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UMA REFLEXÃO SOBRE O NOVO MODELO DE CARGOS COMISSIONADOS DO ESTADO: FLEXIBILIDADE COM FOCO EM RESULTADOS Fernanda de Siqueira Neves Marina Fernanda Junqueira da Silva

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UMA REFLEXÃO SOBRE O NOVO MODELO DE

CARGOS COMISSIONADOS DO ESTADO: FLEXIBILIDADE COM FOCO EM RESULTADOS

Fernanda de Siqueira Neves Marina Fernanda Junqueira da Silva

II Congresso Consad de Gestão Pública – Painel 59: Meritocracia e cargos comissionados

UMA REFLEXÃO SOBRE O NOVO MODELO DE CARGOS COMISSIONADOS DO

ESTADO: FLEXIBILIDADE COM FOCO EM RESULTADOS

Fernanda de Siqueira Neves Marina Fernanda Junqueira da Silva

RESUMO Implantada no Governo de Minas Gerais em 2007, no âmbito do Projeto “Choque de Gestão”, a nova política de remuneração de dirigentes públicos do Poder Executivo do Estado de Minas Gerais consiste em um dos esforços no âmbito do serviço público para o alcance da tão almejada eficiência da gestão pública. A implantação dessa política permitiu ao Estado afastar a sistemática remuneratória introduzida na década de 1970 e que há muito não correspondia à realidade da gestão pública, inserindo flexibilidades necessárias ao modelo de gestão por resultados. Além de apresentar os antecedentes e os aspectos que ensejaram a sua elaboração e implantação, este artigo se propõe a demonstrar os fundamentos e as inovações trazidas à sistemática de remuneração de cargos em comissão e funções gratificadas pela referida política e, ainda, a uma reflexão sobre a experiência no Estado.

SUMÁRIO

1 AS DUAS GERAÇÕES DO CHOQUE DE GESTÃO MINEIRO: FOCO EM RESULTADOS……………………………………………………………………………...03

2 ANTECEDENTES……………………………………………………………………….. 07

3 A PRIMEIRA INICIATIVA………………………………………………………………..10

4 O DESENVOLVIMENTO E A IMPLEMENTAÇÃO DA NOVA SISTEMÁTICA DE CARGOS EM COMISSÃO E FUNÇÕES DE CONFIANÇA: FLEXIBILIDADE COM FOCO EM RESULTADOS…………………………………………………………. 12

5 AVALIAÇÃO DO MODELO E CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………… 20

6 REFERÊNCIAS………………………………………………………………………….. 22

ANEXO……………………………………………………………………………………… 25

3

1 AS DUAS GERAÇÕES DO CHOQUE DE GESTÃO MINEIRO: FOCO EM RESULTADOS

A reforma gerencial da Administração Pública mineira, denominada

Choque de Gestão, foi implementada em 2003, como resposta a um contexto

caracterizado por um elevado déficit, pela dificuldade de captação de recursos e de

cumprir com as obrigações em dia e uma máquina administrativa sucateada. Nesse

cenário, era emergencial a adoção de práticas que modernizassem e modificassem

o padrão de comportamento da Administração Pública estadual.

A expressão “Choque de Gestão” pretendeu provocar a reflexão sobre a

necessidade de reverter o modelo burocrático, centralizado e moroso da

administração pública em uma nova modalidade de gerenciamento focado nos

resultados para atender as demandas da sociedade.

O Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI), que define a

estratégia de governo de longo prazo, foi reformulado, estabelecendo-se uma nova

visão de futuro – tornar Minas Gerais como melhor lugar do país para se viver e

investir em 2023. Para atingir tal estratégia, era necessário reorganizar e modernizar

o setor público estadual; promover, de forma inovadora e sustentável, o

desenvolvimento econômico e social e recuperar o vigor político do Estado.

Desse modo, o Choque de Gestão mineiro consistiu num conjunto de

medidas de rápido impacto orientadas para o ajuste estrutural das contas públicas e

iniciativas voltadas para a geração de um novo padrão de desenvolvimento tendo a

inovação na gestão como elemento de sustentabilidade. A linha mestra adotada era

gastar menos com o próprio estado e mais com o cidadão.

O Choque de Gestão sustentou-se em três grandes pilares:

� alcançar o equilíbrio fiscal, por meio da efetiva disciplina financeira que

não permite concessões de orçamento sem uma relativa fonte de

receita para fazer frente aos gastos;

� intensificar o esforço de geração de receitas;

� melhorar a qualidade da gestão, reduzindo os gastos e planejando as

prioridades orçadas em bases realistas, pagando-se em dia os

fornecedores.

4

Foi definida ainda uma carteira de 31 Projetos Estruturadores

denominada GERAES – Gestão Estratégica de Recursos e Ações do Estado, com o

propósito de se atingir resultados concretos que sinalizassem a visão de futuro.

Referidos projetos teriam prioridade de repasse dos recursos previstos no

orçamento e um gerenciamento intensivo por parte da Secretaria de Estado de

Planejamento e Gestão, o que permite uma avaliação da aderência dos recursos à

estratégia e agilidade e tempestividade na adoção de medidas corretivas

necessárias.

Vale destacar, dentre os projetos estruturadores o “Choque de Gestão,

Pessoas e Qualidade e Inovação na Administração Pública” cujo objetivo é melhorar

a qualidade dos serviços públicos, mediante a reorganização do arranjo institucional

e do modelo de gestão do Estado. Referido projeto consubstancia o modelo de

reforma gerencial adotado pelo governo mineiro.

O Projeto Estruturador Choque de Gestão envolveu a adoção de

instrumentos gerenciais nas suas várias instâncias como recursos humanos,

processos e rotinas, a compatibilidade entre estruturas e funções e principalmente,

acompanhando a tendência mundial, a parceria do Terceiro Setor e do setor privado

na prestação de serviço público.

No que se refere à Gestão de Pessoas foi estabelecido um novo padrão

de política de recursos humanos para os servidores estaduais, com foco na

meritocracia, na valorização contínua e no desenvolvimento do servidor.

