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Anais da 5/1 e 6/1 Semana de Integraçào das Ciências Agrárias OUTROS TEXTOS E EIXOS TEMATICOS TRINTA CINCO ANOS DA TRANSAMAZÔNICA: QUAIS OS ~ RUMOS? Alfredo Kiogo Oyama Homma' , Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Travessa Enéas Pinheiro, s/n, Bairro Marco, CEP 66095-100, Belém, Pará. E-mail: [email protected]. Em 1970, durante o Governo Médici, enquanto cursava o último ano de Agronomia na Universidade Federal de Viçosa, era anunciada a abertura da Rodovia Tr an s a m a z ô n ica, conectando o Nordeste brasileiro até os confins do Estado do Acre. A visita a uma das regiões castigadas pela seca do Nordeste, naquele ano, levou o Presidente Médici, a desenvolver a idéia de transferir contingentes populacionais do Nordeste para áreas desabitadas da Amazônia, surgindo a famosa frase "terra sem homens para homens sem terra". Em 1975, como parte da minha pesquisa de tese de Mestrado em Economia Rural, da Universidade Federal de Viçosa, tive' a oportunidade de entrevistar 124 produtores, aplicando um extenso questionário na Transamazônica, no trecho Altamira/Medicilândia. Como o interesse dos pesquisadores estrangeiros naquela época era fazer pesquisa na Transarnazônica, encontrei o Philip Fearnside, morando com a então esposa Judith Rankin, na agrovila Grande Esperança, no Km 50, ambos coletando dados para as suas teses de doutoramento. Outros dois americanos que também fizeram teses de doutorado na Transamazônica foram Emilio Moran e Nigel Smith. Todos os três se tornaram em grandes conhecedores da Amazônia, destacando-se o Philip Fearnside, que se radicou no país, como pesquisador do INPA. Este primeiro contato com a Transamazônica, no qual provavelmente, muitos de vocês que agora estão estudando agronomia nem tinha nascido, mostrava as dificuldades e as agruras na visão dos migrantes, na busca de sonhos e esperanças na Amazônia. Em pleno mês de julho de 1975, no qual durou a nossa pesquisa de campo, sediados em Brasil Novo e em Medicilândia, rodando com um jeep cedido pelo Incra, com um técnico agrícola capixaba, um motorista do Incra e um colega de graduação da UFV, verificamos a improvisação dos colonos, atormentados pela falta de Universidade Federal do Pará : Campus de Altamira

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Anais da 5/1 e 6/1Semana de Integraçào das Ciências Agrárias

OUTROS TEXTOS E EIXOS TEMATICOSTRINTA CINCO ANOS DA TRANSAMAZÔNICA: QUAIS OS

~ RUMOS?Alfredo Kiogo Oyama Homma'

•, Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Travessa Enéas Pinheiro, s/n, Bairro Marco, CEP66095-100, Belém, Pará. E-mail: [email protected].

Em 1970, durante oGoverno Médici, enquanto cursavao último ano de Agronomia naUniversidade Federal de Viçosa,era anunciada a abertura daRodovia Tr an s a m a z ô n ic a ,conectando o Nordeste brasileiroaté os confins do Estado do Acre. Avisita a uma das regiões castigadaspela seca do Nordeste, naquele ano,levou o Presidente Médici, adesenvolver a idéia de transferircontingentes populacionais doNordeste para áreas desabitadas daAmazônia, surgindo a famosa frase"terra sem homens para homenssem terra".

Em 1975, como parte daminha pesquisa de tese deMestrado em Economia Rural, daUniversidade Federal de Viçosa,tive' a oportunidade de entrevistar124 produtores, aplicando umextenso questionário naTransamazônica, no trechoAltamira/Medicilândia. Como ointeresse dos pesquisadoresestrangeiros naquela época erafazer pesquisa na Transarnazônica,encontrei o Philip Fearnside,morando com a então esposa Judith

Rankin, na agrovila GrandeEsperança, no Km 50, amboscoletando dados para as suas tesesde doutoramento. Outros doisamericanos que também fizeramteses de doutorado naTransamazônica foram EmilioMoran e Nigel Smith. Todos os trêsse tornaram em grandesconhecedores da Amazônia,destacando-se o Philip Fearnside,que se radicou no país, comopesquisador do INPA.

Este primeiro contato coma Transamazônica, no qualprovavelmente, muitos de vocêsque agora estão estudandoagronomia nem tinha nascido,mostrava as dificuldades e asagruras na visão dos migrantes, nabusca de sonhos e esperanças naAmazônia. Em pleno mês de julhode 1975, no qual durou a nossapesquisa de campo, sediados emBrasil Novo e em Medicilândia,rodando com um jeep cedido peloIncra, com um técnico agrícolacapixaba, um motorista do Incra eum colega de graduação da UFV,verificamos a improvisação doscolonos, atormentados pela falta de

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aparelhos de som Garard, sonhosde consumo daquela época. Muitasdessas comitivas de funcionáriospúblicos que vinham visitar aTransamazônica terminavam suaviagem em Manaus. 4

O projeto nos primeirosanos foi considerado como modelopara o mundo, para fazer a reformaagrária, da falta de alimentos, deresolver os problemas dosminifúndios improdutivos no Sul eSudeste, etc.

O segundo contato com aTransamazônica de forma maisaprofundada ocorreu durante oinício da década de 1990, quandoem colaboração compesquisadores americanos daFlorida State Univesity e doIntemational Institute of TropicalForestry, sediado em Puerto Rico,fizemos um grande levantamentoenvolvendo quase 250 produtores,cortando o eixo daTransamazônica e da Cuiabá-Santarém. Mostrava que 15 anosdepois da minha primeira pesquisa,os sistemas agrícolas estavam mais

. consolidados, com as lavouras decacau, café, pecuária, pimenta-do-reino, tomate, fruteiras diversas,etc.

