e estadual. 2º período 2016/2019:

formação continuada com 58% dos atores da rede de educação da rede municipal e estadual. 3º período 2020-2023: formação continuada com 100% dos atores da rede de educação da rede municipal e estadual.

2015-2023 AC

Responsáveis: PMM / SASC

Promoção de práticas de mediação de conflito e prática restaurativas no ambiente escolar

Ações de mediação de conflito segundo orientações da Lei 12.594\2012 – SINASE

2. Garantir a inclusão e a permanência dos (as) adolescentes na rede formal de ensino (âmbito Estadual)

Realização da alteração do regimento interno das escolas estaduais.

Implementação da proposta sociopedagógica, para mediação de conflitos.

1º período 2015: 20% dos adolescentes inseridos no projeto sociopedagógico. 2º período – 2016-2019: dos adolescentes inseridos

2015 – 2023

Responsáveis: NRE

Promoção de práticas

106

sociopedagógicas no âmbito da educação estadual com vistas a ações voltadas a indisciplina.

no projeto sociopedagógico 3º período 2020-2023:100% dos adolescentes inseridos no projeto sociopedagógico.

Proporcionar a inclusão dos adolescentes e jovens em cumprimento de MSE e egressos no mercado formal de trabalho e cursos de qualificação profissional visando sua inclusão no mercado de trabalho.

Consolidação de parcerias com SENAI, SENAC, programa adolescente aprendiz e demais instituições visando o cumprimento da Lei 8.069/ 90 artigo 69.

Destinação de atendimento preferencial a partir de destinação de cotas de cursos profissionalizante e vagas no mercado de trabalho para os adolescentes em cumprimento de MSE, haja vista que sua inclusão em programas de empreso e cursos profissionalizantes geralmente não ocorrem devido aos critérios que não abarcam a realidade dos adolescentes.

1º período 2015 - 20% dos adolescentes inseridos na aprendizagem ou jovens no mundo do trabalho. 2º período 2016-2019: 70% dos adolescentes inseridos na aprendizagem ou jovens no mundo do trabalho. 3º período 2020-2023: 100% dos adolescentes inseridos na aprendizagem ou jovens no mundo do trabalho.

2015 - 2023

Responsáveis: MP: Promotoria do Trabalho e Infância e Juventude, Poder Judiciário, SASC,

CMDCA

Prioridade de inclusão dos adolescentes em cumprimento de MSE nos Programa Projovem e nos programas de geração de renda.

Formulação de Parceria com agências de Emprego da rede pública e privadas visando o encaminhamento dos adolescentes e jovens em cumprimento de MSE no mercado de trabalho.

4. Universalizar o acesso à cultura.

Fomentar ações, Programas e Projetos que visem a inclusão dos adolescentes

Criação do Projeto conhecendo e cuidando da minha cidade,

1º período 2015: 30% dos adolescentes inseridos nos programas e

2015 – 2023 AC

Responsáveis: Cultura, SASC

107

nos espaços públicos destinados ao Cultura.

despertando assim o sentimento de presença.

projetos. 2º período – 2016-2019: 70% dos adolescentes inseridos nos programas e projetos. 3º período 2020-2023: 100% dos adolescentes inseridos nos programas e projetos.

Oficinas de Cinema “ assistindo e refletindo” com filmes que tragam o debate a cidadania, relações sociais e familiares resolução de conflitos, afetividade, protagonismo, entre outros temas relevantes.

Promoção de atividades artísticas segundo a realidade dos adolescentes

5. Promover a massificação do esporte e da atividade física entre a população adolescente da cidade de Maringá.

Disponibilização de opções de atividades de lazer, esportes e atividades físicas.

Realização de Campeonatos e oficinas esportivas.

100% dos adolescentes inseridos nos programas e projetos.

2015 – 2023 AC

Responsáveis: Secretaria de

Esporte

6. Universalização da Política de saúde, em destaque a saúde mental.

Adolescentes que estejam em cumprimento de MSE, que tenham o direito à saúde de qualidade, em todos os pontos de atenção da rede pública de saúde do

Conhecimento e cumprimento de protocolo de atendimento

100% de cobertura do Direito a Saúde

AC Responsáveis: Secretaria de

Saúde

108

Município.

Atendimento garantido aos adolescentes em cumprimento de MSE de internação e Internação provisória, conforme deliberado pelo Plano Operativo de Atenção Integral à saúde dos adolescentes em conflito com a lei, em regime de Internação e Internação Provisória (POE).

Manutenção da atuação da equipe de saúde de referência.

100% de cobertura.

Inclusão com prioridade dos adolescentes em cumprimento de MSE nos atendimentos do CAPS i e CAPS AD

Agenda com prioridade, com base no diagnóstico de risco.

100% de cobertura.

Acolhimento e acompanhamento dos adolescentes e suas famílias para o cumprimento dos princípios e diretrizes do SUS, garantindo a integralidade da assistência.

100% de cobertura.

Desenvolvimento das ações integradas entre os Conselhos Municipais ( CMDCA, COMAS, COMAD, CMS) para implementação e manutenção das estratégias

Articulação com a rede e conselhos.

100% de cobertura.

109

de integração da rede de atendimento ao adolescente em MSE.

