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Pertencimento, tatuagem e presidiárias: o que tem de Interdisciplinar? Ivaneide Nunes Paulino Grizente [email protected] Doutoranda /HCTE/UFRJ Resumo Este estudo de natureza qualitativa e bibliográfica teve como finalidade refletir acerca do pertencimento de mulheres detentas ao seu parceiro (a) amoroso (a) através de tatuagens, enfatizando a Interdisciplinaridade como condição para sua realização. O estudo se justifica e ganha relevância, uma vez que ora, a sociedade assiste aos diversos movimentos e discursos acerca do empoderamento feminino. O estudo teve como pano de fundo, questões relacionadas com a sociologia, psicologia e filosofia, uma vez que abordou temas como corpo e sua trajetória como linguagem de expressão e fenômeno social; pertencimento à luz da psicologia; a tatuagem como expressão de Gênero – à luz da Antropologia e sociologia; mulheres nas prisões; tatuagem e cárcere. O estudo aponta que as mulheres historicamente estigmatizadas, até os dias atuais encontram-se sob a dominação masculina, fenômeno este, que inicia no próprio Estado, nas escolas e migra para a vida doméstica, muitas vezes ocorrendo de forma velada e tácita, nas pequenas atitudes quotidianas. Além disso o estudo chama a atenção para o fato de que o empoderamento feminino não se constitui enquanto realidade quotidiana, e que o alarmante número de mulheres presas no Brasil, em sua maioria maciça, é consequência de seus envolvimentos amorosos, relações estas, que ratifica pertencimento da mulher a um homem e que está impresso em seus corpos através de tatuagem. O estudo conclui ainda que, refletir tais questões supõe como condição, a interdisciplinaridade de distintas áreas de conhecimento. Palavras-chave: Pertencimento, Tatuagem de detentas, Interdisciplinaridade Século XXI, pós modernidade, avanços científicos e tecnológicos caminham a passos largos, transformações de cunho social se sobrepõem ao anteriormente estabelecido na sociedade num eterno recomeçar, e contínuo renovar. Assim caminha a humanidade! Por conseguinte, renovação supõe aperfeiçoamento das coisas práticas da vida, e estas são resultado do aperfeiçoamento das diversas áreas científicas, e pensar renovação da ciência, envolve certamente interdisciplinaridade. Nesse sentido, o presente trabalho se propõe a refletir sobre pertencimento de mulheres detentas ao

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Pertencimento, tatuagem e presidiárias: o que tem de Interdisciplinar?

Ivaneide Nunes Paulino Grizente [email protected]

Doutoranda /HCTE/UFRJ Resumo

Este estudo de natureza qualitativa e bibliográfica teve como finalidade refletir acerca do pertencimento de mulheres detentas ao seu parceiro (a) amoroso (a) através de tatuagens, enfatizando a Interdisciplinaridade como condição para sua realização. O estudo se justifica e ganha relevância, uma vez que ora, a sociedade assiste aos diversos movimentos e discursos acerca do empoderamento feminino. O estudo teve como pano de fundo, questões relacionadas com a sociologia, psicologia e filosofia, uma vez que abordou temas como corpo e sua trajetória como linguagem de expressão e fenômeno social; pertencimento à luz da psicologia; a tatuagem como expressão de Gênero – à luz da Antropologia e sociologia; mulheres nas prisões; tatuagem e cárcere. O estudo aponta que as mulheres historicamente estigmatizadas, até os dias atuais encontram-se sob a dominação masculina, fenômeno este, que inicia no próprio Estado, nas escolas e migra para a vida doméstica, muitas vezes ocorrendo de forma velada e tácita, nas pequenas atitudes quotidianas. Além disso o estudo chama a atenção para o fato de que o empoderamento feminino não se constitui enquanto realidade quotidiana, e que o alarmante número de mulheres presas no Brasil, em sua maioria maciça, é consequência de seus envolvimentos amorosos, relações estas, que ratifica pertencimento da mulher a um homem e que está impresso em seus corpos através de tatuagem. O estudo conclui ainda que, refletir tais questões supõe como condição, a interdisciplinaridade de distintas áreas de conhecimento. Palavras-chave: Pertencimento, Tatuagem de detentas, Interdisciplinaridade

Século XXI, pós modernidade, avanços científicos e tecnológicos caminham a

passos largos, transformações de cunho social se sobrepõem ao anteriormente

estabelecido na sociedade num eterno recomeçar, e contínuo renovar. Assim caminha

a humanidade!

