planejamento estratÉgico : estudo de caso de um...

141
ANA CAROLINA MILHOMEM LOT PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: ESTUDO DE CASO DE UM ESCRITÓRIO DE ARQUITETURA EM RIBEIRÃO PRETO São Paulo 2020

Upload: others

Post on 25-Jul-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

ANA CAROLINA MILHOMEM LOT

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: ESTUDO DE CASO DE UM ESCRITÓRIO DE ARQUITETURA

EM RIBEIRÃO PRETO

São Paulo

2020

Page 2: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

ANA CAROLINA MILHOMEM LOT

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: ESTUDO DE CASO DE UM ESCRITÓRIO DE ARQUITETURA

EM RIBEIRÃO PRETO

Monografia apresentada à Escola

Politécnica da Universidade de São Paulo,

para obtenção do título de Especialista em

Gestão de Projetos na Construção

Área de Concentração: Gestão de Projetos

na Construção

Orientador:

Prof. Roberto Mingroni

São Paulo

2020

Page 3: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meioconvencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Catalogação-na-publicação

Lot, Ana Carolina M. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: ESTUDO DE CASO DE UMESCRITÓRIO DE ARQUITETURA EM RIBEIRÃO PRETO / A. C. M. Lot -- SãoPaulo, 2020. 139 p.

Monografia (Especialização em Gestão de Projetos na Construção) - EscolaPolitécnica da Universidade de São Paulo. Poli-Integra.

1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório deArquitetura I.Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Poli-Integra II.t.

Page 4: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

Dedico esta monografia à minha família, aos meus avós, pais,

irmãos e ao meu marido, Paulo Henrique.

Page 5: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

AGRADECIMENTOS

Agradeço àquele que sempre acreditou em mim e me deu força para vencer:

meu marido, Paulo Henrique. Juntos somos mais fortes.

Aos meus pais, que não mediram esforços para me proporcionar, em primeiro

lugar, a melhor educação ao longo de toda minha trajetória.

À minha família, que sempre apoiou e incentivou a minha profissão.

Aos meus colegas de turma e de profissão, pelas trocas e conhecimento

compartilhado.

Ao meu orientador, Professor Roberto Mingroni, pela orientação e por toda

atenção a mim dedicada ao longo deste trabalho.

Page 6: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

RESUMO

As empresas projetistas de arquitetura podem ser consideradas as primeiras a atuar

no ciclo da cadeia produtiva da construção civil e, de modo geral, os impactos

sofridos pelo setor nos últimos anos afetaram diretamente os arquitetos. Com a

redução das vagas de trabalho em grandes empresas ou escritórios, um grande

número de profissionais recém-formados decidiu empreender por conta própria e

entrar na concorrência por clientes e serviços. Muitos desses profissionais não

possuíam ou possuem experiência com administração de empresas, pois a maior

parte da graduação foi dedicada ao estudo da disciplina de caráter mais técnico.

Dessa maneira, um dos fatores capaz de auxiliar no sucesso desses novos

escritórios é a elaboração de um planejamento estratégico. Por essa razão, um dos

objetivos deste trabalho prende-se à elaboração de um planejamento estratégico

para uma empresa de arquitetura recém-chegada em um novo mercado que, além

de não possuir contatos com fornecedores/parceiros, tampouco conta com uma rede

de clientes formada. Para tanto, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre

planejamento estratégico, as ferramentas que auxiliam na sua elaboração, além de

uma análise sobre empreendedorismo em microempresas; em seguida, o estudo de

caso efetuado avaliou a situação da empresa em questão antes da elaboração do

plano estratégico. Com a revisão da literatura, consolidou-se, dentre os modelos de

planejamento estratégico propostos por diversos autores, um modelo a ser seguido;

juntaram-se as informações obtidas na pesquisa preliminar sobre a empresa e,

como produto final deste trabalho, foi elaborado um plano estratégico para o

escritório que definiu, portanto, inúmeros pontos fundamentais a serem observados,

como por exemplo, missão, visão, valores, objetivos, estratégias e formulação do

mapa estratégico.

Palavras-chave: Planejamento estratégico. Escritórios de arquitetura. Construção

civil. Objetivos e metas.

Page 7: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

ABSTRACT

Architecture designer companies can be considered in the initial point of the civil

construction production chain cycle, and the impacts that the sector has suffered in

recent years has directly affected architects. During the crisis, a reduction in jobs

could be seen in large companies or offices, for this reason many new graduated

professionals at the time decided to undertake on their own, struggling the

competition for customers and services. Many of these professionals have had no

previous experience with business administration since most of undergraduate

courses were focused to the study of technical disciplines. Therefore, one of the

factors that can assist in the success of these new offices is the development of

strategic planning. One of the objectives of this work is the construction of a strategic

planning for an architecture designer company that has just entered in a new market,

and do not have enough partnerships established, neither has formed a customer

network. For this, a bibliographic research has been done on strategic planning, the

tools used to construct it and an analysis about entrepreneurship in small companies.

At last, a case study was carried out with this company where its situation was

analyzed before the elaboration of the strategic plan. Based on the literature review,

a model to be followed was consolidated from the strategic planning models that

were proposed by several other authors, all the information gathered during the

preliminary research inside the company was used to elaborate their own strategic

plan for the office, going through several strategic points, such as mission, vision,

values, objectives, strategies and design of a strategic map.

Keywords: Strategic planning. Architects companies. Civil construction. Objectives

and goals.

Page 8: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Evolução do PIB da Construção Civil ....................................................... 15

Figura 2 – Número de empresas de Arquitetura no Brasil......................................... 19

Figura 3 – Número de Arquitetos e Urbanistas no Brasil........................................... 19

Figura 4 – Método de pesquisa ................................................................................. 22

Figura 5 – Diagrama, metodologia e processo de planejamento estratégico por

Fischmann (1987) ..................................................................................................... 27

Figura 6 – Etapas do planejamento estratégico por Oliveira e Melhado (2006) ........ 28

Figura 7 – Modelo geral do processo estratégico adotado no livro de Chiavenato e

Sapiro (2009) ............................................................................................................. 29

Figura 8 – Processo de Planejamento Estratégico adotado no Estudo de Caso ...... 33

Figura 9 – Focos de avaliação estratégica ................................................................ 45

Figura 10 – Análise SWOT tradicional....................................................................... 46

Figura 11 – Análise SWOT Cruzada ......................................................................... 48

Figura 12 – Business Model Canvas por Alex Osterwalder ....................................... 49

Figura 13 – As cinco forças de Porter ....................................................................... 52

Figura 14 – Exemplo de Mapa Estratégico – Mobil ................................................... 59

Figura 15 – Esquema gráfico dos elementos de gestão por Oliveira e Melhado

(2006) ........................................................................................................................ 65

Figura 16 – Atividades de Arquitetura e Urbanismo no Brasil – Anuário CAU 2019 . 81

Figura 17 – Atividades de Arquitetura e Urbanismo de acordo com Classificação de

RRT ........................................................................................................................... 82

Figura 18 – Atividades de Arquitetura e Urbanismo no estado de São Paulo no ano

de 2018 ..................................................................................................................... 84

Figura 19 – Business Model Canvas da empresa estudada ..................................... 90

Figura 20 – Matriz SWOT (Ameaças e Oportunidades) da empresa estudada ......... 97

Figura 21 – Cinco Forças de Porter da empresa estudada ....................................... 98

Figura 22 – Matriz SWOT (Fraquezas e Forças) da empresa estudada ................. 102

Figura 23 – Elementos gerados a partir das sobreposições da Matriz TOWS ........ 104

Figura 24 – Matriz TOWS – Forças x Oportunidades – Sobreposições de

Crescimento ............................................................................................................ 106

Figura 25 – Matriz TOWS – Fraquezas x Oportunidades – Sobreposições de

Desenvolvimento ..................................................................................................... 107

Page 9: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

Figura 26 – Matriz TOWS –- Forças x Ameaças – Sobreposições de Manutenção 109

Figura 27 – Matriz TOWS – Fraquezas x Ameaças – Sobreposições de

Sobrevivência .......................................................................................................... 110

Figura 28 – Definição de Objetivos, Indicadores e Metas para a empresa estudada

................................................................................................................................ 122

Figura 29 – Mapa Estratégico proposto para a empresa estudada ......................... 123

Figura 30 - Sequência de Atividades do Planejamento Estratégico ........................ 131

Figura 31 – Processo de Planejamento Estratégico proposto no Estudo de Caso . 133

Page 10: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comparação entre as metodologias de planejamento estratégico

abordadas ................................................................................................................. 32

Tabela 2 – Declaração de missão, visão e valores da empresa estudada ................ 85

Tabela 3 – Business Model Canvas – Itens .............................................................. 93

Tabela 4 – Perspectivas e Áreas de construção das Macroestratégias .................. 111

Tabela 5 – Macroestratégias para o Planejamento Estratégico .............................. 112

Page 11: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRAINC Associação Brasileira de Incorporadoras

BIM Building Information Modeling

BMC Business Model Canvas

BSC Balanced Scorecard

CAU Conselho de Arquitetura e Urbanismo

CBIC Câmara Brasileira da Indústria e Construção

COPOM Comitê de Política Monetária

IAB Instituto dos Arquitetos do Brasil

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PEGN Pequenas Empresas Grandes Negócios

PIB Produto Interno Bruto

PMBoK Project Management Body of Knowledge

RRT Registro de Responsabilidade Técnica

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SMART Specific, Measurable, Attainable, Realistic, Timely

SWOT Strengths, Weakness, Opportunities, Threats

TOWS Threats, Opportunities, Weakness, Strengths

Page 12: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15

1.1 Justificativa................................................................................................. 16

1.2 Objetivos ..................................................................................................... 20

1.3 Metodologia de Pesquisa .......................................................................... 20

1.4 Estruturação do Trabalho .......................................................................... 24

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 25

2.1 Planejamento Estratégico.......................................................................... 25

2.2.1. Conceituação ............................................................................................... 25

2.2.2. Etapas do Planejamento Estratégico ........................................................... 26

2.2.2.1. Missão, Visão e Valores ........................................................................ 34

2.2.2.2. Análise do Ambiente Externo................................................................. 36

2.2.2.3. Análise do Ambiente Interno .................................................................. 37

2.2.2.4. Definição dos Objetivos e Metas ........................................................... 38

2.2.2.5. Formulação e seleção das estratégias ................................................. 41

2.2.2.6. Implementação das Estratégias ............................................................. 42

2.2.2.7. Avaliação das Estratégias...................................................................... 44

2.1.3 Ferramentas de Planejamento Estratégico .................................................. 45

2.1.3.1 Análise SWOT e Matriz TOWS .............................................................. 45

2.1.3.2. Business Model Canvas ........................................................................ 49

2.1.3.3 Cinco Forças de Porter .......................................................................... 51

2.1.3.4 Benchmarking ........................................................................................ 56

2.1.3.5 Balanced Scorecard (BSC) .................................................................... 57

2.2 Gestão de Escritórios Projetistas de Arquitetura .................................... 59

2.2.1 Empreendedorismo ...................................................................................... 60

2.2.2 Microempresas ............................................................................................. 63

2.2.3 Áreas de Gestão .......................................................................................... 65

3. ESTUDO DE CASO............................................................................................ 73

3.1 Descrição da Empresa ............................................................................... 73

3.2 O Ambiente ................................................................................................. 77

3.2.1 Localização .................................................................................................. 77

3.2.2 Análise Setorial Macro ................................................................................. 78

3.2.3 Análise Setorial Micro ................................................................................... 81

Page 13: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

3.3 Proposta de Planejamento Estratégico ........................................................ 85

3.3.1 Missão, Visão e Valores ............................................................................... 85

3.3.1.1 Business Model Canvas ........................................................................ 89

3.3.2 Análise do Ambiente Externo ....................................................................... 96

3.3.2.1 Matriz SWOT – Oportunidades e Ameaças ........................................... 96

3.3.2.2 Cinco Forças de Porter .......................................................................... 98

3.3.3 Análise do Ambiente Interno ...................................................................... 102

3.3.3.1 Matriz SWOT – Forças e Fraquezas ................................................... 102

3.3.4 Definição das Macroestratégias e Objetivos .............................................. 103

3.3.4.1 Matriz TOWS – SWOT Cruzada .......................................................... 103

3.3.4.2 Macroestratégias ................................................................................. 110

3.3.4.3 Objetivos Estratégicos ......................................................................... 113

3.3.5 Definição de Metas e Indicadores .............................................................. 118

3.3.5.1 Mapa Estratégico ................................................................................. 122

3.3.6 Formulação e Seleção das Estratégias ...................................................... 124

3.3.6.1 Objetivos Funcionais Táticos e Iniciativas Operacionais ..................... 124

3.3.6.2 Cronograma das Atividades................................................................. 130

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 132

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 137

APÊNDICE .............................................................................................................. 142

Page 14: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

15

1. INTRODUÇÃO

A construção civil é um dos setores primordiais para a economia brasileira e,

ao longo dos últimos cinco anos, vem sofrendo as consequências de uma crise

política e econômica que atingiu todo o país. O setor sempre foi importante para o

crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), no entanto, essa representatividade

diminuiu nos últimos anos, assim como a sua própria produção.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que,

na década de 2000, a construção teve um crescimento médio anual de 2,6%,

enquanto que, na década de 2010, houve um decréscimo anual médio de 0,4%. O

setor, que passou por bons momentos entre os anos de 2009 e 2013, com um

crescimento médio de 7,2%, amargou, nos anos seguintes, uma grande queda na

produção. Conforme se observa no gráfico apresentado pela Figura 1, a construção

civil só voltou a crescer no ano de 2019.

Figura 1 – Evolução do PIB da Construção Civil

Fonte: Banco de Dados – Câmara Brasileira da Indústria e Construção (CBIC), que teve como fonte o

IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais. Disponível em: http://www.cbicdados.com.br/menu/pib-e-investimento/pib-brasil-e-construcao-civil (IBGE, 2020)

Os escritórios de arquitetura estão inseridos no contexto da construção civil e

também sofreram com as oscilações econômicas gerais do Brasil nos últimos anos.

Estes, muitas vezes, são empresas com poucos funcionários e possuem como uma

das suas principais atividades a concepção de projetos de pequeno porte destinados

a clientes privados ou serviço de terceirização para construtoras (CUNHA, 2018).

Page 15: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

16

Nesse cenário, as vagas de trabalho se tornaram mais escassas e

fortaleceram um movimento em que os arquitetos, ao invés de trabalharem para

outras organizações, decidiram empreender por conta própria e abrir sua empresa.

Com uma alta carga horária dedicada a matérias técnicas durante a graduação, os

novos arquitetos enfrentam dificuldades no gerenciamento do seu negócio no

mercado.

Outro fator que dificulta ainda mais a situação foi abordado por Oliveira e

Melhado (2006), quando afirmam que os clientes tendem a valorizar trabalhos que

eles conseguem compreender e, como não possuem o conhecimento técnico sobre

as atribuições de um projetista, tendem a não valorizá-lo. Sendo assim, além de

executar seu trabalho com competência, o arquiteto precisa desenvolver habilidades

de comunicação para auxiliar a melhor compreensão de seus serviços e,

consequentemente, angariar mais contratos (OLIVEIRA; MELHADO, 2006).

Dessa maneira, o desenvolvimento de um planejamento estratégico para uma

empresa recém-chegada em um novo mercado possibilita ao empresário um

conhecimento mais aprofundado de seu ramo de atuação, passando por clientes,

fornecedores, seus pontos fortes e fracos, quais são as oportunidades ou ameaças

ao seu negócio, como seu trabalho deve ser ofertado – todos esses pontos

transformados em estratégias para alcançar os objetivos da empresa.

1.1 Justificativa

Durante a faculdade de Arquitetura e Urbanismo, muitas vezes, os estudantes

aprofundam seus estudos em técnicas de projeto e da construção civil, mas a

abordagem de assuntos relacionados ao cotidiano das obras, escritórios e papel do

arquiteto como gestor e administrador de empresa são encarados somente quando

iniciam sua vida profissional, seja no estágio ou no primeiro emprego. Por extensão,

esta autora acredita que o mesmo também acontece em outras faculdades além da

Arquitetura. Segundo Oliveira e Melhado (2006), o projetista tem grande dificuldade

de conceber em seu trabalho o papel de gestor, uma vez que sua formação e prática

profissional são predominantemente técnicas.

Em pesquisa divulgada pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) no

ano de 2015, intitulada Censo de Arquitetos e Urbanistas, os entrevistados relataram

Page 16: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

17

que os principais obstáculos para o exercício da profissão do Arquiteto e Urbanista

são a desvalorização do seu trabalho perante a sociedade e a má remuneração

(CAU, 2015). Essa situação, muitas vezes, gera um anseio dos profissionais em

empreender e começar um negócio próprio ao invés de trabalhar em escritórios de

terceiros.

Esse mesmo estudo divulgou que um dos principais fatores responsáveis pelo

aumento da renda dos profissionais de arquitetura coincide com o fato de o mesmo

ser dono ou sócio de uma empresa. Os números demonstraram que a maior parte

dos profissionais melhor remunerados refere-se àqueles que possuem pessoa

jurídica própria (CAU, 2015).

Quando, enfim, decidem começar uma trajetória em “voo solo”, os arquitetos

passam a ser, também, administradores, porém, com pouca experiência e

conhecimento na área de gestão empresarial. O profissional, dentro do mercado de

trabalho, precisa moldar suas habilidades não apenas no âmbito técnico, mas em

suas relações interpessoais e em suas características singulares, tais como

liderança, coletividade, gestão, etc.

De acordo com o anuário do CAU de 2019, houve um aumento considerável

no número de empresas de Arquitetura e Urbanismo entre os anos de 2014 e 2018,

sendo que esse período apresentou um crescimento médio anual de 14% e um total

de 55% entre as duas datas. No entanto, pode-se observar na

Page 17: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

18

Figura 2 que esse crescimento anual vem diminuindo e o percentual de 23%

alcançado em 2014 atingiu apenas 8% no ano de 2018 (CAU, 2019).

Page 18: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

19

Figura 2 – Número de empresas de Arquitetura no Brasil

Fonte: Anuário de Arquitetura e Urbanismo 2018 – CAU/BR (CAU, 2019)

Figura 3 – Número de Arquitetos e Urbanistas no Brasil

Fonte: Anuário de Arquitetura e Urbanismo 2018 – CAU/BR (CAU, 2019)

Em contrapartida, o número de arquitetos também cresceu entre os anos de

2012 e 2017. Ao comparar a quantidade de arquitetos por empresa de arquitetura,

tem-se o número aproximado de dez arquitetos para cada empresa em 2012 e de

sete arquitetos para cada empresa em 2017.

Pelos números, observa-se um aumento no registro de empresas e uma

diluição na quantidade de profissionais para cada uma delas. Em seu trabalho,

Page 19: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

20

Oliveira (2008) ressalta a importância das pequenas empresas no aquecimento e no

crescimento da economia do país, pois acredita ainda que elas são responsáveis por

gerar oportunidades e estimular o desenvolvimento empresarial.

Por essa razão, os arquitetos recém-formados e/ou aqueles que desejam

empreender em suas próprias empresas também podem buscar cada vez mais

capacitação fora do seu âmbito técnico de atuação. Esta pesquisa procura guiar os

profissionais através de práticas de gestão estratégica, com o desenvolvimento de

um planejamento estratégico para um escritório de Arquitetura.

1.2 Objetivos

Como objetivo principal desta pesquisa está o desenvolvimento de um

planejamento estratégico para uma microempresa de Arquitetura, que busca se

recolocar, de maneira competitiva, no mercado.

Outro objetivo a ser citado visa fornecer um embasamento prático e teórico

para os profissionais de Arquitetura que almejam empreender e abrir sua própria

empresa, fornecendo-lhes bibliografia e estudos ligados ao planejamento estratégico

e à gestão empresarial.

1.3 Metodologia de Pesquisa

O estudo de caso é uma entre as várias maneiras de desenvolver uma

pesquisa científica, mas que, por algumas vezes, acabou sendo alvo de críticas de

uma parcela da comunidade acadêmica (YIN, 2010). Na literatura, há contribuições

de diferentes autores que ajudam a definir o significado de estudo de caso.

Em sua pesquisa, Ventura (2007) apresenta algumas opiniões acadêmicas;

dentre elas, estão Goode e Hatt (1979), que entendem que o estudo de caso é uma

forma de organizar dados preservando a característica unitária do objeto estudado.

Através do estudo de caso, investigam-se as características importantes que são

únicas ao objeto em estudo.

Para Yin (2010), trata-se de uma investigação empírica através de um método

abrangente, que pode incluir casos únicos ou múltiplos, além de realizar abordagens

quantitativas e qualitativas de pesquisa. Os estudos de caso podem ser realizados

Page 20: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

21

de maneira singular, em que uma unidade é estudada e analisada, ou de forma

múltipla, quando vários estudos ocorrem de forma simultânea, como por exemplo,

diversas organizações analisadas individualmente para comporem uma única

pesquisa (VENTURA, 2007).

Robert Yin, em seu livro “Estudo de Caso – Planejamento e Métodos”,

descreve que o estudo de caso é um método bastante relevante na área das

ciências sociais e cada abordagem de pesquisa apresenta suas vantagens e

desvantagens (YIN, 2010). Sua metodologia é comumente adotada para estudos de

ciências políticas, administração pública, sociologia, estudos organizacionais e

gerenciais, pesquisas de planejamento regional e municipal, entre outros.

O autor considera que o estudo de caso consegue atender pesquisas quando

a forma da questão é mais explanatória e consiste em “como?” e “por quê?”.

Diferentemente de outras metodologias de pesquisa que precisam realizar análises

de repetições ou incidência de um acontecimento, o estudo de caso lida com

ligações operacionais que precisam ser traçadas ao longo do tempo (YIN, 2010).

A fim de projetar o processo do estudo de caso, o autor precisa desenvolver

um plano ou projeto de pesquisa, considerado desafiador para esse tipo de

metodologia, pois ainda não foi sistematizado (YIN, 2010). O projeto de pesquisa

consiste na junção dos dados empíricos, baseados na experiência e observação do

autor, às questões que pretendem ser respondidas e que, por último, resultarão em

uma análise final, ou seja, as conclusões.

Yin (2010) cita cinco componentes relevantes para a construção de um

projeto de pesquisa: as questões de um estudo, se há proposições de estudo, sua

unidade de análise, a lógica que conecta os dados às proposições e os critérios para

interpretar as descobertas.

O primeiro componente se refere à abordagem anterior, às questões que o

estudo deverá responder, “como” e “por quê”. O segundo item corresponde às

proposições que podem estar dentro do contexto de estudo e trazer informações

relevantes à pesquisa. Na sequência, o terceiro componente é a unidade de análise

definida do estudo de caso, que, para a presente pesquisa, é o processo de

planejamento estratégico. Finalmente, o quarto e quinto itens envolvem as etapas de

análise de dados na pesquisa, apesar de os estudos acadêmicos não fornecerem

Page 21: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

22

orientação precisa sobre eles; através dos dados coletados, o projeto poderá

informar a lógica que une os dados às sobreposições e os critérios para

interpretação das descobertas (YIN, 2010).

Logo, a pesquisa em questão tem como objetivo desvendar “como a empresa

em estudo pode se recolocar dentro de seu mercado”; trata-se, portanto, de um

estudo organizacional e gerencial que adotou como abordagem a metodologia do

estudo de caso.

A fim de alcançar os objetivos propostos para esta monografia, os métodos de

pesquisa utilizados foram divididos em três fases: revisão bibliográfica, estudo de

caso e planejamento estratégico para empresa estudada. A Figura 4 demonstra o

processo conduzido por esta autora.

Figura 4 – Método de pesquisa

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

Page 22: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

23

FASE 1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A primeira fase corresponde à etapa em que a pesquisa científica foi

realizada, abordando conceitos e explanações sobre planejamento estratégico e

gestão de escritórios de arquitetura. Aqui, esta autora procurou base para sustentar

seu trabalho e desenvolveu seu aprendizado e amadurecimento nos temas em

estudo.

FASE 2 – ESTUDO DE CASO

A empresa escolhida como objeto de estudo desta monografia possui relação

direta com esta autora, que detém amplo acesso aos dados da organização. Esta

fase da pesquisa apresenta de forma explanatória e com abordagem qualitativa,

primeiramente, as características da empresa de arquitetura atuante na cidade de

Ribeirão Preto, onde os dados foram coletados através de um checklist presente no

Apêndice deste trabalho.

Para a responsável pelo escritório, os itens discriminados no documento

serviram como guia, facilitando a descrição e o relato das práticas adotadas para

cada item mencionado. O histórico de documentos da microempresa também foi

analisado no processo de coleta de dados, como o arquivo de projetos realizados e

seus relatórios de obra. Os assuntos que serviram de base para a descrição da

empresa foram: público-alvo, seus serviços, sua estrutura organizacional, processos

internos, processo de projeto, entre outros.

Feita a apresentação da organização, esta autora promoveu análises e

reflexões sobre o estágio atual da empresa, que utilizou como ferramenta o

Business Model Canvas para elencar todos os elementos a ela relacionados

atualmente, além de futuras possibilidades.

FASE 3 – PROPOSTA DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Com base na análise realizada e nos dados coletados na segunda etapa,

agregados aos conhecimentos adquiridos na etapa 1, a proposta de planejamento

estratégico elaborada foi desenvolvida com o intuito de estruturar e respaldar a

empresa de arquitetura para a busca de seus objetivos, descritos no item 1.2.

Page 23: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

24

1.4 Estruturação do Trabalho

Como pode ser observado, o primeiro capítulo apresenta toda a

contextualização desta monografia, como sua introdução, justificativa, objetivos, a

metodologia de pesquisa adotada e a estruturação do trabalho.

O Capítulo 2 compreende a revisão bibliográfica de todos os temas que

serviram de embasamento científico para o desenvolvimento desta pesquisa. Esse

capítulo foi dividido em dois grupos principais: o primeiro abrange os conceitos

pertinentes ao planejamento estratégico; o segundo refere-se aos assuntos afetos à

gestão de escritórios de arquitetura.

No âmbito do planejamento estratégico, foram abordados seus conceitos e

principais autores sobre o tema, e as etapas do processo de planejamento foram

destrinchadas e apresentas uma a uma. Por último, foram estudados exemplos de

ferramentas utilizadas no processo de planejamento estratégico, empregadas,

posteriormente, no estudo de caso.

A segunda parte da revisão bibliográfica discorre sobre alguns elementos

necessários para uma boa gestão de escritórios de arquitetura, área de atuação da

empresa estudada na pesquisa. O recorte feito serviu para contextualizar o leitor

através do nicho de mercado específico, desenvolvendo temas relacionados ao

empreendedorismo, microempresas, estrutura organizacional, processo de projeto e

como é planejamento estratégico nas microempresas.

O capítulo seguinte relata o estudo de caso da empresa escolhida, com a qual

esta autora possui relação próxima e conhecimento de suas características,

processos e futuro. A empresa fora descrita dentro de seu contexto histórico, sua

estrutura organizacional e processos internos que embasaram a elaboração da

proposta de planejamento estratégico, utilizando ferramentas descritas na revisão

bibliográfica.

Por fim, o quarto e último capítulo apresenta as considerações finais e a

conclusão geral sobre todo o trabalho desenvolvido, alinhando os pontos estudados

e identificando os pontos positivos e negativos desta monografia.

Page 24: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

25

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Planejamento Estratégico

2.2.1. Conceituação

Em vários âmbitos de atuação, para alcançar o que é sonhado e almejado, a

elaboração de um plano é primordial. Os planos usualmente são traçados a partir de

uma problemática e desenhados com metas, objetivos e ações para solucioná-la.

Para Oliveira e Melhado (2006), o planejamento é definido como o processo para

definir um estado futuro desejado, através do delineamento dos meios efetivos para

a sua realização.

O termo estratégia foi comumente utilizado no ambiente das guerras, quando

os militares, com o objetivo de vitória após um histórico de lutas e batalhas,

precisavam pensar antes de agir e passaram a conduzir seus combates de forma

estratégica e antecipada (CHIAVENATO; SAPIRO, 2009).

Segundo Terence (2002), “o vocábulo "estratégia" teve sua origem no idioma

grego – strategos, que significa a arte da liderança. Inserida no âmbito empresarial,

a estratégia é uma ferramenta gerencial imprescindível para as organizações,

utilizada para designar o caminho que a empresa irá seguir para atingir seus

objetivos (TERENCE, 2002).

A estratégia, no ambiente empresarial, consiste basicamente na utilização

conjunta de diversos recursos empresariais, humanos, técnicos e financeiros, que

estão à disposição dos empresários (ANSOFF, 1990).

A partir das duas terminologias, diversos pesquisadores definiram a

conceituação de planejamento estratégico, dentre eles Quadros et al. (2012 apud

OLIVEIRA, 2008) e Kotler e Armstrong (2007). Os primeiros autores entendem que

planejamento estratégico é a orientação para identificar e avaliar as condições reais

do ambiente interno e externo da empresa, com base em informações sólidas, a fim

de construir uma estratégia pautada por objetivos e metas que visem sua realização;

os estudiosos citados posteriormente destacam que trata-se de um processo para

desenvolver e manter o alinhamento estratégico dos objetivos e habilidades de uma

organização.

