pesquisa - livro de jó

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Depois que deixou o Egito, em 1553 AEC, ele se estabeleceu em Midiã, não muito longe da terra de Uz. Jó, naquele tempo, usufruía os 140 anos finais da vida, com que Jeová o abençoara. (Jó 42:16) Mais tarde, quando os israelitas estavam nas imediações de Uz, perto do fim de sua jornada no deserto, Moisés, escreveu o livro, poderia ter ouvido falar sobre os últimos anos da vida de Jó e a sua morte. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Capítulo 1 – Jó possuía grande riqueza material, era respeitado como juiz compassivo e líder, viveu na terra de Uz, onde hoje fica a Arábia. Embora não fosse israelita, Jó era adorador de Jeová, algo que este trouxe à atenção de Satanás. 1 Aconteceu haver na terra de Uz um homem cujo nome era Jó; e este homem mostrava ser inculpe e reto, e temia a Deus e desviava-se do mal. 2 E vieram nascer-lhe sete filhos e três filhas. 3 E seu gado chegou a ser de sete mil ovelhas, e três mil camelos, e quinhentas juntas de gado vacum, e quinhentas jumentas, junto com um grande corpo de servos; e este homem veio a ser o maior de todos os orientais. Jó dá um excelente exemplo de preocupação com a espiritualidade de sua família (note a expressão “Assim Jó fazia sempre”). 4 E seus filhos foram e realizaram um banquete na casa de cada um [deles] no seu próprio dia; e mandaram convidar suas três irmãs para comerem e beberem com eles. 5 E dava-se que, tendo os dias de banquete completado o ciclo, Jó mandava santificá-los; e ele se levantava de manhã cedo e oferecia sacrifícios queimados segundo o número de todos eles; pois, dizia Jó, “meus filhos talvez tenham pecado e amaldiçoado a Deus no seu coração”. Assim Jó fazia sempre. Não vivia naquele tempo nenhum outro servo de Deus notável (a provação de Jó deve ter ocorrido enquanto os israelitas eram escravos no Egito, entre a morte de José, em 1657 AEC, e antes de Moisés ter começado a sua carreira de integridade). Existia uma questão que envolvia a integridade de Jó. Esta questão começou nos dias de Adão e Eva. Agora, durante uma reunião no céu, Satanás vê-se obrigado a dar suas sugestões quanto à base da integridade de Jó. Jeová aceita o desafio de Satanás. Ele confia totalmente na integridade de Jó. Sem demora, Satanás ataca Jó. O registro indica que os filhos angélicos de Deus também são convidados à Sua presença em ocasiões designadas, e a presença de Satanás entre eles deve ter sido somente pela permissão do Soberano. 6 Ora, veio a ser o dia em que os filhos do [verdadeiro] Deus entraram para tomar sua posição perante Jeová, e até mesmo Satanás passou a entrar no meio deles. 7 Jeová disse então a Satanás: “Donde vens?” A isto respondeu Satanás a Jeová e disse: “De percorrer a terra e de andar nela.” 8 E Jeová prosseguiu, dizendo a Satanás: “Fixaste teu coração no meu servo Jó, que não há ninguém igual a ele na terra, homem inculpe e reto, temendo a Deus e desviando-se do mal?” 9 Então respondeu Satanás a Jeová e disse: “Acaso é por nada que Jó teme a Deus? 10 Não puseste tu mesmo uma sebe em volta dele, e em volta da sua casa, e em volta de tudo o que ele tem? Abençoaste o trabalho das suas mãos, e o próprio gado dele se tem espalhado pela terra. 11 Mas, ao invés disso, estende tua mão, por favor, e toca em tudo o que ele tem, [e vê] se não te amaldiçoará na tua própria face.” 12 Por conseguinte, Jeová disse a Satanás: “Eis que tudo o que ele tem está na tua mão. Somente contra ele próprio não estendas a tua mão!” De modo que Satanás saiu de diante da pessoa de Jeová. Satanás provoca calamidades para Jó. Mesmo se ele soubesse quem as provocara, seriam difíceis de suportar. Mas, ele não sabia que era o centro duma controvérsia no céu, e que Jeová o usava para mostrar que existem pessoas que conservarão a sua integridade apesar de qualquer sofrimento injusto que Satanás lhes possa causar. 13 Ora, veio a ser o dia em que seus filhos e suas filhas comiam e bebiam vinho na casa de seu irmão, o primogênito. 14 E um mensageiro chegou a Jó e passou a dizer: “Aconteceu que o próprio gado vacum estava arando e as jumentas estavam pastando ao lado dele, 15 quando os sabeus vieram fazer um assalto e os tomaram, e aos ajudantes golpearam com o fio da espada; e consegui escapar, somente eu sozinho, para te contar [isso].” 16 Falando ainda este, chegou outro e passou a dizer: “O próprio fogo de Deus caiu dos céus e passou a arder entre as ovelhas e os ajudantes, e foi consumi-los; e consegui escapar, somente eu sozinho, para te contar [isso].” 17 Falando ainda este, chegou outro e passou a dizer: “Os caldeus constituíram três bandos e foram investir contra os camelos e tomá-los, e aos ajudantes golpearam com o fio da espada; e consegui escapar, somente eu sozinho, para te contar [isso].” 18 Falando ainda este, chegou ainda outro e passou a dizer: “Teus filhos e tuas filhas estavam comendo e bebendo vinho na casa de seu irmão, o primogênito. 19 E eis que veio um grande vento desde a região do ermo e passou a golpear os quatro cantos da casa, de modo que ela caiu sobre a gente moça e eles morreram. E consegui escapar, somente eu sozinho, para te contar [isso].” Sentindo pesar, Jó imagina que de algum modo Deus era responsável por suas perdas, mas mantém sua integridade. 20 E Jó passou a levantar-se e a rasgar a sua túnica sem mangas, e a raspar a cabeça, e a lançar-se por terra, e a curvar- se, 21 e passou a dizer: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei para lá. O próprio Jeová deu e o próprio Jeová tirou. Continue a ser abençoado o nome de Jeová.” 22 Em tudo isso Jó não pecou, nem atribuiu a Deus algo impróprio. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Capítulo 2 – Satanás não desiste. Ele agora desafia dizendo que se lhe for dada a chance de golpear fisicamente a Jó, este amaldiçoará a Deus na sua face. Confiante em Jó, Jeová dá essa permissão, apenas advertindo a Satanás que não lhe tire a vida. Note que Satanás não aplicou essa calúnia apenas a Jó, um homem justo, mas à humanidade em geral.

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Page 1: Pesquisa - Livro de Jó

Depois que deixou o Egito, em 1553 AEC, ele se estabeleceu em Midiã, não muito longe da terra de Uz. Jó, naquele tempo, usufruía os 140

anos finais da vida, com que Jeová o abençoara. (Jó 42:16) Mais tarde, quando os israelitas estavam nas imediações de Uz, perto do fim de

sua jornada no deserto, Moisés, escreveu o livro, poderia ter ouvido falar sobre os últimos anos da vida de Jó e a sua morte.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Capítulo 1 – Jó possuía grande riqueza material, era respeitado como juiz compassivo e líder, viveu na terra de Uz, onde

hoje fica a Arábia. Embora não fosse israelita, Jó era adorador de Jeová, algo que este trouxe à atenção de Satanás.

1 Aconteceu haver na terra de Uz um homem cujo nome era Jó; e este homem mostrava ser inculpe e reto, e temia a Deus e desviava-se do mal.

2 E vieram nascer-lhe sete filhos e três filhas.

3 E seu gado chegou a ser de sete mil ovelhas, e três

mil camelos, e quinhentas juntas de gado vacum, e quinhentas jumentas, junto com um grande corpo de servos; e este homem veio a ser o maior de todos os orientais.

Jó dá um excelente exemplo de preocupação com a espiritualidade de sua família (note a expressão “Assim Jó fazia

sempre”).

4 E seus filhos foram e realizaram um banquete na casa de cada um [deles] no seu próprio dia; e mandaram convidar

suas três irmãs para comerem e beberem com eles. 5 E dava-se que, tendo os dias de banquete completado o ciclo, Jó

mandava santificá-los; e ele se levantava de manhã cedo e oferecia sacrifícios queimados segundo o número de todos eles; pois, dizia Jó, “meus filhos talvez tenham pecado e amaldiçoado a Deus no seu coração”. Assim Jó fazia sempre.

Não vivia naquele tempo nenhum outro servo de Deus notável (a provação de Jó deve ter ocorrido enquanto os israelitas

eram escravos no Egito, entre a morte de José, em 1657 AEC, e antes de Moisés ter começado a sua carreira de

integridade). Existia uma questão que envolvia a integridade de Jó. Esta questão começou nos dias de Adão e Eva. Agora,

durante uma reunião no céu, Satanás vê-se obrigado a dar suas sugestões quanto à base da integridade de Jó. Jeová aceita

o desafio de Satanás. Ele confia totalmente na integridade de Jó. Sem demora, Satanás ataca Jó. O registro indica que os

filhos angélicos de Deus também são convidados à Sua presença em ocasiões designadas, e a presença de Satanás entre

eles deve ter sido somente pela permissão do Soberano.

6 Ora, veio a ser o dia em que os filhos do [verdadeiro] Deus entraram para tomar sua posição perante Jeová, e até

mesmo Satanás passou a entrar no meio deles.

7 Jeová disse então a Satanás: “Donde vens?” A isto respondeu Satanás a Jeová e disse: “De percorrer a terra e de andar

nela.” 8 E Jeová prosseguiu, dizendo a Satanás: “Fixaste teu coração no meu servo Jó, que não há ninguém igual a ele na

terra, homem inculpe e reto, temendo a Deus e desviando-se do mal?” 9 Então respondeu Satanás a Jeová e disse: “Acaso é

por nada que Jó teme a Deus? 10

Não puseste tu mesmo uma sebe em volta dele, e em volta da sua casa, e em volta de tudo o que ele tem? Abençoaste o trabalho das suas mãos, e o próprio gado dele se tem espalhado pela terra.

11 Mas, ao invés

disso, estende tua mão, por favor, e toca em tudo o que ele tem, [e vê] se não te amaldiçoará na tua própria face.” 12

Por conseguinte, Jeová disse a Satanás: “Eis que tudo o que ele tem está na tua mão. Somente contra ele próprio não estendas a tua mão!” De modo que Satanás saiu de diante da pessoa de Jeová.

Satanás provoca calamidades para Jó. Mesmo se ele soubesse quem as provocara, seriam difíceis de suportar. Mas, ele

não sabia que era o centro duma controvérsia no céu, e que Jeová o usava para mostrar que existem pessoas que

conservarão a sua integridade apesar de qualquer sofrimento injusto que Satanás lhes possa causar.

13 Ora, veio a ser o dia em que seus filhos e suas filhas comiam e bebiam vinho na casa de seu irmão, o primogênito.

14 E

um mensageiro chegou a Jó e passou a dizer: “Aconteceu que o próprio gado vacum estava arando e as jumentas estavam pastando ao lado dele,

15 quando os sabeus vieram fazer um assalto e os tomaram, e aos ajudantes golpearam com o fio da

espada; e consegui escapar, somente eu sozinho, para te contar [isso].”

16 Falando ainda este, chegou outro e passou a dizer: “O próprio fogo de Deus caiu dos céus e passou a arder entre as

ovelhas e os ajudantes, e foi consumi-los; e consegui escapar, somente eu sozinho, para te contar [isso].”

17 Falando ainda este, chegou outro e passou a dizer: “Os caldeus constituíram três bandos e foram investir contra os

camelos e tomá-los, e aos ajudantes golpearam com o fio da espada; e consegui escapar, somente eu sozinho, para te contar [isso].”

18 Falando ainda este, chegou ainda outro e passou a dizer: “Teus filhos e tuas filhas estavam comendo e bebendo vinho

na casa de seu irmão, o primogênito. 19

E eis que veio um grande vento desde a região do ermo e passou a golpear os quatro cantos da casa, de modo que ela caiu sobre a gente moça e eles morreram. E consegui escapar, somente eu sozinho, para te contar [isso].”

Sentindo pesar, Jó imagina que de algum modo Deus era responsável por suas perdas, mas mantém sua integridade.

20 E Jó passou a levantar-se e a rasgar a sua túnica sem mangas, e a raspar a cabeça, e a lançar-se por terra, e a curvar-

se, 21

e passou a dizer: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei para lá. O próprio Jeová deu e o próprio Jeová tirou. Continue a ser abençoado o nome de Jeová.”

22 Em tudo isso Jó não pecou, nem atribuiu a Deus algo impróprio.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Capítulo 2 – Satanás não desiste. Ele agora desafia dizendo que se lhe for dada a chance de golpear fisicamente a Jó, este

amaldiçoará a Deus na sua face. Confiante em Jó, Jeová dá essa permissão, apenas advertindo a Satanás que não lhe tire a

vida. Note que Satanás não aplicou essa calúnia apenas a Jó, um homem justo, mas à humanidade em geral.

Page 2: Pesquisa - Livro de Jó

2 Depois veio a ser o dia em que os filhos do [verdadeiro] Deus entraram para tomar a sua posição perante Jeová, e também Satanás passou a entrar no meio deles para tomar a sua posição perante Jeová.

2 Jeová disse então a Satanás: “Donde é que vens?” Então Satanás respondeu a Jeová e disse: “De percorrer a terra e de

andar nela.” 3 E Jeová prosseguiu, dizendo a Satanás: “Fixaste teu coração no meu servo Jó, que não há ninguém igual a ele

na terra, homem inculpe e reto, temendo a Deus e desviando-se do mal? Ele ainda se agarra à sua integridade, embora me instigues contra ele para tragá-lo sem causa.”

4 Mas, Satanás respondeu a Jeová e disse: “Pele por pele, e tudo o que o

homem tem dará pela sua alma. 5 Ao invés disso, estende agora tua mão, por favor, e toca-lhe até o osso e a carne, [e vê] se

não te amaldiçoará na tua própria face.”

6 Por conseguinte, Jeová disse a Satanás: “Eis que está na tua mão! Somente cuida da própria alma dele!”

7 Portanto,

Satanás saiu de diante da pessoa de Jeová e golpeou a Jó com um furúnculo maligno, desde a sola de seu pé até o alto da sua cabeça.

8 E este passou a tomar para si um caco para se raspar com ele; e estava sentado no meio de cinzas.

Em seguida, mais um golpe! A fé da esposa de Jó enfraquece, mas ele continua íntegro. Quando nos lembramos de que a

razão do sofrimento de Jó lhe fora ocultada, quão realmente notável é a integridade dele! Qual pode ter sido o estado

mental da esposa de Jó quando ela disse a ele que amaldiçoasse a Deus e morresse? A esposa de Jó sofreu as mesmas

perdas que seu marido. Ela deve ter ficado muito aflita ao ver seu marido, antes saudável, sofrer de uma doença

repugnante. Havia perdido seus filhos amados. Talvez tenha ficado tão perturbada com o que estava acontecendo que não

conseguia refletir no que era, de fato, importante — a relação que eles tinham com Deus.

9 Finalmente, sua esposa lhe disse: “Ainda te aferras à tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre!”

10 Mas ele lhe disse:

“Como fala uma das mulheres insensatas, também tu falas. Devemos aceitar apenas o que é bom da parte do [verdadeiro] Deus e não aceitar também o que é mau?” Em tudo isso não pecou Jó com os seus lábios.

Satanás suscita três homens de suposta sabedoria que, ou conheciam Jó pessoalmente, ou haviam ouvido falar sobre sua

reputação. Eles são bem mais velhos do que Jó. Dois deles são parentes distantes. Aparentemente eles vêm para consolar

a Jó, mas, na realidade, Satanás usa-os na tentativa de minar sua integridade, passando-se por amigos. Ao chegarem,

passam sete dias e sete noites observando silenciosamente a dor e a humilhação de Jó. Elifaz, o mais velho, finalmente

toma a iniciativa de falar. As dissertações de Elifaz são mais longas, e a sua linguagem é um tanto mais amena. A

linguagem de Bildade é mais mordaz, e a de Zofar ainda mais. Os argumentos deles são habilmente planejados para

alcançar o objetivo de Satanás. Eles amiúde citam fatos reais, mas a sua utilização e aplicação são errôneas.

11 E três companheiros de Jó chegaram a ouvir toda esta calamidade que viera sobre ele e passaram a chegar, cada um

de seu próprio lugar: Elifaz, o temanita, e Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita. Encontraram-se, pois, por combinação para chegarem e se compadecerem dele, e o consolarem.

12 Quando de longe levantaram os olhos, então não o reconheceram. E

passaram a levantar a sua voz e a chorar, e a rasgar cada um a sua túnica sem mangas, e a atirar pó para os céus sobre as suas cabeças.

13 E ficaram sentados com ele na terra por sete dias e sete noites, e ninguém lhe falava uma palavra, pois

viram que a dor era muito grande.

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Capítulo 3 – Em seu primeiro discurso (3:1-26), Jó expressa que preferia que o dia que nasceu não tivesse existido.

3 Foi depois disso que Jó abriu a boca e começou a invocar o mal sobre o seu dia. 2 Jó respondeu então e disse:

3 “Pereça o dia em que vim a nascer, Também a noite em que alguém disse: ‘Foi concebido um varão vigoroso!’

4 Quanto àquele dia, torne-se ele escuridão. Não olhe Deus para ele, de cima, Nem reluza sobre ele a luz do dia.

5 Reivindiquem-no a escuridão e a sombra tenebrosa. Resida sobre ele uma nuvem de chuva. Apavorem-no as coisas

que escurecem o dia.

6 Aquela noite — levem-na as trevas; Não se regozije entre os dias do ano; Não entre no meio do número dos meses

lunares.

