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DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I DOCENTE: Msc. ELIANE COSTA DOS SANTOS SEMESTRES: 3° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB DIREITO CONSTITUCIONAL I PLANO DE AULA

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DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I DOCENTE: Msc. ELIANE COSTA DOS SANTOS SEMESTRES: 3° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

DIREITO CONSTITUCIONAL I

PLANO DE AULA

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DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I DOCENTE: Msc. ELIANE COSTA DOS SANTOS SEMESTRE: 3° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

TEORIA DA CONSTITUIÇÃO

DIREITO CONSTITUCIONAL

1. DIREITO 1.1. A CLASSIFICAÇÃO EM “RAMOS DO DIREITO” 1.2. ALOCAÇÃO DO DIREITO CONSTITUCIONAL Nas palavras de Alexandre de Moraes, o Direito Constitucional “é um ramo do Direito Público, destacado por ser fundamental à organização e funcionamento do Estado, à articulação dos elementos primários do mesmo e ao estabelecimento das bases da estrutura política”. 1.3. ORIGEM, FORMAÇÃO DO DIREITO CONSTITUCIONAL I De acordo com Paulo Bonavides, a origem da expressão Direito Constitucional,

“[...] consagrada há cerca de um século, prende-se ao triunfo político e doutrinário de alguns princípios ideológicos na organização do Estado moderno. Impuseram-se tais princípios desde a Revolução Francesa, entrando a inspirar formas políticas do chamado Estado liberal, Estado de direito ou Estado constitucional”.

1.4. CRIAÇÃO DA 1ª CADEIRA DE DIREITO CONSTITUCIONAL Segundo Paulo Bonavides, o ministro da Instrução Pública, Guizot, determinou a criação da primeira cadeira de Direito Constitucional em 1834. O primeiro mestre a lecionar a Cadeira foi Pelegrino Rossi. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

1.BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005. 2.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 3. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,

2011. 4..MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de

Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 7. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 8. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009. 9. VARGAS, Denise. Manual de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

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TEORIA DA CONSTITUIÇÃO CONSTITUCIONALISMO 1. CONSTITUCIONALISMO 1.1. CONSTITUCIONALISMO (em sentido amplo) Na visão de Marcelo Novelino, o “[...] constitucionalismo, apesar de ser um termo recente, está ligado a uma ideia bastante antiga: a existência de uma Constituição nos Estados, independentemente do momento histórico ou do regime político adotado [...]”. 1.2. CONSTITUCIONALISMO (em sentido estrito) De acordo com Alexandre de Moraes, a “origem formal do constitucionalismo está ligada às Constituições escritas e rígidas dos Estados Unidos, em 1787 [...]”. Segundo Marcelo Novelino,

“[...] Mais do que uma simples técnica constitucional, o constitucionalismo é uma técnica de liberdade que assegura direitos fundamentais aos cidadãos de modo a impedir sua violação por parte do Estado. No século XIX a teoria das garantias e a teoria do Estado de direito (Rechtsstaat) se uniram ao princípio da separação dos poderes, conferindo ao constitucionalismo sua identidade atual”.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

1.BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005. 2.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 3. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. 4..MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 7. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 8. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009. 9. VARGAS, Denise. Manual de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

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TEORIA DA CONSTITUIÇÃO

CONSTITUIÇÃO: CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO e ELEMENTOS 1.CONCEITOS 1.1.Posição de Alexandre de Moraes

“Constituição, lato sensu, é o ato de constituir, de estabelecer, de firmar; ou, ainda, o modo pelo qual se constitui uma coisa, um ser vivo, um grupo de pessoas; organização, formação. Juridicamente, porém, Constituição deve ser entendida como a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de governo e aquisição de poder de governar, distribuição de competências, direitos que deveres dos cidadãos. Além disso, é a Constituição que individualiza os órgãos competentes para edição de normas jurídicas legislativas ou administrativas”.

1.2.Sentido sociológico (defendido por Ferdinand Lassale, em seu livro “Qué es una Constitución”?), segundo Pedro Lenza, “[...] uma Constituição só seria legítima se representasse o efetivo poder social [...]. Caso isso não ocorresse, ela seria ilegítima, caracterizando-se como uma simples “folha de papel” [...]”. 1.3.Sentido político (defendido por Carl Schmitt), de acordo com José Afonso da Silva, “[...] só se refere à decisão política fundamental (estrutura e órgãos do Estado, direitos individuais, vida democrática etc); as leis constitucionais seriam os demais dispositivos inseridos no texto do documento constitucional, mas não contêm matéria de decisão política fundamental”. 1.4.Sentido jurídico, segundo Pedro Lenza,”[...] José Afonso da Silva, traduzindo o pensamento de Kelsen, observa que “...Constituição é, então, considerada norma pura, puro dever-ser, sem qualquer pretensão a fundamentação sociológica, política ou filosófica. A concepção de Kelsen toma a palavra Constituição em dois sentidos: no lógico-jurídico e no jurídico-positivo [...]”.

3.4.1.Quadro explicativo apresentado por Pedro Lenza

PLANO LÓGICO-JURÍDICO

- norma fundamental hipotética. - plano do suposto - fundamento lógico-transcendental da validade da Constituição jurídico-positiva.

PLANO JURÍDICO-POSITIVO

- norma posta, positivada. - norma positivada suprema.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA: 1.BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005. 2.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 3. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,

2011.

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4.MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 7. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 8. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009. 9. VARGAS, Denise. Manual de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

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TEORIA DA CONSTITUIÇÃO

CONSTITUIÇÃO: CLASSIFICAÇÃO

1..CLASSIFICAÇÃO (tipologia) 1.1.Quanto à ORIGEM: a)Outorgadas, segundo Pedro Lenza, “são as constituições impostas, de maneira unilateral, pelo agente revolucionário (grupo, ou governante), que não recebeu do povo a legitimidade para em nome dele atuar [...]”. b) Promulgada, de acordo com Pedro Lenza, “também chamada de democrática, votada ou popular, é aquela constituição fruto de uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita diretamente pelo povo, em nome dele, atuar, nascendo, portanto, da deliberação da representação legítima popular [...]”. c) Cesarista, segundo José Afonso da Silva, “[...].não é propriamente outorgada, mas tampouco é democrática, ainda que criada com participação popular [...] formada por plebiscito popular sobre um projeto elaborado por um Imperador (plebiscito napoleônico) ou um Ditador (plebiscito de Pinochet, no Chile [...]”. De acordo com Bernardo Gonçalves, as Constituições “[...] sem dúvida, se aproximam das Constituições Outorgadas (e se distanciam das Promulgadas), pois os processos de produção (que obviamente, conferem legitimidade ao documento constitucional) não envolvem o povo e sim algo pronto e acabado (“receita de bolo”) que, de forma populista, é submetido para digressão popular [...]”. d) Pactuadas, nas palavras de Uadi Bulos, “[...] surgem através de um pacto, são aquelas em q eu o poder constituinte originário se concentra nas mãos de mais de um titular [...]”. De acordo com Bernardo Gonçalves, “são aquelas que resultam de um acordo entre o rei (monarca) e o parlamento. Buscam desenvolver um equilíbrio não raro instável e precário, entre o princípio monárquico e o princípio da democracia”. Segundo Paulo Bonavides, “elas acabam por exprimir um compromisso instável (frágil), de forças políticas rivais: a realeza debilitada de uma parte, e a nobreza e a burguesia, em franco progresso doutra”. 1.2. Quanto à EXTENSÃO: a) Sintéticas (concisas, breves, sumárias, sucintas, básicas), de acordo com Pedro Lenza, “seriam aquelas enxutas, veiculadoras apenas dos princípios fundamentais e estruturais do Estado [...]”. b) Analíticas (amplas, extensas, largas, prolixas, longas, desenvolvidas, volumosas, inchadas), segundo Pedro Lenza, “são aquelas que abordam todos os assuntos que os representantes do povo entenderem fundamentais [...]”.

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1.1. Quanto à ALTERABILIDADE (Leda Pereira Mota e Celso Spitzcovsky), à

MUTABILIDADE (Michel Temer, Luiz Alberto David Araújo e Vidas Serrano Nunes Júnior), à ESTABILIDADE (José Afonso da Silva e Alexandre de Moraes), à CONSISTÊNCIA (Pinto Ferreira).

a) Rígidas, de acordo com Pedro Lenza, “são aquelas constituições que exigem, para a sua alteração (daí preferirmos a terminologia alterabilidade), um processo legislativo mais árduo, mais solene, mais dificultoso do que o processo de alteração das normas não constitucionais [...]”. b) Flexível, segundo Pedro Lenza, “é aquela constituição que não possui um processo legislativo de alterabilidade mais dificultoso do que o processo legislativo de alteração das normas infraconstitucionais [...]”. c) Semiflexível ou semirrígida , nas palavras de Pedro Lenza, “é aquela constituição que é tanto rígida como flexível, ou seja, algumas matérias exigem um processo de alteração mais dificultoso do que o exigido para alteração das leis infraconstitucionais, enquanto outras não requerem tal formalidade [...]”. Exemplo: Carta Imperial de 1824. A Carta de 1824, art. 174, determinava:

“Se passados quatro annos, depois de jurada a Constituição do Brazil, se conhecer, que algum dos seus artigos merece reforma, se fará a proposição por escripto, a qual deve ter origem na Câmara dos Deputados, e ser apoiada por terça parte delles”.

d) Imutáveis,de acordo com Pedro Lenza, “são aquelas constituições inalteráveis, verdadeiras relíquias históricas e que se pretendem eternas, sendo também denominadas permanentes, graníticas ou intocáveis”. e) Superrígida, segundo Alexandre de Moraes, as cláusulas pétreas, previstas na Constituição brasileira de 1988, são imutáveis; e portanto, pode ser considerada superrígida. 1.4. Quanto ao CONTEÚDO: a) Materialmente constitucional, nas palavras de Pedro Lenza, “será aquele texto que contiver as normas fundamentais e estruturais do Estado, a organização de seus órgãos, os direitos e garantias fundamentais [...]”. Segundo Bernardo Gonçalves, “é aquela escrita ou não em um documento constitucional e que contém as normas tipicamente constitutivas do Estado e da sociedade”. b) Formalmente constitucional, segundo Pedro Lenza, “será aquela constituição que elege como critério o processo de sua formação, e não o conteúdo de suas normas [...]”. De acordo com Bernardo Gonçalves, “[...] só pode ser modificada por procedimentos especiais que ela no seu corpo prevê, na medida em que normas ordinárias não a modificam, estando certo que se contrariarem a constituição serão consideradas inconstitucionais. Portanto, a Constituição formal, sem dúvida, quanto à estabilidade será rígida”. 1.5. Quanto ao modo de ELABORAÇÃO:

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a) Dogmáticas, de acordo com Meirelles Teixeira “[...] partem de teorias

preconcebidas, de planos e sistemas prévios, de ideologias bem declaradas, de

dogmas políticos [...]”.

Para Pedro Lenza afirma as Constituições dogmáticas são “[...] elaboradas de um só jato, reflexivamente, racionalmente, por uma Assembleia Constituinte [...]”. Segundo Bernardo Gonçalves, “é aquela escrita e sistematizada em um documento que traz as ideias dominantes (dogmas) em uma determinada sociedade num determinado período (contexto) histórico [...]”. b) Históricas, segundo Pedro Lenza, “constituem-se através de um lento e contínuo processo de formação ao longo da história, reunindo a história e as tradições de um povo [...]”. De acordo com Bernardo Gonçalves, “é aquela elaborada de forma esparsa (com documentos e costumes desenvolvidos) no decorrer do tempo, sendo fruto de um contínuo processo de construção e sedimentação do devir histórico [...]”. 1.6. Quanto à SISTEMÁTICA (critério sistemático): a) Reduzidas (unitárias), “seriam aquelas que se materializam em um só código básico e sistemático [...]”. b) Variadas, “seriam aquelas que se distribuiriam em vários textos e documentos esparsos, sendo formadas de várias leis constitucionais [...]”. 1.7. Quanto à DOGMÁTICA: a) Ortodoxa, segundo Pedro Lenza, “é aquela formada por uma só ideologia [...]”. b) Eclética, de acordo com Pedro Lenza, “seria aquela formada por ideologias conciliatórias [...]”. 1.7. Quanto à FORMA: a) Escrita (instrumental), de acordo com Pedro Lenza, “[...] seria a constituição formada por um conjunto de regras sistematizadas e organizadas em um único documento, estabelecendo as normas fundamentais de um Estado [...]”. b) Costumeira, não escrita ou consuetudinária, segundo Pedro Lenza, “[...] seria aquela constituição que, ao contrário da escrita, não traz as regras em um único texto solene e codificado. É formada por ‘textos’ esparsos, reconhecidos pela sociedade como fundamentais, e baseia-se nos usos, costumes, jurisprudência, convenções [...]”. Exemplo: Constituição inglesa. 1.8. Quanto à correspondência com a REALIDADE (critério ontológico – essência): a) Constituições normativas, de acordo com Bernardo Gonçalves, “são aquelas em que há adequação entre o texto constitucional (conteúdo normativo) e a realidade social. Há, portanto, uma simbiose do texto constitucional com a realidade social. Ou seja, a constituição conduz os processos de poder (e é tradutora dos anseios de justiça dos cidadãos), na medida em que detentores e destinatários de poder seguem

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(respeitam) a constituição. Como exemplos, Constituição Americana de 1787; Constituição Alemã de 1949; Constituição francesa de 1958, entre outras”. b)Constituições nominais, segundo Bernardo Gonçalves, “não há adequação do texto constitucional (conteúdo normativo) e a realidade social [....]. Não há simbiose do texto constitucional com a realidade social, o que ocorre é um descompasso do texto com a realidade social (econômica, política, educacional, jurisprudencial etc). Porém, é mister deixar consignado que existe um lado positivo nessas Constituições. Esse é o seu caráter educacional, pedagógico. Detentores do poder fizeram (produziram) o texto diferente da realidade social, mas, se o texto existe, ela pode, nos dizeres de Löewenstein, servir de “estrela guia” de “fio condutor” a ser observado pelo país, que, apesar de distante do texto, um dia poderá alcançá-lo. Exemplos, as Constituições brasileiras de 1934, 1946, 1988 [....]”. c) Constituições semânticas, de acordo com Bernardo Gonçalves, “são aquelas que traem o significado de constituição (do termo constituição). Sem dúvida, Constituição, em sua essência, é e deve ser entendida como limitação de poder. A Constituição semântica trai o conceito de constituição, pois legitima (naturaliza) práticas autoritárias de poder, ao invés de limitar o poder. A constituição semântica vem para legitimar o poder autoritário. Exemplos, Constituições brasileiras de 1937 (Getúlio Vargas), 1967-69 (governo militar)”. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA: 1.BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005. 2.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 3. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,

2011. 4.MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de

Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 7. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 8. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009. 9. VARGAS, Denise. Manual de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

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TEORIA DA CONSTITUIÇÃO

PODER CONSTITUINTE

1.PODER CONSTITUINTE 1.1.De acordo com Pedro Lenza, o poder constituinte

“[...] pode ser conceituado como o poder de elaborar (e neste caso será obrigatória) ou atualizar uma Constituição, mediante supressão, modificação ou acréscimo de normas constitucionais (sendo nesta última situação derivado do originário”.

2. TEORIA DO PODER CONSTITUINTE 2.1. “Qu’est-ce que le tiers état?, opúsculo publicado pela Abade Joseph Sièyes. O abade Sieyés começa com o plano de sua obra fazendo três perguntas que são respondidas ao longo da obra: 1ª. O que é o Terceiro Estado? – Tudo. 2ª. O que tem sido ele, até agora, na ordem política? – Nada. 3ª. O que é que ele pede? – Ser alguma coisa. 3. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO ((inicial, inaugural, de primeiro grau) 3.1. Conceito Segundo Pedro Lenza, “[...] é aquele que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem jurídica precedente”. 3.2. Exercício do poder constituinte originário a)Democráticos (poder constituinte legítimo). Exemplos: a manifestação através de uma assembleia nacional constituinte ou convenção. b)Autocrático (poder constituinte usurpado). Exemplos: Constituições de 1824, 1937, 1967. 3.3. Formas de manifestação do poder constituinte originário Segundo Denise Vargas, “o poder constituinte não está adstrito a nenhum procedimento específico. Logo, não há forma predeterminada que o condicione, não obstante possamos encontrar determinados padrões seguidos ao longo do tempo”. 3.4. As principais características apresentadas por Pedro Lenza e Marcelo Alexandrino são:

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a)inicial, segundo Denise Vargas, o poder constituinte é inicial, pois dá início a um Estado inaugurando o seu ordenamento jurídico. E nas palavras de Carlos Ayres Brito “éle é um poder simultaneamente constituinte e desconstituinte: zera a contabilidade jurídica até então existente e passa a começar tudo de novo”. b) ilimitado juridicamente, segundo Denise Vargas, na visão do Sieyès, “a nação existe antes de tudo, ela é a origem de tudo. Sua vontade é sempre legal, é a própria lei. Antes dela e acima dela só existe o direito natural”. d) incondicionado, segundo Denise Vargas, “o poder constituinte originário é incondicionado, eis que não se submete a nenhuma forma de expressão eventualmente pré-existente. Assim, não está jungido a nenhum processo predeterminado para a sua manifestação”. e) autônomo, segundo Denise Vargas, “eis que só ao exercício do poder constituinte cabe determinar quais os termos em que a nova Constituição será estruturada”. f) poder de fato e poder político. 4. PODER CONSTITUINTE DERIVADO (instituído, constituído, secundário, de segundo grau) 4.1. Conceito Nas palavras de Pedro Lenza, “[..] deve obedecer às regras colocadas e impostas pelo originário, sendo, nesse sentido, limitado e condicionado aos parâmetros a ele impostos”. 4.2. Tabela explicativa sobre o poder constituinte derivado apresentada por Denise Vargas CARACTERÍSTICAS DO

PODER CONSTITUINTE SECUNDÁRIO

NATUREZA JURÍDICA

DERIVADO “Porque ele deriva da Constituição Federal e não nasce da vontade política soberana do povo”.