Vale ressaltar, todavia, que na denominada Primeira Geração do Choque

de Gestão, que perdurou no período de 2003 a 2006, não foi realizada nenhuma

ação de reestruturação da sistemática de cargos comissionados e funções de

confiança do Estado. Nesse primeiro momento, no que se refere à estrutura

organizacional e cargos de provimento em comissão, a reforma se limitou a uma

reestruturação orgânica do Poder Executivo, a fim de se conformar a estrutura

estadual a um modelo gerencial adequado para responder, de forma rápida e

eficiente, às demandas sociais postas ao setor público. Assim, o número de

secretarias foi reduzido de 21 para 15 e foi criado o Colegiado de Gestão

Governamental, órgão de assessoramento do Governador do Estado com o objetivo

de melhor formular e acompanhar a implementação de políticas públicas e

programas governamentais. Ademais, foram extintas 43 Superintendências, 16

Diretorias e mais de 1.300 cargos e funções comissionados.

5

A análise da implementação da chamada primeira geração do Choque de

Gestão demonstra que o período de 2003 a 2006 foi marcado pelo êxito do novo

modelo de gestão adotado, uma vez que se disseminou a concepção de um Estado

que gasta menos com a máquina e, cada vez mais, com o cidadão. No entanto, no

seu segundo mandato, o Governador reeleito se deparou com o grande desafio de

consolidar e institucionalizar esse importante processo de transformação com vistas

a assegurar a sua irreversibilidade estendendo o alcance do Choque de Gestão a

toda administração pública, indo além da idéia de responsabilidade fiscal e incluindo

a responsabilidade com o alcance dos resultados de desenvolvimento e a respectiva

prestação de contas à sociedade.

Nesse sentido, a segunda geração do Choque de Gestão tem como

objetivo precípuo consolidar a implementação de um verdadeiro Estado para

Resultados, ou seja, garantir aos destinatários da ação governamental a prestação

de serviços públicos com alta qualidade, máximo índice de cobertura e aos menores

custos. Deve-se ressaltar que a qualidade fiscal e a gestão eficiente, introduzidas na

primeira geração do Choque de Gestão, dão sustentabilidade a esse objetivo maior.

No sentido de definir estratégias para fazer o futuro desejado acontecer

diante das incertezas, o PMDI foi reformulado para o período de 2007-2023. Na

revisão do PMDI, a visão de futuro do Estado manteve-se a mesma definida em

2003 - Tornar Minas o Melhor Estado para se Viver.

Assim, o propósito da revisão foi definir uma estratégia que estabelecesse

o caminho de como tornar mais concreta essa visão de futuro. Para a materialização

dessa estratégia, foram identificadas onze Áreas de Resultados. As áreas de

resultados são “núcleos focais” de concentração dos melhores esforços e recursos

visando às transformações e melhorias desejadas na realidade. Cada área de

resultado agrega os principais desafios, objetivos e metas para administração

pública, bem como iniciativas essenciais para transformar a estratégia em resultados

efetivos. Duas dimensões complementares do Estado para Resultados, a Qualidade

Fiscal e a Gestão Eficiente, contendo metas de desempenho para a administração

pública, são os pilares para a realização dos resultados.

Cada área de resultados contempla um rol de objetivos estratégicos e

resultados finalísticos e será alvo da intervenção de um Grupo de Projetos

Estruturadores. Neste arranjo, a sociedade, de forma transparente, teria informações

sobre o ônus e o resultado esperado das políticas públicas. O governante seria

6

avaliado pela capacidade de melhorar indicadores econômicos e sociais sem onerar

adicionalmente a sociedade, rompendo a lógica atual de comparar o desempenho

em determinada área pelo volume de gastos.

A interligação da Visão de Futuro com as Estratégias de Desenvolvimento

e com as Áreas de Resultado está representada no mapa estratégico constante do

Anexo. Nesse contexto, depreende-se que o pilar fundamental da segunda geração

do Choque de Gestão, materializado no PMDI, é o aprofundamento de uma

obsessiva busca pelo Estado de Resultados. No Estado para Resultados, todos os

dirigentes e organizações do Poder Executivo serão fundamentalmente avaliados

pela contribuição nas áreas de resultados.

Desse modo, ao assumir órgãos e entidades de Estado no início do novo

mandato em 2007, todos os dirigentes se comprometeram moralmente com o

Governador e com a sociedade com as áreas de resultados pertinentes à sua

Secretaria, o que envolvia um conjunto de objetivos estratégicos, resultados

finalísticos, projetos estruturadores e itens da Agenda Setorial constantes dos

Cadernos de Compromissos e dos Cadernos de Desafios e Prioridades, assinados

por eles e pelo Governador.

Diante deste quadro e da necessidade de consolidar o Choque de Gestão

e adensar seus resultados em benefício da sociedade mineira, por meio do Choque

de Gestão de segunda geração, foram introduzidas alterações nas políticas de

remuneração dos dirigentes públicos do Poder Executivo de Minas Gerais que

resultaram na implantação de uma nova sistemática flexível, moderna e orientada

para os resultados.

Assim, o objetivo desse artigo é apresentar a nova política de

remuneração de dirigentes públicos do Poder Executivo do Estado de Minas Gerais.

Além de apresentar os antecedentes e os aspectos que ensejaram a sua elaboração

e implantação, este artigo se propõe a demonstrar os fundamentos e as inovações

trazidas à sistemática de remuneração de cargos em comissão e funções

gratificadas pela referida política e, ainda, a uma reflexão sobre a experiência no

Estado.

7

2 ANTECEDENTES

Em 2003, quando do início da implementação do Choque de Gestão, o

cenário existente era de uma sistemática de cargos de provimento em comissão que

remontava a década de 1970 e que havia sofrido algumas alterações pontuais

determinadas por demandas específicas ao longo do período de sua existência.

O Decreto no 16.409, de 10 de julho de 1974, seguindo a autorização da

Lei no 5.945, de 11 de julho de 1972, instituiu o Quadro Permanente no Estado que

abrangia dois quadros específicos: o de cargos de provimento em comissão e o de

cargos de provimento efetivo.

O Quadro Específico de Provimento em Comissão, foco deste artigo, era

subdividido, de acordo com a responsabilidade e as atividades desenvolvidas pelos

titulares de cargos das classes respectivas, nos grupos de Direção Superior,

Assessoramento, Chefia e Execução.

