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Planeamento da Produção - B.C.V. 2008/2009 1 1. INTRODUÇÃO A Produção é uma actividade central da empresa, sobretudo quando esta opera no sector secundário da economia onde, por definição, as matérias-primas são transformadas em produtos. Naturalmente, os produtos têm de ser apreciados, isto é, devem prestar o serviço esperado pelos seus destinatários. Tal serviço envolve, não só o produto em si mesmo, mas também outras variáveis tais como o preço, a qualidade, a fiabilidade, a assistência, o prazo e modo de entrega, a variedade, etc. A definição do conjunto de variáveis que constituem o serviço a prestar pelo produto é uma tarefa do sector de Marketing. A tarefa da Produção é concretizar um produto para esse serviço da forma mais económica. Quer isto dizer que vender, no sentido lato de satisfazer necessidades, é mais importante que produzir. Portanto, a estratégia de produção deve estar subordinada à estratégia de marketing. Assim, a estratégia de Produção deve atender aos factores que mais fazem vender. Por outro lado, tem de considerar a natureza do produto, a intensidade da procura e a disponibilidade de recursos humanos, materiais e tecnológicos. Todos estes aspectos vão condicionar o tipo de estrutura produtiva. O Planeamento é a função reguladora da execução. O modo de planear a produção depende da estrutura produtiva. Comecemos, então, por analisar os princípos básicos do planeamento da produção e os tipos clássicos de estruturas produtivas. Posteriormente, veremos os modos de planeamento adequados para as diversas estruturas produtivas.

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Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 1

1. INTRODUÇÃO

A Produção é uma actividade central da empresa, sob retudo

quando esta opera no sector secundário da economia onde,

por definição, as matérias-primas são transformadas em

produtos. Naturalmente, os produtos têm de ser apre ciados,

isto é, devem prestar o serviço esperado pelos seus

destinatários. Tal serviço envolve, não só o produt o em si

mesmo, mas também outras variáveis tais como o preç o, a

qualidade, a fiabilidade, a assistência, o prazo e modo de

entrega, a variedade, etc.

A definição do conjunto de variáveis que constituem o

serviço a prestar pelo produto é uma tarefa do sect or de

Marketing. A tarefa da Produção é concretizar um pr oduto

para esse serviço da forma mais económica. Quer ist o dizer

que vender , no sentido lato de satisfazer necessidades, é

mais importante que produzir . Portanto, a estratégia de

produção deve estar subordinada à estratégia de mar keting.

Assim, a estratégia de Produção deve atender aos fa ctores

que mais fazem vender. Por outro lado, tem de consi derar a

natureza do produto, a intensidade da procura e a

disponibilidade de recursos humanos, materiais e

tecnológicos. Todos estes aspectos vão condicionar o tipo

de estrutura produtiva.

O Planeamento é a função reguladora da execução. O modo de

planear a produção depende da estrutura produtiva.

Comecemos, então, por analisar os princípos básicos do

planeamento da produção e os tipos clássicos de est ruturas

produtivas. Posteriormente, veremos os modos de

planeamento adequados para as diversas estruturas

produtivas.

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2008/2009 2

2. A FUNÇÃO PLANEAMENTO

A gestão envolve análise, planeamento e controlo.

Analisam-se as alternativas para atingir os objecti vos

fixados. De acordo com a alternativa escolhida, pla neia-se

a afectação económica dos recursos. Finalmente, con trola-

se a execução, corrigindo eventuais desvios.

O planeamento está, portanto, no âmago da actividad e de

gestão. E como esta, pode desenvolver-se aos níveis

estratégico, táctico e operacional. Os planos estra tégicos

têm horizontes de longo prazo (cinco, dez ou mais a nos).

Relativamente à produção, preocupam-se com novas

instalações, tecnologias ou estruturas que,

frequentemente, vão introduzir alterações profundas na

empresa. Os planos estratégicos desdobram-se em pla nos

tácticos de médio prazo (um a cinco anos) envolvend o, por

exemplo, recrutamento ou formação de pessoal, expan são das

instalações, novos equipamentos, remodelação do cat álogo

de produtos, etc. Os planos operacionais são de cur to

prazo (até um ano), concentrando-se na produção ass ociada

às encomendas em carteira ou às previsões de vendas . Para

a fabricação, existem ainda planos ou programas de

execução imediata, geralmente, com horizontes de um a ou

algumas semanas.

Quanto maior é o horizonte, menores são a escala de

referência e o detalhe de planeamento. Os planos

estratégicos de produção baseiam-se numa escala anu al ou

quinquenal e reflectem quantidades agregadas do con junto

dos produtos. No outro extremo, os programas de exe cução

estão escalonados em horas ou dias e reflectem as

operações sobre artigos independentes.

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2.1. Tarefas do planeamento da produção

O Planeamento tem a missão reguladora da produção e como

tal, é responsável por tarefas que se ligam com

- as encomendas e programas de produção;

- os materiais em curso de fabrico;

- os meios de produção; e

- os materiais de produção.

Relativamente às encomendas e programas de produção , o

Planeamento deve

- Fixar o calendário das operações a executar em f unção

da disponibilidade dos serviços e das oficinas, pro curando

que os prazos de execução sejam curtos e satisfaçam as

datas e quantidades pedidas.

- Preparar o lançamento das operações, coordenando as

acções para satisfação das necessidades em materiai s,

ferramentas, informação técnica, etc.

- Lançar as ordens de execução das operações,

controlos, transportes, etc., no momento oportuno, por

forma a sincronizar as diversas fases do processo

produtivo.

- Acompanhar as ordens, confirmando a sua execução nos

termos previstos ou, no caso de desvio, promovendo acções

correctivas.

Relativamente aos materiais em curso de fabrico, is to é,

os materiais que já iniciaram mas ainda não conclui ram o

respectivo processo produtivo, o Planeamento deve p rocurar

minimizar o seu volume dentro dos princípios da ges tão

económica de stocks.

Relativamente aos meios de produção, deve procurar ocupar

eficazmente as pessoas e os equipamentos de acordo com as

suas capacidades, evitando esperas e atrasos.

Finalmente, o Planeamento pode intervir nas ordens de

aprovisionamento de materiais aos fornecedores exte rnos.

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Contudo, em muitas empresas esta tarefa é cometida a um

sector separado que se encarrega da gestão de stock s.

No conjunto de tarefas que se acabou de referir, po demos

considerar três fases: o ordenamento, o lançamento e o

acompanhamento.

O ordenamento elabora o programa de execução tendo em

atenção os prazos de entrega, o encadeamento das

actividades e os recursos disponíveis; e prepara o

arranque dessas actividades para que, no momento

programado, fiquem disponíveis todos os elementos

necessários para a execução (desenhos, informações

técnicas, materiais, ferramentas, etc.).

O lançamento desencadeia as acções de acordo com o

programa. Isso pode envolver, para cada produto, um grande

número de ordens de execução dirigidas a diferentes postos

de trabalho.

O acompanhamento segue o desenrolar das operações

desencadeadas e transmite as informações para as fa ses

anteriores. Se a operação decorreu conforme o progr ama,

tal facto é confirmado e o lançamento pode desencad ear as

acções seguintes; caso contrário, o acompanhamento

assinala os desvios para que o lançamento e o orden amento

façam os acertos necessários.

PRODUÇÃO

Oficª B Oficª C Oficª A

PLANEAMENTO/ ordenamento

lançamento/ acompanhamento

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Figura 1 - Localização do Planeamento

Nas grandes empresas, estas fases poderão estar

distribuídas por gabinetes distintos, embora haja s empre

uma contínua interacção entre elas. Em termos de

hierarquia, tipicamente, o Planeamento situa-se num a

posição de assessoria em relação à Direcção de Prod ução,

como se exemplifica na fig.1.

2.2. Análise de cargas e capacidades

Para fixar o programa das operações a executar, o

Planeamento tem de subordinar as cargas derivadas d as

encomendas ou do programa de fabrico às disponibili dades

dos meios de produção. Para o efeito terá de avalia r as

cargas e as capacidades, numa unidade comum.

A unidade de carga e capacidade mais frequente é o tempo.

Por exemplo, se uma oficina possui 3 máquinas idênt icas

que trabalham 40 horas por semana, a capacidade

correspondente será de 120 horas por semana. Mas há outras

unidades que podem ser utilizadas. Por exemplo, a

capacidade de um forno pode ser referida em tonelad as por

dia; a capacidade de uma linha de montagem de autom óveis

pode ser expressa em veículos por mês. Qualquer uni dade

conveniente serve, desde que seja comum para cargas e

capacidades.

A capacidade depende do número e da natureza dos me ios de

produção, do método de execução e do horário de tra balho.

Portanto, actuando sobre estes factores, podemos al terar a

capacidade.

Note-se que capacidade de produção definida na base do

horário de trabalho é um valor teórico. Na realidad e, o

Planeamento adopta uma capacidade menor devido:

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Por um lado, às perdas por dificuldades de organiza ção,

por absentismo de pessoal, por defeitos de qualidad e,

por regulação das máquinas e por paragens de manute nção

dos equipamentos;

Por outro, à conveniência de reservar alguma capaci dade

para trabalhos urgentes, prioritários ou imprevisív eis.

Estes factores, analisados estatisticamente, permit em

estabelecer coeficentes de relação entre capacidade s

teórica e prática.

No curto prazo, a forma mais simples de aumentar a

capacidade é fazer horas extraordinárias. É uma man eira de

resolver sobrecargas temporárias que, obviamente, n ão pode

ser mantida durante muito tempo. Outra maneira, é

subcontratar parte do serviço a uma empresa exterio r.

Quando o excesso de carga se prolonga, o aumento de

capacidade pode ser conseguido reforçando as equipa s; ou

criando mais turnos de laboração, por exemplo, pass ando de

laboração diurna a dois turnos. Para isso, será nec essário

recrutar e treinar pessoal, mas evita investir em n ovos

equipamentos. Se o aumento de carga não for permane nte,

mais tarde poderá haver complicações ao querer desp edir

trabalhadores. Contudo, empresas que trabalham em m ercados

sazonais recorrem frequentemente à contratação de p essoal

a prazo.

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O

B

D horas

carga acumulada

E

A

2º trim 3º trim 4º trim 1º trim

Figura 2- Diagrama acumulado de cargas e capacidades

O planeamento das capacidades perante variações saz onais

da procura pode ser apoiada em diagramas cumulativo s, como

se exemplifica na fig.2. Aí se representa, pela lin ha

carregada OED, a carga acumulada respeitante a um

horizonte anual. Verifica-se que, nos meses de Verã o, a

carga é bastante mais intensa que nos outros.

A recta a tracejado OD representa a capacidade médi a

necessária para satisfazer a carga anual. Se for ad optada

uma capacidade constante, traduzida pelo declive de ssa

recta, todas as encomendas poderiam ser satisfeitas até ao

fim do ano. Porém, no período OE, seria necessário

antecipar a produção relativamente à procura; e no período

ED haveria atraso nas entregas.

Trabalhar com capacidade constante, é vantajoso do ponto

de vista da Produção. Contudo, antecipar o fabrico no

período OE implica o conhecimento das característic as dos

produtos que vão ser procurados, criação de stocks ou

entendimentos com os clientes. Atrasar as entregas no

período ED pode ser inaceitável para alguns cliente s.

Ambas as situações acarretam riscos e custos.

Uma alternativa seria aumentar a capacidade no perí odo AB,

por exemplo, criando um turno adicional. Neste caso , a

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capacidade acumulada seguiria a linha tracejada OAB D que

está muito mais próxima da carga. Tal solução obrig aria ao

recrutamento e treino de pessoal temporário, o que implica

custos adicionais e nem sempre é possível.

Outras alternativas poderiam ser consideradas. Se a

empresa produzir segundo um catálogo de produtos e se a

curva de procura for estável, o fabrico poderá ser

antecipado de modo a não haver atrasos nas entregas . Tal

situação aparece exemplificada na fig.3. Parte-se d e um

stock inicial (OI) que, no fim do ano, é refeito (D K) para

iniciar o período seguinte. Neste caso, a capacidad e é

constante e não há atrasos nas entregas, mas aument a-se o

investimento em stocks.

O

D horas

carga acumulada

2º trim 3º trim 4º trim 1º trim

I

K

Figura 3 - capacidade constante com stock inicial

Aumentos permanentes de capacidade a mais longo pra zo

podem ser obtidos através da racionalização dos pro cessos

produtivos, tais como, melhoria dos métodos de trab alho,

das implantações fabris e da manutenção dos equipam entos.

E ainda por modernização dos equipamentos e das

tecnolgias.

A estratégia adoptadada para satisfazer a carga pre visível

no médio prazo vai condicionar o programa de fabric o e a

capacidade utilizada no planeamento. A fase seguint e é

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detalhar o programa de execução por períodos e por postos

ou sectores de trabalho por forma a que o produto s eja

entregue na data pretendida. As cargas derivadas sã o então

confrontadas com as capacidades disponíveis e, em c aso de

incompatibilidade, terão de ser feitos ajustamentos .

Se tiver sido feita uma análise global das cargas e

capacidades e resolvida a sua compatibilização por

qualquer dos processos em cima referidos, o program a de

execução precisará, apenas, de ajustamentos pontuai s como

se ilustra a seguir.

