perícia contábil - 2013.pdf

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    PERCIA CONTBILA percia contbilconstitui o conjunto de procedimentos tcnicos e cientficos destinados a levar instnciadecisria elementos de prova necessrios a subsidiar a justa soluo do litgio, mediante laudo pericial

    contbil, e/ou parecer pericial contbil, em conformidade com as normas jurdicas e profissionais e alegislao especfica no que for pertinente, como as Resolues do Conselho Federal de Contabilidade - CFC sobre

    a percia (Resoluo CFC n 1.243/09)e o perito (Resoluo CFC n 1.244/09).

    Prende-se ao carter cientfico e tecnolgico da supremacia de uma prova, que esclarece controvrsias. No serepete, como suas irms, a auditoria e a consultoria, que revelam uma opinio. especfica.

    ESCORO HISTRICO DA PERCIA CONTBIL NO BRASILHoog, relata na sua pesquisa para uma sntese histrica do princpio da percia no Brasil, aportou em vriosrelatos de ilustres professores doutrinadores, que permitiram estabelecer a seguinte ordem cronolgicaevolutiva:a) Petrenco relata a chegada de contadores portugueses no Brasil por volta do ano de 1549, quando

    ocorreu a primeira nomeao de contador geral feita por D. Joo III. Informa tambm que, no ano de 1770,foi expedida Carta de Lei por Dom Jos, rei de Portugal, para todos os domnios lusitanos, relativa

    nomeao de contador geral e guarda-livros, a qual impunha a necessidade de matrcula do profissionalna junta do comrcio, e a exigncia de que tivessem tambm cursado aulas de comrcio.

    b) Lopes de S indica que No tempo do Brasil Colnia, relevante j era a funo contbil e das percias, conforme seencontra claramente evidenciado no relatrio de 19.06.1779 do vice-rei Marqus do Lavradio a seu sucessor Lus de

    Vasconcelos e Souza (Arquivo Nacional do Rio de Janeiro).c) Coelho relata que, no ano de 1809, foi criada a Escola de Comrcio, com a nomeao do primeiro professor

    de contabilidade no Brasil, Jos Antnio Lisboa. Informa o mesmo autor que a primeira regulamentao emterritrio brasileiro ocorreu em 1870, pelo reconhecimento oficial, via Decreto Imperial 4.475, daAssociao dos Guarda-livros, sendo um marco do reconhecimento da primeira profisso liberalregulamentada no pas.

    d)

    Marion destaca que, em 1902, em So Paulo, foi criada a Escola de Comrcio lvaro Penteado, a qual adotouo sistema de contabilidade das escolas europeias, reconhecida pelo Decreto 1.339. Noticia tambm ocurso superior no ano de 1908, salientando que, em 1931, via Decreto 20.158, foi criado o curso deGuarda-livros, que, com mais um ano de curso, formava o clebre perito-contador.

    e) Lopes de S indica obras sobre percia, editadas em 1921, pelo Jornal do Brasil no Rio de Janeiro, dentre elaso trabalho do Sr. Joo Luiz dos Santos, com o ttulo de Percia em Contabilidade Comercial.

    f) Reportando-nos a acontecimentos mais recentes, lecionamos que possvel concluir que a criao doConselho Federal de Contabilidade, via Dec.-lei 9.295/46, imprimiu as primeiras atribuies de cunho legaldo contador, ou seja, a parametrizao da percia contbil, conferindo carter privativo aos contadoresdiplomados. As percias judiciais foram agasalhadas com tratamento mais cristalino. Hoje temosprocedimentos especficos emanados do Conselho Federal de Contabilidade.

    g) Hoog, na obra Normas Brasileiras de Percia, em decorrncia do notrio valor das normatizaes do CFC,resolues sobre percia e o perito, apresentamos uma proposta de espancamento cientfico snormalizaes do sistema CFC/CRC, para desmistificar a percia contbil, trazendo muitas notas devinculao da percia e do perito ao Cdigo de Processo Civil, Cdigo Civil e Cdigo Penal brasileiros,

    alm de outros temas do direito empresarial e contbil brasileiro vinculados percia.h)

    Hoog, na obra Moderno Dicionrio Contbil, salientamos de forma contempornea a responsabilidade doperito pelo vis da moral, da tica, do direito civil e penal, da responsabilidade social e pela supremacia daresponsabilidade filosfica atribuda ao cientista em seus mnus pblico.

    O Cdigo de Processo Civil de 1939 (Dec.-lei 1.608, de 18.09.1939, arts. 57, 117, 129, 131, 132, 208,254, 255, 256, 257, 267,268) descreveu, de modo sucinto e preciso, a prova pericial, inclusive a exposio sobreo laudo, a recusa do perito, a substituio do perito, os esclarecimentos em audincia, a indicao deassistentes tcnicos, as despesas com o ato e as penalidades aplicveis por eventual ilcito ou dolo do

    perito.

    Com a implantao da Lei de Falncias (Dec.-lei 7.661/45 revogado pelo Art. 200 da Lei 11.101/05), pelo Art.211 ficou assegurada a participao exclusiva do contador na percia, em situaes de falncias e concordatas.

    Lamentavelmente a lei de recuperao de empresa, que vem para substituir e revogar o Dec.-lei 7.661/45, noprev esta exclusividade de forma expressa.

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    Em 1950, pela Lei 1.060, foram estabelecidas normas para a concesso de assistncia judiciria aos necessitados,incluindo nesta nobre funo social os honorrios do perito, conforme Art. 14 a seguir transcrito, sendo defesoao perito rejeitar a nomeao, exceto por motivo justificvel:

    Art. 14. Os profissionais liberais designados para o desempenho do encargo de defensor ou de perito,conforme o caso, salvo justo motivo previsto em lei ou, na sua omisso, a critrio da autoridade judiciria

    competente, so obrigados ao respectivo cumprimento, sob pena de multa de Cr$ 1.000,00 (milcruzeiros) a Cr$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros), sujeita ao reajustamento estabelecido na Lei 6.205, de29.04.1975, sem prejuzo de sano disciplinar cabvel. (Redao dada pela Lei 6.465, de 14.11.1977)

    No ano de 1970, o legislativo dispensou ateno percia na esfera da justia do trabalho, conforme Lei5.584/70:

    Art. 3. Os exames periciais sero realizados por perito nico designado pelo Juiz, que fixar o prazo paraentrega do laudo.Pargrafo nico. Permitir-se- a cada parte a indicao de um assistente, cujo laudo ter que serapresentado no mesmo prazo assinado para o perito, sob pena de ser desentranhado dos autos.

    Em 1973, pelo Cdigo de Processo Civil, Lei 5.869/73, arts. 420 a 439, alm de outros que tratam dediligncias e do perito, tivemos uma melhor delineao do valor da percia judicial. Surge mais uma nobreutilidade jurisdicional para a percia: o arbitramentoem fase de liquidao da sentena (Art. 607).

    O Cdigo de Processo Civil de 1973 sofreu ajuste em agosto de1992 pela Lei 8.445, alterando as regras deimpedimento e suspeio e liberando o perito assistente destas, e fez surgir uma nova e valiosa tarefa para o

    expertus: a prova pericial viainquirio, atravs de oitiva, em audincia, do perito sobre questes contbeis.

    E no curso regular da evoluo do direito, a Lei 9.289/96, Art.10, impe ao magistrado da Justia Federal aobrigao de, em despacho fundamentado, luz da proposta do perito e aps ouvir as partes, avaliar acomplexidade do trabalho, o tempo estimado do labor e o seu local, alm de fixar em definitivo a remunerao doperito.

    A partir de 28.08.2001, no Cdigo Penal (Dec.-lei 2.848, de07. 12.1940), Art. 342, ficou melhor delineada aresponsabilidade do perito por fora da Lei 10.268/01, que veio aplicar sanes ao perito por delito, como

    segue: Art. 342. Fazer afirmao falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intrprete emprocesso judicial, ou administrativo, inqurito policial, ou em juzo arbitral....

    Em termos contemporneos, o CC/02, Art. 212, inc. V, manteve a robusta figura da prova pericial.

    Atualmente, o CFC, estabelece regras normativas, as quais se encontram nas Resolues CFC 1.243/09 que tratada percia e 1.244/09, que trata do perito.

    CONCEITO DA PERCIA CONTBIL

    O Prof. Dr. Lopes de S trata das aplicaes da contabilidade como tipos de tecnologia, entre elas a perciacontbil, apresentando para ela o seguinte conceito: Percia contbil a verificao de fatos ligados ao patrimnioindividualizado visando oferecer opinio, mediante questes propostas. Para tal opinio realizam-se exames, vistorias,

    indagaes, investigaes, avaliaes, arbitramentos, e suma todo e qualquer procedimento necessrio opinio . Em partedivergimos desta colocao, pois entendemos que a cincia contbil divide-se em vertentes, e entre elas, a perciacontbil. Cada uma das vertentes tem a sua tecnologia.