Para esse quadro, havia a previsão de cargos de recrutamento amplo e

limitado, sendo obrigatório aquele para as classes de cargos de Diretor II, Assessor

do Governador, Assessor-Chefe, Assessor II e de Chefe de Gabinete. Cabendo

destacar que, no primeiro momento, não havia a previsão de limites mínimos para os

cargos de recrutamento limitado, o que viria a ser estabelecido pela Lei no 9.530, de

29 de dezembro de 1987, apenas para determinadas classes de cargos.

As especificações das classes dos cargos em comissão do Quadro

Permanente foram estabelecidas, conforme previsão do Decreto no 16.409, de 1974,

pela Resolução SERHA no 101, de 05 de setembro de 1974. Além dessas

especificações, era facultado o estabelecimento de denominação complementar a

das classes do Quadro Permanente em cada quadro setorial de lotação, de acordo

com a respectiva área de atuação, gerando, dessa forma, a multiplicação de

denominações dos cargos da Administração direta.

Ainda neste quadro, era assegurado para os servidores ocupantes de

cargo de provimento em comissão o direito à opção pela remuneração percebida em

função de seu cargo efetivo, acrescida de gratificação de 20% (vinte por cento) do

valor atribuído ao símbolo de vencimento do cargo de provimento em comissão que

ocupava.

Por meio da Lei no 10.961, de 14 de dezembro de 1992, foi introduzida a

primeira alteração no Quadro Permanente, prevendo a criação de um quadro

8

especial de pessoal para cada órgão e a distribuição destes cargos nos grupos

Direção Superior, Chefia de Supervisão, Coordenação, Assessoramento e

Execução.

Essa lei foi regulamentada pelos Decretos no 36.033, de 14 de setembro

de 1994, que estabeleceu as normas de elaboração do Quadro Geral e dos Quadros

Especiais de Pessoal, e no 37.711, de 29 de dezembro de 1995, que instituiu o

Quadro Geral de Cargos em Comissão da Administração Direta e estabeleceu que

os cargos em comissão do Quadro Permanente passariam a compor o referido

Quadro, mantendo-se os códigos e formas de recrutamento e alterando-se os

símbolos de vencimento.

No intervalo desta regulamentação, a Lei no 11.728, de 30 de dezembro

de 1994, estabeleceu o cálculo da remuneração de determinadas classes de cargos

do Decreto no 16.409, de 1974, sobre fator de ajustamento fixo estabelecido em lei.

Cabe ressaltar que neste contexto não havia a previsão de um quadro

único para a administração autárquica e fundacional, haja vista a especificidade

destas. Cada quadro de pessoal das entidades autárquicas e fundacionais era

definido por lei específica e seguia sua lógica própria, havendo raros casos de

legislação comum às autarquias e fundações, como o caso da instituição da parcela

anual a título pro labore para cargos de direção superior da Administração

autárquica e fundacional, nos termos da Lei no 11.819, de 31 de marco de 1995.

Posteriormente, foram adotadas várias iniciativas para recomposição dos

valores das remunerações dos cargos em comissão, sendo as mais abrangentes

nesse sentido:

� o estabelecimento de um abono fixo para todos os servidores de cargos

em comissão e efetivos pela Lei Delegada no 38, de 26 de setembro de

1997;

� o reajuste de 10% (dez por cento) para cargos da Administração

autárquica e fundacional pela Lei Delegada no 39, de 03 de abril de

1998; e

� a instituição da parcela remuneratória complementar, visando ao

atingimento do nível de remuneração mínimo de acordo com o grau de

escolaridade e com a jornada de trabalho pela Lei Delegada no 41, de

07 de junho de 2000.

9

Diante do exposto, verifica-se a existência de uma sistemática de cargos

em comissão defasada, que pecava pela falta de padronização e pelo excesso de

denominações, símbolos, gratificações e códigos, que não correspondia às

necessidades gerenciais e, ainda, não observava alguns preceitos da Constituição

da República de 1988, tais como: a destinação dos cargos e funções de confiança

apenas a atribuições de direção, chefia e assessoramento; e a vedação de

vinculação ou equiparação de espécies remuneratórias para efeito de remuneração

de pessoal do serviço público.

10

3 A PRIMEIRA INICIATIVA

Em 2003, já no contexto do Choque de Gestão, com a reestruturação

organizacional foram extintos cerca de 1.300 cargos em comissão e instituídas as

funções gratificadas para a Administração direta.

Feito isso, pela Emenda à Constituição no 57, de 15 de julho de 2003, foi

alterado o § 11 do art. 14 da Constituição do Estado, possibilitando a alteração do

quantitativo e da distribuição dos cargos em comissão e das funções gratificadas,

desde que observados os valores de retribuição correspondentes, não alteradas as

unidades orgânicas estabelecidas em lei e não acarretado aumento de despesa.

Com fulcro na norma constitucional retro mencionada, a Lei no 14.694, de

30 de julho de 2003, ao tratar do Acordo de Resultados estabeleceu a autonomia ao

Acordante nos seguintes termos:

Art. 26. Com o objetivo de alcançar ou superar as metas previstas no Acordo de Resultados, o dirigente máximo de órgão ou entidade, durante a vigência do Acordo e na forma do regulamento, poderá: (...) II - efetuar a alteração dos quantitativos e da distribuição dos cargos de provimento em comissão, observados os valores de retribuição correspondentes, desde que não sejam alteradas as unidades orgânicas estabelecidas em lei e não haja aumento de despesa; (...)

O Decreto no 43.675, de 04 de dezembro de 2003, ao regulamentar esse

dispositivo estabeleceu:

Art. 17. O Acordado poderá, nos termos do art. 14, §11, inciso V, da Constituição Estadual, alterar os quantitativos e a distribuição dos cargos de provimento em comissão e das funções gratificadas identificadas no órgão ou entidade, observados os valores de retribuição correspondentes, desde que não altere as unidades orgânicas estabelecidas em lei e não acarrete aumento de despesa.

§ 1o Para proceder à medida prevista no dispositivo anterior, o dirigente máximo do Acordado poderá, por meio de ato próprio, desdobrar cargo em comissão ou função gratificada, criando outros de menor remuneração com o intuito de atender a maior número de servidores, ou reunir dois ou mais cargos ou funções a fim de destinar maior gratificação a servidores que desenvolvam atividades mais complexas e que exigem maior responsabilidade. § 2o Todo ato de alteração de quantitativos e distribuições de cargos deverá ser inserido no Sistema Integrado de Administração de Pessoal - SISAP.