7 Eis aquela noite — fique ela estéril; Não entre nela nenhum grito jubiloso.

8 Maldigam-na praguejadores do dia, Os que estão prontos para despertar o leviatã.

9 Escureçam-se as estrelas do seu crepúsculo; Aguarde ela a luz e não haja nenhuma; E não veja ela os raios da alva.

10 Pois não fechou as portas do ventre de minha [mãe], Escondendo assim dos meus olhos a desgraça.

Jó diz que preferia não ter nascido ou que preferia ter morrido logo ao nascer. 11

Por que não passei a morrer desde a madre? [Por que não] saí do próprio ventre, expirando então? 12

Por que fui confrontado por joelhos, E por que por peitos, para que eu mamasse? 13

Pois agora eu já estaria deitado para ter sossego; Então dormiria; estaria descansando 14

Com reis e conselheiros da terra, Os que constroem para si lugares desolados, 15

Ou com príncipes que têm ouro, Os que enchem as suas casas de prata; 16

Ou, igual a um aborto encoberto, não teria vindo à existência, Como crianças que não viram a luz. 17

Ali os próprios iníquos deixaram da agitação, E ali descansam os cansados de poder. 18

Juntos, os próprios prisioneiros estão despreocupados; Realmente não ouvem a voz de alguém os compelindo a trabalhar.

19 Pequeno e grande são ali iguais, E o escravo está livre do seu amo.

Jó pergunta como que para Jeová por que alguns que querem viver morrem e outros que querem morrem não morrem.

Page 3: Pesquisa - Livro de Jó

20 Por que dá ele luz ao que está em apuros E vida aos de alma amargurada?

21 Por que há os que esperam a morte, e ela não vem, Embora cavem por ela mais do que por tesouros escondidos?

22 Os que se alegram até o júbilo Exultam por terem achado uma sepultura.

23 [Por que dá ele luz] ao varão vigoroso, cujo caminho está escondido, E a quem Deus cerca ao redor?

Jó expressa que está sofrendo com sua doença e com a perda de seus filhos. 24

Pois, antes do meu alimento vem o meu suspiro, E meus bramidos se derramam como as águas; 25

Porque tive pavor de uma coisa pavorosa, e ela está vindo sobre mim; E aquilo de que estou amedrontado vem a mim.

26 Não estive despreocupado, nem tive sossego, Nem descansei, e ainda assim vem a agitação.”

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Capítulo 4 – Em seu primeiro discurso (Jó 4:1-5:27), Elifaz começa elogiando a Jó, mas em seguida seus argumentos serão

maldosos.

4 E Elifaz, o temanita, passou a responder e a dizer:

2 “Se alguém experimentar uma palavra contigo, ficarás fatigado? Mas quem pode restringir as palavras?

3 Eis que corrigiste a muitos, E costumavas fortalecer as mãos fracas.

4 Tuas palavras levantavam a quem tivesse tropeçado; E firmavas os joelhos que se dobravam.

Elifaz argumenta que as aflições de Jó são a retribuição divina dos seus pecados, dizendo que os retos nunca perecem.

5 Mas esta vez chega a ti, e ficas fatigado; Toca até mesmo a ti, e ficas perturbado.

6 Não é a tua reverência [a base da] tua confiança? Não está a tua esperança na integridade dos teus caminhos?

7 Lembra-te, por favor: Que inocente jamais pereceu? E onde é que os retos foram eliminados?

8 Segundo o que vi, os que projetam o que é prejudicial E os que semeiam desgraça são os que a ceifarão.

9 Perecem pelo sopro de Deus E têm seu fim pelo espírito da Sua ira.

10 Há o bramido dum leão e a voz dum leãozinho, Mas os dentes dum leão novo jubado deveras se quebram.

11 O leão perece por não haver presa E os filhotes de leão são separados um do outro.

Elifaz Lembra uma visão noturna em que uma voz lhe disse que Deus não tem fé nos seus servos, especialmente nos que

são de mero barro, o pó da terra (Que tipo de espírito havia influenciado o modo de pensar de Elifaz? O tom crítico das

palavras que se seguiram indica que esse espírito certamente não era um dos anjos justos de Deus. Era uma criatura

espiritual perversa. Se não fosse, por que Jeová repreenderia Elifaz e seus dois companheiros por terem mentido? Sem

dúvida, Elifaz estava sob influência demoníaca. Seus comentários refletiam um modo ímpio de pensar). 12

Ora, falou-se-me furtivamente uma palavra, E meu ouvido passou a captar um sussurro dela, 13

Em pensamentos inquietantes das visões da noite, Quando o sono profundo cai sobre os homens, 14

Veio sobre mim um pavor e um tremor, E encheu a multidão dos meus ossos de pavor. 15

E mesmo um espírito passou sobre a minha face; O pêlo da minha carne começou a eriçar-se. 16

Começou a parar, Mas não reconheci seu aspecto; Havia uma figura diante dos meus olhos; Houve uma calmaria e eu ouvi então uma voz:

17 ‘O homem mortal — pode ele ser mais justo do que o próprio Deus? Ou pode o varão vigoroso ser mais puro do que

Aquele que o fez?’ 18

Eis que ele não tem fé nos seus servos, E a seus mensageiros acusa de defeito. 19

Quanto mais com os que moram em casas de barro, Cujo alicerce está no pó! São esmigalhados mais depressa do que uma traça.

20 São esmiuçados desde a manhã até a noitinha; Sem que alguém o tome [a peito], perecem para sempre.

21 Não foi retirada sua corda de tenda do seu íntimo? Morrem por falta de sabedoria.

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Capítulo 5 – Elifaz continua sua acusação de que Jó está sofrendo por pecar contra Deus.

5 “Chama, por favor! Há quem te responda? E para qual dos santos te virarás?

2 Pois ao tolo matará o vexame E ao facilmente engodado fará morrer a inveja.

3 Eu mesmo vi o tolo arraigar-se, Mas repentinamente comecei a maldizer seu lugar de permanência.

4 Seus filhos permanecem longe da salvação E são esmigalhados no portão sem que alguém [os] livre.

5 O que ele ceifa, o faminto come; E é tirado até mesmo dos ganchos do açougueiro, E uma armadilha realmente

abocanha os seus meios de subsistência.

6 Pois o que é prejudicial não sai do mero pó, E a desgraça não surge do mero solo.

7 Porque o próprio homem nasce para a desgraça, Como as próprias faíscas voam para cima.

Elifaz diz que em lugar de Jó confessaria seu erro a Deus e passa a elogiar Deus, querendo passar uma imagem de homem

espiritual.

8 No entanto, eu mesmo me dirigiria a Deus E poria minha causa diante de Deus,

Page 4: Pesquisa - Livro de Jó

9 Aquele que faz grandes coisas inescrutáveis, Inúmeras coisas maravilhosas;

10 Aquele que dá chuva à superfície da terra E envia águas sobre os descampados;

11 Aquele que coloca os rebaixados em lugar alto, De modo que os entristecidos se acham elevados em salvação;

12 Aquele que frustra os ardis dos arguciosos, De modo que suas mãos não trabalham com eficiência;

13 Aquele que apanha os sábios na sua própria astúcia, De modo que o conselho dos astutos se precipita;

14 Encontram escuridão até mesmo de dia E andam às apalpadelas ao meio-dia como se fosse noite;

15 E Aquele que salva da espada que lhes sai da boca E da mão do forte, ao pobre,

16 De modo que vem a haver esperança para o de condição humilde, Mas a injustiça fecha realmente a boca.

Elifaz novamente afirma que Jó tem pecado e diz que ele deveria aceitar a repreensão de Deus para voltar a ser

abençoado, ou continuará sofrendo punição. 17

Eis que feliz é o homem a quem Deus repreende; E não rejeites a disciplina do Todo-poderoso! 18

Pois ele mesmo causa dor, mas pensa [a ferida]; Ele despedaça, mas as suas próprias mãos curam. 19

Em seis aflições te livrará, E em sete, nada de nocivo te tocará. 20

Durante a fome ele certamente te remirá da morte, E durante a guerra, do poder da espada. 21

Do chicote da língua ficarás escondido, E não terás medo da assolação, quando vier. 22

Tu te rirás da assolação e da fome, E não precisarás ter medo da fera da terra. 23

Pois o teu pacto será com as pedras do campo E se fará que a própria fera do campo viva em paz contigo. 24

E certamente saberás que a própria paz está na tua tenda, E forçosamente irás e verás o teu pastio, e não terás carência.

25 E hás de saber que a tua descendência é numerosa E teus descendentes são como a vegetação da terra.

26 Chegarás em vigor à sepultura, Como quando os feixes se empilham no seu tempo.

Elifaz conclui seu primeiro discurso afirmando estar certo de que tem a verdade. 27

Eis que foi isto o que investigamos. Assim é. Ouve-o, e tu — saiba-o tu mesmo.”

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Capítulo 6 – Jó passa a fazer seu segundo discurso (Jó 6:1-7:21). Ele começa comentando como tem sofrido, o que dificulta

sua alimentação e seu raciocínio ao se expressar. Ele menciona que seu vexame é mais pesado que a areia molhada do

mar.

6 E Jó passou a responder e a dizer:

2 “Se tão-somente se pesasse cabalmente o meu vexame E ao mesmo tempo se pusesse na própria balança a minha

adversidade!

3 Pois agora ela é mais pesada do que mesmo as areias dos mares. Por isso é que as minhas próprias palavras foram

conversa irrefletida.

4 Porque estão comigo as flechas do Todo-poderoso, Sendo sua peçonha sorvida por meu espírito; Enfileiram-se contra

mim os terrores da parte de Deus.

5 Zurrará a zebra por causa da relva, Ou mugirá o touro por causa da sua forragem?

6 Comer-se-ão coisas insípidas sem sal, Ou há sabor na seiva viscosa da altéia?

7 Minha alma se negou a tocar [quaisquer coisas]. São como moléstia no meu alimento.

Jó volta a mencionar que preferia morrer a continuar sofrendo tanto.

8 Quem me dera que chegasse o que pedi E que Deus me concedesse mesmo a minha esperança!

9 E que Deus se resolvesse e me esmigalhasse. Que soltasse a sua mão e desse cabo de mim!

10 Mesmo assim seria meu consolo; E eu pularia [de alegria] por causa das [minhas] dores de parto, [Embora] ele não

tivesse compaixão, pois não ocultei as declarações do Santo. 11

Qual é meu poder, que eu deva continuar a esperar? E qual é meu fim, que eu deva prolongar a minha alma? 12

É meu poder o poder das pedras? Ou é a minha carne de cobre? 13

Acaso não há em mim auxílio próprio, E foi afugentado de mim o trabalho eficiente?

Jó fala de modo franco que seus companheiros não lhe mostra benevolência e que este proceder não resulta em ser bem

sucedido. Jó compara seus três companheiros, que não lhe eram fonte de verdadeiro consolo, a uma torrente hibernal,

engrossada por gelo e neve derretidos das montanhas, mas que seca no calor do verão. 14

Quem recusar ao seu próximo a benevolência, Abandonará também o próprio temor do Todo-poderoso. 15

Meus próprios irmãos agiram traiçoeiramente, iguais a uma torrente hibernal, Como o rego das torrentes hibernais que estão passando.

16 Turvas por causa do gelo, Oculta-se sobre elas a neve.

17 No tempo devido ficam sem água, foram silenciadas; Quando esquenta, secam-se do seu lugar.

18 As veredas do seu caminho são desviadas; Sobem ao lugar deserto e perecem.

19 As caravanas de Tema olharam, A companhia viajante de sabeus as aguardou.

Page 5: Pesquisa - Livro de Jó

20 Certamente estão envergonhados por terem confiado; Chegaram até o lugar e ficaram desapontados.

21 Pois agora viestes a ser nada; Vedes terror e ficais com medo.

22 É porque eu disse: ‘Dai-me [algo], Ou dai-me um presente do vosso poder;

23 E salvai-me da mão dum adversário, E deveis remir-me da mão de tiranos’?

Jó pede para ser repreendido, mas realmente ele o merece e menciona claramente que entende que eles estão

maquinando o mal contra ele. 24

Instruí-me, e eu, da minha parte, ficarei calado; E fazei-me entender que engano cometi. 25

As declarações de retidão — elas não foram penosas! Mas o que repreende a repreensão da vossa parte? 26

É para repreender palavras que estais maquinando, Sendo que as declarações dum desesperado são apenas para o vento?

27 Quanto mais lançareis sortes sobre o órfão de pai E regateareis o vosso companheiro!

Jó deixa claro que é íntegro e leal, que nele não há injustiça, que ele não tem culpa perante Jeová. 28

E agora, prossegui, prestai atenção a mim E [vede] se vou mentir na vossa própria face. 29

Voltai, por favor — não surja injustiça — Sim, voltai — ainda há nisso a minha justiça. 30

Há injustiça na minha língua Ou não discerne o meu próprio paladar a adversidade?

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Capítulo 7 – Jó passa a falar com Jeová. Ele começa dizendo que a vida é curta e descreve um pouco dos seus sofrimentos.

Os ventos podem surgir rapidamente e parar com igual rapidez, representando assim apropriadamente a transitoriedade

da vida do homem.

7 “Não há trabalho compulsório para o homem mortal na terra, E não são os seus dias como os dias dum trabalhador contratado?

2 Como o escravo ele está suspirando pela sombra, E como o trabalhador contratado aguarda ele a sua remuneração.

3 Assim se fez que eu tivesse meses lunares fúteis, E proporcionaram-me noites de desgraça.

4 Ao deitar-me, eu disse também: ‘Quando me levantarei?’ E [quando] a noitinha realmente completou a sua medida,

eu também me fartei de desassossego até o crepúsculo matutino.

5 Minha carne ficou revestida de gusanos e de pó encrostado; Minha própria pele tem formado crostas e se dissolve.

6 Os meus próprios dias ficaram mais velozes do que a lançadeira do tecelão E se acabam sem esperança.

7 Lembra-te de que a minha vida é vento; Que meu olho não verá mais o que é bom.

8 O olho daquele que me vê não me avistará; Teus olhos estarão [fixos] em mim, mas eu não existirei.

9 A nuvem certamente acaba e vai embora; Assim não subirá aquele que desce ao Seol.

10 Não mais retornará à sua casa, E seu lugar não mais o reconhecerá.

Jó menciona que está tão aflito e amargurado, que preferia morrer. 11

Tampouco eu refrearei a minha boca. Vou falar na aflição do meu espírito; Vou ocupar-me com a amargura da minha alma!

12 Sou eu algum mar ou um monstro marinho, Que ponhas uma guarda sobre mim?

13 Quando eu disse: ‘Meu divã me consolará, Minha cama ajudará a carregar a minha preocupação’,

14 Tu até mesmo me aterrorizaste com sonhos, E por meio de visões me assustas,

15 De modo que a minha alma escolhe a sufocação, A morte em vez de meus ossos.

16 Eu rejeitei [isso]; não viveria por tempo indefinido. Deixa-me, porque os meus dias são uma exalação.

Jó pergunta por que Jeová lhe está causando tanto sofrimento, que pecado cometeu e por que Jeová ainda não o perdoou. 17

Que é o homem mortal, que o faças crescer, E que fixes nele teu coração, 18

E cada manhã voltes a atenção para ele, Para o provares a cada instante? 19

Por que não deixas de atentar em mim, Nem me deixas sozinho até eu engolir a minha saliva? 20

Se pequei, que posso conseguir contra ti, o Observador da humanidade? Por que me tomaste por teu alvo, para que eu me tornasse uma carga para ti?

21 E por que não me perdoas a transgressão E passas por alto o meu erro? Pois agora me deitarei no pó; E certamente

estarás à minha procura, mas não existirei.”

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Capítulo 8 – Bildade faz o seu primeiro discurso (Jó 8:1-22). Ele começa censurando Jó de modo firme, como se estivesse

defendendo Jeová de acusações que Jó teria feito a Ele.

8 E Bildade, o suíta, passou a responder e a dizer:

2 “Até quando enunciarás estas coisas, Visto que as declarações da tua boca são apenas um forte vento?

3 Perverteria o próprio Deus o juízo, Ou perverteria o próprio Todo-poderoso a justiça?

Bildade acusa Jó de falta de lealdade e acusa seus filhos também.

4 Se os teus próprios filhos pecaram contra ele, De modo que ele os deixa cair na mão da sua revolta,

Page 6: Pesquisa - Livro de Jó

5 Se tu mesmo estivesses à procura de Deus E do Todo-poderoso implorasses favor,

6 Se fosses puro e reto, Ele já teria agora despertado para ti E certamente te restauraria teu justo lugar de

permanência.

Bildade diz a Jó que a vida é curta e que Jó merece a morte por ter se esquecido de Deus e de ser um apóstata. Ele referiu-

se a um apóstata como alguém que confia ou se estriba numa casa, ou teia, de aranha, algo frágil demais para mantê-lo de

pé.

7 Também, teu princípio talvez se tenha mostrado uma coisa pequena, Mas o teu próprio fim posterior se tornaria

muito grande.

8 Deveras, pergunta, por favor, à geração anterior, E dirige [tua atenção] às coisas esquadrinhadas por seus pais.

9 Pois somos apenas de ontem e não sabemos nada, Porque os nossos dias na terra são uma sombra.

10 Não te instruirão eles mesmos, não to dirão, E não farão sair palavras do seu coração?

11 Acaso o papiro cresce alto sem brejo? Acaso a cana se torna grande sem água?

12 Ainda em gomo, não arrancado, Secar-se-á mesmo antes que toda outra erva.

13 Assim são as veredas de todos os que se esquecem de Deus, E perecerá a própria esperança do apóstata,

14 Cuja absoluta confiança é cortada, E cuja confiança é uma casa de aranha.

15 Encostar-se-á na sua casa, mas ela não ficará de pé; Agarrar-se-á a ela, mas ela não durará.

Bildade diz a Jó que ele não será bem sucedido e que seu fim se aproxima. 16

Ele está cheio de viço diante do sol, E no seu jardim sai o seu próprio rebento. 17

Num montão de pedras se entrelaçam as suas raízes, Ele observa uma casa de pedras. 18

Se alguém o tragar do seu lugar, Certamente o negará então, [dizendo:] ‘Não te vi.’ 19

Eis que assim se dissolve o seu caminho; E do pó surgem outros.

Bildade afirma que Deus não o teria abandonado se ele fosse leal. 20

Eis que o próprio Deus não rejeitará o inculpe, Nem agarrará a mão de malfeitores, 21

Até encher tua boca de riso E teus lábios de gritos de alegria. 22

Os mesmos que te odeiam serão revestidos de vergonha, E a tenda dos iníquos não existirá.”

