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1 PLANEJAMENTO TERRITORIAL: AÇÃO DO ESTADO NO CONTROLE TERRITORIAL MATERIALIZADA ATRAVÉS DA CONSTRUÇÕES DE BARRAGENS E HIDRELÉTRICAS Gleidson Sena Dias 1 Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) - [email protected] Nacelice Barbosa Freitas² Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) - [email protected] GT2: ESTADO, TERRITÓRIO E POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO RESUMO Este texto discute a forma como o Estado utilizou-se, e utiliza-se de variados meios para manter o controle do território. As ações de construções de grandes obras de engenharias, a exemplo das construções de Barragens e Hidrelétricas são precedidas de justificativas da melhoria do bem-estar social, mas visam, sobre tudo, manter o controle territorial e atender os interesses das classes hegemônicas e do capital. A construção da Barragem e Hidrelétrica de Pedra do Cavalo, entre os municípios de Cachoeira e Govenador Mangabeira Ba, é um exemplo de construção que surge com um discurso de benefício social, mas a intencionalidade converge para benefício do capital. PALAVRAS CHAVES: Estado. Barragens e Hidrelétricas. Planejamento territorial. INTRODUÇÃO Este texto tem por objetivo refletir sobre o planejamento e territorial no Brasil, problematizando as consequências para organização do território brasileiro, através de uma abordagem sobre o setor energético e, especificamente, sobre a construção de barragens e hidrelétricas. Para elaboração do trabalho foi realizado um levantamento bibliográfico sobre o tema, com o intuito de identificar como este tem sido discutido no âmbito acadêmico, e de trazer referências fundamentais para a ampliação da discussão sobre a temática. 1 Mestre em Planejamento Territorial PLANTERR/UEFS; ² Doutoranda em Geografia NPGEO/UFS; Professora do Departamento de Ciências Humanas e Filosofia DCHF/UEFS.

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PLANEJAMENTO TERRITORIAL: AÇÃO DO ESTADO NO CONTROLE

TERRITORIAL MATERIALIZADA ATRAVÉS DA CONSTRUÇÕES DE

BARRAGENS E HIDRELÉTRICAS

Gleidson Sena Dias1

Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) - [email protected]

Nacelice Barbosa Freitas²

Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) - [email protected]

GT2: ESTADO, TERRITÓRIO E POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO

RESUMO

Este texto discute a forma como o Estado utilizou-se, e utiliza-se de variados meios para manter o

controle do território. As ações de construções de grandes obras de engenharias, a exemplo das

construções de Barragens e Hidrelétricas são precedidas de justificativas da melhoria do bem-estar

social, mas visam, sobre tudo, manter o controle territorial e atender os interesses das classes

hegemônicas e do capital. A construção da Barragem e Hidrelétrica de Pedra do Cavalo, entre os

municípios de Cachoeira e Govenador Mangabeira – Ba, é um exemplo de construção que surge com

um discurso de benefício social, mas a intencionalidade converge para benefício do capital.

PALAVRAS CHAVES: Estado. Barragens e Hidrelétricas. Planejamento territorial.

INTRODUÇÃO

Este texto tem por objetivo refletir sobre o planejamento e territorial no Brasil,

problematizando as consequências para organização do território brasileiro, através de uma

abordagem sobre o setor energético e, especificamente, sobre a construção de barragens e

hidrelétricas. Para elaboração do trabalho foi realizado um levantamento bibliográfico sobre

o tema, com o intuito de identificar como este tem sido discutido no âmbito acadêmico, e de

trazer referências fundamentais para a ampliação da discussão sobre a temática.

1 Mestre em Planejamento Territorial – PLANTERR/UEFS;

² Doutoranda em Geografia NPGEO/UFS; Professora do Departamento de Ciências Humanas e Filosofia –

DCHF/UEFS.

2

Inicialmente este trabalho trata do planejamento no Brasil, observando a importância

do enfoque regional, em seguida, aborda-se o planejamento do setor energético no país,

verificando sua distribuição no território, assim como o papel do Estado no que concerne a

essas construções. Para especificar, o estudo traz breves analise sobre a Barragem e

Hidrelétrica de Pedra do Cavalo, refletindo sobre os efeitos na organização territorial das

comunidades ribeirinhas de Cachoeira e São Felix.

1. ESTADO, CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS E PLANEJAMENTO

TERRITORIAL NO BRASIL

Para empreender uma discussão sobre o Estado capitalista, torna-se necessário

remeter aos escritos de Karl Marx, Friedrich Engels e Lenin, teóricos que imprimiram severas

críticas ao Estado burguês em decorrência da sua função no contexto da luta de classes.

