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PLANO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL E A QUALIDADE DOS GASTOS PÚBLICOS Ceres Alves Prates

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E

SOCIAL E A QUALIDADE DOS GASTOS PÚBLICOS

Ceres Alves Prates

II Congresso Consad de Gestão Pública – Painel 31: Qualidade do Gasto Público I

PLANO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL E A QUALIDADE DOS

GASTOS PÚBLICOS

Ceres Alves Prates

RESUMO O Plano de Desenvolvimento Social e Econômico do Distrito Federal foi elaborado a partir das demandas da sociedade por novas ações. Este Plano atua na redução das desigualdades, na reorganização da estrutura urbana, no equilíbrio fiscal e na modernização da gestão. A implementação do Plano de Governo segue os princípios da descentralização, integração e modernização. Para tanto, as metas estipuladas pelo Plano de Governo estão sendo executadas por meio do Modelo de Gestão para Resultados. O Governo do Distrito Federal, para financiamento deste Plano, adotou medidas de contenção de gastos como a redução de cargos comissionados, renegociação de contratos, eliminação de aluguéis, controle sobre uso de telefone, combustíveis, viagens e estabelecimento de metas de economia nas aquisições. Estas ações culminaram na redução dos gastos com pessoal e custeio que, associadas a contratação de empréstimos internacionais, possibilitaram a ampliação dos recursos para investimentos tanto em obras de infra-estrutura, quanto em ações sociais. Foram economizados R$ 930 milhões em 2007, R$ 400 milhões em 2008 e iniciadas ações para estabelecer a cultura da qualidade do gasto, a melhoria contínua do gerenciamento, a disseminação de melhores práticas, a implantação de uma sistemática de acompanhamento dos gastos e a capacitação de servidores. Prezar sobre a qualidade do gasto é um compromisso deste Governo e os avanços alcançados, nos anos de 2007 e 2008, demonstram a possibilidade de se alcançar resultados objetivos. Ao mesmo tempo, é importante destacar que cuidar da qualidade do gasto significa mudanças de paradigmas e valores culturais, situação que demanda atenção, criatividade e persistência.

SUMÁRIO

1 PLANO DE GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL................................................. 03

2 AGENDA ESTRATÉGICA DO PLANO DE GOVERNO.......................................... 05

3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO........................................................................ 06

4 CAPACIDADE DO GDF DE FINANCIAR O PLANO DE GOVERNO..................... 07

5 MEDIDAS DE RACIONALIZAÇÃO DAS DESPESAS............................................ 08

6 RESULTADO DAS MEDIDAS ADOTADAS PELA GESTÃO PARA RESULTADOS...........................................................................................................

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7 DIFICULDADES DE OPERACIONALIZAÇÃO NA RACIONALIZAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DOS GASTOS PÚBLICOS............................................................

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8 CONCLUSÃO......................................................................................................... 14

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1 PLANO DE GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL

A orientação estratégica do Plano de Desenvolvimento Econômico e

Social (PDES) foi elaborada a partir de estudos sobre a situação atual do DF e as

demandas da sociedade por novas ações. O Plano contempla as seguintes áreas de

atuação: população, cidades, o setor econômico e o Estado. O foco é a redução das

desigualdades, o desenvolvimento territorial e urbano ordenado, a sustentabilidade

ambiental, a geração de emprego e renda e a melhoria da qualidade de vida da

população.

O Governo busca na implantação do Modelo de Gestão para Resultados

a melhor forma de estabelecer uma Agenda Estratégica, por meio dos Projetos

Estratégicos, que alinhada às metas mobilizadoras e ao Planejamento Estratégico

das Secretarias de Estado tem o objetivo de alcançar a Visão Estratégica

estabelecida pelo Plano de Governo, o qual preconiza ter o Distrito Federal como

referência de desenvolvimento com igualdade social.

Os desafios enfrentados pela Secretaria de Planejamento e Gestão para

reverter o antigo quadro e melhorar o desempenho foram grandes. O cenário

encontrado, como a desarticulação entre os órgãos e entre níveis de governo, o alto

índice de cargos comissionados, a escassez dos recursos orçamentários para

viabilizar a implementação da Agenda Estratégica, a insuficiência de recursos

tecnológicos compatíveis às demandas organizacionais e sociais que permitam o

efetivo acompanhamento e avaliação das ações institucionais, impulsionaram esta

Pasta a repensar um novo modelo de gestão.

A implementação do Plano de Governo seguiu os princípios da

descentralização, integração e modernização:

� Descentralização dos serviços públicos, aproximando o Estado do

cidadão, da atividade econômica, aumentando as oportunidades de

emprego e renda em todas as cidades e regiões.