Por conseguinte, renovação supõe aperfeiçoamento das coisas práticas da vida,

e estas são resultado do aperfeiçoamento das diversas áreas científicas, e pensar

renovação da ciência, envolve certamente interdisciplinaridade. Nesse sentido, o

presente trabalho se propõe a refletir sobre pertencimento de mulheres detentas ao

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parceiro amoroso (a) através de tatuagem, o que impõe a questionar, qual a relação da

tatuagem da presidiária com o parceiro (a) amoroso (a) enfatizando a

Interdisciplinaridade como condição Sine qua non, uma vez que para contextualizar

os temas e melhor compreendê-los, se faz necessário resgatar aspectos históricos,

sociais e psicológicos.

Dessa forma, o estudo encontra relevância quando se propõe a discutir

questões, de pertencimento feminino e a situação das mulheres em ambiente

carcerário, o que implica também, na questão da igualdade de gênero, além de

fortalecer discussão conscientização sobre sentido de pertencimento através da

tatuagem, que nesse contexto, é expressão de linguagem que reforça o sentido de

aprisionamento de mulheres encarceradas.

Refletir sobre essas questões requer aprofundamento interdisciplinar porque

temas diversos serão abordados, o que supõe também, pensar no pertencimento

através da tatuagem de sujeitos historicamente sem voz, que são as mulheres

presidiárias. Nesse contexto, refletir sobre tatuagem significa pensar no suporte que a

expõe, o corpo, que nessa perspectiva, assume lugar de linguagem de expressão.

Assim, e frente a necessidade de abordagem de diversas áreas de

conhecimento, a Interdisciplinaridade se impõe de forma efetiva e consistente, se

fortalecendo como um espaço articulador de diferentes saberes.

Breve história do corpo transmissor de mensagens.

Os diversos campos de conhecimento são unânimes quanto a lógica de que o

corpo fala, como por exemplo, a psicologia interpreta os gestos corporais como

valiosas ferramentas para explicar as emoções humanas, e é sustentada por diversas

obras de grande repercussão acadêmica e científica, e dentre as quais destaca-se Weil,

que em 2015 lançou sua 74a edição. “A linguagem do corpo: o que você precisa

saber” de David Cohen lançou sua 8a edição em 2014, já “A arte da linguagem

corporal” de James Borg foi lançada em 2011, ou seja: muitas obras discutem o corpo

como expressão de linguagem.

Já para a sociologia, a comunicação através do corpo se dá de acordo com o

tempo, a tradição e região, e assim, diversas questões adquirem representatividade,

como por exemplo, a identidade, memória, poder e beleza especialmente aqueles que

não utilizam a escrita como forma de comunicação, que é o caso dos indígenas. Além

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disso, é fato que, o corpo é o principal instrumento de desejo, sobretudo dos homens

em relação às mulheres.

Araújo (2005, p. 7), assinala que o corpo é o instrumento utilizado para

transmitir beleza, mas também mensagem de crueldade e sinais de rebeldia e de

apego. Nas palavras da autora, é o corpo transformado num verdadeiro manifesto do

estilo de vida que cada um quer ter. É o corpo que assume a função de transmitir

situações, episódios, emoções e identidades.

Assim o corpo se transforma em marca social, as quais, Le Breton (2007),

categorizou em três tipos: de acréscimo, remoção ou deformação. Le Breton é um

teórico interdisciplinar por formação, sociólogo, antropólogo e psicólogo, o autor

enxerga o corpo como um elemento político e através dele, podem ser reveladas as

desigualdades sociais e de gênero. “Viver é sempre jogar seu corpo no mundo: vendo,

escutando, experimentando. ” Afirma Le Breton.