Page 25: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

26

Ambas as definições retratam o planejamento estratégico como uma

ferramenta de análise de realidade do ambiente, com a utilização de estratagemas

para atingir um objetivo (QUADROS et al., 2012 apud OLIVEIRA, 2008; KOTLER;

ARMSTRONG, 2007).

No contexto de cada empresa analisada, o amplo conhecimento sobre a

organização e seus processos é fundamental, além de uma percepção acurada dos

fatores externos e seu posicionamento no mercado. Dessa forma, o responsável

pela elaboração do planejamento estratégico dentro das empresas é o gestor de

nível mais elevado, que pode ser auxiliado por profissionais de sua escolha

(OLIVEIRA; MELHADO, 2006).

Um problema perceptível em microempresas de arquitetura dirigidas por uma

única pessoa, na qual o proprietário precisa, muitas vezes, exercer múltiplas funções

(técnicas e administrativas), é a falta de tempo para a elaboração de um

planejamento estratégico adequado. Ainda citando Oliveira e Melhado (2006), as

decisões devem ser tomadas com base em informações precisas e fundamentadas,

mas acabam sendo deliberadas de forma superficial e de acordo com a intuição do

dono (OLIVEIRA; MELHADO, 2006).

2.2.2. Etapas do Planejamento Estratégico

São inúmeras as referências bibliográficas que abordam o tema e, além das

definições e conceitos, também é importante compreender a composição do

planejamento estratégico e seu processo. Esta pesquisa analisou algumas

metodologias de planejamento estratégico que foram, posteriormente, comparadas

entre si para, no fim, servirem de base para a estruturação de um processo

adequado ao estudo de caso.

Em sua pesquisa, Terence (2002) descreveu minuciosamente cinco

metodologias sugeridas por diferentes autores que abordam o tema "estratégia

empresarial". Um dos métodos estudados e que será considerado nesta

investigação foi proposto por Fischmann (1987); este se divide em dois estágios

principais, sendo o primeiro fracionado em cinco etapas e o segundo, em três

(TERENCE, 2002). No primeiro estágio, realiza-se o processo do planejamento, que

vai desde a análise até o estabelecimento das estratégias; o segundo estágio, por

Page 26: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

27

sua vez, consiste na aplicação, no acompanhamento e na avaliação do

planejamento.

Figura 5 – Diagrama, metodologia e processo de planejamento estratégico por Fischmann (1987)

Fonte: Terence (2002)

Outra abordagem considerada neste trabalho tem como autores Oliveira e

Melhado (2006), que acreditam que, embora cada empresa possua um plano

estratégico “implícito” com base em suas próprias experiências, alguns passos

básicos devem ser sugeridos para a formalização de um plano estratégico. Sendo

assim, tal abordagem é composta por cinco fases principais:

o Análise do ambiente externo

o Análise da situação estratégica atual

o Análise do ambiente interno

o Definição de missão e objetivos estratégicos

o Seleção de estratégias para o plano

Page 27: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

28

SELEÇÃO DE ESTRATÉGIAS

DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS

ANÁLISE DO AMBIENTE EXTERNO

ANÁLISE DA SITUAÇÃO

ESTRATÉGICA

ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNO

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020), adaptado de Oliveira e Melhado (2006)

Pelas figuras apresentadas, percebe-se que, na prática sugerida por Oliveira

e Melhado (2006), a avaliação e o controle da estratégia implantada não estão

graficamente representadas. Porém, apesar disso, os autores ressaltam em seu

trabalho a importância do contínuo acompanhamento dos resultados obtidos com o

plano, pois trata-se de uma ferramenta importante para o aperfeiçoamento do

processo estratégico da empresa.

Para Chiavenato e Sapiro (2009), que acreditam que, no cenário atual, em

que as mudanças são constantes e a concorrência é “feroz”, o planejamento

estratégico é indispensável para o sucesso organizacional, uma vez que se torna um

processo contínuo e que deve ser realizado regularmente, com flexibilidade e

adaptabilidade.

Posteriormente à elaboração do planejamento estratégico, o produto final será

um plano de ação baseado na formulação e na execução de estratégias que visam

inserir a empresa e sua missão de trabalho no seu nicho de mercado. Adiante,

Chiavenato e Sapiro (2009) defendem que, mais importante do que elaborar as

estratégias, é o desafio de implantá-las e executá-las.

Após influências de outras escolas estratégicas, como os modelos de

Mintzberg, de Wheelen e Hunger e de Steiner, Chiavenato e Sapiro (2009) sugerem

Figura 6 – Etapas do planejamento estratégico por Oliveira e Melhado (2006)

Page 28: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

29

seu modelo geral do processo estratégico (Figura 7), que serviu de guia para a

estruturação de seu livro intitulado "Planejamento Estratégico – fundamentos e

aplicações". Trata-se de uma publicação dividida em seis capítulos que, por sua vez,

são subdivididos em itens que abordam seu conteúdo e facilitam o

acompanhamento de construção do texto. A construção de seu processo tem início

pela análise dos principais fundamentos de elaboração do plano estratégico,

passando pelo conhecimento da organização e a intenção estratégica, seguida pela

implementação, execução e, ao final, avaliação do plano proposto.

Figura 7 – Modelo geral do processo estratégico adotado no livro de Chiavenato e Sapiro (2009)

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020), adaptado de Chiavenato e Sapiro (2009, p. 51)

Como resultado do ciclo de estudo mencionado acima, os autores

estabeleceram nove fases principais na construção de um planejamento estratégico.

PARTE IFundamentos da Estratégia e da

Competição

PARTE II Conhecimento competitivo e organizacional

PARTE III Concepção de

Estratégia

PARTE IV

Formulação estratégica

PARTE V

Execução da Estratégia

PARTE VI

Avaliação estratégica

1. Evolução do pensamento estratégico

2. Processo de planejamento

estratégico

3. Organizações de aprendizagem

4. Intenção estratégica

5. Diagnostico estratégico

externo

6. Diagnóstico estratégico

interno

7. Construção de cenários

8. Política de negócios

9. Modelos dinâmicos de concorrência e

cooperação

10. Definição de objetivos e

formulação de estratégias

11. Gestão estratégica

12. Empreende-dorismo e liderança

estratégica

13. Governança corporativa, res-

ponsabilidade social e desen-volvimento

sustentável

14. Avaliação estratégica

Page 29: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

30

Muitas dessas etapas ocorrem de forma sequencial e estão elencadas em cada um

dos seis grupos da seguinte forma:

PARTE I – Corresponde aos estudos que levaram à formulação das etapas

descritas a seguir

PARTE II – Conhecimento competitivo e organizacional

1) Declaração de missão: faz parte da intenção estratégica do modelo,

em que a organização define suas pretensões e delimita seu ambiente

de atuação, etapa que antecede o diagnóstico estratégico.

2) Visão de Negócios: conforme citação de Chiavenato e Sapiro (2009, p.

50), “[...] trata-se de não predizer no futuro, mas sim de assegurá-lo no

presente”; enfim, é a capacidade de visualizar o negócio entre o

momento no qual ele se encontra e sobre suas realizações no futuro.

No item, 1, pode-se compreender o significado de visão sob a ótica de

outros autores.

3) Diagnóstico estratégico externo: análise das oportunidades e ameaças

externas à organização que podem influenciar seus negócios.

4) Diagnóstico estratégico interno: análise da situação organizacional da

empresa, identificando suas forças e fraquezas.

5) Determinantes do sucesso – acontece no final da Parte II e início da

Parte III

PARTE III – Concepção de estratégia

5) Determinantes do sucesso: é capaz de extrair da ferramenta SWOT as

questões realmente críticas para a organização e fórmula os fatores de

sucesso que embasarão as políticas de negócios.

6) Definição dos objetivos: Chiavenato e Sapiro (2009, p. 50) descrevem

que há duas abordagens: ou os objetivos são formulados de forma

conjunta com as estratégias ou são definidos separadamente.

Page 30: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

31

PARTE IV – Formulação Estratégica

7) Formulação de estratégias: existem duas maneiras para formular

estratégias, quais sejam, através da construção da ferramenta de

análise Forças de Porter (citada mais à frente no item 2.1.3.2) ou por

meio de uma abordagem baseada na relação da empresa com cada

stakeholder, buscando satisfazer suas necessidades.

PARTE V – Execução da Estratégia

8) Desempenho Estratégico: quando a empresa colocará em prática as

estratégias formuladas através de programas e projetos desenvolvidos

pela organização.

PARTE VI – Avaliação da Estratégia

9) Auditoria e Desempenho de resultados: após a implementação, os

resultados são analisados e uma avaliação é efetuada a fim de manter

as estratégias de sucesso e rever as estratégias fracassadas.

Através da observação da tabela comparativa entre as metodologias

abordadas (Tabela 1), nota-se que o processo descrito por Oliveira e Melhado (2006)

em seu livro “Como administrar empresas de projeto de arquitetura e engenharia

civil” é mais sucinto e já inicia seu processo pelas análises dos ambientes interno e

externo.

Por sua vez, a metodologia apresentada por Fischmann (1987) e Chiavenato

e Sapiro (2009) antecedem o processo com uma pré-etapa, na qual fazem

pontuações sobre as definições de missão e visão da empresa, antes de realizarem

o diagnóstico estratégico.

No entanto, todas as metodologias abordadas passam igualmente pelos

processos de análises estratégicas, definição dos objetivos e formulação das

estratégias. Em último estágio, Fischmann (1987) e Chiavenato e Sapiro (2009)

propõem a implementação e a execução das estratégias e, por fim, a avaliação e o

controle dos resultados. Conforme relatado anteriormente, Oliveira e Melhado (2006)

não abordam essa última etapa em seu modelo visual, mas destacam sua

importância em seu livro.

Page 31: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

32

Após análise das metodologias de planejamento estratégico apresentadas, é

possível captar que a essência do processo do planejamento estratégico é a

mesma, porém, existem semelhanças e diferenças entre elas, seja com relação à

nomenclatura adotada ou com a cronologia das etapas. A seguir, a Tabela 1 auxilia

na visualização dessas diferenças, pois exibe uma comparação entre as

metodologias de planejamento estratégico abordadas.

Tabela 1 – Comparação entre as metodologias de planejamento estratégico abordadas

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

A partir da comparação feita entre as metodologias, estruturou-se um

processo (Figura 8) compilando todas as informações dos autores mencionados

relativas ao planejamento estratégico a ser seguido por esta pesquisa. O processo

compreende as seguintes etapas: definição de missão e visão da empresa

estudada, análise dos ambientes externo e interno, definição de objetivos e metas,

FISCHMANN (1987) OLIVEIRA & MELHADO (2006) CHIAVENATO E SAPIRO (2009)

ETAPA 1: Declaração de missão

ETAPA 2:Visão de negócios

ETAPA 3: Diagnóstico estratégico externo

ETAPA 4:Diagnóstico estratégico interno

ETAPA 5: Determinantes de sucesso

ETAPA 2:Definição de objetivos e metas

ETAPA 2:Definição de objetivos

ETAPA 6: Definição dos objetivos

ETAPA 3:Formulação de estratégias

alternativasETAPA 4:

Estabelecimento de critériosETAPA 5:

Seleção de estratégiasETAPA 6:

Implementação da estratégiaETAPA 7:

Execução do Plano Estratégico

ETAPA 8:Avaliação e controleAvaliação e Controle

ETAPA 9:Auditoria dos desempenhos e

resultados

ETAPA 0:Avaliação da necessidade e

possibilidade de se fazer o P.E.Identificação da missão e estratégia

ETAPA 3:Seleção de estratégias

ETAPA 7: Formulação das estratégias

ETAPA 8: Desempenho estratégico

ETAPA 1:Análise InternaAnálise Externa

ETAPA 1:Análise ambiente internoAnálise ambiente externo

Análise da situação estratégica

Page 32: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

33

formulação e seleção das estratégias, implementação e avaliação das estratégias.

Entretanto, para esta pesquisa, foram consideradas as etapas de formulação e

seleção das estratégias devido ao momento atual da empresa estudada, que ainda

não se encontra em plena atividade. As duas últimas fases do processo adotado

devem acontecer futuramente, quando a empresa conseguir implementar e avaliar

suas estratégias.

Figura 8 – Processo de Planejamento Estratégico adotado no Estudo de Caso

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

Page 33: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

34

2.2.2.1. Missão, Visão e Valores

A primeira etapa do processo de Planejamento Estratégico tem como principal

função o entendimento do estágio atual da empresa analisada. Nessa parte do

estudo, deve-se compreender sua missão, seus produtos, serviços ofertados e sua

vantagem competitiva (OLIVEIRA; MELHADO, 2006).

As três palavras – missão, visão e valores – têm como objetivo moldar a

cultura organizacional da empresa; contudo, são utilizadas incorretamente em

algumas situações, quando o que está declarado não condiz com as ações

cotidianas da organização.

Outro erro comum na elaboração da missão, da visão e dos valores é a

definição genérica, que pode ser associada a qualquer tipo de negócio,

independentemente de sua atividade principal (NAKAGAWA, 2012).

MISSÃO

A missão é o elemento que traduz as responsabilidades e pretensões da organização junto ao ambiente e define o `negócio`, delimitando o seu ambiente de atuação. A missão da organização representa sua razão de ser, o seu papel na sociedade. Ela é, claramente, uma definição que antecede o diagnóstico estratégico. (CHIAVENATO; SAPIRO, 2009)

De acordo com Oliveira e Melhado (2006), ao refletir sobre a MISSÃO da

empresa, o empresário pode se questionar com base nos seguintes pontos para

formular sua resposta:

O que a empresa faz atualmente?

Quais papéis a empresa cumpre em seu nicho de mercado?

Quem são os clientes da empresa?

A quais necessidades a empresa atende?

Qual a real utilidade dos projetos para os clientes?

Para Cunha (2018), a missão visa estabelecer a razão de existir de uma

empresa e sua capacidade de atender às necessidades de seus clientes. A falta de

clareza na sua definição pode denotar que a organização não sabe o real motivo de

sua existência; consequentemente, não é possível definir uma estratégia de

Page 34: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

35

desenvolvimento porque os objetivos que deseja atingir não são claros

(NAKAGAWA, 2012).

Conclui-se que definir a missão é de suma importância antes de traçar as

estratégias; esta deve expressar a razão pela qual a empresa entrega seus serviços

ao seu público-alvo. Posteriormente, a missão continua servindo como inspiração

aos parceiros e colaboradores ao longo da existência da organização (NAKAGAWA,

2012).

VISÃO

Ao estabelecer qual será a VISÃO da empresa, o empresário deve refletir

sobre o sonho que a organização busca alcançar em determinado período de tempo.

Diversos autores afirmam que a visão representa o “destino que se pretende

transformar em realidade”; para Chiavenato e Sapiro (2009), trata-se da imagem que

o empresário precisa ter de sua empresa no futuro, “o sonho acalentado pela

organização”.

Na opinião dos autores, algumas premissas devem ser consideradas para a

elaboração da visão organizacional, que são: aderência aos fatos reais, descrição

concisa, porém ponderosa, e equilíbrio para todos os grupos de interesse.

Primeiramente, a visão precisa se encaixar na realidade da organização e ser um

sonho tangível, ou seja, é um grave equívoco elaborar visão de negócios sem

aderência. O foco é importante e deve ser bem definido, pois direcionar a visão para

várias dimensões pode acabar diluindo os esforços. Por fim, a visão deve beneficiar

tanto a empresa quanto seus clientes, o que a torna uma via de mão dupla

(CHIAVENATO; SAPIRO, 2009).

VALORES

Os valores podem ser conceituados como a base da cultura organizacional

(CUNHA, 2018); são as crenças da empresa e existem para direcionar o

comportamento e o modo de agir dos gestores e colaboradores para atingir os

objetivos e cumprir a missão desenhada (HILL; JONES, 2013). Os valores devem

nortear o modo de agir dentro da empresa e estar presentes nas relações externas,

junto de seus clientes e parceiros (NAKAGAWA, 2012).

Page 35: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

36

Logo, os termos "missão", "visão" e "valores", além de serem cruciais para o

planejamento estratégico do negócio, devem ser visualizados como um

compromisso que exige disciplina diária da parte do empreendedor e de seu time

para seu efetivo cumprimento (NAKAGAWA, 2012).

2.2.2.2. Análise do Ambiente Externo

Ao elaborar um plano estratégico para uma organização, seus responsáveis

almejam obter uma atuação de sucesso dentro do seu nicho de mercado que,

devido à alta concorrência, está cada vez mais competitivo (CUNHA, 2018). Assim, a

empresa que conseguir realizar uma análise estratégica acurada terá uma vantagem

competitiva frente ao mercado (KUYVEN, 2004).

Para enfrentar os seus concorrentes, é fundamental que seja realizada uma

análise do ambiente externo à organização em razão das constantes mudanças que

possam, porventura, influenciar de forma direta o futuro da empresa (BETHLEM,

2001). Para Cohen (1999, p. 341), as organizações devem se preparar para

responder e se adaptar prontamente às oscilações às quais estão expostas.

A análise externa é feita através da abordagem de duas frentes, verificando

as ameaças e identificando as oportunidades de atuação da empresa. Alguns dos

fatores que podem ser considerados são: clientes, fornecedores, governo,

stakeholders diversos, aspectos socioeconômico e cultural, concorrentes,

comunidade, tecnologia, mão de obra, mídia, etc. (KUYVEN, 2004 apud BETHLEM,

2001).

As oportunidades são os elementos que podem ser explorados pela

organização para se beneficiar dentro de seu mercado, enquanto as ameaças são

forças que fogem do seu controle, mas que devem ser identificadas a fim de criar

estratégias para minimizar impactos negativos sobre o desenvolvimento e o

crescimento da empresa (FILHO, 2014).

Em uma etapa posterior, também é necessário compreender o surgimento de

potenciais concorrentes diretos, conhecer o poder de barganha dos contratantes, o

poder de negociação dos clientes, as ameaças de produtos ou serviços substitutos e

como ações governamentais e oscilações na economia podem influenciar a atuação

das empresas (OLIVEIRA; MELHADO, 2006).

Page 36: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

37

Cunha (2018) destaca que Kotler e Armstrong (2007) alegam que a maioria

das organizações tende a resistir, ou até mesmo desconsiderar, as alterações do

ambiente externo como oportunidades de negócio e, por muitas vezes, acabam

sendo prejudicadas.

2.2.2.3. Análise do Ambiente Interno

Além da análise externa, as organizações precisam fazer o estudo do que

ocorre dentro de seu próprio ambiente empresarial. As organizações possuem

pontos fortes e fracos e, para identificá-los, Oliveira e Melhado (2006) acreditam que

estes devem ser verificados em todas as atividades da empresa. A análise

compreende um estudo dos recursos que a empresa dispõe (financeiros,

equipamentos, tecnologia, pessoas, etc.), a avaliação de sua estrutura

organizacional e a separação de trabalho entre os departamentos e desempenho da

empresa (lucro, produção, produtividade, inovação, crescimento, etc.).

Para Fischmann (1987), a análise do ambiente da empresa é o ponto de

partida de todo o processo e, geralmente, é um grande desafio para os empresários,

pois será preciso identificar as potencialidades e vulnerabilidades de sua

organização e, simultaneamente, refletir sobre o seu perfil como gestor.

Em sua pesquisa, Cunha (2018) divide os recursos da empresa em tangíveis

e intangíveis: o primeiro diz respeito ao que se pode ser tocado, como por exemplo,

computadores e outros equipamentos; o segundo compreende elementos intocáveis,

como habilidades pessoais e reputação entre os clientes.

As capacidades da empresa também devem ser analisadas, ou seja, os

potenciais que ela possui para aproveitar outros recursos, mas que, de forma

isolada, não conseguem desenvolver nem implantar estratégias (BARNEY;

HESTERLY, 2007). Os recursos e capacidades são agrupados em subgrupos, quais

sejam, recursos financeiros, físicos, humanos e organizacionais (CUNHA, 2018)

Page 37: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

38

2.2.2.4. Definição dos Objetivos e Metas

Um objetivo é um alvo futuro a atingir, uma meta a alcançar, um desejo sonhado ou uma expectativa que se pretende realizar em função de um período de tempo. Quando um objetivo é alcançado, ele se torna realidade e precisa ser substituído por outro objetivo maior, menor ou diferente no espaço de tempo esperado... E isso se faz continuamente ao longo do tempo. (CHIAVENATO; SAPIRO, 2009, p. 226)

Ao traçar um plano em qualquer âmbito da vida, o ponto final está localizado

onde quem o elaborou deseja chegar, pois, dessa forma, essa pessoa terá atingido

seu objetivo. Entretanto, para alcançar seu objetivo, o responsável pelo plano

precisa defini-lo previamente.

Chiavenato e Sapiro (2009), na citação acima, defendem de forma clara sua

concepção sobre a definição dos objetivos nessa etapa do planejamento estratégico;

no seu entendimento, é um processo de conjunto de decisões para definir objetivos,

elaborar estratégias para alcançá-los e colocar em prática um plano de ação para

executá-los. Os autores ainda ressaltam que os objetivos são formulados para

serem atingidos em um tempo estipulado, pois trata-se de um ciclo – uma vez

atingidos, surgem outros novos objetivos.

A definição dos objetivos deve ser realizada após a declaração da missão,

visão e valores da empresa, para que, dessa forma, o gestor consiga elaborar um

alvo específico para seguir de acordo a missão estabelecida (CUNHA, 2018).

Os objetivos traçados pelas organizações precisam ser mensuráveis o

máximo possível e muito bem especificados para não se tornarem vagos e pouco

compreensíveis pelas pessoas. Eles também podem ser descritos em termos

quantitativos que demonstram dados numéricos, porcentagens ou proporções a

serem alcançados; no entanto, para aqueles objetivos que precisam ser descritos

em termos qualitativos, sua mensuração deve se amparar em uma base de

comparação (PAIVA, 2016).

Para Paiva (2016), outros fatores importantes referem-se ao encaixe dos

objetivos dentro da realidade da empresa, envolvendo todas as atividades-chave

nas quais ela atua, ou seja, os objetivos precisam ser relevantes para a organização.

Além disso, precisam de um prazo pré-definido para serem alcançados, porque, se

Page 38: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

39

não tiverem uma data para serem cumpridos, existe a chance de sempre serem

postergados.

Um último aspecto não menos importante é que os objetivos devem ser

atingíveis, pois, caso não sejam passíveis de serem alcançados, a organização

como um todo não se esforçará para buscá-los e o efeito do traçado da estratégia

será contrário àquele pretendido (PAIVA, 2016).

Em suma, quando os objetivos seguem a ferramenta SMART proposta por

Peter Drucker, existe maior chance de sucesso na organização. Traduzido do inglês,

as letras contidas no anagrama SMART correspondem aos seguintes atributos: S

(específico), M (mensurável), A (atingível), R (relevante) e T (temporal). Paiva (2016

apud DRUCKER, 2007) entende que, durante a elaboração e a definição dos

objetivos, os colaboradores, tanto quanto os gestores, devem participar ativamente

desse processo.

Chiavenato e Sapiro (2009) ainda apontam mais dois pontos a serem

observados no estabelecimento desses objetivos: eles devem estar ligados a

recompensas e precisam ser adequadamente comunicados de modo a melhorar a

compreensão dos responsáveis pela execução.

Os indicadores são métricas importantes para auxiliar o cumprimento dos

objetivos traçados, pois ajudam a mensurar se a organização está mais próxima ou

distante daquilo que fora proposto. Para cada um dos indicadores podem ser

estabelecidas metas em diferentes prazos-alvo e, após sua definição, montam-se os

planos estratégicos e os planos de ação.

Dessa forma, para o estabelecimento de metas e objetivos, é primordial

seguir a proposta da metodologia SMART, com a implementação de indicadores.

Paiva (2016) e Chiavenato e Sapiro (2009) esclarecem cada um dos atributos da

metodologia SMART:

S (Specific) – Específico: quando as metas são vagas, elas possuem pouca

força motivacional sobre as pessoas, deixando espaço para interpretações

duvidosas. Paiva (2016) entende que quanto mais detalhados forem os

objetivos e metas, melhor será sua compreensão e maiores as chances de

serem atingidos; assim, para auxiliar na sua definição, o autor propõe quatro

perguntas preliminares a serem respondidas:

Page 39: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

40

o Onde deve ser atingido este objetivo?

o Qual é o período no qual este objetivo deve ser atingido?

o Quais são os requerimentos e restrições?

o Quais propósitos ou benefícios existem em atingir este objetivo?

M (Measurable) – Mensurável: os objetivos são associados a indicadores que

podem ser expressos em números ou atributos que demonstram se estes

foram atingidos ou não, pois quando essa definição não é feita, o sucesso

caberá à interpretação de cada pessoa. Essa definição não precisa,

necessariamente, ser feita em números absolutos – também podem ser

utilizados percentuais, proporções ou até mesmo comparativos.

A (Attainable) – Atingível: os objetivos propostos devem ser desafiadores,

mas precisam ser passíveis de serem atingidos. Quando essa definição está

fora do alcance, a equipe envolvida pode estar sujeita à frustração e ao

desânimo, e Paiva (2016) propõe a checagem dos seguintes pontos, a fim de

avaliar se estão coerentes:

o Verificar se a equipe e sua liderança possuem as habilidades

necessárias para atingir a meta proposta.

o Verificar se os produtos ou serviços possuem a qualidade necessária

para tornar a meta uma realidade.

o Verificar se existe um potencial real no mercado que permita a

definição desse objetivo.

R (Realistic) – Realista/Relevante: mesmo que possa ser alcançado, é

importante que a meta ou objetivo traçado seja relevante para a organização

e envolva o maior número de áreas possível, pois não adianta que uma área

alcance um objetivo e este prejudique outra área ou setor da empresa;

portanto, é fundamental que aquilo que foi definido impacte positivamente e

seja relevante para a empresa como um todo.

T (Timely) – Temporal: Chiavenato e Sapiro (2009) definem muito bem essa

condição quando afirmam que os objetivos e metas precisam determinar

explicitamente os prazos para serem cumpridos; os autores ressaltam ainda

que, através desses marcos, será possível uma avaliação ao longo do tempo.

Page 40: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

41

2.2.2.5. Formulação e seleção das estratégias

A estratégia é fundamentalmente olhar para frente e planejar o que deverá ser feito. Sem dúvida, entender as lições do passado é muito importante, mas desenvolver seu negócio com base na hipótese de que o futuro será igual ao passado é bem arriscado. Como Andy Grove gostava de dizer citando Einstein: “Os pensamentos visionários exigem que se aprenda com o passado, ao mesmo tempo que nos mantemos livres de suas limitações”. (YOFFIE; CUSUMANO, 2015)

A elaboração e a seleção de estratégias têm como um de seus pontos

primordiais a preparação da empresa para o futuro; logo, os profissionais

responsáveis por esse processo devem olhar para o que está porvir e raciocinar no

presente. Quando essa visão é colocada em prática, os estrategistas conseguem

entender as modernizações e possíveis mudanças que irão ocorrer; dessa maneira,

se antecipam às pretensões dos clientes e, consequentemente, se colocam à frente

dos seus concorrentes (YOFFIE; CUSUMANO, 2015).

Terence (2002), ao explicar o modelo proposto por Fischmann (1987),

ressalta que o autor, para realizar esse processo, elenca três etapas distintas. O

primeiro passo se inicia logo após a definição dos objetivos e metas; trata-se de uma

espécie de brainstorming1, em que são elencadas as possíveis estratégias a serem

implantadas na organização. No passo subsequente, são estabelecidos critérios que

vão desde o investimento necessário e retorno esperado, chegando até os

benefícios à comunidade ou efeitos sobre a imagem da empresa a serem trazidos

pelas estratégias. Nesse momento, todas as estratégias discutidas na fase anterior

são classificadas e categorizadas.

Segundo o autor, o último passo é a seleção e a escolha das estratégias que

serão colocadas em operação; as que não passarem pelos critérios do passo

anterior serão descartadas ou postergadas para um segundo momento (TERENCE,

2002 apud FISCHMANN, 1987).

Na visão de Oliveira e Melhado (2006), a formulação e escolha das

estratégias depende muito do momento em que a empresa se encontra e é

fundamental que esse monitoramento aconteça constantemente. Os autores

1 Brainstorming é uma técnica utilizada para propor soluções a um problema específico. Consiste em uma reunião na qual os participantes devem ter liberdade de expor suas sugestões e debater sobre as contribuições dos colegas.

Page 41: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

42

explicam que a organização pode seguir por dois tipos distintos de estratégias: as

genéricas ou de adaptação.

As estratégias genéricas se baseiam nos pilares diferenciação, custo ou foco

dos produtos/serviços; quando se referem às de adaptação, as empresas planejam

ações com o comportamento defensivo que, de acordo com os autores, é

característico de objetivos muito estreitos e que apresentam grande relutância na

busca por novas oportunidades ou na atuação em situações diferentes daquelas as

quais estão acostumados (OLIVEIRA; MELHADO, 2006).

Por sua vez, Chiavenato e Sapiro (2009) esclarecem que os objetivos indicam

o que fazer, enquanto as estratégias dizem como fazer. Os autores ressaltam que o

caminho a ser percorrido para o alcance dos objetivos estão todos vinculados na

estratégia. No estudo, são propostos três diferentes conjuntos de estratégias a

serem aplicados:

Excelência operacional: são aquelas focadas em alcançar a eficiência e a

excelência operacional, as quais, consequentemente, trarão melhorias nos

processos internos essenciais à empresa.

