planejamento estratégico

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE INFORMÁTICA TRABALHO DE GRADUAÇÃO UM MODELO PARA PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE PEQUENAS EMPRESAS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Autor: Rodrigo Queiroz da Costa Lima Orientador: Hermano Perrelli de Moura Recife, agosto de 2003

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE INFORMTICA

    TRABALHO DE GRADUAO

    UM MODELO PARA PLANEJAMENTO ESTRATGICO DE PEQUENAS EMPRESAS DE TECNOLOGIA DA

    INFORMAO

    Autor: Rodrigo Queiroz da Costa Lima

    Orientador: Hermano Perrelli de Moura

    Recife, agosto de 2003

  • Resumo

    O processo do planejamento estratgico uma maneira de a empresa se conhecer

    melhor, levando em considerao acontecimentos passados e do presente como uma

    forma de prever o futuro dos ambientes interno e externo da empresa. Este

    planejamento serve como base para definir aes que devem ser realizadas no presente

    para que se atinjam os objetivos futuros da organizao.

    As pequenas empresas no Brasil, devido ao clima de incerteza em que vivem, tm uma

    grande dificuldade em realizar um planejamento estratgico. Alm disso, normalmente

    faltam nestas empresas pessoas com capacitao para fazer tal planejamento.

    Neste trabalho de graduao, proposto um modelo que auxiliem pequenas empresas da

    rea de Tecnologia da Informao (TI) na realizao do processo de planejamento

    estratgico. O modelo foi resultado de uma anlise de metodologias existentes e foi

    melhorado levando-se consideraes crticas e sugestes de pessoas com experincia em

    administrao de pequenas empresas no setor de TI.

    1

  • Agradecimentos

    Como no poderia deixar de ser, agradeo a meus pais, que sempre me apoiaram em

    todos os momentos, e me agentaram nas horas mais estressantes do curso. A minha

    namorada, Themes, que me deu foras mesmo quando eu no lhe dava toda a ateno

    que ela merece.

    Ao professor Hermano Moura, que me incentivou e orientou neste trabalho de

    graduao.

    A Filipe Sotero, Everaldo Apolinrio, Filipe Pessoa e Paulo Tadeu de Arajo, que me

    ajudaram e contriburam para este trabalho.

    Aos amigos da faculdade, que, nestes cinco anos de convivncia, sempre estiveram

    presentes nos momentos mais difceis, tornando-os mais alegres.

    Valeu por tudo!

    2

  • ndice

    1 Introduo..................................................................................................................... 10

    2 Planejamento Estratgico ............................................................................................. 13

    2.1 Histria e Evoluo do Planejamento Empresarial .............................................. 13

    2.2 Estratgia .............................................................................................................. 14

    2.3 Planejamento ........................................................................................................ 18

    2.4 Planejamento Estratgico ..................................................................................... 18

    2.5 Metodologia de Planejamento Estratgico Proposta por Oliveira (2001) ............ 20

    2.5.1 Diagnstico Estratgico................................................................................ 21

    2.5.1.1 Identificao da Viso .............................................................................. 21

    2.5.1.2 Anlise Externa ........................................................................................ 21

    2.5.1.3 Anlise Interna.......................................................................................... 22

    2.5.1.4 Anlise dos Concorrentes ......................................................................... 22

    2.5.2 Misso da Empresa....................................................................................... 22

    2.5.2.1 Estabelecimento da Misso da Empresa................................................... 22

    2.5.2.2 Estabelecimento dos Propsitos Atuais e Potenciais................................ 22

    2.5.2.3 Estruturao e Debate de Cenrios........................................................... 23

    2.5.2.4 Estabelecimento da Postura Estratgica ................................................... 23

    2.5.2.5 Estabelecimento das Macroestratgias e Macropolticas ......................... 23

    2.5.3 Instrumentos Prescritivos e Quantitativos .................................................... 23

    2.5.3.1 Instrumentos Prescritivos ......................................................................... 23

    2.5.3.1.1 Estabelecimento dos Objetivos, Desafios e Metas ............................. 23

    2.5.3.1.2 Estabelecimento das Estratgias e Polticas Funcionais..................... 24

    2.5.3.1.3 Estabelecimento dos Projetos e Planos de Ao ................................ 24

    2.5.3.2 Instrumentos Quantitativos....................................................................... 24

    2.5.4 Controle e Avaliao .................................................................................... 24

    2.6 Metodologia de Planejamento Estratgico Proposta por Tavares (1991)............. 24

    2.6.1 Preparao .................................................................................................... 25

    2.6.2 Definio da Misso ..................................................................................... 25

    2.6.2.1 Negcio..................................................................................................... 25

    2.6.2.2 Misso....................................................................................................... 26

    2.6.3 Anlise do Ambiente Externo ...................................................................... 26

    2.6.3.1 Anlise macroambiental ........................................................................... 26

    2.6.3.2 Os pblicos ............................................................................................... 26

    3

  • 2.6.4 Anlise do Ambiente Interno........................................................................ 26

    2.6.5 Elaborao de Filosofias e Polticas ............................................................. 26

    2.6.5.1 Filosofias .................................................................................................. 27

    2.6.5.2 Polticas .................................................................................................... 27

    2.6.6 Definio dos Objetivos ............................................................................... 27

    2.6.7 Seleo de Estratgias .................................................................................. 27

    2.6.8 Formulao de Metas e Aes Setoriais....................................................... 27

    2.6.9 Elaborao do Oramento ............................................................................ 27

    2.6.10 Definio de Parmetros de Avaliao......................................................... 27

    2.6.11 Formulao de um Sistema de Gerenciamento de Responsabilidades......... 28

    2.6.12 Implantao .................................................................................................. 28

    3 Pequenas Empresas ...................................................................................................... 29

    3.1 Classificao......................................................................................................... 30

    3.2 As pequenas empresas no Brasil .......................................................................... 33

    3.2.1 Pequenas empresas de Tecnologia da Informao ....................................... 33

    4 Planejamento Estratgico nas Pequenas Empresas ...................................................... 34

    4.1 Gesto de Pequenas Empresas.............................................................................. 35

    4.2 Particularidades das Pequenas Empresas e o Planejamento Estratgico.............. 36

    4.2.1 Particularidades Comportamentais ............................................................... 36

    4.2.2 Particularidades Estruturais .......................................................................... 37

    4.2.3 Particularidades Contextuais ........................................................................ 38

    4.3 Roteiro para Planejamento Estratgico para Pequenas Empresas ........................ 38

    4.3.1 Apresentao da Tcnica e Conscientizao do Pequeno Empresrio......... 39

    4.3.2 Viso Geral da Empresa ............................................................................... 39

    4.3.2.1 Estabelecimento da Misso ...................................................................... 39

    4.3.2.2 Estabelecimento dos Valores.................................................................... 40

    4.3.2.3 Estabelecimento da Viso......................................................................... 40

    4.3.3 Diagnstico Estratgico................................................................................ 41

    4.3.3.1 Anlise Externa ........................................................................................ 41

    4.3.3.2 Anlise Interna.......................................................................................... 41

    4.3.3.3 Estabelecimento dos Fatores Crticos de Sucesso .................................... 41

    4.3.4 Elaborao da Estratgia .............................................................................. 42

    4.3.4.1 Identificao da Estratgia Atual.............................................................. 42

    4.3.4.2 Escolha da Estratgia Futura .................................................................... 42

    4.3.5 Definio dos Objetivos, Metas e Aes...................................................... 42

    4

  • 4.3.5.1 Definio dos Objetivos ........................................................................... 42

    4.3.5.2 Definio das Metas ................................................................................. 42

    4.3.5.3 Elaborao de um Plano com Aes, Projetos, Investimentos, etc. Necessrios ............................................................................................................... 43

    4.3.6 Apresentao do Plano para Toda a Organizao ........................................ 43

    5 Modelo para o Planejamento Estratgico ..................................................................... 44

    5.1 O Modelo Inicial................................................................................................... 44

    5.1.1 Consideraes Iniciais .................................................................................. 45

    5.1.2 Preparao do Processo ................................................................................ 46

    5.1.2.1 Equipe Necessria..................................................................................... 46

    5.1.2.2 Agenda...................................................................................................... 47

    5.1.3 Diagnstico Estratgico................................................................................ 47

    5.1.3.1 Viso......................................................................................................... 47

    5.1.3.2 Anlise do Ambiente Externo .................................................................. 48

    5.1.3.3 Anlise Interna.......................................................................................... 48

    5.1.3.4 Anlise dos concorrentes .......................................................................... 49

    5.1.3.5 Diferenciais Competitivos e Fatores Crticos de Sucesso ........................ 49

    5.1.3.6 Reviso da Viso ...................................................................................... 49

    5.1.4 Definio da Misso ..................................................................................... 50

    5.1.4.1 Misso....................................................................................................... 50

    5.1.4.2 Valores...................................................................................................... 50

    5.1.4.3 Postura Estratgica ................................................................................... 50

    5.1.5 Definio das Estratgias.............................................................................. 51

    5.1.5.1 Estratgia Atual ........................................................................................ 51

    5.1.5.2 Estratgias Possveis................................................................................. 51

    5.1.5.3 Seleo das Estratgias............................................................................. 52

    5.1.6 Definio de Polticas................................................................................... 52

    5.1.7 Definio dos Objetivos ............................................................................... 52

    5.1.7.1 Objetivos................................................................................................... 53

    5.1.7.2 Metas ........................................................................................................ 53

    5.1.8 Definio de Projetos e Planos e Ao......................................................... 53

    5.1.8.1 Projetos ..................................................................................................... 53

    5.1.8.2 Planos de Ao ......................................................................................... 53

    5.1.9 Planejamento do Oramento......................................................................... 54

    5.1.10 Apresentao do Plano para a Empresa........................................................ 54

    5

  • 5.1.11 Avaliao e Controle .................................................................................... 54

