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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE PETRÓLEO MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO BETINA VATH Niterói, 2011

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Page 1: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE PETRÓLEO

MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO

BETINA VATH

Niterói, 2011

Page 2: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

BETINA VATH

PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE PETRÓLEO

Monografia apresentada ao Curso de

Engenharia de Petróleo da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial

para a obtenção do título de Engenheira de

Petróleo.

Orientador: Fernando Cunha Peixoto

Niterói

2011

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iii

AGRADECIMENTOS

À minha mãe Sandra por ter me dado a vida.

Ao meu pai Arno pelo incentivo e paciência de sempre. Às minhas tias, avós e

demais familiares pelo amor.

Ao meu namorado, Thadeu, por entender todas as vezes que eu estava cansada e

estressada. Saber que estaria comigo a cada dia deu sentido a minha vida.

Aos meus amigos e amigas da Engenharia de Petróleo. Obrigada pela ajuda.

Vocês fizeram esses 5 anos os melhores da minha vida acadêmica.

Às meninas da Matemática da UFF e aos meninos da Puc-Rio que sempre

tiveram um espaço todo especial no meu coração.

Um agradecimento especial ao amigo Rogério Pagni pela oportunidade do

primeiro estágio, foi a minha fonte de inspiração.

Aos amigos e colegas da ANP agradeço pela oportunidade. Agradeço, em

especial, ao Arnaldo pela ajuda no COMPASSTM

, ao Hugo, pelos (quase infinitos)

ensinamentos divididos e ao Henrique pelas longas conversas, histórias e risadas.

Ao meu professor orientador Fernando Cunha Peixoto, pelo incentivo, apoio e

credibilidade desde o início da faculdade de Engenharia. Você fez toda a diferença.

Aos professores Maurício Kischinhevsky e Arlindo de Almeida Rocha pelo

interesse no meu aprendizado e incentivo constante.

Ao professor Rogério Lacerda por toda atenção, paciência, oportunidade e

auxílio desde o primeiro período. Obrigada por tudo.

Ao coordenador do curso Geraldo de Souza Ferreira pelo afinco na coordenação

e dedicação.

À empresa Halliburton por permitir o uso do software COMPASSTM

, em

especial ao funcionário Marcus Pinheiro.

Agradeço a todos aqueles que participaram da minha vida direta e indiretamente,

sintam-se co-autores deste trabalho.

Page 6: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

iv

"Não sabendo que era impossível

foi lá e fez."

Mark Twain

Page 7: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

v

RESUMO

Ao longo dos anos, a perfuração direcional tem se destacado por apresentar

desafios, notadamente no que se refere à perfuração em águas profundas e

ultraprofundas. A perfuração direcional é, sem dúvida, uma das técnicas da engenharia

ligadas à indústria petrolífera com maior evolução nos últimos anos e tem sido vista

como um método para aumentar a produtividade de um poço e reduzir os impactos

ambientais. Neste sentido, este trabalho realiza um estudo sobre os motivos que levam a

realizar uma perfuração direcional, apresenta os diferentes tipos de trajetórias e exibe o

comportamento de algumas em casos hipotéticos utilizando o software COMPASSTM

e

compara os resultados com os das equações encontradas nas referências bibliográficas.

Palavras-chave: Perfuração Direcional, Perfuração Horizontal, Tipos de Poços

Direcionais, COMPASSTM

.

Page 8: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

vi

ABSTRACT

Over the years, the directional drilling has emerged showing challenges, notably

in respect of drilling in deep and ultra-deep waters. Directional drilling is undoubtedly

one of the engineering techniques related to the oil industry with the greatest

development in recent years and has been seen as a method to increase the productivity

of a well and reduce environmental impacts. In this sense, this work makes a study of

the reasons why to make a directional drilling, presents the different types of tracks and

displays the behavior of some hypothetical cases using the software COMPASSTM

and

compares the results with those of equations found in the references.

Keywords: Directional Drilling, Horizontal Drilling, Types of Directional Wells,

COMPASSTM

.

Page 9: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Blowout no Texas, em 1933. Fonte: WRIGHT (2011). .................................... 2

Figura 2: Perfuração vertical e horizontal para poços de petróleo. Fonte:

HORIZONTAL DRILLING.ORG (2010) ....................................................................... 4

Figura 3: Causas de poços direcionais. Fonte: THOMAS (2001). ................................... 5

Figura 4: Sidetrack. Fonte: AMARO (2011). ................................................................... 6

Figura 5: Interceptação de poço em blowout, poços multilaterais e jazidas inacessíveis

por poço vertical. Fonte: AMARO (2011). ...................................................................... 6

Figura 6: Utilização de clusters. Fonte: AMARO (2011). ............................................... 8

Figura 7: Utilização de cluster e o impacto ambiental. Fonte: AMARO (2011). ............. 8

Figura 8: Poço sub-horizontal. Fonte: AMARO (2011). .................................................. 9

Figura 9: Exemplo de chaveta que pode ocasionar prisão na coluna. Fonte: ROCHA

(2009). ............................................................................................................................ 10

Figura 10: Denominações básicas de uma trajetória de poço direcional. Fonte: ROCHA

(2009). ............................................................................................................................ 12

Figura 11: Desenho esquemático de poços em água rasa e profunda. Fonte: ROCHA

(2006). ............................................................................................................................ 13

Figura 12: Tipos de poços direcionais. Fonte: MACHADO (2010). ............................. 15

Figura 13: Esquema típico de um poço direcional. Fonte: BOURGOYNE (1991). ...... 15

Figura 14: Planos de inclinação e direção. Fonte: BOURGOYNE (1991). ................... 18

Figura 15: Seção de ganho de ângulo. Fonte: BOURGOYNE (1991). .......................... 22

Figura 16: Trajetória do Tipo II para o caso onde e . Fonte:

BOURGOYNE (1991). .................................................................................................. 26

Figura 17: Trajetória do Tipo II para o caso onde e . Fonte:

BOURGOYNE (1991). .................................................................................................. 27

Figura 18: Trajetória do Tipo III onde e . Fonte: BOURGOYNE (1991).

........................................................................................................................................ 28

Figura 19: Formação de cone de água ou gás. Fonte: SCHROEDER (2008). ................ 30

Figura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN

(2007). ............................................................................................................................ 31

Figura 21: Atividade de perfuração horizontal até 2000. Fonte: CARDEN (2007). ...... 31

Page 10: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

viii

Figura 22: Percentual registrado de poços horizontais considerando o total de poços em

desenvolvimento. ............................................................................................................ 32

Figura 23: Exemplo de planejamento versus situação real onde há incerteza geológica.

Fonte: CARDEN, (2007). ............................................................................................... 33

Figura 24: Tipos de Poços horizontais. Fonte: ROCHA (2006). ................................... 35

Figura 25: Poço piloto vertical. Fonte: ROCHA (2006) ................................................ 38

Figura 26: Poço piloto direcional. Fonte: ROCHA (2006). ........................................... 38

Figura 27: Poço piloto direcional interceptando na entrada prevista do objetivo. Fonte:

ROCHA (2006). ............................................................................................................. 39

Figura 28: Geometrias de poços multilaterais. Fonte: CARDEN (2007). ...................... 41

Figura 29: Campo Esmeralda. Autoria própria. ............................................................. 44

Figura 30: Litologia do poço hipotético A. .................................................................... 45

Figura 31: Imagem dos dados do software COMPASSTM

para Trajetória Slant. .......... 46

Figura 32: Vista em seção vertical da trajetória Slant. ................................................... 47

Figura 33: Ilustração da trajetória de um poço do Tipo I em 3D. .................................. 47

Figura 34: Figura ilustrativa para o cálculo do afastamento e azimute. ......................... 48

Figura 35: Imagem dos dados do software COMPASSTM

para Trajetória S.................. 51

Figura 36: Representação da trajetória S na vista em seção vertical. ............................. 52

Figura 37: Ilustração da trajetória de um poço do Tipo II em 3D. ................................. 52

Figura 38: Litologia do poço hipotético B. .................................................................... 54

Figura 39: Imagem dos dados do software COMPASSTM

para Trajetória Horizontal. . 55

Figura 40: Imagem dos dados do software COMPASSTM

para o sidetrack. .................. 55

Figura 41: Vista em seção vertical das trajetórias Horizontais. ..................................... 55

Figura 42: Ilustração da trajetória Horizontal e Multilateral em 3D. ............................. 56

Page 11: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

ix

SUMÁRIO

1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO ....................................................................... 1

1.1 – Introdução ............................................................................................................ 1

1.2 – Motivação ............................................................................................................ 2

1.3 – Objetivos .............................................................................................................. 3

1.4 – Estrutura ............................................................................................................... 3

2 – DEFINIÇÕES E CONCEITOS BÁSICOS ................................................................ 4

2.1 – Considerações Sobre Projetos .............................................................................. 9

3 – DESENVOLVIMENTO ........................................................................................... 12

3.1 – Configurações Básicas de Poços Direcionais .................................................... 12

3.1.1 – Cálculo da Trajetória Direcional ................................................................. 17

3.1.1.1 – Trajetória do Tipo I ou Slant ................................................................ 17

3.1.1.2 – Trajetória do Tipo II ou S ..................................................................... 25

3.1.1.3 – Trajetória do Tipo III ou S Modificada ................................................ 27

3.2 – Poços Horizontais .............................................................................................. 29

3.2.1 – Cálculo da Trajetória Horizontal ................................................................. 32

3.2.2 – Tipos de Poços Horizontais ......................................................................... 34

3.2.2.1 – Poços Horizontais de Raio Longo ........................................................ 35

