pgirsu mariana

Upload: paula-paula

Post on 08-Jul-2015

542 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

PLANO DE GESTO INTEGRADA DE RESDUOS SLIDOS URBANOS DO MUNICPIO DE MARIANA - MG

- Mariana, abril de 2007 -

Execuo e Colaborao PrefeitoCelso Cota Neto

Secretaria Municipal de Obras e Servios PblicosEng. Targino de Souza Guido

Secretaria Adjunta de Servios Urbanos de MarianaEng. Maira de Souza Lemos

Secretaria Adjunta de Meio AmbienteEng. Jos Miguel Cota

Secretaria Municipal de SadeJos Loureno Ana Lcia Horta Vitria

Secretaria Municipal de Assistncia SocialCntia Valria Nascimento

Secretaria Municipal de FazendaGlauco Rosa Freitas

Equipe Tcnica da Fundao Gorceix/UFOPProf. Dr. Jorge Adlio Penna - Escola de Minas Prof. Dr. Jos Francisco do Prado Filho Escola de Minas Eng. Ambiental - Bruna de Ftima Pedrosa Guedes

2

Vi ontem um bicho Na imundcie do ptio Catando comida entre os detritos Quando achava alguma coisa, No examinava nem cheirava: Engolia com voracidade O bicho no era um co, No era um gato, No era um rato, O bicho, meu Deus, era um homem. (O BICHO Manuel Bandeira)

3

NDICELista de Figuras, Tabelas e Quadro............................................................................ Apresentao ............................................................................................................. Proposta de Plano de Gesto Integrada dos Resduos Slidos Urbanos (PGRSU) de Mariana ................................................................................................................. Gerenciamento integrado de resduos slidos urbanos ............................................ 1. Introduo .............................................................................................................. 2. Diagnstico do Sistema de Limpeza Urbana de Mariana ...................................... 2.1. Caracterizao do Municpio .............................................................................. 2.2. Caracterizao dos Resduos Slidos Urbanos (RSU) de Mariana ................... 2.2.1. Relatrio da Caracterizao dos Resduos Slidos Urbanos (RSU) de Mariana ...................................................................................................................... 2.2.1.1. Desenvolvimento das Atividades de Caracterizao dos RSU .................... 2.2.1.2. A Amostragem dos Resduos ........................................................................ 2.2.1.3. Aspectos Operacionais Preliminares Caracterizao dos RSU ................ 2.2.1.4. A obteno dos Dados para Amostragem dos RSU .................................... 2.2.1.5. Equipamentos e Mo de Obra Utilizados na Caracterizao dos RSU ........ 2.2.1.6. Ocorrncias Relevantes Durante os Trabalhos de Caracterizao dos RSU .................................................................................................................. ......... 2.2.1.7. Resultados e Concluses da Caracterizao dos RSU ................................ 2.3. Aspectos Legais relacionados aos RSU ............................................................ 2.4. Estrutura Administrativa da Prefeitura Municipal de Mariana ............................. 2.5. Estrutura Operacional ......................................................................................... 2.5.1. Servios de coleta dos resduos slidos urbanos .......................................... 2.5.2. Levantamento dos servios de coleta especial ............................................... 2.5.3. Limpeza de vias pblicas, praas e jardins ..................................................... 5 8 9 14 18 20 20 23 23 24 26 28 28 30 30 31 41 43 45 46 52 54

4

2.5.4. Capina, limpeza de crregos e terrenos desocupados ................................... 2.5.5. Infra-estrutura operacional ............................................................................... 2.6. Aspectos Sociais ................................................................................................ 2.6.1. Diagnstico Socioeconmico dos Catadores de Materiais Reciclveis dos Resduos Slidos Domsticos do Municpio de Mariana MG ................................. 2.6.1.1. A situao da aquisio e venda dos materiais reciclveis e daqueles oriundos dos RSU em Mariana MG ........................................................................ 2.6.1.2. Situao atual dos catadores e coletores (garimpeiros) de lixo de Mariana 2.7. Estrutura Financeira ............................................................................................ 2.7.1. Remunerao e Custeio .................................................................................. 2.7.2. Investimentos .................................................................................................. 2.7.3. Controle de custos ........................................................................................... 2.8. Educao Ambiental formal voltada para os RSU .............................................. 3. I Encontro Municipal de Mariana para Gesto Integrada de Resduos Slidos Urbanos ..................................................................................................................... 3.1. Definio dos temas para a discusso com a comunidade no I Encontro de Mariana para Gesto Integrada de Resduos Slidos Urbanos ................................ 4. II Encontro Municipal de Mariana para Gesto Integrada de Resduos Slidos Urbanos ..................................................................................................................... 4.1. Regimento Interno do Frum Municipal de Lixo e Cidadania ............................. 5. Proposies Finais do PGIRSU Mariana ............................................................

55 55 56 57 57 60 70 71 74 75 75 76 78 87 87 92

6. Principais Problemas Operacionais Detectados .................................................... 104 7. Concluso .............................................................................................................. 104 8. RECENTES DESDOBRAMENTOS DO PGIRSU DE MARIANA Agradecimentos Especiais ......................................................................................... 106 107

Referencias bibliogrficas .......................................................................................... 108 Anexos ....................................................................................................................... 109

5

LISTA DE FIGURAS, TABELAS E QUADRO Figura 1 - Fluxograma bsico de um PGIRSU (Fonte: UFMG/ 2002) ....................... Figura 2 - Formao dos quartis para obteno de representatividade das parcelas em que h caracterizao gravimtrica do lixo de Mariana, MG ................ Figura 3 Composio dos Resduos de Mariana MG ......................................... 17

29 32

Figura 4A Composio dos Resduos da Rota Centro ..........................................

35

Figura 4B Composio dos Resduos da Rota Centro ..........................................

36

Figura 4C Composio dos Resduos da Rota Rosrio .........................................

37

Figura 5 Potencial Reciclvel de Mariana MG ....................................................

39

Figura 6 Potencial Reciclvel de Ouro Preto MG ................................................

40

Figura 7 Organograma da estrutura organizacional da prefeitura de Mariana ...... Figura 8 Vista parcial do antigo lixo recuperado (detalhe das lagoas de estabilizao de chorume) Nov/2004 ..................................................................... Figura 9 Vista parcial do atual aterro controlado (lixo) Nov/2004 .....................

43

45 46

Figura 10 Queima separada do lixo hospitalar no atual aterro (lixo) Nov/2004 Figura 11 Rua estreita onde h dificuldade de manobra para o caminho de coleta de lixo (Rua Beira Rio no bairro Santo Antnio) ............................................. Figura 12 Presena de lixo s margens do Ribeiro do Carmo na entrada do bairro Santo Antnio ..................................................................................................

46

49

50

6

Figura 13 Frota dos caminhes compactadores que realizavam a coleta de lixo domiciliar e comercial ................................................................................................ Figura 14 Caminho da PMM que recolhe o lixo hospitalar, entulhos e restos de podas e capina .......................................................................................................... Figura 15 Caamba particular em via pblica (centro da cidade de Mariana) ....... Figura 16 Caamba da Prefeitura (entulhos de obras de revitalizao do bairro Santana) .................................................................................................................... Figura 17 Garagem da PMM (vista parcial da oficina mecnica) Mai/2005 ........

51

52 53

54

56

Figura 18 Presena de catadores e animais no lixo Nov/2004 ......................... Figura 19 Detalhe do barraco improvisado pelos catadores no lixo e dos materiais acondicionados em big bags para serem comercializados Nov./2004 ... Figura 20 Catador separando papelo nas ruas do centro da cidade Mai/2005 Figura 21 Abertura do I Encontro de Mariana para Gesto Integrada de Resduos Slidos Urbanos pelo Secretrio Municipal de Obras e Servios Pblicos Eng. Targino Guido de Souza ................................................................. Figura 22 Tomada da platia participante do I Encontro de Mariana para Gesto Integrada de Resduos Slidos Urbanos ................................................................... Figura 23 Apresentao pela equipe da UFOP/FG do Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos Urbanos de Mariana (fase diagnstico) .................. Figura 24 Representao dos participantes das mesas temticas (no caso em questo, a foto refere-se mesa de resduos dos servios de sade) ..................... Tabela 1 Datas das amostragens e da caracterizao dos resduos para cada uma das rotas do servio de coleta de lixo de Mariana ............................................ Tabela 2 - Dados sobre a composio gravimtrica dos resduos slidos urbanos de Mariana, levando em considerao os valores mdios obtidos para as trs rotas de coleta de resduos para o perodo de agosto a outubro de 2006 ................ Tabela 3A - Dados das caracterizaes fsicas dos resduos urbanos da rota Cabanas, realizadas em julho e outubro de 2006 ..................................................... Tabela 3B - Dados das caracterizaes fsicas dos resduos urbanos da rota Centro, realizadas em agosto e setembro de 2006 ..................................................

69

69 70

84 84

85

85

28

31 33

33

7

Tabela 3C - Dados das caracterizaes fsicas dos resduos urbanos da rota Rosrio, realizadas em agosto e outubro de 2006 .................................................... Tabela 4 Valores referentes ao potencial de gerao de materiais reciclveis, matria orgnica, rejeitos e podas por rota ............................................................... Tabela 5 Balancete da Despesa 2001 ................................................................

34

38 72

Tabela 6 Balancete da Despesa 2002 ................................................................

72

Tabela 7 Balancete da Despesa 2003 ................................................................

73

Tabela 8 Balancete da Despesa 2004 ................................................................ Quadro 1 - Cdigo Tributrio de Mariana - MG (Lei Complementar 007 de 27 de dezembro de 2001, pgs. 50,52,53, 55) ...................................................................

73

71

8

APRESENTAO O presente trabalho tem como objetivo reunir todas as atividades desenvolvidas durante a elaborao do diagnstico da situao atual dos servios de limpeza urbana, coleta, transporte e destinao final dos resduos slidos urbanos de Mariana, bem como daquelas referentes proposio de medidas de melhorias nesse setor da administrao pblica. Para tanto, aqui apresentado, na ntegra, o Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos Urbanos (PGIRSU) do Municpio de Mariana, conforme prescrito no Edital n.05/2001 do Fundo Nacional do Meio Ambiente FNMA, rgo financiador do projeto. O Edital FNMA n. 05/ 2001 se refere obteno de recursos financeiros do Fundo Nacional do Meio Ambiente FNMA para a elaborao do projeto de Gesto Integrada de Resduos Slidos de Mariana MG. O resultado deste edital selecionou o municpio de Mariana para a Chamada I: Elaborao de Plano de Gerenciamento Integrado de Resduos Slidos Urbanos, Elaborao de Projeto Executivo e Implantao de Aterro Sanitrio e Recuperao de Lixo. Para a execuo dos servios foi assinado um contrato de trabalho entre a Prefeitura Municipal de Mariana (PMM) e a Fundao Gorceix, em setembro de 2004. Entretanto, por questes diversas e alguns contratempos durante a execuo dos trabalhos do PGIRSU, o cronograma fsico constante na Proposta do Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos Urbanos de Mariana no foi devidamente cumprido, sendo o mesmo concludo com a apresentao deste.

