período composto, concordância nominal e figuras sonoras

108
PORTUGUÊS 229 49 – Orações subordinadas substantivas 50 – A coesão textual no texto dissertativo 51 e 52 – Prática de Redação (11) 53 – Orações subordinadas adjetivas 54 – Prática de Redação (12) 55 Emprego do pronome relativo 56 – Correção, clareza, concisão e coerência (I) 57 e 58 – Prática de Redação (13) 59 – Orações subordinadas adverbiais 60 – Correção, clareza, concisão e coerência (II) 61 – Prática de Redação (14) 62 – Revisão de período composto 63 – Figuras sonoras ou de harmonia 64 e 65 – Prática de Redação (15) 66 – Concordância nominal Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras – Módulos Anglicismo 1 (FATEC – MODELO ENEM) Não importa se você acredita (I) que sucesso é resultado de sorte ou competência (II), por que te oferece - mos os dois (III): o melhor servidor com uma imperdível condição de pagamento. (Texto de anúncio publicitário) Assinale a alternativa contendo análise correta de fatos de língua pertinentes a esse texto. a) A oração (I) exerce a mesma função sintá- tica que a oração (II) – ambas são complemento de verbos. b) É coerente, no contexto, associar a ideia de sorte a – imperdível condição de pagamento e a ideia de competência a – o melhor servidor. c) A redação do texto obedece aos princípios da norma culta, apresentando clareza e correção gramatical. d) O receptor do anúncio é tratado de maneira uniforme no texto, em 3. a pessoa. e) A oração III tem equivalente sintático e de sentido em – portanto te oferecemos os dois. Resolução Em a, o erro está em que a oração (I) exerce a função de sujeito de “importa”. Ao contrário do que se afirma em c e em d, a redação da frase publicitária foge à norma culta na grafia “por que”, em lugar de “porque” e na mistura dos pronomes de 2. a e de 3. a pessoa (você e te). O erro de e está em que a oração analisada é explicativa, não conclusiva. Resposta: B Texto para a questão B. Há amores que não vingam porque fulano não consegue decidir se seria bom ou não sair da casa da mãe, sicrana se pergunta se deveria casar-se já ou dedicar primeiro uma década à sua profissão. (Contardo Calligaris) B (MODELO ENEM) – Os termos destaca- dos classificam-se como a) conjunção integrante, pronome reflexivo, conjunção integrante e parte integrante do ver- bo. b) índice de indeterminação, conjunção integran- te, pronome reflexivo e conjunção integrante. c) pronome apassivador, pronome reflexivo, conjunção integrante e conjunção integrante. d) conjunção integrante, pronome reflexivo, pronome apassivador e parte integrante do ver- bo. e) pronome reflexivo, pronome apassivador, parte integrante do verbo e conjunção inte- grante. Resolução As duas conjunções classificadas como inte- grantes introduzem orações subordinadas subs- tantivas objetivas diretas que complementam, respectivamente, os verbos decidir e perguntar. Resposta: A 49 Orações subordinadas substantivas • Subjetiva • Objetiva direta • Apositiva • Predicativa

Upload: others

Post on 24-Oct-2021

7 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 229

49 – Orações subordinadas

substantivas

50 – A coesão textual no texto

dissertativo

51 e 52 – Prática de Redação (11)

53 – Orações subordinadas adjetivas

54 – Prática de Redação (12)

55 – Emprego do pronome relativo

56 – Correção, clareza,

concisão e coerência (I)

57 e 58 – Prática de Redação (13)

59 – Orações subordinadas

adverbiais

60 – Correção, clareza, concisão e

coerência (II)

61 – Prática de Redação (14)

62 – Revisão de período composto

63 – Figuras sonoras ou de harmonia

64 e 65 – Prática de Redação (15)

66 – Concordância nominal

Período Composto, Concordância Nominal eFiguras Sonoras – Módulos

Anglicismo

1 (FATEC – MODELO ENEM) – Não importase você acredita (I) que sucesso é resultado desorte ou competência (II), por que te oferece -mos os dois (III): o melhor servidor com umaimperdível condição de pagamento.

(Texto de anúncio publicitário)

Assinale a alternativa contendo análise corretade fatos de língua pertinentes a esse texto.a) A oração (I) exerce a mesma função sin tá -tica que a oração (II) – ambas são comple mentode verbos.b) É coerente, no contexto, associar a ideia desorte a – imperdível condição de pagamento –e a ideia de competência a – o melhor servidor.c) A redação do texto obedece aos princípiosda norma culta, apresentando clareza ecorreção gramatical.d) O receptor do anúncio é tratado de maneirauniforme no texto, em 3.a pessoa.

e) A oração III tem equivalente sintático e desentido em – portanto te oferecemos os dois.Resolução

Em a, o erro está em que a oração (I) exerce afunção de sujeito de “importa”. Ao contrário doque se afirma em c e em d, a redação da frasepublicitária foge à norma culta na grafia “porque”, em lugar de “porque” e na mistura dospronomes de 2.a e de 3.a pessoa (você e te). Oerro de e está em que a oração analisada éexplicativa, não conclusiva.Resposta: B

Texto para a questão B.

Há amores que não vingam porque fulanonão consegue decidir se seria bom ou não sairda casa da mãe, sicrana se pergunta se deveriacasar-se já ou dedicar primeiro uma década àsua profissão.

(Contardo Calligaris)

B (MODELO ENEM) – Os termos destaca -dos classificam-se comoa) conjunção integrante, pronome reflexivo,conjunção integrante e parte integrante do ver -bo.b) índice de indeterminação, conjunção inte gran -te, pronome reflexivo e conjunção integrante.c) pronome apassivador, pronome reflexivo,conjunção integrante e conjunção integrante.d) conjunção integrante, pronome reflexivo,pronome apassivador e parte integrante do ver -bo.e) pronome reflexivo, pronome apassivador,par te integrante do verbo e conjunção inte -grante.Resolução

As duas conjunções classificadas como inte -gran tes introduzem orações subordinadas subs -tantivas objetivas diretas que comple mentam,respectivamente, os verbos decidir e perguntar.Resposta: A

49Oraçõessubordinadas substantivas

• Subjetiva • Objetiva direta

• Apositiva • Predicativa

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:04 Page 229

Page 2: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS230

1 Numa época em que tempo e espaço são exíguos, de ve -mos procurar transmitir mensagens verbais conci sas, compoucas palavras, desde que isso não preju di que a clareza e aexpressão completa da informação.Buscando a economia de palavras, seu desafio é trans formar osperíodos compostos a seguir em períodos sim ples, com um sóverbo. Dica: um dos verbos deve ser transformado em subs -tantivo.

a) Nossos amigos exigiam que voltássemos imedia tamente.RESOLUÇÃO:

Nossos amigos exigiam a nossa volta imediata.

b) Nessa situação, preciso que você me apoie.RESOLUÇÃO:

Nessa situação, preciso do seu apoio.

2 Transcreva da tirinha as orações subordinadas substantivas e classifique-as.RESOLUÇÃO:

a) “que a Terra era chata com monstros e mistérios em volta” – objetiva direta.

b) “que a Terra não passa de uma esfera com átomos” – objetiva direta.

c) “que a Terra é mais chata ainda” – objetiva direta.

3 Agora faça o inverso do exercício anterior, ou seja, converta um período simples em composto. Analise a função sintática do termogrifado em I e, a seguir, em II, transforme esse termo na oração subor dinada subs tan tiva correspondente, classifican do-a. Presteatenção na correlação entre o verbo da principal e o verbo da subordinada.

a) I. Comentava-se a fuga do preso.

II. Comentava-se que o preso fugira.________________________________________________________________________________________

Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Subjetiva_______________________

b) I. Desejamos o seu ingresso na universidade.

II. Desejamos que você ingresse na universidade.________________________________________________________________________________________

Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta_______________________

( S )

( OD )

ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS

desempenham função sintática própria do substantivo e são subordinadas a uma oração principal.

Funcionam como

• sujeito da principal — subjetiva • objeto direto da principal — objetiva direta• objeto indireto da principal — objetiva indireta • predicativo do sujeito da principal — predicativa• complemento nominal da principal — completiva nominal • aposto da principal — apositiva

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:04 Page 230

Page 3: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 231

c) I. Informei-o da partida de sua amada.

II. Informei-o de que sua amada partira._____________________________________________________________________________

Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta___________________________

d) I. Minha esperança é o triunfo da paz.

II. Minha esperança é que a paz triunfe.____________________________________________________________________________________

Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Predicativa___________________________

e) I. Coloco apenas uma condição: a devolução dos meus documentos.

II. Coloco apenas uma condição: que devolva os meus documentos.__________________________________________________________________________

Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Apositiva___________________________

f) I. Havia necessidade de nossa presença na reunião.

II. Havia necessidade de que estivéssemos presentes na reunião._____________________________________________________________________________________

Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal___________________________________

( CN )

( AP )

( PS )

( OI )

OBSERVAÇÕES

I. Frequentemente, a oração subordinada subs tan tiva éintroduzida pela conjunção integrante que, conforme vistonos exemplos anteriores.

II. A oração subordinada substantiva também pode serintroduzida pela conjunção integrante se. Exemplo: “Não seise ela estranhou o calor da minha alegria” (...) (RubemBraga).

III. Embora a Nomenclatura Gramatical Brasi leira não regis -tre, o agente da passiva também pode apa recer em formade oração. Exemplo: “As or dens são dadas por quem pode.”(F. Namora)

IV. As orações subordinadas substantivas que não são intro -duzidas pelas conjunções integrantes que e se (conectivas)são chamadas de justa postas, por estarem colocadas juntoàs orações principais. São iniciadas por pronomes e advér -bios inter rogativos (quem, quantos, por que, quando, como,onde etc.) que exercem função sintática.

Exemplos

Não se sabe quem cometeu o crime.oração subordinada substantiva subjetivaquem: sujeito da oração subordinada

A polícia investiga por que mataram o empresário.oração subordinada substantiva objetiva diretapor que: adjunto adverbial de causa da oração subordinada

Tinha medo de quantos o cercavam.oração subordinada substantiva completiva nominalquantos: sujeito da oração subordinada

Obs.: Os verbos acreditar, precisar, gostar e outros quenormalmente regem preposição podem prescindir dela antesde complemento oracional.

Exemplos

Acredito em você. / Acredito que você me ajudará. VTI OI VTD O. Direto oracional

ou

Acredito em que você me ajudará.VTI O. Indireto oracional

Preciso de sua ajuda. Preciso que você me ajude.VTI OI VTD O. Direto oracional

ou

Preciso de que você me ajude.VTI O. Indireto oracional

Observe que com complemento oracional é usual o em pre -go desses verbos sem preposição.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:04 Page 231

Page 4: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

D Classifique as orações subordinadas substantivas extraídas deDom Casmurro, de Machado de Assis.(1) objetiva direta (2) subjetiva (3) objetiva indireta (4) completiva nominal (5) predicativa

a) “Vi que a emoção dela era outra vez grande, mas não recuava deseus propósitos...” ( )

b) “De repente, cessando a reflexão, fitou em mim os olhos de ressaca,e perguntou-me se tinha medo.” ( )

c) “Se me acudisse ali uma injúria grande ou pequena, é possível quea escrevesse também...” ( )

d) “Ao mesmo tempo tomei-me do receio de que alguém nos pudesseouvir...” ( )

e) “O bonito é que cada um de nós queria agora as culpas parasi...” ( )

f) “No dia seguinte, arrependi-me de haver rasgado o discurso...( ) Pensei em recompô-lo, mas só achei frases soltas...” ( )

RESOLUÇÃO: a) 1; b) 1; c) 2; d) 4; e) 5; f) 3, 3.

Texto referente às questões E e F.

E (FAP) – A oração "...que escove os dentes..." é uma subor dinadasubstantiva...a) subjetiva, pois exerce a função de sujeito da oração principal.b) predicativa, pois exerce a função de predicativo do sujeito da oração

principal.c) apositiva, pois funciona como aposto de um termo da oração prin cipal.d) objetiva indireta, pois exerce a função de objeto indireto do verbo

da oração principal.e) completiva nominal, pois exerce a função de complemento no minal

de um termo da oração principal.RESOLUÇÃO: A oração que escove os dentes é sujeito de É muito im por -tante. Resposta: A

F (FAP) – Em ...que você escove os dentes... a palavra des ta cada éa) pronome relativo. b) conjunção subordinativa integrante.c) pronome substantivo. d) pronome interrogativo.e) conjunção adverbial.Resposta: B

PORTUGUÊS232

1. (UNIFOR) – No período

a oração sublinhada tem a mesma classificação da oração tambémsublinhada em:a) ...prefigure o mundo de amanhã, até no que possa ter de pertur -

bador.b) Recordemos que mais da metade da população mundial não tem

acesso...c) ...concorrem para moldar a sociedade do futuro, que não

corresponderá...d) ...esta livre circulação de imagens e palavras que prefigure o

mundo de amanhã.e) ...não tem acesso aos diversos serviços que vêm sendo ofe re cidos.RESOLUÇÃOTanto na oração do enunciado quanto na da alternativa, trata-se deoração subordinada substantiva objetiva direta. Nas demais alterna -ti vas, o quê é pronome relativo e as orações são adjetivas.Resposta: B

A questão de número 2 refere-se ao texto abaixo.

2. (PUC) – Observe o emprego da partícula que em:(1) “... esperou que a água marejasse...”(2) “... olhando as estrelas, que vinham nascendo.”

a) Indique, respectivamente, o valor morfológico da referida partí -cula em (1) e em (2).

RESOLUÇÃOEm 1, a palavra que é conjunção subordinativa integrante. Em 2, é pronome relativo.

b) Que tipo de oração introduz em (1)?RESOLUÇÃOIntroduz oração subordinada substantiva objetiva direta.

“Fabiano tomou a cuia, desceu a ladeira, encaminhou-se ao rioseco, achou no bebedouro dos animais um pouco de lama. Cavoua areia com as unhas, esperou que a água marejasse e, debruçando-se no chão, bebeu muito. Saciado, caiu de papo para cima, olhandoas estrelas, que vinham nascendo. Uma, duas, três, quatro, haviamui tas estrelas, havia mais de cinco estrelas no céu. O poentecobria-se de cirros – e uma alegria doida enchia o coração deFabiano.”

(Graciliano Ramos, Vidas Secas)

Não podemos esquecer que nume rosas populações carentesvivem afastadas...,

Aplicações

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 232

Page 5: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 233

50A coesão textualno texto dissertativo

• Encadeamento sintático

• Elementos de ligação

Um texto bem redigido apresenta, necessariamente, perfeita articulação de ideias. Para obtê-la, é necessário promover oencadeamento semântico (significado, ideias) e o encadeamento sintático (mecanismos que ligam uma oração à outra). A coesão(elemento da frase A retomado na frase B) é obtida, principalmente, por meio dos elementos de ligação que proporcionam as relaçõesnecessárias à integração harmoniosa de orações e parágrafos em torno de um mesmo assunto (eixo temático).

Com base em um levantamento elaborado por Othon Moacyr Garcia (Comunicação em Prosa Moderna ), rela cionamos oselementos de coesão mais usuais, agrupados pelo sentido.

Segundo Celso Cunha, certas palavras têm classificação à parte, por isso convém “dizer apenas palavra ou locução denotativa” dea) inclusão: até, inclusive, mesmo, também etc. b) exclusão: apenas, exceto, salvo, senão, só, somente etc.c) designação: eis d) realce: cá, lá, é que, só etc.e) retificação: aliás, ou antes, isto é, ou melhor etc. f) situação: afinal, agora, então, mas etc.

Causa e consequência,

explicação { por consequência, por conseguinte, como resultado, por isso, por causa de, em virtude de,assim, de fato, com efeito, tão… que, tanto… que, tal… que, tamanho… que, porque,porquanto, pois, que, já que, uma vez que, visto que, como (= porque), portanto, logo, pois(posposto ao verbo), que (= porque).

em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessamaneira, logo, pois.

Resumo, recapitulação,

conclusão {

Lugar, proximidade,

distância { perto de, próximo a ou de, junto a ou de, dentro, fora, mais adiante, aqui, além, acolá, lá, ali,algumas preposições e os pronomes demonstrativos.

com o fim de, a fim de, com o propósito de, para que, a fim de que.

Surpresa, imprevisto { inesperadamente, inopinadamente, de súbito, imprevistamente, surpreenden te mente,subitamente, de repente.

Certeza, ênfase { decerto, por certo, certamente, indubitavelmente, inquestionavelmente, sem dúvi da,inegavelmente, com toda a certeza.

Dúvida { talvez, provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é provável, não é certo, se é que.

Adição, continuação { além disso, (a)demais, outrossim, ainda mais, ainda por cima, por outro lado, também e asconjunções aditivas (e, nem, não só ... mas também etc.).

Condição, hipótese { se, caso, salvo se, contanto que, desde que, a menos que etc.

Semelhança,

compa ra ção,

conformidade { igualmente, da mesma forma, assim também, do mesmo modo, similarmente,semelhantemente, analogamente, por analogia, de maneira idêntica, de conformidade com,de acordo com, segundo, conforme, consoante sob o mesmo ponto de vista, tal qual, tantoquanto, como, assim como, bem como, como se.

Propósito, intenção, finalidade {Ilustração, esclareci men to { por exemplo, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber.

Tempo (frequência,

du ração, ordem,

su ces são,

anterioridade,

pos te rio ri dade){

então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo após, a princípio, pouco antes, poucodepois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim, finalmente, agora,atualmente, hoje, frequentemente, constantemente, às vezes, eventualmente, por vezes,ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesseínterim, nesse meio tempo, enquanto, quando, antes que, depois que, logo que, sempre que,assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, já, mal.

em primeiro lugar, antes de mais nada, primeiramente, acima de tudo, preci puamente,principalmente, primordialmente, sobretudo.{Prioridade, relevância

Proporcionalidade { à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto mais, quanto menos.

Alternativas { ou ... ou, ora ... ora, quer ... quer, seja ... seja, já ... já, nem ... nem.

Contraste, oposição,

restrição, ressalva { pelo contrário, em contraste com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia, entretanto,embora, apesar de, ainda que, mesmo que, posto que, conquanto, se bem que, por maisque, por menos que, no entanto, não obstante.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 233

Page 6: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS234

Texto para as questões de A a D.

A ameaça de uma bomba atômica estámais viva do que nunca. Os conflitosétnicos mataram quase 200 chineses sóno mês de julho. Agora uma boa notícia:a paz mundial pode estar a caminho.Segundo estimativas de pesquisadores,o mundo está bem menos sangrento doque já foi. Cerca de 250 mil pessoasmorrem por ano em consequência dealgum conflito armado. É bem menos doque no século 20, que teve 800 milmortes anuais em sua 2.a metade e 3,8milhões por ano até 1950.

O que aconteceu? O psicólogo StevenPinker diz que o aumento do número dedemocracias ajudou. Assim como a nossasaúde: como a expectativa de vida subiu,temos mais medo de arriscar o pescoço.Até a globalização teria contribuído: ummundo mais integrado é um mundo maistolerante, diz Pinker.

Revista Superinteressante

A (MACKENZIE – MODELO ENEM) – É cor -reto afirmar que o objetivo principal do texto éa) apresentar dados numéricos a respeito doaumento da violência no mundo contem po râ -neo.b) demonstrar as causas de mortes violentas apartir do início do século 20 e discutir as reaispossibilidades de se resolver um problema queparecia não ter solução.c) suscitar discussões a respeito do aumentoda expec tativa de vida após o início das de mo -cracias.

d) alertar a respeito do possível fim da pazmundial, considerando a iminente ameaça debomba atômica.e) refletir acerca da diminuição da violência nomundo, considerando tanto dados do passado,como alterações no modo de vida contemporâ -neo.Resolução

O texto apresenta dados estatísticos que com -provam a redução da violência no mundo.Resposta: E

B (MACKENZIE – MODELO ENEM) – Osdois-pontos utilizados nas linhas 17 e 19 podemser substituídos, sem prejuízo do sentido origi -nal do texto, por:a) “portanto” (linha 17) e “porém” (linha 19).b) “pois” (linha 17) e “uma vez que” (linha 19).c) “logo” (linha 17) e “conquanto” (linha 19).d) “embora” (linha 17) e “não obstante” (linha19).e) “porém” (linha 17) e “porque” (linha 19).Resolução

A conjunção pois (explicativa) e a locução con -juntiva uma vez que (causal) estabelecem aade quada relação entre as orações no período.Resposta: B

C (MACKENZIE – MODELO ENEM) – As -sina le a alternativa correta.a) A relação semântica entre os dois primeirosperíodos do texto (linhas de 01 a 05) estabeleceideia de contra dição.b) A expressão arriscar o pescoço (linha 18)indicia o tom formal adotado pelo produtor dotexto.c) Até (linha 19) é partícula que expressa limitetemporal posterior, uma vez que aponta conclu -sões assumidas pelo psicólogo.d) A palavra étnicos (linha 03) esclarece que os

conflitos são motivados por intolerância entrepovos com origens culturais e históricas dife -ren tes.e) A forma verbal diz (linha 15) evidencia que avoz do psicólogo é introduzida no texto pormeio do discurso direto.Resolução

Etnia, segundo o dicionário Houaiss, é uma“cole ti vi da de de indivíduos que se diferenciapor sua espe ci fi cidade sociocultural, refletidaprincipalmente na lín gua, religião e maneiras deagir”, portanto, “con flitos étnicos” refere-se àintolerância entre povos de etnias diferentes.Resposta: D

D (MACKENZIE – MODELO ENEM) – Se -gun do estimativas de pesquisadores, o mundoestá bem menos sangrento do que já foi (linhas06 a 08).Assinale a alternativa que apresenta paráfrasemais adequada da frase acima, considerado ocontexto.a) O mundo já não está tão catastrófico, é o queprovam os pesquisadores com suas esti ma tivas.b) Os relatórios de pesquisas confirmam ahipótese de que o mundo já foi mais agressivo.c) A redução do número de mortes na socie da -de foi de encontro aos cálculos dos estudiosos.d) De conformidade com o que estimam oscientistas, a sociedade em geral já foi maisviolenta do que hoje.e) Os cientistas confirmam as estimativas: omundo já deixou de ser sangrento.Resolução

A única paráfrase adequada é a que se refere a“esti ma tivas”, ou seja ao que estimam ouavaliam os pes qui sadores ou cientistas. O erroda e está em afirmar, não a diminuição daviolência, mas o seu fim.Resposta: D

010203040506070809101112131415161718192021

Texto para as questões de 1 a 8.

Por mais tentadores que fossem os encantos da “Corte de Saint James”, como ele [Assis Chateaubriand1] se referia àInglaterra, era a sedução exercida pela política brasileira que o atraía permanente mente para o eixo Rio – São Paulo. Sobretudonaquele final de 1959: no ano seguin te haveria eleições presidenciais e em poucos meses seria inaugurada a chamada “obra doséculo” – Brasília; a nova capital brasileira, uma cidade nascida do nada, construída no meio do mato em três anos por Kubitschek.Mesmo sendo devedor ao presidente por sua nomeação para um dos mais cobiçados empregos do Brasil, Chateaubriandtornou-se um adversário público da mudança da capital. Ainda que permitisse a seus jornais cobertura jornalística simpática aoempreendimento, ele pessoalmente, em artigos assinados, era implacável nas críticas ao presidente, a quem chamava de “o faraóKubitschek”. (...)

1 Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo (1892-1968), conhecidocomo Assis Chateaubriand (pronúncia: xatobriã), foi um grande empresárioda imprensa. Fundou diversos jornais e revistas, criou o Museu de Arte deSão Paulo (MASP), que leva o seu nome, e foi o responsável pela introdução

da televisão no Brasil, com a TV Tupi, a primeira emissora da América Latina.Elegeu-se senador pela Paraíba, seu estado natal, serviu como embaixador doBrasil na Inglaterra e era membro da Academia Brasileira de Letras.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 234

Page 7: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 235

Mesmo tendo jurado, de maneira teatral, jamais pôr os pés na futura capital do Brasil, à medida que se aproximava a data dainauguração ele foi mudando de posição, argu men tan do que o mal maior – a construção – já estava feito e agora não restavaalternativa senão ocupar a cidade. Na noite de Natal, enquanto vestia o smoking para ir a um jantar da alta socie dade carioca,brigou com seu amigo e principal repórter, David Nasser, exatamente porque o jorna lista atacara a nova capital em artigos publicadosna revista O Cruzeiro:

— Todo mundo já reconhece a grandeza de Brasília, de Furnas, de Três Marias. Só você insiste em ser contra, turco maldito.Só você, com esse seu eterno pessimismo. Por quê? Por que não muda de ideia, como eu mudei?

(Fernando Morais, Chatô: o rei do Brasil)

1 (FMTM – MODELO ENEM) – O emprego reiterado deconectivos concessivos (observar os destacados) cumpre, notexto, o papel de argumento lógico paraa) definir o ponto de vista de Chateaubriand, coerente com apolítica brasileira.b) compor a imagem de Chateaubriand como um homem deposturas e atitudes contraditórias.c) expor os interesses que havia por trás do projeto de cons -trução da capital brasileira.d) denunciar as incoerências da política de JuscelinoKubitschek, ao insistir em mudar a capital do país.e) conciliar os pontos de vista divergentes de Chateaubriand eKubitschek sobre o progresso do país.RESOLUÇÃO:

Resposta: B

Para responder às questões de números 2 e 3, atenha-se àseguinte passagem do texto:

2 (FMTM) – Analise as seguintes afirmações acerca dessetrecho:I. Sobretudo significa especialmente e introduz, no parágrafo,uma ideia que destaca a razão do interesse de Chateaubriandpelo eixo Rio – São Paulo.II. A escolha do tempo verbal de haveria e seria indica que osfatos previstos não ocorreram.III. Os dois-pontos introduzem a informação que associa areferência temporal – naquele final de 1959 – à ideia de que apolítica brasileira seduzia Chateaubriand.

Está correto o que se afirma ema) I, apenas. b) II, apenas. c) I e II, apenas.d) I e III, apenas. e) II e III, apenas.RESOLUÇÃO:

Resposta: D

3 (FMTM) – Assinale a alternativa em que a subs tituição dotrecho – haveria eleições – no contexto apresenta concordânciaverbal de acordo com a norma culta.a) Iam haver eleições. b) Devia terem eleições.c) Ia ocorrer eleições. d) Deviam acontecer eleições.e) Ia sucederem eleições.RESOLUÇÃO:

Resposta: D

4 (FMTM – MODELO ENEM) – Observe as relações de sen -tido que existem entre atraía e repelia (I = antônimos) e en trecrítica e censura (II = sinô nimos). Essas relações se repe tem ema) I – implacável e tolerante; II – sedução e desencanto.b) I – nomeação e designação; II – cobiçado e ambicionado.c) I – público e privado; II – construída e erigida.d) I – adversário e antagonista; II – empreendimento e empresa.e) I – grandeza e impotência; II – devedor e credor.RESOLUÇÃO: Resposta: C

“…à medida que se aproximava a data de inauguração elefoi mudando de posição, argumentando que o mal maior – aconstrução – já estava feito e agora não restava alternativa

senão ocupar a cidade.”

5 A relação que as orações destacadas estabelecem noperíodo é, respectivamente, dea) tempo e adição. b) proporção e consequência.c) causa e oposição. d) tempo e conclusão.e) proporção e condição. RESOLUÇÃO: Resposta: B

6 A oração “senão ocupar a cidade” é reduzida, porque overbo está no infinitivo. A preposição que a introduz pode sersubstituída, sem alteração do sentido, pora) do contrário. b) mas sim. c) de outro modo.d) porém. e) a não ser. Resposta: E

7 “Na noite de Natal, enquanto vestia o smoking para ir a

um jantar da alta sociedade carioca, brigou com seu amigo eprincipal repórter, David Nasser, exatamente porque o jorna -

lista atacara a nova capital em artigos…”A relação que se estabelece entre as orações destacadas é,respecti va mente, dea) condição, finalidade, explicação.b) simultaneidade, tempo, consequência.c) alternância, conclusão, oposição.d) tempo, finalidade, causa.e) adição, explicação,oposição. Resposta: D

8 Identifique a relação que se estabelece entre as orações doúltimo período do texto.RESOLUÇÃO: A relação entre as orações é de comparação

(“Porque não muda de ideia como eu mudei?”).

Sobretudo naquele final de 1959: no ano seguinte haveriaeleições presidenciais e em poucos meses seria inauguradaa chamada “obra do século” – Brasília; a nova capitalbrasileira, uma cidade nascida do nada, construída no meiodo mato em três anos por Kubitschek.

Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL

OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”,digite PORT2M301

No Portal Objetivo

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 235

Page 8: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS236

A (IBMEC – MODELO ENEM) – Levando-seem conta os aspectos textuais e visuais datirinha, assinale a alternativa correta.a) A pergunta de Helga, no primeiro quadrinho,revela que ela quer pedir o divórcio.b) O humor da tira se constrói a partir da pos -sibi lidade de Helga ter se casado por duas ve zes.c) A pergunta de Eddie Sortudo, no segundoquadrinho, evidencia a ideia de que Hagar é umbom marido.d) A graça da tira está no fato de Eddie Sortudopartir da pressuposição de que Helga não esti -ves se se referindo a Hagar, seu único marido.e) A fisionomia de Hagar, nos dois quadrinhos,denota sua irritação com o fato de Helga ter selembrado de seu ex-marido.Resolução

Como Helga referiu-se a Hagar na 3.a pessoa(“o marido”), Eddie Sortudo entendeu que setra tava de outro homem.Resposta: D

B (IBMEC – MODELO ENEM) – Considereas afirmações:I. No primeiro quadrinho, a sequência dosadjetivos (esbelto, bonito, espirituoso) resulta naintensificação progressiva de seus significados,dando origem à figura de estilo chamada dehipérbole.II. Se em vez de empregar o verbo “haver”(para indicar tempo decorrido), Helga utilizasse overbo “fazer”, segundo a norma culta, o períododeveria ser assim reescrito: o que aconteceucom o marido esbelto, bonito e espirituoso como qual casei fazem vinte anos?III. A oração “com o qual casei” é subordinadaadjetiva restritiva.Está(ão) correta(s):a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III.d) I e II. e) I e III.

Resolução

A oração “com o qual casei” é adjetiva restritivaporque não se refere a qualquer marido, masàquele com quem Helga se casou. Por ser res -tri tiva, deveria vir entre vírgulas. Em I, não setra ta de hipérbole (exagero), mas sim de gra da -ção; em II, o verbo fazer, indicando tempodecorrido, é impessoal, fica na 3.a pessoa dosingular: com o qual casei faz vinte anos.Resposta: C

Texto para a questão C.

UM BALNEÁRIO HISTÓRICO

Guarujá deve ter herdado o nome ("guaru-yá") do termo indígena que indicaria a passa -gem estreita entre a praia das Pitangueiras, amais central, e a praia dos Astúrias, que já foichamada de praia do Guarujá.

Além de Pitangueiras e Astúrias, a ilhatem praias mais recônditas, como Tombo eGuaíba. Tem ainda praias movimentadas, casoda Enseada, cuja história se confunde com ado imigrante de origem libanesa MiguelEstefno; do Pernambuco / Jequitimar, onde

reinaram a quatrocentona Veridiana da SilvaPrado e o pioneiro Fernando Lee, em cuja ilhado Arvoredo fazia experimentações com ener -gias alternativas (eólica, das marés etc.) e cole -cio nava plantas e aves exóticas.

(Folha de São Paulo, 21 de agosto de 2008.)

C (PUC – MODELO ENEM) – Assinale aalternativa que indica a que se referem os pro -no mes sublinhados no texto “Um Balneário his -tórico”, na ordem em que aparecem,a) Guarujá; termo indígena; Enseada; Pernam -buco / Jequitimar; Fernando Lee.

b) termo indígena; praia dos Astúrias; Enseada;Pernambuco / Jequitimar; Fernando Lee.c) Guarujá; Pitangueiras; Enseada; Veridiana daSilva Prado; Fernando Lee.d) praia dos Astúrias; termo indígena; Pernam -buco / Jequitimar; Enseada; Fernando Lee.e) Guaru-yá; praia dos Astúrias; caso da Ensea -da; Fernando Lee; Veridiana da Silva Prado.Resolução

Os antecedentes dos pronomes relativos, ouseja, os termos que eles retomam, são semprecontíguos a esses pronomes, em geral imedia -ta mente próximos, como em todos os casosocorrentes no texto dado. Não há possibilidadede confusão neste teste: para responder cor -reta mente, bastava atenção e adequado enten -dimento do texto, que não oferecia dificuldade.Resposta: B

Considere o trecho seguinte para responder àquestão D.

Há o lado policial, ou de guerra, com osEstados Unidos construindo muros e forta -

lecendo a repressão em suas linhas de junçãocom o território mexicano. E há o lado políticoe econô mico: o da imigração. Um homemmexi cano de 35 anos, com nove de instrução,pode ganhar 132% a mais trabalhando nosEstados Unidos.

D (FATEC-2010 – MODELO ENEM) – As ora -ções em cujo interior estão os verbos construin -do e fortalecendo, destacados no trecho dotexto, equivalem a orações subordinadas adje -ti vas (reduzidas de gerúndio). Assinale a alter -nativa em que essas orações encontram-sedesenvolvidas adequadamente.a) ... Estados Unidos ainda que construammuros e que fortaleçam a repressão...b) ... Estados Unidos, onde se constroemmuros e se fortalecem a repressão...c) ... Estados Unidos, que constroem muros eque fortalecem a repressão...d) ... Estados Unidos logo que constroemmuros e fortalecem a repressão...e) ... Estados Unidos no qual constroem murosque fortalecem a repressão...Resolução

A única alternativa que desenvolve adequada -men te as duas orações reduzidas de gerúndioé a c, que as transforma em orações subordi -na das adjetivas co orde nadas entre si. Resposta: C

53Oraçõessubordinadas adjetivas

• Pronomes relativos

• Referência ao antecedente

Utilize a tirinha abaixo para responder os testes A e B.

(Dik Browne, O melhor de Hagar, o Horrível, L&PM)

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 236

Page 9: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 237

1 Transforme os dois períodos em um só, composto de duasorações, evitando a repetição dos termos grifados.a) Encontramos os documentos. Procurávamos os docu mentosavidamente.

b) A pessoa o traiu covardemente. Ele sempre confiou na pessoa.

c) O diretor retirou-se da sala. Os argumentos do diretor foramrecusados.

d) O supermercado tem ótimas ofertas. Eu compro no super -mercado toda semana.

e) O rapaz deu-me as informações necessárias. Dirigi-me aorapaz.

Se você teve dificuldades para transformar os perío dos doexercício anterior e evitar a repetição de palavras, examineatentamente o quadro sobre o emprego dos pronomes relativos.

Os pronomes relativos são usados para estabelecer rela ção desubordinação entre duas orações. Ao em pre garmos umpronome relativo, substituímos, na oração subordinada, umtermo contido na oração anterior.

2 (UFSCar) – O que não é pronome relativo na opção:a) "Não há mina de água que não o chame pelo nome, comarrulhos de namorada."b) "Não há porteira de curral que não se ria para ele, comrisadinha asmática de velha regateira."c) "— Me espere em casa, que eu ainda vou dar uma espiadana novilhada parida da vereda."d) "— Tenho uma corrente de prata lá em casa que anda atrás deuma trenheira destas para pendurar na ponta."e) "Quem seria aquele sujeito que estava de pé, encostado aobalcão, todo importante no terno de casimira?"RESOLUÇÃO:

Resposta: C

RESOLUÇÃO:

Encontramos os documentos que procurávamos avidamente.

RESOLUÇÃO:

A pessoa em quem ele sempre confiou traiu-o covardemente.

RESOLUÇÃO:

O diretor cujos argumentos foram recusados retirou-se da sala.

RESOLUÇÃO:

O supermercado onde (em que) compro toda semana tem ótimas

ofertas.

RESOLUÇÃO:

O rapaz a quem me dirigi deu-me as informações necessárias.

PRONOMES RELATIVOS

QUE

Substitui um termo da oração anterior.

É antecedido por preposição se o nome ouverbo a que se associa a exigir.

Exemplos: Contou a novidade que todos jáconheciam. Comprou o carro de que gostara.Chegaram os livros com que vou terminar meutrabalho.

O QUAL

Usa-se, preferencialmente, depois depre po sições com mais de uma sílaba.

Substitui o que para evitar ambiguidade.

É antecedido por preposição se o nome ouverbo a que se associa a exigir.

Exemplos: A testemunha falou a verdade aojuiz perante o qual depôs. O guia da tur ma, oqual se atrasou, era novo na em pre sa. (Repare,neste último exemplo, que o uso do queacarretaria ambi gui da de.)

QUEM

Usa-se com referência a pessoas.

Substitui aquele que.

De preferência, concorda com o verbo na ter -cei ra pessoa do singular.

É antecedido por preposição se o nome ouverbo a que se associa a exigir.

Exemplos: João foi quem me defendeu.Foi embora Júlia, por quem todos se apai xo -naram.

ONDE

Usa-se com referência a lugar.

Substitui em que, na qual.

Exemplos: Esta é a rua onde moro.Va mos seguir o caminho por ondepasso to dos os dias.

CUJO

Indica posse.

Substitui substantivo ou pronomeprece dido da preposição de.

É antecedido por pre posição exigidapelo verbo que o segue.

Exemplos: Recordava apenas dosescri tores de cujos livros havia gostado.Visi tava sempre as primas em cuja casapassara a infância.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 237

Page 10: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

3 (UNICAMP-SP) – A organização sintática dada a certostrechos exige do leitor um esforço desnecessário deinterpretação. Abaixo você tem um exemplo disso."Ao chegar ao ancoradouro, recebeu Alzira Alves Filha um colarindígena feito de escamas de pirarucu e frutos do mar, queestava acompanhada de um grupo de adeptos do MovimentoEvangélico Unido." (Folha de S. Paulo)a) Reescreva o trecho, apenas alterando a ordem, de forma atornar a leitura mais simples.

b) Com base na solução que você propôs, explique por que, doponto de vista da estrutura sintática do português, o trechoacima oferece dificuldade desnecessária para a compreensão.

4 Identifique o trecho que apresenta ambiguidade no períodoabaixo. Explique como o duplo sentido poderia ser evitado.

A esposa do médico que apoiou o projeto de clonagemterapêutica festejou a aprovação da lei.

5 Leia cada uma das frases e assinale a alternativa que explicao seu significado.I. A criança que convive com outras crianças é mais des -contraída.a) Toda criança convive com outras crianças e é mais descon traída.b) Algumas crianças que convivem com outras crianças sãomais descontraídas.RESOLUÇÃO: Resposta: B

II. O artista, que emociona as pessoas com sua interpretação,merece o mais sincero aplauso.a) Todo artista emociona as pessoas com a sua interpretação emerece o mais sincero aplauso.b) Alguns artistas que emocionam as pessoas com a suainterpretação merecem o mais sincero aplauso.RESOLUÇÃO: Resposta: A

6 Classifique as orações adjetivas destacadas, colo cando Rpara as restritivas e E para as explicativas. Coloque vírgula antesda oração adjetiva, quando se tratar de explicativa.a) Convocaram os candidatos, mas somente os que falavammais de uma língua estrangeira.Convocaram os candidatos que falavam mais de uma línguaestrangeira.

RESOLUÇÃO: Convocaram os candidatos que falavam mais de uma

língua estrangeira.

b) Convocaram os candidatos e descobriram que eles falavammais de uma língua estrangeira.Convocaram os candidatos que falavam mais de uma línguaestrangeira.RESOLUÇÃO: Convocaram os candidatos, que falavam mais de

uma língua estrangeira.

Observe como o simples uso de vírgulas altera o sentido dafrase.

O homem ambicioso nunca está satisfeito.

O homem que é ambicioso nunca está satisfeito.

Com estas frases, estamos afirmando que• alguns homens são ambiciosos;• se o homem é ambicioso, ele nunca está satisfeito.

Assim, a oração “que é ambicioso” restringe o seu antece -dente, “o homem”. Se essa oração fosse eli minada do período,o sentido do que está sendo afirmado na oração principalseria alterado. Como está, ela afirma que só o homemambicioso nunca está satisfeito. Sem a oração adjetiva, elapassaria a significar que todo homem está sempre insatisfeito.

O homem, ambicioso, nunca está satisfeito.

O homem, que é ambicioso, nunca está satisfeito.

Com estas frases, estamos afirmando que todo homem éambicioso e nunca está satisfeito. A oração “que é am bicioso”,entre vírgulas, introduz uma simples expli ca ção sobre oantece dente “o homem”. Essa oração po de ria sereliminada do perío do sem que o sentido da oração principalse alterasse. Nesse caso, apenas deixaríamos de forneceruma infor mação, um por menor, uma explicação sobre umacaracterística dos homens. Portanto, o que aqui se afirma éque todo homem é ambicioso e nunca está satisfeito.

RESOLUÇÃO: O trecho que apresenta duplo sentido é "que apoiou

o pro jeto de clonagem terapêutica", pois não se sabe a quem se

refere, se à esposa ou ao médico.

A ambiguidade poderia ser evitada com o emprego de o qual,

referindo-se ao médico, ou a qual, referindo-se à esposa.

RESOLUÇÃO:

O trecho oferece dificuldade de compreensão porque a oração ad -

jetiva está distante do termo ao qual se refere, Alzira Alves Filha.

RESOLUÇÃO:

Alzira Alves Filha, que estava acompanhada de um grupo de

adeptos do Movimento Evangélico Unido, recebeu um colar

indígena feito de escamas de pirarucu e frutos-do-mar ao chegar

ao ancoradouro.

( R )

ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA

encaixa-se na principal, equivalendo a um adjetivo.

RESTRITIVA EXPLICATIVA

• delimita ou define mais cla ramente o seu antece dente;

• não é separada por vír gu la.

• apresenta uma explicaçãoou pormenor doan te cedente;

• é separada por vírgula.

( E )

PORTUGUÊS238

Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL

OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”,digite PORT2M302

No Portal Objetivo

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 238

Page 11: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 239

Texto para a questão A.

A (PUC – MODELO ENEM) – Entender afunção e o sentido das palavras respon sáveispela coesão em um texto é essencial para a suacom preensão. No primeiro parágrafo do textoacima, você encontra o trecho: “...apesar deessa altitude, onde estava o Boeing-737 da Golatingido e derrubado no choque com o jato daEmbraer, ter se tornado ‘contramão’ na rotaapós Brasília”. Em relação ao uso de apesar e de onde, éadequado afirmar quea) enquanto apesar indica finalidade em rela -ção ao fato expresso na oração anterior, ondese refere à torre de controles de voos.b) enquanto apesar indica consequência emrelação ao fato expres so na oração anterior,onde se refere ao Aeroporto Eduardo Gomes.

c) enquanto apesar indica concessão em rela -ção ao fato expresso na oração anterior, ondese refere à altitude de 37 mil pés.d) enquanto apesar indica condição em relaçãoao fato expresso na oração anterior, onde serefere ao Centro de Controle do tráfego aéreoem Brasília.e) enquanto apesar indica proporção em rela -ção ao fato expresso na oração anterior, ondese refere à Embraer.Resolução

Apesar de é locução conjuntiva concessiva,equivalente a embora, conquanto, se bem que.As orações con ces sivas admitem algumarestrição ou contradição relativa ao que seafirma na oração principal. O ante cedente dopronome relativo onde é "essa altitude".Resposta: C

B (FGV – MODELO ENEM) – Escolha aalter nativa que preencha corretamente aslacunas das frases abaixo.1. Por acaso, não é este o livro ___________ oprofessor se refere?2. As Olimpíadas _________________ aberturaassistimos foram as de Tóquio.3. Herdei de meus pais os princípios morais___________ tanto luto.4. É bom que você conheça antes as pessoas___________ vai trabalhar.5. A prefeita construirá uma estrada do centroao morro ___________ será construída a igreja.6. Ainda não foi localizada a arca ___________os piratas guardavam seus tesouros.a) de que, cuja, para que, com os quais, sobreque, em que.b) que, de cuja, com que, para quem, no qual,que.c) em que, cuja, de que, para os quais, onde,na qual.d) a que, a cuja, em que, com que, que, em que.e) a que, a cuja, por que, com quem, sobre oqual, onde.

Resolução

Os pronomes relativos serão ou não precedidosde preposição conforme a regência dos verbos.Sendo assim, temos– em 1: “a que” (o verbo referir-se rege apreposição a);– em 2: “a cuja”( o verbo assistir, na acepçãode “ver”, “estar presente”, rege a preposição a;– em 3: “por que” (= “pelos quais”) – o verbolutar rege a preposição por;– em 4: “com quem” (o verbo trabalhar estáseguido de adjunto iniciado por com);– em 5: “sobre o qual” (nesta frase, o verboconstruir aparece modificado por este adjuntoadverbial de lugar: construir algo em algum lugar);– em 6: “onde (= na qual) – nesta frase, overbo guardar aparece acompanhado por esteadjunto adverbial de lugar: guardar algo emalgum lugar. Resposta: E

C (FGV-Adm. – MODELO ENEM) – Assina -le a alternativa em que a ausência da prepo -sição, antes do pronome relativo que, está deacordo com a norma culta.a) É uma quantia vultosa, que o Estado nãodispõe: falta-lhe numerário.b) Vi claramente o bolso que você pôs odinheiro nele.c) Não interessava perguntar qual a agênciaque o remetente enviou a carta.d) A garota que eu gosto não está namorandomais. Chegou a minha oportunidade.e) Essa era a declaração que o alcaide insistiaem fazer.Resolução

Na alternativa apontada, o pronome relativo quenão precisa vir antecedido de preposição, poiso verbo fazer é transitivo direto (“fazer a decla -ração”). Em a, o verbo dispor rege preposiçãode (“...de que o Estado não dispõe...”); em b, overbo pôr admite adjunto adverbial de lugarcom preposição em (“... o bolso em que vocêpôs o dinheiro...”); em c, o verbo enviar regepreposição a ou para (“... a agência a/para queo remetente enviou a carta...”); em d, o verbogostar rege preposição de (“… ga ro ta de queeu gosto...”). Resposta: E

A torre de controle de voos de São Josédos Campos (SP) autorizou os pilotos doLegacy, Joe Lepore e Jan Paladino, a voar naaltitude de 37 mil pés até o aeroportoEduardo Gomes, em Manaus, apesar deessa altitude, onde estava o Boeing-737 daGol atingido e derrubado no choque com ojato da Embraer, ter se tornado "contra mão"na rota após Brasília.