    Em nossa obra, quando tratamos do assunto, revelamos que a Percia Contbil

    um servio especializado, com bases cientficas, contbeis, fiscais e societrias, para a qual se exigeformao de nvel superior, e deslinda questes judiciais e extrajudiciais. utilizada como elemento deprova, ou reveladora da verdade em assuntos fisco- contbeis, e tem por finalidade a demonstrao deum fato ou ato, a qual deve ser efetuada com o maior rigor possvel e embasada na mais pura e genuna

    expresso da verdade.

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    Desta forma, a percia contbil uma das vertentes da cincia contbil social, pautada em uma fundamentaoepistemolgica e filosfica. A fundamentao contbil epistemolgica o conjunto de conhecimentos que tmpor objeto o conhecimento cientfico, visando explicar os seus condicionamentos (sejam eles a tecnologia comoum ferramental disposio do perito, ou dados histricos e/ou sociais, lgicos), com o vis de sistematizaras suas relaes, esclarecer os seus vnculos e avaliar os seus resultados e aplicaes.

    A fundamentao filosfica contbil a abertura pautada na independncia de juzo cientfico, atravs da qual operito v o mundo. E o seu labor sem ela se torna impotente, manietado, amordaado, surdo e mudo, pois acincia d ao homem o conhecimento acadmico; a filosofia lhe concede um complemento essencial: asabedoria. E sem o conheci mento filosfico, sabedoria, o laudo, produto do labor pericial, poder ser

    destrutivo e devastador.

    A partir deste conceito, conclui-se que o perito um cientista que descreve a riqueza como se encontra, emitindoum juzo da realidade com base em critrio objetivo. Esta, mais voltada cincia da contabilidade, prestigiae valoriza a assepsia contbil como uma filosofia profissional. Diferente do auditor, que um operador dacontabilidade, o perito emite opinio, juzo de valor, critrio subjetivo profissional opinativo, sobre a situao

    do patrimnio. O auditor est mais voltado poltica contbil.

    Percia vem do latim peritia, que significa conhecimento adquirido pela experincia. O termo j era utilizado naRoma Antiga. Nele se valorizava o talento de saber. Assim sendo, podemos conceituar a percia como um servioespecializado com bases cientficas, contbeis, fiscais e societrias, voltado a deslindar questes judiciais eextrajudiciais. De seus executores exige-se formao de nvel superior. utilizada como elemento de prova,ou reveladora da verdade em assuntos fisco- contbeis, e tem por finalidade a demonstrao de um fato ou ato.Deve ser efetuada com o maior rigor possvel e embasada na mais pura e genuna expresso da verdade.

    A partir desta vertente da cincia contbil, ou seja, a percia obtm- se a figura do perito contbil. Que umcontador regularmente registrado em Conselho Regional de Contabilidade, que exerce a atividade pericial deforma pessoal, sendo um profundo conhecedor, por suas qualidades e experincia sobre a matria a ser

    periciada.

    Este profissional, que detm notria sabedoria contbil, explora um nicho de mercado, ou seja, um segmento

    restrito do mercado, noatendido por todos os lidadores ou pelas aes clssicas de publicidade, e que ofereceoportunidades no corriqueiras de negcio, em decorrncia do alto nvel de conhecimento da cincia e da

    poltica contbil que so exigidos.

    O labor do perito judicial conhecido como mnus pblico do perito. Portanto, atividade de notria honra peloaltrusmo em relao justia. Procede de autoridade pblica ou da lei e obriga o indivduo acertosencargos em benefcio da coletividade, da segurana jurdica ou da ordem social e econmica. Nomeado pelojuiz, funciona como seu auxiliar, manus longa, na revelao da verdade, fim buscado na prestao do servio

    jurisdicional.

    MEIOS DE PROVA

    As provas mais usadas so: os documentos (que o autor dever juntar com a petio inicial e o ru com a pea decontestao); as declaraes das partes; o depoimento das testemunhas; as percias e a inspeo judicial.

    Nos casos de negcios jurdicos, cujo valor do litgio tiver valor superior a dez salrios mnimos, ser insuficientea prova exclusivamente testemunhal.

    O Art. 332 do Cdigo de Processo Civil - CPC dispe que: "todos os meios legais, bem como os moralmente legtimos, aindaque no especificados neste Cdigo, so hbeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ao ou a defesa".

    Assim, no existe forma taxativa para comprovar a ocorrncia dos fatos que chegam ao conhecimento do juiz,bastando que seja legtima. Entretanto, o CPC especificou alguns meios de prova a partir do Art. 342 como osmeios mais usuais.

    Destarte, a princpio so permitidos todos os tipos de provas, salvo aquelas que sejam ilcitas (vedadas por lei)ouque sejam imorais.

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    A prova ilcita aquela obtida por meio ilcito. Conforme determina a Constituio Federal, ela no permitida:"Art. 5, LVI - so inadmissveis, no processo, as provas obtidas por meio ilcito".

    Caso a parte junte aos autos do processo alguma prova ilcita, haver apenas nulidade da prpria prova e no doprocesso como um todo, devendo a deciso do juiz basear-se nas demais provas, como se aquela prova ilcitaapresentada no existisse.

    Como exemplo existe a conversa telefnica gravada por um dos protagonistas sem o conhecimento do outro.Parte da jurisprudncia (consoante o nico do Art. 233 do CPP) reconhece que a gravao desta conversatelefnica vlida, porque no obtida ilicitamente. Art. 233, caput do CPP: "as cartas particulares, interceptadas ouobtidas por meios criminosos, no sero admitidas em juzo. Pargrafo nico: as cartas podero ser exibidas em juzo pelo

    respectivo destinatrio, para a defesa de seu direito, ainda que no haja consentimento do signatrio."

    O Cdigo de Processo Civil assim define no seu Captulo VI Das Provas:

    Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legtimos, ainda que no especificados nesteCdigo, so hbeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ao ou a defesa.Art. 333. O nus da prova incumbe:I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;

    II - ao ru, quanto existncia de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.Pargrafo nico. nula a conveno que distribui de maneira diversa o nus da prova quando:I - recair sobre direito indisponvel da parte;II - tornar excessivamente difcil a uma parte o exerccio do direito.Art. 334. No dependem de prova os fatos:I - notrios;II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrria;III - admitidos, no processo, como incontroversos;IV - em cujo favor milita presuno legal de existncia ou de veracidade.Art. 335. Em falta de normas jurdicas particulares, o juiz aplicar as regras de experincia comumsubministradas pela observao do que ordinariamente acontece e ainda as regras da experincia tcnica,ressalvado, quanto a esta, o exame pericial.Art. 336. Salvo disposio especial em contrrio, as provas devem ser produzidas em audincia.Pargrafo nico. Quando a parte, ou a testemunha, por enfermidade, ou por outro motivo relevante, estiverimpossibilitada de comparecer audincia, mas no de prestar depoimento, o juiz designar, conforme ascircunstncias, dia, hora e lugar para inquiri-la.

    Art. 337. A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinrio, provar-lhe- o teore a vigncia, se assim o determinar o juiz.Art. 338. A carta precatria e a carta rogatria suspendero o processo, no caso previsto na alnea b doinciso IV do Art. 265 desta Lei, quando, tendo sido requeridas antes da deciso de saneamento, a provanelas solicitada apresentar-se imprescindvel.Pargrafo nico. A carta precatria e a carta rogatria, no devolvidas dentro do prazo ou concedidas semefeito suspensivo, podero ser juntas aos autos at o julgamento final.Art. 339. Ningum se exime do dever de colaborar com o Poder Judicirio para o descobrimento da verdade.Art. 340. Alm dos deveres enumerados no Art. 14, compete parte:I - comparecer em juzo, respondendo ao que Ihe for interrogado;II - submeter-se inspeo judicial, que for julgada necessria;III - praticar o ato que Ihe for determinado.Art. 341. Compete ao terceiro, em relao a qualquer pleito:I - informar ao juiz os fatos e as circunstncias, de que tenha conhecimento;II - exibir coisa ou documento, que esteja em seu poder.

    Cumpre ressaltar ainda que, entre os meios de prova especificados por lei no cabe qualquer hierarquia, todaspossuem poder valorativo idntico.

    Os meios de prova esto dispostos do Art. 342 ao 443 do CPC, e esto assim dispostos:

    Depoimento pessoal (Art, 342 a 347)

    Confisso (Art. 348 a 354)

    Exibio de documento ou coisa (Art. 355 a 363)

    Prova documental (Art. 364 a 391)

    Prova testemunhal (Art. 400 a 419)

    Prova pericial (Art. 420 a 439) Inspeo judicial (Art. 440 a 443)

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    Do Depoimento Pessoal (Art. 342 a 347)O depoimento pessoal o meio de prova destinado a realizar o interrogatrio das partes, no curso do processo.Limita-se somente aos fatos controvertidos no processo. Aplica-se tanto ao autor como ao ru, pois ambos sesubmetem ao nus de comparecer em juzo e responder ao que lhe for interrogado pelo juiz.

    A finalidade desse meio de prova dupla provocar a confisso da parte e esclarecer fatos discutidos na causa.

    O momento processual de ser ouvida a prova de depoimento pessoal na audincia de instruo e julgamento. Ojuiz tem a faculdade de determinar, em qualquer estado do processo, o comparecimento da parte para interrog-la sobre os fatos da causa.