    5.2 Conversa com Filipe Sotero e Modificaes Propostas ....................................... 55

    5.2.1 Modificaes Feitas no Modelo ................................................................... 56

    5.3 Conversa com Everaldo Apolinrio ..................................................................... 57

    5.4 Conversa com Paulo Arajo e Filipe Pessoa ........................................................ 58

    5.4.1 A Importncia do Planejamento Estratgico ................................................ 59

    5.4.2 Foco no Mercado.......................................................................................... 59

    5.4.3 Preparao do Processo ................................................................................ 60

    5.4.4 Processo de Planejamento ............................................................................ 61

    5.4.4.1 Misso e Viso ......................................................................................... 61

    5.4.4.2 Anlise Ambiental .................................................................................... 61

    5.4.4.3 Estratgias e Metas ................................................................................... 61

    5.4.5 Operacionalizando........................................................................................ 62

    5.4.6 Apresentao para a Empresa....................................................................... 62

    5.4.7 Acompanhamento......................................................................................... 62

    5.4.8 Evoluo do Modelo..................................................................................... 63

    5.5 Modificaes Feitas no Modelo ........................................................................... 63

    6 Modelo Final ................................................................................................................ 65

    6.1 Preparao do Processo ........................................................................................ 67

    6.1.1 Equipe Necessria......................................................................................... 67

    6.1.2 Agenda.......................................................................................................... 67

    6.2 Definio da Misso ............................................................................................. 68

    6.2.1 Misso........................................................................................................... 68

    6.2.2 Viso............................................................................................................. 68

    6.2.3 Valores.......................................................................................................... 68

    6.3 Diagnstico Estratgico........................................................................................ 69

    6.3.1 Anlise do Ambiente Externo ...................................................................... 69

    6.3.2 Anlise Interna.............................................................................................. 70

    6.3.3 Anlise dos concorrentes .............................................................................. 70

    6.3.4 Diferenciais Competitivos ............................................................................ 70

    6.3.5 Fatores Crticos de Sucesso .......................................................................... 71

    6.4 Definio de Polticas........................................................................................... 71

    6.5 Definio das Estratgias e Objetivos .................................................................. 72

    6.5.1 Postura Estratgica ....................................................................................... 72

    6.5.2 Comportamento Atual .................................................................................. 72

    6

  • 6.5.3 Objetivos....................................................................................................... 72

    6.5.4 Estratgias Possveis..................................................................................... 72

    6.5.5 Seleo das Estratgias................................................................................. 73

    6.5.6 Metas ............................................................................................................ 73

    6.5.7 Indicadores ................................................................................................... 73

    6.6 Definio das Aes ............................................................................................. 75

    6.7 Apresentao do Plano para a Empresa................................................................ 75

    6.8 Avaliao e Controle ............................................................................................ 76

    7 Concluso ..................................................................................................................... 77

    8 Trabalhos Futuros......................................................................................................... 78

    Referncias ........................................................................................................................... 79

    7

  • ndice de Figuras

    Figura 1 Cinco foras competitivas. .................................................................................. 17

    Figura 2 - Nveis de tomada de deciso e planejamento. ..................................................... 20

    Figura 3 - Modelo proposto por Oliveira (2001).................................................................. 21

    Figura 4 - Modelo proposto por Tavares (1991) .................................................................. 25

    Figura 5 - Estgios de evoluo da pequena empresa. ......................................................... 36

    Figura 6 - Modelo proposto por Terence (2002) .................................................................. 40

    Figura 7 - Modelo inicialmente proposto. ............................................................................ 45

    Figura 8 - Modelo final......................................................................................................... 66

    8

  • ndice de Tabelas

    Tabela 1 - Classificao de micro e pequenas empresas pelo faturamento.......................... 31

    Tabela 2 - Classificao de micro e pequenas empresas pelo nmero de funcionrios. ...... 32

    9

  • 1 Introduo

    Nos anos 50, com o crescimento de empresas americanas como General Motors e Ford,

    comeou-se a buscar uma metodologia para planejar o futuro, de uma maneira que o

    crescimento destas empresas no ficasse atrelado somente s habilidades de seus

    executivos chefes (Tavares, 1991; Robson, 1997). Nas dcadas de 50 e 60, o

    planejamento empresarial focou, respectivamente, em definir o quanto se poderia gastar

    e planejar em que os recursos seriam gastos, antes de aloc-los.

    Em meados da dcada de 70, o nvel de crescimento da maioria dos mercados j no era

    suficiente para atender s expectativas de crescimento de todas as empresas de

    determinados ramos (Robson, 1997). Percebia-se que tanto a empresa quanto o mercado

    onde a primeira estava inserida mudavam com o tempo, e que simplesmente alocar

    recursos no resolveria o problema.

    Para que uma empresa conseguisse crescer de maneira sustentada, preciso ser superior

    aos concorrentes em algum sentido. A estratgia empresarial se resume a uma busca por

    oferecer algo que possa ser o melhor para ao menos um nicho especfico. O processo de

    planejamento estratgico ferramenta que auxilia a empresa a se conhecer aspiraes,

    recursos e limitaes e a conhecer o mercado onde est inserida clientes,

    concorrentes, etc. Este conhecimento vai permitir que a empresa defina objetivos e trace

    estratgias caminhos para ating-los.

    Paralelamente, evoluo tecnolgica tornava possvel produes eficientes em escalas

    menores, a competio exigia cada vez mais empresas flexveis, e os consumidores,

    produtos personalizados. Tudo isso contribuiu para que, ainda na dcada de 70, a

    participao das pequenas empresas no PIB americano voltasse a crescer depois de

    dcadas em declnio (Longenecker et al., 1997).

    Pequenas empresas contribuem para a economia de maneira como um todo gerando

    empregos, estimulando a competio o que reflete no preo e na qualidade dos

    produtos e servios oferecidos e inserindo inovaes no mercado (Longenecker et al.,

    1997). No Brasil, as pequenas empresas somavam 98,4% das empresas de informtica e

    91,7% das de telecomunicaes no ano 2000, segundo dados da Pesquisa Anual de

    Servios (PAS/2000), realizada pelo IBGE.

    10

  • A limitao de recursos que a pequena empresa possui a deixa extremamente sensvel a

    mudanas na economia. O aumento da velocidade com que estas mudanas vm

    ocorrendo faz com que seja cada vez mais difcil para a pequena empresa se planejar. A

    conseqncia disto que as decises tomadas nas pequenas empresas vm sendo muito

    mais reaes a mudanas ocorridas no ambiente do que aes que se antecipem a estas

    mudanas. O planejamento estratgico pode ser uma ferramenta extremamente til para

    auxiliar pequenas empresas a mudar este cenrio.

    A grande maioria das metodologias de planejamento estratgico existentes foram

    desenvolvidas para grandes empresas, no levando em considerao as particularidades

    das pequenas. Isto faz com que o planejamento estratgico praticamente no seja

    utilizado nas pequenas empresas (Terence e Escrivo Filho, 2001).

    Neste trabalho de graduao, proposto um modelo auxiliar pequenas empresas do

    setor de Tecnologia da Informao a realizar o processo de planejamento estratgico.

    Este modelo foi desenvolvido com base em metodologias existentes, e foi submetido

    apreciao de pessoas com experincia em gerenciamento de pequenas empresas e/ou

    planejamento estratgico, para que fossem sugeridas alteraes no mesmo, resultando

    em um segundo modelo.

    Este relatrio est estruturado da seguinte forma:

    Captulo 2 fala sobre planejamento estratgico de uma forma geral, e apresenta resumos de duas das metodologias estudadas.

    Captulo 3 fala sobre a pequena empresa, sua importncia e problemas que enfrentam.

    Captulo 4 fala sobre o planejamento estratgico nas pequenas empresas, problemas mais comuns citados na literatura e possveis solues, alm de

    apresentar um resumo de uma das metodologias estudadas, especfica para a

    pequena empresa.

    Captulo 5 Apresenta o modelo proposto inicialmente, e os principais pontos levantados em conversas com pessoas com experincia no assunto. Alm de

    mudanas que foram realmente incorporadas no modelo e os motivos pelos

    11

  • quais as sugestes foram incorporadas ou no.

    Captulo 6 O modelo ajustado de acordo com as sugestes apresentadas no Captulo 5.

    Captulo 7 As concluses sobre o trabalho so apresentadas.

    Captulo 8 Oportunidades para trabalhos futuros so identificadas.

    12

  • 2 Planejamento Estratgico

    2.1 Histria e Evoluo do Planejamento Empresarial

    No incio do sculo XX, uma tentativa de formalizar a maneira como se lida com o

    futuro das empresas foi apresentada por Fayol (Robson, 1997). Mas foi somente por

    volta dos anos 50, com o crescimento de empresas americanas como General Motors e

    Ford, que houve uma real necessidade de se desenvolver uma metodologia para planejar

    o futuro, de uma maneira que o crescimento das empresas no ficasse atrelado somente

    s habilidades de seus executivos chefes (Tavares, 1991; Robson, 1997).

    Chegou-se, ento, a fase do Planejamento Financeiro, onde as empresas se baseavam

    em previses de receitas para determinar como os recursos seriam gastos. Apesar de

    mostrar-se eficiente no incio, Tavares (1991) destaca dois problemas. Primeiro havia

    uma inverso da ordem lgica das aes, onde primeiro definia-se quanto gastar

    (recursos) para depois definir em que gastar (objetivos). Segundo, os novos oramentos

    eram baseados nos gastos passados. As conseqncias so comportamentos que ainda

    hoje podem ser observados em rgos pblicos no Brasil, como deixar de fazer algo por

    no estar no oramento ou ter que gastar todos os recursos disponveis para que no haja

    reduo no ano seguinte.

    Por volta dos anos 60, a tomada de deciso passou a ser mais eficaz, devido crena de

    que o futuro poderia ser melhorado por aes realizadas no presente. Iniciou-se, ento, o

    chamado Planejamento de Longo Prazo (Tavares, 1991). Tentava-se identificar novas

    tendncias e alocar os recursos disponveis de forma que a empresa conseguisse

    acompanh-las.