Para o autor, as Tatuagens e piercings não são só formas de arte ou de

protesto, e sim uma maneira de subverter os padrões sociais. São formas de

personalizar, individualizar o corpo. E são também uma forma de arte.1

Aqui, delimitamos as reflexões sob as marcas de acréscimo, porque adquire

forte representatividade através de tatuagens, e estas apresentam uma diversidade de

significados e linguagens, quando ligadas à moda (LEITÃO, 2004); ligadas a

expressão de gênero (OSÓRIO,2006), e especialmente no ambiente carcerário,

(RIBEIRO e PINTO, 2013).

A tatuagem inserida no contexto de moda atingiu um grande número de

pessoas, tornou-se um fenômeno social, hoje em dia, fazer uma tatuagem está

fortemente ligado às práticas de consumo na qual as pessoas procuram para embelezar

seus corpos de acordo com as normas da moda do momento. Esse movimento teve

início em 1959, quando chegou ao nosso país um dinamarquês chamado Knud Harld

Likke Gregersen, vulgo Lucky, que se tornou o primeiro tatuador no Brasil, inclusive

de pessoas conhecidas como por exemplo, o surfista José Artur Machado, o “Petit”,

cujo reconhecimento social se deu por causa da alusão na música “menino do Rio2”,

que referencia o dragão tatuado em seu braço (MARQUES, 1997).

1Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/conte-algo-que-nao-sei/david-le-breton-sociologo-antropologo-psicologo-as-condutas-de-risco-sao-um-chamado-vida-18902734. 2 Canção composta por Caetano Veloso em 1980.

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Pensar a tatuagem, bem como quem as utiliza, implica ter consciência de

marcos temporais significativos em relação ao seu uso, uma vez que historicamente, a

tatuagem carregou consigo o estigma de seus primórdios, que era prioritariamente

utilizado por pessoas a margem da lei como prostitutas e arruaceiros, mas esse cenário

foi se modificando, e a tatuagem virou moda, atingindo seu ápice através da canção

de Caetano Veloso, que foi tema de abertura da novela Água Viva, exibida pela

Rede Globo de Televisão em 1980. Para Leitão (2004), esse fato contribuiu muito

para que a tatuagem se tornasse sucesso entre os jovens da Zona Sul do Rio de

Janeiro.

O terreno estava preparado: na onda da contracultura e embalada pelos meios de comunicação, a tatuagem enfim virou moda entre nós. De uma hora para outra, os filhos da ditadura militar quiseram se tornar meninos e meninas do Rio. O mercado nasceu e se expandiu com uma velocidade impressionante. Lojas de tatuagem começaram a ser abertas no Rio, em São Paulo, em Salvador e em outras capitais. Seus donos? Aquela mesma juventude que se encantou com as tatuagens que via ao vivo ou na mídia nas décadas de 1960 e 70. Agora estavam com a máquina e a tinta nas mãos. O resultado está aí, estampado na pele. (MARQUES, 1997, p. 3).

Assim, é possível perceber que o mercado continuou crescendo, e o que se

percebe atualmente é que a tatuagem nunca esteve tão na moda. Entretanto, até

recentemente era considerada na contramão dos bons costumes e excluída do

mainstream da moda na sociedade ocidental (GOULDING et al., 2004).

Celebridades como Angelina Jolie e Johnny Depp contribuíram para massificar

as mudanças na moda para adornar o corpo – e essas incluem a perfuração do corpo e

tatuagem – as atitudes mudaram, e mudaram a tal ponto que a aquisição de uma

tatuagem agora é visto como parte da cultura popular contemporânea (GOULDING et

al., 2004). A tatuagem passou de vilã ou comportamento desviante para parte da

cultura popular.

A tatuagem como expressão de Gênero – à luz da Antropologia e sociologia

Para Osório (2005, p. 79), a tatuagem, como um adereço do corpo é um signo

que implica em acréscimo no tocante ao gênero, especialmente no que diz respeito a

identidade de gênero. Uma tatuagem de um animal selvagem no braço torna o homem que a possui mais viril, com mais atributos da masculinidade: força, destruição, descontrole. Do mesmo modo, ter uma borboleta na nuca

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confere atributos femininos à mulher que a possui: delicadeza, charme, beleza, sedução.