Assim, viabilizou-se aos Acordantes esta medida ampliativa de autonomia

com vistas a alcançar e, até mesmo, superar as metas pactuadas no Acordo de

Resultados. Essa foi uma primeira iniciativa, em que se buscou possibilitar aos

11

órgãos e entidades com Acordos de Resultados vigentes adequar o seu quadro de

cargos de direção e assessoramento aos desafios pactuados.

No período de 2003 a 2006, tal autonomia foi utilizada pelos Acordantes

com certas limitações, haja vista alguns entraves estruturais, a saber:

� a consideração dos valores de remuneração dos cargos em comissão e

funções gratificadas em Reais no cálculo para efetuar as alterações;

� a impossibilidade de criar cargos com remuneração ou sistemática

remuneratória distinta das já existentes1;

� a remuneração defasada dos cargos em comissão, principalmente após

a reestruturação das carreiras;

� a necessidade de observar os limites de recrutamento limitado apenas

para alguns cargos em comissão;

� a duração da alteração formalizada por ato do titular do órgão ou

entidade determinada pela vigência do Acordo de Resultados2;

� a ocorrência de alterações constantes para atendimento de demandas

pontuais e sem prévio planejamento.

Diante deste quadro, ficou claro o descompasso entre os novos

instrumentos de gestão implantados e a sistemática de cargos e funções ainda

adotada no âmbito do Poder Executivo estadual e demonstrada a urgência de se

reestruturar tal quadro, haja vista ainda as alterações implementadas nas carreiras.

Não obstante essa necessidade de aprimoramento, a experiência da utilização da

autonomia de flexibilidade de alteração de cargos na 1ª Geração do Choque de

Gestão apontou para sua adequação ao novo modelo de gestão por resultados

implementado.

1 Esta limitação era mais significativa para as autarquias e fundações que poderiam criar apenas

cargos em comissão de classes preexistentes no seu quadro de pessoal. 2 Isso gerava dificuldade de controle da numeração e do real quadro de pessoal da instituição

12

4 O DESENVOLVIMENTO E A IMPLEMENTAÇÃO DA NOVA SISTEMÁTICA DE CARGOS EM COMISSÃO E FUNÇÕES DE CONFIANÇA: FLEXIBILIDADE COM FOCO EM RESULTADOS

Diante da necessidade de consolidar os instrumentos introduzidos na

primeira geração do Choque de Gestão e dar sustentabilidade para o alcance dos

resultados propostos para a segunda geração do Projeto, com fulcro no art. 72 da

Constituição do Estado de Minas Gerais, foi solicitada à Assembléia Legislativa de

Minas Gerais autorização para elaborar leis delegadas por período determinado e

nos seguintes termos:

� criar, incorporar, transferir, extinguir e alterar órgãos públicos, inclusive

autônomos, ou unidades da administração direta, bem como modificar

a estrutura orgânica das entidades da administração indireta, definindo

suas atribuições, objetivos e denominações;

� criar, transformar e extinguir cargos em comissão e funções de

confiança dos órgãos e entidades do Poder Executivo, alterar-lhes as

denominações, atribuições, forma de recrutamento e sistemática de

remuneração;

� proceder à realocação de atividades e programas no âmbito do Poder

Executivo e ao remanejamento de dotações orçamentárias em

decorrência da aplicação no disposto nos itens anteriores;

� alterar as vinculações das entidades da administração indireta.

Concedida a delegação de competências para legislar sobre as matérias

supracitadas, intensificaram-se os estudos para reestruturação organizacional aliada

à estruturação de cargos em comissão e funções de confiança no âmbito do Poder

Executivo. Concomitantemente os estudos para a alteração da sistemática de

cargos em comissão e funções de confiança, incluído o sistema de remuneração dos

dirigentes públicos do Poder Executivo, passaram à fase conclusão.

Neste contexto de revisão da política de remuneração dos dirigentes

públicos do Poder Executivo, as primeiras alterações levadas a cabo foram

introduzidas pela Lei no 16.658, de 5 de janeiro de 2007, que fixou o subsídio de

Governador, de Vice-Governador, de Secretário e de Secretário Adjunto de Estado.

Por meio da referida lei, a retribuição pecuniária devida aos agentes

públicos do Poder Executivo deixou de ser composta por várias parcelas e a ser

13

tratada em legislação esparsa para, então, ser tratada na forma de subsídio, em

parcela única, e em legislação específica.

Com esta alteração, a remuneração dos agentes políticos ficou

particularizada em relação às dos demais agentes públicos, uma vez que foi tratada

em uma legislação específica e foram observadas as disposições constitucionais

atinentes à matéria. Além disso, a referida legislação adiantou algumas premissas

que nortearam a revisão da política de remuneração dos dirigentes públicos, a

saber:

� remuneração em parcela única;

� legislação específica para o tratamento de cargos em comissão e

funções de confiança de grupos específicos;

� nomenclatura de cargos simplificada;

� sistemática remuneratória flexível;

� desvinculação dos cargos em comissão da estrutura organizacional.

Considerando estas premissas foi finalizado um profundo estudo da

legislação pertinente aos cargos em comissão e funções de confiança da

administração direta, autárquica e fundacional e iniciada a elaboração da proposição

de lei que objetivava instituir uma proposta que aliasse as premissas supracitadas,

as disposições legais específicas sobre a matéria e a preservação dos direitos dos

servidores e, principalmente, modernizasse a sistemática de cargos em comissão e

funções de confiança de modo a integrá-la aos novos instrumentos de gestão da

máquina pública.

Esta proposição consubstanciou as Leis Delegadas no 174 e no 175, de

26 de janeiro de 2007, que dispuseram, respectivamente, sobre o Grupo de Direção

e Assessoramento da Administração Direta e da Administração Autárquica e

Fundacional do Poder Executivo do Estado de Minas Gerais.

Com vistas a simplificar e a padronizar a nomenclatura dos cargos em

comissão, nos Grupos de Direção e Assessoramento, foram introduzidas as

denominações DAD, para os cargos da administração direta, e, DAI, para os da

administração autárquica e fundacional. Apenas com esta alteração foram afastas

cerca de 504 (quinhentas e quatro) classes de cargos em comissão existentes no

âmbito do Poder Executivo e, ainda, o conceito de “classes de cargos”, a exemplo

da reestruturação das carreiras.

