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1 RELATÓRIO SÍNTESE DIAGNÓSTICO DO PLANO DIRETOR DE CONTROLE E ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO GUAÍBA 1. INTRODUÇÃO O Programa para o Desenvolvimento Racional, Recuperação e Gerenciamento Ambiental da Bacia Hidrográfica do Guaíba visa criar as condições necessárias ao desenvolvimento racional dos recursos naturais, recuperação da qualidade ambiental nas áreas urbanas e rurais, bem como o manejo ambiental sustentado da produção agrícola, pecuária, florestal e industrial. O Programa foi criado pelo Decreto n o 33.360, de 27/11/89, modificado posteriormente pelos decretos n os 34.047/91, 35.003/93 e pelo decreto 36.127 de 15/08/95. O Pró-Guaíba é um programa inter-institucional, coordenado pela Secretaria da Coordenação e Planejamento (SCP) do Estado, responsável ainda pelo planejamento, avaliação e supervisão do Programa. A estrutura orgânica do Pró-Guaíba é composta pelo Conselho Deliberativo, Conselho Consultivo, Secretaria Executiva e pelas coordenadorias dos sub-programas. O Fundo Pró-Guaíba é o mecanismo institucional de apoio financeiro ao Programa, criado pela lei n 0 9893, de 02/06/93, regulamentado pelo Decreto n 0 35004, de 08/12/93 e alterado pelo Decreto n 0 365127 de 15/08/95. A administração do Fundo Pró-Guaíba, definida pela Lei n 0 9978, de 08/11/93 é exercida pelos Conselhos Deliberativo e Consultivo do Programa. A montagem do programa Pró-Guaíba teve início em 1989, porém, antes mesmo da sua concepção uma série de estudos e projetos vinham sendo desenvolvidos no âmbito da Bacia com vistas ao diagnóstico e equacionamento dos seus problemas ambientais. A intensa atividade econômica característica desta região determinou uma pressão de ocupação do solo e demandas expressivas sobre os seus recursos naturais. A bacia hidrográfica do Guaíba possui uma área de 84.763,56 Km 2 o que corresponde a 30% da área do Estado ( 280.476 Km 2 ) , abrangendo 251 municípios dos quais 13 foram criados em 1996 e ainda não estão constituídos uma vez que dependem da realização de eleições. A população da Bacia está estimada em 5.867.761 habitantes com base na contagem realizada pelo IBGE em 1996, o que corresponde a cerca de 56% da população total do Rio Grande do Sul. Este fato, decorrente da importância econômica da região, condicionou significativamente a montagem do Programa. Os dados básicos referentes a demografia da bacia são apresentados no Anexo 3 que contém o levantamento sócio-econômico , componente da etapa de diagnóstico do presente Plano Diretor. A bacia contém ainda, as duas regiões com características de conurbações urbanas existentes no Estado, a Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA e o Aglomerado Urbano do Nordeste - AUN. Nestas duas regiões concentra-se a maior parte da população urbana e da atividade econômica do Estado. A partir da consolidação do Sistema Estadual de Recursos Hídricos em 1994, o Conselho de Recursos Hídricos (CRH), propôs a divisão do Estado em 3 regiões

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RELATÓRIO SÍNTESEDIAGNÓSTICO DO PLANO DIRETOR DE CONTROLE E ADMINISTRAÇÃO

AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO GUAÍBA

1. INTRODUÇÃOO Programa para o Desenvolvimento Racional, Recuperação e Gerenciamento

Ambiental da Bacia Hidrográfica do Guaíba visa criar as condições necessárias aodesenvolvimento racional dos recursos naturais, recuperação da qualidade ambiental nasáreas urbanas e rurais, bem como o manejo ambiental sustentado da produção agrícola,pecuária, florestal e industrial.

O Programa foi criado pelo Decreto no 33.360, de 27/11/89, modificadoposteriormente pelos decretos nos 34.047/91, 35.003/93 e pelo decreto 36.127 de 15/08/95.

O Pró-Guaíba é um programa inter-institucional, coordenado pela Secretaria daCoordenação e Planejamento (SCP) do Estado, responsável ainda pelo planejamento,avaliação e supervisão do Programa. A estrutura orgânica do Pró-Guaíba é composta peloConselho Deliberativo, Conselho Consultivo, Secretaria Executiva e pelas coordenadoriasdos sub-programas.

O Fundo Pró-Guaíba é o mecanismo institucional de apoio financeiro ao Programa,criado pela lei n0 9893, de 02/06/93, regulamentado pelo Decreto n0 35004, de 08/12/93 ealterado pelo Decreto n0 365127 de 15/08/95. A administração do Fundo Pró-Guaíba,definida pela Lei n0 9978, de 08/11/93 é exercida pelos Conselhos Deliberativo e Consultivodo Programa.

A montagem do programa Pró-Guaíba teve início em 1989, porém, antes mesmo dasua concepção uma série de estudos e projetos vinham sendo desenvolvidos no âmbito daBacia com vistas ao diagnóstico e equacionamento dos seus problemas ambientais.

A intensa atividade econômica característica desta região determinou uma pressãode ocupação do solo e demandas expressivas sobre os seus recursos naturais.

A bacia hidrográfica do Guaíba possui uma área de 84.763,56 Km2 o quecorresponde a 30% da área do Estado ( 280.476 Km2 ) , abrangendo 251 municípios dosquais 13 foram criados em 1996 e ainda não estão constituídos uma vez quedependem da realização de eleições. A população da Bacia está estimada em5.867.761 habitantes com base na contagem realizada pelo IBGE em 1996, o quecorresponde a cerca de 56% da população total do Rio Grande do Sul. Este fato, decorrenteda importância econômica da região, condicionou significativamente a montagem doPrograma.

Os dados básicos referentes a demografia da bacia são apresentados no Anexo 3que contém o levantamento sócio-econômico , componente da etapa de diagnóstico dopresente Plano Diretor.

A bacia contém ainda, as duas regiões com características de conurbações urbanasexistentes no Estado, a Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA e o AglomeradoUrbano do Nordeste - AUN. Nestas duas regiões concentra-se a maior parte da populaçãourbana e da atividade econômica do Estado.

A partir da consolidação do Sistema Estadual de Recursos Hídricos em 1994, oConselho de Recursos Hídricos (CRH), propôs a divisão do Estado em 3 regiões

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hidrográficas compostas pelas respectivas bacias. A Região Hidrográfica do Guaíba foidividida em 8 sub-bacias cujas características básicas são apresentadas no Quadro1.1

Quadro 1.1Características das Sub-Bacias do Guaíba

BACIA ÁREA* ( Km2 )POPULAÇÃO**

(hab)DENSIDADE

APROX.( hab/Km2)

GRAVATAÍ 2.094,94 932.277 445,01SINOS 3.716,91 1.181.997 318,00CAÍ 5.020,15 489.686 97,54TAQUARÍ - ANTAS 26.356,44 1.010.943 38,36ALTO JACUÍ 15.960,97 398.645 24,97VACACAÍ 11.118,12 332.582 29,91PARDO - BAIXO JACUÍ 18.172,35 416.723 22,93GUAÍBA 2.323,66 1.104.908 475,50TOTAL 84763,54 5.867.761 69,23

Fonte: * sub-programa “Sistema de Geoinformações” ,1997 - ECOPLAN** contagem populacional -IBGE 1996; com distribuição estimada a partir de distribuição proporcional a área dos municípios.

O Plano Diretor em questão, adotou a divisão proposta pelo CRH, de forma afavorecer a integração entre os sistemas estaduais de recursos hídricos e meio ambiente econsolidar as bases de planejamento do próprio programa, uma vez que durante aexecução do módulo I identificou-se a necessidade do estabelecimento destes vínculos. Aseventuais diferenças constatadas entre as características regionais descritas nosdocumentos componentes do módulo I e as aqui adotadas deve-se fundamentalmente aoesforço de incorporação dos primeiros resultados do sub programa de Estruturação eFortalecimento da Base Legal e Institucional e à introdução de novos elementos advindosdas mudanças setoriais decorrentes da dinâmica do setor público, produto de reformulaçõesocorridas nos últimos 8 anos.

O Pró-Guaíba foi concebido em módulos, considerando um universo de 16 anosdistribuído em 4 módulos de 4 anos cada. O Módulo I foi montado a partir de estudos eprojetos previamente existentes, que determinaram a execução de ações de caráterestratégico, representadas por componentes identificados com o planejamento e reforçoinstitucional das entidades executoras do Programa e por ações de caráter estruturalidentificadas por obras e programas de recuperação ambiental.

O Módulo I do Programa foi montado e estruturado em seis sub programas,conforme segue:

Subprograma 1:ESTRUTURAÇÃO E FORTALECIMENTO DA BASE LEGAL E INSTITUCIONAL DO

PROGRAMA.Coordenado diretamente pela Secretaria da Coordenação e Planejamento (SCP),

este subprograma abrange a execução de ações de desenvolvimento institucional eaperfeiçoamento da estrutura de planejamento do programa. Este subprograma contemplao conjunto de ações necessárias à operacionalização dos componentes do programa Pró-Guaíba. Para tanto, foram previstos três projetos:

- Sistema de Geoinformações, executado pela SCP com participação de todos osdemais executores do Programa;

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- Treinamento de Recursos Humanos, executado pela Fundação deDesenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH) do Estado, e com abrangência sobretodas as entidades co- executoras do Programa;

- Plano de Comunicação, executado pela SCP, com repercussão e participação dosdemais organismos executores do Programa.

Subprograma 2:DIAGNÓSTICO, ESTRATÉGIA DE MANEJO E SISTEMA DE MONITORAMENTOCoordenado diretamente pela Secretaria da Coordenação e Planejamento (SCP),

este subprograma visa o aperfeiçoamento dos instrumentos de planejamento necessários àexecução do programa, como é o caso do presente Plano Diretor. Este subprograma écomposto por três projetos, conforme segue:

- Plano Diretor de Controle e Administração Ambiental da Bacia; executado pelaSecretaria da Coordenação e Planejamento;

- Plano Diretor de Resíduos Sólidos para a Região Metropolitana de Porto Alegre,executado pela Fundação Metropolitana de Planejamento (Metroplan);

- Rede de Monitoramento Ambiental, coordenado pela Fundação Estadual deProteção Ambiental (FEPAM), com participação da Companhia Riograndense deSaneamento (CORSAN) e do Departamento Municipal de Água e Esgoto de Porto Alegre(DMAE);

Subprograma 3PREVENÇÃO E CONTROLE DA POLUIÇÃO INDUSTRIAL E DOMÉSTICACoordenado pela FEPAM este subprograma abrange as ações de intervenção

estrutural na Região, como é o caso das obras de implantação dos sistemas de esgotossanitários. Esse subprograma é composto por quatro projetos a saber:

- Plano de Ações para Controle da Poluição Industrial da Bacia do Guaíba,executado pela FEPAM;

- Coleta e Tratamento de Esgotos Domésticos em Cachoeirinha e Gravataí,executado pela CORSAN;

- Coleta e Tratamento de Esgotos Domésticos em Porto Alegre, executado peloDMAE;

- Sistema de Resíduos Sólidos em Porto Alegre; executado pelo DepartamentoMunicipal de Limpeza Urbana de Porto Alegre (DMLU)

Subprograma 4MANEJO DE RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEISCoordenado pela EMATER este subprograma abrange as ações de intervenção na

área rural da bacia, contemplando o apoio aos agricultores no que diz respeito ao controleda contaminação por agrotóxicos e outros agroquímicos, através do manejo integrado emmicro bacias. Esse subprograma é composto por um único projeto, a saber:

- Sistema de Manejo e Controle da Contaminação por Agrotóxicos, este projetoexecutado pela Associação Riograndense de Emprendimentos de Assistência Técnica eExtensão Rural (EMATER) é integrado por componentes de Extensão Rural, Obras eEquipamentos de Controle da Contaminação, Obras de Conservação do Solo eReflorestamento Ambiental.

Subprograma 5

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UNIDADES DE CONSERVAÇÃO - PARQUES E RESERVAS NATURAISCoordenado pela Fundação Zoobotânica (FZB) este subprograma possui dois

projetos:- Estudo para Consolidação do Sistema de Parques e Reservas, executado pela FZB

este projeto objetiva a indicação e implantação de novas áreas de proteção na Baciaprevendo para tanto o mapeamento e diagnóstico das zonas úmidas, a indicação eimplantação de novas áreas de proteção e a preservação de sítios paleontológicos devertebrados na Região Hidrográfica do Guaíba.

- Sistema de Parques e Reservas Naturais, executado pela FZB esse projetoobjetiva a consolidação das Unidades de Conservação (UC) existentes, o diagnóstico dasnecessidades e possibilidades de ampliação das UC existentes na região Hidrográfica doGuaíba.

Subprograma 6EDUCAÇÃO AMBIENTALCoordenado pela Secretaria da Educação do Estado (SEC) este subprograma é

composto por um único Projeto:- Promoção e Educação Ambiental, executado pela SEC, com o objetivo de

implantar e desenvolver programas de educação ambiental com vistas à conscientização dapopulação quanto ao seu meio ambiente, oportunizando mudanças de comportamento e,em conseqüência, uma melhor qualidade de vida.

Estes subprogramas deram origem ao Quadro de Usos e Fontes do Módulo I ,através do qual é possível a identificação da distribuição dos recursos empregados nestaprimeira etapa do Programa.

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QUADRO n0 1.2 - USOS E FONTES do MÓDULO ICOMPONENTES DO

PROGRAMA% SOBREO TOTAL

RECURSOSFINANCIADOS

% RECURSOS DECONTRAPARTIDA

% TOTAL

1. ENGENHARIA EADMINISTRAÇÃO

1,0 - - 2.208 100 2.208

2. CUSTOS DIRETOS 54,9 100.347 82,8 20.861 17,2 121.2082.1 ESGOTOS 35,7 74.706 95,0 3.947 5,0 78.6532.2 RESÍDUOS

SÓLIDOS0,8 1.399 70,8 576 29,2 1.975

2.3 UNIDADES DECONSERVAÇÃO

5,6 6.600 53,5 5.728 46,5 12.328

2.4 MANEJO DE SOLOSE CONTAMINAÇÃO

AGRÍCOLA

12,8 17.642 62,4 10.610 37,6 28.252

3. CUSTOSCONCORRENTES

22,0 5.141 10,6 43.464 89,4 48.605

3.1 CONTROLE DACONTAMINAÇÃO

INDUSTRIAL

3,2 1.165 16,5 5.895 83,5 7.060

3.2 REDE DEMONITORAMENTO

4,5 2.053 20,8 7.799 79,2 9.852

3.3 SISTEMA DEGEOINFORMAÇÕES

3,1 1.923 27,8 5.004 72,2 6.927

3.4 TREINAMENTO DERECURSOS HUMANOS

0,6 - - 1.335 100 1.335

3.5 PLANO DECOMUNICAÇÃO SOCIAL

0,8 - - 1.691 100 1.691

3.6 EDUCAÇÃOAMBIENTAL

1,1 - - 2.417 100 2.417

3.7 PLANO DIRETOR 3,2 - - 7.125 100 7.1253.8 ESTUDOS DE

NOVAS UNIDADES DECONSERVAÇÃO

0,7 - - 1.537 100 1.537

3.9 PLANO DIRETOR DERESÍDUOS SÓLIDOS

0,2 - - 510 100 510

3.10 AQUISIÇÃO DETERRENOS

4,5 - - 9.951 100 9.951

3.11REASSENTAMENTO DE

FAMÍLIAS

0,1 - - 200 100 200

4. CUSTOS EVENTUAIS 13,3 25.489 86,8 3.888 13,2 29.3774.1 IMPREVISTOS 5,6 10.601 85,2 1.848 14,8 12.449

4.2 ESCALONAMENTODE CUSTOS

7,7 14.888 87,9 2.040 12,1 16.928

5. CUSTOSFINANCEIROS

8,8 1.323 6,9 17.779 93,1 19.102

5.1 JUROS 7,3 - - 16.054 100 16.0545.2 COMISSÃO DE

CRÉDITO0,8 - - 1.725 100 1.725

5.3 F.I.V. 0,7 1.323 100 - - 1.323TOTAL 100 132.300 60 88.200 40 220.500

Durante a montagem do Módulo I do Programa Pró-Guaíba foi proposta a existênciade uma estratégia de manejo integrado para a bacia do Guaíba, contextualizada noconsenso das diversas instituições participantes do Programa. Este arranjo visava aexistência de um modelo integrado, metodologicamente concebido, de forma a harmonizar

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as ações institucionais dirigidas a apoiar o uso produtivo dos recursos naturais, a proteçãoambiental e o gerenciamento dos planos de manejo.

Neste contexto foi concebido o componente do Plano Diretor de Controle eAdministração Ambiental da Bacia Hidrográfica do Guaíba com o objetivo inicial de formulare executar a estratégia de manejo e acompanhamento da mesma, com base nosdiagnósticos setoriais produzidos para o Programa. Como se verá, houve um realinhamentodeste objetivo original.

A execução do Plano Diretor foi inicialmente planejada a partir da participação deuma empresa de consultoria, a ser especialmente contratada para este fim. Entretanto, poriniciativa da Secretaria Executiva do Programa, contando com o aval do ConselhoDeliberativo do Programa, a sua execução foi delegada a uma equipe técnica coordenadapelo Secretário Executivo do Conselho de Recursos Hídricos do Estado, e composta aindapor um representante da METROPLAN, da FEPAM, das Organizações não Governamentais(ONG) de atuação na área da bacia e da Consultora contratada para o gerenciamento eapoio técnico ao programa. Esta equipe de coordenação do plano recebeu ainda o apoiotécnico da CORSAN, FEPAM e de Consultores Autônomos com vistas a execução dostrabalhos.

O novo arranjo institucional proposto para a elaboração do plano teve comofundamento conceitual a necessidade de incorporação mais efetiva da variável políticarepresentada pela participação da comunidade, o que por sua vez influenciou decisivamentea metodologia proposta para a elaboração do Plano Diretor.

Pelas razões antes expostas e considerando a necessidade de definição doscomponentes do Módulo II até o mês de setembro de 1997, foi apresentado e aprovadopelo Conselho Deliberativo do Programa Pró-Guaíba uma proposta de trabalho capaz decontemplar os prazos pré-estabelecidos e as exigências de melhorias da base deinformação que subsídia o Programa. Esta proposta pode ser resumida da seguinte forma:

- Objetivos• implantação de um processo de planejamento contínuo e integrado que permita o

manejo racional dos recursos naturais;• garantia da participação das comunidades na tomada de decisões;• obtenção de uma proposta consistente de ações dirigidas a apoiar o uso

sustentável dos recursos, proteção ambiental e controle da contaminação;• seleção de projetos para o Módulo II;• elaboração de proposta de organização institucional e legal do setor público para

o gerenciamento ambiental da bacia.

- Organização institucional

• Comitê Técnico• Secretaria Executiva• Coordenadoria Técnica• METROPLAN• FDRH• Gerenciadora• Co-participantes

- Etapas

• diagnóstico

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• seminários regionais• formulação de estratégias e do conjunto de ações• priorização das estratégias e do conjunto de ações• identificação dos projetos• conclusão do plano diretor

O estabelecimento das novas diretrizes para elaboração do Plano Diretordeterminaram a necessidade de compatibilização das premissas técnicas de etapas como odiagnóstico, os estudos de viabilidade técnica e econômica e a execução dos projetos deengenharia com o processo político administrativo que decorre da participação das diversasentidades e da própria população envolvidas com o Programa.

O plano de trabalho proposto pela Coordenadoria Técnica do Plano Diretor e aceitopelo Conselho Deliberativo refletiu esta preocupação, na medida em que intercala estágiosde desenvolvimento técnico com decisões politicas.

Entretanto, a articulação entre as instâncias de decisão política e a equipe técnicaficou facilitada pela montagem da Coordenadoria Técnica, uma vez que nesta instância severifica a presença de representantes dos organismos executores, da iniciativa privada e daprópria comunidade da bacia representada pelas ONGs.

O resultado deste trabalho é apresentado em dois volumes contendo a síntese dosestudos desenvolvidos, o primeiro deles com a descrição das diversas etapas do PlanoDiretor, a metodologia adotada e os resultados obtidos. O segundo volume contém osmapas com as informações básicas da área de planejamento e os mapas temáticosresultantes da etapa de diagnóstico do Plano. A estes dois volumes foram agregados naforma de Anexos, a íntegra dos estudos temáticos desenvolvidos para a consolidação doPlano Diretor.

2. METODOLOGIAA Coordenadoria Técnica (CT) do Plano Diretor, além da característica já referida,

da sua inter-institucionalidade, foi composta por técnicos com experiência em planejamentoe na gestão de recursos naturais, possuindo facilidade de transito entre as instituiçõespúblicas e privadas que compõem o Pró-Guaíba.

Este fator associado a sua incorporação natural ao corpo técnico do Programa Pró-Guaíba foi de fundamental importância na agilização dos trabalhos desenvolvidos, além dopapel fundamental da Secretaria Executiva do Programa e de seu Conselho Deliberativo.

Uma vez definida a composição da Coordenadoria, teve início a etapa deplanejamento da execução do Plano Diretor, nos moldes definidos pelo ConselhoDeliberativo do Programa Pró-Guaíba.

Inicialmente, a equipe da CT optou pelo aporte de mais alguns técnicos comformações ou experiência profissional capazes de contribuir ao processo de discussão eformatação básica da metodologia a ser adotada. Este aporte ocorreu a partir do aporte detécnicos das instituições componentes do Módulo I, especialmente a CORSAN e a FEPAM,e da contratação de alguns consultores pela Gerenciadora do Programa.

A partir da montagem do Grupo de Trabalho e através de um processo exaustivo dediscussões das expectativas e necessidades fundamentais do trabalho, procedeu-se adefinição do escopo básico da metodologia a ser adotada.

Em conformidade com as diretrizes emanadas do Conselho Deliberativo optou-sepela produção do diagnóstico a partir de trabalhos setoriais passíveis de serem executados

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de forma simultânea, com a coordenação do grupo de trabalho e seu profundo envolvimentonas etapas fundamentais da sua concepção, qual seja:

- definição dos termos de referências para a elaboração dos trabalhos;- acompanhamento do seu desenvolvimento;- aprovação e incorporação dos seus resultados.A fase de execução do Diagnóstico teve como etapa final a sua validação junto à

comunidade da Região Hidrográfica, através de um Seminário realizado na AssembléiaLegislativa do Rio Grande do Sul. O processo consistiu na apresentação do Diagnóstico eem reuniões de trabalho, em salas reservadas a cada bacia hidrográfica, onde foramformuladas críticas e sugestões de complementação dos trabalhos. A descrição e asinformações básicas deste processo são apresentadas no Anexo 18.

Após o Seminário passou-se à assimilação dos resultados e a complementação dostrabalhos nos termos resultantes do processo de validação do Diagnóstico. Esta etapa foiexecutada pela participação efetiva do Grupo de Trabalho em nova série de discussões eavaliações dos resultados obtidos nas etapas anteriores. Como resultado dessa etapa foramincorporados novos temas ao diagnóstico onde destacam-se o Diagnóstico das Captações (Anexo 15) e a elaboração de um índice de Qualidade – IQA (Anexo 16).

Concluído o diagnóstico foi editado em 6 volumes com um sub título de VersãoPreliminar e entregue à Secretaria Executiva para avaliação e apresentação ao Conselho.Iniciou-se, o processo de discussão das etapas seguintes, de formulação e priorização dasestratégias. Estas etapas, inicialmente previstas como estanques e subsequentes passarama se constituir em um processo de decisão extremamente participativo e retroalimentadopela alternância de processos de consulta realizados com diferentes atores e pelo processosubsequente de tradução e incorporação dos resultados ao conteúdo do Plano.

A etapa seguinte, de validação dos resultados obtidos até esta etapa do processo,deu-se através de um Workshop realizado durante dois dias com Consultores previamentedefinidos pela Secretaria Executiva em acordo com a Coordenadoria Técnica.

Os critérios para definição dos consultores fundamentaram-se na heterogeneidade.No sentido de contemplar a representatividade de uma série de aspectos, por vezesantagônicos. Por exemplo, entendeu-se que o grupo de consultores a ser convidado deveriaser multidisciplinar, com representação dos setores abordados no Diagnóstico. Deveriaaportar experiências e conhecimentos de outras realidades e ao mesmo tempo sercomposto por pessoas que conhecessem a realidade setorial inclusive sob o ponto de vistainstitucional.

Detalhes do Workshop dos Consultores podem ser obtidos no Anexo 18.Terminado o processo de validação dos resultados junto aos consultores teve início

o processo de consulta à população da Região Hidrográfica do Guaíba.Este processo teve início com a realização dos Seminários Regionais realizados em

cada uma das oito bacias componentes do Pró-Guaíba, aproveitando e avalisando oprocesso de formação dos Comitês de Bacia previstos na Lei 10350/94. Os EncontrosRegionais cumpriram a dupla função de retornar à população os resultados do Semináriorealizado na Assembléia e, ao mesmo tempo servir de elemento de consulta à populaçãoquanto a formulação e priorização das estratégias e do conjunto de ações.

Esta formulação foi possível, fundamentalmente porque a elaboração do Diagnósticocontemplou esta necessidade. Na medida em que a abordagem de cada tema teve porbase as atividades antrópicas que causam impacto ou tencionam a disponibilidades dosrecursos naturais, houve uma prévia seleção do conjunto de ações decorrentes dos temasresultantes do processo de elaboração do Diagnóstico. Portanto, os Encontros Regionais

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ocorreram com um conjunto de ações implicitamente definido, entretanto, esta definiçãoprévia ao mesmo tempo em que facilitou a participação da comunidade de forma a nãolimita-la aos setores mais instruídos, não condicionou significativamente o processo deformulação uma vez que a metodologia de consulta permitiu uma ampla liberdade deexpressão dos anseios da população consultada.

Como resultado dos Encontros Regionais foram elencadas as ações julgadas maisimportantes em cada uma das bacias da Região Hidrográfica do Guaíba com uma préviaindicação da prioridade identificada pela população a partir do Diagnóstico e da sua vivênciana região.

A fase de priorização das estratégias teve seu início efetivo, através de uma série deReuniões do Conselho Deliberativo, algumas delas realizadas com formato de semináriotécnico onde, a pedido dos Conselheiros, foram apresentados os projetos do módulo I, comênfase nos aspectos relativos ao andamento dos projetos, entraves, dificuldadesenfrentadas e demais aspectos que de alguma forma pudessem condicionar a estruturaçãodos módulos seguintes do Programa.

Durante estas reuniões foram propostos alguns temas complementares ao escopoinicial do Plano. Esta necessidade surgiu da ausência de alguns dados setoriais maisespecíficos, especialmente no que diz respeito ao tema das Águas Subterrâneas e daproblemática da urbanização em áreas de risco. Desta demanda resultaram os trabalhosconstantes nos Anexos 6 e 12.

Ao mesmo tempo em que o Conselho Deliberativo tomava conhecimento dosresultados das Consultas à população, a Coordenadoria Técnica montou três documentosbásicos intitulados:

- Workshop dos Consultores;- Encontros Regionais;- Subsídios Técnicos para a Reunião do Consellho Deliberativo.Estes documentos continham um resumo de todos os trabalhos e resultados obtidos

no processo de planejamento participativo que caracterizou o Plano Diretor. Além disso,continham alguns comentários sobre a composição dos recursos e a distribuição dosmesmos ao longo do módulo I. Esta exposição teve por objetivo motivar a discussão emtorno dos critérios e cuidados a serem observados ao longo do processo de reuniões eseminários que caracterizou a etapa de priorização das estratégias.

A etapa seguinte consistiu na formulação, pelo Conselho Deliberativo, do conjuntode ações, entendidas como Programas componentes do Módulo II do Pró-Guaíba, com seurespectivo nível de priorização, ao mesmo tempo em que determinou quais as açõesseriam incorporadas ou não deveriam ter continuidade nos módulos seguintes do Programa.As ações elencadas pelo Conselho foram encaminhadas à Coordenadoriia Técnica para aelaboração do Quadro de Usos e Fontes do Módulo II. Este processo consistiu em umaharmonização entre os desejos expressos pelo Conselho Deliberativo, as disponibilidades enecessidades apontadas pela Secretária Executiva do Programa e os requisitos decomposição financeira para formalização do empréstimo internacional.

Esta etapa foi finalizada por uma série de ajustes até a sua aprovação final peloConselho Deliberativo.

A finalização desta Etapa encerra a fase de Priorização das Estratégias do PlanoDiretor e marca também o final do processo de consultas que consistiu na principalinovação metodológica do presente Plano. A continuidade e conclusão do Plano Diretorprevê ainda, a elaboração dos Estudos de Demanda, por parte da Consultora, com vistas àidentificação dos projetos prioritários em cada um, dos setores/programas definidos para oMódulo II.

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A partir da definição dos projetos é possível o encaminhamento dos trâmites enegociações para formalização dos contratos de financiamento para a continuidade doPrograma.

Dentro da metodologia proposta, pretende-se que o processo de planejamento sejapermanente ao longo da elaboração do Programa, com a consolidação dos fóruns deconsulta propiciados pelos Comitês de Bacia do Sistema Estadual de Recursos Hídricos.

Uma representação esquemática do processo de planejamento adotado pode servisualizada no quadro 2.1 abaixo.

Quadro n0 2.1 Processo de Elaboração do Plano Diretor

FASE ETAPAS AGENTESDIAGNÓSTICO CONCEPÇÃO COORDENADORIA TÉCNICA

+ GRUPO TÉCNICO

ELABORAÇÃO GRUPO TÉCNICO +CONSULTORES

VALIDAÇÃO SEMINÁRIO ABERTO

CONSOLIDAÇÃO GRUPO TÉCNICO

FORMULAÇÃODASESTRATÉGIAS

IDENTIFICAÇÃO DO CONJUNTODE AÇÕES

WORKSHOP DOSCONSULTORES

E DO CONJUNTODE AÇÕES

VALIDAÇÃO DO CONJUNTO DEAÇÕES

ENCONTROS REGIONAIS

DEFINIÇÃO DAS DIRETRIZESBÁSICAS PARA OS MÓDULOSSEGUINTES

CONSELHO DELIBERATIVO

PRIORIZAÇÃODASESTRATÉGIAS

SUBSÍDIOS TÉCNICOS AOCONSELHO DELIBERATIVO

COORDENADORIA TÉCNICA

ELABORAÇÃO DO QUADRO DEUSOS E FONTES DO MÓDULO II

CONSELHO DELIBERATIVO +COORDENADORIA TÉCNICA

ESTUDOS DE DEMANDA GERENCIADORA DO PRÓ-GUAÍBA

3. DIAGNÓSTICO

3.1 Introdução

Na concepção inicial do Plano Diretor, a etapa de Diagnóstico previa a consolidaçãodas informações ambientais no âmbito da Região Hidrográfica, de forma a identificar epriorizar os projetos que constituirão os módulos seguintes do programa. Na novaconcepção emanada do Conselho Deliberativo, a função básica do diagnóstico passou a sera de fornecer os elementos necessários e suficientes para subsidiar a decisão dasinstâncias de participação social, responsáveis pela definição das prioridades de

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intervenção do Programa Pró-Guaíba. Desta forma, as seguintes premissas passaram abalisar a execução da etapa de diagnóstico do Plano Diretor:

a) Objetivo GeralO diagnóstico tem como objetivo o fornecimento dos subsídios necessários e

suficientes para a caracterização da área abrangida pelo Programa Pró-Guaíba, em seusaspectos biofísicos, sócio-econômicos, institucionais e legais, com vistas a identificação dosproblemas ambientais de maior significado no âmbito da Região Hidrográfica do Guaíba.

A partir da identificação dos problemas de maior relevância e do estabelecimentodos níveis de criticidade determinados pela metodologia própria de cada setor, poder-se-áestabelecer as estratégias e linhas de ação do Plano Diretor da Bacia, com vistas aoestabelecimento das etapas futuras e da consolidação do Pró-Guaíba enquanto programade Estado.

b) Objetivos EspecíficosO Plano Diretor do Programa Pró-Guaíba, entendido como um processo dinâmico e

interativo, condicionou a que a etapa de diagnóstico incorporasse alguns elementosidentificados como fundamentais para o êxito do Programa.

Neste sentido, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos:

• objetivar ao máximo a identificação dos problemas ambientais com vistas aoestabelecimento das estratégias para solucioná-los;

• garantir a participação das comunidades da região na tomada de decisões,quanto a suas prioridades e soluções, conferindo legitimidade às açõespropostas;

• identificar os problemas de ordem institucional que condicionam o desempenhodas ações desenvolvidas no setor;

• subsidiar o elenco de ações dirigidas ao uso sustentável dos recursos naturais, àproteção do meio ambiente e ao controle da contaminação, resultante dasetapas subsequentes ao diagnóstico;

• propiciar a inserção da questão ambiental como infra-estrutura básica para odesenvolvimento;

3.2 Metodologia

Tendo em vista que a estrutura básica e os objetivos do trabalho foram definidos eaprovados pelo Conselho Deliberativo do Programa, estabeleceu-se a metodologia para odesenvolvimento da etapa de Diagnóstico, condicionada pelas diretrizes do Conselho e pelabase de dados e prazos pré fixados para a sua elaboração.

Estes condicionantes determinaram a adoção de uma metodologia extremamentepragmática para a execução do Diagnóstico, uma vez que não se pretendeu descrever eidentificar as características ambientais da bacia. Tomou-se este dado como conhecidopela Secretaria Executiva e órgãos participantes do programa, pelo próprio exercício degestão do módulo I. Esta premissa é validada pelos trabalhos já existentes, dentre osquais aqueles que subsidiaram o módulo I do Programa.

Em termos espaciais o diagnóstico buscou a identificação de dois níveis deabordagem, abrangendo as bacias numa primeira aproximação e os municípios sempre quea natureza do tema abordado exigisse um maior detalhamento.

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Uma vez que este trabalho constitui-se numa seqüência aos trabalhos desenvolvidospara o Módulo I, procurou-se a atualização da base de dados utilizada pelo programa, namedida da disponibilidade das informações.

Assim, a concepção do Diagnóstico pressupôs como conhecidas as condições daárea de abrangência do Programa e concentrou as suas atividades na identificação dosprincipais problemas da Região no que tange aos aspectos intervenientes no meio físico,complementando estas informações com um painel que contempla os aspectos sócioeconômicos característicos da região. Esta concepção deu origem a formação de seisblocos principais, conforme segue:

• Estudos Existentes

• Quadro Institucional

• Sócio Economia

• Base Legal

• Recursos Naturais

• Economia Ambiental

• Instrumentos de AferiçãoPara cada um destes blocos foram definidas algumas premissas quanto ao conteúdo

e produtos esperados, de forma a definir os termos de referência para a sua elaboração. Ostrabalhos foram contratados ou desenvolvidos diretamente pela Coordenadoria Técnica,sendo avaliados através de um processo bastante dinâmico de discussões e deliberaçõesfavorecidas pela composição interinstitucional da equipe.

Assim, definiu-se que o bloco dos Estudos Existentes deveria não apenas forneceros subsídios para os consultores que estudariam os temas específicos da RegiãoHidrográfica do Guaíba como também fornecer um instrumento de atualização e consultapermanente a todos os participantes do Programa.

O bloco relativo ao Quadro Institucional, inicialmente pensado como um trabalho deonde deveriam resultar propostas de um novo arranjo institucional para a gestão do meioambiente no Rio Grande do Sul, sofreu, durante o processo de concepção, umrealinhamento no sentido de apenas apontar eventuais vazios e sobreposições de forma asubsidiar um estudo mais específico e especializado sobre a questão, dada a suacomplexidade e desdobramentos.

O estudo Sócio Econômico foi talvez um dos mais discutidos e alterados ao longo dafase de concepção do Diagnóstico. Inicialmente concebido como um estudo mais voltadoaos aspectos setoriais da questão ambiental o levantamento sócio - econômico nãoforneceria os elementos clássicos deste tipo de estudo. Neste sentido, havia sido concebidoum bloco complementar caracterizado como sócio cultural, onde seriam estudadas ascaracterísticas culturais de cada uma das bacias componentes da Região Hidrográfica doGuaíba. Este bloco, entretanto, foi inviabilizado por questões de prazo de execução elicitação cujo processo foi dificultado pelas limitações advindas do ano eleitoral. Estascontingências terminaram por definir uma nova concepção do estudo sócio econômico, maispróxima de um estudo clássico, contendo as informações dos aspectos básicos da sócioeconomia da Região.

A Base Legal foi concebida como uma coletânea das leis, decretos e normatizaçõespertinentes a área do meio ambiente e saneamento ambiental, no âmbito da União e doEstado. Este levantamento inicial foi concluído e arquivado nas bibliotecas da Metroplan eda Secretaria da Coordenação e Planejamento. Este trabalho chegou a se constituir em umcomponente da versão preliminar do Diagnóstico, datada de 1997, cuja edição visava o

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fornecimento de subsídios aos fóruns de decisões advindas da população ou de consultoresespecíficos. (ver Anexo 18 - Encontros e Debates).

Posteriormente, decidiu-se pela sua exclusão na presente edição do Plano Diretor,dado o caráter dinâmico da base legal, o que determina uma necessidade de atualizaçõesconstantes e desnecessárias no âmbito do Pró-Guaíba, visto que existem outras instânciasdo poder público, tanto no Poder Judiciário, quanto no Executivo, que são fontes deconsulta permanentes sobre o assunto.

Quanto ao bloco dos Recursos Naturais, considerou-se que os problemasambientais ocorrentes na bacia encontram-se, embora dispersos e em abordagem setoriais,suficientemente conhecidos pelos diversos órgãos envolvidos com questões ambientais.Partiu-se da premissa de que os problemas afetam o ar, a água e o solo através de diversosagentes degradadores. Foram elencados os problemas genéricos que atingem diretamenteestes recursos naturais.

Através da caracterização das atividades que causam os problemas ambientais,buscou-se quantificar e localizar as ocorrências, identificando as áreas críticas por tema.

Como a proposição de estratégias e ações a serem estabelecidas pelo Plano Diretorestão relacionadas com as atividades antrópicas que afetam os recursos naturais, foramidentificadas e agrupadas por temas as atividades causadoras dos problemas ambientais.Cada tema foi alvo de diagnóstico específico resultando em áreas críticas que serãoindicadores das prioridades de ação.

O passo seguinte consistiu na avaliação, interpretação e integração dos resultadossetoriais tendo em vista a obtenção do panorama geral das criticidades da bacia como umtodo e por sub-bacia.

O bloco de Economia Ambiental foi um dos mais afetados pelo processo deconcepção do Plano. A sua inserção no Diagnóstico do Plano Diretor teve como origem umanecessidade da equipe em instrumentar-se com ferramentas da economia capazes defacilitar o processo subsequente ao Diagnóstico, de seleção dos projetos que comporiam omódulo II do Programa. Entretanto, como o desenvolvimento das etapas de priorização dasestratégias e do conjunto de ações passou a incorporar, ao longo do processo deelaboração do Plano Diretor, critérios de seleção emanados da participação da população,houve uma natural redução da importância dos estudos econômicos no escopo do trabalho.

Desta forma os estudos econômicos foram mantidos no Diagnóstico com o papel deapontar, genericamente, algumas alternativas metodológicas para avaliações econômicasde projetos de cunho ambiental.

O bloco dos Instrumentos de Aferição foi concebido em função da metodologiaadotada para a avaliação dos recursos naturais. Esta necessidade foi constatada durante oprocesso de validação do Diagnóstico uma vez que este tipo de informação tornou-sefundamental para a comunicação com a população participante do processo.