9

PROPOSTA DE PLANO DE GESTO INTEGRADA DOS RESDUOS SLIDOS URBANOS (PGRSU) DE MARIANA 1 - Introduo O municpio de Mariana situa-se na Zona Central do Estado de Minas Gerais, possui uma rea de 1.199, 37 Km2 e uma populao de 46.710 habitantes, sendo 30.741 habitantes residentes na sede e o restante, 15.969 habitantes, distribudos nos seus 10 distritos (IBGE, 2000). Trata-se de importante cidade histrica, a primeira cidade e capital de Minas Gerais e urbanisticamente apresenta caractersticas tpicas de cidades mineiras do perodo colonial com ruas estreitas e na sua maioria ngremes e com calamento de pedras. Tais caractersticas tornam atpicos os servios de limpeza urbana da cidade nos aspectos operacionais de coleta e transporte dos resduos slidos urbanos (RSU). Levando em considerao tais particularidades, um sistema de gesto dos RSU deve contemplar levantamentos, estudos e proposies de aes integradas que possam contemplar os aspectos diferenciados dos problemas relacionados limpeza urbana do municpio. Com base no Termo de Referncia, elaborado pela Diretoria de Meio Ambiente e Departamento de Limpeza Pblica da Prefeitura Municipal de Mariana, elaborou-se a proposta de execuo de um Plano de Gesto Integrada dos RSU de Mariana. 2- Modelo de Gesto Integrada dos RSU 2.1 Objetivo Geral Construir um modelo de gesto para os RSU de Mariana abrangendo os aspectos tcnicos, administrativos, jurdicos, educacionais e socioambientais relacionados coleta, transporte, tratamento, reciclagem e disposio final dos resduos urbanos. 2.2 Objetivos especficos

10

Diagnosticar e reordenar o modelo atual de limpeza urbana; Elaborar e/ou aperfeioar as normas e regulamentos vigentes da limpeza urbana; Promover a capacitao dos profissionais envolvidos na limpeza urbana; Elaborar um banco de dados com informaes sobre o funcionamento e o desempenho do sistema de limpeza urbana; Envolver a sociedade organizada e os diversos nveis do governo municipal na construo de um modelo de gesto dos RSU; Promover a organizao dos catadores; Buscar a implantao e/ou fortalecimento de um programa de educao sobre limpeza urbana e reciclagem de materiais; Implantar um comit de acompanhamento e monitoramento do programa de gesto dos RSU.

3- A concepo do Plano de gesto integrada dos RSU de Mariana O plano de Gerenciamento Integrado dos RSU de Mariana compreender as seguintes prioridades: Melhorar o servio de limpeza urbana existente, reduzir significativamente a gerao dos RSU (buscando implantar em mdio prazo um sistema de coleta seletiva dos materiais com vistas a diminuir os problemas oriundos do lixo), dar sobrevida ao aterro sanitrio ora em fase de licenciamento e operao e permitir a gerao de emprego e renda, atravs da reciclagem dos materiais constituintes do lixo de Mariana. O Sistema Integrado de Gerenciamento dos RSU de Mariana abranger: Elaborao de um Plano Estratgico Global

Para a execuo dessa etapa ser necessria a elaborao de um diagnstico tcnico, ambiental, social, jurdico e administrativo do atual sistema de limpeza urbana do municpio de Mariana e das principais caractersticas urbanas e sociais do municpio relacionadas aos aspectos da produo, descarte e das possibilidades de reciclagem.

11

Construo de uma regulamentao especfica para a Limpeza Urbana e para o Sistema Integrado de Gerenciamento dos RSU de Mariana.

Essa etapa consistir em analisar todas as normas e procedimentos atuais de coleta, transporte e disposio final dos RSU visando aprimor-las, se for o caso. Uma anlise do sistema atualmente adotado ser o ponto de partida para essa tarefa. Dias da semana, horrios e qualidade do servio sero analisados, inclusive consultando muncipes sobre a qualidade do servio prestado em cada bairro. Aspectos de segurana operacional tambm sero analisados. Estabelecimento de uma estrutura operacional mnima para os servios de limpeza urbana Caber a essa etapa, com base no diagnstico elaborado, dimensionar os principais equipamentos e frotas de veculos compatveis com a necessidade dos servios. Um quadro mnimo de pessoal dever ser definido para a implantao do sistema de gesto integrada dos RSU de Mariana. Definio de uma estrutura administrativa, tcnica, financeira e jurdica para a implantao e operao do plano de gesto dos RSU. Para a concretizao desse item dever se utilizar o mximo em termos de servios, recursos tcnicos, financeiros, administrativos, legais e de mo de obra da prpria Prefeitura Municipal de Mariana. Estabelecimento de uma poltica de desenvolvimento de recursos humanos dos funcionrios do servio de limpeza urbana. Caber a esse item definir aes que visem o aprimoramento da mo de obra envolvida na limpeza urbana de Mariana. Para tanto devero ser apresentados os tipos de treinamentos necessrios para o pessoal envolvido nos servios, atualizao de tcnicas, visitas a municpios onde o servio em referncia considerado de boa qualidade, relaes pblicas, segurana no trabalho e ergonomia, etc.

12

Estabelecimento de mecanismos de monitoramento, fiscalizao e cobrana do servio de coleta e destinao final.

Caber a essa etapa formular alguns principais mecanismos educativos e normativos atravs de instrumentos legais de gesto municipais (cdigo de postura municipal, por exemplo) para a regulamentao das atividades e aes que envolvem a limpeza urbana. Nesse item devero ser observados critrios, direitos e obrigaes para com o descarte, transporte e despejo dos resduos produzidos no municpio. Devero ser tratados os seguintes temas: Tipos de resduos que podero ser descartados e coletados pelo servio pblico de limpeza; Definio do acondicionamento, transporte e estocagem dos dejetos; Estocagem de material de construo civil em passeios ou vias pblicas; Limpeza de feiras livres, eventos pblicos, shows etc.; Limpeza de lotes vagos, terrenos baldios, fundos de vales e crregos urbanos; Normalizao sobre armazenamento, transporte e disposio de resduos da construo civil; Reviso de taxas relativas coleta e destinao final de resduos especiais; Reviso das taxas de coleta e disposio de resduos slidos domsticos, vinculadas ao IPTU. Estabelecimento de mecanismos de comunicao, divulgao e educao Buscar-se- trabalhar com a Assessoria de Comunicao da Prefeitura de Mariana com vista a criar mecanismos de mdia para divulgao das iniciativas do poder pblico municipal (e de outras origens) para consolidao do Sistema de Gesto Integrada dos RSU de Mariana. Para a efetivao desse item poder-se-o buscar parcerias com a UFOP, Novelis, SAMARCO, CVRD, Clubes de Servios, CODEMA, Associaes de Bairros, Rede Municipal e Estadual de Ensino, Sindicatos, Igrejas, etc. Devero ser fomentadas

13

a consolidao das iniciativas de educao ambiental formal nos nveis de ensino fundamental e mdio e incentivar eventos educativos que tratam da questo dos RSU (gincanas, limpezas de praas, crregos e terrenos, etc.).

Viabilizao da eliminao de catadores presentes no atual local de disposio de resduos e oportunizar a gerao de emprego e renda

Essa tarefa visar oportunizar a gerao de renda e desenvolvimento de um trabalho salubre e seguro para os que j atuam na catao de lixo de Mariana. Para tanto ser feito um levantamento atualizado da populao de catadores de reciclveis visando dar orientaes para a implantao de uma cooperativa de recicladores, objetivando torn-los mais fortes e valorizados na sociedade local. Proposio de um sistema de tratamento, reciclagem e compostagem dos RSU Essa etapa consistir em apresentar propostas que visem minimizar os impactos ambientais negativos oriundos dos RSU buscando obter benefcios ambientais, sociais e econmicos de sua gesto. Para tanto, programas locais incentivaro a introduo da coleta seletiva de materiais reciclveis do lixo domstico e comercial em Mariana. Uma preocupao com a implantao da reciclagem de resduos da construo civil far parte desse item. Finalmente, uma avaliao do funcionamento do aterro controlado atualmente operado far parte desse item. 4- Equipe tcnica envolvida da UFOP Prof. Dr. Jorge Adlio Penna Coordenador - DECIV/EM/UFOP Prof. Dr. Jos Francisco do Prado Filho Coordenador -DEPRO/EM/UFOP Estagirios de Engenharia Ambiental 2 estudantes da Escola de Minas

5- Equipe tcnica da Prefeitura Municipal de Mariana envolvida no projeto Um engenheiro civil 320 horas de dedicao Um administrador 80 horas de dedicao Um assistente social 192 horas de dedicao

14

Um tcnico em comunicao social 320 horas de dedicao Um advogado 80 horas de dedicao

Obs.: A PM Mariana dever oferecer equipe executora da FG/UFOP condies de realizar, com qualidade, os servios estabelecidos nessa proposta (acesso s informaes necessrias, transporte, material de consumo, espao fsico e demais facilidades). 6 - Oramento Geral do Projeto R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), estando includas as incidncias fiscais, trabalhistas e taxas administrativas da UFOP e Fundao Gorceix. 7 Cronograma Fsico e Financeiro O cronograma fsico e financeiro dever obedecer proposta constante do quadro abaixo. Cronograma Fsico e Financeiro de execuo do Plano de Gesto dos RSU de Mariana Etapas de Execuo Planejamento Estratgico e Proposta de Regulamentao dos Servios de Limpeza Urbana Estruturao e Poltica de Recursos Humanos dos Servios de Limpeza Urbana Estabelecimento de Mecanismos de Fiscalizao, Cobrana, Comunicao e Educao Estabelecimento de Programa Social com os Catadores de Lixo e Reciclagem Proposio do Sistema de Tratamento, Reciclagem e Compostagem dos RSU Relatrio Final e Avaliao do Trabalho Ouro Preto, 06 de agosto de 2004. Prof. Dr. Jorge Adlio Penna DECIV/EM/UFOP Prof. Dr. Jos Francisco do Prado Filho DEPRO/EM/UFOP Perodo Setembro e Outubro/2004 Novembro e Dezembro/2004 Janeiro e Fevereiro/2005 Maro e Abril/2005 Maio e Junho/2005 Julho/2005 Desembolso Financeiro R$5000,00 R$5000,00 R$5000,00 R$5000,00 R$5000,00 -

15

GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESDUOS SLIDOS URBANOS Primeiramente, cabe apresentar a definio de resduos slidos urbanos, bem como conceituar o que vem a ser um Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos Urbanos ou Sistema de Gerenciamento Integrado de Resduos Slidos, uma vez que alguns autores e tcnicos que atuam na rea de resduos slidos urbanos preferem usar o termo gesto quando se referem a decises, aes e procedimentos estratgicos, e gerenciamento para designar a operao do sistema de limpeza urbana. Porm ambos podem ser empregados como sinnimos. Na NBR 10004, de 2004, da Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT, encontra-se a seguinte definio de resduos slidos: aqueles resduos nos estados slido e semi-slido, que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servios e de varrio. Ficam includos nesta definio os lodos provenientes de sistemas de tratamento de gua, aqueles gerados em equipamentos e instalaes de controle de poluio, bem como determinados lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou corpos dgua, ou exijam para isso solues tcnicas e economicamente inviveis em face a melhor tecnologia disponvel. No entanto, para definir, exclusivamente, o lixo domstico pode ser apresentada, dentre inmeras outras, a seguinte: Os resduos slidos de origem urbana (RSU) compreendem aqueles produzidos pelas inmeras atividades desenvolvidas em reas com aglomeraes humanas do municpio, abrangendo resduos de vrias origens, como residencial, comercial, de estabelecimentos de sade, industriais, da limpeza pblica (varrio, capina, poda e outros), da construo civil e, finalmente, os agrcolas (PROSAB, 2003). Por ser um tema que tem assumido um papel de destaque na sociedade em geral, o gerenciamento dos resduos slidos uma questo abordada em vrias publicaes relacionadas a essa questo. Por exemplo, o Manual de Gerenciamento Integrado de Resduos Slidos, que utilizado como instrumento didtico nos programas de treinamento e capacitao em Gesto de Resduos Slidos, promovidos pela Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da