Havia uma grandediferença entre o primeirolevantamento de campo, quando ascasas padrões de madeira nos lotesconstruí das pelo Incra, estavam

til

transporte, doenças, tragédias quecustaram a vida de vários deles pelainexperiência em lidar com amotosserra cujo uso estava sendoiniciado, começo dos primeirosplantios de cacau, o fracasso deuma safra de arroz de sementesprovenientes do Nordeste, ofingimento da produção de açúcarno Pacal, etc.

U ma tarde de sábadohospedados no Hotel do Incra, emBrasil Novo, chegou um aviãofretado com um Diretor do Incra eseus familiares. Como o Diretor doIncra era conhecido irmão de umprofessor da UFV, perguntei arazão da visita e disse-me que erapara trazer uma comitiva dedeputados federais para visitar aTransamazônica e como não. ..VIeram, veio assrm mesmo, umavez que o avião já estava fretado.

Visitas dessa natureza eramfreqüentes naquela época paraconhecer o maior projeto de.colonização do planeta. Éinteressante observar que logo queformei na UFV, em 1970, fuitrabalhar em Manaus e naquelaépoca, era comum ciceronearfuncionários que vinham fazercompras na Zona Franca deManaus. Não existiam asfacilidades das feiras paraguaias e,Manaus, era o único local onde sepodia comprar calças Lee, pastaSamsonite, canetas Cross,

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isoladas no meio do terreno,formou-se um comércio nasantigas agrovilas, muitostransformados em municípios,postos de combust í se is emdeterminados pontos estratégicos,agências bancárias, pomares commuitas frutas, etc. Algunsprodutores utilizando acriatividade fizeram rodas de águae geravam energia elétrica quefaziam questão de demonstrar como funcionamento de umliquificador e acendendo as luzes.

Os problemas agrícolasestavam, também, evidentes, comoo ataque do Fusarium nospimentais, produtores com plantiosde cana-de-açúcar com baixaprodutividade torcendo para que ausina não funcionasse para que

recebessem o pagamento, o plantiode mogno bem crescido do ZéGaúcho, em Medicilândia,indicando que se todos tivessemtrilhado o mesmo caminho, aTransamazônica seria totalmentediferente, etc.

Chamava atenção para odesmatamento tipo espinha depeixe, semelhante ao de Rondônia,as críticas com relação acolonização da Transamazônica,áreas que não deveriam ter sidodesmatadas (margens de cursosd'água, encostas de morros, áreaspedregosas, etc.). Um travessão emMedicilândia encostava no rio lriri,servindo para escoar madeira e queno passado era local de extração deseringa e de matança de índios.

fracasso. Portanto, oseconomistas devem estar muitointeressados em teoremas daimpossibilidade, especialmenteum aqui a ser demonstrado, asaber, é impossível que aeconomia mundial cresça osuficiente para solucionar osproblemas da pobreza e dodesgaste ambiental. Com outraspalavras, o crescimentosustentável é impossível.

CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL: UMA INCONGRUÊNCIAHerman E. Daly,

In: Desenvolvimento de Base, v.l5, número 3, 1991. p.35O original em inglês pode ser obtido no site www.iaf.gov

As declarações deimpossibilidade são o própriofundamento da ciência. Éimpossível viajar mais rápido quea velocidade da luz; criar oudestruir a matéria-energia; criaruma máquina de moção perpétua,e assim por diante. Aorespeitarmos os teoremas daimpossibilidade evitamos odesperdício de recursos emprojetos que estão fadados ao

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Em suas dimensõesfísicas, a economia é umsubsistema aberto do ecossistematerrestre, que é finito, semcrescimento e materialmentefechado. O subsistemaeconômico, ao crescer, incorporaem si mesmo uma proporção cadavez maior do ecossistema total edeve atingir um limite de 100% outalvez até antes. Portanto, seucrescimento não é sustentável. Otermo "crescimento sustentável",quando aplicado e economia, émau paradoxo: autocontraditóriocomo prosa e inexpressivo comopoesia.

Os economistas queixar-se-ão de que o crescimento doproduto nacional bruto é umamescla de aumentos quantitativose qualitativos e, portanto, nãoestritamente sujeitos às leisfísicas. Têm certa razão.Precisamos porque a mudançaquantitativa e a qualitativa sãomuito diferentes, é melhor mantê-Ias separadas e chamá-Ias pornomes diferentes já constantes nodicionário. Crescer significa"aumentar naturalmente detamanho pela adição de materialpor meio de assimilação ouacréscimo". Desenvolversignifica "expandir ou realizar aspotencialidades; levargradualmente a um estado maispleno, maior ou melhor. Quandoalguma coisa cresce, toma-se

maior. Quando se desenvolve,toma-se diferente. O ecos sistematerrestre desenvolve-se (sofreevolução), mas não cresce. Seusubsistema, a economia, deveeventualmente parar de crescer,mas pode continuar adesenvolver-se.

O termo"desenvolvimento sustentável"portanto, faz sentido para aeconomia, mas unicamente seentendido como"desenvolvimento semcrescimento" ou seja,melhoramento qualitativo de umabase econômica fisica mantida emestado estável por um fluxo dematéria-energia que nãoultrapasse as capacidades deregeneração e assimilação do

. e c o s s is t e m a. Atualmente,"desenvolvimento sustentável" éusado erroneamente comosinônimo de "crescimentosustentável". Deve-se evitar essaconfusão.