Uma vez que pela metodologia inicialmente proposta para o diagnóstico este nãocontemplaria análises do meio físico, entendeu-se que deveriam ser incorporadoselementos de avaliação ambiental que permitissem a identificação do cenário atual, aindaque restrito às características da qualidade das águas superficiais. Esta restrição foi julgadacomo suficiente em função de que, para o módulo I, apenas estes aspectos haviam sidoavaliados. Assim, seria possível o estabelecimento de relações entre a situação em que sedeu o planejamento inicial do Programa e o estágio atual de degradação do meio físico.

Para a elaboração deste bloco imaginou-se, inicialmente, a continuação do processode desenvolvimento dos estudos de modelagem matemática iniciados por equipes daFEPAM, CORSAN e DMAE, ainda durante a fase de negociações com o BancoInteramericano de Desenvolvimento (BID), no Módulo I. Entretanto, a análise inicial dos

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dados disponíveis para continuação dos estudos revelou que ainda não se dispunha deinformações suficientes para a extensão dos trabalhos de modelagem para os principaisformadores das oito bacias hidrográficas que compõem a Região Hidrográfica do Guaíba.

Assim, optou-se pelo desenvolvimento de um Índice de Qualidade da Água (IQA)que permitisse a comparação entre os níveis de degradação dos diversos trechos dosformadores do Guaíba, de forma a permitir uma aferição dos níveis de criticidadeidentificados pela etapa de Diagnóstico do Plano Diretor. Ainda com esta finalidade, buscou-se um estudo intitulado “Diagnóstico Preliminar dos Mananciais Superficiais nos Locais deCaptação para o Abastecimento Público”, realizado pela CORSAN e apresentado no IISimpósio Ítalo-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, em 1996 e identificadodurante a fase de levantamento dos estudos existentes.

3.3 Estudos ExistentesAntes mesmo da montagem do Programa Pró-Guaíba, em 1989, uma série de

estudos e projetos vinham sendo desenvolvidos no âmbito da Bacia com vistas aodiagnóstico e equacionamento dos problemas ambientais existentes. Este fato, decorrenteda importância econômica da região, contribuiu significativamente na montagem do MóduloI do Programa e condicionou o seu desenvolvimento no sentido da complementação dasinformações já existentes nos órgãos públicos intervenientes na questão.

Como exemplo de ações antecessoras ao Pró-Guaíba pode-se destacar o ComitêExecutivo de Estudos Integrados da Bacia do Guaíba., CEEIBG, criado em 1979 com afinalidade de contribuir para a melhoria da qualidade ambiental da bacia hidrográfica doGuaíba, procurando compatibilizar as atividades desenvolvidas pelas entidades federais,regionais, estaduais e municipais com o aproveitamento integrado dos recursos hídricos e apreservação da qualidade da água.

A função desse órgão colegiado era a de oferecer subsídios às tomadas de decisãonas diferentes áreas institucionais - política, técnica e administrativa -, não possuindocontudo qualquer poder deliberativo. A experiência do CEEIBG, deve ser consideradacomo um marco de referência, visto ser a primeira tentativa consistente de gerenciamentode recursos hídricos do Rio Grande do Sul. Apesar de propiciar um acúmulo muito grandede conhecimentos, a experiência não resultou efetivamente na gestão integrada dosrecursos hídricos da bacia do Guaíba.

O Plano Diretor de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário da RegiãoMetropolitana de Porto Alegre, PLADAE de 1982 que visava o equacionamento integradodos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário da Região Metropolitana,envolvendo a participação de diferentes órgãos de atuação na Região, como aMETROPLAN, CORSAN e DMAE.

Além destas ações destacam-se, ainda, no âmbito de abrangência do Pró-Guaíba,os trabalhos realizados durante a preparação do Módulo I do Programa, como o"Diagnóstico da Contaminação Industrial e Doméstica da Bacia Hidrográfica do Guaíba",elaborado pela FEPAM em 1991, o "Programa de Esgotamento Sanitário na BaciaHidrográfica do Guaíba", elaborado pela CORSAN em 1991, " Manejo Integrado da BaciaHidrográfica do Guaíba" elaborado pela EMATER em 1991 e "Parques e Reservas Naturaisna Bacia do Guaíba-Diagnóstico e Ampliação de Áreas Protegidas" elaborado pela FZB em1991.

Mais recentemente, com a intensificação do processo de enquadramento dos riosestaduais nas classes de uso preconizadas pela resolução 20 do Conselho Nacional deMeio Ambiente - CONAMA, em execução pela FEPAM a partir de um processo de consultaà população realizado através dos Comitês de Bacia, novos e importantes trabalhos estãosendo desenvolvidos. Dentre os quais destacam-se os levantamentos dos usos da água

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das bacias hidrográficas do Gravataí e Sinos e o levantamento dos usos do solo e da águada bacia hidrográfica do rio Caí, concluido em junho de 1997.

O Departamento de Recursos Hídricos e Saneamento da Secretaria das ObrasPúblicas, Saneamento e Habitação, por sua vez, dentro do processo de implantação daPolitica Estadual de Recursos Hídricos tem desenvolvido estudos de demandas edisponibilidade com vistas à implantação do processo de outorga e tarifação dos RecursosHídricos previstos na lei estadual 10350/94.

Dentre os quais destacam-se a Proposta de Gerenciamento dos Recursos Hídricosna Bacia do rio dos Sinos, a Avaliação Quali-Quantitativa das Disponibilidades e Demandasde água na Bacia Hidrográfica do rio Caí, a Avaliação Quali-Quantitativa dasDisponibilidades e Demandas de água na Bacia Hidrográfica do sistema Taquarí-Antas, oProcesso de Gerenciamento das águas da Bacia do rio Pardo/Pardinho, a Avaliação Quali-Quantitativa das Disponibilidades e Demandas de água na Bacia Hidrográfica do sistemaVacacaí, o Plano da Bacia Hidrográfica do rio Gravataí, a a Avaliação Quali-Quantitativa dasDisponibilidades e Demandas de água na Bacia Hidrográfica do Pardo-Baixo Jacuí, Estudodo comportamento hidráulico-hidrológico do sistema hídrico Guaíba-Lagoa dos Patos

A existência destes trabalhos, bem como a experiência advinda da montagem domódulo I condicionaram o estabelecimento da metodologia adotada para o levantamentodos trabalhos e a própria execução do Plano Diretor.

Com a finalidade de identificar os trabalhos desenvolvidos ou em desenvolvimentoem órgãos federais, estaduais, regionais e municipais no âmbito da Região Hidrográfica doGuaíba, procedeu-se ao levantamento dos Estudos Existentes. O levantamento foi realizadojunto às entidades co-executoras do Programa Pró-Guaíba, órgãos públicos da esferamunicipal e estadual com atuação na região Hidrográfica do Guaíba, universidades públicase privadas. O número de entidades consultadas e que forneceram informações foi de 37,totalizando 181 trabalhos catalogados, entre estudos e projetos realizados a partir de 1991.

As informações coletadas serviram como subsídio para o diagnóstico no intuito denão haver sobreposição com os estudos já realizados ou em andamento nas diferentesinstituições.

O levantamento das informações teve como base uma ficha-padrão subdividida emcampos relativos aos dados mais relevantes. O preenchimento da ficha-padrão deu-seatravés de entrevistas com técnicos dos órgãos responsáveis pelos trabalhos. O resultadodo levantamento está disponibilizado em um banco de dados desenvolvido em Access einstalado na Secretaria Executiva do programa Pró-Guaíba na Secretaria da Coordenação ePlanejamento do estado e na Metroplan, órgão responsável pela edição do plano Diretor. OBanco de Dados foi modelado de acordo com a ficha - padrão e disponibiliza consultasrelatórios e atualizações sistemáticas, conforme é descrito no Anexo 1 do presente trabalho.

3.4 Quadro InstitucionalA situação institucional que caracterizou o Programa Pró-Guaíba, quando da sua

montagem em 1989 sofreu algumas alterações dignas de registro. A principal e fundamentalalteração deu-se pela criação do Sistema Estadual de Recursos Hídricos, cuja interface como Programa requer que se aborde com um maior detalhamento os aspectos referentes àsua constituição.

O estado do RS, quando da montagem do Programa Pró-Guaíba encontrava-se emprocesso de revisão da sua Constituição Estadual, a qual, em consonância com osprincípios da Constituição Federal, estabeleceu a propriedade pública das águas superficiaise subterrâneas

A água passou a ser caracterizada como um bem público, em função disso o Estadopassa a assumir um papel crescente como gestor desse recurso. Em muitos casos utiliza-se

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o estabelecimento explícito da propriedade estatal sobre ele. Isto, por sua vez, implica napreparação e utilização de diversos instrumentos legais, administrativos e econômicos nosentido de racionalizar o uso. Também na reação institucional aos problemas da água, oBrasil, em geral, e o Rio Grande do sul, em particular, seguem a tendência mundial dereconhecimento de que se trata de um bem público. Essa tendência culminou naConstituição Federal de 1988 e na Constituição Estadual de 1989, através doestabelecimento da propriedade estatal sobre os corpos de água, superficiais esubterrâneos, bem como da explicitação de orientações gerais sobre a gestão dos recursoshídricos pelo Poder Público.

A constituição da República Federativa do Brasil estabelece no Capítulo II, art. 20,item II, que pertencem à União “ os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenosde seu domínio, ou que banhem mais de um estado, sirvam de limites com outros países,ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenosmarginais e as praias fluviais”. O Capítulo III, art. 26, item I, estabelece que se incluem entreos bens dos estados federados, “ as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes deobras da União”.

Aplicando-se ao Estado do Rio Grande do Sul o que define a constituição Federal,depreende-se que são rios de domínio da União os seguintes: Uruguai, Quaraí, Jaguarão,Lagoa Mirim, Pelotas, Mampituba e Arroio Chuí. Todos os demais recursos hídricos,incluindo-se as águas subterrâneas, são de domínio do Estado do Rio Grande do Sul. Oque significa que toda a Região Hidrográfica do Guaíba pertence ao estado.

O art. 21, item XIX, estabelece que compete à União “instituir sistema nacional degerenciamente de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso”.

Em consonância com o que estabelece a Constituição Federal, a Constituição doEstado do Rio Grande do Sul define em seu Capítulo II, artigo n0 171:

" Fica instituído o sistema estadual de recursos hídricos, integrado ao sistemanacional de gerenciamento desses recursos, adotando as bacias hidrográficas comounidades básicas de planejamento e gestão,, observados os aspectos de uso e ocupaçãodo solo, com vistas a promover:

I _ A melhoria da qualidade dos recursos hídricos do estado;II _ o regular abastecimento de água às populações urbanas e rurais, às indústrias e

aos estabelecimentos agrícolas."A inclusão destas considerações no texto da constituição, na verdade tem origem

em uma série de iniciativas anteriores.Uma das primeiras tentativas de se fazer o gerenciamento integrado dos recursos

hídricos no Rio Grande do Sul surgiu em 1971 através da iniciativa do CEEIBG - ComitêExecutivo de Estudos Integrados da Bacia do Guaíba.

Não existia na época um sistema estadual de recursos hídricos que acolhesse asconclusões do CEEIBG e as utilizasse como pressupostos à tomada de decisão quanto àutilização dos recursos hídricos na bacia, e esta é a principal razão da sua curta existência.

Já em 1981, na tentativa de se estabelecer um sistema institucional degerenciamento de recursos hídricos no Rio Grande do sul, foi criado, através do decreto nº30.132, de 03 de maio de 1981, o Conselho de Recursos Hídricos do Estado do Rio Grandedo sul - CONRHIRGS e instituído o Sistema Estadual de Recursos Hídricos - SERHI.

O CONRHIRGS, pelo decreto, se constitui no órgão central do sistema e deveriaarranjar o detalhamento do SERHI, propondo a Política Estadual de Recursos Hídricos e oPlano Estadual de Recursos Hídricos (PERHI). A ele compete, ainda, propor normas para autilização, preservação e recuperação dos recursos hídricos estaduais; instituir mecanismosde coordenação e integração do planejamento e da execução das atividadesgovernamentais no setor de recursos hídricos; promover estudos e projetos sobre o uso, apreservação e a recuperação dos recursos hídricos estaduais e compatibilizar a políticaestadual com a política federal sobre a utilização dos recursos hídricos no estado. OCONRHIRGS, na forma do decreto, possui um presidente, uma secretaria executiva e uma

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comissão consultiva, além de estarem vinculados ao mesmo os comitês de baciashidrográficas e seus respectivos comitês consultivos.

Em 27 de maio de 1982 foi instalada a Comissão Consultiva (CONSURHI) doCONRHIRGS, com o objetivo de assessorá-lo para o desenvolvimento de suas atribuições.

A partir de 10 de março de 1989, a CONSURHI passou a reunir-se com o objetivoprincipal de encaminhar a elaboração do PERHI, chegando a conclusão de que a condiçãonecessária para isso é o detalhamento e a implantação efetiva de um sistema estadual derecursos hídricos.

Esta questão foi equacionada pela regulamentação do artigo constitucional atravésda Lei n0 10350/94 onde se consolida a estrutura de gerenciamento proposta para o estado.Esta lei tem sua concepção estruturada a partir da análise de diferentes modelosinstitucionais adotados em vários países. Ao mesmo tempo, está firmemente embasada noprocesso de institucionalização já existente no Rio Grande do Sul, com suas experiênciasconcretas dos Comitês de Bacias dos rios Gravataí e Sinos.

É importante ressaltar que a otimização da ação gerencial do Estado exige oestabelecimento de um processo de planejamento, ágil e descentralizado, capaz deresponder, com eficácia e rapidez, à complexidade das demandas que tipificam essa ação.Conseqüentemente, a estrutura institucional proposta representa o conjunto de entidadescapaz de implementar, com eficiência, a proposta de gerenciamento que embasou todaestruturação da Lei. As funções de cada organismo integrante do Sistema, dada suaperfeita articulação, garantem a harmonia de todo o processo.

Destacam-se dois momentos importantes da ação gerencial: o Plano Estadual deRecursos Hídricos, como forma de consubstanciar os objetos e princípios da políticaestadual, através da fixação de objetivos estratégicos para todo o Estado, e os planos deBacia Hidrográfica, expressão da vontade das regiões (comitês), através da definição deobjetivos de qualidade e da fixação de prazos para seu conhecimento.

A Lei estabelece, ainda, o regramento para importantes instrumentos dogerenciamento, em conformidade com a concepção básica que norteou sua estruturação.São eles a outorga do uso da água, a cobrança pela utilização dos recursos hídricos e orateio dos custos originados do conjunto de ações necessárias ao cumprimento dosobjetivos propostos pelos Comitês de Bacia Hidrográfica e constantes dos Planos de Bacia.

Em termos do programa Pró-Guaíba, além da adoção dos preceitos da lei emtermos da nomenclatura e divisão física da área de planejamento, o Diagnóstico do PlanoDiretor utilizou, como se verá, a estrutura dos comitês de bacia para a execução da fase deconsulta prevista no planejamento do Plano Diretor.

A regulamentação do Sistema Estadual de Recursos Hídricos estabelece, para finsde planejamento a divisão do estado em 3 regiões Hidrográficas, a saber, a do Guaíba, cujaárea coincide com aquela adotada pelo programa Pró-Guaíba desde a sua concepção, a doUruguai e a Litorânea composta pelos cursos d’água que drenam para o sistema lagunarou diretamente para o Oceano, à exceção da RH do Guaíba.

A RH do Guaíba, por sua vez foi dividida inicialmente em 8 bacias, a saber: do LagoGuaíba, do Gravataí, do Sinos, do Caí, do Taquarí-Antas, do Pardo-Baixo Jacuí, do AltoJacuí e do Vacacaí-Vacacaí-Mirim.

Recentemente, durante o processo de formação dos Comitês houve uma sub divisãoque resultou na criação do Comitê do Pardo em separado do Baixo Jacuí. Esse novoarranjo, entretanto, não foi adotado pelo Plano Diretor uma vez que quando da suaconstituição o Plano encontrava-se em sua fase de encerramento. Assim, para efeitosdesse Plano trabalhou-se com oito bacias ao invés das nove que compõem atualmente, aRegião Hidrográfica do Guaíba.

Além da questão referente ao Sistema Estadual de Recursos Hídricos merecemdestaque as mudanças decorrentes da instituição do Sistema Estadual de ProteçãoAmbiental.

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O Sistema Estadual de Proteção Ambiental - SISEPRA, foi estabelecido em27/12/94, através da Lei Estadual nº 10.330/94, com vistas a elaboração, a implementaçãoe o controle da política ambiental do Estado.

Dentre os seus objetivos destacam-se os de organizar, coordenar e integrar asações dos diferentes órgãos e entidades, com base nos princípios da descentralizaçãoregional, do planejamento integrado, da coordenação intersetorial e da participação popular.

Para tanto, o SISEPRA é composto pelo Fundo Estadual do Meio Ambiente -FEMA epelo Conselho Estadual de Meio Ambiente - CONSEMA, órgão superior do sistema, decaráter deliberativo e normativo.

O FEMA destina-se a carrear recursos para a proteção e a conservação do meioambiente, tendo para tanto, como fontes de recursos as dotações orçamentárias daFederação, do Estado e dos Municípios, o produto das sanções administrativas e judiciaispor infrações às normas ambientais, recursos oriundos de ajuda e cooperação internacional,e outras receitas eventuais. Os recursos têm como destinação os órgãos estaduaisexecutivos, incumbidos da realização das atividades de conservação, recuperação,proteção, melhoria, pesquisa, controle e fiscalização ambientais, inclusive da articulaçãointersetorial.

Com base neste Sistema, o Estado do Rio Grande do Sul passa a dispor de uminstrumento orientador das políticas ambientais, que busca integrar os diversos agentesenvolvidos por intermédio do Conselho Estadual do Meio Ambiente - CONSEMA, estando alirepresentados paritariamente a Administração Pública e as organizações nãoGovernamentais, através dos 28 membros que o compõem. Deste modo, a comunidadepassa a ter assegurada a sua participação efetiva no que se refere a política ambiental.

O CONSEMA tem como competências principais propor a Política Estadual deProteção ao Meio Ambiente e acompanhar sua implementação, estabelecendo normas,padrões e critérios, bem como diretrizes para a conservação e a preservação dos recursosnaturais do Estado, sempre estimulando a participação popular.

A partir da Lei nº 10.330/94, os órgãos executivos estaduais têm as competênciasdefinidas conforme suas atribuições legais, salientando-se a elaboração de estudos eprojetos como subsídios para a política ambiental estadual, a adoção de medidas públicasou privadas para garantir o equilíbrio ecológico e a informação da população sobre aqualidade do meio ambiente.

Os principais instrumentos da Política Estadual do Meio Ambiente constituem-se noFundo Estadual do Meio Ambiente, no Plano Estadual de Proteção Ambiental, nos comitêsde Bacias Hidrográficas, no zoneamento de atividades, na fiscalização, controle emonitoramento e na educação ambiental, dentre outros.

A proteção ambiental passa a contar com o policiamento ostensivo, exercido pelaPatrulha Ambiental da Brigada Militar - PATRAM, podendo para tanto, lavrar autos deconstatação e encaminhá-los ao órgão ambiental competente. A enfase nas ações deproteção ambiental é dada a prevenção, objetivando impedir possíveis infraçõesrelacionadas com o meio ambiente

Em termos da integração setorial é interessante destacar que o Sistema Estadual deProteção Ambiental prevê a participação do Sistema Estadual de Recursos Hídricos e a suaarticulação com os demais componentes do SISEPRA, objetivando a coordenaçãointegrada dos programas, planos e projetos com base nas prioridades setoriais e da PolíticaEstadual de Proteção Ambiental.

Um aspecto da Política Estadual de Meio Ambiente que possui uma relação diretacom o Programa Pró-Guaíba, pelo seu caráter ambiental, em especial dos recursoshídricos, é a questão relacionada com o enquadramento dos recursos hídricos do estadonas classes de uso preconizadas pela Legislação Federal.

Neste sentido é importante salientar as origens e o estágio atual deste processo, noRio Grande do Sul.

Com base na classificação proposta na Portaria GM0013 do Ministério do Interior, de15 de janeiro de 1976, a Bacia Hidrográfica do Guaíba foi enquadrada pelo Comitê

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Executivo de Estudos Integrados da Bacia do Guaíba (CEEIBG), através da Portaria n.º001/81 SSMA.

Em 1986, a Resolução CONAMA 20 inclui novas classes e padrões ambientais paraa classificação dos recursos hídricos do país, bem como a definição do órgão ambientalestadual como responsável pelo processo e a necessidade de se ouvir a comunidade,sendo, portanto, necessário o reenquadramento dos rios do estado, e por extensão, daRegião Hidrográfica do Guaíba.

Foi firmado um Termo de Compromisso de ajustamento entre o Ministério Público ea FEPAM, em 26 de janeiro de 1994, estabelecendo um cronograma para o enquadramentodos recursos hídricos do Estado, iniciando pela parte sul do estuário da Laguna dos Patos,como área piloto para teste e aperfeiçoamento de metodologias. Após a realização de duasAudiências Públicas e um seminário legal, através da Portaria SSMA n.º 07/95.

A metodologia proposta pela FEPAM para o enquadramento dos recursos hídricosconstitui-se das seguintes etapas:

• Levantamento dos usos da água e do solo, identificando os conflitos de usosexistentes;

• Definição e classificação da qualidade atual da água;• Identificação dos interesses da sociedade;• Aprovação da proposta e publicação de seu instrumento legal;• Efetivação do enquadramento, através da elaboração de um plano de ação para

recuperação ou conservação dos recursos hídricos.Com o surgimento da Lei n.º 10.350, de 30 de dezembro de 1994, foi instituído o

Sistema Estadual de Recursos Hídricos, incluindo novos atores no processo deenquadramento e exigindo sua readequação à nova realidade. Os Comitês de BaciasHidrográficas passam a ter um papel fundamental, pois são os responsáveis pelaelaboração da proposta de enquadramento, através de subsídios técnicos da Agências dasBacias Hidrográficas e dos levantamentos dos anseios da sociedade. Cabe à FEPAM, comoórgão estadual de meio ambiente, aprovar as propostas encaminhadas pelos comitês. Alémdisso, a FEPAM tem atuado no sentido de suprir as necessidades resultantes do fato doSistema Estadual de Recursos Hídricos ainda não estar completamente implantado.

No final de 1994, a FEPAM contratou a Magna Engenharia Ltda para realizar oslevantamentos dos usos da água das bacias hidrográficas do Gravataí e Sinos. Estestrabalhos já foram concluídos e entregues em 12 de junho de 1996, sendo então,disponibilizados aos respectivos comitês.

A FEPAM, através da contratação de uma equipe técnica no segundo semestre de1996, realizou o levantamento dos usos do solo e da água da bacia hidrográfica do rio Caí,concluindo este trabalho em junho de 1997.

Encontra-se em andamento, sob responsabilidade do Conselho de RecursosHídricos, o levantamento dos usos do solo e da água da bacia hidrográfica do Taquarí-Antas. Além desta também estão sendo iniciados os estudos nas bacias do Pardo-BaixoJacuí, Vacacaí e Pardo.

Na Região Hidrográfica do Guaíba haviam 2 comitês implantados quando daconclusão dos trabalhos do Plano Diretor, o Gravataí e o Sinos e outros em processo deformação, dos quais os mais adiantados eram o Caí e o Taquarí-Antas. Atualmente, já seencontra instalado o Comitê Taquarí-Antas e devem estar constituídos, até fins de 1998, osComitês do Lago Guaíba e do Caí sendo que em todas as demais Bacias existemprocessos em andamento, com Comissões provisórias instaladas.

O Comitê Gravataí, através de consultas à comunidade, elaborou a proposta deenquadramento do rio Gravataí e enviou à FEPAM para aprovação. Em 10 de junho de1997, foi realizada uma audiência e a publicação de uma portaria de enquadramento desterio.

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Além destas informações voltadas à atualização da base institucional em que foimontado o Programa Pró-Guaíba, o Plano Diretor em sua etapa de Diagnóstico, procurouidentificar as instituições atuantes na Região Hidrográfica de forma a permitir subsídios paraa proposição de novos arranjos institucionais.

Este trabalho possibilitou alguns avanços em termos do conhecimento dascomplexas relações existentes entre as instituições com atuação compartilhada na questãoambiental, entretanto, a conclusão dos trabalhos aponta para a necessidade de estudosespecíficos relativos à administração pública, uma vez que estas questões acabam porinterferir na própria concepção do papel do Estado no gerenciamento dos bens públicos.

Estas questões encontram-se abordadas no Anexo 2 , onde constam inclusive, oslevantamentos realizado durante a fase de Diagnóstico do Plano Diretor.

Uma outra questão de significativa importância para a compreensão dacomplexidade institucional que caracteriza o entorno do Programa Pró-Guaíba diz respeitoaos diversos critérios adotados pelos organismos públicos de atuação na RegiãoHidrográfica do Guaíba, no que concerne à divisão em unidades de planejamento e gestão.Esta questão tem especial importância em razão da criação dos Conselhos Regionais deDesenvolvimento - COREDES os quais têm obtido crescente participação na vida social eeconômica do estado, como organismos definidores das politicas públicas.

No estudo sobre esta questão são apresentadas as regiões (descentralizações)utilizadas pelo Conselho de Recursos Hídricos do Estado ( CRH ), Secretaria de Agriculturae Abastecimento (SAA), COREDES, CORSAN, FAMURS e EMATER/RS.

Este estudo é apresentado em sua íntegra no Anexo 4, e os Mapas 5 a 7 do Volume2, fazem referência à questão.

3.5 Sócio EconômicoO Diagnóstico Sócio-Econômico está inserido no contexto da etapa do Diagnóstico

do Plano Diretor de Controle e Administração Ambiental da Bacia Hidrográfica do Guaíba,cujo objetivo é caracterizar sócio-economicamente a Região.

Destaca-se a importância da Região Hidrográfica do Guaíba sobre as demais, a doUruguai e a Litorânea, por concentrar as principais atividades produtivas do Estado, com71% do seu PIB, e por possuir o maior contingente populacional.

No contexto da Região Hidrográfica do Guaíba, a Região Metropolitana de PortoAlegre apresenta algumas características que evidenciam o seu significado:

a) consiste no maior pólo econômico, financeiro, administrativo e cultural;b) abriga o maior parque industrial;c) concentra as maiores atividades de comércio e serviços;d) gera o maior volume de riqueza;e) concentra um grande contingente populacional.O Diagnóstico Sócio-Econômico apresenta-se fundamentado por informações

agrupadas em um Banco de Dados, concebido para esta finalidade.

Estas informações foram obtidas junto a fontes oficiais diversas, tais como FundaçãoInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Fundação de Economia e Estatística -FEE, Secretarias de Estado, Prefeituras Municipais, outros órgãos e trabalhos realizadospor consultores. Todos os dados foram levantados por município e, posteriormente,agregados por sub-bacia. O Diagnóstico abrange área de abrangência, aspectosdemográficos, quadro urbano, economia, saneamento, educação, saúde, transporte eenergia.

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É importante salientar que os dados utilizados pelo levantamento Sócio econômicoserviram de base para todos os estudos setoriais desenvolvidos no âmbito do Plano Diretordo Pró-Guaíba. Estes dados, por sua vez foram gerados pelos Sub programas do módulo I,fundamentalmente pelo programa de geoprocessamento, desta forma existe uma evoluçãonatural da base de dados na medida em que os trabalhos são desenvolvidos. Esta é a razãode eventuais diferenças existentes entre os dados apresentados no estudo sócio-econômicoe os dados apresentados na introdução deste volume. Assim, observa-se que estes últimosrefletem o estágio atual (1998) do conhecimento dos dados básicos da região hidrográficado Guaíba.

O capitulo relativo a área de abrangência procura caracterizar cada uma das baciasutilizadas como unidade de planejamento do Programa. Seus aspectos demográficos e osindicadores tradicionais característicos de estudos deste gênero, apresenta ainda, umdestaque para a população indígena que habita a Região.

O quadro urbano contempla basicamente a rede de polarização estabelecida pelaspopulações residentes nos municípios da Região Hidrográfica do Guaíba, tendo sidorealizada uma abordagem sobre o Índice de Desenvolvimento Urbano –IDU por baciahidrográfica. A questão da economia da região é abordada sob o aspecto da caracterizaçãodas atividades econômicas, a geração do PIB por setor, da renda da população níveis deocupação da mão de obra e a situação dos setores econômicos.

Os aspectos relativos às políticas públicas, contemplando os setores desaneamento, educação, transporte e energia mereceram uma abordagem específica,contemplando a questão da cobertura dos serviços, indicadores quali-quantitativos dosníveis de prestação dos serviços.

Cada tema, desenvolvido no decorrer do trabalho, segue um roteiro constituído,basicamente, por introdução, metodologia específica e caracterização das sub-bacias.

As fontes dos dados utilizados foram basicamente secundárias e encontram-sereferidas ao longo do mesmo.

A integra do estudo sócio econômico é apresentada no Anexo 3 e as cartastemáticas referentes aos aspectos básicos da área de planejamento constam no Volume 2mapas 1 a 10.

3.6 Base LegalQuando do início dos trabalhos do Plano Diretor identificou-se a necessidade de

realização de um levantamento da legislação referente aos aspectos ambientais. Estelevantamento teve como finalidade facilitar os trabalhos dos diversos consultores durante afase de Diagnóstico, uma vez que no período compreendido entre a concepção do módulo Ie a execução do Plano Diretor ocorreu o aporte de novos instrumentos legais designificativa importância para o setor.

Esse levantamento foi consolidado em um volume da versão preliminar do PlanoDiretor que serviu como documento básico ao processo de consulta popular realizadodurante a etapa de formulação de estratégias.

Durante o processo de edição final do Plano definiu-se pela sua exclusão dosvolumes finais uma vez que a coletânea de Leis já havia cumprido com o seu papel durantea montagem do Plano e tendo em vista a velocidade com que tem se verificado asmodificações da legislação optou-se pela exclusão deste volume. Entretanto, a título deinformação são destacados a seguir, alguns artigos constitucionais e referidas algumas dasLeis de maior relevância à questão dos recursos hídricos, com vistas a uma informaçãogenérica sobre os instrumentos legais disponíveis.

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Neste sentido observa-se que:

• A legislação constante deste ementário se refere substancialmente a recursos hídricos,porquanto sobre a matéria ambiental há inúmeras coletâneas disponíveis no mercado.

• Foram diretamente transcritas as principais disposições das atuais Constituições Federal eEstadual.

• Não foram incluídas na listagem as normas jurídicas referentes aos órgãos e entidadesintervenientes no Programa Pró-Guaíba, uma vez que o papel desempenhado por estasinst6ancias é apresentado de forma sucinta no Anexo 2.

• CONSTITUIÇÃO FEDERAL (dispositivos referentes a recursos hídricos):

Art. 20. São bens da União:..................................III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhemmais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a territórioestrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; asilhas oceânicas e costeiras, excluídas destas as áreas referidas no art. 26, II;..................................VIII - os potenciais de energia hidráulica;..................................Parágrafo 1.º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aosMunicípios bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado daexploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos pra fins de geração de energiaelétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental ou zonaeconômica exclusiva, ou compensação financeira por esta exploração...................................

Art. 21. Compete à União:..................................XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:..................................b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos deágua, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;..................................d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteirasnacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;..................................f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;..................................XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios deoutorga de direitos de seu uso;..................................

Art. 22 - Compete privativamente à União legislar sobre:

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..................................IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;..................................X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;..................................

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:..................................VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;..................................XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração derecursos hídricos e minerais em seus territórios;..................................

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal, legislar concorrentemente sobre:.................................VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursosnaturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;

VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valorartístico, estético e paisagístico;..................................

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes, e em depósito, ressalvadas,neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;.................................

Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um mesmocomplexo geoeconômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redução dasdesigualdades regionais...................................§ 2º Os incentivos regionais compreenderão, além de outros, na forma da lei:..................................IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos rios e das massas de águarepresadas ou represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas...................................

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:..................................III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público esocial, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;.

• CONSTITUIÇÃO ESTADUAL (dispositivos referentes a recursos hídricos):

Art. 7.º - São bens do Estado:...............................II - os rios com nascente e foz no território do Estado;

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III - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes emergentes e em depósito, ressalvadasneste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União, situadas em terrenos de seudomínio;IV - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União, inclusive as situadas em riosfederais que não sejam limítrofes em outros países, bem como as situadas em rios queconstituam dividas com Estados limítrofes, pela regra da acessão;V - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem sob seu domínio, excluídas aquelassob domínio da União, dos Municípios ou de terceiros;VI - os terrenos marginais dos rios e lagos navegáveis que correm ou ficam situados em seuterritório, em zonas não alcançadas pela influência das marés;VII - os terrenos marginais dos rios que, embora não-navegáveis, porém caudais e semprecorredios, contribuam com suas águas, por confluência direta, para tornar outros navegáveis.VIII - a faixa marginal rio-grandense e acrescidos dos rios ou trechos de rios que não sujeitosà influência das marés, divisem com Estado limítrofe;....................................

Art. 13 - É competência do Município, além da prevista na Constituição Federal e ressalvadaa do Estado:I - exercer o poder de polícia administrativa nas matérias de interesse local, tais como aproteção à saúde, aí incluídas a vigilância e a fiscalização sanitárias, e a proteção ao meioambiente, ao sossego, à higiene e à funcionalidade, bem como dispor sobre as penalidades porinfração às leis e regulamentos locais;....................................V - promover a proteção ambiental, preservando os mananciais e coibindo práticas queponham em risco a função ecológica da fauna e da flora, provoquem a extinção da espécie ousubmetam os animais à crueldade;VI - disciplinar a localização, nas áreas urbanas e nas proximidades de culturas agrícolas emananciais, de substâncias potencialmente perigosas;...................................

Art. 52 - Compete à Assembléia Legislativa, ...:................................... XII - instituição de região metropolitana, aglomerações urbanas e microrregiões;...................................XIV - matéria prevista no art. 24 da Constituição Federal.

Art. 161 - O Estado, no que lhe couber, promoverá a pesquisa, o planejamento, o controle e odesenvolvimento da exploração racional dos recursos naturais renováveis e não-renováveisem seu território.Parágrafo 1.º - As determinações resultantes do planejamento previsto no caput são deexecução compulsória por parte dos proprietários das áreas onde se localizam os recursosnaturais.Parágrafo 2.º - Em caso de descumprimento do que estabelece o parágrafo anterior, o Estadoadotará as providências cabíveis.

Art. 166 a 172 (Da política de desenvolvimento estadual e regional)

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Art. 171 - Fica instituído o sistema estadual de recursos hídricos, integrado ao sistemanacional de gerenciamento desses recursos, adotando as bacias hidrográficas como unidadesbásicas de gerenciamento e gestão, observados os aspectos de uso e ocupação do solo, comvista a promover:I - a melhoria de qualidade dos recursos hídricos do Estado;II - o regular abastecimento de água às populações urbanas e rurais, às indústrias e aosestabelecimentos agrícolas.Parágrafo 1º - O sistema de que trata este artigo compreende critérios de outorga de uso, orespectivo acompanhamento, fiscalização e tarifação, de modo a proteger e controlar as águassuperficiais e subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, assim como racionalizar ecompatibilizar os usos, inclusive quanto à construção de reservatórios, barragens e usinashidrelétricas.Parágrafo 2.º - No aproveitamento das águas superficiais e subterrâneas será considerado deabsoluta prioridade o abastecimento das populações.Parágrafo 3.º - Os recursos arrecadados pela utilização da água deverão ser destinados a obrase à gestão dos recursos hídricos na própria bacia, garantindo sua conservação e a dos recursosambientais, com prioridade para as ações preventivas.

ADCT

Art. 40 - No prazo de cento e oitenta dias da promulgação da Constituição serão editados:I - Código Estadual do Meio Ambiente;II - Código Estadual de Uso e Manejo do Solo Agrícola;III - Código Estadual Florestal;

Art. 56 - A lei que instituir o plano plurianual deverá prever, nos próximos vinte anos,recursos destinados a programas de despoluição do rio Guaíba e demais rios da RegiãoMetropolitana e à manutenção da potabilidade e balneabilidade restabelecidas.Parágrafo único - A lei de diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais especificarão osrecursos necessários, anualmente, para a implementação do programa previsto neste artigo.

• LEGISLAÇÃO FEDERAL:

Leis:

Lei n.º 2.661, de 03-12-55 - Dispõe sobre o regulamentação do parágrafo 4º do artigo 153 daConstituição Federal, e dá outras providências.

Lei n.º 5.357, de 17-11-67 - Estabelece penalidades para embarcações e terminais marítimosou fluviais que lançarem detritos ou óleos em águas brasileiras, e dá outras providências.

Lei n.º 7.661, de 16-05-89 - Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, e dá outrasprovidências.

Lei n.º 7.754, de 14-04-89 - Estabelece medidas provisórias para proteção das florestasexistentes nas nascentes dos rios, e dá outras providências.

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Lei n.º 8.630, de 25-02-93 - Dispõe sobre o regime jurídico da exploração dos portosorganizados e das instalações portuárias.

Lei n.º 9.433, de 08-01-97 - Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o SistemaNacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do artigo 21 daConstituição Federal, e altera o artigo 1º da lei n.º 8001, de 13 de março de 1990, quemodificou a Lei n.º 7.990, de 28 de dezembro de 1989.

Decretos-Leis:

Decreto-Lei n.º 852, de 11-1138 - Mantém, com modificações, o Decreto n.º 24.643, de 10 dejulho de 1934, e dá outras providências.

Decretos:

Decreto n.º 24.643, de 10-07-34 - Dispõe sobre águas públicas, águas comuns, águasparticulares, sobre aproveitamento, uso e derivação das águas públicas e particulares, e dáoutras providências (Código de Águas).

Decreto n.º 94.076, de 05-03-87 - Institui o Programa Nacional de MicrobaciasHidrográficas, e dá outras providências.

Decreto n.º 99.348, de 26-06-90 - Cria Grupo de Trabalho com o objetivo de avaliar alegislação relativa à poluição hídrica causada pelo derrame de óleo e substâncias nocivas eapresentar proposta.

Decreto n.º 99.400, de 18-07-90 - Institui Grupo de Trabalho, sob a coordenação daSecretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

Decreto n.º 1.265, de 11-10-94 - Política Marítima Nacional – PMN

• LEGISLAÇÃO ESTADUAL:

Leis:

Lei n.º 8.676, de 14-07-88 - Determina a obrigatoriedade de demarcação das áreas de pesca,lazer ou recreação, nos municípios com orla marítima, lacustre ou fluvial.

Lei n.º 8.735, de 04-11-88 - Estabelece os princípios e as normas básicas para a proteção dosrecursos hídricos do Estado, e dá outras providências.

Lei n.º 8.850, de 08-05-89 - Cria o Fundo de Investimentos em Recursos Hídricos do RioGrande do Sul - FRH-RS.

Lei n.º 8.940, de 22-12-89 - Altera o dispositivo da Lei n.º 8.850, de 08 de maio de 1989, quecria o Fundo de Investimentos em Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul.

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Lei n.º 9.860, de 20-04-93 - Dispõe sobre a participação de município com mananciaishídricos de abastecimento e unidades de conservação ambiental no produto de arrecadação doICMS.

Lei n.º 9.893, de 02-06-93 - Autoriza o Poder Executivo, a contratar operação de crédito eabrir créditos adicionais, instituir o Fundo de Investimentos do Programa para oDesenvolvimento Racional, Recuperação e Gerenciamento Ambiental da Bacia Hidrográficado Guaíba - FUNDO PRÓ-GUAÍBA e dá outras providências.