    Caso a parte seja intimada e no comparecer ou comparecendo se recusar a depor, o juiz aplicar a pena deconfisso. Tal confisso consiste em admitir o juiz como verdadeiro os fatos contrrios ao interesse da partefaltosa e favorvel ao adversrio.

    A recusa de depor sem um motivo justificado, exceto as situaes descritas no Art. 347 do CPC, o Juiz apreciar asdemais circunstncias e elementos da prova e declarar no corpo da sentena a recusa do depoimento.

    Seo III Da Confisso(Art. 348 a 354)A confisso pode ser judicial ou extrajudicial. Onde podemos conceituar a confisso judicial como sendo aquelafeita nos autos do processo, e pode ser espontnea ou provocada. A espontnea quando, por iniciativa prpria,a parte comparece em juzo e confessa, e a provocada requerida pela parte adversa, caso em que a confissoconsta de termo do depoimento prestado pelo confidente.

    A confisso extrajudicial a confisso feita fora do processo, de forma escrita ou oral, perante a parte contrriaou terceiros. Ou seja, a confisso extrajudicial deve ser realizada por escrito, em documento endereado partecontrria - ou a quem a represente.

    A confisso tem o valor de prova legal e pode ser feita atravs de procurador, ao contrrio do depoimentopessoal que no pode ser atravs de procurador.

    Seo IV Da Exibio do Documento ou Coisa (Art. 355 a 363)Cabem as partes e a terceiros colaborar com o Poder Judicirio para descobrir a verdade. A exibio pode serfeita de forma direta como. A coisa e o documento a serem exibidos devem manter algum nexo e possuirrelevncia, pois caso contrrio deve ser denegado por falta de interesse da parte em postul-lo.

    A exibio feita a pedido das partes, de ofcio pelo juiz ou por terceiro interessado.

    Deferido o pedido da produo da prova, a outra parte ser intimada a responder dentro do prazo de cinco dias.

    O pedido de exibio quando formulado contra quem no parte do processo principal, provoca a instaurao deum novo processo em que so partes o pretendente exibio e o possuidor do documento ou coisa.

    Seo V Prova Documental (Art. 364 a 391)No se trata apenas de documento escrito, mas so coisas que transmitem diretamente um registro fsico arespeito de um fato, como por exemplo: fotos, recibos, contratos, desenhos, fita de vdeo, etc.

    Os documentos podem ser pblicos, provenientes de reparties pblicas e particulares, elaborados pela parte.Os documentos podem ser apresentados como originais e cpias, salvo em casos especficos.

    A prova autntica a melhor para convencer o juiz, possui mais fora probante.O documento pblico tem uma importncia considervel no mundo jurdico, devido a sua f pblica.

    O incidente de falsidade corre nos prprios autos do processo, quando proposto na contestao ou em qualquer

    momento anterior ao encerramento da instruo. A iniciativa de provar das partes.

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    No caso do autor corroborar os fatos alegados na petio inicial e no caso do ru contrariar as alegaes dapetio inicial e mostrar que as alegaes da contestao so as que devem prevalecer.

    O desentranhamento da prova documental pode ocorrer somente aps petio da parte requerendo ao juzo eapenas deferido se a prova dos autos for original, devendo ser substituda por cpia fiel.

    Os documentos podem ser classificados em pblicos ou particulares.

    H diferena entre documento e instrumento, o primeiro gnero todos os registros materiais de fatosjurdicos, o segundo espcie do primeiro. O documento autntico gera maior impacto e possui uma enormefora para convencimento do Juzo.

    O documento pblico goza de mais autenticidade, devido a f pblica, ou seja, a presuno de veracidade ficaacobertada pela f pblica do Oficial (tal presuno atinge somente os elementos de formao do ato).

    Existem trs tipos de documentos pblicos, segundo o Art. 364 do CPC, a saber: Judiciais elaborados por um escrivo de cartrio judicial; Notariais elaborados pelo tabelio ou oficial de registros pblicos;

    Administrativos quando oriundo de outras reparties pblicas.

    de bom alvitre comentar que em caso de prova falsa, caber uma ao declaratria de incidente de falsidade. Sea prova falsa estiver na petio inicial, cabe ao ru argir tal incidente na contestao, agora se o documentofalso surgir no decorrer do processo, a parte interessada ter o prazo de dez dias a contar da intimao de suajuntada para propor o incidente.

    Seo VI Prova Testemunhal (Art. 400 a 419)A prova testemunhal a mais antiga dos meios de convencimento utilizado pela justia. a descrio da pessoaque presenciou os fatos perante o juzo, a testemunha ajuda o Poder Judicirio na busca da verdade. A provatestemunhal sempre admissvel, uma tcnica de obteno de informes sobre os fatos relevantes para ojulgamento mediante perguntas a serem respondidas por pessoas estranhas ao processo. O juiz indeferir a

    prova testemunhal quando os fatos j estiverem provados por documento ou confisso da parte, ou que s pordocumentos ou exame pericial puderem ser.

    A condio de testemunha impe deveres como os de comparecimento, depoimento e veracidade, podendoinclusive incorrer em tipo penal se faltar intencionalmente com a verdade. Tambm gera direito s partes dereembolso das despesas e eventuais prejuzos suportados em virtude do comparecimento, que ficaro a cargo daparte vencida ao final.

    A testemunha deve comparecer quando intimada ou pode comparecer quando a parte que a arrolou secomprometer a levar independentemente de intimao. Essa testemunha no pode ter interesse na causa.

    O momento adequado para requerer pelo autor na petio inicial, pelo ru na contestao. Para ambas aspartes o momento adequado pode ser, tambm, na fase de especificao de prova durante as providnciaspreliminares.

    no despacho saneador que o juiz deferir ou no essa espcie de prova. A parte que desejar produzir essaprova dever, antes da audincia, depositar em cartrio o rol, onde indicar os nomes, as profisses, residnciase locais de trabalho das testemunhas a ouvir, dentro do prazo estipulado pelo juiz. Contradita de testemunha a impugnao da testemunha no caso de incapacidade, suspeio ou impedimento pelo advogado da partecontrria. Em regra, a contradita deve ser apresentada antes do incio do depoimento para permitir ao juiz quedeixe de colher a prova.

    H testemunha presencial, referncia, referida, judiciria e instrumentria: Presencial: aquela que, pessoalmente, assistiu o fato; Referncia: aquela que soube do fato, atravs de terceiros;

    Referida: aquela cuja existncia apurada atravs de depoimento de outra testemunha;

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    Judiciria e instrumentria so aquelas que relatam em Juzo o seu conhecimento a respeito dos fatos queso objetos do litgio e estas as que presenciaram assinatura de instrumento do ato jurdico e os atosassinados pelas partes.

    Seo VII Prova Pericial (Art. 420 a 439)Formado em exame, vistoria ou avaliao. aquela prova que surge para apurar fatos que envolvem questestcnicas e cientficas que fogem do conhecimento do juiz. Nessas hipteses a prova oral e documental se revelaminsuficientes para o necessrio esclarecimento das alegaes formuladas pelas partes, assim adequada aproduo de prova pericial.

    Denomina-se percia o exame feito em pessoas ou coisas, por profissional portador de conhecimentos tcnicos ecom a finalidade de obter informaes capazes de esclarecer dvidas quanto a fatos.

    O perito o profissional escolhido pelo juiz. Aps a nomeao do perito, o mesmo apresenta o valor doshonorrios e as partes possuem a faculdade de impugnar, com a explicao dos motivos, ou no. Dentro do prazolegal de at cinco dias, cabem as partes nomearem assistentes tcnicos de confiana da parte no sujeito aimpedimento e suspeio.

    O perito pode no aceitar ou ser recusado por impedimento ou suspeio, podendo ele ser substitudo quandono obtiver o conhecimento tcnico ou cientifico, ou sem motivo legtimo nesse caso podendo ser submetido multa.

    O perito por motivo justificado no puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz permitir por uma vez aprorrogao. Os assistentes tcnicos apresentaro seu parecer em at dez dias aps a apresentao do laudo.

    A parte que desejar esclarecimento do perito ou do assistente tcnico requerer ao juiz que mande intim-lo acomparecer audincia, formulando as perguntas sob forma de requisitos, o perito e o assistente s temobrigao de comparecer se forem intimados cinco dias antes da audincia.

    Quando o juiz entender que a matria no restou suficientemente esclarecida, pode-se deliberar de oficio ou a

    requerimento das partes, nova percia.

    No caso da percia, o nus da prova recai sobre quem a requer. No caso da percia for requerida pelo prprio juiz,quem sucumbir arca com o pagamento dos honorrios periciais.

    Seo VIII Da Inspeo Judicial (Art. 440 a 443)Em qualquer fase do processo, o prprio juiz pode comparece no local para verificar coisas ou pessoasrelacionadas ao litgio, por vontade prpria ou a pedido de uma das partes. A inspeo pode ser de pessoas,coisas ou lugares. A inspeo judicial ocorrer quando o juiz entender necessrio, durante essa inspeo omagistrado pode ser assistido de um ou mais peritos. Ademais, s partes assegurado o direito de assistir ainspeo.