Politicamente, é muitodificil admitir que o crescimento,com suas conotações quasereligiosas de bondade definitiva,deve ser limitado. Mas éprecisamente a não-sustentabilidade do crescimentoque imprime urgência ao conceitode desenvolvimento sustentável.A terra não tolerará a duplicaçãode nem mesmo um grão de trigo64 vezes, no entanto nos dois

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r l t im o s séculos vimosesenvolvendo uma cultura cujastabilidade econômica dependeo crescimento exponencial. Nemesmo o "crescimento verde" é

ustentável. Há limite para aopulação de árvores que a terraode suportar, como há limite paras populações humanas e deutomóveis. Iludir-nos na crençae que o crescimento é aindaossível e desejável se

implesmente o rotularmos de'sustentável" ou pintarmos de'verde" apenas retardará aransição inevitável e tornar-se-á

aISpenosa.A impossibilidade de viajar

ais rápido que a veloéidade dauz, de criar ou destruir a matéria-nergia ou de criar uma máquina

moto-perpétuo como queriam oRenascentistas, bem como existum limite para a população dárvores que a terra pode suportarcomo há limite para as populaçõehumanas e de automóveis, mostrque chegou o momento dmudarmos o discurso d"desenvolvimento sustentável'para a Amazônia. Esta só ser'possível com "desenvolvimentsem crescimento", a despeito damelhorias qualitativas. Muitapropostas ditas sustentáveis enível local são dependentes dimportações de energia ou doutros recursos naturais, baseadoem sistemas fechados, cosustentabilidade exógena, em vede vir endogenamente.

Outro contraste foi a perdada força política do lncra, naTransamazônica, o mesmoacontecendo em Rondônia. Acivilização do lncra se desfazia,bem como a civilização daSUDAM já dava seus sinais defracasso do modelo. A corrupçãonestes dois órgãos terminaramlevando a perda da credibilidadeperante a sociedade. Inclusive, umdos focos de corrupção na entãoSUDAM foi decorrente de projetosde pupunha na Transamazônica, noqual, sem saber dos proponentes,dei parecer contrário quanto a suaaprovação.

Se comparar com o

presente, em 2005, quando serealiza a 5a Semana de lntegraçãodas Ciências Agrárias, novamentecom interlúdio de 15 anos,verifica-se que ocorreram novasgrandes mudanças. A região daTransamazônica ganhou pesopolítico pelo contingentepopulacional localizado ao longodo seu eixo, tomou-se um grandepólo produtor de cacau, ofortalecimento dos movimentossociais, inclusive com o sacrificiode suas lideranças, criação daassociação dos municípios,energização proveniente deTucuruí, formação de umaexpectativa com relação a

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construção da hidrelétrica de BeloMonte e do asfaltamento, entradada soja no eixo da Cuiabá-Santarém e adentrando pelaTransamazônica, etc.

O trecho da rodoviaCuiabá-Santarém, nos primeiros100 km, sentido Santarém-Ruropólis, está totalmenteirreconhecível, em comparaçãocom o levantamento realizado noinício da década de 1990. Contudo,diversos problemas tem sidoagravados, tais como o tráfego darodovia durante o períodochuvoso, conflitos com aconstrução da hidrelétrica de BeloMonte, inserção internacionalmanifesta em diversas propostascomo a criação de megareservasextrativistas, controle político doespaço territorial pelas liderançasda agricultura familiar, conflitocom madeireiros e ONG's, controleda extração madeireira pelosegmento da agricultura familiar,entre outros.

Não tem mais sentidocriticar a Transamazônica, quecortou o coração da florestaamazônica, como aindafreqüentemente, algumasreportagens tentam fazer, pois setomou uma realidade e cabe apartir de agora reduzir aincorporação de novas áreas defloresta e aproveitar os beneficiosda destruição. A fronteira interna jáestá aberta e cabe aproveitar asáreas desmatadas e tentar

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recuperar áreas que não deveriamter sido desmatadas.

O caminho a ser seguidoseria aproveitar as oportunidadesde mercado e desenvolver umaagricultura mais adequadapossível. A melhoria da infra-estrutura para estimular aintensificação da agricultura, quenão pode, contudo, utilizar amáscara da preservação, quanto aouso das áreas desmatadas. Odiscurso da agricultura sustentada,que não existe, a não ser comcrescimento zero, que não deve servista apenas de maneira exógena,mas endógena, ao sistemaprodutivo, caso contrárioestaremos apregoando a busca deum moto contínuo, tal qual osrenascentistas.

Entre as oportunidades demercado para o setor primário ecom a construção inevitável daUsina Hidrelétrica de Belo Monte,devem ser destacadas:

1 - Triplicar a área plantadade cacau na Transamazônica e emRondônia, nos próximos cinco adez anos, pois não justifica o paísimportar 1/3 do seu consumo eprovocar evasão de divisas quechega a 120 milhões de dólaresanuais. Melhorar a qualidade docacau, estabelecer sistemasagroflorestais apropriados, utilizarcIones mais produtivos, etc.Discute-se muito sobre sistemasagroflorestais, mas não estamosdando a devida atenção para os

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sistemas agroflorestais de cacauexistentes que precisam sermelhorados.

2 - Expandir a produção deseringueira, no qual o país importa65% do seu consumo, que nosúltimos dez anos implicou naimportação de 1,2 bilhão dedólares, com quantidades quechegam a quase 200 mil toneladasanuais. Apresentam tendência decrescimento e, a longo prazo, como esgotamento do petróleo, o paísnão pode ficar dependente deimportações do Sudeste asiático deum produto originário daAmazônia e que deve ser efetuadocom as mais modernas técnicaspara contornar o mal-das-folhas.