Isto significa dizer que a tatuagem pode definir o gênero de quem a utiliza,

porque existem claras distinções nos desenhos e locais do corpo nos quais se

encontram as tatuagens de homens e mulheres. As tatuagens nas academias de musculação dividem-se em femininas, masculinas e unissex. Mulheres tendem a tatuar determinadas figuras, como rosas e flores em geral, estrelas, borboletas, lua, sol, [...] Águias, cruzes, panteras, tigres, dragões, demônios, caveiras, armas, arame farpado, sereias, mulheres nuas, tubarões, esqueletos com foice e capuz e, principalmente, cães da raça pitbull, são tatuagens masculinas.

Assim como os desenhos, Sabino e Luz (2006), lembram que os locais do

corpo também podem definir o gênero, as mulheres com maior frequência escolhem

locais como a nuca e a região lombar, o cóccix, seios, virilhas, sendo pés e

calcanhares também bastante utilizados. Os homens, no entanto, escolhem

prioritariamente o bíceps, e antebraço e não raro as panturrilhas.

Os desenhos de borboletas e flores, que sugerem delicadeza fragilidade são

atribuídos à maioria feminina, o que sugere dominação e superioridade masculina,

pois a tatuagem estaria relacionada com símbolo de fraqueza e subalternidade, já que

os homens prioritariamente preferem desenhos de dragões e tribais, que estão de

acordo com a ordem social, demonstrando garra e poder.

Mas, pensar a tatuagem e quem as possui, independente do gênero, implica ter

consciência de divisor temporal antes e após a década de 80. Para Perez (2006), a

partir dos anos 1980, o sentido estigmatizador referente ao uso da tatuagem começou a

perder força. Isso se deve, além de vários outros fatores, ao surgimento de modernas

lojas exclusivas, bem equipadas com material descartável e meios de promoção

diversificados. Muitos estúdios, atualmente, já não possuem aspecto “sujo”, remetem

a um lugar asseado, bonito, que impõe credibilidade.

Outro fator que também contribuiu para a amenização do estigma foi a

profissionalização dos tatuadores, o aperfeiçoamento da técnica e, sobretudo, as novas

formas de percepção do corpo como obra-prima de construção do sujeito e aberto a

transformações (LE BRETON 2007). A tatuagem torna-se, assim, uma das opções

estéticas procuradas pelas novas gerações.

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De acordo com Osório (2006), o estigma pode mudar de sentido dependendo

da situação, por exemplo, quando de alguma forma, o estigma é sentido de maneira

positiva, no caso do indivíduo que usa aquilo que o faz estigmatizado ser um fator

positivo em sua vida. (Pessoas que se aproveitam de uma deficiência física para tirar

algum proveito). Outro exemplo acontece quando alguém busca se diferenciar das

outras pessoas utilizando uma marca, um símbolo, uma tatuagem. Cabe dizer que a

tatuagem tem para eles o valor de signo essencial: diferenciar-se, sobressair na

multidão, ter algo que conceba sua singularidade, que lhes permita destacar-se do

grupo social a que pertencem.

Nessa perspectiva, homens e mulheres buscam imprimir em seus corpos, algo

que os distingue dos demais, e sobretudo, que ratifique sua condição de gênero, pois

basta uma breve observação nas ruas, para constatar que dificilmente, se vê um

homem com uma borboleta, fadas ou flores tatuadas no corpo. Da mesma forma, não é

comum se observar mulheres com tatuagens de caveira.

Pertencimento à luz da Psicologia e Sociologia

De acordo com Gastal e Pilati (2016), a questão do pertencimento enquanto

necessidade dos indivíduos foi primeiramente mencionada por Baumeister e Leary

(1995), sendo definida como uma motivação que seres humanos têm para

estabelecerem importantes laços sociais, desde que sejam positivos e traga algum tipo

de recompensa, mesmo que seja apenas sensação de bem-estar na convivência. Dessa

forma, ela também representa a necessidade de estar inserido em um grupo, mas essa

inserção deve satisfazer o indivíduo principalmente se existe um sentimento de

aceitação.