Na visão de Engels (1984), o Estado é um recurso da classe dominante, pois surge da

necessidade de manter a opressão, e não para garantir direitos individuais ou coletivos. Pois,

foi criado no seio da sociedade para garantir o diálogo entre as diferentes classes sem

favorecer a nenhuma delas, mas em se tratando de estado capitalista, este se estabelece como

uma máquina de repressão nas mãos da burguesia detentora do poder econômico (capital) e

consecutivamente político.

Acerca do Estado, Engels (1984, p. 191) afirma que

Não é, pois, de modo algum, um poder que se impôs à sociedade de fora

para dentro (...). É antes um produto da sociedade, quando esta chega a um

determinado grau de desenvolvimento; é a confissão de que essa sociedade

se enredou numa irremediável contradição com ela própria e está dividida

por antagonismos irreconciliáveis que não consegue conjurar. Mas para que

esses antagonismos, essas classes com interesses econômicos colidentes não

se devorem e não consumam a sociedade numa luta estéril, faz-se necessário

um poder colocado aparentemente por cima da sociedade, chamado a

amortecer o choque e a mantê-lo dentro dos limites da „ordem‟. Este poder,

nascido da sociedade, mas posto acima dela se distanciando cada vez mais, é

o Estado.

Partindo das palavras do autor, observa-se que deveria o Estado ser imparcial, mas o

seu caráter capitalista o faz defensor dos interesses hegemônicos, ou seja, da burguesia, mas

como produto da sociedade, não deveria contaminar-se pela classe dominante (CARNOY

1988), todavia a neutralidade esperada não é observada e não existe nas ações do Estado

burguês.

3

A essência do Estado capitalista discutido por Engels (1984) é comprovada ao

observarmos as disputas territoriais, e os processos de construções de Barragens e Usinas

Hidrelétricas no Brasil, pois disputas envolvem relações de poder.

É contrapondo tal relação que se observa a necessidade de manutenção da

sobrevivência e dos laços políticos, sociais, simbólicos e econômicos das comunidades

ribeirinhas, que notoriamente não possuem o poder de decisão inerente ao o Estado.

Para Engels (1984), o Estado é um poder que está acima das classes, apesar de ter na

sociedade a sua origem, porém, ao ser instituído se coloca acima delas, estabelecendo a

contradição.

O poder ao qual nos referimos é a força que obriga os cidadãos a cumprirem as leis

estabelecidas, sob a pena de sofrer sanções caso tais regras não sejam seguidas. São as

prerrogativas que a sociedade concede ao Estado, e que este delega às agências para que se

encarreguem de garantir o cumprimento das regras sociais, assim como punir a quem ouse

transgredi-la (PARSONS, 1979).

O Estado capitalista no Brasil, especialmente a partir da década de 1950, tem por

meta imprimir o desenvolvimento econômico baseado na industrialização moderna. É

relevante mencionar que só após a Segunda Guerra Mundial o Brasil inicia a implantação da

industrialização moderna, e que os traços mais marcantes desse processo foram as construções

de diversos centros e distritos industriais. No entanto, o efetivo funcionamento dos mesmos só

foi possível após a adoção de mudanças eficazes no setor energético. Tais mudanças foram

iniciadas nas décadas de 1920 até a de 1950, pois foi nesse período ocorreu o processo de

mudanças econômicas do país, decorrentes da denominada crise do café. Para que estas

transformações na economia nacional pudessem ocorrer de fato, era fundamental contar com

um setor energético eficiente, como afirma Oliveira e Melo (1985, apud, ARAUJO e

OLIVEIRA, 2003, p.628)

Os anos 1920-1950 foram décadas em que se introduziram profundas

mudanças na economia brasileira. A crise da economia cafeeira de

exportação acelerou a divisão do trabalho nacional com a implantação de um

setor manufatureiro no País. A incipiente base técnico-produtiva industrial

persistiria dependente das importações de bens intermediários e de capital.

Mesmo de caráter restrito, o surgimento de novas indústrias havia provocado

uma transformação profunda das estruturas do consumo energético nacional,

sobretudo depois da Segunda Guerra Mundial.

No período descrito, o setor energético brasileiro não explorava o petróleo e havia

grande dependência do uso de fontes não renováveis. Até meados do século XX a

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industrialização brasileira ainda era atrasada sob o ponto de técnico e tanto a produção quanto

a comercialização do petróleo do país eram pouco expressivas. Ainda existia o agravante do

atraso tecnológico para exploração e prospecção das bacias petrolíferas, que até então não

apresentavam perspectivas de grandes produções (ARAÚJO E OLIVEIRA, 2003)

Nesse contexto, era premente a necessidade de uma política de desenvolvimento

energético para servir de subsídio ao crescimento industrial do país. Para Fonseca (2013, p.