    NUS DA PROVAO conceito do termo nus da prova remonta a antiguidade clssica e foi mencionado primeiramente pelo DireitoRomano.

    nus, no sentido jurdico atribudo ao termo, uma situao de compulso, de necessidade da parte, noprocesso, praticar determinado ato. Difere de obrigao, na abalizada opinio de Arruda Alvim, na medida emque pede uma conduta cujo inadimplemento ou cumprimento traz benefcios parte que ocupa o outro plo da relao jurdica sendo que havendo omisso do obrigado, ele ser ou poder ser coercitivamente obrigado pelo sujeito ativo, ao passo quenaquele (no nus), o individuo que no o cumprir sofrer pura e simplesmente as conseqncias negativas dodescumprimento, que recairo sobre ele prprio.

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    O nus da prova, especificamente, toca necessidade daquele que alega os fatos, de provar as suas alegaes, sobpena de no o fazendo - correr o risco de ter a demanda julgada contra si. Neste mesmo sentido AmauriMascaro Nascimento sustenta que nus da prova a responsabilidade atribuda a parte para produzir uma prova e que, umavez no desempenhada satisfatoriamente, traz, como consequncia, o no reconhecimentos, pelo rgo jurisdicional, da existncia

    do fato que a prova destina-se demonstrar.

    Art. 333. O nus da prova incumbe:I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;II - ao ru, quanto existncia de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.Pargrafo nico. nula a conveno que distribui de maneira diversa o nus da prova quando:I - recair sobre direito indisponvel da parte;II - tornar excessivamente difcil a uma parte o exerccio do direito.

    nus da Prova no Processo do TrabalhoA peculiaridade do processo do trabalho fato inegvel, j que como meio de efetivao do direito do trabalhotraz em seu bojo a proteo dos interesses do trabalhador. A proteo, a qual se faz aluso, deve aplicar-se emtodas as fases do processo, mormente no que tange prova e ao nus de produzi-la. A distribuio do nus daprova no mbito do Processo Civil, como j mencionado, seguiu o princpio da igualdade formal de partes, o quevem de encontro ao apregoado por este ramo do direito processual. No entanto quando se tratar de DireitoProcessual do Trabalho a aplicao se torna invivel frente a coliso de princpios.

    H uma tendncia, baseada na maior fragilidade do empregado nas relaes de emprego, que tenta atribuirmaior nus de prova ao empregador, que esbarra no princpio da isonomia das partes do processo. Emconformidade com Manoel Antnio Teixeira Filho, ao afirmar que:

    Isto nos leva a afirmar, por conseguinte, a grande tarefa da doutrina trabalhista brasileira, que tanto se temempenhado em cristalizar o princpio da inverso do nus da prova, em beneficio do trabalhador , oqual consistir em encontrar, no prprio contedo do artigo 818 da Consolidao das Leis do Trabalho, osfundamentos que at ento vm procurando, abstratamente, para dar concreo ao principio do encargo daprova em prol do trabalhador. Vale dizer: o caminho sugerido o da elaborao de uma precisa exegesedaquele artigo, cujo verdadeiro sentido ainda no foi idealmente apreendido pela inteligncia doutrinria.

    Assim, nos processos da Justia do Trabalho h uma inverso no nus da prova, cabendo ao empregador provar

    ser falso o fato alegado pelo empregado.

    ESPCIES DE PERCIAA percia tem espcies distintas, identificveis e definveis segundo os ambientes em que chamada a atuar, taisambientes definiro as caractersticas e podem ser classificados como: ambiente judicial, ambiente semijudicial,ambiente extrajudicial ambiente arbitral, tendo para cada qual uma espcie de percia.

    Percia Judicial: aquela realizada dentro dos procedimentos processuais do Poder Judicirio, pordeterminao, requerimento ou necessidade de seus agentes ativos, e se processa segundo as regras legaisespecficas, motivada no fato de o juiz depender de conhecimento tcnico ou especializado de um profissionalpara poder decidir. A responsabilidade que pesa nos ombros do juiz repartida com a do perito que o instruiu

    com a certificao de causas e fatos e com a opinio prpria (profissional e pessoal). A cota de responsabilidadeque cabe ao perito tem como garantia suas qualidades de especialista e requisitos de moralidade e honestidade.

    A esfera judicial composta por varas. E a vara tem o sentido e alcance contbil jurdico de jurisdio da justia.Representa tambm a insgnia da autoridade do juiz. Atualmente, exprime a prpria rea judicial, onde o juizexerce o seu poder jurisdicional.

    Varas Criminais: fraudes e vcios contbeis, adulteraes de lanamentos e registros, desfalques e alcances,apropriaes indbitas, inqurito judicial para efeitos penais, crimes contra a ordem econmica e tributria eoutras.

    Justia do Trabalho: indenizaes de diversas modalidades, litgios entre empregadores e empregados dediversas espcies.

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    Varas Cveis Estaduais: ordinria, apurao de haveres, avaliao de patrimnio incorporado, busca e apreenso,consignao em pagamento, comisso de pena pecuniria, cambiais, compensao de crditos, consignao edepsito para pagamento, desapropriao de bens, dissoluo de sociedade, excluso de scio, embargos deimpedimento de consumao de alienao, estimativa de bens penhorados, exibio de livros e documentos,extravio e dissipao de bens, falta de entrega de mercadorias, fundo de comrcio, indenizao por danos,inventrios na sucesso hereditria, liquidao de empresas, lucros cessantes, medidas cautelares, possessria,prestao de contas, rescisria, reviso de contratos bancrios.

    Varas de Falncias e Concordatas: percias falimentares em geral e concordatas preventivas, suspensivas.

    Varas da Fazenda Pblica e Execues Fiscais: percias envolvendo tributos de um modo geral, tais como ICMS,ISS, IPTU.

    Varas de Famlia: avaliao de penses alimentcias, avaliaes patrimoniais e outras.

    Justia Federal: execuo fiscal (INSS, FGTS, tributos federais e contribuies sociais em geral), reviso do SFHquando envolve a CEF, aes que envolve a Unio (ex.: desapropriao de terra por parte da Unio).

    Percia Semijudicial: aquela realizada dentro do aparato institucional do Estado, porm fora do Poderjudicirio, tendo como finalidade principal ser meio de prova nos ordenamentos institucionais usurios.Subdivide-se segundo o aparato estatal atuante: policial (nos inquritos); parlamentar (CPI e CEI) eadministrativo-tributria (administrao pblica tributria e conselho de contribuintes), tais autoridades tempoder jurisdicional, por estarem sujeitas a regras legais e regimentais semelhantes Percia Judicial.

    Percia Extrajudicial: aquela realizada fora do Estado, por necessidade e escolha de entes fsicos e jurdicosparticulares privados no sentido estrito, ou seja, no submetveis a uma outra pessoa encarregada de arbitrara matria conflituosa (for do juzo arbitral tambm). natural que as partes em litgio no cheguem facilmente aum acordo, em primeiro lugar por motivos egosticos de cada parte; em segundo por incompreenso ou

    ignorncia da matria em questo. Neste ponto invoca-se a interveno de um profissional tanto para ter umjuzo imparcial no assunto debatido, quanto para elucidar tecnicamente a questo em que no se harmonizam osinteresses.

    Fuso: operao pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar uma nova sociedade, que as sucederem todos os direitos e obrigaes.

    Ciso: operao pela qual a companhia transfere parcelas de sua patrimnio para um ou mais sociedades,constitudas para esse fim ou j existentes, extinguindo-se a companhia cindida se houver verso de todo o seupatrimnio, ou dividindo-se o seu capital.

    Incorporao: operao pela qual uma ou mais sociedades so absorvidas por outra, que as sucede em todos osdireitos e obrigaes.

    Medidas Administrativas: so os procedimentos para embasar decises administrativas, demisses por justacausa, responsabilidade de gerentes/diretores quando da administrao e retorno de capital, apurao deeficincia, ou no, da gesto de estoques. E tambm de impugnao de autos de infraes, como por exemplo,temos: as percias na esfera administrativa da Secretaria da Receita Federal, onde encontramos a figura do peritoe do assistente tcnico indicado pelo contribuinte.

    Percia Arbitral: aquela realizada em juzo arbitral instncia decisria criada por vontade das partes no seenquadrando em nenhuma das anteriores por suas caractersticas especialssimas de atuar, pois, embora noseja judicialmente determinada, tem valor de percia judicial, mas natureza extrajudicial, pois as pa rtes litigantesescolhem as regras que sero aplicadas na arbitragem. Pode ser classificada como probante: quando funcionar

    como meio de prova do juzo arbitral; ou; decisria: quando ela prpria a arbitragem.

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    Justia Arbitral: a partir de 1996, em decorrncia da Lei Federal n 9307, foram revogadas as normas quevigoravam sobre o juzo arbitral de que tratavam o Cdigo Civil e o Cdigo de Processo Civil. D novo tratamentolegal ao instituto do Juzo Arbitral, conferindo s partes a liberdade de escolha de rbitro, para a soluo depossveis controvrsias sem a interveno do poder estatal. Por isso e diante disso, os mais variados segmentosda indstria, comrcio, e associaes criaram as cmaras de juzo arbitral onde avultam questes de perciacontbil.

