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Plano de Atividades letivas (regências)
Ano: 2014/15 Disciplina: Filosofia
Ano: 11ºEstagiária: Filomena Maria Duarte da Piedade Antunes
IV- Conhecimento e racionalidade científico-tecnológica:2. Estatuto do Conhecimento CientíficoA construção da ciência:O método científico (conceção indutivista) /conceção de PopperA racionalidade cientifica segundo o mesmo autor
Duração: 75m
Conteúdos / Temas
Conceitos Chave Objetivos e competências Estratégias/ Atividades Recursos
A construção da ciência.O método científico conceção indutivista e conceção de Popper.A racionalidade científica segundo este autor
Método científico;Objetividade,Observação,Hipótese,Experimentação,Lei , Indutivo,Critério de cientificidade;Verificabilidade, confirmação, falsificabilidade,Ciência moderna, ciência pós-moderna, conjectura, hipotético-dedutivo
O aluno deve ser capaz de: Diferenciar as ciências naturais das sociais e humanas; Distinguir facto bruto de facto científico;Indicar os passos principais do método científico;Mostrar a importância da comprovação das hipóteses;Apresentar o conceito clássico de objetividade;Reconhecer os pressupostos em que o cientismo assenta;Compreender as razões da queda do cientismo (referência às criticas à indução); Indicar os passos do método hipotético-dedutivo de Popper e a racionalidade científica conforme o mesmo autor.
Iniciaremos com a apresentação de umVideo;Dialogo sobre o vídeo Apresentação do PPT como forma de síntese dos conceitos abordados.Leitura do texto da p211 do manual
VideoPPT
Avaliação de conhecimentosTipos Técnicas InstrumentosContínuaFormativa e qualitativa
ObservaçãoExposições oraisAnálise de texto
Grelha de observação da aula.
Bibliografia:
Fundamentação Científica
Nesta aula, retomamos as questões que deixamos em aberto na aula anterior, depois de apresentarmos as diferenças entre o
conhecimento vulgar e o científico, e ainda as considerações sobre continuidade e rutura entre senso comum e ciência. Pensamos agora a
construção da ciência, o seu método na perspetiva indutivista, bem como o seu raciocínio. Retomamos ainda o problema da indução
deixado por Hume. Naturalmente, pensar a construção da ciência implica considerar a sua evolução. Assim, verificamos que, quer a
filosofia, quer a ciência têm como preocupação a explicação racional da realidade. A Ciência é o conhecimento adquirido sistemática,
metódica e criticamente, de forma a torná-lo universal e demonstrável. É, consideram alguns autores, a universalização do senso comum
através da racionalidade e do método. Por essa razão, temos encarado os seus resultados, teorias, leis e princípios como verdades
devidamente comprovadas. É o modo como a ciência tem vindo a comprovar essas verdades que nos foi, ao longo de séculos, mantendo
a confiança nesta forma de conhecer científica. Ora, a racionalidade da ciência tem que ver com o método que valida o conhecimento
e com o raciocínio que o justifica. É necessário recuar atrás no tempo, justamente até ao aparecimento da filosofia moderna com
Descartes, antecipada pelas ideias de Galileu, Copérnico, Kepler os quais aplicaram a matemática na tentativa de explicar os
fenómenos. Estes cientistas valorizam o recurso à experimentação, bem como uma visão mecanicista e determinista do universo
regido por leis, regular e previsível, para vermos surgir a ideia de criação de um método claro e rigoroso que pudesse dar unidade a todas
as ciências. Todavia, é a Bacon (1561-1626) que chamamos o pai do método indutivo. Neste sentido, Bacon defendia o processo de
experimentação como início do processo científico seguido da formulação de hipóteses, da repetição da experiência por outros cientistas,
2014/2015
Disciplina: Filosofia IV- Conhecimento e racionalidade científico-tecnológica:2. Estatuto do Conhecimento Científico A construção da ciência. O método indutivo.