Liderança de produto: focadas principalmente na inovação, seja ela de

produtos ou serviços; seu é ofertar algo diferente daquilo que o mercado

oferece a um preço competitivo.

Intimidade com o cliente: são aquelas estratégias elaboradas para construir

relacionamentos de longo prazo com seus clientes.

2.2.2.6. Implementação das Estratégias

A execução constitui a etapa mais demorada, difícil e complexa de todo o processo de planejamento estratégico. Em geral, ela constitui a etapa que marca definitivamente o sucesso ou fracasso na gestão estratégica. Não basta apenas formular a estratégia; é preciso fazê-la funcionar no mundo real. (CHIAVENATO; SAPIRO, 2009, p. 256)

Segundo Fischmann (1987), a etapa de implementação das estratégias

corresponde ao momento de transição entre o planejamento e a operacionalização

do processo; trata-se do momento em que os planos se tornam ações. São

preparados todos os aspectos fundamentais para a execução do plano, como por

exemplo, a parametrização orçamentária e os ajustes da estrutura organizacional. A

Page 42: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

43

etapa seguinte compreende a colocação do plano em ação, com tudo o que foi

planejado e organizado anteriormente (TERENCE, 2002 apud FISCHMANN, 1987).

A implementação das estratégias é parte crucial para o sucesso da gestão

estratégica da empresa, pois sem ela, de nada terá adiantado o esforço para vencer

todas as etapas preliminares à sua formulação. Além disso, faz-se necessário que a

estratégia não esteja somente na cabeça dos gestores ou da alta direção da

organização; é de suma importância que os demais funcionários sejam

protagonistas e atores do processo de implementação. O sucesso somente será

alcançado com as ideias difundidas entre todas as pessoas atuantes no processo,

pois as ações operacionais serão conduzidas por esses profissionais que, talvez,

não tenham participado efetivamente de sua elaboração (CHIAVENATO; SAPIRO,

2009).

Ainda de acordo com Chiavenato e Sapiro (2009), os aspectos fundamentais

para a execução da estratégia são seis: liderança estratégica, comunicação e

orientação, adequação da estrutura, ajuste da cultura organizacional, abertura no

estilo de gestão e participação e engajamento das pessoas.

Liderança estratégica: a participação do líder da organização é fundamental

na condução das mudanças estratégicas; ele deve ser o exemplo para todos

os profissionais atuantes na empresa. É importante fomentar uma rede de

outras lideranças para auxiliar na condução da implementação do que fora

proposto.

Comunicação e orientação: com o time de lideranças formado, é primordial

que tudo o que fora formulado pela cúpula chegue aos profissionais na ponta

da operação de forma clara e transparente. Caso esses profissionais ainda

tenham dúvidas, é importante que eles saibam onde solucioná-las e tenham

abertura para tanto.

Adequação da estrutura organizacional: a estrutura da organização não pode

ser rígida; ela precisa estar disposta e ser flexível às mudanças necessárias à

implementação das estratégias.

Ajuste da cultura organizacional: parte fundamental é fomentar nas pessoas o

desejo de busca pela mudança estratégica; para isso, é necessário ajustar a

cultura organizacional da empresa. Chiavenato e Sapiro (2009) comentam

Page 43: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

44

que esses ajustes ainda poderão facilitar e incentivar o relacionamento das

pessoas, e uma das ferramentas a serem implementadas se traduz no

aumento do reconhecimento do bom trabalho executado por cada pessoa

através de recompensas.

Abertura no estilo de gestão: diz-se que o estilo de gestão tradicional deve

migrar para a liderança democrática e renovadora através da disponibilização

de treinamentos como mentoring e coaching para que a equipe se

desenvolva.

Participação e engajamento das pessoas: os autores ressaltam que é

necessário envolver a empresa num clima de consenso e harmonia para

permitir a execução da estratégia e, consequentemente, alcançar o sucesso.

A participação das pessoas na hora da definição das estratégias também é

fundamental, assim como a importância de um clima entusiasmado e uma

equipe motivada.

2.2.2.7. Avaliação das Estratégias

Segundo Fischmann (1987), a etapa de avaliação das estratégias, por mais

que esteja citada no final do ciclo, acontece durante todo o processo de

desenvolvimento, formulação, implementação e posterior execução. Isso ocorre

porque as medidas de acompanhamento e correção são dinâmicas e colocadas em

prática sempre que sua necessidade é identificada, e são adotadas com o intuito de

reforçar as ações positivas, evitando ou eliminando os efeitos negativos (TERENCE,

2002 apud FISCHMANN, 1987).

Chiavenato e Sapiro (2009) seguem na mesma linha do autor mencionado e

destacam que a avaliação das estratégias não deve ocorrer apenas no final do

processo; esta deve ser considerada ao longo de todo ciclo de análises de

ambientes, formulação de objetivos e estratégias até sua implementação e

execução. O planejamento estratégico não deve ser desenhado e montado de forma

que seja avaliado apenas com base nos resultados finais, mas também de acordo

com a evolução de cada etapa do processo. Para os autores, existem quatro focos

de avaliação estratégica, esquematizados na Figura 9.

Page 44: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

45

Figura 9 – Focos de avaliação estratégica

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020), adaptado de Chiavenato e Sapiro (2009, p. 323)

2.1.3 Ferramentas de Planejamento Estratégico

2.1.3.1 Análise SWOT e Matriz TOWS

Uma das principais ferramentas para análise de ambos os cenários, interno e

externo, é conhecida como SWOT, cujo nome origina-se das palavras inglesas

strenghts (forças), weaknesses (fraquezas), opportunities (oportunidades) e threats

(ameaças). Essa análise é representada em forma de tabela, composta pelos quatro

quadrantes principais subdivididos em fatores internos e fatores externos, e pontos

fortes e pontos fracos. Sua representação pode ser observada na Figura 10.

Page 45: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

46

Figura 10 – Análise SWOT tradicional

Fonte: Luz Planilhas Empresariais. Disponível em: https://blog.luz.vc/o-que-e/como-desenvolver-uma-matriz-ou-analise-swot-fofa/. Acesso em: 19 fev. 2020

De acordo com a pesquisa de Filho (2014), a origem da matriz SWOT não

tem autoria definida; existem publicações, mas sem comprovações. Um dos autores

a quem, geralmente, a criação do SWOT é atribuída chama-se Kenneth Andrews,

um professor de Harvard; outro autor mencionado é Albert Humphrey, juntamente

com seu grupo de pesquisa da Universidade de Stanford durante a década de

sessenta.

Os objetivos da realização da análise SWOT pelas empresas,

independentemente do tamanho e do nicho de mercado, é proporcionar um conjunto

de informações para direcionar a elaboração das estratégias da organização. A

intenção é que a matriz ofereça possibilidade de ajustes e adaptações em função da

dinâmica da empresa e do mercado (FILHO, 2014). Oswaldo descreve em seu

trabalho os quatro quadrantes da SWOT clássica:

Forças: as empresas possuem, em seu ambiente interno, capacidades e

recursos favoráveis ao seu desenvolvimento e crescimento; estes podem

englobar as características positivas de seus serviços e/ou produtos,

Page 46: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

47

habilidades pessoais de funcionários e/ou gestores, histórico de atuação no

mercado, vantagens competitivas, etc.

Fraquezas: são os atributos da organização que podem colocá-la em

desvantagem frente aos seus concorrentes e que a deixam em uma situação

vulnerável. Podem ser falhas de processo, falta de habilidades, de

administração, erros de liderança, etc.

Oportunidades: diz respeito aos fatores externos que a empresa pode

explorar para se beneficiar dentro do seu mercado. Destacam-se o

desenvolvimento de tecnologia e da informação, parcerias, novos nichos

ainda não explorados, entre outros.

Ameaças: são fatores externos que fogem do controle da organização e que

podem provocar impactos negativos em seu desenvolvimento e crescimento.

Alguns exemplos são: alterações nos cenários político e/ou econômico, novas

tecnológicas, mudanças na legislação, redução da demanda de mercado, etc.

Outra configuração da matriz é denominada SWOT cruzada, também

conhecida em inglês como TOWS Matrix, desenvolvida por Heinz Weihrich e

representada na Erro! Fonte de referência não encontrada.. Weihrich foi professor

na Universidade de São Francisco nos cursos de Gerenciamento Global e Ciência

Comportamental. A função principal da matriz cruzada é desenvolver, de maneira

prática, estratégias empresariais após análise dos fatores externos e internos

(MULDER, 2017).

Page 47: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

48

Figura 11 – Análise SWOT Cruzada

Fonte: Adaptado pela autora (2020)

Enquanto o modelo tradicional da matriz, a SWOT, começa sua análise pelo

ambiente interno, o modelo TOWS inverte a sequência e analisa primeiramente o

ambiente externo. De acordo com Mulder (2017), dessa forma, a organização

consegue ter uma boa visualização de sua situação para traçar as estratégias

ligadas ao seu futuro. A combinação de fatores na matriz cruzada permite à equipe

responsável alguns questionamentos sobre como obter o melhor de suas forças,

confrontando-as com suas fraquezas, a fim de construir uma estratégia favorável à

organização. A seguir, destacam-se os questionamentos realizados:

Sobrevivência: como minimizar os pontos fracos para fugir das possíveis

ameaças externas?

Crescimento: como obter o melhor dos pontos fortes para se beneficiar das

oportunidades externas?

Manutenção: como se beneficiar dos pontos fortes para evitar ou diminuir as

ameaças externas?

Page 48: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

49

Desenvolvimento: como usar as oportunidades para superar as fraquezas

internas da organização?

Para a presente pesquisa, o modelo TOWS será considerado para o

desenvolvimento da proposta de planejamento estratégico da empresa estudada.

2.1.3.2. Business Model Canvas

Considerando a alta concorrência e o avanço no mundo dos negócios, a

ciência da administração de empresas, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às

Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2013), em sua cartilha intitulada “O Quadro

de Modelo de Negócios”, aprimorou seus estudos a partir do início do século XX. Um

instrumento recente que ficou bem conhecido entre os empreendedores para a

sintetização das funções de uma empresa em um quadro único é o Business Model

Canvas (BMC), conforme se observa na Figura 12.

Figura 12 – Business Model Canvas por Alex Osterwalder

Fonte: Research Gate. Disponível em: https://www.researchgate.net/figure/Figura-3-Canvas-de-

Projeto-Canvas-Project-Design-Fonte-Leandro-and-Vieira-2018_fig2_336220403. Acesso em: 13 abr. 2020

Page 49: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

50

A ferramenta foi criada por Alex Osterwalder e seus conceitos, forma de

utilização e modelos são apresentados em seu livro chamado Business Model

Generation (SEBRAE, 2013). Seu objetivo principal é que o empreendedor consiga,

em um único quadro, visualizar todos os aspectos de um empreendimento novo ou

já existente.

Os diferenciais que o modelo pode proporcionar aos seus usuários são o

pensamento visual, a visão sistêmica, cocriação, simplicidade e aplicabilidade. O

pensamento visual é o processo de utilizar desenhos para expressar ideias ou

situações, enquanto a visão sistêmica abrange o processo de compreender

facilmente o sistema e suas relações como um todo. O modelo também permite que

diversas partes envolvidas possam colaborar e contribuir para a ideia do

empreendimento de forma dinâmica, simples e clara (SEBRAE, 2013).

No livro Business Model Generation, o autor esclarece que seu modelo

consiste em nove blocos básicos que demonstram a lógica necessária para que uma

organização obtenha lucro. Esses blocos se referem a quatro áreas principais de um

negócio: clientes, infraestrutura, ofertas e viabilidade financeira (OSTERWALDER;

PIGNEUR, 2009), e são descritos na cartilha do SEBRAE (2013) da seguinte forma:

Segmento de Clientes: é o ponto inicial de desenvolvimento do quadro e

deve responder ao questionamento principal: “Para quem eu vou fazer?”.

Define-se aqui quem são os clientes a serem atendidos pelo negócio.

Proposta de Valor: esta etapa deve esclarecer o motivo pelo qual as

pessoas adquirem o produto ou serviço. O empreendedor pode refletir se o

seu negócio está atendendo a uma necessidade, resolvendo um problema ou

melhorando alguma situação existente.

Canais: define-se a forma pela qual os produtos ou serviços chegarão até os

clientes, de maneira direta ou indireta. Exemplos: equipe de vendas, loja,

internet.

Relacionamento de Clientes: o empreendedor deve refletir as maneiras a

serem utilizadas para conquistar e manter um bom relacionamento com o

cliente.

Page 50: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

51

Fontes de Receitas: forma de monetização do negócio estudado, como será

a entrada do dinheiro, o valor e como os clientes pagarão pelo produto e/ou

serviço.

Recursos Principais: esta etapa deverá ser relacionada às propostas de

valor do negócio, pois serão definidos os recursos necessários para alcançar

os valores. Exemplos: recursos físicos, intelectuais, humanos e financeiros.

Atividades-chave: as ações essenciais para a realização do negócio

estudado.

Parcerias principais: os fornecedores e parceiros que serão aliados para

realizar a proposta do negócio.

Estrutura de Custo: serão todos os custos necessários à realização do

negócio, investimentos e custos fixos que irão manter a operação.

2.1.3.3 Cinco Forças de Porter

No livro Competitive Strategy, Michael Eugene Porter abordou as cinco

principais forças que devem ser estudadas pelas empresas para auxiliá-las na

análise da competição com os seus concorrentes e, por consequência, na

elaboração de estratégias que sejam eficientes. Porter (1989) apresenta então as

cinco forças básicas que impactam na definição sobre preços, custos, investimentos

necessários e, a longo prazo, o retorno sobre o capital investido (COELHO; SOUZA,

1999).

Coelho e Souza (1999) destacam que a dinamicidade do mercado faz com

que uma análise profunda sobre o posicionamento estratégico, a cadeia de valores2

e os direcionadores de custos voltados principalmente para a indústria seja

fundamental; contudo, essa análise pode ser aplicada para os mais diversos

mercados. Um exemplo pode ser visto no trabalho de Rojo e Couto (2008), que

utilizam essa metodologia para um diagnóstico estratégico em um atelier de alta

costura.

2 Cadeia de valor representa o conjunto de atividades desempenhadas por uma organização desde as relações com os fornecedores e ciclos de produção e de venda até à fase da distribuição final. O conceito foi introduzido por Michael Porter. Fonte: Porter (1989).

Page 51: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

52

Dessa forma, considerar a ferramenta proposta por Porter se torna um

diferencial para empresas que estão inseridas em um mercado de alta

competitividade. Essas cinco forças são a rivalidade entre as empresas existentes, a

ameaça à produtos substitutos, o poder de negociação dos fornecedores, o poder de

negociação dos compradores e os potenciais entrantes (PORTER, 1989).

De maneira gráfica, essas cinco forças podem ser representadas através da

Figura 13, já apresentada por Cunha (2018).

Figura 13 – As cinco forças de Porter

Fonte: Cunha (2018), adaptado de Porter (1989)

Além de apresentar graficamente a relação dessas cinco forças, a melhor

explanação sobre cada uma delas torna-se essencial, e Rodrigues (2010), em seu

trabalho, o faz de forma clara e sucinta.

AMEAÇA DE ENTRADA DE NOVOS CONCORRENTES

O autor destaca a importância das barreiras de entrada e, quanto mais altas

elas são, mais difícil é a entrada de novos concorrentes. No entanto, quando estas

Page 52: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

53

são superadas, os novatos buscam ganhar uma fatia do mercado para sustentar sua

operação e, geralmente, chegam com disponibilidade de recursos. Com essa nova

operação, nota-se o aumento da oferta e, por consequência, os preços podem cair

ou os custos dos participantes aumentar, pois os fornecedores contam com uma

demanda maior e sua rentabilidade é reduzida (RODRIGUES, 2010).

Outro destaque são os seis principais tipos de barreiras de entrada:

economias de escala, diferenciação de produto, necessidade de capital, custos de

mudança, acessos aos canais de distribuição e vantagens de custos das empresas

instaladas (RODRIGUES, 2010).

No âmbito das empresas de arquitetura, mais uma barreira chama atenção:

trata-se do reconhecimento do profissional ou escritório pelos seus potenciais

clientes, pois a contratação, algumas vezes, depende mais da confiança

estabelecida entre cliente e fornecedor do que do preço propriamente dito. Conforme

citado anteriormente, observou-se um aumento no número de empresas no setor

nos últimos anos e, portanto, os profissionais precisaram se empenhar para

conquistar essa credibilidade, que pode ser mantida através da valorização da

experiência do cliente.

AMEAÇA DE PRODUTOS OU SERVIÇOS SUBSTITUTOS

Consiste basicamente no fato de que outras empresas, sejam elas do mesmo

setor ou de diferentes mercados, podem satisfazer necessidades semelhantes aos

consumidores (CUNHA, 2018). As entregas podem ser similares entre os diversos

escritórios de arquitetura, variando apenas o layout ou a forma de apresentação de

trabalho, mas em suma, o serviço oferecido é o mesmo. Nesse sentido, reforça-se o

fato de que a diferenciação se faz quando da condução do processo de projeto junto

ao cliente, qual é a real marca deixada pelo arquiteto para esse cliente, ou melhor,

qual é a experiência obtida pelo cliente ao trabalhar com esse profissional.

Cunha (2018) exemplifica como essa ameaça pode impactar a arquitetura,

traçando um paralelo com o setor de projetos, no qual existem lojas ou marceneiros

que passaram ou passarão a oferecer o projeto gratuito com o objetivo de angariar

mais clientes, pois, para elas, o ponto fundamental é a venda de produtos, não os

Page 53: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

54

projetos. Dessa maneira, o custo de projeto está embutido no preço final do produto

e os projetistas externos acabam perdendo uma fatia do mercado.

RIVALIDADE ENTRE OS CONCORRENTES INSTALADOS “NA INDÚSTRIA”

Uma das principais forças, a rivalidade entre os players do mercado gera uma

redução de preços acentuada, fazendo com que a qualidade, diversas vezes, seja

deixada de lado. A rivalidade, segundo Porter (1989), se manifesta através das

inúmeras variações de posicionamento frente ao mercado, pois cada uma dessas

mudanças gera um incômodo no ambiente e essa cadeia precisa estar em

movimento para manter o equilíbrio. Rodrigues (2010) ainda destaca que a

rivalidade ocorre porque um ou mais concorrentes se sentem pressionados e,

durante essa movimentação, pode ocorrer uma guerra de preços ou até mesmo de

campanhas de marketing mais agressivas.

De acordo com Porter (1989), alguns fatores são importantes para a

rivalidade entre os concorrentes: quantidade e tamanho dos concorrentes,

crescimento lento da indústria, altos custos fixos e/ou armazenamento, além da

presença de produtos muito homogêneos, ou seja, com pouca diferenciação. Com

esse último ponto, chega-se à necessidade de valorização da experiência do cliente

como forma de retê-lo.

PODER DE NEGOCIAÇÃO DOS CLIENTES

Um dos principais pontos a serem observados nesta força refere-se à

identificação de qual influência o mercado, concorrentes e produtos podem exercer

no negócio em questão, visto que influirão no poder de barganha dos clientes.

Quando o perfil do cliente é conhecido e se há estudos sobre as possíveis taxas de

crescimento ou retração do mercado, a empresa/profissional pode adotar medidas

para mitigação desta força.

Rodrigues (2010) elenca as principais situações em que o poder de barganha

dos clientes tem grande impacto sobre o negócio, embora, mais uma vez, a maioria

das citações refere-se à indústria, devido ao fato de que a metodologia fora

desenvolvida para tal setor. Contudo, pode-se traçar uma comparação com o

mercado da arquitetura.

Page 54: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

55

Um dos pontos citados pelo autor é o risco que se corre quando determinado

cliente consome grande parte dos produtos de um fornecedor, exercendo, portanto,

grande influência.

Outro ponto que merece destaque se refere ao cliente que não possui

vínculos com o arquiteto/empresa e que, diante de um mercado muito grande de

fornecedores, naturalmente, buscará o melhor custo-benefício. Todavia, como o

contratante não conhece todo o escopo do projeto, acaba optando pelo menor

preço, adquirindo, por vezes, produtos de qualidade inferior.

PODER DE NEGOCIAÇÃO DOS FORNECEDORES

Muito similar ao que ocorre com o poder de negociação dos clientes, quando

se trata de fornecedores, é necessário analisar a outra ponta da cadeia, a de

suprimentos. Nesse caso, quando há aumento pela demanda de insumos básicos,

matéria-prima ou mesmo mão de obra para a concretização das suas entregas, a

tendência é que, com a escassez desses produtos, os preços aumentem ou a

qualidade decline; independentemente do que aconteça, a entrega final é afetada.

Rodrigues (2010) destaca os principais fatores que constituem ameaça

quando se trata do poder de negociação dos fornecedores:

Menor número de empresas fornecedoras e estas, portanto, têm maior poder

de influência sobre os preços do mercado.

Não existem produtos substitutos, ou seja, seus produtos são altamente

diferenciados.

O mercado de fornecedores é bem diluído e, sendo assim, alterações no

volume de compras de alguns fornecedores não impactam tanto no seu lucro,

pois representam apenas uma pequena fatia.

Cunha (2018) ressalta que, para o mercado de arquitetura e projetos, esta

força é difícil de ser encontrada, porque, na maioria das vezes, os fornecedores são

tratados como parceiros numa relação ganha-ganha: o serviço não será entregue

diretamente para o arquiteto, mas sim para os clientes e, quando estes ficam

satisfeitos, o arquiteto provavelmente os indicará novamente para outros serviços.

Page 55: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

56

2.1.3.4 Benchmarking

Benchmarking é uma técnica para aprimorar a análise interna da organização;

em tradução livre, significa a análise na qual processos, produtos e serviços de uma

empresa são comparados aos de outras corporações. O estudo minucioso das

práticas dos concorrentes, até mesmo de empresas de outros nichos de mercado,

permite à organização estudada a adoção de procedimentos de sucesso,

agregando-os ao seu cotidiano (OLIVEIRA; MELHADO, 2006).

Ao pensar em compartilhamento de ideias entre empresas, pode surgir o

questionamento: por que compartilhar estratégias internas que podem ser

consideradas valiosas justo com o seu concorrente? Para Chiavenato e Sapiro

(2009), no atual cenário de globalização e competição, o mercado se depara com

novas tendências e uma delas é de que a antiga rivalidade existente entre

organizações, hoje, pode beneficiá-los com a cooperação e a formação de alianças

estratégicas.

A ferramenta de benchmarking surgiu na década de oitenta, quando foi

utilizada pela empresa Xerox Corporation em suas dependências e, devido ao

sucesso alcançado, a técnica foi difundida para outras companhias americanas e

para o mundo todo (RÉUS, 2016).

De acordo com Chiavenato e Sapiro (2009), o processo da construção do

benchmarking conta com quatro etapas principais:

1. Identificação das organizações a serem acompanhadas

2. Identificação das atividades do mercado a serem consideradas

3. Coleta de informações necessárias para capacitar processo e operações a

serem comparadas

4. Comparações com seus próprios processos

A técnica de benchmarking não foi empregada na empresa estudada nesta

pesquisa, mas é citada dentro de seu planejamento estratégico como uma estratégia

a ser adotada. Futuramente, os responsáveis pela organização planejam

desenvolver um estudo sobre seus concorrentes e, quem sabe, trabalhar de forma

cooperativa para atuarem no mercado de Ribeirão Preto.

Page 56: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

57

2.1.3.5 Balanced Scorecard (BSC)

Em meados dos anos noventa, o Balanced Scorecard (BSC) foi introduzido na

literatura através do livro “A Estratégia em Ação – Balanced Scorecard”, de Robert

Kaplan e David Norton, quando estes consideraram que os indicadores de gestão de

uma empresa não deveriam mais se restringir a informações econômicas ou

financeiras.

[...] o Balanced Scorecard traduz a missão e a estratégia das empresas num conjunto abrangente de medidas de desempenho que serve de base para um sistema de medição e gestão estratégica. (KAPLAN; NORTON, 1997, p. 2)

Kaplan e Norton (1997) contextualizam que, mesmo antes do

desenvolvimento dessa ferramenta, muitas empresas já trabalhavam com medidas

de desempenho financeiras e não financeiras, porém, de forma não integrada. As

medidas não financeiras voltavam-se à melhoria das operações e da linha de frente,

enquanto as medidas financeiras restringiam-se à diretoria ou à alta cúpula da

companhia, que acreditava que os resultados financeiros traduziam a realidade da

empresa como um todo. Diante desse contexto, os autores introduziram o BSC com

o intuito de integrar todas essas medidas, originando um sistema de informações

para todos os funcionários da organização.

Um dos propósitos da criação do BSC é que ele traduza a missão e a

estratégia da unidade de negócio em objetivos e medidas tangíveis. De acordo com

Kaplan e Norton (1997, p. 10), seus principais indicadores/medidas dividem-se em

quatro grupo distintos: finanças, clientes, processos internos e aprendizado e

crescimento. Para cada um dos grupos, os seguintes questionamentos podem ser

feitos para auxiliar na definição dos objetivos, metas e, consequentemente,

estratégias:

Finanças: “Para sermos bem sucedidos financeiramente, como deveríamos

ser vistos pelos nossos acionistas?”

Clientes: “Para alcançarmos nossa visão, como deveríamos ser vistos pelos

nossos clientes?”

Processos internos: “Para satisfazermos nossos acionistas e clientes, em que

processos de negócios devemos alcançar a excelência?”

Page 57: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

58

Aprendizado e Crescimento: “Para alcançarmos nossa visão, como

sustentaremos nossa capacidade de mudar e melhorar?”

Dessa forma, a principal finalidade do BSC é permitir que os administradores

e gestores consigam visualizar rapidamente e de forma abrangente a situação do

seu negócio, independentemente de sua vinculação com resultados financeiros,

índices de satisfação dos clientes, andamento dos processos internos e aprendizado

e crescimento dos colaboradores, os quais, segundo Gola (2019), são os elementos

básicos para obter um bom desempenho financeiro no futuro.

Com a aplicação do BSC, as empresas podem chegar à construção de um

mapa estratégico, que é a representação gráfica dos objetivos do balanceamento

realizado. Silva (2003 apud KAPLAN; NORTON, 1997) cita que as relações de

causa e efeito no Balanced Scorecard podem ser expressas por uma sequência de

afirmativas do tipo “se – então”, o que é percebido ao entender as ligações feitas na

representação gráfica do mapa estratégico.

Quando um conector sai do objetivo A para o objetivo B, nota-se que,

primeiramente, é necessário alcançar o A para que o B possa ser atingido. Silva

(2003) também esclarece a estrutura lógica oferecida pela ferramenta, deixando

claro que para “toda ação há uma reação”.

A seguir, apresenta-se um modelo de mapa estratégico da empresa Mobil,

que foi uma das pioneiras na aplicação dessa ferramenta (GOLA, 2019).

Page 58: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

59

Figura 14 – Exemplo de Mapa Estratégico – Mobil

Fonte: Gola (2019) apud disponível em: https://pt.slideshare.net/marcniv/curso-de-estratgia-

corporativa-2011- parte-i. Acesso em: 08 abr. 2020, consultado no material de Kaplan e Norton (1997)

Para o estudo de caso desta pesquisa, propõe-se um mapa estratégico para a

empresa em questão, obtido através de uma análise de diversos fatores, conforme

explicado no Capítulo Erro! Fonte de referência não encontrada..

2.2 Gestão de Escritórios Projetistas de Arquitetura

Em sua grande maioria, o arquiteto e urbanista adquire um vasto

conhecimento em áreas de estudo que são predominantemente técnicas, ao longo

de sua formação acadêmica. A atuação do profissional no mercado de arquitetura

abrange várias áreas, por isso, o estudante acaba cumprindo uma alta carga horária

durante a faculdade. São cinco anos de formação passando por diversas matérias,

sendo que a maior parte privilegia o conteúdo técnico, deixando para os estudantes

a responsabilidade de aprenderem na prática as questões gerenciais e

empreendedoras.

No Brasil, pesquisas realizadas pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo

(CAU) revelam que 34% dos profissionais de arquitetura e urbanismo trabalham com

Page 59: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

60

concepção de projetos e mais da metade trabalha por conta própria. No censo

promovido pelo CAU com dados de 2012, 34% dos profissionais responderam que

são autônomos e 20% são donos de escritório e empresas do setor (CAU, 2015a).

Portanto, é comum que os profissionais de Arquitetura busquem por

empreender seu próprio negócio em detrimento de serem empregados em outras

empresas. As possíveis motivações prendem-se à questão financeira e,

considerando que a concepção de projetos envolve um processo criativo e autoral,

muitos almejam seu reconhecimento. O CAU esclarece que um dos principais

fatores na diferenciação de faixa de renda entre os arquitetos reside no fato de o

profissional possuir pessoa jurídica própria (CAU, 2015a).

Em relação à área de projetos, acredita-se que os processos de concepção e

projeto podem ser valiosos para o bom desempenho do empreendimento. A

constante busca por conhecimento e atualização de técnicas e métodos de projeto

pode desencadear o desenvolvimento de toda cadeira da construção (OLIVEIRA;

MELHADO, 2006).