    Por outro lado, ficava cada vez mais claro que os ambientes externos e internos mudam

    com o tempo, e que havia outras possibilidades alm das anteriormente previstas. O

    foco foi, ento, deslocando-se da simples previso para a compreenso dos fenmenos

    que ocorrem no mercado (Tavares, 1991). Na dcada de 70, o planejamento empresarial

    chegou a uma nova etapa, a do Planejamento Estratgico (Robson, 1997).

    O planejamento estratgico nasceu centrado na competio entre as empresas, pois os

    nveis de crescimento dos mercados poca no eram suficientes para atender as

    expectativas de crescimento de todas as empresas de determinados ramos (Robson,

    13

  • 1997). O processo do planejamento estratgico uma maneira de conhecer melhor a

    empresa e avaliar o mercado, inserido em um ambiente em constante mudana, para que

    se possa traar estratgias para tornar a empresa mais competitiva e possibilitar a

    expanso do mercado.

    Robson (1997) afirma que o planejamento estratgico apresentava alguns dos mesmos

    problemas do planejamento de longo prazo, por se basear em previses e por resultar

    em um plano rgido, enquanto ocorrem mudanas imprevisveis no ambiente com o

    decorrer do tempo, alm de no considerar os aspectos culturais. J Tavares (1991)

    afirma que a realizao do planejamento estratgico por consultores externos isentava a

    alta administrao de sua implementao.

    A dcada de 80 foi a vez da Administrao Estratgica, um conceito muito mais amplo,

    que passou a englobar o planejamento estratgico como uma de suas ferramentas. Este

    trabalho de graduao no aborda a Administrao Estratgica como um todo, e sim,

    uma evoluo do planejamento estratgico que era usado na dcada de 70, que passou a,

    entre outras coisas, envolver outros nveis da organizao, e a considerar a cultura

    existente.

    2.2 Estratgia

    O termo estratgia era inicialmente usado para tratar de aes militares e de poltica.

    Neste caso, estratgia um caminho para alcanar a vitria, seja numa eleio, seja

    numa guerra. Segundo Magretta (2002), a estratgia em gesto tambm trata de vencer,

    mas neste caso a vitria de uma empresa no significa necessariamente a derrota de

    outra. Vencer pode significar, simplesmente, obter vantagem competitiva.

    Definitivamente, no h unanimidade quanto ao conceito de estratgia no mundo dos

    negcios. Abaixo, seguem duas das definies apresentadas por Robson (1997), e, ao

    final, a definio dada pela prpria autora.

    Estratgia uma regra para tomar decises em condies de ignorncia

    parcial, enquanto poltica uma deciso de contingncia.

    Uma estratgia de negcio uma ampla coleo de regras e guias de deciso

    que define a direo do crescimento e o escopo de um negcio.

    14

  • Ansoff1 (1965)

    No existe uma definio de estratgia nica e universalmente aceita.

    No existe a melhor maneira de se criar uma estratgia, nem existe a

    melhor forma de organizao. O mundo cheio de contradies e o

    estrategista efetivo aquele que vive com as contradies, aprende a apreciar

    suas causas e efeitos e as suaviza o suficiente para uma ao efetiva.

    Nenhum modelo ou teoria pode incorporar todos os fatores que influenciam a

    maioria das decises nas empresas nem todas as possveis combinaes desses

    fatores podem ser encontradas. Ningum pode antecipar as mudanas grotescas

    que podem ocorrer em um ambiente do mundo real, ou, at mais importante, os

    impactos das inovaes criativas, quer sejam suas, quer sejam de outros.

    Quinn & Mintzberg2 (1991)

    Estratgia um padro de decises de alocao de recursos tomadas em uma

    organizao. Isto engloba tanto crenas quanto metas sobre quais so as

    maneiras aceitveis e, mais importante, inaceitveis para atingi-los.

    Robson (1997)

    De acordo com a definio dada por Robson (1997), possvel descobrir qual a

    estratgia de uma empresa a partir de suas aes.

    Magretta (2002) procurou dar uma definio mais simples de estratgia: uma busca por

    como fazer melhor sendo diferente. A justificativa simples. O lucro a receita

    menos as despesas, e para aument-lo, uma empresa precisa diminuir as despesas ou

    aumentar a receita. Para fechar esta conta de maneira sustentvel, ou a empresa reduz os

    custos, ou consegue que os clientes paguem mais. E em qualquer um dos dois casos, a

    1 Ansoff, H. I., 1965. Corporate Strategy. McGraw Hill

    2 Mintzberg, H., and Quinn, J., 1991. The Strategy Process. Prentice-Hall.

    15

  • empresa precisa se diferenciar dos concorrentes, ou tendo um processo mais eficiente,

    ou agregando mais valor ao seu produto ou servio.

    Para ilustrar a definio, Magretta (2002) cita dois casos. No primeiro, a indstria

    japonesa de eletrnicos onde existe uma competio perfeita3. Como as empresas no

    possuem grandes diferenciais e, apesar da qualidade dos produtos melhorar, os preos

    tendem a cair, diminuindo muito a margem de lucro das empresas. Na outra ponta est o

    monoplio, onde nenhuma outra empresa tem condies de concorrer com um

    determinado produto. Neste caso, o exemplo dado o do sistema operacional Windows

    cuja enorme dificuldade da concorrncia em imit-lo proporciona lucros exorbitantes

    para a Microsoft.

    Finalmente, Magretta (2002) ressalta que a busca por novos diferenciais deve ser

    constante, pois mesmo setores aparentemente estveis, como o bancrio e o de

    telecomunicaes, sofreram grandes mudanas nos ltimos anos.

    Para traas suas estratgias, a empresa precisa saber a situao da concorrncia. Michael

    Porter4 definiu uma tipologia que classifica as foras competitivas em 5 categorias

    (Longenecker, 1997). Estas foras so:

    1. Ameaa de novos concorrentes

    2. Ameaa de produtos/servios substitutos

    3. Poder de negociao dos fornecedores

    4. Poder de negociao dos compradores

    5. Rivalidade entre os concorrentes existentes

    3 Termo usado pelos economistas para definir um mercado onde a competio extremamente acirrada,

    pois os concorrentes possuem praticamente a mesma fora. Como o custo da mudana baixo, as

    manobras podem ser facilmente seguidas pelos concorrentes. timo para os consumidores, e um

    pesadelo para as empresas (Magretta, 2002).

    4 Porter, M. E., 1980. Competitive Strategy: Techniques for Analysing Industries and Competitors. The

    Free Press.

    16

  • Figura 1 Cinco foras competitivas.

    Fonte: Robson (1997)

    Segundo Porter (citado em Longenecker, 1997), a ameaa de novos concorrentes e de

    produtos/servios substitutos limitam os preos. O poder de negociao dos

    fornecedores influencia os custos. O poder de negociao dos compradores influencia os

    preos, mas pode tambm afetar os custos, j que compradores poderosos podem exigir

    um determinado nvel de qualidade. Por ltimo, a rivalidade entre os concorrentes

    existentes limita os preos e exige um controle maior sobre os custos. O empresrio que

    sabe como cada fora atua em seu setor tem mais capacidade de avaliar oportunidades e

    ameaas. Porter identificou algumas falhas geralmente cometidas por empreendedores.

    Interpretar mal a atratividade do setor: o setor mais atraente nem sempre o mais promissor.

    No possuir vantagem competitiva real: imitar concorrentes difcil e arriscado.

    Perseguir uma vantagem competitiva que no seja sustentvel: deve-se ter certeza de que a vantagem competitiva no pode ser imitada rapidamente.

    Comprometer uma estratgia a fim de crescer mais rapidamente: a busca por um crescimento rpido pode fazer com que a empresa perca o foco na vantagem

    17

  • competitiva.

    No tornar a estratgia explcita nem comunica-la a seus empregados: o resultado tpico so aes inconsistentes.

    Como se pode notar, o futuro de qualquer empresa depende de sua estratgia seja ela

    formal ou no. Entretanto, uma estratgia formal, que divulgada para toda a empresa

    e entendida por todos pode fazer com que todos os funcionrios busquem o mesmo

    ideal, evitando o desperdcio de recursos essenciais organizao.

    2.3 Planejamento

    O planejamento um processo onde se pensa sobre o futuro e suas alternativas. Que

    aes podem levar a que estado futuro, que reaes so esperadas para cada ao. a

    definio de um futuro desejado e vivel e a busca por uma maneira de ating-lo.

    Oliveira (2001) define planejamento como um processo de pensamento contnuo sobre

    o futuro, um processo que envolve um modo de pensar, que por sua vez envolve

    indagaes, que envolvem questionamentos sobre o que fazer. O processo em si mais

    importante que seu fim o plano.

    O planejamento empresarial deve ser realizado pela empresa, e no para a empresa.

    Oliveira (2001) destaca que o mais importante do processo que os coordenadores

    permitam que as reas da empresa possam se envolver no processo. Alm disso, o

    planejamento deve ser integrado entre essas vrias reas, e deve ser contnuo, ou seja,

    deve ser constantemente revisado.

    Independentemente da metodologia de planejamento utilizada, deve-se estar atendo

    sua principal finalidade: fomentar.

    2.4 Planejamento Estratgico

    O processo planejamento estratgico uma maneira de formalizar a definio das

    estratgias, envolvendo toda a empresa no processo. O processo uma oportunidade da

    empresa de fazer uma anlise detalhada da empresa e do mercado, incluindo seus

    concorrentes.

    18

  • Atravs desta anlise, a empresa ter possibilidade de conhecer seus pontos fortes e

    fracos, alm das oportunidades e ameaas presentes no ambiente externo. Com esses

    dados, a empresa pode no s redefinir seu negcio, mas levantar suas aspiraes, e

    definir ou ajustar seus objetivos e estratgias para que consiga realiz-las.

    As grandes empresas podem ser divididas em trs nveis hierrquicos (Terence, 2002;

    Robson, 1997; Oliveira, 2001):

    Nvel estratgico: formado pela alta administrao nas empresas, trata da empresa como um todo.

    Nvel ttico: administrao de nvel mdio trata de reas funcionais da empresa (marketing, tecnologia, recursos humanos, etc).

    Nvel operacional: nvel mais baixo da administrao trata de departamentos ou indivduos.