3 - Plantio de pau-rosa, queno auge chegamos a exportar 444toneladas (1951) e no momento asexportações estão na faixa de 32toneladas e o preço do óleoessencial está em tomo de R$120,00 160,00/litro. Isso indicaque poderia gerar US$ 16 milhõesde dólares, com plantios quepermitissem cortes de anuais 30mil árvores/ano, para exportar aquantidade máxima extraída nadécada de 1950. Outros produtosque devem merecer atenção são ocumaru, timbó, copaíba, andiroba,novos produtos da biodiversidade,etc.

4 - Fazer uma novapecuária, com maior produtividadedas pastagens e do rebanhovisando atender mercado de carne

I'

para Manaus e Macapá, amboscom pequeno parque produtivoagrícola e, para outros Estados daFederação e, para exportação. Asanidade e a qualidade do rebanhosão outras variáveis que nãopodem ser desprezadas.

5 - Reflorestamento comespécies madeireiras nobres(mogno, teca, cedro, cerejeira,etc.), de rápido crescimento parachapas e compensados e paraprodução de energia, uma vez quenas próximas décadas toma-secada vez mais difícil obter madeirade florestas nativas. O discurso domanejo florestal não deve servir deapanágio para retardar essa opçãoe de duvidoso resultado a médio elongo prazos, das áreas de domíniopúblico ou de propriedade comum,mediante concessões florestais,manejo florestal comunitário, etc.

6 Considerar apossibilidade de criação deflorestas energéticas, visando afabricação de cavacos, carvãovegetal para atender as guseiras dopólo Carajás, lenha, biodiesel,entre outros, nas áreas desmatadase àqueles que não deveriam tersido desmatadas.

7 - Considerar comomercado cativo da agriculturafamiliar àquelas atividades quesejam altamente intensivas emmão-de-obra em alguma fase doprocesso produtivo comoadequadas para a agricultura

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familiar. Destaca-se neste sentido,plantio de fruteiras como cupuaçu,pupunha, cacau, açaí, pimenta-do-reino, pecuária leiteira, dendê,hortaliças, etc.

8 - Segurança alimentar. Abusca de auto-suficiênciaalimentar, para produtos quepodem ser produzidos no própriolocal, tais como arroz, milho,feijão, farinha, leite, ovos, carne,hortaliças, etc.

9 - Aproveitamento do lixourbano das cidades situados aolongo do eixo da rodovia

Transamazônica e da Cuiabá-Santarém. É importante que a parteorgânica do lixo seja transformadoem compostos para uso agrícola.Os rios Xingu,Tocantins/ Araguaia, Tapajós e acalha do rio Amazonas não podemser transformados em canais deesgotos das cidades situados aolongo do seu trajeto. Os estudantesdo curso de agronomia de Altamirapoderiam fazer uma demonstraçãodo aproveitamento do lixo urbanopara fins agrícolas.

agricultura, tomando-se a base daagricultura indígena e logo foitransferi da para a África e a Ásiapelos colonizadores portugueses.

1596: Surgimento dasprimeiras feitorias inglesas eholandesas na Amazônia. Háindicações de que foram osholandeses os introdutores docultivo da cana-de-açúcar naAmazônia, ao lado dos antigosfortes Nassau e Orange, no RioXingu.

1616: Francisco CaldeiraCastelo Branco fundou a cidadede Belém, no dia 12/01, no atualForte do Castelo.

1622: Segundo ohistoriador José Valentedesembarcaram no Estado doMaranhão 90 reses, das quais ametade foi transferi da para oEstado do Pará pelo capitão-mor

LINHA DO TEMPO

9.200 a.Ci: A paleontólogaAnna Curtennius Rooseveltdescobre na Caverna da PedraPintada, em Monte Alegre,pesquisas iniciadas em 1991,indícios da presença dosprimeiros paleoíndios que viviamde caça, pesca e coleta de frutas.Essas pesquisas quando foramdivulgadas, em 1995, forammanchete de capa da revistaScience (19/04) e foi a sensaçãocientífica do ano.

1500 a.C.: Indícios docultivo da mandiocaidentificados, em 1991, pelapaleontóloga norte-americanaAnna Curtennius Roosevelt, naCaverna da Pedra Pintada, emMonte Alegre, além dasatividades de caça, pesca e coletade frutas. O cultivo da mandiocafoi um grande avanço na

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do Grão-Pará Bento MacielParente. Provavelmente essa é aprimeira entrada do gado bovinona Amazônia. A existência de umboi e de uma mula no Brasãod' Armas da cidade de Belém,criada em 1625, reforça essaassertiva.

1874: No dia 14/04 foicriado o município de Souzel.

1884: Karl von den Steinen(1855-1929) efetuou umaexpedição partindo de Cuiabáseguindo para o Xingu e em 1887-1888 retomou ao Xingu.

1887: Paul Ehrenreich(1885-1914) visitou a Amazôniajunto com Karl von Steinen aoXingu e em 1888 no rios Araguaiae Tocantins.

1895: . Henri-AnatoleCoudreau (1859-1899) explorouos Rios Tapaj ós, Xingu,Tocantins, Araguaia, Itaboca,Itacaiúnas, Jamundá e Trombetas,onde faleceu.

1905: Início daconstrução da Estrada de FerroTucuruí, na margem esquerda doRio Tocantins, para transpor ascorredeiras de Itaboca, que em umpercurso de 12 km apresentavaum desnível de 72 pés. Essaferrovia teve um percurso de 117km e 200 m, unindo Jatobal aTucuruí.

1917: A Vila de Altamirarecebe foros de cidade no dia29/09.