“É UM PODER JURIDICO, pois deriva ou se origina de uma autorização da Constituição Federal. Logo, ele existe porque a Constituição, que é uma norma jurídica, o cria para reforma, revisão do texto constitucional ou criação de normas constitucionais pelos entes federados”.

LIMITADO “Porque encontra limites quanto á matéria jurídica, necessitando respeitar as normas jurídicas existentes na Constituição Federal.”

CONDICIONADO “Porque obedece, quanto à forma de se manifestar, a uma forma preestabelecida na Constituição Federal. Assim, por exemplo, para emendar a CF, deve-se obedecer á forma prevista na CF, e, também, para serem elaboradas normas constitucionais estaduais, municipais e distritais”.

4.3. Limites ao poder reformador

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a)Limites formais, procedimentais ou processuais, de acordo com Marcelo Novelino, há as limitações formais subjetivas que “são relacionadas à competência para propositura de emendas à Constituição” e as limitações formais objetivas que “são referentes ao processo de discussão, votação, aprovação e promulgação das propostas de emenda. Por se tratar de uma Constituição rígida, o processo legislativo das emendas (CF, art. 60) é mais dificultoso que o processo legislativo ordinário (CF, art. 47)”. b) Limitações materiais (ou substanciais), segundo Marcelo Novelino, “podem ser impeditivas de inclusão, alteração ou exclusão de determinados conteúdos no texto constitucional”. c) Limitações circunstanciais, de acordo com Marcelo Novelino, “são limitações consubstanciadas em normas aplicáveis a situações excepcionais, de extrema gravidade, nas quais a livre manifestação do poder derivado reformador possa ser ameaçada. A instabilidade institucional provocada por um momento tão delicado poderia ocasionar alterações precipitadas e desnecessárias no texto da LEX MATER”. d) Limitações temporais, segundo Marcelo Novelino, “consiste na proibição de reforma de determinados dispositivos durante certo período de tempo após a promulgação da Constituição, com a finalidade de assegurar-lhe maior estabilidade, evitando-se alterações precipitadas e desnecessárias”. 4.3. Espécies de poder constituinte derivado a)Poder constituinte derivado por reforma (arts. 59, I e 60 da CRFB/88). b) Poder constituinte derivado revisor (art. 3°, do ADCT). Na visão de Marcelo Alexandrino,

“[...] O estabelecimento desse processo simplificado de reforma teve razões históricas, relativas ao desenvolvimento dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte de 1988. Considerando a existência de relevantes debates a respeito de certos temas constitucionais (acerca da forma e regime de governo, por exemplo, cuja decisão terminou por ser legada ao povo brasileiro, por meio de plebiscito).

c) Poder constituinte derivado decorrente (art. 11 do ADCT). De acordo com Marcelo Alexandrino, o poder constituinte decorrente,

“[...] é aquele atribuído aos Estados-membros de uma federação – poder constituinte decorrente, por óbvio, só existe nos Estados que adotam a forma federativa – para se auto-organizarem mediante a elaboração de suas constituições estaduais, desde que respeitadas as regras limitativas impostas pela Constituição Federal”.

7. PODER CONSTITUINTE DIFUSO OU MATERIAL. 7.1. Conceito Segundo Pedro Lenza, “[...] pode ser caracterizado como um poder de fato e se manifesta por meio das mutações constitucionais [...]”.

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7.2. Mutação constitucional 7.2.1. Conceito De acordo com Pedro Lenza “[...] não seriam alterações “físicas”, “palpáveis”, materialmente perceptíveis, mas sim alterações no significado e sentido interpretativo de um texto constitucional [...]”. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

1.BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005. 2.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 3. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. 4.MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 7. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 8. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009. 9. VARGAS, Denise. Manual de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

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TEORIA DA CONSTITUIÇÃO

NOVA CONSTITUIÇÃO E ORDEM JURÍDICA ANTERIOR 1.DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL lato sensu 1.1.O que acontece com as normas que foram elaboradas na vigência da Constitucional anterior com o advento de uma nova Constituição? Elas são revogadas? Elas são recepcionadas? Perdem a validade????? 2. RECEPÇÃO 2.1. Segundo Pedro Lenza,

“[...] nos casos de normas infraconstitucionais produzidas antes da nova Constituição, incompatíveis com as novas regras, não se observará qualquer situação de inconstitucionalidade, mas, apenas, como vimos, de revogação da lei anterior pela nova Constituição, por falta de recepção”.

2.2. Características, apresentadas por Pedro Lenza, quando ao fenômeno da recepção:

“a)no fenômeno da recepção, só se analisa a compatibilidade material perante a nova Constituição; b) a lei, para ser recebida, conforme visto no item anterior, contudo, precisa ter compatibilidade formal e material perante a Constituição sob cuja regência foi editada; c) como a análise perante o novo ordenamento é somente do ponto de vista material, uma lei pode ter sido editada como ordinária e ser recebida como complementar; d) em complemento, um ato normativo que deixe de ter previsão no novo ordenamento poderá ser recebido. É o caso, por exemplo, do decreto-lei, que não mais existe perante o ordenamento de 1988: o Código Penal (DL n. 2.848/40) foi recebido como lei ordinária). e) se incompatível, a lei anterior será revogada, não se falando em inconstitucionalidade superveniente;) nesse caso, a técnica de controle ou é pelo sistema difuso ou pelo concentrado, mas, neste último caso, somente por meio de ADPF. Isso porque só se fala em ADI de uma lei editada a partir de 1988 e perante a CF/88 (princípio da contemporaneidade); g) é possível, ainda, uma mudança de competência legislativa, ou seja, matéria que era de competência da União pode perfeitamente passar a ser de competência legislativa dos Estados-membros; h) é possível, ainda, a recepção de somente parte de uma lei, como um artigo, um parágrafo etc.; i) a recepção ou a revogação acontecem no momento da promulgação do novo texto. Entendemos, contudo, que o STF poderá modular os efeitos da decisão, declarando o momento a partir de quando a sua decisão passa a valer”.

3,REPRISTINAÇÃO

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De acordo com o art. 2°, §3° da LICC (Lei de Introdução ao Código Civil), “salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”. Segundo Denise Vargas, “o poder constituinte poderá determinar expressamente, a legislação infraconstitucional anterior já revogada que ele deseja restaurar [...]”. 4. DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO Segundo Pedro Lenza, a desconstitucionalização é um “[...] fenômeno pelo qual as normas da Constituição anterior, desde que compatíveis com a nova ordem, permanecem em vigor, mas com o status de lei infraconstitucional. Ou seja, as normas da Constituição anterior são recepcionadas com o status de norma infraconstitucional pela nova ordem”. 5. RECEPÇÃO MATERIAL DE NORMAS CONSTITUCIONAIS De acordo com Pedro Lenza, são “[...] recebidas por prazo certo, em razão de seu caráter precário, características marcantes no fenômeno da recepção material de normas constitucionais”. Por exemplo, art. 34, caput, e seu §1°, do ADCT. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

1.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 2.FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. 3.MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 4. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 5. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 6. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 7. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.

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DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I DOCENTE: Msc. ELIANE COSTA DOS SANTOS SEMESTRES: 3° e 4° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

TEORIA DA CONSTITUIÇÃO

CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

1. NOÇÕES GERAIS 1.1.EFICÁCIA JURÍDICA Segundo Marcelo Novelino,

“[...] é a aptidão da norma para produzir os efeitos que lhe são próprios. Uma norma é eficaz quando capaz de produzir efeitos ou de ser aplicada. Em regra, vem colada à vigência, exceto nas hipóteses em que é diferida, ou seja, adiada para o futuro, como no caso das leis que criam ou majoram tributos (CF, art. 150, III, b).

1.2. EFICÁCIA SOCIAL De acordo com Marcelo Novelino,

“[...] está relacionada à produção concreta de efeitos. Uma norma é efetiva quando cumpre sua finalidade, a função social para a qual foi criada. Algumas normas constitucionais apresentam sérios problemas relativamente a sua efetividade. Uma das causas é o fato de a Constituição regular o fenômeno político, difícil de ser enquadrado dentro de parâmetros jurídicos”.

2.CLASSIFICAÇÃO QUANTO À EFICÁCIA JURÍDICA

2.1.Classificação proposta de JOSÉ AFONSO DA SILVA a)Normas constitucionais de eficácia plena (aplicação direta, imediata e integral) Segundo Pedro Lenza, “são aquelas normas da Constituição que, no momento em que entra em vigor, estão aptas a produzir os seus efeitos, independentemente de norma integrativa infraconstitucional [...]. Aproximam-se do a que a doutrina clássica norte-americana chamou de normas autoaplicáveis (self-executing, self-enforcing ou self-acting) Para Marcelo Novelino,

“Pertencem “a esta categoria, de modo geral, as normas que contenham proibições (CF, art. 145, §2°), ou vedações (CF, art. 19); as que confiram isenções (CF, art. 184, §5°), imunidades (CF, art. 53 e 150, I a VI) ou prerrogativas (CF, art. 128, §5°, I; além daquelas que não indiquem processos especiais para a sua execução ou que já se encontrem suficientemente explicitadas na definição dos interesses nelas resguardados”.

b) Normas constitucionais de eficácia contida (eficácia redutível ou restringível, com aplicabilidade direta, imediata, mas “possívelmente não integral”).

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Segundo Pedro Lenza, embora “tenham condições de, quando da promulgação da nova Constituição (ou diante da introdução de novos preceitos por emendas à Constituição, ou na hipótese do art. 5°, §3°), produzir todos os seus efeitos, poderá a norma infraconstitucional reduzir a sua abrangência”. c) Normas constitucionais de eficácia limitada, que subdividem em: c.1. Normas de princípio institutivo (ou organizatório), segundo Marcelo Novelino, são “[...] normas de eficácia limitada que dependem de lei para organizar ou dar estrutura a entidades, órgãos ou instituições previstos na Constituição [...]’. c.2. Normas de princípio programático Para Marcelo Novelino,

“[...] em vez de regular direta e imediatamente um interesse, o legislador constituinte opta por traçar apenas princípios indicativos dos fins e objetivos do Estado. Tais princípios se distinguem dos anteriores por seus fins e conteúdos, impondo aos órgãos do Estado uma finalidade a ser cumprida (obrigação de resultado), sem, no entanto, apontar os meios a serem adotados.”

Segundo Jorge de Miranda,

“[...] são de aplicação diferida, e não de aplicação ou execução imediata; mais do que comandos-regras, explicitam comandos-valores; conferem elasticidade ao ordenamento constitucional; têm como destinatários primacial – embora não único – o legislador, a cuja opção fica a ponderação do tempo e dos meios em que vêm a ser revestidas de plena eficácia (e nisso consiste a discricionariedade); não consentem que os cidadãos ou quaisquer cidadãos as invoquem já (ou imediatamente após a entrada em vigor da Constituição), pedindo aos tribunais o seu cumprimento só por si, pelo que pode haver quem afirme que os direitos que deles constam, máxime os direitos sociais, têm mais natureza de expectativas que de verdadeiros direitos subjetivos; aparecem, muitas vezes, acompanhadas de conceitos indeterminados ou parcialmente indeterminados”.

3.NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA EXAURIDA E APLICABILIDADE ESGOTADA De acordo com Marcelo Novelino, “[...] são os dispositivos da Constituição que, apesar de não terem sido revogados, já efetivaram seus comandos”. Por exemplo, arts. 2°, 3° do ADCT. 4. PREÂMBULO CONSTITUCIONAL

Nas palavras de Alexandre de Moraes,

“O preâmbulo de uma Constituição pode ser definido como documento de intenções do diploma, e consiste em uma certidão de origem e legitimidade do novo texto e uma proclamação de princípios, demonstrando a ruptura com o ordenamento jurídico constitucional anterior e o surgimento de um novo Estado. É de tradição em nosso Direito Constitucional e nele devem constar os antecedentes e enquadramento histórico da Constituição, bem como suas justificativas e seus grandes objetivos e finalidades”.

Page 18: Plano de Aula Constitucional i

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

1.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 2. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. 3.MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 4. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 5. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 6. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 7. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.

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DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I DOCENTE: Msc. ELIANE COSTA DOS SANTOS SEMESTRES: 3° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

TEORIA DA CONSTITUIÇÃO

PRINCÍPIOS DE HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL 1. PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL a)Princípio da unidade da Constituição, segundo Pedro Lenza, “Constituição deve sempre interpretada em sua globalidade com um todo [...]”. Somando-se a isto, Marcelo Alexandrino expõe as conseqüências práticas do princípio da unidade, quais sejam:

“a) todas as normas contidas na Constituição formal têm igual dignidade – não há hierarquia, relação de subordinação entre os dispositivos da Lei Maior; b) não existem normas constitucionais originárias inconstitucionais – devido à ausência de hierarquia entre os diferentes dispositivos constitucionais, não se pode reconhecer a inconstitucionalidade de uma norma constitucional em face de outra, ainda que delas constitua cláusula pétrea”. c) não existem antinomias normativas verdadeiras entre os dispositivos constitucionais – o texto constitucional deverá ser lido e interpretado de modo harmônico e com participação de seus princípios, eliminando-se com isso eventuais antinomias aparentes”.

b)Princípio do efeito integrador, segundo Marcelo Alexandrino, “[...] o princípio integrador significa que, na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, deve-se dar primazia aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração política e social e reforço da unidade política”. c) Princípio da máxima efetividade, eficiência ou interpretação efetiva, de acordo com Marcelo Alexandrino, “[...] reza que o intérprete deve atribuir à norma constitucional o sentido que lhe dê maior eficácia, mais ampla efetividade social”. d) Princípio da concordância prática ou harmonização, de acordo com Marcelo Alexandrino, tem como fundamento “[...] a ideia de igualdade de valor dos bens constitucionais (ausência de hierarquia entre dispositivos constitucionais) que, no caso de conflito ou concorrência, impede, como solução, a aniquilação de uns pela aplicação dos outros [...]”. e) Princípio da força normativa, de acordo com Marcelo Alexandrino, é elaborado por Konrad Hesse, “[...] o intérprete deve valorizar as soluções que possibilitem a atualização normativa, a eficácia e a permanência da Constituição”. f) Princípio da interpretação conforme a Constituição. Segundo Marcelo Alexandrino,

“[...] impõe que, no caso de normas polissêmicas ou plurissignificativas (que admitem mais de uma interpretação), dê-se preferência à interpretação que lhes compatibilize o sentido com o conteúdo da Constituição”.