    Analogamente, podem existem trs tipos de planejamento (Terence, 2002):

    Planejamento Estratgico

    o Longo prazo

    o Determina o rumo da empresa como um todo

    o De responsabilidade da alta administrao

    Planejamento Ttico

    o Mdio prazo

    o Aplica-se a determinada rea funcional da empresa

    o De responsabilidade da mdia administrao

    Planejamento Operacional

    o Curto prazo

    19

  • o Aplica-se a atividades especficas

    O planejamento operacional tem um prazo mais curto que o ttico, que por sua vez tem

    um prazo mais curto que o estratgico.

    Figura 2 - Nveis de tomada de deciso e planejamento.

    Adaptado de Oliveira (2001)

    essencial que o processo de planejamento estratgico envolva os outros nveis da

    empresa alm do estratgico, pois desta forma tem-se uma melhor noo a cultura

    interna, dos recursos disponveis e das limitaes. Isto determinante para que o plano

    resultante seja realista e que consiga motivar os funcionrios.

    2.5 Metodologia de Planejamento Estratgico Proposta por Oliveira (2001)

    Esta seo apresenta um resumo da metodologia de planejamento estratgico

    apresentada por Oliveira (2001), que o resultado de vrios anos de experincia

    acadmica como professor da Universidade de So Paulo (USP) e como consultor.

    A metodologia proposta por Oliveira (2001) composta de quatro grandes fases:

    diagnstico estratgico, misso da empresa, Instrumentos prescritivos e quantitativos e

    controle e avaliao. Cada uma destas fases est resumida abaixo.

    20

  • Figura 3 - Modelo proposto por Oliveira (2001)

    2.5.1 Diagnstico Estratgico

    21

  • Esta fase determina as condies atuais da empresa.

    2.5.1.1 Identificao da Viso

    O processo de planejamento estratgico iniciado com a definio da viso, onde so

    identificados os desejos e as expectativas da alta administrao da empresa. A viso

    definida aqui pode ser irrealista, mas ser corrigida no decorrer do processo.

    2.5.1.2 Anlise Externa

    Esta etapa corresponde anlise do mercado, onde so levantadas as oportunidades e

    ameaas.

    2.5.1.3 Anlise Interna

    Esta etapa corresponde anlise interna da empresa, onde so levantados os pontos

    fracos, fortes e neutros. Oliveira (2001) destaca que pontos neutros so pontos

    identificados pela empresa como sendo importantes, mas que no h parmetros que

    permitam classific-los como fortes ou fracos.

    2.5.1.4 Anlise dos Concorrentes

    Mesmo fazendo parte da anlise do mercado, a anlise dos concorrentes foi separada

    para enfatizar sua importncia.

    2.5.2 Misso da Empresa

    Nesta fase levantada a razo de a empresa existir. Alm disso, define-se a postura que

    a empresa ter perante o mercado.

    2.5.2.1 Estabelecimento da Misso da Empresa

    A misso o motivo de existncia da empresa, onde a empresa quer ir. A misso deve

    tentar satisfazer alguma necessidade do mercado, e no apenas definir que produto ou

    servio ser oferecido.

    2.5.2.2 Estabelecimento dos Propsitos Atuais e Potenciais

    Os propsitos so definies de setores em que a empresa atua ou pretende atuar, que se

    22

  • encaixam na misso da empresa.

    2.5.2.3 Estruturao e Debate de Cenrios

    Os cenrios so uma maneira de se analisar o comportamento futuro ou evoluo do

    ambiente externo, seguindo alguns critrios. Oliveira (2001) ressalta que cenrios no

    so previses, e sim, uma maneira de questionar a possibilidade de que cada

    comportamento ocorra ou no, facilitando a deteco e eliminao de inconsistncias.

    2.5.2.4 Estabelecimento da Postura Estratgica

    A postura estratgica a maneira como a empresa se posicionar perante o ambiente.

    Deve considerar a anlise do ambiente e refletir um comportamento adequado

    realizao da misso.

    2.5.2.5 Estabelecimento das Macroestratgias e Macropolticas

    As macroestratgias so as principais aes ou caminhos que a empresa dever fazer ou

    seguir para que se consiga aproveitar as oportunidades do ambiente. As macropolticas

    so as orientaes gerais que auxiliaro o processo de tomada de deciso.

    2.5.3 Instrumentos Prescritivos e Quantitativos

    Esta fase determina como a misso da empresa ser realizada.

    2.5.3.1 Instrumentos Prescritivos

    Os instrumentos prescritivos so explicitaes do que deve ser feito para realizar a

    misso da empresa.

    2.5.3.1.1 Estabelecimento dos Objetivos, Desafios e Metas

    Nesta etapa so definidos:

    objetivos situao que se pretende atingir;

    objetivos funcionais objetivos intermedirios, relacionados s reas funcionais;

    desafios algo que deve ser continuamente perseguido, mas que deve ter um

    23

  • prazo definido;

    metas passos ou etapas necessrios para se alcanar os objetivos, devem ser quantificveis.

    2.5.3.1.2 Estabelecimento das Estratgias e Polticas Funcionais

    Nesta etapa so definidas as estratgias aes ou caminhos necessrios para que se

    atinjam os objetivos e as polticas parmetros e orientaes para a tomada de

    deciso, base de sustentao do planejamento estratgico.

    2.5.3.1.3 Estabelecimento dos Projetos e Planos de Ao

    Nesta etapa so definidos os projetos que permitiro empresa por em prtica as

    estratgias definidas anteriormente. Planos de ao so partes comuns de projetos que

    contribuem para que um mesmo objetivo, desafio ou meta seja alcanado.

    2.5.3.2 Instrumentos Quantitativos

    Esta etapa consiste no planejamento do oramento. Aqui so analisados os recursos que

    sero necessrios para que cada objetivo, desafio ou meta seja atingido. Oliveira (2001)

    destaca que esta fase importante por representar a ligao entre o planejamento

    estratgico e o planejamento operacional.

    2.5.4 Controle e Avaliao

    Esta fase corresponde a uma avaliao de como se est indo, contrastando com o que

    estava planejado. Devem ser definidos limites aceitveis para cada desafio ou meta, e

    o no cumprimento destes limites deve ser acompanhado de uma avaliao profunda do

    que houve, para que o problema possa ser corrigido.

    2.6 Metodologia de Planejamento Estratgico Proposta por Tavares (1991)

    A metodologia apresentada por Tavares (1991) pode, segundo o autor, ser adaptada para

    grandes ou pequenas empresas, pblicas ou privadas. Um detalhe importante que

    Tavares (2001) d uma nfase maior ao mercado, a busca por diferenciais competitivos,

    por saber o que o consumidor realmente deseja. Esta metodologia composta por onze

    fases alm de uma fase prvia de avaliao sobre a possibilidade de se realizar o

    24

  • processo de planejamento na empresa. A metodologia est resumida na Figura 4 e nas

    prximas sees.

    Figura 4 - Modelo proposto por Tavares (1991)

    2.6.1 Preparao

    Nesta etapa so levantadas as experincias de mudana pelas quais a empresa passou, e

    o comportamento dos setores da empresa com relao a estas mudanas. A partir da,

    traado um plano emergencial que visa preparar a empresa para o processo de

    planejamento estratgico que est por vir.

    2.6.2 Definio da Misso

    Esta fase s estar completa aps a realizao da fase seguinte anlise ambiental.

    2.6.2.1 Negcio

    Consiste na definio do negcio a partir dos desejos ou necessidades do usurio ou

    consumidor que a empresa satisfaz. Serve para orientar o comportamento dos membros

    da organizao e expressar seus valores. Reflete o ramo de atuao e a viso da

    25

  • empresa.

    2.6.2.2 Misso

    Define a misso da empresa, a razo de ser. Algumas perguntas que auxiliam a

    definio da misso so: quem e onde est o nosso cliente?, quem poder vir a ser

    nosso cliente?, o que compra o nosso cliente?. A misso que servir de base para

    orientar a tomada de deciso.

    2.6.3 Anlise do Ambiente Externo

    Consiste na anlise do ambiente externo e dos pblicos da organizao, e pode ser

    desenvolvida em paralelo com a prxima fase, anlise do ambiente interno. Ao final da

    anlise ambiental, recomendada uma reviso da misso definida na fase anterior.

    2.6.3.1 Anlise macroambiental

    Esta etapa consiste na anlise do macroambiente, onde devem ser considerados a

    economia, o mercado, a evoluo tecnolgica, cultura, poltica, meio ambiente, etc. A

    partir da so elaborados cenrios, levantadas as oportunidades e ameaas.

    2.6.3.2 Os pblicos

    Identifica os principais pblicos da organizao: acionistas, financiadores, fornecedores,

    concorrentes, imprensa, sindicatos e associaes, etc. Para cada pblico identificado,

    determinado o grau de influncia que o mesmo exerce sobre a organizao e como est

    o relacionamento da organizao com este pblico.

    2.6.4 Anlise do Ambiente Interno

    Nesta fase, cada nvel administrativo da organizao analisado, alm das reas

    funcionais da mesma. So identificados sintomas e problemas com causas e efeitos e

    cada problema recebe uma prioridade. Tambm so identificados eventuais conflitos

    entre as reas funcionais.

    2.6.5 Elaborao de Filosofias e Polticas

    Nesta fase so definidos normas e enunciados que vo orientar o comportamento dos

    26

  • membros da organizao no dia-a-dia.

    2.6.5.1 Filosofias

    As filosofias de uma organizao tm como objetivo fundamentar seus valores. Tavares

    (1991) as apresenta como sendo frases de efeito, slogans, que podem tanto ser

    comunicados ao pblico como aos membros da organizao.

    2.6.5.2 Polticas

    As polticas so um conjunto de regras ou enunciados que orientam a tomada de

    deciso. Podem ser direcionadas a toda a organizao ou a reas funcionais especficas.

    2.6.6 Definio dos Objetivos

    Os objetivos mostram onde a organizao quer chegar em determinado perodo de

    tempo. Eles podem orientar as aes, definir o ritmo dos negcios, motivas as pessoas,

    alm de facilitar a avaliao do desempenho.