A fig.4 mostra um gráfico com a distribuição de car gas

calculadas para o sector de tornos, num horizonte d e

algumas semanas. O nível de 100% corresponde à capa cidade

teórica e de 80% à capacidade prática.

sector TORNOS

100% capacidade 80%

semanas 27252321 29 31 33 3520 22 24 26 28 30 32 34 36

horas

Figura 4 - Gráfico de análise das cargas

Globalmente, parece haver capacidade disponível par a

realizar as encomendas, porém, na 27ª semana há um

excedente de carga. Portanto, o Planeamento terá de optar

por fazer horas extra nessa semana, por deslocar pa rte

dessa carga para outros períodos ou para outras máq uinas,

ou por subcontratar.

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A deslocação de cargas para outros períodos ou para outros

postos pode ter implicações no prazo de entrega do produto

correspondente e, eventualmente, doutros produtos q ue

utilizam os mesmos recursos; e ainda nos prazos par a

execução da sequência operativa dos produtos afecta dos. A

mexida na carga de um posto em dado período vai int erferir

com as cargas de outros postos e de outro períodos. Todos

estes factores terão de ser ponderados para fazer o

ajustamento mais conveniente.

Como se referiu atrás, o planeamento é feito a vári os

níveis aumentando de detalhe e rigor à medida que o

horizonte se encurta e o sector fabril se restringe .

Também a carga é determinada com precisão tanto mai or,

quanto menor for a unidade de produção a que diz re speito,

e mais curto e próximo for o período a que se refer e. A

duração do período de contabilização das cargas,

geralmente, varia entre o dia e o mês. Quando os pr azos de

entrega são curtos, convém adoptar períodos curtos por

razões de rigor. Mas quando as urgências e os traba lhos

imprevistos são habituais, um período mais longo to rna as

transferências e ajustamentos de carga menos freque ntes.

Para se calcular, com rigor, a carga derivada de um a

encomenda, é necessário conhecer a sequência das

operações, as máquinas e os tempos de execução. Est es

dados só são conhecidos depois dessa encomenda ter sido

preparada pelos técnicos. Porém, é necessário desde logo

estimar essa carga para se fixar o plano de produçã o.

Costuma distinguir-se entre

Carga preparada correspondente à soma dos tempos

obtidos para as encomendas já preparadas; e

Carga estimada , para encomendas ainda não preparadas

Ainda que preparadas, certas encomendas podem ter d e ficar

retidas por falta de materiais, desenhos, ferrament as,

etc. Diz-se então que a carga correspondente está

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bloqueada . Cargas prontas para serem lançadas

imediatamente dizem-se disponíveis .

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3. ESTRUTURAS DE PRODUÇÃO

A estratégia de produção deve ser concebida por for ma a

atender às necessidades dos clientes (razões de mer cado) e

a tirar o maior partido dos recursos disponíveis (r azões

económicas).

A combinação de razões de mercado com razões económ icas

gera uma variedade enorme de compromissos possíveis que a

empresa terá de ponderar e escolher. Entre esses

compromissos destacaremos aqui os que se referem ao s

binómios

ciclo produtivo/prazo-de-entrega do produto

variedade/volume de produção

por terem implicações profundas na estrutura de pro dução,

na organização do fabrico e, consequentemente, no

planeamento.

3.1. Ciclo produtivo e prazo de entrega

O ciclo produtivo é o tempo necessário para realiza r o

processo produtivo. Num produto industrial, tipicam ente,

podemos distinguir vários estádios:

- (C) Concepção do produto;

- (A) Aprovisionamento dos materiais,

- (F) Fabricação;

- (M) Montagem; e

- (D) Distribuição ou entrega ao cliente.

O prazo de entrega corresponde ao tempo que decorre entre

o pedido do cliente e a satisfação desse pedido pel o

fornecedor. Esse prazo depende do produto, do

posicionamento do fornecedor no ciclo de produto

correspondente e da estratégia adoptada perante as

expectativas do mercado e o comportamento dos

concorrentes.

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O posicionamento da empresa no ciclo produtivo pode

assumir diferentes formas:

- Concepção-contra-encomenda, CCE;

- Aprovisionamento-contra-encomenda, ACE;

- Fabricação-contra-encomenda,FCE;

- Montagem-contra-encomenda,MCE;

- Entrega-contra-encomenda,ECE; e

- Produção-para-stock, PPS

Na concepção-contra-encomenda , o cliente especifica o

desempenho do produto. A partir dessa especificação, a

empresa fornecedora realiza a totalidade dos estádi os,

isto é, C+A+F+M+D. Tal situação pode ser exemplific ada

pela encomenda das turbinas para uma central hidro-

eléctrica. As turbinas têm de ser concebidas e fabr icadas

para cada caso particular. Nestas situações, o praz o de

entrega corresponde a todo o ciclo de produto C+A+F +M+D.

No aprovisionamento-contra-encomenda , é habitual o cliente

fornecer o projecto do produto. Tal situação ocorre quando

uma empresa é sub-contratada para fazer uma parte d e uma

máquina. Noutros casos, o fornecedor dispõe já de u m stock

de projectos, previamente concebidos, para o client e

escolher. O prazo de entrega corresponde à duração dos

estádios é A+F+M+D.

Na fabricação-contra-encomenda , o prazo de entrega

corresponde à duração dos estádios F+M+D. Os materi ais

podem ser fornecidos pelo cliente, como acontece co m os

tecidos que as empresas têxteis mandam para tingir.

Noutros casos, a empresa fornecedora dispõe já de u m stock

com os materiais necessários, sobretudo se esses ma teriais

são de uso corrente.

Na montagem-contra-encomenda , a empresa fornecedora dispõe

de um stock de componentes ou módulos que, combinad os,

possibilitam diferentes versões finais. O prazo de entrega

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corresponde a M+D. Algumas fábricas de mobiliário d e

escritório adoptam este esquema.

Na entrega-contra-encomenda , a empresa fornecedora dispõe

de um stock de produtos finais para satisfazer

imediatamente as encomendas. Geralmente, são artigo s com

grande venda. O prazo de entrega corresponde ao tem po D.

Na produção-para-stock , os produtos são realizados antes

de aparecerem as encomendas, com base em previsões da

procura. A PPS está associada aos posicionamentos e m cima

referidos, sendo o seu principal objectivo reduzir o prazo

de entrega, tornando-o inferior ao ciclo produtivo. Note-

se que o conceito produção é utilizado aqui no sentido

lato de produção de bens e de serviços.

A fig.5 esquematiza os vários posicionamentos menci onados.

concepção aprovisionam. fabricação montagem distribuição

CCE

ACE

FCE

MCE

ECE

possível PPS e stock

Figura 5 - ciclos do produto e prazos de entrega

Se uma empresa que se posiciona num ciclo CCE, disp user de

um stock ou carteira de projectos, em que algum sat isfaça

os requisitos do cliente, poderá oferecer um prazo de

entrega menor, A+F+M+D, correspondente ao ACE. E se

dispuser de um stock de materiais para satisfazer a s

encomendas, poderá oferecer um prazo de entrega F+M +D,

idêntico à FCE. E se dispuser de um stock de compon entes

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que lhe permita montar as diversas versões do produ to

final, poderá oferecer um prazo de entrega M+D. E s e

dispuser de um stock de produtos finais poderá ofer ecer um

prazo de entrega D.

Tais stocks podem derivar de produção interna, isto é PPS,

ou serem adquiridos a terceiros. Como se disse, per mitem

tornar o prazo de entrega menor que o ciclo produti vo em

que a empresa se posiciona. Isto corresponde, geral mente,

a uma vantagem concorrencial. Porém, os stocks traz em

custos significativos e correm o risco de se tornar em

obsoletos. Esses custos e riscos serão tanto maiore s

quanto mais raro e especial for o artigo ou produto . Para

definir uma estratégia de produção, relativamente a stocks

e prazos de entrega, devem ser comparados os custos e as

vantagens comerciais, para os diversos tipos de sto cks

possíveis nos vários estádios do ciclo produtivo.

3.2. Variedade e volume de produção

A variedade de produção refere-se à diversidade de

produtos saídos de uma determinada empresa e é medi do pelo

número de artigos diferentes. O volume de produção diz

respeito ao trabalho incorporado no conjunto dos pr odutos

executados, durante um certo período base. O volume pode

ser expresso em horas/ano ou por outra unidade apro priada.

Se a variedade é muito grande, os meios de produção tendem

a ser ocupados com diversos produtos e, por isso, t êm de

ser versáteis e polivalentes. Porém, se o volume de

produção aumentar, aumenta também a quantidade de r ecursos

necessários. A dada altura pode ser possível e conv eniente

repartir esses recursos por sectores, ficando cada sector

dedicado a uma família de produtos com característi cas

homogéneas. A especialização dos meios de produção por

famílias permite maior produtividade, desde que o v olume

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de produção seja suficiente para ocupar os vários

sectores.

Quanto maior for o rácio volume/variedade, maior po derá

ser a especialização dos meios de produção. Este fa cto

conduz, na prática, a diferentes processos produtiv os,

habitualmente classificados em quatro grupos:

- projecto;

- produção por encomenda;

- produção por lotes; e

- produção contínua.

O projecto corresponde a um produto de concepção e

execução únicas e complexas, envolve um volume elev ado de

recursos e tem um prazo de entrega longo. A encomen da é

para uma ou algumas unidades, apenas, e, geralmente , não

se repete. É o caso da construção de uma ponte, de um

navio ou de um edifício. Tipicamente, a empresa de

projectos adopta um posicionamento CCE no ciclo pro dutivo,

embora possa sub-contratar parte da execução.

A produção por encomenda corresponde a produtos que, sendo

de concepção e execução pouco complexas para a capa cidade

da empresa, têm procuras individuais relativamente baixas.

Uma empresa que produz por encomenda executa pequen as

quantidades de uma grande variedade de produtos (em bora

entre estes haja semelhanças tecnológicas). Num dad o

momento, podem estar a ser executados diversos prod utos,

partilhando os meios de produção existentes. É o ca so de

oficinas metalo-mecânicas. Geralmente são pequenas

empresas cujo posicionamento no ciclo produtivo é d o tipo

ACE ou FCE.

A produção por lotes aparece em empresas que oferecem um

catálogo de produtos com procura média ou alta. São

geralmente médias empresas que fazem PPS associada a um

posicionamento MCE ou ECE perante os clientes. O

lançamento em fabrico é feito por lotes, isto é em

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quantidades superiores às necessidades imediatas,

destinadas a repor os stocks. Estes são geridos a p artir

da procura prevista e sujeitos a regras de

reaprovisionamento. Lotes de diferentes artigos vão sendo

sucessivamente lançados, ocupando a execução de cad a lote

um tempo significativo dos meios de produção envolv idos.

São exemplos, algumas fábricas de confecções, de

mobiliário e de máquinas .

Na produção contínua , os meios de produção estão dedicados

à execução de um produto, permanentemente ou quase. A

empresa produz uma pequena variedade de artigos, em grande

quantidade. Típicamente faz PPS e ECE. Geralmente s ão

grandes empresas, tais como, refinarias, siderurgia s,

têxteis e montagem de automóveis. Por vezes têm mai s de

uma linha de produção contínua.

Estes processos produtivos estão associados a certa s

disposições oficinais típicas, habitualmente design adas

por:

implantação em estaleiro;

implantação funcional;

implantação celular; e

implantação em linha.

Na implantação em estaleiro , o objecto em execução

permanece em local fixo durante todo o processo pro dutivo,

e são os meios de produção que são deslocados para junto

dele, conforme as necessidades. É a situação que oc orre na

construção civil, na montagem de instalações fabris , na

reparação e construção de navios e, em geral, na pr odução

de equipamentos que pela sua natureza ou dimensão n ão

podem mover-se ou são de transporte difícil, e em q ue o

tempo de execução é muito longo. Tais equipamentos são

típicos na produção por projecto.

Na implantação funcional , os meios de produção são fixos e

estão fisicamente agrupados por natureza ou tipo. É o caso

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2008/2009 18

de uma oficina mecânica em que há um sector de torn os,

outro de frezadoras, outro de rectificadoras, etc. Esta

disposição é muito frequente na produção por encome nda em

que há uma grande variedade de produtos cujas opera ções

têm sequências muito diversas e tempos de execução curtos.

Na implantação célular , meios de produção de tipo distinto

são agrupados por famílias de produtos. Dentro de c ada

família, os produtos podem ser geometricamente muit o

distintos, mas envolvem operações que são executada s pelo

mesmo conjunto de máquinas, embora com sequências

operacionais diferentes. Este conjunto de máquinas está

fisicamente agrupado, constituindo a célula . É o princípio

da tecnologia de grupo . Assim, cada produto é executado

pela célula destinada à sua família.

Se a empresa produz de acordo com um catálogo de pr odutos,

que permita definir famílias estáveis, e se o volum e de

produção obrigar a ter máquinas repetidas de cada t ipo, é

possível redistribuir essas máquinas por células, t ornando

a organização oficinal mais eficaz. A produção por lotes,

frequentemente, está associada a essa implantação.

processo produtivo

posicionamento no ciclo

implantação fabril

volume/ variedade

projecto

pr. encomenda

pr. lotes

pr. contínua

CCE

ACE

FCE

MCE (+PPS)

ECE (+PPS)

celular

funcional estaleiro

volume/ variedade

funcional

linha

funcional

linha

Figura 6 - Relações entre modos de produção

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2008/2009 19

Na produção em linha , os equipamentos necessários para a

execução de um produto estão fisicamente dispostos segundo

a sequência de operações. Uma linha fica dedicada a um

produto ou a produtos com idêntica sequência operat iva.