16

Presidncia da Repblica SEDU/PR e pelo Instituto Brasileiro de Administrao Municipal IBAM. Nele encontra-se a seguinte definio para Gerenciamento Integrado de Resduos Slidos Urbanos: , em sntese, o envolvimento de diferentes rgos da administrao pblica e da sociedade civil com o propsito de realizar a limpeza urbana, a coleta, o tratamento e a disposio final do lixo, elevando assim a qualidade de vida da populao e promovendo o asseio da cidade, levando em considerao as caractersticas das fontes de produo, o volume e os tipos de resduos para a eles ser dado tratamento diferenciado e disposio final tcnica e ambientalmente corretas , as caractersticas sociais, culturais e econmicas dos cidados e as peculiaridades demogrficas, climticas e urbansticas locais. No entanto, para que o GIRSU funcione necessrio que exista uma estrutura organizacional bem definida que lhe sirva de base para o desenvolvimento de suas funes. Esta certamente uma das maiores dificuldades de implantao de um GIRSU, o que talvez justifique o fato de alguns autores recomendarem esta prtica para municpios considerados de pequeno porte. A Figura 1, a seguir, apresenta um fluxograma simplificado do funcionamento de um Plano de Gesto Integrada de Resduos slidos UrbanosPGIRSU.

17

Figura 1 Fluxograma bsico de um PGIRSU (Fonte: UFMG, 2002)

18

1. INTRODUO A questo dos resduos slidos urbanos no Brasil, apesar de ser um tema muito discutido atualmente, ainda se constitui em um grande desafio, principalmente no que diz respeito poluio do solo, da gua, do ar e sade pblica. Falta ainda a elaborao de polticas pblicas voltadas para essa questo, maior comprometimento das administraes municipais, recursos humanos especializados, recursos financeiros e outros fatores determinantes como a conscientizao da sociedade. Alm disso, para tratar adequadamente a enorme quantidade de lixo produzido no Brasil, muito h que se fazer para garantir a reduo de seu volume. Como forma de buscar solues para este problema apresenta-se o Gerenciamento Integrado de Resduos Slidos Urbanos GIRSU, que por sua vez deve contemplar todo o fluxo desde gerao at a destinao final dos resduos, englobando etapas intermedirias com o objetivo de promover a preservao dos recursos naturais, priorizando polticas e estratgias de reduo na fonte, reaproveitamento e reciclagem. Com relao gesto ambiental dos resduos slidos, a Prefeitura Municipal de Mariana afirma que a Administrao tem cumprido os trmites necessrios, buscando o licenciamento ambiental do aterro sanitrio junto ao rgo ambiental regulador do Estado (FEAM), paralisao da operao no antigo lixo e com a operao do atual aterro controlado. Em 1999 o Ministrio Pblico Estadual (MPE) moveu uma ao contra o municpio, obrigando-o a encerrar a disposio dos seus resduos no lixo, que estava em operao havia cerca de 20 anos. A rea do lixo era, inicialmente, propriedade da Mina Del Rey, adquirida posteriormente pela Companhia Vale do Rio Doce CVRD, em 1987, que financiou as obras de recuperao ambiental da rea, arcando com a despesa total de R$ 1.100.000,00. Hoje, o antigo lixo recuperado, passou a ser ponto de visitao ambiental programada pela CVRD, e os RSU atualmente gerados esto sendo depositados em um aterro controlado, localizado na estrada que d acesso ao distrito de Camargos, em substituio ao lixo existente. Apesar de ser prefervel ao lixo, por apresentar etapas de compactao e cobertura dos resduos, ao final de cada jornada de trabalho, com material inerte, o aterro controlado geralmente no possui uma base 19

impermeabilizada, nem tratamento de gases e de percolados (chorume). Contudo, devido falta de manuteno e operao adequada, o aterro controlado operado atualmente pela PM Mariana no se distancia muito de um lixo tpico. Atualmente, a Prefeitura Municipal de Mariana est comprometida com a elaborao do Plano de Gesto Integrada dos Resduos Slidos Urbanos PGIRSU. Esta uma medida que visa solucionar um antigo e grave problema: o tratamento dado aos seus resduos slidos urbanos, que como em muitos outros municpios brasileiros, resumia-se apenas no simples descarte em depsitos a cu aberto ou nos chamados lixes, onde o lixo descartado de forma desordenada sobre o solo, sem qualquer medida de proteo ao meio ambiente.

20

2. DIAGNSTICO DO ATUAL SISTEMA DE LIMPEZA URBANA DE MARIANA Tomando como base o Roteiro para Elaborao e Apresentao de Plano de Gerenciamento Integrado de Resduos Slidos, conforme descrito no Edital n.05/ 2001 (vide Anexo 1), as atividades desenvolvidas sero detalhadas dentro de cada item do Diagnstico da Situao Atual Fase I, de forma a tornar o trabalho mais objetivo e esclarecedor da situao. Com isso, permite-se, ainda, oferecer uma maior compreenso das etapas de elaborao de um PGIRSU. importante ressaltar que as informaes aqui registradas referem-se ao ano de 2005, quando o relatrio do diagnstico foi apresentado Prefeitura Municipal de Mariana e Caixa Econmica Federal, gestora dos recursos do FNMA. Da a colocao no tempo verbal passado. Contudo, em alguns aspectos j esto contempladas as alteraes ocorridas desde ento. 2.1. Caracterizao do Municpio Para caracterizao do municpio foram realizadas pesquisas junto a documentos, projetos e trabalhos j concretizados, como por exemplo, o Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Entretanto, segundo orientao o roteiro do Edital n. 05/ 2001, trata-se apenas de uma caracterizao sinttica dos aspectos fsicos ambientais, socioeconmicos, estrutura urbana e infra-estrutura em nvel regional. Caracterizao sucinta do Municpio de Mariana - MG

O Municpio de Mariana localiza-se na regio central do Estado de Minas Gerais, parte meridional da serra do Espinhao, integrando com outros 22 municpios a micro-regio 187 - Espinhao Meridional - de Minas Gerais. Mariana est a 112 km de Belo Horizonte e a 12 km de Ouro Preto. O Municpio, que se subdivide em nove distritos, possui uma rea total de 1.199,37 Km2 e um permetro de cerca de 244,90 km e, de acordo com os dados do ltimo Censo Demogrfico do IBGE, no ano de 2000, a populao total de Mariana era de 46 710 habitantes, dos quais quase 83% residiam em reas urbanas, tanto da sede quanto dos outros distritos. 21

Do ponto de vista fsico, Mariana est localizada na borda leste da Regio mundialmente conhecida como Quadriltero Ferrfero, na vertente oriental da Serra do Espinhao, tendo a maior parte de seu territrio no planalto dissecado do leste de Minas Gerais. Os pontos de altitude mxima so a Serra do Caraa (Pico do Sol, 2064 m) e o Pico do Itacolomi (1772 m), estando a altitude mnima no rio Gualaxo do Sul (598 m), na divisa com o Municpio de Acaiaca. O relevo acidentado, sendo cerca de 10% plano, 30% ondulado e 60% montanhoso. H na regio as seguintes categorias bsicas de vegetao: matas naturais, no exploradas em encostas e fundos de vales, com rvores de porte mdio e alto (mata tropical latifoliada perene); matas de galeria, em estreitas faixas ao longo dos rios riachos e crregos; matas artificiais, geralmente matas de eucalipto; campos naturais em zonas de relevo ondulado/forte ondulado, com vegetao de gramneas e ciperceas; pastos e terras utilizadas como cultura. Contudo, devido intensa atuao antrpica, em vrios locais a vegetao nativa e as pastagens vem sendo substituda por plantios de eucaliptos. A rede de drenagem pertence Bacia do Rio Doce. Os principais rios so o Gualaxo do Sul e o Gualaxo do Norte, afluentes do Rio do Carmo, cujo escoamento se d para leste. O Municpio de Mariana possui em seus domnios reservas naturais que tm por finalidade a conservao da biodiversidade local. Esto inseridos no Municpio de Mariana: O Parque Estadual do Itacolomi, a rea de proteo ambiental Mata do Seminrio, a reserva particular do patrimnio natural (RPPN) da Companhia Vale do Rio Doce - Horto da Alegria, a APA do Seminrio Menor e o Campus da UFOP-ICHS. Cada uma dessas unidades de conservao da biodiversidade (UCs) possui uma particularidade de uso ou de proteo. A implantao, principalmente a partir dos anos setenta, das grandes empresas mineradoras foi decisiva para definio do painel scioeconmico de Mariana. Trata-se de um novo perodo histrico, onde diferentes atores sociais so introduzidos, compondo novas relaes scio-poltico-econmico-ambientais. No momento, as mineradoras ainda definem o painel econmico da cidade e, quer pela retrao nos empregos, quer pela necessidade de diversificao das fontes geradoras de emprego e renda, a comunidade vem buscando alternativas para seu futuro desvinculado desta atividade. tambm freqente na regio a

22

presena de atividades de minerao no legalizadas, especialmente de ouro, pedras preciosas, pedra sabo, quartzito, quartzo e areia. Quanto produo agrcola, apesar de ainda pouco representativa no total da economia municipal, mostra tendncia expanso. Segundo dados da Diretoria de Agricultura e Pecuria da Prefeitura Municipal de Mariana, existe um total aproximado de 1030 propriedades rurais no municpio, das quais a grande maioria voltada para a subsistncia, sem adoo de prticas e tecnologia adequadas. Inclusive, nas propriedades rurais predomina o uso da mo-de-obra familiar, realando como problema significativo a falta de documentao da posse da terra por boa parte dos pequenos produtores. Entretanto, o principal uso das terras dos estabelecimentos agropecurios marianenses o florestamento. Outras atividades importantes e praticadas em Mariana e distritos so: agropecuria, que por sua vez apresenta alguns impactos ambientais negativos, como por exemplo, no caso da inadequada disposio dos dejetos da suinocultura e do vinhoto, eroso e a degradao dos solos pelas pastagens; silvicultura; apicultura, que vem mostrando potencial de expanso e a produo de cachaa. Alm disso, destaca-se o artesanato marianense, apresentando grande variedade de peas e modalidades, sendo realizado tanto na sede quanto nos outros distritos. O inquestionvel potencial turstico marianense dado por seu patrimnio histrico edificado (casario colonial, igrejas, museus, manifestaes culturais, notadamente a literatura e a msica), pelos locais de beleza cnica e ecolgica (cachoeiras, minas, grutas), por seu artesanato, arte sacra e culinria, bem como por outros atrativos, como o recente inaugurado Trem da Vale. Alm do acervo cultural conhecido, o territrio do Municpio possui um imenso potencial turstico ecolgico, ainda quase desconhecido. Como comum acontecer em cidades de porte e perfil semelhantes ao de Mariana, o setor industrial da localidade se mostra pouco desenvolvido, excetuando-se, claro, a j citada minerao. As principais atividades industriais so dos ramos de grfica e fabricao de produtos alimentcios e bebidas. Em geral, o comrcio marianense segue o perfil tradicional, com predomnio dos ramos varejistas.