    2.6.7 Seleo de Estratgias

    A partir dos alvos (objetivos) definidos, so traados caminhos que levaro a

    organizao at estes alvos. Estes caminhos escolhidos devem ter os que melhor se

    adaptam aos cenrios determinados na anlise ambiental, aproveitando oportunidades e

    atenuando ameaas, e usando racionalmente os recursos.

    2.6.8 Formulao de Metas e Aes Setoriais

    Nesta fase os objetivos so divididos em metas e, as estratgias em tticas. uma

    maneira de distribuir os objetivos e estratgias da organizao entre as reas funcionais

    da mesma.

    2.6.9 Elaborao do Oramento

    Nesta fase so alocados os recursos necessrios para que cada rea funcional consiga

    atingir suas metas. a partir da definio do oramento que as estratgias e objetivos

    podem ser considerados viveis.

    2.6.10 Definio de Parmetros de Avaliao

    27

  • Nesta fase so escolhidos os indicadores de desempenho que vo permitir que se

    avaliem as aes de acordo com os objetivos e metas definidos. Estes parmetros devem

    ser quantificveis.

    2.6.11 Formulao de um Sistema de Gerenciamento de Responsabilidades

    Nesta fase, so atribudas responsabilidades a cada nvel de cada rea funcional da

    organizao pelo cumprimento das metas.

    2.6.12 Implantao

    Nesta fase, as aes definidas previamente so colocadas em prtica para que se atinjam

    os objetivos da organizao.

    28

  • 3 Pequenas Empresas

    No decorrer do sculo XX, o avano da tecnologia e dos conceitos da gesto levaram ao

    aumento da produtividade na indstria e ao crescimento espantoso de empresas como

    General Electric (GE), Ford e General Motors (GM). Cada vez mais, achava-se que o

    futuro pertencia s grandes corporaes.

    Enquanto isso, a participao das pequenas empresas no mercado norte americano caia

    lentamente, apesar de, na dcada de 70, ainda serem responsveis por grande parte do

    PIB daquele pas (Longenecker et al., 1997). A partir da, o nmero de novos

    empreendimentos cresceu cada vez mais. Longenecker et al. (1997) cita um estudo de

    Acs e Audretsch5, que mostra alguns fatores que podem justificar este aumento da

    importncia da pequena empresa na economia:

    1. Novas tecnologias podem permitir uma produo eficiente em escala menor.

    2. O aumento da competio global tem exigido maior flexibilidade das empresas,

    favorecendo as pequenas empresas.

    3. A preferncia dos consumidores por produtos personalizados cria novas

    oportunidades para pequenas empresas.

    As pequenas empresas tm tido sucesso em diversos setores, destacando-se aqueles que

    apresentam inovao tecnolgica. Apresentam um bom desempenho tanto em mercados

    altamente especializados quanto em mercados altamente instveis, respondendo

    rapidamente s mudanas que neles ocorrem (Viapiana, 2001, citando Salomon6).

    Ainda, as pequenas empresas produzem parte substancial dos bens e servios, tendo

    uma contribuio econmica similar das grandes empresas (Longenecker et al., 1997).

    Abaixo se encontra uma lista de qualidades das pequenas empresas que reforam o que

    foi dito anteriormente (Longenecker et al., 1997).

    5 Acs, Z. J. & Audretsch, D. B., 1990. Innovation and small firms. The MIT Press, pp. 3-5.

    6 Salomon, S., 1986. A grande importncia da pequena empresa: a pequena empresa nos Estados

    Unidos, no Brasil e no mundo. Nrdica.

    29

  • 1. As pequenas empresas abrem vrias oportunidades no mercado de trabalho,

    contribuindo para o crescimento da economia. Longenecker et al. (1997) cita

    uma pesquisa do governo norte americano7 mostrando que entre 1980 e 1986 as

    empresas com menos de 20 funcionrios abriram mais vagas de emprego do que

    aquelas com 500 ou mais funcionrios.

    2. Enquanto as grandes empresas tendem a evoluir produtos existentes, as

    pequenas empresas so mais eficazes na introduo de produtos inovadores.

    Dentre inovaes importantes inseridas por pequenas empresas, podemos

    destacar: a penicilina, a insulina, a caneta esferogrfica, filme colorido, o motor

    a jato, entre outros.

    3. A presena de pequenas empresas estimula a competio, evitando que poucas

    grandes empresas possam ditar os preos de certos produtos ao mercado. Ao

    estimularem a competio, contribuem, ainda, para uma melhora na qualidade

    dos produtos disponveis.

    4. Alguns servios podem ser prestados com mais eficincia por pequenas

    empresas distribuio de mercadorias e fornecimento de matrias primas,

    peas e servios. Neste caso, estas podem auxiliar grandes empresas, permitindo

    que as grandes empresas se concentrem em sua atividade principal.

    Um exemplo prtico a indstria automobilstica. Segundo Magretta (2002), consenso

    nesta indstria que para uma empresa sobreviver no ramo, deve vender ao menos 4

    milhes de automveis por ano. Enquanto apenas gigantes se destacam produzindo, as

    pequenas empresas se destacam dando manuteno (Longenecker et al. 1997).

    3.1 Classificao

    No existe consenso quanto classificao de uma empresa como micro, pequena,

    mdia ou grande. As formas de classificao variam entre autores, instituies e pases.

    Os critrios utilizados podem ser apenas quantitativos, como o nmero de funcionrios

    7 U.S. Government, 1988. The state of small business: a report of the President 1988. U.S. Government

    Printing Office, pp. 38.

    30

  • associado ao setor onde a empresa opera indstria, comrcio ou servios ao

    faturamento anual bruto, capital social ou ao patrimnio lquido.

    Os critrios podem, tambm, ser qualitativos, como o tamanho da fatia do mercado que

    a empresa possui, o fato de a empresa possuir uma administrao profissional ou ser

    administrada pelo proprietrio, e, ainda, a independncia da empresa no ser

    vinculada a nenhuma grande empresa, este seria o caso de franquias, filiais e de algumas

    empresas incubadas.

    A utilizao de critrios qualitativos torna a classificao de uma empresa como micro,

    pequena, mdia ou grande extremamente complicada, pois a aplicao dos critrios

    pode ser muito subjetiva. Por este motivo, este estudo utilizar apenas critrios

    qualitativos, que so os critrios utilizados nas principais definies em vigor no Brasil.

    As tabelas abaixo exibem um resumo dessas definies.

    Base de Definio Setor Micro (at) Pequena (de - at)

    Lei do SIMPLES R$120 mil R$120 mil - R$1,2 milhode 05/12/1996

    alterada pela lei 9.732/1998Estatuto da Micro e Pequena Empresa R$244 mil R$244 mil - R$1,2 milho

    Lei 9.841/1999

    Exportao - Decreto 3.474 Indstria R$720,44 mil R$720,44 mil - R$6,30385 milhode 19/05/2000 Comrcio R$360,22 mil R$360,22 mil - R$2,70165 milho

    Servios R$360,22 mil R$360,22 mil - R$2,70165 milhoFinanceamento R$700 mil R$700 mil - R$6,125 milho

    Programa Brasil Empreendedor

    MERCOSUL Indstria US$400 mil US$400 mil - US$3,5 milhoResoluo 59/1998 Comrcio US$200 mil US$200 mil - US$1,5 milho

    Servios US$200 mil US$200 mil - US$1,5 milho

    Empresa

    Tabela 1 - Classificao de micro e pequenas empresas pelo faturamento.

    Adaptado de Lima (2001)

    31

  • Base de Definio Setor Micro PequenaMERCOSUL Indstria de 1 a 10 de 11 a 40

    Resoluo 59/1998 Comrcio de 1 a 5 de 6 a 30Servios de 1 a 5 de 6 a 30

    IBGE/Sebrae Indstria de 0 a 19 de 20 a 99Comrcio de 0 a 9 de 10 a 49Servios de 0 a 9 de 10 a 49

    Empresa

    Tabela 2 - Classificao de micro e pequenas empresas pelo nmero de funcionrios.

    Adaptado de Lima (2002)

    Lima (2001) chama ateno para o fato de que o faturamento anual de uma empresa

    pode ser um dado difcil de se conseguir e recomenda que a classificao pelo nmero

    de funcionrios (Sebrae/IBGE) seja utilizada para estudos e pesquisas no Brasil. Por

    outro lado, o critrio do Sebrae/IBGE no considera apenas o nmero de funcionrios,

    mas tambm o setor ao qual a empresa pertence, que pode ser indstria, comrcio ou

    servios.

    Em sua Pesquisa Anual de Servios do ano 2000 (PAS/2000), o IBGE fez uma profunda

    investigao no setor de Tecnologias da Informao e Comunicao (TIC) brasileiro o

    chamado setor informacional. Este setor inclui:

    1. Telecomunicaes

    2. Informtica

    a. Edio de Programas

    b. Processamento de Dados

    c. Atividades de Banco de Dados

    3. Filmes

    a. Produo e Distribuio de filmes e vdeos

    b. Projeo de Filmes

    c. Rdio e Televiso

    d. Atividades de Agncias de Notcias

    32

  • Neste trabalho de graduao, ser considerado o setor de Tecnologia da Informao

    (TI), que inclui as atividades de Telecomunicaes e Informtica. O estudo do IBGE

    serviu de base para que o setor de TI fosse enquadrado como setor de servios. Portanto,

    sero consideradas empresas com menos de 50 funcionrios. Estas so as empresas

    tratadas pelo Sebrae (2003a) como micro e pequenas, mas sero tratadas aqui apenas

    como pequenas.

    3.2 As pequenas empresas no Brasil

    Desde 1960, o governo brasileiro vem lanando programas de apoio a pequenas e

    mdias empresas, de olho na grande capacidade dessas empresas de criar empregos e

    distribuir renda (Viapiana, 2001). A preocupao do governo com este segmento se

    deve a grande vulnerabilidade destas empresas s mudanas na economia, o que fez

    com que estas empresas s tivessem condies de realmente disputar espao no

    mercado em meados da dcada de 90, com a criao do Plano Real.