14

No mesmo sentido desta alteração de nomenclatura, foram estabelecidas

graduações para os cargos em comissão dos Grupos de Direção e Assessoramento.

Na administração direta, os cargos DAD foram graduados em dez níveis e, na

administração autárquica e fundacional, os cargos DAI, em vinte oito níveis,

conforme Tabelas 1 e 2:

Tabela 1 – Cargos de provimento em comissão do grupo de direção e assessoramento da administração direta do Poder Executivo

Espécie/nível Valor (em R$) DAD-unitário DAD-1 600,00 1,00 DAD-2 900,00 1,50 DAD-3 1.350,00 2,25 DAD-4 2.100,00 3,50 DAD-5 2.400,00 4,00 DAD-6 3.000,00 5,00 DAD-7 4.050,00 6,75 DAD-8 5.100,00 8,50 DAD-9 6.000,00 10,00 DAD-10 7.000,00 11,66

Fonte: Lei Delegada no 174, de 2007.

Tabela 2: Cargos de provimento em comissão do grupo de direção e assessoramento da administração autárquica e funcacional do Poder Executivo

ESPÉCIE/NÍVEL VALOR (EM R$) VALOR (EM DAI - UNITÁRIO) DAI-1 500,00 1,00 DAI-2 600,00 1,20 DAI-3 700,00 1,40 DAI-4 800,00 1,60 DAI-5 900,00 1,80 DAI-6 1.000,00 2,00 DAI-7 1.100,00 2,20 DAI-8 1.200,00 2,40 DAI-9 1.300,00 2,60 DAI-10 1.400,00 2,80 DAI-11 1.500,00 3,00 DAI-12 1.600,00 3,20 DAI-13 1.700,00 3,40 DAI-14 1.800,00 3,60 DAI-15 1.900,00 3,80 DAI-16 2.000,00 4,00 DAI-17 2.100,00 4,20 DAI-18 2.300,00 4,60 DAI-19 2.500,00 5,00 DAI-20 3.000,00 6,00 DAI-21 3.300,00 6,60 DAI-22 3.500,00 7,00 DAI-23 3.800,00 7,60 DAI-24 4.000,00 8,00 DAI-25 4.300,00 8,60 DAI-26 5.000,00 10,00 DAI-27 6.000,00 12,00 DAI-28 7.000,00 14,00

Fonte: Lei Delegada no 175, de 2007.

15

Esta graduação levou em conta o grau de complexidade das atribuições

dos cargos em comissão, observados os seguintes indicadores:

� a abrangência funcional ou temática;

� a complexidade de processos envolvidos;

� a relação com o sistema de gestão;

� a transversalidade das ações;

� a contribuição para a Agenda estratégica, nos termos do Plano

Plurianual de Ação Governamental - PPAG; e

� o risco de gestão.

Segundo estes indicadores, a graduação observou ainda a remuneração,

o nível de escolaridade exigido e a jornada de trabalho do cargo em comissão.

Sendo estabelecida correlação para os cargos em comissão extintos e os novos

cargos, de forma a assegurar direitos de servidores aposentados com direito à

percepção de remuneração de cargo em comissão extinto.

Considerando a autonomia do Acordo de Resultados, que faculta ao

dirigente máximo da instituição alterar o quantitativo e a distribuição de cargos em

comissão e funções de confiança e a necessidade de controle e transparência com

os gastos nesta seara, ficou estabelecido que cada instituição passaria a contar com

uma “cesta de pontos”, isto é, o quantitativo de valores unitários a serem distribuídos

segundo os diversos projetos e ações.

Para o estabelecimento desta “cesta de pontos” foi eleito o nível 1 de

cada espécie (DAD/DAI) como parâmetro de pontuação para os demais níveis.

Assim, a cada nível de cargo DAD ou DAI corresponde um valor unitário que

representa um multiplicador do valor atribuído ao parâmetro, nível 1 do cargo DAD

ou DAI.

Para se chegar ao valor de pontos da “cesta de pontos” de cada

instituição foi considerado o quantitativo de cargos em comissão existentes antes da

introdução desta nova sistemática, a complexidade das ações em que cada

instituição está envolvida, os projetos estratégicos de Governo de que é responsável

ou que colabora entre outros.

Deste modo, a referida autonomia do Acordo de Resultado passou a

constar da legislação relativa aos cargos em comissão e às funções de confiança,

possibilitando a cada órgão, autarquia ou fundação que tenha pactuado metas de

desempenho, nos termos da legislação aplicável, alocar da melhor forma a sua

16

“cesta de pontos” para o alcance dos resultados setoriais pretendidos e a

implementação da estratégia.

Assim, a cada dirigente máximo de órgão ou entidade da administração

direta, autárquica e fundacional é dado distribuir os pontos em cargos em comissão

segundo os níveis e valores pré-estabelecidos na legislação, sem que seja

necessária a tramitação de um projeto de lei específico para tanto.

Ainda no âmbito dos cargos em comissão, considerando as disposições

constitucionais e a consolidação da política de meritocratização e profissionalização

do serviço público, foram estabelecidos limites mínimos para o recrutamento dos

ocupantes dos cargos em comissão entre os servidores de carreira, nos seguintes

termos para a Administração direta:

Art. 6o No âmbito de cada órgão do Poder Executivo, serão de recrutamento limitado:

I – cinqüenta por cento dos cargos em comissão DAD de níveis 1, 2 e 3;

II – vinte e cinco por cento dos cargos em comissão DAD de níveis 4 e 5. § 1o Na hipótese de o cômputo do percentual de que trata o caput deste artigo resultar número fracionário de cargos, deverá ser considerado o número inteiro imediatamente superior.

§ 2o A Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão controlará o cumprimento do disposto no caput.

E para Administração autárquica e fundacional:

Art. 6o No âmbito de cada entidade autárquica e fundacional, serão de recrutamento limitado:

I – 50% (cinqüenta por cento) dos cargos em comissão DAI de níveis 1, 2 e 3; II – 25% (vinte e cinco por cento) dos cargos em comissão DAI de níveis 4 a 23.

§ 1o Na hipótese de o cômputo do percentual de que trata o caput deste artigo resultar em número fracionário de cargos, deverá ser considerado o número inteiro imediatamente superior.

§ 2o A Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão controlará o cumprimento do disposto no caput.