Lei n.º 9.978, de 08-12-93 - Dispõe sobre a administração do FUNDO PRÓ-GUAÍBA e dáoutras providências.

Lei n.º 10.350, de 30-12-93 - Institui o Sistema Estadual de Recursos Hídricos,regulamentando o art. 171 da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul.

Decretos:

Decreto n.º 30.132, de 13-05-81 - Organiza o Sistema Estadual de Recursos Hídricos e cria oConselho de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul.

Decreto n.º 30.752, de 30-06-82 - Dispõe sobre os órgãos que integram o Sistema Estadual deRecursos Hídricos.

Decreto n.º 32.256, de 30-05-86 - Altera o Decreto n.º 30.132, de 13 de maio de 1981.

Decreto n.º 32.774, de 17-04-88 - Cria o Comitê de Preservação, Gerenciamento e Pesquisada Bacia do Rio dos Sinos e aprova seu estatuto.

Decreto n.º 32.917, de 25-07-88 - Atribui ao Conselho de Recursos Hídricos do Estado doRio Grande do Sul competência para o disciplinamento do uso das águas do domínio doEstado.

Decreto n.º 33.125, de 27-11-89 - Cria o Comitê de Gerenciamento da Bacia do RioGravataí.

Decreto n.º 33.297, de 12-09-89 - Altera o Decreto n.º 30.132, de 13 de maio de 1981, queorganiza o Sistema Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul.

Decreto n.º 33.360, de 27-11-89 - Cria o Programa para o Desenvolvimento Racional,Recuperação e Gerenciamento Ambiental da Bacia Hidrográfica do Guaíba, define a estruturainstitucional para a sua implementação e dá outras providências.

Decreto n.º 33.990, de 28-06-93 - Altera o regulamento para a utilização de águas públicas euso comum do Arroio Velhaco para fins de irrigação.

Decreto n.º 34.047, de 23-09-91- Dá nova redação ao Decreto n.º 33.360, de 27 de novembrode 1989, que cria o Programa para o Desenvolvimento Racional, Recuperação eGerenciamento Ambiental da Bacia Hidrográfica do Guaíba.

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Decreto n.º 35.003, de 08-12-93 - Dá nova redação ao Decreto n.º 33.360, de 27 de novembrode 1989, que cria o Programa para o Desenvolvimento Racional, Recuperação eGerenciamento Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Guaíba.

Decreto n.º 35.004, de 08-12-93 - Aprova o Regulamento do Fundo de Investimento doPrograma para o Desenvolvimento Racional, Recuperação e Gerenciamento Ambiental daBacia Hidrográfica do Guaíba - Fundo Pró-Guaíba.

Decreto n.º 36.127, de 15-08-95 - Altera os Decretos n.ºs 35.003 e 35.004, de 08 dedezembro de 1993, ambos dispondo sobre o Pró-Guaíba.

3.7 Recursos Naturais

Pela sua importância e relação direta com o objeto das ações do programa Pró-Guaíba, a questão do diagnóstico da situação dos recursos naturais foi considerada a demaior relevância no âmbito desta etapa do Plano Diretor.

Ainda que a metodologia adotada para a consecução desta etapa já tenha sidoanteriormente referida, cabe destacar que esta foi a etapa que demandou o maior númerode reuniões e discussões por parte da Coordenadoria Técnica do Plano. É importantedestacar que o Quadro de Recursos Naturais sofreu uma considerável modificação. O seuponto de partida deixou de ser os Recursos Naturais na medida em que a abordagemadotada contemplava as ações sobre o meio. Estas ações foram pré-determinandas comosendo as de maior relevância, na Região, sob o ponto de vista dos agravos causados aosrecursos naturais.

Após esse processo de ajuste das expectativas e necessidades, procedeu-se aelaboração dos termos de referência que fundamentaram a concepção da equipe quantoaos aspectos relativos ao perfil dos consultores a serem contratados para a elaboração dosestudos setoriais, forma geral de abordagem, tamanho e conteúdo básico de cada tema.

Os critérios básicos foram fixados a partir dos resultados pré determinados, ou seja,para cada tema esperava-se obter informações específicas quanto a relação entre osetor/atividade e os agravos ambientais. Isto foi concebido de forma a identificardiretamente ou através de indicadores confiáveis, as regiões de maior criticidade , do pontode vista dos impactos ambientais provocados por cada setor/atividade.

Com base nesta premissa foi montado o quadro 3.1 a seguir, relacionando osrecursos naturais, os problemas ambientais mais diretamente relacionados à eles na RegiãoHidrográfica do Guaíba e os Setores/Atividades identificados como originárias dosproblemas.

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Quadro 3.1 - Bloco dos Recursos Naturais

RECURSOS NATURAIS

PROBLEMAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA BACIA QUECAUSAM PROBLEMAS AMBIENTAIS

ÁGUA

1. DIMINUIÇÃO DAQUANTIDADE

2. REDUÇÃO DAQUALIDADE

2.1 CONTAMINAÇÃODOMÉSTICA

2.2 CONTAMINAÇÃOINDUSTRIAL

2.3 CONTAMINAÇÃOAGRÍCOLA

2.4 DEGRADAÇÃO PORDESCARGAS SÓLIDAS

• USOS CONFLITANTES DA ÁGUA- Desequilíbrio entre oferta e demanda de

consumo de água (subterrâneas, superficiais)- Aspectos quantitativos dos recursos hídricos

• EMISSÃO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS- Resíduos líquidos- Resíduos sólidos

• EMISSÃO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS- Resíduos líquidos- Resíduos sólidos- Resíduos gasosos

• MANEJO DO SOLO AGRÍCOLA- Utilização de agrotóxicos- Utilização de fertilizantes- Disposição final inadequada de

embalagens- Práticas agrícolas inadequadas- Remoção da cobertura vegetal em encostas- Ocupação de ecossistemas significativos

• TRANSPORTE- Fontes móveis

- Transporte de cargas tóxicas

• PRODUÇÃO DE ENERGIA- Termoelétricas

SOLO

3. PERDAS DASCARACTERÍSTICASNATURAIS

3.1 USO DE ÁREAS COM RESTRIÇÕES

3.2 MANEJOINADEQUADO DE ÁREAS

3.3 CONTAMINAÇÃO

• MINERAÇÃO

• MANEJO DO SOLO URBANOÁreas inundáveisÁreas erodíveisOcupação de ecossistemas significativos

AR

4. DEGRADAÇÃO DAQUALIDADEATMOSFÉRICA

Fonte : Equipe Técnica do Plano Diretor - 1997

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A partir dos setores/atividades previamente identificados foram definidos os estudossetoriais a serem desenvolvidos e que podem ser encontrados em sua integra nosseguintes anexos:

• Diagnóstico da Disponibilidade de Águas Superficiais - Anexo 5

• Estudo da Disponibilidade de Águas Subterrâneas – Anexo 6

• Diagnóstico do Sistema de Esgotamento Sanitário – Anexo 7

• Diagnóstico do Lixo Domiciliar– Anexo 8

• Diagnóstico da Poluição Gerada pelas Industrias– Anexo 9

• Problemas Ambientais em Áreas Rurais – Anexo 10

• Problemas Ambientais em Áreas Urbanas– Anexo 11

• Potencial de Erodibilidade em Áreas Urbanas– Anexo 12

• Diagnóstico Setorial da Mineração– Anexo 13

• Ecossistemas Significativos– Anexo 14As cartas temáticas referentes aos temas do diagnóstico são apresentadas no

Volume 2, mapas 11 a 34.Em cada um destes trabalhos são encontrados as principais questões referentes ao

tema e a metodologia adotada para a identificação das áreas de maior criticidade. Para ossetores identificados, durante a fase de levantamento do quadro institucional, comopassíveis de terem a eficácia de suas ações relacionadas com aspectos de cunhoinstitucional, foi solicitada a inclusão de um capítulo referente ao arranjo institucional dosetor.

Os resultados obtidos por estes trabalhos, em termos das criticidades apontadas emcada um dos relatórios, são apresentados a seguir, de forma esquemática e sucinta.

3.7.1 Diagnóstico da Disponibilidade de Águas SuperficiaisA análise dos dados de vazão coletados nas estações fluviométricas operadas,

mostram a priori, que a maior parte da Região Hidrográfica do Guaíba não apresentaproblemas de falta de água para atender aos usos atuais. Nestas estações, até mesmo aanálise das vazões mínimas, vazões a partir das quais deve ser efetuada a quantificação dadisponibilidade de água, indica que nos pontos monitorados a oferta de recursos hídricos ésuficiente para atender a demanda requerida, com exceção do rio Vacacaí no postofluviométrico de Ponte São Gabriel, que será objeto de análise específica.

Um diagnóstico atual da disponibilidade quantitativa de água superficial na RegiãoHidrográfica do Guaíba, deve se basear em avaliações genéricas localizadas das demandasde água. Um forte indicador da ocorrência de conflitos derivados da insuficiência de água, éa realização de intervenções estruturais levadas a efeito pelos usuários.

Desta forma, são descritas a seguir e hierarquizadas quanto à criticidade dadisponibilidade de água, as regiões que apresentam conflitos decorrentes da insuficiênciade oferta para atender a demanda. A priorização destas regiões teve como critério oprincipal uso da água em cada uma delas, prevalecendo sobre os demais o abastecimentopúblico.

A individualização destas regiões não foi condicionada pelo conceito clássico debacia hidrográfica. Isto é, foram identificadas áreas de ocorrência de conflitos, independentedos divisores físicos das sub-bacias nas quais tais áreas foram individualizadas. Para umavisualização espacial dos resultados recomenda-se a consulta ao Mapa 20 do volume 2 do

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presente Plano Diretor.a) Região I - Aglomerado Urbano do Nordeste

Os cursos de água existentes nesta região possuem pequenas áreas decontribuição. Consequentemente, as vazões disponíveis são fortemente dependentes daocorrência de precipitações. Atuam como fatores agravantes o relevo acidentado da região,o que gera pequenos tempos de concentração (tempo decorrido entre a precipitação e oescoamento para as calhas fluviais), a pequena capacidade de armazenamento natural(ausência de áreas planas e banhados) e a existência de aqüíferos com baixo coeficiente dearmazenamento (rochas efusivas basálticas).

A densidade populacional, o grande número de indústrias de elevado consumo deágua (alimentícia, metal-mecânica), a existência de atividade primária dependente degrandes volumes de água (avicultura e suinocultura) e o cultivo irrigado de hortigranjeiros,geram a necessidade de intervenções estruturais de grande porte que permitam o aumentoda disponibilidade de água.

O abastecimento público de água é totalmente dependente destas estruturas. Aescassez de locais próximos adequados à implantação de estruturas de acumulação, temtornado progressivamente mais caro o processo de obtenção de água para atender ademanda existente. A baixa capacidade dos aqüíferos existentes, não permite a suautilização como fonte complementar de abastecimento, a não ser para pequenasdemandas. O grande volume de esgotos gerados nesta região, lançados nos mananciaiscom pouco ou nenhum tratamento, ocasiona a degradação da qualidade da água, uma vezque supera a sua capacidade natural de autodepuração.

b) Região II - Sub-bacia do rio GravataíNa sub-bacia do rio Gravataí ocorre uma estreita relação entre qualidade e

quantidade de água. O significativo aumento da urbanização do trecho inferior do rio,ocorrido nas últimas décadas, teve como conseqüência incremento na demanda de água eno lançamento de esgotos urbanos e industriais. Ao mesmo tempo, foi significativamentereduzida a capacidade natural de reservação de água da bacia.

O rio Gravataí possui um regime fluvial atípico, se comportando por vezes comolagoa, em praticamente todo o seu curso.

A ocorrência de níveis altos no Guaíba, seja por aumento do afluxo de água sejapor influência de ventos do Quadrante Sul, provoca o represamento e muitas vezes apenetração das águas do Guaíba no rio Gravataí, com reflexos até a estação de Passo dasCanoas-Auxiliar, localizada logo à jusante do Banhado Grande, na parte terminal daretificação do leito efetuada pelo DNOS.

Esta característica peculiar do rio Gravataí foi intensificada pelo sensíveldecréscimo da capacidade natural de regularização de vazões da bacia. O Banhado Grandefoi em sua maior parte drenado para permitir a expansão das lavouras de arroz que sedesenvolvem no seu entorno. Conseqüentemente, a capacidade natural de armazenamentode água da bacia foi reduzida, ocasionando como reflexos imediatos, o aumento das vazõesmáximas e o decréscimo das vazões mínimas.

Ao decréscimo da oferta de água na bacia, somou-se o aumento da demanda,tanto para o atendimento das necessidades de abastecimento e irrigação, quanto para adiluição de efluentes urbanos e industriais.c) Região III - Sub-bacia do rio Vacacaí

O rio Vacacaí, até a cidade de São Gabriel possui um comportamento fortementecondicionado pelo regime de chuvas ocorrente na região. Esta característica faz com que o

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rio Vacacaí possua alta disponibilidade de água no período de inverno e baixadisponibilidade no período de verão.

O período de cultivo de arroz coincide com o período de menor disponibilidade deágua (verão). A ampliação das áreas de cultivo, com o conseqüente aumento da demandade água para irrigação, gerou sérios conflitos de uso entre o abastecimento público e airrigação e entre os próprios irrigantes, uma vez que a disponibilidade é insuficiente paraatender a demanda.

O resultado da contabilidade oferta/demanda, mostra um significativo déficit deágua no rio Vacacaí, no posto fluviométrico de Ponte São Gabriel. Este déficit éparcialmente suprido por água proveniente de açudes e barragens construídas pelosproprietários das lavouras e pelas águas acumuladas nas barragens construídas peloEstado. O aumento da área cultivada, demandou naturalmente maiores volumes de água,muito acima da capacidade de regularização de vazão dos barramentos. Como resultado,permanecem os conflitos de uso.

Na bacia do rio São Sepé, maior afluente da margem direita do rio Vacacaí,ocorrem os mesmos problemas: demandas de água para irrigação e abastecimento públicosuperiores à disponibilidade natural do rio.d) Região IV - Sub-bacia dos rio Pardo e Pardinho

As maiores demandas de água ocorrentes nesta região são ocasionadas pelairrigação de arroz nos trechos inferiores dos rios Pardo e Pardinho e pelo abastecimentopúblico, principalmente da sede do município de Santa Cruz do Sul.

A demanda de água para irrigação corresponde a cerca de 90% do consumo totalde água na bacia, concentrada nos meses de dezembro a fevereiro, enquanto que oabastecimento público é responsável por cerca de 7% do consumo, distribuído ao longo detodo o ano, com concentração pouco maior no período de verão.

A existência de demandas de água concorrentes no período de verão (época debaixa disponibilidade), à semelhança de outras regiões do Estado, proporciona condiçõespara a ocorrência de conflitos de uso. O abastecimento público da sede do município deSanta Cruz do Sul, que depende de captação no rio Pardinho, tem sido objeto depreocupação por parte da CORSAN. Deforma a garantir a oferta de água, está em fase deprojeto a construção de um reservatório de água junto a sede do município que acumularáas águas excedentes dos períodos de inverno (projeto Lago Dourado). Além da água paraatender a irrigação e ao consumo doméstico, são necessárias vazões mínimas parapromover a diluição dos despejos urbanos provenientes das cidades localizadas junto aosrios Pardo e Pardinho.e) Região V - Sub-bacia do Alto Jacuí

Na sub-bacia do Alto Jacuí estão localizados os principais reservatórios para ageração de energia elétrica existentes no Estado (Ernestina, Passo Real e Itaúba). AHidrelétrica de Passo Real (reservatório de maior capacidade de acumulação) gera energiacontinuamente, operando para suprir o consumo de base da curva de demanda de energia.

A hidrelétrica de Itaúba, de menor capacidade de acumulação, operaintermitentemente, suprindo os picos de consumo da curva de demanda de energia. Istosignifica que nos períodos de baixa hidraulicidade (verão), as vazões disponíveis no rioJacuí são apenas aquelas turbinadas pela hidrelétrica, uma vez que neste períodosdificilmente ocorre liberação de água pelos vertedores da barragem. Consequentemente, oregime de operação desta hidroelétrica ocasiona grandes oscilações diárias de vazão notrecho do rio Jacuí localizado à jusante. É comum ocorrerem vazões nulas no rio Jacuí àjusante de Itaúba.

Esta variação artificial diária de vazões, ocasiona oscilações do nível do rio. Estas

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oscilações geram conflitos com outros dois usuários da água naquele trecho do rio Jacuí: airrigação e a navegação.

A irrigação de arroz é praticada com intensidade a partir do município de DonaFrancisca, se estendendo ao longo das várzeas do rio Jacuí. Até o início do estirãoprovocado pelo remanso da barragem eclusada do Fandango, em Cachoeira do Sul, oregime de operação da barragem de Itaúba ocasiona, em períodos de estiagem,significativas oscilações de nível que alteram o calado do rio (o que causa dificuldades ànavegação) e interrompem o bombeamento de água às lavouras de arroz que dependem detomadas diretas do rio.

A construção da hidrelétrica de Dona Francisca, tende a amenizar as oscilações denível através da regularização das vazões do trecho superior do rio Jacuí, uma vez queserá construída para operar continuamente (geração de energia para a atender à base dacurva de consumo).g) Conclusões

A Região Hidrográfica do Guaíba possui um regime pluvio-fluviométrico capaz deatender, em termos médios, as demandas de água existentes. A análise genérica dosdados hidrometeorológicos disponíveis conduz a avaliações também genéricas, induzindo aum panorama otimista com relação à disponibilidade de água.

Os dados disponíveis, obtidos a partir de redes de estações de monitoramentoinstaladas em cursos de água que drenam grandes áreas, mostram uma adequadadistribuição de recursos hídricos ao longo de todo o ano hidrológico. No entanto, na medidaem que se aumenta a escala de análise, percebe-se que o balançodisponibilidade/demanda se mostra progressivamente desfavorável, ou seja, o resultado dosomatório disponibilidade - demanda conduz a um resultado cada vez menor, sendocomum assumir valores negativos. Este somatório, realizado com base nos dadosdisponíveis, permite apenas avaliações qualitativas, isto é, a inexistência de dadosconcretos sobre demandas e disponibilidades em bacias com pequenas áreas dedrenagem, impede a quantificação exata do resultado deste somatório.

A crescente escassez da água, e os conflitos de uso decorrentes, gerou também anecessidade de serem estabelecidos mecanismos para o seu gerenciamento. AConstituição Federal promulgada em 1988, estabeleceu que o Estado como proprietário daságuas, deveria instituir um sistema nacional de recursos hídricos que tivesse como funçãopromover o adequado uso das águas. A Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, emdecorrência, instituiu o Sistema Estadual de Recursos Hídricos, com vistas a promover ogerenciamento das águas de seu domínio.

As leis que regulamentaram o Sistema Nacional e o Sistema Estadual (Lei Federalnº 9.433 de 8 de janeiro de 1997 e Lei Estadual nº 10.350 de 28 de dezembro de 1994),adotaram princípios e diretrizes que reconhecem a água como um bem escasso, dotado devalor econômico e que o seu uso deve ser gerenciado em conjunto com a sociedade.Definem também que a gestão dos recursos hídricos deve ser integrada à gestão ambientale ao planejamento regional.

3.7.2 Estudo da Disponibilidade de Água SubterrâneasO estudo das disponibilidades de águas subterrâneas consistiu em um

levantamento de dados hidrogeológicos e perfis litológicos de cerca de mil poços tubularesprofundos distribuídos sobre as áreas abrangidas pela Região Hidrográfica do Guaíba. Aspotencialidades de produção permitem caracterizar áreas onde o rendimento dos aquíferosobedece a um intervalo de maior incidência de determinadas vazões.

As áreas selecionadas pelos critérios estabelecidos pelo estudo foram definidas a

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partir de características litológicas, geomorfológicas e tectônicas o que determina que nãopossuem como referência espacial a divisão municipal ou as bacias hidrográficas. No corpodo trabalho apresentado no Anexo 6, as questões referentes a metodologia e critériosadotados no estudo são apresentados em sua integra. Com base nos resultados obtidos noestudo são apresentadas, a seguir, as regiões de maior criticidade, a partir de umaadaptação das regiões adotadas pelo trabalho às bacias componentes do Pró-Guaíba. Parauma visualização espacial dos resultados recomenda-se a consulta ao Mapa 21 do Volume2 do presente Plano Diretor.

a) Área compreendida pelas bacias Vacacaí-Vacacaí-Mirim, porção sul do AltoJacuí e porção sul e oeste do Pardo-Baixo Jacuí.

Esta região representa uma área crítica para explotação de água subterrânea,onde os tipos litológicos comuns são os granitóides e rochas metamórficas de médio a altograu do Escudo Sul-riograndense, além dos Sedimentos Gondwânicos da FormaçãoRosário do Sul. As vazões comuns compreendem o intervalo de 1,00 a 3,00 m3 /h, sendoalta também a incidência de poços nulos.

Ocorrem exceções puntuais a este intervalo, localizadas nos municípios deCachoeira do Sul, Pantano Grande e Vila Nova do Sul. Em Cachoeira do Sul e PantanoGrande, alguns poços localizados em áreas mais favoráveis da formação Rosário do Sul,podem produzir até 14 m3/h, quando a perfuração atinge níveis arenosos, oriundos depaleocanais. Já em vila Nova do Sul, ocorre um poço localizado sobre o escudo Sul-riograndense cuja produção supera os 20 m3/h, pois sua locação atinge uma zona deintersecção de fraturamentos que são os principais condutos alimentadores dosreservatórios superficiais. Entretanto, a água captada neste poço apresenta problemas depotabilidade, pois os teores de fluoretos, ferro e manganês estão acima dos valoresrecomendados pelo Ministério da Saúde.

b) Área representada pela margem direita do lago Guaíba e porção leste da baciaPardo-Baixo Jacuí

Esta área também é crítica para captação de água subterrânea, ocorrendo sobreos Sedimentos Godwânicos das formações Rio Bonito e Rosário do Sul. As vazões situam-se na ordem de 1 a 3 m3/h, distinguindo-se da área anterior, sobretudo pela ocorrência deníveis cabornosos da formação Rio Bonito que conferem um caráter sulfuroso à água quecircula em alguns municípios.

Alguns poços perfurados nos municípios de Guaíba e Tapes compõem excessõespontuais do intervalo comum de vazão, uma vez que, atingindo sequencias arenosas dosSedimentos Quaternários que ocorrem nesta região, podem alcançar vazões superiores a30 m3/h.

c) Área compreendida pela margem esquerda do lago Guaíba, bacia do Gravataí,com excessão de uma pequena parcela ao sul, bacia do Sinos e porção sul do Caí.

Representa uma área pouco favorável à explotação de água subterrânea, ondeocorrem Sedimentos Gondwânicos das formações Rosário do sul e Botucatu, além debasaltos da formação Serra Geral. São comuns vazões entre 3 e 10 m3/h.

Dentro desta área, podemos ainda observar um comportamento diferenciado nasporções leste e oeste da mesma, na porção leste há uma tendência de maior rendimentodos poços, produzindo até 15 m3/h, onde a perfuração atinge o arenito Botucatu, confinadosob camadas de basalto. Já na porção oeste da área, é alta a incidência de poços nulos ecom vazões médias de 3 m3/h, quando os mesmos são perfurados em locais onde é alto oteor de argila nos sedimentos.

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d) Área central da bacia do Pardo e porção sul do Taquarí-AntasRepresenta uma área de comportamento heterogêneo, com rendimento variando de

poços improdutivos a poços com vazões de até 20 m3/h. Ocorrem nesta área os sedimentosGondwânicos das formações Rosário do Sul, Santa Maria e, localizadamente, basaltos.

Os poços de maior produção foram perfurados em regiões onde o teor de argila nossedimentos é baixo, como ocorre nos municípios de lajeado, Venâncio Aires, paverama eestrela, cujas vazões médias são de 20 a 30m3/h. Em contrapartida, em municípios comoTaquarí, Cruzeiro do Sul e Vera Cruz, por exemplo, o teor de argila nos sedimentos é alto,refletindo na baixa produção dos poços.

e) Área central da bacia Alto JacuíRepresenta uma área razoável para a captação de água subterrânea, cujas vazões

mais comuns são de 4 a 10 m3/h. Esta área apresenta uma variação de comportamento dosaqüíferos nas porções oeste e sul. No oeste da área, sobretudo nos municípios deTupaciretã e Júlio de Castilhos, ocorrem os SedimentosTerciários da formação Tupaciretã,com um maior rendimento dos poços, podendo atingir até 30 m3/h. Ao sul da área, ocorre aformação Rosário do Sul, com grande contribuição de níveis argilosos, o que compromete orendimento dos poços. Na medida em que se dirige ao norte da área, diminui o conteúdo deargila nos sedimentos, refletindo em um aumento de produção.

f) Área situada na porção norte da bacia Alto JacuíEsta área, localizada no extremo noroeste da bacia do Guaíba, é uma das mais

favoráveis à captação de água subterrânea, apresentando comumente vazões de 20 m3/h.As excessões a essa média ocorrem tanto para vazões menores, quanto para poços cujaprodução pode ultrapassar os 90 m3/h. A área forma uma faixa alongada no sentidonordeste-sudoeste, obedecendo a direção predominante de fraturamentos do basalto.

g) Área compreendida pela porção nordeste das bacias Taquarí-Antas e Caí.Representa uma área pouco favorável à captação de água subterrânea, ocorrendo

nesta região sobretudo os basaltos da formação Serra Geral, onde a sequência dederrames é bastante espessa e a rocha pouco fraturada. As vazões comuns estão entre 2 e6 m3/h, ocorrendo exceções puntuais, principalmente nos municípios de Flores da Cunha eSão Marcos.

h) Área formada pela porção central do Caí e Taquarí-Antas e porção norte doPardo

É uma área razoável para explotação de água subterrânea, onde a maior incidênciade vazões compreende o intervalo de 3 a 10 m3/h. Ao sul desta área, os poços perfuradospodem ultrapassar as camadas de basalto e atingir o Arenito Botucatu sotoposto que, porcomportar-se como um aqüífero confinado, fornecerá vazões maiores. Ao norte da área asequencia de derrames é mais espessa e os poços mais produtivos estão em zonas onde obasalto está bastante fraturado, como ocorre nos municípios de Carlos Barbosa, Farroupilhae Bento Gonçalves principalmente.

i) Área situada na porção sul da bacia do GravataíÉ uma área muito favorável à captação de água subterrânea, onde a produção de

poços ultrapassa os 40 m3/h. Os poços são perfurados sobre os sedimentos Quaternáriosoriundos de depósitos de dunas eólicas costeiras. Trata-se de uma área restrita, de poucaextensão, localizada nas proximidades da Lagoa dos Patos, no município de Viamão.

j) ConclusõesA água subterrânea que circula na Região Hidrográfica do Guaíba é de boa

qualidade, apresentando eventualmente teores elevados de alguns elementos como o

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ferro, manganês e, mais raramente, fluoretos e cloretos, mas de caráter localizado e nãoregionalizado, o que não compromete a sua potabilidade.

Quando as medidas de proteção sanitária dos poços tubulares profundos perfuradospara captação de água subterrânea não são observadas, os mesmos podem constituir viasde contaminação direta dos aqüíferos, visto que as entradas de água superficiais são asvias mais usuais de contaminação com efluentes de origem industrial, doméstica ou rural.

As regiões mais suscetíveis à contaminação dos aqüíferos são aquelas onde há altaconcentração populacional e parques industriais bem desenvolvidos, como se verifica nasbacias do Gravataí, Guaíba e Sinos. Para estas regiões, devem ser observadas medidas deproteção aos aqüíferos, que , apesar de não possuirem grande rendimento, localizam-se emárea de risco à contaminação.

É possível concluir, ainda, que na Região Hidrográfica do Guaíba os aqüíferos nãofornecem grandes volumes de água, salvo em áreas muito localizadas, o rendimentodepende do comportamento do tipo litológico sobre o qual o poço foi perfurado.

Os aqüíferos granulares, como os compostos pelos sedimentos Gondwânicos (formação Rio Bonito, Rosário do Sul, Santa Maria e Botucatu), apresentam rendimentovariável de acordo com o conteúdo de argila e grau de silicificação. Quando é grande acontribuição argilosa nos sedimentos, a obliteração da porosidade é favorecida, dificultandoa circulação da água e consequente acumulação, o mesmo comportamento apresentadoquando o grau de silicificação dos sedimentos é alto, determinando baixo rendimento dosaqüíferos, os quais comportam-se como aqüíferos fraturados. Em contrapartida, quando égrande a contribuição de níveis arenosos nos sedimentos e/ou o grau de silicificação ébaixo, a produção dos poços é maior.

O rendimento dos aqüíferos fraturados, como os compostos pelos granitóides doescudo Sul-riograndense e os basaltos da formação Serra Geral, apresentamcomportamento variável de acordo com a densidade de fraturamento das rochas, aintercomunicação dos canais formados pelas fraturas e o preenchimento das mesmas. Aprodução do aqüífero Serra Geral é mais elevada na medida em que aumenta a densidadeda rede de fraturamento do basalto, sem preenchimento posterior das fraturas.

Nos domínios da Bacia do Alto Jacuí, onde os fatores litológico, topográfico etectônico favoreceram o desenvolvimento de um aqüífero de alto rendimento sugere-seespeciais cuidados na conservação destas características a fim de evitar-se a degradaçãofisico-química da água. No município de Viamão, na bacia do Gravataí, próximo a Lagoados Patos ocorre uma área onde o rendimento dos aqüíferos formados pelos sedimentosQuaternários oriundos de depósitos de dunas eólicas é bastante alto, superando os 60 m3/h.Tal fato remete essa região a ser também uma zona de primordial preservação.

3.7.3 Diagnóstico do Sistema de Esgotamento Sanitário

A situação dos esgotos sanitários na Região Hidrográfica do Guaíba é semelhante àquelaencontrada nas demais regiões do Estado, situando-se como bastante crítica em relação àsnecessidades de cobertura à população e níveis de eficiência dos sistemas de tratamento.Os Quadros a seguir sintetizam a relação entre os diversos sistemas de esgotamentoempregados na Bacia, com enfase na cobertura dos serviços.

Quadro 3.2 - Percentual de população em função do tipo de sistema empregado

Sub-Bacia Soluções Locais Sist.c/rede Sist c/rede e Ausência de

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CanalizaçãoMista(CM)

Decant. /Infiltr.(DI)

s/tratam.(C/R)

tratamento(C/T)

SoluçõesSanitárias (SI)

GRAVATAÍ 54 12 17 5 12SINOS 63 9 0 3 25CAÍ 48 21 0 3 28TAQUARI. – ANTAS 34 18 0 0 48ALTO JACUÍ 8 8 0 3 81VACACAÍ 16 16 0 35 33PARDO - BAIXO JACUÍ 22 19 0 7 52GUAÍBA 36 11 39 2 12

Fonte: Dados Brutos IBGE, Pró-Guaíba e Operadores dos Sistemas 1996/97

Da totalização dos resultados apresentados pelo quadro acima pode-se obter arelação total da Região Hidrográfica do Guaíba, que pode ser sintetizada como segue: 41%da população total é atendida por Canalização Mista, 13% com sistema de disposição porDecantação/Infiltração, 10% da população é atendida com Rede Coletora, apenas 5%apresenta sistema com Rede Coletora + Tratamento e, finalmente, 31% apresentaSoluções Inadequadas de esgotamento sanitário.

Com relação a estimativa da carga poluidora, em termos da Demanda Bioquímica deOxigênio (DBO5,20), obteve-se o seguinte quadro.

Quadro 3.3 - Carga Bruta Total

SUB-BACIA CARGA BRUTA TOTAL (Kg/dia)

GRAVATAÍ 50.342,958SINOS 63.827,838CAÍ 26.443,044TAQUARI-ANTAS 57.355,776ALTO JACUÍ 21.526,830VACACAÍ 17.959,482PARDO BAIXO JACUÍ 22.503,042GUAÍBA 59.665,032TOTAL 319.624,002

Fonte: Dados Brutos , IBGE 96

Pelo estudo dos dados referentes a geração das cargas brutas, verificou-se, ainda,que do total gerado na Região Hidrográfica do Guaíba, 53 % correspondem a RegiãoMetropolitana de Porto Alegre, 9 % ao Aglomerado Urbano do Nordeste, 9 % aosmunicípios que não se enquadram nesta condição e possuem mais de 50.000 hab(incluídos os municípios de Gramado e Canela). Os demais municípios perfazem 29 % dacarga gerada na Região.

O Quadro 3.4 apresenta o número de municípios, por sub-bacia , em relação aCarga Remanescente, ou seja a carga total gerada pelos municípios na bacia, abatidaconforme os percentuais de eficiência atingidos pelos sistemas de tratamento e disposiçãofinal existentes.

Quadro 3.4 - No de municípios conforme sua Carga Remanescente

SUB-BACIA CREM ≤≤≤≤ 1.000kg/dia

1.000 <<<< CREM≤≤≤≤ 2.500 kg/dia

CREM >>>> 2.500kg/dia

GRAVATAÍ 4 2 3

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SINOS 19 3 3CAÍ 36 0 1TAQUARI. – ANTAS 108 1 1ALTO JACUÍ 48 0 0VACACAÍ 9 1 0PARDO - BAIXO JACUÍ 35 0 0GUAÍBA 8 1 1TOTAL (BACIA)* 223* 8* 6*

* valores não correspondem à soma da coluna devido a existência de municípios em mais de uma sub-baciaFonte: Dados Brutos IBGE , 1996 e operadores dos sistemas 1997

Da totalidade dos 237 municípios, 94% apresentam carga remanescente inferior ouigual a 1.000 kg/dia; 3% apresentam carga remanescente no intervalo de 1.000 kg/dia a2.500 kg/dia; e 3% dos municípios apresentam carga remanescente maior que 2.500 kg/dia.

Ainda com relação a estimativa de Carga Remanescente , Quadro 3.5 abaixo,verificou-se que do total gerado na Região Hidrográfica do Guaíba, 76 % correspondem aRegião Metropolitana de Porto Alegre, 9 % ao Aglomerado Urbano do Nordeste, 5 % aosmunicípios que não se enquadram nesta condição e possuem mais de 50.000 hab(incluídos os municípios de Gramado e Canela). Os demais municípios perfazem tãosomente, 10 % da carga remanescente gerada na Região.

Quadro 3.5 - Carga Remanescente Total

SUB-BACIA CARGA REMANESCENTETOTAL (Kg/dia)

GUAÍBA 35.510,760GRAVATAÍ 24.105,753SINOS 21.663,099TAQUARI-ANTAS 8.861,160CAÍ 7.326,591PARDO BAIXO JACUÍ 3.473,024VACACAÍ 2.639,014ALTO JACUÍ 1.449,746TOTAL 105.029,147

Fonte: Dados Brutos IBGE 1996 e operadores dos sistemas 1997

A elaboração do presente trabalho propiciou uma visão geral da situação dosesgotos sanitários na Região Hidrográfica do Guaíba, a partir da qual foram geradas asseguintes conclusões e recomendações:

a) existe um contingente significativo de municípios que não possuem nenhumsistema institucionalizado de saneamento e, no entanto, possuem pequenoscontingentes populacionais (< 20.000 Hab), o que permite a adoção de sistemaslocais de tratamento e destino final. Situação similar ocorre com os contingentespopulacionais das periferias das grandes cidades que não possuem sistemassanitariamente adequados. Em função destes fatos, sugere-se a adoção depolíticas públicas que contemplem soluções com tecnologias simplificadas paracobertura de tais situações;

b) a grande maioria dos municípios não possui um órgão específico para ogerenciamento das questões relativas aos esgotos sanitários. Sugere-se açõesde reforço institucional voltadas especificamente para a capacitação dasPrefeituras Municipais;

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c) dentre os municípios caracterizados como críticos existem alguns com obras deesgotos em execução, como é o caso dos municípios de Cachoeirinha, Gravataí,Canoas e Porto Alegre, assim como outros em que as obras encontram-separalisadas como: Venâncio Aires e Tapes;

d) a existência de Municípios com níveis distintos de estrutura para a prestação dosserviços faz com que em alguns deles existam estudos prévios e mesmo projetosem nível executivo. Tal situação induz a que esta condição seja considerada napriorização das intervenções no setor;

e) a extrema dificuldade encontrada na obtenção de informações e mesmo a clarainconsistência de alguns dos dados obtidos, determina que se recomende acriação de um banco de dados setoriais capaz de subsidiar o planejamento dosetor de saneamento no estado.

Os resultados em termos de identificação das áreas críticas segundo os doiscritérios estudados, quais sejam de geração de cargas e da existência de sistemasinadequados de esgotamento pode ser visualizado nos mapas 24 e 23 do Volume 2.

A situação institucional no setor de esgotos sanitário encontra-se em plenatransição, na medida em que o modelo existente não tem sido capaz de fazer frente àsnecessidades do setor. Tanto as autarquias municipais como a Companhia de Saneamento- CORSAN não têm obtido sucesso na viabilização de sistemas na medida dasnecessidades da população. Não sendo objeto do presente trabalho, não serão aquianalisadas as razões para tal situação, entretanto, nota-se uma tendência à inserção dainiciativa privada no setor, assim como a busca de fontes alternativas de financiamento,bem como um reforço de flexibilização das técnicas de coleta e tratamento dos efluentes.

Para fins deste diagnóstico é importante destacar a necessidade de revisão do atualmodelo institucional, o que pode ser ilustrado pelo quadro abaixo:

Quadro 3.6 - Situação Institucional da Prestação dos Serviçosde Esgoto na Região Hidrográfica do Guaíba

OPERADOR NO de Municípios Percentual (%)

CORSAN 15 6,4Autarquias Municipais 3 1,3Cia Municipal 1 0,4Empresa Privada 1 0,4Nenhum Órgão Específico 217 91,6TOTAL 237 100,00

Fonte: levantamentos realizados junto aos operadores

A inexistência de órgãos específicos para fins de operação e manutenção desistemas de esgotos sanitários na maioria dos municípios do Estado é agravada pelaausência de organismos supra municipais capazes de fornecer suporte aos municípios.Com isso, queremos enfatizar que a simples existência de investimentos no setor não serásuficiente para o equacionamento dos problemas existentes, até mesmo porque, como já foisalientado, a maioria das habitações possui um sistema de afastamento ou tratamento deesgotos implantado, o que não há são as garantias de que este sistema seja adequado oueficientemente operado.

Outro problema verificado é a ausência de um órgão de planejamento setorial queconcentre as informações relativas aos indicadores de cobertura dos serviços desaneamento no Estado. Uma vez que existem operadores em nível estadual, municipal eprivado, além de um significativo vazio institucional na maior parte dos municípios, ficadificultada a compatibilização da base das informações existentes, especialmente onde não

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há um operador institucionalizado.

3.7.4 Diagnóstico do Lixo DomiciliarO diagnóstico dos resíduos sólidos de origem domiciliar utilizou, como um dos

indicadores da problemática do setor a questão da geração dos resíduos. Este fatodeterminou que a questão populacional e mais especificamente a sua distribuição espacialfossem um ponto de partida para a análise do setor.

A população urbana dos municípios da Região Hidrográfica do Guaíba é de cerca de5.230.000 habitantes. Estima-se, segundo a metodologia adotada, que esta populaçãogere aproximadamente 3.689 ton./dia de lixo domiciliar e similar.