Esse foi o primeiro de uma sucessão deerros que geraram o choque, em 29 desetembro, matando 154 pessoas. Depoisdisso, houve falha na comunicação entre oLegacy e o Cindacta-1 (Centro de Controledo tráfego aéreo de Brasília), o transponder(que alertaria o sistema anticolisão doBoeing) não estava fun cio nando no Legacye o avião da Gol não foi alertado para o risco.

(Eliane Catanhede, “Caixa-preta do Legacy revela que torre errou.”

Folha de São Paulo, 2/11/06.) (Texto adaptado para fins de vestibular)

55 Emprego do pronome relativo • Antecedente

• Preposição

VARIÁVEISINVARIÁVEIS

MASCULINO FEMININO

Singular

o qualcujo

quanto

Plural

os quaiscujos

quantos

Singular

a qualcuja

Plural

as quaiscujas

quequemonde

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 239

Page 12: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

1 Reescreva a fala do primeiro quadro da tira, adaptando-a ànorma culta. Justifique sua resposta.

2 Preencha as lacunas das frases abaixo com o pronomerelativo adequado, precedido ou não de preposição.a) A menina tinha uma boneca de louça _________________cabelos lembravam fios de ouro. b) Eram atores _________________ nunca simpatizei.c) O livro _________________ me refiro chama-se O Roteiro deDeus.d) São pessoas _________________ meu pai nunca confiou.e) O dono da empresa apresentou-nos os recursos ____________________ ele dispunha.f) A sala _________________ estamos é pouco ventilada.g) São crianças _________________ pais não as deixaram emqualquer escola maternal.h) Ele sempre falava em certos livros e autores _______________________ tinha verdadeira paixão.i) Procurou-me aquele Pastor _________________ tanto meajudou nestes anos de luta.j) O chefe de polícia chamou seus subalternos _______________________ manteve uma longa conversa.

3 (ITA – MODELO ENEM) – Assinale a opção em que apalavra onde está corretamente empregada.a) Após o comício, houve briga onde estavam envolvidosestudantes de duas escolas diferentes.

b) Os músicos criaram um clima de alegria onde o anfitrião foiresponsabilizado. c) Foi importante a reforma do estatuto da escola, de onderesultou melhoria no ensino.d) Viver em um país onde saúde e educação são valorizadas édireito de qualquer cidadão.e) Na reunião de segunda-feira, várias decisões foram tomadaspelos sócios da empresa, onde também foi decidido o reajustedas tarifas.

4 Reúna os períodos, utilizando o pronome relativo indicadoentre parênteses. a) O acesso à Internet permite a produção de reportagens maiscompletas. Os dados da Internet podem ser consultados porjornalistas de dentro das redações. (cujo)

b) A mulher era bela e temente a Deus. Os anciãos fizeramacusações contra a mulher. (quem)

RESOLUÇÃO: Onde como pronome relativo equivale a lugar em

que, no qual, indicando sempre um lugar físico. Resposta: D

RESOLUÇÃO:

a) cujos; b) com quem; c) a que; d) em quem; e) de que; f) em que,

onde; g) cujos; h) por quem; i) que; j) com quem.

RESOLUÇÃO:

Aquela mulher com quem você está saindo é a esposa do Amaro?

O verbo sair é intransitivo e foi empregado com adjunto adverbial

de companhia introduzido pela preposição "com".

RESOLUÇÃO:

O acesso à Internet, cujos dados podem ser consultados por

jornalistas de dentro das redações, permite a produção de

reportagens mais completas.

RESOLUÇÃO:

A mulher contra quem os anciãos fizeram acusações era bela e

temente a Deus.

PORTUGUÊS240

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 240

Page 13: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

c) Joana andava despreocupada pelo jardim. O jardim tinha umregato e flores silvestres. (onde)

5 (UFC) – Construa um período com as quatro oraçõesabaixo, seguindo rigorosamente as instruções contidas nosparênteses.I. O camareiro entrou no quarto. (oração principal)II. Eu não lembro o nome do camareiro. (oração adjetiva comcujo)III. O presidente estava no quarto. (oração adjetiva com onde)IV. O presidente se matara. (oração adjetiva com que)

6 (CAESU) – Observe a transformação:Este é o livro. O professor gostou dele. Este é o livro de que o professor gostou.

Assinale a transformação em que deverá aparecer o pronomerelativo cujo.a) Pequena é a sala. Cabem nela apenas algumas cadeiras.b) Este é o professor. O aluno se referiu a ele com carinho.c) Aqui está o livro. Na sua capa está desenhado um coração.d) São interessantes essas crônicas. Pouca gente as leu.e) Muito sensata era aquela senhora. Muita gente confiava nela.

7 As orações sublinhadas do período:"Era um homem de frases curtas; a boca dele só se abria paradizer coisas importantes; ninguém queria falar dessas coisas",convertidas em um só período, equivalem a:

a) ...cuja a boca dele só se abria para dizer coisas importantesque ninguém queria falar delas.b) ...cuja boca só se abria para dizer coisas importantes sobre asquais ninguém queria falar.c) ...cuja a boca só se abria para dizer coisas importantes sobreo que ninguém queria falar.d) ...cuja boca dele só se abria para dizer coisas importantesque ninguém queria falar sobre elas.

e) ...cuja boca só se abria para dizer coisas importantes dequem ninguém queria falar.Resposta: B

8 (FUVEST – MODELO ENEM) – Em que frase o espaço embranco deve ser preenchido apenas com pronome relativo e nãocom pronome relativo regido de preposição?a) Trata-se de joias de família _____________ jamais me desfarei.b) O candidato expôs planos _______________ ninguém confiou.c) Nesta rua, os serviços ___________________ você temacesso são inúmeros.d) Foi positivo o resultado _______________ a empresa atingiu.e) Eis o documento ___________________ cópia me refiro.

9 (UNESP – MODELO ENEM) – “O espetáculo ____________assistimos no crepúsculo do século XX certamente não é omesmo _____________ conviveram os nossos antepassados aofindar o século XIX, que, por sua vez, foi bem diferente daquele_____________ descreveram os historiadores do último quarteldo século XVIII.”

Assinale a alternativa que preenche, corretamente, todas aslacunas do trecho acima, pela ordem dada.a) que – que – de que b) que – a que – quec) a que – que – de que d) em que – com que – de quee) a que – com que – que Resposta: E

RESOLUÇÃO: a) de que; b) em que; c) a que; d) que; e) a cuja.

Resposta: D

RESOLUÇÃO:

Em a, Pequena é a sala em que cabem apenas algumas cadeiras;

em b, Este é o professor a quem o aluno se referiu com carinho;

em c, Aqui está o livro em cuja capa está desenhado um coração;

em d, São interessantes essas crônicas que pouca gente leu; em e,

Muito sensata era aquela senhora em que(m) muita gente confiava.

Resposta: C

RESOLUÇÃO:

O jardim, por onde Joana andava despreocupada, tinha um regato

e flores silvestres.

ou

Joana andava despreocupada pelo jardim onde tinha um regato e

flores silvestres.

RESOLUÇÃO:

O parágrafo produzido deverá ser: "O camareiro, cujo nome eu não

lembro, entrou no quarto onde estava o presidente que se

matara.". Está correta também a construção "O camareiro, de cujo

nome eu não me lembro, entrou no quarto onde estava o

presidente que se matara.".

PORTUGUÊS 241

(FGV) – Assinale a alternativa em que, CONTRARIAN DO ANORMA CULTA, usou-se ou deixou-se de usar umapreposição antes do pronome relativo.a) No momento que os gaúchos chegaram, os caste lhanossoltaram vivas.b) A moça, que os amigos generosamente acolheram,portou-se como uma verdadeira dama.c) Era uma flor belíssima, de cujo olor extraíra o poeta suainspiração.d) Tinha mãos sujas da graxa em que a peça estiveramergulhada.e) A linguagem era recheada de palavras pretensa menteeruditas, que o condenavam.RESOLUÇÃO

A preposição em deve anteceder o pronome relativo, uma vez que overbo chegar rege essa preposição quan do se trata de indicação detempo: “No momento em que os gaúchos chegaram...”.Resposta: A

Aplicação

Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL

OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”,digite PORT2M303

No Portal Objetivo

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 241

Page 14: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS242

A questão seguinte refere-se a um texto instru -cional autêntico encontrado em embalagens deprodutos da Tramontina Farroupilha S.A.

1 (SENAC – MODELO ENEM) – Se o autortivesse optado pela ordem cronológica, paraorganizar as instruções a respeito da utilizaçãodo produto, elas se apresentariam na seguinteordem:a) 5 – 4 – 1 – 2 – 3b) 5 – 4 – 2 – 3 – 1c) 4 – 5 – 2 – 3 – 1d) 3 – 5 – 2 – 1 – 4e) 3 – 2 – 5 – 1 – 4Resolução

As instruções se apresentam organizadas emordem cronológica e coerentes quanto ao usodo produto na alternativa e.

Resposta: E

Prezado Cliente

Primeiramente queremos parabenizá-lo pelaexcelente aquisição. Nossos produtos sãofabricados através das técnicas mais moder -nas mundialmente conhecidas e, certamen te,pro por cionar-lhe-ão um grande auxílio no prepa -ro de seus alimentos e que, pela sua beleza eresistência, dar-lhe-ão um enorme prazer.

IMPORTANTE: Não deixe de ler atenta men -te as instruções do folheto anexo e, parti -cular mente com a chaleira, pedimos seguirestas instruções:

1. Para servir, remova o apito.2. Centralize bem a chaleira sobre a chamapara evitar que os componentes de baquelitesejam danificados.3. Para o bom funcionamento do apito,encha a chaleira somente até a altura do bico.4. Devido ao alto índice de cloro adicionado naágua potável, o que pode ocasionar manchasno interior da chaleira, recomenda mos secar apeça também internamente, após o uso.5. Ao primeiro sinal de apito, desligue a cha -ma do fogão, para evitar um superaque ci -mento da chaleira e consequente danificaçãodos componentes.

Agradecemos pela sua preferência.

Tramontina Farroupilha S.A. Ind. Met.

56Correção, clareza, concisão e coerência (I)

• Normas gramaticais

• Coerência textual

Correção: obediência às regras gerais da língua, ou seja, às normas gra ma -ti cais.

Clareza: qualidade de organizar palavras, frases e períodos para trans mi tirideias de forma compreensível.

Concisão: habilidade de selecionar palavras com significado preciso paratrans mi tir ideias de forma sucinta. O procedimento oposto é a prolixidade, de - fei to que deve ser evitado.

Coerência: capacidade de organizar as ideias, conferindo unidade ao tex to.A sequência lógica entre frases e parágrafos, a escolha de vo ca bu lá rioadequado, o correto uso dos elementos de ligação e a aplicação do co nhe ci -men to empírico (baseado na experiência) são necessários para promover acoerência textual.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 242

Page 15: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 243

1 (AFA) – Leia os poemas a seguir:

Texto I

Texto II

Texto III

Sobre os trechos anteriores, pode-se afirmar quea) I é coerente, mas não é coeso; II é coeso e coerente; III nãoé coerente e não é coeso.b) I é coeso e coerente; II é coeso e coerente; III é coeso ecoerente.c) I é coeso e coerente; II não é coeso, nem coerente; III não écoerente, mas é coeso.d) I é coeso, mas não é coerente; II é coeso, mas não é coe -rente; III é coerente, mas não é coeso. Resposta: A

2 (FUVEST – MODELO ENEM) – Um folheto de divulgaçãotraz, em um de seus tópicos, sobre os deveres do consumidor,um problema de coerência na sua redação. O tópico é:a) Ler o manual de instruções antes de utilizar qualquerequipamento.b) Obedecer aos cuidados descritos na embalagem para evitaracidentes.c) Seguir as recomendações do rótulo quanto ao modo de usare armazenar o produto.d) Ler, na íntegra, todo e qualquer contrato, tão logo venha aassiná-lo.e) Respeitar a data de validade para que o produto mantenhasuas características.Resposta: D

3 (ITA) – O texto abaixo, da seção "Saúde" do Suplemento demarço/2000, do Caderno Regional Folha Vale, Folha de S. Paulo,faz parte de uma série de recomendações para relaxamento dosolhos.

a) Localize, no texto, o trecho em que há um problema decoerência.

b) Reescreva o trecho de modo a torná-lo coerente.

4 (FUVEST – MODELO ENEM) – Considere as seguintesafirmações: I. A inspiração para se fazer ciência pode ser completamentesubjetiva.II. O método científico não admite subjetivismo.III. Não há contradição entre inspiração subjetiva e pesquisacientífica.

O período em que se articulam, de modo claro, lógico ecorreto, as afirmações acima é: a) Muito embora o método científico não admita subjetivismo,mesmo porque a inspiração para se fazer ciência pode sersubjetiva, desde que não haja contradição entre inspiração epesquisa científica.b) Apenas quando a inspiração para se fazer ciência for comple ta -mente subjetiva é que não há contradição entre ela e a pesquisacientífica, até por que o método científico não admite subjetivismo.c) É certo que o método científico não admite subjetivismo,mas não há contradição entre a inspiração subjetiva para se fazerciência e a realização de uma pesquisa científica.d) Só não há contradição entre inspiração para se fazer ciência,que é completamente subjetiva, quando o método científico nãoadmite subjetivismo.

— Lubrificantes oculares gelados também são muitoeficientes, mas só quando prescritos por um oftalmologista.— Importante: não jogue água boricada dentro do olho, poisisto causa irritação. Ela deve ser usada apenas para limpezaexterna ou como compressa gelada.

RESOLUÇÃO:

"Lubrificantes oculares gelados também são muito eficientes, mas

não devem ser usados sem a prescrição de um oftalmo logista."

RESOLUÇÃO:

O "problema de coerência" está no trecho "...são muito eficientes,

mas só quando prescritos por um oftalmologista". A segunda

afirmação é absurda, pois não se pode aceitar como lógica,

"coerente", a concepção segundo a qual a prescrição do

oftalmologista possa fazer o colírio ser ou não eficiente. O médico

prescreve um medicamento porque ele é eficiente (em geral ou no

caso específico), não o contrário, ou seja, o medicamento não é

eficiente porque o médico o prescreve.

Lá vem a lua surgindo,Redonda que nem um tamanco.Pedaço de telha é caco.Caranguejo não tem pescoço.

INFÂNCIA

O camisolãoO jarroO passarinhoO oceanoA visita na casa que a gente sentava no sofá.

(Oswald de Andrade)

Não queiras ter Pátria.Não dividas a Terra.Não dividas o Céu.Não arranques pedaços de mar.Não queiras ter.Nasce bem alto,Que as coisas boas serão tuas.Que alcançarás todos os horizontes.Que o teu olhar, estando em toda parte.Te ponha em tudo,Como Deus. (Cecília Meireles)

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 243

Page 16: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS244

e) É certo que não há contradição entre a pesquisa científica,onde o método não admite subjetivismo, com a inspiraçãosubjetiva, da qual se pode fazer ciência.Resposta: C

5 (UNICAMP) – A maneira como certos textos são escritospode produzir efeitos de incoerência, como por exemplo: "ZéliaCardoso de Mello decidiu amanhã oficializar sua união comChico Anysio". (A tarde, Salvador, 16/9/94)É o que ocorre no trecho abaixo:

a) Qual o efeito da incoerência presente nesse texto?

b) Do ponto de vista sintático, o que provoca esse efeito?

c) Reescreva o trecho, introduzindo apenas as modificaçõesnecessárias para resolver o problema.

6 (UNESP) – As duas frases a seguir apresentam incoe -rências:

Nós não temos censura. O que temos é uma limitação doque os jornais podem publicar.

(Louis Net, ex-vice-ministro da Informação da África do Sul)

Um homem não pode estar em dois lugares ao mesmotempo, a menos que ele seja uma ave.

(Sir Boy Roche, deputado do Parlamento Britânico)

a) Explique a razão da incoerência da primeira frase.

b) Explique a razão da incoerência da segunda frase.

Leia o anúncio para responder ao teste 7.

7 (IBTA – MODELO ENEM) – A frase "...tudo em benefíciodos problemas que você acha que não têm mais solução." estámal redigida, porque a expressão "em benefício dos problemas"expressa uma ideia inaceitável no contexto. As frases abaixoprocuram corrigir essa inadequação de sentido. A única fraseque não corrige a ideia inaceitável da frase original é:a) tudo em benefício de sua saúde física e mental, resolvendoos problemas que você acha que não têm mais solução.b) tudo contra os problemas de ordem física e mental que vocêacha que não têm mais solução.c) tudo em auxílio dos problemas de natureza física e mentalque você acha que não têm mais solução.d) tudo em nome de seu bem-estar físico e mental, sanando osproblemas que você acha que não têm mais solução.e) tudo no combate aos problemas físicos e mentais que vocêacha que não têm mais solução.Resposta: C

8 (FUVEST) – “Se eu não tivesse atento e olhado o rótulo, opaciente teria morrido, declarou o médico.”

Reescreva a frase acima, corrigindo a impropriedade grama ticalque nela ocorre.

Tratamentos através da telepatia, hipnose, autossuges -tão, autoestima, produtos altamente naturais, ervas medi -cinais, tudo em benefício dos problemas que você acha quenão têm mais solução. Equipe bem dotada e moni torada porMr. Cash. Consultas a partir de R$ 40, somente com horamar cada, de 2.a a 6.a, das 10 às 20h00. Não perca maistempo em sua evolução física e mental. Procure-nos já! F: 9405-0949.

RESOLUÇÃO: "Se eu não estivesse atento e não tivesse olhado o

rótulo, o paciente teria morrido", declarou o médico. (A

impropriedade estava no emprego do auxiliar ter, em vez de estar,

com o particípio atento.)

RESOLUÇÃO:

A incoerência consiste em atribuir às aves a absurda capacidade de

estar em dois lugares ao mesmo tempo.

RESOLUÇÃO:

A incoerência ocorre porque é possível considerar o termo ao

Brasil como complemento nominal do nome envio, em vez de

considerá-lo como objeto indireto do verbo solicitar.

RESOLUÇÃO:

A ONU solicitou ao Brasil e a mais quatro países o envio de tropas

ao Haiti, disse ontem o presidente da Guatemala, Ramiro de Léon.

RESOLUÇÃO:

A incoerência da primeira frase ocorre entre as palavras censura e

limitação que, no contexto, têm significados seme lhantes, mas

foram empregadas pelo autor como se seus sentidos nada

tivessem em comum.

As forças armadas brasileiras já estão treinando 3 milsoldados para atuar no Haiti depois da retirada das tropasamericanas. A Organização das Nações Unidas (ONU)solicitou o envio de tropas ao Brasil e a mais quatro países,disse ontem o presidente da Guatemala, Ramiro de Léon.

(O Estado de S, Paulo, 24/9/94)

RESOLUÇÃO:

O efeito de incoerência está no fato de que é possível supor que as

tropas seriam enviadas ao Brasil.

Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL

OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”,digite PORT2M304

No Portal Objetivo

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 244

Page 17: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 245

1 (MACKENZIE – MODELO ENEM) – Nostrês primeiros períodos (linhas ), encontra-sea) a seguinte sequência de relações: finalida -de, condição, condição e conclusão.b) uma passagem do particular par ao geral emtrês cousas e seu aposto.c) uma particularização da ideia de homem.d) a indeterminação do sujeito sintático emnão se pode ver.e) uma expressão repetida, é mister, que sig -ni fica é dispensável.

Resolução

Finalidade: “Para um homem...”; condição: “Setem espelho e é cego...”; condição: “se temespelho e olhos...”; conclusão: “Logo...”.Resposta: A

B (MODELO ENEM) – “Como as universida -des públicas são financiadas por im postospagos por toda a população, inclusive pelos po -bres, no Brasil os pobres financiam a educaçãouni versitária dos ricos.”

A relação semântica que se estabelece entreas orações do período acima é dea) causa e consequência. b) comparação.c) adição. d) conformidade.e) finalidade.Resolução

A oração iniciada pela conjunção como (= por -que, uma vez que, já que, visto que) expressacausa, cuja consequência é mostrada em “...noBrasil os pobres financiam a edu cação univer -sitária dos ricos”. Resposta: A

C (MODELO ENEM) – O mesmo tipo deconjunção que substitui os dois pontos em – E,apesar das promessas de que o crescimento

do PIB reduziria a pobreza, as desigualdadeseconômicas se mantêm: a cada US$ 160milhões produzidos no mundo, só US$ 0,60chega efetivamente aos mais pobres. – podeser aplicado em:a) Os ecoeconomistas só alimentam um pro -pó sito: poupar os recursos ambientais.b) Hugo Penteado disse: “a Terra é finita e aeco nomia clássica sempre ignorou essa ver -dade elementar”.c) Os ecoeconomistas apontam os vícios dasempresas: o desperdício de matérias-primas, oestímulo ao consu mismo e a obsolescênciaprogramada.d) ‘A ecoeconomia não é exatamente nova:seus prin cípios exponenciais começaram asurgir na década de 70.e) Paulo Durval Branco foi enfático ao afirmar:“as empresas vêm repetindo a palavra susten -ta bilidade como um mantra.”Resolução

Tanto na frase do enunciado como na da alter -nativa d, as conjunções que substituem os doispontos são as causais porque, já que, visto que.Em a e c, os dois pontos indicam uma expli -cação e em b e e, uma citação textual.Resposta: D

1 Para um homem se ver a si mesmo, sãonecessárias três cousas: olhos, espelho eluz. Se tem espelho e é cego, não sepode ver por falta de olhos; se tem espe-

5 lho e olhos, e é de noite, não pode verpor falta de luz. Logo, há mister luz, hámister espelho e há mister olhos. Quecousa é a conversão de uma alma, senãoentrar um homem dentro em si e ver-se

10 a si mesmo? Para esta vista são neces -sários olhos, é necessário luz e é neces -sário espelho. O pregador concorre como espelho, que é a doutrina; Deus con -cor re com a luz, que é a graça; o homem

15 concorre com os olhos, que é oconhecimento.

D (UFSC-adaptado – MODELO ENEM) – Sobre os quadrinhos, assinale o que for correto.

a) Da fala do primeiro quadrinho, infere-se que a informação contida na primeira oração já era partilhada pelos personagens naquele momen to, masa informação presente na segunda oração foi nova para Calvin.b) Considerando o último quadrinho, o pedido do pai é um indício de que o que a mãe de Calvin tinha falado não estava errado.c) No segundo quadrinho, Calvin não está simplesmente indagando sobre o fato de o pai saber ou não cozinhar, mas também colocando em dúvidaa habilidade do pai, devido a informações prévias de que o menino dispõe.d) O verbo saber aparece no segundo e no último quadrinho com o significado de ter habilidade ou capacidade para fazer algo.e) No período Já que a mamãe está doente, esta noite eu farei o jantar, existe uma relação semântica de causalidade entre as orações.Resolução

Apenas no segundo quadrinho o verbo saber significa “ter habilidade ou capa ci da de para fazer algo”. No último qua dri nho, significa “conhecer ouestar informa do”. Resposta: D

(O E

stad

o de

S. P

aulo

, 12/

6/02

)

59Orações subordinadas adverbiais

• Causa • Consequência

• Tempo

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 245

Page 18: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS246

1 Identifique a circunstância expressa pela oração desta cada,considerando a relação que ela estabelece com o restante doperíodo.a) "As três coisas que mais almejamos na vida – felicidade,liberdade e paz de espírito – são sempre alcançadas quando as

oferecemos a outra pessoa." (Peyton Conway March)RESOLUÇÃO: tempo

b) "A sabedoria suprema é ter sonhos de tamanha grandezaque não se possa perdê-los de vista enquanto os perse gui -mos." (William Faulkner)RESOLUÇÃO: consequência

c) "Não que eu tenha ódio à lei; mas não tolero opressões deespécie alguma, ainda que em meu benefício." (Machado deAssis)RESOLUÇÃO: concessão

d) "Há dores secas, como há cóleras mudas." (Machado deAssis)RESOLUÇÃO: comparação

e) "Era só escrever no coração as palavras do espírito, para que

lhe servissem de lembrança." (Machado de Assis)RESOLUÇÃO: finalidade

f) "Sonhará uns amores de romance, quase impossíveis?digo-lhe que faz mal, que é melhor contentar-se com a realidade;se ela não é brilhante como os sonhos, tem pelo menos avantagem de existir." (Machado de Assis)RESOLUÇÃO: condição

g) "Como ia de olhos fechados, não via o caminho..."(Machado de Assis)RESOLUÇÃO: causa

h) "Conforme nos mandara o sargento, ficamos passando umpelo outro." (M. Donato)RESOLUÇÃO: conformidade

2 (UFABC)

I. Entregando 60% de sua colheita e café, durante dez anos;II. uma família de lavradores se tornará proprietária.

A relação de sentido que existe entre as orações I e IIcorresponde ao sentido da expressão:a) ora ... entretanto. b) ou ... ou.c) se ... então. d) nem ... tampouco.e) ainda que ... portanto.RESOLUÇÃO:

A relação de sentido entre as orações I e II implica as ideias de

condição e consequência, respectivamente: Se entregar 60% de

sua colheita de café, durante dez anos, então uma família de

lavradores se tornará proprietária.

Resposta: C

ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS

exercem a função de adjunto adverbial em relação à oração principal.

1) causais – relação de causa

Ex.: Como você chamou, eu vim.(porque, visto que, como, uma vez que, já que etc.)

2) consecutivas – relação de consequência

Ex.: Correu tanto que chegou cansado.( [tanto] que, [tão...] que, [de tal forma] que etc.)

3) concessivas – relação de concessão

Ex.: Embora não me conheça bem, confia em mim.(embora, apesar de que, ainda que, se bem que,conquanto etc.)

4) comparativas – relação de comparação

Ex.: Ele observa mais do que fala.(tal, como, quanto [mais...] do que, [menos...] do que,[tanto...] quanto etc.)

5) conformativas – relação de conformidade

Conforme afirmaram os meteorologistas, hojechoveria.(como, conforme, segundo etc.)

6) condicionais – relação de condição

Ex.: Comprarei o livro desde que encontre uma edição

revisada.(se, salvo se, caso, contanto que, desde que, a menosque etc.)

7) proporcionais – relação de proporção

Ex.: Quanto mais falava, mais se confundia.(à proporção que, à medida que, quanto mais... etc.)

8) temporais – relação de tempo

Ex.: Assim que entrei, ele saiu.(quando, enquanto, logo que, assim que, depois que, atéque, apenas, mal, que [= quando] etc.)

9) finais – relação de finalidade

Ex.: Eles apresentaram a carteirinha a fim de obter um

desconto.(a fim de que, para que, que [= para que], porque[= para que] etc.)

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 246

Page 19: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 247

Texto para a questão 3.

3 (FUVEST – MODELO ENEM) – Reestruturando-se o ter -ceiro período do texto, mantém-se o sentido original apenas em:a) A viagem progredira bem três léguas, uma vez que haviamrepousado bastante na areia do rio seco, dado que ordina ria -mente andavam pouco.b) Haviam repousado bastante na areia do rio seco; a viagem pro -gredira bem três léguas porque ordinariamente andavam pouco. c) Porque haviam repousado bastante na areia do rio seco, ordinariamente andavam pouco, e a viagem progredira bem trêsléguas. d) Ainda que ordinariamente andassem pouco, a viagemprogredira bem três léguas, pois haviam repousado bastante naareia do rio seco. e) Em virtude de andarem ordinariamente pouco e de haveremrepousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredirabem três léguas.

As questões de números D e E referem-se ao poema abaixo.

CIDADE GRANDE

Que beleza, Montes Claros.Como cresceu Montes Claros.Quanta indústria em Montes Claros.Montes Claros cresceu tanto,ficou urbe tão notória,prima-rica do Rio de Janeiro,que já tem cinco favelaspor enquanto, e mais promete.

(Carlos Drummond de Andrade)

D (ENEM) – Entre os recursos expressivos empregados notexto, destaca-se aa) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-seà própria linguagem.b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outrostextos.c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa,com intenção crítica.

d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seusentido próprio e objetivo.e) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inani -madas, atribuindo-lhes vida.

E (ENEM) – No trecho “Montes Claros cresceu tanto, / (...),/que já tem cinco favelas”, a palavra que contribui para esta -belecer uma relação de consequência. Dos seguintes versos,todos de Carlos Drummond de Andrade, apre sentam essemesmo tipo de relação:a) “Meu Deus, por que me abandonaste / se sabias que eu nãoera Deus / se sabias que eu era fraco.”b) “No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu / a ninarnos longes da senzala – e nunca se esque ceu / chamava para ocafé.”c) “Teus ombros suportam o mundo / e ele não pesa mais quea mão de uma criança.”d) “A ausência é um estar em mim. / E sinto-a, branca, tãopegada, aconchegada nos meus braços, / que rio e danço einvento exclamações alegres.” e) “Penetra surdamente no reino das palavras. / Lá estão ospoemas que esperam ser escritos.”

F (ESPM) – Das frases a seguir, retiradas do livro O Melhor doMau Humor, de Ruy Castro, marque a que contenha ideia deconcessão:a) "Se eu filmasse Cinderela, a plateia pensaria que havia umcadáver na carruagem." (Alfred Hitchcock).b) "A maior vantagem da comida macrobiótica é que, por maisque você coma, por mais que você encha o estômago, estásempre perfeitamente subalimen tado." (Millôr Fernandes).c) "Sou contra noivados muito longos. Dão tempo às pessoasde conhecer o caráter uma da outra..." (Oscar Wilde).d) "A democracia é a arte e a ciência de administrar o circo apartir da jaula dos macacos." (H. L. Mencken).e) "Dizem que escrever é um processo torturante para Sarney.Sem dúvida, mas quem grita de dor é a língua portuguesa."(Paulo Francis).

Na planície avermelhada, os juazeiros alargavam duasman chas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro,estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavampouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rioseco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas queprocuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceulonge, através dos galhos pelados da caatinga rala.

(Graciliano Ramos, Vidas Secas)

RESOLUÇÃO:

No texto, o terceiro período apresenta relações de oposição e

causa, expressas pelas conjunções mas (adversativa) e como

(causal). Essas mesmas relações ocorrem, no período da

alternativa d, empregando-se a locução conjuntiva ainda que

(concessiva) e a conjunção pois (explicativa ou causal), em razão

da mudança na ordem das orações.

Resposta: D

RESOLUÇÃO:

No texto de Drummond, a noção de progresso e a visão da cidade

grande aparecem indissoluvelmente associadas a mazelas como o

surgimento de favelas. Trata-se de uma visão irônica do desenvol -

vimento.

Resposta: C

RESOLUÇÃO:

A conjunção que estabelece relação de consequência entre as

orações “rio e danço e invento exclamações alegres” e a anterior.

O conectivo que prece dido de palavras como tanto(a), tão,

tamanho(a) estabelece a relação consecutiva.

Resposta: D

RESOLUÇÃO:

Na alternativa correta, por mais que pode ser substituído por

embora; em a, a ideia é de condição; em c, a relação entre os

períodos é de consequência e causa (porque); em d, a ideia é de

adição: "A democracia é a arte e (é) a ciência..."; em e, o período é

marcado pela ideia de oposição (mas).

Resposta: B

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 247

Page 20: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS248

Quadro-resumo

Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”, digite PORT2M305

No Portal Objetivo

G (FUVEST)

a) O segmento destacado constitui uma oração reduzida. Substitua-a por uma oração desenvolvida (introduzida porconjunção e com o verbo no modo indicativo ou subjuntivo),sem produzir alteração do sentido.

b) Reescreva a oração "...os fãs dos bate-papos virtuais viramamigos" sem mudar-lhe o sentido e sem provocar incorreção,apenas substituindo o verbo.

H Assinale os períodos em que a oração sublinhada ésubordinada adverbial causal:a) Feche as janelas do quarto, porquanto o sol está desco randoa alegre colcha de chita.b) Paguei todas as contas, porque detesto ficar devendo a pes -soas estranhas.c) Como estivesse um pouco febril, meu chefe não veiotrabalhar.d) Cuida da tua aparência, pois isso é importantíssimo.e) Criticaram-me muito, porque menti outra vez.RESOLUÇÃO: b, c, e

Mesmo sem ver quem está do outro lado da linha, os fãsdos bate-papos virtuais viram amigos, namoram e algunschegam até a casar. (Revista Época)

RESOLUÇÃO:

"... os fãs dos bate-papos virtuais tornam-se (transformam-se em)

amigos...".

RESOLUÇÃO:

"Embora (ou mesmo que, ainda que) não vejam quem está do

outro lado da linha..."

A oração reduzida de infinitivo é subordinada adverbial concessiva.

A desenvolvida correspondente pode ser introduzida pela

conjunção embora ou por locução conjuntiva (ainda que,

mesmo que etc.).

PERÍODO COMPOSTO

COORDENAÇÃO SUBORDINAÇÃO

COORDENADAS SUBSTANTIVAS ADJETIVAS ADVERBIAIS

assindéticas

sindéticasaditivas – relação de

soma (e, nem, não só...mas também, tanto...

como etc.)

adversativas – relação deopo sição (mas, porém, to davia, con tudo, entre- tan to, no entanto etc.)

alternativas – relação de al ternância (ou, ou ... ou, ora ... ora, já ... já, quer ...

quer etc.)

conclusivas – relação decon clusão (logo, portan -to, por isso, pois [após overbo], de modo que, por

conse guinte etc.)

explicativas – relação deexplicação (pois [antesdo verbo], porque, por -

quan to, que etc.)

subjetiva – sujeito da prin cipal

objetiva direta – obje todi re to da principal

objetiva indireta – obje -to in direto da prin cipal

predicativa – predica ti -vo do sujeito da prin -

cipal

completiva nominal – com plemento no mi nal

da prin cipal

apositiva – aposto da prin cipal

desenvolvidas – geral -men te introduzidas pe -

las con junçõesinte grantes que e se

reduzidas – apre sen tamver bo no infinitivo

pessoal ou impessoal

restritivas• delimitam ou de fi -nem mais clara men -te o seu ante ce dente• não são separa -das por vír gula

explicativas• apresentam umaexpli ca ção ou por me -nor do an te ce dente• são separadas porvír gula

desenvolvidas – in -tro duzidas pelosprono mes relativosque, o qual, a qual,os quais, as quais,cujo, quem, onde

reduzidas – apre sen -tam ver bo no infi -nitivo, ge rúndio oupar ticípio

temporais – relação de tem po (quan do, en quanto,logo que, assim que, depois que, até que, apenas,mal, que [= quan do] etc.)

finais – relação de finali dade (a fim de que, paraque, que [= para que], por que, [= para que] etc.)

proporcionais – relação de pro por ção (à pro porçãoque, à medida que, quanto mais... etc.)

causais – relação de causa (porque, visto que,como, uma vez que, já que etc.)

condicionais – relação de condição (se, salvo se,caso, contanto que, desde que, a menos que etc.)

consecutivas – relação de conse quência ([tanto]que, [tão...] que, [de tal forma] que etc.)

comparativas – relação de com paração (tal, como,quan to [mais...] do que, [menos...] do que, [tanto...]quanto etc.)

conformativas – relação de con for mi dade (como,con for me, segundo etc.)

concessivas – relação de con cessão (embora,apesar de que, ainda que, se bem que, con quantoetc.)

reduzidas – apresentam verbo no infini tivo,gerúndio ou particípio

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 248

Page 21: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 249

Texto para a questão A.

A (FUVEST – MODELO ENEM) – Os termosalém de, no entanto, então, portanto estabe -le cem no texto relações, respectivamente, dea) distanciamento – objeção – tempo – efeito.b) adição – objeção – tempo – conclusão.c) distanciamento – consequência – conclusão– efeito.d) distanciamento – oposição – tempo – conse -quência.e) adição – oposição – consequência – con clu -são.Resolução

Além de equivale a soma, adição; no entantoindica contras te, oposição; então equivale aisso, por conseguinte, indicando efeito, conse -

quência; portanto equivale a logo, indi candocon clusão.Resposta: E

B (PUCCAMP) – A única frase estruturadacorretamente é:a) O objetivo desta é para lhe falar que já envieio material pelo correio.b) As discussões se deram devido a divergên -cias quanto a prioridades.c) Ele sugeriu a substituição de alimentos deorigem animal para os de origem vegetal.d) A higienização foi feita de acordo como re -co menda o Ministério da Saúde.e) Em pesquisas realizadas de 90 a 99, mos -tram-se uma mudança significativa no setor.Resolução

Em a, informá-lo de que; em c, pelos de origemvegetal; em d, feita como recomenda (ou deacordo com); em e, mostra-se uma mudança.Resposta: B

Texto para a questão C.

C (UEL – MODELO ENEM) – O comentáriode Ronald M. Green sobre o sequenciamentodo genoma humano faz uma enumeração debenefícios. Se o primeiro item dessa enu me -ração fosse alterado para “1) aperfeiçoamentodo diagnóstico...”, os demais deveriam ter aforma:a) 2) aprimorado o tratamento...; 3) desen vol -vidas intervenções...b) 2) aprimorar o tratamento...; 3) desenvol -

vimento de intervenções...c) 2) prioridade para o tratamento...; 3) de -senvol vimento para intervenções...d) 2) aprimoramento do tratamento...; 3) de -senvolvimento de intervenções...e) 2) aprimoramento do tratamento...; 3) de -senvolver intervenções...Resolução

O enunciado da questão sugere que a enu me -ração seja iniciada por um substantivo (aperfei -çoa mento) e para manter o paralelismomor fo lógico e sintático, os demais itens devemtambém ser iniciados por substantivo: apri -moramento e desenvolvimento. Resposta: D

D (UFPR – MODELO ENEM) – Assinale aalternativa que pode ser usada no início dotrecho abaixo, tornando-o coerente......................... O estudo, envolvendo 545homens, constatou que os mais otimistas têmmetade das probabilidades de morrer dedoenças cardiovasculares. Os pesquisadoresacreditam que isso provavelmente aconteceporque os otimistas fazem mais exercícios elidam melhor com a adversidade. (Folha de S.Paulo, 5 mar. 2006.)a) As mulheres vivem mais do que os ho -mens, afirmam os pesquisadores do Institutode Saúde Mental da Holanda.b) Os otimistas têm menos possibilidade demorrer de doenças cardiovasculares do que ospessimistas, afirmam os pesquisadores doInstituto de Saúde Mental da Holanda.c) Os homens que fazem diariamente exercí -cios físicos têm menos chance de terem pro -ble mas mentais, afirmam pesquisadores doInstituto de Saúde Mental da Holanda.d) As mulheres vivem mais do que os ho -mens, mas têm menos chance de terem pro -ble mas cardiovasculares, afirmam os pesquisa-res do Instituto de Saúde Mental da Holanda.e) Os homens com perfil pessimista quefazem diariamente exercícios físicos têmmenos chance de terem problemas mentais,afirmam pesquisadores Instituto de SaúdeMental da Holanda.Resolução

A alternativa b apresenta o tópico frasal queserá desenvolvido no trecho que consta doenunciado. Resposta: B

Além de parecer não ter rotação, a Terraparece também estar imóvel no meio doscéus. Ptolomeu dá argu mentos astronô mi -cos para tentar mostrar isso. Para entenderesses argumentos, é necessário lembrarque, na antiguidade, imaginava-se que todasas estrelas (mas não os planetas) estavamdistribuídas sobre uma superfície esférica,cujo raio não parecia ser muito superior àdistância da Terra aos planetas. Suponhamosagora que a Terra esteja no centro da esferadas estrelas. Neste caso, o céu visível ànoite deve abranger, de cada vez, exata men -te a metade da esfera das estrelas. E assimparece realmente ocorrer: em qualquernoite, de horizonte a horizonte, é possívelcontemplar, a cada instante, a metade dozodíaco. Se, no entanto, a Terra estivesselonge do centro da esfera estelar, então ocampo de visão à noite não seria, em geral,a metade da esfera: algumas vezes pode -ríamos ver mais da metade, outras vezespoderíamos ver menos da metade dozodíaco, de horizonte a horizonte. Portanto,a evidência astronômica parece indicar que aTerra está no centro da esfera de estrelas. Ese ela está sempre nesse centro, ela não semove em relação às estrelas.

(Roberto de A. Martins, Introdução geral aoCommentarius de Nicolau Copérnico.)

São três os principais benefícios tra zi -dos pelo sequenciamento do genoma hu ma -no para a área médica: 1) aperfeiçoar odiagnóstico de doenças, incluindo os dis túr -bios hereditários conhecidos e muitas con -di ções geneticamente influenciadas, como ahipertensão e diversos cânceres; 2) apri -morar o tratamento, com o desenvolvimentode drogas que seriam elabo ra das sobmedida (de acordo com as carac te rísticasgenéticas do paciente) para maximizar suaeficácia e reduzir sua toxicidade; e 3) de sen -volver intervenções diretas no DNA (tera piasgênicas), para corrigir “falhas” genéticasassociadas às doenças.

(Ciência Hoje, n.° 28, nov. 2000, p.22-3.)

60Correção, clareza,concisão e coerência (II)

• Objetividade • Padrão culto

• Paralelismo gramatical

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 249

Page 22: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS250

1 Reescreva de forma concisa os trechos a seguir, substi -tuindo a conjunção destacada por outra que expresse a mesmaideia.

a) Racismo envergonhado

Alguns sinônimos ou definições registrados no Aurélio. Para“branco” há: alvo, cândido, transparente, sem mácula, ino -cente, puro, patrão. Para “negro”, contudo, consta: sujo, en -car dido, muito triste, lúgubre, melancólico, funesto, lutuoso,maldito, sinistro, perverso, nefando.

(Editorial, Folha de S. Paulo)

b) Realidade supera ficção

Nos romances policiais, todo pormenor foi “plan tado” antespelo escritor. Tudo faz necessaria mente sentido nas páginasfinais do livro, porque existe um autor encarregado de darsatisfação dos detalhes que inventou.

Na vida real, isso não ocorre. Detalhes podem ter aparecido,pormenores suspeitos vieram à luz, mas nada garante quetenham qualquer explicação final.

2 (CÁSPER LÍBERO – MODELO ENEM) – No primeirosemestre desse ano, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab,publicou no Diário Oficial o seguinte decreto a respeito dasfeiras livres da cidade: "Fica proibido ao feirante: [...] IX – utilizaraparelhos sonoros durante o período de comercialização, bemcomo apregoar as mercadorias em volume de voz que causeincômodo aos usuá rios da feira e aos moradores do local”. Apósintensa polêmica, o prefeito recuou da decisão, declarando quenunca quis proibir o tradicional grito dos comerciantes nas feiras.Segundo ele, a intenção era apenas proibir o uso de aparelhosde som pelos feirantes, o que causaria incômodos aosmoradores e consu midores. Assinale a opção em que a redaçãodo decreto expressa corretamente a intenção do prefeito: a) "Fica proibido ao feirante: [...] IX – utilizar aparelhos sonorosdurante o período de comercialização, além de apregoar asmercadorias em volume de voz que cause incômodo aosusuários da feira e aos moradores do local."b) "Fica proibido ao feirante: [...] IX – utilizar aparelhos sonorosdurante o período de comercialização. Apregoar as mercado riasé permitido, desde que em volume de voz que não causeincômodo aos usuários da feira e aos moradores do local."c) "Fica proibido ao feirante: [...] IX – utilizar aparelhos sonorosdurante o período de comercialização, bem como utilizá-los paraapregoar suas mercadorias em volume de voz que causeincômodo aos usuários da feira e aos moradores do local."d) "Fica proibido ao feirante: [...] IX – utilizar aparelhos sonorosdurante o período de comercialização, bem como utilizá-los paraapregoar suas mercadorias."e) "Fica proibido ao feirante: [...] IX – utilizar aparelhos sonorosdurante o período de comercialização. Eles somente serãotolerados para ajudar a apregoar as mercadorias em volume devoz que não cause incômodo aos usuários da feira e aos mora -dores do local."RESOLUÇÃO:

Resposta: D

Reflexão Sociológica

Reflexão Sociológica

RESOLUÇÃO:

Nos romances policiais, o escritor encarrega-se de explicar e

esclarecer todos os acontecimentos que compõem a trama; na

vida real, porém, muitas ocorrências não se explicam.

RESOLUÇÃO:

Para “branco”, o dicionário registra acepções relacionadas com

pureza e inocência; entretanto, para “negro”, as acepções

sugerem impureza e malignidade.

OBSERVAÇÃO:

A tirinha é só um estímulo para que o professor alerte os alunos sobre a necessidade de escrever com objetividade e clareza, evitando

palavras cujo significado eles desconheçam.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 250

Page 23: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 251

3 Em uma frase, os termos de mesma função sintáticadevem pertencer à mesma classe de palavras, para que semantenha o paralelismo gramatical. Os textos abaixo são exemplos de falta de paralelismo.Reescreva-os de maneira a torná-los claros.

4 (FUVEST) – Nas frases abaixo, há falta de paralelismosintático. Reescreva-as, mantendo seu sentido e fazendoapenas as alterações necessárias para que se estabeleça oparalelismo.a) Funcionários cogitam uma nova greve e isolar o governador.b) Essa reforma agrária, por um lado, fixa o homem no campo,mas não lhe fornece os meios de subsistência e de produzir.

5 (FGV) – Os termos da frase abaixo apresentam parale -lismo?Explique e, se necessário, reformule o período.

Ao entrar na sala, mostrou boa inflexão de voz, não estarinsegura e firmeza nos movimentos.