3.2.2.2 – Poços Horizontais de Raio Médio ........................................................ 35

3.2.2.3 – Poços Horizontais de Raio Curto.......................................................... 36

3.3 – Tópicos Complementares .................................................................................. 37

3.3.1 – Poço Piloto .................................................................................................. 37

3.3.2 – Poços Multilaterais ...................................................................................... 39

3.3.2.1 – Terminologias ....................................................................................... 41

3.3.2.2 – Aplicações ............................................................................................ 42

4 – ESTUDO DE CASOS .............................................................................................. 44

Page 12: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

x

4.1 – Trajetória Direcional .......................................................................................... 45

4.1.1 – Trajetória do Tipo I (ou Trajetória Slant).................................................... 46

4.1.1.1 – Verificação dos Resultados .................................................................. 47

4.1.2 – Trajetória do Tipo II (ou Trajetória S) ........................................................ 51

4.1.2.1 – Verificação dos Resultados .................................................................. 52

4.2 – Trajetória Horizontal .......................................................................................... 53

4.2.1 Trajetória Horizontal e Poço Multilateral ...................................................... 54

4.2.1.1 – Verificação dos Resultados .................................................................. 56

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 57

5.1 – CONCLUSÃO ................................................................................................... 57

5.2 – Sugestão para Trabalhos Futuros ....................................................................... 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 59

APÊNDICE .................................................................................................................... 61

Page 13: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

1

1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

1.1 – Introdução

Historicamente, o primeiro relato de detecção, pela indústria de petróleo, da

necessidade de se realizar uma perfuração direcional foi no desenvolvimento de um

campo em Oklahoma, denominado Seminole. Neste campo, os poços foram perfurados

muito próximos entre si e, como resultado das tendências naturais de desvio, poços

foram perfurados dentro de outros e em poços que já estavam em produção. No final

dos anos 20, instrumentos de pesquisa foram desenvolvidos para medir tanto inclinação1

quanto azimute2 e, em 1930, a primeira trajetória direcional controlada foi realizada na

Califórnia para explorar reservas de petróleo offshore3. Ainda em 1930, poços de

petróleo foram perfurados direcionalmente para alcançar locais que seriam inacessíveis,

como a produção de óleo embaixo de cemitério (CARDEN, 2007).

Até então pouca atenção tinha sido dada para a perfuração direcional. Este

cenário foi modificado em 1933 quando foi perfurado um poço de alívio perto de

Conroe, no Texas, para conter um blowout4, conforme mostra a Figura 1. A partir daí a

perfuração direcional tem sido amplamente aceita e pesquisas têm sido feitas para o

desenvolvimento de novas técnicas e ferramentas com o intuito de fazer desta

perfuração a mais precisa e econômica possível.

Ao longo dos anos, a perfuração direcional no Brasil vem se destacado por causa

de inúmeros desafios apresentados, notadamente no que se refere à perfuração em águas

profundas (lâmina d’água de 301 m a 1500 m) e ultraprofundas (lâmina d’água acima de

1501 m) (ROCHA, 2008), onde os poços de desenvolvimento, sobremaneira nos

últimos anos, se constituem basicamente de poços horizontais. Tal se justifica,

1 Inclinação é o ângulo entre o vetor local gravitacional e a tangente ao eixo do poço. Por convenção,

pode atingir até 90o nos projetos de poços horizontais e 0

o para poços verticais (FERNANDEZ, 2009).

2 Azimute é a direção do fundo do poço em um plano horizontal com base em uma referência (norte

verdadeiro ou norte magnético). Varia de 0 a 360 graus, sentido horário a partir do norte de referência

(FERNANDEZ, 2009). 3 Offshore refere-se a algo que é operado ou realizado no mar (FERNANDEZ, 2009).

4 Blowout é o mesmo que erupção de um poço (FERNANDEZ, 2009).

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2

principalmente, pela vantagem econômica obtida em perfurar vários poços de

desenvolvimento a partir de uma única locação.

Figura 1: Blowout no Texas, em 1933. Fonte: WRIGHT (2011).

A perfuração direcional é, sem dúvida, uma das técnicas da engenharia ligadas à

indústria petrolífera com maior evolução nos últimos anos e tem sido vista como um

método para aumentar a produtividade de um poço e reduzir os impactos ambientais,

geralmente ligados à produção de óleo e gás. Com o advento das novas tecnologias,

poços podem ser perfurados lateralmente e/ou horizontalmente na subsuperfície e, com

isso, expor uma maior área do reservatório, maximizando a recuperação dos

reservatórios existentes com um número menor de poços. No entanto, os custos

associados aos poços horizontais são maiores, dando origem a um caso clássico de

trade-off5 da engenharia.

1.2 – Motivação

Este trabalho foi incentivado pelo aumento significativo de poços direcionais e

horizontais e os desafios apresentados por este tipo de perfuração. Este fato se justifica

pela vantagem econômica obtida em perfurar vários poços de desenvolvimento a partir

5 trade-off é uma situação de conflito de decisão, onde há o sacrifício de uma determinada informação ou

bem a fim de se obter outra informação ou bem (MESSER, 2008).

Page 15: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

3

de uma única sonda, pela necessidade de se desviar lateralmente um poço obstruído,

perfurar poços de alívio, atingir locais inacessíveis, entre outros.

A perfuração direcional é, sem dúvida, uma das técnicas da engenharia ligadas à

indústria petrolífera com maior evolução nos últimos anos e tem sido vista como um

método para aumentar a produtividade de um poço e reduzir os impactos ambientais,

geralmente ligados à produção de óleo e gás.

1.3 – Objetivos

Apesar dos custos associados serem maiores, observa-se que, ao longo dos anos,

um maior número de perfurações direcionais e horizontais vêm sendo realizadas. Nesse

sentido, este trabalho visa, primeiramente, apresentar os motivos que levam a realizar

uma perfuração direcional. Em seguida, mostrar as diferentes configurações de

trajetórias e as equações que as modelam. Posteriormente, exibir seu comportamento em

casos hipotéticos utilizando o software COMPASSTM

e confrontar os resultados com os

das equações encontradas nas referências bibliográficas.

1.4 – Estrutura

O trabalho será estruturado da seguinte maneira: o Capítulo 2 conterá definições

e conceitos básicos, para proporcionar ao leitor conhecimento no que se refere à

terminologia empregada na área e algumas considerações importantes no que tange o

planejamento de um poço; o Capítulo 3, de desenvolvimento, compreenderá as

configurações básicas de poços horizontais, o caso especial da perfuração horizontal,

alguns tópicos complementares, que abrangem o caso particular do poço piloto e poços

multilaterais; o Capítulo 4 apresentará estudos de casos utilizando o software

COMPASSTM

e confrontará os resultados obtidos com os encontrados através das

equações exibidas no Capítulo 3; o Capítulo 5 compreenderá algumas análises e

conclusões, cabendo ao Capítulo 6 enumerar as referências bibliográficas utilizadas.

Page 16: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

4

2 – DEFINIÇÕES E CONCEITOS BÁSICOS

Perfuração direcional é o processo de direcionamento de uma trajetória para um

determinado alvo e é utilizada quando o alvo não se encontra na mesma direção vertical

da cabeça do poço, sendo necessário ser guiada por instrumentos compatíveis com a

trajetória escolhida (THOMAS, 2001), conforme a Figura 2.

Figura 2: Perfuração vertical e horizontal para poços de petróleo.

Fonte: HORIZONTAL DRILLING.ORG (2010)

A rigor não existem, segundo Thomas (2001), poços verticais, pois todos

desviam-se da vertical naturalmente. Fernandez (2009) define, ainda, poço vertical

como qualquer poço com inclinação menor do que 5 graus em relação à vertical.

Projetar um poço direcional consiste em determinar, intencionalmente, a

trajetória a seguir para atingir o objetivo localizado a uma determinada distância

horizontal da cabeça do poço. Assim, coleta-se as informações necessárias ao cálculo da

trajetória e adequar-se o perfil às diversas formações que serão atravessadas durante a

perfuração.

Existem várias finalidades que levam a se perfurar poços direcionais (conforme

a Figura 3), algumas delas serão destacadas a seguir (THOMAS, 2001; MACHADO,

2010).

Page 17: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

5

Figura 3: Causas de poços direcionais. Fonte: THOMAS (2001).

a) Desviar lateralmente um poço obstruído (sidetrack) ou por motivo de ordem

técnica - É um dos principais usos da perfuração direcional (CARDEN, 2007).

Sidetracking6 é uma operação que desvia o poço iniciando um novo buraco a

partir de um poço já perfurado, como ilustra a Figura 4. Essencialmente, utiliza-

se sidetracking devido a perda de um intervalo de poço ou para alcançar uma

posição mais favorável no contato óleo-água ou água-gás. Em geral, é efetuado

um tampão de cimento para isolar o poço anterior e facilitar o desvio.

Analogamente, este procedimento pode ser observado quando um poço é

colocado novamente no curso previsto.

b) Perfurar poços de alivio para interceptar um poço em blowout – Através da

injeção de fluido de amortecimento por um poço denominado de alívio, é

efetuando o controle de subsuperfície, conforme a Figura 3. Este é o método

mais eficiente de combater este tipo de acidente em poços offshore. Para a

locação de poço de alívio deve-se considerar a estratégia de interceptação, a rota

de fuga da sonda que perfura o poço, a direção de ventos, correntes marítimas e

a simplicidade do poço;

c) Perfurar poços horizontais, multilaterais e de grande afastamento7 lateral, em

geral, para produção e injeção, ou seja, desenvolvimento de uma jazida,

ilustrado na Figura 5.