Page 20: Plano de Aula Constitucional i

Como decorrência desse princípio, temos que: a)dentre as várias possibilidades de interpretação, deve-se escolher a que não seja contrária ao texto da Constituição; b) a regra é a conservação da validade da lei, e não a declaração de sua inconstitucionalidade; uma lei não deve ser declarada inconstitucional quando for possível conferir a ela uma interpretação em conformidade com a Constituição”.

g) Princípio da proporcionalidade ou razoabilidade Princípio da razoabilidade ou proporcionalidade (da proibição de excesso ou devido processo legal em sentido substantivo). a) Origem Nas palavras de Marcelo Alexandrino, o princípio da razoabilidade encontra sua origem nas reiteradas decisões da Corte Constitucional da Alemanha b) Subprincípios ou elementos vinculados ao princípio da razoabilidade: b.1. Adequação (idoneidade ou pertinência), “[...] significa que qualquer medida que o Poder Público adote deve ser adequada à consecução da finalidade objetivada, ou seja, a adoção de um meio deve ter possibilidade de resultar no fim que se pretende obter [..]”. b.2. Necessidade ou exigibilidade “[...]significa que a adoção de uma medida restritiva de direito só é validade se ela for indispensável para a manutenção do próprio ou de outro direito, e somente se não puder ser substituída por outra providência também eficaz, porém menos gravosa[...]”. b.3. Proporcionalidade em sentido estrito”[...] é exercido depois de verificada a adequação e necessidade da medida restritiva de direito. Confirmada a configuração dos dois primeiros elementos, cabe averiguar se os resultados positivos obtidos superam as desvantagens decorrentes da restrição a um ou outro direito[...]”. h) Princípio da justeza ou da conformidade funcional, segundo Marcelo Alexandrino, “estabelece que o órgão encarregado de interpretar a Constituição não pode chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional estabelecido pelo legislador constituinte”. i)Princípio da supremacia constitucional, de acordo com o STF, ADin, 2.215 – MC/PE, Rel. Min. Celso de Mello, j. em 17.04.2001:

“Sabemos que a supremacia da ordem constitucional traduz princípio essencial que deriva, em nosso sistema de direito positivo, do caráter eminentemente rígido de que se revestem as normas inscritas no estatuto fundamental. Nesse contexto, em que a autoridade normativa da Constituição assume decisivo poder de ordenação e de conformação da atividade estatal – que nela passa a ter o fundamento de sua própria existência, validade e eficácia -, nenhum ato de Governo (Legislativo, Executivo e Judiciário) poderá contrariar-lhe os princípios ou transgredir-lhes os preceitos, sob pena de o comportamento dos órgãos do Estado incidir em absoluta desvalia jurídica”.

j) Princípio do conteúdo implícito (Fonte: webaula – Estácio) – “o intérprete deve atentar que a Constituição estabelece comandos que não estão expressos

Page 21: Plano de Aula Constitucional i

explicitamente em seu texto, mas sim na coerência interna de seus objetivos e fundamentos”. l)Princípio da imperatividade das normas constitucionais(Fonte: webaula – Estácio) - “uma vez que todas as normas constitucionais emanam da vontade popular e são normas cogentes ou imperativas, o intérprete deve sempre lhes dar a maior extensão possível”. m)Princípio da simetria (Fonte: webaula – Estácio) - “princípio de interpretação federativo que busca adequar entre os entes os institutos da Constituição Federal às Constituições e institutos dos Estados-Membros. Por exemplo, cabe ao Presidente da República à iniciativa de leis para o aumento do efetivo das forças armadas, caberá por simetria ao Governador os projetos de lei para o aumento do efetivo da Polícia Militar, por exemplo: art. 61 da CRFB/88. n)Princípio da presunção de constitucionalidade das normas constitucionais (Fonte: webaula – Estácio) – “o intérprete deve dar às normas hierarquicamente inferiores à Constituição uma interpretação que as coadune com a Lei Maior, visto que foram fruto de um processo legislativo que, em tese, procurou adequá-las aos ‘comandos constitucionais”. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

1.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 2. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. 3.MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 4. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 5. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 6. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 7. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.

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DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I DOCENTE: Msc. ELIANE COSTA DOS SANTOS SEMESTRES: 3° e 4° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

A TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMETAIS 1.O NAZISMO 1.1.A banalidade do mal, segundo a filósofa Hannah Arendt. 1.2. Adolf Hitler e sua autobiografia Mein Kampf (“Minha luta”).

“Os direitos do homem estão acima dos direitos do Estado. Se, porém, na luta pelos direitos do homem, uma raça é subjugada, significa isso que ela pesou muito pouco na balança do destino para ter a felicidade de continuar a existir neste mundo terrestre, pois quem não é capaz de lutar pela vida tem o seu fim decretado pela providência. O mundo não foi feito para os povos covardes”,

1.3. O “Ato de Habilitação” (Ermächtigungsgesetz) e as Leis de Nuremberg,

aprovadas em 1935.

1.4. O Tribunal de Nuremberg: tribunal de exceção!?

“Já pensou quão impossível seria processar por meios legais os atos do hitlerismo”. Hans Frank, advogado pessoal de Hitler, no livro Entrevistas de Nuremberg 1.4.1. Defesa dos nazistas Nas palavras de George Marmelstein,

“O advogado de defesa, por sua vez, conseguiu com perfeição sintetizar o paradoxo daquele julgamento, no qual juízes estavam sendo acusados precisamente por cumprirem a lei: “Um juiz não lei. Ele faz cumprir as leis de seu país [...] Deveria Ernest Janning fazer cumprir as leis de seu país ou deveria ter se negado a fazê-las cumprir e se tornado um traidor? Este é o ponto crucial deste julgamento”. Segundo George Marmelstein,

“Há várias críticas, formuladas por juristas do mundo todo, a respeito do Tribunal de Nuremberg. Alega-se que o referido seria um tribunal de exceção, criado ex post facto, já que não havia qualquer base legal prévia capaz de justificar a sua instalação. Realmente, é questionável a legalidade daquela Corte. Porém, o que estava em jogo era a condenação de um regime - nazismo – que praticou diversos crimes contra a humanidade. Não se tratava de um julgamento puramente jurídico. Era na verdade, um Tribunal de Guerra [...]. A sentença condenatória, proferida pelo Tribunal de Nuremberg, apesar de todas as críticas que lhe podem ser imputadas por ter violado princípios básicos do direito penal, simbolizou, no âmbito jurídico, o surgimento de uma nova ordem mundial, onde a dignidade da pessoa humana foi reconhecida como um valor suprapositivo, que está, portanto, acima da própria lei e do próprio Estado”.

Page 23: Plano de Aula Constitucional i

3. EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (“GERAÇÕES” OU

“DIMENSÕES” DE DIREITOS)

1. Karel Vasak elaborou a “teoria das gerações dos direitos”, inspirado nas cores da

bandeira francesa.

a) Direitos fundamentais de PRIMEIRA dimensão ou geração seriam os direitos

civis e políticos, fundamentados na liberdade (liberte), que tiveram origem com as

revoluções burguesas.

b) Direitos fundamentais de SEGUNDA dimensão ou geração, por sua vez, seria a

dos direitos econômicos, sociais e culturais, baseados na igualdade (igualité),

impulsionados pela Revolução Industrial epelos problemas sociais por ela causados.

Para o doutrinador, é possível destacar os seguintes documentos históricos:

Constituição do México (1917). - Constituição de Weimar (Constituição da primeira república alemã), de 1919, na Alemanha. - Tratado de Versailles (1919); - No Brasil, a Constituição de 1934.

c) Direitos fundamentais de TERCEIRA dimensão ou geração por fim, a última geração seria a dos direitos de solidariedade, em especial o direito ao desenvolvimento, à paz e ao meio ambiente, coroando a tríade com a fraternidade (fraternité), que ganhou a força após a Segunda Guerra Mundial, especialmente após a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948. A teoria de Vasak traz o rol dos seguintes direitos de 3ª dimensão: a)direito ao desenvolvimento; b) direito à paz; c) direito ao meio ambiente; d) direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade; e) direito de comunicação. d) Direitos fundamentais de QUARTA dimensão ou geração, de acordo com Pedro Lenza, “ referida geração de direitos decorreria dos avanços no campo de engenharia genética, ao colocarem em risco a própria existência humana, por meio da manipulação do patrimônio genético”. e) Direitos fundamentais da QUINTA dimensão ou geração

O doutrinador Paulo Bonavides assevera que o direito de 5ª dimensão relaciona-se

com o direito à paz, entendida como viés da democracia participativa ou supremo

direito da humanidade.

BIBLIOGRAFIA:

1.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 2.MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Coimbra: Coimbra, Ed., 1997. 3.MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. 2ª. ed. – São Paulo: Atlas, 2009. 4.MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010.6. 6. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.

Page 24: Plano de Aula Constitucional i

76. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de

Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO. 7.SARMENTO, George. Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção curso & concurso; v. 3 /coordenação Edilson Mougenot Bonfim). 8. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 9. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.

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DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL II DOCENTE: Msc. ELIANE COSTA DOS SANTOS SEMESTRE: 3° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

CONCEITO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS

1. USO BANALIZADO DA EXPRESSÃO “direitos fundamentais”

1.1. Distinção entre direitos humanos, direitos fundamentais, garantias

fundamentais e garantias fundamentais

1.1.1. Segundo Marcelo Alexandrino, a expressão direito humano é empregada, em

regra, “ [...] para designar pretensões de respeito à pessoa humana, inseridas em

documentos de direito internacional”.

1.1.2. Conforme Marcelo Alexandrino, a expressão direito fundamental é utilizada

para “[...] designar os direitos relacionados às pessoas, inscritos em textos normativos

de cada Estado. São direitos que vigoram numa determinada ordem jurídica, sendo,

por isso, garantidos e limitados no espaço e no tempo, pois são assegurados na

medida em que o Estado os estabelece”.

1.2.3. Conforme Marcelo Alexandrino, as garantias fundamentais “são estabelecidas

pelo texto constitucional como instrumentos de proteção dos direitos fundamentais. As

garantias possibilitam que os indivíduos façam valer, frente ao Estado, os seus direitos

fundamentais [...]”.

De acordo com Bernardo Gonçalves,

”A Constituição de 1988 não estabelece a separação metodológica entre

direitos e garantias. No art. 5º, as duas estão entrelaçadas. Há, até

mesmo, enunciados em que ambos estão no mesmo texto. Podemos

mencionar como exemplo desse fenômeno o inciso X: “são invioláveis a

intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado

o direito à indenização por dano material ou moral decorrente de sua

violação”.

1.2.4. Na visão de Gonçalves, as garantias institucionais

“são aquelas que desempenham uma função de proteção de “bens

jurídicos” indispensáveis à preservação de certos valores reputados

essenciais por uma sociedade. A classificação ganhou disseminação na

doutrina de Paulo Bonavides, reportando-se a Carl Schmitt. Aqui a tutela

jus fundamental se volta para proteção das instituições, a fim de que

sejam preservadas as suas características substantivas básicas.

Exemplos de instituições é a família (art. 207 CR/1988). Por isso, mesmo

tais tipos de garantias não outorgam direitos subjetivos aos indivíduos,

como acontece com as garantias fundamentais [...]”

2. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

2.1. Segundo Alexandre de Moraes e Bernardo Gonçalves são principais

características dos direitos fundamentais são as seguintes:

Page 26: Plano de Aula Constitucional i

“a) imprescritibilidade (“os direitos fundamentais não desaparecem pelo decurso do

tempo”);

b) inalienabilidade (“não há possibilidade de transferência dos direitos fundamentais

a outrem”);

c) irrenunciabilidade (“em regra, os direitos fundamentais não podem ser objeto de

renúncia”);

d) inviolabilidade (“impossibilidade de sua não observância por disposições

infraconstitucionais ou por atos das autoridades públicas”);

e) universalidade (“devem abranger todos os indivíduos, independentemente de sua

nacionalidade, sexo, raça, credo ou convicção político-filosófica”);

f) efetividade (“a atuação do Poder Público deve ter por escopo garantir a efetivação

dos direitos fundamentais”);

g) interdependência (“as várias previsões constitucionais, apesar de autônomas,

possuem diversas interseções para atingirem suas finalidades; assim, a liberdade de

locomoção está intimamente ligada à garantia do habeas corpus, bem como à

previsão de prisão somente por flagrante delito ou por ordem da autoridade judicial”);

h) historicidade, segundo “Gilmar Mendes, compartilhando da tese de Bobbio, afirma

que os direitos fundamentais passam, entretanto, por profundo processo de evolução

ao longo da história da humanidade, permitindo a introdução de novos “remédios” de

acordo com o próprio surgimento de novas ameaças. Portanto eles vão se ‘adequado’

a novos contextos”.

b) relatividade significa que ”[...] não haveria possibilidade de absolutização de um

direito fundamental (“ilimitação” de seu manuseio) pois ele encontraria limites em

outros direitos tão fundamentais quanto ele”.

3. CONTEÚDO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

3.1. CONTEÚDO ÉTICO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

a) Nas palavras de George Marmelstein, os direitos fundamentais “possuem um

inegável conteúdo ético (aspecto material). Eles são os valores básicos para uma vida

digna em sociedade. Nesse contexto, eles estão intimamente ligados à idéia de

dignidade da pessoa humana e de limitação do poder. Afinal, em um ambiente de

opressão não há espaço para vida digna”.

b) Para George Marmestein, a ideia de dignidade humana está relacionada aos

seguintes atributos: “a) respeito à autonomia da vontade, b) respeito à integridade

física e moral, c) não coisificação do ser humano; d) garantia do mínimo existencial”.

3.2. CONTEÚDO NORMATIVO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

a) De acordo com George Marmelstein,

Page 27: Plano de Aula Constitucional i

“[...], sob o aspecto jurídico-normativo, somente podem ser considerados como direitos fundamentais aqueles valores que forem incorporados ao ordenamento constitucional de determinado país. Dentro dessa concepção, pode-se dizer que não há direitos fundamentais decorrentes da lei. A fonte primária dos direitos fundamentais é a Constituição. A lei, quando muito irá densificar, ou seja, disciplinar o exercício do direito fundamental, nunca criá-lo diretamente”.

4. CONCEITO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS

Na visão de George Marmelstein, os direitos fundamentais

“[...] são normas jurídicas, intimamente ligadas à ideia de dignidade da

pessoa humana e de limitação do poder, positivadas no plano

constitucional de determinado Estado Democrático de Direito, que, por

sua importância axiológica, fundamentam e legitimam todo o

ordenamento jurídico”.

5. DIREITOS FUNDAMENTAIS COMO DIREITOS POSITIVADOS

6. DIREITOS FUNDAMENTAIS IMPLÍCITOS

Nas palavras de George Marmelstein,

“[...] Não se deve confundir norma positivada com norma escrita, já que

existem diversos direitos fundamentais positivados de forma implícita

(não escrita), que decorrem do sistema constitucional como um todo, por

força do já citado art. 5°, §2°, da Constituição de 1988 [...]”.

7. DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

De acordo com George Marmelstein,

“Qualquer pessoa, em regra, pode ser titular de direitos fundamentais,

não importando a cor da pele, a condição financeira, a opção sexual, a

idade, a nacionalidade ou qualquer outro atributo. Não é necessário

sequer que a pessoa seja plenamente capaz. Pode ser menor de idade,

idoso, portador de deficiência mental etc”.

7.1. Os nascituros

Nas palavras de George Marmelstein,

“[...] mesmo os nascituros (fetos e embriões) são protegidos pelo

ordenamento jurídico-constitucional, já que eles são seres humanos em

potencial. Nesse sentido, por exemplo, merece ser citado um curioso

caso no qual a Comissão de Ex-Presos Políticos de São Paulo

reconheceu o direito à indenização a uma pessoa que havia sofrido

torturas quando ainda estava na barriga da mãe durante o regime militar.

Do mesmo modo, merece menção, a título de curiosidade, o Habeas

Corpus 32.159/RJ, impetrado em favor de um nascituro, que foi

conhecido e deferido pelo Superior Tribunal de Justiça para proteger o

seu direito de nascer”.

Page 28: Plano de Aula Constitucional i

7.2. Os direitos que se projetam mesmo após a morte, como o direito à imagem,

à honra, ao nome, entre outros.

Nas palavras de George Marmelstein,

“[...] entendeu-se, no Caso Garrincha, que os filhos do famoso jogador

seriam parte legítima para defender o direito à honra e à imagem do pai

falecido, que havia sido retratado de forma supostamente decadente na

biografia Estrela solitária um brasileiro chamado Garrincha, escrito por

Ruy Castro. No acórdão, ficou ementado que a honra e a imagem

“permanecem perenemente lembradas nas memórias, como bens

imortais que se prolongam para além da vida”.

7.2. Os estrangeiros não residentes e o princípio da dignidade humana

“SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. TRANSPLANTE DE MEDULA.

TRATAMENTO GRATUITO PARA ESTRANGEIROS. ART. 5° DA CF.

“Até mesmo o estrangeiro em situação irregular no País encontra-se

protegido e a ele são assegurados os direitos e garantias fundamentais

(TRF 4ª. Região, AG 2005040132106)/PR, j. 29/8/2006).

7.3. Direitos fundamentais com titularidade restrita

Segundo George Marmelstein,

“o exercício do direito fundamental independe de qualquer requisito. Isso

não significa dizer, contudo, que não possam exigir direitos

fundamentais cuja titularidade é restrita a determinada categoria de

pessoas.

Por exemplo, existem alguns direitos fundamentais que são restritos às

presidiárias. Há, ainda, alguns direitos restritos aos portadores de

deficiência, aos idosos e às mulheres, por exemplo [...]”.

7.4. As pessoas jurídicas como titulares de direitos fundamentais

Segundo George Marmelstein,

“Já que as pessoas jurídicas foram mencionadas, deve-se reconhecer

que elas também podem ser titulares de direitos fundamentais, naquilo

em que for compatível com a sua natureza [...].

Por outro lado, é possível reconhecer que as empresas são capazes de

ser titulares de direitos ligados a sua atividade econômica, como o

direito de propriedade, o direito à livre iniciativa e os direitos de caráter

fiscal (garantias constitucionais do contribuinte)”.

7.5. Titularidade dos direitos sociais

Segundo George Marmelstein,

Page 29: Plano de Aula Constitucional i

“Na verdade, todas as pessoas podem ser titulares dos direitos sociais. No entanto, o

Estado somente é obrigado a disponibilizar os serviços de saúde, educação,

assistência social etc. Desse modo, apenas as pessoas que não podem pagar pelos

serviços de saúde, de educação etc. podem, em dadas circunstâncias, exigir

juridicamente o cumprimento da norma constitucional [...]”.