    Segundo o Sebrae (2003b), em 1995, o nmero de grandes empresas cresceu 2,2%,

    enquanto o de pequenas empresas cresceu 25%. O Sebrae (2003b) cita, ainda, dados do

    IBGE onde 98% das 3,5 milhes de empresas existentes no pas so de pequeno porte

    (empresas que possuem um faturamento anual de at R$ 1,2 milhes).

    3.2.1 Pequenas empresas de Tecnologia da Informao

    A Pesquisa Anual de Servios do ano 2000 (PAS/2000), realizada pelo IBGE, mostrou

    que 98,4% das 15 mil empresas de informtica existentes no Brasil possuam menos de

    50 funcionrios. Estas empresas faturaram, juntas, quase R$ 2 bilhes naquele ano

    contra quase R$ 7 bilhes das mdias e grandes empresas. Apesar do predomnio das

    grandes empresas, o IBGE destaca que existe um espao privilegiado para as pequenas

    empresas, devido ao processo de expanso da terceirizao e subcontratao das

    grandes e mdias empresas.

    Segundo o mesmo estudo, as empresas de telecomunicaes somaram 1,4 mil, das quais

    91,7% possuam at 50 funcionrios. A receita destas empresas somadas chegou a R$

    580 milhes pouco perto dos mais de R$ 52 bilhes equivalente s somas de receita

    das grandes e mdias empresas.

    33

  • 4 Planejamento Estratgico nas Pequenas Empresas

    Como j foi dito no captulo 3, as pequenas empresas so extremamente sensveis a

    mudanas na economia. Se por um lado a estabilidade trazida pelo plano real as

    beneficiou, as constantes crises pela qual a economia brasileira passou e passa vm

    fazendo com que seja cada vez mais difcil se planejar para o futuro.

    Alm disso, nas pequenas empresas, as decises so normalmente tomadas pelos

    proprietrios, que nem sempre so pessoas qualificadas no que diz respeito

    administrao. Isto faz com que as aes tomadas por estas empresas sejam, em grande

    parte, reaes a mudanas no ambiente, ao invs de serem pr-ativas. Terence e

    Escrivo Filho (2001) citam Corra e Prochno8 ao afirmar tais abordagens reativas

    consomem doses de esforo gerencial e recursos que, em conseqncia, no so

    utilizados para a gesto estratgica.

    Apesar de as mudanas que ocorrem serem imprevisveis, o empresrio que administra

    sua empresa estrategicamente est sempre atento aos pequenos sinais de mudanas, a

    novas tendncias, o que faz com que possa agir rapidamente aproveitando novas

    oportunidades e tentando neutralizar ameaas. A empresa que se antecipa a mudanas j

    tem um grande diferencial, podendo, inclusive, acelerar a concretizao da mesma.

    Buchele9 (citado em Terence, 2002) afirma que as limitaes de recursos financeiros

    impossibilitam pequena empresa competir em vrias frentes, e isto refora a

    necessidade destas empresas em ter suas aes planejadas.

    Como j foi dito no captulo 2, a essncia da estratgia empresarial est na competio,

    por isso o processo planejamento estratgico deve considerar os concorrentes, alm dos

    fornecedores, clientes e do mercado como um todo.

    8 Corra, H. L., Prochno P. J. L. C., 1998. Desenvolvimento de um Modelo de Planejamento Estratgico

    para Grupos de Pequenas Empresas. Tese (doutorado). So Paulo, FEA-USP.

    9 Buchele, R. B., 1980. Diagnstico de Empresas em Crescimento. So Paulo, Atlas.

    34

  • Almeida10 (citado em Terence, 2002) refora a importncia processo de planejamento

    estratgico, dizendo que a reflexo estratgica, quando realizada pelo pequeno

    empresrio, pode mostrar que pequenas mudanas no rumo da organizao podem

    alterar completamente os resultados finais.

    O problema que as metodologias para planejamento estratgico existentes foram

    desenvolvidas para grandes empresas, e no levam em considerao as particularidades

    das pequenas, isto faz com que o planejamento estratgico praticamente no seja

    utilizado nestas empresas (Terence e Escrivo Filho, 2001).

    4.1 Gesto de Pequenas Empresas

    Segundo Drucker11 (citado em Terence, 2002), o tamanho de uma empresa no modifica

    sua natureza ou os princpios da administrao, mas afeta a estrutura administrativa,

    fazendo com que a empresa necessite de um tratamento diferenciando.

    O crescimento das pequenas empresas causa uma mudana em sua organizao e na

    maneira de ger-la. Longenecker et al. (1997) mostra quatro estgios de evoluo de

    uma pequena empresa (Figura 5), e destaca que o crescimento destas empresas exige

    mais formalidade, planejamento e controle.

    Apesar de a maioria das pequenas empresas possurem um plano, em alguma extenso,

    estes planos so, geralmente, insuficientes. Apesar de o grau de formalidade necessria

    no planejamento variar entre empresas, grande parte dos negcios poderia se tornar

    mais lucrativo aumentando o planejamento e realizando-o de maneira mais sistemtica

    (Longenecker et al. 1997).

    10 Almeida, M. I. R., 2001. Manual do Planejamento Estratgico: desenvolvimento de um plano

    estratgico com o auxlio de planilhas Excel. So Paulo, Atlas.

    11 Drucker, P. F., 1981. Prticas de Administrao de Empresas. So Paulo, Pioneira.

    35

  • Figura 5 - Estgios de evoluo da pequena empresa.

    Fonte: Longenecker et al. (1997)

    4.2 Particularidades das Pequenas Empresas e o Planejamento Estratgico

    Em sua tese de mestrado, Terence (2002) reuniu particularidades das pequenas

    empresas que justificam a necessidade de um tratamento diferenciado no que diz

    respeito gesto. A autora referenciada destaca, ainda, que estas particularidades foram

    as mais citadas em seu levantamento bibliogrfico, e que podem no estar presentes em

    toda pequena empresa. As particularidades foram divididas em comportamentais,

    estruturais e contextuais, e esto resumidas a seguir.

    4.2.1 Particularidades Comportamentais

    So particularidades relacionadas ao comportamento do pequeno empresrio.

    Desconhecimento de ferramentas administrativas, e conseqentemente, do planejamento estratgico.

    Falta de habilidade na gesto do tempo: normalmente sobrecarregado por problemas que exigem aes imediatas, o pequeno empresrio acaba no

    dedicando tempo ao planejamento da empresa, o que faz com que suas aes

    36

  • sejam voltadas para o curto prazo.

    Estes dois itens reforam a idia de que o processo de planejamento estratgico na

    pequena empresa deve ser simplificado.

    A tendncia ao obsoletismo reflete o fato de o pequeno empresrio ater-se a uma forma de gesto, e no evoluir junto com o sistema de gerenciamento.

    Concentrao de poder e o individualismo ocorrem devido estrutura da empresa, que faz com que o pequeno empresrio acumule diversas funes.

    Liderana, a dedicao e o esforo pessoal dos dirigentes pontos positivos.

    A perseverana do pequeno empresrio pode ser um ponto positivo ou negativo. O fato

    de acreditar no futuro do negcio da maneira como foi concebido (refletem o

    conservadorismo e tendncia ao obsoletismo citados por Terence) faz com que, muitas

    vezes, o pequeno empresrio resista a mudar as estratgias da empresa ou mesmo sua

    misso, deixando de aproveitar oportunidades e ignorando ameaas. O planejamento

    estratgico contribui para evitar este comportamento. Por outro lado, o fato de acreditar

    na empresa, a motivao com que realiza suas atividades pode contagiar os demais

    funcionrios.

    4.2.2 Particularidades Estruturais

    Estas particularidades so o reflexo do tamanho da empresa em sua estrutura

    organizacional.

    Falta de recursos e de pessoal qualificado

    Inadequao ou no utilizao das tcnicas gerencias

    Estrutura organizacional reduzida

    Informalidade nas relaes entre os funcionrios

    Falta de comprometimento dos funcionrios

    Falta de planejamento

    37

  • A escassez de recursos nas pequenas empresas e a falta de uma equipe gerencial

    profissional contribuem para que a comunicao na empresa seja deficiente. Como

    normalmente no h um plano formal, nem algo escrito que sirva de orientao, muitas

    vezes as estratgias no ficam claras para os funcionrios, prejudicando a tomada de

    decises. Alguns empresrios alegam que estas informaes so confidenciais, mas o

    fato que a no divulgao das estratgias e objetivos tornam difcil o

    comprometimento dos funcionrios com a misso da empresa.

    Outro ponto importante a ser destacado a falta de informaes internas sobre a

    empresa. Estas informaes poderiam ser conseguidas atravs do balano ou mesmo de

    conversas com os funcionrios, mas normalmente no so coletadas e armazenadas,

    prejudicando os processos de planejamento e de tomada de deciso.

    4.2.3 Particularidades Contextuais

    As particularidades contextuais se referem ao efeito que o ambiente externo tem na

    empresa, e que nem sempre pode ser controlado pelos dirigentes.

    A carncia de informaes sobre o mercado.

    Esta particularidade citada como o principal motivo para que o planejamento

    estratgico no seja utilizado. No entanto, a referenciada autora ressalta que as

    principais informaes necessrias para a realizao do processo de planejamento

    estratgico esto disponveis no balano da empresa, com os clientes, fornecedores,

    funcionrios, etc.

    Vale ressaltar, ainda, que os parceiros podem ser uma tima fonte de informaes, e isto

    tem sido observado em vrias empresas de sucesso do mercado local de TI.

    Falta de treinamento gerencial, que contribui para uma forma de gesto ultrapassada.

    Dificuldade em conseguir financiamento para novos projetos.

    4.3 Roteiro para Planejamento Estratgico para Pequenas Empresas

    O roteiro para o planejamento estratgico em pequenas empresas que ser apresentado

    38

  • agora foi proposto por Terence (2002). Em sua formulao, foram consideradas

    caractersticas do planejamento estratgico, das pequenas empresas e do planejamento

    estratgico em pequenas empresas, para que se desenvolvesse uma metodologia de

    planejamento estratgico. A partir desta metodologia, foi proposto um roteiro prtico

    para o planejamento estratgico em pequenas empresas.