11ºanoEstagiária: Filomena Maria Duarte Antunes
da confirmação e reconfirmação, culminando com a formulação das generalizações e leis. Tudo indica que Bacon acreditava que a ciência
e a técnica permitiriam ao homem dominar o mundo. Esta perspetiva indutivista do método científico foi sendo refinada até ao século
XX, e considera que os factos vêm antes da teoria. É nos factos que começa a investigação das leis gerais da natureza. Reforçando aquilo
que temos vindo a afirmar, os passos deste método indicam que inicialmente os cientistas observam fenómenos que não sabem explicar,
depois propõem uma hipótese de explicação, segue-se a previsão seguida de experiências que pretendem averiguar se as previsões
ocorrem ou não, conclui-se com a rejeição ou confirmação da hipótese que, neste último caso, origina uma teoria. Os "objetivos" do
conhecimento científico, até metade do século XX, eram a descoberta das leis necessárias e universais da natureza numa conexão
reducionista. Envolto numa visão positivista, herdada de Comte, e acreditando que todo o conhecimento válido advém dos dados dos
sentidos, descrevia-se então essa evolução do estádio religioso, passando pelo metafísico chegando ao estádio científico, aquele em que
a humanidade se encontrava no momento. Maioritariamente, imaginava-se ser sempre possível reduzir as explicações das propriedades
de um sistema, constituído por um grande número de unidades elementares intervenientes, ao conhecimento das propriedades simples dessas
unidades. Não podemos nesta «viagem» esquecer a primeira grande escola de epistemologia e teoria da ciência, círculo de Viena ou
empirismo lógico, que tem como pano de fundo das suas reflexões as transformações da física e a crise dos fundamentos nas
matemáticas. Considerava que as ciências deveriam descobrir bases sólidas na lógica e na experiência rejeitando a especulação metafísica
sobre as ciências. Solicitam, para tal, a reflexão sobre a unidade da ciência com a redução de todos os enunciados científicos a uma
linguagem empirista, enunciados estritamente observacionais onde o papel da indução é central. A verificabilidade é o critério de
distinção entre as ciências empíricas e outros tipos de saber. Um enunciado é científico se for verificável, para tal, os seus termos devem
ter significado empírico. As expressões e fórmulas da Lógica e da matemática não têm de ser verificadas pois são analíticas. Os restantes
enunciados científicos devem ser comprováveis na realidade e na observação. Não obstante, mais tarde, cai irremediavelmente o mito
fundamental da ciência e da previsibilidade da natureza . A ciência contemporânea vai associar a lógica dedutiva à incerteza,
provocando a rutura com o cientismo erguendo o questionamento da indução. Após o Século XX, a física desenvolveu a mecânica
quântica e a teoria da relatividade, que mostraram que estávamos longe de conhecer verdades absolutas e universais. Mais que isso, a
linguagem humana tinha limitações para explicar alguns aspetos da natureza.
Essas ideias impulsionaram a rutura com o indutivismo, positivismo e o cientismo, e com a certeza da ciência.
Karl Popper (1902-1994), foi o primeiro a dar-se conta das implicações epistemológicas da revolução einsteiniana daí tirando as seguintes
ilações:
Não existe conhecimento independente da experiência sensível. Não dispomos de uma experiência capaz de fornecer um verdadeiro
conhecimento objectivo e comunicável, capaz de fundar um conhecimento racional. A experiência só nos permite conhecer o singular. A
lógica apenas coloca em jogo formas operatórias, não fornece conteúdo real. Não é possível indutivamente retirar conclusões de casos não
observados. Não podemos generalizar a partir de casos particulares. Assim, não se pode provar que as teorias científicas sejam verdadeiras.
Apenas podemos provar que são falsas. Elas são hipotéticas, conjecturais, livres criações do espírito para compreender intuitivamente as leis
da natureza. A objectividade das ciências é um assunto social fruto da crítica recíproca dos diversos cientistas e do seu trabalho em equipa. O
método científico consiste na tentativa de encontrar soluções para os problemas. “O conhecimento é uma procura da verdade a procura de
teorias explicativas, objectivamente verdadeiras.” Popper (1992:18) “O conhecimento não é a procura da certeza. Errar é humano - todo o
conhecimento humano é falível e, consequentemente, incerto.” (1992:18).
