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Pesquisa para a próxima semana (quarta, dia 02/9) 1) Em que constitui o princípio da supremacia do interesse público? Parte da doutrina fala de uma desconstrução e outra de uma reconstrução desse princípio. 2) Qual a diferença entre interesse público primário e secundário? 3) Leitura do texto disponível na reprografia (texto do Barroso). As normas de direito público, embora protejam reflexamente o interesse individual, têm o objetivo primordial de atender ao interesse público, ao bem-estar coletivo. Depois de superados o primado do Direito Civil e o individualismo que tomou conta dos vários setores da ciência, inclusive a do Direito, substituiu-se a ideia do homem como fim único do direito (própria do individualismo) pelo princípio que hoje serve de fundamento para todo o direito público e que vincula a Administração em todas as suas decisões: o de que os interesses públicos têm supremacia sobre os individuais. O Direito passou a ser visto como meio para a obtenção da justiça social, do bem comum, do bem-estar coletivo.

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Page 1: Pesquisa-2

Pesquisa para a próxima semana (quarta, dia 02/9)

1) Em que constitui o princípio da supremacia do interesse público?

Parte da doutrina fala de uma desconstrução e outra de uma reconstrução

desse princípio.

2) Qual a diferença entre interesse público primário e secundário?

3) Leitura do texto disponível na reprografia (texto do Barroso).

As normas de direito público, embora protejam reflexamente o interesse

individual, têm o objetivo primordial de atender ao interesse público, ao bem-

estar coletivo.

Depois de superados o primado do Direito Civil e o individualismo que tomou

conta dos vários setores da ciência, inclusive a do Direito, substituiu-se a ideia

do homem como fim único do direito (própria do individualismo) pelo princípio

que hoje serve de fundamento para todo o direito público e que vincula a

Administração em todas as suas decisões: o de que os interesses públicos têm supremacia sobre os individuais.

O Direito passou a ser visto como meio para a obtenção da justiça social, do

bem comum, do bem-estar coletivo.

É, pois, no âmbito do direito público, em especial do Direito Constitucional e Administrativo, que o princípio da supremacia do interesse público tem a sua sede principal.

Ocorre que, da mesma forma que esse princípio inspira o legislador ao editar

as normas de direito público, também vincula a Administração Pública, ao

aplicar a lei, no exercício da função administrativa.

O princípio do interesse público também é chamado de princípio da finalidade

pública, e a ele está intimamente ligado o princípio da indisponibilidade do

interesse público. Significa que sendo interesses qualificados como próprios da

coletividade – internos ao setor público – não se encontram à livre disposição

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de quem quer que seja, por inapropriáveis. O próprio órgão administrativo que

os representa não tem disponibilidade sobre eles, no sentido de que apenas

lhe incumbe curá-los. Essa disponibilidade está permanentemente retida nas

mãos do Estado (e de outras pessoas políticas, cada qual na própria esfera)

em sua manifestação legislativa. Por isso, a Administração e a pessoa

administrativa, autarquia, têm caráter instrumental. Destarte, os poderes

atribuídos à Administração têm o caráter de poder-dever.

O princípio do interesse público está expressamente previsto no artigo 2º,

caput, da Lei 9.784/99, e especificado no parágrafo único. Fica muito claro que

o interesse público é irrenunciável pela autoridade administrativa.

Quando há o desvio da finalidade pública prevista na lei, há o vício do desvio

de poder ou desvio de finalidade, que torna o ato ilegal.

O interesse público primário é a razão de ser do Estado e sintetiza-se nos

fins que cabe a ele promover: justiça, segurança e bem-estar social. Estes são

os interesses de toda a sociedade.

Já o interesse público secundário é o da pessoa jurídica de direito público

que seja parte em uma determinada relação jurídica – quer se trate da União,

do Estado-membro, do Município ou das suas autarquias. Em ampla medida,

pode ser identificado como o interesse do erário, que é o de maximizar a

arrecadação e minimizar as despesas.

Em nenhuma hipótese será legítimo sacrificar o interesse público primário com o objetivo de satisfazer o secundário.

A realização do interesse público primário muitas vezes se consuma apenas

pela satisfação de determinados interesses privados. Se tais interesses forem

protegidos por uma cláusula de direito fundamental, não há de haver qualquer

dúvida.

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Mesmo quando não esteja em jogo um direito fundamental, o interesse público

pode estar em atender adequadamente a pretensão do particular. É o que

ocorre, por exemplo, no pagamento de indenização pelos danos causados por

viatura da polícia a outro veículo; ou, ainda, no conserto de um buraco de rua

que traz desconforto para um único estabelecimento comercial. O interesse

público se realiza quando o Estado cumpre satisfatoriamente o seu papel,

mesmo que em relação a um único cidadão.

O interesse público secundário jamais desfrutará de supremacia a priori e abstrata em face do interesse particular.

O interesse público primário desfruta de supremacia porque não é passível de

ponderação. Ele é o parâmetro da ponderação. Em suma: o interesse público

primário consiste n melhor realização possível, à vista da situação concreta a

ser apreciada, da vontade constitucional, dos valores fundamentais que ao

intérprete cabe preservar ou promover.

Na solução desse tipo de colisão, o intérprete deverá observar, sobretudo, dois

parâmetros: a dignidade humana e a razão pública.

Se determinada política representa a concretização de importante meta coletiva (como a garantia da segurança pública ou da saúde pública, por

exemplo), mas implica a violação da dignidade humana de uma só pessoa, tal política deve ser preterida, como há muito reconhecem os publicistas

comprometidos com o Estado de direito.

Essa distinção foi feita porque começou a ser utilizada de forma indevida a

ideia do interesse público, privilegiando demais a administração. Todavia, na

realidade, tanto o primário quanto o secundário estão intimamente ligados.

Se o secundário não puser em prática o primário, a coisa fica perdida.

Quem, afinal, vai dizer o que é o interesse público? - é o prefeito? É o juiz?

Refletir.