10), “A política energética é elemento estratégico do processo de desenvolvimento, já que a

geração de energia é condição sine qua non para que políticas industriais e de

desenvolvimento tecnológico sejam promovidas”.

Um dos primeiros passos nesse sentido foi a criação da Petrobras, em 3 de outubro

de 1953, inaugurando o monopólio estatal do petróleo, fato que gerou benefício para a

indústria e consolidação do transporte rodoviário, pois ambos dependiam das importações do

mesmo.

Com a produção nacional de petróleo, o volume de importações decairia, diminuindo

também os altos custos que envolviam a compra de petróleo no exterior. Nesse contexto, é

inaugurado o monopólio estatal do petróleo brasileiro, com a Criação da Petrobras (ARAÚJO

& OLIVEIRA, 2003).

Durante o século XX, o Brasil acumulou significativa experiência em planejamento

econômico, no entanto, no presente texto, as discussões aqui apresentadas se referem ao Plano

de Metas, ao I Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND) e ao II Plano Nacional de

Desenvolvimento (II PND), por considerar que estes são os documentos mais relevantes para

a entendimento do planejamento regional. Isso, no entanto, não significa desconsiderar as

experiências anteriores.

O Plano de Metas tem como objetivo principal solucionar problemas relacionados

ao crescimeto industrial e econômico enfrentado pelo país, também denominados como

pontos de estrangulamento na visão de Almeida (2004). Não se configurou como o primeiro

plano brasileiro de programação global da economia, e segundo Palazzo (?, p. 4 apud

ALMEIDA, 2004, p. 9)

Apesar de muitos identificarem o Plano de Metas como o primeiro plano

brasileiro de programação global da economia, em realidade ele apenas

correspondeu a uma seleção de projetos prioritários, mas evidentemente,

desta vez, com visão mais ampla e objetivos mais audaciosos que os do

Plano Salte, buscando inclusive uma cooperação mais estreita entre os

setores público e privado.

5

Portanto, pode-se afirmar que o Plano de Metas teve sua importância para o

crescimento industrial e econômico do país, pois, o mesmo tinha como objetivo básico

industrializar o Brasil, além de promover crescimento no Produto Interno Bruto (PIB).

Em seu escopo, o plano de metas apresentava um conjunto de 30 metas organizadas

conforme os setores a seguir

O Plano compreendia um conjunto de 30 metas organizadas nos seguintes

setores: 1) Energia (com 43,4% do investimento total): elétrica; nuclear;

carvão mineral; produção e refinação de petróleo; 2) Transportes (29,6% dos

recursos previstos): reaparelhamento e construção de ferrovias;

pavimentação e construção de rodovias; serviços portuários e de dragagens;

marinha mercante; transportes aeroviários; 3) Alimentação (com apenas

3,2% dos investimentos previstos): trigo; armazéns e silos; armazéns

frigoríficos; matadouros industriais; mecanização da agricultura;

fertilizantes; 4) Indústrias de base (com 20,4% dos investimentos previstos):

siderurgia; alumínio; metais não-ferrosos; cimento; álcalis; celulose e papel;

borracha; exportação de minérios de ferro; indústria automobilística;

construção naval; mecânica e material elétrico pesado; 5) Educação (3,4%

dos recursos): formação de pessoal técnico. (ALMEIDA 2004, P. 10).

Não há como abordá-lo sem considerar que os principais investimentos foram

concentrados nos polos industriais do Centro-Sul do país, mais especificamente em São

Paulo, contribuindo para o desenvolvimento de desigualdade no crescimento econômico entre

as Regiões brasileiras, apesar do discurso do governo de Juscelino Kubitschek afirmando que

a criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) diminuiria a

pobreza e desigualdades no Nordeste.

É válido ressaltar que a SUDENE surge no contexto político que é crescente a

atuação dos movimentos sociais no Nordeste, em especial as Ligas Camponesas que nas

décadas de 1950 e 1960 atuaram de forma enfática no combate aos desmandes das elites

oligárquicas e latifundiária do Nordeste, fato que permite inferir que a superintendência surge,

também, com o objetivo de conter os avanços desses movimentos sociais.

Sobre as desigualdades regionais, é perceptível que cada região apresenta

especificidades naturais, contudo, as diferenças sociais existentes entre elas estão diretamente

associadas ao modelo de exploração, a forma de colonização e às manutenções de privilégios

e interesses das elites latifundiárias que ainda exploram a região (SOUZA, 2012). EM DADO

MOMENTO, esses fatores privilegiaram e privilegiam determinadas regiões do país, como

podemos confirmar nas palavras de Silva, Silva e Silva (2010, p. 6):

6

Os desequilíbrios regionais, do ponto de vista econômico e social, existentes

em um determinado momento e quase sempre tomados em um contexto

nacional, decorrem de vantagens econômicas e sociais, produzidas

historicamente, mais favoráveis a determinadas regiões do que a outras

gerando, assim, uma estrutura regional com regiões ricas.