6 Sidetrack ou sidetracking significa desvio (FERNANDEZ, 2009).

7 Afastamento é a distância projetada no plano segundo azimute da seção vertical entre a cabeça do poço

e um ponto da trajetória (AMARO, 2011).

Page 18: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

6

Figura 4: Sidetrack. Fonte: AMARO (2011).

Figura 5: Interceptação de poço em blowout, poços multilaterais e jazidas inacessíveis por poço vertical. Fonte:

AMARO (2011).

Page 19: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

7

d) Atingir locais inacessíveis pela perfuração convencional – Algumas vezes os

depósitos de óleo estão em locais inacessíveis, como abaixo de cidades, rios,

montanhas, etc. Quando isso acontece, os equipamentos de perfuração ficam

situados a certa distância e constrói-se um poço direcional ou horizontal até o

intervalo produtor, conforme a Figura 3.

e) Perfuração de Falhas Geológicas – Existem casos onde o poço precisa ser

desviado através ou paralelo a uma falha para se obter maior produção. A

utilização de poços direcionais ou horizontais pode implicar na eliminação do

risco de perfurar um número elevado de poços verticais através de planos de

falhas muito inclinados, o que poderia ocasionar o deslizamento e cisalhamento

da coluna de revestimento.

f) Perfuração de Domos Salinos – Para alcançar os intervalos produtores que,

frequentemente, estão situados abaixo do topo protuberante do domo,

primeiramente o poço é perfurado paralelo ao domo e em seguida, desviado para

que penetre abaixo da protuberância.

g) Poços de Desenvolvimento na Área Marítima – Permitem a perfuração de poços

a partir de uma mesma plataforma ou ilha artificial gerando redução de

investimentos com equipamentos, simplificando a rede de oleodutos e o sistema

de produção, fatores importantes na viabilidade econômica da perfuração

offshore.

Além disso, em Amaro (2011), existem justificativas para a utilização de poços

direcionais nas seguintes aplicações:

a) Poço a partir de plataforma, template ou cluster – O agrupamento dos poços

contribui para a redução de investimentos, pois permite a utilização de sondas de

perfuração colocadas em plataformas fixas e completação seca (menor custo de

operação), conforme a Figura 6. A utilização de cluster permitiu a redução da

área, contribuindo para a redução do impacto sobre o meio ambiente, conforme a

Figura 7.

Page 20: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

8

Figura 6: Utilização de clusters. Fonte: AMARO (2011).

Figura 7: Utilização de cluster e o impacto ambiental. Fonte: AMARO (2011).

b) Poços Horizontais e Sub-Horizontais – A perfuração buscando atingir o topo de

reservatórios altamente fraturados é uma alternativa para retardar a produção de

água, conforme a Figura 8 abaixo.

Page 21: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

9

Figura 8: Poço sub-horizontal. Fonte: AMARO (2011).

2.1 – Considerações Sobre Projetos

Segundo Machado (2010), o desvio intencional de um poço compreende diversos

fatores que devem ser levados em conta individual e coletivamente e um planejamento

criterioso é a chave para a minimização do custo da perfuração direcional, pois a escolha

correta de ferramentas e métodos pode resultar em maior eficiência operacional e

melhores resultados econômicos. Alguns fatores devem estar muito bem definidos,

como:

a) Objetivo – É um ponto em subsuperfície, normalmente definido pelo geólogo ou

engenheiro de reservatório, que a trajetória deve atingir. Em geral, sua forma e

tamanho dependem das características geológicas e da localização das zonas

produtoras. Para campos em desenvolvimento, o raio de drenagem também deve

ser levado em conta.

b) Informação Geológica – Análises da subsuperfície devem ser realizadas e

informações geológicas do subsolo devem ser levadas em consideração. Sempre

que possível, a sonda de perfuração deve se posicionar de modo a aproveitar

todas as tendências naturais de desvio das formações. A coluna de perfuração tem

a tendência natural de “girar” à direita, perfurando em curva, logo deve-se

projetar o poço direcional de modo a tolerar alguns poucos graus. É interessante

Page 22: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

10

obter informações sobre problemas encontrados em poços vizinhos, tais como

keyseats (chavetas), conforme a Figura 9. As chavetas ou keyseats são cavidades

geradas pelo desgaste da formação em um determinado ponto e resultam em

problemas de prisão da coluna de perfuração, alteram a distribuição de tensões no

poço e à medida que este sofre um alargamento, aumentam os impactos da

vibração exercida pela coluna (ROCHA, 2009). Um dogleg (medida do ângulo,

no espaço tridimensional, entre os vetores tangentes a dois pontos do eixo da

trajetória do poço) não é um problema em poços direcionais, no entanto quando

força demais a coluna contra a parede do poço pode gerar, por exemplo, aumento

excessivo do torque na coluna de perfuração, contato excessivo com a parede do

poço ou revestimento e aumento da fadiga na coluna, podendo até causar seu

rompimento e se tornar, assim, um problema grave.

Figura 9: Exemplo de chaveta que pode ocasionar prisão na coluna. Fonte: ROCHA (2009).

c) Programas de revestimentos e brocas – Os programas de revestimentos e brocas

determinam os diâmetros das ferramentas usadas na perfuração. Em poços de

pequeno diâmetro, as formações exercem efeito mais pronunciado no controle da

Page 23: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

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direção, pois as colunas de menor diâmetro são mais flexíveis e suscetíveis ao

giro imposto pelas formações. É usual, em poços profundos e muito inclinados,

se usar protetores de borracha na coluna de drill pipes (tubos de perfuração), a

fim de evitar o seu desgaste e o da coluna de revestimento.

d) Controle de lama – O controle de lama tem grande importância para a redução do

torque e arraste em poços direcionais e horizontais. Os aditivos redutores de

fricção são muito usados e tanto a densidade como a viscosidade do fluido devem

ser mantidas em restrito controle.

e) Comandos não magnéticos – A coluna de perfuração, em rotação, às vezes se

magnetiza. A influência magnética não pode ser eliminada completamente, mas

pode ser reduzida para minimizar a interferência com o campo magnético da

Terra e evitar inconsistências de registros nas leituras dos registros direcionais.

Apesar dos princípios de aplicação da perfuração direcional serem basicamente

os mesmos que uma perfuração vertical no sentido de objetivar atingir determinado

alvo, o desenvolvimento de equipamentos e instrumentos de controle fizeram com que a

perfuração direcional (ou horizontal) criasse a sua ciência própria. Assim, para o

sucesso de um projeto de poço direcional, alguns equipamentos devem ser levados em

conta, como os motores de fundo, sistemas steerable (Rotary Steerable ou Rotary

Steerable com Motor de Fundo), ferramentas de acompanhamento direcional (por

exemplo, sistemas LWD e MWD), etc. No entanto, as ferramentas não serão tratadas

neste trabalho.

Page 24: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

12

3 – DESENVOLVIMENTO

O capítulo será iniciado tratando dos tipos de trajetórias direcionais encontradas

nas referências bibliográficas e as respectivas equações que modelam essas trajetórias.

Em seguida, serão abordados os poços horizontais, piloto e multilaterais.

3.1 – Configurações Básicas de Poços Direcionais

A trajetória de um poço é o caminho desenvolvido pela perfuração que se inicia

na cabeça do poço e avança até atingir o objetivo geológico ou de perfuração,

terminando na profundidade final (AMARO, 2011). O objetivo é o ponto (em geral em

subsuperfície) que a trajetória deve atingir e o alvo é a área definida pelo raio de

tolerância, ou seja, uma área ao redor do objetivo onde se considera que este será

atingido.

Os poços direcionais têm algumas características próprias que devem ser

consideradas durante um projeto de poço. A Figura 10 mostra, esquematicamente, as

denominações básicas na trajetória de um poço direcional (ROCHA, 2009).

Figura 10: Denominações básicas de uma trajetória de poço direcional. Fonte: ROCHA (2009).

Page 25: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

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a) Build up – É a seção onde ocorre o ganho do ângulo. Normalmente a taxa de

ganho de ângulo é constante e chamada de build up rate (BUR) sendo expressa

em graus/30m ou graus/100ft. O intervalo de build up inicia-se no KOP e

conclui-se no início do trecho reto. O final do build up é chamado EOB (end-of-

build) e acontece quando um determinado ângulo é atingido.

b) Drop off – É a profundidade onde o poço começa a perder ângulo, caso isso seja

necessário. Para um mesmo projeto, a taxa de drop off escolhida é, em geral,

menor (ou seja, mais suave) do que a taxa de build up para um melhor controle

da trajetória do poço e pela maior tendência à formação de chaveta em trecho

com perda de ângulo. Por exemplo, para uma taxa de build up de 3º/30m pode

ser considerada uma taxa de drop off de 1,5º/30 m ou até menor.

c) KOP – É a abreviação de kick off point, sendo o começo da seção de ganho de

ângulo (build up section). Em geral, o KOP de um poço direcional offshore é

colocado o mais perto do fundo do mar e, com isso, reduz-se a problemas de

estabilidade e limpeza do poço. Para poços de água profunda, as formações rasas

são compostas de sedimentos fracos e inconsolidados, fazendo com que o

posicionamento do KOP seja mais profundo (ROCHA, 2006), conforme a

Figura 11.

Figura 11: Desenho esquemático de poços em água rasa e profunda. Fonte: ROCHA (2006).

d) Profundidade final – Profundidade medida do fundo do poço. É a maior

profundidade atingida pela broca (FERNANDEZ, 2009).