7. Incluir os adolescentes em uso e abuso de SPA em comunidades terapêuticas públicas e privadas.

Criação de convênios com comunidades terapêuticas;

Formação de parcerias por parte do Município com Comunidades terapêuticas

100% de atendimento AC

Responsáveis:

SASC/Diretoria Sobre Drogas

Articulação com as Comunidades terapêuticas já credencias e parceiras do Município

Agilidade no processo de inserção do adolescente no tratamento de drogadição

Criação do Protocolo de atendimento

Promoção de vagas de caráter emergencial nas comunidades terapêuticas;

Fortalecimento e articulação da Secretaria de Políticas de Drogas junto as unidades que executam os programas de MSE.

Ações, intervenções, elaboração de Programas e Projetos que visem a Redução de Danos conforme delibera a Lei 11.343 de 2003.

Criação de uma equipe técnica (Redutores de Danos) para a realização de busca ativa, atendimento e encaminhamento

Atendimento aos adolescentes usuários de SPA, respeitando suas individualidades e escolhas, assegurando seu Direito à saúde e cidadania segundo

2015-2016

Poder Judiciário, MP, PMM,

Secretaria de saúde e demais

secretarias municipais,

110

segundo Diretrizes da lei 11.343 de 2003 e seguindo os parâmetros da Redução de Danos

a premissa da Política de Redução de Danos

CMDCA, COMAD e demais Conselhos

de Direitos.

8. Oferecer Formação para equipe de Guarda Municipal (GM).

Curso formação básica segundo a SENASP e ESFAEP- Segunda Escola de Formação, Aperfeiçoamento e Especialização de Praças. (promoção de formação com carga horária de 576 horas).

curso do SENASP para os agentes da GM

100% dos agentes da GM formados.

2015

Responsáveis:

Secretaria Estadual de Segurança

Pública, PMM/SETRANS/G

M.

Realização de palestras com temáticas voltadas para área de segurança pública, drogadição, violência.

Conjunto de palestras para o público adolescente.

1º período 2015 : 20% das escolas do Município 2º período – 2016-2019 30% das escolas do Município 3º período – 2020-2023 100% das escolas do Município

2015 2023 AC

Responsáveis:

SASC, CMDCA, GM.

Corresponsáveis Poder Judiciário,

MP, e demais secretarias.

Implantação de banco dados/ sistema informação de B.O visando diagnóstico da situação (mapa da violência).

Realização de filtro para identificação dos adolescentes em conflito com a lei.

1º período 2015 : 20% de implantação do sistema de informação. E realização do mapa da violência. 2º período – 2016-2019: 50% de implantação do

2015 – 2023 AC

Responsáveis

PMM SETRANS/GM

CTI.

111

sistema de informação. 3º período 2020-2023: 100% de implantação do sistema de informação.

112

12. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

O processo de monitoramento e avaliação consiste nos itens necessários para a

verificação do cumprimento das metas, dividido em:

• Indicadores de resultado: apresenta a forma estabelecida para medir o cumprimento da

meta.

• Prazo: tempo em que será verificado o cumprimento da meta, fixado conforme o prazo

de execução.

Responsável: ente responsável pela coordenação e articulação da ação estabelecida.

Corresponsáveis: demais entes que terão, em maior ou menor grau, responsabilidade na

execução da ação proposta.

Eixos/Diretrizes Nacionais: refere-se à correspondência da ação proposta em cada eixo

do Plano Decenal do SINASE.

113

13. REFERÊNCIAS

AGLIARDI, Delcio Antônio. História de Vida de Adolescentes com Privação de Liberdade:como narram a si mesmo e aos outros. 2207, 88pg. Dissertação de

pós graduação em educação para obtenção de título de mestre- Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande Sul, Porto Alegre, 2007. Disponível l em http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/13742/000617685.pdf.

ARÍES, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2º edição. Rio de janeiro: zahar editores, 1981.

ARPINI, Dorian Mônica. Violência e Exclusão: Adolescentes em grupos populares. São Paulo: EDUSC, 2003.

BESSA, Ana Carla Coelho. Justiça Restaurativa e mediação de conflitos para adolescentes em conflito com a lei. Dissertação ao programa de pós graduação

em Direito constitucional para a obtenção de título de Mestre – Universidade de Fortaleza. 2008.

BOCCA, M.C. Adolescente em conflito com a lei: um estudo sobre a produção dos sentidos. Dissertação em mestrado em psicologia, PUCRS, Porto alegre, 2002.

BRASIL. Lei Federal nº 8.069, de 13 de Julho de 1990. Estatuto da Criança e do

Adolescente, Brasília, DF.

BRASIL. Lei Federal, de 05 de outubro de 1988. Constituição da República.

BRASIL. Lei n° 6.697, de 10 de outubro de 1979. Código de Menores.

BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Direitos Humanos – SDH. Plano

Nacional de Atendimento Socioeducativo: Diretrizes e Eixos Operativos para o

SINASE. Brasília 2013.

BRITO, Ana Aparecida; Gonçalves Marcia Aparecida. Limites e possibilidades da medida socioeducativa em estabelecimento de internação. UNIPAR 2009.

CASTRO, A. L de S; GUARESCHIP. A. Adolescente Autores de Atos

114

Infracionais: processo de exclusão e as formas de subjetivação, http://www.fafich.ufmg.br/rpp/seer/ojs/viewarticle.php?id=28&layout=html.

CERQUEIRA, Daniel; LOBÃO, Waldir. Determinantes da Criminalidade: uma resenha de modelos históricos e resultados empíricos. http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=4186.

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