23

2.2. Caracterizao dos Resduos Slidos Urbanos (RSU) de Mariana Inicialmente, a equipe do PGIRSU apresentou dados contendo a caracterizao dos RSU de Mariana, de acordo com o que consta nos Relatrio de Controle Ambiental (RCA), Plano de Controle Ambiental (PCA), ambos elaborados pela TECISAN, em 2000, para o licenciamento ambiental do aterro sanitrio de Mariana. Dados esses constantes tambm no Plano Diretor UrbanoAmbiental do municpio. Segundo o PCA, a composio dos RSU de Mariana baseou-se nos valores mdios obtidos nas cidades de Timteo, Manhua, Ponte Nova, Viosa e Ub MG, conforme quadro demonstrativo da FEAM/ COPAM a seguir. Segundo o prprio documento no foram feitas anlises quantitativas dos constituintes dos RSU para Mariana. Por se tratar de um documento validado pela FEAM, a equipe partiu da premissa que as informaes atenderiam s exigncias da Caixa Econmica Federal. Entretanto, a mesma entidade exigiu que se fizesse a caracterizao dos RSU especfica para Mariana. Sntese do relatrio dos trabalhos realizados apresentado a seguir. Os anexos referentes ao mesmo no sero contemplados no presente trabalho, haja vista que estes podem ser acessados a partir do documento de Caracterizao dos Resduos Slidos Urbanos (RSU) de Mariana, disponvel na Prefeitura Municipal, j que o mesmo foi elaborado por solicitao da Secretaria Ajunta de Meio Ambiente da PM Mariana. 2.2.1. RELATRIO DA CARACTERIZAO DOS RESDUOS SLIDOS URBANOS (RSU) DE MARIANA Os trabalhos referentes caracterizao qualitativa e quantitativa dos resduos slidos domsticos e comerciais de Mariana MG esto fundamentados na bibliografia especializada sobre o assunto, em argumentos tcnicos e em estudos semelhantes realizados em outros municpios, como o de Ouro Preto (MG), cidade com porte e caractersticas semelhantes s de Mariana. O perodo das atividades de caracterizao gravimtrica dos RSU compreende de julho a outubro de 2006. 24

O objetivo do trabalho a obteno dos percentuais da composio dos diferentes constituintes dos RSU (matria orgnica, materiais reciclveis e rejeitos) e de se estimar a contribuio da populao local na gerao dos resduos slidos municipais na relao kg/dia. Sabendo teoricamente que tais resultados normalmente guardam relaes diretas com os nveis de renda da populao local, procurou-se efetuar o trabalho de classificao dos resduos urbanos utilizando as trs diferentes rotas de coleta definidas pelo servio de limpeza urbana local, tendo em vista considerar que essa opo determinaria uma amostragem considerada significativa dos resduos gerados pela populao local, j que cada uma das rotas operadas pelo sistema municipal de coleta de resduos abrange diferentes bairros da sede urbana de Mariana. Dessa forma, o diagnstico dos resduos slidos urbanos desconsiderou alguns fatores, como por exemplo, a classe social, os costumes e o poder aquisitivo dos habitantes dos diferentes bairros da sede do municpio. de se salientar, porm, levando em considerao estudos especficos, que o que difere mesmo na gerao de resduos domsticos o nvel socioeconmico da populao e principalmente o porte populacional do municpio. Diante disso, considera-se que a metodologia adotada (principalmente determinada por aspectos operacionais da limpeza urbana local) no trouxe prejuzos caracterizao dos resduos slidos domiciliares de Mariana tendo em vista que as rotas de coleta, como j apresentado, envolvem vrios bairros com diferentes caractersticas socioeconmicas e estruturais. 2.2.1.1. Desenvolvimento das Atividades de Caracterizao dos RSU A caracterizao qualitativa dos resduos slidos domiciliares constituiu-se na tradicional determinao dos materiais presentes no lixo e do percentual em peso que os mesmos ocorrem em relao ao total produzido. Refere-se s porcentagens das vrias fraes normalmente presentes no lixo domstico de uma cidade, tais como papel, papelo, plstico mole, plstico duro, PET, metal ferroso/alumnio, vidro, matria orgnica e outros constituintes. Uma das expectativas da caracterizao dos materiais presentes nos RSU a possibilidade de verificar quais materiais entram na constituio do lixo gerado e em que percentual ocorrem, permitindo, ento, inferir sobre a viabilidade da

25

implantao da coleta diferenciada dos materiais reciclveis, bem como, poder definir as dimenses das instalaes necessrias, a equipe de trabalho e os equipamentos envolvidos, alm de estimar outros fatores relacionados com a implantao de um possvel sistema de coleta diferenciada de materiais. Outra vantagem deste estudo o fornecimento de dados que servem de base para a implantao de um sistema de compostagem, que um processo de aproveitamento da matria orgnica descartada nos resduos domiciliares. Na fase inicial da caracterizao dos resduos domiciliares foram estudadas as condies da zona urbana e do sistema de operao da coleta de lixo urbano executada pela prefeitura municipal, visando desenhar uma metodologia que se adequasse situao local. Alm disso, foram pesquisados dados referentes ao sistema de limpeza pblica, tais como nmero de setores de coleta, freqncia de coleta, caractersticas socioeconmica dos setores/bairros de coleta e quantidade de resduos gerada. Aspectos de sazonalidade e climticos, bem como influncias regionais e temporais (como interferncia de pocas e de maior turismo) no foram considerados nesse estudo, apesar de teoricamente serem particularidades que podem interferir na qualidade/quantidade dos resduos gerados por um municpio. Apesar do apelo turstico que tem, e mesmo sendo pouco estudado, o fato que em Mariana, efetivamente se desenvolve um turismo considerado de um dia, onde o visitante permanece por poucas horas dirias nos seus domnios, influenciando pouco na gerao de RSU. Apenas em algumas datas, como no carnaval, que h um pico de visitantes, porm, considerando a mdia anual, observa-se que essa disparidade pontual de gerao de resduos em poucos dias no interfere significativamente na mdia anual de produo de RSU. Por se considerar tarefa onerosa, uma anlise dos resduos gerados bairro a bairro deixou de ser executada e achou-se por bem, aps discusso entre os executores do presente trabalho e tcnicos da prefeitura envolvidos com o servio de limpeza urbana, manter a logstica adotada pela prefeitura na coleta do lixo local, facilitando, assim, a execuo dos trabalhos referentes coleta de amostras para a caracterizao gravimtrica dos RSU. Buscando-se evitar distores nos resultados motivadas pela realizao de eventos (festas, feriados ou comemoraes pblicas) ou por oscilaes de consumo da populao (final de ano, dia das mes, etc.) optou-se pela realizao 26

da caracterizao no perodo escolar. Os trabalhos de caracterizao dos resduos presentes no lixo domstico tiveram incio no final de julho e se estenderam at o incio de outubro de 2006. Ao todo foram realizadas seis amostragens, sendo duas em cada rota de servio de coleta de lixo. Considera-se que o perodo amostrado representa dados como sendo considerados tpicos para a cidade, tendo em vista no ter abrangido datas especiais como carnaval ou festas locais. Considera-se que tais datas, como apresentado anteriormente, no trariam informaes que retratassem um comportamento anmalo na gerao de resduos, j que nestas ocasies ocorre um afluxo de turistas em apenas poucos dias do ano e considerado pouco significativo em termos de gerao de resduos domiciliares. No se incluem, no presente trabalho de caracterizao, os resduos provenientes da varrio e capina de vias pblicas. Assim, essa tarefa foca-se exclusivamente na caracterizao dos resduos slidos domsticos e do comrcio local. 2.2.1.2. A amostragem dos Resduos Os roteiros utilizados no sistema de coleta de resduos na cidade de Mariana so em nmero de trs e compem o sistema de coleta adotado pela Secretaria Adjunta de Servios Urbanos da PMM. As rotas so compostas pelos seguintes trajetos de bairros:

Rota Cabanas: Abrange parte do Centro, Bairro So Pedro, Rodoviria,Bairro Chcara, Bairro Cartucha, Bairro Cabanas, Bairro Santa Rita de Cssia, Bairro Colina. Nesta rota esto localizados os bairros considerados de classe social baixa, e de grande extenso;

Rota Centro: Abrange todo o Centro, Bairro So Gonalo, Bairro SantoAntnio, Campus da UFOP (ICHS), Bairro Santana, Bairro Cruzeiro do Sul, Bairro Galego, Vila do Carmo. Pela elevada concentrao dos comrcios no centro da cidade, os resduos coletados nesta rota apresentam principalmente a caracterstica de comercial. Outro aspecto a ser

27

considerado nesta rota a presena de grande quantidade de catadores autnomos os quais determinam uma reduo dos materiais reciclveis presentes no lixo j que os mesmos atuam na retirada dos reciclveis anterior coleta municipal;

Rota Rosrio: Abrange pequena parte do Centro, Bairro Rosrio, BairroFonte da Saudade, Bairro Barro Preto, Bairro Morada do Sol, Bairro Jardim dos Inconfidentes, Bairro So Cristvo, Vila Del Rei, Bairro Maquin, Bairro So Sebastio. Este roteiro marcado principalmente por envolver bairros de classe mdia. As caractersticas de cada rota do servio de coleta foram informadas pelos funcionrios da prefeitura e confirmadas em campo, durante a amostragem dos resduos. Na realidade, essas consideraes so bastante generalizadas e refletem a situao geral de cada rota. Como o servio de coleta de lixo para a cidade de Mariana abrange trs rotas, ficou definido para o presente trabalho um sistema de seleo de amostras aleatrias, tomando sempre o cuidado de coletar amostras consideradas representativas do material (lixo) a ser analisado. Assim, nos locais onde havia maior acmulo de lixo era sempre recolhida maior quantidade de material a ser analisado, enquanto em locais de menor acmulo de lixo era recolhido menos material. A coleta das amostras de resduos domiciliares foi realizada com um caminho basculante (com capacidade de carga aproximada de 4.000 kg). Para essa fase do trabalho seguiram-se exatamente os roteiros usuais dos servios de coleta da prefeitura local e se fez sempre em perodo anterior coleta normalmente executada pela prefeitura, que realizada por um caminho compactador. As amostragens (seleo de sacos de lixo) foram feitas por um funcionrio do setor de limpeza urbana da prefeitura municipal, tendo a superviso dos executores desse trabalho que indicavam a quantidade de amostras de lixo (sacos de lixo) em cada ponto. Assim, a amostra total de cada rota de coleta de lixo adotada pela prefeitura era constituda de sacos de lixo que foram coletados aleatoriamente em diferentes pontos ao longo do trajeto onde executado o servio de limpeza urbana. Deve-se ressaltar tambm que os 28

ajudantes desta tarefa de caracterizao, alm de conhecedores das rotas, foram previamente orientados pelos tcnicos da equipe para a execuo da amostragem dos resduos slidos. O planejamento das atividades das amostragens ficou estabelecido como descrito na Tabela 1: Rota de Coleta e n. da amostragem Cabanas, I Rosrio, I Centro, I Centro, II Rosrio, II Cabanas, II Data da Amostragem 20/07/06 03/08/06 10/08/06 28/09/06 03/10/06 05/10/06 Data da Caracterizao 21/07/06 04/08/06 11/08/06 29/09/06 04/10/06 06/10/06