Page 26: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

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e) Profundidade medida – É o comprimento real do poço, desde a superfície até o

ponto considerado (FERNANDEZ, 2009).

f) Seção de Drop off – É a seção de perda de ângulo, expressa por um BUR

negativo. EOD (end-of-drop) é o ponto ou profundidade final da perda de

ângulo.

g) Seção tangente ou Slant – É a seção onde o ângulo é mantido com inclinação

constante até atingir o objetivo ou até que haja alguma alteração.

h) TVD (true vertical depth) – É a medida da profundidade vertical em cota de um

poço ou ainda a medida da projeção vertical de um ponto em subsuperfície até a

mesa rotativa. Juntamente com a profundidade medida formam o par de medidas

básicas de um poço (FERNANDEZ, 2009).

Embora não seja obrigatório, em poços direcionais exploratórios recomenda-se

revestir o trecho de ganho de ângulo imediatamente após o término de sua perfuração,

dado que as situações encontradas durante a perfuração desses poços são adversas e

imprevisíveis (ROCHA, 2009).

Empresas de perfuração direcional vêm usando nomenclatura comum para

descrever um poço direcional, apesar dos perfis variarem bastante, especialmente se o

poço tiver múltiplos alvos (CARDEN, 2007). De forma geral, uma vez fixadas as

coordenadas do ponto de partida (coordenadas da locação ou cabeça de poço) e do

ponto de chegada (coordenadas do alvo ou target) escolhe-se o modelo da trajetória

entre três modelos básicos (MACHADO, 2010), conforme a Figura 12.

O primeiro deles, o poço do Tipo I, deve ser escolhido quando o afastamento ou

a distância horizontal é grande em relação à profundidade do poço e o ponto de desvio

orientado do poço (KOP) deve ser feito próximo a superfície. Caracteriza-se por um

trecho vertical desde a superfície até o KOP, um trecho de crescimento de inclinação

(build up), até que um ângulo máximo e direção sejam alcançados (nesta etapa o

revestimento pode ser executado e cimentado), e termina com um trecho de inclinação

constante (slant), passando pelo centro do alvo, prosseguindo até atingir a profundidade

final (VIDAL, 2011).

É o mais comumente usado devido à maior facilidade de execução, ter o KOP

mais próximo da superfície, facilitando a orientação da ferramenta defletora e

Page 27: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

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possibilitando economia no tempo de manobra e no custo final do poço, conforme a

Figura 13.

Figura 12: Tipos de poços direcionais. Fonte: MACHADO (2010).

Figura 13: Esquema típico de um poço direcional. Fonte: BOURGOYNE (1991).

Page 28: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

16

O poço do Tipo II é muitas vezes chamado de curva “S”. É semelhante ao Tipo

I, pois é desviado em uma profundidade relativamente rasa e o trecho inclinado

prossegue até conseguir o afastamento lateral projetado. O poço é perfurado

verticalmente até o início do ganho de ângulo, depois de alcançar o ângulo desejado,

mantém um trecho com inclinação constante e, em seguida, inicia-se o trecho de perda

de ângulo até atingir o objetivo verticalmente. Pode ser escolhido sempre que o

afastamento horizontal for pequeno em relação à profundidade do poço e o KOP deve

ser feito próximo à superfície. É preferido em substituição a um poço que, quando

calculado para o Tipo I, resulte em baixa inclinação final, portanto de difícil controle

direcional. Como inconveniências na execução deste tipo de perfil, destaca-se o

aumento de torque e arraste, gerando alto desgaste das colunas de perfuração e de

revestimento, aumento da possibilidade de formação de chaveta e conseqüente prisão de

coluna. Do ponto de vista econômico, pode implicar no uso de mais um revestimento

para cobrir o trecho em inclinação a taxa constante (CARDEN, 2007).

Para Machado (2010) e Carden (2007), o poço do Tipo III assemelha-se ao Tipo

I com a diferença de o KOP estar em maior profundidade e o objetivo ser atingido na

fase de crescimento de inclinação, sem o trecho de inclinação constante, conforme

Figura 12. Como o KOP é profundo, a inclinação geralmente é elevada, o afastamento é

menor e pode ser necessária a utilização de ferramentas especiais na orientação da

ferramenta defletora. Este poço pode ser usado para a perfuração de múltiplas zonas de

areia, perfuração de falhas e testes estratigráficos, mas não é utilizado com muita

frequência.

Enquanto que, para Bourgoyne (1991), o terceiro tipo de trajetória denomina-se

“S modificada” ou Build, Hold, Partial Drop and Hold, ou seja, a trajetória inicia-se

por uma seção vertical, em seguida há um crescimento de ângulo e, quando o ângulo

máximo é atingido, é mantido por uma seção constante. Depois há uma perda de ângulo

para, então, manter o ângulo (de perda) constante até atingir o objetivo.

Segundo Carden (2007), existe uma quarta classificação de poços direcionais,

denominados do Tipo IV, que para este trabalho será classificado como poço

horizontal.

Page 29: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

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3.1.1 – Cálculo da Trajetória Direcional

Esta seção tratará, matematicamente, das equações que modelam as trajetórias

direcionais, enfocando a trajetória do Tipo I de acordo com Bourgoyne (1991).

Posteriormente, no Capítulo 4, serão traçadas as trajetórias no software COMPASSTM

e

os resultados obtidos serão comparados com os gerados pelas equações deste capítulo

utilizando o software Maple. Modelar um problema significa escrever equações

matemáticas compatíveis com a realidade. Muitas vezes, quanto mais complexo um

modelo, melhor ele representa a realidade e, em geral, mais difícil é sua solução. Para

escrever analiticamente o problema serão utilizados os procedimentos encontrados em

Bourgoyne (1991), que são simples e de fácil manipulação.

O primeiro passo para realizar a perfuração direcional de um poço é planejar a

trajetória que irá intersectar um dado alvo. No projeto inicial devem ser avaliados os

caminhos viáveis economicamente. O segundo passo inclui avaliar os efeitos geológicos

da força da broca ao perfurar a rocha e outros fatores que podem influenciar na

trajetória final.

3.1.1.1 – Trajetória do Tipo I ou Slant

A trajetória do Tipo I (ou trajetória build-and-hold ou ainda trajetória Slant) é

composta de uma seção vertical, que vai até o ponto de início do desvio (KOP – kick off

point), uma seção de ganho de ângulo até atingir o ângulo máximo para, então, manter

este ângulo constante até atingir o objetivo.

Em geral, é desejável que o KOP se posicione em profundidades mais rasas, pois

minimiza o ângulo do poço. Por esta razão, esta configuração é normalmente utilizada

em poços de grande afastamento. Além disso, à medida que o poço ganha profundidade,

dificulta a orientação das ferramentas de desvio.

Page 30: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

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A Figura 14 mostra essa trajetória, onde é a profundidade vertical final

(TVD) e a distância horizontal (ou afastamento). O início do desvio (KOP) está em

na profundidade , onde é a razão do ângulo de inclinação por unidade de

comprimento (dogleg). O raio de curvatura é tal que

. (3.1)

Figura 14: Planos de inclinação e direção. Fonte: BOURGOYNE (1991).

Page 31: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

19

Para determinar o ângulo máximo de inclinação , considere a Figura 14, logo

, (3.2)

ou

. (3.3)

O ângulo pode ser encontrado pelo triângulo OAB, onde

, (3.4)

e

. (3.5)

O ângulo pode ser encontrado considerando o triângulo OBC, onde

(3.6)

Page 32: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

20

e

. (3.7)

Substituindo na Equação (3.6),

. (3.8)

A inclinação máxima do ângulo para a trajetória do Tipo I não está limitada

para o caso (Equação (3.9)). Também é válida para (Equação (3.29)).

. (3.9)

O comprimento do arco, seção pode ser escrito como

, (3.10)

ou

. (3.11)

Page 33: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

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O comprimento da continuação da trajetória, , com inclinação constante, pode

ser determinado pelo triângulo BCO tal que

(3.12)

e

. (3.13)

Logo, a profundidade total medida, , para profundidade final é dada por

. (3.14)

Em outras palavras, é igual à seção vertical até o início do desvio mais a

parte de ganho do ângulo mais a seção de inclinação constante. O deslocamento

horizontal , no final do ganho do ângulo, pode ser determinado considerando o

triângulo D`OC` (Figura 15), onde

. (3.15)

Para encontrar a profundidade medida e deslocamento horizontal em qualquer

parte da construção antes de chegar no ângulo máximo , considere um ângulo com

Page 34: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

22

inclinação intermediária , o ângulo de inclinação em , e um novo deslocamento

horizontal . A nova distância pode ser determinada considerando o triângulo

, onde

, (3.16)

e o deslocamento horizontal, , é

. (3.17)

Figura 15: Seção de ganho de ângulo. Fonte: BOURGOYNE (1991).