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Capítulo 9 – Jó faz o seu terceiro discurso (Jó 9:1-10:22). Jó diz que concorda com Bildade quando este disse que Deus é

poderoso e protege os seus servos, e passa a fazer vários comentários sobre o poder de Deus em relação a simples mortais

como nós.

9 E Jó passou a responder e a dizer:

2 “De fato, sei que é assim. Mas como pode o homem mortal ter razão num caso com Deus?

3 Caso se agrade em contender com ele, Não lhe poderá responder uma vez em mil.

4 Ele é sábio de coração e forte em poder. Quem pode ser obstinado com ele e sair ileso?

5 Ele transfere montes, de modo que as pessoas nem sabem [deles], Ele é quem os subverteu na sua ira.

6 Faz a terra sair abalada do seu lugar, De modo que estremecem as suas próprias colunas.

7 Ele diz ao sol que não raie, E põe selo em volta das estrelas,

8 Estendendo sozinho os céus E pisando nas ondas altas do mar;

9 Fazendo a constelação de Ás, a constelação de Quesil, E a constelação de Quima, e os quartos interiores do Sul;

10 Fazendo grandes coisas inescrutáveis E inúmeras coisas maravilhosas.

11 Eis que ele passa por mim e eu não [o] vejo, E passa adiante e eu não o discirno.

12 Eis que ele arrebata. Quem lhe pode resistir? Quem lhe dirá: ‘Que estás fazendo?’

13 O próprio Deus não fará voltar a sua ira; Abaixo dele têm de encurvar-se os ajudadores dum arremetedor.

14 Quanto mais caso eu mesmo lhe respondesse! Vou escolher as minhas palavras para com ele,

15 A quem eu não responderia, mesmo que realmente tivesse razão. Eu imploraria o favor de meu oponente.

16 Se eu o chamasse, acaso me responderia? Não acredito que dê ouvidos à minha voz;

17 Aquele que me esmaga com uma tempestade E certamente multiplica os meus ferimentos por razão alguma.

18 Não me concederá estar tomando novo fôlego, Pois me farta de coisas amargas.

19 Se há alguém forte em poder, ei[-lo]! E se há [alguém forte] em justiça, tomara que eu seja convocado!

O sofredor Jó tirou conclusões equivocadas sobre Jeová, inclusive a respeito de como o Todo-poderoso considera os

inculpes. 20

Se eu tivesse razão, minha própria boca me pronunciaria iníquo; Se eu fosse inculpe, então ele me declararia pervertido.

21 Se eu fosse inculpe, eu não reconheceria a minha alma; Eu recusaria a minha vida.

22 Uma coisa há. Por isso é que deveras digo: ‘Ao inculpe, também ao iníquo, ele leva ao seu fim.’

23 Se uma enxurrada causasse repentinamente a morte, Ele caçoaria do próprio desespero do inocente.

Page 7: Pesquisa - Livro de Jó

24 A própria terra foi entregue na mão do iníquo; Ele encobre a face dos seus juízes. Se não [ele], então quem?

Jó repete que a vida é breve e que Deus não é igual ao homem. 25

Também os meus próprios dias ficaram mais velozes do que um corredor; Fugiram; certamente não verão o que é bom.

26 Passaram adiante como barcos de canas, Como a águia que se lança velozmente de um lado para outro [em busca]

de algo para comer. 27

Quando eu disse: ‘Vou esquecer-me da minha preocupação, Vou alterar meu semblante e ser risonho’, 28

Fiquei amedrontado com todas as minhas dores; Sei deveras que não me terás por inocente. 29

Eu mesmo hei de tornar-me iníquo. Por que é que labuto apenas em vão? 30

Se eu realmente me lavasse em água de neve E realmente limpasse as minhas mãos em potassa, 31

Então me mergulharias numa cova, E meus mantos certamente me detestariam. 32

Pois ele não é homem igual a mim [para] eu lhe responder, Para entrarmos juntos em julgamento. 33

Não há pessoa para decidir entre nós, Que ponha a mão em nós dois.

Jó pede para ter fim o seu sofrimento. 34

Remova ele de mim a sua vara, E não me apavore a sua terribilidade. 35

Vou falar e não ter medo dele, Pois não estou disposto a isso no meu íntimo.

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Capítulo 10 – Visto que a afirmação do diabo, de que Jó amaldiçoaria a Deus, não era do conhecimento do patriarca, ele

ficou desnorteado com a sua condição. Por isso, às vezes, Jó mostrava excessiva preocupação em vindicar a sua própria

integridade. A amargura havia cegado Jó a ponto de ele desconsiderar outras possíveis razões de seu sofrimento.

10 “Minha alma certamente se enfada da minha vida. Vou externar a minha preocupação comigo mesmo. Vou falar na amargura da minha alma!

2 Direi a Deus: ‘Não me pronuncies iníquo. Faze-me saber por que é que contendes comigo.

3 É bom para ti fazeres o errado, Rejeitares [o fruto da] labuta das tuas mãos, E realmente reluzires sobre o conselho

dos iníquos?

4 Acaso tens olhos de carne, Ou vês assim como o homem mortal vê?

5 São os teus dias como os dias do homem mortal, Ou os teus anos iguais aos dias dum varão vigoroso,

6 Que tentes achar o meu erro E continues a procurar o meu pecado?

7 Isso apesar de saberes que não estou em erro, E não há quem livre da tua própria mão?

8 As tuas próprias mãos me modelaram, de modo que me fizeram Em inteireza, em toda a volta, e ainda assim me

tragarias.

Jó pede para Jeová lembrar-se de que somos feito do pó e que a vida é um milagre divino.

9 Lembra-te, por favor, de que me fizeste de barro E ao pó me farás voltar.

10 Não passaste a despejar-me como o próprio leite E a coalhar-me como o queijo?

11 De pele e carne passaste a vestir-me, E com ossos e tendões passaste a tecer-me.

12 Vida e benevolência fizeste comigo; E teu próprio cuidado guardou meu espírito.

13 E estas coisas escondeste no teu coração. Bem sei que estas coisas estão contigo.

Jó diz que se errou, pagará por isso, mas se é inocente, pede que Deus lhe ajude a sair desta situação. 14

Se pequei e tu me estavas vigiando, E do meu erro não me tens por inocente; 15

Se realmente estou errado, ai de mim! E [se] realmente tenho razão, não posso levantar minha cabeça, Empanturrado de desonra e saturado de tribulação.

16 E [se] ela agir altaneiramente, tu me caçarás como leãozinho E te mostrarás novamente maravilhoso no meu caso.

17 Produzirás novas testemunhas tuas na minha frente E farás maior teu vexame comigo; Trabalhos e mais trabalhos

estão comigo.

Jó mais uma vez fala em morrer. 18

Portanto, por que me fizeste sair da madre? Se pudesse ter expirado, que nem mesmo um olho me pudesse ter visto, 19

Aí eu me teria tornado como se não tivesse vindo a existir; Teria sido levado do ventre à sepultura.’ 20

Não são poucos os meus dias? Que desista de mim, Que deixe de atentar para mim, a fim de que eu fique um pouco risonho

21 Antes de ir-me embora — e não voltarei — Para a terra de escuridão e de sombra tenebrosa,

22 Para a terra de obscuridade igual às trevas, de sombra tenebrosa E de desordem, onde não reluz mais do que as

trevas [reluzem].”

Page 8: Pesquisa - Livro de Jó

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Capítulo 11 – Em seu primeiro discurso (11:1-20), Zofar diz a Jó que o que ele fala não é verdade.

11 E Zofar, o naamatita, passou a responder e a dizer:

2 “Ficará a multidão de palavras sem resposta, Ou terá razão o mero bazofiador?

3 Acaso teu palavrório oco fará os homens calar-se, E continuarás a caçoar sem que alguém [te] reprove?

4 Também, dizes: ‘Meu ensinamento é puro E mostrei ser realmente limpo aos teus olhos.’

Zofar passa a falar que se Deus falasse contra Jó neste momento, Ele reprovaria Jó e talvez perdoaria seu erro, insinuando

novamente que Jó tinha pecado oculto.

5 No entanto, se tão-somente o próprio Deus falasse E abrisse seus lábios para contigo!

6 Então te comunicaria os segredos da sabedoria, Porque são múltiplas as coisas da sabedoria prática. Também

saberias que Deus permite que seja esquecida parte do teu erro.

Zofar diz que Deus é muito sábio e poderoso, muito maior que Jó, querendo dizer que Jó estava se achando no mesmo

nível que Jeová.

7 Acaso podes descobrir as coisas profundas de Deus, Ou podes descobrir o próprio limite do Todo-poderoso?

8 É mais alta do que o céu. Que podes tu conseguir? É mais profunda do que o Seol. Que podes tu saber?

9 É mais extensa do que a terra em medida E mais larga do que o mar.

10 Se ele passa adiante e entrega [alguém], E convoca um tribunal, então quem lhe pode resistir?

Zofar acusa Jó de não ser veraz e que Deus o punirá por isso.

11 Pois ele mesmo conhece muito bem os homens que não são verazes. Quando vê o que é prejudicial, não se mostrará

também atento?

12 Até mesmo o homem [de cabeça] oca terá bom motivo Assim que uma zebra asinina nascer como homem.

Zofar passa a aconselhar Jó a confessar os seus erros, a fim de ser bem sucedido.

13 Se tu mesmo realmente preparares teu coração E realmente estenderes as palmas das tuas mãos para ele,

14 Se houver na tua mão o que é prejudicial, ponha-o para longe, E não deixes nenhuma injustiça morar nas tuas tendas.

15 Pois então levantarás a tua face sem defeito E certamente ficarás estabelecido, e não temerás.

16 Pois tu — tu te esquecerás da própria desgraça; Lembrar-te-ás [dela] como que de águas que passaram adiante.

17 E mais clara que o meio-dia surgirá a duração da [tua] vida; A escuridão se tornará igual à própria manhã.

18 E forçosamente terás confiança porque há esperança; E hás de olhar cuidadosamente em volta — deitar-te-ás em

segurança.

19 E tu te espicharás sem que alguém [te] faça tremer. E muitos certamente te farão ficar com disposição branda;

20 E falharão os próprios olhos dos iníquos; E perecerá deles o lugar de refúgio, E sua esperança será a expiração da

alma.”

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Capítulo 12 – Jó faz o seu quarto discurso (Jó 12:1-14:22). Jó começa dizendo de forma irônica que seus “amigos” sabem

tudo, mas em seguida diz que não é inferior a eles e que ele tem sido alvo de risos.

12 E Jó passou a responder e a dizer:

2 “De fato, vós sois o povo, E a sabedoria morrerá convosco!

3 Também eu tenho um coração igual a vós. Não sou inferior a vós, E com quem não há coisas como estas?

4 Torno-me [alguém que é] alvo de riso para o seu próximo, Invocando a Deus para que lhe responda. O justo, o

inculpável, é alvo de riso.

Jó diz que o injusto anda despreocupado, sem medo da morte.

5 Em pensamento, o despreocupado tem desprezo pela extinção; Ela é preparada para os que têm pés vacilantes.

6 As tendas dos assoladores estão despreocupadas, E os que enfurecem a Deus têm a segurança Pertencente àquele

que trouxe um deus na sua mão.

Jó aconselha seus “amigos” a observarem a criação e a buscarem a verdadeira sabedoria.

7 No entanto, pergunta, por favor, aos animais domésticos, e eles te instruirão; Também às criaturas aladas dos céus, e

elas te informarão.

8 Ou mostra à terra a tua preocupação, e ela te instruirá; E os peixes do mar to declararão.

Page 9: Pesquisa - Livro de Jó

9 Qual entre todos estes não sabe muito bem Que a própria mão de Jeová fez isso,

10 Tendo ele na mão a alma de todo o vivente E o espírito de toda a carne de homem?

11 Não faz o próprio ouvido a prova das palavras Assim como o paladar saboreia a comida?

12 Não há sabedoria entre os idosos E entendimento [na] extensão dos dias?

Jó passa a falar da fonte da verdadeira sabedoria, Jeová; ele elogia a Deus por seu poder e sua sabedoria.

13 Com ele há sabedoria e potência; Ele tem conselho e entendimento.

14 Eis que ele derruba para que não se construa; Fecha-o ao homem para que não se abra.

15 Eis que ele retém as águas e elas se secam; E envia-as, e elas transformam a terra.

16 Com ele há força e sabedoria prática; A ele pertence quem comete engano e quem transvia;

17 Faz os conselheiros ir descalços, E faz os próprios juízes endoidecer.

18 Solta realmente as ligaduras de reis, E prende um cinto sobre os seus quadris.

19 Faz os sacerdotes andar descalços, E transtorna os assentados permanentemente;

20 Remove dos fiéis a fala, E tira de homens idosos a sensatez;

21 Derrama desprezo sobre os nobres, E realmente enfraquece a cinta dos potentes;

22 Da escuridão desvenda coisas profundas, E traz à luz a sombra tenebrosa;

23 Fazendo as nações tornar-se grandes, para as destruir; Estendendo as nações, para levá-las embora;

24 Retirando o coração dos cabeças do povo da terra, Para fazê-los vagar num lugar deserto onde não há caminho.

25 Andam às apalpadelas na escuridão onde não há luz, Para que ele os faça vagar como um bêbedo.

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Capítulo 13 – Jó repete que é igual a seus “amigos”, não inferior, como eles o consideram.

13 “Eis que meu olho viu tudo isto, Meu ouvido o ouviu e o considera.

2 O que vós sabeis, eu também sei muito bem; Não sou inferior a vós.

3 No entanto, eu, da minha parte, falaria ao próprio Todo-poderoso, E me agradaria em argumentar com Deus.

Jó acusa-os claramente de serem acusadores falsos.

4 Por outro lado, vós sois homens que besuntam com falsidade; Todos vós sois médicos sem valor algum.

5 Se tão-somente ficásseis absolutamente calados, Para que mostrasse ser sabedoria da vossa parte!

Jó acusa-os de serem parciais e apóstatas.

6 Ouvi, por favor, os meus contra-argumentos, E prestai atenção ao pleitear dos meus lábios.

7 Acaso falareis injustiça para com o próprio Deus, E falareis dolo para ele?

8 Sereis parciais com ele, Ou contendereis em juízo pelo [verdadeiro] Deus?

9 Porventura seria bom que ele vos sondasse? Ou o ludibriareis assim como se ludibria o homem mortal?

10 Ele decididamente vos repreenderá Se tentardes às escondidas ser parciais;

11 Não vos assustará a sua própria dignidade, E não cairá sobre vós o próprio pavor dele?

12 Vossas declarações memoráveis são provérbios de cinzas; Os umbigos dos vossos escudos são umbigos de barro.

13 Calai-vos diante de mim, para que eu mesmo fale, Então venha sobre mim o que vier!

14 Por que carrego a minha carne nos meus dentes E coloco a minha própria alma na palma da minha mão?

15 Mesmo que me matasse, não esperaria eu? Eu apenas argumentaria à sua face em prol dos meus próprios caminhos.

16 Ele seria também a minha salvação, Pois nenhum apóstata entrará diante dele.

Jó pede a atenção de Jeová.

17 Ouvi cabalmente a minha palavra, E tende nos ouvidos a minha declaração.

18 Por favor, eis que apresentei um pleito judicial; Bem sei que eu é que tenho razão.

19 Quem contenderá comigo? Pois, se eu ficasse agora calado, simplesmente expiraria!

Jó pede a Jeová para retirar dele a sua mão, como que pedindo para Jeová parar de causar-lhe este sofrimento, e pede

para terminar o medo que ele está de se encontrar no desfavor divino.

20 Apenas não me faças duas coisas; Neste caso não me esconderei só por tua causa;

Page 10: Pesquisa - Livro de Jó

21 Põe longe de mim a tua própria mão, E não me apavore o horror de ti.

22 Ou chama para que eu mesmo responda, Ou fale eu, e replica-me tu.

Jó pergunta que erros cometeu, por que Jeová o está repreendendo e se seria por causa de erros de sua juventude.

23 De que modo tenho erros e pecados? Faze-me saber a minha própria revolta e o meu próprio pecado.

24 Por que escondes a tua própria face E me consideras teu inimigo?

25 Farás estremecer a mera folha impelida [pelo vento] Ou irás no encalço de mero restolho seco?

26 Pois continuas a escrever contra mim coisas amargas E me fazes possuir [as conseqüências dos] erros da minha

mocidade.

Jó afirma que está como que preso e se sente como se estivesse sendo consumido por Jeová.

27 Manténs também meus pés no tronco, E vigias todas as minhas veredas; Traças a tua própria linha para a planta dos

meus pés.

28 E ele é como algo podre que se gasta; Como roupa que a traça realmente consome.

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Capítulo 14 – Jó continua seu discurso, dizendo que a vida é curta.

14 “O homem, nascido de mulher, É de vida curta e está empanturrado de agitação.

2 Como a flor, ele brota e é cortado, E foge como a sombra e não permanece em existência.

3 Sim, sobre este abriste teu olho, E me levas a juízo contigo.

4 Quem pode, de alguém impuro, produzir alguém puro? Nem sequer um.

5 Se os seus dias estiverem determinados, Há contigo o número dos seus meses; Fizeste para ele um decreto para que

não vá além.

6 Deixa de atentar nele para que descanse, Até que ache prazer, como o trabalhador contratado no seu dia.

Jó diz que o homem morre e depende exclusivamente de Deus para voltar a viver.

7 Pois até mesmo para uma árvore há esperança. Se for decepada, brotará novamente, E seu próprio rebento não

deixará de existir.

8 Caso a sua raiz envelheça na terra E morra no pó o seu toco,

9 Ao cheiro da água florescerá, E certamente produzirá um ramo como planta nova.

10 Mas o varão vigoroso morre e jaz prostrado; E o homem terreno expira, e onde está ele?

11 As águas deveras desaparecem do mar, E o próprio rio se escoa e seca.

12 O homem também tem de deitar-se e não se levanta. Não acordarão até que não haja mais céu, Nem serão

despertados do seu sono.