    RESOLUO CFC N. 1.243/09 - NBC TP 01 Norma Tcnica de Percia Contbil

    4. A percia contbil, tanto a judicial como a extrajudicial, de competncia exclusiva de contador registrado em Conselho Regional deContabilidade. Entende-se como percia judicial aquela exercida sob a tutela da justia. A percia extrajudicial aquela exercida no mbitoarbitral, estatal ou voluntria.

    5. A percia arbitral aquela exercida sob o controle da Lei da arbitragem. Percia estatal executada sob o controle de rgo do Estado, taiscomo percia administrativa das Comisses Parlamentares de Inqurito, de percia criminal e do Ministrio Pblico. Percia voluntria aquela contratada espontaneamente pelo interessado ou de comum acordo entre as partes.

    PERITO CONTADORPerito o contador regularmente registrado em Conselho Regional de Contabilidade, que exerce a atividadepericial de forma pessoal, devendo ser profundo conhecedor, por suas qualidades e experincias, da matriapericiada.

    Competncia ProfissionalCompetncia tcnico-cientfica pressupe ao perito manter adequado nvel de conhecimento da cincia contbil,das Normas Brasileiras de Contabilidade, das tcnicas contbeis, da legislao relativa profisso contbil eaquelas aplicveis atividade pericial, atualizando-se, permanentemente, mediante programas de capacitao,treinamento, educao continuada e especializao. Para tanto, deve demonstrar capacidade para:

    pesquisar, examinar, analisar, sintetizar e fundamentar a prova no laudo pericial contbil e no parecerpericial contbil.

    realizar seus trabalhos com a observncia da equidade significa que o perito-contador e o perito-contadorassistente devem atuar com igualdade de direitos, adotando os preceitos legais, inerentes profissocontbil.

    O esprito de solidariedade do perito no induz nem justifica a participao ou a conivncia com erros ou atosinfringentes s normas profissionais, tcnicas e ticas que regem o exerccio da profisso, devendo estarvinculado busca da verdade ftica, a fim de esclarecer o objeto da percia de forma tcnica-cientfica e o perito-contador assistente para subsidiar na defesa da parte que o indicou.

    Habilitao ProfissionalO perito deve comprovar sua habilitao profissional por intermdio da Declarao de Habilitao Profissional DHP, de que trata a Resoluo CFC 871/2000. permitida a utilizao da certificao digital, em consonnciacom a legislao vigente e as normas estabelecidas pela Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileiras - ICP-Brasil.

    A DHP deve ser afixada abaixo da assinatura do perito-contador ou do perito-contador assistente, e no caso daDHP-Eletrnica, deve ser colocada na primeira folha aps a assinatura de cada profissional, no laudo pericialcontbil ou no parecer pericial contbil.

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    A nomeao, a contratao e a escolha do perito-contador para o exerccio da funo pericial contbil, emprocesso judicial, extrajudicial e arbitral devem ser consideradas como distino e reconhecimento dacapacidade e honorabilidade do contador, devendo este escusar-se do encargo sempre que reconhecer no tercompetncia tcnica ou no dispor de estrutura profissional para desenvolv-lo, podendo utilizar o servio deespecialistas de outras reas, quando parte do objeto da percia assim o requerer.

    A indicao ou a contratao para o exerccio da atribuio de perito-contador assistente, em processoextrajudicial, devem ser consideradas como distino e reconhecimento da capacidade e da honorabilidade docontador, devendo este recusar os servios sempre que reconhecer no estar capacitado a desenvolv-los,contemplada a utilizao de servios de especialistas de outras reas, quando parte do objeto do seu trabalhoassim o requerer.A utilizao de servios de especialista de outras reas, quando parte do objeto da percia assim o requerer, noimplica presuno de incapacidade do perito, devendo tal fato ser, formalmente, relatado no laudo pericialcontbil ou no parecer pericial contbil para conhecimento do julgador, das partes ou dos contratantes.

    A indicao ou a contratao de perito-contador assistente ocorre quando a parte ou contratante desejar ser

    assistida por um contador, ou comprovar algo que dependa de conhecimento tcnico-cientfico, razo pela qual oprofissional s deve aceitar o encargo se reconhecer estar capacitado com conhecimento suficiente,discernimento e irrestrita independncia para a realizao do trabalho.

    Para efeito de controle tcnico dos laudos periciais e pareceres periciais contbeis, os Conselhos Regionais deContabilidade devem manter relatrios atualizados contendo, no mnimo, identificao do nmero do processo elocal de sua tramitao, para os quais foram utilizados a DHP. Tratando-se de percia extrajudicial, inclusivearbitral, devem ser indicadas as partes para as quais foram utilizadas tais declaraes.

    Educao ContinuadaO perito, no exerccio de suas atividades, deve comprovar a participao em programa de educao continuada,

    na forma a ser regulamentada pelo Conselho Federal de Contabilidade.

    IndependnciaO perito deve evitar qualquer interferncia que possa constrang-lo em seu trabalho, no admitindo, emnenhuma hiptese, subordinar sua apreciao a qualquer fato, pessoa, situao ou efeito que possa comprometersua independncia, denunciando a quem de direito a eventual ocorrncia da situao descrita.

    DISTINO ENTRE PERITO EASSISTENTE TCNICODo ponto de vista da legislao processual, o perito contbil o profissional de nvel universitrio, devidamenteinscrito no Conselho Regional de Contabilidade, conforme Decreto Lei n 9295/46, que define as atribuies docontador. Esse profissional ser nomeado pelo Magistrado, o qual tambm fixa o prazo para a concluso do

    laudo, conforme determina o Art. 421 do Cdigo de Processo Civil - CPC.

    Embora esteja no rol de auxiliares da Justia, CPC, Art. 139, e entre os quais encontram-se o escrivo, o oficial deJustia, o perito, o depositrio, o administrador e o intrprete, no um funcionrio pblico concursado, trata-sede profissional liberal devidamente habilitado de livre escolha do Magistrado, por ser pessoa de sua confiana.

    O juiz, quando nomeia o perito, o faz de forma especfica para o processo que assim exigiu conhecimentotcnico-cientfico, cabendo a este o aceite caso se considere apto matria em discusso, ou a recusapor impedimento ou suspeio, Art. 138, CPC; fica essa nomeao restrita ao processo indicado, e a suaremunerao ser paga pela parte que requereu a prova ou pelo autor quando esta for determinada pelo Juiz,podendo ser substitudo nas hipteses de: falecimento, carecer de conhecimento tcnico-cientfico ou, semmotivo, legtimo, deixar de cumprir o encargo no prazo prescrito, ficando o profissional sujeito multa einabilitao, CPC, Art. 424.

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    Quanto ao assistente tcnico, do ponto de vista processual, indicado pelos litigantes, no existindo razesde impedimento entre o assistente e a parte, pois so profissionais de confiana da parte, no sendo necessria asua aprovao pelo Magistrado; o litigante apenas o indica para que seja vlida a apresentao de parecer tcnicodivergente ao do perito oficial, se for o caso, sendo a sua remunerao paga pela parte que o indicou.

    imprescindvel o seu registro no Conselho Regional de Contabilidade para que seja legtimo o seu parecer. Paraambos, aplica-se o disposto no CPC, Art. 147, quanto a informaes inverdicas, cabendo a pena de recluso de 1a 3 anos, podendo aumentar de um sexto a um tero, Cdigo Penal, Art. 342 e 1, por afirmao falsa ou ainda,calar a verdade ou simplesmente que a sua atitude no seja isenta ou equilibrada, cuja extenso da lei vaialm do exame falso ou afirmao falsa, pois imprime responsabilidade pelo fato de ter acesso verdade e

    deixar de traz-la aos autos.

    Ambos os profissionais, perito e assistente tcnico, que prestarem informaes inverdicas, respondero pelosprejuzos que causarem, ficando inabilitados de funcionarem em outras percias. Esses erros alcanam tambm oteor do Cdigo Penal, Art. 347, sendo para o perito nomeado pelo Juiz a atribuio de induo a erro por umcarter mais grave, eis que nessa relao Juiz e Perito emerge a confiana do Magistrado sobre o profissionalnomeado.

    Para o assistente tcnico indicado vale a induo ao erro quando imprime uma opinio falsa sobre fatos de que

    tenha conhecimento ou que deveria ter. Em casos mais gravssimos, h o crime de conivncia com a parte nautilizao de documentos e informaes falsas ou inexatas.

    Sob o prisma tico, ou seja, sob os olhos das Normas do Conselho Federal de Contabilidade, Resoluo n 857, de21.10.1999, equiparam-se os profissionais, ou seja, atribuem-se as mesmas prerrogativas e responsabilidade

    para o perito contbil nomeado pela Justia e ao Assistente indicado pela parte; esse nivelamento deprerrogativa e responsabilidade implica ao assistente indicado os motivos de impedimento e recusa enquanto oCPC atribui tal fator somente ao perito nomeado pela Justia.