Page 35: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

23

Analogamente, a profundidade final em cota no final da seção do ganho do

ângulo, pode ser derivada do triângulo (Figura 14)

. (3.18)

A nova profundidade medida para qualquer ponto do trecho de ganho do ângulo

é

. (3.19)

A nova profundidade medida no ponto (Figura 14) pode ser determinada pelo

triângulo tal que

, (3.20)

onde

(3.21)

Page 36: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

24

e

. (3.22)

Portanto,

. (3.23)

Substituindo a Equação (3.23) na Equação (3.20),

(3.24)

A Equação (3.24) pode ser usada no lugar da Equação (3.20) para calcular a

profundidade vertical medida fazendo . O deslocamento horizontal no ponto P é

dado por

, (3.25)

onde

= . (3.26)

Page 37: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

25

Combinando as Equações (3.25), (3.15), (3.22) e (3.26)

. (3.27)

A relação anterior só é válida quando . Outra forma de expressar o

ângulo máximo de inclinação , em termos de e para é

. (3.28)

Para o caso , o ângulo máximo pode ser calculado por

. (3.29)

3.1.1.2 – Trajetória do Tipo II ou S

O segundo tipo de trajetória, do Tipo II (trajetória build-hold-and-drop ou ainda

trajetória do tipo “S”), é composta de uma seção vertical, que vai até o ponto de início

do desvio (KOP - kickoff point), uma seção de ganho de ângulo, até atingir um ângulo

máximo, uma seção que mantém este ângulo e uma seção de perda de ângulo, onde o

ângulo vertical decresce, ilustrado na Figura 16 para o caso onde e

. A Figura 17 ilustra o caso onde e . Em ambos os

Page 38: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

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casos, o ângulo máximo de inclinação se reduz a zero em na perda de ângulo , que

é derivado de modo análogo ao ângulo de ganho .

Figura 16: Trajetória do Tipo II para o caso onde e . Fonte: BOURGOYNE (1991).

As equações a seguir são usadas para calcular o ângulo máximo de inclinação

para e , respectivamente.

(3.30)

e

(3.31)

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Figura 17: Trajetória do Tipo II para o caso onde e . Fonte: BOURGOYNE (1991).

3.1.1.3 – Trajetória do Tipo III ou S Modificada

A trajetória do Tipo III, para Machado (2010) e Carden (2007), é semelhante à

do Tipo I e por essa razão as equações serão omitidas. A diferença é que o ponto de

deflexão inicial se dá em maiores profundidades e o ângulo de perda é mantido até que

o poço atinja o alvo.

No entanto, para Bourgoyne (1991), o terceiro tipo de trajetória (trajetória build-

hold-and-drop and hold) ou ainda trajetória do tipo S Modificada é composta de uma

seção vertical, que vai até o ponto de início do desvio (KOP - kickoff point), uma seção

de ganho de ângulo, uma seção constante ou slant, uma seção de perda de ângulo e, em

seguida, outro trecho constante, ilustrado na Figura 18.

Page 40: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

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Figura 18: Trajetória do Tipo III onde e . Fonte: BOURGOYNE (1991).

Considere a Figura 18 e o comprimento de arco

(3.32)

Pelo triângulo , a seguinte relação pode ser escrita

(3.33)

e

(3.34)

As Equações (3.30) e (3.31) podem ser reescritas substituindo por

e por . Para qualquer trajetória S, a profundidade

medida e o afastamento podem ser calculados de forma análoga à trajetória do Tipo I,

por suas geometrias estarem intrinsecamente relacionadas.

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3.2 – Poços Horizontais

A perfuração horizontal está se tornando muito comum na indústria de petróleo,

pois tem fornecido adequado ROI (Return On Investiment ou Retorno de Investimento).

Se a perfuração horizontal não for econômica, não deve ser feita, no entanto,

infelizmente, nem sempre é possível determinar se um poço será econômico, pois é

difícil prever as taxas de produção e, muitas vezes, dois ou três poços devem ser

perfurados em um reservatório antes de saber sua economicidade (CARDEN, 2007).

Existem alguns problemas associados a perfuração de poços horizontais e, dentre

eles, podem ser destacados a ECD8 x Gradiente de fratura, os esforços da coluna de

perfuração e a imposição do PSB9.

O aumento da produtividade nos três estágios de recuperação (primário,

secundário e terciário) e a melhoria do ROI se consegue, de acordo com Machado

(2010) e Rocha (2008), com:

a) Exposição maior de área do reservatório – O comprimento do afastamento

horizontal é determinado pelo tamanho do campo, limitado apenas pela

capacidade da sonda e dos equipamentos de perfuração;

b) Reservatórios Fraturados – Como as rochas carbonáticas tendem a apresentar

baixa porosidade e permeabilidade, existe a limitação da sua exploração

comercial com a perfuração vertical convencional. Em geral, os efeitos

geológicos levam estes tipos de rochas a apresentar fraturas verticais que são

ideais para serem interceptadas por poços horizontais. Embora folhelhos não

sejam normalmente classificados como rochas reservatório, alguns

fraturados verticalmente se tornam produtores a partir de poços horizontais;

8 ECD é a sigla de Equivalent Circulating Density (Densidade equivalente de Circulação) que é a

densidade efetiva do fluido de perfuração quando este está circulando, exercida em uma determinada

formação a profundidade específica de um poço. É calculada levando-se em conta a densidade do fluido

de perfuração e a perda de carga no anular (FERNANDEZ, 2009). 9 PSB é a sigla de Weight on Bit ou peso sobre a broca (FERNANDEZ, 2009).

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30

c) Redução de cones de água e gás – A maioria das formações produtoras

contém água abaixo do óleo e/ou gás acima da zona de óleo. Normalmente a

água e o gás não entram em produção logo após a completação de um poço.

Entretanto, após algum tempo de produção, certa quantidade de água ou de

gás pode ser produzida junto com o óleo devido ao fenômeno de cone de

água ou cone de gás, conforme a Figura 19;

Figura 19: Formação de cone de água ou gás. Fonte: SCHROEDER (2008).

d) Formações fechadas/óleo pesado – Formações fechadas (com baixa

permeabilidade) ou reservatórios que contêm óleo pesado podem se tornar

inviáveis

Desde o início dos anos 80, a perfuração horizontal tem sido usada para

melhorar a produção de muitos poços em todo o mundo. Atualmente, milhares de poços

horizontais estão sendo perfurados. Hoje, os poços horizontais são classificados quanto

ao (tamanho de) raio. A Figura 20 mostra que a perfuração horizontal começou com

raio curto, mas, com o passar dos anos, raios médio e longo.

A Figura 21 mostra a atividade de perfuração direcional mundial até o ano de

2000. Hoje, poços horizontais tornaram-se uma alternativa viável para o

desenvolvimento de um reservatório.

Page 43: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

31

Figura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007).

Figura 21: Atividade de perfuração horizontal até 2000. Fonte: CARDEN (2007).

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32

O banco de dados da ANP (Sigep) possui, hoje, o registro de 560 poços

marítimos em desenvolvimento a partir do ano de 2000 no Brasil. Desses, 80% (447

poços) são horizontais e 51% (285 poços) são, além de horizontais, partilhados. A

Figura 22 ilustra o percentual dos poços horizontais em desenvolvimento em relação ao

total de poços em desenvolvimento nos anos de 2000 até 2011. Apesar da comparação

com os poços marítimos, os terrestres não devem ser negligenciados e são utilizados,

principalmente, para navegação em reservatórios de pouca espessura.

Figura 22: Percentual registrado de poços horizontais considerando o total de poços em desenvolvimento.

3.2.1 – Cálculo da Trajetória Horizontal

O planejamento de um poço horizontal é diferente do planejamento de um poço

direcional. Em poços direcionais normais, o alvo é, em geral, descrito em termos de um

ponto de partida e determinada TVD (true vertical deep, profundidade vertical

verdadeira ou profundidade vertical em cota) certos e o alvo tem tolerância no plano

horizontal.

Já no poço horizontal, o alvo é comumente descrito por uma TVD com uma

tolerância para mais ou menos e a distância horizontal é usualmente mais flexível do

que a profundidade vertical verdadeira (ou em cota ou ainda TVD). Se o poço

horizontal tem uma distância horizontal pequena, é mais difícil de ser perfurado.

O primeiro passo no planejamento de um poço horizontal é reunir todas as

informações possíveis a respeito de poços de correlação e da formação a ser perfurada.

Page 45: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

33

Poços verticais próximos podem ter informações valiosas para a perfuração horizontal,

incluindo a profundidade do alvo.

A Figura 23 é um exemplo do que pode acontecer em uma trajetória horizontal.

Na parte esquerda da figura, o planejamento de um poço e o respectivo reservatório que

se espera encontrar, enquanto na parte direita da figura a situação real do reservatório.

Como resultado, o operador tem um poço horizontal em uma área pobre do reservatório

(CARDEN, 2007).

Figura 23: Exemplo de planejamento versus situação real onde há incerteza geológica. Fonte: CARDEN, (2007).

Para planejar uma trajetória horizontal uma série de considerações devem ser

levadas em conta. Do ponto de vista dos raios utilizados, a construção de raios longos é

demorada, mais cara e é mais difícil acertar o alvo desejado, a menos que um sistema

steerable seja utilizado. Em geral, raio longo não é utilizado em poços terrestres, mas é

o mais utilizado nas aplicações offshore.

A utilização de raios curtos torna mais fácil acertar o alvo, mas requer

equipamentos personalizados (flexíveis e articulados) que são menos confiáveis que

equipamentos padrão e não permite testemunhagem ou perfilagem (MACHADO, 2010).

O raio médio está entre o curto e o longo. Este tipo é mais preciso do que o

longo, pode ser normalmente revestido e completado, o seu torque pode ser maior, pois

a taxa de build up é maior do que a do raio longo. Utiliza equipamentos convencionais e

motores de fundo/steerable, não é tão caro como o de raio longo, permite mais opções

Page 46: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

34

de conclusão (não perde a precisão na aterrissagem) e é a principal escolha para a

maioria dos poços horizontais.

Para perfurar um poço horizontal, o planejamento é um dos passos mais

importantes. Geralmente, o projeto de perfuração direcional é um processo de tentativa

e erro se utilizadas equações matemáticas. No entanto, existem programas que projetam

a trajetória em até três dimensões. Na perfuração horizontal, o ponto de kickoff ou a taxa

de ganho de ângulo devem ser bem especificados para o planejamento do poço

(CARDEN, 2007).