Além disso, foram estabelecidas atribuições gerais para os cargos em

comissão e requisitos de acordo com o nível destes, nos seguintes termos:

Art. 3o Os cargos a que se refere o art. 1o têm como atribuição a direção e a chefia de unidades administrativas, equipes de trabalho, projetos e programas, e o assessoramento técnico ou especializado nos órgãos da Administração Direta, podendo ser de recrutamento limitado, quando providos por servidor público estadual ocupante de cargo efetivo ou detentor de função pública, ou de recrutamento amplo.

(...)

§ 3o Constitui requisito para o provimento dos cargos de níveis 1 e 2 a conclusão de curso de nível médio de escolaridade, e para o provimento dos cargos de níveis 3 a 10, a graduação em curso de nível superior de escolaridade.

17

§ 4o Se as atividades de direção, chefia e assessoramento a serem desempenhadas em determinada unidade incluírem a prática de atos para os quais se exija habilitação profissional específica, nos termos da legislação pertinente, o provimento no respectivo cargo fica condicionado ao cumprimento do requisito legal de habilitação profissional.

Estabeleceu-se ainda a desvinculação dos cargos à estrutura e a

observância de fatores relativos à complexidade de atribuições da unidade de

lotação, nos seguintes termos:

Art. 3o (...)

§ 2o Na lotação dos cargos destinados a direção e chefia de unidades administrativas, poderão ser atribuídos níveis DAD distintos no mesmo grau hierárquico do órgão, se a complexidade das atribuições da unidade, a conjugação de indicadores previstos no § 1o ou prevalência acentuada de um deles assim justificar.

Os demais cargos em comissão integrantes ou não de quadros

específicos permaneceram da mesma forma, ressalvados os casos em que houve

disposição legal em contrário.

As funções gratificadas por sua vez, que ganharam relevo ainda na

primeira geração do Choque de Gestão em função da reestruturação das carreiras,

tiveram a sua sistemática renovada em moldes semelhantes aos dos cargos em

comissão do Grupo de Direção e Assessoramento.

A nomenclatura foi padronizada para FGD, no âmbito da administração

direta, e para FGI, no âmbito da administração autárquica e fundacional, resultando

na extinção de setenta e cinco classes de funções gratificadas.

Segundo a mesma sistemática instituída para os cargos em comissão,

foram estabelecidos nove níveis na administração direta e oito níveis na

administração autárquica e fundacional, segundo a complexidade das atribuições e

os indicadores de abrangência funcional ou temática e de complexidade de

processos envolvidos, conforme Tabelas 3 e 4:

Tabelas 3: Tabela de níveis e valores das funções gratificadas da administração direta do Poder Executivo

ESPÉCIE/NÍVEL VALOR (EM R$) FGD-UNITÁRIO FGD-1 165,00 1,00 FGD-2 330,00 2,00 FGD-3 412,50 2,50 FGD-4 495,00 3,00 FGD-5 660,00 4,00 FGD-6 825,00 5.00 FGD-7 990,00 6,00 FGD-8 1.155,00 7,00 FGD-9 1.320,00 8,00

Fonte: Lei Delegada no 174, de 2007.

18

Tabela 4: Tabela de níveis e valores das funções gratificadas da administração autárquica e fundacional do Poder Executivo

ESPÉCIE/NÍVEL VALOR (EM R$) VALOR UNITÁRIO FGI-1 160,00 1,00 FGI-2 300,00 1,88 FGI-3 400,00 2,50 FGI-4 500,00 3,13 FGI-5 600,00 3,75 FGI-6 700,00 4,38 FGI-7 1.000,00 6,25 FGI-8 1.200,00 7,50

Fonte: Lei Delegada no 175, de 2007.

Por outro lado, as atribuições das funções gratificadas foram ampliadas,

passando ao assessoramento técnico ou especializado e à coordenação de

atividades, projetos, programas e equipes de trabalho no âmbito da administração

direta, autárquica e fundacional.

Para cada uma das funções gratificadas, a exemplo do que ocorreu com

os cargos em comissão, foi estabelecido um parâmetro, o nível 1, que serviu à

fixação da “cesta de pontos” pertinentes às funções gratificadas.

Cabe ressaltar que na fixação das “cestas de pontos” de funções

gratificadas por órgãos e entidades do Poder Executivo foram significativos os

efeitos decorrentes da reestruturação das carreiras. A demanda pelo aumento dos

valores destinados as funções gratificadas ao longo da primeira geração do Choque

de Gestão e, em especial, no processo de reestruturação organizacional que

antecedeu a segunda geração deste projeto, resultou da consolidação das carreiras

e, do conseqüente, afastamento das políticas de remuneração de pessoal

anteriormente adotadas.

Além das alterações na sistemática de cargos em comissão e de funções

gratificadas apresentadas foi instituída pela referida legislação a gratificação

temporária estratégica no âmbito da administração direta, autárquica e fundacional

do Poder Executivo.

Ao contrário das gratificações anteriormente instituídas que prestavam

apenas à composição de remuneração de cargos dada a defasagem remuneratória

recorrente, a instituição da gratificação temporária estratégica teve como premissa a

premiação de servidores que estejam no exercício de cargos em comissão do Grupo

de Direção e Assessoramento e que desempenham função estratégica em áreas

consideradas de elevada complexidade ou com relevante contribuição para a Agenda

19

do Governo constante do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), conforme

diretrizes estabelecidas no Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI).

A instituição desta gratificação muda claramente o sentido da atribuição

de uma gratificação no âmbito da nova sistemática remuneratória de cargos em

comissão da Administração Pública, dada sua vinculação ao planejamento de longo

e curto prazo e a sua orientação estrita aos resultados almejados.

A sistemática das gratificações temporárias estratégicas é semelhante à

instituída para os cargos em comissão dos Grupos de Direção e Assessoramento e

para as funções gratificadas, uma vez que possui nomenclatura única (GTE) e

valores variáveis de acordo com os níveis, parte de um parâmetro representado pelo

nível 1 e possui um quantitativo de pontos destinados a cada instituição alterável

segundo os níveis pré-estabelecidos.

A Tabela 5 apresenta os níveis e os valores de GTE, que são os mesmos

para Administração direta e para a Administração autárquica e fundacional:

Tabela 5: Tabela de níveis e valores da Gratificação Temporária Estratégica (GTE) ESPÉCIE/NÍVEL VALOR (EM R$) VALOR UNITÁRIO

GTE-1 250,00 1,00 GTE-2 500,00 2,00 GTE-3 750,00 3,00 GTE-4 1.000,00 4,00

Fonte: Lei Delegada no 174, de 2007.