Naturalmente, esta implantação só se justifica se o volume

de produção ocupar essa linha permanentemente ou qu ase,

como acontece na produção contínua.

Concluindo, há certa correspondência entre volume d e

produção, processo produtivo, posicionamento no cic lo e

implantação oficinal como se indica na fig.6. Contu do,

essa correspondência não é rígida, podendo haver ou tras

combinações adequadas ao processo produtivo. Por ou tro

lado, numa empresa podem coexistir diversos process os,

posicionamentos e implantações.

3.3. Estruturas produtivas e planeamento

O Planeamento tem a missão de coordenar a produção e actua

de acordo com alguns princípios genéricos já anteri ormente

referidos. Além disso, possui algumas característic as

específicas, nomeadamente nas técnicas empregadas, que se

prendem com a estrutura produtiva em que actua.

Os próximos capítulos tratarão separadamente o plan eamento

de projectos, de produção por encomenda, de produçã o por

lotes e de produção contínua. Isso não significa qu e os

conceitos utilizados num tipo de produção sejam

inaplicáveis num outro. Trata-se antes de ir aprese ntando

as diversas técnicas no contexto produtivo em que a ssumem

maior relevância.

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2008/2009 20

4. PLANEAMENTO DE PROJECTOS

Um projecto, no conceito aqui considerado, envolve um

número muito grande de actividades cuja execução gl obal

tem um prazo longo. Grande parte dessas actividades têm um

encadeamento tecnológico, isto é, há operações que não

podem ser iniciadas sem que outras estejam concluíd as. Uma

questão básica no planeamento de projectos é estabe lecer o

calendário das actividades por forma a respeitar o seu

encadeamento tecnológico e, complementarmente, dete rminar

o prazo mínimo necessário para executar todo o proj ecto.

Várias técnicas foram desenvolvidas para resolver e ste

problema, habitualmente designadas por redes de

actividades. Entre estas destacam-se o PERT (progra m

evaluation and review technique) e o CPM (critical path

method). O PERT permite estabelecer um planeamento de

actividades, cujo tempo de execução está sujeito a uma

distribuição probabilística, por forma a calcular u m prazo

esperado para realização do projecto. O CPM é dirig ido

para tarefas cujo tempo de realização é dependente dos

recursos empregados (e do seu custo), permitindo

relacionar a duração total do projecto com o seu cu sto

mínimo. Também podem ser consideradas situações em que os

recursos são limitados e, por isso, têm de ser part ilhados

entre diversas actividades simultâneas.

As diferentes análises possíveis têm um ponto de pa rtida

comum que é a elaboração da rede de actividades que

permite definir o caminho crítico e o prazo mínimo do

projecto. O leitor poderá encontrar na bibliografia da

disciplina de Investigação Operacional descrição

pormenorizada das técnicas utilizadas no Planeament o e

Controle de Projectos.

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2008/2009 21

5. PLANEAMENTO DA PRODUÇÃO POR ENCOMENDA

Neste tipo de produção, habitualmente, a empresa te m

muitas e diversas encomendas que realiza em simultâ neo,

partilhando os recursos existentes. Cada encomenda diz

respeito a produtos específicos, pouco repetidos (e mbora

com semelhanças tecnológicas), e utiliza uma pequen a

fracção da capacidade da empresa.

Assim, a encomenda gera um processo que vai percorr er um

circuito de várias etapas, através de diversos sect ores da

empresa. E há, nesse circuito, múltiplos processos que o

Plameamento tem de coordenar para cumprir os prazos de

entrega, dentro de critérios económicos de utilizaç ão de

recursos.

5.1 Etapas de uma encomenda

O Planeamento coordena as várias etapas do circuito e

estabelece as ligações entre os diversos sectores

intervenientes no processo de encomenda. A fig.15

esquematiza esse circuito que, no entanto, tem vari antes

de acordo com as características e dimensões da emp resa.

O sector de Marketing (sector de Vendas ou Comercia l)

recebe as encomendas dos clientes, com a indicação dos

produtos, quantidades e prazos de entrega. A essas

encomendas pode juntar outros produtos, decorrentes das

previsões de venda A partir das encomendas e previ sões,

elabora ordens de fabrico que envia ao Planeamento,

eventualmente, com documentação complementar fornec ida

pelos clientes respectivos.

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2008/2009 22

Figura 15 - Circuito das encomendas

Ao Planeamento compete, então:

- Transmitir, ao Gabinete de Projecto, os elementos

referentes às ordens de fabrico;

- Estabelecer um programa provisório de execução da s

grandes etapas da encomenda; se necessário, desenca dear

a compra de materiais de aquisição demorada, e a

execução de ferramentas especiais;

- Recebido o trabalho do Gabinete de Projecto, deta lhar

o programa completo e definitivo da execução da

encomenda; e transmitir os documentos relevantes às

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 23

secções interessadas, em particular, aos Métodos, a os

Aprovisionamentos, e à Fabricação;

- Informar o Marketing de eventuais alterações de

prazos;

- Planear transportes para clientes e fornecedores; e

- Controlar todas as etapas do processo em ligação com

todos os sectores mencionados, introduzindo as

correcções necessárias

O sector de Métodos tem por função estudar o proces so de

fabrico, definir e instruir a sequência de operaçõe s, e

fazer os desenhos ou especificar as encomendas de

ferramentas especiais.

Nas empresas de pequena e média dimensão, frequente mente,

os sectores de Projectos, Métodos e Planeamento tra balham

num mesmo gabinete. É essa a situação representada na

fig.15.

Seguidamente, o processo de encomenda passa ao plan eamento

oficinal que executa as tarefas de ordenamento

(preparação, distribuição e programação), lançament o e

acompanhamento.

A Preparação vai detalhar as instruções por posto d e

trabalho, completando as informações técnicas anter iores,

e elaborar os documentos administrativos respeitant es a

materiais, ferramentas, transportes, verificações, etc. A

Distribuição mantém o controlo das cargas preparada s e,

oportunamente, envia-as à Programação. Esta faz o

escalonamento das operações e estabelece a afectaçã o final

das máquinas e do pessoal.

O Lançamento faz a requisição dos materiais, das

ferramentas e dos transportes, e desencadeia as ope rações

conforme programado. Cabe ao Acompanhamento garanti r a

evolução da obra segundo os planos, informando a

Programação de quaisquer dificuldades (que, por sua vez,

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 24

alertará o Planeamento se tiver de haver alterações de

planos). O Acompanhamento seguirá a obra até à sua

expedição (para o cliente, para o armazém de produt os ou

para outra secção da empresa) e informará os sector es a

montante.

O esquema apresentado é uma versão simplificada do que se

passa numa grande empresa. Aí, as funções são mais

especializadas e os sectores desdobram-se. Em contr a-

partida, nas pequenas empresas, algumas das funções

indicadas podem ser realizadas num único sector, ta lvez

por um mesmo funcionário. Por exemplo, a programaçã o, o

lançamento e o acompanhamento podem ser agregados n um

gabinete; os métodos, o planeamento, a preparação e a

distribuição podem ir para outro.

A informatização veio alterar profundamente o esque ma

tradicional em cima referido. As tarefas são as mes mas mas

são apoiadas em poderosos meios computacionais. O C AD

(computer aided design) permite fazer rapidamente u m

projecto e obter os desenhos e nomenclaturas. O CAM

(computer aided manufacturing) define as operações a

executar e, se ligado a máquinas CNC (computer nume rical

control), regula e controla a própria execução. A

programação pode ser também efectuada no computador , assim

como, as requisições de materiais e de ferramentas. As

instruções são enviadas para os operadores através de uma

rede de terminais. E o acompanhamento utiliza a mes ma rede

para transmitir ao centro de planeamento a evolução do

processo.

Todas as actividades, materiais, máquinas e operado res, e

todas as informações relativas a custos, prazos e s tocks,

podem ser geridos centralmente e distribuídos aos s ectores

interessados pela via informática. O sistema que ag rega

estas tarefas é habitualmente designado por CIM - C omputer

Integrated Manufacturing.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 25

Com o CIM é possível gerir o processo produtivo de forma

muito mais eficaz, com menores recursos humanos e m enores

prazos de entrega. Porém, para que o CIM funcione b em, é

indispensável, além dos meios técnicos, um alto nív el de

organização.

5.2. Planeamento da capacidade oficinal

As ordens de fabrico em carteira vão traduzir-se nu ma

carga oficinal que deve ser ajustada às capacidades

disponíveis. Essa carga vai sendo conhecida com mai or

precisão à medida que avançam os processos de proje cto e

de método de fabrico relativos a cada encomenda: ma s é

sempre possível fazer uma estimativa.

Haverá então que distribuir, no tempo, as cargas

estimadas, de acordo com as capacidades disponíveis e

atendendo às datas de entrega.

1. CP capac. JAN FEV MAR ABR MAI 2. 600 500 450 700 500 650 3. _cp 500 950 1650 2150 2800 4. _cp 600 1200 1800 2400 3000 5. 800 750 800 750 780 700 6. _cg 750 1550 2300 3080 3780 7. _cp 800 1600 2400 3200 4000 8. 600 600 700 650 570 560 9. _cg 600 1300 1950 2520 3080 10. _cp 600 1200 1800 2400 3000 11. 1000 900 800 1200 1000 950 12. _cg 900 1700 2900 3900 4850 13. _cp 1000 2000 3000 4000 5000 14. TOTAIS 15. 2750 2750 3300 2850 2860 16. _cg 2750 5500 8800 11650 14510 17. _cp 3000 6000 9000 12000 15000

Numa primeira análise, calculam-se as cargas acumul adas

para cada um dos centros de produção. Sejam, por ex emplo,

as cargas em horas-homem (hH) para os centros de pr odução

(CP) 1-3 referidas no quadro junto.

Relativamente à carga total, parece haver capacidad e

suficiente uma vez qua as cargas acumuladas ( _cg ) são

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 26

inferiores às capacidades acumuladas ( _cp ). Vê-se, porém,

que terá de haver antecipação da carga afectada ao mês de

Março, pois, estão aí afectadas 3300 hH e a capacid ade é

de 3000.

Após esta avaliação da carga total, será necessário fazer

a análise de cada centro de produção. Relativamente a CP1,

não há problema desde que se antecipe a carga de Ma rço. De

modo semelhante, seria posível satisfazer as cargas

afectadas a CP2 e CP4. Porém, em CP3, a a carga acu mulada

até ao fim de Maio excede a capacidade normal. Será de

analisar se os prazos das obras a que a carga corre sponde

podem ser dilatados. Se não puderem, será necssário

arranjar capacidade extra (horas suplementares, des locação

do pessoal dos centros em sub-carga, sub-contrataçã o,

etc.).

Há um ponto importante que não deve ser esquecido. As

capacidades que temos vindo a considerar são as rea is e

disponíveis, e não as capacidades teóricas. Os

equipamentos têm avarias, paragens para manutenção e

outros imprevistos; há absentismo de pessoal; as op erações

têm tempos mortos e estão sujeitas a erros e refugo s:

todas estas ineficiências devem ser consideradas no

cálculo das capacidades reais. Além disso, pode ser

conveniente reservar uma parte da capacidade para

urgências.que eventualmente apareçam.

Tendo estes aspectos em consideração, o planeamento

procurará fazer o melhor ajuste entre cargas e

capacidades. Nos períodos em que parte da carga tiv er de

ser antecipada ou atrasada, terá de decidir que obr as vão

ser abrangidas. Se for preciso efectuar horas extra ou

sub-contratar, terá de fixar quem, quando e onde. O

processo de planeamento requer, em geral, várias

tentativas até se acertar um plano satisfatório.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 27

5.3. Plano oficinal

O planeamento de capacidades é uma análise grosseir a num

horizonte largo, para se fazer um primeiro acerto. Os

processos (de projecto e métodos) relativos às orde ns

planeadas para os meses imediatos, foram entretanto

concluídos. Passa-se então ao plano oficinal, mais

detalhado, com horizonte e período menores.

Vejamos um exemplo. No planeamento de capacidade, p reviu-

se a realização de uma dada obra nos meses de Janei ro e

Fevereiro, num total de 680 hH. A obra divide-se em várias

operações identificadas de A a K. No quadro junto,

indicam-se as cargas correspondentes e os tempos de

execução, admitindo que cada operação envolve dois

operários.

núm. carga tempo centro oper. (hH) (h) produção A 120 60 CP1 B 40 20 CP1 C 40 20 CP2 D 40 20 CP1 E 100 50 CP2 F 40 20 CP3 G 80 40 CP4 H 30 15 CP3 I 70 35 CP3 J 70 35 CP3 K 50 25 CP4 680

A ordem de precedência de operações é ilustrada no

diagrama da fig.16. Não havendo restrições de capac idade,

a obra pode ser planeada num mapa de Gantt , iniciando as

operações na data mais próxima, como se indica na f ig.17.

A

B

C

G

D

E H

F

I

J K

Figura 16 - Precedências nas operações

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A D B

C E

F I H J

G K

centrosemana

CP1

CP2

CP3

CP4

S1 S2 S3 S4 S5

Figura 17 - Mapa de Gantt

A execução desta obra não levantaria quaisquer prob lemas

de planeamento se não houvesse outras obras, visto que as

cargas originadas são inferiores às capacidades dos

centros. Porém, na maior parte das vezes, há várias obras

a considerar simultaneamente.