A análise pode ser feita, a princípio, pela ocupação territorial, que mostra a maior

concentração populacional na Região Sudeste, enquanto as Regiões Norte e Centro-Oeste, por

exemplo, apresentam baixas densidades demográficas. As diferenças se tornam ainda mais

evidentes quando a observação é voltada para a questão do desenvolvimento econômico e

social.

As informações contidas na tabela 1 e no gráfico 1, retratam a realidade sobre a

concentração populacional no Brasil no ano de 1960, a partir dos dados do censo demográfico

do Instituto Brasileiro de Geografia e Estátistica (IBGE), que mostram o quão é desigual a

distribuição da população no espaço. A realidade pode ser explicada pelo nível de

desenvolvimento de cada região, e pela concentração de investimentos do setor industrial no

Sudeste, principalmente no Estado de São Paulo

TABELA 1 – POPULAÇÃO DO

BRASIL POR REGIÕES EM 1960

REGIÃO POPULAÇÃO

Norte 2.930.005

Nordeste 22.428.873

Sudeste 31.062.978

Sul 11.892.107

Centro-Oeste 2.678.380

Fonte: Censo Demográfico do Instituto

Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE – 1960).

GRAFICO 1 – POPULAÇÃO DO BRASIL POR REGIÕES EM 1960

4%

31%

44%

17%4%

POPULAÇÃO %

Norte

Nordeste

Sudeste

Sul

Centro-Oeste

7

Fonte: Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE –

1960).

A proposta dos “50 anos de progresso em cinco anos de governo”, lema do Governo

de Juscelino Kubitschek, pode ser sintetizada a partir do planejamento e construção da atual

capital federal - Brasília - no planalto central, situando-a como importante ponto de

centralização do poder, e também de articulação nacional no que se refere às questões

espaciais.

É imperativo ressaltar que a construção de Brasília estava prevista no Plano de

Metas, que também tinha como proposta, criação e expansão das rodovias, com essa

ampliação da malha rodoviária as diversas regiões do país estariam interligadas,

proporcionando a integração Nacional (ALMEIDA, 2004), mas é preciso destacar que os

interesses das ações propostas pelo Plano de Metas, estavam diretamente ligados ao capital

estrangeiro, atrelado ao afã do processo acelerado de industrialização.

Na década de 1970, a crise estrutural do capital, denominada crise do petróleo,

centralizada no setor energético, mais especificamente no petrolífero decorrente do aumento

no valor do barril de petróleo, de $3,00 para $12,00, tem interferência no crescimento

econômico do Brasil, que estava em fase de investimento no setor industrial, herança principal

dos objetivos propostos pelo Plano de Metas. Entre 1964 a 1984, período que corresponde a

ditadura militar, vislumbra-se crescimento econômico para o país, porém, esta foi uma época

de retrocesso no que concerne aos direitos sociais. No ímpeto de alcançar este objetivo, os

militares formularam e implantaram três Planos Nacionais de Desenvolvimento (PNDs), os

quais perdurariam até meados da década de 1980 (SOUZA, 2004). No entanto, a discussão era

desenvolvida tendo como base o I e o II Plano Nacional de Desenvolvimento.

O I Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND) deu início a fase conhecida como o

“milagre econômico”, que segundo Souza (2004, p. 19) tinha as seguintes premissas:

a) as reformas econômico-financeiras introduzidas no período 1964-1967

aumentaram a capacidade de investimento do Estado brasileiro; b) o

quadro externo de crescimento econômico, propiciou grande liquidez no

mercado financeiro mundial; e c) a existência de capacidade ociosa, como

resultado da crise econômica de 1962-1966.

Isso levou o Brasil a experimentar aumento no Produto Interno Bruto (PIB),

chegando a 7% a.a de crescimento econômico (SOUZA, 2004). Mesmo com esse índice de

8

crescimento, ainda era preciso galgar taxas maiores, já que a meta era elevar o país à categoria

de país desenvolvido. Para tanto foram estabelecidos, de acordo com o I Plano de

Desenvolvimento (I PND), três objetivos:

Primeiro – colocar o Brasil no espaço de uma geração, na categoria das

nações desenvolvidas; Segundo - duplicar até 1980 a renda per capita do

Brasil (em comparação com 1969), devendo verifica-se, para isso,

crescimento anual do Produto Interno Bruto equivalente aos últimos três

anos; Terceiro – elevar a economia, em 1974, às dimensões resultantes de

um crescimento anual do Produto Interno Bruto entre 8 e 10%. (1972-74, p.