Para garantir a vinculação da distribuição destas gratificações segundo a

estratégia de Governo foi instituído, por meio de decreto, procedimento de verificação

de conformidade da distribuição das gratificações em projetos ou ações de elevada

complexidade ou com grande relevância para a Agenda do Governo realizado no

âmbito da Câmara de Coordenação Geral, Planejamento, Gestão e Finanças.

Com estas alterações na sistemática de cargos em comissão e funções

de confiança foram extintos no âmbito da administração direta cerca de 3.860 (três

mil oitocentos e sessenta) cargos em comissão distribuídos em 74 (setenta e quatro)

classes e 1673 (mil seiscentas e setenta e três) funções gratificadas integrantes de

19 (dezenove) classes. Já na administração autárquica e fundacional, onde não

existia um quadro único que englobasse todas as entidades, foram extintos 3.238

(três mil duzentos e trinta e oito) cargos em comissão que integravam 430

(quatrocentas e trinta) classes e, ainda, 1.020 (mil e vinte) funções gratificadas

distribuídas em 62 (sessenta e duas) classes.

20

5 AVALIAÇÃO DO MODELO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A instituição da nova sistemática de cargos em comissão e funções de

confiança no âmbito da Administração Pública do Estado de Minas Gerais, além de

afastar limitações à ampla utilização de ferramentas gerenciais introduzidas pelo

Choque de Gestão, como a autonomia para alteração de quantitativo e distribuição

de cargos no âmbito do Acordo de Resultados, trouxe também a modernização, a

racionalização e a simplificação dos procedimentos relativos à gestão destas

espécies.

O tratamento em legislação específica, a extinção do instituto das

“classes” de cargos e de diversas parcelas remuneratórias, a criação de parâmetros

medidos em pontos para alterações entre outras permitiu uma gestão mais flexível,

simplificada, moderna e eficiente dos recursos disponíveis na Administração.

Os benefícios destas alterações na sistemática remuneratória de cargos

em comissão e funções de confiança já podem ser sentidos na Administração

Pública de Minas Gerais. A simplificação e racionalização dos procedimentos

facilitaram a compreensão e o manejo das espécies, possibilitando aos gestores

públicos utilizá-las da melhor forma para o cumprimento dos resultados pactuados.

Um questionamento freqüente em relação ao modelo é a possibilidade

dos dirigentes utilizarem a flexibilidade para atender interesses particulares. No

entanto, a experiência vem demonstrando o uso responsável da autonomia, mesmo

porque a sua utilização está atrelada a pactuação e ao posterior alcance de

resultados, exigindo dos gestores uma responsabilidade no manejo dessa

ferramenta gerencial. Dessa forma, percebe-se que, a utilização de um modelo de

flexibilidade de cargos de direção e assessoramento sempre deve estar vinculada a

um modelo de contratualização de resultados, pois assim é possível avaliar a sua

adequada e responsável utilização por parte dos dirigentes.

A avaliação do modelo de flexibilização, até o momento, é positiva. Não

se constata nenhuma necessidade premente de alteração da metodologia utilizada.

A legislação é clara e não apresentou até então nenhuma lacuna.

Ressalta-se, no entanto, a necessidade por parte dos dirigentes de um

melhor planejamento em relação às alterações propostas. Percebe-se muitas vezes

que, se não houvesse um limitador de prazo para se fazer as alterações, que podem

ocorrer no período mínimo de seis meses, as alterações seriam constantes para

21

atendimento de demandas pontuais e sem prévio planejamento. Se a alteração está

atrelada ao alcance das metas pactuadas no Acordo de Resultados e as metas são

avaliadas e revistas anualmente, o prazo de seis meses se mostra mais do que viável.

Diante dos resultados positivos alcançados com a introdução desta nova

sistemática de cargos em comissão e funções de confiança no âmbito do Poder

Executivo, persistem os esforços sistemáticos e incessantes pela eficiência da

gestão pública de modo a aprimorar o modelo adotado. Constata-se ainda que a

nova sistemática se mostra em plena sintonia com a segunda geração do Choque

de Gestão, cujo objetivo precípuo é consolidar a implementação de um verdadeiro

Estado para Resultados, através da construção de um Estado que opera de acordo

com os resultados demandados pela sociedade e que os produz ao menor custo.

Assim, a utilização adequada e responsável do modelo de flexibilização

de cargos em comissão e funções de confiança no Governo de Minas Gerais

apresenta-se como uma ferramenta eficiente para alinhar a estrutura de pessoal dos

órgãos e entidades aos instrumentos de contratualização de resultados e à

estratégia governamental.

22

6 REFERÊNCIAS

MINAS GERAIS. Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado. 2006. Disponível em: <http://www.planejamento.mg.gov.br/governo/publicacoes/plano_mineiro_des_ integrado.asp>. ______. Lei no 5.945, de 11 de julho de 1972. Dispõe sobre a reorganização de quadros de pessoal, diretrizes para a classificação e avaliação de cargos, Conselho Estadual de Política de Pessoal e reajustamento de vencimentos e dá outras providências. Minas Gerais, 11 de julho de 1972. ______. Decreto no 16.409, de 10 de julho de 1974. Dispõe sobre o quadro permanente a que se refere a Lei no 5.945, de 11 de julho de 1972, e dá outras providências. Minas Gerais, 10 de julho de 1974. ______. Lei no 10.961, de 14 de dezembro de 1992. Dispõe sobre as normas de elaboração do Quadro Geral e dos Quadros Especiais, estabelece as diretrizes para a instituição dos planos de carreira do pessoal civil do Poder Executivo e dá outras providências. Minas Gerais, 14 de dezembro de 1992. ______. Decreto no 36.033, de 14 de setembro de 1994. Contém o Regulamento Especial da Lei no 10.961, de 14 de dezembro de 1992, que dispõe sobre as normas de elaboração do Quadro Geral e dos Quadros Especiais, estabelece as diretrizes para a instituição dos planos de carreira do pessoal civil do Poder Executivo, e dá outras providências. Minas Gerais, 14 de setembro de 1994. ______. Decreto no 37.711, de 29 de dezembro de 1995. Institui o Quadro Geral de cargos de provimento em comissão do plano de carreira da administração direta do poder executivo, a que se refere o Decreto no 36.033, de 14 de setembro de 1994, e dá outras providencias. Minas Gerais, 29 de dezembro de 1995. ______. Lei no 11.728, de 30 de dezembro de 1994. Fixa o valor do soldo da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, altera os símbolos dos cargos de provimento em comissão de direção superior e dá outras providências. Minas Gerais, 30 de dezembro de 1994. ______. Lei no 11.819, de 31 de março de 1995. Cria a Secretaria de Estado da Criança e do Adolescente, reestrutura a Secretaria de Estado De Esportes, Lazer e Turismo e dá outras providências. Minas Gerais, 31 de março de 1995.