Deste total, 13,8% são gerados em municípios com menos de 50.000 habitantes emárea urbana, com exceção dos situados fora do AUN e da RMPA, 11,3% são gerados emmunicípios com mais de 50.000 habitantes em área urbana, com exceção dos situados forado AUN e da RMPA, 10,0% são gerados em municípios do AUN e 64,9% em municípios daRMPA.

Considerando que quanto mais alto o índice lixo gerado/área, mais preocupante é asituação, do ponto de vista sanitário e ambiental, tem-se que são geradas, nas regiões emunicípios acima destacados, 42,3 toneladas de lixo domiciliar e similar urbano por ano, porm2 de área. Excluindo estes destaques, tem-se para o restante dos municípios da RegiãoHidrográfica um índice de 3,1 toneladas de lixo gerado por ano, por m². Comparando-seestes dois índices confirma-se a grande concentração nas regiões e municípios citados.

Mantendo constante o nível de prestação do serviço de coleta de 1991, tem-se umdéficit de coleta geral para a bacia de cerca de 10%. Portanto, sob este aspecto a situaçãogeral é "regular".

Quanto a destinação final do lixo na Região, excluídos os municípios com mais de50.000 habitantes em área urbana, o AUN e a RMPA, apenas 13% tem algumencaminhamento ou solução licenciada pela FEPAM, levando a crer que os demais seutilizem simplesmente de "lixões".

Foram adotados dois critérios para avaliação da criticidade, o déficit de coleta e adisposição final dos resíduos sólidos.

Para efeito do presente trabalho, considerou-se "boa" a situação em que o déficit decoleta, isto é, o percentual de lixo gerado mas não coletado, não ultrapassa 5%, "regular",quando fica entre 5% e 15% e "ruim" acima de 15%.

As informações sobre déficit de coleta integrantes do diagnóstico setorial não serãoapresentadas nesta síntese porque os dados obtidos não representaram influênciasignificativa sobre o enquadramento das situações dos municípios em níveis de criticidade. Visando a avaliação da criticidade considerou-se a forma de destinação finalassociada á situação junto a FEPAM.

Foram consideradas as seguintes situações:

• Resolvida - quando se trata de solução sanitariamente adequada, e o municípioconta com LO.

• Problemática, com encaminhamentos - quando o LO está vencida, ou omunicípio conta apenas com LI ou LP e outras situações intermediárias àsResolvidas e Críticas.

• Crítica - quando o município opera sem qualquer licença da FEPAM (NL),subentendendo-se que a forma de destinação seja o lixão.

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Quadro 3.7 - Municípios com mais de 50.000 habitantes em Zona Urbana Tratamento e Destinação Final de Lixo nos Sete Municípios

com mais de 50.000 Hab. em Área Urbana, da Região Hidrográfica do Guaíba (exceto Aun e Rmpa)

MUNICÍPIO FORMA DE TRATAMENTO OUDESTINAÇÃO

SITUAÇÃO JUNTO ÀFEPAM

Cachoeira do Sul Aterro Sanitário LORecuperação de Lixão LO (em análise)

Carazinho Usina de Reciclagem* eCompostagem e Aterro controladoem Palmeira das Missões

LO

Cruz Alta Lixão NLUsina de Reciclagem LP (vencida)

Passo Fundo Usina de Reciclagem** eCompostagem e Aterro Sanitário

LO

Santa Cruz do Sul Usina de Reciclagem e Compostageme Aterro Sanitário

LO

Lixão NLSanta Maria Recuperação de Lixão com uso para

Aterro Sanitário**LO

Lixão NLSão Gabriel Recuperação de Lixão com uso para

Aterro Sanitário ***LO

Situação Resolvida * Situação provisória. Segundo informações da prefeitura, está sendo providenciado Situação Problemática, com encaminhamentos estudo visando seleção de área para uma solução adequada.

Situação Crítica ** Somente a Triagem está sendo operada. *** Projeto não está sendo implantado.

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Cruz Alta, São Gabriel e Santa Maria são considerados em situação crítica pelametodologia adotada, e portanto, remetem para soluções imediatas. Mas tanto estesmunicípios, quanto os demais, com mais de 50.000 habitantes em área urbana, precisammelhorar a situação (nos casos de Carazinho e Passo Fundo) ou no mínimo mantê-la (noscasos de Cachoeira do Sul e Santa Cruz do Sul).

Quadro 3.8 - Aglomerado Urbano do Nordeste (AUN)Tratamento e Disposição Final do Lixo no AUN

MUNICÍPIOSFORMA DE TRATAMENTO E

DISPOSIÇÃO FINAL SITUAÇÃO JUNTO ÀFEPAM

Bento Gonçalves Aterro Sanitário LO

Carlos BarbosaRecuperação de Lixão com usopara Aterro Controlado

LO

Usina de Reciclagem eCompostagem e Aterro Sanitário

LI

Caxias do Sul Recuperação de Lixão com usopara Aterro Sanitário

LO vencida*(renovação em análise)

Farroupilha Usina de Reciclagem eCompostagem e Aterro Sanitário

LO

Flores da Cunha Lixão NLLixão NL

Garibaldi Usina de Reciclagem eCompostagem e Aterro Sanitário

LI

Monte Belo do Sul Lixão NLNova Pádua Lixão NLSanta Tereza Lixão NLSão Marcos Lixão NLFonte: - FEPAM Situação Resolvida - Prefeituras Municipais Situação Problemática, com encaminhamentos * Prefeitura recebeu os termos de referência para EIA/RIMA de Situação Crítica uma nova área.

Apenas em 20% dos municípios (Bento Gonçalves e Farroupilha) que coletam umtotal de 97ton/dia, equivalente a 26% do total coletado no AUN, podem serconsiderados como tendo uma situação resolvida, no presente momento.

As situações de Caxias do Sul, Carlos Barbosa e Garibaldi que, em conjunto coletam250ton/dia de lixo (68% do AUN) são no mínimo problemáticas.

Em situações críticas enquadram-se 50% dos municípios (Flores da Cunha, MonteBelo do Sul, Nova Pádua, Santa Tereza e São Marcos) que em conjuntocoletam 22,8 ton/dia, portanto, 6% do total coletado no AUN.

A formação geológica do AUN aqui não foi considerada porque não faz parte doescopo do presente trabalho, sendo, em geral, muito desfavorável, para a disposição delixo. Os solos são pedregosos, rasos e bastante permeáveis. Esta condição natural denota afragilidade que aliada à situação considerada crítica da disposição final do lixo na região,remetem a necessidade de medidas não só imediatas mas também efetivas em umhorizonte temporal mais longo.

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Quadro 3.9- Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA)

Tratamento e Destinação Final de Lixo na RMPA

MUNICÍPIOFORMA DE TRATAMENTO OU

DISPOSIÇÃO NO SOLO SITUAÇÃO JUNTO À FEPAM

ALVORADA Lixão NL(Infracionado)

CACHOEIRINHA Recuperação de Lixão LO(Leva para Gravataí) -

CAMPO BOMUsina de Reciclagem e Compostagem e AterroSanitário LO

CANOASRecuperação de Lixão com uso para AterroSanitário LO

Usina de Reciclagem e Compostagem EIA/RIMA(em análise)

CHARQUEADAS Lixão NL(Infracionado)

DOIS IRMÃOS Usina de Reciclagem e Aterro Sanitário* LOLixão NL

ELDORADO DO SUL Aterro Sanitário LI(vencida e renovação em análise)

ESTÂNCIA VELHA Usina de Reciclagem e Compostagem e AterroSanitário

LO

ESTEIO Usina de Reciclagem * LO(Leva para Gravataí) -

GLORINHA Usina de Reciclagem* e Aterro Controlado LO

GRAVATAÍRecuperação com Uso para Aterro Sanitário LO

Opera na forma de Aterro Controlado -GUAÍBA "Lixão" NL**

(acionado)IVOTI Usina de Reciclagem e Compostagem e Aterro

ControladoLO

"Lixão" NLNOVA HARTZ Recuperação de "Lixão" com uso para Aterro

ControladoLO(em análise)

Reciclagem e Aterro Controlado NLNOVO HAMBURGO Recuperação com uso para Aterro Sanitário LO***

(vencida)PAROBÉ Recuperação de "Lixão" com uso para Aterro

ControladoLO

PORTÃO Usina de reciclagem e Aterro Sanitário LO

PORTO ALEGRERecuperação de "Lixão" com uso para AterroSanitário

LO(vencida)

Aterro Sanitário LI (vencida, em análise a renovação)SÃO LEOPOLDO Usina de Reciclagem e Compostagem e Aterro

SanitárioLO

"Lixão" NLSAPIRANGA Recuperação de "Lixão" com uso para Aterro

ControladoLO

SAPUCAIA DO SUL "Lixão" NL (Infracionado)TRIUNFO "Lixão" NLVIAMÃO Recuperação de "Lixão" com uso para Aterro

ControladoLO(vencida, em naálise a renovação)

* Não faz compostagem . Situação Resolvida ** Prefeitura encaminhou correspondência, solicitando autorização para recuperação Situação Problemática, com encaminhamentos do “lixão”, com continuidade de uso. *** Renovação da LO, em gestão. Situação Crítica

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Pelo que pode ser observado no quadro anterior, as situações são bastantediferenciadas de um município para outro, sendo possível um agrupamento dos municípios,segundo nível de criticidade da seguinte forma:

1º - Tem atualmente suas situações resolvidas 39% dos municípios: Campo Bom,Canoas, Dois Irmãos, Estância Velha, Glorinha, Ivoti, Parobé, Portão, SãoLeopoldo. Em conjunto, este grupo de municípios trata e dá destino final a 326ton/dia de lixo, o que representa 14% do total da RMPA.

2º - Em situação problemática, com encaminhamentos junto à FEPAM visando umasolução ou para renovação de licença, estão 26% dos municípios: Cachoeirinha,Esteio, Gravataí, Porto Alegre, Sapiranga e Viamão. Estes municípios somam1.604 ton/dia de lixo equivalente a 70% do total.

3º - Em situação crítica estão os demais 35% dos municípios: Alvorada,Charqueadas, Eldorado do Sul, Guaíba, Nova Hartz, Novo Hamburgo, Sapucaiado Sul e Triunfo. Totalizam 359 ton/dia em conjunto , o que representa 16% dototal.

O projeto de Seleção de Áreas para a Destinação Final de Lixo na RMPA, que estásendo elaborado pela METROPLAN, CPRM E FEPAM revela as grandes dificuldades de seencontrar áreas adequadas, segundo critérios recomendados pela FEPAM, na região. Umdos critérios é o afastamento de 2.000 metros da área urbana, que foi reduzidoespecificamente para a RMPA, para 500 metros, sem o que seria inviável indicar-se áreasna maioria dos municípios. Mesmo com esta redução, Esteio não dispõe de área seconsiderar tão somente este critério. Ao juntar-se outros critérios provavelmente maismunicípios não terão áreas em condições adequadas.

Considerando as avaliações feitas do ponto de vista das criticidades das atuaissoluções dadas nos municípios, aliadas às questões de ordem espacial referidas, pode-seenquadrar a situação geral da RMPA na condição de crítica. Porém as iniciativas, osestudos e as gestões de solução conjunta e o Plano Diretor de Resíduos Sólidos para aRMPA (Projeto componente do Pró-Guaíba) revelam perspectivas de efetivas soluções naregião.

Os serviços de resíduos sólidos prestados pelas prefeituras dos municípios e regiõesdestacados no presente trabalho, são prestados em geral pelas Secretarias de Obras ou deServiços Urbanos, portanto recebem o tratamento similar a outros serviços como iluminaçãopública, e calçamento, mas em geral, desfavorecido em termos de prioridade. Este fato,somado ao de que são raros os municípios que apresentam estruturas organizacionaisvoltadas para questões ambientais, dando ao lixo a devida importância, sob este enfoque,determinam que os serviços correspondentes, especialmente os de destinação final, nãotenham a devida diferenciação

Em geral, não é feito controle de custos específicos do setor, o que poderia embasaro valor da taxa de lixo e dar elementos para uma administração mais adequada dosserviços. Também verificou-se que menos de 20% dos municípios cobram esta taxa e ondeisto ocorre, os valores são inferiores às despesas com os serviços. Na Capital, por exemplo,a taxa de coleta, cobre cerca de 30% de todas as despesas e o restante é coberto pelastransferências da Prefeitura.

A terceirização na prestação de serviços de resíduos sólidos ocorre em quase todosos municípios, notadamente nos componentes de coleta e reciclagem. Este último inclui ascoletas seletivas que nas fases de classificação e preparação dos materiais para acomercialização e reindustrialização, vem sendo operado preponderantemente por gruposde trabalhadores organizados na forma de associação ou cooperativas.

Praticamente inexistem legislações específicas que regulem os compromissos e osdireitos dos munícipes e do setor público no que diz respeito a lixo. A complexidade do

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problema em municípios grandes ou regiões densificadas, como as analisadas exigiriamque este instrumento existisse.

A RMPA, reconhecidamente área crítica de poluição, situação que está sendoconfirmada no presente diagnóstico, está sendo contemplada no módulo I do Pró-Guaíba,com um Plano Diretor de Resíduos, que apresentará um diagnóstico setorial detalhado,identificando e hierarquizando os problemas e indicará os planos, projetos e açõesnecessários para reverter a situação. Estes, por sua vez, entende-se que devam ser objetodos próximos módulos do Pró-Guaíba.

O Anexo 8 apresenta a íntegra do Diagnóstico do Lixo Domiciliar, enquanto que osresultados do mesmo em termos das regiões mais críticas pode ser vislumbrado nos mapas28 e 29 do Volume 2.

3.7.5 Diagnóstico da Poluição Gerada pelas IndustriasO diagnóstico dos resíduos industriais constituiu-se na abordagem da poluição

causada pelas indústrias localizadas na Região Hidrográfica do Guaíba, quer seja porlançamento de efluentes líquidos, emissões atmosféricas ou geração de resíduos sólidosindustriais perigosos e não inertes.

Os dados apresentados demonstram a potencialidade da poluição industrial naRegião, bem como os resultados que as indústrias aí localizadas têm obtido através dotratamento de seus efluentes líquidos e gerenciamento dos resíduos sólidos industriais.

A FEPAM realizou, no ano de 1994 o “Diagnóstico da Poluição Hídrica Industrial noEstado do Rio Grande do Sul”. Este primeiro estudo indicou a necessidade de se manter osdados atualizados, bem como de se efetuar estudo semelhante para a poluição industrialocasionada por emissões atmosféricas e geração e destinação de resíduos sólidosindustriais, além de ser contemplado todo o universo de indústrias existentes na Região,não só as constantes no banco de dados da FEPAM.

Procurando responder às conclusões expressas no primeiro diagnóstico, foirealizada a atualização e complementação dos dados, em termos dos três tipos de poluiçãocitadas acima.

Para a realização deste diagnóstico, foram novamente consultados os bancos dedados da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Luiz Henrique Roessler - FEPAM e osdados cadastrais da Divisão de Sistemas de Informações Fiscais da Secretaria da Fazendado Estado do RGS.

O cadastro da Secretaria da Fazenda contém 40.771 atividades industriais naRegião Hidrográfica do Guaíba, incluindo informações como: tipo de produto fabricado,porte econômico, endereço, município, etc.

Atualmente o banco de dados da FEPAM conta com 8.180 atividades industriaislocalizadas na região estudada.

A combinação destas duas fontes de informações gerou um terceiro banco dedados, com o qual foi realizado o presente diagnóstico.

Foram selecionados, separadamente, as tipologias industriais causadoras dapoluição hídrica, geração de resíduos sólidos industriais e emissões atmosféricas, levandoem conta a classificação da FEPAM por potencial de poluição.

Com relação à poluição hídrica, foi possível acrescentar ao estudo anterior, a análisedo parâmetro DQO. Desta forma, os parâmetros analisados foram: DBO5, DQO, Cromo,Ferro e Níquel.

Relativamente aos resíduos sólidos industriais, é apresentado neste trabalho suadistribuição na bacia em termos das Classes I e II, isto é, resíduos perigosos (Classe I) eresíduos não inertes (Classe II).

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Para as emissões atmosféricas consta a classificação das indústrias localizadas naRegião Hidrográfica do Guaíba, relativamente ao seu potencial de poluição.

São apresentados resultados quanto a criticidade das emissões de carga metálicaremanescente (t/ano), carga de DQO remanescente (t/ano), carga orgânica remanescente(t/ano), geração anual de resíduos sólidos industriais, classe II (m³/ano), geração anual deresíduos sólidos classe I do ramo metal-mecânico (m³/ano), geração anual de resíduossólidos industriais classe II (t/ano), distribuição do número de industrias de alto e médiopotencial poluidor atmosférico por município.

Como apresentado no primeiro diagnóstico, as cargas de poluentes atualmentedespejadas são oriundas de efluentes tratados ou parcialmente tratados das diversasindústrias já acionadas pela FEPAM e por efluentes ainda não tratados, das empresas emprocesso de licenciamento ambiental, constituindo as chamadas Cargas Remanescentes.

Para os resíduos Classe I, os índices são expressos por m³ por unidade de produtoe para os resíduos Classe II, em função dos dados disponíveis, os índices foram expressostambém em toneladas por unidade de produto.

Após as determinações citadas anteriormente, os dados foram compilados portipologias industriais, resultando na quantificação de resíduos gerados, em termos dem³/ano ou t/ano.

A seguir, e com a finalidade de ilustrar os diversos poluentes analisados no trabalho,é apresentada a listagem dos tipos de resíduos sólidos industriais com sua respectivaunidade de medida:

CLASSE IISUCATA DE METAIS............................................ .................................... ......... t/anoRESÍDUO DE BORRACHA ................................... .................................... ......m³/anoRESÍDUO DE EVA................................................ .................................... ......m³/anoRESÍDUO DE PU .................................................. .................................... ......m³/anoESPUMAS............................................................. .................................... ......m³/anoSERRAGEM DE MADEIRA ................................... .................................... ......... t/anoRESÍDUO DE MINERAIS NÃO METÁLICOS........ .................................... ......... t/anoCINZAS DE CALDEIRA......................................... .................................... ......... t/anoESCÓRIA DE FUNDIÇÃO..................................... .................................... ......... t/anoESCÓRIA DE ACIARIA ......................................... .................................... ......... t/anoAREIA DE FUNDIÇÃO .......................................... .................................... ......... t/anoRESÍDUO SÓLIDO COMPOSTO DE METAIS NÃO TÓXICOS ................. ......m³/anoRESÍDUO SÓLIDO DE ETE COM MATERIA BIOLÓGICO NÃO TÓXICO. ......m³/anoRESÍDUO SÓLIDO DE ETE COM SUBSTÂNCIAS NÃO TÓXICAS .......... ......m³/anoOUTROS RESÍDUOS DE PROCESSO................. .................................... ......... t/anoAPARAS SALGADAS............................................ .................................... ......m³/anoAPARAS DE PELES CALEADAS.......................... .................................... ......m³/anoAPARAS E RETALHOS DE COURO ATANADO .. .................................... ......m³/anoCARNAÇA............................................................. .................................... ......m³/anoRESÍDUO ORGÂNICO DE PROCESSO............... .................................... ......m³/ano

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SERRAGEM, FARELO E PÓ DE COURO ATANADO ............................... ......m³/anoLODO DE CALEIRO.............................................. .................................... ......m³/anoRESÍDUO DE FRUTAS E/OU CEREAIS............... .................................... ......m³/anoCASCA DE ARROZ............................................... .................................... ......... t/anoCLASSE ILODO PERIGOSO DE ETE .................................. .................................... ......m³/anoLODO DE ETE COM CROMO............................... .................................... ......m³/anoAPARAS E RETALHOS COM CROMO................. .................................... ......m³/anoSERRAGEM, FARELO E PÓ COM CROMO......... .................................... ......m³/anoRESÍDUO PERIGOSO DE VARIÇÃO ................... .................................... ......m³/anoLODO DE ETE DE GALVANOPLASTIA................ .................................... ......m³/anoÓLEO USADO (GASTO)....................................... .................................... ......m³/anoMATERIAL CONTAMINADO COM ÓLEO............. .................................... ......m³/anoSOLVENTES......................................................... .................................... ......m³/anoBORRA OLEOSA DA PETROQUÍMICA................ .................................... ......m³/anoBORRA COM METAIS PESADOS ........................ .................................... ......m³/anoESCÓRIA PERIGOSA DE ACIARIA...................... .................................... ......m³/anoLODO DE ETE DE PRODUÇÃO DE TINTAS ....... .................................... ......m³/anoTINTAS, PIGMENTOS E SOLVENTES................. .................................... ......m³/anoRESÍDUO E LODO DE TINTA (CABINE DE PINTURA)............................. ......m³/anoOUTROS RESÍDUOS PERIGOSOS DE PROCESSO ............................... ......m³/anoCom relação às emissões atmosféricas geradas pelas indústrias localizadas na

Bacia do Guaíba, foram levantados, num primeiro momento, os dados relativos as emissõesgeradas pelos processos produtivos.

A partir dos critérios propostos foram gerados os resultados apresentados em suaintegra no Anexo 9 e nos mapas 25 a 27 e 30 a 32 do Volume 2, dos quais destacamos asseguintes observações de caráter genérico.

Observamos que, com relação à poluição hídrica:

• as maiores cargas remanescentes metálicas e de DQO encontram-se na sub-bacia do rio dos Sinos;

• a sub-bacia do Taquari está apresentando a maior carga remanescente de DBO;

• o percentual de remoção de carga orgânica (DBO5) em toda a Bacia é de 67%,sendo que a sub-bacia do rio dos Sinos apresenta o maior percentual deremoção;

• o percentual de remoção de carga de DQO em toda a Bacia também é de 67% ea sub-bacia do Guaíba apresenta o maior percentual de remoção;

• o percentual de remoção de carga de metais em toda a Bacia é de 75,6%, sendoque a sub-bacia do Baixo Jacuí apresenta o maior percentual de remoção.

A análise dos dados relativos a geração de resíduos sólidos industriais indica que:

• na sub-bacia do rio dos Sinos estão concentradas as maiores geradoras de

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resíduos sólidos Classe I, sendo Novo Hamburgo o município que apresenta amaior geração destes resíduos;

• desconsiderando os resíduos gerados pelos curtumes e indústrias calçadistas, amaior geração de resíduos sólidos Classe I encontra-se no município de PortoAlegre e sub-bacia do Guaíba;

• quando se analisa somente os resíduos gerados pelos Curtumes e pelasindústrias calçadistas, as maiores gerações encontram-se na sub-bacia do rio dosSinos e no município de Novo Hamburgo;

• para o ramo metal mecânico, a maior geração de resíduos Classe I está na sub-bacia do rio Caí, no município de Caxias do Sul;

• para o mesmo ramo metal mecânico, a maior geração de resíduos Classe II, emtermos de volume está na sub-bacia do rio Gravataí, no município de Canoas e,em termos de peso está na sub-bacia do rio Caí, no município de Caxias do Sul.

Relativamente às informações sobre os resíduos sólidos industriais seria importanteainda o estudo da destinação final que os mesmos tem sofrido e a classificação detalhadapor tipo de resíduo gerado, tais como: lodo gerado nos sistemas de tratamento de efluente,aparas de couros, borras, metais, etc..

O município de Porto Alegre, seguido por Caxias do Sul, é o que apresenta maiorconcentração de indústrias com alto e médio potencial de poluição atmosférica,considerando aquela gerada no processo produtivo.

Ressaltamos que, com relação às emissões atmosféricas, não foi possível levantar,as emissões geradas pelo processo de combustão que muitas das indústrias levantadasutilizam.

3.7.6 Problemas Ambientais em Áreas RuraisNa área da Região Hidrográfica do Rio Guaíba vivem cerca de 56% da população do

Estado do Rio Grande do Sul, sendo que desse total 21% vive no meio rural.A área cultivada na Região gira em torno de dois milhões de hectares. O consumo

de agrotóxicos ultrapassa seis milhões de quilos ou litros. A aplicação de fertilizantes é demais de cento e sessenta mil toneladas de nutrientes (NPK).

A aplicação de agrotóxicos, de modo geral, é excessiva e indiscriminada, gerandoresíduos nos solos, água e alimentos e intoxicando a fauna terrestre e aquática.

Os recursos naturais renováveis e não renováveis estão deteriorados pela prática deagricultura em áreas que estão em desacordo com sua capacidade de uso, assoreandocursos e depósitos de água e depauperando os solos.

Há poucas informações sobre os problemas ambientais causados pelos agrotóxicosnas condições da Região Hidrográfica do Guaíba e mesmo do Estado do Rio Grande doSul. Pouco ou nada se sabe a respeito do acúmulo de herbicidas nos solos e seu arrastepara os cursos e depósitos de água.

As embalagens vazias de agrotóxicos, de modo geral, não tem destino claramentedefinido. O processo de reciclagem está incompleto, faltando estudos para a definição dapossibilidade de reciclar plásticos.

Das matérias primas, utilizadas como adubos, e de suas misturas há poucasreferências como sendo causadoras de problemas ambientais; as informações a respeito douso, quantidades a aplicar, etc. no entanto, são fartas. Como, praticamente, todos oselementos são utilizados pelas plantas na sua nutrição, o risco de problemas ambientaisestá relacionado com sua concentração, sendo baixa não se manifestará, quer comotoxidez às plantas, ao solo ou ao homem. Os fertilizantes, de modo geral, são utilizados em

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quantidades inferiores às necessárias.A seguir apresenta-se a identificação da situação por sub-bacias, abordando a

caracterização e localização dos problemas ambientais ocorrentes.a) Bacia Gravatai

Nesta bacia a atividade agrícola é reduzida ocupando pouco mais de 40.000 ha delavouras e apenas três (3) municípios apresentam área cultivada expressiva com arrozirrigado e milho.

Os agrotóxicos consumidos nessas culturas são os herbicidas, especialmente nacultura de arroz irrigado bem como o uso de fertilizantes que é mais intenso nessa cultura.A cultura de milho é praticada por pequenos agricultores e nesse caso o mau uso do solo ea erosão são os maiores problemas ambientais. As embalagens vazias não tem destinodefinido.b) Bacia Sinos

Na atividade agrícola da bacia do Sinos são ocupados 20.000 ha aproximadamente.O cultivo mais expressivo é o de milho seguido do arroz irrigado. Há pequenas áreascultivadas com batata e maçã. O consumo de agrotóxicos está restrito àquelas culturas emque são inevitáveis, sendo utilizados fungicidas e inseticidas em maçã e batata e herbicidasem arroz irrigado. Os fertilizantes também são pouco utilizados, pois são áreas depequenas propriedades com exploração de agricultura de subsistência que utiliza-se demão de obra familiar. A degradação do solo é grande, a ocupação dos solos é de modoinadequado já que, em grande parte, inaptos para agricultura. As embalagens vazias deagrotóxicos não tem destino e em muitos casos são reutilizadas como recipientes paraalimentos e/ou água.c) Bacia Caí

O cultivo do milho nessa bacia tem uma área expressiva, mais de 36.000 ha de umtotal de 56.000 ha cultivado com diversas culturas entre as quais destacam-se o arrozirrigado, batata e uva. A cultura do milho é praticada por pequenos agricultores, via de regracomo cultura de subsistência, sendo utilizada na propriedade como fonte de alimentação desuínos e/ou aves. A aplicação de fungicidas, nas culturas de batata e uva, são asresponsáveis pela intensa utilização de agrotóxicos nessa sub-bacia. Fertilizantes sãoutilizados em sub-adubação. Em grande parte dessa sub-bacia os solos são ocupadosinadequada e intensamente. São solos erodidos, pobres e com elevado grau dedegradação. As embalagens de agrotóxicos não tem destino e em muitos casos sãoreutilizadas como recepientes para alimentos e/ou água.c) Bacia Taquari Antas

Nesta bacia quase 600.000 ha são cultivados, encontrando-se a maiorconcentração de área das culturas perenes de maçã e uva. O consumo de agrotóxicos éintenso e diversificado, sendo utilizados herbicidas, inseticidas e fungicidas. O uso deadubos é prática corrente. Nesta bacia há uma diversificação na ocupação do solo, mesmopara as culturas de lavoura como trigo, milho e soja. Em mais da metade da área háconflitos quanto a utilização do solo com a ocupação de solos inaptos para agricultura. Osproblemas de degradação e erosão aparecem em grau elevado; em algumas áreas,começa a ser praticado o sistema de plantio direto. As embalagens de agrotóxicos não temdestino definido.d) Bacia Alto Jacuí A exploração agrícola nessa bacia chega a quase um milhão (1.000.000) de ha,sendo trigo no inverno e milho e soja no verão. O consumo de herbicidas é intenso porquegrande parte dessa área é cultivada no sistema de plantio direto. Fertilizantes são utilizadosadequadamente de acordo com as recomendações da pesquisa. Os solos nessa sub-bacia

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são de topografia ondulada (coxilhas) profundos e bem drenados, intensamente utilizadoscom cultivo mecanizado, de modo geral, adequados à exploração agrícola praticada. Nopassado, e ainda agora em menor extensão, práticas inadequadas de manejo do solocolocaram expressivos volumes de terra em suspensão nas águas, que assorearammananciais com sua sedimentação. Nessa bacia os agricultores já tomam alguns cuidadosno uso e manuseio de agrotóxicos. As embalagens vazias de agrotóxicos ainda não tem umdestino definido.e) Bacia Vacacaí

O arroz irrigado (80.550 ha) e soja (47.250 ha) são as culturas mais importantesdessa bacia, representando mais de 80% da área cultivada. Em consequência os herbicidassão os agrotóxicos mais consumidos. Os fertilizantes são utilizados em toda a área emquantidades adequadas conforme as recomendações da pesquisa. A utilização dos solosestá de acordo com sua aptidão e capacidade de uso. Alguns cuidados no uso e manuseiode agrotóxicos são tomados e as embalagens vazias ainda não tem destino definido.f) Bacia Pardo Baixo Jacuí

Nessa bacia cerca de 140.000 ha são cultivados com arroz irrigado, milho, soja efumo. Os herbicidas e inseticidas são os agrotóxicos mais consumidos. Adubos sãoutilizados em fumo e arroz. O cultivo de milho é realizado, na sua maioria, na resteva dofumo aproveitando o resíduo dos fertilizantes aplicados nesse cultivo. Há conflito no uso dosolo com utilização de áreas inaptas para a agricultura. As embalagens vazias deagrotóxicos não tem seu destino definido.g) Bacia Lago Guaiba

Apenas arroz irrigado e fumo são cultivos de expressão nessa bacia, o primeiro emdois municípios, Tapes e Barra do Ribeiro e o segundo em Cerro Grande do Sul,especialmente. Os agrotóxicos consumidos são os herbicidas. Os fertilizantes são usadosregularmente dentro das recomendações. O uso dos solos está de acordo com sua aptidãoe capacidade. As embalagens vazias de agrotóxicos não tem destino definido.

As relações entre área total (ha) e soma das áreas cultivadas com as diversasculturas (ha), por bacia, são apresentadas no quadro 3.10. No quadro 3.11 a relaçãoapresentada é entre o volume dos diversos agrotóxicos consumidos (l-kg) por bacia e aárea cultivada (ha) . Por fim no quadro 3.11 é apresentada a relação entre o consumo defertilizantes (t) e área cultivada com as diversas culturas (ha)

O critério adotado para a determinação das atividades que podem causar problemasambientais foi o levantamento de dados sobre as áreas cultivadas nos diversos municípiosque compõem as sub-bacias que formam a grande Bacia Hidrográfica do Guaiba.

Os dados foram fornecidos pela EMATER-ASCAR e referem-se ao ano de 1996. Aspráticas agrícolas tomadas como referência, para cada uma das bacias, são aquelas de usocomum, adotadas normalmente pelos agricultores.

Os quadros 3.10 a 3.14, a seguir apresentados, sintetizam as relações entre áreacultivada e o uso dos agrotóxicos e fertilizantes por bacia, permitindo a identificação dasáreas potencialmente críticas.

Detalhes sobre os estudos realizados podem ser obtidos no Anexo 10 e osresultados estão graficados no mapa 33 do Volume 2.

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Quadro 3.10Relação entre área cultivada e total (ha/ha)

0,19432439

0,053112044

0,110379878

0,221706979

0,5737310

0,134675709

0,076947448

0,091444214

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

Gravataí

Sinos

Caí

Taquarí Antas

Alto jacuí

Vacacaí

Pardo B. Jacuí

Guaiba

Quadro 3.11Relação entre agrotóxicos consumidos e área cultivada (kg-

l/ha)

0,710394069

4

10,99219963

4,453985851

1

0,47562134

0,639636291

0,761377421

0 2 4 6 8 10 12

Gravataí

Sinos

Caí

Taquarí Antas

Alto jacuí

Vacacaí

Pardo B. Jacuí

Guaiba

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Quadro 3.12Relação entre consumo de fertilizantes e área cultivada (t/ha)

0,099725968

0,022271301

0,006921831

0,020276916

0,023747274

0,183128941

0,244940333

0,178686951

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25

Gravataí

Sinos

Caí

Taquarí Antas

Alto jacuí

Vacacaí

Pardo B. Jacuí

Guaiba

Quadro 3.13 - Agrotóxicos e fertilizantes consumidos nas sub-bacias, expressos em kgou l

Bacias Herbicidas Inseticidas FungicidasTotalagrt. Nitrogênio Fósforo Potássio Total fert.

Gravatai 27.714 841 28.555 860.505 1.571.820 1.576.260 4.008.585Sinos 9.946 10.370 58.600 78.916 302.322 750.980 704.260 1.757.562Cai 22.825 75.097 510.848 608.770 670.639 1.804.090 1.739.074 4.213803Taquari/Antas

1.049.480 262.473 1.290698 2.602.651 9.631997 21.545.516 21.614.224

52.773.737

Alto Jacuí2.570.374 55.574 152.358 2.778.306 6.671.422 29.545.748 29.760.02

465..977.194

Vacacaí 69.462 3.641 73.103 2.262.275 5.556.700 5.568.300 13.387.275Pardo/BaixoJacuí 51.423 38.057 89.480 6.807.957 7.203.264 7.609.040 21.917.261

Guaiba 16.108 3.349 19.457 1.000.912 1.218.400 1.257.400 3.476.712Total 3.817.332 449.402 2.012.504 6.279.238 28.208.629 69.196.518 69.828.58

2167.233.720

As embalagens vazias de agrotóxicos são agentes contaminantes do ambientedevido aos resíduos que nelas permanecem e pela própria embalagem. No quadro a seguirestão especificados a quantidade de embalagens utilizadas por sub-bacias e por tipo. Asembalagens plásticas representam cerca de 40% do total.

Quadro 3.14 - Embalagens de agrotóxicos nas diversas sub-bacias,separados por unidade e tipo de material

Plástico Polietileno de Alta e Baixa DensidadePEAD PEBD/ Papelão Vidro Metal

bacia Gravatai 1.167 32.824bacia Sinos 1.747 39.867 8.556bacia Cai 5.461 217.121 24.997bacia Taquari/Antas 290.586 587.780 966.210 253.998bacia Alto Jacuí 395.788 208.364 475.052 814.642bacia Vacacai 11.320 83.550 5.917 70.875bacia Pardo/Baixo Jacuí

11.054 100.924 104.446 244.725bacia Guaiba 248 26.325 9.750Sub-total 717.371 1.296.755Total 2.014.126 1.594.928 1.384.240

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3.7.7 Problemas Ambientais em Áreas Urbanasa) Áreas Sujeitas a InundaçõesPor áreas inundadas entende-se as regiões em que a lâmina d’água formada sobre

a superfície do terreno é resultante do extravasamento do leito dos canais naturais da redede drenagem superficial em períodos de cheias.

Por outro lado, entende-se por áreas alagadas aquelas que ficam temporariamenteencharcadas, independentemente de estarem localizadas nas faixas de inundação doscursos d’água, devido a baixa declividade, má permeabilidade do solo e lençol freáticoaflorante.

Para fins deste relatório foi efetuada a identificação das áreas de conflito, sualocalização e criticidade através de levantamento e compilação de informações existentes.Os dados disponíveis como cidades margeadas por rios, arroios e planície de inundaçãoforam extraídos de mapas geológicos e mapas topográficos do Serviço Geográfico doExército em escalas 1:1.000.000 e 1:250.000, respectivamente.

• rio Taquarí - o rio Taquari apresenta algumas áreas inundadas entre oArroio Santa Cruz e a cidade de Triunfo, extravasando até 300 metros de suamargem;

• rio Jacuí - a partir do encontro das águas do rio Taquari, pela margemdireita ocorrem áreas de inundação nas imediações dos arroios Gil e Lajeadinho,podendo chegar a extravasar até 3 km da margem do rio Jacuí. Grandes áreasalagadiças ocorrem na margem esquerda. Neste cenário destaca-se o municípiode Eldorado do Sul, que encontra-se grande parte sobre terreno alagadiço. Todosos afluentes do rio Jacuí pela margem esquerda apresentam problemas deinundação. Todas as ilhas deste sub-sistema são susceptíveis a inundação ealagamento.

• rio Caí - os extravasamentos são de maior extensão pela margemdireita do rio Caí no Município de Nova Santa Rita. Verificaram-se problemas deextravasamento do rio Caí até o arroio Feitoria, no Município de Ivoti.

• rio do Sinos - destacam-se áreas compreendidas entre os Municípiosde Parobé e Campo Bom oscila até 01 km, dentro dos municípios de NovoHamburgo e São Leopoldo. Nos municípios de Nova Santa Rita, Esteio eSapucaia e no Município de Canoas, no bairro Mathias Velho foram tambémdetectadas áreas alagadiças.

• rio Gravataí - o rio Gravataí apresenta uma grande área alagadiça emtorno do sistema do Banhado Grande. Dentro da RMPA esta grande área,relativamente plana, compreende uma região delimitada a norte pela RS-030, aooeste pelo Município de Santo Antônio da Patrulha e ao sul e leste pela Coxilhadas Lombas. Verificam-se também a presença de áreas alagadiças em PortoAlegre, próximas a BR-290 e Av. Assis Brasil.

• lago Guaíba - as ilhas do Delta do Jacuí são todas susceptíveis ainundação e alagamento.

O Programa de Prevenção à Cheias do Estado do Rio Grande do Sul executadopela Coordenadoria Estadual da Defesa Civil (CEDEC) conta hoje com 68 municípiossendo que alguns encontram-se dentro do contexto da Região Hidrográfica do Guaíba, 9destes integrando a Região Metropolitana de Porto Alegre.

Os trabalhos efetuados pela Defesa Civil avaliam o risco de enchentes com base nonível dos rios e atendimento a casos de ocorrência de eventos críticos. Contém informações

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também sobre a situação local, como o motivo dos alagamentos e providências tomadaspelas Prefeituras Municipais.

Entretanto, foram diagnosticadas outras regiões sujeitas a fenômenos de enchentescomo no Município de Santa Maria. Neste contexto as várzeas do Rio Vacacaí-Mirim e doArroio Cadena constituem-se também, em áreas desfavoráveis à ocupação urbana.

O mapa 34 do Volume 2 apresenta os municípios com área urbana atingida pelacheia de 1996.

b) Áreas Sujeitas a DeslizamentosDentro do contexto geológico da Região Hidrográfica as unidades

geomorfológicas/geológicas - Borda Erodida do Planalto e Escudo Sulriograndense, são asque possuem as características mais suscetíveis aos deslizamentos.

A primeira, Borda Erodida do Planalto que abrange parcialmente as sub-baciasSinos, Caí, Taquari-Antas, Pardo - Baixo Jacuí, é constituída por uma série de derramestoleíticos, de idade cretácica/jurássica, geomorfológicamente representados por um relevomovimentado, com vertentes íngremes, com altitudes superiores a 1.000m.