8. EFICÁCIA VERTICAL E EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS

FUNDAMENTAIS

8.1. Eficácia vertical dos direitos fundamentais

De acordo com Bernardo Gonçalves,

“Na formulação clássica dos direitos fundamentais, de matriz

eminentemente liberal, os direitos fundamentais representavam limites

ao exercício do poder do Estado, de modo a barrar ação usurpadora

desde nas suas relações com os particulares [...].

Nestes termos, a relação que se dá entre Estado, de um lado, e

particular, de outro [...]”.

8.2. Eficácia horizontal dos direitos fundamentais

Segundo Daniel Sarmento,

“[...] o termo direitos fundamentais nas relações privadas é o mais

adequado, visto que em determinadas hipóteses (casos concretos) os

particulares não estão em relação horizontabilidade devido à

discrepância de uns em relação os outros. É interessante registrarmos,

que alguns doutrinadores, atualmente, falam em “eficácia desigual dos

direitos fundamentais”. Essa seria, justamente, a referente aos

particulares nas relações com outros particulares não numa relação de

horizontabilidade, mas sim, de verticalidade, ou seja, um particular (por

exemplo com grande poderio econômico) em relação a outro (por

exemplo: hiposuficiente). Nesse sentido, teríamos a eficácia diagonal dos

direitos fundamentais (e não horizontal) apesar da relação ser entre

particulares”.

8.2.1. Marco histórico do nascimento da teoria da eficácia horizontal dos direitos

fundamentais

De acordo com Bernardo Gonçalves, a doutrina e jurisprudência alemã, a partir da

década de 50 passam a reconhecer a aplicação dos direitos fundamentais nas

relações privadas.

“O Tribunal Constitucional Alemão debateu e enfrentou o tema da

eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas no famoso caso

Lüth (1958). Este se tornou uma verdadeira referência não só na

Alemanha no que diz respeito à aplicação dos direitos fundamentais nas

relações privadas. Um resumo do caso pode ser assim descrito: em

1950 Erich Lüth, presidente do clube de imprensa de Hamburgo, em um

discurso feito perante produtores e distribuidores da indústria

cinematográfica, defendeu que fosse realizado um boicote ao filme

Unsterbiliche Gelibte (Amante imortal) dirigido por Veit Harlam, em

Page 30: Plano de Aula Constitucional i

virtude de o cineasta ter elaborado filmes de conotação antissemita na

época nazista de Hitler. A produtora do filme de Harlam recorreu ao

Tribunal de Hamburgo com o objetivo de que fosse determinado a Lüth

que cessasse a conclamação ao boicote, com fundamento no art. 826 do

Código Civil (quem, de modo contrário aos bons costumes, cause danos

dolosamente a outro, está obrigado a reparar o dano). A demanda foi

acolhida pelo Tribunal. Ocorreu em virtude de tal decisão recurso por

parte de Lüth perante a Corte Constitucional, que por sua vez reformou a

sentença entendendo ter havido violação ao direito fundamental de Lüth

à liberdade de expressão. É bom que se diga que nesse caso a Corte

adotou a tese da eficácia indireta ou mediata”.

9.CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO DE 1988

a) Direitos individuais e coletivos: art. 5°. b) Direitos sociais: art. 6° a 11. c) Direitos de nacionalidade: art. 12. d) Direitos políticos: art. 14 a art. 16; e e) Direitos de organização em partidos políticos: art. 17.

BIBLIOGRAFIA:

1.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 2. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. 3.MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Coimbra: Coimbra, Ed., 1997. 4.MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. 2ª. ed. – São Paulo: Atlas, 2009. 5.MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de

Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 7.SARMENTO, George. Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção curso & concurso; v. 3 /coordenação Edilson Mougenot Bonfim). 8. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 9. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.

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DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I DOCENTE: Msc. ELIANE COSTA DOS SANTOS SEMESTRE: 3° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB DOS DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS EM ESPÉCIE NA CONSTITUIÇÃO DE

1988

DIREITO À VIDA

1.DISTINÇÃO ENTRE INVIOLABILIDADE E IRRENUNCIABILIDADE

Nas palavras de Marcelo Novelino, a inviolabilidade “consiste na proteção contra

violações por parte de terceiros. Não se confunde com a irrenunciabilidade, a qual

atinge a própria pessoa envolvida, impedindo-a de abrir mão deste direito”.

2.A INVIOLABILIDADE DO DIREITO À VIDA (CF, art. 5°, caput).

2.1. Direito à vida: dupla acepção.

a) direito a permanecer vivo.

b) direito a uma existência digna (CF, art. 170).

2.2.2. O direito à vida é um direito absoluto?

3. ABORTO

3.1. Proibição de insuficiência e a questão da legalização do aborto.

De acordo com Marcelo Novelino, a proibição de insuficiência “ocorre quando as

medidas legislativas adotadas não são suficientes para garantir uma proteção

constitucionalmente adequada aos direitos fundamentais”.

3.2.Posição do Brasil.

a) . Segundo George Marmelstein, o Código Civil (art. 2°) foi influenciado pela tradição

cristã.

b) Código Penal (art. 128, I e II).

“Art. 128. Não se pude o aborto praticado por médico: I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante; II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal”.

4. PENA DE MORTE

4.1. O Brasil e a aplicação da pena de morte.

a) Caso Manuel da Mota Coqueiro: última pena de morte aplicada no Brasil foi em 06 de março de 1885.

Segundo George Marmelstein, a partir da Wilipédia, afirma que

Page 32: Plano de Aula Constitucional i

“Manuel da Mota Coqueiro entrou para a história como o último indivíduo condenado à pena de morte no Brasil, acusado de mandar matar Francisco Bennedito da Silva e sua família. Após sua execução em 6 de março de 1885 por enforcamento, foi descoberto sua inocência, fato que fez com que o então imperador Dom Pedro II convertesse todas as sentenças de morte em prisão perpétua. A sua execução ocorreu às 2 horas da tarde e, ao ser indagado por sua última vontade, gritou com voz trêmula que era inocente e jogou uma maldição sobre a cidade, que ‘teria 100 anos de atraso pela injustiça que estava sendo feito a ele’. Após isso, seu corpo foi posto a pender no vazio e, como não se ouviu seu pescoço quebrar, o carrasco subiu nele colocando os pés em seus ombros e forçou até que se ouvisse o alto estalar da coluna vertebral se rompendo”.

b) Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (art. 5°, art. 84)

c) Código Penal Militar (art. 56) prevê a aplicação da pena de morte, por exemplo: traição, covardia, fuga em presença do inimigo, espionagem, motim, revolta ou conspiração, rendição, deserção em presença do inimigo,

5. PESQUISA COM CÉLULAS-TRONCO 5.1. A Lei n° 11.105/2005 (Lei da Biossegurança), segundo George Marmelstein,

“permitiu, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições: I – sejam embriões inviáveis; ou II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento”.

5.2. Posição do STF e a constitucionalidade da Lei de Biossegurança (Lei n° 11.105/2005). a) Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn 3510/DF). a.1) Nos termos da ADI nº 3.510: “[...] o Tribunal, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo Procurador-Geral da República contra o art. 5° da Lei federal 11.105/2005 (Lei da Biossegurança), que permite, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não usados no respectivo procedimento, e estabelece condições para essa utilização” . Informativo 497. 6. VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL À TORTURA (art. 5°, III e XLIII da CRFB/88) 6.1. Tipificação da conduta (Lei n° 9.455/97). A tortura se caracteriza na conduta de “constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental”.

BIBLIOGRAFIA:

1.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 2. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. 3.MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Coimbra: Coimbra, Ed., 1997. 4.MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. 2ª. ed. – São Paulo: Atlas, 2009.

Page 33: Plano de Aula Constitucional i

5.MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 7.SARMENTO, George. Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção curso & concurso; v. 3

/coordenação Edilson Mougenot Bonfim). 8. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 9. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.

Page 34: Plano de Aula Constitucional i

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I DOCENTE: Msc. ELIANE COSTA DOS SANTOS SEMESTRE: 3° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB DOS DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS EM ESPÉCIE NA CONSTITUIÇÃO DE

1988

DIREITO À IGUALDADE

1.O PRINCÍPIO DA ISONOMIA 1.1.Interpretação da expressão “sem distinção de qualquer natureza”. 1.2.O princípio da isonomia: a) elemento discriminador; b) justificativa racional; c) fim constitucionalmente consagrado. 2. IGUALDADE NA LEI E IGUALDADE PERANTE A LEI 2.1. Igualdade na lei “tem por destinatário precípuo o legislador, a quem é vedado valer-se da lei para estabelecer tratamento discriminatório entre pessoas que mereçam idêntico tratamento [...]”. 2.2. Igualdade perante a lei “dirige-se principalmente aos intérpretes e aplicadores da lei, impedindo que, ao concretizar um comando jurídico, eles dispensem tratamento distinto a quem a lei considerou iguais”. 4.DIREITO À IGUALDADE 4.1. Discriminação negativa, segundo Marmelstein, “[..] é a discriminação para o mal, que desrespeita o outro, que prejudica por preconceito, que retira vantagens sem motivos plausíveis, eu desconsidera o próximo pela simples vontade de menosprezar”. 4.2.Discriminação positiva, de acordo com Marmelstein, “[...] é a discriminação para o bem, que procura ajudar o semelhante, tratando-o desigualmente para dar-lhes iguais oportunidades, pensando em melhorar as condições de vida daquele que precisa de auxílio”. 5.AÇÕES AFIRMATIVAS 5.1. Conceito De acordo com Marcelo Novelino,

“[...] consistem em políticas públicas ou programas privados desenvolvidos, em regra, com caráter temporário, visando à redução de desigualdades decorrentes de discriminações (raça, etnia) ou de uma hipossuficiência, econômica (classe social) ou física (deficiência), por meio da concessão de algum tipo de vantagem compensatória de tais condições”.

5.2. O sistema de cotas

6. Normas constitucionais

Page 35: Plano de Aula Constitucional i

a) direito de as presidiárias permanecerem com seus filhos durante o período de amamentação (art. 5°, L); b) direito à licença-gestação para a mulher em período superior ao do homem (art. 7°, XVIII e XIX); c) direito de aposentadoria por idade e tempo de serviço mais curto que o dos homens (art. 40, a e b). d) Igualdade entre homens e mulheres (CRFB/88, art. 5°, I , art. 7°, XXX, art 40). e) Critérios de admissão em concursos públicos (CF, art. 7°, XXX, art. 37, II, art. 77, §5°). Súmula 683 do STF - O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7°,XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. f) Reserva de cargos (CRFB/88, art. 12, §3°). g) Proibição ao racismo (CRFB/88, art. 5°, XLII).

BIBLIOGRAFIA:

1.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 2. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,

2011. 3.MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Coimbra: Coimbra, Ed., 1997. 4..MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. 2ª. ed. – São Paulo: Atlas, 2009. 5.MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 6. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 7. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 8.SARMENTO, George. Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção curso & concurso; v. 3 /coordenação Edilson Mougenot Bonfim). 9. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 10. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.

Page 36: Plano de Aula Constitucional i

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I DOCENTE: Msc. ELIANE COSTA DOS SANTOS SEMESTRE: 4° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

DOS DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS EM ESPÉCIE NA CONSTITUIÇÃO DE 1988

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

1.PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (CRFB/88, art. 5°, II). 1.1. O Estado e o governo sub lege e per lege. 1.2. A autonomia de vontade. 2. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL 2.1. De acordo com Denise Vargas, “há matérias que estão reservadas a determinadas espécies normativas criadas apenas pelo Legislativo, de forma abstrata e geral. Assim, por exemplo, a fixação de indenização para o trabalhador despedido sem justa causa é matéria reservada tão somente à lei complementar (art. 7°, I) [...]”. 2.2. Exemplos de reserva legal, a partir da Constituição da República Federativa

do Brasil de 1988 (art. 5°, XIII, XVIII, art. 37, I, XIX e §3, §1° do art. 173).

BIBLIOGRAFIA:

1.-LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 2.MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Coimbra: Coimbra, Ed., 1997. 3.MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. 2ª. ed. – São Paulo: Atlas, 2009. 4.MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de

Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 7.SARMENTO, George. Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção curso & concurso; v. 3 /coordenação Edilson Mougenot Bonfim). 8. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 9. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.

Page 37: Plano de Aula Constitucional i

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I DOCENTE: Msc. ELIANE COSTA DOS SANTOS SEMESTRES: 3° e 4° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

DOS DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS EM ESPÉCIE NA CONSTITUIÇÃO DE

1988

DIREITOS LIGADOS À LIBERDADE

1.DIREITOS LIGADOS À LIBERDADE De acordo com Marcelo Novelino, “... a noção de liberdade não deve ser associada,

arbitrariedade, mas sim a ideia de responsabilidade, que serve como limite ao seu

exercício”.

1.1. Núcleo do valor liberdade: AUTONOMIA DA VONTADE.

1.1.1. Respeito à autonomia de vontade: proteção implícita ou expressa na

Constituição Federal de 1988.

2. LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO (art. 5°, XV, LXI, LXVIII)

2.1. Restrições ao direito de locomoção:

a) estado de sítio; b) penas restritivas; s de liberdade; c) regulamentações dos poderes públicos. 3. LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DE PENSAMENTO (art. 5°, IV)

De acordo com Marcelo Novelino, “o homem não se contenta apenas em ter suas

próprias opiniões. Ele quer expressá-las e, não raro, convencer os outros de suas

ideias”.

3.1. A liberdade de pensamento e a vedação do anonimato (art. 5°, V).

3.1.1. Posição do Supremo Tribunal Federal

a) MS 24,369, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 10.10.2002, DJ 16.10.2002.

De acordo com Otávio Piva,

“[...] para o STF, na medida em que a proibição do anonimato visa a

permitir que o autor de escritos ou publicações se exponha às

conseqüências de eventuais excessos, quem se manifesta por meio de

imprensa escrita ou falada, deve começar pela identificação. Se isso não

ocorre, a responsabilidade pela manifestação é da direção da empresa

que publicou ou transmitiu”.

b) STF, Inq. 1.957, voto do Min. Celso de Mello, julgamento em 11.05.2005, DJ

Page 38: Plano de Aula Constitucional i

11.11.2005 ( a questão do disque-denúncia, delação anônima e ou do escrito

apócrito).

De acordo com Otávio Piva,

“O STF entendeu que um dos fundamentos que afastam a possibilidade de

utilização da denúncia anônima como ato formal de instauração do

procedimento investigatório reside, precisamente, no inciso IV do art. 5° da

Constituição da República. Ficou consignado que a inclusão de escritos

anônimos não podem justificar, só por si, desde que isoladamente

considerados, a imediata instauração da persecutio criminis, pois peças

apócrifas não podem ser incorporadas, formalmente, ao processo, salvo

quando tais documentos forem produzidos pelo acusado; ou, ainda, quando

constituírem, eles próprios, o corpo de delito (como sucede com bilhetes de

resgate no delito de extorsão mediante seqüestro, honra, ou que

corporifiquem delito de ameaça ou que materialmente o crimen falsi, por

exemplo)”.

3.2.DANO MORAL E DANO MATERIAL (CRFB/88, art. 5°, V, X Segundo Otávio Piva, “... o STF, no ano de 1948 (RT 244/629), posicionou-se pela não indenização do dano moral puro ou autônomo, usando como fundamento o art. 1537 do Código Civil Brasileiro, de 1916”. 3.2.1. Dano moral e as pessoas jurídicas (súmula 227: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”). 4. LIBERDADE DE EXPRESSÃO (CRFB/88, art. 5°, IV, V, IX, XIV, art. 220).

4.1. Pensamento de Stuart Mill, apresentado por Marmelstein, sobre a importância da liberdade de expressão; “[...] a verdade tem maior probabilidade de vir à tona quando existe um “mercado” de idéias livremente divulgadas e debatidas, de modo que os cidadãos poderão tomar decisões mais acertadas se as diversas opiniões públicas puderem circular sem interferências”.

4.1. Formas de manifestação de pensamento (discursos falados, escritos, desenhos, manifestações artísticas, pinturas, desenhos, cartazes, sátira, o silêncio). 5.DIREITO DE PETIÇÃO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 5.1. A Constituição de 1988 apresentou o direito de petição sob dois ângulos: a) direito de certidão (Lei n. 9.051/95); b) direito à informação. 5.3. Legitimados De acordo com George Sarmento,

“Todos estão legitimados para fazer petições aos poderes públicos – cidadãos e pessoas jurídicas – seja para defender interesses personalíssimos, seja para tutelar direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. É também um instrumento de denúncia de disfunções da Administração Pública ou dos atos de improbidade de seus servidores. O exercício do direito de petição não exige grandes formalidades. Os

Page 39: Plano de Aula Constitucional i

requisitos de admissibilidade são mínimos, a exemplo da identificação do requerente, a exposição da fato, a demonstração do interesse e os pedidos específicos”.