14-15).

Convém destacar outras ações advindas do I PND, as quais, segundo o governo e a

classe hegemônica, eram de suma importância para o crescimento econômico e industrial do

país. Nesse período foram desenvolvidos projetos voltados para as grandes obras de

infraestrutura em diversos setores, a exemplo da eletricidade, setor de transportes e

construção. São exemplos desse período a rodovia Transamazônica, as Usinas Hidrelétricas

de Itaipu e Três Maria (ALMEIDA, 2004).

Para além das obras nas áreas de infraestrutura, houve investimentos em outros

segmentos do ramo industrial, como petroquímica, siderúrgico, indústria de exportação,

investimentos no setor de hidrelétrico. O setor de energia nuclear também foi contemplado a

partir da criação da central nuclear localizada em Angras dos Reis, não se podendo esquecer

dos investimentos no setor de comunicação e de mineração (ALMEIDA, 2004).

Já o II segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), apesar de conservar a

proposta desenvolvimentista do (I PND), oferece maior atenção ao setor energético, tendo em

vista que naquele período o mundo passava por crise no setor energético, esse cenário distinto

exigia medidas diferenciadas. Sobre esse contexto, Almeida (2004, p. 22-23) reflete que

Partindo da avaliação de que a crise e os transtornos da economia mundial

eram passageiros e de que as condições de financiamento eram favoráveis

(taxas de juros ex-ante reduzidas e longo prazo para a amortização), o II

PND propunha uma „fuga para a frente‟, assumindo os riscos de aumentar

provisoriamente os déficits comerciais e a dívida externa, mas construindo

uma estrutura industrial avançada que permitiria superar a crise e o

subdesenvolvimento.

Para que essas ações lograssem êxito e para garantir que as metas fossem alcançadas

era necessário planejamento. Para tal finalidade, foi instituída uma equipe econômica que

9

teria uma missão deveras complexa diante da atual conjuntura internacional, na visão de

Cavarzan e Racy (2011).

Ainda nesse período, o Brasil apresentava um crescimento econômico concentrado

no Centro-Sul, privilegiando apenas uma porção do território nacional, problema que os

responsáveis pelo II Plano Nacional de Desenvolvimento (1975-1979) trataram de discutir,

levando-os a propor estratégias como o espraiamento dos centros industriais para outras áreas

do país, assim como investimentos para alavancar a produção científica nacional

(CAVARZAN e RACY, 2011).

A proposta de desconcentração industrial demonstra uma tentativa de minimizar as

desigualdades regionais, bem como a integração e maior aproveitamento dos espaços ociosos

existentes no país, indicando sobremaneira, uma política reordenamento territorial.

As diretrizes do II Plano Nacional de Desenvolvimento (1975-1979) demonstram

que os pesquisadores tinham por proposta minimizar a centralização industrial no Centro-sul

com o objetivo de garantir a reprodução ampliada do capital, fato que pode ser comprovado

através da análise de outras propostas traçados, que traziam políticas de desenvolvimento e

valorização do potencial para industrialização, melhorias nos perfis econômico e social, além

de estabelecer intenções para o crescimento da Amazônia, Nordeste e Centro-Oeste. Para isso

era preciso desconcentrar as indústrias (que a princípio concentravam-se nas regiões

metropolitanas do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife e etc.,), construção e instalação

do Programa de Polos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia, desenvolvimento do

Programa de Desenvolvimento de Recursos Florestais, e a instalação do Pólo Petroquímico da

Bahia.

Esses são apenas exemplos que evidenciam a tentativa do governo militar em

implementar uma política territorial que atingisse a totalidade do território nacional, tendo em

vista a necessidade de garantir a segurança nacional, a base do projeto geopolítico.

Todavia, é importante lembrar que o fato do planejamento, teoricamente, ter

alcançado todo o país, não significou dizer que promoveu mudanças sociais, tendo em vista

que o II PND atingiu algumas das metas propostas. Ressalta-se que as obras oriundas desse

plano foram realizadas no contexto da ditadura militar, proporcionando avanços nos setores

industriais e tecnológicos. No entanto o mesmo êxito não foi observado em setores

primordiais da sociedade, como saúde e educação (ALMEIDA, 2004).

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Ao analisar os aspectos supracitados foi possível concluir que as políticas públicas e

o planejamento territorial obedecem a lógica do capital, representado pelas grandes empresas

e, por conseguinte, atendem aos interesses da classe dominante.

O quadro 1 indica as experiências do planejamento no Brasil desde a década de 1940

até o contexto atual, observando o período de execução e os principais objetivos de cada um

deles.