Um critério utilizado é começar a carregar pelas ob ras que

devem ser entregues mais cedo. Outro critério, é lo calizar

as operações tão tarde quanto possível, sem comprom eter a

data de entrega final da obra. Aliás, estes dois cr itérios

podem ser conjugados, isto é, dar prioridade às obr as com

prazos de entrega mais próximos, mas localizando as

operações o mais tarde possível.

Frequentemente, surgem situações em que as capacida des são

excedidas. Então, ou se aumenta a capacidadade (hor as

extra, subcontratação, etc.) ou se atrasam algumas

entregas (e, neste caso, há que decidir quais).

O cumprimento dos prazos de entrega é uma questão

essencial e, por isso, se procura eliminar ou reduz ir os

atrasos. Mas há outros aspectos a atender, designad amente,

a ocupação equilibrada dos recursos ao longo do tem po; e a

permanência das obras na oficina que deve ser tão c urta

quanto possível para evitar excessivos stocks de ma teriais

em curso de fabrico.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 29

O estabelecimento de um plano obriga, assim, a uma análise

complicada. O que se faz, normalmente, é arranjar v árias

alternativas possíveis para escolher a mais satisfa tória.

Os modernos métodos de análise e simulação por comp utador

aliviam muito o peso desta tarefa.

Os quadros de Gantt, do tipo apresentado na fig.17, são

muito úteis para visualizar as cargas e buscar

alternativas, mas não incluem todas as informações

necessárias. Por isso, adicionalmente, utilizam-se fichas

de carga , como se exemplifica na fig.18, que permitem um

registo detalhado. Cada ficha de carga corresponde a um

período de planeamento (dia, semana, mês,...) e pod e

referir-se a um centro ou a um posto de trabalho, c onforme

as conveniências.

Figura 18 - Exemplo de ficha de carga

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 30

5.4. Preparação do trabalho e dossier de fabrico

Os Métodos definem os processos de execução, e o

Planeamento faz a alocação temporal das ordens de f abrico

por centros de trabalho. Cabe ao sector de Preparaç ão

detalhar essas ordens, designadamente:

- Sub-dividir as obras em partes adequadas para um

trabalho eficaz nos centros de trabalho;

- Para cada uma dessas partes, indicar a sequência de

operações, os postos de trabalho, a especialidade e o

número de operários, os materiais, as especificaçõe s

técnicas, as ferramentas especiais, os desenhos, et c.

Estas informações têm de ser veiculadas para os vár ios

sectores intervenientes no processo de fabrico. Num a

produção controlada por um sistema integrado do tip o CIM

(computer integrated manufacturing), a difusão das

informações é feita através da rede de computadores e,

nalguns casos, quase não tem documentação de suport e. Em

situações informaticamente menos evoluídas, os docu mentos

a emitir são múltiplos e variados. Esses documentos

constituem o dossier de fabrico (por vezes designado por

dossier de trabalho ou pacote de trabalho ).

Os principais documentos que constituem o dossier d e

fabrico são referidos a seguir, mostrando alguns ex emplos.

Contudo, a sua forma e número diferem muito de empr esa

para empresa, consoante o tipo de organização inter na

Ficha de fabrico ( gama ou sequência de processo )

Relaciona as diferentes fases do processo de fabric o ou

montagem e define postos de trabalho, ferramentas,

tempos de execução e prazos. Indica também a rota q ue o

processo deve seguir (ver fig.19)

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 31

Ficha de trabalho

É feita para cada uma das operações contidas na fic ha

de fabrico. Assinala o posto e o operário, detalha a

execução, define tempos e quantidades previstas. Se rve

também para registar os tempos e as quantidades

realizadas, os operários que as efectuaram e as dat as

de início e conclusão, dados que vão permitir o

acompanhamento do processso. A ficha de trabalho, s e

necessário, é acompanhada de uma folha de instruções

com detalhes sobre o método operatório e ferramenta s a

utilizar (ver figs.20a,b).

Figura 19 - Exemplo de ficha de fabrico

Lista de materiais

Identifica os materiais necessários para executar c ada

uma das operações do processo (ver fig.21).

Requisição de materiais

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 32

Destina-se a levantar de armazém os materiais

necessários para cada operação. Em muitos casos, é

utilizado um mesmo documento como lista e requisiçã o de

materiais.

Etiqueta de identificação

Serve para identificar lotes de peças ou de materia is

com relação à obra e indicar o seu destino.

Figura 20a - Exemplo de ficha de trabalho

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 33

Figura 20b - Exemplo do verso da ficha de trabalho

Figura 21 - Exemplo de lista de material

Requisição de ferramentas

É utilizada para levantar ferramentas. Serve também

para controlar o seu uso e localização.

Planeamento da Produção - B.C.V.

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Ficha de inspecção

Destina-se a ordenar e especificar o controlo de

qualidade; é também aproveitada para desencadear

correcções.

Requisição de transporte

Terminada uma operação, ordena o transporte de um l ote

para o posto onde será executada a operação seguint e.

Nota de entrega

Terminado o processo numa secção, controla e regist a a

entrega à secção seguinte.

Frequentemente, o formato destes documentos tem par tes

comuns, o que facilita o seu preenchimento por deca lque.

Outras vezes, o dossier simplifica-se, utilizando o mesmo

documento para várias finalidades. Por exemplo, a f icha de

fabrico pode servir de ficha de trabalho, de requis ição de

material e de nota de entrega. Essa documentação é

dirigida aos sectores interessados que nela regista m

informações sobre o processo efectivamente realizad o. A

documentação (ou as suas cópias) regressa ao planea mento

que pode, assim, acompanhar o processo e difundir a s

informações relevantes para a contabilidade, para o sector

comercial, para os métodos, etc., sobre a obra real izada

5.5. Programação, Lançamento e Acompanhamento

Um plano oficinal indica, por exemplo, as obras a e fectuar

semanalmente em cada centro de produção. Na altura

oportuna, os dossiers de fabrico são entregues à

Programação. A programação é uma planificação detal hada, a

muito curto prazo, baseada nas condições concretas da

oficina e por forma a cumprir as datas indicadas no plano

oficinal. Se neste, as cargas são afectadas por sem ana e

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 35

por centro de produção, na programação são afectada s dia a

dia e por posto de trabalho.

A programação requer um conhecimento minucioso das

operações, das máquinas e dos operadores, bem como, da

situação de carga em cada posto. Os princípios de a juste

de cargas são basicamente os mesmos dos planos ofic inais.

Porém, o cumprimento das datas é por vezes difícil porque

o plano baseou-se em capacidades médias do sector,

enquanto a programação tem de concretizar as operaç ões

para postos de trabalho individualizados.

Na sequência da programação vem o Lançamento. Este sector

faz a requisição dos materiais e ferramentas a entr egar no

posto de trabalho; e, depois de confirmar a chegada

daqueles e a disponibilidade deste, manda executar as

obras segundo as instruções contidas no dossier de

fabrico.

O Acompanhamento faz o controlo do avanço das obras , isto

é, das operações, das quantidades, dos transportes, etc.,

para que se desenrolem de acordo com o planeado,

informando a Programação de quaisquer desvios e reg istando

o desenrolar do processo, designadamente:

- Os tempos de princípio e fim de cada tarefa, a indi car

nas fichas de trabalho;

- Os tempos imprevistos de paragem de homens e máquin as;

- Os atrasos na conclusão das tarefas, com as respect ivas

razões;

- Os produtos rejeitados, iniciando medidas para a su a

reparação ou substituição.

O Acompanhamento deverá seguir o movimento dos mate riais

através dos vários centros oficinais, em conformida de com

a ficha de fabrico. As informações colhidas são

transmitidas à Programação. Entre outros fins, essa s

informações destinam-se a efectuar o controlo de av anço

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 36

das obras, isto é, confrontar o andamento real com o

planeado. Havendo desvios, deverão investigar-se as causas

e introduzir correcções. A Programação, por seu tur no,

deverá comunicar ao sector de planeamento de nível

imediato, o andamento das obras, desvios, dificulda des e

razões, para que este faça também o controlo de ava nço dos

seus planos e desencadeie as acções apropriadas. Es te

fluxo ascendente de informação vai, assim progredin do até

chegar ao planeamento de nível mais elevado.

Os desvios dos planos podem ser facilmente visualiz ados

nos gráficos de Gantt, justapondo nas barras de car ga uma

faixa mais estreita com um comprimento proporcional à

parte já realizada.

Figura 22 - Plano com marcação dos avanços

A fig.22 põe em evidência a marcação dos avanços. A linha

AB representa o momento actual (3º dia, neste exemp lo). A

faixa escura, na parte inferior das barras de carga ,

indica a porção destas cargas que já está executada . Vemos

assim que a operação A1 leva cerca de dia e meio de

atraso. A operação A2 não foi iniciada, presumivelm ente,

aguardando a conclusão de A1. A operação B1, porém, foi

antecipada em relação à data prevista e leva já cer ca de

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 37

um dia de trabalho. O avanço de cada obra calcula-s e pela

proporção:

(hH terminadas)/(hH previstas); ou

(nº peças terminadas)/(nº peças previstas).

Estes princípios aplicam-se a todos os níveis de

planeamento, não somente à programação. Bastará, as sim, um

simples relance para se ter uma ideia sobre o andam ento do

conjunto das obras. Por vezes, incluem-se no quadro certos

símbolos relacionados com o motivo dos atrasos. Por

exemplo, cartão vermelho para avaria da máquina, ca rtão

amarelo para falta de material, etc.

O computador é um auxiliar poderoso da programação e do

planeamento. As aplicações informáticas dispõem, em geral,

de algoritmos que fazem a primeira alocação das ope rações,

de acordo com critérios pre-estabelecidos. Segue-se uma

fase interactiva em que o programador ensaia altern ativas,

por vezes, recorrendo a métodos de simulação.

5.6. Conclusão

As secções precedentes deram uma visão do sistema d e

informações necessárias ao planeamento e controlo d a

produção que será útil recapitular, regressando à f ig.15.

O Marketing faz as previsões das vendas, conhece as

encomendas e passa essa informação ao Planeamento. Quando

o produto é novo, a encomenda passa pelo sector de

Projecto e, em seguida, por Métodos que define o mo do

operatório. O Planeamento analisa as cargas, os pra zos, as

capacidades, estabelece os planos de produção e inf orma a

Preparação para que seja feito o dossier de fabrico . A

Distribuição Oficinal mantém o controlo das cargas

preparadas e, em tempo conveniente, envia-as à

Programação. Este sector estabelece a afectação fin al das

máquinas e do pessoal. No dia programado, o Lançame nto

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 38

ordena a execução depois de ter requisitado os mate riais e

ferramentas. Cabe ao Acompanhamento garantir a evol ução da

obra segundo os planos, informando a Programação de

quaisquer dificuldades (que, por sua vez, alertará o

Planeamento, se tiver de haver alteração de planos) . O

Acompanhamento seguirá a obra até à sua expedição ( para o

cliente, para o armazém ou para outro sector) e inf ormará

os sectores a montante.

Pouca referência se fez aos aspectos contabilístico s.

Materiais, tempos-homem, tempos-máquina, estudos es peciais

e outras despesas directas vão sendo registados nos

documentos de produção. Cópias ou extractos das fic has de

trabalho, das requisições de material, dos pedidos ao

exterior, de sub-contratos, etc., são enviados à

Contabilidade para imputação de custos e facturação . Parte

dessa imputação poderá ser feita por via informátic a.

Por último, uma breve nota sobre a análise final da s

obras. Nos documentos constantes do dossier de fabr ico vão

sendo anotadas informações da maior relevância para o

gestor. Concretamente, os tempos de execução e os t empos-

homem, previstos e realizados, operação a operação, bem

como, dificuldades e atrasos verificados. Estes dad os

permitem fazer uma análise final, rever as tarifas de

orçamentação e planeamento, classificar os componen tes dos

custos, etc., aspectos fundamentais para a progress iva

melhoria dos serviços.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 39

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 40

6. PLANEAMENTO DA PRODUÇÃO POR LOTES

Um lote corresponde a uma certa quantidade de artig os

iguais cuja produção é desencadeada por uma mesma o rdem de

fabrico. A produção por lotes está associada ao fab rico

repetitivo de artigos com razoável consumo e, geral mente,

de complexidade não muito elevada.

Por vezes, este tipo de produção é comandado pelos

reaprovisionamentos de armazém, sendo este que dete rmina

as quantidades e os prazos de execução dos lotes, d e

acordo com as regras de gestão de stocks. Neste cas o,

temos uma produção-para-stock , podendo tais stocks

contemplar quer produtos finais quer sub-conjuntos e

componentes de fabrico próprio.

Os modelos e as regras de gestão de stocks não serã o aqui

tratados. Interessa porém referir que a gestão de s tocks

se baseia em previsões de consumos (ou vendas) e em regras

que procuram minimizar a soma dos custos de

aprovisionamento e posse de stocks. Uma destas regr as,

talvez a mais usada na produção-para-stock, define a

quantidade económica de encomenda Q pela expressão

Q =

2. F 0 .DF 1 .C

em que

F 0 = custo fixo de uma encomenda

D = taxa anual de procura do artigo

F 1 = taxa anual de posse do stock

C = custo de uma unidade do artigo

O custo F0, no caso de produção na empresa, inclui os

tempos de preparação das máquinas envolvidas na pro dução

do artigo (imobilização para mudança de ferramentas ,

afinação, etc.) e todas as despesas administrativas de

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 41

preparação, lançamento e controlo das ordens de fab rico.

Esse custo é praticamente fixo para cada artigo, ou seja,

é independente da quantidade Q.