13 Quem dera que me escondesses no Seol, Que me mantivesses secreto até que a tua ira recuasse, Que me fixasses um

limite de tempo e te lembrasses de mim!

14 Morrendo o varão vigoroso, pode ele viver novamente? Esperarei todos os dias do meu trabalho compulsório, Até vir

a minha substituição.

15 Tu chamarás e eu mesmo te responderei. Terás saudades do trabalho das tuas mãos.

Jó acha que Jeová está lhe causando seus sofrimentos.

16 Porque agora estás contando até os meus passos; De nada cuidas senão do meu pecado.

17 Minha revolta está selada numa bolsa, E passas cola sobre o meu erro.

18 No entanto, o próprio monte, caindo, se desvanecerá, E até mesmo a rocha será mudada do seu lugar.

19 A água certamente desgasta até mesmo as pedras; Suas enxurradas levam embora o pó da terra. Assim destruíste a

própria esperança do homem mortal.

20 Tu o levas de vencida para sempre, de modo que ele se vai embora; Desfiguras-lhe a face, mandando-o embora.

21 Seus filhos são honrados, mas ele não [o] sabe; E tornam-se insignificantes, mas ele não os considera.

22 Apenas a sua própria carne, enquanto estiver nele, continuará a sentir dores, E a sua própria alma, enquanto estiver

nele, continuará a prantear.”

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Capítulo 15 – Elifaz faz seu segundo discurso (Jó 15:1-35). Ele começa dizendo que Jó é altivo por causa do conhecimento.

15 E Elifaz, o temanita, passou a responder e a dizer: 2 “Responderá o próprio sábio com conhecimento ventoso, Ou

encherá seu ventre com o vento oriental?

Page 11: Pesquisa - Livro de Jó

3 De nada aproveitará apenas repreender com uma palavra, E meras expressões, sozinhas, não serão de proveito.

4 Contudo, tu mesmo fazes que o temor [diante de Deus] não tenha força, E reduzes qualquer preocupação perante

Deus.

Elifaz acusa novamente Jó ter pecado oculto.

5 Porque teu erro treina a tua boca, E escolhes a língua dos arguciosos.

6 Tua boca te pronuncia iníquo, e não eu; E teus próprios lábios respondem contra ti.

Elifaz acusa Jó se achar maior do que Deus.

7 Foste tu o primeiro homem a nascer, Ou foste produzido com dores de parto antes dos morros?

8 Acaso escutas a palestra confidencial de Deus, E limitas a sabedoria a ti mesmo?

Elifaz diz que Jó não tem conhecimento maior que eles e pede respeito por serem mais velhos.

9 O que sabes realmente que nós não saibamos? Que é que entendes que também não esteja conosco?

10 Conosco estão tanto o grisalho como o idoso, Aquele que é maior em dias do que teu pai.

Elifaz acusa Jó de ser presunçoso.

11 Não te bastam as consolações de Deus Ou a palavra [falada] suavemente contigo?

12 Por que te arrebata teu coração, E por que lampejam teus olhos?

Elifaz acusa Jó de estar revoltado contra Deus injustamente.

13 Porque voltas teu espírito contra o próprio Deus, E fizeste sair palavras da tua própria boca.

14 Que é o homem mortal, que seja puro, Ou que alguém nascido de mulher tenha razão?

Elifaz afirma que Jeová não valoriza nem os anjos, quanto mais humanos imperfeitos e transgressores, como Jó.

15 Eis que não confia nem nos seus santos, E os próprios céus não são realmente puros aos seus olhos.

16 Quanto menos ainda quando alguém é detestável e corrupto, Um homem que bebe injustiça como água!

Elifaz pede a atenção de Jó e diz que ele está sendo atormentado por ser iníquo.

17 Eu to declararei. Escuta-me! Até mesmo isto eu observei, portanto, deixa-me relatá-lo,

18 O que os próprios sábios contam E que não ocultaram, [por proceder] dos seus pais.

19 Só a eles foi dada a terra, E nenhum estranho passou pelo seu meio.

20 Todos os seus dias é atormentado o iníquo, Sim, o mesmo número de anos que foram reservados para o tirano.

21 O som de coisas pavorosas está nos seus ouvidos; Durante a paz virá sobre ele o próprio assolador.

Elifaz diz a Jó que ele não deve ter esperança de sair desta situação.

22 Não acredita que retornará da escuridão, E está reservado à espada.

23 Está vagando em busca de pão — onde está? Bem sabe que o dia da escuridão está preparado, à sua mão.

24 Apavoram-no aflição e angústia; Levam-no de vencida como um rei pronto para o ataque.

Elifaz diz que Jó se sente superior a Deus e repete que ele não deve ter esperança alguma.

25 Porque estende a mão contra o próprio Deus, E tenta mostrar-se superior ao Todo-poderoso;

26 [Porque] corre contra ele com nuca dura, Com os umbigos grossos dos seus escudos;

27 Pois, realmente cobre a sua face com a sua gordura E desenvolve gordura sobre os seus lombos,

28 Apenas reside em cidades que vão ser eliminadas; Em casas em que as pessoas não ficarão morando, Que certamente

mostrarão ser destinadas a ficar montões de pedras.

29 Não enriquecerá, nem se acumulará a sua riqueza, Nem estenderá sua adquisição sobre a terra.

30 Não se desviará da escuridão; Uma chama ressecará seu rebento, E ele será desviado por um sopro de Sua boca.

31 Não deposite ele fé na futilidade, sendo levado a andar perdido, Pois o que recebe em troca mostrará ser mera

futilidade;

32 Cumprir-se-á antes do seu dia. E o próprio rebento dele não crescerá frondosamente.

33 Repelirá as suas uvas verdes, como a vide, E lançará fora suas flores, como a oliveira.

Elifaz conclui chamando Jó de apóstata e que o que ele merece é a desgraça e o que é prejudicial.

34 Pois a assembléia dos apóstatas é estéril, E o próprio fogo terá de consumir as tendas do suborno.

35 Concebe-se a desgraça e dá-se à luz o que é prejudicial, E seu próprio ventre prepara o engano.”

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Page 12: Pesquisa - Livro de Jó

Capítulo 16 – Em seu quinto discurso (16:1-17:16), Jó começa chamando seus “amigos” de falsos consoladores e deixa-lhe

claro que ele falaria coisas diferentes das que eles lhe falaram, que lhes fortificaria e não os derrubaria, com eles o fazem.

16 E Jó passou a responder e a dizer:

2 “Ouvi muitas coisas como estas. Todos vós sois consoladores funestos!

3 Não há fim de palavras ventosas? Ou o que te penaliza, que respondes?

4 Também eu poderia muito bem falar como vós fazeis. Se tão-somente as vossas almas estivessem onde a minha alma

está, Seria eu brilhante em palavras contra vós, E menearia a minha cabeça contra vós?

5 Eu vos fortificaria com as palavras da minha boca, E o consolo dos meus próprios lábios refrearia . . .

Jó fala da dor que está sentindo e que está sem amigos.

6 Se deveras falo, não se refreia a minha própria dor, E se deveras deixo de fazer assim, o que vai embora de mim?

7 Somente que agora ele me fez ficar fatigado; Fez desolados a todos os reunidos comigo em assembléia.

Jó acha que Jeová o abandonou.

8 Também me pegas. Isso se tornou uma testemunha, De modo que a minha magreza se levanta contra mim. Testifica

na minha face.

9 Sua própria ira [me] dilacerou e ele me tem rancor. Realmente range os dentes contra mim. Meu próprio adversário

aguça seus olhos contra mim.

Jó diz que sofreu vitupério.

10 Escancararam a sua boca contra mim, Deram-me bofetadas com vitupério, Aglomeram-se contra mim em grande

número.

Jó diz que Deus permitiu que seus três falsos consoladores acabassem com ele.

11 Deus me entrega a garotos, E me lança vertiginosamente nas mãos dos iníquos.

12 Eu tinha ficado tranqüilo, mas ele passou a sacudir-me; E segurou-me pela nuca e passou a despedaçar-me, E põe-me

por alvo para si.

13 Seus arqueiros me cercam; Fende meus rins e não tem compaixão; Derrama na terra a minha vesícula biliar.

14 Prossegue irrompendo através de mim com brecha após brecha; Corre contra mim como um poderoso.

Jó menciona que sua pele está ruim e que chorou muito por seus problemas.

15 Costurei serapilheira sobre a minha pele, E enfiei meu chifre no próprio pó.

16 Minha própria face ficou vermelha de choro, E sobre as minhas pálpebras há sombra tenebrosa,

Jó deixa claro que é inocente e que Deus é testemunha disso.

17 Embora não haja violência nas palmas das minhas mãos, E minha oração seja pura.

18 Ó terra, não encubras o meu sangue! E não venha haver lugar para o meu clamor!

19 Agora, também, eis que há nos céus um que dá testemunho a meu respeito, E minha testemunha está nas alturas.

Jó diz que sofre por causa do que passou e por causa de seus três falsos amigos.

20 Meus companheiros são porta-vozes contra mim; Meu olho tem passado em claro olhando para Deus.

21 E a decisão que se irá fazer é entre um varão vigoroso e Deus, Assim como entre o filho do homem e seu próximo.

Jó se sente deprimido e sem esperança de continuar vivo e de ser ressuscitado.

22 Pois virão apenas poucos anos, E irei embora na vereda pela qual não voltarei.

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Capítulo 17 – Jó diz que sente seu espírito quebrantado.

17 “Meu próprio espírito foi quebrantado, meus próprios dias foram extintos; O cemitério é para mim.

2 Certamente se mofa de mim, E meu olho se hospeda no meio do seu comportamento rebelde.

Jó diz que está sem amigos e que tem sofrido muito vexame.

3 Por favor, coloca deveras meu penhor junto de ti. Quem mais apertará as mãos comigo em compromisso?

4 Porque fechaste seu coração à discrição. Por isso não os exaltas.

5 Talvez informe os companheiros para que tomem seu quinhão, Mas os próprios olhos dos seus filhos falharão.

6 E ele me apresentou como ditado dos povos, De modo que me torno alguém em cuja face se cospe.

7 E meu olho turva-se de vexame E meus membros são todos eles como sombra.

Jó diz que pessoas boas se afastaram dele.

Page 13: Pesquisa - Livro de Jó

8 Pessoas retas olham assombradas para isso, E até mesmo o inocente fica agitado por causa do apóstata.

9 O justo prende-se ao seu caminho, E quem tem mãos limpas está aumentando em força.

10 No entanto, podeis todos recomeçar. Portanto, vinde, por favor, Visto que não acho nenhum sábio entre vós.

Jó menciona que perdeu a alegria e seus plano de vida.

11 Meus próprios dias passaram adiante, romperam-se os meus próprios planos, Os desejos do meu coração.

Jó diz que sabe que morrerá.

12 Estão pondo a noite pelo dia: ‘A luz está perto por causa da escuridão.’

13 Se eu ficar aguardando, o Seol será a minha casa; Terei de estender na escuridão o meu leito [de repouso].

14 Terei de clamar à cova: ‘Tu és meu pai!’ Ao gusano: ‘Minha mãe e minha irmã!’

Jó diz que seus companheiros estão lhe tirando a esperança e que o que lhe resta é descer ao Seol.

15 Então, onde está a minha esperança? E minha esperança — quem é que a avista?

16 Elas descerão às barras do Seol, Quando juntos tivermos de descer ao próprio pó.”

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Capítulo 18 – Bildade fica ressentido e faz o seu segundo discurso (Jó 18:1-21). Ele começa chamando a atenção de Jó para

que ele ouça o que eles estão lhe querendo dizer e acha que Jó os comparou a animais sem entendimento.

18 E Bildade, o suíta, passou a responder e a dizer:

2 “Até quando levareis para pôr fim às palavras? Deveis entender, para depois falarmos.

3 Por que deveríamos ser considerados como animais [E] tomados por impuros aos vossos olhos?

Bildade diz que muita coisa ruim acontecerá a Jó e o chama de iníquo. Diz que ele será dilacerado, ficará em escuridão,

que cairá em uma armadilha, que sentirá terrores, que não terá mais filhos, que seu nome será esquecido.

4 Ele dilacera a sua alma na sua ira. Por tua causa, acaso será abandonada a terra, Ou uma rocha mudada do seu

lugar?

5 Também será apagada a luz dos iníquos, E não resplandecerá a faísca do seu fogo.

6 A própria luz se há de escurecer na sua tenda, E nela a sua própria lâmpada se apagará.

7 Seus passos de vigor ficarão tolhidos. Até mesmo seu conselho o lançará fora.

8 Pois, deveras se deixará que entre com os pés numa rede de caça, E ele pisará numa rede.

9 Uma armadilha [o] segurará pelo calcanhar; Uma esparrela o detém.

10 Uma corda para ele está encoberta na terra, E uma laçada para ele na [sua] senda.

11 Em todo o redor, terrores repentinos certamente o assustarão E deveras lhe acossarão os pés.

12 Seu vigor fica faminto, E o desastre está pronto para fazê-lo mancar.

13 Comerá os pedaços da sua pele; O primogênito da morte comerá os seus membros.

14 Sua confiança será arrancada da sua própria tenda E o fará marchar até o rei dos terrores.

15 Na sua tenda residirá algo que não é seu; Espalhar-se-á enxofre sobre o seu próprio lugar de permanência.

16 Embaixo se secarão as suas próprias raízes, E em cima, seu ramo murchará.

17 A própria menção dele há de perecer da terra, E ele não terá nome lá fora na rua.

18 Empurrá-lo-ão da luz para a escuridão, E afugentá-lo-ão do solo produtivo.

19 Não terá progênie nem posteridade entre o seu povo, E não haverá sobrevivente no seu lugar de residência como

forasteiro.

20 O povo no Ocidente deveras olhará assombrado para o seu dia, E certamente se apoderará um arrepio até mesmo do

povo no Oriente.

Bildade conclui dizendo que Jó não conhece a Deus.

21 Somente estes são os tabernáculos dum contraventor, E este é o lugar de alguém que não conhece a Deus.”

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Capítulo 19 – Em seu sexto discurso (19:1-29), Jó começa pedindo que parem de acusá-lo e que se ele está sofrendo por

erros pessoais, seus falsos conselheiros não tem nada haver com isso.

19 E Jó passou a responder e a dizer:

2 “Até quando ficareis irritando a minha alma E esmigalhando-me com palavras?

Page 14: Pesquisa - Livro de Jó

3 Estas dez vezes passastes a reprovar-me; Não vos envergonhais de me tratar tão duramente.

4 E admitindo-se que eu tenha cometido um engano, É comigo que se hospedará meu engano.

5 Se é de fato contra mim que assumis ares de grandeza, E mostrais que o vitupério contra mim é próprio,

6 Sabei, então, que o próprio Deus me desencaminhou, E sua rede para caçar se fechou sobre mim.

Jó menciona que se sente isolado e sem ajuda.

7 Eis que estou clamando: ‘Violência!’ mas não obtenho resposta; Estou clamando por ajuda, mas não há justiça.

8 A própria vereda me tem sido bloqueada com um muro de pedras, e não posso passar; E ele põe a própria escuridão

sobre as minhas sendas.

9 Despiu-me da minha própria glória, E tira-me a coroa da cabeça.

10 Demole-me por todos os lados e eu me vou embora; E arranca a minha esperança como a uma árvore.

Jó acha Jeová o considera como um adversário.

11 Também a sua ira se acende contra mim, E ele me considera como seu adversário.

12 Suas tropas chegam unidas e aterram seu caminho contra mim, E acampam-se ao redor da minha tenda.

Jó diz que todos os seus amigos e seus servos o abandonaram e que ele é menosprezado por sua esposa.

13 A meus próprios irmãos ele pôs longe de mim, E até os que me conhecem se alhearam de mim.

14 Meus conhecidos íntimos deixaram de existir, E os que eu conheço esqueceram-se de mim,

15 Os que residem como forasteiros na minha casa; e as minhas próprias escravas me consideram como estranho;

Tornei-me um verdadeiro estrangeiro aos seus olhos.

16 Chamei o meu servo, mas ele não responde. Com a minha própria boca imploro-lhe compaixão.

17 Meu próprio hálito se tornou nojento para minha esposa, E eu me tornei fedorento para os filhos do ventre de minha

[mãe].

18 Também os próprios garotos me rejeitaram; Basta eu me levantar, e começam a falar contra mim.

19 Todos os homens do meu grupo íntimo me detestam, E os que eu amava se viraram contra mim.

Jó fala de seu sofrimento e pede ajuda.

20 Meus ossos realmente se apegam à minha pele e à minha carne, E eu escapo com a pele dos meus dentes.

21 Mostrai-me um pouco de favor, mostrai-me um pouco de favor, companheiros meus, Porque a própria mão de Deus

me tocou.

22 Por que continuais a perseguir-me assim como Deus faz, E não ficais satisfeitos com a minha própria carne?

Jó pede para que suas palavras sejam registradas.

23 Quem dera agora que as minhas palavras fossem assentadas por escrito! Quem dera que fossem inscritas num livro!

24 Com um estilo de ferro e [com] chumbo, Que fossem talhadas na rocha para sempre!

Jó passa a expressar esperança de que Deus ainda o ajude a sair desta situação.

25 E eu mesmo bem sei que meu redentor está vivo, E que, vindo depois [de mim], levantar-se-á sobre [o] pó.

26 E depois da minha pele, [que] esfolaram — isto! Ainda que reduzido na minha carne, observarei a Deus,

27 A quem até mesmo eu observarei, E [a quem] os meus próprios olhos hão de ver, mas não algum estranho. Meus rins

falharam no meu íntimo.

28 Pois vós dizeis: ‘Por que continuamos a persegui-lo?’ Quando a própria raiz da questão se acha em mim.

29 Amedrontai-vos por causa duma espada, Porque a espada significa furor contra os erros, A fim de que saibais que há

um juiz.”

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Capítulo 20 – Em seu segundo discurso (20:1-29), Zofar começa dizendo que Jó o insultou.

20 E Zofar, o naamatita, passou a responder e a dizer:

2 “Por isso me respondem os meus próprios pensamentos inquietantes, Sim, por causa da minha agitação íntima.