QUADRO 1 - PLANEJAMENTO NO BRASIL: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

ANO PLANEJAMENTO PRINCIPAIS OBJETIVOS

1942-43 Missão Cooke Elevar o nível da qualidade de vida da população brasileira,

incentivar o crescimento do comércio exterior.

1944-45 Relatório Simonsen O Estado controlando a economia através de extenso projeto de

planificação da economia.

1948

Missão Abbink

Equilibrar a economia através de diretrizes, identificar os

obstáculos que impedem esse desenvolvimento, assim como os

avanços para o mesmo.

1948-50 Plano Salte Estimular o desenvolvimento

da saúde, alimentação, transporte e energia.

1951-53 Comissão Mista Brasil-EUA Reestruturação da infraestrutura econômica brasileira.

1953-55

Grupo Misto BNDE – CEPAL

Identificar os fatores que dificultam o desenvolvimento da

economia brasileira, em especial os setores de transporte,

energia e alimentação. Elaborar propostas de projetos de

intervenções.

1956-61

Plano de Metas

Impulsionar a economia expandido o setor industrial com

investimentos na produção de aço, alumínio, metais não-

ferrosos, cimento, álcalis, papel e celulose, borracha,

construção naval, maquinaria pesada e equipamento elétrico.

1963-65 Plano Trienal Propor conjunto de metas para o desenvolvimento da economia

brasileira no triênio 1963-65.

1964-66 Programa de Ação Economia

do Governo (PAEG)

Controlar a política inflacionária, possibilitando a retomada do

desenvolvimento.

1967 Plano Decenal de

Desenvolvimento Econômico

Compatibilizar a estabilidade e política externa mediante

elaboração de modelo de crescimento econômico através da

balança de pagamentos.

1972-74

I Plano Nacional de

Desenvolvimento (IPND)

Promover a integração do território nacional através de

transportes, corredores de exportação, telecomunicações; ponte

Rio-Niterói, rodovia Transamazônica, hidrelétrica de Três

Marias, barragem de Itaipu; desenvolvimento das regiões;

1975-79

II Plano Nacional de

Desenvolvimento (II PND)

Investimento em indústrias de base; bens de capital; autonomia

em insumos básicos; energia; Elaboração de dois planos

básicos de desenvolvimento científico e tecnológico, assim

como elaboração do primeiro plano nacional de pós-graduação.

1986 Plano Cruzado Controle inflacionário com congelamento de preços, tarifas e

câmbio.

1987 Plano Bresser Controlar a inflação com congelamento de preços, aluguéis e

salários.

1989 Plano Verão Estabilizar a inflação mediante congelamento de tarifas e

salários, bem como realização de reforma monetária.

11

1994 Plano Real Controlar a economia e fornecer condições para o

planejamento governamental.

Fonte: Elaboração do autor.

2. BARRAGENS E HIDRELÉTRICAS NO BRASIL

O histórico de construção de Barragens e Hidrelétricas no Brasil é antigo, remonta ao

final do século XVI, com a construção do açude de Apipucos2 que foi destacado em um mapa

de 1577 de origem holandesa, e localizava-se na atual área urbana do Recife-PE (Mello,

2011).

No entanto, a primeira Barragem construída no Brasil não tinha objetivos

energéticos, muito menos fazia parte de um projeto geopolítico. De acordo com as

informações de Mello (2011, p.20), as primeiras construções com finalidades energéticas

surgiram no final do século XIX, nas regiões Sul e Sudeste.

Nas regiões Sul e Sudeste a implantação de barragens foi principalmente

direcionada para produção de energia elétrica. No final do Século XIX

começaram a ser implantadas pequenas usinas para suprimento de cargas

modestas e localizadas, todas com barragens de dimensões discretas.

Nesse contexto o Brasil não possuía uma política de exploração e produção da

energia elétrica oriunda das usinas hidrelétricas. Esse ramo era explorado por empresas

estrangeiras, ou seja, o capital privado dominava e ditava as ordens nesse segmento, ficando o

país exposto aos interesses externos à realidade nacional. Tal domínio estava concentrado

mais especificamente entre dois grupos de nacionalidades distintas, um era o Light, de origem

estadunidense-canadense, responsável por abastecer a Região Sudeste, e o outro a American

Foreign Power Company (AMFORP), de nacionalidade exclusivamente norte-americana que

dominava o mercado em Salvador, Natal, São Paulo, Curitiba, Vitória e Rio de Janeiro

(ARAÚJO E OLIVEIRA 2003).