� Integração dos órgãos e programas da administração pública, com

acompanhamento sistemático de todas as ações do Governo, metas e

objetivos, das atividades em saúde, educação, segurança e

transportes, visando à melhoria da prestação dos serviços com maior

produtividade e menores custos.

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� Modernização da gestão pública e a criação de centros de excelência

nos serviços de saúde, educação e segurança.

� Informatização de todos os processos administrativos,

acompanhamento de metas e redução de custos bem como a

capacitação e valorização do servidor.

Para tanto, as metas estipuladas pelo Plano de Governo só poderão ser

concretizadas com uma gestão eficiente, onde é necessário modernizar a máquina

do Estado com a reestruturação de processos, o gerenciamento eficaz dos projetos,

a capacitação dos servidores e o acompanhamento da execução dos objetivos e

metas, gastando-se melhor para servir melhor.

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2 AGENDA ESTRATÉGICA DO PLANO DE GOVERNO

A modelagem dos projetos estratégicos do Governo do Distrito Federal foi

realizada em oficinas que contaram com a participação do Gerente do projeto,

Gerente Adjunto, integrantes das Secretarias de Estado e dos demais órgãos do

Governo que de alguma forma estariam envolvidos na implementação do projeto. No

total foram realizadas 80 oficinas.

A partir de maio/2007, ocorreram as oficinas de detalhamento e

modelagem dos 17 projetos escolhidos inicialmente como estratégicos. A

modelagem compõe-se do escopo do projeto, com quadro de indicadores e metas,

dos Planos de Ações e dos orçamentos correspondentes.

A definição dos indicadores e metas tomou como base a Cadeia de Valor

elaborada para cada projeto. Os indicadores construídos contribuíram para avaliar a

consistência da agenda estratégica e proporcionar segurança na definição das

ações necessárias para o alcance dos resultados estabelecidos por cada projeto.

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3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Outro ponto de atuação do Modelo de Gestão para Resultadas é o

Alinhamento Estratégico das Secretarias de Estado. As Secretarias possuem

agendas complementares, com ações que contribuem para o alcance da Visão e

outras direcionadas aos públicos alvos de interesse de seus serviços

governamentais.

O trabalho se desenvolveu por meio de oficinas, com a presença dos

titulares das pastas e representantes de todas as unidades que compõem a

Secretaria.

A construção dos Mapas Estratégicos fornece os elementos necessários

para a construção dos indicadores e metas, com a definição das ações necessárias

para o alcance dos resultados estabelecidos que irão compor o “Termo de

Compromisso”.

Os Termos de Compromisso de Resultado são a expressão do resultado

pretendido para as secretarias e estabeleceram indicadores, metas, plano de ação,

condições de execução e obrigações, mecanismos de monitoramento e avaliação,

flexibilidades gerenciais e incentivos relativos à premiação por alcance dos

resultados, segundo a norma constitucional vigente.

Os resultados pactuados por meio do Termo de Compromisso são

monitorados e avaliados por: indicadores de eficácia, eficiência e efetividade, metas,

ações e marcos, com prazos de execução e meios de apuração objetivamente

determinados.

O desempenho satisfatório das metas pactuadas é reconhecido com

pagamento de Prêmio por Desempenho, que se constitui de um bônus ser pago aos

servidores em efetivo exercício em órgão ou entidades que seja signatário de

compromisso de resultado.

O Projeto de Lei 625/2007 que Disciplina o Compromisso de Resultados e

o Prêmio por Desempenho no âmbito do Poder Executivo do Distrito Federal,

encontra-se na Câmara Legislativa do Distrito Federal para análise e aprovação.

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4 CAPACIDADE DO GDF DE FINANCIAR O PLANO DE GOVERNO

Durante o período de 2003 a 2006, o Governo do Distrito Federal investiu

em média, por ano, um valor de R$ 564 milhões, totalizando no quadriênio um valor

de R$ 2.260 bilhões.

Era necessário adotar ações governamentais desafiadoras para aumentar

o volume de investimentos em áreas prioritárias e implementar o Plano de Governo,

que previa um valor de R$ 5.000 bilhões em investimentos para os anos de 2007 a

2010.

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5 MEDIDAS DE RACIONALIZAÇÃO DAS DESPESAS

O GDF, almejando a economicidade do aparato estatal, adotou medidas

que culminaram na redução substancial dos gastos com pessoal e custeio, visando

o incremento dos recursos para investimentos tanto em obras de infra-estrutura,

quanto em ações sociais.

Dessa forma, algumas medidas foram tomadas.