3.2.2 – Tipos de Poços Horizontais

Existem poços considerados horizontais para algumas pessoas, mas para outras

não. Deve-se, então, definir a horizontalidade de um poço de acordo com algumas

definições.

Segundo Carden (2007), um poço horizontal é aquele que tem mais de 86º de

inclinação e, além disso, o trecho horizontal é medido nas partes onde o poço tem mais

do que 86º, ou seja, todas as partes devem ter inclinação maior do que 86º. Outra

definição estabelece que qualquer porção do poço depois que atinge 80º é considerada

como parte do trecho horizontal mesmo que o ângulo de inclinação diminua.

Ainda de acordo com Carden (2007), existem, essencialmente, cinco

classificações para poços horizontais, de raio ultracurto, curto, médio, intermediário e

longo.

Para Rocha (2006), os principais tipos de trajetórias horizontais são classificados

como de raio longo, que apresenta curvatura aumentando gradualmente e baixos

doglegs, de raio médio, onde a taxa de ganho de inclinação e doglegs são maiores e de

raio curto conforme a Figura 24. Nas próximas seções os poços horizontais serão

tratados segundo Rocha (2006).

Page 47: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

35

Figura 24: Tipos de Poços horizontais. Fonte: ROCHA (2006).

3.2.2.1 – Poços Horizontais de Raio Longo

Para Rocha (2006), a perfuração horizontal de raio longo varia de 1,5º a 8º/100

pés. Este tipo de poço pode ser perfurado usando o sistema padrão steerable, alto ou

médio torque (prevenindo a perda de velocidade) e baixa rotação. A baixa taxa de ganho

de ganho de ângulo (ou build up) leva um grande afastamento lateral e de comprimento

de poço (TVD). Com isso, há um maior contato da coluna com as paredes do poço,

gerando maiores esforços de torque e arraste.

Para atingir a taxa de build up desejada, a perfuração é realizada com o sistema

steerable com e sem rotação (rotating e sliding), alternadamente. A queda na taxa de

build up pode ser compensada com o aumento da razão entre o tempo sem rotação e o

tempo com rotação da coluna durante a perfuração. Por outro lado, para diminuir a taxa

de build up, deve-se aumentar o tempo de perfuração com rotação em relação ao sem

rotação. Se houver queda na taxa de buidup por alargamento ou mudança nas condições

de perfuração, o operador tem uma margem de segurança de, aproximadamente, 33%

para, então, aumentar a inclinação.

3.2.2.2 – Poços Horizontais de Raio Médio

Para Rocha (2006), a perfuração horizontal de raio médio varia de 10º a 30º/100

pés. O primeiro poço de raio médio foi perfurado em 1985 e o número de poços deste

Page 48: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

36

tipo aumenta a cada ano. Os poços de raio médio são mais usuais do que os de raio

curto, pois reservatórios mais extensos podem ser perfurados e existem mais

possibilidades de completação.

Uma grande desvantagem em relação aos poços de raio longo, é que os poços de

raio médio não permitem a rotação da coluna nos trechos de aumento da inclinação,

devido a curvatura acentuada da coluna para que se obtenham altas taxas de build up.

Com o advento dos sistemas Rotary Steerable, se tornou possível variar a taxa de build

up, pois se pode girar a coluna.

A escolha acerca do tipo de poço horizontal a se perfurar depende de fatores

como tipos de completação e produção requerida. As vantagens em se perfurar poços

horizontais de raio médio são:

a) Requer menos trabalho direcional devido ao seu kickoff point estar

normalmente mais profundo;

b) Ótima aplicação nos casos de reentrada em poços verticais, de modo a

maximizar o trecho vertical já perfurado;

c) Pode-se atingir a horizontal com diâmetros de poços maiores, já que o trecho

perfurado desde o kickoff point é bem menor.

3.2.2.3 – Poços Horizontais de Raio Curto

A taxa de ganho de ângulo, em poços de raio curto, pode variar de 1,5º a 3º por

unidade de pé e o dogleg de 150º a 300º/100 feet. Poços de raio curto são escolhidos

quando se está próximo a zona de produção, é necessário colocar elevação artificial o

mais próximo possível da zona de produção e minimizar a quantidade de buracos a

serem perfurados.

Este tipo de poço é, em geral, utilizado em perfurações de pouca profundidade e

tem como vantagens poderem ser usados na re-entrada em um poço existente e terem

maior precisão do que os anteriores. No entanto, necessitam de equipamentos

personalizados (flexíveis ou articulados) e não permitem testemunhagem ou perfilagem

a cabo.

Page 49: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

37

3.3 – Tópicos Complementares

Essa seção irá abordar os principais conceitos e aplicações a respeito de dois

tópicos importantes sobre perfuração direcional e horizontal: Poço Piloto e Poços

Multilaterais.

3.3.1 – Poço Piloto

Diante das estratégias, equipamentos e dificuldades apresentadas na perfuração

de poços horizontais, é comum, antes, se perfurar um poço piloto até a zona produtora.

O objetivo é fazer uma perfuração com custo e tempo menores para a obtenção

do maior número de dados geológicos possível. Os resultados obtidos na perfuração do

poço piloto podem determinar se um poço horizontal deve ou não ser perfurado.

Atualmente, a abertura de um poço piloto é uma prática comum em muitos

lugares. Apesar de todas as informações disponíveis, nos campos em desenvolvimento é

comum encontrar zonas produtoras em profundidades inesperadas. Existem, assim,

vários riscos associados ao não se perfurar um poço piloto.

A Figura 25 ilustra uma aplicação importante do poço piloto vertical. Apesar da

perfuração de um poço piloto implicar a perfuração de um trecho vertical, em geral,

bastante extenso, o fato de ser inteiramente vertical reduz significativamente o custo e a

avaliação da formação ou um minifaturamento para determinar o estado de tensões da

rocha é bem mais facilmente realizado (ROCHA, 2006).

Às vezes, um poço piloto vertical pode levar o poço horizontal a perder o

objetivo, devido à incerteza geológica associada ao grande afastamento do poço piloto

do ponto de entrada do poço horizontal no reservatório. Como forma de mitigar esse

efeito, um segundo projeto de poço piloto direcional é apresentado na Figura 26, onde

parte deste poço é aproveitado para o poço horizontal, o que reduz muito o trecho

adicional perfurado. Neste caso, o custo do poço piloto direcional seco é bem maior que

no caso do poço vertical, devido ao maior trecho perfurado e ao controle direcional.

Page 50: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

38

Assim, o que vai decidir a perfuração deste tipo de poço piloto (vertical ou direcional) é

o grau de incerteza de perfuração do poço horizontal (ROCHA, 2006).

Figura 25: Poço piloto vertical. Fonte: ROCHA (2006)

Figura 26: Poço piloto direcional. Fonte: ROCHA (2006).

Page 51: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

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A Figura 27 ilustra outro tipo de perfil de poço piloto direcional, usado quando o

controle geológico é extremamente pobre e a zona de interesse muito delgada. O intuito

é interceptar o ponto de entrada do trecho horizontal com o poço piloto. Depois de

perfilar o poço, o ponto de entrada do trecho horizontal é determinado. O poço piloto é,

então, abandonado e novos kickoff point e taxa de build up são calculados para

interceptar o objetivo na horizontal.

Figura 27: Poço piloto direcional interceptando na entrada prevista do objetivo. Fonte: ROCHA (2006).

Do ponto de vista prático, este último tipo de poço piloto se aplica aos projetos

de raio longo, onde uma coluna de steerable torna essa interceptação possível. No caso

de poço piloto vertical, o trecho perfurado abandonado é considerável.

3.3.2 – Poços Multilaterais

Até agora foi estudado um único poço horizontal ou direcional. Este

conhecimento pode ser estendido para compreender múltiplos poços (horizontais e

direcionais) a partir de um único poço. Esta tecnologia é chamada multilateral e permite

alcançar alvos profundos em diferentes locais do fundo do poço (CARDEN, 2007).

Page 52: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

40

Um poço multilateral é formado por um único poço principal com um ou mais

ramos radiais e em várias direções (poços secundários ou adicionais). Este poço pode

ser de exploração, de desenvolvimento ou reentrada em um poço existente. Para

maximizar a produção (drenagem), reduzir custos e recuperar reservas, as companhias

de petróleo têm buscado desenvolver perfuração e completação de poços multilaterais.

Os principais objetivos na perfuração de poços multilaterais são:

a) Reutilização de poços já perfurados e em vias de serem abandonados;

b) Aumentar a exposição do reservatório;

c) Aumentar a produção e índice de recuperação final de um único poço

diminuindo o número de poços;

d) Interceptar diversas zonas produtoras;

e) Perfurar poços em reservatórios de pequena espessura, dispostos ao longo de

um poço cuja explotação isolada seria antieconômica.

f) Diminuir a probabilidade de cones de água e gás;

g) Reduz a incerteza econômica.

Segundo Messer (2008), o primeiro poço multilateral que se tem notícia é um

poço perfurado na antiga União Soviética em 1953. Este poço foi perfurado com nove

laterais que aumentavam a área de exposição do poço na zona de interesse em cinco

vezes e meia e a produção em dezessete vezes. Em contrapartida, o custo foi o dobro de

um poço convencional.