Na visão de André Júnior, o direito de petição “instituto de inspiração democrática que permite aos indivíduos se dirigirem a quaisquer órgãos ou autoridades públicas (federais, estaduais ou municipais), com o fim de levar ao seu conhecimento uma queixa, pedido, informação ou reivindicação desvinculada de qualquer formalismo. 5.4. Direito de certidão e informação a)Direito de certidão e informação (art. 5º, XXXIV, “b”, XXXIII da CRFB/88), segundo George Sarmento, “são manifestações oficiais do poder público que se exteriorizam por meio de documentos subscritos pela autoridade competente que provam, confirmam, negam ou descrevem determinado fato ou ato jurídico.Possuem a presunção de veracidade e refletem a posição do Estado sobre a matéria”. 6.LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA, DE CRENÇA E DE CULTO (CF, art. 5°, VI, VII, VIII e art. 210 §1º). 6.1. Liberdade de consciência

6.1.1. Conceito

Segundo Marcelo Novelino, “... consiste na adesão a certos valores morais e

espirituais, independentes de qualquer aspecto religioso”.

6.2. Liberdade de crença

6.2.1. Conceito

De acordo com Marcelo Novelino, “...podendo se determinar no sentido de crer em

algo ou não ter crença alguma”.

6.3. Liberdade de culto

6.3.1. Conceito

Para Pontes de Miranda, “é o conjunto de atos e cerimônias com que o homem tributa

a Deus sua homenagem reverente. Consiste em demonstrações exteriores como

sacrifícios, procissões, cantos sagrados, adorações, súplicas, oferendas e donativos”.

Segundo André Júnior, o direito à liberdade

6.3.2. A laicidade (Decreto n. 119-A, de 17 de janeiro de 1890) do Estado brasileiro e

preâmbulo da Constituição Federal de 1988 (STF, ADI 2076/DFm rel. Min. Carlos

Velloso, j. 15/8/2002).

6.4. Aspectos relevantes do Estado secular

a) O Estado não deve se intrometer nas crenças pessoais de cada um.

b) As decisões tomadas na esfera pública devem ser pautadas na razão. E para

Habermas, “o exercício de um poder que não consegue justificar-se de modo imparcial

é ilegítimo”.

Page 40: Plano de Aula Constitucional i

Na visão de Marcelo Novelino,

“[...] A manifestação numa linguagem religiosa só deve ser admitida com

o reconhecimento da “ressalva de uma tradução institucional” (reserva

de tradução institucional), o que impõe a necessidade de se traduzir os

“argumentos em razões aceitáveis na base de valores e princípios de

razão pública”. (Ranier Forst)”.

6.4.2. Período imperial (Constituição Imperial de 1824). 6.4.3. Constituição Federal de 1988 (art. 19, I,). 7. ESCUSA OU OBJEÇÃO DE CONSCIẼNCIA (art. 5°, VIII, art. 15, IV) 7.1. Escusa de consciência e a prestação do serviço militar De acordo com a Lei n° 8.239/91, nas palavras de Otávio Piva,

“[...] o Serviço Alternativo ( Lei n° 8.239/1991), o qual permite que, em tempo de paz, após alistados, aqueles que alegarem imperativo de consciência decorrente de crença religiosa ou convicção filosófica ou política, poderão se eximir de atividades de caráter essencialmente militar (art. 3°, §1°)”.

O Serviço Alternativo se dará com o exercício de atividades de caráter administrativo, assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo, em substituição às atividades de caráter essencialmente militar”.

Segundo André Júnior,

“Caso o indivíduo se recuse a adimplir tanto a obrigação legal quanto a prestação alternativa, aí sim poderá ser apenado com a privação de direitos, deixando de receber o certificado de quitação militar (Lei Federal n. 8.239/91) e tendo seus direitos políticos ameaçados (CF/88, art. 15, IV)”.

7.2. A recusa de transfusão de sangue pelas Testemunhas de Jeová

Segundo Marcelo Novelino, “... as Testemunhas de Jeová consideram o sangue com “algo especial, cuja aceitação, mesmo de componentes primários-glóbulos brancos e vermelhos, plaquetas e plasma -, violaria as leis de Deus”.

7.4. Colocação de símbolos religiosos em locais públicos

7.4.1. Questionamento da presença de crucifixos religiosos nas dependências do Poder Judiciário perante o Conselho Nacional de Justiça (Pedido de providência n° 1344).

7.4.2. Segundo André Júnior, “a Presidência do TJRJ determinou a retirada de crucifixos e a desativação de sua capela em 3.2.2099”.

7.4.3. O casamento religioso produz efeitos civis na forma da lei (CF/88, art. 226, §2º). Nas palavras de André Júnior, “por imposição laica e isonômica, é preciso realçar que tais efeitos irradiam-se não apenas das cerimônias tradicionais em igrejas cristãs, sinagogas judaicas e mesquitas muçulmanas, mas advêm igualmente das celebrações ocorridas em centros espíritas e templos menos ortodoxos”. Exemplos: TJRS e TJBA.

7.5. Feriados religiosos (Seção II, do Capítulo III, Título VIII, art. 218, §2°, da Lei Maior).

Page 41: Plano de Aula Constitucional i

8. LIBERDADE DE REUNIÃO (art. 5°, X, XI, XV, XVII a XXI).

8.1. O direito de liberdade de reunião apresenta os seguintes requisitos: a) material; b) formal. 8.2. O direito de reunião, segundo George Sarmento, possui determinadas características: “a) Pluralismo de participantes – a reunião é o encontro pacífico e desarmado entre diversas pessoas que se agrupam de forma organizada para discutir assuntos de interesse coletivo. b) Duração limitada – a reunião não pode ter duração permanente, ilimitada. Será sempre um encontro episódico, após a qual o grupo de participantes se dispersará. c) Horário de funcionamento – pode ser exercido durante o dia ou à noite. d) Local da reunião – as reuniões podem acontecer em lugares abertos ou fechados, públicos ou privados. e) Objetivos específicos – em geral as reuniões possuem uma pauta de assuntos que devem ser debatidos. O encontro deve ter uma finalidade específica que seja do interesse coletivo. f) Natureza pacífica – a reunião deve transcorrer sem violência, sem uso de armas ou instrumentos que possam afetar a integridade física dos participantes ou de terceiros. A natureza pacífica da reunião é um dos principais elementos para o exercício do direito fundamental. Muitas vezes o caráter violento pode ser caracterizar não pelo uso de armas, mas pela postura dos manifestantes que se envolvem em tumultos e atos de vandalismo [...]”.

8.3. Limitações impostas à liberdade de reunião (CRBF/88, art. 5°, XV, x e XI) 8.4. LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO (CRFB/88, XVII, XVIII, a XXI). De acordo com George Sarmento, “ o direito de associação tem tripa dimensão: de um lado, assegura aos indivíduos a prerrogativa de criar e de integrar as associações; de outro, ninguém é obrigado a associar-se ou permanecer associado. Por fim a dimensão inibitória em relação ao Estado, que fica impedido de interferir no funcionamento das associações e cooperativas”. 9. LIBERDADE DE PROFISSÃO (CF, art. 1°, IV, art. 5°, XIII).

9.1. Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, art. 17: “Todo homem tem direito ao trabalho, à livre escolha do emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego”.

9.2. De acordo com Otávio Pita, a liberdade de profissão deve ser escalonada em três aspectos: a) escolha da profissão; b) exercício da profissão; c) admissão à profissão.

9.3. Possibilidade de limitação ao acesso e ao exercício de profissões (art. 5°, XIII).

9.4. Segundo André Júnior, “quando uma profissão é contemplada com um novo estatuto normativo e um conselho profissional específico, o legislador.

BIBLIOGRAFIA: 1.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 2.MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Coimbra: Coimbra, Ed., 1997. 3.MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. 2ª. ed. – São Paulo: Atlas, 2009. 4.MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de

Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 7.SARMENTO, George. Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção curso & concurso; v. 3 /coordenação Edilson Mougenot Bonfim). 8. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.

Page 42: Plano de Aula Constitucional i

9. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009

Page 43: Plano de Aula Constitucional i

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I DOCENTE: Msc. ELIANE COSTA DOS SANTOS SEMESTRES: 3° ° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

DOS DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS EM ESPÉCIE NA CONSTITUIÇÃO DE

1988

DIREITOS LIGADOS À LIBERDADE (continuação)

1.DIREITO À PRIVACIDADE

Marcelo Novelino, a “Constituição protege a privacidade (gênero), garantindo a

inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas

(espécies) e assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral

decorrente de sua violação (CF. Art. 5°, X).

2. INVIOLABILIDADE DA INTIMIDADE, DA VIDA PRIVADA, DA HONRA E DA

IMAGEM DAS PESSOAS (art. 5°, X)

2.1. Intimidade

De acordo com George Sarmento,

“de todos os direitos de personalidade, a intimidade é o mais

indevassável, o jardim secreto em que o indivíduo tem o poder de

recharçar as intromissões provenientes de terceiros. Nele estão

guardados os segredos, as lembranças, os sonhos, os projetos de vida,

os desejos, as fraquezas e todas as incursões introspectivas que a

pessoa não deseja compartilhar com ninguém.

[...] Na verdade, intimidade integra a dimensão que podemos chamar de

segredos do ser. Fatos e eventos que integram o seu patrimônio moral,

protegido pela cláusula da indevassabilidade. Isso implica a interdição à

leitura de diários ou escritos particulares, especulações sobre a vida

pessoal, estado de saúde, conteúdo do voto em eleições etc”.

2.2. Vida privada

Segundo George Sarmento,

“A vida privada, por sua vez, é o espaço protegido pela

confidencialidade. Está diretamente ligada ao círculo de relações

intersubjtivadas mantidas sob reservas ou em absoluto segredo. É o

direito subjetivo público assegurado a cada ser humano de manter sob

anominato determinadas informações restritas à sua vida particular”.

Insere-se no conteúdo do direito à privacidade: a inviolabilidade de

domicílio, de contas bancárias e aplicações financeiras, situação

patrimonial, rendimentos salarias, segredo profissional, cadastro de

clientes, sigilo de correspondência, sigilo de comunicações telegráficas,

telefônicas e de dados. Também envolve aspectos da vida pessoal,

como relações amorosas, preferências sexuais, relações familiares,

orientações religiosas, atividades associativas etc”.

Page 44: Plano de Aula Constitucional i

2.3. Honra

Nas palavras de Marcelo Novelino, “consiste na reputação do indivíduo perante o meio

social em que vive (honra objetiva) ou a estimação que possui de si próprio (honra

subjetiva).

2.3.1. Os crimes contra a honra são: a) calúnia (imputação falsa de um fato definido

como crime); b) difamação (imputação de fato ofensivo à reputação); c) injúria

(ofensa à dignidade e ao decoro).

2.3.2. A doutrina classifica a honra em duas espécies:

a) honra subjetiva, segundo George Sarmento, “se refere ao conceito que cada um

tem de si mesmo, principalmente no que se refere à sua dignidade pessoal”.

b) honra objetiva ou imagem-atributo segundo George Sarmento, “é a estima

pública, a consideração que o indivíduo gozo no seio da sociedade”.

2.4. Imagem

Segundo Marcelo Novelino, o direito à imagem sua “captação e difusão sem o consentimento da própria pessoa, salvo em hipóteses nas quais outros bens, valores, interesses ou princípios constitucionalmente consagrados justifiquem sua limitação”. 2.2.1. A doutrina classifica a imagem em duas espécies: a)imagem-retrato, segundo George Sarmento,

“consiste no direito subjetivo de dispor sobre a forma plástica e das partes do corpo (olhos, braços, cabelos, perna, nariz, boca) que individualizam determinada pessoa no meio social [...]. O registro da voz e das expressões corporais também integra o conteúdo do direito à imagem. A empresa de comunicação social sujeita-se ao dever de autenticidade, que impede a imagem, voz ou expressão sejam deformadas, distorcidas, manipuladas”.

3. INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO (CF, art. 5°, XI)

3.1.Conceito normativo de casa

Nas palavras de Otávio Piva, o conceito de casa, abrange: a) qualquer compartimento

habitado;

b) aposento ocupado de habitação coletiva em pensões, hotéis, casas de pousada; c)

dependências de casas, sendo cercadas, gradeadas, muradas.

3.2. Posição do STF

Segundo George Sarmento,

“no RHC 903/RJ, relatado pelo Ministro Celso de Mello, publicado no DJ

em 18-5-2007, ampliou o conceito de casa para fins de proteção

constitucional. A Corte entendeu que casa compreende também

aposentos de habitação coletiva (quartos de hotel, pensão, motel,

hospedaria, desde que ocupados), só podendo ser invalidados sem a

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autorização dos hóspedes, com o necessário mandado judicial, sob pena

de transformar-se em prova ilícita”.

3.2. Posição do STF (RE 251.445, Rel. Min. Celso de Mello – Informativo 197)

O Supremo Tribunal Federal analise o conceito normativo de casa como “qualquer

compartimento privado onde alguém exerce profissão ou atividade”.

3.3.Com consentimento do morador

3.4. Sem consentimento do morador: a) Em caráter emergencial b) Por determinação judicial (reserva constitucional da jurisdição)

DURANTE O DIA DURANTE A NOITE

Flagrante delito ou desastre Flagrante delito

Prestar socorro Desastre

Determinação judicial Prestar socorro

3.4. A delimitação do período diurno a) Critério físico-astronômico (intervalo que medeia a aurora e o crepúsculo): Posição de Celso de Mello. b) Critério horário (período compreendido entre as 6h e 18h): Posição de José Afonso da Silva. c) Critério misto é defendido por Alexandre de Moraes

“Entendemos que a aplicação conjunta de ambos os critérios alcança a finalidade constitucional de maior proteção ao domicílio durante a noite, resguardando-se a possibilidade de invasão domiciliar com autorização judicial, mesmo após as 18:00 horas, desde que, ainda, não seja noite (por exemplo: horário verão)”.

3.4. Cumprimento de uma decisão judicial, ainda que iniciado durante o dia, após o anoitecer. 3.5. Habitação familiar e consentimento para ingresso, no caso de haver conflito entre os moradores. 4. INVIOLABILIDADE DO SIGILO DE DADOS 4.1. Posição do STF (RE 219.780/PE, rel. Ministro Carlos Velloso) - Os dados em si não estariam protegidos, mas apenas a sua comunicação. Na decisão firmou-se o entendimento de que “a proteção a que se refere a art. 5°, XII, da Constituição é de comunicação “de dados” e não dos “dados em si mesmos”, ainda quando armazenados em computador”. 4.2.Sigilo bancário e sigilo fiscal e telefônico 5. INVIOLABILIDADE DAS CORRESPONDÊNCIAS (art. 5°, XII) 5.1.Definição de correspondência

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Na visão de Otávio Piva, é “toda comunicação escrita ou verbal, através do espaço,

por cartas, telegramas, telefone, radiotelefonia, dados informatizados, radiotelegrafia e

outros, abrangendo não só a carta, mas os demais instrumentos de comunicação”.

Segundo André Júnior,

“Assim, o sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas

pode ser restringido nas hipóteses de decretação de estado de defesa e

de sitio (CF/88, arts. 136, §1º, I, b e c, e 139, III), bem como na

interceptação por parte das autoridades competentes de carta enviada

por presidiários aos seus comparsas com orientações sobre atividades

criminosas, pois, como já decidiu o STF, a “inviolabilidade epistolar não

pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas”. Outro

exemplo seria o de interceptação por policiais de carta remetida por

seqüestradores aos familiares da vítima”.

6. A INVIOLABILIDADE DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS, DE INFORMÁTICA

E DE TELEMÁTICA

6.1. Nos termos do art. 5°, XII a disciplina da matéria depende de regulamentação

(norma de eficácia limitada).

6.2. Requisitos indispensáveis para a licitude de sua interceptação (natureza cautelar

da interceptação telefônica).

Pressupostos Lei 9.296/96 Sentido dado pela lei

Fumus boni júris Art. 2°, I Somente quando houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal, punível com reclusão. Segundo Marcelo Alexandrino, “o Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que, uma vez realizada a interceptação telefônica e provas coletadas dessa diligência podem subsidiar denúncia concernentes a crimes puníveis com pena de detenção, desde que conexos aos primeiros tipos penais (puníveis com reclusão) que justificaram a interceptação”.

Periculum in mora Art. 2 °, II Quando a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis

6.3. Gravação clandestina, interceptação: distinção

De acordo com Marcelo Novelino, a diferença está pautada nos seguintes conceitos:

a) gravação clandestina “é aquela feita por um dos interlocutores sem o conhecimento

dos demais. Pode ser telefônica, pessoal (realizada por microgravador) ou ambiental

(imagens captadas por uma câmara escondida)”.

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b) interceptação da comunicação “consiste na sua interceptação ou intromissão por

terceiro, sem consentimento de um (ou ambos) dos interlocutores [...]”.

6.5. Legítima defesa e gravação clandestina De acordo com George Sarmento, o STF considera que

“a prova lícita a gravação e divulgação de conversa telefônica sem conhecimento de terceiro que está praticando crime. O relator do Habeas Corpus n. 74.678-1/SP, Ministro Moreira Alves, foi contundente ao afirmar que “seria uma aberração considerar como violação do direito à privacidade a gravação pela própria vítima, ou ela autorizada, de atos criminosos como o diálogo de sequestradores, estelionatários e todo o tipo de achacadores”.

