relações de identidade e pertencimento

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  • 8/18/2019 Relações de Identidade e Pertencimento

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    Autores:Lucas da Silva MartinezCarina da Silva Prestes

    Josiane Rodrigues Araújo

    Orientadora: Dra. Regina Celia Do Couto

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    Objetivo

    Conhecer a história local do município combase em informações investigadas sobre oClube 24 de Agosto e a luta da classe negra no

    .

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    Tema do trabalho/Situação inicial

    O presente trabalho surgiu através de umaproposta de ensino   de história realizada peladisciplina Ensinar e Aprender História, do curso

    ,Pampa.

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    Justificativa do trabalho

    Saber quais aspossi i i a es edivertimento que existiampara os negros

     jaguarenses, em umcontexto histórico pós-abolicionista, em 1918.

    Lei 10.639/03 que institui aobrigatoriedade do ensino dacultura africana e afro-brasileirainserida na Lei de Diretrizes eBases da Educação

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    ARROYO (2007, p.18) contribui para a idealizaçãodesta proposta quando aponta que:

    Na hora de fazer um percurso, estudar história, por

    exemplo, tem que ser a história da política, a história dasmulheres? Por que não pode ser a história dos negros? Ahistória dos quilombolas, a história do campo, a históriados “sem”? Por que não poderia ser outra história, outraforma de contar a história? Por que não fazemos isso?

    Porque não consideramos esses coletivos populares comosujeitos de história, mas como pacientes de história. Ounem pacientes, mas como alguém que deveria conhecer anossa história.

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    Metodologia

    Análise dos

    documentos

    Entrevistas com ossujeitos protagonistas de

    sua história que

    Clubeparticipavam ou aindaparticipam ativamente domesmo

    Perspectiva de história oral temática

    (SCHMIDT; CAINELLI, 2004)

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    Fundamentação teórica que sustenta otrabalho

    Para a realização deste trabalho,dialogamos com autores da perspectiva crítica epós- crítica do currículo, tais como Torres

    -,(2009). Dialogamos também com Arroyo (2007).

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    Um pouco dos relatos

    Tivemos dois entrevistados

    Nosso primeiro entrevistado foi o Sr. N.M.C, 57 anos,presidente atual do clube, no dia 17/0514, no espaço

    do Clube 24 de A osto. Ele nos contou um ouco dahistória que estava contida nos estatutos do clube.

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    Um pouco dos relatos

    Dando prosseguimento aotrabalho,entrevistamos a Sra. M.B., 52 anos, 1ªrainha do carnaval na sede atual do Clube 24 de

    , .

    Traremos aqui apenas dois relatos da Sr. M.B

    devido ao grande número de informações daentrevista:

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    Perguntamos à Sra. M.B. quais pessoas

    podiam ir nas festas. Ela nos respondeu queos clubes que eles iam eram os Clubes “24” eo Suburbano que eram os clubes de negros.Ela somente entrou nos clubes Jaguarense e

    Harmonia uando foi rainha or ue não erapermitido que os negros entrassem, Segundoela, quem abriu as portas para que os negroscomeçassem a participar de outros clubes foi“24”, que começou a abrir para os brancos.Ela nos contou como foi a primeira vez queentrou lá no Clube Jaguarense:

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    Me lembro de quando eu fui rainha, que fui entrar no Jaguarense. Sabe que eu não estava com amínima vontade de fazer visita lá, eu queria ficar nomeu Clube que a gente ficava tão pouco tempo. O“24” dava 2 bailes e o Suburbano dava 2 também,então era assim: o Clube “24” fazia o primeiro bailee no segundo era o Suburbano. Nós tínhamos asvisitas para fazer nos outros clubes entãoaproveitava muito pouco. Daí o dia que eu fui no

     Jaguarense, estava todo mundo na porta ali, daí anunc aram que era para a ra n a o en rar.Eles tocavam sempre a mesma musica de entradamas para minha entrada eu lembro que tocaramaquela música “Nega do cabelo duro”. Me deu “umacoisa” assim, mas eu pensei : “tenho que sambar”.Depois, lá dentro do salão tinha gente que fazia cara

     feia. Eu já não gostava de ir lá, porque penso assim: por que a gente tem que ir lá se sabemos que nãosomos bem-vindos?.” 