1938: O Decreto Estadual2.972, de 31/03, muda o nome demunicípio de Xingu paraAltamira.

1944: Conclusão daEstrada de Ferro Tucuruí,iniciada em 1905.

1947: Fundação deTucuruí - 31/12

1956: Em fevereiroocorreu a Revolta deJacareacanga, liderada pelomajor-aviador Haroldo CoimbraVeloso, cuja prisão se efetivou nodiaOll03.

1960: A Estrada de FerroTucuruí deixou de funcionar.

1961: Criação através daLei Estadual 2.460, de 29/12, omunicípio de São Félix do Xingu.

1965: 1 - Criação daAssociação de Crédito eAssistência Rural do Estado doPará Acar-Pará.

2 - Implantação daComissão Executiva do Plano daLavoura Cacaueira Ceplac nasdependências do Ipean.

1967: Em julho, com avinda do primeiro grupo de 30estudantes da Universidade daGuanabara, chefiados peloProfessor Wilson Choeri, aoTerritório Federal de Rondônia,era dado início ao ProjetoRondon, que criou campiavançados em Boa Vista, Tefé,Parintins, Porto Velho, Cruzeirodo Sul, Rio Branco, Santarém,

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Altamira, Marabá, Imperatriz,Humaitá, Alto Solimões, Itaitubae Macapá. O presidente Costa eSilva pronunciou a frase históricado Projeto Rondon: "integrarpara não entregar".

1968: Criação daFederação dos Trabalhadores naAgricultura do Pará e AmapáFETAGRI, Belém, PA.

1970: A grande seca noNordeste levou o presidenteEmílio Garrastazu Médici avisitar aquela região epronunciou emocionado odiscurso em 06/06, prometendotomar urgentes providências e,em dez dias, lançou o Programade Integração Nacional PIN. Nodiscurso, o presidente EmílioGarrastazu Médici afirmou:"quero dizer aopovo do Nordesteque não lhe prometo nada. Nãoprometo milagres nemtransformações, nem dinheironem favores, nem solicitosacrifícios ou votos, nemorganização de caridade. Digoapenas que tudo tem quecomeçar a mudar."

O Decreto-Lei 1.106, de16/06, instituiu o Programa deIntegração Nacional PIN parafinanciar infra-estrutura nasáreas da Sudam e Sudene.

Os editais de concorrênciada construção da RodoviaTransamazônica foram assinadosem 18/06, mas o início formal

ocorreu no dia 08/1 O, quando oMinistro dos Transportes MárioAndreazza e o presidente EmílioGarrastazu Médici visitaramAltamira e presenciaram o inícioda construção. O presidenteEmílio Garrastazu Médicivisitou cinco vezes aTransamazônica nos quatro anosde seu governo. O Decreto-Lei67.557, de 12/11 estabeleceuárea prioritária para a reformaagrária na Amazônia a serincluída no PIN.

1971: Início dos plantiosde cacau na zona bragantina eTomé-Açu, pela ,Sagri, e naRodovia Transamazônica e emRondônia, pela Ceplac.

O Decreto-Lei 1.179, de06/07 criou o Programa deRedistribuição de Terras eEstímulo à Agroindústria doNorte e Nardeste Proterra.

O Decreto-Lei 1.164, deO 1/04, considera como sendo desegurança nacional, uma faixa de100 km de largura de cada ladodo eixo das rodovias federaisconstruí das e por construir naAmazônia. Essa lei provocou atransferência de praticamente 1/3das terras do Estado do Pará parao domínio da União.

O Decreto 68.443, de29/03 fixou um Polígono de64.000 km-, como terra deinteresse social paradesapropriação para a

Universidade Federal do Pará - Campus de AI/ali/ira

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implantação do Projeto Altamira.1972: Inauguração da

Rodovia Transamazônica, quecobria uma extensão de 4.962km, indo de Paraíba ao Estado doAmazonas. No dia 27/09, foicolocada uma placacomemorativa referente aotrecho AltamiraItaituba, pelopresidente Emílio GarrastazuMédici e Ministro MárioAndreazza.

Seminário sobre Sistemade Colonização na Amazônia, noperíodo de 06 a 11/11, em Belém,patrocinado pelo IlCA e peloIncra, para divulgar ao mundo aexperiência da colonização naTransamazônica.

Com a construção daTransamazônica, na cidade deAltamira, o número deautomóveis passou de cinco para500 veículos e o número dehabitantes, de 5 mil para 15mil.

1973: No dia 09/5/1973,Cirne Lima, Ministro daAgricultura, demite-se após rixacom Delfim Netto. A imprensa éproibida de noticiar.

1974: Frase do ministro daAgricultura Moura Cavalcanti,em placa de bronze, datado de10/03, no Hotel do Incra, emRurópolis: "A Amazônia de hojeé o inacreditável lugar ondeaparecem de mãos dadas afantasia e o real; o épico e oimpossível; a epopéia e a lenda".

Uma década depois confirmariao erro coletivo de todas asinstituições governamentais daocupação da Amazônia.

Criação da FlorestaNacional do Tapajós, com 600mil hectares.

1975: Fundação no dia22/06 da Comissão Pastoral daTerra (CPT) , em Goiânia, GO.ligada à linha missionária daCNBB, com o objetivo deacompanhar e assessorar ostrabalhadores rurais e suasorganizações.

1976: Lançamento deDiretrizes para a Expansão daCacauicultura NacionalProcacau , pelo presidenteErnesto Geisel, que vigorou noperíodo de 1976a 1985.

Início da construção daHidrelétrica de Tucuruí.