6.6. A inviolabilidade de correspondência poderá ainda sofrer restrições: a) estado de

defesa (CF, art. 136, § 1°, I, b); b) estado de sítio (CF, art. 139, III).

6. VEDAÇÃO À PROVA ILÍCITA (CRFB/88, art. 5°, LVI) Nas palavras de Marcelo Alexandrino, a prova ilícita não pode ser utilizada nem no processo judicial, nem nos processos administrativos (punição de um servidor público, por exemplo)” A prova ilícita originária contamina todas as demais provas obtidas a partir dela, todas as provas decorrentes são também ilícitas. É a aplicação, entre nós, da denominada teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree), também chamadas provas ilícitas por derivação.

BIBLIOGRAFIA:

1.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 2.MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Coimbra: Coimbra, ed. 1997. 3.MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. 2ª. ed. – São Paulo: Atlas, 2009. 4.MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 7.SARMENTO, George. Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção curso & concurso; v. 3 /coordenação Edilson Mougenot Bonfim). 8. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 9. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.

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DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I DOCENTE: Msc. ELIANE COSTA DOS SANTOS SEMESTRE: 3° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

DOS DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS EM ESPÉCIE NA CONSTITUIÇÃO DE 1988

DIREITO DE PROPRIEDADE 1.INVIOLABILIDADE DO DIREITO DE PROPRIEDADE (CF, art. 5°, “caput”, inciso XXII, art. 170, II e III, art. 176, art. 177, art. 178, art. 186, art. 222, entre outros). 1.2. Posição do STF – ADI (MC) 2.213/DF, rel. Ministro Celso de Mello:

“[...] O direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto, eis que, sobre ele, pesa grave hipoteca social, a significar que, descumprida a função social que lhe é inerente (CF, art. 5°, XXII), legitimar-se-á a intervenção estatal na esfera dominial privada, observados, contudo, para esse efeito, os limites, as formas e os procedimentos fixados na própria Constituição da República”.

2.REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA (CF, art. 5°, XXV) 2.1. Conceito Segundo Marcelo Alexandrino, “é o instrumento estatal mediante o qual, em situação de perigo público iminente, o Estado utiliza bens móveis, imóveis ou serviços particulares com indenização ulterior, se houver dano”. 3.DESAPROPRIAÇÃO (CF, art. 5°, XXIV) 3.1.Conceito Nas palavras de Marcelo Novelino, “é a transferência compulsória da propriedade particular por determinação do Poder Público, nos casos de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social”. 4. USUCAPIÃO 4.1. Usucapião de imóvel urbano (CF, art. 183) 4.2. Usucapião de imóvel rural (CF, art. 191) 4.3. Imprescritibilidade dos bens públicos (CF, art. 183, §3°, art. 191, parágrafo único) 5.PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL À PEQUENA PROPRIEDADE RURAL (art.153, §4°, II, art. 5°, XXVI/88) 5.1.Elementos essenciais à impenhorabilidade: a) pequena propriedade rural; b) propriedade que seja subsistência e trabalhada pela família; c) as dívidas contraídas em decorrência da atividade produtiva.

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5.2.Relatividade quanto à impenhorabilidade Segundo Otávio Piva, “a pequena propriedade não poderá ser objeto de penhora se o agricultor, a exemplo, deixar de pagar divida contraída com a compra de insumos ou sementes. Todavia, se houver feito dívidas que não se relacionem com sua atividade produtiva, a terra poderá ser penhorada”. 6.INVIOLABILIDADE À PROPRIEDADE IMATERIAL 6.1.Propriedade intelectual a) direitos do autor (CRFB/88, art. 5°, XXVII e XXVIII e a Lei n° 9.610/98) 7.DIREITO À HERANÇA (CF, art. 5°, XXX, XXXI, art. 150, IV, art. 155, I) 7.1.Transmissão da herança

Herança Conceito: “É o patrimônio do falecido, isto é, o conjunto de direitos e deveres que se transmitem aos herdeiros. A herança é uma universalidade, é indivisível até a partilha; é um condomínio forçado”.

Momento

Morte do de cujus (art. 1.784 do CC)

Lugar O último domicílio do falecido (art.

7.2. Aplicação da lei brasileira e a sucessão hereditária Segundo George Sarmento, “Aplicação da lei brasileira é a regra geral em matéria de sucessão de estrangeiro domiciliado no Brasil (jus domicilii). Ela só será afastada na hipótese de a lei estrangeira ser mais favorável ao cônjuge e aos filhos brasileiros (jus patriae)”. Em resumo, a matéria disciplinada por lei infraconstitucional deve observar os seguintes pressupostos: “1º - O de cujus deve ser estrangeiro e possuir cônjuge ou filhos brasileiros. 2º - A sucessão deve recair sobre valores ou bens (móveis, imóveis ou semoventes) que estejam no Brasil e que integrem a propriedade do estrangeiro. 3º - A legislação ordinária brasileira deve ser concebida para beneficiar o cônjuge e/ou os filhos brasileiros”. BIBLIOGRAFIA: 1.-LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 2.MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Coimbra: Coimbra, Ed., 1997. 3.MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. 2ª. ed. – São Paulo: Atlas, 2009. 4.MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO,

7.SARMENTO, George. Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção curso & concurso; v. 3 /coordenação Edilson Mougenot Bonfim). 8. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 9. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009

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DOCENTE: Msc. ELIANE COSTA DOS SANTOS SEMESTRE: 3° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

DOS DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS EM ESPÉCIE NA CONSTITUIÇÃO DE

1988 DIREITO À SEGURANÇA JURÍDICA

1. PROTEÇÃO ATO JURÍDICO PERFEITO, DA COISA JULGADA E DO DIREITO ADQUIRIDO (CF, art. 5°, XXXVI) E A PROIBIÇÃO DE LEIS RETROATIVAS 1.1.DIREITO ADQUIRIDO De acordo com Marcelo Alexandrino, direito adquirido é direito [...]que se aperfeiçoou, que reuniu todos os elementos necessários à sua formação sob a vigência de determinada lei”. 1.2. ATO JURÍDICO PERFEITO, segundo George Marmelstein, “é aquele ato que

já se consumou, estando apto a produzir seus efeitos (p.ex. um contrato assinado e sem vi

1.3. cios é um ato jurídico perfeito)”. 1.3.COISA JULGADA, segundo George Marmelstein, “é a sentença judicial que já transitou em julgado, ou seja, que não pode ser mais modificada na via recursal” (LICC, art.6°, §3°) 1.4. Crítica ao art. 6°, §3° da LICC, posição doutrinária de José Afonso da Silva: distinção entre a coisa julgada formal e a coisa julgada material

1.4.1. Coisa julgada material

“[...] A garantia, aqui, refere-se à coisa julgada material, não à coisa julgada formal. Ficou, pois, superada a definição do art. 6°, § 3°, da Lei de Introdução do Código Civil. Prevalece, hoje, o conceito do Código de Processo Civil: Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário (art. 467)”.

1.4.2. Coisa julgada formal, segundo Marcelo Novelino, “[...] produz apenas efeitos endoprocessuais, tornando a sentença insusceptível de reexame e imutável dentro do mesmo processo”. 2.PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO (ou princípio da RESERVA DA JURISDIÇÃO) E A INEXISTÊNCIA DE JURISDIÇÃO CONDICIONADA 2.1..Justiça desportiva e o acesso ao Poder Judiciário (CF, art. 217, §1°)

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De acordo com Otávio Piva, [...] não se está propriamente exigindo o esgotamento da via administrativa, mas sim obrigando que haja a prévia provocação, o que são realidades totalmente distintas[...]”. 2.2. Lei do habeas data e o acesso ao Judiciário a)A Lei 9.507/97, art. 8°, parágrafo único, dispõe as exigências necessárias para que o autor da acão possa impetrar o habeas data: I – da recusa ao acesso às informações ou do decurso de prazo de mais de dez dias, sem decisão; ou II – da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de prazo de mais de quinze dias, sem decisão; ou III – de recusa em fazer-se a anotação a que se refere o §2°do art. 4° ou do decurso de mais de quinze dias sem decisão. 2.3. Princípio do duplo grau de jurisdição (princípio da recursividade) e a inexistência da obrigatoriedade de duplo grau de jurisdição a)Segundo George Sarmento, “o princípio do duplo grau de jurisdição não foi previsto explicitamente na Constituição Federal. Entretanto, está consignado no art. 2º, h, do Pacto de São José da Costa Rica, como “o direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior”. b) Impossibilidade de duplo grau de jurisdição: 1. CF, art. 52, I; 2. CF, art. 102, I, “a”. 7.PROIBIÇÃO DE JUÍZO OU TRIBUNAL DE EXCEÇÃO (CF, art. 5°, XXXVII, LII) De acordo com Marcelo Alexandrino, o art. 5, inciso XXXVII e LII,

“[...] assegura ao indivíduo a atuação imparcial do Poder Judiciário na apreciação das questões posta em juízo. Obsta que, por arbitrariedade ou casuísmo, seja estabelecido tribunal ou juízo excepcional (tribunais instituídos ad hoc, ou seja, para o julgamento de um caso específico, e ex post facto, isto é, criadas depois do caso que será julgado), ou seja, conferida competência não prevista constitucionalmente a quaisquer órgãos julgadores”.

2. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL (CF, art. 5°, LIV)

3.1. O devido processual legal é observado sob dois planos: a) plano processual (procedural due processo of law);b) plano material (substantive due process of law) 1.1.1. Plano processual (procedural due processo of law) 3.1.2.. Plano material (substantive due process of law ou proibição de excesso) a) Origem Nas palavras de Marcelo Alexandrino, o princípio da razoabilidade encontra sua origem nas reiteradas decisões da Corte Constitucional da Alemanha 3.2. O princípio do devido processo legal é está previsto em diversos dispositivos constitucionais, tais como: arts. 5°,caput, XXXV, XXXVII, LV,LVI, LVII, LX, LXI, LXI, LXXVII, direito à proporcionalidade, direito ao duplo grau de jurisdição (nas palavras do STF não tem sede constitucional). 4. GARANTIA DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA

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4.1. Ampla defesa Segundo Marcelo Alexandrino, “[...] o direito dado ao indivíduo de trazer ao processo, administrativo ou judicial, todos os elementos de prova licitamente obtidos para provar a verdade, ou até mesmo de omitir-se ou calar-se se assim entender, para evitar sua auto-incriminação”. 4.2. Contraditório Nas palavras de Marcelo Alexandrino, o contraditório,

“[...] entende-se o direito que tem o indivíduo de tomar conhecimento e contraditar tudo o que é levado pela parte adversa ao processo. É o princípio constitucional do contraditório que impõe a condução dialética do processo (par conditio), significando que, a todo ato produzido pela acusação, caberá igual direito de defesa de opor-se, de apresentar suas contra-razões, de levar ao juiz do feito uma versão ou uma interpretação diversa daquela apontada pelo autor. O contraditório assegura, também, a igualdade das partes no processo, pois equipara, no feito, o direito de acusação com o direito de defesa [...]”.

5.JÚRI POPULAR (art. 5, XXXVIII) 5.1. Competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida (Parte Especial do Código Penal, Título I, Capítulo I) a) Homicídio doloso, simples, qualificado ou privilegiado. b) Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio. c) Aborto. d) Infanticídio. 5.2. Crimes dolosos contra a vida não submetidos ao tribunal do júri(CF, arts. 29, VIII, 96, III, 108, I, a e 102, I, b e c). 6. DIREITO AO SILÊNCIO ou DIREITO DE NÃO SE AUTOINCRIMINAR (CF, art. 5°, LXIII) a)Posição do STF Segundo o STF, HC 79.812, Rel. Min. Celso de Mello, o direito de permanecer calado (nemo tenetur se detegere) “[...] traduz direito público subjetivo assegurado a qualquer pessoa que, na condição de testemunha, de indiciado ou de réu, deva prestar depoimento perante órgãos de Poder Legislativo, do Poder Executivo ou do Poder Judiciário”. b) Direito de mentir De acordo com STF, HC, 75.257, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento 17.06.1997, assevera que [...] o direito de permanecer em silêncio, decorre o direito do acusado negar, mesmo que falsamente, a prática de determinado delito[...]”. c) Direito de permanecer em silêncio – dever de advertência da autoridade, sob pena de nulidade Na posição do STF, HC 80.949, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 30.10.2001, [...] a falta de advertência – e de documentação formal – faz ilícita a prova que, contra si mesmo, forneça o indiciado ou acusado no interrogatório formal[...]”.

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d) Direito ao silêncio frente às comissões parlamentares de inquérito De acordo com a decisão do STF, HC 73.035/DF, Min. Rel. Celso de Mello, o depoente, na CPI, possui os seguintes direitos e deveres: “a) dever de comparecer; b) dever de responder às indagações; c) dever de dizer a verdade; d) direito de não responder se a resposta envolver o dever de sigilo profissional; e) direito de não responder se, de algum modo, a resposta que lhe for exigida puder acarretar grave dano”. 7. APLICAÇÃO DO ART. 5°, XLVII. a) Pena de morte (aplicação da cláusula pétrea e o Código Penal Militar, arts. 56 e 57) b) Penas de caráter perpétuo b.1. STF, RE 212.198/RS, Rel. Marco Aurélio, 16.11.2001 (Informativo 252). b.2. STF, RE 154.134, Rel. Sydney Sanches, 16.12.1998 (Informativo 136). c) Pena de banimento (Código Penal de 1890 e abolição de pena de morte na Constituição de 1891) c.1. Aplicação da pena de banimento (CF/69, art. 153, §11). d) Penas cruéis De acordo com José Antônio Paganella Bochi, as penas cruéis são “quaisquer medidas que, por si mesmas, causem padecimento desnecessário[...]”. 8. CRIMES IMPRESCRITÍVEIS (art. 5º XLIV e XLIII) 8.1. Ação de grupos armados civis ou militares contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. 5º XLIV). Segundo Otávio Piva, não existe [...]até o momento, enquadramento penal moderno para ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional”. 8.2. Racismo (art. 5º XLIII) 9. EXTRADIÇÃO (art. 5°, LI) 9.1. Conceito De acordo com Otávio Piva, a extradição “é o ato pelo qual o Governo de um Estado entrega uma pessoa que se encontra em seu território à Justiça de outro Estado que a reivindica, com intuito de processá-la, julgá-la ou par cumprir a pena”. 9.2. Natureza jurídica Nas palavras de Otávio Piva, é

“[...] ato da conveniência do Poder Executivo, por meio de Decreto. Contudo, no que diz respeito à fase judicial de julgamento do pedido extradicional que antecede à extradição propriamente dita, essa possui natureza de ação especial, de caráter constitutivo, que objetiva a formação de título jurídico apto a legitimar o Poder Executivo da União a efetivar, com fundamento em tratado internacional, ou em compromisso de reciprocidade, a entrega do súdito reclamado”.

9.3. Classificação

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a) Ativa: quando o pedido de entrega é solicitado pelo Brasil a outro Estado. b) Passiva: acontece quando o pedido é solicitado ao Brasil por outro Estado. 9.4. Pressupostos gerais. a) A concessão da extradição pode ser fundamentada em tratado ou no caso de reciprocidade. 9.5. Extradição de portugueses a) A situação jurídica dos portugueses no Brasil. b) Tratado de Amizade (Decreto 3.927/01), celebrado em Porto Seguro/BA, em 22.04.2000. c) Os portugueses podem ser extraditados nas seguintes situações: “1. Por crime comum praticado antes do reconhecimento de sua equiparação; 2. Por comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes ou drogas afins, independentemente do momento que o crime foi cometido; 2. Exclusivamente para Portugal, nos termos do art. 18 do Decreto n. 3.927/2001”. d) Aplicação do art. 5°, LII (extradição por motivo político) a) Posição do STF sobre os atos de terrorismo, segundo Marcelo Alexandrino, “[...] deixou assente que os atos de natureza terrorista, considerados os parâmetros consagrados pela vigente Constituição da República, não se submetem à noção de criminalidade política, pois a Lei Fundamental proclamou o repúdio ao terrorismo como um dos princípios essenciais que devem reger o Estado brasileiro em suas relações internacionais (CF, art. 4 °, VIII), além de haver qualificado o terrorismo, para efeito de repressão interna, como crime equiparável aos delitos hediondos [...]”. 23.10. Quadro explicativo por Otávio Piva e Bernardo Gonçalves. Espécie Base legal Quando se aplica?

EXTRADIÇÃO PASSIVA

Lei n. 7.815/1980 RI STF

Quando o Governo de um Estado estrangeiro solicita entrega à sua Justiça de uma pessoa que se encontra em no território brasileiro, para os fins de processá-la, julgá-la ou para cumprir a pena. Pressupõe infração penal cometida no exterior.

EXPULSÃO

Lei n. 6.815/1980 Decreto 98.961/1990

Ao estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranqüilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais, ou no caso de condenação por tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. Pressupõe infração cometida no

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território brasileiro.