Diante do exposto, com a alta busca dos profissionais por empreender e atuar

com atividades de projeto, o tema de gestão de escritórios de arquitetura é abordado

neste capítulo com o intuito de buscar aperfeiçoamento para uma etapa que pode

garantir melhorias para o setor da construção como um todo (OLIVEIRA; MELHADO,

2006).

2.2.1 Empreendedorismo

O empreendedor é a pessoa que inicia e/ou opera um negócio ou empreendimento para realizar uma ideia original ou projeto pessoal assumindo riscos e responsabilidades e inovando continuamente. (CHIAVENATO; SAPIRO, 2009, p. 282)

Além de uma boa base de conhecimentos técnicos e gerenciais, é importante

que o profissional detenha um perfil empreendedor. Para Oliveira e Melhado (2006),

o sucesso das empresas de projeto está diretamente alinhado às habilidades de

seus responsáveis em gerir os processos internos e o poder de negociação com os

agentes externos.

Algumas das características pessoais para que o gestor consiga se aprimorar

no processo de gestão de sua empresa são: motivação para realizar coisas novas,

Page 60: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

61

persistência na busca de objetivos, flexibilidade, criatividade, autoconfiança e

capacidade para assumir riscos (OLIVEIRA; MELHADO, 2006).

É essencial que, dentre essas características, o equilíbrio também se faça

presente. Como exemplo, tem-se que o gestor precisa ser persistente no que sonha

e no que acredita; em contraponto, precisa ser flexível caso algum de seus objetivos

fuja do controle, requerendo que a direção a ser seguida seja repensada (OLIVEIRA;

MELHADO, 2006).

Nessa vertente, Yoffie e Cusumano (2015) entendem que o gestor deve ser

criativo, possuir capacidade para identificar antecipadamente os anseios e

necessidades de seus consumidores e se manter à frente de seus concorrentes.

Aliado às características pessoais, um gestor também precisa desenvolver

suas habilidades profissionais, ora descritas por Oliveira e Melhado (2006):

Habilidade de identificar novas oportunidades

Habilidade de avaliar oportunidades e pensar criticamente

Habilidade de comunicação persuasiva

Habilidade de negociação

Habilidade de comunicação interpessoal

Habilidade de escutar e adquirir informações

Habilidade de resolver problemas

O gestor da empresa, seja ela de pequeno ou grande porte, pode transmitir o

espírito do empreendedorismo aos seus funcionários e/ou colaboradores. O

empreendedor não precisa ser somente o fundador de um negócio, ele pode ser um

funcionário que “veste a camisa” e faz as coisas acontecerem, seja em benefício

próprio ou para a organização na qual trabalha (CHIAVENATO; SAPIRO, 2009).

O responsável da empresa pode valer-se da liderança estratégica para

promover mudanças e inovações dentro da empresa, apesar de isso demandar

tempo e planejamento. Dentro das pequenas corporações, esses aspectos são

importantes tanto para investimentos iniciais quanto para manutenção de sua

posição no mercado (CHIAVENATO; SAPIRO, 2009) e a inovação pode atuar frente

Page 61: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

62

a três elementos: estrutura, tecnologia e comportamento (OLIVEIRA; MELHADO,

2006).

MUDANÇA ORGANIZACIONAL

De acordo com Oliveira e Melhado (2006), quando um desses eixos sofre

intervenções, a mudança organizacional ocorre de fato. Vale ressaltar que se tratam

de elementos interdependentes e qualquer alteração em um deles também pode

provocar mudanças nos outros. O programa de mudança promovido pela empresa

deve reconhecer as relações existentes e conseguir identificar previamente as

interferências.

Estrutura: são mudanças que envolvem a hierarquia administrativa, os

sistemas e processos internos, o fluxo de comunicação, a missão, os

objetivos e as políticas organizacionais.

Tecnologia: eixo onde as mudanças acontecem nos sistemas operacionais,

equipamentos, engenharia de processo e do produto, desenvolvimento de

pesquisa, métodos de trabalho, etc.

Comportamento: são os procedimentos adotados na gestão dos recursos

humanos, dos conhecimentos, habilidades e atitudes pessoais do gestor,

funcionários e colaboradores.

Para Oliveira e Melhado (2006), toda mudança pode vir acompanhada de

uma resistência humana porque afeta o “estado atual” em relação aos pensamentos

e conhecimentos ou à maneira estabelecida pelas pessoas para a execução de seu

trabalho. Um termo que vem sendo bastante utilizado na área do empreendedorismo

é o mindset; resumidamente, segundo Carol S. Dweck, autora do livro "Mindset – a

nova psicologia do sucesso", trata-se do pensamento estabelecido que cada ser

humano tem para cada área de sua vida (DWECK, 2017).

As empresas modernas não seguem mais o pensamento tradicional sobre

temas ligados à gestão, estrutura organizacional, liderança e outros. Assim, é

preciso que estas adotem uma conduta e postura diferenciadas frente aos negócios

para se manterem vivas, ou seja, transformem o mindset fixo em um mindset de

crescimento (DWECK, 2017).

Page 62: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

63

Em estudos com diversas organizações, a autora reflete que empresas com

mindset de crescimento são mais propensas a assumir riscos, de maneira calculada,

a inovar seus processos e produtos, mantendo-se criativas no mercado, além de

promover maior sensação de comprometimento e pertencimento aos seus

funcionários e colaboradores (DWECK, 2017).

A fim de implementar mudanças organizacionais, o gestor pode desenvolver

treinamentos, aumentar a participação da equipe nos processos, envolvendo-os nas

decisões, orientar, apoiar, negociar e sempre manter uma comunicação clara e

saudável (OLIVEIRA; MELHADO, 2006).

2.2.2 Microempresas

No Brasil, as empresas compostas por até nove funcionários são

denominadas microempresas, seguindo o critério adotado pelo IBGE. As

características dessas pequenas corporações podem influenciar diretamente sua

atuação no mercado devido à sua estrutura organizacional (TERENCE, 2002).

Com base nas pesquisas apresentadas e segundo Oliveira e Melhado (2006),

as empresas de projeto normalmente são geridas por um único profissional, que

muitas vezes acumula diversas funções das áreas técnicas e administrativas e conta

com poucos colaboradores, ou até mesmo nenhum. As características das

empresas de porte micro denotam que estas não possuem divisões hierárquicas e o

dirigente concentra a maior parte do seu esforço em questões operacionais da

organização (TERENCE, 2002 apud DRUCKER, 1981).

Até os anos setenta, o mundo empresarial era dominado pelas grandes

corporações, e até mesmo as técnicas de gestão administrativas e planejamento

estratégico estudadas na literatura eram voltadas exclusivamente para elas. No

entanto, o cenário atual vem demonstrando que as pequenas empresas ganharam

força e possuem valor socioeconômico equivalente para a economia. Uma

explicação histórica é que, após a era industrial, observou-se a necessidade de

diminuir as estruturas organizacionais e terceirizar algumas atividades para diminuir

os custos, flexibilizar os processos e reduzir a burocracia (TERENCE, 2002).

O papel econômico exercido pelas pequenas empresas na economia traz

algumas contribuições, como a melhor distribuição de renda decorrente da menor

Page 63: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

64

concentração no mercado, o que acaba por favorecer a estrutura sociopolítica do

país (TERENCE, 2002 apud KRUGLIANSKAS, 1996).

Para Oliveira e Melhado (2006), na construção civil, as organizações voltadas

principalmente para a produção de projeto, em sua grande maioria, estão

enquadradas como pequenas empresas devido à inconstância na entrada de

serviços, ao baixo preço de mercado, de produto, projeto e outros.

Entretanto, os autores defendem que qualquer melhoria agregada ao

processo de projeto está vinculada ao desenvolvimento do sistema de gestão da

empresa. Os elementos ligados ao tema do empreendedorismo, estrutura

organizacional, liderança, tomada de decisões, cultura organizacional, entre outros,

se aplicados através de programas de melhoria, podem trazer grandes benefícios

para o desempenho da organização (OLIVEIRA; MELHADO, 2006).

A pesquisa de Terence (2002) demonstra que grande parte das empresas

enquadradas nos portes micro e pequeno apresentam dificuldades de gestão e de

estrutura. Para o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São

Paulo (SEBRAE-SP), tais dificuldades decorrem da produção em baixa escala, da

defasagem tecnológica, da baixa lucratividade, da baixa qualificação de mão de

obra, da burocracia e da escassez de informações (TERENCE, 2002).

Nas pequenas empresas, a aplicação prática do planejamento estratégico se

torna mais difícil e, por muitas vezes, nem chega a ser elaborado. Os proprietários

precisam se dedicar a questões mais urgentes, como a produção ou vendas

imediatas ou até mesmo à execução dos serviços já contratados, e acabam

entrando em um ciclo vicioso no qual a protelação é constante, afetando, por

consequência, a salubridade da organização (LONGENECKER; MOORE; PETTY,

1997).

Corroborando com esse pensamento, Quadros et al. (2012 apud HILLARY,

2004) afirmam que, realmente, o principal fato para a não aplicação dessas técnicas

é o grande período despendido com atividades cotidianas, não restando espaço,

portanto, para agir estrategicamente.

Dessa maneira, é possível entender que o mercado dos escritórios de

arquitetura e construção civil terão uma grande demanda de atuação, porém, será

Page 64: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

65

necessário um alto grau de dedicação dos envolvidos na busca de otimização de

processos e de melhoria contínua.

2.2.3 Áreas de Gestão

Oliveira e Melhado (2006) elaboraram um modelo de gestão no qual

conectam os elementos que devem ser aplicados nas empresas de projeto; assim,

os gestores podem se basear no modelo proposto para estruturar sua própria

empresa, realizando as devidas adequações.

Figura 15 – Esquema gráfico dos elementos de gestão por Oliveira e Melhado (2006)

Fonte: Livro “Como administrar projetos de arquitetura e engenharia civil” (OLIVEIRA; MELHADO,

2006)

A Figura 15 ilustra a divisão sugerida com os setores e funções necessários

às empresas de projeto, que podem ser divididos pelos seguintes elementos:

estrutura organizacional, planejamento estratégico, planejamento e controle do

Page 65: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

66

processo de projeto, avaliação de desempenho, serviços agregados ao projeto,

gestão de custos, gestão comercial, gestão de recursos humanos e sistema de

informações (OLIVEIRA; MELHADO, 2006).

Para esta monografia, os setores e funções serão brevemente abordados e

explicados para contextualizar a empresa projetista de arquitetura descrita no estudo

de caso.

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

De acordo com o Project Management Body of Knowledge (PMBoK), a

estrutura organizacional é um “[...] fator ambiental da empresa que pode afetar a

disponibilidade dos recursos e influenciar a forma como os projetos são conduzidos”

(PMI, 2013). Para Oliveira e Melhado (2006), trata-se de um conjunto de

responsabilidades, autoridades, comunicação e decisões de uma empresa que

precisam ser coordenados e fragmentados em unidades menores dentro da

organização como um todo. Os recursos de uma pequena empresa de projetos

geralmente são limitados em todos os seus âmbitos – financeiro, físico, humano e

tecnológico.

Os autores destacam que a estrutura organizacional da empresa deve ser

pensada a partir da definição dos objetivos e da elaboração das estratégias, que

auxiliará no alcance do que fora estabelecido. O processo de elaboração da

estrutura organizacional é complexo e deve abranger todos as funções e processos

da empresa (OLIVEIRA; MELHADO, 2006).

GESTÃO COMERCIAL

A área comercial de um escritório de arquitetura tem como funções a

captação de novos clientes e projetos, além da manutenção dos projetos em

andamento e do relacionamento com antigos clientes, com a finalidade de monitorar

a imagem e a reputação da marca. Esse setor, de acordo com o modelo

apresentado, é responsável pelo marketing da empresa, pela formulação de preço e

pelas propostas técnico-comerciais (OLIVEIRA; MELHADO, 2006).

Page 66: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

67

Segundo Oliveira e Melhado (2006), as principais atividades do departamento

de marketing são detectar novas oportunidades, focando no público-alvo do

escritório, e satisfazer as necessidades e expectativas dos clientes. Uma das

grandes dificuldades para essa área é que projeto não é um produto consumido em

massa pelos clientes, além de ser pouco compreendido pela maioria dos seus

contratantes. Isso ocorre porque um projeto não é o produto final a ser adquirido

pelo cliente; este consiste na edificação construída, então, o projeto não lhe garante

o prazer imediato do consumo.

Os canais de marketing adotados pela empresa podem envolver meios

digitais ou o marketing de relacionamentos – ou administração de relacionamento,

popularmente conhecida como “boca a boca”. Mesmo para os profissionais de área

de marketing, a orientação estratégica para a manutenção de antigos clientes

quebra uma cultura em que, normalmente, a principal estratégia empresarial está

focada na captação de novos clientes (ZEITHAML; BITNER, 2003).

A ação central do marketing de relacionamentos é a construção de uma base

de clientes na qual a empresa mantenha um relacionamento forte e, muitas vezes,

íntimo. Construir uma relação baseada em lealdade pode trazer bons frutos para a

organização, como aumentar sua participação no mercado e incrementar os lucros

internos (ZEITHAML; BITNER, 2003).

A construção da relação de lealdade pode também beneficiar o lado do

cliente. Zeithaml e Bitner (2003) descrevem que, através de pesquisas de

experiência do cliente, os resultados dos benefícios foram:

Benefícios de confiança: o sentimento de confiança com os serviços

prestados aumentou e gerou uma sensação de conforto com o trabalho

realizado e reduziu os níveis de ansiedade durante o processo.

Benefícios sociais: os clientes passam a ter uma sensação de familiaridade e

constroem um relacionamento, até mesmo no âmbito social, com o prestador

de serviço.

Benefícios de tratamento social: os clientes relatam o recebimento de

condições, preços e tratamento especial quando se mantém uma relação

antiga com o prestador de serviço.

Page 67: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

68

Para o Sebrae (2020), é indispensável que um escritório de arquitetura tenha

presença digital, através de página própria e/ou redes sociais, e algumas ações para

ajudar o arquiteto na divulgação do trabalho de seu escritório são:

Construção de um portfólio

Organização e cuidado com o atendimento e prestação de serviços

Aumento da rede de contatos com outros profissionais da construção civil

Participação em eventos e concursos de arquitetura

Fechamento de parcerias com fornecedores do setor

Utilização de ferramentas das redes sociais para gerar engajamento

Criação e publicação de conteúdo sobre sua área, seus produtos e serviços

A política de preços a ser adotada deve ser definida após a realização do

planejamento estratégico, uma vez que seguirá de acordo com as estratégias

formuladas, que podem compreender preços abaixo, próximos ou acima dos

praticados pelos concorrentes. Ao apresentar um orçamento para o cliente, cabe ao

escritório detalhar precisamente quais serão seus serviços e atividades dentro de

sua proposta (OLIVEIRA; MELHADO, 2006).

GESTÃO DE CUSTOS

De acordo com Oliveira e Melhado (2006), os custos a serem controlados

pelo gestor da empresa projetista referem-se a cada projeto em andamento e aos

gastos relativos ao funcionamento da empresa. Esses custos podem ser divididos

em custo variável e custo fixo: o primeiro relaciona-se aos valores que variam

diretamente com a produção, como por exemplo, custos com transporte,

impressões, terceirizações; o segundo, por sua vez, abrange as despesas que já

fazem parte da operacionalização mensal do negócio (SEBRAE, 2020).

GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

A gestão de recursos humanos no ambiente de escritórios de arquitetura é

uma função desafiadora para o gestor, pois ele, muitas vezes, é quem detém o

conhecimento técnico para a execução dos serviços e precisa ter habilidade para

Page 68: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

69

comunicar aos demais as suas necessidades. Além disso, a comunicação é uma

ferramenta fundamental para manter a integração da equipe, pois com o projeto

sendo executado por diversos profissionais, uma falha de comunicação pode gerar

prejuízos (OLIVEIRA; MELHADO, 2006).

Outro ponto que contribui para aumentar essa dificuldade reside no fato de

que os arquitetos possuem formação acadêmica e prática voltada, na maioria das

vezes, para a parte técnica, no entanto, é fundamental que esses profissionais

tenham habilidades para promover o treinamento dos demais colaboradores do

escritório.

Quando as atividades não puderem ser exercidas por profissionais internos

da organização, existe a possibilidade de contratar de terceiros, partes de um projeto

ou este como um todo. Essa prática é decorrente da flutuação da demanda e dos

prazos justos exigidos pelos contratantes, e para que esse processo se desenvolva

de forma segura para a empresa, é fundamental que o gestor avalie e exija a

comprovação das habilidades técnicas das empresas terceirizadas.

A área voltada para gestão de pessoas dentro de um escritório projetista tem

grande importância devido ao fato de a contratação de profissionais ser o principal

custo no processo de desenvolvimento do projeto, sendo um fator que pode

influenciar diretamente a composição dos preços de projetos. O CAU (2013)

recomenda, através de sua “Tabela de Honorários de Serviços de Arquitetura e

Urbanismo”, que podem ser utilizadas duas modalidades para calcular a

remuneração de projetos: percentual sobre o custo da obra e cálculo pelo custo do

serviço.

Quando o projeto é precificado pelo custo do serviço, o custo dos

profissionais contratados para o projeto está categorizado como “despesas de

produção de projeto”, calculadas através de horas técnicas necessárias para o

desenvolvimento do projeto. O cálculo das horas técnicas deve ser realizado para a

equipe permanente do escritório, para os consultores externos e para empresas e/ou

profissionais prestadores de serviços complementares (CAU, 2013).

A gestão de pessoas não trata apenas de números e quantitativos: o gestor

precisa promover o desenvolvimento pessoal de seus colaboradores. A empresa

que consegue manter seus funcionários satisfeitos e motivados pela sua cultura

Page 69: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

70

organizacional certamente obterá resultados positivos e uma equipe que trabalha de

forma colaborativa (GOLA, 2019).

Outro ponto importante é que os gestores não devem focar somente no

retorno financeiro para os profissionais, pois, mesmo que seja importante, ele

sozinho não é capaz de reter uma equipe motivada. Quando o feedback decorre

exclusivamente de retornos financeiros, cria-se um ambiente mais competitivo. Logo,

um bom gestor deve trabalhar outras formas de manter seus profissionais

engajados, como por exemplo, através do amplo reconhecimento do trabalho

desenvolvido e da qualidade de entrega, dando conhecimento a todos os

participantes da organização (GOLA, 2019).

A gestão de recursos humanos é fundamental para o bom gerenciamento da

contratação da hora técnica de profissionais internos e externos com base nos

valores salariais de mercado, suas qualificações e produtividade. A produtividade

dos profissionais pode ser quantificada levando em conta seu histórico de trabalho,

contudo, é importante ressaltar que os valores podem variar de profissional para

profissional (CAU, 2013).

Quando o escritório precifica por custo de serviço, toda a gestão de

profissionais e seu custo por homem/hora devem ser bem quantificados para evitar

subdimensionamento no custo do projeto, o que, consequentemente, acarretaria

prejuízos à empresa.

SISTEMA DE INFORMAÇÕES

Conforme abordado no tópico acima, o controle de informações é primordial

para que uma organização não gere retrabalho e acabe perdendo a competitividade;

portanto, a disponibilidade de informações de qualidade no momento certo é fator

decisivo para que a produção de projetos possa atender às necessidades e

expectativas dos clientes.

No entanto, de acordo com Oliveira e Melhado (2006), isso é algo que não

ocorre com frequência. Os autores destacam que alguns fatores são de suma

importância para que o controle de informações aconteça da melhor forma, quais

sejam, a padronização, a simplificação e a otimização de processos relativos à

gestão da informação na empresa.

Page 70: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

71

BUILDING INFORMATION MODELING (BIM)

Building Information Modeling é um processo integrado, no qual todos os

participantes do projeto podem criar, utilizar e atualizar um modelo digital de uma

construção com informações e parâmetros que poderão ser acessados durante todo

o ciclo de vida do empreendimento. O BIM vai além de ser apenas uma ferramenta

para desenho nos escritórios de arquitetura, pois também permite que o arquiteto

estime custos, quantifique o material especificado, compatibilize e integre os projetos

das diversas disciplinas (SOUZA; AMORIM; LYRIO, 2009).

Nos últimos anos, o processo BIM se faz cada vez mais presente e importante

nos escritórios projetistas de arquitetura porque todas as modificações efetuadas no

projeto geram atualizações automáticas em suas planilhas e outros arquivos,

otimizando, dessa forma, a gestão da informação na empresa (SOUZA; AMORIM;

LYRIO, 2009).

A tecnologia do processo BIM acaba quebrando a dinâmica tradicional de

projeto, na qual a etapa de projeto executivo demanda muito tempo e sua

compatibilização é complexa e com falhas que ocasionam retrabalhos na fase de

obra. Com a implementação do BIM, os escritórios conseguem agilizar seu

processo, consumindo menos tempo na fase de projeto executivo e concentrando

mais tempo e esforços nas etapas de concepção e experimentação do projeto

(ARCHDAILY; CRUZ, 2019).

Ao adotarem o BIM em seus escritórios, os arquitetos podem obter benefícios

como o aumento da eficiência e da assertividade dos documentos, a redução do

retrabalho, a melhora na performance das entregas, a valorização do trabalho do

arquiteto, a diminuição do desperdício durante as obras, além de contar com maior

segurança para realização de orçamentos de obras (ARCHDAILY; CRUZ, 2019).

Apesar de todos os benefícios mencionados, o processo de implantação do

BIM em um escritório não ocorre de maneira simples e rápida, pois demanda tanto

um aporte financeiro em softwares e treinamentos quanto a necessidade de

mudança organizacional, um novo modo de concepção e desenvolvimento de

projetos, que envolve uma nova forma de organização de trabalho (SOUZA;

AMORIM; LYRIO, 2009).

Page 71: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

72

Para pequenos escritórios projetistas, a aquisição de softwares para o

desenvolvimento de projetos, que possuem custo elevado, pode ser um complicador

para a sustentação financeira da empresa, no entanto, o arquiteto precisa incluir em

seu planejamento financeiro a aquisição dos programas e treinamentos. O CAU e

algumas outras associações de arquitetos promovem parcerias com os

desenvolvedores de programas para conceder descontos especiais a arquitetos que

atuam em pequenos escritórios (ARCHDAILY, 2019).

Espera-se que o Brasil consiga acompanhar a tendência mundial de

adaptação e implementação da tecnologia BIM, elemento importante para a

modernização do processo da construção civil. Apesar do custo para um pequeno

escritório de arquitetura, a implementação de um novo processo e padrão de

processo de projeto pode ser importante se feito desde o início, antes de seu

crescimento.

Page 72: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

73

3. ESTUDO DE CASO

O estudo de caso foi realizado em uma microempresa projetista de

Arquitetura na cidade de Ribeirão Preto, SP. Primeiramente, elaborou-se a descrição

completa da empresa, seguindo como roteiro o checklist encontrado no Apêndice

desta monografia, contendo dados empíricos extraídos pela autora, que possui uma

relação próxima com a empresa estudada.

A coleta de dados contém informações relacionadas à empresa, como um

pouco da sua história, público-alvo, serviços e produtos oferecidos, estrutura

organizacional e as estratégias de planejamento estratégico, se adotadas, assim

como suas falhas e acertos. Em um segundo momento, realizou-se uma análise

crítica de sua situação atual, demonstrada através de ferramentas de análise dos

ambientes externo e interno. Com as informações e dados coletados, estruturou-se

uma proposta de planejamento estratégico visando sua recolocação no mercado.

3.1 Descrição da Empresa

A arquiteta proprietária do escritório estudado se formou em 2015 (FAU-

Mackenzie), ano em que o Brasil enfrentou uma de suas piores crises e retração da

economia. O setor da construção civil passou por demissões em massa e toda

cadeia foi altamente afetada; segundo dados do IBGE (2020), o setor registrou

queda de 7,6% em seu PIB.

Devido a esses fatores externos, a arquiteta, que era até então recém-

formada, enfrentou dificuldades para conseguir oportunidades de emprego fixo e

passou a realizar trabalhos temporários para outras empresas como terceirizada e a

receber ofertas de familiares e amigos para elaborar e executar projetos de

interiores residenciais e comerciais.

Os projetos continuaram a aparecer por meio de indicações de sua rede de

relacionamentos e a arquiteta seguiu por dois anos atuando como profissional

autônoma na cidade de Brasília, DF. Em seu portfólio constam projetos de reformas

de apartamentos e residências, projetos de interiores para empreendimentos

comerciais, como escritórios de advocacia, loja de roupas, cafés, acompanhamento

e execução de obras.

Page 73: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

74

Uma das maiores dificuldades enfrentadas nesse período inicial foi gerenciar

a área administrativa do escritório. O processo de abertura da empresa aconteceu

despretensiosamente e, com o passar do tempo, a arquiteta encontrou dificuldades

na gestão empresarial e percebeu que não possuía uma definição clara de

processos e nem conhecimento financeiro para gerir um negócio.

Após a homologação da Lei nº 12.441, de 11 de julho de 2011, que dispõe

sobre a criação de empresas individuais com responsabilidade limitada (EIRELI),

sem a necessidade de um segundo sócio que, por vezes, era “de fachada”,

arquitetos e engenheiros civis buscaram constituir pessoas jurídicas para atuação

em licitações, contratações públicas ou até mesmo para apenas formalizações

perante o mercado de trabalho. Em 2017, a empresa em estudo buscou sua

legalização através do enquadramento nessa nova modalidade de pessoa jurídica.

No final de 2018, por motivos pessoais, a arquiteta se mudou para a cidade

de Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo. Para essa nova fase da

empresa, a profissional considera que, basicamente, precisou recomeçar “do zero”

em um município onde não possui uma forte rede de contatos. O ritmo de trabalho

do novo escritório foi grandemente afetado e contou com um volume muito pequeno

de projetos em andamento; por algumas vezes, houve necessidade de orçar seus

projetos com valores abaixo daqueles praticados pelo mercado, a fim de ampliar sua

rede de indicações.

Atualmente, a empresa não conta com um escritório físico e a arquiteta

trabalha em regime de home office, utilizando salas de reunião em coworkings, cafés

e restaurantes ou a própria casa do cliente para realizar seus atendimentos e

apresentações de projeto.

Como a microempresa ainda se encontra em processo de maturação, não

possui funcionários além da proprietária, e esta, por sua vez, precisa se dedicar às

mais variadas funções requeridas por uma organização: prospecção de clientes,

elaboração de propostas, marketing, execução dos serviços, gestão contábil e

financeira, etc.

A maioria dos clientes é leiga e costuma apresentar muitas dúvidas e pouco

conhecimento sobre design de interiores, projetos arquitetônicos e execução de

obras civis; dessa forma, a atuação da profissional representa um ponto de apoio,

Page 74: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

75

confiança e credibilidade nos investimentos e sonhos que estão realizando. Além do

mais, alguns clientes relatam experiências ruins relacionadas a obras e contratação

de profissionais de arquitetura em situações anteriores, o que torna a carga de

responsabilidade ainda mais alta.

A precificação dos serviços prestados pela empresa ainda acontece sem um

padrão preestabelecido – às vezes se ampara em uma estimativa de horas

trabalhadas; em outros casos, baseia-se em percentuais fixados sobre o orçamento

total da obra (nos casos de acompanhamento e execução de obra). A formulação de

preços se torna complicada pelo fato de seus serviços não serem padronizados, pois

“cada caso é um caso”.

Outra dificuldade constatada pela profissional refere-se à comunicação entre

cliente-arquiteto durante o ciclo de vida dos projetos. Muitas vezes, falta clareza de

entendimento por parte do cliente sobre os serviços e funções que integram o

escopo de contrato, o que culmina, por fim, com a realização de algumas tarefas não

previstas em contrato para que não haja indisposição os clientes.

Para minimizar os efeitos de uma má comunicação pré-projeto e conseguir

atingir ao máximo as necessidades e expectativas dos clientes, introduziu-se no

processo de projeto uma entrevista detalhada com toda a família ou colaboradores

sobre o cotidiano da residência ou empresa. No entanto, intenciona-se ainda inserir

melhorias no contrato de serviços para que os clientes entendam, de forma clara,

qual foi o escopo de trabalho acordado.

Esses desencontros de informações, além de atrasos no processo de

elaboração e execução dos serviços contratados, acarretam a possibilidade de

menor satisfação dos clientes em relação aos serviços prestados, e a empresa, por

mais ciente que esteja dessa situação, ainda não conseguiu adotar todas as

medidas de controle para mitigá-las.

No que concerne ao marketing da empresa, os canais para apresentar os

projetos realizados e desenvolver sua imagem funcional são as redes sociais, tais

como Instagram e Facebook. Apesar de estar presente nessas redes, ainda não

possui website próprio e almeja que este seja, além de um portfólio virtual, um portal

de acesso exclusivo aos seus clientes, que poderão ter acesso aos documentos de

Page 75: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

76

projeto atualizados, lista de fornecedores, lista de compras de produtos e materiais

de obras, e um canal de comunicação, onde tudo ficará devidamente registrado.

As redes sociais são responsáveis por divulgar desde as etapas de

concepção, com o lançamento de enquetes para interação do público, que pode

opinar sobre suas preferências, até as etapas de execução de obra, mostrando seu

cotidiano e um lado não tão glamoroso. A interação promovida gera visibilidade e

bons resultados de indicação, mas os ganhos poderiam ser muito maiores se a

atuação e a presença nas redes fossem potencializadas. A empresa considera que

lhe falta uma constância de postagens, pois, devido às várias funções exercidas pela

gestora, esta não consegue se dedicar a essa atividade da forma como gostaria.