A procura D traduz a venda ou o consumo do artigo, sendo

estimada com base em métodos estatísticos de previs ão. No

caso de a procura não ser estacionária, a taxa anual de

procura é variável ao longo do ano. Então, deve ado ptar-se

a taxa instantânea estimada para o período imediato ,

expressa em unidades/ano.

A taxa F1 é o custo anual de manter uma unidade monetária

em stock. Por exemplo, F1=0,15 significa que manter 100

contos de mercadoria em stock custa 15 contos por a no.

Esta taxa inclui o juro do capital empatado, os cus tos de

armazenagem, seguros, deterioração, etc. Geralmente ,

adopta-se a mesma taxa de posse para todos os artig os, a

menos que haja grande diversidade na sua natureza f isico-

química ou nos requisitos de armazenagem.

O custo C corresponde ao valor unitário do artigo em

armazém, incluindo assim os materiais incorporados e todos

os gastos directos e indirectos de produção.

A fórmula em cima indicada mostra que o lote económ ico Q

será tanto maior for o consumo D e o tempo de preparação

das máquinas (a maior parcela de F0); e tanto menor quanto

maior for o custo do artigo. Este critério de lotea mento

parece correcto quando aplicado a cada artigo,

isoladamente; mas perde sentido quando se trata de vários

artigos para serem incorporados num mesmo conjunto, como

se exemplifica a seguir.

Consideremos uma caixa de engrenagens X, constituída por

várias peças, entre as quais se incluem uma roda de ntada Y

e um veio Z. Naturalmente, Cx>( Cy+Cz) e, provavelmente,

Cy>Cz . Admitamos que Cx=5Cy=7Cz e que as restantes

variáveis D, F0 e F1 são idênticas para os três artigos.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 42

Aplicando a fórmula da quantidade económica, conclu i-se

que Qz=_(7/5). Qy=_7. Qx ., isto é, Qz =1,18. Qy =2,65. Qx .

Se o lote económico de X for, por hipótese, Qx=100, vem

Qy=224 e Qz=265. Portanto, um lote de Y e um de Z dão para

fazer dois lotes de X; mas sobram 24 unidades de Y e 65 de

Z que vão ficar desnecessariamente parados em stock. Neste

caso, parece ser mais razoável que Qy e Qz sejam múltiplos

de Qx .

A interdependência que deve existir entre as quanti dades

dos componentes de um mesmo conjunto conduziu a nov as

abordagens no planeamento da produção por lotes,

designadamente, os métodos MRP, JIT e OPT que serão aqui

apresentados. O primeiro será descrito com maior de talhe

por ser o mais generalizado no Ocidente.

6.1. O método MRP

MRP começou por ser uma sigla para "Materials Requi rements

Planning" (planeamento das necessidades dos materia is) e,

posteriormente foi também aplicada a uma versão mai s

evoluída, o "Manufacturing Resources Planning"

(planeamento dos recursos de fabricação). Correntem ente,

tal distinção é feita pelas designações MRP1 e MRP2 .

A diferença essencial entre o MRP1 e o MRP2 reside no

facto de o planeamento das necessidades dos materia is se

fazer, no primeiro caso, sem atender às capacidades

existentes (em máquinas e pessoal) enquanto, no seg undo,

há um ajuste entre os planos de necessidades e de

capacidades. Este ajuste é feito, primeiro, ao níve l

macro, para estabelecer um plano viável de produção

agregada; e, depois, ao nível micro, para programar as

ordens de fabrico.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 43

O aspecto original do MRP é, contudo, o método de

planeamento das necessidades dos materiais, assunto que

preencherá o presente capítulo.

O MRP procura que a produção se realize na medida e m que é

necessária. Quer isto dizer que determinado compone nte é

fabricado somente quando é requerido para satisfaze r uma

procura ditada pela necessidade ou pela conveniênci a.

Repare-se que este princípio é diferente da produçã o

regida pela gestão de stocks: nesta produz-se na

expectativa de o produto vir a ser necessário, enquanto no

MRP produz-se porque o artigo vai ser necssário.

Um exemplo ajuda a esclarecer as diferenças concept uais.

Uma fábrica de máquinas-ferramentas incorpora deter minada

engrenagem em alguns dos seus tornos. Essa incorpor ação

ocorre com alguma regularidade e, assim, o armazém de

componentes procura gerir o stock respectivo de aco rdo com

a retrospectiva das saídas e por forma a evitar rup turas.

O MRP, pelo contrário, tem uma atitude prospectiva:

partindo das previsões de venda, estabelece um plano de

fabrico para os tornos e, a partir deste, determina

quantas engrenagens vão ser necessárias e quando . Só então

ordena a fabricação das engrenagens (se não existir em em

stock), procurando que estas fiquem concluídas e

disponíveis próximo das datas em que vão ser incorp oradas.

MRP

Plano Director

(procura independente de componentes)

Estruturas Inventário

datas devidas

programa de produção

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 44

Figura 23 - A base do MRP

A data em que um componente será necessário designa -se por

data-devida . O conhecimento antecipado das datas-devidas

para os vários componentes é um aspecto básico de t oda a

lógica do MRP. Essas datas são calculadas a partir do

plano director (ou mestre ) de produção , da estrutura dos

produtos e do inventário dos materiais em stock (ou

inventário mestre ), como se esquematiza na fig.23.

O plano director de produção refere-se a produtos finais

ou quase finais e fixa as quantidades e as datas em que

esses produtos devem estar disponíveis para satisfa zer a

política de vendas da empresa, tendo em consideraçã o a

procura prevista. Por exemplo, a fábrica de caravan as

Rolala vai fazer uma campanha de promoção do seu mo delo

Rolux e estima que a procura seja coberta com o seg uinte

plano de produção:

Mês: JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET

Quant.: 80 100 110 120 150 170 180 170 130

A estrutura dos produtos contém a informação relativa aos

componentes de cada um dos produtos. Sabendo-se, pe lo

plano director, que se vão montar 100 Roluxes em

Fevereiro, admitindo que cada veículo tem 2 beliche s

iguais, serão necessários 200 beliches para o efeit o. Como

a aplicação dos beliches é uma operação rápida e é feita

no final da montagem, bastará que esses beliches fi quem

disponíveis dentro do mês de Fevereiro. Mas se a ap licação

fosse mais demorada ou precedesse outras operações, os

beliches seriam necessários (devidos), talvez, em J aneiro.

Por sua vez, a estrutura do beliche contém várias p eças

que devem ser produzidas na quantidade necessária e

entregues a tempo de fazer os 200 beliches para a d ata

devida. Estendendo este processo a todos os meses

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 45

incluídos no plano director e a todos os conjuntos, sub-

conjuntos e componentes da estrutura da Rolux, dete rminam-

se as necessidades brutas e as datas devidas

correspondentes, ao longo do horizonte de planeamen to,

para todos os elementos que compõem aquela estrutur a.

Alguns desses componentes podem ter outros destinos , por

exemplo, serem vendidos individualmente para repara ções e

peças de reserva ou serem comuns a outros modelos d e

caravana. Tais requisitos incluem-se também no plan o das

necessidades brutas desses componentes.

O inventário mestre é um registo das existências presentes

e programadas dos materiais em armazém. Subtraindo as

existências das necessidades brutas, obtem-se o plano das

necessidades líquidas . É este último plano que serve de

base ao lançamento das ordens de fabrico. Por exemp lo, se

o inventário mestre tiver 37 beliches programados n o

início de Fevereiro e as necessidades brutas forem de 200,

serão necessários mais 163 beliches naquele mês. A ordem

de fabrico para cobrir esta quantidade é lançada co m a

antecedência correspondente ao respectivo prazo de

entrega.

Em termos simplificados, é este o funcionamento do MRP. O

produto final é decomposto numa série de artigos

intermédios (estrutura) a que correspondem outras t antas

fases de fabrico. O lançamento em produção de cada fase é

antecipado do prazo de execução relativamente ao

lançamento programado da fase seguinte; e as quanti dades

lançadas em cada fase devem satisfazer as necessida des

para o lançamento da fase posterior. Este encadeame nto

permite cumprir o plano director com níveis de stoc k

relativamente baixos.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 46

6.1.1. O plano director

O plano director é a pedra base em que assenta todo o MRP.

Traduz a política de produção da empresa e vai ter

consequências sobre o aproveitamento dos recursos, sobre o

serviço prestado aos clientes e sobre o investiment o em

stocks.

Convém não confundir o plano director com a previsã o da

procura independente. Esta é uma tentativa de antec ipação

de acontecimentos que estão fora do controlo da emp resa,

enquanto o plano director reflecte uma decisão sobre o que

se vai produzir, quanto e quando. Geralmente, o pla no

director orienta-se pela previsão da procura, mas p ode não

coincidir: por exemplo, se a procura for sazonal, p ode

interessar produzir para stock durante a época baix a.

Nalguns casos, o plano director diz respeito a prod utos

semi-acabados, em vez de produtos finais. Se a empr esa tem

grande variedade de produtos finais com sub-conjunt os

comuns, pode ser preferível fixar o plano director destes

sub-conjuntos. A montagem e acabamento da versão fi nal, se

forem operações rápidas, são então feitas contra

encomenda.

O plano director pode apresentar-se em forma de qua dro,

referindo as quantidades, escalonadas por períodos fabris,

dos produtos finais ou grandes sub-conjuntos, como se

exemplifica na fig.24.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 47

plano firme plano indicativo

Período 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

Produto

Cx.redutora R12 30 30 40

Cx.redutora R10 25 25 25

Cx.redutora R6 10 10 10 10 20

Motor 10HP 15 15 15 10

Motor 12 HP 40 30 30

.............

Figura 24 - Extracto de um plano director

No plano convém distinguir a produção firme da prod ução

indicativa. A primeira, plano firme , corresponde aos

produtos cujo ciclo de fabrico já se iniciou e, por tanto,

deve ter uma extensão igual ou superior a esse cicl o. A

segunda, plano indicativo , corresponde a uma intenção.

O plano director desliza no tempo à medida que os p eríodos

vão decorrendo, sendo sujeito a sucessivas revisões .

Alterações no plano indicativo não trazem perturbações à

produção. Porém, alterações no plano firme implicam

suspensão ou modificação em ordens já lançadas, por isso,

só devem ser consentidas em casos excepcionais.

6.1.2. A estrutura dos produtos

A estrutura dos produtos é a informação que permite

converter as necessidades de produtos finais em

necessidades de materiais componentes. Essa informa ção

está hierarquizada de acordo com as várias fases do ciclo

produtivo e contém as relações entre pais e filhos que,

graficamente, podem ser representadas por um diagra ma

arborescente como o da fig.25.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 48

NÍVEIS 0 1 2 3 4 5 6

A0

A2

A3

A4

A5

A6

A1 B1

B2

B3

B4

B5

B6 C6 D6 E6 F6 G6

C4 D4

C5

C3

E4

C2

C1

D2

D3 E3

D5

Figura 25 - Estrutura de produto

Neste exemplo, a produção do artigo final A0 está

decomposta em 6 níveis. Usualmente, os níveis são

numerados de pais para filhos . Assim A0 é obtido a partir

de A1, B1 e C1. Por sua vez, A1 é obtido a partir de A2;

B1 a partir de B2; e C1 a partir de C2 e D2. E assim

sucessivamente.

Um mesmo artigo pode aparecer em vários pontos da

estrutura ou, ainda, ser um componente comum a vári os

produtos, aparecendo em várias estruturas. Há conve niência

para a gestão dos materiais da empresa que, sempre que

possível, cada artigo esteja associado a um dado ní vel

estrutural. É então escolhido o nível numérico mais alto,

de todas as estruturas em que o artigo entra. Na es trutura

representada, C4 (nível 4) é composto por C5 mais F6,

portanto, F6 podia aqui ser colocado ao nível 5. mas foi

colocado ao nível 6 porque é esse o seu nível na es trutura

de outro produto.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 49

Para além da hierarquia, a estrutura deve indicar o factor

de incorporação , isto é, o número de unidades do artigo a

incorporar no pai imediato . Se A1, B1 e C1 tiverem

factores de incorporação de 3, 1 e 2, respectivamen te, A0

é constituído por três unidades de A1, uma de B1 e duas de

C1.

A estrutura em árvore, mostrada na fig.25, é facilm ente

perceptível, mas pouco adequada para tratamento

informático. Na prática utilizam-se listagens do ti po

indicado na fig.26.

CÓDIGO NÍVEL FI DESCRIÇÃO OBS

23457895 0 1 Cx. redutora R12

52839767 .1 1 Transmissão entrada. R12

53138745 ..2 1 Veio entrada R12

93786910 ........

8

2 Rolamento NP ...

35676437 ..2 1 Engrenagem de entrada

47395729 ...3 1 Coroa da engrenagem

entr.

74502678 ...3 1 Núcleo engrenagem entr.

93456248 ........

8

2 Cavilha fixação NP...

52839541 .1 1 Transmissão de saída R12

........ ....... .... .......................

Figura 26 - Extracto de estrutura em listagem

6.1.3. O inventário mestre

Essencialmente, este inventário é um ficheiro de to dos os

artigos, devidamente classificados e codificados, c om as

existências actuais e previstas para cada período d o

horizonte de planeamento. Além disso, contém inform ações

necessárias para o planeamento, tais como, prazo de

entrega, stock de segurança, lote de fabrico, compe nsação

para unidades defeituosas, etc.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 50

Esclarece-se que o prazo de entrega é o tempo de

planeamento a conceder para obter o pai a partir dos seus

filhos . Esse prazo inclui o tempo de preparação, de

execução e de inspecção e, ainda, o tempo médio de

transporte e de espera na oficina. Este último pode ser

várias vezes o tempo de execução.