DEPORTAÇAO

Lei 6.815/1980

Nos casos de entrega ou estada irregular de estrangeiro, se este não se retirar voluntariamente do território nacional no prazo fixado em Regulamento

ASILO POLÍTICO

Art. 4º da CRFBB/88

Segundo Bernardo Gonçalves, “é o acolhimento do estrangeiro por parte de um Estado que não é o seu sob o fundamento de perseguição sofrida pelo mesmo e praticada sem seu próprio país ou em um terceiro pais. Sem dúvida, os motivos de perseguição que vão ensejar o asilo político envolvem a liberdade de manifestação de pensamento ou de expressão, a dissidência política ou mesmo crimes de cunho político que não configuram delitos do direito penal comum.

REFÚGIO Lei nº 9.474/97 Segundo Bernado Gonçalves, “a)devido a fundados temores de perseguição por motivo de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, encontre-se fora de seu país de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal país; b) não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua residência habitual, não possa ou não queira regressar a ele, em função de circunstâncias descritas no inciso anterior; c) devido à grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país”.

e) O que se entende por princípio da especialidade? Segundo Marcelo Alexandrino, “[...] o extraditado somente poderá ser processado e julgado pelo país requerente pelo delito objeto do pedido de extradição[...]”. f)O que se entende por “pedido de extensão”? De acordo com Marcelo Alexandrino “[...] é a permissão, solicitada pelo país estrangeiro, para processar a pessoa já extraditada por qualquer delito praticado antes da extradição e diverso daquele que motivou o pedido extradicional, desde que o Estado requerido expressamente autorize”. 10. APLICAÇÃO DO ART. 5°, LXXVI

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a)Segundo Otávio Piva, o STF, considerou constitucional a Lei 9.534/97, que dispõe sobre a gratuidade do registro de nascimento e óbito. “Considerou o STF, ainda que não ofenda o princípio da proporcionalidade a lei que isenta os ‘reconhecidamente pobres’ do pagamento dos emolumentos devidos pela expedição de registro civil de nascimento e de óbito, bem como a primeira certidão respectiva”. 11. APLICAÇÃO DO ART. 5°, LXXVIII (Reforma do Judiciário – EC n. 45/2004) O dispositivo constitucional deve ser considerado sob dois aspectos:

“a) o direito subjetivo público, assegurado a todas as pessoas, de exigir do Estado a prestação jurisdicional e administrativa célebre e de boa qualidade; b) a imposição de prestação positiva ao Estado no sentido de criar instrumentos legislativos e políticas públicas destinadas a assegurar a celeridade dos processos”.

12. APLICAÇÃO DO ART. 5°, §1°. Para George Sarmento, o art. 5º, §1º, “significa dizer que os direitos fundamentais estão aptos para serem aplicados pelos magistrados nos casos concretos a partir da Promulgação do texto constitucional” 30. APLICAÇÃO DO ART. 5°, §2°, §3° (tabela de George Sarmento).

Tratados Internacionais incorporados no sistema jurídico brasileiro

Hierarquia no ordenamento jurídico brasileiro

Tratados internacionais gerais, que não contenham matérias de direitos humanos

Equivalência com a lei ordinária no ordenamento jurídico.

Tratados de Direitos Humanos incorporados antes da promulgação da Constituição de 1988.

Direitos fundamentais, que integram o sistema jurídico brasileiro na condição de norma materialmente constitucional, em decorrência do que prescreve o §2º da CRFB/88.

Tratados de Direitos Humanos incorporados sob a égide da Constituição de 1988, antes da EC 45.

Eles possuem valor supralegal (Gilmar Mendes), posição atual do STF, ou valor constitucional (Celso de Mello), que tudo indica será o novo posicionamento da Corte.

Tratados de Direitos Humanos incorporados após a EC 45

Serão equivalentes às emendas constitucionais, desde que o processo legislativo de incorporação respeite o procedimento previsto na CRFB, art. 5º, §3º.

31. Aplicação do art. 5º, §4º (inovação trazida pela Reforma do Judiciário 31.1. Criação do Tribunal Penal Internacional Segundo George Sarmento, o “ Tribunal Penal Internacional foi criado pelo Estatuto de Roma em 1998. Sediado em Haia, na Holanda, é uma instituição permanente e complementar às jurisdições nacionais no julgamento de crimes de maior gravidade com repercussão internacional”. 31.2. Incorporação ao sistema jurídico brasileiro: Decreto n. 4.388, de 25 de setembro de 2002.

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31.3. Os crimes sujeitos à jurisdição do Tribunal Penal Internacional são (George Sarmento): a)Crimes de genocídio: delitos cometidos com o desiderato de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, ético, racial ou religioso, “por meio de condutas, como homicídios, ofensas graves à integridade física e mental de seus membros, degradação da qualidade de vida, medidas que impeçam a procriação, transferência forçada de criança de um grupo para outro”. b) Crimes contra a humanidade: delitos cometidos, segundo George Sarmento, “no quadro de um ataque, generalizado, sistemático e deliberado, contra qualquer população civil, que implique homicídio, extermínio, escravidão, deportação, transferência forçada de uma população, prisões arbitrárias, torturas, agressões sexuais, desaparecimento de pessoas, crime de apartheid, perseguições políticas, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero”. c) Crime de guerra: delitos praticados contra a convenção de Genebra (1949), tais como, homicídio doloso, tortura, ataques à integridade da população civil, tomada de reféns, saques à cidades etc. d) Crimes de agressão: o Estatuto de Roma, segundo George Sarmento, “não descreve as condutas criminosas, condicionando sua atuação a uma dimensão que tipifique o delito e estabeleça as condições em que o Tribunal internacional terá competência jurisdicional”. 31.4. Competência jurisdicional do TPI De acordo com George Sarmento,

“A Corte não tem competência primária para julgamento dos réus. Ou seja, o processo não pode ser encaminhado ao TPI sem antes passar pelas instâncias jurisdicionais do país de origem. Portanto, sua atuação não substitui as jurisdições penais nacionais. A matéria rege-se pelo princípio da complementaridade”.

BIBLIOGRAFIA: 1.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 2.MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Coimbra: Coimbra, Ed.

, 1997. 3.MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. 2ª. ed. – São Paulo: Atlas, 2009. 4.MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO. 7.SARMENTO, George. Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção curso & concurso; v. 3 /coordenação Edilson Mougenot Bonfim). 8. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 9. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009

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DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I DOCENTE: Msc. ELIANE COSTA DOS SANTOS SEMESTRE: 3° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

DIREITOS DE NACIONALIDADE

1.DA NACIONALIDADE 1.1 Conceito Segundo Marcelo Alexandrino, “é o vínculo jurídico-político de direito público interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da dimensão do Estado”. 3. DISTINÇÃO ENTRE NAÇÃO, POVO, POPULAÇÃO, NACIONAIS, CIDADÃOS E 4. POLIPÁTRIDA. 2.1. Nação 2.1. População 2.2. Povo (“é o conjunto de pessoas que fazem parte de um Estado, é o elemento humano do Estado, ligado a este pelo vínculo da nacionalidade”). 2.3. Nacionais (“são todos aqueles que o Direito de um Estado define como tais; são todos aqueles que se encontram presos ao Estado por um vínculo jurídico que os qualifica como seus integrantes”). 2.4. Cidadão 2.5. Polipátrida 2.6. Apátrida (heimatlos) 3.ESPÉCIES DE NACIONALIDADE

a) Nacionalidade primária (originária) é a resultante “de fato natural (nascimento), a partir do qual, de acordo com os critérios adotados pelo Estado (sangüineos ou territoriais), será estabelecida [...]”. b) Nacionalidade secundária (derivada/adquirida) é a resultante de “ato volitivo, depois do nascimento (em regra, pela naturalização) [...]”. 4. CRITÉRIOS DE ATRIBUIÇÃO DE NACIONALIDADE PRIMÁRIA a) Origem sangüinea - ius sanguinis (será nacional de um país, aquele que for descendente dos nacionais daquele país).

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b) Origem territorial – ius solis (será nacional de um país, aquele que nascer no território daquele país, independentemente dos seus ascendentes). 5. ANÁLISE ESPECÍFICA DO BRASIL 5.1. NACIONALIDADE PRIMÁRIA (aquisição originária) a)Aplicação do art. 12°, I, “a”: critério territorial puro b) Aplicação do art. 12°, I, “b”: critério sanguíneo mais critério funcional.

c) Aplicação do art. 12°, I, “c”:critério sanguíneo mais registro em repartição em repartição brasileira competente . Emenda constitucional 54/07, art. 2º, art. 95 do ADCT. c.1) Aplicação do art. 12°, I, “c”, in fine: critério sanguíneo, mais critério residencial e mais opção confirmativa (aquisição originária potestativa). Portando, são duas hipóteses: a) o indivíduo se tornar brasileiro nato com o registro que funciona de forma equivalente ao registro realizado no cartório de registro civil no Brasil; b) o indivíduo filho de pai e mãe brasileira vir para o Brasil a qualquer tempo e realizar a opção confirmativa, irá operar com efeitos retroativos (ex tunc) à data da residência (tida como fato gerado nacionalidade). 5.2. NACIONALIDADE SECUNDÁRIA (aquisição secundária). a) Tipos de naturalização: a.1. Naturalização tácita “é aquela adquirida independentemente de manifestação expressa do naturalizando, por força das regras jurídicas de nacionalidade adotadas por determinado Estado”. A grande naturalização prevista art. 69, §4°, da Constituição de 1891 preconizava:

“São cidadãos brasileiros: os estrangeiros que, achando-se no Brasil aos 15 de novembro de 1889, dentro de seis meses depois de entrar em vigor a Constituição, o ânimo de conservar a nacionalidade de origem”. Conforme o mesmo art. 69, §5º: “são cidadãos brasileiros: os estrangeiros que possuírem bens imóveis no Brasil e forem casados com brasileiros ou tiverem filhos brasileiros contanto que residam no Brasil, salvo se manifestarem a intenção de não mudar de nacionalidade”.

De acordo com Bernardo Gonçalves,

“Nesse item é importante salientar duas questões: a) a hipótese de naturalização tácita também ocorreu anteriormente à 1ª Constituição da República de 1891, pois a Constituição do Império de 1824 consagrou no seu art. 6º a naturalização tácita para os portugueses residentes no Brasil na época da Proclamação da Independência Pátria. Porém, é mister diferenciar, visto que a mesma só se referia aos portugueses e não a todos os estrangeiros residentes no Brasil, como na hipótese presente na Constituição de 1891 [...]”.

a.2. Naturalização expressa é aquela que “depende de requerimento do interessado, demonstrando sua intenção de adquirir nova nacionalidade”.

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a.2.1. São hipóteses previstas na Constituição de 1988: 1.Naturalização ordinária: a)Hipótese prevista na Lei 6.815/80, art. 112 c/c 113. b) Hipótese prevista no art. 12, II, “a” da CRFB/88. b.1. Requisitos necessários: capacidade civil; 1 (um) ano de residência ininterrupto; idoneidade moral. c) Hipóteses previstas no art. 115 §2º da Lei 6.815/80, que foram recepcionadas pela CRFB/88, são: c.1. radicação precoce: segundo Bernardo Gonçalves, “quando o indivíduo vem para o Brasil antes de completar 5 anos, alcançada a maioridade ele terá 2 anos para requerer a naturalização”. c.2. conclusão de curso superior: “o estrangeiro deve vir para o Brasil antes da maioridade, e, se concluído o curso superior no Brasil, ele terá o prazo de 1(um) ano após a conclusão para requerer a naturalização”. 2. Naturalização extraordinária, também chamada de potestativa

a) Hipótese prevista no art.12, II, “b”, da CRFB/88. a.1. Requisitos: a) capacidade civil; b) 15 anos de residência ininterrupta no Brasil; c) ausência da condenação penal. De acordo com Bernardo Gonçalves,

Preenchidos os três requisitos, o Presidente da República, diferentemente das hipóteses da naturalização ordinária, é obrigado a decretar a naturalização requerida, não tendo o Chefe do Executivo discricionariedade para negar o pedido. Esse entendimento é o majoritário em virtude da dicção constitucional do art. 12, II, “b”.

7. PORTUGUESES EQUIPARADOS ou quase nacionalidade (art. 12, §1º da CRFB/88) – DECRETO nº 3927/01, que promulgou o Tratado Bilateral de Cooperação, Amizade de Consulta Brasil e Portugal. Segundo Bernardo Gonçalves,

“Nesses termos, havendo reciprocidade em Portugal para os brasileiros, no Brasil os portugueses terão os mesmos direitos que os brasileiros terão em Portugal. É importante deixar consignado, contudo, que os portugueses será equiparado aos brasileiros naturalizados (hipótese também chamada de quase-nacionalidade)”.

7.1. Procedimento Segundo Bernardo Gonçalves, nas palavras de Coelho Mendes,

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“[...] no caso de igualdade de direitos e de obrigações civis, deverá fazer-se o requerimento, dirigido ao Ministério da Justiça, com prova de sua nacionalidade, capacidade civil e admissão no Brasil em caráter permanente. No caso de pretender-se obtenção dos direitos, deverá fazer-se prova do seu gozo em Portugal e da residência no Brasil há pelo menos três anos”.

8. TRATAMENTO DIFERENCIADO ENTRE BRASILEIRO NATO E NATURALIZADO (CRFB/88, arts. 12, §3°, 89, VII, 5°, LI, 222). 9. DUPLA NACIONALIDADE a) Reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira (art. 12, §4º, II, “a” da CRFB/88). b) Imposição da lei estrangeira (art. 12, §4º, II, “b” da CRFB/88). 10. PROPRIEDADE DE EMPRESA JORNALÍSTICA E DE RADIODIFUSÃO SONORA DE SONS E IMAGENS (CF, art. 222, caput) 11. PERDA DA NACIONALIDADE (CF, art. 12, §4°). a)Ação de cancelamento de naturalização procedente transitada em julgado pela política de atividade nociva ao interesse nacional. a.1. Destinatários: brasileiros naturalizados. a.2. Motivos: em decorrência de atividade contrária à ordem pública ou à segurança nacional ou nociva ao interesse nacional. a.3. Procedimento: o procedimento é judicial. De acordo com Bernardo Gonçalves, incumbe

“ao Ministério Público Federal efetivar a denúncia contra o brasileiro naturalizado. Essa denúncia perpassa por uma perspectiva hermenêutica, pois não há uma tipificação na qual o naturalizado possa ser enquadrado pela prática de uma atividade nociva ao interesse nacional. [...] Nestes termos, posteriormente, há uma decisão do Magistrado Federal que, sendo procedente e transitando em julgado, condena o indivíduo à perda a naturalização”.

a.4. Efeitos: efeito “ex nunc”. a.5. Reaquisição da naturalização: observar o art. 485 do CPC, na hipótese da reaquisição. De acordo com Pedro Lenza, “[...] não poderá readquiri-la, a não ser mediante ação rescisória, nunca mediante de um novo processo de naturalização, sob pena de contrariedade ao texto constitucional”. b) Aquisição voluntária de outra nacionalidade. b.1. Destinatários: brasileiros natos ou naturalizados. b.2. Motivos: segundo Bernardo Gonçalves, “conduta voluntária, capacidade civil do requerente e a devida aquisição da nacionalidade estrangeira”. b.3. Procedimento: de acordo com Bernardo Gonçalves,

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“o procedimento é meramente administrativo, tramitando no Ministério da Justiça, sem a necessidade de incursão judicial. Portanto, estaremos diante de um processo administrativo, assegurada a ampla defesa, que levará a perda da nacionalidade. Nesses termos, a partir do momento em que o brasileiro nato ou naturalizado deseja adquirir a naturalização em outro país, o Ministério de Relações exteriores comunicará ao Ministério da Justiça a solicitação da aquisição de nacionalidade em outro país. Porém, é importante deixar consignado que não ocorre apenas com a mera solicitação de outra nacionalidade pelo brasileiro. Nesses termos, somente após adquirida a nacionalidade em outro país o Ministério da Justiça deflagrará o procedimento administrativo, e após o processo instruído e finalizado, o Presidente da República dará a decisão por meio de decreto, determinando a perda da nacionalidade”.

b.4. Efeitos: os efeitos do decreto presidencial serão “ex nunc”, não atingindo eventual cônjuge ou mesmo filhos desse indivíduo . b.5. Reaquisição da nacionalidade do brasileiro nato: via administrativa Segundo Pedro Lenza, “[...] o art. 36 da Lei n. 818/49 prevê a possibilidade de reaquisição por decreto presidencial, se o ex-brasileiro estiver domiciliado no Brasil. Entendemos, contudo, que tal dispositivo só terá validade se a reaquisição não contrair os dispositivos constitucionais e, ainda, se existirem elementos que atribuam nacionalidade ao interessado”. Neste ponto, há divergência doutrinária. Bernardo Gonçalves apresenta duas posições, quais sejam:

a)”Se brasileiro nato, deverá voltar a ser brasileiro nato, ou seja, readquirir a nacionalidade originária por decreto do Presidente da República”. b) “A única forma desse brasileiro nato que perdeu a nacionalidade e virou estrangeiro readquirir a nacionalidade será enquanto brasileiro naturalizado. Nesse sentido, em virtude de ter se tornado estrangeiro, não teria como o mesmo voltar a ser brasileiro nato”.