O uso generalizado de poços multilaterais começou com as melhorias realizadas

com a perfuração direcional no final dos anos 80. Inicialmente, foi associada com a

perfuração horizontal e, apesar da perfuração de poços multilaterais ser demasiadamente

cara e envolver riscos, principalmente devido à instabilidade das paredes, existem

vantagens de aumento de produção e economia na perfuração e equipamentos de

superfície. Nesta seção serão consideradas as principais terminologias e aplicações dos

poços multilaterais (ROCHA, 2006).

Page 53: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

41

3.3.2.1 – Terminologias

A tecnologia multilateral usa terminologia especial que será enumerada aqui

para melhor compreensão dessa seção. A Figura 28 ilustra os principais termos

utilizados.

a) Laterals (ou laterais) – Os poços laterais são aqueles perfurados a partir de

um poço principal. Nem todos os poços laterais são de fato horizontais,

podem apenas ser desviados. Reservatórios perfurados a partir de poços

horizontais laterais no plano horizontal são branches (ou ramos) e aqueles

perfurados horizontalmente no plano vertical são denominados splays (ou

inclinados), frequentemente chamados de gancho de peixe e espinha de

peixe (CARDEN, 2007).

Figura 28: Geometrias de poços multilaterais. Fonte: CARDEN (2007).

b) Junctions (ou Junções) – São os cruzamentos do poço principal com as

laterais. As junções podem ser classificadas como com ou sem invólucro

(cased ou uncased). A junção sem invólucro é mais usada por ser mais fácil

de montar e mais barata. No entanto, uma junção sem invólucro necessita de

uma melhor estrutura da formação, ou seja, que a parede do poço não caia e

que o poço não seja preenchido com a areia produzida na formação da

junção. Por outro lado, a junção com invólucro tem uma caixa na lateral que

Page 54: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

42

se conecta ao poço principal e pode ser preparada mecanicamente através do

posicionamento adequado. São mais caras para instalar e, portanto, são

selecionadas, onde as junções sem invólucro não podem ser usadas.

Poços multilaterais também podem ser classificados pela forma com que as

laterais estão posicionadas. Na Figura 28 são mostradas três configurações básicas, mas

poços multilaterais não estão limitados a estas três formas. Laterais stacked

(empilhadas), por exemplo, são aquelas que saem de um só poço principal em

profundidades diferentes e podem intersectar reservatórios diferentes. A lateral dual

(dupla) é uma multilateral com duas laterais que cruzam, em geral, um mesmo

reservatório. O crows foot é a perfuração de vários poços direcionais em um único poço

e tem o objetivo de drenar diferentes partes de um mesmo reservatório ou reservatórios

diferentes (CARDEN, 2007).

3.3.2.2 – Aplicações

Em geral, poços multilaterais são mais eficazes em reservatórios de baixa a

moderada permeabilidade. Em reservatórios muito permeáveis, a interferência de

produção ocorrerá entre as laterais reduzindo a eficácia das laterais. A seguir serão

destacadas algumas das principais aplicações da perfuração com poços multilaterais.

a) Reservatórios de Óleo Pesado e de Baixa Mobilidade: Além de melhorar a

injeção de gás, os poços multilaterais espalhados horizontalmente maximizam a

produção e melhoram a recuperação de reservatórios delgados de óleo pesado,

rasos ou depletados através do aumento da área de drenagem do poço. Em

reservatórios com estreita coluna de óleo, os poços multilaterais horizontais

retardam a produção de gás e água e a formação de cones de gás e água, como

foi visto anteriormente.

b) Reservatório de Baixa Permeabilidade ou Naturalmente Fraturado: Os

reservatórios que apresentam baixa permeabilidade e fraturas naturais são,

frequentemente, considerados como limitantes de produtividade, pois a

Page 55: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

43

anisotropia (variação das propriedades com a direção) da formação é um fator

importante no projeto de poços multilaterais.

c) Reservatórios Pequenos, Depletados ou de Baixa Pressão: Os poços multilaterais

permitem que reservatórios pequenos, depletados e de baixa pressão sejam

desenvolvidos, o que seria inviável em poços verticais convencionais ou poços

de alta inclinação e horizontais.

d) Reservatórios em Camadas ou Formações Laminares: Poços com pernas laterais

paralelas (ou stacked) melhoram a produtividade e a recuperação quando os

reservatórios apresentam várias camadas, pois conectam vários intervalos

produtores separados por barreiras verticais ou por contrastes de permeabilidade.

Como consequência, há a produção simultânea de zonas intercaladas mantendo a

produção acima do limite econômico das instalações de superfície e prolongando

a vida útil do campo.

e) Reservatórios Isolados ou Compartimentados: Poços multilaterais podem

produzir reservas isoladas que foram geradas por diagênese (mudança química,

física ou biológica sofrida por um sedimento após a sua deposição inicial,

durante e após a litificação, que são os processos que convertem sedimentos em

rocha consolidada) ou falhas selantes. Quando o volume de reserva em blocos

individuais não justifica um único poço dedicado à produção, os poços

multilaterais podem conectar reservatórios compartimentados. Essa separação

em compartimentos também ocorre quando um aquífero ou água injetada varre

as áreas de baixa permeabilidade deixando bolsões de óleo e gás que podem ser

recuperados por poços multilaterais.

Page 56: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

44

4 – ESTUDO DE CASOS

Neste capítulo será estudado o comportamento de trajetórias em alguns

exemplos utilizando o software COMPASSTM

e, em seguida, um estudo dessas

trajetórias utilizando as fórmulas clássicas apresentadas no Capítulo 3 com o auxílio do

software Maple. A região fictícia considerada (denominada Campo Esmeralda) é rica

em hidrocarbonetos, está localizada em águas ultraprofundas (2000 m de lâmina d’água)

e possui solo instável, o que inviabiliza a colocação de uma cabeça de poço. Portanto,

são escolhidas regiões próximas para o início da perfuração, como ilustra a Figura 29.

Figura 29: Campo Esmeralda.

COMPASSTM

consiste de um software de perfuração direcional. É aplicado para

o planejamento de trajetórias direcionais, gerenciamento de dados, desenho e análise de

anti-colisão, aumentando a segurança, eficiência e eficácia de custo de programas

direcionais. COMPASSTM

possui ferramentas fáceis de manusear, métodos de

planejamento 2D e 3D, custo de torque/ arraste, etc. que podem ser atualizados em

tempo real (HALLIBURTON, 2011). O Maple é um sistema de computação algébrica,

capaz de efetuar operações simbólicas e cálculos complexos de uma maneira simples.

Campo Esmeralda

Page 57: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

45

Para cada trajetória proposta a seguir, alguns dados serão fornecidos (como

coordenadas de cabeça de poço e objetivo) e outros serão calculados (em geral

inclinação, azimute e KOP), todos em metros para distâncias e em graus para ângulos.

As imagens com as trajetórias serão exibidas na vista em seção vertical (vertical

section) e em três dimensões (3D view). Na vista em seção vertical (vertical section)

observa-se uma seção projetada sobre o plano vertical que contém a sonda e o objetivo,

sendo a profundidade vertical (TVD) e o afastamento os eixos ortogonais com escalas

diferentes, onde a distância de 175m para o eixo horizontal corresponde a 750m para o

eixo vertical. Foi optado pelo uso desta escala simplesmente para destacar o tipo de

trajetória sugerida.

4.1 – Trajetória Direcional

De forma ilustrativa, admite-se que a litologia do poço (hipotético) A, localizado

no Campo Esmeralda, caracteriza-se, de forma simplificada, pela presença de uma zona

de gás raso a 2000 m de profundidade, 1600 m de folhelhos, espessa camada de sal

(1900 m) até que seja atingido o objetivo principal (a 7000 m de profundidade vertical),

conforme a Figura 30.

Figura 30: Litologia do poço hipotético A.

Page 58: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

46

Para ilustrar as trajetórias, a colocação da cabeça de poço será na região X2, com

coordenada, em metros, de (3000, 2500,0), onde x é a distância leste-oeste, y a norte-sul

e z a profundidade vertical.

4.1.1 – Trajetória do Tipo I (ou Trajetória Slant)

Esta trajetória consiste de uma fase inicial vertical, um trecho de ganho de

ângulo e um trecho com inclinação constante (slant), até atingir o objetivo. Parâmetros

como dogleg (2º/30m), coordenadas da cabeça do poço e objetivo foram fixadas.

A inclinação do trecho slant calculada pelo COMPASSTM

foi de 16,29º, azimute

de 34,99º, como ilustra a Figura 31.

Figura 31: Imagem dos dados do software COMPASSTM para Trajetória Slant.

A trajetória na vista em seção vertical, cujo afastamento é de 1220,66m e sua

representação no espaço tridimensional estão representadas na Figura 32 e Figura 33,

respectivamente.

Page 59: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

47

Figura 32: Vista em seção vertical da trajetória Slant.

Figura 33: Ilustração da trajetória de um poço do Tipo I em 3D.

4.1.1.1 – Verificação dos Resultados

Os parâmetros fornecidos para esta trajetória foram:

- Coordenadas da base X2(3000, 2500, 0);

- Coordenadas do objetivo A(3700, 3500, 7000) ( );

- dogleg (q) de 2º/30m e

- Profundidade (em cota) do KOP ( ) 2700m.

Page 60: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

48

A seguir serão calculados, algebricamente, utilizando o software Maple, os

demais parâmetros seguindo as equações desenvolvidas ao longo do Capítulo 3, em

especial no item 3.1.1 e os conceitos apresentados no decorrer deste trabalho.

O software COMPASSTM

fixou as direções Norte-Sul e Leste-Oeste

paralelamente ao sentido de crescimento dos eixos x e y, respectivamente. Logo, o

cálculo do azimute φ pode ser feito de acordo com a Equação (4.1).