3 Ouço uma exortação insultante para mim; E um espírito sem a compreensão que eu tenho me responde.

Zofar xxxxxxxxxxxxxxxxx.

4 Soubeste esta mesma coisa todo o tempo, Desde que o homem foi posto na terra,

5 Que é curto o grito jubiloso dos iníquos, E que a alegria dum apóstata é só por um instante?

Page 15: Pesquisa - Livro de Jó

6 Ainda que a sua excelência ascenda até o próprio céu E a sua cabeça atinja as nuvens,

7 Perecerá para sempre, assim como as suas fezes; Os mesmos que o vêem dirão: ‘Onde está ele?’

8 Voará como um sonho, e não o acharão; E será afugentado como uma visão da noite.

9 O olho que o avistou, não mais [o verá], E seu lugar não o avistará mais.

10 Seus próprios filhos buscarão o favor dos de condição humilde, E suas próprias mãos restituirão as suas coisas

valiosas.

11 Seus próprios ossos estiveram cheios de seu vigor juvenil, Mas com ele se deitará no mero pó.

12 Se aquilo que é ruim tiver sabor doce na sua boca, Se ele o deixar dissolver debaixo da sua língua,

Zofar xxxxxxxxxxxxxxxxx.

13 Se tiver compaixão dele e não o abandonar, E se o retiver no meio do seu paladar,

14 Seu próprio alimento se transformará nos seus próprios intestinos; Será dentro dele o fel de najas.

15 Engoliu riqueza, mas ele a vomitará; Deus a desalojará do próprio ventre dele.

16 Sugará o veneno das najas; A língua duma víbora o matará.

17 Nunca verá os cursos de água, Os rios torrenciais de mel e manteiga.

18 Restituirá a [sua] propriedade adquirida e não [a] engolirá; Como a riqueza proveniente do seu intercâmbio, mas com

a qual não se regalará.

19 Pois tem esmagado, tem abandonado os de condição humilde; Tem arrebatado a própria casa que não passara a

construir.

20 Porque certamente não conhecerá tranqüilidade no seu ventre; Não escapará por meio das suas coisas desejáveis.

21 Não lhe sobra nada para devorar; Por isso é que não perdurará seu bem-estar.

22 Enquanto a sua fartura está no auge, sentir-se-á aflito; Todo o poder do próprio infortúnio virá contra ele.

23 Ocorra então que, para encher-lhe o ventre, Envie sua ira ardente sobre ele E [a] faça chover sobre ele, para dentro

das suas vísceras.

24 Fugirá do armamento de ferro; Um arco de cobre o retalhará.

25 Uma arma de arremesso até mesmo lhe sairá pelas costas, E uma arma lampejante, pelo fel; Objetos aterradores irão

contra ele.

26 Toda a escuridão será reservada para as suas coisas entesouradas; Será consumido por um fogo que ninguém

abanou; Irá mal ao sobrevivente na sua tenda.

27 O céu revelará o seu erro E a terra estará em revolta contra ele.

28 Um forte aguaceiro levará a sua casa de roldão; Derramar-se-ão coisas no dia da sua ira.

29 Este é o quinhão do homem iníquo, da parte de Deus, Sim, a sua herança declarada da parte de Deus.”

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Capítulo 21– Em seu sétimo discurso (21:1-34), Jó começa mencionando que em geral os iníquos prosperam e são bem

sucedidos.

21 E Jó passou a responder e a dizer:

2 “Escutai atentamente a minha palavra, E torne-se isto a vossa consolação.

3 Suportai-me, e eu mesmo falarei; E depois de eu falar, [cada um de vós] pode caçoar.

4 Quanto a mim, acaso [expresso] a minha preocupação ao homem? Ou por que é que meu espírito não fica

impaciente?

5 Virai as vossas faces para mim e olhai assombrados, E ponde a mão sobre a boca.

6 E quando me lembrei, também fiquei perturbado, E um estremecimento se apoderou da minha carne.

7 Por que é que os próprios iníquos continuam vivendo, Têm envelhecido, também se tornaram superiores em riqueza?

8 Sua descendência está firmemente estabelecida com eles à sua vista, E seus descendentes, diante dos seus olhos.

9 Suas casas são a própria paz, livres de pavor, E a vara de Deus não está sobre eles.

10 Seu próprio touro realmente fecunda e não desperdiça sêmen; Sua vaca tem cria e não sofre aborto.

11 Continuam enviando seus garotos iguais a um rebanho, E seus próprios meninos estão saltitando.

12 Continuam a elevar [a sua voz] com o pandeiro e a harpa, E prosseguem alegrando-se ao som do pífaro.

Jó diz que eles não querem servir a Deus.

Page 16: Pesquisa - Livro de Jó

13 Passam bem os seus dias, E num instante baixam ao Seol.

14 E eles dizem ao [verdadeiro] Deus: ‘Desvia-te de nós! E não nos agradamos no conhecimento dos teus caminhos.

15 Que é o Todo-poderoso, para que o sirvamos, E que nos aproveita termos entrado em contato com ele?’

Mas os iníquos certamente terão a sua recompensa.

16 Eis que seu bem-estar não está no seu próprio poder. O próprio conselho dos iníquos se manteve longe de mim.

17 Quantas vezes se apaga a lâmpada dos iníquos, E [quantas vezes] vem sobre eles o seu desastre? Na sua ira, [quantas

vezes] reparte ele a destruição?

18 Ficam eles como palha diante do vento, E como a pragana furtada pelo tufão?

19 O próprio Deus guardará o prejudicial [do homem] para os próprios filhos dele; Recompensá-lo-á para que saiba

[isso].

20 Seus olhos verão a sua decadência, E beberá do furor do Todo-poderoso.

21 Pois, qual será seu agrado na sua casa depois dele, Quando o número dos seus meses será realmente cortado em

dois?

22 Ensinará ele conhecimento até mesmo a Deus, Quando é Este quem julga os elevados?

23 Ele mesmo morrerá durante a sua plena auto-suficiência, Quando estiver inteiramente despreocupado e tranqüilo;

24 [Quando] as suas próprias coxas tiverem ficado cheias de gordura, E o próprio tutano dos seus ossos for mantido

úmido.

25 E este outro morrerá com alma amargurada, Não tendo comido de coisas boas.

26 Juntos se deitarão no pó, E os próprios gusanos formarão uma coberta sobre eles.

Jó diz que o consolo de seus três companheiros é falso e que por isso eles terão a sua recompensa.

27 Eis que conheço bem os vossos pensamentos E os desígnios com que pretendeis agir violentamente contra mim.

28 Pois dizeis: ‘Onde está a casa do nobre, E onde está a tenda, os tabernáculos dos iníquos?’

29 Não perguntastes aos que viajam pelas estradas? E não inspecionais cuidadosamente os próprios sinais deles,

30 Que no dia de desastre se poupa o mau, Que ele é liberto no dia da fúria?

31 Quem o informará na sua própria face sobre o seu caminho? E quem o recompensará pelo que ele mesmo fez?

32 Quanto a ele, será levado ao cemitério, E se fará vigília sobre um túmulo.

33 Para ele, os torrões de terra dum vale de torrente certamente se tornarão doces, E arrastará atrás de si toda a

humanidade, E os antes dele foram inúmeros.

34 Portanto, quão inutilmente tentais consolar-me, E as vossas próprias réplicas deveras permanecem como

infidelidade!”

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Capítulo 22 – Em seu terceiro discurso (22:1-30), Elifaz começa fazendo uma série de calúnias e faz sérias acusações falsas

contra Jó.

22 E Elifaz, o temanita, passou a responder e a dizer:

2 “Pode um varão vigoroso ser de utilidade para o próprio Deus, Que alguém com perspicácia lhe seja útil?

3 É do agrado do Todo-poderoso que sejas justo, Ou tem ele lucro em que faças teu caminho ser imaculado?

4 Repreender-te-á pela tua reverência, Entrará contigo em julgamento?

5 Não é já demais a tua própria maldade, E não haverá fim dos teus erros?

6 Pois, sem causa tomas um penhor dos teus irmãos, E despes de roupa até mesmo gente nua.

7 Não dás de beber água ao cansado, E negas o pão ao faminto.

8 Quanto ao homem de força, a terra é dele, E quem é tratado com parcialidade é que mora nela.

9 As viúvas mandaste embora de mãos vazias, E os braços de meninos órfãos de pai estão esmigalhados.

10 Por isso há armadilhas de pássaros em volta de ti, E te perturba o pavor repentino;

11 Ou a escuridão, [de modo que] não podes ver, E te cobre a massa movimentada da própria água.

12 Não é Deus a altura do céu? Vê também a soma total das estrelas, que elas estão altas.

Elifaz diz claramente que considera Jó um injusto.

13 Contudo, disseste: ‘O que é que Deus realmente sabe? Pode ele julgar através de densas trevas?

Page 17: Pesquisa - Livro de Jó

14 As nuvens lhe são um esconderijo, de modo que não vê nada, E ele anda sobre a abóbada do céu.’

15 Manter-te-ás no próprio caminho de há muito tempo, Pisado por homens prejudiciais,

16 [Homens] que foram arrebatados antes do seu tempo, Cujo alicerce é despejado como se fosse um rio,

17 Os quais dizem ao [verdadeiro] Deus: ‘Desvia-te de nós! E que pode o Todo-poderoso conseguir contra nós?’

18 Contudo, ele mesmo encheu-lhes as casas de coisas boas; E o próprio conselho dos iníquos se manteve longe de mim.

19 Os justos verão e se alegrarão, E o próprio inocente caçoará deles:

20 ‘Deveras, foram eliminados os nossos antagonistas; E o que sobra deles há de ser devorado por um fogo.’

Elifaz recomenda que Jó volte para Deus.

21 Por favor, familiariza-te com ele e mantém a paz; Assim virão a ti coisas boas.

22 Por favor, toma a lei procedente da sua própria boca, E põe as suas declarações no teu coração.

23 Se retornares ao Todo-poderoso, serás edificado; [Se] mantiveres a injustiça longe da tua tenda,

24 E [se] se puser minério precioso no pó E ouro de Ofir na rocha de vales de torrente,

25 Também o Todo-poderoso deveras se tornará teus minérios preciosos E prata, a mais seleta, para ti.

26 Pois então te deleitarás no Todo-poderoso E levantarás a tua face para o próprio Deus.

27 Far-lhe-ás súplicas, e ele te ouvirá; E pagarás os teus votos.

28 E decidirás algo, e ficará de pé para ti; E certamente resplandecerá luz sobre os teus caminhos.

29 Pois tem de haver rebaixamento quando falas arrogantemente; Mas o que abaixar os olhos será salvo.

30 Ele salvará ao homem inocente, E certamente serás salvo pela limpeza das tuas mãos.”

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Capítulo 23 – Em seu oitavo discurso (23:1-24:25), Jó diz que deseja ter acesso à corte de Deus para se defender

23 E Jó passou a responder e a dizer:

2 “Até mesmo hoje, meu estado de preocupação é rebeldia; Minha própria mão está pesada por causa do meu suspiro.

3 Quem dera que eu realmente soubesse onde achá-lo! Eu iria até o seu lugar fixo.

4 Eu apresentaria diante dele uma causa jurídica, E encheria a minha boca de contra-argumentos;

5 Eu saberia as palavras com que me responderia, E consideraria o que ele tem para dizer-me.

6 Acaso ele, com uma abundância de poder, contenderia comigo? Oh! não. Decerto me atenderia.

7 Ali o próprio reto certamente resolverá as questões com ele, E eu ficaria a salvo do meu juiz para sempre.

8 Eis que vou para o oriente, e ele não está lá; E volto novamente, e não o posso discernir;

9 Para a esquerda, onde ele está trabalhando, mas não [o] posso observar; Ele se vira para a direita, mas eu não [o]

vejo.

Jó afirma que é justo.

10 Pois conhece muito bem o caminho que tomo. [Depois] de ele me ter provado, sairei como o próprio ouro.

11 Meu pé se prendeu aos seus passos; Guardei o seu caminho e não me aparto [dele].

12 Não me afasto do mandamento dos seus lábios. Entesourei os dizeres da sua boca mais do que me é prescrito.

13 E ele é de um só [pensamento], e quem lhe pode resistir? E a sua própria alma tem um almejo, e ele [o] fará.

14 Pois executará completamente o que me prescreveu. E de tais coisas há muitas com ele.

15 Por isso me sinto perturbado por causa dele; Mostro-me atento e tenho pavor dele.

16 Até mesmo o próprio Deus me fez o coração tímido E o próprio Todo-poderoso me perturbou.

17 Pois, não fui silenciado por causa da escuridão, Nem porque as trevas cobriram a minha própria face.

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Capítulo 24 – Jó menciona obras que os injustos praticam, contra órfãos, viúvas e pobres, além de cometerem

imoralidades e outras maldades.

24 “Por que é que os tempos não foram guardados pelo próprio Todo-poderoso, E os próprios que o conhecem não observaram os seus dias?

2 Há os que recuam os marcos divisórios; Arrebataram uma grei, a fim de [a] apascentarem.

3 Levam até mesmo o jumento dum menino órfão de pai; Tomam em penhor o touro da viúva.

Page 18: Pesquisa - Livro de Jó

4 Apartam os pobres do seu caminho; Ao mesmo tempo, os atribulados da terra se mantiveram escondidos.

5 Eis que, [quais] zebras no ermo, Saíram na sua atividade à procura de algo para comer. A planície desértica [dá] a

cada um pão para os rapazes.

6 No campo ceifam a sua forragem, E despojam rapidamente o vinhedo do iníquo.

7 Passam a noite nus, sem vestimenta, E sem qualquer cobertura no frio.

8 São ensopados pelo temporal dos montes, E por não haver abrigo, precisam abraçar uma rocha.

9 Arrebatam o menino órfão de pai mesmo do peito, E tomam em penhor o que há sobre o atribulado.

10 Têm de andar nus, sem vestimenta, E famintos têm de carregar as espigas ceifadas.

11 Passam o meio-dia entre os muros do terraço; Precisam pisar os lagares, e ainda assim passam sede.

12 De dentro da cidade estão gemendo os moribundos, E a alma dos mortalmente feridos clama por ajuda; E o próprio

Deus não considera [isso] algo impróprio.

13 Quanto a eles, mostraram estar entre os rebeldes contra a luz; Não reconheceram os caminhos dela, Nem moraram

nas suas sendas.

14 O assassino levanta-se ao clarear o dia, Passa a matar o atribulado e o pobre; E durante a noite torna-se um

verdadeiro ladrão.

15 Quanto ao olho do adúltero, ficou à espreita do crepúsculo vespertino, Dizendo: ‘Nenhum olho me avistará!’ E põe

uma cobertura sobre a sua face.

16 Na escuridão penetra cavando nas casas; De dia precisam manter-se encerrados. Não conheceram a luz do dia.

17 Pois a manhã é para eles igual à sombra tenebrosa, Porque reconhecem quais são os terrores repentinos da sombra

tenebrosa.

18 Ele é ligeiro na superfície das águas. O lote de terreno deles será amaldiçoado na terra. Ele não se virará para o

caminho dos vinhedos.

Jó afirma que injustos terão o seu fim.

19 A seca, bem como o calor, arrebatam as águas da neve; Assim faz também o Seol com os que pecaram!

20 A madre se esquecerá dele, o gusano saboreará a sua doçura, Não mais será lembrado. E a injustiça será destroçada

como uma árvore.

21 Ele tem tratos com uma mulher estéril que não dá à luz, E com uma viúva, a quem não faz bem.

22 E certamente arrastará gente possante com o seu poder; Ele se levantará e não estará seguro da sua vida.

23 Conceder-lhe-á tornar-se confiante para que se ampare; E seus olhos estarão sobre os caminhos deles.

24 Por um pouco ficaram elevados, depois não são mais, E foram abaixados; são arrancados como os demais, E são

cortados como o topo duma espiga.

25 Por conseguinte, quem me fará de mentiroso Ou reduzirá a nada a minha palavra?”

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Capítulo 25 – Em seu terceiro discurso (25:1-6), Bildade afirma que Jó não é puro

25 E Bildade, o suíta, passou a responder e a dizer:

2 “Com ele estão o domínio e o pavor; Ele faz paz nas suas alturas.

3 Acaso têm número as suas tropas? E sobre quem não se levanta a sua luz?

4 Então, como pode o homem mortal ter razão diante de Deus, Ou como pode ser puro aquele que nasceu de mulher?

5 Eis que há mesmo a lua, e ela não é luminosa; E as próprias estrelas não se mostraram puras aos seus olhos.

6 Quanto menos ainda o homem mortal, que é um gusano, E o filho do homem, que é um verme!”

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Capítulo 26 – Em seu nono discurso (26:1-14), Jó foca sua atenção em Jeová, dizendo que Ele é poderoso e sábio.

26 E Jó passou a responder e a dizer:

2 “Oh! de quanta ajuda foste àquele que não tem poder! Oh! [como] salvaste um braço sem força!

3 Quanto aconselhaste aquele que não tem sabedoria, E deste a conhecer a própria sabedoria prática à multidão!

4 A quem comunicaste palavras, E o fôlego de quem saiu de ti?

5 Os impotentes na morte continuam a tremer Debaixo das águas, e os que residem nelas.

6 O Seol está nu diante dele, E [o lugar de] destruição não tem cobertura.

Page 19: Pesquisa - Livro de Jó

7 Ele estende o norte sobre o vazio, Suspende a terra sobre o nada;

8 Embrulha as águas nas suas nuvens, Para que a massa de nuvens não se parta debaixo delas;

9 Enclausura a face do trono, Estende sobre ele a sua nuvem.

10 Ele demarcou um círculo sobre a face das águas, Até onde a luz acaba na escuridão.

11 As próprias colunas do céu estremecem E estão pasmadas por causa da sua censura.

12 Agitou o mar pelo seu poder, E despedaçou o arremetedor com o seu entendimento.

13 Pelo seu vento ele poliu o próprio céu, Sua mão furou a serpente deslizadora.

Jó conclui que sabemos pouco sobre Deus.