BIBLIOGRAFIA: 1.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 2.MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Coimbra: Coimbra, Ed., 1997. 3.MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. 2ª. ed. – São Paulo: Atlas, 2009. 4.MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 7. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 8. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.

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DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I DOCENTE: Msc. ELIANE COSTA DOS SANTOS SEMESTRES: 3° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

DOS DIREITOS POLÍTICOS 1.NOÇÕES GERAIS De acordo com José Afonso da Silva,

“[...] os direitos políticos positivos consistem no conjunto de normas que asseguram o direito subjetivo de participação no processo políticos e nos órgãos governamentais. Eles garantem a participação do povo no poder de dominação política por meio das diversas modalidades de: direito de sufrágio: direito de voto nas eleições, direito de elegibilidade (direito de ser votado), direito de voto nos plebiscitos e referendos, assim como por outros direitos de participação popular, como o direito de iniciativa popular, o direito de propor ação popular, o direito de organizar e participar de partidos políticos”.

2. Regime democrático como princípio:

a) Fundamentador de direitos fundamentais implíticos (art. 5°, §2° da CRFB/88). b) Limitador da liberdade partidária (art. 17, caput da CRFB/88). c) Constitucional Sensível (art. 34, VII, “a” da CRFB/88).

3.DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS (capacidade eleitoral ativa = alistabilidade = direito de votar) 3.1. Conceito De acordo com Uadi Bulos, “ são o conjunto de normas jurídicas que asseguram a participação do povo no cenário eleitoral do Estado”. 4. Sufrágio (art. 14 da CRFB/88) 4.1. Conceito Segundo Uadi Bulos,

“[...] é o Direito Público subjetivo democrático de votar (eleger) e de ser votado (eleito). Etimologicamente, sufrágio – do latim sufragium – significa escolha, apoio ou aprovação”.

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4.2. CAPACIDADE ELEITORAL ATIVA: capacidade de votar (ALISTABILIDADE). a)Eleições.

b)Plebiscitos e referendos (art. 14, art. 49, XV da CRFB/88).

De acordo com Marcelo Alexandrino, o plebiscito e o referendo “são consultas formuladas ao povo para que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa”.

b.1) Plebiscitos Nas palavras de Marcelo Alexandrino, “ é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido. b.2) Referendos art. 14, art. 49, XV da CRFB/88).Segundo Marcelo Alexandrino, o referendo “é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição”. b.3. Quadro comparativo analisado por Uadi Bulos

PLEBISCITO REFERENDO

1. Signficado: consulta feita ao eleitorado antes de a lei ou o ato administrativo serem elaborados. Versa sobre assuntos que, posteriormente, serão discutidos pelo Congresso Nacional ou pelo Poder Executivo.

2. Exemplo: plebiscito para saber se o povo quer, ou não, uma nova Constituição para o Brasil.

3. Que diz a lei: “O plebiscito é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido (Lei n. 9.709/98, art. 2°, §1°).

1. Significado: consulta feita ao eleitorado depois de a lei ou o ato administrativo serem elaborados, para que os confirmem ou rejeitem.

2. Exemplo: referendo sobre o desarmamento previsto pela Lei n. 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento (§1° do art. 35), realizado em 23.10.2005, quando a população brasileira optou pela não-proibição da comercialização de arma de fogo.

3. Que diz a lei: “O referendo é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição”. (Lei n. 9.709/98, art. 2°, §2°).

6.3. AQUISIÇÃO DA CAPACIDADE ELEITORAL ATIVA: alistamento realizado junto aos órgãos competentes da Justiça Eleitoral, pedido do interessado. 6.4. A obtenção do título de eleitor permite ao cidadão o exercício de todos os direitos políticos????

6.5. DIREITO DE VOTO (espécie do gênero sufrágio). 6.5.1. Conceito De acordo com Uadi Bulos, “ retrata, apenas, o direito de votar ou de manifestar a vontade de eleições, plebiscitos e referendos (exercício da capacidade eleitoral ativa);

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equivale, portanto, a uma expressão restrita, que significa, somente, o exercício do direito de sufrágio em seu aspecto ativo (votar)”. 6.5.2. Caracteristicas do voto (analisadas por Alexandre de Moraes) a) Obrigatório (nas palavras de Alexandre de Moraes, a obrigatoriedade formal do

comparecimento, “ressalvados os maiores de setenta anos e os menores de dezoito anos, é obrigatório o comparecimento às eleições, sob pena de pagamento de multa”).

b) Facultativo ( nas palavras de Alexandre de Moraes, a obrigatoriedade formal do comparecimento, “ressalvados os maiores de setenta anos e os menores de dezoito anos, é obrigatório o comparecimento às eleições, sob pena de pagamento de multa”)..

c) Direto (de acordo com Alexandre de Moraes, “os eleitores elegerão, no exercício

do direito ao sufrágio, por meio de voto, por si, sem intermediários, seus representantes e governantes”).exceção: art. 81.

d) Secreto ou sigiloso(de acordo com Alexandre de Moraes “ o voto não deve ser

revelado nem por seu autor, tampouco por terceiro fraudulentamente”).. e) Com valor igual para todos (segundo Alexandre de Moraes, “ o voto de cada

cidadão tem o mesmo valor no processo eleitoral, independentemente de sexo, cor, credo, idade, posição intelectual, social ou econômica – “um homem , um voto”).

f) Direito público subjetivo (“não pode ser abolido, sequer por emenda à Constituição, por força do art. 60, §4°, II da CF/88”).

g) Liberdade (“comparecendo às eleições, o cidadão é livre para a escolha do candidato, ou, se desejar, para anular o seu voto ou votar em branco”).

h) Periodicidade (“ a Constituição, ao consagrar o voto cláusula pétrea, no seu art.

60, §4°, II, garante a periodicidade de sua manifestação, assegurando, com isso, a temporalidade dos mandatos no nosso Estado”).

i) Persoalidade (“só pode ser exercido pessoalmente, não há possibilidade de se

outorgar procuração para votar”).

OBSERVAÇÃO: Possibilidade de eleição indireta do governante (art. 81, §2°).

6.SUFRÁGIO 6.1. ESPÉCIES DE SUFRÁGIO a) Universal (segundo Marcelo Alexandrino, “quando o direito de votar a todos os nacionais, independentemente da exigência de quaisquer requisitos, tais como condições culturais ou econômicas etc). b)Restrito (segundo Marcelo Alexandrino, “quando o direito de votar for concedido tão somente àqueles que cumprem determinadas condições fixadas em lei do Estado. O sufrágio restrito, por sua vez, poderá ser censitário ou capacitário.

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b.1)Sufrágio censitário “é aquele que somente outorga o direito de voto àqueles que preencherem certas qualificações econômicas”.

b.2)Sufrágio capacitário “é aquele que só outorga o direito de voto aos indivíduos dotados de certas características especiais, notadamente de natureza intelectual”. 7. ESCRUTÍNEO (acepções), na visão de Uadi Bulos a)Escrutíneo, na acepção estrita, “ato de contagem de votos, donde insurge a figura do escrutinador, isto é, aquele que conta, verifica e confere o número de vots”. b)Escrutíneo, na acepção ampla, “é um das fases do procedimento eleitoral, englobando a apuração, a abertura, o depósito, o reconhecimento e a contagem dos votos”. c)Escrutíneo “também é usado para designar o modo de exercício do voto. Exemplo: voto secreto (coberto ou fechado) ou voto aberto (a descoberto ou público)”. 6.7.CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA (direito de candidatura = elegibilidade): direito de ser votado (ELEGIBILIDADE) 6.7.1. Condições de ELEGIBILIDADE (capacidade eleitoral passiva = ser votado nas eleições), nas palavras de Marcelo Alexandrino: “a) nacionalidade brasileira ou condição de equiparado a português, sendo que para Presidente e Vice-Presidente da República exige-se a condição de brasileiro nato (CF, art. 12, §3°); b)pleno exercício dos direitos políticos (aquele que teve suspensos ou perdeu seus direitos políticos não dispõe de capacidade eleitoral passiva); c)alistamento eleitoral (comprovado pela apresentação do título de eleitor, regularmente inscrito perante a Justiça Eleitoral); d)domicílio na circunscrição (o eleitor deverá ser domiciliado no local pelo qual se candidata, pelo período mínimo exigido pela legislação eleitoral subconstitucional). “O prazo de comprovação do domicílio será de no mínimo 1 ano antes da eleição. O TSE admite a configuração de domicílio eleitoral de forma ampla, permitindo sua fixação onde o eleitor apresente ligação material ou afetiva com a circunscriação, sejam vínculos políticos, comerciais, profissionais, patrimoniais, comunitários ou laços familiares”. e)idade mínima, que deverá ser verificada tendo por referência a data da posse (a não a data do alistamento ou do registro), sendo as seguintes: trinta e cinco anos, para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República e senador da República; trinta anos, para os cargos de Governador e Vice-governador de Estado e do Distrito Federal; vinte e um anos, para os cargos de deputado federal, deputado estadual ou distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; dezoito anos, para vereador; f) filiação partidária (não se admite, no Brasil, a denominada candidatura autônoma ou avulsa, sem filiação a partido político)”. (1 ano antes da data da eleição (pleito), e não ou do registro ou mesmo da posse). Observação: ver os arts. 17, §2°,§3°, §4° da CRFB/88.

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7.DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS são restrições e impedimentos ao exercício dos direitos positivos. 7.1. IMPEDIMENTO TOTAL DA CIDADANIA (art. 15 da CRFB/88). 7.2. IMPEDIMENTO PARCIAL DA CIDADANIA (art. 14, §§4° a 9°(outras normas infraconstitucionais mediante lei complementar poderão trazer casos de inelegibilidade da CRFB/88) 8.1. Inelegibilidade absoluta: a)A inelegibilidade absoluta, segundo Marcelo Alexandrino, impede que o cidadão concorra em qualquer eleição, a qualquer mandato eletivo”. b)Hispóteses de inelegibilidade absoluta, nas palavras de Marcelo Novelino:

“1) os analfabetos, que, embora possam alistar-se e votar (capacidade eleitoral ativa), não dispõem de capacidade eleitoral passiva (não podem ser eleitos); 2) os não alistáveis, uma vez que a elegibilidade tem por pressuposto a alistabilidade, isto é, para ser elegível é imprescindível ser, antes, alistável; logo, os estrangeiros (exceto o português equiparado) e os conscritos, durante o período do serviço militar obrigatório, são naõ alistáveis e, como tais, inelegíveis”.

c)As hipóteses de inelegibilidade absoluta podem ser estabelecidas ao nível infraconstitucional? 8.2. Inelegibilidade relativa Segundo Marcelo Alexandrino, a “inelegibilidade relativa consiste em restrições impostas à elegibilidade para alguns cargos eletivos, em razão de situações especiais em que se encontra o cidadão-candidato no momento da eleição”. 8.2.1. Hipóteses de INELEBILIDADE RELATIVA a)MOTIVOS FUNCIONAIS (art. 14, §5° da CRFB/88) a.1. Análise do dispositivo constitucional (na visão de Marcelo Alexandrino) “- Permissão de reeleição para um único período subseqüente. - Proibição de reeleição para o terceiro mandato, desde que seja sucessivo. - Não há a exigência da desincompatibilização do Chefe do Executivo para candidatar-se à reeleição. Não obstante, “nada obsta que o Chefe do Executivo solicite ao Poder Legislativo uma licença para poder concorrer à reeleição, ou mesmo que ele renuncie [...]”. - O Vice-Presidente da República, os Vice-Governadores e os Vice-Prefeitos poderão ser reeleitos para os mesmos cargos, por um período subseqüente. - O Vice-Presidente da República, os Vice-Governadores e os Vice-Prefeitos, reeleitos ou não, “poderão candidatar-se ao cargo do titular, mesmo tendo substituído este no curso do mandato”.

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- “Não pode o Chefe do Executivo, que esteja exercendo o segundo mandato eletivo (por reeleição), renunciar antes do término desse com o intuito de pleitear nova recondução para o período subseqüente (reeleição para um terceiro mandato subseqüente). - “Não pode aquele que foi titular de dois mandatos sucessivos na Chefia do Executivo vir a candidatar-se, no período subseqüente (terceiro período), ao cargo de vice-chefia do Executivo”. Ver os artigos 79, 14, §5° da CRGB/88. - “Não poderá aquele foi titular de dois mandatos sucessivos na chefia do Executivo candidatar-se, durante o período imediatamente subseqüente, à eleição prevista no art. 81 da Constituição Federal, que determina que, vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente, far-se-á nova eleição direta, noventa dias após a abertura da última vaga, ou eleição indireta pelo Congresso Nacional, trinta dias depois de aberta a última vaga, se a vacância ocorrer nos últimos dois anos do mandato presidencial”. - “Na hipótese de acorrer a vacância definitiva do cargo de Presidente da República, Governador ou Prefeito, o vice assumirá efetiva e definitivamente o exercício da chefia do Executivo, e somente poderá candidatar-se a um único período subseqüente”. - O Presidente da República, os Governadores e os Prefeitos podem concorrer a outros cargos, desde que renunciem aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito (art. 14, §6° da CRFB/88). - O Vice- Presidente da República, os Vice-Governadores e os Vice-Prefeitos podem concorrer a outros cargos, preservando os seus respectivos mandatos, “desde que, nos seis meses anteriores ao pleito, não tenham sucedido ou substituído o titular”. - “O STF admitiu a elegibilidade de ex-prefeito do município-mãe que, renunciando seis meses antes do pleito eleitoral, candidatou-se a prefeito do município desmembrado”.

b)MOTIVOS DE CASAMENTO, PARENTESCO OU AFINIDADE (art. 14, §7° da CRFB/88). b.1. A INELEGIBILIDADE REFLEXA atinge, apenas, o território de jurisdição do titular. Segundo Marcelo Alexandrino, temos:

“a) o cônjuge, parentes e afins até o segundo grau do Prefeito não poderão candidatar-se a vereador ou Prefeito do mesmo Município; b)o cônjuge, parentes e afins até segundo grau do Governador não poderão candidatar-se a qualquer cargo no Estado (vereador, deputado estadual, deputado federal e senador pelo próprio Estado e Governador do mesmo Estado). c) o cônjuge, parentes e afins até segundo grau do Presidente da República não poderão candidatar-se a qualquer cargo eletivo no País”.

OBSERVAÇÃO: São aplicadas “as mesmas regras àqueles que tenham substituído os Chefes do Executivo dentro de seis meses anteriores ao pleito eleitoral”, às pessoas que vivem maritalmente com o Chefe do Executivo, ou com seu irmão, às pessoas casadas no religioso. b.2. Súmula 18 do STF: DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE OU DO VÍNCULO CONJUGAL, NO CURSO DO MANDATO, NÃO AFASTA A INELEGIBILIDADE PREVISTA NO §7° DO ARTIGO 14 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. b.3. A inelegilidade reflexa não se aplica as seguintes hipóteses: 1. A inelegibilidade não é aplicada à viúva do Chefe do Executivo.

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2. A inelegibilidade não é aplicada ao cônjuge, parente ou afim que já possuir mandato eletivo, caso em que poderá candidatar-se à reeleição, mesmo que seja na circunscrição. - Segundo o TSE, “se o Chefe do Executivo renunciar seis meses antes da eleição, seu cônjuge, parentes ou afins até segundo grau poderão candidatar-se a todos os cargos eletivos da circunscrição, desde que ele pudesse concorrer à sua própria reeleição (isto é, no final do primeiro mandato)”. c) INELEGIBILIDADE DE MILITARES (arts. 14, §8°, 142, §3°, V da CRFB/88) Nas palavras de Marcelo Alexandrino,

“Assim, em face da vedação à filiação partidária do militar, o Tribunal Superior Eleitoral firmou o entendimento de que, nessa situação, suprirá a ausência da prévia filiação partidária o registro da candidatura apresentada pelo partido político e autorizada pelo candidato”.

d)PREVISÃO EM LEI COMPLEMENTAR (art. 14, §9° da CRFB/88) 8. PRIVAÇÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS (art. 12 §4º, II) 8.1. Privação definitiva (perda dos direitos políticos) Para Alexandre de Moraes, são hipóteses de perda dos direitos políticos as hipóteses previstas nos incisos I e IV do art. 15 da CRFB/88. 8.2. Privação temporária (suspensão dos direitos políticos) Para Alexandre de Moraes, são hipóteses de perda dos direitos políticos as hipóteses previstas nos incisos II, III e V do art. 15 da CRFB/88. 9. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE ELEITORAL (art. 16 da CRFB/88) BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA: 1.BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005. 2.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 3. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. 4..MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO. 7. PINHO, Rodrigo César Rebello. Da organização do Estado, dos Poderes, e histórico das Constituições. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção sinopses jurídicas; v. 18). 8. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 9. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009. 10. VARGAS, Denise. Manual de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

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