O marketing gerado pelos próprios clientes acaba se tornando uma das

principais ferramentas de expansão da marca, popularmente conhecido como “boca-

a-boca”. As recomendações pessoais são valiosas em um ramo de atividade em que

um dos principais fatores na hora da contratação é a confiança, pois os clientes

despendem um alto investimento para o seu produto final, que será sua casa,

apartamento, loja ou escritório.

Mais um ponto a ser considerado é que o tipo de serviço ofertado pelos

escritórios de arquitetura: geralmente, projetos e/ou obras são adquiridos uma vez

na vida ou em um período bastante longo; não é como um produto de mercado, que

o cliente compra toda semana. Então, é difícil que haja uma fidelização do cliente,

mas pode ocorrer a fidelização de sua indicação.

A empresa estudada costuma receber feedbacks positivos apontando

características como empatia, honestidade, bom gosto e habilidade para

compreender o sonho e as necessidades de sua clientela. A arquiteta considera que,

dessa forma, a experiência do cliente durante todo o processo de sua obra é de

fundamental importância para garantir boas indicações e se manter no top of

mind3de seus antigos clientes.

Em relação ao posicionamento estratégico do escritório, a profissional nunca

realizou formalmente uma análise clara de suas forças e fraquezas, nem uma

análise apurada do ambiente externo e, portanto, não descarta a possibilidade de

3 Top of mind: é uma métrica utilizada na área de marketing empresarial que verifica o quanto as marcas são lembradas pelos consumidores dentro de sua área de atuação.

Page 76: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

77

estar perdendo oportunidades de expansão dos serviços, maximização de

resultados e reconhecimento da marca. Também não há nenhuma definição clara de

missão, visão, valores e objetivos da empresa.

Reunindo todas as informações coletadas, a presente pesquisa propõe um

planejamento estratégico para que a empresa consiga se recolocar de forma

competitiva no mercado.

3.2 O Ambiente

3.2.1 Localização

A empresa em questão está instalada na cidade de Ribeirão Preto, localizada

no noroeste do estado de São Paulo e considerada uma das principais cidades do

interior paulista. Com uma população estimada de, aproximadamente, 703.000

pessoas, segundo dados do IBGE de 2019, Ribeirão Preto é o oitavo município mais

populoso do estado.

Conhecida por ser a capital do agronegócio brasileiro, possui um grande

potencial para atrair não só pessoas de sua macrorregião, mas também pessoas de

diversas regiões do país, as quais, além dos atrativos do agronegócio, chegam a

Ribeirão em busca das referências hospitalares e educacionais, como por exemplo,

a Universidade de São Paulo.

Com várias instituições de ensino, o município cresce impulsionado não

somente pela população local, mas também por a toda macrorregião que o circunda,

que pode ser considerada uma das mais ricas do país. Com investimentos no

mercado imobiliário como forma de se estabelecer na cidade ou mesmo com um

ponto de apoio longe das suas cidades, essa população flutuante acaba ajudando a

impulsionar o trabalho de pequenos e grandes escritórios de arquitetura e

construção civil.

Em suas três faculdades de arquitetura e de engenharia civil, todos os anos

são formados dezenas de profissionais dessas áreas que, muito dificilmente, serão

absorvidos por empresas já em atuação. Com esse panorama, alguns desses

profissionais, somados àqueles que chegam a Ribeirão Preto em busca de

Page 77: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

78

oportunidades, enxergam como saída a instauração de suas próprias empresas, as

quais, muitas vezes, contam com planejamento estratégico nulo ou próximo disso.

3.2.2 Análise Setorial Macro

A análise setorial é muito utilizada pelos economistas para definição de quais

mercados merecem maior atenção quando se trata de investimentos. Essa avaliação

busca entender de forma macroeconômica o cenário onde empresas semelhantes

ou da mesma cadeia produtiva estão inseridas.

Nessa análise, é importante que sejam estudados os aspectos e elementos

conjunturais que servem como base para o desempenho da empresa em questão,

pois ela é apenas uma pequena parte do todo que a envolve. No mundo com

economia globalizada, independentemente de serviços ou mercadorias, torna-se

fundamental a avaliação de todos os condicionantes da cadeia produtiva e de

clientes, tendo em vista o entendimento, também, das parcerias comerciais já

firmadas e outros tantos fatores limitadores (CAPITAL E VALOR, 2020).

No que tange à disponibilidade de crédito para o mercado da construção civil,

a Caixa Econômica Federal, no ano de 2020, reduziu as taxas para financiamento

imobiliário, desta vez, focada principalmente no mercado de pessoas jurídicas,

principalmente construtoras, seguindo a tendência de possível abertura de seus

capitais nos próximos meses. Como um dos motivos que influenciaram essa redução

de taxas, têm-se o movimento do Comitê de Política Monetária (Copom), que, em 5

de fevereiro de 2020, reduziu a taxa Selic em 0,25%, chegando ao patamar mais

baixo da história, 4,25% (ABRAINC, 2020a).

Page 78: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

79

Gráfico 1 – Histórico da taxa básica de juros Selic de 2014 a 2020

Fonte: Disponível em: http://www.veja.abril.com.br/economia/bc-corta-selic-e-taxa-cai-para-patamar-

historico-de-425-ao-ano/. Acesso em: 14 mar. 2020

De acordo com o Gráfico 1, essa redução já acontece há algum tempo e os

sinais da retomada do setor puderam ser observados claramente no ano de 2019.

Segundo dados do relatório sobre o 4º trimestre de 2019 elaborado pela Câmara

Brasileira da Industria da Construção (CBIC), houve um aumento de 28,3% nos

lançamentos em relação ao trimestre anterior e 8,4% referentes ao mesmo período

do ano anterior. Voltando o foco para vendas, foi aferido um aumento 13,9% em

relação ao trimestre anterior e 9,7% relativos ao mesmo período do ano passado.

Esse movimento de aumento no volume de lançamentos acompanha a redução da

taxa Selic e, desde 2016, o número cresce uma média de 15% ao ano, conforme se

observa no Gráfico 2 (CBIC, 2019).

Gráfico 2 – Evolução do número de unidades residenciais lançadas por ano

Fonte: Indicadores Imobiliários Nacionais – 4º Trimestre – CBIC (2020)

Seguindo na linha dos juros baixos incentivando o mercado da construção

civil, parte da população já não fica satisfeita com o pequeno rendimento da

Page 79: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

80

caderneta de poupança e está partindo para outros tipos de investimentos, dentre

eles, os fundos imobiliários. Esse modelo de investimento permite que a pessoa

física possua parte de um imóvel que, por conta própria, não conseguiria comprar, e

receba seus lucros através das vendas ou até mesmo dos aluguéis efetuados.

Segundo a ABRAINC (2020b), em 2018, eram 140 mil aplicadores nesse tipo de

investimento, e no começo de 2020, esse número já ultrapassa a marca dos 600 mil

aplicadores.

O aumento na produção de unidades habitacionais é um dos primeiros

termômetros para a macroeconomia do Brasil, pois este é um dos primeiros a sofrer

e também um dos primeiros a se recuperar quando crises acontecem. Esse

movimento tende a acelerar o crescimento da cadeia como um todo, pois com novas

moradias sendo entregues, mais projetos de reformas e decorações serão

necessários, gerando, consequentemente, um aumento na demanda pelos serviços

de arquitetura.

Seguindo as projeções macroeconômicas, as empresas instaladas em

Ribeirão Preto estão otimistas com o curto, médio e longo prazos. Um editorial da

revista "Revide" (publicação local) traz um panorama com a visão de mais de 14

empresas instaladas na cidade, que revelaram ter uma boa expectativa para o

futuro. Desde o mercado voltado para habitações populares, como as do Programa

Minha Casa Minha Vida, até as construções de altíssimo padrão, projetam uma

elevação no volume de vendas (REVIDE, 2019).

No entanto, o setor da construção civil ainda possui várias dificuldades para

ser escalável e acompanhar as rápidas mudanças tecnológicas. Frequentemente,

ainda é considerada uma indústria artesanal; obras e reformas, de maneira geral,

ainda dependem de mais mão de obra especializada se comparadas a setores como

a indústria automotiva, que hoje conta com tecnologia suficiente para robotizar

grande parte de sua produção.

Os recorrentes atrasos na conclusão das obras e serviços são outro grande

problema no ambiente da construção civil no Brasil. Reis et al. (2016) afirmam que

essa característica ocorre de maneira generalizada em todo país e, entre os

principais fatores influenciadores, estão o gerenciamento deficiente, que colabora

com o atraso do pedido e, consequentemente, com a entrega de materiais; as

dificuldades logísticas para a entrega dos suprimentos; as falhas de projetos que

Page 80: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

81

acarretam em retrabalho; os materiais de baixa qualidade; a baixa produtividade da

mão de obra.

3.2.3 Análise Setorial Micro

Feita a análise do setor da construção civil de forma macro, é necessário

reduzir o recorte para verificar o setor no aspecto micro, focado no mercado de

arquitetura no qual a empresa atua.

Segundo dados coletados pelo CAU, em seu anuário de 2019, o setor de

arquitetura no Brasil mostrou sinais de crescimento; baseado nos números de

serviços realizados pelos arquitetos durante o ano de 2018, houve um aumento de

5,4% em comparação ao ano anterior (CAU, 2019). Conforme se observa na Figura

16 – Atividades de Arquitetura e Urbanismo no Brasil – Anuário CAU 2019Figura 16, 2018 foi

o segundo ano consecutivo que apresentou crescimento depois da crise enfrentada

no ano de 2015. O total das atividades foi subdividido por estado e o total de

atividades para o estado de São Paulo foi de 387.594, o que representa cerca de

25% da somatória de atividades de todo o Brasil (CAU, 2019).

Figura 16 – Atividades de Arquitetura e Urbanismo no Brasil – Anuário CAU 2019

Fonte: Anuário CAU 2019 (CAU, 2019)

Posteriormente, o anuário apresentou as atividades divididas por grupos de

acordo com a classificação utilizada nos Registros de Responsabilidade Técnica

Page 81: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

82

(RRTs), sendo elas: projeto, execução de obras, atividades especiais, gestão, meio

ambiente, engenharia de segurança do trabalho, ensino e pesquisa, reformas e

acessibilidade.

O gráfico ilustrado pela Figura 17 foi produzido com dados coletados do

Anuário CAU de 2019 e apresenta dois conjuntos de informações: as classificações

das atividades, que foram representadas pelas barras azuis, e o percentual de

crescimento em relação ao ano anterior, representado pela linha vermelha.

A atividade de projeto é a atuação principal da empresa em estudo nesta

monografia; com isso, será a primeira a ser analisada e está entre as atividades de

maior relevância para a pesquisa. Ao avaliar a Figura 17, as atividades de projeto,

que somam 797.085, correspondem a mais da metade de todas as atividades

registradas, no total de 1.527.026, conforme observado na Figura 16. No entanto,

seu percentual de crescimento se manteve na média dentre os outros grupos de

atividade, pois "projeto" é uma atividade já consolidada no mercado e principal

atividade da profissão do arquiteto e urbanista.

Figura 17 – Atividades de Arquitetura e Urbanismo de acordo com Classificação de RRT

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020) com dados extraídos do CAU (2019)

A gestão é mais uma função exercida pela empresa em estudo,

compreendendo atividades de direção ou condução de obra, acompanhamento de

797.

085

510.

241

153.

396

111.

376

33.7

74

21.8

86

10.2

86

10.1

45

499

4,7%

6,3%

4,4%

-0,5

%

3,7%

13,9

%

18,0

%

22,0

%

1,2%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

0100.000200.000300.000400.000500.000600.000700.000800.000900.000

ATIVIDADES DE ARQUITETURA E URBANISMO - 2018

Atividades de Arquitetura e Urbanismo - 2018 Crescimento

Page 82: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

83

obra, coordenação e compatibilização de projetos, gerenciamento e fiscalização de

obra. Para esse grupo, houve um aumento de 3,7% em relação ao ano anterior e o

total de atividades no ano de 2018 foi de 33.774.

Dentre todas, as atividades que mais se destacaram relacionam-se ao meio

ambiente, com crescimento de 13,9%; atividades relativas à acessibilidade tiveram

aumento de 18% e a que mais cresceu integra o grupo de engenharia de segurança

do trabalho, com 22%. Apesar do número total dessas atividades não ter tanta

expressão frente ao conjunto total, podem ser considerados mercados em expansão

para arquitetos e urbanistas devido aos seus altos índices de crescimento.

Há subatividades atreladas a cada um dos três grupos de atividades que

tiveram o maior crescimento nacional. No campo do meio ambiente, podem ser

executadas atividades de meio ambiente, georreferenciamento e topografia,

planejamento urbano e planejamento regional. Para a acessibilidade, são as

atividades de projeto e execução de adequação de acessibilidade, projeto e

execução de sistema viário e acessibilidade. Para o grupo que obteve maior

crescimento, engenharia de segurança do trabalho, os arquitetos realizaram serviços

de laudo técnico de condições de trabalho, avaliação de riscos, laudo de inspeção

sobre atividades insalubres, planos, relatórios para fins judiciais, mapa de riscos das

condições e meio ambiente de trabalho (CAU, 2019).

Para atuar nas atividades do grupo de engenharia de segurança do trabalho,

o arquiteto e urbanista precisa possuir um certificado de especialização especifico

da área, em nível de pós-graduação ou realizado em caráter prioritário pelo

Ministério do Trabalho, além de registro expedido por tal órgão. A expansão dessa

área de atividades está relacionada à busca das empresas pela diminuição e/ou

extinção dos acidentes e ocorrências nos canteiros de obra, promovendo maior

segurança e bem estar aos trabalhadores.

As atividades da área de acessibilidade podem ter seu crescimento

relacionado às disposições do Decreto no 9.451, de 2018, em vigor desde 27 de

janeiro de 2020, onde novos empreendimentos residenciais devem atender às

exigências de recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência.

Quando os dados são analisados sob a perspectiva do estado de São Paulo,

a atividade com maior crescimento foi “ensino e pesquisa”, seguido da engenharia

Page 83: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

84

de segurança do trabalho e da execução de obras. Nota-se que uma atividade com

alto crescimento em nível nacional, o meio ambiente, diminuiu dentro do território

paulista, com baixa de 7% (Figura 18).

Figura 18 – Atividades de Arquitetura e Urbanismo no estado de São Paulo no ano de 2018

Fonte: Anuário CAU 2019 (CAU, 2019)

Dentre as atividades de atuação do escritório em estudo, projeto e gestão, a

primeira obteve um crescimento maior em relação ao índice nacional de 4,7% contra

6%; a segunda aumentou de forma menos expressiva, com apenas 1%.

O mercado de arquitetura e urbanismo no Brasil, como demonstram os

números de atividades analisados na Figura 16, apresentou um crescimento nos

últimos anos, mostrando sinais de recuperação da crise econômica sofrida anos

antes, porém, por muito pouco, continua abaixo do número atingido em seu auge,

em 2014. Em contrapartida, também houve um constante aumento de profissionais

no mercado durante todos esses anos, como demonstra a Figura 3 apresentada no

item 1.1 (Justificativa). Por isso, apesar do sinal de expansão após a crise, o

mercado para arquitetos e urbanistas ainda é muito concorrido devido ao alto

volume de profissionais.

Em suma, os profissionais precisam concentrar forças para superar a

concorrência, buscando atualizações e capacitações constantemente. Além disso, é

importante que planos e estratégias sejam traçados para que estes consigam

destaque frente aos seus concorrentes.

Page 84: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

85

3.3 Proposta de Planejamento Estratégico

3.3.1 Missão, Visão e Valores

De acordo com o modelo proposto na Figura 8, o primeiro passo para o

desenvolvimento do planejamento estratégico é a formulação de missão, visão e

valores da empresa. O direcionamento adotado servirá para orientar o futuro da

organização. Para a empresa em estudo, a declaração proposta segue abaixo na

Tabela 2.

Tabela 2 – Declaração de missão, visão e valores da empresa estudada

MISSÃO

Concretizar sonhos com ambientes que proporcionem um novo estilo

de vida, priorizem o bem-estar de seus usuários e atendam às suas

necessidades, aliando design e funcionalidade sem deixar de traduzir

histórias

VISÃO Atuar no mercado de escritórios projetistas de arquitetura, através de

projetos únicos com assinatura e estilo reconhecidos com a

identidade de seus clientes

VALORES

Personalização: projetos desenvolvidos caso a caso, buscando

atender necessidades individualizadas de seu(s) usuário(s)

Confiança: construir relações duradouras e de credibilidade com

clientes, fornecedores e parceiros

Transparência: comunicar de forma transparente todas as etapas de

projeto e obra

Empatia: colocar-se no lugar do cliente e conduzir obras como se

estivessem sendo realizadas na nossa própria casa, escritório e

outros

Design: entregar projetos com excelência em design e bom gosto

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

A declaração de missão descreve o motivo de ser da empresa, a razão de

sua existência e não deve ser formulado apenas para estampar um quadro na sua

recepção. A missão servirá sempre como um lembrete ao seu proprietário,

funcionários e colaboradores, do porquê ela existe para que suas ações não fujam

de seu propósito.

Page 85: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

86

Conforme exposto na tabela anterior, a proposta de missão desenvolvida para

a empresa é “Concretizar sonhos com ambientes que proporcionem um novo estilo

de vida, priorizem o bem-estar de seus usuários e atendam às suas necessidades,

aliando design e funcionalidade sem deixar de traduzir histórias”. Algumas palavras-

chave podem ser notadas na frase da missão: sonhos, estilo de vida, bem-estar,

necessidades, design, funcionalidade e histórias.

Uma cultura inerente ao brasileiro é o sonho da casa própria;

independentemente da classe social e do poder aquisitivo, a conquista do primeiro

imóvel é almejada por grande parte da população. Em alguns casos, levam-se anos

para que isso aconteça, depois de muita luta, disciplina e trabalho. Ao unir todos

esses sentimentos, é inevitável depositar uma grande carga emocional sobre aquela

conquista, gerando um valor que vai além do financeiro, o valor sentimental.

Quando o arquiteto é contratado, precisa ter em mente que, em muitos casos,

está lidando com um sonho para o seu cliente. Podem ser os mais diversos sonhos,

desde a compra do primeiro imóvel após anos poupando economias, ou mais um

imóvel para um grande patrimônio, ou ainda uma realização profissional, como a

abertura de um negócio ou escritório. Então, ao ser contratada, saber compreender

esse sonho do cliente e conseguir materializá-lo ao entregar um projeto ou uma obra

é uma das prioridades da empresa estudada.

Outra premissa tratada na missão refere-se ao bem-estar do usuário, que não

é somente o proprietário ou o contratante do serviço, mas todos aqueles que utilizam

o espaço projetado, seja de passagem, trabalhando ou habitando. Para Alain de

Botton, autor do livro “A arquitetura da felicidade”, um único cômodo pode ser capaz

de alterar sentimentos e a felicidade pode depender, por exemplo, da cor de uma

parede ou do formato de uma porta (DE BOTTON, 2007, p. 13).

A empresa em estudo deseja que sua arquitetura mantenha sempre a

essência de priorizar o bem-estar dos usuários nos espaços projetados, inclusive

aprimorando conhecimentos ligados a técnicas de projeto existentes que o arquiteto

responsável ainda não domina. Dois exemplos de estudo a serem abordados mais à

frente são a neuroarquitetura, que estuda o impacto da arquitetura no cérebro

humano, e o feng shui, uma prática de origem chinesa que aborda a movimentação

de energias vitais no espaço.

Page 86: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

87

Ao transformar ou construir um ambiente, uma casa, um escritório, uma loja,

seja qual for a tipologia de uso da edificação, as mudanças realizadas

consequentemente gerarão um novo estilo de vida ao seu usuário. O propósito da

empresa estudada é que tais mudanças sejam sempre positivas e alterem o

cotidiano das pessoas, a fim de beneficiá-las.

Para conseguir identificar os pontos e elementos que devem privilegiar o dia a

dia do usuário, é preciso captar quais são suas reais necessidades. Ao projetar uma

casa, por exemplo, o arquiteto pode propor algum elemento que em nada condiz

com o que seu cliente realmente precisa, que acaba compreendendo esse engano

só depois de utilizar o espaço construído.

Além de atender às necessidades, a arquitetura precisa ser funcional, ou seja,

não ser somente um modismo ou possuir função estética, mas que funcione de fato.

Segundo o arquiteto Louis Sullivan, “a forma segue a função”, ou seja, a forma do

objeto será resultado de sua funcionalidade e não de um capricho pessoal ou de

alguma tradição histórica (DESIGN CULTURE, 2020). O design nada mais é do que

“[...] a concepção de um produto no que se refere à sua forma física e

funcionalidade” (HOUAISS, 2005).

Por último, mas não menos importante, quando a missão traz a expressão

“traduzir histórias”, a arquitetura pode contar a história de seus moradores, no caso

de casas e apartamentos. Em estabelecimentos comerciais, pode-se fazer o uso de

elementos visuais que se associem à marca ou aos produtos e serviços prestados

pela empresa. O arquiteto pode explorar o uso de objetos e mobiliários que

carreguem uma memória afetiva, tornando o espaço construído único e com a

identidade de seus donos.

Podemos de vez em quando, e com sentimento de culpa, sentir o desejo de criar uma casa para nos vangloriarmos diante dos outros. Mas somente se a parte mais verdadeira de nós mesmos for ego maníaca e a urgência em construir será dominada pela necessidade de se mostrar. Pelo contrário, na sua forma mais autêntica, o impulso arquitetônico parece associado a um desejo de comunicação e comemoração, uma ânsia de nos declararmos ao mundo por meio de um registro não verbal, por intermédio da linguagem dos objetos, cores e tijolos: uma ambição de deixar que os outros saibam quem somos – e, nesse processo, lembrar de nós mesmos. (DE BOTTON, 2007)

Para definir a visão de uma organização, esta precisa ter objetivos muito

claros para saber onde deseja chegar dentro de um período de tempo. A visão pode

Page 87: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

88

mudar em função do tempo, a longo prazo, quando a empresa decidir alcançar

novos nichos de mercado ou expandir geograficamente sua atuação. Por ora, para a

microempresa estudada, a visão é buscar um bom posicionamento e estar apta a

concorrer de forma competitiva com seus concorrentes.

Além de preservar a identidade de seus clientes no projeto, a organização

também considera importante ter seu próprio estilo que funcione como uma marca

assinada em suas obras.

Quanto aos valores da empresa, foram considerados: personalização,

confiança, transparência, empatia e design. O projeto é feito de forma personalizada

para cada cliente, atendendo às suas necessidades nos mínimos detalhes. Desde a

primeira entrevista após fechamento de contrato, a arquiteta realiza uma conversa

apurada sobre os hábitos, preferências e desejos de seus clientes e de todos os que

habitam ou trabalham no ambiente. A arquiteta também considera importante que

essa primeira entrevista seja realizada na casa ou no escritório do cliente, para que

ela consiga observar suas preferências de cores, estilo, cotidiano da casa e móveis

que podem ser aproveitados no projeto.

A empatia também deve ser praticada dentro desse contexto, realizando

projetos e obras com toda dedicação e cuidado como se estes estivessem sendo

executados em sua própria casa. É primordial ter a capacidade de se colocar no

lugar do cliente, captar sua essência e como ele faz uso de seu espaço.

Os valores de confiança e transparência caminham lado a lado, pois para

ganhar a confiança do contratante é necessário agir com transparência e ética. A

arquiteta mencionou que seus antigos clientes, muitas vezes, ressaltaram que se

sentiam muito seguros com sua atuação. A construção de relações entre

profissionais-clientes é fundamental para que estes continuem indicando o

profissional aos seus conhecidos.

A transparência é importante tanto para construir as relações quanto para

auxiliar o cliente, muitas vezes leigo, na compreensão de todas as etapas de projeto.

A arquiteta tem a intenção de criar um aplicativo do escritório com um portal

exclusivo para que os clientes possam acessar seus arquivos de projeto, todos os

orçamentos realizados, lista de compras de materiais, links para compras diretas

online e um canal de troca de informações entre o profissional e o cliente. Essa

Page 88: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

89

solução pretende evitar uma ocorrência que, frequentemente, acontece em sua atual

forma de comunicação via e-mail com os clientes, em que as informações são

perdidas e, muitas vezes, o cliente acessa versões desatualizadas do projeto.

Por fim, para fechar o conjunto de valores, a realização de projetos com

excelência em design e bom gosto é importante para que a empresa possa se

consagrar no ambiente de arquitetos e também dos clientes. É necessária uma

constante atualização sobre as tendências na arquitetura e decoração, que é feita

através de visitas em feiras e mostras do setor, cursos de reciclagem e leituras sobre

o tema.

A contratação de um arquiteto está frequentemente associada à uma

condição de status social; há, inclusive, alguns que defendem tratar-se de um luxo e

que dão conta de realizar uma obra ou um projeto por conta própria. No entanto, a

arquiteta defende que a arquitetura pode se adequar a todos, independentemente de

classe social ou condições financeiras.

3.3.1.1 Business Model Canvas

A etapa seguinte da pesquisa aborda a construção de um Business Model

Canvas (BMC) para tornar possível a visualização da empresa estudada como um

todo. O quadro auxiliou o desenvolvimento do planejamento estratégico da empresa

e serviu para esboçar propostas de modelos de negócio e identificar futuras

possibilidades, além de práticas já existentes.

Page 89: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

90

Figura 19 – Business Model Canvas da empresa estudada

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

A construção do BMC segue uma cronologia, conforme mencionado no item

2.1.3.2, em que o ponto inicial concentra-se no quadrante “Segmento de Clientes”,

onde foi identificado o perfil dos clientes da empresa.

Segmento de Clientes: O segmento descrito pela arquiteta trata de projetos

residenciais, projetos comerciais, investidores e construtoras. Sua atuação se

dá principalmente em projetos residenciais, onde há uma predominância de

casais e famílias que buscam pelo seu serviço.

Outro perfil de projeto que os clientes buscam são os projetos comerciais: são

empresários e profissionais que atuam de forma individual, como médicos,

advogados e psicólogos que buscam reformar seu ambiente de trabalho para

proporcionar um ambiente diferenciado ao seu público. Em seu portfólio de

trabalho, também constam projetos para comerciantes, como lojistas de

diversos segmentos e cafés.

Atualmente, com a tendência de economia de compartilhamento de

hospedagens, investidores buscam por apartamentos, de preferência os

compactos, e realizam uma reforma para alugá-lo completamente mobiliado.

Page 90: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

91

Devido à especialidade do escritório em projetos residenciais, a arquiteta

visualiza as construtoras como possíveis clientes para desenvolvimento de

apartamentos decorados, projeto de interiores para áreas comuns dos

empreendimentos, etc.

Proposta de Valor: Neste quadrante, a empresa descreve quais

necessidades de seus clientes deseja atender. A arquiteta quer entregar

personalização, empatia, confiança e transparência e design e valorizar a

experiência do cliente ao longo de todo ciclo de vida do projeto.

Canais: Os canais por onde a empresa tem a possibilidade de se comunicar

com seus clientes e divulga seu trabalho são as redes sociais; parcerias com

lojas do segmento de casa, decoração e revestimentos; mostras e exposições

do ramo de arquitetura; na internet, através de um site próprio e pela sua rede

de relacionamentos. As redes sociais já estão ativadas, como Facebook e

Instagram, mas a arquiteta ainda pretende desenvolver seu site próprio com o

portal de acesso exclusivo para seus clientes.

Relacionamento com Clientes: A base de seu relacionamento com clientes

é feita através de atendimento pessoal, via e-mail ou aplicativos de

mensagens, reuniões presenciais realizadas na casa dos clientes ou em sala

de reuniões em coworkings. O sistema de acesso do cliente mencionado no

tópico anterior pretende abrigar uma área de comunicação entre as duas

partes, em que as etapas possam ser formalizadas, possibilitando a troca de

documentos atualizados.

Fluxo de Receitas: As principais fontes de receita do escritório estudado são,

atualmente, projetos arquitetônicos, acompanhamento e gerenciamento de

obras. A arquiteta visualiza a possibilidade de desenvolver fontes alternativas

de renda, através de parcerias com lojas e fornecedores, mas ressalta que

não pretende receber pagamentos provenientes dessas parcerias se houver a

possibilidade de o cliente receber desconto. Por exemplo, existem lojas que

têm a prática de pagar comissão ao arquiteto, independentemente do

desconto que ele dará ao cliente, ou que possuem um sistema de premiação

aos arquitetos que mais indicam clientes, promovendo viagens, prêmios e

outros benefícios aos ganhadores. Entretanto, a arquiteta não concorda com

Page 91: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

92

a prática dos fornecedores que pagam comissão ao profissional em

detrimento de conceder ao cliente o desconto na compra.

Em relação aos public posts, ou postagens patrocinadas, mencionados na

Figura 12, estes ocorrem quando marcas escolhem perfis influentes nas redes

sociais para divulgar seus produtos ou serviços. A arquiteta acredita que, se

atingir uma posição de destaque em suas redes sociais, pode diversificar as

entradas de dinheiro através dessa prática. Entretanto, ressalta que é

importante fazer propaganda dos produtos ou serviços em que realmente

acredita e que já costuma utilizar, pois pode acontecer de perder a

credibilidade junto ao seu público devido a experiências negativas.