No dia 20/10 o presidenteErnesto Geisel, o governadorAloysio Costa Chaves e ogeneral Dirceu Nogueira,ministro dos Transportes,inauguraram a Rodovia BR-163,a SantarémCuiabá iniciada emsetembro de 1970, com 1.777km, através do SegundoGrupamento de Engenharia deConstrução. Por ocasião dainauguração, mais de 30 milpessoas já moravam no trechopioneiro recém-aberto.

Emílio F. Morandefendeu tese de doutorado

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sobre ocupação naTransamazônica, seguido porNigel J. H. Smith, em 1976, ePhilip M. Feamside, em 1978,iniciando a safra depesquisadores estrangeiros sobreaAmazônia.

1977: Fundação daAMATem 12 de novembro.

1978: Em dezembro, oIncra anunciou o assentamento de7.674 famílias ao longo daRodovia Transamazônica, sendo3.035 famílias na área de Marabá,3.595 famílias na área deAltamira e 1.044 famílias na áreade Itaituba.

1980: Criação do GrupoExecutivo de Terras para a Regiãodo Baixo Amazonas Gebam,pelo Decreto-Lei 84.517, de28/02.

1983: No dia 22/05,canavieiros e funcionários daUsina Abraham Lincoln e o povoda comunidade acamparam noKm 91, bloqueando a RodoviaTransamazônica, ficando esseencontro conhecido comoMovimento de Protesto e deReivindicações dos Canavieiros eComunidades.

1984: Enchimento dascomportas da barragem deTucurui começou em 18/05 e foiaté 06/09. No dia 22 de novembroentrou em funcionamento aHidrelétrica de Tucuruí

'1986: O ministro daReforma Agrária, Nelson

Ribeiro, promoveu o seqüestro daUsina Abraham Lincoln no dia14/07.

1987: A Portaria 687, de30/07, do Ministério de Reformae Desenvolvimento Agrário crioua modalidade de Projeto deAssentamento Extrativista, comodecorrência das pressões do IEncontro Nacional dosSeringueiros, realizado emBrasília, em 1985.

1988: No dia 06/05, atravésda Lei Estadual 5.438, a partir dodesmembramento do municípiode Prainha foi criado o municípiode Medicilândia, ao longo darodovia Transamazônica. A LeiEstadual 5.435, de 05/05, criou omunicípio de Uruará e a LeiEstadual Si-lôô, de 10/05, criou omunicípio de Rurópolis.

1989: Início das atividadesdo Laboratório Sócio-Agronômico do Tocantins Lasat ,com atuação em uma área de 40mil km", abrangendo seismunicípios do sudeste paraense.Em 20/02, 600 índios de 11nações reúnem em Altamira, o 10

Encontro dos Povos Indígenas doXingu, onde o diretor-presidenteda Eletronorte, José AntônioMuniz Lopes, foi ameaçado poruma índia caiapó, Tuíra, com umterçado, contrários à construçãodo complexo hidrelétrico deXingu. Simultaneamente, oBanco Mundial cancelou o

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desembolso de 500 milhões dedólares para o setor energéticonacional.

1990: Regulamentação dasreservas extrativistas através doDecreto 98.897, de 30/01. Pelaprimeira vez, a produção deborracha de seringais de cultivo(54%) suplantou a de seringaisnativos no Brasil.

1991: No dia 02/07, 13ONGs fundaram o Grupo deTrabalho Amazônico GTA.Entre os principais promotoresestão o Instituto de EstudosAmazônicos, a Fundação VitóriaAmazônica, o Movimento PelaSobrevivência daTransamazônica, o IPHAE, oProjeto Saúde Alegria. Algumassemanas, depois, o ConselhoNacional dos Seringueiros sejuntou ao grupo.

Criação do MovimentoPela Sobrevivência daTransamazônica MPST.

Criação da FundaçãoViver, Produzir e Preservar, comsede em Altamira, visando odesenvolvimento daTransamazônica e Xingu.

1992: Em agosto, foirealizado o I Seminário sobreProdução e Comercialização daTransamazônica, promovidopelaCPT.

Cri aç ão do C entroNacional de DesenvolvimentoSustentado das PopulaçõesTradicionais CNPT, através da

Portaria 22, de 10/02, do Ibama.A Portaria 006N, do

Ibama, declarou o mogno comouma espécie em perigo deextinção.

Criação dos Municípiosde Vitória do Xingu e BrasilNovo, na RodoviaTransamazônica.

1993: A Portaria 149-P,do Ibama, publicada no DiárioOficial da União, no dia 15/01,obriga o registro e olicenciamento paracomercialização de motosserra,bem como àqueles que, sobqualquer forma, adquirirem esteequipamento.

Em 20/02, foiimplantação do LaboratórioAgro-Ecológico daTransamazônica LAET, emAltamira.

1994: No dia O 1/09 foicriado o Centro Agropecuário daUniversidade Federal do Pará. Oprodutor Aniraldo P. Santosintroduz o nim (Azadirachtaindica A. Juss), planta de origemindiana, no município deCastanhal, que seria utilizadapara arborização na orla do rioXingu, na cidade de Altamira.

Em março, foi realizada aConferência MunicipalUruarense sobre ProjetosEconômicos Alternativos e, emagosto, o 10 Seminário sobre aSustentabilidade dos Atuais

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Sistemas de Produção daTransamazônica.

1995: Criação dosMunicípios de Anapu e Placas, naRodovia Transamazônica.

1996: No dia 10/08, opresidente Fernando Henriqueapresentou 42 projetos com onome Brasil em Ação,relacionados, principalmente, aobras de infra-estrutura etransporte, além de algunsprogramas SOCIaIS.