Esse sentimento de aceitação vai ao encontro das considerações de Bauman

(2005), quando pontua que a busca da identidade é provocada pelo desejo de

segurança. No entanto um paradoxo emerge, uma vez que: [...] se você deseja “relacionar-se” ou “pertencer” por motivo de segurança, mantenha distancia. Se espera e deseja realizar-se com o convívio, não assuma nem exija compromisso. Deixe todas as portas abertas. [...]A abundância dos compromissos oferecidos, mas principalmente a fragilidade de cada um deles, não inspira confiança em investimentos de longo prazo no nível das relações pessoais ou íntimas (BAUMAN, 2005 p. 36).

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As considerações de Bauman no trecho acima permitem também refletir

sobre as turbulências que envolvem as relações amorosas e sobretudo, pensar a

Identidade e Pertencimento das mulheres quando estabelecem relações íntimas com

um parceiro, mas que, por ocasião de circunstâncias impostas pela vida, elas se

tornam presidiárias, ou melhor: refletir sobre o sentido de pertencimento de mulheres

detentas em relação aos seus parceiros (as) amorosos (as), frente a um cenário de

relações frágeis e descompromissadas, considerando a realidade constatada pelos

organismos competentes quanto ao alarmante índice no qual a maioria das

mulheres foi presa por se relacionar com homens envolvidos com o crime; e

60%respondem por tráfico de drogas.

Assim, o sentido de pertencimento é entendido como uma condição (ainda

que temporária) dos indivíduos, uma vez que ao criar uma teia de vínculos com o

ambiente que os cercam, estes vínculos representam estímulos aos quais os indivíduos

reagem emocionalmente e permitem à pessoa o sentimento de pertencer ao ambiente

que a cerca.

O sentimento de pertencer, por ser fruto de experiências vivenciadas pela pessoa, tem influência significativa na qualidade das decisões tomadas e na capacidade do ser humano de captar informações e de se relacionar com outras pessoas. Quanto maior o sentimento de pertencer, maior a facilidade para a pessoa tomar decisões adequadas a ela. A pessoa deve buscar satisfazer as suas necessidades preferencialmente em um ambiente do qual se sinta parte integrante. (Disp. em:http://www.osentidodavida.com.br/pertencimento.html

O trecho acima permite refletir sobre o pertencimento enquanto consequência

de convivência de relações estabelecidas, e que têm como base a confiança. O trecho

“Quanto maior o sentimento de pertencer, maior a facilidade para a pessoa tomar

decisões adequadas a ela”, sugere que os indivíduos tendem a tomarem decisões que

julgam acertadas com base também em um sentimento de pertencimento ao outro.

Talvez isso explique fatos corriqueiros que se vivencia, nos quais muitas vezes as

mulheres (mesmo no século XXI) ainda são totalmente dependentes dos maridos,

sendo incapazes de tomarem decisões até mesmo quanto a vida prática, como

economia doméstica etc.

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O sentido de pertencimento, também encontra suas bases no campo da

psicologia, e uma das principais, é a teoria de Maslow3, nela, o autor sustenta que os

indivíduos são motivados por tipos diferentes de necessidades de acordo com o

momento, justificando por exemplo, que, o ser humano dependendo da ocasião,

concentra tempo e energia em segurança pessoal, já em outro momento, em conseguir

uma opinião pessoal favorável por parte de outro.

Tais motivações - diferenciadas sob momentos distintos - são explicadas em

Maslow, como hierarquia das necessidades humanas, o autor as categorizou na ordem

da mais urgente para a menos urgente, sob a forma de pirâmide, conforme figura a

seguir:

Figura 1 - Pirâmide das Necessidades humanas - segundo Maslow

Fonte: Adaptado de Imagens google

Conforme figura acima, Maslow categorizou as necessidades humanas conforme a ordem de urgência/importância na qual, na base da pirâmide estão as necessidades fisiológicas, acima, estão as necessidades de segurança, em seguida amor e relacionamento, (pertencimento) seguido da necessidade de estima e por último a necessidade de auto realização. Para o autor, a necessidade de pertencimento encontra-se no nível 3 pela ordem de urgência, o que significa que o ser humano segundo ele, necessita prioritariamente satisfazer suas necessidades orgânicas, depois as de segurança, e logo em seguida, a de pertencimento, esta, emerge inclusive, antes de estima, o que significa que é necessário

3Abraham Harold Maslow foi um psicólogo americano, conhecido pela proposta Hierarquia de necessidades de Maslow.