6 (FGV) – Leia a frase abaixo. Se ela estiver bem articulada,transcreva-a no espaço de resposta. Se estiver mal articulada,transcreva-a, fazendo a correção.

Tem chovido muito ultimamente. Por causa da chuva ocasionamuitos acidentes na estrada.

7 (FGV) – Figurou recentemente, num jornal da cidade, afrase abaixo:

Embora fosse prolixo, o apresentador ultrapassou o tempoprevisto.

Examine atentamente o sentido dessa frase. Se for o caso,corrija-a no que for necessário e explique o porquê da correção.Caso você considere correta a frase, escreva apenas: a fraseestá correta.

Obesidade tem cura...

I. ...sem a necessidade de ginástica, medicamentos, dietas,rejeitar pratos prediletos ou sair da mesa com apetite.

(Zero Hora, Porto Alegre)

II. Em inúmeros invertebrados, aparece a reprodução porpartenogênese, sem a intervenção do macho. O papel dosmachos, neste caso, limita-se a um enriquecimento dopatrimônio genético, ou a corrigir situações de grave crise.

(Zero Hora, Porto Alegre)

RESOLUÇÃO:

Há duas possibilidades de interpretação da frase dada: uma como

concessiva e outra como causal.

1.a possibilidade: a primeira oração (Embora fosse prolixo) é

concessiva e indica uma oposição em relação à oração posterior (o

apresentador ultrapassou o tempo previsto). Para que essa

oposição semântica seja mantida, faz-se necessário substituir o

termo prolixo pelo seu antônimo conciso.

"Embora fosse conciso, o apresentador ultrapassou o tempo

previsto."

2.a possibilidade: a primeira oração deve indicar causa e a segunda,

consequência. Para se obter essa relação semântica, é necessário

substituir o conectivo concessivo embora por outros que indiquem

causa: uma vez que, já que, porque, como, fazendo a correta

adaptação verbal.

Uma vez que

Já que

Porqueera prolixo, o apresentador...

Como}

RESOLUÇÃO:

A frase em questão está mal articulada e há várias maneiras de

corrigi-la:

1) Tem chovido muito ultimamente e, por causa da chuva, ocor -

rem muitos acidentes na estrada.

2) Tem chovido muito ultimamente, o que ocasiona muitos aci -

dentes na estrada.

3) Como tem chovido muito ultimamente, ocorrem muitos

acidentes na estrada.

RESOLUÇÃO:

Os termos da frase dada não apresentam o paralelismo adequado,

na enumeração dos objetos do verbo mostrar, pois dois termos

de núcleo nominal (inflexão e firmeza, substantivos) são

coordenados a um termo de núcleo verbal (estar). Uma possível

reformulação do período, para evitar a assimetria apontada, seria:

Ao entrar na sala, mostrou boa inflexão de voz, segurança e

firmeza nos movimentos.

RESOLUÇÃO:

a) Funcionários cogitam iniciar uma nova greve e isolar o gover -

nador. Funcionários cogitam uma nova greve e o isolamento do

governador.

b) Essa reforma agrária, por um lado, fixa o homem no campo,

mas por outro não lhe fornece os meios de subsistência e

produção. Ou: meios de subsistir e produzir.

RESOLUÇÃO:

I. "... sem necessitar de ginástica, medicamentos, dietas, (nem)

rejeitar pratos prediletos ou sair da mesa com apetite."

A construção paralela exige, em vez do uso de substantivo

(necessidade), um verbo (necessitar).

II. "Em inúmeros invertebrados, aparece a reprodução por ...

macho. O papel dos machos, neste caso, limita-se a enriquecer o

patrimônio genético, ou a corrigir situações de grave crise."

ou

"... O papel dos machos, neste caso, limita-se ao enriquecimento

do patrimônio genético, ou à correção de situações de grave

crise."

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 251

Page 24: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS252

Leia o texto, para responder às questões deA a E.

A (VUNESP – MODELO ENEM) – A ex pres -são “messianismo revolucionário” deve serentendida, no contex to, comoa) expectativa da vinda de um herói que resga -tasse a dignidade do povo.b) crença em que a revolução representava asalvação do país.

c) crítica ao conteúdo moral da revolução queestava em curso.d) esperança de que o país pudesse conquistarsua soberania no mundo.e) desconfiança dos ideais revolucionáriospregados por aquela geração.Resolução

Messianismo significa “movimento ou sistemaideológico que prega a salvação da humanidadeatravés da entronização de um messias quepode ser um indivíduo, uma classe ou umaideia”. Resposta: B

B (VUNESP – MODELO ENEM) – Assinalea alternativa em que a substituição das palavrasdestacadas no trecho mostra-se adequada aosentido do original.Uma simples arqueologia dos fatos pode dar aimpressão de que esta é uma geração falida,pois ambicionou uma revolução total e nãoconseguiu mais do que uma revolução cultural.a) portanto; também. b) por que; nem.c) porém; no entanto. d) porque; mas.e) já que; contanto que.Resolução

As conjunções pois e porque têm valor causal;a conjunção e, no contexto, coordenando duasorações que se opõem, pode ser substituídapela adversativa mas. Resposta: D

C (VUNESP – MODELO ENEM) – Assinalea alternativa em que está corretamenteidentificado o sentido da circunstância expressapelos trechos em desta que.I. Com persistência rara, para o Brasil, 68ainda povoa o nosso imaginário.II. Estava disposta a entregar a vida para nãomorrer de tédio.III. Poucas lutaram tão radicalmente por seuprojeto, por sua utopia.a) I – Modo; II – causa; III – modo.b) I – Companhia; II – modo; III – meio.c) I – Comparação; II – meio; III – modo.d) I – Modo; II – meio; III – causa.e) I – Comparação; II – causa; III – meio.Resolução

A expressão com persistência rara refere-se aomodo como o brasileiro se recorda dos eventosda revolta estudantil de 1968; de tédio indica acausa de morrer; radicalmente significa “de

modo radical, extremado; sem concessões”.Resposta: A

D (VUNESP – MODELO ENEM) – O empre -go da palavra mas, em destaque nos doisprimeiros parágrafos do texto, tem a função dea) reforçar a crítica aos ideais revolucionários,para questionar sua importância histórica.b) expor ideias conflitantes, criticando os fatosnegativos e valorizando os positivos.c) conferir novos atributos às frases, defen -dendo pontos de vista compatíveis com asverdades que elas veiculam.d) explicitar os pontos de vista circulantes nacultura oficial, distinguindo-os das versões ro -mânticas dos revolucionários de 68.e) contrapor ideias expressas em frases quecontêm afirmação / negação e negação/afirmação.Resolução

A conjunção mas, nos locais destacados,coorde na adversativamente, isto é, opositiva -mente, afirmação e negação, no primeiro caso,ou negação e afirmação (nos dois outros casos).Resposta: E

E (VUNESP – MODELO ENEM) – Assinalea alternativa em que a palavra então estáempregada com o sentido que possui na frase— “... ou é a mitológica viagem de uma geraçãode heróis, ou a proeza irresponsável de um‘bando de porralocas’, como se dizia então.”a) Se a geração atual compreender o legadodaqueles revolucionários, então lhe dará valor.b) Essa geração acreditava cegamente emseus ideais; então ia à luta destemidamente.c) 68 representou um momento histórico damaior importância para aqueles que entãolutavam pelos ideais revolucionários.d) Com que interesse, então, os heróis de 68fariam a revolução, se não por idealismo?e) Então, será verdade que a luta daquelesjovens foi em vão?Resolução

Tanto no enunciado quanto na alternativa apon -ta da, então é advérbio e significa “naquele tem -po”. Em a, então pode ser substituído por “sóassim, nesse caso”; em b, por “por isso”; emd, é partícula expletiva ou de realce; em e, éinterjeição que exprime admiração ou espanto.Resposta: C

Com persistência rara, para o Brasil, 68ainda povoa o nosso imaginário coletivo, mas

não como objeto de reflexão. É uma vagalem brança que se apresenta, ora como to tem,ora como tabu: ou é a mitológica viagem deuma geração de heróis, ou a proeza irres pon - sável de um “bando de porralocas”, como sedizia então.

Na verdade, a aventura dessa geraçãonão é um folhetim de capa-e-espada, mas

um romance sem ficção. O melhor do seulegado não está no gesto — muitas vezesdesespe rado; outras, autoritário —, mas napaixão com que foi à luta, dando a impressãode que estava disposta a entregar a vida paranão morrer de tédio.

Poucas – certamente uma depois dela —lutaram tão radicalmente por seu projeto, oupor sua utopia. Ela experimentou os limitesde todos os horizontes: políticos, sexuais,compor ta mentais, existenciais, sonhando emaproxi má-los todos.

Sem dúvida, há muito o que rejeitar dessaromântica geração de Aquário — omessianis mo revolucionário, a onipotência, omani queís mo —, mas também há muito oque recuperar de sua experiência.

(...)Uma simples arqueologia dos fatos pode

dar a impressão de que esta é uma geraçãofalida, pois ambicionou uma revolução total enão conseguiu mais do que uma revoluçãocultural. Arriscando a vida pela política, elanão sabia, porém, que estava sendo salvahistorica mente pela ética.

O conteúdo moral é a melhor herança quea geração de 68 poderia deixar para um paíscada vez mais governado pela falta dememória e pela ausência de ética.

(Zuenir Ventura, 1968, o ano que nãoterminou. Adaptado)

62 Revisão de período composto • Orações coordenadas

• Orações subordinadas

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 252

Page 25: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 253

Sucesso à brasileira

Muitas vezes ele depende de um gesto de ousadia

Ela queria sair de peito nu no Carnaval. As meninas, três filhas, foram juntas ganhar a mãe. A mais

velha fora frustrada no seu tempo, a se gunda desejou e nãoousou, agora davam força para a caçula, cujos olhos brilhavamde expectativa. A mãe até sorriu:

— Que é isso, gente? E seu pai? Seus irmãos? E osvizinhos? Os colegas de trabalho? Vão perder o res peito, atelevisão mostra tudo.

Parecia que nem estava contra, era só juízo de mãe. Oproblema eram os outros. Problema? O pai não tinha forças.Anos de alcoolismo haviam transformado sua capacidade detrabalho em aposentadoria precoce e reduzido sua opinião ainsultos, resmungos e mu xoxos. Para evitar palavrões, nemfalaram com ele. Dos irmãos, um lavava as mãos se asmulheres acha vam que estava certo:

— Eu não tenho peito, não entendo essa vaidade demostrar.

O mais novo achava a irmã tão bonita que a Playboy ia seinteressar e ela ia ficar famosa.

Com a vizinhança, sim, poderia haver com plica ções.Moravam em Cangaíba — que a irmã do meio, irônica,chamava de "Canga City" —, onde a vida alheia era parte doentretenimento. Tinham de neutralizar primeiro a "Lagartixa",sessentona sem-que-fazer que ficava o dia inteiro sentadanuma cadeira, na calçada, e dava conta de tudo que acontecianum raio de 300 metros. Uma lata de goiabada abriu o coraçãoda Lagartixa. Depois, uma conversa de passinhos miúdos.Que a menina ia desfilar no Carnaval (ah, pois então), ia sair naescola da Vila Matilde (ahn, é ótima e é perto, né?), mas haviaum problema (dinheiro?), eles queriam que ela fosse destaque(isso é problema?), de peito nu.

— E o que é que tem? Já não se fazem fofoqueiras como antigamente. Ela

defendeu a opção da menina, e logo o bairro estava a favor.Esperavam que a garota ficasse famosa e um pouco da glóriarespingasse em todos. Os homens, com segundas intenções,queriam mais é ver ao vivo e em cores as graças secretas.

Quanto ao trabalho, estava disposta a encarar asconsequências. Sempre quis dançar, cantar, largar aqueleemprego de telemarketing. O último obstáculo: o namorado.

— Se desfilar, está acabado. Amadurecida na decisão, ofendida pelo tom machista, não

hesitou em dizer que já estava acabado, mesmo sem desfile. E partiu para a avenida. Uma semana depois do sucesso no Sambódromo,

cumprimentada com orgulho no bairro, estuda váriaspropostas, excetuadas as indecorosas: bailarina de umprograma dominical de televisão, bailarina de um grupo de

pagode, posar nua para duas revistas masculinas,recepcionista de feira para uma fábrica de automóveis, ecasamento – duas. Uma delas do ex-namorado, que prometeser seu escravo para o resto da vida.

(Ivan Ângelo, Veja São Paulo, com adaptações.)

1 (FATEC – MODELO ENEM) – Considere as seguintesafirmações sobre o texto.I. São características do gênero crônica presentes no texto atemática do cotidiano, o estilo des po jado e a linguagemcoloquial.II. “Uma lata de goiabada abriu o coração da Lagartixa. Depois,uma conversa de passinhos miúdos.” Essa passagem marca-sepelo emprego de linguagem figurada.III. “Que a menina ia desfilar no Carnaval (ah, pois então), ia sairna escola da Vila Matilde (ahn, é ótima e é perto, né?), mas haviaum problema (dinheiro?), eles queriam que ela fosse destaque(isso é problema?), de peito nu.” Essa passagem simula odiálogo entre as personagens, com binando os discursosindireto e direto, este pre sente nos trechos entre parênteses,represen tando a fala da personagem Lagartixa.IV. Essa crônica trata, de forma bem-humorada, do tema daelasticidade de certos valores morais diante da atração exercidapela exposição na mídia.

Deve-se concluir que estão corretas as afirmaçõesa) I e III apenas. b) II e III apenas.c) I e IV apenas. d) II, III e IV apenas. e) I, II, III e IV.

2 (FATEC – MODELO ENEM) – “Ela queria sair de peito nuno carnaval.”

A alternativa em que se encontra sintaxe de orações análoga àdesse período é:a) “O ex-namorado promete ser seu escravo para o resto davida.”b) “Se desfilar, está acabado.”c) “Parecia que nem estava contra.”d) “Quanto ao trabalho, estava disposta a encarar asconsequências.”e) “Para evitar palavrões, nem falaram com ele.”

RESOLUÇÃO:

Todas as afirmações descrevem, de maneira clara e precisa,

características do texto transcrito de Ivan Ângelo, uma crônica que

participa da natureza do conto, como é comum no gênero.

Resposta: E

RESOLUÇÃO:

No período transcrito no caput do teste há duas ora ções: principal

(“Ela queria...”) e subordinada subs tantiva objetiva direta,

reduzida de infinitivo (“... sair de peito nu no carnaval”). O mesmo

ocorre na alternativa a: principal (“O ex-namorado promete...) e

objetiva direta, reduzida de infinitivo (“... ser seu escravo para o

resto da vida”).

Resposta: A

Leia o texto, para responder às questões de números 1 a 5.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 253

Page 26: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS254

3 (FATEC) – O período cujas orações estão ligadas pelarelação de sentido de oposição é:a) “...a segunda desejou e não ousou...”b) “O mais novo achava a irmã tão bonita que a Playboy ia seinteressar e ela ia ficar famosa.”c) “Ela defendeu a opção da menina, e logo o bairro estava afavor.”d) “Eu não tenho peito, não entendo essa vaidade de mostrar.”e) “Vão perder o respeito, a televisão mostra tudo.”

4 (FATEC) – Considere as seguintes afirmações feitas a partirda frase:

“Já não se fazem fofoqueiras como antigamente.”

I. A concordância do verbo fazer, no plural, justifica-se pelaconstrução em voz passiva, análoga à que se encontra em: Elesse deram bem, enquanto durou a sociedade.II. O verbo fazer na frase é sinônimo de haver, sen do ambosverbos impessoais e, portanto, conju gados somente no singular.III. O verbo fazer não é conjugado no plural quando indica tempodecorrido; por isso, deve-se dizer: Faz muitos anos quetrabalham juntos.IV. A concordância dessa frase segue a mesma regra a que sesujeitam as frases: Não se esperam me didas impopulares eEstudam-se soluções.

Dentre essas afirmações, estão corretas apenasa) I e II. b) II e III. c) III e IV.d) I, II e IV. e) I, III e IV.

5 (FATEC) – Assinale a alternativa em que, feitas as altera -ções na frase, preserva-se a correlação de tempos verbais.a) “Eu não tenho peito, não entendo essa vaidade demostrar.”/Se eu tivesse peito, tenho entendido essa vaidade

de mostrar.b) “A mais velha fora frustrada no seu tempo, a se gundadesejou e não ousou...”/A mais velha teria si do frustrada no

seu tempo, a segunda deseja e não ousaria.c) “Dos irmãos, um lavava as mãos se as mulheres acha vamque estava certo:...”/Dos irmãos, um la varia as mãos se as

mulheres achavam que está certo.d) “Esperavam que a garota ficasse famosa e que um pouco daglória respingasse em todos.”/Espera que a garota fique

famosa e que um pouco da glória respingue em todos.

e) “Tinham de neutralizar primeiro a "Lagartixa", ses sentonasem-que-fazer que ficava o dia inteiro sen tada numa cadeira, nacalçada, e dava conta de tudo que acontecia num raio de 300metros.”/Ti veram de neutralizar primeiro a "Lagar tixa", ses -

sen tona sem-que-fazer que ficou o dia inteiro sen tada numa

cadeira, na calçada, e daria conta de tudo que aconteceria

num raio de 300 metros.

6 "Dos irmãos, um lavava as mãos se as mulheres achavamque estava certo:..."a) O período dado está em linguagem coloquial; transponha-opara o nível culto, fazendo a correlação verbal adequada.

b) Dê o significado da expressão "lavar as mãos". RESOLUÇÃO: Significa “eximir-se de qualquer responsabilidade”.

7 Assinale a alternativa que identifica incorretamente acircunstância das orações destacadas:a) "Se desfilar, está acabado." – condiçãob) "O mais novo achava a irmã tão bonita que a Playboy ia se

interessar..." – consequênciac) "Para evitar palavrões, nem falaram com ele." – finalidaded) "Esperavam que a garota ficasse famosa e que um pouco

da glória respingasse em todos." – consequência e) "Ela defendeu a opção da menina, e logo o bairro estava

a favor." – concessãoRESOLUÇÃO: E ( consequência)

8 Assinale a alternativa em que o termo destacado não épronome relativo. Você deve se lembrar que o pronome relativointroduz oração subordinada adjetiva.a) " ...agora davam força para a caçula, cujos olhos brilhavamde expectativa."b) "Moravam em Cangaíba, ...onde a vida alheia era parte doentretenimento."c) "Uma delas do ex-namorado, que promete ser seu escravopara o resto da vida."d) "Tinham de neutralizar primeiro a 'Lagartixa', sessentonasem-que-fazer que ficava o dia inteiro sentada numa cadeira,..."e) "...não hesitou em dizer que já estava acabado, mesmo semdesfile."RESOLUÇÃO:

Trata-se de conjunção integrante, introduzindo oração subordi -

nada substantiva objetiva direta.

Resposta: E

RESOLUÇÃO:

Dos irmãos, um lavaria as mãos se as mulheres achassem que

estava certo...

RESOLUÇÃO:

Em a, o correto é Se eu tivesse peito, teria entendido...; em b, A

mais velha teria sido frustrada no seu tempo, a segunda desejaria

e não ousaria; em c, Dos irmãos, um lavaria as mãos se as

mulheres achassem que estava certo; em e, Tiveram...

dava...acontecia.

Resposta: D

RESOLUÇÃO:

A afirmação I está correta em sua primeira parte, mas errada no

exemplo apresentado, que não é de voz passiva, mas de voz

reflexiva recíproca (“eles se deram um com o outro”). O erro de II

está em que o verbo fazer, na frase, não é sinônimo de haver. A

afirmação III é correta, sendo de estranhar apenas que o fenômeno

linguístico nela descrito não tem relação com a frase transcrita no

caput do teste. IV é intei ramente correta.

Resposta: C

RESOLUÇÃO:

A relação de oposição entre as orações da alternativa a pode ser

explicitada, trocando-se a conjunção e por mas: “...a segunda

desejou, mas não ousou...” Em b e c, a relação entre as orações é

de causa e consequência; em d, de conclusão; em e, de causali -

dade (a segunda oração é causal).

Resposta: A

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 254

Page 27: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 255

63Figuras sonoras ou de harmonia

• Aliteração • Onomatopeia

• Paronomásia

Figuras que combinam os elementos sonoros deuma língua em textos, discursos, poemas etc. para quesoem agradavelmente.

Exemplos

Toda gente homenageia Januária na janela.(Chico Buarque)

Quando essa preta começa a tratar do cabeloé de se olhar toda a trama da trança a transado cabelo.

(Caetano Veloso)

Chove chuva choverando.(Oswald de Andrade)

Exemplos

Sou Ana, da camada cana, fulana, bacanaSou Ana de Amsterdam. (Chico Buarque)

A ponte apontae se desapontaA tontinha tentalimpar a tinta,ponto por pontoe pinta por pinta. (Cecília Meireles)

Exemplos

Quem casa quer casa.

Melancolias, mercadorias espreitam-me.(Carlos Drummond de Andrade)

Que a morte apressada seja tributo do enten di -mento, e a vida larga atributo da ignorância. (Vieira)

Exemplos

O silêncio fresco despenca das árvores.Veio de longe, das planícies altas,Dos cerrados onde o guaxe passe rápido...Vvvvvvv... passou.

(Mário de Andrade)

Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno.(Fernando Pessoa)

É comum que as figuras sonoras apareçam mes -cladas em um mesmo texto.

Observe como o poema abaixo apresenta aliteração(cadeia de sibilantes s: esfera, desce, espaço, veloz,depois, dispõe, esfera, espera, dispara, direção, nosso,coração), assonância (cadeia de vogais e) e paronomásia(apara/a para, esfera/espera).

ONOMATOPEIA: sequência de sons que dão uma ideiaexata ou aproximada do objeto ou ação repre sentados.

PARONOMÁSIA: combinação de palavras que apre -sentam semelhança de sons e diferença de sentidos.Trocadilho.

ASSONÂNCIA: repetição do mesmo fonema vocálicoao longo de um verso ou poema.

ALITERAÇÃO: repetição de fonemas consonantais,idênticos ou parecidos, no início — ou mesmo nointerior — de várias palavras na mesma frase ou verso.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 255

Page 28: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS256

Compare estes dois textos:

A (ENEM) – É correto afirmar quea) o texto I é mais objetivo que o II, além deter um ritmo mais marcado.b) esses textos consideram a passagem dotempo de perspectivas opostas.c) o texto II vale-se de sonoridades que dotamsua linguagem de intenção expressiva.d) o texto II perde, por sua subjetividade, opoder de expressar uma convicção sobre otempo que passou.

e) esses textos adotam formas diferentes delinguagem com o mesmo objetivo de infor -mação.Resolução

As figuras sonoras presentes no poema são aaliteração do fonema /u / e a assonância dofonema vocálico /a /.Resposta: C

B (ESPM – MODELO ENEM) – O escritorPaulo Lins em seu romance Cidade de Deusexpressa o avanço da violência no Brasil, nasúltimas décadas, com a frase:

"Falha a fala. Fala a bala."

Nas duas frases só não se pode identificar aseguinte figura de linguagem:a) Paronomásia, pelo trocadilho ou jogo depalavras com apelo sonoro.b) Aliteração, pela repetição de fonemasconso nantais.c) Assonância, pela repetição da vogal "a".d) Perífrase, pela substituição de "violência" porum dos elementos que a compõe (bala).e) Personificação, pela característica humanaatribuída à "bala".Resolução

A repetição do fonema /f / configura aliteração,

assim como a semelhança de sons.Resposta: D

C (CÁSPER LÍBERO – MODELO ENEM) –Considere os seguintes trechos do texto de F.Bonassi e assinale a alternativa correta.I. Há sempre a possibilidade, como torres sãoderrubadas, que pontes sejam erguidas. II. Há épocas em que as elites nos legamtradições e épocas em que nos legam traições.

Há épocas em que o interesse cresce maisdo que o desejo e o despejo mais do que oaluguel.III. Há épocas que são épicas e épocas que sãopoucas.

Nos trechos lidos há, respectivamente,a) catacrese, eufemismo e hipérbole.b) antítese, paronomásia e aliteração.c) paronomásia, anáfora e eufemismo.d) ironia, sinestesia e aliteração.e) antítese, rima e metáfora.Resolução

Em I, a antítese está em derrubadas e erguidas;em II, a paronomásia está em tradição e trai -ções; em III, há paronomásia em épicas e épo -cas e aliteração na repetição dos fonemas /p / e/c /.Resposta: B

Texto I

O tempo passa, e com ele os fatos quecons ti tuem as experiências humanas. Istonão sig ni fi ca que sejam esquecidas: tudopode se con servar enquanto memóriaafetiva ou apre n di zado.

Texto II

O vento varria os mesesE varria os teus sorrisos...O vento varria tudo!E a minha vida ficavaCada vez mais cheiaDe tudo.

Manuel Bandeira

1 (VUNESP) Em "Relâmpago" há um vocábulo onomatopaico que sugere"movimento rápido, com decisão".a) Identifique esse vocábulo.RESOLUÇÃO:

O vocábulo onomatopaico é zás, cuja sibilância sugere veloci dade.

b) Explique as relações semânticas que tal vocábulo apresentano contexto do poema.

RELÂMPAGO

A onça pintada saltou tronco acima que nem umrelâmpago de rabo comprido e cabeça amarela:

Zás!Mas uma flecha ainda mais rápida que o relâmpago

fez rolar ali mesmoaquele matinal gatão elétrico e bigodudoque ficou estendido no chão feito um fruto de

cor que tivesse caído de uma árvore!

(in RICARDO, Cassiano. Martim Cererê. 6.a ed.,São Paulo, Comp. Ed. Nacional, 1938.)

RESOLUÇÃO:

A palavra onomatopaica zás refere-se tanto ao movimento rápido

e decidido da onça quanto à velocidade do raio com que a onça é

comparada. Zás associa-se também, por proximidade semântica,

ao movimento da flecha, que é mencionada em seguida.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 256

Page 29: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 257

O texto a seguir refere-se à questão de número B.

B (UFSCar) – Esse poema faz parte de uma coleção dedicadapor Cecília Meireles às crianças.a) Cite um dos principais recursos estilísticos nele utilizados.Exemplifique.

b) A que classe de palavra pertence a palavra tontinha, no texto?Cite uma de suas funções na construção desse texto.

C (FUVEST)

a) É correto afirmar que o verbo dormia tem uma conotaçãopositiva, tendo em vista o contexto em que ele ocorre?Justifique sua resposta.

b) Identifique, nos três últimos versos, um recurso expressivosonoro e indique o efeito de sentido que ele produz. (Nãoconsidere a rima distraída /subtraída.)

D (MODELO ENEM) – Assinale a alternativa que não contémonomatopeia. a) Jamais tivera notícia de tanto silvo e chilro, e o mato cochi -chava, cheio de palavras polacas e de mil bichinhos tocando violano oco do pau. (Guimarães Rosa) b) A imprensa publica o que ouve e não o que houve. (Oswaldde Andrade) c) “Sapo na seca coaxando, chuva beirando”, mãe Quitéria!(Guimarães Rosa)d) Chape-chape. As alpercatas batiam no chão rachado.(Graciliano Ramos)e) Um bando de maitacas passava, tinindo guizos, partindovidros, estralejando de rir. (Guimarães Rosa)

TANTA TINTA

Ah! menina tonta,toda suja de tintamal o sol desponta!

(Sentou-se na ponte,muito desatenta...E agora se espanta:Quem é que a ponte pintacom tanta tinta?...)

A ponte apontae se desaponta.A tontinha tentalimpar a tinta,ponto por pontoe pinta por pinta...

Ah! a menina tontaNão viu a tinta da ponte!

(Cecília Meireles, Ou isto ou aquilo)

RESOLUÇÃO:

Um dos recursos mais explorados no poema é a aliteração, mas há

também assonância e paronomásia. Há aliteração na repetição dos

fonemas |t| e |p|; assonância na reiteração dos fonemas vocá licos,

especialmente do |ô| tônico; paronomásia no emprego de pala vras

parecidas no som e distintas no sentido, como tonta/tin -

ta/tenta/pinta/ponte/desponta/ponto.

RESOLUÇÃO:

Tontinha é um adjetivo substantivado – portanto, um subs tantivo

– com a função, do ponto de vista da construção sintática, de

retomar de forma explícita a expressão "menina tonta" (pri meiro

verso), a que remetem os sujeitos elípticos das duas pri meiras

orações da segunda estrofe. Quanto à construção formal do

poema, tontinha tem a função de integrar a série de palavras que

compõem a longa aliteração do |t| e a igualmente longa série de

assonâncias em |õ|.

(...)Num tempoPágina infeliz da nossa históriaPassagem desbotada na memóriaDas nossas novas geraçõesDormiaA nossa pátria mãe tão distraídaSem perceber que era subtraídaEm tenebrosas transações(...).

(Chico Buarque e Francis Hime, Vai passar)

RESOLUÇÃO:

Não. Do contexto depreende-se que a pátria encontrava-se em

uma situação letárgica diante das subtrações ou tenebrosas

transações de que era vítima.

RESOLUÇÃO:

O "recurso expressivo sonoro" está na passagem – tenebrosas

transações. A aliteração da consoante dá relevo à expressão e

reforça a sugestão de soturnidade que a reveste.

RESOLUÇÃO:

Resposta: B (trata-se de paronomásia: ouve/houve)

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 257

Page 30: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS258

Texto para as questões E e F.

E (FUVEST – MODELO ENEM) – Indique a afirmação corretaem relação ao texto.a) O efeito sonoro explorado na sequência de va gueiam, velas,versos, vida, virtuali da des é conhecido como rima interior.b) A construção “Os olhos (...) já não precisam” é exemplo demetonímia.c) O termo vagueiam está empregado no sentido de norteiame é exemplo de personificação.d) Na frase “Navegar é preciso, viver não é preciso” há umpleonasmo.e) A construção “...nem de velas, nem de versos, nem defados...” apoia-se em antíteses.

F (FUVEST – MODELO ENEM) – Considere as seguintesafirmações:I. A significação das palavras constitui um processo dinâmicoe supõe o reconhecimento histórico de seu emprego.II. As expressões velas, fados e nunca dantes navegadosligam-se ao contexto primitivo do velho lema.III. Desligando-se de suas raízes históricas, as palavras apresen -tam-se esvaziadas de qualquer sentido.

Conforme se pode deduzir do texto, está correto o que seafirma:a) apenas em I e II. b) apenas em I e III.c) apenas em II e III. d) apenas em I.e) em I, II e III.

Texto para a questão G.

G (UFG) – O fragmento de texto anterior é de um artigo deRubem Alves, publicado no encarte Sinapse da Folha de S.Paulo, em 24 de junho de 2003.

a) Explique a função das aspas no slogan.

b) Interprete o jogo de palavras entre estranha-se e entranha-se.

”Navegar é preciso, viver não é pre ciso.” Esta frase deantigos navegadores portugueses, retomada por FernandoPessoa, por Caetano Veloso e sabe-se por quantos maiscitadores ou reinventores, ganha sua última versão no âmbitoda Informática, em que o termo navegar adquire outro epreciso sentido.

Na nova acepção, em tempos de Internet, o lema parecemais afirmativo do que nunca. Os olhos que hoje vagueiampela tela iluminada do monitor já não precisam nem de velas,nem de versos, nem de fados: da vida só querem o cantinhode um quarto, de onde fazem o mundo flutuar em mares devirtualidades nunca dantes navegados. (Marilene Felinto)

RESOLUÇÃO: Em b, substituindo a referência à pessoa por uma

parte dela – os olhos –, temos a modalidade da metoní mia que de -

nominamos sinédoque (a parte pelo todo). Em a, há rima aliterante

e não interna; em c, a equivalência entre vagueiam e nor teiam é

improcedente; em d, não se pode falar em pleonas mo, mas em

antítese; em e, não há antíteses, mas anáforas. Resposta: B

RESOLUÇÃO:

O texto é exemplo cabal do que se afirma em I, pois as referências

a velas, versos e fados, e especialmente a citação de Camões

("mares nunca dantes navegados"), supõem, para o seu pleno

entendimento, "o reconhecimento histórico de seu emprego" – ou,

melhor dizendo, "o reconhecimento dos sentidos com que foram

empregadas em outros contextos históricos".

Em II, o mesmo fato é reafirmado, pois é verdade que as palavras

e a citação em questão ligam-se ao contexto português dos

Grandes Descobrimentos, quando a frase "Navegar é preciso, viver

não é preciso", tomada de empréstimo a Plutarco (Vidas

Paralelas), serviu de lema para a Liga Hanseática.

A afirmação III não é aceitável, pois, mesmo sem suas referências

históricas, as palavras conservam seu sentido – o "sentido em

estado de dicionário". Resposta: A

Fernando Pessoa – quem diria? – foi ideólogo da Coca--Cola... Quem me contou foi o professor Ademar Ferreira dosSantos, educador português, da Escola da Ponte, emPortugal.

Pois ele, o professor, me contou que, nos idos dos anos20, Fernando Pessoa, precisando ganhar dinheiro para sobre -viver, passou a trabalhar para uma empresa de pro paganda.A Coca-Cola estava chegando, era desconhe cida, de gostoestranho, e precisava de uma cunha poética que lhe abrisseo caminho.

Foi então que o escritor português produziu este curtís -simo slogan: "A princípio estranha-se. Depois, entranha-se".Absolutamente genial!

RESOLUÇÃO:

As aspas foram empregadas por se tratar de uma citação, no caso,

o slogan criado por Fernando Pessoa.

RESOLUÇÃO:

Trata-se de paronomásia (jogo de palavras próximas pelo som e

distintas pelo significado) entre estranha-se (referência ao sabor

desagradável ou diferente da bebida) e entranha-se (referência à

preferência, à adesão, à opção que cativa).

Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL

OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”,digite PORT2M306

No Portal Objetivo

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 258

Page 31: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 259

Concordância nominal é a concordância, em gênero enúmero, entre o substantivo e seus determinantes –adjetivos, artigos, pronomes adjetivos e numerais.

Regra geral: o adjetivo, ou palavra com valor deadjetivo, con cor da em gênero e número com o subs -

tantivo a que se refere.

Exemplos

Cidade morta.Quinhentos gramas de café.

A inclusão de preposição entre o substantivo e o adjetivonão impede a concordância.

Exemplos

Pobres dos homens.Desgraçadas das mulheres.

Há casos especiais, que não obedecem à regra geral. Eles são apresentados no quadro seguinte. Observe que, emsua maioria, estes são casos que admitem mais de uma possibilidade de concordância: uma que obedece à regra geral(especificada geralmente na coluna do meio) e outra que contraria essa regra ou foge ao uso corrente (especificada naúltima coluna).

66 Concordância nominal • Substantivo • Adjetivo

• Advérbio

Adjetivo posposto

a dois ou mais

substantivos

Adjetivo no plural e no gênero dos substantivos (facultativo).

No caso de gêneros diferentes, pre va lece o masculino.

Consciência e dignidade humanas.Dor e prazer intensos.

Adjetivo concorda com o subs tantivo mais próximo (facul tativo).Talento e disciplina rara.

Com substantivos sinônimos, o adje tivoconcorda com o mais pró ximo.

Povo e gente brasileira.

Adjetivo anteposto

a dois ou mais

substantivos

Adjetivo fica no plural quando elefuncionar como predicativo do objeto.

Encontrei tristonhos a mulher e o jovem.

Adjetivo, funcionando como adjunto adno minal, concorda com o subs tantivo

mais próximo.Rara disciplina e talento.

Adequado lugar e momento.

Substantivo

modificado

por dois ou mais

adjetivos no singular

O artigo concorda com o substantivo no plural.

As bandeiras italiana e brasileira.

O artigo concorda com o substantivo no singular.

A bandeira italiana e brasileira.O artigo, no singular, antecede o subs tantivo e o segundo adjetivo.A bandeira italiana e a brasileira.

Adjetivo composto

Exceções: flexionam-se os dois ele men tos.Surdas-mudas

Normalmente se flexiona só o último ele mento.

Problemas político-econômicos.Guerra sino-belgo-soviética.

Um e outro, nem um

nem outro seguidos

de substantivo

O substantivo fica no singular.Nem um nem outro caso.Nem uma nem outra coisa.

Se em seguida vier um adjetivo, ele ficará no plural.

Um e outro caso paralelos.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 259

Page 32: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS260

Sujeito em grau

absoluto

Se houver artigo ou pronome demons trativo, o adjetivo concorda

em gênero com o sujeito.É proibida a entrada.Esta cerveja é boa.

Se não houver artigo ou pronome de mons trativo, o adjetivo fica

no masculino.É proibido entrada.

Cerveja é bom.

Substituição do

predicativo do sujeito

por um pronome

pessoal átono

Se houver artigo ou pronome demons trativo, o pronome concorda

em gêne ro com o predicativo.És a enfermeira daqui? Sou-a.

Se não houver artigo ou pronome demons trativo, emprega-se o

pronome masculino.És enfermeira? Sou-o.

Possível

Vai para o plural no emprego de “os mais”, “os menos”,

“os piores”, “os melhores”.Visitei praias as mais tentadoras possíveis.

Fiz os maiores esforços possíveis.Escolhi os melhores aposentos pos síveis.

Mantém-se invariável no emprego de “omais”, “o pior”, “o melhor”.

Visitei praias o mais possível tentadoras.

Fiz esforços o mais pesados possível.

Escolhi aposentos o melhor possível.

Só, meio, bastante

Se adjetivos, concordam com o subs tantivo a que se referem.Não fale com meios termos.Não suporto meias palavras.

Há problemas bastantes. (suficientes)Estamos sós.

Se advérbios (significando somente, um tanto, um pouco e muito),

ficam invariá veis.Compramos só duas entradas.

As portas estavam meio abertas.Estão bastante cansados.

Leso, próprio, mesmo,

junto, anexo, incluso,

quite, obrigado

Concordam com o nome a que se refe rem.

Crime de lesa-pátria.

Crime de lesos-direitos.

Nós próprios faremos o trabalho.

Elas mesmas escreveram as cartas.

Os recibos seguem juntos.

As crianças voltaram juntas.

O comprovante segue anexo.

As declarações seguem anexas.

Estão inclusas as taxas e impostos.

Já estou quite com o clube.

Muito obrigada, disse Maria.

Invariáveis:mesmo (= realmente)junto com e junto de

em anexo

Menos e alerta Alerta como adjetivo é variávelInvariáveis

Havia menos alunas naquela sala.Os soldados caminhavam alerta.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 260

Page 33: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 261

A (MACKENZIE – MODELO ENEM)

I. Os brasileiros somos todos eternos sonha -dores.II. Muito obrigadas! – disseram as moças.III. Sr. Deputado, V. Exa. está enganado.IV. A pobre senhora ficou meia confusa.V. São muito estudiosos os alunos e as alunasdes te curso.

Há uma concordância inaceitável de acordocom a gramática normativa:a) em I e II. b) em II, III e V.c) apenas em II. d) apenas em III.e) apenas em IV.Resolução

No item I, ocorre silepse, que é consideradauma concor dância excepcional, porém aceitá -vel.Resposta: E

B (CÁSPER LÍBERO – MODELO ENEM) –Qual das alternativas abaixo não apresentaincorreções gramaticais?a) Compramos duzentas e cinquenta gramasde con dimentos e especiarias importados.

b) Se for para mim fazer, eu me nego.c) Hoje, a reunião começará ao meio-dia emeio, du rando até as três horas.d) Entre mim e você não existirão acordos.e) Devem fazer cinco anos que não a vejo...Resolução

Em a, duzentos e cinquenta gramas; em b, eufazer; em c, meio-dia e meia; em e, deve fazer.Resposta: D

C (FATEC – MODELO ENEM) – Assinale aalternativa que preenche cor retamente aslacunas da frase, na sequência.Regina estava ______________ indecisa quanto________ mandar ________ faturas _________________ notas fiscais e se _________ folhabastaria para o bilhete.a) meia; à; as; anexo; às; meia.b) meia; à; as; anexas; as; meia.c) meio; a; às; anexo; às; meio.d) meia; a; às; em anexo; as; meio.e) meio; a; as; anexas; às; meia.Resolução

“Meio indecisa”: meio é invariável, pois é usa -do como advér bio; “a mandar”: a é apenas pre -po sição, não ocorrendo cra se, porque o regido

mandar (verbo) não admite artigo; “as faturasanexas”: as, artigo, e anexas, adjetivo, concor -dam em gênero e número com o substantivofaturas, a que se re fe rem; “às notas fiscais”:crase da preposição a, regida por ane xas, e doartigo as, determinante do substantivo femininonotas; “meia folha”: meia, adjetivo, concordaem gênero e número com o substantivo fatura,a que se refere.Resposta: E

D (INATEL – MODELO ENEM) – Todas asfrases estão corretas em re la ção à concordân -cia, exceto em:a) É bom pipoca com sorvete.b) É necessário a presença de uma autoridadena reu nião.c) São necessárias muitas horas para concluiro está gio.d) É proibido entrada de pessoas sem identi -ficação.e) É apropriada a negociação para a melhoriasa la rial.Resolução

O correto é: É necessária a presença...Resposta: B

Preencha as lacunas, efetuando a concordância ou concor dân -cias cabíveis.

1 O amor e a paixão ________________________________cegaram-lhe a razão. (excessiva/excessivos)RESOLUÇÃO:

excessiva/excessivos

2 O homem e a mulher ________________________________desejavam ostentar, um ao outro, todo o seu brilho. (vaido -sa/vaidosos)RESOLUÇÃO:

vaidosa/vaidosos

3 A moça esperava o dia e o mês ___________________________________________ . (combinado)RESOLUÇÃO:

combinado(s)

4 Na gaveta, havia camisetas e maiô ________________________________________ . (novo) RESOLUÇÃO: novo(s)

RESOLUÇÃO:

o substantivo mais próximo ou com todos os substantivos em

gênero e número.

5 “Jorge, _____________________________ a cor e o alento,caiu”. (perdido)RESOLUÇÃO:

perdida

6 Vi-me cercado de ___________________________________gentileza e cuidado. (extrema)RESOLUÇÃO:

extrema

Conclusão:

O adjetivo posposto a uma sequência de substantivosligados por “e” pode concordar com __________________________________________ .

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 261

Page 34: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS262

7 Os _________________________________ Chico e Caetanocompareceram ao espetáculo. (famoso)RESOLUÇÃO: famosos

RESOLUÇÃO:

o mais próximo, nomes próprios, plural.

8 _________________________________ o caderno e a folha.(Estava rasgado)RESOLUÇÃO: Estava rasgado, Estavam rasgados

9 O juiz declarou _________________________________ ocomerciante e seus auxiliares. (criminoso)RESOLUÇÃO: criminosos

J Encontrei _________________________________ a casa e opátio. (vazio)RESOLUÇÃO: vazios

RESOLUÇÃO: os núcleos do sujeito ou do objeto

K Houve crime de __________________________ -patriotismo.(leso)RESOLUÇÃO: leso

L As alunas ___________________________________ arruma -ram a sala de aula. (mesmo)RESOLUÇÃO: mesmas

M Eles ___________________________________ conseguiramresolver o problema. (próprio)RESOLUÇÃO: próprios

N A moça disse apenas: muito ______________________________________________. (obrigado)RESOLUÇÃO: obrigada

O As fotocópias seguem _____________________________________________________. (anexo)RESOLUÇÃO: anexas

P No relógio da Matriz deu meio-dia e ______________ . (meio)RESOLUÇÃO:

meia

Q __________________ pessoas ignoravam o plural destapalavra. (bastante)RESOLUÇÃO:

Bastantes

R Finalmente ficamos ____________________ . (só)RESOLUÇÃO: sós

S Agora nós dois estamos ____________________ . (quite)RESOLUÇÃO: quites

RESOLUÇÃO:

o substantivo a que se referem.

T As coisas ficaram ______________________ complicadas.(bastante)RESOLUÇÃO: Bastante

A mãe estava _____________ chateada com a filha. (meio)RESOLUÇÃO: meio

________________ nós não iremos à festa. (só)RESOLUÇÃO: só

Quero que todos fiquem _____________________ . (alerta)RESOLUÇÃO: alerta

Nota:

Se o verbo de ligação e o predicativo do sujeitoestiverem antes do sujeito composto, ambos pode rãoconcordar com o núcleo mais próximo composto.

Conclusão:

O adjetivo, exercendo a função de predicativo (dosujeito ou do objeto), concorda com _____________________________________________________________ ,respeitando-se o gênero predominante.

Conclusão:

O adjetivo anteposto a uma sequência de subs tan tivosligados por “e” concorda, em gênero e número,apenas com ___________________________________ .Se os subs tantivos forem _______________________ ,_______________________ o adjetivo deverá ir para o______________________________________________ .

Conclusão:

Leso, mesmo, próprio, obrigado, anexo, incluso, meio,bastante, só, quite concordam com _______________________________________________________ .

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 262

Page 35: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 263

O diretor recebeu os ____________________ -assinados.(abaixo)RESOLUÇÃO: abaixo

As laranjeiras floresceram _________________ neste ano.(menos)RESOLUÇÃO: menos

RESOLUÇÃO: advérbios

Ele sempre amou mulheres o mais belas ___________________________ . (possível)RESOLUÇÃO: possível

Ele sempre amou mulheres as mais belas ___________________________ . (possível)RESOLUÇÃO: possíveis

Convivi com homens o mais sábios _________________ .(possível)RESOLUÇÃO: possível

Convivi com homens os mais sábios _________________ .(possível)RESOLUÇÃO:

possíveis

RESOLUÇÃO: artigo

É ________________________ paciência para lidar comadolescentes. (necessário)RESOLUÇÃO: necessário

Com certeza, é _______________________ a maior paciên ciado mundo. (necessário)RESOLUÇÃO: necessária

Maçã é _________________ para o estômago. (bom)RESOLUÇÃO: bom

Água mineral é _________________ para doenças de pele.(bom)RESOLUÇÃO: bom

Esta cerveja é ______________________ . (ótimo)RESOLUÇÃO: ótima

É _____________________ entrada de pessoas estranhas.(proibido)RESOLUÇÃO: proibido

É _______________________ a permanência de pessoasestranhas. (proibido)RESOLUÇÃO: proibida

RESOLUÇÃO: masculino singular

Ainda não chegaram os instrumentos ___________________________________________ . (médico-cirúrgico)RESOLUÇÃO: médico-cirúrgicos

Ela tem olhos ___________________________. (verde-claro)RESOLUÇÃO: verde-claros

Alunos _______________________________ são ensinadospor meio de técnicas especiais. (surdo-mudo)RESOLUÇÃO: surdos-mudos

RESOLUÇÃO: último

Conclusão:

Flexiona-se apenas o ____________________________elemento do adjetivo composto, com exceção desurdo-mudo, em que variam os dois elementos.