    COMPARAO DOS PROFISSIONAIS

    PERITO ASSISTENTE TCNICO

    1 - Nomeado pelo Juiz 1- Indicado pelo litigante

    2 - Contador habilitado 2 - Contador habilitado

    3 - Sujeito a impedimento ou a suspeio, prevista 3 - No est sujeito ao impedimento, previsto no C

    4 - Recebe seus honorrios mediante alvar deterJustia

    4 - Recebe seus honorrios diretamente da pindicou

    5 - O prazo para entrega dos trabalhos deterJuiz

    5 - O prazo de manifestao para opinar sobreperito de 10 dias aps a publicao da entreoficial

    6 - Profissional de confiana do Juiz 6 - Profissional de confiana da parte

    O CARTER PRIVATIVO DA PERCIA CONTBIL AOS CONTADORES DIPLOMADOSA Norma Brasileira de Contabilidade NBC TP 01 - da Percia Contbil consideram leigo ou profissional no-habilitado para a elaborao de laudos periciais contbeis e pareceres periciais contbeis qualquer profissionalque no seja o contador, habilitado perante o Conselho Regional de Contabilidade.

    So atividades privativas dos contadores: aulas de graduao e ps-graduao em contabilidade, perciasjudiciais ou extrajudiciais, auditorias, organizao e execuo de servios de administrao financeira eeconmica alm de fluxos de caixa e prestaes de contas, reviso de balanos e de contas em geral, verificaode haveres, inclusive a elaborao de balanos especiais e a mensurao do fundo de comrcio e demaisintangveis, reviso permanente ou peridica de escritas, inspees judiciais ou extrajudiciais sobre atos ou fatoscontbeis, assistncia aos Conselhos Fiscais das sociedades annimas, assistncia tecnolgica cientfica elaborao de programas de computadores que estejam voltados cincia ou poltica contbil e qualquerforma de controle patrimonial, emisso de opinio cientfica sobre abuso de poder e desvio de funo econfuso patrimonial, e quaisquer outras atribuies de natureza tcnica conferidas por lei aos profissionais decontabilidade.

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    O labor pericial contbil considerado trabalho tcnico de contabilidade. Pois a percia contbil prerrogativaexclusiva do contador, profissional com nvel superior. Assim, no pode ser exercida por pessoa de nvelsecundrio ou com formao universitria diversa.

    Supe-se que o profissional que no possui a qualificao de contador diplomado, no possui a capacidade legal.

    RESOLUO CFC N. 1.244/09 - NBC PP 01 Norma Profissional do Perito

    2. Perito o Contador regularmente registrado em Conselho Regional de Contabilidade, que exerce a atividade pericial de forma p essoal,devendo ser profundo conhecedor, por suas qualidades e experincias, da matria periciada.

    3. Perito-contador nomeado o designado pelo juiz em percia contbil judicial; contratado o que atua em percia contbil extrajudicial;e escolhido o que exerce sua funo em percia contbil arbitral.

    4. Perito-contador assistente o contratado e indicado pela parte em percias contbeis, em processos judiciais e extrajudiciais, inclusivearbitral.

    ARECUSA DA NOMEAO,IMPEDIMENTOS OU SUSPEIO ESUBSTITUIOA Resoluo do CFC 1.050/05, explicita os conflitos de interesses motivadores dos impedimentos e dassuspeies a que esto sujeitos o perito-contador e o perito-contador assistente nos termos da legislao do CFC

    e seu Cdigo de tica Profissional. Com relao intimao do perito, ou a sua recusa por impedimento,suspeio e pedido de substituio, destacamos uma grande evoluo na Justia Federal, petio eletrnica,especificamente na 2 Vara Federal da subseo judiciria de Curitiba, da seo judiciria do Paran relativa Portaria 01/2007:

    Determinar que, nos processos em que houver designao de prova pericial, deve a Secretaria proceder intimao de peritos, via correio eletrnico, sempre que possvel, bem como, pela mesma via,receber resposta de aceitao do encargo, proposta de honorrios periciais e pedidos de dilao deprazo para o trmino da percia, entre outras comunicaes.

    RecusaFoi e sempre ser uma grande honra, um privilgio mpar a nomeao de um contador na funo de peritojudicial. Pois uma forma de reconhecimento e valorizao profissional, ser o auxiliar da mais elevada das

    prestaes de servio, a Justia. Porm, existem fatores de recusa do honroso encargo. Deve o profissionalimpedido faz-lo por escrito no prazo mximo de cinco dias da sua intimao, conforme prev o Art. 423 doCPC. Se o perito no o fizer no prazo, est obrigado a cumprir a tarefa. Nesse caso, deve o perito formalizar a suarecusa sob a forma de uma petio, requerendo que o Dr. Juiz venha a desobrig-lo da honrosa incumbncia, bemcomo demonstrar as razes de sua recusa, que podem ser:

    Estado de sade;

    Indisponibilidade de tempo; Falta de recursos humanos ou materiais para assumir o encargo; Se a matria, objeto da percia no for de seu total domnio; E ainda na hiptese de que a nomeao deveria ter sido feita para profissional de formao acadmica

    diversa, como exemplo, engenheiro, qumico, fsico, mdico.

    Fica o perito sujeito s sanes, onde a mais severa de ordem moral, pela sua no-indicao para prestarservios em outros processos. O Art. 339 do CPC prev que ningum se exime do dever de colaborar com o poderjudicirio para o descobrimento da verdade. A experincia mostra que os Juzes normalmente dividem essestrabalhos entre os profissionais que prestam servios Justia, buscando no sobrecarregar um ou outroprofissional com trabalhos sem remunerao. Esse encargo rateado entre os profissionais de confiana do

    Juzo. Como demonstrado, trata-se de uma grande honra, e, em segundo lugar, um dever patritico,oportunidade mpar de possibilitar a todos a Justia.

    IMPEDIMENTO E SUSPEIOA recusa, conforme explanado, opera-se por motivos mais amplos e pessoais; quanto ao impedimento oususpeio, depende de fatores externos e de terceiros. Deve o profissional notificar imediatamente o Juiz, ou aparte interessada poder denunciar o impedimento ou suspeio, conforme Art. 138, III, do CPC. Essadenncia dever ser feita por petio devidamente fundamentada. Os motivos de suspeio e impedimentos soos mesmos aplicados ao Juiz conforme Arts. 134 e 135.

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    So situaes fticas ou circunstanciais que impossibilitam o perito de exercer, regularmente, suas funes ourealizar atividade pericial em processo judicial ou extrajudicial, inclusive arbitral. Os itens explicitam os conflitosde interesses motivadores dos impedimentos e das suspeies a que est sujeito o perito nos termos dalegislao vigente e do Cdigo de tica Profissional do Contabilista.

    Para que o perito possa exercer suas atividades com iseno, fator determinante que ele se declare impedido,aps, nomeado, contratado, escolhido ou indicado quando ocorrerem as situaes previstas nesta Norma.

    Quando nomeado em juzo, o perito-contador deve dirigir petio, no prazo legal, justificando a escusa ou omotivo do impedimento.

    Quando indicado pela parte, no aceitando o encargo, o perito-contador assistente deve comunicar parte, porescrito, com cpia ao juzo, a recusa devidamente justificada.

    Impedimento LegalO perito-contador nomeado ou escolhido deve se declarar impedido quando no puder exercer suas atividadescom imparcialidade e sem qualquer interferncia de terceiros, ou ocorrendo pelo menos uma das seguintessituaes:

    a)

    for parte do processo;b) tiver atuado como perito contador contratado ou prestado depoimento como testemunha no processo;c) tiver mantido, nos ltimos dois anos, ou mantenha com alguma das partes ou seus procuradores, relao de

    trabalho como empregado, administrador ou colaborador assalariado;d) tiver cnjuge ou parente, consangneo ou afim, em linha reta ou em linha colateral at o terceiro grau,

    postulando no processo ou entidades da qual esses faam parte de seu quadro societrio ou de direo;e) tiver interesse, direto ou indireto, mediato ou imediato, por si, por seu cnjuge ou parente, consanguneo ou

    afim, em linha reta ou em linha colateral at o terceiro grau, no resultado do trabalho pericial;f)

    exercer cargo ou funo incompatvel com a atividade de perito-contador, em funo de impedimentoslegais ou estatutrios;

    g) receber ddivas de interessados no processo;h) subministrar meios para atender s despesas do litgio; e

    i)

    receber quaisquer valores e benefcios, bens ou coisas sem autorizao ou conhecimento do juiz ou rbitro.

    Impedimento TcnicoO impedimento por motivos tcnico-cientficos a ser declarado pelo perito decorre da autonomia, estruturaprofissional e da independncia que devem possuir para ter condies de desenvolver de forma isenta o seutrabalho. So motivos de impedimento tcnico-cientfico:

    a) a matria em litgio no ser de sua especialidade;b)

    a constatao de que os recursos humanos e materiais de sua estrutura profissional no permitem assumiro encargo; cumprir os prazos nos trabalhos em que o perito-contador for nomeado, contratado ou

    escolhido; ou em que o perito-contador assistente for indicado;c) ter o perito-contador da parte atuado para a outra parte litigante na condio de consultor tcnico oucontador responsvel, direto ou indireto em atividade contbil ou em processo no qual o objeto de perciaseja semelhante quele da discusso, sem previamente comunicar ao contratante.