Recursos Principais: Neste quadrante do BMC, os “Recursos Principais” que

a microempresa dispõe e necessita para realizar seus serviços são softwares

para desenvolver seus projetos, como Autocad, Sketchup e Photoshop;

computador de qualidade compatível com os programas e impressora;

demanda muito grande de equipamentos pessoais, como carro próprio,

celular e trena eletrônica para medições.

O Marketing e Recursos Humanos são dois setores que a empresa

considera investir e que serão analisados ao longo do planejamento

estratégico.

Atividades-Chave: As principais atividades exercidas pela microempresa em

estudo envolvem projetos de arquitetura, acompanhamento e gerenciamento

de obras e produção de ambientes. No caso de contratação apenas do

projeto, o cliente se responsabiliza pela execução e pelo gerenciamento de

obra, sendo que a arquiteta pode realizar visitas pontuais para acompanhar

se o executado está de acordo com o projetado. No contrato completo de

acompanhamento e gerenciamento, a arquiteta gerencia e acompanha a obra

do início ao fim, sendo o cliente responsável pelos fornecedores contratados,

podendo seguir ou não as indicações da arquiteta.

A produção de ambiente consiste basicamente na decoração final dos

ambientes ou na repaginada de ambientes que podem ser projetos de sua

autoria ou não. No caso de contrato de projeto e obra, a produção de

Page 92: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

93

ambiente já está inclusa no pacote de serviços, mas pode ser contratado à

parte quando o cliente deseja apenas dar uma repaginada no seu espaço.

Parceiros-Chave: Os parceiros identificados como sendo essenciais para a

atuação e o desenvolvimento da empresa são as lojas e fornecedores,

engenheiros e outros projetistas, arquitetos parceiros, influenciadores digitais,

construtoras e corretores de imóveis.

Estrutura de Custos: Os custos atuais da empresa e aqueles que ela pode

vir a ter no futuro, de acordo com os objetivos a serem traçados ao longo do

planejamento proposto, são os custos fixos e não fixos, tecnologia, marketing

e terceirização de serviços.

Na Tabela 3, todos os elementos citados no BMC foram agrupados e seguem

com uma definição resumida dos assuntos aos quais se referem. Todas as

informações apresentadas são importantes para embasar as estratégias a serem

formuladas.

Tabela 3 – Business Model Canvas – Itens

ETAPAS TIPOS DEFINIÇÃO

SEGMENTO DE CLIENTES

PROJETOS RESIDENCIAIS

Casais que buscam o primeiro imóvel e precisam reformar ou construir, famílias que desejam construir sua casa ou reformar seu imóvel, mães que desejam reformar ou decorar o quarto dos filhos

PROJETOS COMERCIAIS

Comerciantes ou empresários que precisam reformar estabelecimentos comerciais

INVESTIDORES Investidores que compram imóveis para aluguel ou valorização

CONSTRUTORAS Produção de Stand de Vendas, Apartamentos decorados, Produção de ambientes de áreas comuns dos empreendimentos e terceirização

PROPOSTA DE VALOR

PERSONALIZAÇÃO Os projetos atenderão as reais necessidades do cliente, de acordo com os seus sonhos e disponibilidade financeira

EMPATIA / CONFIANÇA /

TRANSPARÊNCIA

Base para relacionamento com o cliente - se colocar no lugar e agir como se fosse sua própria casa ou empreendimento. Atuar comunicando todos os processos com clareza e sinceridade.

Page 93: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

94

ETAPAS TIPOS DEFINIÇÃO

DESIGN Projetos feitos com design atuais e seguindo as tendências do mercado

EXPERIÊNCIA DO CLIENTE

Buscar a satisfação do cliente durante todo o ciclo vida do processo de projeto - concepção até a entrega da obra

CANAIS

REDES SOCIAIS Atuação constante e com conteúdo interativo nas redes sociais Instagram, Facebook, Linkedin, etc.

LOJAS PARCEIRAS Relacionamento com lojas parceiras que possam divulgar os projetos em seus canais de relacionamento com os clientes.

EXPOSIÇÕES Mostras como Casa Cor ou montagem de ambientes em lojas parceiras

WEB Site com sistema interativo com os clientes e portfolio atualizado. Blog autoral

NETWORKING

Fortalecimento da rede de contatos. Divulgação da marca por profissionais parceiros, tais como marceneiros, empresas de empreitadas, arquitetos ou ainda por contatos pessoais como familiares e amigos

RELACIONAMENTO COM CLIENTES

ATENDIMENTO PESSOAL

Contato direto via aplicativos de trocas de mensagens (WhatsApp)

REUNIÕES PRESENCIAIS

Reuniões realizadas de forma presencial em cafés, casa do cliente ou sala de reuniões alugadas em coworking, salvo em projetos à distância com reuniões via Skype

SISTEMA PRÓPRIO Desenvolvimento de sistema ou aplicativo próprio de formalização de etapas e troca de documentos

FLUXO DE RECEITAS

PROJETOS Projetos de arquitetura e de interiores

OBRAS Acompanhamento e gerenciamento de obras

ART LOJAS Comissão paga por fornecedores e lojas parceiras

PUBLI POST Postagem nas redes sociais patrocinadas por parceiros

RECURSOS PRINCIPAIS

TECNOLOGIA Softwares e Hardwares

EQUIPAMENTOS Equipamentos de medição, carro, celular, etc.

MARKETING Produtores de conteúdo para redes sociais com o intuito de desenvolvimento da marca.

Page 94: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

95

ETAPAS TIPOS DEFINIÇÃO

RECURSOS HUMANOS

Parcerias com fotógrafos profissionais, desenvolvedores de imagens renderizadas e redes de terceirização de partes de projetos.

ATIVIDADES CHAVE

ACOMPANHAMENTO E GERENCIMENTO

DE OBRAS Receita sobre percentual de obra ou contrato fechado

PROJETOS Valores diferenciados por tipo e tamanho de projetos

PRODUÇÃO DE AMBIENTES

Preço fechado por ambientes ou horas de consultoria

PARCEIROS CHAVE

LOJAS E FORNECEDORES

Lojas de decoração, marceneiros, pedreiros, empresas de empreitada, lojas de revestimentos e lojas de materiais para construção

ENGENHEIROS E OUTROS

PROJETISTAS Engenheiros Civis, Designer de Interiores, etc.

ARQUITETOS Parcerias com arquitetos que estão fazendo projetos à distância na cidade de atuação

INFLUENCIADORES DIGITAIS

Pessoas que atuam nas redes sociais promovendo conteúdo tanto na área de decoração como em assuntos gerais

CONSTRUTORAS Empresas que constroem empreendimento das mais diversas tipologias: prédios residenciais, comerciais, condomínios ou casas

CORRETORES DE IMÓVEIS

Profissionais responsáveis pela intermediação das transações imobiliárias - contato direto dos potenciais clientes

ESTRUTURA DE CUSTOS

MARKETING Fotos profissionais, renders e impulsos nas redes sociais, brindes à clientes e fornecedores

TERCEIRIZAÇÃO Alguns serviços terceirizados à estagiários, freelancers

TECNOLOGIA Compra de softwares e hardwares

CUSTOS NÃO FIXO Deslocamento, aluguel de salas de reunião esporadicamente

CUSTOS FIXOS Impostos, contador, contas de telefone

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

Page 95: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

96

3.3.2 Análise do Ambiente Externo

A próxima etapa do planejamento estratégico proposto à empresa em estudo

consiste nas análises dos ambientes externo e interno, que não seguiram uma

ordem e foram realizadas simultaneamente por meio da aplicação da Matriz SWOT,

abordada no item 2.1.3.1. Para fins de apresentação no texto, as etapas foram

desmembradas, começando pela descrição das oportunidades e ameaças.

Após o desenvolvimento da SWOT, a ferramenta Cinco Forças de Porter foi

utilizada para avaliar os meios pelos quais a empresa pode se posicionar

estrategicamente em seu mercado, através da identificação das forças que

influenciam na sua capacidade de atendimento aos seus clientes e na obtenção de

lucro.

3.3.2.1 Matriz SWOT – Oportunidades e Ameaças

Na Figura 20, apresentada a seguir, está a primeira parte da Matriz SWOT

para a empresa estudada, que descreve as oportunidades e ameaças do ambiente

externo à empresa.

Page 96: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

97

Figura 20 – Matriz SWOT (Ameaças e Oportunidades) da empresa estudada

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

Uma das ameaças identificadas considerada mais significante dentro do

contexto da empresa são os arquitetos concorrentes que atuam há mais tempo na

cidade, pois já contam com uma rede de relacionamentos estabelecida que facilita

sua prospecção por novos serviços.

Além disso, com a expansão do mercado digital, surgiu uma nova modalidade

de venda de projetos em que todo o atendimento e entrega do serviço são feitos de

maneira online. Nessa modalidade, os projetos são ofertados por preços mais

competitivos e prazos reduzidos, atingindo um nicho de clientes que priorizam o

custo em detrimento de outros fatores, como por exemplo, o atendimento pessoal.

Por outro lado, existem inúmeras oportunidades no mercado de arquitetura e,

para o contexto da empresa, o grande número de lançamentos de novos

empreendimentos na cidade de Ribeirão Preto, aliado à falta de aptidão e

conhecimentos dos clientes, cria um ambiente favorável ao setor. O aumento na

AMEAÇAS OPORTUNIDADES

1. Lojas ou fornecedores que oferecem projeto ao comprar produtos.

2. Construtoras que oferecem serviço de personalização

3. Arquitetos concorrentes com mais tempo de atuação na cidade

4. Oferta de projetos online à baixo custo e prazo de entrega acelerado

5. Possibilidade de retração na economia6. Alta entrada de profissionais no mercado

7. Mudanças tecnológicas em softwares 8. Volatilidade do mercado da construção civil

9. Custo de softwares digitais

1. Falta de tempo, conhecimento e/ou aptidão de clientes

2. Grande número de lançamentos de empreendimentos em Ribeirão Preto.

3. Facilidade de atuação no mundo digital: redes sociais

4. Expansão do marketing digital 5. Redução da taxa de juros nos últimos anos 6. Alto PIB e desenvolvimento econômico da

cidade de Ribeirão Preto 7. Crescimento no mercado de reformas e

projetos de arquitetura e interiores em 2018 segundo pesquisas do CAU

8. Existência de associações de empresas do setor

9. ARQMALL: novo empreendimento em Ribeirão Preto, voltado para arquitetos e

serviços da construção.

AMBIENTE EXTERNO

Page 97: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

98

demanda por reformas de apartamentos/imóveis antigos também proporciona um

cenário otimista para o ramo, pois, nesses casos, a contratação de um arquiteto ou

engenheiro civil deixa de ser considerado um possível luxo e passa a ser uma

necessidade real para a realização do projeto.

3.3.2.2 Cinco Forças de Porter

Para ampliar a análise do mercado, as forças que podem influenciar na

atuação da empresa em estudo são identificadas a seguir, na Figura 21.

Figura 21 – Cinco Forças de Porter da empresa estudada

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

RIVALIDADE ENTRE OS CONCORRENTES

Com base no anuário do CAU publicado em 2019, foram 166.194 arquitetos

registrados no Brasil durante o ano de 2018, sendo que 53.577 estão no estado de

São Paulo, o que corresponde a 32,2% dos arquitetos de todo país (CAU, 2019).

Ainda de acordo com as pesquisas do CAU, em 2019 houve um aumento de 5,4%

em relação ao ano anterior na quantidade de atividades realizadas por arquitetos e

urbanistas. São Paulo aparece como um dos estados que mais contribuíram para o

Page 98: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

99

crescimento do mercado, reunindo um quarto de todas as atividades realizadas no

território nacional, com crescimento de 9%.

Como visto nas pesquisas, nota-se um alto número de profissionais entrantes

no mercado, principalmente no estado paulista, mas, por outro lado, também houve

um crescimento na contratação de serviços. O setor de Arquitetura e Urbanismo

conta com um mercado consolidado e com diversas frentes de atuação. Uma

comprovação disso é que sua classe, no Brasil, é regida por algumas entidades

nacionais e até mesmo internacionais, dentre delas, o Instituto dos Arquitetos do

Brasil (IAB), fundado em 1921 com o objetivo de promover temas de interesse do

arquiteto, da cultura arquitetônica e de seu papel frente a sociedade (CAU, 2015b).

O Código de Ética e Disciplina do CAU/BR demonstra que as remunerações

dos profissionais de arquitetura podem ter como referência as tabelas de cálculos

desenvolvidas pela entidade. As tabelas de honorários, que são opcionais,

reconhecem duas modalidades de pagamento pelo cliente: percentual sobre o custo

da obra ou cálculo pelo custo do serviço (CAU, 2015b).

Na prática, os preços cobrados pelos arquitetos podem variar muito, de região

para região e de escritório para escritório, e existem várias outras modalidades de

pagamento fora as recomendadas pelo CAU. A arquiteta responsável pela empresa

estudada, com base em conversas com seus colegas de profissão, destaca que

existem práticas de cobrança por metro quadrado de projeto, cálculo de horas

trabalhadas e até mesmo profissionais que minimizam o valor do projeto, que têm

como principal fonte de renda as comissões pagas por lojas e/ou fornecedores.

O Sebrae recomenda que escritórios de arquitetura precisam entender a

estrutura de seu próprio negócio para comporem o preço ideal pelos seus serviços,

e indica que a receita deve cobrir os custos do negócio, além de garantir uma

margem de lucro mínima entre 10 e 20% (SEBRAE, 2020).

AMEAÇA DE ENTRADA DE NOVOS CONCORRENTES

No setor de arquitetura, a barreira de entrada para novos concorrentes é

muito baixa e quase inexistente, sendo a principal delas a exigência de que a

responsabilidade deve estar nas mãos de um profissional habilitado e regularizado

frente aos órgãos de fiscalização competentes, como o CAU. Para se diferenciar e

Page 99: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

100

conquistar o mercado, o profissional deve buscar uma consolidação da marca,

diferenciação frente aos seus concorrentes e uma constante atualização e

renovação de seus conhecimentos.

PODER DE NEGOCIAÇÃO DOS CLIENTES

No poder de barganha dos clientes, foi analisado que, devido à alta oferta no

mercado, a possibilidade de encontrar concorrentes através de indicações e internet

é bastante alta. A concepção de projeto é um processo criativo e subjetivo, em que

cada profissional possui suas peculiaridades, formas de apresentação e materiais de

entrega. Há aqueles que se utilizam de modelos tridimensionais e alguns mais

modernos investem em equipamentos de realidade aumentada para a apresentação

de seu trabalho.

A forma de trabalhar de cada profissional não é uma regra na arquitetura, mas

o cliente, em razão de sua percepção e da pouca compreensão sobre a

complexidade do processo de projeto, por vezes, acaba optando pelo melhor custo-

benefício. Por isso, a falta de conhecimento do contratante entra no seu poder de

negociação, pois este irá barganhar pelo menor preço na maioria dos casos.

Portanto, é imprescindível que o arquiteto descreva detalhadamente sua

forma de trabalho, apresente projetos antigos e valorize seus pontos fortes.

PODER DE NEGOCIAÇÃO DOS FORNECEDORES

A relação entre fornecedores e arquitetos não se caracteriza como uma

relação de barganha, e sim de parcerias, onde se almeja estabelecer uma relação

de confiança e fidelidade. A parceria construída entre esses profissionais pode gerar

mais trabalhos para ambos, melhoria nas condições de pagamento e de entrega,

além de uma afinidade entre o trabalho dos dois parceiros.

Para o Sebrae, uma boa base de fornecedores e produtos disponíveis no

mercado para cada segmento é uma estratégia para se destacar na profissão. É

importante que o arquiteto se mantenha atualizado sobre os produtos e

fornecedores disponíveis para que construa uma rede de relacionamentos

(SEBRAE, 2020).

Page 100: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

101

AMEAÇA DE PRODUTOS E SERVIÇOS SUBSTITUTOS

Alguns dos serviços oferecidos por arquitetos não são exclusividade da

classe, podendo ser facilmente substituídos por profissionais de outras áreas que

atuam no mesmo mercado, como engenheiros, designers de interiores, decoradores

e construtores. Para alguns dos profissionais citados, não há necessidade de título

de ensino superior, como por exemplo, os decoradores; para os designers de

interiores, há disponibilidade de cursos técnicos, cursos para tecnólogos ou

bacharelados.

Devido ao avanço do consumo na esfera digital, na qual, cada vez mais, as

pessoas procuram por serviços e produtos de forma online, surgem diversas

plataformas e profissionais que oferecem consultoria e projetos realizados à

distância. Além de o cliente ter acesso a um serviço de forma ágil e com preço

reduzido, muitos optam por essa alternativa por falta de tempo e por considerarem

que se trata de uma forma democrática de contratar um arquiteto, quando muitos

ainda associam a admissão desse profissional a um luxo.

Os valores praticados por esse serviço são variáveis; o custo de uma

consultoria online define o preço por hora de atendimento ou por tabela fechada de

projeto, de acordo com o ambiente e sua metragem. O processo, na maioria dos

casos, é feito integralmente de maneira virtual, onde o cliente fornece o máximo de

informações possíveis ao profissional, como medidas, fotos, inspirações,

preferências e gostos, e o arquiteto lhe apresenta um projeto simplificado, em que a

execução será de total responsabilidade do contratante.

Outros possíveis substitutos de um escritório de arquitetura são os

fornecedores e lojas que ofertam seus produtos com o projeto incluso. Essa prática

pode acontecer em lojas de móveis planejados, grandes home centers, por

marceneiros e também por construtores e corretores de terrenos. Nesses casos, o

projeto oferecido geralmente é elaborado de forma genérica, sem personalização, e

só são adequados ao espaço apresentado pelo cliente.

Page 101: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

102

3.3.3 Análise do Ambiente Interno

Os ambientes interno e externo foram analisados em paralelo, resultando na

identificação dos pontos fortes e dos pontos fracos da atuação da empresa através

da Matriz SWOT. Estes são representados no item abaixo.

3.3.3.1 Matriz SWOT – Forças e Fraquezas

Figura 22 – Matriz SWOT (Fraquezas e Forças) da empresa estudada

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

Uma das fraquezas identificadas na empresa foi a falta de definição da

declaração de missão, visão e valores. Sem uma clareza de onde a empresa quer

chegar e o que ela deseja transmitir ao seu público, os objetivos não podem ser bem

definidos. Porém, como primeiro passo do planejamento estratégico proposto, essa

questão foi solucionada.

Outra grande dificuldade verificada é o pouco contato social decorrente do

fato de a arquiteta proprietária ser recém-chegada na cidade. A inclusão em um

mercado em que um dos fatores principais é a confiança leva algum tempo e

acontece de forma natural, podendo ser impulsionada por algumas estratégias de

FRAQUEZAS FORÇAS

1. Falta de definição clara de missão, visão e valores 2. Pouco contato social (arquiteta recém-chegada na

cidade)3. Baixo capital para altos investimentos como

escritório próprio e contratação de funcionários 4. Falta de conhecimento em softwares BIM.

5. Funções concentradas em uma única pessoa6. Ausência de site ou portfólio online

7. Pouco conhecimento em gestão administrativa8. Pouco conhecimento dos Concorrentes locais

sobre seus modelos de negócio e atuação

1. Habilidades e características pessoais relatadas por clientes

2. Visita frequentemente feiras e mostras, atualizada com tendências

3. Marketing de indicações 4. Home office: baixo custo fixos

5. Equipamentos adequados: computador, impressora, equipamentos de medição

6. Possibilidade de entrada em contratos com construtoras

7. Projetos personalizados de acordo com necessidade do cliente

8. Habilidade em geração de conteúdo para redes sociais

AMBIENTE INTERNO

Page 102: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

103

marketing que, no entanto, esbarram em outro ponto relevante: a baixa

disponibilidade de capital para investimentos.

A gestão empresarial se torna cada vez mais importante para todos os tipos

de negócios, e no caso de escritórios de arquitetura não é diferente. A proprietária,

por ter mantido pouco contato com disciplinas ligadas ao tema durante toda a

graduação e por não ter trabalhado em organizações com processos já bem

definidos, ainda possui dificuldades nesse âmbito.

Olhando para o outro lado, notam-se diversas forças que a empresa

apresenta para a entrada e o estabelecimento da marca no mercado atuante. As

habilidades pessoais da proprietária são frequentemente retratadas pelos clientes

que já contrataram seus serviços, e isso auxilia muito na conquista de novos

clientes. Uma dessas características é a empatia, que permite que ela se coloque no

lugar do cliente para oferecer opções práticas e funcionais adequadas para cada

perfil de cliente.

Com amplo conhecimento em mídias sociais, a empresa tem facilidade para

se comunicar com seus potenciais clientes de forma digital, levando conteúdo

sempre atualizado e destacando as principais tendências do momento. Essa

atualização é possível pelo fato de a arquiteta investir no seu aprimoramento,

participando frequentemente de feiras e exposições do setor.

As forças e fraquezas estão presentes em todas organizações, contudo, a

forma de lidar com esses fatores é que fará a diferença. O que se percebe na

empresa estudada é uma dedicação muito grande na manutenção das forças,

ressaltando seus pontos fortes e, ao mesmo tempo, uma busca por alternativas que

possibilitem seu desenvolvimento para, consequentemente, superar suas fraquezas.

3.3.4 Definição das Macroestratégias e Objetivos

3.3.4.1 Matriz TOWS – SWOT Cruzada

A etapa seguinte da pesquisa adotou a Matriz TOWS, popularmente

conhecida como SWOT cruzada, conforme mencionado no item 2.1.3.1, para o

cruzamento dos pontos fortes e fracos, internos e externos à empresa em estudo.

Page 103: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

104

Para a presente pesquisa, a matriz TOWS não deixou de ser utilizada para a

finalidade a que se propõe, qual seja, a formulação de estratégias; ela apenas fora

introduzida no processo de forma antecipada, em razão de seu potencial para gerar

uma análise mais completa e auxiliar na definição dos objetivos.

O cruzamento das informações coletadas é feito, segundo seu criador Heinz

Weihrich, para auxiliar a formulação das estratégias. O autor ressalta, no entanto,

que apesar de a principal função voltar-se às estratégias, a análise das

sobreposições também pode ser realizada para a construção de táticas necessárias

à implementação das estratégias e suas ações operacionais (WEIHRICH, 1982). A

nomenclatura adotada nesta pesquisa para cada etapa citada é: macroestratégias, objetivos estratégicos, objetivos funcionais táticos e iniciativas operacionais (Figura 23).

Figura 23 – Elementos gerados a partir das sobreposições da Matriz TOWS

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

O primeiro passo da pesquisa foi o cruzamento das oportunidades, ameaças,

forças e fraquezas relativas à empresa em estudo. Esse processo gerou quatro

grupos: crescimento, desenvolvimento, manutenção e sobrevivência, que são os

produtos resultantes da matriz TOWS, denominadas sobreposições.

Essas sobreposições foram agrupadas por temas e, para cada assunto

identificado, foi possível formular as macroestratégias que guiarão o restante do

processo. Após esse agrupamento, as sobreposições foram desmembradas e

Sobr

epos

içõe

s (TO

WS)

Macroestratégias

Objetivos Estratégicos

Objetivos Funcionais Táticos

Iniciativas Operacionais

Page 104: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

105

subdivididas para se encaixarem nos três níveis: estratégico, tático e operacional.

Para esta pesquisa, adotou-se a nomenclatura exemplificada na Figura 23: objetivos estratégicos (nível estratégico), objetivos funcionais táticos (nível tático) e

iniciativas operacionais (nível operacional).

As sobreposições criadas, muitas delas, envolveram três níveis estratégicos

em uma só frase. Por exemplo, a sobreposição “ST1”, extraída da Figura 27:

“Aprender tecnologias mais avançadas em softwares BIM – Building Information

Model, com a utilização de ferramentas gratuitas da internet como cursos e vídeos.

Ao adotar uma modalidade de produção de projeto mais eficiente, pode-se reduzir o

prazo de entrega ao cliente e ganhar mais tempo a ser dedicado em outras funções”.

O trecho que cita “Aprender tecnologias mais avançadas em softwares BIM –

Building Information Model, com a utilização de ferramentas gratuitas da internet

como cursos e vídeos [...]" já está direcionando o que precisa ser feito para

operacionalizar as estratégias.

Por ora, elas serão apresentadas de forma completa e desmembradas mais à

frente no texto. As sobreposições para cada grupo da Matriz TOWS podem ser

observadas nas Figura 24, Figura 25, Figura 26 e Figura 27.

Page 105: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

106

Crescimento (SO): As ações formuladas para este grupo ocorreram através

da combinação entre as forças e as oportunidades das empresas, ou seja,

dois pontos fortes, em ambos os ambientes. Uma organização deve pensar

em como maximizar a combinação dos dois fatores e, com isso, crescer. Para

a microempresa em estudo, as sobreposições elaboradas estão retratadas a

seguir.

Figura 24 – Matriz TOWS – Forças x Oportunidades – Sobreposições de Crescimento

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO

FORÇAS OPORTUNIDADES

S1) Habilidades e características pessoais relatadas por clientes S2) Visita frequentemente feiras e mostras, atualizada com tendênciasS3) Marketing de indicações S4) Home office: baixo custo fixos S5) Equipamentos adequados: computador, impressora, equipamentos de medição S6) Possibilidade de entrada em contratos com construtoras S7) Projetos personalizados de acordo com necessidade do cliente S8) Habilidade em geração de conteúdo para redes sociais

O1) Falta de tempo, conhecimento e/ou aptidão de clientesO2) Grande número de lançamentos de empreendimentos em Ribeirão Preto. O3) Facilidade de atuação no mundo digital: redes sociais O4) Expansão do marketing digital O5) Redução da taxa de juros nos últimos anos O6) Alto PIB e desenvolvimento econômico da cidade de Ribeirão Preto O7) Crescimento no mercado de reformas e projetos de arquitetura e interiores em 2018 segundo pesquisas do CAUO8) Existência de associações de empresas do setor O9) ARQMALL: novo empreendimento em Ribeirão Preto, voltado para arquitetos e serviços da construção.

SO1) Fazer publicações em redes sociais divulgando as principais tendências de mercado, fortalecendo a imagem pessoal e da marca, sempre respondendo prontamente e rapidamente os seguidores. Produzir contéudo com fácil entendimento para leigos e de maneira descomplicada para criar um vínculo com o espectador. Patrocinar publicações direcionadas ao público que está buscando assuntos como imóveis ou decoração de interiores. (S8-O3-O4)SO2) O2Contatar os contatos nas construtoras para conhecer seus corretores de imóveis e propor parcerias de pagamento de comissão ao ser indicado para novos clientes que acabaram de comprar um imóvel. (S6-O2)SO3Juntar o dinheiro economizado com o baixo custo de trabalhar em home office para conseguir investir em um espaço no empreendimento voltado à arquitetos e empresas do setor : ARQMALL. O lançamento conta com espaços compartilhados de trabalho, salas de reuniões estruturadas para apresentação de projetos e centro de eventos onde é possível promover palestras, workshop e mostras. (S4-O9)SO4) Redesenhar todo o processo de projeto, material de entrega, dinâmica das reuniões, o primeiro contato com o cliente para sempre valorizar a experiência do cliente. Muitas vezes com pouco conhecimento, o cliente fica perdido e sem ter conhecimento das etapas de projeto, de termos usados em obra, do stress gerado por uma obra. Reinventar essa cultura e sempre prezar para que o cliente se sinta confortável e tenha entendimento em todas as etapas. (S1-S2-O1)SO5) Frequentar e/ou promover propaganda em stands de venda de novos empreendimentos e fazer apresentação de material gráfico juntamente com algum brinde personalizado (caderno de anotações, ecobag etc.) com divulgação da marca, das redes sociais e formas de contato. (S6-S8-O2-O6)SO6) Patrocinar propagandas pagas em revistas ou sites de coluna social da cidade. (S2-S8-O7-O8)

CRESCIMENTO (SO)

Page 106: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

107

Desenvolvimento (WO): No quadrante do desenvolvimento, realizou-se a

sobreposição das fraquezas e oportunidades da empresa em estudo. A

organização pode identificar oportunidades advindas do ambiente externo,

mas possui fraquezas internas que podem impedir a fruição de tais

oportunidades. O resultado pensado buscou uma forma de minimizar as

fraquezas e maximizar as oportunidades. Para a empresa em estudo, as

sobreposições elaboradas para este grupo podem ser observadas a seguir.

Figura 25 – Matriz TOWS – Fraquezas x Oportunidades – Sobreposições de Desenvolvimento

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO

FRAQUEZAS OPORTUNIDADES

W1 Falta de definição clara de missão, visão e valores W2 Pouco contato social (arquiteta recém-chegada na cidade)

W3 Baixo capital para altos investimentos como escritório próprio e contratação de funcionários

W4 Falta de conhecimento em softwares BIM. W5 Funções concentradas em uma única pessoa

W6 Ausência de site ou portfólio online W7 Pouco conhecimento em gestão administrativa

W8 Pouco conhecimento dos Concorrentes locais sobre seus modelos de negócio e atuação

O1) Falta de tempo, conhecimento e/ou aptidão de clientesO2) Grande número de lançamentos de empreendimentos em Ribeirão Preto. O3) Facilidade de atuação no mundo digital: redes sociais O4) Expansão do marketing digital O5) Redução da taxa de juros nos últimos anos O6) Alto PIB e desenvolvimento econômico da cidade de Ribeirão Preto O7) Crescimento no mercado de reformas e projetos de arquitetura e interiores em 2018 segundo pesquisas do CAUO8) Existência de associações de empresas do setor O9) ARQMALL: novo empreendimento em Ribeirão Preto, voltado para arquitetos e serviços da construção.