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antes, pertencer para então desenvolver sentimento de estima, o que indica que o sentido de pertencimento é de suma importância na vida do ser humano, e isso se intensifica normalmente, quando é a mulher que está em questão, especialmente, quando as questões de relacionamentos amorosos estão no cerne da discussão porque tradicionalmente, a dominação masculina é um fenômeno social. Para Bourdieau (2002), a dominação masculina ocorre desde os espaços macros (Estado, Escolas etc.), aos micros (vida doméstica) estes, se configuram sob a violência simbólica, nas pequenas coisas quotidianas, nos pequenos gestos e palavras. Tais gestos de subordinação podem levar a consequências drásticas, como indicam pesquisas e informações do sistema carcerário, que muitas vezes as mulheres são obrigadas por seus parceiros a traficarem drogas, e fatalmente são presas. Mulheres nas Prisões - um pouco de história

De acordo com Rio (2007), no ano de 1920, as mulheres detentas, eram em sua

grande maioria, pertencentes a mesma classe social, e tinham o mesmo perfil. São moradoras do morro da Favela, das ruelas próximas ao quartel general, dos becos que desaguam no largo da Lapa, das ruas da Conceição, S. Jorge e Nuncio. Quase sempre brigavam por causa de uma “tentação” que tentava e pretendia satisfazer as duas. Outras atiraram-se à cara dos apaixonados num desespero de bebedeira. (RIO, 2007, p. 195).

A obra do jornalista João do Rio, dedica parte a retratar o perfil das mulheres

detentas e afirma que eram faveladas, negras, alcoólatras, e muitas delas, vítimas de

distúrbios neurológicos. À época, Rio apurou que na cadeia visitada haviam menos de

sessenta mulheres.

- Quantas presas? Há atualmente cinquenta e oito, divididas por três salas,

uma das quais é enfermaria. (RIO, 2007, p. 194). Fazendo um paralelo com as

detentas atuais, de acordo com Varella (2017), só no Presídio Feminino da Capital,

em São Paulo, existem 2400 prisioneiras.

Antes da década de 1940, não era previsto legalmente o encarceramento das

mulheres, não se pensava nas mulheres como criminosas, ou pior: as mulheres não

ocupavam espaço na agenda de discussão acerca de qualquer assunto que envolvesse

sua cultura ou sociologia, afinal [...]tradicionalmente, a investigação criminológica

tendeu a ignorar as mulheres, já que a criminalidade é um fenômeno

predominantemente masculino (FREITAS, 2013, p. 5), assim:

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O confinamento de mulheres em prisões (locais ou em penitenciárias) existia, desde, pelo menos, o século XVIII. Entretanto, este encarceramento acontecia sob condições muito variadas, sem qualquer regulamentação, até pelo menos a década de 1820 na Europa. O encarceramento das mulheres era praticado de acordo com os desígnios das autoridades responsáveis pela detenção. Não havia obrigatoriedade legal de aprisionar mulheres separadas dos homens, de modo que se a autoridade responsável pela detenção não o fizesse, não responderia legalmente por isso. (ARTUR, 2011 p. 28

De acordo com Aguirre (2017), a única inovação da segunda metade do século

XIX, em termos de prisões, foi a abertura de prisões exclusivamente femininas na

América latina. A iniciativa de criar centros de detenção femininos não provinha, geralmente, das autoridades do Estado nem dos reformadores de prisões, mas de grupos filantrópicos e religiosos. As irmãs do Bom Pastor, congregação que havia sido muito ativa na administração de prisões de mulheres em países como o Canadá e a França, começaram a administrar tais casas de correção em Santiago do Chile (1857), Lima (1871) e Buenos Aires (1880). (AGUIRRE, 2017 p. 50-51).