A associação de fatores litológicos, pedológicos e estruturais, representados pelagrande quantidade de fraturas presentes, aliados a picos pluviométricos, são os maioresresponsáveis pelas condições de favorecimento aos deslizamento desta unidade. A açãoantrópica, representada principalmente pela retirada da cobertura vegetal pela ocupação euso do solo, a desestabilização de sopés de taludes, devido a, implantação de sistemasviários é um agente acelerador deste processo. Os deslizamentos verificados na localidadede Igrejinha (Trainini/1994), de Nova Hartz (Orlandi/1994) e Estância Velha enquadram-seperfeitamente dentro deste contexto.

A segunda, Escudo Sulriograndense, que abrange parcialmente sub-bacias Vacacaí,Pardo - Baixo Jacuí, Guaíba e Gravataí, é constituída por rochas granitóides e metamórficasde idade pré-cambriana, sobre as quais foi implantado, ao longo do tempo, um relevoondulado a fortemente ondulado que atinge altitudes máximas de 500m. A atividadetectônica é intensa nesta unidade a acha-se representada por um grande número de falhase fraturas que permite a percolação da água e o conseqüente intemperismo das rochas.

No âmbito do espaço urbano as encostas e topos de morros, principal cenário parafenômenos de natureza geológico/geotécnica, normalmente são considerados inadequadosà ocupação humana por razões que envolvem segurança à população e preservaçãoambiental ou mesmo pelas dificuldades e custos de implementação de infra-estrutura.

A caracterização geológica/geomorfológica das formações ocorrentes na baciapermitiu a identificação de formações potencialmente de risco a deslizamentos de terra.

Dentro da unidade, Borda Erodida do Planalto considera-se como áreas de maiorcriticidade o Aglomerado Urbano de Caxias do Sul, localizado na sub-bacia Taquari-Antas, ea região Igrejinha-Nova Hartz e Estância Velha, na sub-bacia do Sinos.

No Escudo Sulriograndense os locais considerados de maior criticidade são as áreasassociadas a expansão urbana da Região Metropolitana de Porto Alegre, no âmbito da sub-bacia do Guaíba.

c) Áreas Erodíveis

No âmbito da Bacia foram identificadas 06 unidades geológicas, consideradascomo sendo as de maior erodibilidade, isto é, as que mais facilmente são degradadaspelos processos erosivos pluviais. Por ordem decrescente de importância são:

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- Formação Itapuã.

- Formação Tupanciretã

- Formação Serra Geral

- Formação Botucatu

- Formação Rosário do Sul / Formação Rio do Rasto

- Escudo SulriograndenseNo âmbito da Região Hidrográfica do Guaíba, entre as 06 unidades geológicas

identificadas como as de maior erodibilidade. A erosão diz respeito exclusivamente aosprocessos provocados pela ação da água da chuva sobre a superfície do terreno e da águasubsuperficial.

Da mesma forma ,o tipo de erosão analisada, diz respeito à erosão concentrada,que ao contrário da erosão laminar, é ocasionada por fluxo concentrado de águaprovocando a formação de sulcos, ravinas e boçorocas. Este tipo de degradação doterreno é que ocasiona os maiores danos junto aos centros urbanos, podendo em casosextremos, inviabilizar o uso e ocupação de grandes áreas

A criticidade das áreas foi avaliada em funcão da erodibilidade das unidadesgeológicas, da declividade e forma de relevo e da maior ou menor pressão antrópicaexercida sobre a área. No caso de centros urbanos a ação antrópica mais importante parafins de erosão concentrada, é representada pela implantação de loteamentos populares nasencostas de morros. Por estes critérios as áreas de maior criticidade são representadaspelos grandes centros populacionais com urbanização de encostas declivosas nasunidades geológicas de maior erodibilidade, sem os cuidados técnicos recomendados parauso e ocupação adequados para este tipo de terreno.

A realização do presente estudo permitiu concluir que no âmbito da RegiãoHidrográfica do Guaíba, 6 são as unidades de maior erodibilidade .São representadas pelasseguintes unidades geológicas:’

1-Formação Itapuã2-Formação Tupanciretã3-Formação Serra Geral - Borda Erodida do Planalto4- Formação Botucatu5- Formação Rosário do Sul / Formação Rio do Rasto6- Escudo Sulriograndense

Não incluem as aluviões.As principais áreas críticas, mais problemáticas do ponto de vista de erosão

concentrada resultante do manejo inadequado do solo urbano são:

• bacia do Sinos e bacia do CaíMunicípios de Parobé, Igrejinha, Sapiranga - MontenegroProblemas: Boçorocas e ravinas decorrentes da erosão concentrada.Causa: Ocupacão urbana de encostas declivosas da fácies interdúnica da

Formação Botucatu.Danos: Danificação dos lotes, do sistema viário, da drenagem urbana e

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assoreamento de cursos d’água.

• bacia do Guaíba e bacia do GravataíProblema: Boçorocas e ravinas decorrentes da erosão concentrada .Causas: Ocupação urbana de encostas declivosas dos morros graníticos,

principalmente da RMPADanos: Danificação dos lotes, do sistema viário, da drenagem urbana e

assoreamento de cursos d’águaComo se pode deduzir das conclusões apresentadas, os problemas ocasionados

pela erosão concentrada em regiões urbanizadas, decorrem fundamentalmente da formainadequada do seu uso e ocupação e da falta de uma fiscalização efetiva capaz de coibiresta forma de uso.

d) Poluentes Atmosféricos - Fontes MóveisA Região Hidrográfica do Guaíba localiza-se, em sua maior extensão, na Depressão

Central, a qual apresenta um comportamento específico no que diz respeito à dispersão depoluentes atmosféricos por influência da sua configuração morfológica e da conseqüentemovimentação das massas de ar.

A Depressão tem como limite norte o Planalto Basáltico e como limite sul o EscudoSul-Riograndense, estando toda a Região Metropolitana de Porto Alegre incluída nestecontexto.

O tipo de caracterização geomorfológica ali existente, quando associado aosmovimentos das massas de ar na Região Sul, tem como conseqüência as InversõesTérmicas por Subsidência Topográfica. Ocorre, neste caso, uma inversão nocomportamento normal da temperatura do ar com a altitude, ou seja, as camadas de armais quentes permanecem em altitudes mais elevadas e o ar mais frio, nas altitudesinferiores.

Sempre que ocorre a formação de inversões é verificada uma limitação vertical àdispersão atmosférica dos poluentes.

Como fatores geradores das inversões temos, como primeira situação a circulaçãode massas de ar frio, provenientes do sudoeste que, ao contornarem o Escudo Sul-Riograndense, se direcionam ao vale do rio Jacuí devido a declividade da serra com relaçãoao vale.

Uma segunda situação ocorre quando as massas de ar quente do norte, nordeste enoroeste se direcionam da escarpa do Planalto Basáltico e, por serem mais levesconseguem estabilizar-se sobre o ar mais frio do vale do Jacuí.

A este condição de limitação vertical da dispersão, deve ser associada a direçãopredominante dos ventos que ocorre na seguinte proporção: 21% de ventos de sudeste,15% de nordeste e 14% de ventos de norte.

As duas maiores concentrações urbanas da Bacia do Guaíba - RMPA e AUN,comprometem previamente as condições de qualidade do ar, uma vez que ali constata-se omaior número de fontes móveis de poluição, e devido às condições predominantes dosventos é transportada para o interior da Bacia uma grande carga de emissões geradasnestes aglomerados.

Os principais poluentes atmosféricos produzidos por veículos automotores são:

• CO - (Monóxido de carbono)

• HC - (Hidrocarboneto)

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• Nox - (Óxido de nitrogênio)

• Sox - (Óxidos de enxofre, como dióxido)

• MP - (Material particulado)

Para a identificação de áreas críticas quanto a emissão de efluentes atmosféricosprovenientes de fontes móveis ( veículos automotores), foram adotados os critériosconstantes no documento “ESTABELECIMENTO DE CRITÉRIOS E IDENTIFICAÇÃO DEÁREAS E AÇÕES PRIORITÁRIAS” elaborado pela Fundação Estadual de ProteçãoAmbiental - FEPAM, em 1995.

Foram trabalhadas as variáveis de fragilidade do ambiente e de intensidade deocorrência do fator degradador. Especificamente quanto às fontes móveis, foram cruzadosos aspectos relativos a capacidade de dispersão atmosférica da região com a populaçãodos municípios.

Em função da insuficiência de estações de medição da qualidade do ar no estado doRio Grande do Sul. Foram utilizados os critérios anteriormente descritos para fins daestimativa de criticidade quanto a este tipo de efluente. Desta forma, a Região Metropolitanade Porto Alegre e Aglomerado Urbano do Nordeste, foram as áreas identificadas como maisproblemáticas, coincidindo com a maior concentração populacional.

e) Transporte de Cargas TóxicasEsta atividade se caracteriza pelo risco potencial de acidentes, envolvendo veículos

de transporte de cargas tóxicas, especialmente via rodoviária e hidroviária, associado aograu de fragilidade do ambiente em que estes eventos possam ocorrer.

Normalmente estes acidentes consistem em perdas ambientais significativas comdifícil e lenta recuperação. A possibilidade de contaminação de recursos naturais podeocasionar, ainda, conseqüências para a saúde pública das comunidades atingidas.

Destacam-se nesta problemática, pelo seu porte e potencialidade, o ramopetroquímico, químico, refino de petróleo e celulose. Tais atividades industriais geramintensa circulação de produtos e insumos de periculosidade e toxidade importantes.

O principal fluxo de circulação destes produtos ocorre na direção norte/sul, passandopela Região Metropolitana de Porto Alegre e Aglomerado Urbano do Nordeste.Secundariamente, no sentido leste/oeste, passando pelo Pólo Petroquímico de Triunfo e nadireção norte.

Do ponto de vista de transporte rodoviário, as rotas preferenciais são BR 116, Br101, BR 290, BR 386, BR 471 e BR 376.

A Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP), localizada em Canoas, na RMPA, transportaseus produtos por via rodoviária e via fluvial, através do Guaíba, em direção a Lagoa dosPatos.

O terminal marítimo (TEDUT), localizado em Tramandaí, a leste dos limites daRegião Hidrográfica do Guaíba recebe petróleo, nafta e álcool por navio, que sãoconduzidos até a Refinaria por tubovia, passando por vários municípios até chegar a RMPA.

As empresas sediadas no Pólo Petroquímico de Triunfo envolvem a circulação deuma grande diversidade de produtos perigosos, que quando transportados via hidroviária,pela fragilidade dos ecossistemas envolvidos, em especial a área do Delta do Jacuí, geramriscos muito elevados de perdas ambientais, bem como de comprometimento noabastecimento público de água no grande contingente populacional do entorno.

Observa-se nas atividades de atendimento a situações emergenciais, a carência deequipamentos adequados além da falta de equipes treinadas para um atendimentoeficiente. Considerando-se a necessidade do envolvimento de várias instituições com

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atribuições para atuação nestes casos, constata-se a inexistência de programas deintegração destas ações.

Para a identificação de rotas de circulação e áreas críticas quanto a Transporte deCargas Perigosas, foram adotados os critérios constantes de documento “Estabelecimentode Critérios e Identificação de Áreas Prioritárias”, elaborado pela Fundação Estadual deProteção Ambiental - FEPAM, em 1985.

Foram identificadas as rotas onde ocorreram o maior número de acidentesenvolvendo cargas perigosas, bem como o potencial de risco devido a concentraçãoindustrial e centros de recebimento e distribuição de substâncias tóxicas.

3.7.8 Potencial de Erodibilidade em Áreas UrbanasEste estudo teve como objetivo fazer uma avaliação das áreas urbanas na região

Hidrográfica do Guaíba em relação à suscetibilidade à erosão do meio físico, utilizandotécnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto.

A metodologia empregada foi baseada em estudos anteriores, devidamentereferenciados no corpo da integra do trabalho constante no Anexo 12, e adaptada emfunção da escala de análise e da base de informações utilizadas.

A partir de mapas base de isodeclividades, solos, geologia e uso do solo foramgerados mapas intermediários de suscetibilidade à erosão a partir do qual resultaram osmapas finais de suscetibilidade à erosão em áreas urbanas.

A seleção das áreas urbanas a serem estudadas considerou a existência detrabalhos localizados, como é o caso da Região Metropolitana de Porto Alegre e selecionouas áreas urbanas existentes na região Hidrográfica do Guaíba que contavam com mais de20000 hab na contagem populacional reallizada pelo IBGE em 1996.

O resultado da aplicação desta metodologia é apresentado através de mapas deSuscetibilidade à erosão em 22 áreas urbanas, que compõem o Anexo 12 e do Quadro 3.15abaixo.

Quadro 3.15 – Áreas Urbanas e Potencial de ErodibilidadeÁREAS URBANAS ÁREA TOTAL (há) Área com Baixo

Potencial deErosão

Área com MédioPotencial de Erosão

Área com AltoPotencial de

ErosãoBento Gonçalves 775,3750 Nào ocorre Nào ocorre 240,5000Caçapava do Sul 210,1875 Nào ocorre Nào ocorre 10,8750Cachoeira do Sul 1629,0625 4,3750 Nào ocorre Nào ocorreCanela 1212,8750 1,6250 Nào ocorre 2,2500Carazinho 1102,4375 Nào ocorre Nào ocorre 67,6875Caxias do Suli 4717,5000 Nào ocorre Nào ocorre 961,1250Cruz Alta

1564,1250 Nào ocorre Nào ocorre 44,2500Estrela 585,5625 Nào ocorre Nào ocorre 1,3125Farroupilha 497,5000 Nào ocorre Nào ocorre 63,6250Gramado 533,3750 Nào ocorre Nào ocorre 0,3750Igrejinha 480,3125 21,3125 46,3125 2,5625Lajeado 691,8750 Nào ocorre Nào ocorre 3,8750Montenegro 1023,2500 63,2500 Nào ocorre Nào ocorrePasso Fundo 3043,4375 Nào ocorre Nào ocorre 48,6250Rio Pardo 312,2500 Nào ocorre 0,1250 Nào ocorreSanta Cruz do Sul 1712,0000 103,5625 72,4375 Nào ocorreSanta Maria 2722,6875 51,6875 Nào ocorre 2,7500São Gabriel 728,0000 1,6875 Nào ocorre Nào ocorreSoledade 654,5000 23,1875 Nào ocorre Nào ocorreTaquara 1093,5625 41,4375 Nào ocorre Nào ocorreVacaria 1564,1875 Nào ocorre 17,8750 Nào ocorreVenâncio Aires 835,7500 5,6250 Nào ocorre Nào ocorre

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Do quadro acima resulta o predomínio de áreas com alto potencial de erosão (13áreas urbanas) em relação ao baixo potencial (10 áreas) e o médio potencial (4 áreas).

A metodologia empregada permite avaliar a suscetibilidade em termos regionais,porém é necessário um maior detalhamento para que se possa falar em áreas urbanas derisco, fazendo-se necessárias investigações de campo que não constavam do objetivo destetrabalho.

3.7.9 Diagnóstico Setorial da MineraçãoDistribuída por toda a área da Região Hidrográfica do Guaíba, existe uma intensa

atividade mineira, representada principalmente pela extração de material utilizado naindústria da construção civil, pedras preciosas, minerais industriais, minerais metálicos ecarvão mineral.

O principal impacto ambiental ocasionado pela atividade mineira é sobre o elementosolo e acha-se representado pelas cicatrizes e escarificações deixadas pelas frentes delavra abandonadas e não recuperadas, as quais em muitos casos modificam profundamentea paisagem local. Secundariamente verifica-se a interferência desta atividade no elementoágua, especificamente no sistema de drenagem através do assoreamento e modificaçãodos cursos de água, turbidez e sólidos em suspensão ocasionada fundamentalmente pelasformas inapropriadas de disposição dos rejeitos.

Relativo ao elemento ar verifica-se que as atividades relacionadas a lavraconstituem-se em focos de emissão de poeira, principalmente em minas à céu abertoagravando-se este efeito em regiões urbanas.

À exceção do carvão mineral a maioria das substâncias explotadas na Bacia nãocontém elementos químicos passíveis de serem liberados à atmosfera. A maior degradaçãoambiental provocada pela mineração nas fases de lavra, transporte e beneficiamento ficarestrita a poeira gerada durante o desmonte, movimentação de terra e de rejeito, transportedo material e no beneficiamento, causando transtorno aos trabalhadores e moradores dasimediações. Esta situação é freqüente nas pedreiras de brita da RMPA e de calcário daregião de Caçapava do Sul. A detonação nas frentes de lavra ocasiona ruídos que causamdesconforto aos moradores e podem provocar rachaduras nas moradias situadas próximasas frentes de lavra. Esta situação acha-se representada particularmente nas frentes de lavrade brita da região norte da RMPA.

Outro aspecto a ser considerado é o passivo ambiental deixado por antigasmineradoras, geralmente de pequeno porte, que descumpriram a legislação ou não foramfiscalizadas segundo o código de mineração.

A hierarquização das áreas de maior degradação ambiental foi baseada,fundamentalmente, no critério de número e dimensões das frentes de lavra, aliado aquantidade de material extraído. Também foi levado em conta a existência de passivosambientais, decorrentes das atividades de lavra e beneficiamento, existentes na Região.

Estas regiões de maior expressividade ou criticidade do ponto de vista dedegradação ambiental foram plotadas em mapa na escala 1:1.000.000, contendo aslegendas descritivas de níveis de maior, média e baixa criticidade. Cabe salientar que nestahierarquização foram constatadas as áreas mais problemáticas encontradas na RegiãoHidrográfica do Guaíba, a julgar pelas informações hoje disponíveis.

Baseado no critério de quantidade de área degradada pelas frentes de lavra,teríamos a seguinte hierarquização relativa a criticidade da degradação ambiental, emordem decrescente, por bacia:

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• Região das bacias dos rios Gravataí, Sinos, Guaíba, Taquari-Antas e Caí pelaatividade de extração de Materiais para a Construção Civil;

• Região da bacia do Alto Jacuí pela atividade de extração de Pedras Preciosas;

• Região das bacias do Vacacaí e Pardo-Baixo Jacuí pela atividade mineráriapara Minerais Industriais;

• Região da bacia do Pardo - Baixo Jacuí pela atividade de extração deCombustível Fóssil, onde ocorrem as minas de carvão mineral;

• Região da bacia do Vacacaí pela atividade de extração de Metais Preciosos.Cabe frisar que a interferência da atividade de extração mineral na Região

Metropolitana de Porto Alegre possui maior conotação de criticidade também por ser estaregião a mais povoada da Região Hidrográfica do Guaíba e consequentemente gerando osmaiores conflitos de uso do solo.

É importante salientar que o grande potencial mineral, especialmente no que tange aminerais não metálicos, permite, caso venham a se concretizar novos empreendimentosmineiros, a abertura de inúmeras outras frentes de lavra, podendo agravar a atual situaçãoambiental da Região.

No caso do carvão é importante lembrar que na área da Região Hidrográfica doGuaíba existem grandes jazimentos de carvão mineral em profundidade como na região deGuaíba e Santa Rita, com reservas em torno de 300 milhões de toneladas, possibilitando aabertura de diversas minas. Sabe-se hoje que existe tecnologia para a lavra de qualquersubstância com o mínimo impacto negativo ao ambiente , mas que também dificilmente osprocedimentos técnicos adequados são seguidos. Assim, no gerenciamento desta Regiãodeve ser levado em conta e monitorado este grande potencial mineral de carvão existenteno subsolo. Este fato deve levar os planejadores e gestores dos recursos naturais da bacia,a uma atenção redobrada no sentido de acompanhar os novos projetos de mineração, umavez que esta atividade é considerada como altamente impactante quando não atendidosos parâmetros tecnicamente recomendados na lavra, beneficiamento e aproveitamentoindustrial, podendo modificar enormemente a atual situação da mineração do carvão e seuimpacto controlado sobre o meio ambiente, vindo a trazer sérios comprometimentos para osecossistemas existentes nas áreas de lavra e beneficiamento.

Atualmente, tramita na FEPAM o Projeto Mina Guaíba cujo objetivo é a explotaçãode carvão nos municípios de Eldorado do Sul e Guaíba, em áreas próximas ao rio Jacuí.Está prevista a retirada de carvão a céu aberto em cotas inferiores às do leito do rio Jacuí.No projeto, está prevista uma uma cortina de proteção visando preservar o rio Jacuí. Comoo nível freático na região é pouco profundo e chuvas fortes são freqüentes na região, existesempre o perigo de transbordamento e contaminação tanto do freático como do próprio rioJacuí, motivo pelo qual este projeto deve ser acompanhado com atenção por parte dosgestores da Região Hidrográfica do Guaíba.

3.7.10 Ecossistemas Significativos

a) Ocupação de Ecossistemas Significativos em Áreas UrbanasEntre os aspectos mais críticos em áreas urbanas destacam-se o desmatamento e a

ocupação desordenada das encostas com deflagração dos processos erosivos que facilitamos deslizamentos. A precária preservação da mata ciliar em regiões urbanas é tambémresponsável por grande parte destes problemas.

Consideram-se áreas críticas quanto aos ecossistemas urbanos os municípios daRMPA, os municípios do Aglomerado Urbano do Nordeste e os municípios com populaçãourbana acima de 50.000 habitantes.

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Salienta-se os aspectos de encostas de morro, matas ciliares e áreas verdes.Dentre os priimeiros destacam-se os morros graníticos de Porto Alegre e Viamão -

Teresópolis, Polícia e Glória, Morro do Côco; morros areníticos - Sapucaia do Sul -Sapucaia e Cabras; Sapiranga - Ferrabraz; São Leopoldo - Morro do Paulo e Gravataí -Morungava.

A ocupação urbana, desordenada em muitas áreas, tem se constituído em um dosprincipais fatores da destruição das matas ciliares. Na Bacia há a necessidade de medidasque impeçam estas ocupações nas margens dos cursos d’água. São observados impactossignificativos em relação a ocupação irregular nas margens do Guaíba e Jacuí,principalmente nos municípios de Porto Alegre e Eldorado do Sul.

Na sub-bacia do Sinos entre os municípios de São Leopoldo, Novo Hamburgo eCampo Bom, as margens do rio do Sinos incluindo áreas de banhado, acham-se na maioriada extensão em boas condições, devendo ser realizado um monitoramento constantevisando sua preservação.

A parcela de áreas verdes nas áreas urbanas é de grande importância pois contribuipara amenizar a paisagem, atrair a fauna, além de absorver em parte o calor, os ruídos e ogás carbônico gerado pelas atividades urbanas.

Apesar de não terem o mesmo papel das florestas nativas, os parques e jardinsfazem parte, atualmente, da cultura do homem da cidade e devem ser preservados maispelo seu aspecto estético e paisagístico do que pelo seu valor ecológico.

Neste sentido é importante que se preserve na RMPA, o Parque Guajuviras,Canoas, especialmente por apresentar ainda boa representatividade da cobertura vegetaloriginal.

Na Bacia destacam-se outras áreas verdes de importância: Parque Municipal MatoSartori, Caxias do Sul e Reserva Ecológica Parque dos Pinheiros, Farroupilha.

b) Áreas Protegidas em Unidades de Conservação na RegiãoNa Região Hidrográfica do Guaíba são encontradas 31 Unidades de Conservação.

Destas, onze (11) são administradas pelo Estado através do Departamento de RecursosNaturais Renováveis (DRNR) e da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZB),duas (2) pela União através do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis (IBAMA) , quatorze (14) pelos municípios, existindo ainda quatro (4)áreas privadas.

No que se refere às categorias de manejo, a maioria são parques, em número de16, sendo que seis deles são voltados, principalmente, para fins recreacionais; seguem-seas reservas biológicas em número de seis, uma reserva ecológica, uma estação ecológica euma APA. As demais áreas são representadas por duas florestas nacionais, uma florestamunicipal, uma área especial de interesse histórico e turístico, um horto florestal e uma áreaflorestal protegida, ainda não enquadrada em nenhuma categoria definida.

No Alto Jacuí que representa 20% da Região, não existem Unidades deConservação, o mesmo ocorrendo nas sub-bacias Pardo-Baixo Jacuí e Vacacaí, as quaisperfazem 29% da área total considerada. Portanto, 49% da área total da Região não dispõede áreas legalmente preservadas ou conservadas.

A bacia do Guaíba constitui-se na que apresenta maior percentual de áreasprotegidas em Unidades de Conservação (14,5%) o que representa 0,4% da área total daRegião. Por outro lado, observa-se que em relação à área protegida em Unidades deConservação, os valores obtidos somam apenas 0,69% da área total da Região Hidrográficado Guaíba.

O quadro a seguir apresenta os percentuais de áreas protegidas em UC’s,

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por sub-bacia e em relação área total da Região.

Quadro 3.16Percentuais das Áreas Protegidas por Sub-Bacia

SUB-BACIASÁrea

(ha)

% em relaçãoá bacia

Áreas de Unidades deConservação (ha) % em relação a área

da sub-bacia% em relação aárea da bacia

Guaíba 236.300 3% 34.262,79 14,50% 0,04%Gravataí 233.810 3% 7.613,00 3,26% 0,09%Sinos 427.680 5% 7.712,97 1,80 % 0,08%Caí 516.610 6% 732,32 0,14% 0,01%*Taquari-Antas 2.996.900 34% 10.862,90 0,36% 0,12%Alto-Jacuí 1.741.200 20% - 0,00% 0,00%Vacacaí 1.041.040 12% - 0,00% 0,00%Pardo-BaixoJacuí 1.463.460 17% - 0,00% 0,00%

TOTAL 8.657.000 - 66.163,98 - 0,69%Fonte: OLIVEIRA & CALLEGARO (1992), modificada

* Excluindo APA Rota do Sol

c) Ecossistemas Significativos não Protegidos em Unidades de ConservaçãoPara OLIVEIRA & CALLEGARO (1992) a constante ampliação do desenvolvimento

da agro-indústria no Estado, aliada a tecnologias modernas que levaram a amplasagressões ao ambiente natural, trouxeram ao Rio Grande do Sul a redução, que chegapróxima ao extermínio, dos ecossistemas característicos das sub-bacias hidrográficas queconstituem a Região Hidrográfica do Guaíba. As alterações intimamente relacionadas com aperda dos solos agricultáveis por processos erosivos, o uso abusivo de agrotóxicos eredução da produtividade das águas, continuam em ritmo crescente, atingindo áreasflorestais, campestres e ambientes de zonas úmidas, incluindo áreas de proteçãopermanente estabelecidas por lei.

Para o desenvolvimento do trabalho, estes ecossistemas foram abordados por baciae de acordo com as seguintes categorias:

• Áreas úmidas, formações campestres e florestais;

• Outras áreas de proteção permanente por lei (morros);

• Outros ecossistemas.Com base nos mapas da cobertura vegetal, uso do solo e utilizando-se o

zoneamento proposto por RIO GRANDE DO SUL (1994) foram feitas considerações sobreos pontos críticos em relação às pressões da agricultura. Ainda, com base no mesmozoneamento de uso do solo e FUNDAÇÃO ZOOBOTÂNICA(1991), foram plotadas as áreasnaturais e semi-naturais remanescentes, evidenciando-se as pressões a que estão sujeitaspela atividade agrícola.

Através das imagens de satélite e da literatura foram selecionadas áreas deimportância significativa em relação ao estágio de conservação e de localização estratégicana Bacia, sendo o grau de importância atribuído, principalmente, em função da coberturavegetal, da fauna associada e da ausência de áreas protegidas (UC´s) nas sub-bacias. Oscritérios de criticidade para estes ecossistemas foram estabelecidos com base nasprincipais pressões a que estão submetidos: agrícola, cultivo de arroz, urbana, industrial emineração. Em um primeiro momento foram detectadas as pressões de forma hierárquica,conforme maior ou menor o grau de pressão. Em um segundo momento passou-se aanalisar cada sub-bacia frente as pressões detectadas na Bacia como um todo. Nestenível, a hierarquização ficou representada por uma escala numérica: 1 (fortemente crítico), 2(moderadamente crítico) e 3 (fracamente crítico).

As Unidades de Conservação foram agrupadas por bacias e hierarquizadas

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de acordo com critérios de criticidade; foram tomados como critérios de criticidade osaspectos importantes para consolidação das mesmas: situação fundiária, infra-estrutura,plano de manejo e vulnerabilidade dos ecossistemas.

Os resultados são apresentados na sequência de quadros a seguir.

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Quadro 3.17Hierarquização das UC’s na Região Hidrográfica do Guaíba

em Relação aos Critérios de CriticidadeCRITÉRIOS DE CRITICIDADE*

Hierarquização**

Sub-bacia/UC's (+)Situação Infra- Plano de

Vulnerabili-dade Soma dos

Fundiária Estrutura Manejo dosEcossistema

s

Pontos

GuaíbaParque Estadual Delta do Jacuí + 1 1 2 1 5Parque Estadual de Itapuã + 2 2 3 2 9Jardim Botânico de Porto Alegre + 2 3 3 2 10R. B. do Lami 1 2 2 1 6Parque Saint' Hilaire 2 3 3 1 9Parque Farroupilha e Paulo Gama 3 3 3 2 11Horto Florestal Barba Negra 3 3 3 2 11GravataíR. B. do Banhado Grande 1 1 1 1 4Pampa Safari 3 3 3 3 12SinosF. N. São Francisco de Paula 3 1 2 1 7R. B. da Serra Geral + 1 1 1 1 4Parque Zoológico do RS + 1 3 2 2 8Parque Estadual Assis Brasil 3 3 3 2 11P. Recreação do Trabalhador 3 3 3 2 11R. B. Scharlau ou da Mata Daniel

1 1 2 1 5Área Especial de Interesse Turístico do MorroFerrabráz 1 1 1 1 4

P. Ecológico Mun. Luiz Roessler1 2 3 2 8

Centro de Pesquisa e Conservaçãoda Natureza - PRÓ-MATA 3 2 1 3 9CaíFloresta Nacional de Canela 3 2 2 2 9Parque do Caracol 3 3 2 2 10Parque Mun. Mato Sartori 3 1 1 1 6P. COPESUL de Proteção Ambiental 3 3 3 2 11Taquari-AntasParque Estadual de Tainhas 1 1 1 1 4Parque Estadual de Itibiriá 1 1 1 1 4R. B. do Planalto 2 1 1 1 5R. Ecológica Parque dos Pinheiros 2 2 3 2 9Parque Recreação Santa Rita 3 3 2 2 10F. Municipal de Nova Prata 1 1 1 2 5FUNEG 2 2 1 2 7APA Rota do Sol 3 2 1 1 7Estação Ecológica Estadual de Aratinga 1 1 1 1 4* 1- Fortemente crítico ** 4 - 6 Fortemente crítica (+) UC's contempladas no Módulo I 2- Moderadamnete crítico 7 - 10 Moderadamente crítica 3- Fracamente crítico 11 - 12 Fracamente crítica

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QADRO 3.18 - ÁREAS SIGNIFICATIVAS NÃO PROTEGIDAS EM UC’S

Sub-bacia/Área * Municípios Ecossistemas/Importância PressõesCritérios deCriticidade

Hierarquização eecossiste-mas

Guaíba:- Arroio do Conde (6A) Guaíba mata ciliar cultura de arroz 3- Banhado Granja Nova (6B) Barra do Ribeiro nidificação de aves aquáticas cultura de arroz B - C - E 2- Banhado Ceroula (6C) Barra do Ribeiro nidificação de aves aquáticas cultura de arroz 2- Banhado Jacaré (6) Barra do Ribeiro nidificação de aves aquáticas cultura de arroz 2- Morros graníticos (7) Porto Alegre e Viamão savanas, floresta estacional e aflora-mentos de

rochaurbana e agrícola(pomares), pedreiras

1

Gravataí:- Banhado Barrocadas (8A) Santo Antônio da Patrulha banhado, presença do jacaré-do-papo-amarelo e

cervo do pantanalcultura de arroz 3

- Banhado das Lombas (9) Viamão banhado, presença do jacaré-do-papo-amarelo ecervo do pantanal

cultura de arroz B - C - D 3

-Complexo Itacolomi e MorroMorungava

Gravataí linha de avanço mais meridional de espéciestropicais e linha de avanço mais ao norte dasespécies da Patagônia

agrícola e urbana 2

- Parque Guajuviras (10A) Canoas área verde urbana urbana e industrial 2Sinos:

- Banhados do rio dos Sinos (10B) São Leopoldo, Novo Hamburgoe Campo Bom

banhado, presença do jacaré-do-papo-amarelo,Cyanolebias wolterstorffi eBiomphalariatenagophila (vetor deesquistossomose)

urbana, agrícola eindustrial

C - D - A- E 3

- Vale do Quilombo (11A) Gramado e Canela floresta ombrófila mista urbana e agrícola 1- Curso superior do rio dos Sinos(8B)

Santo Antônio da Patrulha,Rolante e Taquara

mata ripária urbana 2

- Morro do Paulo (10C) São Leopoldo cobertura vegetal original pedreiras 1- Morro Ferrabraz (11B) Sapiranga cobertura vegetal original urbana e pedreiras 1

Caí:- Rio Caí (10D) Montenegro mata ciliar agrícola e industrial A - D 3

Taquari-Antas:- Maciço florestal do alto vale do rio das

Antas e áreas adjacentes (12)São Francisco de Paula, BomJesus, São Marcos e Vacaria

floresta ombrófila mista e savana agrícola A 1

-Curso superior do rio Taquari (13) Arroio do Meio, Roca Sales, eEncantado

mata ciliar agrícola 3

- Arroio Cadeia (14) General Câmara mata ciliar agrícola 2

*os números referem-se às figuras 6, 8 a 22 com a localização das áreas significativas extraídas dos Mapas do Exército (escala 1:250.000) e figura 7 extraída de GÜNTZEL et. al. (1994).

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Alto Jacuí:- Rio Jacuí - trecho entre a foz do rio Vacacaí até

a barragem Dona Francisca incluindo o rioSoturno (15)

Faxinal do Soturno e DonaFrancisca

possíveis áreas verdes em região muitodegradada

urbana , agrícola ecultura de arroz

A - B - C - E 2

- Região limitada pelo rio Taquari e Jacuí(29º00’S e 29º30’S (13 e 13a)

Arroio do Tigre, Ibarama,Sobradinho, Segredo,Tamanduá, Barros Cassal,Encantado, Mussum,Lageado, Arroio do Meio

floresta estacional e floresta ombrófilamista

agrícola e mineração 3

Vacacaí:- Banhado Trancoso (16A) São Sepé banhado (único no município), presença

do jacaré-do-papo-amareloagrícola e cultura dearroz

2

- Nascente do Arroio Santa Bárbara e MataCaçapava (16B)

Caçapava do Sul floresta de galeria e savana, ausência deUC na sub-bacia reduto de reprodução dopapagaio-charão e ema no Estado

agrícola A - B 3

- Mata da Ramada (16C) São Sepé floresta de galeria e savana, ausência deUC na sub-bacia reduto de reprodução dopapagaio-charão e ema no Estado

cultura de arroz 3

- Cabeceiras do Arroio da Divisa (17) Silveira Martins floresta estacional agrícola 2Pardo-Baixo-Jacui:

- Banhado do Pontal (10E) Triunfo banhado, presença do jacaré-do-papo-amarelo

cultura de arroz 2

- Arroio dos Ratos e Mata Quitéria (18A) Arroio dos Ratos mata ciliar agrícola A - B - C 1- Arroio Capivari e Mata Capivarita (18B) Arroio dos Ratos e Pântano

Grandemata ciliar agrícola 1

- Rios Pardo (19) e Pardinho (20) Vera Cruz e Santa Cruz doSul

mata ciliar agrícola e urbana 3

- Nascentes do rio Irapuá e Mata do Forninho(21)

Caçapava do Sul e Santanada Boa Vista

savana e floresta de galeria agrícola 1

- Mata da Cordilheira (22A) Encruzilhada do sul savana e floresta de galeria agrícola 1- Nascentes e Curso médio do arroio Piquiri

(22B)Encruzilhada do Sul mata ripária agrícola 1

* os números referem-se às figuras 6,8 a 22 do diagnóstico na íntegra, com a localização das áreas significativas extraídas dos Mapas do Exército (escala 1:250.000) e figura 7 extraída de GÜNTZEL et al. (1994).** A - Pressão Agrícola *** 1 - Fortemente críticoB - Cultura de arroz 2 - Moderadamente críticoC - Pressão Urbana 3 - Fracamente críticoD - Pressão IndustrialE - Mineração

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Na Região Hidrográfica do Guaíba o percentual de áreas protegidas estárestrito a 0,69% da área total da bacia. Por outro lado, observa-se a concentraçãode UC´s em algumas sub-bacias, havendo ausência completa de áreas legalmenteprotegidas no Pardo-Baixo Jacuí, Vacacaí e Alto Jacuí. Outro fator importante quemerece atenção é o grande número de Unidades concentradas na RegiãoMetropolitana de Porto Alegre.

Na área da Região Hidrográfica do Guaíba encontram-se várias UC’sdecretadas e não implantadas:

Bacia do Gravataí Reserva Ecológica do Banhado GrandeBacia do Sinos Reserva Biológica da Serra Geral Reserva Biológica do Scharlau ou da Mata do Daniel Área Especial de Interesse Histórico e Turístico do Morro FerrabrazBacia do Caí Parque Municipal Mato SartoriBacia Taquari-Antas Parque Estadual de Tainhas Parque Estadual de ItibiriáO problema institucional em relação às UC’s está relacionado principalmente

àquelas administradas pelo poder público, consistindo em falta de infra-estrutura ena questão fundiária.

A falta de infra-estrutura para fiscalização por parte dos órgãosencarregados da administração propicia, em muitos casos, as invasões.

Os baixos orçamentos, a falta de recursos humanos destinados para amanutenção das UC’s e a demora na implementação do Regulamento de Parquesdo Rio Grande do Sul no que diz respeito à arrecadação de multas em contasespecíficas em nome dos Parques (Decreto 34.573, de 10/2/92), tornam as UC’sadministradas pelo Poder Público Estadual muito vulneráveis.

A ausência de mecanismos que destinem recursos para manutenção dasUC’s, bem como do estabelecimento de uma Política Estadual de Meio Ambientevoltada para a manutenção da biodiversidade, dificultam a administração dasUnidades de Conservação.

Os dados referentes à situação fundiária das UC’s levantados porOLIVEIRA & CALLEGARO (1992), demonstram que existem problemas pararegularização em muitas delas.

A ausência de zona tampão no entorno das UC’s é também um problemarelativo a todas as categorias de manejo existentes na Região.

Os resultados dos estudos referentes aos ecosistemas significativos sãoapresentados em sua íntegra no Anexo 14, podendo, no Mapa 11 do Volume 2serem identificadas as Unidades de Conservação existentes na Região Hidrográficado Guaíba.

3.8 Economia Ambiental

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a) IntroduçãoO presente trabalho teve como objetivo apresentar alguns instrumentos

oriundos da ciência econômica para facilitar tanto o conhecimento da situaçãoexistente, como auxiliar na formulação das ações a serem propostas.

Considerando que a necessidade de tornar mais efetivas as proposiçõesrelativas aos cuidados com os recursos naturais é hoje um tema de consensomundial, salvo exceções com interesses bem particulares, a busca de novos e cadadia mais desenvolvidos instrumentos de ação caracteriza-se por ser um movimentono mínimo válido. Ao executar este trabalho teve-se a intenção de que sejamcontempladas as informações e propostas na avaliação de atividades futuras,articulando as informações econômico-ambientais com as demais e apresentando,assim, possibilidades reais de auxílio ao gerenciamento ambiental.