Observa-se que o país ainda não possuía um projeto desenvolvimentista efetivamente

estabelecido, já que a política energética era um dos pilares para o crescimento, pleiteado

pelos governantes, em especial o pautado na indústria. Foi no primeiro governo Vargas (1930-

1945) que se que se definiu uma política energética, com a criação da primeira legislação que

regulamentaria o uso das águas - desde aquele período até os dias atuais - e a criação do

2 Apipucos é um termo oriundo da língua tupi e significa onde os caminhos se encontram.

12

Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica, como pode ser observado na discussão de

Araújo e Oliveira (1995, p.40-41).

O elevado potencial hidroelétrico, próximo à principal região consumidora,

levou o primeiro governo Vargas a promulgar uma legislação (o Código de

Águas) em 1934, e criar um órgão regulador (Conselho Nacional de Águas e

Energia Elétrica) em 1939 para orientar a exploração desses recursos.

É no contexto da ditadura militar que se desenvolveram as maiores obras de

construção de Barragens no Brasil, a exemplo da Usina Binacional de Itaipú (na fronteira com

o Paraguai), Tucuruí e Balbina (ambas na Amazônia brasileira), (Araújo e Oliveira 2003).

Esses empreendimentos se multiplicaram por todo território, demonstrando o esforço

dispendido em busca de uma política energética que proporcionasse mudanças no perfil

econômico e social no país como um todo.

QUADRO 2 - PRINCIPAIS HIDRELÉTRICAS DO BRASIL: LOCALIZAÇÃO, ANO DE INÍCIO E

TÉRMINO DA CONSTRUÇÃO

Fonte: Elaboração DIAS, Gleidson Sena.

*Ano de programação da licitação.

** Não é considerada uma das mais importantes do Brasil, porém foi incluída no quadro por constituir

o objeto de investigação

O quadro 2 expõe as Barragens e Hidrelétricas, a localização e o rio onde se

encontram, assim como o período das construções. É possível observar que as construções

iniciam-se após 1970, e concentram-se nas regiões Norte e Nordeste, mostrando que as

NOME

RIO

ESTADO

INÍCIO/TERMINO

Usina Hidrelétrica de Três Marias Rio São

Francisco

Minas Gerais 1957-1962

Usina Hidrelétrica de Furnas Rio Grande Minas Gerais 1958- 1965

Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira Paraná São Paulo 1965-1978

Usina Hidrelétrica de Xingó S. Francisco Alagoas e

Sergipe

1987-1994

Usina Hidrelétrica de Tucuruí Tocantins Pará 1974-1984

Barragem e Hidrelétrica de Pedra do

Cavalo**

Paraguaçu Bahia 1975-1985

Usina Hidrelétrica de Itaipu Paraná Paraná (Brasil e

Paraguai)

1975 -1982

Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso IV S. Francisco Bahia 1975-1982

Usina Hidrelétrica de Jirau Madeira Rondônia 2008-2012

Usina Hidrelétrica Santo Antônio Madeira Rondônia 2008-2016

Usina Hidrelétrica Jatobá Tapajós Pará 2011*

Usina Hidrelétrica de Belo Monte Xingú Pará 2011-2016

Usina Hidrelétrica São Luiz do Tapajós Tapajós Pará 2015*

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estratégias de gestão e controle territoriais estavam voltadas para consolidação e expansão da

industrialização no país.

Na trama desenvolvimentista, a construção de hidrelétricas teve um papel

fundamental, já que o país possui muitos parques industrias, com indústrias de grande porte,

que utilizam significativa quantidade de energia. Assim, uma das funções das hidrelétricas era

prover eletricamente as indústrias, como observa-se no texto do II Plano Nacional de

Desenvolvimento (1975-1979), ou seja,

Emprego intensivo de energia de origem hidroelétrica na produção de bens

que exigem alto consumo de energia elétrica, visando à substituição de

importações, mas, principalmente, à exportação, aproveitando a vantagem do

baixo custo e do nosso imenso potencial de energia hidráulica (p.65).

Nota-se que o território está sendo pensado e planejado, visando uma articulação,

integração, e uma suposta complementaridade entre as diferentes regiões, através das ações

implementadas pelo Estado, buscando atender aos interesses do capital.

2.1. A BARRAGEM DE PEDRA DO CAVALO

Observa-se que a forma como o Estado subjuga as populações afetadas pelas

construções de Barragens e Usinas Hidrelétricas, retirando-as do seu território, imprimindo

rupturas de ordens materiais e imateriais muitas vezes irreconstituíveis, porque elementos

representativos da memória, do cotidiano, das relações sociopolíticas e territoriais são

destruídos, implicando na perda de referenciais historicamente constituídos.