Tal iniciativa, ocorreu devido aos diversos problemas encontrados com as

mulheres que até então, ocupavam espaços masculinos nas prisões, o que ocasionava

diversos problemas para a administração, e para as próprias mulheres.

No Brasil, a previsão Legal para prisões femininas só passou a existir por foça

do Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 que diz: § 2º As mulheres

cumprem pena em estabelecimento especial, ou, à falta, em secção adequada de

penitenciária ou prisão comum, ficando sujeitas a trabalho interno.

Com isso, foi inaugurada a primeira penitenciária exclusiva para mulheres,

que nasceu e permaneceu por mais de trinta anos, sob a gestão de um grupo religioso,

a Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor, que desenvolvia

prioritariamente a prática do trabalho doméstico junto às detentas e reforçavam a

divisão dos papéis sociais entre mulheres e homens, fortalecendo a domesticação do

regime de execução penal (ARTUR, 2011).

Atualmente o número de mulheres presas no Brasil alcançou índices

alarmantes, De acordo com o Ministério da Justiça/MJ-INFOPEN (2015), o número

de detentas cresce a cada ano, conforme demonstrado abaixo, considerando o marco

temporal do ano 2000 até o ano 2014.

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Gráfico 1 - número de mulheres presas por ano.

Fonte: MJ-Infopem (2015).

O gráfico mostra que, salvo exceção do ano de 2005 em relação ao ano de

2004, a curva representativa ascende a cada ano, o que sinaliza que a população

carcerária feminina atualmente no Brasil, é uma realidade crescente. Vale lembrar

que a L11.343, (Lei das drogas), foi instituída em 23 de agosto de 2006, quando o

ano já se findava, começando a surtir efeito no ano de 2007, e nela consta: [...] Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências.

A referida lei em vigor, talvez explique o índice elevado de mulheres presas

no Brasil de 17.216 no ano de 2006 para 19.034 em 2007, e que a partir daí os índices

só aumentaram, até o ano demarcado para estudo pelo Ministério da Justiça, 2014.

Mas, a que se deve tal fato? Quais práticas sociais explicariam esse fenômeno?

Contraditoriamente, talvez, o amor.

A humanidade historicamente, é permeada por diferentes contextos nos quais

o amor sempre esteve em debate. Apesar de diferentes paradigmas na trajetória social,

o que há em comum nesses contextos é que o amor emerge como um fator que

estimula ações sócio culturais de distintas vertentes, e inclusive na ilicitude das

coisas. Assim, a afetividade surge como um fator de suma importância para o

envolvimento da mulher no tráfico de drogas.

5601568758979863

1647312925

1721619034

2160424292

28188293473182432882

37380

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

200020012002200320042005200620072008200920102011201220132014

NÚMER

ODEMULH

ERESPRE

SASPO

RAN

O.

PERÍODO

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Além disso, há fortes indícios que a pluralidade de significados do amor para

essas mulheres são o resultado das representações sociais estabelecidas a partir de

práticas quotidianas de suas vidas, que as conduzem a relacionamentos pautados pela

milenar sujeição da mulher ao homem, especialmente quando as necessidades

familiares estão no cerne da questão.

A mulher traficante de drogas, assim identificada pelo sistema jurídico-normativo no momento de sua prisão, é também esposa, companheira, namorada, mãe e filha, e desempenha diferentes papéis sociais no seu cotidiano. A partir dessas variadas identidades, a mulher passa a compreender-se como sujeito no meio em que vive, pautado por suas práticas de acordo com os referenciais simbólicos que a inserem em lugares específicos na sociedade. Nesse contexto as tradições culturais tendem a colocar a mulher numa posição de submissão e assujeitamento à figura masculina –seja ao pai, irmão ou companheiro. (COSTA, 2008, P. 22)

Por outro lado, a Lei de Execução Penal – LEP - no Brasil, Lei 7.210, de 11 de

julho de 1984, em relação às mulheres, prevê que: § 2o Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de idade. Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a penitenciária de mulheres será dotada de seção para gestante e parturiente e de creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir a criança desamparada cuja responsável estiver presa.