Tabela 2 Datas das amostragens e da caracterizao dos resduos para cada uma das rotas do servio de coleta de lixo de Mariana

Deve ser ressaltado que todas as coletas das amostras de resduos foram iniciadas s 16 horas e se fizeram anteriormente execuo dos servios rotineiros da coleta de lixo executada diariamente pela prefeitura. O trabalho de caracterizao dos resduos foi sempre s 08 horas do dia seguinte amostragem como registrado na tabela anterior. 2.2.1.3. Aspectos Operacionais Preliminares Caracterizao dos RSU Para a seleo da metodologia de anlise dos resduos constituintes do lixo domiciliar, necessria a adoo de critrios que, dentre outros aspectos, compatibilizem o rigor cientfico com as condies operacionais dos servios executados na cidade. No caso de Mariana MG, as condies operacionais da coleta foram especialmente determinantes na definio das atividades do processo de caracterizao dos materiais presentes nos resduos slidos gerados. 2.2.1.4. A obteno dos Dados para Amostragem dos RSU

29

A amostragem dos resduos a serem estudados foi feita sempre no final da tarde (iniciada s16 horas) do dia estabelecido para os trabalhos, pouco antes do horrio do servio de coleta municipal, enquanto os trabalhos referentes triagem e pesagem das amostras foram realizados na manh do dia seguinte, a partir das 8 horas. Tomou-se cuidado para manter o material protegido da umidade da madrugada e da chuva. Assim o material amostrado era armazenado em lona plstica, devidamente fechado, como um envelope. Esse cuidado considerado importante, pois a umidade amplia o peso dos resduos e pode prejudicar os estudos. Os resduos coletados para estudo foram basculados pelo caminho em uma lona plstica, no local onde seriam realizadas a triagem e a pesagem dos diferentes constituintes do lixo. As parcelas do RSU que seriam efetivamente utilizadas no processo de caracterizao gravimtrica, aps homogeneizao, foram selecionadas por meio de quarteamento estatstico, que um procedimento eficaz na obteno da representatividade de amostras de material. Assim, o lixo amostrado na coleta foi quarteado, e os dois quartis opostos (vis a vis) foram selecionados para se ter uma parcela considerada representativa dos resduos gerados no municpio. Estes dois quartis foram novamente misturados, revolvidos e homogeneizados, procedendo-se, aps isso, a um segundo quarteamento. Aps, foram selecionados dois quartis opostos para realizao da triagem e pesagem dos materiais. Os constituintes no selecionados foram, ento, descartados. A Figura 2, a seguir, demonstra o procedimento adotado para a obteno das parcelas em que se fez a caracterizao dos materiais presentes no lixo gerando em Mariana.

Figura 2 - Formao dos quartis para obteno de representatividade das parcelas em que h caracterizao gravimtrica do lixo de Mariana, MG

30

Aps o quarteamento, o material passou pela triagem e cada parcela foi pesada em balana de plataforma (do tipo armazm). Os resultados indicaram a porcentagem de material reciclvel encontrado nos resduos gerados em cada uma das rotas estudadas. Considera-se que tais informaes so fundamentais para a implantao de um futuro projeto de implementao da coleta seletiva, servindo de base para a seleo dos bairros pilotos (no caso particular-rotas) e para a elaborao de um programa de mobilizao da comunidade principalmente nas regies de maior potencial de recuperao de reciclveis. A presente pesquisa restringiu-se caracterizao qualitativa e quantitativa, por tipos, dos resduos slidos urbanos gerados na rea urbana da sede do municpio, no se estendendo, portanto, caracterizao fsico-qumica e/ou microbiolgica dos mesmos. 2.2.1.5. Equipamentos e Mo de Obra Utilizados na Caracterizao dos RSU 01 caminho basculante e lona para recobrimento da carga, capacidade volumtrica 6m3, com motorista; 01 veculo leve para passageiros, com motorista; 06 lonas plsticas resistentes, com dimenso de 10 x 10m (100m2); 02 ps quadradas, 01 enxada larga, 01 rastelo; 08 mscaras tipo filtro, para nariz e boca; 06 pares de luvas de raspa, cano longo; 01 balana de plataforma, capacidade mxima de 600 kg, preciso 100 g; 03 funcionrios da prefeitura, conhecedores da rota de coleta de resduos, para recolhimento e manejo das amostras, devidamente treinados para a execuo dos trabalhos; galpo coberto, com rea livre utilizvel 100 m2.

2.2.1.6. Ocorrncias Relevantes Durante os Trabalhos de Caracterizao dos RSU

31

I. Durante os dias de amostragem foi constatada, em praticamente todos os roteiros, a presena de catadores de rua. Sendo assim, constata-se que uma quantidade significativa de constituintes do RSU, principalmente papelo, era recolhida antes mesmo das amostragens. Essa interferncia pode resultar em divergncias na caracterizao dos RSU. II. Outra constatao feita a freqente doao a alguns catadores de rua, por parte de alguns comerciantes, de parte do material reciclvel produzido nos estabelecimentos fazendo com que estes materiais no cheguem ao sistema de coleta municipal. Considera-se outro fator de interferncia na caracterizao dos RSU. III. Durante a triagem, normalmente so encontrados materiais atpicos bastante diversos como animais mortos, fitas de vdeo, baterias, lmpadas fluorescentes, parte de eletrodomsticos, sombrinhas, pares de sapato, roupas, e alguns outros materiais que no presente estudo foram classificados como rejeitos. IV. Em algumas rotas estavam presentes, no material coletado (amostrado), grandes quantidades de restos de podas e de jardim, que um tipo de material no-comum nas classificaes dos resduos, pois a coleta e destinao desses resduos normalmente deveriam ser diferenciadas. 2.2.1.7. Resultados e Concluses da Caracterizao dos RSU De acordo com os trabalhos desenvolvidos, a Tabela 2, a seguir, apresenta a composio gravimtrica dos resduos slidos urbanos domsticos e comerciais de Mariana. Tipos de Materiais Matria Orgnica Restos de Poda Papel Papelo Plstico Mole Plstico Duro PET Metal Vidros Rejeitos Peso Lquido Total (kg) 82,55 13,75 11,45 9,95 10,00 4,35 3,13 3,58 4,10 42,70 Porcentagem 44,49% 7,41% 6,17% 5,36% 5,39% 2,34% 1,68% 1,93% 2,21% 23,01%

32

Total

185,55

100,00%

Tabela 2 - Dados sobre a composio gravimtrica dos resduos slidos urbanos de Mariana, levando em considerao os valores mdios obtidos para as trs rotas de coleta de resduos para o perodo de agosto a outubro de 2006.

33

A Figura 3, a seguir, apresenta em forma de grfico tipo pizza os principais constituintes presentes no lixo urbano de Mariana para o perodo estudado.

Figura 2 - C

Figura 3 Composio dos Resduos de Mariana - MG

34

As Tabelas 3A, 3B e 3C, a seguir, mostram a caracterizao fsica dos resduos urbanos de Mariana por rota dos servios de coleta realizado pela Prefeitura Municipal.Tabela 3A - Dados das caracterizaes fsicas dos resduos urbanos da rota Cabanas, realizadas em julho e outubro de 2006

Rota Cabanas

Data da coleta

Data da caracter. Papelo 3,60 4,76% 5,60 15,56% 9,20 4,60 8,24%

Materiais (kg) Papel 4,60 6,08% 1,60 4,44% 6,20 3,10 5,55% Plstico Plstico Mole Duro 4,20 5,55% 1,80 5,00% 6,00 3,00 5,37% 1,00 1,32% 1,40 3,89% 2,40 1,20 2,15% PET 1,25 1,65% 0,80 2,22% 2,05 1,03 1,84% Metal 1,25 1,65% 0,80 2,22% 2,05 1,03 1,84% Vidro 2,80 3,70% 0,30 0,83% 3,10 1,55 2,78% Poda 3,10 4,10% 0,00 0,00% 3,10 1,55 2,78% Rejeito 14,60 19,29% 8,10 22,50% 22,70 11,35 20,32% Matria Orgnica 39,30 51,92% 15,60 43,33% 54,90 27,45 49,15% Total 75,70 100,00% 36,00 100,00% 111,70 55,85 100,00%

20/7/2006 21/7/2006 Percentagem Cabanas 5/10/2006 6/10/2006

PercentagemTOTAL MEDIA Porcentagem

Tabela 3B - Dados das caracterizaes fsicas dos resduos urbanos da rota Centro, realizadas em agosto e setembro de 2006

Rota Centro Centro

Data da coleta

Data da caracter.

Materiais (kg) Papelo 2,10 3,98% 3,50 5,22% 5,60 2,80 4,67% Papel 2,80 5,30% 5,90 8,81% 8,70 4,35 7,26% Plstico Plstico Mole Duro 2,30 4,36% 4,60 6,87% 6,90 3,45 5,76% 1,00 1,89% 1,90 2,84% 2,90 1,45 2,42% PET 0,70 1,33% 0,80 1,19% 1,50 0,75 1,25% Metal 1,00 1,89% 1,20 1,79% 2,20 1,10 1,84% Vidro 1,10 2,08% 0,00 0,00% 1,10 0,55 0,92% Poda 0,20 0,38% 1,00 1,49% 1,20 0,60 1,00% Rejeito 16,70 31,63% 21,30 31,79% 38,00 19,00 31,72% Matria Orgnica 24,90 47,16% 26,80 40,00% 51,70 25,85 43,16% Total 52,80 100,00% 67,00 100,00% 119,80 59,90 100,00%

10/8/2006 11/8/2006 Percentagem 28/9/2006 29/9/2006

PercentagemTOTAL MEDIA Porcentagem

Tabela 3C - Dados das caracterizaes fsicas dos resduos urbanos da rota Rosrio, realizadas em agosto e outubro de 2006

35

Materiais (kg) Rota Rosrio Rosrio Data da coleta Data da caracter. Papelo Papel 2,10 5,08% 3,00 3,40% 5,10 2,55 3,94% 4,00 9,69% 4,00 4,53% 8,00 4,00 6,17% Plstico Plstico Mole Duro 3,60 8,72% 3,50 3,96% 7,10 3,55 5,48% 1,40 3,39% 2,00 2,27% 3,40 1,70 2,62% PET Metal Vidro Poda Rejeito Matria Orgnica 12,10 29,30% 46,40 52,55% 58,50 29,25 45,14% Total 41,30 100,00% 88,30 100,00% 129,60 64,80 100,00%

3/8/2006 4/8/2006 Percentagem 3/10/2006 4/10/2006

1,20 1,30 4,00 2,91% 3,15% 9,69% 1,50 1,60 0,00

1,60 10,00 3,87% 24,21% 11,60 14,70

PercentagemTOTAL MEDIA Porcentagem

1,70% 1,81% 0,00% 13,14% 16,65% 2,70 2,90 4,00 13,20 24,70 1,35 1,45 2,00 6,60 12,35 2,08% 2,24% 3,09% 10,19% 19,06%

36

As Figuras 4A, 4B e 4C, a seguir, apresentam, respectivamente, a composio dos resduos por rota se execuo dos servios de coleta de resduos slidos urbanos de Mariana, MG.