Conclusão:

Os adjetivos necessário, bom e proibido ficam no_______________________________________________ quando o sujeito é tomado em grau absoluto, isto é,sem artigo ou pronome demonstrativo.

Conclusão:

O adjetivo possível varia de acordo com o ___________________________________________ .

Conclusão:

Nas frases acima, bastante, meio, só, alerta, abaixo emenos ficam invariáveis, pois estão funcionando como________________________________________ .

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 263

Page 36: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS264

Pelos testes do Sistema Nacional de Avaliação daEdu cação Básica (Saeb), no 5.° ano 50% dos bra si lei -ros são funcionalmente analfabetos. Segundo o Pro gra -ma Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), aca pacidade linguística do aluno brasileiro correspondeà de um europeu com quatro anos a menos de esco la -ridade. Sendo assim, o nosso processo educativo devese preocupar centralmente com as falhas na capacidadede compreensão e expressão verbal dos alunos.

(Cláudio de Moura Castro, Veja, 8/7/2009)

LEITURA OBRIGATÓRIA: EDUCAÇÃO

AVANÇO LENTO

A mais recente avaliação do ensino em 65 paí -

ses, conduzida pela OCDE, mostra que o desem pe -

nho dos estudantes brasileiros melhorou um pouco

na década passada – mas não o suficiente para tirar

o Brasil das últimas colocações.

* A avaliação foi realizada na cidade de Xangai.

(Veja, 15/10/2010)

MATEMÁTICA LEITURA

1.° China* 1.° China*

2.° Singapura 2.° Coreia do Sul

3.° Hong Kong 3.° Finlândia

4.° Coreia do Sul 4.° Hong Kong

5.° Taiwan 5.° Singapura

57.° BRASIL ⇓ 53.° BRASIL ⇓

MÉDIA DOS

ESTUDANTES BRASILEIROS

(numa escala de zero a 1000)

MÉDIA DOS

ESTUDANTES BRASILEIROS

(numa escala de zero a 1000)

2000

334HOJE

3862000

396HOJE

412

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 264

Page 37: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 265

Prática de Redação 11 (Para casa)MÓDULOS

51 e 52

Nome legível __________________________________________________________________

Unidade ______________________________________________________________________

Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________

N.o de Computador –

COLÉGIO

Com base nos textos lidos, escreva uma dissertação em prosa, discutindo as medidas necessárias para reverter o péssimodesempenho escolar da maioria dos estudantes brasileiros.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 265

Page 38: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS266

Competência Critério Peso Nota atribuída

1 Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. 2

2Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das

várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.

2

3 Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos,opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. 2

4 Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessáriospara a articulação das ideias (coesão e coerência). 2

5Elaborar conclusão coerente com as ideias discutidas ou elaborar proposta de intervenção para o problema

abordado, demonstrando respeito aos direitos humanos.2

Nome do corretor: ___________________________________________

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 266

Page 39: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 267

Prática de Redação 12 (Para casa)MÓDULO

54

Nome legível __________________________________________________________________

Unidade ______________________________________________________________________

Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________

N.o de Computador –

COLÉGIO

Tomando por base as ideias apresentadas no texto de Ruy Castro, escreva um texto dissertativo sobre o seguinte tema: Excesso de tecnologia e informação: necessidade ou escravidão?

UNPLUGGED

Você entra em qualquer restaurante a quilo e, para não perder tempo comendo, encontra tomadas por toda partepara, se quiser, ligar o notebook e continuar trabalhando. Não será por falta delas que você deixará de participar deuma conferência na hora do almoço com 20 outros executivos, cada qual numa cidade ou, quiçá, país.

Mas, supondo que considere a hora do almoço sagrada e se recuse a trabalhar e mastigar ao mesmo tempo, hásempre o recurso de ligar o iPod e se isolar. Assim, alheio ao mundo exterior, você poderá engolir uma suave salada defaufilhas com breufas e relaxar ouvindo as 948 melhores faixas do Metallica estocadas no aparelhinho plugado à sua orelha.

Bem, não é preciso ser tão radical e cortar as pontes com o mundo. Afinal, existe o celular. Com ele você podegerar, reproduzir, manipular, receber, transportar, corrigir, salvar, desenvolver, deletar, definir, ampliar, imprimir,personalizar e enviar uma quantidade ilimitada de informações ou imagens inúteis. Pode também fotografar semquerer o próprio tímpano. E pode ainda telefonar para o escritório e se inteirar das últimas que aconteceram desdeque você saiu de lá há cinco minutos.

Some a isso os aparelhos de TV ligados neste e em outros restaurantes, botequins, hospitais, academias, bancos,shoppings, elevadores, vans, táxis, aeroportos e aviões. É um bombardeio de informação, pior do que qualquerblitzkrieg [blitzkrrik]1 da Segunda Guerra. Nesta, ao menos, podia-se correr para os abrigos.

Há uma nova meta pela qual lutar. Todo ser humano deveria ter direito a xis minutos diários de exclusividade dospróprios sentidos, sem precisar plugá-los a nenhuma geringonça do demônio ou deixá-los ser invadidos e envenenadospor imagens e sons que ninguém pediu para existirem.

(Ruy Castro, Folha de S. Paulo, 5/5/07)

1 – blitzkrieg: ofensiva poderosa, realizada de surpresa por força aérea e de infantaria coordenadas; guerra-relâmpago; operação de guerra rápida e intensa.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 267

Page 40: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS268

Competência Critério Peso Nota atribuída

1 Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. 22

Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro

dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.2

3 Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. 2

4 Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a articulação das ideias (coesão e coerência). 2

5Elaborar conclusão coerente com as ideias discutidas ou

elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, demonstrando respeito aos direitos humanos.

2

Nome do corretor: ___________________________________________

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 268

Page 41: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 269

LEITURA OBRIGATÓRIA: Proposta de redação da Unicamp 2011

Os dias escuros

Carlos Drummond de Andrade

Amanheceu um dia sem luz – mais um – e há um

grande silêncio na rua. Chego à janela e não vejo as

figuras habituais dos primeiros trabalhadores. A

cidade, ensopada de chuva, parece que desistiu de

viver. Só a chuva mantém constante seu movimento

entre monótono e nervoso. É hora de escrever, e não

sinto a menor vontade de fazê-lo. Não que falte

assunto. O assunto aí está, molhando, ensopando os

morros, as casas, as pistas, as pessoas, a alma de

todos nós. Barracos que se desmancham como

armações de baralho e, por baixo de seus restos,

mortos, mortos, mortos. Sobreviventes mariscando

na lama, à pesquisa de mortos e de pobres objetos

amassados. Depósito de gente no chão das escolas,

e toda essa gente precisando de colchão, roupa de

corpo, comida, medicamento. O calhau solto que fez

parar a adutora. Ruas que deixam de ser ruas, porque

não dão mais passagem. Carros submersos, aviões e

ônibus interestaduais paralisados, corrida a

mercearias e supermercados como em dia de

revolução. O desaba mento que acaba de acontecer e

os desabamentos programados para daqui a poucos

instantes.

Este, o Rio que tenho diante dos olhos, e, se não

saio à rua, nem por isso a imagem é menos

ostensiva, pois a televisão traz para dentro de casa a

variada pungência de seus horrores.

Sim, é admirável o esforço de todo mundo para

enfrentar a calamidade e socorrer as vítimas, esforço

que chega a ser perturbador pelo excesso de

devotamento desprovido de técnica. Mas se não

fosse essa mobilização espontânea do povo,

determinada pelo sentimento humano, à revelia do

governo incitando-o à ação, que seria desta cidade,

tão rica de galas e bens supérfluos, e tão miserável

em sua infraestrutura de submoradia, de

subalimentação e de condições primitivas de

trabalho? Mobilização que de certo modo supre o

eterno despreparo, a clássica desarrumação das

agências oficiais, fazendo surgir de improviso, entre

a dor, o espanto e a surpresa, uma corrente de afeto

solidário, participante, que procura abarcar todos os

flagelados.

Chuva e remorso juntam-se nestas horas de

pesadelo, a chuva matando e destruindo por um

lado, e, por outro, denunciando velhos erros sociais

e omissões urbanísticas; e remorso, por que

escondê-lo? Pois deve existir um sentimento geral

de culpa diante de cidade tão desprotegida de

armadura assistencial, tão vazia de meios de defesa

da existência humana, que temos o dever de

implantar e entretanto não implantamos, enquanto

a chuva cai e o bueiro entope e o rio enche e o

barraco desaba e a morte se instala, abatendo-se de

preferência sobre a mão de obra que dorme nos

morros sob a ameaça contínua da natureza; a mão

de obra de hoje, esses trabalhadores entregues a si

mesmos, e suas crianças que nem tiveram tempo de

crescer para cumprimento de um destino anônimo.

No dia escuro, de más notícias esvoaçando, com

a esperança de milhões de seres posta num raio de

sol que teima em não romper, não há alegria para a

crônica, nem lhe resta outro sentido senão o triste

registro da fragilidade imensa da rica, poderosa e

martirizada cidade do Rio de Janeiro.

Correio da Manhã, 14/01/1966.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 269

Page 42: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS270

Rascunho

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 270

Page 43: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 271

Prática de Redação 13 (Para casa)MÓDULOS

57 e 58

Nome legível __________________________________________________________________

Unidade ______________________________________________________________________

Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________

N.o de Computador –

COLÉGIO

Coloque-se na posição de um articulista que, ao fazer uma pesquisa sobre as recentes catástrofes

ocorridas em função das chuvas que afetaram o Brasil a partir do final de 2009, encontra a crônica de

Drummond, publicada em 1966, e decide dialogar com ela em um artigo jornalístico opinativo para uma

série especial sobre cidades, publicada em revista de grande circulação. Nesse artigo você, necessariamente,

deverá:

a) relacionar três (3) problemas enfrentados recentemente pelas cidades brasileiras em função das chuvas

com aqueles trabalhados na crônica;

b) mostrar em que medida concorda com a visão do cronista sobre a questão.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 271

Page 44: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS272

Competência Critério Peso Nota atribuída

1 Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. 22

Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro

dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.2

3 Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. 2

4 Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a articulação das ideias (coesão e coerência). 2

5Elaborar conclusão coerente com as ideias discutidas ou

elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, demonstrando respeito aos direitos humanos.

2

Nome do corretor: ___________________________________________

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 272

Page 45: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 273

Escreva uma dissertação em prosa sobre a necessidade de preservar os mananciais de água e as medidas necessárias para contero desperdício.

Prática de Redação 14 (Para casa)MÓDULO

61

Nome legível __________________________________________________________________

Unidade ______________________________________________________________________

Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________

N.o de Computador –

COLÉGIO

ÁGUA: BEM PRECIOSO

O planeta possui 13,6 bilhões de km3 de água, porém 97,6% são de águasalgada e 2,4% estão nas calotas polares. Resta para os habitantes do planetaapenas 0,8% de água potável e boa parte encontra-se em áreas subterrâneas,formando os aquíferos, ainda inacessíveis pelas tecnologias existentes.

A água já é um bem escasso: 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso a águalimpa. No Egito, África do Sul, Síria, Jordânia, Israel, Líbano, Haiti, Turquia, Pa quis tãoe Iraque, os problemas com recursos hídricos já chegam a níveis críticos. Na Chinae na Índia, o lençol freático baixa sis tematicamente todos os anos, o que é umaameaça pavorosa para dois países que possuem 2,3 bilhões de habitantes e depen -dem muito de irrigação.

Feliz é o Brasil, pois aqui está 11,6% de toda a água doce do planeta. Aqui também se encon tram o maior rio domundo – o Ama zo nas – e parte do maior reservató- rio de água subterrânea do planeta – o Sistema Aquífero Guarani. Noentanto, essa água está mal distribuída: 70% estão na Amazônia, onde vive somente 7% da popu lação. Essa distribui çãoirregular deixa apenas 3% de água para o Nordeste.

Mesmo sendo um país privile gia do, esbanja-se muita água, no banho, na lavagem do carro, na limpeza da calçada etc. A ONUdiz que os seres humanos não precisam de mais de cem litros por dia, mas a média no Brasil é de 150 litros. Em São Paulo é de221; no Rio de Janeiro, 226; em Vitória, 236, e, em bairros nobres da capital de São Paulo, o consumo ultrapassa os 400 litros.

A água é um bem muito precioso. Temos de preservá-lo e também defendê-lo, pois não estamos livres da cobiça dospaíses ricos e belicosos. Hoje é o petróleo. Amanhã poderá ser a água. Hoje é o deserto do Oriente Médio. Amanhã poderáser a Bacia Amazônica.

(Adaptado, Antônio Ermírio de Moraes, Folha de S.Paulo)

astr

onom

ican

do.b

logs

pot.

com

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 273

Page 46: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS274

Competência Critério Peso Nota atribuída

1 Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. 22

Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro

dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.2

3 Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. 2

4 Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a articulação das ideias (coesão e coerência). 2

5Elaborar conclusão coerente com as ideias discutidas ou

elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, demonstrando respeito aos direitos humanos.

2

Nome do corretor: ___________________________________________

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 274

Page 47: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 275

LEITURA OBRIGATÓRIA: FELICIDADE

A FELICIDADE

Tristeza não tem fimFelicidade sim

A felicidade é como a gotaDe orvalho numa pétala de florBrilha tranquilaDepois de leve oscilaE cai como uma lágrima de amor

A felicidade do pobre pareceA grande ilusão do carnavalA gente trabalha o ano inteiroPor um momento de sonhoPra fazer a fantasiaDe rei ou de pirata ou jardineiraPra tudo se acabar na quarta-feira

Tristeza não tem fimFelicidade sim

A felicidade é como a plumaQue o vento vai levando pelo arVoa tão leveMas tem a vida brevePrecisa que haja vento sem parar

A minha felicidade está sonhandoNos olhos da minha namoradaÉ como esta noitePassando, passandoEm busca da madrugadaFalem baixo, por favorPra que ela acorde alegre como o diaOferecendo beijos de amor

Tristeza não tem fimFelicidade sim

(Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959)

O propósito terreno das pessoas de carne e ossoem qualquer lugar do planeta é alcançar a felicidade efazer o melhor de que são capazes de suas vidas.

Entre as crenças que povoavam a imaginação e avisão de futuro iluminista, uma em particularrevelou-se problemática: a noção de que os avançosda ciência, da técnica e da razão teriam o dom não sóde melhorar as condições objetivas de vida, mas aten -deriam aos anseios de felicidade, bem-estar subjetivoe realização existen cial dos homens!

As pesquisas sobre felicidade mostram que a satis -fação de certas necessidades básicas, como nutriçãoe moradia, tem forte impacto positivo no bem-estarsubjetivo das pessoas nas mais diversas culturas. Issoé universal. Daí que acréscimos de renda sejam vitaispara quem parte de um nível de renda absoluta muitobaixo.

As pessoas que se declaram "muito felizes" naspesquisas possuem atributos observáveis que podemser tomados como indicativos de felicidade: elastendem a ser classificadas como felizes por seusparentes e amigos; sorriem com maior frequência;têm maior propensão a renovar os contatos sociaiscom amigos; faltam menos ao trabalho; apresentammenor incidência de sintomas físicos associados aestresse e têm menor probabilidade de morte pre -matura ou de cometer suicídio.

A ideia de alterar estados de consciência por meioda manipulação da química cerebral pode soar moder -na, mas o sonho vem de longe. Não é de hoje que seespecula, se fantasia e se experimenta em torno defacilitadores químicos e soluções mágicas para vencero desafio de afastar o sofrimento e ser feliz.

(Os trechos acima foram extraídos do livroFelicidade, de Eduardo Giannetti)

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 275

Page 48: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS276

Rascunho

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 276

Page 49: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 277

A busca da felicidade sempre norteou o desejo da humanidade e tem sido objeto de reflexão de pensadores e especialistas que,desde a Antiguidade grega, tentam defini-la. Com base nos textos e em sua própria experiência, redija uma dissertação em prosa,expondo o que é a felicidade para você.

Prática de Redação 15 (Para casa)MÓDULOS

64 e 65

Nome legível __________________________________________________________________

Unidade ______________________________________________________________________

Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________

N.o de Computador –

COLÉGIO

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 277

Page 50: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS278

Competência Critério Peso Nota atribuída

1 Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. 2

2Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das

várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.

2

3 Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos,opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. 2

4 Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessáriospara a articulação das ideias (coesão e coerência). 2

5Elaborar conclusão coerente com as ideias discutidas ou elaborar proposta de intervenção para o problema

abordado, demonstrando respeito aos direitos humanos.2

Nome do corretor: ___________________________________________

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 278

Page 51: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 279

Texto para os testes 1 e B.

O século XIX produziu três grandes pensa -do res que revolucionaram o pensamento hu -ma no: Sigmund Freud, o pai da psicanálise, KarlMarx, o teórico do comunismo, e CharlesDarwin, autor da teoria da evolução das espé -cies. Neste início do século XXI, só um delessobrevive a pleno vigor. O marxismo perdeusua aura a partir de 1989, com a queda do murode Berlim e a subsequente falência dos Es ta -dos comunistas. A teoria psicanalítica de Freud,baseada na interpretação do inconsciente, jásofreu inúmeras revisões e, nas duas últimasdécadas, foi ofuscada pelo sucesso dos remé -dios antidepressivos (como, aliás, o próprioFreud previra). Darwin teve outra sorte. Suasteses foram tão amplamente confirmadas noséculo passado que pareciam inquestionáveis.Não mais. Enquanto se comemoram os 200anos de seu nascimento (dia 12), a árvore davida — um conceito central na teoria daevolução — está para cair. Isso não significaque Darwin vá seguir o caminho de Freud e

Marx. Para começar, a revolução que eleprovocou tem outra dimensão, comparávelapenas ao abalo provocado pelo astrônomopolonês Nicolau Copérnico, em 1543 [com adescoberta de que a Terra gira ao redor do Sol].

(MOON, Peter. Darwin estava errado?Época, 9 fev. 2009, p. 57.)

1 (MODELO ENEM) – Quando Peter Mooncompara Darwin a Copérnico, ele permite aoleitor inferir quea) os dois pensadores foram perseguidos econdenados à morte pela Igreja Católica.b) o pensamento de ambos foi reformuladopela Teoria da Relatividade de Einstein.c) os dois erraram por não conhecerem as leisda Física Quântica de Max Planck.d) as pesquisas de ambos retiraram do ho -mem a condição de centro do Universo.e) a teoria de ambos foi rechaçada porqueforam geradas em uma sociedade católica.Resolução

Trata-se de momentos na História em que des -cobertas científicas impuseram uma alteração

profunda na visão do homem e de seu lugar nanatureza e no Universo. A descoberta de Copér -nico destruiu a crença de que a Terra (a “casa”que Deus teria criado para o homem) fosse ocentro do Universo; a de Darwin abalou acrença na criação divina do mundo e do homeme a concepção deste como o “rei da criação”.Resposta: D

B (MODELO ENEM) – Seguindo a linha deraciocínio de Moon, Darwin está para o evolu -cionismo assim comoa) Marx está para a queda do muro de Berlim.b) Marx está para a falência dos países capita -listas.c) Freud está para os antidepressivos.d) Freud está para a psicanálise.e) Marx e Freud estão para o século XXI.Resolução

O que se afirma na alternativa d se verifica notrecho “Sigmund Freud, o pai da psicanálise,(...) e Charles Darwin, autor da teoria da evo -lução das espécies [evolu cio nismo].”Resposta: D

33 Euclides da Cunha: Os Sertões • Pré-Modernismo • Euclides da Cunha

• Os Sertões • Canudos

33 – Euclides da Cunha: Os Sertões

34 – Monteiro Lobato

35 – Lima Barreto:

Triste Fim de Policarpo Quaresma

36 – Augusto dos Anjos

37 e 38 – Modernismo

39 e 40 – Fernando Pessoa ortônimo e

Mário de Sá-Carneiro

41 – Ricardo Reis e Alberto Caeiro

42 – Álvaro de Campos

43 – Semana de Arte Moderna

44 – Mário de Andrade

Pré-Modernismo – Modernismo – Módulos

Mário de Andrade (1893-1945)

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 279

Page 52: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS280

Na segunda metade do século XIX e início do século XX,época em que Os Sertões foram escritos, tiveram grandepenetração ideias chamadas cientificistas, que procuravamembasar o estudo da sociedade em teorias científicas outomadas como tais. Nesse ambiente, causou grande impactona ciência e na cultura uma nova teoria, o evolucionismo,formulada pelo naturalista1 inglês Charles Darwin (1809-1882).A seguir leremos um trecho de uma de suas obras:

1 – Naturalista: especialista em ciências naturais, especialmente botânica e

zoologia.

Texto 1

1 Que ideia se defende neste texto?

2 No texto, menciona-se uma outra convicção concernente àorigem do homem, da qual Darwin discorda. De que se trata?

3 Relacione a caricatura abaixo ao texto 1.

Caricatura de Darwinpublicada na revista Hornet. Inhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Darwin.

RESOLUÇÃO:

Darwin defende a ideia de que, no que se refere a sua confor -

mação, o homem e os demais mamíferos seguem o mesmo

padrão. Para ele, todos os animais vertebrados evoluem de um

mesmo modelo geral e passam pelos mesmos estágios primitivos

de desenvolvimento, conservando em comum certas partes

rudimentares.

RESOLUÇÃO:

Trata-se da concepção mítica da gênese humana, segundo a qual

o homem seria descendente de entes divinos. Darwin considera

essa concepção fruto de “prevenção [= preconceito] natural” e

arrogância dos homens.

É fora de questão que, no tocante a sua conformação, ohomem segue o mesmo padrão ou modelo geral de qualqueroutro mamífero. (...)

Muitos tipos de macacos apreciam chá, café ou bebidasalcoólicas, e, como eu próprio tive a oportunidade deconstatar, também fumam com prazer. (...)

Podemos assim compreender como se tenha chegado aadmitir que o homem e todos os outros vertebrados tenhamsido estruturados dentro do mesmo modelo geral, a fim deque pudessem passar pelos mesmos estágios primitivos dedesenvolvimento, e para que conservassem certas partesrudimentares em comum. Assumir outra posição significajulgar que a similaridade entre nossa estrutura e de todos osanimais que nos cercam não passa de uma simples ciladaarmada para nos ludibriar. (...)

É somente devido a uma nossa prevenção natural, bemcomo àquela arrogância que fez com que nossos antepas -sados acreditassem descender de semideuses, que por vezeshesitamos em chegar a esta conclusão. Mas dentro em bre -ve parecerá inverossímil que naturalistas tenham podido acre -ditar que tenhamos sido obras de atos separados da criação,quando cientes da estrutura comparada e do desenvol vi -mento paralelo do homem e dos demais mamíferos.

(DARWIN, Charles. A Origem do Homem e a Seleção Sexual.

Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 2004, p. 14-28.)RESOLUÇÃO:

Resposta pessoal. [A cari ca tu ra pode relacionar-se ao fato de

Darwin ter obser va do que o homem e muitos tipos de macacos

têm hábitos e gostos semelhan tes. Notar, contudo, que Darwin

não disse, conforme alguns divulgam, que o ho mem descende do

macaco. Pode-se também afirmar que caricaturas retratando

Darwin como macaco refle tem a resistência que suas ideias

encontraram na so cie dade de sua época.]

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 280

Page 53: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

4 Existem movimentos, particularmente nos Estados Unidos,que pregam uma doutrina de cunho religioso que postula aproibição do ensino da teoria de Darwin nas escolas. Você sabequal o nome dessa doutrina?

E (ENEM) – “Apesar da ciência, ainda é possível acreditar nosopro divino — o momento em que o Criador deu vida até aomais insignificante dos micro-organismos?”

Resposta de Dom Odilo Scherer, cardeal arcebispo de São Pau lo,nomeado pelo papa Bento XVI em 2007:

“Claro que sim. Estaremos falando sempre que, em algummomento, começou a existir algo, para poder evoluir em segui -da. O ato do criador precede a possibilidade de evolução: sóevolui algo que existe. Do nada, nada surge e evolui.”

(LIMA, Eduardo. Testemunha de Deus. Superinteressante. São Paulo, n. 263-A, p. 9, mar. 2009 – com adaptações.)

Resposta de Daniel Dennett, filósofo americano ateu e evolu -cionista radical, formado em Harvard e Doutor por Oxford:

“É claro que é possível, assim como se pode acreditar queum super-homem veio para a Terra há 530 milhões de anos eajustou o DNA da fauna cambriana, provocando a explosão davida daquele período. Mas não há razão para crer em fantasiasdesse tipo.”

(LIMA, Eduardo, Advogado do Diabo. Superinteressante. São Paulo, n. 263-A, p. 11, mar. 2009 – com adaptações.)

Os dois entrevistados responderam a uma mesma questão, esuas respostas foram reproduzidas aqui. Tais respostas revelamopiniões opostas: um defende a existência de Deus e o outronão concorda com isso. Para defender seu ponto de vista,a) o religioso ataca a ciência, desqualificando a Teoria da Evolu -ção, e o ateu apresenta comprovações científicas dessa teoriapara derrubar a ideia de que Deus existe.b) Scherer impõe sua opinião, pela expressão “claro que sim”,por se considerar autoridade competente para definir o assunto,enquanto Dennett expressa dúvida, com expressões como “épossível”, assumindo não ter opinião formada.c) o arcebispo critica a teoria do Design Inteligente, pondo emdúvida a existência de Deus, e o ateu argumenta com base nofato de que algo só pode evoluir se, antes, existir.d) o arcebispo usa uma lacuna da ciência para defender a exis -tência de Deus, enquanto o filósofo faz uma ironia, sugerindoque qualquer coisa inventada poderia preencher essa lacuna.e) o filósofo utiliza dados históricos em sua argumentação, aoafirmar que a crença em Deus é algo primitivo, criado na épocacambriana, enquanto o religioso baseia sua argumentação nofato de que algumas coisas podem “surgir do nada”.

Os Sertões, de Euclides da Cunha

É notável, na concepção de Os Sertões, a influência de tesescientificistas, especialmente o determinismo biológico, históricoe social, como se pode observar já na divisão do livro, em trêspartes: o meio geográfico (“A Terra”) determinando o comporta -mento humano (“O Homem”) e levando-o a agir em umadeterminada situa ção conflituosa de acordo com seu estilo devida peculiar, como o do sertanejo e o do morador da cidade(“A Luta”).

O livro trata da Guerra de Canudos, movimento de fundosociorreligioso, que durou cerca de um ano, de 1896 a 1897, naentão comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia.Antônio Conselheiro (Antônio Vicente Mendes Maciel) liderou arevolta. Euclides da Cunha assim apresenta o retrato do líder:

Texto 2

1 – Anacoreta: pessoa que vive na solidão. 2 – Inculto: descuidado. 3 – Abordoado:apoiado. 4 – Peregrino: viajante. 5 – Desvario: loucura, insânia. 6 – Títere:marionete, fantoche; pessoa que se deixa controlar pelos outros.

RESOLUÇÃO:

Trata-se do criacionismo, que nega a teoria da evolução formulada

por Darwin e defende a concepção segundo a qual o mundo e o

homem foram criados conforme narra a Bíblia.

RESOLUÇÃO:

As estratégias argumentativas de ambos os entrevistados foram

corretamente identificadas na alternativa d: o arcebispo afirma

que algo só pode evoluir depois que foi criado (a ciência fala da

evolução, mas não explica a criação a partir da qual tudo teria

evoluído); o filósofo, ironicamente, insinua, por meio do exemplo

de um “super-homem”, que atribuir a criação de todos os seres a

um ser superpoderoso é atitude fantasiosa.

Resposta: D

(...) E surgia na Bahia o anacoreta1 sombrio, cabelos cres -cidos até aos ombros, barba inculta2 e longa: faceescaveirada; olhar fulgurante; monstruoso, dentro de umhábito azul de brim americano; abordoado3 ao clássico bastão,em que se apoia o passo tardo dos peregrinos4.

(...)Andava sem rumo certo, de um pouso para outro, indife -

ren te à vida e aos perigos, alimentando-se mal e ocasional -mente, dormindo ao relento à beira dos caminhos, numapenitência demorada e rude...

Tornou-se logo alguma cousa de fantástico ou mal-assom -brado para aquelas gentes simples. (...)

No seio de uma sociedade primitiva que pelas qualidadesétnicas e influxo das santas missões malévolas compreen diamelhor a vida pelo incompreendido dos milagres, o seu vivermis terioso rodeou-o logo de não vulgar prestígio, agravando-lhe, talvez, o temperamento delirante. (...) Todas as conjecturasou lendas que para logo o circundavam fize ram o ambientepropício ao germinar do próprio desvario5. A sua insânia estavaali, exteriorizada. Espelhavam-lha a admiração intensa e orespeito absoluto que o tornaram em pouco tempo árbitroincondicional de todas as divergências ou brigas, conselheiropredileto em todas as decisões. A multidão (...) criava-o (...)

Precisava de alguém que lhe traduzisse a idealização,indefinida, e a guiasse nas trilhas misteriosas para os céus...

(...)Aquele dominador foi um títere6. Agiu passivo, como uma

sombra. Mas esta condensava o obscurantismo de três raças.E cresceu tanto que se projetou na História...

PORTUGUÊS 281

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 281

Page 54: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS282

F Sobre o texto, pode-se afirmar que:I. A figura de Antônio Conselheiro impressionava os serta nejosporque parecia uma figura messiânica digna de respeito.II. A população recebeu Antônio Conselheiro com intensaadmiração por ele ser um religioso dotado de grande elo quência,sobretudo quando aconselhava os sertanejos.III. A imagem que Euclides da Cunha faz de Antônio Conse -lheiro, ou seja, a de um homem insano, corresponde à verda de,pois o autor analisa-o de acordo com o pensamento científicoda época.IV. Segundo o texto, a população idealizou a imagem dolíder Antônio Conselheiro, que acabou por se tornar, ao mesmotempo, “dominador” e “títere”.

a) Todas as afirmações são incorretas.b) Somente a afirmação IV é correta.c) Somente as afirmações I e IV são corretas.d) Somente as afirmações II e III são corretas.e) Somente as afirmações I, II e III são corretas.RESOLUÇÃO:

Resposta: C

Leia a seguir o fragmento de Os Sertões em que se narra ofinal do conflito:

1 – Expugnado: conquistado à força de armas; abatido.2 – Forrar-se: poupar-se, evitar.

Mulheres e crianças prisioneiros da guerra. Foto de Flávio de Barros.

Comandantes

25.000 5.000

Baixas

30.000 10.000

Forças

Ten. Manoel da Silva,Ten. Pires Ferreira

Antônio Conselheiro Maj. Febrônio de Brito,Coronel Moreira CésarGal. Artur Oscar

Conselheiristas Tropas federais

Combatentes

Data novembro de 1896 – outubro de 1897

Local Interior do sertão da Bahia

Resultado Vitória das tropas federais e destruição total doarraial

GUERRA DE CANUDOS

Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda ahistória, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado1

palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5,ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores,que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, doishomens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiamraivosamente 5 mil soldados.

Forremo-nos2 à tarefa de descrever os seus últimosmomentos. Nem poderíamos fazê-lo. Esta página, imagi -namo-la sempre profundamente emocionante e trágica; mascerramo-la vacilante e sem brilhos...

A cidade foi levantada em 1893, perto do Rio Vaza--Barris. Chamava-se Belo Monte, mas passou para ahistória como Canudos, nome dado pelos inimigos,referindo-se aos bambus que ali cresciam, comocanudos, e, ao mesmo tempo, negando-lhe o carismade seu verdadeiro nome.

A situação na região, à época, era muito precáriadevido às secas, à fome, à pobreza e à violência social.Esse quadro, somado à elevada religiosidade dossertanejos, deflagrou uma série de distúrbios sociais,os quais, diante da incapacidade dos poderesconstituídos em debelá-los, conduziram a um conflitode maiores proporções.

Saiba mais??

Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL

OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”,digite PORT2M308

No Portal Objetivo

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 282

Page 55: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 283

CHARLES Robert DARWIN (1809-1882): Naturalista que formulou o evolucionismo, teoria quepropõe a diferenciação e o desenvolvimento das espécies por meio da seleção natural e sexual.Essa teoria se de sen volveu no que é agora con side rado o paradigma central para explica ção dediversos fenô me nos na biologia.

EUCLIDES Rodrigues DA CUNHA (1866-1909): Engenheiro militar, foidesligado do Exército por motivos políticos. Trabalhou como enge nheiro ejornalista. Publicou, em O Estado de S. Paulo, uma série de reportagenssobre a Guerra de Canudos. Essas reportagens deram origem a seu livro maisim por tante, um marco na literatura brasileira — Os Sertões (1902), obra

monumental, na qual se mesclam ciência e literatura. Escrito com o intuito de denun ciar, comrigor e objetividade científica, a tragédia que foi a campanha do Exército brasileiro em Canudos,o livro acaba por superar a mera finalidade informativa, atingindo alto valor literário. Euclides daCunha publicou ainda Contrastes e Confrontos (1907) e À Margem da História (1909).

Os Destaques!!

34 Monteiro Lobato • Pré-Modernismo

• Monteiro Lobato

Textos para os testes de A a C.

1 – Sorna: manhoso, dissimulado.

A (MODELO ENEM) – Um aspecto comumaos dois textos é a(o)a) visão crítica da realidade nacional.b) nacionalismo exagerado.c) engrandecimento da natureza.d) apego ao ambiente rural.e) recusa ao mundo urbano.Resolução

Nos dois textos, examinam-se, de forma crítica,duas personagens típicas e importantes doBrasil: o sertanejo e o caboclo. Resposta: A

B (MODELO ENEM) – Para Monteiro Lobato,o caboclo representaa) a autenticidade de um caráter que não se -gue modismos.b) o atraso e a indolência de um tipo brasileiro.c) a revolta diante das mudanças tecnológicas.d) o medo em relação às influências estran -geiras.e) o poder de resistência em face da chegadade imigrantes.Resolução

Monteiro Lobato considera que o caboclo viveà margem da civilização e é inadaptável a ela,fugindo do progresso e mantendo-se “mudo esorna”, “encoscorado (endurecido, paralisado)em uma rotina de pedra”. Resposta: B

C (MODELO ENEM) – Para Euclides da Cu -nha, o sertanejoa) tem um caráter neurastênico.b) é dono de feiura semelhante à do mestiçolitorâneo.c) é fraco apenas na aparência.d) aliena-se porque é um fraco.e) envergonha seus próprios semelhantes.Resolução

Os dois primeiros parágrafos do texto 1 falamda força do sertanejo e de sua aparência defraqueza. Resposta: C

Texto 1

O sertanejo é, antes de tudo, um forte.Não tem o raquitismo exaustivo dos mesti -ços neurastênicos do litoral.

A sua aparência, entretanto, ao primeirolance de vista, revela o contrário. Falta-lhe aplástica impecável, o desempeno, a estruturacorretíssima das organizações atléticas.

(...)É o homem permanentemente fatigado.(...)Entretanto, toda esta aparência de cansa -

ço ilude.Nada é mais surpreendedor do que vê-la

desaparecer de improviso. Naquela organi za -ção combalida, operam-se, em segundos,transmutações completas. Basta o apare ci -men to de qualquer incidente exigindo-lhe odesencadear das energias adormidas. Ohomem transfigura-se. Empertiga-se, esta -dean do novos relevos, novas linhas na es ta -tura e no gesto; e a cabeça firma-se-lhe, alta,sobre os ombros possantes, aclarada peloolhar desassombrado e forte.

(Euclides da Cunha, Os Sertões)

Texto 2

Este funesto parasita da terra é o caboclo,espécie de homem baldio, seminômade,inadaptável à civilização, mas que vive à beiradela na penumbra das zonas fronteiriças. Àmedida que o progresso vem chegando coma via férrea, o italiano, o arado, a valorizaçãodas terras, vai ele refugindo em silêncio como seu cachorro, o seu pilão, o pica-pau e oisqueiro, de modo a sempre conservar-semudo e sorna1. Encoscorado em uma rotinade pedra, recua mas não se adapta.

(Monteiro Lobato, Urupês)

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 283

Page 56: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS284

A principal faceta de sua produção literária são os contos(Urupês, 1918; Cidades Mortas, 1919; Negrinha, 1920), decunho regionalista, que enfocam o homem e a paisagem daregião que ele designaria como das “cidades mortas”, isto é, odecadente Vale do Paraíba, onde brilhou o fausto das fazendas decafé do século XIX. Criticou a indolência do caboclo, “sempre decócoras enquanto o Brasil esperava por ele”, na famosa figurade Jeca-Tatu; depois se desculpou, falando das difíceiscondições da vida do camponês. Atacou publicamente oModernismo, no artigo “Paranoia ou Mistificação?”, de 1917,escrito a propósito de uma exposição de Anita Malfatti. Aprincipal característica de sua linguagem é a oralidade elegante.

Além de contos, destaca-se em sua produção a literaturainfantil (Reinações de Narizinho, O Marquês de Rabicó, Fábulas,O Pica-Pau Amarelo, O Poço do Visconde e muitos outrostítulos). É o criador desse gênero literário no Brasil e os outrorafamosíssimos livros do “Sítio do Pica-Pau Amarelo” são até hojeo que de melhor se escreveu para crianças em português.

Texto 1

1 – Cantar o bolo e estalar o bacalhau: castigar fisicamente com rigor. 2 – Novena:nove dias. 3 – Relho: chicote. 4 – Azorrague: chicote. 5 – Frenesi: delírio, pro fundaagitação, crise nervosa. 6 – Derivativo: “atividade que desvia o espírito de suaspreocupações” (Houaiss), distração. 7 – Cocre: cascudo.

1 (MODELO ENEM) – De acordo com o texto:I. As pessoas do convívio social de Dona Inácia tinham opiniãonegativa sobre ela.II. Dona Inácia tinha a respeito de si opinião bastante favorável.III. O narrador põe em evidência o contraste entre a imagemsocial de Dona Inácia e o que ela de fato era.IV. Como Dona Inácia havia sido dona de escravos, seu com por -ta mento, embora grosseiro, podia ser considerado um “ino -cente derivativo”.

a) Apenas a afirmação I é correta. b) Apenas a afirmação II é correta. c) São corretas as afirmações II e III, apenas.d) São corretas as afirmações II e IV, apenas.e) Todas as afirmações são corretas.RESOLUÇÃO:

“Inocente derivativo” refere-se ao fato de Dona Inácia “aliviar” seus

“frenesis”, suas inquietações, batendo em Negrinha, a quem

conservava em casa justamente para isso. “Inocente derivativo” é

uma expressão irônica: sugere ao leitor exatamente o oposto, algo

como “distração perversa”.

Resposta: C

2 Como se denomina a figura de linguagem, frequente notexto, que consiste em dar a entender o contrário do que se diz?Dê exemplos extraídos do texto.RESOLUÇÃO:

Denomina-se ironia. O narrador faz uso da ironia sempre que

atribui qualificativos elogiosos a Dona Inácia; exemplo: “excelente

senhora”, isto é, péssima senhora etc.

C (ENEM) – A narrativa focaliza um momento histórico-social devalores contraditórios. Essa contradição infere-se, no contex to, pelaa) falta de aproximação entre a menina e a senhora, preocupadacom as amigas.b) receptividade da senhora para com os padres, mas desele -gante para com as beatas.c) ironia do padre a respeito da senhora, que era perversa comas crianças.d) resistência da senhora em aceitar a liberdade dos negros,evidenciada no 5.° parágrafo do texto.e) rejeição aos criados por parte da senhora, que preferiatratá-los com castigos.RESOLUÇÃO:

A resistência de Dona Inácia em aceitar a libertação dos escravos

fica evidente na passagem “Nunca se afizera ao regime novo —

essa indecência de negro igual”. Frise-se a ironia de Monteiro

Lobato, em relação não só aos atos cruéis da renitente escravocrata

Dona Inácia, como também aos que viam nela “uma virtuosa

senhora”, “esteio da religião e da moral”. Resposta: D

Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não;fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados.

Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeirosanos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre a velhaesteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroanão gostava de crianças.

Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo,amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarotede luxo no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeirade balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas eo vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosasenhora em suma — “dama de grandes virtudes apostólicas,esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo.

Ótima, a Dona Inácia.(...)A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de

crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos — edaquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar obacalhau1. Nunca se afizera ao regime novo — essaindecência de negro igual a branco e qualquer coisinha: apolícia! “Qualquer coisinha”: uma mucama assada ao fornoporque se engraçou dela o senhor; uma novena2 de relho3

porque disse: “Como é ruim, a sinhá...”O 13 de maio tirou-lhe das mãos o azorrague4, mas não

lhe tirou da alma a gana. Conservava Negrinha em casa comoremédio para os frenesis5.

Inocente derivativo6.— Ai! Como alivia a gente uma boa roda de cocres7 bem

fincados!...(Monteiro Lobato, Negrinha)

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 284

Page 57: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

Texto 2

1 – Enleado: atado, preso. 2 – Sarraceno: árabe. 3 – Minarete: torre de uma mes -quita. 4 – Muezim: árabe que anuncia o horário das rezas.

D De acordo com o texto, de onde partiu o interesse dePedrinho e de Narizinho pela história dos árabes?

E Dona Benta diz: “... ninguém nega que foram um dos povosmais notáveis que apareceram no mundo. Tinham o gênioinventivo e muito amor ao estudo”. – A atitude de Dona Bentaé de xenofilia, palavra rara que significa “grande simpatia (filia:amizade, amor) por pessoas ou coisas estrangeiras (xeno:estrangeiro, estranho)”. Você conhece a palavra, mais comum,que significa o contrário: “aversão, ódio, hostilidade a pessoase coisas estrangeiras”? Baseando-se em xenofilia, explique oselementos que compõem o seu antônimo.

6 Algarismo — de Alchwarizmi, nome do matemático árabeMuhammad ibn Musa Alchwarizmi — é um dos muitosvocábulos de origem árabe que fazem parte da línguaportuguesa. Você com certeza conhece outros. Cite alguns.

MIL E UMA NOITES

Pedrinho e Narizinho conheciam os árabes das Mil e UmaNoites. O Príncipe Amede, Codadade, a Xarazade eram per -so nagens bastante familiares no sítio de Dona Benta. Poresse motivo ficaram muito interessados em saber coisashistóricas dos árabes.

— Gosto deles, vovó — disse o menino — e sinto muitoque o tal Martelo não quebrasse o cabo quando martelou osárabes em Tours. Seria tão interessante se eles con quis tas -sem a Europa...

— Que horror! — exclamou Narizinho. — Eram unsmalvados com as mulheres. Não as deixavam sair à rua decara descoberta, mas sempre enleadas1 num xale onde haviadois buraquinhos para os olhos. Imagine o mundo inteiroassim. Que horror!...

— Cada um de vocês tem uma parte da razão — resolveuDona Benta. — Os sarracenos2 possuíam grandes qualida -des, e também grandes defeitos. Mas ninguém nega queforam um dos povos mais notáveis que apareceram nomundo. Tinham o gênio inventivo e muito amor ao estudo.

— Que é que inventaram?— A numeração que usamos foi inventada por eles e nos

tem prestado tantos serviços como o alfabeto. 1,2,3,4,5, etc.são algarismos árabes. Os romanos usavam letras doalfabeto em vez de números, um sistema que dificultava mui -to as contas. Escreva num papel, Narizinho, estes númerosromanos e some.

E Dona Benta ditou:IV + XIV + XL + VII + MCVIII— E você, Pedrinho, faça esta multiplicação:MCMXL x XIVOs dois meninos escreveram aqueles algarismos ro ma -

nos e lutaram inutilmente para fazer as contas.— Impossível, vovó! — disseram ambos ao mesmo

tempo. — Isto é uma besteira.— Não falem assim grosseiramente — observou Dona

Benta. — Digam que o sistema dos romanos era inferior aodos árabes — e a prova disso é que hoje os algarismosromanos só são usados nos mostradores dos relógios e emcertos livros para numerar capítulos. Em tudo mais, em todasas escriturações que existem, quem falar em algarismosromanos faz papel de humorista — ou de fazedor de graça.Além disso, os árabes foram notáveis na arquitetura, criandoum estilo inteiramente diverso do estilo grego, romano e egíp -cio. A principal diferença estava nas portas e janelas, que emvez de quadradas ou redondas em cima tinham a forma deferradura. Nos cantos das mesquitas elevaram-se os ele gan -tes minaretes3, do alto dos quais os muezins4 davam aviso aopovo da hora de rezar. As paredes dos monumentos eramrecobertas de belos mosaicos e desenhos.

(LOBATO, Monteiro. Obra Infantil Completa. São Paulo: Brasiliense, 1982.)

RESOLUÇÃO:

Café, azeite, alface, álcool, xarope etc. Muitas palavras portu -

guesas que se iniciam com al- — como alambique, alarde, alfanje...

— conservam o artigo árabe invariável — algodão: al qoton —,

artigo que também está presente, modificado, em armazém,

arrabil, azar, azeite, azimute...

RESOLUÇÃO:

Xenofobia, antônimo de xenofilia, designa a aver são (fobia) ao

estrangeiro (xeno).

RESOLUÇÃO:

Da leitura de As Mil e Uma Noites, obra clássica da literatura

árabe.