Como é possível observar, a LEP já prevê condições para atender às mulheres

detentas, observando as necessidades a elas inerentes, respeitando a condição de

gênero, e prevendo o atendimento das necessidades peculiares das mulheres. No

entanto, indaga-se: tais condições previstas em Lei, realmente são atendidas?

Tatuagem e cárcere.

As tatuagens no ambiente carcerário vêm ganhando destaque, pois nesse

sentido, elas adquirem um universo de significados que lhe é peculiar. As tatuagens na

cadeia tornaram-se tão expressivas, que a Secretaria de Segurança Pública da Bahia

lançou uma cartilha com o significado de desenhos, a partir de trabalho realizado com

presidiários.

No sistema prisional brasileiro ou de qualquer país, os detentos se tatuam para mostrar a facção á qual pertencem, os crimes que cometeram. As tatuagens não são feitas para enfeitar ninguém, elas

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revelam quem é o preso, o crime que praticou e o que se deve sentir por eles, seja medo, ódio ou desprezo. Na verdade, as tatuagens de cadeia são uma forma de comunicação dos presos em assuntos que não gostam de comentar e só quem está integrado a esse “meio marginal” flagra tais informações. (Disponível em: ttps://forcapolicial.wordpress.com/2010/01/18/tatuagem-de-cadeia/).

Para a polícia, as tatuagens dos criminosos representam um elemento que pode

auxiliar nas informações a respeito dos criminosos, e também na captura de outros,

além de fornecer importantes subsídios sobre sua possível filiação a uma facção

criminosa.

Além do interesse policial, a tatuagem de cadeia vem ocupando espaços

sociais, contando histórias, despertando curiosidade e promovendo eventos, como é o

caso da exposição promovida por um estúdio de tatuagem conforme demonstrado na

figura a seguir:

Figura 2 – cartaz de divulgação de exposição sobre tatuagem & cárcere.

Fonte:ttps://nettootribestattoo.wordpress.com/2014/08/29/exposicao-tatuagem-e-carcere/ Conforme o cartaz acima, o evento expõe a tatuagem nas prisões como

principal atração de uma exposição que apresenta também outras atividades, mas,

como é possível observar na figura 2, o destaque é para a tatuagem & cárcere.

No que diz respeito a tatuagem e mulheres presidiárias, elas também se fazem

muito presentes, e fazem parte da história das mulheres que se envolvem com o

crime, conforme figura abaixo:

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Figura 3 – Foto de mulher com o nome do marido/traficante no braço

Fonte: Jornal Extra.Edição de 11 de dezembro de 2014

Figura 4 – Detalhe de tatuagem de presa em homenagem ao marido

A foto, com a frase “Marcelo Amor Eterno! ”, segundo a reportagem do Jornal,

é uma homenagem ao parceiro amoroso da presa, e trata-se de um traficante de alta

periculosidade, o que sugere e reafirma o corpo como linguagem de expressão.

Conclusões

O presente estudo, teve como principal questão, o significativo aumento do

número de prisões de mulheres, e esta, em consequência de seus envolvimentos

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amorosos, com isso, o objetivo foi refletir acerca do pertencimento feminino através

das tatuagens de mulheres presas.

O estudo de cunho qualitativo e bibliográfico, constatou que tais reflexões são

altamente interdisciplinares, uma vez que só pôde ser realizado à luz de áreas

distintas de conhecimento sobretudo a sociologia e a psicologia.

O estudo constatou que, muito embora a sociedade ora presencie movimentos

que defendem e acreditam no empoderamento feminino, a realidade parece não

estabelecer uma relação concreta com tal premissa, pois, o próprio número de

mulheres presas por seus envolvimentos amorosos infelizmente demonstra que até

para cometer crimes, a mulher ainda é submissa ao homem, e inclusive marcam a

subalternidade em seus corpos através de tatuagem aparente, a qual expõem através

de um veículo de comunicação.

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