Lançamento da MedidaProvisória 1.511, de 25/07, quefaz parte do conjunto de medidasque ficou conhecido como"pacote ecológico", estabeleceu oaumento de 50% para 80% dasáreas passíveis de preservação,dando nova redação ao CódigoFlorestal.

O Decreto 1.963, de 25/07,também partiu do "pacoteecológico", suspendeu novasautorizações e concessões para aexploração de mogno e virola eestabeleceu prioridades para odeslocamento de incentivosfiscais e propostas de criação denovas florestas nacionais.

O presidente FernandoHenrique criou o Programa deApoio ao Desenvolvimento doExtrativismo Prodex, no dia05/06, alocando recursos de R$ 24milhões, junto ao Banco daAmazônia.

O Decreto 1.946, de28/06, criou o Programa Nacional

de Fortalecimento da AgriculturaFamiliar Pronaf.

O massacre de 19integrantes do Movimento dosTrabalhadores Rurais Sem TerraMST em Eldorado dos Carajás,no dia 17/04, chocou o mundo.

Em 30/06 foi preso emAltamira, PA, Darli Alves daSilva, foragido em 1993, pelamorte de Chico Mendes.

1997: Criação do Curso deLicenciatura Plena em CiênciasAgrárias em Altamira.

1998: No Diário Oficialda União, de 13/02, foi publicadaaLei 9.605, denominada de Lei daNatureza contra CrimesAmbientais.

Através do Decreto 2.788,de 29/09, o Ibama tentou alicitação para a exploraçãomadeireira de 3.222 ha daFloresta Nacional do Tapajós, quefoi embargada pela JustiçaFederal, levando a lançar novoEdital com prazo de abertura em01110.

Criação da ReservaExtrativista Tapajós - Arapiuns,com 649 mil hectares.

1999: Chegada, emltaituba, no dia 28/05, de umacaravana de 75 caminhões vindosdo Município de Sorriso, MT,transportando 2 mil toneladas desoja pela CuiabáSantarém. Essacaravana foi recepcionada peloministro dos Transportes, EliseuPadilha,a qual tinha como

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objetivo a reivindicação para oasfaltamento da rodovia. A sojafoi embarcada em Itaituba apóspercorrer 1.100 km, dos quais 900km em estrada de terra, e seguiupara Itacoatiara para seremembarcadas para a China.

Em Santarém, foirealizada, no dia 03/06, a primeiracolheita comercial de grãos,destacando-se a produção de soja

Chegada da energia deTucuruí, em Itaituba, no dia01/06, com a conclusão daterceira torre de transmissão maisalta do mundo com 160 m e outrasduas torres com 135 m e 114 m,importadas da Itália, necessáriaspara transpor o Rio Tapajós, com1.200 m de largura. No dia 10/08,inexplicavelmente, a torre de 160m desabou, causandoperplexidade.

. No dia 09/12, o deputadofederal Moacir Micheletto(PMDB-PR) apresentou o Projetode Lei de Conversão da MedidaProvisória 1.956-44, procurandoampliar a área desmatada naAmazônia de 20% para 50%, queestabelecia a Medida Provisória1.511, de 25/07/1996.

Criação do Projeto de Apoioao Manejo sustentável naAmazônia - Promanejo

2000: No dia 11/05, aComissão Mista do Congressoaprovou o projeto de lei deconversão do deputado federal

Moacir Micheletto, reduzindo de80% para 50% a área de coberturaoriginal na Amazônia.

No dia 28/05, o governofederal reeditou pela 50a vez aMedida Provisória 1.956,trazendo texto aprovado peloConselho Nacional do MeioAmbiente, em 29 de março,mantendo os percentuais parareserva legal, em vigor desde avigência da Medida Provisória1.511, de 25/07/1996.

No dia 12/07, em Belém,foi realizado o Seminário NimIndiano (Azadirachta indica),espécie potencial para as áreasalteradas da Amazônia Brasileira,promovido pela EmbrapaAmazônia Oriental e Emater-Pará.

No dia 18/08, o Incracomunicava que a UsinaAbraham Lincoln iria efetuar aúltima moagem de cana-de-açúcar referente a safra2000/2001, encerrando o projetoque foi criado em 17/04/1973.

Criação da 1a Semana deIntegração das Ciências Agrárias,em Altamira.

2001: No dia 22/05 éassinada a Medida Provisória2.148-1 que cria a Câmara deGestão de Crise de EnergiaElétrica, estabelecendo diretrizespara programas de enfrentamentoda crise de energia elétrica noPaís.

No dia 07/08, o governoUniversidade Federal da Pará - Campus de Altamira

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•do Pará, proíbe através doDecreto 4.758, de 03/08, otrânsito de plantas e partes deplantas da bananeira e plantas dogênero Helicônia, provenientesdos Municípios de Almeirim ePorto de Moz, para conter oavanço da sigatoca-negra.

Em 04/05, após 35 anos,foi extinta a Sudam e criada aAgência de Desenvolvimento daAmazônia ADA, através daMedida Provisória 2.146-1.

Em 25/08, Ademir AlfeuFedericci, o Dema, coordenadordo Movimento PeloDesenvolvimento daTransamazônica e Xingu(MDTX), foi assassinado em suaresidência, emAltamira.

Criação do Curso de'Agronomia em Altamira

2002: No dia 12/08 acaravana de caminhões que partiude Sinop no dia 05/08 chega aSantarém, pressionando para oasfaltamento da Cuiabá-Santarém.

No dia 18/08 foiinaugurado a ponte Moju-Cidade,componente daAlça Viária.