Figura 3

Figura 4A Composio dos Resduos da Rota Cabanas

37

Figura 3

Figura 4B Composio dos Resduos da Rota Centro

38

Figura 3C

Figura 4C Composio dos Resduos da Rota Rosrio

39

O potencial de gerao de materiais reciclveis, por rota de servio de coleta, apresenta os seguintes valores: Potencial de Gerao de Materiais por Rota de Coleta RotaCabana s Rota Centro Rota Rosrio

Materiais Reciclveis

Matria Orgnica

Rejeitos

Podas

27,75% 24,12% 25,62%

49,15% 43,16% 45,14%

20,32% 31,72% 19,06%

2,78% 1,00% 10,19%

Tabela 4 Valores referentes ao potencial de gerao de materiais reciclveis, matria orgnica, rejeitos e podas por rota

Comparando os dados do potencial de gerao entres as rotas, observa-se que a quantidade de materiais reciclveis nas rotas centro e rosrio so menores. Considera-se que estes valores sejam, provavelmente, resultantes da presena e ao voluntria de catadores de reciclveis nos bairros que compem essas rotas. A presena dos catadores autnomos foi observada durante os servios de caracterizao e confirmada por meio de entrevistas com alguns comerciantes que declararam doar parte dos reciclveis, a esses catadores, antes mesmo de colocar os resduos na rua para a serem coletados. Os altos valores encontrados para restos de poda e resduos da jardinagem no bairro Rosrio foram coincidentemente elevados nas duas caracterizaes realizadas, mas, segundo os funcionrios de limpeza da prefeitura que contriburam para a elaborao do presente trabalho, comum os moradores deste bairro destinarem parcelas de poda junto do lixo convencional. Levando-se em conta a Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico do IBGE, publicada em 2000, municpios com populao de at 200.000 habitantes, tm uma produo per capita de lixo domstico que fica entre 450 e 700 gramas/dia. Tomando-se que a populao de Mariana , de acordo com os dados do ltimo Censo Demogrfico do IBGE (2000), de 46.710 habitantes e que 83% residiam em reas urbanas, de se supor que sejam geradas aproximadamente 27,13 toneladas de lixo domstico diariamente. Assim, diante dos dados da

40

caracterizao dos RSU aqui obtidos, percebe-se que aproximadamente 6,7 toneladas dirias de materiais presentes no lixo de Mariana teriam possibilidade de reciclagem. Apesar de no haver estudos que indiquem com clareza com quais valores devam ser implantados sistemas de coleta seletiva de resduos, os valores obtidos para Mariana parecem no incentivar economicamente a implantao de sistemas com esse fim. Entretanto, vale lembrar os benefcios da reciclagem de resduos em permitir uma sobrevida ao aterro sanitrio e a possibilidade de se permitir a gerao de renda para aqueles que ficam na coleta voluntria de materiais reciclveis pelas ruas da cidade. Cabe afirmar, porm, que sistemas com esses propsitos (a coleta seletiva) dificilmente consegue envolver todos os moradores de uma localidade logo no seu lanamento e que a participao da populao vai aumentando medida que ela percebe os benefcios sociais que o sistema trs, principalmente, no campo social. Infelizmente no h casos no Brasil onde programas com esses propsitos abrangem cem por cento da populao de um municpio. Tomando-se como base os dados obtidos em cada rota sobre o potencial de produo mdia de reciclveis, obtm-se os seguintes dados para a regio urbana de Mariana, MG.

Potencial Reciclvel de Mariana - MG

7,41% 23,01% 44,49%

Matria Orgnica Materiais Reciclveis Rejeitos

25,09%

Podas

Figura 5 Potencial Reciclvel de Mariana - MG

41

Apenas para efeito de curiosidade e comparao, so apresentados os dados obtidos para Mariana, em 2006, com os de Ouro Preto (cidade vizinha, de semelhante porte e estrutura), obtidos em 2005. de se constatar que cada uma das cidades tem suas particularidades no que se refere gerao de resduos considerados reciclveis.

Potencial Reciclvel de Ouro Preto - MGMatria Orgnica Reciclveis Rejeitos19,78%

31,82% 48,40%

Figura 6 Potencial Reciclvel de Ouro Preto - MG

A partir dos resultados apresentados pelos trabalhos de caracterizao dos RSU, podem ser apontadas algumas concluses a respeito: A matria orgnica, como normalmente se verifica no lixo domstico brasileiro, representa a maior parcela dos resduos slidos domiciliares de Mariana, est na faixa de 45%. O potencial de reciclveis do lixo de Mariana est na faixa de 25%, o que considerado baixo para a implantao e investimentos em sistemas de coleta seletiva de materiais presentes no lixo. Diante dos dados da caracterizao dos RSU percebe-se que aproximadamente 6,7 toneladas dirias de materiais presentes no lixo de Mariana teriam possibilidade de reciclagem. alto o valor de rejeitos no lixo de Mariana, ficando o mesmo na faixa de 23%. As regies com padro socioeconmico mais elevado e o centro comercial geralmente apresentam ndices mais altos de gerao de materiais

42

reciclveis. Fato a ser registrado, porm, nesse trabalho de caracterizao a ser observado em Mariana que o centro comercial apresenta, por conta da presena de catadores autnomos, valores equivalentes s demais rotas de coleta (Rosrio e Cabanas). 2.3. Aspectos Legais relacionados aos RSU Alm de levantamentos sobre o servio de limpeza urbana, tambm foram realizadas a verificao e anlise das disposies legais existentes, que resultaram no texto a seguir. A Constituio Federal de 1988, em seu artigo 23, incisos III, IV, VI e VII, confere aos municpios a competncia para a proteo ambiental, em comum com a Unio e os estados. Porm, o fato de todo o municpio ser integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente SISNAMA, criado pela Lei Federal n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, ignorado pela grande maioria dos administradores municipais. De acordo com esta lei, os rgos ou entidades municipais so responsveis pela proteo da qualidade ambiental no meio em que esto inseridos. Na Lei Orgnica Municipal de Mariana, o meio ambiente contemplado pela seo VII, correspondendo aos artigos de n. 135 a 144. A partir desta lei, foi sancionada a Lei n. 1643/2002 que dispe sobre a poltica de proteo, conservao e controle do meio ambiente e da melhoria da qualidade de vida no municpio de Mariana e d outras providncias. Esta lei estabelece as competncias e outras atribuies do Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental CODEMA, que o rgo consultivo e deliberativo do Sistema Municipal de Meio Ambiente, criado pela Lei Municipal n. 1449/99. A documentao de funcionamento do CODEMA, a lei que o instituiu e as atas das reunies foram, inclusive, alguns dos documentos exigidos pelo FNMA para o repasse dos recursos financeiros. De acordo com a solicitao expressa no Edital n. 05/2001 do FNMA, a prefeitura de Mariana encaminhou quele vrios documentos de habilitao e elegibilidade. Dentre eles foram apresentados: Lei que institui o CODEMA e as Atas das Reunies, Frum Lixo e Cidadania, Termo de Inteno que atesta a adeso de Mariana ao Programa Lixo e Cidadania em 08/07/1999, Termo de 43

Ajustamento de Conduta, Compromisso de Eliminao do Lixo nos terrenos da C.V.R.D, Licena Prvia do Aterro Sanitrio (LP), Pedido da Licena de Instalao do Aterro Sanitrio (LI) e Proposta de um Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos Urbanos. Na poca das propostas para obteno de recursos junto ao FNMA, o aterro sanitrio de Mariana se encontrava em processo de licenciamento ambiental. Portanto, a prefeitura de Mariana j possua o RCA e o PCA exigidos para tal licenciamento, segundo Resoluo CONAMA n. 237 de 19 de dezembro de 1997. Ressalta-se, porm, que o referido aterro sanitrio ainda no possui a licena de Operao - LO, e os RSU de Mariana continuam a ser dispostos em um aterro controlado, que foi pelo forma como vem sendo operado transformado em lixo. Em relao construo do aterro, o Jornal da FEAM, n. 19 de dezembro de 2004, apresenta um artigo sobre a Deliberao Normativa 75/04 do Conselho Estadual de Poltica Ambiental (COPAM), em que consta o municpio de Mariana na lista de cidades convocadas para licenciar e implantar um sistema adequado de disposio final de lixo. Cumprindo ao disposto no artigo 182, 1o, da Constituio Federal de 1988, e seguindo a Lei Federal n. 10257/ 2001, foi elaborado em 2003 o Plano Diretor Urbano Ambiental de Mariana, que tem por princpio estrutural viabilizar o desenvolvimento sustentvel do Municpio de Mariana. Este documento contemplado na Lei Complementar n. 16 de 02 de janeiro de 2004. No mbito tributrio, o Cdigo de Mariana, atualmente em vigor, foi institudo pela Lei Complementar 007 de dezembro de 2001, e o instrumento legal por meio do qual so estabelecidas as taxas do servio de limpeza urbana (coleta de lixo, limpeza pblica, remoo de entulhos e conservao de vias pblicas). A cobrana feita atravs do IPTU, que juntamente com outras taxas (ISSQN, ITBI e outras) representa 14% na arrecadao tributria do municpio. Segundo a prpria prefeitura, conforme ficou registrado no Plano Diretor Urbano Ambiental de Mariana (2003), a legislao atual obsoleta e no acompanhou a evoluo e exigncias das atuais demandas ambientais e sociais. A mesma est sendo atualizada, atravs da reviso do Cdigo de Postura e Tributrio.

44

2.4. Estrutura Administrativa da Prefeitura Municipal de Mariana A Figura 7, a seguir, fornece uma viso geral da Estrutura Organizacional da Prefeitura Municipal de Mariana, conforme disposto na Lei Complementar n. 019/2005.

Prefeitura Municipal de MarianaGabinete do Prefeito e do Vice Prefeito

rgos de AssessoriaProcuradoria Geral do Municpio Controladoria Interna

rgos de ApoioSecretaria Municipal de Administrao

Secretaria Municipal da Fazenda

rgos de ExecuoSecretaria Municipal de Segurana Pblica e Defesa Civil Secretaria Municipal de Obras e Servios Pblicos Secretaria Municipal de Desenv. Econmico e Turstico

Secretaria Municipal de Sade

Secretaria Municipal de Educao

Secretaria Municipal de Cultura

Figura 7 Organograma da estrutura organizacional da prefeitura de Mariana (Fonte: Extrado e adaptado da Lei Complementar n. 019, de 28 de janeiro de 2005 Estrutura Organizacional da Prefeitura Municipal de Mariana)

Ficam subordinadas Secretaria Municipal de Obras e Servios Pblicos as seguintes secretarias adjuntas: - Secretaria Adjunta de Servios Urbanos; - Secretaria Adjunta de Meio Ambiente; - Secretaria Adjunta de Saneamento e

45

- Secretaria Adjunta de Obras Pblicas. Os servios de limpeza urbana de Mariana so de responsabilidade da Secretaria Adjunta de Servios Urbanos. Esta secretaria adjunta, alm das atividades pertinentes aos servios de limpeza, como coleta de lixo, limpeza de vias pblicas (capina, podas) e remoo de entulhos, envolve tambm: os servios de controle urbano, uso e ocupao do solo, os servios de fiscalizao e cadastro tcnico, a coordenao de regularizao fundiria, os servios do terminal rodovirio, cemitrios e velrios e servio de manuteno de bens pblicos. A Secretaria Adjunta de Servios Urbanos est assim organizada: Secretaria Adjunta de Servios Urbanos Chefia de Servio de Limpeza Urbana Agente de Servios Ajudantes de servios (3)- encarregados de equipe de limpeza de ruas. Auxiliar de servios (1) secretria.