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    SuspeioO perito-contador nomeado ou escolhido deve declarar-se suspeito quando, aps, nomeado, contratado ouescolhido verificar a ocorrncia de situaes que venha suscitar suspeio em funo da sua imparcialidade ouindependncia e, desta maneira, comprometer o resultado do seu trabalho em relao deciso.

    Os casos de suspeio aos quais esto sujeitos o perito-contador so os seguintes:

    a) ser amigo ntimo de qualquer das partes;b) ser inimigo capital de qualquer das partes;c) ser devedor ou credor em mora de qualquer das partes, dos seus cnjuges, de parentes destes em linha reta

    ou em linha colateral at o terceiro grau ou entidades das quais esses faam parte de seu quadro societrioou de direo;

    d) ser herdeiro presuntivo ou donatrio de alguma das partes ou dos seus cnjuges;e) ser parceiro, empregador ou empregado de alguma das partes;f) aconselhar, de alguma forma, parte envolvida no litgio acerca do objeto da discusso; eg) houver qualquer interesse no julgamento da causa em favor de alguma das partes.

    O perito pode ainda declarar-se suspeito por motivo ntimo.

    PROCEDIMENTOSOs procedimentos de percia contbil visam fundamentar as concluses que sero levadas ao laudo pericialcontbil ou parecer pericial contbil, e abrangem, total ou parcialmente, segundo a natureza e a complexidade damatria, exame, vistoria, indagao, investigao, arbitramento, mensurao, avaliao e certificao.

    O exame a anlise de livros, registros das transaes e documentos.

    A vistoria a diligncia que objetiva a verificao e a constatao de situao, coisa ou fato, de formacircunstancial.

    A indagao a busca de informaes mediante entrevista com conhecedores do objeto ou de fato relacionado percia.

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    A investigao a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial contbil ou parecer pericial contbil o que estoculto por quaisquer circunstncias.

    O arbitramento a determinao de valores ou a soluo de controvrsia por critrio tcnico-cientfico.

    A mensurao o ato de qualificao e quantificao fsica de coisas, bens, direitos e obrigaes.

    A avaliao o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigaes, despesas e receitas.

    A certificao o ato de atestar a informao trazida ao laudo pericial contbil pelo perito-contador, conferindo-lhe carter de autenticidade pela f pblica atribuda a este profissional.

    QUESITOSO autor de uma ao judicial, na pea vestibular, indicar as provas que pretende e poder requerer perciacontbil, formulando, desde o incio, os quesitos. Pode, ainda, indicar assistente tcnico, por fora de normalegal. Pode tambm o ru requerer percia contbil, formulando os seus quesitos; possvel ainda, indicarassistente tcnico, por fora de norma legal. Os documentos imprescindveis inspeo judicial podero ser

    juntados nessa fase, em decorrncia do Art. 282 do CPC, contudo no se est esgotando essa possibilidade nainicial ou na contestao, pois so possvel que o juiz permita que esses documentos contbeis sejamapresentados ao perito posterior, inclusive alguns podem estar em poder de terceiros ou protegidos pelo sigiloprofissional, fiscal ou industrial e outros livros e documentos devem ser examinados na sede do estabelecimentoempresarial e s vistas da parte, por fora do CC/2002.

    Quesitos IndeferidosOs quesitos, como regra geral, so apreciados e deferidos pelo Magistrado para se evitar indagaesimpertinentes ou fora da verdade perseguida. O nosso ordenamento jurdico, Art. 426 do CPC, revela que cabe aojuiz indeferir os quesitos que entenda impertinentes ou fora do ponto controvertido, fixado em audincia. Osquesitos fora do mbito, objeto da discusso, podem ser entendidos como procrastinatrios, que so os quesitosque abordam fatos no relacionados com o ponto controvertido. Alerta: o Perito no pode deixar de responder aum quesito simplesmente porque entendeu ser impertinente a causa, isso no a sua funo.

    Quesitos de EsclarecimentosPelo exposto at aqui, est evidente que quesitos de esclarecimentos no so uma nova percia, ou novadiligncia, apenas o aclaramento de fatos apurados pela percia, ou a possibilidade de corrigir erros involuntrioscometidos pelo perito, onde estes equvocos involuntrios, por questo de justia e equidade, devem ser revistos,pois a verdade deve prevalecer. Assim, deve o perito informar que um esclarecimento.

    Quesitos Suplementares ou ComplementaresAps a oferta dos quesitos principais, e consequentemente proposta de honorrios, podem surgir,normalmente no curso das diligncias, novas questes fticas que so relevantes para o deslinde da causa e queno foram quesitadas no incio. Onde a relevncia do fato determina a amplitude do trabalho, situao previstaem nosso ordenamento jurdico, CPC, Art. 425, porm, tal fato s permitido durante as diligncias e antes da

    concluso do laudo pericial. Nessa fase importante o papel do perito assistente, onde este deve iluminar opatrono do seu cliente para no perder a oportunidade, pois, aps a concluso dos trabalhos, no maispermitida a ampliao deste.

    Quesitos ImpertinentesSo impertinentes funo contbil os quesitos que buscam a interpretao de textos legais, ou ligados matriade mrito, ou pertencentes a outra profisso: medicina, engenharia etc.

    Segunda Percia e Inspeo JudicialIndependentemente de ser invalidada uma percia, pode ocorrer uma segunda, sobre o mesmo assunto ou o juizpode efetuar uma inspeo acompanhado pelo perito que efetuou a primeira percia ou outro perito, paraconfirmar atos, fatos ou coisas.

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    Segunda PerciaAs despesas dos atos da segunda percia ficaro a cargo da parte, do serventurio, do rgo do Ministrio Pblicoou do juiz que, sem justo motivo, houver dado causa repetio, isso por fora do Art. 29 do CPC. A primeirapercia pode ser anulada, quando for comprovado que o perito: no tem conhecimento tcnico ou cientfico sobreo assunto; no cumprir o prazo; apresentou dados falsos; tenha induzido o juzo a erro; usou de falsa ideologia;esteja impedido ou suspeito.

    Inspeo JudicialNas atividades de inspeo judicial, o magistrado pode, se assim o desejar, ser acompanhado de um perito, paraauxili-lo na identificao de coisas, atos e fatos. Esse tipo de percia, vinculada inspeo do magistrado, podeconsistir um arbitramento, exame, ou numa avaliao, e constitui-se basicamente na observao direta, nafiscalizao, ou na interpretao de fatos, coisas ou atos. Pode ser determinada como medida: ad perpetuam reimemoriam, quando do receio de desaparecimento dos fatos ou coisas que se pretende provar na inspeo.

    HONORRIOS PERICIAIS

    Os honorrios so a remunerao do perito e do assistente pelos servios prestados. No entanto, consideramosser uma parte muito delicada no relacionamento com o cliente, pois nesse momento que o perito estima a suaremunerao e apresenta ao juzo a sua proposta, porm, possvel que a parte responsvel pelo depsito venhaquestion-lo, ou a ratinhar a proposta de honorrios, alegando que esto caros, que o cliente no pode arcar como nus, e assim por diante. E o perito diante da impugnao dos valores encontra-se em uma situaodesconfortvel, pois tem que justificar minuciosamente o que compe o valor sugerido.

    Depsito dos HonorriosComo fator de segurana ao perito, temos o depsito antecipado dos honorrios, pois a Justia no acolhe aqueleque silencia; deve o profissional requerer que seja efetuado o depsito dos honorrios antes do incio dostrabalhos, conforme prev a lei, CPC, Art. 19. Pois, na hiptese de no existir o depsito dos honorrios, ter oprofissional que ajuizar ao para receber a sua verba, conforme preceitua o item V do Art. 585 do CPC, para oqual dever ser observado o procedimento sumrio conforme letra f do Art. 275 do CPC de 1973. A ao para acobrana prescreve no prazo de um ano, a contar da sentena, 6, item X do Art. 178 do CC/1916 e inc. II, 5do Art. 206 do CC/2002. A estimativa inicial de honorrios que dever ser apresentada ao judicirio deve serclara quanto sua abrangncia, pois as partes podem apresentar quesitos suplementares (CPC, Art. 425), e aproposta inicial no abranger tal dispndio de trabalho e, caso eles ocorram, o perito arcar com o prejuzo,razo pela qual sugerimos que, na estimativa inicial, seja requerido ao meritssimo a possibilidade decomplementar a verba honorria em caso de serem deferidos quesitos complementares.

    Honorrios do Perito-Contador AssistenteOs assistentes tcnicos recebem a sua remunerao diretamente da parte que os indica como assistente (CPC,Art. 33). Os honorrios podem ser negociados livremente, sem qualquer vnculo com os do perito, podendo sersuperiores ou inferiores. Sugerimos que seja observada a prtica de um contrato entre o assistente e a parte,seguindo os mesmos moldes da proposta do perito, em cuja segunda via deve ser colocado o de acordo da parte

    contratante. No caso de dvida quanto ao pagamento da remunerao do perito assistente, enfocamos oEnunciado 341 do TST, de 09.03.1995: Honorrios do Assistente tcnico. A indicao do perito assistente faculdadeda parte, a qual deve responder pelos respectivos honorrios, ainda que vencedora no objeto da percia.