23

MINAS GERAIS. Lei Delegada no 38, de 26 de setembro de 1997. Dispõe sobre o ajustamento da remuneração e dos proventos dos servidores da ativa e inativos de quadros do pessoal civil e militar do poder executivo, que menciona, e dá outras providências. Minas Gerais, 26 de setembro de 1997. ______. Lei Delegada no 39, de 03 de abril de 1998. Dispõe sobre o ajustamento de vencimento e de jornada de trabalho de quadros especiais de pessoal da administração indireta do poder executivo, e dá outras providências. Minas Gerais, 03 de abril de 1998. ______. Lei Delegada no 41, de 07 de junho de 2000. Dispõe sobre a instituição da Parcela Remuneratória Complementar (PRC), devida a título de abono, para os servidores dos quadros de pessoal da administração direta, das autarquias e fundações públicas, inclusive inativos. Minas Gerais, 07 de junho de 2000. ______. Lei no 14.694, de 30 de julho de 2003. Disciplina a avaliação de desempenho institucional, o acordo de resultados, a autonomia gerencial, orçamentária e financeira, a aplicação de recursos orçamentários provenientes de economias com despesas correntes, no âmbito do poder executivo e dá outras providências. Minas Gerais, 30 de julho de 2003. ______. Decreto no 43.675, de 04 de dezembro de 2003. Dispõe sobre a avaliação institucional, o acordo de resultados e a autonomia gerencial, orçamentária e financeira, no âmbito do Poder Executivo, de que trata a Lei no 14.694, de 30 de julho de 2003. Minas Gerais, 04 de dezembro de 2003. ______. Lei no 16.658, de 05 de janeiro de 2007. Fixa o subsídio do Governador do Estado, do Vice-Governador do Estado, de Secretário de Estado e de Secretário Adjunto de Estado. Minas Gerais, 05 de janeiro de 2007. ______. Lei Delegada no 174, de 26 de janeiro de 2007. Dispõe sobre o grupo de Direção e Assessoramento do quadro geral de cargos de provimento em comissão e as funções gratificadas da Administração Direta do Poder Executivo e dá outras providencias. Minas Gerais, 26 de janeiro de 2007. ______. Lei Delegada no 175, de 26 de janeiro de 2007. Dispõe sobre o grupo de Direção e Assessoramento do quadro geral de cargos de provimento em comissão e as funções gratificadas da Administração Autárquica e Fundacional do Poder Executivo e dá outras providencias. Minas Gerais, 26 de janeiro de 2007. VILHENA, Renata et al (Org.). O choque de gestão em Minas Gerais: políticas de gestão pública para o desenvolvimento. Belo Horizonte: UFMG, 2006.

24

___________________________________________________________________

AUTORIA

Fernanda de Siqueira Neves – graduada em Administração Pública pela Escola de Governo Paulo Neves de Carvalho, da Fundação João Pinheiro (2001), em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (2004), pós-graduada no MBA em Gestão Estratégica de Pessoas pela Fundação Getulio Vargas (2007) e mestranda em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais em parceria com a Fundação Dom Cabral. É servidora de carreira da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão – SEPLAG - e atualmente é superintendente da Superintendência Central de Modernização Institucional da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG) de Minas Gerais.

Endereço eletrônico: [email protected] Marina Fernanda Junqueira da Silva – graduada em Administração Pública pela Escola de Governo Paulo Neves de Carvalho, da Fundação João Pinheiro (2003), em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (2006), pós-graduada em Direito Público pelo Centro Universitário Newton Paiva em parceria com a Associação Nacional dos Magistrados Estaduais (2007) e pós-granduanda em Direito Constitucional pela Universidade do Sul de Santa Catarina em parceria com o Instituto Luiz Flávio Gomes. É servidora de carreira da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG) de Minas Gerais e, atualmente, é diretora da Diretoria Central de Desenvolvimento Organizacional da SEPLAG.

Endereço eletrônico: [email protected]

25

ANEXO

FIGURA

Mapa Estratégico de Minas Gerais

Fonte: PMDI

ESTADO PARA RESULTADOS

ÁREAS DE RESULTADOS

DESTINATÁRIOS DAS POLÍTICAS PÚBLICASPESSOAS

INSTRUÍDAS, SAUDÁVEIS E

QUALIFICADAS

CIDADES SEGURAS E BEM CUIDADAS

EQÜIDADE ENTRE PESSOAS E

REGIÕES

JOVENS PROTAGONISTAS

EMPRESAS DINÂMICAS E INOVADORAS

PESSOAS INSTRUÍDAS, SAUDÁVEIS E

QUALIFICADAS

CIDADES SEGURAS E BEM CUIDADAS

EQÜIDADE ENTRE PESSOAS E

REGIÕES

JOVENS PROTAGONISTAS

EMPRESAS DINÂMICAS E INOVADORAS

MINAS: O MELHOR ESTADO PARA SE VIVER

PLANO MINEIRO DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO – 2007/2023

Perspectiva Integrada do

Capital Humano

Investimento e Negócios

Integração Territorial

Competitiva

Sustentabilidade Ambiental

Eqüidade eBem-estar

Rede de Cidades

Educação de Qualidade

Protagonismo Juvenil

Vida Saudável

Investimento e ValorAgregado da

Produção

Inovação, Tecnologia e

Qualidade

Logística de Integração e

Desenvolvimento

Redução da Pobreza e Inclusão

Produtiva

Defesa Social

Rede de Cidades e Serviços

Qualidade Ambiental

Desenvolvimento do Norte de Minas,

Jequitinhonha, Mucuri e Rio Doce

QU

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