Os diversos enfoques na análise da questão ambiental determinamdiferentes balizamentos nas respectivas proposições. Admitimos que a ética daTerra de Leopold é extremamente válida e que os recursos têm um valor per se, nãocabendo uma valoração econômica desses. Considerando que as atividadeshumanas são as mais impactantes das condições naturais, independentemente deservirem de suporte à sua própria existência, e que somente as mudanças darelação homem/ambiente é que podem apresentar resultados significativos namelhora da qualidade do ambiente, adota-se aqui o enfoque antropocêntrico. Aapresentação buscará entender, pelo ponto de vista dos seres humanos, propostasde mudanças e situações, apontando os contrapontos quando pertinentes.

Serão apresentadas as correntes de pensamento econômico maisadequadas na compreensão do mercado quando propõe a prática de gestão dosrecursos naturais. Os instrumentos econômicos utilizados são bastante conhecidosem sua concepção: preços, taxas, impostos; normas de qualidade alteram aestrutura de mercado em função de determinados objetivos. Os investimentospúblicos diretos destinam-se à infra-estrutura necessária e normalmente tem carátercorretivo ou descontaminante, seriam outra forma de intervir no sentido de melhoradas condições ambientais. Ambas formas de intervenção são avaliadas pela suarelação custo-benefício ou custo-efetividade, métodos clássicos de análise deinvestimentos ou ações da Teoria Neoliberal adotados pelos organismosinternacionais. Determinar com o menor erro possível os valores referentes aoscustos, benefícios ou mesmo os níveis de efetividade indicará o primeiro passo paraa qualidade das análises posteriores.

A preocupação deste trabalho é apresentar uma proposta no sentido deencontrar os valores e identificar seus possíveis movimentos a partir do entorno,pois a compreensão do sistema em que estão inseridas essas informações de valorque devem subsidiar as análises é importante, para evitar distorções. O trabalhoapresenta as formas de compreender este sistema e a partir destas os métodos debuscar esta informação de valor. A necessidade de contemplar as variáveisambientais mesmo subjetivas amplia o espectro de considerações a serem feitas eseguramente redireciona algumas estratégias. Devem ser consideradas asdificuldades de implantação deste tipo de proposta pois altera algumas estruturasexistentes de mais fácil compreensão pelos administradores públicos. A busca daidentificação das variáveis ambientais e a possibilidade de contempla-las nasanálises de viabilidade é o que se acrescenta em relação as análise do Módulo I

O trabalho, em sua integra constante no Anexo 17, contém a exposição deparadigmas de desenvolvimento para situar algumas possibilidades de entender osdiferentes objetivos relativos as questões ambientais. A seguir apresenta osmovimentos das correntes de pensamento relativos as relações entre a economia eos recursos naturais, num breve histórico, enfocando as teorias e não as situações

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de mercado efetivas. Após, numa abordagem não muito difundida de economia,mas que aporta visões interessantes e úteis às propostas de gestão ambiental, aEconomia Institucional. São retomados, então, alguns conceitos das ciênciasnaturais para possibilitar a identificação das funções do meio e para facilitar aapresentação de Economia Circular que efetivamente integra os campos naturais eeconômicos. Isto foi feito com o intuito de facilitar a compreensão do funcionamentodo mercado contemplando espaços de ação para uma política de gerenciamentoambiental.

Finalmente são apresentadas as possibilidades de ação da correnteeconômica que pensa o meio ambiente, voltando a atenção na possibilidade deretirar as informações do mercado, relativas ao valor atribuído ao recurso.Considera-se a necessidade do estabelecimento dos direitos de propriedade comobase para a compreensão de que existe um valor dos bens, e a partir deste osdiferentes métodos utilizados para encontrá-los. Os métodos apresentadosbuscarão sempre uma relação com sua aplicabilidade através de exemplos paradeterminar seu potencial de utilização. No final do trabalho são feitos algunscomentários relativos ao Estudo de “Simulação de uma Proposta de Gerenciamentodos Recursos Hídricos na Bacia dos Sinos” elaborado pela empresa MAGNAEngenharia, que contempla alguns valores à recuperação do meio.

Neste Volume optou-se pela apresentação deste panorama geral do trabalhoe pela reprodução dos diferentes métodos de valoração ambiental passíveis deserem adotados na análise econômica de empreendimentos.

b) Métodos de ValoraçãoAs diversas políticas de gerenciamento ambiental transcendem à mesma

questão: como determinar o valor real dos recursos naturais ou bens ambientais?Determinar o valor dos recursos é essencial para implementar qualquer ação degestão que não parta do princípio de standarts fixos de contaminação. Oestabelecimento dos direitos de propriedade automaticamente cria parâmetros deuso e de qualidade que serão as bases dos mercados, possibilitando a avaliaçãodos bens ambientais, base de cálculo dos valores, como já citado. Identificar o valordado pelas pessoas aos recursos naturais não e uma tarefa simples e requeraprofundamento em algumas abordagens da teoria econômica, referente àdeterminação de valores.

Autores como Kahneman e Tversky ( 1979 ) alegam que os níveis deutilidade não são absolutos, estão sempre relacionados com um ponto de partida eque o realmente representativo é a variação desses em relação a uma condiçãoinicial. Esse enfoque explica uma diferença entre uma variação compensatória euma variação equivalente. A primeira identificaria o valor que as pessoas exigiriampara permitir uma mudança danosa ao meio e a segunda diz respeito a quanto aspessoas estariam dispostas a pagar para evitar a perda de seu bem estar. Ambosos casos aplicados a uma mesma situação resultariam em valores diferentes, poisas pessoas valorizam mais a perda dos níveis de satisfação já alcançados do que oacréscimo nestes. A eleição do enfoque adotado em um estudo deve ocorrer deacordo com a situação real encontrada no campo e a variação proposta.

Um exemplo é a exploração de água subterrânea, onde a comunidade seabastece de um manancial contaminado por agrotóxicos e existe uma proposta deaumento da produção agrícola local. Nesse caso se buscar-se-ia identificar aquantidade de dinheiro que a população receberia para não se opor à mudança,uma compensação exigida. Por outro lado, poderia identificar-se quanto a populaçãopagaria para que não ocorresse a piora na qualidade do meio local. A definição dalinha de analise se dar-se-ia à luz da legislação vigente; o que se salienta é que a

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situação pode ser real e os resultados seriam diferentes.Existem diversos enfoques para valorar os bens ambientais, diferentes

teorias para entender o mercado, são aqui apresentadas as mais significativasquando se refere a uma visão integrada entre os mundos econômicos e dasciências naturais. Entende-se então, as pessoas como centro de análise eidentificam-se as funções do ambiente no que se refere às possibilidades de uso poressas. Aceita-se a idéia de que se a função é relativa à satisfação das pessoas emalgum ponto do mercado, é em sua escala de valores que se buscam os indicadorespara determinar os preços dos bens ambientais. Essas delimitações no campoconceitual são o caminho da operacionalização possível da integração desses doismundos até pouco tempo afastados pelo reducionismo das ciências.

Os métodos apresentados a seguir buscam informações nas preferênciasdas pessoas a partir de sua disponibilidade a pagar ou compensação exigida pelasvariações na qualidade ambiental no mercado. Relacionando as funções ambientaiscom outros produtos ou serviços em um mercado vigente é possível estabeleceruma relação indireta do bem ambiental com outros bens privados, originando umafunção. Outra forma de identificar essas informações é o método direto de perguntaraos interessados. O questionamento direto aos próprios usuários potenciais do bemambiental torna-se uma alternativa quando não existe possibilidade de relacioná-lo,sendo o único meio de atribuir valor aos recursos em questão.

- Método dos Custos Evitados ou InduzidosOs bens ambientais, mesmo sem ter um mercado definido, relacionam-se

com outros bens que tem um mercado definido; dessa relação podemos retirarinformações úteis. Tal relação vincula-se as funções apresentadas, como a de umbem ambiental que seja insumo de um processo produtivo ou que faça parte daprodução de utilidade de um ser humano. Para compreender essa relaçãoquantitativamente deve-se estabelecer uma ligação física da variação da quali-quantitativa dos bens ambientais com as funções escolhidas. Estas relações sãodenominadas funções dosis respostas , onde se identifica quanto variam as funçõesescolhidas para uma variação na quali-quantitativa do bem ambiental. Estabelecidaessa relação pode-se determinar através do valor atribuído à variação da funçãoescolhida, o valor da variação do bem ambiental.

Um exemplo de um bem ambiental insumo de um processo produtivo podeser o utilizado por Kim e Dixon, 1986, para valorar um programa de estabilização erecuperação de terrenos agrícolas. Os autores aplicam o método proposto paraavaliar as ações de recuperação do solo erodido, caso não se execute nenhumaação preventiva. Para isso identificam as diversas medidas mitigadoras necessáriascaso ocorresse o impacto e seu reflexo na qualidade do solo, estabelecendo asfunções dosis resposta de cada medida. A piora na qualidade do solo resultaria naqueda de produção, que, por sua vez, ocasionaria uma perda de receita para osagricultores que somadas aos custos das ações que deveriam ser tomadas, casonão houvesse medidas preventivas, formariam a função de custos evitados. Olevantamento desses custos seria a justificativa para a aplicação de recursos nasmedidas preventivas.

O método proposto é bastante teórico, cabendo salientar algumas de suaslimitações para casos práticos. Os preços de referência dos produtos agrícolas, nocaso das perdas de produção, têm variações que não necessariamente sãoconstantes e podem aumentar com a redução da oferta global, o que mascararia oresultado comprometendo a análise. O exemplo citado seria viável no caso depequenos agricultores quando o volume de produção não altera os preços demercado. Mesmo nessas condições existem algumas outras colocações, como a deque as alterações na qualidade do solo ocorrem gradualmente e os agricultores

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adotam medidas preventivas, modificando as espécies de cultivo ou adicionandoprodutos químicos. Essas ações também influem no resultado, pois a situação inicialfica muito distante e o número de variações muito grande, resultando uma difícilaproximação do valor real. As limitações apresentadas não eliminam a aplicação dométodo, somente delimitam os tipos de casos a pequenos agricultores que nãotenham adotado medidas preventivas, podendo desses valores retirarem-seindicadores para determinadas regiões.

- Método de Custos de Viagem

O Método de Custo de Viagem é aplicado normalmente à valoração deespaços naturais, parques e reservas, em função de sua metodologia. Ofundamento teórico do método são as relações entre bens privados e os chamadosbens ambientais, através de uma relação de complementaridade dos bens nasfunções de utilidade das pessoas; no caso de um parque, o consumo de um bemambiental necessita do consumo de alguns bens privados. Essa relação permitedeterminar o preço implícito do bem ambiental por meio das funções de utilidade dobem privado, isto é, os preços dos bens privados complementares ao bem ambientalindicarão seu valor. O exemplo explica melhor a situação: para desfrutar de umparque natural uma família incorre em diversos custos que não necessariamente oda entrada paga ao parque, o deslocamento em automóvel ou transporte público, aalimentação, o tempo gasto, o pernoite, se necessário, entre outros, formam umafunção composta, que indica o valor que a população atribui ao parque.

Um aprofundamento nas variáveis é o primeiro passo para determinar aconfiabilidade de um estudo desses. Pode-se partir da identificação do públicointeressado nesse tipo de atividade ou especificar um local determinado. A partirdessa primeira definição, identifica-se o tipo de função a ser adotado, podendo serde demanda por zona de origem, apontando o número de visitantes de umadeterminada zona a um determinado parque, ou demanda individual, onde sãoconsiderados os serviços de chegar a um parque e suas características para cadapessoa em particular, apontando uma curva de demanda individual que agregadaresultará em uma curva de demanda global. As duas funções podem apresentarresultados diferentes ao avaliarem a mesma área. A literatura indica a segundacomo mais eficiente do ponto de vista teórico e a primeira mais difundida nasaplicações práticas. Ambas funções consideram um instante de tempo fixo, nãoobtendo informações relativas às alterações dos preços e demandas, o que nãopermite obter um dado comparativo de tempos.

O real custo de chegar ao lugar também apresenta algumas questões para adiscussão; a base das funções será o custo do combustível e amortização doveículo ou, no caso de transporte público, o custo das passagens. Os custos queincorrem durante o caminho têm sua agregação discutível; os gastos com alimentoe pernoite podem ocorrer independentemente do parque pelo prazer de comer emalgum lugar ou mesmo porque a alimentação aconteceria igual sem a visita; aquicabe uma analise particularizada para tomar a decisão ao aplicar o método. Asquestões de agregar o valor do tempo também são discutidas na teoria; sãoapresentadas como uma possibilidade. Salienta-se que são questões que devemser adaptadas para a realidade nacional em função do nível de renda do trabalhadormédio brasileiro, podendo chegar ao extremo de mascarar os valores encontrados,o que não retira a importância dos valores encontrados, desde que se façam asobservações pertinentes.

O método apresenta alguns problemas aos quais devemos dar atenção aoavaliar os resultados: a confiabilidade na resposta das pessoas referente à realatribuição do deslocamento ao bem ambiental em análise, quando a viajemcontempla outros momentos de desfrute ou as diferenças entre os tempos de

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permanência no local analisado. Essas questões podem ter sua margem de errominimizada, mas não podem ser eliminadas, em função das característicasinerentes dos bens ambientais que não possibilitam determinar com exatidão o seupreço, podendo se conseguir chegar a bons indicadores de oferta, demanda evalores.

Como exemplo desse Método de Custo de Viagem, é apresentado umestudo feito para o Programa Pró-Guaíba de Avaliação Econômico-Financeira doSub-Programa de Manejo de Recursos Naturais Renováveis, pelo Consultor do BID,PhD Peter H. May, entregue em 27 de janeiro de 1993. Na quantificação dosbenefícios do Subprograma o consultor propõe a utilização de dois métodos paraidentificar a disposição a pagar da população pelos Parques de Itapuã e do Delta doJacuí. Os parques selecionados não se encontravam em operação, sendo que oDelta do Jacuí não possuía zoneamento nem sistema de manejo. O Parque deItapuã com uma área de 5,5 mil ha, situado a 55 Km ao sul de Porto Alegre, comacesso por terra ou água, registrava uma visitação de 4.000 pessoas por fim desemana em épocas de verão, mesmo sem contar com infra-estrutura, sendo suacapacidade de suporte, segundo estudos dos técnicos do DRNR, de 1.290visitantes/dia. O Parque do Delta do Jacuí está situado em uma área de mais de 17mil ha em frente ao centro urbano de Porto Alegre, sem registros de visitas anteriorao trabalho; apresenta uma capacidade de suporte de 25 mil pessoas/dia.

Os métodos elencados foram o de Valoração Contingente e o de Custo deViagem; em um segundo momento o consultor optou por continuar o estudosomente através do segundo método. Os levantamentos foram realizados emseparado para cada parque, ignorando o potencial de substituição entre ambos.Como não estavam em operação os parques, as questões formuladas foramhipotéticas e o nível de pré-informação disponibilizado às pessoas muito grande,para que tomassem conhecimento da situação, de seus potenciais e de suasdificuldades. A função escolhida para o balizamento do estudo foi a de demanda porzona, considerando a distância dos bairros aos parques. Os custos de viagem foramcalculados com base nas tarifas de transporte público e no quilômetro rodado doautomóvel Gol a álcool. Os tempos, estimados foram de acordo com o saláriomínimo vigente na época, para o cálculo do tempo gasto em transporte, não sendoestimado o tempo de permanência nos parques. A determinação do tamanho dasamostras foi feita com base na variância da renda familiar de Porto Alegre,determinando 250 entrevistas para cada um dos parques, com uma confiabilidadede 90% e uma margem de erro de 12%.

O objetivo do trabalho realizado era claramente a identificação dos custos ebenefícios do Subprograma, então foram adicionadas como benefícios aos valoresencontrados as receitas derivadas de entradas, serviços e concessões. O objetivo éclaro na avaliação de uma política pública bem definida e visa identificar as relaçõesclássicas da economia em uma relação custo-benefício, apresentando o ValorPresente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR) para preços de mercadoe de eficiência sendo o VPL do Delta do Jacuí $ 6,4 milhões e o VPL de Itapuã $ 7,9milhões negativos em função da capacidade de suporte limitada e em relação aosinvestimentos executados neste subprograma. No estudo apresentado, constata-secomo principal conclusão a identificação de uma demanda não-atendida “deproporções consideráveis”, segundo o autor. A apresentação da metodologia doscustos de viagem possibilita indicar os benefícios de um Programa Público, mastambém pode avaliar o potencial de uma área independente de investimentosprevistos, o que possibilita uma outra relação em função da redução dos custos,neste trabalho apresentado, estimados através dos investimentos do Programa.

- Método dos Preços Hedônicos

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O método dos preços hedônicos também está baseado em uma relação decomplementaridade entre as funções dos bens privados e o bem ambiental, com adiferença do método anterior que não se adquire o bem privado para se adquirir obem ambiental e sim ambos estão na mesma função, isto é, o bem ambiental é umacaracterística do bem privado. Alguns bens privados possuem multiatributos; algunsdesses atributos podem ser subjetivos, por exemplo, adquirir um automóvel nãorepresenta simplesmente passar a possuir um meio de locomoção, além disso sãoadquiridos conforto, segurança e status entre outras utilidades. Os preçoshedônicos visam identificar os diversos atributos do bem em questão e suaparticipação na função de preço, que, derivada em relação a um atributo escolhido,identifica a disposição marginal a pagar e por sua vez o preço implícito do atributo.Relativo aos atributos ambientais, um exemplo clássico da utilização do método depreços hedônicos é o das casas. Existe a possibilidade de utilizar as funçõeshedônicas relativas aos salários, analisando o atributo de saúde, que é tambémcomposto por indicadores ambientais.

Pode-se compor, como exemplo, uma função de preço de uma casa comtrês vetores principais, o das características estruturais, o da vizinhança e o últimorelativo as condições ambientais do entorno, que, engloba diversas variáveis, comoqualidade do ar, proximidade de zonas verdes, nível de ruído etc. A função depreços hedônicos depois de determinada pode ser utilizada valendo-se de dois tiposde análise sempre considerando uma comparação entre duas situações, temporaisou espaciais e com ou sem ação. Deve-se levar em conta uma estimação estatísticade segunda ordem, utilizando como variável dependente a função de preçoshedônicos e como variáveis independentes as características sócio-econômicas daspopulações. O comportamento do mercado pelo lado da oferta também influi nosresultados alcançados por esse método, pois as funções de preço estão tambémrelacionadas com fatores externos.

O método dos preços hedônicos apresenta alguns supostos que devem sersalientados: o não valor à função de existência do recurso e os limites de mobilidadeda população, que pode não estar disposta a arcar com determinados custos, masse vê coagida. A questão apontada é a adaptação dessas teorias à países como oBrasil, com salário médio muito baixo, sedo que o nível de renda per capta podecomprometer os resultados alcançados. Os comentários sobre impostos detransmissão, entre outros, devem ser abordados de acordo com as particularidadesdos casos, sendo cada tributo analisado separadamente para evitar o risco deresultados mascarados, estas observações críticas à teoria devem ser consideradastanto para os preços quanto para os salários hedônicos, principalmente as questõesde renda.

Operacionalmente, o método necessita de alguns cuidados práticos quandode sua aplicação. Encontrar com exatidão uma função, entendendo que existe umadiferença entre valor do terreno e de uma casa e que as variáveis ambientais estãoem sua maioria associadas ao terreno; essa diferença torna-se significativa nosresultados. Outro ponto a destacar seria o de que as informações ambientais nãoestão disponíveis, não sendo consideradas quando da tomada de decisão dapopulação no mercado imobiliário. Os preços considerados podem ser de compra evenda ou de aluguel; os primeiros suportam uma relação patrimonial, o que podeapresentar um benefício na determinação da eficiência da escolha, os de aluguelrepresentam maior velocidade na resposta a mudanças nas variáveis, ambas asescolhas apresentam vantagens e desvantagens, cabendo eleger de acordo com ocaso particular.

- Método de Valoração Contingente

O Método de Valoração Contingente foi desenvolvido na década de sessenta

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nos Estados Unidos por Robert Davis e aceito pelas normas do Water ResourceCouncil americano em 1979 como um dos três métodos entre os recomendadospara valorar investimentos públicos. Nos casos em que bens ambientais nãomantenham nenhuma relação de complementaridade com bens privados, como osapresentados anteriormente, a alternativa são métodos diretos de valoração. Essesconsistem em perguntas diretas sobre os valores atribuídos ao objeto em questão,não deixando de representar uma forma alternativa de valoração útil para efeitos decomparação. As respostas encontradas são tabuladas através de modelos deregressão econométrica, estabelecendo-se, assim, as funções dos valores do bensambientais.

As entrevistas ou pesquisas desenvolvidas para identificar os valores devemestar estruturadas em três blocos. O primeiro proporciona informações relativa aobem ou mudança avaliado, podendo utilizar mapas de localização, material gráfico etoda a forma de comunicação disponível. O segundo propõe a descrição da variaçãoproposta, seus efeitos para a pessoa, os fundos financiadores e uma tentativa deaveriguar quanto o cidadão estaria disposto a pagar pela qualidade do bem. Nessecaso, a atenção especial deve dar-se em identificar o que o cidadão estaria dispostoa pagar e não o valor que a sociedade deveria pagar em sua opinião. O último sãoquestões referentes às características sócio-econômicas para situar a pessoa nouniverso da pesquisa; essas perguntas são propostas no final, em função de que jáexiste uma maior tranqüilidade entre o entrevistados e o entrevistador. Estruturadosos blocos deve-se optar entre as alternativas de rumo para seguir o estudo.

Os mecanismos de pesquisa a serem utilizados são diferentes. As perguntasindividuais levam vantagem por possibilitar um contato mais próximo e permitir umamaior explicação do objeto da pesquisa e controle do processo. As entrevistas portelefone têm um custo mais baixo e uma informação com menor qualidade, sendoindicadas para casos simples, em que a resposta das pessoas sejam curtas. Oformato de pesquisas por correios tem baixo custo e possibilidade de utilização dematerial gráfico, mas problemas de retorno e falta de controle sobre o processo deresposta. A amostragem selecionando um grupo representativo apresenta boaqualidade de informação, mas não garante a participação das pessoas,normalmente por falta de disponibilidade. A eleição entre um modelo ou outrodependerá só do caso abordado, mas uma etapa de checagem é importante emtodos os casos.

Em relação ao formato das perguntas também existem diferenças. Podemser de formato aberto, subasta, múltiplo, binário e interativo. O formato aberto é omais simples, apresenta-se a pergunta e espera-se a resposta, sendo o risco donúmero de “nãos” muito grande, pelo desconhecimento de uma escala de valoresapropriada. As proposições de uma cifra a partir do silêncio ou hesitação doentrevistado e sua conseqüente aproximação de um valor ideal pelo entrevistadoratravés de perguntas como “Mais do quê ?; Menos do quê?” caracterizam o formatosubasta, somente sendo possível sua aplicação através dos métodos em que hajacontato entre o entrevistado e o entrevistador. O formato múltiplo apresenta ascifras, dependendo do caso com informações adicionais, permitindo que oentrevistado opte dentro dos valores indicados, correndo o risco de induzir asrespostas e necessitando de um estudo prévio para determinar as cifras indicadas.O formato binário apresenta perguntas diretas com respostas sim ou não,semelhantes às questões cotidianas de mercado, com uma relação deconfiabilidade favorável, mas incorrendo em problemas como o da determinaçãoprévia de um valor e para isso uma estimativa da função de demanda, além denecessitar de um tamanho grande de amostra. O formato interativo pode seracoplado a qualquer um dos anteriores com o aumento da participação doentrevistador nos questionamentos das respostas dadas, apresentando a vantagem

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de induzir a uma maior reflexão sobre as respostas e contemplando a possibilidadede alteração e as desvantagens das respostas serem estratégicas e não reais.

Referente aos modelos e pressupostos apresentados, pode-se identificaralguns problemas que podem prejudicar os resultados alcançados. As informaçõesde partida serão balizadoras de muitas pessoas que não conhecem os dados dasquestões; é aconselhável que sejam o mais realistas e imparciais possível. Osproblemas relativos ao tempo, que joga um papel importante no processo deobtenção da informação, podem ser abordados de diferentes maneiras. Asrespostas podem variar de acordo com determinadas estações do ano; osproblemas de maus odores, por exemplo, são potencializados no verão. A literaturaapresenta experiências em que as respostas dadas diferem quando são imediatas equando o entrevistado tem mais tempo para refletir, como no exemplo apresentadoem Azqueta, 1994, p 166, de uma entrevista para estimar a disposição a pagar porágua potável na Nigéria, um dia de tempo para a reflexão apresentou uma reduçãodos valores encontrados.

Outro exercício que pode ser realizado é a repetição da pesquisa um tempodepois, meses ou anos, com a finalidade de aferir os resultados encontrados naprimeira etapa de entrevistas. Ainda outro problema encontrado é o das respostasnegativas, que podem ter diversos sentidos, o de não querer responder, o de não tersubsídios suficientes e o de protesto, quando o entrevistado não está de acordoesse tipo de avaliação. Devido às diferenças apontadas, as respostas não devemser tabuladas da mesma maneira, por apresentarem opiniões com grandediferenças; uma resposta protesto, por exemplo, representa uma posição muitodiferente de uma abstenção. Os problemas e dificuldades apresentados nãoinvalidam o método, simplesmente apontam cuidados que devem ser tomados emsua aplicação visando a uma melhor representatividade da realidade dos dadoscoletados.

Apresenta-se a seguir dois quadros sintéticos dos métodos de valoração. Oprimeiro apresenta as principais aplicações e as relações que se procura identificarpara determinar os valores. O segundo algumas das principais dificuldades deimplementação de cada um. O intento destes quadros é proporcionar umainformação sistematizada de mais fácil consulta.

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QUADRO 3.19 - PRINCIPAIS APLICAÇÕES DE CADA MÉTODOMétodos de Valoração Principais Aplicações O que se pretende

descobrir...Método dos Custos

Evitados ou InduzidosBens Ambientais com

relação direta com bens deconsumo humano.

A variação dos custos detratamento de água,

relativos a qualidade domanancial.

Método dos custos deViagem

Äreas de Preservação comvisitação pública.

O gasto da população paraaceder a um parque, emcomparação com outra

atividade substutiva.Método dos preços

HedônicosRelação com bens que

tenham funções de Preçosdefinidas, como por

exemplos casas.

O aumento do valor de umimóvel em uma zona com

melhores condiçõesambientais.

Método da ValoraçãoContingente

Investimentos públicos semrelação direta com bens de

mercado.

Quanto pagaria a populaçãopor uma melhora na

qualidade ambiental de seuentorno.

QUADRO 3.20-PRINCIPAIS LIMITAÇÕES DE CADA MÉTODOMétodos de Valoração Alguns Limetes dos

MétodosMétodo dos Custos Evitados

ou IndusidosAs funções dosis resposta

não são exatas, possibilitandovariações nos resultadosobtidos a partir destas.

Método dos Custos deViagem

A real atribuição do valor dodeslocamento ao bem

ambiental avaliado e quaissão os fatores realmentecomponentes da função.

Método dos PreçosHedônicos

A incidência dos impostos detransmissão e as diferençasentre os valores atribuídos

por inquilinos e proprietários.Método da Valoração

ContingenteAs dificuldades maiores são

as encontradas na veracidadedas respostas dos

entrevistados.

3.9 Instrumentos de AferiçãoQuando das discussões metodológicas que antecederam a elaboração do

Diagnóstico do Plano Diretor de Controle e Administração Ambiental do ProgramaPró-Guaíba, foi constatada a necessidade de inserção de alguns instrumentos deaferição, ou seja, do estabelecimento de alguns mecanismos capazes de refletir, nomeio físico, os danos ambientais advindos das atividades humanas, de forma apermitir a aferição das premissas estabelecidas na metodologia do Diagnósticoproposto.

Estes instrumentos que naturalmente remetem a elaboração de modelos desimulação foram limitados pelo estágio em que se encontrava o sub programa defortalecimento da base de dados para o planejamento do Pró-Guaíba, mais

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especificamente pelo projeto da Rede de Monitoramento Ambiental. Assim, optou-sepela utilização de um trabalho já existente no âmbito da CORSAN, referente aosagravos ambientais que afetam as captações superficiais da empresa, o qual,embora possuísse um enfoque distinto e uma abrangência mais ampla, poderia seradaptado aos objetivos específicos do Plano Diretor.

Este trabalho foi adaptado e compõe o presente Plano Diretor em seu Anexo15.

Outro importante instrumento concebido com a finalidade de retratar a atualsituação da qualidade das águas superficiais na Região Hidrográfica do Guaíba foi aelaboração de um Índice de Qualidade das Águas – IQA. Este trabalho foidesenvolvido pela FEPAM e é apresentado em sua íntegra no Anexo 16.

Outras informações relativas ao estágio desenvolvimento da rede demonitoramento da qualidade das águas superficiais e da sua atual distribuiçãoespacial podem ser verificados nos Mapas 12 a 19 do Volume 2.

A apresentação dos trabalhos que sucede esta breve introdução, serálimitada a apresentação dos resultados, de forma que se sugere a consulta a íntegrados trabalhos para uma maior compreensão dos detalhes que envolveram a suaexecução.

3.9.1 Situação das Captações da CORSANEste trabalho foi elaborado a partir de levantamentos realizados pela

Assessoria de Recursos Hídricos (ARH) da CORSAN junto às Unidades deSaneamento da Companhia. O levantamento teve abrangência sobre todo o Estadodo RS, tendo resultado no trabalho “Diagnóstico Preliminar dos MananciaisSuperficiais nos Locais de Captação para o Abastecimento Público”, apresentado noII Simpósio Ítalo-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, realizado em 1996,na cidade de Canela/RS.

Os resultados dos levantamentos desenvolvidos pela ARH/CORSANdemonstram a vulnerabilidade dos mananciais utilizados para o abastecimentopúblico e permitem a comparação entre os diversos níveis de comprometimento decada trecho dos rios do Estado onde há captação para o abastecimento. Estaconstatação levou a equipe de coordenação do Plano Diretor a propor asistematização destes levantamentos através da montagem de um banco de dadosque favorecesse o acompanhamento e atualização periódica da situação dascaptações, bem como da sua incorporação na rede proposta pelo sub programa degeoprocessamento do programa Pró-Guaíba.

O relatório a seguir apresentado é uma adaptação do trabalho desenvolvidopela ARH/CORSAN, restrito à Região Hidrográfica do Guaíba e alterado a partir deuma montagem sistematizada dos problemas levantados, de forma a favorecer acomparação entre os diversos pontos de captação. Estas modificações visaramainda o estabelecimento de correlações entre os setores/atividades econômicasabordadas pelos trabalhos do Diagnóstico do Plano Diretor do Pró-Guaíba, e osproblemas qualitativos e quantitativos que se verificam nas captações para oabastecimento público.

Os problemas identificados no levantamento realizado junto as Unidades deSaneamento da CORSAN, devidamente reagrupados de forma a compatibilizá-loscom os objetivos deste relatório são a seguir apresentados:

a) Lançamento de Esgotos Domésticos (ESG.DOM.)Sob esta denominação foram reunidas todas as situações de lançamento de

esgotos de origem doméstica situadas na bacia contribuinte ao ponto utilizado para

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o abastecimento público. Como a intenção do presente relatório é caracterizar apressão antrópica, não se distinguiu as situações em função da localização relativado lançamento, como ocorre no trabalho desenvolvido pela ARH/CORSAN.

b) Lançamento de Esgotos Industriais (ESG.IND.)Nesta classificação encontram-se as situações de lançamento de esgotos de

origem industrial que afetam as captações para o abastecimento, sendo levantadosa partir da ocorrência de problemas qualitativos na água bruta que aflui à ETA. Nãoforam distinguidos no presente relatório, a freqüência de ocorrência dos mesmoscomo ocorre no levantamento original.

c) Lançamento de Eluentes Agro- Industriais (EFL. AGRO-IND.)Sob esta denominação encontram-se reunidos os efluentes líquidos advindos

das atividades agro-industriais, independentemente do seu porte. Assim,enquadram-se nesta situação os efluentes de matadouros, frigoríficos, aviários epocilgas. Também aqui não se distinguiu a posição relativa dos pontos delançamento em relação as tomadas de água para o abastecimento.

d) Atividades de Lazer e Portuárias (PORTOS E LAZER)Neste item estão reunidas as atividades relacionadas com o uso não

consuntivo dos recursos hídricos, caracterizadas pela existência de portos,embarcadouros, campings, balneários e demais instalações de lazer situados nabacia de contribuição das captações.

e) Depósitos de Resíduos Sólidos (DEP.RES.SÓL.)Sob este título encontram-se identificados os casos em que foi percebido, na

bacia de drenagem da captação, a ocorrência de depósitos de resíduos sólidos dequalquer origem. Esta generalização constitui-se numa simplificação em relação aotrabalho original, uma vez que nele são identificadas as origens dos depósitos.

f) Utilização de Agrotóxicos (AGROT.)Neste título estão reunidas as ocorrências de uso de agrotóxicos na bacia de

contribuição da captação. No levantamento original são detalhadas as formas deaplicação, entretanto, para os objetivos do presente relatório as respostas foramgrupadas sem a discriminação destas características.

g) Lixiviação de Lavouras (LIX. DE LAV.)Sob esta denominação estão identificadas as captações que recebem as

águas que percolam através do solo cultivado e carreiam parte das substânciasaplicadas nas áreas de cultivo com vistas ao desenvolvimento das culturas, controlesanitário, correção da composição do solo, etc...

h) Erosão e Assoreamento (ER. E ASSOR.)A classificação acima identifica as captações que apresentam problemas de

erosão nas margens e assoreamento do manancial. Estes problemas estãoassociados, normalmente, ao desmatamento e uso inadequado do solo na bacia decontribuição, sendo mais evidenciado nos locais onde a captação se dá através debarragens. Para efeito do presente trabalho foram reunidas todas as respostas quefaziam menção explicita à ocorrência de erosão e assoreamento acrescidas dasrespostas que indicavam a ocorrência de problemas de cor e turbidez. Esse critériose justifica pelo fato de que a maior parte das respostas relativas a problemas decor e turbidez associa o fenômeno à ocorrência prévia de chuvas intensas.

i) Transporte de Cargas Tóxicas (CARGAS TÓXICAS)Neste título estão reunidas as situações em que na bacia de captação

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existem vias de transporte onde transitam cargas tóxicas. Esta consideraçãoenvolve todas as modalidades de transporte e não discrimina os casos em queefetivamente ocorreram acidentes, cuja diferenciação apenas existe no trabalhooriginal anteriormente referido.

j) Conflitos Quantitativos de Uso (CONFL. QUANT.)Este título identifica os problemas relativos ao conflito de usos do manancial,

relacionados fundamentalmente com a disponibilidade quantitativa dos recursoshídricos embora possua reflexos sobre os aspectos qualitativos. Estas situaçõesforam levantadas a partir dos conflitos do abastecimento público com a captaçãopara o uso industrial e irrigação.

k) Inundações (INUND.)Esta denominação caracteriza as captações sujeitas ao fenômeno de

inundação das instalações. Uma vez que estas instalações devem situar-se emcotas superiores àquelas verificadas pelas cheias ordinárias, atribui-se à talocorrência a existência de alterações no escoamento do manancial, como porexemplo a obstrução ou estrangulamento da seção, etc...

l) Acúmulo de Lixo e Detritos (ACÚMULO DE LIXO)Este ítem identifica os problemas relativos ao acúmulo de lixo e detritos junto

às instalações de captação, o qual está relacionado com a deficiência dos serviçosde coleta ou destino final dos resíduos sólidos urbanos, domésticos ou industriais edos detritos oriundos das atividades rurais.

m) Estiagem (EST.)Na classificação acima enquadram-se as captações que apresentam

problemas quantitativos devido a fatores relacionados à época de estiagem, além deuma causa exclusivamente climática, tal situação agrega problemas relacionadoscom os conflitos de uso e assoreamento. Estas relações são de mais difícilidentificação mas, via de regra, se refletem na escassez.

Os resultados dos levantamentos e da tabulação dos dados, com base nanova metodologia proposta são apresentados por bacia hidrográfica, sendoposteriormente generalizados para a Região Hidrográfica do Guaíba.

As 73 captações da CORSAN, situadas na Região Hidrográfica do Guaíba,encontram-se distribuídas em 8 bacias hidrográficas segundo o quadro 3.21 abaixo:

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Quadro 3.21 - Distribuição das Captações Superficiais na Região Hidrográfica doGuaíba

BACIA N0 DECAPTAÇÕES

DISTRIBUIÇÃO(%)

GRAVATAÍ 5 7

SINOS 7 10

CAÍ 8 11

TAQUARÍ-ANTAS 23 30

ALTO JACUÍ 7 10

VACACAÍ 5 7

PARDO-BAIXO JACUÍ 13 18

GUAÍBA 5 7

TOTAL 73 100

Em função da defasagem temporal entre os levantamentos e a execuçãodeste relatório, algumas captações são apresentadas sem os correspondentesdados. Isto decorre do fato de que não existiam na época do levantamento, comosão os casos de Glorinha (G10-10), Santo Antonio da Patrulha (G20-10), Cambarádo Sul ( G40-10), Formigueiro (G60-20), Triunfo (G70-110). Por outro lado, acaptação de Vila Sta Isabel/Porto Alegre (G80-40) não foi incluída na pesquisa porser operada pelo DMAE. Estas captações foram incluídas nas tabelas comocaptações com ausência de dados.

Do ponto de vista da identificação da criticidade da pressão antrópica sobreas captações, objetivo citado no sub item “a” da metodologia, foi adotado o critériodescrito a seguir.

A partir das 13 atividades/problemas que afetam a qualidade e a quantidadedos recursos hídricos, anteriormente arrolados, estabeleceu-se como critério deidentificação de criticidade, três faixas delimitadas pelo número de problemas queafetam a captação, da seguinte forma:

problemas ≤ 5 - Captação Medianamente Impactada

5<problemas<10 - Captação Impactada

problemas ≥ 10 - Captação Fortemente Impactada

O resultado da aplicação deste critério é apresentado em 9 tabelas erespectivos gráficos que constam do Anexo 15 e não serão apresentados nesteVolume.

O resultado para a Região Hidrográfica do Guaíba obedeceu ao mesmocritério adotado para as bacias hidrográficas que a compõe.

Para cada bacia hidrográfica foram arroladas as 13 atividades/problemaslevantadas junto às Unidades de Saneamento da CORSAN, estes problemasapresentaram a seguinte freqüência de ocorrência na Região Hidrográfica doGuaíba:

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Quadro 3.22 - Captações Afetadas pelas Atividades/Problemas

ATIVIDADES/PROBLEMAS N0 DE CAPTAÇÕESAFETADAS

% EM RELAÇÃOAO N0 DE

CAPTAÇÕES (73)EROSÃO E ASSOREAMENTO 62 85

ESTIAGEM 46 63

AGROTÓXICOS 36 49

LIXIVIAÇÃO DE LAVOURAS 36 49

ACÚMULO DE LIXO 35 48

ESGOTOS DOMÉSTICOS 35 48

PORTOS E LAZER 33 45

ESGOTOS INDUSTRIAIS 25 34

INUNDAÇÃO 24 33

CONFLITO QUANTITATIVO 19 26

DEP. DE RESÍDUOS SÓLIDOS 19 26

EFLUENTES AGRO-INDUSTRIAIS 17 23

CARGAS TÓXICAS 7 10

A partir da distribuição destas atividades/problemas nas oito baciashidrográficas que compõem a Região Hidrográfica do Guaíba foi possível amontagem do quadro a seguir que ilustra o peso relativo de cada atividade/problemasobre toda a bacia hidrográfica. Esta montagem teve por base os quadros queapresentam as atividades/problemas que afetam cada uma das captações, porBacia Hidrográfica.