A Barragem de Pedra do Cavalo, inaugurada no ano de 1985, localiza-se na Bacia do

Paraguaçu, no espaço onde se localizam os municípios de Cachoeira e Governador

Mangabeira. Origina-se do projeto que definia como proposta principal o controle das cheias

do rio Paraguaçu, as quais acometiam rotineiramente os municípios de Cachoeira e de São

Felix, gerando inúmeros danos econômicos, sociais, e culturais para as populações das

referidas. (PALMA, 2007). Além de contenção das cheias, a construção da Barragem e

Hidrelétrica de Pedra do Cavalo também tinha como finalidade o abastecimento de água para

Salvador e Região Metropolitana, Cachoeira, Feira de Santana e Cruz das Almas, e a geração

de energia elétrica, para uma central, para posterior distribuição.

Na época dos estudos, sondagem e lançamento do projeto houve discussões e

posicionamentos contrários à construção da barragem, tanto pelas comunidades atingidas,

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quanto estudiosos e pesquisadores. Os argumentos contra o empreendimento perpassavam

pelo custo-benefício da obra, pelos danos causados ao meio ambiente e social, à localização

da área em que a barragem seria e foi soerguida, pois o sítio escolhido para a implantação do

barramento situa-se em área de instabilidade geológica, à borda da falha de Maragogipe, que

faz parte da Bacia Sedimentar Recôncavo-Tucano, estendendo-se da Baía de Todos os Santos

à Região de Tucano no norte do Estado da Bahia (PALMA, 2007).

O risco de construir a barragem nas proximidades de uma falha geológica foi tema de

diversos debates no Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA) entre

as décadas de 1970 e 1980, incluindo posições de integrantes do governo do Estado (PALMA,

2007). Os estudos encomendados pelo governo com o intuito de obter informações físicas e

sociais da área, sinalizaram para a impossibilidade de recebimento de uma construção dessa

magnitude naquele sítio, conforme pode ser observado a seguir:

Os estudos realizados indicaram que a rocha é gnaisse cinza, praticamente

inalterado, com uma pequena cobertura de solo principalmente de origem

coluvionar. Não se deve esperar problemas maiores de fundação e

permeabilidade na área de implantação da barragem. Nos limites desta área,

na margem direita, existe uma falha de grande desenvolvimento. Esta zona

deve ser evitada no posicionamento de estruturas de concreto e, de qualquer

forma, há de receber atenção especial durante as sondagens. (Bahia, 1974b,

p. 9 apud PALMA, 2007, p.67).

No entanto, as informações foram desconsideradas por parte do Estado, que estava

decidido em retirar o projeto do papel e efetivá-lo, mostrando assim, força e poder, enquanto

agente modificador do espaço e gerenciador do território.

A Barragem e Hidrelétrica de Pedra do Cavalo figurava como símbolo de

desenvolvimento e materializava o poder do Estado, pois constituíam-se junto com a

Barragem de Sobradinho as maiores da Bahia, além de ser elemento chave e de grande

importância para a implantação e funcionamento do Centro Industrial Subaé (CIS),

(FREITAS, 1998). Após a conclusão das obras em 1985, observa-se uma série de

consequências para as comunidades ribeirinhas, deixando-as em situação de vulnerabilidade

social e ambiental. Sabe-se que vulneráveis são pessoas ou grupos que encontram-se em

exposição à situações que lhes ofereçam riscos e disponham de menor probabilidade de

reconstituir ou recuperar (BARCELLOS E OLIVEIRA, 2008). Partindo dessas afirmações, é

assaz importante debater o processo de construção da Barragem e Hidrelétrica de Pedra do

Cavalo, buscando a explicação do processo de (des)territorialização de comunidades

ribeirinhas na Bahia, especificamente no município de Cachoeira.

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entender a lógica do Estado presente nos diversos momentos do planejamento do

Brasil, é entender como este território encontra-se organizado atualmente. As estratégias de

organização e de reorganização territorial vão muito mais além de meras obras gigantescas (a

exemplo da Ponte Rio-Niterói) e das grandes barragens dispersas no território, demonstrando

a grande hegemonia e poder do Estado.

Assim, observa-se que a construção de barragens e hidrelétricas servem,

principalmente, para preservar os interesses das elites, do capital. Já os grupos contra

hegemônicos, a exemplo das populações atingidas por essas construções, têm seus direitos

subjugados, principalmente com o processo de desligamento territorial, gerando a quebra de

laços identitários historicamente constituídos. Pois essas obras de engenharia afetam

diretamente às comunidades, seja com o alagamento das terras pertencentes às populações

ribeirinhas, ou afetando os meios de produções dessas comunidades.

Neste sentido, nota-se que durante todo o processo de planejamento territorial

brasileiro o Estado tem objetivos explicito que coadunam com os interesses da burguesia,

relegando as necessidades primarias (terra, água, alimentação) dos grupos contra

hegemônicos à segundo plano.

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