Em 2007:

a) Redução dos cargos comissionados

A máquina administrativa encontrava-se inchada. O Governo reduziu

em 32% o número de cargos comissionados em todas as secretarias,

priorizando as áreas-fins. Anteriormente, a área-meio consumia 70%

dos servidores do GDF em detrimento da área-fim. Com a mudança

implementada, a área-fim passou a contar com 65% do seu efetivo

técnico. Outra decisão tomada foi a demissão de 11.800 colaboradores

terceirizados contratados por uma organização não governamental,

cujo seu objetivo não era o fornecimento de mão-de-obra.

b) Redução das Secretarias de Estado

O Governo do Distrito Federal reduziu o seu quantitativo de Secretarias

de Estado para melhor atender sua demanda populacional. De 36

secretarias, o Governo organizou seu corpo técnico em 21 secretarias

como forma de melhorar sua gestão e os serviços prestados aos

cidadãos.

c) Readequação da ocupação espacial

O Governo, visando melhor eficiência e agilidade nas decisões

governamentais, optou pela instalação do Centro Administrativo em

Taguatinga, ao mesmo tempo em que readequou a ocupação do anexo

do Palácio do Buriti, com a devolução de inúmeros imóveis alugados

desnecessariamente.

d) Locação de veículos

Os veículos locados existentes, além de representarem um alto custo

aos cofres do GDF, eram em número maior da real necessidade de

transporte das equipes do governo. Portanto, a decisão tomada foi a

devolução de um terço dos carros locados o que acarretou uma

economia de R$ 12,5 milhões.

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e) Fechamento de postos de gasolina

Outro ponto importante foi o fechamento de 9 postos de gasolina

mantidos pelo GDF, que custavam aos cofres públicos R$ 11 milhões.

f) Contratos continuados

O GDF reduziu em 30% os seus gastos com contratos de prestação de

serviços continuados, cuja economia foi de R$ 98 milhões. A

centralização dos contratos de telefonia, especificamente, teve uma

redução de 10 milhões.

O Total de economia alcançado neste período de 2007 foi de R$ 930

milhões.

Em 2008:

a) Decretos de contenção de despesas:

� Decreto no 29.019 de 02 de maio de 2008 – suspensão por 120

(cento e vinte) dias, das nomeações para o provimento de cargos ou

empregos, efetivos ou em comissão, bem como os Cargos de

Natureza no âmbito da Administração Direta Autárquica e

Fundacional do Distrito Federal e Empresas custeadas total ou

parcialmente com recursos do tesouro local para não exceder os

limites estabelecidos na Lei de Responsabilidade Fiscal.

� Decreto no 29.020 de 02 de maio de 2008 – determina aos órgãos

da Administração no âmbito da Administração Direta Autárquica e

Fundacional do Distrito Federal adotar procedimentos visando a

redução de seus custos operacionais como combustível, telefonia

móvel celular corporativa e energia elétrica.

� Decreto no 29.015 de 02 de maio de 2008 – proibi novos contratos

ou ampliação de postos de serviços terceirizados de vigilância,

limpeza e conservação.

b) Produtividade

Com o estabelecimento de metas de desempenho, por meio do

planejamento estratégico das Secretarias de Estado, o GDF procurou

estimular um melhor desempenho de seus servidores na busca por

resultados que garantiriam a implementação do Plano de Governo e o

aumento de investimento em áreas prioritárias.

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c) Otimização de gastos de custeio nas Secretarias de Educação e

Saúde

O Governo do Distrito Federal considerando a prioridade em otimizar a

utilização de recursos, reduzir gastos para aumentar sua capacidade

de investimento e de melhorar o desempenho das estruturas e

processos no cumprimento das funções de Estado, celebrou convênio

com o Movimento Brasil Competitivo (MBC), com o objetivo de otimizar

os gastos de custeio realizados pelos Secretarias de Educação e

Saúde.

A meta de redução negociada foi de R$ 81 milhões, sendo R$ 40

milhões para a Secretaria de Educação e R$ 41 milhões para a

Secretaria de Saúde, a partir de alterações nos processos de aquisição

e consumo de bens e serviços, como medicamentos, alimentação,

limpeza, vigilância, água e luz, etc. Esta redução significa uma

economia de 18% de gastos, mantendo a mesma qualidade dos

serviços prestados.

O trabalho desenvolvido no Governo do Distrito Federal até janeiro/2009

obteve uma economia de R$ 18 milhões, que estão sendo utilizados em melhoria

nas próprias escolas para fazer frente ao Programa de Educação Integral e na

instalação de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), ampliando os equipamentos

de saúde disponíveis à população.