14 Eis que estas são as beiradas dos seus caminhos, E que sussurro sobre o assunto se tem ouvido dele! Mas quem pode

mostrar ter entendimento do seu poderoso trovão?”

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Capítulo 27 – Em seu primeiro dito proverbial (27:1-28:28), Jó começa dizendo que está decidido a manter a sua lealdade

e a sua integridade a Deus.

27 E Jó passou a encetar novamente seu dito proverbial e prosseguiu, dizendo:

2 “Assim como vive Deus, que tirou de mim o julgamento, E assim como [vive] o Todo-poderoso, que amargurou a

minha alma,

3 Enquanto estiver ainda em mim todo o meu fôlego, E o espírito de Deus estiver em minhas narinas,

4 Meus lábios não falarão injustiça E minha própria língua não murmurará dolo!

5 É inconcebível da minha parte declarar-vos justos! Até eu expirar não removerei de mim a minha integridade!

6 Agarrei a minha justeza e não a largarei; Meu coração não escarnecerá [de mim] por qualquer dos meus dias.

Jó descreve o que muitas vezes acontece com os iníquos, como o são seus três falsos consoladores.

7 Torne-se meu inimigo de todo modo um homem iníquo, E o que se revolta contra mim, realmente um contraventor.

8 Pois qual é a esperança dum apóstata caso ele der cabo [dele], Caso Deus lhe tire a sua alma?

9 Ouvirá Deus seu clamor Caso venha sobre ele a aflição?

10 Ou deleitar-se-á no Todo-poderoso? Clamará a Deus todo o tempo?

11 Eu vos instruirei pela mão de Deus; Não ocultarei aquilo que está com o Todo-poderoso.

12 Eis que vós mesmos, todos, tivestes visões; Então por que vos mostrais inteiramente vãos?

13 Este é o quinhão do homem iníquo, da parte de Deus; E a herança dos tiranos, eles receberão do próprio Todo-

poderoso.

14 Se os seus filhos se tornarem muitos, será para a espada; E seus próprios descendentes não terão bastante alimento.

15 Seus próprios sobreviventes serão enterrados durante uma praga mortífera, E as próprias viúvas deles não chorarão.

16 Se ele amontoasse prata como o próprio pó E preparasse vestuário como se fosse barro,

17 Ele prepararia, mas o justo seria quem se vestiria, E o inocente partilharia na prata.

18 Construiu a sua casa como alguma traça, E como a guarita construída pela sentinela.

19 Deitar-se-á rico, mas nada será ajuntado; Abre os olhos, mas não há nada.

20 Quais águas o alcançarão terrores repentinos; Durante a noite o furtará um tufão.

21 Um vento oriental carregará com ele e ele se irá, E de roldão o levará do seu lugar.

22 E lançar-se-á sobre ele e não terá compaixão; E ele, sem falta, tentará fugir do seu poder.

23 Bater-se-ão palmas contra ele E assobiar-se-á contra ele do seu lugar.

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Capítulo 28 – Jó continua seus provérbios dizendo que os homens encontram tesouros na terra.

28 “Deveras, há um lugar para se achar prata E um lugar para o ouro que se refina;

2 O ferro mesmo é tirado do próprio pó, E [da] pedra se funde o cobre.

3 Ele pôs fim à escuridão; E esquadrinha em todos os limites A pedra nas trevas e na sombra tenebrosa.

4 Abriu um poço de mina longe de onde residem [pessoas] como forasteiros, Lugares esquecidos, longe do pé;

Alguns dos homens mortais desceram suspensos, ficaram balançando.

5 Quanto à terra, dela procede o alimento; Mas por baixo, ela foi revirada como que por fogo.

Page 20: Pesquisa - Livro de Jó

6 Suas pedras são o lugar da safira, E tem pó de ouro.

7 Uma senda — nenhuma ave de rapina a conheceu, Nem a avistou o olho do milhafre-preto.

8 Não a pisaram as feras majestosas; Nem a percorreu o leãozinho,

9 Ele estendeu a mão sobre a pederneira; Subverteu montes desde a [sua] raiz;

10 Dentro das rochas canalizou galerias cheias de água, E seu olho viu todas as coisas preciosas.

11 Represou os lugares donde escorreram os rios E traz à luz a coisa oculta.

Jó diz que o homem não encontra sabedoria.

12 Mas a sabedoria — onde pode ser achada, E onde, então, é o lugar da compreensão?

13 O homem mortal não veio a conhecer o seu valor, E ela não é encontrada na terra dos viventes.

14 A própria água de profundeza disse: ‘Não está em mim!’ Também o mar disse: ‘Não está comigo!’

15 Não se pode dar por ela ouro puro E não se pode pesar prata como seu preço.

16 Não pode ser paga com ouro de Ofir, Com a rara pedra de ônix, nem com a safira.

17 Ouro e vidro não podem ser comparados com ela, Nem é qualquer vaso de ouro refinado alguma troca por ela.

18 Os próprios corais e o cristal de rocha nem se mencionarão, Mas uma bolsa cheia de sabedoria vale mais do que [uma

de] pérolas.

19 O topázio de Cus não pode ser comparado com ela; Ela não pode ser paga nem mesmo com o ouro na sua pureza.

20 Mas a própria sabedoria — donde vem, E onde, então, é o lugar da compreensão?

21 Foi ocultada mesmo dos olhos de qualquer vivente E foi escondida das criaturas voadoras dos céus.

22 A destruição e a morte é que disseram: ‘Com os nossos ouvidos ouvimos notícias dela.’

Jó explica que a sabedoria vem de se temer a Deus e serví-Lo.

23 Deus é quem entendeu os seus caminhos, E ele mesmo sabia seu lugar,

24 Pois ele mesmo olha até as próprias extremidades da terra; Vê debaixo dos céus inteiros,

25 Para fazer um peso para o vento, Ao passo que proporcionou as próprias águas por medida;

26 Quando fez um regulamento para a chuva E um caminho para a trovejante nuvem de temporal,

27 Então ele viu [a sabedoria] e passou a falar sobre ela; Ele a preparou e também a esquadrinhou.

28 E prosseguiu, dizendo ao homem: ‘Eis o temor de Jeová — isso é sabedoria, E desviar-se do mal é compreensão.’”

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Capítulo 29 – Em seu segundo dito proverbial (29:1-31:40), Jó relambra seu passado feliz.

29 E Jó passou a encetar novamente seu dito proverbial e prosseguiu, dizendo:

2 “Quem me dera estar nos meses lunares de outrora, Como nos dias em que Deus cuidava de mim;

3 Quando fez a sua lâmpada brilhar sobre a minha cabeça, [Quando] eu andava [através da] escuridão pela sua luz;

4 Assim como vim a estar nos dias do meu vigor, Quando havia intimidade com Deus na minha tenda;

5 Quando o Todo-poderoso ainda estava comigo, [Quando] meus ajudantes estavam ao redor de mim!

6 Quando eu lavava os meus passos em manteiga, E a rocha despejava correntes de azeite para mim;

7 Quando eu saía ao portão junto à vila, Eu preparava meu assento na praça pública!

8 Os rapazes me viam e se escondiam, E até mesmo os idosos se levantavam, ficavam de pé.

9 Os próprios príncipes reprimiam as palavras E punham a palma da mão sobre a sua boca.

10 A voz dos próprios líderes se escondia, E a própria língua deles se apegava ao céu da sua boca.

11 Pois o próprio ouvido escutava e passava a chamar-me feliz, E o próprio olho via e passava a dar testemunho por

mim.

Jó lembra que ajudava muitas pessoas, que dava conselhos e que sorria.

12 Pois eu salvava ao atribulado que clamava por ajuda, E ao menino órfão de pai e a qualquer que não tinha ajudador.

13 A bênção daquele prestes a perecer vinha sobre mim. E eu alegrava o coração da viúva.

14 Vestia-me de justiça e ela me revestia. Meu juízo era como uma túnica sem mangas — e um turbante.

15 Tornei-me olhos para o cego; E eu era pés para o coxo.

16 Eu era um verdadeiro pai para os pobres; E a causa jurídica de alguém que eu não conhecia — eu a examinava.

Page 21: Pesquisa - Livro de Jó

17 E quebrava as mandíbulas do contraventor, Dos seus dentes eu arrancava a presa.

18 E eu costumava dizer: ‘Expirarei dentro do meu ninho E multiplicarei os [meus] dias como os grãos da areia.

19 Minha raiz está aberta para as águas, E o próprio orvalho pernoitará sobre o meu ramo.

20 Nova é a minha glória comigo, E meu arco na minha mão atirará repetidamente.’

21 Escutavam-me; e esperavam, E silenciavam pelo meu conselho.

22 Após as minhas palavras não falavam mais, E sobre eles gotejava a minha palavra.

23 E esperavam-me como a chuva E escancaravam a sua boca à chuva da primavera.

24 Eu sorria para eles — eles não [o] acreditavam — E não lançavam [de si] a luz da minha face.

25 Eu lhes escolhia o caminho e ficava sentado como cabeça; E residia como um rei entre as [suas] tropas, Como quem

consola os que pranteiam.

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Capítulo 30 – Jó lamenta sua situação atual e diz que as pessoas se afastaram dele e que caçoam de sua condição.

30 “E agora se riram de mim, Os que são mais jovens do que eu, Cujos pais eu teria recusado Pôr com os cães do meu rebanho.

2 Mesmo o poder das suas mãos — que me adiantou? Pereceu neles o vigor.

3 Por causa da carência e da fome são estéreis, Roendo uma região árida [Onde] ontem havia tempestade e desolação.

4 Arrancavam a erva salgada junto aos arbustos E a raiz das giestas-das-vassouras era seu alimento.

5 Estavam sendo expulsos da comunidade; Gritava-se contra eles como contra um ladrão.

6 [Têm de] residir na própria encosta dos vales de torrente, Em buracos de pó e nas penhas.

7 Bramavam entre os arbustos; Conchegavam-se debaixo das urtigas.

8 Filhos do insensato, também filhos daquele que não tem nome, Foram enxotados da terra a chicotadas.

9 E agora eu me tornei até mesmo o assunto da sua canção, E sou para eles um rifão.

10 Detestaram-me, mantiveram-se longe de mim; E não se refrearam de cuspir-me na face.

11 Pois ele soltou [minha] própria corda de arco e passou a humilhar-me, E por minha causa deixaram solto o freio.

12 Levantam-se à minha direita como uma laia; Soltaram os meus pés, Mas passaram a aterrar contra mim as suas

desastrosas barreiras.

13 Desfizeram as minhas sendas; Só foram de proveito para aquilo que me é adverso, Sem que tivessem ajudador.

14 Passaram a vir como que por uma larga brecha; Rolaram adiante sob uma tempestade.

15 Terrores repentinos foram voltados contra mim; Meu porte nobre é perseguido como pelo vento, E como uma nuvem

passou a minha salvação.

Jó fala de sua aflição emocional e de sua dor física.

16 E agora se derramou a minha alma dentro de mim; Apoderam-se de mim dias de tribulação.

17 À noite, os próprios ossos meus foram furados [e caíram] de mim, E [as dores] que me estão roendo não folgam.

18 Minha vestimenta muda pela abundância de poder; Cinge-me como a gola da minha veste comprida.

19 Ele me fez descer ao barro, De modo que mostro ser semelhante a pó e cinzas.

Jó acha que Deus está lhe causando todo o seu sofrimento.

20 Clamo a ti por ajuda, mas não me respondes; Fiquei de pé, para que atentasses em mim.

21 Transformas-te para ficar cruel comigo; Com a plena força da tua mão me tens rancor.

22 Levantas-me ao vento, fazes-me cavalgá-lo; Depois me dissolves com um estrondo.

23 Pois sei muito bem que me farás recuar à morte E à casa de reunião para todo o vivente.

24 Somente que ninguém estende a sua mão contra um mero monte de escombros, Nem se faz durante a decadência um

clamor por ajuda a respeito de tais coisas.

Jó diz que antes ele ajudava outros, mas que agora ele é que precisa de ajuda.

25 Eu certamente chorei por aquele que teve um dia árduo; Minha alma se penalizou pelo pobre.

26 Embora eu aguardasse o bem, chegou o mal; E eu esperava a luz, mas chegaram as trevas.

27 Meus próprios intestinos foram postos a ferver e não ficaram quietos; Confrontaram-me dias de tribulação.

28 Andei em volta triste quando não havia luz do sol; Levantei-me na congregação, continuei a clamar por ajuda.

Page 22: Pesquisa - Livro de Jó

29 Tornei-me irmão de chacais E companheiro das filhas de avestruzes.

30 Minha própria pele ficou preta [e caiu] de mim, E meus próprios ossos ficaram candentes por causa da sequidão.

31 E minha harpa ficou apenas para o pranto, E meu pífaro, para a voz dos que choram.

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Capítulo 31 – Jó afirma que é íntegro em todos os sentidos.

31 “Concluí um pacto com os meus olhos. Portanto, como poderia mostrar-me atento a uma virgem?

2 E que porção há da parte do Deus de cima, Ou que herança da parte do Todo-poderoso desde o alto?

3 Não há desastre para um contraventor E infortúnio para os que praticam o que é prejudicial?

4 Acaso não vê ele os meus caminhos E conta até mesmo todos os meus passos?

5 Se eu tiver andado com [homens de] inveracidade, E meu pé se apressar para o engano,

6 Ele me pesará em balança exata, E Deus chegará a saber a minha integridade.

Jó diz que se não é íntegro, que receba as devidas recompensas por isso.

7 Se os meus passos se apartarem do caminho, Ou meu coração apenas tiver andado atrás dos meus olhos, Ou qualquer

defeito se tiver apegado às palmas das minhas próprias mãos,

8 Lance eu semente e coma outro, E sejam desarraigados os meus próprios descendentes.

9 Se meu coração tiver sido engodado referente a uma mulher E tiver ficado de emboscada à própria entrada do meu

companheiro,

10 Moa a minha esposa para outro homem, E ajoelhe-se sobre ela outro homem.

11 Pois isso seria conduta desenfreada E esta seria um erro, para [receber a atenção dos] magistrados.

12 Pois é um fogo que consumiria até à destruição, E se arraigaria entre todos os meus produtos.

13 Se eu costumava recusar o julgamento do meu escravo Ou da minha escrava na sua causa comigo,

14 Então o que posso fazer quando Deus se levanta? E quando demanda uma prestação de contas, que lhe posso

responder?

15 Não foi ele feito por Aquele que me fez no ventre E não foi apenas Um que passou a preparar-nos na madre?

16 Se eu costumava negar aos de condição humilde o [seu] agrado E fiz fraquejar os olhos da viúva,

17 E costumava comer meu bocado sozinho, Não comendo dele o menino órfão de pai;

18 (Pois desde a minha mocidade cresceu comigo como que com um pai, E desde o ventre de minha mãe eu a guiava;)

19 Se eu costumava ver alguém perecer por não ter vestimenta Ou que o pobre não tinha cobertura;

20 Se os seus lombos não me abençoaram, Nem ele se aquecia com a lã tosquiada dos meus carneirinhos;

21 Se sacudi a mão para lá e para cá contra o menino órfão de pai, Quando via [a necessidade do] meu auxílio no portão,

22 Que caia a minha própria omoplata do seu ombro E se quebre o meu próprio braço desde o seu osso superior.

23 Porque o desastre da parte de Deus era para mim um pavor, E contra a sua dignidade eu nada podia.

24 Se pus no ouro a minha confiança Ou disse ao ouro: ‘Em ti confio!’

25 Se eu costumava alegrar-me por ter muita propriedade E porque a minha mão tinha achado muitas coisas;

26 Se eu costumava ver a luz quando ela brilhava Ou a preciosa lua andando,

27 E meu coração começou a ser engodado às escondidas, E minha mão passou a beijar a minha boca,

28 Isto também seria um erro a [receber a atenção dos] magistrados, Pois eu teria renegado o [verdadeiro] Deus de

cima.

29 Se eu costumava alegrar-me com a extinção daquele que me odiava intensamente, Ou se fiquei agitado porque o

atingiu o mal —

30 E não permiti que o meu palato pecasse, Pedindo uma imprecação contra a sua alma.

31 Se os homens da minha tenda não disseram: ‘Quem pode apresentar alguém que não se saciasse da sua comida?’—

32 Nenhum residente forasteiro passava a noite lá fora; Mantive as minhas portas abertas para a vereda.

33 Se encobri as minhas transgressões como um homem terreno, Escondendo meu erro no bolso da minha camisa —

34 Porque eu me assustava diante duma grande massa de gente, Ou me aterrorizava o próprio desprezo das famílias, E

eu ficava quieto, não saía da entrada.

Jó expressa que gostaria que Jeová o respondesse.

Page 23: Pesquisa - Livro de Jó

35 Quem me dera que eu tivesse alguém para escutar-me, Que o próprio Todo-poderoso me respondesse segundo a

minha assinatura! Ou que a pessoa em litígio comigo tivesse escrito um documento!

36 Por certo o carregaria sobre o meu ombro; Eu o enrolaria em volta de mim como a uma grandiosa coroa.

37 Comunicar-lhe-ia o número dos meus passos; Como líder me chegaria a ele.

38 Se o meu próprio solo clamasse contra mim por socorro E seus próprios sulcos chorassem juntos;

39 Se comi os seus frutos sem dinheiro E fiz ofegar a alma dos seus donos,

40 Produza-se planta espinhosa em vez de trigo, E erva malcheirosa em vez de cevada.” As palavras de Jó chegaram ao

fim.

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Capítulo 32 – O jovem Eliú participará da conversa de modo respeitoso, mas não gostou de ouvir certos argumentos de Jó

e dos três falsos consoladores.

32 Portanto, estes três homens cessaram de responder a Jó, pois era justo aos seus próprios olhos. 2 Acendeu-se, porém,

a ira de Eliú, filho de Baraquel, o buzita, da família de Rão. Sua ira se acendeu contra Jó por ele declarar justa a sua própria alma em vez de a Deus.