DESENVOLVIMENTO (WO)

WO1) Estabelecer uma rede de parceiros / freelancers para que esses possam ser subcontratados de acordo com a demanda, abaixando portanto o custo fixo mas mantendo a capacidade de entrega. (W5-O7)WO2) Buscar filiação em associações de empresas do setor de decoração pois eles oferecem um guia de profissionais em seu portfólio e também possuem um sistema de premiação e divulgação de arquitetos mais participantes, além de promover eventos sociais. (W2-O8)WO3) Desenvolver página própria na internet através de plataformas gratuitas ou com mensalidade reduzida para divulgar projetos anteriores. Procurar por parceiros como fotógrafos ou especialistas em imagens renderizadas que também estejam entrando no mercado e buscam ampliar portfólio. (W6-O4-O7)WO4) Fortificar a rede social também como fonte de renda alternativa. Atualmente é comum empresas, marcas do setor de decoração, revestimentos, acabamentos de construção contratar influenciadores digitais para promover os seus produtos através de postagens patrocinadas (publi post). Com renda extra captada das redes sociais conseguir investir em escritório próprio, contatração de funcionários, implementação de novos softwares etc. (W1-W6-O3-O4)WO5) Promover trocas com outros profissionais integrantes de associações da empresas do setor com finalidade de trocar de experiências, atualizações do mercado e conhecimento compartilhado. (Benchmarking) (W7-W4-W3-O8-O9)

Page 107: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

108

Manutenção (ST): As sobreposições das forças e ameaças geraram ações

de manutenção para a empresa em estudo. Buscou-se uma alternativa para

que as forças da empresa possam agir diante das ameaças externas,

maximizando o primeiro fator e minimizando o último. Para a microempresa

em estudo, as sobreposições elaboradas para esse grupo podem ser

observadas a seguir.

Page 108: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

109

Figura 26 – Matriz TOWS –- Forças x Ameaças – Sobreposições de Manutenção

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

Sobrevivência (WT): Para o grupo da sobrevivência, como o próprio nome

diz, o objetivo é conseguir sobreviver ao sobrepor dois fatores negativos, as

fraquezas e ameaças. Para a empresa em estudo, as sobreposições

elaboradas para esse grupo podem ser observadas a seguir.

AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO

FORÇAS AMEAÇAS

S1) Habilidades e características pessoais relatadas por clientes S2) Visita frequentemente feiras e mostras, atualizada com tendênciasS3) Marketing de indicações S4) Home office: baixo custo fixos S5) Equipamentos adequados: computador, impressora, equipamentos de medição S6) Possibilidade de entrada em contratos com construtoras S7) Projetos personalizados de acordo com necessidade do cliente S8) Habilidade em geração de conteúdo para redes sociais

T1) Lojas ou fornecedores que oferecem projeto ao comprar

produtos. T2) Construtoras que oferecem serviço de personalização

T3) Arquitetos concorrentes com mais tempo de atuação na cidade T4) Oferta de projetos online à baixo custo e prazo de entrega

acelerado T5) Possibilidade de retração na economia

T6) Alta entrada de profissionais no mercadoT7) Mudanças tecnológicas em softwares

T8) Volatilidade do mercado da construção civil T9) Custo de softwares digitais

MANUTENÇÃO (ST)

ST1) Criar um questionário de feedback para os clientes preencherem ao encerrar o ciclo de trabalho e solicitar autorização para utilizar publicar depoimentos positivos a fim de transmitir confiabilidade aos novos clientes. Aos poucos, o marketing de indicações poderá fazer efeito e ter a marca com maior presença na cidade. (S1-S3-S8-T3-T6)ST2) Promover networking em feiras e mostras para buscar por possíveis parcerias com outros arquitetos como projetos de co-autoria e também com fornecedores, construtoras, etc. (S2-S6-T1-T2-T3)ST3) Buscar por parcerias locais com visitas às lojas e fornecedores, apresentando projetos anteriores e destacar que busca por oportunidades. Se disponibilizar para participar e/ou promover eventos que a loja realize com outros arquitetos ou com clientes. Exemplo: cursos, palestras, talks, workshop etc. (S5-S7-S8-T1)ST4 ) Aprimorar o atendimento ao cliente, valorizar a experiência do cliente durante todo o processo de projeto, identificando pontos superiores à outros concorrentes, valorizando e enaltecendo a diferença em ter um projeto totalmente personalizado de modo que este enxergue valor além das entregas que são comuns a todos players do mercado. (S1-S7-T3-T6)ST5) Fomentar estratégias de marketing com o intuito de maximizar o atendimento empático que é oferecido e entregue aos clientes. Gerar conteúdo para redes sociais a fim de criar um vínculo com os seguidores, ter contato direto e promover a imagem pessoal. Por exemplo: responder perguntas relacionadas à obra, de forma espontânea, em vídeos. (S1-S8-T6-T4)ST6) Desenvolver o relacionamento com contatos das construtoras para possibilidades de criar um novo tipo de produto para o escritório, como por exemplo o desenvolvimento de decorados de empreendimentos imobiliários, ambientação de áreas comuns de seus projetos, terceirização do setor de personalização da construtora. (S6-S7-T2)

Page 109: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

110

Figura 27 – Matriz TOWS – Fraquezas x Ameaças – Sobreposições de Sobrevivência

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

3.3.4.2 Macroestratégias

Seguindo adiante, após as sobreposições realizadas a partir da matriz TOWS,

tudo o que foi elaborado até então para o planejamento estratégico, inclusive as

análises feitas com a utilização da ferramenta Cinco Forças de Porter (Figura 21) e

as declarações organizacionais da empresa (Tabela 2) foram desmembradas e

agrupadas em frases por áreas de atuação.

AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO

FRAQUEZAS AMEAÇAS

W1 Falta de definição clara de missão, visão e valores W2 Pouco contato social (arquiteta recém-chegada na cidade)

W3 Baixo capital para altos investimentos como escritório próprio e contratação de funcionários

W4 Falta de conhecimento em softwares BIM. W5 Funções concentradas em uma única pessoa

W6 Ausência de site ou portfólio online W7 Pouco conhecimento em gestão administrativa

W8 Pouco conhecimento dos Concorrentes locais sobre seus modelos de negócio e atuação

T1) Lojas ou fornecedores que oferecem projeto ao comprar

produtos. T2) Construtoras que oferecem serviço de personalização

T3) Arquitetos concorrentes com mais tempo de atuação na cidade T4) Oferta de projetos online à baixo custo e prazo de entrega

acelerado T5) Possibilidade de retração na economia

T6) Alta entrada de profissionais no mercadoT7) Mudanças tecnológicas em softwares

T8) Volatilidade do mercado da construção civil T9) Custo de softwares digitais

SOBREVIVÊNCIA (ST)

ST1) Aprender tecnologias mais avançadas em softwares BIM com aprendizagem em ferramentas gratuitas da internet como cursos e vídeos. Ao adotar uma modalidade de produção de projeto mais eficiente, pode-se reduzir o prazo de entrega ao cliente e mais tempo para se dedicar a outras funções. (W3-W4-W5-T4-T7-T9)ST2) Traçar tarefas que podem ser terceirizadas para diminuir sobrecarga de funções e focar os esforços na captação de clientes, fortalecimento das redes sociais, busca por parceiros comerciais. (W5-T4-T6)ST3) Definir a missão, visão e valores da empresa e usar os príncipios para promover marketing através das redes sociais para fortificar a marca.Destacar a importância de projetos personalizados, realizados através de contato direto com o cliente e atendendo seus anseios, necessidades e realizando seus sonhos. (W1-T4)ST4) Estudar os concorrentes locais para identificar seu modo de atuação, divulgação, entrega do projeto, estilos arquitetônicos etc. Com o estudo, valorizar os diferenciais do escritório e aprimorar em pontos que podem sobressair aos dos concorrentes. (W8-T3)ST5) Ampliar o conhecimento em temas de administração de empresa, buscar por eventos e/ou cursos no SEBRAE e intensificar leitura de livros ou materiais acadêmicos no tempo livre. (W7-T8)

Page 110: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

111

Tabela 4 – Perspectivas e Áreas de construção das Macroestratégias

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

As áreas de atuação identificadas a partir da divisão realizada foram

marketing, mercado/clientes, networking, recursos humanos e fornecedores,

financeiro e conhecimento. As áreas foram então categorizadas dentro de quatro

perspectivas, seguindo a linha proposta pelo Balanced ScoreCard: acionista,

clientes/mercado, processos internos e desenvolvimento (Tabela 4).

Com os grupos definidos, criaram-se enunciados estratégicos para cada

grupo, denominados de macroestratégias do planejamento estratégico. A

nomenclatura “macroestratégia” foi adotada para referir-se às estratégias centrais,

aquelas que serão os pilares do planejamento em estudo. Cada macroestratégia

estipulada para cada área de atuação pode ser observada na Tabela 5.

PERSPECTIVA ÁREA

FINANCEIRO

MARKETING

MERCADO / CLIENTES

NETWORKING

PROCESSOS INTERNOS RH E FORNECEDORES

DESENVOLVIMENTO CONHECIMENTO

CLIENTES / MERCADO

ACIONISTA

Page 111: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

112

Tabela 5 – Macroestratégias para o Planejamento Estratégico

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

Ao analisar as macroestratégias formuladas, pode-se ressaltar que existe

uma relação com os três eixos apresentados no item 2.2.2.5. Chiavenato e Sapiro

(2009) discorrem que há três grupos de estratégias, nos quais a organização deve

se apoiar para alinhar suas políticas organizacionais. Os conjuntos de estratégias

apresentados são a excelência profissional, a liderança de produto e a intimidade

com cliente. Cada um desses eixos pode ser conectado às perspectivas propostas

pelo BSC.

As estratégias do eixo “excelência operacional” são as ações que levam a

organização a alcançar êxito em processos gerenciais e operacionais, essenciais à

empresa. A analogia é feita em relação ao grupo dos processos internos do BSC. O

eixo da “liderança de produto” compreende as estratégias desenvolvidas para

inovação, que se conectam ao grupo de desenvolvimento do BSC. Por último, a

“intimidade do cliente” prende-se às estratégias capazes de satisfazer necessidades

personalizadas e sustentar relações duradouras com os clientes, que, no BSC, pode

ser a própria perspectiva do cliente.

No que concerne às macroestratégias da perspectiva do acionista do BSC,

estas são intrínsecas aos três eixos apresentados. Dessa maneira, se a organização

das estratégias fosse realizada de acordo com as propostas contidas no item

2.2.2.5, a divisão resultante seria a seguinte:

PERSPECTIVA ÁREA MACROESTRATÉGIAS

FINANCEIROGERAR LUCRO E ACUMULAR

RESERVAS FINANCEIRAS

MARKETING FORTALECER A MARCA

MERCADO / CLIENTES MELHORAR A EXPERIÊNCIA DO CLIENTE

NETWORKINGAMPLIAR REDE DE RELACIONAMENTO

PROCESSOS INTERNOS RH E FORNECEDORES DOMINAR TECNOLOGIA

DESENVOLVIMENTO CONHECIMENTO APRIMORAR CONHECIMENTO

CLIENTES / MERCADO

ACIONISTA

Page 112: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

113

1) Excelência operacional

Dominar tecnologia

Gerar lucro e acumular reservas financeiras

2) Liderança de produto

Aprimorar conhecimento

3) Intimidade com o cliente

Fortalecer a marca

Melhorar a experiência do cliente

Ampliar a rede de relacionamento

3.3.4.3 Objetivos Estratégicos

Para formular os objetivos de uma organização, é necessário voltar à sua

missão e à sua visão, elaborando-os com base nessa declaração. Cada objetivo

traçado tem como propósito aproximar a organização daquilo que ela almeja, e

conforme cada um desses objetivos vai sendo alcançado, mais próximo a empresa

chega do seu propósito.

Os objetivos devem prezar uma análise global sobre a organização,

observando tanto as respostas do ambiente interno quanto do ambiente externo,

portanto, não podem ser descritos apenas com a visão do empresário. Neste

trabalho, seguindo a linha proposta pelo Balanced Scorecard, os objetivos foram

agrupados em quatro perspectivas diferentes: acionista (financeira),

clientes/mercado, processos internos e desenvolvimento (aprendizado e

crescimento).

Os objetivos principais estão expostos abaixo e, logo em seguida, vislumbra-

se uma breve descrição relacionada às quatro perspectivas.

Page 113: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

114

PERSPECTIVA ACIONISTA

Analisando a situação atual da empresa à luz das informações coletadas,

estabeleceu-se como macroestratégia para a perspectiva do acionista (financeira)

que é preciso gerar lucro, acumular reservas financeiras e fortalecer a marca. Estes

são objetivos primordiais para sustentação de uma empresa e podem até mesmo

serem considerados objetivos de uma iniciante no mercado. A microempresa de

projetos de arquitetura estudada está praticamente “estreando”, mas com o

diferencial de já carregar vivências, em uma nova localidade, com um novo público.

Os objetivos traçados em nível estratégico para essa perspectiva estão elencados a

seguir.

1. Reduzir fixos e minimizar gastos desnecessários

O primeiro objetivo da perspectiva financeira busca reduzir ao máximo os

custos fixos, diminuindo os gastos desnecessários à produção e à entrega dos

serviços contratados. Estes, por exemplo, compreendem os custos com aluguel de

um espaço comercial próprio quando ainda não existe um volume de clientes

considerável. Essas economias pontuais serão acumuladas com o intuito de, em

médio prazo, possibilitar à empresa a aquisição de um espaço próprio que, nesse

momento futuro, será fundamental pelo tamanho de sua clientela e pelo volume de

projetos do escritório.

2. Desenvolver fontes alternativas de renda

Devido à facilidade de produção de conteúdo para mídias digitais e também

pela sua habilidade de comunicação, a arquiteta proprietária pretende buscar fontes

de rendas alternativas, tais como publi posts ou workshops, cursos e palestras.

3. Obter Lucro

Parece um tanto redundante uma empresa estabelecer como objetivo “obter

lucro”, mas a atual situação financeira declarada pela microempresa é funcionar no

empate, pagando os seus custos fixos, que englobam o pró-labore da proprietária,

licenças de softwares, contador, contas de luz, água e internet. No entanto, é preciso

aumentar a margem para que o lucro de cada projeto possa ser poupado, a fim de

criar caixa para que a empresa consiga fazer investimentos futuros.

Page 114: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

115

4. Posicionar-se como marca reconhecida na arquitetura

O posicionamento como marca reconhecida na arquitetura, não somente de

forma local, mas alcançando o mercado como um todo, é um dos objetivos

propostos para a empresa. Atualmente, com o mundo cada vez mais digitalizado,

uma forma de atingir pessoas “fora da bolha” é se destacar nas redes sociais.

Esse objetivo fora incluído na perspectiva do acionista, pois, além de

motivação financeira, a empresa também almeja reconhecimento e a construção de

um legado. Por se tratar de um negócio no qual a marca da organização está

diretamente ligada à profissional de arquitetura, é fundamental que essa estratégia

seja aspiração do acionista.

PERSPECTIVA CLIENTES/MERCADO

Para expandir na perspectiva do mercado, os objetivos propostos são:

5. Ter a marca promovida pelos atuais clientes/parceiros de forma orgânica

A arquiteta, estreante na cidade, precisa expandir seu nome, e sua marca

está diretamente ligada à sua imagem pessoal. O objetivo é que seus clientes e

parceiros promovam sua marca de maneira orgânica. O marketing “boca-a-boca” é o

mais eficiente por se tratar de uma contratação em que um dos principais fatores de

escolha é a confiança.

A indicação de cliente para um amigo ou familiar acontece com base em suas

experiências; obviamente, uma experiência negativa pode gerar uma indicação

contrária à contratação do profissional, e pode acabar sendo muito mais forte do que

uma indicação positiva.

6. Fomentar parcerias com marcas, lojistas e profissionais já estabelecidos

A fim de se promover localmente, as parcerias realizadas com lojistas e

fornecedores são essenciais para conquistar novos trabalhos e para criar uma rede

de parceiros confiáveis.

Page 115: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

116

PERSPECTIVA PROCESSOS INTERNOS

A perspectiva interna trata exclusivamente dos processos que serão

desenvolvidos internamente e estes, muitas vezes, não são percebidos diretamente

pelos clientes e outros stakeholders; porém, quando aprimorados, as chances de

sucesso ao final de cada entrega será maior, pois a empresa estará mais segura

com a utilização de arquivos padrões e com a possibilidade de um atendimento mais

rápido aos clientes. Quanto aos objetivos da perspectiva interna da microempresa,

propõe-se:

7. Aumentar a capacidade de produção de projetos simultâneos

A quantidade de projetos entregues está diretamente relacionada à futura

receita da empresa, portanto, a ampliação do número de entregas é fundamental

para o aumento de capital da organização. Além disso, com a capacidade de

produção aumentada, o número de clientes atendidos também será maior,

contribuindo para a expansão da marca.

O indicador utilizado para este objetivo é a capacidade de novos contratos

mensais e que, no total do ano, estaria limitado a um montante global. Isso acontece

porque os projetos, geralmente, duram mais de um ou dois meses, principalmente

aqueles que envolvem acompanhamento e gerenciamento de obra, e, no momento,

a arquiteta ainda não possui funcionários para auxiliá-la.

O crescimento esperado dependerá em grande parte da capacidade de

gerenciamento de pessoas, tempo, escopo e custos da arquiteta. É importante

ressaltar que o objetivo como um todo está vinculado à quantidade de entregas,

porém, estas devem seguir o mesmo ou até melhor padrão de qualidade dos

projetos que são entregues presentemente.

8. Otimizar processos internos

Pelo fato de as funções da microempresa serem centralizadas e concentradas

em uma única pessoa, a capacidade atual de atender projetos simultâneos é bem

pequena. A otimização dos processos proporcionará à empresária, além de um

tempo de resposta mais curto, maior segurança ao transmitir as informações

necessárias aos clientes, uma vez que os processos serão padronizados.

Page 116: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

117

Com o estabelecimento de padrões, também é possível mensurar a qualidade

de cada entrega, formatando suas métricas. Essas avaliações são perceptíveis aos

clientes e, com o mercado cada vez mais competitivo, o lema é ser diferente e fazer

além de seus concorrentes. Logo, fora traçado para a empresa o objetivo de

aprimorar seu processo, de forma que este se destaque em relação à experiência do

cliente e às tratativas durante o processo de projeto.

Como foi identificado, é preciso melhorar a comunicação e o processo de

projeto, e a forma definida para mensuração das metas envolve as pesquisas com

os clientes, que serão convidados, ao final de cada entrega, a responderem um

rápido questionário para avaliar sua satisfação.

PERSPECTIVA DESENVOLVIMENTO

A perspectiva do desenvolvimento compreende os âmbitos de conhecimento

e aprendizado estruturados pela empresa para atingir sua missão. A dedicação para

alcançar tais objetivos é fundamental, pois os conhecimentos dependem de muito

estudo e pesquisa. Dessa forma, os objetivos traçados para a perspectiva de

crescimento são:

9. Aprimorar conhecimentos técnicos em arquitetura, mercado, gestão empresarial e gestão de projetos

Em busca de uma posição de destaque em seu nicho de mercado, a proposta

envolveu o aprimoramento do conhecimento de temas ligados tanto à arquitetura

quanto à gestão administrativa. Como parte de uma das forças da empresa, a

arquiteta já busca uma atualização constante na área de arquitetura, então, nesse

âmbito, o objetivo serve como uma ação de manutenção, buscando inovações em

seus processos de projeto. A arquiteta também conta a formação em gestão de

projetos em andamento, mas busca a formalização através da certificação na área

de gerenciamento de projetos. Para os conhecimentos em mercado e gestão

empresarial, a arquiteta relatou que carece de treinamento e atualização.

10. Aprimorar conhecimento do modelo de atuação dos concorrentes

Para conhecer de perto seus concorrentes, como eles atuam, preços

praticados, ações de marketing, estilo arquitetônico, apresentação de trabalho e

Page 117: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

118

avaliação dos clientes, as informações devem ser coletadas com ética, buscando

uma aproximação para troca de informações, fomentando, assim, a parceria e a

cooperação.

11. Ampliar conhecimento sobre novas técnicas de projetos;

As técnicas de projeto de arquitetura são bem antigas, mas vivem em

constante evolução quanto à sua representação gráfica, disposição e tamanho dos

ambientes, técnicas de cores, materiais e acabamentos, estética e estilo

arquitetônico. Para conseguir alcançar o que foi descrito como missão da empresa,

“priorizar o bem-estar de seus usuários”, a arquiteta terá como objetivo sempre

buscar por novas técnicas que auxiliem no desenvolvimento de projetos harmônicos,

atuais, que transmitam o bem e que seus usuários fiquem confortáveis ao utilizá-lo.

12. Implementar tecnologia

Complementando o objetivo anterior, com o avanço da tecnologia, surgem

novas formas, novos softwares voltados à elaboração de projetos. A empresa tem

como objetivo desenvolver a implementação de novas tecnologias, como por

exemplo, com a utilização do BIM, que imprimirá maior qualidade aos projetos e

otimizará os processos internos da empresa.

3.3.5 Definição de Metas e Indicadores

Após a definição dos objetivos para cada perspectiva, foram estabelecidas

metas que seguem a metodologia SMART, mencionada no item 0: as metas devem

ser específicas, mensuráveis, atingíveis, realistas e temporizáveis. Para cada meta

estabelecida foi especificado seu indicador de desempenho, que permitirá à

empresa o acompanhamento dos resultados obtidos.

PERSPECTIVA ACIONISTA

Objetivo 1: Reduzir custos fixos e minimizar gastos desnecessários

Indicador: Custo fixo

Meta: Para o primeiro ano, almeja-se que os gastos com custos fixos sejam

de, no máximo, 20% da receita anual; para cinco anos, espera-se que a

Page 118: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

119

empresa já conte com escritório próprio e alguns funcionários, e que as

despesas fixas sejam de, no máximo 40%, da receita total.

Objetivo 2: Desenvolver fontes de renda alternativas

Indicador: Receita alternativa

Meta: Alcançar, no primeiro ano, um montante de R$ 5.000,00 com as rendas

alternativas, além dos serviços tradicionais do escritório, e até o quinto ano

pretende-se atingir, ao menos, R$ 15.000,00 anuais.

Objetivo 3: Obter lucro

Indicador: Margem de lucro

Meta: Obter uma margem de lucro de 20% sobre a receita para o primeiro

ano a partir do plano e, no quinto ano, essa margem deve girar em torno de

35% sobre a receita, pois espera-se que a empresa consiga aumentar

consideravelmente suas entradas financeiras, diluindo os custos fixos e

garantindo uma margem melhor.

Objetivo 4: Posicionar-se como marca reconhecida na arquitetura

Indicador: Engajamento redes sociais

Meta: Atingir o número de 5 mil seguidores no final do primeiro ano e receber,

ao menos, cinco solicitações de orçamentos por mês de pessoas que

chegaram através das redes sociais. Ao final do quinto ano, o número deverá

alcançar 50 mil seguidores e, dentre todas as propostas recebidas, cerca de

80% serão fechadas pela arquiteta.

PERSPECTIVA CLIENTES/MERCADO

Objetivo 5: Ter a marca promovida pelos atuais clientes/parceiros de forma orgânica

Indicador: Avaliação dos clientes

Meta: Para mensurar este objetivo, serão analisadas as pesquisas de

feedback realizadas com os clientes ao final das obras e/ou projetos. Para o

primeiro ano, a meta é garantir nota máxima de avaliação em 80% dos

Page 119: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

120

contratos avaliados. Após cinco anos de experiência, com os processos

desenvolvidos e estrutura organizacional estabelecida, espera-se que a

empresa garanta nota máxima em 90% dos contratos.

Objetivo 6: Fomentar parcerias com marcas, lojistas e profissionais já estabelecidos

Indicador: Número de parcerias

Meta: Fechar parceria com, ao menos, uma loja de cada segmento, como por

exemplo, revestimentos, mobiliário, iluminação, materiais de construção,

móveis planejados, etc. Após cinco anos, intenciona-se conseguir ser

indicada por, pelo menos, dois parceiros ao mês, significando que a empresa

estará se destacando frente aos seus concorrentes, sendo a primeira opção

de indicação dentre várias outras.

PERSPECTIVA PROCESSOS INTERNOS

Objetivo 7: Aumentar a capacidade de produção de projetos simultâneos

Indicador: Quantidade de projetos simultâneos

Meta: No primeiro ano, ter capacidade para dois novos projetos por mês, até

o limite de 15 projetos ao final do primeiro ano, porém, existe a possibilidade

de superação desses números caso os contratos sejam projetos menores e

com entrega mais rápida. Ao final do quinto ano, a empresa deverá possuir

capacidade para fechar até quatro contratos por mês e entregar cerca de 40

projetos ao ano.

Objetivo 8: Otimizar processos internos

Indicador: Resultados de pesquisas de feedback

Meta: Atingir nota máxima nos processos internos em 80% de seus contratos

ao final do primeiro ano e, após 5 anos, a experiência dos clientes deve

atingir nota máxima em 90% dos contratos.

Page 120: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

121

PERSPECTIVA DESENVOLVIMENTO

Objetivo 9: Aprimorar conhecimentos técnicos em arquitetura, mercado, gestão empresarial e gestão de projetos.

Indicador: Horas de curso

Meta: Concluir, no primeiro ano, 80 horas de curso relacionados ao

conhecimento em gestão empresarial, mercado ou arquitetura. Ao final do

quinto ano, ser referência nessas técnicas quando se trata de escritório de

arquitetura.

Objetivo 10: Aprimorar conhecimento do modelo de atuação dos concorrentes

Indicador: Avaliação dos concorrentes

Meta: O indicador adotado é a avaliação dos concorrentes com os quais a

empresa mais se identifica. Para o primeiro ano, conseguir quatro

concorrentes que queiram cooperar e trocar informações visando a realização

de um benchmarking, que será fornecido também aos parceiros. Após 5 anos

de atuação, o escritório deve ser referência para outros entrantes no

mercado.

Objetivo 11: Ampliar conhecimento sobre novas técnicas de projeto

Indicador: Horas de curso

Meta: Concluir 40 horas de curso de neurologia e Feng Shui ao final do

primeiro ano. Nos anos subsequentes, participar de cursos com, pelo menos,

20 horas de atualizações anuais.

Objetivo 12: Implementar tecnologia

Indicador: Horas de treinamento

Meta: Concluir 60 horas de treinamento no software escolhido ao final do

primeiro ano. Nos anos subsequentes, participar de cursos com, pelo menos,

20 horas de atualizações anuais.

O quadro da Figura 28 retrata todos os objetivos estratégicos elencados

dentro de cada perspectiva, os indicadores a eles atribuídos e as metas estipuladas

Page 121: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

122

para o período de um ano e cinco anos após a implementação do planejamento

estratégico.

Figura 28 – Definição de Objetivos, Indicadores e Metas para a empresa estudada

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

3.3.5.1 Mapa Estratégico

Após a elaboração dos objetivos e a definição dos indicadores que servirão

para balizá-los, o próximo passo é a diagramação através do mapa estratégico, que

serve para auxiliar a visualização de todas as metas de forma mais clara e objetiva.

O mapa estratégico contém as principais demandas e aspirações da empresa,

então, é importante que os colaboradores tenham ciência de tudo o que está sendo

proposto pela cúpula e, por esse motivo, o mapa precisa estar acessível para todos

os envolvidos.

Page 122: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

123

No mapa estratégico, é possível visualizar as macroestratégias e como elas

se relacionam com as diferentes perspectivas de objetivos (acionista, clientes,

processos internos e desenvolvimento). Assim, o mapa proposto para a empresa

estudada segue representado pela Figura 29.

Figura 29 – Mapa Estratégico proposto para a empresa estudada

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

Percebe-se pelo mapa estratégico que existem setas que conectam os

objetivos estratégicos entre si; estas representam a relação de causa e efeito e

evidenciam visualmente as influências que os objetivos têm entre si. A Figura 29 –

Mapa Estratégico proposto para a empresa estudadaFigura 29 funciona literalmente como

um mapa, através do qual os colaboradores da empresa conseguirão visualizar com

clareza que, para que um objetivo seja atingido, deve-se trabalhar com o foco

voltado para um indicador ou para algum outro objetivo. Basicamente, toda a

Page 123: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

124

“história” estratégica da empresa, que funciona com perfeição se todos os pontos

estiverem conectados, está contada em seu mapa.

3.3.6 Formulação e Seleção das Estratégias

A última etapa do planejamento estratégico proposto à empresa foi a

elaboração e a seleção das estratégias que serão aplicadas. Conforme mencionado

anteriormente, com o uso da Matriz TOWS, as sobreposições geraram as etapas

apresentadas previamente, macroestratégias e objetivos estratégicos, que indicam o que a empresa deve fazer. Os dois últimos elementos extraídos da matriz foram os

objetivos funcionais táticos e as iniciativas operacionais, que descrevem como a

empresa vai fazer.