6.1.4. A explosão do plano director

O grande objectivo do planeamento dos materiais é p assar

do plano director dos produtos finais ao plano de

fabricação e de reaprovisionamento dos materiais. E ssa

passagem faz-se, primeiro, através da estrutura dos

produtos para determinar as necessidades brutas; e,

depois, através do inventário para determinar as

necessidades líquidas, os lotes e as datas de lança mento.

O conjunto destes cálculos designa-se por explosão .

Para simplificar a exposição, será utilizada a nota ção da

fig.27 para indicar os parâmetros de planeamento

necessários à explosão de um produto A0 cuja estrutura

está representada na fig.28.

Figura 27 - Notação dos parâmetros

XYZ

f p

código

prazo deentregafactor de

incorporação

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 51

A0

1 1

A1

2 1

B1

3 1

A2

1 2

B2

2 1

Figura 28 - Estrutura do exemplo

Consideremos que o plano director determina, para a s

semanas 27 a 38, as seguintes produções de A0:

sem 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38

qt. 10 10 10 10 15 15 15 15 20 20 20 20

E que as existências actuais (semana 26) dos artigo s

envolvidos são:

refª A0 A1 B1 A2 B2

quant. 15 40 55 20 20

Considere-se ainda que, nesta semana 26, foi lançad o um

lote de 20 unidades de A2. Como o seu prazo de entrega é

de 2 semanas, esse lote deve ficar pronto na semana 28.

Estes dados permitem fazer a explosão das necessida des e

planear os lançamentos dos vários artigos, conforme se

mostra nos quadros seguintes:

A0:f=1,p=1 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38

Nec. Brutas 10 10 10 10 15 15 15 15 20 20 20 20

Receb.Progr.

Exist. |15 5 -5 -15 -25 -40 -55 -70 -85 -

105

-

125

-

145

-

165

Nec. Líquid. 5 10 10 15 15 15 15 20 20 20 20

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 52

Ord. Progr. 5 10 10 15 15 15 15 20 20 20 20

A1:f=2,p=1 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38

Nec. Brutas 10 20 20 30 30 30 30 40 40 40 40

Receb.Progr.

Exist. |40 30 10 -10 -40 -70 -

100

-

130

-

170

-

210

-

250

-

290

Nec. Líquid. 10 30 30 30 30 40 40 40 40

Ord. Progr. 10 30 30 30 30 40 40 40 40

B1:f=3,p=1 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38

Nec. Brutas 15 30 30 45 45 45 45 60 60 60 60

Receb.Progr.

Exist. |55 40 10 -20 -65 -

110

-

155

-

200

-

260

-

320

-

380

-

440

Nec. Líquid. 20 45 45 45 45 60 60 60 60

Ord. Progr. 20 45 45 45 45 60 60 60 60

A2:f=1,p=2 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38

Nec. Brutas 10 30 30 30 30 40 40 40 40

Receb.Progr. 20

Exist. |20 20 30 0 -30 -60 -90 -

130

-

170

-

210

-

250

Nec. Líquid. 30 30 30 40 40 40 40

Ord. Progr. 30 30 30 40 40 40 40

B2:f=2,p=1 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38

Nec. Brutas 20 60 60 60 60 80 80 80 80

Receb.Progr.

Exist. |20 20 0 -60 -

120

-

180

-

240

-

320

-

400

-

480

-

560

Nec. Líquid. 60 60 60 60 80 80 80 80

Ord. Progr. 60 60 60 60 80 80 80 80

A determinação dos valores do quadro é uma aritméti ca

simples. Assim, as necessidades brutas (saídas) de A0, nos

períodos 27-30, são de 10 unidades por semana. Se n ão

houver recebimentos programados , as existências actuais

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 53

são de 15 e passam a ser de 5 na semana 27, (-5) na semana

28,(-15) na semana 29, (-25) na semana 30, etc.

Existências negativas traduzem a carência acumulada até ao

período respectivo e correspondem a necessidades líquidas

de 5 unidades na semana 28, de 10 na semana 29, de 10 na

semana 30, etc.

Admitindo que essas necessidades líquidas são satis feitas

com a fabricação de lotes das quantidades correspon dentes,

como o prazo de entrega de A0 é de 1 semana, as ordens

programadas deverão ser de 5 unidades na semana 27, de 10

na semana 28, de 10 na semana 29, etc.

Para poder programar as ordens de A0 é preciso que os seus

filhos A1 e B1 estejam disponíveis nas quantidades

necessárias. Como o factor de incorporação de A1 é 2, é

preciso dispor de 10 unidades na semana 27, 20 unid ades na

semana 28, 20 unidades na semana 29, etc. B1 tem um factor

de incorporação 3, logo, serão necessárias 15 unida des na

semana 27, 30 unidades na semana 28, 30 unidades na semana

29, etc. São estas as necessidades brutas de A1 e B1.

Assim, as necessidades brutas dos filhos são obtida s,

multiplicando as ordens programadas dos pais pelos

factores de incorporação, período a período.

Determinadas as necessidades brutas para A1 e B1, os

cálculos prosseguem de forma idêntica à descrita pa ra A0,

até definir as ordens programadas daqueles componen tes.

Destas, passa-se às necessidades brutas dos filhos

respectivos, repetindo-se o processo.

Repare-se que A2 tem um recebimento programado de 20

unidades na semana 28, correspondente a uma ordem q ue

havia sido programada na semana 26 (isto é, com a

antecipação do prazo de entrega de 2 semanas). Aque las 20

unidades vão somar-se às existências da semana 28.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 54

As ordens programadas têm carácter indicativo até serem

confirmadas pelo responsável da programação. Ao ser em

confirmadas, dão origem a recebimentos programados em

período posterior, decorrido o prazo de entrega. Ao

aparecerem recebimentos programados, são recalculad as as

restantes linhas do quadro.

6.1.5. Critérios de loteamento

No exemplo tratado anteriormente, considerou-se que as

ordens programadas coincidiam com as necessidades l íquidas

do período associado. Na realidade, nem sempre acon tece

assim. Por razões práticas e económicas, os lotes

programados podem cobrir as necessidades de um ou m ais

períodos.

Razões práticas podem derivar de um lote mínimo de

fabrico, de um lote conveniente para transporte in terno

em paletes, contentores, etc., ou de ajustes determ inados

pelo programador. Razões económicas têm a preocupaç ão de

minimizar os custos globais de lançamento de uma or dem e

de posse do stock excedente.

A fórmula da quantidade económica, já referida,

Q =

2. F 0 .DF 1 .C

pode ser uma base para determinar o lote a fabricar de

cada vez. Por exemplo, se as quantidades económicas

calculadas para os artigos tratados anteriormente f ossem

Q A0 = 40; Q A1=100; Q B1=150; Q A2=180; Q B2=220

a explosão do plano conduziria a resultados totalme nte

diferentes, como se mostra no quadro seguinte:

A0:f=1,p=1 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38

Nec. Brutas 10 10 10 10 15 15 15 15 20 20 20 20

Receb.Progr.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 55

Exist. |15 5 -5 -15 -25 -40 -55 -70 -85 -

105

-

125

-

145

-

165

Nec. Líquid. 5 10 10 15 15 15 15 20 20 20 20

Ord. Progr. 40 40 40 40 40

A1:f=2,p=1 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38

Nec. Brutas 80 80 80 80 80

Receb.Progr. 100

Exist. |40 60 60 60 60 -20 -20 -

100

-

100

-

180

-

180

-

260

-

260

Nec. Líquid. 20 80 80 80

Ord. Progr. 100 100 100

B1:f=3,p=1 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38

Nec. Brutas 120 120 120 120 120

Receb.Progr. 150

Exist. |55 85 85 85 85 -35 -35 -

155

-

155

-

275

-

275

-

395

-

395

Nec. Líquid. 35 120 120 120

Ord. Progr. 150 150 150

A2:f=1,p=2 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38

Nec. Brutas 100 100 100

Receb.Progr.

Exist. |20 20 20 20 -80 -80 -80 -80 -

180

-

180

-

280

-

280

-

280

Nec. Líquid. 80 100 100

Ord. Progr. 180 180

B2:f=2,p=1 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38

Nec. Brutas 200 200 200

Receb.Progr.

Exist. |20 20 20 20 -

180

-

180

-

180

-

180

-

380

-

380

-

580

-

580

-

580

Nec. Líquid. 180 200 200

Ord. Progr. 220 220 220

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 56

O loteamento por quantidades económicas, frequentem ente,

produz stocks excedentes que não interessam. Relati vamente

a A0, programou-se uma ordem de 40 unidades no período 31

que dá para cobrir as necessidades dos períodos 32 e 33

(15+15=30 unidades), sobrando 10 unidades que não c hegam

para cobrir as necessidades do período 34, portanto , não

trouxeram qualquer vantagem. Daí, a programação de nova

ordem de 40 unidades no período 33. Esta última ord em de

40 mais as 10 unidades sobrantes perfazem 50 unidad es que

cobrem as necessidades dos períodos 34 e 35 (15+20= 35

unidades). Mas as 15 unidades sobrantes não chegam para as

20 unidades necessárias no período 36, sendo precis o

programar nova ordem para o período 35. Aquelas 15

unidades também não serviram para nada.

Olhando para os sucessivos quadros da explosão, enc ontram-

se várias situações em que o excedente não chega pa ra

cobrir a necessidade total do período seguinte. Por tanto,

o lote que o originou deveria ser reduzido daquela

quantidade ou aumentado para cobrir mais um período .

Este problema dos excedentes é eliminado, trabalhan do com

periodicidades económicas . A periodicidade económica P é o

tempo médio de consumo (ou de produção planeada) da

quantidade económica Q. Seja D o consumo anual do artigo e

Q a sua quantidade económica. A periodicidade económ ica

será

P=Q/D (em anos)

P=12.Q/D (em meses)

P=52.Q/D (em semanas)

P=365.Q/D (em dias)

em que P é arredondado para o inteiro superior. Então, o

lote de cada ordem programada é calculado por forma a

cobrir as necessidades de P períodos consecutivos.

Voltando ao exemplo anterior, considere-se que as

periodicidades económicas dos vários artigos envolv idos

são:

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 57

P A0=3; P A1=4; P B1=4; P A2=5; P B2=5

A utilização deste critério de loteamento conduz ao

quadros seguintes:

A0:f=1,p=1 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38

Nec. Brutas 10 10 10 10 15 15 15 15 20 20 20 20

Receb.Progr.

Exist. |15 5 -5 -15 -25 -40 -55 -70 -85 -

105

-

125

-

145

-

165

Nec. Líquid. 5 10 10 15 15 15 15 20 20 20 20

Ord. Progr. 25 45 55 40

A1:f=2,p=1 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38

Nec. Brutas 50 90 110 80

Receb.Progr. 100

Exist. |40 90 90 90 0 0 0 -

110

-

110

-

110

-

190

-

190

-

190

Nec. Líquid. 110 80

Ord. Progr. 190

B1:f=3,p=1 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38

Nec. Brutas 75 135 165 120

Receb.Progr. 155

Exist. |55 135 135 135 0 0 0 -

165

-

165

-

165

-

285

-

285

-

285

Nec. Líquid. 165 120

Ord. Progr. 285

A2:f=1,p=2 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38

Nec. Brutas 190

Receb.Progr.

Exist. |20 20 20 20 20 20 -

170

-

170

-

170

-

170

-

170

-

170

-

170

Nec. Líquid. 170

Ord. Progr. 170

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 58

B2:f=2,p=1 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38

Nec. Brutas 380

Receb.Progr.

Exist. |20 20 20 20 20 20 -

360

-

360

-

360

-

360

-

360

-

360

-

360

Nec. Líquid. 360

Ord. Progr. 360

Estes quadros mostram que o loteamento por periodic idades

económicas evita stocks residuais inúteis e, portan to, é

mais interessante que o loteamento por quantidades

económicas.

Há outros critérios de loteamento que não irão ser aqui

descritos. Exigem mais cálculos e as eventuais melh orias

que introduzem são, na prática, pouco significativa s.

6.1.6. A dinâmica do MRP

Nas secções anteriores analisaram-se questões relat ivas à

explosão do plano director com base na estrutura de um

produto. Geralmente, uma empresa tem vários produto s

finais, havendo muitos componentes comuns. As neces sidades

de cada componente são calculadas para todo o unive rso da

produção, somando as necessidades derivadas de cada

produto final.

Um plano director não é estático. Como se disse, é

conveniente haver um plano firme correspondente ao

horizonte mais próximo; e um plano indicativo, a ma is

longo prazo. São de evitar alterações no plano firm e, mas

não há inconveniente em rever as quantidades e as d atas de

produção do plano indicativo. De qualquer modo, à m edida

que o tempo decorre, o plano desliza, sendo retirad os os

períodos passados e acrescentados os períodos futur os.

Cada alteração do plano director e cada avanço no t empo

obriga a recalcular a explosão, total ou parcialmen te.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 59

Por outro lado, um plano raramente é cumprido na ín tegra,

havendo desvios nos prazos e nas quantidades entre o

previsto e o realizado. E o estado do processo prod utivo

está em contínua evolução com a finalização de umas obras

e o lançamento de outras. Assim, há constantes transacções

a introduzir na base de dados para que esta possa s er fiel

à situação real.