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6 RESULTADO DAS MEDIDAS ADOTADAS PELA GESTÃO PARA RESULTADOS

Diante deste cenário, pode-se verificar um aumento gradativo nos

investimentos realizados pelo GDF. A média de investimento aumentou de R$ 564

milhões para R$ 1.209 bilhões anual, no triênio 2007/2009.

Esse aumento de recursos permitiu ao GDF, investimentos em grandes

projetos de construção de hospitais e postos de saúde, construção de escolas,

ampliação do Metrô, ampliação de rodovias com melhoria do sistema viário do

Distrito Federal, construção de viadutos, ciclovia, implantação de postos policiais,

entre outras iniciativas.

Esse aporte de recursos deu credibilidade ao GDF, o que permitiu

contratar com bancos internacionais, empréstimos financeiros para investimentos

nas áreas de gestão, educação, saúde, transportes e meio ambiente.

Neste quadro, não se poderia deixar de falar do custeio das contas

públicas. Quando se fala em custeio, a palavra logo é associada a gastos

administrativos com energia elétrica, água e esgoto, telefone, combustível, material

de expediente, aluguéis, passagens, locação de equipamentos e etc.

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Porém, existem aqueles gastos de custeio que devemos classificar como

“Investimento em Políticas Públicas”, mais especialmente em Políticas Sociais. Ou

seja, são despesas com a aquisição de medicamentos, de merenda escolar, política

de transferência de renda dos programas de assistência social e de segurança

alimentar, etc.

O quadro acima demonstra que houve uma mudança substantiva na

aplicação dos recursos em custeio “administrativo” e de “políticas públicas”. Como se

pode notar, priorizou-se o gasto com o custeio das políticas sociais do Governo, que

passou de R$ 1,4 bilhões em 2006 para R$ 2 bilhões em 2009, com aumento de

43%. O intuito é reduzir e controlar os gastos desnecessários com a máquina

pública e ampliar o investimento em áreas sociais e de infraestrutura, como

preconizado no Plano de Governo.

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7 DIFICULDADES DE OPERACIONALIZAÇÃO NA RACIONALIZAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DOS GASTOS PÚBLICOS

Prezar sobre a qualidade do gasto é um compromisso deste Governo e os

avanços alcançados, nos anos de 2007 e 2008, demonstram a possibilidade de se

alcançar resultados objetivos. Ao mesmo tempo, é importante destacar que cuidar

da qualidade do gasto significa mudanças de paradigmas e de valores culturais,

situação que demanda atenção, criatividade e persistência.

São muitas as dificuldades encontradas e diversas são as barreiras

culturais que precisam ser transpostas para se avançar no estabelecimento de uma

gestão para resultados, que fortaleça a qualificação dos gastos.

Dentre as questões identificadas, destacamos a qualificação para os

cargos estratégicos não voltada para resultados, a preocupação com os processos

em detrimentos dos resultados, a falta de consideração sobre custo-benefício,

dificuldade em aceitar medições de metas e desempenho, posturas que consolidam

uma cultura gerencial que demanda profundas transformações de valores e

princípios.

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8 CONCLUSÃO

O Modelo de Gestão para Resultados buscou integrar a Agenda

Estratégica elaborada do Plano de Governo a um novo modelo de gestão voltado

para resultados. O governo do Distrito Federal atuou junto aos seus órgãos

promovendo a implementação de mecanismos de monitoramento e avaliação, na

busca do alcance das metas contratualizadas no Termo de Compromisso.

Conjuntamente à implantação deste Modelo de Gestão voltado para

Resultados, o Governo do Distrito Federal estabeleceu ações preventivas de

redução de custos e de controle de gastos. Dentre estas ações, se destacam a

redução dos cargos comissionados, redução de custeio e o convênio firmado com o

Movimento Brasil Competitivo.

As economias obtidas possibilitaram a ampliação de investimentos em

obras sociais e de infraestrutura para a população do Distrito Federal. No âmbito

interno, promoveu-se a melhoria da gestão e dos serviços públicos prestados à

população.

O Trabalho ainda não acabou. O GDF tem como meta colocar o Distrito

Federal no rumo do crescimento equilibrado, tornando-se referência de

desenvolvimento com igualdade social.

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AUTORIA

Ceres Alves Prates – Mestre e graduada em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. Possui ampla experiência de planejamento e gestão pública tanto em atuações em governos estaduais e federal, quanto em organismos internacionais e do terceiro setor. Atualmente é Secretária Adjunta de Planejamento e Gestão do Governo do Distrito Federal. Endereço eletrônico: [email protected]