(4.1)

onde

. (4.2)

A Figura 34 ilustra a idéia associada ao cálculo do azimute e do afastamento.

Figura 34: Figura ilustrativa para o cálculo do afastamento e azimute.

Page 61: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

49

O afastamento é dado pela distância da cabeça de poço até o objetivo no

plano xy, logo

distânciacabeça do poço, objetivo = (4.3)

= (4.4)

(4.5)

O raio de curvatura R pode ser calculado pela Equação (3.1), ou seja

(4.6)

O ângulo máximo foi calculado através da Equação (3.28), pois , logo:

= (4.7)

= =

Para este valor de , o comprimento do arco que corresponde ao trecho de

ganho de ângulo pode ser calculado pela Equação (3.10),

(4.8)

Page 62: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

50

Além disso, a profundidade total medida até o objetivo, na profundidade

total em cota (TVD) de 7000m, pode ser calculada através das equações (3.8) e (3.14),

logo

0,199, (4.9)

e

(4.10)

A distância horizontal até o final do trecho de crescimento de ângulo é dado

pela Equação (3.17), tal que

. (4.11)

A profundidade em cota (TVD), até o final do trecho de crescimento de

ângulo pode ser calculada pela Equação (3.16),

(4.12)

Page 63: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

51

4.1.2 – Trajetória do Tipo II (ou Trajetória S)

Cada etapa desta trajetória realizada no software COMPASSTM

está ilustrada na

Figura 35 em forma de tabela.

Figura 35: Imagem dos dados do software COMPASSTM para Trajetória S.

Como dados de entrada, foram fixadas as coordenadas da cabeça de poço (3000,

2500, 0), entrada do objetivo (3700, 3500, 7000), possível profundidade de início do

kick off point (2700 m) e o dogleg (2º/30m). Enquanto para o trecho de ganho de ângulo

o dogleg foi fixado em 2º/ 30m, para o trecho de perda de ângulo, 1,5º/ 30m.

O poço alcançou a profundidade final em cota (TVD) como estipulado com uma

profundidade final medida de -7184,47m. Para ajustar a coordenada y, o azimute

calculado pelo software foi de 34,99º, inclinação do trecho slant 17,64º e afastamento

de 1220,66m.

A trajetória na vista em seção vertical está ilustrada na Figura 36 e na Figura 37

uma representação no espaço tridimensional.

Page 64: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

52

Figura 36: Representação da trajetória S na vista em seção vertical.

Figura 37: Ilustração da trajetória de um poço do Tipo II em 3D.

4.1.2.1 – Verificação dos Resultados

Para a trajetória S ou do Tipo II os dados fornecidos foram análogos aos da

trajetória do Tipo I. Assim, o valor do afastamento e azimute são iguais e,

adicionalmente, foi dado profundidade em que se inicia a perda de

ângulo. Utilizando a Equação (3.1) calcula-se os dois raio de curvatura, do trecho de

crescimento e perda de ângulo.

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53

(4.13)

e

(4.14)

Como é maior do que o afastamento , o ângulo máximo pode ser

calculado através da Equação (3.30), ou seja

(4.15)

Os demais valores podem ser obtidos similarmente à subseção 4.1.1.1.

4.2 – Trajetória Horizontal

Para as trajetórias horizontais, considera-se uma configuração distinta para o

poço (hipotético) B, onde existirão dois objetivos. O primeiro será o objetivo principal a

4800m de profundidade e segundo (objetivo secundário) na profundidade de 5000m,

como ilustra a Figura 38.

Para ilustrar esse tipo de trajetória, a cabeça de poço estará situada em X1, cuja

coordenada é (2500, 12000, 0), em metros, e o objetivo principal deve ser alcançado em

(5000, 12000, 4800) e depois o objetivo secundário, 200m mais profundo. Ou seja, em

ambos o afastamento será de 2500 m e azimute de 0o.

Page 66: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

54

Figura 38: Litologia do poço hipotético B.

4.2.1 Trajetória Horizontal e Poço Multilateral

Para atingir o objetivo principal, a proposta é que seja realizada uma trajetória

horizontal. Foram fixadas as coordenadas da cabeça de poço e objetivo, o ponto em que

o poço pode começar a desviar da vertical (-3750m) e a inclinação de chegada no trecho

horizontal (86º). Para a obtenção de uma melhor trajetória, o COMPASSTM

calculou

que o poço kick off point deveria estar a 4463,82m de profundidade e dogleg de

3,19º/30m. Depois de atingido o trecho horizontal, o dogleg foi fixado em 2º/30m e a

inclinação obtida foi de 90,06º, como representado pela Figura 39 do software.

Para o objetivo secundário, foi projetado um sidetrack lateral na profundidade

(calculada) de 4254,65m. A inclinação do início do trecho horizontal foi fixada em 85º e

para isso o dogleg calculado foi de 3,138º/30m. Depois de atingido o trecho horizontal,

o dogleg foi fixado em 2º/30m e a inclinação variou de 90,1º a 90º, conforme a Figura

40.

Page 67: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

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Figura 39: Imagem dos dados do software COMPASSTM para Trajetória Horizontal.

Figura 40: Imagem dos dados do software COMPASSTM para o sidetrack.

Na Figura 41 a imagem da trajetória horizontal em verde e o sidetrack em azul

na vista em seção vertical (neste caso, em particular, no plano xz) e na Figura 42 a

representação no espaço tridimensional.

Figura 41: Vista em seção vertical das trajetórias Horizontais.

Page 68: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

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Figura 42: Ilustração da trajetória Horizontal e Multilateral em 3D.

4.2.1.1 – Verificação dos Resultados

A trajetória horizontal proposta neste trabalho é composta de um trecho vertical,

um de ganho de ângulo, finalizando com um horizontal. A inclinação na entrada do

trecho horizontal foi fixada em graus e o raio de curvatura calculado no software

Maple através da Equação (3.29). Com isso, pela Equação (3.1), o dogleg pode ser

determinado, assim como os demais parâmetros de forma similar a trajetória do Tipo I.

Os resultados algébricos para a trajetória horizontal foram novamente

semelhantes aos apresentados pelo software COMPASSTM

e não serão discutidos

apenas por concisão, mas podem ser verificados no Apêndice.

Page 69: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

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5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 – CONCLUSÃO

Neste trabalho foi feito o estudo das trajetórias de poços horizontais e

direcionais, descrevendo os motivos de se realizar esses tipos de perfuração, as

características e o estudo de alguns casos hipotéticos.

No Capítulo 1 o assunto foi introduzido com uma abordagem histórica e uma

breve apresentação desta técnica que vem evoluindo de maneira tão significante. No

Capítulo 2 foram descritas as principais definições e conceitos básicos para o estudo das

trajetórias, as razões que levam a se perfurar poços direcionais ou horizontais e as

considerações pertinentes sobre os projetos.

No Capítulo 3 o assunto foi desenvolvido, com a descrição das configurações

básicas de poços direcionais, a apresentação das equações que modelam os diferentes

tipos de trajetórias, sendo elas do Tipo I ou Slant, do Tipo II ou S ou do Tipo III ou S

Modificada. Em seguida, a apresentação, mais especificamente, dos poços horizontais,

piloto e multilaterais.

O quarto capítulo destinou-se ao estudo de casos, ou seja, planejamento de

diferentes tipos de trajetórias direcionais e horizontais utilizando o software

COMPASSTM

para um campo hipotético. Em seguida, a confirmação dos resultados

pelas equações descritas no Capítulo 3.

Por último, mas não menos importante, tencionou-se mostrar que o adequado

entendimento da teoria é fundamental para o uso correto de ferramentas

computacionais, bem como para aumentar a confiança na utilização destas. Após a

confrontação dos resultados obtidos pelo software COMPASSTM

com os decorrentes

dos cálculos analíticos, valida-se o funcionamento do primeiro, bem como consolida-se

a compreensão da terminologia empregada em sua interface gráfica. Em outras palavras,

garante-se que os dados fornecidos e os resultados obtidos são, realmente, o que o

operador entendeu.

Page 70: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

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5.2 – Sugestão para Trabalhos Futuros

O estudo de trajetórias direcionais e horizontais foi apenas iniciado e como

sugestão para trabalhos futuros ficam alguns tópicos complementares e de suma

importância, como a análise dos diferentes tipos de fluido de perfuração, programa de

completação/revestimento, posicionamento das sapatas de revestimento de um poço,

pesquisa a cerca da geologia da área (litologia, pressões, objetivos, riscos geológicos e

fluidos esperados) e levantamento dos tipos de brocas.

Outras sugestões para trabalhos futuros incluem a análise e descrição dos

equipamentos especiais usados na perfuração direcional, tais como Motor de Fundo

(Mud Motor), Sistemas Steerable e Rotary Steerable, Turbinas, MWD (Measurement

While Drilling), LWD (Logging While Drilling), etc.

Page 71: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

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Page 72: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

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Page 73: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

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APÊNDICE

Page 74: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

1

COMANDOS DO SOFTWARE MAPLE PARA ENCONTRAR OS

PARÂMETROS DAS TRAJETÓRIAS UTILIZANDO AS EQUAÇÕES DO

CAPÍTULO 3

a) Trajetória do Tipo I ou Slant

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Page 75: PERFURAÇÃO DIRECIONAL E HORIZONTAL EM POÇOS DE … Vath.pdfFigura 20: Atividade de perfuração horizontal de 1984 até 1988. Fonte: CARDEN (2007). ... 1 – APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

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b) Trajetória do Tipo II ou S

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c) Trajetória Horizontal

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