Alterações, desvios e transacções obrigam a revisõe s

frequentes, implicando uma longa cadeia de cálculos só

possíveis de realizar em tempo útil com o auxílio d e

computadores. As aplicações comerciais de MRP, util izam

diversos métodos de revisão. Nuns casos, a revisão é feita

em "batch", actualizando integralmente todos os fic heiros

com uma dada periodicidade (geralmente, entre um di a e uma

semana); noutros casos, são efectuadas actualizaçõe s

parciais após cada transacção, permitindo algumas

inconsistências entre os ficheiros

Teoricamente, o MRP constitui um processo eficaz de gerir

a produção e responder rapidamente às alterações da

procura e dos planos de fabrico. Porém, a sua eficá cia

depende muito de haver uma base de dados exaustiva e

rigorosa (sobre estruturas, gamas de fabrico e temp os), da

correcção nos procedimentos em todo o processo prod utivo,

do controlo de fabrico e da introdução oportuna das

transacções no sistema. Isso implica um elevado gra u de

organização empresarial. A utilização do MRP em emp resas

mal organizadas tem dado resultados bastante negati vos,

pois quaisquer erros introduzidos no sistema são

repercutidos de forma exponencial.

6.2. O sistema JIT

JIT é uma sigla para a frase "just in time" e tem c omo

princípio essencial o de produzir, apenas, quando é

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 60

necessário . Outras designações são utilizadas com

significados afins, tais como, JAT (juste à temps), ZIPS

(zero inventory production stocks), RCA (reconstitu ition

du consommé réel), GPA (gestion par l´aval) e "Kanb an"

(fonética da palavra japonesa para cartão ).

Produzir apenas quando é necessário, significa que cada

posto de trabalho da cadeia de fabrico deve produzi r de

acordo com as encomendas que lhe são colocadas pelo posto

seguinte. Se todos os postos adoptarem esta atitude , é o

último posto que diz ao penúltimo o que deve fazer; e é

este que comanda o antepenúltimo e assim sucessivam ente

até chegar ao primeiro posto da cadeia produtiva. A ssim,

toda a produção é puxada de jusante .

Pelo contrário, nos sistemas tradicionais de planea mento,

cada posto executa aquilo que os postos anteriores lhe

enviam, sem se preocupar com o estado dos postos

seguintes. Por outras palavras, cada posto despacha as

ordens que lhe chegam, sem considerar as cargas dos postos

a jusante. Toda a produção é empurrada de montante e, em

consequência, alguns postos têm grandes filas de es pera

enquanto outros podem estar desocupados. Assim, aum enta o

stock em curso de fabrico e o tempo de permanência das

obras na oficina.

Na sua forma original, a produção JIT é regulada pe la

troca de kanbans (cartões de trabalho), de uma forma muito

simples, como se ilustra no exemplo seguinte, apoia do na

fig.29.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 61

D posto P1

KM

(T1) c

KP

B posto P2

KM

A

KP

D posto P1

KP

(T2) c

KM

B posto P2

KP

E posto P1

KM

(T3) D

KP

C posto P2

KM

B

KP

KM

A

KMKM

Figura 29- Comando pelo "kanban"

Suponhamos que determinada peça sofre operações nos postos

P0, P 1,.P 2,.P 3, etc., e que a movimentação entre postos é

feita em contentores com determinado número de peça s. A

movimentação e a produção são comandadas por dois t ipos de

cartões, o kanban de movimentação (KM) e o kanban de

produção (KP).

Num instante (T 1), existem quatro contentores, A, B, C e D,

um a montante e outro a jusante de cada um dos post os P1 e

P2. As peças do contentor a montante aguardam a opera ção

nesse posto e as do contentor a jusante já completa ram a

operação. Os contentores a montante têm cartões KM e os

contentores a jusante têm cartões KP.

Num instante posterior (T 2), é enviado a P 2, proveniente do

posto a jusante P 3, um KM que requisita um contentor para

processamento. O contentor A é então enviado a P 3 com o KM

que o requisitou; o KP que estava em A passa para B,

ordenando o processamento deste em P 2; o KM que estava em B

vai requisitar C para junto de P 2; o KP que estava em C

passa para D, ordenando o seu processamento em P 1; o KM que

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 62

estava em D é enviado para o posto a montante P 0,

requisitando um novo contentor; e assim sucessivame nte.

No momento seguinte (T 3), já B foi processado em P 2 e D em

P1, e aguardam ordem de processamento os contentores C e E,

em P2 e P 1, respectivamente. A situação (T 3) é idêntica a

(T 1), apenas houve a transposição de um posto no fluxo de

contentores.

O espírito do sistema JIT é o de manter a regulação da

produção tão simples quanto possível (o sistema fun ciona

bem manualmente). Essa simplicidade permite um

acompanhamento fácil pelos operadores e faz ressalt ar as

deficiências que, assim, podem ser corrigidas rapid amente.

A redução das filas de espera, só por si, vai dimin uir os

stocks de materiais em curso de fabrico. Mas o JIT é muito

mais ambicioso na medida em que é acompanhado de um a

análise global de todo o sistema produtivo com o ob jectivo

de:

- equilibrar os postos de trabalho;

- simplificar os métodos de execução:

- racionalizar as implantações e os transportes;

- reduzir as séries de fabrico;

- diminuir os tempos de preparação das máquinas;

- eliminar avarias, defeitos, atrasos e absentismo .

Esta análise global é feita com grande participação do

pessoal directo. Geralmente, os resultados são exce lentes,

não só pela eliminação de ineficiências, mas também pela

grande motivação que gera no pessoal, ambos os aspe ctos

com reflexos muito positivos na produtividade.

No que respeita à regulação pelo kanban , atrai sobretudo a

sua simplicidade. O método funciona bem quando a pr odução

é repetitiva e a procura estável, o que permite a

suficiente antecedência para definir os métodos de fabrico

e equilibrar os postos de trabalho. Quando a procur a é

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 63

muito incerta, sobretudo se for conjugada com produ tos e

procesos de alta complexidade, o método revela-se m enos

eficaz.

6.3. O método OPT

O OPT, "Optimized Production Technology", pretende

combinar os aspectos positivos do MRP (designadamen te, a

sua potência de planeamento) e do JIT (simplicidade ,

pequenas séries de fabrico, baixos stocks, produção de

acordo com as necessidades, etc.).

A pedra base do OPT é a identificação dos estrangul amentos

(postos críticos) de fabricação. São estes que rest ringem

o fluxo e impõem o ritmo de produção. Por isso, é s obre

eles que se deve concentrar o esforço de programaçã o, de

manutenção, de redução de tempos de preparação, de métodos

de execução, etc., a fim de trabalharem com ocupaçã o e

produtividade de 100%. São esses postos que irão co mandar

os pedidos aos outros postos (não-críticos). Para n ão se

acumularem stocks, os postos não-críticos deverão e xecutar

as ordens de acordo com as necessidades dos postos

críticos, porém, o mais tarde possível.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 64

Produção

Stocks

Estruturas

Capacidades

BUILDNET cria e mantém base de dados

SERVE ordena recursos por utilização

SPLIT separa recursos críticos

OPT BRAIN programa recursos críticos

SERVE programa recursos não-críticos

Figura 30 - Módulos do OPT

A aplicação informática deste método, lançada pela

Creative Output Inc., assenta no conjunto de módulo s

esquematizados na fig.30.

A informação de partida é semelhante à utilizada pe lo MRP:

os planos directores de produção; as estruturas dos

produtos; os stocks existentes e planeados; e as

necessidades traduzidas em ordens planeadas. E aind a, as

gamas operatórias e as capacidades existentes em

equipamentos e pessoal. Esta informação é administr ada

pelo módulo BUIlDNET.

O SERVE calcula as cargas derivadas da explosão do plano

director, para cada um dos recursos, compara essas cargas

com as capacidades existentes, e ordena os recursos por

taxa decrescente de utilização.

Seguidamente, no SPLIT, faz-se a separação entre re cursos

críticos (cuja carga excede a capacidade) e não-crí ticos.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 65

Os primeiros são então cuidadosamente programados p elo OPT

BRAIN de forma a procurar conseguir a sua ocupação total.

Recorda-se que são os recursos críticos que vão

condicionar o fluxo produtivo e, portanto, o seu má ximo

aproveitamento tem repercussões decisivas na produt ividade

global do sistema.

Feita a programação dos sectores críticos, passa-se à

programação dos restantes recursos, a cargo do SERV E. Se

nesta programação forem encontradas dificuldades, f az-se

uma reclassificação dos recursos críticos ou,

eventualmente, uma alteração do plano director.

As ordens para os recursos não-críticos são program adas o

mais tarde possível ("just in time"), admitindo-se que

esses recursos fiquem temporariamente desocupados. Isto

pode chocar com a mentalidade habitual de procurar ocupar

sempre as pessoas e os equipamentos. Mas não intere ssa, de

facto, fazer mais cedo para, depois, o material fic ar na

fila de espera do posto crítico seguinte.

O OPT apresenta, assim, algumas vantagens important es,

tais como:

- Simplicidade e rapidez na elaboração dos programa s

de fabrico, não necessitando de tantos dados nem

dados tão rigorosos como o MRP. De facto, só os

sectores críticos necessitam de dados e cálculos

rigorosos e completos. Daqui decorre também uma men or

carga sobre o computador.

- É fácil analisar diferentes alternativas através de

simulação, tanto para o planeamento das operações

como dos recursos.

- Faz simultaneamente a maximização da produção

(ocupando inteiramente os sectores críticos) e a

minimização dos stocks em curso de fabrico (fazendo o

lançamento mais tarde nos sectores não-críticos).

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 66

Identificados os sectores críticos, é sobre eles qu e se

devem concentrar as acções tendentes a aumentar a

produtividade, designadamente, o estudo dos métodos do

trabalho, a eliminação de avarias e a redução dos t empos

de preparação das máquinas. O aumento de produtivid ade de

uma máquina não-crítica, por exemplo, a redução do tempo

de mudança de ferramentas só faz com que a máquina esteja

desocupada mais tempo, sem quaisquer efeitos sobre a

produção do sistema total.

O OPT é o método de planeamento mais adequado quand o o

produto está sujeito a alterações frequentes e comp lexas e

o processo utiliza os mesmos recursos para múltiplo s

produtos, pois apenas necessita de dados rigorosos para as

secções críticas.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 67

7. PLANEAMENTO DA PRODUÇÃO CONTÍNUA

Na produção contínua, os meios de produção estão

permanentemente dedicados à produção de um produto ou de

uma família homogénea de produtos. Por isso, os vár ios

equipamentos, frequentemente complexos e automatiza dos,

estão implantados segundo a sequência de operações.

Compreende-se assim que este tipo de produção só in teresse

para fabricação em grande escala.

Há dois tipos distintos de produção contínua, conso ante

natureza dos produtos. A produção em fluxo associada a

artigos fluidos, pastosos ou a granel, tais como pr odutos

petroquímicos, siderúrgicos, granulosos e farináceo s. E a

produção em linha associada a operações sobre unidades

discretas, tais como a sequência de operações de

maquinagem ou de montagem que conduzem a um produto final

complexo.

Uma linha de produção com maquinagens complexas env olve

geralmente equipamentos com elevado grau de automat ização

e pouca intervenção humana. Pelo contrário, uma lin ha de

montagem tradicional utiliza máquinas e ferramentas

simples e grande intervenção humana, embora a robotização

tenda a substituir a operação manual.

Este capítulo limita-se a analisar alguns problemas

básicos das linhas de montagem tradicionais. O leit or

interessado em aprofundar estes assuntos poderá con sultar

Wild (1972).

7.1. Linhas de montagem tradicionais

Estas linhas, como se referiu, são essencialmente

constituídas por uma série de postos manuais, embor a

possam incluir algumas máquinas-ferramentas simples e

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 68

equipamento automatizado de transporte entre postos . Em

cada posto trabalha apenas um operador, excepto nos casos

em que haja operações que não possam ser divididas em

tarefas individuais e, por isso, exijam a intervenç ão

simultânea de mais de uma pessoa.

A versão de linha mais simples é a linha única , isto é,

trabalha continuamente com um único modelo de produ to.

Torna-se mais complicado quando a linha serve uma f amília

de produtos, isto é, vários modelos. Então, duas op ções

são tomadas na prática: linha múltipla , em que modelos são

lançados em lotes, rotativamente, existindo na linh a,

apenas, um modelo de cada vez; ou linha mista , em que os

vários modelos coexistem na linha.

Em qualquer das versões, o planeamento inicial da l inha é

frequentemente moroso e complicado. De facto, como adiante

se verá, é preciso fazer a equilibragem da linha , ou seja,

definir o número de postos e as tarefas a executar em cada

posto para obter a cadência de produção desejada co m a

máxima produtividade.

Numa linha única, a programação das operações está feita

por natureza, visto que os postos seguem a gama de fabrico

e a produção é contínua. Como não há mudanças, tamb ém não

há tempos perdidos na preparação das operações.

Na linha múltipla, geralmente, há necessidade de fa zer

ajustamentos nas ferramentas ou na disposição dos p ostos

de trabalho quando se passa de um modelo para outro . São

tempos de preparação que, frequentemente, dependem da

sequência dos modelos. É natural também que o rendi mento

dos operários seja inferior no início de cada lote. Por

outro lado, como a produção de um modelo é intermit ente,

haverá que constituir stocks.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 69

O programador da linha múltipla deverá procurar a

sequência óptima dos modelos e a dimensão convenien te dos

lotes, estabelecendo um compromisso entre as perdas de

preparação e rendimento, por um lado, e os custos d e

stocks, por outro.