3 Sua ira se acendeu também contra os três companheiros dele pelo fato de que não acharam

resposta, mas passaram a pronunciar Deus iníquo. 4 E o próprio Eliú tinha esperado por Jó com palavras, porque eram mais

velhos em dias do que ele. 5 E Eliú viu gradualmente que não havia resposta na boca dos três homens, e sua ira se acendeu

ainda mais. 6 E Eliú, filho de Baraquel, o buzita, passou a responder e a dizer:

“Sou jovem em dias, E vós sois idosos. Por isso recuei e tive medo De vos declarar o meu conhecimento.

Eliú diz que os respeita e que achava que eles eram sábios.

7 Eu disse: ‘Falem os próprios dias, E que a multidão dos anos dê a conhecer a sabedoria.’

8 Decerto é o espírito nos homens mortais E o fôlego do Todo-poderoso [que] lhes dá entendimento.

Eliú diz que os respeita, mas que não só os idosos que têm sabedoria.

9 Não são apenas os abundantes em dias que se mostram sábios, Nem somente os idosos que entendem o juízo.

10 Por isso eu disse: ‘Escuta-me deveras. Declararei o meu conhecimento, sim, eu.’

11 Eis que esperei as vossas palavras, Dei ouvidos aos vossos raciocínios, Até que descobrísseis palavras [para dizer].

Eliú diz que Jó é justo e que os três consoladores não têm mais argumentos contra ele.

12 E mantive voltada a minha atenção para vós, E eis que não há quem repreenda a Jó, Nenhum de vós responde às suas

declarações,

13 Para que não digais: ‘Achamos sabedoria; É Deus quem o põe em debandada, não o homem.’

14 Visto que ele não enfileirou palavras contra mim, Não lhe replicarei, pois, com as vossas declarações.

15 Ficaram aterrorizados, não responderam mais; As palavras se mudaram deles.

16 E eu esperei, pois não continuaram a falar; Porque ficaram parados, não responderam mais.

Eliú diz que precisa falar, expressar o que pensa e o que sente.

17 Eu darei a minha parte em resposta, sim, eu; Eu declararei meu conhecimento, sim, eu;

18 Pois fiquei cheio de palavras; Espírito exerce pressão no meu ventre.

19 Eis que meu ventre é como o vinho sem respiradouro; Como odres novos, quer rebentar.

20 Deixai-me falar, para que me dê alívio. Abrirei meus lábios para responder.

Eliú afirma que falará sem parcialidade.

21 Por favor, não mostre eu parcialidade para com um homem; E não darei título a um homem terreno;

22 Pois certamente não sei como posso dar título; Aquele que me fez carregaria facilmente comigo.

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Capítulo 33 – Eliú prepara Jó, pois falará com ele inicialmente.

33 “Agora, porém, ó Jó, por favor, ouve as minhas palavras, E dá ouvidos a tudo o que eu falar.

2 Por favor, eis que tenho de abrir minha boca; Minha língua com meu palato tem de falar.

3 Minhas declarações são a retidão de meu coração, E conhecimento é o que meus lábios enunciam sinceramente.

4 O próprio espírito de Deus me fez E o fôlego do próprio Todo-poderoso passou a fazer-me viver.

5 Se puderes, replica-me, Enfileira [palavras] diante de mim; toma deveras a tua posição.

6 Eis que sou para o [verdadeiro] Deus exatamente o que tu és; Também eu fui moldado do barro.

7 Eis que nenhuma terribilidade minha te apavorará E nenhuma pressão da minha parte pesará sobre ti.

Page 24: Pesquisa - Livro de Jó

Eliú cita palavras de Jó e o repreende por sua autojustiça.

8 Apenas tu disseste aos meus ouvidos, E eu ouvia o som das [tuas] palavras:

9 ‘Sou puro, sem transgressão; Estou limpo, não tenho erro.

10 Eis que ele acha ensejo para oposição contra mim, Toma-me por inimigo seu.

11 Põe os meus pés no tronco, Vigia todas as minhas veredas.’

12 Eis que nisto não tiveste razão, respondo-te eu; Porque Deus é muito mais do que um homem mortal.

13 Por que é que contendeste com ele, Porque não responde a todas as tuas palavras?

14 Porque Deus fala uma vez E duas vezes — embora não se repare nisso —

15 Num sonho, numa visão da noite, Quando profundo sono cai sobre os homens Durante os cochilos sobre a cama.

16 É então que ele destapa o ouvido dos homens E apõe seu selo à exortação [dada] a eles,

17 Para desviar o homem do seu ato E para encobrir do varão vigoroso o próprio orgulho.

18 Refreia a sua alma de [ir à] cova E sua vida de desaparecer por meio duma arma de arremesso.

19 E ele é deveras repreendido com dor sobre a sua cama, E a altercação dos seus ossos é contínua.

20 E sua vida certamente torna o pão repugnante E a sua própria alma, comida desejável.

21 Sua carne se definha diante da vista E seus ossos que não se viam certamente ficam expostos.

22 E sua alma se chega à cova E sua vida aos que infligem a morte.

23 Se há para ele um mensageiro, Um porta-voz, um dentre mil, Para contar ao homem a sua retidão,

24 Então ele o favorece e diz: ‘Isenta-o de descer à cova! Achei um resgate!

25 Torne-se a sua carne mais fresca do que na infância; Volte ele aos dias do seu vigor juvenil.’

26 Suplicará a Deus para que tenha prazer nele, E verá a sua face com gritos de alegria, E Ele restituirá a Sua justiça ao

homem mortal.

27 Cantará para os homens e dirá: ‘Pequei; e perverti o que era reto E certamente isso não era próprio para mim.

28 Ele remiu a minha alma de passar para a cova, E a minha própria vida verá a luz.’

29 Eis que todas estas são as coisas que Deus realiza, Duas vezes, três vezes, no caso dum varão vigoroso,

30 Para fazer a sua alma recuar da cova, Para que fique esclarecido com a luz dos viventes.

31 Presta atenção, ó Jó! Escuta-me! Cala-te, e eu mesmo continuarei a falar.

32 Se houver quaisquer palavras [para dizer], replica-me; Fala, pois me agradei da tua justiça.

33 Se não houver nenhuma, escuta-me tu mesmo; Cala-te, e eu te ensinarei sabedoria.”

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Capítulo 34 – Eliú pede para ser ouvido

34 E Eliú continuou a responder e a dizer:

2 “Escutai, vós sábios, as minhas palavras; E vós sabedores, dai-me ouvidos.

3 Pois o próprio ouvido prova as palavras Assim como o paladar saboreia quando se come.

4 Escolhemos para nós o julgamento; Saibamos entre nós mesmos o que é bom.

Eliú cita palavras de Jó e afirma que o que Jó ouviu foi muita injustiça e que ele poderia ter sido desviado por isso.

5 Porque Jó disse: ‘Eu certamente tenho razão, Mas o próprio Deus é que desviou meu julgamento.

6 Acaso digo mentiras contra o meu próprio julgamento? Meu ferimento sério é incurável, embora não haja

transgressão.’

7 Que varão vigoroso é como Jó, [Que] ingere a caçoada como água?

8 E ele certamente está a caminho do companheirismo com os que praticam o que é prejudicial E de andar com homens

de iniqüidade.

9 Pois ele disse: ‘De nada aproveita ao varão vigoroso Ter prazer em Deus.’

Eliú diz que Jeová é perfeito e que recompensa os seus servos.

10 Portanto, vós homens de coração, escutai-me. Longe está do [verdadeiro] Deus agir ele iniquamente, E do Todo-

poderoso agir injustamente!

11 Pois [é segundo] a atuação do homem terreno que ele o recompensará, E segundo a vereda do homem que o fará vir

sobre ele.

Page 25: Pesquisa - Livro de Jó

12 Sim, de fato, o próprio Deus não age iniquamente, E o próprio Todo-poderoso não perverte o juízo.

Eliú diz que Jeová é o dono da Terra e da vida.

13 Quem o encarregou da terra E quem [lhe] designou o solo produtivo, sim, todo ele?

14 Se ele fixar seu coração em alguém, [Se] ajuntar a si o espírito e o fôlego do tal,

15 Toda a carne expirará juntamente, E o próprio homem terreno retornará mesmo ao pó.

Eliú afirma que muitas vezes o homem é injusto no julgamento.

16 Portanto, se [tiveres] compreensão, escuta deveras isto; Dá ouvidos ao som das minhas palavras.

17 Realmente, exercerá controle aquele que odeia a justiça, E se alguém forte for justo, acaso [o] pronunciarás iníquo?

18 Dir-se-á ao rei: ‘Não prestas para nada’? Aos nobres: ‘Sois iníquos’?

Eliú diz Deus sempre julga com perfeita justiça.

19 [Há Um] que não tem mostrado parcialidade para com príncipes E não tem dado mais consideração ao nobre do que

ao de condição humilde, Porque todos eles são trabalho das suas mãos.

20 Morrem num instante, sim, no meio da noite; O povo sacode-se e falece, E os possantes somem sem mão alguma.

21 Pois os seus olhos estão sobre os caminhos do homem E ele vê todos os seus passos.

22 Não há escuridão nem sombra tenebrosa Para nelas se esconderem os que praticam o que é prejudicial.

23 Porque ele não fixa um tempo designado para o homem Ir a Deus em julgamento.

24 Quebranta os fortes sem investigação E faz outros ficar de pé em lugar deles.

25 Por isso reconhece como são as obras deles, E ele deveras [os] subverte de noite, e ficam esmigalhados.

26 Sendo eles iníquos, bate neles No lugar dos espectadores;

27 Visto que se desviaram de segui-lo E não consideraram nenhum dos seus caminhos,

28 De modo a fazer chegar a ele o clamor do de condição humilde; E por isso ele ouve o clamor dos atribulados.

29 Quando ele mesmo faz que haja sossego, então, quem pode condenar? E quando ele esconde a face, quem o pode

avistar, Sendo a mesma coisa quer para com uma nação quer para com um homem?

30 Para que não reine um homem apóstata, Nem haja laços do povo.

Eliú diz o julgamento pertence a Deus, não ao homem.

31 Pois, dirá alguém realmente ao próprio Deus: ‘Suportei [isso], embora não agisse de modo corrupto;

32 Embora eu não observe nada, instrui-me tu mesmo; Se cometi qualquer injustiça, Não [a] farei de novo’?

33 Acaso fará compensação por ela, do teu ponto de vista, por deveras recusares [o julgamento], Por tu mesmo

escolheres, e não eu? Fala, sim, aquilo que tu bem sabes.

Eliú mostra que Jó tem falta de conhecimento.

34 Os próprios homens de coração me dirão — Sim, um varão vigoroso, sábio, que me escuta:

35 ‘O próprio Jó fala sem conhecimento E suas palavras são sem [ele] ter perspicácia.’

36 Meu pai, seja Jó provado até o limite Pelas suas réplicas entre homens prejudiciais.

37 Pois acrescenta ao seu pecado a revolta; Bate [palmas] entre nós e multiplica as suas declarações contra o

[verdadeiro] Deus!”

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Capítulo 35 – Eliú cita Jó novamente.

35 E Eliú continuou a responder e a dizer: 2 “É isto o que consideraste como juízo? Disseste: ‘Minha justiça é maior do

que a de Deus.’

3 Pois dizes: ‘Que te aproveita isso? Que proveito maior tenho do que por eu pecar?’

4 Eu mesmo replicarei a ti E aos teus companheiros contigo.

Eliú diz que tanto Jó como os três falsos consoladores erraram.

5 Olha para o céu e vê, E repara nas nuvens, [que] elas são deveras mais altas do que tu.

6 Se realmente pecares, que conseguirás contra ele? E [se] as tuas revoltas realmente aumentarem, que lhe fazes?

7 Se realmente tens razão, o que lhe dás, Ou o que recebe ele da tua própria mão?

8 Tua iniqüidade talvez seja contra um homem igual a ti, E tua justiça para com um filho de homem terreno.

9 Por causa da multidão de opressões eles clamam por socorro; Clamam por ajuda por causa do braço dos grandes.

Page 26: Pesquisa - Livro de Jó

Eliú diz que Jó e os três consoladores não levaram Deus em conta ao se pronunciarem.

10 E no entanto, ninguém disse: ‘Onde está Deus, o Grandioso que me fez, Aquele que dá melodias na noite?’

11 É ele quem nos ensina mais do que aos animais da terra, E nos faz mais sábios do que mesmo as criaturas voadoras

dos céus.

12 Ali continuam a clamar, mas ele não responde, Por causa do orgulho dos maus.

13 Somente a inveracidade é que Deus não ouve, E o próprio Todo-poderoso não repara nela.

14 Quanto menos, então, quando dizes que não reparas nele! A causa jurídica está perante ele, e por isso devias esperá-

lo ansiosamente.

15 E agora, visto que a sua ira não exigiu uma prestação de contas, Ele tampouco tomou nota do extremo arrojo.

16 E o próprio Jó abre muito a sua boca simplesmente por nada; Sem conhecimento, multiplica apenas palavras.”

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Capítulo 36 – Eliú diz que Jeová é justo e nunca é parcial.

36 E Eliú passou a dizer mais:

2 “Tem mais um pouco de paciência comigo e eu te declararei Que há ainda palavras [a dizer] por Deus.

3 Transportarei o meu conhecimento de longe E atribuirei justiça ao meu Formador.

4 Pois as minhas palavras, de fato, não são falsidade; Aquele que é perfeito em conhecimento está contigo.

5 Eis que Deus é forte e não rejeitará [a ninguém]; [Ele é] forte em poder de coração;

6 Não preservará vivo a alguém iníquo, Mas dará o julgamento dos atribulados.

7 Não tirará os olhos de alguém justo; Mesmo aos reis no trono — Ele também os assentará para sempre e eles estarão

enaltecidos.

8 E se estiverem presos em grilhões, Estão cativos em cordas de tribulação.

9 Então os informará sobre a atuação deles E sobre suas transgressões, porque assumem ares de superioridade.

10 E destapará seu ouvido à exortação E dirá que devem recuar do que é prejudicial.

11 Se obedecerem e servirem, Acabarão os seus dias no que é bom E seus anos no agradável.

12 Mas, se não obedecerem, falecerão por causa duma arma de arremesso E expirarão sem conhecimento.

13 E os apóstatas no coração são os que acumularão ira. Não devem clamar por ajuda porque ele os prendeu.

14 Sua alma morrerá na própria infância, E sua vida entre os homens que se prostituem no serviço dum templo.

Eliú diz que Jeová ajuda, socorre e consola seus servos.

15 Ele socorrerá o atribulado na sua tribulação E destapará seu ouvido na opressão.

16 E certamente te engodará [para longe] da boca da aflição! Um lugar mais amplo, não o aperto, haverá em seu lugar,

E o consolo da tua mesa será cheio de gordura.

17 Certamente serás enchido com a sentença judicial contra o iníquo; A sentença judicial e o juízo é que segurarão.

Eliú recomenda que eles tomem cuidado para não se afastarem de Deus.

18 Pois [cuida de] que o furor não te engode a bater palmas [por despeito], E não te deixes desencaminhar por um

grande resgate.

19 Terá efeito teu clamor por ajuda? Não, nem na aflição Todos os [teus] poderosos esforços.

20 Não fiques suspirando pela noite, Para que os povos retrocedam [de] onde estão.

21 Guarda-te de não te virares para o que é prejudicial, Pois escolheste isso em vez de tribulação.

Eliú diz que Jeová é elevado, muito maior que o homem.

22 Eis que o próprio Deus age de modo elevado com o seu poder; Que instrutor há semelhante a ele?

23 Quem demandou dele uma prestação de contas sobre o seu caminho, E quem disse: ‘Cometeste injustiça’?

24 Lembra-te de que deves magnificar a sua atuação Decantada pelos homens.

25 Todos os da humanidade a contemplaram; O próprio homem mortal está olhando de longe.

26 Eis que Deus é mais sublime do que podemos saber; Em número, os seus anos estão além de esquadrinhamento.

27 Pois ele puxa para cima as gotas de água; Filtram como chuva para a sua neblina,

28 De modo que as nuvens pingam, Destilam abundantemente sobre a humanidade.

29 Deveras, quem pode entender as camadas de nuvens, Os estrondos desde a sua barraca?

Page 27: Pesquisa - Livro de Jó

30 Eis que estendeu sobre ela a sua luz E cobriu as raízes do mar.

31 Porque por estes [meios] pleiteia a causa dos povos; Dá comida em abundância.

32 Nas suas mãos encobriu o raio E dá-lhe ordem contra o assaltante.

33 Seu retumbo informa a respeito dele, Também o gado, a respeito daquele que sobe.

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Capítulo 37 – Eliú diz que a criação mostra o poder de Deus.

37 “Deveras, por causa disso, meu coração começa a tremer E salta do seu lugar.

2 Escutai atentamente o ribombar da sua voz E o rosnar que lhe sai da boca.

3 Solta-o debaixo dos céus inteiros, E seu raio vai às extremidades da terra.

4 Depois brame um som; Ele troveja com o som da sua superioridade, E não os refreia quando se ouve a sua voz.

5 Deus troveja com a sua voz de modo maravilhoso, Fazendo grandes coisas que não podemos saber.

6 Porque ele diz à neve: ‘Cai para a terra’, E [à] precipitação da chuva, sim, [à] precipitação das suas fortes chuvas.

7 Apõe um selo à mão de todo homem terreno, Para que cada mortal conheça o seu trabalho.

8 E a fera entra na emboscada E mora nos seus esconderijos.

9 Do quarto interior vem o tufão E dos ventos do norte, o frio.

10 Pelo fôlego de Deus se dá o gelo, E a largura das águas fica sob aperto.

11 Sim, carrega de umidade a nuvem, Sua luz espalha a massa de nuvens,

12 E ela está sendo revolvida por ele [dar-lhes] diretrizes para a sua atuação Aonde quer que as ordene sobre a face do

solo produtivo da terra.

13 Quer para uma vara, quer para a sua terra, Quer por benevolência, ele a faz produzir resultados.

Eliú diz que para aprender a temer a Deus, o homem precisa observar suas obras maravilhosas.