Como este texto tem porfinalidade efetuar provocações,teses, antíteses e ilações entre osestudantes do Curso deAgronomia, para servir dereflexões, há tópicos que precisamser aprofundados numa propostade desenvolvimento agrícola:Universidade Federal do Pará - Compus de Altamira

No dia 20/09 o PresidenteFemando Henrique inaugurou aponte sobre o rio Guamá, que fazparte do conjunto de pontes daAlça Viária.

Inauguração da 13a

turbina da Usina Hidrelétrica deTucuruí, no dia 21112, peloPresidente Femando Henrique.

2003: No dia 14/04 foiinaugurado o complexo daCargill para exportação de soja,em Santarém, Pará.

Presença do navio MVArctic Sunrise, do Greenpeace,em Porto de Moz acirra ânimosentre madeireiros levando aobloqueio das estradas emAltamira, em 25/11.

2004: No dia 08/11 foicriado as Reservas ExtrativistasVerde para Sempre e Riozinho doAnfrízio.

2005: No dia 12/02 foiassassinada em Anapu, amissionária americana DorothyStang

No período de 21 a 25/11,foi realizada a sa Semana deIntegração das CiênciasAgrárias, emAltamira.

1 - Expansão da soja aolongo da Transamazônica e daCuiabá-Santarém, por maiores quesejam as justificativas estas devemser efetuadas apenas nas áreasdesmatadas e nunca incorporandonovas áreas e em detrimento daagricultura familiar. A margem

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esquerda do rio Amazonas deveria.ser vetada para a produção de soja.

2 - A produção de álcool oude açúcar de cana-de-açúcar, comofoi planejando em Medicilândia,revelou-se um completo fracassodesde a sua implantação. Houvefalhas administrativas de gestão dausina, não ter área mínima da usinapara o plantio de cana-de-açúcar,falta de economia de escala, altoscustos decorrentes da nãoexistência de outras usinassimilares, etc. Esta infra-estruturadeveria ser aproveitada para outrasatividades como 1 a extração deóleos essenciais, agro-indústria defrutas, etc.

3 - As megareservasextrativistas que estão sendoimplantadas com o beneplácitoexterno e de lideranças daagricultura familiar, se apoiar naexploração de produtos chamados"não-madeireiros" apresentaviabilidade duvidosa, que vãoconduzir na extração madeireira. Aeconomia extrativa apresentagrandes limitações com relação adomesticação, crescimento domercado, aparecimento desubstitutos sintéticos, expansão dafronteira agrícola, mudança nospreços relativos, etc.

4 - A carência deinformações tecnológicas constitui

REFERÊNCIAS CONSULTADASAMELUNG, T. 1990. Qual política econômica salva al bosque tropical.

Desarrollo y Cooperación, Bonn, n.3, p.4-6.

em uma das maiores limitações, nabusca de um desenvolvimentomais apropriado para aTransamazônica. Há necessidadeque novos centros de pesquisasejam estabelecidos na Amazônia,onde existem apenas 1.200doutores para todas as áreas doconhecimento, que correspondema 3% de pesquisadores com níveldoutorado no país, que coincidecom 3% de aplicação dos recursosfederais, estaduais, municipais eprivados aplicados em C&T naAmazônia, para uma região queconcentra 11% da população dopaís. Isto significa que aAmazônia, a despeito da suapobreza está financiado a pesquisadas áreas mais desenvolvidas dopaís. A criação da UniversidadeFederal de Santarém bem como deMarabá, de Imperatriz, sãoprioritárias, face a dimensão daregião e a de equilibrar nospróximos anos com 11% dosrecursos para C&T.

5 - Necessidade de discutirde forma mais crítica odesenvolvimento sustentado, umavez que da maneira como estásendo colocando, tende avulgarizar e desmoralizar esteconceito. Não confundir políticade governo com política pública.

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ransamazônica, município de Altamira, 1975.

Figuras 3 e 4 Detalhes da agrovila, rodovia Transamazônica, provavelmente em Medicilândia, 1975.

Figuras 5 e 6 Na foto a esquerda Hotel do lncra, atual Brasil Novo. Na foto a direita, vistaparcial da Agrovila, 1975.

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Figuras 7, 8 e 9 Foto superiores, vista parcial da cidade de Altamira e na foto inferior, casa decolono, 1975.

FATORES DETERMINANTES DA EXPANSÃO DA PECUÁRIANO ESTADO DO PARÁ!

Jonas Bastos da Veiga', Jean F. Tourrand', Marie G. Píketry'

'Palestra apresentada na Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Campo Grande,MS. Julho de 2004.2 Eng" Agr"; Ph D, pesquisador da EmbrapaAmazônia Oriental. CP 48, Belém, Pará. CEP 66.095-100,[email protected]) Med. Vet., Ph D, pesquisador do convênio Embrapa - Cirad, CP 48, Belém, Pará. CEP 66.095-100, [email protected]'Economista, Ph D, pesquisadora do convênio Embrapa - Cirad, CP 48, Belém, Pará. CEP 66.095-100, [email protected]

1. INTRODUÇÃOA criação de gado na

Amazônia Brasileira começou noséculo XVI, nos primórdios dacolonização portuguesa quandonavegantes trouxeram osprimeiros animais para atender ademanda de colonos europeus porleite e tração animal(DESFFONTAINES 1957). Desdeentão, no estado do Pará, a criaçãode gado se expandiu na região doUniversidade Federal do Pará - Campus de Altamira

Baixo-Amazonas, de Santarém aoarquipélago de Marajó, emsistemas extensivos de produção,utilizando pastagens naturais devárzea. No início do século XX, orebanho da Amazônia Brasileiraera de 750.000 bovinos e 250.000bubalinos.

Apenas no final dos anos 60a pecuária foi considerada aatividade privilegiada do governobrasileiro para colonizar a

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