    O roteiro prtico foi aplicado por Terence (2002) em trs empresas do setor metal-

    mecnico (indstria) de So Carlos-SP, e ao final, foram propostos ajustes para o

    mesmo. O modelo ajustado pode ser visto na Figura 6 e est resumido abaixo.

    4.3.1 Apresentao da Tcnica e Conscientizao do Pequeno Empresrio

    Esta etapa consiste no s da apresentao da tcnica para o pequeno empresrio, mas

    da avaliao da necessidade e da possibilidade de realizao do processo. Tambm

    envolve um trabalho de conscientizao do empresrio sobre a importncia do

    planejamento estratgico para o futuro de sua empresa, o que crtico para o bom

    andamento do processo.

    Terence destaca (2002), ainda, que o envolvimento de outros funcionrios no processo

    (alm de um nico dirigente) essencial para que o plano resultante seja realista e

    compatvel com a organizao.

    4.3.2 Viso Geral da Empresa

    Corresponde ao estabelecimento da misso, viso e dos valores da empresa.

    4.3.2.1 Estabelecimento da Misso

    A misso estabelecida a partir de respostas a perguntas pr-estabelecidas, como qual

    o nosso negcio?, onde a nossa empresa est?, quais produtos/servios

    oferecemos?, qual a nossa imagem perante os funcionrios?, qual a nossa imagem

    perante o mercado?, etc. A partir das respostas, definida a razo de ser da empresa.

    39

  • Figura 6 - Modelo proposto por Terence (2002)

    4.3.2.2 Estabelecimento dos Valores

    Nesta etapa so estabelecidos os valores da organizao princpios e crenas que

    guiam as aes e atividades da empresa. Esta definio deve ser realizada com a ajuda

    de outros funcionrios envolvidos no processo, alm do dirigente, e deve ser divulgada

    para toda a empresa.

    4.3.2.3 Estabelecimento da Viso

    A viso mostra onde a empresa quer chegar. Pode ser formulada como uma frase de

    40

  • efeito que motive os agentes internos e cative os externos. A viso deve ser realista

    para no desmotivar os agentes da organizao.

    4.3.3 Diagnstico Estratgico

    Pode ser dividida em anlise do ambiente e determinao dos fatores crticos de

    sucesso. Terence (2002) destaca que a anlise ambiental deve ser realista, completa e

    impessoal, para que no ocorram problemas tanto no restante do processo quanto na

    sua implementao.

    4.3.3.1 Anlise Externa

    Esta anlise deve levar em conta a economia, o mercado potencial de atuao, o

    mercado total e o setor da indstria. A partir da, pode-se levantar as oportunidades e

    ameaas. Com base em jornais, revistas especializadas, etc. a equipe dever definir

    cenrios diferentes para o mercado onde a empresa atua.

    Deve-se prestar ateno ao mercado potencial, ou seja, um mercado do qual a empresa

    poder vir a fazer parte no futuro.

    A anlise do mercado total abrange todo o mercado nacional, ou at o internacional

    (para empresas exportadoras).

    A anlise do setor deve considerar a concorrncia, o relacionamento com fornecedores,

    clientes e distribuidores.

    4.3.3.2 Anlise Interna

    A anlise interna avalia os pontos fortes e fracos da empresa, alm de se a forma de

    atuao atual tem trazido os resultados esperados. Na forma de atuao atual, devem ser

    considerados a performance dos produtos, a atuao no mercado e o desempenho

    financeiro.

    A avaliao dos pontos fortes e fracos deve considerar as capacidades da empresa, os

    diferenciais, funcionrios, situao financeira, estoque, atendimento ao cliente, custos,

    processo produtivo, alm de itens especficos da prpria empresa.

    4.3.3.3 Estabelecimento dos Fatores Crticos de Sucesso

    41

  • Aps a anlise interna e externa, o empresrio dever identificar quais so os fatores

    mais relevantes para a empresa ter sucesso no seu ramo de atuao.

    4.3.4 Elaborao da Estratgia

    4.3.4.1 Identificao da Estratgia Atual

    Nesta etapa o empresrio deve identificar a estratgia atual da empresa, tendo como

    base um levantamento das aes e decises tomadas anteriormente.

    4.3.4.2 Escolha da Estratgia Futura

    Nesta etapa a futura estratgia da empresa selecionada. Pode-se tanto adotar uma

    estratgia pronta, como criar uma prpria. Independentemente da estratgia escolhida, o

    dirigente deve analisar exaustivamente as atividades realizadas anteriormente no

    processo de planejamento.

    4.3.5 Definio dos Objetivos, Metas e Aes

    Depois da anlise das condies ambientais e da escolha da forma de atuao no

    mercado (estratgias), espera-se que o empresrio esteja em melhores condies para

    identificar os objetivos e metas, e definir, a partir deles, quais as aes necessrias para

    ating-los. As metas e objetivos devem ser claras e divulgadas para toda a organizao.

    4.3.5.1 Definio dos Objetivos

    Esta etapa consiste na definio dos objetivos da empresa. O prazo para sua realizao

    varia de acordo como setor de atuao. Terence (2002) destaca que os objetivos

    definidos devem ser ambiciosos, abrangentes, realistas e concisos.

    4.3.5.2 Definio das Metas

    Esta etapa consiste em definir metas, que podem ser estabelecidas por produto e por um

    perodo de tempo determinado. Devem tambm ser estabelecidos procedimentos para

    monitorar o cumprimento das metas e, caso necessrio, reformul-las.

    42

  • 4.3.5.3 Elaborao de um Plano com Aes, Projetos, Investimentos, etc. Necessrios

    Nesta etapa o pequeno empresrio e a equipe de planejamento devem identificar e

    detalhar aes, projetos, investimentos que sero necessrios para a execuo do plano.

    4.3.6 Apresentao do Plano para Toda a Organizao

    Esta fase consiste em fazer uma apresentao do plano estratgico para toda a empresa.

    Sero apresentados os objetivos e as metas, e quais estratgias sero utilizadas para

    ating-los.

    essencial que o plano seja apresentado de forma clara, concisa e vivel, para

    possibilitar o comprometimento dos funcionrios com sua execuo.

    43

  • 5 Modelo para o Planejamento Estratgico

    O modelo para auxiliar o processo de planejamento estratgico em pequenas empresas

    de tecnologia da informao foi desenvolvido aps trs meses de estudo sobre o

    assunto. Neste perodo, foram analisadas trs metodologias:

    1. A metodologia apresentada por Oliveira (2001), bastante completa e complexa,

    voltada para o planejamento estratgico em grandes empresas.

    2. A metodologia proposta por Tavares (2001), apresentada como uma

    metodologia que pode ser adaptada para empresas pblicas e privadas, de

    qualquer tamanho.

    3. A metodologia proposta por Terence (2002), voltada para pequenas empresas.

    Em sua tese de mestrado, a referenciada autora no s prope uma metodologia,

    mas analisa outras cinco metodologias voltadas para grandes empresas e uma

    voltada para pequenas empresas.

    Aps o perodo de estudo, foi proposto um modelo inicial, que ser apresentado a

    seguir. Este modelo foi apresentado a quatro pessoas, sendo um administrador com

    experincia em pequenas empresas, um pequeno empresrio com formao em

    tecnologia, e dois coordenadores de incubadoras. Neste processo, foram dadas sugestes

    e feitas crticas, que foram determinantes para a criao do modelo final, que ser

    apresentado no captulo 6.

    5.1 O Modelo Inicial

    O modelo aqui apresentado composto de uma seo de consideraes iniciais que foi

    uma maneira de introduzir o problema e a proposta do trabalho nas conversas seguido

    pelo modelo propriamente dito. Um resumo do modelo pode ser visto na Figura 7.

    44

  • Figura 7 - Modelo inicialmente proposto.

    5.1.1 Consideraes Iniciais

    As limitaes de recursos deixam as pequenas empresas extremamente vulnerveis s

    mudanas no ambiente externo. A dificuldade em prever o futuro e o enorme impacto

    que os imprevistos podem causar na empresa, alm do esforo necessrio para se fazer

    um planejamento de longo prazo (muitos anos), indicam que tempo que se pretende

    planejar no seja muito longo.

    45

  • O ideal que o processo de planejamento estratgico no resulte apenas em um

    documento, mas que ajude a empresa a conhecer melhor a si mesma e ao ambiente em

    que est inserida, possibilitando um melhor aproveitamento das oportunidades e

    guiando aes e investimentos que devem ser realizados para o ganho e de novas

    vantagens competitivas e a manuteno das existentes.

    Este modelo prope que o processo do planejamento estratgico na pequena empresa

    tenha um ciclo de durao aproximadamente um ano. O perodo ideal para se ter o

    processo de planejamento a todo o vapor no fechamento do ano fiscal, quando o

    balano feito e o oramento do prximo ano est sendo planejado. O balano

    essencial para que se avalie o desempenho da estratgia atual, e os resultados do

    planejamento estratgico sero no s as prioridades de investimento, mas o oramento

    da empresa para o perodo que o processo compreende.

    importante salientar que, apesar deste modelo ser seqencial, o processo de

    planejamento deve ser contnuo e iterativo.

    Artefatos interessante destacar quais so os artefatos produzidos

    em cada fase do Planejamento Estratgico apresentada

    neste modelo. Estes artefatos estaro especificados ao

    longo do modelo em uma caixa como esta.

    LDicas Tambm sero destacadas dicas ao longo do modelo, e estaro em caixas como esta.

    5.1.2 Preparao do Processo

    5.1.2.1 Equipe Necessria

    A equipe necessria para fazer o planejamento depende, por razes obvias, do tamanho

    do quadro de funcionrios da empresa. Recomenda-se que se defina um coordenador do

    processo de planejamento, que ser responsvel por conduzir as reunies, alm de

    redigir o plano resultante.