PORTUGUÊS 285

José Bento Renato MONTEIRO

LOBATO (1882-1948): Formou-seem Direito em São Paulo, tendo par -ti cipado intensa mente de ativi dadespolíticas estudantis. Fundou a Com -pa nhia Editora Nacional, lutou porprogramas de saúde pública e pelas liberdades de mo -crá ticas, incentivou as cam panhas do petróleo e doferro, fun dando, em 1931, a Cia. Petróleo do Brasil. Foipreso por escrever carta ao ditador Getúlio Vargas sobreo problema do petróleo brasileiro (Lobato pre ten dia queo petróleo fosse nacionalizado, mas não estatizado,como acabou fazendo Getúlio, ao criar a Petrobrás, daqual o escritor é às vezes considerado, erroneamente,como uma espécie de patrono). O modelo de Lobato,grande admirador da sociedade dos Estados Unidos,era a iniciativa privada. Em sua produção literária,destaca-se, além dos contos, a literatura infantil — eleé o criador desse gênero no Brasil.

O Destaque!!

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 285

Page 58: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS286

EMÍLIA

Uma das personagens mais queridas dos leitores de Monteiro Lobato é a boneca Emília.Em carta dirigida a Godofredo Rangel, Lobato declarou:

Emília começou uma feia boneca de pano, dessas que nas quitandas do interior custavam 200 réis.Mas rapidamente evoluiu, e evo luiu cabritamente — cabritinho novo — aos pinotes. E foi adquirindo tantaindependência que, não sei em que livro, quando lhe perguntam: “Mas que você é, afinal de contas,Emília?”, ela respondeu de queixinho empinado: “Sou a Indepen dência ou Morte.” E é. Tão independenteque nem eu, seu pai, consigo dominá-la. (In: Barca de Gleyre, 14. ed., São Paulo: Brasiliense, 1972.)

Emília, na trama criada por Lobato, foi feita por Tia Nastácia para a menina Narizinho. Eramuda, mas, após engolir uma pílula falante do Dr. Caramujo, desatou a falar e nunca mais parou.

Ela é conhecida por volta e meia abrir sua torneirinha de asneiras, principalmente quando quer explicar algo de difícilexplicação ou justificar uma ação ou vontade. Fala pelos cotovelos, e também é comum trocar os nomes de coisas oupessoas por versões com sonoridade semelhante: seu benfeitor, por exemplo, ela chama de “Dr. Cara de Coruja”...

Emília é uma boneca de pano, recheada de macela. Em muitas histórias, Emília troca de vestido, é consertada oué recheada novamente. Narizinho também faz e refaz suas sobrancelhas (segundo Reinações de Narizinho) e seusolhos, que são de retrós e arrebentam se Emília os arregala demais. Nas histórias, ela é capaz de andar e se movimentarlivremente, porém muitas vezes é tratada por Narizinho como uma boneca comum e é enfiada no bolso.

Apesar de não cometer nenhum pecado muito sério, a moral de Emília também é questionável, pois para apersonagem, muitas vezes, os fins justificam os meios, mesmo que os fins não sejam também muito louváveis.

Diversos autores consideram Emília como um alter ego do Autor. Nela, Lobato exprimiria, muitas vezes, suas pró -prias opiniões, que, por contrariarem o senso comum da época, foram colocadas na boca de uma criatura cuja índoleera irresponsável e que, por ter enchimentos de macela, falava sem pensar. “A Emília é infernal”, bem definiu Lobato:“Quando estou batendo o teclado, ela posta-se ao lado da máquina e quem diz que eu digo o que eu penso?”.

A irreflexão é a principal marca da boneca mais famosa da Literatura Brasileira. Suas “asneiras” dão-lhe encantopróprio, graça que a fizeram deixar o papel a que estava destinada, como personagem secundária, para ser uma dasprincipais — a principal, ao menos para os leitores, curiosos para saber o que ela irá aprontar.

TIA NASTÁCIA (Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Emilia)

Nas antigas casas de fazenda, como em muitas nas cidades, era comum a figura da velhamatrona negra, solteirona, solícita e de pouca instrução.

Se por um lado é possível uma leitura racista por parte de Monteiro Lobato, por outro afigura de Tia Nastácia serve como retrato de um momento histórico do Brasil, no qual aconvivência “racial” era — e muitas vezes continua sendo — possibilitada pela subordi naçãohierárquica: a serviçal doméstica, que acaba “tornando-se da família”.

A extrema bondade de Tia Nastácia dava-lhe, no contexto do Sítio do Pica-Pau Amarelo,o verdadeiro ar de brasilidade, junto a uma Dona Benta de formação cultural europeia. Enquantoesta falava de Hans Staden e apresentava aos netos a mitologia grega, foi pela boca de TiaNastácia que dezenas de histórias do folclore brasileiro foram sendo narradas, com deleite,aos meninos do Sítio. Por seus lábios, personagens menosprezados do rico fabulário popularencontraram meios de chegar aos leitores-mirins do Brasil, e Tia Nastácia tornou-se o centrodas atenções, em Histórias de Tia Nastácia — um dos livros da série.

Tia Nastácia reflete, por um lado, um estereótipo e, por outro, revela, numa persona gemsecundária, que a presença do negro em nossa literatura pouco tinha evoluído desde a“Bertoleza” de Aluísio Azevedo: uma figura quase caricata, simplória e subserviente.

(Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tia_Nastacia)

Saiba mais??

Emília, em desenho de André Koehne.

Tia Nastácia, em desenho de André Koehne.

Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”, digite PORT2M309

No Portal Objetivo

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 286

Page 59: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 287

35Lima Barreto: Triste Fim de Policarpo Quaresma

• Pré-Modernismo • Lima Barreto• Triste Fim de Policarpo Quaresma

• Quixotismo

A (UFMG – modificado – MODELO ENEM) –Leia o trecho a seguir, do ro man ce Triste Fim dePolicarpo Quaresma, de autoria de Lima Barreto:

Sobre o trecho, pode-se afirmar quea) as ciências naturais, aprendidas por Qua res -ma em suas leituras, são vistas no texto comoinstrumentos necessários à apreensão da rea -lidade.b) o autor, através do preto velho, demonstra ainutilidade dos recursos técnicos postos àdisposição da agricultura.c) o museu botânico, a biblioteca agrícola e osinstrumentos meteorológicos provam que Qua -resma dominava o conhecimento na área dasciências naturais.d) o narrador, no diálogo entre as duas perso -nagens, utiliza-se da fala de Anastácio para cri -ticar o falso cientificismo de Quaresma.e) o apego excessivo ao estudo é indício dapersonalidade doentia e “lunática” de Qua -resma.

Resolução

No primeiro parágrafo, a respeito de Quaresma,afirma-se: “Os azares de leituras tinham-nolevado a estudar as ciências naturais e o furorautodidata dera a Quaresma sólidas noções deBotânica, Zoologia, Mineralogia e Geologia.”Resposta: C

B (PUC-SP – MODELO ENEM) – Da perso -na gem que dá título ao romance Triste Fim dePolicarpo Quaresma, podemos afirmar quea) foi um nacionalista extremado, mas nuncaestudou com afinco as coisas brasileiras.b) perpetrou seu suicídio, porque se sentia de -cep cionado com a realidade brasileira.c) defendeu os valores nacionais, brigou poreles a vida toda e foi condenado à morte justa -mente pelos valores que defendia.d) foi considerado traidor da pátria, pois parti -cipou da conspiração contra Floriano Peixoto.e) era um louco e, por isso, não foi levado asério pelas pessoas que o cercavam.Resolução

Como um idealista louco, um Dom Quixotesuburbano, o major Quaresma é uma figuratragi cômica. Representa um nacionalismo arcai -co, xenófobo, que, deitando as suas raízes noufanismo romântico, superdimensiona nossosvalores e potencialidades. Puro, ingênuo, elenada contra a correnteza, contra o pedantismoda cultura oficial, contra a colonização cultural,contra o afrancesamento da nossa cultura, con -tra a inércia da oligarquia agrária, contra a inép -cia da burocracia e contra a opressão da di taduraflorianista, que, no início, apoiara, numa atitudemessiânica de crença salvacionista. Ironica -mente, esse defensor fanático do folclo re, doíndio, da natureza e dos valores nacionais écondenado à morte, como traidor da pátria, justoele, um defensor extremado de seus valores.Resposta: C

C (UFMG – modificado – MODELO ENEM) –Assinale a alternativa que apresenta ideias so breaspectos da realidade brasileira semelhan tesàquelas defendidas pelo protagonista doromance Triste Fim de Policarpo Quaresma, deLima Barreto.a) “Ao chegar vi realizado com esplendor tudoo que a Esperança me prometera. A nossa terraé a pátria da mocidade. Hoje a imagem do Brasil

é a de um jovem que seja a repre sen ta ção doentusiasmo. Belo, são, puro, aspira a plenitudeda vida. Toda a luz, toda a força da Natureza emseu ser. Ele sobe, paira, nada o embaraça emsua ascensão além das coisas...” (Graça Aranha)b) “Assim [com os imigrantes europeus], osidiomas estranhos tendem a fixar-se, a desen -vol ver-se, a prosperar no seio da nossa terra.Que será de nosso idioma, se o não prote ger -mos, na luta desigual? Para salvar da morte anativa linguagem portuguesa, que transportadapara o novo mundo ganhou novo esplendor esuavidade nova, não basta que os artistas dapalavra continuem a tratá-la e aprimorá-la. Quevalem escritores sem leitores? Que valeliteratura sem público?” (Olavo Bilac)c) “Em nenhuma outra região se mostra o céumais sereno, nem madruga mais bela a aurora;o sol em nenhum outro hemisfério tem os raiostão dourados, nem os reflexos noturnos tãobrilhantes; as estrelas são as mais benignas ese mostram sempre alegres; os horizontes, ounasça o sol, ou se sepulte, estão semprecla ros; as águas, ou se tomem nas fontes peloscampos, ou dentro das povoações nos aque du -tos, são as mais puras; é enfim o Brasil terrealparaíso descoberto...” (Sebastião da RochaPita)d) “Trazendo de países distantes as nossasformas de vida, nossas instituições e nossavisão do mundo e timbrando em manter tudoisso em um ambiente muitas vezes desfavo -rável e hostil, somos ainda uns desterrados emnossa terra. Podemos construir obras excelen -tes, enriquecer nossa humanidade de aspectosnovos e imprevistos, elevar até à perfeição otipo de cultura que representamos...” (SérgioBuarque de Holanda)e) “A terra sobranceia o oceano, dominante, dofastígio das escarpas; e quem a alcança, comoquem vinga a rampa de um majestoso palco,justifica todos os exageros descritivos — dogongorismo de Rocha Pita às extravagân ciasgeniais de Buckle — que fazem deste paísregião privilegiada, onde a natureza armou a suamais portentosa oficina.” (Euclides da Cunha)Resolução

O nacionalismo xenófobo do major PolicarpoQuaresma encontra eco no trecho de SérgioBuarque de Holanda, da obra Raízes do Brasil.Resposta: D

O major logo organizou um museu dosprodutos naturais do “Sossego”. As espé -cies florestais e campesinas foram etique -tadas com seus nomes vulgares e, quandoera possível, com os científicos. (...) Osazares de leituras tinham-no levado a estudaras ciências naturais e o furor autodidata deraa Quaresma sólidas noções de Botânica,Zoologia, Mineralogia e Geologia. (...) Acaba -do esse inventário, passou duas semanas aorganizar a sua biblioteca agrícola e umarelação de instrumentos meteorológicos paraauxiliar os trabalhos da lavoura. Encomendoulivros nacionais, franceses, portugueses;comprou termômetros, barômetros, pluviô -me tros, higrômetros, anemômetros.

Anastácio assistia a todos esses prepara -tivos com assombro. Para que tanta cousa,tanto livro, tanto vidro? Estaria o seu antigopatrão dando para farmacêutico? A dúvida dopreto velho não durou muito. Estando certavez Quaresma a ler o pluviômetro, Anastácio,ao lado, olhava-o espantado, como quemassiste a um passe de feitiçaria. O patrãonotou o espanto do criado e disse:

— Sabes o que estou fazendo, Anastá cio? — Não “sinhô”. — Estou vendo se choveu muito. — Para que isso, patrão? A gente sabe

logo “de olho” quando chove muito ou pou co...

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 287

Page 60: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS288

Texto 1

1 – Joeirar: separar o joio do trigo. 2 – Fanga: medida para cereais, legumes ou sal.3 – Candial: variedade de trigo muito apreciada e cuja farinha é muito branca.4 – Tremês: que tem ou dura três meses. 5 – Alimpa: corte de ramos ou folhassupérfluas. 6 – Punham-se sobre a cabeça, antes de abri-las, as cartas das pessoasde alta categoria, em sinal de respeito (nota dos tradutores). 7 – Azáfama: grandepressa e dedicação na execução de um trabalho, de uma tarefa. 8 – De Sabá, naArábia Feliz, famosa por seu incenso e outros perfumes (nota dos tradutores).9 – Os luveiros tinham por costume perfumar o couro das luvas, preparando-ocom âmbar e almíscar (nota dos tradutores). 10 – Endefluxado: constipado.11 – Alvíssaras: recompensa.

1 Qual é o principal assunto desenvolvido no diálogo entreDom Quixote e Sancho Pança?RESOLUÇÃO:

A visita que Sancho fizera a Dulcineia del Toboso para entregar

uma carta enviada por Dom Quixote e, mais do que isso, toda a

ansiedade do fidalgo perante a possibilidade de saber mais sobre

sua amada.

(...) — Quando chegaste, que fazia aquela rainha da for mo -su ra? Por certo a encontraste enfiando pérolas, ou bordan doalguma divisa com fios de ouro, para este seu cativo cavaleiro.

— Não, não — respondeu Sancho; — encontrei-a a joeirar1

duas fangas2 de trigo num curral de sua casa.— Pois faze de conta — disse Dom Quixote — que os

grãos daquele trigo eram grãos de pérolas, quando tocadospelas suas mãos. E reparaste, amigo, se o trigo era candial3

ou tremês4?— Não, era dumas alimpas5 — respondeu Sancho.— Pois te asseguro — disse Dom Quixote — que, tocados

pelas mãos dela, virou, sem dúvida alguma, finíssima farinhacandial. Mas segue adiante: quando lhe deste a minha carta,ela a beijou? pô-la sobre a cabeça6? fez alguma cerimôniadigna de tal carta? ou que fez, então?

— Quando eu lha ia dar — respondeu Sancho —, elaestava na azáfama7 de preparar boa parte do trigo que tinhana joeira, e me disse: “Põe esta carta, amigo, sobre aquelesaco, porque só a posso ler depois que acabar de joeirar tudoo que está aqui”.

— Que discreta senhora! — exclamou Dom Quixote —Com certeza, foi para a ler mais devagar e recrear-se com ela...

— Fizeste mal em dizer que eu maldizia minha sorte —observou Dom Quixote; — porque antes a bendigo e abendirei todos os dias da minha vida, por me ter feito dignode merecer amar tão alta senhora, como o é Dulcineia delToboso.

— Tão alta é — respondeu Sancho —, que tem de alturaum punho a mais do que eu, por Deus!

— Como Sancho?! — exclamou Dom Quixote; — entãotu te mediste com ela?

— Medi-me, sim — replicou Sancho —, por casualidade:é que, aproximando-me para ajuda-la a pôr um saco de trigosobre um jumento, chegamos tão juntos, que pude ver queela avantajava mais de um palmo sobre mim.

— É verdade — retrucou Dom Quixote; — e essagrandeza se faz acompanhar de mil milhões de graças doespírito. Não me negarás uma coisa, porém, Sancho: quandochegaste junto dela, não sentiste um odor sabeu8, umaaromática fragrância e um não-sei-quê de bom, que nãoacerto em lhe dar nome? Digo, uma emanação, um ar assimcomo se estivesse na tenda de algum curioso luveiro9?

— O que sei dizer — replicou Sancho — é que senti umcheirinho de machona, talvez porque ela, com o muitoexercício, estava suada e algum tanto sebosa.

— Nada disso — fez Dom Quixote; — naturalmente, tuestavas endefluxado10, ou então te cheiraste a ti mesmo;pois bem conheço o cheiro que tem aquela rosa entreespinhos, aquele lírio do campo, aquele âmbar derretido.

— Tudo pode ser — respondeu Sancho — e não admiraque muitas vezes saía de mim aquele cheiro, que então mepareceu sair de Sua Mercê, a senhora Dulcineia; mas não háde que maravilhar-se, porque um diabo se parece com outro.

— Está bem — prosseguiu Dom Quixote; — mas jáacabou de limpar o trigo e de enviar ao moinho; que fez ela,ao ler minha carta?

— Não a leu — disse Sancho —, pois afirmou que nãosabia ler, nem escrever; (...)

— Até agora tudo vai bem — observou Dom Quixote; —dize-me, porém, que joia te deu ela ao despedir-se, pelasnovas que de mim levaste? Porque é uso e antigo costume,entre as damas e os cavaleiros andantes, dar aos escudeiros,às donzelas ou aos anões, que lhes levam novas dos seuscavaleiros e de suas damas, alguma rica joia de alvíssaras11,em agradecimento da mensagem.

— Bom costume esse, não há dúvida; mas deve ter sidonos tempos passados, pois agora só se usa dar um pedaçode pão e queijo, que foi o que me deu a minha senhoraDulcineia, por cima do espigão do muro do pátio, quando medespedi dela; e, para mais minúcias, o queijo era de leite deovelha.

— É liberal em extremo — disse Dom Quixote; e se nãote deu joia de ouro, foi certamente porque não a tinha ali àmão para dar-ta; mas o que é bom sempre chega, emboratarde; eu a verei e tudo se arranjará.

(CERVANTES, Miguel de. Dom Quixote. Rio de Janeiro: Ediouro /

São Paulo: Publifolha, 1998. p. 322-5.)

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 288

Page 61: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 289

2 A descrição que Sancho realiza de Dulcineia correspondeàs expectativas nutridas por Dom Quixote? Justifique comelementos do texto.

3 Qual passagem do texto poderia ilustrar o jeito de Quixoteagir diante do inesperado, diante daquilo que ele não imaginou,ou, simplesmente, diante da realidade concreta dos fatos?

Texto 2

1 – Enfeixar: reunir. 2 – Mosca: porção de barba sobre o lábio inferior. 3 – Mortiço:sem vivacidade, amortecido. 4 – Vogar: importar. 5 – Luís XI, Bismarck: respecti -vamente, rei da França (século XV) e estadista prussiano (1815-1898), ambos decaráter empreendedor. 6 – Tibieza: fraqueza. 7 – Indolência: preguiça, apatia.

4 O trecho transcrito descreve o presidente Floriano Peixoto,o chamado Marechal de Ferro, que governou o país de 1891 a1894. O que se depreende do texto sobre a personalidade deFloriano em relação a seu título e a seu poder presidencial?

5 O que pensa Policarpo Quaresma condiz com o aspectofísico do presidente? Justifique com elementos do texto.

F (MODELO ENEM) – A personagem central de Triste Fimde Policarpo Quaresma revela um tipo de nacionalismoa) realista. b) neoliberal. c) pragmático.d) ingênuo. e) racional.

RESOLUÇÃO:

Não. Sancho apresenta uma mulher desidealizada, rústica, absolu -

ta mente distante daquilo que Dom Quixote tanto imaginara.

RESOLUÇÃO:

Diante do inesperado, daquilo que contraria sua ilusão ou pers pec -

tiva ideal, Dom Quixote parece tomar duas atitudes com ple men -

tares: ignora a realidade dos fatos e/ou adota postura cla ramente

fantasiosa: “— Pois faze de conta — disse Dom Quixote...”

Quaresma pôde então ver melhor a fisionomia do homemque ia enfeixar1 em suas mãos, durante quase um ano, tãofortes poderes, poderes de Imperador Romano, pairandosobre tudo, limitando tudo, sem encontrar obstáculo algumaos seus caprichos, às suas fraquezas e vontades, nem nasleis, nem nos costumes, nem na piedade universal e humana.

Era vulgar e desoladora. O bigode caído; o lábio inferior pen -dente e mole a que se agarrava uma grande mosca2; os traçosflácidos e grosseiros; não havia nem o desenho do queixo ouolhar que fosse próprio, que revelasse algum dote superior.Era um olhar mortiço3, redondo, pobre de expres sões, a nãoser de tristeza que não lhe era individual, mas nativa, de raça;e todo ele era gelatinoso — parecia não ter nervos.

Não quis o major ver em tais sinais nada que lhe denotasseo caráter, a inteligência, o temperamento. Essas coisas nãovogam4, disse ele de si para si.

O seu entusiasmo por aquele ídolo político era forte,sincero e desinteressado. Tinha-o na conta de energético,de fino, de supervidente, tenaz e conhecedor das necessida -des do país, manhoso talvez um pouco, uma espécie de LuísXI forrado de um Bismarck5. Entretanto, não era assim. Comuma ausência total de qualidades intelectuais, havia nocaráter de Floriano uma qualidade predominante: tibieza6 deânimo; no seu temperamento, muita preguiça. Não a pre -guiça comum, essa preguiça de nós todos; era uma preguiçamórbida, como que uma pobreza de irrigação nervosa,provinda de uma insuficiente quantidade de fluido no seuorganismo. Pelos lugares que passou, tornou-se notávelpela indolência7 e desamor às obrigações de seus cargos.

(Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma)

RESOLUÇÃO:

Embora seja denominado “Marechal de Ferro”, a descrição sugere

o oposto da força, com a imagem clara da falência física e política,

decorrentes do conjunto de expressões depreciativas que

caracterizam uma personagem de personalidade fraca.

RESOLUÇÃO:

Não, o Major Quaresma não quer admitir que o “Marechal de

Ferro” não é o homem que ele idealizara: “Não quis o major ver

em tais sinais nada que lhe denotasse o caráter, a inteligência, o

temperamento. Essas coisas não vogam, disse ele de si para si.”

RESOLUÇÃO:

Trata-se de nacionalismo ingênuo, utópico, que vê a pátria de uma

perspectiva idealizante.

Resposta: D

Afonso Henriques de LIMA

BARRETO (1881-1922): Autor pré-modernista, pobre e mulato, quesobre viveu como funcionário públicomediocremente remunerado, co me -çou sua carreira com Recordaçõesdo Escrivão Isaías Caminha (1909),obra que já demonstra seu interesse pelos problemassociais brasileiros. Publicou ainda, além de Triste Fimde Policarpo Quaresma (1914-15), que é consideradoseu melhor livro, Numa e a Ninfa (1915), Morte de M.J. Gonzaga e Sá (1919), Clara dos Anjos (1949),Aventuras do Dr. Bogoloff (1912), Os Bruzundangas(1923) e as coletâneas de crônicas Feiras e Mafuás(1956) e Marginália (1956). De suas duas experiênciasde internação em um manicômio (era alcoólatra),resultou o livro Cemitério dos Vivos, publicadopostumamente (1956). O apreço de Lima Barreto peloconteúdo (retratava a realidade urbana e personagenshumildes) em detrimento da forma fez com que nãochegasse a ser muito admirado em seu tempo. Defato, a estrutura de seus romances não é impecável eseu estilo é marcado por limitações e defeitos. Sóapós o Modernismo seu mérito foi reconhecido.

O Destaque!!

Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL

OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”,digite PORT2M310

No Portal Objetivo

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 289

Page 62: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS290

36 Augusto dos Anjos • Augusto dos Anjos

• Poesia sincrética

Textos para os testes A e B.

A (ENEM) – Em consonância com os co -mentários do texto 2 acerca da poética deAugusto dos Anjos, o poema “O Morcego”apresenta-se, enquanto percepção do mundo,como forma estética capaz dea) reencantar a vida pelo mistério com que osfatos banais são revestidos na poesia.

b) expressar o caráter doentio da sociedademoderna por meio do gosto pelo macabro.c) representar realisticamente as dificuldadesdo cotidiano sem associá-lo a reflexões decunho existencial.d) abordar dilemas humanos universais a partirde um ponto de vista distanciado e analíticoacerca do cotidiano.e) conseguir a atenção do leitor pela inclusãode elementos das histórias de horror esuspense na estrutura lírica da poesia.Resolução

Na alternativa d, dada como correta pela bancaorganizadora, fala-se em “ponto de vista distan -ciado e analítico acerca do coti dia no”. Não seentende, porém, como possa ser considerado“distanciado” o ponto de vista do eu lírico, quese exprime de maneira forte men te emotiva pormeio do relato de uma situação íntima, subjeti -va. A única justificativa para essa escolha é arelação, talvez não apropriada para o poema emquestão, que se estabeleceu entre o que seafirma na alternativa d e o texto de FaustoCunha, em que o autor fala do “com porta men -to analítico” e “certa impessoalidade científica”de Augusto dos Anjos.Resposta: D

B (FAC. CURITIBA-PR – MODELO ENEM) –Sobre o poema, todas as proposições a seguirsão verificáveis, exceto:a) O uso de expressões de cor forte, poucousuais na lírica tradicional (“ardência orgânica”,“morde-me a goela ígneo e escaldante molho”,“pego de um pau”, “tão feio parto”), é carac te -rís tica da linguagem expressionista.b) Morcego é metáfora da consciência huma -na. Essa imagem tem conotação mórbida, som -bria, e evidencia uma raiz romântico-simbolista.c) No autor, a temática da doença, da morte,da decomposição biológica, revela uma poesianaturalista, articulada a partir da perspectiva domaterialismo científico.d) O metro — entre o decassílabo e o alexan -dri no —, a sintaxe e o vocabulário caracterizamo es tilo parnasiano. O soneto poderia pertencera Olavo Bilac ou a Alberto de Oliveira. e) O padrão de estrofe e metro é também co -mum ao Parnasianismo; mas o autor revolu -

ciona o lírico (utiliza termos da linguagem oral eda ciência) e emprega sintaxe mais direta, sema carga de inversões comum nos parnasianos.Resolução

A sintaxe é mais direta do que costuma ser asintaxe dos parnasianos. Além disso, o voca bu -lário, de gosto mórbido e incomum na poesia, émarca do estilo de Augusto dos Anjos.Resposta: D

Texto para o teste C.

Aí vem o sujo, a coçar chagas plebeias,Trazendo no deserto das ideiasO desespero endêmico do inferno,Com a cara hirta, tatuada de fuligens,Esse mineiro doido das origens,Que se chama o Filósofo Moderno!

Quis compreender, quebrando estéreis normas,A vida fenomênica das Formas,Que, iguais a fogos passageiros, luzem...E apenas encontrou na ideia gasta,O horror dessa mecânica nefasta,A que todas as coisas se reduzem!

(Augusto dos Anjos)

C (MODELO ENEM) – Infere-se do texto quea) os poetas, sendo pessimistas, não acre di -tam na força da poesia.b) a vitória e a derrota dependem do esforçode cada um.c) mais vale um pensamento filosófico queuma poesia.d) o autor descrê da grandeza das ideias dafilosofia moderna.e) o autor é otimista quanto à natureza hu ma -na, a despeito da descrença na poesia.Resolução

A resposta a este teste é bastante clara, poisos versos de Augusto dos Anjos são enfáticosquanto à sua descrença no “Filósofo Moder no,que, em sua tentativa de compreensão da “vidafenomênica das formas”, encontrou apenas “ohorror dessa mecânica nefasta, / a que todas ascoisas se reduzem”.Resposta: D

Texto 1

O MORCEGO

Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:Na bruta ardência orgânica da sede,Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

“Vou mandar levantar outra parede...”Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolhoE olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,Circularmente sobre a minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço. ChegoA tocá-lo. Minh’alma se concentra.Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é este morcego!Por mais que a gente faça, à noite, ele entraImperceptivelmente em nosso quarto!

(ANJOS, Augusto dos. Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994.)

Texto 2

O lugar-comum em que se converteu aimagem de um poeta doentio, com o gosto domacabro e do horroroso, dificulta que se veja,na obra de Augusto dos Anjos, o olhar clínico,o comportamento analítico, até mes mo certafrieza, certa impessoalidade cien tífica.

(CUNHA, Fausto. Romantismo e Modernidade na Poesia.

Rio de Janeiro: Cátedra, 1988 – adaptado.)

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 290

Page 63: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 291

Texto para as questões de 1 a 4.

1 Qual o tema deste soneto?

2 O primeiro vocábulo do poema — Eu — refere-se a um euparticular ou pode referir-se ao homem em geral?

3 (MODELO ENEM) – Qual a figura de linguagem presenteno verso “Monstro de escuridão e rutilância”?a) Metonímia. b) Personificação. c) Ironia.d) Antítese. e) Sinestesia.

4 Aponte um verso em que Augusto dos Anjos contrariatotalmente um princípio parnasiano de versificação, segundo oqual devem ser evitadas, por serem antipoéticas, palavras muitolongas, como os advérbios em -mente.

Texto para as questões de 5 a J.

1 – Idiossincrasia: traço peculiar do comportamento, do temperamento ou dasensibilidade de uma pessoa, um grupo. 2 – Antinomia: contradição entre duas leis ou princípios. 3 – Famulento: voraz, que consome com violência.

5 Augusto dos Anjos utilizou, em sua poesia, vocabulárioestranho à tradição poética, procedente das ciências e dafilosofia de sua época. Dê exemplos desse tipo de vocabuláriono poema anterior.

VÍTIMA DO DUALISMO

Ser miserável dentre os miseráveis— Carrego em minhas células sombriasAntagonismos irreconciliáveisE as mais opostas idiossincrasias1!

Muito mais cedo do que imagináveisEis-vos, minha alma, enfim, dada às braviasCóleras dos dualismos implacáveisE à gula negra das antinomias2!

Psique biforme, o Céu e o Inferno absorvo...Criação a um tempo escura e cor-de-rosa,Feita dos mais variáveis elementos,

Ceva-se em minha carne, como um corvo,A simultaneidade ultramonstruosaDe todos os contrastes famulentos3!

(Augusto dos Anjos, Eu)

PSICOLOGIA DE UM VENCIDO

Eu, filho do carbono e do amoníaco,Monstro de escuridão e rutilância, grande brilhoSofro, desde a epigênese da infância, geração gradual doA influência má dos signos do zodíaco. [organismo

Profundissimamente hipocondríaco, que tem maniaEste ambiente me causa repugnância... [de doençaSobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsiaQue se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —Que o sangue podre das carnificinasCome e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los, espiarE há de deixar-me apenas os cabelos,Na frialdade inorgânica da terra! frieza

(Augusto dos Anjos, Eu)

RESOLUÇÃO:

A morte e a decomposição, o embate entre o vivo e as leis naturais

que determinam sua destruição. É a visão trágica da existência e

da finitude do ser humano.

RESOLUÇÃO:

Refere-se tanto ao eu particular como a todo homem, todos

igualmente filhos “do carbono e do amoníaco”, vivendo em meio

à morte e caminhando para ela.

RESOLUÇÃO:

Há oposição entre escuridão e rutilância (= brilho).

Resposta: D

RESOLUÇÃO:

“Profundissimamente hipocondríaco”, verso composto por

apenas duas palavras, sendo uma delas um advérbio em -mente

no superlativo (-íssim-) e outra um termo que os parnasianos

considerariam vulgar e de mau gosto. No entanto, Augusto dos

Anjos obtém aí um “efeito especial” de intensidade e estranheza.

RESOLUÇÃO:

“Células”, “dualismos implacáveis”, “antinomias”, “psique

biforme” etc.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 291

Page 64: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS292

6 Quais as maiúsculas alegorizantes usadas? Qual a impor -tância que as palavras assim destacadas têm neste poema?

7 Aponte duas antíteses que se encontram no poema.

8 De modo geral, o vocabulário empregado pelo poeta sugeresuavidade, sentimentos leves, ternos? Justifique.

9 Qual o dualismo do qual o eu lírico é vítima?

J Como poderia ser definida a visão que o eu poético tem daexistência?

RESOLUÇÃO:

Há antíteses em “o Céu e o Inferno absorvo” e “Criação a um

tempo escura e cor-de-rosa”.

RESOLUÇÃO:

Ao contrário, o vocabulário empregado sugere carga emotiva

carregada de peso, desprazer, como, por exemplo: “ser mise rável”,

“bravias cóleras”, “gula negra”, “Inferno”, “simulta neidade

ultramonstruosa”, “contrastes famulentos”.

RESOLUÇÃO:

O dualismo de absorver o céu e o inferno, o escuro e o cor-de-rosa,

ou seja, de se caracterizar, como todo ser humano, pela presença

de princípios contrastantes (a felicidade e a infelicidade, a alegria

e a tristeza, a leveza e o peso, o espírito e a matéria, a vida e a

morte).

RESOLUÇÃO:

O eu poético tem uma visão trágica, pessimista.

RESOLUÇÃO:

Usam-se maiúsculas alegorizantes em Céu e Inferno, duas

palavras importantes no poema por refletirem o dualismo que o eu

poético experimenta.

Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL

OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”,digite PORT2M311

No Portal Objetivo

AUGUSTO de Carvalho Rodri gues DOS ANJOS (1884-1914): Filho de senhores de engenho,presenciou na infância a deca dên cia da economia canavieira nor des tina. Bacharelou-se em Recife e,em 1910, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde sobreviveu à custa de aulas particulares. Em 1912,financiado por um empréstimo do irmão, publi cou o livro de poemas Eu, que foi um fracasso. Suapoesia sofreu a influência genérica do Simbolismo, notada na fusão dos mundos interior e exte -rior, e, particularmente, de poetas como Antero de Quental, Baudelaire, Cesário Verde, Cruz eSousa. A poesia de Augusto dos Anjos é original e difícil de ser classificada. Sua obra foi ree -ditada após sua morte (Eu e Outras Poesias, 1919) com grande sucesso, che gando a atingir hojecerca de 50 edições. Só recen temente a crítica tem reconhecido o grande valor de sua poesia.

O Destaque!!

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 292

Page 65: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 293

37 e 38 Modernismo • Modernismo • Vanguardas Europeias

• “Ismos” do início do século XX

A (MODELO ENEM) – Observe a imagemabaixo e responda ao que se pede.

O quadro Abaporu (o homem que come carnehumana) é associado ao Manifesto Antropó fa -go, de Oswald de Andrade, publicado em 1928.Nesse mesmo ano, surge a obra Macunaíma,de Mário de Andrade, que foi considerada, naépoca, como ligada ao movimento antropo fá gi -co. Esses artistas modernistas levaram emconta as correntes das vanguardas europeias(Cubismo, Primitivismo, Futurismo etc.) paradiscutirem a cultura e o homem do nosso país.Mário de Andrade construiu a personagemMacunaíma como símbolo de um presumidomodo de ser brasileiro. Assinale a alternativa em que o aspecto físicode Macunaíma se aproxima da figura deAbaporu.a) “No outro dia por causa da machucaduraMacunaíma amanheceu com uma grosseirapelo corpo todo. Foram ver e era a erisipa,doença comprida.”b) “Ficou do tamanho dum homem taludo.Porém a cabeça não molhada ficou pra semprerombuda e com a cara enjoativa de piá [criança].”c) “E ninguém não seria capaz mais de indicarnele um filho da tribo retinta dos Tapanhumas.”d) “Macunaíma virou num caxipara que é omacho da formiga saúva e foi se enroscar narama de algodão acolchoando o gigante.”e) “Na frente Macunaíma vinha de pé, carran -cudo, procurando no longe a cidade.”Resolução

Tanto o “homem taludo” (grande, corpulento)como a “cara de piá” (menino) estão presentesem Abaporu. A desproporção simboliza a

imaturidade emocional do brasileiro, que sedesenvolveria apenas fisicamente, pois suamentalidade permaneceria infantil.Resposta: B

Texto para o teste B.

Assistimos então a um afastamento deTarsila do Amaral da estrutura cubista. Adireção que a seduz agora é o surrealismo, masnão necessariamente a escola (...) Ocorre naobra de Tarsila uma libertação quase anarquistado inconsciente. É a fase em que a artistaalcança uma expressão solta e livre, onde opolítico fica menos explícito.

(JUSTINO, Maria José. O Banquete Canibal.Curitiba: Editora da UFPR, 2002, p. 84.)

B (MODELO ENEM) – Com base no texto econsiderando que o Surrealismo propunha aexpressão do sonho e do inconsciente, écorreto afirmar que pertencem à fase descritano texto as imagens:

I.

II.

III.

IV.

a) I e III. b) I e IV. c) II e III. d) I, II e IV. e) II, III e IV.Resolução

O texto de Justino afirma que o conteúdopolítico (me lhor seria dizer “social”) da obra deTarsila do Amaral fica menos impor tante. Alémdisso, afirma-se que a pintora se afasta doCubismo e se aproxima do Surrealismo. Ora, oprimeiro quadro, em que se representa, deforma lúgubre, o ope ra ria do e o mundo indus -trial, é ainda expressão de uma obra de con teú -do social. Por outro lado, as pinturas apresen-tadas nos itens II, III e IV, por seus traços, nãopodem ser associadas ao Cubismo, mas sim aoSurrealismo. Portanto, as pinturas que fazemparte da fase de Tarsila do Amaral mencionadano texto são as que constam dos itens II, III e IV.Resposta: E

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 293

Page 66: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS294

1 (MODELO ENEM) – Após comparar o texto 1, extraído do romance O Ateneu (1888), de Raul Pompeia, com o quadro O Grito(1893), do norueguês Edvard Munch, ambas as obras contendo elementos do Expressionismo, assinale a alternativa que apresentaanálise inadequada. a) Tanto no excerto quanto na pintura, o mundo objetivo, exterior, acaba distorcido pelo universo subjetivo, interior.b) A característica dominante nas duas obras é a barbarização do traço, a deformação pelo grotesco.c) A arte é vista como resultado do impacto da expressão de uma emoção exagerada.d) Há preocupação com o refinamento do traço, no quadro, e com a precisão descritiva, no texto.e) Tanto o texto quanto a pintura sugerem o enfrentamento a um mundo em desordem.RESOLUÇÃO:

O Expressionismo é o estilo que utiliza a distorção, o grotesco, a deformação do mundo objetivo pelo universo subjetivo do artista. Assim,

o refinamento do traço é um aspecto que se opõe aos postulados dessa vertente estética. Igualmente, no texto de Pompeia não é a

“precisão” que se busca, mas a representação que, por seus exageros e deformações, pode exprimir aquilo que não caberia numa

representação realista, de detalhes precisos.

Resposta: D

(...)

Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno! Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria! Em fúria fora e dentro de mim, Por todos os meus nervos dissecados fora, Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto! Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos, De vos ouvir demasiadamente de perto, E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso De expressão de todas as minhas sensações, Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!

(...)

Aves inteiras saltavam das travessas; os leitões, à unha, hesitavam entre doisreclamos igualmente enérgicos, dos dois lados da mesa. Os criados fugiram. (...) Asgarrafas, de fundo para cima, entornavam rios de embriaguez para os copos,excedendo-se pela toalha em sangueira. Moderação! moderação! clamavam osinspetores, afundando a boca em aterros de farofa (...). Alguns rapazes declamavamsaúdes, erguendo, em vez de taça, uma perna de porco. À extremidade da última dasmesas um pequeno apanhara um trombone e aplicava-se, muito sério, a encher-lhe otubo de carne assada. Maurílio descobriu um repolho recheado e devorava-o àsgargalhadas, afirmando que era munição para os dias de gala. Cerqueira, ratazana,curvado, redobrado, sobre o prato, comia como um restaurante, comia, comia, comiacomo as sarnas, como um cancro. Sanches, meio embria gado, beijava os vizinhos,caindo, com os beiços em tromba.

Texto 1

Texto 2

2 O texto 2, trecho de “Ode Triunfal” (1914), de Álvaro de Campos (heterônimo do poeta português Fernando Pessoa), e o quadroVelocidade de Uma Motocicleta (1913), do italiano Giacomo Balla, representam o Futurismo. Todas as alternativas a seguir apre -sentam uma análise correta das duas obras, exceto:a) Há uma crítica mordaz e discreta à vida mecanicizada. b) O mundo da máquina e do progresso é objeto estético.c) A energia, o movimento, a velocidade passam a ser temas artísticos. d) O mundo urbano faz parte da matéria-prima do Futurismo.RESOLUÇÃO:

O Futurismo, representado cabalmente tanto no poema quanto no quadro, volta-se entusiasticamente para o universo da máquina, da

técnica, do progresso. Não há, portanto, em obras futuristas, qualquer crítica à vida mecanizada.

Resposta: A

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 294

Page 67: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 295

Quando nasci, um anjo tortodesses que vivem na sombradisse: Vai, Carlos! ser gauche1 na vida.

As casas espiam os homensque correm atrás de mulheres.A tarde talvez fosse azul,não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:pernas brancas pretas amarelas.Para que tanta perna, meu Deus,

[pergunta meu coração.Porém meus olhosnão perguntam nada.

O homem atrás do bigodeé sério, simples e forte.

Quase não conversa.Tem poucos, raros amigoso homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonastese sabias que eu não era Deusse sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundose eu me chamasse Raimundoseria uma rima, não seria uma solução.Mundo mundo vasto mundo,mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizermas essa luamas esse conhaquebotam a gente comovido como o diabo.

3 O texto 3 é trecho do “Poema de Sete Faces”, publicado nolivro Alguma Poesia (1930), de Carlos Drummond de Andrade. Oquadro é As Senhoritas de Avignon (1907), do es panhol PabloPicasso, quadro considerado o ponto inicial do cubismo. Dacomparação entre eles, só não se pode afirmar quea) a realidade é vista no quadro por meio de formas geome -trizadas deformadas.b) há, na pintura, fidelidade àquilo que é captado pelos cincosentidos.c) o ponto de fuga foi abolido no quadro, o que provocasimultaneidade de perspectivas.

d) a justaposição de elementos, fruto da simultaneidade depontos de vista, ocorre tanto nos versos de Drummond quantono quadro de Picasso.RESOLUÇÃO: O Cubismo, assim como outras vanguardas mo der -

nistas, não se preocupa em retratar o mundo tal como ele é apre -

endido pela visão linear. As obras cubistas procuram representar

os objetos a partir de uma multiplicidade de perspectivas, numa

montagem de fragmentos que não obedece a uma visão realista.

A montagem de fragmentos aparentemente desconectados, mas

integrantes de uma mesma realidade vista de pontos diferentes,

ocorre também no poema de Drummond.

Resposta: B

Texto 3

4 O texto 4, uma “receita” de poema dadaísta, é trecho deum dos manifestos que o romeno Tristan Tzara lançou em 1916.A imagem é de uma escultura de Marcel Duchamp, figuracentral do Dadaísmo, intitulada Fonte, datada de 1917 eassinada com pseudônimo para ser enviada a uma grandeexposição internacional de arte em Nova York, onde causouescândalo. Sobre eles, assinale a alternativa falsa.a) O Dadaísmo institui a “dessacralização” da arte, visto que a“obra” poderia ser “criada” por qualquer um, por meio de umareceita ou do “deslocamento” de um objeto qualquer para umaexposição de arte.b) A utilização estética de ready-made (objetos prontos,geralmente banais, cotidianos) é uma forma de desafio aosvalores culturais, à lógica e à hierarquia da sociedade.

c) A busca de liberdade plena reforça os pressupostos da arterealista do século XIX, pois, em vez de objetos artificiais, osdadaístas propunham objetos reais como obras de arte.d) A postura dadaísta é de demolição dos conceitos tradicionaisda arte e, em geral, da cultura de uma sociedade que, sendodefensora de valores “requintados”, promoveu a barbárie quefoi a Primeira Guerra Mundial.RESOLUÇÃO:

A liberdade plena buscada pelos dadaístas, assim como outros

pontos programáticos das diversas vanguardas modernistas,

visam ao abandono das estéticas do século XIX, principalmente

realistas, consideradas incapazes, por suas limitações e

tradicionalismo, de dar conta do novo mundo que surgia no século

XX.

Resposta: C

Pegue um jornal.Pegue a tesoura.Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.Recorte o artigo.Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.Agite suavemente.Tire em seguida cada pedaço um após o outro.Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.O poema se parecerá com você.E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que

[incompreendido do público.

Texto 4

1 – Gauche (francês): esquerdo, torto.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 295

Page 68: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS296

Mamãe vestida de rendasTocava piano no caos.Uma noite abriu as asasCansada de tanto som,Equilibrou-se no azul,De tonta não mais olhouPara mim, para ninguém!Cai no álbum de retratos.

Texto 5

5 O poema “Pré-História” (texto 5), do brasileiro Murilo Mendes, e o quadro ACondição Humana (1935), do belga René Magritte, são representantes doSurrealismo. Da análise do poema e do quadro, não se pode afirmar quea) um dos expedientes que se destacam é a associação inusitada de elementos.b) há intensa utilização do material ilógico e fragmentário do sonho (universoonírico).c) a liberação do delírio, das imagens vindas do inconsciente, tem por objetivo aabolição da lógica e do sentido na arte.d) a fusão entre logicidade e ilogicidade possibilita a compreensão, a apreensão deuma suprarrealidade. RESOLUÇÃO:

O Surrealismo busca expressão do mundo inconsciente, sem a censura da lógica consciente. Isso, porém, não quer dizer que as obras

surrealistas não tenham qualquer lógica ou sentido. Ao contrário, elas buscam revelar a lógica do inconsciente e o sentido profundo da

experiência humana, que seria reprimido pela lógica consciente e pela censura moral.

Resposta: C

6 Como você imagina a literatura e a arte em geral num período marcado, de um lado, por avanços científicos e do conhecimentonas ciências humanas — teoria dos quanta, teoria da relatividade, psicanálise — e, de outro, por con flitos dizimadores — PrimeiraGuerra Mundial, Revolução Russa?RESOLUÇÃO:

(Espera-se que os alunos percebam a relação entre a realidade social e a arte, e levantem a hipótese de que a euforia e o desencanto

gerados por uma época contraditória devem ter provocado instabilidade cultural, com várias tendências renovadoras. Entre estas,

deve-se lembrar o Futurismo, que exprime o entusiasmo pelo mundo moderno, e o Dadaísmo e seu descendente, o Surrealismo, que, ao

contrário, são críticos desse mundo e desafiam o seu caráter impositivo e limitador, assim como a tradição que o forjou.)