Os percentuais representam a incidência de cada atividade sobre o total decaptações existentes na bacia. Desta forma, evidencia-se o tipo de ação antrópicaque mais influência a qualidade/quantidade dos mananciais.

No quadro 3.23 a seguir, são apresentados os percentuais das captaçõesafetadas em cada Bacia Hidrográfica, por atividade/problema. Estão destacados emvermelho as ocorrências que afetam mais de 50% das captações em cada BaciaHidrográfica.

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Quadro 3.23 - Percentual de Captações Afetadas por Bacia Hidrográfica

ATIVIDADES /PROBLEMAS

GRAVATAÍ SINOS CAÍ TAQUARÍ-ANTAS

ALTOJACUÍ

VACACAÍ PARDO-BAIXOJACUÍ

GUAÍBA

ESG.DOM. 100% 50% 63% 43% 29% 50% 42% 100%

ESG.IND. 75% 50% 63% 39% - - 17% 75%

EFL. AGRO-IND. 50% 33% 38% 26% 29% - 17% -

PORTOS ELAZER

25% 33% 63% 52% 29% 50% 42% 100%

DEP. DE RES.SÓL.

75% 50% 38% 22% 14% - 33% -

AGROT. 100% 33% 13% 61% 71% 25% 58% 50%

LIXIV. DELAVOURAS

100% 50% 25% 43% 100% 50% 50% 50%

EROSÃO EASSOR.

100% 100% 100% 83% 100% 75% 92% 100%

CARGASTÓXICAS

50% - 25% - 14% - 17% -

CONFLITOQUANTITATIVO

100% 33% - 17% 14% 50% 50% -

INUNDAÇÃO 100% 50% 25% 30% 29% 25% 42% -

ACÚMULO DELIXO

100% 83% 50% 52% 43% - 42% 50%

ESTIAGEM 100% 100% 75% 61% 57% 50% 67% 50%

A análise dos resultados relativos aos aspectos de criticidade das captaçõesrevela que para a Região Hidrográfica do Guaíba 48% das captações encontram-sena condição de impactada ou fortemente impactada. Esta situação é esperada emfunção das características da região, onde se evidencia uma intensa atividadeeconômica, tanto de origem rural quanto urbana, determinando uma forte pressãoantrópica sobre os recursos naturais.

As oito bacias que compõem a Região Hidrográfica, entretanto, possuemcaracterísticas distintas de ocupação. Pelo critério de criticidade que relaciona acondição de impactada e fortemente impactada, destacam-se as bacias do Gravataícom 80%, Sinos com 71% e o Lago Guaíba com 60% das suas captações emsituações mais críticas. Este resultado salienta a importância da urbanização comoagente de pressão, uma vez que nestas três bacias encontra-se a maiorconcentração populacional da Região Hidrográfica e do Estado.

Ainda por este critério, a bacia do Vacacaí é a que possui menor pressãoantrópica, com apenas 20% das captações na condição de criticidade antesapontada. Esta é uma bacia onde predomina a atividade rural, especialmente aorizicultura, como demonstram a natureza dos problemas existentes.

A captação mais impactada é aquela que atende as cidades de Cachoeirinhae Gravataí, a qual é afetada por praticamente todas as atividades/problemasarrolados. Esta captação é a que se situa no trecho mais de montante do RioGravataí, próximo a sua foz no Lago Guaíba, sabidamente um dos locais maisdegradados da Região.

Note-se que estes resultados reforçam o acerto das intervenções daCORSAN e do Módulo I do Pró-Guaíba em priorizar as obras de tratamento de

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esgotos domésticos neste trecho do rio.Do ponto de vista das atividades/problemas que mais afetam as captações,

enfoque similar ao adotado como premissa metodológica do Diagnóstico do PlanoDiretor do programa Pró-Guaíba, verifica-se que as atividades/problemas commaior ocorrência sobre o número de captações são a Erosão e o Assoreamento(85%) e a Estiagem (63%), seguindo-se os Esgotos Domésticos, Agrotóxicos aLixiviação de Lavouras e o Acúmulo de Lixo que afetam aproximadamente 50% dascaptações da Região Hidrográfica do Guaíba.

Para a análise destes resultados é importante considerar que a forma deconsulta realizada envolve a percepção dos entrevistados, naquilo que secaracterizou, anteriormente, como critério subjetivo. Com base neste princípio, é dese esperar que preponderem os aspectos de mais fácil identificação visual como aerosão, o assoreamento e a estiagem dentre as atividades/problemas associados àdegradação dos mananciais.

Entretanto, há que se destacar que a erosão e o assoreamento sãoproblemas diagnosticados em outros trabalhos que envolvem a questão ambientalno RS, podendo-se destacar os levantamentos realizados pela EMATER no tocanteà perda do solo agrícola, que inclusive embasaram o sub-programa de microbaciasno Módulo I do programa Pró-Guaíba.

No que diz respeito à situação das bacias que compõem a regiãohidrográfica em questão, é interessante que se analise a relação entre a criticidadedas captações e os problemas/atividades que determinam, mais significativamente,esta situação. Isto porque através desta análise pode-se verificar até que ponto ascriticidades apontadas pelo Diagnóstico do Plano Diretor, por setor de atividadeeconômica, encontra confirmação no presente levantamento. O quadro abaixoapresenta as bacias que possuem suas captações mais afetadas pelosproblemas/atividades, tendo sido julgadas mais críticas pelos critérios antesapresentados.

Quadro 3.24 - Bacias com Captações Mais Impactadas por Atividade/Problema

PROBLEMAS/ATIVIDADES BACIAS MAIS IMPACTADASEsgotos Domésticos Guaíba, Gravataí, Caí e Sinos

Esgotos Industriais Guaíba, Gravataí, Caí e Sinos

Efluentes Agro-Industriais Gravataí, Caí

Portos e Lazer Guaíba, Caí e Taquarí-Antas

Depósito de Res. Sólidos Gravataí, Sinos e Caí

Agrotóxicos Gravataí, Alto Jacuí, Taquarí-Antas e Pardo-Baixo Jacuí

Lixiviação de Lavouras Alto Jacuí, Gravataí e Vacacaí

Erosão e Assoreamento Gravataí, Sinos, Caí, Alto Jacuí e Guaíba

Cargas Tóxicas Gravataí e Caí

Conflitos Quantitativos de Uso Gravataí, Pardo-Baixo Jacuí e Vacacaí

Inundação Gravataí e Sinos

Acúmulo de Lixo Gravataí, Sinos e Taquarí-Antas

Estiagem Gravataí, Sinos, Caí e Pardo-Baixo Jacuí

3.9.2 Índice de Qualidade da Água

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A etapa de diagnóstico do Plano Diretor de Controle e AdministraçãoAmbiental da Bacia Hidrográfica do Guaíba, segundo a metodologia proposta para asua elaboração, visa identificar as regiões que apresentam maior criticidadeambiental e correlacionar às causas de sua degradação, de forma a permitir odesenvolvimento do referido Plano, no sentido de prever as ações necessárias àsuperação da situação existente.

Dentro deste contexto, a FEPAM desenvolveu este trabalho para avaliar osníveis da qualidade da água da Bacia Hidrográfica do Guaíba, identificando ostrechos críticos, e estabelecendo um “tempo zero” para o acompanhamento daimplantação da Rede Integrada de Monitoramento da Qualidade da Água, atravésdos seguintes objetivos específicos:

• elaboração de um Índice de Qualidade da Água para avaliação dasituação atual dos recursos hídricos da bacia;

• avaliação da situação operacional do monitoramento da águadesenvolvido na bacia antes da implantação da rede integrada de monitoramento doPró-Guaíba;

• possibilitar o acompanhamento futuro da qualidade da água, bem comoda eficiência dos resultados gerados pela rede integrada de monitoramento e dosresultados de outras ações e obras executadas nesta bacia; e

• subsidiar o Plano Diretor, de forma a permitir revisões e adaptaçõesperiódicas nos instrumentos e estratégias aplicados.

Considerando os prazos estabelecidos para a elaboração do Plano Diretor, aavaliação da qualidade das águas restringiu-se aos dados existentes nos diversosórgãos que atualmente monitoram a qualidade das águas na Bacia e sãocomponentes da futura Rede de Monitoramento do Pró-Guaíba ( CORSAN, DMAE eFEPAM ). Foram utilizados os valores de todos os pontos de amostragemexistentes e disponíveis na FEPAM e no DMAE, no período de 1992 a 1996. Osdados da CORSAN foram utilizados para cobrir as lacunas existentes, uma vez queos resultados são diários, semanais ou mensais, em função do parâmetro analisado,e não estão sistematizados.

Foi utilizado como indicador dos níveis de criticidade o Índice de Qualidadeda Água ( IQA ) obtido através da Técnica de Análise Fatorial. Os dados foramprocessados aplicando-se o método de Componentes Principais, mediante o sub-programa Factor Analysis do programa SPSS for Windows.

Os corpos hídricos selecionados para a elaboração do IQA da RegiãoHidrográfica do Guaíba foram os rios Caí, Gravataí, Jacuí, Sinos e Taquari-Antas,além do próprio Guaíba. Entretanto, os rios Jacuí e Taquari foram desconsideradosno cálculo do IQA, devido à insuficiência de dados no período selecionado.

Os parâmetros que integram o IQA devem ser representativos dos diferentestipos de poluição: doméstica, industrial e agrícola. As variáveis escolhidas paradeterminar o IQA foram oxigênio dissolvido, DBO, DQO, condutividade, coliformesfecais, pH, nitrato, fosfato, turbidez e metais pesados ( Cd, Pb, Cu, Cr, Hg, Ni e Zn).A escolha destes parâmetros também vinculou-se ao fato de terem sidomonitorados pelas diversas instituições que atuam na área, com a mesmametodologia de análise. Embora outras variáveis também tenham sido monitoradas,estas não foram incluídas no cálculo do IQA, por não apresentarem um númerosignificativo de informações.

Dos parâmetros inicialmente selecionados, os metais pesados não puderamser incluídos no IQA, pela existência de muitas lacunas no banco de dados original,impossibilitando a aplicação de índices de qualidade da água. Outro fator que

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dificultou a inclusão dos metais no IQA foi sua pouca variabilidade, uma vez que ométodo baseia-se na correlação entre a variação de todas as variáveis. A grandemaioria dos valores não foram detectados.

Os resultados deste trabalho serão apresentados em dois blocos.O primeiro bloco refere-se ao diagnóstico da situação institucional e

operacional do monitoramento da água na bacia hidrográfica do Guaíba,possibilitando a avaliação da eficiência da rede integrada de monitoramento a serimplantada pelo Pró-Guaíba.

O segundo bloco refere-se à avaliação da qualidade da água propriamentedita e também foi dividido em duas partes, em função das dificuldades jámencionadas acima. A primeira parte refere-se à aplicação de um Índice deQualidade da Água, através do método de Análise Fatorial, nas bacias onde foipossível aplicá-lo: Gravataí, Sinos, Caí e Guaíba. A segunda parte refere-se àsbacias onde não foi possível a aplicação do IQA: Jacuí e Taquari-Antas. Neste casofoi realizada uma outra abordagem, sendo a avaliação da qualidade da águarealizada através da comparação dos valores encontrados com os padrõesambientais recomendados na Resolução CONAMA 20/86.

A FEPAM publicou boletins de qualidade da água do período 1990/1996 dasbacias do Gravataí e do Caí. Estão para ser publicados em breve os boletinsreferentes às bacias do Sinos e do Taquari-Antas. Estes trabalhos complementamas avaliações aqui realizadas.a) Situação Operacional do Monitoramento da Água

Os dados de monitoramento da qualidade da água da bacia hidrográfica doGuaíba encontram-se espalhados em várias instituições do Estado, sendo que cadauma assume determinados parâmetros específicos relacionados a sua área deatuação, muitas vezes utilizando diferentes técnicas de amostragem e análise ediferentes frequências de coleta, além de adotar diferentes métodos dearmazenagem dos dados. Esta situação dificulta muito a manipulação destes dadose recomenda cautela na interpretação dos resultados, associando sempre aoconhecimento do problema.

Para compor um banco de dados que abrangesse toda bacia, foi necessáriorecorrer a três instituições: FEPAM ( Sinos, Gravataí, Caí e Taquari ), DMAE (Guaíba ) e CORSAN ( Jacuí ). Outros dados do rio dos Sinos referem-se à RedeIntegrada de Monitoramento do COMITESINOS, onde participaram as trêsinstituições acima referidas.

Para o cálculo do IQA foram selecionados apenas os parâmetros comunsanalisados nas três instituições, reduzindo, já em primeira escala, o nível deinformação. Os métodos adotados para elaboração de IQAs não admitem lacunasno banco de dados, muito freqüentes nos dados levantados, diminuindo ainda maiso nível de informação disponível.b) IQA - Análise Fatorial

A técnica de análise fatorial está baseada na correlação entre um conjuntoinicial de variáveis, resultando num conjunto menor de variáveis hipotéticas, aquidenominadas de índices de qualidade da água, que explicam a maior parte davariância do conjunto original. A importância relativa de cada variável será dada peloseu grau de correlação com as demais.

O Quadro 25 mostra a estatística descritiva dos índices utilizados nas baciasonde foi possível sua aplicação, no período 1992/1996. A análise destes dados deveser realizada, considerando a variação do número de resultados disponíveis em

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cada bacia, ressaltando-se o baixo número de informações na bacia do Caí.

Quadro 25 - Estatística descritiva dos IQAs obtidos nas sub-bacias do Caí,Gravataí, Guaíba e Sinos, no período 1992/1996

Média DesvioPadrão

Mín Máx Nº decasos

IPO CA -0,38 0,58 -1,4 1,1 25GR 0,21 1,66 -2,1 12,2 146GU -0,22 0,46 -3,7 1,1 130SI 0,03 0,72 -0,9 6.5 308

IPI CA 0,38 0,69 -1,0 1,5 25GR 1,22 0,73 -0,8 3,5 146GU -0,47 0,60 -2,9 1,1 130SI -0,41 0,75 -3,6 1,7 308

IE CA -0,14 0,09 -0,3 0,1 25GR 0,17 0,75 -0,5 4,4 146GU 0,15 1,98 -0,3 22,5 130SI -0,13 0,15 -2,0 0,4 308

IPO: Índice de Poluição OrgânicaIPI: Índice de Poluição InorgânicaIE: Índice de Eutrofização

As médias mais elevadas do IPO foram encontradas nas bacias do Gravataíe do Sinos, atingindo valores tão extremos como 12, demonstrando a fortecontaminação por esgotos domésticos e pecuária. Por outro lado, as menoresmédias ocorreram nas bacias do Caí e do Guaíba.

Em relação ao IPI, os valores mais elevados apareceram nas bacias doGravataí e do Caí, enquanto os mais baixos ocorreram nas bacias do Sinos e doGuaíba, dando uma idéia da distribuição da poluição inorgânica nestas bacias.

O IE apresentou valores mais críticos nas bacias do Gravataí e do Guaíba,significando uma maior concentração de nutrientes que, aliado ao regimehidrológico destes ambientes, reforçam a possibilidade de ocorrência de processosde eutrofização.

A bacia do Gravataí apareceu como a mais crítica de todas em relação aostrês índices calculados: poluição orgânica, poluição inorgânica e eutrofização. Ossegundos lugares em termos de criticidade variaram de acordo com o tipo depoluição analisada: em relação à poluição orgânica, a bacia do Sinos; em relação àpoluição inorgânica, a bacia do Caí; e em relação à eutrofização, a bacia do Guaíba.- BACIA DO GRAVATAÍ

O Quadro 3.26 mostra o comportamento dos índices de qualidade da águaobtidos na bacia do Gravataí no período de 1992 a 1996, considerando 5 pontos deamostragem e um total de 146 análises por parâmetro.

Quadro 3.26- Índices de Qualidade da Água em 5 pontos de amostragem no rioGravataí, durante o período 1992/1996 ( N = 146 )

IQA Média Desviopadrão

Mínimo Máximo

IPO 0,21 1,65 -2,11 12,17IPI 1,22 0,73 -0,83 3,47IE 0,17 0,75 -0,49 4,42IPO: Índice de Poluição Orgânica

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IPI: Índice de Poluição InorgânicaIE: Índice de Eutrofização

Considerando o rio como um todo, observou-se uma média de IPI mais alta,mas o IPO foi o que apresentou maior variabilidade, atingindo os valores maiscríticos.De forma geral, observou-se uma tendência nos três índices calculados de piora naqualidade da água, mais ou menos acentuada, de montante para jusante. Exceçõesforam observadas no ponto do arroio Chico Lomã ( GR041) para o IPI e o IE, e noponto da foz (GR002) para o IPI, explicadas pelas diferenças no regime hidrológicoe influência das lavouras de arroz no primeiro caso e pelo fenômeno de inversão decorrentes na foz

Dois pontos de inflexão foram observados ao longo do rio, onde muda arelação entre as intensidades de cada tipo de poluição aqui abordadas: entre ospontos GR028 e GR008 e entre este e o GR002. Estas modificações podem seratribuídas à influência dos arroios Feijó e Barnabé, além da própria cidade de PortoAlegre, que contribuem com alta carga de esgotos domésticos. Desta forma, o rioGravataí pode ser dividido em três trechos:

• Trecho superior ( GR041 a GR037 ) → IPI >IE >IPO

• Trecho de Transição ( GR008 ) → IPI >IPO > IE

• Trecho inferior ( GR002 ) → IPO >IPI > IEA FEPAM propôs uma metodologia de classificação da qualidade da água

com base na Resolução CONAMA 20/86, considerando os parâmetros OD,DBO ecoliformes fecais (Leite et al., 1998). O resultado desta classificação confirma atendência de comprometimento da qualidade da água das nascentes para a foz,com exceção do ponto localizado no arroio Chico Lomã:

GR041 → Classe 2

GR037 → Classe 1

GR028 → Classe 3

GR008 → Classe 4

GR002 → Classe 4

-BACIA DO RIO DOS SINOS

O Quadro 3.27 mostra o comportamento dos índices de qualidade da águaobtidos na bacia do Sinos no período de 1992 a 1996, considerando 11 pontos deamostragem e um total de 308 análises por parâmetro.

Quadro 3.27- Índices de Qualidade da Água em 11 pontos de amostragem no rio dos Sinos, durante o período 1992/1996 ( N = 308 )

IQA Média Desviopadrão

Mínimo Máximo

IPO 0,03 0,72 -0,88 6,57IPI -0,41 0,75 -3,64 1,75IE -0,13 0,15 -2,00 0,40IPO: Índice de Poluição OrgânicaIPI: Índice de Poluição Inorgânica

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IE: Índice de Eutrofização

Considerando a bacia como um todo, o Índice de Poluição Orgânicadestacou-se como o mais crítico, atingindo valores tão excepcionais como 6,6 edenunciando, portanto, um forte grau de contaminação.

Considerando o IPO, no trecho superior, até Novo Hamburgo, a variabilidadeda qualidade da água foi baixa, apresentando valores de desvio padrão quevariaram de 0,2 a 0,4 em dependência do ponto de amostragem. A partir daí, noentanto, observou-se um aumento brusco e significativo da variabilidade daqualidade da água, com desvios padrão de até 1,4.

Outro tipo de IQA, utilizando o método proposto pela National SanitationFoundation modificado, foi aplicado no rio dos Sinos durante o período de novembrode 1989 a 1991 (COMITESINOS, 1993). A classificação final dividiu o rio em trêstrechos: superior, até Taquara, de melhor qualidade; intermediário, até NovoHamburgo; e crítico no trecho inferior.

A Fepam propôs uma metodologia de classificação da qualidade da águacom base na Resolução CONAMA 20/86 (Leite et al., 1998), demonstrando amesma tendência observada tanto para o IPO, como para o IPI e para o IQA doCOMITESINOS, de piora da qualidade da água de montante para jusante. O rio dosSinos, considerando o período 1990/1996, foi classificado em Classe 1 somente noponto da nascente. No trecho seguinte, até Taquara, houve alternância entre asclasses 2 e 3. A partir daí até a foz, o rio foi classificado em Classe 4, que é a classede pior qualidade da água.

Há, portanto, concordância entre os resultados dos diferentes métodos declassificação da qualidade da água aplicados no rio dos Sinos.

Resumindo a situação no rio dos Sinos em relação aos IQAs obtidos, pode-se concluir o seguinte:

• A poluição orgânica mostrou-se mais significativa que a poluiçãoinorgânica e a eutrofização.

• O nível de eutrofização foi aproximadamente constante ao logo do rio,enquanto os níveis de poluição orgânica e inorgânica apresentaram uma tendênciade aumento em direção à foz.

• Foi detectado um ponto de mudanças bruscas e significativas naqualidade da água na altura da cidade de Novo Hamburgo, a partir da qual éverificada uma péssima qualidade da água.

• A montante deste ponto, onde são predominantes as atividades agro-pecuárias, o nível de eutrofização superou os níveis de poluição orgânica einorgânica. Já a jusante deste ponto, em função do aumento da concentraçãopopulacional e industrial, inverteu-se esta situação.-BACIA DO GUAÍBA

O Quadro 3.28 mostram o comportamento dos ÍQAs obtidos na bacia doGuaíba. Os pontos de amostragem distribuem-se da seguinte maneira, de montantepara jusante:

• No canal: 41a, 46, 50, 60,64,61 e 64a• Na margem esquerda: 41b, 45c,47.3 e 47.8

Quadro 3.28 - Índices de Qualidade da Água em 11 pontos de amostragemno Guaíba, durante o período 1992/1996 ( N = 130 )

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IQA Média Desviopadrão

Mínimo Máximo

IPO -0,22 0,46 -3,70 1,08IPI -0,47 0,60 -2,89 1,09IE 0,15 1,98 -0,30 22,55

IPO: Índice de Poluição OrgânicaIPI: Índice de Poluição InorgânicaIE: Índice de Eutrofização

Geralmente, o IE mostrou-se mais elevado, como seria de se esperar numcorpo hídrico com estas características hidrológicas, apresentando um pico no ponto47.3, próximo ao arroio Capivara. Este valor se deve a uma coleta com valoresexcepcionais de nutrientes, provavelmente associados à existência de um processode eutrofização.

O IE só foi ultrapassado pelo IPO, em dois pontos, 41b e 45c, localizadosnas proximidades dos arroios Dilúvio e Cavalhada, nas margens de Porto Alegre,sofrendo uma forte pressão por esgotos domésticos.

Nas margens, com menor poder de auto-depuração, houve um predomínioda poluição orgânica. Já no canal, os valores de IPI e IPO foram semelhantes, àexceção das regiões de estrangulamento das águas, onde a poluição orgânicasuperou a inorgânica, no delta do Jacuí e no estreito de Itapuã ( pontos 41a, 61 e 64).

A Divisão de Pesquisas do DMAE elaborou um mapa dos níveis de poluiçãono Guaíba, considerando a concentração de coliformes fecais e a ResoluçãoCONAMA 20/86, onde também observa-se um foco crítico de poluição por esgotosdomésticos na margem esquerda, desde a área central de Porto Alegre até Ipanema( Guia de POA ).-BACIA DO CAÍ

Considerando a bacia como um todo, o IPI superou os outros dois índices, oIE e o IPO, que apresentou a menor média (Quadro 3.29). O IE manteve-sepraticamente constante, espacial e temporalmente enquanto os outros dois tiveramum comportamento irregular, em picos.

Quadro 3.29- Índices de Qualidade da Água em 8 pontos de amostragemno rio Caí, durante o período 1992/1996 ( N = 25 )

IQA Média Desviopadrão

Mínimo Máximo

IPO -0,38 0,58 -1,3 1,10IPI 0,38 0,69 -0,96 1;52IE -0,14 0,09 -0,31 0,06IPO: Índice de Poluição OrgânicaIPI: Índice de Poluição InorgânicaIE: Índice de Eutrofização

Segundo a metodologia proposta pela Fepam para classificação daqualidade da água, com base na Resolução CONAMA 20/86 (Leite et al., 1998), orio Caí pode ser classificado da seguinte maneira:

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CA 210 Canela Classe 1CA 136 Arroio. Pinhal Classe 4CA 075 São Sebastião do Caí Classe 3CA 050 Montenegro Classe 3CA 24,1 Montante Pólo Classe 2CA 13,3 Pólo Classe 2CA 10,6 Jusante Pólo Classe 2CA 001 Foz Classe 2

A área mais crítica foi o trecho entre a foz do arroio Pinhal e Montenegro,também verificada pelo aumento dos índices IPO e IPI nos mesmos pontos deamostragem.c) Comparação com a Resolução do CONAMA 20/86

-BACIA DO RIO JACUÍ

Os únicos dados de qualidade da água disponíveis na Bacia Hidrográfica dorio Jacuí foram os fornecidos pela CORSAN, através de análises realizadas nospontos de captação da água para abastecimento público.

Não foi possível incluir estes resultados no IQA, pois ocorrem muitas lacunasna matriz de dados originais, impossibilitando sua aplicação em IQAs, tanto nométodo de análise fatorial, como em outros métodos utilizados. O próprio conceitode IQA pressupõe um conjunto de dados de um determinado número de variáveis.Apesar disso, foi dispendido um grande esforço para reunir estes dados, queencontravam-se em papel na forma de laudos de laboratório, e sistematizá-los.Desta forma, será realizada uma avaliação de qualidade da água específica para orio Jacuí, utilizando-se outros critérios.

O Quadro 3.30 mostra valores médios e máximos de análises realizadas emCachoeira do Sul e Charqueadas no período de 1992-1996.

Quadro 3.30 - Valores encontrados no rio Jacuí, no período 1992/1996, em Cachoeira do Sul (CS) e Charqueadas (CH).

Parâmetros Locais Média Valoresextremos

Oxigênio dissolvido (mg/l) CSCH

7,87,2

6,65,0

DBO5 (mg/l) CSCH

1,81,5

3,84,6

DQO (mg/l) CSCH

9,111,5

15,719,0

Fosfato (mg/l) CSCH

0,160,22

0,300,65

Nitrato (mg/l) CSCH

1,61,6

2,55,6

OBS.: Número de análises: 12 em Cachoeira do Sul e 29 em Charqueadas.

As médias de oxigênio dissolvido foram relativamente altas, em torno de 7,5mg/l. Das 41 análises realizadas, 93% esteve de acordo com o padrão do CONAMApara Classe 1 (6 mg/l). Apenas 3 análises realizadas em Charqueadasultrapassaram este padrão, atingindo um mínimo de 5 mg/l, dentro do padrão paraClasse 2.

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As médias de demanda bioquímica de oxigênio foram baixas, nãoultrapassando o valor de 1,8 mg/l. Das 40 análises realizadas, 93% esteve deacordo com o padrão para Classe 1. Apenas 3 valores ultrapassaram este padrão,estando, entretanto, dentro do padrão para Classe 2, com um valor máximo de 4,6mg/l.

Em relação à demanda química de oxigênio, os valores encontrados tambémforam relativamente baixos. As médias encontradas em Cachoeira do Sul eCharqueadas foram 9,1 mg/l e 11,5 mg/l, respectivamente, apresentando um valormáximo de 19,0 mg/l. O padrão para preservação da vida aquática é 10 mg/l e oestabelecido pela Comunidade Européia para seus rios é 50 mg/l. (MagnaEngenharia, 1997).

As médias de fosfato encontradas variaram de 0,16 mg/l em Cachoeira doSul até 0,22 mg/l em Charqueadas e o valor máximo foi de 0,30 mg/l e 0,65 mg/lnestes dois locais respectivamente. O padrão do CONAMA para as Classes 1,2 e 3é de 0,025 mg/l, mas a validade deste padrão para nossas águas está sendoquestionada a nível nacional, uma vez que valores superiores são encontradosinclusive em áreas onde a influência antropogênica não é significativa. Além disso, omaior problema do fosfato água não é sua toxicidade, mas a possibilidade deoriginar ou acelerar processos de eutrofização. Segundo Train (1976), para prevenira eutrofização em regiões temperadas, a concentração de fosfato não deve exceder0,025 mg/l em lagos e reservatórios; 0,050 mg/l em arroios que deságüem emcorpos lênticos; e 0,100 mg/l em águas correntes que não deságüem diretamenteem lagos e reservatórios. Comparando-se estes valores com os encontrados no rioJacuí, observam-se indícios de contaminação por fosfato, provenientes deatividades agropecuárias e esgotos domésticos e industriais.

Os valores de nitrato encontrados foram bem inferiores ao padrão doCONAMA para Classe 1 (10 mg/l), apresentando uma média de 1,6 mg/l e um valormáximo de 5,6 mg/l.

Análises de turbidez foram realizadas num maior número de pontos deamostragem, como mostra o Quadro 3.31. O padrão do CONAMA para Classe 1 éde 40 mg/l e para as Classes 2 e 3 é de 100 mg/l.

Quadro 3.31- Valores de turbidez encontrados na sub-bacia do Jacuí no período1992-1996.

Pontos deamostragem

Rio Nº deamostras

Média Máximo % >>>>Classe 1

% >>>>Classe 2 e 3

Dona Francisca Jacuí 8 49 140 37 12São Gabriel Vacacaí 7 27 50 14 0Cachoeira doSul

Jacuí 14 38 93 43 0

Candelária Pardo 7 15 36 0 0Rio Pardo Jacuí 10 43 94 60 0Charqueadas Jacuí 29 41 110 41 3

As médias de turbidez encontradas em quatro pontos de amostragem no rioJacuí variaram de 38 a 49 mg/l, atingindo um valor máximo de 140 mg/l. Nosafluentes, a média foi menor: 15 mg/l no rio Pardo e 27 mg/l no Vacacaí, nãoultrapassando o valor de 50 mg/l. Das 14 análises realizadas nestes afluentes,apenas uma ultrapassou o padrão do CONAMA para Classe 1.

Já no rio Jacuí a situação é mais crítica: das 61 análises realizadas, 44%

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ultrapassaram o padrão do CONAMA para Classe 1. Apesar do maior número deanálises superior ao padrão ter sido encontrado em Rio Pardo, os valores maiselevados foram encontrados em Dona Francisca e Charqueadas, incluídos emClasse 4.

Quanto ao parâmetro turbidez, os rios Vacacaí e Pardo foram classificadosem Classe 1, e o rio Jacuí em Classe 2 ou 3, podendo eventualmente atingir aClasse 4, que representa a pior qualidade dos corpos d, água doce.

Neste mesmo período foram feitas determinações de pH nos mesmos pontosde coleta. Os valores encontrados variaram de 5,6 a 7,8, sendo que as médiasestiveram próximas à neutralidade, variando de 7,0 a 7,5. Das 75 amostrasanalisadas, apenas uma ficou fora do padrão do CONAMA, em Cachoeira do Sul.

Quanto aos coliformes fecais, a situação é bem mais crítica, quandocomparamos os resultados encontrados (Quadro 3.32) com os padrões doCONAMA. Esta Resolução estabelece que não deverão ser excedidos os seguinteslimites em 80% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais: 200 NMP/100 ml paraClasse 1, 1000 NMP/100 ml para Classe 2 e 4000 NMP/100 ml para Classe 3.

Quadro 3.32- Valores de coliformes fecais (NMP/100 ml) encontrados na sub-baciado rio Jacuí.Pontos deamostragem

Rio Período N Média Máximo

Dona Francisca Jacuí 1992-96 12 8.588 92.000São Gabriel Vacacaí 1994-96 19 2.542 13.000Cachoeira do Sul Jacuí 1993-96 5 2.156 5.000Candelária Pardo 1994-96 21 2.285 13.000Rio Pardo Jacuí 1994-96 29 13.449 92.000Charqueadas Jacuí 1992-96 29 46.090 160.000

D. Francisca S. Gabriel Candelária Rio Pardo Charqueadas

66,7

25,0

8,3

5,3

31,6

47,4

15,8

9,5

52,4

19,0

19,0

3,4

20,7

41,4

34,5

10,3

89,7

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

D. Francisca S. Gabriel Candelária Rio Pardo CharqueadasPontos de Coleta

Classe 4Classe 3

Classe 2Classe 1

Quadro 3.33 - Percentual de análises de coliformes fecais dentro de cada uma dasclasses do CONAMA na bacia do rio Jacuí.

O Quadro 3.33 mostra o percentual de análises dentro de cada ponto de

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coleta. O ponto localizado em Cachoeira do Sul foi desconsiderado pelo pequenonúmero de análises.

O ponto localizado em Charqueadas foi o mais crítico: apresentou quase90% dos valores em classe 4 e nenhum valor em classe 1 ou 2, atingindo até160.000 coliformes fecais/100 ml. Os outros pontos apresentaram valoresdistribuídos em todas as classes,

com predomínio nas Classes 2 e 3.Considerando o parâmetro coliformes fecais e a Resolução CONAMA 20/86,

a classificação dos pontos amostrados é a seguinte: Dona Francisca, São Gabriel eCandelária em Classe 3 e Rio Pardo e Charqueadas em Classe 4.

Os metais chumbo, cromo e níquel não foram detectados na grande maioriados casos e, quando detectados, nunca ultrapassaram o padrão do CONAMA paraClasse 1 (Quadro 3.34).

Quadro 3.34-Concentração de metais pesados na bacia do Jacuí no período 1992-1996.Metal pesado N % de

análises ND

PadrãoCONAMA

Classe 1 e 2

% maiorque padrão

Classe 1

PadrãoCONAMAClasse 3

Valormáximo

Cádmio (mg/l) 74 97% 0,001 1% 0.01 0,002Chumbo (mg/l) 74 74% 0,03 0% 0,05 0,03Cromo (mg/l) 74 85% 0,05 0% 0,05 0,02Níquel (mg/l) 74 82% 0,025 0% 0,025 0,02Mercúrio (mg/l) 72 99% 0,2 1% 2,0 0,5Zinco (mg/l) 74 54% 0,18 11% 5,0 0,4OBS.: ND = não detectadoAs análises de metais foram realizadas em 6 pontos de amostragem: Dona Francisca,Cachoeira do Sul, Rio Pardo e Charqueadas, no rio Jacuí, São Gabriel no Vacacaí; eCandelária, no rio Pardo.

Os metais cádmio e mercúrio também não foram detectados na grandemaioria das 146 análises, sendo que um valor da cádmio e um de mercúrioultrapassaram o padrão de Classe 1, em São Gabriel, estando, entretanto, abaixodo padrão de Classe 3.

As concentrações encontradas na bacia do Jacuí de oxigênio dissolvido, pH,demanda bioquímica de oxigênio e dos metais cádmio, chumbo, cromo, níquel emercúrio estão dentro dos padrões do CONAMA para Classe 1.

Em relação aos parâmetros turbidez e zinco, os pontos amostradosapresentaram a maioria dos valores dentro da Classe 2.

Apesar do padrão de fosfato estar sendo questionado a nível nacional, comojá mencionado anteriormente, as concentrações encontradas, quando comparadascom referências internacionais, denunciaram indícios de contaminação.

O parâmetro mais crítico foi o coliforme fecal. Segundo a ResoluçãoCONAMA 20/86, os locais amostrados em Dona Francisca, São Gabriel eCandelária foram classificados em Classe 3 e os locais amostrados em Rio Pardo eCharqueadas, em Classe 4.-BACIA DO TAQUARI-ANTAS

Esta bacia também não permitiu a aplicação do IQA por insuficiência dedados disponíveis. A estatística descritiva das variáveis observadas encontra-se noAnexo 16. Os dados de monitoramento da FEPAM referentes ao período 1993/1997

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já foram sistematizados e interpretados em um boletim que está para ser publicadocom o título de “Qualidade das águas da Bacia hidrográfica Taquari-Antas”. Destaforma não será feita uma análise mais detalhada do comportamento das variáveisnesta sub-bacia. A seguir encontra-se a classificação da qualidade da águaproposta pela FEPAM, com base na Resolução CONAMA 20/86 (Leite et al., 1998),considerando os parâmetros oxigênio dissolvido, DBO e coliformes fecais:

TA491

Nascentes Classe 1

TA451

Bom Jesus Classe 1

TA275

Nova Roma Classe 2

TA166

Sta. Teresa Classe 2

TA125

Roca Sales Classe 3

TA077

Lageado Classe 4

TA004

Foz Classe 1

Observa-se uma diminuição da qualidade da água de montante para jusantee uma melhora na foz, em função do refluxo das águas do delta do Jacuí.

c) ConclusõesFoi observado um nível de aproveitamento muito baixo dos dados levantados

na bacia em relação aos dados que puderam ser incluídos no cálculo do IQA, pelaexistência de muitas lacunas no banco de dados original. As sub-bacias do Taquarie Jacuí não puderam ser incluídas e a do Caí foi incluída, mas o número de dadosfoi pouco significativo.

A bacia do Gravataí apareceu como a mais crítica de todas em relação aostrês índices calculados: poluição orgânica, poluição inorgânica e eutrofização. Ossegundos lugares em termos de criticidade variaram de acordo com o tipo depoluição analisada: em relação à poluição orgânica, a bacia do Sinos; em relação àpoluição inorgânica, a bacia do Caí; e em relação à eutrofização, a bacia do Guaíba.

As concentrações encontradas na bacia do Jacuí de oxigênio dissolvido, pH,demanda bioquímica de oxigênio e dos metais cádmio, chumbo, cromo, níquel emercúrio estiveram dentro dos padrões do CONAMA para Classe 1. Em relação aosparâmetros turbidez e zinco, os pontos amostrados apresentaram a maioria dosvalores dentro da Classe 2. As concentrações de fosfato encontradas denunciaramindícios de contaminação. O parâmetro mais crítico foi o coliforme fecal: os locaisamostrados em Dona Francisca, São Gabriel e Candelária foram classificados emClasse 3 e os locais amostrados em Rio Pardo e Charqueadas, em Classe 4.

Na bacia do Taquari-Antas, observou-se uma diminuição da qualidade daágua de montante para jusante e uma melhora na foz, em função do refluxo daságuas do delta do Jacuí. A classificação da qualidade da água, considerando aResolução CONAMA 20/86 e os parâmetros oxigênio dissolvido, DBO e coliformesfecais e, vai desde Classe 1 nas nascentes até Classe 4, em Lajeado.

A análise do comportamento dos três índices ao longo dos diferentes corposhídricos estudados, permitiu as seguintes considerações:

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Em relação à poluição orgânica, identificou-se três comportamentosdiferentes das nascentes para a foz:

• no Guaíba, o IPO manteve-se aproximadamente constante, em torno de -0,5, em função de seu grande poder de diluição;

• no Caí, o comportamento foi irregular, com picos de IPO, num intervalo de0,0 a 1,0, em torno do valor apresentado no Guaíba;

• o Sinos e o Gravataí apresentaram uma tendência de aumento dasnascentes para a foz, num intervalo mais amplo de -1,0 a 1,5, atingindo os valoresmais críticos.

Em relação à poluição inorgânica, considerando tanto a poluição químicacomo a poluição física de processos erosivos, foram identificados dois tipos decomportamento diferentes, ambos de característica irregular, apresentandopequenos picos:

• o IPI manteve-se aproximadamente constante das nascentes para a fozno Gravataí e no Guaíba, ocupando os valores máximo (1,2) e mínimo (-0,5)respectivamente;

• no Sinos e no Caí foi observada tendência de aumento em direção da foz,num intervalo intermediário entre -1,0 e 1,0.