Popper visualiza a ciência como progredindo de problema em problema, e assim o contributo mais duradouro ao conhecimento científico
que uma teoria pode dar são os novos problemas que levanta. O progresso é a criação de novos problemas e a aprendizagem é um processo
de eliminação de erros. O critério de cientificidade, aquilo que permite distinguir a ciência de outros saberes, é a refutabilidade ou
falsificabilidade. O problema lógico da indução torna-se o problema da validade (falsidade / verdade ) das leis universais relativas a
enunciados experimentais. A ciência não é indutiva, a actividade indutiva é substituída pela actividade de conjecturação.
A preocupação com a verificação dos enunciados dá lugar à possibilidade da sua refutação. As teorias cientificas têm de ser capazes de
formular as condições da sua própria falsificação. Todas as observações são já interpretações de factos à luz de uma teoria.
Bibliografia
Sanitt, N. (2000). A Ciência Enquanto Processo Interrogante, Lisboa: Instituto Piaget.
Caraça, J. (1993). O que é a Ciência, Lisboa: Ed. Quimera.
Santos, Boaventura. (1987).Um Discurso sobre as Ciências, Porto, Edições Afrontamento.
Dicionário escolar de filosofia em http://www.defnarede.com/p.html.
Popper, Karl.(1992). Em Busca de Um Mundo Melhor, Lisboa: Ed. Fragmentos.
Popper, Kar.(1999). O Mito do Contexto – Em Defesa da Ciência e da Racionalidade, Lisboa: Ed. 70.
Popper, Karl. (2001). A Vida é Aprendizagem – Epistemologia Evolutiva e Sociedade Aberta, Lisboa: Ed. 70.
Fundamentação Pedagógica-Didática
Nesta aula partimos da visualização de um vídeo sobre a construção da ciência. O uso desta estratégia não pretende ser só motivacional,
pretende também ser informacional e despoletador de diálogo em sala de aula. Por conseguinte, dinamizaremos o diálogo a partir do vídeo. De
referir o apelo que é feito pelo programa de Filosofia, no sentido de desenvolver competências dialógicas, de argumentação de conceptualização
e problematização, sem esquecer a necessidade de ampliar, nos jovens adolescentes, as competências básicas de discurso, informação,
interpretação e comunicação, análise, entre outras enunciadas. Efetivamente, os programas não propõem contextos, os quais são indispensáveis
às situações de ação para a mobilização de competências, entregam a responsabilidade aos professores. Estes, quando procuram desenvolver
competências são responsabilizados pela escolha das suas práticas, mas aqueles que não se interessam por uma abordagem profunda das
competências ficam confinados à transmissão de conteúdos. Os conteúdos serão expostos de acordo com o diálogo e através de um PPT.
Entendemos ainda que a nossa projeção do tema poderá dinamizar uma correlação com conteúdos anteriormente lecionados no âmbito da
disciplina de Filosofia, nomeadamente, Descartes e Hume e ainda de outras áreas de estudo da turma de décimo primeiro ano, como o caso da
Biologia e da Física e Química. Assim, a problematização e reflexão sobre a construção da ciência e do método indutivo poderão remeter para o
âmbito de outras aprendizagens já adquiridas. Apresentamos, como forma de solucionar os problemas levantados, as considerações de Popper a
propósito da racionalidade científica. Faremos esta passagem usando também os diapositivos do PPT e um curto vídeo de motivação.
Pretendemos que a planificação que organizamos proporcione mediações conducentes a uma tomada de posição sobre o valor incontornável da
ciência, contribuindo para a compreensão dos seus limites, e ainda proporcionar situações orientadas para um diálogo próprio com uma realidade
social em profundo processo de transformação, promovendo uma consciência crítica, responsável e atenta aos desafios e riscos do presente.
Bibliografia:
Bordenave, J.; Pereira, A. (1991). Estratégias de ensino aprendizagem. Petropolis: Vozes (pp133-181)
Boavida, J. (2010).Educação filosófica Sete ensaios. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra.
Izuzquiza, I. (1982).La classe de Filosofia como simulacion de la atividade filosófica. Madrid: Ediciones Anaya.
Marnoto, I. (coord) (1989).Didática da Filosofia.1. Lisboa: U
Rodrigo, Lídia. (2009). Filosofia em sala de aula. Campinas: Autores Associados.
Vanoye, Francis. (1979).Trabalhar em grupo. Coimbra: Livraria Almedina.