Servios de capina e limpeza de crregos: 01 encarregado 10 ajudantes 01 encarregado 16 ajudantes

- Equipe 01: - Equipe 02:

Servio de Limpeza de ruas:

- 26 funcionrios (projeto 04 horas) - 28 funcionrios (horrio normal) Servio de Coleta de Lixo e Transporte

- 18 funcionrios (motoristas e garis) Servio de roagem

- 03 funcionrios

46

Recursos terceirizados Capina qumica (contrato m2 de rea coberta) Locao de 01 caminho para distribuir as equipes de servios Locao de 01 carro passeio para atendimento ao chefe dos servios Locao de caambas (exemplo: aluguel de caambas de empresas do ramo atuantes no municpio de Mariana, como a Transportadora Sobreira).

2.5. Estrutura Operacional Foi constatado que, em Mariana, todo o lixo coletado pelo servio de limpeza levado para o aterro controlado, no havendo separao da coleta entre o lixo domiciliar e o comercial. A coleta diferenciada apenas para os resduos slidos dos servios de sade (RSSS) que so dispostos e queimados no atual lixo. As primeiras atividades realizadas com o objetivo de se conhecer o atual sistema de limpeza urbana, foram as visitas ao antigo lixo recuperado, ao atual aterro controlado onde vm sendo despejados os resduos slidos urbanos da cidade e dos distritos, e rea onde ser o futuro aterro sanitrio, obra em fase de licenciamento ambiental (Licena de Instalao). seguir, ilustram as trs reas relacionadas. As figuras 8, 9, e 10, a

47

Figura 8 Vista parcial do antigo lixo recuperado (detalhe das lagoas de estabilizao de chorume) Nov/2004

Figura 9 Vista parcial do atual aterro controlado (lixo) Nov/2004

48

Figura 10 Queima separada do lixo hospitalar no atual aterro controlado (lixo) Nov/2004

2.5.2. Servios de coleta dos resduos slidos urbanos Em 2005, a frota da PMM, utilizada para os servios de coleta e transportes dos RSU, era composta de 4 caminhes, sendo dois em estado de novo e dois em estado de m conservao e que apresentavam freqentes problemas mecnicos. Um deles, inclusive, permanecia mais parado que operando. Os dois caminhes mais novos foram adquiridos em outubro 2001,sendo ambos da marca Mercedes Benz, modelo 1418 R, com capacidade para 10m3. De um modo geral, apesar dos caminhes usados na coleta dos RSU em Mariana apresentarem boa capacidade de armazenamento, existiam algumas falhas operacionais com relao ao acesso a ruas estreitas e/ou muito ngremes, devido ao tamanho dos caminhes. Recentemente, conforme informaes da Engenheira Maira Souza Lemos, Secretria Adjunta de Meio Ambiente da PM Mariana, o servio de coleta e limpeza tem passado por grandes mudanas, a comear pela locao de equipamentos, acrscimo de mais uma rota de coleta, criao do servio de fiscalizao dos horrios de disposio dos resduos pela populao e outros, conforme as proposies de melhorias dos servios que foram sendo observadas durante a elaborao deste plano e que sero vistas mais adiante neste documento com detalhes.

49

Rotas dos servios de coleta e transporte dos RSU: Coleta nos distritos: Um caminho percorre os distritos durante o dia, em determinados dias da semana, conforme descrito abaixo: Segunda-feira: Passagem de Mariana, Bandeirantes, Pe. Viegas Tera-feira: Passagem de Mariana, Barroca, Barro Branco Quarta-feira: Passagem de Mariana, Cludio Manoel, Paracatu, guas Claras, Monsenhor Horta Quinta-feira: Passagem de Mariana, Bento Rodrigues, Santa Rita Duro, Gog, Sexta-feira: Passagem de Mariana, Bandeirantes, Padre Viegas Sbado: Passagem de Mariana, Mainart, Barroca.

Obs.: Esta rotina de servios pode ter variaes em caso de festas nas localidades ou, ainda, quando houver disponibilidade, o caminho poder realizar mais de uma coleta em alguns distritos de Mariana. Na rea urbana de Mariana os servios de coleta dos RSU so divididos em 3 rotas, conforme j apresentado anteriormente no Relatrio de Caracterizao dos RSU. Horrios de coleta Como forma de melhorar a coleta dos RSU na rea urbana, a Prefeitura decidiu, a partir de 2002, adotar o turno da noite para realizar os servios, o que de fato vem contribuindo para minimizar o trnsito dos caminhes de coleta em horrios de pico. Para tanto, a populao foi e continua sendo orientada a colocar o lixo para ser recolhido aps as 17:00 hs, que o horrio em que se iniciam as atividades da coleta pela cidade. Deve-se salientar que esta prtica no novidade, tendo em vista que tais servios, normalmente so executados neste turno na maioria dos municpios.

50

At o ano de 2005, para agilizar o trabalho, os ajudantes de coleta (garis) que trabalham nos caminhes, iniciam os servios por volta das 16:00 hs, com o objetivo de ganhar tempo e juntar o lixo em pontos considerados estratgicos, principalmente em becos e ruas de difcil acesso, a fim de facilitar o trabalho dos motoristas. Esta uma prtica que se iniciou atravs das dificuldades encontradas no dia-a-dia dos servios, sendo uma iniciativa dos prprios funcionrios envolvidos na coleta de lixo. No entanto, tal procedimento foi proibido, uma vez que prejudicava os trabalhadores que eram responsveis pelas maiores rotas. Ou seja, enquanto uns terminavam o servio em aproximadamente 4 horas, outros trabalhavam at mais de 8 horas por dia. Um fator importante que ajudou nesse sentido foi a transferncia da administrao dos servios de limpeza urbana para o mesmo local de onde os garis saem para o incio dos trabalhos. Para cada caminho h de 03 a 04 ajudantes que recolhem o lixo, uns coletam e outros o acomodam nas carrocerias dos caminhes. Salienta-se que quando o servio feito com equipamentos inadequados (caminhes de caamba), a tarefa dos garis no ergonomicamente adequada, tendo muitas vezes que desenvolver o servio como se fosse de levantamento de peso em movimento. Obs. Atualmente a PM Mariana conta com novos caminhes de coleta, locados de terceiros, para execuo dos servios. A durao dos servios de coleta de lixo no distrito-sede varia de acordo com o dia da semana. Normalmente, s segundas, quartas e sextas-feiras o tempo de durao maior, pois os caminhes percorrem os cantos, aumentando o percurso da coleta. Aos domingos e feriados no havia coleta de lixo, exceto em ocasio de festividades como, por exemplo, nos dias de carnaval. Nessa poca, porm, apenas nas ruas do centro da cidade que os servios eram executados. Hoje, a coleta ocorre todos os dias da semana, inclusive domingos e feriados, quando a coleta inicia-se uma hora mais cedo. Na poca da realizao do diagnstico (elaborado em 2005), a equipe da FG/UFOP precisou acompanhar um dia de trabalho nos caminhes de coleta para traar o roteiro que retratasse da forma mais concreta possvel a realidade deste servio, indicando os principais pontos crticos. Os estagirios da UFOP, realizaram esta atividade em duas teras-feiras. Apesar de no ter sido em um dia considerado crtico como a segunda-feira, foi possvel identificar os bairros que

51

apresentam os maiores problemas em termos de manobra do veculo utilizado na coleta, o compromisso da populao em colocar o lixo na hora certa, a presena de pontos de descarte inadequado de lixo, etc. Bairros como Colina, Cabanas e Rosrio, que possuem ruas muito ngremes, so exemplos de dificuldades na utilizao de veculos muito grandes e pesados. J no Bairro Santo Antnio, foi detectada a presena de muitos becos estreitos e o grande acmulo de lixo s margens do Ribeiro do Carmo. Tambm foi constatado que dois caminhes realizavam duas viagens ao lixo, sendo o tempo gasto no descarregamento do lixo de aproximadamente 40 minutos, incluindo ida e volta do local. As figuras 11 e 12 exemplificam essas dificuldades de acesso e irregularidades.

Figura 11 Rua estreita onde h dificuldade de manobra para o caminho de coleta de lixo (Rua Beira Rio no bairro Santo Antnio)

52

Figura 12 Presena de lixo s margens do Ribeiro do Carmo na entrada do bairro Santo Antnio

Segundo dados do Censo/2000 (IBGE), 95,5% dos domiclios do distritosede de Mariana so atendidos por coleta de lixo. Entretanto, dados apresentados pela PMM afirmam que, atualmente, 100% da populao do distrito-sede atendida por coleta domiciliar diria. Onde no h possibilidade de acesso dos caminhes, existem pontos intermedirios de coleta onde so depositados os resduos. Isso se faz pelo fato de no haver lixeiras comunitrias espalhadas pelos bairros nos devidos pontos de coleta, ou mesmo por causa da falta de orientao populao neste sentido. Por conta disso os garis tm o trabalho de chegar a esses pontos sobrecarregando na sua tarefa de coletar o lixo. Apesar da coleta no distrito-sede ser diria; em alguns pontos, chamados de cantos pelos motoristas, a coleta feita em dias intercalados, isto , nas segundas, quartas e sextas-feiras. Isso um problema, pois h acumulo de lixo em locais imprprios (lixinho) gerando aspectos visuais negativos, permitindo a proliferao de ratos, baratas e outros vetores. Essa estratgia incentiva os moradores desses pontos a despejarem o lixo sem nenhum cuidado, no levando em considerao as atenes para os horrios (os despejos so feitos a qualquer hora, portanto formam os chamados lixinhos dos becos). As fotos, a seguir, mostram a frota de caminhes de coleta de lixo utilizados pela Prefeitura no ano de 2005.

53

Figura 13 Frota dos caminhes compactadores que realizavam a coleta de lixo domiciliar e comercial em Mariana, em 2005.

2.5.2. Levantamento dos servios de coleta especial Atualmente, a Secretaria Municipal de Sade, em conjunto com a Vigilncia Epidemiolgica, tm realizado um trabalho de levantamento da gerao e volume dos resduos hospitalares (RSSS) oriundos de estabelecimentos pblicos e privados, bem como um plano de ao para a elaborao do Plano de Gerenciamento dos Resduos dos Servios de Sade PGRSS (vide Anexo 2). Entretanto, aqui esto contemplados os dados obtidos quando da poca da realizao do diagnstico dos servios de limpeza urbana para o Municpio de Mariana e, que segundo o que foi constatado, ainda esto em vigor. O lixo hospitalar coletado em dias intercalados, e corresponde aos resduos descartados por policlnicas, hospital, consultrios, etc. Este tipo de resduo tambm disposto no aterro, porm queimado separadamente.

54

Um caminho bscula recolhe o lixo hospitalar pela manh, s segundas, quartas e sextas-feiras. Este mesmo caminho utilizado para recolher entulhos, no perodo da tarde s segundas, quartas e sextas-feiras, durante todo o dia nas teras e quintas-feiras e pela manh aos sbados. Alm disso, esse caminho recolhe o lixo dos distritos de Furquim, Barroca e Paracatu em algumas teras feiras pela manh, no constituindo, portanto, uma rotina. O caminho usado para esse servio imprprio, pois se trata de um caminho aberto e operacionalmente desconfortvel.