A linha mista pode ser encarada como uma linha múlt ipla de

lotes unitários. Só interessa encarar esta versão q uando

os tempos de preparação entre modelos são pouco

significativos e quando as operações da gama de fab rico

dos vários modelos são muito semelhantes. A eqilibr agem

dos postos da linha é feita, estabelecendo um compr omisso

entre os vários modelos. Mas deve ter-se em atenção a

quantidade a produzir de cada um, isto é, a linha d eve

ficar mais equilibrada para os modelos dominantes.

O lançamento, na linha mista, dos vários modelos ac ompanha

de perto as solicitações da procura, o que vai redu zir os

stocks finais. Porém, o programador deve preocupar- se

também com a sequência de lançamento para compensar

desequilíbrios. Isto é, um modelo que ocupe menos um dado

posto deve ser seguido de outro que ocupe mais esse mesmo

posto.

7.2. Equilibragem da linha

A equilibragem é um aspecto essencial no planeament o da

produção contínua. Será aqui tratado o caso mais si mples,

de linha única.

Antecedendo a equilibragem, deverá haver um estudo do

trabalho a efectuar para se obter o produto final. Esse

trabalho é constituído por tarefas produtivas e

improdutivas. Estas últimas, referentes a preparaçã o,

manipulação e transporte de ferramentas e materiais ,

deverão ser reduzidas ao mínimo. Do estudo prévio d o

trabalho a efectuar, resultará a definição de todas as

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 70

operações elementares e respectivos tempos de execu ção,

bem como os modos de execução, as ferramentas e as

precedências que restringem a sequência no processa mento

das operações.

Admitindo que há n operações elementares (produtivas e

improdutivas) e que a cada operação i corresponde um tempo

t i , o tempo associado a uma unidade do produto será

T = _t i i=1,2,...,n

Se for N a cadência de produção pretendida (quantidade a

produzir por unidade de tempo), a quantidade necess ária de

postos de trabalho para obter essa cadência será

p _ N.T

Naturalmente, N e T devem referir-se às mesmas unidades de

tempo: se T vier expresso em minutos, N deverá indicar

unidades por minuto.

Pretende-se que p seja mínimo. Porém, p tem de ser um

número inteiro, daí a desigualdade (_). Mas há outr a razão

para esta desigualdade que resulta da desequilibrag em dos

postos, como se mostra a seguir.

Havendo p postos de trabalho, idealmente, cada posto de

trabalho deveria executar, das n operações, um sub-

conjunto que perfizesse exactamente um tempo

C = T/p (ciclo ideal)

Na prática, esta situação ideal nunca é atingida po r

várias razões:

- As operações elementares não são divisíveis. Ao

alocar as operações a um posto, só por acaso é que a

soma dos tempos coincide com C.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 71

- Por razões idênticas, a soma dos tempos das

operações alocadas varia de posto para posto, isto é,

há postos que ficam mais sobrecarregados que outros .

O ciclo ideal C vai funcionar como objectivo. As operações

são distribuídas pelos postos por forma a que a som a dos

tempos correspondentes, em cada posto, se aproxime o mais

possível de C. Para esse objectivo, pode-se jogar com a

ordem das operações dentro das restrições impostas por

- Precedências tecnológicas do processo produtivo: há

operações que implicam a execução prévia de outras.

- Zonagem negativa, implicando incompatibilidade de

operações: por exemplo, operações que produzam

poeiras abrasivas têm de ser isoladas, em zonas

próprias.

- Zonagem positiva, implicando associação de

operações: por exemplo, operações que exijam as

mesmas ferramentas ou equipamentos especiais, devem

ser feitas no mesmo posto.

Em resultado das dificuldades referidas, os postos ficam

com cargas desequilibradas como se exemplifica na f ig.31.

O ciclo real é C' , determinado pela soma dos tempos das

operações do posto mais carregado. É este ciclo que vai

fixar o tempo entre as chegadas (ou saídas) de duas

unidades consecutivas a um dado posto; e, portanto, o

tempo disponível em cada posto para executar as ope rações

que lhe foram alocadas. É ainda o tempo que decorre entre

a saída dos produtos da linha, determinando assim a

cadência real, N' = 1/ C' .

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 72

ciclo ideal C ciclo real C'

tempo

perda

tempo útil

postos1 2 3 4 5 6 Figura 31 - Distribuição das cargas

Todos os postos, com excepção do posto 3, apresenta m

perdas de equilibragem, isto é, têm excesso de temp o para

executarem as tarefas que lhes foram alocadas. De f acto,

esses postos vão também ocupar o tempo C' , mas trabalham

com um ritmo ou actividade inferior ao normal.

Sendo C' _C, é N' _N, garantindo-se assim que a cadência de

produção da linha é atingida ou ultrapassada. Como o

número de postos p foi calculado, arredondando para o

inteiro superior, pode acontecer que essa diferença seja

suficiente para garantir a cadência desejada, mante ndo

esse número de postos, isto é, p' =p. Mas se as perdas de

equilibragem forem significativas, poderá haver

necessidade de aumentar o número de postos ( p' >p) para que

N' _N; ou então deixar que C' >C e, em consequência, N' <N.

O tempo útil para execução de uma unidade continua a ser

T; mas o tempo despendido é agora ( p'.C' ). As perdas de

equilibragem são assim

E= p'.C'-T (em valor absoluto)

e= (E/T).100% (em percentagem)

Geralmente, procura-se que as perdas não ultrapasse m os

10%.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 73

Feita a distribuição das operações pelos postos, é

conveniente fazer o estudo ergonómico desses postos ,

aplicando os princípios da economia de movimentos,

escolhendo as ferramentas apropriadas e os processo s

adequados de movimentação dos materiais. Os métodos de

execução das operações poderão ser também revistos,

determinando novos tempos. Se as alterações forem

significativas, poderá haver necessidade de efectua r nova

equilibragem.

7.3. Métodos de equilibragem

A distribuição equilibrada das operações pelos post os de

trabalho, respeitando as precedências tecnológicas e as

restrições de zonagem, por vezes, é complicada. Há vários

métodos usados para o efeito, estando alguns dirigi dos

para utilização em computador. Será aqui ilustrado o

método dos pesos posicionais , recorrendo a um exemplo

simples.

Considere-se uma máquina cuja montagem é constituid a pelas

operações A a L cujo sequenciamento tecnológico está

indicado na fig.32, juntamente com os tempos (em mi lésimos

de hora).

A B

E

C

F

D G

H

J

I K

L

A B C D E F G H I J K L total

270 35 125 230 85 105 40 115 135 195 95 55 1485

Figura 32 - Precedências tecnológicas e tempos

O peso posicional associado a cada operação é obtido pela

soma dos tempos dessa operação e de todas as que lh e

sucedem. Para calcular esses pesos, podemos usar o quadro

da fig.33.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 74

Na penúltima coluna (pp) do quadro, aparecem os pes os

posicionais de cada operação (soma dos tempos indic ados na

linha). A última coluna indica a ordenação das oper ações

por pesos posicionais decrescentes.

A fase seguinte é calcular o número de postos de tr abalho.

O tempo total de montagem de uma máquina é de 1,485 horas.

Admitamos que o objectivo é conseguir a montagem de 3

máquinas por hora. O número mínimo de postos é entã o

p= 3x1,485= 4,455

ou seja, p=5. O ciclo correspondente vem

C= 1,485/5= 0,297 h

A B C D E F G H I J K L pp ord

A 27

0

35 12

5

23

0

85 10

5

40 11

5

13

5

19

5

95 55 1485 1º

B 35 12

5

23

0

40 13

5

19

5

95 55 910 2º

C 12

5

23

0

40 13

5

19

5

95 55 875 3º

D 23

0

40 13

5

19

5

95 55 750 5º

E 85 10

5

40 11

5

13

5

19

5

95 55 825 4º

F 10

5

40 13

5

19

5

95 55 625 6º

G 40 13

5

19

5

95 55 520 8º

H 11

5

13

5

19

5

95 55 595 7º

I 13

5

95 55 285 9º

J 19

5

55 250 10º

K 95 55 150 11º

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 75

L 55 55 12º

Figura 33 - Cálculo dos pesos posicionais

As operações da montagem têm agora de ser distribuí das

pelos postos, sem ultrapassar o tempo de 297 milési mos de

hora e respeitando as precedências tecnológicas. Pa ra esse

efeito, as operações vão sendo alocadas a cada post o por

ordem dos pesos posicionais.

A operação A tem o maior peso posicional e, por isso, é a

primeira a ser alocada ao posto I , como se indica no

quadro da fig.34. Na coluna tempo aparece o tempo da

operação A; na coluna _, o tempo acumulado das operações

alocadas ao posto I ; e na coluna C-_ , o tempo disponível

no posto I para perfazer o ciclo C=297. Assim, sobram 27

unidades de tempo, mas não há nenhuma operação que possa

ser encaixada nese intervalo. Portanto, o posto I fica

preenchido com a operação A.

posto oper tempo _ C-_ C'-_

I A 270 270 27 0

II B 35 35 262

C 125 160 137

E 85 245 52 25

III D 230 230 67 40

IV F 105 105 192

H 115 220 77

G 40 260 37 10

V I 135 135 162

K 95 230 67 40

VI J 195 195 102

L 55 250 47 20

135

Figura 34 - Alocação das operações

Seguindo a ordem decrescente dos pesos posicionais, ao

posto II são alocadas B (precedida por A), C (precedida

por B) e E (precedida por A). Sobram 25 unidades de tempo,

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 76

mas isso não chega para alocar mais nenhuma operaçã o. Ao

posto III é alocada a operação D que é a seguinte na ordem

dos pesos. Sobram 40 unidades que dariam para aloca r G,

mas esta tem de esperar por F. Portanto o posto fica

preenchido só com D.

Continuando a aplicar esta lógica, as operações F, H e G

são alocadas ao posto IV, sobrando 10 unidades de tempo.

No posto V entra a operação I e sobram 162 unidades que

são insuficientes para alocar a operação J cujo peso vem

imediatamente a seguir. Em alternativa, pode alocar -se a

operação K cujo tempo de 95 unidades é inferior às 162

unidades livres e cujas operações precedentes já fo ram

realizadas. Finalmente, as operações J e L são realizadas

no posto VI , sobrando ainda 20 unidades de tempo.

Verifica-se que os 5 postos inicialmente previstos são

insuficientes para completar todas operações, sendo

necessário criar um posto adicional. Isso aconteceu devido

às perdas significativas em todos os postos que, no

conjunto, somam 135 unidades.

A cadência da linha será comandada pelo posto mais

carregado, I , com o tempo alocado de 270. Adoptando este

valor para o ciclo real, C'=270, obtemos uma cadênc ia de

produção de

N'= 1/C'= 3,7 unidades por hora

que ultrapassa o objectivo inicial das 3 unidades p or

hora. Nestas circunstâncias, as perdas reais de

equilibragem são

e= (6x270-1485)/1485= 9,1%

Feita a distribuição das operações, passa-se ao est udo

ergonómico dos postos e à reanálise das operações s egundo

os princípios do Estudo do Trabalho. Frequentemente ,

surgem alterações, quer nos métodos quer nos tempos ,

conduzindo à revisão dos cálculos efectuados.

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 77

7.4. Perdas do sistema

A desequilibragem entre os vários postos da linha

representam, como vimos, perdas de produtividade no

sistema. Mas há perdas de outras origens, salientan do-se

as provocadas pela variação no ritmo de actividade dos

trabalhadores.

A equilibragem dos postos baseou-se em tempos médio s para

cada uma das operações. Ora um trabalhador não mant ém

sempre o mesmo ritmo de actividade ao longo do dia de

trabalho. Essa actividade segue uma distribuição do tipo

representado na fig.35.

Figura 35 - Distribuição da actividade

Quando o trabalhador de um posto de trabalho se atr asa na

execução das operações, o material vai chegar mais tarde

ao posto seguinte, portanto, esse atraso vai reperc utir-se

para jusante. Embora possa haver recuperações, gera lmente

o efeito combinado da variação da actividade dos

trabalhadores ao longo da linha traduz-se numa cadê ncia de

produção menor do que a estimada para a actividade média.

A criação de stocks (geralmente, uma unidade) entre todos

ou alguns dos postos de trabalho evita que os atras os se

propaguem. Tem, porém, a desvantagem de aumentar o

comprimento da linha e o stock em-curso.

tempo média

probabilidade

Planeamento da Produção - B.C.V.

2008/2009 78

Em certas linhas de montagem, o material desloca-se num

transportador em movimento contínuo e os trabalhado res

executam as operações em movimento, estando cada po sto

associado a certo percurso. Os percursos de cada po sto

sobrepõem-se parcialmente, permitindo a cada trabal hador

iniciar as operações logo que o anterior termine. A ssim, é

mais fácil recuperar atrasos e, além disso, a veloc idade

do transportador "impõe" ao trabalhador o ritmo des ejável.

Por vezes, usam-se sinais luminosos, em cada posto de

trabalho, para marcar a cadência. Momentos antes de se

esgotar o tempo do ciclo, aparece uma luz amarela q ue

passará a vermelha se o ciclo é ultrapassado.

Estes e outros métodos podem ser usados para reduzi r os

efeitos da variação de actividade. As perdas de

produtividade originadas por este motivo podem ser tão ou

mais importantes que as perdas de equilibragem e au mentam

com o número de postos da linha.