Guernica (1937),Pablo Picasso,óleo sobre tela,350,5 x 782,3.Centro Nacional deArte Rainha Sofia,Madri. Guernica foi aresposta de Picasso,o expoente máximodo Cubismo, à GuerraCivil Espanhola(1936-1939), queprecedeu a SegundaGuerra Mundial.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 296

Page 69: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 297

EDVARD MUNCH (1863-1944): Nascido na Noruega, abraça o Expressionismo em 1896, em Paris,quando descobre a arte de Van Gogh e Gauguin. Com 30 anos, pinta uma de suas obras-primas,O Grito, quadro carregado de angústia e desespero inspirados pelas decepções que o artista tiveratanto em suas amizades quanto em seus amores. Sua arte, marcada pela doença e pela morte (traçosque trazia da infância: a mãe morreu quando ele tinha 5 anos, a irmã mais velha, aos 15; outra irmãmorreu meses depois de se casar; a irmã mais nova sofria de doença mental e o próprio pintor viviadoente), expressa a fragilidade e a transitoriedade da vida.

GIACOMO BALLA (1871-1958): Nascido na Itália, aderiu ao Futurismo em 1910, sendo um dos autoresdo manifesto desse movimento, que exaltava a máquina, o progresso, a técnica. A obra de Ballaapresentava obsessão pela ideia de dinamismo, movimento, que procurava captar em seus quadros, comoindicam os seus títulos: Dinamismo de um Cachorro em Uma Coleira e Velocidade de Uma Motocicleta,entre outros.

PABLO PICASSO (1881-1973): Pintor, desenhista e escultor espanhol, é um dos artistasmais renomados do século XX. É também um dos fundadores do Cubismo. Entre as suasobras mais famosas estão os quadros As Senhoritas de Avignon, considerada inauguradorada arte modernista, e Guernica (1937), que denuncia o bombardeio alemão à cidadeespanhola que dá título ao quadro, durante a Guerra Civil Espanhola.

TRISTAN TZARA (1896-1963): Poeta romeno, seu verdadeiro nome era Sami Rosenstock. Seupseudônimo, que pode ser traduzido como “triste terra”, já revela sua postura combativa, pois foi criadocomo protesto contra o tratamento dado aos judeus em sua terra natal. Em 1916, em Zurique, torna-seum dos fundadores do Dadaísmo. Em 1919, muda-se para Paris. Após a decadência desse movimento,vincula-se ao Surrealismo, ao Partido Comunista e à Resistência Francesa à invasão nazista.

MARCEL DUCHAMP (1887-1968): Iniciou sua carreira como pintor, com quadros admiráveis, emque usava processos cubistas para atingir o ideal futurista de representar o movimento.Tornou-se renomado por sua postura iconoclasta, inaugurando tendências que até hoje vigoram,como a arte conceitual (em que as ideias importam mais que os materiais e a forma) e o ready-made (objetos prontos, cotidianos, especialmente industriais, retirados de seu contexto eapresentados em ambientes de arte, como museus e exposições).

MURILO Monteiro MENDES (1901-1975): Poeta mineiro, é um dos principais nomes do Modernismobrasileiro. Estreou produzindo textos iconoclastas, seguindo a tradição do poema-piada. Na década de30 do século XX, filiou-se à tendência da “poesia espiri tualista”, a que também estiveram ligadosJorge de Lima, Vinícius de Moraes e Cecília Meireles. Sua obra é muito marcada pelo Surrealismo.

RENÉ MAGRITTE (1898-1967): Primeiramente designer de cartazes e anúncios, a partir de 1926entregou-se à pintura. Mudou-se provisoriamente para Paris em 1927 (sua terra natal era a Bélgica),envolvendo-se com o grupo surrealista de André Breton, Paul Éluard e Marcel Duchamp. Sua obradestaca-se pelo tratamento rigidamente realista da imagem, o que se convencionou chamarsurrealismo realista. Caracteriza-se também pela justaposição de objetos comuns a símbolosrecorrentes, como a rocha, a janela, o torso feminino, o castelo, o chapéu coco.

Os Destaques!!

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 297

Page 70: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS298

39 e 40Fernando Pessoa ortônimo eMário de Sá-Carneiro

• Modernismo em Portugal • Fernando Pessoa

• Mário de Sá-Carneiro

Fernando Pessoa

Fernando Pessoa foi o introdutor do Modernismo emPortugal, em 1915, com a publicação da revista Orpheu.Sua obra desperta a admiração dos leitores e o enormeinteresse de estudiosos em todo o mundo. Uma de suascaracterísticas distintivas é que o poeta assumia diver saspersonalidades (heterônimos) ao escrever seus textos.

Um mundo fragmentado

Como já vimos, o período compreendido entre o finaldo século XIX e o início do século XX divide-se entre aeuforia pelas conquistas do progresso e o desalento pelacrise socioeconômica que desembocou na PrimeiraGuerra Mundial.

A agitação intelectual e espiritual oriunda desseambiente de incertezas gerou múltiplas propostas deconcepção artística — as vanguardas europeias: Futu -rismo, Expressionismo, Cubismo, Dadaísmo, Surrealismo.

Portugal, de um lado, vivencia fortes tensões internas(enfraquecimento da monarquia e surgimento daRepública) e, de outro, logra o avanço cultural trazido nabagagem de intelectuais que viviam fora do país e a eleregressam por causa do conflito mundial.

Cercado por artistas como Mário de Sá-Carneiro eAlmada Negreiros, entre outros, desponta FernandoPessoa, diretor da revista Orpheu (introdutora do Moder -nismo em Portugal, em 1915, com poemas e prosas queiam do Ultrassimbolismo ao Futurismo).

A multiplicidade do pensamento artístico refletia oquestionamento e a reinterpretação a que tudo estavasujeito naquele momento.

As várias faces de um poliedro

Fernando Pessoa procura compreender o Universo pormeio de uma poética experimental. Segue al gu mas linhasde pensamento como o Sensacionismo, segundo o quala realidade é semelhante a um poliedro em que somente

uma ou algumas faces são visíveis. Como o ponto devista individual é sempre limitado, frag mentado, Pessoa,para aumentar sua consciência, dispõe-se a ver o mundotal qual os outros o veem: quanto mais abundantes ediversas forem as perspectivas de observação, maior emais preciso será o conhecimento do todo.

O poeta isola-se do mundo em que vive para alcançara amplitude, compondo as diferentes personalidades pormeio das quais realiza sua obra: os heterônimos e oortônimo.

Heterônimo: pensar, sentir e escrevercomo outro o faria

A heteronímia implica um exercício extremo:esquecer-se do próprio eu a fim de criar uma persona -lidade, uma sensibilidade e um estilo diferentes do seu,para, dessa maneira, produzir uma obra de arte.

Pessoa desdobra-se em vários poetas, como Álvaro deCampos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro e “ele-mesmo”: oortônimo, para ficar apenas nos mais impor tantes (hánumerosos outros).

Costa Pinheiro, Fernando Pessoa e os Heterônimos, 1978.

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.Finge tão completamenteQue chega a fingir que é dorA dor que deveras sente.

Fernando Pessoa (1888-1935)

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 298

Page 71: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 299

Texto para os testes de A a C.

O QUINTO IMPÉRIO

Triste de quem vive em casa,Contente com o seu lar,Sem que um sonho, no erguer de asa,Faça até mais rubra a brasaDa lareira a abandonar!

Triste de quem é feliz!Vive porque a vida dura.Nada na alma lhe dizMais que a lição da raiz —Ter por vida a sepultura.

Eras sobre eras se somemNo tempo que em eras vem.Ser descontente é ser homem.Que as forças cegas se domemPela visão que a alma tem!

(...)(Fernando Pessoa, Mensagem)

A (MODELO ENEM) – Da leitura atenta dotexto, conclui-se o seguinte:a) Os homens são descontentes, pois nãopodem se lançar li vremente às aventuras quesuas almas desejam.b) Os homens são descontentes, pois nemmesmo o conforto de suas casas lhes retira odesejo constante de aventuras em outrosespaços.c) Os homens são descontentes, pois, mesmoque se deem por satisfeitos, conscientemente,com o conforto que conquis taram, ainda assimem sonhos, inconscientemente, continuam adesejar mais conforto.d) Os homens contentes com aquilo que têmao seu redor são, na realidade, infelizes, poisdesse modo, satisfeitos diante de seus limitescotidianos, eles se privam do sonho e da cons -tante aventura do espírito.e) Os homens satisfeitos com a sua realidadeimediata são, no fundo, infelizes, céticos quantoàs possibilidades de aventura e felicidade quese abrem para a humanidade.Resolução

O que se afirma na alternativa d pode ser veri -ficado na primeira estrofe do poema.Resposta: D

B (MODELO ENEM) – Em Mensagem, érecorrente o tema da necessidade imperiosa daviagem, da conquista, da ultrapassagem doslimites fixados aos homens. Em “O QuintoImpério”, há uma fórmula que sinte ti za essanecessidade constante do inconformismo, dosonho transgressor. Qual é essa fórmula?

a) “Triste de quem é feliz! / Vive porque a vidadura.”b) “Triste de quem vive em casa, / Contentecom o seu Iar.”c) “Ser descontente é ser homem.”d) “Ter por vida a sepultura.”e) “Que as forças cegas se domem / Pelavisão que a alma tem.”Resolução

Na fórmula apresentada na alternativa c, oinconformismo (“ser descontente”) é postocomo algo que faz parte da essência humana(ser homem é ser descontente).Resposta: C

C (MODELO ENEM) – Qual o sentido daexpressão “lição da raiz”, no contexto dasegunda estrofe do poema?a) É o de que a vida se enraiza, afinal de con -tas, nas coisas ina ni madas, das quais extrai suaenergia.b) É o de que, à semelhança de uma planta,encontramos alimen to e satisfação por meio daimobilidade e da implantação profun da emdeterminado espaço.c) É o de que os homens caminham, inexora -velmente, para a mor te (“sepultura”).d) É o de que os homens não devem criarraízes muito profundas onde quer que seja, sobpena de se verem imobilizados e inapelavel -men te restritos a um único espaço.e) É o de que devemos sempre pe ne trarprofun damente em nossas ori gens, o que acar -reta a morte (sepultura) de outras pos sibi lidadesque se abrissem para nós.Resolução

A ideia da estrofe em que consta a expressão“lição da raiz” é que os homens vivem, em seuconformismo, tais como as raízes, no mesmoespaço (metafórico) que será o da sua morte. Aalternativa que mais se aproxima dessa ideia éa c, supondo-se a expressão “lição da raiz”,entendida como “o que a raiz ensina”, comoequivalente da expressão “lição de raiz”, nosentido de “lição básica da vida”, que é a de quea vida caminha inexoravelmente para a morte.Resposta: C

Texto para os testes D e E.

O MOSTRENGO

O mostrengo que está no fim do marNa noite de breu ergueu-se a voar;À roda da nau voou três vezes,Voou três vezes a chiar,E disse: “Quem é que ousou entrarNas minhas cavernas que não desvendo,Meus tetos negros do fim do mundo?”E o homem do leme disse, tremendo:“EI-Rei D. João Segundo!”

“De quem são as velas onde me roço?De quem as quilhas que vejo e ouço?”Disse o mostrengo, e rodou três vezes,Três vezes rodou imundo e grosso,“Quem vem poder o que só eu posso,Que moro onde nunca ninguém me visseE escorro os medos do mar sem fundo?”E o homem do leme tremeu, e disse:“EI-Rei D. João Segundo!”

Três vezes do leme as mãos ergueu,Três vezes ao leme as reprendeu,E disse no fim de tremer três vezes:“Aqui ao leme sou mais do que eu:Sou um Povo que quer o mar que é teu;E mais que o mostrengo, que me a alma temeE roda nas trevas do fim do mundo,Manda a vontade, que me ata ao leme,De EI-Rei D. João Segundo!”

D (MODELO ENEM) – Há vozes distintasneste poema de Mensagem. Quantas e quaissão essas vozes?a) Duas vozes: a do mostrengo e a do nave -gante português.b) Três vozes: a do mostrengo, a do naveganteportuguês e a do nar rador.c) Duas vozes: a do mostrengo e a do povoportuguês.d) Duas vozes: a do mostrengo e a de D. JoãoSegundo.e) Três vozes: a do mostrengo, a do narrador ea de D. João Se gundo.Resolução

Há três vozes no poema: a do narrador (vv. 1-5;8; 12-13; 17; 19-21), a do mostrengo (vv. 5-7;10-11; 14-16) e a do navegante português (vv. 9;18; 22-27). Resposta: B

E (MODELO ENEM) – Segundo o poema,que fazem os portugueses para despertar aoposição do “mostrengo”?a) Os portugueses desejam descobrir o cami -nho para as Índias.b) Os portugueses desejam obter riquezas nocomércio com as Índias.c) Os portugueses desejam desvendar omistério, franqueando as fronteiras interpostasaos homens.d) Os portugueses desejam propagar a fécatólica pelo seu im pé rio.e) Os portugueses desejam, mais que tudo,satisfazer à ambição de seu rei, que tememmais que ao mostrengo.Resolução

O que se afirma na alternativa c pode serverificado nos versos 22 e 23: “Aqui ao lemesou mais do que eu / Sou um Povo [osportugueses] que quer o mar que é teu.”Resposta: C

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 299

Page 72: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS300

A obra ortônima de Fernando Pessoa incorpora desde a tradiçãolírica portuguesa até as inovações modernistas. Os versosfrequentemente apresentam métrica regular e são rimados.Identifique, a partir dos exercícios a seguir, algumas de suascaracterísticas.

Texto para o teste 1.

1 (ENEM) – Fernando Pessoa é um dos poetas mais extraor -dinários do século XX. Sua obsessão pelo fazer poético nãoencontrou limites. Pessoa viveu mais no plano criativo do que noplano concreto e criar foi a grande finalidade de sua vida. Poetada “Geração Orfeu”, assumiu uma atitude irreverente.

Com base no texto e na temática do poema “Isto”, conclui-seque o autora) revela seu conflito emotivo em relação ao processo deescritura do texto.b) considera fundamental para a poesia a influência dos fatossociais.c) associa o modo de composição do poema ao estado de almado poeta.d) apresenta a concepção do Romantismo quanto à expressãoda voz do poeta.e) separa os sentimentos do poeta da voz que fala no texto, ouseja, do eu lírico.

Texto para a questão 2.

2 O texto expressa saudade de um passado que não se sabese foi realmente feliz. No verso final, porém, o eu lírico situa notempo a sua felicidade, por meio de uma contradição, umparadoxo — um oxímoro (figura frequente no Fernando Pessoaortônimo). Se não é certo que tenha sido feliz no passado, ondeo eu lírico, no verso final, situa a felicidade de que teria saudade?Por que se trata de um oxímoro?

O único livro publicado durante a vida de Fernando Pessoa foiMensagem. Seus versos dialogam com Os Lusíadas, emboraex plicitamente não o mencionem. O nacionalismo presente naobra, entretanto, é irônico e mítico (celebram-se os mitos, nãopropriamente os fatos nacionais) e atinge proporções univer sais,ao questionar o mistério da condição humana e a razão ou sem-razão da história.

Pobre velha música! Não sei por que agrado, Enche-se de lágrimas Meu olhar parado.

Recordo outro ouvir-te.Não sei se te ouvi Nessa minha infância Que me lembra em ti.

Com que ânsia tão raiva Quero aquele outrora! E eu era feliz? Não sei: Fui-o outrora agora.

(Fernando Pessoa – ortônimo)

RESOLUÇÃO:

Em sua obra dita “ortônima” (isto é, atribuída ao seu nome, não

aos seus heterônimos), como é o caso do poema transcrito,

Pessoa separa analiticamente a emoção expressa no poema (isto

é, a emoção do eu lírico) da experiência real do poeta, como fica

explícito neste poema e no célebre “Autopsicografia” (“O poeta é

um fingidor...”).

Resposta: E

ISTO

Dizem que finjo ou mintoTudo que escrevo. Não.Eu simplesmente sintoCom a imaginação.Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passoO que me falha ou finda,É como que um terraçoSobre outra coisa ainda.Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meioDo que não está ao pé,Livre do meu enleio,Sério do que não é.Sentir? Sinta quem lê!

(PESSOA, Fernando. Poemas Escolhidos. São Paulo: Globo, 1997.)

RESOLUÇÃO:

Ele situa no passado (“outrora”) tal como ele o vê no presente

(“agora”). Ou seja: a felicidade está no passado como este é

lembrado no presente, mas talvez não estivesse no passado tal

como foi vivido. Trata-se de um oxímoro porque na expressão

“outrora agora” um termo contraria o outro.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 300

Page 73: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

Textos para a questão 3.

Texto 1

Texto 2

1 – Bojador: cabo na costa africana.

3 O lamento das mulheres, nas estrofes transcritas, é plena -mente justificável, já que a frota de Vasco da Gama deixou o caisdo Restelo com 170 homens, dos quais apenas 55 retor naramvivos a Portugal. O Velho do Restelo opõe-se às nave gações de -vido às grandes perdas humanas nelas sofridas. Entre tanto, otexto de Fernando Pessoa afirma que “Tudo vale a pena / Se aalma não é pequena”. Aponte, no fragmento de Mensagem, osversos em que o desafio do perigo e a glória caminham juntos.

Texto para as questões de 4 a 6.

4 Qual o tema de “Dispersão”?

5 O que sugere a figura do labirinto?

6 Indique dois oxímoros presentes na última estrofe.

DISPERSÃO

Perdi-me dentro de mimPorque eu era labirinto,E hoje, quando me sinto,É com saudades de mim.

Passei pela minha vidaUm astro doido a sonhar.Na ânsia de ultrapassar,Nem dei pela minha vida...

Para mim é sempre ontem,Não tenho amanhã nem hoje:O tempo que aos outros fogeCai sobre mim feito ontem.

(...)

Perdi a morte e a vida,E, louco, não enlouqueço...A hora foge vividaEu sigo-a, mas permaneço...

(...)(Mário de Sá-Carneiro)

Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador1 sobressair-se,Tem que passar além da dor. [ultrapassar os limitesDeus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.

(Fernando Pessoa, Mensagem)

RESOLUÇÃO:

“Deus ao mar o perigo e o abismo deu, / Mas nele é que espelhou

o céu.”

RESOLUÇÃO:

O tema é a divisão do “eu”, a “dispersão” do sujeito, sua perda em

si mesmo, o estranhamento de si.

RESOLUÇÃO:

Sugere um caminho tortuoso, intricado, complicado, de que só a

muito custo se acerta a saída.

RESOLUÇÃO:

São oxímoros: “louco, não enlouqueço” e “eu sigo-a, mas perma -

neço”. Também se pode ver oxímoro na antítese “perdi a morte e

a vida”.

“Qual vai dizendo: — ‘Ó filho, a quem eu tinha Só para refrigério, e doce amparo Desta cansada já velhice minha, Que em choro acabará, penoso e amaro, Por que me deixas, mísera e mesquinha? Por que de mim te vás, ó filho caro, A fazer o funéreo enterramento, Onde sejas de peixes mantimento! —‘

“Qual em cabelo: — ‘Ó doce e amado esposo, Sem quem não quis Amor que viver possa, Por que is aventurar ao mar iroso Essa vida que é minha, e não é vossa? Como por um caminho duvidoso Vos esquece a afeição tão doce nossa? Nosso amor, nosso vão contentamento Quereis que com as velas leve o vento?’”

(Camões, Os Lusíadas, canto IV,“Episódio do Velho do Restelo”, estrofes 90 e 91)

PORTUGUÊS 301

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 301

Page 74: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS302

Leia a seguir o poema “Quase”, que expressa a análise dopróprio eu e o fracasso da existência:

QUASE

Um pouco mais de sol — eu era brasa,Um pouco mais de azul — eu era além.Para atingir, faltou-me um golpe de asa...Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaídoNum grande mar enganador de espuma;E o grande sonho despertado em bruma,O grande sonho — ó dor! — quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,Quase o princípio e o fim — quase a expansão...Mas na minh’alma tudo se derrama...Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo ... e tudo errou...— Ai a dor de ser — quase, dor sem fim...Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,Asa que se elançou mas não voou...

Momentos de alma que,desbaratei...Templos aonde nunca pus um altar...Rios que perdi sem os levar ao mar...Ânsias que foram mas que não fixei...

(...)

Num ímpeto difuso de quebranto,Tudo encetei e nada possuí...Hoje, de mim, só resta o desencantoDas coisas que beijei mas não vivi...

Um pouco mais de sol — e fora brasa,Um pouco mais de azul — e fora além.Para atingir faltou-me um golpe de asa...Se ao menos eu permanecesse aquém...

Mário de Sá-Carneiro, por Almada Negreiros.

MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO (1890-1916): Poeta, contista e novelista, foi um dos mentores da revistaOrpheu, com Fernando Pessoa e outros artistas que, em 1915, escanda lizaram Portu gal compoemas sem metrificação, expressão do inconsciente, como era o caso da poesia de “escrita auto -mática”, postulada pelo Surrealismo. Apresenta caracterís ticas que vão do Deca den tismosaudosista ao Futurismo. De personali dade extremamente sen sível, dotava suas composições degrande lirismo e sub jetividade. Sua obra transborda um profundo sentimento de inadaptação aomundo e de solidão. Suicidou-se aos 26 anos.

O Destaque!!

41 Ricardo Reis e Alberto Caeiro • Fernando Pessoa• Heterônimos de Fernando Pessoa

• Ricardo Reis • Alberto Caeiro

Texto para o teste A.

As rosas amo dos jardins de Adônis,Essas vólucres1 amo, Lídia, rosas,

Que, em o dia em que nascem,Em esse dia morrem.

A luz para elas é eterna, porqueNascem nascido já o Sol e acabam

Antes que Apolo deixeO seu curso visível.

Assim façamos nossa vida um dia,Inscientes2, Lídia, voluntariamente,

Que há noite antes e apósO pouco que duramos.

(Ricardo Reis)

1 – Vólucre: efêmero, de vida curta.

2 – Insciente: ignorando, sem saber.

A (MODELO ENEM) – Todas as alternativasa seguir apresentam afirmações corretas sobreo poema, menos uma. Assinale-a.a) Mencionam-se figuras da cultura clássicaantiga, dado que pode servir de exemplo doaspecto “classicista” da poesia de Reis.

b) A temática dos versos relaciona-se ao prin -cípio do carpe diem (“colhe o dia”, “aproveita omomento presente”).c) A fugacidade do tempo e da vida é repre -sentada pelas “vólucres rosas”, que nascem emorrem num mesmo dia.d) O eu lírico fala da efemeridade das rosaspara justificar o convite que fará a Lídia, inci -tando-a a viver intensamente.e) O que distingue a vida das “vólucres rosas”da vida dos homens é o fato de ser curta aprimeira e longa a segunda.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 302

Page 75: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 303

Resolução

Segundo os versos, a vida dos homens éefêmera (“O pouco que duramos”) tantoquanto a vida das “vólucres rosas”. A únicadiferença que se poderia apontar é o fato deque essas rosas nascem e morrem sob a luz,ao passo que, para os homens, “há noite antese após / O pouco que duramos”. Resposta: E

Textos para o teste B.

...acerquei-me de uma cômoda alta, e,tomando um papel, comecei a escrever, de pé,como escrevo sempre que posso. E escrevitrinta e tantos poemas a fio, numa espécie deêxtase (...) Foi o dia triunfal da minha vida, enunca poderei ter outro assim. Abri com umtítulo — “O guardador de rebanhos”. E o quese seguiu foi o aparecimento de alguém emmim, a quem dei desde logo o nome de AlbertoCaeiro. (...) ...aparecera em mim o meu mestre.

(Fernando Pessoa,Textos de Crítica e de Intervenção,

p. 204-205.)

Meu mestre, meu coração não aprendeu a tua [serenidade.

Meu coração não aprendeu nada.

(...)

A calma que tinhas, deste-ma, e foi-me [inquietação.

(Álvaro de Campos)

Ricardo Reis lamenta não ter feito um largoestudo sobre a obra de Caeiro:

Pesa-me que a razão me compila a dizerestas nenhumas palavras ante a obra do meuMestre, de não poder escrever (...) mais quedisse, com o coração, na Ode XIV do Livro Imeu, com a qual choro o homem que foi paramim, como virá a ser para mais que muitos, orevelador da Realidade, ou, como ele mesmodisse, “o Argonauta das sensações ver -dadeiras” (...)

(Ricardo Reis, Prefácio aos Poemas Completos de Alberto Caeiro)

Mas no meu espírito o sol deste dia é porto [sombrio.

E os navios que saem do porto são estas [árvores ao sol...

Um dos heterônimos de Fernando Pessoa acre -dita que devemos ver as coisas como elas são,sem lhes atribuir significados ou sentimentos.Os versos apresentados contêm metáforas quevão radicalmente contra os seus princípios, já

que afirmam, por exemplo, que “navios... são...árvores ao sol”.

B (MODELO ENEM) – Observando ascaracterísticas de Fer nan do Pessoa ele-mesmoe de seus heterônimos, podemos afirmar quea) os versos transcritos são de FernandoPessoa (ortônimo) e o heterônimo em questãoé Alberto Caeiro.b) Alberto Caeiro é o autor dos versos e Ri car -do Reis, o heterônimo ao qual se refere o texto.c) Álvaro de Campos é o heterônimo que vaicontra as características do autor dos versostranscritos: Fernando Pessoa (ele-mesmo).d) A autoria dos versos pode ser atribuída aoortônimo e o heterônimo referido no enunciadoé Ricardo Reis.e) Alberto Caeiro é o autor dos versos e o hete -rônimo citado no texto é Álvaro de Campos.Resolução

A presença de textos sobre o heterônimoAlberto Caeiro é forte indício de que esse hete -rô nimo seria assunto do teste. Além disso, esseforte índice serve de compensação ao fato denão haver elementos suficientes, na anto logiaapresentada, para a identificação da peosia deFernando Pessoa ele-mesmo, o que é pres su -posto para se chegar à resposta correta. Assimsendo, a única alternativa que menciona Caeirocomo o heterônimo de que fala o enun ciado é aalternativa que serve de resposta ao teste.Resposta: A

Ricardo Reis

“... pus em Ricardo Reis toda a minha disciplina mental, vestida da música que lhe é própria.”

(Fernando Pessoa em carta a Adolfo Casais Monteiro – 1935)

Representante do pensamento clássico, Ricardo Reis é rígido, ético, valoriza o momentopresente (carpe diem) e lamenta a morte e a pre carie dade da vida. Expõe logicamente o ideáriopagão e declara-se discípulo de Caeiro, cujo paganismo espon tâneo e serenidade perante o Universoapre cia. Seus versos são medidos, brancos e revelam o mesmo apreço do mestre pela Natureza(locus amoenus), entre tanto, na procura do equilíbrio contido dos clássicos, deixa de lado a espon -ta nei dade, sua simplicidade é elaborada pelo intelecto.

Ricardo Reis, por Almada Negreiros.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 303

Page 76: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS304

Texto para as questões de 1 a 3.

1 Ricardo Reis convida Lídia a aprender lições sobre a vida apartir da observação do rio. Qual a relação entre a vida e o rio?

2 De que maneira o convite a Lídia se relaciona à lição que oeu lírico abstraiu da Natureza?

3 Nas duas últimas estrofes transcritas, o eu poemáticoobserva que, mesmo diante de percalços, a vida continua a corrercomo o rio que pode ter obstáculos em seu curso; queraproveitemos ou não, ela passa. A sugestão contida nessesversos é que passemos “silenciosamente”, “sossegada men te”.Quais as fontes de desassossego apontadas na última es trofe?

LÍDIA

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamosQue a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.

(Enlacemos as mãos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vidaPassa e não fica, nada deixa e nunca regressa,Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,

Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena [cansarmo-nos.

Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.Mais vale saber passar silenciosamente

E sem desassosegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,

E sempre iria ter ao mar.(...)

(Ricardo Reis)

RESOLUÇÃO:

Na última estrofe, o eu lírico aponta as fontes de desequilíbrio que

deveriam ser evitadas: os “amores”, os “ódios”, as “paixões”

exaltadas, as “invejas” e os “cuidados” (preocupações).

RESOLUÇÃO:

Como a vida passa irreversivelmente, o que nos sobra é apro veitar

o tempo presente; daí o convite a Lídia — uma forma discretíssima

do convite amoroso tradicional da poesia do carpe diem.

RESOLUÇÃO:

Ricardo Reis associa a imagem do rio à da vida porque, como aquele,

esta passa irreversivelmente: “fitemos o seu curso e aprendamos

/ Que a vida passa”.

Alberto Caeiro

“... pus no Caeiro todo o meu poder de despersonalização.”

(Fernando Pessoa em carta a Adolfo Casais Monteiro – 1935)

Alberto Caeiro ocupa posição central na obra de Pessoa, pois não ostenta a inquie -tação interior das outras personagens, aceita o mundo como é. “Poeta da natureza”, é umpastor simples que viveu obscuro, desconhecido e morreu jovem. Busca o objetivismoabsoluto e crê que “Pensar é essencialmente errar”. Propõe a contemplação da realidadepor meio das sensações, sem a intermediação do pensamento: “saber ver sem estar apensar”. Aproxima-se do Zen-Budismo ao libertar-se do próprio eu — tão procurado porPessoa — e, no íntimo da fantasia dos heterônimos, desconstrói a ilusão. Seu estilo apre -senta versos livres, brancos, discurso simples, direto, vocabulário restrito e redundante.

Alberto Caeiro, por Almada Negreiros.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 304

Page 77: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

Texto para o teste 4.

4 (MODELO ENEM) – Qual a postura de Alberto Caeiroquanto à maneira de apreender a realidade?a) Acredita que a filosofia e a poesia aproximam o homem daessência do mundo exterior.b) Propõe a fusão do homem com a natureza para melhorformular seus conceitos sobre ela.c) Investiga a veracidade das sensações por meio da atividadefilosófica e poética.d) Considera a realidade um mistério desvendável somentepelas impressões sensoriais.e) Valoriza a experiência direta e imediata dos sentidos, sem aintervenção do pensamento.

E Explique a aparente contradição existente no seguintetexto:

Texto para o teste F.

F (MODELO ENEM) – Qual dos seguintes trechos de AlbertoCaeiro é oposto ao seu discurso habitual?

a) O que nós vemos das coisas são as coisas.Por que veríamos nós uma coisa se houvesse outra?Por que é que ver e ouvir seriam iludirmo-nosSe ver e ouvir são ver e ouvir?

b) (...)E os meus pensamentos são todos sensações.Penso com os olhos e com os ouvidosE com as mãos e os pésE com o nariz e a boca.

c) O que é preciso é ser-se natural e calmoNa felicidade ou na infelicidade,Sentir como quem olha,Pensar como quem anda(...)

d) (...)Porque tudo é como é e assim é que é,E eu aceito, e nem agradeço,Para não parecer que penso nisso...

e) No meu prato que mistura de Natureza!As minhas irmãs as plantas,As companheiras das fontes, as santasA quem ninguém reza...

(...)

O mistério das coisas? Sei lá o que é mistério!O único mistério é haver quem pense no mistério.Quem está ao Sol e fecha os olhos,Começa a não saber o que é o SolE a pensar muitas coisas cheias de calor.Mas abre os olhos e vê o Sol,E já não pode pensar em nada,Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentosDe todos os filósofos e de todos os poetas.A luz do Sol não sabe o que fazE por isso não erra e é comum e boa.

(...)(Alberto Caeiro,

O Guardador de Rebanhos)

RESOLUÇÃO:

Alberto Caeiro acredita serem as coisas exatamente como as

percebemos por meio dos sentidos, sem mistério e sem as

suposições incertas do pensamento. Por meio da filosofia ou da

poesia, o homem afasta-se do real e aproxima-se de suas ideias.

Caeiro afirma em uma entrevista: “Os outros poetas têm cantado

a Natureza subordinando-a a eles, como se eles fossem Deus; eu

canto a Natureza subordinando-me a ela, porque nada me indica

que eu sou superior a ela, visto que ela me inclui...”. Resposta: E

As quatro canções que seguemSeparam-se de tudo o que penso,Mentem a tudo o que eu sinto,São do contrário do que eu sou...

Escrevi-as estando doente

(...)(Alberto Caeiro,

O Guardador de Rebanhos)

RESOLUÇÃO:

O desequilíbrio provocado pela doença manifesta-se no fato de as

plantas serem chamadas “as minhas irmãs”, “santas” — um

modo de expressão condenado pelo poeta, pois vai além do que

a realidade mostra. Quando sadio, ele afirma: “Para que hei de

chamar minha irmã à água, se ela não é minha irmã?”

Resposta: E

Falaram-me em homens, em humanidade,Mas eu nunca vi homens nem vi humanidade.Vi vários homens assombrosamente diferentes entre si,Cada um separado do outro por um espaço sem homens.

(Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos)

RESOLUÇÃO:

Caeiro necessita desaprender tudo o que lhe foi ensinado, para

atingir a pureza de observar o mundo até o limite do que seus

sentidos podem alcançar naquele instante — o que implica uma

visão fragmentada, sem noção do todo. No texto, o substantivo

homens foi empregado em sentido coletivo (o todo): “Mas eu

nunca vi homens nem vi humanidade”, e em sentido individual (o

fragmento, cada homem): “Vi vários assombro samente diferentes

entre si”. Não há incoerência no texto, mas sim o vocabulário

restrito de um homem simples, que mesmo sendo repetitivo,

consegue ser diverso.

PORTUGUÊS 305

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 305

Page 78: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS306

42 Álvaro de Campos • Fernando Pessoa • Heterônimos deFernando Pessoa • Álvaro de Campos

O poema transcrito a seguir, extraído de Poe -

sias, de Álvaro de Campos, ser virá aos testes

A e B.

PECADO ORIGINAL

Ah, quem escreverá a história do que poderia [ter sido?

Será essa, se alguém a escrever,A verdadeira história da Humanidade.

O que há é só o mundo verdadeiro, não é nós, [só o mundo;

O que não há somos nós, e a verdade está aí.

Sou quem falhei ser.Somos todos quem nos supusemos.A nossa realidade é o que não conseguimos

[nunca.

Que é daquela nossa verdade — o sonho à [janela da infância?

Que é daquela nossa certeza — o propósito à [mesa de depois?

Medito, a cabeça curvada contra as mãos [sobrepostas

Sobre o parapeito alto da janela de sacada,Sentado de lado numa cadeira, depois de jantar.

Que é da minha realidade, que só tenho a vida?Que é de mim, que sou só quem existo?

Quantos Césares fui!

Na alma, e com alguma verdade;Na imaginação, e com alguma justiça;Na inteligência, e com alguma razão —Meu Deus! meu Deus! meu Deus!Quantos Césares fui!Quantos Césares fui!Quantos Césares fui!

A (MODELO ENEM) – Pode-se dizer, quantoao sentido geral do poema, quea) sua temática é de natureza psicológica, poisse baseia na au ten ticidade do ser humano.b) sua temática transcende a psicologia, por -que um dos ele men tos fundamentais do textoé o destino do homem jogado num mundo apa -rente.c) sua temática é moral e psicológica, pois serefere à fuga do que se havia proposto na in fân -cia e posteriormente.d) sua temática problematiza a realidade do serhumano.e) o texto, por ser totalmente negativista, nãose presta a qual quer rotula ção.Resolução

Os versos de Álvaro de Campos problematizama existência humana, que, de acordo com o eu

lírico, se vê reduzida a uma realidade, entretantas outras possíveis — “o sonho à janela dainfância”, “o propósito à mesa de depois”.Resposta: D

B (MODELO ENEM) – A leitura atenta dotexto permite concluir quea) a história da humanidade é inenarrável.b) é impossível narrar a história da humani -dade, mas, se alguém conseguisse fazê-lo, elaseria a história da própria essência do homem.c) a verdadeira história da humanidade só po -deria ser contada por quem tivesse consciênciade todas as possibilidades de vida que não serealizaram.d) a verdadeira história da humanidade poderiaser escrita por um só indivíduo que realizassetodas as possibilidades que se abrissem para asua existência.e) a verdadeira história da humanidade poderiaser escrita por quem tivesse a consciência detudo aquilo que de fato acon teceu com todosos homens e com o mundo exterior.Resolução

A resposta a este teste retoma a resposta dadaao teste anterior e acrescenta o dado de que,segundo os versos, a verdadeira história dahumanidade deveria contemplar não só o que,de fato, se realizou, mas também todas aspossibilidades de vida que não se realizaram.Resposta: C

Álvaro de Campos

“... pus emCampos toda

a emoção quenão dou nem a mim, nem

à vida.”

(Carta de Fernando Pessoa

a Casais Monteiro, de 13 de janeiro

de 1935)

Álvaro de Campos é o heterônimo maisirrequieto de Fernando Pessoa. É enge -nhei ro, cosmopolita, modernista, apaixo -na do pelo progresso, mas tambémdepressivo, ente di ado, exagerado.Seus versos são geral men te livres esem rima, mui tas vezes intensos comoos de seu mes tre ameri cano WaltWhitman (1819-1892).

Podem-se identificar três fases emsua obra:

I. a do Opiário (ou decadentista), II. a futurista e III.a entediada, pessoal.

Álvaro de Campos, por Almada Negreiros.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 306

Page 79: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 307

Texto para a questão A.

A O poema “Opiário”, com 43 estrofes, foi supostamenteescrito em um navio, quando Campos, em viagem ao Oriente,atravessava o Canal de Suez. Representa uma fase marcadapelo decadentismo simbolista, que considera infundados osvalores tradicionais e não vê qualquer sentido na existência. Daí,o eu lírico consome o ópio para fugir ao abatimento psíquico emque se encontra.

a) O que Álvaro de Campos vai buscar no ópio?

b) Campos está numa prostração de quem não aceita o mundonem se sente aceito por ele. Qual o reconhecimento por seutrabalho?

Texto para as questões B e C.

B Do que fala o poema “Ode Triunfal”?RESOLUÇÃO:

Fala do mundo moderno, das máquinas, da tecnologia.

C Aponte, na primeira estrofe, elementos que distinguemÁlvaro de Campos de Fernando Pessoa ele mesmo, de AlbertoCaeiro e de Ricardo Reis.

OPIÁRIO

Ao Senhor Mário de Sá-Carneiro

É antes do ópio que a minh’alma é doente. Sentir a vida convalesce e estiola cura – adoece

E eu vou buscar ao ópio que consola Um Oriente ao oriente do Oriente.

(...)

Perdi os dias que já aproveitaraTrabalhei para ter só o cansaço Que é hoje em mim uma espécie de braço Que ao meu pescoço me sufoca e ampara.

(...)

RESOLUÇÃO:

O eu lírico almeja um consolo para o seu mal-estar diante da vida,

foge à realidade em busca de um Oriente irreal — “Um Oriente ao

oriente do Oriente”.

RESOLUÇÃO:

O eu lírico não se sente reconhecido por seu trabalho, do qual leva

apenas o cansaço.

ODE TRIUNFAL (fragmento)

À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábricaTenho febre e escrevo.Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.

Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r eterno!Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!Em fúria fora e dentro de mim,Por todos os meus nervos dissecados fora,Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,De vos ouvir demasiadamente de perto,E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excessoDe expressão de todas as minhas sensações,Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!

(...)

RESOLUÇÃO:

A técnica do verso livre e a estrofação irregular diferenciam-se das

odes metrificadas de Ricardo Reis e das quadras com metro e rima

de Fernando Pessoa. Quanto a Alberto Caeiro, essas mesmas

características formais estão presentes em seus poemas;

entretanto, a temática pós-simbolista e modernista de Álvaro de

Campos apresenta forte contraste com o bucolismo antifilosófico

de Caeiro.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 307

Page 80: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS308

Texto para a questão D.

D Em qual poema se nota o entusiasmo futurista: em “OdeTriunfal” ou em “Tabacaria”? Justifique.

Texto para o teste 5.

1 – Um pouco ateu: ironia, pois ou se é ateu ou não; aqui significa “um poucodescrente”.

5 (MODELO ENEM) – Assinale a alternativa correta sobre opoema.a) O poema é sensacionista, porque nele o sujeito se confundecom as sensações, que têm sua origem dentro dele.b) O poema, sendo um soneto em versos decassílabos, é bemtípico do estilo que predomina na obra de Álvaro de Campos.c) O eu lírico duvida da própria existência, porque se senteincapaz de sentir as coisas autenticamente.d) O problema das angústias do eu lírico é a sua descrença emDeus.e) O sujeito do poema questiona sua própria identidade,sentindo-se fragmentado e perdido em meio à multiplicidade desuas sensações.

6 Assinale A para Ricardo Reis e B para Álvaro de Campos.

I. ( ) Mestre, são plácidasTodas as horasQue nós perdemos,Se no perdê-las,Qual numa jarra,Nós pomos flores.

II. ( ) Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.Sentir tudo de todas as maneiras.Sentir tudo excessivamente,Porque todas as coisas, são em verdade, excessivasE toda a realidade é um excesso, uma violência.

TABACARIA (fragmento)

Não sou nada.Nunca serei nada.Não posso querer ser nada.À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,Do meu quarto de milhões do mundo que ninguém sabe

[quem é(E se soubessem quem é, o que saberiam?),Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente

[por gente,Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente

[certa,Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos

[seres,Com a morte a pôr umidade nas paredes e cabelos

[brancos nos homens.Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada

[de nada.

(...)

Falhei em tudo.Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.A aprendizagem que me deram,Desci dela pela janela das traseiras da casa.Fui até ao campo com grandes propósitos.Mas lá encontrei só ervas e árvores,E quando havia gente era igual à outra.Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de

[pensar?

(...)

RESOLUÇÃO:

Em “Ode Triunfal”, pois revela o entusiasmo pela máquina.

“Tabacaria” revela a sensação angustiada de nada esperar da vi da.

Quando olho para mim, não me percebo.Tenho tanto a mania de sentir,Que me extravio às vezes ao sairDas próprias sensações que eu recebo.

O ar que respiro, este licor que beboPertencem ao meu modo de existir,E eu nunca sei como hei de concluirAs sensações que a meu pesar concebo. (a meu pesar =

[contra a minha vontade)Nem nunca propriamente repareiSe na verdade sinto o que sinto. EuSerei tal qual pareço em mim? Serei

Tal qual me julgo verdadeiramente?Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu1,Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.

RESOLUÇÃO:

Erros: a: “dentro dele“; b: “típico do estilo... de Álvaro de Cam -

pos“; c: toda a alternativa; d: “angústias“, “descrença em Deus“.

Resposta: E

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 308

Page 81: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

III. ( ) Tão cedo passa tudo quanto passa!Morre tão jovem ante os deuses quantoMorre! Tudo é tão pouco!Nada se sabe, tudo se imagina.Circunda-te de rosas, ama, bebeE cala. O mais é nada.

IV. ( ) Nunca conheci quem tivesse levado porrada.Todos os meus conhecidos têm sido campeões

[em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco,[tantas vezes vil,

Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,(...)Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,Que tenho enrolado os pés publicamente nos

[tapetes das etiquetas(...)Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

RESOLUÇÃO:

I) A II) B III) A IV) B Júlio Pomar, Baudelaire, Poe, Mallarmé e Pessoa (1983).

PORTUGUÊS 309

Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”, digite PORT2M312

No Portal Objetivo

43 Semana de Arte Moderna • Semana de Arte Moderna

• Semana de 22 • Modernismo no Brasil

Texto para o teste A. A (ENEM) – Com base na leitura do poema, podemos afirmarcorreta mente que o poetaa) critica o lirismo louco do movimento modernista.b) critica todo e qualquer lirismo na literatura.c) propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.d) propõe o retorno ao lirismo do movimento romântico.e) propõe a criação de um novo lirismo.Resolução

Manuel Bandeira, ao condenar o “lirismo comedido”, o “lirismo bemcomportado”, e ao defender o “lirismo dos lou cos”, está combatendoo formalismo tradicio na lista dos parnasianos (ainda predominantequando da eclosão do Modernismo) e propondo uma poesia livre dasconvenções estéticas e linguísticas até então vigentes no Brasil:“— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.” O poema“Poética” expressa o espírito de demolição da primeira fase modernistae nele se lê e se realiza a proposta de construção de uma poesia devocabulário simplificado, sem rima e sem métrica.Resposta: E

POÉTICA

Estou farto do lirismo comedidoDo lirismo bem comportadoDo lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo

[e manifestações de apreço ao sr. diretor.

Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho [vernáculo de um vocábulo

Abaixo os puristas(...)

Quero antes o lirismo dos loucosO lirismo dos bêbadosO lirismo difícil e pungente dos bêbadosO lirismo dos clowns de Shakespeare

— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

(BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1974.)

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 309

Page 82: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS310

B (ENEM) – Sobre a exposição de Anita Malfatti, em 1917, que muito influenciaria a Semana de Arte Moderna, Monteiro Lobato es cre veu, emartigo intitulado “Paranoia ou Misti ficação?”:

Há duas espécies de artistas. Uma com pos ta dos que veem as coisas e em consequência fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da vida,e adotados, para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres. (…) A outra espécie é formada dos que veemanormalmente a natu reza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica das escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculosda cultura exces siva. (…). Estas considerações são provocadas pela exposição da sra. Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências parauma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso & cia.

(O Estado de S. Paulo, dez/1917.)