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    As moças não podiam sairem escolas de samba ou blocos na

    avenida. As moças que saiam paraas ruas era rotuladas como“mulheres da vida”. A essas não eradada consideração nem respeito.

    moças de família, era como setivessem uma doença contagiosaque ao se misturar fossem ficariguais.

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    Um fato marcante segundo nossaentrevistada, é que em sua lembrança daépoca, nos contou que quando era jovemnos anos 1970 até 1980, lembra que ela eas colegas da mesma idade tinham que terbom comportamento para permanecer nos

    bailes do clube. Dentro do clube existiamregras que deveriam ser rigidamentecumpridas como: não podia beijar dentrodo salão; não podia dançar de rosto colado;

    “sentar no colo então, nem pensar”. Nãopodia dar “carão”, ou seja, qualquer um quetirasse para dançar tinham que aceitar. Umadas estratégias era sentar perto do

    banheiro, assim podiam fugir.

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    Se estas regras não fossem cumpridas, nahora seriam retirados do salão. Se uma “moça”

    engravidasse e não fosse casada, recebia em suaresidência uma carta da diretoria do clube dizendoque a mesma não poderia mais frequentar omesmo ambiente que moças de família. Ela lembra

    ,mesma não receber tal punição, ela e as amigastiveram que esconder com faixas a barriga damoça para que ninguém percebesse a gravidez eesta conseguisse se divertir por mais tempo masnão deu muito certo pois em seguida foidescoberta.

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    Concluímos na nossa entrevista com a Sra.M.B que ela é uma eterna apaixonada peloClube e que não mediu esforços para que o

    disse “Sinto que o clube é um pouco meu,porque tem a minha história”.

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    Fotos da Sra. M. B.

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    Discussões e resultados

    Estudar a história local permitiu-nos:1)perceber sua importância e nos apropriarmos doconhecimento histórico - partir do local para chegar

    até o regional, nacional e mundial bem comodescobrir;

    2)criar narrativas advindas dos fatos históricos quenós não presenciamos, mas que fazem parte do

    contexto da nossa cidade;3)conhecer os movimentos de luta e resistência dacomunidade do Clube.

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    Esse trabalho nos ajudou a conhecer formasde trabalharmos, enquanto professores, a histórialocal e trazer à tona as culturas que por vezes sãodesconhecidas ou ensinadas de formaestereotipada como geralmente é a história dos

    ne ros nos contextos escolares.Precisamos reduzir a distância dessa história,

    mostrando a versão daqueles que nunca foramescutados ou valorizados em seus contextos,

    reduzindo a desigualdade social e, enquantocurrículo, fazer com que todas as culturas sejamvalorizadas.

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    Através de nossa pesquisa, podemosabordar a historia local de nosso município deuma forma antes não tão clara. Hoje podemos

    “ ”.Hoje não vemos o Clube 24 de Agosto como umlocal apenas de festas, mas como um espaço de

    luta e de resistência, onde grupos e culturas semantiveram firmes lutando por seu espaço nasociedade.

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    A pesquisa possibilitou-nos, diminuir adistância ente a história ensinada e a nossalocalidade, conhecendo a história partindo das

    ,como perceber as relações de identidade epertencimento que esse clube produziu nos seus

    integrantes.

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    Referências

    ARROYO, Miguel. Balanço da EJA: o que mudou nos modos devida dos jovens-adultos populares?. REVEJ@ - Revista deEducacao de Jovens e Adultos, v. 1, n. 0, p. 1-108, ago. 2007

    SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar história.São Paulo, 2004, Scipione. (Pensamento e ação no magistério)

    SILVA, Tomaz T. Curr cu o e I ent a e Soc a : Terr t r osContestados. In: SILVA. Tomaz T. Alienígenas na sala de aula. 8 ed.Petrópolis, Vozes, 2009

    TORRES SANTOMÉ, Jurjo. As culturas negadas e silenciadas no

    currículo. In: SILVA. Tomaz T. Alienígenas na sala de aula. 8 ed.Petrópolis, Vozes, 2009

    VEIGA-NETO, Alfredo. Incluir para excluir. In: Larrosa, Jorge; Skliar,Carlos. Habitantes de Babel: políticas e poéticas da diferença. Belo

    Horizonte, MG. Autêntica, 2. ed. 2011.