O índice de eutrofização também apresentou dois comportamentosdistintos:

• comportamento constante e próximo a zero no Sinos, no Caí e no Guaíba,com um único pico excepcional de 1.0, provavelmente associado a algum episódioisolado deste tipo;

• no Gravataí observou-se tendência de aumento do nível de eutrofizaçãodesde 0,0 nas nascentes para 0,5 na foz.

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4. FORMULAÇÃO E PRIORIZAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS

4.1 IntroduçãoA concepção deste componente do Plano Diretor teve como origem a

discussão dos critérios pré- estabelecidos pelos termos de referência elaborados nafase de concepção do Módulo I. Estes documentos, por sua vez, resultaram doprocesso de negociação do Módulo I com o agente financeiro do programa Pró-Guaíba.

Naquela ocasião havia sido estabelecida como diretriz do Plano Diretor ainclusão de ações referentes aos seguintes aspectos:

- esgotamento sanitário integrado e macrodrenagem de áreas urbanas;- prevenção da contaminação acidental;- combate à degradação ambiental resultante das atividades antrópicas;- proteção à biodiversidade;- problemas indígenas, territorialidade, desenvolvimento, cultura.Embora estes temas possuam inquestionável importância e pertinência no

contexto da problemática ambiental da Região Hidrográfica, a existência de algumaspré-determinações foi uma das motivações para o questionamento e proposições dealternativas de planejamento que pudessem incorporar aspectos da cultura local.

Isto determinou mudanças tanto sob o ponto de vista do arranjo institucionalpara a execução do Plano quanto sob o aspecto das ações a serem priorizadas.Neste sentido buscou-se a incorporação de arranjos institucionais e metodologiasde trabalho que contemplassem as características de atuação do serviço público edas suas relações com as demais instâncias sociais no Estado.

As mudanças ocorridas na metodologia foram abordadas no início dopresente Volume e determinaram a incorporação de outros agentes na formulaçãodas estratégias para a continuidade do Programa. Uma apresentação maisdescritiva deste processo é o tema do Anexo 18. No presente volume seráapresentado um quadro geral do processo, com ênfase nos resultados obtidos.

É importante salientar que a formulação e priorização das estratégias paraos Módulos seguintes do Programa ocorreu através de um processo deaproximações sucessivas.

Este processo pode ser entendido pela sequência do processo apresentadano Quadro 2.1 do capítulo 2, referente a metodologia do Plano. Consistebasicamente na constante validação de cada resultado obtido. Assim, o resultado daconsolidação do Diagnóstico foi submetido aos Consultores que durante o workshopformularam princípios ao Conselho Deliberativo, este por sua vez submeteu-os àConsulta dos Encontros Regionais, cujos resultados foram validados novamentepelo Conselho Deliberativo.

Os itens apresentados a seguir, constituem-se dos resultados obtidos emcada uma das etapas do processo de formulação e priorização das estratégias.

4.2 O Processo de Formulação das EstratégiasEste processo, como já foi comentado, teve início durante a fase de

validação do Diagnóstico através do Seminário Aberto, da consolidação dos seusresultados e do Workshop dos Consultores.

As criticidades setoriais apontadas pelo Diagnóstico foram o tema docapítulo anterior e serviram de base para as discussões ocorridas no Workshop dos

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Consultores que formalizou o início da etapa de formulação das estratégias doPrograma.

4.2.1 Workshop dos ConsultoresDo resultado do Workshop encaminhado ao Conselho Deliberativo foram

destacados os seguintes resultados.As diretrizes e estratégias propostas são de caráter multidisciplinar

salientando o destaque às questões institucionais e de planejamento. Conforme aconcepção do evento, a natureza das propostas e seu caráter genérico estão deacordo com o princípio da formulação de diretrizes para a decisão do Conselho,proposto pela Coordenadoria Técnica do Plano Diretor.

Destacados quanto à natureza das propostas, os resultados obtidos peloworkshop encontram-se abaixo listados.

a) Aspectos Institucionais- No âmbito do Programa

• Criação da Agência de Região Hidrográfica do Guaíba conforme previstona Lei 10 350/94

• Manutenção do Programa Pró-Guaíba como cooordenador e agente dedesenvolvimento ambiental na Região Hidrográfica

• Estabelecimento de mecanismos, inclusive financeiros, que garantam alongevidade do Programa

- De carater geral

• Reorganização dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento baseados nalógica da bacia hidrográfica

• Fortalecimento do processo de articulação e compatibilização dasentidades e órgãos estaduais que integram e suportam os sistemas de RecursosHídricos e de Meio Ambiente

• Ampliação da representação da sociedade no processo de transição paraum sistema articulado

• Fortalecimento da coordenação atual durante a transição• Vinculação do futuro sistema articulado e compatibilizado ao “status” da

atual Secretaria da Coordenação e Planejamentob) Aspectos Temáticos e Programáticos• Manutenção e ampliação da política de atuação multisetorial vigente no

Módulo I do Programa• Reforço às ações de manejo integrado considerando os elementos

água/solo/ar/cobertura vegetal/agrotóxicos/etc• Reforço aos procedimentos gerenciais e técnicos de articulação entre as

ações setoriais, de forma a garantir o objetivo de gestão integrada do Programa• Criação de programa de incentivos, inclusive financeiro, para a elaboração

de Planos Diretores Municipais• Criação de programa com o objetivo de elaborar Planos de Bacia, em

acordo com a Lei 10 350/94c) Aspectos Espaciais• As ações multisetoriais serão prioritariamente deflagradas nas áreas de

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maior concentração de criticidades setoriais e de conflitos de uso dos recursosnaturais, conforme o diagnóstico

• Serão priorizadas as regiões com maior efetividade de resposta, isso é,aquelas que possuam uma relação custo/benefício mais equilibrada

• Manutenção dos investimentos em áreas aparentemente não críticas masque apresentem resultados preventivos ( ex.: programa de micro-bacias, proteçãode cabeceiras, etc )

d) Ações de Suporte• Programa permanente interdisciplinar de educação ambiental, com

prioridade para os procedimentos informais• Reforço ao processo de estabelecimento do Sistema de Informações

previsto no Programa, com um banco de dados ambientais quali-quantitativos paramúltiplos usuários

• Equacionamento, reforço e manutenção, em carater permanente, dasações de comunicação social do atual Plano de Comunicação do Programa

e) Atividades Complementares- No âmbito do Programa

• Revisão e fortalecimento de todo o Subprograma de Educação Ambiental• Revisão das ações de geoprocessamento e monitoramento do Módulo I• Acompanhamento e avaliação das ações do Módulo I• Manutenção das ações de fortalecimento institucional dos órgãos co-

executores• Ampliação, revisão e consolidação do diagnóstico- De carater geral

• Fortalecimento dos organismos de controle e fiscalização ambiental

A etapa seguinte, buscando uma maior definição das estratégias consistiu navalidação destes resultados, em conjunto com as criticidades apontadas pelodiagnóstico, junto à população das Bacias Hidrográficas reunidas em torno dosorganismos de bacia previstos no Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricosinstituído pela lei 10.350/94.

4.2.2 Encontros RegionaisDo processo de consulta procedido durante os Encontros Regionais

resultaram os conjuntos de ações julgados como prioritários em cada uma das oitobacias hidrográficas que compõem a Região Hidrográfica do Guaíba.

Os Encontros Regionais do Plano Diretor foram organizados pelaCoordenadoria Técnica do Plano, com o apoio da Fundação para oDesenvolvimento de Recursos Humanos - FDRH e dos Comitês de Gerenciamentode Bacia Hidrográfica existentes ou quando ainda não formalizados, das ComissõesProvisórias. As atribuições de coordenação, acompanhamento e sistematização dosresultados obtidos ficaram sob a responsabilidade da Coordenadoria Técnica doPlano Diretor.

O material de divulgação (folders e cartazes) foi elaborado em uma únicavez, valendo para todos os eventos. O propósito de produzir um material único foi ode esclarecer a inter-relação dos eventos e sua inserção no contexto do Plano

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Diretor e na Região Hidrográfica do Guaíba. A concepção ficou sob aresponsabilidade da equipe do Plano Diretor em conjunto com a equipe do Plano deComunicação do Pró-Guaíba. Para a elaboração do material foram contratados pelaFDRH serviços especializados de criação, design gráfico e impressão.

A FDRH contribuiu com o apoio logístico e toda a infra-estrutura operacionaldos eventos. Sua atribuições foram as de centralizar todas as inscrições, elaborar omaterial de trabalho e apoio, contratar o pessoal de recepção e acompanhamento eorganizar os eventos em conjunto com os Comitês ou Comissões pró-Comitês.

Os Comitês ou Comissões pró-Comitês identificaram os locais em que serealizaram os eventos e sua infra-estrutura, ficando encarregados da divulgaçãolocal e regional. As sedes dos eventos colaboraram com o apoio logístico quandonecessário e possível.

Cada Encontro Regional teve a duração de um dia, assim distribuído:

• na parte da manhã eram realizadas apresentações com a finalidade deequalizar conceitos e informações sobre os próprios eventos e sobre os resultadosdos diagnósticos elaborados especialmente para o Plano.

Essas apresentações constavam de atividades tais como uma exposiçãopanorâmica do Programa contemplando o relato das atividades do Módulo I, com aconseqüente contextualização do Plano Diretor de Controle e Administração eControle Ambiental da Bacia, seguido da apresentação do desenvolvimento dopróprio Plano Diretor.

Em seqüência era apresentada a metodologia de elaboração do PlanoDiretor e o seu primeiro produto, o Diagnóstico Preliminar da Bacia Hidrográfica.Esse caracterizado como o referencial técnico básico para o conhecimento daregião e a suas criticidades.

Eram ainda apresentados, os resultados do Workshop de consultoresrealizado também com a finalidade de colher subsídios para a composição dasestratégias futuras do Programa. A última fase da apresentação descrevia osobjetivos e ao produto final esperado do evento e a metodologia a ser utilizada.

As apresentações do Programa e coordenação do evento eram realizadassempre que possível, pelo Secretário Executivo do Programa. As apresentaçõesreferentes ao Plano Diretor e ao evento ficaram a cargo do Coordenador do Plano.As exposições referentes ao diagnóstico couberam aos membros da CoordenadoriaTécnica alternadamente. Nas oportunidades em que não havia a possibilidade dapresença do Secretário Executivo do Programa ou do Coordenador do PlanoDiretor, a própria Coordenadoria Técnica tomava a si as apresentações referentesaos mesmos.

Na parte da tarde os trabalhos eram centrados na efetiva participação dacomunidade. O processo iniciava com o encaminhamento à mesa das propostas deestratégias ou ações, por escrito. Essas eram transcritas para cartazes de formaresumida, para posterior votação. Concomitantemente eram feitas as inscrições dosparticipantes para defender suas propostas, para questionar outras ou mesmo paraexpressar sua opinião em debate oral.

A etapa seguinte de sistematização das propostas expostas nos cartazesdesenvolvia-se através de discussões com a plenária. Na compatibilização dessaseram agrupadas aquelas que possuíam o mesmo sentido, conforme os devidosesclarecimentos e anuência dos autores. Da mesma forma, a partir deentendimentos da mesa e da plenária, algumas matérias não retratavam propostaspropriamente ditas, por esta razão foram consideradas recomendações.

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A etapa final de cada Encontro constituía-se na votação das propostassistematizadas. Cada participante recebia quatro adesivos que lhe dava o direito avotar em uma ou mais propostas. A contagem dos votos dados a cada propostaidentificava as prioridades da região.

O Encontro Regional ocorrido na sub-bacia do Gravataí não seguiucompletamente esta metodologia, uma vez que a plenária votou por não priorizar aspropostas, substituindo o voto dos participantes pelo encaminhamento de umdocumento básico elaborado pelo Comitê do Gravataí.

Ficou acordado, então, a formação de uma Comissão Mista, composta pormembros da Coordenadoria Técnica ou por ela indicados e do Comitê, queassumiram a responsabilidade de consolidar as propostas apresentadas com oDocumento Básico do Comitê do Gravataí.

A consolidação de todo o processo de consulta foi desenvolvido através dasinformações colhidas nos Encontros Regionais e sistematizadas nos seguintes itensespecíficos:

• informações gerais, contendo os dados referentes ao local, data,município que sediou o evento, número de inscritos, número de participantes,número de propostas e componentes da mesa;

• priorização das propostas, feita a partir da quantidade de votos que aspropostas receberam, as quais foram agrupadas em específicas (aquelasreferenciadas espacialmente), gerais (aquelas com características genéricas) erecomendações (providências a serem tomadas fora do âmbito do Pró-Guaíba.);

• análise dos resultados, realizada a partir da consideração de doisaspectos fundamentais: o primeiro consiste na caracterização, por tema, de cadasub-bacia e o segundo nas peculiaridades de cada sub-bacia.

A apresentação dos resultados dos Encontros Regionais identificou as linhasde ações propostas de forma integrada, com a finalidade de possibilitar uma visãogeral dos resultados obtidos.

Para evidenciar o panorama geral das propostas apresentadas foi elaboradoo quadro a seguir, relacionando os setores considerados no diagnóstico com ostemas abordados nas propostas de cada bacia. Cada cruzamento aponta aintensidade do apoio às propostas em cada setor, na bacia em foco.

Foram considerados três níveis de intensidade para a apresentação: alta,média e baixa. A intensidade foi indicada com base na votação e no númeroapresentado de propostas, relativas a cada setor. Para fins de apresentação foramconsiderados todos os setores, mesmo aqueles com uma só proposta apresentada.

O espectro das propostas apresentadas, em cada tema, é bastante amplo,em função disso, não são analisadas particularidades. O quardo 4.1 abaixoapresenta a síntese dos resultados obtidos.

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Quadro 4.1 - PRIORIDADES / TEMAS / SUB-BACIAS

Sub-BaciasProjetos Sinos Caí Taquarí/

Antas Vacacaí Alto Jacuí Pardo/BaixoJacuí Guaíba Gravataí*

Educação Ambiental

Saneamento. Básico

Áreas de Preservação

Atividade Agrícola

Mineração

Institucional

Estudos/Pesquisa

Monitoramento

Aspectos Quant. de R.H.

Atividade Industrial

Comunicação

Treinamento

Manejo do solo Urbano

NÍVEIS DE PRIORIDADES POR SUB-BACIAS:

Alta PrioridadeMédia PrioridadeBaixa Prioridade

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As Universidades prestaram papel importante no desenvolvimento dessa etapa doPlano Diretor, sendo de alguma forma parceiras na organização dos eventos ou mesmo naimportante contribuição de seus quadros na apresentação de propostas. As prefeituras e oórgãos estaduais, também contribuíram, buscando nos Encontros Regionais muitas vezes ocanal para expressar suas necessidades institucionais.

O quadro apresentado indica as ações de educação ambiental, que contemplam aspráticas formais, informais e não-formais, como as de mais forte preocupação da populaçãoda Região Hidrográfica do Guaíba. Essas ações, de caráter preventivo, são prioridades emtodas as bacias. Foram evidenciadas, nas propostas, diferentes ações referentes àeducação ambiental. As de caráter formal sugerem a inclusão da matéria em currículosescolares de 1º e 2º graus; as de caráter não formal e informal propõem a utilização dosmeios de comunicação e material para-didático como instrumentos para a educaçãoambiental.

As ações de saneamento básico, referentes ao esgotamento sanitário, à limpezapública e à drenagem urbana, são também uma forte preocupação da população da Região.O saneamento básico foi apontado como importante tanto no meio urbano quanto no rural,sendo mais crítico nas áreas mais densamente povoadas.

As atividades agrícolas enfocam as ações referentes ao uso e disposição final dasembalagens de agrotóxicos, manejo do solo agrícola, disposição ou solução adequada aoproblema de dejetos animais, entre outras. As questões referentes às atividades agrícolasestão quase em sua totalidade baseadas em ações a partir da unidade geográfica damicrobacia, tanto no que diz respeito às ações executivas quanto às de planejamento eeducação. Esse destaque às intervenções a partir das microbacias está intimamente ligadoao trabalho realizado pela EMATER, no desenvolvimento do Módulo I do Programa.

As ações no meio rural correlatas às atividades agrícolas foram consideradas deprioridade forte na maioria das bacias, onde é importante a participação do setor agrário nocontexto econômico. Algumas proposições consideraram novos modos de produçãoagrícola, utilizando técnicas mais limpas para reduzir o impacto, alterando processosprodutivos, como por exemplo o plantio direto, a agricultura ecológica, entre outros.Osaspectos institucionais referentes à organização administrativa, distribuição deresponsabilidades, criação de instrumentos administrativos, desenvolvimento de açõessincronizadas com diferentes agentes públicos, seja da mesma esfera de governo ou não,entre outras, foram apontadas em todos os eventos. Foram consideradas de alta prioridadeem três bacias, caracterizando a necessidade de implementar um arranjo que possibilitemais agilidade e efetividade nas ações relativas à questão ambiental, especialmente no quese refere à compatibilização e à viabilização da implantação do Sistema de RecursosHídricos.

A característica comum das propostas é a reestruturação da máquina estatal sobre oviés das questões ambientais, salientando a dificuldade desse procedimento em função desua multidisciplinariedade. Salienta-se que algumas propostas apresentadas nos demaissetores permeiam-se com ações institucionais, o que deve ser considerado na interpretaçãodeste documento.

O perfil preservacionista que caracteriza uma abordagem importante quando sepensa nas questões referentes aos recursos naturais, esteve presente nas propostasrelativas às áreas de preservação. A preocupação com a manutenção de ecossistemassignificativos caracterizou-se importante, sendo prioridade alta em duas bacias e média emquatro.

As propostas referentes a estudos/pesquisas consideram a necessidade deaumentar o conhecimento técnico-científico referente a atual situação da bacia eproporcionar um maior embasamento teórico das ações futuras. Nesse item estão

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contemplados o desenvolvimento de diagnósticos, as ações de planejamento e depesquisas efetivamente. A interação com instituições de ensino superior no planejamentoambiental caracterizou como uma das principais propostas nesse tema, apresentadasprincipalmente por profissionais dessas instituições presentes nos eventos.

O tema estudos/pesquisas contemplado em todos os eventos, não foi consideradoprioridade alta em nenhum deles.

As questões referentes ao monitoramento ambiental foram apontadas comoprioridade média no Pardo/Baixo-Jacuí e no Guaíba. Essas contemplam principalmente aampliação da rede em parâmetros e pontos de coleta e sua efetiva operação. Foi, também,apontada a necessidade de integração das diferentes redes existentes. As ações demonitoramento, também estão relacionadas com diversos outros temas aqui considerados,como por exemplo estudos/pesquisas.

A atividade mineradora, naturalmente geradora de forte impacto ambiental, foi temade proposta em cinco bacias. Diversos aspectos foram abordados nesse tema, desde arecuperação das áreas degradas até um maior conhecimento da situação do setor.

Com a mesma intensidade ocorreram demandas sobre uma maior comunicação doPrograma com a população, no sentido de interagir e apresentar os trabalhosdesenvolvidos.

Outros temas apresentados com intensidade fraca referente às priorizações e nãoconstantes em todas as bacias, são citados como segue.

Aspectos quantitativos dos recursos hídricos, referente às ações para regularizaçãode vazão, disponibilidade de água, cadastro de usuários, entre outras.

Atividade industrial, propostas referentes ao controle e monitoramento da poluiçãoindustrial.

Treinamento de recursos humanos, referente ao treinamento de profissionais deorganizações governamentais ou não, envolvidos com atividades correlatas. Salienta-senesse item a demanda por treinamento e capacitação de funcionários dos pequenosmunicípios, que tem dificuldade no acesso à informação.

Manejo do solo urbano, onde as ações propostas são no sentido de proporcionar aelaboração de planos diretores municipais que considerem as variáveis ambientais.

4.3 O Processo de Priorização das EstratégiasEste processo teve início durante a fase de validação da formulação das estratégias

e dos seus resultados, pelo Conselho Deliberativo do Pró-Guaíba.Os resultados das etapas anteriores serviram de base para as discussões ocorridas

no Workshop do Conselho Deliberativo que formalizou o início da etapa de Priorização dasestratégias do Programa.

Este evento foi marcado pela formulação dos princípios que balizariam as reuniõesseguintes do conselho até a definição do quadro de usos e fontes para o Módulo II doPrograma.

Com vistas ao subsídio e motivação das discussões no âmbito do Conselho acoordenadoria técnica montou um conjunto de três volumes contendo:

- a súmula do Workshop dos consultores;

- a súmula dos encontros regionais;

- subsídios técnicos para o Conselho Deliberativo.

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Neste último documento foram apresentados os resultados dos Diagnósticossetoriais, uma análise da distribuição dos recursos do programa no Módulo I e oposicionamento da Coordenadoria quanto a alguns princípios básicos do programa. Estesprincípios são apresentados a seguir.

A Coordenadoria Técnica do Plano Diretor de Controle e Administração Ambiental daBacia Hidrográfica do Guaíba sugeriu ao Conselho Deliberativo do Programa, aconsideração de dois princípios orientadores da definição dos temas e das regiões da baciaa serem contemplados nos módulos seguintes.

- Princípio da MultidisciplinaridadeO Pró-Guaíba é o único Programa da América Latina com características de

gerenciamento ambiental. Todos os seus congêneres não dispõem, na sua concepção, deum conjunto abrangente de ações que configurem essa condição. O módulo I do Programaé composto de seus subprogramas e catorze projetos, atingindo áreas que vão desde aconsolidação de parques naturais até estações de tratamento de esgotos, passando porações nas áreas de comunicação, educação ambiental, gerenciamento de microbaciasrurais, etc.

Os Encontros Regionais realizados e o Diagnóstico técnico elaborado evidenciamessa condição de abrangência do Pró-Guaíba, motivo pelo qual a Coordenadoria Técnicasugere seja esse um dos princípios estruturadores da definição política referente aos temasa serem tratados nos módulos seguintes do Pró-Guaíba.

- Princípio da Abrangência EspacialO segundo princípio a ser considerado pelo Conselho Deliberativo do Programa é o

atendimento às demandas da sociedade, de forma a cobrir toda a região, consolidandoassim o conceito de bacia hidrográfica. Tem sido dito e repetido, que o grande esforço dacoordenação do Pró-Guaíba aponta para duas direções.

a) tirar o Programa de dentro do lago Guaíba, isto é, consolidar o conceito da baciahidrográfica como unidade de planejamento;

b) tirar o Programa de dentro do executivo estadual, isto é, envolver a sociedade nadefinição daquilo que lhe diz respeito.

Distribuir ações do Pró-Guaíba por toda a Região Hidrográfica do Guaíba significaconsolidar a diretriz metodológica que envolveu toda a sociedade da Região na identificaçãodas suas demandas.

O resultado do Workshop do Conselho Deliberativo pode ser consultado em suaintegra no Anexo 18, mas a título de destaque salientamos as seguintes resoluções:

- O Conselho decidiu que nesta primeira etapa de priorização somente seriamvotados princípios para os módulos seguintes do Programa, resguardando adefinição das prioridades para uma etapa seguinte;

- Somente seriam definidas as ações para o Módulo II do Programa, ficando osdemais Módulos sujeitos a um processo de planejamento que inclua aparticipação da comunidade na definição de suas prioridades;

- O Programa deve ter características Multi-disciplinares e Trans-disciplinares;- O programa deve manter sua característica inter-institucional;- Foi acolhido o princípio da multi-espacialidade proposto pela Coordenadoria

Técnica desde que garantido que este fato não provoque a pulverização dos recursos doprograma em ações desarticuladas;

- As ações a serem priorizadas devem, ter um caráter preventivo e corretivo;- Os temas a serem priorizados são aqueles considerados como críticos pelo

diagnóstico, ressalvados os princípios anteriores e a continuidade das ações doMódulo I.

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- As prioridades fixadas pelos Encontros Regionais devem ser observados napriorização das ações;

- As ações do programa devem estar articuladas com aquelas desenvolvidas pelosistema Estadual de Recursos Hídricos;

- As ações apoiadas pelo Pró-Guaíba devem respeitar as comunidades e asculturas tradicionais da região.

Concluído o workshop coube a Coordenadoria Técnica a consolidação dosresultados e a formulação da metodologia para definição das ações prioritária do Programa.

Este processo consistiu na definição dos temas e do peso relativo de cada tema nacomposição do Módulo II do Pró-Guaíba. Isto foi feito a partir da análise dos resultados dasetapas anteriores e do desempenho das ações ao longo do módulo I do Programa. Paratanto a Secretaria Executiva e a Coordenadoria Técnica forneceram os subsídios aoConselho que definiu as ações que deveriam permanecer no módulo II, os novos temas quedeveriam ser incorporados ao Programa e ainda, que nível de prioridade relativa, deveriaser dado a cada tema.

O resultado desta etapa pode ser visualizado no quadro esquemático abaixo:

Quadro 4.2 – Priorização das Ações pelo Conselho Deliberativo do Pró-GuaíbaCOMPONENTES DO PROGRAMA INDICATIVO PARA O

MÓDULO IIEsgotamento sanitário =

Manejo do solo agrícola <Parques e reservas <Resíduos sólidos >Monitoramento <

Educação ambiental formal >Educação ambiental não formal e informal >

Sistema de geoinformações <Programa de treinamento =

Programa de controle da poluição industrial -Plano diretor -

Manejo do solo urbano BPÁguas subterrâneas BP

Planos de bacias APEstudos e pesquisas BP

Desenvolvimento e arranjo institucional MPReflorestamento ambiental e proteção de nascentes AP

Controle e fiscalização ambiental MPOBS: - significa que não há ou não houve programação de investimentos = significa que os investimentos devem ser equivalentes, em percentual, aos do módulo I > significa que os investimentos devem ser maiores, em percentual, do que os do módulo I < significa que os investimentos devem ser menores, em percentual, do que os do módulo I BP significa que os investimentos devem ser contemplados com baixa prioridade no módulo II MP significa que os investimentos devem ser contemplados com média prioridade no módulo II AP significa que os investimentos devem ser contemplados com alta prioridade no módulo II

Finalmente, com base nestas decisões as reuniões seguintes do ConselhoDeliberativo consistiram no processo final de ajuste, entre as proposições de distribuiçãodos recursos formuladas pela Coordenadoria Técnica e as decisões do Conselho baseadasem todo o processo deflagrado pelas etapas anteriores.

O resultado final deste processo foi a aprovação do Quadro de usos e fontes para oMódulo II, denominado de primeira aproximação uma vez que o montante de recursosconsiste em uma proposta da Secretaria Executiva do programa baseada em alguns

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indicadores da disponibilidade do Estado e do Agente Financeiro. O Quadro 4.3 abaixo,apresenta este resultado.

QUADRO 4.3 - USOS E FONTES do MÓDULO II (primeira aproximação)COMPONENTES DOPROGRAMA

% SOBRE OTOTAL

RECURSOSFINANCIADOS

% RECURSOS DECONTRAPARTID

A

% TOTAL

1. ENGENHARIA EADMINISTRAÇÃO

3,0 - - 9.000 100 9.000

1.1 SUPERVISÃO 2,4 - - 7.200 100 7.2001.2 ADMINISTRAÇÃO 0,6 - - 1.800 100 1.8002. CUSTOS DIRETOS 60,0 144.703 80,3 35.397 19,7 180.1002.1 ESGOTOS 35,5 105.648 99,2 852 0,8 106.5002.2 RESÍDUOS SÓLIDOS 6,5 10.023 51,4 9.477 48,6 19.5002.3 UNIDADES DECONSERVAÇÃO

4,6 7.404 53,7 6.396 46,3 13.800

2.4 MANEJO DOS SOLOS ECONT. AGRÍCOLA

10,5 19.818 62,7 11.782 37,3 31.600

2.5 REDE DEMONITORAMENTO

2,9 1.810 20,8 6.890 79,2 8.700

3. CUSTOS CONCORRENTES 12,0 4.101 11,4 31.799 88,6 35.9003.1 MANEJO DO SOLOURBANO

0,8 - - 2.400 100 2.400

3.2 SISTEMA DEGEOINFORMAÇÕES

1,3 1.080 27,7 2.820 72,3 3.900

3.3 TREINAMENTO DERECURSOS HUMANOS

0,7 - - 2.100 100 2.100

3.4 ED. AMBIENTAL NÃOFORMAL E INFORMAL

1,9 - - 5.700 100 5.700

3.5 EDUCAÇÃO AMBIENTALFORMAL

1,0 - - 3.000 100 3.000

3.6 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS 0,3 - - 1.000 100 1.0003.7 PLANOS DE BACIAS 1,7 - - 5.000 100 5.0003.8 ESTUDOS E PESQUISAS 0,7 - - 2.100 100 2.1003.9 DESENV. E ARRANJOINSTITUCIONAL

1,0 - - 3.000 100 3.000

3.10 REFLORESTAMENTOAMB. E PROTEÇÃO DENASCENTES

1,7 3.021 60,4 1.979 39,6 5.000

3.11 CONTROLE E FISC.AMBIENTAL

0,9 - - 2.700 100 2.700

4. CUSTOS EVENTUAIS 15,0 38.970 86,6 6.030 13,4 45.0004.1 IMPREVISTOS (10% S/1+2+3) 7,5 19.170 85,2 3.330 14,8 22.5004.2 ESCALONAMENTO DECUSTOS(10% S/1+2+3)

7,5 19.800 88,0 2.700 12,0 22.500

5. CUSTOS FINANCEIROS 10,0 1.899 6,3 28.101 93,7 30.0005.1 JUROS (PREVISÃO) 8,6 - - 25.546 100 25.5465.2 COMISSÃO DECRÉDITO(10% S/ 5.1)

0,9 - - 2.555 100 2.555

5.3 F.I.V.(1% S/FINANCIAMENTO) 0,5 1.899 100 - - 1.899TOTAL 100 189.573 63,2 110.327 36,8 300.000

Com base nas diretrizes emanadas da reunião do Conselho, a equipe do PlanoDiretor elaborou o quadro de usos e fontes, procurando compatibilizar a deliberação doConselho com as práticas de financiamento dos organismos internacionais, especialmenteno que diz respeito aos montantes de contrapartida e financiamento. De forma similar

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procedeu-se quanto a definição dos custos referentes à Engenharia e Administração,Custos Eventuais e Custos Financeiros.

A análise comparativa entre os quadros de usos e fontes dos módulos I e II permiteverificar que houve um aumento da participação dos custos de engenharia e administraçãode 1% no Módulo I para 3% no Módulo II. Essa alteração foi proposta com base naexperiência adquirida na execução do Módulo I, onde os custos verificados situam-se nestaordem de grandeza.

É preciso destacar também, que no Módulo I os componentes de resíduos sólidos eunidades de conservação, encontram-se desagregados em duas e três ações,respectivamente. O primeiro encontra-se contemplado em Resíduos Sólidos (Custo Direto)e no Plano Diretor de Resíduos Sólidos (Custo Concorrente); o segundo encontra-sedistribuído no componente de Unidades de Conservação(Custo Direto), Estudos de NovasUnidades de Conservação e na Aquisição de Terrenos(Custo Concorrente).

Feitas estas observações verifica-se que a diretriz proposta pelo Conselho pode seratendida para a maioria das ações. A exceção foi o componente de Educação AmbientalFormal, que apesar de ter um incremento no valor do componente, manteve-se na ordemde 1% do total do programa, enquanto a diretriz do Conselho era de aumento do pesorelativo. Porém, há que se ressaltar a presença do componente de Educação AmbientalNão Formal e Informal, que se for considerado no conjunto das ações de educaçãoambiental eleva o referido percentual para 2,9%.

Para as ações propostas no Módulo II e não existentes no Módulo I, caracterizadaspelo nível de prioridade, verifica-se que de uma maneira geral, as de baixa prioridadesituaram-se na faixa de 0,3% (águas subterrâneas) a 0,8% ( manejo do solo urbano), as demédia prioridade situaram-se na faixa de 1% enquanto que as de alta prioridade atingiram1,7% do total dos investimentos.

Desta forma, concluiu-se o processo de priorização das estratégias do Plano Diretordo Programa Pró-Guaíba, sendo dissolvida a Coordenadoria Técnica do programa ao finaldeste processo.

As etapas previstas para a continuidade do Plano apontam para a conclusão dosestudos de demanda que e4stão em desenvolvimento pela Gerenciadora do programa,findo os quais, e a partir de novas rodadas de decisão do conselho deliberativo, serápossível a definição e contratação dos estudos de Viabilidade e Projetos de Engenharia doMódulo II do Programa.

5. CONCLUSÃOA Metodologia adotada para a execução do Plano Diretor teve como origem a

necessidade da equipe de, em curto prazo, executar as diretrizes emanadas da SecretariaExecutiva e do Conselho Deliberativo do Programa Pró-Guaíba. Estas diretrizesdeterminaram uma reordenação no arranjo institucional de execução do Plano, pela criaçãoda Coordenadoria Técnica e pelo papel efetivamente Deliberativo assumido pelo Conselho.

Este aspecto tem uma importância particularmente significativa em se tratando deum programa executado por instituições diversas tanto em termos da estruturaadministrativa do Estado, como em termos da área de atuação, da formação de seusquadros profissionais e dos seus interesses mais imediatos.

No mínimo quatro Secretarias tem atribuições diretamente referidas ao Programa. ASCP, onde além da própria Coordenação Executiva do PRÓ-GUAÍBA e da presidência doConselho Deliberativo, tem como sua vinculada a METROPLAN, fundação responsável peloplanejamento metropolitano e regional, uma das funções básicas da gestão ambiental.

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A Secretaria das Obras Públicas, Saneamento e Habitação , tem como vinculada aCORSAN, companhia responsável pelo saneamento básico e, no âmbito da administraçãodireta, o Departamento de Recursos Hídricos e Saneamento. Além disso, exerce aPresidência do Conselho de Recursos Hídricos.

Na Secretaria da Saúde e Meio Ambiente, encontra-se a FEPAM, fundaçãoresponsável pelo licenciamento e controle ambiental. Na Secretaria da Agricultura eAbastecimento tem-se o Departamento de Recursos Naturais Renováveis - DRNR, aFundação Zoobotânica - FZB e a Associação Riograndense de Empreendimentos deAssistência Técnica e Extensão Rural - EMATER/RS.

O simples relacionar das diferentes Secretarias permite constatar a difícil engenhariainstitucional vigente na área de atuação do Programa.

O levantamento do Quadro Institucional realizado durante a fase de Diagnóstico doPlano Diretor permitiu algumas constatações significativas. Por exemplo, quanto àsdiferentes funções exercidas e com base no levantamento dos órgãos públicos e dasorganizações não governamentais atuantes na bacia, é possível reconhecer:

• a função de gerenciamento ambiental no âmbito do executivo estadual é exercidapor diferentes entidades sem articulação global formal. O Programa PRÓ-GUAÍBA temexercido informalmente essa função;

• o sistema estadual de recursos hídricos através da Lei 10.350/94, estabelece epromove a ação articulada entre os diferentes órgãos do Estado e a sociedade, no âmbitode apenas um dos recursos ambientais, a água;

• a função de planejamento não é desenvolvida de forma integrada, restringindo-sea planejamentos setoriais;

• a função normativa está claramente definida nos âmbitos federal, estadual emunicipal;

• a função licenciamento ambiental é exclusiva de um órgão em cada esfera degoverno;

• quanto ao controle e à fiscalização, verifica-se que são exercidos pelos mesmosórgãos que possuem competência normativa e de licenciamento;

• na função de execução é interessante salientar que a maioria dos órgãos que temfunção executiva são de caráter setorial;

• quanto à organização social e à educação voltadas ao gerenciamento ambiental,pode-se verificar a importância destas atividades pela crescente participação da própriasociedade.

Do processo de concepção do Plano surgido a partir da decisão do ConselhoDeliberativo e da constituição da Coordenadoria Técnica, resultou a proposta metodológicaque se constituiu, de certa forma, em um ensaio da possível estrutura executiva para opróprio Programa em seus módulos seguintes.

A estrutura institucional do Plano Diretor constituiu-se na instância, em últimaanálise, de Formulação e Priorização das Estratégias. Isto se deu a partir de um processoextremamente participativo capaz de incorporar etapas de validação das decisões junto àcomunidade da Região Hidrográfica do Guaíba.

Este processo provocou, ainda, uma aproximação entre os próprios órgãosexecutores do Programa Pró-Guaíba favorecendo o efeito sinergético imprescindível para agerência e efetividade das ações desenvolvidas. Exemplos neste sentido podem serobservados tanto na própria execução do Diagnóstico, em trabalhos que envolveram mais

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de uma instituição, como também pela incorporação dos processos de consulta onde oexemplo é o Programa de Educação Ambiental da SEC no Módulo I.

Quando da formulação dos Termo de Referência para Elaboração do Plano Diretor,uma das maiores preocupações estava relacionada com a articulação inter-setorial, previu-se até a execução de convênios entre os diversos organismos participantes. É interessanteverificar que o trânsito de informações e recursos humanos entre os organismosparticipantes do Plano deu-se na mais absoluta informalidade e com uma agilidade julgadadifícil de ser obtida antes do início dos trabalhos. Este resultados estão a sugerir apossibilidade de incorporção, pela Secretaria Executiva do Programa, uma estrurasemelhante para viabilização das articulações intersetoriais requeridas para a gestão doPrograma.

Quanto ao processo de execução do diagnóstico em si, verificou-se a necessidadede existência de processos dinâmicos de incorporação dos resultados do programa à suabase de informação. Esta etapa apresentou uma série de dificuldades advindas dadefasagem entre as ações de melhoria da base de planejamento do Estado previstas nomódulo I e a execução do diagnóstico. Isto porque componentes como o Sistema deGeoprocessamento e a rede de Monitoramento, para citar os mais importantes, ainda nãodispunham, de resultados capazes de ser incorporados pelo Plano Diretor no planejamentodas etapas seguintes do Programa.

Desta forma deve-se considerar que o resultado do diagnóstico não incorpora osresultados do módulo I do Programa uma vez que desenvolveu-se no mesmo período emque as ademais ações eram implementadas.

As etapa de Formulação e Priorização das Estratégias do Programa, foramexecutadas através de um processo interativo, de aproximações sucessivas, que garantema consolidação das propostas pela incorporação da participação de diversos agentesintervenientes na execução do Programa. Esta talvez tenha sido a maior contribuição doPlano Diretor ao Programa Pró-Guaíba na medida em que sinaliza uma metodologia capazde minimizar alguns aspectos de difícil operacionalização advindos da sua característica dePrograma inter-institucional.

É importante salientar que durante todo o processo de consulta que envolveuagentes da sociedade civil, universidades, consultores, órgãos públicos, privados e asorganizações não governamentais houve consenso de que os problemas ambientaisexistentes na Região Hidrográfica do Guaíba possuem natureza complexa na medida emque envolvem os interesses econômicos, sociais e culturais da população da Região.Assim, é consensual que o Programa deva refletir este nível de complexidade não só nadiversidade das ações propostas como também, na própria articulação entre os agentesenvolvidos na superação destes problemas.

Finalmente, em termos da definição dos projetos para as etapas seguintes do Pró-Guaíba, o Plano Diretor fornece um rol de indicativos oriundos das expectativas dos agentesparticipantes do Programa e da própria população da Região Hidrográfica. Naturalmenteque para o encerramento do processo ainda são necessárias algumas ações técnicasfundamentais como os estudos de viabilidade, de concepção e os projetos executivos quecomporão a continuidade do programa. Mas o aval e a aceitação do conjunto de ações juntoaos agentes intervenientes no Programa encontra-se substancialmente consolidado.