Os objetivos funcionais táticos, de acordo com Chiavenato e Sapiro (2009),

são de médio prazo e têm como função otimizar determinados departamentos, e não

a empresa como um todo. As iniciativas operacionais são ações de curto prazo

direcionadas à execução das operações estratégicas. A formalização das iniciativas

ocorre através da execução de um plano de ação, no qual todas as informações, tais

como recursos, procedimentos, responsáveis, escopo e prazos, serão

documentadas para cada iniciativa.

Neste trabalho, a apresentação das iniciativas é feita de maneira

complementar, sem o desenvolvimento do plano de ação que já integra a etapa de

implementação das estratégias, que não foi considerada para este estudo de caso.

Os objetivos estratégicos da pesquisa foram distribuídos em suas respectivas

áreas de atuação, acompanhados de seus objetivos funcionais táticos (OFT) e por

suas iniciativas operacionais (IO).

3.3.6.1 Objetivos Funcionais Táticos e Iniciativas Operacionais

PERSPECTIVA ACIONISTA

Objetivo Estratégico – Financeiro: Reduzir custos fixos e minimizar gastos desnecessários

Page 124: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

125

OFT: Trabalhar em regime de home office

o Reduzir custos fixos.

o Alugar espaços em coworkings apenas para reuniões com clientes que

preferem espaços mais profissionais em relação a cafeterias ou às

suas próprias casas.

Objetivo Estratégico – Financeiro: Desenvolver fontes de renda alternativas

OFT: Formatar um Plano de Marketing voltado para redes sociais

o Fortificar a rede social para atrair empresas ou pessoas com interesse

em pagar para serem divulgadas nas nossas páginas.

o Participar de palestras e workshops.

Objetivo Estratégico – Marketing: Posicionar-se como uma marca conhecida no ramo de arquitetura

OFT: Elaborar um planejamento de postagens e conteúdo para as redes

sociais

o Fazer publicações em redes sociais divulgando as principais

tendências de mercado, fortalecendo a imagem pessoal e da marca,

sempre respondendo prontamente os seguidores.

o Produzir conteúdo de fácil entendimento para leigos, de maneira

descomplicada, a fim de criar um vínculo com o espectador.

o Patrocinar publicações direcionadas ao público que está buscando

assuntos como imóveis ou decoração de interiores.

o Solicitar autorização para utilizar e publicar depoimentos positivos, a

fim de transmitir confiabilidade aos novos clientes; aos poucos, o

marketing de indicações poderá fazer efeito, projetando sua marca com

maior evidência na cidade.

o Gerar conteúdo para redes sociais com o intuito de criar um vínculo

com os seguidores, manter contato direto e promover a imagem

pessoal. Por exemplo: responder perguntas relacionadas à obra de

forma espontânea, em vídeos.

Page 125: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

126

o Possibilidade de os clientes encontrarem mais fornecedores

(concorrentes) através da internet e redes sociais.

OFT: Aproximar do Cliente Alvo sem ser pelas mídias sociais

o Patrocinar propagandas pagas em revistas ou sites de coluna social da

cidade.

o Frequentar e/ou promover propaganda em stands de venda de novos

empreendimentos e fazer apresentação de material gráfico juntamente

com algum brinde personalizado (caderno de anotações, ecobag, etc.),

com divulgação da marca, das redes sociais e formas de contato.

o Público-alvo: Casais, famílias, empresários e Investidores.

PERSPECTIVA CLIENTES E MERCADOS

Objetivo Estratégico – Mercado/Clientes: Ter a marca promovida pelos atuais clientes/parceiros de forma orgânica

OFT: Desenvolver uma padronização de abordagem aos clientes desde o

primeiro encontro

o Atenção ao primeiro contato com o cliente, buscando sempre valorizar

a experiência do cliente.

o Melhorar a explicação sobre cada etapa dos projetos para os clientes.

o Fomentar estratégias de marketing com o intuito de maximizar o

atendimento empático que é oferecido e entregue aos clientes.

OFT: Estabelecer no Plano de Marketing a importância de o cliente levar em

consideração não somente o custo, mas também o benefício

o Destacar a importância de projetos personalizados, realizados através

de contato direto com o cliente, atendendo seus anseios, necessidades

e realizando seus sonhos.

o Os clientes desejam os melhores serviços a preços baixos.

Page 126: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

127

OFT: Divulgar Satisfação dos Clientes

o Criar um questionário de feedback a ser preenchido pelos clientes ao

término do ciclo de trabalho.

o Solicitar autorização para utilizar e publicar depoimentos positivos, a

fim de transmitir confiabilidade aos novos clientes. Aos poucos, o

marketing de indicações poderá fazer efeito, projetando sua marca com

maior evidência na cidade.

o Gerar conteúdo para redes sociais com o intuito de criar um vínculo

com os seguidores, manter contato direto e promover a imagem

pessoal. Por exemplo: responder perguntas relacionadas à obra de

forma espontânea, em vídeos.

Objetivo Estratégico – Networking: Fomentar parcerias com marcas, lojistas e profissionais já estabelecidos

OFT: Filiar-se à associações de empresas do setor de decoração, pois eles

oferecem um guia de profissionais em seu portfólio

o Participar de eventos sociais das associações de empresa de

arquitetura.

o Promover encontros com outros profissionais integrantes de

associações das empresas do setor com a finalidade de trocar

experiências, atualizações do mercado e conhecimento compartilhado

(benchmarking).

OFT: Estabelecer parcerias com Construtoras / Corretores

o Fortalecer os contatos nas construtoras a fim de conhecer seus

corretores de imóveis.

o Propor parcerias de pagamento de comissão ao ser indicado para

novos clientes que acabaram de comprar um imóvel.

OFT: Estabelecer parcerias com Lojas e Fornecedores Locais

o Buscar parcerias locais com visitas às lojas e fornecedores,

apresentando projetos anteriores e destacando sua procura por

oportunidades.

Page 127: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

128

o Participar e/ou promover eventos que a loja realize com outros

arquitetos ou com clientes. Exemplo: cursos, palestras, talks,

workshops, etc.

PERSPECTIVA PROCESSOS INTERNOS

Objetivo Estratégico – RH e Fornecedores: Aumentar a capacidade de produção de projetos simultâneos

OFT: Elaborar um escopo de serviços e preços para serem terceirizados

o Estabelecer uma rede de parceiros / freelancers para que estes

possam ser subcontratados de acordo com a demanda, reduzindo,

portanto, o custo fixo e mantendo a capacidade de entrega.

o Focar os esforços na captação de clientes, no fortalecimento das redes

sociais e na busca por parceiros comerciais.

o Procurar por parceiros como fotógrafos ou especialistas em imagens

renderizadas que também estejam entrando no mercado e buscam

ampliação de seu portfólio.

Objetivo Estratégico – RH e Fornecedores: Otimizar processos internos

OFT: Redesenhar todo o processo de projeto, material de entrega e dinâmica

das reuniões

o Montar modelos de propostas padrão: elaborar material descritivo para

o cliente, discriminando o que cada entrega contempla.

o Desenvolver planilha orçamentária que abranja o maior número

possível de variações de obras.

o Contratar empresa para desenvolver sistema próprio de

armazenamento de projetos e compartilhamento com clientes.

OFT: Desenvolver Plano de Comunicação para os Fornecedores

o Fomentar a boa relação com os parceiros, a fim de que estes sempre

garantam as entregas nos prazos, dentro dos custos e ainda divulguem

o trabalho da empresa.

Page 128: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

129

PERSPECTIVA DESENVOLVIMENTO

Objetivo Estratégico – Conhecimento: Aprimorar conhecimentos técnicos em arquitetura, mercado, gestão empresarial e gestão de projetos

OFT: Buscar cursos ou eventos sobre o tema, como por exemplo, no

SEBRAE

o Intensificar leitura de livros ou materiais acadêmicos no tempo livre.

o Desenvolver Trilha do Cliente (desde como conheceu a empresa até

após a entrega dos serviços).

Objetivo Estratégico – Conhecimento: Aprimorar conhecimentos do modelo de atuação dos concorrentes

OFT: Realizar Benchmarking em Concorrentes

o Estudar os concorrentes locais para identificar seu modo de atuação,

divulgação, entrega do projeto, estilos arquitetônicos, etc. Com o

estudo, valorizar os diferenciais do escritório e aprimorar pontos que

podem se sobressair aos dos concorrentes.

Objetivo Estratégico – Conhecimento: Ampliar conhecimentos sobre novas técnicas de projetos

OFT: Buscar cursos ou eventos sobre os temas

o Estudar sobre a neuroarquitetura.

o Estudar sobre Feng Shui.

Objetivo Estratégico – Conhecimento: Implementar tecnologia

OFT: Realizar cursos de Modelagem BIM e padronizar modelos de Produção

BIM para consultas e repassar aos terceirizados

o Aprender tecnologias mais avançadas em softwares BIM através da

utilização de ferramentas gratuitas da internet, como cursos e vídeos.

Ao adotar uma modalidade de produção de projeto mais eficiente,

pode-se reduzir o prazo de entrega ao cliente e aumentar o tempo

dedicado a outras funções.

Page 129: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

130

3.3.6.2 Cronograma das Atividades

Posteriormente à descrição e à formulação de todas as estratégias, nota-se

que a quantidade de tarefas a serem realizadas pela microempresa é bastante alta,

pois há um acúmulo de funções para o seu gestor, que incluem, além de funções

técnicas, questões de gestão estratégica. Dessa maneira, é preciso priorizar as

estratégias para que elas possam ser colocadas em prática por etapas.

As macroestratégias propostas pelo plano foram divididas em três fases

principais, onde alinham-se aos eixos estratégicos de Chiavenato e Sapiro (2009).

Em um primeiro momento, o foco será direcionado ao cliente, desde o fortalecimento

da relação com os mais antigos, que naturalmente poderão auxiliar na ampliação da

rede de relacionamento, mantendo a melhor experiência de serviço ao longo de

todas as fases do projeto. Nessa primeira etapa, o objetivo principal é alcançar a

consolidação e a estruturação da marca, viabilizando a progressão para as fases

seguintes.

Em uma segunda etapa, com a marca de certa forma estabelecida, busca-se

a liderança de produto. Aprimorar o conhecimento será de suma importância para

trazer inovação e diferenciais para o processo de projeto e entregas realizadas.

Essa fase é primordial para aumentar a confiança e o reconhecimento dos clientes

adquiridos anteriormente, e ainda proporcionar um novo atrativo para outros

possíveis futuros clientes. Pela Figura 30, percebe-se que a primeira fase não se

encerra ao longo de todo processo, mas se mantém ativa durante o

desenvolvimento das demais etapas.

Por último, mas não menos importante, vem a consolidação financeira e

operacional. Nessa fase, a microempresa já possui uma carteira de clientes que

permite o seu bom funcionamento, gera lucros e a torna capaz de reinvestir em

tecnologia.

As fases não têm um ponto final, pois o processo é cíclico e podem ocorrer

simultaneamente – trata-se apenas de uma questão de direcionamento do foco do

gestor. Isso não quer dizer, por exemplo, que a empresa não buscará lucro desde o

início da implementação das estratégias: significa apenas que, em um primeiro

momento, o foco estará voltado para o cliente.

Page 130: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

131

Figura 30 – Sequência de Atividades do Planejamento Estratégico

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

INTIMIDADE COM O CLIENTE - 1º FASE

1) FORTALECER A MARCA2) AMPLIAR A REDE DE RELACIONAMENTO3) MELHORAR A EXPERIÊNCIA DO CLIENTE

LIDERANÇA DE PRODUTO - 2º FASE

4) APRIMORAR CONHECIMENTO

EXCELÊNCIA OPERACIONAL - 3º FASE

5) GERAR LUCRO E ACUMULAR RESERVAS 6) DOMINAR TECNOLOGIA

Page 131: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

132

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo estabelecido para esta pesquisa, que fora o desenvolvimento de

um planejamento estratégico para empresa de arquitetura em Ribeirão Preto,

proporcionou estratégias para sua recolocação no mercado. A elaboração do

planejamento foi desenvolvida desde as declarações de missão, visão e valores da

empresa, análise dos ambientes interno e externo, definição de objetivos e metas,

formulação e seleção das estratégias.

A proposta de planejamento estratégico adotada baseou-se no estudo de

modelos desenvolvidos por outros autores, e seu processo completo abrange desde

a definição das declarações da empresa até a avaliação das estratégias implantadas

(Figura 8), vista no item 2.2.2. As duas etapas finais, que são a implementação e a

avaliação das estratégias, foram desconsideradas para este estudo devido ao fato

de a empresa ser nova no mercado. Tais etapas não se enquadram ao trabalho em

questão porque demandam o pleno funcionamento da empresa, fato que não ocorre

atualmente.

O diagrama da Figura 31 exemplifica todo o processo de planejamento

estratégico proposto para a empresa e demonstra a linha de corte adotada para

dividir as etapas realizadas na monografia e as etapas que serão executadas no

futuro pela empresa.

Esta autora pode aprimorar seus conhecimentos sobre os temas relacionados

ao processo de gestão estratégica e gestão de escritórios de arquitetura, que

serviram para nortear e embasar o estudo de caso e podem servir como

complemento de estudo para outros profissionais que desejam empreender no

mercado.

A contribuição desta monografia para outros profissionais está em auxiliar os

que seguem o mesmo caminho para construírem seu próprio negócio. Os temas

estudados são bem amplos e já bastante abordados; dessa forma, há grande

variedade de referências bibliográficas disponíveis e, por essa razão, a autora teve a

intenção de somente complementar tantos estudos existentes.

Page 132: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

133

Figura 31 – Processo de Planejamento Estratégico proposto no Estudo de Caso

Fonte: Desenvolvido pela autora (2020)

Para a elaboração do planejamento estratégico, a aplicação das ferramentas

descritas na revisão bibliográfica foi fundamental, começando pelo BMC, que

possibilitou o mapeamento global da empresa, enumerando, por exemplo, os

principais stakeholders, os processos internos, as formas de receita/custos, o que

seria necessário para a implementação do escritório e as atividades-chave; a partir

Page 133: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

134

desses parâmetros definidos e elucidados, foram colocadas em prática as demais

ferramentas.

Através dos elementos apontados no BMC, foi possível identificar com maior

clareza os itens de construção das análises interna e externa da empresa, como por

exemplo, de que forma cada parceiro-chave poderia oferecer oportunidades ou

como a falta de alguns recursos da empresa poderiam se enquadrar como uma

fraqueza interna. A atualização ocasional da ferramenta pela empresa será

fundamental para manter o radar sobre todos os agentes que influenciam o

andamento da organização. Alterações podem ocorrer quando novos recursos forem

adquiridos ou caso surjam parceiros inesperados, ou ainda uma nova oportunidade

de clientes.

Mais adiante, durante o processo de elaboração do plano, quando a Matriz

TOWS foi desconstruída e seus elementos foram agrupados dentro das perspectivas

do Balance Scorecard, o uso combinado das ferramentas foi primordial para elaborar

as estratégias propostas à empresa. Tais ferramentas, quando utilizadas em

conjunto, permitem aos empresários unir duas diferentes dimensões e trazer

possibilidades que as atendam de forma concomitante.

Quando se fala em Matriz TOWS, as estratégias voltam-se para o

crescimento, o desenvolvimento, a manutenção e a sobrevivência; quando a

referência é o BSC, as dimensões são o acionista, os clientes, os processos internos

e o desenvolvimento. Portanto, as medidas propostas podem ser entendidas da

seguinte maneira: estratégias de crescimento voltadas aos clientes ou estratégias de

sobrevivência aos processos internos, por exemplo.

A partir das estratégias elaboradas para a empresa, nota-se que foram

construídas ações para os três eixos estratégicos abordados por Chiavenato e

Sapiro (2009): excelência operacional, liderança de produto e intimidade com o

cliente. Porém, da mesma forma que a arquiteta possui acúmulo de funções para

administrar e executar os projetos do escritório, atuar frente às estratégias por

etapas pode ser necessário, mas uma priorização entre elas deverá ser realizada.

Segundo Oliveira e Melhado (2006), os elementos de mudança organizacional

ocorrem frente à estrutura, tecnologia e comportamento; são interdependentes e

podem ocasionar interferências entre si. Dessa forma, como o principal objetivo da

Page 134: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

135

empresa é a recolocação no mercado, o ponto inicial das estratégias pode girar em

torno da perspectiva do acionista, principalmente a estratégia de fortalecimento da

marca. Com esse fortalecimento, a empresa consequentemente estará agindo frente

aos outros objetivos estratégicos devido à sinergia e à relação entre todos os

objetivos que foram demonstrados no mapa estratégico da organização.

As mudanças propostas e estratégias implantadas devem ser entendidas

como ações que darão resultados em médio e longo prazos, principalmente;

portanto, não se pode esperar que os resultados apareçam de forma rápida. É

importante ressaltar a necessidade de capacitação dos gestores da empresa, pois

conforme abordado anteriormente, há lacunas de conhecimento das técnicas de

administração e gestão, e com os resultados sendo alcançados gradativamente,

estas se tornam indispensáveis.

Uma possibilidade para o aprimoramento da execução do planejamento

estratégico por outros profissionais é a realização de um benchmarking com as

empresas da cidade. Isso não foi feito neste trabalho e, no decorrer da pesquisa,

avaliou-se que seria de grande contribuição o maior conhecimento das práticas de

outros profissionais do mercado que está sendo estudado.

O trabalho proposto para esta monografia foi realizado anteriormente ao

surgimento da pandemia do COVID-19, que levou o Brasil e o mundo a adotarem

medidas de distanciamento social, acarretando no fechamento de serviços não

essenciais a partir do dia 24 de março de 2020. Devido à falta de previsões para o

mercado da construção civil no momento de fechamento desta pesquisa, faz-se

necessária uma reavaliação pela empresa estudada, principalmente quanto ao

diagnóstico de ambiente externo.

O processo de empreender em um próprio negócio é desafiador,

especialmente em um ramo em que os sonhos e um considerável investimento

financeiro de terceiros estão em jogo, mas ao mesmo tempo, essas pessoas podem

enfrentar dificuldades para compreender o processo e o trabalho entregue pelo

profissional. O que sobressairá aos olhos do cliente será a dedicação, a qualidade

do trabalho, o atendimento e outros atributos presentes durante todo o ciclo do

projeto.

Page 135: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

136

Quando o empreendedor tem um propósito, é persistente, ama o que faz e

consegue transmitir esses sentimentos em seu trabalho, oportunidades se abrirão. A

elaboração do plano estratégico pode ser um importante componente para o

atingimento do sucesso desejado, e poderá ser refeito sempre que houver

necessidade, a fim de alcançar novas metas, objetivos e traçar novas estratégias

para a empresa.

Page 136: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

137

REFERÊNCIAS

ABRAINC. Caixa reduz juros e anuncia novas linhas de crédito para o setor da construção civil. Disponível em: <https://www.abrainc.org.br/noticias/2020/02/12/caixa-reduz-juros-e-anuncia-novas-linhas-de-credito-para-o-setor-da-construcao-civil/>. Acesso em: 14 mar. 2020a.

ABRAINC. Com juro baixo, imóveis voltam a atrair investidores. Disponível em: <https://www.abrainc.org.br/noticias/2020/03/09/com-juro-baixo-imoveis-voltam-a-atrair-investidores/>. Acesso em: 14 mar. 2020b.

ANSOFF, I. A nova estratégia empresarial. São Paulo, SP: Atlas, 1990.

ARCHDAILY. 7 Coisas que arquitetos e urbanistas precisam saber sobre a tecnologia BIM. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/895080/7-coisas-que-arquitetos-e-urbanistas-precisam-saber-sobre-a-tecnologia-bim>. Acesso em: 20 mai. 2020.

ARCHDAILY; CRUZ, A. BIM: o futuro da arquitetura (e dos concursos públicos de projeto). Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/928386/bim-o-futuro-da-arquitetura-e-dos-concursos-publicos-de-projeto)>. Acesso em: 20 mai. 2020.

BARNEY, J. B.; HESTERLY, W. S. Administração estratégica e vantagem competitiva. São Paulo, SP. Pearson Prentice Hall, 2007.

BETHLEM, A. DE S. Estratégia Empresarial: conceitos, processo e administração estratégica. 3a ed. São Paulo, SP.: Atlas, 2001.

CAPITAL E VALOR. Análise Setorial e Tendências de Mercado. Disponível em: <https://www.capitalevalor.com.br/artigo.php?id=113>. Acesso em: 14 mar. 2020.

CAU. Tabela de Honorários do Arquiteto do CAU - Módulo I: Remuneração do projeto arquitetônico de edificações. Brasília, 2013.

CAU. Censo dos Arquitetos e Urbanistas do Brasil. Brasília.Conselho de Arquitetura e Urbanismo, 2015a.

CAU. Manual do Arquiteto e Urbanista. 2a Edição ed. [s.l.]. Conselho de Arquitetura e Urbanismo, 2015b.

CAU. Anuário de arquitetura e urbanismo.Brasília.Conselho de Arquitetura e Urbanismo, 2019.

CBIC. Indicadores Imobiliários Nacionais - 4o Trimestre 2019. São Paulo, SPSENAI / BRAIN / CBIC, 2019.

Page 137: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

138

CHIAVENATO, I.; SAPIRO, A. Planejamento Estratégico - Fundamentos e Aplicações. 2a ed. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2009.

COELHO, J. M.; SOUZA, M. C. A. F. A importância do planejamento estratégico para as empresas de pequeno porte. In: VI Congresso Brasilieiro de Custos, São Paulo, SP, 1999.

COHEN, A. R. MBA: curso prático; administração; lições dos especialistas das melhores escolas de negócios; práticas e estratégias para liderar organizações para o sucesso.Rio de Janeiro, RJ, 1999.

CUNHA, M. F. DA. Planejamento estratégico e de marketing para uma microempresa projetista de arquitetura. [s.l.] Universidade de São Paulo., 2018.

DE BOTTON, A. A Arquitetura da Felicidade. Rio de Janeiro, RJ: Rocco, 2007.

DESIGN CULTURE. A forma segue a função - Bauhaus. Disponível em: <https://designculture.com.br/a-forma-segue-a-funcao-bauhaus>. Acesso em: 24 mar. 2020.

DRUCKER, P. F. The practices of management. 2007. ed. [s.l.] Norte America - Butterworth-Heinemann, 2007.

DWECK, C. S. Mindset: A nova psicologia do sucesso. 1a ed. São Paulo, SP: Objetiva, 2017.

FILHO, O. M. A Análise Swot e a sua Relevância Para o Planeamento Estratégico. III Congresso Internacional de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento, p. 14, 2014.

FISCHMANN, A. A. Implementação de estratégias: identificação e análise de problemas. São Paulo, SP.FEA-USP, 1987.

GOLA, D. S. R. Alinhamento estratégico e percepção do cliente: estudo de caso de uma empresa de projetos. São Paulo, SP. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2019.

GOODE, W. J.; HATT, P. K. Métodos em pesquisa social. 5a ed. São Paulo, SP: Editora Nacional, 1979.

HILLARY, R. Environmental management systems and the smaller enterprise. Journal of Cleaner Production, v. 12, n. 6, p. 561-569, 2004.

HILL, C.; JONES, G. O essencial da administração estratégica: casos reais e aplicação prática da teoria. São Paulo: Saraiva, 2013. 418 p.

Page 138: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

139

HOUAISS. Dicionário Houaiss. 1a ed. [s.l.] Editora Objetiva, 2005.

IBGE. IBGE - PIB. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/explica/pib.php>. Acesso em: 10 abr. 2020.

KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. The Balanced Scorecard. 21a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997.

KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Principios de Marketing. 12a ed. Rio de Janeiro: Prentice Hall, 2007.

KUYVEN, A. Planejamento estratégico em pequenas empresas. Santa Maria, RS, Brasil. Universidade Federal de Santa Maria, 2004.

LONGENECKER, J. G.; MOORE, C. W.; PETTY, J. W. Administração de Pequenas Empresas: ênfase na gerência empresarial. São Paulo, SP: Makron Books, 1997.

MULDER, P. TOWS Matrix. Disponível em: <https://www.toolshero.com/strategy/tows-matrix/>. Acesso em: 8 mar. 2020.

NAKAGAWA, M. Ferramenta: missão, visão, valores. Disponível em: <https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/Anexos/ME_Missao-Visao-Valores.PDF>. Acesso em: 8 mar. 2020.

OLIVEIRA, D. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologias e práticas. São Paulo: Atlas, 2008a.

OLIVEIRA, O. J. Proposta de um modelo de gestão para pequenas empresas de projeto de edifícios. Gestão & Tecnologia de Projetos, v. 3, n. 2, p. 106-126, 2008b.

OLIVEIRA, O. J.; MELHADO, S. B. Como administrar empresas de Projeto de Arquitetura e Engenharia Civil. 1a ed. São Paulo: Pini, 2006.

OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation. Amsterdam: [s.n.].

PAIVA, E. DE C. A utilização do método smart para redefinir os objetivos estratégico da liderança: um estudo de caso aplicado em um fornecedor de peças plásticas da indústria automobilística.Taubaté, SP. Universidade de Taubaté, 2016.

PMI. A Guide to the Project Management Body of Knowledge. 5 ed. Newton Square, PA: PMI Inc., 2013.

Page 139: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

140

PORTER, M. E. Vantagem Competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. [s.l.] ELSEVIER, 1989.

QUADROS, J. N. et al. Planejamento Estratégico para pequena empresa: um estudo de caso em uma empresa de Santa Maria/RS. Revista da Micro e Pequena Empresa, 2012.

REIS, C. J. L. et al. Identificação das Causas de Atrasos de Obras: Um Estudo de Caso na Região Metropolitana de Belém. São Paulo, SP. In: XVI Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, 2016.

RÉUS, G. M. Benchmarking Competitivo em uma Empresa Líder no Segmento de Temperos e Condimentos do Sul de Santa Catarina. Criciuma, Universidade do Extremo Sul Catarinense, 2016.

REVIDE. Novo ciclo para a construção civil. Disponível em: <https://www.revide.com.br/editorias/capa/novo-ciclo-para-construcao-civil/>. Acesso em: 14 mar. 2020.

RODRIGUES, N. M. H. M. Caracterização da Competitividade das Maiores Empresas da Construção Civil e Obras Públicas Portuguesas pelo Modelo das Cinco Forças de Porter. [s.i.] Universidade Nova de Lisboa, 2010.

ROJO, C. A.; COUTO, E. R. Diagnóstico estratégico com utilização integrada das 5 forças de Porter, análises SWOT e BSC em um Atelier de alta costura. Revista TECAP, v. 2, p. 72-81, 2008.

SEBRAE. Cartilha: O quadro Modelo de Negócios - um caminho para criar, recriar e inovar em modelos de negócios. Brasília: SEBRAE, 2013.

SEBRAE. Como montar um escritório de arquitetura. Disponível em: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/como-montar-um-escritorio-de-arquitetura,cbb32f06cd841510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 29 mar. 2020.

SILVA, L. C. O Balanced Scorecard e o Processo Estratégico. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v. v.10, n. 4, p. 61-73, 2003.

SOUZA, L. L. A. DE; AMORIM, S. R. L.; LYRIO, A. D. M. Impactos do uso BIM em escritórios de arquitetura: Oportunidades no mercado imobiliário. Gestão & Tecnologia de Projetos, v. 4, n. 2, p. 26-53, 2009.

TERENCE, A. C. F. Planejamento estratégico como ferramenta de competitividade na pequena empresa: desenvolvimento e avaliação de um roteiro prático para o processo de elaboração do planejamento. Universidade de São Paulo, São Carlos, SP, 2002.

Page 140: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

141

VENTURA, M. M. O Estudo de Caso como Modalidade de Pesquisa. SOCERJ, v. 20, n. 5, p. 383-386, 2007.

WEIHRICH, H. The TOWS Matrix - A Tool for Situational Analysis. Long Range Planning, v. 2, 1982.

YIN, R. K. Estudo de Caso - Planejamento e Métodos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.

YOFFIE, D. B.; CUSUMANO, M. A. Gigantes da Estratégia. 1a ed. Rio de Janeiro: Best Business, 2015.

ZEITHAML, A. V.; BITNER, M. J. Marketing de serviços: a empresa com foco no cliente. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2003. 536 p.

Page 141: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO : ESTUDO DE CASO DE UM …poliintegra.poli.usp.br/library/pdfs/42175ef33f6da047c048aa72ee5a7… · 1.Gestão de Projetos 2.Planejamento Estratégico 3.Escritório

142

APÊNDICE

CHECKLIST DE ABORDAGEM INICIAL PARA EMPRESA

1. Contar uma breve história sobre o início do escritório, as razões para abertura

da empresa

2. Recordar se foi desenvolvido plano de negócios ou planejamento estratégico

no processo de abertura da empresa

3. Comentar as maiores dificuldades no começo

4. Comentar sobre localização e estrutura física

5. Funcionários e colaboradores

6. Serviços e produtos ofertados pela empresa

7. Público alvo

8. Prospecção de clientes da empresa

9. Divulgação/Marketing

10. Canais de comunicação com os clientes