Em qual das obras abaixo se identifica o estilo de Anita Malfatti criticado por Monteiro Lobato no artigo?

a) b)

c)

d)

e)

Acesso ao Monte Serrat

Vaso de Flores

Nossa Senhora Auxiliadora e Dom Bosco

A Santa Ceia

A Boba

Resolução

Monteiro Lobato, expressando uma visão “acadêmica” e conservadorada pintura, ataca as chamadas “vanguardas” modernistas, no mea -damente o Cubismo (“Picasso & cia.”). A única obra, entre asreproduzidas nas alternativas, que rompe o padrão acadêmico é oquadro A Boba, que, pela deformação expressionista dos traços eintensificação da cor, configura para Lobato a atitude “dos que veemanormalmente a natu reza…” (As demais pinturas também são de AnitaMalfatti.)Resposta: E

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 310

Page 83: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 311

1 (MODELO ENEM) – Re(leia) a seguir um trecho do artigo “Paranoia ou Mistificação?”, de Monteiro Lobato, em que o autor fazuma crítica a uma exposição de Anita Malfatti de 1917:

Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem as coisas e em consequência fazem arte pura, guardados oseternos ritmos da vida, e adotados, para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres.(...) A outra espécie é formada dos que veem anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestãoestrábica das escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (...) Estas considerações são provocadaspela exposição da sra. Malfatti, onde se notam acentuadamente tendências para uma atitude estética forçada no sentido dasextravagâncias de Picasso & Cia.

Baseando-se no que você leu acima e em seus conhecimentos, assinale a alternativa que apresenta obra de Anita Malfatti.

a) b)

d)c)

e)

RESOLUÇÃO:

Os quadros são, na sequência, Viagem a Citera, do neoclássico

francês Jean-Antoine Watteau, Salomé com a Cabeça de São

João Batista, do italiano Michelangelo Caravaggio, O Japonês,

de Anita Malfatti, Ofélia, do inglês John Everett Millais, pintor da

transição entre Romantismo e Realismo, e Mulher Desnuda, do

espanhol Francisco Goya, representante do Romantismo.

Resposta: C

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 311

Page 84: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS312

Textos para a questão 2.

Texto 1

Texto 2

2 O texto 1 é o célebre “Soneto XIII” de Via-Láctea, de OlavoBilac. O texto 2 é de Juó Bananére, pseudônimo de AlexandreRibeiro Marcondes Machado, e encontra-se no livro La DivinaIncrenca, de 1915. Essa obra pode ser considerada precursorado Modernismo brasileiro, por satirizar a literatura consagrada,especialmente a poesia parnasiana, contra a qual osmodernistas iriam investir. Explique por que o soneto de JuóBananére é uma paródia do soneto de Bilac.

Textos para as questões de 3 a 8.

Texto 3

“Ora (direis) ouvir estrelas! CertoPerdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,Que, para ouvi-las, muita vez despertoE abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda noite, enquantoA Via-Láctea, como um pálio aberto, mantoCintila. E, ao vir o Sol, saudoso e em pranto,Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!Que conversas com elas? Que sentidoTem o que dizes, quando não estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!Pois só quem ama pode ter ouvidoCapaz de ouvir e de entender estrelas”.

STRELLA

Che scuitá strella, né meia strella!Vucê stá maluco! e io ti diró intanto,Chi pra iscuitalas moltas veiz livanto,I vô dá una spiada na gianella.

I passo as notte acunversáno c’oella,Inguanto che as otra lá d’un cantoStó mi spiano. I o sol come un brigliantoNaçe. Oglio pru çéu: — Cadê strella?

Direis intó: — Ó migno inlustre amigo!O chi é chi as strellas ti diziaQuano illas viéro acunversá contigo?

E io ti diró: — Studi pra intendela,Pois só chi giá studô AstrolomiaÉ capaiz di intendê istas strella.

RESOLUÇÃO:

Entende-se por paródia a imitação de um texto com finalidade

crítica e humorística. Bananére imita Bilac em português

macarrônico típico dos bairros italianos da cidade de São Paulo

no início do século XX. Além da linguagem, o conteúdo do poema

de Bananére também é satírico, pois ridiculariza o romantismo do

soneto imitado.

OS SAPOS

Enfunando os papos, Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos. A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra, Berra o sapo-boi: — “Meu pai foi à guerra!” — “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”.

O sapo-tanoeiro,Parnasiano aguado,Diz: — “Meu cancioneiroÉ bem martelado.

Vede como primoEm comer os hiatos!Que arte! E nunca rimoOs termos cognatos.

O meu verso é bomFrumento sem joio.Faço rimas comConsoantes de apoio.

Vai por cinquenta anosQue lhes dei a norma:Reduzi sem danosA formas a forma.

Clame a sapariaEm críticas céticas:Não há mais poesia,Mas há artes poéticas...”

Urra o sapo-boi:— “Meu pai foi rei” — “Foi!”— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”.

Brada em um assomoO sapo-tanoeiro:— “A grande arte é comoLavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.Tudo quanto é belo,Tudo quanto é vário,Canta no martelo.”

(...)

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 312

Page 85: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

Texto 4

3 O texto 3 é parte do poema “Os Sapos”, de ManuelBandeira, lido em 15 de fevereiro de 1922, na segunda noite daSemana de Arte Moderna. Quem são os “sapos” a que serefere o poeta?

4 O sapo-tanoeiro (tanoeiro é quem faz tonéis, barris) étambém chamado sapo-martelo, em razão do som que produz.Por que esse sapo é utilizado pelo poeta como representaçãosatírica do poeta parnasiano?

5 Entende-se por enjambement a divisão de uma frase entredois versos. Como exemplo, basta observar o texto 1 para notarque a frase “Certo perdeste o senso!” se dividiu entre os ver -sos 1 e 2. Localize outro procedimento semelhante no texto 3.

6 Chama-se rima rica aquela que se estabelece entre palavrasde classes gramaticais diferentes, o que ocorre, por exemplo, naprimeira estrofe do texto 1 entre “certo” e “desperto” ou entre“entanto” e “espanto”. Do texto 3, destaque três rimas dessemesmo tipo.

7 Sabendo-se que as rimas ricas e o enjambement eramexpedientes típicos do Parnasianismo, o que justifica o fato deManuel Bandeira usá-los justamente em um poema que criticatal escola literária?

8 Oswald de Andrade afirmou no seu Manifesto da PoesiaPau-Brasil (1924): “Só não se inventou uma máquina de fazerversos — já havia o poeta parnasiano.” Releia o poema deManuel Bandeira e o texto 4 e comente que relação ambosestabe lecem com a asserção de Oswald de Andrade.

9 (MODELO ENEM) – Entre as alternativas abaixo, qual a quenão se refere ao espírito em que se iniciou o Modernismobrasileiro?a) Inovação, espírito vanguardista.b) Crítica à tradição formalista.c) Incorporação do humor e da ironia.d) Temas do cotidiano.e) Nacionalismo ufanista.RESOLUÇÃO:

O Modernismo propôs uma visão crítica, não idealizadora do país

e de sua cultura.

Resposta: E

RESOLUÇÃO:

Manuel Bandeira, Oswald de Andrade e a Revista Klaxon, da qual

consta o texto 4, atacam o mesmo problema: consideram a poesia

parnasiana formalista, sem viço literário, repetição mecânica e fria

de modelos literários.

RESOLUÇÃO:

A intenção de Manuel Bandeira é parodiar, no discurso dos sapos,

o estilo poético dos parnasianos.

RESOLUÇÃO:

Há rimas ricas entre “bom” e “com” (5.a estrofe), entre “boi” e

“foi” (8.a estrofe), “assomo” e “como” (9.a estrofe), “estatuário”

e “vário” (10.a estrofe), “belo” e “martelo” (10.a estrofe).

RESOLUÇÃO:

Há vários exemplos, como “Meu cancioneiro / É bem martelado”,

“Vede como primo / Em comer os hiatos!”, “E nunca rimo / os

termos cognatos”.

RESOLUÇÃO:

Porque o sapo-tanoeiro é uma caricatura do poeta-artesão —

“joalheiro” ou “estatuário” (escultor) —, que deseja “martelar” os

seus versos, para torná-los “perfeitos”, conforme o modelo

parnasiano. [Bilac, em “Profissão de Fé”, associa o trabalho do

poeta ao do ourives, ressaltando o aspecto artesanal, detalhista e

perfeccionista da concepção parnasiana de poesia.]

RESOLUÇÃO:

Os sapos são os poetas parnasianos.

A v i s o á P r a ç a

Pantosopho, Pateromnium & Cia., proprietarios da Grande FabricaInternacional de Sonetos, Madrigaes, Balladas e Quadrinhas,communicam que, em virtude do grande movimento de suas officinasnestes ultimos tempos, e, para attender a innumeros pedidos defreguezes, resolveram montar, na cidade de São Paulo, umLABORATORIO DE ANALYSES CHIMICOS GRAMMATICAES além de ummoderno GABINETE DE INVESTIGAÇÕES E CAPTURAS LITERARIAS.

Confeccionam-se, com perfeição, mofinas, verrinas, diatribes,catilinarias e pamphletos.

Trabalho garantido e sério. Acceitam-se encommendas paraserem executadas em 12 ou 24 horas. Promette-se discreção.

PORTUGUÊS 313

Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL

OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”,digite PORT2M313

No Portal Objetivo

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 313

Page 86: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS314

44 Mário de Andrade • Modernismo no Brasil

• Mário de Andrade • Macunaíma

Textos para os testes A e B.

A (ENEM) – A leitura comparativa dos doistextos indica quea) ambos têm como tema a figura do indígenabrasileiro apresentada de forma realista eheroica, como símbolo máximo do nacionalis -mo romântico.

b) a abordagem da temática adotada no textoescrito em versos é discriminatória em relaçãoaos povos indígenas do Brasil.c) as perguntas “Quem há, como eu sou?(texto 1) e “Quem podia saber do Herói?”(texto 2) expressam diferentes visões da reali -dade indígena brasileira.d) o texto romântico, assim como o moder -nista, aborda o extermínio dos povos indígenascomo resultado do processo de colonização noBrasil.e) os versos em primeira pessoa revelam queos indígenas podiam expressar-se poetica -mente, mas foram silenciados pela colonização,como demonstra a presença do narrador, nosegundo texto.Resolução

Erros: a) o texto 1 não é realista nem o 2apresenta o indígena como heroico, apesar deo chamar “Herói”, ou o toma como “símbolomáximo do nacionalismo romântico”; b) não há,nos versos de Gonçalves Dias, “abordagem…discriminatória” em relação aos índios; d) notexto 1, a colonização é um tema ausente,referindo-se o poema pura e simplesmente aouniverso indígena; e) nem a colonização nem osilenciamento dos indígenas são assuntos dotexto 1. Quanto à alternativa c, cabe umaressalva: a pergunta extraída dos versos deGonçalves Dias implica uma visão heroica doíndio, ao passo que a per gun ta formulada noencerramento de Macunaí ma sugere a extinçãoda sociedade e da cultura indígenas, assimcomo dos próprios índios; o problema é que nãohá incompati bilidade entre essas duas vi sões,sendo, portanto, estranho, e talvez um pou coforçado, deduzir daí que se trate de “di fe rentesvisões da realidade indígena brasileira”.Resposta: C

B (ENEM) – Considerando-se a linguagemdestes dois textos, verifica-se quea) a função da linguagem centrada no receptorestá ausente tanto no primeiro quanto nosegundo texto.b) a linguagem utilizada no primeiro texto écoloquial, enquanto no segundo predomina alinguagem formal.

c) há, em cada um dos textos, a utilização depelo menos uma palavra de origem indígena.d) a função da linguagem, no primeiro texto, secentra na forma de organização da lingua geme, no segundo, no relato de informações reais.e) a função da linguagem centrada na primeirapessoa, predominante no segundo texto, seráausente no primeiro.Resolução

São tupinismos tacape (texto 1) e Tapanhumase Uraricoera (texto 2). Erros: a) ocorre a funçãoconativa ou apelativa da linguagem (centrada noreceptor), nos vocativos, imperativos e inter -roga ções do texto 1; b) nem a linguagem doprimeiro texto é coloquial, nem a do segundo éformal; o oposto seria verdadeiro; d) tanto noprimeiro como no segundo texto, está presentea função poética da linguagem (centrada naorganização da mensagem); no segun do texto,a função referencial da lingua gem, tambémpresente, associa-se ao relato de fatos fictícios,não reais; e) a função emotiva da lingua gem(centrada na primeira pessoa) predo mi na noprimeiro texto e está ausente do segundo.Resposta: C

Ilustração de Carybé (pseudônimo de Héctor JulioPáride Bernabó), para a edição comemorativado cinquentenário de Macunaíma (1978). A ilustração retrata os amores com Ci, a Mãedo Mato, amazona, rainha-guerreira icamiaba,esposa de Macunaíma, no paraíso do Uraricoera.

Texto 1

O CANTO DO GUERREIRO

Aqui na florestaDos ventos batida,Façanhas de bravosNão geram escravos,Que estimem a vidaSem guerra e lidar.— Ouvi-me, Guerreiros,— Ouvi meu cantar.

Valente na guerraQuem há, como eu sou?Quem vibra o tacapeCom mais valentia?Quem golpes dariaFatais, como eu dou?— Guerreiros, ouvi-me;— Quem há, como eu sou?

(Gonçalves Dias)

Texto 2

Acabou-se a história e morreu a vitória.Não havia mais ninguém lá. Dera tangolo -

mângolo na tribo Tapanhumas e os filhos delase acabaram de um em um. Não havia maisninguém lá. Aqueles lugares, aqueles cam -pos, furos puxadeuros arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos misteriosos, tudoera solidão do deserto… Um silêncio imenso,dormia à beira do rio Uraricoera. Nenhumconhecido sobre a terra não sabia nem falarda tribo nem contar aqueles casos tãopançudos. Quem podia saber do Herói?

(Mário de Andrade, Macunaíma, Epílogo)

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 314

Page 87: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 315

Texto para as questões 1 e 2.

1 – Maliciar: suspeitar, desconfiar. 2 – No sufragante: de repente. 3 – Restinga: terrenos litorâneos cobertos de arbustos. 4 – Macambúzio: carrancudo, muito sério.

1 O texto acima é trecho de Macunaíma (1928), de Mário deAndrade. Destaque do excerto:a) uma passagem fantasiosa;

b) um exemplo de vocabulário coloquial;

c) um exemplo de sintaxe coloquial.

2 “A civilização europeia decerto esculhamba a inteireza denosso caráter.”a) Qual a relação dessa frase com a situação vivida porMacunaíma no texto apresentado?

b) Por que se pode afirmar que, com essa frase, a personagemestá fazendo uma generalização indevida (e por isso cômica)?

No outro dia amanheceu fazendo um calorão terrível eMacunaíma suava que mais suava dum lado pra outroenraivecido com a injustiça do Governo. Quis sair praespairecer porém aquela roupa tanta aumentando o calor...Teve mais raiva. Teve raiva por demais e maliciou1 que ia ficarcom a butecaiana que é doença da raiva. Então exclamou:

— Ara! Ande eu quente, ria-se a gente!Tirou as calças pra refrescar e pisou em cima. A raiva se

acalmou no sufragante2 e até que muito satisfeito Macunaí -ma falou pros manos:

— Paciência, manos! não! não vou na Europa não. Souamericano e meu lugar é na América. A civilização europeiadecerto esculhamba a inteireza do nosso caráter.

Durante uma semana os três vararam o Brasil todo pelasrestingas de areia marinha, pelas restingas3 de mato ralo (...)pra ver si achavam alguma panela com dinheiro enterrado.Não acharam nada.

— Paciência, manos! Macunaíma respondeu macam -búzio4. Jogamos no bicho! Jogamos no bicho!

RESOLUÇÃO:

“(...) não vou na Europa não (...)”

RESOLUÇÃO:

“Durante uma semana os três vararam o Brasil todo (...)”

RESOLUÇÃO:

“(...) amanheceu fazendo um calorão terrível (...)”

RESOLUÇÃO:

A frase se refere à roupa em demasia (“roupa tanta”) que

Macunaíma tinha que usar, segundo os hábitos europeus de

vestuário, adotados no Brasil como em toda a América. [É preciso

lembrar que Macunaíma primitivamente era índio e vivia nu na

floresta.]

RESOLUÇÃO:

Pode-se entender que a frase contém uma generalização exces -

siva, indevida, porque, de um fato limitado (no caso, usar roupa

em clima quente), Macunaíma tira uma conclusão que diz respeito

a algo bem maior: o “nosso caráter”, ou seja, o caráter brasileiro.

O lado mais fino do humor, porém, está no fato de Macunaíma

aderir a um clichê nacionalista e falar em algo muito discutível e

problemático, o caráter nacional brasileiro, que o índio negro e

branco que ele é — representando a grande mistura brasileira —

quer defender em sua “inteireza”, ou seja, em sua “pureza” sem

mistura...

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:05 Page 315

Page 88: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS316

c) Essa frase contém um ponto de vista muito comum entre osmodernistas. Explique.RESOLUÇÃO:

A expressão revela uma tese comum entre os modernistas

nacionalistas: de tanto importar ideias e hábitos do Velho Mundo,

acabamos por per der o caráter nacional e a consciência de nossa

cultura brasileira. O problema, de fato, é definir esse caráter.

Macunaíma, brasileiro prototípico, é um “herói sem nenhum

caráter” — e nisso está mais uma razão do humor presente no fato

de aquela frase ser dita por Macunaíma.

Mário de Andrade retratado por quatro pintores modernistas. Da esquerda para a direita: por Tarsila do Amaral, em 1922, quando Mário completava29 anos; por Anita Malfatti, na mesma data e circunstância do retrato anterior; de novo por Anita Malfatti, em data desconhecida; por Lasar Segall,em 1927, e por Cândido Portinari, em 1935.

Texto para as questões 3 e 4.

1 – Arlequinal: referente a Arlequim, personagem comum em bailes carna va les cose cujo traje é feito de retalhos coloridos, geralmente em forma de losango.2 – Arys: marca famosa de perfumes franceses das primeiras décadas do século XX.3 – Trianon: em frente ao Parque Siqueira Campos, no local onde hoje se situa oMASP (Museu de Arte de São Paulo), havia o Clube Trianon, sede de grandesfestas da elite paulista.4 – Algodoal: antes do café, o algodão foi a cultura responsável pela riqueza dosfazendeiros paulistas.

3 A literatura de Mário de Andrade, assim como a de seuscompanheiros modernistas, caracterizou-se pela conciliaçãoentre a importação da cultura europeia (representada pelasvanguardas modernistas) e o estudo e incorporação deelementos brasileiros. Demonstre como este último aspectopode ser visto no trecho de Macunaíma e em “Inspiração”.

INSPIRAÇÃO

“Onde até na força do verão havia tempestades de ventos fortes e frios de crudelíssimo inverno.”

(Frei Luís de Sousa)

São Paulo! comoção de minha vida...Os meus amores são flores feitas de original...Arlequinal1!... Traje de losangos... Cinza e ouro...Luz e bruma... Forno e inverno morno...Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes...Perfumes de Paris... Arys2!Bofetadas líricas no Trianon3... Algodoal 4!...

São Paulo! comoção de minha vida....Galicismo a berrar nos desertos da América!

(Mário de Andrade)

RESOLUÇÃO:

A preocupação em enfocar a realidade brasileira está presente, no

primeiro texto, na referência a elementos típicos de nossa cultura,

como o jogo do bicho, e na utilização de expressões típicas do

português brasileiro (“Ara!”, “butecaiana”), além da sintaxe

coloquial do Brasil (“não vou na Europa não”). Em “Inspiração”, a

atenção ao nosso contexto é evidente na exaltação da cidade de

São Paulo.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 316

Page 89: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 317

4 O poema “Inspiração” faz parte de Pauliceia Desvairada(1922), primeira obra do Modernismo brasileiro. Emboratentasse negar qualquer ligação com o Futurismo — uma dasvanguardas europeias daquele momento —, Mário de Andradepratica o simultaneísmo proposto pelos futuristas, mas lhe dáoutro nome e definição. No “Prefácio Interessantíssimo” —texto teórico que abre o livro — ele chama o verso simultaneístade verso harmônico, propondo uma analogia com a música.Como, em música, a harmonia diz respeito à estrutura de sonssimultâneos, enquanto a melodia é a organização de sonssucessivos, Mário chamava melódico o verso tradicional, emque as palavras se relacionam na sequência sintática da frase(“Transforma-se o amador na cousa amada”), e harmônicos osversos feitos da justaposição de elementos concomitantes(“Arroubos... Lutas... Setas... Cantigas... / Povoar!...” ou“Fugas... tiros... Tom Mix!”). Aponte casos de simultaneísmoou “verso harmônico” em “Inspiração”.

Texto para as questões de 5 a 9.

1 – Coió: tolo, idiota.

2 – Plutocrata: homem cujo poder vem do dinheiro.

5 O poema transcrito não tem título, como a maioria dospoemas de Lira Paulistana (1946), o último livro de poesia deMário de Andrade. Mas, se o autor tivesse desejado dar-lhe umtítulo, este poderia ser “Retrato de Família”. Por que esse títuloseria adequado e qual o sentido irônico que ele teria?

6 Na fase final de sua obra, Mário de Andrade voltou-se paraa crítica social. Qual o alvo da crítica do poeta neste poema?

RESOLUÇÃO:

O poema inteiro pode ser considerado simultaneísta e quase todos

os seus versos são harmônicos, não “melódicos”. Fazem exceção

o segundo e o último, que têm a estrutura sintática de oração, não

de frases com elementos soltos.

Moça linda bem tratada,Três séculos de família,Burra como uma porta:

Um amor.

Grã-fino do despudor,Esporte, ignorância e sexo,Burro como uma porta:

Um coió1.

Mulher gordaça, filóDe ouro por todos os poros,Burra como uma porta:

Paciência...

Plutocrata2 sem consciência, Nada porta, terremotoQue a porta do pobre arromba:

Uma bomba.

RESOLUÇÃO:

O título poderia ser “Retrato de Família” porque o poema

apresenta, em descrições breves, os membros de uma família:

filha, filho, mãe e pai. Seria um título irônico porque, ao contrário

do que é comum nos retratos de família, no poema as figuras não

estão retratadas de maneira positiva, mas, ao contrário, de forma

duramente crítica.

RESOLUÇÃO:

O alvo de sua crítica é a elite paulistana, que ainda era constituída,

majoritariamente, de famílias tradicionais (de “três séculos”,

naquela época; hoje já de quatro). O poeta critica a futilidade

imbecil da filha, a estupidez imoral do filho, o ridículo exibicio -

nismo da mãe e a brutalidade gananciosa do pai.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 317

Page 90: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS318

7 (MACKENZIE-SP – modificado – MODELO ENEM) – Re -leia a primeira estrofe e assinale a alternativa correta.a) Entre os versos 3-4 e os versos 1-2, há uma relação lógico-conclusiva.b) O verso 2 constitui uma alusão às famílias tradicionais, dasquais a moça está excluída.c) O verso 4 contradiz o verso 3, porque constrói um elogio eneutraliza o deboche.d) O verso 4, pela ironia, ameniza a crítica, possibilitando arecuperação do respeito à figura descrita.e) O verso 4, em itálico, reproduz a voz elogiosa de outraspessoas, bem como a voz sarcástica do poeta em relação à“moça linda”.

8 Na fase final de sua obra, Mário de Andrade, sem deixar deser moderno em sua sensibilidade e linguagem, passou a utilizaralguns elementos tradicionais que evitara na “época heroica”do Modernismo. É o caso da métrica tradicional. Neste poema,os versos são metrificados. Qual a medida deles?

9 Nas três primeiras estrofes, como se deve pronunciar oterceiro verso para que ele tenha a mesma medida dos doisprimeiros?RESOLUÇÃO:

O verso tem sete sílabas se lido com hiato entre como e uma: bu-

rra(o)-co-mo-u-ma-por[-ta]. Dessa forma, o verso fica mais incisivo,

mais afirmativo, chama mais atenção sobre si, porque a pausa

entre as duas vogais implica uma pronúncia mais destacada, como

se o leitor estivesse separando cada sílaba para enfatizar o que

diz.

RESOLUÇÃO:

Os três primeiros versos de cada estrofe são redondilhos maiores

(sete sílabas), embora o terceiro verso, nas três primeiras estrofes,

possa também ser escandido com apenas seis sílabas (bu-rra(o)-

co-mou-ma-por[-ta]. O último verso de cada estrofe tem três

sílabas.

RESOLUÇÃO:

Nos versos de Mário de Andrade, o uso da fonte itálica corres pon -

de, como é usual, ao uso de reticências. Assim sendo, o epíteto

“um amor” é a fala de outros — é o que se diz da moça. Con -

frontado com o verso anterior — “Burra como uma porta” —, tal

epíteto soa como ironia sarcástica do eu lírico, embora em bocas

alheias seu sentido fosse outro.

Resposta: E

MÁRIO Raul de Morais ANDRADE (1893-1945): Por seu tempera men to ativo, seu espírito abertoa todas as solicitações culturais, por sua responsabi li dade intelectual inegá vel, por seu esforço,Mário de Andrade mere ceu o cognome de “Papa do Modernismo brasileiro”. Muito culto e muitoestu dioso, tinha conhecimentos em diversas áreas, como História, Literatura, Música, Folclore,Sociologia. Ocupou diversos cargos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Era uma pessoa que se mul -tiplicava, como ele mesmo disse num famoso poe ma: “Eu sou trezentos, sou trezentos ecinquenta.”

O Destaque!!

Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL

OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”,digite PORT2M314

No Portal Objetivo

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 318

Page 91: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 319

FRENTE 1

Módulo 49 – Orações subordinadassubstantivas

Texto referente às questões 1 e 2.

1 (FAP) – A oração "... que você escove os dentes ..." é umasubor dinada substantivaa) subjetiva, pois exerce a função de sujeito da oração prin cipal.b) predicativa, pois exerce a função de predi cativo do sujeito da

oração principal.c) apositiva, pois funciona como aposto de um termo da ora ção

principal.d) objetiva indireta, pois exerce a função de objeto indireto do

verbo da oração principal.e) completiva nominal, pois exerce a função de complemento

nominal de um termo da oração principal.

2 (FAP) – Em "... que você escove os dentes ...", a palavradestacada éa) pronome relativo.b) pronome substantivo.c) pronome interrogativo.d) conjunção adverbial.e) conjunção subordinativa integrante.

3 (FM-ABC) – Sabendo que a oração subor dinada subs tan -tiva apositiva exerce a função de aposto e que este é um termode natureza substantiva que se refere a outro, também denatureza substantiva, marque a alternativa que apresenta umaoração apositiva.

a) “Disse-me: vá embora.”b) “Cometeu dois erros, aliás, três.”c) “Havia apenas um meio de ajudá-la: contar-lhe a verdade.”d) “Como Sofia falasse das bonitas rosas que possuía, Rubião

pediu para ir vê-las: era doido por flores.”e) “Não preciso de ajuda: sei arrumar-me sozinho.”

4 Classificar as orações subordinadas substan ti vas, de acor -do com o código:a) subjetivab) objetiva diretac) objetiva indiretad) completiva nominale) predicativaf) apositiva

1. ( ) “É importante que me ajudes.”

2. ( ) “Convém que você parta logo.”

3. ( ) “Tudo depende de que sejas ho nes to.”

4. ( ) “Não vi se ela voltou mais cedo.”

5. ( ) “Quero que me ouças.”

6. ( ) “Não há dúvida de que ele é o culpado.”

7. ( ) “Temos necessidade de que o mé dico chegue a

tempo.”

8. ( ) “Minha esperança é que continue assim.”

9. ( ) “O fato é que ele não se esforça.”

10. ( ) “Coloco uma condição: que você não me per -

turbe.”

11. ( ) “O importante é que me ajudes mais.”

12. ( ) “Foi combinado que você pagaria a conta.”

13. ( ) “Notou-se que ele estava mais seguro.”

14. ( ) “Estamos esperançosos de que ela não cometa

o mesmo erro.”

15. ( ) “Insisto em que você não mude de carreira.”

EXERCÍCIOS-TAREFAS

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 319

Page 92: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS320

Módulo 50 – A coesão textualno texto dissertativo

A cidade de São Paulo já não oferece muitas chances de tra -balho. Muitos migrantes conti nuam chegando.

1 Ao juntar as duas orações, usando um elemento de ligaçãoque indique concessão, tem-se:a) A cidade de São Paulo já não oferece muitas chances de

trabalho, porque muitos migrantes continuam chegando.b) A cidade de São Paulo já não oferece muitas chances de tra -

balho, apesar disso muitos migrantes continuam chegando.c) A cidade de São Paulo já não oferece muitas chances de

trabalho, por isso muitos migrantes continuam chegando.d) A cidade de São Paulo já não oferece muitas chances de

trabalho, pois muitos migrantes continuam chegando.e) A cidade de São Paulo já não oferece muitas chances de

trabalho, e muitos migrantes conti nuam chegando.

2 Em qual das alternativas seguintes não há correspon dênciaentre o termo destacado e o significado proposto?a) “Antigamente era fácil pensar que a vida era algo móvel e

oferecia uma perspectiva infi nita.” (adição)b) “Não nego razão aos que dizem que cada um deve respirar

um pouco, e fazer sua pequena fuga ainda que seja apenasler um romance diferente.” (concessão)

c) “Assim somos na paixão do amor, absurdos e tristes, por

isso nos sentimos tão felizes e livres quando deixamos deamar.” (causa)

d) “De onde concluireis comigo que o melhor é não amar,porém aqui”, (...), “vos direi a frase antiga: que é melhor nãoviver.” (finalidade)

e) “No que não convém pensar muito, pois a vida é curta e,enquanto pensamos, ela se vai, e finda.” (tempo)

3 Assinale a alternativa em que os elementos de coesãopreencham corretamente as lacunas das frases a seguir:I. O poeta tinha inspiração, _____________ não conseguia

transformá-la em palavras.II. Ela não estava; ___________________ , fomos embora.III. Não só não fizeram o trabalho, _________ também não se

esforçaram.IV. Não resistimos ________________ estávamos desarmados.

a) logo, todavia, e, porque.b) todavia, logo, porque, portanto.c) mas, e, porque, pois. d) contudo, portanto, e, mas. e) contudo, portanto, mas, já que.

Módulo 53 – Oraçõessubordinadas adjetivas

1 (FM-CATANDUVA) – Assinale a única opção em que a ora -ção não é subordinada adjetiva.a) É a figura do larápio rastaquera

Numa foto que não era para capa

b) Uma pose para câmera tão duraCujo foco toda lírica solapa

c) Via o tira da sinistra que rosnara

d) E o poeta que ele sempre se soubera

Claramente não mirava algum futuroe) Era rala a luz naquele calabouço

Do talento a claraboia se tampara

2 (CESGRANRIO) – Em todas as opções a seguir há umaoração subordinada adjetiva, exceto em:a) “Esse rio, hoje secreto, que corre como um malfeitor debaixo

de ruas.”b) “... então reeditado pela José Olympio, um artigo que é um

verda deiro poema em prosa.”c) “... diz que cada casa do vale, como a sua, tinha sua ponte

sobre o rio ...”d) “A tromba d'água que descia do Corco vado.”e) “Com exceção do rio Tietê, que é praticamente do tamanho

do Reno ...”

3 Coloque R para oração subordinada adje tiva restritiva e Epara explicativa.a) ( ) O gato, que nunca leu Kant, é talvez um animal me -

tafísico.b) ( ) Ainda não saiu o resultado de que tanto dependes.

c) ( ) Deram-me uma resposta que eu não esperava.d) ( ) Afonso, que está fora, ficará conosco quando voltar.

4 (CÁSPER LÍBERO) – O Mar Vermelho, onde a chuva é umaexceção durante todo o ano, banha Israel, que é o berço daHuma nidade. Neste texto, indique:a) oração principal;b) como se chama a oração "que é o berço da Humanidade"?

Questões 5 a K.

Classifique as orações destacadas:

5 Eis o homem de quem falei.

6 O menino que virou a esquina é seu parente.

7 Falei-lhe das poesias que João escreveu.

8 Conheço os dois rapazes que foram a passeio.

9 Deus, que é o nosso Pai, só quer o nosso bem.

J Eis os livros que custam caro.

K Lembrei-me do tacho de cobre que estava no canto da

cozinha.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 320

Page 93: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

L (VUNESP) – “Encontrei um guarda. Perguntei ao guardasobre a rua. Eu estava procurando a rua. O guarda não sabiadizer.”

Reescrevendo-se estas frases num único pe río do, e obser -vando-se as alterações necessárias, a forma correta é:a) Encontrei um guarda e perguntei-lhe sobre a rua que estava

procurando, onde ele não sabia dizer.b) Encontrei um guarda, perguntei a ele onde ficava a rua e ele

não sabia dizer a rua que eu procurava.c) Quando encontrei um guarda, perguntei onde que ficava a

rua que eu procurava, então ele respondeu não saber.d) Quando encontrei um guarda, perguntei aonde ficava a rua

que procurava e ele não sabia dizer.e) Perguntei a um guarda que encontrei onde ficava a rua que

eu estava procurando, mas ele não sabia dizer.

Módulo 55 – Emprego do pronome relativo

1 (MACKENZIE) – Viajava num bonde em cujos bancos sócabiam quatro passageiros.

Um outro modo de relatar o fato acima, preservando o sentidooriginal e respeitando a gramática normativa da língua, é:a) Viajava num bonde que os bancos só acomodavam quatro

pas sageiros.b) Os bancos do bonde em que viajava só comportavam quatro

passageiros.c) Quatro passageiros cabiam só nos bancos do bonde onde

ele viajava.d) Viajava num bonde onde só cabiam bancos com quatro

passagei ros.e) Os bancos do bonde que ele viajava só acomodavam quatro

pas sageiros.

2 (UFPR) – Preencha convenientemente as lacunas dasfrases seguintes, indicando o conjunto obtido:

A planta ________________ frutos são venenosos foi derrubada.O estado ________________ capital nasci é este.O escritor __________________ obra falei morreu ontem.Este é o livro ___________________ páginas sempre me referi.Este é o homem _______________ causa lutei.

a) em cuja, cuja, de cuja, a cuja, por cuja.b) cujos, em cuja, de cuja, cujas, cuja.c) cujos, em cuja, de cuja, a cujas, por cuja.d) cujos, cuja, cuja, a cujas, por cujas.e) cuja, em cuja, cuja, cujas, cuja.

3 (ESPM) – Está correto o emprego da expressão destacadana frase:a) “Deus tornou o mar perigoso, o mesmo mar em cujas águas

espelhou o céu.”b) “É perigoso o mar português, nas quais as águas rece beram

tantos navegantes.”c) “Diante do mar português, cujo o sal seria o produto de

muitas lágrimas, o poeta lembra as glórias passadas.”

d) “Lá está o mar português, aonde suas águas contêmhistórias gloriosas.”

e) “— Ó mar português, em cujo repousam tantos dos nossosheróis!”

4 Reúna as frases em um único período, empregando opronome relativo adequado.a) O livro foi publicado primeiro na Europa. Eu gostei muito do

seu final.b) Tenho três filhos. A idade deles varia de 15 a 20 anos.

E (UEL) – Assinale a alternativa que está estruturada deacordo com a norma culta. a) Originárias da África do Sul, as abelhas africanas são agres -

sivas, cuja criação é feita geralmente em apiários.b) As agressivas abelhas africanas, cuja cria ção é feita

geralmente em apiários, são origi nárias da África do Sul.c) As agressivas abelhas africanas, que a criação delas é feita

geralmente em apiários, originaram-se na África do Sul.d) As agressivas abelhas africanas, cuja a criação é feita geral -

mente em apiários, origi nou-se na Africa do Sul.e) As abelhas africanas, cujas quais são agres sivas e criadas em

apiários, originaram-se na África do Sul.

Texto para a questão F.

Tem que ser duro na queda, medir o que fala e pesar aconsequência do que possa acontecer. Uma vacilada e eu acaboseus dias na ponta de uma bicuda, como aquele mano que osenhor examinou o corpo na semana passada. Só eu conteimais de trinta facadas. Tá louco, doutor, deu vontade deabandonar o crime! (Estação Carandiru, p.138)

F Há no texto uma frase que, se reescrita conforme o padrãoculto da língua, torna obri gatório o uso do seguinte pronome:a) no qual. b) de que. c) cujo.d) o qual. e) sobre o qual.

Módulo 56 – Correção, clareza,concisão e coerência (I)

(USF – Fundação Carlos Chagas) – Ins truções para as ques -

tões 1 e B.

Cada uma das questões apresenta cinco pro postas diferentesde redação. Assinale a letra que corresponde à melhor redação,conside rando correção e clareza.

1 a) O índice de escolaridade melhorou com o último censodemo gráfico, de que a taxa de analfabetiza ção dosjovens abaixo dos 24 anos é menos que os adultos.

b) De acordo com o último censo demo gráfico, a taxa deanalfabetos entre os jovens com menos de 24 anos ébem menor que entre os adultos – índice de que o nívelde escola ridade da população melhorou.

c) A taxa de analfabetos dos jovens com menos de 24 anosé menor que de adultos – índice da melhora do nível deescolaridade da população, resultando no úl timo sensodemo gráfico.

PORTUGUÊS 321

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 321

Page 94: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS322

d) O último senso demográfico, com a taxa de analfabetosabaixo dos 24 anos menor que adultos – índice domelhor nível de escolari dade da população.

e) O nível de escolaridade da população melhorou com oúltimo censo demográfico, com a taxa de que os jovensabaixo dos 24 anos é menos analfabetos que adultos.

2 a) A cada dia que se passa, as novas tec nologias que de se -ja tornar mais barato reciclar material que se des carta,para sua possível reutilização – no mundo e tam bém noBrasil.

b) Para tornar mais barato os descartáveis, materiais comreutilização possível – no mundo e também no Brasil –cada dia que passa surge tecnologias enormes e varia das.

c) Novas tecnologias de enorme e variada gama torna maisbarato reciclar materiais descartáveis – isso no mun do etambém no Brasil – para possível reutilização.

d) Surgem enorme e variada gama de tecno logias novasno mundo a cada dia que se passa – e também no Bra -sil – que recicla mais barato material descartável para apossível reutili zação.

e) No mundo – e também no Brasil – surge a cada dia umaenorme e variada gama de novas tecnologias, tor nandomais barato reciclar ma teriais descartáveis para possívelreutili zação.

3 Assinale a alternativa que corresponde à melhor redação:a) Após meia hora, comunicaram à imprensa carioca que aguar -

dava a comissão de avaliação do Comitê OlímpicoInternacional, de que a entrevista coletiva foi cancelada.

b) Depois de meia hora aguardando a chegada da comissão deavaliação do Comitê Olímpico Internacional, comunicou-se àimprensa cario ca que a entrevista coletiva havia sido cance -lada.

c) À imprensa carioca; que aguardava a che ga da da comissãode avaliação do Comitê Olím pico Internacional, foi comu -nicado que não havia entrevista coletiva, com meia hora deatraso.

d) A imprensa carioca foi comunicado o can celamento daentrevista coletiva pela comissão de avaliação do ComitêOlímpico Interna cional, meia hora após a sua chegada.

e) A comissão de avaliação do Comitê Olím pico Internacional,após meia hora de atraso, foi comunicada à imprensa cariocaque can celou a entrevista coletiva.

Módulo 59 – Oraçõessubordinadas adverbiais

1 (UESC) – Nos períodos a seguir, coloque os númerosconforme o tipo de oração subordinada adverbial que apre sen -tam: 1) condicional 2) conformativa 3) temporal4) consecutiva 5) concessiva

( ) O funcionário do Correio foi tão gentil, que não atirou osselos pelo ar.

( ) Os guardas de trânsito ajudaram-nos como puderam. ( ) Conquanto fossem bons atores, os artistas não sabiam o

que estavam fazendo.

( ) Caso você concorde comigo, escreva-me sobre o assunto.( ) Mal chegou a casa, procurou pelo relógio da sala.

O item com a sequência correta é: a) 4, 2, 5, 1, 3. b) 3, 1, 5, 2, 4.c) 5, 1, 3, 2, 4. d) 4, 2, 3, 1, 5.e) 4, 2, 5, 3, 1.

2 (PUC) – “Se não tiverem organizado os documentos, ocoor denador irá solicitar ajuda de outro departamento, se bem

que não o tenham atendido em outra ocasião.”

As orações destacadas acima expressam, respectivamente, asseguintes circunstâncias:a) conformidade e finalidade.b) consequência e finalidade.c) finalidade e concessão.d) condição e concessão.e) condição e consequência.

3 (UEPG-PR) – Em: “Ele planejou tudo segundo com bi -namos”, a segunda oração é uma subordinada adverbiala) final. b) concessiva. c) condicional. d) conformativa. e) temporal.

4 (UNIMEP) – “Eles não tinham muito dinheiro, mas foramviajar para a Europa.” Começando o período com: “Foram via jarpara a Europa, ...”, podemos completá-lo, sem que hajamudança de sentido, com:a) mesmo que não tivessem muito dinheiro.b) ainda que não teriam muito dinheiro.c) visto que não tinham muito dinheiro.d) entretanto não tinham muito dinheiro.e) embora não tivessem muito dinheiro.

5 (FUVEST) – No período:“Ainda que fosse bom jogador, não ganharia a partida.”, a oraçãodestacada é uma subor dinada adverbial que encerra a ideia dea) causa. b) condição. c) concessão.d) consequência. e) comparação.

F (FMTM) – Leonardo havia pois chegado à época em que osrapazes começam a notar que o seu coração palpita mais fortee mais apres sado, em certas ocasiões, quando se encontra

com certa pes soa, com quem, sem saber por que, se sonhaumas poucas de noites segui das, e cujo nome se acodecontinuamente a fazer cócegas nos lábios.

Os trechos destacados podem ser substituídos, com cor reçãograma tical e sem alterar a infor mação original, respecti va mente,por:a) onde – tendo-se encontrado – com que – sem que se saiba

o motivo.b) em cuja – assim que se encontra – com a qual – sem saber

o motivo.c) na qual – desde que se encontra – com cuja – ainda que não

se saiba por que.d) quando – tendo encontrado – com ela – sem saber o porquê.e) na qual – ao encontrar-se – com a qual – embora não se saiba

por quê.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 322

Page 95: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

Módulo 60 – Correção, clareza,concisão e coerência (II)

1 Assinale a alternativa em que o trecho dado apresentamelhor redação, considerando coe rência, clareza e concisão.a) Ele ficou tão desgostoso com o que a irmã lhe fizera que,

que brando um velho hábito, decidiu não visitá-la no Nataldaquele ano.

b) O que a irmã fez-lhe causara-lhe tamanho desgosto que eleresolvera não ir visitá-la naquele Natal e quebrar um velhohábito.

c) Naquele Natal ele não visitaria a irmã, a qual lhe fizera umgrande desgosto, quebrando assim naquele ano um velhohábito.

d) Decidira quebrar um velho hábito, pois não visitaria naqueleNatal a irmã que lhe deixara desgostoso com o que lhe fez.

e) Uma vez que ela lhe fizera aquilo, deixando-o desgostoso,ele não visitaria a irmã no Natal desse ano, quebrando umvelho hábito.

2 (FUVEST) – Rememorando o papel de sua geração, dizia oartista:“Nós não estávamos, apenas, na exposição; nós éramos aexposição.”

Alterando-se a ordem das palavras, a frase do artista NÃO temseu sentido alterado em:a) “Apenas, nós não estávamos na exposição; nós éramos a

exposição.”b) “Nós não estávamos; apenas na exposição nós éramos a

exposição.”c) “Nós não estávamos na exposição apenas nós; éramos a

exposição.”d) “Nós não apenas estávamos na exposição; nós éramos a

exposição.”e) “Nós não estávamos na exposição; nós éramos apenas a

exposição.”

3 (UFP) – Assinale a alternativa em que o trecho dado apre -senta melhor redação, considerando correção, clareza, con cisãoe elegância.a) Os indivíduos ou grupos organizados de artistas, em arte, de

uma maneira geral, vem sendo designado pelo termo van -guar da, pois recusam os meios de produção vigente e pro põenovas posturas para a atuação do artista socialmente.Atuando num mesmo espaço e tempo, podem haver maisde uma vanguarda assim como que o que foi vanguardaontem pode o não ser hoje.

b) O termo vanguarda de maneira geral, em arte, vêm sendousado para designar indivíduos ou grupos organizados deartistas cujos recusam os meios de produção vigente epropõem novas posturas em face da atuação do artista nasociedade. Podem haver, desta forma, mais de umavanguarda atuando num mesmo espaço e tempo, assimcomo o que foi vanguarda ontem pode não ser hoje.

c) De maneira geral, em arte, o termo vanguarda vem sendousado para designar indivíduos ou grupos organizados deartista que recusa os meios de produção vigentes e propõenovas posturas em face da atuação do artista na sociedade.

Mais de uma vanguarda, desta forma, podem haver atuandonum mesmo espaço e tempo; assim como o que foivanguarda ontem pode não sê-lo hoje.

d) Em arte, de uma maneira geral, o termo vanguarda vemsendo usado para designar indivíduos ou grupos organi za dosde artistas que recusam os meios de produção vigentes epropõem novas posturas em face da atuação do artista nasociedade. Desta forma, pode haver mais de uma van guardaatuando num mesmo espaço e tempo, assim como o que foia vanguarda ontem pode não o ser hoje.

e) Vem sendo usado o termo vanguarda, em arte, de umamaneira geral, para designar indivíduos ou grupos orga ni za -dos de artistas os quais se recusam os meios de produçãovigentes e se propõem novas posturas sociais para a atuaçãodo artista. Como o que foi vanguarda ontem pode não o serhoje, assim, desta forma, pode haver mais de uma vanguardaatuando num mesmo espaço e tempo.

Módulo 62 – Revisão deperíodo composto

1 (FGV) – Observe os períodos abaixo e escolha a alter nativacorreta em relação à ideia expressa, respectivamente, pelasconjunções ou locuções SEM QUE, POR MAIS QUE, COMO,CONQUANTO, PARA QUE.1. Sem que respeites pai e mãe, não serás feliz.2. Por mais que corresse, não chegou a tempo.3. Como não tivesse certeza, preferiu não responder.4. Conquanto a enchente lhe ameaçasse a vida, Gertrudes

negou-se a abandonar a casa.5. Mandamos colocar grades em todas as ja ne las para que as

crianças tivessem mais segurança.

a) Condição, concessão, causa, concessão, finalidade.b) Concessão, causa, concessão, finalidade, condição.c) Causa, concessão, finalidade, condição, concessão.d) Condição, finalidade, condição, concessão, causa.e) Finalidade, condição, concessão, causa, concessão.