    Ainda, interessante que os responsveis pelas reas funcionais da empresa (tecnologia,

    46

  • inovao, recursos humanos, financeira, marketing, etc.) estejam envolvidos no

    processo. Caso o quadro de funcionrios seja muito reduzido, pode-se envolver tambm

    funcionrios que no tenham um cargo de gerncia, mas que se identifiquem com a

    empresa e tenham abertura suficiente para falar sobre os problemas da mesma.

    essencial que todos os integrantes da equipe sejam apresentados a este modelo, que

    entendam suas funes e que tenham apoio da alta administrao.

    5.1.2.2 Agenda

    Devido falta de tempo da alta administrao das empresas, importante que seja

    estabelecida uma agenda prvia, e que se faa o mximo de esforo possvel para que as

    reunies realmente ocorram.

    Artefatos

    Documento constando a da equipe envolvida no processo,

    alm de responsabilidades especiais, como um coordenador

    do processo, responsveis por conduzir reunies,

    representantes de cada rea funcional (tecnologia,

    inovao, recursos humanos, marketing, etc).

    Alm de uma agenda definida, com reunies semanais e

    atividades que cada um deve desenvolver entre cada

    reunio.

    5.1.3 Diagnstico Estratgico

    5.1.3.1 Viso

    Neste momento so levantadas as expectativas da alta administrao em relao ao

    futuro da empresa. Aqui se pode considerar um perodo mais longo, de um a cinco anos.

    A viso resultante desta fase vai determinar o rumo do restante do processo de

    planejamento estratgico.

    Pelo fato de no se ter uma anlise do ambiente, a viso resultante pode ser irreal. Isto

    pode ser corrigido posteriormente, medida que o processo evolua. A importncia de

    realizar este exerccio nesta fase evitar que a anlise do ambiente limite a

    47

  • criatividade necessria ao processo.

    5.1.3.2 Anlise do Ambiente Externo

    Com o uso de revistas especializadas e sobre economia, jornais, sites da internet,

    parceiros, clientes, fornecedores, sindicatos, acionistas, etc. fazer um levantamento

    sobre as condies do ambiente externo. Podem ser levantados dados como:

    Situao atual da economia do pas

    Situao do mercado de TI

    Situao do nicho especfico da empresa

    Expectativa de novos negcios

    Tendncias tecnolgicas

    Etc.

    Deve-se, tambm, contemplar mercados que a empresa tenha interesse em atuar no

    futuro.

    A partir de tudo isso, pode-se levantar as oportunidades que podem ser aproveitadas e

    eventuais ameaas ao negcio da empresa.

    A coleta de informaes sobre o ambiente pode ser feita no dia-a-dia dos funcionrios,

    em suas tarefas de rotina, como reunies com clientes e parceiros, ler matrias em

    jornais, revistas e na internet, etc. Mas de extrema importncia que estas informaes

    sejam catalogadas de alguma forma, junto com fontes e datas, para que possam ser

    levadas em considerao futuramente.

    5.1.3.3 Anlise Interna

    Entrevistas com os funcionrios, conversas com clientes, fornecedores e parceiros, o

    balano da empresa, auditorias, consultores externos, etc. Tudo isso pode ser base para

    levantar os pontos fortes, fracos e neutros da empresa. Pontos neutros so pontos

    considerados importantes, mas que, no momento, no se sabe se so fortes ou fracos.

    48

  • Estes devem ser levados em considerao como pontos neutros, para que possam ser

    reavaliados futuramente.

    Assim como na anlise do ambiente externo, importante ter as informaes

    catalogadas para uso futuro.

    5.1.3.4 Anlise dos concorrentes

    O mesmo material usado na anlise do ambiente externo deve ser utilizado para avaliar

    os concorrentes diretos e indiretos. Ao final, tem-se uma relao dos concorrentes, seus

    pontos fortes, fracos e neutros.

    5.1.3.5 Diferenciais Competitivos e Fatores Crticos de Sucesso

    Contrastando o resultado da anlise interna com a anlise dos concorrentes, obtm-se os

    diferenciais competitivos da empresa. Neste ponto, tambm podem ser identificados

    recursos e habilidades que sejam essenciais para o sucesso da empresa apesar de no

    serem, necessariamente, diferenciais em relao aos concorrentes.

    5.1.3.6 Reviso da Viso

    Neste ponto feita uma reviso da viso da empresa de acordo com as anlises feitas

    previamente. importante destacar que, a partir deste ponto, uma viso irreal pode

    trazer frustraes futuras, prejudicando o processo de planejamento estratgico.

    Artefatos Documento contendo a viso da empresa, oportunidades e

    ameaas, pontos fortes, fracos e neutros. Cada fator

    (oportunidade, ameaa, ponto forte, fraco ou neutro), pode

    ser detalhado em um formulrio que os relacione entre si,

    alm de propor aes para neutralizar pontos fracos e

    ameaas ou aproveitar oportunidades e pontos fortes.

    49

  • Artefatos

    Formulrios contendo os fatores devem ser produzidos para

    cada concorrente. Ao final, pode-se fazer uma relao dos

    diferenciais competitivos de cada empresa.

    Existe ainda um documento para ser produzido, uma lista

    de possveis ameaas e oportunidades, que tendem a

    ocorrer no futuro.

    5.1.4 Definio da Misso

    5.1.4.1 Misso

    Deve-se perguntar: qual o nosso negcio?, quem so os nossos clientes?, que

    tipo de produto fazemos?, quais os nossos diferenciais?. Atravs das respostas para

    estas perguntas pode-se definir a razo de ser da empresa. Esta fase deve ser encarada

    com extrema seriedade, pois a essncia do planejamento estratgico e onde as

    pequenas empresas encontram as maiores dificuldades. A misso da empresa servir de

    base para o restante do processo do planejamento estratgico e influenciar no

    comportamento e na tomada de deciso dos membros da organizao.

    Uma vez definida a misso, deve-se formular uma frase que contenha a essncia do

    negcio e os clientes, alm de uma valorizao de pontos fortes da empresa.

    5.1.4.2 Valores

    Neste momento devem ser levantados os valores da empresa princpios e crenas que

    serviro de guias no processo de tomada de deciso. interessante que se faa um

    levantamento dos valores dos dirigentes da empresa, e que estes sejam contrastados com

    os valores da empresa.

    5.1.4.3 Postura Estratgica

    Levando em considerao a misso, a viso e os valores, alm das relaes entre

    oportunidades e ameaas, pontos fortes e fracos, deve-se definir que atitude a empresa

    ter perante o ambiente. Podem ser: sobrevivncia, manuteno, crescimento ou

    desenvolvimento, alm de um misto destas.

    50

  • Artefatos Documento contendo a misso e os valores da empresa,

    junto com justificativas que detalhem a escolha de cada

    uma. A postura estratgica a ser assumida pela empresa

    tambm deve ser explicitada, com justificativas para tal.

    5.1.5 Definio das Estratgias

    Estratgias so os caminhos que se podem seguir para que se realize a viso da empresa.

    Devem ter como base a misso e os valores. Procurar aproveitar as oportunidades e

    neutralizar as ameaas, ao mesmo tempo em que fazem proveito dos pontos fortes e

    tentam neutralizar os fracos. Devem especificar o que deve se feito, quando e por quem.

    5.1.5.1 Estratgia Atual

    Em empresas que estejam fazendo o planejamento estratgico pela primeira vez,

    muito como que a estratgia atual no seja conhecida. Ela pode ser definida atravs de

    um levantamento das decises mais importantes tomadas no ltimo ano e os motivos

    que levaram a tomada destas decises

    5.1.5.2 Estratgias Possveis

    As fases anteriores vo servir de base para que sejam traados vrios caminhos pelos

    quais a empresa pode seguir para realizar sua viso. A anlise do ambiente externo

    servir para que sejam traados possveis cenrios econmicos e sociais, alm de como

    o mercado, e mais especificamente o setor de TI, reagiriam a estes cenrios.

    O impacto de mudanas de tecnologia, como a adoo de novas linguagens ou at

    novos paradigmas de programao, novas metodologias de desenvolvimento,

    protocolos de comunicao, etc. devem ser levados em considerao na formulao

    destes cenrios.

    A partir da, somando-se o resultado da anlise e a anlise interna, pode-se tentar prever

    como a empresa deveria reagir a cada um destes cenrios. Quais seriam as prioridades,

    as mudanas de rumo, os investimentos necessrios, etc.

    Um ponto crucial na elaborao de estratgias levar em considerao os concorrentes

    51

  • e como eles reagiriam em cada cenrio destes, para que se tente consolidar as vantagens

    competitivas da empresa.

    5.1.5.3 Seleo das Estratgias

    Esta fase compreende a seleo das estratgias que sero realmente implementadas.

    Devem ser tomados como critrios o cenrio que a equipe de planejamento julgue mais

    provvel.

    Artefatos

    Documento contendo a estratgia atual, e as decises que levaram a

    concluso de que esta de fato a estratgia atual (apenas para

    empresas que realizam o planejamento estratgico pela primeira vez).

    As estratgias possveis tambm devem ser relacionadas com os

    fatores como quais os pontos fortes que sero aproveitados, quais

    os pontos fracos sero atacados e porque. Qual o cenrio externo

    esperado na definio desta estratgia, quais oportunidades sero

    visadas e as ameaas que devem ser atenuadas, etc.

    Por ltimo, quais critrios foram levados em considerao

    para a escolha das estratgias definitivas e quais foram as

    estratgias escolhidas.

    5.1.6 Definio de Polticas

    Todas as empresas possuem polticas implcitas ou explcitas. Representar princpios

    ou leis, gerais ou de uma rea especfica da empresa, e servem de guia para os

    funcionrios nas decises do dia-a-dia. Oliveira (2001) cita Ziegler ao afirmar que as

    polticas eficazes so flexveis, abrangentes, alm de visarem a coordenao e a tica.

    Artefatos Documento contendo as polticas da empresa, divididas em polticas gerais e por reas funcionais, alm das relaes entre polticas e estratgias.

    5.1.7 Definio dos Objetivos

    52

  • Com base no estudo de Terence & Escrivo Filho (2002), que detectaram uma enorme

    dificuldade do pe