14 Dá deveras ouvidos a isto, ó Jó; Fica parado e mostra-te atento às obras maravilhosas de Deus.

15 Sabes quando Deus lhes impôs uma ordenança E quando fez a luz da sua nuvem reluzir?

16 Conheces os pairos da nuvem, As obras maravilhosas Daquele que é perfeito em conhecimento?

17 Como é que as tuas vestes estão quentes Quando a terra mostra ter sossego do sul?

18 Podes junto com ele achatar o céu nublado, Duro como um espelho fundido?

19 Deixa-nos saber o que lhe devemos dizer; Não podemos produzir [palavras] por causa da escuridão.

20 Deve-se relatar-lhe que eu falaria? Ou disse algum homem que isso seria transmitido?

21 E agora, eles realmente não vêem a luz; Ela está brilhando no céu nublado Quando o próprio vento passou e procedeu

a limpá-lo.

Eliú conclui dizendo que devemos temer a Deus, pois Ele é o Todo-poderoso.

22 Do norte vem resplendor dourado. Em Deus, a dignidade é atemorizante.

23 Quanto ao Todo-poderoso, não o descobrimos; Ele é sublime em poder, E não depreciará o juízo e a abundância da

justiça.

24 Portanto, temam-no os homens. Ele não considera a nenhuns que sejam sábios no [seu próprio] coração.”

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Capítulo 38 – Jeová passa a falar com Jó. Ele mostra a sua superioridade, mencionando suas criações, como a terra, o mar,

a luz, a morte, os espaços, a neve, a chuva, a tempestade, o gelo, as estrelas, as nuvens, os relâmpagos, o leão e o corvo.

38 E Jeová passou a responder a Jó de dentro do vendaval e a dizer:

2 “Quem é este que está obscurecendo o conselho Por meio de palavras sem conhecimento?

3 Por favor, cinge os teus lombos como um varão vigoroso E deixa-me perguntar-te, e faze-me saber.

4 Onde vieste a estar quando fundei a terra? Informa-me, se deveras conheces a compreensão.

5 Quem lhe pôs as medidas, caso tu o saibas, Ou quem estendeu sobre ela o cordel de medir?

6 Em que se fundaram seus pedestais de encaixe Ou quem lançou a sua pedra angular,

7 Quando as estrelas da manhã juntas gritavam de júbilo E todos os filhos de Deus começaram a bradar em aplauso?

8 E [quem] bloqueou com portas o mar, Que começou a sair quando irrompeu da madre;

Page 28: Pesquisa - Livro de Jó

9 Quando lhe pus a nuvem por vestimenta E as densas trevas como suas faixas,

10 E passei a fragmentar meu regulamento sobre ele E a pôr-lhe tranca e portas,

11 E prossegui, dizendo: ‘Até aqui podes chegar, e não mais adiante; E aqui se limitam as tuas vagas orgulhosas’?

12 Foi dos teus dias em diante que deste ordens à manhã? Fizeste tu a alva saber o seu lugar,

13 Para segurar as extremidades da terra, A fim de que os iníquos fossem sacudidos dela?

14 Ela se transforma como o barro debaixo dum selo, E as coisas tomam a sua posição como na vestimenta.

15 E dos iníquos se retém a luz E se quebra o próprio braço erguido.

16 Chegaste aos mananciais do mar Ou andaste em busca da água de profundeza?

17 Revelaram-se a ti os portões da morte Ou podes ver os portões da sombra tenebrosa?

18 Consideraste inteligentemente os espaços amplos da terra? Informa se chegaste a conhecer tudo.

19 Onde, então, está o caminho que leva à residência da luz? Quanto à escuridão, onde, então, é seu lugar,

20 Para a levares ao seu termo E para compreenderes as sendas à sua casa?

21 Acaso [o] sabes porque nasceste naquele tempo, E [porque] os teus dias são muitos em número?

22 Acaso entraste nos depósitos da neve, Ou vês mesmo os depósitos da saraiva,

23 Que reservei para o tempo de aflição, Para o dia de peleja e de guerra?

24 Onde, então, está o caminho pelo qual se distribui a luz [E] o vento oriental se espalha pela terra?

25 Quem abriu um canal para a inundação E um caminho para a trovejante nuvem de temporal,

26 Para fazer chover sobre a terra onde não há homem, [Sobre] o ermo em que não há homem terreno,

27 Para fartar lugares tempestuosos e desolados E para fazer brotar o rebento da relva?

28 Acaso existe um pai para a chuva, Ou quem deu à luz as gotas do orvalho?

29 Do ventre de quem sai realmente o gelo, E quanto à geada do céu, quem é que a dá à luz?

30 As próprias águas ficam escondidas como que por uma pedra, E a própria superfície da água de profundeza se torna

compacta.

31 Podes atar as cadeias da constelação de Quima, Ou podes soltar as próprias cordas da constelação de Quesil?

32 Podes fazer sair a constelação de Mazarote no seu tempo fixado? E quanto à constelação de Ás ao lado dos seus

filhos, acaso podes guiá-los?

33 Chegaste a conhecer os estatutos dos céus, Ou poderias estabelecer a sua autoridade na terra?

34 Acaso podes elevar a tua voz mesmo até a nuvem, Para que te cubra a massa movimentada da própria água?

35 Acaso podes enviar relâmpagos para que vão E te digam: ‘Aqui estamos!’?

36 Quem pôs sabedoria nas camadas de nuvens Ou deu compreensão ao fenômeno celeste?

37 Quem pode contar exatamente as nuvens em sabedoria, Ou as talhas de água do céu — quem [as] pode entornar,

38 Quando o pó se despeja como dentro duma massa fundida E os próprios torrões de terra aderem um ao outro?

39 Acaso podes caçar a presa para o próprio leão E podes satisfazer o vivo apetite dos leões novos,

40 Quando se agacham nos esconderijos [Ou] estão deitados na guarida para uma emboscada?

41 Quem prepara para o corvo o seu alimento Quando seus próprios filhotes clamam a Deus por ajuda, Vagueando por

não haver nada para comer?

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Capítulo 39 – Jeová pergunta se foi Jó que criou os animais com suas incríveis e peculiares características

39 “Ficaste conhecendo o tempo fixo de parirem as cabras-montesas do rochedo? Observas tu exatamente quando é que as corças têm cria com dores?

2 Contas tu os meses lunares que cumprem Ou vieste saber o tempo fixo de parirem?

3 Dobram-se para ter suas crias, Livrando-se das suas dores cruciantes.

4 Seus filhotes se tornam robustos, crescem no campo aberto; Deveras saem e não retornam a elas.

5 Quem pôs em liberdade a zebra, E quem soltou as próprias ligaduras do jumento selvagem,

6 Ao qual designei por casa a planície desértica E por sua moradia a terra salgada?

7 Ri-se do tumulto da vila; Não ouve os ruídos do batedor.

Page 29: Pesquisa - Livro de Jó

8 Explora os montes pelo seu pasto E busca toda sorte de planta verde.

9 Acaso quererá servir-te o touro selvagem, Ou pernoitará ele junto à tua manjedoura?

10 Acaso atarás o touro selvagem ao sulco, com as suas cordas, Ou gradará ele as baixadas atrás de ti?

11 Confiarás nele por ser abundante em poder E deixarás para ele a tua labuta?

12 Acaso te fiarás nele, que te traga de volta a tua semente E que ajunte à tua eira?

13 Acaso a asa da fêmea de avestruz bateu alegremente, Ou [tem ela] as plumas duma cegonha e a plumagem?

14 Pois ela deixa seus ovos na própria terra E os mantém quentes no pó,

15 E se esquece que algum pé pode esmagá-los Ou mesmo uma fera do campo pode trilhá-los.

16 Trata rudemente os seus filhotes, como se não fossem seus — Sua labuta é em vão, [porque não tem] pavor.

17 Porque Deus a fez esquecer a sabedoria E não lhe deu parte na compreensão.

18 No tempo em que bate [as asas] alto Ela se ri do cavalo e do seu cavaleiro.

19 Podes dar potência ao cavalo? Podes vestir seu pescoço com uma crina farfalhante?

20 Podes fazê-lo pular como um gafanhoto? A dignidade do seu resfôlego é aterradora.

21 Escarva na baixada e exulta em poder; Sai para enfrentar armamento.

22 Ri-se do pavor e não está aterrorizado; Nem retrocede por causa duma espada.

23 Sobre ele chocalha a aljava, A lâmina duma lança e um dardo.

24 Com retumbo e agitação devora a terra, E não acredita que seja o som duma buzina.

25 Assim que toca a buzina diz: Eia! E de longe cheira a batalha, A algazarra dos chefes e o grito de guerra.

26 É devido à tua compreensão que esvoaça o falcão, Que ele estende suas asas ao vento sulino?

27 Ou é às tuas ordens que a águia voa para cima E que constrói o seu ninho no alto,

28 Que ela reside num rochedo e passa a noite No pico dum rochedo e num lugar inacessível?

29 De lá tem de ir em busca de alimento; Seus olhos olham para longe.

30 E seus próprios filhotes sorvem sangue; E onde há os que foram mortos, ali está ela.”

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Capítulo 40 – Jeová repreende a Jó.

40 E Jeová passou a responder a Jó e a dizer:

2 “Acaso devia haver contenda da parte do caturra com o Todo-poderoso? Responda a isto o próprio repreendedor de

Deus.”

Jó humilha-se perante Jeová.

3 E Jó passou a responder a Jeová e a dizer:

4 “Eis que me tornei de pouca importância. Que te replicarei? Pus a minha mão sobre a boca.

5 Falei uma vez, e não vou responder; E duas vezes, e não vou acrescentar nada.”

Jeová pergunta se Jó é mais sábio e mais poderoso do que Ele.

6 E Jeová prosseguiu, respondendo a Jó de dentro do vendaval e dizendo:

7 “Por favor, cinge os teus lombos como um varão vigoroso; Eu te perguntarei e tu mo farás saber.

8 Realmente, invalidarás tu a minha justiça? Pronunciar-me-ás iníquo, a fim de teres razão?

9 Ou acaso tens um braço igual ao do [verdadeiro] Deus, E podes fazer trovejar com uma voz igual à sua?

10 Por favor, atavia-te com superioridade e eminência; E veste-te com dignidade e esplendor.

11 Dá vazão aos acessos de fúria da tua ira, E vê todo o altivo e rebaixa-o.

12 Vê todo o altivo, humilha-o, E calca os iníquos lá mesmo onde estão.

13 Encobre-os juntos no pó, Pensa as suas próprias faces no lugar encoberto,

14 E eu, sim eu, te elogiarei, Porque a tua direita pode salvar-te.

Jeová cita o beemote (hipopótamo) como exemplo de um animal poderoso, mas que foi criado por Ele mesmo.

15 Eis aqui o beemote que eu fiz tanto quanto a ti. Come erva verde assim como o touro.

16 Eis que seu poder está nas suas ancas E sua energia dinâmica nos cordões musculares do seu ventre.

Page 30: Pesquisa - Livro de Jó

17 Deixa pender a sua cauda como um cedro; Os tendões das suas coxas estão entrelaçados.

18 Seus ossos são tubos de cobre; Seus ossos fortes são como barras de ferro forjado.

19 É o princípio dos caminhos de Deus; Aquele que o fez pode levar perto a sua espada.

20 Porque os próprios montes lhe produzem os seus produtos, E todas as feras do campo divertem-se ali.

21 Deita-se debaixo dos lódãos espinhosos, No esconderijo de canas e no brejo.

22 Os lódãos espinhosos mantêm-no bloqueado com a sua sombra; Cercam-no os choupos do vale da torrente.

23 Quando o rio fica turbulento, não corre tomado de pânico. Mantém-se confiante, mesmo que o Jordão irrompa contra

a sua boca.

24 Pode alguém tomá-lo diante dos seus olhos? Pode alguém furar-lhe o nariz com laços?

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Capítulo 41 – Jeová dá outro exemplo de um animal poderoso, criado por Ele mesmo: o leviatã (crocodilo).

41 “Acaso podes puxar para fora o leviatã com um anzol Ou podes manter-lhe a língua abaixada com uma corda?

2 Podes pôr-lhe um junco nas narinas Ou furar-lhe a queixada com um espinho?

3 Far-te-á muitos rogos Ou dir-te-á palavras suaves?

4 Concluirá contigo um pacto Para que o tomes como escravo por tempo indefinido?

5 Divertir-te-ás com ele como se fosse um pássaro, Ou o atarás para as tuas moças?

6 Acaso o regatearão sócios? Acaso o dividirão entre os comerciantes?

7 Porventura encherás a sua pele de arpões Ou a sua cabeça de chuços de pesca?

8 Põe tua mão sobre ele. Lembra-te da batalha. Não o faças de novo.

9 Eis que certamente ficará desapontada a expectativa que se tem dele. Também se é arremessado para baixo à mera

vista dele.

10 Ninguém é tão audaz que o incite. E quem é que se pode manter firme diante de mim?

11 Quem me deu primeiro alguma coisa, que eu o deva recompensar? Debaixo dos céus inteiros, é meu.

12 Não me calarei sobre as suas partes Ou sobre a questão da [sua] potência e da graça das suas proporções.

13 Quem expôs a face da sua vestimenta? Quem entrará na sua queixada dupla?

14 Quem abriu as portas da sua face? Seus dentes em redor são aterradores.

15 Leiras de escamas são a sua altivez, Fechadas como que por um selo apertado.

16 Uma se ajusta bem à outra, E nem mesmo o ar pode penetrar entre elas.

17 Cada uma é apegada à outra; Agarram-se uma à outra e não podem ser separadas.

18 Seus próprios espirros fazem brilhar a luz E seus olhos são como os raios da alva.

19 Lampejos procedem da sua boca, Sim, faíscas de fogo escapam.

20 Das suas narinas sai fumaça, Igual a uma fornalha acesa com juncos.

21 A própria alma dele incendeia carvões, E até mesmo uma chama sai da sua boca.

22 No seu pescoço hospeda-se a força, E diante dele pula o desespero.

23 As dobras da sua carne se apegam uma à outra; Estão como que fundidas sobre ele, imóveis.

24 Seu coração é fundido como pedra, Sim, fundido como a mó inferior.

25 Por ele se levantar, amedrontam-se os fortes; Por causa da consternação, ficam confusos.

26 Ao alcançá-lo, a própria espada não se mostra à altura, Nem tampouco a lança, o dardo ou a ponta da flecha.

27 Considera o ferro apenas como palha, O cobre apenas como pau podre.

28 Uma flecha não o põe em fuga; As pedras de funda foram transformadas para ele em mero restolho.

29 O cacete foi considerado [por ele] como mero restolho, E ri-se do retinir do dardo.

30 Suas partes de baixo são como cacos pontiagudos; Estende sobre a lama um instrumento de debulhar.

31 Faz as profundezas ferver como panela; Faz o próprio mar igual a um pote de ungüento.

32 Atrás de si faz luzir a senda; Considerar-se-ia a água de profundeza como cãs.

33 Sobre o pó não há quem lhe seja igual, Alguém feito para não ter terror.

Page 31: Pesquisa - Livro de Jó

34 Vê tudo o que é alto. É rei sobre todas as feras majestosas.”

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Capítulo 42 – Jó faz uma retratação perante Jeová, assumindo seus erros e mostrando seu arrependimento, por suas

expressões errôneas.

42 E Jó passou a responder a Jeová e a dizer:

2 “Fiquei sabendo que és capaz de fazer todas as coisas, E não há idéia que te seja inalcançável.

3 ‘Quem é este que está obscurecendo o conselho sem conhecimento?’ Por isso falei, mas não estava entendendo

Coisas maravilhosas demais para mim, as quais não conheço.

4 ‘Ouve, por favor, e eu mesmo falarei. Eu te perguntarei e tu mo farás saber.’

5 Em rumores ouvi a teu respeito, Mas agora é o meu próprio olho que te vê.

6 Por isso faço uma retratação E deveras me arrependo em pó e cinzas.”

Jeová repreende Elifaz e seus companheiros e ordena que eles apresentem um sacrifico queimado. Também expressa que

aceitará a oração de Jó em favor deles, mostrando com considera Jó um justo ao passo que os considera inverídicos.

7 E sucedeu que, depois de Jeová ter falado estas palavras a Jó, Jeová passou a dizer a Elifaz, o temanita:

“Minha ira se acendeu contra ti e contra os teus dois companheiros, pois não falastes a verdade a meu respeito assim como fez meu servo Jó.

8 E agora, tomai para vós sete novilhos e sete carneiros, e ide ao meu servo Jó, e tereis de oferecer

um sacrifício queimado em vosso próprio favor; e o próprio Jó, meu servo, orará por vós. Somente aceitarei a face dele, para não cometer uma ignominiosa insensatez convosco, pois não falastes a verdade a meu respeito assim como fez meu servo Jó.”

9 Por conseguinte, Elifaz, o temanita, e Bildade, o suíta, [e] Zofar, o naamatita, foram e fizeram assim como Jeová lhes

falara; e, assim, Jeová aceitou a face de Jó.

Jeová recompensa Jó por todo o seu proceder fiel.

10 E o próprio Jeová fez recuar a condição cativa de Jó quando ele orou a favor dos seus companheiros, e,

adicionalmente, Jeová começou a dar em dobro tudo o que fora de Jó. 11

E foram ter com ele todos os seus irmãos e todas as suas irmãs, e todos os que antes o conheciam, e começaram a comer pão com ele na sua casa, e a compadecer-se dele, e a consolá-lo por toda a calamidade que Jeová deixara vir sobre ele; e passaram, cada um, a dar-lhe uma peça de dinheiro, e, cada um, uma argola de ouro.

12 Quanto a Jeová, ele abençoou o fim posterior de Jó mais do que seu princípio, de modo que veio a ter quatorze mil

ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas de gado vacum, e mil jumentas. 13

Veio a ter também sete filhos e três filhas. 14

E ele foi chamar a primeira pelo nome de Jemima, e a segunda pelo nome de Quezia, e a terceira pelo nome de Querém-Hapuque. 15

E não se achavam em todo o país mulheres mais bonitas do que as filhas de Jó, e seu pai passou a dar-lhes uma herança entre os seus irmãos.

16 Depois disso Jó continuou a viver por cento e quarenta anos, e chegou a ver seus filhos e seus netos — quatro

gerações. 17

E por fim morreu Jó, velho e saciado de dias.