2 (ESPM) – Das frases abaixo assinale aquela que esta beleçaideia de concessão.a) “A triste verdade é que o mundo hoje é um lugar muito mais

desigual do que há 40 anos.” (Kofi Annan, secretário-geral daONU)

b) “A ânsia para salvar a humanidade é apenas um disfarce paraa ânsia de governá-la.” (H. L. Mencken)

c) “A imaginação é um labirinto onde o difícil não é a saída, masa entrada.” (Rubem Fonseca)

d) “Malgrado os eleitores esperarem soluções miraculosas,nenhum político, sem exceção, vai resolver os problemas dascidades brasilei ras num passe de mágica, com algumaspenadas.” (Jaime Pinsky)

e) “Desigualdade, e não a pobreza, aciona o estopim da vio -lência urbana.” (Sônia Rocha, economista da FGV)

3 (PUC) – Sabe-se que um texto é um todo organizado desentidos, de modo que cada parte contribui para a construção dasua significação global. Considerando-se o trecho:

PORTUGUÊS 323

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 323

Page 96: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS324

“Mas são os pobres, na África e em pequenos Estados insu la res,que vão sofrer mais, mesmo que sejam os menos respon sáveispelo aqueci mento global”, o sentido por ele criado é o de quea) os pobres vão sofrer mais as consequências do aqueci mento

global em virtude de serem os menos responsáveis por ele.b) os pobres vão sofrer mais as consequências do aqueci mento

global à medida que são os menos responsáveis por ele.c) os pobres vão sofrer mais as consequências do aqueci men -

to global a fim de serem os menos responsáveis por ele.d) os pobres vão sofrer mais as consequências do aqueci mento

global desde que sejam os menos responsáveis por ele.e) os pobres vão sofrer mais as consequências do aque ci mento

global embora sejam os menos responsáveis por ele.

Módulo 63 – Figuras sonorasou de harmonia

1 (UEL) – Observe os quadros abaixo.

O comentário irônico de Mafalda no último quadro refere-se,fundamentalmente, a uma figura de linguagem presente nosquadros anteriores, que é:a) Hipérbole. b) Metáfora. c) Aliteração. d) Metonímia.e) Pleonasmo.

Texto para a questão G.

Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tira ria dali. Apa -recera como um bicho, ento cara-se como um bicho, mas criararaízes, estava plantado. [...]

Chape-chape. As alpercatas batiam no chão rachado. Ocorpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, osbraços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco.

(Graciliano Ramos)

2 Em "criara raízes, estava plantado", "Chape-chape" e "Pa reciaum macaco", tem-se, respectivamente,a) hipérbole, pleonasmo e hipérbole.b) catacrese, metáfora e sinestesia.c) catacrese, sinestesia e prosopopeia.d) metáfora, sinestesia e hipérbole.e) metáfora, onomatopeia e comparação.

3 (ESMP) – Em todas as frases, está presente a aliteração,exceto uma. Assinale o item em que esse recurso não apa rece.a) “Acho que a chuva ajuda a gente se ver / Venha, veja, beija,

seja o que Deus quiser.” (Caetano Veloso)b) “Esse corpo parco e porco da pocilga que é Lisboa.” (José

Saramago)c) “Auriverde pendão da minha terra / Que a brisa do Brasil beija

e balança.” (Castro Alves)d) “Abacateiro, / Acataremos o teu ato / Nós também somos

do mato / Como o pato e o leão.” (Gilberto Gil)e) “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)

Leia o poema de Haroldo de Campos:

poesia em tempo de fomefome em tempo de poesiapoesia em lugar do homempronome em lugar do nomehomem em lugar de poesianome em lugar de pronomepoesia de dar o nomenomeio o nomenomeio o homemno meio a fomenomeio a fome

D (UFTM) – Do ponto de vista do conteúdo, o poema, aotratar de questões como _________________________, reveste-se de um viés __________________________. Do ponto de vistada forma, está presente a __________________________, o quese pode comprovar com as formas nomeio / nome / no meio.

Os espaços da frase devem ser preenchidos, correta e res pec -tiva mente, coma) a poesia – literário – hipérboleb) o homem – social – sinestesiac) a gramática – linguístico – antítesed) a poesia – histórico – metonímiae) a fome – social – paronomásia

Módulo 66 – Concordância nominal

1 (PUCC-SP) – Não foi ___________ a pesada suspensão quelhe deram, porque você foi o que ___________ falhasapresentou; podiam ter pensado em outras penalidades mais___________ .a) justo – menas – cabível. b) justa – menos – cabível.c) justa – menos – cabíveis. d) justo – menos – cabível.e) justo – menas – cabíveis.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 324

Page 97: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

2 (PUCC-SP) – Apenas uma alternativa preenche correta -mente os espaços existentes na sentença abaixo.

Assinale-a.“Aquelas mulheres estão _________________________, porquequerem aproveitar a liquidação para comprar ________________vestidos ___________.” a) alertas, bastantes, bege.b) alerta, bastante, beges.c) alerta, bastantes, bege.d) alertas, bastante, beges.e) alerta, bastantes, beges.

3 (UFV-MG) – Todas as alternativas a seguir estão corretasquanto à concordância nominal, exceto:a) Foi acusado de crime de lesa-justiça.b) As declarações devem seguir anexas ao processo.c) Eram rapazes os mais elegantes possível.d) É necessário cautela com os pseudolíderes.e) Seguiram automóveis, cereais e geladeiras exportados.

4 (UEPG-PR) – Marque a frase absoluta mente inaceitável,do ponto de vista da concor dância nominal: a) É necessária paciência.b) Não é bonito ofendermos aos outros.c) É bom bebermos cerveja. d) Não é permitido presença de estranhos.e) Água de melissa é ótimo para os nervos.

5 (UNIMEP-SP) – “Doei meu sapato e minha roupa...” Seformos colocar um adjetivo que se refira aos dois substantivos,deveremos usar:a) novo.b) novos. c) nova.d) novas.e) qualquer das alternativas anteriores.

F Assinale a alternativa que apresenta a con cordância no minalincorreta:a) Eu não gostava de meias palavras.b) É necessário compreensão com o próximo.c) Todos nós ficamos alertas.d) Numa e noutra casa recém-construídas havia uma lâmpada

acesa.e) Inclusas seguem as fotocópias.

G (VUNESP) – Tratando-se de concordância nominal, assi na -le a alternativa correta.a) A maioria das pessoas apreciam chocolate.b) Haja visto o primeiro resultado, ele não se classificará.c) Os empregados estão quite com suas obrigações.d) Obrigado, disse o pequeno órfão.e) A carta do processo está pronto.

FRENTE 2

Módulo 33 – Euclides da Cunha:Os Sertões

Texto para as questões de 1 a 4.

O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raqui tis -mo exaustivo dos mestiços neu ras tênicos do litoral. A suaaparência, entre tanto, ao primeiro lance de vista, revela o con -trário...

(Os Sertões)

Este pequeno trecho de Os Sertões traz algu mas informaçõescentrais sobre a obra. Para identificá-las, responda às questõesseguintes:

1 O livro trata de dois “Brasis” distintos, representados porseus habitantes. Quais são os dois tipos humanos querepresentam esses dois “Brasis”?

2 Que expressão o autor usa para caracterizar o morador dolitoral?

3 Pelo trecho, podemos depreender que o autor mostra umtipo de habitante como superior ao outro. No caso, qual é o tiposuperior e o que justificaria sua superioridade?

4 Essa maneira de explicar o comportamento humano écaracterística de que movi mento literário?

5 Autores românticos regionalistas também abordaramaspectos da realidade nacional. Em que se diferencia a obradesses autores da obra de autores pré-modernistas comoEuclides da Cunha?

As questões de F a H referem-se ao texto abaixo:

Então, a travessia das veredas sertanejas é mais exaustivaque a de uma estepe nua.

Nesta, ao menos, o viajante tem o desafogo de um hori zontelargo e a perspectiva das planuras francas.

Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e não o atrai;repulsa-o com as folhas urticantes, com o espinho, com osgravetos estalados em lanças; e desdobra-lhe na frente léguase léguas, imutável no aspecto desolado: árvores sem folhas, degalhos estorcidos e secos, revoltos, entrecru zados, apon tan dorijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo,lembrando um bracejar imenso, de tortura, de flora ago nizante...

PORTUGUÊS 325

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 325

Page 98: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS326

Embora esta não tenha as espécies redu zi das dos desertos— mimosas tolhiças ou eufór bias ásperas sobre o tapete dasgramíneas mur chas — e se afigure farta de vegetais distin tos,as suas árvores, vistas em conjunto, se me lham uma só famíliade poucos gêneros, quase reduzida a uma espécie invariável,divergindo apenas no tamanho, tendo todas a mesma confor -mação, a mesma aparência de vegetais morrendo, quase semtroncos, em esgalhos logo ao irromper do chão. É que por umefeito explicável de adaptação às condições estreitas do meioingrato, evolvendo penosa men te em círculos estreitos, aquelasmesmo que tanto se diversificam nas matas ali se talham porum molde único. Transmudam-se e em lenta meta mor fose vãotecendo para limitadíssimo nú mero de tipos caracterizadospelos atributos dos que possuem maior capacidade deresistência.

(Euclides da Cunha, Os Sertões)

F Qual a importância de Os Sertões na litera tura brasileira?

G Apresente características do Pré-Mo dernis mo presentes notexto.

H Extraia do texto exemplos de linguagem precisa (técnica) ede linguagem poética (meta fó rica).

Módulo 34 – Monteiro Lobato

Texto para a questão 1.

JECA-TATU

Pobre Jeca-Tatu! Como és bonito no romance e feio narealidade!

Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filó so fo...Quando comparece às feiras, todo mundo logo adivinha o

que ele traz: sempre coisas que a natureza derrama pelo matoe ao homem só custa o gesto de espichar a mão e colher —cocos de tucum ou jissara, guabirobas, bacu pa ris, maracujás,jataís, pinhões, orquídeas; ou artefatos de taquarapoca —peneiras, cestinhas, samburás, tipitis, pios de caçador; ouutensílios de madeira mole — gamelas, pilõezinhos, colheresde pau.

Nada mais.Seu grande cuidado é espremer todas as consequências da

lei do menor esforço — e nisso vai longe.(Monteiro Lobato, Textos Escolhidos)

1 Com sua personagem Jeca-Tatu, figura que na época (1918)foi utilizada nos folhetos de propaganda do Biotônico Fontoura,Lobato denuncia, em tom caricatural, a situação do homem dointerior. Qual aspecto da perso na li da de de Jeca-Tatu é realçadono texto?

Texto para a questão 2.

ZÉ BRASIL

A vida de Zé Brasil era a mais simples. Levantar de madru -gada, tomar um cafezinho ralo (“escolha” com rapadura), comfarinha de milho (quando tinha) e ir para a roça pegar no cabo daenxada. O almoço ele o comia lá mesmo, levado pela mulher;arroz com feijão e farinha de mandioca, às vezes um torresmoou um pedacinho de carne seca para enfeitar. Depois, cabo daenxada outra vez, até a hora do café do meio-dia. E novamentea enxada, quando não a foice ou o machado. A luta com a terrasempre foi brava. O mato não para nunca de crescer, e é precisoir derrubando as capoeiras e capoeirões porque não há o que seestrague tão depressa como as terras de plantação.

(Apud Marisa Lajolo [org.],Monteiro Lobato – Literatura Comentada)

2 Em 1947, Lobato volta a falar da perso nagem que representao homem do interior. Dá-lhe um novo nome, Zé Brasil, e apresentasua situação de vida sob um novo ângulo. Com parando os doisfragmentos, qual a diferença entre Jeca-Tatu e Zé Brasil? O quereflete essa diferença no modo de encarar a realidade social?

C Leia com atenção:

Essa trindade impressa bastava à edu ca ção literária dacidade. Feliz cidade! Se é de temer o homem que só conheceum livro, a cidade que só conhece três é de venerar. Vene ra -ção, entretanto, que não virá, porque o mundo desconhece apobrezinha da Oblivion...

(Monteiro Lobato, Cidades Mortas)

Assinale a alternativa cujas palavras comple tam a reflexão abaixosobre o texto dado.

Através da ______________, Monteiro Lobato ______________ a___________________ .

a) exclamação – elogia – pólis gregab) comparação – elogia – realidade cultural bra sileirac) metáfora – critica – Região Nordested) ironia – critica – realidade cultural brasi leirae) análise – enaltece – educação brasileira

Módulo 35 – Lima Barreto – Triste Fim dePolicarpo Quaresma

Texto para o teste A.

Defendia com azedume e paixão a proe mi nência doAmazonas sobre todos os demais rios do mundo. Para isso iaaté ao crime de ampu tar quilômetros ao Nilo (...)

(Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma)

A (PUC-RS) – No trecho, Lima Barreto revela um dos traçosmarcantes de sua prosa, que consiste ema) empregar linguagem acadêmica.b) valorizar a geografia nacional.c) idealizar a realidade brasileira.d) criar uma caricatura do nacionalismo ufanista.e) despertar para o sentido lírico do mundo.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 326

Page 99: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

Texto para o teste B.

E, bem pensando, mesmo na sua pureza, o que vinha a sera Pátria? Não teria levado toda a sua vida norteado por umailusão, por uma ideia a menos, sem base, sem apoio, por umDeus ou uma deusa cujo império se esvaía?

(Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma)

B (UFJF-MG) – No fragmento transcrito, percebe-sea) o desdém de Policarpo Quaresma pela ideia de Pátria ou de

Nação.b) a recusa de Policarpo em aderir à ideia de patriotismo ou

defesa do país.c) a intransigência de Policarpo Quaresma em relação a seus

princípios e aos que queriam vender a Pátria.d) a consciência de Policarpo a respeito do idealismo abstrato

que sempre o levou à ação.e) a indecisão de Policarpo Quaresma diante da necessidade de

servir ao governo florianista.

C (UFMG-MG) – Leia o trecho a seguir, do romance TristeFim de Policarpo Quaresma, de autoria de Lima Barreto.

Quem examinasse vagarosamente aquela grande coleçãode livros haveria de espantar-se ao perceber o espírito quepresidia a sua reunião.

Na ficção, havia unicamente autores nacionais ou tidos comotais: o Bento Teixeira, da Prosopopeia; o Gregório de Ma tos, oBasílio da Gama, o Santa Rita Durão, o José de Alencar (todo),o Macedo, o Gonçalves Dias (todo), além de muitos outros. (...)Podia-se afiançar que nem um dos autores na cio nais ounacionalizados de oitenta para lá faltava nas estantes do major.

De História do Brasil, era farta a messe: os cronistas GabrielSoares, Gândavo; e Rocha Pita, Frei Vicente do Salvador,Armitage, Aires do Casal, Pereira da Silva, Handelmann(Geschichte von Brasilien), Melo Morais, Capistrano de Abreu,Southey, Varnhagen, além de outros mais raros e menosfamosos. Então no tocante a viagens e explorações, queriqueza! Lá estavam Hans Staden, o Jean de Léry, o Saint-Hilaire, o Martius, o Príncipe de Neuwied, o John Mawe, o vonEschwege, o Agassiz, Couto de Magalhães e se se encon -travam também Darwin, Freycinet, Cook, Bougainville e até ofamoso Pigafetta, cronista da viagem de Magalhães, é porquetodos esses últimos viajantes tocavam no Brasil, resumida ouamplamente.

Com base no trecho, pode-se afirmar quea) a prática da autorreferência, presente na passagem, cons -

titui-se em uma das caracterís ticas fundamentais do romancede Lima Bar reto.

b) o recurso à paródia dá à personagem do Major Quaresma acondição de um especialista em assuntos nacionais.

c) o uso do processo intertextual tem por objetivo dar a co nhe -cer, através da paródia, o caráter da personagem PolicarpoQuaresma.

d) o uso dos parênteses em torno da palavra todo ilustra aprática do pastiche na obra de Lima Barreto.

Texto para as questões de D a G.

Por que estava preso? Ao certo não sabia; o oficial que oconduzira nada lhe quisera dizer; e, desde que saíra da ilha dasEnxadas para a das Cobras, não trocara palavra com ninguém,não vira nenhum conhecido no caminho, nem o próprio Ricardoque lhe podia, com um olhar, com um gesto, trazer sossego àssuas dúvidas. Entretanto, ele atribuía a prisão à carta queescrevera ao presidente, protes tan do contra a cena quepresenciara na véspera.

(...)Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por

ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavamos rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que con tri buiriapara a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada...O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-sedas suas coisas, do folklore, das suas ten tativas agrícolas...Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma!Nenhuma!

O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa1, oescárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricultura?Nada. As terras não eram ferazes2 e ela não era fácil comodiziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patrio tis mose fizera combatente, o que achara? Decep ções. Onde estavaa doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater comoferas? Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros? Outradecepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, umencadeamento de decepções.

A pátria que quisera ter era um mito; era um fantasma criadopor ele no silêncio do seu gabinete. Nem a física, nem a moral,nem a intelectual, nem a política que julgava existir, havia. A queexistia de fato, era a do tenente Antonino, a do doutor Campos,a do homem do Itamarati.

(Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma)

1 – Mofa: zombaria. 2 – Feraz: fértil.

D Segundo Policarpo, por que ele teria sido preso?

E Policarpo Quaresma era um patriota exacer bado. O que elefizera em prol da pátria?

F Que resultados obteve com suas iniciativas patrióticas?

G Ao fazer essa reflexão, a que conclusão chega a per -sonagem sobre os anos de vida dedicados à pátria?

H (FUVEST-SP) – No romance Triste Fim de PolicarpoQuaresma, o nacionalismo exaltado e delirante da personagemprincipal motiva seu engajamento em três diferentes projetos,que objetivam “reformar” o país. Esses projetos visam, suces -sivamente, aos seguintes setores da vida nacional:a) escolar, agrícola e militar.b) linguístico, industrial e militar.c) cultural, agrícola e político.d) linguístico, político e militar.e) cultural, industrial e político.

PORTUGUÊS 327

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 327

Page 100: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS328

Módulo 36 – Augusto dos Anjos

Texto para as questões de 1 e D.

VANDALISMO

Meu coração tem catedrais imensas,Templos de priscas1 e longínquas datas,Onde um nume2 de amor, em serenatas,Canta a aleluia virginal das crenças.

Na ogiva3 fúlgida e nas colunatasVertem lustrais4 irradiações intensasCintilações de lâmpadas suspensasE as ametistas e os florões e as pratas.

Como os velhos templários5 medievaisEntrei um dia nessas catedraisE nesses templos claros e risonhos...

E erguendo os gládios6 e brandindo as hastas7,No desespero dos iconoclastas8,Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!

(Augusto dos Anjos)

1 – Prisco: antigo. 2 – Nume: divindade. 3 – Ogiva: parte típica dasabóbodas góticas. 4 – Lustral: que serve para purificar. 5 – Templário:cavaleiro do Templo (ordem militar e reli giosa da Idade Média).6 – Gládio: punhal. 7 – Hasta: lança. 8 – Iconoclasta: diz-se de quemdestrói imagens e ídolos, de quem não respeita as tradi ções.

1 (ITA-SP) – Com relação às duas estrofes iniciais, pode-seafirmar que nelas permanece, respectivamente, a ideia dea) saudosismo e brilho. b) plasticidade e musicalidade.c) otimismo e suntuosidade. d) antiguidade e claridade.e) exaltação e riqueza.

B Dadas as afirmações:I. Já na estrofe inicial, as imagens visuais e auditivas ante ci -

pam-nos, de forma plástica e viva, a desilusão e desen cantofinal do “eu” poemático.

II. Opera-se no primeiro terceto, além de retomada das ideiasbásicas dos quartetos, uma mudança de ordem temporal apartir da qual se inicia o processo de dissolução e destruiçãodo “eu” poemático.

III. Ao longo do poema, ocorre um processo gradativo derebeldia devassadora, cujo início, prosseguimento e clímaxcorrespondem, res pec tivamente, às formas verbais depresente, gerúndio e pretérito.

Inferimos, de acordo com o texto, que:a) Todas estão corretas. b) Todas estão incorretas.c) Apenas a I está correta. d) Apenas a II está correta.e) Apenas a III está correta.

C No poema há um polissíndeto. Indique-o.

D Observe o verso em que foram usadas reti cências. O queessas reticências sugerem?

Módulos 37 e 38 – Modernismo

Identifique a qual vanguarda modernista se vinculam os poe masabaixo:

1 Jesus no lenho expira magoado.Faz tanto calor, há tanta algazarra.Nos olhos do santo há sangue que escorre.Ninguém não percebe, o dia é de festa.

No adro da igreja há pinga, café,imagens, fenômenos, baralhos, cigarrose um Sol imenso que lambuza de ouroo pó das feridas e o pó das muletas.

(...)

Os romeiros pedem com os olhos,pedem com a boca, pedem com as mãos.Jesus já cansado de tanto pedidodorme sonhando com outra humanidade.

(Carlos Drummond de Andrade)

2 O homem atrás do bigodeé sério, simples e forte.Quase não conversa.Tem poucos, raros amigoso homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonastese sabias que eu não era Deusse sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,se eu me chamasse Raimundoseria uma rima, não seria uma solução.Mundo mundo vasto mundo,mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizermas essa luamas esse conhaquebotam a gente comovido como o diabo.

(Carlos Drummond de Andrade)

3 Soltaram os pianos na planície desertaOnde as sombras dos pássaros vêm beber.Eu sou o pastor pianista,Vejo ao longe com alegria meus pianosRecortarem os vultos monumentaisContra a lua.

(Murilo Mendes)

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 328

Page 101: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

4 No aeródromo, o aeroplanoSubiu triunfal, na tarde clara,Grande e sonoro, como o Sonho humano!Ó bandeiras da audácia!Da Terra, que a ambição dos paulistas povoaraDe catedrais e fábricas imensasQue, por áreas extensas,Se centimultiplicavam em garras e ten táculos.

(Agenor Barbosa)

Módulos 39 e 40 – Fernando Pessoaortônimo e Máriode Sá-Carneiro

Texto para a questão 1.

Dia a dia mudamos para quemAmanhã não veremos. Hora a horaNosso diverso e sucessivo alguémDesce uma vasta escadaria agora.

É uma multidão que desce, semQue um saiba de outros. Vejo-os meus e fora.Ah, que horrorosa semelhança têm!São um múltiplo mesmo que se ignora.

Olho-os. Nenhum sou eu, a todos sendo.E a multidão engrossa, alheia a ver-me,Sem que eu perceba de onde vai crescendo.

Sinto-os a todos dentro em mim mover-me.E, inúmero, prolixo, vou descendoAté passar por todos e perder-me.

(Fernando Pessoa)

1 A que se refere o poema?

2 (FUVEST – adaptada) – “O poeta é um fingidor.”(Fer nan do Pessoa) – Qual a relação entre o verso citado e oshete rô nimos de Fer nando Pessoa?

Texto para o teste 3.QUASE

Um pouco mais de sol — eu era brasa,Um pouco mais de azul — eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe de asa...Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaídoNum baixo mar enganador de espuma;E o grande sonho despertado em bruma,O grande sonho — ó dor! — quase vivido...

3 Nessas estrofes de Mário de Sá-Carneiro, não está pre -sentea) a ânsia pela transformação. b) a frustração existencial.c) a autoanálise crítica. d) a angústia.e) o desejo de morrer.

D Sobre Fernando Pessoa, assinale a pro posição incorreta.a) Os heterônimos são criações de Fernando Pessoa, consti -

tuem o centro de sua poesia e são um “fenômeno” exclu sivode sua obra.

b) O único livro que publicou em vida, em língua portuguesa,foi Mensagem (1934), um ano antes de morrer.

c) Parte de sua obra poética foi escrita em língua inglesa.d) Ricardo Reis foi o único heterônimo que sobreviveu ao seu

criador.e) O ortônimo e os heterônimos dialogam entre si, divergem e

possuem concepções estéticas, literárias e filosóficas inde -pendentes.

Textos para o teste E.

Texto 1

Perdi-me dentro de mim,Porque eu era labirinto,E hoje, quando me sinto,É com saudades de mim.

(Sá-Carneiro, poeta do século XX)

Texto 2

Comigo me desavim,sou posto em todo perigo;não posso viver comigonem posso fugir de mim.

(Sá de Miranda, poeta do século XV-XVI)

E As duas estrofes acima, escritas em épocas diferentes,“dialogam” entre si, configurando-se um fenômeno chamadoa) contiguidade.b) metalinguagem.c) intertextualidade.d) digressão.e) imitatio (imitação).

Módulo 41 – Ricardo Reise Alberto Caeiro

Texto para as questões de 1 a 4.

Quando, Lídia, vier o nosso outonoCom o inverno que há nele, reservemosUm pensamento, não para a futura

Primavera que é de outrem,Nem para o estio, de quem somos mortos,Senão para o que fica do que passa —O amarelo atual que as folhas vivem

E as torna diferentes.(Ricardo Reis, Ficções do Interlúdio)

PORTUGUÊS 329

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 329

Page 102: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS330

1 No poema, as estações do ano são as fases da existência.O que é o outono?

2 O que está contido no outono? Justifique.

3 O que representa o amarelo das folhas?

4 Segundo o poeta, há uma fase da vida melhor do que outra?

Texto para a questão 5.

Leve, leve, muito leve,Um vento muito leve passaE vai-se, sempre muito leve.E eu não sei o que pensoNem procuro sabê-lo.

(Alberto Caeiro)

5 Os versos são rimados? Apresentam regu la ridade métri ca?

Texto para o teste F.

Não me importo com as rimas. Raras vezesHá duas árvores iguais, uma ao lado da outra.Penso e escrevo como as flores têm corMas com menos perfeição no meu modo de exprimir-mePorque me falta a simplicidade divinaDe ser todo só o meu exterior.

Olho e comovo-me,Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,E a minha poesia é natural como o levantar-se vento...

(Alberto Caeiro)

F (METODISTA-SP – modificado) – Uma interpretaçãopossível do texto é quea) o eu lírico declara não se preocupar com o aspecto formal da

poesia, pois deseja a sim pli cidade da natureza, marcada pelaaparência exterior.

b) o poeta é um pastor que focaliza a vida no campo como ideal,seguindo os preceitos do Neoclassicismo.

c) há um dilema existencial, característico do Barroco, que serevela na atitude do eu lírico ao negar as regras poéticas.

d) o poeta possui uma visão telúrica do mundo, marcada porimagens da Natureza típica do Arcadismo.

e) o eu lírico rompe com as estruturas tra di cionais do poema,valorizando as novas formas de composição das vanguar das.

Módulo 42 – Álvaro de Campos

Texto para as questões de 1 a 3.

TABACARIA

Não sou nada.Nunca serei nada.Não posso querer ser nada.À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,Do meu quarto de um dos milhões do mundo que

[ninguém sabe quem é(E se soubessem quem é, o que saberiam?),Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente

[por gente,Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente

[certa,Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos

[seres,Com a morte a pôr umidade nas paredes e cabelos

[brancos nos homens,Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada

[de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,E não tivesse mais irmandade com as coisasSenão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado

[da ruaA fileira de carruagens de um comboio, e uma partida

[apitadaDe dentro da minha cabeça,E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos

[na ida.

(...)

1 A linguagem dos textos da terceira fase de Álvaro deCampos é moderada, de ritmo lento e introspectivo. O poetaassu me-se comple ta mente desiludido com a vida, revela im por - tante crise de identidade, vazio interior, depressão. No tre choapresentado, o que simbolizam as “janelas do meu quar to” e o“mundo”?

2 Há identificação do indivíduo poético com o mundoexterior? Explique.

3 O poema apresenta regularidade métrica? Justifique.

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 330

Page 103: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

D Nas afirmações seguintes, marque:A) Alberto CaeiroB) Ricardo ReisC) Álvaro de CamposD) Fernando Pessoa – ortônimo

I. ( ) (...) é pagão, epicurista e estoi co, latinista e hele nis -ta. Horaciano, prega o seu carpe diem em ver sosda tradição clássica. Esmerado na lin guagem, ela -bora a sintaxe, é conciso e elíptico.

II. ( ) Nacionalista místico ou sebas tia nista nacional, foi,a seu modo, tradi cio nalista; autor de uma “utopiado Por tugal que não houve”, o poema Men sa gem.

III. ( ) (...) é naturalista, instintivo, “animal humano”, poe -ta da Natureza, das coisas reais, que são o que sãoe como são. Nega toda transcendência emetafísica. Ama o concreto e odeia a inter pre taçãodo real pela inteligência, pois esta só sabe trans -formar o real em noções vazias. Formal men te,cultiva a linguagem fluente, instintiva, cria livre oseu ritmo, praticando o versi librismo (uso do versolivre).

IV. ( ) (...) é discípulo de Caeiro, porém menos primi ti vo,rústico; é o cantor da cidade, da civi li za ção mo der -na, o civili zado, engenheiro. Emotivo, até à histe -ria, canta as sensações cotidia nas, a exaltação etambém o tédio do homem moderno. De ritmoslargos, ima gens audaciosas, verso livre, discípulodo americano Walt Whitman, re vo lu cionário dapoesia, é o iniciador do Mo dernismo em Por tugal.

V. ( ) Sutil, musical (prefere os versos redondilhos), é opoeta dividido entre o sentir e o pensar, que se diz“fingidor”, que afirma que mente, mesmo quandodiz a verdade.

Módulo 43 – Semana de Arte Moderna

1 (MACKENZIE-SP – modificado) – No Manifesto da Poe -sia Pau-Brasil, Oswald de Andrade condena o purismo gra -matical dos parnasianos. Assinale a alternativa que exemplificaesse princípio estético da fase heroica do Modernismo brasi -leiro.a) Imagino Irene entrando no céu: / — Licença, meu branco! /

E São Pedro bonachão: / — Entra, Irene. Você não precisapedir licença.

b) Miró sentia a mão direita / demasiado sábia / e que de sabertanto / já não podia inventar nada.

c) Disse o luar: “Espera! Que eu te sigo: / Quero também bei -jar as faces dela!” / E disse o aroma: “Vai, que eu vou con -tigo!”

d) Só a leve esperança, em toda a vida, / Disfarça a pena deviver, mais nada.

e) Toma um fósforo. Acende teu cigarro! / O beijo, amigo, é avéspera do escarro.

Texto para o teste 2.

Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente.Filosoficamente.

Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos osindividualismos, de todos os coletivismos. De todas as reli giões.De todos os tratados de paz.

Tupi or not tupi, that is the question. (Oswald de Andrade, fragmento

do Manifesto Antropófago)

2 (VUNESP-SP – corrigido) – Analisando as ideias contidasno fragmento acima, que inicia o Manifesto Antropófago, assi -na le a única alternativa que julgar incorreta.a) O Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade, articula-se

ao movimento antropó fago do Modernismo brasileiro, ao qualpode ser associado o romance-rapsódia Macunaíma, deMário de Andrade.

b) Em “Tupi or not tupi, that is the question”, está explícita acrítica ao espírito de nacio na li dade, falseado pelo estran gei -rismo exacerbado entre nós, até o advento do Modernismo.

c) No fragmento transcrito, deve-se entender não a aversão àcultura estrangeira, mas a dialética de conjunção das raízesnacionais à cultura europeia.

d) A leitura do fragmento acaba por desvendar a crítica à cul tu -ra brasileira, que não estaria muito distante do primitivismoantropofágico.

e) O Manifesto Antropófago propõe a mobilidade cultural advin -da da mobilidade do pensamento e dos valores do homemem sociedade.

3 (VUNESP-SP) – Quais destes fragmentos resumempropostas do Modernismo brasileiro?I. “A língua sem arcaísmo, sem erudição. Natural e neológica.

A contribuição milionária de todos os erros.”II. “Contra o índio de tocheiro. O índio filho de Maria, afilhado

de Catarina de Médicis e genro de D. Antônio de Mariz.”III. “A pena é um pincel.

Eu limo sonetos engenhosos e frios.”IV. “Nomear um objeto significa suprimir as três quartas partes

do gozo de uma poesia, que consiste no prazer de adivinharpouco a pouco. Sugerir, eis o sonho.”

V. “A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocrenos verdes da favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos.”

a) I, III e IV.b) II, III e IV.c) I, II e III.d) I, II e V.e) II, IV e V.

PORTUGUÊS 331

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 331

Page 104: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS332

Módulo 44 – Mário de Andrade

Textos para as questões de 1 a 3.

Texto 1

No fundo do mato-virgem nasceu Macu naíma, herói denossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houveum momento em que o silêncio foi tão grande escutando omurmurejo do Uraricoera, que a índia tapa nhumas pariu umacriança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.

Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passoumais de seis anos não falando. Se o incitavam a falar exclamava:

— Ai! que preguiça...

Texto 2

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no hori zon -te, nasceu Iracema.

Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelosmais negros que a asa da graú na e mais longos que seu talhede pal meira.

O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a bau -nilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.

Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria osertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo dagrande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisa vaapenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiraságuas.

O texto 1 é o capítulo I de Macunaíma, do mo der nista Mário deAndrade. O texto 2 é o capí tu lo II de Iracema, do romântico Joséde Alen car. Releia-os atentamente e responda ao que se pede.

1 Tanto Macunaíma quanto Iracema são pro ta gonistasindígenas. Qual a intenção dos auto res dos respectivos roman -ces ao utilizar esse tipo de personagem?

2 Atentando para critérios como idealização ou não idea li -zação, defina como são carac terizados os protagonistas dos doisromances, com base nos textos apresentados.

3 Sabendo a que escola literária pertence cada um dos ro -man ces, justifique a maneira dife ren ciada com que apresentamseus protagonistas.

D (ITA-SP) – Este famoso ensaio, _______________________,é uma espécie de paródia de uma das obras de ___________________________. Por meio de uma parábola, o autor apresentaa poesia como uma mulher nua que os homens, com o passardos tempos, foram cobrindo de roupas e joias, até que umvagabundo genial (Rimbaud) deu um pontapé naquele monte deroupas e deixou outra vez a mulher nua — ______________.

a) Manifesto da Poesia Pau-Brasil – Oswald de Andrade – a artemodernista

b) A Escrava que não é Isaura – Bernardo Guimarães – a poesiamodernista

c) “Profissão de Fé” – Olavo Bilac – a poesia parnasianad) Macunaíma – Mário de Andrade – a estética modernistae) Antífona – Cruz e Sousa – a poesia simbo lista

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 332

Page 105: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS 333

FRENTE 1

Módulo 49 – Orações subordinadassubstantivas

A Resposta: A B Resposta: E

C Resposta: C

D 1 – A; 2 – A; 3 – C; 4 – B; 5 – B; 6 – D;7 – D; 8 – E; 9 – E; 10 – F; 11 – E;12 – A; 13 – A; 14 – D; 15 – C.

Módulo 50 – A coesão textualno texto dissertativo

A Resposta: B B Resposta: D (oposição)

C Resposta: E

Módulo 53 – Oraçõessubordinadas adjetivas

A Resposta: E B Resposta: C

C a) E b) R c) R d) E

D a) O Mar Vermelho banha Israel.b) Oração subordinada adjetiva expli ca tiva.

E Adj. Restritiva F Adj. Restritiva

G Adj. Restritiva H Adj. Restritiva

I Adj. Explicativa J Adj. Restritiva

K Adj. Restritiva L Resposta: E

Módulo 55 – Emprego do pronome relativo

A A alternativa que preserva o significado da frase do enun cia -do e respeita a norma culta é a b, porque a ideia é de quecada banco do bonde só comportava quatro passagei ros.As demais alternativas con têm falhas semânticas (c e d) ousintá ticas (a e e).Resposta: B

B Resposta: C C Resposta: A

D a) O livro de cujo final eu gostei muito foi publicado pri meirona Europa.

b) Tenho três filhos cuja idade varia de 15 a 20 anos.

E Resposta: B

F O correto é “... como aquele mano cujo corpo o senhorexaminou...”Resposta: C

Módulo 56 – Correção, clareza,concisão e coerência (I)

A Resposta: B

B Resposta: E

C Resposta: B

Módulo 59 – Oraçõessubordinadas adverbiais

A Resposta: A

B Resposta: D

C Resposta: D

D Resposta: E

E Resposta: C

F Resposta: E

Módulo 60 – Correção, clareza,concisão e coerência (II)

A Resposta: A

B Resposta: D

C Resposta: D

RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS-TAREFAS

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 333

Page 106: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS334

Módulo 62 – Revisão deperíodo composto

A As conjunções ou locuções conjuntivas apresentadas nasfrases dadas estabele cem entre as orações nexos de1. Condição (“Não serás feliz, se não respeitares pai e

mãe.”)2. Concessão (“Não chegou a tempo, embora tivesse cor -

rido.”)3. Causal (“Preferiu não responder, porque não tinha cer -

teza.”)4. Concessão (Gertrudes negou-se a abandonar a casa,

ainda que a enchente lhe ameaçasse a vida.”)5. Finalidade (“Mandamos colocar grades em todas as ja ne -

las, a fim de que as crianças tivessem mais segu rança.”)Resposta: A

B (malgrado = apesar de, não obstante)Resposta: D

C A relação entre as duas orações em questão é de opo si ção,sendo a segunda uma subordinada concessiva, tanto notexto como na alternativa e. Nas demais, as relaçõesestabelecidas entre as orações são impróprias: causal ema, proporcio nal em b, final em c e condicional em d.Resposta: E

Módulo 63 – Figuras sonorasou de harmonia

A Resposta: C B Resposta: E

C Resposta: E D Resposta: E

Módulo 66 – Concordância nominal

A Resposta: C B Resposta: E

C Resposta: C D Resposta: A

E Resposta: B

F Alerta é advérbio na alternativa c (em estado de alerta),portanto, palavra invariável. Se alerta funcionas se comoadjunto adno minal, concordaria com o nome: todos aler tas.Resposta: C

G Em a, aprecia (concordanddo com maioria); em b, haja vista;em c, quites; em e, pronta.Resposta: D

FRENTE 2

Módulo 33 – Euclides da Cunha:Os Sertões

A O sertanejo e os mestiços do litoral.

B “Mestiços neurastênicos”.

C O sertanejo é superior. Sua superioridade seria decorrenteda “pureza” de sua “raça”.

D Trata-se de um componente determi nista, característico doRealismo-Naturalismo.

E Os românticos idealizaram a realidade nacional, enquantoos pré-modernistas analisaram a realidade nacional e seusproblemas e apresentaram críticas às instituições sociais,políticas e econô micas da Velha República.

F Representa a primeira denúncia da misé ria e do subde sen -vol vimento do País, fa zendo emergir a face trágica do Sertãoda Bahia. É um perfeito casamento da sensi bi li da de artística(palavra rebus cada, ma ni pu lação da linguagem erudita etécnica) com o espírito científico (Barroco Cien tífico).

G Preocupação com a realidade nacio nal, na caracte rizaçãorigorosa da terra e do homem; regionalismo crítico, questio -nando os problemas do Sertão da Bahia, afas tan do-se doregionalismo descri tivo e paisa gis ta de Alencar e BernardoGui marães; sincretismo de ten dên cias.

H Linguagem precisa, técnica:“... mimosas tolhiças ou eufórbias ásperas sobre o tapetedas gramí neas...”, entre outros.Linguagem metafórica:“... a travessia das vere das sertanejas é mais exaus tiva quea de uma estepe nua”.“... galhos estorcidos e secos, (...) esti rando-se fle xuosospelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, deflora agonizante.

Módulo 34 – Monteiro Lobato

A No texto, é realçada a preguiça, a indo lência, a falta deiniciativa da perso nagem, adepto da “lei do menor esforço”.

B Enquanto Jeca-Tatu é preguiçoso, indo lente, Zé Brasiltrabalha arduamente, em condições precárias. Essadiferença refle te um novo modo de encarar a realidade, poistransfere do indivíduo para as condições sociais o agentecausador da vida miserável do homem do campo.

C Resposta: D

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 334

Page 107: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

Módulo 35 – Lima Barreto – Triste Fim dePolicarpo Quaresma

A Resposta: D B Resposta: D

C Resposta: C

D Policarpo atribuía sua prisão a uma carta de protesto queescrevera ao presidente.

E Em prol da pátria, Policarpo havia, segun do suas palavras,estudado inutili dades, tentado tornar o tupi língua oficial, seinteressado por tudo aquilo que era genui namente nacional,como o folclore, a agricultura.

F Os resultados foram sempre decepcio nantes: foi zombadopor sua ideia de querer instaurar o tupi, a agricultura não semostrou algo factível como diziam os livros, descobriu quenossa gente não tinha a doce índole na qual ele acreditava.

G Policarpo chega à conclusão de que desperdiçou sua vida,sua juventude numa ideia equivocada, tentan do semprecontribuir para a felicidade e prospe ri da de de um país queagora o encer rava em uma masmorra e o condenava.

H Os três projetos a que Policarpo Quaresma, quixotes ca -men te, como era de seu caráter, se entregou, sucessiva -mente: a valorização cultural de nossas raízes étnicasindígenas; a reforma agrária, partindo do sítio Sossego; amoralização política, que via encarnada na figura de FlorianoPeixoto. Esses três projetos balizam, também, as trêspartes em que se divide o romance.Resposta: C

Módulo 36 – Augusto dos Anjos

A O saudosismo é dado por palavras como “priscas” (anti -gas), “longínquas” (dis tantes), “serenatas”, elementosmar can tes do passado. O brilho aparece em palavras eexpressões como “fúlgi da”, “lustrais irradiações”, “cintila -ções”, “ame tistas” etc.Resposta: A

B Na terceira estrofe, a mudança temporal (pretérito perfeito)inicia o processo de dissolução e destruição do eupoemático, que, ao entrar materialmente num mundoonírico, começa a quebrar sutilmente o encanto dessaatmosfera.Resposta: D

C “E as ametistas e os florões e as pratas”.

D As reticências são mais um dos recursos que ajudam a criara atmosfera de vagueza e mistério, característica da poesiasimbolista.

Módulos 37 e 38 – Modernismo

A Expressionismo. B Cubismo.

C Surrealismo. D Futurismo.

Módulos 39 e 40 – Fernando Pessoaortônimo e Máriode Sá-Carneiro

A Refere-se às transformações e à multi pli cação do “eu”, quecria o “absurdo” da diferença na identidade (“nenhum soueu, a todos sendo”).

B A relação que se estabelece entre o verso citado, deFernando Pessoa “ele-mesmo”, e os heterônimos do poeta(Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis), todoscom uma biografia, um pensa men to e uma filosofiapróprios e, principal mente, estilos literários diversos e diver -gentes entre si (incluindo-se aqui a poesia ortonímica),consiste na alusão à multi pli cidade, possível e válida, do“olhar” do poe ta, culminando, no caso de Pessoa, na cria -ção de várias “personalidades” poéticas.

C Resposta: E

D Resposta: A

E Resposta: C

Módulo 41 – Ricardo Reise Alberto Caeiro

A É a idade madura.

B Com a expressão “com o inverno que há nele”, o poetaafirma que o inverno já está contido no outono, ou seja, naidade madura a velhice já se faz presente.

C Representa aquilo que o tempo deixa.

D Não. Deve-se aproveitar o que cada uma tem de singular,uma vez que as fases passam, sucedem-se num cicloirrever sível, ao contrário das estações do ano, que sesucedem em círculo.

E São versos brancos (não rimados), curtos, com métricairregular.

F Resposta: A

PORTUGUÊS 335

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 335

Page 108: Período Composto, Concordância Nominal e Figuras Sonoras

PORTUGUÊS336

Módulo 42 – Álvaro de Campos

A “Janelas do meu quarto” simbolizam o que é particular,íntimo; o “mundo” repre sen ta o que é geral, exterior. Há,portanto, uma oposição entre o íntimo e o externo, entre oparticular e os indivíduos em conjunto.

B Não. O ponto em que o mundo íntimo e o mundo exteriorse contactam é uma sepa ração, uma “despedida”. “Estouhoje ven cido, como se soubesse a verdade. / Estou hojelúcido, como se estivesse para mor rer, / E não tivesse maisirmandade com as coisas / Senão uma despedida (...)”

C Os versos não apresentam regularidade métrica. Trata-se,portanto, de versos livres.

D I) B; II) D; III) A; IV) C; V) D.

Módulo 43 – Semana de Arte Moderna

A Nos versos de Manuel Bandeira, há colo quialismo queinfringe o padrão culto da língua, sendo por isso conside ra -do “erro”: a mistura de pessoas gramati cais na com binaçãodo imperativo “Entra” (segunda pessoa) com o pronome“você” (terceira pessoa). Outras expres sões coloquiais,que, entretanto, não cons tituem “erros” gramaticais, sãoa forma “Licença”, redução de “Dá-me (ou Dê-me)licença”, e o vocativo “meu branco”.Resposta: A

B Resposta: D

C Resposta: D

Módulo 44 – Mário de Andrade

A A utilização de personagem indígena obedece às exi gên -cias nacionalistas não só dos dois autores, como tambémdas escolas literárias a que pertencem.

B Macunaíma é apresentado de forma não idealizada, pois jáde início é descrito como uma “criança feia”. Iracema écomposta de maneira idealizada, uma vez que é associadaa elementos enaltece dores (“pé grácil”, “virgem dos lábiosde mel”, “o favo da jati não era doce como o seu sorriso”,entre outros trechos).

C A descrição em Macunaíma atende aos ditames moder -nistas, que defendem o afastamento com relação ao padrãotradicional do Romantismo. Já Iracema segue os padrõesromânticos, ao idea lizar, retocar a realidade.

D Resposta: B

C3_2A_SOROCABA_PORT_2013_GK 22/11/12 15:06 Page 336