    Na elaborao da proposta de honorrios, o perito dever considerar os seguintes fatores: a relevncia, o vulto, orisco, a complexidade, a quantidade de horas, o pessoal tcnico, o prazo estabelecido, a forma de recebimento eos laudos interprofissionais, entre outros fatores.

    A relevncia entendida como a importncia da percia no contexto social e sua essencialidade para dirimir asdvidas de carter tcnico-cientfico contbil, suscitadas em demanda judicial ou extrajudicial.

    O vultoest relacionado ao valor da causa no que se refere ao objeto da percia; dimenso determinada pelovolume de trabalho; e abrangncia pelas reas de conhecimento envolvidas.

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    O riscocompreende a possibilidade do honorrio pericial no ser integralmente recebido, o tempo necessrio aorecebimento, bem como a antecipao das despesas necessrias execuo do trabalho. Igualmente, devem serlevadas em considerao as implicaes cveis, penais, profissionais e outras de carter especfico a que poderestar sujeito o perito.

    A complexidadeest relacionada dificuldade tcnica para a realizao do trabalho pericial em decorrncia dograu de especializao exigido; dificuldade em obter os elementos necessrios para a fundamentao do laudopericial contbil; e ao tempo transcorrido entre o fato a ser periciado e a realizao da percia. Deve serconsiderado tambm o ineditismo da matria periciada.

    As horas estimadas para a realizao de cada fase do trabalho o tempo despendido para a realizao dapercia, mensurado em horas trabalhadas pelo perito-contador, quando aplicvel.

    O pessoal tcnico formado pelos auxiliares que integram a equipe de trabalho do perito, estando os mesmossob sua orientao direta e inteira responsabilidade.

    O prazo determinado nas percias judiciais ou contratado nas extrajudiciais deve ser levado em conta nas

    propostas de honorrios, considerando-se eventual exiguidade do tempo que requeira dedicao exclusiva doperito e da sua equipe para a consecuo do trabalho.

    O prazo mdiohabitual de liquidao compreende o tempo necessrio para recebimento dos honorrios.

    Os laudos interprofissionais e outros inerentes ao trabalho so peas tcnicas executadas por peritoqualificado e habilitado na forma definida no Cdigo de Processo Civil e de acordo com o conselho profissional aoqual estiver vinculado.

    Levantamento dos honorriosO perito-contador deve requerer o levantamento dos honorrios periciais, previamente depositados, na mesma

    petio em que requer a juntada do laudo pericial aos autos.

    O perito-contador pode requerer a liberao parcial dos honorrios quando julgar necessrio para o custeio dedespesas durante a realizao dos trabalhos.

    Execuo de honorrios periciaisQuando os honorrios periciais forem fixados por deciso judicial, estes podem ser executados, judicialmente,pelo perito-contador em conformidade com os dispositivos do Cdigo de Processo Civil.

    Despesas supervenientes na execuo da perciaNos casos em que houver necessidade de desembolso para despesas supervenientes, tais como viagens e estadas,

    para a realizao de outras diligncias, o perito deve requerer ao juzo ou solicitar ao contratante o pagamentodas despesas, apresentando a respectiva comprovao, desde que no estejam contempladas ou quantificadas naproposta inicial de honorrios.

    Elaborao de propostaO perito deve elaborar a proposta de honorrios estimando, quando possvel, o nmero de horas para arealizao do trabalho, por etapa e por qualificao dos profissionais (auxiliares, assistentes, seniores, etc.)considerando os trabalhos a seguir especificados:

    a)

    retirada e entrega dos autos;b) leitura e interpretao do processo;

    c)

    elaborao de termos de diligncias para arrecadao de provas e comunicaes s partes, terceiros eperitos-contadores assistentes;d) realizao de diligncias;

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    e) pesquisa documental e exame de livros contbeis, fiscais e societrios;f) realizao de planilhas de clculos, quadros, grficos, simulaes e anlises de resultados;g) laudos interprofissionais;

    h) elaborao do laudo;i) reunies com peritos-contadores assistentes, quando for o caso;j) reviso final;k) despesas com viagens, hospedagens, transporte, alimentao, etc.;l) outros trabalhos com despesas supervenientes.

    O perito deve considerar, na proposta de honorrios, os seguintes itens:

    a) relevncia e valor da causa;b) prazos para execuo da percia;c) local da coleta de provas e realizao da percia.

    Importante que o perito tambm considere o ineditismo da lide (assuntos que no foram ainda objeto de

    discusso), fato que indubitavelmente, lhe custar mais horas de estudo e aumentar os custos do trabalho.

    LAUDO PERICIALO laudo a pea probante escrita objetiva, clara, precisa e concisa na qual o perito contador expe, de formacircunstanciada, as observaes e estudos que fizeram e registram as concluses fundamentadas da percia.Devendo atender s necessidades do julgador e ao objeto da discusso, sendo defeso os elementos e/ouinformaes que conduzam a dbia interpretao, para que no induza os julgadores a erro. A redao do laudodeve ser abrangente e de forma a prestigiar e valorizar o vernculo nacional, alm de expor os pormenoresligados demanda. Deve esclarecer com base na cincia contbil, eventualmente na poltica contbil, a essnciados fatos colocados apreciao do perito. A opinio deve ter os fundamentos da inspeo pericial, os quaisdevem prestigiar a doutrina nacional contbil e o uso da tecnologia da categoria contbil. O juiz no est adstritoao laudo pericial, podendo formar a sua convico com outros elementos ou fatos provados nos autos, CPC, Art.437. importante frisar que o juiz livre para apreciar as provas, pode inclusive aceitar um parecer tcnicojuntado com a inicial ou contestao e no o laudo pericial, isso de ordem subjetiva, cada juiz procede segundoo seu convencimento. Entendemos que a prova pericial contbil, materializada pelo laudo, a rainha das provas,s perde para a confisso, o ato da parte, declarao de que realmente praticou o alegado.

    Prazo para a Entrega do LaudoO prazo para a entrega do laudo geralmente fixado pelo juiz, Art. 433 do CPC, quando da nomeao; isso noacontecendo, deve o perito-contador, no momento da proposta de honorrios, requererem que seja deferido oprazo por ele (perito) estimado para a concluso dos trabalhos. No entanto, imprevistos podem acontecer; operito pode errar na estimativa das horas a serem consumidas; nesse caso, deve o perito solicitar prorrogao deprazo, Art. 432 do CPC, tomando o devido cuidado para que isso no se torne rotina ou acontea mais de uma vez

    no mesmo pro- cesso. Se virar rotina, pode ser entendido como excesso de trabalho, e o juiz poder diminuir onmero de nomeaes ou at evitar o profissional por estar com acmulo de servio. O perito tem o dever decumprir o prazo, Art. 146 do CPC.

    Respostas Objetivas e Diretas Deve-se ir diretamente ao assunto e sem rodeios quando formar a resposta.Muito cuidado: 1. para no fazer julgamento, isso no atribuio do perito; 2. no gerar opinies polmicas;3. fundamentar de forma cientfica a resposta dos quesitos.

    Forma de Apresentao: a) carta ou petio enviando o laudo; b) cabealho; c) introduo, diligncias eprocedimentos tcnicos; d) exame efetuado, local, extenso e profundidade; e) a opinio holstica do perito;f) resposta aos quesitos do magistrado, do autor e do ru; g) apensos; h) encerramento.

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    PARECER TCNICOO parecer tcnico, que a bem da verdade deveria ser chamado de tecnolgico, tem como limite o objetivo dapercia, quando se trata de opinio sobre o laudo do perito nomeado ou elemento da inicial ou contestao, Art.427 do CPC, quando juntado no incio da demanda. As normas de planejamento, execuo e procedimentosseguem as normas do laudo, que esto definidas na Resoluo CFC 1.243/09. na pea escrita que o perito-

    contador assistente revela de forma clara e objetiva o resultado de seu trabalho: pesquisa, anlise, dilignciasetc..Serve de subsdios ao patrono da parte contratante, como opinio tcnica cientfica contbil. A preparaodo relatrio de exclusiva responsabilidade do perito-contador assistente, onde esto includos somente osaspectos cientfico-contbeis, pois a defesa no cabe ao assistente e sim, ao advogado. Essa pea contbil podeser de concordncia com o laudo pericial contbil ou divergente. A forma de entranhamento aos autos segue ocaminho das peties protocoladas no cartrio. A independncia do parecerista contbil elemento de lastro dafuno, sem, contudo, ficar jungido aos interesses do cliente, pois existe um conjunto de garantias ao livreexerccio da profisso e uma ligao aos princpios constitucionais de legalidade, impessoalidade, moralidade,publicidade e o da eficincia e tambm dos princpios da cincia da contabilidade. Pois a opinio decorre de umaanlise cientfica criteriosa e responsvel de um caso concreto, onde se privilegia o direito e dever recprococonjuntamente com a tica.