Figura 14 Caminho da PMM que recolhe o lixo hospitalar, entulhos e restos de podas e capina.

Com relao aos destinos dos entulhos e restos de construo civil, a Secretaria Adjunta de Servios Urbanos informou que no sabe da existncia de uma rea especfica para a disposio destes resduos quando os mesmos so oriundos dos servios particulares dos chamados cata-entulhos. Sobre essa questo, maiores informaes ainda sero levantadas pelo setor da prefeitura responsvel pelo servio que envolve esses materiais. Fato positivo, porm, que j se encontra em vigor a Lei Municipal n. 1897/2005 que disciplina o uso de caambas para coleta de terra e entulhos em vias e logradouros pblicos e d outras providncias. Os Art. 4 e 5 desta lei contm as seguintes obrigaes dos proprietrios de caambas, com relao ao descarte dos resduos coletados:Art.4 - No ato do licenciamento o proprietrio indicar: a) O nmero de conjuntos que dispe; b) O local de guarda de caambas;

55

c)

O (s) local (is) para onde sero destinados os resduos que coletar.

Pargrafo nico: Tratando-se de bota-fora particular ou aterro em favor de terceiros, o local de depsito do rejeito dever ser submetido a aprovao da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Art.5 - No ser permitida a desova de resduos: a) margem de cursos dgua; b) beira de rodovias, estradas ou acessos; c) em talvegues naturais ou artificiais;

d) em voorocas ou eroses, sem o prvio licenciamento.

Figura 15 Caamba particular em via pblica (centro da cidade de Mariana)

Figura 16 Caamba da Prefeitura (entulhos de obras de revitalizao do bairro Santana)

2.5.3. Limpeza de vias pblicas, praas e jardins 56

O servio de varrio era executado por 54 funcionrias, sendo 26 contratadas, trabalhando no projeto 4 horas (servio contratado pela prefeitura durante um ano, sendo de 4 horas a carga horria diria de trabalho), e 28 funcionrias fixas trabalhando em horrio normal (turno de 08 horas), de segunda a sexta-feira. As funcionrias do projeto 4 horas so distribudas em duas equipes que trabalham de segunda a domingo. Nos distritos onde h varrio das vias publicas, a quantidade de funcionrias distribuda da seguinte forma: - Cachoeira do Brumado: 2 - Furquim: 2 - Monsenhor Horta: 4 - Bandeirantes: 4 - Santa Rita: 6 - Passagem de Mariana: 4 - Padre Viegas: 3 - Barro Branco: 1 - Barroca: 2 Obs.: Nos distritos no mencionados no h este tipo de servio (stios, pequenas chcaras e onde no h praa pblica). Quanto s lixeiras pblicas, constata-se que atualmente as mesmas no atendem s necessidades da cidade, pois as mesmas so escassas e presentes apenas em alguns pontos do centro da cidade como, por exemplo, na Praa Gomes Freire (Jardim). 2.5.4. Capina, limpeza de crregos e terrenos desocupados. Quanto aos servios de capina, segundo o chefe de Servio de Limpeza Urbana, Sr. Edson Valadares (Canudinho), so realizados os trs tipos de capina: a manual, a mecnica e a qumica. Estes servios so realizados conforme planejamento estabelecido e/ou devido s necessidades de momento,

57

como por exemplo, festividades, o mesmo sendo aplicado para o servio de limpeza de crregos. O responsvel no soube informar da freqncia e abrangncia dos servios realizados. Apesar de existir um planejamento, esses no so executados com uma freqncia definida. No foi informado, por exemplo, da existncia de programas do tipo mutiro de limpeza de materiais volumosos, e de terrenos e reas baldias. Tais iniciativas teriam como objetivo desobstruir quintais, eliminar focos de proliferao de agentes transmissores de doenas (dengue), coletar grandes volumes de entulhos, pneus usados, bagulhos, etc. Um exemplo de atividades com essa inteno a limpeza no freqente das margens do Ribeiro do Carmo que percorre ruas do centro da cidade de Mariana, visando a retirada de entulhos e outros tipos de lixos. 2.5.5. Infra-estrutura operacional Atualmente, o servio de limpeza urbana da PM Mariana, juntamente com a administrao da Secretaria Adjunta de Servio de Limpeza Urbana, encontramse localizados Rua Andr Corsino, no centro da cidade, em um estabelecimento alugado, situado s margens do ribeiro do Carmo. Neste local, concentra-se todo o servio logstico e de atendimento ao pblico, referente aos RSU. Na garagem da PMM, localizada a Rodovia do Contorno, h uma oficina mecnica, um ptio para manobras e estacionamento de veculos (caminhes de coleta de lixo, trator, retro-escavadeira, carros de passeio, etc.) e uma rea para os servidores. A figura 17 evidencia algumas irregularidades e necessidades de melhorias constatadas na poca.

58

Figura 17 Garagem da PMM (vista parcial da oficina mecnica) Mai/2005

2.6. Aspectos Sociais Uma das questes que devem ser estudadas cuidadosamente quando da elaborao de um plano de gerenciamento integrado de resduos slidos (PGIRSU) so os aspectos sociais envolvidos nas diferentes intervenes do plano. Tais aspectos referem-se, inicialmente, em verificar a existncia de catadores no lixo e/ ou nas ruas da cidade. Assim, foi elaborado um diagnstico especfico sobre a situao socioeconmica dos catadores atuantes em Mariana, que ser apresentado a seguir.

2.6.1. DIAGNSTICO SOCIOECONMICO DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLVEIS DOS RESDUOS SLIDOS DOMSTICOS (RSU) DO MUNICPIO DE MARIANA MG Dentre as diferentes atividades que compe um plano de gerenciamento integrado de resduos de um municpio h a necessidade de se diagnosticar a situao socioeconmica dos agentes envolvidos na segregao e 59

comercializao dos materiais reciclveis que esto presentes no lixo domstico que vem sendo despejado no atual aterro controlado e daqueles que realizam a tarefa da coleta dos reciclveis nas ruas, principalmente no centro da cidade e na chamada rea comercial. Sendo assim, alm de caracterizar os grupos sociais que se envolvem com a coleta e venda dos reciclveis do lixo domstico, h a necessidade de se identificar no municpio os locais de compra e venda dos materiais reciclveis provenientes do lixo, pois s assim considera-se que possvel entender e conhecer um pouco mais sobre este universo, considerado lucrativo, de significativa importncia na preservao do meio ambiente e na gerao de renda para uma camada desprivilegiada da sociedade. sabido que com a implementao da reciclagem dos materiais presentes no lixo domstico so retirados do ambiente urbano e dos depsitos de lixo (clandestinos e regulamentados) quantidades significativas de vidros, metais diversos, plsticos, latinhas de alumnio, garrafas PET, papis e papeles, etc, que provavelmente iriam parar em terrenos abandonados, encostas e cursos dgua, causando importantes problemas ambientais e de sade pblica. Sob o ponto de vista social e econmico, apesar das situaes de insalubridade a que esto submetidos os catadores (garimpeiros do lixo), considera-se que o trabalho de catao e reciclagem dos reciclveis promove uma certa incluso social daqueles que se envolvem com o servio, pois os mesmos conseguem recursos que no teriam a oportunidade de obter tendo em vista a precria formao intelectual que possuem. 2.6.1.1. A situao da aquisio e venda dos materiais reciclveis e daqueles oriundos dos RSU em Mariana - MG Foram identificados em Mariana, em outubro de 2005, cinco (5) locais que compram e revendem materiais reciclveis oriundos das diferentes formas de catao e separao dos reciclveis do lixo conhecidas. Citam-se: 1) o Grupo de Integrao Social (GIS), localizado na Praa Gomes Freire, 92 Centro, 2) o Sr. Jorge, que possui um amplo galpo no bairro Vamos-Vamos, 3) o Sr. Ivo que tem um cmodo localizado Rua Tefilo Otoni, 67, Bairro Rosrio, 4) a Reciclagem do Amantino e Lampio, na Rua Acre, 450, Bairro Colina e, 5) o Sr. Jos que tem

60

um espao localizado na Avenida Nossa Senhora do Carmo, n. 303, Bairro Catete. Neste sentido, foram realizadas entrevistas com representantes ou com os prprios envolvidos buscando conhecer um pouco da forma como eles esto desenvolvendo o trabalho que envolve nmero significativo de pessoas de Mariana e que constitui, numa forma local, da chamada incluso social. O GIS uma organizao local que est a mais tempo trabalhando com doao, aquisio e venda de diferentes materiais reciclveis em Mariana. O GIS iniciou suas atividades com a instalao do Comit Contra a Fome e a Misria (Ao Cidadania - Campanha do Betinho) com incentivo do Banco do Brasil e da Caixa Econmica Federal, e com voluntrios locais interessados em desenvolver projetos sociais junto s famlias carentes do municpio. No incio, basicamente, o GIS tinha como objetivo arrecadar e doar cestas bsicas para famlias carentes, mas com o passar do tempo seus dirigentes viram surgir a necessidade de gerar trabalho e renda para os desvalidos locais. Tiveram ento, a idia de comercializar material reciclvel, tendo em vista a grande divulgao sobre o assunto e as possibilidades de negcios e de arrecadao de recursos possveis com a venda dos reciclveis. Inicialmente, o GIS comeou a comprar o material reciclvel dos catadores das ruas, mas logo em seguida, surgiram os acordos com a Novelis (antiga ALCAN), de Ouro Preto, que se disps a comprar as latinhas recolhidas, e com uma empresa de Ouro Branco, que comeou a comprar os papeles. O GIS passou tambm a receber doaes de materiais reciclveis no industriais da CVRD e da SAMARCO, que atualmente chegam em grande quantidade, sendo constitudas, basicamente de papeles, papeis e plsticos em geral. Os trabalhos do GIS, atualmente, se desenvolvem em um local cedido ao grupo sem nenhum nus, pela Sociedade So Vicente de Paula (Arquidiocese de Mariana), onde os cantadores pesam e vendem os materiais reciclveis. No mesmo local, tambm realizado a prensagem e o acondicionamento do material. O GIS, desde sua fundao em 29 de fevereiro de 1996, ainda continua realizando trabalhos sociais com os recursos que obtm das doaes e da compra e venda dos diferentes reciclveis que comercializa em escala maior. 61

Representantes do GIS

informaram

fazer

doaes de

cestas

bsicas,

medicamentos, passagens, etc. Recebem tambm doaes de eletrodomsticos usados, cadeiras de rodas, roupas etc e repassam tudo comunidade carente, independente se ou no catador dos reciclveis do lixo gerado na cidade. Do material comprado dos catadores feito o pagamento na hora, salvo em algumas excees em que o catador prefere receber os valores mensalmente. A arrecadao mdia mensal de reciclveis (papis, latinhas, plsticos, etc) de aproximadamente 27 toneladas (includo todo o material comprado e o doado pelas empresas parceiras contribuintes). Com a futura implantao do aterro sanitrio, o GIS, apesar de no apresentar detalhes, tem a proposta de coordenar os catadores de rua, entretanto parece estar perdendo um pouco da influncia que exercia sobre os catadores e vendedores locais, j que no possui mais um nmero significativo de associados (catadores) ativos, pois os mesmo